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Embora não tenhamos estudado obras de Paulo Freire na disciplina, não podemos
negar sua influência nas pesquisas e estudos sobre a educação no Brasil. Ele é
considerado um dos mais importantes educadores do século XX. Sua obra teve um
impacto significativo na educação brasileira e mundial, e suas ideias continuam a
inspirar educadores e pesquisadores até hoje. Dessa forma, apresentamos a seguir uma
síntese de suas ideias.
A partir da década de 1960, Paulo Freire irá se destacar em âmbito nacional. Após
ter sido nomeado professor efetivo de filosofia e história da educação na Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras da Universidade do Recife, assumindo a direção do Serviço
de Extensão Cultural (SEC) daquela Universidade em fevereiro de 1962 (SAVIANI, 2010,
p. 321), Freire irá se deter também ao Movimento de Cultura Popular do Recife. Através
deste, experienciou a alfabetização de jovens e adultos.
Freire percebia que o modelo educacional não estava de acordo com o interesse
de todos, via nele uma saída para a desigualdade de classes. Freire acreditava que a
educação deve ser um instrumento de libertação, que permita às pessoas compreender
o mundo e transformá-lo. Ele criticava a educação tradicional, a qual considerava uma
forma de dominação ideológica, por isso compreendia a prática educativa como não
neutra e que ela deve estar a serviço da compreensão e da transformação da realidade,
alicerçada em uma visão progressista da educação, sustentada por finalidades
sociopolíticas que permitam uma análise crítica das realidades sociais, considerando-se
os condicionantes socioeconômicos que atuam no processo de aprendizagem.
Assim, Freire denunciou a opressão e a exclusão gerada pela supressão do direito
à educação e à cidadania, defendendo a educação como uma empreitada coletiva. Freire
defendia que a educação deve ser compreendida como um ato político, pois deve
incentivar a reflexão e a ação consciente e criativa do sujeito em seu processo de
libertação.
É na “Pedagogia do Oprimido” que Freire consegue transpor tais características,
compondo talvez nesse livro um manual de como empreender uma revolução com o
povo, uma revolução que consiga alcançar seus objetivos, sem antes sucumbir por não
ter dialogado em constância com esse.
A Pedagogia do Oprimido, livro mais famoso de Freire, foi escrito no exílio em
diferentes momentos. O livro faz uma denúncia não somente da pedagogia escolar, mas
em sentido amplo das mais diferentes formas pedagógicas que estão presentes em
nosso cotidiano, nas relações familiares, trabalhistas, étnicas, sociais, etc. O oprimido
não era somente o aluno que se fazia passivo diante do professor que “tudo sabe”, mas
era também a mulher que em casa, se submetia ao autoritarismo do marido, ao
camponês que era explorado pelo seu patrão, e, assim, sucessivamente.
Tal opressão era um movimento de mão única, portanto, Freire reuniria sua ideia
diante da antítese: opressor versus oprimido. Freire escreveu a Pedagogia do Oprimido
levado pela sua experiência de educador, a qual o fez descobrir como deveria ser a
educação do povo, não vertical, mas horizontal. Para Freire, o educando também sabe
e por isso deve ser ouvido, deve ser educado a partir da sua realidade de mundo, da
realidade que fará sentido para si. Esse é o caminho para a liberdade e, conforme ele,
“tomando consciência” da sua situação, o oprimido pode vir a libertar-se e libertando
libertará o opressor.
Ao criticar a “educação bancária,” que seria o processo de depositar
conhecimento sobre o educando, sem levar em consideração sua trajetória sócio-
histórica, Freire caracteriza o processo tradicional de educação, como sendo uma
espécie de transação econômica, na qual o aluno seria o banco, o conhecimento o
dinheiro e o professor seu principal depositador. Portanto, na educação tradicional, para
Freire, não haveria a interação do aluno no processo de aprendizagem, esse seria apenas
um receptor de conteúdos.
As ideias de Paulo Freire tiveram um impacto significativo na educação brasileira.
Elas contribuíram para a democratização da educação, a valorização da cultura popular
e a formação de cidadãos críticos e participativos.