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Nome: Amelia Soloone Macuacua

Educação e sociedade: explicações introdutórias à sociologia da educação

Marx, a educação e o projecto de superação da sociedade capitalista.

A educação é um processo essencial na constituição e reprodução do sistema social,


influenciando como os indivíduos pensam, agem e perpectuam a cultura e os valores da
sociedade. Carlos Rodrigues Brandão destaca que ninguém escapa da educação, pois ela é
fundamental em todas as sociedades, independentemente de sua estrutura. Existem diferentes
tipos e formas de educação, variando de acordo com cada sociedade. Enquanto algumas
valorizam a educação informal, outras, como a nossa, priorizam a educação formal, representada
por escolas e universidades. A educação pode tanto transformar quanto perpetuar as estruturas
sociais, podendo reforçar desigualdades. Portanto, compreender a estrutura social e as relações
entre sociedade e educação é fundamental, utilizando conceitos da Sociologia e da Sociologia da
Educação para analisar o fenômeno educacional e suas implicações sociais.

Karl Marx, um influente filósofo do século XIX, analisou profundamente a sociedade capitalista
e defendeu sua superação. Ele observou as condições de vida da classe trabalhadora em meio ao
crescimento industrial e às revoltas operárias. Marx via a consciência humana como influenciada
pelas condições materiais de vida, e a divisão do trabalho na sociedade capitalista como
fundamental para determinar as posições das pessoas na produção e na vida social. Ele destacou
a polarização entre burgueses, donos dos meios de produção, e proletários, vendedores de sua
força de trabalho. Marx argumentou que essa relação era intrinsecamente injusta, baseada na
exploração dos trabalhadores pelos proprietários dos meios de produção. Ele contestou a ideia de
que essa relação fosse natural, argumentando que as ideias dominantes eram moldadas pelos
interesses da classe dominante.

Marx identifica na sociedade capitalista uma estrutura de exploração da classe trabalhadora pela
burguesia, que detém os meios de produção. Ele destaca a importância da educação na
reprodução dessa estrutura social e na formação da consciência das classes. Ao observar as
condições das escolas na Inglaterra, Marx critica a educação oferecida, que não contribui para a
emancipação, mas perpetua a opressão. Ele reconhece a necessidade de combinar educação
escolar com trabalho na fábrica para superar a alienação dos trabalhadores. Embora Marx tenha
apoiado a ideia de trabalho infantil, sua intenção era integrá-lo a um contexto educacional que
capacitasse os trabalhadores para a transição para uma sociedade comunista. Marx propõe uma
educação completa para o proletariado, incluindo aspectos mental, físico e tecnológico, visando a
superação da alienação. Ele defende a combinação de trabalho manual e intelectual para os
trabalhadores. No entanto, ele critica a educação oferecida pelo Estado burguês, que perpetua a
desigualdade e alienação. Marx sugere que a educação deve ser pública, mas não estatal, pois o
Estado reproduziria a ideologia da classe dominante. Ele acredita que, em um contexto
revolucionário, a educação teria um papel crucial na transformação social, substituindo a
influência da família pela educação social para criar novos valores e solidariedade. Assim, a
educação poderia emancipar o indivíduo e construir uma sociedade mais justa.

2. Durkheim e a educação para a conservação da sociedade

Durkheim observou o papel da educação na manutenção da coesão social e na transmissão de


valores em uma sociedade em constante transformação. Ele argumentou que a educação é
essencial para moldar indivíduos em membros activos da sociedade, transmitindo hábitos e
valores fundamentais para a convivência. Durkheim enfatizou a importância da educação para a
formação de uma consciência coletiva e para a criação de um sistema moral que se harmonize
com a ordem industrial emergente. Ele destacou que cada sociedade possui seu próprio sistema
de educação, adaptado às suas necessidades e valores, e criticou a ideia de uma educação única e
ideal. Para Durkheim, a educação deve refletir os interesses e a estrutura social de cada
sociedade, variando de acordo com o contexto histórico e cultural. Durkheim destacou que em
sociedades com divisão do trabalho acentuada, a solidariedade é enfraquecida e surgem
tendências ao individualismo. Ele enfatizou que a educação moral é essencial para manter a
coesão social, já que a homogeneidade de valores é necessária para a existência da sociedade.
Durkheim defendeu a especialização precoce na educação, reconhecendo que cada indivíduo tem
diferentes funções a desempenhar na sociedade. Ele via a escola como a instituição responsável
por organizar e unir os indivíduos em um todo orgânico. Apesar de sua importância, Durkheim
foi criticado por sua visão conservadora, especialmente por afirmar que nem todos são feitos
para refletir, o que o levou a ser considerado um ideólogo que reforça as diferenças sociais.

O marxismo critica a concepção burguesa do homem, afirmando que ele é moldado pelas
relações sociais e pela práxis produtiva e social. Na sociedade capitalista, onde há exploração e
opressão, os indivíduos se alienam de sua vida social e adotam o individualismo como forma de
vida desejada. O marxismo busca superar essa alienação e as relações de dominação e opressão
por meio da ação coletiva. A prática educativa pode perpetuar os valores do homem burguês ou
visar sua superação.

3. Weber: a educação, o desencantamento do mundo e a pedagogia do treinamento

Weber, em sua obra, aborda o fenômeno da racionalização e do desencantamento do mundo,


resultado da substituição de concepções místicas por regras racionais na vida social. Ele
identifica três tipos de dominação relacionados a diferentes tipos de educação: racional-legal,
baseada em regras e na burocracia; tradicional, fundamentada na crença em um chefe; e
carismática, centrada na figura de um líder carismático. Esses tipos de dominação influenciam os
sistemas educacionais em sociedades capitalistas. Weber identifica três tipos de dominação -
racional-legal, tradicional e carismática - e os relaciona com diferentes tipos de educação. Nas
sociedades pré-capitalistas, a educação visava despertar o carisma ou cultivar um tipo de homem
culto de acordo com a tradição. Na sociedade capitalista, a educação se concentra em treinar e
transmitir conhecimentos especializados para atender às necessidades da burocracia e das
empresas. O processo de racionalização da vida social transformou os modos de educar e os
sentidos atribuídos à educação, alterando o acesso ao status e aos bens materiais.

Weber observa que a burocratização e a especialização da educação no contexto do capitalismo


moderno estão reduzindo sua abrangência e tornando-a um meio de ascensão social baseado em
títulos especializados. Isso resulta em uma educação mais parcial e reducionista, focada em
habilidades específicas em detrimento do desenvolvimento integral do indivíduo. Ele expressa
pessimismo sobre essa tendência, alertando que o homem pode perder a oportunidade de um
desenvolvimento completo em troca de status e poder.

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