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Sociologia da Educação
Josimar Priori
Autor
Introdução
Caro(a) aluno(a), fazer uma breve apresentação, em caráter introdutório, sobre a
contextualização histórica do surgimento da Sociologia como ciência, foi
importante para oferecer subsídios teóricos para estudarmos uma vertente da
sociologia que tem o sistema educacional como seu objeto de análise: a Sociologia
da Educação.
Vamos lá?
Objetivos de Aprendizagem
Considerando que podem pensar sob a ótica social, e não pessoal, o pensador
defendia que a concepção de escola deve ser concebida por cientistas e
intelectuais. Uma vez que se relaciona com pessoas, aprendizagem, instituições,
conhecimento e apreciação por meio dos estudos sociológicos, psicológicos,
filosóficos e históricos, Mannheim entende que a educação molda no indivíduo um
tipo de comportamento que é tido como ideal na sociedade.
Nesse tipo de relação social, os filhos aceitam o marco normativo do sistema social,
em troca disso, eles têm o carinho dos pais. Estes, uma vez que já internalizaram as
normas, inicializam o processo de sociabilização primária.
Sendo assim, o sociólogo acredita que o indivíduo é funcional para o sistema social.
Tanto para ele, quanto para Durkheim, a continuidade, a conservação, a ordem, o
equilíbrio e a harmonia são princípios básicos que fundamentam e regulamentam
o sistema social.
Por isso, podemos afirmar que Durkheim e Parson acreditam que a educação não é
um elemento voltado à transformação, mas um elemento importante para a
conservação e o funcionamento do sistema social.
O início das análises sociológicas voltadas para a educação teve grande influência
de Durkheim. Em sua teoria, o sociólogo entende que a educação deve ser um
sistema regrado, que busque instituir no indivíduo os valores da solidariedade
social, despertando a autonomia no aluno e preparando-o desde primeira infância
para o funcionamento da sociedade orgânica moderna, assim, a educação é um
importante fator de coesão social.
A mobilidade social.
É nessa fase que sociólogos da educação buscam analisar o que levou as políticas
educacionais baseadas na igualdade de oportunidade ao fracasso. Os cientistas
reconheceram assim que os planos liberais não tiveram sucesso porque não
consideraram a relação escola/estrutura social, foi atribuído à escola o poder de
reformar a sociedade de acordo com suas necessidades (FERREIRA, 2006).
A partir desse momento, a escola é observada como uma das principais instituições
responsáveis por manter e legitimar os privilégios sociais.
A Nova Sociologia da Educação (NSE) foi um movimento teórico que teve como foco
a desigualdade educacional e causou o rompimento entre o funcionalismo e a
sociologia britânica. Para Ferreira (2006), a NSE trata o conhecimento como uma
construção social que existe sob uma hierarquia e auxilia na manutenção das
relações de poder, isso contribui para manter o grupo dominante.
O ponto negativo dessa situação é que houve uma queda nos níveis de emprego,
além da crescente desqualificação de trabalhadores, que não se adaptaram à
introdução de novos procedimentos.
Neoliberalismo e a educação
O novo modelo econômico e político-social do momento histórico que estamos
tratando é chamado de neoliberalismo. Seu surgimento justifica-se a partir da crise
fiscal do estado. Nesse período em que as novas tecnologias são os motores da
economia capitalista atual, a função social da escola passa a ser questionada pela
ideologia neoliberal, além disso, ressalta o debate sobre igualar as oportunidades
educacionais. Segundo Ferreira (2006), questiona-se até onde se deve estender a
universalização do ensino e em que medida o Estado é responsável por ela.
Carvalho (2009) afirma que a pedagogia neoliberal via a educação como o meio
mais apto a formar trabalhadores polivalentes e flexíveis, especialmente,
empreendedores, ou seja, seres sociais adequados às novas perspectivas de uma
sociedade cada vez mais capitalista.
A Sociologia da Educação entra para o currículo regular, por meio das faculdades
de pedagogia, somente após 1930. Apenas em 1932 o ensino de Sociologia começou
a ser incentivado com o objetivo de preparar os jovens para a realidade do país.
Posteriormente, com a criação da escola de Sociologia Paulista, na Universidade de
São Paulo, ocorreu um momento de análise mais apurada da educação.
Segundo Fernandes (1968b apud DEMETERCO, 2009), a disputa pelo poder, pela
preservação e pela transformação da ordem social nas sociedades democráticas
pressupõe a inclusão de conhecimentos que proporcionem alguma espécie de
previsão sobre o curso dos processos sociais em um nível intelectual médio.
A sociologia foi suspensa nas escolas e universidades após o Golpe Militar de 1964,
assim, muitos pesquisadores são afastados do seu trabalho e alguns até expulsos
do país. Durante o período da ditadura militar no Brasil, os estudos sobre a
educação eram quantitativos sobre administração escolar. Os pesquisadores
tratavam pouco de temas como evasão, reprovação e rendimento escolar, isso se
dava devido a certo pessimismo em relação ao papel transformador da educação.
Para Pereira, Catani e Catani (apud VALLE, 2007) até no início de 1970, as referências
a Pierre Bourdieu são esporádicas no Brasil, uma vez que o campo educacional
brasileiro não responderia com entusiasmo à chegada de um sociólogo que era
visto como difícil, mesmo na Europa e na França. Além disso, ele não oferecia
muitas armas para as lutas acadêmicas que se faziam presentes naquela época,
que eram voltadas às militâncias políticas.
Por um lado, a teoria traz elementos para a construção de uma crítica sobre a
função reprodutora, desempenhada pela escola na sociedade capitalista, mas, por
outro lado, não fornece instrumentos para a ação; dessa forma não ultrapassa os
limites da teoria dificultando o estabelecimento da prática. Assim, a obra de
Bourdieu é considerada como “reprodutivista” ou “crítico-reprodutivista” (VALLE,
2007).
Para Pereira, Catani e Catani (2001 apud VALLE, 2007, p. 132-133), o viés reprodutivista
traz consigo algumas consequências, são elas:
Atenção!
Educar para Viver
Saviani (2000), desde que iniciou seu trabalho relacionado à filosofia da educação,
buscou abordar as questões educacionais em termos dialéticos. Para ele havia um
claro entendimento que a problemática da educação não poderia ser analisada
pela teoria crítico-reprodutiva que desse conta de seu caráter contraditório e
possibilitasse articular os interesses populares em transformar a sociedade.
Marx (1998) entende que a natureza humana define-se por meio do trabalho. A
partir desse entendimento, Saviani (2011) estabelece outra relação necessária e
fundamental em seu pensamento: a relação entre a educação e o trabalho. Como
esses elementos fazem parte da natureza humana, é possível concluir a que
educação é um processo de trabalho.
Podemos definir esse processo de trabalho, como sendo a base para tudo que o ser
humano produz ou transforma. Se baseando inicialmente no mundo das ideias e
pensamentos, formando um conceito e depois aplicando-o na atividade a ser
desenvolvida, sempre buscando um resultado, efetivando aquilo que foi planejado.
Como podemos observar no trecho abaixo, Saviani (2011) traz o conceito desse
processo de trabalho, que produz ideias, passando por conceitos até chegar em
algo produzido.
Tais aspectos (ciência, ética e arte), na medida em que são
objetos de preocupação explícita e direta, abrem a perspectiva
de uma outra categoria de produção que pode ser traduzida
pela rubrica “trabalho não material”. Trata-se aqui da produção
de ideias, conceitos, valores, símbolos, hábitos, atitudes,
habilidades. Em uma palavra, trata-se da produção do saber,
seja do saber sobre a natureza, seja do saber sobre a cultura,
isto é, o conjunto da produção humana. Obviamente, a
educação situa-se nessa categoria do trabalho não material
(SAVIANI, 2011, p. 12).
Saviani (2011, p.13) aponta para dois tipos de produção não material, o pensador
situa a educação em uma delas:
Para saber pensar e saber agir é preciso aprender, é esse o trabalho educativo. Para
chegar alcançar resultado, a educação deve ser a matéria-prima de sua atividade
o saber objetivo produzido historicamente.
Para Paulo Freire (1996, p. 18) entende que a escola tem uma função conservadora,
pois reflete e reproduz as injustiças da sociedade. Ao mesmo tempo, ela é uma
inovadora, devido à autonomia relativa que o professor possui. Assim, destaca-se o
papel político-pedagógico do educador, uma vez que não existe educação neutra.
A teoria crítica freiriana, para Cortella (1998), vê na educação uma ferramenta que
ou pode tudo, ou pode fazer algo fundamental pela escola. Ao contrário do
liberalismo, que afirma que a educação pode mudar a sociedade, e do marxismo,
que tem a educação como um simples agente passivo da classe dominante.
Saiba mais!
Paulo Freire
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Atenção!
Escritores da Liberdade
Agora que você concluiu a leitura deste estudo, veja, nos vídeos a seguir, temas que
complementarão seus estudos:
Indicação de Leitura
Ano: 2019
ISBN: 978-8577534180
Sinopse: nessa obra, Paulo Freire mostra seu método não paternalista em relação
ao analfabeto. Uma obra que tenta provar que não é possível êxito no campo
econômico sem ter uma base de um povo que se educa para civilizar-se.
Questão 1
Questão 2
Questão 3
C. Críticos e Reprodutores.
E. Crítico-reprodutivistas e Marxista.
Síntese
Nesta fase de nosso estudo, pudemos conhecer um pouco mais sobre pensadores
importantes da sociologia da educação tanto mundial quanto brasileira, como
Paulo Freire, Demerval Saviani e Pierre Bourdieu.
Vimos até aqui que as teorias educacionais dividem-se em: não críticas; crítico-
reprodutivistas e libertadora emancipatória, voltada para uma transformação
social onde, no Brasil seu maior representante é o pedagogo Paulo Freire.
Em sua visão, a escola retém partes das visões tradicional e cognitivista. São
definidos objetivos, porém foca-se o processo e não somente o resultado. A teoria
crítica defende que a escola deve formar o aluno para exercer cidadania e não
apenas atender aos interesses do mercado profissional. O professor, assim como no
cognitivismo, deve agir como um facilitador e estimulador no processo de
aprendizagem. A avaliação qualitativa avalia como um todo aluno, currículo,
sistema e escola.
Assim, caro(a) aluno(a), você já está preparado(a) para o próximo passo de nosso
estudo, conhecer as desigualdades sociais, bem como as políticas públicas da
educação e quais são as propostas de transformação social, ou seja, verificar como
o pensamento sociológico contribui na prática com a educação pelas mãos do
educador.
Referências Bibliográficas
ALTHUSSER, L. Aparelhos Ideológicos do Estado. São Paulo: Graal, 1970.,
BOURDIEU, P.; PASSERON, J. A Reprodução: elementos para uma teoria do sistema de
ensino. Tradução de Reynaldo Bairão. Rio de Janeiro: Francisco Alves Editora S/A,
1975.,
BOWLES, S; GINTIS, H. Schooling capitalist America. Nova York: Basic Books, 1976.,
PARSONS, T. The Social System. London: The Free Press of Glencoe, 1964.,