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Origem, Desenvolvimento e Paradigmas da

Sociologia da Educação
Josimar Priori
Autor

Solange Santos de Araujo


Autor

Branco Godinho de Castro


Autor

Introdução
Caro(a) aluno(a), fazer uma breve apresentação, em caráter introdutório, sobre a
contextualização histórica do surgimento da Sociologia como ciência, foi
importante para oferecer subsídios teóricos para estudarmos uma vertente da
sociologia que tem o sistema educacional como seu objeto de análise: a Sociologia
da Educação.

Neste material, apresentaremos as origens do pensamento da Sociologia da


Educação que se iniciou reproduzindo o mercado de trabalho a favor dos preceitos
capitalistas. Busca-se, com isso, compreender as transformações da sociedade
moderna por meio de uma abordagem sociológica. Conhecer o pensamento social
clássico sobre o sistema educacional é essencial para compreender a situação
atual da educação em seu sentido geral e na realidade brasileira.

A contribuição de pensadores como Mannheim, Bourdieu, Parson, Freire e Saviani foi


essencial para a construção do que entendemos hoje por Sociologia da Educação.
A forma de pensar a educação contribui para a melhoria de sua prática social,
dessa forma compreender as características do tipo de educação de cada época,
até os dias atuais fará que você pense em como vê e busque melhorar sua prática
diária.

Sendo assim, caro(a) aluno(a), o intuito é apresentar o contexto atual da sociologia


da educação por meio de uma retomada histórica, explicitar seus paradigmas
para, dessa forma, apresentar a posição atual dessa ciência no cenário brasileiro
da educação.

Vamos lá?
Objetivos de Aprendizagem

Apresentar a origem e o desenvolvimento da sociologia da educação.

Observar as perspectivas das análises sociológicas do sistema de ensino


na sociedade capitalista.

Conhecer, de forma introdutória, a sociologia da educação no Brasil.


Sociologia da educação: origem e
paradigmas
Para que se compreenda de forma clara o atual pensamento sociológico a respeito
da educação, é necessário estudar suas origens. Os estudos sobre sociologia da
educação começaram na primeira metade do século XX. Segundo Ferreira (2006), a
sociologia da educação surgiu por volta de 1940, mas consolidou-se como a
ciência principalmente nos anos de 1950 e 1960, firmando-se como campo de
pesquisa específico e um dos principais ramos da sociologia nos países
industrialmente desenvolvidos. Nesse momento, a sociologia da educação
mesclava filosofia e ciência, abordando um viés moralista de orientação positivista.
Os cientistas acreditavam que o progresso social era fortemente influenciado pela
compreensão sociológica da educação.

Karl Mannheim (1893-1947)


 Mannheim agrega ao postulado por Weber a perspectiva de um programa de
mudanças na proposta de educação. Ele propõe que, a fim de que educadores e
educandos compreendam a situação educacional moderna, seja utilizada a
sociologia como base. Segundo ele, o pensamento social expressa a vida humana,
porém, não a explica. O teórico defendia uma sociedade governada por cientistas
que fosse planejada de forma racional, democrática de bem-estar social.

FIGURA 1 Karl Mannheim


FONTE: Henk E. S. Woldring / Wikimedia Commons
A teoria construída para entender o sistema de ensino do período no qual se iniciou
o pensamento sociológico a respeito da educação contou com a contribuição de
pesquisadores e teóricos como Karl Mannheim, o objetivo era compreender o
sistema de ensino vigente na época.

Mannheim propunha que o embasamento teórico para educadores e educandos


fosse a sociologia, defendeu que os horizontes dos indivíduos fossem ampliados por
projetos, e essa ampliação de horizontes faria que a sociedade superasse as
divisões de blocos políticos, uma vez que, segundo ele, a coletividade contribui no
processo educacional.

Mannheim, afirma que compreender o que as pessoas pensam sobre a sociedade é


possível quando se utiliza a teoria como meio. O pensador defende uma sociedade
democrática em sua essência, pautada no bem-estar social, regida por um
planejamento estritamente racional, acreditava também que isso só seria possível
se a sociedade fosse governada por cientistas.

Para ele, embora o declínio da educação focada na formação do ser humano


tenha sido causado pela racionalização, foi a democratização das relações sociais
que promoveu o surgimento de novas esperanças; mesmo que o capitalismo tenha
gerado desigualdades sociais, o processo educacional trouxe contribuições
culturais das diferentes camadas sociais. Isto promoveu uma intercomunicação
entre elas, segundo Rodrigues (2007), e aconteceu devido ao interesse que os
jovens de classes sociais mais baixas teriam em ascender à elite.

Mannheim partiu do pressuposto de que a educação é responsável por dinamizar


as sociedades, uma vez que dá ao indivíduo a possibilidade de promover
mudanças em seu meio. Para o cientista, o indivíduo faz isso sem reproduzir
experiências anteriores.

Considerando que podem pensar sob a ótica social, e não pessoal, o pensador
defendia que a concepção de escola deve ser concebida por cientistas e
intelectuais. Uma vez que se relaciona com pessoas, aprendizagem, instituições,
conhecimento e apreciação por meio dos estudos sociológicos, psicológicos,
filosóficos e históricos, Mannheim entende que a educação molda no indivíduo um
tipo de comportamento que é tido como ideal na sociedade.

Talcott Parson (1902-1979)


 Talcott Parson traz a discussão e análise das relações entre economia, política e
instituições de ensino. O sistema escolar tem como funções socializar e selecionar
indivíduos. A seleção é capaz de seriar os educandos e posicioná-los no sistema
econômico e social. As turmas seriadas levam a socialização, diferenciação e
seleção.

FIGURA 2 Talcott Parson


FONTE: Heba M. Ezzat / ResearchGate

Tão importante quanto Mannheim na tarefa de constituir a sociologia da educação


como um campo específico de estudo, foi o sociólogo norte-americano Talcott
Parson. Em seu quadro teórico, define a educação por dois aspectos principais:
como espaço de socialização dotada de normas e valores que garantem a
integração social e como medida de seleção social relacionada à cada vez mais
complexa divisão do trabalho, define a educação por dois aspectos principais:
como espaço de socialização dotada de normas e valores que garantem a
integração social e como medida de seleção social relacionada à cada vez mais
complexa divisão do trabalho.

Parson entende a educação como forma de socialização, ela é o mecanismo


básico de constituição, manutenção e perpetuação dos sistemas sociais. Sem a
socialização, é impossível manter o sistema social equilibrado e integrado sem a
socialização, dessa forma, a educação é essencial manter o equilíbrio social.

Internalizar os valores e normas que regulamentam o funcionamento social é de


extrema importância para manter o sistema social. Nesse ponto, Parson diverge de
Durkheim, que destaca o aspecto coercitivo da sociedade frente ao indivíduo.

Por sua vez, Parson (1964), aponta a necessidade de que os indivíduos


complementem o sistema social e o sistema de personalidade, nesses dois
sistemas existem necessidades básicas que podem ser resolvidas de formas
complementares.
Parsons postula que o sistema social funciona harmonicamente por meio do
equilíbrio do sistema de personalidade. O autor cita a relação familiar entre pais e
filhos para exemplificar.

Nesse tipo de relação social, os filhos aceitam o marco normativo do sistema social,
em troca disso, eles têm o carinho dos pais. Estes, uma vez que já internalizaram as
normas, inicializam o processo de sociabilização primária.

Sendo assim, o sociólogo acredita que o indivíduo é funcional para o sistema social.
Tanto para ele, quanto para Durkheim, a continuidade, a conservação, a ordem, o
equilíbrio e a harmonia são princípios básicos que fundamentam e regulamentam
o sistema social.

Por isso, podemos afirmar que Durkheim e Parson acreditam que a educação não é
um elemento voltado à transformação, mas um elemento importante para a
conservação e o funcionamento do sistema social.

Sociologia da educação até 1960


Até 1960 a educação era pensada como fator de democratização, distribuição de
renda e ponto de modernização social. Mónica (1977) afirma que o empenho dos
responsáveis políticos americanos e ingleses estava voltado a fazer que a escola
atingisse camadas populacionais cada vez maiores. Eles pensavam que só assim
se construiria a sociedade livre, igualitária e fraterna prometida pelo liberalismo.

O início das análises sociológicas voltadas para a educação teve grande influência
de Durkheim. Em sua teoria, o sociólogo entende que a educação deve ser um
sistema regrado, que busque instituir no indivíduo os valores da solidariedade
social, despertando a autonomia no aluno e preparando-o desde primeira infância
para o funcionamento da sociedade orgânica moderna, assim, a educação é um
importante fator de coesão social.

Segundo Ferreira (2006, p. 111), o paradigma positivista/funcionalista, neste primeiro


momento da sociologia da educação apresenta duas variantes:

1) Teoria técnico-funcional: desenvolveu-se a partir da


importância dada à educação no processo de estratificação
social e da modernização da sociedade. O papel da educação
era dar uma resposta às necessidades de formação técnica e
científica. As proposições básicas desta teoria eram dar mais
habilidades para trabalhos exigidos pelos empregos de alto
nível; além de uma escolarização mais longa e a matrícula de
um número maior de pessoas e uma sociedade baseada no
mérito.

2) Teoria do capital humano: esta teoria relaciona a educação


ao investimento econômico e produtivo. A educação deixa de
ser percebida como bem de consumo e passa a ser um
investimento. A visão economicista do sistema educacional tem
na educação legítima seu papel impulsionador no processo de
crescimento econômico. Além disso, a educação também é um
instrumento de equalização das oportunidades e da
distribuição de bens e serviços.

A teoria do capital humano foi desenvolvida e divulgada como demonstração do


valor econômico da educação, consequentemente, o sistema educacional passou
a ser entendido como um aspecto importante para o desenvolvimento da
economia. As principais problemáticas da teoria do capital humano são:

A mobilidade social.

Os mecanismos de seleção escolar que apontam para a necessidade de uma


democratização do ensino.

Análise dos processos de escolarização segundo as classes, os sexos e as


etnias.

Essas problemáticas, segundo Ferreira (2006), é que causam o processo de


institucionalização da sociologia da educação como campo de estudo, por elas
constrói-se um discurso teórico que justifica a funcionalidade do sistema de ensino.
Esse discurso, porém, é heterogêneo, uma vez que as desigualdades continuam a
se manifestar por meio da escola são apontadas por um discurso crítico.

O período de prosperidade econômica que ocorreu entre os anos de 1950 a 1960


favoreceu o avanço da sociologia da educação. O que se esperava desse campo
de estudo eram respostas que deveriam surgir para as indagações que se
colocavam nas sociedades em processo de reconstrução, em plena mudança
social em vias de modernização.

Ferreira (2006) aponta que a sociologia da educação encontrou seu espaço


científico internamente por meio das rigorosas pesquisas e construções teóricas e
externamente quando a educação foi reconhecida como uma contribuição social.

Os temas mais recorrentes dos estudos voltados à sociologia da educação eram as


desigualdades na educação e a ocorrência de uma pluralidade do ensino. As taxas
de escolaridade eram definidas por categorias socioeconômicas e pela correlação
em um nível macrossocial. Com isso, buscava-se estabelecer relações entre a
educação e outras instituições.

Sociologia da educação: fase crítica


Uma crise estabelece-se em relação à visão renovadora das escolas logo na fase
seguinte ao pós-guerra. A partir de 1960, cria-se um contexto de desencantamento,
por isso, a sociologia da educação deixa de lado seu perfil conservador, e assume
uma postura baseada na teoria crítica da educação.

Neste momento, as promessas de estabilidade e de distribuição das riquezas não


se concretizam. Grandes crises, com a do petróleo, a econômica e a
superprodução, marcam o período do fim da década de 1960 e início de 1970,
apontando o limite do desenvolvimento econômico (DREIFUS, 2006). Por isso,
surgem ali os movimentos sociais de protesto, e como consequência, as novas
teorias que buscavam explicar a realidade e as relações estabelecidas entre escola
e estrutura social. 

É nessa fase que sociólogos da educação buscam analisar o que levou as políticas
educacionais baseadas na igualdade de oportunidade ao fracasso. Os cientistas
reconheceram assim que os planos liberais não tiveram sucesso porque não
consideraram a relação escola/estrutura social, foi atribuído à escola o poder de
reformar a sociedade de acordo com suas necessidades (FERREIRA, 2006).

O surgimento de abordagens filosóficas se deu como força crítica manifestada,


principalmente, nas universidades, uma vez que, ali, as ideias circulavam entre as
pessoas e eram postas à prova as abordagens de análise social. As novas teorias
tomavam força, questionavam e confrontavam o funcionalismo.

Em meio a esse movimento intelectual, dentre as ideias centrais que constituíam o


cerne da crítica social formulada, destacava-se a nova problemática da escola: ela
era vista como um meio de reprodução das desigualdades sociais e não mais
como solução para o desenvolvimento econômico e social.

Pesquisadores norte-americanos como os Bowles e Gintis (1976) publicaram os


resultados de suas análises do funcionamento escolar em suas relações com as
exigências da economia capitalista americana no início da década de 1970. Esses
pesquisadores  trazem como proposta a tese de que as escolas colaboram para
manter a divisão social do trabalho e de classes. Os estudos desses pesquisadores
apresentam a existência e a reprodução das classes com a desigualdade
associada às estruturas sociais, o que é mais uma problemática apresentada ao
pensamento sociológico da época.
Os franceses Bourdieu, Passeron (1975) e Althusser (1970), são alguns dos teóricos
considerados por Ferreira (2006) como críticos reprodutivistas. Esses pensadores
tratam a educação como:

local de exercício do poder de grupos sociais dominantes.

uma violência simbólica.

aparelho ideológico do estado e um espaço de difusão da ideologia


dominante.

A partir desse momento, a escola é observada como uma das principais instituições
responsáveis por manter e legitimar os privilégios sociais.

A Nova Sociologia da Educação (NSE) foi um movimento teórico que teve como foco
a desigualdade educacional e causou o rompimento entre o funcionalismo e a
sociologia britânica. Para Ferreira (2006), a NSE trata o conhecimento como uma
construção social que existe sob uma hierarquia e auxilia na manutenção das
relações de poder, isso contribui para manter o grupo dominante.

O movimento atingiu o campo científico da sociologia da educação e firmou-se no


final da década de 1960, também foi marcado por uma abordagem que priorizava
os aspectos culturais da educação. Essa tendência afirmou-se por conta da
retomada das análises de Gramsci sobre o campo cultural, como campo de luta
hegemônica (NOSELLA; AZEVEDO, 2009).

Para a teoria cultural da educação, a educação era como campo de lutas e


conflitos simbólicos pela imposição de significados e pela imposição da hegemonia
cultural. A teoria cultural da educação afirmava que a leitura da educação não
deveria ocorrer pelos conflitos de classe, mas sim pela ótica dos conflitos culturais.

Fases e perspectivas atuais da sociologia da


educação
Caro(a) aluno(a), chegamos a um ponto em que o centro dos problemas das
sociedades capitalistas passam a ser a crise econômica. Isso ocorre devido a uma
crise de produtividade no nível econômico que exige uma forte reestruturação do
sistema.  Esse fato faz que se incorpore no sistema produtivo uma utilização intensa
da ciência e da tecnologia. Toda essa tecnologia e ciência trazem implicações no
que diz respeito à qualificação dos indivíduos tanto para o trabalho quanto para o
sistema de ensino (NOSELLA; AZEVEDO, 2009).
Como ponto positivo dessa situação, podemos apontar que o sistema escolar
assume uma posição central entre as instituições, uma vez que funciona como
produtor e distribuidor de conhecimentos científico e forma mão de obra
qualificada.

O ponto negativo dessa situação é que houve uma queda nos níveis de emprego,
além da crescente desqualificação de trabalhadores, que não se adaptaram à
introdução de novos procedimentos.

A crise do estado de bem-estar social traz como consequência a redução de


investimentos na área do ensino, dessa forma ressalta-se a necessidade de que
haja uma reforma de estado que a nova ordem social impõe à sociedade, essa
reforma deve levar a mudanças nas funções do estado, uma vez que este
subordina a educação à lógica do mercado absoluto.

Neoliberalismo e a educação
O novo modelo econômico e político-social do momento histórico que estamos
tratando é chamado de neoliberalismo. Seu surgimento justifica-se a partir da crise
fiscal do estado. Nesse período em que as novas tecnologias são os motores da
economia capitalista atual, a função social da escola passa a ser questionada pela
ideologia neoliberal, além disso, ressalta o debate sobre igualar as oportunidades
educacionais. Segundo Ferreira (2006), questiona-se até onde se deve estender a
universalização do ensino e em que medida o Estado é responsável por ela.

Carvalho (2009) afirma que a pedagogia neoliberal via a educação como o meio
mais apto a formar trabalhadores polivalentes e flexíveis, especialmente,
empreendedores, ou seja, seres sociais adequados às novas perspectivas de uma
sociedade cada vez mais capitalista.

Atualmente, procura-se estabelecer uma relação entre autonomia do sujeito e sua


capacidade de adaptar-se e ser agente transformador de mundo, de causar
mudanças. Assim, o sucesso tanto das pessoas quanto das empresas passa a
depender basicamente de sua capacidade e criatividade na busca de informação,
sem considerar os problemas da sociedade atual. 

Segundo Carvalho (2009), em uma sociedade neoliberal, a educação deve assumir


contornos cada vez mais individualistas e pragmáticos, essas características são
vinculadas às necessidades imediatas que são orientadas pelo viés racional do
capital. A aprendizagem se torna uma estratégia competitiva e individual a partir
do surgimento da individualização das relações de trabalho e da falta de
solidariedade dos laços sociais que se apresentam neste momento histórico.
Conforme Lima (2003, p.143 apud CARVALHO, 2006) o conceito de educação ao
longo da vida:

Aponta para o modelo do “eu” empresarial, a realização mais


radical conseguida do ideal de “empresa flexível”, capaz de
substituir o trabalho assalariado pelo trabalho independente do
trabalhador prestador de serviços, empresário de si mesmo e
gestor de sua própria carreira.

Ou seja, existe uma supervalorização dos atributos individuais em detrimento das


ações coletivas na construção das identidades e dos espaços profissionais, uma
vez que a educação é centrada toda na individualidade e na ideia que o
trabalhador pode ser facilmente substituído.

Sob esta perspectiva, os objetivos e os métodos educacionais se voltam para


atributos meramente individuais. Por isso, o conhecimento obtido pelo sujeito é
produto de sua própria autonomia e criatividade, somente suas necessidades e
seus interesses são considerados. Nessa pedagogia, surge a concepção de que o
conhecimento deve ser resultante de uma operação interna, a intervenção externa
passa a ser considerada como diretiva e autoritária.

Conforme o conhecimento é visto como algo intrínseco à capacidade do indivíduo


e a sua história pessoal, o individualismo, a subjetividade e o relativismo são
favorecidos.  A impossibilidade de compreender fatos ou fenômenos com base em
critérios, regras e valores científicos deve-se ao abandono dos critérios objetivos
para sua análise dos fatos ou fenômenos, como aponta Carvalho (2009).

Sendo assim, nesse momento, nega-se todo o saber histórica e socialmente


produzido, com isso, nega-se a própria ciência, uma vez que sua transmissão não é
mais algo relevante. Nesse caso, segundo Laval (2004, p. 30 apud CARVALHO, 2006),
afirma que não se trata de estabelecer a possibilidade de acessar os saberes, mas
partir daquilo que interessa aos alunos, em relação aos seus meios, suas condições
de vida, desejos e objetivos profissionais.

Por isso é que os projetos, temas transversais articulados ao ambiente imediato do


estabelecimento escolar e atividades devem prevalecer. O saber deve ser
construído pela integração dos conhecimentos que o indivíduo adquire no meio,
sob o ponto de vista utópico da criança que refaz seus saberes sobre o mundo de
forma espontânea. Segundo os autores, os saberes e obras são o centro da ação
pedagógica.

Entretanto, não são somente as transformações no mundo do trabalho que define a


educação, ela também se define a partir das formas de sociabilidade que se
formam e se transformam. Assim, em um momento de desigualdade e exclusão, a
identidade firma-se cada vez mais no contexto da individualidade, da
competitividade e do consumo exacerbado, devido às próprias características
assumidas pela sociedade capitalista. Faz-se necessário assim, educar as pessoas
para que se mantenha a coesão social, que se encontra ameaçada.

A educação no mundo neoliberal recebe a tarefa de preparar o educando para a


concorrência e, simultaneamente, promover solidariedade e tolerância, na tentativa
de que esses valores promovam paz e segurança desejadas pela sociedade ao
serem assumidos pelos sujeitos em sua individualidade, na tarefa de preparar o
educando para a concorrência e, simultaneamente, promover solidariedade e
tolerância, na tentativa de que esses valores promovam paz e segurança desejadas
pela sociedade ao serem assumidos pelos sujeitos em sua individualidade.

É nesse cenário que se insere, na década de 1970, o movimento pós- modernista


que, segundo Giroux (apud FERREIRA, 2006), é um movimento que trata tanto da
posição intelectual quanto de um conjunto de condições sociais, culturais e
econômicas caracterizadores da era do capitalismo e do industrialismo global.

 No caso do capitalismo, entende-se como uma crítica cultural o pós-modernidade


em que são propostos questionamentos profundos sobre as fundações da
modernidade. Já o industrialismo global apresenta-se como uma radical mudança
nas relações de produção e na estrutura do Estado Nacional. Entende-se como
uma crítica cultural o pós-modernidade em que são propostos questionamentos
profundos sobre as fundações da modernidade. Já o industrialismo global
apresenta-se como uma radical mudança nas relações de produção e na estrutura
do Estado Nacional.e no desenvolvimento das forças do processo de globalização e
independência cada vez mais presentes nas esferas econômicas, políticas e
culturais.

A crítica pós-moderna busca chamar a atenção para as profundas mudanças de


fronteiras na natureza das formações sociais e das classes nas sociedades
capitalistas pós-industriais, além da crescente passagem dos limites que se
estabelecem entre pontos opostos, como arte e vida, alta cultura e cultura popular,
imagem e realidade.

Nesse ponto, a sociologia da educação constrói sua crítica ao reprodutivismo com


caráter mecanicista que tratava as relações sociais e as funções sociais da escola,
uma vez que elas eram entendidas como um simples instrumento de reprodução
da dominação de classes.
Sociologia da educação no Brasil
O movimento abolicionista foi o causador do primeiro impulso para pensar a
educação no Brasil, o movimento tinha como intuito causar “a primeira experiência
histórica de populações urbanas brasileiras na esfera da secularização do
pensamento e dos modos de entender o funcionamento das instituições”
(FERNANDES, 1968b, p. 37 apud DEMERTECO, 2009).

Os personagens daquele movimento, naquele período eram intelectuais


importantes para o pensamento que surgia na época. Eles visavam instituir uma
nação sem povo, mas, ao mesmo tempo, incorporando esse povo, sem
conhecimento dos propósitos nacionalistas vigentes.

Segundo Demeterco (2009), a disciplina de Sociologia passou a ser ministrada no


ensino médio e em algumas faculdades no Brasil somente a partir do século XX.
Somente mais tarde, ela foi instituída nos cursos de formação de professores. O
Positivismo fazia parte da cena intelectual nesse período. A quebra do modelo
agroexportador, a crescente urbanização, a industrialização e a desordem social
marcavam o contexto histórico.

A Sociologia da Educação entra para o currículo regular, por meio das faculdades
de pedagogia, somente após 1930. Apenas em 1932 o ensino de Sociologia começou
a ser incentivado com o objetivo de preparar os jovens para a realidade do país.
Posteriormente, com a criação da escola de Sociologia Paulista, na Universidade de
São Paulo, ocorreu um momento de análise mais apurada da educação.

Segundo Fernandes (1968b apud DEMETERCO, 2009), a disputa pelo poder, pela
preservação e pela transformação da ordem social nas sociedades democráticas
pressupõe a inclusão de conhecimentos que proporcionem alguma espécie de
previsão sobre o curso dos processos sociais em um nível intelectual médio.

A sociologia foi suspensa nas escolas e universidades após o Golpe Militar de 1964,
assim, muitos pesquisadores são afastados do seu trabalho e alguns até expulsos
do país. Durante o período da ditadura militar no Brasil, os estudos sobre a
educação eram quantitativos sobre administração escolar. Os pesquisadores
tratavam pouco de temas como evasão, reprovação e rendimento escolar, isso se
dava devido a certo pessimismo em relação ao papel transformador da educação. 

Na década de 1980, a abertura política consolidou os estudos marxistas assim como


os questionamentos que assolam o caráter ideológico da educação. Estudos que
surgiram nessa época denunciam o quanto o sistema educacional estava a favor
do poder econômico e político da época.
Teoria crítica da educação no Brasil
As ideias de muitos intelectuais que pensaram a educação brasileira foram
influenciadas pela dialética de Karl Marx, a partir do início da década de 1990; isso
contribuiu para o surgimento de uma nova tendência educacional, que ficou
conhecida como Teoria Crítica da Educação.

Com a nova teoria, surgiram as primeiras propostas brasileiras de concepção da


educação. A Teoria Crítica considera a pessoa concreta, observada em sua
realidade, assim é que o enfoque sociológico supera o pedagógico.

Contribuição de Pierre Bourdieu na sociologia


da educação no Brasil
Como já estudamos, Bourdieu e seus colaboradores, a partir da segunda metade
dos anos 1960, constroem suas teorias com base no sistema educacional francês.
Nessa fase da história o Estado divulgava com veemência o sucesso das políticas
de democratização da educação

Desde então, aprofundar e revelar a persistência de desigualdades profundas a


respeito do acesso, da permanência e os diferentes rumos escolares – ocasionados
pela classe social, sexo, local de origem e outros fatores – tornou-se o principal
objetivo dos estudiosos.

Para Pereira, Catani e Catani (apud VALLE, 2007) até no início de 1970, as referências
a Pierre Bourdieu são esporádicas no Brasil, uma vez que o campo educacional
brasileiro não responderia com entusiasmo à chegada de um sociólogo que era
visto como difícil, mesmo na Europa e na França. Além disso, ele não oferecia
muitas armas para as lutas acadêmicas que se faziam presentes naquela época,
que eram voltadas às militâncias políticas.

Os trabalhos de Pierre Bourdieu têm maior destaque nos anos de 1980,


principalmente quando sua obra “A Reprodução” foi publicada no Brasil em 1975.
Por prender-se a uma dicotomia muito em voga da reprodução versus
transformação – que na passagem dos anos de 1980 para os anos de 1990 seria
transmutada na dicotomia reprodução versus resistência – o livro gerou polêmicas
no campo educacional. Nesse momento, a contribuição da teoria de Pierre Bourdieu
passa a ser mais efetiva, isso evidencia novas apropriações conceituais tópicas e
do modo de trabalho.
Embora Bourdieu não se inclua no universo marxista, já que sua orientação principal
deriva de Weber, ele foi reconhecido como um autor crítico, pois estabelece uma
importante obra denunciadora, mas que também é considerada politicamente
desmobilizadora.

Por um lado, a teoria traz elementos para a construção de uma crítica sobre a
função reprodutora, desempenhada pela escola na sociedade capitalista, mas, por
outro lado, não fornece instrumentos para a ação; dessa forma não ultrapassa os
limites da teoria dificultando o estabelecimento da prática. Assim, a obra de
Bourdieu é considerada como “reprodutivista” ou “crítico-reprodutivista” (VALLE,
2007).

Para Pereira, Catani e Catani (2001 apud VALLE, 2007, p. 132-133), o viés reprodutivista
traz consigo algumas consequências, são elas: 

pouca atenção ao arcabouço conceitual;


desconsideração da existência das mediações e das
autonomias relativas entre os campos;
criação de expectativas em torno de propostas pedagógicas
(na ausência de um discurso doutrinal sobre a Educação, o que
levou a interpretá-la como uma “teoria da educação” sem
propostas).

Segundo Valle (2007), ao pesquisarem e examinarem a obra de Pierre Bourdieu nos


mais importantes periódicos brasileiros especializados em educação, os
pesquisadores Pereira, Catani e Catani (2001 apud VALLE, 2007, p. 132) indicam que
sua recepção foi diversificada. Eles constataram três formas de apropriação de seu
trabalho:

1) incidental: caracterizada por referências rápidas, geralmente


arroladas na bibliografia, mas não mencionadas no corpo do
texto;

2) conceitual tópica: caracterizada por uma utilização não


sistemática de citações e de conceitos, visando reforçar
argumentos ou resultados obtidos e desenvolvidos em um
quadro terminológico, que nem sempre é o do autor;

3) modo de trabalho: caracterizada pelo emprego sistemático


de noções e conceitos, demonstrando uma preocupação
central com o modus operandi de sua teoria.
A obra de Pierre Bourdieu apresenta-nos novos desafios, nos traz a necessidade de
pensar, de inventar novas ideias, formas de intervenções e de ações. Dá-nos a ideia
de que não existe democracia efetiva sem um verdadeiro poder contra crítico. É
preciso servir-se do conhecimento do mundo social de forma crítica e
desnaturalizante, para inventar novos modos de organização, que permitam a
invenção coletiva de uma visão nova e realista da economia e da sociedade.

Atenção!
Educar para Viver

“A Educação não é preparação nem conformidade. Educação é vida, é


viver, é desenvolver, é crescer”

Fonte: Dewey (1971, p. 29).

A Pedagogia histórico-crítica de Saviani


O filósofo e pedagogo Demerval Saviani (1983), em seu texto “A escola e a
democracia”, divide as teorias sobre a educação em dois grupos: 

1) Não críticas (também conhecidas como pedagogia tradicional; pedagogia nova;


ou pedagogia tecnicista): os teóricos que fazem parte desse grupo entendem a
educação como um instrumento de equalização social e de superação da
marginalidade. A marginalidade, por sua vez, é considerada um desvio e a função
da educação é corrigi-la. Para eles, os problemas da marginalidade só podem ser
resolvidos por meio da escola.

2) Crítico-reprodutivistas (também conhecidas como teoria do sistema de ensino


como violência simbólica; teoria da escola como aparelho ideológico do estado
(AIE); teoria da escola dualista): os teóricos que se encaixam nesse grupo
compreendem a educação como um fator de discriminação social, um fator de
marginalização, trata-se de teorias críticas uma vez que procuram entender a
educação remetendo-a às estruturas socioeconômicas que determinam a forma
de manifestação do fenômeno educativo. Segundo essas teorias, a marginalidade é
um problema social e a educação dispõe de autonomia em relação à sociedade,
por isso, estaria capacitada para interferir eficazmente na sociedade,
transformando-a e promovendo a equalização social. Os pensadores defendem
que a educação pode melhorar os índices de marginalização.

Saviani (2000), desde que iniciou seu trabalho relacionado à filosofia da educação,
buscou abordar as questões educacionais em termos dialéticos. Para ele havia um
claro entendimento que a problemática da educação não poderia ser analisada
pela teoria crítico-reprodutiva que desse conta de seu caráter contraditório e
possibilitasse articular os interesses populares em transformar a sociedade.

Demerval Saviani formou sua teoria sobre a singularidade e natureza da Educação


tomando a teoria social de Marx como referencial teórico metodológico. O
pensamento Marxista tem o trabalho como um de seus pilares, essa categoria era
entendida como a transformação da natureza em objeto útil. Para Saviani, há poder
no trabalho humano capaz de elevar a humanidade em relação às relações sociais
e o desenvolvimento.    Um processo de transformação da natureza em objetos
úteis à vida humana. Para Saviani, o trabalho humano tem o poder de conduzir a
humanidade a patamares superiores de sociabilidade e de desenvolvimento,
alterando as formas de ser e de estar no mundo natural e social.

Sob essa perspectiva, o ele propõe a compreensão da natureza da


Educação.Saviani (1983, p. 93) afirma que “a Educação é um fenômeno próprio dos
seres humanos e só se compreende a natureza da educação quando se
compreende a natureza humana”, o que considera que a educação está
intimamente ligada a humanidade, exclusivo às pessoas.

Marx (1998) entende que a natureza humana define-se por meio do trabalho. A
partir desse entendimento, Saviani (2011) estabelece outra relação necessária e
fundamental em seu pensamento: a relação entre a educação e o trabalho. Como
esses elementos fazem parte da natureza humana, é possível concluir a que
educação é um processo de trabalho.

Podemos definir esse processo de trabalho, como sendo a base para tudo que o ser
humano produz ou transforma. Se baseando inicialmente no mundo das ideias e
pensamentos, formando um conceito e depois aplicando-o na atividade a ser
desenvolvida, sempre buscando um resultado, efetivando aquilo que foi planejado. 
Como podemos observar no trecho abaixo, Saviani (2011) traz o conceito desse
processo de trabalho, que produz ideias, passando por conceitos até chegar em
algo produzido.
Tais aspectos (ciência, ética e arte), na medida em que são
objetos de preocupação explícita e direta, abrem a perspectiva
de uma outra categoria de produção que pode ser traduzida
pela rubrica “trabalho não material”. Trata-se aqui da produção
de ideias, conceitos, valores, símbolos, hábitos, atitudes,
habilidades. Em uma palavra, trata-se da produção do saber,
seja do saber sobre a natureza, seja do saber sobre a cultura,
isto é, o conjunto da produção humana. Obviamente, a
educação situa-se nessa categoria do trabalho não material
(SAVIANI, 2011, p. 12).

Saviani (2011, p.13) aponta para dois tipos de produção não material, o pensador
situa a educação em uma delas:

Existem as atividades em que o produto se separa do produtor,


é o caso dos livros e dos objetos artísticos. Nessas atividades,
há um intervalo entre a produção e o consumo, que é possível
devido à autonomia entre o produto e o ato de produção.
Existem as atividades em que o produto não se separa do ato
de produção.

Saviani (2011) entende que a humanidade e a educação são elementos


profundamente interligados pelo elo do trabalho. Dessa forma, a educação não se
reduz ao ensino, mesmo assim, o autor tem como intuito discutir apenas esse viés
do fenômeno educativo.

Depois de esclarecer a natureza da educação, o autor aborda seu objeto:

Ao aprofundar a análise sobre a especificidade da educação,


sobre a definição do seu objeto, o autor afirma que o objeto da
educação diz respeito à identificação dos elementos culturais
que devem ser assimilados e às formas e/ou métodos mais
adequados para que a assimilação dos conteúdos seja
efetivada (SAVIANI, 2011, p. 26).

Para saber pensar e saber agir é preciso aprender, é esse o trabalho educativo. Para
chegar alcançar resultado, a educação deve ser a matéria-prima de sua atividade
o saber objetivo produzido historicamente.

Desde que começou a trabalhar com filosofia da educação, Saviani, como


podemos ver, procurou abordar as questões educacionais em termos dialéticos.
Existia a exigência crescente de realizar uma análise do problema educacional que
desse conta do caráter contraditório da educação e possibilitasse articulá-lo aos
interesses populares de transformar a sociedade.

Paulo Freire: uma pedagogia para


transformação da sociedade
O principal teórico que defende a educação como instrumento de transformação
social no Brasil foi o Professor Paulo Freire (1921-1997). Para Freire (1996), a educação
leva as pessoas a duas perspectivas distintas:

a) pode fazer das pessoas donas de sua história;

b) ou pode acomodá-las ao mundo como um animal.

A educação que apenas deposita conhecimentos no aluno é chamada por Freire de


educação bancária, esse tipo de educação é monológica. É uma educação
unidirecional, parte do professor para o aluno; pode trazer opressão, uma vez que
os estudantes se tornam objetos, e não sujeitos da aprendizagem.

Freire defende a educação libertadora e emancipatória que tem como


características ser dialógica – o professor e alunos estabelecem uma relação em
que ambos ensinam e aprendem considerando a riqueza cultural que cada um
carrega; problematizadora – os temas a serem discutidos surgem do universo
social do aluno; crítica – capaz de formar cidadania, consciência social e política; e,
voltada para a relação reflexão/ação.

Para Paulo Freire (1996, p. 18) entende que a escola tem uma função conservadora,
pois reflete e reproduz as injustiças da sociedade. Ao mesmo tempo, ela é uma
inovadora, devido à autonomia relativa que o professor possui. Assim, destaca-se o
papel político-pedagógico do educador, uma vez que não existe educação neutra.

A teoria crítica freiriana, para Cortella (1998), vê na educação uma ferramenta que
ou pode tudo, ou pode fazer algo fundamental pela escola. Ao contrário do
liberalismo, que afirma que a educação pode mudar a sociedade, e do marxismo,
que tem a educação como um simples agente passivo da classe dominante.
Saiba mais!
Paulo Freire

Conheça mais sobre a obra de Paulo Freire acessando o site do


Instituto Paulo Freire. Um espaço idealizado pelo próprio Paulo Freire, a
fim de proporcionar um ambiente para aprendizagem e prática do
seu modelo de educação.

Para saber mais a respeito, acesse o link disponível em:

Clique Aqui

Fonte: elaborado pelos autores.

Atenção!
Escritores da Liberdade

Este filme aborda os ideais de uma professora recém-formada que


aceita o cargo em uma escola corrompida pela violência e tensão
racial. A professora combate um sistema deficiente, lutando para que
a sala de aula faça a diferença na vida dos estudantes. Ela oferece
aos adolescentes criados no meio de tiroteios e agressividade, o que
eles mais precisam: uma voz própria. Contando suas próprias histórias,
e ouvindo as dos outros, uma turma de adolescentes supostamente
indomáveis vai descobrir o poder da tolerância, recuperar suas vidas
desfeitas e mudar seu mundo. O filme discorre sobre o trabalho de
uma professora recém-formada para combater as deficiências do
sistema educacional dentro de uma escola corrompida pela violência.
Por meio da autonomia oferecida pela professora, adolescentes
criados em um meio insalubre terão a oportunidade de mudar suas
histórias.
Fonte: elaborado pelos autores.

Agora que você concluiu a leitura deste estudo, veja, nos vídeos a seguir, temas que
complementarão seus estudos:

Indicação de Leitura

Livro: Pedagogia do Oprimido

Autor: Paulo Freire

Ano: 2019

Editora: Paz e Terra

ISBN: 978-8577534180

Sinopse: nessa obra, Paulo Freire mostra seu método não paternalista em relação
ao analfabeto. Uma obra que tenta provar que não é possível êxito no campo
econômico sem ter uma base de um povo que se educa para civilizar-se.

Questão 1

 Talcott Parson (1902-1979), assim como Karl Mannheim (1893-1947),


tiveram papel importante na constituição da Sociologia da Educação, para
Parson, a educação tinha dois aspectos centrais, quais eram eles?

A. Espaço de socialização e instância de seleção social.

B. Espaço de opressão e instância de seleção social.

C. Espaço de socialização e brincadeiras.


D. Espaço de manutenção de poder e classe da burguesia.

E. Espaço de socialização e moralidade.

Questão 2

 Durkheim exerceu forte influência sobre o nascimento da análise


sociológica sobre a problemática da educação. Para o sociólogo a
educação deve ser um sistema regrado, que busque instituir no indivíduo
os valores da solidariedade social, despertando a autonomia no aluno e
preparando-o desde primeira infância para o funcionamento da
sociedade orgânica moderna, assim, a educação é um importante fator de
coesão social. A respeito dos conhecimentos sobre a teoria durkheimiana e
sua relação com a educação, assinale a alternativa correta.

A. A sociologia da educação apresentava somente o paradigma


marxista.

B. A sociologia da educação apresentava somente o paradigma


positivista

C. A sociologia da educação apresentava somente o paradigma


funcionalista.

D. A sociologia da educação apresentava somente o paradigma


weberiano.

E. A sociologia da educação apresentava o paradigma


positivista/funcionalista.

Questão 3

A educação brasileira possui grandes nomes que debruçam seus estudos


nessa área, como o educador Paulo Freire (1921-1997) e o pedagogo
Demerval Saviani (1983). Este último intelectual, divide a educação em dois
grandes grupos, sendo eles:

A. Não críticos e Contemporâneos.

B. Não críticos e Crítico-reprodutivistas.

C. Críticos e Reprodutores.

D. Não críticos e Críticos.

E. Crítico-reprodutivistas e Marxista.

 
Síntese
Nesta fase de nosso estudo, pudemos conhecer um pouco mais sobre pensadores
importantes da sociologia da educação tanto mundial quanto brasileira, como
Paulo Freire, Demerval Saviani e Pierre Bourdieu.

Pensadores como Mannheim enxergavam a educação como um espaço que serve


como manutenção para a coletividade, uma vez que colaboram para manter
normas já existentes e também para estabelecer novas normas de conduta social.
Para Freire, por sua vez, a educação pode contribuir para que o indivíduo seja dono
de sua história ou a utilize para se acomodar ao sistema vigente.

Pudemos verificar também o pensamento de Parson sobre a educação. Para ele, a


educação é um espaço de socialização que causa a seleção social
simultaneamente. Para Parson (1964), a educação tem como função conservar, e
não modificar os indivíduos, dessa forma, mantém-se o equilíbrio social. 

Vimos até aqui que as teorias educacionais dividem-se em: não críticas; crítico-
reprodutivistas e libertadora emancipatória, voltada para uma transformação
social onde, no Brasil seu maior representante é o pedagogo Paulo Freire.

Em sua visão, a escola retém partes das visões tradicional e cognitivista. São
definidos objetivos, porém foca-se o processo e não somente o resultado. A teoria
crítica defende que a escola deve formar o aluno para exercer cidadania e não
apenas atender aos interesses do mercado profissional. O professor, assim como no
cognitivismo, deve agir como um facilitador e estimulador no processo de
aprendizagem. A avaliação qualitativa avalia como um todo aluno, currículo,
sistema e escola. 

Assim, caro(a) aluno(a), você já está preparado(a) para o próximo passo de nosso
estudo, conhecer as desigualdades sociais, bem como as políticas públicas da
educação e quais são as propostas de transformação social, ou seja, verificar como
o pensamento sociológico contribui na prática com a educação pelas mãos do
educador.

Referências Bibliográficas
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BOURDIEU, P.; PASSERON, J. A Reprodução: elementos para uma teoria do sistema de
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fatores relevantes. Brasília: Universidade Católica de Brasília, 2009. Disponível em:
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escola? O dever de casa e as relações família-escola. Associação Nacional de
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DEMETERCO, S. M. da S. Sociologia da Educação. 2. ed. Curitiba: IESDE, 2009.,

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DREIFUSS, R. A. 1964, a conquista do Estado: ação política, poder e golpe de classe. 6.


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DURKHEIM, E. As regras do método sociológico. In: GIANOTTI, A. Èmile Durkheim. São


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FERREIRA, R. A. Sociologia da Educação: uma análise de suas origens e


desenvolvimento a partir de um enfoque da Sociologia do Conhecimento. Revista
Lusófona de Educação, n. 7, p. 105-120, 2006.,

MÓNICA, M. F. Correntes e controvérsias em sociologia da educação. Análise Social,


v. 8, n. 52, p. 989-1001, 1977.,

NOSELLA, P.; AZEVEDO, M. L. A Educação em Gramsci. In: FALCO-CALIGARI, Aparecida M.


Sociologia da educação: múltiplos olhares. 2. ed. Eduem. Maringá-PR, 2009. p. 79-91.,

PARSONS, T. The Social System. London: The Free Press of Glencoe, 1964.,

RODRIGUES, A. T. Sociologia da Educação. 6. ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2007.,

SAVIANI, D. Escola e democracia. São Paulo: Cortez: Autores Associados, 1983.,

SAVIANI, D. Pedagogia Histórico-Crítica. Campinas: Autores Associados Ltda.,  2011.,


VALLE, I. R. A obra do sociólogo Pierre Bourdieu: uma irradiação incontestável. Educ.
Pesqui., v.  33, n. 1, p.117-134, 2007. ISSN 1517-9702.  Disponível em:
http://dx.doi.org/10.1590/S1517-97022007000100008. Data de acesso: 22 jul. 2013.,

VALLE, I. R. O lugar dos saberes escolares na sociologia da educação brasileira.


Currículo sem fronteiras, v. 8, n. 1, p.94-108, jan./jun. 2008.,

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