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RESENHA CRÍTICA

Por: Fausto Emilio de Medeiros Filho

INTRODUÇÃO

Documento analisado: "Educação Escolar e Transformação Social" tem a


proposta de investigar a relação entre a educação escolar e seu papel na transformação
da sociedade. No contexto contemporâneo, onde a educação é frequentemente
questionada não apenas em termos de sua eficácia pedagógica, mas também em
relação ao seu impacto mais amplo nas estruturas sociais e econômicas e ainda objeto
de acirrada contestação ideológica por grupos como o da “Escola sem partido”. Este
documento está baseado na teoria marxista, explorando as dimensões do trabalho, da
alienação e da superação. O autor se vale de bases teóricas robustas, bem como análises
de documentos governamentais e não-governamentais.

A sociedade coloca a educação como um meio de ascensão social e um


instrumento para o desenvolvimento individual. Porém este documento coloca que as
estruturas educacionais podem perenizar as desigualdades existentes na sociedade.
Estabelecendo a teoria marxista como base teórica, o documento oferece uma outra
visão, estabelecendo a educação como um campo de luta de classes e potencial
emancipação operária. O autor discorre sobre como a educação pode ser utilizada para
promover uma compreensão mais profunda das condições sociais e econômicas, e em
seguida capacitar as camadas proletárias a desempenhar um papel ativo na
transformação de sua realidade.

CONTEXTO TEÓRICO E FILOSÓFICO

O documento "Educação Escolar e Transformação Social", inserido dentro da


teoria marxista, oferece uma crítica sobre a educação e seu papel na sociedade. A teoria
marxista, tem sua base na luta de classes, na alienação e na emancipação, fornecendo
uma visão através da qual as funções da educação na sociedade podem ser
reexaminadas. Essa abordagem teórica é interessante ao direcionar a educação de uma
ferramenta para o desenvolvimento individual para um mecanismo de transformação
social e política. O autor coloca o potencial da educação ser um instrumento de
transformação social, permitindo que as camadas populares adquiram o conhecimento
necessário para compreender e transformar a realidade que a cerca.

O documento encara a educação não apenas e simplesmente como um processo


de transmissão de conhecimento, mas como um meio de conscientização e
emancipação, típico do processo de lutas operárias para a emancipação da classe
trabalhadora do domínio do capitalismo. A educação é uma forma de combater a
alienação que distancia o indivíduo de sua humanidade. A educação leva ao
esclarecimento do indivíduo com relação à exploração do capita em cima de sua força
de trabalho. E bem por isso, que os agentes a serviço do capital combatem a ideologia
marxista tão fortemente em todos os níveis escolares.

Além disso, o texto também coloca uma análise crítica das estruturas sociais e
econômicas que moldam a educação. Ao fazer isso, contesta a neutralidade na
educação, afirmando o caráter iminentemente político da educação. O que corrobora
com a visão marxista de que todas as instituições sociais, são influenciadas pelas
relações de poder e pelas condições materiais da sociedade. E dessa forma coloca que
a educação não pode ser abordada separadamente dos elementos socioeconômicos em
um sentido mais amplo.

Resumidamente, esse contexto teórico e filosófico apresenta uma compreensão


aprofundada da educação como uma prática social que está intrinsecamente ligada às
estruturas sociais e econômicas em todas as suas dimensões.

ASSOCIAÇÃO COM OUTRAS IDEIAS


Essas ideias do texto "Educação Escolar e Transformação Social" encontram um
paralelo no preconizado pelo educador Paulo Freire, cujo trabalho propôs a educação
como uma prática de liberdade e conscientização. Onde o educador e o aluno
cooperam no processo de aprendizagem, promovendo a conscientização e a
capacidade de transformar a realidade da comunidade. Esse paralelismo entre Freire e
o documento estudado, mesma visão de que a educação é um instrumento
fundamental para a emancipação e a transformação social.

A educação, para Freire, se estabelece em um processo político, no qual os


estudantes levados a compreender as estruturas de poder que os envolvem e
contestá-las. Da mesma forma que no documento, a educação é vista como uma
ferramenta para desafiar e transformar as estruturas sociais e econômicas no puro
molde marxista.

O documento também converge com outros teóricos, como por exemplo Henry
Giroux, para o qual a educação se trata de um meio de desafiar as desigualdades
sociais e forma de resistência na luta de classes. Ele vê a educação como uma prática
de cidadania crítica, e os alunos se tornam agentes de mudança social. O que é similar
ao proposto pelo documento em tela.

A associação com estas ideias amplia a compreensão da educação escolar,


destacando seu papel não apenas na transmissão de conhecimento, mas também
como um espaço para o desenvolvimento da consciência crítica e ação social. Esta
perspectiva da criação da consciência crítica e da ação, contesta aquela tradicional que
vai além da mera aquisição de habilidades técnicas.

ANÁLISE CRÍTICA

Coerência Interna:
O documento foi bem escrito, colocando a relação entre a educação e a
conscientização dentro da lógica proposta por Karl Marx.

Validade dos Argumentos:

Os argumentos foram estabelecidos com base num bom espectro de literatura


de base marxista e em análises de documentos importantes para este contexto, dando
ampla profundidade e dando credibilidade ao mesmo.

Originalidade:

O documento oferece uma visão original, pois estabelece claramente a


correlação entre a educação escolar com a transformação social dentro da ótica
marxista.

Profundidade de Análise:

A análise é profunda, abordando questões históricas, políticas e sociais da


educação. O documento não vai além da superficialidade, explorando inúmeras
complexidades da correlação entre educação e sociedade. Faltou apenas abordas
diferenças culturais e de contextos regionais de práticas educacionais o que poderia
estabelecer uma compreensão um tanto mais profunda.

Alcance das Conclusões:

As conclusões são muito importantes, possuindo significativas reflexões para a


educação. O documento reavaliar o papel da educação na sociedade, criando
conscientização e transformação social.

Apreciação Pessoal:
O documento traz importantes conclusões para a formulação de políticas
educacionais, oferecendo muitas colocações que levam à uma melhor compreensão
dos processos de transformação social pela educação, tal como o preconizado pelo
educador Paulo Freire, com respeito da emancipação do cidadão pela educação.

CONCLUSÃO DA ANÁLISE CRÍTICA

O documento "Educação Escolar e Transformação Social" oferece uma análise


crítica e profunda da educação dentro de uma perspectiva marxista. Enquanto destaca
a importância da educação na superação da alienação e na transformação social, o
estudo poderia se beneficiar de uma maior exploração de estratégias práticas para a
implementação de suas ideias e uma consideração mais detalhada das variáveis
culturais e regionais que afetam a educação. Ainda assim, o estudo é um recurso
importante para educadores, pesquisadores e formuladores de políticas interessados
na relação entre educação e mudança social.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS

1. Karl Marx:

Marx, K. (1867). "O Capital: Crítica da Economia Política".

2. Dermeval Saviani:

Saviani, D. (1983). "Escola e Democracia". Campinas: Autores Associados.

3. Newton Duarte:

Duarte, N. (2006). "Educação Escolar, Teoria do Cotidiano e a Escola de Vigotski".


Campinas: Autores Associados.

4. István Mészáros:

Mészáros, I. (2002). "Para Além do Capital: Rumo a uma Teoria da Transição". São
Paulo: Boitempo.
5. Rudolf Bahro:

Bahro, R. (1980). "The Alternative in Eastern Europe". London: Verso.

6. Paulo Freire:

Freire, P. (1970). "Pedagogia do Oprimido". Rio de Janeiro: Paz e Terra.

7. Henry Giroux:

Giroux, H. (1983). "Theory and Resistance in Education: A Pedagogy for the


Opposition". South Hadley, MA: Bergin & Garvey.

8. Bell Hooks:

Hooks, B. (1994). "Teaching to Transgress: Education as the Practice of Freedom". New


York: Routledge.

9. Ricardo Antunes:

Antunes, R. (1998). "Os Sentidos do Trabalho: Ensaio sobre a afirmação e a negação do


trabalho". São Paulo: Boitempo.

10. István Mészáros (repetido):

Mészáros, I. (2005). "O Poder da Ideologia". São Paulo: Boitempo.

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