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ESCOLA DEMOCRATICA
“Temos antes que admitir que o poder produz saber (...); que poder e saber estão
diretamente implicados; que não há relação de poder sem constituição
correlata de um campo de saber, nem saber que não
suponha e não constitua ao mesmo tempo relações de poder. ”
FOUCALT
Resumo
O presente artigo tem o intuito de debater a ideia de democracia e ensino libertario que
podem ser atingidos por meio da interação entre os frequentadores e a estrutura fisica da escola, em
especial nas trocas entre seus ocupantes e os espaços livres que nela existem, como o pátio,
ou seja o texto aqui apresentado pensa na ressignificação de espaços ja existentes para a
construção de uma escola democratica. O objetivo desta pesquisa foi através de observação
empírica (que ocorreu no ano 2018 e início de 2019 no Centro de Ensino em Período Integral
Pedro Gomes) do espaço físico e de seus diversos usos coletar dados para que fossem feitas
analises posteriores sob uma ótica de democracia libertaria, e entender como os espaços
físicos e a maneira como são utilizados influenciam diretamente na formação social do
indivíduo que os ocupa, e no caso do ambiente escolar como seus usos refletem diretamente
no modelo de escola que temos e que queremos para a sociedade.
Introdução
1
Graduanda do curso de História grau Licenciatura na Universidade Federal de Goiás.
Dentro desta perspectiva, a educação, não é apenas o desenvolvimento intelectual
de individuos, mas tambem o social, estabelecida esta maxima entendemos que
educar é um processo coletivo,nesse contextos as escolas seriam então ambientes
coletivos onde toda sociedade se envolve naquela especie de “ensaio” do que seria a
ordem social de fato, sendo assim entende de se que existem muitas maneiras ao qual
a escola possa existir, os modelos tanto intelectuais quanto estruturais dessas
instituições depederam diretamente do intuito que aquela comunidade tem com a
formação desses novos individuos.
Diante de um sistema de ensino tradicional que não questiona o lugar do sujeito nem
espacialmente nem socialmente, abordo a perspectiva de como espaços comuns como
o pátio escolar podem colaborar diretamente para que haja maior democracia
participativa dentro do processo educacional. Para que isso fosse possível utilizei como
bases neste artigo a observação empírica do colégio ao qual estou inserida como
estagiaria a um ano e meio, e a análise dessas observações sob uma perspectiva de
democracia participativa proposta por Jacques Ranciére em sua obra “Ódio a
Democracia”.
A relevância deste artigo está ligada a promoção de debates que colaborem para uma
forma mais democrática de conceber o espaço escolar e suas necessidades enquanto
lugar democrático.
O direito a escolha nesse modelo de escola é o ponto principal de uma educação que
será pautada em ações participativas, ou seja, o aluno torna se aqui agente direto na
produção e formação de seu conhecimento. As hierarquias impostas pelo modelo
tradicional de educação aqui são propositalmente rompidas, Mészaros em sua obra
“A educação para além do capital” (2006) ira nos dizer que reformas são necessárias
para além da institucionalidade escolar, apesar de extremamente importantes tais
reformas tem que partir também e principalmente de uma via não institucional, pois
manter dentro dessas vias não geraria uma mudança sistemática do modelo imposto e
perpetuaria as ideias de reprodução que são de interesses do capital.
Pois então se uma escola democrática rompe com a ordem imposta tanto teórica
quanto social, ela seria então uma oposição ao que entendemos como escola no dia de
hoje? Primeiramente é necessário entender o que compreendemos como ser escola,
não apenas por estudos acadêmicos mas através de memorias afetivas que a maioria
dos indivíduos da modernidade tem a respeito do que foi ou é seu ambiente escolar o
que cada sujeito inserido nessa lógica desperta nessa memoria, sendo assim se suas
memorias relacionam se com uma perspectiva “impositoria” de aprendizagem e de
vivencia no meio escolar, se existe uma ideia punitivista no que se entende como
aprender, então sim a escola democrática está em oposição ao que entendemos como
escola.
Pensar a educação num todo para além da pedagogia escolar causa reflexões a
respeito do comportamento humano dentro fora da escola, dentro de uma perspectiva
de escola democrática entende se a necessidade da preservação dos processos
individuas de todos os envolvidos, a psicologia nos apresenta diversas possiblidades,
um dos teóricos da psicologia da educação, Skinner (1972), ira nos evidenciar a
necessidade da suavidade durante o processo de ensino aprendizagem, a ideia de um
aprender gradual e da ruptura da logica judaico cristã de um ensino punitivista estará
presente em toda sua obra, a fuga do ensino meritocrático é essencial segundo ele
para uma real aprendizagem já que resultados negativos geram no educando reações
não positivas como a fuga e a esquiva daquilo que se mostra além de suas
capacidades.
A evasão escolar está ligada diretamente aos moldes ao qual a escola está organizada,
e o meio ao qual ela está inserida, o ambiente afeta diretamente o indivíduo que
compõe a escola. A democratização do acesso ao ensino de qualidade inclusivo e que
compreenda as necessidades do ambiente em que se encontra e o principal objetivo de
uma escola democrática, no Brasil temos alguns exemplo a Escola Municipal de
Ensino Fundamental Amorim Lima, em São Paulo iniciou suas mudanças no início
dos anos 2000, devido ao contexto de violência e carência social que rodeava a escola
viu se a necessidade de uma mudança de significado daquela instituição ,e o caminho
encontrado foi o da escola democrática assim que a escola tornou se lugar de lazer
para os membros da comunidade local, nos finais de semana com as portas abertas
para uso coletivo promovendo atividades culturais artísticas e do lazer em geral e para
além disso trouxe a comunidade para dentro das decisões da escola (TOSTO,2011).
Podemos deduzir então a partir dos fatos que a escola como está posta é pensada para
que os frequentadores entendam a hierarquia das relações ali pautadas, e uma
mudança só será efetiva se pautada de forma que percebamos as características
desumanizantes de alienação que estamos condicionados, exigindo assim uma
intervenção consciente nos mais diversos âmbitos de existência individual e social
(MÉSZAROS, 2006). Nesse sentido os espaços físicos livres da escola são de suma
importância para o desenvolvimento cognitivo dos estudantes, principalmente durante
sua infância, já que dentro da lógica educacional imposta é ali que a criança exerce
democraticamente suas atividades devido ao fato de que a sala de aula é tida como um
ambiente controlado que tem como intuito impor o que ali é posto.
Sem fugir as estéticas e perspectivas sociais de sua época, o CEPI Pedro gomes ainda
guarda em sua estrutura uma semelhança com as prisões, assim como os demais
colégios do período, é necessário compreender que para além do prédio em si o que
entendemos por escola é uma construção social; as salas possuem apenas uma porta
que que abrem para corredores mal iluminados, a disposição das cadeiras, horários
para troca de aulas, assim como a maioria das instituições que entendemos como
escola (DAHER,2016). O ambiente de convivência comum é bem amplo, tem um
pátio arejado que acomoda um palco ocupado frequentemente por atrações e eventos
culturas e pedagógicos existe ambientes de convivência comum como o auditório, o
pátio funciona como uma espécie de pulmão da escola bem arejado com cadeiras é
um lugar muito frequentado pelos alunos e membros no geral da comunidade escolar.
Como já dito, escola é mais que um uma construção que abriga pessoas para
aprender conteúdos, a escola se trata de uma construção social coletiva, que gera
memória afetiva e que tem seu papel estabelecido perante toda a sociedade, apesar de
existirem inúmeras leituras a respeito de como se daria uma escola “ideal”. O CEPI
Pedro Gomes apesar de manter estruturas “tradicionais” de ensino nos mostra que há
como fazer isso de maneira plural, o prédio enquanto patrimônio se mantem mas a
ressignificação de seus espaços é constante e a liberdade dos estudantes e professores
parece ser um ponto importante nas decisões burocráticas tomadas pela direção da
escola, os alunos guardam sua individualidade em relação ao uso de roupas e
acessórios e em uma grande gama de atividades e projetos educacionais e de
recreação que são oferecidos pela escola o que é de suma importância para a
construção e afirmação de sua identidade individual e coletiva.
Considerações Finais
Sendo assim neste trabalho buscou se questionar como um espaço especifico, o pátio
escolar, enquanto ambiente livre e não hierarquizado, poderia colaborar para que
mais ambientes dentro da escola pudessem seguir essa lógica e quebrar estereótipos
dos papeis preá estabelecidos dentro da comunidade escolar.
E por fim tive ainda mais confirmação de que a escola não é neutra em nenhuma
circunstância, os espaços tanto sociais quanto físicos assumem discursos
(RAIMAN,2008) exercem relações de poder, e através da logica tradicional e
punitivista colaboram para a manutenção de uma ordem mercadológica de ensino.
MÉSZAROS, István. A educação para além do capital. São Paulo: Boi Tempo
Editorial, 2006
disponível:
http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/educanalise/article/view/25272/21455
SKINNER, B.F. A tecnologia do Saber. São Paulo: Ed. HERDER,1972. CAP.05 p.
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