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RESUMO:
Este artigo tem como objetivo apresentar uma breve reflexão sobre as contribuições e
desafios de se desenvolver a gestão e coordenação democrática escolar na Escola Pública
no contexto contemporâneo. Assim, como apresentar propostas de superação e de
transformação da realidade educacional e da comunidade em que a escola está inserida,
possibilitando ao sujeito a participação e preparação para a cidadania plena, tornando-se
histórico, ativo e consciente de seu papel frente às mudanças de paradigmas do contexto
social, histórico e cultural. Para tanto, traz alguns itens que são imprescindíveis para a
efetivação da gestão democrática da escola pública como: a construção coletiva do Projeto
Político Pedagógico, o Conselho Escolar atuante, uma avaliação institucional sólida e
participativa e as eleições diretas para gestor. Enfim, a gestão democrática é uma postura
ética que desafia os educadores de todo país, onde o diálogo e a comunicação devem ser
os instrumentos do processo coletivo de busca de um conhecimento profundo.
ABSTRACT
This article aims to present a brief reflection on the contributions and challenges of
developing democratic school management in Public School in the contemporary context.
Thus, it is possible to present proposals for overcoming and transforming the educational
reality and community in which the school is inserted, enabling the subject to participate and
prepare for full citizenship, becoming historical, active and aware of his role in the Paradigms
of social, historical and cultural context. To do so, it brings some items that are essential for
the effective implementation of the democratic management of the public school, such as:
the collective construction of the Political Pedagogical Project, the School Council, a solid
and participative institutional evaluation and the direct elections for manager combined with
evaluations and interviews . Finally, democratic management is an ethical stance that
challenges educators from all over the country, where dialogue and communication should
be the instruments of the collective process of seeking profound knowledge.
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Veronica Vieira da Costa - Graduado em Pedagogia pela Universidade Estadual de Alagoas –
UNEAL e Pós graduando em Gestão Escolar pela Faculdade de Ensino Regional Alternativa - Fera.
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² Givaldo Francelino de Melo – Graduado em Pedagogia pela (FLATED), Mestre em Educação
Pela (FICS) Orientador do curso de pós-graduação lato sensu em Gestão Escolar, Orientação e
Coordenação Pedagógica (FERA)
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INTRODUÇÃO
A gestão escolar democrática e participativa proporciona à escola se tornar
mais ativa e suas práticas devem ser refletidas na e pela comunidade. A
participação, em educação, é muito mais do que dialogar, é um processo lento,
conflituoso, em que conhecer os conflitos e saber mediá-los torna-se fonte precípua.
Dessa forma, é necessário ouvir pais, comunidade e órgãos de representação,
esses são caminhos que devem ser trilhados para a construção da educação
inclusiva.
Para tanto, é imprescindível que, de forma geral, seja repensado e melhor
distribuído o poder no interior da escola, pois se queremos uma escola
transformadora, precisamos transformar a escola que temos aí. E a transformação
dessa escola passa necessariamente por sua apropriação por parte das camadas
trabalhadoras. É nesse sentido que precisam ser transformados o sistema de
autoridade e a distribuição do próprio trabalho no interior da escola (Paro, 2005).
Neste sentido, é que temos a democracia como fundamento legal da
Educação Brasileira, presente na LDB - 9394/96, que estabelece em seu Art.14 que:
Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática de ensino público
na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes
princípios: I - participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto
político pedagógico da escola; II - participação das comunidades escolar e local em
conselhos escolares ou equivalentes.
Dessa forma, não se pode mais conceber a escola como arraigada em
princípios de autoritarismo, antidemocracia e prepotência, e sim numa visão que
deixa de ser utópica, pois é um processo real de cidadania que nos leva a agir de
forma compartilhada e participativa na distribuição do poder dentro da instituição de
ensino. Além disso, a descentralização, o pluralismo, a autonomia, a participação e a
transparência, são fundamentais como princípios norteadores de uma gestão
democrática.
Promover a integração da escola com a comunidade não é algo impossível de
se acontecer na prática, porém a gestão escolar precisa estar disposta a trabalhar
com o intuito de garantir essa inter-relação de colaboração e ajuda mútua e ela fará
isso de maneira mais coerente se adotar os moldes de uma administração escolar
democrática.
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De acordo com Ferreira, Reis e Pereira (1999, p.6), “a palavra gestão tem
origem latina, genere, que significa conduzir, dirigir ou governar”. Gestão
democrática é um exercício de cidadania, fundamental para o avanço da sociedade
que planeja ser mais justa ou igualitária.
Para a sociedade, trabalhadores da educação e especialistas, a democracia
da e na escola é o único caminho para a reconstrução da Escola pública de
qualidade. Já a democracia teve origem na Grécia Clássica. Denomina-se
democracia (do grego demos, “povo”, e kratos, “autoridade”) uma forma de
organização política que reconhece a cada um dos membros da comunidade o
direito de participar da direção e gestão dos assuntos públicos (Barsa, 2005).
Atenas e outras cidades - estados implantaram um sistema de governo por
meio do qual todos os cidadãos livres podiam eleger seus governantes e serem
eleitos para tal função por um determinado período (Barsa, 2005). No Brasil, após o
regime militar foi instaurado o regime “democrático”, onde as eleições diretas foram
o “pivôr” desse processo, onde milhões de pessoas puderam escolher seus
representantes para os cargos políticos.
A tentativa de implantação efetiva da autonomia escolar e da gestão
democrática da escola se deu especialmente após o movimento estudantil de 1968
no mundo ocidental, como uma forma restrita, mas efetiva de realização da utopia
dos jovens daquela década. “Escolas Livres” ou alternativas surgiram especialmente
nos Estados Unidos e na Inglaterra, como instrumento de superação da escola
tradicional, tecnicista e burocrática do Estado. No Canadá, foram criadas inúmeras
escolas comunitárias que, até hoje, são administradas pela comunidade e mantidas
pelo poder público.
No Brasil sempre existiram experiências isoladas de gestão colegiadas de
escolas, mas sem repercussão sobre o sistema de ensino. Vinculadas à iniciativa de
alguns educadores, logo eram interrompidas quando esses educadores deixavam à
escola.
Segundo Paro (2005), quando se fala em educação remete-nos a pensar no
homem como um ser histórico, que transcende o que é natural, pois ele busca a
liberdade em suas ações. Ainda segundo o educador o homem só se faz sujeito
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quando participa, produzindo uma ação e respondendo por ela, e essa ação só é
produzida coletivamente, sendo que o homem não se faz só.
A luta pela gestão democrática da escola pública, consolidada pela
constituição Federal de 1988, e pela LDB (9394/96), é resultado de um grande
processo reivindicatório que surgiu por meio da organização de diversos segmentos
da sociedade nas últimas décadas. Em primeiro lugar pode-se lembrar a luta pela
escola pública e pela cultura popular nos anos de 1950 e início de 1960.
Todas essas manifestações foram duramente reprimidas após o golpe militar
de 1964, que impôs a censura e o silêncio, quebrados no final da década de 1970.
Com a anistia política dando lugar a algumas aberturas, surgiram então, vários
movimentos.
Sabendo que vivemos numa sociedade dinâmica, não podemos nos agarrar
aos métodos do passado, pois as mudanças de época exigem também a
transformação dos métodos e técnicas. Logo, a gestão escolar precisa aderir à
democratização de suas funções e atribuições, visto a necessidade do cenário
social, econômico e político em que nos encontramos.
(...) administrar uma escola pública não se reduz à aplicação de uns
tantos métodos e técnicas, importados, muitas vezes, de empresas
que nada têm a ver com objetivos educacionais. A administração
escolar é portadora de uma especificidade que a diferencia da
administração especificamente capitalista, cujo objetivo é o lucro,
mesmo em prejuízo da realização humana implícita no ato educativo.
Se administrar é usar racionalmente os recursos para a realização de
fins determinados, administrar a escola exige a permanente
impregnação de seus fins pedagógicos na forma de alcançá-los
(PARO, 2000, p. 7).
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A COMUNIDADE ESCOLAR
Considerando que, para ser considerada pública, uma escola deve ter a
participação efetiva da comunidade escolar e local (gestor, pais, alunos,
funcionários, professores e comunitários), além de oferecer uma educação de
qualidade. De outra forma, esta escola será em vez de pública, “estatal”. Segundo
Paro, “a escola estatal só será verdadeiramente pública no momento em que a
população escolarizável tiver acesso geral e indiferenciado a uma boa educação
escolar” (2005, p. 17).
Neste sentido, percebemos que ainda não há interesse pela universalização
de um ensino de boa qualidade. Há então, a necessidade da classe dominada de
fazer valer os seus direitos de cidadania plena, reivindicando melhores condições de
trabalho e estudo; Isso de forma organizada e levando em consideração as
necessidades locais.
O papel do gestor escolar nesse processo é imprescindível, pois ele é o líder
educacional que deve ser espelho para os atores educativos da instituição. Para
tanto deve articular toda a comunidade escolar em busca do objetivo maior da
instituição, que deve ser o da não reprodução da ideologia dominante, buscando
uma educação transformadora, que desinstabilize o ser humano de sua poltrona da
acomodação, o tornando-o ativo, crítico e histórico, sendo capaz de atuar de forma
participativa em sua comunidade local e global.
Desse modo, é necessária que a instituição caminhe no sentido de se tornar
autônoma, implicando necessariamente nas mudanças do processo decisório dentro
da escola, descentralizando-se e horizontalizando-se pelo compartilhamento da
responsabilidade com os diferentes atores educativos que constituem a comunidade
escolar: gestores, professores, alunos, pais, comunidade.
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Nesta ótica, podemos perceber que a prática política não é algo que serve
como um “apetrecho” para a administração escolar, pois ela antecede a
administração em alguns aspectos no ambiente da escola, afinal para que a gestão
pudesse ter a autonomia que desempenha, os fatores políticos tiveram que dar sua
contribuição para que isso acontecesse, bem como em diversos outros aspectos que
envolvem a gestão em sua ação administrativa e, consequentemente, no todo que
envolve suas práticas.
A partir do momento em que a administração escolar toma consciência da
importância em relação à prática política, ela também se tornará sensível às
questões de cunho social, pois se há uma administração politizada, centrada na
ideia de que a educação vai além dos muros da escola, mesmo quando se trata das
funções da administração que em sua maioria se fecha em uma sala, com certeza a
escola não se tornará alheia ao meio social com suas peculiaridades que norteiam a
escola.
Agir com autonomia não significa apenas agir segundo vontade própria,
apesar de estar relacionada à ideia de autogoverno. “É um princípio que deve
necessariamente ser desenvolvido de forma positiva por todos os profissionais da
escola e pela comunidade, exigindo uma responsabilização competente, que não
permite o espontaneísmo e a anarquia” (LUCK, 2005).
Nas instituições escolares, o exercício da autonomia se dá pela construção de
um ambiente propício à participação da comunidade escolar nas decisões locais,
buscando soluções responsáveis e criativas, por meio de um processo de
negociação rumo à efetivação dos objetivos estabelecidos.
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Nesse sentido, o PPP deve ser considerado um plano teórico e prático; logo,
seu processo de elaboração requer que toda a comunidade escolar compreenda que
planejar traz embutidas as possíveis intervenções que se façam necessárias no
cotidiano escolar e que tal planejamento é também ação reflexiva que permite
questionamentos, proposição de objetivos e metas, formulação de hipóteses,
sequenciamento de etapas a serem executadas; enfim, viabiliza o “pensar sobre”, ou
seja, a sistematização do que se pretende para a escola.
Segundo Luckesi,
o acesso universal ao ensino é, pois, elemento essencial da
democratização e a porta de entrada para a realização desse desejo
de todos nós, que clamamos por uma sociedade emancipada dos
mecanismos de opressão; o segundo elemento que define a
democratização de ensino é a permanência do educando na escola e
a consequente terminalidade escolar. Ou seja, o aluno que teve
acesso à escola deve ter a possibilidade de permanecer nela até um
nível de terminalidade que seja significativo, tanto do ponto de vista
individual quanto social (2006, p. 30).
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CONCLUSÃO
A plena efetivação da gestão democrática nas escolas públicas só será
possível a partir da real participação dos colegiados, grêmio estudantil, Associação
de Pais e Mestres, dando destaque para o papel do Conselho Escolar.
Dessa forma, a equipe escolar deve ampliar os esforços para garantir uma
escola legitimamente pública, ou seja, que exista e atue em função de seus alunos,
de seus profissionais e da população local, a partir de seus anseios, necessidades e
potencialidades, este é o sentido ético-democrático da escola.
Além disso, vale ressaltar também, a relevância da avaliação institucional
para que a escola promova reflexões sobre os caminhos que deseja trilhar para
formar o cidadão pleno, que obtenha sucesso em sua jornada estudantil e
posteriormente na realidade a qual ele pertence.
Diante do exposto, percebemos a relevância do papel da gestão escolar
diante da construção da escola inclusiva, pois cabe à gestão escolar garantir a
acessibilidade aos alunos com necessidades educacionais especiais, bem como a
gestão democrática e participativa.
Portanto, são muitos os desafios para os gestores escolares para construção
desta realidade, entre eles estão, a construção participativa e democrática do
Projeto Político Pedagógico, a conquista da própria comunidade local e pais para
dentro da escola, trazer parcerias de empresas que possam colaborar no
financiamento de projetos, para que seja estabelecida uma gestão democrática e
sustentável.
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REFERÊNCIAS
BARSA, Grande Enciclopédia. 3ª ed. São Paulo: Barsa Planeta Internacional Ltda.
2005.
BRITO, César lobato (Org.); Guedin, Evandro Luiz; ...et al. Ética e formação de
professores. Manaus: UEA edições: Raphaela, 2008.
PARO, Vitor Henrique. Gestão democrática da escola pública. 3 ed. São Paulo:
Ática, 2007.
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