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Instituto Cultus

GESTÃO ESCOLAR, ADMINISTRAÇÃO, SUPERVISÃO, ORIENTAÇÃO,


INSPEÇÃO

ANA PAULA FEIJÓ DOS SANTOS

GESTÃO ESCOLAR DEMOCRÁTICA:


UM CAMINHO A SER PERCORRIDO.

CANOAS
2021
GESTÃO ESCOLAR DEMOCRÁTICA: UM CAMINHO A SER PERCORRIDO.

Ana Paula Feijó dos Santos

Declaro que sou autor(a)¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o mesmo
foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial ou
integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e corretamente
referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de investigações empíricas por
mim realizadas para fins de produção deste trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e
administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou violação aos
direitos autorais. (Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de Serviços).

RESUMO- A gestão escolar democrática vem para dar vez e voz a toda comunidade escolar, para
priorizar as decisões coletivas valorizando todos os sujeitos envolvidos no processo de ensino
aprendizagem. A gestão democrática surgiu com a constituição de 1988 e vem trilhando desde então um
caminho em busca de seu reconhecimento e de uma maior compreensão e participação ativa de todos. A
gestão democrática não deve ser vista somente como algo burocrático, mas como uma oportunidade de
fazer valer a democracia e participação da sociedade na tomada de decisões em conjunto sobre as
demandas da comunidade escolar. Embora seja garantida pela constituição e por outras políticas
públicas, vem sendo um grande desafio implementar a gestão escolar democrática uma vez que requer
derrubar alguns tabus e contar com um maior envolvimento e comprometimento de pais responsaveis,
alunos, professores e comunidade escolar em geral.

PALAVRAS-CHAVE: Democracia. Participação. Comunidade escolar. Direitos. Deveres.


1 INTRODUÇÃO

O presente artigo tem como objetivo apresentar a importância da gestão


democrática nas escolas, buscamos compreender os desafios encontrados e as
possíveis soluções.
Com a participação de toda comunidade, podemos planejar e avaliar de melhor
forma na construção de projetos e processos pedagógicos.
A gestão democrática é a estruturante e fundamental para qualidade e
efetividade da educação, pois acaba criando vínculo com a comunidade e com todos
profissionais envolvidos. A escola deverá apresentar uma gestão baseada no diálogo,
participação e ação conjunta.
Objetivando apresentar como promover a participação de todos os segmentos da
comunidade escolar como forma de democratizar o ensino.
Considerando a legislação vigente como ponto de partida, aprofundando análise
de ideias de estudiosos que defendem a gestão democrática tornando-se indispensável
para uma gestão de qualidade.
2 CONCEITUANDO A GESTÃO DEMOCRÁTICA

Embora já se fizesse presente na constituição brasileira de 1988 a gestão


democrática nas escolas se tornou assunto de debates e discussões nos últimos anos.
Á educação assim como a própria escola devem acompanhar as mudanças políticas,
culturais e sociais da sociedade. No atual momento social que vivemos a democracia
tem sido um tema clamado por diversos setores da sociedade e assim também deve
fazer parte das organizações escolares. Com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB) 9394/96 de 20 de dezembro de 1996 veio a afirmação da necessidade
e importância das escolas buscarem instituírem em seu meio a gestão democrática.
Assim de acordo com Luck (2006, p. 35) “a participação tem sido exercida sob
inúmeras formas e nuances no contexto escolar”, assim pode aparecer de forma
individualizada, ou ainda de forma coletiva buscando desenvolver o caráter social da
escola. Gestão democrática tem uma condição estruturante para termos uma educação
de qualidade. Isso acontece quando á escola cria vínculos com a comunidade dando
sentido a proposta pedagógica envolvendo todos em uma só missão.
A LDB, em seus artigos 14 e 15, apresentam as seguintes determinações, no
que se refere à gestão democrática:

Art. 14 - Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do


ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme
os seguintes princípios:

I. Participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto


pedagógico da escola;

II. Participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou


equivalentes. (BRASIL, 1996.)

Art. 15 - Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de


educação básica que os integram progressivos graus de autonomia pedagógica e
administrativa e de gestão financeira, observadas as normas de direito financeiro
público. (BRASIL, 1996.)

Mas o que é gestão democrática? A Gestão escolar sintetiza o planejamento do


trabalho escolar e organização do uso dos recursos financeiros, materiais e intelectuais;
dirigir e controlar os serviços necessários à educação, bem como controlar o trabalho
das pessoas.

Segundo Libâneo, ET al (2001, p. 77).

O conceito de participação se fundamenta no de autonomia que significa a


capacidade das pessoas e dos grupos de livre determinação de si próprios, isto
é, de conduzirem a sua própria vida. Com a autonomia opõe-se ás formas de
autoritárias de tomada de decisões, sua realização concreta nas instituições é a
participação.

2.1 O DESAFIO DE EFETIVAR UMA GESTÃO DEMOCRÁTICA NA ESCOLA

Passados alguns anos após a vigência da LDB, ainda hoje tem sido um desafio
tornar a democracia uma realidade nas nossas escolas. Ainda percorremos um
caminho árduo na busca de uma gestão mais participativa que venha garantir uma
educação de mais qualidade. Fatores como o conservadorismo de alguns, a própria
estrutura dos sistemas educacionais e falta de interesse das famílias, alunos e até
mesmos de professores contribuem para que essa realidade ainda persista em nosso
meio.
Mas o que falta para que se efetive a gestão democrática nas escolas? A escola
precisa ter bem definido os objetivos finais que quer alcançar e para tanto necessita
organizar e definir suas funções de planejamento, organização, direção e controle.
O planejamento antecipa ações visando atingir objetivos definidos, valendo-se de
recursos disponíveis, além de ser um processo de análise crítica que o educador faz de
suas ações e intenções. O planejamento pode ser dividido em estratégico que
estabelece os objetivos e de que forma eles serão alcançados á longo prazo; e
operacionais que estabelece as atividades, recursos e meios que serão usados para
alcançar os objetivos tendo duração de curto prazo. Deve prevê ações para todas as
áreas da gestão escolar e tem o Projeto Político Pedagógico como sua referência.
No sentido da busca de democratização do ensino se faz necessário que se
busque um planejamento participativo possibilitando que toda comunidade escolar
participe das decisões da instituição de ensino. Essas atividades podem se dá
incentivando que todos os envolvidos da comunidade escolar apresentem e votem
pautas. Outra atividade de suma importância é que participem da construção do PPP
da escola e para tanto devem ter conhecimento da realidade da realidade da instituição
de ensino e assim diagnosticar problemas e buscar soluções.
O Projeto Político Pedagógico é um dos instrumentos que mais auxiliam nas
tratativas da gestão democrática, pois ele determina sobre toda a organização
curricular, legislação, conteúdos, métodos, forma de organização imprimindo a
identidade que a instituição escolar quer demonstrar.
Para Libâneo (2015) o planejamento objetiva diagnosticar e analisar a realidade
da escola, definir objetivos e metas a serem atingidas pela escola, determinara as
atividades e tarefas usando os recursos disponíveis (recursos materiais, humanos,
financeiros).
A organização educacional se refere ao uso dos recursos disponíveis (recursos
humanos, financeiros, materiais, financeiros, físicos e de informação) e a melhor de
dispor sobre eles. É a operacionalização do planejamento, onde o gestor delega
funções e responsabilidades reafirmando a necessidade de uma gestão participativa
voltada para coletividade onde professores, funcionários, pais, alunos também são
responsáveis pela organização da escola. Temos algumas concepções de Organização
escolar, mas as mais expressivas são: tecnicista (centralizada apenas em uma pessoa
sendo o diretor que detém mais poder que os outros, com decisões verticais, seguem
métodos empresariais, divisão técnica do trabalho); concepção autogestionária (direção
descentralizada, responsabilidade coletiva, auto-organização e alternância de funções);
concepção democrática- participativa (toma da de decisões coletivas, participação ativa
de todos). Tendo em vista essas três concepções podemos perceber se a gestão esta
mais voltada para coletividade, ou para o individual.
Direção tem a função de pôr em prática de forma articulada todas as funções da
gestão, planejamento, organização e controle. Gerencia e coordena ás pessoas e todo
o processo para que tudo seja feito dentro da melhor maneira possível. O diretor e o
coordenador são os responsáveis dentro da gestão pelo trabalho administrativo e
pedagógico tendo como objetivos principais motivar as pessoas, criar um ambiente
favorável ao desenvolvimento de ensino- aprendizagem. Segundo Libâneo (2001, p.87)
o diretor da escola é o responsável pelo funcionamento administrativo e pedagógico da
escola, portanto necessita tanto de conhecimentos administrativos quanto pedagógicos.
A figura do diretor passa a ter uma importância e complexidade dentro desse processo
uma vez que deve ter uma postura firme e democrática, uma postura impessoal de
ouvinte que deve articular e gerenciar as decisões tomadas de forma coletiva. A postura
que imprimi também pode determinar as formas de participação da comunidade
escolar. Gestores mais autoritários ou desmotivados, que tentem impor regras e
decisões tendem a afastar as pessoas, já líderes que se dirigem á comunidade escolar
de forma respeitosa, com comunicação clara acabam colaborando para que as pessoas
se sintam mais motivadas a participarem das atividades.
Controle: O gestor precisa avaliar todo o processo que se dá internamente dentro
da escola bem como se os objetivos externos estão sendo alcançados, a fim de
sistematizar ações e tomar decisões baseado em coletas de dados, informações. A
avaliação institucional interna deve servir para avaliar a qualidade do serviço
educacional e para conferir se os objetivos estão sendo alcançados. Já a avaliação
externa no Brasil fica a critério do Ministério de Educação, através do Instituto Nacional
de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP).
Aliada a toda essa organização os membros que compõem a comunidade
escolar devem ter suas funções e papéis bem definidos para se ter uma melhor
cooperação entre todos. Assim cabe ao diretor a parte administrativa e pedagógica de
comunicação com os alunos e familiares, bem como administrar as questões de
recursos, verbas, infraestrutura; ao coordenador pedagógico gerenciar os processos de
ensino – aprendizagem, acompanha e dá apoio – didático aos professores, tem uma
função primordial de colaborar na formação continuada dos professores; o supervisor
deve procurar identificar os problemas e dentro do que se propõem o PPP da escola
procurar solucionar, bem como avaliar o corpo docente e o planejamento escolar; a
equipe técnica administrativa serve de suporte para que a escola funcione bem, fazem
parte dessa equipe secretaria, cozinheiras, zeladoria, vigilância, equipe de multímeios;
os professores são responsáveis pelo processo de desenvolvimento e aprendizagem
dos alunos, assim como elaborar e acompanhar se o Plano Político pedagógico está
sendo seguido, participarem de conselhos escolares, Círculos de Pais e Mestres; aos
alunos compete se manter comprometido com seu processo de ensino- aprendizado.

2.2 Participação de cada membro da comunidade escolar dentro da gestão


democrática

Na gestão democrática devemos ter a participação da comunidade escolar


interna e externa. Mas atualmente o grande desafio tem sido envolver e motivar os
membros a participarem. Cabe á gestão traçar estratégias de mobilização e motivação
que incentivem o grupo de funcionários, professores alunos e familiares á se
comprometerem com as questões da escola. Abrir espaços para que principalmente ás
famílias sejam mais presentes e ativas, faz parte da nova concepção de democracia
que se tem buscado dentro da escola.
De acordo com Libâneo (2013, p. 97)
A exigência da participação dos pais na organização e gestão da escola
corresponde a novas formas de relações entre a escola, sociedade e trabalho,
que percutem na escola nas práticas de descentralização, autonomia,
corresponsabilização, interculturalismo.

Geralmente a participação dos pais se dá como membros do conselho escolar,


ou círculos de pais e mestres. O conselho escolar tem com funções básicas serem
deliberativos, consultivos e fiscais. O conselho escolar é um dos elementos mais
importantes dentro da gestão democrática uma vez que seus membros tenham poder
de decisão sobre questões administrativas, pedagógicas e fiscais. Os círculos de pais e
mestres esta implantado nas escolas que recebem verbas do Programa Dinheiro Direto
na Escola (PDDE) e tem como função principal administrar e fiscalizar para que essas
verbas sejam bem aplicadas na escola e também participarem da organização de
promoções para angariar fundos feitos pela escola. Professores e outros funcionários
da escola devem participar como membros tanto do conselho escolar como do círculo
de pais e mestres. Os estudantes maiores de dezoito anos também podem ter sua
representatividade na tomada de decisões sendo representados pelos grêmios
estudantis. Em relação aos professores a gestão democrática deverá buscar primar
pela valorização dos profissionais em educação incentivando a formação continuada e
o respeito à categoria e assim incentivar os profissionais a envolverem- se efetivamente
na tomada de decisões dentro na escola.

3 CONCLUSÃO

Ao término do artigo concluí que com a gestão democrática participativa, a


escola ganha bastante. Para uma gestão democrática é necessário reflexão e pesquisa,
a democracia é feita de respeito, solidariedade, comprometimento, responsabilidade e
principalmente ética.
Para agir na democracia da escola é necessário o incentivo da comunidade, dos
pais, dos docentes, todos devem participar. Mesmo que esbarre em dificuldades por
falta de participação principalmente dos pais, verificamos que não podemos parar de
pensar em ações.
Podemos pensar em atividades a serem exercidas para estimular a participação
de todos, inclusive na construção do PPP da escola.
Concluo que para a gestão ser democrática todos tem que opinar, todos devem
ser comprometidos, todos devem ser ouvidos e respeitados.
4 REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei nº9394, de vinte de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da


Educação Nacional. Brasília, 1996.

LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola: teoria e prática. Goiânia:


Editora Alternativa, 2001. 259p.

______. Organização e gestão da escola: teoria e prática. 6. Ed. São Paulo: Heccus,
2015.

______. Organização e gestão da escola: teoria e prática. 6. Ed. Revista e ampliada

LUCK, Heloísa. Gestão participativa na escola. Petrópolis: Vozes, 2006

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