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CLARETIANO – REDE DE EDUCAÇÃO

ANNE KARYNE CUNHA MARTINS


RA: 8122901

GESTÃO E ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO NA


EDUCAÇÃO BÁSICA

PORTFÓLIO – CICLO 02

João Pessoa - PB
2020
A “escola comunicativa” como caminho para a participação democrática

A democracia presume a participação de todos nos processos de decisão das mais


diferentes instâncias sociais e não exclusivamente daqueles que representam o poder do
estado (RUIZ, 2009). A partir do momento que o homem se nota capaz de participar das
decisões políticas e de assuntos públicos de sua sociedade, sendo peça partícipe de decisões
que estejam em conformidade com os seus interesses individuais e que também coincidam
com os de sua coletividade, ele está sendo um ser político exercitando a democracia
participativa na sociedade.
No ambiente escolar não é diferente, cada vez mais hoje em dia busca-se e percebe-se
a importância de uma democracia participativa dentro deste ambiente sendo exercida através
da gestão democrática. Essa participação democrática envolve todos os agentes escolares no
processo de tomada de decisões, elaboração do projeto pedagógico, listagem de objetivos e
metas, entre outras ações.
A gestão democrática no ensino público é um princípio normativo presente na
Constituição Federal de 1988 através do inciso VI do Art. 206º. A Lei nº 9.394/1996 que
estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, conhecida nacionalmente por LDB,
também traz no Art.3º a gestão democrática como um dos princípios do ensino e no Art. 14º
diz que os sistemas de ensino definirão as normas de gestão democrática do ensino público na
educação básica de acordo com suas peculiaridades e conforme os princípios da participação
dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola e a participação
das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes.
Segundo Dourado (2006), a gestão democrática na escola pode ser entendida como um
processo de aprendizagem da democracia que produz a possibilidade de fazer surgir caminhos
de participação ativa e de exercício da vida democrática e, consequentemente, do repensar das
estruturas de poder autoritário que permeiam as relações nas práticas educativas. O autor
ainda acrescenta que a gestão pedagógica democrática tem relação com a forma de organizar
e planejar o trabalho pedagógico, dando visibilidade a objetivos e metas dentro da instituição
escolar, além de planejamento de atividades e composição de funções e atribuições, tudo isso
sendo realizado e almejado através de um relacionamento interpessoal de trabalho
participativo e coletivo dos atores do processo escolar, sendo assim há uma democratização
nas tomadas de decisões, as quais necessitam estar abertas a participação de toda a
comunidade escolar, ao invés de serem tomadas a partir da centralização de uma única pessoa
ou de um grupo específico.
A gestão democrática na escola busca combater os antigos modelos de gestão
centralizadora e desconstruir antiga a forma hierárquica e rígida de gestão dos espaços
educativos, para isso estimula as interações coletivas baseadas na gestão democrática dos
conflitos que surgem no ambiente escolar e a autonomia dos atores deste processo (RUÍZ,
2009).
Conforme Brito e Síveres (2014), o modelo de gestão democrático e participativo deve
ser entendido e cumprido como um processo permanente de estabelecimento de um equilíbrio
dinâmico entre os dirigentes educacionais, professores, técnicos educacionais, alunos, pais e
comunidade e que ele só é cumprido se for conduzido em atendimento aos princípios de
participação e autonomia.
No cenário da gestão democrática, a comunicação e o diálogo são elementos
fundamentais e imprescindíveis à sua subsistência, este diálogo deve ser baseado no respeito
mútuo e na busca do bem comum, desta forma temos uma “escola comunicativa” atuando na
democratização dela (PAULS; MORAIS, 2016). O autor considera também que a base dos
problemas para a não efetivação da gestão democrática em algumas escolas possivelmente é a
falta de diálogo ou, se ele existe, é bastante superficial e não detém temas substanciais para a
realidade escolar, reforçando a importância da comunicação nesse tipo de gestão.
É necessário encontrar na escola espaços e ações que favoreçam a ação comunicativa
como algo crucial para a reflexão da prática pedagógica, por meio disto abrem-se brechas para
que todos os participantes da escola possam falar e serem ouvidos nos rumos da educação que
estão inseridos. Posturas hierárquicas são tidas como limitantes à ação comunicativa, sendo as
pautas descentralizadas e horizontais fortalecedoras da racionalidade comunicativa e do
alcance de um ensino mais qualitativo.
A vivência democrática e a ação comunicativa presentes na gestão escolar podem ser
meios para a formação de novos sujeitos políticos assimiladores de que a dimensão da
coletividade precisa estar à frente do domínio privado.
Uma gestão democrática pautada na razão comunicativa é fundamental e provoca um
espaço institucional onde todos os partícipes do processo podem emitir opiniões e interagir
com os seus pares, refletindo sobre as atitudes individuais e coletivas e buscando fins em
comum. Assim, os sujeitos não seriam simples receptores das ações e informações, mas sim
sujeitos efetivos do processo educacional, logo, a ação comunicativa torna-se um norte para se
buscar gerir a escola de forma menos diretiva e centralizadora e mais coletiva e democrática
com a participação de professores, gestores, técnicos administrativos, pais, comunidade e
alunos em busca de melhores resultados e qualidade escolar.
REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília – DF, 1988.

_______. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da


educação nacional. Brasília - DF, 1996.

BRITO, Renato de Oliveira; SÍVERES, Luis. As características da participação da


comunidade escolar em um modelo de gestão compartilhada. Revista Sophia, Camboriú -
SC, v. II, 2014.

DOURADO, Luís Fernandes. Gestão da educação escolar. 1. ed. Brasília - DF: Ministério
da educação, 2006. 88 p. ISBN 8586290572. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/profunc/06gesteducesc.pdf. Acesso em: 4 out. 2020.

PAULS, Monika Penner; MORAIS, Carlos Wilians Jaques. A ação comunicativa como
caminho para a efetivação da gestão democrática escolar: mudança pela formação da
equipe pedagógica. Os desafios da escola pública paranaense na perspectiva do professor
PDE, Curitiba - PR, v. I, p. 2 - 16, 2016. Disponível em:
http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2016/20
16_artigo_gestao_uepg_monikapennerpauls.pdf. Acesso em: 3 out. 2020.

RUIZ, Maria José Ferreira. Princípios democráticos, ação comunicativa e gestão


escolar. Educação em revista, Marília - SP, v. 10, ed. 1, p. 1 - 14, 2009.

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