Você está na página 1de 5

PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE NA GESTÃO ESCOLAR.

Adriana Stoppock Silva 1


Ednéia Regina Rossi 2

INTRODUÇÃO

A participação da comunidade na instituição escolar é compreendida como um


processo cooperativo e dinâmico na busca, pela superação de desafios e obstáculos na
realização do seu papel social e no desenvolvimento da identidade institucional,
buscando a presença de todos os envolvidos no cotidiano da gestão educacional. O
presente estudo tem por objetivo analisar como os gestores das escolas de ensino
fundamental do município de Astorga-Pr, interpretaram e buscaram efetivar a meta 19
do Plano Municipal de Educação, a partir da participação da comunidade na gestão
escolar.

A escolha do tema justifica-se, pelo interesse em pesquisar, como ocorre a


participação da comunidade no cotidiano escolar na busca de uma gestão democrática,
identificando os desafios da prática do gestor, na busca de um ensino de qualidade. A
metodologia utilizada foi através da análise de conteúdo proposto por Laurence Bardin
(2016), o Plano Municipal de Educação do Município de Astorga-Pr, especificamente a
meta 19 gestão democrática, levantamento bibliográfico por meios digitais de produções
já desenvolvidas sobre o, fontes orais a partir de entrevistas com os gestores das escolas
municipais de Astorga-Pr, realizadas via Google Meet para a segurança dos
entrevistados e das pesquisadoras, uma vez que estamos vivenciando a Pandemia da
Covid-19.

Através dos relatos as gestoras compreendem a importância de uma


comunidade participativa e comprometida com as propostas da escola, para que possa

1
Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Estadual de Maringá - UEM,
stoppockadriana@gmail.com;
2
Professor orientador: Doutora, Universidade Estadual de Maringá – UEM, edneiarossi@uol.com.br;
realizar uma gestão democrática, mas, a participação das famílias tem se tornado cada
vez mais difícil, de forma geral, elas tem buscado ampliar a atuação da comunidade
integrando com atividades extracurriculares mas, ainda não é o esperando.
Sendo assim, para que tenha uma maior participação da comunidade no
cotidiano escolar, faz se necessário que o gestor, articule ações e propostas inovadoras
que envolva a comunidade, fazendo que compreendam sua importância em fazer parte
desse contexto e das propostas a ser construídas e reconstruídas, tendo o
comprometimento de auxiliar na resolução de problemas e decisões a serem tomadas,
para que se desenvolva uma gestão democrática na busca pela qualidade de ensino.

METODOLOGIA (OU MATERIAIS E MÉTODOS)

Como metodologia de pesquisa, optamos pela análise de conteúdo proposto por


Laurence Bardin (2016), pesquisa documental de políticas publica nacional e do
Município de Astorga-Pr. Levantamento bibliográfico por meios digitais de produções
já desenvolvidas sobre o tema, no banco de dados de teses e dissertações da Capes e no
Google acadêmico. Coleta de dados por meio de entrevistas com os diretores das
escolas municipais de Astorga-Pr, por medidas de segurança adotadas na contenção da
pandemia covid 19 as entrevistas foram realizadas no formato on-line plataforma
Google Meet, com o envio do termo de consentimento livre (TCLE) e o roteiro de
entrevista enviado por email, aprovado pelo Comitê Ética em Pesquisa UEM e análise
de fontes orais.

REFERENCIAL TEÓRICO

A literatura destaca que o gestor escolar precisa promover ações de interação


entre escola e comunidade realizando ações, como reuniões e palestras com pais e
comunidade em geral com horários diferenciados, para se contar com um maior número
de participantes, informando e passando orientações sobre gestão democrática o que é,
sobre as leis e diretrizes que norteiam este princípio, levando ao conhecimento o papel
que cada um ocupa na gestão escolar; e a partir desses procedimentos incentivarem a
participação dessa comunidade com maior intensidade na prática escolar.
RESULTADOS E DISCUSSÃO

A literatura especializada tem destacado que a participação e a democracia são


termos essenciais dentro de um contexto escolar, pois a gestão democrática aponta para
a participação da comunidade em um processo dinâmico e cooperativo que supera a
tomada de decisão, caracterizado pelo compartilhamento e pela presença da gestão
educacional no cotidiano escolar, afastando de modelos e concepções autoritária que
vise à autonomia, a transparência e a competências, aproximando a escola e a
comunidade. Desse modo:

A democratização da gestão escolar, por sua vez, supõe a participação


da comunidade em suas decisões, podendo ocorrer através de órgãos
colegiados e instituições auxiliares de ensino. A participação da
comunidade não deve ficar restrita apenas aos processos
administrativos, mas ocorrer nos processos pedagógicos que supõe o
envolvimento da comunidade nas questões relacionadas ao ensino.
(SILVA, 2009, p. 102).

No Plano Municipal de Educação de Astorga-Pr, a meta 19 (gestão


democrática) apresenta as estratégias 19.2, 19.3 e 19.4, expondo sobre a necessidade de
se estimular a participação e o fortalecimento de conselhos escolares, associações de
pais e mestres na formulação do Projeto Político-Pedagógico do currículo, dos Planos
de gestão e o regimento escolar.

O lócus de nossa pesquisa foram as escolas de ensino fundamental do


município de Astorga-Pr e suas gestoras, para discussão das estratégias da meta 19,
sobre a participação da comunidade na gestão escolar, segundo as gestoras
entrevistadas, a participação da família tem-se tornado cada vez mais difícil, e de forma
geral, elas tem buscado ampliar a atuação da comunidade, superando os limites
impostos.

Para as gestoras, a participação maior é da APMF, e o conselho escolar não é


solicitado com frequência, pelos depoimentos identifica-se que há maior participação da
APMF, justificada por conta da verba do PDDE, sendo, portanto, necessário que haja
maior participação dos membros. O Conselho Escolar, no entanto, é apresentado com
menor participação dos membros, salientado que os gestores reconhecem a importância
do conselho escolar, mas não é muito utilizado em sua prática escolar. A atuação da
APMF e do Conselho Escolar nas escolas públicas é de grande importância para se
desenvolver novas ações na escola, dentro de uma perspectiva de gestão democrática
para a efetivação das políticas educacionais.

Segundo as gestoras a busca pela participação da comunidade muitas vezes


envolve atividades extra-escolares e são a partir desses momentos que elas também
procuram apresentar para os pais algumas questões administrativas da escola.

No entanto, “não basta permitir formalmente que os pais de alunos participem da


administração da escola; é preciso que haja condições materiais propiciadoras dessa
participação” (PARO, 2006. p.13).

Portanto, há várias formas de interação escola e família, segundo Lück:

O apoio da comunidade é efetivo quando ocorre num ambiente de


interação entre a comunidade e o pessoal da escola, de tal maneira que
atuem em conjunto e em associação como elementos de apoio da
aprendizagem e da própria gestão da escola e não apenas como
apoiadores para a melhoria das condições materiais e financeiras da
escola. O apoio da comunidade para as questões nutricionais e de
saúde dos alunos tem demonstrado ser extremamente importante, na
promoção de aprendizagem dos alunos, assim como reforço no
desenvolvimento de valores positivos nos alunos (LÜCK, 2000, p.16).

Pelos relatos evidencia-se, que a participação não é algo que se possa decretar,
mas se constrói. E como tal, ela envolve mudança de comportamento, o que exige
tempo e persistência. Por outro lado, não é uma construção linear, pois envolvem
expectativas, interesses e o quanto se está disposto a investir nesse engajamento.
A construção da participação da comunidade é realizada pela escola, e isso
pode ser identificado nos depoimentos. É importante lembrar que, a construção da
relação entre família-escola possui uma longa trajetória, que dependerá do engajamento
do gestor na busca da participação da comunidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pelos depoimentos, observa-se que outra prática ou cultura se deseja construir.


Por um lado, a inserção da escola na comunidade, pois ela não é um organismo estranho
em seu meio, e, a partir dela, planejar o seu fazer amparado nas necessidades e cultura
desse seu lugar público. Por outro lado, o engajamento da família na escola almeja
identificar, na perspectiva dos utilizadores da escola, o que consideram como bom ou
sentem como prioridade para formação de seus filhos. Mas esta prática envolve também
a divisão de responsabilidade. Não se trata de assumir o papel da escola, mas de que
cada sujeito que dela participe assuma a responsabilidade que lhe cabe no projeto
coletivo de educar as crianças. Sendo assim, tudo depende de como o gestor escolar
compreenderá a função que cabe a família exercer.

Palavras-chave: Participação, Plano Municipal de Educação, Gestão Democrática,


Astorga-Paraná.

REFERÊNCIAS

ASTORGA. Lei nº 2.725, de 18 de junho de 2015. Aprova o Plano Municipal de


Educação. Diário do Norte do Paraná, Astorga, 20 jun. 2015.

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2016.

LÜCK, Heloisa. (Org.). Gestão escolar e formação de gestores. Em Aberto, v. 17,


n.72, p. 1- 195, fev./jun. 2000.
PARO, V. Henrique. Gestão Democrática da escola pública. São Paulo: Ática, 2006.
SILVA, Nilson Robson Guedes. GESTÃO ESCOLAR DEMOCRÁTICA: UMA
CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA. São Paulo, Periódicos, Vol9, 2009.

Você também pode gostar