Você está na página 1de 15

O ESPAÇO E TEMPO DA GESTÃO PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL: CONHECENDO

A PRÁTICA DO TRABALHO ADMINISTRATIVO E PEDAGÓGICO DO DIRETOR.

Suellen Candia Silveira 1&Lucrécia StringhettaMello2


1
Aluna do Curso de Pedagogia da UFMS/CPTL, bolsista de Iniciação Científica CNPq – PIBIC 2015
2
ProfessoraDoutora da UFMS/ CPTL

RESUMO: Este trabalho apresenta estudos sobre a gestão de Centros de Educação Infantil
(CEIs) e analisa a prática cotidiana de diretoras no contexto do município de Três Lagoas/MS.
Aborda-se a repercussão da política educacional para a educação infantil após as reformas
implantadas a partir dos anos 1996 marcando a passagem da Assistência Social para a Secretaria
de Educação com a criação de instituições de Educação Infantil. A metodologia de cunho
qualitativo fundamenta-se em aprofundamento bibliográfico e pesquisa de campo por meio de
questionário semiestruturado aplicado às diretoras de CEIS. Os resultados alcançados com esta
investigação evidenciam que o enfoque principal das diretoras é na qualidade em si da educação
ministrada às crianças que frequentam um Centro de educação infantil, privilegiando a inter-
relação pessoal com pais, alunos e funcionários por ser de suma importância para que o resultado
seja alcançado.

Palavras-chave: Gestão Escolar, Educação Infantil, Gestão Democrática.

INTRODUÇÃO

No início do Século XX, as primeiras creches surgiram no Brasil como uma das várias
iniciativas destinadas a resolver os problemas sociais decorrentes da modernização do país, ou seja,
elas serviram como uma espécie de auxílio às famílias, principalmente às mulheres, que ao serem
inseridas no mercado de trabalho necessitavam de um lugar onde deixassem seus filhos para que
pudessem trabalhar. Dessa forma, os lugares onde as crianças ficavam enquanto suas mães
trabalhavam se propagaram como instituições separadas do sistema educacional como conhecemos
hoje, elas eram assistencialistas com a maior preocupação no cuidado e assim deixava a desejar na
educação. Como eram dirigidas às classes menos favorecidas muitas vezes foram marcadas pelo
preconceito, que considerava um luxo oferecer educação de qualidade a essa população.
Essas instituições surgem como substitutas das relações domésticas
maternas: são religiosas, filantrópicas e, em tempos de predominância
higienista, surgem patologizando a pobreza e criando o cidadão de
segunda classe, inserido no sistema. Portanto, nesse âmbito, criança era
sinônimo de criança pobre. (FARIA, 2005).

Ao longo da história a creche se afirmou como instituição importante na educação, mas só


perdeu a imagem de caráter social a partir da Constituição Federal de 1988 tornando-se um dever do
Estado, corroborando um caráter educativo, constituindo a primeira etapa da Educação Básica.

A passagem das creches à área educacional trouxe novos desafios à gestão e instigou os
profissionais a buscarem uma formação continuada, para que pudessem administrar e passar uma
melhor educação para os pequenos. No entanto, apesar de se tornar uma instituição educacional, não se
deve esquecer que há a necessidade de uma conciliação entre o cuidar e o educar, pois crianças que
frequentam as creches precisam de tratamentos específicos. O currículo da educação infantil difere do
ensino fundamental pelas especificidades próprias da idade como por exemplo, banhos, higienização e
ajuda na hora das refeições, pois estas ainda não conseguem fazer sozinhas, dentre outras atividades.

No sentido de não deixar a desejar o respeito aos direitos fundamentais das crianças foram
oferecidos cursos a fim de qualificação de gestores, coordenadores pedagógicos e professores das
escolas públicas. A melhoria nas condições dos profissionais da educação serve como base para que
possa haver uma gestão para além das prescrições administrativas e das rotinas burocráticas
preparando-os para enfrentar dilemas reais específicos das instituições infantis.

A Constituição Federal de 1988 estabelece no artigo 206 os princípios sobre os quais o ensino
deve ser ministrado, dentre eles destaca-se o da gestão democrática do ensino público, na forma da lei.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação, LDB/1996, na SEÇÃO II. Art. 29 estabelece a finalidade da
educação infantil:
Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como
finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus
aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da
família e da comunidade [...]. (BRASIL, 1996, p.31)

Quanto à gestão democrática, Lück (2006) a relaciona como área de atuação responsável pelo
direcionamento e mobilização para sustentar e dinamizar o modo de ser e de fazer dos sistemas de
ensino e das escolas. As ações devem ser conjuntas, associadas e articuladas visando o objetivo comum
da qualidade do ensino e seus resultados.

Com isso cria-se um processo de construção coletiva de socialização do saber, dando condições
a todos os profissionais do centro de educação infantil para que participem mais. A grande referencia
da gestão é garantir a transparência na administração e a comunhão com todos os membros da
comunidade escolar e local.
Outra referência para a gestão democrática é forma como a elaboração do Projeto Político
Pedagógico acontece, pois;
O projeto político-pedagógico, ao se constituir em processo democrático
de decisões, preocupa-se em instaurar uma forma de organização do
trabalho pedagógico que supere os conflitos, buscando eliminar as
relações competitivas, corporativas e autoritárias, rompendo com a rotina
do mando impessoal e racionalizado da burocracia que permeia s relações
horizontais no interior da escola. (VEIGA, 1998, p.13)

Portanto, o Projeto Político Pedagógico (PPP) é um instrumento de intervenção na prática


educacional que se realiza na escola. É projeto porque reúne propostas de ação concreta a executar
durante determinado período de tempo; político por considerar a escola como um espaço de formação
de cidadãos conscientes, responsáveis e críticos que atuarão individual e coletivamente na sociedade
modificando os rumos que ela vai seguir. Por fim, pedagógico porque define e organiza as atividades e
os projetos educativos necessários ao processo de ensino e aprendizagem. Ele deve ser sempre
planejado pensando nas necessidades e dificuldades a serem enfrentadas durante o ano letivo.

De acordo com Pinto (1985) planejar requer a organização adequada de um conjunto de ações,
interdependentes, em busca de um fim, é preparar bem cada uma das ações para que elas permitam
alcançar um objetivo. Na educação infantil é preciso que na hora do planejamento a criança seja
considerada em todas as suas especificidades, necessidades, fundamentando as ações no princípio do
direito; Assim como deve haver diretrizes norteadoras que permitam à criança construir sua identidade.

Ao utilizar o PPP como diretriz nas atividades realizadas com as crianças, todos os envolvidos
poderão ter uma visão global da instituição, com foco no pleno desenvolvimento das crianças. No
entanto há a necessidade de que a escola conheça a comunidade em que está inserida, para que consiga
atender às crianças sem que haja qualquer tipo de problema. A escola deve trazer em seu currículouma
visão da sociedade em que a escola está inserida, lembrando que:
A relação da escola com o local em que está inserida constitui, hoje, o
grande desafio à gestão, visto que desta depreendem-se condições para
contextualizar a ação educativa e soluções aos problemas com os quais se
confronta. (MELLO, 2013, p.74)

Ao conhecer a cultura e identidade dos alunos e familiares dos que frequentam a escola, os
profissionais da educação conseguem melhores resultados em seus serviços prestados, professores
ensinam melhor, assim como os atendentes fazem atividades de acordo com as especificidades e
necessidades de cada um.

O gestor também temo papel fundamental de liderar o desenvolvimento e a melhoria contínua


da instituição em que se encontra, assim como tema difícil missão de superar o excesso de
burocratização, que muitas vezes funcionacomo uma barreira em muitas ideias que poderiam ser
concretizadas. Percebe-se que há a necessidade de conciliação entre a prática do trabalho
administrativo e o trabalho pedagógico do diretor.

Cabe à direçãocriar meios para que haja um bom trabalho entre os profissionais com os quais
trabalha sem deixar a desejar o que realmente importa neste processo todo: o bem estar e a educação
de qualidade da criança. Para que isso aconteça o gestor deve observar o desenvolvimento do trabalho
de sua equipe e manter de forma harmônica os processos de cooperação que culminam no trabalho em
grupo, mediando conflitos, solucionando dúvidas e outras dificuldades passíveis ao trabalho
pedagógico e administrativo.

Segundo Libâneo:
Um bom clima de trabalho, em que a direção contribua para conseguir o empenho
de todos, em que os professores aceitem aprender com a experiência dos colegas,
trocando as qualidades entre si, de modo que tenham uma opinião comum sobre
critérios de ensino de qualidade na escola. (LIBÂNEO, 2010, p --------) Su falta a
pagina aqui
Compete à gestão que crie meios para que o trabalho ocorra de forma harmônica e que toda
equipe articule garantindo o bom funcionamento do CEI.

O PAPEL DO DIRETOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL.

A escola constitui-se importante espaço de socialização complementando a ação da família e


possui uma função pedagógica que consiste em promover o desenvolvimento da criança própria à sua
idade. Nesse contexto é fundamental o papel do diretor da instituição para liderar uma gestão
comunicativa, participativa para assegurar que as disposições legais das diretrizes das políticas
educacionais sejam cumpridas e garantir o acesso e a permanência dos alunosno Centro de Educação
Infantil.Sua atuação poderá propiciar a criação de espaços coletivos de aprendizagem destinados a todos
os atores sociais pertencentes ao processo de gestão da organização social escolar e zelar pelo bom
relacionamento entre pais alunos e funcionários.

O cargo de diretor vai além de uma simples conduta burocrática, pois o papel social
desenvolvido pela direção não pode estar ligado aos interesses individuais dos segmentos dos
profissionais envolvidos no processo pedagógico, nem alienado do contexto social no qual foi
construído. Deve ser entendido como representante da garantia do acesso a uma educação de qualidade
às crianças e de usufruto de seus direitos enquanto ser social. (HASCKEL,2005)

Por meio das diretrizes específicas para a educação infantil, é utilizado um currículo que
permita à criança o conhecimento do mundo físico, social e de si mesma e, fundamentalmente ajudam
a ampliar a sua capacidade de comunicação e expressão. Pensando nesta forma de conhecimento, é
imprescindível que haja um currículo voltado à realidade em que a criança vive:
Conhecer a cultura e identidade daqueles que participam da escola
também facilita a compreensão de seus saberes e pensamentos [...]
(MELLO, 2008, p 85) ( essa citação aqui voce pode incorporar no texto
como o que foi acima no HAsckel)

Considerando que a educação infantil deve assegurar o desenvolvimento integral da criança até
5 anos de idade como uma educação que complementa a ação da família e da comunidade tendo como
foco o ‘cuidar e educar’. Por mais que o ato de ‘educar’ deva ser preservado, ainda ocorre muito o
‘assistencialismo’ como aquele que havia no passado, pois durante a rotina de atendimento às crianças
existem aquelas que permanecem num período diário de 8 horas diárias. As crianças precisam de
atividades para que o ensino não ocorra de forma cansativa, respeitando seus limites. A rotina na
educação infantil é dividida entre sala de aula, horário de refeições, recreaçãoe banho.

Para oferecer uma educação com suas peculiaridades é fundamental que a direção esteja
juntamente com a coordenação pedagógica e docentes planejando horários e rotinas para a consecução
de um currículo que atenda o ‘cuidar-educar’ das crianças pequenas.

METODOLOGIA DA PESQUISA:

O plano de trabalho consistiu inicialmente de estudos em grupo e orientações individuais para


conhecimento dos princípios orientadores da política educacional para a educação infantil. Tivemos
durante todo o período reunião de estudos no Grupo de Estudos de Formação Interdisciplinar (GEFI)
assim como participação no projeto de extensão “Formação Continuada de educadores na Escola de
Tempo Integral: interdisciplinaridade e fluência tecnológica”.

Muitos dos conhecimentos que trazemos para facilitar a análise são depreendidos de
experiência anterior quando atuei como estagiária remunerada em CEIs, contudo este artigo apresenta
como abordagem a pesquisa qualitativa, sendo que neste tipo o pesquisador tem como fonte direta um
ambiente com o qual ele já tem uma aproximação, pois a pesquisa qualitativa;
[...] É também descritiva, interessando-se mais pelo processo do que
simplesmente pelo resultado ou produtos. Os investigadores qualitativos tendem a
analisar os seus dados de forma indutiva e o significado é de importância vital.
(BODGAN & BIKLEN, op. Cit. MELLO, 2004, p.22)

Constata-se nos estudos que no município de Três Lagoas, os diretores dos Centros de
Educação Infantil recebem normas administrativas e pedagógicas da Secretária Municipal de
Educação. Devem seguir o PME (Plano Municipal de Educação) e a Proposta Didática elaborada para
este nível de educação (crianças de 0 a 5 anos) onde são estabelecidas as propostas curriculares para a
educação infantil.

Para coleta de dados foi elaborado um questionário com questões fechadas e abertas para obter
informações de diretoras de cinco CEIs diferentes localizados em bairros do município, com
características próprias. Apenas uma delas deixou de responder o questionário. A fim de resguardar a
identificação dos sujeitos da pesquisa foram designadas as diretoras nomes fictícios, sendo estes
criados apenas com a inicial do nome real de cada uma: Linda, Olga, Carla e Vera. Os Centros de
Educação Infantil escolhidos situam-se em bairros que apresentam realidades específicas e todos
atendem crianças de 0 a 5 anos, desde o berçário até a Pré-escola em seu primeiro ano (Pré I).
Importante esclarecer que nesse município os alunos são encaminhados a matricular-se em escolas do
ensino fundamental, isto é, aos 6 anos.

Dentre os centros pesquisados encontra-se um CEI que foi construído por meio do programa
Pró-infância e está situado no Bairro JK, atendendo crianças com idade de 0 a 5 anos. Segundo o site
portal do FDNE, o principal objetivo do Pró-infância é prestar assistência ao Distrito Federal e aos
municípios visando garantir o acesso de crianças a creches e escolas de educação infantil da rede
pública. As unidades construídas por meio deste programa são dotadas de ambientes essenciais para a
aprendizagem das crianças, como: salas de aula, sala multiuso, sanitários, salas de trocar fraldas, pátio
para recreio coberto, parque, refeitório, entre outros ambientes, que permitem a realização de
atividades pedagógicas, recreativas, esportivas e de alimentação, além das administrativas e de serviço.

Os demais CEIs objeto dessa pesquisa, cada um a seu modo apresenta características peculiares
tanto na infraestrutura quanto na realidade social das crianças atendida e foram escolhidos no intuito de
pesquisar entre diferentes realidades educacionais do município de Três Lagoas.

A primeira escola é de localização periférica e atende a 250 crianças pertencentes a famílias de


classe social baixa e vou denominá-la de Centro Criança Feliz. Nesta escola o prédio foi construído por
meio da associação de moradores que arrecadaram doações para a construção do mesmo, sendo mais
tarde transferida a administração para o município. A segunda atende a 197 crianças na faixa etária de
4 meses a 4 anos, sendo a comunidade de classe baixa, média e média alta, que conta com a
participação efetiva dos pais ( palavras da diretora) esta denominarei Centro Criança Alegre. Este
centro de educação tem uma estrutura razoavelmente adequada oferecendo as condições necessárias
para o desenvolvimento das atividades pedagógicas.

O terceiro CEI pertence a um bairro Interlagos, situado perto do centro e nele frequentam 260
crianças de classe social média e este será denominado Centro Criança Bonita. Por fim, o quarto
também está localizadoperto do centro, no bairro JK, este é o construído pelo Programa do Pró-
infância, sendo sua estrutura totalmente adequada às necessidades das crianças e atende 243 crianças
de classe baixa e média, este CEI receberá comonome fictício Centro Criança Amada.

Em conversa informal com as diretoras observamos que nem todas as crianças permanecem nos
CEIs em dois períodos. Dá-se preferência àqueles cujos pais trabalham o dia todo e as demais crianças
permanecem apenas quatro horas (são mais da metade). Para as crianças de tempo integral (das
06h30min às 17h00min)o atendimento é estendido com recreação, banho, alimentação, hora da soneca
e sala de aula. Todos os CEIs têm parquinhos e brinquedos, de forma a garantir a hora da brincadeira,
da diversão, principalmente para os que ficam mais de oito horas.

ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

A experiência nos mostrou que as diretoras enfrentam uma rotina de serviço que varia entre o
trabalho administrativo e pedagógico e ainda atender a todos que as procuram, sejam pais, funcionários
e até mesmo os superiores. Recebem em seus centros as especialistas da Secretaria Municipal de
Educação e Cultura (SEMEC).

Percebe-se que devido ao serviço intenso para atendimento de outras solicitações como
exemplo dessa pesquisa apenas quatro dos questionários foram devolvidos respondidos. Mesmo as que
responderam o fizeram sem observar aquilo que foi perguntado, ou seja, nos itens em que sugerimos
assinalar a ordem de importância numerando a prioridade das competências e prioridades da gestão
assinalaram apenas com X,o que trouxe dificuldade na tabulação dos dados.

O fato de apenas diretoras mulheres responderem o questionário também denota o elevado


número de mulheres no campo da educação infantil. Confirma-se a teoria de Rosemberg (1999), que
em suas pesquisas aponta que a função do profissional da educação infantil está mais ligada às
mulheres do que aos homens, sendo esta uma profissão na maior parte das vezes feminina, como se as
mulheres tivessem aptidões naturais para o cuidado de crianças.

Conforme dados coletados podemos identificar as diretoras quanto à idade. Todas as gestoras
têm idade superior a 25 anose a escolarização pode ser vista no quadro abaixo;

Quadro 1: Escolarização das gestoras:

CEI GESTORAS GRADUAÇÃO PÓS-GRADUAÇÃO


Criança Alegre Linda Pedagogia Gestão Educacional
Criança Bonita Olga Pedagogia Administração Estratégica e
Educação Infantil
Criança Feliz Carla Educação Física Especialização em
Psicopedagogia Institucional
Criança Amada Vera História Educação infantil e Processo
de Alfabetização nas séries Iniciais do
Ensino Fundamental

Observa-se a predominânciada formação em Pedagogia, porém não sendo exclusiva, pois


também há a formaçãoem Educação Física e História. Todas têm pós- graduação lato-sensu e já
trabalhavam nas escolas antes de serem eleitas para o cargo de diretoras. Olga e Vera já atuavam na
direção por mais de dez anos e outras duas estão no cargo desde a eleição, que propiciou que
profissionais qualificados pudessem ter a chance de mostrar o seu trabalho na administração.

Quanto às competências apontadas pelas informantes temos;

QUESTÃO 2:

Das competências abaixo estabeleça uma ordem de importância seguindo o seu ponto de vista:

(1) Cabe ao Diretor uma hierarquização das ações e dizer como elas devem ocorrer na prática, saber
exigir ao máximo, respeitar ao máximo e apoiar ao máximo;

(2) Ter uma visão global da instituição com foco na aprendizagem e no cuidado das crianças, sem
deixar nenhuma das partes a desejar;

(3) A Direção deve organizar, controlar e supervisionar todas as atividades desenvolvidas no âmbito da
unidade escolar e ser um educador habilitado nos termos da legislação vigente;

(4) Representar a escola junto à comunidade criando condições para maior integração escola-
comunidade;

(5) Convocar e participar das reuniões com os docentes, assim como exercer função de liderança
intelectual, precisa saber instituir e transformar diretrizes, ou seja, saber traduzi-las em conceitos e
ações.

Para Carla a ordem de importância é 1, 3, 5, 2 e 4. Para a diretora a prioridade está em


estabelecer uma hierarquização das ações, assim como deve dizer como elas devem ocorrer na prática,
sabendo exigir ao máximo, sem deixar de respeitar e apoiar ideias alheias.

Linda assinalou apenas a questão número 2 que é ter uma visão global da instituição com foco
na aprendizagem e no cuidado das crianças, sem deixar nenhuma das partes a desejar.

Vera preferiu assinalar apenas a resposta 3 onde à direção cabe organizar, controlar e
supervisionar todas as atividades desenvolvidas no âmbito da unidade escolar e ser um educador
habilitado nos termos da legislação vigente.

Olga não assinalou a 1, apenas priorizou em ordem de importância a 2, 3, 5 e 4


Conforme as respostas acima, ainda há uma predominância da visão burocrática onde o diretor
tem um poder de mando e decisão sobre os seus subordinados, que de certa forma mostra uma ideia da
administração estruturalista nos moldes da administração empresarial.

Quanto à Gestão Democrática os sujeitos pesquisados responderam;

QUESTÃO 3

De acordo com seu entendimento Gestão Democrática pode ser considerada em ordem de importância:

(1) A participação efetiva dos vários segmentos da comunidade escolar: pais, professores, estudantes e
funcionários, em todos os aspectos da organização da escola;

(2) Condição estruturante para a qualidade e efetividade da educação, na medida em que possibilita que
a escola crie vínculos com a comunidade onde está inserida;

(3) Forma de gerir uma instituição de maneira que possibilite a participação e transparência;

(4) Participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola;

(5) participação das comunidades escolar e local em Conselhos Escolares ou equivalentes.

Carla respondeu em ordem de importância as alternativas 3, 1, 4, 2 e 5. Enquanto que Olga


marcou 2, 1, 3, 4 e 5. Linda e Vera assinalaram apenas a número 1.

Todas as diretoras entrevistadas marcaram que a gestão democrática pode ser considerada como
a participação efetiva dos vários segmentos da comunidade escolar: pais, professores, estudantes e
funcionários, em todos os aspectos da organização da escola.

Portanto quando se fala em Gestão Democrática nas instituições de educação infantil, as


gestoras dizem ser importante a participação de todos os envolvidos no contexto da educação das
crianças. De acordo com a ordem em que as respostas foram assinaladas nota-se a relevância da
atividade em conjunto, mostrando que o que antes era feito de forma autoritária, completamente
burocrática, hoje já se pode contar com a opinião de todos, sempre pensando no melhor para a criança.

Quanto ao Projeto Político Pedagógico da instituição;

QUESTAO 4

Assinale a alternativa mais vivenciada pelo gestor quanto à elaboração da Proposta Pedagógica:

(1) É elaborado todos os anos em reuniões administrativas;

(2) É alterado apenas quando a equipe percebe que os princípios já não correspondem às sua aspirações
e que há a necessidade de novas ideias devido à mudança na sociedade em que a escola está inserida;

(3) É elaborado e disponibilizado a todos da comunidade escolar por via eletrônica para facilitar o
acesso e as alterações durante o ano;

(4) Professores e funcionários devem receber cópias do documento para que consultem sempre que
surgirem dúvidas;

(5) É elaborada uma versão resumida a ser entregue aos pais no ato da matrícula.

Quanto ao planejamento do PPP, Olga assinalou em ordem de importância: 3, 4, 1, e 5. Carla


apenas marcou a questão 1.

Linda e Vera apenas assinalaram a questão 2, que as alterações são feitas apenas quando a
equipe percebe que os princípios já não correspondem às suas aspirações e quando há necessidade de
novas ideias devida mudanças na sociedade em que a escola está inserida.

AQUI pode inserir citação de algum autor que fale sobre o tema

A ação mais vivenciada pelo gestor quanto à elaboração da proposta pedagógica é a alteração
feita quando ocorre mudanças na sociedade em que o CEI está inserido. Isto mostra a preocupação das
gestoras em adaptar a organização pedagógica das atividades escolares com a realidade social das
crianças. A relação entre instituição educacional e família ajuda no aprendizado integral dos
pequeninos, desta maneira é fundamental que o projeto político pedagógico articule com a sociedade
em que a escola está inserida.

Não basta apenas que a relação família-escola ocorra de forma harmônica, mas também que a
relação entre os profissionais da Instituição de Educação seja estabelecida de forma a garantir um
ambiente tranquilo e uma boa educação para as crianças que nela estudam. Pensando nesta forma de
interação perguntamos como funciona o relacionamento das diretoras com professores e demais
funcionários;

Questão 5:

Quanto ao relacionamento com os professores e demais funcionários:

(1) Confia nos profissionais escolares a participação de projetos especiais ou atividades rotineiras,
pertinentes ao ambiente escolar;

(2) Colabora para organizar meios para prover adequadamente as necessidades inerentes ao
funcionamento e desempenho de cada função escolar;

(3) Estimula os professores e funcionários a aprimorar, corrigir ou continuar o que estão fazendo;

(4) Acha que o papel do Diretor é de " vigiar" e analisar o desempenho da equipe escolar;

(5) Procura estabelecer uma relação mais formal afim de não perder o conceito de relação hierárquica
diretor-funcionário.
Carla assinalou 1, 2 e 3 sem ordem de importância nas respostas.

Linda e Vera assinalaram apenas a questão 2. Olga estabeleceu uma ordem de importância
como sendo: 2, 3 e 1. Todas as gestoras responderam que colaboram para organizar meios para prover
adequadamente as necessidades inerentes ao funcionamento e desempenho de cada função escolar.

Nenhuma das diretoras acha que o papel do diretor é o de vigiar e analisar o desempenho da
equipe escolar e muito menos estabelece uma relação mais formal afim de não perder o conceito de
relação hierárquica diretor-funcionário. As gestoras mostram em suas respostas total confiança no
desempenho do serviço dos funcionários do Centro de Educação Infantil, porém estão sempre a par do
funcionamento da escola, de modo a garantir que o bom funcionamento ocorra.

No entanto, em observação do cotidiano observamos que existe uma vigilância permanente por
parte das diretoras não apenas nas instituições pesquisadas mas também em outras em que estagiamos.

Ao abordar o tema ‘relacionamento’ não podemos esquecer quão importante é a relação entre
pais e funcionários para o desenvolvimento integral do aluno. Por isso foi feita às diretoras uma
pergunta sobre o que elas consideram importante no relacionamento com os pais:

QUESTÃO 6

Considera importante no relacionamento com os pais:

(1) Possuir uma agenda para ouvir para estreitar aos laços entre escola e família;

(2) Observar as dificuldades e especificidades dos alunos e procurar mobilizar a equipe e gerar
resultados;

(3) Procura não se envolver diretamente nos conflitos corriqueiros, mas procura mediar sempre que
possível o diálogo.

Linda e Vera marcaram apenas a questão 2. Carla assinalou 1 e 2 sem estabelecer ordem de
importância entre elas. Já Olga assinalou em ordem de importância como sendo 2, 1 e 3.

Todas as diretoras apontam que a observação das dificuldades e especificidades dos alunos é
prioritário e procuram mediar a equipe para superar as dificuldades. Na visão das diretoras as famílias
ainda vêm o CEI onde uma instancia que cuida de seus filhos enquanto que sua finalidade é acima de
tudo educar. Dependendo da articulação entre o CEI e a família torna-se possível a melhoria da
qualidade educacional em ambas as instituições, isto é, a relação entre ambas é relevante quando se
trata da aquisição de conhecimento pela criança.

Apenas Olga respondeu que procura não se envolver diretamente nos conflitos corriqueiros,
mas procura mediar sempre que possível o diálogo sendo esta a alternativa considerada por ela como
menos importante. Todas as gestoras preocupam-se com a comunidade em que a escola está inserida.
Em conversa informal três das gestoras deixaram claro que o convívio com familiares de alunos da
educação infantil é muito maior do que nas outras etapas da educação, porque para pais de alunos desta
etapa da educação cada parte do desenvolvimento de seus filhos é um grande acontecimento.

QUESTAO 7
Um diretor de uma instituição com o foco em "cuidar" e educar as crianças deve priorizar em sua
agenda cotidiana:

(1) A formação do corpo docente / atendente;

(2) Observar a frequência / ausência dos funcionários;

(3) Observar se a educação das crianças nas salas de aula ou recreação atendem ao princípio do "cuidar
e educar".

Carla respondeu 1 e 3. Linda e Vera marcaram apenas 3. Já Olga estabeleceu uma ordem de
importância sendo 3, 1 e 2. Observar se a educação das crianças nas salas de aula ou e recreação
atendem ao principio do “cuidar e educar” foi uma resposta marcada por todas as diretoras na questão.
As gestoras notadamente preocupam-se com a aprendizagem dos alunos, pois é nesta fase que a
criança é um sujeito com características peculiares e em processo de desenvolvimento que necessita de
uma educação de qualidade para que enriqueça seus conhecimentos.

Por fim pedimos às diretoras que dissertassem sobre duas ações conforme a tabela a seguir:

Quadro 2: Ações mencionadas pelas gestoras:

NÃO devem ser feitas NÃO podem deixar de fazer


L Expor um aluno/funcionário Acompanhar as atividades (cuidar e educar)
Linda mediante outras pessoas e saber falar em do âmbito escolar, assim como ter um bom
momentos de dificuldades. relacionamento com os funcionários trocando
experiências, ensinando e também aprendendo com a
vida escolar.
O Discriminar hierarquicamente Manter a equipe unida e estimular a realizar
Olga seus funcionários e estar alheio aos um bom trabalho, assim como manter um bom
acontecimentos ligados diretamente ao relacionamento com as famílias sempre ouvindo sua
cuidar e educar. avaliação.
C Autoritarismo e olhar Gestão democrática e proporcionar meios
Carla puramente administrativo. para que aconteça uma educação de qualidade.
V Utilizar de certas prioridades O acompanhamento do desenvolvimento
Vera tanto para pais como funcionários, não das atividades desenvolvidas dentro da unidade
utilizar de seu poder para se beneficiar. escolar e promover a interação escola e família.

Pelas respostas pode-se concluir que o modo burocrático de administração sujeito a hierarquia,


regulamentos rígidos e a uma rotina inflexível está aos poucos sendo deixado de lado para que entre
uma forma de gestão mais igualitária e antiautoritária, isto é uma democratização da escola levando a
criança ao sucesso escolar. Esta forma de pensar nos remete à VIEIRA (2001), que afirma que as
mudanças na gestão abriram espaço para que funcionários, pais e membros da comunidade pudessem
auxiliar nas decisões no que diz respeito à educação das crianças.

CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Por meio do desenvolvimento desse plano de trabalho foi possível aprofundar conhecimento
teórico e prático no campo da educação infantil o que possibilitou conhecer em parte a realidade onde
iremos atuar como pedagogas. Outro aspecto é a formação em pesquisa, isto é olhar cientificamente,
sob a luz da teoria uma dada realidade.

Ao levantar o perfil das diretoras que participaram da pesquisa nota-se que no município os
profissionais que atuam na educação infantil possuem qualificação adequada e, no caso dos sujeitos da
pesquisa até mesmo pós-graduação. Outro dado relevante é a experiencia no campo de atuação
especialmente com crianças demonstrando conhecimento no campo da gestão.

Constatamos que a gestão na educação infantil deve ser pautada na boa relação entre
profissionais da instituição e comunidade (pais ou responsáveis), sempre de forma a pensar no que é
melhor para a criança que frequenta a instituição. Embora o resultado aponte que ainda persevera a
gestão burocrática e centralizadora existe um esforço para avançar para uma gestão mais participativa.
É por meio de cursos de atualização e formação que trocam experiências e aprofundam teorias para um
desempenho mais eficaz. Ressaltam que as famílias que eram ausentes estão se aproximando mais do
CEI e exige envolvimento maior de gestores e professores com a educação da criança. Ressaltamos
ainda que o envolvimento das diretoras na elaboração do Plano Municipal de Educação neste ano de
2015 propiciou um envolvimento e comprometimento maior com a educação infantil do município,
não apenas das diretoras, objeto dessa pesquisa mas também das demais, uma vez que todas
participaram dos ‘Encontros’ num total de ....instituições de educação infantil.( a prof acha interessante
vc colocar o numero de ceis que existem no municipio de 3 lagoas para dar uma ideia de importancia
no olhar para o trabalho detro dessas instituições)

Portanto, a responsabilidade do gestor de um Centro Infantil é complexa, pois envolve


questões administrativas, burocráticas, pedagógicas e as interrelações pessoais. Ver mais
( acredito que a prof quer que vc complemente mais essa ideia aqui paara finalizar )

REFERÊNCIAS:

BRASIL. Senado Federal. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: nº 9394/96. Brasília:
1996.
FARIA, Ana Lúcia Goulart de. Políticas de Regulação, Pesquisa e Pedagogia na Educação Infantil,
Primeira Etapa Da Educação Básica. Educ. Soc., Campinas, vol. 26, n. 92, p. 1013-1038, Especial -
Out. 2005.
HASCKEL, Selita. Gestão Democrática Na Educação Infantil: a eleição para diretor de creche.
Florianópolis/ SC. UFSC. 2005. Disponível
em:<https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/103061/222711.pdf?sequence=1 >. Acesso
em: falta a data do acesso
LIBÂNEO, José Carlos. OLIVEIRA, João Ferreira. TOSCHI, Mirza. Educação escolar: políticas,
estrutura e organização – 9. Ed.- São Paulo: Cortez, 2010. – Coleção Docência.
LÜCK, Heloísa. Concepções e processos democráticos de gestão educacional. Petrópilos, RJ:
Vozes, 2006. Série: Cadernos de Gestão.
MELLO, Lucrécia Stringhetta. Formação continuada de educadores: Os Desafios do Trabalho em
Supervisão Escolar e Gestão Colegiada. In: SOUZA, Neusa Maria Marques de; ESPÍNDOLA, , Ana
Lúcia. (Orgs). Apoio pedagógico na buscada inclusão: ações colaborativas entre universidade e
escola fundamental. - Campo Grande, MS: Ed. UFMS, 2008.
MELLO, Lucrécia Stringuetta. Gestão Escolar e a articulação da Proposta Curricular: reflexões dp
cotidiano. In: SOUZA, Neusa Maria Marques de. Formação continuada e as dimensões do
currículo. - Campo Grande, MS : Ed. UFMS, 2013.
MELLO, Lucrécia Stringhetta. Pesquisa Interdisciplinar: uma processo em constru(a)ção. Campo
Grande, MS: Ed. UFMS, 2004. 160 p.
PINTO, João Bosco, et al. Participação: rito ou prática de classe? Ijuí: UNIJUÍ Ed., 1985.
VEIGA, Ilma Passos da .Projeto político-pedagógico da escola: uma construção possível.
Campinas: Papirus, 1998. p. 11-35
VIEIRA, Sonia Lerche. ALBUQUERQUE, Maria Glaucia menezes. Política e planejamento
educacional. – Fortaleza: Edições Demócrito Rocha, 2001.
ROSEMBERG, Fúlvia. Expansão da Educação Infantil e Processos de Exclusão.. In Cadernos de
Pesquisa, nº 107. p. 7-40. julho, 1999.

Você também pode gostar