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Campus de Três Lagoas

Curso de Pedagogia

KARLA JULIANA FARIA NEVES

LITERATURA INFANTIL: breve história e sua importância para a


educação da infância

TRÊS LAGOAS – MS
2017
KARLA JULIANA FARIA NEVES

LITERATURA INFANTIL: breve história e sua importância para a


educação da infância

Monografia apresentada ao Curso de Pedagogia da


Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus de
Três Lagoas como requisito final para obtenção do título
de Pedagoga, orientado pela profª Dra Silvana Alves da
Silva Bispo.

TRÊS LAGOAS – MS
2017
Karla Juliana Faria Neves

LITERATURA INFANTIL: breve história e sua importância para a


educação da infância

Monografia apresentada ao Curso de Pedagogia da Universidade Federal de Mato Grosso do


Sul, câmpus de Três Lagoas como requisito final para a obtenção do Título de Pedagoga.

COMISSÃO EXAMINADORA

_______________________________________
Profa. Dra. Silvana Alves da Silva Bispo
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
Orientadora

_______________________________________
Profa.Dra. Ione Nogueira da Silva...
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

_______________________________________
Profa.Dra........ Ione...
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Três Lagoas-MS
Dezembro – 2017
Dedico este trabalho primeiramente а Deus, pоr ser essencial еm minha
vida, autor dе mеu destino, mеu guia, socorro presente nа hora dа
angústia. Por ter permitido tantos acontecimentos ао longo da minha
vida, е nãо somente nestes anos como universitária, Ele foi o meu
sustento еm todos оs momentos.
Aоs mеus pais Pedro Faria Da Silva Filho (In Memorian), minha mãе
Marileide Da Silva Neves Faria е meu irmão Bruno Henrique Neves
Faria que são tudo para mim.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, por ter permitido qυе tudo isso acontecesse ао longo da minha
vida, е nãо somente nestes anos como universitária mas em, ele foi o meu sustento еm todos
оs momentos.(repetiu)
A Universidade Federal de Mato Grosso do Sul pela oportunidade dе fazer e concluir
o curso de Pedagogia e realizar meu sonho.
A Profa. Dra Silvana Alves da Silva Bispo pela oportunidade, paciência, carinho е
apoio nа elaboração deste trabalho, você professora foi essencial para que eu chegasse até
aqui.
Um agradecimento especial a Profa. Dr. Ione Nogueira que sempre me deu motivos
para prosseguir quando eu já não tinha mais esperança em concluir alguns semestres
anterioresdo curso.
Ao pessoal da secretaria que sempre teve paciência ao me aguardar com meus
documentos. atrasados (kkkkk). Escrita científica
Agradeço а minha mãе Marileide dDa Silva Neves Faria, heroína quυе (arrume a
vogal u em todo o trabalho) mе dеu apoio, puxões de orelha, incentivo nаs horas difíceis, de
desânimo е cansaço.
Ao mеυ pai qυе apesar dе estar presente somente nos dois primeiros anos de
faculdade, esteve sempre no apoio torcendo pelo meu sucesso e apesar dаs dificuldades que
eu tive depois da sua morte ele mе fortaleceu junto a Deus pra que eu não desistisse e
mantivesse o foco.
Obrigada meu irmão, cunhada е sobrinho, que nоs momentos dе dificuldade e correria
com a graduação sеmprе estiveram ao meu lado e me ajudaram sem medir esforços.
In memorian ao meu falecido noivo Tiago da silva que esteve presente para
comemorar minha entrada na graduação e que em um acidente de traânsito perdeu sua vida
precocemente, mas me deixou enormes aprendizados.
Obrigada! Primos, tios e tias pеlа contribuição valiosa.
Meus sinceros agradecimentos as minhas amigas Liliane Soriano, Lidiane Ribas e
especialmente a minha amiga irmã Tatiana Matos e sua família que sempre estiveram no
apoio e torcida ao meu grande amigo Paulo Henrique que sempre me esperava na sexta-feira
depois da aula pra tomar uma gelada.(será???)
As minhas companheiras antigas e atuais dе trabalho qυе fizeram parte dа minha
formação cobrindo minhas faltas para estagio sem reclamar е qυе vão continuar presentes еm
minha vida cоm toda certeza.(não precisa entrar em detalhes, rever alguns agradecimentos,
aqui só síntese, uma página)
Um salve para todas as colegas e amigas de curso que estiveram presentes, me deram
força para prosseguir e me ajudaram ao longo de todos esses semestres, em especial a Nilza
Maria B .M. Padilha que é um exemplo de universitária, filha e amiga!
A todos qυе direta оυ indiretamente fizeram parte dа minha formação, о mеυ muito
obrigada.
Quem ensina aprende ao ensinar. E quem aprende ensina ao aprender.
Paulo Freire
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I
UMA BREVE HISTÓRIA DA LITERATURA INFANTIL

1.1 Surgimento da Literatura Infantil na Europa e a concepção de infância


1.2 A Literatura Infantil no Brasil: apontamentos
CAPÍTULO II
A IMPORTÂNCIA DA LEITURA LITERÁRIA PARA A FORMAÇÃO DA
CRIANÇA
2. A importância da Literatura
2.1 A fantástico e a criança
2.2 Formação do leitor literário

CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
RESUMO
Este trabalho de pesquisa tem por objetivo estudar o histórico da Literatura Infantil na Europa
e no Brasil analisando a construção e modificação do conceito de infância ao longo do tempo,
de modo que esse conceito proporcione a compreensão de como a literatura infantil contribui
para o desenvolvimento da criança. Para o desenvolvimento deste trabalho, utilizou-se como
metodologia a pesquisa de cunho bibliográfico. Nesse sentido conceitua-se revisão
bibliografia como sendo a pesquisa feita a partir de material já elaborado constituído
principalmente de livros e artigos científicos. A literatura infantil se faz importante no
desenvolvimento cognitivo da criança pois por meio dela a criança interage com o outro
possibilitando assim o desenvolvimento da linguagem e ampliação de sua bagagem cultural.
Por meio do uso da linguagem em diferentes formas de interação com a leitura sejam elas
ouvindo histórias ou até mesmo recontando contos a criança se relaciona com o mundo da
imaginação e ao mesmo tempo constrói seu repertorio linguístico por meio da interação com o
outro.
Palavras-chave: Literatura infantil. Infância.
INTRODUÇÃO

Este trabalho de pesquisa teve m por objetivo estudar conhecer o histórico da


Literatura Infantil na Europa e no Brasil analisando a construção e modificação do conceito
de infância ao longo do tempo, de modo que esse conceito proporcione a compreensão de
como a literatura infantil contribui para o desenvolvimento da criança. Pretendemos também
apresentar alguns autores brasileiros evidenciando sua importância na construção da literatura.
E, por fim destacamos a importância da literatura no que refere ao seu uso no ambiente
escolar.
Para o desenvolvimento deste trabalho, realizou-se pesquisas bibliográficas em
diferentes autores (ABRAMOVICH 1989), COELHO (1991), FARIA 1994), FREIRE 1983),
GIOLLO (2012), LAJOLLO e ZILBERAN (2010), entre outros.cite-os aqui entre parêntese,
sobrenome em caixa alta e ano) que tratam acerca do assunto, que abordaram a Literatura
Infantil e as concepções de infância afim de apresentarmos o histórico da Literatura para
crianças na Europa entre os séculos IX e XVIII até o seu surgimento no Brasil, bem como o
conceito de infância (ZILBERMAN (1985), SILVA (2009), ÁRIES (2006), CARVALHO
(1983), LAJOLO e ZILBERMAN ( 2010 (apresente os teóricos aqui também) e como o
mesmo mudou durante o transcorrer do tempo histórico. O corpo teórico possibilitou
perceberpossibilitou perceber o quanto é importante a e a importância dessa literaturaa
literatura voltada para a infância no desenvolvimento da criança na eEducação Iinfantil e nos
anos as séries iniciais do Ensino Fundamental porque,.
Nesse sentido Carvalho (1983) escreve como a literatura se faz importante no
desenvolvimento infantil:

A Literatura é, sem dúvida, a forma de recreação mais importante na vida da


criança: por manipular a linguagem verbal, pelo papel que desempenha no
crescimento psicológico, intelectual e espiritual da criança; pela riqueza de
motivações, de sugestões e de recursos que oferece. Ouvindo estórias,
dizendo um poema, lendo, dramatizando um texto, realizando um jogral ou
um coro falado, encenando uma peça de teatro, de todas essas maneiras a
criança, desde os 3 anos, está divertindo-se, enriquecendo a sua linguagem e
a sua bagagem cultural, ajustando-se ao seu mundo afetivo, através de
símbolos (respostas a suas tensões) e liberando seus impulsos. E todas essas
modalidades são formas de Literatura. (CARVALHO, 1983, p. 176-177).

A literatura infantil se faz importante no desenvolvimento cognitivo da criança pois


por meio dela a criança interage com o outro possibilitando assim o desenvolvimento da
linguagem e ampliação de sua bagagem cultural. Por meio do uso da linguagem em diferentes
formas de interação com a leitura, sejam elas ouvindo histórias ou até mesmo recontando
contos, a criança se relaciona com o mundo da imaginação e ao mesmo tempo constrói seu
repertorio linguístico por meio da interação com o outro. Só para deixar claro, não vou
pontuar, tá? vc briga feio com a pontuação
De acordo com Giollo (2012, p. 8) aA literatura infantil nos séculos IX e X surge na
Europa inicialmente trazendo consigo narrações orais feitas pelo povo sendo transmitidas e se
modificando ao longo do tempo histórico. (autor, ano)
De acordo com Fulano (ano) Somente em meados do século XVII é que se inicia uma
preocupação com uma literatura voltada especificamente para crianças. Essa preocupação se
deu devido a modificação da concepção de infância conforme as transformações da sociedade
iam acontecendo a criança era caracterizada como um ser que necessitava de cuidados
específicos. Com o olhar voltado para o sentimento de infância se inicia a produção da escrita
de livros com histórias adaptadas pelos escritores adaptadas ao mundo infantil, histórias que
hoje na contemporaneidade se tornaram sinônimo de Literatura Infantil: La Fontaine, Fénelon,
Charles Perrault, Grimm e Andersen são exemplo famosos dessa literatura.
No Brasil a literatura infantil surgiu no final do século XIX devido a rápida
urbanização e ao aumento do número de empregados e do movimento dos portos (autor,
ano).portos. Devido a esses fatores, a população das cidades aumentou e isso contribuiu para a
surgimento da literatura voltada às crianças. ( GIOLLO, 2012, p.20)
Esta monografia está organizada em dois capítulos. NNesse trabalho, é apresentada no
primeiro capíitulo uma breve biografia acerca da literatura infantil, seu surgimento na Europa
medieval, sua construção e modificações dentro dno tempo histórico até seu surgimento no
Brasil. Em seguida, no capíitulo dois, discutimos sobre a importância que a literatura infantil
tem na formação e no desenvolvimento da linguagem das crianças dentro do âmbito
educativo. scolar.
A metodologia utilizada neste trabalho norteia-se pela pesquisa de cunho
bibliográfico. tendo como objetivo principal o estudo da literatura infantil para a educação da
infância. Nesse sentido, conceitua-se revisão bibliográafiaca como sendo a pesquisa feita a
partir de material já elaborado constituído principalmente de livros e artigos científicos. Sendo
que a De acordo com GIL (1999) a principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside:

[...] no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de


fenômenos muito mais ampla do aquela que poderia pesquisar diretamente.
Essa vantagem se torna particularmente importante quando o problema de
pesquisa requer dados muito dispersos pelo espaço. (GIL, 1999, p.65)
É por meio da pesquisa de cunho bibliográfico que o pesquisador consegue atingir
uma gama maior de dados e de fatos que serão utilizados afim de fundamentar sua pesquisa.
Poréem em alguns momentos a pesquisa bibliográfica pode vir a comprometer a qualidade da
pesquisa quando se utiliza dados coletados de forma duvidosa. Porem para que se reduza essa
possibilidade, o pesquisador que se utiliza desse método de pesquisa deve assegurar que os
dados utilizados foram obtidos por meio de uma análise profunda de cunho críitico dos
documentos ou livros tendo como foco central dessa anáalise as condições que os mesmos
foram obtidos de modo que se perceba possíveis incoerências e contradições nos dados
informados. De acordo com Baruffi (2004, p.60) por sua característica eminentemente
bibliográfica exige:
[...] que o pesquisador assuma uma atitude crítica diante dos documentos e
livros, buscando delinear com clareza o referencial teórico a ser adotado,
seja na elaboração do plano de trabalho, seja na seleção de autores. A
finalidade da pesquisa bibliográfica é a de colocar o pesquisador em contato
direto com tudo aquilo que foi escrito sobre determinado assunto.

Tendo os devidos cuidados em relação as fontes utilizadas a pesquisa bibliográfica em


sua essência vem a utilizar-se dos referenciais teóricos para pautar a explicação de um
determinado fenômeno utilizando-se de diversas fontes afim de colocar o pesquisador em
contado com diferentes literaturas acerca do que está sendo pesquisado.
CAPÍTULO I – UMA BREVE HISTÓRIA DA LITERATURA INFANTIL
A Literatura Infantil é uma arte com a qual se representa os fenômenos que ocorrem
no mundo e expressa as emoções da vida e imaginação humana. Por meio da literatura se
torna possível reproduzir as expressões humanas que se tornam importantes para a formação
do indivíduo, pois de um lado expressa a experiência vivenciada pelo autor e no outro lado
essa mesma experiência provoca a imaginação do leitor. Nesse sentido, por meio da leitura, a
literatura vem a enriquecer a imaginação e a fantasia da criança.
Antes mesmo da literatura que conhecemos e como ela se configura atualmente, as
lendas e as tradições folclóricas dos povos antigos eram transmitidas de forma oral e de
geração em geração se tornando assim uma fonte geradora principal para o início da literatura
infantil. Nesse sentidoDesse modo, a história da literatura está atrelada a história do homem
desde os tempos mais remotos, quando os fenômenos naturais intrigava o homem nômade,
espalhando-se por toda a terra, estando presente em várias culturas e civilizações e
perpetuando através do tempo, está também atrelada à necessidade de expressão dos
sentimentos, pensamentos e etc. (SCHARF, 2000,p.23)fonte)
Sob essa concepção histórica a Literatura Infantil caracteriza-se como um fenômeno
expressivo que representa a vida, o homem e o mundo para a criança em formação, tornando-
se assim, uma das mais importantes produções do homem para o próprio homem, uma vez
que o autor expressa sua forma de conceber a realidade e a criança a filtra com suas fantasias,
cultivando uma liberdade de espírito:

O texto literário constitui uma forma peculiar de representação e estilo em


que predominam a força criativa da imaginação e a intenção estética. Não é
mera fantasia que nada tem a ver com o que se entende por realidade, nem é
puro exercício lúdico sobre as formas e sentidos da linguagem e da língua.
(BRASIL, 1998, p. 26).

A criança, através dela do contato com a literatura, associa e harmoniza a fantasia e a


realidade, de modo que satisfaça suas exigências internas. De acordo com Abramovich,
(1991, p. 16) “é importante para a formação de qualquer criança ouvir muitas, muitas
histórias... Escutá-las é o início da aprendizagem para ser um leitor, e ser leitor é ter um
caminho absolutamente infinito de descoberta e de compreensão do mundo...” A criança,
através dela do contato com a literatura, associa e harmoniza a fantasia e a realidade, de modo
que se satisfaça suas exigências internas. Assim sob a ótica do autordesde o seus primórdios
a literatura detém uma função de atuação sobre as mentes humanas afim de provocar
emoções, paixões, desejos, sentimentos, entre outros. Surge, então, a importância do há- bito
da leitura para que a literatura infantil seja apreciada e passe a ser respeitada e considerada
como arte, sem pretextos para sua utilização como mera fonte didático-pedagógica. Nesse
sentido cada época da história o homem compreendeu e apresentou um tipo de literatura
diferente, sendo a mesma indispensável também para a compreensão histórica-social do
homem, bem como as interpretações das guerras, fomes, períodos e etc.(SILVA, 2009,p.141)
fonte Karla, está escrevendo com base em qual teórico?
Desse modo, podemos então compreender que a literatura também foi e continua
sendo um modo de compreender como o homem era visto por ele mesmo e até mesmo a
própria criança, pois como podemos observar a literatura infantil surge da contação de lendas
e tradições de um povo e mediante a essa transmissão da cultura a qual a criança se inere é
que se dá quais eram as preocupações com a formação e construção desse ser, como era e é
enxergada dentro da sociedade. Até nos dias atuais a literatura serve como um objeto que
reflete os pensamentos do “público” expressados através da visão do autor. (minha
preocupação se resume: cadê os teóricos, as fontes?)
Com o levantamento bibliográfico realizado (onde ele está?) é possível afirmar que Aa
literatura infantil surgiu a partir do século XVII (faça uma citação direta provando o que está
dizendo),XVII, com Fenélon (1651-1715), justamente com a função de educar moralmente as
crianças. As histórias tinham uma estrutura maniqueísta, a fim de demarcar claramente o bem
a ser aprendido e o mal a ser desprezado. A maioria dos contos de fadas, fábulas e mesmo
muitos textos contemporâneos incluem-se nessa tradição. Nesse sentido o desenrolar do
desenvolvimento histórico acerca da literatura infantil se dá de acordo com o desenrolar da
concepção de criança que se tinha na época, sendo que a origem dessa literatura tem uma
ligação estreita com a Pedagogia; dessa forma, confunde-se muito seu caráter artístico com
sua função didático-pedagógica. (SILVA, 2009, P;137)
quando houve uma reorganização do sistema de ensino e a fundação do sistema
educacional burguês, antes disso, não havia uma preocupação propriamente dita com a
criança, as obras eram criadas para o público em geral, sem distinção de faixa etária. Sem
fonte também
Além disso, a criança não era vista como criança propriamente dita, pois participavam
desde muito pequenas da vida adulta, sendo assim não havia “lugar” para elas dentro da
literatura. Nesse sentido a concepção de criança, com interesses próprios e necessitando de
uma formação específica, só acontece em meio à Idade Moderna. Esta mudança se deveu a
outro acontecimento da época: a emergência de uma nova noção de família, centrada não mais
em amplas relações de parentesco, mas num núcleo unicelular, preocupado em manter sua
privacidade (impedindo a intervenção dos parentes em seus negócios internos) e estimular o
afeto entre seus membros. (ZILBERMAN, 1985, p.13 ). Somente em meados doa partir do
século XVII XVII é que que começaramefetivamente começaram a aparecer os primeiros
vestígios de textos dirigidos para crianças, com o intuito inicial de ensinar, sendo utilizados
como material de apoio de ensino. Nesse momento a criança passa a ser vista um ser
diferente do adulto, com necessidades e características próprias, havendo então o
distanciamento da vida “adulta” e recebendo uma educação diferenciada. (SILVA, 2009,
p.136)

Também falta fonte, de onde extraiu as informações? Àries?

1.1 Surgimento da Literatura Infantil na Europa e a concepção de infância

Durante o decorrer da Idade Média em território europeu, surge uma literatura de


cunho narrativo sendo uma delas de forma popular onde sua base se encontra nas narrações
orientais ou gregas e a outra baseada em uma narrativa culta que advém de aventuras de
cavalarias inspiradas nas histórias ocidental. Segundo Coelho (1991):

Nestas, é realçado um idealismo extremo e um mundo de magia e de


maravilhas completamente estranhas à vida real e concreta do dia-a-dia.
Naquela, afirmam-se os problemas da vida cotidiana, os valores de
comportamento ético-social ou as “lições” advindas da sabedoria prática.
(COELHO, 1991, p. 30)

Ainda de acordo com Coelho (1991) é entre os Entre os séculos IX e X, é queX que se
inicia efetivamente a inserção da literatura dita popular, na qual se tornaria mais tarde a
Literatura Infantil que hoje conhecemos. Vale ressaltar que apenas no século XVII é que se
inicia realmente uma literatura voltada especificamente voltada para as crianças. Ainda de
acordo com Coelho?
Sendo assim iniciou-se a produção da escrita de livros com histórias adaptadas pelos
escritores que se tornariam o sinônimo de Literatura Infantil, como por exemplo: La Fontaine,
Fénelon, Perrault, Grimm e Andersen. Mas antes que isso fosse possível, as histórias eram
transmitidas de forma oral e perpassadas historicamente de povos em povos. Basicamente
essas histórias baseavam-se nas vivências da tribo e embasavam nos menores as ideias e
lendas que os pequenos necessitavam assimilar buscando dessa forma sempre o ensinar e ao
mesmo tempo divertir. Coelho (1991) escreve que:
Através dos manuscritos ou das narrativas transmitidas oralmente e levadas
de uma terra para outra, de um povo a outro, por sobre distâncias incríveis,
que os homens venciam em montarias, navegações ou a pé, - a invenção
literária de uns e de outros vai sendo comunicada, divulgada, fundida,
alterada... Com a força da religião, como instrumento civilizador, é de se
compreender o caráter moralizante, didático, sentencioso que marca a maior
parte da literatura que nasce nesse período, fundindo o lastro oriental e o
ocidental. No fundo é sempre uma literatura que divulga ideais, que busca
ensinar, divertindo, no momento em que a palavra literária (privilégio de
poucos ée difundida pelos jograis, menestréis, rapsodos, trovadores...) era
vista como atividade superior do espírito: a atividade de um homem que
tinha o Conhecimento das Coisas. (COELHO, 1991, p. 33)

Pensando acerca da infância desde a sociedade antiga até mais precisamente o


desenrolar da Iidade Mmédia a imagem que as crianças possuíam era a de um adulto em
miniatura ou seja o mundo da criança era o mesmo vivenciado pelo do adulto. Assim que a
criança deixava os cueiros, ou seja, a faixa de tecido que era enrolada em torno de seu corpo,
ela era vestida como os outros homens e mulheres de sua condição. Os pequenos trabalhavam,
testemunhavam nascimentos, doenças, morte; participavam das festas, das guerras entre
outros acontecimentos. Nessa perspectiva não havia um espaço apropriado para a criança
onde ela pudesse viver de forma plena o período de infante e de certa forma a criança era vista
de forma hostilizada faltando-lhe laços afetivos inerentes a família. (ARIÈS (2006) apud
GIOLLO,2012 p.16)fonte
Sendo assim a criança começa a ser tratada como criança a partir do século XVII, quando
houve a criação das primeiras escolas, e na segunda metade do século XVIII, com a Revolução
Industrial e a ascensão da burguesia, ela toma seu lugar na família e na sociedade (CARVALHO,
1983, p. 86). A autora ainda afirma que “a criança exige um tratamento especial, específico e
adequado; se isso não acontece, estaremos diante de miniaturas humanas, numa flagrante
deformação psicológica.” (CARVALHO, 1983, p. 75).
Durante o século XVIII, a preservação da infância, sua efetivação só poderia ocorrer
no espaço restrito da família. Com a Revolução Industrial, a criança passa a ser consumidora
dos produtos comercializados: A criança passa a deter um novo papel na sociedade,
motivando o aparecimento de objetos industrializados (o brinquedo) e culturais (o livro) ou
novos ramos da ciência (a psicologia infantil, a pedagogia ou a pediatria) de que ela é
destinatária. Todavia, a função que lhe cabe desempenhar é apenas de natureza simbólica,
pois se trata antes de assumir uma imagem perante a sociedade, a de alvo de atenção e
interesse dos adultos [...] (LAJOLO e ZILBERMAN, 2010, p. 17). Continuando na esteira do
pensamento do autor (acima) dDurante o século XVII houve uma grande influência por parte
dos protestantes, caracterizada mediante uma acentuada organização patriarcal (quem disse
isso?). Ocorre assim algumas mudanças no sentimento de infância pois os protestantes viam
as crianças como pequenos anjos e por meio da educação religiosa de forma rígida é que o
indivíduo viria a ser “domado”. É nesse cenário que se pode verificar um maior interesse pela
criança; Com esse interesse inicial é que surgem os primeiros trabalhos pedagógicos
idealizado pelos ingleses e franceses contudo voltados sempre para a formação religiosa.
(mesmo teórico?)
Nesse sentido os primeiros livros infantis surgiram efetivamente no final do século
XVII e durante o século XVIII. Seus textos eram escritos por pedagogos e professores com
função educativa visando uma aproximação entre a instituição escolar e o gênero literário.
Ainda no século XVII a literatura se configura através do gênero contos de fadas,
iniciada primeira mente na França sendo representada na figura de Charles Perrault que se
utiliza das histórias populares e realiza adaptações dando a toda sua obra valores
comportamentais inerentes a classe burguesa. Perrault, que foi pioneiro na edição das
narrativas históricas que os camponeses contavam, tendo todo cuidado ao retirar os trechos
que mencionava canibalismo, violência, incesto e passagens obscenas. Acredita-se ainda que
na Grécia já contavam a história de Chapeuzinho Vermelho, porém foi Charles Perrault que
trouxe com o cunho moralizador e mais adaptada ao ambiente social da época. .
A Literatura Infantil após essa época sofreu uma grande crise, pois não haviam autores
interessados a escrever para o público infantil, de modo que tinham uma visão banalizada
sobre ela, desprezavam sua importância e, ao mesmo tempo, desprezaram o público que
recebia essa obra. Isso se dá pela distinção feita entre Literatura Infantil e o cânone
propriamente dito, assim a literatura infantil já era concebida com o fado de memorização em
relação a Literatura canônica, enxergada como objeto estético. .( SILVA, 2009, p.16)
Etimologicamente a palavra canônica deriva de Cânone que é um termo que deriva do
grego “kanón”, utilizado para designar uma vara que servia de referência como unidade de
medida. Na Língua Portuguesa o termo adquiriu o significado geral de regra, preceito ou
norma (já foi publicado algo assim). Na literatura ela vem para determinar um conjunto de
livros considerados como referência de um determinado período, estilo ou cultura. Como
nesse período ressalta-se a grande influência da igreja a literatura canônica, ou seja, inseridos
no contexto da religião, cânone é conjunto de livros considerados de inspiração divina. No
catolicismo é caracterizada também como uma das partes em que se divide a liturgia ou às
regras estabelecidas num concílio.
Assim com o advento da Revolução Industrial surgem mudanças profundas na
estrutura da sociedade e tais mudanças é que vão refletir no que concerne o campo da
preocupação com a infância. A criança durante esse período e transformação industrial passa
então a ser percebida como um ser dotado de características próprias e portador com de
necessidadescom necessidades especificas. especificas.
Por meio da industrialização a sociedade evoluiu e veio assim a se modernizar e não
obstante disso sempre acompanhando as transformações históricas a Literatura Infantil não
diferente de outras tecnologias comercializadas na época veio a assumir para si uma condição
de mercadoria. Lajolo e Zilberman (2010) explicam que:

No século XVIII, aperfeiçoa-se a tipografia e expande-se a produção de


livros, facultando a proliferação dos gêneros literários que, com ela, se
adequam à situação recente. Por outro lado, porque a literatura infantil
trabalha sobre a língua escrita, ela depende da capacidade de leitura das
crianças, ou seja, supõe terem estas passado pelo crivo da escola. (LAJOLO
e ZILBERMAN, 2010(, p. 18).

Atrelada a revolução e expansão dos moldes industriais, n este contexto surge uma
Literatura Infantil, com características próprias, poréem com o papel de promoção da
burguesia e a nova condição da criança inserida nesse contexto burguês. Sendo assim, a As
histórias voltadas para as crianças foram nesse sentido associadas a instrumentos de ensino
para a pedagogia. pedagogia.
Com o avanço político e financeiro das cidades o processo de urbanização aconteceu
de forma desigual ou seja basicamente de um lado o proletariado formado por pessoas que
migraram do campo para a cidade e de outro lado os que financiam com capital as relações de
comercio e de produção industrial ou seja a burguesia. Os burgueses se tornaram uma classe
social dominante com a qual detinha o poder de fazer com que as instituições trabalhassem a
seu favor afim de atingir as metas estipuladas a seu favor. (GIOLLO, 2012, p.14-15) Cadê a
fonte de onde tirou as informações?
De acordo Lajolo e Zilberman (2010)com Fulano (ano) dentro deste aspecto de
dominação, a família burguesa é a primeira s ser moldada de acordo com os interesses
patriarcais e sem a participação púublica mas sofrendo interferência o estado. No entanto esse
molde familiar se torna uma espécie de padrã o opara ser imitado por todos os outros. Sendo
assim a manutenção de um estereótipo familiar:
[...]A manutenção de um estereótipo familiar, que se estabiliza através da
divisão do trabalho entre seus membros (ao pai, cabendo a sustentação
econômica, e à mãe, a gerência da vida doméstica privada), converte-se na
finalidade existencial do indivíduo. Contudo, para legitimá-la, ainda foi
necessário promover, em primeiro lugar, o beneficiário maior desse esforço
conjunto: a criança. (LAJOLO e ZILBERMAN, 2010, p. 17).
Dentro desse reformululação de sociedade, retomando o sentimento em torno da
infância a criança passa a ter um novo papel, o que culmina com o surgimento de objetos
industriais (o brinquedo) e culturais (o livro), e nas vertentes intelectuais com o aparecimento
da psicologia infantil, pediatria e pedagogia. Ainda explicando essa nova configuração do
papel da criança, Lajolo e Zilberman (2010) denotam que a função da criança é simbólica;
Simbólica pois a criança passa a ser o alvo principal da atenção do mundo adulto, por mais
que essa atenção segundo a visão das autoras seja dede modo geral seja negativava (na
percepção das autoras?) frisando aspectos como a fragilidade, desproteção e a dependência
exacerbada da figura do adulto.
Diante desse novo cenário social a literatura se torna um elo entre a criança e a
sociedade consumista e dentro desse escopo está a escola responsável por estimular a
circulação de livros de literatura infantilcirculação desses livros (quais?) enquanto produto do
sistema mercadológico burguês. Inserido dentro dessa sistemática a literatura voltada ao
público infantil exercia seu papel ideológico apresentando histórias de como o adulto quer que
a criança veja o mundo por meio da fantasia e da ficção. A literatura infantil enquanto
propriedade “[...] levada às últimas consequências, permite a exposição de um mundo
idealizado e melhor, embora a superioridade desenhada nem sempre seja renovadora ou
emancipatória.” (LAJOLO e ZILBERMAN, 2010, p. 19).
Mediante a isso o escritor adulto vem a transmitir ao seu leitor infantil uma realidade
histórica de uma forma que venha a buscar a aceitação afetiva e intelectual da criança. Essa
valorização da infância, acabou gerando automaticamente uma valorização da família, a
criança então deveria ser educada afim de ser “configurada” para cuidar e multiplicar os bens
familiares, a criança, assim, já nascia com uma pré-idealização feita pelos pais. Assim, a
literatura entra no ambiente escolar, afim de implantar meios controladores, manipulando as
emoções das crianças.

1.1 A Literatura Infantil no Brasil

A Literatura infantil em nosso pais surge no final do século XIX, quando começam a
aparecer esporadicamente uma ou outra obra para crianças, com obras pedagógicas e,
sobretudo, adaptadas de produções portuguesas, demonstrando a dependência típica das
colônias. Com características bastante originais que vinham a combinar com um pouco da
metodologia européia de escrita para a infância a literatura por aqui ainda combinava com a
literatura oral trazida pelos primeiros colonizadores, juntamente com as diversas histórias e
lendas indígenas e posteriormente africanas. (CUNHA, 1987, p.20)fonte
Segundo Coelho (19911991, p.203), durante a primeira metade do século XIX, em
1808, com a vinda da corte portuguesa para o Brasil, em nosso país inicia uma caminhada
rumo ao progresso econômico, não obstante a independência política e a conquista da cultura
para colocá-lo entre as nações civilizadas do Ocidente. Nesse sentido a chegada da família
real portuguesa inicia uma nova era de progresso e abertura de novos horizontes para a
educação e não obstante disso a ampliação de novas perspectivas no que se refere a cultura do
pais. No entanto a educação era o setor que mais gerava preocupação aos mentores que
planejavam o desenvolvimento do pais. Ainda sobre o ensino, no Brasil Coelho(1991) cita:

O Brasil enfrentava ainda as consequências da supressão do ensino jesuíta,


sem que outro sistema viesse substituí-lo, apesar de algumas tentativas
isoladas, em diferentes pontos do país. Entre as primeiras medidas oficiais
tomadas por D. João VI, estava a criação de Academias, Cursos, Escolas,
etc., visando atender, com urgência, à formação de profissionais competentes
em todos os setores da Sociedade. (COELHO, 1991, p. 203-204).

Após a Abolição da Escravatura (1888) e da Proclamação da República (1889), o novo


sistema escolar nacional incorpora a produção de literatura para crianças e jovens. Juntamente
com o aumento das traduções e adaptações de livros literários voltados as crianças é que se
começa a configurar no Brasil uma literatura própria e voltada ao mundo infantil que viesse a
valorizar o nacional.

Segundo Lajolo e Zilberman (2010, p.23) após a implantação da Imprensa Régia em 1808,
oficialmente se inicia no Brasil a atividade de cunho editorial e com isso se iniciam a
publicação de livros para crianças. No entanto essas publicações eram escassas naquele
período não podendo ser caracterizada efetivamente como uma literatura voltada as crianças,
pois baseavam-se muitas delas em traduções.

[...] a tradução de As aventuras pasmosas do Barão de Munkausen e, em


1818, a coletânea de José Saturnino da Costa Pereira, Leitura para meninos,
contendo uma coleção de histórias morais relativas aos defeitos ordinários às
idades tenras, e um diálogo sobre geografia, cronologia, história de Portugal
e história natural. Mas essas publicações eram esporádicas (a obra que se
seguiu a elas só surgiu em 1848, outra edição das Aventuras do Barão de
Münchhausen, agora com a chancela da Laemmert) e, portanto, insuficientes
para caracterizar uma produção literária brasileira regular para a infância.
(LAJOLO e ZILBERMAN, 2010, p. 23-24).

Nesse sentido a Literatura Infantil do Brasil se inicia basicamente por meio de


traduções e adaptações de histórias vindas da Europa, mas com uma linguagem mais
portuguesa que brasileira. Como na Europa percebe-se que o folclore foi de suma importância
na formação de narrativas infantis em nosso pais havia umvasto repertório popular mas não se
observava um grande um avanço nos escritos infantis.
Entre os meados das últimas décadas do século XIX delineia-se a literatura infantil no
Brasil. Figueredo Pimentel e Carlos Jansen fazem adaptações nas narrativas literárias que
continham com um estilo europeu que por sua vez era totalmente distante da realidade das
crianças brasileiras. Na primeira década do século XX, para modificar esse quadro surgem
segundo Lajolo e Zilberman (1994)
[...] as obras nacionais, patrióticas de Olavo Bilac, em parceria, ora com
Coelho Neto, ora com Manuel Bonfim, seguindo-se Júlia Lopes de Almeida
e Tales de Andrade, inspiradas em obras européias, que sucederam a
traduções-adaptações, mas com um caráter de nacionalização. A produção
literária, nessa época, é marcada por preocupação moralista, exaltação do
trabalho, disciplina, obediência e, acima de tudo, um cantar à beleza da
pátria. (LAJOLO e ZILBERMAN, 199(4, p. 88)

O surgimento efetivo da literatura brasileira se deu a partir da obra revolucionária de


José Bento Monteiro Lobato (l882 – 1948). Com seus textos abastados de realidade social
inerente a vida cotidiana do paíis nasce enfim uma literatura genuinamente brasileira. Foi em
1921 com o livro Narizinho arrebitado que Lobato deu início a sua história, sendo sua obra
introduzida nas escolas ainda como “literatura escolar”. Porém, a obra de Lobato vai além e
rompe com os conceitos de bem e mal criado pela cultura burguesa, o caráter didático vai
dando lugar a autenticidade passando a dar ênfase às figuras de linguagem, neologismos que
são características marcantes desse autor. (LAJOLO EO, ZILBERMAN, (1994) apud
GIOLLO 2012, p.24) ) É isso?
Assim, de modo que Lobato surge no cenário da Literatura Infantil, percebemos que
surge também a preocupação de não apenas escrever para o público infantil, mas escrever
algo que tenha qualidade, que as crianças realmente desfrutem de boa leitura e possam
exercitar seu lúdico, seu desenvolvimento linguístico e social, pois o texto literário que
Lobato produzia oferecia esses subsídios para as crianças.
Nesse sentido, a partir de Lobato, surgem inúmeros outros autores
interessados a escrever para crianças, o interesse vem atrelado a necessidade desse tipo de
literatura no mercado, porém graças a esse estímulo, a literatura infantil se consolidou e
ganhou identidade, não sendo mais menosprezada pelos olhares críticos acerca da Literatura
canônica, mas sim ganha sua própria visão crítica.

[...] surgem as obras nacionais, patrióticas de Olavo Bilac, em parceria, ora


com Coelho Neto, ora com Manuel Bonfim, seguindo-se Júlia Lopes de
Almeida e Tales de Andrade, inspiradas em obras europeias, que sucederam
a traduções-adaptações, mas com um caráter de nacionalização. A produção
literária, nessa época, é marcada por preocupação moralista, exaltação do
trabalho, disciplina, obediência e, acima de tudo, um cantar à beleza da
pátria. (LAJOLO e ZILBERMAN, 1994, p. 88) repetido

É nos anos 80 que esse grande ênfase se consolida, enxergando a criança como sujeito
crítico e reconhecendo seu papel na constituição desse sujeito e também como um veículo de
acesso ao patrimônio cultural da humanidade, inserindo novos conceitos no mundo da
criança, estimulando a criança à emancipação, livrando-a da manipulação ditada pela
burguesia às crianças.crianças. (GIOLLO, 2012, p.27-28)
Além de Monteiro Lobato, outro escritor que também faz muito sucesso com o público
infantil é Ziraldo Alves Pinto, ou Ziraldo como é mundialmente conhecido. Seu primeiro livro
infantil foi Flicts publicado em 1969, onde conta a história de uma cor rara que sai pelo mundo
procurando o seu lugar, pois Flicts acha que não tem nenhuma tonalidade que faça par com ela.
De acordo com Castro (2008):
O texto toca diretamente no temor ao abandono, sentido pelas crianças, que é
traduzido pelo sentimento de não pertencer a um grupo, de rejeição, de
exclusão causada pelas diferenças, que são a matéria prima da literatura,
porque é com elas que se constroem as personagens e grande parte das
histórias. (CASTRO, 2008, p. 79).

No ano de 1979, Ziraldo publicou o livro O Planeta Lilás, um poema que falava sobre
o amor aos livros; e em seguida lança seu maior sucesso: O Menino Maluquinho, obra essa
com a qual ele ganhou o prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livrona Bienal do Livro de
São Paulo de 1979.
CAPÍTULO II

A IMPORTÂNCIA DA LEITURA LITERÁRIA PARA A FORMAÇÃO DA


CRIANÇA

As contribuições para a linguagem e desenvolvimento

No segundo capítulo discutiremos sobre algumas das contribuições da literatura


infantil para o desenvolvimento da criança e também para o desenvolvimento da linguagem,
ajudando-a também a desenvolver com o hábito da leitura a imaginação, sentimentos e
emoções através da forma prazerosa da leitura, construindo assim o sujeito enquanto criança e
preparando-o para novas etapas de seu processo de desenvolvimento.
Temos conhecimento de que a linguagem está intrinsecamente relacionada com
sociedade, cada sociedade possui suas características, as expressões artísticas mudam
conforme a sociedade, pois as mesmas compõe um reflexo de seu tempo. A linguagem
também compõe um reflexo de seu tempo, ocorrendo mudanças linguísticas e mudanças de
usos gramáticas e podemos registrar e consultar essas linguagens através dos textos literários.
Fonte?
Segundo Piaget há alguns processos que fazem parte da evolução da espécie humana,
assim, Faria (1994, p.24) relata que essas fases são caracterizadas pelas formas mais variadas
de preparo mental que permitem ao indivíduo relacionar-se com a realidade, apesar de todos
passarem por essas fases, tanto o início como término podem sofrer alterações em relação das
características biológicas de cada sujeito:

O recém-nascido toma contato com o mundo, inicialmente, através de um


equipamento hereditário constituído de reflexos como piscar, sugar, tossir,
tocar etc. Depois, através de um equipamento adquirido, desenvolve
esquemas sensório-motores como pegar, combinar sons, formas etc. Enfim,
apodera-se de uma forma mais rica de adequação ao meio, mas que será
limitada à ação ou ao fazer. (FARIA, 1994, p.24)

Assim, o indivíduo possui fases de desenvolvimento que constituem um processo de


evolução da natureza do homem, é a partir desse pressuposto que devemos entender a
importância da introdução da leitura no universo da criança. Desde cedo devemos estimular a
criança e a introduzi-la no mundo da leitura, contando histórias, apresentando livros para que
a mesma possa ser estimulada a desenvolver todos seus sentidos da melhor forma.
Pois é através da linguagem que a criança constrói a noção dos significados e
significantes, consegue relacionar forma com conceito, construindo também a relação de
lógica entre os fatos, posteriormente desenvolvendo o egocentrismo capaz de exercitar o “eu
crítico” que existe em todos nós e a partir dessa descoberta do “eu crítico”, somos capazes de
participar ativamente dentro da sociedade:

A linguagem é um instrumento mediador entre as relações sociais da criança


com o ambiente em que vive, onde estão presentes conteúdos socialmente
construídos e historicamente sedimentados que expressam valores e regras
culturais, que gradualmente são interiorizados e modificados pela criança.
Ao mesmo tempo em que a criança se sociabiliza durante as ações que
realiza, também vai construindo suas subjetividades e seus significados
acerca do mundo em que vive. (LEMOS, 2009, p. 4).

Pode-se compreender a linguagem como sendo um fenômeno social e histórico


aprendido no contexto real de vida, que permite não só as interações humanas mas tmbem
possibilitar o acesso à produção cultural do grupo no qual estamos inseridos . Assim, o
processo de aquisição de linguagem constitui uma fase muito importante na vida da criança,
pois é através dela que a criança constrói sua relação com a realidade na qual está inserida, é
através dela também que a criança se expressa, fortalecendo os laços afetivos com os pais,
parentes e também adquire novas experiências.
Nessa perspectiva a literatura é uma forma de os indivíduos comunicarem a sua
experiência de forma subjetiva, tanto através da atividade de contar histórias como por meio
de suas narrativas. Narrar consiste em colher fatos da sua própria experiência, transformando-
os em matérias a serem apresentadas para ouvintes envolvendo o homem e a vida. Já contar é
uma prática antiga existente em todas as partes do mundo, que se transmite de indivíduo para
indivíduo, de povo para povo. O ato de contar histórias para as crianças é uma porta aberta
para que ela entre no mundo fazendo que se aproprie dos conhecimentos, através dos fatos,
das emoções, da imaginação, da liberdade e da fantasia. (PATRINI,2005 apud
CARNEIRO,2013, p. 4)
No que refere ao mundo literário, desde pequenos somos introduzidos a ele, mesmo
que não percebemos, somos introduzidos nesse mundo fantástico através das canções de
ninar, de histórias e contos que nossas mães, avós e outras pessoas nos contam com o intuito
de nos acalmar, de promover em nós sensação de conforto e entretenimento. É nessa
perspectiva, que as histórias infantis possibilitam as crianças entender o mundo em que está
inserida. Através das histórias ouvidas elas despertam sua imaginação e expressam
sentimentos, ampliando sua capacidade de relacionamento e compreensão do mundo. De
acordo com Gregorin Filho (2009):
Trabalhar com literatura infantil em sala de aula é criar condições para
que formem leitores de arte, leitores de mundo, leitores plurais. Muito
mais do que uma simples atividade inserida em propostas de
conteúdos curriculares, oferecer e discutir literatura em sala de aula é
poder formar leitores, é ampliar a competência de ver o mundo e
dialogar com a sociedade. ( p-12)

Além disso, a literatura infantil permite que o professor se aproxime do mundo


imaginário das crianças usando as histórias como meio para as intervenções necessárias.
Desde os primeiros anos é possível introduzir a criança nesse universo da literatura, mesmo
que a mesma não seja alfabetizada ainda, é possível promover este encontro através de livros
com textos não-verbais, ou seja, com livros apenas com imagens, onde a cognição da criança
é estimulada a trabalhar para a construção do sentindo da história.
Este processo de introdução ao mundo da leitura desde os primeiros anos é importante
também pois gera na criança um instinto de independência na qual ela pode ser livre para
interpretar e construir os sentidos do texto, que servirá como base e experiência para que a
mesma possa refletir criticamente sobre o contexto que a cerca e ajudar a interpretar as
situações, construindo uma criança com senso crítico. Assim desenvolvimento da leitura nas
crianças resultara:

[..]O desenvolvimento da leitura entre crianças resultará em um


enriquecimento progressivo no campo dos valores morais, da cultura
da linguagem e no campo racional. O hábito da leitura ajudará na
formação da opinião e de um espírito crítico, principalmente a leitura
de livros que formam o espírito crítico, enquanto a repetição de
estereótipos empobrece. (GOÉS, 2010, p.47).

Nesse sentido, o hábito pela leitura configura-se como um elemento fundamental para
o desenvolvimento da criança e ao mesmo tempo funciona como uma ferramenta que está à
disposição dos profissionais da educação, para utilizarem no desenvolvimento da linguagem,
além de enriquecer a oralidade da criança, uma vez que quando lemos, estamos exercitando
nossa mente e acentuando conhecimentos.

Ouvir histórias é muito importante na formação de qualquer criança, é o


início da aprendizagem para ser um leitor e, tornar-se um leitor é começar a
compreender e interpretar o mundo. Por isso precisamos ler histórias para as
crianças, sempre, sempre... (ABRAMOVICH, 1993, p.17)
Por isso, ao proporcionar uma extensa e variada gama de leituras para crianças é um
grande passo para incentivar os pequenos leitores a se tornarem proficientes, autônomos e
críticos literários. A literatura infantil trata com cuidado desta questão por trazer ao universo
dos pequenos leitores um mundo de palavras, imagens e concepções – fantasias que tratam de
uma diversidade de temas que pode fazer parte ou não da vida dessas crianças, mas que,
certamente, convida a uma busca por mais palavras, mais histórias e mais leituras.
(MARQUES, 2013, p.78)

Nesse sentido se torna importante ressaltar que a função primordial da literatura


infantil é levar a criança a imaginar, a exercitar a ação de fantasiar. Nas palavras de Coelho
(2000, apud GREGORIN FILHO, 2009, p. 9): “A literatura infantil é, antes de tudo, literatura;
ou melhor, é arte: fenômeno de criatividade que representa o mundo, o homem, a vida, através
da palavra. Funde sonhos e a vida prática, o imaginário e o real, os ideais e sua
possível/impossível realização [...]”.
Ouvir histórias é muito importante na formação de qualquer criança, é o
início da aprendizagem para ser um leitor e, tornar-se um leitor é começar a
compreender e interpretar o mundo. Por isso precisamos ler histórias para as
crianças, sempre, sempre... (ABRAMOVICH, 1993, p.17)

A introdução da criança no mundo da leitura é o disparo para um mundo de novas


ideias, assim, as construções dos significados vem por meio da leitura e da internalização do
que foi lido ou ouvido. Desse modo, o professor pode trabalhar com uma gama de livros
diferentes e gêneros, cada um deve construir sua metodologia.
Nesse sentido retomando a ideia de oferecer a criança o acesso a uma gama de
literaturas, essa oferta incentiva a criança a optar por um livro, aquele que mais lhe chamou a
atenção; é o despertar da autonomia, pois a criança busca dentro de si motivos para a escolha
de determinada obra. As primeiras leituras que a criança realizara, ainda que tropece nas
palavras, são orientadas pela professora; até mesmo a interpretação do texto também é
inicialmente baseada nas concepções do educador. Sendo assim, logo que a criança adquire
certa habilidade e autonomia, ela começa a manifestar suas próprias interpretações e
consequentemente vai delineando suas preferências, começando a apresentar seus
julgamentos, como crítico literário. (MARQUES, 2013, P.78)
A literatura infantil não é um mero artifício para ensinar a ler ou a entender a lição; ela
precisa ser desfrutada, compreendida como arte. Para tanto, o trabalho do professor em sala de
aula requer um amplo estudo não apenas das obras ou teorias, mas também do ambiente, de
seus alunos e a captação da importância e responsabilidade que acarreta sobre a formação dos
estudantes. Gregorin Filho (2009) ressalta o valor da atividade educacional estruturada para a
sociedade:
Trabalhar com literatura infantil em sala de aula é criar condições para
que se formem leitores de arte, leitores de mundo, leitores plurais.
Muito mais do que uma simples atividade inserida em propostas de
conteúdos curriculares, oferecer e discutir literatura em sala de aula é
poder formar leitores, é ampliar a competência de ver o mundo e
dialogar com a sociedade. (p.77)

A literatura infantil é essencial no meio escolar para auxiliar na educação e, também,


para levar fantasia para a vida das crianças e de quem convive com elas. Para que se tenha a
literatura como ferramenta para o desenvolvimento infantil, o trabalho realizado em sala de
aula pelos professores é o que tira os livros da biblioteca e os direciona aos alunos. Sem essa
motivação, poucos livros são retirados para empréstimos nos espaços destinados aos acervos
literários e pouco acontece para o aprimoramento da leitura. Uma ação de cunho proativa é
que de fato faz a alteridade na esfera de leitura literária nas escolas, atitude que deveria fazer
parte do cotidiano escolar; na realidade, acontece esporadicamente ou não acontece. O
conhecimento dos profissionais da educação sobre a existência dos livros e coleções presentes
na biblioteca e as diversas formas de trabalhos educacionais serão a diferença entre uma
biblioteca bem utilizada com frequentadores e trabalhos com literatura, em detrimento do
lugar onde apenas se guardam livros. (MARQUES, 2013,p.79)

O teatro, por exemplo, é uma boa forma de agregar novos significados para o mundo
da criança, não só imaginário, mas também em seu léxico, uma vez que através das ações e
objetos podemos introduzir pelo imaginário novos conceitos, pensamentos e até mesmo
reflexões que mais tarde amadureceram em suas mentes. Coelho (2000, pg.141) explica que,

[...] a literatura infantil vem sendo criada, sempre atenta ao nível do leitor ao
qual se destina [...] e consciente de que uma das mais fecundas fontes para a
formação dos imaturos é a imaginação – espaço ideal da literatura. É pelo
imaginário que o eu pode conquistar o verdadeiro conhecimento de si
mesmo e do mundo em que lhe cumpre viver.

A literatura infantil, nesta perspectiva, pode ser observada como uma ferramenta
importante para que a criança tome gosto pela leitura, pois a leva para um mundo novo, com
coisas e significados novos, ajudando a internalizar o mundo que a cerca, preparando-a para
novas tomadas de decisões e assim, promovendo um sujeito autônomo. Sendo assim é
importante perceber que contar história põe as crianças em contato com os textos, com os
autores, com inúmeras concepções e possibilidades. Segundo Carneiro (2013, p.5) , no
entanto:
“A inserção da literatura infantil não apenas se faz nos quadros da
escrita, como é desta relação que ela retira suas normas e valor. Isso
significa sua permeabilidade à história literária e a necessidade do
compromisso com o escritor com uma iniciativa para o novo e o
transformador. Todavia as obras para crianças absorvem recursos de
outros meios de comunicação, sobretudo de ordem óptica, como a
exploração visual, próprio às artes pictóricas e aos veículos de cultura
de massa”.

De acordo com a citação acima, ela arremete nossa analise para a questão relacionada
a grande preocupação de os livros voltados para a criança veicularem uma cultura de massa
que está relacionada e comprometida o com o sistema de cultura e divulgação da indústria,
impedindo assim que a criança reflita, questione, descubra, se aproprie do texto, enfim seja
ela mesma, criança. O grande prejuízo da literatura infantil pode decorrer do fato de que ela é,
muitas vezes, utilizada na escola para incentivar comportamentos adequadamente desejáveis.
(CARNEIRO, 2013, p.6)
Sendo assim, na maior parte das vezes a escola vem a se utilizar da literatura para
difundir preconceitos, estereótipos e por fim domesticar os pequenos a condutas previamente
aceitas pela sociedade em geral. É fundamental que os profissionais que atuam na área,
sobretudo que lidam com a infância tenham clareza do valor do ato de contar histórias e da
sua importância enquanto atividade que vai introduzir a criança no mundo da literatura e do
saber. De acordo com Freitas (2012, p.246) contar histórias é uma arte é o equilíbrio do que é
ouvido com o que é sentido. É o uso simples e harmônico da voz do narrador. O narrador tem
que conhecer a história que vai ler e transmitir confiança aos ouvintes, motivar a atenção e
despertar admiração ao mesmo tempo, envolver-se com a história e os ouvintes. O objetivo da
narração é o de ensinar a criança a escutar, a pensar, a enxergar o mundo com os olhos da
imaginação.
Nesse sentido Freire (1993) também fala de ensinar, aprender a leitura do mundo, a
leitura da palavra, onde ler não é simplesmente entretenimento nem tampouco um exercício
de memorização de cunho mecânico de certos trechos de texto. O autor esclarece ainda a
significação acerca da leitura: ler é uma operação inteligente, difícil, exigente, porém
gratificante. Ler é buscar a compreensão do lido, daí a importância do ensino correto da
leitura e da escrita. Ensinar a ler é engajar-se em uma experiência criativa em torno da
compreensão e da comunicação. A experiência da compreensão é a capacidade de associar,
jamais dicotomizar.
E a experiência da compreensão será tão mais profunda
quanto sejamos nela capazes de associar, jamais dicotomizar, os
conceitos emergentes na experiência escolar aos que resultam do
mundo da cotidianidade. Um exercício crítico sempre exigido pela
leitura e necessariamente pela escuta é o de como nos darmos
facilmente à passagem da experiência sensorial que caracteriza a
cotidianidade a generalização que se opera na linguagem e desta ao
concreto tangível. Uma das formas de realizarmos este exercício
consistente na prática a que me venho referindo como “leitura da
leitura anterior do mundo”, entendendo-se aqui como “leitura do
mundo” a “leitura” que precede a leitura da palavra e que perseguindo
igualmente a compreensão do objeto se faz no domínio da
cotidianidade. A leitura da palavra, fazendo-se também em busca da
compreensão do texto e, portanto, dos objetos nele referidos, nos
remete agora a leitura anterior do mundo. O que me parece
fundamental deixar claro é que a leitura do muno A importância da
Literatura Infantil no Processo de Alfabetização... 247 que é feita a
partir da experiência sensorial não basta. Mas, por outro lado, não
pode ser desprezada como inferior pela leitura feita a partir do mundo
abstrato dos conceitos que vão da generalização ao tangível. (FREIRE,
1993, p. 30).

Ensinar não pode ser um puro processo de transferência de conhecimentos. A forma


crítica de compreender a leitura da palavra e a leitura do mundo está na associação da
linguagem simples construída de conceitos criados na cotidianidade, no mundo da experiência
sensorial com a “linguagem difícil” que vem de conceitos abstratos. A relação entre ler e
escrever é um processo que não pode ser separado. Quando aprendemos a ler, o fazemos
sobre a escrita de alguém que antes aprendeu a ler e a escrever. Ao aprender a ler, nos
preparamos para imediatamente escrever a fala que socialmente construímos (FREIRE, 1993,
p. 36).
Assim, realizando uma breve reflexão acerca do pensamento de Paulo Freire, que nos
arremete a uma educação crítica, acerca do ensino da leitura e escrita associado a literatura
infantil podemos dizer que as escolas deveriam estimular de forma realmente significativa o
gosto da leitura e da escrita durante todo o tempo de sua escolarização da criança iniciando
desde a educação infantil perpetuando assim durante todo o seu processo de construção do
conhecimento. Que o ato de ler não signifique um fardo ou uma obrigação, mas sim uma
fonte de alegria e de prazer. (FREITAS, 2012 .p.249)
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando a leitura como um sistema particular de símbolos e signos que por sua
vez dominados pela criança tem grande significado e importância em todo do processo de
desenvolvimento cultural e cognitivo da criança, o (não concluiu a ideia). Nesse sentido,
trabalhoar com Literatura não se restringe somente a decodificar, resumir ou assimilar textos
prontos e acabados, mas sim criar e elaborar um ambiente de aprendizagem onde existaas
possibilidades para a construção de conhecimentos que tenham significado para os alunos.
Assim, por meio de práticas pedagógicas que possibilitem a interação com diferentes
tipos de gêneros literário, que possibilitem ler histórias, imaginar criar e recriar cenas, recriar
personagens, vivenciar cada palavra trazida pelo autor, faz com que os alunos presentes no
processo de ensino e aprendizagem possam desenvolver suas capacidades cognitivas.
Por meio da práatica pedagógica o professor pode fazer da Literatura Infantil uma
experiência riquíssima e inesquecível que possibilite as crianças trabalhar com o imaginário e
a criatividade.
Ao trazer obras literárias para o universo da sala de aula, o docente que utiliza-se dos
livros em suas práticas diárias proporciona expectativas, experiências sensórias, memórias e
emoções que só podem ser trabalhadas e por conseguintes vivenciadas a partir deste universo
imaginário proporcionado pela literatura.
Todo docente deve entender a infância como sendo o período mais adequado para
haver maior concentração e preocupação no desenvolvimento da leitura, pois é necessário que
se pense em práticas que venham a mostrar para criança o que precisa ser construído por ela
no âmbito do aprendizado da leitura, no qual o adulto leitor tem a função de tornar possível a
aprendizagem desta atividade. Para facilitar a entrada da criança no mundo da leitura e da
escrita, o adulto deve ler para ela. Sendo assim, o principal fator considerado, quando a
leitura está em foco, é a riqueza do processo de encantamento pelas palavras e de tornar o
momento da leitura agradável de modo que se desenvolva na criança um habito, uma tomada
de gosto pelo ato de ler que a acompanhara pela vida a fora.

Porém, a literatura infantil de qualidade em muitos momentos dentro da educação


infantil ainda é oferecida como uma forma de passar o tempo e restringida a um material de
baixa qualidade e de baixo repertorio linguístico o que limita o acesso das crianças a um
desenvolvimento crítico. Mesmo com a distribuição dos livros pelo programa do PNBE, as
docentes utilizam-se muitas vezes de livros cuja enredo das histórias é medíocre e de má
qualidade, limitando ou simplesmente não usando o material distribuído pelo PNBE. Diante
das experiências tanto na rede pública quanto na rede particular pode-se observar uma grande
diferença na oferta e na organização de momentos voltados ao deleite de uma leitura de
qualidade. Podemos perceber que a leitura para os pequenos é uma ferramenta utilizada como
meio para “acalmar a turma ou usada como artificio para preparar as crianças para uma
próxima atividade. Freire (1979, p. 58) nos lembra que “[...] para ocorrer uma mudança de
postura é necessário que haja compromisso em querer mudar.” Não se pode permitir que a
neutralidade continue permeando diante às situações que são impostas, perpetuando
comportamentos manipuláveis pelo sistema educacional que castra qualquer possibilidade de
desenvolvimento reflexivo, sendo o homem sujeito de sua educação e não objeto dela.
Nesse sentido, pensando acerca de um desenvolvimento critico, o docente deve ter
como premissa o cuidado com a escolha e a preparação do momento da leitura e contação de
histórias de modo que venha a proporcionar momentos prazerosos de imaginação e fantasia de
modo que essa criança seja estimulada a conhecer outras culturas, enriquecendo assim seu
repertorio linguístico e possibilitando o desenvolver de um pensamento crítico. Assim, por
meio desta pesquisa enquanto educadora pude perceber que por meio da experiência com a
leitura as crianças podem perceber o texto literário como sendo um elemento integrante e
formador do seu patrimônio histórico e cultural, sendo assim uma fonte inesgotável e
inigualável de criatividade e observação. Proporcionar momentos que venham a construir para
a formação de sujeitos críticos e amantes da leitura deve ser visto como uma parte
fundamental do planejamento pedagógico não sendo apenas usado como um momento
aleatório mais sim visto como um momento propicio para a construção de significados, de
transmissão e mediação da cultura dentro do ambiente de sala de aula.
Portanto, o trabalho com a literatura deve ser desenvolvido de uma maneira que venha
a estimular a imaginação, a pesquisa, a exploração, criatividade e a inventividade de modo
autentico. Para que a escola venha contribuir na formação de pessoas ativas, faz-se necessário
a aplicação de uma pratica pedagógica que realmente valorize e esteja comprometida com a
formação humana, propondo às crianças situações de aprendizagem que envolvam-nas
prazerosa. Freire (1983), nos diz que: “[...]é fundamental partir de que o homem é um ser de
relações e não só de contatos, que está com o mundo e não apenas no mundo.” Sendo assim o
papel do professor nessa apropriação cultural do ato de ler esta em possibilitar aos pequenos
uma interação com diferentes tipos de gêneros literários, de modo que se possa ampliar os
conhecimentos acerca deste universo.
Por meio dessa experiência com a leitura as crianças podem perceber o texto literário
como sendo um elemento integrante e formador do seu patrimônio histórico e cultural, sendo
assim uma fonte inesgotável e inigualável de criatividade e observação.

REFERENCIAS

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Retome os objetivos e diga o que foi possível realizar. Escreva também sobre o as
contribuições que a escrita da monografia trouxe para você enquanto educadora, futura
educadora etc... o que fará diferente a partir da ampliação do conhecimento?

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