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A PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE NA CONSTRUÇÃO DA

ESCOLA DEMOCRÁTICA

Francielle Kunen Farias¹


Renata Alves da Silva Carvalho ¹
Vanessa Roecker Rodrigues¹
Catia Regina Cardoso Pereira ²

Resumo
O eixo norteador deste artigo tem como enfoque a Prática Interdisciplinar VIII,
abordando as relações interpessoais entre escola e comunidade. Diante disso, busca-se
inferir sobre o papel da gestão frente a realidade escolar, compreendendo como
funciona a gestão democrática-participativa. Destacando nesse processo educativo a
importância da parceria entre ambas para a construção de uma escola democrática,
garantindo desse modo que os direitos e deveres sejam cumpridos, lutando
conjuntamente por uma educação de qualidade para todos.

Palavras Chave: Gestão escolar. Gestão democrática. Comunidade.

1 INTRODUÇÃO

O presente paper em sua temática apresenta um estudo sobre a participação


efetiva da comunidade na gestão escolar, para que de fato se construa uma escola
democrática. Visto que a gestão democrática-participativa é uma das mais abordadas e
exercidas nas instituições escolares atuais, baseada na participação de todos os
envolvidos no processo educativo, destaca-se neste artigo além dos desafios
encontrados por ambas as partes, os inúmeros benefícios que esta relação proporciona à
comunidade escolar como um todo.
Dentro desse contexto, nota-se que o papel da gestão frente a realidade escolar é
fundamental, precisa ser executada com motivação, preocupação, atualizando-se,
compartilhando conhecimentos e principalmente conhecendo as adversidades que a
comunidade escolar traz.
A participação da comunidade escolar possibilita detectar e solucionar problemas
que cercam o ambiente educacional. Apenas através dessa conjugação de esforços que
se concretiza na cooperação conjunta é que a comunidade escolar passará ter um papel
mais ativo nos processos de planejamento e decisórios, assumindo responsabilidades da

1 Francielle Kunen Farias; Renata Alves da Silva Carvalho; Vanessa Roecker Rodrigues
2 Catia Regina Cardoso Pereira
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI - Pedagogia (PED1609) – Prática
Interdisciplinar VIII – 02/04/2020
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gestão pública, seja por meio dos mecanismos de participação ou pela participação
direta.

2 GESTÃO DEMOCRÁTICA

Um dos cinco princípios da democracia é a participação. Do latim participativo


(participação) significa a ação e o efeito de participar (intervir, tomar parte, ser parte de
compartilhar, denunciar). Também pode ser empregado com referência à capacidade de
os cidadãos se envolverem nas decisões políticas de um país, organização ou grupo.
Segundo Libâneo (2004, p.102) “a participação é o principal meio de assegurar a gestão
democrática da escola, possibilitando o envolvimento de profissionais e usuários no
processo de tomada de decisões e no funcionamento da organização escolar”.

Para concretizar uma gestão democrática requer atitude e métodos, conforme disse
Gadotti (2000, p.36-37) “gestão democrática é, portanto, atitude e método. A atitude
democrática é necessária, mas não é suficiente, precisamos de métodos democráticos de
efetivo exercício da democracia. Ela também é um aprendizado, demanda tempo,
atenção e trabalho”. A relevância da gestão democrática para a edificação de uma
sociedade mais justa, a serem observados e analisados no eixo da gestão educacional.
Assim, (LUCK, 2009, p. 95) ao definir a função do gestor escolar dentro do contexto
escolar, analisa que:

A gestão pedagógica é, de todas as dimensões da gestão escolar, a mais


importante, pois está mais diretamente envolvida com o foco da escola que é
o de promover aprendizagem e formação dos alunos, conforme apontado
anteriormente. Constitui-se como a dimensão para a qual todas as demais
convergem, uma vez que esta se refere ao foco principal do ensino que é a
atuação sistemática e intencional de promover a formação e a aprendizagem
dos alunos, como condição para que desenvolvam as competências sociais e
pessoais necessárias para sua inserção proveitosa na sociedade e no mundo
do trabalho, numa relação de benefício recíproco. Também para que se
realizem como seres humanos e tenham qualidade de vida.

O gestor que assume a direção da instituição de ensino exerce atividades


administrativas, as principais ações:

Dirigir e coordenar o andamento e o clima dos trabalhos ,assim como a


eficácia na utilização dos recursos e meios, em função dos objetivos da
escola; assegurar o processo participativo de tomada de decisões e cuidar
para que essas decisões se convertam em ações concretas; assegurar a
execução coordenada e integral das atividades da escola, com base nas
decisões tomadas coletivamente; articular as relações interpessoais na escola
e entre a escola e comunidade, especialmente os pais. (LIBÂNEO, 2004,
p.215)
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Nota-se que o gestor é parte fundamental na democratização da escola, por ser


considerado o responsável último desta e, do mesmo modo, por ter a função de
promover a participação de todos. Sendo assim:

A liderança efetiva da escola e não a sua atitude de controle e cobrança é um


fator primordial na qualidade da gestão e no ensino. Dirigentes de escola
eficaz são lideres, estimulam os professores e funcionários da escola, pais,
alunos e comunidade a utilizarem o seu potencial na promoção de um
ambiente escolar educacional positivo e no desenvolvimento de seu próprio
potencial orientado para a aprendizagem e construção do conhecimento, a
serem criativos e proativos na resolução de problemas e enfretamento de
dificuldades. (LUCK, 2000, p.16)

Educadores, colaboradores, comunidade, pais e direção são indivíduos integrantes


da gestão democrática, colaboradores da construção e formação do ambiente escolar,
responsáveis pelo desenvolvimento e aperfeiçoamento da educação. Essa transformação
exige o reconhecimento desse fator pelos participantes do processo escolar, de sua
compreensão ao seu papel em relação ao todo.

2.1 MECANISMOS DE PARTICIPAÇÃO

A gestão escolar precisa valorizar os meios de comunicação com a comunidade,


assim como promover o fortalecimento da cultura, além de facilitar a construção
coletiva do Projeto Político Pedagógico, já que essas medidas são norteadoras da
mudança do cenário educacional. Assim como todos devem buscar ser dinâmicos e
participantes, conhecendo os meios de participação e seus mecanismos. No Art. 9º da
Lei 4.751/2012, marco legal da gestão democrática no Distrito Federal, temos como
mecanismos de participação: I – órgãos colegiados: Conferência Distrital de Educação;
Fórum Distrital de Educação; Conselho de Educação do Distrito Federal; Assembleia
Geral Escolar; Conselho Escolar; Conselho de Classe; Grêmio Estudantil; II – direção
da unidade escolar. Na mesma lei, informa como serão constituídos tais mecanismos,
suas funções e competências. A Conferência Distrital de Educação, o Fórum Distrital de
Educação e o Conselho de Educação do Distrito Federal terão uma atuação a nível
distrital. E os mecanismos mais atuantes dentro da unidade escolar são a Assembleia
Geral Escolar, o Conselho Escolar, o Conselho de Classe e o Grêmio Estudantil.

2.2 PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE ESCOLAR

A participação da família na vida escolar dos alunos contribui para a


aprendizagem, assim, a escola precisa fazer uma intervenção em seu próprio contexto,
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de forma a buscar meios em que a família possa verdadeiramente se tornar participante


da vida escolar de seus filhos, inserindo ações voltadas para o envolvimento das
famílias nas atividades escolares, promovendo reuniões com pais, alunos e equipe
escolar. Somente participando é que poderão analisar os resultados e perceberem a
importância da sua presença no cotidiano escolar do aluno. Portanto, há várias formas
de interação escola e família.

O apoio da comunidade é efetivo quando ocorre num ambiente de interação


entre a comunidade e o pessoal da escola, de tal maneira que atuem em
conjunto e em associação como elementos de apoio da aprendizagem e da
própria gestão da escola e não apenas como apoiadores para a melhoria das
condições materiais e financeiras da escola. O apoio da comunidade para as
questões nutricionais e de saúde dos alunos tem demonstrado ser
extremamente importante, na promoção de aprendizagem dos alunos, assim
como reforço no desenvolvimento de valores positivos nos alunos. (LUCK,
2000, p.16)
Estreitar a distância precisa ser o objetivo de pais, educadores, educandos e
direção. Lembrando que todas as formas de contatos entre escola e família são válidas
para diminuir essa lacuna do universo escolar.

A participação dos pais na vida da escola tem sido observada em pesquisas,


como um dos indicadores mais significativos na determinação da qualidade
do ensino, isto é, aprendem mais os alunos cujos pais participam mais da vida
da escola. (LUCK, 2010, p.86)

Sendo assim, educadores, equipe técnico-pedagógica, educandos, funcionários,


comunidade, pais e direção são sujeitos integrantes da gestão democrática,
colaboradores da construção e formação do ambiente escolar, corresponsáveis pelo
desenvolvimento e aperfeiçoamento de uma educação de qualidade. Essa transformação
exige o “reconhecimento desse fator pelos participantes do processo escolar, de sua
compreensão ao seu papel em relação ao todo”. (LUCK, 2000, p.16).

Consequentemente a escola se constitui como um ambiente que propicia diversas


situações de aprendizagem e, neste aspecto, o envolvimento dos pais e professores é
essencial para que a escola entenda e tenha retorno de como estes a veem, ouvindo
sugestões, da mesma forma que a escola apresenta sua função pedagógica para fora dos
muros.

A participação da família é fundamental para o aprendizado dos alunos e sua


ausência pode gerar adversidades difíceis de serem sanadas somente pela escola. A
implementação da gestão escolar participativa democrática se mostra como um desafio
à sociedade.
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O processo democrático e descentralizador da gestão escolar participativa busca


por igualdade, equidade, mobilização e comprometimento dos diferentes segmentos da
comunidade escolar, de forma a superar as dificuldades no processo educacional e
torná-los cidadãos responsáveis. A gestão participativa só acontecerá com o
envolvimento da comunidade escolar e a compreensão de sua identidade dentro do
contexto escolar.

Os canais de participação devem envolver momentos de discussão com objetivo


de reflexão acerca dos mais diversos aspectos sociais, entre estes, os conceitos que se
entendem acerca da autonomia, cidadania, democracia e gestão escolar, enfocando os
aspectos que podem ser vistos como desafiadores, bem como aqueles que podem ser
entendidos como motivadores para que se busque a melhora na qualidade da educação
para todos. Este tipo de perspectiva que envolve a visão de uma educação como direito
de todos e dever do estado, que preconiza a Constituição Federal (BRASIL, 1988), por
meio do artigo 205:

A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e


incentivada com a colaboração da sociedade, visando o pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho.

A importância do exercício amplo da cidadania, sendo o ambiente escolar


propicio para que ocorra a colaboração da sociedade, em face de alcançar o
desenvolvimento pleno da pessoa, e espaço de preparo para que esta possa se manifestar
em busca de alcançar uma educação que forme, além de informar, visto que a escola
sozinha não é capaz de atingir tal objetivo, mas o faz com apoio e acompanhamento de
todos os segmentos que dela participam, como pais, professores, sociedade e demais
colaboradores. Podemos afirmar que sem participação não existe democracia.

3 METODOLOGIA
Na construção deste artigo foi utilizada a pesquisa simulada, tendo como base a
leitura de livros, artigos, textos, revistas, filmes, entre outros.

A pesquisa bibliográfica, ou de fontes secundárias, abrange toda bibliografia,


já tomada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas,
boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, material
cartográfico etc.…, até meios de comunicação orais: rádio, gravações em fita
magnética e audiovisuais: filmes e televisão. Sua finalidade é colocar o
pesquisador em contato direto com tudo o que foi escrito, dito ou filmado
sobre determinado assunto, inclusive conferências seguidas de debates que
tenham sido transcritos por alguma forma, querem publicadas, quer gravadas.
Dessa forma, a pesquisa bibliográfica não é mera repetição do que já foi dito
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ou escrito sobre certo assunto, mas propicia o exame de um tema sob novo
enfoque ou abordagem, chegando a conclusões inovadoras (LAKATOS e
MARKONI, 2009, p.185).

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após estudo verificou-se a importância da parceria entre escola e comunidade, a
fim de se construir uma escola democrática. A gestão escolar assume papel fundamental
nesse processo, valorizando os meios de participação da comunidade. Nesse sentido é
relevante que, tanto docentes quanto discentes, aprofundem as discussões contidas no
Regimento Escolar e outros instrumentos fundamentais (Projeto Político Pedagógico,
Proposta Pedagógica Curricular, Plano de Trabalho Docente) para o processo de ensino
aprendizagem. Evidencia-se assim, a importância da articulação da escola com
comunidade na elaboração e construção destes documentos, de modo a promover a
participação democrática do coletivo escolar.
Diante desse desafio, implementar a gestão escolar democrática, por meio do
exercício da cidadania, só se efetivará pelo fortalecimento das instâncias colegiadas e
outras formas de representação essenciais para a manutenção da participação
democrática, nas decisões e nas responsabilidades, que exijam o envolvimento desses
atores sociais. Sendo assim, os estudantes e os agentes educacionais têm papel
determinante na consolidação das relações na escola, uma vez que são atores que, por
muitas vezes, estão na invisibilidade deste processo.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Educadores, colaboradores, comunidade, pais e direção são indivíduos integrantes


da gestão democrática, colaboradores da construção e formação do ambiente escolar,
responsáveis pelo desenvolvimento e aperfeiçoamento da educação. Essa transformação
exige o reconhecimento desse fator pelos participantes do processo escolar, de sua
compreensão ao seu papel em relação ao todo.

Cabe ao gestor ser o intermediador de conflitos e motivador de sua equipe, mas


isso não tira a responsabilidade de que cada um em prol de uma educação de qualidade,
em que a participação é fundamental para se obter uma escola em que todos alunos
possam se transformar em cidadãos ativos e participantes da sociedade. Os mecanismos
participativos atuantes na escola possuem certa eficiência, e o que mais favorece a
construção de uma gestão democrática participativa é sem dúvida a atuação da equipe
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gestora aberta a novas ideias, uma vez que a mesma é a responsável por criar
oportunidades e momentos de reflexão e construção coletiva, sem se desfazer dos
mecanismos de participação, pois estes devem atuar conjuntamente em prol de uma
democratização do ambiente escolar.
A participação da comunidade escolar adquire peso fundamental em
contraposição a uma gestão centralizada, em que os mecanismos de participação atuam
em conjunto com a comunidade, observando as trocas de ideias e informações. Pois a
democratização da educação implica na ruptura de uma gestão centralizadora e no
estabelecimento de uma gestão colegiada, onde os planejamentos e decisões surjam das
discussões coletivas e democráticas, em que todos os segmentos da escola estejam
envolvidos e ativos no processo democrático participativo.

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