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BACHAREL

FACULDADE LATINO-AMERICANA DE TEOLOGIA INTEGRAL


O evangelho todo, para o homem todo, para todos os povos.

TEOLOGIA
ACONSELHAMENTO
CRISTÃO
FLAM – FACULDADE LATINO-AMERICANA DE TEOLOGIA INTEGRAL
www.flam.org.br
Diretora Acadêmica: Ivone Lima Botelho

Departamento de Educação a Distância – FLAM ONLINE


www.flamonline.com.br
Coordenação Geral: Prof. Enilson Elias de Castro Monteiro

Curso de Extensão em Aconselhamento Cristão


Professor Conteudista: Prof. Pr. José Januário (Pr. Nino)
Revisão Geral e Pedagógica: Profª. Adriana Torquato Resende
I - FUNDAMENTOS DO ACONSELHAMENTO CRISTÃO

O objetivo do nosso curso é demonstrar que o aconselhamento cristão é uma poderosa


ferramenta que deve ser usada para ajudar as pessoas a superar suas crises, mantendo-as
participativas e saudáveis em sua jornada existencial.

1 – Definições de Aconselhamento

“É uma relação entre duas pessoas onde o conselheiro assume a responsabilidade de ajudar o
aconselhando. O alvo desses encontros não são os problemas, mas sim a pessoa.”

Erickson

“O aconselhamento é primeiramente uma relação em que uma pessoa, o ajudador, busca


assistir outro ser humano nos problemas da vida.”

Gary Collins

“Podemos definir aconselhamento como uma atividade com o objetivo de ajudar aos outros em
todo e qualquer aspecto da vida, dentro de um relacionamento de cuidado.”

Roger Hurding

“Aconselhamento é uma relação de cuidado com o objetivo de encorajar as pessoas em suas


crises nas estações da vida, ajudando-as a enfrentar mais eficazmente as adversidades da nossa
jornada existencial. Aconselhar envolve ouvir: ouvir com os olhos, com os ouvidos e com o
coração.”

Professor Nino

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2 – O Alvo do Aconselhamento Cristão

O alvo do aconselhamento cristão é promover a autonomia, o autoconhecimento, o aprendizado


e a autorrealização do aconselhando, para que ele cresça espiritualmente rumo à maturidade
cristã.

3 – Três Fatores para um Aconselhamento Eficaz

Técnica Vivência Dependência do


Espírito Santo

•Bom domínio e •Percepção,


conhecimento de sensibilidade,
teorias e de gostar de
estratégias de aconselhar e fazer
aconselhamento. isto com
frequência.

4 – A Contribuição de Ciências Afins no Processo Terapêutico do


Aconselhamento

Como o ser humano é um ser integral e interligado (física, emocional e espiritual), o processo de
restauração de uma pessoa em crise pode requerer o emprego de ferramentas e estratégias de
outras ciências. Veja alguns exemplos:

Psicologia: Como ciência do comportamento humano, pode nos ajudar na


compreensão dos fenômenos psíquicos da mente humana;

Psiquiatria: Pode nos ensinar muito a respeito de problemas estruturais da mente,


especialmente na abordagem de doenças mentais;

Antropologia: Fornece subsídios que nos permitem analisar o ser humano através de
características biológicas e culturais;

Sociologia: Lança luz sobre as relações sociais que se estabelecem entre indivíduos
numa comunidade ou grupo social.
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II - A BÍBLIA E O ACONSELHAMENTO

A Bíblia pode e deve ser usada no aconselhamento, seja de pessoas evangélicas ou não crentes.
Três considerações importantes quanto à utilização da Palavra de Deus no processo de
aconselhamento:

• A Palavra de Deus tem poder (2Tm 3.16,17; Hb


1 4.12);

• A Palavra de Deus deve ser bem manejada (2Tm


2 2.15);

• O conselheiro deve conhecer bem a Bíblia e as


3 características do ser humano para aconselhar com
coerência e relevância.

1 – Princípios Básicos para o Aconselhamento

Crer na possibilidade de restauração da pessoa humana;

Ter amor para com o seu aconselhando;

Compreender o aconselhando;

Orientar;

Consolar;

Individualizar o atendimento: o aconselhando é uma pessoa única e singular.

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2 – Seis Dimensões Básicas do Aconselhamento Efetivo

1ª) Empatia
Procure sentir como o aconselhando encara o seu problema. Tente “calçar os seus
sapatos”.

2ª) Respeito

Respeite-o como uma pessoa única, singular. Não o menospreze, não despreze a sua dor.

3ª) Concreticidade

Tenha objetividade e capacidade de sintetizar ideias.

4ª) Autenticidade
Seja autêntico e honesto como conselheiro. Não dê falsas esperanças, não omita a
verdade.

5ª) Confrontação
Saber como e quando confrontar o aconselhando com a verdade e fazer isto com firmeza
e amor.

6ª) Proximidade
Procure entrar no mundo do aconselhando. Permita que o aconselhando saiba que você
se importa com ele. Mas não abra mão da prudência e da cautela.

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III - O MINISTÉRIO DE ACONSELHAMENTO

Aconselhamento Pastoral é a atuação do pastor na tentativa de auxiliar as pessoas para que elas
possam obter entendimento sobre os seus conflitos e assim encontrar a solução, a cura e o alívio.

Não se deve fugir do aconselhamento no ministério pastoral. O aconselhamento é uma


ferramenta indispensável para a saúde emocional do rebanho. Contudo, esse ministério não é
exclusividade do pastor. O cristão verdadeiramente convertido e capacitado por Deus pode
exercê-lo eficazmente.

No contexto da igreja local, o aconselhamento é essencial para que as pessoas superem as


suas dificuldades e cresçam espiritualmente. O conselheiro deve atentar para esta importante
demanda.

1 – Formas de Aconselhamento

Aconselhamento preventivo através da pregação

• Pregar regularmente sobre problemas existenciais e sobre as crises da vida


encoraja e capacita as pessoas a lidarem com seus dilemas e conflitos.

Aconselhamento informal

• Realizado na visitação, em eventos sociais, etc., enfim, no contato pessoal.

Aconselhamento efetivo

• Realizado no gabinete pastoral ou noutro local apropriado onde


efetivamente se faz a entrevista formal de aconselhamento, também
chamado de Clínica de Aconselhamento.

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2 – Clínica de Aconselhamento

Conselhos práticos para a sua eficaz realização:

Estabelecer dias e horários de atendimento e divulgá-los para a igreja;

Agendar horários antecipadamente via secretária da igreja;

Utilizar uma espécie de prontuário para anotações sobre os problemas dos seus
aconselhandos para melhor acompanhamento. Isto deve ser confidencial, deve ser
bem guardado e de acesso restrito ao pastor ou conselheiro;

O gabinete ou outro local deve ser bem localizado e com boa visibilidade pra quem
está do lado de fora, mas mantendo a privacidade para o aconselhando poder se abrir
com segurança;

O conselheiro deve estabelecer e priorizar dias específicos para aconselhar pessoas no


gabinete;
Se aconselhar não é a sua área ministerial mais forte, o pastor deve se cercar de pessoas
maduras e confiáveis para ajudá-lo nesta tarefa;
Existem situações de aconselhamento que requerem a ajuda especializada de
profissionais da saúde emocional e psíquica. É preciso ter maturidade para
encaminhar estes casos aos profissionais da área;
O conselheiro deve procurar conhecer psicólogos e psiquiatras (preferencialmente
cristãos) para fazer encaminhamento de casos específicos quando for necessário.

3 – Aconselhamento e Psicoterapia

Tendo por base uma abordagem psicanalítica, O Dr. Silas Molochenco, em palestra proferida
no Curso de Pós-graduação em Aconselhamento na Faculdade Teológica Batista em São Paulo
em 2006, enfatizou que:

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Psicoterapia é a terapia da mente, mexe com os problemas do inconsciente, problemas
estruturais da mente. Requer muitas entrevistas para a resolução, para a busca da
harmonia emocional;

O aconselhamento lida com assuntos mais voltados para o cotidiano. Lida com
questões que se referem ao pré-consciente e consciente. O líder cristão ou o pastor
não fazem psicoterapia, mas aconselhamento.

Consciente Pré-consciente Inconsciente


• é tudo aquilo que passa • é tudo que eu consigo • são as vivências que nós
pela mente. resgatar da minha tivemos e que ficam
memória e trazer para o recalcadas, guardadas
meu consciente. fortemente na mente
inconsciente

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IV - O PERFIL DO CONSELHEIRO

Para Gary Collins (2004, p. 25), o conselheiro eficaz “é aquele que constrói um relacionamento
terapêutico com o seu aconselhando”. Em seu livro Aconselhamento Cristão, Collins cita três
qualidades especiais indispensáveis na pessoa do conselheiro:

Calor humano: atenção, respeito e preocupação sincera;

Sinceridade: ser autêntico, honesto e disposto a aprender;

Empatia: capacidade de colocar-se no lugar do aconselhando, procurando sentir o


que ele sente, ver o mundo com os seus olhos e compreender seu sofrimento.

Gostaríamos de acrescentar abaixo outros itens que compõem o perfil de um bom


conselheiro cristão:

•Ser digno de confiança, ser maduro, discreto e capaz de


Confiabilidade
guardar sigilo sobre as confidências do aconselhando.

Capacidade de ouvir com •Ouvir atentamente, observar detalhes. Ouvir com os


atenção ouvidos, com os olhos e com o coração...

•Não se espantar nem se escandalizar com os problemas


Conhecer a natureza humana
que lhe serão contados...

•Ter equilíbrio e serenidade. Desenvolver sua capacidade


Autoconhecimento de autocompreensão. Saber dos seus limites, ter uma vida
emocional equilibrada.

•Demonstrar amabilidade e acolhimento para deixar o


Simpatia
aconselhando mais tranquilo para se abrir.

Saber “filtrar” a fala do •Nem tudo o que se diz é o que se quer dizer... O
aconselhando conselheiro deve saber ler nas entrelinhas...

Conhecimento das técnicas de •Conhecer e saber usar teorias de aconselhamento para


aconselhamento conduzir eficientemente a entrevista.

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•Precisamos orar pedindo a sabedoria que vem do Alto e a
Dependência do Espírito Santo direção do Espírito Santo para aconselhar com eficiência e
eficácia.

Capacidade de gerenciar bem o •Não se perder na condução da entrevista de


tempo da entrevista aconselhamento.

•Saber dos riscos e das implicações do aconselhamento e


Consciência dos perigos
manter-se sempre alerta.

Em síntese:

1 - Preparo: Conhecimento das teorias 2 - Sigilo: capacidade de guardar


de aconselhamento e do ser humano; confidências;

O conselheiro deve
atentar para:

4 - Objetividade: Levar o seu


3 - Neutralidade: Não se envolver
aconselhando a ter autonomia para lidar
emocionalmente com os problemas do
e resolver os seus problemas de modo
aconselhando a ponto de perder a
equilibrado. Fuja da tentação de querer
imparcialidade ou ficar deprimido;
manipular seu aconselhando.

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Referências da Unidade

ADAMS, E. Jay. O Manual do Conselheiro Cristão. São Paulo: Fiel,1982.

BENJAMIN, Alfred. A Entrevista de Ajuda. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

COLLINS, Gary. Aconselhamento Cristão: edição século 21.São Paulo: Vida Nova, 2004.

______. Ajudando Uns aos Outros pelo Aconselhamento. São Paulo: Vida Nova, 2005.

CRABB Jr.; LAWRENCE J. Como Compreender as Pessoas: fundamentos bíblicos e


psicológicos para desenvolver relacionamentos saudáveis. São Paulo: Vida, 1998.

______. Princípios Básicos de Aconselhamento Bíblico. Brasília: Refúgio, 1984.

______. De Dentro para Fora. Venda Nova: Betânia,1992.

HOFF, Paul. O Pastor como Conselheiro. São Paulo: Vida, 1996.

HURDING, Roger F. A Árvore da Cura: modelos de aconselhamento e de psicoterapia. São


Paulo: Vida Nova, 1995.

LEWIS, C. S. Cristianismo Puro e Simples. São Paulo: ABU, 1989.

MOLOCHENCO, Silas. Curso Vida Nova de Teologia Básica: Aconselhamento. São Paulo:
Vida Nova, 2008.

NARRAMORE, Clyde M. A Psicologia da Felicidade. São Paulo:Fiel,1977.

POWELL, John. Por Que Tenho Medo de lhe Dizer Quem Sou? 3. ed. Belo Horizonte: Crescer,
1986.

WHITE, J. As Máscaras da Melancolia: um psiquiatra cristão examina a depressão e o suicídio.


São Paulo: ABU, 1987.

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