Você está na página 1de 7

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PÁRA


Campus Universitário de Abaetetuba
Faculdade de Educação e Ciências Sociais
Disciplina: Estado, Sociedade e Educação

Estado Moderno: concepção, conceito e papel na Educação

Elber Maciel 1
Gevanildo Silva 2
Rafael Albuquerque 3

Introdução:

O presente trabalho trata-se de um resumo expandindo, feito por alunos da


graduação do curso de pedagogia da Universidade Federal do Pará, sobre a orientação
do Dr. Raimundo Nonato Falabelo. Afim de discutir o tema Sociedade, Estado e
Educação a partir da visão de alguns autores sobre o tema, concepções que divergem e
contradições entre eles, a partir de discussões e debates realizados em sala de aula.
O poder do Estado sobre a sociedade, a influência dele sobre a Educação e como
a classe burguesa domina suas ações, são problemas atuais que necessitam de debates e
discussões para uma maior compreensão do problema a ser tratado, pois a visão sobre o
que é um Estado, como ele nasce e suas funções sobre a sociedade, é fácil deturpada por
poderes políticos.
Diante disso, pretende-se investigar a temática intitulada Estado Moderno:
concepção, conceito e papel na Educação, afim de promover uma maior compreensão
do tema, contribuindo para o campo da educação e para o debate a respeito do Estado e
seus efeitos na sociedade, suas diferentes concepções, suas classes dominadoras e
influencia na educação, trazendo contribuições para a discussão e nossa formação
acadêmica e profissional.

¹ Graduando do Curso de Licenciatura em Pedagogia, UFPA, elberoliveira417@gmail.com


² Graduando do Curso de Licenciatura em Pedagogia, UFPA, gevanildo.silva@abaeteuba.ufpa.br
³ Graduando do Curso de Licenciatura em Pedagogia, UFPA, raffaelalbuquerque2000@gmail.com
O trabalho tem como objetivo geral contribuir para a discussão do Estado
moderno e sociedade dentro do campo educacional. Também foram traçados alguns
objetivos específicos como: analisar quais são as funções de um Estado; compreender
como ele se constitui e definir quais os efeitos dele sobre a sociedade e educação.
A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica, esta que reuni e analisa
obras de autores que vão fundamentar o trabalho. A pesquisa apoia-se nos pressupostos
de autores como Gruppi (2001) e Carnoy (1986), que se tem sua discussão embasada na
teoria de vários pensadores mais antigos, como Marx, Rousseau, Bodin, Gramsci,
Maquiavel, e vários outros que contribuíram para a construção, análise e compreensão
da concepção de Estado Moderno.

Referencial Teórico:

1. A origem do Estado Moderno: os primeiros autores:

A concepção de Estado vai se alterando desde seus primeiros idealizadores até a


teoria do Estado Moderno atual. Para Gruppi (2001), Maquiavel não apresenta uma
teoria do Estado Moderno, o que ele teoriza é como se constrói, como se dá a criação de
um Estado, sendo esse o detentor do poder absoluto sobre a sociedade, que faça suas
leis e sua política.
Continuando, Gruppi (2001), diz que Jean Bodin enxergava o Estado como
poder absoluto e que deveria existir um monarca que interpreta as leis divinas e as
aplique de forma autônoma. Para Bodin o que define o Estado é a sua soberania e que
ele deve ser unitário, exercendo, assim, seu poder sobre a sociedade.
Outros pensadores idealizaram o Estado de forma diferente dele como sendo o
poder absoluto. John Locke, por exemplo, via o Estado de forma mais burguesa, para
ele o homem é livre por natureza e que o Estado não deveria ter o poder absoluto. Ele
defendia também, que o Estado pudesse ser feito e desfeito a qualquer momento,
garantido ao homem poder de propriedade e pode político, sendo esses assegurados pelo
próprio Estado e sua organização.
Jean Jaques Rousseau acreditava que o homem era livre, mas, diferente de
Locke, para ele a liberdade só é válida sob direitos e justiça iguais para todos. Rousseau
tinha uma visão burguesa de Estado, que deveria segurar os direitos às propriedades.
Contudo, ele acreditava no poder do povo, que deveria haver uma assembleia com o
poder máximo, para que o estado e seus governantes tivessem a função de servir e
ampliar o desenvolvimento do povo, e sob hipótese alguma o poder nunca deverá ser
transferido.

2. Os diferentes conceitos de Estado

Neste subtópico toma-se como referencial teórico Bresser – Pereira (1995)


procura-se apresentar os diferentes conceitos de Estado. Segundo Pereira (1995) o
Estado é uma estrutura política e organizacional que faz parte da sociedade e ao mesmo
tempo se sobrepõem a ela, comandado por uma classe dominante capitalista que busca
assegurar propriedades.
Fazendo um paralelo com a concepção de Estado, os regimes político e
econômico são facilmente confundidos com Estado, no entanto, o primeiro trata-se de
um regime liberal ou burocrático que são confundidos com Estado, já no regime
econômico, o Estado é confundido com o regime capitalista e o socialista, no entanto, o
Estado será diferente em uma democracia do que em relação a estes regimes
autoritários.
Sociedade civil e Estado também são facilmente confundidos, porém, algumas
diferenças entre ambos ficam evidente. A sociedade civil é composta por classes sociais
que tem acesso ao poder político; já o Estado é a estrutura organizacional e política que
nasce após um contrato social ou acordo político.
Sendo assim, é de fundamental importância pontuar tais diferenças entre Estado,
Sociedade Civil, Regime Político e Regime Econômico, pois cada um possui funções
diferentes e ideologias diferentes que podem ser facilmente deturpadas para enganar o
povo afim de estabelecer algum tipo de regime autoritário ou possuir ganhos políticos
para obter poder sobre a sociedade.

3. Interação estado e sociedade civil:

O estado e sociedade civil e definido como um conjunto das organizações


voluntárias que servem como mecanismo de articulação de uma determinada sociedade.
A sociedade civil e construída pelas classes sociais e grupos que tem acesso diferentes
ao poder político efetivo, já. Estado é a estrutura que organiza e tem poder político,
assim para garantir a legitimidade e criado o contrato social do governo.
É importante ressaltar que a sociedade civil engloba um todo das relações sociais
que estão as margens do estado, dessa forma exercendo uma grande influência sobre
elas.
Com a concepção de Estado torna-se cada vez mais difícil pôr em conta sua
grande abrangência, isto leva a alguns autores a atribuírem conceitos sobre a
importância sócio econômica do estado civil. HEGEL (1821, p.92), O filósofo,
“identificado com o absolutismo Alemão, foi o precursor da ideologia burocrática ao
propor a existência de um Estado neutro, racional”.
E também importante salientar que a sociedade civil não pode ser confundida
como as classes sociais dominantes se organizam nem a população como um povo, mas
um sistema de poder organizado que se relaciona sobre um dialeto neutro do sistema de
poder. O povo pode ser considerado um conjunto de detentores dos mesmos direitos,
mas na verdade a sociedade civil e a fonte real do poder do estado, que estabelece
limites na execução do seu poder.
De acordo com ROUSSEAU (1762.p,93), o estado seria “uma entidade racional
em si mesma”, a qual os interesses individuais, ou seja, a sociedade civil. Já para
DRAPER (1977.p,93), “o estado e racional” que pressupõe a existência de uma relação
ética, justa e harmônica, entre os elementos da sociedade. Mas por outro lado o que está
sendo utilizado não se separa da racionalidade social e nem de defini totalmente, como
um pensamento liberal.
Para GRAMSCI (1934.p,94), a sociedade civil e o estado englobam e
compreende como a hegemonia de classes. Segundo ele o estado é uma “sociedade
política” que ao mesmo tempo distingue-se e confunde-se como sociedade civil. Bobbio
observou Gramsci e disse que através da tradição marxista incluí sociedade civil como
superestrutura do estado.
Seguindo a mesma linha ALTHUSSER (1970.p,95), propôs que o “estado nos
encontramos um aparelho representativo, contido no governo, da administração, do
exército”, isso para ele não teria tanta relevância, pois a compreensão de Estado é
pública ou privada.

4. Economia, estado e educação:

Em seu livro Educação, Economia e Estado, (1986), o autor Martin Carnoy diz
que as características econômicas de um Estado devem influenciar no momento em que
se constrói o modelo de Educação. Entretanto, muitas vezes, quando se planeja a
educação, não se leva em consideração as condições econômicas existentes, mas é
considerado o modelo econômico da minoria burguesa.
Carnoy (1986) faz uma análise do argumento marxista de que “o Estado é um
aparelho para o exercício do poder[..], servindo ao interesse de um grupo particular.”
(Carnoy, 1986. p,20). Entende-se, portanto que a Educação, apesar ser idealizada como
sendo instrumento para melhorar a condição socioeconômica de todo o Estado, ela é
realmente utilizada como meio para firmar e sustentar o sistema vigente, no caso o
capitalismo.
Sendo assim, o Estado, “ao emergir das relações de produção, se torna a
expressão politica da classe dominante e utilizado como aparelho repressivo da
burguesia: um aparelho para legitimar o poder, para reprimir, para forçar a reprodução
da estrutura de classe e das relações de classe.” (1986. p, 21,22).
Ao se basear em Gramsci, Carnoy (1986), diz que a classe trabalhadora, não
existe somente para perpetuar e confirmar a divisão de classes, mas que ela é uma
superestrutura, que é “capaz de desenvolver por si mesma a consciência de classe” (p,
26). Assim, ele aponta que “o Estado seria muito mais do que aparelho coercitivo da
burguesia, incluiria a hegemonia superestrutural da burguesia.” (p, 26).
Sendo assim, segundo Gramsci a Educação se apresenta como sendo “estrutura
classista, sendo parte do aparelho ideológico do Estado burguês [..] e que o tipo de
conhecimento ensinado e as relações professor/aluno na escola são cruciais para a
formação intelectual e para a manutenção da hegemonia burguesa.

Resultados e Discussão:

A partir do estudo das teorias sobre o Estado, pode-se perceber que de início, o
Estado é concebido como tendo poder absoluto, e que defendesse o direito de
propriedade, o que favorece e fortalece a burguesia. Entretanto, pensadores como John
Locke e J. J. Rousseau defendiam uma sociedade que deveria ser livre do poder do
Estado.
Partindo das primeiras teorias, concebeu-se vários conceitos de Estado. Tendo
como referência Bresser Pereira (1995), entende-se que o Estado, ao mesmo tempo que
está acima da sociedade, faz parte dela. Percebe-se a constante confusão e mistura do
conceito de Estado com outros conceitos, como Sociedade Civil, Regime Político e
Regime Econômico. Por isso, faz-se necessário compreender a função de cada um; pois,
a deturpação de um desses conceitos pode facilmente se tornar um meio para obter
poder sobre a sociedade.
Após a compreensão e diferenciação dos conceitos de Estado e Sociedade Civil,
pode-se estabelecer a relação entre eles. Tal interação se firma a partir do momento em
que o Estado é a estrutura que organiza o poder político, buscando contemplar as
necessidades das classes e grupos socias, que formam a sociedade civil.
Assim sendo, o Estado se torna o responsável pela educação. Entretanto, ele
tende a comtemplar, não a sociedade civil, mas aos interesses da classe dominante;
levando em consideração as suas características sociais, politicas e econômicas. O que
resulta em uma educação distante da verdadeira realidade da maioria da população.

Considerações Finais:

Diante dos fatos expostos, um Estado com poderes soberanos sobre a sociedade,
implica diretamente em dar poder a uma determinada classe que vai comando as ações
sobre o povo, com isso, um Estado democrático com a participação da Sociedade Civil
que não privilegie a classe burguesa e que veja a educação como prioridade num país
tão desigual, merece estudo e dedicação por parte de todos, para que se possa ter
debates entre todas as classes e que os direitos sejam justos para todos.
Desse modo o estudo sobre o Estado ajuda na compreensão de que ele se
constitui como sendo resposta à necessidade natural do ser humano de organização.
Entende-se também que o Estado e a maneira como ele atua afetam diretamente a
sociedade e a Educação, e entende-se que é função do Estado garantir o direito à
educação, entretanto quando se coloca os interesses da minoria, o que se pretende é
atender às necessidades da classe dominante e sustentar um sistema que aliena e oprime
as classes mais baixas da sociedade – nós.
A partir das discussões trabalhadas em sala de aula e a perspectiva dos autores,
compreendemos que ao longo da história aconteceram grandes reviravoltas acerca da
origem do estado, tendo como a sociedade civil na concepção das classes sociais elitista
que ao longo do tempo comandaram o poder. Assim podemos compreender a
pluralidade sobre o conceito de Estado moderno.

Palavras-chave: Educação; Estado; Sociedade; Economia e Educação; Sociedade Civil.

Referências:

ALTHUSSER, Louis. Aparelhos Ideológicos de Estado: nota sobre os Aparelhos


Ideológicos de Estado. 2ª edição. Rio de Janeiro: Edições Graal, p.66-71, 1985.
BRESSER-PEREIRA, L. C. Estado, sociedade civil e legitimidade democrática.
LUA NOVA: Revista de cultura e política, v.36, p. 85–104, 1995.

CARNOY, M. Educação, economia e Estado: base e superestrutura, relações e


mediações. São Paulo, CORTEZ EDITORA, 2ª Edição, p.20-35, 1986.

GRUPPI, Luciano. Tudo começou com Maquiavel. As concepções de Estado em


Marx, Engels, Lênin e Gramsci. 4° ed. Porto Alegre: RS: L& PM Ltda, 1980.

Você também pode gostar