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02/03/2023, 15:54 Revista Educação Pública - Rendimento escolar e fatores que interferem na aprendizagem de estudantes do 9º ano de escolas de tempo

º ano de escolas de tempo integral do Recife/PE

ISSN: 1984-6290
Qualis B1 - avaliação CAPES 2020-2024
DOI: 10-18264/REP

Rendimento escolar e fatores que interferem na aprendizagem de estudantes


do 9º ano de escolas de tempo integral do Recife/PE

Ana Márcia de Sousa Silva


Licenciada em Letras, especialista em Gestão Escolar e Políticas, mestra em Gestão da Educação, professora da Secretaria Municipal de Educação de Recife/PE

Liliana Corrêa Rêgo


Licenciada em Pedagogia, mestra em Educação, professora da Secretaria de Educação de Teresina/PI

Maria Natividade Moura de Souza


Licenciada em Pedagogia, especialista em Docência, mestra em Educação, professora da Secretaria de Educação de Teresina/PI

Andreia Aparecida Silva Donadon Leal


Licenciada em Língua Portuguesa, mestra em Letras, diretora de Projetos Culturais no município de Mariana/MG

Mara Lúcia de Almeida


Bacharela em Tradução e Interpretação, especialista em Marketing e Propaganda, assistente de Coordenação Pedagógica da USJT

Cynthia Pichini
Licenciada e bacharela em Língua e Literatura Inglesa, mestra em Linguística Aplicada ao Ensino de Línguas, docente da USJT

Barbara Raupp
Bacharel em Odontologia, mestra em Educação, docente da Residência Multiprofissional do Grupo Hospitalar Conceição de Porto Alegre/RS

Jonival Ferreira Côrtes


Licenciado em Filosofia e em História, mestre em História, professor da Secretaria de Educação de São Paulo

Pauliane Ibiapina Fernandes Girão


Licenciada em Matemática, especialista em Matemática Financeira e Estatística, professora da Secretaria de Educação do Ceará

Mauro Vinicius Dutra Girão


Licenciado em Biologia, especialista em Gestão de Saúde Pública e Meio Ambiente

A escola deve zelar pelo ensino-aprendizagem de qualidade e considerar o estudante como sendo o centro de todo o processo educativo. Com
uma sociedade em rápida mutação, a escola precisa repensar seus momentos de planejamento, com a finalidade de definir estratégias modernas
e inovadoras, de maneira a garantir protagonismo e autonomia aos estudantes da Educação Básica para a construção dos seus conhecimentos
(Brasil, 2013; Lima, 2013; Mello Neto et al., 2016).

Sabendo que os estudantes são influenciados, atuam, modificam e vivem em sociedade, a escola deve perceber essas relações, definindo meios
focados nas metas dos estudantes, promovendo um melhor rendimento escolar. As metas e motivações dos estudantes são pessoais e podem
ser influenciadas por perspectivas futuras, relações com seus familiares, professores e amigos da escola, assim, também podem influenciar no
rendimento escolar (Monteiro; Santos, 2011; Gomes, 2018; Ribeiro, 2021).

A motivação pode ser intrínseca, para satisfazer a curiosidade ou o desejo de dominar um conteúdo ou uma atividade, encontrar os colegas ou
compartilhar experiências, que não dependem de fatores externos para sua ocorrência, e extrínseca, quando direcionada por valores sociais,
recompensas ou medo da punição. Uma das grandes questões discutidas atualmente na educação é saber como motivar os estudantes (Viola;
Bezerra, 2018; Santos; Moraes; Lima, 2018; Monteiro; Pissaia; Thomas, 2019; Frota; Xerez; Parente, 2020).

A Educação Básica de qualidade pode promover melhoria nas condições sociais, políticas e econômicas dos países democráticos no mundo. No
Brasil, o estado de Pernambuco passou a ofertar a educação integral pública a partir de 2008, alcançando melhorias na Educação Básica estadual
(Pernambuco, 2008; Holanda; Silva, 2017; Najjar; Morgan; Mocarzel, 2018; Cardoso; Oliveira; Silva, 2019; Pernambuco, 2022).

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Referencial teórico
Muitos fatores podem influenciar no desempenho, na motivação e na aprendizagem dos estudantes, tais como, fatores ambientais, econômicos,
nutricionais, sociais, psicológicos, emocionais, dentre outros. Reconhecer e trabalhar esses fatores contribuirá para melhor acolher o estudante,
dentro e/ou fora do ambiente escolar (Carvalho; Rolón; Melo, 2018; Viola; Bezerra, 2018; Gomes; 2018; Pacheco; Andreis, 2018; Monteiro; Pissaia;
Thomas, 2019; Frota; Xerez; Parente, 2020).

Sendo assim, entendemos que a família e os amigos são fundamentais para se obter um bom rendimento escolar. As relações entre escolas e
famílias são complexas, mas podem ser ressignificadas, tornando-se, também, fator motivador nos processos de ensino-aprendizagem. De
acordo com Monteiro (2011), Santos (2011), Pacheco; Andreis (2018) e Ribeiro (2021), os estudantes que compartilham conhecimento com seus
colegas, tendem a ser mais motivados e confiantes, aprendendo com seus pares, em suas trocas.

A relação do professor com os estudantes também interfere nesse processo, pois a afetividade facilita no processo de ensino-aprendizagem.
Quando o professor identifica uma forma de motivar seu aluno, pode se aproximar, criando laços que promovam a sua efetiva aprendizagem.
Além da afetividade, essas atitudes envolvem aspectos cognitivos, sensório motores e de atenção, trazendo grandes benefícios para os
estudantes (Viola; Bezerra, 2018; Frota; Xerez; Parente, 2020; Barbosa, 2020).

As motivações se apresentam com características individuais, mas quaisquer que sejam, são a válvula propulsora da aprendizagem. Atualmente,
as escolas estão buscando adaptar o ensino às características individuais de cada estudante, pois todos esses aspectos são importantes para a
construção global do indivíduo (Gomes; 2018; Barbosa, 2020).

O Estado de Pernambuco, localizado na região Nordeste do Brasil, passou a alcançar melhorias na Educação Básica estadual ao oferecer, a partir
de 2008, a educação integral. Desde então, essas escolas, com carga horária de 45 horas aulas semanais, funcionam com professores e
estudantes durante os cinco dias da semana, buscando a ampliação do universo de experiências educativas, culturais, esportivas e artísticas dos
estudantes. Por meio de uma educação transdisciplinar são realizadas sistematicamente ações educativas voltadas para as quatro dimensões do
ser humano: racionalidade, afetividade, corporeidade e espiritualidade (Pernambuco, 2008; 2022; Holanda; Silva, 2017; Cardoso; Oliveira; Silva,
2019).

Este trabalho, busca identificar o rendimento dos estudantes do 9º ano de escolas municipais de tempo integral da cidade de Recife/PE em
relação à Língua Portuguesa e à Matemática, assim como identificar os fatores que interferem na aprendizagem dos estudantes.

Procedimentos metodológicos
Trata-se de um estudo do tipo quantiqualitativo, por meio de questionário realizado com estudantes de 14 a 18 anos, do 9º ano, de sete escolas
municipais de tempo integral do município de Recife, durante o ano de 2021.

A escolha dos estudantes foi feita em razão de ser um ano de transição do Fundamental a Médio, necessitando conhecer o rendimento e as
motivações a serem trabalhadas na nova etapa estudantil.

O recrutamento dos participantes ocorreu por via remota, durante o mês de julho de 2021. O diretor escolar apresentou a proposta e, em
seguida, os escolares foram convidados e estimulados a participar voluntariamente da pesquisa, com o preenchimento de um questionário
online, elaborado no Google Forms. Os estudantes foram orientados a pedir a autorização dos pais ou responsáveis para o preenchimento do
questionário, que ficou disponível por 5 dias consecutivos. O critério de exclusão adotado foi o preenchimento incompleto do questionário.

O questionário, composto por perguntas relacionadas a informações sociodemográficas, tais como, idade, sexo, nome da instituição e notas em
Língua Portuguesa e Matemática, tinha 20 questões baseadas na escala de Likert para mensurar os fatores motivadores da aprendizagem
(Quadro 1).

Quadro 1: Escala de fatores que motivam a aprendizagem

Fator Fatores Escala de Likert

I 1. Estudo porque é interessante resolver problemas 1 2 3 4 5

2. Estudo porque gosto de descobrir o quanto melhorei

3. Estudo porque quero saber coisas novas

4. Estudo porque gosto do desafio dos problemas difíceis

5. Estudo porque me sinto bem quando supero obstáculos e fracassos

6. Estudo porque tenho curiosidade

7. Estudo porque gosto de empregar o raciocínio

8. Estudo porque fico contente quando consigo resolver um problema difícil

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II 9. Estudo porque quero chamar a atenção de meus amigos

10. Estudo porque não quero que meus amigos zombem de mim

11. Estudo porque não quero que o professor tenha aversão a mim

12. Estudo porque quero que os outros vejam como sou esperto

13. Estudo porque gosto de tirar notas melhores que a dos meus amigos

14. Estudo porque quero ser elogiado pelos meus pais e professores

III 15. Estudo porque quero tirar boas notas

16. Estudo porque quero ficar orgulhoso de ter tirado boas notas

17. Estudo porque não quero reprovar nos exames finais

18. Estudo porque quero cursar estudos superiores

19. Estudo porque quero ter um bom trabalho no futuro

20. Estudo porque quero obter uma boa posição social no futuro

Fonte: Adaptado de Sanches; Guerra, 2021.

A escala de Likert é comumente usada em pesquisas de opinião, de modo que os participantes mensuram o seu nível de concordância com
determinado questionamento, permitindo coletar, com extrema clareza, dados qualitativos de uma pergunta. A escala variava de 1 a 5 e os
participantes deveriam marcar o número que mais traduzia a sua opinião. Dentre as opções de respostas: 1) para “muito frequente”, 2)
“frequente”, 3) “ocasionalmente”, 4) “raramente” e 5) “nunca”.

Os fatores que motivam a aprendizagem foram divididos em três categorias: fator I, com as metas de aprendizagem (itens 1 a 8), fator II, com as
metas de obtenção (itens 15, 16, 17, 18, 19, 20) e fator III, com as metas de reforço social (itens 9 a 14).

As respostas coletadas foram tabuladas em uma planilha do Excel para realização dos cálculos e geração de gráficos, com tabelas. O resultado de
cada fator foi calculado somando-se a pontuação obtida em cada item. A análise estatística utilizou a frequência relativa para apresentar a
porcentagem dos participantes por sexo e pelas notas em Língua Portuguesa e Matemática. Para calcular a significância das notas em Língua
Portuguesa e Matemática, bem como as respostas entre os sexos, foi utilizado o teste t de Student (p < 0,05), a partir das médias e do desvio
padrão (DP) dos resultados. Para calcular a significância entre as escolas foi utilizado o ˠ - teste de Friedman, a partir das medianas dos fatores
analisados. Os dados foram analisados usando o programa estatístico R.

Todo o procedimento da pesquisa seguiu as recomendações da Resolução nº 510/16 do Conselho Nacional de Saúde (CNS), resguardando o
anonimato dos participantes e da instituição de ensino.

Primeiramente, o projeto foi apresentado à direção escolar, com as informações referentes aos objetivos e procedimentos do estudo. Em
seguida, foi solicitada uma carta de anuência para a realização da pesquisa. Com a aceitação da direção da escola, os estudantes foram
convidados pela própria direção escolar a participar e informar aos pais ou responsáveis a necessidade da leitura do Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido aos Pais (TCLE), caso autorizassem a sua participação voluntária, o TCLE e o termo de assentimento estavam vinculados ao
questionário online, sendo apresentados na página inicial. O questionário só era iniciado com o consentimento dos responsáveis e do menor.

Apresentação e discussão dos resultados


Compôs a amostra um total de 156 participantes, sendo 57 (36,5%) do sexo masculino e 99 (63,5%) do sexo feminino. Estudantes do sexo
feminino são os que apresentam melhor rendimento em Língua Portuguesa, sendo 63,3% dos que apresentam rendimento com nota 10.
Estudantes do sexo masculino são os que apresentam melhor rendimento em Matemática, sendo 66,6% dos que apresentam rendimento com
nota 10.

Entretanto, existe uma diferença significativa entre as notas de Língua Portuguesa e Matemática (p < 0,01), determinando que os estudantes das
escolas municipais de tempo integral apresentam melhor desempenho em relação às notas em Língua Portuguesa (Tabela 1).

Tabela 1: Rendimento quantitativo nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática de estudantes do 9º ano de escolas municipais de tempo
integral de Recife/PE

Variável Disciplina N Média (DP) P

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Notas Língua Portuguesa 156 7,71 (1,2) 0,01

Matemática 156 7,35 (1,5)

Legenda: DP - desvio padrão; Teste t de Student. Valor de p < 0,05.

Estudo realizado por Ferraz, Cantalice e Santos (2019) evidenciou que a média das notas de Língua Portuguesa e Matemática foi de 6,62 entre
estudantes do primeiro ciclo do Ensino Fundamental, de duas escolas públicas.

Considerando as notas, podemos inferir que os estudantes que compuseram a amostra do presente estudo estão motivados e que os fatores
que influenciam na aprendizagem estão de alguma forma sendo positivos, pois, de acordo com Monteiro, Pissaia e Thomas, (2019), alunos
motivados estudam e aprendem mais.

Vale ressaltar que as notas aqui apresentadas podem não refletir o real desempenho e a real aquisição de conhecimento dos alunos, pois, em
alguns casos, devido à pressão por bons resultados nas avaliações externas, na lógica do accountability, principalmente nas áreas de Matemática
e Língua Portuguesa, professores são levados a modificar as notas obtidas pelos alunos para não sofrerem punições por parte do governo ou
serem repreendidos no ambiente de trabalho (Lima, 2013; Silva, 2016; Silva, 2017; Holanda; Silva, 2017).

Em geral, as escolas integrais apresentam melhores resultados que as escolas não integrais. Em relação aos indicadores de resultado, de acordo
com o tipo de escola, as escolas da rede estadual de Pernambuco possuem elevadas taxas de aprovação, sendo que as escolas integrais superam
as regulares (Mello Neto et al., 2016).

O Estado de Pernambuco é referência nacional em ensino em tempo integral e se destacou dentre os outros estados brasileiros pelo
desempenho do Ensino Médio público estadual, considerando a média alcançada no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB)
(Holanda; Silva, 2017).

Os alunos do Ensino Fundamental, que apresentam melhor desempenho no teste de compreensão de leitura, tendem a ser mais motivados para
a aprendizagem. A criança que aprende a ler e a escrever é um ser que pensa e que busca a compreensão do mundo à sua volta. A criança que
aprende a pensar vai além do que viu, pois ela cria hipóteses, ampliando o seu repertório de aprendizagem (Santos; Moraes; Lima, 2018; Barbosa,
2020).

A habilidade para compreensão leitora interfere em outros aspectos da vida dos indivíduos. Dessa forma, a dificuldade na interpretação textual
pode prejudicar o rendimento em outras áreas, como na Matemática (Pacheco; Andreis, 2018; Santos; Moraes; Lima, 2018).

A Matemática fica entre as primeiras disciplinas em que os alunos apresentam maior dificuldade e menor rendimento. Algumas das possíveis
causas associadas às dificuldades de aprendizagem em Matemática estão relacionadas com a escola, a família e os fatores próprios dos alunos. O
insucesso de muitos estudantes é um fator que os leva, cada vez mais, à aversão à disciplina, desenvolvendo dificuldades ainda maiores com o
passar dos anos escolares (Pacheco; Andreis, 2018).

A aprendizagem em Língua Portuguesa e Matemática exige cada vez mais esforço e dedicação por parte dos docentes no planejamento de aulas
criativas, dinâmicas, contextualizadas, claras e significativas, ministradas com muita energia e disposição, de tal forma que essa energia seja
transmitida aos alunos para que possam entender a real necessidade do estudo (Alves, 2020; Santos; Cunha, 2021; Cavalcante; Melo; Oliveira,
2022).

Em relação às metas acadêmicas e aos fatores que interferem na aprendizagem entre estudantes do sexo masculino e feminino, os dados
coletados atestaram a ausência de diferenças significativas (Quadro 2). As médias dos resultados dos fatores 1, 2 e 3 não diferem
significativamente entre os indivíduos dos sexos feminino e masculino (p < 0,05) (Quadro 3).

Quadro 2: Pontuação obtida em cada item dos fatores de aprendizagem dos estudantes do 9º ano de escolas municipais de tempo integral da
cidade de Recife/PE

Fatores de aprendizagem Escolas N Mediana p

FATOR 1 A 8 32,5 0,2893ˠ

B 46 21,5

C 17 27,5

D 30 24,0

E 14 23,0

F 14 23,0

G 23 20,5

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FATOR 2 A 8 26,5 0,2055ˠ

B 46 19,0

C 17 19,0

D 30 26,0

E 14 16,0

F 14 26,0

G 23 25,0

FATOR 3 A 8 7,0 0,6323ˠ

B 46 6,5

C 17 8,5

D 30 8,0

E 14 6,5

F 14 8,0

G 23 8,5

ˠ - teste de Friedman. Valor de p < 0,05.

Os dados evidenciam que as metas acadêmicas e os fatores que interferem na aprendizagem dos estudantes são estatisticamente os mesmos.
Uma mudança de estratégia pode gerar um maior estímulo à aprendizagem, podendo ser adotada em todas as escolas.

O rendimento escolar pode ser influenciado pelo ambiente escolar, quando o estudante o reconhece como um ambiente acolhedor, pois passa a
buscar conhecimento e reconhecer suas dúvidas e considerações, como parte de seu aprendizado (Ribeiro, 2021).

Quadro 3: Pontuação obtida em cada item dos fatores de aprendizagem entre estudantes do sexo masculino e feminino do 9º ano de uma
escola municipal da cidade de Recife/PE

Variável Escola Sexo N Média (DP) P

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FATOR I A Feminino 5 28,4 (7,5) 0,2780

Masculino 3 32,0 (8,7)

B Feminino 5 6,6 (1,7) 0,0642

Masculino 3 10,6 (4,9)

C Feminino 10 26,4 (7,7) 0,2154

Masculino 7 23,2 (7,9)

D Feminino 20 24,5 (7,3) 0,4944

Masculino 10 24,5 (10,9)

E Feminino 12 20,1 (7,5) 0,0889

Masculino 28,0 (0,0)

F Feminino 12 20,1 (7,5) 0,0889

Masculino 2 28,0 (0,0)

G Feminino 14 22,6 (7,9) 0,1824

Masculino 9 26,0 (9,4)

FATOR II A Feminino 5 26,1 (3,8) 0,3502

Masculino 3 25,0 (6,2)

B Feminino 23 20,1 (6,7) 0,1662

Masculino 23 22,4 (6,8)

C Feminino 10 21,1 (7,2) 0,4208

Masculino 7 20,4 (5,8)

D Feminino 20 19,8 (6,0) 0,3033

Masculino 10 21,2 (7,0)

E Feminino 12 22,8 (6,7) 0,4077

Masculino 2 24,0 (0,0)

F Feminino 12 22,8 (6,7) 0,4077

Masculino 2 24,0 (0,0)

G Feminino 14 22,2 (7,2) 0,3032

Masculino 9 20,5 (7,7)

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FATOR III A Feminino 5 6,6 (1,7) 0,0642

Masculino 3 10,6 (4,9)

B Feminino 23 8,3 (3,6) 0,2415

Masculino 23 9,4 (5,6)

C Feminino 10 8,0 (3,0) 0,1196

Masculino 7 10,6 (5,6)

D Feminino 20 7,9 (2,7) 0,1096

Masculino 10 10,9 (6,9)

E Feminino 12 9,8 (4,6) 0,1703

Masculino 2 6,5 (0,7)

F Feminino 12 9,8 (4,6) 0,1703

Masculino 2 6,5 (0,7)

G Feminino 14 11,6 (5,7) 0,4783

Masculino 9 11,7 (5,7)

Legenda: DP - desvio padrão; Teste t de Student. Valor considerado significativo p < 0,05.

Os fatores de gênero, masculino e feminino, sozinhos não influenciam diretamente no rendimento escolar, sendo necessário ter outros
parâmetros para a avaliação desse conjunto de fatores que contribuem para o êxito no rendimento escolar. Conhecer as potencialidades dos
alunos de ambos os sexos pode ser um fator importante no êxito das tarefas escolares e no convívio social (Santos; Moraes; Lima, 2018; Sanches;
Guerra, 2021).

Sobre a motivação para aprender, o presente estudo se assemelha com o de Rossi e colaboradores (2020), que também não encontraram
diferenças estatisticamente significativas. Não haver diferenças entre os fatores que motivam a aprendizagem é um ponto facilitador para a
gestão escolar, pois qualquer estímulo, dentre os analisados, surtirá efeitos positivos, proporcionando satisfação a uns, sem promover tédio em
outros.

Entretanto, Frota, Xerez e Parente (2020) colocam em evidência que os aspectos motivacionais mais citados pelos estudantes são o desejo de
cursar uma faculdade e ter um bom emprego futuramente, além do estímulo dos professores, do interesse pessoal pelos estudos e da
curiosidade por novas habilidades.

Havendo diferenças entre os aspectos motivacionais da aprendizagem, intrínsecos ou extrínsecos, faz-se necessário trabalhar a emoção para
atingir o progresso que resultará em benefícios na sala de aula, na família e na sociedade (Bzuneck, 2018; Carvalho;Rolón; Mello, 2018).

A escola pode também atender aos interesses e às demandas do aluno, desenvolvendo as suas competências pessoais, sociais, produtivas e
cognitivas, a fim de ampliar o protagonismo estudantil e a autonomia do aluno, em busca da concretização de seus projetos de vida, como
norteadora da construção da própria noção de coletivo social. O tempo estendido também pode significar ampliação das experiências formativas
e de aprendizagens (Pacheco; Andreis, 2018; Maia; Santos; Oliveira, 2019; Santos; Lins, 2021).

A gestão escolar pode estabelecer um fluxo de comunicação constante com a comunidade e com as famílias dos alunos, promovendo um ensino
democrático e comunitário, que pode influenciar positivamente em sua aprendizagem (Vilas Boas; Abbiat, 2020).

A motivação pode ser provocada por projeto pedagógico, atuando com oferta de atividades que se adequem às escolhas dos alunos ou que
auxiliem nas decisões de caminhos para seguirem satisfatoriamente as suas vidas. A motivação pode impulsionar os desejos, controlar a
intensidade dos esforços e determinar o grau de persistência na busca de resultados. A motivação escolar visa a estabelecer novas expectativas
nos universos de expectativas dos alunos. Por isso, é essencial discutir conceitos de motivação.

Apesar dos melhores esforços da escola, da comunidade e da família, em certas ocasiões caberá aos próprios estudantes, de forma inteiramente
individualizada, a regulação de suas emoções com o objetivo de aprender (Bzuneck, 2018; Brito, 2019; Frota; Xerez; Parente, 2020).

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Considerações finais
Os achados aqui apresentados são uma amostra da realidade escolar dos estudantes do 9º ano de escolas municipais de tempo integral da
cidade de Recife/PE em relação ao seu rendimento em Língua Portuguesa e em Matemática, observando-se os fatores que interferem nessa
aprendizagem.

Na realidade avaliada, o rendimento escolar apresentou-se acima da média e os fatores que estimulam a aprendizagem, em ambos os sexos, são
semelhantes, podendo ser adotada uma mesma estratégia para estimular a aprendizagem dos estudantes.

Mesmo sem diferença significativa entre os fatores motivacionais, consideramos necessário que programas motivacionais façam parte dos
projetos pedagógicos. Essa prática poderá suprir deficiências socioambientais, resultantes da ausência de ambiência para estudos no seio
familiar, nos círculos de amizades e culturais. Quando a Gestão Escolar conhece os fatores que interferem na aprendizagem de seus estudantes,
pode adotar medidas eficientes no estado motivacional, no sentido de melhorar o rendimento escolar e o desenvolvimento integral dos
estudantes.

Diante da diversidade estudantil, o professor deve identificar as peculiaridades de cada aluno da turma para adotar estratégias efetivas de
aprendizagem. Estudos futuros, com amostras mais abrangentes, tanto quantitativa como geograficamente, bem como, com maior amplitude de
faixa etária, podem ser conduzidos a fim de aprofundar o conhecimento sobre o tema em outras escolas do Brasil.

Referências
ALVES, G. C. Desafios da gestão escolar frente à pandemia de covid-19. Revista Educação Pública, v. 20, nº 33, p. 1-7, 2020.

BARBOSA, E. S. Afetividade no processo de aprendizagem. Revista Educação Pública, v. 20, nº 41, p. 1-5, 2020.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretária de Educação Básica. Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica. Brasília, 2013.

BRITO, B. C. S. Liderança do gestor escolar nas escolas de Ensino Médio integral da região metropolitana do Recife – Pernambuco – Brasil. 2019.
116f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Educação), Universidad Autónoma de Asunción, Asunción, 2019.

BZUNECK, J. A. Emoções acadêmicas, autorregulação e seu impacto sobre motivação e aprendizagem. Educação Temática Digital, v. 20, nº 4, p.
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CARDOSO, C. S.; OLIVEIRA, N. C. M.; SILVA, J. B. Educação integral e(m) tempo integral: possibilidades analíticas do processo histórico recente em
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CARVALHO, E. A.; ROLÓN, J. C. C.; MELO, J. S. M. Os vínculos afetivos na construção do ensino-aprendizagem. Revista de Psicologia, v. 12, nº 39, p.
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CAVALCANTE, J. M. B.; MELLO, A. S. L.; OLIVEIRA, C. S. Aulas remotas de Língua Portuguesa no contexto da pandemia: os desafios de professores
de escolas estaduais da Região Metropolitana de Recife/PE. Revista Educação Pública, v. 22, nº 24, p. 1-6, 2022.

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Publicado em 28 de fevereiro de 2023

Como citar este artigo (ABNT)


SILVA, Ana Márcia de Sousa; RÊGO, Liliana Corrêa; SOUZA, Maria Natividade Moura de; LEAL, Andreia Aparecida Silva Donadon; ALMEIDA, Mara Lúcia de;
PICHINI, Cynthia; RAUPP, Barbara; CÔRTES, Jonival Ferreira; GIRÃO, Pauliane Ibiapina Fernandes; GIRÃO, Mauro Vinicius Dutra. Rendimento escolar e fatores
que interferem na aprendizagem de estudantes do 9º ano de escolas de tempo integral do Recife/PE. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 23, nº 7, 28
de fevereiro de 2023. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/23/7/rendimento-escolar-e-fatores-que-interferem-na-aprendizagem-de-
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