Você está na página 1de 60

o

21 .134.3(817.3
1C ltra

_ -~rietta Telles Machado


COLEÇÃO
ARTE NA EDUCAÇÃO

"A TRAIÇÃO NAS TERRINHAS DO COELHO"


DE
" MARIETTA TELLES MACHADO"

PEÇA EM li ATOS

VII QUADROS

PARA TODAS AS PESSOAS


MARIETTA TELLES MACHADO

~ J,., J_~
i ~ - ~ ' ,D lv-
,l f ~
/ JL,-

"A TRAIÇÃO NAS TERRINHAS DO COELHO"

/o /o?
199305 328
821 .134.3(817.3)-2 MAC /tra

1111111111111111\l~ll ll\ll llll Ili\


10109

Goiânia
ONDA EDITORA CONTEMPORÃNEA
PRODUÇÃO INDEPENDENTE

1984
;1 [..(\;;"\
FICHA T~CNICA

Divanir Pimenta
Nilson Gorosthides

EDITAM
"A Traição nas Terrinhas do Coelho"

DE
"Marietta Telles Machado"

REVISÃO LINGUfSTICA
Amél io Sal vi ano da Costa Neto
Elias Fernandes Mourão

ILUSTRAÇÃO
Luiz Carlos dos Santos

fiiFii1

COMPOSIÇÃO E ARTE FINAL


Diagrama Artes Gráfica

APOIO ARTfSTICO
GBB - Propaganda

DEZEMBRO 1984

© Todos os Direitos são reservados aos Ed itores


FICHA CATALOGRÁFICA *
Machado, Mu-ietta Telles,
M149t A traição nas terrinhas do coelho. Goiânia, cd.
Divanir Pi.menta & Nilson Gorosthides, 1984.
60 p. il.

(Coleção Arte na Educação; 3)

1. Teatro infantil. I. Título.

CDU: 82-053.1

* (Preparada por Antônia de Paula Ribeiro)

ENDEREÇO PARA CORRESPOND&ICIA


"CASA DE MúS1CA" Rua 6 n. 243
Setor Oeste -Tel. 224-7631 (062)
Goiânia · GO. - CEP.: 74.000

IMPRESSO NO BRASIL
PRINTED 1N BRAZIL

ONDA EDITORA CONTEMPORÂNEA


PRODUÇÃO INDEPENDENTE
SUMARIO

Ficha Técnica ... .. ......... .. ....................... . 5


Ficha Catalográfica .. . .......... . ..... ... ......... . .... 6
Sumário . ... .... . .... . . . .. . ...... . ... . ..............7
Dados Biográfico da Autora .. . . ........................11
Significado da palavra traição . .......................... 13
Da apresentação .. .. ....... . ... .. ... .. ...... . . . ...... 15
Abertura .... .. .... . .. . ... .. . . ............ . .. . ...... 17
1ATO ..... .. ..... . .. .. .. . . .. .... . . . ............... 19
I QUADRO ..... . .......................... .. .. . ... 21 ~
Cenário . ........ . ................ . . . .. . .... : . .... · .21 Uf G
1.a 11ustração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ...... .. ...... 22 e
li QUADRO .. ...................... . . . .............23 B · ·
Ili QUADRO ......................... . . . ...........25
2.a Ilustração ... . ... . ....... . ..... . . .. ..... . .........27
IV QUADRO ....... . ................ . .. . ... . ........28
3.a l lustração ... . ....... .. ........ . ........ .. .. .. .... 30
V QUADRO . . . ........................ .. ...........34
li ATO .. . ........ . ......... . .................... . .35
VI QUADRO .. . ..... . ...... .. ........ . ..............35
4.ª Ilustração .. . ........... .. .. . ................. . ... 36
VI I QUADRO .... .. ....... . .... . ....................38
5.a Ilustração ......... . .... . ......... . ......... .. .... 42
Monte esta peça (fotografia) .... .. ...... . ...............43
Criatividade.' . .. . .. .. .......... . ........... .. .... 44, 45
Questionário ......... · .. . ....... . ....................47
Vocabulário ........... .. ............................49
Arte na Educação .... .. .................... ... ..... . .53
Fotografia de en~io da peça . ...... . .. .. ......... . ...... 55
DADOS BIOGRAFICOS DA AUTORA

MARIETTA TELLES MACHADO nasceu em Hidrolândia,


Goiás. 1: filha de Olavo Telles e Auristella Machado Telles. Fez os
estudos primários naquela cidade e o segundo grau e superior em
Goiânia, onde vive. 1: formada em Direito e Letras Vernáculas pela
Universidade Federal de Goiás. Ganhou bolsas de estudo.para Pós-
Graduação e especialização em Biblioteconomia para cursos e está-
gios na Bahia, no Rio de Janeiro, em Medellin (Colômbia), em
Madrid e em Paris. Nessa oportunidade, conheceu quase toda a
América Latina e Europa. Trabalha na Universidade Federal de
Goiás. Publicou os seguintes livros "GIRASSÓIS EM TRANSE"
(CRONICAS), "AS DOZE VOLTAS DA NOITE" (CONTOS),
"ENCONTRO COM ROMÃOZINHO" (CONTOS INFANTIS),
"O CONGRESSO DAS BRUXAS" (CONTOS INFANTIS), "NAR-
RATIVAS DO QUOTIDIANO" (CONTOS), "O BURRINHO DO
PRESÉPIO. Ganhou o prêmio "Bolsa de publicação Hugo de Car-
valho Ramos" em 1977, por seu livro "NARRATIVAS DO QUO-
TIDIANO" e no mesmo ano recebeu o Trofeu TIOKO, outorgado
pela União Brasileira de Escritores - Sessão de Goiás, como desta-
que no campo da literatura no ano de 1977. Atualmente, repre-
senta em Goiás a Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil e é
Vice-Presidente da UBE-Go.

9
PREFACIO

A peça "A traição nas terrinhas do coelho" foi originalmente


escrita para ser montada pelo grupo teatral "Laboratório", sob a
direção de Carlos Fernando Magalhães. O texto foi discutido com
o grupo e assumiu a forma definitiva, que foi encenada por ele, e
que agora se publica.
O teatro Laboratório, após três meses de ensaio, apresentou
sua bela e irrepreensível montagem, que estreou no dia 28.05.
1976. As apresentações foram feitas ao ar livre, aproveitando o ce-
nário natural do Parque Mutirama. Ali se construiu um ranchinho,
que era o palco, debaixo de uma árvore, ambiente adequado ao es-
pírito da peça, cujos personagens são todos bichos. O patrocínio
foi do Departamento de Cultura da Prefeitura de Goiânia. A en-
trada era franca e tivemos a alegria de ver dezenas de crianças da~
c1asses menos favorecidas assistirem ã peça e aplaudirem-na em ce- Ur G
na. B. e .
Depois disso, "A traição nas terrinhas do Coelho" foi apre-
sentada por outros grupos teatrais, em escolas, clubes, entidades,
em nossa Capital e no interior do Estado.
Finalmente, em 1983, o Grupo Pirlimpimpim, sob a direção
de Divanir Pimenta, com o apoio da "Casa de Música", apresentou
a peça de fevereiro a junho, no Cine Teatro Goiânia.
O trabalho de Divanir Pimenta foi notável e teve uma particu-
laridade: os atores eram todos crianças de 3 a 12 anos. A apresen-
tação ganhou os aplausos da criançada goiana.
Agora, Divanir Pimenta, esse lutador incansável, publica, por
esforço próprio, abrindo a série "Arte na Educação", três peças de
teatro infantil de autores goianos, dentre as quais esta de minha
autoria. Até hoje, o presente texto vinha circulando, de forma
muito restrita, mimeografado ou foto-copiado.

11
É uma satisfação saber que agora, publicada, "A traição nas
terrinhas do coelho" poderá ser divulgada mais amplamente e en-
cenada por muitos outros grupos, sobretudo em nossas escolas.
Esse empenho em que a peça se torne conhecida e seja levada a
muitas crianças goianas é porque ela busca valorizar o folclore, os
costumes, bem como situações e imagens do viver goiano. Ela pre-
tende, sobretudo, divertir a criança, transmitindo-lhe uma lição de
solidariedade humana para a busca de um mundo melhor.

Marietta Telles Machado


Goiânia, 02 de agosto de 1984

12
O QUE SIGNIFICA A PALAVRA "TRAIÇÃO"

TRAIÇÃO - Suta, Mutirão (Treição): "Traição", leitor, é


uma espécie de mutirão que se realiza em certa região do interior
goiano.
Quando os vizinhos percebem que alguém está precisando
dum auxílio na roça, reúnem-se todos da redondeza, homens e
mulheres, e de madrugada chegam de supetão na sua casa. E no
meio de algazarras, acordam o atraiçoado.
Posto isso, dirigem-se os homens para a roça, ficando então as
mulheres, umas fiando algodão e outras preparando o almoço, para
o que já levam o necessário a fim de não trazer muita dificuldade
ao dono da casa que não os esperava. O jantar é por conta do atrai-
çoado. E de manhã à tarde, trabalham cantando e disputando ser-
viços de eito em eito.

Eu sou passarinho
Eu sou sabiá
Eu quero fazê meu ninho
No fundo do teu quintá,
Da limeira no gainho
Pra pudê te namorá

À noite, segue-se o catira, que vai até o amanhecer do dia se-


guinte. Os mutirões ou traição (treição) sempre resultam em fes-
tanças de deixar saudades.

TEXTO EXTRA(DO DO "DICIONÁRIO DO BRASIL CENTRAL'.'


SUBSfDIOS À FILOLOGIA - BARIANI ORTÊNCIO/ PAG. 436

13
ESTA PEÇA FOI MONTADA PELO CORPO DE TEATRO DE
CRIANÇAS (3 A 12 ANOS DE IDADE) DO CURSO PERMA·
NENTE DE TEATRO INFANTIL DA "CASA DE MÚSICA", DE-
NOMINADO "PIRLIMPIMPIM" SOB A DIREÇÃO DE DIVANIR
PIMENTA.

ATORES PERSONAGENS
Carlos Eduardo Péricles de Lacerda O Coelho
Luciana Macedo A Coelha
Ana Paula Alves de Morais O Macaco
Luciana Péricles de Lacerda O Lobo
Luciana Meireles Ruas O Bicho-Preguiça
Denise Macedo A Onça
Flávia Finotti (Roberta Radaelli) O Papagaio
Marcelo Jaime Barros O Raposo
Débora Carneiro Leite O Piolho-de-Cobra
Calina Martins Pereira da Silva O Sapo
Celina Uvia Bezerra A Sapinha
lvana Sisterole Bezerra O Tatu
Daniela de Carvalho Clemente A Coelhinha
Akemi Kasahara A Coelhinha
Janini da Cunha Sales A Coelhinha
Daniela Lia Gonçalves Camelo A Coelhinha
Anna Karla Péricles de Lacerda A Coelhinha
Vanessa Carneiro Leite A Coelhinha

Goiânia, 26/ 27 de fevereiro de 1983

ILUMINAÇÃO E CENÁRIO: ILSON ARAÚJO


FIGURINO: DIVANIR PIMENTA
MÚSICA: DIVANIR PIMENTA, IVAN BARROSO,
DIDO SANTOS E ESCURINHO
ARTE-FINAL: MARINALDO &LUIZ CARLOS DOS SANTOS
FOTO: SUAMIPH NIRUP

15
"A TRAIÇÃO NAS TERRINHAS DO COELHO"

PEÇA EM li ATOS
DE
MARIETTA TELLES MACHADO

PERSONAGENS

COELHO ONÇA
COELHA RAPOSA
COELHINHOS (UNS 3) TATU
MACACO PAPAGAIO
SAPO E SAPINHA LOBO
BICHO PREGUIÇA PIOLHO DE COBRA

O.B.S.: AS LETRAS DAS MÚSICAS DOS QUADROS 1, Ili, IV


(AS 2) E A DA ABERTURA SÃO DE AUTORIA DE OI·
VANIR PIMENTA.

17
IATO

MÚSICA NA ABERTURA DA CENA

Meus senhores, minhas senhoras


Crianças aqui presentes
Prestem bem atenção
Nessa estória, nesse repente

A família do Coelho
Passa por dificuldades
Eles moram em um ranchinho
Bem longe da cidade

O tempo andava ruim


Era uma seca danada
Não adiantava plantar
Porque nada vingava

O tempo foi passando


Foi passando na solidão
Mulher, marido e filhos
Suavam pra ganhar o pão

A mulher já não agüentava


Tanta miséria e desilusão
O Coelho vivia descrente
Nem fé em Deus tinha não

"Seu" Macaco, bicho esperto


Convocou uma traição
Pra melhorar a vida do Coelho
Era preciso muita união

19
Macaco, Onça e Raposa
Entram nessa estorinha
Não podendo deixar de lado
Tatu, Sapo e Sapinha

Tem Bicho Preguiça


Tatu e Piolho de Cobra
Papagaio e "seu" Lobo
Tem bicho que até sobra

Já falei de todo mundo


Obrigado pela atenção
Vai começar a estorinha
Numa bonita apresentação

20
! QUADRO

APARECE UM RANCHINHO CAINDO AOS PEDAÇOS, PAISA-


GEM SECA, ARIDA. O COELHO ESTA SENTADO À PORTA
COM A MÃO NO QUEIXO, TRISTE. DONA COELHA VARRE A
CASA. OS FILHOS PEDEM DE COMER: "TO COM FOMF.
MÃE ... QUERO CENOURA ... QUERO LEITE ... "

UM DELES CHORAMINGA BAIXINHO.

COELHA - Olhe aí, marido, está ouvindo?


Nossos filhos estão chorando de fome.
G
E um absurdo.
a. e.
COE LHO - A vaquinha morreu no brejo. Nem um leitinho tem
para eles. A galinha não quer botar. Falta de milho.

COE LHA - Gastei ontem o resto dos mantimentos.

COELHO - Não vou pedir mais emprestado.


Tenho até vergonha dos vizinhos.

COELHA - Dona Onça é tão rica, ela bem podia socorrer a gente.

COELHO - Deixe de ser louca.


Você bem sabe como ela é sovina.

COELHA - E verdade.
Vai querer um de nossos filhotes de garantia.
Cruz credo!
(CORRE E ABRAÇA OS COELHINHOS)Também
você fica aí sentado, com a mão no queixo.
Vai resolver?

21
22
COE L HO - Até o tempo está contra nós.
Essa sequidão...
Além disso essa terra aqui é um cerrado.
Como é que se planta?

COELHA - Vê se ao menos arruma esse rancho.


Olhe ali, os adobes estão prontos.
Os esteios lavrados.
Ação, homem.

CO ELHO - Primeiro comida pros filhotes.


Que adianta rancho novinho e panela vazia?

COELHA - Vai até criar teia de aranha nas vasilhas.


Não, desse jeito não vai dá.
Levante, coelho 1

O COELHO L EVANTA-SE, ESPREGUIÇA, APANHA UMA FO-


L HINHA E COMEÇA A MAST IGAR

li QUADRO

ENT RA O MACACO DANDO PINOTES

MACACO - Olá, compadre.

COELHO - Olá.

MACACO - Bom dia, comadre.


(AOS COELHINHOS) Benção
aqui pro padrinho.
T rouxe umas castanhas pra vocês.
(AO COELHO) Que cara mais desanimada é essa,
compadrei

CO ELHO - E o compadre queria que eu estivesse alegre?


Olhe o fogo apagado
Olhe as panelas vazias.
Olhe o cerrado seco (APONTA).

23
Até a mulher, até os filhotes agarram no cabo da en-
xada.
Não dá nada.
Olhe o rancho.

MACACO - Também você usa métodos do tempo da Bíblia para


cultivar a terra.
Capinar com enxada.
Tocar fogo na terra.
Isso já era.

COE LHO - E quem me ensinou a usar métodos diferentes?


O que aprendi do meu pai foi isso.
Ele aprendeu do avô.
Eu estou ensinando pros filhotes.

MACACO - Não seja atrasado.


Eu já lhe falei.
Tem de mandar arar a terra.
Usar fertilizantes.

COELHO - Eu tenho lá dinheiro para comprar arado?


E esse tal de ter ... ter ...

MACACO - Fertilizantes, compadre.


E o mesmo que adubo.
São essas substâncias que se põe na terra para torná·
la fértil, isto é, para fazê-la produzir muito.

COE LHO - Ah, então é isso!

MACACO - A Raposa aluga arado e tem fertilizante pra vender


em seu armazém.

COELHO - E verdade-.
Mas olhe o preço que ela cobra.
Nem a colheita toda dá para pagar.

MACACO - Vá ao banco do "seu" Raposo.


Ele financia lavoura.

24
COELHO - Financia pros ricos, compadre.
Solta dinheiro pra uns como o Lobo, que já tem di-
nheiro e tem poder.
O que desanima a gente também é esse Lobo.
Ele exige parte de nossas colheitas, ameaça devorar
nossos filhotes, rouba nossas coisas.

MACACO - E ninguém toma providência ...

COELHO - Sozinho, quem vai enfrentar?

MACACO - Bem, eu vou indo.


A gente precisa agir.
Sem lutar as coisas não mudam, não é pessoal?
(VOLTA-SE PARA A PLATÉIA)

Ili QUADRO

MÚSICA

Sem lutar as coisas não mudam


Não é pessoal?
Assim é que se fala
Para combater o mal

O mal é essa preguiça


Ela contamina a qualquer um
Pode ser eu, pode ser você
Não escapa nenhum

Vamos deixar de papo furado


Não temos tempo a perder
Vamos deixar a preguiça de lado
Vamos o "seu" Coelho socorrer

UMA ESTRADA, ALGUMAS ARVORES. AO PÉ DE UMA DE-


LAS O BICHO PREGUIÇA MOLENGO. O MACACO VAI PAS-
SANDO, ASSOVIANDO, DANDO PULOS. DE REPENTE DA
UM TAPA NA PRÓPRIA CABEÇA.

25
MACACO - Pronto.
Já sei. .. já sei. ..
BICHO PREGUIÇA - Uai, macaco, ficou doido?

MACACO - (SURPRESO) Ah, é você, Bicho Preguiça?

BICHO PREGUIÇA - (FALANDO BEM MOLE) Sim senhor,


"seu" Macaco.

MACACO - Você está sempre aí dormindo feito um parasita.


Acabo de arranjar-lhe um serviço.
ç é para ficar esperto, escutou?
BICHO PREGUIÇA - Claro "seu" Macaco.

LEVANTANDO-SE RAPIDO E FAZENDO CONTINÊNCIA

Pois não, pois não "seu" Macaco.


Diga.
Estou pronto.
Mas nada de ameaças.
Não seja agressivo.

MACACO - Vamos dar uma traição no Coelho.


Você sabe como anda a vidinha dele, não é mesmo?

BICHO PREGUIÇA - A vida está dura pra todos nós com essa
sequidão.
O Sapo lá no brejo anda com uma tristeza!
Canta pela noite adentro.
Dá até dor no coração.

MACACO ... Você ao invés de lamentar, deve é trabalhar.


Agir.
Bem, tratemos do assunto que interessa.
Vamos dar uma traição no Coelho.
Vá convocar a bicharada pra gente combinar, tá le-
gal?
Convida todo mundo, menos o Lobo.
Vá andando.

26
27
O MACACO SAI: DAf A POUCO ENTRA O BICHO PREGUI-
ÇA RESMUNGANDO.

BICHO PREGUIÇA - "Pensa que é rei, pra ficar aí dando or-


dens."
(O MACACO AINDA GRITA DE LONGE): "De-
pressa, depressa, não temos tempo a perder. Deixe a
preguiça de lado."

A LUZ DIMINUI. ENTRA UM SOM DE MATO: RUÍDO, CRI -


CRIS, UNS CHILREIO$. É MADRUGADA. O MACACO VEM À
FRENTE MONTADO NUM BURRO. OS BICHOS CARREGAM
SACOS COM MANTIMENTOS, INSTRUMENTOS MUSICAIS,
FERRAMENTAS ETC.

IV QUADRO

MÚSICA

O Caminho da roça
Tem porteiras, tem poeiras
O caminho da roça
Tem colchetes, tem pinguelas
Tem moça bonita, tem rela-rela

Vamos todos pro caminho da roça


Vamos roçar o eito de terra
Uns levam foice, outros enxadas
Uns levam comida, outros goiabadas
Uns levam violas, sanfona e pandeiros
Outros levam o querozene
Que é para iluminar o terreiro

Vamos pro caminho da roça


Vamos dar uma traição
Vamos todos trabalhar
Pra ajudar o irmão

PAPAGAIO - Força no muque, gente, é pro serviço render.

28
RAPOSA - Eu só penso no pagode.

PAPAGAIO - (NO OUVIDO DO SAPO) Agiota e sapeca

SAPO- (PARA O PAPAGAIO) E eu no catira. (DA PULOS)

MACACO - E eu na cachaça

PIOLHO DE COBRA - Uai, gente, e o Jacaré que não está aquil

RAPOSA - Ele é sempre retardatário.


De certo vai chegar com tempo ao menos de ga~rantir
o violão. 3
PAPAGAIO - E o pandeiro? B •C •

SAPO - É com o Calango e a Cotia, que certamente chegarão


do outro lado do córrego.

PAPAGAIO - E seu Piolho de Cobra, está com os cento e cin-


qüenta dedos afiados?

PIOLHO DE COBRA - Tão coçando pra dedilhar uma sanfona de


cento e vinte baixos.

PAPAGAIO - Eh diacho! vai sobrar dedos.

RISADA GERAL

SAPO- Como é, Dona Raposa, vai matar a gente de fome?

A RAPOSA ESTA CARREGADl'SSIMA DE SACOS; OLHA COM


CARA RUIM.

ONÇA- Ah, gente, ouvi dizer que a bóia vai ser fina:
pelota de carne de vaca, arroz com pequi, frango
com macarrão, tutu com torresmo ...
Verdade, amiga Raposa?
Olhe, um conselhinho: Não vá esconder a comida e
deixar a gente passando fome.

29
30
Dizem, eu não sei ao certo, comentam por aí, que a
Senhora é bastante econômica!

A RAPOSA ESTA MUDA DE ÓDIO.


DA DOIS PASSOS EM DIREÇÃO A ONÇA, BUFANDO DE RAI-
VA.

PAPAGAIO - Tenha senso de humor, Dona Raposa.


Tudo não passa de brincadeirinha de amigos.
Eu, me desculpem, trouxe minha própria comida.
Meu estômago é muito delicado.

ONÇA- Sopa de língua de Beija-Flor ou minhoca recheada


com semente de Capim Gordura?

PAPAGAIO - Não exageremos, Dona Onça.


Sou gente do povo
Não gosto de "menu" sofisticado.

O MACACO DA ORDEM PARA UMA LIGEIRA PARADA.


APEIA DO BURRO.

OS BICHOS FORMAM UM CÍRCULO EM TORNO DELE E FA-


ZEM MUITO BARULHO .

MACACO - Silêncio!
Pois é, minha gente, como já expliquei, o Coelho an-
da num atraso de fazer dó.
Até a comida estamos levando, porque ele não tem
condições de nos oferecer sequer uma xícara de
café.
Nesse mundo a gente não pode ser egoísta.
Temos de nos ajudar uns aos outros.
Vocês conhecem aquela historinha linda do pingo de
chuva?
Um dia, um pingo de chuva olhou pra terra.
Estava aquela sequidão.
Ele ficou muito triste e então disse:
- Eu vou cair na terra.

31
Quem sabe se com minha ajuda não vai nascer um pé
de milho?
Que adianta um pé de milho só, disse o pingo de
chuva seu vizinho.
Adianta, respondeu o primeiro.
O que está ao meu alcance, eu faço.
Então eu também vou ajudar.
Aí, um terceiro gritou: Eu vou com vocês.
Gritou o quarto, gritou o quinto e milhares de pin-
gos de chuva resolveram cair na terra.
E caíram.
Cresceu aquele milharal mais lindo!
Assim, hoje nós vamos colaborar com o Coelho.
Trabalhem com vontade .
Ele vai mudar de vida.

TODOS OS BICHOS: Muito bem! Muito bem! (PALMAS)

MACACO - Silêncio!
Uns vão consertar a casa, outros vão capinar a roça.
As mulheres cuidam da comida e da fiação.

ONÇA - Eh, mundão de Deus! Já estou é com fome.

SAPO - Onça, você só pensa em comida.

MACACO- Silêncio!
Ainda não terminei.
O Tatu será o cabaceiro.
A Raposa e a Onça vão servir o quentão à noite.
O Sapo vai dirigir o catira.
E trabalhem, minha gente, é pra fazer o dia render.

O MACACO MONTA NO BURRO E OS BICHOS SEGUEM A


MARCHA

A LUZ APAGA.
FOCO DE LUZ SOBRE A CASA DO COELHO
ELA ESTA FECHADA.

32
OS BICHOS VÃO DEPOSITANDO AS COISAS A SUA BEIRA.

MACACO - 0 de casal
Compadre Coelho, abra a porta.

DEPOIS DE UMAS TRÊS CHAMADAS, O COE LHO ABRE A


PORTA CAUTELOSAMENTE.

APARECE ESFREGANDO OS OLHOS.

COELHO - Compadre Macaco, tão cedo?

MACACO - Cedo nada, compadre Coelho, o sol já está arreben-


tândo mamona.
Nós viemos te prender.

A COELHA APARECE ESPANTADA, MEDROSA, COM OS


COELHINHOS EM RODA.

COELHO -

TODOS -
(ASSUSTADO) Que é isto, minha gente?

Bom dia, "Seu" Coelho


l FG
J
a. e.

O COELHO MAL RESPONDE E CONTINUA ASSUSTADO .

MACACO - É uma traição, compadre.


Viemos ajudar você a consertar a casa e a roçar seu
eito de terra.

COELHO - Êhgente boa! (SAI DANDO PULOS DE A LEGRIA).

MACACO - Amolem as ferramentas depressa.


O dia é curto, meu povo.

COELHO - Primeiro vamos tomar um cafezinho.


MACACO - Não se preocupe, compadre.
Nós trouxemos tudo.
O Bicho Preguiça trabalha devagar mas se encarrega-
rá dos esteios.

33
O Tatu tem boas unhas, vai furar os buracos.

TATU- (FALANDO BAIXO PARA O LADO DO SAPO) -


Essa não.
Além de cabaceiro, furar buracos.
O Macaco quer é me matar!
Na hora do pagode eu vou estar é duro e seco.

AS MULHERES, QUE SE ENCARREGAM DA COMIDA E DA


FIAÇÃO, POEM-SE A AJEITAR AS COISAS NUM JIRAU, A
VARRER, A LIMPAR, A FIAR.
OS OUTROS VÃO NO RANCHO.
OS QUE VÃO CAMPINAR A ROÇA SAEM PELA DIREITA, EM
ALGAZARRA.

V QUADRO

MÚSICA

O cheiro do mato é bom


O cheiro do mato é forte
O cheiro do mato é bom
O cheiro do mato é forte

Tem ruídos, tem cricris


Tem chilreias, tem orvalhos
Tem riachos e passarinhos
O cheiro do mato é bom
O cheiro do mato é forte
1: bom embaraçar no cipó
E se sentir preso à natureza
Tornar água na fonte
Comer mangaba debaixo de um ipê florido

O cheiro do mato é bom·


O cheiro do mato é forte

NARRAÇÃO: Assim os bichos trabalham o dia todo.


Trabalham sem descanso.
O Bicho Preguiça, pra exibir os músculos, foi levan-

34
tar sozinho um esteio.
Ele caiu em cima de um jirau.
Quebrou algumas coisas, mas ninguém se importou.
Tudo era festa.
A $apinha, a moça mais bonita, ficou o tempo todo
namorando o "cururu".
De vez em quando era preciso o Macaco dar uns cro·
ques na cabeça dele pra ele largar a viola e o namoro
e ir cuidar do serviço.
Ah, Sapo poeta! .. . A Sapinha é namoradeira mas
deu conta de fiar três quartos de linha.
Êta moça prendada!
Ainda por cima, bonita.
Mas todo mundo pensava mesmo era no pagode.

ESCURECE, BAIXA A CORTINA

MÚSICA

Hoje à noite tem festança


Depois da traição
Hoje à noite tem forró
E também tem quentão
Hoje à noite tem biscoito frito
Hoje à noite tem confusão
Hoje à noite tem pipocas
Se segura meu irmão

IIATO

VI QUADRO

APARECE O RANCHO TODO EMBANDEIRADO.


OS BICHOS ENFEITADOS.
CADA QUAL COM SEU INSTRUMENTO.
SERVEM O QUENTÃO.
MÚSICAS - VOZES - RISADAS.

SAPO - (COM A VIOLA. ACABA DE TOMAR UM GRAN·

35
36
DE GOLE DE QUENT ÃO) Vamos ver, Papagaio.
Mostre sua i nspiração.
Eu começo o desafio.

DED I LHA AS CORDAS, LI MPA A GARGANT A E CANTA

"Senhora Dona da casa


Escuta o que vou dizer,
Festa boa como esta,
É difícil acontecer."

PA PAGA IO - (VI RANDO O COPO)

"Meu amigo, compadre Coelho,


Escuta o que vou falar:
Espero que nossa ajuda,
Vá sua vida melhorar."

MACACO- (GR ITANDO) - Venha a Raposa.

RAPOSA- (TOMA UM GOLE E PEGA A VIOLA)

"Me mandaram aqui cantar


Pensando que não sabia,
Eu não sou como Tatu,
Que não canta, nem assobia."

T A TU - (TOMANDO UM GOLE) Sustenta as cordas aí ami-


go Sapo:

"A Raposa goza de fama,


De se r boa cantadeira,
Chega aqui é um vexame,
Só sabe diz_J?r besteiras."

A RAPOSA DA UM T APA NO TATU.


ELE A ARRANHA COM SUAS UNHAS
MACACO - (PULANDO PARA APARTAR OS DOIS) Pronto,
chega.
Agora os machos pro catira.

37
ORGANIZA-SE O CATIRA.
DANÇA-SE UM POUCO.

MACACO - Agora vamos por as mulheres pra dançar.

PAPAGAIO - (APROXIMANDO-SE DA SAPINHA) Querdançar


comigo?

SAPO- (DA UM PULO ENTRE OS DOIS) Alto lá! Ela é


minha namorada.

PAPAGAIO -Sua namorada que nadai


Se fosse, nã'o me dava bola.

A SAPINHA ABAIXA A CABEÇA ENVERGONJ;!ADA

SAPO- (PARA O PAPAGAIO) - Vá dançar com a Raposa.

PAPAGAIO - Danço com quem eu quiser.

ATACAM-SE. A CONFUSÃO SE ESTABELECE.


CAEM POR CIMA DO VIOLÃO QUE FICA EM CACOS.

VII QUADRO

NESSE MOMENTO, CHEGA INESPERADAMENTE O LOBO.


PARA A PORTA, OLHA EM TORNO.
A BRIGA CESSA COMO POR ENCANTO.
SILENCIO COMPLETO.

LOBO- (EM VOZ ALTA) Então, fazem festa e não me con-


vidam?
Essa é muito boa!
Não sabem que eu sou a figura principal desta Re-
gião?
Eu, o valente e poderoso Lobo.
Vocês não sabem de nada, seus bichinhos vagabun-
dos.

ONÇA - (HESITANTE E TREMENDO) - Mas compadre ...

38
LOBO- (OLHANDO FEROZ E CAMINHANDO PARA O
LADO DELA)
Qual compadre, qual nada.
Agora, vou querer meu banquete.
Estou com fome. (DA UM URRO)
Qualquer bichinho miúdo serve.
Ou grande mesmo.

OS BICHOS VÃO SE AJUNTANDO, SE ENCOLHENDO E SE


EMPURRANDO IMPERCEPTIVELMENTE PARA A PORTA.
A ONÇA DA UM PULO PARA FORA E SAI CORRENDO.
A BICHARADA EMENDA ATRAS.
O MACACO SAI ATRÁS: ESPEREM, ESPEREM!
CONSEGUE JUNTAR OS BICHOS NO FUNDO DO PALCO,
A DIREITA.
TRAMAM ALGUMA COISA.
TUDO ATRAVl:S DE MfMICA.
SIMULTANEAMENTE PROSSEGUE A CENA COM O LOBO.

COELHO - (TREMENDO) - Vamos assentar, "seu" Lobo.

LOBO- O senhor escutou?


Foi um desaforo nâ'o me terem convidado para a fes-
ta.
Um desacato.
Agora quero meu banquete.

COELHO - Tem umas sobrinhas lá dentro.


Se o senhor quiser,a mulher esquenta.

LOBO - (FURIOSO) Imagine, eu, o Lobo, comer sobras.


Não quero sobra.

COELHO - (TREMENDO CADA VEZ MAIS) - Olhe aqui,


"seu" Lobo, temos no quintal uma galinhazinha,
que de vez em quando bota um ovinho pros filhotes.
Se o senhor quiser, a mulher faz uma galinhada.
LOBO - Assim é que se fala, Coelho.
Depressa.
Não agüento mais olhar para sua cara.

39
COE LHO - Vá, mulher, ande.
A galinha é mansinha.
Está lá no poleiro.

A COE LHA ENTRA.


DEMORA.
O LOBO NÃO TIRA OS OLHOS DO COELHO.
DE VEZ EM QUANDO ESCANCARA A BOCA E DA UM PASSO
PARA O LADO DO COELHO.
ENQUANTO ISSO, NO OUTRO CANTO, OS BICHOS SE AR-
MAM DE FERRAMENTAS, VASSOURAS, PEDAÇOS DE PAU.
O MACACO TEM UMA CORDA COMPRIDA E FORTE NAS
MÃOS.

COELHO - Depressa, mulher. (PAUSA. GAGUEJANDO)


Estamos muito agradecidos aos amigos pela traição.
Agora nossa vidinha vai melhorar.

LOBO - (DANDO UM SALTO E GRITANDO) Melhorar o


quê?
Vida de pobre não tem jeito.
A galinha não sai, não é?
Eu vou é te comer.

MACACO - (DANDO UM SALTO E GRITANDO) - Vamos mi-


nha gente!
Vamos acabar com esse tirano.
É tempo de mudar ...

OS BICHOS INVADEM O RANCHO.


O LOBO QUER FUGIR, RUGE, AMEAÇA.
OS BICHOS CONSEGUEM AGARRA- LO.
E ENQUANTO A ONÇA E O MACACO AMAR RAM-NO FOR-
TEMENTE, FALA O PAPAGAIO.

PAPAGAIO - Ele não é um líder.


É um parasita.
Só nos explora e ameaça nossas vidas.
Não ajudou na traiçã'o, agora vem acabar com nossa
festa .

40
Rouba tudo de nós e n!o nos ajuda em nada.
Enquanto n!o nos livrarmos dele, nã'o seremos livres
e felizes.
Somos muitos.
Ele é um só.
Devíamos ter feito isso há muito tempo.
Mas é preciso apanhar para aprender...

LEVAM O LOBO E O ATAM BEM A UM TRONCO OU EST EIO,


PERTO DO RANCHO.

MACACO - Volte, pessoal, a festa continuai


~
OUVE-SE A MÚSICA.
DANÇAM COM GRANDE ANIMAÇÃO.
DE VEZ EM QUANDO SAI UM BICHO E MOSTRA AO LOBO
LiD
A LGUMAS COISAS DE COMER, CHEGA- LHE AO FOCINHO
A COMIDA E SAI DANÇANDO.

PAPAGAIO - (PASSA REQUEBRANDO, DIANTE DO LOBO) -


Vamos dançar "seu" Lobo!

COELHO - (ABRAÇADO A COELHA E OS COELHINHOS,


BEM PERTO DO PÚBLICO).

CANTAM - (TODOS OS PERSONAGENS, DE MÃOS DADAS)

"Coisa boa é roça plantada


Coisa boa é bicho valente
Coisa boa é lutar unido
Para mudar a vida da gente."

FIM

41
42
t

~
MONTE ESTA PEÇA


G")
CRIE UM DESENHO AQUI

44
E OUTRO DESENHO AQUI

45
QUESTI ONAR 10

Título da Peça? ........... . .... .. .................... . .


Nome da Autora? ......... . ......... . ........ . . ....... .
Quantos atos tem a Peça?
Quantos quadros tem a Peça? . . . ... . ............... . ..... .
O que é uma peça de teatro? .. . .... . .............. . .. . ... .
. . .. . .. . . .. .. . . .. .. . . .. .. .. . . . . .. .. . . .. . . . .. . . . .. . . .
O O O O o O O o O O O O O O O O O• O O O O O O O O O O O O O o O O O o O OI o o• o O o o o o OI O O

Qual é o nome que se dá a um autor de Teatro? .............. .


O que quer dizer ato em uma peça de Teatro? . . ............. .
. . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
O que quer dizer quadros de uma peça de Teatro? . ... . ....... .
• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 1 • • ••• • ••••••• • •

O que você entendeu da peça? Conte com suas palavras .... . ... .
. . . . .. . .. . . . . . . .. . . .. . . . . . . . . .. . . . . .. . . .. . .. . .. . . . . .
o o o O O o O O O o o O O o o o o o o o o O I O O O O o o o o o O O O O OI o o o o o O O O OI O O o t

.. . .. ........... . ......... .. .......... . .. .. ...... .. .


Por que o Coelho vivia em dificuldades? ............. . ...... .
. . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . .. .. . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . .
Existe um personagem central na peça? ..................... .
Qual? ...... . ................ . ....................... .
Explique o porquê ......... . ........ . .... . ....... . ..... .
. . . .. . . .. . .. . . . . . . . .. . . . . .. . . .. . . .. . . . . . . . . .. . .. . .. .
. . .. . .. . . .. .. . . . . . . . . . . .. . .. .. . . . . .. . .. . .. . . . . . .. . . .
Qual a personagem com que voce mais se identificou?
Por quê? . . .. .. ...................................... .
Você acha que existe alguma família nas mesmas condições de vida
das do Coelho? . . . . . . . . . . . . . . ..... . ......... . ..... .

47
Por qu~? ......... .... ....... . ....... . .. .... . . ....... .
O que você faria para ajudá-los? ......... . .. . ....... . .. . .. .
.. .. . . . ... . .. . .. . .. . . . . .. . . . . . . .. . . . . . . . . . .. . .. .. . ..
Qual o(a) personagem mais divertida? . .... ...... . . . .. .. .... .
Você achou essa estória: triste ou alegre? . . .... . ...... . .... . .
Fale com suas palavras sobre a família do Coelho ............ . .

Você acha que o Lobo deveria ser expulso, amarrado ou aconse·


lhado a ser bom? ...... . .. . . .. . . . .. ... . ....... . ...... . . .
Por que? .. .. .. . ... . .... . ... .. ... . ... . ...... . .. . ..... .
'
Você já assistiu a alguma peça de teatro? . . ...... ... .. . .... .
Cite o nome de uma que você gostou .. . ........... . ... . ... .
. . . .. . . .. .. . .. . . .. . .. . .. . .. . . . . . . . .. . .. . .. . . . .. . . .. .
Já leu algum outro texto de teatro?... .. ..... . ..... . . . ..... .
Cite o nome . .. . ...... . . . .... ... . . .... . .... . ....... ... .
Qual o livro que você já leu e mais gostou? ...... . ........... .

Você gosta de ler? . .. . ... .. .. . ................... . .... . .


Você gostaria de fazer teatro? ...... . ................... . . .

48
PEQUENO VOCABULARIO DE PALAVRAS
E SEUS SIGNIFICADOS

ATAR: Prender, ou apertar com laçada ou nó.


ADOBES: Tijolos cru, apenas seco ao sol. ~
ARAR: Lavrar, sulcar {a Terra). ~ ~e~
ARADO: Instrumento para lavrar a Terra.
AGIOTA: Usuário, interesseiro.
ALGAZARRA: Vozearia, gritaria, clamor, assuada.
BÓIA: Comida, refeição.
BUFANDO: Expelindo fortemente ar pela boca e ou pelo nariz
BANQUETE: Refeição Festiva em que participam muitos convi·
dados.
CERRADO: Tipo de vegetação caracterizada por árvores baixas.
CONTINÊNCIA: Cumprimentos militar.
CONVOCAR: Chamar ou convidar para uma reunião.
CRICRIS: Voz imitativa do canto dos grilos.
CHILREIOS: Exprimir gorjeios.
COLCHETE: Porteira feita de arame farpado.
CATI RA: Dança rural em fileiras opostas e cantada.
CACHAÇA: Aguardente que se obtém mediante destilação do mel,
ou borras do melaço.
CÓRREGO: Ribeiro pequeno, riacho.
CAUTELOSAMENTE: Que procede com cautela, cuidadosamente,
prudentemente.
CABACEIRO: O que carrega a cabaça de água nos mutirões.
CIPÓ: Designação comum as Trepadeiras, que penduram nas árvo·
res e nelas se trançam.
CROQUE: Sras. cascudo.
CESSA: na-o continua, interrompe, pára.

49
CULTIVAR: Fertilizar (a terra) pelo trabalho.
DEVORAR: Engolir de uma só vez.
DESACATO: Faltar com o devido respeito a; afronta.
ESTE 10: Peça com o qual se sustém alguma coisa.
EXIGE: Reclama em funçâ'o de direito legítimo ou suposto.
EITO: Limpeza de uma plantação, com o uso de enxada.
EGO fSTA: Que trata só dos seus interesses.
ESCANCARA: Abre de par em par.
FERTILIZANTE: Adubo.
FÉRTIL: Abundante, farto.
FINANCIA: Custeia.
FOICE: Instrumento curvo para ceifar.
FIAR: Tecelagem manual, roda movida a pedal.
FESTANÇA: Festa muito animada.
FOR Ró: Arrasta-pé, farra.
FEROZ: Arrogante, altivo.
FOCINHO: Parte da cabeça do animal.
GAGUEJANDO: Pronunciando as palavras, sem clareza de sons.
GARANTIA: Prova, segurança.
HESITANTE: Indeciso, vacilante.
IMPERCEPTIVELMENTE: Que na'o se pode perceber, distingüir,
imperceptível.
J I RAU: Estrado de madeiras, sobre forquilhas, usado para guardar
panelas.
LAVRADOS: Arados, cultivados.
MÉTODOS: Processo ou técnica de ensino.
MENU: Cardápio.
MANGABA: Fruto da mangabeira, que dá no cerrado.
MllVIICA: Gesticulação.
MUQUE: Força muscular.
PINOTES: Saltos, pulos, piruetas.
PARASITA: 1ndivíduo que nã'o trabalha, vive âs custas alheias.
PINGUE LA: Tronco que serve de ponte sobre o rio.
PAGODE: Baile na roça.
POLEIRO: Vara onde as aves pousam e dormem.
QUENTÃO: Agul3rdente de cana com açúcar e gengibre.
QUEROZENE: Líquido derivado de petróleo, usado como com-
bustível.

50
ROÇAR: Pôr abaixo (vegetação), cortar, derrubar.
RETARDATÁRIO: Aquele que está atrasado, chega tarde.
RUGE: Do verbo rugir - bramir, urrar.
RANCHO: Casa pobre da roça.
SUBSTANCIA: A parte real ou essencial de alguma coisa.
SEOU I DÃO: Secura.
SAPECA: Moça saliente, namoradeira.
SOFISTICADO: Requintado, aprimorado.
SIMULTANEAMENTE: Que ocorre ou é feito ao mesmo tempo,
(simultâneo) com outra coisa.
SOVINA: mesquinho, avarento.
TRONCO: O caule das árvores.
TIRANO: lndiv /duo cruel, impiedoso.
TE IA: Aquilo que prende, emaranha. ~~e~
B 1

Vocabulí.m extnído do Novo Dicionário da Língua Bruileira


(Aurélio Buazque de Holanda Ferreira)
- Editora Nova Fronteira -

E do Dicionário do Bruil Central subsidio a rtlologia


(Waldomiro Bariani Ortêncio)
- Editora ÁtJca -

51
.,
r

._, (,

.1
ART E NA EDUCAÇÃO

DO TRABALHO:

Não é facil realizar um trabalho artístico, seja ele na forma


de teatro, literatura, cinema, artes plásticas, música, dança, etc.,
num país onde as pessoas não têm o hábito da leitura e não fre -
qüentam os centros de cultura.
Ao lançar a proposta "Arte na Educação", neste trabalho de
literatura infantil, de autores contemporâneos de Goiás, estamos
nos dirigindo para um caminho muito amplo de discussões que en-
volve todos os leitores em uma análise que nos leve a resultados
positivos e que permita vivenciarmos, de um lado a arte e do outro·
a educação, ambas negligenciadas e desprovidas dos recursos m íni-
mos destinados pela União, em seu orçamento, para o seu desen-
volvimento sólido, livre e profícuo.

DA TRAJETOR IA:

A trajetória que nós, editores independentes, estamos percor-


rendo no Brasil, não têm nos desanimado, pelo contrário, estamos
nos empenhando com os fatores que são poss íveis, com o traba-
lho, a arte e a força de vontade, criando e gerando recursos neces-
sários para a realização deste projeto que tem um objetivo muito
claro e sério: chamar a atenção das autoridades, artistas, educado-
res e leitores' de todas as classes sociais para a importância que
representa a educação e à arte na vida intelectual, social e econô-
mica de nosso País. Conscientes e sensíveis às transformações que
o País está vivendo, nós, cidadãos, ávidos por uma vida mais
digna e justa, reivindicamos melhores condições, através de uma
nova ordem política, que nos possibilite e nos assegure o direito
de educarmos através da arte.

53
DAS OBRAS EDITADAS:

A qualidade editorial é um dos princípios em que nos apoia-


mos para realizarmos este projeto que nasceu nos primeiros me-
ses do ano/84, quando em Goiânia, mais precisamente, nas praças
públicas, nas escolas, nos palcos dos teatros oficiais, a arte cênica
integrou-se a um público muito especial: a criança. A Traição nas
Terrinhas do Coelho de Marietta Telles Machado, Margarida
Rosa de Divanir Pimenta e Realidade Cor de Sonho de Ana Maria
Lins da Silva e de Joana Peixoto, sã'o três livros que contam e can-
tam estórias diferentes utilizando textos teatrais, além de serem
ilustrados com desenhos simpáticos, alegres, vivos e comunicativos,
que enriqueceram sobremaneira as obras.
Incluímos, além de algumas fotos das peças, um pequeho
vocabulário de palavras de significado mais difícil, o que possibi-
lita o acesso de qualquer pessoa, de todas as idades e principal-
mente das crianças, em qualquer grau de escolaridade, facilitan-
do o entendimento e estudo dos textos.
Ao chegar em suas mãos, a coleção - "Arte na Educação" -
esperamos que lhe atinja os olhos e que penetre nos seus pensa-
mentos até alcançar o coração, a alma e a razã'o. Finalmente, es-
peramos que estes três primeiros lançamentos possibilitem-lhe
reunir-se com outras pessoas para com elas discutir, trocar idéias,
ler e montar a peça dentro dessa nossa sugestão: "A Arte na Edu-
caçã'o".

OS EDITORES

54
55
livro deve ser devolvido no última
data carimbado

Jl'·- - ,-=--=----1- - - - = ===1


- - --::==_ _J

!achado , ~arietta ~el les

A tcaição nas terrinhas do coe


lho
U --SxLt3~.. 3(~ \1 3
~ 869 0 ( 8 1) - 2/MAC/tra
(3 28/93)
=
DATA DA
DEVOLUÇÃO
li
-
,1s.mmuu oo LEITCB

__JI ----- - -

\U.----~
G
f\ ,C,

P rove que sabe honrar os seus compromissos,


devolvendo com pontualidade este livro à
BIBLIOTECA .
~achado , Marietta Tell~s

A traição nas terrinhas do coe


lho

3869 . 0(81)-2/~AC/tra
(32 9/ 93 )
GRÁF1CA EDITORA ÚJER
indústria e comércio
•~~ 1•·• .. •9"11"'-' ...,...._
,., ..., ,.. ·•• ,. \oNYIIIIII'""""
J'w•
.... •oc,...,..... ao.u
OOri,,rw,,1,

Você também pode gostar