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EDUCAÇÃO INFANTIL

Alfabetização

Ana Paula Good Machado


Maria Elisabeth Blanck Miguel
Alfabetização

Ana Paula Good Machado


Maria Elisabeth Blanck Miguel
© 2023, Ana Paula Good Machado e Maria Elisabeth Blanck Miguel
2023, PUCPRESS, FTD

Esta coleção, na totalidade ou em parte, não pode ser reproduzida por qualquer meio sem autoriza-
ção expressa por escrito da Editora.

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Edilene de Oliveira dos Santos CRB 9 /1636

M149a Machado, Ana Paula Good


2023 Alfabetização: educação Infantil / Ana Paula Good Machado e Maria Elisabeth
Blanck Miguel. – Curitiba : FTD, PUCPRESS, 2023.
39 p. ; 21 cm – (Coleção janela do saber)

Inclui bibliografias
ISBN 978-65-5385-063-7
ISBN 978-65-5385-064-4 (e-book)

1. Alfabetização. 2. Educação infantil. 3. Professores – Formação. 4. Prática de


ensino. I. Miguel, Maria Elisabeth Blanck. II. Título. III. Série.

23-148 CDD 23. ed. – 372.412


APRESENTAÇÃO

Este volume traz uma reflexão sobre as dificuldades que


os alunos enfrentam em idade de alfabetização quando ingres-
sam no primeiro ano do Ensino Fundamental. O educador se
depara com uma sala heterogênea na qual as crianças pos-
suem saberes e vivências diversificadas e naturalmente surge
a seguinte questão: qual metodologia seria a mais assertiva
na promoção da aquisição da leitura e da escrita? Afinal, o
educador é o responsável em propor soluções, por meio de
metodologias ativas e durante sua ação pedagógica, para que
a aprendizagem seja de fato efetiva.
Entender como o seu conhecimento e participação em
sala de aula pode impulsionar essa aprendizagem é de extre-
ma relevância para dar continuidade a essa missão.
Compreender as estratégias e práticas propostas que
podem ser utilizadas em sala de aula, refletir sobre a impor-
tância de promover um ambiente adequado que facilite o
aprendizado do aluno no processo de alfabetização são os
principais temas abordados neste volume.
SOBRE A COLEÇÃO

A Editora PUCPRESS, em parceria com a FTD, apresenta aos docentes


que atuam na Educação Infantil e nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental
a Coleção Janela do Saber, cujo objetivo é estimular a reflexão sobre temas
relacionados à prática pedagógica e colaborar na formação continuada
desses profissionais.
Os volumes desta coleção trazem o resultado de pesquisas realizadas por
acadêmicos e professores do curso de Pedagogia da Pontifícia Universidade
Católica do Paraná.

SOBRE AS AUTORAS

Ana Paula Good Machado


Graduada em Pedagogia e em Relações Públicas pela Pontifícia
Universidade Católica do Paraná. Participou do Programa Pibid (Programa
Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência) em 2017 e 2018. Estagiou
em escolas particulares no Ensino Fundamental durante o período da
graduação na cidade de Curitiba/PR e hoje atua como professora de reforço
escolar para o Ensino Fundamental.
Maria Elisabeth Blanck Miguel
Graduada em Pedagogia e Mestre em Educação pela Universidade
Federal do Paraná, Doutora em História e Filosofia da Educação pela
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, professora titular de
História da Educação da PUCPR. Membro da Sociedade Brasileira de
História da Educação (SBHE), da Sociedade Brasileira para o Progresso
da Ciência (SBPC) e coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisas
“História, Sociedade e Educação no Brasil”, em Curitiba/PR. Desenvolve
trabalhos de coorientações de teses e outras atividades junto ao Programa
de Doutorado em Education, Carriérologie, Ethique, da Université
Catholique d’Angers (UCO/FR). Tem experiência na área de Educação,
com ênfase em História da Educação, atuando principalmente nos temas
de História da Educação Brasileira, História da Educação, Educação
Paranaense, Educação e Formação de Professores.
SUMÁRIO

CONTEXTO 06

ITINERÁRIO DE APRENDIZAGEM 09
Métodos de alfabetização 13

A leitura e a escrita 16

O letramento e a Base 20
Nacional Comum Curricular

A prática do professor alfabetizador 24

SÍNTESE DO APRENDIZADO 29

REFERÊNCIAS CONSULTADAS 31

INDICAÇÕES DE LEITURA 35

CONHEÇA OUTROS TÍTULOS 37


DESTA COLEÇÃO
CONTEXTO

Olá, educadores!
Este volume trata sobre as dificuldades de aprendizagem
que podem surgir entre crianças em idade de alfabetização quan-
do ingressam no primeiro ano do Ensino Fundamental, advindas
da pré-escola, onde a dinâmica, organização da sala de aula, utili-
zação do tempo e conteúdo são trabalhadas de modos diferentes.
Alguns estudantes, ao chegar ao Ensino Fundamental, en-
contram dificuldades de adaptação, o que acaba refletindo na
aprendizagem. Cabe ao educador, então, procurar métodos e
estratégias em sua ação docente para minimizar esse impacto.
Desta forma, faz-se necessário observar todas as intervenções
que julgar adequadas para cada aluno.
Batista e Soares (2005) definem o que é a alfabetização,
dando significado ao termo e apresentando as dinâmicas relaciona-
das ao domínio deste aprendizado. Para os autores, a alfabetização
determina o ensino e o aprendizado de uma tecnologia de repre-
sentação da linguagem humana; desta forma, a escrita alfabético-
-ortográfica, envolvendo conjuntos de conhecimentos e procedi-
mentos relacionados às capacidades motoras e cognitivas, colocam
em funcionamento os instrumentos e os equipamentos de escrita.
A alfabetização é o sistema de representações da linguagem
humana através de símbolos que podem ser codificados e decodi-
ficados, porém, este conceito vem se ampliando ao longo dos úl-
timos anos, envolvendo outros aspectos que precisam ser levados
em consideração pelo professor alfabetizador, durante sua prática
docente, surgindo, assim, a necessidade de criar um ambiente alfa-
betizador na sala de aula, onde as crianças sejam levadas a utilizar
a linguagem escrita de forma que consigam identificar para quê
serve e seus usos nas práticas sociais (BATISTA; SOARES, 2005).

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Durante o período da Educação Infantil, os espaços e a roti-
na de aprendizagem são planejados para o melhor aproveitamento
e desenvolvimento da criança. Assim, a organização do ambiente
e das atividades na Educação Infantil são importantes aliados na
aprendizagem dos estudantes. Porém, quando as crianças entram
no Ensino Fundamental, essa dinâmica enfrenta uma significativa
mudança, pois a preocupação com a organização da sala e os tem-
pos das atividades passam a adotar um caráter mais funcional e
tradicional, o que pode ocasionar um estranhamento por parte do
estudante, afetando a maneira como ele e o professor interagem.
Para um melhor aproveitamento desse período, torna-se
importante buscar atividades que atribuam significado e função à
alfabetização, promovendo, em sala de aula, situações que gerem
a necessidade da leitura e da escrita dentro das práticas sociais.
Implicam assim, na necessidade de reorganizar o planejamento,
apropriando-se de diversas estratégias e linguagens que permi-
tam à criança se comunicar, evitando uma ruptura completa com
o caráter lúdico da Educação Infantil.
Esse processo se realiza seguindo as etapas necessárias
que possibilitarão ao professor conhecer seus alunos, estar mais
atento às suas dificuldades, tornando-se um importante aliado na
sua aprendizagem (BATISTA; SOARES, 2005).
Nesse sentido, é necessário compreender as estratégias de
alfabetização utilizadas pelo docente para conseguir atender aos es-
tudantes que se encontram em diferentes ciclos de aprendizagem.
Perante um mundo em que oferece novidades de forma bas-
tante rápida, o acesso à leitura e à escrita é fundamental para que
a criança se desenvolva e adquira a capacidade de se colocar como
cidadão, sabendo interagir com o meio em que vive, estimulando-o
a compreender o que o cerca. A alfabetização, além de ser um direi-
to da criança, é um aspecto fundamental para seu desenvolvimento
pessoal e coletivo.
Com as constantes mudanças influenciadas pela pandemia,
a tecnologia é a principal aliada para o processo de aprendizagem;

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e o mediador precisa desenvolver atividades que permitam rea-
lizar um trabalho com eixos e articulação curricular adequados
para a modalidade à distância.

#QUESTIONE E #REFLITA
COMO O PROFESSOR PODE ENVOLVER OS
ESTUDANTES NAS ESTRATÉGIAS E PRÁTICAS
DE ALFABETIZAÇÃO?

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ITINERÁRIO DE
APRENDIZAGEM

A alfabetização é um tema bastante explorado, portanto, nes-


te volume serão apresentados conceitos de autores que descrevem
sua visão sobre o assunto em artigos, livros e trabalhos de pesquisa.
Segundo Magda Soares (2006, p. 15), “A alfabetização é a aquisição
de uma habilidade de decodificar a língua oral em língua escrita. Essa
alfabetização se dá por um processo de representação de fonemas
em grafemas e de grafemas em fonemas”.
Magda Soares cita que na alfabetização o indivíduo adquire
o domínio de um código e suas competências e habilidades para
utilizá-los para ler e escrever através de técnicas para exercer a capa-
cidade de escrever, desenvolvendo novas formas de compreensão e
interpretação da linguagem na sua totalidade (SOARES, 2006).
Chagas e Domingues (2015) tratam da leitura como uma
prática social e abordam a relevância do letramento com o trabalho
de literatura infantil e das atividades que podem ser desenvolvidas
para o enriquecimento do processo de alfabetização.
Outro ponto importante destacado pelos autores foram as
atividades que enriquecem as aulas envolvendo a alfabetização, como
brincadeiras, contação de histórias e rimas, que são atividades envol-
ventes para o esse processo, abrindo possibilidades para despertar
nos estudantes a leitura e a consequente alfabetização. Os autores
ainda ressaltam a importância da formação literária nesse período
de alfabetização da criança nos primeiros três anos do Ensino Funda-
mental, sendo o professor alfabetizador o responsável em propor-
cionar ao aluno acesso a variados trechos de obras literárias, histórias
e gêneros textuais que deem um suporte para que a aprendizagem
da criança tenha um avanço significativo.
A intenção de usar a literatura é que a criança se envolva em
suas emoções e desperte sua sensibilidade para o aprendizado, de
maneira lúdica. Destaca-se também a necessidade de uma reflexão
do professor alfabetizador acerca da oferta de projetos coletivos que

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envolvam a socialização dos alunos com o intuito da troca de ideias
sobre os livros e do maior contato da criança com obras literárias.
Tomazzetti e Loffler (2015), em seu artigo sobre os senti-
dos de alfabetizar, discutem sobre o processo de incorporação do
ensino tradicional e formal no Ensino Fundamental e na Pré-escola
assumido pelos professores. Muitas vezes, o aprendizado, que pode
ser enriquecido pelas práticas extracurriculares, não é valorizado.
É importante frisar que seu artigo aborda o desenvolvimento
da alfabetização por meio da atribuição de significados e sentidos a
partir do seu contexto e trata dessa perspectiva como uma opor-
tunidade para a criança construir um aprendizado mais interessante
da alfabetização, assim como da sua identidade como indivíduo social.
Todos estes pesquisadores destacam que a complexidade
da infância possibilita a compreensão da leitura e da escrita, antes
das crianças frequentarem a escola. Desta forma, esse processo
pode ser visto como uma iniciação na qual as crianças aprendem
a ler e a escrever, descobrindo novos caminhos sem deixar de
serem crianças.
Já Bazzo (2015), em seu trabalho sobre a oralidade na for-
mação linguística do professor alfabetizador, aborda a formação do
professor na concepção da linguagem como algo relevante para o
desenvolvimento do trabalho, além do desenvolvimento de meto-
dologias que estejam adequadas ao ensino da alfabetização.
Costa e Gontijo (2017) destacam a relevância do desen-
volvimento de trabalhos com produção de textos para as crian-
ças. O fato de a criança identificar para quem quer escrever, ou
seja, os sujeitos envolvidos, abordar o assunto, identificar o moti-
vo da escrita, escolher as estratégias para a escrita, são meios ri-
quíssimos para que ela construa o sentido de saber ler e escrever.
Um aspecto considerado relevante para Costa e Gon-
tijo (2017) é que para se produzir textos, se faz necessário ter
o que dizer, objetivos e razões para dizer, sempre pensando em
para quem dizer, escolhendo estratégias para fazê-lo. Assim, quan-
do bem planejada pelo professor, essas atividades e atitudes de

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acreditar no potencial da criança e incentivá-la, oferecendo estra-
tégias e auxílio, cooperam para seu aprendizado, inclusive nas fases
iniciais da alfabetização.
Moura (2016) aborda as dificuldades enfrentadas tanto pelo
professor iniciante como pela experiência no ensino da alfabeti-
zação, apontando que há necessidade de um comprometimento,
conduta e manejo do professor em sua prática.

A postura adequada do professor


e o enfrentamento dos desafios da
alfabetização são aspectos relevantes na
ampliação e na qualidade do processo de
alfabetização no momento de interação
na sala de aula.
Diante deste contexto, o professor precisa ser compro-
metido com as suas escolhas, nas metodologias adotadas para o
sucesso no processo de alfabetização, sendo um direito das crian-
ças saber ler, escrever e saber usar as práticas sociais de leitura e
escrita (MOURA, 2016).
Para um embasamento mais profundo, pode-se integrar pelo
menos três livros de referência. O primeiro deles é Alfabetização e Le-
tramento, de Magda Soares (2018), no qual a autora questiona qual é
a verdadeira responsabilidade do educador nesse processo de alfabe-
tização, fazendo o professor ter uma visão e refletir sobre esse tema.
O livro é dividido em três partes: a primeira e segunda
partes tratam das concepções e práticas que envolvem os temas
de alfabetização e letramento; já a terceira parte procura unir
teoria e ação a partir de uma perspectiva político-social.
Durante o desenvolvimento do tema, Soares (2018) indica que
existem três aspectos no processo de alfabetização, que são: linguísti-
co, interativo e sociocultural. Na obra, a autora faz um levantamento

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do estado da arte voltado para a alfabetização, apresentando diversas
perspectivas teóricas que são explicadas e aprofundadas procurando
ser fiel à coerência na articulação entre as ideias, sempre que possível.
O segundo livro, Os processos de leitura e escrita: novas pers-
pectivas, de Emília Ferreiro e Margarita Gomes Palácio (1987), re-
trata a alfabetização e como ela pode ser mais efetiva, trazendo as
estratégias necessárias para o desenvolvimento da escrita, abor-
dando avanços, problemas e perspectivas inerentes ao tema.
As crianças têm papel ativo no processo de aprendizagem,
construindo o próprio conhecimento; e o ambiente escolar tem
a responsabilidade de transferir o conteúdo através do olhar
construtivo do aluno. Desta forma, “as crianças utilizam suas pró-
prias hipóteses para assimilar a informação do meio, e as põem à
prova ao confrontá-las com as hipóteses de outros, nem sempre
idênticas às suas” (FERREIRO; PALÁCIO, 1987, p. 125).
O terceiro livro, Além da Alfabetização, de Ana Teberosky
e Liliana Tolchinsky (2008), retrata a aprendizagem da leitura e da
escrita e trata sob diferentes ângulos o conhecimento fonológico,
a ortografia, a composição de textos e a importância de oferecer
elementos de reflexão teórica, de pesquisa e experiências de in-
tervenção pedagógica.
Teberosky e Tolchinsky (2008) apresentam em seu livro
resultados de pesquisas sobre alfabetização e sugestões de tra-
balhos em sala de aula com relatos de experiência e assistência a
todos os envolvidos neste processo.
Diante deste contexto, Teberosky e Tolchinsky destacam que:

Se quisermos ajudar nossos alunos a tornar conscientes


os conhecimentos ortográficos, temos aqui uma primei-
ra linha de ação: estimular, em diferentes momentos da
aprendizagem, tanto os jogos de transgressão como as
dúvidas. (TEBEROSKY; TOLCHINSKY, 2008, p. 78)

Assim, o papel do professor alfabetizador é promover o


envolvimento de seus alunos dentro de um planejamento adap-

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tado e alinhado às necessidades e dificuldades de cada educando,
observando todas as situações e o desempenho diante das pro-
postas utilizadas em sala de aula, os estimulando a novos desafios
e descobertas, aplicando de forma efetiva as atividades, respei-
tando a faixa etária de cada um.

MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO
A escola necessita lapidar o conhecimento e a difusão de
informações que são ensinados dia a dia ao estudante. Desta for-
ma, o professor precisa ser um profissional multidisciplinar, com
eixos e articulação curriculares voltados para diferentes áreas de
conhecimento com métodos diversificados.
O docente tem o poder de lapidar conhecimentos por
meio de métodos diversificados de alfabetização. Ao se falar em
alfabetização, é necessário pensar no seu sentido mais amplo: o
de extrair e desenvolver o potencial humano aos mais elevados
patamares do conhecimento e da ação.
A fase da alfabetização é uma fase complexa para o desenvol-
vimento do indivíduo, pois relaciona o lado emocional, motor, social,
intelectual e, por esse motivo, exige-se das instituições de ensino o má-
ximo de atenção possível nesse momento importante de desenvolvi-
mento do aluno. Desta forma, se faz necessário conhecer os métodos
de ensino da alfabetização.
O método de ensino da alfabetização para crianças em anos
iniciais do Ensino Fundamental na maioria das vezes se dá de forma
tradicional, na qual o professor é o detentor do saber e o respon-
sável por transmitir o conhecimento. No entanto, nem sempre o
educador está preparado para enfrentar certas dificuldades que a
criança apresenta no momento de sua alfabetização. Não são raras
as situações em que a criança não consegue entender o sentido da
leitura e da escrita.
A educação tradicional voltada para exercícios, repetições e
muitas avaliações pode resultar em um desempenho positivo, mas

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não está realmente preparando o aluno para sua formação integral,
principalmente para os desafios do século XXI. O ensino tradicio-
nal ainda é utilizado em muitas escolas como um modelo antigo no
qual o professor é o detentor do saber, esquecendo a complexibi-
lidade do ser humano e que hoje se fazem necessárias estratégias
mais flexíveis, diversificadas, pois atualmente o mundo está abrindo
espaço para jovens protagonistas de seu próprio desenvolvimento
(RÊGO; ROCHA, 2009, p. 135)
Geralmente, o início da alfabetização é permeado por exer-
cícios de memorização, sons, função de sílabas e cópias, fazendo
com que a criança se torne, de certa forma, passiva e mecânica
demais, e não participativa em relação ao novo conhecimento. O
aprendizado e esforço dos educandos no início da alfabetização de-
vem ser valorizados e estimulados.
Segundo Emília Ferreiro (1996, p. 24), “O desenvolvimento
da alfabetização ocorre, sem dúvida, em um ambiente social. Mas,
as práticas sociais, assim como as informações sociais, não são rece-
bidas passivamente pelas crianças”. Muitos professores acreditam,
de maneira equivocada, que o processo de aprendizagem se limita
a uma só técnica.
Ferreiro afirma que é importante levar em conta que:

[...] no processo de alfabetização inicial, são necessárias


algumas propostas de como fazer a restituição da língua
escrita com seu caráter e objeto social, e fazer com que as
crianças possam produzir suas escritas desde a pré-escola.
(FERREIRO, 1999, p. 44)

Além da criança ser estimulada ao aprendizado da língua es-


crita em diferentes contextos, é importante dar a ela o poder de
escrever o próprio nome, evitando fazer correções de imediato.
No entanto, esses processos nem sempre são respeitados e tratados
com atenção; são frequentes as situações em que os professores en-
sinam como foram ensinados e não aceitam erros.

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Existe uma discussão sobre métodos de ensino, causando,
por vezes, certa polêmica. Enquanto uns preferem o ensino sinté-
tico, no qual se preserva a forma oral e escrita entre som e grafias,
outros escolhem o método analítico, que dá ênfase ao reconheci-
mento global das palavras ou orações.
É fundamental considerar que a criança constrói seu modo
de interpretação das coisas a fim de construir seu próprio conhe-
cimento, ou seja, cada criança tem um processo de evolução para
o aprendizado. Outro fator para o aprendizado da alfabetização é
a prática da boa leitura, com qualidade e técnicas adequadas que
despertem o interesse dos alunos.

O ato da leitura contribui para que o aluno


aprimore seu senso de criticidade, o torna
mais reflexivo e capaz de entender e imaginar,
por exemplo, sensações e sentimentos que o
autor expôs em seu texto
É através da leitura que o leitor pode viajar nas páginas de
um livro, se identificar com os personagens e adquirir empatia e
aprimorar sua experiencia de vida através do conhecimento do
texto lido (FERREIRO, 2011).
É interessante que, tanto na sala de aula com os professores,
quanto em casa com os pais, o processo de alfabetização se inicie
por uma leitura prazerosa e inspiradora. Aprender a ler lendo tor-
na esse processo mais natural e de melhor assimilação do que a
simples transmissão de códigos, pois a criança, muitas vezes, sente-
-se pressionada quando não consegue decifrá-los.
Entender os métodos de alfabetização se faz necessário
diante das práticas sociais de leitura e de escrita, que irá pro-
porcionar situações e práticas pedagógicas diversificadas, pois, de
acordo com Ferreiro (2011, p. 31), “[...] nenhuma prática peda-
gógica é neutra. Todas são apoiadas em certo modo de conceber

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o processo de aprendizagem e o objeto dessa aprendizagem”.
Desta forma, o professor irá compreender o processo de apro-
priação do aluno para as atividades envolvendo leitura e escrita.

A LEITURA E A ESCRITA
É fundamental considerar que a criança constrói seu
modo de interpretação das coisas para compor seu próprio co-
nhecimento, ou seja, cada criança tem um processo de evolução
para o aprendizado.
Quando abordamos este tema, fazemos a ligação direta com a
leitura, que é algo fundamental para todo ser humano e nos oferece a
oportunidade de enriquecimento do nosso vocabulário, de aprender
sobre diversos assuntos, além de ajudar a compreender a nós mesmos
e o mundo à nossa volta. O ato da leitura em voz alta para a criança é
um poderoso instrumento para despertar o seu interesse em apren-
der a ler. Utilizando técnicas que prendam sua atenção, o adulto tem a
oportunidade de introduzir gradativamente a leitura.

É interessante também ofertar vários


tipos de textos além de livros – como
revistas, jornais – para que a criança tenha
contato com outros tipos de recursos
que incitem à leitura.
A prática da leitura e a interação com outras crianças, como
por exemplo a troca de livros e o compartilhamento das histórias
em sala de aula ou fora dela, apontam um caminho mais atraente
para que o desempenho da criança mediante a leitura no processo
de alfabetização se realize de forma natural e tranquila.
Outro ponto a ser considerado é o planejamento pedagó-
gico referente ao processo de alfabetização. Este deve considerar
as diversas formas de como a criança irá pensar e compreender

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esse aprendizado, preocupando-se como ela irá construir ideias
e hipóteses. Faz-se necessário considerar a experiência que cada
criança teve ao longo dos anos referente à leitura e à escrita.
Segundo SOARES (2004, p. 44), “[...] o processo de alfa-
betização vem sofrendo uma reinvenção”. Para a autora, o con-
ceito de alfabetização passou por muitas mudanças nas últimas
décadas, sendo que diferentes métodos ensinados nas escolas
eram ineficazes, trazendo um grande prejuízo ao aluno em sua
aprendizagem, assim também perdendo a clareza deste conceito
nas escolas.
A atividade da leitura e da escrita não deve se limitar a
apenas uma mera união de letras; é aconselhável planejar o con-
teúdo a ser transmitido às crianças para que uma simples ativida-
de como um texto curto ou uma carta, por exemplo, não seja
um ato isolado, mas que seja possível interligar estas atividades,
promovendo a interação e um maior conhecimento neste início
de alfabetização.

A garantia de que a criança será um


membro ativo em sua aprendizagem está
diretamente relacionada ao conhecimento
do professor no que diz respeito aos
métodos de alfabetização disponíveis e de
sua capacidade de, a partir de uma visão
crítica e reflexiva, selecionar atividades
que estimulem seus alunos, levando
sempre em conta suas experiências
anteriores e a realidade de seu contexto,
para que o aprendizado seja eficaz e
significativo desde o início.

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Magda Soares, em seu livro Alfabetização: a questão dos mé-
todos (2016), afirma que a adoção de um método eficaz de alfabe-
tização é uma questão que se arrasta ao longo da história no Brasil.
Os primeiros movimentos para a consolidação do ensino público no
país preocupou-se apenas com a seleção de uma forma para tor-
nar o domínio da leitura e da escrita acessível a um maior número
de crianças, sem levar em consideração a eficácia da aprendizagem,
pois neste primeiro momento “[...] considerava-se que aprender a
ler e escrever dependia, fundamentalmente, de aprender as letras,
mais especificamente os nomes das letras”, o que ficou conhecido
como Método da Soletração (SOARES, 2016, p. 66).
Tem, portanto, a alfabetização como uma construção e de-
senvolvimento da leitura e da escrita alinhada a uma aprendizagem
significativa, compreendendo a importancia da utilização e também
as funções da leitura e da escrita. Como destaca Bazzo,

Para que a criança se torne uma leitora/escritora autô-


noma, faz-se necessário ajudá-la a compreender os prin-
cípios que constituem o sistema alfabético por meio de
reflexões sobre as relações sonoras e gráficas das palavras.
Nesse processo, ela precisa ser capaz de estabelecer as
relações entre som-grafia, entre letras e entre palavras. In-
discutível, pois, que a criança aprenda a dominar o sistema
alfabético e ortográfico em contextos de letramento. Para
tanto, o professor há de promover situações de aprendi-
zagem que promovam atividades sistemáticas de leitura e
escrita explorando explicitamente as relações existentes
entre grafemas e fonemas, e vice-versa, assim como entre
letras e entre palavras. (BAZZO, 2015, p. 60)

A partir do início do século XX, progressivamente come-


çou a se levar em conta o valor da aprendizagem, originando
assim uma evolução metodológica para o que se denominava
Método Sintético ou Fônico Silábico, compreendido através dos
valores fônicos das letras, assim como “[...] os métodos analíticos

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que partiam da compreensão da palavra escrita para delas chegar
ao valor sonoro das sílabas e grafemas” (SOARES, 2016).
O uso destes dois métodos se alternou ao longo de muito
tempo, porém o objetivo dos dois limitava-se à aprendizagem do
sistema alfabético-ortográfico da escrita. Assim, nenhum dos dois le-
vava em conta as experiências anteriores da criança com a leitura e a
escrita, e partiam do pressuposto de que, a partir do domínio deste
sistema é que suas experiências se tornariam possíveis. Dessa manei-
ra, o protagonista do ensino era o método adotado pelo professor e
a criança era apenas um receptor passivo.
A partir desta discussão, surgiu, em meados de 1970, base-
ado na epistemologia genética de Piaget, o Método Construtivista,
que passou a focalizar a aprendizagem do aluno acima do método
de ensino. Desta forma,

O processo de aprendizagem da língua escrita pela crian-


ça se dá por uma construção progressiva do princípio al-
fabético, do conceito de língua escrita como um sistema
de representação dos sons da fala por sinais gráficos; pro-
põem que se proporcione à criança oportunidades para
que construa esse princípio e esse conceito por meio
de interação com materiais reais de leitura e de escrita.
(SOARES, 2016, p. 21)

Assim, ao se observar que o surgimento do método cons-


trutivista põe em questão todos os pressupostos dos métodos an-
teriores que passam a ser conhecidos como tradicionais, passa-se
a ter como foco uma prática pedagógica de estímulo, de acompa-
nhamento e orientação da aprendizagem, sendo completamente
centrada no aluno e em suas dificuldades.
Porém, apesar do construtivismo ter ocasionado uma revo-
lução no ensino durante a alfabetização, quando passa a ver este
processo não como uma questão de método a ser adotado, mas
como uma concepção diferenciada de ensino, não significou que
todos os problemas haviam sido resolvidos.

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Mesmo com o foco centrado na aprendizagem do aluno, são
alarmantes os índices de crianças que prosseguem a vida escolar
sem uma alfabetização efetiva, que lhes proporcione compreensão
e reflexão quando em contato com a leitura e a escrita. Assim, os
questionamentos sobre os caminhos da alfabetização sempre se-
rão válidos para o aperfeiçoamento de sua concepção de ensino e
aprendizagem da criança.

O LETRAMENTO E A BASE
NACIONAL COMUM CURRICULAR
A partir dos anos 80 surge o letramento, tendo como ob-
jetivo inserir em sala de aula práticas importantes do cotidiano do
aluno. O letramento literário é considerado um conjunto de práti-
cas e eventos que envolvem o leitor e sua interação com o escritor,
em que a escola promove exercícios de maneira social através de
textos literários, sendo eles cânones ou não.
Tem como finalidade, portanto, a construção e a recons-
trução de sentidos e significados no texto lido, seja dentro ou fora
da sala de aula. Por isso, o texto literário não deve ser visto apenas
como uma estrutura textual, mas sim como um sinal para a cons-
trução de caminhos através da interpretação de mundo do leitor
e do autor, onde ambos são envolvidos no processo de aprendiza-
gem (COSSON, 2011).

O letramento surge para auxiliar a prática


dos professores no processo de alfabetização,
ajudando os alunos a terem uma relação com
o que leem e com o que escrevem, tornando
a alfabetização mais significativa e baseada nas
práticas sociais de leitura.

20
A autora Magda Soares reforça a ideia de que a prática ideal
seria alfabetizar letrando, ensinando a criança a ler e a escrever no
contexto das práticas sociais de leitura. Sendo assim,

Não são processos independentes, mas interdependentes


e indissociáveis: a alfabetização desenvolve-se no contexto
de e por meio de práticas sociais de leitura e escrita, isto é,
através de atividades de letramento, e este, por sua vez, só
se pode desenvolver no contexto da e por meio da aprendi-
zagem das relações fonema grafema, isto é, em dependência
da alfabetização. (SOARES, 2004, p. 14)

Um cidadão que passa pelo processo de alfabetização e


letramento desenvolve ao longo da vida um senso crítico e par-
ticipativo, adquirindo novos saberes e conhecimentos, tendo um
papel reflexivo na sociedade. Exercer simples atividades do seu
dia a dia como ler placas de ônibus, saber fazer compras na feira
e supermercado, além de muitas atividades e tarefas de sua rotina
diária, são exemplos de capacidades que um indivíduo deve pra-
ticar em uma sociedade letrada.
O letramento envolve a criança no mundo da escrita e
com isso o professor poderá conduzir propostas de atividades
como práticas de leitura de jornais e revistas em sala de aula, por
exemplo. Sendo assim, Kleiman destaca:

Arranjar paredes, chão de mobília da sala de tal modo que


textos, ilustrações, alfabeto, calendários, livros, jornais e revis-
tas penetrassem todos os sentidos do aluno leitor em forma-
ção. Fazer um passeio-leitura com seus alunos pela escola ou
pelo bairro. (KLEIMAN, 2005, p. 25)

O professor deve estar atento às práticas e atividades pro-


postas, oferecendo diversas oportunidades e inserindo seus alunos
no mundo da escrita. Para que o letramento seja eficiente, são ne-
cessárias habilidades e competências por parte do educando, pois o

21
letramento não está relacionado somente com a interpretação do
sentido de uma palavra; vai muito além: é interagir com o mundo e
com a sociedade por meio da palavra.
De acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC),
proposta que visa uniformizar o aprendizado na Educação Básica em
todo o território nacional, é importante destacar que:

O reconhecimento desse potencial aponta para o direito


de as crianças terem acesso a processos de apropriação,
de renovação e de articulação de saberes e conhecimen-
tos, como requisito para a formação humana, para a par-
ticipação social e para a cidadania, desde seu nascimento
até seis anos de idade. (BRASIL, 2017)

Com a BNCC, a alfabetização torna-se um campo novo


para testes, fornecendo oportunidades para buscar experiência
dentro da sala de aula e explorar novas iniciativas, trazendo para
os alunos práticas que acrescentem positivamente na sua comu-
nicação e processo de aprendizagem, de modo que adquiram o
letramento necessário para o seu desenvolvimento educacional.
O letramento envolve inserir os alunos em práticas sociais, por-
tanto, além do professor apresentar livros, envolvê-los em atividades
como envio de correspondências, crítica de livros, produção de carta-
zes, é necessário elaborar atividades que os levem a compreender o
sentido de um texto ou qualquer outro tipo de documento escrito.
Pode-se afirmar, então, que letramento não é alfabetização,
mas estão associados. Kleiman também menciona:

Se considerarmos que as instituições sociais usam a língua


escrita de forma diferente, em práticas diferentes diremos
que a alfabetização é uma das práticas de letramento que
faz parte do conjunto de práticas sociais de uso da escrita
da instituição escolar. (KLEIMAN, 2005, p. 12)

22
É importante destacar que a alfabetização deve ser desenvolvi-
da em um contexto de letramento como uma primeira fase da apren-
dizagem da escrita e o consequente desenvolvimento de habilidades
de uso da leitura e da escrita nas práticas sociais que envolvam a língua
escrita. Desta forma:

É preciso reconhecer a possibilidade e necessidade de


promover a conciliação entre essas duas dimensões da
aprendizagem da língua escrita, integrando alfabetização
e letramento, sem perder, porém, a especificidade de
cada um desses processos, o que implica reconhecer as
muitas facetas de um e outro e, conseqüentemente [sic],
a diversidade de métodos e procedimentos para ensino
de um e de outro, uma vez que, no quadro desta con-
cepção, não há um método para a aprendizagem inicial da
língua escrita, há múltiplos métodos, pois a natureza de
cada faceta determina certos procedimentos de ensino,
além de as características de cada grupo de crianças, e
até de cada criança, exigir formas diferenciadas de ação
pedagógica. Desnecessário se torna destacar, por óbvias,
as conseqüências [sic], nesse novo quadro referencial,
para a formação de profissionais responsáveis pela apren-
dizagem inicial da língua escrita por crianças em processo
de escolarização. (SOARES, 2004, p. 76, grifo do autor)

A alfabetização e o letramento compõem o processo de


aprendizagem da escrita da criança, portanto devem ser aborda-
dos ao mesmo tempo como estratégia para a:

aquisição da escrita, pois é importante trabalharmos com


uma diversidade de textos que circulam socialmente, de-
vemos levar os educandos a construir o sistema de escri-
ta alfabético, cabendo à escola pensar em considerações
tão importantes como: alfabetizar letrando e letrar alfa-
betizando. (LOPES, 2010, p. 10)

23
A orientação da BNCC é de que as crianças sejam alfabe-
tizadas até o 2º ano do Ensino Fundamental, porém esta meta
torna-se difícil para ser alcançada, pois os alunos estão inseridos
em contextos diferentes.
O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa
(PNAIC), que ocorreu de 1995 a 2018, esteve em sintonia com
o Plano Nacional de Educação (PNE), pois, ao concluir o ciclo de
alfabetização, a criança já possuía autonomia e exercia leitura e
escrita na sua vida social.

A PRÁTICA DO PROFESSOR ALFABETIZADOR


Em uma sala de aula de 1º ano do Ensino Fundamental que
está em processo de alfabetização é muito comum percebermos
que há uma heterogeneidade, pois alguns estudantes se encontram
em processos diferentes de alfabetização. Assim, é de responsabi-
lidade do professor conhecer seus alunos e ser um mediador na
construção do conhecimento, adequando-o às várias práticas de
letramento, oportunizando os estudantes à reflexão, questiona-
mentos e levantamento de hipóteses que os façam compreender
como funciona a escrita e a leitura. Deste modo, se torna impor-
tante o alfabetizador apresentar um planejamento com atividades
que impulsione a aprendizagem dos alunos. Como se menciona no
PNAIC, compreende-se que:

É importante perceber que, na construção de práticas


de alfabetização, para levar os alunos a pensar sobre
o Sistema de Escrita Alfabética e a compreender os
princípios que o constituem, é necessário diversificar as
atividades, escolhendo propostas que exijam diferentes
demandas cognitivas e que mobilizem diferentes co-
nhecimentos. (BRASIL, 2012, p. 31)

Desta forma, é necessário que o professor regente tenha um


conhecimento prévio do nível de aprendizagem dos seus alunos, para

24
que possa trabalhar com uma proposta pedagógica adequada e garan-
tir, através da prática, o sucesso no âmbito da alfabetização.
Durante a sua formação, tanto inicial quanto a continuada, nos
currículos exigidos pelos governantes e até mesmo em instituições es-
colares, o professor alfabetizador não se aprofunda em algumas ações
que são necessárias no dia a dia da escola.
O professor alfabetizador, através de sua prática, tem possi-
bilidades de escolhas, atendendo às necessidades dos alunos, traba-
lhando em suas aulas com atividades estratégicas e lúdicas, sendo
estas interativas e que explorem o mundo imaginário da criança.
O educador deve proporcionar um ambiente em que seja de
aprendizado, assim como enfatiza Jacques Delors:

Para poder dar resposta ao conjunto das suas missões, a


educação deve organizar-se em torno de quatro apren-
dizagens fundamentais que, ao longo de toda a vida, se-
rão, de algum modo, para cada indivíduo, os pilares do
conhecimento: aprender a conhecer, isto é, adquirir os
instrumentos da compreensão; aprender a fazer, para
poder agir sobre o meio envolvente; aprender a viver
juntos, a fim de participar e cooperar com os outros em
todas as atividades humanas; finalmente aprender a ser,
via essencial que integra as três precedentes. (DELORS
et al., 1998, p. 89-90)

Nota-se que os quatro pilares da educação acompanham


o docente ao longo da trajetória e diante das dificuldades enfren-
tadas durante o processo de alfabetização, em que os saberes são
produzidos e apropriados no dia a dia em sala de aula. De acordo
com Tardif (2016, p. 48), estes saberes “não provêm das institui-
ções de formação nem dos currículos, não se encontram sistemati-
zados em doutrinas ou teorias”, pois são necessárias para o futuro
docente práticas e experiências que serão adquiridas durante toda
a sua trajetória dentro do ambiente escolar.

25
A prática do professor alfabetizador que se realiza na sala de
aula não existe de forma autônoma e independente, ela se encontra
articulada com outras práticas existentes no cotidiano da sala de
aula e está inserida no currículo.
O currículo representa, portanto, uma integração entre a
sociedade e a escola, ele norteia a prática do professor em sala
de aula, servindo como uma referência de como serão abordados
os conteúdos, a fim de contribuir com a formação integral do alu-
no. O currículo poderá ser modificado sempre que for necessário.
De acordo com Sacristán:

O currículo faz parte, na realidade, de múltiplos tipos de


práticas que não podem reduzir-se unicamente à prática pe-
dagógica de ensino; ações que são de ordem política, admi-
nistrativa, de supervisão, de produção de meios, de criação
intelectual, de avaliação, etc., e que, enquanto são subsistemas
em parte autônomos e interdependentes, geram forças que
incidem na ação pedagógica. (SACRISTÁN, 1998, p. 22)

O currículo se articula com a sociedade com a qual interage, e


não só produz conhecimento, formas de pensar, valores, criticidade,
mas exige mudanças sociais e produz inovação, dando espaço para
práticas inovadoras para o professor alfabetizador, passíveis de altera-
ções e tomadas rápidas de decisão. A prática do professor alfabetiza-
dor acaba sendo uma realidade complexa e indeterminada em fun-
ção da multidimensionalidade e da interferência. Segundo Sacristán:

O ensino pode ser qualificado dessa forma, pois exige de


quem o pratica, intuição, criatividade, expressividade e orga-
nização. A cada instante, o docente lida com circunstâncias
novas e imprevistas, que exigem dele múltiplos conheci-
mentos, incluindo-se aí o bom senso: ‘Continuamos instala-
dos na incerteza como forma de pensar, o que não significa
improviso, na qual os protagonistas da prática se destacam
por seu valor mediador’. (SACRISTÁN, 1998, p. 210)

26
O professor alfabetizador lida com circunstâncias novas e
imprevistas e o currículo faz parte da prática; dele depende a ide-
ologia a ser seguida e implementada dentro do ambiente escolar;
a prática docente será o meio de difusão cultural e de formação do
indivíduo, formando identidades individuais e sociais.
Desta forma, o currículo se torna uma ferramenta eficaz no
processo de desenvolvimento dos saberes, na construção das habi-
lidades e competências dos alunos, sendo seu objetivo transformar
os estudantes em cidadãos preparados para enfrentar os desafios
da sociedade de forma democrática, participativa e reflexiva.
Diante deste contexto, o professor alfabetizador tem um
papel fundamental de ser mediador e motivador de seus alunos,
organizando atividades e avaliando se estas colaboram com o pro-
cesso de aprendizagem, verificando os resultados, mudando a pro-
posta quando houver necessidade, para que assim haja efetividade
dessa alfabetização. O professor deve considerar a alfabetização de
modo que esta se apresente:

Na perspectiva do letramento; respeito às diferenças e aten-


dimento à diversidade, considerando a heterogeneidade de
aprendizagens e percursos diferenciados das crianças; neces-
sidade de diversificação de atividades, procedimentos e agru-
pamentos; desenvolvimento de postura avaliativa em uma
perspectiva formativa e acompanhamento das aprendizagens
de forma qualitativa. (BRASIL, 2012, p. 19)

Além das atividades que serão propostas, o professor deverá


analisar o ambiente no qual o aluno está sendo alfabetizado. A sala
de aula deverá estimular com variedade de materiais de boa qualida-
de direcionados para a leitura, escrita, sendo um ambiente propício
para uma aprendizagem com significado, ordenado de maneira que
contribua para o desenvolvimento, conhecimento e a participação
dos alunos em práticas de leitura e escrita. A participação ativa das
crianças nesses momentos de letramento configura um ambiente
alfabetizador (GENTILE, 2018).

27
Teberosky comenta em uma entrevista que para criar um
ambiente alfabetizador é necessário explorar diversos gêneros
textuais em materiais diversos que circulam socialmente tais
como jornais, folhetos, revistas, embalagens, ou seja, textos que
contribuam para um aprendizado significativo e que estejam no
cotidiano das crianças (GENTILE, 2018).
O ambiente alfabetizador propicia à criança o desenvol-
vimento de seus conhecimentos. Portanto, o professor deverá
ter um olhar pedagógico crítico que gere um ambiente letrado
estimulante para seus alunos.

28
SÍNTESE DO
APRENDIZADO

Fases do desenvolvimento da escrita: pré-silábico;


silábico; silábico-alfabético e alfabético.
O professor deve ter um conhecimento teórico
sólido sobre alfabetização e letramento para
promover o efetivo conhecimento dos alunos.
O educador deve planejar atividades interativas,
significativas e lúdicas para envolver gradualmente a
criança no processo de alfabetização, considerando
sua transição da Educação Infantil.
A constante análise da prática pedagógica e reflexão
das estratégias de alfabetização são imprescindíveis
para o avanço da aprendizagem do aluno.

TEORIAS DA APRENDIZAGEM:

A aprendizagem, na visão comportamentalista,


leva em consideração o ambiente, os estímulos que
oferecem e que podem modelar e controlar as ações,
além de não se considerar os conhecimentos prévios
do sujeito, suas crenças e características pessoais,
sendo tudo reduzido a estímulos.
A aprendizagem, na visão cognitivista, ainda sob
o olhar da mesma autora, é atribuída não mais
ao ambiente externo, mas às estruturas mentais
complexas e mecanismos internos, não possuindo uma
linha única para explicar o funcionamento da mente.

29
DICA

Neste artigo de Claudia Costin para o Portal Conteúdo


Aberto da FTD Educação, a autora conta mais sobre a crise
na alfabetização e recomenda outras leituras e discussões
sobre o tema, gerando reflexões e aplicação em sala
de aula.

Acesse o link e informe-se:


http://bit.ly/3W2zmqX

#E AÍ...

COMO O PROFESSOR
ALFABETIZADOR PODE ATUAR
PARA PRODUZIR ATIVIDADES,
LEVANDO EM CONSIDERAÇÃO O
DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA E
SUA FORMA DE APRENDER?

30
REFERÊNCIAS CONSULTADAS

A EDUCAÇÃO Infantil na Base Nacional Comum Curricular. Base Na-


cional Comum Curricular, 2017. Disponível em: http://basenacionalco-
mum.mec.gov.br/abase/#infantil. Acesso em: 10 ago. 2020.

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três a dez anos de idade. Práxis Educativa [online], [S. l], v. 2, n. 1, pp. 27-
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CHAGAS, L. M. de M.; DOMINGUES, C. A literatura


infantil na alfabetização a formação da criança leitora.
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FERREIRO, E. Alfabetização em Processo. São Paulo:


Cortez, 1996.

FERREIRO, E. Com Todas as Letras. São Paulo: Cortez,


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FERREIRO, E.; PALACIO, M. G. Os Processos de Leitura


e Escrita: Novas Perspectivas. Porto Alegre: Artes Mé-
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FREIRE, P. Educação como prática da liberdade. Rio de


Janeiro: Paz e Terra, 1989.

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FREIRE, P.; SHOR, I. Medo e ousadia: cotidiano do pro-
fessor. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986.

SOARES, M. Alfabetização: a questão dos métodos. São


Paulo: Contexto, 2016.

SOARES, M. Alfabetização e letramento. São Paulo. Con-


texto, 2018.

SOARES, M. Letramento: um tema em três gêneros.


Belo Horizonte: Autêntica, 2006.

TARDIF, M. Saberes Docentes e Formação Profissional.


8. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2016.

TEBEROSKY, A.; TOLCHINSKY, L. Além da alfabetização.


4. ed. São Paulo: Ática, 2008.

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