Você está na página 1de 21

joel 1

REVISTA MAIS EDUCAÇÃO

EDITORA
CENTRO EDUCACIONAL SEM FRONTEIRAS

R454

Revista mais educação [recurso eletrônico] / [Editora chefe] Prof.ª


Mestre Fatima Ramalho Lefone - Vol. 4, n. 9 (Novembro 2021) -. São
Caetano do Sul: Editora Centro Educacional Sem Fronteiras, 2021

1038p.: il. color

Mensal
Modo de acesso: <https://www.revistamaiseducacao.com/sumario-
v4-n9-2021>
ISSN:2595-9611 (on-line)
DOI: https://doi.org/10.51778/2595-9611.v4i9
Data da publicação: 30/11/2021

1.Educação. 2. Pedagogia. I Ramalho Lefone, Fatima, ed. II. Título


CDU: 37
CDD: 370

Gustavo Moura – Bibliotecário CRB-8/9587

www.revistamaiseducacao.com
E-mail: artigo@revistamaiseducacao.com

Rua Manoel Coelho, nº 600, 3º andar sala 313|314 – Centro São Caetano do Sul – SP CEP: 09510-111 Tel.: (11) 95075-4417

2
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO

EDITORIAL CONSELHO EDITORIAL


Rodrigo da Silva Gomes
Muito se ouve dizer que a educação transforma, coloca-nos em outros Patrícia Regina de Moraes Barillari
patamares, uma vez que um sujeito desinformado, submete-se ao que não Lindalva Freitas
compreendeu, barateia sua vida e sua força de trabalho, não tem horizontes e Lucinéia Contiero
não se integra em seu próprio país, quanto mais no grande mundo, globalizado, Jayson Magno da Silva
mas não para ele, é o que observa a escritora Lya Luft [s/d].
Luiz Gonzaga Lapa Júnior
Ultimamente, não ando tão otimista quanto o tema é Educação, pois
na minha concepção, a educação tem que ser vista como a única forma de se Mário Cézar Amorim de Oliveira
distribuir renda neste país para se atender àquilo que se fala sobre o poder Marcos Serafim dos Santos
transformador que ela possui. Refiro-me não só à educação de conteúdos, mas Humberto Lourenção
também educação de valores. Marcus Vinicius de Melo Oliveira
Convém destacar que, não quero trazer à baila àquela educação moral Alex Rodolfo Carneiro
e cívica como regras que, no meu tempo de escola, era algo insuportavelmente Hercules Guimarães Honorato
chato. Mas como possibilidade de tornar os educandos em agentes de William Bezerra Figueiredo
reprodução, transformação de ideias a partir do quem eles pensam. Teresa da Glória Paulo
Vivemos uma era Over de informação, apesar disso, informação não Elias Rocha Gonçalves
está relacionado ao conhecimento, já que o conhecimento para Ausubel, autor Gabriel Gomes de Oliveira
da Teoria Significativa proposta em 1963, advém quando se pega uma Jónata Ferreira de Moura
informação e a conecta àquela que já se existe gerando, portanto conteúdos
que tenham uma finalidade. EDITORA-CHEFE
Inquestionavelmente, o que se vê são boas instituições conteudistas, Fatima Ramalho Lefone
mas não tão ligadas a questão dos valores, socialização e da empatia.
Analogicamente aos conceitos de Ausubel (1993), a Neurociências também esta
ligada ao processo da aprendizagem e adverte que, se uma criança aprender REVISÃO E NORMALIZAÇÃO
desde cedo como o cérebro funciona, como ele pega as informações fornecidas DE TEXTOS
e a transforma em conhecimento é muito fácil para criança entender. Além Fatima Ramalho Lefone
disso, não há dúvidas de que, ela terá o cérebro a seu favor, pois cada Rodrigo da Silva Gomes
personalidade tem um funcionamento, cada um absorve o conhecimento de
uma maneira. PROGRAMAÇÃO VISUAL E
É de conhecimento geral que a escola está muito preocupada com os DIAGRAMAÇÃO
resultados. Com a iminência do ENEM batendo à porta, somada a uma Fabíola Larissa Tavares
sociedade cuja competição é estimulada, os pais cobram à escola que foque seu
filho no resultado. Cautela! É preciso haver equilíbrio, uma vez que os resultados PROJETO GRÁFICO
disso são estudantes com grau de ansiedade e estresse muito altos. Mônica Magalnik
Por outro viés, é possível perceber que os pais têm grandes dificuldades
de educar seus filhos e educação significa frustrar. Pai e mãe não são amigos, COPYRIGTH
pelo contrário, são educadores, não no sentido de conteúdo, mas no sentido
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
ético. Educar para os pais, primeiramente, precisa ser compreendido como em
instruir para vida difícil, dar conteúdos e ações que façam com que se forma Editora Centro Educacional Sem
bons cidadãos seja ele para dentro de casa, seja para o mundo, isto é, são Fronteiras (Novembro, 2021) - SP
essencialmente educadores eternos, e nisso devemos refletir. Publicação Mensal e
multidisciplinar vinculada a
Profº Mestre Marcos Serafim dos Santos
Mestre em Saúde e Educação pela Universidade de Ribeirão Preto, UNAERP. Editora Centro Educacional Sem
Coordenador do Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Fronteiras.
Especifica do IFAM; NAPNE. Os artigos assinados são de
Professor de Língua Brasileira de Sinais no Instituto Federal de Educação, responsabilidade exclusiva dos
Ciências e Tecnologia do Amazonas, AM. autores e não expressam,
Especialista em Tradução e Interpretação da Língua Brasileira de Sinais necessariamente, a opinião do
Atuação em Linguística aplicada a Libras, Ensino de Língua Portuguesa como Conselho Editorial
Língua Materna e Segunda Língua para Surdos. É permitida a reprodução total ou
Publicações Autor e Coautor: parcial dos artigos desta revista,
O Ensino da Língua Portuguesa para os Surdos Línguas, Linguagem: Diálogos desde que citada a fonte.
Linguísticos e Literários., 2018. Rua Manoel Coelho, nº 600, 3º
Práticas Metodológicas para o Ensino de Gramática a Alunos com Deficiência andar sala 313|314 - Centro
Visual e Auditiva na Educação Básica. Línguas, Linguagem: Diálogos Linguísticos São Caetano do Sul – SP CEP:
e Literários., 2018.
09510-111
Inclusão Digital Através da Robótica Educacional em Escolas Públicas do Sul do
Amazonas. In: Seminário Nacional de Inclusão Digital, 2018, Rio Grande do Sul.

3
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO

128 A FORMAÇÃO DA EQUIPE DE APOIO A


SUMÁRIO EDUCAÇÃO NAS INSTITUIÇÕES DE
EDUCAÇÃO INFANTIL DA PREFEITURA
MUNICIPAL DE SÃO PAULO
9 A ALFABETIZAÇÃO E A DEFICIÊNCIA
Arlete Marques Barbosa
INTELECTUAL
Sandra Cristina Rizzo
136 A FORMAÇÃO DOCENTE E OS DESAFIOS DA
PRÁTICA PEDAGÓGICA REFLEXIVA
19 A ALFABETIZAÇÃO E O LÚDICO: A
Gilmar Alves Ferreira
IMPORTÂNCIA DA BRINQUEDOTECA,
Iracema Ferreira
ESPAÇO DE BRINCAR E APRENDER
Tamara Pereira dos Santos
149 A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE
NA EDUCAÇÃO INFANTIL
32 A COISA JULGADA NA SISTEMÁTICA DO
Ana Telma dos Santos
CPC/2015
Rennan Thamay
160 A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE NA
Wanderley Dallas
APRENDIZAGEM INFANTIL
Mirza Telma de Oliveira Cunha
Ana Paula Quintanilha Bastos de Jesus
70 A EDUCAÇÃO BRASILEIRA EM TEMPOS DE
178 A IMPORTÂNCIA DA ALFABETIZAÇÃO DESDE
PANDEMIA E OS DESAFIOS PÓS PANDEMIA
A TENRA IDADE
Marilia Nunes de Souza Olimpio
Talita Reis Cardenas Bacchini
Ericson dos Santos Olimpio
Paula Roberta de Menezes Guimaraes
186 A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO NO
Flavio José Ribeiro Guimarães
TRÂNSITO NAS UNIDADES EDUCACIONAIS
Jerfeson de Barros Soprano
Thiago René Alves
Ralyne Lima de Souza Guerreiro
Erivan Glaucio Fleury da Costa Soares
194 A IMPORTÂNCIA DE BRINCAR NA
EDUCAÇÃO INFANTIL
78 A EDUCAÇÃO INCLUSIVA EM ÂMBITO
Edna Maria da Silva Barreto
NACIONAL
Tieta Geovana Rodrigues Batista
203 A IMPORTÂNCIA DE REALIZAR ESTÁGIOS
EXTRACURRICULARES POR MEIO DE
88 A ELABORAÇÃO DE MAQUETES NO ENSINO
VIVÊNCIAS MULTICULTURAIS DURANTE A
FUNDAMENTAL l: AS POSSIBILIDADES DO
FORMAÇÃO MÉDICA
USO DO CADERNO
Vitor Reis de Souza
Bruna Gabriele de Oliveira Araújo
Taynah Garcia Fernandes
214 A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NA
Maria Lúcia Brito da Cruz
EDUCAÇÃO INFANTIL
Janaina Amescua
99 A ESCRITA, A LEITURA E A REESCRITA COMO
EXPRESSÃO AUTORAL
222 A IMPORTÂNCIA DO ENSINO DE MÚSICA NA
Sérgio de Freitas Oliveira
EDUCAÇÃO INFANTIL
Hugo Maciel Nonato Marques
118 A EVASÃO ESCOLAR E A EDUCAÇÃO DE
JOVENS E ADULTOS
Elisângela Gambini da Silva

4
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO

234 A INSERÇÃO DAS TECNOLOGIAS COMO Gilmara Barbosa de Jesus


RECURSO DE APRENDIZAGEM NO Maildes Helena de Carvalho Marques
AMBIENTE ESCOLAR Veronise Francisca dos Santos Lima Rebouças
Sérgio Manoel da Silva Yara Fonseca de Oliveira e Silva

246 A LITERATURA INFANTIL E SUA RELEVÂNCIA 363 CONSTRUÇÃO DAS IDENTIDADES:


PARA A EDUCAÇÃO DISCUTINDO GÊNEROS
Letícia Oliveira Macedo Célia Sousa Pereira

259 A PEDAGOGIA ONTOPSICOLÓGICA COMO 379 CONTEXTOS DE APRENDIZAGEM NAS


UMA FORMA DE EDUCAÇÃO PRÁTICAS DE LETRAMENTO
TRANSFORMADORA: IMPLICAÇÕES PARA A Eliana Guerreiro
CONSTITUIÇÃO DO PROFESSOR INOVADOR
Patrícia Wazlawick 388 COORDENADOR PEDAGÓGICO:
PROFISSIONAL FUNDAMENTAL DA EQUIPE
283 A PRÁTICA PEDAGÓGICA MEDIANTE A GESTORA ESCOLAR
PSICOMOTRICIDADE E LUDICIDADE EM Erivelton Fernandes França
CRIANÇAS COM TDAH
Ironil Quintiliano de Santa Júnior 398 DA DESISTÊNCIA DA ADOÇÃO NO BRASIL:
UMA ABORDAGEM JURÍDICA E
293 AS CONCEPÇÕES E AS PRÁTICAS DE PSICOLÓGICA ACERCA DE SEUS EFEITOS
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: ENTRE O Caroline Rodrigues Ferreira
SABER E O FAZER PEDAGÓGICO DO Roberta Marise de Sousa Silva
PROFESSOR Edjofre Coelho de Oliveira
Débora Elen Furtado da Silva
Clemildes Furtado da Silva 411 DESEMPENHO EM MATEMÁTICA NO
Joice Daiana Pompeu Silva ENSINO PÚBLICO PAULISTA EM TEMPOS DE
ENSINO HÍBRIDO
306 AS POTENCIALIDADES NO TRABALHO COM Marco Antonio Campos
A ARTETERAPIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Cassia Cristina da Silva 426 DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM NA
INFÂNCIA
315 AVALIAÇÃO MEDIDORA, UMA POSTURA DE Silvia Maria Carvalho Nishimura
VIDA
Cláudia Francisca de Souza Vieira 437 EXPERIMENTAÇÃO NO ENSINO DE FÍSICA:
CONTEXTUALIZANDO EXPERIMENTOS DE
326 BENEFÍCIOS DA ARTETERAPIA PARA ALUNOS TERMODINÂMICA TRABALHADOS NO
COM DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM AMBIENTE DOMICILIAR DO ALUNO
Suzana Rosa dos Santos Silva Maria Karolina Dos Santos Araújo
Maria Janaina Borges Leal
341 BRINQUEDO, BRINCADEIRA E JOGO Maria Alice Do Nascimento Sousa
Andreia Soares Vieira Diciara Hannah Albuquerque de Oliveira Leal
Haroldo Reis Alves de Macêdo

349 CONCEPÇÕES DE INTERDISCIPLINARIDADE:


UMA ANÁLISE A PARTIR DA VISÃO DE
PROFESSORES DA EDUCAÇÃO
PROFISSIONAL

5
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO

448 FORMAÇÃO DE LEITORES: LEITURA COMO 544 MEMÓRIA E PATRIMÔNIO AEROESPACIAL


DESENVOLVIMENTO INFANTIL BRASILEIRO: A CRIAÇÃO DO MEMORIAL
Angélica Gonçalves Do Espírito Santo De AEROESPACIAL BRASILEIRO (MAB)
Oliveira Fabíola Guimarães Monteiro Lêdo
Cleonice Molina de Oliveira Rachel Duarte Abdala
Ivone Torres Gomes
Thais Cristina Pereira Torres 556 MUSICALIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Thamires Aparecida Pereira Torres Marcia dos Santos Xavier de Oliveira

458 GEOLOGIA FORENSE E SUAS APLICAÇÕES 566 O DEBATE ACERCA DA INCLUSÃO POR MEIO
Élida Tenaile Furtado de Oliveira DA TECNOLOGIA: O ENSINO REMOTO E
Rosemery da Silva Nascimento SUAS PERSPECTIVAS NO ENSINO SUPERIOR
NO BRASIL EM TEMPOS DE PANDEMIA
470 GESTÃO ESCOLAR: AMPLITUDE E Mariana de Oliveira Melo
ATRIBUIÇÕES DO GESTOR FRENTE À Giovana Louise Martins
LIDERANÇA DA ESCOLA PÚBLICA
Luciano dos Santos 581 O ENSINO DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS NA
Jailson José da Silva EDUCAÇÃO INFANTIL E PRIMEIROS ANOS
Verônica Gonçalves da Silva DO ENSINO FUNDAMENTAL
Lenilson dos Santos Costa Luciene Duarte Batista
Maria Izabel de Melo Queiroz
Antonia Vanicia de Queiroz Silva 592 O ENSINO DE pH E O JOGO DA MEMÓRIA
Beatriz Paulucci Ferreira
481 INOVAÇÕES NA EDUCAÇÃO DIGITAL EM Beatriz Herrera Poltronieri
SAÚDE EM PANDEMIA Beatriz Moreira Picolli
Luís Ronan Marquez Ferreira de Souza Júlia Giocomin
Marcelo José Della Mura Jannini
493 INTERTEXTUALIDADE E PROPAGANDA: Celene Fernandes Bernardes
INFORMAÇÕES DIALÓGICAS E
MULTIMODAIS EM ANÚNCIO PUBLICITÁRIO 604 O LÚDICO NO CONTEXTO INCLUSIVO
Léia Bernal Sanches Correia Rosangela Lima Santos
Neide Araújo Castilho Teno
Sones Lei Aparecida Domingues Cintra 617 O MUNDO PÓS-PANDEMIA E A SAÚDE
MENTAL
505 JOGOS E BRINCADEIRAS NO CONTEXTO DOS Cleusa Fernanda da Silva Souza
ALUNOS COM TRANSTORNO DE DEFICIT DE
ATENÇÃO E HIPERATIVIDAE – TDAH 630 O NOVO SISTEMA DE PROTEÇÃO SOCIAL E
Simone Aparecida Brugugnoli OS REFLEXOS PARA OS MILITARES
ESTADUAIS DO PARANÁ
513 JOGOS EM SALA DE AULA Marcos Jessé Caetano
Marcus Vinicius Veiga Serafim Cristiano Israel Caetano
Letícia Azambuja Lopes Hallyne Bergamini Silva Caetano
Karyne Bergamini Silva Godoy
530 LITERATURA E CONTOS DE FADAS NA
EDUCAÇÃO INFANTIL 651 O PAPEL DOCENTE NA EDUCAÇÃO LÚDICA
Raquel Helem Lopes Débora dos Santos Soares

6
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO

774 PROCESSO OBJETIVO E CONTROLE DE


666 O PRIMEIRO CONSULTÓRIO DO MÉDICO CONSTITUCIONALIDADE ABSTRATO
RECÉM-FORMADO: DO SONHO À Rennan Thamay
REALIDADE, ALGUNS APONTAMENTOS Wanderley Dallas
Herundino Neto Moura Moreira
Wanúbya do Nascimento Moraes Campelo 794 PROFESSOR E ALUNO: UMA CONSTRUÇÃO
Moreira MÚTUA DO SABER
Alcione Santos
680 O PROFESSOR E O MODELO DE ENSINO
REMOTO 801 PSICOLOGIA, ESCOLA E INCLUSÃO: UMA
Felix Barbosa Carreiro ANÁLISE HISTÓRICO CULTURAL
Margareth Santos Fonsêca Fabiana Darc Miranda

693 O USO DAS METODOLOGIAS ATIVAS EM 818 PSICOPEDAGOGIA, EDUCAÇÃO E


CURSOS DE GRADUAÇÃO EM NEUROCIÊNCIAS
ENFERMAGEM: UMA REVISÃO Iracema Ferreira
INTEGRATIVA Gilmar Alves Ferreira
Luiz Cesar Rodrigues Vieira
Fatima Arthuzo Pinto 829 REFLEXÃO SOBRE A FORMAÇÃO E
Maria Angela Boccara de Paula CONDIÇÕES DO TRABALHO DOCENTE NO
BRASIL A PARTIR DA SEGUNDA METADE DO
706 OS DESCAMINHOS ENTRE A EDUCAÇÃO E O SECULO XX
TRABALHO INFANTIL Rosinete de Jesus Nascimento Duarte
Adriana Aneas Castilho
844 RELAÇÕES DE GÊNERO NO VALOR DE
715 OS ESTUDOS EM PSICOPEDAGOGIA E O CONVIVÊNCIA DEMOCRÁTICA EM
ATENDIMENTO PSICOPEDAGÓGICO PROFESSORES
Ivanir dos Santos Kiss Feitosa Luiz Gonzaga Lapa Junior
Patrícia Unger Raphael Bataglia
724 OS JOGOS E O ENSINO DE MATEMÁTICA
Cristiane Albertina da Silva 855 REPENSANDO O ECOTURISMO COMO
ATIVIDADE SUSTENTÁVEL E INSTRUMENTO
739 PANDEMIA E A REDUÇÃO DO NÚMERO DE DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL: UMA
ALUNOS EM SALA DE AULA DINÂMICA ACADÊMICA
Rosemeire Camacho Camara Magda Beatriz de Almeida Matteucci
Antonio da Costa Neto
746 PLANTAS ALIMENTÍCIAS NÃO
CONVENCIONAIS (PANCS) E ANTIOXIDANTES 870 RETINOPATIA DA PREMATURIDADE: UM
NA ALIMENTAÇÃO: UMA ABORDAGEM ESTUDO TEÓRICO
BIBLIOGRÁFICA Herundino Neto Moura Moreira
Enderson Janey de Oliveira Soares Wanúbya do Nascimento Moraes Campelo
Luciana Santos Rodrigues Costa Pinto Moreira

762 PRÁTICAS DE INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO


Wagneia Marinho Lacerda

7
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO

877 REVISITANDO AS BRINCADEIRAS ANTIGAS 1002 A IMPORTÂNCIA DE SE TRABALHAR COM A


Angélica Gonçalves Do Espírito Santo De PSICOMOTRICIDADE DESDE A EDUCAÇÃO
Oliveira INFANTIL
Cleonice Molina de Oliveira Sibeli Rodriguez de Souza Manente
Ivone Torres Gomes
Thais Cristina Pereira Torres 1013 A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL
Thamires Aparecida Pereira Torres COMO BASE PARA O PRIMEIRO CICLO DO
ENSINO FUNDAMENTAL
885 TECNOLOGIA E MODERNIDADE NA Ana Patrícia Correia de Araújo
EDUCAÇÃO
Vanessa Alves de Souza 1026 A ARTE NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Soraia Manzela dos Santos
97 TEORIAS DA APRENDIZAGEM E O ENSINO DE
LÍNGUA INGLESA
Enrique da Silva Rodrigues

911 TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E


HIPERATIVIDADE
Tatiana Lima Passos

920 BRINQUEDOS HEURÍSTICOS NA EDUCAÇÃO


INFANTIL
Cássia Aparecida de Souza

929 DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM


Roseli Moreira Mayer Cinti

943 A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO


CONTINUADA NO ENSINO DE FÍSICA
Cristiana Nascimento Portugal

958 ARTES E GEOMETRIA BASEADOS NAS OBRAS


DE TARSILA DO AMARAL
Daniela Santos de Souza

971 ARTES NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A


LINGUAGEM DA DANÇA
Sibeli Rodriguez de Souza Manente

980 A EDUCAÇÃO E A IMPORTÂNCIA DA


NEUROCIÊNCIA
Juliana Rita Carrilho Vital Batista

989 AS MÚLTIPLAS LINGUAGENS NA EDUCAÇÃO


INFANTIL
Cleonice da Rocha

8
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO

INTERTEXTUALIDADE E PROPAGANDA:
INFORMAÇÕES DIALÓGICAS E MULTIMODAIS
EM ANÚNCIO PUBLICITÁRIO
Léia Bernal Sanches Correia1
Neide Araújo Castilho Teno2
Sones Lei Aparecida Domingues Cintra3

RESUMO: A intertextualidade faz parte de toda relação dialógica, seja verbal ou não verbal. Nesse
viés o presente estudo tem por finalidade analisar gêneros propagandas e suas formas de
representação da intertextualidade. Foi selecionado como corpus dois anúncios publicitários.
Para tanto nos apoiamos nos estudos já realizados por Bakhtin (2002, 2003), Koch, Bentes e
Cavalcante (2007), Marcuschi (2003), Kleiman e Moares (1999), entre outros. Defendemos a
importância de valorizar a leitura de toda produção textual, considerando o contexto de criação
e o repertório cultural do leitor e escritor para que haja construção de sentidos no que se lê.

1 Mestre em Letras pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS – Campo Grande); Professora da
rede pública de ensino. Colaboradora no projeto de pesquisa “Memorias de professores: diálogos sobre o letramento
e o ensino de língua portuguesa-Etapa II”. PPGL/UEMS/CG
2 Doutora em Educação. Docente Sênior do Programa de Mestrado Profissional em Letras–PROFLETRAS, e do

Programa de Mestrado Acadêmico em Letras da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul -


UEMS/Dourados/Campo Grande. Linha de pesquisa Linguagem e Ensino. Coordenadora do projeto de pesquisa
“Memorias de professores: diálogos sobre o letramento e o ensino de língua portuguesa-Etapa II”. Colaboradora do
projeto de pesquisa “Apoio à Qualificação Docente: Profletras em Mato Grosso do Sul” financiado com recurso da
FUNDECT. PPGL/UEMS/DDOS/CG
3.Mestranda em Letras pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS – Campo Grande); Professora

da Rede Estadual de Ensino. Colaboradora no projeto de pesquisa “Memorias de professores: diálogos sobre o
letramento e o ensino de língua portuguesa-Etapa II. PPGL/UEMS/CG

493
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO

Palavras-Chave: Texto; Intertextualidade; Anúncio; Propaganda.

INTERTEXTUALITY AND PROPAGANDA: DIALOGICAL AND


MULTIMODAL INFORMATION IN ADVERTISING
ABSTRACT: Intertextuality is part of every dialogical relationship, whether verbal or non-verbal.
In this perspective, this study aims to analyze advertising genres and their forms of representation
of intertextuality. Two advertisements were selected as the corpus. To this end, we rely on the
studies already carried out by Bakhtin (2002, 2003), Koch, Bentes and Cavalcante (2007),
Marcuschi (2003), Kleiman and Moares (1999), among others. We defend the importance of
valuing the reading of all textual production, considering the context of creation and the cultural
repertoire of the reader and writer so that there is construction of meanings in what is read.

Keywords: Text; Intertextuality; Announcement; Advertising.

494
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO

INTRODUÇÃO a concepção da teoria da intertextualidade por


Kristeva (1974), onde se apoia no dialogismo de
Antes de falarmos em intertexto é Bakhtin e acredita que o texto não pode ser
pertinente deixar claro o que é um texto, pois único, inato do seu criador, pois faz
ainda na contemporaneidade, há certa combinações entre várias linguagens no
incerteza na sociedade sobre a definição de um percurso da criação, assim “todo texto se
texto, pois aprenderam que se tratava constrói como mosaico de citações, todo texto
exclusivamente da linguagem verbal, porém é absorção e transformação de um outro texto.
cabe salientar que conforme a estudiosa Em lugar da noção de intersubjetividade,
(KLEIMAN E MORAES, 1999, p. 62), um texto vai instala-se a de intertextualidade e a linguagem
além das palavras impressas, trata-se de todo poética lê-se pelo menos como dupla”
um construto cultural que adquire um (KRISTEVA, 1974, p. 64). Nesse emaranhado de
“significado devido a um sistema de códigos e vozes, onde há presença do outro em todas as
convenções: romance, uma carta, uma coisas, em todos os saberes é que funciona o
palestra, um quadro, uma foto, uma tabela são mundo em que vivemos.
atualizações desses sistemas de significados, Nesse viés estenderemos nosso estudo sob a
podendo ser interpretados como texto”, há presença da intertextualidade nos textos e
também as produções que combinam a como isso pode ser concebido e recebido pelo
linguagem verbal e não verbal, como ocorre leitor, ainda pontuaremos as manifestações
nos anúncios. intertextuais no texto, analisando o gênero
Sendo uma construção cultural, todo texto é propaganda e sua forma de representação na
carregado de valores que foram atribuídos intertextualidade e finalizaremos analisando
além do enunciado, a qual envolve o contexto dois anúncios publicitários, destacando que
de criação, de modo que não é um produto mesmo que o gênero tenha sua estrutura,
enrijecido pelo seu produtor, mas que dialoga conteúdo e estilo estabelecidos, ela é maleável
com o leitor somando o contexto de criação para atender a necessidade do público-alvo.
com o contexto do leitor, assim cada leitor
constrói seu entendimento sobre o que lê. Isso
INTERTEXTUALIDADE: UM
abre um leque para que diferentes leitores
tenham olhares divergentes sobre um mesmo CARÁTER DIALÓGICO
texto, pois enquanto um simples detalhe Iniciamos o subcapítulo trazendo para o
chama a atenção de um leitor, para o outro aporte teórico a discussão da relação entre
pode passar despercebido, pois não lhe gera intertextualidade e dialogismo. Ainda não tem
significado importante. sido uma temática resolvida entre os
A leitura de um texto instaura o dialogismo estudiosos da linguagem, Bezerra (2011), por
entre o leitor e a obra, porém para produzir exemplo, não é adepto para considerar o termo
determinado texto, seu criador dialogou com intertextualidade como sinônimo de
outros textos, a qual interferiu na dialogismo. Para o linguista (FIORIN, 1994, p.
concretização da sua ideia, como podemos ver 30), a diferença é bastante clara à medida que

495
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO

considera a intertextualidade como um A interpretação de Kristeva (1974), acerca do


processo e incorporação de um texto em outro, dialogismo e da intertextualidade coloca em
“seja para reproduzir o sentido incorporado, jogo contraditório ao pensamento de Bakhtin,
seja para transformá-lo” e o caráter dialógico pois sua noção de intertextualidade se
recai na interdiscursividade, enquanto fundamenta no apagamento do sujeito. E ao
“processo em que se incorporam percursos apagar a voz do sujeito, condição de um
temáticos e/ou percursos figurativos, temas enunciado, apagam também as vozes e suas
e/ou figuras de um discurso em outro” (FIORIN, relações. Quando se fala em dialogismo interno
1994, p. 32). demarca se o diálogo entre o texto e uma voz
É reconhecido que conceito de exterior e se afasta da perspectiva da
intertextualidade advêm dos estudos de intertextualidade. E quando se fala dialogismo
Kristeva (1974), em que a pesquisadora externo anuncia-se relações dialógicas de vozes
recomenda que o conceito da de um enunciado. Essa discrepância entre as
intertextualidade, depende do conhecimento relações internas coloca em dúvida a noção da
de mundo de cada leitor e deve levar em conta intertextualidade.
o diálogo presente entre textos ou gêneros Nesse contexto dialógico, um texto está
distintos, de forma que os ditos em um texto relacionado com outros textos direta ou
sejam retomados em outro texto, assim já não indiretamente e assim nasce um novo texto
se pode falar em originalidade, mas em com resquício de outras leituras do autor em
constante criação a partir do complexo outras circunstâncias e tempos históricos. Com
dialógico entre o presente e o passado. isso instaura-se a intertextualidade, onde o
Na perspectiva bakhtiniana, o dialogismo criador estabelece relações comunicativas com
aparece como, relações dialógicas, pois são o conhecimento já adquirido para recriar e
construídos a partir das afinidades entre as reformular uma nova hipótese de forma que
vozes, em qualquer dialogia, mesmo antes de tenha sentido no contexto apresentado. A
considerar diálogo entre os textos. O que significação dos elementos constitutivos do
Bakhtin (1999) propõe em sua obra Marxismo texto leva o leitor mais instruído a identificar
e Filosofia da Linguagem, é considerar termos traços que o levam a outros textos.
como interação, dialogia, intertextualidade ou As práticas comunicativas instauradas nos
a interdiscursividade como relações dialógicas, textos são os gêneros, pois cada um pode ser
o que significa analisar os discursos numa ação representada seguindo um estilo, uma
de comunicação, independente das vozes. linguagem, um suporte e assim
(FIORIN, 2006, p. 162), muito bem registra que sucessivamente. Conforme (MARCUSCHI,
“na obra bakhtiniana, não ocorrem os termos 2003, p. 30), os gêneros textuais “são artefatos
interdiscurso, intertexto, interdiscursivo, construídos historicamente pelo ser humano”,
interdiscursividade, intertextualidade”, o que as quais resultaram da troca de experiencias,
infere dizer que a intertextualidade se distancia da interação e da necessidade de expressão de
dos princípios bakhtinianos. cada grupo social ao longo dos tempos.

496
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO

Diante da afirmação de que os gêneros intertextualidade vem sendo discutida no


proporcionam a interação entre as pessoas, contexto brasileiro. Várias correntes no Brasil
(BAKHTIN, 2003[1979], p. 262), afirma que tratam da temática da intertextualidade, como
"qualquer enunciado considerado Fiorin (2006) por exemplo, que define a
isoladamente é, claro, individual, mas cada intertextualidade a partir de aportes do Círculo.
esfera de utilização da língua elabora seus tipos Segundo ele não tem como distanciar da
relativamente estáveis de enunciados", relação entre a dialogia e as relações que
organizadas e desenvolvidas nas práticas ocorrem entre textos, por isso considerar a
sociais. Bakhtin não usou o termo importância da relação dialógica, como uma
intertextualidade ou intertexto em seus relação de sentido interdiscursiva.
escritos, mas argumentava que em todo texto, O termo intertextualidade fica reservado
a palavra apresenta um diálogo com outros apenas para os casos em que a relação
textos. discursiva é materializada em textos. Isso
Barthes (1993[1971]), trata a significa que a intertextualidade pressupõe
intertextualidade como primeiro plano dizendo sempre uma interdiscursividade, mas que o
que todo texto é um tecido novo de citações contrário não é verdadeiro. Por exemplo,
passadas: quando a relação dialógica não se manifesta no
O intertextual em que é tomado todo texto, texto, temos interdiscursividade, mas não
pois é ele próprio o entre texto de outro texto, intertextualidade. Grifo do autor (FIORIN 2006,
não se pode confundir com qualquer origem do P. 181).
texto: pesquisar as “fontes”, as “influências” de Sendo assim, é condizente que todo texto é
uma obra, é satisfazer ao mito da filiação; as um intertexto, pois torna-se perceptível que
citações de que é feito um texto são anônimas, outros textos estão presentes neles de
indiscerníveis e, no entanto, já lidas: estas são múltiplas formas e paulatinamente sendo
citações sem aspas (BARTHES, 1993 [1971], p. reconhecidas. Fiorin (2003), considera ainda
76), grifo do autor, tradução nossa.4 1 que, podendo haver distinção entre discurso e
A assertiva de Barthes (1993 [1968], p. 67), texto, por conseguinte, há distinção entre
de aceitar que o texto é um “tecido de citações” interdiscursividade e intertextualidade. “O
já depõe para aceitação da existência da termo intertextualidade fica reservado apenas
intertextualidade. Não podemos negar para os casos em que a relação discursiva é
que essa ideia de intertextualidade, materializada em textos. Isso significa que a
conforme posta, advém do contexto francês, e intertextualidade pressupõe sempre uma
a partir dos estudos de Kristeva (1974), e das interdiscursividade, mas o contrário não é
postulações bakhtinianas, a noção de verdadeiro” (FIORIN, 2003, p.181).

4
“L'intertextuel dans lequel est pris tout texte, puisqu'il sont des citations sans guillemets . BARTHES, R. La
est lui-même l'entre-texte d'un autre texte, ne peut se mort de l’auteur. In: _____. Le bruissement de la langue:
confondre avec quelque origine du texte: rechercher le essais critiques IV. Paris: Seuil, (1993 [1968], p. 63-69).
"sources", les "influences" d'une oeuvre, c'est satisfaire
au mythe de la filiation; les citations dont est fait un texte
sont anonymes, irrepérables et cependant déjà lues: ce

497
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO

Nesse contexto, estamos imersos numa retextualizada e plágio. Cada um tem suas
sociedade repleto de intertextualidades como características próprias dentro do texto.
nos cartazes, outdoors, propagandas e outros A intertextualidade temática ocorre quando
recursos comunicativos, com a proposta de o autor compartilha a mesma ideia, o mesmo
ressignificar a leitura de um determinado assunto, mas cada um escreve seu próprio
contexto sócio-histórico-político e econômico texto, na estilística “o produtor do texto, com
para que o leitor possa desenvolver sua objetivos variados, repete, imita, parodia
compreensão de mundo e usufruir do direito certos estilos ou variedades linguísticas”
de aprender e de pertencer. (KOCH; BENTES; CAVALCATE, 2007, p. 19).
Conforme Kleiman e Moraes (1999), quando A intertextualidade explícita ocorre quando
mais se lê o texto, mais traços se consegue o autor cita outro texto identificando a autoria,
extrair, iniciando pelo gênero a que o texto se podendo ser uma citação curta ou longa como
enquadra, logo a interpretação do texto está ocorre em escrita acadêmica, tais como: artigo
limitada ao conhecimento do leitor, pois exige científico, resenha, monografia, dissertação
que ele tenha algum conhecimento sobre o que (KOCK e ELIAS, 2008),indicando a fonte de onde
está sendo abordado na obra, seja de forma tal informação foi extraída.
direta ou indireta. Sendo que nenhuma obra A intertextualidade também pode ser
começa sua narrativa apresentando sua implícita, conforme (KOCH E ELIAS, 2008, p. 92),
tipologia e gênero, mas que ao ler o leitor ela ocorre quando o autor faz alusões a outro
poderá identificar se já tiver conhecimento texto, sem deixar evidente o que foi apropriado
sobre a tipologia textual. de outro, mas que cabe ao leitor recorrer a seus
Ao analisar uma propaganda, por exemplo, conhecimentos prévios, para identificar o
quanto mais informações tiver sobre sua intertexto, assim como o objetivo daquela
função, seu estilo, conduzirá a maior a maior apropriação para que o texto tenha sentido,
compreensão e poderá identificar se o texto caso o leitor não perceba a intertextualidade, a
está fazendo menção a outro texto. As relações intertextualidade perde seu objetivo.
que se constituem entre as vozes desse Na forma implícita ela ainda pode ser
discurso, leva o leitor para uma interpretação retextualizada, o détournement, quando se
possível por meio das habilidades presentes no apropria um enunciado e altera apenas
interlocutor considerando suas leituras e toda algumas palavras, recontextualizando com um
uma bagagem cultural cultivada ao longo de novo objetivo, essa prática faz com que os
suas experiências e práticas sociais. leitores cidadãos recuperem em sua memória
Desse modo todo texto apresenta algumas passagens comuns ao cotidiano
intertextualidade, porém cabe ao leitor construindo sentido. “leva o leitor a ativar o
identificá-los, uma vez que, conforme Ferreira enunciado original, para argumentar a partir
e Dias (2019), elas podem ser: temática e dele; ou então, ironizá-lo, ridicularizá-lo,
estilística; entre elas a intertextualidade pode contraditá-lo, adaptá-lo a novas situações, ou
estar de forma implícita, explícita, orientá-lo para um novo sentido, diferente do
sentido original” (KOCH; BENTES; CAVALCATE,

498
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO

2007, p. 45). Assim novos enunciados são publicitário a pessoa ou empresa objetiva o
criados a partir de outros, retomando textos consumo, o lucro, enquanto a propaganda
antigos e readequando em novos contextos, publicitária objetiva uma mudança de
estabelecendo relação significativa para quem comportamento, a apropriação de uma ideia”.
lê. O anúncio publicitário tem ganhado
O plágio também é uma forma de destaque na sociedade vigente, onde tudo gira
intertextualidade, porém de forma negativa, em torno do visual e do imediatismo. As formas
aquela que prejudica o texto, pois diferente das de publicar esses anúncios tem sido as mais
mencionadas até aqui, ela não estabelece variadas possíveis, não se restringindo aos
relação dialógica com a intenção de conduzir o folders ou panfletos, Cerveira e Souza (2011). O
leitor a outro texto, mas se apropria do texto que está em vigor atualmente são as redes
fiel de outro escritor sem dar devido crédito, sociais a qual tem estimulado comerciantes e
com objetivo de que a informação passe novos empreendedores a serem cada vez mais
despercebida, para tanto o escritor tende a criativos para atrair o interesse dos
“camuflá-lo por meio de operadores de ordem consumidores.
linguística, em sua memória de pequena Considerando que a propaganda tem a
montagem (apagamentos, substituição de função de propagar uma ideia que leva ao
termos, alterações de ordem sintática, convencimento, o anúncio por si só perde sua
transposições, etc.) (KOCH; BENTES; força, pois é por meio da propaganda que irá
CAVALCATE, 2007, p. 31). Quando um plágio é seduzir, convencer, persuadir o consumidor de
detectado, o produtor perde toda sua que o produto atende as suas necessidades.
produção e pode sofrer graves consequências Contudo a elaboração do anúncio e
com a justiça, pois é uma atividade ilegal. propaganda deve estar de acordo com o
interesse do público-alvo e de acordo com
ANÚNCIO PUBLICITÁRIO E contexto social eminente.
Para enriquecer o anúncio publicitário,
PROPAGANDA muitos publicitários tem recorrido a diversos
Temos presenciado muitas campanhas gêneros textuais, mesclando imagens com
publicitárias, onde estão incrementados os palavras, tal mistura acontece motivado pela
mais diversos argumentos. É comum chamar intercomunicação, para chamar a atenção do
anúncio de propaganda, pois esses termos para público-alvo muitos autores mesclam mais de
a sociedade tem o mesmo sentido, porém vale um gênero em um único texto, “[...] nos
ressaltar que o termo anúncio publicitário e anúncios, os recursos de linguagem são
propaganda tem significados diferentes, mas indispensáveis, e a intergenerecidade é mais
ambas caminham juntos e são indissociáveis, um de que se valemos publicitários para fazer
pois corroboram para que o objetivo de um e com que este gênero, cumpra o seu papel
do outro seja concretizado com mais eficácia. social” (CERVEIRA e SOUZA, 2011, p. 173).
(MORAES, 2019, p. 30), recorre a Trindade O anúncio publicitário é considerado como
(2012), para esclarecer que no “anúncio intergênero, pois na maioria das vezes abriga

499
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO

mais de um gênero na sua composição. Janeiro e Minas Gerais. Com intuito de se


Marcuschi (2003), salienta que a publicidade aproximar dos clientes, a loja tem como lema
[...] opera de maneira particularmente da sua propaganda utilizar como referência os
produtiva na subversão da ordem genérica filmes e temas relacionados aos famosos, o
instituída, chamando a atenção para a venda de slogan da página eletrônica é Hortiflix - As
seu produto. Desenquadrar o produto de seu estrelas da natureza estão aqui, disponível em:
enquadre normal é uma forma de enquadrá-lo https://institucional.hortifruti.com.br/quem-
em um novo enfoque, para que o vejamos de somos/sobre-a-hortifruti/
forma mais nítida no mar de ofertas de As campanhas publicitárias estão
produtos (MARCUSCHI, 2003, p. 32). organizadas com os seguintes nomes Hortiflix,
Assim ela fica mais propensa a se apoiar em É de família, Mundo dos sabores, Liga da saúde,
mais de um gênero para que seu produto seja Ritmos, Hollywood, Cascas, Depoimentos e
visto. Isso não significa que irá fugir da sua Hortifruti é bom para você, todos se apropriam
construção composicional, do conteúdo de alguma linguagem relacionada ao mundo
temático e do seu estilo, mas que a flexibilidade dos artistas.
do gênero permite que seja ajustado até que O anúncio selecionado faz parte da
alcance o objetivo desejado dentro da sua campanha Ritmos, “O que é que a banana
função a qual foi proposto. tem?”, nela há presença implícita da
Assim os anúncios publicitários são intertextualidade, o détournement, o
carregados de informações dialógicas que publicitário se apropria da música interpretada
reflete de certa forma no conhecimento de por Carmen Miranda - O Que É Que A Baiana
mundo interior e exterior do leitor e escritor. Tem, em sua participação no Filme “Banana da
Como mostra da leitura realizada analisaremos terra”, estreado em 10 de fevereiro de 1939. A
dois anúncios publicitários: “O que que a música foi composta por Dorival Caymmi, e
banana tem? Da rede Hortifruti e “Não se com o passar dos anos se tornou uma das mais
reprima, pense light”, da Batavo. conhecidas no Brasil.
Ao se apropriar de uma música conhecida o
Anúncio 1: O que é que a banana tem? anúncio estabelece um elo de aproximação
entre os consumidores, pois ao ler o enunciado
o leitor é levado ao ritmo da música numa
sensação de familiaridade e o leva a pensar
sobre as propriedades benéficas da banana
para saúde. Assim a escolha de cada elemento
Fonte:
tem um objetivo do seu criador, a de persuadir
https://institucional.hortifruti.com.br/comunicacao/campan
has/ritmos/
de forma divertida indo de encontro com a
necessidade do consumidor.
O anúncio publicitário corresponde a uma O anúncio se utiliza da linguagem verbal e
rede de hortifrutigranjeira, ao todo são 43 visual na construção de sentido. Importante
lojas, distribuídas entre Espírito Santo, Rio de dizer da importância da leitura de mundo do

500
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO

sujeito para reconhecer a intertextualidade diálogo instaurado com o gênero música, que
presente no gênero textual. Encontramos uma contribuiu para que o objetivo fosse alcançado.
alusão à fonte, que no caso faz relação com a Seguindo por esse viés, a campanha Pense
letra de uma música, e para isso recorre aos Light, da Batavo, também segue a linha da
aspectos gramaticais de aproximação fônica intergenerecidade para se aproximar e
entre a palavra “banana” e “baiana”, dando persuadir seus clientes a continuar adquirindo
pistas ao leitor que trata de uma seus produtos, para isso não se intimida em
intertextualidade implícita, pois o anunciante inovar e argumentar com diversas linguagens.
denuncia essa pista implícita para dar sentidos Vejamos a interferência que ocorre no anúncio
no anúncio. a seguir.
A intertextualidade faz ligação entre um
texto e outro e o que ele comunica, pois Anúncio 2: Não se reprima, pense light
sozinhos torna difícil o reconhecimento. Por
isso, podemos dizer da heterogeneidade5 dos 1

textos conforme ensina (KOCH, 2014, p.59),


como um “objeto heterogêneo, que revela uma
relação radical de seu interior com seu exterior;
e, desse exterior, evidentemente, fazem parte
outros textos que lhe dão origem[...]”. O
anúncio analisado está vinculado a
heterogeneidade como uma leitura atenta ao
visual e ao verbal, ou seja, os elementos
linguísticos presentes, a cor amarela, os ícones Fonte:
https://www.clicrbs.com.br/blog/jsp/default.jsp?source=DY
apresentados no fundo completam o sentido e NAMIC,blog.BlogDataServer,getBlog&uf=1&local=&template
o valor d intertextualidade. =3948.dwt&section=Blogs&post=244188&blog=455&coldir=
Os estudiosos (CERVEIRA E SOUZA, 2011, p. 1&topo=3994.dwt
177), vão mais além, e concede a
intergenerecidade, como vemos no anúncio 1, Esse anúncio trata de uma trilha da
pois “a imagem e as informações sobre o campanha da linha Pense Light, da Batavo.
produto reforçam o caráter apelativo deste Aborda um tema relacionado ao público
gênero”, considerando que mesmo que não feminino: a dieta. A marca Batavo recomenda
esteja de forma explícita, o leitor que tenha para o consumidor o consumo de produtos
conhecimento sobre a música, identificará a mais leves, e para isso indica para pensar Light.
inferência constituída. Nesse caso, temos o

5 Essa noção de heterogeneidade foi destacada por manifestações explícitas, recuperáveis a partir de uma
Maingueneau (1997, p. 75) que, na esteira de Authier- diversidade de fontes da enunciação” e corresponde “à
Revuz (2004), reconhece que há dois planos distintos, presença localizável de um discurso outro no fio do
mas complementares, de heterogeneidade: a discurso” (MAINGUENEAU, 1997, p. 75).
constitutiva e a mostrada. O autor afirma que a
heterogeneidade mostrada “incide sobre as

501
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO

Utiliza de uma imagem despojada, jovem, com construídos pela experiência do consumidor no
trajes mostrando parte das pernas. uso das marcas, bem como por campanhas
A palavra SAIA aparece com toda uma carga promocionais e pela embalagem (JONES, 2004,
semântica de polissemia, pois o SAIA pode p. 21).
estar relacionada a vestimenta, ou ao verbo Considerando que a maioria das mulheres
sair. O fato do verbo estar no imperativo, leva tem problemas de prisão de ventre, o
ao entendimento de ordem expressa, assim o publicitário apresenta a imagem de uma
leitor é convencido a fazer o que está no mulher e toma como referência a letra da
anúncio. Há também a presença da figura de música “Não se reprima” do grupo musical
linguagem na palavra “saia”, por se tratar de Menudo, que remete a sensação de liberdade
uma propaganda de um produto light, a palavra feminina, para induzir ao consumo dos
saia está relacionado a liberar o intestino para produtos da linha Batavo e se livrar de toda
se sentir bem. prisão. Além do discurso utilizado, há também
O destaque dessa análise está no fato da a presença marcante de uma placa de trânsito,
intertextualidade. A Batavo, reativando a da cor amarela que chama a atenção do leitor
memória discursiva faz uma associação por sinalizando um alerta, que o consumidor
meio da expressão “Não se reprima” com um precisa usar aquele produto.
conjunto musical famoso Os Menudos. Essa Conforme (JONES, 2004, p. 80), as
expressão já foi utilizada em música dos estratégias de publicidade, consideram a
Menudos como uma alternativa de não ser mente do consumidor e a reação que essa
julgado, e isso é recuperado no anúncio da publicidade vai causar, assim torna necessário
Batavo com a mesma expressão. O “Não se “[...] reconhecer que uma marca significa muito
reprima” e “Pensar Light” dentro de um mais do que apenas suas características
circuito discursivo, retrata o convencimento, físicas”, assim cada elemento que aparece no
para se chegar a um estímulo para adquirir anúncio tem a intenção de convencer o
hábitos alimentares, que deixa a mulher com consumidor que o consumo ou aquisição do
corpo esbelto. Lembrando que nos anos 80 a produto será benéfico para seu bem-estar.
expressão “'Não se Reprima” era comum na Desse modo, o anúncio 2, da campanha
boca dos jovens, que gritavam pelos Menudos. Pense Light, da Batavo, tem como construção
E hoje esse viés também é recuperado tendo o uso do discurso linguístico verbal e não
como público-alvo da campanha os verbal, assim como o gênero musical e os
adolescentes que desejam se alimentar de uma signos linguísticos. A presença da
linha Pense Light, da Batavo. intertextualidade intergênero ocorre de
Com isso o publicitário seduz o consumidor maneira implícita, pois cabe ao leitor identificar
levando a crer que os gêneros presentes no anúncio e fazer as
Além das recompensas funcionais que os relações discursivas.
consumidores obtêm quando usam uma
marca, há benefícios extras ao consumidor, de
cunho psicológico: valores agregados,

502
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A intertextualidade faz parte do contexto social, seja de forma impressa, digital, visual ou
oral. Toda prática discursiva é resultado de uma experiência dialógica. Ou seja, para produzir um
texto verbal ou não verbal ou apresentar um trabalho o sujeito recorre a sua memória retomando
conceitos que já vivenciou para construir sentidos.
Assim a presença das múltiplas linguagens nos textos verbos-visuais é evidenciada na
publicidade, a qual em conjunto têm como objetivo o convencimento do leitor, podendo
confrontar, completar ou validar significados. Logo leva o leitor a construir sentidos a partir do
seu conhecimento prévio.
Concluindo, o texto publicitário relacionado a outros textos que circulam no meio social e
reconhecíveis por parte de seus leitores-consumidores fornece aos estudos da linguagem um
amplo material para análise, tendo uma qualidade diferenciada que é a intertextualidade,
favorecendo a reflexão sobre uma propriedade importante na linguagem: o dialogismo.

503
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO

REFERÊNCIAS
AUTHIER-REVUZ, J. Heterogeneidade mostrada e heterogeneidade constitutiva: elementos
para uma abordagem do outro no discurso. In: Entre a transparência e a opacidade: um
estudo enunciativo do sentido. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2004. p. 11- 80.

BAKHTIN, Mikhail; VOLOCHINOV, Valentin. Marxismo e filosofia da linguagem. Trad. Michel


Lahud e Yara F. Vieira. 9. ed. São Paulo: Hucitec, 1999.

BAKHTIN, M. M. Os gêneros do discurso. In: BAKHTIN, M.M. Estética da criação verbal.


Trad. Paulo Bezerra. São Paulo: Martins Fontes, 1997, p.261-306.

BARTHES, R. La mort de l’auteur. In: Le bruissement de la langue: essais critiques IV. Paris:
Seuil, (1993 [1968], p. 63-69).

504
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO

www.revistamaiseducacao.com
E-mail: artigo@revistamaiseducacao.com

Rua Manoel Coelho, nº 600, 3º andar sala 313|314 - Centro São Caetano do Sul – SP CEP: 09510-111 Tel.: (11) 95075-4417

EDITORA
CENTRO EDUCACIONAL SEM FRONTEIRAS

Você também pode gostar