Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
EDITORA
CENTRO EDUCACIONAL SEM FRONTEIRAS
R454
Mensal
Modo de acesso: <https://www.revistamaiseducacao.com/sumario-
v4-n3-2021>
ISSN:2595-9611 (on-line)
DOI: https://doi.org/10.51778/2595-9611.v4i3
Data da publicação: 31/05/2021
www.revistamaiseducacao.com
E-mail: artigo@revistamaiseducacao.com
Rua Manoel Coelho, nº 600, 3º andar sala 313|314 – Centro São Caetano do Sul – SP CEP: 09510-111 Tel.: (11) 95075-4417
2
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
3
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
Inovação envolve um contexto social, cultura, histórico, político e econômico, o que é muito mais
profundo, abarca aspectos da interdisciplinaridade, transdisciplinaridade, a pedagogia de projetos, a prática da
dialogicidade sistematizada na epistemologia de Paulo Freire.
Em educação, inovação é sempre algo tão difícil, pois obriga sair do lugar, movimentar-se, desafiar-se,
projetar-se, se jogar num contexto desconhecido em busca do anúncio da novidade. A escola tradicional brasileira
resiste à inovação!
Sempre o velho giz, a velha lousa, as velhas práticas. Inserir o novo, a novidade na educação não quer
dizer necessariamente introduzir tecnologias digitais. Pode-se enriquecer os tempos e espaços do currículo com
tecnologias digitais, mas manter a velha e tradicional prática, no qual as TDIC ganham um fim em si mesmas ou
são utilizadas apenas como ferramenta e não enquanto linguagens estruturantes do próprio acontecer do
currículo em desenvolvimento.
O velho rádio, por exemplo, pode ser utilizado de forma inovadora, oportunizando um contexto no qual
os sujeitos podem ter vez e voz, no exercício da autonomia, da participação, assumindo-se, no anúncio da
novidade, que tem mais que ver com o currículo do que com a tecnologia em si.
É improvável inovação sem inovação pedagógica, quebra de paradigma e exercício de superação das
velhas práticas.
Está aí um convite às redes de ensino, escolas e sujeitos do currículo, o desafio à inovação!
4
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
5
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
6
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
7
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
8
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
9
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
10
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
A NEUROPSICOPEDAGOGIA E O BRINCAR
HEURÍSTICO: CONTRIBUIÇÕES PARA O
APRENDIZADO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Claudia Moreira Santiago1
198
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
ABSTRACT: The article aims to discuss the neuropsychopedagogical tools for the development of
children, used in the diagnosis and intervention in learning difficulties, also addressing heuristic
playing. Neuropsychopedagogy, as a science that studies the being that learns with reflection and
action on the pedagogical work with a focus on the psychological factors of development and
learning, without risking a conceptualization, has as its basic objective to contribute so that, the
subject, the school or society be, within its learning processes. Therefore, it seeks first to make
an observation and analysis of the symptom at the most global level, through games, drawings,
games that contribute to the creation of bonds. With a focus on performance diagnosis, Clinical
Psychopedagogy works towards taking care that learning problems are prevented, that is, before
they happen, a neuropsychopedagogical action takes place, although the complaint is the starting
point.
199
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
200
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
ou do professor o que não foi concedido de realizado nas classes regulares, com alunos
forma ampla e irrestrita à educação: condições com deficiência e ainda:
ideias para que todas as escolas pudessem Os professores alegam (com toda razão) que
estar preparadas e adaptadas, e todos os em seus cursos de formação não tiveram a
profissionais formados e capacitados. Porém é oportunidade de estudar a respeito, nem de
nosso dever não perder as esperanças e, acima estagiar com alunos de educação especial.
de tudo, trabalhar para a legítima inclusão de Muitos resistem negando-se a trabalhar com
nossos alunos. esse aluno enquanto outros os aceitam, para
Carvalho (2011), explica que a sociedade não criarem áreas de atrito com a direção das
inclusiva e a escola inclusiva, como ideais, têm escolas. Mas felizmente há muitos que
obtido a simpatia dos pais, dos educadores e da decidem enfrentar o desafio e descobrem a
sociedade em geral. Afinal, o movimento de riqueza que representa o trabalho na
não excluir está implícito nas ideias diversidade (CARVALHO, 2011, p. 27).
democráticas, aceitas e proclamadas Michels (2006), entende que a escola hoje é
universalmente e continua: convocada a ser democrática “para todos”,
No entanto a história das ideias sobre uma escola inclusiva. No entanto, se não
educação deixa evidente que pouco ou nada levarmos em consideração os aspectos
tinha de inclusiva, seja em termos da apresentados anteriormente, corremos o risco
universalização do acesso, seja em termos da de fazermos uma análise ingênua sobre seu
qualidade do que era oferecido. Hoje em dia, o papel social. Assim sendo, para estudar as
panorama, é felizmente, outro, pois temos escolas e suas organizações, faz-se essencial
mais consciência acerca dos direitos humanos, relacioná-las aos aspectos mais amplos da
embora a prática da proposta de educação sociedade como, por exemplo, a economia e a
inclusiva ainda não conte com o consenso e política, sem perder de vista a troca existente
unanimidade, mesmo entre aqueles que entre esses elementos e o cotidiano escolar.
defendem a ideia (CARVALHO, 2011, p. 27). Levando em conta tais considerações, a
Ainda segundo a autora, qualquer docente, autora, parte da concepção que a atual reforma
desavisado, ao responder sobre o que pensa educacional se esforça para promover
em relação a inclusão, de imediato a associa mudanças, mas não propõe a transformação da
com portadores de deficiência, raramente ou própria escola. A escola passa a ser o ´´foco´´ da
quase nunca se referem aos de altas gestão administrativa e financeira, sendo
habilidades/superdotados; aos que responsabilizada pelo seu sucesso ou fracasso.
apresentam dificuldades de aprendizagem sem Seguindo a mesma linha de pensamento
serem portadores de deficiências e, muito outra autora define a gestão inclusiva da
menos, às outras minorias excluídas, como é seguinte maneira:
caso de negros, ciganos e anões. Ter uma equipe de professores e
Para ela a resistência dos docentes e de funcionários preparados para lidar com
alguns pais é por eles explicado em razão da situações inusitadas. Por exemplo, um aluno
insegurança no trabalho educacional a ser que necessita de ajuda para usar o banheiro ou
201
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
outro que prefira estar a maior parte do tempo conferência realizada em Jomtien (Tailândia).
fora da sala de aula (RAMOS, 2006, p. 13). Esse documento também faz menção à
Ainda segundo a autora, é preciso, portanto, educação como estratégia para satisfazer as
em uma perspectiva didática inclusiva, necessidades básicas de aprendizagem. Outro
considerar os diferentes modos e tempos de movimento expressivo foi a da conferência
aprendizagem com um processo natural dos mundial sobre necessidades Educativas
indivíduos, sobretudo daqueles com evidentes Especiais (1994) (DUEK, 2014).
limitações físicas ou mentais. É preciso criar espaços nas escolas em que se
Respeitar as diferenças é também respeitar possam desenvolver adequadamente
o ritmo de aprendizagem de cada um. trabalhos com músicas.
Em casos muito extremos como alta A sociedade deve tomar consciência do uso
agressividade ou passividade absoluta da neuropsicopedagogia como uma forma de
aconselhar aos pais que busquem ajuda expressão, percebendo seu valor e benefícios,
médica. Fazer da observação atenta o seu mais não sendo vista como passatempo ou
importante instrumento de tomada de decisão ornamento.
(RAMOS, 2006, p. 15). A neuropsicopedagogia não precisa ser
Para Carvalho (2011), as escolas inclusivas explicada, ela tem um fim em si mesma, ela
são para todos e devem garantir o acesso de causa sensações e desejos, há momentos que
atendimento educacional e sua cidadania. Ela acalma outros causa maior agitação, ela é um
ressalta ainda que as outras modalidades de grande auxiliador no desenvolvimento da
educação inclusiva não devem ser ignoradas. criança, pode ser vista como instrumento de
O movimento pela universalização do ensino aprendizagem, contribui para desenvolvimento
e democratização das práticas escolares visa, total do aluno, que está em constante
dentre outros aspectos a promover e facilitar o formação, de si conhecer e conhecer o mundo,
acesso à escola de grupos de indivíduos que, assim descobrindo e aprendendo lidar com
pelas mais diversas razões, encontram-se seus desejos, conflitos, vontade, opinião e
abolidos do seu esforço. Segundo Bueno, esse sentimentos, por meio da musica a criança
movimento ganhou vulto nos anos 60 e “[...] fez pode se encontrar como parte do mundo.
aflorar, de forma incontestável, os problemas Cabe aos professores, em sua prática
de seletividade escolar, e passou a ser objeto docente, propiciar situações de aprendizagem
de preocupação tanto dos gestores das que levem ao desenvolvimento de habilidades
políticas quanto dos estudiosos e e de conteúdos que possam responder às
pesquisadores da educação nacional” (BUENO, necessidades dos alunos ao meio social que
2000, p.103). habitam.
No Brasil, a discussão em torno da política O grande número de brinquedos que são
educacional começa se delinear na década de produzidos atualmente no mercado, sugere
80 ganhando força nos anos 90. Nesse que há certa compreensão por parte dos
contexto, a importância da Declaração Mundial adultos de que a brincadeira em si é importante
de Educação para Todos, resultando na para seus filhos, ou seja ,as crianças em geral.
202
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
O educador deve ser capaz de mediar sem ser os bebês que estão na fase de descobertas pelo
intrusivo e de acompanhar sem ser omissivo ou mundo. Proporcionar o brincar heurístico em
indiferente, em todas essas ‘organizações de instituições infantis é buscar a resolução
brincadeiras “. o brincar heurístico deve cuidadosa de pequenos detalhes, como:
sempre fazer parte da vida de nossas crianças, tempo, espaço, materiais adequados e
pois é nele que ela vai expor toda sua gerenciamento. O papel do professor é o de
necessidade e sentimentos. organizador e mediador, e não o de iniciador.
O objetivo está em analisar como o brincar Os bebês brincarão com concentração e sem
heurístico contribui para o desenvolvimento conflitos por longos períodos, desde que lhes
social e cognitivo das crianças, diante dos sejam oferecidas quantidades generosas de
dados gerados é possível constatar as reais objetos cuidadosamente selecionados, e
contribuições do brincar heurístico, o organizados para tal brincadeira.
conhecimento cognitivo sempre é muito mais Com diversas transformações sociais
intenso que o social. ocorridas na época da Revolução Francesa, a
Em 1987 Elinor Goldschimied desenvolveu criança finalmente é vista com um novo olhar.
uma pesquisa que chamou de Brincar Umas das principais mudanças da época foram
Heurístico para a aprendizagem e as transformações religiosas; católicas e
desenvolvimento de crianças, em colaboração protestantes e também o surgimento da
com educadoras de vários países. Este olhar afetividade no seio da família, essas
deve-se ao ponto de vista em que a criança afetividades eram demonstradas
explore sua criatividade, se desenvolva e principalmente por meio da valorização que a
consiga se expressar por meio de brincadeiras. educação passou a ter, os trabalhos com os fins
A palavra “heurístico” vem do grego eurisko educativos foram substituídos pela escola.
e significa descobrir, a criança começa a Afirma Oliveira que surge uma preocupação
alcançar a compreensão de algo. no século XVII com a Educação moral das
O foco do brincar está na descoberta que a crianças, e esta educação passa a ser dada pela
criança consegue fazer e também na igreja, acreditava-se que a criança é fruto do
manipulação de objetos como sementes, pecado e ela deveria ser guiada pelo caminho
caixas, tapetes de borracha, bolas de pingue- do bem, de um lado a criança é vista como um
pongue, novelos de lã, etc. Em outras palavras, ser inocente e do outro como um ser fruto do
conforme Goldschmied e Jackson (2006), o pecado, quando a família faltava na correção
brincar heurístico envolve oferecer a um grupo dessa criança a sociedade corrigia desde
de crianças, uma grande quantidade de objetos pequena.
para que elas brinquem, manipulem livremente A educação infantil se insere em um
sem a intervenção dos adultos, sendo eles pais contexto histórico e social decorrente das
ou educadoras. mudanças produzidas pelo capitalismo
Concluímos que o brincar heurístico com o industrial no século XIX, que passou a
uso do Cesto de Tesouros, possa nos oferecer incorporar o trabalho feminino e da criança no
uma experiência de aprendizagem ampla para sistema fabril. Embora, segundo Aranha (2006),
203
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
204
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
onde encontrar esses modelos a copiar se não também as descriminações perceptuais que
nos adultos sempre presentes, sempre mais são capazes de realizar, mas abrange também
sábios, sempre mais fortes, sempre melhores? sua formação e a falta do esquema corporal
Os adultos e mais genericamente os mais com conscientização.
velhos, são os deuses que a criança adora De acordo com Sabine (2009), encaixar,
aqueles em cuja direção ela quer se elevar, empilhar, construir, montar um quebra-cabeça
aqueles a quem ela copia em todos os seus é atividade que proporciona exercício e
atos. desenvolvimento de habilidades, que só serão
Entretanto, para Rau (2011), estuda-se brinquedos se realizados com vontade e com
frequentemente a criança sem levar em conta prazer. Caso contrário, será apenas uma tarefa
essa figura grandiosa do pai que permanece no executada com brinquedos.
horizonte de seus pensamentos. Encara-se Para Duprat (2015), o brinquedo é o ponto
quase sempre o pai como um simples adulto de partida para o desenvolvimento do
igual aos demais, só que mais próximo, e cuja pensamento. Quando possibilita participação
vontade condiciona a vida infantil. de mais uma pessoa, ele promove a
Querendo compreender o papel do pai no sociabilidade.
desenvolvimento psicológico da criança, é Entretanto, para Rau (2011), o importante é
preciso também reencontrar o “pai” tal como que a interação preserve o objetivo de ser
ele é na alma infantil, e este pai ultrapassa de prazeroso estimulador, reforçando a
maneira fantástica o pai real e histórico. construção de autoconceito positivo por parte
De acordo com Sabine (2009), nós temos a da criança.
oportunidade de poder participar ativamente De acordo com Sabine (2009), a curiosidade
do processo de desenvolvimento dos seres é natural de toda a criança, aprender coisas
humanos, e que podemos observar de perto a novas poderia ser uma divertida aventura, não
construção do seu conhecimento, hoje tivesse sido transformado em trabalho
sabemos que aprendizagem, assim como o enfadonho.
desenvolvimento, pode ser estimulada, e que Transformar a criança em adulto faz com
essa estimulação pode acontecer de forma rica, que, aprender passe a ser obrigatório e
criativa e agradável, preservando o prazer da sistemático. A criança que desde cedo é
descoberta e alegria contida nas atividades que obrigada a cumprir muitas tarefas, pode perder
contribuem para elevar o auto conceito, a alegria de brincar e a espontaneidade, fica
podem ser feitas pelas crianças sem atentar sem iniciativa e não se autoriza a criar.
contra sua criatividade. De acordo com Sabine (2009), é importante
Para Duprat (2015), a motricidade, o proporcionar atividades que envolvam
desenvolvimento intelectual efetivo é integração das habilidades psicomotoras para
interdependente na criança. Este estudo sobre estimular o processo maturacional e o
a psicomotricidade não está referindo-se desenvolvimento da criança. A experiência
apenas a um desempenho motor da criança, deve ser direta e ativa, capaz de envolver os
mas sim a estruturação de tempo e espaço, e sentidos e a motricidade, possibilitando uma
205
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
compreensão profunda, a qual ela possa mecanismos que possam estabelecer uma
adquirir novos conhecimentos. estreita relação entre escola e comunidade.
Para Duprat (2015), quando a criança tem Paralelamente a essa participação formal no
dificuldade para colorir desenhos sem sair do processo administrativo, têm a comunidade
espaço delimitado, é necessário averiguar qual escolar e a sociedade assimilado positivamente
a causa do problema: tanto pode ser uma o seu papel nesse processo de mudança, em
simples imaturidade como uma incapacidade que a melhoria da qualidade do ensino é a meta
de movimentar do braço, mão e dedo eficiente. de todos.
Para ter eficiência e habilidades, como Para Duprat (2015), Já se tem observado a
escrever, desenhar, cortar e dobrar e assunção dos pais de sua responsabilidade pela
necessário combinar esses movimentos. cobrança de melhores serviços educacionais
Enquanto a coordenação óculo-manual não para seus filhos, seu processo de realização e
estiver desenvolvida, as dificuldades da seus resultados têm sido fartamente utilizados.
execução das tarefas gráficas dificultarão De acordo com Sabine (2009), uma vez que
aquilo que Piaget (1994), chama de “inteligente democracia é uma forma de vida que cada
pensamento gráfico”. indivíduo conta como pessoa. Para isso, tentou-
Entretanto, para Rau (2011), a habilidade se de forma democrática fomentar a
manual, o pensamento das mãos é uma função autoestima, valorização, cidadania por meio da
básica do ser humano e representa um papel alfabetização.
importante no desenvolvimento intelectual da A biblioteca pode ser vista sobre tudo como
criança. um espaço de interação social e cultural.
De acordo com Sabine (2009), os desenhos Fisicamente, poderá ser local de encontro e
refletem o quanto elas assimilarem das de socialização.
experiências sensoriais e cognitivas vividas, Em Portugal, sobretudo em locais onde
baseiam-se do conhecimento que elas têm do escasseiam espaços públicos deste estilo,
mundo. funcionários desta tiram proveito de
O campo gráfico da leitura e da escrita deve instalações recentes, confortáveis tornando-as
ser uma construção que assimile e que para nós acolhedoras. Atualmente, é espaço de
tenha uma direção esquerda direita, de cima socialização e vida cultural de diferentes etnias.
para baixo que pode ser trabalhada antes do Para Duprat (2015), crianças do ensino
início do processo de alfabetização por meio de básico que, barulhentas e irrequietas, fazem
atividades com brinquedos pedagógicos. repensar esses espaços, e de emigrantes que
De acordo com Sabine (2009), as escolas acorrem à Internet e que encontram seu
devem trabalhar de maneira que atendam as espaço. Além disso, há programas, que se
necessidades dos alunos encaminhando os debruçam sobre a literária computacional.
problemas dos mesmos a possíveis soluções, Querem usar computadores sem ao menos
revendo os valores e desativando os saber ler. Como lidar com contextos e formas
mecanismos inúteis e ativando novos de cognição outras sem ter sido transformado
por processos de aprendizagem? Conceito que,
206
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
como adiante referirei, ultrapassa em muito as De acordo com Sabine (2009), estamos em
simples capacidades computacionais. uma fase de grandes mudanças no trajeto para
Por outro lado, como estão a exercer os seus uma sociedade da informação, que afetam
direitos culturais, numa sociedade da escrita e também à Educação.
do documento, cidadãos e cidadãs que não Devemos repensar com muita atenção e
possuem as competências de codificação e cuidado os modelos aprendidos até hoje. O
decodificação requeridas. aprendizado com tecnologias são desafios que
Entretanto, para Rau (2011), não há como até agora não foi encarado a fundo, e por isso,
fingir a enorme quantidade da massa adulta é necessário que sejam feitas adaptações do
que não possui competências de litráceas que já conhecíamos.
básicas quanto mais às requeridas para operar Sabemos que tanto a educação presencial
com catálogos automatizados, com quanto a educação a distância está passando a
documentos eletrônicos, com hipertextos. ser modificada e todos nós, estamos sendo
Preocupamos-nos como seres engajados desafiados a encontrar novos modelos em
que somos. Diante de sucessivos relatórios que todas as situações.
apontam para crescentes problemas de Com isso, podemos pensar então na
litráceas também na população jovem e educação como uma roupa que necessita de
recentemente instruída ou que abandona ajustes para servir novamente em alguém,
precocemente a escola. como se com o tempo ela tivesse engordado ou
De acordo com Sabine (2009), quando emagrecido.
falamos em uma mudança em nossa educação Podemos dizer que seria difícil comparar a
atual, estamos falando em juntar elementos mudança necessária na educação com um
que mostrem como é benéfica e necessária conserto de roupa, porém, já sabemos que
essa mudança para o meio social, mesmo tantos são os componentes desse processo que
sabendo que essa mudança pode ser tanto para é produzido por pessoas que possuem vontade
melhor como para pior. própria, ideias e necessidades diferentes para
Para Duprat (2015), o desejo para uma nova uma sociedade tão mudada.
mudança na educação está ligado a sociedade Entretanto, para Rau (2011), o processo de
que pede as escolas uma boa formação aos grandes mudanças na educação ganha
seus filhos e que o espaço escolar ofereça isso destaque à participação pela gestão em nível
aos alunos, pois as instituições de ensino atuais da comunidade escolar e da sociedade como
estão despreparadas e precisam aprender para um todo, no âmbito da escola pública.
então desempenhar sua função social de fato. De acordo com Sabine (2009), as mudanças
Essa sociedade que pede essa mudança na presenciadas pela escola causam uma grande
educação já é uma sociedade bem diferente da preocupação aos dirigentes e profissionais com
sociedade de outros momentos históricos. sua responsabilidade na prestação de contas
Portanto, isso vem colaborando com a aos seus usuários mais próximos.
tomada de consciência quanto à necessidade Para Duprat (2015), o jogo tem um conteúdo
da mudança dentro de uma nova sociedade. pedagógico riquíssimo, e como exemplo
207
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
208
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
palpável, está inapelavelmente ligado à origem lúdico e brincadeiras não estaremos falando de
humana. algo somente que as crianças gostam e as
Inicialmente deve participar não somente no tornam alegres e sim de algo que a criança faz
ambiente escolar e sim também trabalhar com de forma espontânea e sem a intervenção de
a comunidade e com as famílias dos alunos, na um adulto.
qual possa esclarecer as fases do De acordo com Sabine (2009), o professor
desenvolvimento para que todos possam não joga, mas participa intensa e
entender suas características e evitem assim continuamente do jogo, observando
futuras cobranças ou atitudes que não sejam procedimentos que não somente lhe permitem
próprios de sua idade. uma contínua avaliação do processo de
Para Duprat (2015), os projetos aprendizagem das crianças, mas ainda lhe
desenvolvidos nas escolas mostram que é fornecem as informações necessárias para
possível a realização de uma política publica reordenar e adequar o seu planejamento,
que previna e combata a violência trazendo sugerindo novos conteúdos e atividades. O
melhores condições para todos e para o acesso professor deve:
e convívio na escola. •Deixar as crianças participarem
Portanto, é muito importante que haja ima afetivamente no desenvolvimento dos jogos da
melhoria na escola para que os participantes apresentação do jogo; da discussão das regras;
dessa escola seja todos tratados da mesma das possibilidades de jogar; da sua participação
forma de maneira como todos gostariam de como elemento do conjunto de jogadores;
serem tratados. •Deixar as crianças falarem para saber o que
De acordo com Sabine (2009), todas as elas conhecem a respeito do jogo e,
escolas devem trabalhar para construir consequentemente, criarem diversas
caminhos que resgatem esses alunos violentos, possibilidades de jogar;
sempre observando neles seus potenciais, e •Estar sempre atento aos interesses do
suas limitações para obter um trabalho de grupo, ao ritmo e capacidade de seus
sucesso, pois sabemos que não há receita membros;
pronta para trabalhar a violência. •Criar um clima de desafios, que estimulem
É de conhecimento de todos que é na as crianças a solucionarem seus problemas que
infância em que a criança mais brinca, por isso aparecerem dentro do jogo como o numero de
acredita-se que as brincadeiras satisfazem as participantes e o tempo de duração.
crianças em grande parte de seus desejos É necessário que o professor planeje e
particulares, portanto, o lúdico passa a ser uma análise de forma que saiba ensinar cada coisa,
maneira mais atraente para ensinar as crianças levando em conta as dificuldades da sala.
que passam a refletir e se interessar melhor
pelo conteúdo apresentado a elas.
Para Duprat (2015), é muito importante que
conceituemos o que se entende por lúdico em
nossa educação, pois assim quando falamos em
209
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A neuropsicopedagogia contribui para a formação de um ser humano completo, valorizado
em todos os aspectos, com uma aprendizagem que envolva sua imaginação, na qual a ação
criadora seja a motivação do aprendizado, visto que a musica traz consigo um conhecimento
histórico do passado e do tempo atual, uma forma de observação da expressão da cultura da
sociedade em que o educando convive, assim como de outras, permitindo comparação de
culturas, podendo desenvolver na criança um olhar critico sobre suas vivencias, possibilitando ao
educando a construção e transformação de conhecimentos significativos para a sua cidadania.
A criança começa a se expressar de outra maneira e é capaz de integrar- se ativamente na
sociedade, porque a neuropsicopedagogia ajuda a ganhar independência nas suas atividades
habituais, assumir o cuidado de si mesma e do meio, e ampliar seu mundo de relações. A
neuropsicopedagogia tem o dom de aproximar as pessoas. A criança que vive em contato com a
neuropsicopedagogia aprende a conviver melhor com outras crianças, estabelecendo uma
comunicação mais harmoniosa. Nesta idade a neuropsicopedagogia as encanta, dá-lhes
segurança emocional, confiança, porque se sentem compreendidas ao compartilhar canções, e
inseridas num clima de ajuda, colaboração e respeito mútuo.
O brincar faz parte do ser criança, e isso é fantástico, pois tem expressivo efeito por si só,
o brincar, além de auxiliar no desenvolvimento infantil, nas esferas emocional, intelectiva, social
e física, demonstrando a sua fundamental importância neste período riquíssimo do ser humano,
ou seja, a sua própria estruturação, a base construtiva do que tenderemos a chegar ao
desencadear de nossas vidas, dando-nos o assegura mento necessário para progressão natural
do ciclo humano. A brincadeira instintivamente é usada pelo bebê para descobrir o mundo.
É brincando que a criança se descobre e consegue se expressar de maneira livre e saudável.
A criança tem uma mentalidade semelhante à do artista, pois ambos ingressam facilmente no
universo do faz de conta, aplicando o dom de fantasiar a tudo e fingindo que algo é, na verdade,
alguma coisa bem diferente, ela inventa, ela constrói, ela faz e desfaz. A brincadeira pode ser
representada por meio de várias formas, uma delas é simplesmente deixar a criança expor seus
movimentos.
210
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
REFERÊNCIAS
BRASIL, Atendimento Educacional Especializado: Brasília 2007.
CARVALHO, R.E. Educação inclusiva: com pingos nos “ is”.8.ed. Porto Alegre: Mediação,
2011.
DUPRAT, Maria Carolina (org.). Ludicidade na educação infantil. São Paulo, Pearson: 2015.
211
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
www.revistamaiseducacao.com
E-mail: artigo@revistamaiseducacao.com
Rua Manoel Coelho, nº 600, 3º andar sala 313|314 - Centro São Caetano do Sul – SP CEP: 09510-111 Tel.: (11) 95075-4417
EDITORA
CENTRO EDUCACIONAL SEM FRONTEIRAS