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CENTRO EDUCACIONAL SEM FRONTEIRAS
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Modo de acesso: <https://www.revistamaiseducacao.com/sumario-
v5-n4-2022>
ISSN:2595-9611 (on-line)
DOI: https://doi.org/10.51778/2595-9611.v5i4
Data da publicação: 30/06/2022
www.revistamaiseducacao.com
E-mail: artigo@revistamaiseducacao.com
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adequados para a solução das diferenças, dos contexto é constituído por diferentes níveis,
conflitos, pois permite voz à todas as partes. uns mais próximos e outros mais distantes, que
Não basta fazer-se que a educação não seja sofrem influências múltiplas entre si (REIS,
usada ativamente como instrumento para 2010, p.27).
facilitar a exploração de uma classe por outra. Ao mesmo tempo que ouvimos professores
Devem assegurar-se as facilidades escolares dizerem que: Para realmente conhecer o aluno,
com tal amplitude e eficácia que, de fato, e não precisamos conhecer sua família (grifo da
em nome somente, se diminuam os efeitos das autora), a escola ouve muito pouco o que ela
desigualdades econômicas e se outorgue a tem a dizer, o que traz de bagagem na
todos os cidadãos a igualdade de preparo para formação do aluno. De acordo com Peres
suas futuras carreiras (DEWEY, 1979, p. 105) (2019), a escola precisa ‘aprender’ a ouvir os
Essa escola que recebe, abre espaços, pais, pois essa relação é, em geral, permeada
compreende o papel de cada indivíduo na por conflitos, descompassos e ressentimentos.
construção de seu conhecimento, ainda é a Isso se reflete nos conceitos que uma
mesma escola que recebe muito pouco a instituição faz da outra. Enquanto de um lado
família, muito embora a concepção de que a temos a escola se queixando da família: Pais
educação se faz pelo tripé compreendido entre ausentes, não acompanham a vida escolar do
escola, família e aluno. Mas o papel da família filho, não educam adequadamente, esperam
nesse contexto ainda está limitado ao que a escola resolva todos os problemas da
acompanhamento da vida escolar da criança, criança sozinha! De outro temos a família se
relacionado a situações e momentos queixando da escola: Não resolvem nada, só
esporádicos onde se faz necessário ouvir o que ficam de blábláblá, não dão atenção ao nosso
a família tem a dizer em determinado problema, o professor é fraco, só enche a
momento sócio pedagógico, quase sempre criança de lição, etc. (PERES, 2019). Essa
relaciona às dificuldades que esse aluno concepção trata de uma escola do passado,
apresenta. Como destaca Pereira “a relação onde a escola era responsável pela informação
entre a Escola e a Família tem vindo a ser alvo e a família pela formação. (TIBA, 1996)
de todo um conjunto de atenções: por meio de Fato que em ambos os casos, o diálogo não
notícias nos meios de comunicação, de existe e uma instituição cobra e culpa a outra
discursos de políticos, da divulgação de como responsável direto. Se a família não tem
projetos de investigação e de nova legislação” tempo porque trabalha e não tem como estar
(2008, p.29). presente o tempo todo e, se a escola necessita
O desenvolvimento da criança deve ser que a família esteja presente para auxiliar na
compreendido de forma holística e a solução de conflitos específicos, o aluno
compreensão das diferenças individuais no certamente está no meio desse embate,
desenvolvimento saudável e patológico implica perdendo muito mais que ambas as
a consideração das transações que ocorrem ao instituições. Certo nisso tudo é que algo
longo do tempo entre indivíduo e contextos precisa ser feito para aproximar família e
sociais e ecológicos. Segundo esta autora o escola, pois a educação de qualidade depende
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muito dessa parceria, pois a educação não conflitos, suas dificuldades, suas angústias,
acontece apenas dentro da escola e, dentro de pode ajudar em muito na melhoria da parceria
casa a família não tem estrutura suficiente para família e escola e, assim, no próprio trabalho
suprir o que falta na escola. Como resolver? com o aluno. Muitas vezes a escola é a
Diálogo! referência mais sólida que a criança tem
Não existe fórmula mágica que irá sanar essa durante seu crescimento e para o
diferença que há décadas paira nesse desenvolvimento de valores e princípios. Por
relacionamento entre Escola e Família, porém mais que seja um lugar de aprendizagens e
algumas ações mostram que é possível buscar conhecimentos, a escola também é um lugar
entendimento e chegar a um senso comum onde esse indivíduo cria laços e memórias, o
necessário para um primeiro passo em busca que faz com o papel do ensino extrapole a
de conciliação. função da educação formal.
Quando o ano letivo se inicia, a escola
elabora toda uma programação para garantir a ESCOLA ACOLHEDORA
adaptação da criança nesse novo ambiente
Mesmo diante de tantas dificuldades que
estranho, tão distante dos pais. Toda uma
temos presenciado no cotidiano da escola,
programação de acolhida é organizada para
especialmente da escola pública, a escola ainda
garantir que a criança se sinta confortável
é responsável direta em receber, acolher e
estimulada a querer ficar ali. Independente das
garantir que esse aluno se sinta respeitado e
dificuldades sociais de um indivíduo, há algo
protegido. Não à toa, muito autores destacam
que sempre auxilia a comunicação: acolhida!
a importância da escola enquanto instituição
Ser capaz de ouvir antes de falar, dar espaço de
de desenvolvimento social, emocional, físico e
fala, quando se tem muito a dizer também, pois
cognitivo, pois não é possível dissociar um do
assim conseguimos muitas compreender
outro durante o processo de desenvolvimento
outros aspectos que, por desconhecimento
da criança. Portanto, é essencial que a escola
anterior, levavam a conclusões precipitadas.
seja receptiva e esteja atenta à realidade de
Quem, no cotidiano da escola, precisou chamar
seu aluno, assim como de sua família e de sua
a mãe por causa de um conflito entre duas
comunidade escolar.
crianças (por exemplo) e, quando chega o
Se é fundamental que reconheçamos o papel
responsável, esse já chega tão ressabiado, que
da escola no processo de formação crítica do
mal se consegue explicar o que aconteceu?
aluno, também é indiscutível que sua vivência
Ocorrem situações o cotidiano escolar que
social também é importante contraponto nesse
exigem da escola, dos gestores e professores
processo formativo. Sabemos que atualmente
todo um cuidado em como atender a família.
as crianças passam cada vez mais tempo na
Nessa hora, a única solução é uma boa
escola e isso, muitas vezes, é motivo para os
conversa. Como dizem os mais antigos, tudo
pais transferirem total responsabilidade da
pode ser resolvido com uma boa conversa.
educação à escola. Educar não é uma tarefa
Abrir espaço de fala, atender as expectativas
fácil, mas torna-se mais leve quando a parceria
que a família carrega, compreender seus
escola e família é fortalecida pelo diálogo.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A escola foi considera por muitas décadas como um ‘solo sagrado do saber’, cabendo-lhe
a função de disseminar cultura e preparar o jovem para o vestibular, para o trabalho e para uma
vida melhor no futuro. Felizmente hoje compreendermos que o papel da escola perpassa apenas
essas questões cognitivas, sendo reconhecidamente um local de desenvolvimento e
aprimoramento muito mais amplo, que compreende o indivíduo em sua integralidade. Da mesma
forma, família e escola são elementos imprescindíveis de socialização, de modo conjunto, como
parceiros, onde a família reconhece a importância de sua participação no contexto escolar para
que haja o pleno desenvolvimento de seus filhos.
Não se pode pensar em família e escola como instituições apartadas. Ao reconhecer tal
importância, a escola deve criar mecanismos que viabilizem essa condição de fala às famílias, esse
espaço de integração para os pais participarem do cotidiano escolar. Muitas vezes, tanto aluno
como família precisam apenas serem ouvidos para que parte das dificuldades sejam minimizadas.
O ideal de educação democratizadora, de uma escola centrada no aluno, passa pela
necessidade de trazer para dentro da escola a família e a comunidade escolar. Isso só é possível
quando se tem lugar de fala, onde se pode trazer as dificuldades e as propostas, onde a proposta
firmada chega em pé de igualdade, no mesmo nível de diálogo, respeito e parceria.
Essa escola acolhedora não é algo simples de alcançar, pois socialmente há ainda uma
grande distância entre família e escola. E quanto maior for a distância entre a escola e o grau de
escolaridade da família, maiores são as dificuldades para traçar um canal de comunicação efetivo.
Mas é possível e necessário que a escola seja capaz de desenvolver esse espaço de acolhida, de
fala às famílias, buscando assim reduzir as fronteiras entre as duas instituições mais importantes
para o pleno desenvolvimento do aluno.
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REFERÊNCIAS
DEWEY, J.; Democracia e Educação. (4. ed.; Tradução de Godofredo Rangel e Anísio Teixeira.
Estudo preliminar de Leonardo Van Acker). Companhia Editora Nacional, 2019.
LIBÂNEO, J. C.; Pedagogia e pedagogos, para quê. 3 ed. São Paulo: Cortez, 2000.
PEREIRA, M.; A relação entre pais e professores: uma construção de proximidade para
uma escola de sucesso. Universidade de Málaga, 2008.
PIAGET, J.; Para onde vai à educação? Rio de Janeiro: José Olímpio, 2007.
REIS, L. P. C.; A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NO CONTEXTO ESCOLAR. 2010. Universidade
do Estado da Bahia, Salvador, 2010.
SZYMANSKI, H.; A relação família/escola: desafios e perspectivas. Brasília: Liber livro, 2009.
TIBA, I.; Disciplina, limite na medida certa. - 1ª Edição. São Paulo: Editora Gente, 1996.
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