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CENTRO EDUCACIONAL SEM FRONTEIRAS
R454
Mensal
Modo de acesso: <https://www.revistamaiseducacao.com/sumario-
v5-n2-2022>
ISSN:2595-9611 (on-line)
DOI: https://doi.org/10.51778/2595-9611.v5i2
Data da publicação: 30/04/2022
www.revistamaiseducacao.com
E-mail: artigo@revistamaiseducacao.com
Rua Manoel Coelho, nº 600, 3º andar sala 313|314 – Centro São Caetano do Sul – SP CEP: 09510-111 Tel.: (11) 95075-4417
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99 A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA NO
SUMÁRIO DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DA
CRIANÇA
9 A ARTE E DANÇA COMO ATIVIDADE DE Patrícia Maria dos Santos
DESENVOLVIMENTO NA EDUCAÇÃO
INFANTIL 110 A IMPORTÂNCIA DE SE TRABALHAR
Cleria Lima Novais COM A ARTETERAPIA
Michely Felix Silva
17 A BRINCADEIRA COM FINALIDADES
PEDAGÓGICAS E LÚDICAS NA 119 A IMPORTÂNCIA DO CONTEXTO
EDUCAÇÃO INFANTIL HISTÓRICO DA INCLUSÃO ESCOLAR NO
Jaqueline Silva Nascimento BRASIL
Marcia Teresa Scolar
31 A CONTRIBUIÇÃO DA PEDAGOGIA NA
VIDA DAS CRIANÇAS 140 A INCLUSÃO DO DEFICIENTE DE
Elisangela dos Santos de Jesus FORMA EFETIVA PARA A CONSTRUÇÃO
DE UMA ESCOLA PÚBLICA DE
42 A CRÍTICA DE PAULO FREIRE AO QUALIDADE
CONSERVADORISMO Eleonice da Silva Gonçalves Pereira
Elson dos Santos Gomes Junior
154 A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL NA
51 A DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E A PERSPECTIVA DOCENTE:
INCLUSÃO NO SISTEMA ESCOLAR IMPORTÂNCIA E PERSPECTIVAS
Samanta Moraes de Oliveira Janice Aurélio Lopes
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RESUMO: Antes mesmo de aprender a falar, o homem aprendeu a se comunicar por meio dos
gestos. E fez da dança uma forma de representação de seus sentimentos, desejos e de expressão.
Para a criança, a arte e a dança são expressões de sentimentos, de desejos, meio de comunicar-
se e demonstrar suas emoções. Como ferramenta lúdica, a arte e a dança extrapolam o elemento
de manifestação de arte, podendo ser observada como um instrumento para agir na educação da
criança, usando-a como conteúdo facilitador de aprendizagem, assim como de desenvolvimento
social do aluno, explorando a pluralidade do desenvolvimento corporal, usando o espaço, ações
externa, as expectativas individuais, a sensibilidade da criança, buscando torná-los mais seguros
para expressar seus sentimentos, proporcionando maior conhecimento de si mesmo, sendo mais
crítico, mais respeitoso e desenvolvendo habilidades que lhes capacitem para outras atividades e
para o ensino-aprendizagem educacional.
1Professorade Educação Infantil na Rede Municipal de Educação da Prefeitura de São Paulo desde 2011.
Graduação: Licenciatura Plena em Pedagogia; Licenciatura em Artes Visuais; Especialização em Psicanálise dos
Contos de Fadas.
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longo da história, a dança foi parte integrante É dança o que de bom se fez no passado, o
de cerimônias religiosas e festas pagãs, que de bom se faz agora e o que de bom se fará
“parecendo correto afirma-se que a dança no futuro, e será dança aquilo que contribuir
nasceu da religião, se é que não nasceu junto efetivamente, aquilo que se somar
com ela” (FARO, 1986, p.13). positivamente às experiências vividas por
De acordo com Ribas (1959), os homens gerações de artistas que dedicaram suas
organizavam-se para o trabalho nas lavouras e existências ao plantio e cultivo de uma arte
partiam ao som de cantigas, que ritmavam suas cujos frutos surgem agora, não apenas nos
tarefas. Ao longo da história, essas nossos palcos, mas nas telas dos nossos
demonstrações ritmadas tornaram-se danças cinemas e das nossas televisões, deixando de
que marcaram momentos especiais, como o ser algo cultivado por uma pequena elite para
período da colheita ou o agradecimento pela se transformar num meio de entretenimento
temporada de chuvas. Desses ritos nasceram as dos mais populares nas últimas décadas (1986,
danças circulares, presentes em momentos p. 130).
importantes da vida da sociedade: É correto afirmar que a dança faz parte da
nascimentos, casamentos, plantio, colheita, natureza do homem, podendo ser definida
chegada das chuvas, celebrações importantes como “[...] arte do movimento e da expressão,
para os moradores. onde a estética e a musicalidade prevalecem”
Antropólogos e arqueólogos assumem que o (ACHCAR, 1986, p.23). E sua utilização como
homem primitivo dançava como sinal de ferramenta facilitadora dos processos de
exuberância física, rudimentar tentativa de aprendizagem e socialização foram
comunicação e, posteriormente, já como forma regimentados a partir da Lei de Diretrizes e
de ritual. Dançou-se assim desde tempos Bases nº9394/96 e a publicação dos
imemoriais, em torno de fogueiras e diante de Parâmetros Curriculares Nacional (MEC/1998),
cavernas: gestos rítmicos, repetitivos, às vezes que o ensino da Arte assume sua importância
levados ao paroxismo, serviam para aquecer os nos currículos escolares, ressaltando sua
corpos antes da caça e do combate. Nas mais importância para os processos de
remotas organizações sociais, a dança estava desenvolvimento das crianças e ganhando
presente, celebrando as forças da natureza, espaço e reconhecimento, com destaque
investidas bélicas, mudanças das estações especial para as danças como ferramenta
(PORTINARI, 1989, p.17). lúdica de aprendizagem.
Nos dias de hoje a dança extrapolou os A criança se movimenta nas ações do seu
festejos, sendo utilizada como forma de lazer, cotidiano. Correr, pular, girar e subir nos
cultura e até terapeuticamente, sob orientação objetos são algumas das atividades dinâmicas
médica e para manutenção da saúde, como que estão ligadas à sua necessidade de
forma de celebrar e apenas para diversão. experimentar o corpo não só para seu domínio,
Segundo Faro, hoje tudo pode ser considerado mas na construção de sua autonomia. A ação
dança: física é a primeira forma de aprendizagem da
criança, estando a motricidade ligada à
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Citando Kulisz, a adoção do lúdico como este processo, uma vez que a aquisição do
recurso pedagógico, devido ao seu caráter conhecimento perpassa as ações acadêmicas e
dinâmico, criativo e atraente, além de os processos cognitivos. Nesse sentido, de
proporcionar a formação da identidade e da acordo com Marques, [...] “a escola é hoje, sem
personalidade da criança, favorece a percepção dúvida, um lugar privilegiado para que isto
crítica e o equilíbrio emocional, promovendo a aconteça e, enquanto ela existir a dança não
interação entre o ‘eu’ e o ‘outro’ e estimulando poderá continuar mais sendo sinônimo de
seu desenvolvimento cognitivo (2006, p.93). “festinhas de fim de ano” (2007, p.17).
As práticas pedagógicas devem considerar as Ao planejar as aulas de dança, deve-se
formas de agir, pensar e sentir das crianças, de considerar a importância do movimento, a
acordo com suas possibilidades de participação compreensão da estrutura e do funcionamento
em seu meio sociocultural, de modo a corporal, articulados à percepção espaço-
possibilitar a conquista de novos saberes, mas temporal. Por meio da dança, o aluno pode
principalmente voltadas para atividades exercitar a atenção, a percepção, a colaboração
coletivas que promovam a interação. Nesse e a solidariedade, além de permitir a
sentido, a dança pode proporcionar ao aluno experimentação e a criação, no exercício da
uma ampla consciência corporal em relação a si espontaneidade. Contribui também para o
mesmo, ao mundo e às coisas que evoluem desenvolvimento da criança no que se refere à
com a prática da dança, desenvolvendo a consciência e à construção de sua imagem
criatividade, a liderança e a exteriorização dos corporal, aspectos que são fundamentais para
seus sentimentos. Na escola, o ensino da dança seu crescimento individual e sua consciência
deve visar o processo criativo, o envolvimento social (PCN-Dança, MEC/SEF, 1997, p.49).
individual e a superação dos limites,
promovendo oportunidades de ampliar não
apenas os saberes conceituais, mas também
extrapolar as possibilidades expressivas, por
meio de diferentes respostas motoras.
Para que as crianças consigam usufruir das
oportunidades oferecidas é fundamental
determinar com clareza os objetivos a serem
alcançados, assim como as estratégias que
estabeleçam relações entre as demais
disciplinas e as ações propostas, permitindo ao
aluno desenvolver sua personalidade por meio
de seus conhecimentos, suas habilidades, seus
comportamentos e da própria consciência
corporal. E sendo a criança um sujeito
competente, ativo e agente de seu
desenvolvimento, esta prática deve facilitar
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A educação infantil é um espaço de descobertas e explorações, onde se inicia o
desenvolvimento da criança de acordo com os currículos básicos da educação nacional,
consciente da ação transformadora dos conteúdos que embasam os processos pedagógicos
formais, responsáveis em auxiliar na formação integral do sujeito. Nessa etapa da educação é
necessário priorizar processos com os quais a criança se identifique, o que tornam as ações lúdicas
essenciais para estimular as crianças a apreenderem e se desenvolverem.
Nesse sentido, usar a arte e a dança como uma forma de expressar-se e comunicar-se,
compreendendo suas funcionalidades e as possibilidades que permite para a socialização, o
aprimoramento motor, desenvolvimento social e cognitivo, transforma essa ferramenta em uma
das mais essenciais no planejamento de ações na educação infantil. Assim, é preciso que o
educador se utilize do universo infantil e exploratório, aproveitando para enriquecer as vivências
corporais no espaço, por meio de danças que façam referências a diversos planos (embaixo, no
alto, longe, perto, aqui, lá, etc.), ou ainda promover atividades sensoriais, em danças que
explorem diferentes terrenos, explorando texturas, ritmos e narrativas, apresentando desafios
que enriqueçam o desenvolvimento da criança. Para tanto, é preciso superar os estereótipos
lúdicos e recreacionista da dança na escola, compreendendo-a como ferramenta capaz de
superar barreiras físicas e emocionais, auxiliando a criança a interagir, a construir seus
conhecimentos e desenvolver-se plenamente.
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REFERÊNCIAS
ACHCAR, D.; Ballet: arte, técnica, interpretação. Rio de Janeiro: Cia Brasileira de Artes
Gráficas, 1986.
FARO, A. J.; Pequena História da Dança. 2. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1986.
KULISZ, B.; Professores em cena: O que faz a diferença? Beatriz Kulisz. Porto Alegre.
Mediação: 2006.
RIBAS, T.; Que é o Ballet.? 3. ed. Lisboa: Colecção Arcádia, 1959. (Arte).
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1Professora de Ensino Fundamental II e Médio; Professora de Educação Infantil na Rede Municipal de São
Paulo.
Graduação: Licenciatura em Letras Português-Inglês; Licenciatura em Pedagogia;Especialização em
Psicopedagogia.
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Sendo assim, para cada criança uma de cores comuns no quebra-cabeça à função
atividade tem sua representatividade lúdica, educativa e os lúdicos estão presentes, a
cada uma tem seu olhar diferenciado dentro de criança com sua criatividade consegue montar
um mesmo elemento. Um aluno tem respostas um castelo até mesmo com o quebra-cabeça,
distintas sobre um mesmo tema, por isso tem- através disto utiliza o lúdico com a ajuda do
se que respeitar o crescimento individualizado professor (KISHIMOTO, 2001, p.36-37).
nos variados campos (afetivo, motor e Nesse sentido fica claro que o que muda não
cognitivo). é o brinquedo, é a percepção da criança em
O autor Wallon (1998), também afirma que: relação ao brinquedo ou à brincadeira, é como
O ser humano foi, logo que saiu da vida ela vê o mundo que a cerca. A individualidade
puramente orgânica, um ser afetivo. Da cresce nesse sentido, pois tudo pode ser um
afetividade diferenciou-se, lentamente a vida brinquedo ou uma brincadeira. A primeira
racional. Portanto no início da vida, afetividade criança modifica uma brincadeira, a segunda
e inteligência estão sincreticamente busca um lugar em destaque na brincadeira,
misturadas, com a predominância da primeira. não é uma regra, mas há uma tendência. São
A sua diferenciação logo se inicia, mas a ações diferentes num mesmo brinquedo. A
reciprocidade entre os dois desenvolvimentos construção do conhecimento se faz em
se mantém de tal forma que as aquisições de situações corriqueiras na visão do adulto e
cada um a repercutem sobre a outra importantes para o mundo lúdico infantil,
permanentemente. Ao longo do trajeto, elas munda da criação espontânea e prazerosa.
alternam preponderâncias, e a afetividade Para Vygotsky (1984), o brincar tem sua
reflui para dar espaço à intensa atividade especificidade com a idade de cada criança, o
cognitiva (WALLON, 1998, p. 32). ato de brincar vai depender da criação de seu
A autora Kishimoto (2002), afirma que os ato imaginário. Para exemplificar, uma menina
jogos imaginativos podem levar a criança ao faz quer cozinhar igual a mãe, porém ainda não
de conta. A título de ilustração, em grupo ou pode por ser pequena, então, ela elabora uma
sozinha a criança pode convencionar que uma cena e vivencia o ato de cozinhar, essa
borracha branca retangular do material escolar antecipação é a brincadeira. Se a criança for
é um carrinho. Numa situação comum no demasiadamente pequena, pode ser que
parquinho de diversão infantil, por exemplo, ninguém entenda sua brincadeira, no entanto
duas crianças estão na gangorra, uma imagina se for um pouco mais velha, ela já expõe suas
estar num barco alto mar e ser um pirata, a atividades criadoras abertamente.
outra diz não ter medo de ir bem alto. Em resumo, o brinquedo cria na criança uma
O brinquedo ensina qualquer coisa que nova forma de desejos. Ensina a desejar,
complete o indivíduo em seu saber, seus relacionando seus desejos a um “eu” fictício, ao
conhecimentos e sua apreensão do mundo, o seu papel no jogo e suas regras. Dessa maneira,
brinquedo educativo conquistou espaço na as maiores aquisições de uma criança são
educação infantil. Quando a criança está conseguidas no brinquedo, aquisições que no
desenvolvendo uma habilidade na separação
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futuro tornar-se-ão seu nível básico de ação diminuem a sua imaginação e a força de sua
real e moralidade (VYGOTSKY, 1998, p. 131). fantasia. [...] Goethe dizia que as crianças
O brinquedo ou algo que se transforme em podem fazer tudo de tudo, e essa falta de
brinquedo, um objeto qualquer que para a pretensões e exigências da fantasia infantil,
criança seja um brinquedo, tem um poder que já não está livre na pessoa adulta, foi
motivador, estimula o imaginário, ela cria na interpretada frequentemente como liberdade
medida que cresce suas expectativas de ou riqueza da imaginação infantil (...). Tudo isso
criação, isso traz-lhe prazer. O brinquedo é algo junto serviu de base para afirmar que a fantasia
sério para uma criança com menos de três funciona na infância com maior riqueza e
anos, porque a realidade e a imaginação se variedade do que na idade madura. A
fundem. É normal uma menina pequena dar imaginação da criança [...] não é mais rica, é
banho na boneca sem banheira e água, por essa mais pobre do que a do adulto; durante o
orientação simbólica e imaginária, o autor diz desenvolvimento da criança, a imaginação
“coisas como objetos de ação para coisas como também evolui e só alcança a sua maturidade
objetos de pensamento” (VYGOTSKY, 1984, p. quando homem é adulto (VYGOTSKY, 1984,
122). p.124)
Em vista disso, é importante procurar Com base no apontado, a brincadeira vista
trabalhar sempre com crianças da mesma individualmente nos aponta que a criança por
idade, pois os interesses são os mesmos e as meio da imitação constrói a sua consciência da
características costumam ser semelhantes, realidade. Porém, enfoca que tanto a
devido a aproximação de atitudes e gostos, as brincadeira quanto o jogo são atividades
atividades didáticas ficam mais fáceis de serem extremamente importantes no
direcionadas pelo professor (KISHIMOTO, desenvolvimento cognitivo do aluno, o
2001) destaque é o envolvimento no mundo do faz de
Faz se necessário acrescentar que o conta, é o recurso lúdico que vai fazê-la crescer
rendimento é muito mais expressivo quando se de maneira prazerosa e saudável (FRIEDMANN,
trabalha por faixa etária, pois as crianças 1995).
costumam ter as mesmas características e O ato de brincar é contagiante, por isso o
gostam de atividades similares. Mesmo professor não pode ficar de fora, ele brinca
analisando a criança individualmente, junto com seus alunos, interage, faz parte da
contribuir para a socialização é muito escola. O professor tem condições de estimular
importante. Sem contar que há uma as crianças participando junto das atividades,
preocupação na integração de alunos com como argumenta a autora em:
deficiência física ou mental, que cabe à escola O professor deve ser um elemento
adequá-los para que tenham os mesmos integrante das brincadeiras, ora como
direitos. observador e organizador, ora como
A infância é considerada a idade de maior personagem que explicita, questiona e
desenvolvimento da fantasia e segundo essa enriquece o desenrolar da trama, ora como elo
opinião, à medida que a criança vai crescendo, entre as crianças e o conhecimento. E, como
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para si mesmo que o jogo torna-se um serem utilizados para brincar; os conteúdos
facilitador dessa dinâmica. Se o professor sociais, como papéis e situações, valores e
conquistar a confiança do aluno, já terá um atitudes que se referem à forma de como o
grande feito, pois será mais fácil sua universo social se constrói, e finalmente pelos
aproximação e consequentemente o afeto limites definidos pelas regras, constituindo
também. Para Wallon (1998) e Vygotsky (1984), assim em um recurso fundamental para
a inteligência e a afetividade têm funções brincar. Destacam-se três modalidades para
diferentes, mas são partes integrantes no brincar: o faz de conta; o brincar com materiais
crescimento psíquico. de construção; e o brincar com regras. Todas
As reações emocionais exercem uma essas modalidades propiciam a ampliação dos
influência essencial e absoluta em todas as conhecimentos infantis por meio da atividade
formas de nosso comportamento e em todos os lúdica (BRASIL, 1998, p. 28).
momentos do processo educativo. Se Por essa veia lúdica, pode-se observar a
quisermos que os alunos recordem melhor ou condução dos valores apontados pelas crianças
exercitem mais seus pensamentos, devemos de maneira tão informal e despretensiosa
fazer com que essas atividades sejam durante uma brincadeira tanto dentro como
emocionalmente estimuladas. A experiência e fora da escola, explora-se a motricidade
a pesquisa têm demonstrado que um fato infantil, a verbalização e as sensações
impregnado de emoção é recordado de forma vivenciadas. Uma boa forma de aproximar
mais sólida, firme e prolongada que um feito professor e aluno, é utilizando a ludicidade, a
indiferente (VYGOTSKY, 1984, p.121). fim de que torne as aulas mais atraentes e
Colocando de forma mais simples, tudo que produtivas para as crianças.
acontece na escola tem uma finalidade: ajudar A brincadeira pode ser um espaço
o aluno a adquirir conhecimentos que lhes privilegiado de interação e confronto de
serão úteis na escola e na vida. Portanto, a diferentes crianças com diferentes pontos de
construção de uma atitude colaborativa na vista. Nesta experiência elas tentam resolver a
classe implica ajudar cada aluno a desenvolver contradição da liberdade de brincar no nível
uma imagem positiva de si mesmo requisito simbólico em contradição do às regras por elas
essencial para atingir a participação de todos. estabelecida, assim como o limite da realidade
O brincar pode ser apresentado por meio de ou das regras do próprio jogo aos desejos
várias categorias de experiências que são colocados. Na vivência desses conflitos, as
diferenciadas pelo uso do material ou recurso. crianças podem enriquecer a relação com seus
Essas categorias incluem: o movimento e as coletâneos, na direção da autonomia e
mudanças da percepção, resultante cooperação, compreendendo e agindo de
essencialmente com a mobilidade física das forma ativa e construtiva (WAJSKOP, 2005, p.
crianças; a relação com os objetos e suas 28).
propriedades físicas assim como a combinação Partindo deste enfoque, não se pode dizer
e associação entre a linguagem oral e gestual, que é uma regra, mas é quase que unânime
que favorecem vários níveis de organização a para uma criança saudável gostar de brincar,
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faz parte de sua vida, ao entrar para escola, em A escola é um espaço de transformação, de
casa já brincava sozinha ou acompanhada. Para evolução e o brinquedo pode traduzir esse
Wajskop (2005), quando a criança entra para a pensamento infantil. Um brinquedo pode ter
escola, é inevitável que o teor afetivo já diferentes significados, tudo vai depender da
instalado nela, já seja evidente, cabendo ao vivência de cada criança, de seu conhecimento
professor adequar essa bagagem motora, de mundo. Até mesmo um objeto para uma
emotiva e intelectual de forma que contribua criança pode ser um brinquedo expressivo e
para desabrochar suas potencialidades. Todos para outa, não simbolizar nada.
esses aspectos devem ser compreendidos Para Kishimoto (2002, p. 40):
como importantes na construção global do O uso do brinquedo/jogo educativo com fins
indivíduo. pedagógicos remete-nos para a relevância
Organizada em torno da brincadeira, a desse instrumento para situações de ensino-
escola de Educação Infantil pode cumprir sua aprendizagem e de desenvolvimento infantil.
função pedagógica, ampliando o repertorio Se considerarmos que a criança pré-escolar
vivencial e de conhecimentos das crianças, aprende de modo intuitivo, adquirem noções
rumo à autonomia e a cooperação [...] A espontâneas, em processos interativos,
garantia de espaço da brincadeira na pré-escola envolvendo o ser humano inteiro com suas
é a garantia de uma possibilidade de educação cognições, afetividade, corpo e interações
da criança em uma perspectiva criadora, sociais, o brinquedo desempenha um papel de
voluntária e consciente (WAJSKOP, 2005, p. grande relevância para desenvolvê-la. Ao
104). permitir à ação intencional (afetividade), a
Em vista disso, não intencionando tornar um construção de representações mentais
fator mais importante que o outro, ressalva a (cognitiva), a manipulação de objetos e o
importância do professor na construção e no desempenho de ações sensório-motoras
desenvolvimento de aprendizagem como (física) e as trocas nas interações sociais
mediador dos interesses que se faz entre a (social), são contempladas várias formas de
aprendizagem e a afetividade. representação da criança ou suas múltiplas
Em qualquer circunstância, o primeiro inteligências, contribuindo para o
caminho para a conquista da atenção do desenvolvimento infantil.
aprendiz é o afeto. Ele é um meio facilitador A criança merece receber todos os olhares
para a educação. Irrompe em lugares que, de atenção com respeito à sua idade, à sua
muitas vezes, estão fechados ás possibilidades formação, aos seus direitos enquanto aluno na
acadêmicas. Considerando o nível de Educação Infantil. Ela terá garantido seu direito
dispersão, conflitos familiares e pessoais e até de receber um ensino e aprendizagem de
comportamentos agressivos na escola hoje em qualidade com professores capacitados para
dia, seria difícil encontrar algum outro ministrar essas aulas.
mecanismo de auxílio ao professor mais eficaz
(CUNHA, 2008, p.51).
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A principal tarefa da escola é ajudar o aluno atividade que surge espontaneamente nos
a desenvolver a capacidade de construir alunos, pois, não é uma tarefa que cumprem
relações e conexões entre os vários nós da com satisfação, sendo em alguns casos
imensa rede de conhecimento que nos enreda encarada como obrigação. Para que isto possa
a todos. Somente quando elaboramos relações ser mais bem desenvolvido, o professor deve
significativas entre objetos, fatos, conceitos despertar a curiosidade dos alunos,
podemos dizer que aprendemos. As relações acompanhando suas ações no desenrolar das
entretecem-se, articulam-se em teias, em atividades em sala de aula (CUNHA, 2008,
redes construídas social e individualmente, e p.23).
em permanente estado de atualização. A ideia Ao se falar nesses nos eixos afetivo, motor e
de conhecer assemelha-se à enredar-se, e a cognitivo, para Cunha (2008), pode-se fazer um
leitura constitui a prática social por excelência trabalho interdisciplinar usando esses
para esse fim (KLEIMAN, 1995, p.91). elementos, sendo as práticas corporais,
Partindo desse enfoque, a escola precisa brincadeiras solidárias e desenvolvimentos
aproveitar o potencial dos alunos dando-lhes pedagógicos que tenham um objetivo
aulas mais atrativas, toda criança com boas constante para unir os pontos.
possibilidades de aprendizagem traz consigo Os projetos são conjuntos de atividades que
um grande poder imaginativo e criativo que trabalham com conhecimentos específicos
deve ser explorado, essa aptidão não pode ser construídos a partir de um dos eixos de
ignorada. Para Wallon (1998), trabalhar com trabalho que se organizam ao redor de um
brincadeiras oportuniza uma aprendizagem problema para resolver ou um produto final
eficaz, pois pode auxiliar de forma positiva a que se quer obter. Possui uma duração que
estimular os alunos mais tímidos, por exemplo, pode variar conforme o objetivo, o desenrolar
no período de integração com o grupo. Basta das várias etapas, o desejo e o interesse das
programar boas estratégias de aula. crianças pelo assunto tratado. Comportam uma
Por essa razão, esse comportamento grande dose de imprevisibilidade, podendo ser
didático tende a deixar o aluno mais solto e alterado sempre que necessário, tendo
feliz, para, a partir daí, receber outros inclusive modificações no produto final. Alguns
conteúdos. Na escolha de conteúdo, o projetos, como fazer uma horta ou uma
professor pode usar a interdisciplinaridade coleção, podem durar um ano inteiro, ao passo
para enriquecer as aulas, por exemplo, numa que outros, como, por exemplo, elaborar um
atividade que envolva música e logo depois o livro de receitas, podem ter uma duração
desenho, nada impede que entre em Ciências e menor (BRASIL,1998, p. 57).
se comente algo que chame a atenção da Em vista disso, ao usar as brincadeiras na
criança por meio de um vídeo. educação, o desenvolvimento acontece por
O aprender se torna mais interessante meio da construção de um conhecimento novo
quando o aluno se sente competente pelas a partir daquele que a criança já tem. Brincar,
atitudes e métodos de motivação em sala de jogar, alegrar-se, divertir-se, são consideradas
aula. O prazer pelo aprender não é uma necessidades substanciais na natureza infantil.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Partindo do objetivo que a ação lúdica é relevante para o ensino e aprendizagem do aluno
na Educação Infantil, esse estudo mostra que é viável o professor preparar suas aulas de acordo
com tais teorias de Kishimoto (2002), Friedmann (1995), Cunha (2008), Kleiman, (1995) e Wajskop
(2005). Toda criança necessita de solidez emocional para se entregar à aprendizagem de maneira
satisfatória. Sem o afeto a criança não se envolve com a ludicidade, não há entrosamento. Será
preciso da intermediação do professor para que a criança confie em sua figura adulta e haja
confiança, a fim de que se aproxime e comece uma interação entre ambos.
Com base no estudo, conquistar a amizade de uma criança também é um dos objetivos da
ludicidade na Educação Infantil, pode ser por meio de atividades lúdicas pela sua função
brincante, divertida e condizente com a idade dela na Educação Infantil. Nessa fase o aluno pode
aprender um conteúdo programático, brincando sem nem perceber o seu envolvimento com a
disciplina em ação. Basta o professor organizar suas aulas focadas no atos lúdicos, como jogos e
brincadeiras. É próprio da criança gostar de brincar. Se ela for saudável, não tem por que não se
interessar pela ludicidade. A brincadeira pode favorecer o desempenho lúdico e educativo
concomitantemente, pois explora o cognitivo, motor, psicológico, afetivo e social de maneira
integral.
Dessa forma, incorporar o brinquedo na programação das aulas, é primordial. Ao brincar,
a criança tem a possibilidade de transferir suas fantasias e criações para o faz de conta onde tudo
é possível e realizável. O brinquedo passa ser um instrumento de transporte desse mundo para o
faz de conta, lá ela consegue resolver seus impasses, incertezas, ela imita o adulto que está
próximo dela, cria situações parecidas com que vivencia e procura solucionar os problemas da
forma como os vê, devido a esse olhar multifacetado que é importante incorporar a
interdisciplinaridade nas atividades didáticas, pois ela proporciona essa visão abrangente de uma
situação.
Esses elementos são motivadores para os alunos pequenos, mas para que eles consigam
fazer essa brincadeira, precisam confiar muito no professor que também tem que estimulá-los
devidamente, para isso é preciso estar atento na faixa etária que é dos objetivos do estudo, caso
contrário todo trabalho será em vão.
Portanto, a partir da pesquisa bibliográfica, pode-se observar que a criança na Educação
infantil pode aprender brincando sozinha e em grupo. O professor deve ter o lúdico como
norteador das aulas para se ter um ensino e aprendizagem de qualidade.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais:
apresentação dos temas transversais. Brasília: MEC/SEF, 1997.
KISHIMOTO, Tizuko Morchida. O brincar e suas teorias. São Paulo: Pioneira Thomson
Learning, 2002.
VYGOTSKY, Liev Semionovitch. A Formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes,
1984.
WALLON, Henri. A evolução psicológica da criança. Lisboa, Portugal: Edições 70, 1998.
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RESUMO: Esse artigo pretende buscar reflexões a respeito da importância da Pedagogia na vida
das crianças. A Pedagogia elabora uma representação básica da infância a partir das noções
pedagógicas de natureza e de cultura que assumem um caráter temporal. Como a infância
precede a idade adulta, o fator tempo é introduzido no conceito de infância. Por um lado, o
desenvolvimento fisiológico da criança provoca uma certa confusão entre natureza humana e
natureza no sentido biológico, ao mesmo tempo o aspecto temporal confunde a infância como
origem individual do homem, com a origem da humanidade: a infância corresponde ao estágio
originário da humanidade como a mesma expressa os traços essenciais da natureza humana.
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funcionamento total do organismo. Assim utilizada pela criança ao lidar com seus
sendo, considera-se que o funcionamento pensamentos em cada etapa de sua vida.
intelectual é uma forma especial de atividade O primeiro estágio descrito é o Sensório-
biológica. Ambas as atividades são partes do Motor, nele o pensamento é constituído pelas
processo global por meio do qual o organismo sensações (sensório) e pelos movimentos
adapta-se ao meio e organiza suas (motor), dando o nascimento da inteligência a
experiências. partir da incorporação, feita pela criança do
Piaget concebeu a inteligência tendo dois mundo e de si mesma, podendo diferenciá-los.
aspectos importantes: o cognitivo e o afetivo. Saindo, assim, a criança de um estágio de puros
O aspecto cognitivo tem três componentes: o reflexos e se desenvolvendo até alcançar o
conteúdo, a função e a estrutura. Piaget início do pensamento representativo, que se dá
identificou três tipos de conhecimento: físico, com a noção de permanência de objetos, ou
lógico-matemático e social. O primeiro é o seja, a criança percebe que o objeto continua a
conhecimento de propriedades dos objetos e é existir mesmo que este não esteja presente ao
derivado das ações sobre os objetos. O seu campo visual.
segundo é o conhecimento construído com Piaget (1982), afirma, então, que existe
base nas ações sobre os objetos e o terceiro é inteligência antes mesmo da linguagem.
o conhecimento sobre coisas criadas pelas O segundo estágio é o Pré-Operacional, no
culturas. Cada tipo de conhecimento depende qual a criança inicia o desenvolvimento de
das ações físicas ou mentais. As ações aspectos lógicos. São eles:
instrumentais do desenvolvimento são aquelas
que geram desequilíbrio e conduzem ao • Ausência de transitividade: a criança
esforço de estabelecer a equilibração. ainda não é capaz de fazer relações conceituais.
Assimilação e acomodação são os agentes de • Ausência de conservação: a criança
equilibração, o auto-regulador do ainda não se dá conta que objetos podem ser
desenvolvimento. transformados e manterem a mesma
Quatro fatores e suas interações são quantidade, peso ou volume.
necessários para o desenvolvimento: • Irreversibilidade do pensamento: o
maturação, experiência ativa, interação social e pensamento da criança ainda tem apenas um
equilibração. O desenvolvimento cognitivo sentido, sem que o produto final possa retornar
pode ser dividido em quatro estágios para fins ao seu estado primeiro.
de análise e descrição. O desenvolvimento • Raciocínio transitivo: a criança ainda não
afetivo ocorre de modo semelhante ao é capaz de fazer generalizações (pensamento
desenvolvimento cognitivo. O aspecto afetivo é indutivo) ou tirar conclusões (pensamento
responsável pela dinamização da atividade dedutivo).
mental e pela seleção dos objetos ou eventos • Egocentrismo cognitivo: a criança ainda
sobre os quais agir. não consegue coordenar diferentes pontos de
Piaget descreveu estágios de vista.
desenvolvimento que se definem pela lógica
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operacional e o pensamento formal. Durante o qual interage com outros homens e pela
desenvolvimento operacional concreto, a linguagem desenvolvida em sociedade.
criança atinge o uso das operações Vygotsky considera o homem um ser bio-
completamente lógicas pela primeira vez. O psico-histórico-social, dessa forma a interação
pensamento deixa de ser dominado pelas só é possível por meio da mediação, processo
percepções e a criança torna-se capaz de pelo qual algo se interpõe entre o sujeito e o
resolver problemas que existem ou existiram objeto, facilitando essa relação e possibilitando
em sua experiência. o desenvolvimento integral do ser.
A criança operacional concreta não é Para Vygotsky (1985), o desenvolvimento
egocêntrica em pensamento como são as cognitivo mantém uma relação mais estreita
crianças pré-operacionais. Ela pode assumir o com a aprendizagem. Para ele, o
ponto de vista dos outros e sua linguagem é desenvolvimento das funções psíquicas da
comunicativa e social. A reversibilidade do criança interage continuamente com a
pensamento é desenvolvida. As duas aprendizagem, isto é, com a apropriação do
operações intelectuais importantes que se conhecimento produzido pela humanidade e as
desenvolvem são a seriação e a classificação, as relações que estabelece com o meio social.
quais forma a base para o conceito de número. Essa apropriação do saber produzido ocorre
Neste nível, pode ser observado um pela interação social com adultos.
paralelismo entre o desenvolvimento cognitivo Nesta visão, desenvolvimento e
e o desenvolvimento afetivo. O aprendizagem constituem uma unidade. Sendo
desenvolvimento da vontade, que engendra inseparável do desenvolvimento, a
um senso de obrigação para com as próprias aprendizagem, quando significativa estimula e
normas ou valores, permite a regulação do desencadeia o avanço do desenvolvimento
julgamento afetivo. A autonomia de para um nível mais complexo que serve de base
julgamento e o afeto continuam a se para novas aprendizagens.
desenvolver nas relações sociais que De acordo com Elias (2000, p. 7), “no
encorajam o respeito mútuo. A criança torna- processo de aprendizagem participam
se capaz de avaliar suas ideias. Isto é também, além dos aspectos biológicos e
acompanhado de uma compreensão da noção psicológicos, descritos por Piaget, o contexto
de intencionalidade e do aumento da histórico, político e social de cada indivíduo”.
capacidade de considerar os motivos ao emitir Piaget e Vygotsky demonstram em seus
julgamentos. Pode ser observado o progresso estudos que as capacidades de conhecer e
dos conceitos morais, tal como a compreensão aprender são constituídas pelas trocas
de regras, mentiras, acidentes e justiça. realizadas entre sujeito e meio, caracterizando
Para Vygotsky (1991), a construção de os desenvolvimentos motores, afetivos e
pensamento e da subjetividade é um processo cognitivos infantil num processo dinâmico que
cultural, o homem extrapola suas capacidades se dá de forma simultânea e integrada, tendo a
sensoriais pelo uso de instrumentos própria atividade da criança como seu principal
construídos por meio do trabalho coletivo no elemento.
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De acordo com o modelo epistemológico Conceber a criança como ser social que ela é,
Construtivista Interacionista sustentado pelos significa: considerar que ela tem uma história,
dois estudiosos Jean Piaget (cognitivista) e Lev que pertence a uma classe social determinada,
Vygotsky (sócio-histórico), o desenvolvimento que estabelece relações definidas segundo seu
do sujeito se dá a partir da interação deste com contexto de origem, que apresenta uma
o meio que o cerca, ou seja, o desenvolvimento linguagem decorrente dessas relações sociais e
se dá por causa da relação que se estabelece culturais estabelecidas, que ocupa um espaço
entre o sujeito, com toda sua carga genética e que não é só geográfico, mas que também dá
dispositivos biológicos, bem como sua história valor, ou seja, ela é valorizada de acordo com
pessoal acumulada, e o meio onde está os padrões de seu contexto familiar e de acordo
inserido, que compreende uma série de fatores com sua própria inserção nesse contexto
que vão desde os objetos materiais até os (KRAMER, 1986, p. 79).
valores morais, passando necessariamente Modificar a prática não significa abandonar
pela existência do outro. de uma vez tudo aquilo que já faz parte de sua
formação anterior. Novas práticas não se
A CRIANÇA E A ESCOLA instalam de um momento para o outro. Muitas
vezes o professor pensa mais adiante, mas
A escola tem um modo específico e especial
ainda repete em sala de aula o que viveu como
de organizar e propor situações para que
aluno.
ocorra a aprendizagem de determinados
Não há modelos gerais, aplicáveis em
conteúdos culturais. A questão central da
qualquer situação, pois cada sala de aula é
escola é o ensinar e o aprender. Para que uma
única: cada professor é diferente, os alunos não
aprendizagem ocorra é necessário um bom
são iguais nem podem ser idealizados. Cada um
planejamento, sustentado no trabalho do
tem sua história, trajetória escolar, pontos de
coletivo dos educadores. De cada professor é
vista e estilos cognitivos diferentes. Além disso,
exigido um sério preparo profissional que
não se pode esquecer das condições do
garanta o saber e o saber-fazer, ou seja,
ambiente em que ocorrem as interações e a
domínio do conteúdo e da metodologia de
aprendizagem. Estas tornam singular o
ensino.
trabalho com cada grupo-classe: a atividade do
É importante ressaltar que a atuação
professor não deve se repetir sempre, sem
docente pode ou não promover a
novidades ou desafios.
aprendizagem dos alunos. Quando o professor
Os interesses que as crianças manifestam no
reconhecer importância de envolvê-los,
cotidiano dão vida ao currículo. Conciliar esses
mobilizar seus processos de pensamento,
interesses com os objetivos das atividades
explorar todas as dimensões e oportunidades
planejadas é um grande desafio; fazer com que
de aprendizagem, fizer ou refizer percursos,
cada situação de ensino seja uma experiência
criar e renovar procedimentos e olhar seu
nova, é o que dá, ao trabalho de cada professor,
grupo-classe a partir de suas próprias
um sabor original e único.
características, estará propiciando
aprendizagem.
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Não é possível então, padronizar práticas Na relação ativa com o novo, o contato com
pedagógicas. Mas sempre é interessante várias fontes, as explicações do professor, as
refletir sobre elas. Os procedimentos adotados discussões em grupo ou outras atividades
em uma determinada situação costumam devem permitir ao aluno entender, localizar e
revelar caminhos que são frutos da criatividade relacionar informações, tirar conclusões,
do professor e mostram maneiras originais de ampliar sua compreensão, ou seja, apropriar-se
desencadear a aprendizagem, compatíveis com dos conteúdos culturais básicos, com isso o
a concepção de educação que o professor aluno estará aprendendo a aprender para
adote. encontrar sozinho o caminho para outras
Em geral, as situações de aprendizagem são aprendizagens.
desencadeadas a partir de questões já O professor tem que levantar hipóteses,
selecionadas e programadas no currículo. dando dicas para que o aluno consiga concluir
Podem ter união com um fato que desperte o o seu pensamento sozinho, claro que da sua
interesse da classe, ou por um assunto que se forma, pois só assim ele vai conseguir construir
revele oportuno. o seu próprio conhecimento e se apropriar
Uma boa forma para decidir e verificar a daquilo que ele mais deseja e gosta.
relação entre as questões novas e o que já foi Por meio da ação sobre o meio físico e da
programado: se forem possíveis entradas para interação com o ambiente social, onde a
algum assunto, se exemplificam e ampliam a linguagem exerce papel central, processa-se o
abordagem de outro, se permitem integrar desenvolvimento e a aprendizagem do ser
conteúdos de diferentes áreas. É bom deixar humano.
claro que todo programa deve ser flexível para A escola deve responder pelo acesso ao
permitir novos arranjos ao longo de sua conhecimento que se considera necessário à
execução. inserção social, para que os mais jovens se
Quando o momento não é oportuno porque apropriem das conquistas das gerações
há outro tema sendo estudado, é interessante precedentes e se preparem para novas
identificar, junto com a classe, o que está conquistas. Faz isso por meio da seleção e
provocando interesse para uma futura organização de situações planejadas
exploração. Podem aparecer, então, assuntos especialmente para promover a aprendizagem
que não tenham relação imediata com o que foi dos conteúdos que são culturalmente
programado. Se forem situações significativas valorizados pela sociedade em que ela se
para os alunos, será possível fornecer algumas insere.
explicações por meio de leitura, discussão ou O trabalho escolar pode assumir formas
vídeo e retomar o estudo em andamento. diversas de acordo com as diferentes maneiras
O tempo de abordagem dos assuntos não de entender a função da escola, o papel do
previstos pode ser maior ou menor, indivíduo na sociedade e o próprio processo de
dependendo das possibilidades que ensino e aprendizagem.
apresentem para desencadear ou enriquecer o Na sala de aula, a interação que o aluno
estudo dos conteúdos curriculares. estabelece com o professor, com outros alunos
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para criar um ambiente em que as histórias, opiniões e ideias de cada um sejam
importantes e façam diferença para toda a classe, o professor pode buscar diversos caminhos.
Conhecendo seus alunos, o professor tem elementos para tomar decisões sobre a condução da
aprendizagem, seleciona os pontos de partida, determina os estímulos e recursos didáticos que
vai utilizar e define o nível de complexidade dos assuntos, o vocabulário e os exemplos com que
vai apresentar.
O aluno é o centro do processo educativo. Seu papel é ativo, como agente do próprio
desenvolvimento, o professor é o mediador entre o aluno e o conhecimento, o responsável pelo
ensino e por criar condições favoráveis para que ocorra a aprendizagem. Nessa mediação, ele
aproximará tanto mais o aluno do conhecimento quanto maior for sua convicção e certeza da
importância do que está ensinando.
Por isso que o professor tem que conhecer muito bem o seu grupo-classe e ter convicção
de que aquilo que está ensinando aos seus alunos, os mesmos estão instigados em aprender. O
professor também tem que estar bem habilitado no conteúdo que está ensinando para conseguir
conduzir o projeto ou a atividade do começo até o seu término.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental.
Referencial Curricular Nacional de Educação Infantil. Brasília, 1998.
FREIRE, Madalena. A paixão de conhecer o mundo. São Paulo: editora Paz e Terra, 2002.
KRAMER, Sônia. O papel social da pré-escola. São Paulo: Fundação Carlos Chagas, 1986.
PIAGET, Jean. A epistemologia genética, São Paulo: editora Abril Cultural, 1978.
PIAGET, Jean. O nascimento da inteligência na criança, Rio de Janeiro: editora Zahar, 1982.
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RESUMO: O presente trabalho realiza uma análise da contribuição da pedagogia de Paulo Freire
enquanto crítica ao conservadorismo socio-educacional no Brasil. O objetivo é demonstrar a
impossibilidade de pautarmos a educação sobre pilares conservadores por dois fatos principais
salientados por Freire, ou seja, uma que tange a questão ontológica (nunca nos encontramos
prontos), e outra a social. Para isso utilizaremos uma metodologia qualitativa de caráter
bibliográfico cujo objetivo foi demonstrar a desconstrução do conservadorismo por meio das
pedagogias da autonomia e do oprimido. Os resultados apontam para uma perspectiva ontológica
freireana que não concebe o condicionamento existencial humano a uma pretensa natureza
divina e, neste sentido, impele o sujeito para a luta pela efetividade histórica por meio de sua
relação no mundo e para o mundo.
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existência associada à liberdade para Então temos assim o grande desafio de, por
buscarmos respostas e motivações que meio deste primeiro momento de tomada de
embasem as necessidades do ser (FREIRE, consciência, buscarmos com todas as forças
2018). Neste sentido as delimitações que nos despirmos das amarras interiorizadas.
caracterizam a humanidade e sua condição na Assim, descobrir o “opressor em si” é visto por
pedagogia freireana, desde que consideremos Freire (2019a), como um avanço que abrange
este ponto como norteador, são uma série de fatores ontológicos, entre os
evidentemente claras na oposição à ontologia quais, podemos citar a busca pela superação de
conservadora (corpo e alma). preconceitos, a valorização da diferença, o
Paulo Freire (2019a), coloca que a ontologia reconhecimento do outro e de sua cultura, e,
conservadora serve apenas como aparato da entre outros fatores, a capacidade de
opressão e da manutenção das estruturas de reconhecer a importância do círculo cultural
exclusão. Com isso, ao analisarmos a condição como um lugar que, de maneira dialógica,
humana proposta em sua pedagogia, confirma a existência de outros “círculos”
percebemos o quão urgente são as ações em diferentes.
prol da libertação dos oprimidos e das amarras A valorização desta questão do “círculo
que buscam negar a sua condição ontológica cultural” (FREIRE, 2018), nos ajuda na
plena. construção de uma postura dialógica que
O sujeito enquanto “ser no mundo” não reconhece no outro uma humanidade também
pode ficar suprimido em costumes impostos e inacabada. Por isso cabe-nos uma existência de
exteriores à suas necessidades enquanto trocas e de aprendizagens que acontecem
“acontece” (FREIRE, 2018). Para isso necessita sempre em vias de igualdade e de valorização
de um primeiro passo que é a tomada de da vida como uma parte da história (FREIRE,
consciência para começar o processo de 2019b).
extirpação das amarras psicológicas e mentais Quando penso na minha “incompletude”
impostas pela cultura opressora. (FREIRE, 2018), valorizo o outro como ser
O grande problema está em como poderão portador de liberdade e em condição de devir
os oprimidos, que “hospedam” o opressor em (FREIRE, 2019a), reconheço o outro como
si, participar da elaboração, como seres duplos, sujeito que compõe a história e, nisto, o faz por
inautênticos, da pedagogia de sua libertação. meio de uma bagagem cultural e de
Somente na medida em que descubram experiências que podem ser compartilhadas
“hospedeiros” do opressor poderão contribuir (2019b), vejo o quão distante encontra-se a
para o partejamento de sua pedagogia humanidade de alcançar qualquer nível de
libertadora. Enquanto vivam a dualidade na plenitude por meio da ontologia proposta pelo
qual ser é parecer e parecer é parecer com o conservadorismo.
opressor, é impossível fazê-lo (FREIRE, 2019a, Neste sentido, para além das “dimensões”
p.43). corpo e alma, no dizer de Max Scheler (2008),
existem inúmeras outras que necessitam ser
desenvolvidas para que o “ser no mundo”
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possa alcançar as condições de “ser para o (...) como seres a quem o imobilismo ameaça
mundo” (FREIRE, 2018). Essa perspectiva de morte; para quem o olhar para trás não deve
analítica da ontologia nos coloca diante da ser uma forma nostálgica de querer voltar, mas
necessidade de reconhecermos que não basta um modo de melhor conhecer o que está
o que recebemos de herança – cultural, sendo, para melhor construir o futuro. Daí que
religiosa, educacional, moral –, mas sim, que se identifique com o desenvolvimento
necessitamos, devido nossa condição de devir, permanente em que se acham inscritos os
de adquirir o novo e, muitas vezes, este se homens, como seres que se sabem inconclusos;
encontra entre o que nos foi negado. movimento que é histórico e que tem o seu
A pedagogia freireana nos remete assim a ponto de partida, o seu sujeito, o seu objetivo
necessidade de valorizarmos a liberdade como (FREIRE, 2019a, p.103).
ponto fundamental de desenvolvimento A história ganha assim o status de realidade
ontológico (FREIRE, 2019a), por isso, nos vivida e experimentada pelas pessoas em seu
apresenta um horizonte que pode ser cotidiano (WALLERSTEIN, 2001). Por conta
construído. Dessa forma os receituários, as desta característica Freire (2019a) salienta que
tradições ou as teleologias não figuram como a história só pode ser definida como legítima se
elementos norteadores, mas sim, tornam-se esta contemplar a participação da população e,
secundários para o desenvolvimento de mais principalmente, das frações historicamente
uma “dimensão” necessária ao sujeito excluídas.
ontologicamente definido por Freire: a A história é assim uma condição – quando
existência histórica. inclusiva – marcada pela participação, pela
inclusão do outro, pela dialogicidade
A HISTÓRIA COMO ATO estabelecida entre os círculos culturais e pela
diversidade, não prescritiva e aberta para
POLÍTICO DE FAZIMENTO ajustes e atualizações (FREIRE, 2018). Neste
Importante dimensão desenvolvida por sentido não cabe uma educação que não
Paulo Freire, a condição de existência histórica, contemple o ser em sua complexidade e sua
tem sido negada a grande parte da população trajetória pessoal (FREIRE, 2019b). Assim, sem
brasileira (FREIRE, 2018). Sua pedagogia aponta estes fatores, não seria possível construirmos
para uma história que não é simplesmente uma história “efetiva” (WALLERSTEIN, 2001),
contada, escrita e/ou documentada por algum com a diversidade inerente a própria ontologia
órgão ou pelo próprio campo da historiografia. humana – que se modifica enquanto devir – e
Para ele a história é uma condição existencial, sinaliza para as necessidades e anseios
que possibilita aos seres humanos se colocados cotidianamente para cada “círculo
desprenderem das amarras da submissão para, cultural” (FREIRE, 2019a).
assim, exercerem a condição de sujeitos para o O “fazimento” (FREIRE, 2018), é assim uma
mundo, ou seja, para sua transformação. condição alcançada com muita luta e com
muitas batalhas cotidianas para efetivação de
uma nova história. Esta necessita dialogar,
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Ao que tange o tema do conservadorismo e a crítica de Paulo Freire, percebemos que, para
uma sociedade com a brasileira, não cabe a defesa do conservadorismo por dois fatores
principais. O primeiro diz respeito as disparidades socioeconômicas e educacionais que durante
séculos assolam a sociedade brasileira. Segundo pelo fato de que, para uma perspectiva
ontológica que considera a humanidade como devir, não cabe conservar.
Assim a contribuição de Freire (2018), se faz extremamente atual e se coloca como
instrumento crítico de reflexão contra uma ideologia de mercado e de desumanização das
relações sociais e educacionais no Brasil. Estamos mais do que nunca necessitando do que
Mészáros (2008), chamou de “educação para além do capital”. Enquanto isso não acontece de
forma intensiva e extensiva, vamos combatendo falácias governamentais como as que dizem que
“economia é vida”.
Como bem salientou Freire (2019a), precisamos de mais confiança, contudo, para que isso
aconteça necessitamos incluir o povo e compartilhar entre os sujeitos as experiências históricas
que norteiam as tentativas e ações de viver no mundo e para ele. Sem essa “oportunidade” para
o outro e para cada um de nós, não seremos capazes de experimentar a história na sua grandeza
e intensidade que, para Freire (2018), só pode acontecer se estivermos convivendo com o outro
“autônomo” e com sua “cultura” (FREIRE, 2019b).
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REFERÊNCIAS
BONAZZI, Tiziano. Conservadorismo. In: BOBBIO, Norberto. Dicionário de política. Brasília:
Editora UNB, 1998.
BURKE, Edmund. Reflexões sobre a revolução na França. Rio de Janeiro: Top´books, 2012.
FREIRE, Paulo. A pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro/São Paulo: Paz & Terra, 2019a.
FREIRE, Paulo. À sombra desta mangueira. Rio de Janeiro/São Paulo: Paz & Terra, 2019b.
KINZO, Maria D’Avila Gil. Burke: a continuidade contra a ruptura. In: WEFFORT, Francisco C.
Os clássicos da política. Vol.2. São Paulo: Editora Ática, 2001.
MÉSZÁROS, István. A educação para além do capital. São Paulo: Boitempo, 2008.
MOREIRA, Ivone. A filosofia política de Edmund Burke. São Paulo: É Realizações Editora,
2019.
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RESUMO: A deficiência intelectual tem desafiado a escola comum no comprimento de seu dever
de ensinar o que acomete uma dificuldade por parte dos alunos com necessidades educacionais
especiais e principalmente o aluno com deficiência intelectual na aprendizagem da leitura e da
escrita. Pois sabemos que o aluno deficiência intelectual tem suas próprias peculiaridades em sua
aprendizagem e a construção de conhecimento acontece de forma diferenciada o que geralmente
a escola comum tem dificuldades para compreender. O processo educativo tem como principal
objetivo facilitar a aquisição de conhecimentos, informações e interações necessários ao
desenvolvimento da criança. Este estudo visa relatar a importância que o saber institucional
exerce na vida da criança com necessidades especiais e averiguar de que maneiras o educador
pode auxiliar tal criança no processo de sua formação, despertando seu interesse e curiosidade,
seu senso crítico e sua vontade de se relacionar na sociedade. Este trabalho tem como objetivo
elucidar pontos principais acerca da escola comum e a deficiência intelectual.
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aprendizagem capazes de atender a todos os pode ser determinado por fatores orgânicos
alunos, contribuindo por meio das discussões relacionados com aspectos do funcionamento
sobre o currículo escolar e planejamento, os anatômico, como o funcionamento dos órgãos
métodos de avaliação, dispensando tempo dos sentidos e do sistema nervoso central;
para sua formação acadêmica e se fatores específicos relacionados à dificuldades
preocupando com a necessidade de se específicas do indivíduo, os quais não são
relacionar no dia a dia da escola, apoiando os passíveis de constatação orgânica, mas que se
alunos que apresentam diferentes dificuldades manifestam na área da linguagem ou na
de aprendizagem, auxiliando na garantia de organização espacial e temporal, dentre
acesso, permanência e ensino com qualidade a outros. Quando relacionado a um sintoma, o
todos os alunos (OLIVEIRA, 2007, p.21). não aprender possui um significado
Segundo Aranha (2005), por muitos anos os inconsciente; quando relacionado a uma
Portadores de Necessidades Educativas inibição, trata-se de uma retração intelectual
Especiais foram esquecidos, porém de um do ego, ocorrendo uma diminuição das funções
tempo pra cá esse quadro mudou e esse grupo cognitivas que acaba por acarretar os
de educandos passou então a ser a maior problemas para aprender; fatores ambientais
preocupação dos pensadores da história da relacionados às condições objetivas ambientais
Educação Especial (ARANHA, 2005, p. 5). que podem favorecer ou não a aprendizagem
Com tal preocupação pairando na educação, do indivíduo (PAÍN, 1981, apud, RUBINSTEIN,
por meio de vários estudos, pôde-se perceber 1996).
como o estudo da Arte era essencial para as Apesar da grande importância que o saber
Pessoas Portadoras de Necessidades institucional exerce na vida das crianças, elas
Educativas Especiais, pois a arte tem como não sabem, ou por vezes não conseguem fazer
objetivo a participação sem regras, permitindo isso em grupo, demonstrando com isso sua
a manifestação igualitária por meio da grande dificuldade de aprender e de viver em
realização de programas de Arte com música, sociedade. O processo de ensino e
dança e expressão corporal, onde a Pessoa aprendizagem deve ser ressignificado de
Portadora de Necessidades Especiais sente acordo com a prática pedagógica do professor,
prazer no processo de aprendizagem. Segundo que deve abandonar os padrões de uma
Ferraz & Fusari: educação bancária e investir em atividades
A importância da Arte na formação de lúdicas que auxiliem no desenvolvimento
crianças, jovens e adultos, na educação geral e cognitivo das crianças com dificuldades, sejam
escolar, está ligada à: “função indispensável estas simplesmente relacionadas a distúrbios,
que a arte ocupa na vida das pessoas e na ou mesmo à metodologia utilizada em sala
sociedade desde os primórdios da civilização, o (MAFRA 2008, p. 16).
que o torna um dos fatores essenciais de A escola inclusiva não deve fazer distinção
humanização (FERRAZ & FUSARI,1993, p. 16). entre os alunos, todos os envolvidos no
Um sintoma, que cumpre uma função cotidiano escolar e fora dele possuem
positiva tão integrativa como o aprender, e que diferenças; cada ser tem seu ritmo corporal e
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cognitivo, e merecem respeito para atuarem de abrir espaço para a cooperação, o diálogo, a
acordo com suas possibilidades. Somente com solidariedade, a criatividade e o espírito crítico,
uma visão humanitária e revolucionária é que tanto no ambiente escolar como na
poderemos participar de uma escola inclusiva comunidade na qual o aluno está inserido;
que ajudará a formar uma sociedade inclusiva valorizar e formar continuamente o professor;
(PACHECO, 2007, p. 15). desenvolver em todos os envolvidos com o
Porém, não podemos imputar aos processo de ensino e aprendizagem no
educadores a responsabilidade total e ambiente escolar habilidades para o exercício
generalizada em relação às mudanças da verdadeira cidadania. Para atender a todos
necessárias para o êxito educacional dos alunos de maneira satisfatória e significativa e atender
com necessidades especiais, mas sim podemos com igualdade, a escola tem a tarefa de mudar
reconhecê-los como incentivadores da seu trabalho em muitas frentes. Cada escola
instituição educacional em relação à busca de deverá encontrar suas próprias soluções,
políticas públicas educacionais vigentes que devido à diferença da sua clientela e de suas
beneficiem o aprendizado no ambiente escolar. dificuldades e problemas. Para Ferreira:
A escola emancipatória, para Paulo Freire: Na perspectiva da promoção da Educação
Não exclui nem hierarquiza sujeitos, porém, Inclusiva existem novos recursos e novos
busca incluí-los na medida em que todos são olhares sobre os recursos existentes, que é
oprimidos na sociedade de classe e todos se necessário desenvolver. Mas, por certo que o
libertam na luta pela superação das professor com todo o conjunto de
contradições das injustiças produzidas pela competências e experiências que tem é
produção e distribuição desigual de bens certamente o principal recurso em que a
materiais e simbólicos (FREIRE, 1987). Educação Inclusiva se pode apoiar (FERREIRA,
Segundo Oliveira (2004), para que haja uma 2006, p.57).
escola que atenda as crianças com Na educação, inclusive na educação especial
necessidades especiais, não importando quais podemos perceber que é necessário grande
sejam, se faz necessário que existam nesse envolvimento na luta por direitos na sociedade.
ambiente, profissionais preocupados em Entre as principais dificuldades encontradas no
diferenciar seus conhecimentos, intensificar processo de inclusão escolar nas escolas de
sua determinação, e aprimorar sua tomada de ensino regular podemos destacar: a dificuldade
decisão. Por meio do Projeto Político com a metodologia dos professores; a falta de
Pedagógico as escolas se tornam capazes de recursos e de infraestrutura; o número elevado
tomar algumas decisões importantes para que de alunos por sala de aula; a falta de
as mudanças necessárias se alinhem aos capacitação dos profissionais da educação para
propósitos da inclusão (OLIVEIRA, 2004, p. ensinar os alunos. A Educação Inclusiva
109). objetiva atender todos e quaisquer alunos que
Entre tais propósitos podemos estabelecer apresentem necessidades educativas especiais,
alguns como: garantir o tempo adequado para em salas de aulas regulares, do ensino regular
cada aluno desenvolver sua aprendizagem; básico, propiciando desenvolvimento social,
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cognitivo e cultural de todos. O ensino inclusivo alimentar tanto quantitativa quanto qualitativa
e a educação especial são temas diferenciados, pode ocasionar em déficit alimentar crônico e
mesmo sendo uma complementar a outra que acarreta em distrofia generalizada,
(CARVALHO, 2004, p. 77). afetando sensivelmente a capacidade de
aprender. [...] essas perturbações podem ter
AUTONOMIA, como consequência problemas cognitivos mais
ou menos graves, mas não configuram por si
EMPODERAMENTO E INCLUSÃO sós um problema de aprendizagem. Se bem
Para Freire (1997), não há para mim, na não são a causa suficiente, aparecem, no
diferença e na “distância” entre a ingenuidade entanto, como causa necessária (PAIN, 1989, p.
e a criticidade, entre o saber de pura 29).
experiência feito e o que resulta dos Todo o ambiente de aprendizagem se
procedimentos metodicamente rigorosos, uma compõe de elementos de oposição e fatores
ruptura, mas uma superação. A superação e facilitadores. Relatar um problema ou
não a ruptura se dá na medida em que a obstáculo é fundamental ao professor de
curiosidade ingênua, sem deixar de ser aprendizagem. Nos registros que faz de cada
curiosidade, pelo contrário, continuando a ser contexto estarão as observações que
curiosidade, se criticiza, pois ao criticara-se, representarão pontos de melhoria. O exercício
tornando-se então, permito me repetir, dessa prática, porém, é terreno minado para
curiosidade epistemológica, metodicamente ele quando essa leitura é imprecisa, pois
“rigorizando-se” na sua aproximação ao objeto, desencadeará ações com alto risco, sendo
conota-se seus achados de maior exatidão imprecisas porque teriam sido coletadas com
(FREIRE, 1997, p.17). ferramentas igualmente imprecisas. Daí a
A prática de ensinar para Freire (2005): importância de atrelar a eficácia do processo à
A prática docente crítica, implicante do eficiência da coleta de dados a partir de
pensar certo, envolve o movimento dinâmico, metodologias apuradas – por sua vez, alheias à
dialético, entre o fazer e o pensar sobre o fazer. formação do profissional, e pertinentes a
[...] O que se precisa é possibilitar, que, esferas de conhecimento que ele não domina
voltando-se sobre si mesma, por meio da (FONSECA, 1995, p. 131).
reflexão sobre a prática, a curiosidade ingênua, Segundo Freire (1996), a necessária
percebendo-se como tal, se vá tornando crítica. promoção da ingenuidade a criticidade não
[...] A prática docente crítica, implicante do pode ou não deve ser feita a distância de uma
pensar certo, envolve o movimento dinâmico, rigorosa formação ética ao lado sempre da
dialético, entre o fazer e o pensar sobre o fazer estética. Decência e boniteza de mãos dadas.
(FREIRE, 2005 p. 38). Cada vez me convenço mais de que, desperta
Os fatores ambientais interferem muito, com relação à possibilidade de enveredar-se no
como a questão da nutrição e da saúde da descaminho do puritanismo, a prática
criança, bem como a criança que não dorme educativa tem de ser, em si, um testemunho
muito bem, ou seja, o necessário. Uma carência rigoroso de decência e de pureza. Uma crítica
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permanente aos desvios fáceis com que somos professor-aluno, a necessidade de uma
tentados, as vezes ou quase sempre, a deixar adaptação curricular, entre outros. Alguns
dificuldades que os caminhos verdadeiros alunos vêm para a escola com diversas
podem nos colocar. Mulheres e homens, seres deficiências, com níveis de maturidade
histórico-sociais, nos tornamos capazes de desiguais ou inferiores ao que se espera em sua
comparar, de valorar, de intervir, de escolher, idade cronológica. Muitos trazem uma
de decidir, de romper, por tudo isso, nós bagagem cultural, social, intelectual,
fizemos seres éticos (FREIRE, 1996. p.18). neurológica muito defasada em relação aos
Segundo Garcia (1998), no quadro atual da seus companheiros, e isto se constitui em
educação, muitas crianças apresentam desvantagens cruciais para a aprendizagem da
dificuldades no aprendizado da leitura, escrita leitura, escrita e cálculo (OLIVEIRA, 2009, p.
e até mesmo na aprendizagem dos conceitos 120).
matemáticos, dificultando assim seu
rendimento escolar. Diante dessas AS PROBLEMÁTICAS QUE O
dificuldades, as crianças se deparam com o
fracasso passando a desenvolver diversos BULLYING ESCOLAR AFETA NA
problemas emocionais, passando a acreditar VIDA DO ESTUDANTE
que são incapazes de acompanhar o processo Caso os educadores e gestores escolares
de ensino e aprendizagem apresentado pelos fossem preparados para tais situações, muitas
professores que fazem parte do seu cotidiano. coisas poderiam ser evitadas ou nem mesmo
(GARCÍA, 1998, p. 33). acontecer. Há, portanto, a necessidade de que
Por vezes também, essas crianças visitam a escola tome atitudes preventivas, tentando
vários profissionais, de diferentes áreas para impedir que um “simples” ato de preconceito
passarem por avaliações que acreditam ser não se transforme em um assassinato em
suficientes para concluírem quanto à sua massa. Lopes Neto (2005) alega que: “outro
dificuldade no processo de ensino e grande desafio das escolas é a forma como os
aprendizagem. Muitos fatores podem professores e funcionários intervém
favorecer situações que desencadeiam as efetivamente sobre os atos de bullying. Além
dificuldades de aprendizagem: os fatores das dificuldades para a identificação, o pessoal
emocionais, os fatores físicos ou sensoriais, os pode falhar no uso de recursos apropriados
de deficiência na linguagem, a falta de para resolver os conflitos à medida que
estímulos apropriados para a aquisição da base surgem” (LOPES NETO, 2005, p.82).
alfabética, dislexia, entre outras. Segundo Os cursos de graduação devem focar sua
Oliveira: atenção na necessidade de prevenção à
Os problemas de aprendizagem surgem por violência. Para isso, devem oferecer aos futuros
meio de uma associação de causas. Quando a profissionais de educação os recursos
dificuldade de aprendizagem está relacionada à psicopedagógicos específicos que os habilitem
escola, o motivo pode ser a metodologia a uma atuação eficaz em seus locais de trabalho
utilizada, motivação escassa, relacionamento para que eles utilizem metodologias
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Uma importante Resolução presente nas Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na
Educação Básica, Resolução CNE/ CEB nº 2/2001, em seu artigo 2º, determina que:
Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas organizarem-
se para o atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais, assegurando as
condições necessárias para uma educação de qualidade para todos (BRASIL, 2001, p.1).
Diante disso, o mais importante é que os alunos sejam orientados para a realização de
atividades de leitura, que despertem o seu senso crítico e principalmente desperte o gosto e
estimule o hábito da leitura uma vez que formar um leitor crítico requer uma prática constante
de leitura crítica:
A reflexão sobre a prática não resolve tudo, a experiência refletida não resolve tudo. São
necessárias estratégias, procedimentos, modos de fazer, além de uma sólida cultura geral, que
ajudam a melhor realizar o trabalho e melhorar a capacidade reflexiva sobre o que e como mudar
(LIBÂNEO, 2005, p. 76).
Portanto, formar o leitor crítico é uma necessidade de se construir cidadãos também
críticos, para lutarem por seus espaços na sociedade e no mercado de trabalho, sendo autônomos
e realizando seus ofícios com eficiência. Conclui-se depois de analisar e verificar a constituição,
que à gestão democrática, nos estabelecimentos públicos, foi objeto de grande discussão durante
a formulação da Constituição Federal de 1988, pois vem sendo inserida e regulamentada em infra
legislações, em que se indica que deve ser feita pela participação da comunidade escolar na
gestão da escola, por meio dos Colegiados Escolares e Instituições Auxiliares.
A escola inclusiva deve possibilitar a entrada e a permanência de todas as crianças,
inclusive aquelas com necessidades especiais, pois todas têm direito à Educação no ensino básico
e regular. Espera-se que a criança com deficiência, que passa a conviver no ambiente escolar
deixe de ser discriminada e passe a ser acolhida, contribuindo assim para a construção de um
espaço inclusivo e democrático na Unidade Escolar a qual faz parte.
A escola inclusiva tem o dever de atender a todos os educandos, independentemente de
suas diferenças ou limitações, atendendo a cada um de acordo com suas potencialidades e
necessidades. A educação inclusiva tem como fundamento principal a valorização da diversidade
de cada indivíduo. O processo de inclusão busca o rompimento com os preconceitos sociais e a
manutenção de uma sociedade mais justa, mais segura, que possibilite uma interação social
significativa e de qualidade.
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REFERÊNCIAS
ARANHA, M. S. F Integração Social do Deficiente: Análise Conceitual e Metodológica -
Temas em psicologia. São Paulo: Memnon, 1979.
DAVIS, Cláudia; OLIVEIRA, Zilma de Morais Ramos. Psicologia na educação. 2. ed. São Paulo:
Cortez, 1994.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 17ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
LOPES NETO, Aramis Antonio. Bullying: saber identificar e como prevenir. São Paulo:
Brasiliense, 2011.
PIAGET, Jean. Seis estudos de psicologia. 24. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2007.
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RESUMO: O presente estudo busca analisar a importância da Arte na Escola da Educação Infantil,
de modo que possibilite aos professores um olhar diferenciado para suas atividades aplicadas em
sala de aula. A arte não está limitada a uma única disciplina, abrangendo todas as demais áreas e
englobando toda à área cognitiva, social e psicológica das crianças, o que propicia uma visão mais
crítica e perceptiva diante da realidade que as cercam. Sob essa visão, o olhar do professor deve
ser criativo e buscar sempre uma formação voltada para a cultura que é um direito de todo
cidadão. Neste trabalho propõe-se investigar sobre a importância dos professores promoverem
as atividades artísticas como favorecimento para a relação do educando na escola, na
comunidade e em sua vivência do dia-a-dia. Busca-se também identificar de que forma essas
ações contribuem para um olhar diferenciado do aluno em relação a Arte.
1Professora de Educação Básica na Rede Municipal de Diadema e Rede Municipal de São Paulo.
Graduação: Licenciatura em Pedagogia; Especialização em Artes e Musicalidade; Especialização em Educação
Especial e Inclusiva.
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enfoque principal o brincar, não estando dessa tempo, ou então, como um momento de lazer
forma colocados como linguagens que têm um para as crianças, devido ao conceito criado pela
referencial de área de conhecimento. sociedade de que a arte não é importante, mas
O documento não trata da recepção das somente uma forma de distração e lazer para
crianças às produções em teatro e dança, as pessoas. Neste sentido, a RCNEI (1998),
embora essas, do mesmo modo que as lembra que:
produções em artes visuais, possam ser A presença das artes visuais na educação
trazidas às crianças e observadas como uma infantil, ao longo da história, tem demonstrado
construção social. um descompasso entre os caminhos apontados
Nesse sentido, o tratamento atribuído às pela produção teórica e prática pedagógica
artes cênicas e à dança, nos documentos existente. Em muitas propostas as práticas de
curriculares para Educação Infantil, restringem- artes são entendidas apenas como meros
nas ao âmbito do fazer da criança no momento passatempos. Em que atividades de desenhar,
em que ela dança e/ou dramatiza. O colar, pintar e modelar com argila ou massinha
documento não trata do acesso a estas outras são destituídas de significados. Outra prática
representações artísticas em suas corrente considera que o trabalho deve ter
especificidades. uma conotação decorativa, servindo para
Outro eixo do RCNEI (1998), fundamental é o ilustrar temas de datas comemorativas,
que trata das Artes Visuais. As artes visuais enfeitar as paredes com motivos para os pais,
compreendem a pintura, a escultura, o etc. Nessa situação é comum que os adultos
desenho, a fotografia etc. Atualmente, elas são façam grande parte do trabalho, uma vez que
muito presentes na educação infantil, porém, não consideram que a criança tem
muitas vezes, não são exploradas as competência para elaborar um produto
verdadeiras contribuições que elas podem adequado (RCNEI, 1998, p. 87).
trazer para o desenvolvimento da criança nesta Com essa visão errônea da arte na educação
fase. infantil, desvaloriza-se o fazer da criança, não
Artes Visuais é colocada com características dando importância à capacidade que ela tem
próprias, que podem ser abordadas de criar. Desse modo, para que as artes visuais
articulando-se o fazer artístico, a apreciação e propiciem suas reais contribuições, é
a reflexão. A apreciação, o fazer e a reflexão são necessário que as atividades sejam
formas de aproximação das crianças à Arte espontâneas, ativem a criatividade e valorizem
como expressão e como objeto da cultura. a auto-expressão. Um trabalho assim irá
Os trabalhos realizados com recursos das integrar o pensamento, o sensibilidade, a
artes visuais, nas instituições de educação imaginação, a percepção, a intuição e a
infantil, geralmente, enfatizam apenas as datas cognição favorecendo o desenvolvimento de
comemorativas, com a produção de criatividade na criança.
lembranças paras as mães e para os pais, A construção da capacidade de criação na
cartões de Natal, Páscoa, entre outras, sendo infância é uma forma da criança manifestar a
considerados muitas vezes para passar o sua compreensão da realidade que o cerca, de
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significativamente se houver uma interação o mundo e agir nele vai se formulando ao longo
com o objeto. de sua vida, a partir daquilo que o indivíduo
Com base na teoria piagetiana, o indivíduo évivencia no dia-a-dia, no meio em que está
sujeito do processo de construção do seu inserido. Conforme Severino:
conhecimento e esse processo só é possível Está definitivamente superada a ideia
mediante a sua ação. É importante ressaltar metafísica de que o nosso modo de ser se
que um trabalho artístico sempre carrega a definiria por uma essência, entendida esta
marca do seu criador, ou seja, traz embutida, como um conjunto de características fixas e
em si, a ação do sujeito que a criou, que é fruto
permanentes, ideia consagrada pelos filósofos
de sua interação com o meio e com o próprio antigos e medievais quando afirmavam que o
objeto criado. Nesse processo, o indivíduo é agir decorre do ser... Mas justamente aqueles
capaz de construir o entendimento de novos aspectos pelos quais somos especificamente
conceitos referentes a materiais e a técnicas humanos são aspectos que não estão dados a
utilizadas, o que se dá nas artes plásticas, napriori, eles são construídos graças a nossa
dança, no teatro, na música, e na produção de prática (SEVERINO, 2006,p.46).
poesias. As Artes constituem atividades pelas A educação exerce um papel primordial no
quais o indivíduo é despertado para a desenvolvimento da personalidade dos
criatividade, a qual se acentua com a prática. indivíduos. Por essa afirmação, é fácil perceber
Para Mitjáns Martinez (2000, p. 54), que o futuro de um aluno que é instigado, que
“criatividade é o processo de descoberta ou desenvolve a criatividade e o pensamento
produção de algo novo, que cumpre exigências crítico, tem perspectivas melhores de inserção
de uma determinada situação social, processo na sociedade, pela possibilidade de
que, além disso, tem um caráter conscientizar-se do seu lugar de cidadão.
personológico”, ou seja, carrega aspectos da A realidade atual apresenta-se, muitas
personalidade. vezes, violenta e hostil, carregada de
O ato criativo é um processo que sempre trazdesumanidade e destruição, e todos, crianças e
algo da pessoa que o executa. Uma pintura, por adultos, tornam-se vulneráveis este contexto.
exemplo, por mais que uma pessoa tente fazê- Kramer (2003), reflete sobre essa realidade,
la igual a uma outra, nunca o será, sempre entendendo-a como uma barbárie e defende
apresentará algo diferente. Como processo de que, para a superação da mesma, a educação
criação do novo, a arte favorece a superação, deve se dar numa perspectiva que conduza os
do que é igual, da reprodução, favorece o educandos para uma humanização, de modo
desenvolvimento de uma aprendizagem mais que se estabeleçam experiências de
significativa e criativa. socialização, de trabalho coletivo e de
valorização de si e do outro. É preciso formar o
• Por que arte na educação? homem para que ele seja capaz de ler e
O homem constrói suas concepções, seus escrever o mundo em que vive, isto é, para que
valores e suas crenças, a partir de suas ele tenha condições de analisar a realidade e,
experiências, de suas ações. O seu modo de ver assim, criar estratégias para modificá-la no que
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for preciso, de modo que o mundo se torne um processe sem entraves, e a integração social
espaço de partilhamento de cultura e de sem dificuldades (BESSA, 1972, p. 13).
construção da paz. A livre expressão é um meio pelo qual se
Segundo Kramer (2003), a cultura é uma revela a essência da personalidade, pois
junção de tradições, costumes, valores, história subentende exteriorização e representação.
e experiências que se manifestam por meio das Apesar da espontaneidade quase sempre
danças, das roupas, da música, das festas etc. A presente na criança, a realidade social e
autora entende que a criança precisa conhecer material não possibilitam que a mesma
e vivenciar a cultura na qual está inserida, para, expresse as suas realidades subjetivas. Por
a partir daí, poder fazer parte da construção meio da pintura, desenho, esculturas e outras
cultural, que é dinâmica e, assim, está em formas de artes plásticas realizam-se desejos,
constante transformação. As artes partem das satisfazem-se necessidades e se afirma o Eu, ou
manifestações culturais, desse modo, é seja, a pessoa se revela para si mesma. Assim,
importante que as crianças as vivenciem e ao exercitar a expressão livre, a criança libera
produzam, pois, assim, podem reconhecer-se sua subjetividade e se conhece cada vez mais.
como também produtoras dessa cultura. Para Alencar (1990), existem fatores que
Porém, para tanto, é necessário que a funcionam como repressão ao potencial
criança tenha oportunidades de desenvolver a criador, fatores estes que contribuem para a
criatividade e a expressão livre, e que, neste construção de uma visão limitada dos próprios
processo, ela possa se conhecer e conhecer os talentos e potencialidades, dentre as quais, o
outros, formando-se integralmente. As artes, medo da crítica e a ideia de que o talento está
em todas as suas modalidades, exploram, presente em poucos indivíduos. Segundo a
inevitavelmente, a expressão, a criatividade, a autora, é a sociedade que inculca esses medos,
imaginação, a intuição e a sensibilidade de uma por meio das crenças e valores estabelecidos,
pessoa. As artes plásticas assumem um papel que são repassados, muitas vezes, e que, de
de grande relevância para o processo de forma gradual, atingem as crianças, por meio
aprendizagem e socialização da criança. Nesse das proibições e repreensões exercidas pelos
sentido, Bessa ressalta que: adultos.
Quando a criança pinta, desenha, modela ou São estas barreiras emocionais e culturais
constrói regularmente, a evolução se acelera. que inviabilizam a visão da arte como criação e
Ela pode atingir um grau de maturidade de não reprodução. Dentre as barreiras
expressão que ultrapassa a medida comum. emocionais, a apatia, a insegurança, o medo,
Por outro lado, a criação artística traz a marca sentimentos de inferioridade e o autoconceito
de uma individualidade, provoca libertação de negativo, inibem uma forma de pensar mais
tensões e energias, instaura uma disciplina inovadora e criadora.
formativa, interna de pensamento e de ação Alencar (1990), define o autoconceito como
que favorece a manutenção do equilíbrio tão a imagem subjetiva que cada um possui de si
necessário para que a aprendizagem se mesmo. O autoconceito constitui fator
determinante daquilo que se é e caracteriza-se
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por facetas que podem ser mais positivas ou formação do professor, pois, assim como todo
mais negativas, como exemplo: “Eu sou uma cidadão, ele tem direito de vivenciar
pessoa habilidosa, mas sou uma pessoa muito conhecimentos múltiplos da sua e de outras
tímida”. Este exemplo apresenta características culturas. Conforme os autores, é preciso
positivas e negativas da personalidade de uma enfatizar que muito mais necessário se torna o
pessoa, porém, existem pessoas que possuem contato com experiências desta natureza para
um autoconceito totalmente negativo. o profissional que estará envolvido
Em relação a essas barreiras emocionais, é diretamente com cidadãos que estão em
possível efetuar mudanças, e o professor tem processo inicial de construção cognitiva,
um papel importante no sentido de propiciar as afetiva, social, física e cultural. É comum muitas
condições favoráveis para o desenvolvimento pessoas relatarem que não sabem ou não
de habilidades e talentos dos alunos. Não gostam de desenhar, que não sabem produzir
desconsiderando as diversas atividades pelas trabalhos artísticos. Muitas vezes, o que
quais se pode realizar tal estímulo, é produziram quando ainda eram crianças,
importante salientar que as artes possibilitam o parecia não agradar os outros. Ao se analisar as
reforço de estímulos positivos para a razões possíveis para isso, pode-se chegar à
construção de um autoconceito que valorize conclusão de que não se trata o desenho e as
muito mais as habilidades do que as pinturas como atividades que podem ser
dificuldades, contribuindo, desse modo, para a aprendidas por meio da cultura, mas de
elevação da autoestima dos alunos. atividades construídas essencialmente por
A educação não se limita à estruturação e à dons inatos (GUIMARÃES; NUNES e LEITE,
apropriação de conhecimentos técnicos, 1999).
históricos, matemáticos, geográficos, entre A escola tem a sua parcela de
muitos outros tão necessários para a formação responsabilidade na formação humana, na
humana, mas compreende também o objetivo construção sensível do olhar sobre o pensar e
de humanizar, de favorecer o crescimento do olhar sobre o mundo. A escola não é
intelectual, emocional/afetivo e cultural da somente espaço para se aprender a ler,
criança, no sentido de que esta possa escrever e fazer contas e deve ir além do que é
incorporar valores como solidariedade, imediatamente utilizável. Assim, é preciso que
inquietude e desejo de mudança, sensibilidade, a escola se comprometa com a sensibilização
sentido e vida. das crianças, ou seja, que oportunize
experiências novas de descobertas e que
A ARTE E A FORMAÇÃO DO possibilite a expressividade do aluno,
permitindo que ele conheça a si mesmo e olhe
PROFESSOR para aquilo que o cerca com curiosidade e
Segundo Guimarães, Nunes e Leite (1999), sentimento.
experiências com artes plásticas, teatro, dança, No entanto, isso só será possível no espaço
música, fotografia, cinema, literatura, entre escolar, se os seus educadores também
outras, não podem estar desvinculadas da passarem por esse processo, pois “o caminho
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
da maturidade parece afastá- los do ser poético Ao desenvolver o gosto pela arte, além de
– precisam ser sensibilizados para que possam apurar a sua sensibilidade, o professor entrará
resgatar em si, o ser da poesia, o olhar sensível, em contato com diferentes obras e conhecerá
a expressividade, o potencial criador” (DIAS, o material utilizado para a criação das mesmas,
1999, p. 178). o contexto histórico, político e social no qual
Esse processo de enriquecimento estético foram produzidas e a vida dos artistas que as
deveria se dar também na formação inicial do produziram. Assim, é possível que o professor
professor, porém, os vários saberes que se forme e se construa culturalmente para uma
compõem os currículos de formação do atuação que integre, no seu cotidiano com os
docente acabam por impedir a inclusão de alunos, um envolvimento maior com o
conhecimentos relacionados às artes, patrimônio cultural, com a criação, com a
entretanto, nada justifica esta ausência. Para expressão, com o olhar curioso e sensível,
preencher essa lacuna em sua formação, o enfim com a liberdade.
professor pode buscar tais conhecimentos de
forma independente ou coletivamente. Dias
(1999, p. 179), comenta que essa busca pode
ser pessoal ou em grupos de professores e que
“os encontros devem ser realizados na própria
instituição, sendo previstos também, visitas a
museus, galerias de arte, ateliês e passeios pela
cidade”.
Dessa forma, o professor estará ampliando
seu entendimento sobre as diversas formas de
arte, sensibilizando assim o seu olhar estético,
permitindo-se novas experiências e
potencializando a sua criação. Dias ressalta
ainda que:
É preciso criar em nossos educadores o gosto
pelo belo, pela arte, estimulando-os a
frequentar museus, galerias de arte, centros
culturais, espetáculos de música e dança. Dessa
maneira estaremos contribuindo para a
democratização do conhecimento e para a
formação pessoal do educador que
consequentemente, repercutirá na relação
estabelecida por ele com seus alunos na
qualidade do trabalho pedagógico por ele
desenvolvido (DIAS, 1999, p. 188, 189).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante das indagações a que se propôs esse tema, os estudos revelam que o trabalho com
Artes na Educação Infantil é de suma importância para o desenvolvimento da criança, pois é por
meio da Arte que esta amplia suas possibilidades de representação e conhecimento do mundo.
Essa afirmação por si só não é o suficiente para justificar a importância da Arte, havendo a
necessidade de entender sobre o processo de construção do conhecimento ao qual o professor
tem um papel importantíssimo, ou seja, faz a mediação nessa trajetória.
E nesse sentido, há de considerar as possibilidades das crianças, incentivando-as,
estimulando-as e oportunizando a exploração das quatro linguagens artísticas (artes visuais,
dança, música e teatro) como forma do aluno se expressar significativamente e não apenas as
visuais, como ocorre na maioria das vezes.
Considera-se que, a arte é importante para a criança, pois enquanto cria, desenha, canta,
dança ou representa uma cena ela é livre para expressar suas ideias e seus sentimentos,
aprendendo a ouvir, ver e a sentir.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação . Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros
Curriculares Nacionais: arte. Terceiro e quarto ciclos. Brasília: MEC/SEF,1998.
DIAS, Karina Sperle (1999). Formação estética: em busca do olhar sensível. In: KRAMER,
Sonia (org.). Infância e Educação Infantil. São Paulo: Papirus.
FUSARI, M. F. R.; FERRAZ, M. H. C.T. Arte na educação escolar. São Paulo: Cortez, 2009.
GOULART, Ana Lúcia Faria; SILVEIRA, Mariana Palhares (Orgs.). Educação infantil pós -
LDB: rumos e desafios. Campinas: Autores Associados, 1999.
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A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA NA
APRENDIZAGEM
Renato Ilton da Silva Aragão1
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uma perigosa irrupção do feminino, isto é, na a inserção do sujeito ao seu meio social, por
força de uma sexualidade julgada tanto mais isso, a família tem papel fundamental nessa
selvagem ou devastadora na medida em que relação, porque é a principal ponte para
não estaria mais colada à função materna. estabelecer essa interação.
(ROUDINESCO,2003, p. 38). Parolin (2007), conceitua a aprendizagem
Em meados de 1960 configura-se a família como um processo de contínua construção e
contemporânea ou pós-moderna, embasada desconstrução que os sujeitos têm sobre si, a
na união de duas pessoas para efetivação de realidade e os conhecimentos a eles
relações íntimas, marcando assim uma ruptura intrínsecos.
frequente dentro dos âmbitos familiares, A história da criança começa a ser definida a
ocasionada pelo número de divórcios e/ou partir do momento em que ela consegue
separações e aumento das reestruturações dentro do núcleo familiar, estabelecer e
familiares. diferenciar os papéis existentes, e ao mesmo
Por meio dos avanços tecnológicos, inclusivetempo encontrar-se como parte importante
na biomedicina, o ato sexual deixa de ser a dessa configuração, pois acaba por ser
única possibilidade para concepção da introduzida no contexto sociocultural,
maternidade, e o casamento ou união dos possibilitando-lhe a criação de sua própria
pares deixa de ser imprescindível para a história.
constituição de uma família. O primeiro vínculo é estabelecido em família
Com essas modificações no modelo familiar com a aprendizagem, criando posteriormente
os homossexuais passaram a ter o direito de se seu próprio estilo de aprender. Ninguém nasce
tornarem pais, firmando suas identidades e sabendo o que fazer e como fazer, o que é bom
diferenças dentro do grupo social. Os filhos ou ruim, tudo é ensinado para nos situar na
podem ser, portanto, a concretização simbólica sociedade e consequentemente nos permitir
e real do pertencer à sociedade. atuar com autonomia sobre o ato de aprender.
Diante dessa perspectiva Tiba (1996), afirma Tiba (2012), ainda fala que:
que: Os pais sabem de suas responsabilidades
O ambiente escolar deve ser de uma quanto ao futuro de seus filhos. Quando se
instituição que complete o ambiente familiar sentem incapazes, incluindo aqui um certo
do educando, os quais devem ser agradáveis e conforto, tendem a delegar a educação de seus
geradores de afeto. Os pais e a escola devem filhos a terceiros: escola, psicólogos,
ter princípio muito próximos para o benefício assistentes sociais, babás, funcionários, avós,
do filho/aluno. (TIBA, 1996, p. 140). tios dos filhos etc. (TIBA, 2012, p. 116).
Para que a amplitude sobre as possibilidades
RELAÇÃO APRENDIZAGEM E de aprendizagem aconteça é imprescindível
que exista o desejo, pois será por intermédio
FAMÍLIA NA ESCOLA deste, que o sujeito constituirá os novos
Aprender antecede o processo de saberes. O desejo surge a partir do olhar e
escolarização, pois é uma ação necessária para vínculo estabelecidos entre aquele que
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
aprende e o outro, que oportuniza e deseja que O uso dos signos na mediação entre
se estabeleçam tais aprendizados. desenvolvimento e aprendizagem, era de
Libâneo (2000), que educação é: grande relevância para Vygotsky.
Conjunto de ações, processos, influências, Segundo Minick ( 2002):
estruturas que intervêm no desenvolvimento Ele via o uso de signos na mediação do
humano de indivíduos e grupos na relação ativa comportamento como o fundamento para o
com o ambiente natural e social, e social, num desenvolvimento de formas volitivas de
determinado contexto de relações entre comportamento que não podem ser
grupos e classes sociais (LIBÂNEO, 2000, p. 22). plenamente compreendidas em termos das leis
A família é a primeira unidade coletiva que de estímulo-resposta. Observando que a
irá solidificar valores e padrões, permitindo a função primária dos signos é a comunicação,
interação com outros seres humanos, é a partir Vygotsky buscou a explicação do
desse momento que apreendemos elementos desenvolvimento filogenético, histórico e
do mundo social, com o propósito de funcionar ontogenético dessas formas de
dentro dele e agir sobre ele, ressignificando comportamento em interação social
nosso próprio modo de aprender. verbalmente mediada (MINICK, 2002, p. 32).
Assim, podemos entender o processo de Em relação ao fator histórico-cultural no qual
aprendizagem como um longo percurso a ser se está inserido, o desenvolvimento acontece
seguido, que apresenta inicialmente uma devido às modificações ocorrentes durante a
ordem biológica, mas que só pode ser vida do sujeito, entrelaçando-se ao processo de
continuada e aprimorada por meio da aprendizagem.
integração existente entre o ser humano, seu Esse desenvolvimento e aprendizagem,
ambiente físico e social. dizem respeito às experiências e interações que
o sujeito tem com o mundo, assumindo o
CONCEPÇÕES DE VYGOTSKY pressuposto da natureza social do
desenvolvimento e do conhecimento humano.
Por meio da experiência com educação
Em relação aos aspectos de
especial, Vygotsky passou a interessar-se com
desenvolvimento e aprendizagem na
mais intensidade pela psicologia e durante os
concepção de Vygotsky, temos a mediação
anos de 1925 a 1934 lecionou nas áreas de
realizada por instrumentos e signos. A primeira
pedagogia e psicologia em Moscou.
retrata os objetos que ampliam as
Embora tenha morrido muito jovem,
possibilidades de transformação, quando
Vygotsky escreveu uma vasta e importante
colocados entre o homem e o mundo, já o
obra sobre as pesquisas realizadas, e suas
segundo elemento mediador signos é
ideias se mantiveram vivas graças aos seus
exclusivamente humano, ou seja, são as
colaboradores, que continuaram os estudos
simbologias determinadas de acordo com o
por meio de pesquisas básicas e aplicadas, que
contexto ao qual faz parte, havendo nestes o
se relacionavam ao desenvolvimento cognitivo.
significado e significante de acordo com o meio
social em que vive.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio desse estudo, foi possível entender a importância da família no processo de
desenvolvimento e aprendizado das crianças. Com embasamento nas pesquisas, foi possível
observar que esse núcleo passou por diferentes mudanças em sua organização, e que o modelo
segmentado por pai, mãe e filhos, não é o único no contexto atual, e, não é possível considerar
ou desconsiderar sua funcionalidade, exclusivamente pela forma como está estruturada seus
membros.
Enquanto seres socialmente constituídos, é preciso uma organização que nos propicie
fazer parte desse meio; a esse núcleo que se denomina família, e que inicialmente favorece o
desenvolvimento dos seus membros por meio de cuidados básicos de sobrevivência, em seguida
pode favorecer ou não o processo de aprendizagem, que para ocorrer necessita de um espaço
que o favoreça, de pessoas que autorizem esse processo e do desejo eminente entre quem ensina
e quem aprende.
Chalita (2001), afirma que:
Por melhor que seja a escola, por mais bem preparados que estejam seus professores,
nunca a escola vai suprir a carência deixada por uma família ausente. Pai, mãe, avó ou
avô, tios, quem quer que tenha a responsabilidade pela educação da criança deve
participar efetivamente sob pena de a escola não conseguir atingir seu objetivo (CHALITA,
2001, p. 17 e 18).
Com esse estudo foi possível refletir sobre os sintomas na aprendizagem, pois eles estão
relacionados ao comportamento da criança e sua dificuldade em lidar com as regras socialmente
impostas, ou seja, foi observado que a problemática do sujeito, não está ligada à aprendizagem
formal e sim a disfuncionalidade familiar, que remete na conduta da criança quanto às ações
comportamentais e de convivência social.
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REFERÊNCIAS
CHALITA, Gabriel B.I. Educação: A solução está no afeto. São Paulo: Ed. Gente, 2001, p. 17
e 18.
LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e Pedagogos, para quê? 3ed. São Paulo: Cortez, 2000, p.
22.
OSÓRIO, Luiz Carlos. Família hoje. Porto Alegre: Artmed, 1996, p. 14.
TIBA, Içami. Pais e Educadores de alta Performance. 2ª Ed. São Paulo: Ed. Integrare, 2012,
p. 116.
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RESUMO: Este artigo tem o objetivo de realizar uma reflexão sobre a definição do homem como
ser extremamente social, observando que cada participante do grupo humano tem a função
definida como de caçar, plantar, ir à guerra, cuidar dos filhos ou coordenar o grupo.
Culturalmente esta divisão de trabalho constrói um sistema hierárquico que determina as várias
funções, e lugares sociais dos indivíduos determinando assim, suas posições. Decorre desta
divisão, a determinação do comando, e de que detém o poder, o que oferece a esta certa força
de coação ou resolução diante de assuntos ligados aos sujeitos definidos pela esfera superior
destes como inferiores. Para compreender os diferentes modelos de gestão, é necessário
compreender os diferentes tipos de gestão, e como se criam e se constroem as relações de poder
entre os seres humanos.
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O problema está no fato da escola ser mera a impediria de decifrar ele retirando toda a
reprodutora dos saberes dominantes, ela não magia da construção do processo de gestão
permite aos indivíduos pensar por si próprio, democrática.
pois indivíduos pensantes, criam cidadãos O primeiro passo a ser dado é o de
críticos, e estes causariam problemas, transformar o processo pedagógico de forma
questionariam, então seria uma população que este seja condizente com a proposta
bem mais difícil de se controlar. pedagógica da unidade, permitindo que o
É difícil para o educador transferir as trabalho a ser realizado seja flexível, utilizando-
oportunidades oferecidas no exterior da escola se do tempo necessário para se alcançar o
para seu interior, pois, nem tudo o que se objetivo proposto que podem ser dias ou até
experimenta fora pode ser reproduzido dentro meses para a concretização deste.
dos muros da escola, pois lá fora, a vida Em seguida deve-se planejar as etapas que
apresentada mostra-se desafiadora, e é assim se quer alcançar com os alunos, atendo-se ao
que ela deve ser, pois transforma o aluno em fato deste “não ser fracionado”, não vir aos
um indivíduo confiante. pedaços, já que o conhecimento se constrói de
Para aprender deve-se aguçar a curiosidade, forma completa. É preciso, dar significado
e isto ocorre no dia a dia porque nosso aluno para o que se quer alcançar. O trabalho
precisa entender o que ocorre no dia a dia e o democrático torna-se mais interessante por
faz por uma necessidade básica a meio do acesso da comunidade escolar,
sobrevivência, ele precisa decifrar os códigos, e permitindo que os alunos tenham acesso ao
para isso ocorre uma inteiração do gestor com material e recontem de seu jeito as estórias
a escola. lidas.
A gestão democrática então ocorre por meio Oferecendo ao grupo acesso as opiniões e
de um processo dinâmico, o que incentiva a decisões, permitindo o desenvolvimento do
comunidade a querer conhecer mais e mais do senso crítico de cada indivíduo sendo
mundo escolar, as pistas vão aparecendo a pertinente a Educação crítica, não se deriva de
comunidade as vai decifrando até construírem saberes desunidos, mas de apreender a
o processo de gestão convencional. Porém para realidade a partir de um contexto significativo
que haja condições favoráveis para esta de forma global, percebendo o ser humano
construção, é preciso que existam espaços como uma unidade diversa, e complexa.
disponíveis onde será realizada a proposta de
trabalho.
A intervenção da comunidade é muito
importante neste processo, auxiliando-a para
que ela consiga levantar todas as hipóteses e
buscar respostas para todas elas, encontrando-
as. Porém, não se deve nunca oferecer
respostas prontas que a impeçam de pensar, e
decifrar os enigmas apresentados, pois tal ação
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para a Educação ser emancipatória e transformadora é preciso compreender o quadro de
crise em que se vive, utilizando o espaço escolar para modificar o pensamento e transformar a
realidade por meio do diálogo. Observa-se também que para que haja tal transformação é
necessário que todos os segmentos trabalhem juntos, é preciso que se criem políticas públicas
adequadas para a transformação das condições em que a escola ocupe seu lugar de mediadora
para que a sua proposta seja feita de forma consciente. A mudança só se dará após a reflexão da
necessidade de mudança de forma consciente.
Percebe-se ainda que é preciso dar a educação o devido valor, percebendo a educação
ambiental como transformadora quando realizada pela própria comunidade, por meio do
respeito e do conhecimento dos saberes dessa população.
Observa-se ainda que o trabalho participativo modifica a política cultural da sociedade
transformando os valores norteando os conteúdos oferecendo um potencial critico a população
exercitando o questionamento e a opção de valores significativos mais dignos.
Esclareceu-se o papel da escola que não pode e não consegue realizar a transformação
educacional sozinha devido a falta de espaço e continuação dos projetos, por falta de espaço
social, e conhecimento, inicialmente é necessário que o professor apreenda o conhecimento para
depois transportá-lo para seus alunos de forma significativa e ordenada.
Tudo leva a crer, portanto, que a gestão democrática só terá sucesso quando esta for
incutida no cotidiano, tornando-se prática diária, para isto, seria necessário uma transformação
e uma conscientização social, levando o indivíduo a perceber-se participante e responsável pelo
meio em que se vive.
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REFERÊNCIAS
A.H,L.E,J.R. Educação para mudança - recriando a escola. Ed. ARTMED, Porto Alegre, 2001.
OLIVEIRA, Dalila Andrade (Org.). Gestão Democrática da Educação. Editora: Vozes, Rio de
Janeiro,1997.
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RESUMO: Este artigo apresenta como temática a literatura infantil e sua importância na educação
infantil. O início do processo de letramento das crianças, desde seu primeiro ambiente social, a
família, e a função da escola neste processo de desenvolvimento. Diversos autores visitados, que
estudam esse processo de letramento nos deixam importantes reflexões sobre o tema. Sendo
assim, propomos a discussão e reflexão, levando informações relevantes sobre a temática para
os professores e professoras, famílias e demais educadores, contribuindo para a conscientização
da atenção que devemos ter nesta etapa do desenvolvimento da criança, ofertando leitura de
qualidade e de forma constante, visando a formação de um leitor proficiente, que possa
interpretar o mundo e assim exercer plenamente sua cidadania.
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aliada da escola em suas várias possibilidades: dizendo “e quem gostou bata palmas!” ou
divertindo, estimulando a imaginação, “quem gostou dê um viva!”
desenvolvendo o raciocínio e compreendendo A preparação da leitura é muito importante
o mundo. neste processo de letramento e de formação
Cabe ao professor planejar o momento da de bons leitores. Além do momento da leitura
leitura, apresentando o livro, seu autor e a é preciso que professor esteja preparado e que
história de forma que estimule o interesse e a existam os recursos adequados.
curiosidade das crianças. Pensar qual livro será lido, onde será feita a
Algumas sugestões são dadas por Fonseca leitura, qual entonação de voz será mais
(2012, p.48). Para antes da leitura: Apresentar adequada faz parte desta preparação.
a capa e o autor, falar um pouco da vida deste Mostrar vários livros e propor que a turma
autor, explicar qual o gênero e características escolha qual será a leitura do dia também é
da história que será lida, ler o título e uma maneira de incentivar o interesse da
questionar a turma sobre o que deve tratar a turma. Escolher um livro e rodiziar entre as
história. Fazer algumas perguntas para que as crianças, onde cada dia um o levará para casa
crianças comecem a imaginar e antecipar a para uma leitura com a família é outra forma
história, falar um pouco da história que será possível.
lida estimulando a curiosidade, convidá-los a Na educação infantil as crianças gostam de
ouvir com atenção sua narrativa. livros coloridos, com variadas formas e com
Durante a leitura responda perguntas que figuras para serem observadas. No ambiente
possam aparecer, com o cuidado de não se escolar, cabe aos educadores, ajudar a criança
estender (professor ou crianças) e na descoberta do quão interessantes a leitura
dispersarem-se da leitura, faça perguntas como pode ser. Segundo Sandroni e Machado (1991,
“o que será que vai acontecer agora?” ou p.16), “o amor pelos livros não é coisa que
“olhem só o que coisa bonita vai acontecer” apareça de repente”.
desta forma chamando a atenção e evitando
dispersões, não simplifique a história ou suas BNCC E A LEITURA
palavras.
Importante destacar aqui que a BNCC – Base
Após a leitura retomar o nome da história e
Nacional Curricular Comum, trata na etapa da
do autor, reler algum trecho que requeira
educação infantil, os Direitos de Aprendizagem
explicação, abrir espaço para que a turma fale
e Desenvolvimento, sendo eles Conviver,
sobre o personagem, a parte da história que
Brincar, Participar, Explorar, Expressar e
mais gostou, pergunte se gostariam de que em
Conhecer-se, todos presentes e beneficiados
outra oportunidade fosse lida outra história
com a leitura e com a Literatura Infantil.
desse autor, ou deste tema, e assim já ficará a
A Literatura Infantil pode ser vista como uma
espera pela próxima história.
porta de entrada para o universo
Encerrando esse momento de leitura,
maravilhoso da leitura. Para entendermos bem
promova uma manifestação para toda a turma,
a importância dessa literatura na formação do
ser humano, faz-se fundamental olhar para a
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A leitura e a Literatura Infantil são de grande importância na formação de um bom leitor,
que mais que decodificar tenha a competência de interpretar o que lê. A apresentação do mundo
letrado deve acontecer na vida da criança desde bem pequena, tendo a família e da escola como
principais protagonistas nessa missão.
Na escola a qualidade do texto oferecido e a boa formação do professor são essenciais.
Especialmente na educação infantil o uso de técnicas e portadores de texto variados são
fundamentais para despertar o interesse e o prazer para a leitura, sendo o professor o mediador
deste processo.
A Literatura Infantil permite a criança imergir num mundo de fantasias, onde ela pode ser
o príncipe, o sapo, a heroína, a bruxa, a mãe, o cachorro, ou o que mais imaginar, e assim vai
desenvolvendo sua imaginação, vivenciando diferentes sensações e emoções.
São muitos os ganhos da criança que tem contato com a Literatura Infantil, como atenção,
memória, concentração, ampliação do vocabulário, criatividade, compreensão de si e do mundo.
Segundo Freire (1996), “a leitura de mundo precede a leitura da palavra”, afirmação que
permite-nos perceber que a criança desde muito pequena inicia seu processo de letramento, de
relações interpessoais e sociais, que são experiências fundamentais para seu desenvolvimento
integral e saudável.
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REFERÊNCIAS
ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil: gostosuras e bobices. São Paulo: Scipione, 1997.
BAMBERGER, R. Como incentivar o hábito de leitura. 6. ed. São Paulo: Ática, 1995.
BENJAMIN, Walter, (2002). Reflexões sobre a criança, o brinquedo e a educação. São Paulo:
Editora 34.
FONSECA, Edi. Interações: com olhos de ler, apontamentos sobre a leitura para a prática
do professor da educação infantil. São Paulo: Blucher, 2012. – (Coleção InterAções).
FRANTZ, Maria Helena Zancan, (2001). O ensino da literatura nas séries iniciais. - 3ª Ed. Ijuí
– RS: Ed. UNIJUI.
FREIRE, Paulo. Professora sim, tia não cartas a quem ousa ensinar.8.ed. São Paulo: OLHO
dágua 1997 8-edição
MEIRELES, Cecília, (1984). Problemas da literatura infantil – 3ª ed. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira. (MEIRELES, 1984, p. 32)
SANDRONI, Laura, Machado, Luiz. A criança e o livro. São Paulo: Editora Ática, 1991.
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A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA NO
DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DA CRIANÇA
Patrícia Maria dos Santos1
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O modo que as crianças percebem, contato com as canções pode contribuir para
aprendem e se relacionam com os sons, no diminuir a agressividade e auxiliar nos
tempo-espaço revelam o modo como processos de desenvolvimento da fala.
percebem, aprendem e se relacionam com o
mundo que vem explorando e descobrindo a A MUSICALIZAÇÃO NA
cada dia (BRITO 2003, p.41).
Sendo assim, a maneira que a música é EDUCAÇÃO INFANTIL
trabalhada é de extrema importância, A música da Educação Infantil é uma
principalmente quando se fala de educação linguagem fundamental para a formação
infantil, porque nessa etapa a vida do sujeito é criança, porém, na maioria das vezes, ela não
que se constrói sua identidade. Não se deve tem sido trabalhada de forma produtiva,
tornar o trabalho com a música algo que focando como nos mostra o Referencial
privilegie somente a técnica ou só o trabalho Curricular Nacional da Educação Infantil
pedagógico, pois o professor deve respeitar as (BRASIL, 1998, p.47).
limitações dos alunos que não apresentam a formação de hábitos, atitudes e
muita habilidade musical, como deve também, comportamentos como: lavar as mãos antes do
incentivar os que se interessam pela lanche, escovar os dentes, etc.”. Em muitos
linguagem. Centros de Educação Infantil, está voltada para
O termo musicalização, muitas vezes, é a realização de comemorações relativas ao
usado do ponto de vista do senso comum é o calendário de eventos do ano letivo (BRASIL,
que mostra Loureiro: 1998, p.47).
Ele muitas vezes aparece relacionado às Não podemos dizer que não deva ser feito
fases iniciais da educação musical voltada para esse trabalho dentro da Educação Infantil, o
criança, envolvendo atividades musicais que não podemos na verdade é reduzir o
lúdicas”, porém devemos levar em trabalho da musicalização a esses segmentos,
consideração que a música é um construto pois seu caráter é muito abrangente.
social, sendo assim, esse processo não Ouvir música, aprender uma canção, brincar
acontece somente na escola, pois o indivíduo de roda, realizar brinquedos rítmicos, jogos de
está inserido em um contexto social e cultural mão, etc., são atividades que despertam,
que influenciará em sua sensibilidade e estimulam e desenvolvem o gosto pela
aprendizagem musical (LOUREIRO ,1999, p.22). atividade musical, além de atenderem a
A musicalização pode colaborar com o necessidades da expressão que passam pela
desenvolvimento da criança no processo de esfera afetiva, estética e cognitiva (BRASIL,
ensino aprendizagem, porque pode ajudá-la a 1998, p. 48).
se expressar melhor, contribui para minimizar A criança da Educação Infantil necessita de
suas dificuldades físicas, cognitivas, até mesmo atividades que promovem os
promover uma melhor socialização. Busca desenvolvimentos motores, cognitivos e a
tornar o indivíduo sensível aos fenômenos socialização, que trabalhe a diversidade e a
musicais. Pesquisas têm demonstrado que o musicalização se bem trabalhada pode
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englobar todos esses aspectos, porém esse sofre tornam-se visíveis em suas experiências
trabalho para que ocorra com mais êxito deve criativas e rítmicas”. (WEIGEL, 1988, p.12).
ocorrer juntamente com as outras áreas do A música auxilia tanto o desenvolvimento do
conhecimento. aluno, quanto a percepção do professor diante
E na pré-escola, toda situação que desafie a dos seus alunos, podendo ajudá-lo, a observar
curiosidade, a imaginação e a iniciativa própria a evolução, ou retrocesso, diante das
da criança torna-se adequada à aplicação do experiências com a música, e também diante a
jogo como metodologia (WEIGEL, 1988, p.18). sua expressão, sociabilidade, entre outros
As atividades musicais dentro da Educação objetivos que o professor almeja alcançar por
Infantil devem acontecer de forma lúdica, de meio da musicalização, sendo que na Educação
maneira que a criança brincando, possa ao Infantil, é um instrumento fundamental, e
mesmo tempo, estar aprendendo e exige um preparo profissional, de recursos,
estimulando os sentidos e se tornando sensível para que possa alcançar os objetivos.
musicalmente.
Quando se trata de crianças muito pequenas COMO TRABALHAR A
há uma grande dificuldade a princípio de um
diálogo entre professor e aluno, e a música MUSICALIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO
pode acabar abrindo um espaço para a INFANTIL
compreensão do outro. O trabalho com a música é algo que na
Na Educação Infantil começa o processo de maioria das vezes é executado pelas crianças
construção de identidade, a criança passa a com muito prazer, pois desde muito novas
conhecer seu corpo, percebe que não é igual ao estão intrinsecamente ligadas com a música.
outro, e nessa situação, pode ser trabalhado a Mais ou menos aos 3 e 4 anos a criança
questão da diversidade. “As atividades musicais reproduz várias melodias pequenas e simples,
coletivas favorecem a autoestima, bem como a reconhecendo facilmente algumas delas. Os
socialização infantil, pelo ambiente de instrumentos rítmicos a interessam. O controle
compreensão, participação e cooperação que da voz torna-se cada vez mais perfeito e a
podem proporcionar”. (WEIGEL, 1988, p.15). linguagem vai se completando. Nessa idade a
A socialização e a coletividade são aspectos criança aprende a dramatizar as canções.
de extrema importância a serem trabalhados Participa com agrado dos jogos cantados e
na Educação Infantil, pois nessa etapa a maioria memoriza numerosos cânticos (WEIGEL, 1988,
das crianças ainda é egocêntrica, tem p.11).
dificuldade de aceitar o diferente, e as A música está muito ligada às brincadeiras e
atividades coletivas podem trazer ótimos jogos, nessa etapa podem acontecer por meio
resultados na formação desse sujeito. das brincadeiras populares, das canções que
[...] ao mesmo tempo, a educação musical cantamos para as crianças, por isso devem-se
pode representar um meio de o educador trabalhar de maneira a despertar nas mesmas,
compreender a criança, pois as mudanças que a sensibilidade, que é essencial nessa etapa da
vida do sujeito.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A música trabalhada nas salas de aula ajuda a aprendizagem e o desenvolvimento do aluno,
tornando-o mais sensível para encarar situações escolares e a sociedade. A educação deve ser
vista como um processo que está sempre evoluindo, mas que precisa de diversas formas de
estudo para seu aperfeiçoamento, pois sempre existirá diversidade, diferenças individuais que
necessitam de um tratamento diferenciado. Assim, devem-se criar atividades que contribuam no
desenvolvimento da inteligência e do pensamento crítico do educando, como por exemplo,
atividades que envolvam música, pois a música transforma a aula em mais do que um simples
aprendizado e sim em algo prazeroso para o aluno.
A música contribui muito no processo de ensino-aprendizagem, onde transformações
acontecem de maneira natural e descontraída. A utilização da música na escola desenvolve
habilidades como, coordenação motora, concentração, memorização, amplia a criatividade e a
relação entre o homem e o mundo.
Quando o professor entender a importância do lúdico no desenvolvimento da criança irá
perceber que a música pode contribuir para que a aprendizagem seja intensa e tenha resultados
muito gratificantes, e que música deve ser usada em sala de aula.
Musicalização na escola não está focada na formação de músicos, mas no despertar na
criança o interesse em entender e compreender as características da música e assim o professor
irá perceber que habilidades cognitivas e a aprendizagem irão ter um grande estímulo com o
lúdico em todas as atividades.
A escola como mediadora do conhecimento tem como maior objetivo formar cidadãos
críticos e transformadores, prontos para lidarem com situações vividas no seu cotidiano. Assim a
música no ambiente escolar tem como base trabalhar com a criança os elementos musicais como
som e silêncio, ritmo, harmonia e melodia.
É de suma importância que todos envolvidos em alguma função educacional na escola
tenham contato com a música e os elementos da musicalização, a fim de utilizá-los no dia a dia,
uma vez que a criança se encontra na fase de desenvolvimento e tomará para si o exemplo de
atitude do adulto.
Quando trabalhamos musicalização com a criança ela amplia sua percepção e socialização
desenvolvendo assim sua capacidade de concentração e raciocínio, fator muito importante em
todas as fases de sua vida.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental.
Referencial curricular nacional para a educação infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998.
BRÉSCIA, Vera Lúcia Pessagno. Educação musical: bases psicológicas e ação preventiva.
São Paulo: Átomo, 2003.
BRITO, Teca Alencar. Música na educação infantil: propostas para a formação integral da
criança. São Paulo: Petrópolis, 2003.
LOUREIRO, Alícia Maria Almeida. O ensino de música na escola fundamental. Campinas, SP:
Papirus, 2003 (Coleção Papirus Educação).
WEIGEL, Anna Maria Gonçalves. Brincando de música. Porto Alegre: Kuarup, 1988.
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RESUMO: Em inúmeras ocasiões, há uma série de benefícios que a arte atribui às pessoas em seus
diferentes aspectos, como a importância da educação artística para o correto desenvolvimento
da criatividade e imaginação das crianças. A arteterapia é um tipo de terapia artística, cujo
objetivo principal é usar a arte como método terapêutico para tratar distúrbios psicológicos,
medos, traumas ou bloqueios. Embora não seja usado apenas para isso, uma vez que a
arteterapia também é benéfica para o desenvolvimento ou autoconhecimento e, acima de tudo,
para estimular a expressão de emoções, ou que se torna um tipo de terapia ideal para qualquer
pessoa. Para se beneficiar de dos aspectos positivos da arteterapia, não é necessário ser uma
pessoa com talento em todos esses aspectos, que queira poder participar, pois o objetivo
principal desse tipo de terapia é buscar ou aprimorar qualidade de vida e bem-estar como pessoa.
1Professora
na Prefeitura Municipal de São Paulo.
Graduação: Licenciatura em Pedagogia.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
É importante que os professores conheçam nossos alunos, suas características, interesses,
motivações e capacidades, para poder abordá-los e assim poder ajudá-los, orientá-los e educá-
los, levando em conta seu ambiente e realidade.
Desde a infância, a arte faz parte de nossas vidas e está presente em todos os estágios de
crescimento e desenvolvimento, usando-o como forma de expressar a criatividade, sentimentos,
emoções e humores.
Com a arte, as crianças conseguem se desenvolver de forma mais específica e precisa as
diferentes capacidades criativas e inovadoras e adquirir um dos objetos e fenômenos que
ocorrem ao seu redor.
Por isso, acreditamos que neste processo educativo a arte deve ter um papel importante.
significativo, por permitir a expressão espontânea de sentimentos e emoções, bem como suas
opiniões, oferecendo a possibilidade de reproduzir e reconstruir suas experiências, o que
contribui ao mesmo tempo para o seu desenvolvimento pessoal e emocional.
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REFERÊNCIAS
ANDRADE, Liomar Quinto. Terapias Expressivas. São Paulo: Vetor, 2000.
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enfrentados, já que a educação inclusiva não consiste apenas em colocar o aluno com
necessidades especiais dentro da sala de aula, mas sim em atender de fato essas necessidades,
permitindo que a aprendizagem ocorra mediante as possibilidades, habilidades e potencialidades
de cada um.
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Nesta época, podemos dizer que houve uma oportunidades de escolarização para as classes
expansão de instituições privadas de caráter mais populares e a implantação de classes
filantrópico sem fins lucrativos, isentando especiais para deficiência mental leve nas
assim o governo da obrigatoriedade de escolas regulares públicas.
oferecer atendimento aos deficientes na rede Ao longo da década de 60, ocorreu a maior
pública de ensino. Foi a partir dos anos 50, mais expansão no número de escolas de ensino
especificamente no ano de 1957, que o especial já vista no país. Em 1969, havia mais de
atendimento educacional aos indivíduos que 800 estabelecimentos de ensino especial para
apresentavam deficiência foi assumido deficientes mentais, cerca de quatro vezes mais
explicitamente pelo governo federal, em do que a quantidade existente no ano de 1960.
âmbito nacional, com a criação de campanhas Enquanto que, na década de 70, observamos
voltadas especificamente para este fim. nos países desenvolvidos, amplas discussões e
A primeira campanha foi feita em 1957, questionamentos sobre a integração dos
voltada para os deficientes auditivos – deficientes mentais na sociedade, no Brasil
“Campanha para a Educação do Surdo acontece neste momento a institucionalização
Brasileiro”. Esta campanha tinha por objetivo da Educação Especial em termos de
promover medidas necessárias para a planejamento de políticas públicas com a
educação e assistência dos surdos, em todo o criação do Centro Nacional de Educação
Brasil. Em seguida é criada a “ Campanha Especial (CENESP), em 1973.
Nacional da Educação e Reabilitação do A prática da integração social no cenário
Deficiente da Visão”, em 1958. mundial teve seu maior impulso a partir dos
Em 1960 foi criada a “Campanha Nacional de anos 80, reflexo dos movimentos de luta pelos
Educação e Reabilitação de Deficientes direitos dos deficientes. No Brasil, essa década
Mentais” (CADEME). A CADEME tinha por representou também um tempo marcado por
finalidade promover em todo território muitas lutas sociais empreendidas pela
Nacional, a “ educação, treinamento, população marginalizada. As mudanças sociais,
reabilitação e assistência educacional das ainda que mais nas intenções do que nas ações,
crianças retardadas e outros deficientes foram se manifestando em diversos setores e
mentais de qualquer idade ou sexo” contextos e, sem dúvida alguma, o
(MAZZOTTA, 1996, p. 52). envolvimento legal nestas mudanças foi de
Nesse período, junto com as discussões mais fundamental importância.
amplas sobre reforma universitária e educação Nesse sentido, a Constituição Federal de
popular, o estado aumenta o número de 1988, em seu artigo 208, estabelece a
classes especiais, principalmente para integração escolar enquanto preceito
deficientes mentais, nas escolas públicas. Sobre constitucional, preconizando o atendimento
isso, Jannuzzi (1992, p. 36), esclarece que na aos indivíduos que apresentam deficiência,
educação especial para indivíduos que preferencialmente na rede regular de ensino.
apresentam deficiência mental há uma relação Podemos dizer que ficou assegurado pela
diretamente proporcional entre o aumento de Constituição Brasileira (1988) o direito de todos
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escolar, pois o governo não tem conseguido Portanto, para que as diferenças sejam
garantir a democratização do ensino, respeitadas e se aprenda a viver na diversidade,
permitindo o acesso, a permanência e o é necessário uma nova concepção de escola, de
sucesso de todos os alunos do ensino especial aluno, de ensinar e de aprender. A efetivação
na escola. de uma prática educacional inclusiva não será
Porém, não podemos negar que a luta pela garantida por meio de leis, decretos ou
integração social do indivíduo que apresenta portarias que obriguem as escolas regulares a
deficiência foi realmente um avanço social aceitarem os alunos com necessidades
muito importante, pois teve o mérito de inserir especiais, ou seja, apenas a presença física do
esse indivíduo na sociedade de forma aluno deficiente mental na classe regular não é
sistemática, se comparado aos tempos de garantia de inclusão, mas sim que a escola
segregação. esteja preparada para dar conta de trabalhar
Ao revisitarmos a história da Educação com os alunos que chegam até ela,
Especial até a década de 90, podemos perceber independentemente de suas diferenças ou
conquistas em relação à educação dos características individuais.
indivíduos que apresentam deficiência mental. A educação é responsável pela socialização,
Não é pouco avanço ir de uma quase completa que é a possibilidade de uma pessoa conviver
inexistência de atendimento de qualquer tipo à com qualidade na sociedade, tendo, portanto,
proposição e efetivação de políticas de um caráter cultural acentuado, viabilizando a
integração social. Podemos falar, também, de integração do indivíduo com o meio.
avanços e muitos retrocessos, de conquistas Tem-se a Declaração de Salamanca (1994,
questionáveis e de preconceitos p.4), como marco e início da caminhada para a
cientificamente legitimados. Educação Inclusiva. A inclusão é um processo
Em meados da década de 90, no Brasil, educacional por meio do qual todos os alunos,
começaram as discussões em torno do novo incluído, com deficiência, devem ser educados
modelo de atendimento escolar denominado juntos, com o apoio necessário, na idade
inclusão escolar. Esse novo paradigma surge adequada e em escola de ensino regular.
como uma reação contrária ao processo de Enquanto educadores, nosso papel frente à
integração, e sua efetivação prática tem gerado inclusão, reside em acreditar nas possibilidades
muitas controvérsias e discussões. de avanços acadêmicos dos alunos
Reconhecemos que trabalhar com classes denominados normais, terão de se tornar mais
heterogêneas que acolhem todas as diferenças solidários, acolhedores diante das diferenças e,
traz inúmeros benefícios ao desenvolvimento crer que a escola terá que se renovar, pois a
das crianças deficientes e também as não nova política educacional é construída segundo
deficientes, na medida em que estas têm a o princípio da igualdade de todos perante a lei
oportunidade de vivenciar a importância do que abrange as pessoas de todas as classes
valor da troca e da cooperação nas interações sociais.
humanas. O aluno com deficiência, na convivência com
seus pares da mesma idade, estimula seu
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Podemos, pois, afirmar que a história da especialista James Gallagher, que veio ao Brasil
educação de pessoas com deficiência no Brasil a convite desse Grupo, foi apresentada a
está dividida entre três grandes períodos: primeira proposta de estruturação da educação
de 1854 a 1956 - marcado por iniciativas de especial brasileira, tendo sido criado um órgão
caráter privado; central para geri-la, sediado no próprio
de 1957 a 1993 – definido por ações oficiais Ministério e denominado Centro Nacional de
de âmbito nacional; Educação Especial - CENESP. Esse Centro, hoje,
de 1993.... – caracterizado pelos é a Secretaria de Educação Especial - SEESP,
movimentos em favor da inclusão escolar. que manteve basicamente as mesmas
No primeiro período enfatizou-se o competências e estrutura organizacional de seu
atendimento clínico especializado, mas antecessor, no MEC.
incluindo a educação escolar e nesse tempo A condução das políticas brasileiras de
foram fundadas as instituições mais educação especial estiveram por muito tempo
tradicionais de assistência às pessoas com nas mesmas mãos, ou seja, foram mantidas por
deficiências mental, físicas e sensoriais que um grupo que se envolveu a fundo com essa
seguiram o exemplo e o pioneirismo do tarefa. Essas pessoas, entre outras, estavam
Instituto dos Meninos Cegos, fundado na ligadas a movimentos particulares e
cidade do Rio de Janeiro, em fins de 1854. beneficentes de assistência aos deficientes que
Entre a fundação desse Instituto e os dias de até hoje têm muito poder sobre a orientação
hoje, a história da educação especial no Brasil das grandes linhas da educação especial. Na
foi se estruturando, seguindo quase sempre época do regime militar eram generais e
modelos que primam pelo assistencialismo, coronéis que lideravam as instituições
pela visão segregativa e por uma segmentação especializadas de maior porte e, atualmente,
das deficiências, fato que contribui ainda mais alguns deles se elegeram deputados, após
para que a formação escolar e a vida social das assumirem a coordenação geral de associações
crianças e jovens com deficiência aconteçam e continuam pressionando a opinião pública e
em um mundo à parte. o próprio governo na direção de suas
A educação especial foi assumida pelo poder conveniências.
público em 1957 com a criação das Só muito recentemente, a partir da última
"Campanhas", que eram destinadas década de 80 e início dos anos 90 as pessoas
especificamente para atender a cada uma das com deficiência, elas mesmas, têm se
deficiências. Nesse mesmo ano, instituiu-se a organizado , participando de Comissões, de
Campanha para a Educação do Surdo Brasileiro Coordenações, Fóruns e movimentos, visando
– CESB, seguida da instalação do Instituto assegurar, de alguma forma os direitos que
Nacional de Educação de Surdos – INES, que até conquistaram de serem reconhecidos e
agora existe, no Rio de Janeiro/RJ. respeitados em suas necessidades básicas de
Em 1972 foi constituído pelo Ministério convívio com as demais pessoas.
de Educação e Cultura – MEC o Grupo-Tarefa A mudança da nomenclatura – "alunos
de Educação Especial e juntamente com o excepcionais", para "alunos com necessidades
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que “os pais ou responsáveis têm a obrigação cursos e exames” (art. 37). Em seu trecho mais
de matricular seus filhos ou pupilos na rede controverso (art. 58 e seguintes), diz que “o
regular de ensino”. atendimento educacional especializado será
1990 – Declaração Mundial de Educação feito em classes, escolas ou serviços
para Todos: Documentos internacionais especializados, sempre que, em função das
passam a influenciar a formulação das políticas condições específicas dos alunos, não for
públicas da educação inclusiva. possível a sua integração nas classes comuns do
1994 – Declaração de Salamanca: Dispõe ensino regular”.
sobre princípios, políticas e práticas na área das 1999 – Decreto nº 3.298 que regulamenta a
necessidades educacionais especiais. Lei nº 7.853/89: Dispõe sobre a Política
1994 – Política Nacional de Educação Nacional para a Integração da Pessoa
Especial: Em movimento contrário ao da Portadora de Deficiência, define a educação
inclusão, demarca retrocesso das políticas especial como uma modalidade transversal a
pública ao orientar o processo de “integração todos os níveis e modalidades de ensino,
instrucional” que condiciona o acesso às classes enfatizando a atuação complementar da
comuns do ensino regular àqueles que “(…) educação especial ao ensino regular.
possuem condições de acompanhar e 2001 – Diretrizes Nacionais para a Educação
desenvolver as atividades curriculares Especial na Educação Básica (Resolução
programadas do ensino comum, no mesmo CNE/CEB nº 2/2001)
ritmo que os alunos ditos normais”. Determinam que os sistemas de ensino
1996 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação devem matricular todos os alunos, cabendo às
Nacional – Lei nº 9.394/96: No artigo 59, escolas organizarem-se para o atendimento
preconiza que os sistemas de ensino devem aos educandos com necessidades educacionais
assegurar aos alunos currículo, métodos, especiais (art. 2º), o que contempla, portanto,
recursos e organização específicos para o atendimento educacional especializado
atender às suas necessidades; assegura a complementar ou suplementar à escolarização.
terminalidade específica àqueles que não Porém, ao admitir a possibilidade de substituir
atingiram o nível exigido para a conclusão do o ensino regular, acaba por não potencializar a
ensino fundamental em virtude de suas educação inclusiva prevista no seu artigo 2º.
deficiências e; a aceleração de estudos aos 2001 – Plano Nacional de Educação – PNE,
superdotados para conclusão do programa Lei nº 10.172/2001: Destaca que “o grande
escolar. Também define, dentre as normas para avanço que a década da educação deveria
a organização da educação básica, a produzir seria a construção de uma escola
“possibilidade de avanço nos cursos e nas inclusiva que garanta o atendimento à
séries mediante verificação do aprendizado” diversidade humana”.
(art. 24, inciso V) e “(…) oportunidades 2001 – Convenção da Guatemala (1999),
educacionais apropriadas, consideradas as promulgada no Brasil pelo Decreto nº
características do alunado, seus interesses, 3.956/2001: Afirma que as pessoas com
condições de vida e de trabalho, mediante deficiência têm os mesmos direitos humanos e
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política pública voltada à inclusão escolar, fins lucrativos conveniados com a Secretaria de
consolidando o movimento histórico brasileiro. Educação (art.5º).
2009 – Convenção sobre os Direitos das 2011 – Plano Nacional de Educação (PNE):
Pessoas com Deficiência: Aprovada pela ONU e Projeto de lei ainda em tramitação. A Meta 4
da qual o Brasil é signatário. Estabelece que os pretende “Universalizar, para a população de 4
Estados Parte devem assegurar um sistema de a 17 anos, o atendimento escolar aos
educação inclusiva em todos os níveis de estudantes com deficiência, transtornos
ensino. Determina que as pessoas com globais do desenvolvimento e altas habilidades
deficiência não sejam excluídas do sistema ou superdotação na rede regular de ensino.”.
educacional geral e que as crianças com Dentre as estratégias, está garantir repasses
deficiência não sejam excluídas do ensino duplos do Fundo de Manutenção e
fundamental gratuito e compulsório; e que elas Desenvolvimento da Educação Básica e de
tenham acesso ao ensino fundamental Valorização dos Profissionais da Educação
inclusivo, de qualidade e gratuito, em (FUNDEB) a estudantes incluídos; implantar
igualdade de condições com as demais pessoas mais salas de recursos multifuncionais;
na comunidade em que vivem (Art.24). fomentar a formação de professores de AEE;
2008 – Decreto nº 6.571: Dá diretrizes para ampliar a oferta do AEE; manter e aprofundar o
o estabelecimento do atendimento programa nacional de acessibilidade nas
educacional especializado no sistema regular escolas públicas; promover a articulação entre
de ensino (escolas públicas ou privadas). o ensino regular e o AEE; acompanhar e
2009 – Decreto nº 6.949: Promulga a monitorar o acesso à escola de quem recebe o
Convenção Internacional sobre os Direitos das benefício de prestação continuada.
Pessoas com Deficiência e seu Protocolo 2012 – Lei nº 12.764: Institui a Política
Facultativo, assinados em Nova York, em 30 de Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa
março de 2007. Esse decreto dá ao texto da com Transtorno do Espectro Autista; e altera o
Convenção caráter de norma constitucional § 3º do art. 98 da Lei nº 8.112, de 11 de
brasileira. dezembro de 1990.
2009 – Resolução No. 4 CNE/CEB: Institui - Resolução nº4 CNE/CEB
diretrizes operacionais para o atendimento - Resolução CNE/CP nº 1/02 – Diretrizes
educacional especializado na Educação Básica, Curriculares Nacionais para a Formação de
que deve ser oferecido no turno inverso da Professores
escolarização, prioritariamente nas salas de - Resolução CNE/CEB nº 2/01 – Normal 0 21
recursos multifuncionais da própria escola ou Institui Diretrizes Nacionais para a Educação
em outra escola de ensino regular. O AEE pode Especial na Educação Básica
ser realizado também em centros de - Resolução CNE/CP nº 2/02 – Institui a
atendimento educacional especializado duração e a carga horária de cursos
públicos e em instituições de caráter - Resolução nº 02/81 – Prazo de conclusão
comunitário, confessional ou filantrópico sem do curso de graduação
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Percebe-se que em lei, muitas conquistas foram alcançadas. Entretanto, precisamos
garantir que essas conquistas, expressas nas leis, realmente possam ser efetivadas na prática do
cotidiano escolar, pois o governo não tem conseguido garantir a democratização do ensino,
permitindo o acesso, a permanência e o sucesso de todos os alunos do ensino especial na escola.
Porém, não podemos negar que a luta pela integração social do indivíduo que apresenta
deficiência foi realmente um avanço social muito importante, pois teve o mérito de inserir esse
indivíduo na sociedade de forma sistemática, se comparado aos tempos de segregação.
Ao revisitarmos a história da Educação Especial até a década de 90, podemos perceber
conquistas em relação à educação dos indivíduos que apresentam deficiência mental. Não é
pouco avanço ir de uma quase completa inexistência de atendimento de qualquer tipo à
proposição e efetivação de políticas de integração social. Podemos falar, também, de avanços e
muitos retrocessos, de conquistas questionáveis e de preconceitos cientificamente legitimados.
Em meados da década de 90, no Brasil, começaram as discussões em torno do novo
modelo de atendimento escolar denominado inclusão escolar. Esse novo paradigma surge como
uma reação contrária ao processo de integração, e sua efetivação prática tem gerado muitas
controvérsias e discussões. Reconhecemos que trabalhar com classes heterogêneas que acolhem
todas as diferenças traz inúmeros benefícios ao desenvolvimento das crianças deficientes e
também as não deficientes, na medida em que estas têm a oportunidade de vivenciar a
importância do valor da troca e da cooperação nas interações humanas.
A prática da educação inclusiva merece cuidado especial, pois estamos falando do futuro
de pessoas com necessidades educacionais especiais. Antes mesmo de incluir, é importante
certificar-se dos objetivos dessa inclusão, para o aluno, quais os benefícios/avanços, ele poderá
ter, estando junto aos alunos da rede regular e produzir transformações. A educação especial
surgiu com muitas lutas, organizações e leis favoráveis aos deficientes e a educação inclusiva
começou a ganhar força a partir da Declaração de Salamanca (1994), a partir da aprovação da
constituição de 1988 e da LDB 1996.
Enquanto educadores, nosso papel frente à inclusão, reside em acreditar nas
possibilidades de avanços acadêmicos dos alunos denominados normais, terão de se tornar mais
solidários, acolhedores diante das diferenças e, crer que a escola terá que se renovar, pois a nova
política educacional é construída segundo o princípio da igualdade de todos perante a lei que
abrange as pessoas de todas as classes sociais.
A educação inclusiva é um processo em que se amplia a participação de todos os
estudantes nos estabelecimentos de ensino regular. Trata-se de uma reestruturação da cultura,
da prática e das políticas vivenciadas nas escolas de modo que estas respondam à diversidade de
alunos. É uma abordagem humanística, democrática, que percebe o sujeito e suas singularidades,
tendo como objetivos o crescimento, a satisfação pessoal e a inserção social de todos. Uma escola
é inclusiva quando todos da equipe escolar – diretores, professores, secretaria, serviços gerais –
participam ativamente desse projeto.
Cada vez mais é preciso que a escola oriente seus alunos preparando-os para a reflexão
crítica sobre o papel dos meios de comunicação de massa, a fim de que possam, gradualmente,
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escolher com critério qualitativo os produtos culturais. Esses são alguns dos aspectos que têm
caracterizado numerosas situações socioculturais em que tais pessoas são envolvidas.
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REFERÊNCIAS
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BRASIL. Decreto no. 5.296, de 2 de dezembro de 2004. Regulamenta as Leis nos 10.148, de 8
de novembro de 2000, que dá prioridade de atendimento às pessoas que especifica, e 10.098,
de 19 de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção
da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras
providências. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 3 dez. 2004.
BRASIL. Lei nº 4.024/61, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília: Diário
Oficial, 21 de dezembro de 1961.
BRASIL. Lei nº 5.692/71, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília: Diário
Oficial, 12 de agosto de 1971.
BRASIL. Parecer n.º 17, Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação
Básica. Brasília: Conselho Nacional de Educação, 2001.
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CHAUÍ, M. et al. Política cultural. 2. ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1985.
GLAT, R.; BLANCO, L. M. V. Educação especial no contexto de uma educação inclusiva. In:
GLAT, R. (Org.). Educação inclusiva: cultura e cotidiano escolar. Rio de Janeiro: Ed. 7 Letras,
2007. p. 5-35.
JANNUZZI, G. A luta pela educação do deficiente mental no Brasil. 2ª ed. Campinas: Autores
Associados, 1992.
MAZZOTA, M. J. S. Educação Especial no Brasil. História e Políticas Públicas. São Paulo; Ed.:
Cortez, 1996.
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RESUMO: Desde 1996, as políticas públicas veem buscando, contemplar e favorecer o processo
de inclusão de pessoas deficientes, em programas criados para contemplar pessoas ditas
“normais”, observa-se porém que, estas inclusões apresentam falhas, já que não valoriza
diretamente as singularidades de cada participante aluno deficiente ou não, no processo
educacional, não respeitando suas singularidades, existe um problema com o suporte
educacional devido à falta de informação, instrução e preparo para que os responsáveis pela
integração do deficiente consigam realizar um trabalho eficiente para realmente contribuir com
o desenvolvimento completo destes indivíduos. Ao término do artigo conclui-se que muitos
educadores não estão qualificados nem preparados para receber uma criança com deficiência
dentro da sala de aula, e por isso se perdem na proposta, e acabam por excluí-la, deixando-a de
lado por medo, pena ou desconhecer sua reação e seu comportamento, sendo preciso então
constantemente refletir sobre a questão.
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como templos do saber, sendo este, um espaço constituiu várias discussões no Brasil em favor
privilegiado. dos direitos sociais, garantidos pela
Cronologicamente, as educações gerais, Constituinte, enfatizando as reivindicações
bem como a educação especial, conviveram populares, e as demandas dos grupos ou
com mudanças importantes que fizeram categorias até então excluídos dos espaços
grande diferença para o processo educacional sociais, ampliando a luta pela qualidade da
que vivemos hoje. educação das pessoas com necessidades
Nem todos os alunos com deficiência, especiais (Referencial sobre a avaliação da
cabiam nas turmas tradicionais, pois estes aprendizagem de alunos com necessidades
possuíam especificidades únicas e a forma de especiais).
conhecimento, os professores continuavam Com o surgimento deste novo modelo de
presos aos programas, horários, currículos que escola, passou-se a questionar a visão política
não ofereciam motivação nenhuma e as observando que a escola poderia ser um
bibliografias eram a mesma oferecida por espaço de abordagem política e de possível
séculos, o que segundo Mantoan (1998),não construção da cidadania como prática de
permitia a escola mudar como um todo, libertação (FREIRE, 1987).
levando os alunos a mudar para se adaptar. De acordo com Mantoan (1998), a inclusão
Tudo por exigência do sistema antiquado aos da forma que é realizada, torna-se
quais os educandos foram inseridos, abriu-se incompatível com a integração do indivíduo
os portões das escolas, mas não a prepararam portador de necessidades especiais, o que
para recebê-los. inclui o Síndrome de Down, pois se prevê que
Com a Revolução industrial, a Tecnologia e o estes alunos, devam ser inclusos de maneira
Desenvolvimento, um novo aluno se criou, radical, sem exceção, devendo frequentar a s
levando a escola a modificar seu papel de escolas regalares, mesmo que estas não
moldar o indivíduo de forma que este estejam preparadas para recebê-los, o que
adquirisse a forma de apresentar-se nos pode ser considerado um erro uma vez que
modelos sociais oferecidos. A democracia busca-se oferecer uma educação de qualidade
construída pela abertura das escolas, foi para todos.
confundida com declínio do processo da Segundo Godoy, a norma Oficial Federal
educação levando a falência a qual esta se utilizadas também no Estado de São Paulo,
encontra (FREIRE e SHOR,1987) obedece às recomendações internacionais, ao
Neste mesmo período a Educação Especial, incluir no sistema de ensino comum a pessoa
contribuiu para o inchaço da escola pública, portadora de deficiência e ressalta a
necessitando deslocar profissionais e recursos necessidade de apoio especializado e
modificando os métodos e técnicas para professores qualificados para trabalhar com
garantir aos alunos de necessidades especiais estes alunos, tal informação consta também de
vagas nas escolas regulares ( MANTOAN, 1998). emenda Constitucional, art.208.
Durante muito tempo, esta se revelou um Neste período, as portas foram abertas para
sistema de Ensino a parte, em meados de 1980, a educação inclusiva, esta, é marcada pelo
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A forma com que a escola é administrada conseguem chegar ao final do curso a que se
também não combina com os atuais objetivos propõe, pois, os mesmos são criados para um
escolares, ela está mais ligada a tipo de indivíduo e são oferecidos a outro, o
administradores ou contadores do que o que acaba desenvolvendo uma espécie de
educador, pois, há um modelo a ser seguido carência psíquica dos alunos que muitas vezes
por todas elas, como se alunos e professores possuem várias outras necessidades, não
fossem sempre os mesmos e se suas reconhecendo o porquê de ali se encontrarem.
necessidades fossem as mesmas, bem como Porém, abriu-se o leque de oportunidades
sua localização e região, criando um desgaste para se completar o ensino superior, mas não
enorme para quem trabalha e estuda nesta se modificou o programa para que estes
realidade já que nenhuma comunidade é igual profissionais fossem preparados para lidarem
à outra, e as necessidades são diferenciadas. com a clientela que iriam receber, não os
Mas apesar disto, a concepção de educação preparando para a atual realidade, da mesma
é construída a mercê de tais informações, que forma que ocorreu com a escola.
também diz respeito à manutenção dos Os cursos superiores, não conseguiram ainda
prédios, materiais, recursos e a política de perceber que o espaço escolar transformou-se
utilização da escola como espaço da escola em um espaço político, para criar cidadãos, e
como espaço da comunidade (MINISTÉRIO DA que o copiar respostas em silêncio, sem
EDUCAÇÃO, 1999). perspectivas, fingindo que aprendem e o
As classes que são formadas também não professor fingindo que ensina não podem mais
são iguais, possuem desenvolvimento existir, pois muitos dos que vieram, às vezes
diferenciado, no entanto, o sistema exige e não poderiam copiar e responder, mas
oferece aos professores um bloco fechado de poderiam dissertar sobre o assunto, como
informações onde se sequência as séries não os muitos não poderiam dissertar mas poderiam
estágios de conhecimento, excluindo estes escrever, não valorizando as diversidades
alunos, levando-os a sentirem-se culturais, étnicas e sociais da clientela a ser
marginalizados (MANTOAN,1998). acolhida.
Neste caso observamos o total despreparo Para que o professor não sofra em sala de
deste profissional que enxerga o aluno como aula, é preciso que as Universidades os prepare
incapaz, por não conseguir jogar futebol, mas para a realidade que vão encontrar, levando-os
ele ainda possui cabeça, membros superiores a compreender o limite de seu poder e
que poderiam ser aproveitados e percebendo que lecionar hoje apesar da
desenvolvidos em suas aulas. Não há a visão do formação recebida e continuar sendo
especial como um todo, costuma-se observá-lo ministrada da mesma maneira que a qualquer
como a deficiência em si, renegando suas outro profissional, ser Professor é mais que
outras potencialidades. profissão é vocação e que muito da perícia de
Indiretamente o processo educacional transmitir o conhecimento está na prática do
continua elitizado, mas de forma velada, e por que se faz e de como se faz (MANTOAN,1997).
este motivo nem todos os ditos especiais,
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Os coordenadores dos cursos precisam colocando-nos em uma grande cilada que por
perceber que o indivíduo que busca o vezes transformam os educadores em grandes
conhecimento nas escolas superiores, busca réus do processo por não saberem o que fazer
também refletir sobre o papel do com estes indivíduos.
professor/educador de forma ampla, A família também desestruturada deixa de
tornando-se consciente de que o oferecer ensinamento e limites aos seus
conhecimento está exposto, mas que precisa infantes especiais para que estes aprendam a
ser aperfeiçoado. E que os meios para que isto viver em sociedade, esperando que a escola o
possa ocorrer de forma satisfatória, sem os faça a maioria delas, busca a inclusão, mas
programas padronizados, imponentes e bem quando percebem a exclusão a qual é imposta
apresentados, mas escritos de forma a aos alunos de forma cruel costumam nem os
contemplar a clientela que se tem nas mãos levar às aulas, por considerá-las chatas,
(RCNEI,2007) cansativas e desrespeitosas, sem a qualidade
É necessário também perceber que quando intelectual necessária.
expomos nossos alunos deficientes a tais aulas Esta falta de maturidade para identificar a
tradicionais, criamos uma pequena guerra de importância da escola na vida do indivíduo dito
nervos onde se trava uma pequena luta onde o especial, prejudica muito a construção de uma
professor tenta chegar ao mundo do aluno, e o sociedade digna, com a falência da instituição
aluno apresenta-se alheio o tempo todo, este Família, e com o despreparo das entidades
processo cria um desgaste profissional enorme, educacionais, os educandos encontram-se
pois o autoritarismo imposto, e a rigidez desprovidos de fatores educacionais
apresentada, não são sinônimos de importantes, criando com isto um rol de
Democracia, mas, é uma falha muitas vezes pessoas desprovidas de sentidos básicos de
assimilada durante a preparação profissional cooperação, responsabilidade, solidariedade,
(SAWAIA,2001). respeito, reciprocidade, etc.
Os alunos deficientes colocam hoje a prova à Maria Montessori (1870/1956), médica
função do professor, e buscam ensinar-lhes as italiana que aprimorou os processos de
suas características, o que acaba causando uma inteligência, oferecendo educação moral em
indisposição profissional que assola nossas detrimento da cura pedagógica. A grande
escolas, porque estes se tornam reféns de inovação oferecida por ela foi a de ajustar o
nossa própria sociedade que prefere em suas método pedagógico à individualidade
leis dizer que protegem as crianças. motivacional do deficiente, com técnicas de
Como exemplo temos o Estatuto da Criança uma educação especial não somente com o
e Adolescente (ECA) em seu Art. 54, item III objetivo de corrigir o repertório (PASSOTI,
prevê o atendimento educacional 1984).
especializado as pessoas portadoras de Nestas associações buscava-se ampliar a
deficiência, preferencialmente na rede regular busca por formas inclusivas de educação e
de ensino, porém não oferecem espaços reabilitação, como por exemplo em creches
adequados, ou qualificam estes profissionais integradas, e ensino itinerante, o que tentava
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O ato de realizar atividade como observar bem e segura, suprindo todas as suas
um móbile, cuidar de outra criança, separar necessidades básicas garantindo-lhes o sono, o
objetos, cantar, ouvir poesias, conversar sobre alimento, a acolhida, o suprimento suas
o desenvolvimento dos animais, são necessidades, físicas, biológicas e psicológicas,
habilidades produzidas pelo processo de suprindo estas necessidades, estamos
aprendizagem oferecido para as crianças ditas contribuindo para a formação da criança no
normais, o que se torna bem mais difícil para âmbito global, permitindo que modifique sua
crianças portadoras da Síndrome de Down, e maneira de agir, pensar e sentir transformando
necessidades especiais, porém não impossível. ambas ações a de cuidar e a de educar
Uma vez que por meio dos estímulos inseparáveis de toda ação educativa proposta
adequados, é possível contribuir para que as pelo professor.
crianças construam uma relação humana nas É observando o paradigma tradicional da
atividades socioculturais oferecidas de maneira escola, revendo seus currículos, percebendo
concretas permitindo que seus saberes que cada turma é uma turma, que cada escola
fundamentais e suas funções psicológicas é uma escola, que somos únicos, e que é
(afetivas, cognitivas, motoras, linguísticas) impossível transformar a escola em uma
sejam modificadas ao mesmo tempo, grande linha de produção onde as máquinas
desenvolvendo assim novos aprendizados criam peças exatamente idênticas, todos temos
durante as atividades oferecidas. habilidades diferentes, necessidades diferentes
Estas múltiplas experiências favorecem a e as pessoas que coordenam administram e
apropriação de códigos criados pelo homem idealizam as escolas deveriam pensar no todo,
dando sentido a todas as relações com o não da forma que pensam, individualizado o
mundo a natureza e a cultura, estando estas, processo (MANTOAN, 1998).
interligadas a outros mundos como a técnica, a Necessitamos também que os programas
ciência, a política e a arte, fazendo parte da apresentados por cursos superiores, nos
produção humana, relacionadas nelas mesmas. preparem para atender os alunos de hoje,
Aprender, portanto, para os deficientes, temos consciência de que este já está repleto
pode ser entendido como o processo de de conhecimento, e não está mais preso em
modificação e aperfeiçoamento do modo de livros fechados, estamos em um mundo onde
agir, sentir e pensar informações após, todos respiram informação, então, acredito e
construir a maturação orgânica de cada defendo que os cursos deveriam aperfeiçoar o
experiência. O aprendizado, portanto, é conhecimento teórico, criando meios de nos
favorecido devido à relação com diferentes ensinar a prática.
parceiros na relação das mais diferentes Oferecer ao professorado, cursos que sejam
tarefas, por imitação ou por transmissão social. de qualidade para que estes consigam rever
Neste caso, Educar num processo inclusivo seu conhecimento (MEC,1988), considerando
significativo nada mais é que atender a que estudos realizados mostram que o
necessidade física e psicológicas da criança deficiente tem as mesmas necessidades e
oferecendo-lhe condições para que ela se sinta passam pelo mesmo processo de
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local onde construímos todas as relações que relações que se estabelecem entre si. Esta
teremos fora da escola. mediação se dá quando o professor busca
Este é o início, mas não o fim de nossa integrar a criança com significações históricas,
caminhada e o aluno deficiente é o ator que contribuem para que a criança entenda o
principal deste filme chamado construção, que ocorre no mundo, desta forma, a atitude
merecendo ser muito bem tratado e que o professor toma diante do seu aluno, é
preservado nestes longos anos de estudo, pois que direcionará a qualidade e a eficiência do
todos, com sucesso ou não passarão pela trabalho realizado, garantindo ou não o
escola em alguma fase de suas vidas. desenvolvimento desta criança.
A cada minuto, busca-se criar uma sociedade O trabalho com as famílias, requer que os
humanitária, menos preconceituosa, menos educadores busquem entender suas
injusta, contribuindo para que crianças dificuldades, contribuindo para que se
deficientes sejam respeitadas por suas estabeleça a parceria favorecendo a
limitações sejam vistas como iguais, construção de um trabalho pedagógico
garantindo-lhes o acesso e permanência nas eficiente.
escolas, favo recendo-lhes a construção de sua Um ponto importante para que a instituição
aprendizagem e seu desenvolvimento. Porém, escola estabeleça esta parceria, ocorre na
as escolas, tem em para si um grande desafio adaptação das crianças novas na unidade, o
de promover as inteirações destes deficientes, que da aos pais a chance de transmitir ao
com outras crianças que ampliem o seu professor informações sobre as necessidades,
repertório cultural, favorecendo novas dificuldades e bagagem de conhecimento do
aprendizagens. aluno deficiente, contribuindo assim para que
O reconhecimento destas diferenças, o projeto pedagógico seja adaptado para incluir
aceitando-as como desafios a serem superados este novo aluno na unidade.
pela natureza humana, sem pré-conceitos, Outro fator é informar a criança a
favorecem o aparecimento e o reconhecimento programação que será trabalhada com a
das potencialidades humanas, sendo possível criança, mediando a aprendizagem realizada
permitir criar, descobrir e reinventar novas pela criança, ajudando a criança a formar
estratégias pedagógicas que incluam atividades hábitos de convivência que facilitem o seu dia-
que garantam a participação de todos os a-dia, sintonizando a escola e a família, para
alunos, respeitando as dificuldades e restrições que este aprendizado seja significativo.
de cada um deles, reconhecendo cada uma das Para tanto, é preciso que o professor
dificuldades reconstruindo a pratica desenvolva habilidades para que perceba estas
pedagógica conforme a dificuldade necessidades, aprendendo ao mesmo tempo
apresentada. lidar com a emoção e as dificuldades dos pais,
O professor é o parceiro mais importante e ainda reformular as suas próprias emoções e
para a construção da aprendizagem da criança valores, para facilitar a relação com as famílias
deficiente, sendo que este deve ser sensível as e com os alunos. Sendo que o grande
necessidades e desejos favorecendo as
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beneficiado com estas relações passa a ser a O nível de desenvolvimento real, passa ao
criança. nível de desenvolvimento potencial, uma vez
O projeto pedagógico é o que direciona o que a exploração e a comparação realizada
trabalho da unidade, sendo elaborado pelos entre o conhecimento adquirido e a
educadores com a participação dos pais e das experiência oferecida criem um novo
crianças, tomando como ponto inicial a conhecimento sendo que para ser considerado
concepção de criança, de aprendizagem e as adequado, deve-se buscar a mediação entre
metas que pretende-se alcançar após o ambos e esta deve ser oferecida pelo professor.
desenvolvimento dos educandos. De modo geral, o desenvolvimento do
Estas experiências sugeridas, além de indivíduo PNE, deve ser observado como
contribuir com o desenvolvimento, permitem possível, considerando tudo o que a criança já
criar uma esfera exploratória que contribui aprendeu, criando intervenções pedagógicas
para que professores estejam frequentemente para que ela venha a aprender mais,
em sintonia com o que deve ser ensinado, para promovendo o desenvolvimento do indivíduo.
que a dificuldade relacionada a cada assunto
seja sanada, envolvendo as crianças em
trabalhos, motores, afetivos, de linguagem e
sensações, contribuindo para que elas
percebam as diferenças entre si e se envolvam
nos trabalhos propostos.
Para o autor, todos devem estar
matriculados na unidade escolar, pois a
inserção destes no ambiente escolar favorecem
o desenvolvimento psíquico da criança. Ao
nascer a criança encontra-se em um ambiente
social com valores culturais específicos, ao
adentrar nos muros da escola, estes
conhecimentos são aprimorados devido ao
estabelecimento das relações com o outro. As
aquisições do aprendizado criado por meio
destas experiências são chamadas de
apropriação.
Segundo Vygotsky (1994), a educação é
importante para que o sujeito se reconheça
como participante da sociedade,
transformando o conhecimento adquirido
como fruto do trabalho realizado entre
professores, alunos, família, equipe técnica,
construindo um aprendizado coletivo.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao término desta pesquisa, pudemos comprovar que o aluno com Síndrome de Down tem
passado por uma inclusão que é quase uma exclusão sofrida pelas dificuldades e que apesar de
todas as ações estas lhe parecem insignificantes, num primeiro momento, elas se tornam
desgastantes devido a falta de estrutura e conhecimento profissional, dificultando as relações
entre professores e alunos.
A necessidade de preparar as escolas e o sistema educacional, ao qual este aluno será
incluso é de extrema importância pois não se pode garantir qualidade de ensino esperando que
o aluno se adeque sozinho ao sistema educacional. Percebemos que ao valorizar profissional
oferecendo meios para que seu conhecimento esteja sempre sendo renovado, o sistema está
valorizando o processo pedagógico e o psicopedagógico, estabelecendo uma relação ampla com
o saber e o aprender, vencendo desafios e enfatizando a resolução dos problemas causados pelas
dificuldades dos alunos.
Oferecer cursos adequados ao profissional, permitindo-lhe obter meios adequados para
que se perceba as reais necessidades do deficiente, podendo este ser considerado um indivíduo
produtivo, porém com habilidades restritas e desenvolvimento mais lento que o das crianças ditas
normais, porém com qualidades e habilidades específicas que podem ser desenvolvidas de
acordo com os estímulos que este recebe do meio.
Cabe então ao professor e aos responsáveis garantir-lhes todo o estímulo necessário para
que estes desenvolvam seu conhecimento adequadamente, utilizando-se de todas as
informações que podem ser transmitidas a eles. Porém, para que este consiga acompanhar o que
se pretende ensinar, é preciso adequar o currículo, modificando-os e reestruturar a política
educacional oferecendo melhores condições de ensino – aprendizagem é o caminho para a
resolução da degradação e da falta de sucesso do processo de inclusão nas escolas.
Considera-se também que órgãos da educação, segurança e assistência social, pois as
construções e reestruturações desta são de suma importância para que amenizar, a pressão
sofrida pelos educadores no processo de ensinar, pois assim estes aprenderiam a lidar com a
demanda tão heterogênea que estão recebendo em sala de aula.
O conhecimento é algo que se constrói à medida que a criança e o adolescente tomam
consciência de sua importância e superam as suas dificuldades, rever o papel da escola na vida
destes alunos é de suma importância para que estes recebam o professor com o respeito
merecido, contribui para esta construção de formas agradável e saudável.
A reestruturação dos prédios, do material e dos espaços onde estes serão trabalhados
também devem ser revistos, para que a integridade intelectual do deficiente não seja
desperdiçada, pois, os acontecimentos e descobertas cientificam tem acontecido a uma
velocidade fenomenal e estes há seu tempo conseguem desenvolver seu saber, como qualquer
indivíduo normal.
Há a necessidade também da ampliação dos projetos que deram certo acerca do assunto,
favorecendo a informação, unificando estados e prefeituras, em prol do sucesso da causa,
entendendo, que independente do setor que lhe competem, os governantes precisam unificar a
sociedade.
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REFERÊNCIAS
AQUINO, Julio Groppa. Indisciplina na escola –Alternativas teóricas e práticas. Ed. Summus
editorial, 1996, São Paulo.
CARVALHO, Rosita Elder. Educação inclusiva, com os pingos nos is – Ed. Mediação , 2006
, Porto Alegre .
DIEHL, Rosilene Moraes – Jogando com as diferenças, Editora Phorte,2006, São Paulo.
FERREIRA, Aurelio Buarque De Holanda. Mini Dicionário da Língua Portuguesa, Ed. Nova
Fronteira, 4ª edição, 2001.
FREIRE, Paulo e SHOR, Ira .Medo e ousadia, o cotidiano do professor, Ed Paz e Terra,1987,
Rio de janeiro.
MANTOAN, Maria Tereza Egler. A integração da pessoa com deficiência. Contribuições para
uma reflexão sobre o tema. Ed. Memnon, 1997, São Paulo.
MANTOAN, Maria Tereza Egler. Caminhos pedagógicos da inclusão Ed. Memnon, 2001, São
Paulo.
SÃO PAULO. SME. CEFAI, Histórico do caminho traçado pelo CEFAI Capela do Socorro
desde sua criação, abril de 2003, editado por Andréia Pacheco, técnica do CEFAI, Capela do
Socorro.
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RESUMO: Nas últimas décadas o estudo das emoções vem sendo estudado por profissionais das
diversas áreas do conhecimento científico, configurando-se como um fator relevante para o
processo de desenvolvimento humano. A natureza humana requer, entre as várias habilidades e
competências necessárias para viver em sociedade, um conjunto de aptidões que incluem
autocontrole, zelo, persistência e a capacidade de automotivação. A esse grupo de aptidões
chamamos de “Inteligência Emocional”, tão fundamental nesses tempos complexos e indefinido
em toda e qualquer área do conhecimento humano, seja em nível pessoal ou profissional. Neste
texto, baseado em estudo bibliográfico, objetivamos refletir sobre a importância da inteligência
emocional para o processo de ensino aprendizagem na perspectiva docente, uma vez que a Base
Nacional Comum Curricular (BNCC), documento brasileiro norteador, determina os direitos de
aprendizagem da Educação Básica, onde a mesma contempla não apenas as competências
cognitivas, mas também as socioemocionais, buscando-se dessa forma, o desenvolvimento
integral dos estudantes, possibilitando-os a ir além do domínio dos objetos do conhecimento
estudado em sala de aula.
1Professora Titular da Rede Municipal de Ensino de Crateús/CE, Atuando como Técnica Pedagógica na Secretaria
da Educação da referida Rede.
Graduação: Licenciatura Plena em Química. Especialista em Metodologia do Ensino das Ciências e Gestão
Pedagógica.
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Educação Básica. E ela contempla não apenas emoções e as dos outros, com autocrítica e
as competências cognitivas, mas também as capacidade para lidar com elas (BRASIL, 2018,
socioemocionais, buscando-se dessa forma, o p. 10).
desenvolvimento integral dos estudantes, Na empatia e cooperação, os estudantes
possibilitando-os a ir além do domínio dos devem estar abertos ao diálogo, a resolução de
conteúdos. conflitos e ao próprio ato de cooperar,
A BNCC, estabeleceu dez competências promovendo o respeito mútuo, a valorização
gerais, que devem ser desenvolvidas pelos da diversidade dos indivíduos e de grupos
estudantes durante a Educação Básica. Dessas sociais, suas identidades, culturas e os mais
competências, quatro, trabalham diversos saberes. A empatia é uma
especificamente as questões emocionais: a competência de extrema relevância para o
competência 6 - Trabalho e projeto de vida; 8 - convívio social e para o próprio
Autoconhecimento e autocuidado; 9 - Empatia desenvolvimento humano.
e cooperação e 10 - Responsabilidade e Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução
cidadania. de conflitos e a cooperação, fazendo-se
Na sexta competência, os estudantes, respeitar e promovendo o respeito ao outro e
devem desenvolver habilidades, que lhes aos direitos humanos, com acolhimento e
permitam fazer escolhas com liberdade, valorização da diversidade de indivíduos e de
autonomia, consciência crítica e grupos sociais, seus saberes, suas identidades,
responsabilidade e ainda coerentes com o suas culturas e suas potencialidades, sem
senso cidadão e ao seu projeto de vida. preconceitos de qualquer natureza (BRASIL,
Valorizar a diversidade de saberes e 2018, p. 10).
vivências culturais, apropriar-se de Na décima competência, que vem trazendo
conhecimentos e experiências que lhe a responsabilidade e a cidadania, espera-se que
possibilitem entender as relações próprias do os estudantes, desenvolvam habilidades, que
mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas os permitam a tomada de decisões baseando-
ao exercício da cidadania e ao seu projeto de se em princípios éticos, democráticos,
vida, com liberdade, autonomia, consciência inclusivos, sustentáveis e solidários. A
crítica e responsabilidade (BRASIL, 2018, p. 9). responsabilidade é uma competência inerente
Com o autoconhecimento e o autocuidado, de qualquer cidadão ativo e participativo em
os alunos, devem se conhecer e se cuidar, seu meio.
tendo em vista tanto a saúde física como a Agir pessoal e coletivamente com
emocional, reconhecendo as suas emoções e autonomia, responsabilidade, flexibilidade,
como trabalha-las, assim como entender que as resiliência e determinação, tomando decisões
outras pessoas, também estão sujeitas as com base em princípios éticos, democráticos,
mesmas emoções e sentimentos. inclusivos, sustentáveis e solidários (BRASIL,
Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua 2018, p. 10).
saúde física e emocional, compreendendo- se
na diversidade humana e reconhecendo suas
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A inteligência emocional no processo de ensino e aprendizagem é de grande importância
uma vez que o desenvolvimento socioemocional é uma construção, que tem como princípio as
habilidades e as competências socioemocionais, e que esta é uma prática que deve ser estudada
e construída diariamente.
Nesta perspectiva, o aluno precisa ter um emocional desenvolvido, “educado”, para
adquirir habilidades de lidar com os conflitos diários e suas emoções a fim de desconstruir os
momentos de sofrimento pelos quais passam em seu cotidiano e que lhes geram mal-estar. Isto
se faz necessário porque, muitas vezes, tais sentimentos fazem com que se sintam desmotivados
e esse estado de perturbação mental, recai diretamente nos conteúdos estudados em sala de
aula.
Com isso a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), norteia não apenas as competências
cognitivas, mas também as socioemocionais e as situações adversas que são enfrentadas no
caminho educacional, objetivando dessa forma, o desenvolvimento integral dos estudantes.
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REFERÊNCIAS
ABED, A. L. Z. O desenvolvimento das habilidades socioemocionais como caminho para a
aprendizagem e o sucesso escolar de alunos da educação básica. Constr. psicopedag.
vol.24 no.25 São Paulo 2016. Disponível em:
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141569542016000100002. Data
de Acesso: 16/03/2022.
GOLEMAN, Daniel. Inteligência emocional: a teoria revolucionária que redefine o que é ser
inteligente. Rio de janeiro: Objetiva, 1995.
MARIN, A. H.; SILVA, S. T.; ANDRADE, E. I. D.; BERNARDES, J.; FAVA, D. C. Competência
socioemocional: conceitos e instrumentos associados. Revista Brasileira de Terapias
Cognitivas, 2017 .13(2). pp. 92-103. DOI: 10.5935/1808-5687.20170014.
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RESUMO: Atualmente a inclusão dentro do âmbito escolar tem sido cada vez mais real e dentro
desse cenário, a presença de alunos com autismo cada vez mais frequente. Esse trabalho
científico se justifica pela necessidade de observar que o aluno autista dentro do processo de
inclusão e no âmbito escolar necessita que todas as suas potencialidades sejam desenvolvidas, e
que a partir das suas especificidades, isso tem sido cada vez mais complexo. Dentro desse
panorama o ensino dos diversos componentes curriculares existentes, surge a principalmente a
matemática, presença constante dentro da educação. Em face disso tudo, esse estudo tem como
objetivo demonstrar como a matemática dentro do contexto educacional é trabalhada com o
aluno autista. Como objetivos, a importância da metodologia adequada e do conhecimento do
autismo que deve ser utilizado pelos professores, para que o ensino da matemática seja efetivo
para esse aluno dentro e fora dos muros escolares. Incluir é entender que o aluno a partir de suas
especificidades, terá a possibilidade de ter as suas potencialidades desenvolvidas, como é de
direito a todos os alunos.
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primeiras descrições sobre o autismo, tal como apresenta flacidez muscular ou uma rigidez
é visto hoje, surgiram no ano de 1943, por meio (LEBOYER, 1995).
de estudos e publicações de Leo Kanner, pois, Gauderer diz que essa criança autista de dois
até esta data, o autismo era entendido como a três anos “mostra pouco ou nenhum
uma esquizofrenia (GOMES, 2007). interesse em brinquedos e quando brincam
No Brasil, a AMA, (Associação de Amigos do geralmente não levam em consideração a
Autista – São Paulo), registrada em 1983 e, função para que foram feitos” (1993, p. 87). O
posteriormente, em 1988, a ABRA (Associação autismo é uma condição dentro do
Brasileira de Autismo), são considerados desenvolvimento, uma deficiência nos sistemas
órgãos específicos que pretendem promover que processam a informação sensorial
todo o suporte necessário ao autista e sua recebida, fazendo a criança reagir a alguns
família. estímulos de maneira excessiva, enquanto a
Dentre as características que o autista outros, inexpressivamente. Muitas vezes, a
possui, a perturbação social é aquela que fica criança se “ausenta” do ambiente que a cerca e
mais evidente, pois interfere em uma das pessoas circunstantes a fim de bloquear os
característica básica do ser humano: conviver estímulos externos que lhe parecem
em sociedade. Na maioria dos casos, a avassaladores.
perturbação social está aparente desde cedo, Por volta do quinto ano, as alterações voltam
apresentando uma criança introspectiva, a se dirigir para a fala. A criança autista
muitas vezes, desligada do mundo externo, ou continua ausente ou com poucas palavras,
seja, dentro do seu próprio mundo, tendo até a usadas de maneira que parecem sem sentido.
ausência da fala, intensificando ainda mais esse Observa-se também, na presença da fala, uma
isolamento. ecolalia, pois a criança repete palavras ou
Embora já se possa ter “suspeitas” desde os frases inteiras fora do contexto ou à margem de
primeiros dias, as condutas de desconexão da uma conversação (GAUDERER, 1993).
criança autista já podem ser evidentes aos 8-9 Normalmente, a comunicação verbal é
meses de idade. Os primeiros sinais poderiam muito concreta, com reduzida capacidade de
ser a ausência do reflexo de aproximação oral abstração. O não envolvimento emocional
ao peito materno (pelo qual o recém-nascido continua. A afetividade permanece ausente e a
põe-se em linha com o bico do seio e abre a comunicação verbal é restrita. A criança
boca mesmo antes de entrar em contato com continua alheia e emocionalmente distante.
ele) e o rechaço ao contato com o peito, a Durante o período da infância, dos cinco aos
pobreza ou ausência do reflexo de busca, de dez anos, o progresso no desenvolvimento das
sucção, de fixação e seguimento ocular, assim habilidades ocorre de forma distinta em
como mais tarde, do sorriso facial. Com quatro diferentes crianças.
a cinco meses, a criança não apresenta os Aos dez anos e na aproximação da
movimentos antecipatórios quando alguém faz puberdade, certo número de crianças tem uma
a menção de pegá-lo e quando levantado, exacerbação do comportamento, que é
característico do autismo, incluindo as
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atividades repetitivas, resistência às mudanças muitas vezes como um “bicho papão” para
e podendo ter um comportamento agressivo e muitos e adorado por outros tantos.
destrutivo. Aqueles que socialmente se No que se trata da aprendizagem da
aproximam de outras pessoas de forma ativa, matemática no ambiente escolar, é necessário
embora peculiar, podem se tornar mais que o professor permita ao aluno compreender
exigentes e reagir com fúria se os outros não se o assunto por meio de exemplos relacionados
dispuserem a ouvir por muito tempo suas ao seu cotidiano para que, depois, ele seja apto
conversas repetitivas. de solucionar problemas mais complexos.
Todo esse quadro, justifica a necessidade Cerqueira descreve (2013), descreve
que quanto mais rápido for dado o diagnóstico, exatamente isso, quando pontual que qualquer
mais rápido será o início do processo do aprendizagem só é significativa quando o aluno
tratamento/acompanhamento e, consegue entender que a mesma é essencial
consequentemente, mais rápido surgirá para a sua vida fora da escola.
possibilidades de inclusão e desenvolvimento Por meio de uma metodologia e didática
da pessoa autista. Por tudo isso, Giardinetto adequadas, o professor colabora de forma
(2009), pontua que o tratamento mais efetivo importante nesse processo, onde buscando
com crianças com autismo é a educação, o que ensinar do mais simples para o mais complexo,
é uma explicação plausível para o fato da irá gradualmente desenvolver as habilidades
crescente busca pela inclusão de alunos com do aluno, sempre levando em conta o
necessidades especiais nas escolas brasileiras. conhecimento prévio dos mesmos.
Vale ressaltar que apesar de certos padrões, Dentro da matemática algumas premissas
cada autista tem suas características próprias, são fundamentais, como entender a situação
ou seja, um autista dificilmente se comportará problema que foi proposta, com a presença de
igual ao outro. um enunciado claro e objetivo, sempre
buscando saber se os alunos conhecem ou não
2 A MATEMÁTICA E O o assunto, sequencialmente elencar os
métodos adequados para resolver o problema,
AUTISTA: CONCEITOS as estratégias mais adequadas, análise e
IMPORTANTES PARA O ENSINO verificação dos resultados obtidos.
(CERQUEIRA, 2013)
EFETIVO
No caso do aluno autista, assim como os
A matemática faz parte da vida de um
demais em uma sala de aula, as especificidades
indivíduo desde a mais tenra idade, dentro e
devem ser consideradas para que a
fora dos muros escolares. Sem os números, as
aprendizagem seja efetiva e significativa para
situações problema, a geometria, o mundo não
todos, sempre privilegiando as potencialidades
seria como é hoje em dia. Na escola contudo a
existentes.
matemática tem a capacidade de despertar
Levando em consideração a tríade existente
sentimentos contraditórios, onde o amor e o
no que se refere ao aspecto comportamental e
ódio caminham juntos, sendo considerada
cognitivo do autista, que é a interação-
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O cotidiano de uma escola atualmente é composto de uma diversidade, de uma
heterogeneidade ímpar, onde os docentes buscam não medir esforços para promover o
adequado processo de ensino e aprendizagem para todos os alunos. Dentro desse panorama,
vem a inclusão com os autistas, com suas particularidades e uma intensa potencialidade que
muitas vezes não é percebida ou pior, desenvolvida.
Hoje em dia, com a inclusão cada vez mais presente nas escolas públicas, e imaginar uma
aula onde o aluno autista não participe, pelo simples fato do mesmo não se enquadrar nos
chamados “padrões normais de comportamento” é inadmissível e desumano.
A matemática levando-se em conta a chamada “tríade do autismo”, com a metodologia
adequada tem a capacidade de colaborar no desenvolvimento do aspecto motor, cognitivo e
psicológico desse aluno.
A matemática assim como para os demais alunos, quando trabalhada de forma
metodologicamente adequada consegue ser eficiente para o autista tanto dentro como fora do
contexto escolar. Esse conceito da importância da matemática e sua aplicabilidade na vida de
todo indivíduo é primordial para o sucesso em qualquer processo de ensino e aprendizagem.
De acordo com o que foi abordado no transcorrer desse estudo científico, o autista precisa
também entender essa aplicabilidade e acima de tudo se sentir instigado para todo o
aprendizado. O professor por sua vez deve não apenas ser conhecedor da metodologia mais
também de tudo que envolve o autista, para que seja efetivo na sua atuação como incentivador
e mediador da aprendizagem.
Que esse estudo seja também um estimulador para que mais estudos envolvendo a
matemática e o autismo aconteçam e que outros profissionais se interessem para um maior
aprofundamento, entendimento e consequentemente, maior efetividade e significado
educacional.
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REFERÊNCIAS
CERQUEIRA, S. D. Estratégias didáticas para o ensino da Matemática. 2013. Disponível em:
https://novaescola.org.br/conteudo/2197/estrategias-didaticas-para-o-ensino-da-matematica.
Data de Acesso: 24/03/2022.
GRANDIN, T.; SCARIANO, M. M. Uma menina estranha: autobiografia de uma autista. São
Paulo: Cia. das Letras, 1999.
LEBOYER, M. Autismo infantil: fatos e modelos. 2 ed. São Paulo: Papirus, 1995.
MANUILLA, A. et all Dicionário Médico Andrei. 2 ed. São Paulo: Andrei, 1997.
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RESUMO: Este artigo é resultado de uma Pesquisa sobre “A Música e as Linguagens Ar-tísticas”
cujo objetivo é analisar a importância das manifestações artísticas da Arte enquanto disciplina
extrapola os muros escolares, ou seja, o processo para a sensibilidade para a arte e suas
linguagens se inicia no ambiente escolar e perdura durante o existir humano. Percebemos que as
linguagens Artísticas são as Artes Visuais, o Teatro, a Música e Dança, sendo que música se
constitui em um elemento interdisciplinar para o processo de ensino e aprendizagem dos alunos
em sua formação e aquisição de conhecimento. A presente pesquisa é de cunho bibliográfico e
conta com os aportes teórico metodológicos de Proença (2003); Borges (2003); Zagonel (2008);
Cunha (2010); Ribeiro (2001), Barbosa (1998), Berthold (2006), Romanelli (2009) entre outros que
abordam a temática proposta. A Arte vai além de uma simples leitura e representação, e compete
ao ser humano sensibilizar-se e abrir-se para as possibilidades que as Artes Visu-ais proporciona
para uma leitura de mundo que implicará em novas formas de ser e estar na imanência da
história.
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representação e apreciação do público que irá linguagem Artística. Já a Música, por exemplo,
apre-ciar seu trabalho, sua criação. coloca a audição como o sentido principal se
tornando um elemento essencial na Educação
AFINAL O QUE É ARTE? infantil, por exemplo.
O Teatro abrange tanto os sons, a fala, por
Essa questão é controversa e gera várias
vezes a música, enquanto expressividade da
discussões e me parece salu-tar salientar que
corporalidade, elemento chave para sua
não se chega a um conceito do que venha a ser
realização plena. Todas as Linguagens Artísticas
Arte. A arte transcende a tudo que se queira ou
são igualmente importantes e ajudam o ser hu-
se tente enquadrá-la, categorizá-la, ou seja,
mano a fazer uma leitura de mundo de forma
está no cerne da arte a transgressão. Podemos
que a crítica, a criatividade e a reflexão estejam
perceber esse processo quando pensamos na
presentes como algo que possibilita ao ser
sua representação que se constitui como a base
humano estar no mundo de forma atuante e
do seu aprendi-zado: as artes visuais, o teatro,
participativa.
a música e a dança.
Segundo Proença (2003):
A palavra Arte costuma ser usada com os
Arte é a atividade humana ligada as
mais diferentes significa-dos: a arte de em
manifestações de ordem estéti-ca, feita por
executar qualquer tarefa (arte de escrever, de
artistas a partir da percepção, emoções e
fa-lar, etc.), arte de preparar algo ou de
ideias, com o objetivo de estimular esse
dominar alguma técnica (arte culinária, arte
interesse de consciência em um ou mais
marcial) (ZAGONEL, 2008, p.24).
expectadores, e cada obra de arte possui um
Para o autor a definição se constitui em
significado único e dife-rente (PROENÇA, 2003,
um problema a ser aprofundado, pesquisado e
p.36).
discutido por não se ter uma definição precisa,
A beleza é a única maneira de satisfação e
uma vez que a própria arte é abrangente.
sensibilidade, livre de todo sentimento
Portanto, a definição de arte varia de acordo
individualista, livre do sentimento castrador,
com a época e a cultura.
liberta o ser humano de suas mazelas
As Linguagens Artísticas são as Artes Visuais,
considerando como seu ideal o belo no ser
o Teatro, a Música e Dan-ça, sendo que as Artes
humano que é livre e faz suas escolhas de ter
Visuais englobam as Artes Plásticas, sendo que
na Arte e nas suas manifestações artísticas as
o cam-po das artes visuais abrange todas as
condi-ções de possibilidades de fazer sua
artes que colocam a visão como elemen-to
leitura de mundo.
fundamental.
Segundo Ferrari (2013), a ideia de belo vai
Desenvolver o pensamento criativo passou a
mudando com o tempo e com a época e se
ser uma meta prioritária na preparação para o
constitui em uma discussão de cunho filosófico
futuro, visto que os conhecimentos adquiridos
para as diversas formas de compreensão do
hoje podem não valer nada amanhã (CUNHA,
que seja o belo, o bonito, ou seja, do que venha
2010, p. 91).
ser a beleza ampliando a compreensão de
As esculturas, pinturas, gravuras e desenhos,
estética e suas possibilidades de per-cepção
entre outros, são exemplos da Arte Visual como
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pelos sentidos humanos. A Estética, como um que buscam o sentido da vida (BRASIL, 1997, p.
ramo de discussão filosó-fico, discute 19).
compreensões de beleza ao longo dos tempos Ao se expressar artisticamente, a criança
(FERRARI, 2013). constrói sua identidade e a au-toestima
Portanto, “a arte pode ser compreendida aprimorando suas percepções e sensibilidades
como todo produto de uma preocupação diante do que vai vendo ao seu redor e da
estética, de uma vontade de beleza, quando leitura que vai influenciar no processo de
resulta numa obra de arte de alta perfeição aprendizado que os alunos concretizam e
técnica” (RIBEIRO, 2001). vivencias experiências nos diversos
A Arte incessante busca realizar a leitura do componentes curricu-lares, uma vez que a Arte
cotidiano buscando suas conquistas e pode e dever ser compreendida de forma
transformações, afinal, é para o cotidiano que multidisci-plinar fatores estes que
se vive. A vida social do ser humano está em influenciarão positivamente na aprendizagem,
constante transformação, por meio das na sua relação com o eu, com o outro e com o
aquisições da arte e da ciência que se mundo.
desenvolvem incessantemente.
Segundo Lukács (1978): MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS
A ciência descobre nas suas leis a realidade Existem diversas formas do ser humano
objetiva independente da consciência. A arte expressar seus sentimentos, seus desejos, seja
opera diretamente sobre o sujeito humano: o
rindo, cantando, falando, gesticulando, dentre
re-flexo da realidade objetiva, o reflexo dos
outras formas em se fará a utilização das várias
homens sociais em suas re-lações recíprocas, manifestações e, quando nos referimos a arte
no seu intercâmbio social com a natureza, é um que em que o ser humano se utiliza das várias
elemento de mediação – ainda que linguagens: artes visu-ais/audiovisuais, teatro,
indispensável –, é simplesmente um meio para música e dança.
provocar este crescimento do sujeito (LUKÁCS,
A arte faz parte da história da humanidade.
1978, pp. 295-296).
Na pré-história o ser humano já se manifestava
A criação artística transcende a
por meio da arte, sem fazer o uso da escrita já
singularidade para abrir os horizontes para a se expressa-vam por intermédio da arte quer
estética se concretizando na individualidade sejam símbolos, desenhos, sinais que valori-
vivenciada pelo ser humano em seu contexto zam a cultura nos dando uma visão geral de
em que realiza suas relações interativas. como o homem em determinado período da
O ser humano que não conhece arte tem história se organiza e concebe o mundo, como
uma experiência de apren-dizagem limitada, estabelece suas rela-ções sociais, de gênero,
escapa-lhe a dimensão do sonho, da força como a família se organiza, como se concebe o
comuni-cativa dos objetos à sua volta, da sagra-do e assim por diante.
sonoridade instigante da poesia, das criações A valorização da pluralidade e da diversidade
musicais, das cores e formas, dos gestos e luzes cultural em todos os âmbitos e manifestações
da arte contempla conceitos e princípios da
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disciplina Arte [...] A discussão sobre As manifestações artísticas mais antigas que
diversidade (étnicorraciais, soci-ais, religiosas, temos conhecimento, datam de
de gênero, etc.) inseriu uma outra discussão aproximadamente 40 mil anos atrás. São
muito em voga, sobre respeito de aceitação das chamadas de arte rupestres (feitas em rochas
semelhanças e das diferenças culturais (BRASIL, ou de rochas). Eram feitas a partir de materiais
2006, p. 203). naturais (carvão, pós minerais, sangue,
As pinturas vão fazendo com que o próprio pigmentos de plan-tas (BOZZANO; FRENDA &
artista se comunique com o mundo, com a GUSMÃO, 2013).
sociedade em que vive fazendo uma leitura das Segundo os autores as diferentes
formas de ser e estar neste contexto que por manifestações artísticas como a músi-ca, a
meio da arte, no caso da pintura possa se dança, as formas de representações cênicas
expres-sar e comunicar, criticar, criar, recriar fazem parte dos rituais e se transformam em
mostrando cenas do contexto em que es-tão formas de comunicação e expressão.
inseridos. Temos com isso essa compreensão de que o
Para Barbosa (1998), a pintura serve até os ser humano se utiliza das diferentes
dias atuais como documen-tação que retrata a manifestações artísticas para se comunicar,
cultura de um povo com suas evoluções, esse é para transmitir conheci-mento, para cultivar a
o caso da arte e cultura indígena dos povos que cultura e, podemos dizer sem sombras de
habitavam a América antes da chegada de dúvida de fazer memória de suas tradições
Cristóvão Colombo, por exemplo, os maias, os presentes ao longo da história.
astecas e os incas represen-tando a arte pré- As Artes Visuais se desdobram em desenho,
colombiana contada por meio de pinturas, pintura, escultura, grafite, gravura, arquitetura,
esculturas e seus templos grandiosos fotografia, existem outras formas, vão surgindo
construídos por pedras e materiais preciosos da novas for-mas de artes visuais/artes visuais.
antiguida-de. Portanto, artes visuais é a atribuição dada ao
Na América temos as grandes pirâmides dos conjunto de artes que se apresentam no
astecas que além de servir de observatório mundo em que vivemos recorrendo a várias
astronômico, as pirâmides se constituíram em expressões de sua representação que tem a
locais de estudo, servindo também de locais visão como sua principal forma de avaliação. É
para rituais religiosos, para reuniões políticas por meio da apreensão do que a pessoa vê que
são monumentos que servem de fontes se faz os julgamentos sobre aquilo que os olhos
históricas. veem.
Segundo Bozzano; Frenda & Gusmão (2013), A linguagem audiovisual, como a própria
essa vontade de criar, de se manifestar palavra expressa, é feita da junção de
artisticamente vem de nossos ancestrais e elementos de duas naturezas: os sonoros e os
estão presentes influ-enciando nossas relações visuais. O cinema o videoarte e a televisão são
que estabelecemos em nosso cotidiano. expressões audiovisuais (COU-TINHO, 2003).
Bozzano; Frenda & Gusmão (2013), O teatro é tão velho quanto à humanidade.
ressaltam que Existem formas primitivas desde os primórdios
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Quando a aluno se sente bem na sala de aula será suas condições de se relacionar com as
porque ouviu uma música ele quer repetir essa pessoas.
experiência. Isso faz com que os alunos se A convivência em sala de aula possibilita aos
sintam motiva-dos e envolvidos para o professores e alunos as condições de
processo de ensino-aprendizagem onde farão a possibilidade de transformar a realidade onde
aquisi-ção dos vários tipos de conhecimentos a vivem e onde esta-belece suas relações.
partir de diferentes componentes curri-culares. Quando se utiliza por exemplo a música com
A neurociência afirma que um evento que é os instrumentos musicais a turma vai dando
carregado emocionalmente ele é muito mais outro tipo de resposta uma vez que o
consolidado na região da memória. A memória conhecimento está sendo mediado por
reativa os acon-tecimentos vividos de maneira instrumentos, por recursos que são possíveis
emocional intensa. Ou seja, é possível trazer do fazem as ligações necessárias com o objeto de
passado para o presente algo que marcou de conhecimento a ser apreendido.
forma significativa nossas experi-ências a partir A emoção e o social estão presentes em
da vivência de emoções fortes e marcantes. nossa sala de aula, assim como os conteúdos a
O trabalho em grupo possibilita a conexão serem vistos precisa despertar no aluno o
com outa pessoas. Encontrar amigos. Ter a desejo, na verdade, o professor, sobretudo na
empatia com outras crianças, adolescentes e disciplina de arte vai precisar seduzir o aluno
jovens. Depois vão se formando para o processo criativo e isso se dá por meio
individualmente. da própria arte de que sensibiliza, en-canta,
A música conecta às pessoas. Temos que transforma, provoca uma postura crítica e
tocar os nossos alunos. Para que isso aconteça novas formas de ver o mundo.
é possível a partir daquilo que eles ouvem, ou A música desperta os sentidos, aguça os
seja, a partir de suas audições é possível sentidos para a aprendizagem significativa,
estabelecer uma conexão com os alunos. duradoura e porque não dizer permanente dos
Não podemos esquecer que nosso material é conhecimentos apreendidos.
humano e complexo em sala de aula. Portanto, Questão delicada, pertinente e interessante.
o Professor precisa estar atento para o Eu lido com isso. Quan-do você trabalha com
momento em que a turma está vivenciando e uma criança de 5, 6 anos é fácil, mas um ado-
processando suas relações. lescente precisa de um ambiente. O primeiro
Partindo do emocional há uma pré- momento é deixar que ela se expresse no
disposição para a aquisição dos con-teúdos que ambiente que ela tem. Não introduzir nada a
precisam ser vistos e que auxiliarão os alunos seu ver. Perguntar o que a criança ouve. O que
em sua formação humana, cidadã e que irão o adolescente está ou-vindo? A partir começar
alterar sua forma de ver, de argumentar, de a fazer uma relação entre os contextos mu-
fazer uma inferência, uma crítica, uma leitura sicais. Por exemplo: um adolescente que ouve
visual, uma leitura musical e que quanto mais rock. É possível você sentar e ouvir com ele e
elementos o ser humano puder contar melhor trabalhando essa modalidade musical com ele
começar a percepção das noções a partir do
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que ele teme do que apresenta a nós. Respeito MÚSICA COMO EXPRESSÃO E
é a questão mais interessante num primei-ro
momento. Oferecer diversos tipos de MANIFESTAÇÃO DE ARTE
instrumentos, porque não o vilão ou o piano A música une as pessoas. Sabemos que
que se idealiza ao jovem. Por isso, a ideia de existem diversos gêneros musi-cais. O gênero
musicalização na aprendizagem desse musical agrega os seres humanos tornando-os
adolescente, desse jovem. O traba-lho de ouvir semelhantes a partir da particularidade de um
e entrar no contexto da música, depois, determinado estilo. A parti da música a
futuramente pro-por a escolha e a identificação limitação humana parece desaparecer, se
com o instrumento se ainda não tem (SOUTO, expande, vai além do finito, do limitado.
PROFESSORA DE PIANO, 2015). Música é arte [...] seu papel na Educação
A valorização do contado do ser humano Infantil é o de proporcionar um momento de
com a música já era existente há tempos, prazer ao ouvir, cantar, tocar e inventar sons e
Platão dizia que a música é um instrumento rit-mos. Por este caminho, envolve o sujeito
educacional mais poten-te do que qualquer como um todo, influindo, beneficamente, nos
outro. Essa visão é compreensível visto que a diferentes aspectos de sua personalidade:
música treina o cérebro para outras formas susci-tando variadas emoções, liberando
relevantes do raciocínio. tensões, inspirando ideias e ima-gens,
Portanto, a música quando inserida no estimulando percepções, acionando
processo de ensino-aprendizagem com movimentos corporais e favorecendo as
recursos estratégicos voltados para a relações interindividuias (BORGES, 2003, p.
apreensão dos conhecimentos tem resultados 115).
inimagináveis. A música pode contribuir para tornar o
As atividades musicais coletivas em sala de ambiente escolar mais alegre e fa-vorável à
aula favores o desenvolvi-mento da aprendizagem, propiciar uma alegria que seja
socialização, estimulando a compreensão, a vivida no momento presente e isso é a
participação e a coopera-ção entre professor dimensão essencial da pedagogia, e é preciso
aluno, onde o professor possibilita aos alunos que os esforços dos alunos sejam estimulados,
diferentes modos de apreensão dos compensados e recompensados por esse ambi-
conhecimentos propostos. ente.
A presença da música no processo de ensino- Uma música que seja como o som do vento
aprendizagem aguça o in-teresse dos alunos, na cordoalha dos navios, aumentando
que muitas vezes os envolve no processo de gradativamente do tem até atingir aquele em
aprender, on-de a música é utilizada como base que se cri-ar uma reta ascendente para o
curricular nas diferentes disciplinar garantin-do infinito. Uma música que comece sem começo
o resgate do aluno para o ato de aquisição de e termine sem fim. Uma música que seja como
conhecimentos diferenciados. o som do vento numa enorme harpa plantada
no deserto. Uma música que se-ja como a nota
lancinante deixada no ar por um pássaro que
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morre. Uma música que seja como som dos sividade de cada elemento envolvido no
altos ramos das grandes árvo-res vergastadas trabalho e muitas vezes se torna difícil conciliar
pelos temporais. Uma música que seja como o posturas diferentes (ROSA, 1990, p. 22).
voo de uma gaivota numa aurora de novos sons No conhecimento, na arte de conhecer, o
(MORAIS, 1962). professor é o maestro que rege seus alunos
A música como forma de expressão e arte para que em harmonia possam conhecer,
nos transporta para lugares nunca visitados, revelar o desconhecido, trazer à tona novos
talvez lugares inexistes. Essa capacidade está conhecimentos e terá sob a “batuta” todas as
não só para o músico, o artista, o que canta, possibilidades que arte e a música
mas para o professor que propõe esse novo proporcionam na vida dos alunos.
tipo de atividade e para os alunos que se A música é um meio que facilita a
predispõem a embarcar nessa nova forma de aprendizagem dos novos conhecimen-tos,
conceber o mundo que vivem. possibilita uma nova forma de ser e estar no
A música pode ser trabalhada em várias mundo proporcionando aos alunos as
áreas da educação, como: Co-municação e condições de possibilidade de transformar a
Expressão, raciocínio lógico matemático, realidade, apostando numa sociedade mais
Estudos Sociais e Ciên-cias e Saúde (ROSA, crítica, mas colaborativa e mais fraterna.
1990). Para atingir essas áreas o professor O professor não só precisa ser sensível à
poderá atribuir atividades que contribuem para expressão musical e entender o que está sendo
que o indivíduo aprenda a viver na sociedade, transmitido para seus alunos como também,
abrangendo aspectos comportamentais como [...] deve compreender a essência da
disciplina, respeito, gentileza, civi-lidade, linguagem musical, e, a partir de sua própria
valores e aspectos didáticos. experiência e de seu processo criador, facilitar,
Isso demonstra que a música está para o o con-tato da criança com as diversas
conhecimento assim como o conhecimento linguagens (plástica corporal etc.). Deve
está para a música. Cabe ao professor, mediar, propiciar situações em que a criança pode olhar
propor e estar atento para o que acontece na o mundo e se expressar. Olhar o mundo é
sala de aula. Os alunos vão dando sinais e a aula apreender e perceber significados em todas as
torna-se uma aventura a partir do momento coisas. Em condições normais, a criança
que ambos, professor e alunos se predispõem constrói a partir de seu significante,
a embarcar na aventura que o próprio transformando significados, compreendendo o
conhecimento faz na vida de todos que se mun-do e percebendo-o de uma forma
sensibilizam a partir da arte de conhecer. peculiar. Constrói assim seu pen-samento
A educação musical exige um trabalho através da interação com o ambiente e da
complexo quando envolve formação de grupos, compreensão das relações entre todas as
e isso é muito comum em quase todas as ativi- coisas, aí incluindo os sons, as canções, as
dades musicais: corais, banda, teatro, rodas e diferentes manifestações em linguagem
brinquedos cantados. O trabalho com grupos é musical (ROSA, 1990, p.18).
complexo, pois se deve preservar a expres-
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por muito tempo se pensou que a Arte como uma expressão por meio da técnica, mas hoje
se percebe que já não é tanto assim. A arte proporciona aos seres humanos expressar
sentimentos e emoções, ou seja, o artista trás o sen-timento, a expressão que gostaria que o seu
publico tivesse ao ver sua obra e isso se busca por meio de técnicas para que esse sentimento
alcance o seu objetivo que é sensibilizar o seu público com sua arte.
A utilização das diferentes manifestações de arte, ou seja, o uso das dife-rentes linguagens
dentro da arte é muito utilizada uma vez que a linguagem é uma forma de comunicação e a arte
é uma forma de comunicação e a música sensibiliza o ouvinte, o faz julgar o que é belo, o que é
bonito e a beleza se faz presente.
A linguagem da Arte se utiliza de diferentes meios, isto quer dizer que podemos fazer o
uso do texto, da imagem, do som, da dança, da fala no teatro e isso requer o uso de diferentes
técnicas unindo as diferentes linguagens para se comunicar expressando a vida das pessoas em
determinado contexto históri-co.
A arte influencia a forma como ser humano vê o mundo, e se a arte é uma expressão do
artista para o mundo que se expressa por meio de sua obra de arte, ele comunica, diz, propõe,
critica, reflete tudo isso por intermédio de sua arte que e de tudo aquilo que quer comunicar ao
seu público.
Em nossa pesquisa salientamos e ressaltamos a música como uma das linguagens pelo fato
de ser um recurso, um instrumento que pode ser utilizado de forma interdisciplinar no âmbito
escolar proporcionando aos alunos momen-tos de descontração em uma prazerosa aquisição do
conhecimento.
A música é uma forma de arte e propõe um aprendizado global para os alunos. Urge que
os Professores, enquanto mediadores das diferentes formas de apreensão dos diferentes saberes
dar as condições necessária para que a música em sala de aula possibilite diversas formas de
interação de forma siste-matizada, crítica, reflexiva, criativa em que a arte esteja presente sendo
media-da pela música.
A aprendizagem não é um processo fixo, portanto, é possível aprender de diferentes
formas com uma certa flexibilidade que varia de pessoa para pes-soa e que as artes visuais, o
teatro, a dança e a música permeiam esse proces-so de aprendizagem que vai tornando possível
viver de forma singular em um mundo em constante transformações.
Por fim, penso que a Arte está em constante transformação e se constitui em um processo
em que o ser humano põe em prática uma ideia, ou seja, o ser humano faz o uso das diversas
manifestações de Arte e lhe dá as condições necessárias para se comunicar e interagir com o
mundo.
A Arte comunica o tempo todo fazendo o uso das diversas manifestações artísticas como
as Artes Visuais, o Teatro, a Música e a Dança que permeiam nossas vidas e possibilitam a
comunicação e interação na realidade que vive-mos.
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Dessa forma, pode-se perceber que a música Barreto (2000, p.45), apresenta que:
e suas propriedades, são mais do que Ligar a música e o movimento, utilizando a
elementos recreativos e meros estimulantes, dança ou a expressão corporal, pode contribuir
mas sim, fonte global de desenvolvimento, para que algumas crianças, em situação difícil
ferramenta auxiliadora na construção de na escola, possam se adaptar (inibição
identidade, socialização e autorrealização. psicomotora, debilidade psicomotora,
Seguindo o abordado a música é, cada vez instabilidade psicomotora, etc.). Por isso é tão
mais, considerada uma ferramenta de ação importante à escola se tornar um ambiente
pedagogia e, usada para alfabetizar, resgatar a alegre, favorável ao desenvolvimento.
cultura e ajudar na construção do O educador deve ter a sensibilidade de
conhecimento de crianças Diante do foco da perceber o momento e o tipo de música que
ação pedagógica, pode-se considerar que, por deverá ser anexado aos trabalhos, para
meio de atividades aonde se relacione objetos promover uma maior compreensão e
a sons, o educador pode perceber da criança, agregação do conteúdo trabalhado, tornando a
sua capacidade de memória auditiva, aula mais prazerosa, dinâmica, atrativa, e vai
observação, discriminação e reconhecimento ajudar a construir e recordar as informações e
dos sons, podendo assim, vir a trabalhar conhecimento.
melhor o que está defasado, na questão visual, Trabalhar, concomitantemente, as letras das
auditiva e propriamente escrita. músicas, as músicas, seus sons e contexto
Nos estudos apresentados por Katsch e histórico-cultural, ajuda e fixa o trabalho
Merle-Fishman apud Bréscia (2003, p.60), é pedagógico de maneira a levar o aluno a
destacado que “[...] a música pode melhorar o construir uma relação com a sociedade e o
desempenho e a concentração, além de ter um papel da música naquele contexto.
impacto positivo na aprendizagem de Não parece que o aluno consiga fazer essa
matemática, leitura e outras habilidades relação com o seu contexto, mas apresentar
linguísticas nas crianças”. aos alunos que aquela música foi feita com uma
A música, além de contribuir para deixar o finalidade e por uma pessoa que passava por
ambiente escolar mais alegre, pode ser algum momento diferenciado em sua vida,
utilizada desde para criar uma atmosfera mais ajuda as crianças a entenderem o porquê da
receptiva na chegada dos alunos, a um sua utilização e reforça o reconhecimento de si
momento mais relaxante direcionando a um e do outro na sociedade.
efeito calmante, após atividades que exigiram Assim, ler poemas, textos ou letras das
mais agitação e movimentos. canções antes e também depois de ouvir a
Também, apresenta sua função na redução música, reforça promove a integração de
de tensão em momentos de avaliação e pode, aspectos sensíveis, afetivos, estéticos e
e deve ser usada como um recurso no cognitivos, promovendo uma interação e
aprendizado de diversas disciplinas, comunicação social.
principalmente na alfabetização – o momento É necessário que, por meio da leitura, leve o
de interagir lúdico abstrato concreto. aluno à compreensão do seu processo de
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Para Snyders (1992, apud Jeandot, 1997), disto o ouvido acusará se o movimento feito foi
nunca uma geração viveu tão intensamente a correto (audição), os instrumentistas possuem
música como as atuais. É de suma importância muito mais coordenação na mão dominante
que o professor a utilize em sala e aula procure do que as pessoas comuns, o efeito do
compreendê-la em sua plenitude, com todos os treinamento musical no cérebro é semelhante
fatores que a compõem: instrumentos, letra e ao da prática de um esporte nos músculos,
seus sentidos sonoridade, buscando com isto, Platão já afirmava há muitos séculos atrás, que
desenvolver o prazeroso trabalho de escutar os a música é a ginástica da alma. Ao mesmo
mais diversos sons e composições. tempo em que a música possibilita essa
Segundo Nogueira (2004), pesquisas diversidade de estímulos, por ser relaxante,
desenvolvidas nas décadas finais do século XX pode estimular a absorção de informações,
confirma a grande influência da música no com isto é facilitar a aprendizagem.
desenvolvimento da criança, a fonte de Lasov, (1978, apud, Nogueira, 2004),
conhecimento dela. Quanto maior for os desenvolveu uma pesquisa, na qual observou
estímulos que a criança receba melhor será o grupos de crianças, em situação de
seu desenvolvimento intelectual, ao trabalhar aprendizagem; a um destes foi oferecida
com sons, desenvolve sua capacidade auditiva, música clássica lenta enquanto estavam tendo
ao gesticular e dançar, esta desenvolve a aulas, o resultado foi satisfatória para este
coordenação motora e atenção, ao manifestar- grupo, a explicação do cientista é de que a
se por meio do canto estará descobrindo suas pessoa que estava ouvindo música clássica
capacidades e estabelecendo relações com o passa do nível alfa (alerta), para o nível beta
ambiente em que ela está inserida. (relaxados, mas atentos), baixando com isto a
Sharon (2000, apud, NOGUEIRA, 2004), ciclagem cerebral, aumentando a atividade dos
pesquisadores da Escola de Medicina de neurônios e as sinapses tornam-se mais
Harvard (EUA) e Gaser, da Universidade de Jena rápidas, facilitando a concentração e a
(Alemanha), revelaram que ao comparar aprendizagem.
cérebros de músicos e não músicos, os do Conforme Nogueira (2004), outra corrente
primeiro grupo apresentavam maior de estudos aponta a proximidade entre a
quantidade de massa cinzenta, principalmente música e o raciocínio lógico - matemático. De
nas regiões responsáveis pela audição, visão e acordo com o autor pesquisadores da
controle motor. Universidade de Wisconsin, alunos que
Conforme esses autores, tocar um receberam aulas de música apresentaram
instrumento exige muito da audição e da resultados de 15 a 41 % superiores em testes
motricidade percebe-se com isto que a prática de proporções e frações do que as outras
musical faz com que o cérebro funcione “em crianças.
rede”, o indivíduo, ao ler determinado sinal de Neste sentido a autora conclui que a prática
partitura, necessita passar essa informação da música, seja por meio do aprendizado de um
visual ao cérebro, este por sua vez transmitirá instrumento, seja pela apreciação ativa,
a mão o movimento necessário (tato), ao final potencializa a aprendizagem cognitiva,
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especialmente, no campo do raciocínio lógico, meio do repertório musical que iniciamos como
da memória, do espaço e do raciocínio membros de determinado grupo social. Por
abstrato. exemplo: os acalantos ouvidos por um bebê no
Segundo Nogueira (2004), é no campo da Brasil não são os mesmos ouvidos por um bebê
afetividade humana, que os efeitos da prática nascido na Islândia, da mesma formas as
musical se mostram mais claros, brincadeiras, as adivinhas, as canções e as
independentes de pesquisas que trabalham parlendas, que dizem respeito a nossa
com crianças percebem tais efeitos, o que realidade nos inserem na nossa cultura.
muda é que esses efeitos são pesquisados e A afetividade segundo Piaget, apud
estudados cientificamente, a criança aos (JEANDOT, 1997), é a energia que mobiliza a
poucos vai formando sua identidade, cognição, ao mesmo tempo a afetividade
percebendo-se diferente dos outros e ao precisa de um espaço para estruturar-se, o
mesmo tempo buscando integrar-se ao meio, e sujeito para ele não é apenas “ativo porque faz
é neste momento que as atividades musicais muitas coisas, é ativo porque está
coletivas favorecem o desenvolvimento da continuamente organizando e reorganizando
socialização, estimulando a compreensão, a seus esquemas assimiladores”.
participação e a cooperação. A música também contribui para o
Conforme a autora em pesquisa realizada na amadurecimento individual e social, isto é o
Universidade de Toronto, Sandra Trehub (apud, aprendizado das regras sociais, por parte da
NOGUEIRA, 2004), comprovou que pais e criança, quando uma criança brinca de roda ela
educadores já tem a oportunidade de forma lúdica vivenciar
imaginavam que os bebês tendem a situações de perda, de escolha, de decepção,
permanecerem mais calmos quando expostos a de dúvida, de afirmação. Cantigas como
uma melodia serena e dependendo da Ciranda-cirandinha, Terezinha de Jesus, etc.,
aceleração do andamento da música ficam usadas no cancioneiro popular e que nos foram
mais alerta. O teórico salienta ainda que em transmitidas oralmente, por meio de gerações,
experiências vivenciadas com grupos de são formas inteligentes que a sabedoria
professores, que a princípio não apresentavam humana criou para nos preparar para a vida
memória da sua infância, ao ouvirem certos adulta.
acalantos, emocionaram-se e passaram a Tais brincadeiras tratam de temas tão
relatar situações vividas há muito tempo. Por complexos e belos, falam de amor, de trabalho,
todas essas razões a linguagem musical tendo de tristezas, de tudo que a criança irá enfrentar
sido apontada como uma das áreas do no futuro, queiram seus pais ou não, são
conhecimento mais importantes a serem experiências de vida que nenhum sofisticado
trabalhada na Educação, ao lado da linguagem brinquedo pode oferecer e elas contribuem
oral e escrita, do movimento das artes visuais, para o desenvolvimento sócio afetivo da
da matemática e das ciências humanas e criança.
naturais. A música traz efeitos significativos no Conforme Jeandot (1997), Piaget
campo da maturação social da criança, e é por compreende a música como um processo de
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por reflexionamento e reflexão (Piaget, 1977, como a criança e vai conseguindo promover
apud Bayer e Kebach, 2009), a partir das uma adaptação desta criança.
questões levantadas pelos próprios alunos e g) Na brincadeira, nesse murmurar, a
das perguntas levantadas pelo próprio criança já vai compreendendo, incorporando
professor, e de todos os desdobramentos que que naquele lugar não tem perigo, que ela pode
daí ocorrerem. confiar no educador, na equipe da escola, nos
d) A música em sala de aula deve ser usada amigos. No decorrer do período de adaptação
de forma lúdica, como possibilidade de da criança ocorrem situações em que “A música
ampliação da aprendizagem e sempre induz movimentos afetivos, que se
desenvolvimento integral da criança. Na processam na escuta por meio da vivência de
interação professor/aluno, a música deve agir estruturas que existem em nível de texto nela
como mediadora com o propósito de própria.” (LOUREIRO, 2003).
intensificar características humanas como a Com a música, os adultos passam pelo
imaginação, a criação e a comunicação. problema de evitar cantar, temendo o
Conforme Loureiro (2003, p. 125), a música ao “constrangimento de desafinar”. Portanto, é
ser usada em sala de aula, precisa ser além de importante saber que a afinação é um conceito
um instrumento, assim capacitar o social, que a sociedade constrói e que isso não
desenvolvimento do ser humano. “[...] torná-lo deve ser motivo para não fazer uso da música,
capaz de conhecer os elementos para intervir ou usar somente CD em sala de aula. Música
nele, transformando-o no sentido de ampliar a não é questão de dom, como ensina Loureiro
comunicação, a colaboração e a liberdade (2003), mas sim de hábito, assim como se pode
entre os seres”. adquirir o hábito pela leitura, também se pode
e) Neste sentido, Snyders (1992, p.89, fazê-lo com a música. Incentivar as crianças a
apud, Loureiro, 2003, p.204), estabelece uma produzir suas músicas é muito interessante,
maneira simples de utilização da música. Para assim como construir seu próprio instrumento
ele, a música proporciona experiências belas, musical. Acredita- se que o gosto e o hábito
que leva ao sentimento de alegria, mas uma pela música podem crescer beneficiando a
alegria específica, que desperta o prazer, e com criança, tornando a aula mais rica.
esta satisfação consegue aprender. Ao arguir na construção de instrumentos
f) A música também auxilia na fase de musicais, pensa-se sobre a questão da
adaptação à escola, ou mesmo na comunicação interdisciplinaridade, embora na educação
não verbal. Crianças de educação infantil, infantil, não ocorra à segmentação de
muito pequenas, tendem a retrair-se e não ter disciplinas (português, matemática, etc.), o
contato com ninguém. Não falam, não educador quando vai trabalhar um projeto, o
murmuram, no máximo emitem sons com um elabora, pensando o que está trabalhando com
determinado ritmo. Muitas vezes o educador aquela sala de aula. A educação é a melhor
conversa com essa criança, por meio de uma escola para o professor entender o que é
comunicação não verbal, ele tenta murmurar interdisciplinaridade.
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Ao se trabalhar com instrumentos musicais, De acordo com Jeandot (1997), segue alguns
Loureiro (2003), sugere que o educador exemplos de instrumentos construídos com
também o possa fazer de maneira mais lúdica, objetos do cotidiano: Tambor de lata de tinta
mais prática, fazendo a criança experimentar coberto com bexiga (látex) ou couro; sinos
em cima de cada instrumento, permitindo que construídos com várias chaves, de diversos
ela crie seu som, sua música. A classe pode até tamanhos, presas em um suporte;
criar uma canção em cima dos instrumentos instrumentos com tampas de metal amassadas
que conheceu, a partir da experiência que e furadas, passadas por um cordão; reco-reco
tiveram com cada um. pode ser feito com a espiral de aço de um
Manusear os instrumentos, assim como criá- caderno fixada em uma superfície de madeira
los, criar coreografias também é trabalhar com ou utilizando bambu (exatamente como os
música. Muitos pensam que música é só indígenas faziam), ou com canos de PVC, assim
cantar! Mas ela vai além, pois permite como latas de óleo; Latas de refrigerante e
experiências concretas, desde experimentar o garrafas pet cortadas, cheias de pedrinhas e
instrumento, assim como criá-lo, separar os depois vedadas geram excelentes chocalhos;
instrumentos por sons, seriá-los. Isso também Tampas de panelas velhas tornam-se
auxilia no desenvolvimento cognitivo da excelentes pratos; Cascas de coco maduro
criança. podem ser percutidas uma contra a outra ou
Barreto (2000), afirma que o primeiro passo tocadas com uma vareta; Cabaças também
para a descoberta e tomada de consciência do podem dar excelentes chocalhos, e também
aluno em relação às suas possibilidades podem ser preenchidas com sementes de
sonoras faz-se por meio da exploração dos sons flamboyant; Tubos de bambu ou de PVC, de
do corpo e dos gestos que os produzem. diversas espessuras e tamanhos presos por
Segundo ao autor, o homem pré-histórico linhas podem tornar-se xilofones; Um garfo
descobriu que, além dos sons de sua voz, era amarrado por um barbante e percutido por
possível também produzi-los por diferentes uma colher pode tornar-se um triângulo; Uma
processos: batendo em objetos (percussão), caixa de madeira ou outro suporte com fios de
soprando por meio de um canudo (sopro), náilon de diversas espessuras pode dar um bom
vibrando a corda de seu arco (corda). A instrumento de corda (JEANDOT, 1997).
diversidade de formas e a variedade de Jeandot (1997), sugere também as garrafas
materiais originaram a necessidade de de som (no mínimo cinco garrafas iguais, com
organizar e dividir os instrumentos em famílias: bocal pequeno, com quantidades diferentes de
cordas, percussão, madeira e metais água); flautas de PVC; rombo (barbante forte,
(BARRETO, 2000). sementes de frutas ou conchas); monocórdio
Um trabalho de confecção de instrumentos (ripa de madeira, pregos e fio de náilon ou
com material reciclável pode ter início com o metal), entre outros. Estas são apenas algumas
reconhecimento dos sons e suas nuances, ideias trazidas pela autora, porém existem
depois com o reconhecimento dos muitos outros caminhos que podem surgir a
instrumentos e a confecção dos mesmos. partir da exploração sonora com o material que
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tiver à sua disposição e das ideias sugeridas nas muito potente, muito conhecido e muito
aulas de apreciação. utilizado, não só na música, mas durante toda a
Ao final de um processo de confecção, de nossa vida: a VOZ! Essa capacidade de produzir
acordo com Brito (2003), é interessante reunir som é muito grande e muito significativa desde
todos os instrumentos para ouvir cada um e a mais tenra idade. Os bebês, por exemplo, se
analisar as características de cada material: comunicam pelo choro, além de reproduzir
quais os que podem produzir sons curtos ou sons vocais que ouvem.
longos, quais podem variar a intensidade, se O trabalho com a voz deve envolver
são graves, agudos, se podem ser afinados, se brincadeiras, onomatopeias, ruídos, reproduzir
produzem apenas ruídos, etc. Tão importante o som das vogais e das consoantes (pondo
quanto construir instrumentos é poder fazer ênfase na formação labial), esse trabalho
música com eles, realizar jogos de implica na escolha de um local apropriado,
improvisação, arranjos para canções acolhedor, que não comprometa a voz infantil.
conhecidas, conferindo sentido e significado a Esta, por sua vez, deve ser alvo de observação
todo esse processo que transforma materiais do professor, a fim de verificar se a criança tem
variados em meios para a expressão musical voz rouca, se faz força para falar, se grita ao
(BRITO, 2003, p. 84). invés de falar. Nesses casos, a criança deve ser
A música enquanto linguagem deve ser encaminhada para uma pessoa especializada
trabalhada na sala de aula, quando se faz um no assunto, para que se verifiquem eventuais
trabalho vocal, jogos rítmicos, ou que problemas e estes sejam solucionados. Para
contenham som, movimento, dança ou os de entender melhor a música é necessário
improvisação. Outra atividade que pode ser desenvolver o hábito de ouvir os sons com
realizada na educação é a sonorização de muita atenção, de modo que se possam
histórias, sugere a autora citada no parágrafo identificar os seus elementos formadores, as
anterior. suas variações e as maneiras como são
Qualquer material sonoro pode ser utilizado distribuídos e organizados numa composição
para fazer música, assim sendo Brito (2003), musical.
considera que qualquer propagador de som, De acordo com Loureiro (2004), qualquer
pode ser chamado de fonte sonora. Na pessoa pode fazer música e se expressar por
educação ao se trabalhar com música, deve-se meio dela, desde que sejam oferecidas
reunir grande quantidade de fonte sonora, condições necessárias para sua prática.
inclusive pode ser mostrado às crianças, o filme Quando afirmamos que qualquer pessoa pode
Tarzan. Neste filme há uma cena em que os desenvolver-se musicalmente, consideramos a
gorilas fazem som utilizando objetos dos necessidade de tornar acessível, às crianças e
humanos. aos jovens, a atividade musical de forma ampla
É um meio de se produzir música. É e democrática (p.66).
interessante utilizar instrumentos bonitinhos, A linguagem musical se dá pela exploração,
mas a improvisação também envolve isto. Além pela pesquisa e criação, e pela ampliação de
dos instrumentos se tem também um recurso recursos, respeitando as experiências prévias, a
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considera-se que a música na Educação deve ser uma importante fonte de estímulos,
equilíbrio e momento feliz para a criança.
Cada momento musical deve incentivar ações, comportamento motores e gestuais.
Entende-se a musicalidade como uma tendência que leva o ser humano para a música,
quanto maior a musicalidade e mais cedo à mesma é incentivada no indivíduo, mais rápido será
seu desenvolvimento.
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
REFERÊNCIAS
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Acadêmica, 2000.
BRASIL. LDB n.º 5.692/71 Fixa diretrizes e bases para o ensino de 1º e 2º graus, e dá outras
providências.
BRASIL. Lei n.º 11.769, de 18 de Agosto de 2008, que Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro
de 1996, Lei de Diretrizes e Bases da Educação, para dispor sobre a obrigatoriedade do ensino
da música na educação básica.
BRÉSCIA, Vera Lúcia Pessagno. Educação Musical: bases psicológicas e ação preventiva.
São Paulo: Átomo, 2003.
CAMPBELL, Linda; CAMPBELL, Bruce; DICKINSON, Dee. Ensino e Aprendizagem por meio
das Inteligências Múltiplas. 2. Ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.
GAINZA, Violeta Hemsy de Estudos de Psicopedagogia Musical. 3. Ed. São Paulo: Summus,
1988.
GARDNER, Howard. Inteligências Múltiplas: a teoria na prática. Porto Alegre: Artes Médicas,
1995.
203
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
SILVA, Valdemar Félix da. Música na Escola Pública: Desafios e Soluções. Escola de Música
e Belas Artes do Paraná, Programa de Desenvolvimento Educacional – 2008.
WEIGEL, Anna Maria Gonçalves. Brincando de Música: Experiências com Sons, Ritmos,
Música e Movimentos na Pré-Escola. Porto Alegre: Kuarup, 1988.
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
RESUMO: Este estudo tem como objetivo mostrar o quanto a Neurociência e seu estudo pode
auxiliar no desenvolvimento infantil de crianças de 0 a 6 anos de idade. O estudo da Neurociência
tem como principal objetivo melhorar o desenvolvimento de crianças que apresentam alguma
dificuldade de aprendizagem, alguns problemas neurológicos e cognitivos. Os profissionais que
trabalham na educação precisam pelo menos de um amparo de pessoas que tenham tais
conhecimentos, para auxiliar e acompanhar as crianças nos primeiros anos de vida escolar, à fim
de proporcionar a elas um desenvolvimento mais significativo. Nessa primeira fase escolar
podemos descobrir e trabalhar com essas crianças de forma que seu futuro possa ser muito
melhor, pois quanto antes for descoberto e trabalhado algum problema neurológico, maiores
serão as chances dessas crianças a se desenvolverem, minimizando os problemas no futuro.
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dificuldades e fazer com que se desenvolvam Porém estudos surgiram e revelaram que
da melhor maneira possível porções sobreviventes do cérebro alteraram
Esse trabalho se justifica pela importância do sua atividade funcional de modo a fazer vezes
acompanhamento das crianças na primeira de outra para contribuir com sua recuperação.
infância, e o quanto é necessário descobrir o (BORELLA, SACCHELLI, 2009, p.162).
quanto antes alguns problemas e tratá-los, Mesmo com os fatores genéticos que
para que a criança tenha um desenvolvimento entram nessa conta, enquanto as tendências
mais tranquilo e significativo. intrínsecas, as experiências também ditam
Podemos perceber que dentro das escolas como acontecerá o aproveitamento da
de educação infantil, muitas crianças não são aprendizagem pelas crianças. Não são apenas
entendidas e acabam sendo deixadas meio que os estímulos ou a falta deles que irá modificar a
de lado, sem um acompanhamento adequado, estrutura do cérebro no decorrer dos anos.
fazendo com que isso se agrave no decorrer dos Nem todos os estímulos são positivos, mas
anos, não fazendo uma inclusão adequada da como o cérebro das crianças ainda é vulnerável
mesma, fazendo com que ela perca muito no é importante termos consciência que tudo
seu desenvolvimento, acarretando em diversas pode interferir em longo prazo, especialmente
dificuldades no seu aprendizado como um nas condições emocionais das crianças. Alguns
todo. acontecimentos podem ser esquecidos ao
passar do tempo, principalmente pelas crianças
AS OPORTUNIDADES DA pequenas, mas podem ficar guardados
profundamente de maneira que irá ter um
PRIMEIRA INFÂNCIA impacto futuramente, desencadeando algumas
Para os pais e professores é muito emoções que não deveriam ter acontecido no
importante conhecer sobre a neurociência na passado, sendo trazido e modificando a
primeira infância, que está relacionada com a realidade futura.
plasticidade do cérebro, pois nos primeiros Estudos comprovam que o amor maternal,
anos de vida, esta é a fase de maior abertura e influi beneficamente nas crianças, as mães mais
absorção de aprendizagens novas. carinhosas que evitem que as crianças chorem,
A plasticidade cerebral trata-se de um novo e oferecem um apoio emocional, ajudam no
tema no que diz respeito às discussões desenvolvimento do hipocampo, que é uma
relacionadas à Medicina, e com os temas importante parte do nosso cérebro, que
relacionados com o processo de aprendizagem. visivelmente cresce duas vezes mais rápido em
Nos anos de 1950, os médicos acreditavam que crianças que recebem esse amor e carinho do
pouco se poderia fazer com relação à perda dos que as crianças que são tratadas com certo
neurônios e das conexões sinápticas, pois se distanciamento, ou são cuidadas por outras
achava que o cérebro não poderia regenerar- pessoas que não possuem esse amor e carinho
se, se trata como um programa genético já que as crianças tanto precisam.
definido. Atualmente é difícil vermos uma mãe em
tempo integral com seus filhos, por conta dos
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
compromissos do dia a dia, cada vez mais é O recém-nascido “brinca” (exercita) suas
delegado a terceiros a responsabilidade de possibilidades sensoriais (mais do que motoras)
cuidar das crianças pequenas, colocando em nascentes. Brinca de “gorjear”, brinca de se
creches ou deixando com conhecidos, o que olhar, suas reações circulares primárias não
acarreta numa falta de carinho integral. passam de brincadeiras funcionais.
Por isso é importante que dentro da escola Descobrindo-a por acaso, busca recuperar a
infantil, todos os profissionais que convivem sensação corporal agradável (KISHIMOTO,
com essas crianças tenham um compromisso 2012, p. 115).
de tratá-las da melhor maneira possível, A partir de algumas situações são capazes de
influenciando seu crescimento. decidir entre duas estratégias diferentes para
Antigamente a escola só tinha a agir no mundo, podem chorar pedindo ajuda
responsabilidade de ensinar, agora tem a ou tentar explorar sozinhos.
responsabilidade de formar as pessoas, que era Precisamos estudar sobre a mente humana,
responsabilidade da família, por isso é sabendo que é um campo muito amplo do que
considerada a ideia de uma escola integral, em o cérebro e com um extremo potencial. Nossas
todos os seus aspectos de desenvolvimento. mentes não aprendem apenas com alguns
dados, podemos construir novos pensamentos,
COMO AS CRIANÇAS novas ideias. Devemos investir nas crianças,
pois no futuro essas crianças poderão mudar o
APRENDEM mundo para melhor.
O aproveitamento dos aprendizados na Falar de construção de conhecimento
Primeira Infância tem haver com a formação da através das dificuldades que o ser humano
sinapse, que tem seu ápice nos primeiros anos possa enfrentar no seu aprendizado ampliar
de vida, de forma rápida e intensa. “seus horizontes esclarecendo assim aos
Sinapses são as regiões de proximidade futuros e atuais psicopedagogos as diferentes
entre neurônios e células vizinhas, no qual são percepções teóricas que permeiam o processo
transmitidos impulsos nervosos, que passam de aprendizagem” (LEAL e NOGUEIRA, 2012,
para células, sendo possível que o cérebro p,11).
responda ao sinal recebido. A primeira infância está cercada de desafios
Desde o momento em que nascemos somos e oportunidades, sendo importante
capazes de aprender um número enorme de entendermos que os pais e professores, apesar
informações de maneira rápida, sem base de terem uma enorme responsabilidade sobre
alguma. essas crianças, não podem impedir sua
Os bebês são capazes de aprender por meio autonomia e nem mesmo de errar para
de generalizações de pequenas amostras, ao aprenderem sozinhas.
presenciar algumas situações, criando suas Por menores que pareçam, os bebês são
próprias interpretações de acordo com capazes de escolherem e tomarem decisões,
suposições lógicas, mas vale uma ação do que evoluindo rapidamente. Para trabalharmos
uma palavra. essa autonomia com segurança, podemos
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
propor às crianças experiências lúdicas, No dia a dia dentro de sala de aula passamos
contando histórias, jogos, brincadeiras, entre por situações de falta de atenção das crianças,
outras atividades. pouca assimilação, falta de compreensão,
É necessário que as crianças tenham o poder dificuldades de aprendizagem e como
de interagir com o meio e com os objetos e que professores, precisamos buscar alternativas
tudo isso tenha um significado real para suas para esses e outros problemas que existem
vidas, podendo escolher também o momento dentro de uma sala de aula. Nos momentos de
de brincar. reunião e formação acabamos dividindo com
Na primeira infância é a fase de intensa nossos colegas alguns desses problemas, à fim
receptividade e a imaginação está aflorando, a de buscarmos uma solução, trocando ideias e
ludicidade é uma ferramenta poderosa como estratégias.
recurso e pode apoiar diversas técnicas e Muitos professores ficam desanimados
métodos que estimulem a forma de pensar de diante à busca incessante de uma
uma maneira mais ampla. “metodologia” que consiga atingir a maior
A liberdade de brincar e experimentar o parte dos alunos, mas o trabalho do professor
mundo é o que permite trabalhar a imaginação é realmente essa busca, encontrando algumas
das crianças, testando seus entendimentos, respostas, e encontrando outras tantas
antes de lidar com alguns obstáculos e questões que irão aparecer durante os anos de
objetivos da adolescência e vida adulta. sala de aula, é importante que saiba que não
Os aprendizados ocorridos na primeira existe um modelo perfeito, nem sempre o que
infância se estenderão, fazendo parte das deu certo para uma criança será a resposta
bases em suas próximas etapas do para outra, pois há uma diversidade enorme de
aprendizado. indivíduos, situações e comunidades.
É muito impressionante para as crianças A neurociência e o conhecimento dela
quando percebem que estão aprendendo contribui para entender conhecimentos que
sempre, os pais e professores também permitem aos professores uma visão ampliada
percebem essa evolução das crianças, o e mais profunda da mente humana, mas
conceito de “aprendizagem”, acaba implicando transformar esses saberes em práticas
na ciência da criança que seu cérebro recebe pedagógicas a serem aplicadas em sala de aula
informações continuamente, por meio de é a função dos professores, não é uma ciência
órgãos sensoriais. exata e nem teríamos como fixar estratégias
Dentro da educação infantil é importante que servirão para todos os professores, cada
que as crianças comecem a entender como um precisa buscar as práticas pelas quais se
aprendem sem se darem conta de como isso sintam mais capazes em realizar com seus
acontece exatamente, sendo importante que o alunos, visando sempre o bem estar das
professor saiba que a informação nova que crianças e a qualidade no ensino e aprendizado
tenta transmitir para as crianças só é fixada se das mesmas.
tiver base, que já exista em algum lugar do Sobre os Neurocientistas, temos a frase de
cérebro da criança. Metring:
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Portanto podemos dizer que é um processo As práticas pedagógicas vão avançando cada
neuropsicocognitivo que ocorrerá num vez mais, com tantas pesquisas científicas
determinado momento histórico, numa baseadas nas Neurociências.
determinada sociedade, dentro de uma cultura A neurociência atualmente estuda o
particular (RISUEÑO & LA MOTTA, 2005 p.31). desenvolvimento biológico dos seres humanos,
aumentando o entendimento de como são
AS NEUROCIÊNCIAS fundamentais nos primeiros 6 anos de vida,
procurando desvendar o desenvolvimento do
As Neurociências estudam o funcionamento
cérebro, os circuitos neuronais e os
do nosso cérebro e como este se molda e
mecanismos biológicos que podem afetar a
regula os mais diferentes comportamentos que
aprendizagem, a linguagem, comportamentos
expressamos no nosso cotidiano.
e a saúde dos seres humanos ao longo da vida.
Durante muitos anos as atividades humanas,
O que mais fascina nesses estudos é a
suas estruturas e as funções dos processos
compreensão do desenvolvimento do cérebro,
psicológicos, como nossas percepções,
pois é um órgão frágil e muito complexo,
memórias, atividades intelectuais, a nossa fala,
afetado pela nutrição e cuidados com a saúde
nossos movimentos e ações foram estudados e
desde o pré-natal e especialmente nos
descritos por teorias psicológicas.
primeiros anos de vida, criando a base para o
Os estudiosos mais conhecidos no caso da
desenvolvimento.
infância são Piaget, Vygotsky e Luria, mas há
O estímulo que oferecemos durante os três
muito que ainda não foi explicado e precisa ser
primeiros meses do desenvolvimento
estudado sobre o funcionamento do nosso
embrionário, afetará o feto por meio de
cérebro.
neurotoxinas, como: fumar; exposição ao
Muitos estudos sobre o cérebro contribuem
chumbo, alumínio e mercúrio; consumo de
de grande relevância para o refinamento de
álcool; violência no lar; entre tantas outras
modelos de desenvolvimento e teorias de
situações geram diversas sequelas no
aprendizagem. Com o crescimento da
desenvolvimento cerebral das crianças.
tecnologia, foram possíveis alguns exames de
Quando a grávida consome bebidas
neuro-imagem cerebral, fazendo com quem
alcoólicas, pode ocasionar a síndrome alcoólica
fosse mais fácil o aprendizado sobre o cérebro
fetal, que queima neurônios, provocando
humano, aprimorando com isso os
déficits comportamentais e de função
conhecimentos trazidos por décadas por
cognitiva.
importantes estudiosos, teóricos do
A subnutrição da gestante pode gerar nas
desenvolvimento, podendo provar como as
crianças um cérebro menor, por falta de ferro
conexões cerebrais interferem na
na sua alimentação produzindo diversos efeitos
manifestação e aprimoramento dos nossos
nas funções motoras e cognitivas.
comportamentos, especialmente como ocorre
à aprendizagem. Atualmente a neurociência tem sido um
assunto que muitos profissionais da educação
que procuram compreender e aprender, pois o
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
cérebro e seu funcionamento causam respostas para o que realmente é eficaz dentro
curiosidade à maioria das pessoas, e da educação.
especialmente no que diz respeito ao Os professores que estudam a
aprendizado, e às doenças cerebrais são um Neuropedagogia acabam aprendendo a
dos assuntos mais tratados dentro das escolas, estimular diferentes zonas do cérebro e criam
pois com a inclusão de pessoas com problemas ligações, auxiliando seus alunos no
e dificuldades de aprendizagem, os professores reconhecimento mais eficaz das palavras e
precisam buscar estratégias para ensinar procurando errar menos.
ensiná-las. Para os profissionais da educação é
A neurociência trabalha como determinada importante ter um pouco de conhecimento
pessoa é, como aprende, especialmente nas sobre como o cérebro funciona, e quais
questões temperamentais de cada indivíduo, estratégias devem trabalhar com as crianças,
os motivos pelos quais determinada pessoa para que consiga o melhor desenvolvimento
ficou de tal maneira, por que tamanha das mesmas.
diferença entre as pessoas. Tudo é estudado na Não basta sabermos como o cérebro
neurociência do imaginário ao cotidiano das aprende isso apenas não é suficiente para a
pessoas, sendo um assunto que permeia a realização da mágica do ensinar e do aprender.
sociedade, pesquisas sobre o funcionamento Não há soluções instantâneas e definitivas, mas
do cérebro sempre são assuntos interessantes os conhecimentos advindos da neurociência
e cada vez mais publicados. cognitiva auxilia na construção e na definição
As escolas deveriam criar ambientes de de propostas de intervenção pedagógica mais
forma que obtivessem o melhor eficazes, especialmente para as crianças que
aproveitamento do cérebro na aprendizagem, apresentam algum problema no cérebro ou
proporcionando atividades relaxantes, algum distúrbio de comportamento e
exercícios respiratórios, evitando situações aprendizagem, sendo um passo enorme para a
estressantes, pensando no corpo do aluno e inclusão dessas crianças, buscando
toda sua configuração biológica e seu sistema atendimento específico e especializado,
nervoso. melhorando a qualidade de vida das mesmas.
Os neurocientistas estudam como o cérebro Todas as crianças serão beneficiadas com o
aprende, e é importante que os profissionais de professor que entende sobre neurociência, por
educação tenham acesso a todo o material conta das estratégias didáticas, as formas
estudado, pois na escola os professores tentam diferenciadas de abordar certos
ensinar cérebros, e todos possuem uma forma conhecimentos e a visão singular que o
de aprender diferente dos demais. professor que conhece o assunto tem.
A educação sempre está mudando, tendo Ao estudarmos como o cérebro funciona e
idas e vindas, nem sempre o que deu certo em como as pessoas aprendem o professor vai ter
um período é capaz de dar certo atualmente, as mais segurança sobre a forma mais adequada
descobertas das neurociências, buscam para auxiliar seus alunos, permitindo
desenvolver um ensino bem-sucedido e
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demandam mais atenção diminui o são diferentes das demais pessoas, percebem
crescimento de algumas dificuldades. que podem pensar o que quiserem.
Por diversas razões as Neurociências na As crianças para se beneficiarem da
Educação estão crescendo como um novo educação formal precisam ter uma apreensão,
campo que em apoio com outras áreas do mesmo que rudimentar, de como elas
saber, acabam contribuindo com a busca da aprendem, ter consciência do que não sabem,
promoção de um desenvolvimento pleno e é um pré-requisito para que a instrução
saudável para as crianças na primeira infância. sistemática que a criança recebe na escola seja
Quando os professores utilizam todo esse significativa.
conhecimento na hora de planejar, observar e Aos 5 anos as crianças já possuem um bom
registrar o desenvolvimento das crianças, será amadurecimento dos circuitos neuronais e
fácil refletir e propor novas atividades, aperfeiçoamento das conexões e atividades de
buscando o ensino/aprendizagem, de uma regiões do córtex, capacitando receberem uma
maneira mais clara e eficaz. instrução pré-escolar, conseguem aprender
Quando nascem os bebês possuem uma diversos hábitos de higiene, cuidado com seus
capacidade sensorial básica, que se desenvolve pertences, tirar e colocar roupas, amarrar
durante os primeiros anos de vida, nos cadarço, pegar algum material e devolver no
primeiros dias aprendem a reconhecer o cheiro local adequado, brincar com os demais,
e o rosto de suas mães, acabam prestando mais consegue dividir brinquedos, atenção e
atenção ao som da voz da mãe do que de conseguem responder a diversos comandos.
qualquer outra pessoa, indicando que Na educação infantil o que mais as crianças
reconhecem a voz e até os batimentos precisam fazer é brincar, sendo uma forma livre
cardíacos da mãe já quando nascem, por se e individual, um exercício funcional.
habituarem a este som na fase uterina. Configurando uma necessidade básica das
Os recém-nascidos distinguem algumas crianças, além de ser um direito conferido, a
expressões faciais básicas de alegria, tristeza e brincadeira é uma ferramenta repleta de
até mesmo raiva, por volta dos 18 meses os possibilidades, tanto para as crianças como
bebês sabem diferenciar alguns elementos de para adultos que convivem com ela, em
outras pessoas, desejos e emoções do que eles especial dos professores, que por meio da
mesmos podem ter diferentes olhares, desejos observação dessa brincadeira, pois são
e emoções. Nessa fase as crianças brincam de momentos lúdicos que trabalham diversas
faz de conta, demandando o saber do que é competências.
real e o que é imaginário, sendo um dos Em outras palavras, o brincar, nessa
primeiros passos para a criatividade. perspectiva, teria a função vital e adaptativa de
Por volta dos 3 anos de idade as crianças fomentar o pleno desenvolvimento da criança
começam a falar o que pensam, por vezes sem em seus múltiplos e variados aspectos,
lógica, algumas frases soltas, o que passou pela sobretudo do ponto de vista social e cognitivo,
cabeça na hora, por volta dos 4 – 5 anos, e o faria estimulando a aprendizagem por meio
começam a perceber que seus pensamentos
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ela inclui, também, ações reais e objetos reais. COMO TRANSFORMAR A SALA
Isto caracteriza a natureza de transição da
atividade do brinquedo: é um estágio entre as DE AULA
restrições puramente situacionais da primeira É muito importante que o ambiente escolar
infância e o pensamento adulto, que pode ser seja um espaço enriquecido, para o
totalmente desvinculado de situações reais aproveitamento e a melhora na aprendizagem
(VYGOTSKY, 2002, p. 112). das crianças, lugares nos quais as crianças são
O brincar ainda é visto por muitos adultos isoladas, sem brinquedos, sem estímulos
sem importância, mesmo existindo estudos acabam apresentando déficit de sinapses e
que mostram os benefícios que o brincar traz baixo desempenho em tarefas de
para o desenvolvimento das crianças, é preciso aprendizagem, ambientes extremamente
oferecer, especialmente aos professores e carentes, ou quando as crianças são
demais profissionais da educação cursos de negligenciadas, sem estímulos sensoriais ou
formação nos quais são trabalhados esse contato social, geram retardo nas habilidades
assunto, pois é de tamanha importância para o de andar, falar e distúrbios emocionais e
desenvolvimento de nossas crianças, podendo cognitivos.
influir no futuro da educação como um todo. Nosso cérebro é capaz de reagir fortemente
Ainda há profissionais da educação que só por conta de estímulos estressantes,
consideram os aspectos cognitivos formais e influenciado por meio de situações que
apresentam relutância e dificuldade em viveram nos primeiros anos de vida, tal
perceber as relações que existem entre o habilidade é resultado de resposta a esses
brincar e o desenvolvimento integral das estímulos e acaba influenciando a qualidade do
crianças, inclusive no que diz respeito à raciocínio e a regulação das funções corporais.
cognição, por meio da ludicidade e do brincar a As crianças que recebem estímulos de
criança consegue assimilar muito mais, de qualidade sensorial no início da vida acabam
forma prazerosa e mais rápida do que por meio esculpindo melhor os circuitos
da fala de um adulto, mesmo repetindo e neuroendócrinos e neuro imunes do cérebro.
desenhando na lousa. Em resumo, as relações entre o complexo
Quando vivenciamos uma situação ela fica psiconeuroendoimune são fixadas nos
muito mais fixa em nossa mente, do que primeiros anos de vida e influenciam na
quando ouvimos ou vemos acontecer à outra maneira de lidar com situações estressantes e
pessoas, pois quando vivenciamos estamos acontecimentos, influenciando a aprendizagem
sentindo, por isso o brincar, participar de uma e comportamento nos anos posteriores, por
atividade, pensando em respostas, se isso é tão importante os cuidados maternos nos
colocando em situações problemas é muito primeiros anos de vida, pois podem engatilhar
mais interessante e eficaz para a aprendizagem programas que induzem o eixo hipotálamo-
das crianças. hipófise-adrenais, podendo com isso responder
de uma forma equilibrada as situações
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo e a compreensão sobre o funcionamento do cérebro humano sempre está em
evolução por conta das novas tecnologias e o desenvolvimento e crescimento das áreas
biológicas.
A educação tem como meta a aprendizagem, e o estudo sobre o cérebro e como
aprendemos é um assunto que sempre permeia o universo educacional, pois a aprendizagem está
basicamente ligada ao campo da memória.
As pesquisas, interpretações das implicações que conhecemos do cérebro para o ensino e
a aprendizagem são muito importantes, especialmente para a educação infantil e outros níveis,
progredindo da mesma maneira que a neurociência.
Mesmo com toda pesquisa sobre o cérebro, ninguém pode receitar ou criar um
planejamento fixo de como os professores devem ensinar, não tem como abandonarmos nossa
prática de uma hora para outra, mas podemos ir modificando aos poucos, baseando nossas
experiências com demais estudos, fazendo uma complementação com tudo que já foi estudado,
emergindo da pesquisa sobre o funcionamento do cérebro e especialmente da neurociência
cognitiva.
Dentro das escolas de educação infantil é importante brincar com as crianças, pois por
meio da brincadeira podem consolidar o que são, aumentando sua autonomia, por exploração
do mundo, fazendo pequenos avanços, compreendendo e assimilando gradativamente todas as
regras, padrões e por vezes modificando quando necessário.
As crianças não brincam só para passar o tempo, suas escolhas são motivadas por
processos íntimos, por sentimentos e desejos, algumas inquietações, vontades e ansiedades
vivenciadas em seu cotidiano familiar e social.
É por meio da brincadeira que a criança tem a oportunidade de aprender e entender
determinados fatos, formulando, reorganizando regras e valores, confrontando suas vivências
com a de outras crianças, reelaborando sentimentos, desejos e emoções.
O brincar e a brincadeira possuem uma linguagem peculiar, os adultos precisam respeitar
mesmo que não consigamos entender por completo essa linguagem, precisamos estar atentos
para oferecer distintas formas e situações lúdicas que criem possibilidades às crianças para que
elas desenvolvam suas potencialidades, imaginação e criatividade.
O lúdico consegue oportunizar uma forma não convencional de utilizar alguns objetos com
significados diferentes do que eles realmente possuem.
Brincado as crianças podem evoluir cognitivamente, tendo liberdade para determinar
ações, percebendo algumas consequências que resultam de algumas decisões e melhorando a
comunicação com os demais.
O papel do professor é de um mediador, especialmente nos momentos que acontecem
alguma dificuldade de comunicação, amparando as crianças durante as mais variadas
modalidades, acolhendo, mas tentando deixar as crianças brincarem da forma mais livre, mas
nunca deixando de observar e refletir sobre esses momentos tão importantes para o
desenvolvimento das crianças.
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
REFERÊNCIAS
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RESUMO: O presente artigo tem por interesse central a discussão acerca das práticas e
metodologias do ensino de história na dimensão da reflexão crítica acerca das relações étnico-
raciais neste ambiente. Sendo assim, o objetivo da investigação é correlacionar a prática do
ensino de história com o desenvolvimento crítico de jovens educandos por meio das chamadas
metodologias imersivas. Deste modo, inicia-se por apresentar a questão das relações étnico-
raciais no ensino de história a partir de considerações sobre as metodologias imersivas, assim
como sua caracterização. Em um segundo momento, na mesma intencionalidade, apresenta-se
as potencialidades destas metodologias tanto para o ensino-aprendizagem, quanto para o
desenvolvimento integral dos educandos. A pesquisa se caracteriza essencialmente pela
abordagem qualitativa descritiva, em que se fundamenta em arcabouço teórico metodológico de
princípios construtivistas e da psicologia histórico-cultural.
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discorrer sobre uma questão-problema, uma Sendo assim, a aula expositiva deve ser
representação teatral, um seminário. Por fim, o apenas suficiente para que se possibilite um
terceiro critério avaliativo será em termos da escopo de conhecimento sobre o assunto por
ação afirmativa, na qual o educando tenha a parte dos educandos. A partir desse escopo de
oportunidade de expor a sua perspectiva. conhecimento, passa-se então às atividades de
Importante ressaltarmos que deve-se fomento de reflexão crítica pelos educandos e
considerar a personalidade de cada educando, educandas. O que pode ser feito então é, após
tendo em vista que alguns alunos são mais o escopo de conhecimento, exercícios de
introspectivos que outros ou o contrário. Sendo produção de algum tipo de registro palpável,
assim, outras formas de avaliação devem ser como pequenos textos, ou respostas
sempre uma possibilidade, por exemplo, no dissertativas sobre o tema, ou mesmo
caso, entrega de relatório ou pesquisa exposição oral acerca dos entendimentos sobre
extraclasse. o tema.
Tendo em vista que a avaliação também é Tendo em vista que a proposta é o trabalho
um artefato que possibilita avaliar não apenas com diversidade étnica a partir de uma
o aluno, mas o próprio processo de ensino- perspectiva histórica, as avaliações devem
aprendizagem e as formas na qual ele está se concorrer nesse mesmo sentido, sugerindo aos
dando, assim como as práticas docente, educandos que, além das informações
importante pensar em alguma forma programadas nos planos de aulas, busquem
quantitativa. Pode ser algum relatório aberto, maior aprofundamento em materiais
uma avaliação direcionada, avaliação disponíveis em sala, como artigos, revistas e
afirmativa, ou mesmo o educador relatar em livros. A partir desse primeiro movimento, que
local próprio suas observações do os educandos sejam capazes de exercitar a
interesse/participação dos alunos. Ou seja, prática da argumentação, da investigação e da
produção de algum tipo de registro ou pesquisa, uma vez que a principal fonte da
documento. Essa prática é de fundamental disciplina história são as fontes documentais.
valia para a identificação de acertos e Mas sem esquecer as fontes orais, propõe-se
equívocos manifestados durante o processo de também a pesquisa acerca da história oral.
ensino-aprendizagem (NAPOLITANO; VILLAÇA Além do que, da capacidade de expressar suas
2013). ideias na forma escrita; sempre possibilitando
A estratégia de ensino que se avalia aqui ser uma flexibilidade para que o educando se
a mais adequada é aquela que concebe o expresse mormente na forma que se sinta mais
educando e educanda enquanto centralidade confortável. Aqui neste momento está se
do processo de ensino-aprendizagem. Nesta aplicando as avaliações diagnóstica e
esteira, deve-se considerar a bagagem de formativa.
experiências e vivências dos educandos, Concernente a avaliação somativa, se dará
privilegiando a contextualização do processo preferência pela pesquisa extra classe e
de ensino-aprendizagem sempre a partir destas respectiva produção de trabalhos escritos.
vivências e experiências. Avalia-se que esta proposição é aquela que que
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Finalmente, avalia-se aqui que um dos objetivos centrais ao se trabalhar com as
metodologias imersivas e o tema étnico-racial no ensino de história proporciona afirmar que etnia
e identidade racial não são diferenças naturais, o que seria considerar características biológicas
como essenciais na definição dos indivíduos. Antes são processos culturais, os quais são
distorcidos por segmentos de classes tradicionalmente dominantes na intenção de
hierarquização social. Talvez o principal objetivo e que possa contribuir com a luta de superação
das opressões ligadas as questões de raça e etnia, seja extirpar a ideia de diferenças naturais
entre grupos culturais e étnico-raciais, como se estes se desenvolvessem de forma independente
da contextualização social e dos processos históricos. Exemplo disto é quando educadores, diante
de conflitos que se apresentam no ambiente escolar, invertem a lógica e trocam efeitos por
causas, atribuindo estes conflitos à origens raciais e culturais inerentes ao sujeito ao invés de
considerar a estrutura social organizativa daquela sociedade, quiçá, a superestrutura do sistema.
Ou seja, desconsideram o processo histórico de construção das mentalidades, que, no caso, se
deu no sentido de opressão da "raça" branca para com a "raça" negra; além de não perceber que
este é um evento histórico de luta ideológica, do qual emergem tais conflitos.
Recorrendo Glass (2012), agora pautando-se em Appiah e Gutmann (1996), explicita o que
se trata a raça e os projetos que giram entorno dela; além de corroborar para aquilo que já se
vem afirmando ao longo do texto.
A raça não é uma característica natural ou biológica das pessoas ou de grupos, mas sim
um princípio estruturante que informa como os grupos interagem e fornece normas e
padrões dentro dos quais os indivíduos fazem escolhas sobre suas próprias identidades.
Como um processo competitivo de identidade ideológica, a formação racial ocorre dentro
de uma matriz de disputa de interesses e poder, de forma que as fronteiras do que seja
negro, branco etc., inexoravelmente mudam com os contextos sociais e culturais,
independentemente da validade científica, teológica ou filosófica da raça per se (GLASS,
2012, p. 898).
Ainda nesta mesma esteira, é essencial que se tome consciência que a luta contra o
racismo não é isolada, pois o racismo se pauta em outras estruturas de poder para se fortalecer,
na mesma medida que influencia estas outras estruturas de poder e opressão, como as
identidades de classe, gênero, orientação sexual etc. Ainda, apresenta-se com força
surpreendente em instituições como a econômica, política, cultural e educacional.
Ao fim e ao cabo, a importância da raça está relacionada com identidade da pessoa,
considerando suas vivências, história de vida, experiências inseridas em contextos sociais e
culturais mais amplos. A raça não pode ser definida e fundamentada em princípios biológicos;
mas também seria um equívoco a definir exclusivamente com base em princípios culturais e
sociais. Pode-se afirmar que ela se constitui, assim como a identidade, por meio da correlação de
forças existentes na dinâmica social. E por existir essa correlação de forças sociais e a
subjetividade do sujeito, a identidade de raça nunca poderá ser plena e homogênea dentro de
formatos pré-estabelecidos; Cada sujeito organiza essa identidade tomando-se por base
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premissas mais gerais culturais e sociais, assim como pelo constrangimento exercido pela
superestrutura; mas também, peculiarmente, mediante sua subjetividade, avaliações e escolhas.
Ou seja, considerando que até mesmo a subjetividade e a personalidade são, em grande medida,
construídas socialmente, a raça é algo externo a nós; algo que fazemos e que se é feito a nós; não
algo que somos.
Sendo assim, a referência às metodologias imersivas e metodologias ativas de
aprendizagens, as quais propalam princípios da autonomia, cooperação e colaboração, levam ao
entendimento dos princípios próprios da Educação na condição de Instituição Social que advoga
pela reflexão crítica e pensamento livre, tornando-se muito evidente, como se tentou demonstrar
aqui, as contribuições destas teorias para a formação do sujeito.
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REFERÊNCIAS
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RESUMO: O processo de inclusão de alunos com deficiência na educação infantil é uma realidade
que merece atenção e cuidado, especialmente na organização escolar, na elaboração do projeto
pedagógico da unidade e no planejamento das ações cotidianas. Particularmente no caso de
alunos com TEA (Transtorno de Espectro Autista), é preciso compreender que a inclusão não
passa apenas em atender o aluno numa sala de aula regular, mas sim em compreender suas
capacidades e permitir que esse aluno as desenvolva, construindo caminhos para ampliá-las e,
sobretudo, para compreender que pode extrapolar suas condições iniciais e tornar-se um
indivíduo autônomo, capaz e plenamente socializado.
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(doença neurológica mais comum entre sexo décadas. Mudam-se alguns processos
feminino, responsável pela perda das funções pedagógicos, são inseridas novas didáticas, mas
motoras e neurológicas ainda na primeira em sua essencia a escola permanece centrada
infância) (NEUROSABER, 2018). em seus agentes formadores. Muito se fala
O diagnóstico precoce é um agente sobre a escola centrada no aluno e em como a
facilitador para desenvolver formas de atuação escola deve pensar seus projeto pedagógico
e tratamento para os indivíduos com TEA, pois voltado a preparar seu aluno para a vida,
na infância os mecanismos de desenvolvimento centrado numa formação crítica e cidadã
são mais facilmente trabalhados. Essa é uma (LIBÂNEO, 2007). Fato que a escola ainda se
síndrome que se inicia ainda na primeira mantém presa aos modelos de currículo
infância e persiste ao longo da vida do voltados ao desenvolvimento cognitivo e à
indivíduo, podendo ser acometidos de outras aquisição de saberes e conhecimentos
comorbidades como TDAH – Transtorno de acumulados academicamente, voltado a dotar
Déficit de Atenção e Hiperatividade, o indivíduo de informações.
Ansiedade, Depressão, Epilepsia, entre outras, Pensar a escola inclusiva nesse modelo
e o grau de comprometimento ou gravidade engessado de ensino antecipa de antemão seu
pode variar de um indivíduo para outro. fracasso, pois como vimos, as especificidades
Embora alguns indivíduos necessitem de da criança com deficiência demandam
cuidados e apoio ao longo de sua vida, em propostas especifícas e individualizadas para
decorrência da gravidade de seu cada especificidade. No caso do autismo (tema
comprometimento, muitos indivíduos deste artigo), a escola precisa compreender seu
diagnosticados com TEA alcançam autonomia e alcance frente às demandas que o indivíduo
apresentam capacidade de viver de forma apresenta ebuscar adaptar-se às suas
independente. Um fator determinante para necessidades. Para isso, uma proposta que foi
que indivíduos diagnosticados com grau leve coloca em prática nas escolas do Estado de São
alcancem essa autonomia é o diagnóstico e Paulo, é o sistema de apoio ao professor
intervenções precoces, que auxiliam no seu regular por meio de estagiários dedicados
desenvolvimento e na redução das dificuldades esclusivamente ao aluno. Sobre o assunto
apresentadas, gerando assim resultados Mantoan & Pietro destacam:
positivos em qualidade de vida, condições Até agora, os sistemas de ensino têm lidado
sociais e autoestima elevada. com a questão por meio de medidas
facilitadoras, como cuidadores, professoras de
RE-ORGANIZANDO A ESCOLA reforço e salas de aceleração, que não
resolvem, muito menos atendem o desafio da
PARA A INCLUSÃO inclusão. Pois qualificar uma escola para
A organização estrutural das instituições de receber todas as crianças implica medidas de
ensino sofreram poucas alterações em sua outra natureza, que visam reestruturar o
essencia, permanecendo estagnadas em ensino e suas práticas usuais e excludentes. Na
conceitos pré-determinados ao longo das inclusão, não é a criança que se adapta à escola,
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mas a escola que para recebê-la deve se percebem como interagir entre si, incluindo
transformar (2006, s.d.). cada um em suas individualidades,
Certamente para o professor que atende até apropriando-se de cada experiência trocada
30 ou 35 alunos numa sala regular, contar com entre todos os agentes que participam e
o apoio de um assistente para auxiliar ao aluno perceber que, muito ou um pouco menos, cada
com TEA faz a diferença no que diz respeito ao um tem algo a aprender e a ensinar ao outro.
desenvolvimento das propostas pedagógicas.
Mas reconhecemos que o desenvolvimento
desse aluno não deve ficar exclusivamente a
cargo desse agente. E é esse o ponto de
destaque no tema, pois pensar em ações
individualizadas dentro de uma rotina cotidiana
pode parecer impossivel, mas na verdade,
quando imaginamos que isso faz parte de um
planejamento maior, pensado a quatro mãos,
contando com o auxílio de outros integrantes
da equipe escolar, talvez seja mais viável. Nesse
sentido, Pietro (2006), ressalta a necessidade
de repensar o sistema educacional e destaca a
necessidade de formação de seus profissionais.
Pensar numa escola inclusiva não pode ser
apenas sobre como esse aluno de inclusão é
atendido, mas sobretudo de como ele está
incluído nos processos e ações pedagógicas
cotidianas. Uma “escola para todos” não é
sobre estar na escola, mas sim sobre o que essa
escola representa para a transformação do
aluno, como afirma a autora, “... em fazer que
os direitos ultrapassem o plano do meramente
instituído legalmente e construir respostas
educacionais que atendam às necessidades dos
alunos.” (2006, p. 69)
Pensar a sala de aula, o parque, as propostas
pedagógicas, pensar o brinquedo, o desenho,
as brincadeiras e rodas de leituras, cada uma
dessas ações deve oportunizar ao aluno com
TEA a possibilidade de explorar suas
capacidades e amplia-las gradativamente, à
medida que as propostas avançam e os alunos
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A inclusão é um tema recorrente, que há décadas é debatido e retomado, mas que
constantemente descobrimos quão pouco sabemos e quanto ainda há para pesquisar, refletir e
apreender. Para o professor em particular, a inclusão gera uma grande expectativa e enorme
ansiedade, pois não sabe se dará conta de atender tal criança ou de como fará para desenvolver
as ações pedagógicas cotidianas com ela. Por outro lado, a necessidade da criança precisa ser
atendida e apontada nos registros e planejamentos, pois não se pode negligenciar o direito e a
necessidade desse aluno aos nossos cuidados!
Existem inúmeras propostas e legislações específicas que indicam um direcionamento,
mas na prática, no chão da escola, na sala de aula lotada, as propostas não ajudam o professor
em suas dificuldades, não ajudam o aluno em suas necessidades, não ajudam a instituição em
suas propostas, não ajudam as famílias em suas responsabilidades. E diante disso quem perde é
o aluno deficiente.
A educação necessita de um programa que auxilie desde a formação profissional do
professor, que amplie as condições de atendimento desse aluno em turmas regulares e
instituições de ensino com condições físicas para tal, podendo contar com atendimento
especializado dentro do planejamento regular, orientando e auxiliando na formação de um
projeto pedagógico capaz de oferecer ao aluno os requisitos necessários para sua evolução, para
seu desenvolvimento e para a conquista de sua autonomia.
Não basta contar com um auxiliar/cuidador para a criança, se o atendimento o isola da
integração com a turma. É preciso compreender que isso o aluno tinha nas turmas de
atendimento especializado, e o que faz a diferença é a possibilidade de integrar TODOS os alunos
nas ações pedagógicas cotidianas, oferecer-lhes propostas pedagógicas adequadas às suas
necessidades e de atendê-los, como aos demais alunos da turma.
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o aluno já sabe e o que precisa aprender, domínio das palavras e letras, como a
estimulando-a a explorar o universo escolar. capacidade de questionar, pensar, decidir,
A diversidade cultural, como bem sabemos, entender, ver e interpretar tudo no mundo. Sob
é uma grande oportunidade de troca de esta ótica, a aplicação do lúdico num processo
experiências entre os alunos e deve ser de alfabetização voltada à formação deste
estimulada como uma ferramenta facilitadora individua extrapola a transmissão de
no processo de aprendizagem. O aprendizado e conhecimentos que se dá de maneira cansativa
a progressão da criança, entretanto, e desmotivadora, descontruindo as práticas
dependerão de dois fatores complementares: mecânicas e os conteúdos pré-determinados.
do que a criança aprendeu antes da escola e Deste modo, podemos afirmar que as ações
das possibilidades que a escola vai oferecer à pedagógicas devem estar voltadas a
criança no ambiente escolar para propiciar seu oportunizar os processos de formação
desenvolvimento. cognitiva por meio de jogos, brincadeiras e
Ao consideramos a escola ‘responsável’ atividades lúdicas, utilizando-se da expressão
direta pelo processo de aprendizagem e do corpo em sua totalidade, utilizando a de
alfabetização da criança, temos então que brincar em espaço para construção e
avaliar seus objetivos e expectativas frente às desconstrução de saberes, explorando a
dificuldades de aprendizado, as necessidades experimentação por meio de atividades lúdicas
do educando e as ações pedagógicas que como forma de descobrir-se como agente
podem intermediar a ampliação do transformador do meio com que está
conhecimento e a superação das dificuldades interagindo, desenvolvendo suas
apresentadas durante este processo, potencialidades, incorporando valores,
entendendo que a escola de hoje não pode conceitos e conteúdos.
preocupar-se apenas em alfabetizar, ensinar a Segundo Vygotsky (1994), por meio da
ler e interpretar ou transmitir conteúdos. É observação das brincadeiras e jogos que a
preciso que o aluno entenda e seja capaz de criança desenvolve e participa podemos
tomar decisões, que ele aprenda a pensar perceber e determinar a passagem de um
criticamente e compreender seu papel social estágio do desenvolvimento da criança para
no cotidiano. outro, uma vez que o brincar emerge de uma
Citando Ferreiro [...] “a escrita pode ser necessidade infantil. Ainda segundo o autor,
concebida como um sistema de código e de isto se comprova na seguinte constatação:
representação. Como código, os elementos já [...] aquilo que é de grande interesse para um
vêm prontos e como representação, a bebê deixa de interessar uma criança um pouco
aprendizagem se constitui em uma construção maior. A maturação das necessidades é um
pela criança” (1996, p.10). Sendo assim, tópico predominante nessa discussão, pois é
podemos afirmar que o processo de impossível ignorar que a criança satisfaz certas
alfabetização vai muito além da aquisição da necessidades no brinquedo [...] (1994, p.122).
capacidade de leitura e escrita, engloba
capacidades muito mais abrangentes que o
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Pensar a alfabetização na educação infantil obriga um exercício de abandono dos métodos
tradicionais e dos modelos pré-estabelecidos. A criança já sabe ‘ler’ quando chega a escola. Ela
consegue designar os objetos e seus nomes, ela reconhece figuras e brinquedos, só não é capaz,
ainda, de colocar as letras no papel. Mas esse é um processo construído a partir dos elementos
que a criança já adquiriu, de sua bagagem cultural e das trocas que irá fazer.
Por isso que na educação infantil o processo de alfabetização deve se dar de maneira
natural, por meio da construção individual, respeitando-se as capacidades de cada criança,
procurando-se oferecer vários mecanismos diferenciados que auxiliem essa construção e
utilizando-se de processos lúdicos, que estimulam e aguçam a curiosidade e a criatividade infantil.
Os antigos processos alfabetizatórios, que se davam de modo segmentado a partir do
método silábico permitia a aquisição de saberes, mas limitava a criança ao conteúdo exposto.
Apendia-se o Bê-á-bá, seguindo as ‘famílias’ das letras aplicadas em cada tarefa do livro didático.
Atualmente, por meio da construção e da exploração, permite-se que as crianças possam interagir
com o aprendizado, explorando os espaços, os elementos, o brinquedo e a brincadeira. Por isso
é fundamental não apenas que as crianças ouçam histórias ou possam manusear os livros (que
indiscutivelmente é muito importante no processo de alfabetização e leitura!), mas sobretudo
que compreenda que em cada canto da escola, em cada brincadeira, em cada ação, ela pode
explorar a imagem, a forma, perceber os aromas, e a partir daí construir seu processo de
alfabetização, segundo sua perspectiva, sua realidade e seu tempo de aprendizagem.
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RESUMO: O presente trabalho pretende por meio desse estudo, analisar a importância da roda
de conversa na educação infantil, considerando esta como mecanismo didático eficaz para
incentivo à leitura. A literatura infantil oferece aos alunos na educação infantil maneiras
prazerosas e divertidas de aprender, de descobrir outros mundos, de aguçar a curiosidade por
meio da fantasia, transformando esses leitores em fiéis agentes de leitura no presente e no
futuro, transportando-os a um mundo de maravilhas imaginárias, especialmente com a prática
de rodas de conversa inseridas em sua rotina de aula. Para o desenvolvimento deste trabalho
utilizou-se o método de pesquisa bibliográfica, realizada por meio de referências teóricas já
analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas
de web sites. Assim, apresentando um breve histórico da Literatura na Educação Infantil e as
vantagens obtidas do trabalho com Literatura nesse segmento, reiterando sua importância da
prática de rodas de conversa mediadas pela leitura, na promoção do conhecimento de si e do
mundo, possibilitando situações de aprendizagem mediadas para a elaboração da autonomia das
crianças, e ainda como os professores se preparam para tão importante missão. Diante desse
estudo, conclui-se que a leitura em rodinhas de conversa na educação infantil é essencial para a
formação de bons leitores e, portanto, o incentivo de pais e da escola é fundamental.
1Professora no Ensino Fundamental Menor na Escola Oséias Gonçalves da Silva de Porto Franco-MA. Graduação:
Pedagogia na Faculdade Universidade Federal do Tocantins (UFT); Pós-graduada em Aprendizagem e Autoria
na Educação Infantil e Ensino Fundamental pela Universidade Estadual do Maranhão.
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acreditando que a mesma deve ser bem Como enfatiza Oswald (1997), um projeto
conduzida pelo professor para que o educativo que se articule em torno de uma
aprendizado seja efetivo e significativo. proposta ético-política de educar com a
Nesse estudo foi realizada a pesquisa literatura, significa convidar a escola, em se
bibliográfica do tema por meio de livros, libertando de sua predileção por desenraizar a
revistas, sites especializados na Internet entre literatura do seio da cultura, inserindo-a numa
outros, a fim de colher resposta do problema abordagem educacional colonizadora, abrindo
científico. Nessa perspectiva, apresento o espaços para que a leitura possa ser reescrita
problema científico deste trabalho: Qual a como prática da liberdade.
importância da roda de conversa realizada pelo Os leitores constroem significados sobre o
professor (a) na sala de aula ou em espaços de que ouvem ou leem usando seus
leitura, no processo de aprendizagem e de conhecimentos prévios, criando imagens que
desenvolvimento da criança? estão ligadas às suas próprias experiências e
A partir da problemática levantada o interações humanas, e construindo significados
objetivo geral foi: refletir sobre a importância na medida em que interagem com outras
da roda de conversa, numa perspectiva lúdica, crianças e adultos, comentando as histórias.
no processo de ensino aprendizagem do aluno Contudo, se a forma de trabalhar o texto
da educação infantil, em seus respectivos literário no contexto escolar deve sofrer
períodos: creche, maternal e pré-escola. mudanças, a seleção desse material, de igual
maneira, também deve se atualizar não se
FORMAÇÃO DO HÁBITO DE pautando na concepção tradicional da prática
leitora, centradas na visão do professor, mas
LEITURA variando de acordo com a perspectiva social e
Os benefícios do trabalho com literatura na cultural e de formação do sujeito.
Educação Infantil apresentam experiências Para Coelho, (2000), verifica-se que o
bem-sucedidas, enfatizando as interações e convívio do leitor com a literatura tem
brincadeiras como ponto norteador do resultado afetivo e nessa aventura espiritual
currículo da Educação Infantil. que é a leitura muitos são os fatores em jogo.
Os textos literários provocam reflexões de Entre os mais importantes está a necessária
natureza cognitiva e afetiva, permitindo ao adequação dos textos às diversas etapas do
leitor a entrada em um mundo desconhecido, desenvolvimento infantil.
porém, instigante, que desenvolve o O trabalho com o texto literário na Educação
imaginário, e desperta a curiosidade. Infantil não deve ter o ensejo de alfabetizar as
Considerando, dessa forma, a leitura como crianças, tendo em vista que, de acordo com as
uma forma de se perceber o mundo e a Diretrizes Curriculares Nacionais para a
realidade que o cerca, a literatura possibilita a Educação Infantil, as práticas pedagógicas que
formação de cidadãos capazes de entender a compõem a proposta curricular da Educação
realidade social, atuar sobre ela e transformá- Infantil devem garantir experiências que
la. possibilitem às crianças experiências de
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
literatura é essencial para a sua formação como ajuda, amanhã realizará sozinha, ou seja, a
leitor de mundo e, além disso, quanto mais zona de desenvolvimento proximal hoje será o
cedo as histórias orais e escritas forem nível de desenvolvimento real amanhã
inseridas em seu cotidiano, maiores serão as (VYGOTSKY, 2000).
chances do desenvolvimento do prazer pela Neste sentido, a iniciação da leitura infantil,
leitura. poderá se dar de forma prazerosa e significativa
2
Vygotsky explicita a mediação e a origem das funções faculdades naturais humanas, para se constituírem em
mentais pelo conceito de internalização, ou seja, o produtos de ação coletiva dos homens, desenvolvidos ao
mecanismo pela qual uma atividade externa se torna longo da história. Nesse viés, as ideias de Vygotsky,
uma atividade interna. A partir dessa perspectiva, a colocando a zona de desenvolvimento proximal como
linguagem e a consciência deixam de ser vistas como possibilidade de aprendizagem por meio da ação ou
interferência da família e do professor.
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
em um ambiente com ações planejadas de A BNCC (2018, p. 43), aponta que “criar e
acordo com as fases leitoras, num caminho que contar histórias oralmente, com base em
proporcione à criança desenvolver a imagens ou temas sugeridos” é um dos
imaginação, emoções e sentimentos. objetivos de aprendizagem no campo das
A leitura de texto para a criança que gosta de experiências como a escuta, a fala, o
leitura não se trata de uma leitura pensamento e a imaginação, ambos, essenciais
convencional, tendo em vista que a criança de no desenvolvimento das crianças bem
01 a 02 anos não se prende a uma história, pequenas, como as do Maternal II. A infância
interessando-lhe o movimento, o tom da voz e é o tempo que vai do nascimento à maturidade
o colorido das páginas, sendo mais adequada, dos pequenos, e é dividida em períodos
nessa fase, a leitura frase a frase, de modo diferentes. Essas fases servem para classificar
solto, curto, promovendo um diálogo entre a as crianças de acordo com as características
criança e o livro (MARTINS, 1994). físicas, psicológicas e sociais da infância. E, para
A leitura se realiza a partir do diálogo do agrupá-los com base no comportamento
leitor com o objeto lido, seja escrito sonoro, específico da idade. Desde o maternal, os
seja um gesto, uma imagem, um alunos são estimulados a práticas que
acontecimento. Esse diálogo é referenciado por valorizam cada ação.
um tempo e um espaço, uma situação: Com isso, os pequenos conquistam
desenvolvido de acordo com os desafios e as habilidades que vão, gradativamente,
respostas que o objeto apresenta, em função possibilitando os degraus de sua autonomia
do prazer das descobertas e do diante das situações e dos desafios que surgem
reconhecimento de vivências do leitor em suas vidas. O desenvolvimento infantil para
(MARTINS, 1994). a teoria de Piaget (1896-1980), considera
Em tempo, o leitor faz parte da categoria 04 fases no que diz respeito a cognição, que
inicial que envolve a fase da primeira infância, são: sensório-motor, pré-operatório,
que vai dos quinze meses aos dois anos, e a operatório concreto e operatório formal. As
segunda infância, quando a criança está fases da criança são divididas em períodos bem
completando os três anos. Na primeira fase, a distintos, sendo a primeira até os 2 anos de
criança inicia o conhecimento da realidade que idade, a segunda até os 7 e a terceira até os 12.
a rodeia, estimulada pelos contatos afetivos, Entretanto, dentro de cada etapa existem
momento em que conquista a própria avanços anuais significativos, que devem ser
linguagem e nomeia o que está à sua volta. considerados por educadores e,
Na segunda infância, começa a predominar principalmente, pelos pais.
os valores vitais, e sensoriais. É um período Em seu desenvolvimento físico, nessa faixa
egocêntrico e de interesses por jogos e etária a criança começa a ter mais coordenação
brincadeiras, com um crescente impulso de motora, descobrindo como manusear uma
adaptação ao meio físico e novas formas de colher ou um lápis e como controlar suas
comunicação verbal. necessidades de ir ao banheiro. No aspecto
emocional, demonstra suas alegrias e
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
frustrações de maneira bem ativa, e é neste criança já consegue vestir-se sozinha, mas para
momento que as birras ficam mais evidentes, escovar os dentes e tomar banho ainda é
melhora a sua sociabilidade e passa a imitar necessário um pouco auxílio. É comum que
algumas ações dos adultos, conseguindo ficar converse bastante e que a sua fala já esteja
mais tempo longe da mãe, interagir com outras bem aprimorada, com o uso de todas as
crianças e ouvir histórias. consoantes e frases bem estruturadas. O uso
Nessas primeiras fases da criança, até os 3 de símbolos e desenhos são frequentes,
anos, a evolução é muito grande, pois é quando imitando personagens de desenhos animados e
ela começa a conhecer as coisas, perceber entende-se com total clareza a diferença entre
sensações, desenvolver o caminhar e fantasia e realidade.
reconhecer familiares e outras pessoas fora do Além disso, o ser humano nesta idade gosta
seu círculo comum. É um período em que, sem de estar entre amigos e desenvolve alguns
dúvidas, o pequeno precisa de colegas imaginários. Sua linguagem é fluente,
acompanhamento constante. Além disso, neste usam plurais e tempos verbais de forma correta
momento ele só pode compreender o que vê, conhecem números, cores e também tem
toca ou sente, e por isso é tão difícil pedir para noção de tempo, distinguindo o ontem, o hoje
que encontre um brinquedo que não está à e o amanhã. Nesta fase, os menores se tornam
vista, por exemplo. Para uma criança dessa menos egoísta, dividindo coisas e esperando a
idade, é como se o que ela não pode ver ou sua vez de brincar. A curiosidade está mais
sentir não existisse. aflorada e os porquês são mais elaborados. A
O desenvolvimento físico da criança dos 3 partir dos 6 anos de idade, a criança começa a
aos 4 anos é notável: ela pula e corre tendo compreender as coisas que não fazem parte da
domínio de seus movimentos, pode pedalar um sua realidade. Por isso, é nesta fase que ela é
triciclo, sabe segurar o xixi e já consegue comer introduzida ao alfabeto e à matemática.
sozinha, iniciando assim a independência para A linguagem é a principal habilidade e a
muitas atividades. No aspecto emocional, grande responsável pela aprendizagem das
começa a entender os seus limites e a demais aptidões. Ela começa a se desenvolver
desenvolver alguns medos, como receio de desde o nascimento, mas somente aos 3 anos
algum bicho, inseto ou personagem, por de idade a criança possui um vocabulário mais
exemplo, assim, possivelmente a criança terá vasto para se comunicar. Nesse momento, suas
dificuldades em partilhar brinquedos, competências vão aumentando e a sua
entretanto poderá interagir melhor em grupos. memória já possibilita reter mais informações,
É importante lembrar que, como citado além de conseguir estruturar frases. Momento
acima, nesta fase da criança é indicado iniciar o ideal para incluir aulas extracurriculares de
aprendizado de outras línguas, pois este é o idiomas e de música, por exemplo. Aos 8 anos,
momento em que a memória pode guardar os pequenos entram em um novo momento da
mais informações e se tem muita facilidade de sua educação, quando já distingue.
desenvolver outros idiomas que jamais serão As fases da criança que acontecem dentro do
esquecidos na vida adulta. Dos 4 aos 5 anos, a período de 2 a 7 anos são chamadas de pré-
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tendo segurança que suas ideias serão ideias, onde a mesma se dá por troca de falas,
respeitadas, de modo que o educador deve aprendizagem, dúvidas e descobertas, é
indicar preliminarmente que todos serão importante ressaltar também que a roda serve
protagonistas da sua fala e posição na sala de para valorizar o grupo. Esse instrumento
aula, mas, deixando claro que o educando deve pedagógico chamada roda de conversa além de
entender e reconhecer respeitando o que os contribuir para a construção do conhecimento,
demais tem a expressar, não embaraçando ou valoriza a relação dialógica entre os diferentes
atrapalhando e sempre aguardando a sua vez sujeitos, fazendo assim uma construção
de expressar-se. coletiva de saberes, respeitando as diferenças
O momento da rodinha no ambiente escolar de cada um.
deve ser considerado um momento de extrema Este momento é de suma importância para o
importância, pois o aluno irá construir um desenvolvimento da fala e da escuta, bem
universo moral e social do seu aprendizado. como do respeito para com o outro, pois é
A ideia de contextualização do método da preciso respeitar as diferenças e o ponto de
roda de conversa no Brasil surgiu por volta do vista do outro. Neste ponto também se constrói
ano de 1950 com Paulo Freire, a partir, dos e reconstrói novos conhecimentos entre os
trabalhos sobre a alfabetização de adultos. envolvidos na roda de conversa.
Paulo Freire, devido aos contatos que teve É importante ressaltar que esses momentos
durante sua adolescência com os trabalhadores em que a criança participa na troca de diálogos
rurais e seus filhos, “[...] conheceu de perto a revestem-se de uma identidade de grupo que,
realidade e as necessidades do adulto em simultâneo, revela sua própria identidade
trabalhador analfabeto” (BRANDÃO, 2006, p histórica, proporcionando assim uma
35). Ele inicia sua jornada, rumo a uma prática responsabilidade individual e coletiva,
consciente e libertadora, a partir, das estabelecendo novos significados a sua
experiências que adquiriu com os pais e vivência e a tomada de decisões.
educadores. Esse momento de escuta na roda de
No passado, a roda de conversa era vista conversa estimula a criança a reconhecer o
como um meio de diálogos informais, entre outro, suas ideias e formas de pensar, segundo
familiares e amigos, na qual partilhavam seus Warschauer (1997, p.46), “as rodas se
momentos de alegria e de tristezas. Hoje, além caracterizam por reunir indivíduos com
de tal fato, a roda também é concebida como histórias de vida diferentes e maneiras próprias
um instrumento de pesquisa e diálogo na sala de pensar e sentir, de modo que os diálogos,
de aula, momento que pode ser rico de escuta nascidos desse encontro, não obedecem a uma
e fala, pois é a partir desta troca que ocorrem mesma lógica”.
as diferentes ideias e os diferentes As rodas de conversa são às vezes
aprendizados. atravessadas pelos diferentes significados que
No Referencial Curricular Nacional para a um tema desperta em cada participante. Esses
Educação Infantil, a roda de conversa é vista diálogos são muito relevantes, pois é a partir
como um momento de diálogo e troca de deles que as crianças organizam suas ideias,
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podendo expressá-las e problematizá-las, e até possível então a troca de saberes, mas para isso
mesmo transformar sua opinião, criação de deve ser planejado, tanto o assunto a ser
novas ideias e reflexão sobre diferentes temas trabalhada quanto a sua duração.
trazidos na roda (WARSCHAUER, 1997). O momento da roda de conversa se destina
Além disso, durante este momento as a investigação, a busca de saberes sobre
crianças têm a liberdade de expressão, podem determinado assunto, fazendo assim, com que
sanar suas dúvidas e curiosidades, compartilhar as crianças sejam capazes de construir
saberes, experiências, tristezas e alegrias, em diferentes conhecimentos importantes para o
um processo de diálogo e aprendizagem que seu desenvolvimento, estimulando-as para que
envolve a fala e escuta do outro. aprendam a observar, perguntar, pensar,
Portanto, é uma estratégia pedagógica que imaginar, dentre outras possibilidades.
permite ao docente desenvolver diversas A roda de conversa na educação infantil, nos
atividades que possibilitam a construção do períodos de creche, maternal e pré-escola, que
conhecimento por parte do aprendiz em várias atende crianças de zero aos 5 anos e 11 meses,
áreas da cultura e da educação. é de suma importância para o desenvolvimento
Nesse contexto, as rodinhas de conversa da linguagem, diante disso é possível perceber
demonstram ser um espaço propício para o a necessidade deste momento estar presente
desenvolvimento do processo de alfabetização na rotina diária para a qual o professor deve
e letramento, para o uso variado de recursos planejar bem o que irão conversar, para que
didáticos e para o desenvolvimento de essa conversa não seja vazia, e sim, que faça
atividades rotineiras, de aprendizagens sentido para a criança utilizar uma linguagem
coletivas, de resolução de conflitos. Pois, que a criança entenda, para pensar um pouco
permite que o professor compreenda o mais sobre o desenvolvimento da linguagem
processo de construção do conhecimento do oral que é um dos objetivos da roda.
aluno e interfira, em alguns momentos, Nesse contexto, sente-se a importância de
auxiliando-o na reelaboração de sua mencionar nas discussões os teóricos Vygotsky
aprendizagem. e Piaget para mais esclarecimentos sobre as
Desta forma mesmo que a roda seja concepções do desenvolvimento das crianças
realizada todos os dias, é de suma importância quanto a inserção das rodinhas de conversa.
o professor realizar o planejamento delas, Para Montoya (2013), que fez um estudo
como planeja as suas aulas, para que assim não sobre as convergências e divergências teóricas
seja uma coisa mecânica, e sim, mobilizadora entre Vygotsky e Piaget (1996), no qual, diz
para quais deveram buscar identificar e trazer que, ao longo do seu desenvolvimento a
assuntos que dizem respeito ao grupo e que criança faz um movimento no qual seu
realmente seja relevante se trabalhar. pensamento evolui por meio da linguagem,
Sobretudo, a roda vem com o intuito de sendo inicialmente construída socialmente
auxiliar o professor a abordar diferentes para posteriormente passar a ser individual. E
assuntos fazendo com que as crianças de acordo com Piaget (1996), a fala da criança
contribuam de diferentes maneiras, onde é inicialmente não tem uma função social, o
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
movimento da fala é ao contrário do que afirma a ter futuramente uma visão crítica frente a
Vygotsky(1996), sendo assim a fala passa do tudo que os rodeiam.
individual para o social.
Mesmo com opiniões diferentes sobre a
linguagem, os dois autores afirmam que existe
uma relação entre linguagem e pensamento, o
que se pode afirmar que esse processo deve ser
aprimorado e organizado nas rodas de
conversa.
Contudo, o planejamento da rodinha de
conversa deve sempre ser pensado a partir do
contexto da turma, ou seja, as características
das crianças e seu desenvolvimento, e
aprendizagem. É importante salientar que a
roda deve ter como princípio o diálogo, que
pressupõe a participação das crianças, e o
direito de todas participarem. Nos diferentes
assuntos, o professor deve buscar estratégias
para que o diálogo se torne realmente efetivo
entre ele e as crianças.
Concluindo, pode-se verificar que a roda de
conversa, é um método importante, que
atende às necessidades de organização da aula,
de ideias, de atividades, de concepções, de
gerência de conflitos, etc. Ela proporciona
respostas que vão sendo exigidas pelo próprio
professor e pelo próprio grupo, incentivando a
cooperação, cultivando os valores da
solidariedade, do amor e da amizade, do
respeito às diferenças, do senso crítico, do
aprendizado, dos direitos e dos deveres, além
de contribuir significativamente para o
processo de desenvolvimento das crianças.
Portanto, cabe ao professor a competente
tarefa de utilizar a leitura dos clássicos infantis
no seu dia a dia profissional, fazendo com que
os alunos possam ter acesso aos livros e
também fazendo com que os mesmos venham
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As análises discorridas neste trabalho visam a compreensão da importância da roda de
conversa quando trabalhada e desenvolvida na Educação Infantil.
No decorrer dos anos a infância sofreu muitas alterações, pois antigamente não havia
significado próprio, entretanto nos últimos anos passa a ganhar status, transformando a criança
no centro das atenções. Conhecer a história do surgimento do sentimento da infância é
importante para essa compreensão, bem como, esta concepção vai ganhando diferentes
contornos ao longo do tempo.
Nesse contexto, referenciando os primeiros momentos de aprendizagem, desenvolver o
interesse e o hábito pela leitura é um processo constante, que começa muito cedo, em casa,
aperfeiçoa-se na escola e continuando pela vida inteira.
Nesse contexto, o presente estudo alcançou o seu objetivo, levantou questões relevantes
e que precisavam ser tratadas com mais clareza sobre a importância da prática de rodinhas de
conversas na educação infantil. As histórias contadas pelos mais velhos, dos tempos passados já
não importam, a tradição e a cultura não precisam mais ser transmitidas pelos mais experientes
uma vez que a Internet cumpre bem este papel.
Enfim, o que vale ressaltar é que a prática de rodas de conversa na educação infantil
permite o desenvolvimento de novas maneiras da criança se comportar, auxilia no processo
ensino aprendizagem, ajuda no convívio social e transforma a educação a cada dia numa
educação de mais qualidade.
Sabe-se que o aprendizado é um processo ativo, que perpassa pela interpretação e
compreensão da realidade. A construção do saber implica na reconfiguração permanente de
nossos conhecimentos e é influenciado pelas diversas experiências do dia-a-dia que nos trazem
novos significados e valores.
A leitura contribui para a formação do senso crítico e estimula a reflexão, pois é um
fenômeno de criatividade que representa o mundo, o homem, a vida, por meio da palavra.
Reuni e integra os sonhos e a vida real, os ideais e a possível ou impossível realização.
Deve-se cultivar a imaginação criadora e a sensibilidade da criança, que são capacidades de
experimentação e organização da realidade. E nas rodas de conversa proporcionadas às crianças
na escola, de forma planejada e organizada, provoca a aprendizagem com melhores resultados.
Diante do exposto concluímos que a leitura, especialmente realizadas em rodas de
conversas na escola, se torna uma atividade de base na vida de todo o indivíduo, por que é a
partir da leitura que se abrirá as portas para todos os outros conhecimentos.
Quem trabalha como professor precisa ler para que seus alunos possam ser possuídos
pelos textos e assim se apaixonem pela leitura. Usar a leitura na escola pede que se tenha um
professor com os conhecimentos necessários para trabalhar em sala de aula com as crianças.
O educador que deseja formar bons leitores precisa acompanhar diariamente a evolução
de cada aluno-leitor, sem deixar cessar sua ansiedade pelos textos e pelos livros, tornando-os
conhecedores e desafiadores dos processos de leitura.
Portanto, deve-se insistir e investir para que a criança tenha o prazer de ler. E a literatura
infantil e de forma geral é a grande ponte para se criar significativos hábitos de leitura, pois só
assim, por meio da leitura, as pessoas poderão se descobrir conhecer a história da humanidade,
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saber como as coisas funcionam e saber mais de si mesmo e do mundo que se encontra em sua
volta. Afinal, cada aluno inserido no mundo da leitura é um potencial cidadão e agente
transformador de si mesmo e do mundo que o rodeia.
A Roda de Conversa vem mostrar e propor uma nova opção para os educadores que
almejam não apenas alfabetizar seus alunos, mas, educá-los e contribuir para o processo de
formação de cidadãos críticos, conscientes, autônomos e felizes.
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REFERÊNCIAS
BRANDÃO, Heliana Maria B.; MACHADO, Maria Zélia Versiani (Organizadoras). Escolarização
da leitura literária. Belo Horizonte: Autêntica, 2006.
COELHO, Nely Novaes. Literatura Infantil: Teoria, Análise e didática. São Paulo: moderna,
2000.
COLOMER, T. Andar entre livros: a leitura literária na escola. Trad. Laura Sandroni. São
Paulo: Global, 2007.
FREIRE, P.; SHOR, I. Medo e ousadia. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
MARTINS, Maria Helena. O que é leitura. 19. Ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.
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claro que é de competência do professor e dos órgãos responsáveis pela educação à busca e a
oferta por cursos de formação continuada.
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adolescência ainda virá, é nesse período, que simbologia das expressões afetivas, da imagem
aprendem a interagir socialmente. pessoal e do mundo ao redor para a interação
De acordo com Kant (1999), são duas as dos alunos com autismo.
formas de conhecimento – o entendimento e a Esse processo deve partir da observação de
sensibilidade, tem como objetivo sintetizar em cada aluno, em virtude das suas
conceitos as intuições da sensibilidade e a particularidades. Portanto, procuramos
capacidade, de produzir conceitos e, pela demonstrar que as práticas sempre nos levam
sensibilidade, são intuídos os objetos que, de a resultados e a caminhos diferentes, onde o
acordo com as percepções dos sentidos, são olhar e o interesse deles é que vai nos
representados no tempo e no espaço. O tempo direcionar para o desenvolvimento da
e o espaço são modos de sentir que estruturam atividade.
as percepções ou intuições, elementos do Normalmente o ambiente escolar é o
conhecimento que dão origem à experiência primeiro ambiente que uma criança começa a
sensível. frequentar, seja ela autista ou não. É
Trabalhos artísticos estimulam o foco de importante salientar que, para educar um
atenção de qualquer aprendente, pois autista é preciso também promover integração
demandam proficuamente a concentração, social.
servindo como intervenção psicopedagógica. Muitas vezes, o autismo traz a carga do
Na pintura, no desenho ou nas atividades com isolamento social, da dor familiar e da exclusão
massa, os canais da sensibilidade são os escolar. É normal que os pais se preocupem,
melhores receptores da aprendizagem. Por porque há relevantes alterações no meio
eles, de forma lúdica, podem ser alcançados familiar e, nem sempre, é possível encontrar
resultados motores e cognitivos essenciais à maneiras adequadas para lidar com as
educação do indivíduo. São instrumentalizados situações decorrentes. É primordial o
de propostas educacionais e de relações entendimento da escola a respeito dos
afetivas com o saber (CUNHA, 2011, p. 84). impactos que o espectro autístico produz na
Barbosa (1991, p. 36-37), afirma que esta vida em família, que requer cuidados
proposta “... do ensino das artes corresponde ininterruptos, atenção constante, atendimento
às quatro mais importantes coisas que as especializado e muitos gastos financeiros
pessoas fazem com a arte. Elas a produzem, (CUNHA, 2011, p. 87-88).
elas a vêm, elas procuram entender seu lugar Segundo Gauderer (1998), o trabalho
na cultura por meio do tempo, elas fazem educacional da criança autista dependerá da
julgamento acerca de sua qualidade”. instituição e turma na qual está inserida. As
Portanto, a partir dos dados levantados e por crianças autistas precisam receber uma
meio das referências sugerimos como prática educação especial diária oferecida por
pedagógica de atividades no Ensino de Arte, profissionais bem qualificados que conheçam e
aos estudantes com diagnóstico ou pautas de compreendam bem o autismo.
autismo. Dessa maneira, haverá conciliação de De acordo com Cunha (2011, p. 90), “para a
temas direcionados para o entendimento e a escola realizar uma educação adequada,
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deverá, ao incluir o educando no meio escolar, encontre em condições (ou se mostre capaz) de
incluir também a sua família nos espaços de realizar a atividade proposta sozinho, porém,
atenção e atuação psicopedagógica”. com o uso de recurso visual (ORRÚ, 2011, p. 51
Coll (1995), defende que os procedimentos e 52).
da educação de um autista, devem basear-se Este método tem como objetivos principais:
em um conhecimento minucioso das leis de promover adaptações dos autistas de se
aprendizagem, sempre respeitando sua desenvolverem ativamente no meio em que
individualidade. vivem; proporcionando adequado não só ao
É a escola que deve conduzir o autista, mas também a família do autista e
desenvolvimento intelectual e também afetivo aqueles que vivem com eles; além de fornecer
dessas crianças autistas. informações para que o maior número de
É necessário, apontar um método que possa pessoas conheça o autismo e suas
atender e contribuir para o bom manifestações.
desenvolvimento de um autista, por se tratar
de um método bastante usado o tratamento DEFICIÊNCIAS
dos autistas, optou-se por explicar as
A deficiência é um conceito complexo que,
características particulares do TEACCH.
além de reconhecer o corpo com lesão,
Este método – originou-se em 1966 na denuncia a estrutura social que aparta do
Escola de Medicina da Universidade da Carolina convívio social a pessoa deficiente.
do Norte, tem como princípio associar técnicas
Promover uma educação inclusiva não é
comportamentais que devem ser trabalhadas.
privar o indivíduo do direito de ser avaliado, de
É preciso que seja acompanhada pelo professor
ser contemplado e analisado em seu
ou o profissional que atua na área (ORRÚ,
crescimento e desenvolvimento. Trabalhar de
2011).
modo inclusivo é manter certos princípios de
Ele nos mostra as suas diferenças, padrão universal, pois as pessoas com
necessidades, atividades e rotinas e estas necessidades, especiais tem o direito de serem
devem ser analisadas de acordo com a
avaliadas em suas potencialidades, de serem
especificidade de cada um.
enxergadas como sujeitas capazes de superar
Segundo ORRÚ (2011): expectativas. É permitir que todos tenham a
O método TEACCH utiliza estímulos visuais e oportunidade de demonstrar resultados,
audiocinetésico-visuais para produzir competências e conhecimentos, equalizando e
comunicação. As atividades são programadas disseminando uma educação de qualidade para
individualmente e mediadas por um todos (CUNHA, 2015, p 85).
profissional. Nas salas de aula, em geral, No Decreto nª 3.298 de 1999 da legislação
costumam estar máximo de cinco alunos com a brasileira, encontramos o conceito de
síndrome. A metodologia de ensino se dá a deficiência e de deficiência física, conforme
partir da condução das mãos do aluno que faz segue:
uso dos símbolos, em um contínuo Art. 3…: - Para os efeitos deste Decreto,
direcionamento de sua ação até que se considera-se:
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e utilidade pública estadual pela lei 8059 de 13 Campinas em companhia de duas freiras
de janeiro de 1967 (BRASIL, 2007). francesas, as irmãs Saint Jean e Luiza dos Anjos,
Com a finalidade de integrar o deficiente dando início ao Instituto Santa Terezinha
visual na comunidade como pessoa auto (BRASIL, 2007).
suficiente produtiva, o trabalho do Instituto Em 18 de março de 1933, o Instituto foi
sempre foi financiado com recursos públicos transferido para Cidade de São Paulo. Até 1970,
das esferas municipais, estaduais, federais e de o Instituto funcionou como internato para
todo corpo da comunidade pelo Instituto meninas portadoras de deficiência auditiva, a
alcançada. Em 1990 a Fundação passa a ter o partir desse ano deixou de ser um internato
nome de: Fundação Dorina Nowill para Cegos feminino e passou para o regime de externato,
(BRASIL, 2007). para meninos e meninas, dando assim início ao
A deficiência auditiva traz limitações para o trabalho de integração de alunos deficientes
desenvolvimento do indivíduo. Considerando auditivos no ensino regular (BRASIL, 2007).
que a audição é essencial para a aquisição da O Instituto é mantido pela Congregação das
linguagem falada, vácuos nos processos Irmãs da Nossa Senhora do Calvário.
psicológicos de integração de experiências, Reconhecido como Utilidade Pública Federal,
afeta o equilíbrio e a capacidade de Estadual e Municipal, mantém convênios com
desenvolvimento da pessoa. A sociedade órgãos federais, como a Legião Brasileira de
conhece bem pouco os portadores de Assistência, (LBA), com órgãos estaduais e
deficiência. Esse desconhecimento se reflete na municipais, como a CBM, entidade religiosa
ausência das estatísticas brasileiras, as leis são alemã (BRASIL, 2007).
implantadas de modo lento e parcial, sendo Para Cunha (2015), a síndrome de Down é
ignoradas pela maior parte da população. uma condição genética. É uma alteração
Desta forma os deficientes auditivos recorrem cromossômica, tem esse nome por causa de
a legislação para obter seus direitos de cidadão John Langdon Down, médico Britânico que
(BRASIL,2007). descreveu a síndrome, em 1862. Esta síndrome
tem relação com a dificuldade cognitiva e ao
• Instituto Santa Terezinha desenvolvimento físico. O desenvolvimento
O Bispo Dom Francisco de Campos Barreto motor da criança com SD mostra um atraso
fundou o Instituto Santa Terezinha em 15 de significativo, sendo que todos os marcos do
abril de 1929, na Cidade de Campinas-SP desenvolvimento motor (sentar, ficar em pé,
(BRASIL, 2007). andar) ocorrerão mais tarde, se comparado
Sua fundação foi possível devido a duas com a criança normal, a presença na hipotonia
freiras brasileiras que foram ao Instituto de muscular contribui para esse atraso motor.
Bourg-La-Reine, em Paris, França, com o Para Gonzáles (2007, apud CUNHA, 2015), a
propósito de se prepararem como professoras síndrome tem relação com doenças maternas,
especializadas no ensino de crianças surdas. com problemas viróticos, falta de vitamina etc.
Após quatro anos de formação as irmãs Suzana, Pode ser que na família que tem síndrome de
Madalena e Maria da Cruz, voltaram a Down, venha ter outros casos posteriores. Os
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riscos aumentam quando os pais têm mais Há informações que as pessoas que tem o
idade. TDAH, possuem alterações em
Ele ressalta que pessoas com síndrome de neurotransmissores, substâncias que
Down têm alteração geral no sistema nervoso, transmitem as informações entre as células
este indivíduo tem um desenvolvimento mais nervosas, principalmente no controle da
lento. liberação de dopamina e da noradrenalina.
Esta síndrome faz com que o O TDAH não é compreendido por suas
desenvolvimento seja limitado, quando este dificuldades e estas dificuldades nem sempre
contraiu infecções, pode haver perdas têm como causa o desinteresse do indivíduo.
auditivas, memória curta, com isso torna -se Este termo “transtorno” é utilizado para
mais lenta a aquisição da fala e na descrever a incompatibilidade e entre os
aprendizagem da linguagem, com dificuldades desafios enfrentados estão a convicção das
gramaticais, na articulação pronominal, nas habilidades que possui para enfrentá-los,
concordâncias e nas diferenças, porém não alguns transtornos são problemas não
consegue desenvolver melhor resultado nos resolvidos na infância que leva para vida adulta.
aspectos funcionais e pragmáticos da língua. A Wallon (2007, apud CUNHA, 2015), observa
aprendizagem para essas crianças depende da que quando nossas emoções não conseguem
interação e estímulos. transformar em ações mentais ou motora,
O transtorno de déficit de atenção e acontecem efeitos desorganizadores em nosso
hiperatividade, TDAH é um transtorno ser. Podendo tornar-se potencialmente em
neurobiológico de causa genética, aparecendo anárquicas, explosivas e imprevisíveis.
na infância e acompanhando o indivíduo por Ele fala que o desequilíbrio emocional
toda a vida. influencia na organização do pensamento. Os
O TDAH apresenta-se de três formas: adultos têm dificuldades para controlar suas
combinada, predominantemente emoções, mas para as crianças é muito mais
hiperativa/impulsiva ou predominantemente difícil. Alguns registros estão fixados em nossa
desatenta. O transtorno é influenciado pelos memória, sem nos darmos conta causam
genes herdados e fatores ambientais podem angústias e tristezas, e não percebemos por
incrementar os sintomas. Tem como déficit que esse desconforto emocional, mas eles
trazer a atenção e permanência, regulando as estão causando transtornos e até doenças
emoções e ações. físicas.
Ao longo dos anos, muitas toxinas Para Cunha (2015), o transtorno de conduta
ambientais têm sido envolvidas em hipóteses é um dos principais motivos de
para explicação dos sintomas de TDAH como encaminhamentos disciplinares do aluno. São
fatores nutricionais, envenenamento por crianças que têm dificuldades de aceitar regras
chumbo e exposição pré-natal de drogas ou e limites. Que estão sempre desafiando a
álcool (DUPAL; STONER, 2007, apud, CUNHA, autoridade, como dos pais e professores e são
2015). antissociais. É diagnosticado principalmente na
infância e na adolescência. Pesquisas indicam
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que pais que são dependentes de bebidas com a probabilidade que ocorra com outros
alcoólicas, possuem maior probabilidade de membros da família.
terem filhos com o transtorno. Porém, outro Dispraxia para Cunha (2015), é uma
fator é o ambiente de convívio do indivíduo que disfunção motora neurológica, que impede o
se reflete no espaço escolar. Eles não têm cérebro de desempenhar os movimentos
comprometimento, não se preocupam com os corretamente, o que ocasiona a falta de
sentimentos, desejos, e o bem dos outros. coordenação motora, de percepção e
Interpretam mal as intenções de terceiros, equilíbrio, sem a existência de lesão, mas sim,
respondendo com agressões, intolerância, são uma desorganização na coordenação motora.
durões e irritados. Os acessos de raiva e Este diagnóstico segundo o autor deve ser
temeridade estão sempre associados. feito precocemente, para que a criança não se
Segundo Cunha (2015), a dislexia é um prejudique na vida escolar, gerando danos em
transtorno e confundida como déficit de sua autoestima. Estas crianças apresentam
atenção, problemas psicológicos ou mesmo incapacidade de ficarem quietas, estão sempre
desinteresse. Suas características são as balançando os pés ou ficam batendo palmas,
dificuldades dos indivíduos de decodificar sujam-se muito ao comer e esbarram
símbolos, ler, escrever, soletrar, compreender frequentemente em objetos.
um texto, reconhecer fonemas, exercer tarefas Segundo Farrell (2008, apud, CUNHA, 2015),
relacionadas a coordenação motora e tem algumas crianças têm células nervosas do
como hábito trocar, inverter, omitir ou córtex cerebral, que possuem menos
acrescentar letras ou palavras ao escrever. De interconexão reforçadas. Isso torna a
acordo com DSM-IV (Manual Diagnóstico e capacidade do cérebro para processar as
Estatístico de Transtornos Mentais IV), este informações mais lentas, causando o
diagnóstico é feito para saber se essa comprometimento em seu desenvolvimento
incapacidade interfere no desempenho escolar motor. Esta criança tem dificuldade de
ou até mesmo nas atividades da vida diária que responder e agir de modo apropriado ao
exigem habilidades de leitura. Onde se receber as instruções faladas. Ele sabe realizar
caracterizam como um diagnóstico de atividades, porém, tem dificuldades de
exclusão, é preciso verificar se há outro motivo organizar os movimentos e executá-los.
para os sintomas (problemas emocionais, Cunha (2015), explica que é um transtorno
auditivos, visuais etc). relacionado a identificação e classificação dos
O autor também explica que alunos números, e também na execução de cálculos
disléxicos têm dificuldades de leitura e escrita, mentais ou feitos no papel. Esta dificuldade
porém possuem inteligência compatível ao seu está relacionada especificamente, a uma
desenvolvimento. Eles possuem muitas dificuldade na compreensão e aprendizado de
habilidades e em alguns casos, são talentosos matemática. Ela se manifesta com mais
na arte, na música, no teatro etc. Há indícios, frequência nas atividades escolares.
que falam, da existência de fatores hereditários Estudantes com discalculia não possuem
compreensão intuitiva e não entendem
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Para Figueiredo (2013), a formação inicial e sejam organizados e ativos que documentem e
continuada de professores visando a inclusão ensinem. Pensar o espaço de forma que todos
deve ser pensada primeiramente na sua os alunos tenham oportunidades de
organização e instrumentalização de ensino, aprendizado e de socialização, e ficando ao
bem como a gestão da classe e seus princípios professor a responsabilidade de substituir a sua
éticos, filosóficos e políticos, que permitiram a pedagogia tradicional pela pedagogia pensada
esses professores a reflexão e compreensão de na diversidade, é o que expõe a autora no
seu verdadeiro papel e da escola na formação seguinte trecho:
dessa nova geração que deverá responder às A escola, para se tornar inclusiva, deve
demandas profissionais. acolher todos seus alunos,
A autora explica sobre a importância da independentemente de suas condições sociais,
organização dos tempos e espaços de emocionais, físicas, intelectuais, linguísticas,
aprendizagem no agrupamento de alunos e no entre outras. Ela deve ter como princípio básico
planejamento das atividades. Pensar na desenvolver uma pedagogia capaz de educar e
sequência didática adaptada às reais incluir todos aqueles com necessidades
necessidades dos seus alunos e na educacionais especiais e também os que
consolidação da aprendizagem. apresentam dificuldades temporárias ou
Nesta perspectiva de ensino, o professor permanentes, pois a inclusão não se aplica
situa-se como mediador, considerando apenas aos alunos que apresentam algum tipo
aspectos como: atenção às diferenças dos de deficiência (FIGUEIREDO, 2013, p. 143).
alunos; variação de papéis que o professor Booth e Ainscow (2000, apud, FIGUEIREDO,
assume diferentes situações de aprendizagem; 2013), o percurso da inclusão irá ampliar e
organização dos alunos de forma que elaborar as competências e habilidades dos
possibilite interações em diferentes níveis, de professores, e que as experiências obtidas irão
acordo com os propósitos educativos (grupo – ajudar na sua formação continuada agregando
classe, grupos pequenos, grupos maiores, valores e conhecimentos no contexto social, de
grupos fixos) (FIGUEIREDO, 2013, p.142). história de vida e contribuíram para uma
Há a necessidade de reconsiderar nossas prática mais acolhedora. Não se pode exigir
crenças e valores. Os professores continuam que todos os professores ajam da mesma
querendo controlar as situações em sala de forma, pois cada um terá uma visão própria das
aula, não dando a liberdade para o aluno e práticas pedagógicas na inclusão. Portanto, os
exercendo forte autoridade no sentido de que autores concluem que não se pode esperar na
o aluno precisa sempre olhar para ela, formação dos professores o desenvolvimento
sentando em fileiras e com seus materiais de ritmos e competências similares e que sua
pedagógicos sob sua supervisão. Nesse aspecto prática pedagógica só será efetivamente
o espaço é o ponto primordial enfatizado pela inclusiva se o espaço possibilite sua atuação
autora, pois deve se pensar em espaços inclusiva e a reflexão do seu próprio trabalho
preparados para todos os níveis de pedagógico.
desenvolvimento e idades apropriadas, que
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elevado grau de autonomia no quotidiano da Uma transcrição literal sobre sua definição é
sua profissão. Por isso, é tão complexa a debruçarmo-nos sobre a seguinte situação: a
profissão e a sua devida formação e se torna música não é tarefa fácil porque apesar de ser
claro o motivo pelo qual resulta insuficiente um intuitivamente conhecida por qualquer pessoa,
simples aumento de formação teórica. é difícil encontrar um conceito que abarque
Conceder informação era, tradicionalmente, todos os significados dessa prática. Mais do que
um dos itens principais do processo educativo. qualquer outra manifestação humana, a
Mas, a profissão docente deixou de estar tão música contém e manipula o som e o organiza
intimamente comprometida com um ensino no tempo. Talvez por essa razão ela esteja
baseado na informação. O papel do professor sempre fugindo a qualquer definição, pois ao
mudou: de um transmissor de informação, ele buscá-la, a música já se modificou, já evoluiu. E
passou a ser um facilitador do processo de esse jogo do tempo é simultaneamente físico e
aquisição de conhecimento. Este emocional.
procedimento implica que para que a A arte é uma forma de o ser humano
informação se transforme em conhecimento expressar suas emoções, sua história e sua
precisa ser discutido, refletido e, completada. cultura por meio de alguns valores estéticos,
Esta é uma nova competência do professor e da como beleza, harmonia, equilíbrio. A arte pode
escola. Tomando como exemplo uma dilatada ser representada por meio de várias formas,
experiência na formação de professores na em especial na música, na escultura, na pintura,
área das NEE (NECESSIDADES EDUCATIVAS no cinema, na dança, entre outras.
ESPECIAIS) tanto no campo graduado como A música sempre esteve presente ao longo
pós-graduado, vamos discutir os modelos e da história da humanidade. Tão antiga quanto
estratégias que nos parecem mais adequados o Homem, a música primitiva era usada para
para preparar os professores para os desafios exteriorização de alegria, prazer, amor, dor,
da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008). religiosidade e os anseios da alma.
Um ponto especial a ser levantado neste A música tornou-se um objeto de estudo
tópico é a expressividade do homem pela arte. muito importante para os educadores e demais
Não fugindo a esta situação positiva, por volta envolvidos com o processo educativo, pois
da década de 80, novas abordagens foram além de oferecer um grande leque de
introduzidas no ensino da Arte no Brasil. A possibilidades e abrangências, tornou-se uma
imagem ganhou um lugar de destaque na sala disciplina obrigatória na rede regular de ensino.
de aula, o que representa uma das tendências Nos dias atuais a música pode ser
da Arte contemporânea e uma novidade para o considerada uma das artes que mais
ensino da época. As imagens produzidas tanto influenciaram e influenciam na sociedade.
pela cultura artística (pintores, escultores) Tudo o que acontece ao nosso redor, nos afeta
como as produzidas pela mídia (propaganda de diretamente ou indiretamente, pois vivemos
TV e publicitária gráfica, clipe musical, internet) num conjunto de pessoas que compartilham
passaram a ser utilizadas pelos professores e propósitos, gostos, preocupações e costumes,
alunos da educação básica.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A educação, a arte, o conhecimento sensível e o autismo foram os temas mais abordados
neste artigo. Constatou-se que a falta de atendimento especializado pode trazer consequências
como atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, comprometimentos físicos e emocionais,
distúrbios de fala e atraso escolar. Uma vez que é crescente o número de pessoas com
necessidades especiais atuantes na sociedade.
Pôde-se ratificar que autismo não é doença. Porém não há motivos para subestimar a
capacidade de um autista.
Nota-se que todo aquele que foge aos padrões sociais é excluído, pois lhe é negado o
direito de ser e de viver diferentemente das regras sociais criadas e impostas a todos.
Quanto à expectativa de utilizar a arte como mediadora na comunicação do autista, foi
alcançada e superada. Confirmou-se que a Arte é capaz de organizar e estruturar o mundo
respondendo aos desafios que dele emanam; a Arte é um produto que expressa representações
imaginárias das distintas culturas que se renovam por meio dos tempos.
O processo artístico de ensinar arte é enfrentar muitos desafios, é ser capaz de
comprometer-se em refletir as questões sociais, ecológicas e culturais. Perante questões tão
complexas como o autismo, a arte e a educação.
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REFERÊNCIAS
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ORRÚ, Silva Ester. Autismo: o que os pais precisam saber? Rio de Janeiro: Wak. Editora,
2011.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nos estudos analisados foi possível verificar que a prática de um conjunto de atividade
física, independente da modalidade praticada, demonstrou ter influência na melhoria e/ou
manutenção das capacidades físicas, que são inerentes a uma vida independente e ativa,
contribuindo para um bom nível de qualidade de vida.
Por meio dos resultados encontrados, foi possível verificar uma igualdade em relação à
quantidade de dias utilizados nos programas de atividade física regular, permanecendo entre dois
a três dias como quantidade razoável, para que ocorra a melhora e/ou manutenção da
capacidade funcional.
Os estudos apresentados na revisão de literatura utilizaram em suas pesquisas em maior
quantidade, participantes do sexo feminino, visto que os grupos que praticam atividade física
regular da terceira idade, geralmente são formados em maior número de mulheres, indicadas
estas como participantes que permanecem por período maior em um programa de atividade
física, portanto, cabe ressaltar a importância de novos estudos serem realizados com grupos
mistos, para a analisar possíveis diferenças existentes.
O tema analisado neste presente estudo deve ser aprofundado por meio de novas estudos,
procurando encontrar atividades que proporcionem melhores resultados referente à melhora
e/ou manutenção das variáveis da capacidade funcional, analisando qual deve ser sua
intensidade, volume e os principais cuidados em sua realização.
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REFERÊNCIAS
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idosas ativas e sedentárias. Fisioterapia em Movimento v. 23, n. 3, p. 474, 2010.
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Saúde Pública. v. 37, n. 1, p. 2, 2003. verificar as paginas.
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RESUMO: Neste artigo, intitulado atividades lúdicas como coadjuvante no processo ensino
aprendizagem, teve-se como objetivo identificar a importância do lúdico na aprendizagem e no
desenvolvimento de crianças da educação infantil. Para tanto optou-se pela pesquisa bibliográfica
não sistemática, realizada a partir da consulta de artigos científicos, livros didáticos, revistas, teses
e projetos. Frente ao material pesquisado foi possível entender o real significado de lúdico,
originário do latim ludus que significa brincar, nesse brincar envolve jogos, brinquedos e
atividades de descontração, essencial na infância, pois favorece o desenvolvimento, físico,
psíquico, social, psicomotor, intelectual e de saúde. A pesquisa identificou que as atividades
lúdicas são excelentes aliadas na aprendizagem, socialização e imaginação, além de ajudarem a
lidar com os problemas cotidianos, controlarem as emoções, e proporcionar proximidade aos
colegas, docentes e sociedade em geral, tornando-os mais aptos a participarem em trabalhos de
equipe. Foi possível concluir que cabe ao professor planejar os recursos disponíveis na escola e
criar meios para estimular a participação dos alunos, deste modo é possível afirmar que a
ludicidade é essencial para o processo ensino aprendizagem de crianças da educação infantil.
Todavia, este é um processo de longo prazo que deve ser incorporado na formação permanente
dos professores.
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As atividades lúdicas garantem a ampliação Menezes (2019), afirma que é por meio das
das áreas psicomotoras, perceptivas, de brincadeiras que as crianças constroem as suas
atenção, raciocínio e estimula a ligação dentre próprias identidades, adquirem seu espaço,
objetos. Ela por sua vez, deve promover a aprendem a enfrentar os seus desejos,
interação e evolução dos pequeninos, descobrem suas limitações, expressam seus
assegurando a formação da sua vida em sentimentos, melhoram sua comunicação com
sociedade. Além disso, deve promover o os outros indivíduos, aprendem a entender e
rendimento escolar, e pode contribuir para o agir no ambiente em que vive, além de
desenvolvimento da fala, do pensamento e no compreender e aprender a respeitar os limites.
sentimento (LOUCHARD; LOUCHARD, 2015; Além disso, elas aprendem a respeitarem as
BENEDET, 2011). regras, a se colocarem no lugar do outro e a
Ela abre espaço para uma diversidade de participarem de relações do seu cotidiano,
linguagens e expressões, auxiliando na passa a compreender as regras e os
criatividade, despertando o desejo de aprender comportamentos e experimenta os mais
de maneira diferente e prazerosa. Essas diversos sentimentos: dor, tristeza, alegria,
atividades influenciam a aprendizagem, perda, desejo e prazer. Para a criança,
manifestando habilidades e imaginações, além brincadeira é uma atividade completa, pois
de mostrar que a brincadeira não é apenas uma favorece as descobertas e os desafios
atividade solta e sem nenhuma necessários para o seu desenvolvimento
intencionalidade, e sim uma forma de aprender (ABREU, et al, 2014).
(SANTANA, 2019). Deste modo, elas contribuem para o
As brincadeiras e os jogos proporcionam desenvolvimento intelectual, físico, emocional
uma gama de alternativas que contribuem de e moral da criança; proporcionando interação
forma significativa na construção do social, deixando a criança em contato com
conhecimento, de forma agradável e outros indivíduos, inserindo-as em um grupo,
interessante para a criança. Propor jogos favorecendo o compartilhamento de ideias, a
novos, com ideias novas, provocando um novo troca experiências, desenvolvimento de
olhar, implementado no espaço escolar com linguagem; envolvendo emoções, afetividade,
métodos, recurso e técnicas pedagógicas companheirismo, percepção e argumentação
inovadoras com objetivo de aprender e ensinar (GOMES, 2009).
de forma prazerosa, cativante, que instigue na As atividades lúdicas proporcionam a
criança a participação e o desenvolvimento de construção do conhecimento de maneira
atitudes relacionadas ao respeito mútuo, a agradável e prazerosa, certificando que as
cooperação, a obediência, a formação de crianças tenham motivação intrínseca
regras, ao senso de responsabilidade, a necessária para uma aprendizagem de
iniciativa individual e em grupo, bem como ao qualidade, até transformá-los em adultos
próprio desenvolvimento cognitivo, motor e seguros e prudentes, com grande imaginação e
afetivo (FERNANDES, 2012, p. 21). autoconfiança, mesmo os que apresentam
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
As atividades lúdicas são fundamentais para a aprendizagem no ensino infantil, pois a
brincadeira é um dos primeiros meios para a criança enfrentar seus problemas, saciar seus
desejos, a criar, imaginar, se posicionar, a ter contato com outros indivíduos, a respeitar as regras,
a si mesmo e os outros.
A ludicidade é uma ferramenta que auxiliará no processo ensino aprendizagem das
crianças, pois ela produz prazer e divertimento ao mesmo tempo em que auxilia na obtenção do
saber, uma vez que é capaz de promover benefícios, dentre eles físico, motor, psíquico, social,
afetivo, moral e intelectual.
Acreditamos que cabe ao professor criar meios para planejar e executar as atividades, de
modo a atingir todos os objetivos esperados, nas quais é essencial considerar a idade, o nível de
aprendizagem, os recursos disponíveis na instituição e condições dos estudantes. Todavia, este é
um processo de longo prazo que deve ser incorporado na formação continuada e permanente
dos professores.
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REFERÊNCIAS
ABREU, A et al. A ludicidade no desenvolvimento da criança: uma experiência de iniciação
científica. Abaetetuba, 2014. Disponível em:
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1Professora de.Filosofía de la Educación na Rede Sistema de Universidad Abierta y a Distancia. SUAYED Facultad
de Filosofía y Letras, UNAM.
Graduação em Educacao.
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INTRODUÇÃO PROCEDIMIENTO DE
Interesa conocer si el autoconcepto se EVALUACIÓN
modifica después de la asesoría De esta forma, se captaron 10 alumnos que
psicopedagógica en grupos control y recurrieron a solicitar Asesoría durante tres
experimental, es decir, con alumnos regulares meses, y a 23 sujetos que conformaron el grupo
e irregulares en cuanto al rendimiento escolar control durante el mismo período y también
y asociar los resultados de la escala de alumnos de la Facultad de Ingeniería.
autoconcepto con variables sociodemográficas Con base en el cuestionario se recabaron los
como ser primogénitos o no, mayor número datos generales tanto del grupo control como
actividades extraescolares, la escolaridad del del grupo experimental. Las características
padre o de la madre, el número de hermanos y encontradas en ambos grupos:
si el autoconcepto en el área de iniciativa es El sexo predominante en el grupo control fue
mayor. el masculino, constituyendo el 91.3% de la
Rendimiento escolar en este trabajo se tomó muestra; siendo el 8.7% para las mujeres.El
en cuenta el promedio actual, el de la escuela sexo masculino también predominó en el grupo
de procedencia y la regularidad en las materias. experimental, donde constituyó el 60%
El instrumento empleado fue la escala de mientras que el sexo femenino el 40%. Las
autoconcepto elaborada por Jorge la Rosa diferencias en las proporciones no son
(1986). Esta escala es del tipo diferencial significativas
semántico creado por Osgwood; pero Del grupo control 21 sujetos nacieron en la
construída y validada por la Rosa para medir ciudad de México, lo que representa un 91.3%
específicamente autoconcepto en población y solo 2 sujetos (8.7%) nacieron en algún estado
mexicana. de México. El grupo experimental estuvo
La prueba contiene 72 reactivos bipolares conformado por 9 sujetos que nacieron en la
compuestos por dos adjetivos contrarios; entre ciudad de México (90%) y solamente uno nació
estos dos adjetivos, existe un continuo de siete en provincia (10%).
líneas, la línea junto al reactivo indica que esa El promedio de edad fue de 22.43 años para
característica se posee en mayor grado. El el grupo control, con una desviación estándar
espacio central indica que el individuo no se (S) de 1.67. En tanto que 23.1 años fue el
describe con ninguno de los dos adjetivos. Y las promedio de edad para el grupo experimental,
líneas, entre la central y la extrema, muestran con una S de 6.47. Las diferencias no son
la direccionalidad del adjetivo en cantidad significativas con la prueba "t", ya que la t fue
(poco o bastante). de 0.47 y la p de dos colas de .65 Veintidós
El diseño de Investigación corresponde al de sujetos del grupo control, constituyeron el
dos grupos sometidos a preprueba y 95.7% de solteros, y el 4.3% de casados. Del
postprueba, autoseleccionados a la muestra. grupo experimental 9 sujetos fueron solteros y
uno divorciado lo que constituyó el 90% y el
10% respectivamente.
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A continuación, y con base en las diferencias se encontraba entre los grupos en cada una de
significativas, señaladas por el ANOVA, se las condiciones temporales. Los resultados de
procedió a la aplicación de la prueba "t" con el la prueba "t" se muestran en las tablas 3 y 4
objeto de localizar si la fuente de las diferencias
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Con base en las tablas 3 y 4 se observa que Así mismo, se rechaza la hipótesis 1 subrayando
existe una diferencia significativa entre los el hecho de que el autoconcepto global del
grupos en la preprueba en el área de iniciativa; alumno que recibe asesoría, no se modifica.
diferencia que se conservó en la postprueba lo Por otra parte, se correlacionaron las
cual nos permite aceptar la hipótesis 10 que variables: número de actividades, lugar de
hace mención de la diferencia en el área de nacimiento, escolaridad del padre y promedio
iniciativa de ambos grupos. Se rechaza la escolar con el autoconcepto global y/o con
hipótesis 2 que menciona la modificación del algunas de sus áreas específicas en la
autoconcepto en los alumnos del grupo preprueba. Se utilizó la correlación por rangos
control. Existió una diferencia significativa en de Spearman, ello puede apreciarse en la tabla
el área de iniciativa entre los grupos, diferencia 5.
que ya estaba dada desde el inicio de la
investigación. Dado que no hubo diferencias
significativas entre la preprueba y la
postprueba, es evidente que ni la terapia ni el
paso del tiempo (6 semanas) tienen algún
efecto sobre el autoconcepto. Por ello se
rechaza la hipótesis 3 que alude a la igualdad de
los puntajes del autoconcepto entre los grupos.
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Como se observa en la tabla 5, se encontró prueba arrojó una p= 0.4001, lo cual nos obliga
una correlación baja pero significativa entre el a rechazar la hipótesis 4.
número de actividades y el puntaje total en la
escala de autoconcepto por lo cual se acepta la
hipótesis 5 que señala que existe una relación
positiva entre autoconcepto y número de
actividades. Esta correlación estuvo presente
en el grupo control mientras que en el grupo
experimental no existió.
Además, se encontró una correlación
positiva entre el promedio escolar y el área
ocupacional en el grupo experimental, por lo
que se acepta la hipótesis 8 respecto a la
relación entre el promedio escolar y el
autoconcepto ocupacional. Por ser las únicas
correlaciones significativas, se rechazan las
hipótesis 6 y 7 referentes a la relación entre la
escolaridad del padre y el autoncepto
ocupacional global.
De igual forma, se rechaza que exista alguna
relación entre el número de hermanos y el
autoconcepto social, señalada en la hipótesis 9.
Por otra parte, la prueba "t" de dos colas no
indicó que existan diferencias significativas en
el autoconcepto global entre los alumnos
primogénitos y los no primogénitos pues la
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CONCLUSIONES
Es evidente que a pesar del esfuerzo realizado por conformar a los grupos lo más
semejante posible, existieron diferencias significativas entre ellos. La escolaridad de los padres
fue superior en el grupo control, lo mismo sucedió con el número de actividades extraescolares,
con el promedio escolar obtenido en los estudios de licenciatura y con el número de materias
acreditadas en la Facultad de Ingeniería.
Estas tres últimas diferencias de alguna manera se esperaban puesto que el Centro de
Servicios Educativos (CESEFI) tiene como función ayudar al alumno con problemas académicos
por lo que resulta comprensible que fueran este tipo de alumnos lo que solicitaran asesoría.
Sin embargo, cabe resaltar que, a pesar de las desigualdades ya mencionadas no se
encontraron diferencias significativas respecto a los puntajes totales del autoconcepto tanto en
la preprueba como en la postprueba, aunque existió una tendencia a la significancia (p=0.058); a
excepción del área de iniciativa la cual favoreció a los alumnos del grupo control; tanto en la
primera como en la segunda aplicación.
Aunque los alumnos del grupo experimental se encontraban en desventaja,
académicamente hablando, con respecto al grupo control y aún cuando tenían así mismo, menos
actividades extraescolares que aquellos, mostraron puntajes similares en el autoconcepto. Esto
puede deberse al hecho de que en el grupo experimental el 50% eran primogénitos. A pesar de
que no se encontró una correlación significativa entre autoconcepto y lugar de nacimiento, la
manera en que se conformaron los grupos pudo haber causado cierta varianza de error. Cabría
preguntarse si en un muestreo aleatorio y representativo de los alumnos con características
escolares poco favorables, como las del grupo experimental, y no-primogénitos, mostraría
puntajes similares a los obtenidos en nuestro estudio por el grupo en cuestión.
Una explicación tentativa acerca de la ausencia de efectos de la asesoría sería el poco
tiempo transcurrido entre la preprueba y la postprueba. Si junto con Shavelson (2002) creemos
que el autoconcepto es una estructura ordenada, jerárquica, estable y multifacética, estamos
ante el dilema planteado por Marsh para quien desde el punto de vista de la medición resulta
conveniente que el autoconcepto sea una estructura estable y en cambio, para evaluar una
intervención terapéutica éste deberá ser modificable.
En este sentido, la crisis que el individuo tenga al confrontar sus ideales con sus logros
reales lo moviliza a revisar su autoconcepto y a solicitar ayuda, sin embargo, esto no implica que
la crisis modifique su autoconcepto. Resulta difícil suponer entonces, que la asesoría provoque
cambios sustanciales en la estructura del autoconcepto aunque quizá sí repercuta en ciertas
conductas específicas.
Sería interesante observar en un estudio de seguimiento si los alumnos sometidos a
terapia aumentan el número de actividades extraescolares una vez superado el conflicto
académico manifestado. Puesto que a medida que un área específica del autoconcepto resulta
gratificada, en términos de congruencia entre el yo pensado idealmente y el yo ejecutor, el
individuo tiende a expandir su yo a otras esferas con la confianza basada en sus logros anteriores
infunde hacia sus nuevas actividades. En palabras de Rogers, se diría que el yo se torna más
espontáneo y accesible, con menos defensividad y abierto a nuevas experiencias, toda vez que se
reducen las discrepancias entre el yo ideal y el yo.
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REFERÊNCIAS
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um período de discussão entre os alunos sobre terá início um debate sobre os diversos
os diferentes assunto apresentados pelos assuntos da aula. O docente terá, mais uma vez,
alunos, no âmbito da temática da aula. O um papel passivo. O ensino estará centrado no
docente durante a aula tem a função de aluno. O docente será apenas moderador e
moderar as questões colocadas pelos alunos e esclarecedor de dúvidas.
esclarecer os alunos. Na aula nº5 (com duração de 2 h), tem os
Na aula nº3 (com duração de 2h), tem os seguintes temas: Estudo da produção de
seguintes temas: Ciclo de vida dos bioetanol. Apresentação das diferentes
biocombustíveis e sustentabilidade; Avaliação matérias-primas para a produção de etanol.
da sustentabilidade do ciclo de vida dos Etapas de produção de etanol. Processos de
biocombustíveis. Apresentação dos desafios produção de etanol a partir do açúcar, a partir
para um biocombustível sustentável. do amido e a partir da celulose. Apresentação
Necessidade de “biocombustíveis verdes” e das propriedades do bioetanol e considerações
cenários efetivamente sustentáveis para os sobre as emissões do bioetanol. As aulas terão
biocombustíveis. Aspetos importantes de início com a apresentação dos trabalhos
sustentabilidade das principais formas de realizados pelos alunos. Posteriormente, terá
conversão da biomassa em biocombustível. A início uma discussão sobre os diferentes temas
aula terá início com a apresentação dos da aula.
trabalhos dos alunos. Como o novo modelo de Na aula nº6 (com duração de 2 h), tem os
ensino-aprendizagem, após a apresentação dos seguintes temas: Estudo da produção de
trabalhos, os alunos iniciarão uma discussão biogás. Indicação das matérias-primas para a
sobres os diferentes temas da aula. Mais uma produção de biogás. O processo de produção
vez, o docente terá o papel de moderador e de de biogás. As diferentes etapas envolvidas na
esclarecedor de algumas dúvidas. produção deste biocombustível. Apresentação
Na aula nº4 (com duração de 2h), tem os das propriedades e as emissões do biogás. Após
seguintes temas: Estudo da produção do a apresentação dos trabalhos pelos alunos, terá
biodiesel. Apresentação das matérias-primas início uma discussão sobre os temas da aula. De
que podem ser utilizadas para a produção do novo, o docente terá apenas um papel de
biodiesel. Reações envolvidas na produção do moderador e estará disponível para esclarecer
biodiesel. Natureza dos catalisadores que as dívidas que possam surgir durante a aula.
podem ser utilizados nos processos. Os Na aula nº7 (com duração de 2 h), tem os
processos de produção de biodiesel. O glicerol seguintes temas: Estudo da produção de
como subproduto da produção do biodiesel. combustível líquido a partir da biomassa
Apresentação das propriedades do biodiesel e (Biomass to Liquid). Apresentação das
as emissões deste biocombustível. Com o matérias-primas que podem ser utilizadas para
modelo de ensino-aprendizagem proposto a produção do combustível. O diagrama
para a UC de Biocombustíveis, os alunos processual de produção de BtL. As principais
começarão por apresentar os trabalhos etapas de produção, gaseificação, limpeza do
desenvolvidos em grupo e posteriormente, gás e síntese. Apresentação das propriedades
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CONTEÚDO DO PROGRAMA
PRÁTICO LABORATORIAL DE
BIOCOMBUSTÍVEIS
Nas aulas práticas laboratoriais, os alunos
irão sintetizar biodiesel, a partir de óleo
alimentar usado. Inicialmente, os alunos
começarão por realizar uma Caracterização
físico-química do óleo alimentar usado
(determinação da acidez do óleo, teor de água,
densidade e a teor em sólidos). Após esta aula,
os alunos farão a esterificação de ácidos gordos
livres presentes no óleo alimentar usado. Os
alunos realização um trabalho prático sobre a
esterificação dos ácidos gordos livres presentes
no óleo alimentar usado com metanol. Será
determinada a acidez do óleo, após a reação de
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Atualmente, as aulas das unidades de curriculares de Biocombustíveis são
tendencialmente aulas expositivas (centradas no docente). No sentido de tornar as aulas mais
interessantes para os alunos, foi proposto um novo modelo de ensino-aprendizagem centradas
nos alunos. O modelo proposto tem como objetivo uma maior participação dos alunos nas aulas.
No início de cada aula, os alunos farão uma apresentação do tema da aula. Após a apresentação,
será realizada uma discussão/debate entre os discentes. O docente será apenas moderador e
esclarecerá as dúvidas dos alunos. O ensino está centrado no aluno. Desta forma, as aulas serão
menos expositivas com maior participação dos alunos no processo ensino aprendizagem,
permitem aos alunos uma maior intercessão com entre eles e com o docente.
A participação dos alunos neste modelo de ensino-aprendizagem permitirá uma mudança
de atitude dos alunos na sala de aula. No entanto, é de salientar que este modelo proposto
poderá ser difícil de implementar numa unidade curricular com um número de alunos inscritos
elevado.
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REFERÊNCIAS
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Yoshida (2011), em seu trabalho relata que o Marchi; Gonçalves (2020), a preocupação com
Brasil está crescendo em volume de os resíduos orgânicos e principalmente de
publicações ao longo do tempo, e pode-se dizer hortaliças como a abóbora vem ganhando
que isso seria fruto do esforço e formação de importância ao longo das últimas décadas,
mestrandos e doutorandos pelas Universidades visto que as atuais demandas ambientais,
Brasileiras. sociais e econômicas alcançaram uma
O Gráfico 2 mostra que nos anos de 2019 e complexidade, exigindo uma nova postura e a
2021 houve uma grande quantidade de indústria vê que é economicamente viável
publicações de artigos relacionados aos alimentos de fontes alternativas de vegetais
resíduos da abóbora (Pumpkin waste) com o intuito de fornecer produtos mais
utilizando a base de dados Scopus. Segundo saudáveis e ricos em fibras.
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Barbiere; Canheo (2021), acredita dos Alimentos (AIA) tem sido pensado de forma
hipoteticamente que o aumento de especial. O AIA tem como princípio básico a
publicações no ano 2021 deve-se ao fato de diversidade da alimentação, atendendo de
que a pandemia de Covid-19 tenha aumentado forma eficaz as necessidades nutricionais dos
o pico de submissões, momento em que boa indivíduos com o uso de partes não
parte dos acadêmicos começou a trabalhar em convencionais dos alimentos em preparações
modalidade home office. As submissões se culinárias.
mantiveram altas pelos primeiros meses do A disponibilidade de informações, a
isolamento social e que no ano de 2020 não mudança de cultura, o motivo pelo qual são
houve chamadas especiais por isso a baixa gerados as perdas associadas e o destino destes
publicações. alimentos considerados não comestíveis e que
Quanto à quantidade de publicações e são removidos da cadeia de fornecimento de
citações referente ao descritor “Pumpkin peel” alimentos é escassa em muitos países, cidades,
percebeu-se que o ano de 2019 e 2021 houve empresas e outras entidades. Isso implica no
um aumento de publicações sobre os estudos desenvolvimento de medidas, que evitem o
da casca de abóbora, tal resultado pode estar desperdício, bem como a identificação do
atrelado ao fato, que a hortaliça em si tem surgimento de métodos mais eficazes de
grande importância econômica, pois durante aproveitamento, ou seja, gerenciar algo não
seu processamento é grande a quantidade de mensurado se torna uma adversidade
resíduos gerado da abóbora na forma de (SANTOS, et al., 2020).
sementes e cascas. Ao verificar as principais áreas no qual os
Peixoto & Pinto (2016), destacam, que o artigos foram indexados utilizando o descritor
aumento dos cuidados com o manejo com as “pumpkin peel”, “pumpkin reuse”, “pumpkin
hortaliças, o aproveitamento nas indústrias das waste” e “Curcubita Moschata” (Gráfico 3),
partes como casca, reduz o desperdício de observa-se maior participação de estudos
alimentos em países industrializados. Neste ligados à área de Ciências Ambientais ou
âmbito, instrumentos legais que reduzam as Agrárias com uma porcentagem de 39% dos
brechas mercadológicas, que levem em registros.
consideração o planejamento entre criação de Vargas (2014), afirma que o aumento de
produtos e utilização, ou produzam a cultura de publicações em Ciências Ambientais ou
consumo consciente, mesmo de partes não Agrárias se deve a grande concentração de
comestíveis teriam influência direta em recursos para a investigação na área, pois o
resultados benéficos. Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação
Silveira, et al., (2021), em seu trabalho relata inova em pesquisas principalmente no setor
que atualmente o uso de recursos naturais e agrícola para investigação e melhoramento.
consumo consciente tem despertado o
interesse da sociedade, e isso tem exigido
comportamentos e formas de pensar
diferentes, com isso o Aproveitamento Integral
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A divulgação completa dos alimentos é uma Levantamentos feitos na base Scopus sobre
alternativa capaz de propiciar às pessoas um os avanços tecnológicos com uso da casca de
melhor consumo nutricional, melhoria da abóbora no ano de 2021 mostrou aplicações da
economia relacionada aos alimentos e a casca para a produção de biocarvão em estudos
relação ecológica entre o homem e o meio realizados por Bal; Ozer; Imamoglu (2021). Em
ambiente em que vive, uma vez que o pesquisa realizadas por Sharma; Bhat (2021)
aproveitamento tem como consequência a com o uso da polpa e casca de duas variedades
redução do lixo (SAMPAIO; FERST; OLIVEIRA, de abóboras (Cucurbita máxima), foram
2017). verificados efeitos da extração verde de
Por meio da inovação, que é apresentada carotenóides, polifenóis e atividades
nos resultados de pesquisa voltadas para o antioxidantes.
gerenciamento alimentício, muitos dos Estudos com a abóbora (Curcubita pepo L.)
alimentos, que tinham partes descartadas de mostraram a presença de ácidos fenólicos,
formas indevidas, causando danos a diferentes flavonóides e carotenóides em extratos polares
níveis tróficos, gerou ao meio ambiente um e não polares, que são úteis na indústria como
aliado em sua conservação. De acordo com potencial suplemento alimentar ou matéria-
Araújo et al. (2015) e Laurindo; Ribeiro (2014), prima para preparações cosméticas e
os resíduos provenientes do descarte farmacêuticas (CVETKOVIC, et al, 2021).
inadequado de alimentos no meio ambiente, Lima, et al (2021), extraiu um corante da
podem, por meio da infiltração do chorume no casca da abóbora (Curcubita moschata), um pó
solo provocar proliferação de microrganismos e com alto teor de carotenóides e com potencial
contaminação do lençol freático, além de para ser aplicado como corante natural nas
também representar prejuízo financeiros. indústrias alimentícia, farmacêutica e
cosmética.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com os resultados discutidos, é notório que há um número considerável de
publicações sobre ''a casca da abóbora'', porém ainda há poucos trabalhos publicados e
indexados, demonstrando que existe muito estudos e descobertas a serem feitas. Os trabalhos
voltados para as cascas da abóbora dentro do intervalo de busca nas bases de dados científicos
demonstraram, que houve aumento nos últimos anos mostrando ser relevante o estudo sobre o
aproveitamento de partes não convencionais de hortaliças.
O Brasil demonstrou grande índice de publicações quando realizada a busca sobre os
resíduos da abóbora, mostrando ser favorável com as mudanças ambientais em que o país tanto
busca.
Com os levantamentos feitos na base Scopus, viu-se a importância da casca da abóbora e
quanto está se tornando vantajosa sua aplicação na indústria, principalmente para a produção de
bioetanol, biocarvão e suas importantes aplicações na indústria alimentícia, farmacêutica e
cosmética.
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REFERÊNCIAS
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RESUMO: Este artigo apresenta um jogo estilo Role Playing Game (RPG) como estratégia
pedagógica no processo de ensino de Fundamentos de Programação para alunos iniciantes do
Curso de Ciência da Computação. São apresentadas as estratégias utilizadas para o
desenvolvimento do jogo, bem como os dados coletados a respeito das diferentes percepções e
avaliações dos alunos que jogaram o jogo com uma unidade instrucional por meio do modelo
MEEGA+. A maioria dos alunos que participaram da avaliação do jogo considerou positivamente
o método utilizado e deram feedback para melhorias futuras.
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DESENVOLVIMENTO DE JOGOS
Para a execução deste trabalho, foi realizada
2 TRABALHOS CORRELATOS
uma análise de metodologias que pudessem Para este trabalho, os autores se basearam
ser aplicadas no desenvolvimento de jogos em dois games: Code Hunt e Silent Teacher.
educacionais. O objetivo desa análise foi para Ambos jogos educacionais para o ensino dos
conduzir um processo organizado, evitar o fundamentos da programação. À seguir, ambos
retrabalho, agilizar a produção e os jogos serão apresentados.
principalmente orientar no desenvolvimento Com isso, o papel do professor no processo
de um ambiente de ensino efetivo. Os modelos de aprendizagem seria criar meios que
escolhidos após a análise foram o Input Process facilitem o desenvolvimento de experiências,
Out Come e o ENgAGED. despertando a curiosidade e a motivação de
Input Process Out Come consiste na cada aluno em um ambiente confortável e livre
aplicação do conteúdo instrucional, de conflitos em grupo, permitindo que cada um
juntamente com as características do jogo possa expressar livremente o que deseja fazer,
mas para isso, é necessário que o professor
(fantasia, regras, objetivos, desafios, mistério e
ofereça um conjunto de possibilidades quanto
controle), acionando assim, o ciclo do jogo,
aos recursos didáticos (SOUZA, LOPES & SILVA,
levando ao usuário criar certos julgamentos
sobre o game, como por exemplo, se é 2013; MOREIRA, 1999).
divertido, interessante ou envolvente (GARRIS,
AHLERS & DRISKELL, 2002). Esses julgamentos 2.1 CODE HUNT
levam a determinados comportamentos, como Code Hunt foi desenvolvido pela equipe da
persistência ou tempo na tarefa. Microsoft Research (BISHOP, et al, 2015), e
Consequentemente, esses comportamentos consiste em encontrar um conjunto de
resultam em um feedback do sistema sobre o entradas e valores esperados, sendo
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4 AVALIAÇÃO DO JOGO
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A eficácia do jogo foi avaliada como não mais três perguntas, sendo uma obrigatória
experimental com pós-teste com três tipos de para avaliar qual experiência do usuário com a
grupo de usuários baseado na experiência dos programação e outras duas opcionais, se
mesmos com programação: nenhuma, menos encontrou algum erro durante a sua
de um ano e mais de um ano. Na qual, os dados participação e para alguma sugestão de
são coletados apenas uma vez após a aplicação melhoria.
do jogo educacional por meio do questionário
respondido sobre suas percepções sobre o 4.1 RESULTADOS
jogo. Foi adotado o modelo MEEGA+ que
Ao todo não se sabe quantos alunos
decompõe os fatores de qualidade em métricas
realmente tiveram a experiência com o jogo,
com as questões do modelo de avaliação
porém foram no total de 22 participantes e
(BATISTELLA, 2016; SAVI, 2011; BRANCH,
convidados que preencheram os questionários
2009).
sobre sua experiência ao participar do jogo. Os
A execução da avalição ocorreu de forma
participantes foram categorizados em três
eletrônica por meio da ferramenta Google
grupos conforme a sua experiência com a
Forms. Foram disponibilizadas instruções para
programação, sendo 11 com mais de um ano de
avaliação, via e-mail para turmas da disciplina
experiência, 7 com menos de um ano de
de Algoritmos I e II do curso de Ciência da
experiência e 4 com nenhuma experiência.
Computação da UNIVALI, e via mensagens por
Para a análise dos dados foram gerados
celular para demais alunos e interessados na
gráficos representando a frequência das
área da Computação para participar como
respostas considerando a amplitude dos
voluntários.
valores de concordo totalmente; concordo; não
Todos questionários foram coletados de
concordo e nem discordo; discordo; e discordo
forma anônima e limitados para uma resposta
totalmente. Nos gráficos são apresentados
por usuário. Além das questão conforme o
também os valores da mediana para cada item.
modelo de avaliação, foram acrescentadas
Em termos de usabilidade, os resultados
podem ser verificados na Figura 6.
355
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O gráfico exibido apresenta valores positivos educacional, sendo que a boa parte está
em todas as dimensões avaliadas acerca da situada nos valores de concordância. O fator
usabilidade do jogo educacional, sendo que a destaque de concordância foi “É claro para mim
maiorias das partes estão situadas nos valores como o conteúdo do jogo está relacionado com
de forte concordância. Os fatores de maiores a disciplina” e os fatores com menor
concordâncias foram “As cores utilizadas no concordância são “Eu prefiro aprender com
jogo são compreensíveis” e “O design do jogo é este jogo do que de outra forma (outro método
atraente (interface, gráficos, tabuleiros, cartas, de ensino)”, “O jogo não se torna monótono
etc.)”. Já o fator com menos concordância foi nas suas tarefas (repetitivo ou com tarefas
“Eu precisei aprender poucas coisas para poder chatas)” e “Este jogo é adequadamente
começar a jogar o jogo”. desafiador para mim.”. Sendo assim, permite
A Figura 7 permite verificar os resultados perceber que a dimensão que mais necessita de
positivos em todas as dimensões avaliadas melhorias, seriam os artefatos relacionados
acerca da experiência do usuário com o jogo com os Desafios.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foi possível cumprir integralmente o desenvolvimento do jogo educacional para
plataforma PC, superando a expectativa dos possíveis sistemas operacionais aptos para executar
o jogo educacional, tendo a possibilidade de aplicar a unidade instrucional em sistemas Windows,
Linux e MacOS.
A avaliação do jogo pelos alunos apresentou resultados positivos na maioria das
dimensões, validando os objetivos específicos de desenvolvimento de um enredo, conteúdo
didático e design do jogo. Essas estatísticas confirmam que o jogo cumpre seu propósito
educacional e contribui para melhorar os conhecimentos dos alunos. Porém na aplicação do jogo
para o público-alvo não foi possível cumprir integralmente, porque nem todos os participantes
possuem a característica do público alvo planejado.
Como trabalho futuros, é sugerido o levantamento dos feedbacks gerados pelos
participantes na avaliação, como por exemplo, o desenvolvimento de um botão de saída do jogo
e ajustes dos erros encontrados. Por meio dos resultados obtidos, é possível verificar a
necessidade de maiores variações nos desafios. Também é sugerido o desenvolvimento do jogo
para plataforma Web, com isso, não necessitando a instalação na máquina do usuário para
executar o jogo, diminuindo a barreira da configuração da máquina. Outro aspecto de
implementação, seria a respeito com a interação social, possibilitar que vários jogadores se
conectem ao mesmo mundo para a troca de conhecimento.
357
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
RESUMO: O objetivo deste artigo é refletir sobre a criança autista na educação infantil - desafios
e possibilidades no Ensino e Aprendizagem na Educação Inclusiva. A inclusão como um processo
atualmente em voga nas instituições de ensino encontra inúmeras dificuldades para efetivar-se e
acaba tendo realidades diferenciadas dentro de cada instituição. Nesse sentido, surgiu o interesse
por esse tema de pesquisa, diante de observação de que é cada vez mais comum encontrar
pessoas laudadas com o autismo, porém, muitas pessoas ainda não conhecem suas
características, necessidades e questões relacionadas ao processo de educação escolar dessas
crianças. Pretende-se assim contextualizar o autismo, as principais características desses
indivíduos, as particularidades em torno do processo de inclusão. A pesquisa parte de uma revisão
bibliográfica para ter uma visão geral do objeto de estudo, para conhecer seus grandes desafios
como uma proposta pedagógica adequada, a participação da família e uma formação de
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Keywords: Autism; Kid; Inclusion Process; Challenges and Possibilities; Teaching and learning.
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possibilidade de que a “psicose” pudesse embora Lorna Wing tenha publicado em 1981
ocorrer em crianças. Essa palavra não tem um suas coincidências com o trabalho de Hans
significado preciso, mas tende a ser usada Asperger. Até a década de 1960, não surgiram
como um rótulo geral para um comportamento novas ideias sobre a natureza dos distúrbios
extravagante e bizarro. Os distúrbios que agora autistas. Pesquisas sobre o desenvolvimento
são considerados dentro do espectro autístico normal da infância, bem como o trabalho sobre
se encaixam nessa descrição, então eles foram o autismo de Kanner, especialmente as de
classificados como “psicoses infantis”. Michael Rutter e seus colegas, levaram a
Nas primeiras décadas do século XX, as mudanças essenciais.
teorias dos psicanalistas influenciaram muito as Este trabalho mostrou que o
atitudes dos profissionais e da sociedade em comportamento de crianças com autismo fazia
geral. Desde que Kanner publicou seu primeiro sentido se visto como devido a desordens de
artigo sobre “autismo infantil”, muitos alguns aspectos do desenvolvimento que
acreditavam que a síndrome era uma começaram no nascimento ou nos primeiros
desordem emocional, não física, e que todos os anos da infância (CUNHA, 2012).
problemas se deviam ao modo de como os pais Diante disso, o crescente conhecimento de
educavam seus filhos. O efeito foi desastroso, como o cérebro funciona e as coisas que
agravando a preocupação dos pais em ter um podem dar errado deixou claro que as causas
filho cujo comportamento eles não conseguiam são físicas e não têm nada a ver com os
entender, fazendo-os sentirem-se culpados e métodos dos pais em criar seus filhos. Agora há
minando a confiança que podiam ter em sua poucas pessoas que culpam os pais, mas entre
capacidade de ajudar (GÓMEZ; TERÁN, 2014). certos profissionais e alguns profanos há
Em 1944, Hans Asperger, na Áustria, resquícios das velhas ideias, que produzem
publicou seu primeiro artigo, “Psicopatia muita infelicidade para os pais que tropeçam
Autista”, sobre um grupo de crianças e nessas atitudes.
adolescentes com outro padrão de Alguns psiquiatras infantis consideravam
comportamento hoje conhecido como que os distúrbios autistas eram formas de
síndrome de Asperger. Asperger acreditava que esquizofrenia infantil. No entanto, uma série de
sua síndrome era diferente do autismo de estudos realizados por Israel Kolvin e seus
Kanner, embora ele admitisse que ambas colegas na década de 1970 mostrou as
tinham muitas semelhanças. Ele publicou em diferenças entre o autismo e a muito rara
alemão no final da Primeira Guerra Mundial, e desordem da esquizofrenia infantil.
demorou muito até que os artigos sobre o Nas décadas de 1970 e 1980, começou-se a
assunto aparecessem na língua inglesa. Até dez considerar seriamente a ideia de que o autismo
ou quinze anos atrás, seu trabalho não era de Kanner foi parte de um espectro mais amplo
conhecido fora da Europa. de autismo e dos distúrbios encorajados,
A curta história da síndrome de Asperger é alguns estudos sobre o autismo foram
tão recente que sua obra original foi realizados, incluindo os de Camberwell
recentemente traduzida por Uta Frith em 1991, mencionado acima e os de Christopher Gillberg
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
e colegas na Suécia. As implicações desse ponto Inclusiva aposta na escola como comunidade
de vista na pesquisa e na prática clínica ainda educativa, defende um ambiente de
estão sendo exploradas (CUNHA, 2012). aprendizagem diferenciado e de qualidade
Na perspectiva conceitual Gaudere (1997), para todos os alunos. É uma escola que
considera que: reconhece as diferenças, trabalha com elas
Autismo, portanto, é um nome dado a um para o desenvolvimento e dá-lhe um sentido,
padrão de comportamento produzido de forma uma dignidade e uma funcionalidade (p. 10).
complexa, como um resultado final de uma Nesta visão esclarecedora, a Educação
longa sequência de causas. É uma síndrome, ou Inclusiva é definida como uma ruptura diante
seja, um conjunto de sintomas, que agrupados, da educação tradicional, que é reprodutivista,
recebem a denominação de autismo (ORNITIZ mecânica e aleatória da realidade, já a
apud GAUDERER, 1997, p. 55). educação inclusiva insere e respeita as culturas
Pode-se inferir que esta síndrome não diversas, a individualidade de cada um, e
responde a uma única etiologia, por isso é levando em conta suas possibilidades e
muito provável que se tenha que falar, em um capacidades, contribuindo com o seu
futuro não muito distante, de autismos em vez desenvolvimento integral.
de autismo. Se faz necessário em relação a criança
autista a necessidade de uma educação
PROCESSO DE INCLUSÃO DA inclusiva que contribua em seu processo de
aprendizagem e a sua inserção social. Mas
CRIANÇA AUTISTA: depara-se com desafios ou dificuldades que
DESAFIOS E POSSIBILIDADES prejudicam a criança desde seu ingresso na
escola até o seu processo de aprendizagem.
NO ENSINO E APRENDIZAGEM Um dos desafios é desenvolver uma pedagogia
NA EDUCAÇÃO INFANTIL centrada na criança autista, como esclarece o
Antes mesmo de refletir sobre os desafios e Referencial Curricular Nacional para a
possibilidades da inclusão da criança autistas Educação Infantil:
na Educação Infantil, é fundamental O principal desafio da Escola Inclusiva é
compreender o que é a educação inclusiva em desenvolver uma Pedagogia centrada na
seu contexto geral. criança, capaz de educar a todas, sem
Para Rodrigues (2000, p. 10): discriminação, respeitando suas diferenças;
A Educação Inclusiva é comumente uma escola que de conta da diversidade das
apresentada como uma evolução da escola crianças e ofereça respostas, adequadas as
integrativa. Na verdade, ela não é uma suas características e necessidades, solicitando
evolução, mas uma ruptura, um corte, com os apoio de instituições e especialistas quando
valores da educação tradicional. A Educação isso se fizer necessário. (BRASIL, 1998, p. 36).
Inclusiva assume-se como respeitadora das Trazendo essa reflexão para a inclusão da
culturas, das capacidades e das possibilidades criança autista pode-se considerar que a uma
de evolução de todos os alunos. A Educação necessidade uma pedagogia própria ou
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
algo que afeta o processo de inclusão, porém, importantes que auxiliam o trabalho do
Simonetti (2010), lembra que, mesmo vivendo professor; utilizar atividades lúdicas como
em um mundo isolado, muitos autistas acabam brincadeiras, assim como programas de
conseguindo estabelecer uma boa relação e televisão, dentre outras atividades que o
contato com os professores, o que acaba autista gosta; estimular o aluno a aprender a ler
diminuindo as dificuldades no trabalho a ser e escrever por meio de temáticas e formas
desenvolvido. O autor lembra, porém, que, textuais presentes no seu cotidiano; antecipar
“adentrar a esse universo exige que o professor os conteúdos ministrados, de forma que a
seja flexível e tenha disposição para promover família tenha maior facilidade para auxiliar o
e participar das atividades e brincadeiras” autista em casa; manter proximidade física com
(SIMONETTI, 2010, p.90). o aluno, sempre auxiliando-o a direcionar sua
Quando se fala em dificuldades no processo atenção.
de qualificação docente remete-se ao fato de Outro desafio no processo de inclusão da
que a maioria dos professores não teve criança autista é participação da família o
nenhum tipo de contato com a temática do ambiente escolar do filho autista. Nisso,
“autismo” durante sua formação e por isto não Oliveira (2015), é um dos vários autores que
tem nenhuma qualificação para trabalhar com discutem a importância do papel da família no
esses alunos. Assim Sousa (2015), cita que processo de inclusão escolar do aluno autista.
muitos professores sentem-se despreparados De acordo com o autor a família é um núcleo
para lidar com esses alunos, pois não comum em praticamente todas as sociedades e
compreendem nem a proposta da inclusão, onde o indivíduo desenvolve suas primeiras
nem as particularidades que apresentam. formas de socialização, sendo uma mediadora
Sousa (2015), afirma que as dificuldades da de padrões, modelos e influências culturais. Por
inclusão latentes, porém, é possível amenizá- isto, é considerada a primeira instituição social
las, mas para isto é necessários investimentos, da qual o indivíduo faz parte e que une-se a
qualificação profissional e que o aluno receba a outras instituições para que o bem-estar de
devida atenção dentro das instituições de seus membros possa ser assegurada, por isto,
ensino, onde “a apropriação de um projeto ela é responsável por transmitir valores, ideias,
político pedagógico que vise garantir um crenças e significados diferenciados que estão
atendimento respeitando as particularidades presentes na sociedade.
de cada aluno de modo que lhes traga um De acordo com Oliveira (2000, apud,
desenvolvimento positivo e um ensino de POLÔNIA e DESSEN,2007, p.26):
qualidade” (SOUSA, 2015, p.15). A escola é uma instituição social com
Figueiredo, Costa e Dias (2018, p.04) ,citam objetivos e metas determinadas, que emprega
algumas ações do professor que podem auxiliar e reelabora os conhecimentos socialmente
a vencer as inúmeras dificuldades produzidos, com o intuito de promover a
apresentadas dentro da educação de alunos aprendizagem e efetivar o desenvolvimento
autistas: buscar constante contato com as das funções psicológicas superiores: memória
famílias, pois elas podem oferecer informações seletiva, criatividade, associação de ideias,
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
No caso específico da criança com autismo, surgiram várias formas de escolarizá-la, isto
porque há diferentes formas de se compreender essas crianças, a forma como se desenvolvem
assim como as possibilidades educativas que a elas podem ser direcionadas. Há de se considerar,
porém, que a escolarização desses indivíduos, ficou, por muito tempo sob responsabilidade da
educação especial. Dentro dessas instituições, o atendimento a criança autista baseava-se no
modelo clínico médico e a educação centrava-se nas deficiências que o aluno possuía, buscando
corrigir ou amenizar os déficits que ele apresentava, porém, fortalecendo a imagem da criança
com autismo dentro do diagnóstico e afirmando a ideia de que ela não era capaz de aprender ou
se desenvolver.
O processo de inclusão do autista vai além de colocá-lo na escola regular, na sala de aula
regular, é preciso que a ela sejam oferecidas condições de ter aprendizagens significativas, que
suas potencialidades sejam trabalhadas e que assim ela seja vista e tratada como um sujeito que
aprende, pensa, age, sente, que pode e deve participar do grupo social, desenvolvendo-se por
meio dele e tendo suas singularidades respeitadas, assim como deve ser com todos os alunos.
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
REFERÊNCIAS
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370
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
RESUMO: O artigo tem como objetivo apontar reflexões tecidas pela professora no exercício da
pesquisa acadêmica acerca da própria experiência docente, sem perder de vista as experiências
das professoras colaboradoras. O texto é parte da pesquisa de mestrado embasado nos
pressupostos teóricos de Bakhtin (2011) Freire (1989, 1986, 2006, 2013, 2019)) e Vygotsky (1988,
1991), e traz notas sobre o ensino da leitura e da escrita situada na formação Pacto Bahia e PNAIC.
Neste contexto emerge o olhar da professora alfabetizadora que tornou-se formadora de
professores(as), escritora, contadora de histórias e pesquisadora a respeito do ensino da leitura
e da escrita como processos que caminham juntos nos anos iniciais à luz da perspectiva discursiva.
Deste modo, destaca a escuta sensível das crianças sobre o lido para além de perguntas que estão
explícitas no texto como uma das condições necessárias para o desenvolvimento das habilidades
leitoras e escritoras. As reflexões dispostas no artigo chamam a atenção para o ensino pautado
em um planejamento como estudo, demarcado de intencionalidade pedagógica permeado pela
mediação permanente nas atividades propostas referentes à leitura e à escrita em cada ano do
Ensino Fundamental e, não apenas, nos dois primeiros anos. Além disso, aponta a relevância da
1 Mestre em Ensino pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia -UESB. Professora da Rede Estadual de
Ensino do Estado da Bahia.
2 Professora titular do Departamento de Estudos Linguísticos e Literários-DELL e do Programa de Pós-Graduação
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
formação continuada fundada nos saberes experiências dos(as) professoras embasadas nos
pressupostos da pesquisa colaborativa.
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
3
Cada parte inicial do texto traz a literatura de Conceição emerge da compreensão responsiva em torno da
Evaristo, Becos da Memória (2006) como elo da comunicação discursiva. Sendo assim, ora sou eu, a
comunicação discursiva que emerge das vozes que pesquisadora, ora somos nós – a pesquisadora, a
ecoam nas linhas do texto, de modo a revelar olhares orientadora, as professoras, as crianças – e, vestidas por
singulares e comuns envolvendo o coletivo. essas vozes, entoamos nossa escrita ancoradas nas (e
4
A escolha da primeira pessoa (do singular e do plural), com) vozes alheias.
na escrita deste trabalho, é uma decisão política e
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
a escritura do texto de outrem. Foram essas da casa vizinha, saboreando, numa escuta
reflexões que descortinaram meu olhar para o apurada, aqueles “causos”, na maioria contos
que sabia e não sabia, para assim me refazer e, populares guardados na memória de minha
nessa travessia, transformar a prática mãe. Foi pela oralidade que a leitura de mundo
pedagógica, a minha e não a do outro. Assim, ganhava formas diversas e ancorava em meus
nessa travessia, “[...] tudo o que já foi, é o ouvidos e, mais adiante, seria lida nos livros e,
começo do que vai vir” (ROSA, 1994, p. 440). por conseguinte, escrita por mim e lida e
5
O termo refere-se a sentar na calçada, em frente à porta cultivado nas cidades do interior da Bahia e que fez parte
de casa, para conversar com os vizinhos. Hábito ainda da minha vida em São Sebastião do Passé.
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
reescrita. Este movimento pode inferir que ler de outros, encontram ecos também em mim,
e escrever estão intimamente ligados. porque, conforme reitera Bakhtin (2006), a
Havia, em mim, vozes que pulavam e eu as palavra, como signo cultural, ao ser assimilada
segurava para que ficassem ali, bem guardadas. e carregada de sentido, é agregada à
Para Bakhtin (2006), mesmo quando estamos consciência verbal, compondo todos os atos de
conosco, há diálogo, porque o eu não vive sem comunicação. Desse modo, compreendo ser a
o outro nem o outro sem o eu. Sendo assim, sala de aula o lócus onde reverbera interação.
esse silêncio também está revestido pela A partir dessas reflexões, referendo o
enunciação que, por sua vez, é um produto da arcabouço teórico freireano no que tange à
interação social. educação emancipatória para a discussão,
Em seguimento às histórias contadas e porque seus estudos estão firmados no diálogo,
recontadas na voz ritmada de minha mãe no respeito aos fazeres de quem ensina e de
sertaneja, iam sendo costurados também os quem aprende, tendo em vista uma prática
retalhos de nossas histórias, misturados com o pedagógica que, ao transformar, também se
real e o imaginário. Em casa, não havia livros, transforme, emergindo, nesse movimento, a
embora, naquele território, a fala daquela práxis.
mulher fosse unindo as pontas com as vozes Nessa “brincadeira séria”, trago para a
que ecoavam dentro de mim, permitindo-me discussão a perspectiva abordada por
ocupar uma ativa posição responsiva no Vygotsky6 (1991), em que a palavra se
1
mundo. Nessa interação, estava o processo de transforma em ferramenta que vai nutrindo o
se expressar em relação ao outro, e não, sujeito do conhecimento, de ideias, de
meramente, para o outro. imaginação, de amorosidade. Mais tarde, por
Ainda rememorando aqueles tempos opção, eu me tornei professora, porque havia
vividos, entre uma história e outra, eu ia em mim o desejo de ensinar as crianças a
“parindo” as histórias dos outros nas minhas acordarem as palavras que moram nos livros e
próprias histórias que, por sua vez, seriam a escreverem as próprias histórias.
contadas novamente. Histórias cheias de vozes Aos poucos, fui mergulhando nos estudos
que silenciavam meu coração, ainda criança, para ir compondo os pontos em cada retalho,
aluna da professora, como quando escutava o sem perder de vista o que foi dito lá atrás por
conto mais lindo do mundo, “O voo da asa minha mãe sobre “o cuidado com o avesso da
branca”, entoado pela voz sertaneja de minha costura”. Fiz a transposição desse ensinamento
mãe. Um dia, descobri outra porta para recriar para a vida, para sempre me lembrar de
horizontes: as palavras escritas nos livros. observar o avesso de minha prática
Desse modo, eu e elas (as palavras) fomos pedagógica, que não estava restrita à sala de
nos tornando companheiras vida afora. É nesse aula, porque, na escola e na vida, há sempre
percurso que a palavra oral e a escrita, vindas intencionalidades, sentidos, não apenas
6
No livro, Piaget-Vygotsky: novas contribuições para o debate ocidentais: em espanhol Vigotsky; em francês, Vygotski; em
(1996), uma nota do editor elucida que o nome de Vygotsky italiano, Vigotskij; e, por fim, em inglês Vygotsky. No presente
apresenta-se escrito de modos diferentes nas línguas estudo, adotamos a escrita da língua inglesa.
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
significados, uma vez que a prática pedagógica, As histórias do tempo da meninice, que
nas palavras de Freire (2019), é uma prática dormiam em minha consciência, passaram a
social humana, humanizadora. fazer parte da rotina da sala de aula. Gostava
Formada no antigo curso de magistério, de envolver as crianças nas histórias lidas e
segui, durante onze anos, como professora contadas e, ainda, “contandolendo”8 , de 2
7
A Casinha Feliz era uma cartilha para alfabetização das convocar a criança a memorizar as letras, os sons, as
crianças, projetada ainda em 1950 por Iracema Meireles, sílabas e as palavras daquele grupo. Para saber mais,
tendo a sua expansão em 1970 até 1979. Todo trabalho ver:
era estruturado a partir do método fônico. Primeiro http://www.acasinhafeliz.com.br/metodo/momentos_mar
ensinavam-se os sons das letras para, mais adiante, a cantes.htm.
8
leitura e a escrita das vogais e consoantes, das sílabas. É um modo de contar e ler tendo o livro como objeto
A partir daí,as palavras eram apresentadas ao lado dos que guarda as histórias escritas.
sons das letras estudadas, com um “barulhinho” para
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
dela já estavam presentes em plena década de prática no início do ano de 2001, em parceria
1990. com as secretarias e diretorias de ensino até o
As crianças interagiam com colegas e final de 2002. No ano 2008, por causa do ensino
comigo, com seus desenhos, com as cantigas, fundamental de 9 anos, foi lançado o Pró-
as histórias vindas de casa, nos relatos sobre o Letramento, que abordou conceitos e
final de semana. Traziam seus mundos, e essas concepções fundamentais ao processo de
experiências com as linguagens repertoriavam, alfabetização, sistematizando as capacidades
isto é, a palavra oral e a escrita passavam a ser mais relevantes a serem atingidas pelas
vivenciadas como experiências constituídas de crianças, ao longo dos três primeiros anos do
sentido, mostrando o outro como elemento Ensino Fundamental de nove anos.9 1
necessário para a produção de textos orais e A graduação ocorreu tempos depois, não
escritos em seu uso social, ainda que porque não quis avançar nos estudos formais,
timidamente. mas porque os recursos eram parcos, e a
Toda essa descoberta acordava em mim o necessidade de trabalhar era preponderante.
desejo contínuo de permanecer estudando, Seguia estudando sozinha e, ao ser aprovada
porque ainda sentia que, mesmo as crianças no concurso da rede estadual, fiz o curso
lendo e escrevendo, faltava mais alguma coisa, “Adicionais” para ensinar na 5ª série, hoje, 6º
não nelas, reitero, mas em mim. E o tempo não ano. Nesse período, as leituras freireanas
parava, e eu a professora ia planejando e passaram a fazer parte de minha vida
replanejando minha prática pedagógica, profissional, quando ganhei de presente o livro
inventando e reinventando outros modos de Pedagogia do Oprimido, em 1984, de uma
ensinar, tendo em vista a escuta daquilo que as freira da escola em que fui aprovada numa
crianças perguntavam. E assim, íamos entrevista para lecionar. Essa leitura abriu
aprendendo. Aprendi a ser professora na portas para outras do mesmo autor e foram
atividade permanente de estudar, de me desvelando o meu olhar para as linhas de força
refazer em cada tempo pedagógico e diante a e poder que fabricam e alargam as
escuta sensível, como sinaliza Barbier (2004). desigualdades sociais. Sentia que precisava
Ao longo do período de 1995 a 1998, a muito fazer um curso superior, mas, enquanto
Secretaria de Educação Fundamental do MEC o sonho não era possível, seguia significando e
elaborou os Parâmetros Curriculares Nacionais ressignificando minha prática pedagógica,
para o Ensino. Participei, como cursista, do PCN lendo e lendo...
em Ação – Alfabetização. Mais uma vez, fui Anos mais tarde, formei-me em Letras e,
cursista do Programa de Formação de mais adiante, fiz uma Especialização em
Professores Alfabetizadores (PROFA), também Estudos Linguísticos e Literários. Assim, segui
organizado pelo MEC no ano 2000 e posto em como professora no Ensino Médio, tendo a
9
Muitos estados e municípios estão promovendo a de nossos alunos. No caso de escolas que trabalham
ampliação da Educação Fundamental, com a inclusão de com Ensino Fundamental de 8 anos, em que as crianças
crianças de seis anos. Nosso objetivo é o de só ingressam aos 7 anos, também se deve considerar
concentrarmos um esforço e atenção do aprendizado da três anos para a alfabetização.
língua escrita nesses anos decisivos da trajetória escolar
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
leitura, em especial do texto literário, como exercício da prática pedagógica exigiu esse
ferramenta da atividade leitora e escritora. movimento permanente.
Assim, em 2000, desenvolvi com estudantes do Observei que, mesmo afirmando ser o texto
Ensino Médio, o Projeto Tecendo Textos a centralidade do trabalho no componente de
Literários, aprovado pela Secretaria da língua portuguesa, pouco havia, efetivamente,
Educação do Estado da Bahia, no turno oposto. de um fazer com a escrita na abordagem
Em seus estudos, Smolka (2012), enuncia discursiva em mais de duzentos municípios, isto
que o discurso presente no texto literário está é, quase quinhentas salas de aula que
impregnado pelo discurso da sociedade. acompanhei durante o período formativo e de
Ademais, esse campo artístico-literário, desde acompanhamento pedagógico.
cedo, repertoria as crianças, contribuindo para As observações colhidas nas salas de aula a
que elas conheçam lugares diferentes, em respeito da escrita estavam vinculadas aos
tempos diferentes. Todo esse engajamento diagnósticos relacionados aos níveis de escrita,
fomenta o uso social da escrita e da reescrita de com base, por vezes equivocada, nas ideias do
textos na sala de aula. estudo proposto por Ferreiro e Teberosky, no
Em 2012, fui selecionada pela Secretaria da livro A Psicogênese da Língua Escrita, publicado
Educação do Estado da Bahia para atuar como no Brasil em 1986. Foi possível observar que a
professora formadora de outros formadores alfabetização como “processo discursivo” ainda
municipais do 1º ano, do ciclo de alfabetização, não fazia parte da prática presente nas salas de
pelo Programa Pacto–BA. Esse trabalho aula, e essa ausência estava atrelada à falta de
contribuiu para fomentar os estudos a respeito estudos sobre a concepção interacionista da
das possibilidades de aprendizagem, na sala de linguagem. Comecei a investigar e me deparei
aula, em relação à leitura e à escrita e, mais, com alguns estudos de Lerner (2002), Dolz e
sobre a escrita como processo discursivo. Ou Schneuwly (2004), Smolka (2012), Gusmão
seria melhor dizer: sobre a inexistência desse (2015), dentre outros.
lugar. Por volta do 2º semestre de 2018, última
Comecei a trabalhar como formadora do edição do PNAIC, comecei a dialogar com
Programa Nacional pela Alfabetização na Idade algumas professoras, por meio do aplicativo
Certa PNAIC em 2013, na região da Chapada WhatsApp, a respeito da possibilidade de um
Diamantina, território em que já exercia a planejamento com foco na escrita como
função como formadora do Pacto–BA. processo discursivo. As professoras envolvidas
Permaneci nesse programa em todas as nesse diálogo trabalhavam em turmas
edições, finalizando em 2018. Essa experiência regulares e multisseriadas, de diferentes
me favoreceu adentrar na sala de aula do ciclo territórios de identidade do Estado da Bahia. A
de alfabetização (1º, 2º e 3º anos iniciais), maioria tinha participado das formações do
agora também como observadora e Pacto–BA e (ou) PNAIC, em seus municípios.
colaboradora. Desse reencontro renasce o Deste modo, a leitura inicial dos postulados
desejo de continuar estudando, porque o bakhtinianos espelhou o desejo de retornar ao
compromisso assumido com a vida: participar
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
por inteiro do diálogo, razão pela qual busqueiestudantes, ao final dos anos iniciais. Esses
meu aperfeiçoamento na pós-graduação dados também incidem na escrita, já que são
stricto sensu. Também havia em mim o desejo processos indissociáveis, ainda que com
de provocar nas professoras, sujeitos deste especificidades. No Estado da Bahia, de acordo
estudo, o rompimento com a artificialidade de com o Instituto Brasileiro de Geografia e
uso da língua por meio de uma perspectiva Estatística (IBGE), já foi assegurado o acesso de
enunciativa e dialógica, a qual possibilitava que
95,9% de crianças com 4 e 5 anos na pré-escola,
a criança descobrisse a importância da leitura em 2017. Todavia, nesse mesmo ano, houve a
atenta de seus escritos, da revisão e da divulgação do relatório do Sistema de Avaliação
reescrita cuidadosa, enfim, do sentido de da Educação Básica (Saeb), no qual a Bahia se
“autoria”, ao tempo em que também promovia apresenta no nível 3 de leitura10 em relação ao 1
379
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
apresentados indicam que houve um pequeno abordado. Ao contrário, ela trilha em busca da
avanço na proficiência leitora dos alunos do 5º apreensão dos significados e dos estados
ano, no Estado da Bahia. subjetivos em que os sujeitos estão imersos. A
Assim, compreendo que a significação e a partir desse ponto, apura-se o olhar para
ressignificação da prática pedagógica das perceber as minúcias trazidas pelos sujeitos.
professoras, neste estudo, emergem de um Assim, ao invés de promover possíveis
esforço individual e coletivo, bem como do generalizações, busca-se compreender tanto os
compromisso político com a vida do outro – sujeitos quanto os fenômenos, haja vista a
nesse caso, a da criança. singularidade e complexidade de uns e de
Com base nas considerações elencadas outros.
percebemos que a continuidade do processo Para Ibiapina (2008), é pertinente a
formativo, advindo da teoria enunciativa colaboração para intensificar as condições de
dialógica, ao lado da abordagem vygotskyana, coprodução de conhecimento, não apenas do
trazendo a mediação como possibilidade de pesquisador, mas também de professores e
interagir colaborativamente, por meio dessa professoras que fazem parte de cada estudo ao
acepção abordada por Pimenta (1999) sobre a lado do(a) pesquisadora(a).
necessidade de um projeto formativo como Ao aportar nessa travessia, que carrega a
projeto humano com base na reflexão com simbologia de nossas humanidades, negamos o
vista à emancipação de professores e fechamento das proposições evidenciadas
professoras é condição necessária para o neste estudo. Ao contrário, abrimos
fortalecimento do ensino da leitura e da escrita possibilidades para novos diálogos em que as
em todo Ensino Fundamental. ações sobre a prática pedagógica no ensino da
Na dissertação de mestrado da qual faz parte leitura e da escrita em anos iniciais sejam
o estudo proposto neste artigo a escolha tecidas de modo cada vez mais colaborativo,
metodológica pela pesquisa qualitativa com base na interatividade própria da
considerou os fundamentos abordados, entre linguagem enunciativa e dialógica.
outros, por Franco (2000, 2005), Barbier No Documento Curricular Referencial da
(2004), Ibiapina (2008) e Santos (2019), cujos Bahia - DCRB (BAHIA, 2019), o ensino de Língua
olhares estão voltados mais para os processos Portuguesa tem o foco deslocado de conteúdos
do que para os produtos, ou seja, dão mais para abarcar as competências e habilidades
ênfase à compreensão e à interpretação a que vão permeando os quatro campos de
respeito de como os fatos e os fenômenos se atuação: jornalístico-midiático, vida pública,
apresentam do que indicar com precisão suas ensino e pesquisa e, por fim, artístico-literário,
causas. conforme também está posto na BNCC. Esses
Isso não significa que a pesquisa qualitativa campos de atuação estão ligados às práticas de
foge da profundidade acerca do assunto linguagem: leitura, escrita, oralidade, análise
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira Básica, ao tempo em que estabelece metas para a
(Inep), o qual objetiva mensurar a qualidade da melhoria do ensino.
aprendizagem nas diferentes etapas da Educação
380
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
linguística semiótica, sendo que essa última No cenário baiano, assim como em boa parte
permeia todos os campos de atuação. do país, vivemos ainda os reflexos da precária
Nos dois documentos oficiais, o escolarização da população, que não dispõe,
protagonismo da criança é tomado como em sua totalidade, do acesso aos livros e bens
condição necessária para aprender. Nessa culturais, fruto da chamada “cultura letrada”.
construção, são considerados, no processo Há muito o que fazer para transformar esse
pedagógico, a criatividade, o lúdico, a quadro e, se os nossos estudantes não trazem
dimensão afetiva, ao lado da cognitiva e social. esses bons hábitos de casa, a escola acaba por
Logo, a proposição é que as aprendizagens assumir sozinha a responsabilidade por essa
sejam desenvolvidas a partir das interações e questão.
vivências cotidianas, ancoradas na perspectiva Há 30 anos, a discussão acerca da repetência
histórico-crítica, tal como se pode observar no na 1ª série era um tema recorrente, e as
excerto abaixo, retirado do DCRB (2018, p.150): justificativas guardavam os destaques que
A língua é um fenômeno vivo, extremamente sinalizamos no texto. Nessa época, não havia
variável, assim como seus falantes. É por meio tantos professores graduados, e as famílias das
do uso da língua materna que somos capazes crianças das escolas públicas possuíam pouco
de receber e de processar informações contato com os livros. Logo, a escola assumia a
quaisquer, inclusive as informações responsabilidade praticamente sozinha.
matemáticas, bem como esclarecer dúvidas, Naquela época, ensinava-se a escrita por meio
comunicar nossos resultados e propor de letras, sílabas, palavras e frases. Não havia
soluções. A língua materna é aquela na qual são um destinatário para essa escrita: elas
lidos os enunciados, são feitos os comentários, escreviam para serem corrigidas pelo professor
e a que permite interpretar o que se ouve ou o ou pela professora. A reflexão a respeito do que
que se lê nos diversos suportes. realmente mudou ao longo dessa travessia nos
Essa proposição traz um conceito de língua lança a pergunta: o que realmente mudou no
como processo vivo e dinâmico, que respeita a cenário da apropriação da linguagem escrita?
variação linguista sem, contanto, negar a Em seu estudo, Gusmão (2015), retrata a
norma-padrão, a qual vai sendo ensinada à prática pedagógica da professora Maria, no que
criança por meio de enunciados concretos tange à reescrita de textos. É observada,
(gêneros discursivos) apresentados por Bakhtin durante a investigação, a imensa preocupação
(2011). Essa concepção de língua já foi inscrita dessa professora em “dar o conteúdo”,
nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) conforme observamos:
(BRASIL,1997) e nas Diretrizes Curriculares A preocupação da professora 4Maria era
Nacionais do Ensino Fundamental (DCNEF) apenas na ênfase do como fazer e fazer sempre
(BRASIL, 2010). da mesma forma [...]. A escrita como produto,
No DCRB (BRASIL, 2019, p. 151), está quando priorizava atividades de cópias, de
registrada também a situação da leitura e da palavras e de frases, e a repetição dos mesmos
escrita das crianças baianas, enfatizando-se tipos de exercícios, acreditava que os seus
que ainda há muito por fazer: alunos, ao decorarem as lições e as atividades,
381
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
estavam aprendendo (GUSMÃO, 2015, p. Infantil, pois a criança que chega nessa etapa
165;167). esteve inserida em contextos discursivos
Essa preocupação também é confirmada na caracterizados por relações de sentido,
fala da maior parte das professoras que proclamados no círculo bakhtiniano como
acompanhamos na formação do Pacto–BA e do bases de uma produção entre os sujeitos. Sem
PNAIC, no período de 2012 a 2018. Mesmo o outro, nesse processo, não há dialogismo, ou
quando a formação continuada propunha uma seja, é na interação que as relações dialógicas e
agenda formativa que fomentava o a comunicação discursiva são concretizadas.
desenvolvimento do professor e da professora Assim, a escola é um espaço social, e a
reflexivos, era difícil para eles desconstituírem- criança que está nela, aprendendo a escrever,
se desses modelos, já que suas raízes estavam é um sujeito dialógico. Logo, necessita
alicerçadas em uma formação inicial focada na experimentar a escrita com interlocutores “de
reprodução, na transferência do conhecimento verdade mesmo”, como está sinalizado no
firmado na racionalidade técnica imposta pelo DCRB (2019, p. 251).
positivismo. Tal concepção vem reforçar a necessidade
Será que o conhecimento acerca da de educar para o mundo, de ensinar ao
linguagem não cabe no currículo da formação estudante que a escrita e a leitura vão mais
inicial de professores que atuam na Educação além do que conhecer as 26 letras do alfabeto.
Infantil e em anos iniciais? E o que mesmo cabe Para isso, é necessário o trabalho com práticas
para que esse futuro profissional compreenda de leitura e escrita com diversos textos que
os processos que envolvem a apropriação da circulam também fora dos muros da escola.
escrita de textos pelas crianças dos anos Além disso, é preciso considerar que há
iniciais? Por que será que “a professora Maria, práticas escolares tão reais e tão sociais quanto
profissional obediente e cumpridora de ordens às externas à escola.
que emanam de fora das salas de aula [...], Embora o DCRB, firmado na BNCC, no que se
trabalhava, ano após ano (por 15 anos refere ao Ensino Fundamental, anos iniciais,
seguidos!), sempre da mesma forma como aponte para a apropriação da escrita com foco
havia trabalhado nos anos anteriores? ” na “construção da consciência fonológica, do
(GUSMÃO, 2015, p. 164). Tais questionamentos conhecimento sobre as diferentes estruturas
são mencionados para que possamos pensar silábicas, as regularidades ortográficas diretas,
sobre os caminhos percorridos por professores as diferentes grafias do alfabeto [...]” (DCRB,
na elaboração de seus planejamentos, 2019, p. 106), ele traz pistas que permitem
conforme os saberes experienciais firmados, inferir acerca da relevância da alfabetização a
muitas vezes, no discurso interior, sem a partir de uma proposta da escrita como
interlocução com outros. atividade cultural, alicerçada em práticas
Vale também reiterar que, nesse cenário, sociais, no sentido de que “[...] produzir um
inscrito no DCRB (2019), a escrita é lançada a texto em linguagem escrita não significa,
partir do 1º ano, considerando os campos de necessariamente, saber grafá-lo corretamente
experiência desenvolvidos na Educação de próprio punho [...] oralmente – mas em
382
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
linguagem escrita.” (DCRB, 2019, p. 106-107). O estudo dos textos das crianças, das suas
texto está na centralidade do trabalho com a experiências discursivas, da compreensão
escrita, e não como pretexto para ensinar responsiva que elas trazem dos textos lidos,
letras, sílabas, palavras e frases. contados e escritos.
É, pois, nesse sentido, que Geraldi (1996), Compreendemos que a aula é mediada pelas
enfatiza que: relações dialógicas advindas das diferentes
Aquele que aprendeu a refletir sobre a histórias de vida dos sujeitos que, por
linguagem é capaz de compreender uma conseguinte, tecem uma teia circundada por
gramática – que nada mais é do que o resultado discursos trazidos por várias vozes,
de uma (longa) reflexão sobre a língua; aquele promovendo convergências e divergências,
que nunca refletiu sobre a linguagem pode encontros e desencontros. Para Freire (1986), a
decorar uma gramática, mas jamais aula dialógica abre portas para que o professor
compreenderá seu sentido (GERALDI, 1996, p. ressignifique a própria prática por meio da
64). reflexão porque “[...]o diálogo requer uma
O modo pelo qual o DCRB (2018, p. 34), aproximação dinâmica na direção do objeto”
desenha o perfil do professor ou da professora, (FREIRE, 1986, p. 65).
para estar na sala de aula na Educação Infantil, Lembremos nesse ponto que, quando o
no Ensino Fundamental, em anos iniciais e anos professor aprende ao ensinar, compreendemos
finais, demanda continuidade da formação em esse movimento de modo não assimétrico, isto
serviço para que, cada vez mais, eles tenham ao é, são aprendizagens diferentes porque ele está
alcance ferramentas que potencializem um em condição de sujeito mais experiente para
fazer na sala de aula que contribua para mediar a leitura e a escrita na sala de aula, por
aprendizagem. exemplo.
É nessa vertente que consideramos Trouxemos a reflexão de Bakhtin (2011),
imprescindível que as universidades entrem acerca do excedente de visão como a
nessa luta política a favor da Educação Básica construção da visão que cada sujeito tem da
pelo direito de a criança pobre, negra, indígena própria constituição, envolvendo as relações:
(maioria nas escolas da rede pública) aprender eu para mim mesmo, eu para o outro e o outro
a ler e a escrever com sentido, considerando as para mim. Observamos que a cumplicidade
próprias experiências discursivas das crianças. entre o meu excedente de visão em relação a
Ler e escrever Essa demandam mediação ele e dele em relação a mim fomenta senso de
qualitativa com vistas a potencializar a compromisso mútuo, ponto tão importante
construção do conhecimento pelas crianças. para tecer o nosso estudo de modo
Essa interlocução, quando bem planejada, faz a colaborativo.
criança aprender porque há investimento Enfim, as relações dialógicas dentro e fora da
teórico-metodológico por parte de quem escola contribuem para que professores e
ensina. A formação inicial precisa se apropriar crianças possam aprender sobre o currículo
do como ensinar a ler e a escrever em uma escolar sem perder de vista os saberes, as
perspectiva discursiva, a partir também do experiências, as histórias de cada um. Assim,
383
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
compreendemos, segundo Freire (1986), que Para Bakhtin (2004, p. 41), “as palavras são
“A educação dialógica é uma posição tecidas a partir de uma multidão de fios
epistemológica [...]” e que, mesmo precedida ideológicos e servem de trama a todas as
de planejamento, de orientações externas, não relações sociais em todos os domínios”. As
desautoriza o professor, mas exige consciência palavras das professoras, nos enunciados
crítica, estudo permanente, interlocução, escritos e orais, trouxeram-nos as marcas de
mediação. suas vidas, ao tempo em que revelaram as
É neste sentido que a professora Danda práticas pedagógicas em um movimento cíclico
12
destaca, no Grupo do Tecendo Leitura, no
1 reflexivo, por meio do estudo, não apenas
Whatsapp: teórico, mas também das produções das
No trabalho com a leitura e a escrita, pois ao crianças o que lhes possibilitou ressignificar o
propor reflexões sobre os procedimentos de ensino de leitura e da escrita a partir, também,
leitura e escrita em sala de aula, a partir da da formação continuada.
análise da interação constituída entre
professor e aluno, foi possível ensinar a ler e a
escrever estudando as produções dos meus
alunos. As formações do Pacto abriram portas
para o conhecimento de como alfabetizar
contextualizando e também utilizando
estratégias metodológicas de melhor
aperfeiçoamento para o trabalho com as
classes de alfabetização.
As redes de experiências com os professores
coordenadores foram uma grandiosa e
importante forma de superação das
dificuldades, oportunidades de educadores
discutirem com outros profissionais e expor
suas inquietudes acerca da metodologia,
favorecendo, assim, trocas de experiências
exitosas e propiciaram reflexões mais
aprofundadas sobre a própria prática. Esse
processo ofereceu a participação de cursos
presenciais com estudos e atividades diversas
com os orientadores.
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
PARA CONTINUAR REFLETINDO...
Quando trouxemos às questões relacionadas às práticas de leitura e escrita para a reflexão
considerando a travessia da professora, formadora de professores(as) no contexto dos anos
iniciais, da contadora de histórias, escritora de livros para as infâncias e pesquisadora, queremos
mostrar que o dialogismo, como processo discursivo, implica a elaboração de atividades nas quais
experiências subjetivas da criança, como sujeito discursivo, sejam também priorizadas. Ao
realizar atividades em que as crianças são encorajadas a ler e a tomarem a linguagem para si,
interagindo com as outras vozes, rompemos com a artificialidade da língua. Mas tudo isso exige
estudo por parte de quem ensina.
Constatamos no percurso que há alunos no 5º ano sem saber ler. São muitas crianças que
se encontram nessa situação na Bahia e no Brasil, de acordo com os boletins divulgados com base
nos dados do Ideb 2019.13 1 Quando situamos o Ideb não é porque concordamos com a
abordagem dessa política de avaliação, pautada no “aprender a aprender”. Contudo, sabemos
que precisamos avançar nesse diálogo, para que outras vozes ecoem dentro dessas políticas
públicas e de formação de professores, também no âmbito da formação inicial.
Pensamos ser relevante a leitura crítica, na integra, dos documentos oficiais, pelos
professores, com a finalidade de refletir acerca do que as vozes que ressoam ali estão a dizer. Nas
palavras de Freire (1986, p. 15), “a estrutura do conhecimento oficial é também a estrutura da
autoridade social. É por isso que predominam o programa, as bibliografias e as aulas expositivas
como formas educacionais para conter os professores e os alunos nos limites do consenso oficial”.
A leitura aprofundada, com embasamento crítico e teórico, possibilitará ao docente a
reflexão sobre os motivos pelos quais aquelas habilidades e os respectivos objetos de
conhecimento, para o 1º ano, estão dispostos daquela forma no DCRB, na primeira página:
reconhecimento das letras (EFLP0110) do alfabeto e as diversas grafias (EFLP011), a
correspondência fonema-grafema (EFLP012) para escrever espontaneamente ou com ditado
palavras e frase, a segmentação de palavras e classificação de palavras quanto ao número de
sílabas (EFLP0112). Importante compreender que as letras, as sílabas, as palavras vão produzindo
sentido no texto e em seu contexto. Assim, o professor vai mediando a leitura da palavra dentro
do texto, com a finalidade de compreender o significado e o sentido naquele contexto.
Percebemos que essa organização está centrada no domínio do código de representação
da língua. A ideia é conhecer as letras e os sons delas. Como a criança irá construir sentido assim?
De que modo vai sentir vontade de ler? Cadê a linguagem viva, dinâmica, dialógica? Esses pontos
contribuem sobremaneira nas relações vividas pelas crianças na fase inicial da escrita. Trata-se
de uma escrita que já nasce artificial, porque nada tem a dizer, assim as questões lançadas abrem
portas para que sigamos refletindo e buscando, na prática, um ensino que contribua para que as
13
Ideb é o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, criado em 2007, pelo Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), formulado para medir a qualidade do aprendizado nacional e
estabelecer metas para a melhoria do ensino Disponível em: http://portal.mec.gov.br/conheca-o-ideb. Data de
Acesso:29/03/2022.
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
crianças construam sentido acerca do lido e, por conseguinte, escrevam para comunicar as
próprias ideias, sentimentos, enfim, para exercitar a cidadania crítica e consciente. É nessa
direção que ler e escrever na perspectiva discursiva deve ser um trabalho em todos os anos do
Ensino Fundamental.
386
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
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391
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
RESUMO: O que justifica este trabalho é a necessidade de demonstrar que o exercício do direito
à educação, enquanto direito humano, é um elemento importante no conjunto dos meios que
visam a alcançar o pleno desenvolvimento da personalidade do indivíduo, bem como saber que
ele é parte da construção de uma sociedade melhor, ajudando a fiscalizar os atos administrativos
referentes a educação brasileira. Este trabalho tem como tema "Direito à educação: direito social
e humano". O problema trazido à baila está no fato de que, a deficiência do conhecimento sobre
os mecanismos legais e jurídicos da maior parte da população, para reivindicar o atendimento
das necessidades de instrução de qualidade, bem como da manutenção e sustento do indivíduo
no período de educação, é um obstáculo no processo de reivindicação desses direitos, bem como
a fiscalização dos atos da administração pública pela sociedade, que, em contrapartida, nessa
situação, passa a depender do despertar do Ministério Público ou das organizações não
governamentais representativas dos interesses educacionais. O objetivo que orientou a
construção deste trabalho foi demonstrar que a dignidade da pessoa humana é um direito social,
fundamento do Estado Democrático de Direito, e sobrepõe-se aos interesses particulares. Este
objetivo se desdobrou nos seguintes objetivos específicos: demonstrar que a educação é um
direito humano; que as políticas de governo não atendem as necessidades elementares na
educação brasileira; e que a falta de conhecimento acerca dos direitos educacionais torna difícil
o exercício desse direito. A metodologia tem abordagem do tipo quali-quanti, de natureza
aplicada, com objetivo descritivo, cujo procedimento é bibliográfico.
1Professor de Direito da UNISEP, Ouro Fino, Minas Gerais. Doutor em Ciências Jurídicas pela Pontifícia
Universidade Católica de Buenos Aires, Argentina. Mestre em Educação pela Universidade do Vale do Sapucaí –
UNIVÁS. Lattes: http://lattes.cnpq.br/3225326342265920. ORCID-id: https://orcid.org/0000-0002-1643-7747.
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2
Ordenamento jurídico é como se chama à disposição preponderância, ou seja; o ápice, ao qual todas as
hierárquica das normas jurídicas (regras e princípios), demais leis devem ser compatíveis material e
dentro de um sistema normativo. Por esse sistema, formalmente. Trata-se, portanto, de um conjunto
pode-se compreender que cada dispositivo normativo hierarquizado de normas jurídicas (regras e princípios)
possui uma norma da qual deriva e à qual está que disciplinam coercitivamente as condutas humanas,
subordinada, cumprindo a Constituição o papel de com a finalidade de buscar harmonia e a paz social.
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400
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os direitos sociais preditos na atual Constituição Federal, compreendidos como garantias
adquiridas ao longo da história brasileira, nem sempre foram inseridos nas Constituições
anteriores. Formalmente, a inclusão desses direitos ao ordenamento jurídico positivo 3 foi 1
gradativa, por meio das conquistas sociais e políticas, que fizeram de tais direitos dinâmicos e
abertos, ou seja, sujeitos a ampliações.
Para a viabilização de um ensino de fácil acesso e de qualidade, é necessário que a
educação seja uma pauta prioritária do governo federal. O Brasil, atualmente, tem um dos piores
fundos de recursos destinados à educação no mundo. Esta precária distribuição de recursos
coloca o Brasil na 57ª posição do ranking mundial, segundo a IMD World Competitiveness Center
(IMD, 2021). Segundo a pesquisa, quando avaliado em termos per capita, o mundo investe em
média US$ 6.873 (cerca de R$ 34,5 mil) por estudante anualmente, enquanto o Brasil aplica
apenas US$ 2.110 (R$ 10,6 aproximadamente).
Desde 1995, a Transparência Internacional divulga o relatório anual Índice de Percepção
de Corrupção (IPC) que coloca na ordem os países conforme o grau em que a corrupção é
percebida entre funcionários públicos e políticos. Esta organização define a corrupção como o
abuso do poder confiado para fins privados. Este índice avalia 180 países e territórios e os atribui
notas em uma escala entre 0 e 100. Quanto maior a nota, maior é a percepção de integridade do
país. O Brasil encontra-se na 38ª posição, conforme a Transparency International the Global
Coalition Against Corruption (IPC, 2021).
Por conseguinte, enquanto não houver atenção especial aos direitos e garantias
fundamentais da nossa constituição, relacionados à educação e aos direitos humanos, o
desenvolvimento social brasileiro estará em constante estado de precariedade, impactando
negativamente na economia do país. Para tanto, o judiciário deve criar processos de facilitação
do acesso à justiça pelo cidadão, a fim de que os preceitos e garantias constitucionais sejam
respeitados e o povo possa exigir obediência do Poder Público à manutenção do bem-estar social.
3
O ordenamento jurídico positivo baseia-se no direito positivo, isto é, consiste no conjunto de todas as regras e
leis que regem a vida social e as instituições de determinado local e durante certo período, por consequência,
mutável conforme à demanda da dinâmica social.
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REFERÊNCIAS
BARROSO, Luis Roberto. Temas de direito constitucional: Tomo II. 2. ed. Rio de Janeiro:
Renovar, 2009.
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e das liberdades fundamentais. Roma, Itália: Conseil de l’Europe, 1950.
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RESUMO: A Educação Alimentar e Nutricional (EAN) ocupa posição estratégica para a prevenção,
controle dos problemas alimentares e nutricionais, além de promoção da alimentação adequada
e saudável a fim de evitar agravos à saúde da população. Com a propagação do vírus SARS-Cov-2
e suas variantes, causadores da doença mundialmente denominada de Covid-19, a situação de
pandemia vem impactando, dentre outros danos, em especial um direito humano básico – a
alimentação adequada e saudável. Em vista disso, o presente estudo busca discutir por meio de
evidências científicas e marcos legais o cenário atual da Educação Alimenta frente a pandemia
por Covid-19. Compreender melhor os fenômenos do comer, do alimentar e do nutrir, bem como
captar informações sobre o que é saudável representam grandes desafios para a EAN. A
apropriação da linguagem da alimentação saudável, sem necessariamente compreender o que
representa, pode tornar-se banalizada e perigosa, especialmente no cenário em vigor. São estes
aspectos que tornam a EAN tão desafiadora e necessária atualmente.
1 Mestranda em Gestão de Organizações Públicas pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Nutricionista
pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL).
2 Professor Associado do Departamento de Economia e Relações Internacionais. Docente permanente no Programa
de Gestão de Organizações Públicas da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Doutor em Economia (UFV).
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Justamente em seu contexto mais amplo, a como gênero, etnia e preferências pessoais,
educação alimentar e nutricional insere-se no elementos e características essas norteadoras
campo transdisciplinar, multissetorial e da EAN (BRASIL, 2014).
multiprofissional, pois há interdependência de Com grande empenho, segundo o Relatório
fatores, tanto para entender a alimentação em das Nações Unidas, em 2014, o Brasil
si como os princípios da EAN. Tal premissa leva apresentava resultados expressivos, fruto de
cada vez mais a refletir sobre o ato de comer um conjunto de políticas estruturais nas áreas
como algo muito mais amplo que ingerir de Segurança Alimentar e Nutricional e
nutrientes. A alimentação é sim um ato proteção social implementadas, no qual a fome
biológico; mas, ao mesmo tempo, é também deixou de ser um problema estrutural no país,
cultural e até mesmo ecológico (etapas do segundo dados da Food and Agriculture
sistema alimentar) e político (permeado por Organization of the United Nations (FAO,
interesses privados e campo de disputa). 2014). A partir de então, as ações
A ação de comer, além de satisfazer as concentraram-se no enfrentamento das
necessidades biológicas, é também fonte de crescentes taxas de excesso de peso e
prazer, de socialização e de expressão cultural. obesidade, que são um desfecho da má
As características do modo de vida alimentação, o que passou a ser um desafio
contemporâneo influenciam, crescente no campo das políticas públicas.
significativamente, o comportamento Dados evidenciados por meio da Pesquisa de
alimentar, com oferta ampla de opções de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para
alimentos e preparações alimentares, da Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico
influência do marketing e da tecnologia de (VIGITEL, 2019), recentemente promovida pelo
alimentos, além do apelo midiático das redes Ministério da Saúde, apontam uma prevalência
sociais. de 55,4% da população em estado de excesso
No Brasil, os guias alimentares têm um papel de peso, já a obesidade variou entre 15,4%, a
estratégico na indução e orientação de políticas 23,4%, nas principais capitais brasileiras
públicas de alimentação e nutrição e na (BRASIL, 2019).
garantia do direito humano à alimentação e à No entanto, em paralelo aos cenários
soberania alimentar (BORTOLINI, et al., 2019). existentes, em dezembro de 2019, foi
Nesse sentido, o Guia Alimentar para a descoberto, após os primeiros casos
População Brasileira, em sua segunda edição, registrados na China, o novo Coronavírus,
enfatiza que a alimentação saudável deve agente causador da doença classificada como
atender aos princípios ou “leis da alimentação” Covid-19. Tratando-se de um vírus gripal, com
da quantidade, da qualidade, da adequação e alto índice de contágio, espalhou-se
da harmonia, suprindo de forma equilibrada o rapidamente de forma mundial, impactando de
total calórico e de nutrientes necessários ao modo danoso os países. A pandemia então
organismo, respeitando as diferenças instalada passou a exigir atenção em diversas
individuais e/ou coletivas relativas às áreas, principalmente sobre a saúde da
características socioeconômicas e culturais população, trazendo árduos desafios para seu
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pandemia de Covid-19 impôs desafios sem precedentes para os sistemas alimentares em
todo o mundo. A crise econômica e social associada à emergência sanitária exacerba as
iniquidades sociais e ameaça à SAN, impulsionando o crescimento da pobreza e desvelando a
iminência da crise da fome, em paralelo informações sobre alimentação realizam um desserviço
à saúde da população.
Toda a mobilização para se ter uma alimentação saudável demanda uma transformação
maior, tanto da pessoa quanto da sociedade. E é nessa interface que entra a EAN.
Neste sentido, é fundamental compreender melhor os fenômenos do comer, do alimentar
e do nutrir, bem como captar informações sobre o que é saudável. A apropriação da linguagem
da alimentação saudável, sem necessariamente compreender o que representa, pode tornar-se
banalizada e perigosa. São estes aspectos que tornam a EAN tão desafiadora e necessária
atualmente.
A pandemia evidencia a necessidade urgente da adoção de medidas coordenadas em
escalas global, nacional e local para prevenir a crise humanitária e alimentar iminente, que
ameaça particularmente grupos em maior situação de vulnerabilidade. Para tanto, deve-se
buscar programas e fortalecer as iniciativas voltadas à proteção social, assegurando o pleno
acesso e critérios de informação de qualidade sobre alimentação saudável e adequada.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação. Lei no 11.947, de 16 de junho de 2009. Dispõe sobre o
atendimento da alimentação escolar e do Programa Dinheiro Direto na Escola aos alunos da
educação básica. Brasília: Diário Oficial da União. 17 jun. 2009. Disponível em:
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Acesso em: 01 fev. 2022.
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Infection, v. 8, n. 4, p. 388-393, 2020.
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RESUMO: A inclusão de crianças de todas as etnias, crenças e raças, é um tema polêmico, visto
por muitos como algo do futuro, impossível de ser realizado nas condições atuais de ensino. Hoje,
com a política de inclusão, a educação infantil é a porta de ingresso ao sistema educacional para
boa parte das crianças, devendo o atendimento educacional especializado ser ofertado na própria
creche ou pré-escola em que a criança está matriculada. A pesquisa trata a importância dA
inclusão de crianças de todas as etnias, crenças e raças na educação e na sociedade em geral.
Então para descrever o contexto histórico dA inclusão de crianças de todas as etnias, crenças e
raças na rede pública de ensino é um processo de inclusão dos portadores de necessidades
especiais ou de distúrbios de aprendizagem na rede regular estadual ou municipal. Em se
tratando da busca de uma sociedade inclusiva, faz-se necessário pensar em atividades de inclusão
para além do ambiente escolar.Segundo a Associação Americana de Deficiência Mental (AAMD,
1994), a Deficiência Intelectual é um déficit intelectual no comportamento adaptativo anterior
aos 18 anos de idade (BRASIL, 2007).Diariamente o deficiente intelectual tem dificuldades em
desenvolver suas atividades no ambiente social e cultural no meio em que vive (BRASIL, 2007).
Na Deficiência Intelectual a pessoa indica um atraso em seu desenvolvimento, dificuldades para
aprender, realizar tarefas diárias e de interagir com o meio onde vive. Ou seja, existe um
comprometimento cognitivo que acontece antes dos 18 anos, este prejudica suas habilidades
adaptativas. A doença mental engloba uma série de condições que causam alterações de humor
e comportamento que podem afetar o desempenho da pessoa na sociedade. Essas alterações
acontecem na mente da pessoa e causam uma alteração na sua percepção da realidade. Em suma,
1
Professora de Educação Infantil, na Rede Municipal de São Paulo.
Graduação: Licenciatura m Pedagogia.
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trata-se de uma doença psiquiátrica, que deve ser tratada por um profissional da área, com uso
de medicamentos específicos para cada situação (BRASIL, 2007).
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O mundo sempre esteve fechado para mudanças, em relação a essas pessoas, porém, a
partir de 1981, a ONU (Organização das Nações Unidas) criou um decreto tornando tal ano como
o Ano Internacional das Pessoas Portadoras de Deficiências (AIPPD), época em que se passou a
perceber que as pessoas portadoras de alguma necessidade especial eram também merecedoras
dos mesmos direitos que os outros cidadãos. A princípio, eles ganharam alguma liberdade por
meio das rampas, que permitiram maior acesso às escolas, igrejas, bares e restaurantes, teatros,
cinemas, meios de transporte, etc. Aos poucos, o mundo foi se remodelando para dar-lhes
maiores oportunidades. Hoje é comum vermos anúncios em jornais, de empresas contratando
essas pessoas, sendo que de acordo com o número de funcionários da empresa, existe uma cota,
uma quantidade de contratação exigida por lei. Uma empresa com até 200 funcionários deve ter
em seu quadro 2% de portadores de deficiência (ou reabilitados pela Previdência Social); as
empresas de 201 a 500 empregados, 3%; as empresas com 501 a 1.000 empregados, 4%; e mais
de 1.000 empregados, 5%. Nossa cultura tem uma experiência ainda pequena em relação à
inclusão social, com pessoas que ainda criticam a igualdade de direitos e não querem cooperar
com aqueles que fogem dos padrões de normalidade estabelecido por um grupo que é maioria.
E diante dos olhos deles, também somos diferentes. E é bom lembrar que as diferenças se fazem
iguais quando essas pessoas são colocadas em um grupo que as aceite, pois nos acrescentam
valores morais e de respeito ao próximo, com todos tendo os mesmos direitos e recebendo as
mesmas oportunidades diante da vida.
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REFERÊNCIAS
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RESUMO: Este artigo apresenta um breve panorama histórico do ensino de filosofia no Brasil,
iniciando com a chegada dos jesuítas e seu método denominado Ratio Studiorum, passando pelas
constituições federais, manifestos e reformas da educação, até o conjunto de normas que
estabeleceram as diretrizes e bases da educação no Brasil.
1 Professorde Ensino Fundamental e Médio na Rede Municipal de São Paulo e Rede Estadual de São Paulo.
Graduação:Licenciatura em Artes pela Faculdade Belas Artes; Especialização em Filosofia pela Universidade
Federal de São Carlos.
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foi considerada como sendo o primeiro aulas, já que: “O objetivo das reformas
latifundiário dos trópicos. pombalinas foi substituir a escola que servia
Os padres, Manuel da Nóbrega, José de aos interesses da fé pela escola útil aos fins do
Anchieta e Aspicuelta Navarro são as três Estado” (PILETTI, 1996, p. 170). Era na verdade,
grandes figuras da missão jesuíta no Brasil. A uma educação manipulada para servir ao
posição dos padres da companhia foi fortalecimento do poder instituído. Segundo
considerada política desde quando se Piletti (1996, p. 169): “(...) o ensino brasileiro,
incorporaram às comitivas dos primeiros ao iniciar-se o século 19, estava reduzido a
governantes gerais enviados para o Brasil, pouco mais que nada, em parte como
sendo que este pensamento continuou ao consequência do desmantelamento do sistema
longo de mais de dois séculos. Na época os jesuítico, sem que nada de similar fosse
jesuítas se tornarem suspeitos de tentar criar organizado em seu lugar”
um império independente, por agruparem em As reformas educacionais importantes que o
grande quantidade os indígenas, e aos poucos marquês de Pombal realizou em Portugal não
conquistarem autossuficiência, dispondo de atuaram em profundidade no Brasil, porque
plena infraestrutura administrativa, econômica este novo sistema vinha impregnado do
e cultural, em um regime comunitário que se pensamento enciclopedista francês, entrando
bastava. Os nativos eram educados na fé cristã assim, em choque com as antigas ideias
e ensinados a produzir arte, muitas vezes com incorporadas na maneira de ensinar dos
auto grau de refinamento, mas sempre nos jesuítas. A falta de um quadro de professores
modelos europeus. A educação no Brasil esteve preparados para substituir os padres, forçou os
sob a liderança exclusiva e uniforme dos padres filhos da nobreza brasileira a estudarem nos
da Companhia de Jesus, que teve por base centros culturais da Europa, o que acabou
estudos literários e retóricos, indiferente à favorecendo a formação de uma elite de
assimilação de idiomas estrangeiros e também cientistas como: José Bonifácio de Andrada e
não incluía em seus currículos o estudo das Silva, mineralogista e homem de Estado;
ciências em base experimental. Martim Francisco Ribeiro de Andrada, José
Em 1759, o Marquês de Pombal expulsou os Mariano da Conceição Veloso, Arruda Câmara,
jesuítas e a Companhia de Jesus do território Bittencourt de Sá e outros pioneiros da cultura
nacional. Logo deixaram de existir dezoito científica do Brasil. Também a Revolução
estabelecimentos de ensino secundário e Francesa e a Independência Americana
aproximadamente vinte e cinco escolas de ler e trouxeram o ideário filosófico iluminista, que
escrever. No lugar da Ratio Studiorum foi acabaram por influenciar a renovação cultural
instituído outro sistema de estudos, que agora no Brasil.
pertencia ao Estado e que não era mais Em 13 de Maio de 1808, D. João, o príncipe
exclusividade da Igreja, eram denominadas regente, fundou a Imprensa Régia, editando as
aulas régias e compreendia o ensino de primeiras obras no Brasil. No mesmo ano, a
humanidades, como: filosofia racional, moral e Gazeta do Rio de Janeiro dá início ao jornalismo
desenho. Não havia ordenação entre essas brasileiro e em 1810 surge a primeira biblioteca
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pública brasileira, com valiosa doação de livros outro lado sua presença de fato não foi
pelo regente, dando origem a Biblioteca assegurada. Legalmente estava na grade,
Nacional do Rio de Janeiro. Em 1808 e 1809 entretanto, da maneira como era disposta,
foram criados os primeiros cursos de Medicina impedia que estivesse de fato presente na vida
e Cirurgia, na Bahia e no Rio de Janeiro. Tempos acadêmica dos alunos, pois, a disciplina só fazia
depois surgem os primeiros cursos parte das séries finais do curso, ou seja, no
preparatórios para técnicos em agricultura, sexto e sétimos anos.
economia e indústria, de início na Bahia, depois As faculdades daquela época contavam com
se estendendo ao Rio de Janeiro, Pernambuco regulamentos que permitiam que elas
e Minas Gerais. mantivessem cursinhos preparatórios para o
Após a independência (1822), na ingresso em seus cursos. Além do que, o
constituição de 1824 (art. 179), constavam Governo autorizava ao aluno do Colégio Pedro
apenas princípios gerais sobre a gratuidade na II realizar os cursos preparatórios e as provas de
educação primária e uma referência genérica acesso às faculdades a partir do quarto ano, o
aos colégios e universidades, nas quais seriam que levava muitos estudantes a optarem por
ensinados os elementos das ciências, belas encerrar os estudos no Colégio antes de cursar
artes e letras. Para se ter uma ideia do quanto as três últimas séries. Como a filosofia estava
o Brasil estava atrasado na questão entre as matérias desses anos, dificilmente
educacional, que nesta mesma época, em estudavam-na no colégio.
Boston (EUA) a Universidade de Harvard, A reação descentralizadora do ato adicional
estava em pleno funcionamento, e em plena de 1834 fortaleceu o poder das províncias para
atividade desde a sua fundação em 1650. legislar sobre a instrução pública, criando uma
De acordo ainda com Piletti (1996, p. 178) bipartição de atribuições com o poder
“Uma lei de 1827 determinou que deveriam ser centralizado, porém, tudo era inoperante.
criadas escolas de primeiras letras em todas a s Houve tentativa de mudanças no ensino com as
cidades, vilas e lugarejos, e escolas de meninas reformas: Couto Ferraz (1854) que colocava em
nas cidades mais populosas, dispositivos que execução o Regulamento da Instrução Primária
nunca chegaram a ser cumpridos”. Apenas são e Secundária da Corte; a Leôncio Correia
criados os cursos jurídicos de Olinda e São (1879), que adotava o ensino livre. No entanto,
Paulo. O padrão foi o de fundar escolas isoladas pouco alteraram a estrutura do ensino
de nível superior e não universidades. No imperial.
período de mais de 60 anos que vai da Com a Proclamação da República tem início
Independência à República, uma única à instalação da escola pública no Brasil. A
instituição de cultura geral havia sido criada constituição de 1891 estabeleceu em seu artigo
(1838) - o Colégio Pedro II, a primeira escola 65 que era facultado aos Estados, em geral,
secundária do Império - com um bem todo poder ou qualquer direito que lhes não
estruturado curso de humanidades, de sete fosse negado por cláusula expressa ou implícita
anos. Mas, se por um lado a filosofia constava contida na constituição. Em virtude desse
no currículo do ensino secundário nacional, por artigo, coube aos Estados organizar seus
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Também chamada de Escola Ativa ou Escola como proposta principal a instituição de um sistema
Progressiva, foi um movimento de renovação do ensino, nacional de educação, com ênfase na formação do
tendo como um dos fundadores o suíço Adolphe Ferrière professor, na educação básica, no ensino primário,
(1879-1960) na Europa, e por John Dewey (1859-1952) formando um todo que articulasse desde o primário até
na América do Norte. Surgiu no fim do século XIX e o ensino superior.
ganhou força na primeira metade do século XX.
3 As Reformas: Lourenço Filho, Anísio Teixeira,
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A Escola Tradicional é assim conhecida por utilizar uma preparação do aluno, em seguida formula a
Pedagogia Tradicional, que tem as seguintes apresentação do conteúdo, correlacionando-o com
características: outros assuntos e, por último, faz-se a aplicação dos
• Promover a formação moral e intelectual, exercícios. Somente o professor possui conhecimento
lapidando o aluno para o convívio social, pressupondo a para ensinar, o papel do aluno é o de receber o
conservação da sociedade em seu estado atual (status conhecimento transmitido pelo professor. O silêncio em
quo). A escola terá como foco apenas a cultura, deixando sala de aula é determinado pelo docente que é
que a sociedade resolva os seus problemas; autoridade em sala de aula;
• Passar os conteúdos como verdades absolutas, • Fundamentar o aprendizado na receptividade
sem chance de questionamentos ou levantamentos de dos conteúdos pelo aluno. A aprendizagem se dá por
dúvidas em relação a sua veracidade. Não são meio da resolução de exercícios e da repetição de
considerados os conhecimentos prévios do aluno, conceitos e recapitulação do saber adquirido sempre que
apenas o que está no currículo é transmitido, sem necessário for reavivá-lo na mente. A avaliação também
interferências; é mecânica e ocorre por meio de resolução de tarefas
• Expor as aulas de forma verbal. O foco principal enviadas para casa, provas orais e escritas.
é na resolução de exercícios e na memorização de
fórmulas e conceitos. Inicialmente o professor realiza a
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O texto final da primeira LDB, apresentado uma melhor base educacional a todos os
no Congresso em 1961, representava um certo brasileiros.
triunfo do setor privado, pois, garantiam-lhes A Lei nº 9.394/96 das Diretrizes e Bases da
que continuariam detentores de grande parte Educação Nacional foi finalmente aprovada em
dos cursos secundários, já que a maioria das dezembro de 1996, de autoria do senador
escolas de nível médio no país eram Darcy Ribeiro. Esta lei, no seu artigo 36, § 1º,
particulares. inciso III, determinava que os alunos do ensino
Se nos ativermos ao ensino secundário, secundarista tenham o direito ao acesso e
veremos a grande predominância de consequentemente o domínio dos
estabelecimentos particulares: em 1932 havia, conhecimentos, não só de sociologia, mas,
no Brasil, apenas 394 unidades de ensino também de filosofia, porque isto seria
secundário, das quais 58 eram mantidas pelos importante para o exercício da cidadania.
poderes públicos, enquanto 336 pertenciam à Interessante o texto, no entanto, a lei não dizia
iniciativa particular. Conclusão: a educação de de que maneira poderia ser inseridos esses
nível secundário era privilégio dos ricos conhecimentos no currículo. Nesse sentido, se
(PILETTI, 1996, p. 223). faz a seguinte observação:
A LDB/61 em seu artigo 33, se isenta da (...) a lei não afirmava que esses
responsabilidade de preparar os jovens para o conhecimentos devessem estar
ensino superior, deixando a iniciativa privada disciplinarmente inseridos no currículo. De
explorar esse seguimento. “A educação de grau algum modo, o dispositivo legal responde aos
médio, em prosseguimento à ministrada na debates da década de 1980: afirmar a
escola primária, destina-se a formação do importância da filosofia na formação cidadã é
adolescente”. (PILETTI, 1996, p. 221). Já não se responder a demanda por uma formação
falava de preparação para o egresso do aluno crítica; e não afirmá-la como disciplina significa
secundarista no ensino superior. A ressaltar seu caráter interdisciplinar(GALLO,
precariedade da educação pública fez crescer 2012, p.20).
cada vez mais as escolas particulares, Conquanto, a primeira referência que se tem
principalmente as que ofereciam os cursos para o ensino de filosofia na educação básica é
secundários e preparatórios para ingresso nas sem dúvida os dispositivos legais, neste
faculdades. Bom para quem podia pagar, mas, sentido, a LDB (1996) vai dispor de uma
para aqueles que não tinham condições de perspectiva instrumental para o ensino dessa
custear os estudos, ficavam as margens da disciplina nas salas de aulas. A Lei expressar que
sociedade, pois, a admissão nas escolas na medida em que o conhecimento da filosofia
privadas dependia do pagamento das é oferecido aos alunos, eles podem melhorar e
mensalidades, condição que milhões de se desenvolverem enquanto cidadãos. Já em
brasileiros não podiam assumir. O sistema de 1982, com a Lei nº 7044, o governo havia feito
educação pública do país carece de ser revisto, algumas alterações nos dispositivos desse
também nos dias atuais, e adaptado as documento que permitia a presença da filosofia
diferenças regionais para que possa oferecer como disciplina optativa no currículo, mas,
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obteve baixa adesão por parte das escolas e graduação específicos para o desenvolvimento
poucos Estados se dispuseram a estipular do ensino da disciplina e dos professores nas
regulamentação sobre o assunto. escolas públicas de todo o país, cuja principal
Talvez, devido ao movimento de preocupação é basicamente sobre os métodos,
redemocratização que o país passava, nas didáticas e estratégias de ensino.
décadas 1980/1990, houve um inevitável
esvaziamento do ambiente de lutas dos
professores, que só veio a se tornar articulado
no segundo período dos anos 1990. Nesta
década, acontecem lutas organizadas no
Estado de Santa Catarina e na Câmara dos
Deputados, mas, somente em junho de 2008, o
então vice-presidente da República, José de
Alencar, sancionou a lei que tornaria
obrigatório no currículo das escolas do Brasil o
ensino de filosofia.
Finalmente, somente com a Lei nº 11.684/08
foi possível alterar o artigo 36 da Lei nº 9.394,
de 20 de dezembro de 1996, que estabelecia as
diretrizes e bases da educação nacional, para
incluir a Filosofia e a Sociologia como disciplinas
obrigatórias nos currículos do ensino médio.
Agora, eram aproximadamente 23 mil escolas
no Brasil, que teriam incluídas aulas de filosofia
em seus cursos de ensino médio.
A pergunta que se fazia era: depois de 37
anos de ausência nos currículos, de que
maneira seria inserida na grade a filosofia e a
sociologia? Sabia-se que mesmo sendo
obrigatório, não seria fácil a introdução destas
matérias na grade curricular, pois, haveria
disputas por horários e quantidades de aulas,
entre os professores de outras disciplinas, dado
que a presença de novas disciplinas significaria
a redução de carga horária de outras que já
estavam ocupando um lugar.
Nesse sentido, filósofos de todo o país
começaram a argumentar sobre a criação de
linhas de pesquisa e até programas de pós-
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Face ao apresentado observamos pela trajetória educacional no Brasil , as
intencionalidades em algumas fases de objetivar a educação em contextos variados, ora como a
educação enquanto manutenção da igreja , ora como manutenção do estado.
Nesta perspectiva a Filosofia, área de riqueza milenar passa por transformações para além
de sua importância formativa no contexto dos currículos institucionais propostos.
Vale ressaltar as questões didático metodológicas a ser aplicada em sala aula com o
objetivo de descobrir soluções relativas as demandas de formação e prática pedagógica do
professor de filosofia.
Neste contexto para entender o tamanho do problema do ensino de filosofia e sugerir
alternativas de percurso, é importante considerar toda a trajetória percorrida pela filosofia na
história da educação brasileira.
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REFERÊNCIAS
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RESUMO: O objetivo deste artigo está em provocar inquietações a partir das discussões sobre a
nacionalização e a qualidade do ensino, tão discutidas entre as décadas de 1990 e 2000, e sua
constante modernização, debatida até os dias atuais, que nos remetem a questionamentos
quanto às políticas públicas para o Ensino Médio. Nesse sentido, mediante o materialismo
histórico dialético poderemos refletir, a partir do contexto e da conjuntura sociopolítica e
econômica brasileira no período mais recente e, analisarmos a Lei nº 13.415/2017.
1Mestre em Educação pela Universidade Federal Fluminense, professora com experiência nas áreas administrativa
e docente em instituições públicas e privadas, civis e militares, desde a educação básica à superior (graduação e
pós-graduação latu sensu), nas modalidades presencial, EaD e híbrida.
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Keywords: Education for Work; New High School; Law No. 13,415/2017.
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2 O então vice-presidente, Michel Miguel Elias Temer Rousseff, entre os anos de 2016 a 2018. Michel temer,
Lula, empossado para substituir a presidente Dilma Vana como é mais conhecido.
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Segundo Medeiros (2021, p. 65), no seu implicações foram desde o número significativo
último ano comandando o Palácio do Planalto, de disciplinas obrigatórias reduzidas, à falta de
o ex-presidente Michel Temer tinha entre seus preparo dos professores, além da falta de
maiores desafios a imprevisibilidade dos clareza quanto aos recursos necessários às
desdobramentos da delação prestada por escolas a fim de prepará-las para a
executivos da Odebrecht, em decorrência das implementação do ensino em tempo integral.
investigações da Lava Jato e também da Se não bastasse o absurdo do método, o
Reforma Previdenciária. conteúdo do que vai na MP746 é também
De acordo com Medeiros (2022, p. 1428- sintomático de uma visão arbitrária na teoria
1444), o ano de 2017 é marco de partida para a pedagógica. Ela altera artigos da Lei de
análise crítica sobre a perspectiva de formação Diretrizes e Bases da Educação Nacional
humana sob a égide do Capital. A experiência (LDBEN), de, amplamente discutida com
vivenciada pelo Brasil comprova as intenções diversos segmentos sociais. A intenção é
do capital para com a educação brasileira. reduzir a consciência crítica dos estudantes ao
A Medida Provisória nº 746, de 2016, que restringir disciplinas como filosofia, sociologia e
levou à aprovação da Lei 13.415/2017, foi alvo artes, além da fundamental educação física.
de críticas de estudantes, educadores e dos Corpo e mente dos estudantes passam a ser
vários seguimentos da sociedade civil descartáveis e induzidos a um único projeto,
interessados. Esses grupos já haviam tecnicista, de formação de uma massa amorfa
manifestado protestos contra a proposta de de mão de obra para o mercado de trabalho
emenda, a Emenda Constitucional do Teto dos (VITRAL, 2016, s/p).
Gastos Públicos – PEC 241/2016, cujo objetivo Por meio da Medida Provisória 746/2016 foi
era a delimitação dos gastos públicos em 20 aprovada a Reforma do Ensino Médio sob a Lei
anos. A crítica à PEC 241 deu-se devido à nº 13.415/17, que foi incorporada à Lei de
ameaça que ela representava ao Plano Diretrizes e Bases da Educação nº 9.394/1996.
Nacional de Educação (PNE), no qual os A principal crítica a respeito das
investimentos necessários em educação características básicas da Lei da Reforma do
sofreriam perda de cerca de 24 milhões por Ensino Médio, Lei nº 13.415/17, é a respeito de
ano, segundo estimativa da Consultoria de a mesma ter em sua essência o discurso
Orçamento e Fiscalização Financeira (Conof) 3 1 ideológico da cultura empresarial, que retroage
da Câmara dos Deputados. à Lei nº 5.692/1971. Esta Lei tinha como
Os mesmos grupos de manifestantes estratégia organizar de forma rápida o ensino
tratados anteriormente, de várias regiões do direcionando ao mundo corporativo para os
Brasil, protestaram, à época, contra a MP que, filhos da classe trabalhadora menos favorecida
com pouquíssimo debate, foi aprovada por economicamente. Ao ingressarem no mercado
meio de um ato institucional. As principais de trabalho, suas posições de trabalho e
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salários eram menores, uma vez que a sua Na Lei nº 13.415/2017, o Artigo 7, proclama:
formação (no sentido de qualificação) os A formação de docentes para atuar na
limitava. educação básica far-se-á em nível superior, em
As características neoliberais já curso de licenciatura plena, admitida, como
apresentadas, em 1971, por meio da Lei nº formação mínima para o exercício do
5.692/1971, receberam novos nomes, uma magistério na educação infantil e nos cinco
nova roupagem e reapareceram por meio da primeiros anos do ensino fundamental, a
Reforma do Ensino Médio de 2017. Pode-se oferecida em nível médio, na modalidade
afirmar que, à luz de Medeiros (2019, p.27), normal (BRASIL, 2017,s.p).
essa reforma privilegia a formação aligeirada Também quanto à autorização de ampliação
para a rápida absorção de mão-de-obra pelo da jornada de trabalho há similaridade. A Lei nº
mercado de trabalho. 5.692/1971, Art. 77 informava: “Quando a
Outros resgates à Lei nº 5.692/1971 com oferta de professores, legalmente habilitados,
nomes mais atuais encontram-se, por exemplo, não bastar para atender às necessidades do
nas semelhanças entre as leis cujas ensino, permitir-se-á que lecionem, em caráter
prerrogativas sustentam a formação adaptada suplementar” (BRASIL, 1971). De forma similar,
a cada região nacional, de forma a atender as a Lei atual 13.415/2017 em seu Art. 8 diz que
peculiaridades locais. É o que se pode ver no “o professor poderá lecionar em um mesmo
Art. 4 da Lei nº 5.692/1971, que apresentava estabelecimento por mais de um turno, desde
um núcleo comum para o currículo de 1º e 2º que não ultrapasse a jornada de trabalho
graus e uma parte diversificada em função das semanal estabelecida legalmente [...]” (BRASIL,
características regionais. No Artigo 25 há a 2017).
Educação a Distância, adotada como Dentre as principais mudanças constantes na
modalidade de ensino (para o curso supletivo). MP n° 746/2016, pode-se citar a
Outra similaridade encontra-se sobre a implementação de escolas de Ensino Médio em
formação do professor. Na Lei nº 5.692/1971, o tempo integral; a ampliação progressiva da
Artigo 30 faz a seguinte afirmação: carga horária para 1400 horas; a
Art. 30. Exigir-se-á como formação mínima obrigatoriedade do ensino da Língua
para o exercício do magistério: Portuguesa e Matemática nos três anos do
No ensino de 1º grau, da 1ª à 4ª séries, curso; o compulsório ensino de Língua Inglesa
habilitação específica de 2º grau; como prioridade ou do Espanhol como segunda
§ 1º Os professores a que se refere à letra a opção; a composição do currículo do Ensino
poderão lecionar na 5ª e 6ª séries do ensino de Médio pela Base Nacional Comum Curricular
1º grau se a sua habilitação houver sido obtida (BNCC) e os itinerários formativos definidos em
em quatro séries ou, quando em três mediante cada sistema de ensino, dando ênfase nas áreas
estudos adicionais correspondentes a um ano de linguagens, de matemática, de ciências da
letivo que incluirão, quando for o caso, natureza, de ciências humanas e deformação
formação pedagógica (BRASIL, 1971,s.p.). técnica e profissional. A referida MP também
concedia autonomia para que os sistemas de
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I - a carga horária mínima anual será de No que diz respeito à organização do tempo
oitocentas horas para o ensino fundamental e escolar, nota-se que esta não é a única forma
para o ensino médio, distribuídas por um possível. Segundo o Art. 35-A da LDBEN
mínimo de duzentos dias de efetivo trabalho Parágrafo 5º:
escolar, excluído o tempo reservado aos Art. 35-A. A Base Nacional Comum Curricular
exames finais, quando houver; (Incluído pela definirá direitos e objetivos de aprendizagem
Lei nº 13.415, de 2017). [...] do ensino médio, conforme diretrizes do
§ 1º A carga horária mínima anual de que Conselho Nacional de Educação, nas seguintes
trata o inciso I do caput deverá ser ampliada de áreas do conhecimento: (Incluído pela Lei nº
forma progressiva, no ensino médio, para mil e 13.415, de 2017.). [...]
quatrocentas horas, devendo os sistemas de § 5º A carga horária destinada ao
ensino oferecer, no prazo máximo de cinco cumprimento da Base Nacional Comum
anos, pelo menos mil horas anuais de carga Curricular não poderá ser superior a mil e
horária, a partir de 2 de março de 2017. oitocentas horas do total da carga horária do
(Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017). (BRASIL, ensino médio, de acordo com a definição dos
1996). sistemas de ensino. (Incluído pela Lei nº 13.415,
Antes da Reforma do Ensino Médio as de 2017) (BRASIL, 1996,s.p.).
escolas brasileiras atendiam ao regime de carga Na Reforma do Ensino Médio não está
horária de 800 horas anuais (4 horas diárias). especificado exatamente em quanto tempo a
Por meio do § 1º do Art.24, aprovado na nova carga horária deverá ser superior a 1800 horas.
Lei, o ensino em tempo integral passa a ser O parágrafo 5º do Artigo 3 da Lei nº 13.415, de
implantado gradualmente a partir de 1.000 2017, apenas define que a carga horária não
horas anuais, até atingir às 1.400 horas. No pode ser superior a 1800 horas do total da
entanto, questiona-se se a proposta de carga horária do Ensino Médio. Comparando-se
aumento da carga horária por si só refletirá na ao que se preconizava no Art. 24 da LDBEN
qualidade do ensino por meio do ensino 9394/1996, havia 2.400 horas no total para o
integral proposto. Há um expressivo consenso Ensino Médio que correspondiam a 800 horas
entre estudiosos da educação de que somente anuais. Mas, segundo a Lei nº 13.415/2017, Art.
o aumento da carga horária não garante o 1º, § 1º, existe o interesse em aumentar esse
desenvolvimento integral do aluno. A discussão tempo para 1.400 horas anuais. Nessa direção,
aponta para a necessidade de se pensar e de se o propósito é de que, num período de até cinco
por em prática investimentos estruturais que anos, todas as escolas atinjam ao menos 1.000
dizem respeito à capacitação docente e às horas anuais, não estando claro, no entanto,
condições de trabalho e de estudo do como e por quanto tempo esse acréscimo total
professor, bem como à infraestrutura básica de carga horária deverá se consolidar. Ficam,
necessária para a prática das atividades portanto, inevidentes as intenções
teóricas, propostas à ampliação da carga administrativas.
horária de 7 horas diárias. O Art. 2º da Reforma do Ensino Médio altera
o Artigo 26 da LDBEN, que trata dos currículos,
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fundamental está na finalidade dessa educação ensino, deverá estar harmonizada à Base
em relação à sociedade existente à época. Nacional Comum Curricular e ser articulada a
Como evidencia as linhas anteriores, a partir do contexto histórico, econômico, social,
preocupação de Gramsci ia além da ambiental e cultural (BRASIL, 2017, s.p).
preocupação com a carga horária e disciplinas Por meio do § 2º do Art. 35-Ada LDBEN, por
obrigatórias. O filósofo italiano preocupava-se meio do texto inserido pela Reforma, a “Base
com a humanização dentro do processo Nacional Comum Curricular referente ao
educacional, cuja finalidade seria o Ensino Médio incluirá obrigatoriamente
estabelecimento da prática de homens livres e estudos e práticas de educação física, arte,
emancipados na sociedade. sociologia e filosofia.” (BRASIL, 1996). Estes
O Art. 3º da Reforma do Ensino Médio artigos evidenciam que aquilo que sobrou
refere-se ao Art. 35-A da LDBEN, por meio do como obrigatório para a atual Base Comum
qual são definidos direitos e objetivos para o Curricular/BNCC – e isso graças às pressões
nível de ensino em questão em quatro áreas do populares – foram conteúdos como Educação
conhecimento: Física, Arte, Sociologia e Filosofia, que também
Art. 35-A. A Base Nacional Comum Curricular cairiam no empobrecimento de seu
definirá direitos e objetivos de aprendizagem oferecimento nas específicas “Áreas do
do ensino médio, conforme diretrizes do Conhecimento”. Em resposta à inclusão destes
Conselho Nacional de Educação, nas seguintes conteúdos verifica-se no Artigo 4º, a seguir, a
áreas do conhecimento: inserção de tais conteúdos distribuídos nos
I - linguagens e suas tecnologias; itinerários formativos.
II - matemática e suas tecnologias; Os § 3º e § 4º tratam da obrigatoriedade da
III - ciências da natureza e suas tecnologias; Língua Portuguesa, Matemática e Língua
IV - ciências humanas e sociais aplicadas [...] Inglesa, sendo o espanhol a segunda opção
(BRASIL, 2017, s.p). para o caso de não haver o idioma inglês. A este
Essas áreas do conhecimento concentram respeito, além da análise pedagógico-
todos os saberes definidos como necessários curricular, há uma intrigante provocação
ao jovem no seu preparo para o mundo do quanto à prioridade do idioma inglês: por meio
trabalho, nomeado neste Art. 35 da LDBEN do § 4º teceríamos um estudo aprofundado
como “etapa final da educação básica, com sobre subalternidade cultural e linguística
duração mínima de três anos [...]” (BRASIL, estadunidense. Mas aqui se faz uma
1996). provocação para futuras oportunidades de
A Reforma inseriu por meio do Art. 35-A em aprofundamento. O § 5º, que aborda a carga
seu § 1º a articulação do ensino aos contextos horária, foi tratado acima, quando se analisou
locais de cada instituição escolar nas diversas o Art. 1 da Reforma. O § 6º trata dos padrões
regiões do país. Deste modo: de avaliação de desempenho nos processos de
§ 1º A parte avaliação nacional, o que deixa-nos uma brecha
diversificada dos currículos de que trata para alterações no ENEM. No que se refere à
o caput do art. 26, definida em cada sistema de avaliação, esta é apresentada no § 8.
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É válido destacar que uma das formas de relevância para o contexto local e a
acesso que apoia o ingresso dos jovens no possibilidade dos sistemas de ensino, a saber:
Ensino Superior é o Exame Nacional do Ensino I - linguagens e suas tecnologias;
Médio (ENEM). A Reforma desperta para II - matemática e suas tecnologias;
indícios de que o exame também sofra III - ciências da natureza e suas tecnologias;
impactos e alterações, impactando, IV - ciências humanas e sociais aplicadas;
consequentemente, o ingresso dos jovens na V - formação técnica e profissional [...]
graduação. (BRASIL, 2017,s.p).
O § 7 trata audaciosamente da “formação Parece claro que, além da BNCC, uma das
integral do aluno” e da “construção do seu mudanças significativas na Reforma é a que dá
projeto de vida”: “os currículos do Ensino ao aluno a possibilidade de escolha por
Médio deverão considerar a formação integral itinerários formativos.
do aluno, de maneira a adotar um trabalho É importante identificar e compreender os
voltado para a construção de seu projeto de Artigos 3º e 4º da Reforma, que correspondem
vida e para sua formação nos aspectos físicos, aos Artigos 35-A e 36 da LDBEN,
cognitivos e socioemocionais” (BRASIL, 2017). respectivamente. A nomenclatura das Áreas do
A audácia se dá pelo fato de haver, no Conhecimento confunde-se com os nomes dos
parágrafo 5º do Art. 36 da LDBEN (corresponde itinerários formativos. Segundo o texto da
ao Art. 4º da Reforma), a informação de que o Reforma, há 4 grandes áreas do conhecimento
aluno poderá optar por mais de um itinerário, que fazem parte do currículo flexível do aluno.
no caso da existência da vaga:§ 5º “Os sistemas Os itinerários formativos foram estruturados a
de ensino, mediante disponibilidade de vagas partir das quatro (4) áreas do conhecimento
na rede, possibilitarão ao aluno concluinte do (linguagens e suas tecnologias, matemática e
ensino médio cursar mais um itinerário suas tecnologias, ciências da natureza e suas
formativo de que trata o caput.” (BRASIL, tecnologias, ciências humanas e sociais
2017,s.p). aplicadas) e da formação técnica e profissional.
Nessa linha de incertezas quanto às ofertas Os itinerários estão estruturados em quatro
de itinerários e a quantidade de vagas, torna-se eixos e envolvem investigação científica,
inviável tratar da formação integral que processos criativos, mediação e intervenção
garanta ao aluno a formação para a construção sociocultural e empreendedorismo,
do seu projeto de vida. formalizados por meio da portaria nº
O Art. 4º corresponde ao Art. 36 da LDBEN, 1.432/2018.
no qual estabeleceu-se a composição do novo Cada itinerário tem por objetivo aprofundar
Ensino Médio: o conhecimento na área do conhecimento
Art. 36. O currículo do ensino médio será específica que o aluno cursará, na perspectiva
composto pela Base Nacional Comum de aplicabilidade do conhecimento naquela
Curricular e por itinerários formativos, que área: Linguagens (Português, Inglês (ou
deverão ser organizados por meio da oferta de espanhol), Artes e Educação Física), Ciências da
diferentes arranjos curriculares, conforme a Natureza (Biologia, Física e Química) e Ciências
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Quanto às etapas com terminalidade, “integralização”, uma vez que é algo que pode
conforme previsto no Decreto de Lei nº 5.154 ou não acontecer e que depende do interesse
de 23 de julho de 2004, no Art. 6º observa-se dos sistemas de ensino e, principalmente, dos
que os “cursos [...] de nível médio [...], quando alunos.
estruturados e organizados em etapas com Dentre os questionamentos relevantes a
terminalidade, incluirão saídas intermediárias, serem feitos, um diz respeito ao interesse do
que possibilitarão a obtenção de certificados de aluno que concluiu o Ensino Médio, no caso de
qualificação para o trabalho [...]” (BRASIL, que esse aluno deseje retomar os estudos para
2004, grifos meus). O § 10 especifica a cursar mais um ano do Ensino Médio.
possibilidade da organização do Ensino Médio Observemos o artigo 36 da LDBEN em seu
em módulos e adoção de sistema de créditos parágrafo 5: “Os sistemas de ensino, mediante
para fins de terminalidade específica. No disponibilidade de vagas na rede, possibilitarão
entanto, a questão é: O jovem que solicitou seu ao aluno concluinte do ensino médio cursar
certificado de qualificação para o trabalho mais um itinerário formativo de que trata o
retornará para a conclusão dos seus estudos e caput. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)”
formação profissional? (BRASIL, 1996).
Quanto aos itinerários formativos propostos Outra expectativa divulgada nas campanhas
na Lei nº 13.415/2017, cabe avaliar se haverá anunciadas refere-se à possibilidade de escolha
continuidade ouse possibilitará a por parte do aluno. Antes de ser decretada a Lei
descontinuidade de conhecimento e de nº 13.415/2017, os meios de comunicação de
manutenção do processo educativo evitando massa anunciavam “mais liberdade para
distorções na esfera do sistema educacional estudar conforme a sua vocação”, o que
brasileiro. tendência a imaginação de variedades de
Na análise do Art. 4º há outras dimensões a ofertas e possibilidades de escolha. Avaliando-
serem consideradas, dentre as quais está a se o parágrafo 10 fica claro que o Ensino Médio
questão das possibilidades de escolhas do estará organizado em módulos, ou seja, com
aluno e seus desdobramentos, que na verdade, disciplinas semestrais: “Além das formas de
serão conduzidas pela Secretaria de Educação. organização previstas no art. 23, o ensino
Dentre esses desdobramentos, destacam-se: médio poderá ser organizado em módulos e
quantidade de oferta de mais de um itinerário adotar o sistema de créditos com
formativo (§ 1º); oferta de itinerário formativo terminalidade específica. (Incluído pela Lei nº
integrado, incorporando a formação técnica e 13.415, de 2017)” (BRASIL, 1996).
profissional (§ 2º); disponibilidade de vagas Nesse sentido, um grande problema se
pela Secretaria de Educação (§ 5º); oferta de estabelecerá quando o aluno estudar um ano e
formações experienciais à formação técnica e meio e, antes de ingressar no segundo
profissional (§ 7º); adoção e oferta de sistemas semestre do segundo ano, tiver de escolher seu
de crédito com terminalidade (§ 10º). Estes itinerário, já que no meio do curso, no segundo
parágrafos representam linhas das incertezas ano, ele já deverá ter escolhido o itinerário.
no que tange ao currículo e sua Contudo, nesse modelo apresentado no
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parágrafo anterior, a oferta para o aluno cursar educacionais. Com isso, justifica-se a
já estaria estabelecida e, consequentemente, o irresponsabilidade com a educação no Ensino
sistema já estaria antecipando a escolha do Médio de formação técnica e profissional.
aluno para quando ele estiver ingressando no Observa-se que a formação de professores
Ensino Médio, e não para o período precisa ser devidamente compreendida, de
equivalente à metade do curso. modo a atender às prerrogativas da reforma. O
No § 8º do Art. 4º há a informação sobre a § 11, por meio do inciso I, e o Art. 6º, no inciso
oferta de formação técnica e profissional IV, prevê a flexibilização da formação docente,
“realizada na própria instituição ou em parceria sendo um fato que aponta para um mero
com outras instituições”. Contudo, não fica preenchimento do cargo de professor, devido
claro neste parágrafo quais empresas parceiras ao aligeiramento de sua formação. O Art. 4º, §
seriam essas e quais as características exigidas 11: “Para efeito de cumprimento das exigências
para tanto. Muito embora se explicite no texto curriculares do ensino médio [...] mediante as
“aprovada previamente pelo Conselho Estadual seguintes formas de comprovação: [...]”
de Educação, homologada pelo Secretário (BRASIL, 2017) deixa ambiguidade quanto à
Estadual de Educação e certificada pelos forma de comprovação da instituição de
sistemas de ensino”, aspectos quanto à educação à distância, pois o inciso I aponta a
aprovação, homologação e certificação dos necessidade de se ter que comprovar
parceiros não se apresentam claros nem demonstração prática. Essa demonstração
transparentes. prática não pode excluir o objeto do serviço
Nota-se maior obscuridade na informação ofertado (ensino), o qual necessita da função
contida no o § 11º: “Para efeito de docente para se concretizar. E no Art. 6º, inciso
cumprimento das exigências curriculares do IV, ao prever “profissionais com notório saber
ensino médio, os sistemas de ensino poderão reconhecido [...] para ministrar conteúdos de
reconhecer competências e firmar convênios áreas afins [...]” (BRASIL, 2017), nota-se,
com instituições de educação à distância com igualmente, uma indefinição a respeito da
notório reconhecimento [...]” (BRASIL, 2017, formação desses profissionais.
grifos meus). No campo da formação docente, parece
Neste Art. 4º, § 11º, o qual afirma a pertinente o questionamento que se refere à
possibilidade de convênios com instituições de manutenção do tipo regulamentar de formação
educação à distância com notório docente vinculada a esta Lei, pois representa
reconhecimento, ainda que nos incisos I a VI um retrocesso histórico-social. Para Gramsci
estejam estabelecidas as formas de como as (2001, p. 49):
instituições de educação à distância deverão Na escola atual, em função da crise profunda
comprovar este notório reconhecimento, nota- da tradição cultural e da concepção da vida e
se a evidência da mercantilização do do homem, verifica-se um processo de
conhecimento que, pelo barateamento da mão progressiva degenerescência: as escolas de tipo
de obra docente, desvaloriza a formação em profissional, isto é, preocupadas em satisfazer
nome do suprimento das carências interesses práticos imediatos, predominam
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a Lei nº 11.161, de 5 de agosto de 2005, que desigualdade. Isso porque, além de restringir o
dispunha sobre o ensino da língua espanhola. conhecimento a determinadas camadas sociais
Esta temática financeira é para Gramsci de agrupadas em localizações distintas do
grande importância, pois sem verbas território nacional, avalia-se a tendência de que
destinadas à Educação não são possíveis os o resultado da formação escolar da forma
investimentos em infraestrutura, em como se apresenta vise apenas à formação de
tecnologia e, principalmente, na formação e profissionais para serem utilizados no mercado
nas condições do trabalho docente. para a reprodução do trabalho e do
Para Gramsci (2001, p. 36-37): conhecimento. Esse conhecimento proposto
A escola unitária requer que o Estado possa no Ensino Médio por meio da Lei em discussão
assumir as despesas que hoje estão a cargo da desperta a preocupação quanto a sua
família no que toca à manutenção dos funcionalidade de reproduzir mais trabalho
escolares, isto é, requer que seja produtivo, à medida que formará
completamente transformado o orçamento do trabalhadores cada vez mais úteis ao mercado
ministério da educação nacional, ampliando-o de trabalho.
enormemente e tornando-o mais complexo: a Uma questão relevante e primordial é a de
inteira função de educação das novas gerações se dar evidência sobre quantos itinerários,
deixa de ser privada e torna-se pública, pois efetivamente, a escola possui para oferecer.
somente assim ela pode abarcar todas as Enquanto a medida provisória 746/2016
gerações sem divisões de grupos ou castas. Mas tratava da obrigatoriedade de as escolas
esta transformação da atividade escolar requer oferecerem pelo menos dois itinerários, esse
uma enorme ampliação da organização prática dispositivo desapareceu no texto final da Lei
da escola, isto é, dos prédios, do material atual. Deste modo, não está mais estabelecido
científico, do corpo docente, etc. O corpo o mínimo de itinerários para oferta em cada
docente, em particular, deveria ser ampliado, escola.
pois a eficiência da escola é muito maior e Outro aspecto relevante é quanto ao ‘poder
intensa quando a relação entre professor e decisor’ efetivamente. As ofertas dos
aluno é menor, o que coloca outros problemas itinerários por escola serão decididas pela
de solução difícil e demorada. Também a Secretaria Estadual. Ora, se a Lei não está
questão dos prédios não é simples, pois este estabelecendo a quantidade mínima de
tipo de escola deveria ser uma escola em itinerários, se a escolha de oferta nas escolas é
tempo integral, com dormitórios, refeitórios, prerrogativa da Secretaria Estadual, se há a
bibliotecas especializadas, salas adequadas possibilidade de as escolas ofertarem apenas
para o trabalho de seminário, etc. um itinerário e se esse itinerário é selecionado
Por meio da análise da Lei nº 13.415/2017, pelo órgão público, nota-se, em uma relação
observa-se que a divisão do currículo do Ensino lógica, que na prática não há garantia de
Médio em cinco itinerários formativos nos leva possibilidade de escolha pelos alunos.
a inferir, numa análise de médio e longo prazo, Há que se mensurarem quantos municípios
a possibilidade de manutenção da brasileiros possuem apenas uma escola
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TEMER, Michel. Discurso do Presidente da República, Michel republica/discurso-do-presidente-da-republica-michel-
Temer, durante Cerimônia de Lançamento do Novo Ensino temer-durante-cerimonia-de-lancamento-do-novo-
Médio - Palácio do Planalto. Biblioteca Presidência da ensino-medio-palacio-do-planalto. Data de Acesso em
República, Brasília, 22 de set. de 2016. Disponível em: 20/03/2022.
5 Quando aprovada a Medida Provisória n° 746, de 22 de
http://www.biblioteca.presidencia.gov.br/presidencia/ex-
presidentes/michel-temer/discursos-do-presidente-da- setembro de 2016 da Reforma do Ensino Média
convertida na Lei nº 13.415.
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como aconteceu antes, embora sob a égide de de incentivos ao ofertar os itinerários nas
outra roupagem. No entanto, Temer teve a cidades em que as escolas públicas não
oportunidade de migrar para São Paulo para oferecem.
cursar o que de fato ele queria, visto que No mesmo discurso o ex-presidente enfatiza
contava com condições econômicas favoráveis que as competências em educação são deveres
para fazê-lo. Todavia, esta realidade, em geral, de todos, em colaboração com a sociedade.
não é a mesma vivida por muitos jovens que Sutil ou irônica, fica evidente que a
irão se deparar com a falta de opção de solidariedade com que Temer evidencia seu
itinerário formativo na escola pública da sua apoio à iniciativa privada também se concretiza
cidade. A falta de opção de itinerários na Reforma do Ensino Médio por meio da
formativos em muitos casos significará oferta de educação à distância por “instituições
contrariedade aos estudantes e normalmente de notório reconhecimento”.
seus estudos não trarão conteúdos passíveis de Temer (2016, s/p), complementa e encerra
aplicação quando se inserirem no mercado de seu discurso:
trabalho. Estou, portanto, seguro, certo, certíssimo,
O discurso de Temer apresentou-se que com as medidas anunciadas hoje, fruto de
contraditório quando afirmou a necessidade de um belíssimo trabalho feito pelo Ministério da
ofertar aos jovens opções curriculares e não Educação, com o ministro e todos os técnicos
imposições, já que são as Secretarias de se dedicaram a esta matéria, criando mais
Educação que decidem sobre os itinerários a oportunidades para nossos jovens, constroem
serem ofertados, fato que já parece se também as bases de um crescimento
configurar numa imposição curricular. Outra econômico sustentável.
situação que poderá ocorrer na falta de O discurso em si representou uma
itinerário de interesse do jovem é que esse provocação e também uma oportunidade de se
venha a se desmotivar em razão da oferta da desenvolver pesquisas na perspectiva de
escola e por isso venha a abandonar seus realizar o mapa a respeito das motivações
estudos. Deste modo, o natural é que esse envolvidas na Reforma do Ensino Médio, por
jovem venha a submeter-se ao mercado de meio da análise das suas origens e objetivos. As
trabalho com nível básico incompleto, o que primeiras análises levam à suspeita de que
contradiz ao que o ex-presidente interino existam interesses em privilegiar a iniciativa
afirmou em seu discurso. O caso do jovem privada nacional.
poder contar com uma família em condições de
investir na sua mudança de cidade para que ele
consiga concluir o Ensino Médio de seu
interesse não é a realidade mais comum na
sociedade brasileira. A oferta desse itinerário
em outra cidade poderá ser em escola pública
ou em escola privada. Se olharmos por este
lado, a iniciativa privada terá também um leque
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A análise da Reforma do Ensino Médio Lei nº 13.415/2017 reforça uma característica
marcante desse nível de ensino. Mantém a perspectiva da dualidade estrutural da educação: é
propedêutica porque busca oferecer uma preparação geral básica a fim de possibilitar o estudo
especializado. Ou seja, ao preocupar-se com uma educação geral que alicerce a especialização
superior, essa educação tende a preparar o jovem para uma formação mais específica. Nesse
sentido, as instituições privadas continuarão atendendo a demanda de jovens que necessitam de
aprovação nos vestibulares para ingressarem no Ensino Superior, no qual poderão escolher as
suas profissões e, a partir dessa escolha, se especializarem.
Por outro lado, a sua perspectiva de formação profissional traz consigo um conjunto não
só de conhecimentos técnicos, mas também de habilidades e atitudes exigidas para a prática de
determinada profissão. Esta modalidade de ensino encontrada na Educação Básica oferece, por
meio de cursos técnicos, de formação de professores ou de formação inicial e continuada (FIC),
opções de oferta de profissões de rápida formação para a inclusão no mercado de trabalho.
Assim, é possível observar que a dualidade presente na educação brasileira é social e
histórica: jovens da classe trabalhadora são atendidos com uma política pública adequada à
manutenção da sua condição social mediante às inúmeras dificuldades que enfrentam para o
desenvolvimento de uma profissionalização que necessita de uma formação posterior à do Ensino
Médio.
A dualidade aqui tratada pode ser uma possibilidade de identificação dos fatores que
resultam na distância entre as intenções de formação para atender ao mundo do trabalho e a
formação intelectual. A formação profissional ou a propedêutica seria ineficaz? Na verdade,
pretende-se, aqui, finalizar defendendo a valorização de uma formação que integre as duas
formações, ou seja, que propicie uma formação integral.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Emenda Constitucional (PEC) Nº 55/2016, de 13 de dezembro de 2016. Diário Oficial
da União, Brasília, 2016. Disponível em: <https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-
/materia/127337. > Acesso em 8 jan. 2022.
BRASIL. Lei nº 5.692/1971, de 11 de agosto de 1971. Diário Oficial da União, Brasília, 1971.
Disponível em: <: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5692.htm> Acesso em 8 jan. 2022.
BRASIL. Lei nº 9.394/1996, de 20 de dezembro de 1996. Diário Oficial da União, Brasília, 1996.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm> Acesso em 8 jan. 2022.
BRASIL. Medida Provisória n° 746, de 22 de setembro de 2016. Diário Oficial da União, Brasília,
2016. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-
2018/2016/Mpv/mpv746.htm. > Acesso em 8 jan. 2022.
MEDEIROS, Janiara de Lima. A reforma Ensino Médio: Estudo crítico da lei n° 13.415/2017.
Rio de Janeiro: e-Publicar, 2021.
MEDEIROS, Janiara de Lima. Formação para o Trabalho x Formação para a Vida: do princípio
educativo do trabalho à educação emancipatória. Mauritius: Novas Edições Acadêmicas, 2019.
SAVIANI, Demerval. O trabalho como princípio educativo frente às novas tecnologias. In:
FERRETI, C. Et al (org). Novas tecnologias, trabalho e educação. Rio de Janeiro: Vozes, 1985.
VITRAL, Carina. Carina: Golpe no Ensino Médio é o AI-1 do Traíra. Conversa Afiada, 08 de out. de
2016. Disponível em: https://www.conversaafiada.com.br/brasil/carina-golpe-noensino-medio-e-o-ai-1-
do-traira. > Data de Acesso 22/03/2022.
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RESUMO: Frequentemente nos deparamos na clínica psicanalítica com casos que nos despertam
dúvidas em relação a promoção de psicodiagnósticos. Frente a isso, muitas possibilidades podem
emergir e a utilização dos conceitos teóricos oferecidos pela psicanálise tornaram-se essenciais e
norteadores a tal entendimento. Dessa forma, foi realizado o estudo de caso de um adulto,
acompanhado semanalmente, na intenção de ilustrar a dubiedade quanto a sua estrutura
psíquica. Adão oscilava, por meio dos discursos analisados, entre aquele que entendia a sua
personalidade como a de um psicopata devido a inexistência, segundo ele, de qualquer
sentimento, e o enfrentamento negado de uma angústia na busca por tornar-se ser. Conclui-se
que, a ampla possibilidade, o dinamismo e as formas de enfrentamento do psiquismo diante das
situações vividas, levaram a não categorização do caso, já que a riqueza do conteúdo nele
presente ainda promove discussões quanto a simbiose das possibilidades apresentadas.
IPq-HCFMUSP)
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possibilidade de que ele (o analista) fosse A renúncia da prática sexual encontrada por
aquele que ultrapassaria seus limites (de Adão), Adão significaria uma verdadeira ameaça de
consolidando assim, a relação tão almejada que castração, no sentido fantasmático de uma
Melissa não era capaz de lhe proporcionar. Por perda total e permanente de toda a capacidade
fim, ele a tornar-se-ia no percurso da relação sexual. Ceccarelli (2011), disserta que tais
analítica, estando ainda, a princípio, no campo práticas podem ser mantidas em segredo pelo
da oralidade. sujeito até que haja um vínculo transferencial
Esse jogo cênico vivido e criado por Adão e a consistente promovendo segurança em falar
presença do discurso perverso teve como sobre elas, fato que pôde ser experienciado por
imperativo a colocação dos coadjuvantes Adão na psicoterapia. O autor complementa
(Melissa e analista) em seus papéis requeridos ainda dizendo que por constituírem uma fonte
ao modo imperativo e à sedução como maneira primária de angústia, raramente tais práticas
de submeter os outros (RUDGE, 2005). Em levam o sujeito à análise, o que justificaria o
relação a falha de colaboração na encenação discurso de Adão na explicação de que se
construída pelo sujeito, todo o esforço de submeteu ao processo pela insistência da
recusa tenderá a desmoronar e a angústia de amiga e para buscar um saber que, segundo
castração se fará presente, por isso, não querer ele, só poderia ser encontrado no setting
ver e sim experimentar e falar sobre, era para terapêutico.
Adão a tentativa de negativar todo seu esforço Ele já havia sentido atração por homens, mas
transpondo de um a outro e a ele mesmo. sempre por alguém famoso. Porém, até o
Podemos acrescentar a isso as palavras de momento não tinha tido qualquer tipo de
Braunstein (2007): “o gozo é uma essência que relação homossexual, ainda que estivesse
lhe escapa e que apenas poderia ser fixado aberto a tal prática. Em determinada situação,
sobre a base de reconhecê-lo e pega-lo no seu pai lhe disse aos prantos, que tudo bem se
Outro, um Outro que deve ser construído, ele fosse gay, tendo Adão não esclarecido
esculpido e defendido a qualquer custo.” aspectos sobre sua sexualidade naquele
Descreveu situações de impotência sexual instante e, definindo-a, em sessão, como
que o fizeram direcionar sua satisfação para a indefinida. Tal comportamento, deu-se devido
promoção de sexo oral na parceira, não ao pai ser o proponente da conversa, o que
necessitando de retribuição e nem mesmo de incomodou Adão, manifestando a intenção de
sua própria ejaculação ou manipulação de seu retomada do assunto quando ele puder ser o
genital. Sentia, após o coito, uma sensação de condutor, tendo em vista que havia a intrínseca
estar sujo. Melissa chegou a levantar a hipótese necessidade de estar no controle de tudo.
de que Adão não gostava de sexo tendo ele Na prática clínica a noção de cisão do eu
com frequência pensado a respeito dessa ilustra a ideia de um discurso perverso (RUDGE,
possibilidade. Conversaram também sobre a 2005). Esta cisão fundamenta uma labilidade
possibilidade de um relacionamento sem sexo argumentativa em que o sujeito pode dizer,
e, também, de um ménage à trois com um desdizer, talvez sem mentir, qualquer coisa que
amigo de Adão. lhe poupe angústia dada a situação a qual
esteve/está envolvido. Adão menciona que
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chegou a mentir para o analista não desejo, ora objeto de aniquilação dada sua
caracterizando o específico assunto ou propensão a descontruir suas fantasias.
momento e, talvez, o fato de tratar sobre tal O homem histérico se diferencia em sua
temática diante de outra figura masculina fantasia, ele se coloca em cena não como
tenha-lhe gerado incômodo fazendo-o potência diante de um pai, mas como
procurar, psiquicamente, pela mesma saída feminilizado diante deste (BRUNO, 1997).
que tomou com seu pai, a de travar a Diante disso, a análise tornou-se para Adão a
construção do controle da relação. No pai a busca de uma categorização quanto a sua
desautorização da conversa proposta por este personalidade, que ele interpretava como a de
e na análise a possível insuficiência do um psicopata, devido a inexistência, segundo
profissional em percebê-lo. ele, de qualquer sentimento.
No núcleo familiar, Adão sempre assumia o Traços alexitímicos se mostraram presentes
papel daquele que traria a resolução de em sua verbalização relativa ao campo
quaisquer problemas que, outrora, se afetivo/emocional, como por exemplo, em
apresentassem. Quando criança, sua mãe o inúmeras situações ele não conseguia
agredia em excesso, principalmente quando nomenclatura-los, nem mesmo os relativos à
seu pai chegava em casa alcoolizado. Ela sua própria mãe. Carneiro (2008), nos lembra
manifestava ainda, o desejo de, futuramente, que ainda que atualmente seja vasta a
morar com ele separando-se de seu pai, literatura sobre alexitimia os resultados são
possibilidade esta descartada pelo paciente. Ao contraditórios e pouco coerentes. Estudos
contrário das aspirações de sua mãe, Adão assinalaram que os pacientes alexitímicos,
tinha o desejo de dissociar-se dela por frente a situações nos quais se sentem
completo, descrevendo-a como alguém frustrados, tensos, não conseguem encontrar
desestruturada emocionalmente, traço este dentro de si fantasias ou palavras para lidar
que ele repudiava. com a situação de desamparo ou evento
Ao pensar sobre tal perspectiva, um cerne de estressante (SIFNEOS; APFEL-SAVITZ; FRANKEL,
histeria masculina pode ser levado em 1977; RODRIGUES et al., 2014).
consideração. Ou seja, ao recusar evitar a No decorrer de seu processo analítico e,
castração, recusa-se a ser o rival do pai e segundo ele, por apresentar problemas
encontrando nele, novamente, a castração ao financeiros que o obrigaram a abandonar as
querer tornar-se objeto de seu amor (BRUNO, sessões, solicitou um psicodiagnóstico com a
1997; MATIAS, 2019). O que seria uma saída finalidade de ‘manipular e se apresentar as
vantajosa, ao ser amado pelo pai, coloca-lhe pessoas como tal’. Entretanto, o afastamento
numa categoria de “mulher”. Tal convenção de Adão e o posicionamento do analista,
corrobora com a inespecificidade (in)denifida impossibilitaram a concretização de tal
do campo sexual por Adão. A angústia procedimento, que estava em desacordo com a
redobrada na posição feminina justificaria, em proposta inicial do profissional, consentida por
tese, a hostilidade mantida e proferida para a Adão, quanto ao aprofundamento de suas
figura da mãe/mulher dicotomizando também questões psíquicas, tendo este retornado,
com a figura de Melissa que, ora era objeto de meses depois, com a mesma solicitação por
aplicativo de mensagem.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
No caso de Adão seu substrato psíquico nos leva a pensar em distintas possibilidades
quanto a sua estrutura. Inicialmente, nos leva crer se tratar de um perverso, pelo controle e pela
riqueza com a qual descrevia sua vida, sua prática sexual, a forma que mantinha suas relações,
no sentido físico e psicológico, pela pseudo-detenção de um poder que, para ele, resultava em
um distanciamento afetivo e um gozo sádico. Posteriormente, levantou-se a hipótese de se tratar
de um histérico, haja vista sua pouca habilidade para sustentar um glamoroso personagem por
ele criado e para lidar com a possível angústia - que ele negava - emergida por não sê-lo.
A fantasia do histérico, contudo, é perversa: por ser tudo o que ele não pode ser. Em seu
mundo imaginário, muitas cenas perversas tomam o cenário (CREMASCO, 2008). Adão ao utilizar-
se do mecanismo de denegação estabeleceu, transferencialmente na análise, uma configuração
diferente do que seria caso fosse neurótico. Mieli (2012), ao elucidar tal aspecto, endereçado
especificamente a posição do analista como sujeito suposto saber, ressalta que muitas vezes pode
levar a uma abrupta interrupção do tratamento, haja vista o afastamento do paciente em questão
e seu retorno com a prerrogativa que somente lhe importava o psicodiagnóstico e nada mais.
Carvalho Silva e Ligeiro (2011), complementam que, a manutenção de um não-sabido, que
se traduz como sendo o próprio saber do inconsciente no neurótico, não se sustentaria na
perversão, pois o perverso diz saber sobre o gozo sendo, portanto, seu mestre. Ele não coloca o
outro no lugar de sujeito suposto saber, mas ele sendo o que supõe tal saber e sua retomada
quanto a finalidade descritiva do psicodiagnóstico seria como uma tentativa altiva de exercer o
controle e “provar” o que criou e/ou era/é.
Concluiremos dizendo que, a ampla possibilidade que o psiquismo oferece, seu dinamismo
e suas formas de enfrentamento diante das situações vividas, leva-nos, até o momento, a não
categorização do caso. Seu compartilhamento se deu devido a riqueza de conteúdo nele
presente, no intuito de gerar discussões acerca das diferentes temáticas apresentadas nesse
fragmento.
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REFERÊNCIAS
ALBERTI, S. A perversão, o desejo e a pulsão. Revista Mal-Estar e Subjetividade, v. 5, n. 2, p.
341–360, 2005.
COUTO, L. F.; CECCARELLI, P. R. O gozo extático do expectador de uma cena perversa. Rev.
Mal-Estar Subj., v. 4, n. 2, p. 266–276, 2004.
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As novas Tecnologias estão trazendo vários inclusão da internet na educação, pois ele
benefícios para a sociedade, ocasionando uma precisa se aprimorar nessa tecnologia para
maior interação entre as pessoas e já fazem introduzi-la na sala de aula, no seu dia a dia, da
parte da realidade de muitos cidadãos. Porém, mesma forma que professor, que um dia,
infelizmente não são todos que conseguem ter introduziu o primeiro livro em uma escola e
acesso a esses recursos tecnológicos e acabam teve de começar a lidar de modo diferente com
não podendo usufruir de suas vantagens o conhecimento – sem deixar as outras
(VILAÇA; ARAÚJO, 2016). tecnologias de comunicação de lado.
Para Garcia et al. (2020, p.09), aprender é Continuaremos a ensinar e a aprender pela
uma atitude cuja competência precisa ser palavra, pelo gesto, pela emoção, pela
desenvolvida. A pró atividade, a inventividade, afetividade, pelos textos lidos e escritos, pela
a responsabilidade e o compromisso são televisão, mas agora também pelo
condutas que precisam ser construídas e computador, pela informação em tempo real,
incentivadas. No ensino remoto, o estudante pela tela em camadas, em janelas que vão se
terá de ser gradativo e continuamente aprofundando às nossas vistas.
incentivado e provocado para a aprendizagem. De acordo com Pontes (2018), a melhor
Segundo Massi (2015), para além das garantia de sua eficácia, é a partir da
dificuldades formativas, verificadas na medida sensibilidade do professor em perceber as
em que nem todos os cursos superiores necessidades e limites da criança. Uma
preparam adequadamente o professor em atividade desenvolvida na escola, na qual o
relação às TICs, reconhecendo-se a importância professor tenha participação ativa ou
da formação dos professores a este nível, para colaborativa proporciona um relacionamento
que os alunos adquiram competências digitais, mais conexo entre ele e o aluno.
sociais e cognitivas havendo, não obstante, Na formação docente, a mediação deve ser
ainda um longo caminho a percorrer a este observados muitos aspectos que compõem
nível. A par destas, existem também essa prática, Navarro e Prodócimo (2012),
dificuldades operacionais, associadas à falta de propõem uma reflexão sobre a mediação do
recursos materiais ou mesmo à falta de professor na ação e assim deve ser
condições de trabalho do professor. Ainda providenciando materiais, espaços e divisão de
assim, apesar das dificuldades referidas, os tempo. Como resultados afirmam que um
benefícios e potencialidades evidenciados nas contexto bem organizado pela professora,
pesquisas referentes a esta temática no âmbito como a preparação do ambiente, a colocação
educativo sobrepõem-se à parte menos de brinquedos e móveis na sala ou no parque,
positiva. Para que estes desafios sejam pode contribuir bastante no desenvolvimento
superados deve proporcionar-se um ensino das crianças.
aberto a esta realidade, que corresponda aos Sousa; Sarmento (2010), afirmam que o
desafios do mundo atual. processo de ensino e aprendizagem passa a ser
Conforme Moran (2012), o professor é mais construído com sentido e significado, pois as
importante do que nunca nesse processo de famílias trazem consigo oportunidades de
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O diálogo entre o professor, a formação continuada e as tecnologias é essencial, sendo
importantes que estejam conectadas para que de modo significativo favoreça a formação dos
sujeitos, contribua com a prática docente em sala de aula e de forma adequada e coerente possa
potencializar a aprendizagem dos alunos em seu desenvolvimento.
Na escola, os desafios são inúmeros, a carência e até mesmo a escassez de tecnologias,
uma vez que se sabe que nem sempre nos espaços escolares contam com a infraestrutura
adequada, por isso, o papel do professor frente a utilização das tecnologias é importante para a
inovação no saber e fazer pedagógico em prol da aprendizagem dos alunos.
A formação inicial e continuada almeja o aperfeiçoamento, sendo necessárias na prática
dos professores no cotidiano escolar. Pois, essa formação busca assegurar a eficiência e qualidade
na educação, favorecendo uma aprendizagem autônoma e ativa dos alunos. Desta forma,
compreende-se que formação docente em específico a formação continuada, se configura como
uma importante ferramenta que visa minimizar alguns dos impactos no processo educacional dos
alunos que levam a outros agravantes como repetência e evasão.
Portanto, os resultados da pesquisa evidenciam a importância da formação continuada do
professor em prol da utilização das tecnologias em sala de aula para impulsionar o
desenvolvimento e aprendizagem, sendo usada de forma planejada e adequada às necessidades
dos alunos.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular – BNCC. Brasília, DF: MEC. 2018.
LIBÂNEO, J. C. Organização e gestão da escola: teoria e prática. 6. ed. São Paulo: Heccus
Editora, 2015.
MORAN, José Manuel, MASSETTO, Marcos T., BEHRENS Marilda Aparecida. Novas
tecnologias e mediações pedagógicas. Campinas, SP. Papirus, 2012.
MORAN, J. M. A educação que desejamos: Novos desafios e como chegar lá. 4. ed. São Paulo:
Papirus, 2009.
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PONTES, Edel Alexandre Silva et al. Matemática para todos: uma ação extensionista visando o
desenvolvimento cognitivo e intelectual de estudantes da educação básica. Revista Psicologia
& Saberes, v. 6, n. 7, p. 20-28, 2018.
SANTOS, Valdeci Luiz Fontoura dos. Formação contínua em serviço: da construção crítica de
um conceito à “reconcepção” da profissão docente. Interface da Educação, Paranaíba, v. 1, n. 1,
p. 5-19, 2010.
SOUSA, Maria Martins de; SARMENTO, Teresa. Escola – família - comunidade: uma relação
para o sucesso educativo. Gestão e Desenvolvimento. Viseu. n. 17-18, p. 141-156, 2009-2010
(2010).
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RESUMO: Este artigo tem por objetivo, compreender como determinados problemas
educacionais podem contribuir para o fracasso escolar tendo como objeto de estudo, o longa
metragem francês “Entre os muros da escola” e as contribuições da psicopedagogia na busca de
uma maior compreensão e caminhos para os fatores que envolvem esse fracasso. Será pertinente
compreender como acontecem as relações entre produção escolar e as oportunidades reais que
a escola oferece às diversas classes sociais no sentido de promover um ambiente que seja propício
ao efetivo aprendizado.
1Psicopedagogo e Professor de Língua Inglesa e Educação Digital na Rede Municipal de São Paulo
Graduação: Licenciatura em Letras.
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Keywords: Film; Between the walls of the school; School failure; Affectivity; significant learning
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[...] o professor é a figura central na Este será o assunto do próximo item deste
formação dos educandos. Ele quem forma no artigo.
aluno o gosto ou o desgosto pela escola, a
motivação ou não pelo estudo; o entendimento LIBERDADE OU OPRESSÃO
da significância ou insignificância das áreas e
objetos de estudo; a percepção de sua ENTRE OS MUROS DA ESCOLA?
capacidade de aprender, e de seu valor como As constantes mudanças ocorridas no seio
pessoa (WEISS, 2004, p.16). da sociedade afetam direta ou indiretamente o
Bossa (2011), ainda refletindo acerca das cenário educacional da escola contemporânea,
possíveis causas do fracasso escolar na escola forçando a romper-se e dissociar – se de uma
pública, em uma entrevista que concedeu ao concepção atrelada a um processo de ensino –
site G1 afirma que este fracasso vai além dos aprendizagem tradicional, ultrapassado e por
problemas do aluno, mas é oriundo do próprio vezes, promotor do fracasso escolar.
sistema de ensino. A autora coordenou uma Considerando a existência dessas mudanças
pesquisa durante cinco anos nas escolas e que muitas vezes a instituição escolar não
públicas de São Paulo que tinha o objetivo de alcança o sucesso no que diz respeito a
entender quais problemas eram as causas das contextualizar seu espaço e ideias a essas
dificuldades de aprendizagem. Os resultados modificações sociais, o fracasso propriamente
apontaram que a cada quatro alunos que dito toma corpo por meio das inquietações
concluem o ensino fundamental, três saem sem emergentes de problemas tais como: crise de
saber ler, escrever e fazer operações autoridade do docente, indisciplina e a
matemáticas, isto é, equivalente a 25% dos agressividade em sala de aula, ausência de
estudantes. afetividade na relação professor / aluno, bem
Todo esse panorama descrito acima conduz como a falta de diálogo e comunicação entre as
a uma reflexão pertinente acerca de a escola partes, falta de sentido do conteúdo abordado
tomar o seu papel de promotora de práticas em classe, desinteresse pelo conhecimento e
educativas que faça a inserção das camadas dificuldade em manter a atenção dos
populares no mundo neoliberal e progressista, estudantes. Bossa (2002, p.19), dialoga com
uma escola que forme cidadão críticos a essa premissa quando afirma que:
atuantes no meio social, tornando a escola dos No Brasil, a escola torna-se cada vez mais o
filhos do povo uma escola real, necessária e palco de fracassos e deformação precária,
possível, e não continuar seno um aparelho impedindo os jovens de se apossarem da
ideológico do estado. herança cultural, dos conhecimentos
Com base na reflexão feita a respeito dos acumulados pela humanidade e,
possíveis geradores do fracasso escolar, cabe consequentemente, de compreenderem
nesse momento inserir esses configuradores e melhor o mundo que os rodeia. A escola, que
geradores no filme em pauta e compreender deveria formar jovens capazes de analisar
como os traços do insucesso aparecem nele. criticamente a realidade, a fim de perceber
como agir no sentido de transformá-la e, ao
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mesmo tempo, preservar as conquistas sociais, François Bégaudeau, logo, o diretor criou uma
contribui para perpetuar injustiças sociais que adaptação do livro para a linguagem do cinema,
sempre fizeram parte da história do povo com um roteiro específico.
brasileiro. É curioso observar o modo como os Quando nos debruçamos para um estudo
educadores, sentindo-se oprimidos pelo minucioso dos fatos mencionados
sistema, acabam por reproduzir essa opressão anteriormente, alguns questionamentos
na relação com os alunos. culminam e se fazem pertinentes. A escola
No ano de 2008, o cinema francês legitima o direito ao aluno de ter seu senso
apresentou o insucesso escolar descrito acima, crítico desenvolvido em relação à realidade em
no longa metragem “Entre les murs”, que na que está inserido? Garante a autonomia
versão brasileira é intitulado como “Entre os intelectual aos sujeitos? Oferece condições
muros da escola” e na versão portuguesa “A para que os educandos aprendam com
turma”, título este que outorgou ao filme o qualidade e saiam da escola lendo e
recebimento de importantes prêmios do escrevendo? Estabelece afetividade e respeito
cinema como Palma de Ouro e Festival de nas relações humanas no âmbito escolar?
Cannes. Dirigido pelo cineasta Laurent Cantent Preocupa-se com as singularidades e com os
e protagonizado por Bégaudeau, Nassim conhecimentos que o aluno traz do seu meio e
Amrabt, Laura Baquela, Cherif Bounaïdja os contextualiza de acordo com a realidade
Rachedi, entre outros. Dirigido pelo cineasta sociocultural e o meio em que cada um se
Laurent Cantet, o filme ganhou importantes encontra?
prêmios do cinema por abordar uma relação Ainda segundo Bossa (2000, p.22),
intranquila entre um professor de uma escola atualmente, a Psicopedagogia trabalha com
pública na periferia de Paris e seus alunos na uma concepção de aprendizagem segundo a
faixa etária entre treze e quinze anos. O filme é qual participa desse processo um equipamento
marcado por insistentes discussões permeadas biológico com disposições afetivas e
por agressividade verbal, intolerância nas intelectuais que interferem na forma de
relações, resistência ao multiculturalismo relação do sujeito com o meio, sendo que essas
existente no grupo, bem como problemas já disposições afetivas e intelectuais que
citados no parágrafo anterior, que podem ser interferem na forma da relação do sujeito com
visualizados de forma indubitável na rotina da o meio, sendo que essas disposições
sala de aula. influenciam e são influenciadas pelas condições
Laurent Cantent, cineasta francês, recebeu socioculturais do sujeito com o seu meio.
25 prêmios e 10 indicações pro seus trabalhos Acredita – se que fatores como: negação dos
em festivais no mundo todo. Sua primeira problemas de aprendizagem falta de
produção foi um curta metragem intitulado contextualização do meio sociocultural com
Tous à la Manif e seu primeiro longa metragem aos saberes escolares, ausência de afetividade
foi no ano de 200 com o filme Human e vínculo na relação professor e aluno, falta de
Resources. Em 2008, dirigiu o filme Entre les didática e recursos pedagógicos que atraiam a
murs, que foi baseado no livro homônimo atenção dos estudantes, a indisciplina e a
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ou até mesmo outros colegas de classe fazem aprendizagem são marcas que o autor imprimiu
da sexualidade. Atualmente há uma na sala de aula apresentada no filme.
necessidade de a escolar ser um espaço de A conflituosa relação entre o professor de
formação e orientação sobre o tema, Maistro Francês, François, e os jovens estudantes, é
(2006, p.6), elucida essa questão da escola abordada com evidência em quase todas as
como espaço para trabalhar as questões do cenas. Frequentemente as falas do professor
preconceito racial quando afirma, são convertidas em mensagens genéricas pelo
(...) o trabalho de Educação Sexual na escola, grupo, isto é, o docente diz alguma coisa, o
implica em planejamento e ações pedagógicas grupo interpreta de outra maneira o que acaba
sistemáticas. Não se trata de palestras, ocasionando discussões e tumultos, isto é, a
semanas especiais, de cartazes pregados nos falta de entendimento, gera confusões. Da
murais, mas sim de um canal mesma acontece na situação contrária, à
permanentemente aberto para que as turma, omite informações para o professor ou
questões sobre a sexualidade possam ser transmite mensagens confusas gerando um
discutidas com crianças e adolescentes, de mal estar e mal – entendidos.
maneira séria, clara e ampla. Nota-se que tais conflitos emergem da
Uma das atribuições da escola é pontificar a necessidade que o professor juntamente com
tolerância com ênfase na diversidade e na seus colegas e direção tem de manterem um
vivência harmônica, promovendo a descoberta sistema tradicional de ensino, regido por um
das possibilidades de pensar diferente, ambiente sobrecarregado de regras, normas,
enxergar a vida de formas diferentes, sansões e punições. Mesmo não obtendo
relacionar-se com as pessoas de forma sucessor, François mostra-se como mediador
diferente, promover cultura de forma na busca de solução de problemas por suas
diferentes e até mesmo aproximar-se dos inúmeras tentativas. Para Guimarães (1999,
diferentes. p.103), que a indisciplina pode ser um dos
meios de o aluno contestar, manifestar o seu
A CRISE DE AUTORIDADE DO descontentamento e a sua não conformidade
com aulas desatualizadas, teóricas, ou relação
PROFESSOR COMO autoritária, desumana e fria. Por isso, precisa
CONFIGURADORA DA ser analisada para além do rótulo de
indisciplina e ser pensado como expressão de
INDISCIPLINA E DA AGRESSÃO uma consciência social em formação.
MORAL Nota-se a coerção moral de forma
Brigas, discussões, incompreensões, exacerbada e frequente no filme, quando o
indisciplina, dispersão, agressividade, professor se dirige aos alunos de forma
problemas de cunho pessoal e familiar, pejorativa, ofensivo, irônico, fazendo
superproteção, desinteresse pelo aprendizado, brincadeiras ambíguas e em contrapartida os
e interferências comunicativas nas relações alunos também não hesitam em enfrentá-lo,
pessoais e perturbações no processo ensino –
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produto de relação entre professor e aluno. A escreva sobre a sua vida e ainda nesta cena, o
segunda autoridade, pautada na hierarquia, é professor demonstra interesse em saber sobre
institucionalizada e baseada na organização a vida de cada deles por meio desta tarefa,
escolar, ou seja, o professor impõe ao aluno por contudo, um dos alunos por meio de uma
meio da superioridade do cargo, réplica diz: “o professor não está interessado
desencadeando hostilidade, agressividade, em nossas vidas, é só o trabalho dele”. Estre
ressentimento, inferioridade, revolta, trecho deixa visível o quanto os alunos
indisciplina ou até mesmo passividade. construíram uma imagem distante e pouco
Convém ressaltar que este breve estudo não acessível do professor, em que ele é visto como
esgota a possibilidade de análise acerca do um transmissor de conhecimento, ou seja, um
tema crise de autoridade do professor depositante de informações desprovidas de
vinculado a indisciplina e agressão, entretanto, afeto.
com base na abordagem realizada, pode – se Para Saltini (2008), o docente deve ir além de
constatar que a indisciplina torna possível e conhecimentos teóricos, ele precisa conhecer
impulsiona uma revisão no que diz respeito ao seu aluno, entendê-lo, demonstrar
relacionamento entre professor e aluno, disponibilidade de mudança quando perceber
podendo atingir a força da transfiguração deste que está cometendo certos equívocos, pois se
vínculo entre eles e na maneira como as duas faz necessário o reconhecimento das falhas
partes concebem a autoridade e a afetividade, pedagógicas.
que será o assunto do próximo item. A imagem do professor torna-se um
referencial para a formação da autoimagem
A NEGAÇÃO DA AFETIVIDADE E dos educandos, logo, oferecer aos alunos
atenção, mostrar interesse pelo seu
DO VÍNCULO: CAMINHO PARA O desempenho escolar, empenhar-se em
FRACASSO ESCOLAR fomentar a necessidade do amor-próprio, de
A dimensão afetiva tem tomado o seu lugar um ambiente propício à compreensão, ao
em meio às discussões pautadas nos elementos respeito consigo mesmo e com o próximo
promotores do sucesso escolar. podem ser fatores que promovam um clima de
Entende-se que a afetividade está vinculada maior vínculo, afetividade e aprendizagem.
ao sentir-se pertencente, acolhido, respeitado Segundo Cunha (2008, p.80):
e compreendido por um determinado grupo de A professora ou professor é o guardião de
pessoas. Uma relação que seja antagônica a seu ambiente. A começar pelos seus
esta, pode se mostrar como repugnante e movimentos em sala, que devem ser
desestimuladora. O filme sugere o tempo todo adequados e gentis. A postura, o andar, o falar
o sentimento de exclusão e não pertencimento são observados pelos alunos, que o vê como
que os alunos têm em relação ao ambiente modelo, Independentemente de idade, da pré
escolar. Este sentimento fica notório na cena – escola à universidade, o professor sempre
em que François solicita a produção de um será observado. Então, um bom ambiente para
autorretrato em que o objetivo é que cada um a prática do ensino, começa por ele, que
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Levando-se em conta todos os aspectos que foram apontados neste artigo, considera – se
que a escola precisa assumir o seu papel libertador na formação do indivíduo, criando um espaço
solidário, afetivo e propício à aprendizagem significativa. Esta escola que pune que aprisionar
entre muros ideológicos, que dita regras, que estabelece uma relação de distância entre professor
e aluno, uma escola que pautada em práticas desprovidas de sentido e significado carece ser
superada por uma que seja marcada pela democracia, pela divisão mútua das decisões, pela
transformação das informações em práticas sociais, por aquela que está baseada na
solidariedade, no combate à injustiça social e luta por seus direitos.
O professor precisa caminhar em consonância com este cenário escolar, considerando que
este tem relegado, por vezes, a sua função, apresentando-se como um guarda de cárcere,
opressor e autoritário, logo, o ele precisa tomar o seu papel de promotor do pensamento que vai
para além dos muros da escola, para além de um espaço físico, garantindo uma educação que
descortine cada vez mais a qualidade em sua essência.
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REFERÊNCIAS
ARROYO, M. Fracasso-sucesso: o peso da cultura escolar e do ordenamento da educação
básica. In. ABRAMOWICS, A.E MOLL, J. (org.) Para além do Fracasso Escolar. Campinas, Ed.
Papirus, 2000.
BOTO Carla. O ensino tradicional e sua tradição: histórias e raízes, Outubro de 2006.
Disponível em: http://www.unesp.br/aci/jornal/216/supled.php, Data de Acesso: 21/03/2022.
FURLANI, L. M. T. Autoridade do Professor: Meta, Mito ou Nada Disso? São Paulo: Cortez,
1995.
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WEISS, Maria Lucia L. Psicopedagogia Clínica – uma visão diagnóstica dos problemas de
aprendizagem escolar. Rio de Janeiro: DP & A, 2004.
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qualificação de muitos trabalhadores. Esse tipo de educação remota (PEREIRA; BARROS, 2020,
de educação a distância de massa ainda tem p. 04).
reflexos atualmente nos cursos que utilizam Com relação aos alunos, é necessário
tecnologias digitais. Com os ambientes online, considerar a inserção de todos num contexto
muitos programas de EaD migraram seus mundial e por esse fato não se pode ficar à
desenhos para as tecnologias digitais da margem dos acontecimentos e das
informação e comunicação (TDIC), mantendo consequências, que no momento nem sempre
a mesma lógica comunicacional das mídias estão sendo positivas. A educação deveria ser
de massa que separa os sujeitos dos beneficiada e privilegiada com os avanços
processos de criação dos conteúdos e do tecnológicos, porém, infelizmente não é
próprio desenho didático (SANTOS, 2009 apud contemplada devidamente como deveria,
SOUZA, 2020, p. 114). Assim, o paradigma afinal, mesmo considerada prioridade pelos
educacional, em muitos cursos EaD, ainda órgãos governamentais, continua de modo
estão centrados na pedagogia da transmissão, geral, ultrapassado em tecnologia e elitista, na
na lógica da mídia de massa, na qual os menos favorecidos lutam por uma
autoaprendizagem e nos modelos de tutoria escola pública de melhor qualidade e por um
reativa. Somente a transposição do que já se acesso à universidade mais democrático e
fazia com o uso das mídias de massa para as menos excludente. Por estarem inseridos nesse
tecnologias digitais interativas e em rede não contexto, os alunos tem observado uma
configura mudança no processo educacional situação crítica, o que lhes provoca desestímulo
(SOUZA, 2020, p. 114). e falta de perspectiva em relação às suas vidas
Tal como o trabalho docente, muitos e ao futuro. Assim, acaba por desencadear
professores mesmo não estando preparados, elevados índices de repetência e evasão
ainda têm enfrentado desafios desse novo escolar, ou seja, o insucesso do processo
momento e continuam a aprender tutoriais ensino-aprendizagem. Somam-se a isso outros
para o uso de novas tecnologias educacionais e problemas de ordem pessoal, familiar e social
entender as formas das aplicações de que comprometem o processo ensino-
metodologias ativas no ensino-aprendizagem, aprendizagem, uma vez que afloram na escola
além de discutir estratégias de avaliar, e no meio próximo a esta (PEREIRA; BARROS,
promover um ensino remoto de boa qualidade 2020, p. 04).
aos alunos, minimizar os prejuízos da falta do Para Moysés (1995, apud, PEREIRA; BARROS,
contato presencial. Cabe aqui salientar que a 2020, p. 04), um dos maiores e graves
metamorfose da educação provocada em curto problemas da escola em todos os níveis é o
prazo pela pandemia mundial mostrou que baixo nível de aproveitamento dos alunos; a
hoje, se tornou fundamental investir na aprendizagem dos conteúdos escolares é algo
formação continuada dos professores bem que envolve os processos mentais superiores e
como oportunizar melhorias no se dá no interior de um ser social e
desenvolvimento de suas práticas historicamente contextualizado. Somando-se a
pedagógicas em suas atuações na modalidade isso, é fundamental destacar que para esse
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que desenvolvam suas habilidades e que por uma racionalidade distinta da EaD. Se a EaD
remetam as competências. E talvez o principal, reforça a lógica do controle rizomático,
ou seja, a valorização do educador. Esse substituindo a vigilância pelas metas (SARAIVA,
profissional carece de investimentos 2010), o ensino remoto retoma alguns
psicológico, de formação e financeiros para elementos da disciplina. Em geral, no ensino
contribuir com o avanço da nação. Por isso ter remoto, é necessário um envio de evidências
um programa de formação inicial e continuada de desenvolvimento de atividades não
é tão relevante nesse momento, justamente avaliativas, que funcionam como uma forma de
por conta do novo coronavírus (Sars-CoV-2), controle do uso do tempo, uma das
que emergiu e sequenciou uma pandemia no características da disciplina. Na EaD, as
país, ao qual a comunidade escolar estava atividades a serem desenvolvidas são na maior
despreparada (AVELINO; MENDES, 2020, p. 59 parte das vezes, avaliações. Portanto, os
e 60). processos de EaD não têm como foco o
Diversos especialistas têm marcado que controle do uso do tempo, mas apenas a
ensino remoto e Educação a Distância (EaD) são demonstração de atingimento das metas de
conceitos distintos (IPOG, 2020). No Brasil, a aprendizagem, conforme Saraiva e Veiga-Neto
EaD encontra-se bem disseminada no Ensino (2009, apud, SARAIVA; TRAVERSINI;
Superior. Com pequenas variações, cursos LOCKMANN, 2020, p. 07).
nessa modalidade desenvolvem-se Esse excerto expõe que a desigualdade e as
praticamente sem interações síncronas entre dificuldades enfrentadas pelos alunos de
professores e alunos, ficando parte significativa escolas públicas não podem ser resumidas à
do trabalho delegado a um tutor e com questão de acesso à internet. Os alunos mais
avaliações padronizadas. Entretanto, nas carentes, que não podem desfrutar da
escolas privadas, cujos alunos têm amplo merenda escolar, estão passando fome. Outra
acesso à internet e que podem prover soluções reportagem publicada em GAÚCHAZH reforça
educacionais por meio de ferramentas digitais, essa ideia, ao afirmar que a desigualdade de
durante o período de isolamento, têm sido condições interfere, inclusive, no esforço de
realizadas muitas atividades síncronas. Ao estudar. Em um contexto no qual muitos alunos
ponto de que algumas escolas, principalmente vão à escola para comer, ter um silencioso
nos anos finais do Ensino Fundamental e no cômodo da casa com computador para se
Ensino Médio, ministrarem aulas por meio do concentrar é para poucos (HARTMANN; BOFF,
Google Meet ou do Zoom nos mesmos horários 2020 apud SARAIVA; TRAVERSINI; LOCKMANN,
que haveria aulas presenciais (SARAIVA; 2020, p. 11).
TRAVERSINI; LOCKMANN, 2020, p. 07). A vulnerabilidade social em que se
Toda a responsabilidade educativa está a encontram esses alunos não lhes dá direito a
cargo do professor, que pode planejar suas um amplo acesso à rede. A infância e a
avaliações de modo mais personalizado. No juventude pobre devem ser tuteladas e
nosso entender, as atividades remotas por controladas pelo Estado, como já tem sido
meio de ferramentas digitais estão orientadas historicamente no Brasil. De acordo com Rizzini
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(2011, p. 225), desde o Brasil colônia, existe investigadora e reflexiva da própria prática,
uma preocupação com os “menores vadios, considerando assim tanto a própria condição
vagabundos, viciosos e delinquentes”, quanto a do estudante em termos cognitivos,
prevendo-se formas de evitar a vagabundagem sociais, econômicos e tecnológicos (REIS;
e inserir esses sujeitos no mundo do trabalho. ROSA, p. 6 e 7, 2020)
Percebe-se aqui a continuidade dessa Ou ainda, o convite que é feito á todos na
concepção, em que a vagabundagem se Pedagogia da Autonomia (FREIRE, 1997) e que
transforma em acesso a conteúdos que não os tem conseguido, apesar de tudo manter (ou
estritamente educacionais. A educação remota quiçá, construir) a esperança. Já estará agindo
vem trazendo questões e desafios para a nesse processo de reinvenção. Sem negar o
Educação Básica e para a docência, mas, desespero que não poucas vezes nos assalta.
mesmo com todas as dificuldades, não se Sem negar a desesperança como algo concreto
coloca em questão a paralisação dessas e sem desconhecer suas razões históricas,
atividades. Insegurança, necessidade de econômicas e sociais. Mas acreditando, como
adaptações rápidas, invasão da casa pelo o fez Paulo Freire (2016) na esperança e no
trabalho e pela escola, ansiedade frente às sonho como estratégias de luta (MONTEIRO,
condições sanitárias e econômicas são 2020, p. 250).
elementos presentes no cenário atual que vêm
produzindo professores em estado de exaustão
(SARAIVA; TRAVERSINI; LOCKMANN, 2020, p.
12).
O convite para nos reinventarmos enquanto
professores e professoras não é novidade. Ele
já vem sendo feito há tempos. Talvez com
outros nomes, mas sua natureza de reinvenção
permanece. É o convite que nos vem sendo
feito por Nóvoa (1999) e por Schön (1997), para
que os professores sejam reflexivos, ou seja,
profissionais capazes de pensar, analisar e
questionar a própria prática com a finalidade
de agir e aprimorá-la construindo uma
atuação autônoma, possibilitando, também
aos estudantes, a construção da autonomia,
tão importante em tempos de crise em que a
tomada de decisão é um imperativo. É também
o convite feito por Becker e Marques (2010),
para que sejam professores-pesquisadores,
cuja principal característica é contextualizar o
que ensina por força de uma atividade
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Pandemia causada pela Covid-19 que atingiu o planeta e foi e está ocorrendo
independentemente de classe social, sendo que, as pessoas do mundo todo foram impactadas
em distintas proporções nas suas rotinas e nas demandas sejam pessoais, profissionais ou
educacionais. Por essa razão, mudanças significativas em maior ou menor grau têm aparecido nas
atividades de toda a comunidade escolar, em especial, aos professores, estudantes e suas famílias
no contexto educacional dentro do período pandêmico.
Por essa razão, para que ocorra uma boa qualidade no processo de ensino-aprendizagem
durante o período de isolamento social é necessário que deva ter um comprometimento por
parte da família, formação dos professores, bem como a produção de materiais didáticos de
qualidade e suas habilidades com o uso de novas tecnologias, e também ao acesso que os
professores precisaram e talvez ainda venham precisar ter com relação aos meios tecnológicos e
assim conseguiram produzir suas atividades.
Outra questão fundamental foi o acesso que os alunos tiveram ao computador e a internet.
Entretanto, o que ficou evidente, foi o fato de que os alunos menos favorecidos, na maioria das
vezes não tinham computadores em suas casas, e por esse motivo, esses estudantes têm estado
excluídos do processo de ensino-aprendizagem. Outra questão importante é a de que o aluno
que possui o computador em sua casa com acesso a internet precisaram e ainda precisam estar
motivados para realizar tais atividades. Além de tantas questões, o professor ainda teve que
aprender a desenvolver atividades que viessem a motivar os alunos a realizarem estas de maneira
efetiva.
Com relação a pós-pandemia, é importante unir esforços e experimentar outras
metodologias e práticas que levem em conta o potencial das tecnologias digitais em rede e assim
favoreçam a colaboração, a autonomia, criatividade e a autoria de professores e estudantes. O
momento de pandemia tem trazido reflexões que estão fazendo parte do cotidiano. Portanto,
tais reflexões e a experimentação da educação em tempos de Covid 19, surgiram e trouxeram o
caos, e por essa razão é necessário lutar por políticas públicas de acesso à internet para todos e
por outras educações.
É importante salientar que a crise sanitária causada pelo COVID-19 acabou e ainda tem
modificado todas as relações de afetividade e de comunicação. Afinal as formas de contaminação
pelo vírus, em virtude da alta taxa de transmissão e da letalidade, trouxe também o pânico
especialmente em idosos. Por isso, as medidas principais para se evitar a disseminação do vírus
foram o distanciamento social, embora no Brasil poucos respeitaram essa medida preventiva
contra o vírus, além da quarentena que tem impactado diretamente na educação, causando o
afastamento presencial de docentes e discentes.
Por isso, a educação do novo milênio, após a pandemia, terá o desafio e deverá estar
permeada por estudos que envolverão a cultura, numa perspectiva que adote o entrelaçamento
cultural. Cabe ressaltar que após a pandemia possivelmente haverá um maior hibridismo da
educação presencial com o EAD, pois cada vez mais os professores estarão preparados para o
distanciamento, tendo a possibilidade do surgimento de novas doenças coletivas futuras, sendo
que tal probabilidade nunca mais será descartada.
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A rede de educação esteve com suas atividades escolares presenciais suspensas, atingindo
milhões de estudantes em todo o país. Contudo, a educação não deve parar devido à necessidade
de adaptação e da superação por parte de professores e de alunos. Assim, em meio a um
turbilhão de problemas, a educação deverá ser uma potencializadora da esperança humana,
capaz de continuar auxiliando para a modificação de condutas, sempre para o bem da sociedade,
em busca de fazer sujeitos melhores. Por isso, uma crise sanitária só será superada, também, por
uma educação melhor.
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REFERÊNCIAS
AVELINO, W. F; MENDES, J. G. A realidade da educação brasileira a partir da COVID. Boletim
de Conjuntura (Boca), ano II, v. 2, n.5, p. 55-62, 2020.
DIASA, E. A Educação, a pandemia e a sociedade do cansaço. Ensaio: aval. pol. públ. Educ.,
Rio de Janeiro, v.29, n.112, p. 565-573, 2021.
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RESUMO: A literatura que trata das questões fundamentais da educação infantil passa por
diversas revisões o que faz com que ela seja a todo momento alvo das mais diversas
preocupações. O mesmo pode ser dito sobre a educação infantil, que mostra diferentes relações
com o ensino e vida em sociedade. Essas relações vão desde a busca por funções e práticas
específicas, até a submissão aos conteúdos e metodologias aplicadas as práticas de leitura e
escrita infantil na educação infantil na sociedade contemporânea que incorporam grande parte
dessas disputas, seja pela valorização da alfabetização seja pelo conceito de produtividade, de
redução do tempo livre e da demanda por resultados que comprovem o retorno dos
investimentos nela realizados. A leitura para as crianças em desenvolvimento se torna cada vez
mais fundamental na construção da identidade de mundo e consequentemente na maneira como
ela irá interagir em sociedade, o mundo criado pelas narrativas infantis é repleto de seres
fantásticos e de noções de ética e moralidade adaptadas para as realidades e faixas etárias.
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começou a emergir, com suas próprias divisões, capaz de nos envolver e trazer novas
expectativas e cânones. Os mais antigos desses dimensões ao cotidiano (GREGORIN FILHO,
livros foram livros educativos, livros sobre 2009, p.29)
conduta e simples – muitas vezes decorados Trazendo uma lente crítica para o estudo do
com animais, plantas e cartas antropomórficas. multiculturalismo na literatura infantil, este
A literatura sintetiza, por meio dos recursos livro prepara professores, educadores e
da ficção, uma realidade, que tem amplos pesquisadores de literatura infantil para
pontos de contato com o que o leitor vive analisar as dimensões ideológicas da leitura e
cotidianamente. Assim, por mais exacerbada do estudo da literatura. Cada capítulo inclui
que seja a fantasia do escritor ou mais recomendações para aplicação em sala de aula,
distanciadas e diferentes as circunstâncias de pesquisa em sala de aula e leitura adicional.
espaço e tempo dentro das quais uma obra é Multicultural é tudo o que promove um
concebida, o sintoma de sua sobrevivência é o verdadeiro diálogo com o outro, com o
fato de que ela continua a se comunicar com o estrangeiro, aquele que fala outro idioma, que
destinatário atual, porque ainda fala de seu pode ter outro escrito, outra religião, outras
mundo, com suas dificuldades e soluções, referências que a nossa, dir-vos-ei então que
ajudando- o, pois, a conhecê-lo melhor estamos num mau começo, que o nosso tempo
(ZILBERMAN,1994, p.22). premente e superficial não é multicultural e
A análise multicultural crítica fornece uma que, além disso, está ameaçado por dois
mudança filosófica para o ensino de literatura, perigos mortais e contraditórios.
a construção de currículo e a incorporação de É claro que o mundo precisa de uma
questões de diversidade e justiça social. Ela ferramenta coletiva de comunicação, e o inglês
problematiza a literatura infantil, oferece uma hoje desempenha esse papel perfeitamente,
maneira de ler o poder, explora a teia complexa mas o mundo também tem uma forte
das relações sociopolíticas e desconstrói necessidade de preservar sua diversidade
suposições assumidas sobre linguagem, cultural, uma condição absoluta de sua riqueza
significado, leitura e literatura trata-se de e dinamismo. Hoje, diante da abertura da
estudo literário como mudança sociopolítica. Globalização, a abertura se estendeu aos países
Pela própria historicidade do gênero, não se do Oriente, pouco se faz para preparar o
deve descartar a literatura para crianças e parecer, para adaptar a escola, a chegada de
jovens como um objeto de estudo ou ensino estrangeiros ao nosso terreno, assim podemos
nos cursos de formação de professores ou na afirmar que muito mais fecundo em literatura
área de programa de pós- infantil vai ficando. Esses intercâmbios culturais
graduação. Isto é, literatura para criança refletem ainda mais diversas formas de
deve ser oferecida como arte e prazer, arte interpretação e preparação para a cultura do
porque é o resultado de um fazer estético do(s) outro.
autor (es)e prazer porque o contato com a arte A fala (enquanto manifestação da prática
pode ser encarado desde a mais tenra idade oral) é adquirida. A mãe dá seu primeiro sorriso
como uma experiência ricamente prazerosa, ao bebê. Mais do que decorrência de natural é
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a forma de uma inserção cultural e de juventude, a deixar sua cultura nativa para
socialização. Naturalmente em contextos viver em um país estrangeiro em um ambiente
informais do dia a dia e nas relações sociais e cultural diferente. Eles são, por vezes,
dialógicas que se instauram desde o momento conscientes de como seus próprios anseios
em que há uma disposição biogenética, o culturais (sua própria língua, sua própria
aprendizado e uso de uma língua (MARCUSCHI, religião) é apagada por poderes estrangeiros e
2001, p.18) . imposta sobre eles outra cultura (outra língua,
Assim como por imprevidência, não outra religião).
havíamos preparado nem a opinião nem a No entanto, crianças e jovens que não
escola para a chegada em massa de conhecem a diversidade cultural também pode
trabalhadores, permitindo reações de rejeição, ser curiosa sobre outras culturas, terras
intolerância, xenofobia, a mesma distantes, povos "exóticos"; eles podem
imprevidência, a mesma cegueira, a mesma satisfazer essa curiosidade viajando ou lendo
ignorância, tornar o leito das tensões, as livros que alimentam sua imaginação. É
recusas, os sofrimentos do Brasil de amanhã, geralmente aceito que, na infância, a
por outro lado as integrações literárias são experiência (feliz ou triste, positiva ou
desde o incentivo a imigração do XVII uma traumática) de diferenças e contrastes culturais
forma de ampliação do lócus educacional. é duradoura. Isso tem um impacto sobre como
Em todos os países, em todos os continentes, Nós não apenas entendemos sua própria
crianças e jovens crescem em diferentes cultura, mas também os
ambientes culturais e seguem caminhos outros. Esta experiência inicial é em grande
diferentes para desenvolver uma identidade parte responsável por atitudes de abertura ou
cultural. Eles podem crescer na cultura de seus rejeição, tolerância e intolerância, pacífica ou
ancestrais, mas cruzar outras culturas fora de hostil e agressiva.
suas casas e famílias. A literatura infantil sempre foi usada em
O importante é que se repense no lugar da todo o mundo para permitir a socialização
Literatura, seja por meio da divulgação oral ou cultural, para transmitir conhecimento sobre a
escrita, como espaço próprio para que se recrie própria cultura ou a dos outros, e para
novas sensibilidades. Tanto a narração de encorajar atitudes em relação à cultura de
histórias por meio da oralidade, como pela origem e culturas estrangeiras. Do nosso ponto
escrita , podem facilitar a emergência de uma de vista contemporâneo, este papel tem sido
criança mais conhecedora de si e de outro, positivo e negativo: por um lado, ajudou a
plenamente capaz de se reconhecer nos textos, promover a abertura e tolerância, enquanto
como também criar universos a partir das por outro ele encorajou exclusão, rejeição,
portas que se abrem durante a escuta /leitura desprezo e ódio.
(CAVALCANTI, 2009,p.32).
Ou às vezes crescem em famílias onde
relações interculturais e interraciais são a
norma. Alguns são forçados, em sua infância ou
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Este fato determina que as crianças podem encarregarem de suas vidas enquanto criavam
aprender inconscientemente algumas regras compreensão e empatia daqueles que não
de operação ou marcas do texto literário. Isso estavam diretamente envolvidos.
permite que desenvolvam esquemas O estabelecimento de uma sociedade
antecipatórios sobre o funcionamento da mediada pela comunicação global tornou as
linguagem escrita, o que será muito útil para culturas estrangeiras acessíveis diariamente
aprender a ler. Portanto, dentro das primeiras proporções sem precedentes. As crianças
atividades espontâneas de expressão oral e dificilmente podem ignorar o fluxo de
leitura na criança é o gozo de histórias. Esse informações e imagens produzidas em todos os
gênero literário é o mais utilizado pelos países do mundo pela mídia eletrônica. Assim,
professores para ensinar a leitura em sala de as condições básicas exigidas para a
aula; porque, é mais comum, adequado e socialização cultural tornaram-se mais difíceis,
aceito em todas as idades. delicadas e instáveis. Uma das reações à falta
Além disso, a história é uma ferramenta que de cultura da globalização em muitos lugares
estimula o pensamento criativo, imaginativo e tem sido uma identificação excessiva com a
crítico das crianças, permitindo-lhes expressar- própria cultura ou religião, o que levou a maior
se de várias maneiras. A partir do nível de parte do tempo à depreciação e até mesmo
Educação Inicial e Pré-escolar, as crianças desprezo por outras culturas e religiões.
demonstram interesse em explorar e Para literatura juvenil e outras formas de
estabelecer contato com diferentes materiais expressão o desafio para as crianças é
de leitura e escrita, que induzem a expressar participar da criação de uma sociedade global
experiências e experiências reais e baseada na tolerância cultural e religiosa, que
imaginativas, gerando a expressão de suas implica não apenas que culturas religiões
próprias ideias, emoções e sentimentos. que coexistam em paz, mas também que elas se
permitem que seu mundo interior apareça. influenciam mutuamente colocando-se em pé
Portanto, o uso da história torna-se uma de igualdade.
ferramenta de ensino útil para acompanhar Preservar as relações entre a literatura e a
emocionalmente e criativamente as crianças escola, ou o uso do livro em sala de aula,
em seu processo de desenvolvimento. decorre de ambas compartilharem um aspecto
em comum: a natureza formativa. De fato,
LITERATURA INFANTIL E AS NA tanto a obra de ficção como a instituição do
ensino estão voltadas à formação do indivíduo
CONSTRUÇÃO DAS EMOÇÕES ao qual se dirigem (ZILBERMAN, 1994, p. 25).
A literatura infantil também tentou se É impossível listar exaustivamente as muitas
concentrar nas experiências e emoções de facetas do tema do Congresso, especialmente
crianças e jovens que foram culturalmente porque diferentes países e culturas não olharão
reprimidos ou tiveram que deixar suas casas para esses aspectos da mesma maneira. As
para se integrar em um ambiente estrangeiro. seções a seguir devem, portanto, ser tomadas
Ela ajudou jovens em conflitos culturais a se como sugestões e não destinadas a excluir as
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A literatura proporciona às crianças conhecimento, prazer e gratificação, é uma
experiência enriquecedora que lhes dá a oportunidade de compartilhar sentimentos, significados
e outras construções de acordo com suas necessidades, interesses particulares, o discurso
literário difere de outros discursos porque promove a liberdade interpretativa do leitor, portanto
cada leitura, mesmo do mesmo texto, é transformada em uma nova aventura para a criança. Não
devemos apenas nos atermos ao ensino da literatura como uma maneira de desfrutar, nem como
uma maneira de abordar o espírito porque “ler literatura é uma experiência,
A literatura infantil constitui um meio poderoso para a transmissão da cultura, a integração
das áreas do conhecimento: história, música, arte, psicologia, sociologia, etc., o enriquecimento
dos universos conceituais e a formação de valores. Além disso, a literatura desempenha um papel
fundamental na escola e no lar como uma ferramenta que favorece uma abordagem aos
processos de leitura e escrita.
A importância da literatura pode refletir-se no valor afetivo que oferece à criança por meio
da literatura educa enquanto entretém. Criar espaços na sala de aula para a literatura abre portas
para a criatividade, para o poder criativo da palavra e do imaginário; levando as crianças a
descobrir o prazer que os livros proporcionam antes de serem solicitadas a desenvolver
habilidades de leitura (ou seja, decifrar). Assim, a leitura faria tanto sentido quanto andar de
bicicleta; Eles sabem como a experiência será divertida.
A associação da literatura com diversão e brincadeira pode ser vista como uma função
lúdica: A poesia nasce do brincar, podemos então, sugir algumas características comuns entre a
poesia e o brincar, são ações desenvolvidas dentro de certos limites de tempo, espaço e
significado, em uma ordem visível que operam com regras livremente aceitas e fora da esfera de
utilidade ou necessidade material. O humor é o desabafo e entusiasmo a ação que vem
acompanhada de sentimentos de elevação e tensão e leva à alegria e ao abandono. Da mesma
forma, para uma história manter a atenção da criança, ela deve se divertir. Ela tem que concordar
com suas ansiedades e aspirações, fazer reconhecer plenamente suas dificuldades, enquanto
sugere soluções para os problemas que o preocupam. Na literatura infantil nada enriquece e
satisfaz tanto a criança quanto os contos de fadas populares, pois permitem que ele aprenda
muito sobre os problemas internos dos seres humanos e suas soluções.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF,
Senado, 1988.
GREGORIN FILHO, José Nicolau. Literatura Infantil: breve percurso histórico. concepção
de infância e literatura infantil. Literatura infantil: múltiplas linguagens na formação de leitores.
São Paulo: Melhoramentos, 2009. HUIZINGA, Johan. Homo ludens. São Paulo : Perspectiva,
1988.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. São Paulo:
Editora Cortez, 2001.
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1
Professora de Educação Infantil na Rede Municipal de São Paulo.
Graduação:Licenciatura em Pedagogia; Especialização em Psicopedagogia; Especialização em Educação
Infantil.
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políticas. As crianças podem ter eleições e não uma página de um livro de exercícios que
oportunidades de voto, também visam ensinar arbitrariamente, decide focalizar a leitura ou a
as crianças sobre interação social, cultura e vida escrita (MOYLES, 2006, p 137).
doméstica. As crianças poderiam ter um lugar O jogo é suficientemente importante para as
para brincar de casinha e assumir papéis Nações Unidas, que é reconhecido como um
familiares. Existem muitas ideias diferentes direito específico para todas as crianças. As
para o currículo. crianças precisam da liberdade para explorar e
brincar. O brincar também contribui para o
JOGOS E BRINCADEIRAS E O desenvolvimento do cérebro. Evidências da
neurociência mostram que os primeiros anos
DESENVOLVIMENTO DA do desenvolvimento de uma criança (do
LINGUAGEM nascimento aos seis anos) estabeleceram a
O desenvolvimento da linguagem é outro base para a aprendizagem, o comportamento e
elemento que percebemos aqui, pois, a a saúde ao longo da vida. Os caminhos neurais
linguagem se desenvolve por meio de de uma criança são influenciados em seu
contextos culturais e sociais. Muitos desenvolvimento por meio da exploração,
desenvolvimentos na linguagem ocorrem no pensamento, resolução de problemas e
contexto social. Portanto, quando as crianças expressão de linguagem que ocorrem durante
brincam juntas, elas estão praticando suas episódios de brincadeira. O jogo nutre todos os
habilidades linguísticas e se desenvolvendo aspectos do desenvolvimento infantil – forma o
mais. O currículo de idiomas e alfabetização alicerce das habilidades intelectuais, sociais,
pode ser integrado em todas as áreas. Se físicas e emocionais necessárias para o sucesso
houver uma abordagem baseada em na escola e na vida. O brincar abre o caminho
investigação para o ensino de ciências, a para o aprendizado.
brincadeira também será incorporada por meio A aprendizagem ocorre quando as crianças
de uma abordagem baseada na investigação, as brincam com blocos, pintam uma imagem ou
crianças podem explorar e brincar para brincam de faz de conta. Durante o brincar, as
encontrar as respostas para suas próprias crianças tentam coisas novas, resolvem
perguntas sobre esse mundo natural. Permitir problemas, inventam, criam, testam ideias e
que as crianças usem materiais no ambiente exploram. As crianças precisam de brincadeiras
para experimentá-las e jogá-las ajudará a não estruturadas e criativas; em outras
aprender sobre os conceitos matemáticos de palavras, as crianças precisam de tempo para
maneira natural. Além disso, a criação de aprender por meio de suas brincadeiras.
experiências como cozinhar, medir, construir, O brincar é um negócio sério para o
etc., em um ambiente de jogo, aprimora seu desenvolvimento de jovens em fase de
desenvolvimento matemático. desenvolvimento. Esse é um entendimento tão
Igualmente, no brincar relacionado ao importante. Uma abordagem deliberada e
letramento, é o evento do faz-de-conta que eficaz apoia o desenvolvimento cognitivo de
determina a natureza da resposta letrada, e crianças pequenas. Quando bem projetada,
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Existem vários benefícios da abordagem de aprendizagem lúdica no cenário dos anos
iniciais, incluindo as crianças que usam e aplicam seus conhecimentos, habilidades e
compreensão de maneiras diferentes e em diferentes contextos, e praticantes lúdicos usam
muitas abordagens diferentes para envolver as crianças em atividades que as ajudem a aprender
e a desenvolver disposições positivas para o aprendizado. Os praticantes podem e devem planejar
brincadeiras infantis, criando ambientes de aprendizado de alta qualidade e garantindo períodos
ininterruptos para as crianças.
O nível de brincadeiras infantis aumenta quando adultos brincam com elas. A variedade
de brincadeiras que as crianças praticam também aumenta quando os adultos se juntam. A união
é diferente do controle. O controle faz com que as crianças sigam uma agenda castradora e não
leve a tanto desenvolvimento cognitivo quanto quando os pais seguem o exemplo de seus filhos.
Brincar é a moeda das crianças. Existem várias maneiras pelas quais os educadores, pais e
responsáveis podem facilitar o aprendizado das crianças durante o brincar.
Os adultos podem modelar atitudes positivas em relação ao jogo, encorajando-o e
proporcionando um equilíbrio de brincadeiras internas e externas ao longo do ano. Quando os
adultos se juntam, devem guiar a forma, engajar-se e estendê-la, em vez de ditar ou dominar a
ação. É necessário um ambiente decidindo quais brinquedos, materiais e equipamentos serão
incluídos nesse ambiente. É importante oferecer uma variedade de materiais e experiências em
diferentes níveis de dificuldade. A escolha dos materiais é importante, porque fornece a
motivação para a exploração e descoberta das crianças. Ambas as experiências internas e
externas devem fornecer centros e espaços exploratórios. O ambiente de jogo deve permitir que
as crianças façam escolhas e explorem as possibilidades de jogo. O ambiente de jogo deve refletir
as experiências de vida diárias da criança.
Observe cuidadosamente quando as crianças começarem a usar os brinquedos, materiais
e equipamentos. A observação é um processo contínuo, fornecendo informações sobre os
interesses, habilidades e pontos fortes da criança e as oportunidades de aprendizagem e
desenvolvimento adicionais. A observação ajuda a identificar maneiras pelas quais os adultos
podem construir e guiar o aprendizado. Ouça, repita, amplie e faça perguntas no momento certo,
estenda a observação natural das crianças fornecendo a linguagem necessária para ajudar as
crianças a articular o que elas vêm acontecer. Os adultos podem promover brincadeiras e
oportunidades para descobertas expansivas; eles podem melhorar (ou facilitar) o brincar,
encorajando as crianças a trazer seus interesses e experiências para a brincadeira. Os adultos
podem fazer perguntas para expandir e melhorar o jogo. Auxiliar as crianças a reconhecerem os
conceitos que surgem ao lidar com o ambiente, fazer hipóteses, reconhecer semelhanças e
diferenças e resolver problemas. Fornecer conhecimento social, permitindo que as crianças
aprendam o conhecimento físico e lógico-matemático que as ajuda a entender o mundo ao seu
redor.
Brincadeiras de faz-de-conta, envolve a criança a interpretar ideias e emoções. As crianças
encenam histórias que contêm diferentes perspectivas diferentes. Embora alguns estudos
mostrem que esse tipo de brincadeira não aumenta o desenvolvimento infantil, outros
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descobriram que ele tem um grande impacto no uso da linguagem das crianças e na percepção
das perspectivas dos outros. O faz de conta também pode ajudar na autorregulação de uma
criança nas áreas da civilidade, atraso na gratificação, empatia e redução da agressão. Também
pode melhorar as habilidades sociais, como empatia, resolução de problemas e comunicação.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental.
Referencial curricular nacional para a educação infantil: formação pessoal e social.
Brasília: MEC/SEF, v.01 e 02.1998. 85p.
MALUF, Angela Cristina Munhoz. Atividades lúdicas para a educação infantil: conceitos,
orientações e práticas. 2 Ed. Petrópolis, RJ: vozes, 2009(a).
OLIVEIRA, Vera Barros de (org). O brincar e a criança do nascimento aos seis anos.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.
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RESUMO: Esse artigo busca refletir a respeito do ambiente escolar e o docente. Tem como
objetivo discutir na sua fundamentação teórica as inovadoras práticas pedagógicas que procuram
aguçar o espírito criativo dos estudantes. Pretende-se também identificar os principais métodos
da escuta para serem desenvolvidos pelos professores/ educadores. Percebe-se que a criança
desde a Educação Infantil para a sua formação deve ser precedida de ações que promovam a sua
liberdade, fundamentalmente quando estão realizando atividade em grupo, no qual a interação
social deve ser estimulada pelos professores, dando continuidade até o ensino superior. Assim
para promover uma educação inclusiva e o protagonismo infantil que é mostrado como uma
condição relevante no comportamento da formação educacional das crianças que frequentam o
ensino de base das séries iniciais deve ter a frente profissionais capacitados para a condução da
organização das didáticas direcionada para este público infantil.
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autonomia para que possa desenvolver o seu instrumento didático que permite os
comportamento cognitivo e assim serem profissionais educadores a descobrir novas
considerados como protagonistas. possibilidade de inclusão social e
A liberdade de pensar e de expressar por principalmente erradicar os altos índices de
meio destas figuras e das imagens são de evasão escolar devido ao sentimento de
importância fundamental para que os alunos exclusão que a grande maioria dos alunos
possam mostrar as suas potencialidades e por passam dentro das salas de aula.
outro lado as suas dificuldades de opinar diante A educação infantil deve ser observada
do grupo que está sendo realizada a atividade. como uma oportunidade de explorar os
Para Freire (2007), se a preparação dos talentos dos alunos e não reduzir a sua
professores não for adequada todo o processo capacidade de participação quando estão
do método da escuta pode apresentar diante de colegas e professores nas salas de
resultados completamente desfavorável em aula.
relação ao aprendizado e ao desenvolvimento Segundo defende B arbosa (2008), o
do comportamento crítico dos alunos. processo de escuta também oferece a
Os espaços escolares onde são realizadas as oportunidade dos alunos manifestar sobre os
práticas escolares também se torna de problemas de relações pessoais dentro do
fundamental importância para que possa ser ambiente familiar que pode estar
desenvolvido o protagonismo infantil nos comprometendo o seu rendimento escolar e a
alunos. partir desta situação a escola passa a ter a
Esta falta de espaços pode limitar a responsabilidade de transformar a situação da
capacidade dos alunos em desenvolver um criança e criar um comportamento em que ela
pensamento criativo das novas situações que possa desenvolver as suas competências e
aparecem nos espaços que possibilitam mais habilidades.
liberdade. As escolas e os profissionais educadores,
Também foi discutido pelo grupo que os principalmente numa visão de gestão
profissionais professores educadores devem democrática devem ter a responsabilidade
serem criativos nas suas didáticas como social de propor métodos pedagógicos que são
mostrou nas experiências das escolas mais direcionados ao desenvolvimento do
brasileira. comportamento cognitivo e também para que
Quando os alunos se defrontam com novos os alunos da educação infantil se sintam como
espaços e atividades que aguçam as suas protagonistas neste processo de formação
curiosidades o rendimento do aprendizado se básica.
torna altamente positivo. É desta forma que se contrói uma formação
É importante afirmar que todos os alunos básica de qualidade sem a preocupação da
desta idade escolar apresentam as suas alienação dos alunos, neste método
potencialidades e fraquezas que estão ocultas democrático da escuta as crianças tem as
e vai depender da capacidade dos docentes em possibilidades de serem criticas e capazes de se
relação a criatividade para que possa descobrir posicionar dentro do contexto social em que
estes comportamentos dos seus discentes. estão inseridos no futuro.
Para Senge (2005), este processo da
metodologia pedagógica do método de escuta
vem sendo amplamente recomendado como
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O essencial é despertar o processo educacional e o ambiente escolar pelas mais altas
qualidades de ensino, a fim de que todos busquem na educação métodos para desenvolver os
conhecimentos, as habilidades e as atitudes necessárias para participar de modo efetivo e
consciente do processo de democratização da educação.
O professor precisa ter uma percepção política mais global para poder ressignificar sua
ação, até porque não serão poucas as resistências que provavelmente encontrará na sua tentativa
de realizar uma prática transformadora. Tendo esta visão, compreenderá que não se trata apenas
de buscar “diferentes técnicas pedagógicas” onde alguns optariam por um tipo, outros optariam
por outros, exercendo livre poder de escolta.
Para promover a mudança de qualidade na prática docente, o processo de capacitação não
pode restringir-se a participação dos educadores em palestras, seminários e cursos, mas
fundamentalmente de significar seu envolvimento em estudos sistemáticos.
Pensamos que o momento atual exige uma organização e uma atuação que consigam
contribuir de maneira efetiva para o estabelecimento de uma política educacional mais justa e
adequada em todo o país. E é por meio do encontro — e muitas vezes confronto — de ideias que
surgem as reais necessidades, dificuldades e soluções para questões que tanto afetam a formação
do educador.
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REFERÊNCIAS
BARBOSA, M. C. S. HORN, M. G. S. Projetos pedagógicos na educação infantil. Porto Alegre:
Artmed, 2008.
KINNEY, L.; WHARTON, P. Tornando visível a aprendizagem das crianças. Porto Alegre:
Artmed, 2009.
SENGE, Peter. Escolas que aprendem: Um guia da Quinta disciplina para educadores, pais
e todos os que se interessam pela educação. Porto Alegre: Artmed, 2005.
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1Professora de Educação Infantil e Ensino Fundamental I na Rede Municipal de Município de São Paulo.
Graduação: Licenciatura em Pedagogia.
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A escola tem em seus arredores vários A organização dos planos de ensino tendo
comércios e residências, em sua maioria os em consideração as orientações curriculares, as
alunos são provenientes dos bairros próximos expectativas de aprendizagem e as
como: Jardim São Gonçalo, Jardim Ricardo, necessidades educacionais da comunidade.
Jardim da Conquista e Iguatemi. A busca em atender a necessidade de
A escola é de alvenaria e possui um elevador, melhoria na qualidade das relações que se
três andares onde estão distribuídas dezesseis estabelecem na escola com vistas a torná-la um
salas, uma biblioteca, uma sala de informática, ambiente de convivência produtiva entre
um pátio coberto e as salas da administração. diferentes.
Na área externa tem uma quadra coberta e A preocupação da escola em valorizar os
uma quadra descoberta e um parque infantil. espaços de participação existentes na escola e
A escola é tem grande porte. O quadro de a criação de outros espaços de modo a garantir
funcionários é composto basicamente por 49 que a escola se aproxime cada vez mais das
pessoas, desde auxiliares de serviços escolares necessidades da comunidade e promova a
até cargos na direção. Tem diversos materiais constituição de sujeitos coletivos.
didáticos como, televisão, computadores, O desenvolvimento de um projeto de auto-
jogos, aparelho de DVD e caixa de som. avaliação institucional com o intuito de
descobrir mecanismos que permitam
ANÁLISE DA PROPOSTA aproveitar os resultados das avaliações
externas para aperfeiçoar o trabalho da
CURRICULAR unidade, melhorar as aprendizagens dos alunos
A visita técnica realizada por mim em uma e criar um instrumento de diálogo que
escola de Ensino Fundamental contemplou a contribua para o reforço da autonomia da
análise da proposta curricular da escola, escola.
destacando-se: E por fim, o desenvolvimento de vários
A concepção de educação como um projetos, tais como: festivais de leitura,
processo interno que depende do indivíduo e olimpíadas de matemática, dia da descoberta,
que resulta das interações sociais e das ações rodas de conversa, jornal da escola, festivais de
fundamentadas na ideia de que educar é criar contação de histórias, olimpíadas de
condições para que a criança se assuma como astronomia, projeto de poesia, jogos
sujeito da sua própria aprendizagem, interclasses, projeto nas ondas do rádio,
proporcionando às crianças condições de projeto de artes cênicas, projeto mexa-se,
aprendizagem que permitam a sua inclusão na projeto de musicalização, show de talentos,
sociedade. projeto ação cidadã que incentiva ações
A proposta de proporcionar as realizadas pelos alunos para melhoria do
aprendizagens necessárias para o cotidiano escolar. Todos projetos são
desenvolvimento dos alunos com vistas a realizados com a participação dos alunos e
equidade social. ocorrem durante o ano letivo, às vezes
simultaneamente.
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O currículo se desenvolve a partir da prática pedagógica e é no cotidiano escolar que se
forma este ou aquele tipo de sujeito.
É preciso possibilitar que os alunos sejam protagonistas de seu processo de aprendizagem,
expressando suas ideias, pensamentos e opiniões, considerando seus saberes e o território no
qual está inserido.
A partir daí, propor vivências de acordo com as necessidades e interesses dos alunos,
formando cidadãos conscientes e atuantes. Assim, na constituição do currículo há que se
questionar não só o que ensinar, mas também o porquê ensinar isso ou aquilo, buscando
propiciar aprendizagens significativas para formar o cidadão crítico que poderá livrar-se da
opressão da classe dominante e romper com a perpetuação das desigualdades sociais.
Nessa perspectiva, é essencial a autoavaliação institucional e a reflexão sobre o processo
de ensino e aprendizagem para desenvolver novas práticas e superar as dificuldades de
aprendizagem e de ensino.
Portanto, a escola como formadora de uma sociedade mais justa e igualitária precisa
buscar meios para que o currículo pensado se estabeleça no que de fato é vivido na unidade
escolar.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988.
BRASIL. Lei n. 11.274, 6 fev. 2006. Altera a redação dos art. 29, 30, 32 e 87 da Lei n. 9.394, de
20 dez. 1996, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, dispondo sobre a
duração de 9 (nove) anos para o ensino fundamental, com matrícula obrigatória a partir dos 6
(seis) anos de idade. Diário Oficial da União. Brasília, 7 fev. 2006.
FREIRE, Paulo. Professora sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar. 14ª ed. São Paulo:
Olho d’ água, 2003.
LIBÂNEO, José Carlos; OLIVEIRA, João Ferreira de; TOSCHI, Mirza Seabra. Educação
Escolar: políticas, estrutura e organização. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2009.
PACHECO, José. Fazer a ponte. In: OLIVEIRA, Inês Barbosa de. (org). Alternativas
emancipatórias em currículo. 2ª ed. São Paulo: Cortez, 2007.
PARO, Vitor Henrique. Administração Escolar: Introdução Crítica. 11ª ed. São Paulo: Cortez,
2002.
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SACRISTÁN, J. Gimeno. O currículo: uma reflexão sobre a prática. 3ª ed. Porto Alegre:
Artmed, 2000.
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RESUMO: Este artigo apresenta uma revisão bibliográfica que aborda o tema: A aprendizagem
matemática e o lúdico na educação infantil. Temos como objetivos para este estudo abordar os
principais aspectos sobre a aprendizagem matemática nos contextos da educação infantil além
da perspectiva lúdica de ensino dentro deste tema. Para o ensino da matemática nos primeiros
anos de escolarização, o caráter lúdico é extremamente importante, bem como a utilização de
diferentes materiais e estratégias para que a criança possa adquirir os conhecimentos necessários
para a construção das hipóteses matemáticas. As crianças quando acessam o ambiente escolar
devem ter acesso aos mais variados espaços de trocas e aprendizagens significativas, para que
elas possam viver ricas experiências e realizar descobertas. Os primeiros contatos das crianças
com o ensino da matemática serão o alicerce para as novas experiências e deverão considerar as
experiências que ela traz de seu ambiente familiar e os aspectos relacionados ao seu
desenvolvimento. Neste cenário buscamos destacar de que maneira o ensino de matemática
pode permear as práticas lúdicas na escola da infância e como as brincadeiras e jogos podem
trazer elementos e conhecimentos matemáticos.
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ou distração, o jogo nesta esfera relaciona-se Lima (2015), destaca que a História da
ao caráter pedagógico da ação de jogar, Matemática é importante no processo de
permeado por objetivos educacionais, que ensino e aprendizagem, pois o entendimento
podemos destacar como exemplos: impor da criação de conceitos e de que forma eles
limite e regras; desenvolver a autoconfiança, a foram introduzidos na ciência, torna-se
concentração e o raciocínio lógico; estimular a fundamental para se estabelecer conexões
criatividade, a afetividade, a construção do entre as demais linguagens, possibilitando
conhecimento e a aprendizagem significativa. perceber que as teorias de hoje foram
[...] a matemática pode dar sua contribuição resultado de grandes desafios dos matemáticos
à formação do cidadão ao desenvolver de antigamente.
metodologias que enfatizem a construção de Borin (1996), enfatiza que um dos motivos
estratégias, a comprovação e justificativa de fundamentais para a utilização dos jogos nas
resultados, a criatividade, a iniciativa pessoal, o aulas de Matemática seria a possibilidade de
trabalho coletivo e a autonomia advinda da diminuir os bloqueios e insegurança que alguns
confiança na própria capacidade para enfrentar alunos apresentam em relação ao ensino da
desafios. (BRASIL, 1998, p.27). matemática. A ideia do jogo neste contexto
Vygotsky (1994), aponta que a educacional não pode estar relacionada
aprendizagem precede o desenvolvimento somente aos aspectos de diversão ou distração,
infantil. Nesse sentido, ele precisa entender o jogo nesta esfera relaciona-se ao caráter
que a criança vem aprendendo, e antes de pedagógico da ação de jogar, permeado por
desenvolver suas próprias habilidades e objetivos educacionais, que podemos destacar
habilidades, ela passou pelo processo de como exemplos: impor limite e regras;
acumulação de conhecimentos, durante o qual desenvolver a autoconfiança, a concentração e
irá desenvolver os conhecimentos que o raciocínio lógico; estimular a criatividade, a
aprendeu de acordo com os procedimentos. afetividade, a construção do conhecimento e a
Segundo o autor, crianças menores de três aprendizagem significativa.
anos não têm capacidade de separar a Piaget (1978), destaca que o mais
realidade da imaginação porque tudo se torna importante na estrutura de jogo são as regras
sério. Porém, na idade escolar, o que devem ser respeitadas por todos os
desenvolvimento torna-se muito importante, envolvidos e com a aprovação de todos,
pois estabelece uma relação entre significado e podendo sofrer alterações de acordo com a
percepção visual, ou seja, entre o pensamento necessidade dos envolvidos no jogo. No jogo de
e as situações reais. Para ele “as necessidades regras, a criança passa a pensar no aspecto
e incentivos das crianças não podem ser coletivo e social, pois deve adequar-se àquele
ignoradas porque elas os colocam conjunto de regras ali estabelecidas. Neste tipo
efetivamente em ação, permitindo-nos de jogo, o individualismo é abandonado, pois
compreender seu progresso de um estágio de caso as regras não sejam cumpridas, o jogo
desenvolvimento para outro"(p.52). perde o seu sentido e a sua finalidade.
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Grando (2000), afirma que a atividade de Neste sentido as situações que propiciam à
jogo, no contexto do processo ensino e criança uma reflexão e análise do seu próprio
aprendizagem da Matemática, é apresentada raciocínio, devem ser valorizadas e estimuladas
ao aluno como uma ação real e séria, que no processo educacional de ensino e de
envolve compromisso e responsabilidade. Os aprendizagem, desta forma, o jogo no ensino
jogos fazem parte do contexto social e cultural da Matemática passa a ser um instrumento
dos alunos e, neste sentido, evidencia-se a importante nesse processo de assimilação de
necessidade de respeitar e valorizar os jogos já ideias e conceitos.
de conhecimento do aluno, sejam os Segundo Ferreira (2014), desenvolver o
tradicionais, seja os que vão sendo conhecimento das crianças, partindo da
culturalmente criados, desta forma, o resolução de problemas, pode ajudar na ligação
professor deve atentar-se para aqueles entre o conhecimento que a criança traz de seu
conhecimentos que os alunos apresentam a ele meio social e cultural e a sua compreensão dos
e trazem para o contexto da sala de aula. conteúdos que estão previstos no currículo de
A utilização de jogos no ensino da matemática, auxiliando na compreensão e no
Matemática pode proporcionar aos alunos o desenvolvimento de habilidades, utilizando o
desenvolvimento de diferentes habilidades, lúdico como recurso pedagógico.
além da aprendizagem dos conteúdos De acordo com os Referenciais Curriculares
curriculares, propriamente dito. O desafio Nacionais para a Educação Infantil (1998) o
proposto nos jogos de regras, por exemplo, ensino de matemática deve orientar a
instiga o aluno a desenvolver estratégias para formação do cidadão, para que tenha uma
que possa chegar ao resultado esperado, sendo formação que seja significativa para inserção
necessário atentar-se e compreender as regras no mundo do trabalho das relações sociais,
ali propostas, para resolver o problema em cultural que valoriza as crenças e o
questão, tendo como objetivo a vitória, conhecimento que se apresenta para a
utilizando-se do raciocínio lógico e das educação matemática, sendo assim um desafio
questões referentes a resolução de problemas interessante na vida desses alunos, pois eles já
para isso. vêm com uma bagagem de conhecimentos que
Os fundamentos para o desenvolvimento não pode deixar de ser aproveitados.
matemático das crianças estabelecem-se nos Assim sendo, é necessário que a escola
primeiros anos. A aprendizagem matemática esteja atenta à importância do processo
constrói-se através da curiosidade e do imaginativo na constituição do pensamento
entusiasmo das crianças e cresce naturalmente abstrato, ou seja, é importante notar que a
a partir das suas experiências [...] A vivência de ação regida por regras - jogo - é determinada
experiências matemáticas adequadas desafia pelas ideias do indivíduo e não pelos objetos.
as crianças a explorarem ideias relacionadas Por isso sua capacidade de elaborar estratégias,
com padrões, formas, número e espaço duma previsões, exceções e análise de possibilidades
forma cada vez mais sofisticada (PIAGET, 1978, acerca da situação de jogo, perfaz um caminho
p.73). que leva à abstração. Portanto, a escola deve
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A utilização de jogos no ensino da Matemática pode proporcionar aos alunos o
desenvolvimento de diferentes habilidades, além da aprendizagem dos conteúdos curriculares,
propriamente dito. O desafio proposto nos jogos de regras, por exemplo, instiga o aluno a
desenvolver estratégias para que possa chegar ao resultado esperado, sendo necessário atentar-
se e compreender as regras ali propostas, para resolver o problema em questão, tendo como
objetivo a vitória, utilizando-se do raciocínio lógico e das questões referentes a resolução de
problemas para isso.
A aprendizagem matemática é extremamente importante para o desenvolvimento das
crianças, pois desde muito pequena a criança tem contato com as situações que permeiam o seu
meio social, onde a matemática está presente em diferentes situações. A escola tem um papel
fundamental no sentido de auxiliar o aluno a construir os seus conhecimentos e levantar
hipóteses em relação aos conteúdos matemáticos, para que estes conteúdos sejam utilizados nas
diversas situações do cotidiano, dentro e fora da escola.
No contexto da Educação Infantil as atividades lúdicas devem ser frequentes no ensino da
matemática, promovendo um aprendizado mais eficaz e oportunizando as crianças experiências
de aprendizagem significativas, que contribuam para a aquisição de conhecimentos e para o
desenvolvimento de habilidades especificas desta área de conhecimento.
Com base nos autores pesquisados podemos afirmar que a abordagem construtivista
considera o brincar um elemento fundamental para o processo de desenvolvimento e
aprendizagem da criança, dado que esse seria uma forma da criança resolver problemas e
situações problemas que surgem a partir de sua interação com o meio. Com isso, o jogo é
valorizado no espaço educativo da criança na educação infantil.
Os jogos e brincadeiras abrangem grande parte do desenvolvimento da criança, quando
representam situações observadas no cotidiano, criando situações imaginárias confrontada com
o real e desenvolvendo suas capacidades e habilidades. Além de proporcionar uma aprendizagem
significativa as brincadeiras e os jogos, no contexto escolar, podem ser utilizados como
entretenimento e diversão e para o desenvolvimento de determinadas habilidades e
competências.
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REFERÊNCIAS
BORIN, J. Jogos e resolução de problemas: uma estratégia para as aulas de matemática.
São Paulo: IME – USP, 1996.
LIMA, Joaquim Neto Ferreira de. A importância da História da Matemática para as práticas
pedagógicas. Universidade Estadual da Paraíba. Centro de Ciências Exatas e Sociais
Aplicadas. 2015.
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RESUMO: O artigo abordado vai muito além da rotina de trabalho de um professor vai muito além
do que exigem as atribuições normais da função, um dos maiores problemas enfrentados
atualmente pelas escolas é a discriminação racial, herança do nosso trágico passado escravagista.
Este tipo de discriminação está enraizado dentro das famílias brasileiras o que ocasiona a rejeição
e bullying, ou seja, violência psicológica e até mesmo física contra alunos negros. Mediante a tais
situações lamentáveis ainda no século XXI, é evidente que se pergunte qual é o papel do professor
face a esse problema. Resta dizer que, o educador atua com vários cargos dentro de um ambiente
escolar e não só como o papel de professor, sejam eles: mediador de conflitos, grande gestor de
opiniões, e o, mas importante que é o exemplo de vida na conduta do aluno. É notável que ainda
hoje nos deparemos com tais situações que geram conflitos nas unidades escolares como, por
exemplo: uma criança branca que entra em uma escola pode estranhar a existência de um colega
negro sem necessariamente que isso caracterize preconceito, portanto é muito importante que
em primeiro momento o papel da família também é de suma importância, pois devemos
apresentar todos os tipos de etnias, deficiências, crenças e demais diferenças para nossas
crianças. E caso isso não seja tão eficaz, na maioria dos casos em que o professor intervém
rapidamente, os acontecimentos envolvendo estranheza de alunos a colegas negros não chegam
a virar problema, no mais ainda existe ocasiões em que uma criança branca se recusa firmemente
a sentar-se ao lado de um menino ou menina negra, negando-se a desenvolver qualquer tipo de
interação, e até dividir o banco do refeitório. Nos casos mais graves em que a criança apresenta
indícios de discriminação racial por outra criança, como deve o professor agir, os traumas que o
sentimento de rejeição e de exclusão podem causar em uma criança podem se tornar
1
Professora de Educação Infantil e Ensino Fundamental I na Rede Municipal de São Paulo.
Graduação: Licenciatura em Pedagogia.
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irreversíveis. Devemos defender que a cor de pele não é escolha e não poderá ser alterada por
vontade própria, sendo assim, analisando a situação, o educador precisa agir para resolver a
questão rapidamente e empregar a mediação de um problema que pode se propagar por toda a
classe e até ultrapassar os muros da escola.
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ou ações destituídas por pessoas, a este isolamento social em razão da etnia também é
determinado grupo ou pessoas, embora esses uma maneira de discriminação racial. Tratar
sejam os casos que costumam ser noticiados. alguém com base em estereótipos é uma
Por essa mesma razão muitas pessoas não conduta igualmente discriminatória.
enxergam atitudes suas ou de terceiras como
discriminatórias. O QUE DEIXAMOS PASSAR NO
Muitas vezes, algumas pessoas acreditam
veemente que se passar de um comentário DIA A DIA
infeliz ou de um comportamento rude, mas que Embora, quando nos deparamos com
não tem associação direta com a raça dos pessoas que possuem hábitos diferentes, e que
envolvidos, estará tudo bem, e que não vivem de maneira completamente distinta das
ofendeu determinado individuo. nossas, podemos ter um choque estrutural,
esse embasamento não deve de maneira
A lei considera discriminação de raça, ou nenhuma deixar interferir nas relações
racismo, os seguintes elementos: interpessoais, e muitas vezes deixamos certos
comportamentos passarem despercebidos.
• Recusar o fornecimento de bens ou Por fim, é essencial para dar fim a esse
serviços; sentimento, e esse magma, receio e a aversão
• Impedimento ou limitação a uma contra raças diferentes serem combatidas de
atividade econômica; pronto, com a compreensão de que, apesar das
• Recusar o aceso a locais públicos ou diferenças, temos muito em comum.
abertos ao público;
• Constituição de turmas ou a adoção de DESPREPARO DO PROFESSOR
medidas de organização interna nas
PARA ATUAR NO BOJO DAS
instituições de ensino usando critérios de raça;
• Condicionamento ou limitação de QUESTÕES ÉTNICO-RACIAIS
direitos; Muitos e muitos casos de racismo, dentro do
• Emissão de declarações que visam ambiente escolar vem sendo cada vez mais
ameaçar ou insultar um indivíduo ou um grupo cometidos, onde muitas vezes o profissional
por razões de raça. No mais, existem outras não consegue minimizar o problema por falta
formas de discriminação racial, um individuo de experiência, de qualificação e, até mesmo,
também pode ser descriminado em razão de por incapacidade em lidar com a diversidade.
suas crenças, expressões religiosas, idioma, O que pode vir a ocasionar uma violência
roupas, costumes e tradições. grave e gerar um trauma, o profissional a
Portanto, qualquer demonstração de respeito disso, sem saber como reagir em
aversão, seja por meio de palavras ou de ações, momentos em que exigem a sua intervenção
em relação à cultura particular de uma para que o problema não se torne uma
determinada população étnica ou de um único agressão mais séria, deve se portar de grandes
indivíduo é discriminação, incitar o ódio, conhecimentos nas lutas raciais empregar
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nos primórdios dos tempos o racismo ou a discriminação racial vem do século passado
carregado por muitas e muitas gerações dentro de um contexto histórico, mas poderíamos por
memorizar a situação e dizer que havia tais preconceitos, e que os mesmos ficaram somente em
livros.
No entanto, sabemos que da maneira que vamos avançando em práticas contra a
discriminação seja ela em qualquer local o ponto inicial é dentro das unidades escolares, tanto se
fala de discriminação que fora empregado uma grande prática que é o bullying dentro de um
ambiente escolar.
A classe da educação e unidades escolares tem empregado práticas e criado maneiras de
reprimir as práticas de discriminação dentro da escola, a resposta não será satisfatória, pois cada
vez mais tem esse tema tido como pauta nas redes sociais e mídias sociais, dizendo contra o
racismo formas igualitárias de trabalho não só no ambiente escolar e sim na sociedade. Ou seja,
ainda não é o suficiente para estes episódios acabarem, estamos muito longe de almejar o final
de um contexto tão segregado de sofrimento tendo seu fim tão próximo.
Portanto, não podemos simplesmente inserir maneiras de lembrar datas históricas um dia
contra a luta dos negros, pois se faz necessário 365 dias de atenção de luta, não só contra a pratica
do racismo, mas sim o agravamento da classe e o respeito que verdadeiramente se faz necessário,
a escola sempre foram e serão um cenário de aprendizado sejam elas de educação, das matérias
sociais, quanto de educação histórica, respeito, na compreensão dos que necessitam, o ambiente
escolar tem que ser mix de boas práticas sejam elas do corpo diretivo, dos professores e dos
alunos.
Poderíamos tão somente dizer que as falhas vêm somente dos educadores ou somente
das escolas, mas na prática não é isso que ocorre, alguns professores não tem autonomia para
inserir grades curriculares e praticas na pauta escolar, e por muitas vezes ficam presos aos ensino
ultrapassado. Assim fecham os olhos para algumas situações por não saberem como se portar
diante daquela determinada situação.
Resta ainda dizermos que os familiares também tem grande influencia, na educação mas
já sofreram contra praticas discriminatórias que acabam deixando de lado quando ocorre com
alguém de sua família, a discriminação enraizada, dentro de todo o ambiente escolar deve ser
exterminada, e para lutarmos contra isso se faz necessário a presença veemente de todos,
educadores diretores, profissionais da educação e principalmente os alunos, os vilões não são
somente o corpo escolar.
A inclusão de práticas contra a discriminação tem que ser respeitadas por todos e em todos
os locais, trabalhando incansavelmente contra teremos uma escola mais feliz e
consequentemente uma sociedade livre de preconceitos.
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REFERÊNCIAS
BLOG VITTUDE. O que é discriminação racial. Disponivel em: https://www.vittude.com/blog/o-
que-e-discriminacao-racial-como-e-no-dia-a-dia/ Data de Acesso: 30/03/2022.
SITE, Brasil Escola. O papel da escola contra a desconstrução do racismo. Disponivel em:
https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/educacao/o-papel-escola-na-desconstrucao-racismo-
preconceito.htm. Data de Acesso: 30/03/2022.
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RESUMO: Um ensino de qualidade conta com uma gestão participativa que está sempre
envolvida com o dia a dia das crianças e dos educadores. A educação infantil demanda uma gestão
focada nas necessidades das crianças, pois são muito pequenas. Dessa forma, o trabalho
pedagógico junto com todas as áreas da escola permite o bom desenvolvimento do aprendizado
dessas crianças, pois esse aprendizado deve focar em atender as necessidades e as expectativas
dos pequenos. Esse artigo irá demonstrar os desafios da gestão escolar e o bom desenvolvimento
do trabalho pedagógico em equipe, porque é preciso que toda unidade escolar tenha o mesmo
objetivo, que é fazer a criança se sentir importante no ambiente em que está estimulando seu
conhecimento no processo educativo. Para isso estudou-se autores como: Libâneo (2008);
Campos (2013); Kramer (1999), entre outros.
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A escola precisa refletir sobre sua intenção caminho envolvendo professores, alunos,
educativa, precisa buscar autonomia e funcionários, pais e toda comunidade.
qualidade para a integração de todos os setores Assim ela se transforma em uma instância
de forma que possa resolver todos os educadora e o trabalho nessa instituição de
problemas que surgirem. ensino passa a ser um espaço coletivo de
De acordo com a LDBN (1996), no Artigo 2º: aprendizagem, transformando-a em uma
Os estabelecimentos de ensino terão a unidade escolar de concepção crítico-reflexiva.
incumbência de elaborar e executar sua ... a liberdade não deixa de ser liberdade
proposta pedagógica; administrar seu pessoal e pelas relações interpessoais e sociais que a
seus recursos materiais e financeiros; assegurar limitam, a autonomia por considerar a
o cumprimento dos dias letivos e horas-aula existência e a importância das diretrizes básicas
estabelecidas; articular-se com as famílias e a de um sistema nacional de educação. A
comunidade, criando processos de integração democracia sustenta-se em princípios de
da sociedade com a escola. Em seu Artigo 13º, justiça, igualdade, participação e autonomia.
prevê que os docentes incumbir-se-ão de (SAVIANI, 1999, p. 99).
participar da elaboração da proposta Ao ter autonomia para a construção do
pedagógica do estabelecimento de ensino. Plano Escolar, o professor será uma pessoa
(BRASIL, 1996, p. 12). mais crítica e reflexiva, pois atuará de forma
Assim, é preciso pensar na escola como um concreta nas relações sociais, éticas, políticas e
local de aperfeiçoamento contínuo de seu escolares.
Plano Escolar, dando destaque às práticas Ele não pode deixar de acreditar que essa
educativas, no plano pedagógico e construção se constitui da subjetividade dos
administrativo. agentes educacionais, pois todos os segmentos
Quando os professores participam da da escola estão relacionados com as práticas
solução dos problemas e das decisões, isso os cotidianas.
incentiva, porque sentem-se mais responsáveis A reestruturação das práticas pedagógicas é
pelo que acontece na unidade escolar. uma questão de sobrevivência no dia a dia da
Por mais iluminada que seja a tomada de unidade escolar, mesmo sendo complexa,
decisão individual, se não for socializada, ela ambígua e às vezes conflituosa precisa estar de
corre o risco de morrer com quem a descobriu acordo com o contexto histórico concreto no
ou ter dificuldade de ser implementada na qual a escola atua.
prática. A imposição das descobertas pessoais Esse contexto histórico não é atual, existem
dificilmente compromete o coletivo com sua pesquisas sobre toda organização da escola,
execução e com seus resultados. (RAMALHO, pois faziam parte de uma administração
2000, apud, NUNES, 2005, p. 13). marcada pela burocracia que a tornava
A escola precisa poder tomar decisões sobre parecida com as administrações empresariais,
seus objetivos e a forma de organização de seus esses estudos eram chamados de
espaços. Dessa forma, ela irá traçar seu próprio Administração e Organização Escolar e não
davam conta da parte Pedagógica da escola.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pontuou-se nesse estudo questões que são de suma importância para os gestores,
questões para que se priorize a melhoria da qualidade do ensino na Educação Infantil, pois estão
relacionadas à qualidade das práticas pedagógicas, às condições de trabalho nas instituições e à
formação continuada dos professores.
A meta do gestor é desenvolver junto à equipe e à comunidade escolar um trabalho
diferenciado, despertando um sentimento de comprometimento em todos os envolvidos no
processo educativo.
A qualidade do trabalho é comprovada quando as crianças se sentem motivadas e felizes
com o aprendizado, pois os conhecimentos adquiridos são visíveis para toda equipe escolar.
Sendo assim, esse artigo mostrou os desafios da gestão e da equipe escolar aplicados às
práticas pedagógicas e às condições de trabalho, E, quando esses desafios são superados a
qualidade do ensino melhora e os resultados alcançados confirmam que o trabalho coletivo e
democrático é a melhor maneira de se alcançar o sucesso na Educação Infantil.
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REFERÊNCIAS
ANTUNES, Celso. Projetos e Práticas pedagógicas na Educação Infantil. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2012, p. 35.
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em Destaque. Cadernos de Pesquisa, v. 43, n. 148, p. 27, jan/abr, 2013.
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LIBÂNEO, José Carlos. Organização e Gestão da Escola: teoria e prática. 5ed. Goiânia:
Alternativa, 2008, p. 15 – 105.
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Manual Diagnóstico e Estatístico de este, que desaparecer para que se possa voltar
Transtornos Mentais, DSM-5 (2014), apresenta à normalidade. Para a Psicanálise, o sintoma
tal intersecção como Transtorno de Sintomas tenta cumprir a função de equilíbrio, ele é uma
Somáticos descrevendo-o entre seus critérios formação de compromisso inconsciente
diagnósticos. Enfatiza-se aqui não a forma tornando-se, portanto, alívio e angústia, sendo
como eles se apresentam, mas sim como são difícil de dissolver/resolver porque oferece
interpretados. Nesse caso, a problemática se uma solução ao desejo e à pulsão (OCARIZ,
configura numa dificuldade dobrada, já que 2003), compreendendo o fenômeno humano
num primeiro momento há a percepção do como um choque de forças intrapsíquicas
profissional que avalia e há a auto percepção inconscientes e que sofre, em sua constituição,
do sujeito que sente/vive. interferências diretas da sociedade em que tal
As representações de saúde e doença para sujeito está inserido.
os sujeitos apresentam diferentes ordens de Não devemos esquecer que dado o campo
realidade quando analisada a cultura ocidental social e suas problemáticas de ajustamento
por exemplo, pois nela o conhecimento sobre o para sobrevivência, o sujeito enfrenta questões
corpo é fragmentado em redutoras coletivas inerentes do convívio com outros da
perspectivas teóricas, ou seja, o campo sua espécie. Sendo assim, Dunker (2011),
biológico, psíquico e social. De modo esclarece que, além da relação mente/corpo,
semelhante, o atual conceito de doença baliza- os sintomas são resultados dessa díade por
se por uma visão cartesiana de corpo meio de um conflito psíquico. O autor enfatiza
desvitalizado que não inclui o homem em sua ainda que há um sentido da experiência pessoal
integralidade (CZERESNIA, 2007). ao sujeito que se configura no sentido de signo
Cada sujeito possui um corpo, e para esta de um processo patológico de adoecimento e
análise nos ateremos a dois tipos, que, por vezes, não nomeados coletivamente
especificamente. Primeiro o corpo vivido, acabam por não se encaixarem dentro de uma
experienciado e pessoal, aquele que o próprio justificativa diagnóstica que os satisfaça.
sujeito preza como se fosse seu próprio ‘Eu’, Com tal definição de sintoma, percebe-se
que tem enorme valor narcísico e que mantém também que a problemática do reducionismo
guardado tudo o que o constitui protegido por no modelo biomédico acima descrito estende-
fronteiras, sendo sua estrutura física a primeira se na atuação dos profissionais da Psicologia,
dentre tantas. Seria esse assim o corpo isto porque se analisarmos as sintomatologias
biológico. E o corpo concebido pela Psicanálise do ponto de vista social, percebemos que os
trabalhado pelas pulsões (ÁVILA, 2012). casos histéricos e obsessivos abundantes na
Dessa forma, o primeiro desafio é explicitar época moderna, e vastamente estudados na
as diferenças em relação ao sintoma. Para a academia freudiana, divergem das
medicina o sintoma é uma ruptura, uma falha e enfermidades contemporâneas que
uma quebra na homeostase do corpo, é um “dominam” estatisticamente os quadros
sinal de que algo no campo biológico não vai psicopatológicos tratados pelos profissionais
bem e/ou não funciona adequadamente tendo, de saúde mental, bem como o espaço nas
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simbólicos que pudessem oferecer subsídios três tempos, sendo o primeiro a identificação
psíquicos na vida das pessoas (elaboração). da criança como o falo materno, o segundo o
Na contemporaneidade os objetivos a serem deslocamento de ser para ter o falo, a partir da
perseguidos são, segundo Bauman (2001), interdição paterna e, finalmente, o terceiro
frágeis e mudam com frequência, as tempo a ameaça da castração.
instituições, referência, estilos de vida, crenças Tendo em vista estes tempos previamente
e convicções mudam antes que tenham tempo descritos, na modernidade o desenvolvimento
de se solidificar em costumes, hábitos e clássico edípico se concluía no reconhecimento
verdades evidentes. Dado isso, a liquidez social da castração fazendo com que houvesse uma
pode ser evidenciada no núcleo familiar, pois valorização do pai (metáfora paterna) e um
constitui-se em novas configurações, bastante amparo simbólico instituído. Nesta sociedade,
diferente da família nuclear moderna, sendo o sintoma era caracterizado por uma conversão
como em outros aspectos, fluida. desenvolvida pela relação da farta simbolização
Como atualmente não há mais regras claras frente aos padrões sociais preestabelecidos e
a seguir, cada indivíduo decide tudo por si e confrontantes ao desejo.
segundo seus próprios valores, não mais de Por sua vez, na contemporaneidade a trama
acordo com um valor socialmente edípica mantém traços do primeiro tempo pois
compartilhado. Esta suposta autonomia já não há modelos parentais tão bem
desenvolve uma fantasia de que os sujeitos, delineados principalmente quanto ao papel
homens e mulheres, devem enfrentar de interditor paterno. Por consequência, o
maneira individual qualquer contratempo que psiquismo não desenvolve um conteúdo
lhe apresente frente ao seu desejo simbólico consistente, levando o sintoma
enquadrando-se em assumir seu papel de pai, instaurar-se como um modelo somatizador,
mãe e filho (BIRMAN, 2007). pois essa depleção faz com que a satisfação do
Deste modo, enquanto na tríade criança- desejo seja investida diretamente no corpo e
mãe-pai durante o Complexo de Édipo não no plano simbólico. É preciso ressaltar, no
freudiano, a castração como função interditora entanto, que o enfraquecimento paterno no
paterna é o evento que se traduz pela contexto edípico não significa que o sujeito
impossibilidade da fantasia de completude do tenha dissolvido Édipo pela via psicótica, mas
desejo, culminando em subsídios elaborativos sim na possibilidade neurótica e imaginária
simbólicos, na contemporaneidade a relação onde a castração poderia ser negada
criança-mãe não é plenamente frustrada pelo desenvolvendo um supereu perverso e,
pai, fazendo com que o sistema de valores portanto, mais “materno”. E é justamente uma
simbólicos que alimentava o supereu freudiano interdição paterna simbólica consistente o
inverta- se, transformando o imperativo das responsável por expulsar os limites do
interdições em imperativo do gozo, isso dentro impossível e dando consciência de que nem
da perspectiva lacaniana. tudo é permitido, desenvolvendo nossa
Aprofundando o conceito do Complexo de capacidade de simbolizar a falha, a falta, o gozo
Édipo freudiano, Lacan o define como tendo (ROUDINESCO, 2003).
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Porém, o fracasso de uma experiência de explicar tal falha, devemos nos lembrar de que
gozo absoluto é o que, para Lacan, assegura a como o sujeito contemporâneo mantém
durabilidade do desejo e o mantém vivo. Mas fortemente a primazia da primeira fase edípica,
como a atual lei é o imperativo do gozo, o ou seja, em ser o falo, não sendo instaurado
conflito e o desamparo inerentes ao neurótico plenamente o registro simbólico.
não são mais suportáveis. A tentativa de Embora o registro simbólico seja definido a
invalidar o desprazer de maneira a gozar partir da referência ao falo o que funda
irrestritamente leva o sujeito à morte. A propriamente a dissimetria entre os sexos, ou
contemporaneidade trata-se de uma cultura da seja, o que propicia uma abertura nessa
pulsão da morte em que o prazer não é mais fórmula fechada do simbólico é exatamente o
controlado e a busca por ele torna-se o fato de o lado feminino ser “não-todo”. Nesse
propósito máximo da vida. sentido, segundo Lacan (2012), a mulher se
Complementando a estas transformações, situa a partir de que não são todos os que
Dunker nos diz que enquanto a subjetividade podem ser ditos como verdade em função de
moderna era baseada na lei e tinha como afeto argumentação no que se enuncia sobre a
fundamental a culpa, quando passamos para função fálica. Mas para sustentar essa abertura
uma subjetividade contemporânea construída que garante, ao mesmo tempo, um limite ao
pela potência, há uma espécie de interiorização simbólico e um acesso ao gozo é necessário
do seu parâmetro de autorrealização, tendo pressupor que a mulher não existe. Porém,
por sentimento não a culpa, mas a vergonha. A como a contemporaneidade enaltece o
culpa é instituída pela lei, enquanto a vergonha feminismo simbólico, a “não existência” da
é instituída por si mesmo. E isso é muito mais mulher proposta por Lacan favorece a depleção
congruente com a experiência de que o sujeito simbólica recorrente nos casos
cruzou uma fronteira interna e que não psicopatológicos encontrados na atuação
consegue referir a uma lei do Outro que a clínica, por exemplo.
represente, ou seja, a vergonha é a resposta à Podemos considerar, então, que as atuais
frustração em não se estar à altura dos ideais psicopatologias são respostas ao conflito
que o seu próprio supereu materno perverso constituído pelo diálogo do psiquismo com a
estabeleceu. Essa nova forma de expressão de cultura contemporânea, por meio de um
liberdade existencial é uma experiência cada supereu perverso “materno” que impõe a
vez mais guiada de que o sujeito consegue e potência do gozo; e que seus sintomas
deve construir seus próprios parâmetros de apresentam-se como as formações de
realização, sendo assim muito mais sádica e compromisso neuróticas primitivas do primeiro
perversa (DUNKER, 2017). tempo edípico, não simbolizadas diante de tais
O conflito gerado pelos mecanismos acima imposições de gozo, como resposta pulsional
expostos são transversalmente atravessados de morte a tal conflito contemporâneo
pela característica ‘falha simbólica ou constitutivo, como os quadros depressivos
depleção’ presente na contemporaneidade (impotência) e ansiosos/compulsivos
para a constituição dos sintomas atuais. Para (potência).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A intersecção dos termos pesquisados e suas descrições explicitam a importância dos
fatores socioculturais e metapsicológicos integrados como desencadeadores no processo de
manifestação e desenvolvimento do sintoma psicossomático, por exemplo. Isto porque há a
necessidade de se construir uma sintomatologia voltada a subjetividade do sujeito e entendê-lo
de modo mais profundo e individual.
Sendo assim, houve a necessidade desta contextualização pois foi perceptível que apesar
do determinismo psíquico, as transformações socioculturais causam um impacto significativo na
constituição do eu. Não somente nos mecanismos de defesa, nas formações de compromisso,
nas conversões e somatizações, dentre outras formas em que as psicopatologias se apresentam,
mas principalmente na configuração do desenvolvimento superegóico, antes paterno, agora
materno.
Portanto, um recorte social foi necessário a fim de se procurar estabelecer respostas que
servissem de norteadores quanto a manifestação e formas de instalação sintomatológicas diante
das diferenças da época Moderna para a Contemporânea.
Do social ao individual, a família contemporânea foi considerada o elo que condensa as
características da contemporaneidade no desenvolvimento subjetivo do eu e que abre as
possibilidades para as formações psicopatológicas frente à liquidez contemporânea.
Após todas essas considerações, pôde-se verificar que o sintoma contemporâneo, dentre
outras características subjetivas, se desenvolve diante da estruturação psíquica, do declínio da
figura paterna e a consequente depleção simbólica, preservando no supereu a representatividade
da cultura perversa e de enaltecimento fálico, impondo ao sujeito (criança) contemporâneo o
sofrimento do imperativo do gozo. Com este quadro, aos diferentes profissionais da área saúde,
cabe uma atuação fragmentada na construção de um saber integral e congruente que contribua
no processo das diversas nuances do sintoma e sua elaboração. Aos psicólogos/psicanalistas mais
que a escuta psicanalítica os compete o amparo simbólico exigido inconscientemente pelo
paciente.
É importante ressaltar que apesar dos delineamentos aqui percorridos para uma
metapsicologia contemporânea, não podemos considerá-la como uma etiologia restrita para o
fenômeno sintomatológico da atualidade. Considerar isso seria incongruente com toda a
complexidade da subjetividade humana e seus desdobramentos psicopatológicos.
Conclui-se, finalmente, por meio desta análise, que tanto as transformações culturais da
sociedade contemporânea quanto as transformações subjetivas do sujeito nela instituído
apresentam tais mudanças não somente como constitutivas nas atuais sintomatologias, mas no
mecanismo de todas as relações do Eu que se dão de forma fantasmática, seja por vias esperadas
ou patológicas.
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
REFERÊNCIAS
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
RESUMO: As cantigas fazem parte da rotina da Educação Infantil por isso a escolha deste tema:
”O trabalho com cantigas de rodas na Educação Infantil”. Este trabalho tem como objetivo
possibilitar a coleta de informações, trazendo suporte teórico e visando um olhar criterioso em
relação à importância das cantigas para as crianças. A princípio, aborda-se a importância do
professor inserir em suas atividades as cantigas de roda, pois, as mesmas trazem muitas
vantagens para o desenvolvimento da criança. A partir das teorias apresentadas no estudo é
possível entender que o lúdico, do qual faz parte às cantigas de roda têm interpretado um
importante papel nas atividades educativas, em especial na Educação Infantil, pois por meio da
brincadeira e do encantamento com as cantigas as crianças podem vivenciar diversas situações
que ainda não conhecem. No caso das cantigas de roda, sua musicalidade, poesia, ludicidade e
apresentação de aspectos folclóricos é evidenciada uma efetiva contribuição para o
desenvolvimento emocional e cognitivo das crianças. A valorização das cantigas de roda na
educação infantil e seu favorecimento social entre os alunos e o ambiente da escola são
destaques neste trabalho.
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Professora de Educação Infantil e Ensino Fundamental I na Rede Municipal de São Paulo.
Graduação: Licenciatura em Pedagogia.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
As cantigas populares fazem parte do patrimônio cultural da humanidade. De forma geral,
são músicas associadas ao folclore. Ou seja, às tradições, costumes e até lendas de um povo. Por
isso, costumam ser cantadas em momentos de roda ou cirandas, por exemplo. E não são
exclusivas de uma ou outra cultura: as cantigas estão presentes em diversos países e
comunidades tradicionais ao redor do mundo. Assim, as cantigas populares são como histórias
cantadas, que praticamente todo mundo conhece por tê-las aprendido em algum momento da
vida. Fica claro que as cantigas de roda por meio do lúdico auxilia no gosto pela aprendizagem,
aquisição de conhecimentos, contribuindo assim para o bom desenvolvimento da criança. Pois o
lúdico resgata o prazer pela aprendizagem, proporcionando um contato prazeroso com a
linguagem, a escrita e a leitura.
Verificam-se que as cantigas de roda podem ser útil tanto como suporte pedagógico como
no entretenimento, das crianças, além de contribui para o processo de desenvolvimento da
aprendizagem das mesmas. Dessa forma concluímos que as Cantigas de Roda estão relacionadas
com o estímulo a imaginação, concentração, criatividade e memória. E fazem parte do cotidiano
e principalmente do dia-dia das crianças.
E assim, se explica a presença das atividades com música (Cantigas de Roda) na sala de
aula e particularmente na educação infantil. Portanto, é preciso deixar que as crianças brinquem
de cantiga de roda no espaço escolar, é preciso aprender a rir, a inverter a ordem, a representar,
envolvidos na simbologia, a imitar, a sonhar e imaginar com elas. Dessa forma, abrem-se o
caminho para que adultos e crianças, possam. Dessa forma cabe a observação de que o uso das
cantigas de roda no processo de ensino e aprendizagem nas escolas mais atuais, é uma realidade
que antigamente não se tinha, o que permitia ao canto orfeônico ser até então o único meio de
valorização de trabalhar a música nas escolas mesmo que em meio a objetivos políticos, e assim
a educação musical foi ganhando seu espaço e buscando novas formas de ensino para trabalhar
a música nas escolas.
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REFERÊNCIAS
ARAÚJO, Adriana Lopes de. et al. A música e a pré-escola. Disponível em:
<www.faced.ufba.br>. Data de Acesso: 21/03/2022.
CASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário do Folclore Brasileiro. 10. Ed. São Paulo: Editora
Global, 2001
GASPAR, Lúcia. Brincadeiras de roda. Pesquisa escolar online, Fundação Joaquim Nabuco,
Recife, set 2010.em <http://basilio.fundai.gov.br/pesquisaescolar>. Data de Acesso: 21/03/2022.
HUIZINGA, JOHAN. Homo Ludens: o jogo como elemento da cultura. Trad. João Paulo
Monteiro. São Paulo: Perspectiva, 1990.
Machado, A. M. (org.) (2001). O Tesouro das Cantigas para Crianças. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira.
PAIVA, Ione Maria R. de. Brinquedos cantados / Ione Maria R. de Paiva – Rio de Janeiro: 3ª
edição: Sprint,2003.
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RESUMO: Este artigo objetiva teve como objetivo discutir a prática do uso da arte como parte do
desenvolvimento e do aproveitamento escolar do aluno com deficiência. Assim, foi realizada uma
compilados de práticas do uso da arte com junção da regência regular, verificando, junto ao
professor especializado, quais estratégias eram melhor aplicadas de acordo com a deficiência do
aluno, onde neste processo foi utilizado para subsidiar o trabalho pedagógico o perfil do aluno
com deficiência, considerando sua idade, laudo de deficiência, grau de dificuldade do âmbito em
que está inserido, para que assim possamos atuar com eliminação de barreiras para seu
desenvolvimento e inclusão. Para isso foi criado uma sala ambiente com atuante nas quatro áreas
de educação especial (deficiência auditiva, física, mental e visual), na sala de recurso
multifuncional, explorando classes comuns do Ensino Fundamental I e Ensino Fundamental II da
rede de escola pública do Município da Cidade de São Paulo. As ações foram registradas em
cadernos de atividades, fotos e vídeos, sendo estas classificadas por meio de categorias do âmbito
da arte em sua prática (música, teatro, artesanato manual, jogos e lúdico). Os resultados apontam
que ocorreram diferenças significativas entre a interação, proatividade, autonomia e
relacionamento dos alunos com deficiência no ambiente escolar, seja com relacionamento com
colegas de sala, professores e outras da rotina pedagógica em que está inserido, considerando
assim a confirmação de uma educação especial em uma perspectiva inclusiva. De outra forma
ainda nos deparamos com transitar sobre outras barreiras, a importância de todo corpo docente
ir preparado à sua regência lembrando do seu aluno com deficiência, sendo sim a inclusão e
equidade possível.
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e raciocínio para o mundo. Nesta perspectiva, a Vale lembrar que, com a LDB de 1996, a
escolha de abordagem tem um fator necessário Educação Especial passou a ter um capítulo
para seu estudo e prática, a busca pela exclusivo – o capítulo V –, apresentado em três
educação especial na perspectiva inclusiva, artigos que caracterizam a modalidade de
onde garante-se um momento específico com ensino:
professional especialista à oportunizar Essas ações vêm sendo impulsionadas pelo
aprendizado de qualidade e equidade ao aluno Decreto nº 6.571, de 17 de setembro de 2008.
com deficiência, sendo individualmente e Ele destaca:
coletivamente. Art. 1º que União prestará apoio técnico e
financeiro aos sistemas públicos de ensino dos
EDUCAÇÃO ESPECIAL NA Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
objetivando ampliar a oferta do atendimento
PERSPECTIVA INCLUSIVA educacional especializado aos alunos com
No ambiente de educação especial, deficiência, transtornos globais do
podemos observar a constante evolução nas desenvolvimento e altas habilidades ou
leis, diretrizes e pensadores pedagógicos, em superdotação, matriculados na rede pública de
busca de não apenas explanar as ensino regular; salienta:
peculiaridades do mundo da pessoa com Art. 2º que o atendimento educacional
deficiência, mas também regras que obrigam o especializado deve integrar a proposta
atendimento de qualidade, com pedagógica da escola, envolver a participação
responsabilidade e cuidado que tais pessoas da família e ser realizado em articulação com as
merecem, tornando desta forma obrigatório o demais políticas públicas.
atendimento especializado, acessível e Art. 3º O Ministério da Educação prestará
equitativo à este público alvo. Tendo como apoio técnico e financeiro às seguintes ações
alguns exemplos diversos documentos voltadas à oferta do atendimento educacional
norteadores de política, ação e sociedade em especializado, entre outras que atendam aos
prol dos direitos da pessoa com deficiência objetivos previstos neste Decreto: formação
(“Declaração de Salamanca”, “Estatuto da continuada de professores para o atendimento
Pessoa com Deficiência”, “Estatuto da Criança educacional especializado; formação de
e do Adolescente” “LDB”). gestores, educadores e demais profissionais da
escola para a educação inclusiva.
a) Abordagem legal da visão Educação Pela necessidade de uma legislação
Especial: brasileira que contemplasse todas as garantias
E no que se refere à Educação Especial, a Lei indispensáveis a esse grupo social vulnerável,
nº 9.394/96 apregoa/reforça a universalização foi elaborado o estatuto da Pessoa com
da educação. Essa lei preconiza que os sistemas Deficiência.
de ensino devem assegurar aos alunos Estas legalidades tornam os direitos da
currículos, métodos, recursos e organizações pessoa com deficiência mais próximo da
para atender as suas necessidades específicas. prática, pois onde há uma sociedade repleta de
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docente, nesse exercício em sala de aula. Desta com a arte, podendo envolver música, teatro,
forma vemos que em 2007, foi lançado, pelo artes visuais e dança.
MEC, o Plano de Desenvolvimento da Educação Na rotina do atendimento educacional
(PDE), o qual merece maior atenção pela sua especializado, temos dois modos de
complexidade. Das ações previstas pelo PDE, atendimento, podendo ser individual ou em
para fins deste trabalho, destaco os grupo no contra turno ou seja, além do horário
direcionamentos dados à Educação Especial, os de aula do aluno, sendo hora extra na escola,
quais parecem caminhar paralelamente à ou no formato colaborativo com o professor
discussão que atualmente vem sendo realizada regular de regência no horário regular de aula
na área, no que diz respeito à efetividade da do aluno; Diante da análise do perfil do aluno,
transversalidade da Educação Especial no criação de vínculo com o mesmo, exploração de
ensino regular. Nesse sentido, são apontados suas habilidades, desejos de futuro,
pelo programa a utilização e a ampliação das reconhecimento das barreiras existentes no
Salas de Recursos Multifuncionais e de meio para seu desenvolvimento, contamos
acessibilidade; estas, com equipamentos, como ação prática, reflexão e ação, com uso de
mobiliários e materiais pedagógicos roteiro: objetivos, habilidades,
devidamente adaptados, além da indução, por desenvolvimento, atividade, recursos e
meio de recursos públicos à implementação da avaliação. Sendo aplicados recursos à
acessibilidade arquitetônica nas escolas. eliminação de barreiras em sua vida à inclusão
Contamos também como componente parte com uso de arte teatral (mídia e encenação),
da prática inclusiva o Plano anual, mensal e música (mídia, canto coral), artesanal (manual,
diário pedagógico, com a lida de uma colagem recorte, montagem, pintura, criação,
formatação de objetivos a longo prazo, exposição) foto e vídeo (montagem, poses,
conteúdos com sequência didática e estratégia exploração do ambiente, nomeações e
de acordo com o perfil o público alvo, nesta criações) e outros.
vertente que consideramos a pessoa com Para assim oportunizarmos constantemente
deficiência especificamente como objeto alvo à a inclusão, equidade nesse processo de
aprendizagem, buscamos a evolução de suas desenvolvimento humano e aprendizagem.
habilidades e inclusão de acordo com o que
realmente precisa, considerando como
aprendizado especificamente o que a faria
evoluída para sua rotina como ser humano
pertencente a sociedade. No contexto, prática,
materialidade, construção de algum material,
temos várias habilidades envolvendo o ciclo de
ensino e série de referência do aluno, e
sobretudo seu perfil como já citamos,
considerando sua deficiência, conteúdo
lidamos com quatro eixos básicos do ensino
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No percurso compreensivo, a abordagem do uso da arte na educação inclusiva, nos
remeteu à conclusão de uma ação quase que terapêutica, mas com foco pedagógico, onde a
atuação do professor especialista na educação especial, torna possível a participação do aluno
com deficiência, onde os objetivos traçados tem maior espaço de serem vividos, observados e
alcançados quando falamos de ação, reflexão e realidade de vida no ambiente escolar. Durante o
uso da arte, destacamos positivas participações nos quesitos de arte sendo: teórico-prático com
uso nas áreas de música e teatro, pintura e artesanato, jogos e ludicidade. Na rotina escolar,
verificamos o método de coleta de dados, adaptação de atividade dentro da proposta curricular,
utilizando de mapeamento com passos gradativos de ações em busca de resultados, estes os
quais remete na atuação ativa do aluno com autonomia de ação e/ ou apoio organizado
direcionado diretamente em sua vivência na escola.
Assim, consideramos com maior incidência, o público com a deficiência intelectual, e
verificamos a grande aceitação inclusiva tanto por parte do aluno do público alvo quanto dos
alunos regulares e professores envolvidos, onde de forma interdisciplinar atuamos com sucesso
à inclusão, abordagem de aceitação, eliminação de barreiras à uma vida inclusiva e observamos
o real avanço na aprendizagem, socialização e interação dos alunos envolvidos, com autonomia,
alegria e vontade de sempre ter mais experiências na comunidade escolar.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: nova LDB. (Lei n.9.394/96). Rio
de J Janeiro: Qualitymark, 1997.
MICKLETHWAIT, L. Para a criança brincar com arte: o prazer de explorar belas pinturas.
São Paulo:Ática,1997.
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Espera-se que com este estudo sobre a utilização do software modellus, seja evidenciado
o uso de simuladores em sala como uma alternativa viável. Ressaltando, é claro, que é uma
ferramenta deve ser utilizada como complemente as aulas teóricas, que a utilização do
computador e da simulação em sala de aula não pode substituir o professor, como também não
substitui o laboratório tradicional.
Por fim, espera-se que este trabalho possa proporcionar aos docentes de Física, subsídios
para utilização de simuladores. Como também demonstrar que o uso da tecnologia integrada aos
recursos didáticos, pode tornar o ensino da disciplina de física, mais dinâmico e interativo.
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REFERÊNCIAS
AMORIM, E. S. A.; SANTOS, F. E. A. O uso do software modellus como ferramenta auxiliar
no ensino de física: uma aplicação da cinemática. UFPEL, Rio Branco, AC, 2019. Disponível
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Data de Acesso: 22/02/2022.
ANDRADE, J.A.N. de; LOPES, N.C.; CARVALHO, W.L.P. de. Uma análise crítica do
laboratório didático de física: a experimentação como uma ferramenta para a cultura
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BONJORNO, J.R. et al. Física mecânica, 1° ano- 3. Ed.- São Paulo: FTD, 2016.
ENDERS, B. O que é modellus. Bernhard, 2016. Disponível em:
http://www.bernhard.com.br/disciplinas/simulacao-em-ensino-de-fisica/o-que-e-o
modellus#:~:text=O%ador3%ADsica%20e%20Qu%C3%ADmica. Data de Acesso: 22/02/2022.
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RESUMO: Este artigo objetiva demonstrar a importância dos jogos na Educação Infantil utilizando
o lúdico como ferramenta para gerar aprendizados e contribuir no desenvolvimento integral da
criança. Destaca também a importância no olhar do professor para a utilização dos jogos de forma
lúdica como um aliado a sua prática educativa associando o prazer e aprendizado, e assim
contribuir no desenvolvimento em sua perspectiva integral sendo afetiva, cognitiva, social e
motora. A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica. Concluiu-se que para que o professor
utilize os jogos de forma lúdica obtendo resultados significativos é necessário buscar o
conhecimento e aplicar em sua prática educativa para que por meio dos jogos as crianças tenham
o direito ao brincar garantido e possam aprender e desenvolver em diversos aspectos de forma
prazerosa e divertida.
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cognitivas, sociais e relacionais (BRASIL, 2018, a base para a vida adulta, uma vez que, tais
p.38). atividades trabalham juntos o físico e o
Por meio das brincadeiras, brinquedos e emocional da criança. Morais destaca que:
jogos as crianças se divertem e sem que A ludicidade na educação possibilita
percebam estão aprendendo e se situações de aprendizagens que contribuem
desenvolvendo em vários aspectos, na para o desenvolvimento, isto é, a brincadeira
socialização, a criatividade, imaginação, os com a finalidade de atingir objetivos escolares,
movimentos corporais, a lidar com regras e e também a forma brincar espontaneamente,
solucionar problemas, expressar emoções e envolvendo o prazer e o entretenimento, neste
assim contribuindo para uma infância sadia e, último o lúdico é essencial (MORAIS, 2009, p.8).
consequentemente para a vida adulta. Para Bacelar (2009):
De acordo com o Referencial Curricular Através de uma vivência lúdica, a criança
Nacional da Educação Infantil-RCNEI: está aprendendo com a experiência, de
As brincadeiras de faz-de-conta, os jogos de maneira mais integrada, a posse de si mesma e
construção e aqueles que possuem regras, do mundo de um modo criativo e pessoal.
como os jogos de sociedade (também Assim, a ludicidade, como uma experiência
chamados de jogos de tabuleiro), jogos vivenciada internamente, vai além da simples
tradicionais, didáticos, corporais etc., realização de uma atividade, é na verdade a
propiciam a ampliação dos conhecimentos vivência dessa atividade de forma mais inteira.
infantis por meio da atividade lúdica (BRASIL, (BACELAR, 2009, p.26).
1998, p.23). A brincadeira direcionada com objetivos
Para Pinto e Lima (2003): educativos ou livre sendo proporcionada de
A brincadeira e o jogo são as melhores forma prazerosa e divertida trazem mais
maneiras de a criança comunicar-se sendo um sentido para as crianças facilitando assim as
instrumento que ela possui para relacionar-se aprendizagens.
com outras crianças. É através das atividades A educação infantil, embora para muitos
lúdicas que a criança pode conviver com os ainda não tenha sua devida importância é a
diferentes sentimentos que fazem parte da sua base da formação sócio educacional do
realidade interior. Ela irá aos poucos se indivíduo e, por isso, as atividades lúdicas
conhecendo melhor e aceitando a existência contribuem em seu desenvolvimento
dos outros, estabelecendo suas relações sociais cognitivo, intelectual e social. Teixeira ressalta
(PINTO; LIMA, 2003, p.5). “as atividades lúdicas integram as várias
As atividades lúdicas não se limitam apenas dimensões da personalidade: afetiva, motora e
a brincadeiras e jogos na infância, também cognitiva” (TEIXEIRA, 1995, p.23).
experiências que sejam livre, que a criança Para possibilitar às crianças os benefícios por
disponha de autonomia sendo voltada para o meio da utilização do lúdico nas práticas
divertimento, possibilitando também educativas, é importante propiciar atividades
aprendizagens, a relacionar-se com o outro e que estimule o interesse, a socialização, criar
com o mundo, ampliando as habilidades que é um ambiente que favoreça a criação,
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Segundo Celso Antunes, em seu livro O jogo prazer, da capacidade de iniciação e ação ativa
e a Educação Infantil: falar e dizer, olhar e ver, e motivadora”.
escutar e ouvir (2017), do ponto de vista Segundo Antunes (2017), “a aprendizagem é
educacional a palavra jogo se afasta do tão importante quanto o desenvolvimento
significado de competição e mais social e o jogo constitui uma ferramenta
especificamente no sentido do divertimento, pedagógica ao mesmo tempo promotora do
brincadeira e passatempo, podendo até incluir desenvolvimento cognitivo e social enfatizando
uma ou outra competição, mas essencialmente que jamais se deve esquecer o aspecto do
visam estimular o crescimento e aprendizagens prazer e da alegria”. Ainda Antunes: “uma
em uma relação entre duas ou mais pessoas criança que joga, o faz porque se diverte, mas
com determinadas regras. Para Kishimoto dessa diversão emerge a aprendizagem e
(2017), “o uso do brinquedo / jogo educativo maneira como o professor, após o jogo
com fins pedagógicos remete-nos para a trabalhar suas regras pode ensinar-lhe
relevância desse instrumento para situações de esquemas de relações interpessoais e de
ensino – aprendizagem e de desenvolvimento convívio ético”.
infantil”. E Kishimoto enfatiza: “a utilização do Para muitos educadores, o jogo é uma
jogo potencializa a exploração e a construção importante ferramenta de aprendizagem no
do conhecimento, por contar com a motivação desenvolvimento do indivíduo em uma
interna típica do lúdico”. perspectiva afetiva, criativa, social e cultural. O
De acordo com a visão dos autores, o jogo professor ao utilizar o jogo em sua prática
utilizado com objetivos educacionais pode até educativa de forma lúdica, é importante
incluir a competição, mas sua premissa está no sempre estimular o prazer, o divertimento e a
divertimento visandoestimular o motivação para gerar na criança o interesse e
desenvolvimento infantil e as aprendizagens, seu envolvimento no jogo, trabalhando
na motivação que o jogo traz, na relação social também a interação, valores e a importância
e regras a serem cumpridas. Antunes enfatiza das regras não somente no jogo mas na vida.
(2017):
Não mais pode existir no educador a ideia RESULTADOS
classificatória de “jogos que divertem” e “jogos
Para utilizar o lúdico como ferramenta em
que ensinam” pois se o jogo que se aplica
sua utilização nos jogos na Educação Infantil o
exercita e coloca em ações desafios a sua
professor deve priorizar sempre o prazer e a
experiência, promove sua relação interpessoal,
diversão.
exaltando as regras do convívio, será sempre
A utilização dos diversos tipos de jogos
um jogo educativo e ainda que possa
geram aprendizagens e contribuem para o
simultaneamente ensinar e divertir.
desenvolvimento integral das crianças, mas é
Para Kishimoto (2010, p. 41), “utilizar o jogo
preciso refletir em como esses jogos estão
na educação infantil significa transportar para
sendo trabalhados.
o campo do ensino-aprendizagem condições
É importante que o professor tenha o
para maximizar a construção do conhecimento,
conhecimento para utilizar o lúdico nos jogos e
introduzindo as propriedades do lúdico, do
assim obter resultados significativos.
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Esse estudo teve como metodologia a pesquisa bibliográfica e traz a tona a importância
dos jogos utilizando o lúdico como ferramenta nas práticas educativas na Educação Infantil para
o aprendizado e o desenvolvimento integral das crianças.
Na infância por meio da atividade dos jogos as crianças desenvolvem a capacidade de
imaginar entrando em seu mundo imaginário imitando a vida adulta de forma simbólica criando
brincadeiras dando significados a objetos, sendo importante o professor fazer a mediação
proporcionando objetos que estimulem a imaginação, o convívio social e a motivação que o jogo
proporciona.
Todos os jogos utilizados de forma a estimular a interação, propiciar às crianças a
exploração de objetos, brinquedos e o ambiente, ampliando as experiências, trabalhando suas
regras de forma lúdica proporcionando sempre o prazer e a diversão promovem aprendizados
contribuindo no desenvolvimento em vários aspectos sendo cognitivo, afetivo, motor e social,
pois elas aprendem brincando.
Os autores evidenciam que, são muitos os benefícios em utilizar os jogos de forma lúdica
pois estimulam a socialização, criatividade, cooperação e desenvolvem habilidades no raciocínio,
entre outros, sendo fundamentais para o desenvolvimento pleno infantil, mas para que aconteça
é fundamental a mudança no olhar para a Educação Infantil que é a base para a vida adulta,
investir na formação dos professores, possibilitar recursos para que possam colocar em prática
os aprendizados garantindo às crianças seus direitos ao brincar, aprender e desenvolver em seu
aspecto integral. São muitos desafios no âmbito pedagógico e administrativo para que de fato a
utilização dos jogos enaltecendo a ação lúdica na Educação Infantil seja proporcionada às crianças
em sua amplitude.
Cabe a escola provocar a reflexão sobre essa prática educativa com seus educadores.
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REFERÊNCIAS
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fascículo 15/ Celso Antunes. 9 ed – Petrópolis, RJ: Vozes, 2017.
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Lisboa: Notícias, 1990.
FRIEDMANN, Adriana. Brincar, crescer e aprender: o resgate do jogo infantil. São Paulo:
Moderna, 1996.
PINTO, Gerusa Rodrigues; LIMA, Regina Célia Villaça. O desenvolvimento da criança. 6. ed.
Belo Horizonte: FAPI, 2003.
SANTOS, Santa Marli Pires dos. O lúdico na formação do educador. 5 ed. Vozes, Petrópolis,
2002.
SANTOS, Marli Pires dos Santos (org.). O Lúdico na Formação do Educador. 7 ed. Petrópolis,
RJ: Vozes, 2007.
TEIXEIRA, C. E. J. A ludicidade na escola. São Paulo: Ed. Loyola, 1995. VIGOTSKY, L. S. A formação
social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984.
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tanto, cunhou-se de uma análise na prática do professor de Sociologia em sala de aula traçando
dentro do posto de trabalho os quatro pilares da educação – (aprender a conhecer, aprender a
fazer, aprender a conviver e a aprender a ser). Nesse sentido, a proposta de intervenção na
prática quando arguido neste (projeto/estudo) foi o de buscar por meio de um diálogo pleno e
exitoso na prática do professor de Sociologia em formação focado dentre 3 (três) disciplinas de
cunho metodológico de pesquisa-ação/reflexão-ação, a saber: a Didática, a Metodologia e Prática
do Ensino da Sociologia e a Metodologia do Trabalho Científico. No mais, o mérito deste trabalho
- (artigo-trabalho/projeto) - consiste na atuação do professor de Sociologia ao passo que (o
favorecimento do conhecimento e da aprendizagem) esteja atrelado da necessidade do alunado
que estão no nível médio possam entender da urgência de (aprender a aprender) como um dos
resultados propostos para a sua realidade empírica do notório saber, pois as instituições do
presente século conclamam por novas (habilidades, conhecimentos e atitudes) gerando com esse
aparato uma nova ordem na prática do alunado de Sociologia e no dia a dia do professor de
Sociologia bem como do futuro profissional e suas competências. O estudo nesse (artigo-
trabalho/projeto) é de uma pesquisa do tipo bibliográfica e (aplicação/prática) de ensino do
professor de Sociologia quando em (ação-reflexão/prática) na sala de aula. Ainda a esse respeito,
a interdisciplinaridade neste trabalho serviu como um (aliado-chave) na condução da prática de
ensino nas três áreas do conhecimento e seu (diálogo-prático) de novas competências do
cotidiano e vida acadêmica para ambos – (alunos e docente), este último, quando atrelado ao seu
(ofício/professor) de Sociologia.
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to learn) as one of the proposed results for their empirical reality of the notorious knowledge,
because the institutions of the present century call for new (skills, knowledge and attitudes)
generating with this apparatus a new order in the practice of the students of Sociology and in the
daily life of the Sociology teacher as well as of the future professional and his competences. The
study in this (article-work/project) is of a bibliographical research type and (application/practice)
of teaching of the Sociology teacher when in (action-reflection/practice) in the classroom. Also in
this regard, interdisciplinarity in this work served as a (key ally) in conducting teaching practice in
the three areas of knowledge and its (dialogue-practice) of new skills of everyday life and
academic life for both - (students and teacher), the latter, when tied to their (craft/teacher) of
Sociology.
Keywords: Supervised Internship and High School. The Four Pillars of Education. Intervention
Proposal and Teaching Practice. Influence in the Formation of the Sociology Teacher. Professional
Future and New Competencies.
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meios sejam eles eletrônicos ou fisicamente. Por isso, o estágio tem esse propósito –
Igualmente, ressalta que na pesquisa (fazer com que a união dessas três disciplinas)
bibliográfica o autor busca informações para forme-se num (projeto/estudo) interdisciplinar
testar a sua problemática de forma que os cunhado na prática da sala de aula no
conhecimentos prévios sejam mais usuais e, (estudante/estagiário-não obrigatório) o
adiante mais, confirmados ou refutados. (p.32, sentido do fazer acontecer dentro de um
citado por FANTINATO, 2015, p. 20). modelo prático impessoal e contínuo. Muito
No todo e/ou em parte, a pesquisa surgiu da bem lembrado é possível destacar a seguir os
necessidade de se trabalhar o foco do estágio relatos dos autores quando citaram Vigotsky
na prática do professor de Sociologia, este, (2010) acerca do estágio supervisionado
licenciado pleno em Pedagogia, em especial, na quando na prática do professor de Sociologia e
condição de 2ª Licenciatura em Sociologia. assim advogaram:
Contudo, temos que, Para que o ensino seja eficaz, o aluno precisa
Segundo Elliott (1997, p.15), a pesquisa perceber a relação entre o seu conhecimento
prática-ação permite superar as lacunas prévio e o conhecimento que a ele está sendo
existentes entre a pesquisa educativa e a apresentado na escola. No entanto, está claro
prática docente, ou seja, entre a teoria e a que não existe fórmula pronta para alcançar
prática, e os resultados ampliam as resultados, é preciso praticar e a única forma
capacidades de compreensão dos professores de práticar antes de ir para a sala de aula já
de Sociologia e suas práticas, por isso como professor, é estagiando. (SOUZA; SILVA;
favorecem amplamente as mudanças, em VAZ, 2019, p. 5).
especial, no processo de ensinagem – (ensino e Aponta-se, aqui um modelo proposto para
aprendizagem) - do alunado em âmbito de os alunos de Sociologia, a saber: período da
estudo das ciências sociais como um todo. pandemia Covid-19, porém, a proposta
(citado por LUCIOLO; MENDES, 2015, p. 3/164, metodológica não é para aplicação e sim, como
grifo do autor). se o alunado fosse tomar por primazia o
No entanto, busca-se, com isto, um elo entre possível estágio supervisionado.
os autores e seus saberes num só propósito que Para tanto, cunhou-se dessa distância de
é o de fazer valer os 4 (quatro) pilares da entendimento partindo do princípio de que
educação num só plano pedagógico – (proposta somos pessoas maduras e adultas que
de estágio supervisionado) fazendo valorizar e necessitamos de outros modelos mentais que
influenciar na profissão docente de Sociologia e nos estimulem a criar e a inovar
na formação do aluno de Sociologia bem como constantemente. Ainda a esse respeito, estes
de suas práticas em sala de aula unindo mesmos autores fizeram questão de mencionar
esforços na busca das competências alinhadas esse quesito do estágio e, assim aludiram que
no aprender a aprender – (foco do primado dos este tipo de estágio distancia o alunado da sua
quatro pilares da educação). É de se perceber própria realidade (empírica/notório) saber, por
que ao longo dessa proposta de estágio uma isso, no olhar dos autores acima supracitados é
coisa é certa – (educar é ensinar a pensar). possível percebermos que:
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na arte de ensinar dos quatro pilares da fazer o aluno compreender a que a disciplina
educação. trabalha a complexidade do ser humano,
influenciando e sendo influenciado pelas
estruturas sociais, problematizando seus
A METODOLOGIA E PRÁTICA limites, suas contradições e suas diferentes
DO ENSINO DA SOCIOLOGIA E atitudes quando sujeito a um determinado
SUA INFLUÊNCIA DOS QUATRO momento ou situação histórica. O seu principal
mérito, resumindo, é nos conduzir a pensar
PILARES DA EDUCAÇÃO NA sobre as relações sociais (desiguais), as
FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE diferentes culturas, as políticas existentes no
meio social.
SOCIOLOGIA Olhando para a proposta de
A Metodologia e a Prática do Ensino da aplicação/intervenção prática desde o início
Sociologia também é atributo neste deste (projeto/estudo) de estágio é possível
(projeto/estudo) de estágio onde a proposta de enxergar que o autor tem sua verdade quando
(aplicação/intervenção-prática) na formação enfoca o papel da Sociologia. Daí se propõe
docente para a diversidade e a neste trabalho que seja elucidado a diversidade
interdisciplinaridade na formação do professor e a interdisciplinaridade como um dos pontos-
de Sociologia é a segunda base de aplicação na chave nessa proposta. Todavia, a Sociologia
prática do professor de Sociologia em formação não é matéria apenas dos Sociólogos.
neste (projeto/estudo). Para tanto, Por isso, a cultura da diversidade na
(LOURENÇO, 2008, p. 3/69) advoga que: formação do professor de Sociologia cai
O trabalho do Sociólogo é questionar os muitissimamente bem para este
problemas sociais, refutando as primeiras (projeto/estudo) e os temas transversais
impressões, e indo além das aparências, isto é, deverão estar em flexibilidade em detrimentos
provocar no estudante o entendimento que de temas quentes como a ética, a cidadania, a
por trás de um mundo manifesto se oculta um participação política, o respeito mútuo e a
mundo latente. Os fatos sociais não surgiram justiça bem como os temas frios, a
ao acaso foram construídos socialmente. solidariedade, o diálogo, a educação ambiental,
De fato, o autor acima citado é lúcido por nos a orientação sexual, etc. Todas essas questões
informar que os problemas sociais também são devem fruir de uma cultura social não somente
oriundos do Sociólogo onde o lúdico nem incutido no professor de Sociologia, mas em
sempre é manifestado. Tudo depende da forma todo aquele que por sua vez tem preocupação
como cada ser humano consegue enxergar o com o meio social.
mundo e as coisas. Por sua vez, na (p. 4/70) este Nesse sentido, disciplina de Metodologia do
mesmo autor afrma: Trabalho Científico deveria trazer desde o
O papel da Sociologia no Ensino Médio é a ensino médio na pessoa do aluno por meio do
desnaturalização, o estranhamento e a tomada ensino secular como uma injeção de ânimo
de consciência dos fenômenos sociais. Isto é, para a pesquisa (antes-durante-depois) de
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ingressar num mundo do trabalho ou até Para além deste, no nível médio este quesito
mesmo numa Universidade. Este é o apreço passa indiferente até mesmo por muitos de nós
dessa proposta neste (projeto/estudo) em ação educadores que por muitas vezes achamos que
e intervenção-prática do professor de nossos alunos não irão (aprender a aprender)
Sociologia. como bem assimila os quatro pilares da
educação. Ainda a esse respeito, isso implica
veementemente na disciplina de Sociologia, da
A METODOLOGIA DO Didática, da Metodologia e Prática de Ensino
TRABALHO CIENTÍFICO E SUAS em Sociologia e até mesmo no rol das
(Universidades/Faculdades).
MÚLTIPLAS COMPETÊNCIAS Contudo, o olhar vazio, o olhar indiferente é
PARA O ENSINO DE SOCIOLOGIA o que causa preguiça mental na sociedade. O
A Metodologia do Trabalho Científico e/ou fazer pesquisa desde o nível médio é um
da Pesquisa Científica eleva no aluno o cunho (elo/diálogo) entre o aluno do ensino secular e
da pesquisa como um todo. E esse é o objeto o aluno pesquisador. Pois quem não pesquisa
de estudo quando se fez a união desta não produz e muito menos faz ciência.
(disciplina/área) no (projeto/estudo) de estágio Desta forma, o (fazer/conhecer), o
apesar de que esta disciplina não existe no nível (fazer/fazer), o (fazer/conviver) e o (fazer/ser)
médio, mas é estudada nos cursos de é nos permitir do fazer ciência e isso tem
licenciaturas e nos foi solicitado que começo lá na produção de nível médio quando
escolhêssemos 3 (três) áreas e foi escolhido o professor de Sociologia passa um trabalho e
como uma proposta de muita ousadia para o mergulhamos na busca por resposta e isso
entorno do ensino médio quando da deveria acontecer desde os primórdios –
construção do saber notório de um aluno/a que (pesquisar a pesquisar).
sai do ensino médio já com um conhecimento Para compreender a riqueza desta proposta
mais aguçado do saber empírico de ensino, é necessário que analisemos previamente essas
pesquisa e extensão, este último quando três (áreas/disciplinas), em especial, a de
inserido na (graduação/licenciatura). Metodologia da Pesquisa Científica e/ou
Olhando por essa ótica ressalta-se aqui das Metodologia do Trabalho Científico onde o
palavras de Mário Quintana quando afirmou há aluno tem a possibilidade de contribuir com a
muitos anos atrás “o que mata um jardim não ciência. E como isso pode acontecer?
é o abandono. O que mata o jardim é esse olhar Pesquisando apenas... Ou seja, colocando em
vazio de quem por ele passa indiferente”. Cabe sua pauta outras 3 (três) diferentes dinâmicas
aqui destacar que o (tradutor/poeta/jornalista) que são: realidade, ciência e cultura.
já despertava certo interesse pela pesquisa. Para tanto, (BRUNER2 , 1988a, p. 103), citado
1
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existe um mundo real, único, preexistente à Nada está esgotado quando se trata de
atividade mental humana”. Nesse sentido, (...) conhecimento acadêmico. Todavia, nem
ainda assim o afirmou: “o mundo das sempre o conhecimento tem sido a mola
aparências é criado pela mente”. Com esta propulsora do homem/ciência e vice-versa.
afirmativa do autor estou ciente de que é pela Cada um carrega consigo que aprendeu ao
ciência (pesquisa) que a mente humana se longo do tempo. A dinâmica da sala de aula
constrói e evolui constantemente. deve ser dialógica/flexível onde todos possam
É nítido que conhecemos um mundo de aprender a aprender.
diversas maneiras, diversas atitudes, diferentes Por sua vez, este mesmo autor adverte que:
estruturas e diferentes representações e A aula deve tornar-se um fórum de debate e
realidades, porém, cabe aqui afirmar que é negociação de concepções e representações da
fazendo ciência que as pessoas começam a realidade. No entanto, ele assim afirma que o
pesquisar e no nível médio essa dinâmica aluno/a pode se envolver num processo aberto
deveria estar paulatinamente na concepção de de intercâmbio e negociação de significados
nossos alunos. sempre que novos conteúdos provoquem a
Todavia, a nossa realidade educacional é ativação de seus esquemas habituais de pensar
outra, a nossa ciência (pesquisa) anda em e atuar”. Ainda faz alusão a quê: “é necessário
constantes dúvidas e a cultura é sempre a provocar no aluno(a) a consciência das
mesma (cada tem a sua e ninguém faz nada pra insuficiências de seus esquemas habituais e o
mudar). Para confirmar o que se pretende com valor potencial de novas formas e instrumentos
essa terceira área/disciplina é possível de análise da realidade plural. Por outro lado,
analisarmos para o que afirmou (GÓMEZ, 2000) faz uma crítica aos professores e diz que
que: somente se poderá realizar esta provocação se
O conhecimento acadêmico não pode de o professor/a parte do conhecimento do
modo algum reduzir-se à transmissão dos estado atual do estudante, de suas concepções,
produtos históricos da investigação científica inquietações, propósitos e atitudes. Por fim, ele
ou da busca pela cognitiva da humanidade. O advoga que a orientação habitual na prática
conhecimento foi, é e será uma aventura para docente é, ao contrário, deve partir das
o homem, um processo carregado de incerteza, disciplinas e aproximá-las de modo mais ou
de prova, de ensaio, de propostas e retificações menos motivador ao aluno/a. (GÓMEZ, 2000,
compartilhadas, e da mesma maneira deve se pp. 9-10, grifo do autor).
aproximar do aluno/a, se não queremos Como podemos assimilar o autor faz severa
destruir a riqueza motivadora da descoberta. alusão acerca do propósito da pesquisa e
(p. 8). afirma que é possível que ambos estejam
comprometidos com as representações sociais.
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Este ainda alude que os docentes devem incutir que precisamos nos dias de hoje frente ao novo
nos alunos a vontade de pesquisar partindo das ensino médio.
disciplinas e aproximá-los o quanto necessário Ainda assim, ele alega que a pesquisa
e que a investigação por si só não anda se não promove no aluno certas capacidades que vão
houver uma (ação-reação-ação) por parte de desde a prática (pessoal) quanto ao (social)
quem ousa a pesquisar e produzir suscitando o questionamento das coisas por
conhecimento. meio dos porquês? e para quês? E, neste, estar
Desta forma (PESCUMA, 2008, p. 11), incutido os quatro pilares da educação que é o
reafirma que “a produção de novos (aprender a aprender) como seu maior foco. No
conhecimentos gera nas pessoas a necessidade entanto, ele afirma questionando que a
de uma constante atualização”. Já (LUNA, 1996, pesquisa não deve ser concebida apenas na
p. 5), também esclarece que “o papel do graduação, pós-graduação e, sim, desde a
pesquisador passa a ser o de um intérprete da educação infantil até o mais alto (grau/nível
realidade pesquisada”. Assim, é o aluno do educacional).
ensino médio. Cabe a cada um Por isso, é de se reafirmar neste
(fazer/acontecer) de seu jeito. (projeto/estudo) de estágio como a terceira
Este deve fazer pesquisa bem antes de (área/disciplina), a saber, a Metodologia do
ingressar na Universidade e o professor de Trabalho Científico perpassando desde o nível
Sociologia pode antecipar, estes, para o médio (entrada/saída) dos alunos para o
fomento da pesquisa com temáticas de cunho mercado de trabalho ou até mesmo o seu
“quentes” ou “frios” que desperte curiosidades ingresso em uma (Universidade/Faculdade).
de debates em sala de aula. Ou seja, por meio Em outras palavras, estes, devem estar
de um pequeno projeto ou de um seminário de preparados para novos conhecimentos como
pesquisa com breve discussão em fóruns e até bem assim advertiu (PESCUMA, 2008, p. 13),
apresentação em workshop bem como quando citou Demo (1991, pp. 40-52), e assim
publicações em revistas da área, etc. É na descreveu os cinco níveis da pesquisa citadas
(disciplina/área sociológica) que os alunos como: “interpretação reprodutiva, própria,
devem despertar para o (novo) e para a reconstrução, construção e criação-
(produção) de novos conhecimentos. descoberta”. Diante deste contexto, vários
Nesse sentido, Pescuma (2008, p. 13), mais instrumentos servem de apoio nesta terceira
uma vez quando citou Demo (1991, p. 50/78- etapa do (projeto/estudo) de estágio
94), fez questão de assimilar que: a pesquisa supervisionado em Sociologia.
implica diálogo constante com a realidade... Por último, é deste poder de inovar e recriar
Assim, adverte que este confronto com a que o (projeto/estudo) se define adiante mais
realidade exige capacidade do aluno em em detrimento de tais afinidades em sala de
elaborar na prática a recriação de novas aula como: ensaio de trabalhos acadêmicos,
(descobertas/teorias) e de unir (ao saber) como levantamento bibliográfico, resenhas críticas,
(saber) e (mudar) a realidade percebida. É o resumos, artigos de opinião, dentre outros que
possam fruir nos alunos o gosto pela pesquisa
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em (aprender a conhecer), (aprender a fazer), De todo modo, a proposta aqui tem como
(aprender a conviver) e, por último, (aprender objeto de estudo fazer buscas ativas na prática
a ser) um instrumento de cunho pessoal na do professor de Sociologia quando de sua
pesquisa científica e se modelar rumo ao atuação em sala de aula e o foco consiste para
trabalho metodológico desde o ensino médio. os alunos do nível médio em detrimento dos
quatros pilares da educação arraigada na
influência que se tem em (aprender a conhecer,
PROPOSTA DE aprender a fazer, aprender a conviver e
(APLICAÇÃO/INTERVENÇÃO- aprender a ser) como uma proposta prática
profissional em ambos os lados.
PRÁTICA) DO Por fim, de um lado está o (professor de
(PROJETO/ESTUDO) DE ESTÁGIO Sociologia) em (formação) e de outro lado
SUPERVISIONADO PARA O consiste no (alunado) em (formação) com
respaldo teórico nas 3 (três) disciplinas a
CURSO DE 2ª LICENCIATURA EM fomentar que são a Didática, a Metodologia e
SOCIOLOGIA Prática do Ensino da Sociologia e a Metodologia
O aprendizado é constante na vida do ser do Trabalho Científico. A partir de então segue
humano. Ao longo de sua existência, ele os 3 (três) quadros das propostas de
aprende de diferentes formas: nas relações (aplicação/intervenção-prática) para o
estabelecidas na família, no convívio com (projeto/estudo) de estágio supervisionado
amigos, no sistema escolar, entre outros. para a 2ª licenciatura em Sociologia.
(SOUZA, VOLPATO & GIANEZINI, 2018, p. 1/57).
boa aula é um dos passos mais importante para
De acordo com a Didática área escolhida cunhar no primado dos quatros pilares da
pelo estagiário neste (projeto/estudo) de educação, este, só estará contribuindo cada vez
estágio supervisionado para a 2ª Licenciatura (mais e mais) na formação do futuro
em Sociologia é possível revermos que a (educador/sociologia).
disciplina de Didática é a mola propulsora e A rigor, seja ele(a) na condição de aprendiz
discernimento pleno do professor de Sociologia ou profissional. Tudo depende de um bom
em formação e/ou naquele que já atua em sala planejamento. No entanto, a proposta é:
de aula. Nesse sentido quando o professor tem preparar ambos (alunos e professores de
a plena convicção de que a preparação de uma Sociologia em formação) para lidar com os
anseios da sala de aula. Ou seja, preparação
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
A autora ainda nos relembra que: Em especial, aos nossos alunos do nível
Em decorrência, o potencial criativo da médio que estão saindo para buscar novas
desejada autonomia escolar tem sido discutido competências no mercado de trabalho e os
amplamente, mas continua pouco exercitado, quatro pilares da educação é a mola propulsora
por falta de experiência nesse exercício. Até do aprender a conhecer, fazer, conviver e ser.
mesmo planejadores educacionais começam a Então, mãos à obra.
perceber que o exercício da autonomia pode É de se concluir que: Como aprender a
ser um aliado na busca da qualidade da conhecer? Se permitindo... Como Fazer?
educação (FREITAS, 2000, p. 3/49b). Aprendendo uns com os outros. Como
Fica nítido que diante desses (temas quentes conviver? Se abrindo para o novo. Como ser?
e frios) que o professor de Sociologia em Atuando em debates com posturas éticas e
formação ou aquele que atua na condição de comprometidas com a verdade em tempo e
aprendiz esteja consciente de que esses temas fora de tempo. Contudo, é papel do professor
sejam eles (frios e/ou quentes) uma hora irão saber entender que seus alunos estão à mercê
prevalecer em suas consciências e que todos de um mercado tão acirrado, competitivo e
devem estar preparados para um debate entre cruel (O AUTOR, 2021/2022).
alunos em sala de aula.
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É possível revermos que esta segunda disciplina divisora de águas ou será apenas um
(área/disciplina) tem embasamento teórico e meio de colocar recém-formados em Ciências
um teor mais apurado de se fazer uma Sociais no mercado de trabalho enquanto eles
proposta de (aplicação/intervenção) como um não chegam ao mestrado e ao doutorado? Qual
modelo prático a ser aplicado em sala de aula. a relação de Sociologia com a formação de
A proposta é: preparar ambos para uma cidadania? Porque se cria tanta ilusão e
formação docente contida na diversidade e polêmica em torno dele? (p. 1/67).
introduzir neste meio campo a É de se entender que tais perguntam se
interdisciplinaridade como um diálogo entre as reveste no que se propõe o (projeto/estudo)
vertentes do saber teórico e prático. Podemos pelo viés da Metodologia e Prática de Ensino
rever que essas duas (áreas/disciplinas) se em Sociologia. No entanto, cabe aos
(complementam e se completam) a partir do professores de Sociologia em formação ou
preparo e dinamismo em ambos os lados: naqueles já formados e alunos cunhar dos
professor de Sociologia e professores em quatro pilares da educação e prosseguir como
formação (O AUTOR, 2021/2022). uma mola condutora de todo processo de
Fica nítido perceber que essa proposta tem formação do futuro (educador-sociólogo).
um cunho de perguntas que devem ser Todavia, a proposta se reveste a seguir dentro
respondidas e que quando unidas dentro da de tais práticas que devem ser tomadas como
Metodologia e Prática de Ensino da Sociologia base para um ensino melhor e de qualidade
e da Interdisciplinaridade o fazem da formação como um todo. E como tal, para o bem estar de
docente uma arte do saber e aprender. todos os envolvidos com o processo de
Contudo, elas se complementam e o papel ensinagem.
do professor de Sociologia em formação e dos Assim concorda-se com o autor acima e é
formandos do nível médio são em suma uma notório enfatizar da necessidade de que todos
dinâmica que devem ser dialogada entre todos (alunos, escola e docentes) estejam preparados
em sala de aula. O diálogo deve prevalecer para cunhar de certas (habilidades e
neste contexto de (ação/reflexão-ação). competências) para fazer das ciências
Por isso, Lourenço (2008), nos convida a sociológicas tais competências-chave na escola
questionar: (saber ser, saber fazer, saber conviver e saber
A Sociologia deve ser lecionada no Ensino conhecer), - (tradução dos quatro pilares da
Médio? Por que ensinar? O que ensinar e como educação – saber, a saber / aprender, a
ensinar? O aluno do ensino médio tem aprender).
capacidade e interesse para compreendê-la? A A seguir, a tabela para análise.
Sociologia pode contribuir nas nossas decisões
cotidianas ou ela é apenas uma teoria
interessante? A Sociologia vai ser uma
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É sabido afirmar que fazer pesquisa desde e assim muitos dos problemas serão
tão cedo é uma prática que envolve não amenizados desde tão logo quando a escola se
somente os docentes de Sociologia e/ou os permitir que ambos saibam cunhar dos quatro
formandos, mas também devem envolver os pilares da educação como:
alunos do ensino médio para quando O aprender a conhecer (identificar
(entrar/sair) não ficar a mercê do mercado de problemas), aprender a fazer (levantar
trabalho que ao nosso entendimento é cruel e hipóteses), aprender a conviver (refletir sobre
não perdoa ninguém. O mercado é acirrado e situações, descobrir e desenvolver soluções
competitivo e devemos está preparados a todo comprometidas com a promoção do
vapor para enfrentarmos a concorrência conhecimento científico) e, além disso,
desenfreada. aprender a ser (aplicar os conhecimentos
Fazem necessários que novas abordagens adquiridos ao longo de suas formações
metodológicas sejam (introduzidas nas escolas) seculares) (O AUTOR, 2021/2022).
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De acordo com Lourenço (2008, p. 4/70), “o Na (p. 11/77), afirma que: “não há como
indivíduo é a soma daquilo que adquire ao descartar o conhecimento científico visto que
longo de sua formação. Além disso, a escola ele não é fruto do acaso, mas sim, da própria
hoje vem obstruindo a experiência do pensar. ação do homem no processo de transformação
Atualmente, mesmo vivendo na era da de sua realidade”. Não existe uma formula
informação, as pessoas não tem o hábito da para o êxito aqui nesta discussão. A base de
leitura”. Concorda-se plenamente quando o tudo é o exercício pleno da docência em prol da
autor é enfático em sua proposição. Não há o pesquisa bem como de motivação para um
que se discutir. ensino de maior qualidade.
Já na (p. 6/72), este mesmo autor afirma Assim, somos de parecer conclusivo de que
que: “o pesquisador deve praticar a arte da os tópicos a seguir na tabela abaixo devem
desconfiança e refutar a preguiça intelectual.” estar sempre no rol das salas de aulas dos
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A princípio o (projeto/estudo) de estágio supervisionado foi desafiador. Porém, escolher
três (áreas/disciplinas) para aplicação em um (projeto/estudo) a ser cunhado na prática do
professor de Sociologia em formação e naquele já profissionalmente falando (foi muito
realizador) uma vez que unindo (os quatro pilares da educação e as disciplinas), em foco, foi no
mínimo ousado, porém, proveitoso e cautelosamente, exitoso.
Considera-se que a (aplicação/intervenção-prática) do (projeto/estudo) de estágio
supervisionado em Sociologia deve ser aplicado dentro das prerrogativas do curso de 2ª
licenciatura e pode ter sua aplicabilidade de fato na escola. Porém, aqui é apenas de cunho
proposta de (aplicação/intervenção) prática para o futuro da sala de aula caso o estivéssemos
atuando de forma presencialmente no estágio. O trabalho foi arguido de forma remota e de muito
bom grado como se o aluno estivesse com a mão na massa.
Mediante a problemática neste (projeto/estudo) é positivo afirmar que ambos
(alunos/professores de Sociologia) estejam fortemente atrelados ao rol da educação continuada
uma vez que somos eternos aprendizes e não escapamos da educação seja na rua, na igreja, no
trabalho ou em outro lugar, estamos sempre aprendendo uns com os outros e os quatro pilares
da educação influencia muito no que couber na vida (pessoal/profissional-futuramente) dos
alunos que destes se alinhar para as novas competências e habilidades do mundo profissional,
pessoal e até social.
No mundo cognitivo as pessoas estão sempre moldadas a aprender a aprender quanto
que no profissional estamos sempre conhecendo novas habilidades e no social temos que
aprender a conviver com as pessoas para poder trabalhar e convivermos harmoniosamente de
forma que todos saiam ganhando de modo pleno e continuado.
Todos sem exceção devemos compreender que os quatros pilares da educação está
incutido em nossas vivências pessoais, profissionais e sociais. E somente por meio da percepção
seletiva de mundo (vida secular) é que perpassamos por maiores aprendizagens. E cabe a cada
um de nós (alunos/aprendizes) e (formandos/professores) cunharmos da efetiva mão de obra
acurada por um (saber fazer), (como fazer), (saber como fazer) e (saber ser).
No todo, ou em parte, todos estamos constantemente vivendo e aprendendo e a
competitividade exige de nós (novas) habilidades, conhecimentos e atitudes diferenciadas e isto
foi mostrado no (projeto/estudo) em si onde o (aprender, a aprender) e o saber, (a fazer e ser)
constitui-se no conviver.
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RESUMO: Este estudo tem como foco a teoria de Pierre Bourdieu para a educação com ênfase na
sua concepção de capital cultural e seus estados incorporado, objetificado e institucionalizado. O
pensador francês revolucionou a forma de entender a educação na década de 1960, introduzindo
o capital cultural como elemento determinante do fracasso ou sucesso escolar do indivíduo. O
objetivo do estudo é discutir os conceitos estabelecidos por Pierre Bourdieu em seu livro “Escritos
de Educação. Metodologicamente é uma pesquisa bibliográfica que utilizou como fonte artigos e
livros publicados sobre o assunto em plataformas digitais. Entre os teóricos mais utilizados estão
Bourdieu (1998), Nogueira e Catani (2015), Silveira (2013), Cunha (2007), Martelato e Pimenta
(2017), entre outros. Na discussão do assunto foram encontrados resultados que apontam que o
capital cultural, em função de não ter distribuição igual entre os indivíduos na escola, é
determinante no fracasso e sucesso do aluno e que o sistema escolar como estar estruturado nos
dias atuais no Ocidente transforma a escola em reprodutora das desigualdades sociais. Em termos
de conclusão, Bourdieu e sua proposta para a educação são atuais não apenas para a realidade
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brasileira, mas para a educacional mundial e que as medidas adotadas nas escolas são mais
reprodutoras de desigualdades sociais do que eliminadoras delas.
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quando assunto era reprodução de privilégios e informações e atividades culturais. Desse modo
distinção social. o que acontece com o conceito de capital
Desse modo, o que se estabelece em cultural é que:
Bourdieu é a concepção de que, por meio do De modo geral, tanto os estudos que
capital cultural, é a ideia de que a cultura deve focalizam a atuação do capital cultural na
ser vista como um “bem simbólico” que à escola quanto a literatura que aborda o
medida que mais se tem este bem, mais se conceito de classe social sugerem que na ideia
consolidam as condições que favorecem sua de capital cultural destacam-se as
acumulação (BODART, 2010). “informações estratégicas” que têm um papel
Outra importante observação que deve ser decisivo na perpetuação das condições de
feita a respeito de Bourdieu é a que envolve a classe na sociedade. Entretanto, diversas
relação de habitus e capital cultural. Na análises do próprio Bourdieu e de outros
concepção deste autor, habitus equivale a um autores mostram que essas informações
sistema de disposições que são duradouras e também podem se constituir num mecanismo
também transferíveis, além de “estruturadas e de mudança, contribuindo para a mobilidade
predispostas a funcionar como estruturantes, social (SILVA,1995, p. 35).
ou seja, como princípios geradores e Conforme observado, nas colocações de
organizadores de práticas e representações Silva (1995), o conceito de capital cultural ao
(BOURDIEU, 1975, op. cit. STIVAL; FORTUNATO, mesmo tempo que traz uma ideia voltada para
2011, p. 05). a perpetuação das condições de classe numa
Considerando as abordagens acerca da determinada sociedade, também pode ser
teoria de Bourdieu, Stival e Fortunato (2011) elemento que proporciona a transformação
destacam que este pensador francês não dessas mesmas condições. Isto cria o que é
concebia o sistema educacional como um conhecido como paradoxo da teoria de
reprodutor estrito da configuração de classes, Bourdieu, pois a cultura tanto atua como
porém, por meio do habitus associado à classe reprodutora das condições sociais como
dominante, se realiza a cooptação de membros também é “veículo de mudança social”.
da sociedade que estão isolados (STIVAL; Para Cunha (2007), o capital cultural é um
FORTUNATO, 2011). recurso raro e que é mal distribuído. Assim, na
Mas é importante mencionar que a ideia do concepção desta autora, o desejo de possuir tal
capital cultural ultrapassa a noção de recurso conduz a um aumento do conflito
subcultura de classe. Assim, ele representa um proporcionando a permanência de um “jogo”
recurso de poder equivalente, porém que vai de dominação de um grupo social sobre o outro
além, a outros recursos de poder cuja estrutura objetivando a estrutura simbólica que é
básica de tais recursos são os aspectos reconhecida e aceita em determinada
econômicos (SILVA, 1995). sociedade.
Essa associação do termo capital à cultura, Considerando os autores aqui destacados
pressupõe uma analogia com o poder e o até o momento - Silva (1995), Cunha (2007),
“aspecto utilitário”, no sentido de posse de Bodart (2010), Stival e Fortunato (2011) - o
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capital cultural associado ao habitus, conforme também não podem dar conta da parte relativa
deram maior ênfase os últimos autores citados, que os diferentes agentes ou as diferentes
contribuem para o estabelecimento da ideia de classes concedem ao investimento cultural por
que as configurações de classe se deem em não considerarem, sistematicamente, a
função de uma relação de dominação de uma estrutura das chances diferenciais que lhes são
classe sobre a outra envolvendo o fator destinadas pelos diferentes mercados, em
cultural. função do volume e da estrutura do seu
Alguns aspectos, partindo do próprio patrimônio (BOURDIEU, 1979, p. 38).
Bourdieu, são importantes para facilitar a Bourdieu (1979), enfatiza que essa
compreensão desta temática. Para este percepção dos economistas sobre a questão do
pensador francês, é relevante que se observe rendimento escolar, não contempla aspectos
que “a noção de capital cultural se impôs, relacionados às oportunidades dadas pelos
primeiramente, como uma hipótese diferentes mercados aos agentes sociais e
indispensável para dar conta da desigualdade classes sociais diferentes.
de desempenho escolar de crianças Outro ponto relevante, relacionado ao
provenientes de diferentes classes sociais conceito de capital cultural e suas
(BOURDIEU, 1979, p. 36). características, é que Bourdieu rompe com
Bourdieu (1979) enfatiza que o capital pressupostos anteriores referentes ao fracasso
cultural em sua perspectiva relaciona os e sucesso escolar, com base nas chamadas
benefícios específicos que estas crianças, aptidões humanas e capital humano. Estes
oriundas de classes sociais diferentes e de aspectos estão ligados, segundo o pensador
extrações de classes podem receber no francês, à forma como é distribuído o capital
mercado escolar com a distribuição do capital cultural entre as crianças (BOURDIEU, 2015).
entre estas mesmas classes. Assim, ele rompe Na próxima parte deste trabalho a discussão
com o pensamento ocidental que o antecedeu, está voltada para a conceituação e
que baseiam o sucesso ou fracasso escolar nas caracterização dos três estados presentes no
características individuais das pessoas e no capital cultural, a saber, estado incorporado,
capital humano. Uma importante observação estado objetivado e estado institucionalizado.
deste pensador consiste no fato de que:
Os economistas têm o mérito aparente de OS TRÊS ESTADOS DO CAPITAL
colocar explicitamente a questão da relação
entre as taxas de lucro asseguradas pelo CULTURAL E SUA DINAMIZAÇÃO
investimento educativo e pelo investimento O trabalho de Pierre Bourdieu, “Les trois
econômico (e de sua evolução). Entretanto, états du capital culturel” foi originalmente
além de sua medida do rendimento escolar só publicado na revista Actes de la Recherche en
levar em conta os investimentos e benefícios Sciences Sociales, no ano de 1979. Aqui é
monetários ou diretamente conversíveis em apresentada uma parte desta obra, mais
dinheiro, como as despesas decorrentes dos especificamente a que se refere aos três
estudos e o equivalente em dinheiro, eles estados do capital cultural: incorporado,
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Tudo parece indicar que, na medida em que capital cultural em três fases, propiciará o
cresce o capital cultural incorporado nos melhor entendimento da influência desses no
instrumentos de produção (e, pela mesma processo educacional, visto que, a escola e seus
razão, o tempo de incorporação necessário segmentos estão impregnados das
para adquirir os meios que permitam sua características atribuídas a cada uma das fases
apropriação, ou seja, para obedecer à sua do capital cultural.
intenção objetiva, sua destinação, sua função),
a força coletiva dos detentores do capital O CAPITAL CULTURAL E A
cultural tenderia a crescer, se os detentores da
espécie dominante de capital não estivessem INSTITUIÇÃO ESCOLAR
em condições de pôr em concorrência os Importante iniciar mencionando que
detentores de capital cultural (aliás, inclinados Bourdieu utiliza o termo capital cultural para
à concorrência pelas próprias condições de sua designar a impregnação da cultura na
seleção e formação - e, em particular, pela sociedade e em especial no campo educacional
lógica da competição escolar e do concurso e com isso, vislumbrar como a cultura de classe
(BOURDIEU, 1979, p. 78). está presente na valorização da cultura
Corroborando com este pensamento, dominante.
Silveira (2013), destaca que o terceiro estado O espaço escolar apresenta uma
do capital cultural é o institucionalizado. diferenciação social na composição de seu
Identificando-o como um tipo de objetivação elenco. Assim, mesmo com essa diversidade, é
que deve ser colocado à parte, posto que inviável pensar que dentro de uma sala de aula
representa propriedades que são originais algum aluno obteria privilégios, porém
dentro do capital cultural. Bourdieu nos chama atenção para o fato de que
Conforme define Bourdieu (1998, p. 79), pessoas oriundas de setores diferentes da
Ao conferir ao capital cultural possuído por sociedade, uma vez integrando a comunidade
determinado agente um reconhecimento escolar e que cada um traz consigo um nível de
institucional, o certificado escolar permite, conhecimento diferenciado (NOGUEIRA, 2015).
além disso, a comparação entre os diplomados O referido pensador francês, por meio das
e, até mesmo, sua ‘permuta’ (substituindo-os definições aqui trazidas anteriormente, traz
uns pelos outros na sucessão. contribuições que apontam para o fato de que
Porém, vai além do que foi mencionado, já a escola poderia ser um laboratório de
que é possível “estabelecer taxas de desenvolvimento de estratégias para
convertibilidade entre o capital cultural e o nivelamento desses conhecimentos,
capital econômico, garantindo o valor em propiciando a todos as mesmas oportunidades
dinheiro de determinado capital escolar” (NOGUEIRA, 2015).
(BOURDIEU, 1998, p. 79). Dessa forma, de acordo com Nogueira (2015,
Assim, há nestes três estados do capital p. 250), “a escola exclui: mas, a partir de agora,
cultural, uma dinamização, sendo que a exclui de maneira contínua, em todos os níveis
proposta bourdieusiana de classificação do do cursusi (entre as classes de transição e os
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liceus de ensino técnico não há, talvez mais que escolares. Razão pela qual consideram que tal
uma diferença de 6 grau), e mantém em seu resposta representa um marco nas formas de
seio aqueles que exclui”. pensar e analisar a educação.
Baseando-se em Bourdieu, Nogueira (2015), De igual modo, com base nas concepções de
frisa que a escola se contenta em relegar estes Bourdieu, é destacada a importância que os
excluídos “para os ramos mais ou menos títulos escolares ganham nas sociedades
desvalorizados”. Assim, o que é vislumbrado no ocidentais, por exemplo, que é o tipo de
cotidiano escolar é que a mesma atua como sociedade brasileira. Tais títulos são
reprodutora das desigualdades, fato equivalentes a posições sociais e estão
evidenciado quando enfatiza que seu intimamente associados à transmissão de
compromisso é de instruir os diferentes com a valores, comportamentos e estilo de vida, a
mesma proporção. Neste sentido, faz-se chamada “boa educação negada” aos
relevante mencionar que: indivíduos em função da alegação de que a
Bourdieu teve o mérito de formular, a partir mesma não foi alcançada suas supostas
dos anos 60, uma resposta original, abrangente “inaptidões dos fracassados” representa a
e bem fundamentada, teórica e naturalização das desigualdades sociais
empiricamente, para o problema das (MARTELATO; PIMENTA, 2017).
desigualdades escolares. Essa resposta tornou- Dessa forma, os autores destacam que a
se um marco na história, não apenas da educação é desvelada como “um mecanismo”
Sociologia da Educação, mas do pensamento e que reproduz, diga-se de passagem, de forma
da prática educacional em todo o mundo. Até muito "perversa” os privilégios sociais, ou seja,
meados do século XX, predominava nas os mecanismos de dominação de um grupo
Ciências Sociais e mesmo no senso-comum social sobre o outro (MARTELATO; PIMENTA,
uma visão extremamente otimista, de 2017).
inspiração funcionalista, que atribuía à Outra importante observação acerca da
escolarização um papel central no duplo sociologia da educação em Bourdieu aponta
processo de superação do atraso econômico, para o fato de que ao se transpor a discussão
do autoritarismo e dos privilégios adscritos, teórica para o campo da Sociologia da
associados às sociedades tradicionais, e de Educação, se faz necessário reconhecer o
construção de uma nova sociedade, justa esforço de Bourdieu para que não ocorresse o
(meritocrática), moderna (centrada na razão e objetivismo nos fenômenos educacionais
nos conhecimentos científicos) e democrática (NOGUEIRA; NOGUEIRA,2002).
(fundamentada na autonomia individual) Assim, se nota que Bourdieu busca se
(NOGUEIRA & NOGUEIRA, 2002, p. 16). distanciar deste dualismo entre estas duas
Os autores Nogueira e Nogueira (2002), nos concepções baseadas no objetivismo e
mostram como Bourdieu, a partir da década de subjetivismo. Em sua proposta, há uma
1960 dar uma resposta que considera original e negação daquilo que caracteriza o sujeito
ao mesmo tempo ampla e com fundamentação individual como autônomo, tal qual faziam os
técnica e empírica para as desigualdades
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Bourdieu de fato transformou o pensamento filosófico e sociológico e educacional
predominante até bem recentemente, década de 1960, ao sair da dicotomia filosófica entre
objetivismo e subjetivismo relacionada à análise do sistema escolar, por exemplo.
Conduziu as formas de pensar a sociedade a uma reflexão melhor fundamentada, nos
aspectos técnicos e empíricos, introduzindo a importância de considerar o capital cultural e seus
estados dinâmicos como aqueles que estariam fortemente ligados ao fracasso e sucesso escolar,
distanciando-se da concepção até em vigor na década de 1960 que atribuía a tais fatores
elementos relacionados à presença ou ausência de aptidões individuais em cada sujeito.
A exposição feita no decorrer deste estudo realizou, as discussões sobre o conceito, as
características e os estados do capital cultural e a proposta de Bourdieu para a escola e a
educação, possibilitaram o alcance do objetivo proposto para essa pesquisa à medida que foi se
estabelecendo o diálogo entre os mais diversos autores que discutiram a teoria de Bourdieu.
De modo geral, este levantamento conseguiu apreender que a escola e o sistema escolar
como um todo, ainda nos dias atuais, reproduzem as desigualdades sociais que estão presente
na sociedade em geral e, no interior da escola, não distribuem de forma socialmente equilibrada
e igualitária o capital cultural tão necessário ao sucesso escolar. Logo, conclui-se que Pierre
Bourdieu e sua teoria do capital cultural muito tem a contribuir para as análises educacionais da
realidade brasileira e do mundo.
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REFERÊNCIAS
BODART, Cristiano das Neves. A importância do capital cultural: contribuições de Pierre
Bourdieu. Disponível em https://cafecomsociologia.com/. Data de Acesso: 20/03/2022.
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Extensão e Cultura da UERJ, V. 2, N. 3, junho de 2013. Disponível em https://www.e-
publicacoes.uerj.br/. Data de Acesso: 20/03/2022.
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POSSÍVEIS CONTRIBUIÇÕES DA
NEUROPSICOPEDAGOGIA PARA
APRENDIZAGEM DE ALUNOS COM TDAH
Priscila Braz dos Santos 1
RESUMO: Nos últimos anos o Transtorno de Déficit de Atenção/ Hiperatividade tem sido
estudado como um dos transtornos mais predominantes . Este trabalho tem o objetivo principal
investigar a atuação do neuropsicopedagogo ao lidar com a aprendizagem das crianças
portadoras de TDAH, explicitar não somente as causas e os malefícios relacionados a este
transtorno para o desenvolvimento da criança, como também de ressaltar a importância de
intervenções precoces, considerando que a criança portadora de dificuldade ou de transtorno de
aprendizagem se sente a margem do ambiente escolar, o que pode causar prejuízos não apenas
no seu desempenho escolar, mas também em sua vida social e profissional. Refletir sobre o
embasamento teórico-metodológico da Neuropsicopedagogia perante as dificuldades
características deste transtorno faz-se necessário, pois o profissional desta área poderá atuar
positivamente seja na intervenção preventiva ou terapêutica.
1
Professora de Educação Infantil na Rede Municipal de São Paulo.
Graduação: Licenciatura em Pedagogia; Especialização em Alfabetização, Especialização em Arte e História da
Cultura; Especialização em Psicopedagogia.
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não corre bem no processo de aprendizagem aprendizado estão alteradas desde as primeiras
daquele aluno. etapas do desenvolvimento.
São diversos os fatores que podem interferir Dois padrões são identificados quando
positiva ou negativamente no desenvolvimento iniciamos um processo de investigação sobre a
educacional de um aluno. origem e características de limitações no
Aspectos ambientais, econômicos, sociais, processo educativo dos alunos:
afetivos, psicológicos, emocionais e familiares • As Dificuldades de Aprendizagem
podem ser determinantes para a vida escolar originadas por eventos transitórios na vida do
de uma criança. aluno, como por exemplo problemas de saúde,
A forma e o nível dos déficits de perdas emocionais, mudança de residência ou
aprendizagem que a criança apresenta são escola, entre outros.
afetados pelo ambiente que ela vive • Transtornos de Aprendizagem que se
O baixo rendimento escolar pode ter como referem a dificuldades que sempre estiveram
causa: presentes na vida escolar do aluno.
• Fatores sociais e econômicos. Caracterizam-se
Alimentação e moradia precária, falta de saúde pelo caráter inato de uma defasagem que
e lazer, assim como problemas de ordem pode ocorrer em uma ou mais áreas do
familiar são muitas vezes causadores de conhecimento.
dificuldades e desinteresse pelo aprendizado. Os transtornos específicos se referem a
• Fatores físicos e mentais são também dificuldade no desenvolvimento de uma
limitantes de aprendizagem, visto que a grande determinada competência, os transtornos que
a maioria das escolas não possui estrutura física envolvem múltiplas competências são
para acolher alunos com limitações de denominados transtorno global de
locomoção, nem tão pouco recursos humanos aprendizagem.
qualificados para a efetivação da inclusão dos Se a criança possuir alterações cognitivas
mesmos. que afetem sistematicamente o seu processo
O Manual Diagnóstico Estatístico de de aprendizagem, podemos estar diante de um
Transtornos Mentais - DSM IV (1994), por sua transtorno de aprendizagem.
vez, define como transtornos da aprendizagem A cognição é a capacidade para armazenar,
quando os resultados do indivíduo em testes transformar e aplicar conhecimento, sendo um
padronizados de leitura, matemática ou amplo leque de processos mentais. Por meio da
expressão escrita estão substancialmente natureza da cognição que o sujeito
abaixo do esperado para sua idade, compreende os processos e produtos mentais
escolarização e nível de inteligência. Já a superiores. Ela é um processo formado por um
Classificação de transtornos mentais e de sistema complexo de componentes (LIRA,
comportamento - CID 10 (1993), denomina 2012).
dificuldade de aprendizagem como transtornos
nos quais as modalidades habituais de
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• A capacidade que o indivíduo possui de e/ou filhos que também têm o transtorno) é
auto estimular-se; maior do que naqueles que entram em
• Conseguir planejar-se, traçando remissão.
objetivos e metas; Com relação ao gênero, ao contrário dos
• Controle dos impulsos; relatos clínicos do TDAH em crianças, a relação
• Controle das emoções; de homens / mulheres com TDAH é de 1:1.
• A memória que depende da atenção. No fim da Primeira Guerra Mundial, abateu-
Segundo Rohde e Benczick (1999), o TDAH é se sobre alguns países a epidemiologia de
um problema de saúde, o transtorno é encefalite, acarretando uma proporção
diagnosticado por profissional médico ou por fundamental para o TDAH, pois foi quando
uma equipe interdisciplinar. Os alunos que surgiu uma das primeiras descrições sobre
enfrentam esse distúrbio apresentam baixa mudanças de comportamentos, como
concentração, inquietude e impulsividade. tagarelice, crises emocionais, entre outros, a
Forster e Fernández (2003), propõem uma qual subsidiou aos autores a hipótese de que
definição que integra várias perspectivas crianças hipercinéticas apresentavam algum
teóricas, para entender e descrever o tipo de lesão cerebral, sem causas definidas.
transtorno: neurológico, psicopedagógico e Assim, no decorrer do século XX, o transtorno
escolar. Definem o TDAH como um transtorno passou a receber diversas denominações, como
de conduta crônico com um substrato biológico a de Lesão Cerebral Mínima, Disfunção
muito importante, mas não devido a uma única Cerebral Mínima, Hipercinesia, Síndrome
causa, com uma forte base genética, e formada Hipercinética da Infância e Déficit de Atenção
por um grupo heterogêneo de crianças. Inclui com ou sem Hiperatividade (DUMAS, 2011),
crianças com inteligência normal ou bem sendo hoje caracterizado pelo Manual
próxima do normal, que apresentam Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
dificuldades significativas para adequar seu Mentais (DSM-V, 2014), como Transtorno de
comportamento e/ou aprendizagem à norma Déficit de Atenção/Hiperatividade, e pela
esperada para sua idade. Classificação de Doenças Internacionais (CID-
O TDHA é considerado um transtorno de 10, 1993) como Transtorno Hipercinético.
comportamento, do neurodesenvolvimento De acordo com o DSM – IV (Manual
que interfere negativamente no Diagnóstico e Estatístico de Desordens
desenvolvimento da aprendizagem. Pode ter Mentais) o Transtorno de Déficit de
sua origem em fatores hereditários e por este Atenção/Hiperatividade é um problema de
motivo a anamnese é fundamental no processo saúde mental, considerando-o como um
de identificação e intervenção. distúrbio bidimensional, que envolve a atenção
De acordo com a ABDA ( Associação e a hiperatividade/impulsividade e pode ser
Brasileira do Déficit de Atenção) cerca de 2/3 apresentado sob três formas: subtipo
das crianças com TDAH, seguem com os predominantemente desatento, subtipo
sintomas do transtorno na vida adulta. Nesta predominantemente hiperativo/compulsivo e
população, a taxa de agregação familiar (pais subtipo combinado.
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para os adolescentes mais velhos e adultos: completa frases das pessoas; não pode esperar
elaboração de relatórios, preenchimento de por sua vez nas conversas).
formulários, etc). h) Muitas vezes tem dificuldade em esperar
g) Muitas vezes perde coisas necessárias a sua vez (por exemplo, esperar em fila).
para tarefas ou atividades (por exemplo, i) Muitas vezes, interrompe ou se intromete
materiais escolares, lápis, livros, ferramentas, os outros (por exemplo, intromete-se em
carteiras, chaves, documentos, óculos, conversas, jogos ou atividades, começa a usar
telefones móveis). as coisas dos outros sem pedir ou receber
h) É facilmente distraído por estímulos permissão).
externos. • Critério B – Vários sintomas de
i) É muitas vezes esquecido em atividades desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade
diárias (por exemplo, fazer tarefas escolares, devem estar presentes antes dos 12 anos de
adolescentes e adultos mais velhos: retornar idade.
chamadas, pagar contas, manter • Critério C – Vários sintomas de
compromissos). desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade
HIPERATIVIDADE-IMPULSIVIDADE: devem estar presentes em dois ou mais
a) Frequentemente agita as mãos ou os pés contextos (por exemplo, em casa, na escola ou
ou se remexe na cadeira. trabalho, com os amigos ou familiares; em
b) Muitas vezes levanta-se ou sai do lugar em outras atividades).
situações que se espera que fique sentado (por • Critério D – Há uma clara evidência de
exemplo, deixa o seu lugar na sala de aula, no que os sintomas interferem ou reduzem a
escritório ou outro local de trabalho, ou em qualidade do funcionamento social, acadêmico
outras situações que exigem que se permaneça ou ocupacional.
no local). • Critério E – Os sintomas não ocorrem
c) Muitas vezes, corre ou escala em situações exclusivamente durante o curso da
em que isso é inadequado (Em adolescentes ou esquizofrenia ou outro transtorno psicótico, e
adultos, esse sintoma pode ser limitado a não são melhor explicados por outro
sentir-se inquieto). transtorno mental (por exemplo, transtorno de
d) Muitas vezes, é incapaz de jogar ou humor, transtorno de ansiedade, transtorno
participar em atividades de lazer calmamente. dissociativo, transtorno de personalidade )
e) Não para ou frequentemente está a “mil Para que ocorra aprendizado a atenção deve
por hora” (por exemplo, não é capaz de estar focada, a falta de atenção é um
permanecer ou fica desconfortável em comportamento do TDAH, a divagação durante
situações de tempo prolongado, como em as tarefas, a falta de persistência, dificuldade
restaurantes e reuniões). de se manter focado e de se organizar
f) Muitas vezes fala em excesso. A capacidade de manter o foco em um
g) Muitas vezes deixa escapar uma resposta determinado alvo e ignorar todo o resto opera
antes da pergunta ser concluída (por exemplo, na região pré-frontal do cérebro. O circuito
especializado desta área aumenta a força dos
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sinais em que queremos nos concentrar e conta a vasta diversidade de tais características
diminui a força do que escolhemos ignorar e necessidades ( SALAMANCA, 1994, s.p).
(GOLEMAN, 2014, p. 22). A criança portadora do TDAH deve ser
Segundo a ABDA (2015), a “impulsividade é a considerada uma criança com necessidades
deficiência no controle dos impulsos, é agir educacionais especiais
antes de pensar”. Se a criança se sente A Constituição Federal e as Diretrizes e Bases
incomodada, ela reage de forma violenta, não para a Educação Nacional, determinam que a
consegue se conter diante de regras. Crianças educação é dever da família e do Estado,
impulsivas são fáceis de perceber: elas agem baseadas nos princípios de liberdade e nos
sem reflexão, têm reações súbitas, só se ideais de solidariedade humana, com a
arrependem depois do ato, mas logo finalidade de pleno desenvolvimento do
esquecem. Um comportamento diferente dos educando, garantindo o exercício da cidadania
outros transtornos em que a raiva e o e a sua qualificação para o mercado trabalho.
ressentimento duram horas ou dias. A A LDB (1996), no Art. 59, assegura que os
impulsividade causa um elevado grau de sistemas de ensino deverão propiciar
prejuízo acadêmico, presença acentuada de currículos, métodos, técnicas, acesso
sintomas comportamentais e maior prejuízo no igualitário, entre outros, para alunos com
funcionamento global quando comparado aos necessidades diferenciadas.
outros subgrupos. Apesar de todas as garantias legais o que se
Para alguns casos de TDHA são utilizados encontra na prática dentro das instituições de
medicamentos para amenizar os sintomas por ensino é a falta de recursos e o despreparo dos
meio de acompanhamento médico. profissionais para lidar com as crianças
Os sintomas citados acima afetam a portadoras de qualquer necessidade especial.
aprendizagem, a conduta, a autoestima, as No ano de 2007 o Ministério da Educação
habilidades sociais e o funcionamento familiar lançou a Política Nacional de Educação Especial
na Perspectiva da Educação Inclusiva, porém
OS DIREITOS DOS ALUNOS não incluiu alunos com TDAH como público-
alvo da Educação Especial.
COM TDAH A Lei 9.394 (Lei de Diretrizes e Bases da
Toda criança tem direito fundamental à Educação Nacional - LDB) está dentre os
educação, e deve ser dada a oportunidade de documentos oficiais que reforçam os direitos
atingir e manter o nível adequado de dos indivíduos com qualquer disfunção ou
aprendizagem; deficiência quando se trata da inserção ao
Toda criança possui características, mercado de trabalho e do acesso a educação,
interesses, habilidades e necessidades de preservando a igualdade e a dignidade, além
aprendizagem que são únicas, sistemas dos direitos da criança e dos adolescentes
educacionais deveriam ser designados e regulamentados no Estatuto da Criança e do
programas educacionais deveriam ser Adolescentes.
implementados no sentido de se levar em
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Intervir precocemente no caso de alunos que não conseguem aprender, é a melhor forma
de garantir uma vida saudável a essas crianças.
A criança portadora de dificuldade ou de transtorno de aprendizagem se sente a margem
do ambiente escolar, o que pode causar prejuízos não apenas no seu desempenho escolar, mas
também em sua vida social e profissional.
Vimos neste trabalho que as dificuldades de aprendizagem decorrem de eventos pontuais
na vida do indivíduo e são transitórias.
Já os transtornos de aprendizagem são decorrentes de causas neurobiológicas, são inatos,
permanentes e em muitos casos são hereditários.
Identificar a severidade e a boa caracterização dessas dificuldades são aspectos
fundamentais para a buscar a forma ideal para auxiliar as crianças com limitações.
A Neurociência é uma área muito nova, principalmente no contexto educativo, são poucas
as pesquisas publicadas sobre neurociência x educação.
Muitos são os cursos voltados a Neurociência, mas percebe-se que no cenário educativo,
as práticas neurocientíficas ainda se mostram desconhecidas e vistas com indagações por aqueles
que as desconhecem.
O TDAH é um problema de saúde, o transtorno é diagnosticado por profissional médico ou
por uma equipe interdisciplinar. Os alunos que enfrentam esse distúrbio apresentam baixa
concentração, inquietude e impulsividade.
O TDAH é considerado um transtorno de comportamento, do neurodesenvolvimento que
interfere negativamente no desenvolvimento da aprendizagem e pode ter sua origem em fatores
hereditários.
Apesar do amparo legal para o atendimento dos alunos portadores do TDAH ainda
encontramos resistência e despreparo no ambiente educacional, além da falta de recursos.
No contexto educativo atual questões relacionadas a inclusão trouxeram consigo aportes
como: laudos médicos, medicações diversas, dúvidas na metodologia ensino-aprendizagem,
exigindo profissionais capacitados para indicar caminhos e intervir de forma efetiva no trabalho
com os indivíduos.
O neuropsicopedagogo, profissional que está em constantes buscas de conhecimentos
acerca dos transtornos, síndromes, patologias e distúrbios a qual o indivíduo possa estar
relacionado, terá ter condições de identificar nos indivíduos tais sintomalogias, procurar
identificar quais competências e habilidades que tais indivíduos possuem, e propor uma
intervenção neuropsicopedagógica, que com certeza se fará acompanhada junto aos familiares,
professores e equipe pedagógica e demais profissionais que se fazem presentes na vida destes
indivíduos.
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REFERÊNCIAS
ABDA. Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA). Quadro Clínico. 2015.
ARAÚJO APQC. Avaliação e Manejo da Criança com dificuldade escolar e distúrbio de Atenção. J
Pediatria (Rio Janeiro ). Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0021-
75572002000700013&lng=en&nrm=iso. Data de Acesso: 22/03/2022.
BRASIL, Lei nº 9.394 Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília: editora do Brasil,
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DROUET, Ruth Caribe da Rocha. Distúrbios da aprendizagem. São Paulo, editora. Ática, 2001.
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SMITH, Corinne; STRiCK, Lisa. Dificuldades de aprendizagem de a-Z: guia completo para
educadores e pais. Porto Alegre: Penso, 2012.
VYGOTSKY, L. S. Pensamento e linguagem. 2.ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998. 194p
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RESUMO: Sem dúvida o universo infantil é repleto de magia, alegria, ludicidade, inocência,
facilmente encontrados nas brincadeiras, brinquedos, desenhos e histórias, que compõem a
infância, dentro e fora da escola. E a criança se apodera desse universo lúdico, tomando para si
essa narrativa e traduzindo sua própria história, relacionando-se com personagens situações, que
são representadas em suas várias formas de linguagem, mostrando muito de si mesmo, de suas
vivencias e de como lê o mundo e a realidade em que vive. É nesse sentido que a psicanálise dos
contos de fadas os fornece subsídios para compreender mais da criança, de como ela compreende
sua realidade e, especialmente, de como ela se relaciona e demonstra sua compreensão de
situações que nem mesmo compreende ao certo a profundidade e como afetam seu
desenvolvimento
1Professorade Educação Infantil e Ensino Fundamental I na Rede Prefeitura Municipal de São Paulo.
Graduação: Licenciatura em Pedagogia.
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o inconsciente. Porém, nesse período, os da criança com esse tipo de literatura e seu
contos não eram destinado às crianças, pois valor terapêutico para esse público. O autor
eram histórias que traziam fatos cotidianos destaca os conflitos ou ansiedades que surgem
carregados de violência, adultério, situações de em estágios específicos de desenvolvimento,
incesto, canibalismo e outros temas do assim como sua capacidade de auxiliar a
universo adulto. Sobre isso, Souza (2005), criança a compreender significados ocultos nas
coloca que esses contos apresentavam o histórias e relacioná-los à vida. (BETTELHEIM,
destino dos homens em suas mazelas e crenças 2015)
sobrenaturais. Essas histórias eram recontadas
em encontros sociais, nas salas de fiar, nas 3. PSICANÁLISE DOS CONTOS
aldeias ou demais espaços de reunião dos
adultos (RADINO, 2001) DE FADAS: A MORAL DA
Mas foi apenas a partir da ressignificação da HISTÓRIA É OUTRA!
infância e do reconhecimento da criança como Em sua análise dos contos de fada
ser de direitos e cuidados que a literatura volta Bettelheim (2015), apresenta narrativas
os contos de fadas para esse público, ocultas nas entrelinhas das histórias, que
reconhecendo a necessidade de universo refletem conflitos, medos, inseguranças, enfim,
imaginário e fantástico, perpetuando histórias que estão associadas diretamente ao cotidiano
populares em contos repletos de magia e do homem. Para o autor, buscar um significado
fantasia. O que distingue o conto de fadas de para a vida exige a capacidade de transcender
outras modalidades de literatura é justamente os limites de uma existencia autocentrada,
o uso de componentes mágicos, imaginários e acreditando que sua existencia tem um
fantásticos, mas que carregam também forte objetivo maior, um significado maior, o que traz
apelo problemático existencial, onde os para o indivíduo um sentimento de satisfação
personagens sofrem, são perseguidos, pessoal consigo e com o que faz.
precisam vencer grandes obstáculos para Hoje, como no passado, a tarefa mais
alcançar a realização pessoal, para então importante e também a mais difícil na criação
viverem felizes para sempre (CALDIN, 2002; de uma criança é ajudá-la a encontrar
OLIVEIRA, 2001). significado na vida. Muitas experiências de
No entanto, ao aprofundar estudos acerca crescimento são necessárias para se chegar a
da simbologia contida em histórias de contos isso. A criança, à medida que se desenvolve,
de fadas e o fascínio que exercem sobre a deve aprender passo a passo a se entender
criança, as interpretações apresentaram melhor; com isso, torna-se capaz de entender
histórias carregadas de significado, refletindo os outros e, eventualmente, pode se relacionar
conflitos ou ansiedades pessoais. Nesse com eles de forma mutuamente satisfatória e
sentido, a psicanálise dos contos de fada significativa (2015, p.08).
remete a interpretações simbólicas Sendo a criança um ser em
relacionadas ao inconsciente humano, como desenvolvimento, sua capacidade de
coloca Bettelheim (2015), ao destacar a relação compreender o real significado das coisas, das
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ações e da convivência social ainda não está nessa fase de desenvolvimento, a significação
formada, pois sua percepção não alcança esse vem por modelos associativos onde são
raciocínio complexo. Porém, para representadas suas experiências, suas
compreender a si mesma, ao outro e ao vivências e necessidades.
mundo, é preciso ajudá-la a compreender os
conceitos morais da vida em sociedade. Sendo
assim, a leitura dos contos de fada com as
crianças perpassa esse conceito formador e
necessita ser compreendido, para alcançar os
objetivos contidos em sua narrativa. Deste
modo, o trabalho com a leitura dos contos de
fadas permite que a criança encontre
significados nas histórias, para então
compreender os processos reflexivos.
Citando Freud, a psicanálise deve auxiliar o
homem a aceitar a natureza problemática da
vida, sem sentir-se derrotado por ela, mas sim
armando-se de coragem para lutar
corajosamente. Essa é a mensagem que os
contos de fada apresentam de forma poética,
transmitindo para a criança a mensagem de
que as dificuldades são inevitáveis, mas com
coragem e perseverança os obstáculos são
vencidos. Muitos personagens personificam
medos, angústias, inseguranças, sentimentos
contidos pela criança e que não encontram eco
em suas vivências, mas por meio das narrativas
podem ajudar na sua compreenção e em como
superar e buscar superação.
Certamente que algumas narrativas de
contos de fadas são apenas isso mesmo, uma
linda história. Mas podem trazer reflexões que
auxiliam a criança a compreender as situações
e os personagens, relacionando-os às suas
vivências individuais e ao cotidiano social.
Porém, cabe ao narrador observar como a
criança recebe a história e como são por elas
recontadas, quais são os pontos marcantes e o
que realmente tocou a criança, lembrando que
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O universo infantil é rico em significados e simbologias que vão sendo construídas a partir
das vivências e experiências que a criança tem em família, em sociedade e, especialmente, na
escola. As narrativas de contos de fadas, histórias inocentes, repletas de aventuras, suspenses e
finais felizes, ao ser analisa sob a ótica da psicanálise, têm muito a revelar sobre a criança e como
ela percebe o mundo a sua volta. Nesse sentido, podemos perceber por essa breve reflexão, que
os contos de fada vão muito além de historinhas romantizadas para distrair a criança. Há muito a
explorar nesse universo da psicanálise dos contos de fada em várias histórias que compõem o
imaginário da criança e que pode dizer muito sobre a criança, como ela compreende o mundo
que a cerca, como lida com os problemas da sociedade contemporânea e que atingem tão
fortemente seu desenvolvimento.
Por meio dessa ótica da psicanálise podemos compreender um pouco da
representatividade que as narrativas carregam ao serem recontadas pela criança em suas
brincadeiras, em seus desenhos e no modo como ela se apodera das histórias para relacioná-las
à sua própria vida, suas vivências e, especialmente, em como administra o conflito interno entre
a magia da infância e a realidade dos problemas do mundo real e da vida em sociedade, que tão
fortemente atinge o desenvolvimento das crianças na atualidade.
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REFERÊNCIAS
BETTELHEIM, B.; A psicanálise dos contos de fada. São Paulo: Paz e Terra, 2015.
CALDIN, C. F.; (2002). A oralidade e a escritura na literatura infantil: referencial teórico para
a hora do conto. Encontros Bibbi: Revista Eletrônica de Biblioteconomia e Ciência da
Informação, 2002.
MACEDO. L.; Psicologia: o aprendizado orientado para a criança. São Paulo: Phort, 2009.
MACHADO, M. M.; A propósito dos contos de fadas. BVS – Biblioteca virtual em saúde. São
Paulo: Revista Pediatria, 1988. <Disponível em:
https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/lil-72605> Acesso em: 17.mar.2022.
MARTINS, M. H.; O que é leitura?. 19, ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.
ROCHA, R.; Contos para rir e sonhar. São Paulo: Salamandra, 2003.
VILLARDI, R.; Ensinando a gostar de ler e formando leitores para a vida inteira. Rio de
Janeiro: Editora Qualitymark/Dunya,1999.
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RESUMO: Este artigo apresenta uma reflexão sobre a prática docente na Educação Básica, que se
constitui um meio para a produção do conhecimento, e a escola é um lugar ao quais os valores e
práticas da educação precisam ser vivenciadas. Grandes nomes na história da educação nos
mostram que o docente deve ser um facilitador da aprendizagem, buscando fazer com que o
corpo discente participe da sua formação por intermédio da integração e cooperação de todos,
uma vez que o papel do docente em sala de aula. A pesquisa discute a formação inicial de
professores, procurando evidenciar as exigências dessa formação, bem como a formação
oferecida e, consequentemente, o papel do professor no contexto escolar. Para tanto, fez-se um
levantamento bibliográfico e uma reflexão aprofundada do tema em questão.
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situações de trabalho, que se constituirão em deveres, para que, assim, possam cobrar mais
subsídios para situações de formação, e dessas das autoridades competentes, sejam elas
para novas situações de trabalho” Silva Júnior entidades públicas ou privadas. Entretanto, é
(2010). importante destacar os deveres docentes no
trabalho pedagógico com crianças que deve
4 A FORMAÇÃO CONTINUADA superar a dicotomia entre cuidar e educar,
permitindo pelo processo da organização do
DO PROFESSOR tempo e do espaço, possibilidades para o
Vivemos atualmente, em uma sociedade conhecimento, para a aprendizagem e
considerada, por muitos teóricos, como pós- desenvolvimento infantil. Em relação aos
moderna, marcada pela inovação tecnológica e direitos recorremos a Lei de Diretrizes e Bases
social; dessa maneira, o interesse sobre a da Educação Nacional - Lei 9.394/96, no Artigo
formação de professores, nos últimos anos, 13, que destaca:
ganhou destaque no campo da investigação Os docentes incumbir-se-ão de: I - participar
entre os diversos estudiosos educacionais da elaboração da proposta pedagógica do
internacionais e nacionais. estabelecimento de ensino; II - elaborar e
Existem diversas tendências históricas sobre cumprir plano de trabalho, segundo a proposta
a formação de professores. Algumas pedagógica do estabelecimento de ensino; III -
abordagens tomam, como referência, uma zelar pela aprendizagem dos alunos; IV -
concepção mais crítica, mais reflexiva, que estabelecer estratégias de recuperação para os
concebe o professor como profissional do alunos de menor rendimento; V - ministrar os
ensino, ao passo que outras são mais dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de
tradicionais, com uma visão mais clássica, participar integralmente dos períodos
pautada na racionalidade técnica, ora dedicados ao planejamento, à avaliação e ao
positivista, ora empirista, que concebe o desenvolvimento profissional; VI - colaborar
professor como um técnico, não considera o com as atividades de articulação da escola com
saber deste, só o saber científico. as famílias e a comunidade (BRASIL, 1996, p. 6).
Neste sentido, pensamos que o tema que Candau (1997), apresenta três aspectos
elegemos assume não só atualidade – tanto no fundamentais para o processo de formação
nível das práticas nas quais se tem buscado continuada de professores: a escola, como
uma interação crescente entre formação e locus privilegiado de formação; a valorização
trabalho, nos mais diversificados grupos do saber docente; e o ciclo de vida dos
profissionais e contextos organizacionais, como professores. Isto significa dizer que a formação
no nível da investigação e produção científica - continuada precisa: primeiro, partir das
como também importância e impacto em nível necessidades reais do cotidiano escolar do
intra e interindividual. professor; depois, valorizar o saber docente, ou
A Formação Continuada é uma exigência da seja, o saber curricular e/ou disciplinar, mais o
LDB 9394/96. Os professores necessitam saber da experiência; por fim, valorizar e
conhecer as leis que regem seus direitos e
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resgatar o saber docente construído na prática exigindo uma nova postura do educador. Com
pedagógica (teoria + prática). a utilização de redes telemáticas na educação,
Assim, analisamos a formação continuada podendo-se obter informações nas fontes,
diretamente ligada ao papel do professor; as como centros de pesquisa, Universidades,
possibilidades de transformação de suas Bibliotecas, permitindo trabalhos em parceria
práticas pedagógicas e nas possíveis mudanças com diferentes escolas; conexão com alunos e
do contexto escolar. Imbernón (2010), ainda professores a qualquer hora e local,
ressalta a formação continuada como fomento favorecendo o desenvolvimento de trabalhos
de desenvolvimento pessoal, profissional e com troca de informações entre escolas,
institucional dos professores, elevando seu estados e países, por meio de cartas, contos,
trabalho para transformação de uma prática. permitindo que o professor trabalhe melhor o
Tal prática está para além das atualizações desenvolvimento do conhecimento.
científicas, didáticas ou pedagógicas do Para acompanhar essa inovação tecnológica
trabalho docente, supõe uma prática cujo é necessária a formação e com ela a capacidade
alicerce é balizado na teoria e na reflexão desta, de seleção dos instrumentos, dos canais e dos
para mudança e transformação no contexto documentos; deve ocorrer uma relação entre
escolar. os aspectos econômicos e pedagógicos, pois
Diante dos diversos pensamentos sobre a sobre eles se darão as ações administrativas.
formação continuada de professores e as Portanto, os recursos tecnológicos podem
diversas práticas ao respeito, fica esclarecido facilitar a passagem do modelo mecanicista
que não há modelo único. Portanto, se faz para uma educação mais interacionista; um
necessário conhecer esses pensamentos e processo interativo com alternância de papéis,
práticas, analisá- los criticamente e apreender conexão, heterogeneidade e multiplicidade,
isso para desenvolver novos conhecimentos, que seja capaz de gerar um estímulo-resposta
cujos produtos sejam, de fato, a transformação entre o professor e o aluno. O computador é
da formação dos profissionais da educação. uma “ferramenta” que auxilia no intermédio da
ação do professor e o aprender do aluno, um
5 O PROFESSOR E AS NOVAS auxiliar, sempre disponível e muito útil quando
bem utilizado.
TECNOLOGIAS O uso da tecnologia não se restringe apenas
A era digital, em especial com o advento da aos novos modelos de determinados
internet, abriu caminhos e trouxe ao homem o equipamentos e produtos; ela altera
acesso a um novo espaço comunicacional. Em comportamentos. A ampliação da tecnologia
meio a uma diversidade linguística e cultural, impõe-se à cultura existente, transformando
algumas vezes apontada como forma de não apenas o comportamento individual, mas o
inserção na cultura globalizada, em diversos de todo o grupo social. Bellonni (2001, P. 55),
setores da sociedade. afirma que: “A integração das inovações
Com as Novas Tecnologias da Informação tecnológicas aos processos educacionais vai
abrem-se novas possibilidades à educação, depender, então, da concepção de educação
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das novas gerações que fundamentam as ações negação, mas um redimensionamento e uma
e políticas do setor”. dinamização alicerçados no procedimento de
Com o adequado emprego da tecnologia, o questionar, de admitir a provisoriedade do
professor deverá ser o elemento fundamental conhecimento, na abertura ao diálogo e na
nesta mudança de mentalidade e atitude, integração de novas ideias.
inclusive com uma nova visão a respeito do erro
não mais como punição, mas como 6 NOVOS PARADIGMAS
oportunidade para aprender, desenvolver a
autonomia e a flexibilização de um sistema EDUCACIONAIS
rígido, centralizado e controlador (VALENTE, A necessidade de mudança na educação
1997, p. 21). O educador exercerá um trabalho brasileira é um desafio e, ao mesmo tempo, um
mais intelectual, mais criativo, mais momento ímpar para os educadores de forma
colaborativo e participativo e estará preparado geral. Experiências de algo novo na prática
para interagir e dialogar – junto com seus pedagógica têm sido um caminho árduo para
alunos – com outras realidades fora do mundo alguns e incentivo para outros. Fazer a ruptura
da escola. É esta rede de informações e com a velha concepção de “ensinar” é o
conexões que torna o ensino não-linear e caminho para o novo perfil do educador que,
colabora para a organização da inteligência para tal, precisa voltar a estudar.
coletiva distribuída no espaço e no tempo, Acredita-se que as coisas não mudam na
como nos ensina Lévy (1999). Cria-se um educação, principalmente, pelas dificuldades
coletivo inteligente, que nada é fixo, mas não enfrentadas por todos aqueles e aquelas que
tem desordem, pois são coordenados e nela exercem as suas atividades profissionais,
constantemente avaliados. Interagir neste ao tentarem se adaptar a uma nova cultura de
meio equivale a reconstruir um mundo comum trabalho que, por sua vez, requer, mais do que
que pensa diferentemente dentro de cada um nunca, uma profunda revisão na maneira de
de nós, porém contribui para a construção ensinar e de aprender. Embora quase todos
coletiva do saber. A mudança de paradigma percebam que o mundo ao redor está se
requer um exercício muito transformando de forma bastante acelerada,
Ao admitir o conhecimento como um entretanto, a grande maioria dos professores
processo de natureza interdisciplinar ―que ainda continua privilegiando a velha maneira
pressupõe flexibilidade, plasticidade, com que foram ensinados, reforçando o velho
interatividade, adaptação, cooperação, ensino, afastando o aprendiz do seu próprio
parcerias e apoio mútuo (MORAES, 1996, p. processo de construção do conhecimento,
14), coloca-se a utilização pedagógica do conservando, assim, um modelo de sociedade
computador na confluência de diversas teorias que produz seres incompetentes, incapazes de
- teorias "transitórias" e coerentes com a visão criar, pensar, construir e reconstruir
epistemológica da rede. Dessa forma, abrem-se conhecimento.
as possibilidades de profunda alteração na Para que a escola consiga ser um espaço de
pedagogia tradicional - o que não significa sua construção de formação do cidadão capaz de
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
No artigo, procuramos argumentar que a formação de professores, embora tenha se
tornado uma temática central nas discussões no cenário acadêmico brasileiro, os cursos que
oferecem essa formação para atuação na educação básica permanecem sem alterações
significativas em seu modelo formativo. Nessa tentativa, tomamos caminhos que nos levaram a
evidenciar as exigências dessa formação, a formação oferecida e o papel do professor no contexto
escolar.
A questão, ora proposta, é o desafio das Instituições de Ensino Fundamental na construção
de projetos pedagógicos no momento atual pelo qual passa a educação básica no Brasil e as
constantes exigências do mercado de trabalho em preparar o aluno para ocupar postos de
trabalho diferenciados e que exigem uma série de habilidades específicas, somando-se a isto a
postura de consumidor do próprio aluno influenciado pela mensagem publicitária de algumas
unidades escolares que afirmam preparar integralmente o seu aluno para o mercado de trabalho,
como a frase "aqui o aluno aprende na prática" e outras frases de efeito.
Reconhecemos o valor da teoria, da reflexão e do conhecimento, indispensáveis à
construção da práxis. Estudos e ações governamentais devem atingir a estas questões apontando
outros caminhos para a construção de uma formação continuada que possa ao mesmo tempo,
realizar-se no tempo e espaço escolares, alcançar o professor nos seus projetos de ascensão
profissional e fundamentar teoricamente sua práxis educativa.
Entretanto, é imprescindível considerar que as novas tecnologias estão sendo associados
a outros recursos, o que introduz novas formas de fazer e de interagir, modifica a maneira como
se pensa e como se aprende e torna necessário refletir sobre os mesmos em cada uma das
atividades de formação que se pretenda realizar
A reflexão crítica conduzida durante a pesquisa deixa claro que é urgente repensar as
práticas pedagógicas a fim de sintonizá-las com as demandas de um contexto que diverge
totalmente das práticas outrora aplicadas, de características fragmentárias e até mesmo
excludentes.
O uso de tecnologias na educação permite que os estudantes desenvolvam habilidades
intelectuais com maior motivação, pois ele estará aprendendo de forma condizente com a
realidade em que vive – a era de grandes avanços tecnológicos. Ele já é uma realidade, mas não
na grande maioria, na qual ainda predomina o estilo tradicional – carteiras enfileiradas, alunos
calados e passivos, uso apenas de livros, lousa e giz.
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REFERÊNCIAS
BELLONI, Maria Luiza. “A integração das Tecnologias de Informação e Comunicação aos
processos educacionais. In.” BARRETO Raquel Goulart(Org.). Tecnologias educacionais e
educação a distância: avaliando políticas e práticas. Rio de janeiro: Quartet, 2001
TARDIF, M. O Trabalho docente: elementos para uma teoria da docência como profissão
de interações humanas. Petrópolis: Vozes, 2005.
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RESUMO: O presente artigo busca refletir acerca dos agrupamentos multietários e as questões
que as envolvem pensando no percurso histórico e social das crianças com relação as salas
seriadas e as potencialidades na Educacão Infantil.O viés teórico inclui os estudos sobre os
agrupamentos multietários a partir de documentos oficiais e da produção científica (2006-2016)
João, 2018; além dos estudos de Valiati (2006); Ariès (1981); Lima (2015) e Prado (2006). Ao final
pretende-se analisar os caminhos para proporcionar experiências plurais e significaticas
envolvendo agrupamentos multietários, ao mesmo tempo em que confere-se às salas seriadas
uma tentativa de homogeneização das infâncias divididas por etapas e indicações temporais e
classificatórias.
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Patrícia Padro em sua tese em 2016. Passados tem essa idade, é tão nova, mas tão sábia” ou
mais de dez anos, ainda observamos a “como pode o meu chefe ter a idade para do
necessidade de um ensino pautado na meu filho” corroborando essa ideia
aquisição de saberes padronizados. verticalizada dos saberes.
Nesse sentido, surge a ideia de função social Essas e outras frases, que muitas vezes
da escola e das classes seriadas como um fazem parte de tantos discursos, carregam a
modelo que atenda um mercado como linha de visão de que o “mais novo”, visto como
produção semelhante as práticas do século XIX, inexperiente, precisa sempre aprender mais e,
só que dessa vez disfarçado de direitos de consequentemente, “o mais velho”, perderá
aprendizagem e igualdade de oportunidades. tudo o que foi aprendido, haja visto que a
criança menor é erroneamente taxada como a
CONTEXTO HISTÓRICO E OS que menos sabe.
Assim, os agrupamentos etários limitam a
AGRUPAMENTOS MULTIETÁRIOS criança no processo de socialização ao passo
Do ponto de vista histórico, de acordo com que as aprendizagens distintas são
Ariès (1981, p.10), as interações entre as desafiadoras e enriquecedoras na construção
crianças se davam a partir da prática, num de experiências diversificadas e agregadoras.
ambiente com encontros e festas incluindo
vizinhos, homens, mulheres, idosos, outras
crianças, ou seja, pessoas de todas as idades.
A CRIANÇA NO PROCESSO
A partir das revoluções industriais e da EDUCATIVO
configuração das novas relações de trabalho, Na configuração da escolarização da criança,
ainda de acordo com Ariès (1981), houve uma durante muito tempo, a ideia do adulto como
separação das crianças com os adultos, numa aquele que ensina e a criança como aquela que
espécie de enclausuramento tal qual o aprende permeou a história da educação.
processo de escolarização dos dias atuais. Nesse sentido, além da visão de adulto
Nesse processo, segundo o autor, as crianças inacabado, a primeira infância, como objeto de
eram divididas de acordo com a sua estudo pedagógico, surge com características e
capacidade. Após um longo período surge a definições próprias que permitem subdividir os
necessidade de adaptação do mestre ao nível conteúdos em etapas (no intuito de promover
da criança, garantindo aí uma preocupação da a normatização e homogeneização do seu
infância e seus saberes. desenvolvimento) que serão recebidos pelas
Quando se trata dos agrupamentos crianças e coordenados pelos mestres e
multietários, um dos questionamentos responsáveis.
recorrentes inclui a estagnação ou até mesmo Dornelles (2008), compreende as classes
o retrocesso da criança mais velha devido a homogêneas como instrumento de disciplina e
interação com crianças mais novas. Ao pensar rigidez. Desse modo, as idades diversificadas
sobre as relações adultas, comumente são entendidas como subversão, ao mesmo
observam-se relatos como “nem parece que tempo em que o ensino deveria estar atrelado
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A presente reflexão mostrou o quanto a configuração das salas seriadas pode ser
compreendida como uma tentativa de homogeneização das infâncias no qual as crianças são
divididas por etapas e obrigadas a desenvolver habilidades e competências.
Sobre isso, Gondra (2010), analisa com ressalvas a vida recortada em etapas e com
indicações temporais e classificatórios, que de certo modo, segundo ele, enaltecem métodos,
materiais e avaliações.
Nessa conjuntura, a construção de um diálogo que se atente as necessidades das crianças
observando a cultura de pares e os aspectos de aprendizagem e desenvolvimento da criança a
partir da socialização umas com as outras, permitem a defesa dos agrupamentos multietários nas
instituições de Educação Infantil como mais coerente com as diretrizes norteadoras dessa etapa
escolar.
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REFERÊNCIAS
ARIÈS, P. História Social da Criança e da Família. Tradução de Dora Flaksman. 2 ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 1981.
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RESUMO: O presente artigo faz parte da dissertação apresentada no Mestrado em Ensino, pela
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB. O objetivo deste estudo é refletir sobre a
leitura e a escrita na perspectiva discursiva considerando vozes que fortalecem o trabalho do(a)
professor(a) na sala de aula. A prática da leitura e escrita começa a fazer parte da vida humana
desde o momento que começamos a compreender o mundo a sua volta. O gosto por esse estudo
emergiu da necessidade de abordar e reiterar caminhos para a leitura e a escrita na escola, nos
anos iniciais. Este artigo traz o recorte bibliográfico que ancorou o estudo realizado e que, por
conseguinte, contribuiu para a análise da prática pedagógica das professoras colaboradoras que
participaram da pesquisa. Como resultado podemos observar que apesar já é possível constatar
alguns caminhos trilhados pelas professoras na direção da leitura e da escrita na perspectiva
discursiva, considerando o a formação continuada realizada pelas professoras.
1 Mestre em Ensino pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia -UESB. Professora da Rede Estadual de
Ensino do Estado da Bahia.
2 Professora Titular do Departamento de Estudos Linguísticos e Literários-DELL e do Programa de Pós-
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3No livro, Piaget-Vygotsky: novas contribuições para o francês Vygotsky; em italiano Vygotsky e, por fim, em
debate (1996), uma nota do editor elucida que o nome inglês Vygotsky. No presente estudo, adotamos a forma
de Vygotsky, apresenta-se escrito de modos diferentes utilizada na língua inglesa.
nas línguas ocidentais: em espanhol Vygotsky; em
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catar cuidadosamente as letras para si, relevância. Essas palavras dos outros trazem
inferimos que Mãe Joana já intuía que ler a consigo a sua expressão, ou o seu tom
palavra, para além das letras, era condição valorativo que assimilamos, reelaboramos e
necessária para uma vida menos “severina”4 . 1 reacentuamos.
Com certeza, havia, nessa mulher, a luta para Leitura e escrita são experiências discursivas
que seus filhos, negros e pobres, também também individuais, que se desenvolvem na
aprendessem a ler. Quiçá já soubesse que o interação permanente com os enunciados
mundo é lido antes da palavra. Por isso, pela individuais dos outros. Lemos, em diversas
experiência de vida, ela já sabia que a leitura situações, o que outros escreveram. Assim,
transforma mundos. tanto uma quanto a outra contribuem para
É nessa direção que apresentamos conceitos alterar o nosso modo de ser e estar no mundo,
desenvolvidos à guisa da teoria enunciativa mediadas pelas relações de sentido, isto é, por
dialógica, evidenciados nos estudos relações sociais Observamos que, no caminhar
bakhtinianos: dialogia e compreensão da vida que seguia interruptamente, a
responsiva. Sendo assim Bakhtin (2011, p. 349), personagem Maria-Nova “crescia, lia, crescia”
lembra-nos que “O homem entra no diálogo e, por conseguinte, reescrevia sua história
como voz integral. Participa dele não só com abrindo portas, portanto, para a reescrita da
seus pensamentos, mas também com seu história do seu povo, porque ela crescia
destino, com toda a sua individualidade. ” também em relação ao conhecimento da
(BAKHTIN, 2011, p. 349). É dessa maneira que o palavra, não como mero sinal, mas como signo
universo cultural do outro, como sujeito, é que se desvela à luz da “palavramundo”
traçado dialogicamente. Assim, no que (FREIRE, 2013). Trazer a leitura para a roda
concerne ao pensamento de Bakhtin (2011, p. sinaliza que ela começa no mundo particular e
294-295), compreendemos que: avança para a palavra, que tem de ter sentido
[...] a experiência discursiva individual de para quem lê, e, por conseguinte, para quem
qualquer pessoa se forma e se desenvolve em escreve.
uma interação constante e contínua com os A palavra é atravessada pela ideologia
enunciados individuais dos outros. Em certo porque possui significado e remete a alguma
sentido essa experiência pode ser caracterizada coisa fora de si mesma. Ilustramos, a partir de
como processo assimilação – mais ou menos Bakhtin (2011), a questão, por exemplo, da
criador – das palavras do outro (e não das palavra “negras”. Lida sozinha, solta,
palavras da língua). Nosso discurso, isto é, descontextualizada, quiçá diga pouco sobre
todos os nossos enunciados (inclusive as obras nossas lutas para inserção em uma sociedade
criadas) é pleno de palavras dos outros, de um europeizada. Todavia, quando a situamos em
grau vário de alteridade ou assimilabilidade, de um contexto – “Vidas negras importam”5 –, a 2
4Referência ao poema “Morte e Vida Severina”, de João 5O enunciado “Vidas negras importam” ressurgiu, como
Cabral de Melo Neto. movimento, em 25 de maio de 2020, devido ao
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conotação. Sendo assim, nossos discursos não por certo, já ocupam um lugar de relevância
são apenas nossos: eles estão carregados de teórica e metodológica no que diz respeito ao
marcas discursivas de tantos outros. Nessa tema evidenciado. Esse ponto é deveras
perspectiva, ressaltamos, que de acordo com salutar, porque reabriu caminhos que poderão
Volochinov (2013), a palavra não mostra oportunizar a ressignificação da prática
apenas a realidade: ela a interpreta, porque, pedagógica sobre o ensino da leitura e da
como signo ideológico, considera o contexto escrita, questão orientadora da pesquisa.
dinâmico, social e permeado pela interação. Outro ponto que, desde o início, queremos
A epígrafe que coroa este artigo está situada demarcar, neste estudo, é a opção que o
no romance memorialista Becos da Memória sustenta pela concepção de linguagem
de Conceição Evaristo. A literatura é interacionista, considerando os saberes
reconhecida como arte da palavra, e foi na constituídos na relação entre teoria e prática,
palavra, como signo ideológico, que caracterizados por um movimento espiralado e
encontramos a motivação para escrever acerca permanente, portanto desligado da visão
do porquê, aos olhos de Mãe Joana, “a falta do maniqueísta e fragmentada, típica da
pão dói menos que a falta da leitura”. Sem abordagem tradicional. Diante do exposto, não
tomar posse da leitura da palavra como signo iremos nos deter em explanações acerca das
ideológico, corremos risco de permanecer na outras concepções de linguagem, uma vez que,
invisibilidade, lendo o mundo a partir dos olhos nos discursos, as professoras fazem referências
dos outros. ao ensino da leitura e da escrita movidas pela
Mais uma vez, reiteramos que ler e escrever interação.
são habilidades que possuem especificidades, Observamos que os fazeres dessas
mas que estão mutuamente encravadas, professoras colaboradoras apontam indícios de
coladas uma na outra. Logo, demandam ser omissões, na formação inicial, na qual tanto a
compreendidas à luz de uma mesma concepção leitura quanto a escrita não foram configuradas
de linguagem. Com isso, interessa-nos bastante para uma abordagem, na escola, a partir dos
uma escuta sensível, de acordo com as modos diferenciados de uso na vida social. A
premissas sinalizadas por Barbier (2004), sobre diversidade de textos que circula na sociedade
os dizeres das professoras colaboradoras. São já colore o espaço da sala de aula, mas é preciso
elas que trazem as palavras do cotidiano da sala perspectivar como são explorados para as
de aula acerca do ensino da leitura e da escrita, crianças no processo inicial de alfabetização (1º
a ser problematizado teórica e e 2º ano) e a posteriori, no 3º, no 4º e no 5º
metodologicamente. ano. Para isso, não há “receita”, a não ser
Assim, para potencializar o diálogo, estudar e estudar para entremear a prática à
convidamos as vozes dessas professoras que, teoria, estimulando, cada vez mais, as
assassinato de George Floyd pelo policial Derek início em 2014: Black Lives Matter. Disponível em
Chauvin, em Minneapolis, Estados Unidos. Esse https://blog.imaginie.com.br/black-lives-matter/. Data de
episódio, de clara violência ostensiva, que faz parte de Acesso: 28/02/2022.
um racismo estrutural, trouxe à tona manifestações a
favor de vidas negras e retomou um movimento que teve
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
professoras a refletirem acerca das cada sujeito enuncia de modo diferente, mas
experiências discursivas imbricadas nas não desigual, sua percepção sobre o mundo.
próprias práticas pedagógicas, referentes ao A palavra fora do contexto pode dizer nada
ensino da leitura e da escrita. ou muito pouco. A palavra “negro” pode ter
Queremos destacar que o uso do termo usos e entonações diferenciadas, a depender
“criança – e não aluno, educando ou estudante da situação comunicativa. A entonação e o
– assume, neste estudo, um propósito político, contexto é que fazem a palavra se transformar
para enfatizar que o lugar é da criança que em enunciado. Assim, pode-se afirmar que a
estuda nos anos iniciais, dentro e fora da palavra, isolada ou a priori, não carrega juízo de
escola, como sujeito histórico e social, logo, valor ou emoção.
sujeito de direitos, de desejos e de deveres. A Dito isso, para Bakhtin (2011), o enunciado
intenção é de romper com a visão não é uma convenção, mas a unidade concreta
adultocêntrica que ainda permeia na sociedade da comunicação discursiva. Por isso, difere da
e, consequentemente, na escola. Desse modo, oração. Ou seja, ao utilizar a língua, os
esse estudante, antes de tudo, deve se tornar enunciados orais ou escritos estão presentes. É
visível, na sala de aula, como criança. com base nessa acepção que os gêneros
Ainda com referência a essa questão, poderá discursivos, que são enunciados, necessitam
alguém dizer que os termos “aluno”, ser compreendidos para adentrarem à sala de
“educando” e “estudante” também trazem o aula. Mais adiante, iremos discorrer a respeito
indicativo supracitado, sendo, portanto, mais desse ponto, por ser ele imprescindível para o
adequados porque estamos tratando de um planejamento de situações leitoras e escritoras
tema referente ao contexto escolar, no âmbito na escola, considerando-se a linguagem em sua
acadêmico. Contudo, reiteramos que os outros dimensão social.
termos abrem portas para atender a todos e Importante é ressaltar que “A enunciação é
todas que estão na escola na condição de o ato de produção do discurso, é uma instância
discente. No caminho trilhado, corroboramos pressuposta pelo enunciado (produto da
que a palavra não é um sinal, mas um signo e, enunciação). Ao realizar-se ela deixa marcas no
como tal, carrega um conteúdo ideológico e discurso que constrói. ” (FIORIN, 2018, p.55).
“tudo que é ideológico possui um significado e Frente ao exposto, percebemos haver um elo
remete a algo situado fora de si mesmo” entre as variadas vozes na mesma enunciação
(BAKHTIN, 1992 p. 21). discursiva, e sua historicidade significa que a
Na perspectiva dialógica “[...] a língua passa enunciação emerge da interação social. Assim,
a integrar a vida, por meio de enunciados o que eu, você e nós dizemos está recheado da
concretos (que a realizam); é igualmente por fala de outros. O locutor e o interlocutor
meio de enunciados concretos que a vida entra assumem igual relevância no discurso, porque
na língua. ” (BAKHTIN, 2011, p. 265). A língua é, o primeiro fala para interagir com o segundo de
portanto, um sistema de signos modo ativo, coerente com o que foi enunciado,
demarcadamente ideológico, porque ela mesmo quando silencia. A linguagem é
passeia por diferentes classes sociais e, assim, heterogênea por ser constituída por tantas
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vozes, sem que possamos nos dar conta de em nossas experiências discursivas, o que
quais são elas. também revela a prática pedagógica.
Fiorin (2018), ainda assevera que o conceito Nessa perspectiva, “[...] o dialogismo são as
referente ao dialogismo pode permitir variados relações de sentidos que se instauram entre
sentidos: aquele que está implícito no enunciados. ” (FIORIN, 2018, p. 19). Como já foi
enunciado; aquele explícito por intermédio da enfatizado, a linguagem é social e está sempre
inclusão de vozes de outros enunciados; e, por entre o interlocutor e o locutor, construindo
fim, aquele que indica a resposta dada por cada relações de sentido, porque é assim que a
pessoa às inúmeras vozes que circulam na linguagem entra na vida. Com filiação à
realidade dos sujeitos envolvidos. Isso leva em orientação firmada nos estudos bakhtinianos,
consideração a ativa posição responsiva, caminhamos para a compreensão de que o
conceito desenvolvido por Bakhtin, que dialogismo é a comunicação interativa em que
aparece no livro Marxismo e filosofia da cada um se vê e se reconhece por meio do
linguagem e, mais adiante, em Estética da outro.
criação verbal. Para esse autor, se existe De acordo com Bakhtin (1992, p. 106):
diálogo, há compreensão responsiva ativa, A palavra dirige-se a um interlocutor: ela é
mesmo quando a resposta é inadequada ou função da pessoa desse interlocutor: variará se
quando não há resposta. Assim, nas palavras de se tratar de uma pessoa do mesmo grupo social
Bakhtin (2011, p. 271), “Toda compreensão da ou não, se esta for inferior ou superior na
fala viva, do enunciado vivo, é de natureza hierarquia social, se estiver ligada ao locutor
ativamente responsiva (embora o grau desse por laços sociais mais ou menos estreitos (pai,
ativismo seja bastante diverso); toda mãe, marido, etc.). Não pode haver
compreensão é prenhe de resposta, e nessa ou interlocutor abstrato; não teríamos linguagem
naquela forma a gera obrigatoriamente: o comum com tal interlocutor, nem no sentido
ouvinte se torna falante” próprio nem no figurado.
Visto assim, o ato responsável ou ético é uma Ao refletir ainda mais um pouco acerca dos
resposta do interlocutor, isto é, um conceitos indicados, vale frisar que na
posicionamento demarcado pelo signo perspectiva teórica que envolve esse estudo a
ideológico, a palavra oral e escrita acerca do leitura e a escrita têm um caráter interativo,
discurso ora mediato ou imediato já por meio do qual, é lendo e escrevendo que o
estabelecido (SOBRAL, 2008). Essa resposta sujeito se insere na comunicação. Dessa
está mais intimamente ligada a um discurso do maneira, as professoras e as crianças produzem
que à réplica a uma pergunta. Compreendemos enunciados que precisam ser lidos de modo
que a resposta dada ao outro é para que ele linguístico, mas também social, ideológico,
conheça as ideias, os pensamentos, as como processos enunciativos e dialógicos.
experiências, ou para prosear com outro que há Nessa direção, pensamos ser relevante
em cada um de nós, tendo em vista assumir a trazer os estudos freireanos sobre o diálogo,
responsabilidade dos nossos atos manifestados tendo em vista aproximá-los da discussão
apresentada, considerando a teoria
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crianças irão escrever textos, se ainda nem municípios baianos. Mais adiante, ainda neste
leem e nem escrevem de modo proficiente? capítulo, continuaremos o diálogo acerca
(BRASIL, 2017). desses dois programas, porque é a partir deles
A experiência de formadora em quase que este estudo começou a ser pensado.
duzentos municípios baianos (período de 2012 Diante do que foi exposto até o momento,
a 2018) nos permitiu observar, acompanhando compreendemos ser relevante conhecer,
as salas de aula com os programas Pacto–BA6 e 1 desde a formação inicial, a história da
PNAIC, o distanciamento da leitura e da escrita alfabetização no Brasil e as concepções de
como prática social, ainda que muitos leitura e escrita cujas bases poderão alimentar
coordenadores pedagógicos e coordenadoras a construção ou a reprodução de métodos e
pedagógicas acreditassem que trabalhavam técnicas que não apenas contribuem para
nessa perspectiva. práticas reprodutivas no que se refere ao
O Pacto pela Educação, conhecido como ensino e aprendizagem de ler e escrever, mas
Pacto–BA, foi um dos programas coordenados também para o apagamento da voz do
pelo Programa de Apoio à Educação Municipal professor ou da professora, inscrita nos
(Proam), vinculado SUPAV7 , instituído em 2007
2 discursos externos.
e substituído em 2018. O Proam coordenava, As notas acima apontam alguns dos
dentre outros programas, o Pacto–BA. Ele foi caminhos percorridos pela leitura e pela escrita
organizado em três eixos de abrangência: 1) em um dado período do tempo histórico, para
formação continuada para professores dos que, assim, possamos compreender que esses
anos iniciais do Ensino Fundamental, nas áreas caminhos foram marcados por relações
de Alfabetização, Linguagem e Matemática; 2) binárias. De acordo com Hebrard (1999), a
gestão; 3) avaliação. escrita, ao contrário da leitura, não alcançava a
O Pacto –BA surgiu em 2011, tendo como todos, porque demandava mais tempo e
exemplo o Programa de Alfabetização na Idade recursos financeiros. Nessa época, a
Certa, do Ceará, iniciado em 2007, cuja meta aprendizagem leitora visava ao
era garantir a alfabetização dos alunos do 2ª desenvolvimento da habilidade de decodificar
ano. O Pacto–BA começou o processo pautada na prática da leitura silenciosa ou
formativo com formadores municipais de 312 oralizada.
localidades do estado, inicialmente com turmas Nos anos iniciais, com as devidas exceções,
do 1º ano. por certo, no que tange à alfabetização, houve
Em 2013, surgiu o PNAIC, com objetivo de ainda a predominância da leitura esvaziada de
garantir o direito à alfabetização de todas as sentido para as crianças, o mesmo ocorrendo
crianças na instituição. Em um dado momento, com a escrita. É fato que, atualmente a
os dois programas caminharam juntos, com despeito dessa investigação acadêmica, ambas,
foco na alfabetização das crianças dos leitura e escrita ainda não são compreendidas
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
como objeto de um ensino baseado numa contexto do texto, e também como vincular o
concepção interacionista de linguagem. texto/contexto com o meu contexto, o
E por que defendemos a experiência com a contexto do leitor”. Logo, a leitura é uma
língua social, interativa, com as múltiplas prática social e política de extrema
linguagens? A resposta nos veio de inúmeros necessidade, considerando a formação à luz de
pesquisadores, cujos dados são revelados em um arcabouço teórico que promova a
documentos oficiais (PCN, BNCC, DCRB), libertação dos sujeitos, não mais a opressão
porque eles trazem, em seu cerne, uma eficaz Compreendemos, ainda mais, que o signo
abordagem do ensino-aprendizagem da língua, está carregado de ideologia. No que diz
que contribui para a formação do sujeito em respeito à aprendizagem leitora e escritora, a
sua totalidade, objetivando o exercício da quem interessa manter meninos e meninas
cidadania de modo cada vez mais crítico, pobres, negros e pardos, em sua maioria,
consciente, emancipatório. Entretanto, amarrados a um ensino cujo foco do trabalho
sabemos que há uma distância entre o escrito está ligado a uma concepção de linguagem que
nesses documentos e as condições ofertadas não incita o pensamento crítico, não autoriza o
para que esses discursos sejam materializados. dizer com as próprias palavras, não escuta, de
O encontro entre leitura e escrita foi um modo sensível, o dito do outro, e que, por fim,
movimento que passou a transitar, aqui no tende a “encher” cada componente curricular
Brasil, por volta, da metade do século XIX, de conteúdo não como um meio, mas um fim
porque, anteriormente, havia um diferencial no em si mesmo? Entregar as atividades leitoras e
ensino, que separava quem iria ler daqueles escritoras apenas para professores e
que iriam copiar (não escrever). E quem eram professoras do componente curricular Língua
os produtores dos textos? Onde moravam? O Portuguesa, entendidos como os únicos
que faziam? Qual o seu grupo social? profissionais de leitura e escrita na escola é
Percebemos, ao adentrar um pouco mais no olhar para a linguagem de modo muito
estudo da história da escrita, de onde vem a reducionista.
cópia, a reprodução das letras, o ensino da Freire (1986), acrescenta que está a favor da
escrita e, não com a escrita. Uma resposta seriedade intelectual e, por isso, é relevante
possível nos vem do estudo de doutorado de conhecer o texto e o contexto. Contudo, é
Vieira (2017), que esmiúça o uso das cartilhas relevante ser crítico, porque a crítica cria a
desde o século XVI, bem como as memórias que disciplina intelectual tão necessária para a ativa
repercutem nas ações das professoras compreensão responsiva, por meio de
alfabetizadoras. perguntas ao que está sendo lido, bem como ao
Aqui, registramos nosso modo de conceber a que está sendo escrito, porque não devemos
leitura a partir das palavras de Freire (1986, p. ser submissos diante do texto. Ler é mais que
15): “[...] ler não é só caminhar sobre as uma mera atividade: é uma operação cognitiva
palavras, e também não é voar sobre as que exige muito esforço. Segundo Bakhtin
palavras. Ler é reescrever o que estamos lendo (2011), a recepção está assentada na
para descobrir a conexão entre o texto e o enunciação, e essa é única quando pensamos
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para falar acerca de cada enunciado lido. Sendo como protagonistas de sua história. Tal
assim, é imprescindível que as crianças, desde passagem nos lembra o poema de João Cabral
cedo, encarem a leitura e a escrita com muita de Melo Neto que diz: “Um galo sozinho não
seriedade. tece uma manhã / ele precisará sempre de
Bakhtin (2011), concebe a linguagem como outros galos”.8 É essa teia de vozes que
1
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Brait (2009) nos chama a atenção para o fato tão somente em sua construção composicional
de que dialogismo e polifonia são diferentes. O (forma padrão como determinado gênero
primeiro instaura a linguagem, e a polifonia diz discursivo se estrutura dentro do campo social
sobre as vozes polêmicas em um discurso. Esse, do qual faz parte), uma vez que o conteúdo
por sua vez, também pode apresentar uma voz temático guarda os elos dialógicos que o
monofônica, em que predomina um enunciado traz de outros textos. Isso significa
determinado enunciado. Assim todo enunciado que esse espaço vai além do que está posto no
é dialógico, mas nem todos podem ser tema ou assunto. Por fim, o estilo traz, a
polifônicos. depender do gênero, as marcas de quem
Fiorin (1997, p. 231), ratifica: escreve, ou seja, o modo pelo qual desenvolve
Apreende-se a heterogeneidade constitutiva o conteúdo temático. Acerca do estilo, o autor
pela memória discursiva de uma dada pontua que ele “[...] está indissoluvelmente
formação social. É a apreensão dos diferentes ligado ao enunciado e às formas típicas de
discursos que circulam numa dada formação enunciados, ou seja, aos gêneros do discurso”
social dividida em classes, subclasses, grupos (BAHKTIN, 2011, p. 265).
de interesses divergentes, pontos de vistas O ensino que nos foi dado emergiu sob o
múltiplos sobre uma dada realidade, que signo da “educação bancária”, criticada por
permite ver as relações polêmicas entre eles. Freire (2019). Por isso, pouco dialogávamos na
Na heterogeneidade constitutiva, o outro é escola e, quando “escrevíamos”, era para
um fio invisível no discurso, mas está presente responder a questionários ou fazer redações
sem autoria específica. A interdiscursividade para serem corrigidas pelas professoras. Esses
também transita nos planos de aula das modelos seguiram tatuados em nós como
professoras e nas atividades desenvolvidas, alunas e, consequentemente, como
cuja finalidade é ensinar as crianças a ler e a professoras.
escrever, não apenas no componente Trazemos as reflexões do tempo pretérito,
curricular Língua Portuguesa. É assim que as mas, infelizmente, o tempo passado ainda
crianças, como sujeitos históricos, com suas passeia no tempo atual, revestido de pós-
experiências discursivas individuais e vivendo modernidade, em que há pouco tempo ou
em contextos diversos, também começam a disposição para o diálogo. Nesse diálogo, como
interagir com essas atividades “mediatizadas locutoras que constroem o enunciado,
pelo mundo” (FREIRE, 1989). Dessa foram, as concordamos que: “Não é por nenhuma opção
crianças poderão assumir a ativa compreensão ideológica prévia que é necessário dar a palavra
responsiva ou responderem por meio da a quem foi silenciado: é uma necessidade
ausência, dos silêncios, dos ditos erros, mas linguística ouvi-la se se quiser compreender a
essas atitudes não são passivas. atividade com textos como uma atividade de
Ao postular o trabalho na escola com os produção de sentidos” (GERALDI, 1995, p. 113).
gêneros do discurso, considerando Bakhtin Diferentemente do que nos foi ensinado,
(2011), ratificamos que essa prática não se escrever é produzir sentidos e tem um
refere a modelos estáveis do texto, com foco endereçamento, mesmo quando escrevemos
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para nós mesmos: “[...] o discurso entrelaça Desse momento em diante, a criança passa a
com ele discursos outros em interações sentir a necessidade das palavras, tenta
complexas, fundindo-se com uns, isolando-se aprender os signos: é a descoberta da função
de outros, cruzando com terceiros. ” (BAKHTIN, simbólica da palavra.
1998, p. 1992). E as vozes que ressoam desses Ao abarcar a dialética como pressuposto
e nesses diálogos fazem brotar uma escrita da para a organização de uma teoria que olhe para
vivência que, dialeticamente, contribui para o ensino e a aprendizagem como processos
nossa inscrição no mundo e vão definindo a sociais, o autor traz as premissas do método
compreensão que nós, professores e dialético para observar as transformações
professoras, temos do que é aprendizagem. É, qualitativas relacionadas às atitudes presentes
pois, nessa direção, que continuaremos nosso na construção do desenvolvimento humano, ao
diálogo. lado das situações que circulam na sociedade.
Nesse sentido, a teoria vygotskyana ressalta a
MEDIAÇÃO COMO FORÇA mediação como ponto nodal para a
apropriação de cada novo conhecimento.
MOTRIZ PARA O ENSINO DE Para aprender a escrever, por exemplo, a
LEITURA E ESCRITA NA SALA DE criança não tem acesso direto a esse
conhecimento novo, ou seja, esse contato é
AULA
mediado por textos, objeto cultural e social. As
Enfatizamos, também a teoria desenvolvida
aproximações para a construção desse
por Lev Semenovich Vygotsky, nos aportes
conhecimento estão arraigadas nas relações de
relevantes para a construção do conhecimento,
sentido, nas quais existe o “outro social”, que
toma como referência a condição histórica e
não é apenas a pessoa, mas também os
cultural de cada sujeito. Para ele, é por meio da
objetos, bem como a cultura, o contexto social.
linguagem que a interação vai ganhando forma
Dito isso, focamos na mediação, aspecto
diante do mundo em que vivemos.
imprescindível no trabalho do professor e da
Para Vygotsky (1991), a criança aprende por
professora na escola, compreendendo a
meio da mediação, a qual é potencializa a
criança como sujeito histórico e cultural e,
aprendizagem. Freitas (1994, p. 93), estudiosa
portanto, que pensa, que tem experiências,
da teoria vygotskyana, sinaliza:
que interage com o mundo, e, por isso também,
Nas crianças pequenas, o pensamento evolui
aprende a linguagem, a escrita e a leitura, e
sem a linguagem. Os primeiros balbucios se
assim vai se desenvolvendo. Dessa forma, a
formam sem o pensamento e têm como
aprendizagem não está restrita a uma etapa
objetivo atrair a atenção do adulto. Aos dois
que precisa ser “consolidada” para que a
anos de idade, o pensamento pré-linguístico e
criança desenvolva a outra.
a linguagem pré-intelectual se encontram e se
Ilustramos a assertiva acima com uma cena,
juntam, surgindo um novo tipo de organização
ainda viva na sala de aula, em que a criança tem
linguístico-cognitivo. A essa altura, quando
de “aprender” primeiro as letras do alfabeto,
essas duas linhas se encontram, o pensamento
para depois ter acesso ao texto. E, quando o
se torna verbal e a linguagem racional [...].
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texto entra na sala, não tem como centralidade potencializem sua apreensão do mundo social,
a leitura compreensiva em todos os sentidos em diálogo constante com a experiência de
sociais. Na maioria das vezes, o plano de aula outras crianças, porque elas precisam
não foi pensado ou elaborado com tempo para participar ativamente da aula planejada pelo
trazer as vozes das crianças para a própria aula. professor ou professora.
O conceito de mediação, nos pressupostos A compreensão de que a criança não é mera
teóricos vygotskianos, diz respeito à relação do receptora dos conhecimentos apresentados a
homem com o mundo e com os outros sujeitos. ela no contexto em que está envolvida, e que
Não temos acesso direto ao objeto do sua inserção no mundo é influenciada também
conhecimento. Tal acesso ocorre na interação pela história, pela cultura, é fundamental para
com diferentes interlocutores. Nos dizeres de que, na escola, as atividades sejam pensadas
Vygotsky (1988), a criança, a priori, parece como práticas discursivas mediadas por
estar falando, e é na interlocução com os relações dialógicas (BAKHTIN, 2011).
outros que essa fala é enunciada, revelando Nessa vertente, o ensino-aprendizagem
seu próprio olhar acerca do mundo deve ser pautado nas experiências sociais que
É na interação, território dialógico emergem da palavra viva de cada sujeito, da
demarcado por convergências e divergências, reflexão a respeito da palavra que escuta e que
que a criança, como interlocutora, se diz, com a finalidade de interagir com outros.
comunica. Vygotsky (1988), aponta que há Observamos que a colaboração entre os
níveis diferentes de desenvolvimento: o real, o sujeitos, além de fomentar a construção do
proximal e o potencial. O reconhecimento objeto de conhecimento estudado, também
desses níveis contribui para que se possa contribui para desenvolvimento da formação
mediar o processo de aprendizagem. humana, aproximando as crianças de relações
Vygotsky (1988), afirma que cada nível está sociais menos autoritárias, centradas no
situado em uma zona de desenvolvimento. apagamento da identidade do outro.
Para ele, o que a criança sabe fazer sozinha é o Os pontos supracitados nos permitem
desenvolvimento real; o desenvolvimento pensar na relação da criança com a leitura e a
proximal se relaciona aos processos mentais escrita na escola como prática social, já que, de
que estão sendo construídos na criança, acordo com Vygotsky (1991), ela desbrava o
aprofundados para que assumam o mundo mediada pela linguagem, na interação
desenvolvimento potencial. Todo esse com os outros, e esse aprendizado contribui
processo é mediado por instrumentos e signos. para seu desenvolvimento.
Nesse sentido, ensinar como pontua Freire Trata-se de um mundo real, vivo, cercado
(2019), não deve ser concebido, por aquele que por múltiplas linguagens inclusas
ensina, como replicar, transferir conhecimento, dialogicamente, que estão à disposição da
como se o sujeito, a criança, não carregasse, em criança porque ela é um sujeito que está no
sua bagagem, ao chegar à escola, suas contexto social. Não obstante, esse mundo é,
experiências, seus desejos e, sobretudo, seus muitas vezes, reduzido, na escola, por práticas
direitos. Direito de usufruir de atividades que pedagógicas que podam a criatividade, a
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A questão da relação com o saber pode ser momento em que a aprendizagem leva o
colocada quando se constata que certos individuo ao aprendizado, ela está colaborando
indivíduos, jovens ou adultos, têm desejo de para que ele se desenvolva, mas para que isso
aprender, enquanto outros não manifestam aconteça é necessário que este aprendizado
esse mesmo desejo. Uns parecem estar apresente um significado e que possa despertar
dispostos a aprender algo novo, são o desejo de aprender. Ainda assim, a
apaixonados por este ou por aquele tipo de capacidade intelectual também faz parte do
saber, ou, pelo menos, mostram uma certa processo de aprendizagem, ou, saber,
disponibilidade para aprender. Outros parecem mostrando que o aluno deve ter capacidade de
pouco motivados para aprender, ou para entender cada disciplina, visto que cada um
aprender isso ou aquilo, e, às vezes, recusam- tem suas particularidades e competências para
se explicitamente a fazê-lo (CHARLOT, 2001, p. serem compreendidas.
15). Charlot (2001), afirma ainda que a situação
Charlot (2001), aponta que a relação com o socioeconômica não é um fator decisivo para o
saber pode levar um aluno ao aprendizado por mau desenvolvimento do estudante na
meio de duas condições. Para o discente o ato construção de uma relação sólida com o saber.
de aprender deve ter um significado na sua O autor comparou dados de pesquisa feita com
vida, estar fisicamente presente na escola e se alunos de diversas classes sociais, e privilegiou
houver desinteresse de sua parte e dificuldade as respostas de indivíduos da mesma classe e
de relacionar os conteúdos escolares com de acordo com as respostas obtidas tentou
situações significativas à aprendizagem, encontrar um tipo de relação com o saber de
possivelmente, será prejudicada. Em um cada uma. Um ponto de extrema importância
segundo ponto, é imprescindível que o aluno de toda a análise feita remete-se ao fato de que
tenha olhar crítico, mostrando que tem o aluno deve ser ativo nos processos de ensino
capacidade de entender, que domina as e aprendizagem, sendo mediado pelo
competências que são exigidas em professor.
determinados temas. Bachelard (1996), defensor do
Aprender é para os discentes apropriar-se construtivismo, afirma que o saber é oriundo
dos objetos de saber, ter acesso a um mundo do questionamento e se solidifica por
de saber organizado em disciplinas [...]; eles sucessivas retificações. Para que o saber se
exprimem aprendizados em termos de concretize e a aprendizagem se efetive, é
conteúdos de pensamento necessário compreender mais a fundo o que
descontextualizados, de objetos pensáveis em mobiliza os alunos e a forma como veem e
si mesmos, sem referência direta a um Eu em compreendem a escola.
situação (CHARLOT, 1996, p. 59).
A problemática da relação com o saber é
muito ampla, e outra questão que deve ser
contemplada é como a relação com o saber
pode ser criada. Sabemos que a partir do
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sujeito de seu aprendizado e deve ser De acordo com Davis e Oliveira (1994), a
considerado em sua totalidade. afetividade caracteriza-se em amor, ódio,
O professor possui o importante papel de tristeza, alegria ou medo, sensações que levam
articular conhecimentos em prol da viabilização o indivíduo a afastar-se ou aproximar-se das
de todo o processo de desenvolvimento e pessoas, ou vivenciar novas experiências. Nesta
aprendizagem do aluno, mediando e perspectiva o afeto inclui expressão e
potencializando a aquisição de conhecimento, linguagem, como: sorrisos, gritos, lágrimas,
a construção de identidade e de socialização, olhar e rosto triste, boca fechada e
de modo que este se mantenha motivado e se sobrancelhas caídas, são algumas expressões
conheça como agente principal de seu que comunicam os sentimentos dos seres
desenvolvimento. Para o alcance de tais humanos.
objetivos relativos à aprendizagem e ao Em seus estudos, Piaget abordou as relações
desenvolvimento dos alunos, é importante entre afetividade, cognição e relações sociais,
pontuar a relevância da afetividade como para melhor entender a gênese da moral
elemento viabilizador de vínculos entre (construção de valores e sentimentos). Ele
professor e alunos. defende que a construção de valores,
Ao se conceituar afetividade percebe-se que considerando esses elementos afetivos como
existem várias definições sobre o seu essenciais para explicar o desenvolvimento
significado. Entre as várias conceituações, cognitivo (SOUZA, 2003).
Ribeiro (2010, p. 403) define afetividade como Tendo como base os estágios de
“[...] atitudes e valores, comportamento moral desenvolvimento propostos por Piaget, a
e ético, desenvolvimento pessoal e social, autora destaca que no estágio pré-operatório
motivação, interesse e atribuição, ternura, esta questão afetiva necessita de maior
inter-relação, empatia, constituição da atenção no que se refere às relações entre as
subjetividade, sentimentos e emoções”. pessoas. Nessa fase começam a surgir os
Segundo a autora, a afetividade é fundamenta primeiros sentimentos morais (amor, temor,
para que um ambiente escolar seja apropriado respeito...), sendo estes sentimentos
no sentido de promover a aprendizagem dos imprescindíveis para a determinação de uma
alunos. moral heterônoma, pois se sabe que a criança
Segundo o Dicionário Aurélio da Língua heterônoma aceita as regras sem
Portuguesa (FERREIRA, 2004, p. 61). questionamentos (SOUZA, 2003).
Afetividade. [De afetivo + - (i) dade.] S.f.1. Para Vygotsky, não há a separação entre a
qualidade ou caráter de afetivo. 2. Psic. afetividade e o cognitivo, pois eles estão
Conjunto de fenômenos psíquicos que se interligados entre si, fato que o autor critica a
manifestam sob a forma de emoções, pedagogia tradicional em separar a afetividade
sentimentos e paixões, acompanhadas sempre da cognição. Diante disto, Vygotsky entende a
da impressão de dor ou prazer, de satisfação ou afetividade como fator de contribuição para o
insatisfação, de agrado ou desagrado, de desenvolvimento do indivíduo, ressaltando que
alegria ou tristeza. o ser humano se desenvolve na interação com
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o meio social e cultural, para ele, afetividade e Isso reforça a importância que os professores
as emoções desenvolvem-se desde o têm em desempenhar uma relação de afeto
nascimento (OLIVEIRA; REGO, 2003). com os discentes, provocando neles diferentes
A afetividade, para Wallon, é um fator reações.
primordial para o desenvolvimento dos seres Há ainda que se destacar a necessidade de
humanos, assim sendo, conforme consideram atentar e refletir sobre a afetividade presente
Almeida e Mahoney (2009), na concepção no processo de ensino-aprendizagem, bem
walloniana a afetividade pode ser definida da como a de estarmos sempre muito atentos ao
seguinte forma: que nossos alunos e nossas alunas têm a dizer.
Refere-se à capacidade, à disposição do ser Ouvi-los (as) falar sobre suas vivências e seus
humano de ser afetado de ser afetado pelo sentimentos na escola constitui-se num
mundo externo e interno por meio de diferencial deste estudo, que mostrou que as
sensações ligadas a tonalidade agradáveis ou crianças têm muito a comunicar e a informar,
desagradáveis. A teoria apresenta três de forma autêntica e enriquecedora. A
momentos marcantes, sucessivos, na evolução possibilidade de se expressarem de forma tão
da afetividade: emoções, sentimentos e paixão espontânea e verdadeira, como ocorreu,
(p. 17). permitiu penetrar nesse universo afetivo e
Nesse sentido, Wallon considera a perceber o quanto a educação, hoje, precisa
afetividade um fator essencial para o aprender ou saber lidar com ele (SAUD, 2009,
desenvolvimento da inteligência na criança, p. 41).
sendo que ao nascer o primeiro contato que a Nesta perspectiva, o compartilhamento de
criança tem com o meio social, é por meio afetividade se faz extremamente importante
dessa interação que se dá sua sobrevivência, uma vez que “a ausência sistemática das
por depender exclusivamente do outro interações emocionais seguras cria um espaço
(WALLON, 2007). de vulnerabilidade e desenvolvimento de
De acordo com Souza (2003), Piaget utiliza- insegurança” (ABREU, 2010, p. 37).
se de muitos aspectos para explicar sua teoria Em relação à percepção individual, a forma
sobre afetividade e cognição, no entanto, aqui como a noção de “eu” está permeada
serão descritos apenas aspectos que são constantemente pelo senso de “nós” nos leva a
necessários para a compreensão da atividade compreender que “muitos aspectos de nossa
no âmbito escolar, em especial nas séries personalidade formam-se durante a infância à
iniciais. medida que experimentamos um círculo
Almeida e Mahoney (2009), à luz da teoria constante de relações íntimas com nossos pais,
walloniana, ressaltam que em suas análises família e amizades” (ABREU, 2010, p. 44).
com crianças do Ensino Fundamental I, As relações interpessoais são amplamente
observaram que os alunos demonstram decisivas no processo de construção de nosso
sentimentos positivos (tranquilidade, “eu”. Dessa forma:
entusiasmo, confiança, alegria e prazer),
associados ao que sentem pelos educadores.
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saudável com o universo do conhecimento e do O fracasso escolar pode ocorrer por diversas
saber. situações e condições externas e internas ao
Muitas são as demandas que a escola recebe estudante. Podemos citar como causas
e cabe a ela, portanto, transmitir saberes externas, problemas de ordem socioeconômica
acumulados e, ao mesmo tempo, impedir que das famílias dos estudantes e sócio
as crianças fiquem desmotivadas e busquem institucional: desde estrutura física da escola,
apenas estudar para a prova, que se tornou um problemas administrativos e pedagógicos; nas
instrumento para verificar a memorização do causas internas, o desenvolvimento cognitivo e
conteúdo. Ou seja, a escola e o educador, que os de ordem afetivo-emocionais, motivacionais
não cumpriu minimamente as demandas da e de relacionamentos.
educação para o século XX, encontram-se Para Piaget (1994), um sujeito epistêmico
totalmente despreparados para atender os constrói conhecimentos a partir das
desafios do século XXI. coordenações de suas ações e dos
Embora muitos estudiosos tenham se ensinamentos, oportunidades, bem como
dedicado em responder diversos benefícios de sua herança genética, saúde
questionamentos sobre a capacitação dos orgânica e mental.
educadores na atuação com crianças que Quem não se adéqua a um padrão
apresentam desmotivação e desinteresse no pedagógico convencional, reage
processo de ensino aprendizagem, a negativamente, tornando-se inadequados.
complexidade dessa problemática em termos Para Fonseca (1996), a primeira necessidade
da capacitação do professor requer ainda seria, portanto:
muitas pesquisas. [...] alfabetizar a linguagem do corpo e só
Segundo Charlot (2005), o fracasso escolar é caminhar para as aprendizagens triviais que
um tema relevante e polêmico que requer mais não são que investimentos perceptivo-
atenção no espaço escolar. Ele tem sido foco de motor, ligados por coordenadas espaços –
constantes discussões por estar intimamente temporais e correlacionadas por melodias
atrelado a questões como: reprovação, evasão, rítmicas de integração e respostas (FONSECA,
indisciplina, erro, fracasso e insucesso escolar. 1996, p.142).
Conforme estipula a Lei de Diretrizes e Bases A busca pelo método único, um ideal
da Educação Nacional (1996), espera-se que os pedagógico, não só terminou como passou a
estudantes ao final de nove anos de idade ser considerado inadequado didaticamente. A
tenham completado o Ensino Fundamental I pedagogia do século XX modificou
obrigatório e gratuito. Nossa realidade, no radicalmente a forma de ensinar, apesar de
entanto, é bem distinta, uma vez que há alto muitos erros que ocorreram e continuaram a
índice de fracasso escolar, sistema de ocorrer devido à compreensão equivocada e a
“promoção automática” de analfabetos e de informações superficiais das novas
novos métodos de ensino sem qualificação metodologias.
profissional. Dentro do contexto moderno das
tecnologias em educação, o conhecimento
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disponível estará cada vez mais ao alcance de aprendizado, precisa ser avaliada em vários
todos. É fundamental ter no professor o aspectos.
facilitador da aprendizagem, que saiba manejar Precisamos nos apropriar da concepção de
o conhecimento com autonomia. Com o papel que a ação, o movimento e experiências
do professor essencial e sua função educativa e concretas facilitam e reforçam o
não instrucionista. desenvolvimento e a aprendizagem. As
O sistema educacional precisa estar atento a crianças com dificuldades de aprendizagem
importância da inserção curricular dos valores precisam de apoio no desenvolvimento de suas
básicos, para que haja uma boa convivência potencialidades, não rótulos.
escolar entre discentes e docentes. Os temas O professor deve privilegiar as habilidades
transversais já existem, porém, é preciso um de cada aluno, provendo desenvolvimento da
melhor aparato não somente de materiais autoestima e integração dos educando;
didáticos, mas, uma maior preocupação em orientando e desafiando os alunos a alcançar
relação à formação dos professores para uma metas para vencer as dificuldades.
utilização eficaz. A escola, como espaço Pedagogicamente a integração requer a
formador e não conformador, deve abrigar as promoção das qualidades próprias do
diferenças, mas deve conter as regras indivíduo, sem estigmatizar e sem segregar.
fundamentais como recurso organizador das Identificar intervenções necessárias para
relações sociais. ajudar educadores a capitalizar potencialidades
Paulo Freire (1996, p. 25), em sua intelectuais dos alunos com dificuldades de
consagrada obra “Pedagogia da Autonomia”, aprendizagem em vez de encará-los como
nos diz que “não há docência sem discência, as vítimas de suas defasagens. As experiências de
duas se explicam e seus sujeitos, apesar das aprendizagem devem caminhar do concreto
diferenças que os conotam, não se reduzem à para o abstrato, do simples para o complexo.
condição de objeto, um do outro”, e Para que possamos ver a realidade de maneira
complementa: “quem ensina aprende ao mais objetiva é necessária uma organização da
ensinar e quem aprende ensina ao aprender”. aprendizagem.
A aventura do conhecimento é
compartilhada, portanto reúne ao mesmo
tempo interesses psicológicos, biológicos,
sociológicos, antropológicos, lingüísticos,
artísticos e culturais. A priori tratamos as
dificuldades escolares das crianças como
problemas delas mesmas, uma vez avaliada, a
criança torna-se aquilo que o teste definiu.
O (a) professor (a) não pode esquecer de que
o (a) aluno (a) é um ser social com cultura,
linguagem e valores específicos. A criança é um
todo; quando apresenta dificuldades no
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir das considerações apresentadas pelos autores consultados, foi possível concluir
que o estudante deve ser compreendido em sua totalidade, considerando todas as influências
que recebe e que podem interferir de maneira positiva ou negativa em seu processo de
aprendizagem.
Somos sujeitos constituídos por nossa história, cultura e sociedade. Interagimos e somos
influenciados o tempo todo pelo meio no qual estamos inseridos e, da mesma forma, o
influenciamos. Agimos sobre ele, transformando-o e transformando a nós mesmos, em um
contínuo processo de construção que não se limita e não se esgota.
Contudo, não podemos negligenciar nossas características biológicas, que fazem parte e
permeiam todo o cenário descrito.
Sem dúvida, ao nos depararmos com dificuldades, em qualquer área da vida, é necessário
avaliar as influências de todos os elementos que nos constituem.
Em relação à aprendizagem, é importante frisar a imprescindibilidade de todos os aspectos
constituintes do indivíduo estar em equilíbrio para que seja possível relacionar-se com o saber e
construir seu conhecimento.
Nenhum aspecto deve ser privilegiado em detrimento de outro, no que tange ao
desenvolvimento humano, pois não somos seres fragmentáveis. Somente a partir dessa
compreensão poderemos entender e auxiliar os alunos a atribuírem sentido e significado à
experiência escolar, tornando possível que se mantenham interessados e motivados.
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1Professor de Ensino Fundamental II e Médio nas redes Municipal e Estadual de ensino de São Paulo. Professor
de Ensino Superior no Centro Universitário Carlos Drummond de Andrade (UNIDRUMMOND) e no Centro de
Estudos em Saúde (CES) da Faculdade Unylea.
Formação acadêmica: Doutor em Engenharia Biomédica; Especialização em Medicina do Esporte e da Atividade
Física; Graduado em Educação Física, Ciências biológicas e Pedagogia.
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Keywords: Physical Activity Guide for the Brazilian Population, children and adolescents,
recommendations for physical activities.
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de modo remoto e com atividades online, Podemos entender atividade física como
inclusive as aulas de Educação Física (VIEIRA et qualquer movimento corporal realizado
al., 2020). Isso é extremamente prejudicial na voluntariamente por meio de contração da
medida em que, para muitos estudantes, as musculatura esquelética, que eleve o gasto
aulas de Educação Física constituem-se num energético para além dos níveis de repouso.
dos poucos momentos durante a semana em Essa definição foi elaborada por Carpensen e
que conseguem realizar atividades físicas colaboradores (1985), e é adotada até os dias
esportivas e afins. atuais pela organização Mundial da Saúde
Felizmente, mesmo diante deste momento (OMS). Dessa forma, os mais variados
crítico que está sendo a pandemia da COVID- movimentos realizados em diferentes
19, o Ministério da Saúde brasileiro voltou sua contextos (lazer, trabalho, locomoção e
atenção à necessidade de estabelecer atividades domésticas) quando exigem um
diretrizes claras no que tange as gasto calórico maior do que em estado basal,
recomendações de atividade física para os isto é, em repouso, são considerados como
diversos grupos e segmentos da população. atividades físicas (CASPERSEN; POWELL;
Isso fez com que, por meio de um trabalho CHRISTENSON, 1985).
colaborativo com pesquisadores brasileiros, o É muito comum que os termos atividade
Guia de Atividade Física para a População física, exercício físico e esporte sejam utilizados
Brasileira fosse publicado em 2021 (BRASIL, como sinônimos, entretanto, isso é um
2021). Tendo em vista a relevância deste equívoco. Esse erro ocorre pelo fato da prática
documento, bem como a necessidade de de exercício físico, assim como as atividades
fortalecer e incentivar iniciativas e políticas esportivas serem uma das subcategorias das
públicas que estimulem a prática de atividade atividades físicas, e por ambos terem como
física para os mais variados grupos característica central a realização de
populacionais, inclusive crianças e movimentos corporais que demandam um
adolescentes, este estudo tem por objetivo gasto energético maior do que em estado de
abordar as suas recomendações de atividade repouso. Entretanto, existem aspectos centrais
física para este público. que os diferenciam.
O exercício físico tem como característica
CONCEITOS INTRODUTÓRIOS ser realizado de forma sistematizada e
estruturada, com objetivos específicos em
SOBRE ATIVIDADE FÍSICA relação à aptidão física, seja ela esportiva ou
Antes de revisar as recomendações de relacionada à saúde (CASPERSEN; POWELL;
atividade física para crianças e adolescentes CHRISTENSON, 1985). Por aptidão física,
sugeridas pelo Guia de Atividade Física para a entende-se a capacidade de um indivíduo
População Brasileira (BRASIL, 2021), para uma realizar atividades físicas, exercícios físicos
melhor compreensão e aplicabilidade das e/ou atividades esportivas com vigor e
instruções, se faz necessário compreender disposição. Dessa maneira, quanto menor for o
alguns princípios e conceitos introdutórios. esforço de um indivíduo na realização de uma
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este montante poderá inclusive ser fracionado saltitar, buscar objetos, dentre outras
ao longo do dia. Em se tratando de crianças possibilidades (BRASIL, 2021).
numa faixa etária de 1 a 2 anos de idade, a Dos 3 aos 5 anos de idade, devido ao maior
recomendação é que sejam realizada estágio desenvolvimental, as crianças devem
diariamente, também podendo ser distribuídos ser estimuladas a envolverem-se em atividades
ao longo do dia no mínimo 3 horas de atividade de maior intensidade (pelo menos 1 hora diária
física. Cabe ressaltar que para estas duas faixas em atividade de intensidade moderada à
etárias iniciais (até 1 ano de idade e de 1 a 2 vigorosa, dentre as 3 horas diárias
anos de idade), não é necessário considerar a recomendadas), deste modo, estímulos mais
intensidade da atividade física realizada. Em elaborados e que requeiram as habilidades
outras palavras, movimentar-se é o que motoras do andar, correr, chutar, saltar,
importa. Finalmente, para a faixa etária de 3 a escalar, arremessar devem ser estimuladas.
5 anos de idade, recomenda-se que sejam Uma vez que nesta faixa etária a criança já deve
praticadas assim como na faixa etária anterior estar regularmente matriculada na educação
(de 1 a 2 anos de idade) 3 horas diárias de infantil, atividades físicas mais complexas como
atividade física. No entanto, para esta este natação lutas, jogos pré- desportivos e
grupo etário sugere-se que pelo menos 1 fundamentos ginásticos podem ser trabalhados
destas 3 horas seja em intensidade moderada à pelos professores de Educação Física e
vigorosa, também podendo ser praticada em estimulados pelos pais, inclusive em atividades
diferentes momentos ao longo do dia (BRASIL, extracurriculares (BRASIL, 2021).
2021). Em linhas gerais, para crianças de até 5 anos,
Crianças com até 1 ano de idade podem as sugestões apresentadas pelo Guia de
atingir suas recomendações de atividade física Atividade Física para a População Brasileira,
diária sendo estimuladas a se movimentar diante das recomendações de atividade física,
estando em decúbito ventral (barriga para apontam que:
baixo), ou então sentadas com as pernas e “ é importante que as crianças sejam
braços em movimento. Nesta faixa etária os fisicamente ativas em vários momentos do dia,
pais e/ou professores devem estimular vivenciando diferentes experiências de
frequentemente as crianças a segurar, movimento apropriadas à sua fase de
alcançar, puxar, empurrar, rastejar, engatinhar, desenvolvimento e conforme suas capacidades
rolar, equilibrar-se com e sem ajuda, levantar- (BRASIL, 2021, p.13).”
se, dentre outras possibilidades de movimento • Atividade física para crianças e jovens de
(BRASIL, 2021). 6 a 17 anos
Na faixa etária de 1 a 2 anos, com a criança De acordo com o Guia de Atividade Física
um pouco mais desenvolvida, a atividade física para a População Brasileira, crianças e jovens
pode ser estimulada por jogos e brincadeiras numa faixa etária de 6 a 17 anos devem praticar
que desafiem tarefas motoras como equilíbrio diariamente, no mínimo, 60 minutos de
bipodal e unipodal, rastejar, andar, escalar, atividade física, sendo que atividades em
intensidade moderada ou vigorosa são as mais
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recomendadas. Cabe rememorar que esta que seja estimulada a conhecer novas
intensidade de atividade física varia entre 5 e 8 possibilidades de se movimentar, seja por meio
numa escala de percepção subjetiva de esforço da prática esportiva, de exercícios físicos ou em
que vai de 0 a 10 ,e ainda, que nestas atividades físicas, como por exemplo o
intensidades manter uma conversa sem deslocamento. Neste caso, quando possível,
interrupções na fala é muito difícil (BRASIL, incentivar o deslocamento de bicicleta, por
2021). exemplo, contribui beneficamente para atingir
Dentro destes 60 minutos diários, devem ser as recomendações diárias de atividade física,
incluídos em pelo menos 3 dias da semana, bem como auxiliar em alguns afazeres
atividades que estimulem o fortalecimento do domésticos também podem ser uma boa forma
sistema musculoesquelético. Para isso, de estimular a atividade física. Bons exemplos
atividades como saltar que podem ser de atividades que podem ser realizadas neste
realizadas por meio da brincadeira de pular contexto são a manutenção e limpeza do
corda, e o puxar que pode ser realizado com a quintal ou área externa, ou ainda sair para
brincadeira do cabo de guerra devem ser passear com o cachorro (BRASIL, 2021).
estimuladas, dentre outras que tenham estas Na escola em especial, a atividade física
características (BRASIL, 2021) também deve ser praticada pelas crianças e
Assim como nas faixas etárias mais tênues, o adolescente. Neste contexto 2 valiosíssimos
tempo diário de atividade física pode ser momentos merecem ser apontados: 1 as aulas
atingido de modo fracionado. Ademais, cabe de Educação Física, que com a pratica
ressaltar que para que maiores benefícios à estruturada e informação adequada ofertada
saúde sejam atingidos, é completamente pelo Professor trará inúmeros benefícios à
recomendável aumentar progressivamente o saúde e ao desenvolvimento dos estudantes e
tempo diário de 60 minutos, e ainda, para os 2- o intervalo/recreio escolar, um momento
dias em que não forem possíveis atender a ímpar para a interação social, bem como a
recomendação mínima, deve ser realizado o descoberta de diversas manifestações culturais
tempo que for possível. Pois conforme citado do movimento humano (jogos, brincadeiras,
no Guia: “Cada minuto conta!” (BRASIL, 2021, danças, esportes e etc.) (BRASIL, 2021).
p.17).
Devido a maior faixa etária, período
desenvolvimental e independência de
locomoção, o espectro de atividades físicas
possíveis de serem realizadas para este grupo é
bem maior. Sendo assim, no tempo livre é
importantíssimo que esta criança ou
adolescente possa destinar tempo à realização
de atividades que gosta de praticar, podendo
ser realizada inclusive na presença de amigos e
pessoas do seu ciclo de convivência, e ainda,
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base na análise do Guia de Atividade Física para a População Brasileira, em especial
para a faixa etária que compreende crianças e adolescentes, pudemos obter as seguintes
recomendações de atividade física: Pelo menos, 30 minutos diários para crianças menores de 1
ano, não havendo sugestões sobre a intensidade da atividade física realizada; Na faixa etária de
1 a 2 e de 3 a 5 a recomendação é de que diariamente sejam praticadas, no mínimo 3 horas de
atividade física, sendo que para o último grupo etário, em uma destas horas atividades físicas de
intensidade moderada à vigorosa devem ser realizadas; Já no último grupo etário que
compreende a infância e a adolescência a recomendação é que sejam realizados 60 minutos de
atividade física em intensidade moderada ou vigorosa, sendo que em pelo menos 3 dias da
semana, atividades que estimulem o fortalecimento do sistema musculoesquelético devem ser
realizados.
De fácil leitura e compreensão, o Guia de atividade física para a população brasileira traz
ainda diversos exemplos e sugestões de como alcançar as recomendações de atividades físicas
para cada um dos grupos etários (conforme abordados aqui neste artigo). Finalmente, uma das
maiores “lições” trazidas por este documento, em especial para crianças e adolescentes, é a
importância destas serem ativas nos mais variados momentos do dia, de modo que se envolvam
nas mais diversas experiências motoras e de atividade física, desde que sejam adequadas ao seu
estágio de desenvolvimento.
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RESUMO: Nos tempos atuais, é de fácil percepção o quanto a tecnologia está presente em nossas
vidas. No ano de 2020, ficou evidente como a tecnologia ajuda nas práticas educativas, uma vez
que, com a Pandemia decorrente ao Covid 19, as aulas passaram a ser on line e o professor se
reinventou para continuar ensinando mesmo a distância. O acesso a quaisquer informações é
obtido de maneira rápida e eficaz. No passado, não tão distante, até a forma de se comunicar era
diferente e o acesso a informação era muito mais complexo. A tecnologia, quando utilizada de
forma correta, possibilita ao professor um arsenal de recursos para aprimorar e incrementar os
processos escolares e sua prática pedagógica, tornando as aulas mais atrativas e interativas. A
tecnologia não pode ser considerada como uma matéria a ser aprendida ou algo isolado, e sim,
um portal de possibilidades para criar momentos marcantes de aprendizado para as crianças.
1Professora de Educação Infantil e Ensino Fundamental I na Rede Municipal de São Paulo. Graduação: Licenciatura
em Pedagogia; Especialização em Psicopedagogia.
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não é a mesma situação do professor. Dessa Por meio do computador o professor tem em
forma é preciso ter consciência do seu uso, sua disposição uma série de ferramentas que
para auxiliar o aluno com dificuldade, para que podem ser utilizadas para enriquecer sua ação
assim aprenda a utilizar esta ferramenta a seu pedagógica. Desse modo se faz necessário a
favor, de forma didática. escola se reinventar para sobreviver como
Prender a atenção dos alunos para instituição educacional, para que assim a
aprendizagem se tornou uma tarefa difícil para prática de fato ocorra, que o uso das
o professor. A forma como se porta diante dos tecnologias digitais da informação possam ser
alunos e das tecnologias deve ser respeitada, inseridas e sistematizadas na prática
com limites, cabe aos alunos se concentrar no pedagógica.
conteúdo aplicado e aprender a realizar suas
tarefas de forma correta, agregando IGUALDADE DE
conhecimento e buscando ampliar suas
habilidades quanto ao uso da tecnologia. OPORTUNIDADE: AS ESCOLAS
O grande desafio dos professores é seguir o NO BRASIL E NO MUNDO
princípio que privilegia o aprendizado É inviável comparar a desigualdade em
interdisciplinar e integrador para construção de relação ás escolas brasileira e as do mundo
conhecimentos. todo, mas podemos citar alguns exemplos de
A escola precisa intensificar a aprendizagem, países desenvolvidos, como França, Estados
deixando de ser apenas transmissora de Unidos e o Canadá, cujas escolas de ensino
informação, pois o objetivo não é somente fundamental são de ótima qualidade e
transmitir conteúdos e sim ensinar a forma de gratuitas.
buscar informações, por meio de pesquisas, Trata-se de uma questão de escolha e não de
desenvolvimento de projetos e conteúdos necessidade a busca de bases particulares,
específicos. visto que são poucas, pois geralmente são
A educação sofre com a falta de recursos buscadas por pais que optam por um método
tecnológicos atualizados, a escola conta com de ensino específico.
parcerias entre professores, pais e empresas Contudo, o mais importante é que todos
cujo objetivo é equipar as escolas possam ter acesso a mesma educação, sendo
tecnologicamente adquirindo equipamentos. ela publica ou não, sendo rico ou pobre, sem
Vale lembrar que o professor tem o dever de distinção. Esse seria o primeiro passo para a
ensinar de forma a motivar seus alunos, redução da desigualdade, no que tange dar
inspirar contribuindo assim para a oportunidade igual para todos.
aprendizagem de forma significativa. A desigualdade no Brasil é muito notória,
O professor explorará diversos meios pois existem muito poucas escolas públicas de
tecnológicos por meio do computador, qualidade. Muitos atrelam isso aos baixos
aprimorando assim seu conhecimento para salários que os professores recebem, pois
facilitar o processo de aprendizagem do aluno muitos precisam ter vários empregos para
e desenvolvimento intelectual. conseguir ter uma renda satisfatória.
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Nota-se que o problema é da falta de deve acontecer e como este descarte impacta
infraestrutura, visto que, os prédios são na vida da sociedade.
precários e sem muitos vislumbres de Mesmo que ocorram campanhas para o uso
investimentos em tecnologia. de lixeiras seletivas as pessoas não percebem o
Outro problema também é sobre a quanto este tipo de ação pode influenciar no
uniformização dos currículos que não dão meio ambiente.
margem para adicionar matérias diferentes, Propostas educacionais sobre a coleta
que podem ser do interesse dos estudantes de seletiva precisam ultrapassar os muros de
uma determinada região. A escola não é capaz ambientes escolares e chegar a ambiente de
de trazer a realidade do aluno para a sala de convívio da sociedade. Por meio desta
aula e as atividades práticas, que envolvem a proposta estaremos criando uma cultura de
tecnologia, são poucas. forma consciente e fazendo com que o meio
O ensino se tornou desinteressante visto ambiente tenha maior preservação.
que, dificulta o aprendizado e contribui ainda Educação ambiental são os processos por
mais para a desigualdade, além de todo o meio dos quais o indivíduo e a coletividade
cansaço e o desestimulo do professor frente a constroem valores sociais, conhecimentos,
tantas dificuldades, constitui assim um cenário habilidades, atitudes e competências voltadas
desolador. para a conservação do meio ambiente, bem de
Mesmo este cenário sendo tão desigual, não uso comum do povo, essencial à sadia
pode desanimar, ainda há solução. O que falta qualidade de vida e sua sustentabilidade.
é vontade política e principalmente A Educação Ambiental é uma dimensão da
investimento no ensino. educação, é atividade intencional da prática
social, que deve imprimir ao desenvolvimento
O IMPACTO DO USO DA individual um caráter social em sua relação com
a natureza e com os outros seres humanos,
TECNOLOGIA NO MEIO visando potencializar essa atividade humana
AMBIENTE - UMA PROPOSTA com a finalidade de torná-la plena de prática
social e de ética ambiental.
EDUCACIONAL PARA O
A preocupação com saneamento, ao longo
DESCARTE ADEQUADO E A da história, esteve quase sempre relacionada à
PROPOSTA EDUCACIONAL transmissão de doenças. Entretanto, o
A tecnologia tem sido consumida cada vez crescimento acelerado da população mundial e
mais, e ela está em todas as áreas da educação, do parque industrial, o consumo excessivo, o
e por que não falar em meio ambiente consequente aumento na produção de
também? Percebe-se que a sociedade embora resíduos e o descarte irresponsável desses
consuma tecnologia no seu dia a dia não sabe resíduos no meio ambiente têm levado a uma
como descartar quando estas não mais estão preocupação mais abrangente: a escassez dos
em uso. Percebe-se ao analisar que existe uma recursos naturais. Vale lembrar que o conceito
falta de conhecimento sobre como o descarte de desenvolvimento sustentável está
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podem ocorrer novas ideias e uma solução que receber novos conhecimentos, agregar as suas
venha a contribuir a instituição e a todos funções buscando sempre seu crescimento e
envolvidos nela. reconhecimento profissional.
O colaborador pode interagir não somente Manter uma comunicação aberta e clara,
nos momentos de mudanças, inovações, mas apresentar os objetivos da instituição, também
em todas as circunstâncias ele poderá são tópicos que contribuem para o bom
manifestar suas opiniões o gestor deve atuar andamento dos processos.
neste momento como um ouvinte e procurar A busca por melhores resultados e os
colher de forma positiva, seus comentários desafios do mundo dentro das instituições vive
quem sabe em um futuro prospero poderá em constantes mudanças, humanizar as
obter recompensas com novas ideias. relações é atuar nesta aproximação,
As instituições devem proporcionar aos aproveitando-se da tecnologia.
funcionários uma integração entre eles, deixa-
los cientes que eles podem dar sugestões,
ideias sempre são bem vindas. Investir em
pessoas é pensar no crescimento da instituição,
a equipe bem formada vai além das
expectativas.
A realização profissional e pessoal depende
de reconhecimento. O colaborador quando é
reconhecido recebe um grande estímulo para
continuar a evoluir em suas atividades e buscar
sempre melhorar naquilo que lhe faz a
diferença dele junto com os demais.
É importante tratar também da autoestima
do colaborador, a instituição pode retribuir seu
reconhecimento com novas atribuições de
responsabilidades, planos de desenvolvimento,
cursos de aprimoramento, a comunicação
engajada com os demais departamentos,
planos de carreiras, dessa maneira, o
colaborador poderá se motivar com essas
oportunidades e buscar mais desafios e
aprimoramento de suas competências.
É de extrema importância o colaborador se
sentir reconhecido e receber motivação junto
as suas qualidades, com isso, ele se sentirá
importante dentro do processo, e terá essa
necessidade atendida. Ficará empenhado em
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como já nos referimos, o uso das tecnologias se faz necessário, pois contribui de forma
significativa na educação dos alunos das séries iniciais do ensino fundamental I, além de ampliar
o leque de conhecimento, tornando assim uma sala de aula mais divertida e interessante.
A sociedade e a educação encontram-se em constante processo evolutivo e de adaptação
com os avanços tecnológicos. Os meios de comunicação passaram a utilizar a informação de
maneira virtual e, a partir disso, impuseram, de certa maneira, que os indivíduos também se
adequassem para utilizar as novas ferramentas e recursos disponíveis.
A escola pública, no Brasil, enfrenta dificuldades em relação a inclusão digital, por falta de
incentivo dos governantes, muitas escolas possuem estrutura precárias, diferentemente do
cenário privado.
A falta de estrutura e suporte técnico deixa muito a desejar. Em uma escola sem estrutura
alguma, fica difícil construir planos de aulas que possam levar as novas tecnologias e a novas
formas de educação até os alunos. Ainda falta investir muito na educação e qualificar não
somente o espaço físico, mas também o professor. Um professor qualificado consegue incorporar
suas aulas novos conceitos e novas técnicas.
O fato que se estabelece é que este cenário, assusta os profissionais da educação e toda a
comunidade escolar, pois favorece as relações de disputa e foca apenas no individuo.
Aprofundando no tema de tecnologia na educação, pode-se perceber que há uma enorme
importância em serem pensadas na visão de qual projeto essas tecnologias podem ser usadas,
como se incorpora a tecnologia no currículo escolar. Pois se percebe que o entendimento e a
apropriação que a escola pode fazer com toda tecnologia é ferramenta importante para o plano
pedagógico.
O jovem tem domínio muito fácil com toda tecnologia e a escola pode criar projetos e fazer
esforço de se apropriar dessas ferramentas para ter uma alfabetização de qualidade, a formação
dos gestores e todo o trabalho colaborativo deve andar na mesma visão, pois a educação hoje é
inclusiva e promove o ensino aprendizagem ao longo da vida.
Por outro lado, a tecnologia vem ganhando espaço no mundo inteiro e sendo
disponibilizado de forma aleatória para todo territorio. Fica evidente que a é muito importante
fazer uso das tecnologias digitais da informação e comunicação para o processo de ensino e
aprendizagem e que o professor deve buscar dominar as tecnologias, usufruir de forma lúdica
para o aprendizado. É extremamente importante rever o papel do professor em relação ao saber
deste conhecimento, visto que, as escolas disponibilizam o uso desse recurso e oferece
oportunidades tanto para alunos quanto para professores e que, a utilização bem planejada
desses recursos pode ocasionar vantagens para os envolvidos.
Dessa maneira os alunos irão se interessar mais pelos conteúdos, facilitando assim o
entendimento sobre os assuntos das disciplinas e o processo de aprendizagem será mais
dinâmico e eficaz.
Portanto, quando aliamos as propostas curriculares da educação infantil com a tecnologia,
tornamos o processo de aprendizagem mais atraente e interessante. Estimulando os alunos, de
maneira lúdica e interativa, a explorarem novos conhecimentos, aprendendo a elaborar ideias,
expressar opiniões, questionar e a pesquisar, utilizando todas as ferramentas educacionais
disponíveis.
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REFERÊNCIAS
ALBA; HERNANDEZ. Tecnologias para transformar a educação. Artmed, 2006.
MORIN, Edgar. -Os sete saberes necessários à educação do futuro / Edgar Morin ; tradução
deCatarina Eleonora F. da Silva e Jeanne Sawaya ; revisão técnica de Edgard de AssisCarvalho.
– 2. ed. – São Paulo : Cortez ; Brasília, DF : UNESCO, 2000.
PRENSKY. Digital natives digital immigrants. NCB University Press, v.9, n.5, october, 2001.
ROSSEAU, Jean Jacques, Discurso sobre educação – Ridendo Castigat Mores. 2001.
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REGO. Apresentando um pouco do que sejam ambiências e suas relações com a geografia
e a educação. UFRGS, 2000.
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RESUMO: Este artigo tem como objetivo discutir sobre as dificuldades docentes em trabalhar com
o texto poético em sala de aula e trazer algumas possibilidades estratégicas que buscam tornar a
leitura e a escrita poética mais atrativa, a fim de formar leitores com habilidades de leitura,
compreensão e escrita: Freire (1989), definiu a leitura como uma “operação inteligente, difícil,
exigente e gratificante”, e assim é considerada um “estado de arte”. É por meio dela que o
homem é capaz de compreender o mundo das palavras e da vida. A leitura real e verdadeira é
aquela na qual nós lemos, relemos, paramos para saboreá-la ou para refletir. E é essa leitura que
devemos oferecer aos nossos educandos. Escrever é outra arte. Pablo Neruda, poeta e escritor
chileno, brinca com o assunto: “ Escrever é fácil. Você começa com uma letra maiúscula e termina
com um ponto final. No meio, você coloca as ideias.” Mas onde buscar essas ideias? Na leitura,
que abastecerá o arquivo mental com ideias, informações, inquietações, reflexões,
posicionamentos, criatividade, sensibilidade, vocabulário. Associar leitura e escrita de textos
poéticos, que são focos deste artigo, em sala de aula, facilitará nosso educando a produzir. Para
alcançar o objetivo, vamos buscar na poesia de Roseana Murray a nossa inspiração.
1Professorade Língua Portuguesa e Literatura, nas Redes Municipal e Estadual de São Paulo.
Graduação: Licenciatura em Letras; Especialização em Literatura Brasileira; Especialização em Metodologia
do Ensino da História com ênfase em História Medieval.
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MURRAY
“Digo como Neruda, poeta que amo: para ALGUMAS PROPOSTAS DE
nascer nasci. Para fazer poesia, amar, cozinhar TRABALHO
para os amigos, para ter as portas da casa e do Trazer soluções ou receitas como despertar
coração sempre abertos” – estas são palavras
o gosto pela leitura e escrita do texto poético
de Roseana Murray.
não é o objetivo deste artigo, mesmo porque
Filha de imigrantes poloneses, Roseana não há fórmulas prontas, o que há são
nasceu num dia quente de dezembro de 1950. experiências. Apresentar o texto poético com
Gosta de mato e do silêncio. Publicou mais de olhares diferentes, convidando a criança a
100 livros que encantam crianças e adultos com imaginar e a mergulhar nesse contexto é uma
seus versos sobre trivialidades, como o cantar forma prazerosa de conhecer e adquirir senso
de um pássaro, a brincadeira entre um gatinho crítico diante da realidade. Roseana Murray
e seu novelo de lã, a garotinha que brinca de privilegia em sua composição o lúdico, a
amarelinha. E nada mais importante do que a simplicidade e a brincadeira com as palavras, o
simplicidade para encantar nossos alunos e colorido. Utiliza recursos estilísticos como a
estimulá-los a contar suas experiências por assonância, a aliteração produzindo
meio das palavras, dos versos, das rimas, dos musicalidade, ritmo, o que contribui para o
ritmos. nosso objetivo.
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coração, que a doença do planeta azul ainda Jardins. De suas guirlandas de palavras. Gostei
tem solução (MURRAY, IN CLASSIFICADOS de ler seu verbo a prender os perfumes, as
POÉTICOS, 1985). cores, as formas e o sol sobre as flores. Há por
Esse poema de Roseana Murray traz certo um poeta sensível às coisas da natureza
inúmeras possibilidades de trabalho. neste Jardins.” O poeta simplesmente “sentiu”
Transportar o educando do cotidiano ao e levar para a sala de aula toda essa delicadeza,
mundo literário dará autonomia e segurança o cheiro de flor e de frutas, os sons das folhas e
para que produza textos. Propostas didáticas do vento já será uma imensa satisfação aos
como a escrita de novos classificados, nossos pequenos leitores.
ilustrações representativas dos poemas,
declamação, produção de painéis, escrita de
cartas a serem trocadas com o eu lírico, criação
de um novo texto com suas palavras, entre
outros. Do classificado poético pode-se passar
para as “Receitas poéticas em que um livro de
receitas da sala pode ser feito, cujos
ingredientes principais sejam sentimentos e
emoções. Sem esquecer o tema apresentado –
no caso do poema citado, o nosso planeta pede
socorro – que pode servir de base para
discussões, debates e textos argumentativos.
“Flores passeiam
no azul do dia,
fabricam coloridos
silêncios,
como se fosse lenços
de seda e ar”
( MURRAY, IN JARDINS, 2014).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Aproximar a criança do texto poético traz conhecimento e exerce papel fundamental na
formação do aluno-leitor, modificando-o, levando-o a uma formação cidadã plena.
O compromisso do professor e de todos os envolvidos com a formação do aluno-leitor-
produtor é fundamental. O professor pode e deve proporcionar situações de aprendizagem em
que a criança desenvolva seu lado emocional, construa valores e desperte para um saber lúdico.
Trabalhar poemas com ludicidade pode ser uma forma eficaz de levar à criança a ver a
poesia, não como uma atividade difícil e longe de sua realidade, mas como caminho para o mundo
da fantasia, da criatividade e do conhecimento.
Para encerrar, tivemos a oportunidade de conhecer e constatar que os poemas de Roseana
Murray são uma excelente opção para aqueles que desejam levar a criança a penetrar no mundo
da leitura e da escrita de forma lúdica e prazerosa, tendo em vista que possibilitam à criança a
vivenciar sensações à medida em que brinca com as palavras, com os sons, com os cheiros e com
os significados. Assim, cabe destacar a ideia de Aguiar (2004) “A poesia infantil só estará
plenamente realizada se for capaz de se aproximar do leitor, criar imagens, sons e ritmos que o
façam brincar com a linguagem e descobrir novas formas de se relacionar com o mundo.”, e isso
Roseana Murray sabe fazer perfeitamente.
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REFERÊNCIAS
AGUIAR, Vera Teixeira de. Era uma vez...na escola: formando educadores para formar
leitores. Belo Horizonte: Formato, 2004.
BAMBEGER, Richard. Como incentivar o hábito de leitura. Trad. Octávio M. Cajado. São
Paulo: Ática/UNESCO, 1986.
FILIPOUSKI, Ana Mariza R. Para formar leitores e combater a crise de leitura na escola:
acesso à poesia como direito humano. Ciências e Letras (Porto Alegre), Porto Alegre, 2006.
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler em três artigos que se completam. São Paulo:
Autores Associados/Cortez, 1989.
LAJOLO, Marisa. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. São Paulo: Ática, 1993.
MURRAY, Roseana. Fardo de carinho, Belo Horizonte: Lê, 1987. Fonte: Livro: JORNADAS. port
– Língua Portuguesa – Dileta Delmanto /Laiz B. de Carvalho – 6º ano – Editora Saraiva. p.238 e
239.
PINHEIRO, Hélder. Poesia na sala de aula. 2ª edição. João Pessoa. Ideia, 2002.
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RESUMO: Este artigo aborda o problema sobre o transtorno e déficit de atenção e hiperatividade
(TDAH) com crianças no período da infância, como também faz menção sobre a fase adulta; busca
mostrar algumas possíveis situações, que podem ocorrer, sobre como agem as crianças com
TDAH. Sugere também alguns procedimentos de ação para todos os envolvidos na educação da
criança.
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esses problemas, outros, por exemplo, baixa comportamento muitas vezes inadequado
autoestima, depressão que podem afetar socialmente.
significativamente à performance desses Não podemos esquecer que é normal a
estudantes, e no futuro, adultos inseguros. criança ser ativa e às vezes em excesso. Da
Acontece que esse comportamento mesma forma, é comum, principalmente na
acompanha a criança desde o seu nascimento, escola, criança desinteressada pela aula
porém; normalmente, ao ingressar no tornarem-se bagunceiras, o que nessas
ambiente escolar, é percebido pelos situações, se caracterizam indisciplinas. Antes
profissionais de educação (e algumas vezes, de classificar a criança com hiperatividade, é
pelos próprios pais) que a atividade daquela preciso entender que a hiperatividade é
criança é bem maior que a de seus colegas, caracterizada pela atividade ininterrupta, ou
quando também passa a não compreender a seja, o indivíduo está ativo vinte e quatro horas
matéria dada. por dia, até mesmo dormindo (pois tem o sono
A falta de atenção e concentração também é agitado) sua atividade chega a exaustão.
um sinal de alerta. Diversas vezes, as pessoas Porém, apesar de exausto, ainda continua com
que convivem com o indivíduo portador dessa a necessidade de estar em atividade, mesmo
doença, acreditam que até exista déficit que o corpo já não aguente, a mente continua
auditivo, também um dos diagnósticos em ação.
diferenciais a serem feitos, porque a pessoa
parece não ter ouvido o que foi dito a ela. PENSAR E ANALISAR
Porém, não é isso que ocorre. O portador ouve
Hiperatividade em si não é uma doença,
perfeitamente na grande maioria das vezes,
normalmente é um sintoma de algum distúrbio
mas seu cérebro trabalha numa velocidade
como TDAH, alguns tipos de DDA, TOC e outros
maior que o da maioria das pessoas. Ele pode
distúrbios de aprendizagem ou
estar pensando em três, quatro, cinco coisas ao
comportamento. Dessa forma, temos vários
mesmo tempo e o assunto do momento pode
parâmetros para analisar. Quando a criança é
não ser sua prioridade.
muito ativa, sempre está agitada, parecendo
Reforçando, distúrbio de déficit de atenção
que nunca se cansa, é preciso verificar como ela
(DDA), pode ou não ser seguido de
dorme. Se estiver com sono agitado, com ou
hiperatividade, portanto algumas pessoas são
sem pesadelos, dormir na cabeceira da cama e
quietas, reservadas, mas vivem “no mundo da
acordar nos pés, cair da cama ou ainda se
lua...” e também podem ter esse distúrbio
tiverem tiques, convulsões ou outro sintoma
(MATTOS, et al, 2007 p.94, 101).
parecido, deverá ser encaminhada a um
Utilizando-se técnicas apropriadas e
profissional capacitado, como pediatra,
medicação, que pode variar de caso a caso, terapeuta, psiquiatra, etc. que esteja apto a
seguindo as orientações médicas, o portador identificar seu distúrbio, tratá-lo ou
de DDA consegue superar suas dificuldades encaminhar a criança a um tratamento
com mais tranquilidade e apresentar toda sua específico. Se o sono da criança for tranquilo,
potencialidade oculta até então sob um
pode-se dizer que é uma criança
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Concluem que o aluno não tem nenhum impulsiva e se distrai facilmente; terminar as
problema. Frequentemente, a implicação é que tarefas propostas em casa ou na escola é difícil
o problema vem do aluno ou da escola. Quando para ela. Algumas são capazes de fazer amigos,
os registros escolares mostram um histórico de já outras, embora desejem muito tê-los,
falta de atenção, distração, impulsividade e parecem não saber dizer a coisa certa ou
hiperatividade, o médico fica mais receptivo abordar as outras crianças no momento
para levar em consideração as preocupações oportuno. As suas tentativas em convidar
da escola ou dos pais. Uma boa documentação outras crianças para qualquer atividade, parece
(observações e registro de fatos) ajuda a muitas vezes, interromper o que está
fornecer evidências necessárias. acontecendo. Outras, não são rudes ou
Não existe características físicas que possam desligadas, mas simplesmente não têm
ser observadas no portador de TDAH. A atitudes simples para socialização. Algumas
sintomatologia tem início antes dos sete anos crianças pelo contrário têm facilidade em fazer
de idade. Devemos reforçar os marcos desse amigos. Somente não sabem como manter
quadro: desatenção, impulsividade e uma amizade. Eles demonstram os mesmos
hiperatividade. interesses das outras crianças, sendo capazes
Além desses, podem ser acrescentadas: as de se encaixar em uma atividade e manter a
dificuldades na conduta e/ou problemas de conversação, entretanto, por causa de sua
aprendizado associados à discretos desvios de impulsividade e do fato de sentirem-se
funcionamento do sistema nervoso central. facilmente frustrado, inevitavelmente se
É comum observar que a criança, portadora descontrolaram. A criança tenta dominar e
de TDAH seja ativa no berço, durma pouco e controlar a brincadeira, o que frequentemente
chore muito, quando já passados os meses resulta em brigas. As outras crianças passam a
iniciais. O bebê frequentemente sai sem ajuda evitar a brincadeira com eles. Quase todas as
do berço muito cedo, apesar das tentativas dos demais crianças, parecem não estarem
pais para impedirem sua saída. Uma vez fora do disposta a tolerar o seu comportamento
berço, tende a agir, geralmente apalpando, agressivo e controlador.
quebrando e arremessando objetos.
O indivíduo não é capaz de ficar sem uma
atividade motora. Com isso, acaba por OBSERVAÇÕES NA ESCOLA
incomodar e importunar quem o cerca. Às As crianças rotuladas como desobedientes e
vezes, a hiperatividade motora é acompanhada muito agitadas, “podem” ser portadoras de
pela verbal, a criança fala muito, mas não TDAH. Segundo a Professora Nívea Maria C. de
consegue manter a atenção, as ideias fogem e Fabrício (2003), de 3 a 6% das crianças em todo
a produção intelectual é reduzida. mundo possuem TDAH e está diretamente
ligado ao baixo rendimento escolar, levando à
repetências e problemas sérios de
INTERAÇÃO COM SEUS PARES aprendizagem. Esse indivíduo hiperativo, não
Como já dito anteriormente, a criança que consegue corresponder às exigências
sofre de hiperatividade, é desatenta, inquieta,
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curriculares exigidas pelas escolas intelectuais permitem que ela compense sua
convencionais. incapacidade de continuar uma tarefa devido a
O portador de TDAH apresenta muitas sua desatenção. Quando tem sua atenção
dificuldades de atenção e impulsividade. Esses focalizada, torna-se capaz de aprender tão bem
sintomas de hiperatividade podem ser muitos quanto as outras crianças.
ou poucos denunciados, isso torna o trabalho Algumas atitudes, podem ajudar o professor
do educador muito difícil na relação em a conseguir ter resultados positivos com aluno
diferenciar uma criança agitada de uma criança portador de TDAH. Primeiramente, chamar a
hiperativa. atenção com uso de incentivos e novidades,
Frequentemente, a criança hiperativa não fazendo perguntas e intervenções eficazes.
consegue controlar seu comportamento. Sua Elogios, revisões de regras, auxílio de colegas-
tendência é de se ater às circunstâncias tutores, também são ótimas opções para
secundárias frente a uma explicação que está ajudar o portador de TDAH, avançar em seus
sendo dada pelo professor. Geralmente, fica aprendizados. Tarefas claras e bem definidas,
envolvida em uma atividade menos produtiva usos de materiais sensoriais, auditivos e em
durante a aula, como: observando o que outros alguns momentos, até um ambiente isolado de
alunos estão fazendo, olhando pela janela ou se estudos, pode ser eficaz. Mas, não existe uma
ocupando com outro objeto próximo. Esse fórmula certa, cada professor deve ir
comportamento da criança hiperativa não é conhecendo seus alunos e a partir disso, por
reativo às intervenções normais do professor. meio de erros e acertos, ir encontrando opções
Muitas vezes, isso pode ser interpretado como de ensino eficazes.
desobediência e conduzir os professores, a uma
cobrança mais rígida. Esta situação,
normalmente agrava o problema, aumentando
a frustração do professor e da criança.
A dificuldade básica em acompanhar o ritmo
de uma aprendizagem formal nas crianças
portadoras de TDAH, comumente acontece
devido a desatenção. Essas crianças possuem
uma variação normal de aptidões intelectuais,
podendo ser consideradas que na maioria das
vezes, dentro dos limites médios; outros
brilhantes, atingindo limites superiores, como
também, aquelas que ficam abaixo da média de
aptidões intelectuais. A título de curiosidade,
uma criança hiperativa brilhante,
frequentemente consegue ter uma boa
atuação nas primeiras séries do ensino
fundamental. Suas maiores aptidões
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O TDAH precisa ser mais bem difundido e explanado para as famílias, áreas de ensino,
sociedade em geral e aos nossos governantes. Todos necessitam estar inteirados do problema,
pois, este existe de fato, e também para que não nos incorra pesados fardos em um futuro muito
próximo. É um problema antigo, mas começou a ser estudado recentemente e quando se fala de
problemas da humanidade, trinta ou quarenta anos de pesquisa é pouquíssimo tempo.
Este trabalho tentou mostrar também, que a falta de centros referenciais, com
profissionais treinados, capacitados e habilitados para detectar, diagnosticar e apoiar o
tratamento dos indivíduos com TDAH, na educação nas escolas e no sistema de saúde pública se
torna mais um grave obstáculo; podemos mencionar também, a falta de conhecimento sobre o
assunto de maneira geral , ou seja, ignorância das instituições e das pessoas quanto às
consequências do não tratamento de uma pessoa diagnosticada com TDAH. Fora o preconceito,
resultante da ignorância, como um dos fatores que limitam e trazem dificuldades ao tratamento
do indivíduo com TDAH.
Espera-se que os educadores não passem a olhar qualquer excesso de “agitação” em uma
criança como TDAH, mas que se conscientizem que a hiperatividade é uma realidade no nosso
meio e que devemos orientar a quem necessitar de ajuda, principalmente às famílias que
possuem o problema e muitas vezes, ignoram o fato.
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REFERÊNCIAS
BENCZIK, E. B. P. Manual para a Escola do TDAH: Versão para professores. São Paulo,
Casa do Psicólogo, 2000
ROHDE, L. A.; MATTOS, P. & cols. Princípios e Práticas em TDAH – Ed. Artmed, 2002.
ROCHA, M., Educação e saúde: coletivização das ações e gestão participativa. In: Ira Maria
Maciel. (Org.). Psicologia e Educação: novos caminhos para a formação 1. ed. Rio de
Janeiro: Ciência Moderna, 2001, p. 213-229
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TRANSTORNO DE DÉFICIT DE
ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE (TDAH)
Veridiana de Fátima Fialho Furtado1
1
Professora do Ensino e Fundamental I.
Graduação em Geografia pela Fundação Universidade do Tocantins (FUT) - Palmas - TO (2003); Graduação em
Pedagogia pela Faculdade Integrada de Araguatins (FAIARA) - Araguatins (2014); Pós-Graduação em Gestão
Escolar pela Universidade Federal do Tocantins (UFT) - Palmas (2008).
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Keywords: ADHD; Family; Orientation; Learning and Inclusion Process; Domestic Strategies.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na maioria das vezes, a família não está preparada ou não sabe lidar com os diversos
comportamentos agressivos, inquietos e explosivos dos seus filhos que tem TDAH, e que ocasiona
prejuízos no relacionamento família e até no processo de aprendizagem. Muitas vezes, a escola
com seus profissionais como psicólogos, psicopedagogos, entre outros, oferecem subsídios para
os pais ou responsáveis acompanharem seus filhos na realização das tarefas.
Isso é importante, mas é necessário que escola e outras instancias sociais, enfoque essas
orientações no âmbito do relacionamento, da convivência entre pais ou responsáveis e seus filhos
com TDAH, como forma de entender os variados comportamentos e estabelecendo intervenções
domésticas para facilitar a convivência por meio do diálogo. A convivência harmoniosa entre pais
e filhos em casa, contribuirá em seu comportamento em sala de aula, e consequentemente,
facilitará o processo de aprendizagem.
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REFERÊNCIAS
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Aumentam a lista os fatores culturais/sociais que eles não têm (CREED; HENNINGSEN; FINK,
que, segundo o manual, desvalorizam e 2011).
estigmatizam o sofrimento psicológico em É necessário ressaltar que dos estudos
comparação com o sofrimento físico pesquisados nem todos apontam,
(AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION (APA), especificamente, para a terminologia referida e
2014). é possível perceber que estão alocados juntos
Tófoli, et al. (2011; 2012), ao estudarem a a outros transtornos que preveem tais
demanda de saúde mental na Atenção Primária sintomas em suas descrições, porém, suas
(AP), perceberam que os estudos realizados no nomenclaturas variam mediante especificidade
Brasil apontaram que a incidência de analisada.
sofrimento emocional abrange cerca de 50% A inespecificidade bem como as
dos usuários atendidos por equipes da AP e da características e/ou sintomas
Estratégia Saúde da Família (ESF), sendo que apresentados/delatados pelos usuários do
em média 35% destes têm alterações de Sistema Único de Saúde (SUS), por exemplo,
intensidade grave e preenchem critérios problematiza que os profissionais sejam
associados a diferentes quadros clínicos assertivos em seus diagnósticos. Tais queixas
podendo estar acompanhados de transtornos, inespecíficas podem ser classificadas como
como os depressivos e de ansiedade. Dessa sintomas difusos nos quais não se verificam
forma, os estudos epidemiológicos alterações anatomopatológicas que os
responsáveis por tais levantamentos justifiquem, são frequentemente rejeitados
explicitam, em números, dados importantes pelos profissionais que os denominam,
para a prevenção no âmbito da saúde pública. pejorativamente, de “poliqueixosos” e
Porém, quando se trata de comorbidades entre problematizam a dinâmica diagnóstica do
os transtornos mentais, os Sintomas sem profissional que os avalia (TÓFOLI;
Explicação Médica (SEM) acabam por compor GONÇALVES; FORTES, 2012).
esse quadro. Algumas pesquisas realizadas nos Estados
O termo Sintoma sem Explicação Médica Unidos têm apontado diretamente para a
(SEM), conhecido em inglês como medically intersecção aqui delineada, já no Brasil pouco
unexplained symptoms (MUS) tem sido se encontram trabalhos epidemiológicos nessa
amplamente utilizado por pesquisadores, e há linha, provavelmente, pois os relatos e
uma quantidade considerável de dados diagnósticos não são bem registrados dentro
referentes à prevalência e ao desfecho desses da prática médica exercida na AP de forma que
sintomas que surgiram em pacientes que sirvam para quantificar sua prevalência
frequentavam clínicas de assistência (BOMBANA; LEITE; MIRANDA, 2000). Os
secundária e, após investigação apropriada, autores ressaltam ainda que os quadros
não podiam ser explicados por patologia apresentam incapacitação desproporcional aos
orgânica ou disfunção biológica bem exames clínicos laboratoriais e que
reconhecida colocando-os assim como parte de apresentam, também, importantes fatores
um grupo de pacientes que são tratados pelo psicossociais envolvidos.
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passo que a pós-modernidade promove maior Quando Joyce McDougall, por meio de
liberdade no que diz respeito ao processo de Capitão e Carvalho (2006), relata que seus
simbolização e elaboração de demandas pacientes se comportavam como crianças ao
diversas sendo consideradas para essa análise, tentar explicitar seus conflitos, assim pode-se
as psíquicas. dizer que é o somatizador e/ou aquele que
Entendemos a simbolização como a apresenta SEM. Mais profundamente ainda,
percepção psicológica dos estímulos sensoriais, Queiroz e Correia (2002), esclarecem que o
quando um estímulo, um objeto, um evento, sofrimento de uma criança é o que faz a mãe ou
alguma coisa deixa de ser unicamente ela seu cuidador tomar conhecimento dessa
mesma para ganhar um sentido psicológico e se angústia suscitando momentos de afetividade
ligar a outras representações mentais e cuidado, ao passo de mais tarde
(MIJOLLA; CABRAL, 2005). Já o conceito de substituirmos essa mãe e/ou cuidador por
elaboração começou a ser desenvolvido por nosso próprio corpo.
Freud em ‘Estudos sobre a Histeria’ escrito O médico e/ou qualquer outro profissional
entre os anos de 1893 a 1895. O autor partiu de saúde como psicólogos e enfermeiros ao
dos estudos anteriormente feitos por Jean- cuidar de pacientes somatizadores ocupam,
Martin Charcot que dizia existir “um momento mesmo que por um breve período, o lugar da
de elaboração psíquica entre o traumatismo e mãe/cuidador na vida desse sujeito suprindo
o aparecimento dos sintomas”. Mas foi ao não apenas a demanda do paciente como do
escrever ‘Recordar, Repetir e Elaborar’ que próprio profissional que tem como desejo
Freud lançou algumas ideias de como se dá a “curar e/ou minimizar o sofrimento”.
transformação de um impulso (ou quantidade Especificamente no campo psicológico, cabe
de energia, na linguagem) em pensamento (ou ao analista e/ou terapeuta encontrar palavras
qualidade psíquica). A experiência não que traduzam a realidade do sofrimento do
elaborada, a qual podemos chamar de paciente atribuindo assim, significados (NETO,
traumática se mantém fora dos processos 2008). Ou seja, a elaboração desses conflitos é
associativos (LAPLANCHE, et al., 2016). um processo contínuo que abrange o indivíduo
Permitir-se propor uma análise epistemo- em sua integralidade, por isso, a
somática é analisar o processo científico da Psicossomática explicita tão bem sua
medicina com o corpo (QUEIROZ; CORREIA, participação no que concerne a esta análise.
2002). Se o corpo apresenta manifestações Por fim, Neto (2008), apresenta ainda uma
somáticas como resolução de conflitos reflexão feita por Lacan que nem sempre o
psíquicos, abre-se um canal para discussão do paciente quer se curar de sua doença e/ou seus
processo de elaboração dos conflitos sintomas. Atrevo-me a complementar que essa
vivenciados pelo sujeito. Ou seja, assim como a própria manifestação gera, para o paciente,
Psicossomática busca entender o sujeito em ganhos secundários que podem ser do campo
suas interfaces de relação entre mente e corpo, consciente ou inconsciente. Entretanto, o
essa mesma intersecção é experienciada médico agirá na intenção de suprimir os
psiquicamente pelo próprio sujeito. sintomas e anular, tanto quanto for possível, a
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os estudos epidemiológicos avaliados apresentam prevalências importantes quanto a
presença dos transtornos mentais e dos SEM na população. A intersecção destes estudos e suas
descrições explicitam a importância dos fatores psicossociais como desencadeadores no processo
de manifestação e desenvolvimento de sintomas no organismo. Para tanto, evidenciou-se que os
Transtornos Depressivos e Ansiosos estão associados aos SEM, bem como sua maior prevalência
tem sido: taquicardia; dispneia suspirosa; tosse; cefaleia; dores originárias de contraturas
muscular como lombar, cervical, pélvica, peitoral e nas pernas; alterações de sono; inapetência e
perda de peso; fadiga; cólon irritável; vertigem e/ou tontura.
Avalia-se ainda que há a necessidade de se construir uma epidemiologia voltada a
subjetividade do sujeito, a fim de entendê-lo de modo mais profundo e individual. Não obstante,
acredita-se que outros sintomas, ainda não avaliados, possam ser incluídos nessa categoria, já
que os aqui identificados não podem ser tomados como únicos.
Com base nos resultados dos estudos apresentados, avalia-se que a Psicossomática tem
fundamental importância no entendimento e (re)discussão acerca da intersecção entre mente e
corpo. Neste sentido, a análise epistemo-somática contribui, também, para a identificação do
processo científico no que tange aos conceitos de simbolização e elaboração, aspecto este que
ainda carece de maior avanço por parte da literatura científica na produção de investigações mais
aprofundadas junto aos pacientes somatizadores, com a finalidade de se avaliar o momento de
desenvolvimento e/ou desencadeamento dos sintomas, bem como das psicopatologias. Para
tanto, diferentes profissionais da saúde como médicos, psicólogos e enfermeiros, por exemplo,
devem estar, além de capacitados, debruçados sobre esse assunto que ainda suscita muitos
questionamentos.
Considerando que as características sociodemográficas estão associadas a multimorbidade
psiquiátrica, esta presente análise da literatura científica elucida a necessidade da contribuição
de novos estudos, mais aprofundados, acerca dos temas pesquisados e discutidos, para que o
DSM, responsável pela identificação de psicopatologias no Brasil e fora dele, possa estar cada vez
mais atualizado no que concerne a sua funcionalidade. Além disso, os SEM carecem de maior
atenção, uma vez que não foi possível explicitar outros instrumentos que garantissem maior
precisão nesse contexto.
Apresentar diferentes terapêuticas para tratamento e acompanhamento de pacientes
somatizadores e/ou com manifestação de SEM promove maior amplitude da junção entre
diferentes técnicas e profissionais que, ao trabalharem juntos, visam buscar sistematizações que
forneçam, não somente aos pacientes como aos próprios profissionais envolvidos, métodos de
enfrentamento que garantam melhoria na qualidade de vida, bem como na elucidação de
questões que permeiam a tenuidade que se encontram os assuntos pesquisados.
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RESUMO: A recomendação da necessidade de uma dieta variada para o organismo humano que
contenha a ingestão de vários alimentos é difundida amplamente. O consumo de frutas, verduras
e legumes (FVL) contempla a variedade alimentar com sua importância na promoção da saúde e
prevenção de doenças. Embora esses alimentos estejam associados à redução de riscos de
doenças, pesquisas sinalizam para o baixo consumo de FVL entre adolescentes e apenas
recomendam o consumo sem considerar a complexidade que envolve o ato de se alimentar.
Assim, buscou nesse estudo verificar os motivos ou não do consumo de frutas, verduras e
legumes (FVL) pelos discentes do Ensino Médio Integrado, a fim de auxiliar nas ações de Educação
Alimentar e Nutricional (EAN) no ambiente escolar. Para tanto, foi aplicado uma entrevista
semiestruturada com alunos, que informaram como principais motivos para a não ingestão
fatores econômicos como principal obstáculo percebido para o consumo de FVL, seguida do
gosto, não tem o hábito, necessidade de preparo, influência da indústria e do acesso e
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disponibilidade no ambiente escolar. Quando perguntado aquilo que facilitaria a ingestão FVL, os
entrevistados referiram à questão de saúde, motivo pelo qual citaram como principal responsável
para a ingestão desses alimentos.
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em comprar uma fruta, uma verdura pra mim açúcar, modificando os hábitos alimentares da
fazer uma sopa, enquanto eu posso ir no sociedade ocidental.
comércio e comprar uma sopinha já pronta e só Para Baird (2016), as escolhas alimentares
coloco no fogo. Então a nossa realidade é essa refletem a influência da indústria, do poder
[...]. Ninguém quer fazer um caldo da batata, legislativo e executivo. As políticas agrícolas do
então é isso, o mais rápido e o mais prático. A Brasil, por exemplo, na maioria das vezes
gente tá acostumando que todo dia o povo privilegiam o agronegócio em detrimento da
inventa uma coisa diferente e a gente quer agricultura familiar (LOCATEL; LIMA, 2016).
comer [...]. Eu não consigo colocar é... verduras, Essas são situações que precisa ser resolvida de
carboidratos, legumes, apesar que eu preciso, forma articulada uma vez que envolve
mas eu não tenho muito essa questão de elementos estruturais como os econômicos,
introduzir as verduras e as frutas. É..., como eu culturais, educacionais, sociais, e, carecem ser
lhe disse às vezes a gente compra um doce e já avaliados quando envolve questões sobre
não quer fruta e prefere sempre, prefere alimentação humana.
sempre um doce de goiaba enlatados do que a A questão econômica foi apontada como
própria goiaba (P5). principal obstáculo percebido para o consumo
Hoje, existe uma diversidade de produtos e de frutas, verduras e legumes entre os
uma oferta grande nos mercados de alimentos entrevistados, seguida do gosto, não tem o
industriais, como os panificados, massas, hábito e, necessidade de preparo. Destaca as
geleias, embutidos, sucos, etc... Para vários seguintes falas dos entrevistados como um
participantes da pesquisa, essa oferta motivo para o baixo consumo de frutas,
abundante é um dos condicionantes à verduras e legumes. “Assim, tem alguns tipos
mudança dos hábitos alimentares. “Eu não de frutas né, que impede, que são meio que
quero me preocupar em comprar uma fruta, impedida por causa do valor elevado [...]” (P2).
uma verdura pra mim fazer uma sopa, “Acredito que condição financeira, é só o que
enquanto eu posso ir no comércio e comprar falta” (P7). “É as principais é o preço, porque
uma sopinha já pronta e só coloco no fogo [...]” não é muito barata” (P8). “Às vezes é o dinheiro
(P5). né, às vezes não dá pra comprar tantas coisas
Moss (2015), também faz alusões a assim. E ai, é preciso tirar algumas coisinhas
mudanças no ritual da alimentação, hoje, a quando o dinheiro tá pouco” (P9). “Por
alimentação está cada vez mais submetida à questões financeiras mesmo” (P10). “É por que
indústria. Vivemos um processo de todas as vezes que a gente vai no mercado a
barateamento de produtos alimentícios, gente não compra, ai compra mais o
devido ao crescimento da indústria alimentícia necessário, arroz, feijão” (P11).
associado ao processo industrial e a ampliação Essa característica identificada certifica a
do uso do marketing tem provocado um necessidade de tratar do tema com mais
processo de massificação do consumo de seriedade. A passagem acima é ilustrativa do
alimentos com alto teor de sal, de gordura e de quanto não podemos reduzir as escolhas
alimentares à individualidade das pessoas,
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que envolve seus determinantes, vão além das (LORDELO, 2011). Logo, produzir, preparar e
questões socioeconômicas. Para o consumo de digerir os alimentos não se restringe apenas a
frutas, verduras e legumes entre adolescentes uma necessidade de ordem biológica, até
não gostar do sabor foi o segundo motivo porque estes atos também são ações culturais.
identificado para a baixa ingestão desses Assim, nossa construção de hábitos, bem como
alimentos. “Porque a minha mãe faz eu comer, dos gostos e de preferências, como nos orienta
não é que eu goste, tem uns que eu não gosto, Rozin, et al. (2008; 2009), é sem dúvidas
mas a maioria a mãe me obriga a comer” (P3). determinada socialmente. Deste modo,
“No caso, só são algumas coisas que eu não qualquer estratégia de promoção de
como, como pro exemplo, cenoura, repolho alimentação saudável deve considerar este
porque eu não gosto mesmo” (P4). “Algumas aspecto.
que eu não como porque eu não gosto, Apesar dos entrevistados mencionarem
beterraba, é... Abóbora..., berinjela também, é conhecimentos sobre a importância do
só por questão de gosto mesmo” (P6). consumo de frutas, verduras e legumes “não
Normalmente os alimentos de baixa ter o hábito/costume” foi o terceiro motivo
densidade energética são menos palatáveis o para o baixo consumo desses alimentos. “Ah!
que leva muitos indivíduos a substituírem esses nunca parei pra prestar atenção, mas acho que
alimentos por outros mais palatáveis e é pelo hábito mesmo. Não tenho o hábito de
agradáveis, o que acaba dificultando a ingestão sempre consumir” (P9). “Eu acho que só falta
segundo as recomendações nutricionais de querer, sempre querer optar pelo mais fácil,
(BRASIL, 2014). mais prático que tá pronto e acaba deixando
Importante destacar que o “gosto” apesar de isso faltar” (P5).
depender de questões genéticas e biológicas é O que possivelmente pode ter relação com
também uma construção social e histórica e as importantes mudanças nos hábitos
pode sofrer mudanças por influência familiar, alimentares brasileiros ocorridos nas últimas
de amigos, ou em razão de sujeição a alto nível décadas (BRASIL, 2014). Portanto, estratégias
de publicidade (NEUMARK-SZTAINER, et al., que busque a valorização da cultura alimentar
1999; HENDY; WILLIAMS; CAMISE, 2005). e que busque uma abordagem familiar pode ser
Montanari (2013), especifica a definição do um caminho interessante para incentivar uma
gosto como parte do patrimônio cultural das alimentação saudável.
sociedades humanas, porém a cultura não é Vale mencionar que ter conhecimento sobre
somente uma criação de artefatos, mas um alimentação saudável, geralmente, não é
reflexo da experiência humana (VALSINER, suficiente para fazer com que as pessoas
2012). adotem por comportamentos mais saudáveis. E
As experiências humanas, inclusive àquelas muitas das vezes as estratégias ignoram a
referentes à comida, são um processo de como complexidade dos comportamentos
as pessoas criam, mantêm e transformam relacionados à saúde e a alimentação e
conhecimento que diz respeito à cognição potencializam a informação para a mudança de
individual em conhecimento sociocultural hábitos.
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para uma boa saúde. E também evitar certas que isso” (P7). “Nos informar, ter mais palestra
doenças” (P4). “Pra livrar de doenças, porque a respeito, eu acredito que conscientização e
minha família é um pouco doente e ai pra conhecimento também é essencial” (P6). “Eu
ajudar a combater mais” (P3). “É vem na minha acho que ter tipo almoço, nuntem, eles
cabeça exemplos destes alimentos, e também colocasse legumes, frutas, mas lá num tem.
vem a imagem de boa alimentação é saúde, Tem que comprar” (P9). “Poderiam incentivar
acredito que é essa imagem que passa pra por palestras, frequentemente tem palestra na
gente” (P7). “A minha irmã ela já trabalhou em escola e não é frequente abordar esses temas
consultórios essa coisa assim, de nutricionista, relacionado a alimentação [...]” (P4).
ela já foi técnica em enfermagem e falava das Pelo menos contratar uma nutricionista para
coisas que a gente tem que comer quando eu a gente ter pelo menos uma aula por semana
era mais novo que faz bem para a saúde [...]” pra gente. Porque lá na escola é muito ruim
(P6). “Quando eu jogava bola né, o treinador esse negócio de alimentos. Porque de manhã a
tinha que falar o que comer pra se manter com única coisa que a gente pode comer é pastel
a saúde, se manter bem com a saúde” (P2). com suco porque não tem nada, então a escola
No IFMA Campus de Grajaú oferece 05 já não ajuda muito nessa parte. Porque tem vez
(cinco) cursos técnicos integrados ao ensino que a gente fica no contra turno até tarde e a
médio, possui apenas uma cantina, não possui gente tem que comprar a nossa própria
um quadro de nutricionista e embora possua comida. Ai às vezes não é aquela coisa que
um Restaurante Estudantil nunca entrou em digamos nossa que comida saudável (P3).
funcionamento, o que inviabiliza o Todas essas situações contribuíram para
fornecimento de refeições aos estudantes. O aumentar a vulnerabilidade desses estudantes
instituto garante o auxílio alimentação aos em suas escolhas alimentares, e visivelmente,
estudantes socioeconomicamente vulnerável. elevando o consumo de salgados,
Em virtude disso, antes da pandemia, alguns refrigerantes, biscoito recheado, entre outros
discentes levam refeições de casa, outros alimentos processados e ultraprocessados.
preferem substituir as refeições principais por Os hábitos alimentares adotados pelos
lanches não saudáveis adquiridos na cantina ou adolescentes, nos últimos anos, têm sido
nos entornos da Instituição. Nos relatos dos marcados por uma participação mais
estudantes quando questionados sobre de que expressiva de alimentos industrializados ricos
forma a escola poderia contribuir para práticas em gorduras, açúcares e sódio, em
de bons hábitos alimentares disseram que: “Lá compensação diminuiu o consumo de
na escola tem os lugares de venda de alimentos naturais como frutas, legumes e
alimentos, no recreio, eu acho que, tipo, verduras, ricos em fibras e vitaminas.
substituir os alimentos que não são saudáveis O barateamento de produtos alimentícios
por saudáveis” (P11). “Acho que fazer algum (MOSS, 2015), a ampliação do uso de alimentos
tipo de acompanhamento eu acho, industrializados/processados, a alimentação
acompanhamento do aluno, vê ali o que tá fora de casa, o crescimento da oferta de
faltando, vê ali o que está acontecendo, acho refeições rápidas estão vinculados diretamente
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O Direito Humano à Alimentação adequada (DHAA) está inserido na Constituição Brasileira
(1988), como um direito (social) fundamental. Significa dizer que os indivíduos estão livres da
fome e da desnutrição e tem acesso a uma alimentação saudável. Embora não se torna suficiente
sua previsão no rol de direitos, sua concretização depende muito da colaboração entre Estado e
sociedade.
A Promoção da Alimentação Adequada e Saudável (PAAS) como diretriz da Política
Nacional de Alimentação e Nutrição fundamenta-se em ações de apoio, proteção e promoção da
saúde, objetivando melhorar a qualidade de vida da população, por meio de ações intersetoriais,
voltadas aos indivíduos, coletividades e aos ambientes que contribuem para a redução da
múltipla carga de má nutrição (desnutrição, carências nutricionais, sobrepeso, obesidade e outros
agravos relacionados à alimentação e nutrição) (BRASIL, 2013).
Contudo, a abordagem nutricional em saúde pública, com foco na educação nutricional,
tende a enfatizar e priorizar os aspectos técnicos da nutrição oferecendo informações muito
complexas, impedindo a capacidade de modificar o comportamento alimentar da população.
Assim, essa pesquisa partiu da hipótese de que é importante não apenas conhecer os aspectos
técnicos da nutrição, mas também os motivos explicativos do comportamento alimentar.
O aumento do consumo de FVL é uma das recomendações para prevenção e controle das
DCNT, responsáveis pelas principais causas de morbidade e mortalidade no Brasil (OMS, 2014).
Dada a relevância da participação das FVL na construção de um padrão alimentar saudável, o
propósito do estudo foi conhecer os motivos que levam os adolescentes a consumirem ou não
FLV a partir das percepções deles, de suas condições objetivas e subjetivas, considerando o
contexto em que esses indivíduos estão inseridos na sociedade. A fim de que as atividades de
intervenção realizadas no ambiente escolar possam ser promissoras para a promoção de hábitos
alimentares saudáveis e para a promoção da saúde.
Com base nos resultados observou-se como barreira para o consumo de frutas, verduras
e legumes entre adolescentes dos cursos técnicos integrado em Agropecuária e Agronegócio do
IFMA, Campus Grajaú, fatores econômico apontado como principal obstáculo percebido entre os
entrevistados, seguido do gosto, não tem o hábito, necessidade de preparo, influência da
indústria e de acesso e disponibilidade no ambiente escolar. E aquilo que facilitaria a ingestão
frutas, verduras e legumes, segundo o relato dos entrevistados, referiram à questão de saúde.
Frente a isso, a promoção da alimentação saudável para adolescentes não deve ser
encarada como um esforço individual, pois depende de vários fatores como os socioeconômicos,
culturais e também de iniciativas governamentais que potencializem e estimulem mudanças
comportamentais com foco na promoção da saúde. Investir, por exemplo, em programas públicos
como o PNAE visando facilitar o acesso de frutas, verduras e legumes, seria uma medida eficaz
para promover um maior consumo desses alimentos.
Considerar as percepções dos discentes expressas na fase de diagnóstico foi fundamental
para o planejamento e desenvolvimento de ações de Educação Alimentar e Nutricional, por meio
da criação de uma cartilha. Uma vez aplicada e executada, a cartilha poderá trazer resultados
positivos no que se refere à ampliação de conhecimento, na pretensão de modificar ou
modificação das práticas alimentares, de compreender como as escolhas alimentares podem
afetar nossas vidas e o meio ambiente.
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visão de que o outro é um fim em si e, por isso, conhecimento era o indutivo, que procede da
deve ser respeitado em sua dignidade, mas a observação e do experimento; René Descartes
modernidade nos trouxe outro paradigma e foi (1596-1650), fundador do racionalismo
estabelecida uma nova postura dos homens moderno, para quem o mundo funciona como
frente aos outros. Passou-se assim a tratar uma máquina (mecanicismo), cujos segredos
Deus, a natureza e os outros seres como uma de funcionamento podem ser desvelados pelo
relação Eu-isso; dessa forma ele passou a tratar uso da razão afirma que o conhecimento da
o outro como um mero meio para atingir seus mecânica do funcionamento da natureza
fins. A tese central de Buda é que o homem é permitiria ao homem antecipar
um ser de diálogo, e precisa do olhar do outro acontecimentos e dispor de domínio sobre a
para se realizar plenamente como indivíduo. E natureza;
para recuperarmos a “relação” eu-tu na A racionalidade científica tornou-se a
educação, temos de deixar o aluno falar de principal referência do conhecimento
igual para igual, isto é, temos de romper associada à utilidade, que agregou poder ao
barreiras e preconceitos, nos colocando no conhecimento. O homem empreendeu, então,
lugar do aluno e percebendo o quanto “ele” um esforço de autonomia, num sistema
sofre no processo educativo e, diante disso, baseado na centralidade do indivíduo e seus
teríamos a efetivação de um diálogo que direitos, tornando-se a subjetividade uma
valorizaria a dignidade de cada um. norma central do projeto moderno de
Jansz Korczak foi outro educador que teve sociedade. Nesse contexto, o coroamento do
uma atitude fenomenológica em sua prática conhecer seria a capacidade e a ação
educativa. Em sua obra “Quando eu voltar a ser transformadoras. Resultantes desse conjunto
criança” expõe uma experiência ficcional, na de ideias, os processos históricos da Revolução
qual após ser visitado por um duende ele se Francesa e da Revolução Industrial foram,
torna criança de novo, mas com um diferencial; respectivamente, a expressão política e a base
sua consciência continua sendo de adulto. material de uma revolução epistemológica e de
Dessa forma faz-se presente o dialogismo uma nova civilização no ocidente, que levaria o
consciência-eu/outro. homem à plena liberdade.
Saindo do dialogismo entramos na dialética As verdades preestabelecidas já não são
de Karl Marx e sua visão socialista. Para Marx aceitas como únicas verdades. Existem povos
nessa nova sociedade sem classes que estava diferentes que seguem dogmas distintos,
surgindo deveria ser construída uma nova mantêm costumes diversos, em que tudo
escola, a qual chamou de “Educação parece fomentar incerteza, iniciando-se, assim,
Omnilateral”, ou “Politécnica”, na qual um período conturbado de descrença e dúvida.
formaria o aluno dentro de três aspectos A ideia de liberdade cristã estava contra o
primordiais: mental, físico e técnico. A tarefa paganismo. Como conseqüência desse
maior da ciência seria o domínio da natureza pensamento moderno há o posicionamento do
pela compreensão de seus processos e para homem em sua cultura, visão de mundo, do
quem o único método realmente confiável de
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para baixo e defendeu a tese de que há uma uma crítica genealógica porquanto trata das
expressão do poder que se espalha por todas as contingências que nos fazem ser o que somos,
direções. Essa filosofia prega que o poder é o e da possibilidade de não mais sermos,
resultado de diversas forças que se encontram fazermos ou pensarmos aquilo que somos,
nas relações expressas no cotidiano. Esse fazemos ou pensamos. Acrescente-se, ainda,
filósofo iniciou uma prática epistemológica, que a crítica foucaultiana não é salvacionista ou
segundo a qual é possível operar uma análise messiânica: “se quisermos um mundo melhor
dos discursos teóricos e práticos do saber; a teremos que inventá-lo, já sabendo que
arqueologia do saber, que não se preocupa em conforme vamos nos deslocando para ele, ele
tornar explícito o conteúdo significativo dos vai mudando de lugar”(Veiga-Neto, 2005,
discursos, mas sim as condições em que ele foi p.30). Ao configurar a racionalidade moderna
produzido, e se preocupa também com a sua no pensamento de Foucault, nota-se sua
gênese, seu desenvolvimento, como se preocupação em responder à pergunta: “como
transmitiu, como foi utilizado e por que foi nos tornamos o que somos como sujeitos?”
substituído por outro. A crítica de Foucault à Parte, então, da expressão “o sujeito desde
racionalidade moderna não exclui a própria sempre aí” – visto como objeto das influências
racionalidade, mas questiona a ideia sociais, culturais, políticas, econômicas,
unificadora e totalitária de razão. O homem educacionais – e por isso mesmo, facilmente
não preexiste ao mundo social, afirma, e o manipulável. Esta condição seria a fonte dos
racional não é pré-determinado: ele se constrói maiores problemas sociais, na medida em que
por meio do social, que por sua vez vai se ela agiria encobrindo e naturalizando o seu
moldando pela ação humana. Rejeita as ideias caráter manipulador, arbitrário e opressor.
totalizantes e as metanarrativas, pois aquele Suas pesquisas abordaram três modos de
que fala, fala de um lugar situado e específico. subjetivação que transformam os seres
Sua crítica tem sempre presente que nenhuma humanos em sujeitos: a objetivação do sujeito
questão tem resposta definitiva e acabada e no campo dos saberes (arqueologia); esta tem
pretende-se desancorada, por isso preocupa-se um caráter histórico e político, procurando
em desterritorializar, desfamiliarizar, levar ao descobrir como os saberes aparecem e se
estranhamento; apoia-se sempre transformam; a objetivação do sujeito nas
provisoriamente nos acontecimentos. Fala-nos, práticas do poder que divide e classifica
também, de uma liberdade que se efetiva em (genealogia):
pequenas doses, no cotidiano concreto, que é A genealogia seria (...) um empreendimento
“alcançável nas pequenas revoltas diárias, para libertar da sujeição os saberes históricos,
quando podemos pensar e criticar o nosso isto é, torná-los capazes de oposição e de luta
mundo” (VEIGA-NETO, 2005 p.26). contra a coerção de um discurso teórico
Sua crítica é arqueológica na medida em que unitário, formal e científico.
trata tanto dos discursos que articulam o que A reativação dos saberes locais (...) contra a
pensamos, dizemos ou fazemos, quanto de hierarquização científica do conhecimento e
levar em conta os acontecimentos históricos. É seus efeitos intrínsecos de poder, eis o projeto
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“não esperava por mudanças sociais que viriam aprender a aprender, buscando para isso
no futuro, mas nos convidava a criar o novo no direcionar à singularidade de cada
presente, em todas as relações em que nos sujeito(aluno) e de cada sociedade, pois
encontramos” (GALLO e VEIGA-NETO, 2008). segundo Pedro Demo:
Parafraseando Veiga-Neto (2008), os O que marcaria a modernidade educativa
pensamentos de Foucault sobre a educação seria a didática do aprender a aprender, ou do
devem ser analisados com a seguinte metáfora: saber pensar, englobando, num todo só, a
o sujeito é tomado como uma dobradiça, ou necessidade de apropriação de conhecimento
seja ele(o sujeito) é o elemento que fará a disponível e seu manejo criativo e crítico. A
ligação ambos, pois ele é o elemento da competência que a escola deve consolidar e
pesquisa filosófica e também é o elemento sempre renovar é aquela fundada na
principal para a pratica da pedagogia. propriedade do conhecimento como
Entendemos então, que o “sujeito é o ‘objeto- instrumento mais eficaz da emancipação das
objetivo’ de qualquer teorização ou prática pessoas e da sociedade (1992) .
educacional” (idem 2008. p.19), sendo assim a O diferencial dessa concepção é que o
principal função do educador é cuidar dos conceito precisa ser construído/reconstruído
educandos, porque esses são os “objetos- de acordo com as necessidades específicas e
objetivos” de sua prática educativa, e cuidando gerais de cada aluno (sujeito), dessa forma,
dos educandos ele estará cuidando de si estaremos buscando o sentido mais amplo da
mesmo. educação que é levar o aluno a estudar, a tecer
“Pensando com Foucault, o educador precisa o saber, a descobrir aquilo que realmente
adestrar-se a si mesmo, construir-se como necessita para aprender. Como diz Lacan, nós
educador, para que possa educar o outro, isto reduzimos a Educação a ser apenas um
é, preparar-se para o outro para que adestre-se aprender, em vez de um aprender a se
a si mesmo.”(idem.p.25). descobrir, a construir o saber, e assim fazer
Destarte,” o educador precisa emancipar-se com que nosso aluno tenha prazer em buscar,
a se mesmo, para que sua atividade docente em aprender.
possa ser um ato de emancipação e não de Assim como Foucault, Deleuze preocupou-se
embrutecimento, pois ao se emancipar, ao com os pequenos detalhes e a riqueza e
exercitar em si mesmo, o educador estará apto originalidade de cada ser, destacando a
para um processo de subjetivação que insista filosofia dos “universais” abstratos para o
em que cada um eduque-se a se mesmo” estudo da concretude dos eventos e
(idem.p.25). acontecimentos.
As ideias desse filósofo estão cada vez mais Sua filosofia nega a dialética e afirma a
sendo utilizadas no âmbito educacional. multiplicidade, as diferenças, as variações que
Desse modo, devemos conceber a Educação, se manifestam na vida e que mostram que não
ou seja, o processo de ensino-aprendizagem de há uma identidade pura e sim seres em
uma nova forma, isto é, procurar entender a constante transformação. Dentre os conceitos
Educação como um processo dinâmico de que criou um dos mais importantes para a
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após fazer essa breve “viagem” de Sócrates a Rubem Alves, visitando historicamente cada
fase de crescimento do ser humano, vimos que as correntes de pensamento estão estreitamente
ligadas a cada tempo e a cada fazer humano dentro de sua época. Na Antiguidade Clássica, onde
“tudo começou” Platão e sua busca da essência faz uma primeira análise da essência humana,
descolando-se pela primeira vez dos aspectos dísticos, enxergando o homem como um ser em si.
Na Modernidade sabemos que Descartes vinculou a filosofia a modo produtivo partimentado,
sendo sucedido por Marx que viu a influência da produção industrial na educação. Assim
chegando aos nossos dias, e com eles a Pós-Modernidade; entendemos que uma compreensão
de Freire, Dewey e Rubem Alves, com sua revisitação a Foucault e a Deleuze poderão trazer
excelentes contribuições ao ensino, particularmente no Brasil, por considerar a nossa matriz
cultural tão variada, conjuntamente com as variações sociais e econômicas. Considerando que
para os diversos padrões de comportamento poderia haver um estímulo-resposta buscado em
um ou outro desses grandes pensadores.
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REFERÊNCIAS
ALVES, Rubem. Conversas com quem gosta de ensinar. São Paulo: Cortez, 1981.
DEMO, Pedro. Formação de Formadores Básicos. In aberto. Brasília: ano 12, Nº 54, abr/jun,
1992.
FOUCAULT, Michel. Foucault pensa a educação. In. Revista Educação –edição especial. Vol
3. São Paulo: Segmento, 2008.
FREIRE, Paulo. A pedagogia do oprimido. 8. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.
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RESUMO: As viaturas policiais exercem um papel fundamental para que o trabalho policial seja
realizado de maneira rápida e eficiente. Entretanto, devido a burocracia de documentos e
organização de informação, esse trabalho pode acabar sofrendo um atraso. A presença de
tecnologia nas viaturas policiais facilita o acesso a essas informações garantindo menor tempo
em burocracia e permitindo facilitar o trabalho policial, assim liberando mais rapidamente as
equipes para novos atendimentos. Logo, esse artigo (trabalho) possui como objetivo realizar uma
revisão bibliográfica referente ao uso de tecnologias embarcadas em viaturas da polícia militar.
Assim, destacando os equipamentos e tecnologias utilizadas, benefícios e exemplos de seu uso.
Com base na revisão realizada podemos concluir que a implementação de tecnologia no dia-a-dia
policial auxilia no combate ao crime. O uso de tecnologia é bastante presente principalmente com
o uso de rádios comunicadores, GPS e outros equipamentos responsáveis em facilitar o
atendimento a ocorrências e organização de informação.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os avanços tecnológicos ocorrem de forma constante na nossa vida. A tecnologia veio
incrementando em diferentes áreas e aspectos da sociedade devido a necessidade de acelerar
processos e facilitar o acesso a informações necessárias para a execução de tarefas em diferentes
áreas.
Os investimentos em segurança pública nacional infelizmente não são no aporte
necessário para combater a criminalidade crescente equipada. Entretanto, a implementação de
tecnologia no dia-a-dia policial auxilia no combate ao crime. Esse estudo destaca o uso de
equipamentos tecnológicos nas viaturas policiais que circulam pelas ruas do nosso país,
destacando o uso de rádios comunicadores, softwares e outros equipamentos responsáveis em
auxiliar o trabalho policial.
Podemos destacar que diferentes estados utilizam diferentes tecnologias embarcadas em
suas viaturas. Cada tecnologia é adaptada para auxiliar na execução das necessidades locais,
acelerando e facilitando as tarefas dos policiais para que eles possam atender um maior número
de ocorrências com maior eficiência possível.
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REFERÊNCIAS
AGÊNCIA ESTADUAL. Polícia Militar testa reconhecimento biométrico nas viaturas.
JandaiaOnline, 2017. Disponível em:<https://jandaiaonline.com.br/policia-militar-testa-
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BOCK, E. C.; POZZEBON, E.; FRIGO, L. B. Propostas para Informatização de Viaturas Policiais
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Comunicação na Segurança Pública e Direitos Humanos. São Paulo: Blucher, 2016.
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Marilândia do Sul, 2019. Disponível
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nova-viatura.html>. Data de Acesso:22/03/2022.
EXTRA. Aplicativo vai permitir que PMs registrem ocorrência pelo celular já a partir de
agosto. Extra, 2020. Disponível em:<https://extra.globo.com/casos-de-policia/aplicativo-vai-
permitir-que-pms-registrem-ocorrencia-pelo-celular-ja-partir-de-agosto-24539809.html>. Data de
Acesso:22/03/2022.
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SILVA, A. N. da. Sistemas móveis como suporte à atividade da polícia militar do Paraná.
2020. 62 f. Monografia de Especialização (Especialista em desenvolvimento para dispositivos
moveis e Internet das coisas) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, 2020.
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RESUMO: Este trabalho teve como objetivo analisar as práticas metodológicas pelo uso do
método montessoriano com crianças autistas na educação infantil. A problemática investigada
aqui partiu do seguinte questionamento: por que utilizar o método montessoriano para o
desenvolvimento de crianças com autismo infantil? Visto que essa metodologia de ensino pode
trazer vários benefícios para o segmento educativo de crianças autistas! A pesquisa trata-se de
uma revisão de literatura de caráter qualitativa, com análise bibliográfica de acordo com uma
sistematização de artigos publicados em periódicos científicos e sites seguros. Desse modo,
percebeu-se muitos benefícios que o método montessoriano pode contribuir para as práticas
pedagógicas dos professores, o colocando como mediador do processo de ensino e
aprendizagem, e o aluno no centro de suas próprias descobertas do conhecimento, o que propicia
um desenvolvimento integral, tendo o método montessoriano como um meio de suporte para os
avanços significativos de habilidades fundamentais as crianças com autismo.
1
Graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual do Tocantins-Unitins-Campus Araguatins.
2 Professorado Curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Tocantins–Unitins–. Campus Araguatins, Mestra
em Ciências ambientais.
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uma clínica psiquiátrica da universidade, como educativos. Rosa e Cruz (2018, p.121), afirma
parte de suas funções visitava crianças em que “[...] as casas dei bambini foram os
hospícios gerais de Roma, e foi quando primeiros espaços onde Montessori iniciou seu
começou a ter outro olhar para aquela trabalho com crianças de 3 a 7 anos, filhos de
situação, pois aqueles pequenos precisavam de moradores de um conjunto residencial [...]”.
uma educação, e assim ela conduziu-se em Lillard (2017), comenta que:
busca de pesquisadores da área como Jean Para sua surpresa, durante sua pesquisa no
Itard e Edouard Séguin para começar suas hospício, descobriu que aquelas crianças
experiências com o seu método educacional, podiam aprender muitas coisas que antes
Lillard (2017). pareciam impossíveis. Essa convicção levou
Desde o início, suas pesquisas partiram de Montessori a dedicar suas energias ao campo
observações a respeito da criança colocando-a da educação pelo resto da vida (LILLARD, 2017,
no centro de sua própria aprendizagem. p. 2).
Segundo Nascimento, Vieira e Santos (2019, Seus materiais de estudo que foram
p.178), “[...]ela criou sua pedagogia utilizados na casa dei Bambini aguçavam as
observando os estudos de Édouad Seguin que ações do cotidiano das crianças, pois naquele
estudava o aprendizado infantil. Seu método tempo as pessoas achavam que elas não
busca potencializar a criatividade infantil desde dariam conta de realizar pequenas tarefas do
da primeira infância[...]". dia a dia. Os recursos que Maria Montessori
Na construção de embasamentos na área da criou tinham como princípios contribuir para
educação, Maria Montessori resolveu fazer habilidades sensório-motor, entre outros
outra graduação para analisar se seus inúmeros equipamentos criados por ela que
fundamentos estavam certos, pois seus instigam o cognitivo, a concentração e a
métodos foram todos criados a partir do percepção no desenvolvimento das crianças.
surgimento das necessidades das crianças para Segundo Rosa e Cruz (2019):
sua construção do saber, Barbosa (2020), Montessori via a sala como um ambiente
ressalta que: adequado para as crianças, onde elas podiam
Buscando novos conhecimentos formou-se manipular os materiais sem restrições; com
em pedagogia em 1902, quando começou a isso ela criou vários materiais pedagógicos com
desenvolver suas teses de que o meio foco na estimulação sensório-motora que são
influencia o desenvolvimento cognitivo do utilizados até os dias de hoje. Um deles é o
aluno, criando, assim, suas primeiras material dourado utilizado para ensinar
metodologias educacionais (BARBOSA, 2020, matemática (ROSA; CRUZ, 2019, p.120).
p.73). Em suas investigações Montessori (1965),
Maria Montessori, criou a casa das crianças percebeu que para estimular as crianças a
que na Itália chamava-se de “ casa dei bambini" terem curiosidade e vontade de realizarem as
visto que nesse ambiente era um hospício que atividades propostas pelos educadores seria
ela transformou em um lugar de renome, como preciso equipamentos adequados, sendo
o primeiro que utilizou seus recursos assim, ela também elaborou o material
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mobiliário para que as crianças tivessem O Método Montessori faz parte de uma
liberdade e total acesso ao espaço que pedagogia científica que aborda a liberdade,
estivessem inseridas, com esses instrumentos autoconfiança e a autonomia da criança na
ela conseguiu fazer as crianças sentarem utilização dos instrumentos criados por Maria
sozinhas em suas cadeiras, alcançar a pia do Montessori, que colabora para essa construção
banheiro e o bebedouro, visto que foram de experiências. Pugens, Habowski e Conte
pensados para a estatura delas e com materiais (2018, p.360), fomentam que “[...] o objetivo
leves e de fácil manuseamento. Neste sentindo de Montessori não é um método sobreposição
Rudolpho e Cararo (2019) afirmam que: objetiva ,mas é a geração da curiosidade e do
Nesse método, o destaque está no desenvolvimento da mente da criança como
equipamento, material e mobiliário, que além algo complexo [...]”.
de serem adequados ao tamanho das crianças, Por conseguinte, essa abordagem
permitem que mesas, cadeiras e poltronas pedagógica ver os alunos como cientistas
sejam transportadas por elas e valorizam a arte experimentando os conhecimentos cada vez
e a estética. Assim, entende-se o avanço dessa que eles vão em busca de aprendizado.
proposta como fato de o planejamento espacial Montessori (1965, p.12), afirma que:
ser parte construtiva de um novo modo de “[..]cientista é aquele que, à luz da experiência,
considerar a criança (RUDOLPHO, descobria a via que conduz às verdades
CARARO,2019, p. 6,7). profundas da vida e que, de qualquer forma,
Desse modo, as pesquisas realizadas por ela desvela-lhe os segredos fascinantes [...]”.
aconteciam com base na realidade, quanto Em seu método educativo são abordados os
mais analisava as crianças percebia que para pilares necessários para que os alunos
ocorrer a aprendizagem não precisaria consigam se desenvolverem de forma integral.
somente de um quadro e professores dando Petry (2019, p. 24), enfatiza que “Os seis pilares
ordens, mas sim vendo o educador como um educacionais de Montessori que são suporte a
mediador que organiza um ambiente com todo o método são: autoeducação, educação
condições necessárias para que os próprios como ciência, educação cósmica, ambiente
alunos construam seus conhecimentos de preparado, adulto preparado e criança
acordo com suas vivências. equilibrada”.
Segundo Petry (2019): Durante sua caminhada entre um estudo e
[...] O maior embasamento trazido através outro Montessori contribuiu de forma
do método montessoriano está dentro do pilar significativa para os educadores de sua época,
do ambiente preparado, onde é importante do modo que com todos os seus estudos e
criar as condições no ambiente da criança para pesquisas ela auxiliava os profissionais, fazendo
que ela responda aos períodos sensíveis e palestras, cursos, reuniões para a apresentação
também apresentar atividades adaptadas, a de seus recursos e uns dos seus marcos foi
fim de que seu desenvolvimento possa se quando segundo, Lillard (2017):
realizar nas melhores condições (PETRY, 2019, [...] o ministro da educação italiano pediu a
p.24). Montessori que ministrasse palestras aos
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professores de Roma. Essas palestras foram com suas práticas, podendo ser usados de
realizadas na Escola Ortofrênica de Roma, e diversas maneiras nas áreas educativas, pois
Montessori foi nomeada diretora dessa escola esse mecanismo conduz os alunos a
em 1898 [...] (LILLARD, 2017, p. 2) experimentações que envolvem descobertas
Ao final da sua jornada ainda viajou bastante que os levam a aprendizagem de habilidades
por vários países, mas quis terminar de deixar essenciais para formação global. Dessa forma
o seu legado nas suas origens. Dalonso (2016), Petry (2019), enfatiza sobre o método
Maria Montessori volta para a Itália para mais montessoriano.
uma vez contribuir com todas as vivências de [...] A real reforma na educação requer que a
anos conhecendo outros países. Isso aconteceu escola permita o livre desenvolvimento da
antes de morrer, em 1952. atividade da criança, para que nela possa surgir
Dessa forma, atualmente o método a pedagogia científica. Com isso, o conceito de
montessoriano é utilizado em vários lugares, liberdade trabalhado no método
visto que sua metodologia contempla desde o montessoriano inspirado pela pedagogia deve
ambiente, recursos, professores e as disciplinas ser universal [...] (PETRY, 2019, p. 26).
a serem aplicadas em sala de aula. Rosa e Cruz O tema continua sendo uma abordagem de
(2018, p. 131), comenta que “[...] o método suma importância para a amplitude que é a
montessoriano é usado em várias escolas. educação, uma vez que ele tem instrumentos
Ainda hoje, ele auxilia a criança no necessários a serem usados em todos níveis da
desenvolvimento cognitivo e psicomotor [...]” educação infantil, trazendo o concreto com
Montessori até os dias atuais é referência liberdade para incentivar a autonomia que são
com sua metodologia de ensino, comentada estímulos primordiais para o desenvolvimento
por pesquisadores e profissionais não só da de uma criança dentro do contexto escolar.
área da educação, mas de diversos âmbitos da
sociedade, visto que o seu método abrange CONTRIBUIÇÕES DO MÉTODO
todo o contexto que cerca uma criança, desde
o nascimento até sua chegada no ambiente MONTESSORIANO PARA O
escolar. Segundo Duarte (2017), essa DESENVOLVIMENTO DE
metodologia pode ser abordada desde a sua
HABILIDADES DA CRIANÇA COM
própria casa:
A aplicação do método montessoriano em AUTISMO NA EDUCAÇÃO
casa objetiva mudar o olhar sobre a criança. INFANTIL
Preparando o ambiente, retirando todos os O Transtorno do Espectro Autista-TEA, mais
objetos que representam perigo do seu conhecido como autismo é um distúrbio
alcance, adaptando as instalações, permitindo neurológico que, está cada vez mais presente
com que ela faça sozinha e em segurança em nossa sociedade, tornando-se significativo
(DUARTE, 2017, p. 15). o aumento de diagnósticos nas instituições de
Na instituição de ensino, esses materiais ensino, sendo perceptivo algumas condições na
contribuem para a mediação dos educadores infância. A fase na qual é possível observar
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Antes de a criança começar a escrever, ela tamanho da criança, isso vai desde da sala de
tem contato com o alfabeto móvel e as letras aula, como o banheiro, cozinha, até o ensino
recortadas em lixa e coladas em plaquetas. As das religiões, a igreja com os objetos acessíveis
vogais são coladas em um fundo vermelho e as para elas; as formas metálicas, que são figuras
consoantes em azul. A professora mostra como geométricas para atividades sensoriais e
traçar a letra com os dedos indicador e médio, matemática. Essas metodologias estão aliadas
apontando a direção na qual a letra é escrita e, com a preparação do ambiente em prol do
depois, anuncia o som da letra. Por meio dessas processo de práticas realizadas pelos alunos
atividades, a criança vai compreender três para a sua própria formação.
impressões simultâneas: a tátil, a forma e o Para Rosa e Cruz (2018):
som que correspondem à letra (ROSA; CRUZ, Montessori acreditava que a criança era um
2018, p.130). ser que tinha potencialidade e que precisava
O Quarto são as lixas que abordam um ser estimulada adequadamente para
conjunto de benefícios para os alunos autistas, desenvolver atividades concentradas,
uma vez que ao realizarem essas atividades autocorretivas, contribuindo para a
estarão conhecendo não somente as vogais e independência, o desenvolvimento intelectual
letras, mas o desenhar de cada letra do e a aprendizagem das crianças. Para a
alfabeto, e irá ajudar nas habilidades motoras educadora, isso se dá especialmente por meio
sensoriais e táteis para assim conquistar o nível de atividades práticas (ROSA; CRUZ, 2018, p.
da escrita. 133).
Lillard (2017), afirma que: Desse modo, o método educativo
A lixa serve para controlar os movimentos da Montessori oferece todo o suporte que está
criança quando sente a letra, pois sabe pelo adequado para o ensino e aprendizagem dos
toque quando escorregou da letra para a placa alunos autistas, uma vez que todas as ações
lisa. O controle do erro relativo a direção e ao educativas tratadas levam em consideração as
lugar da letra também resulta do fato de elas especificidades das crianças criando as
serem coladas em tábuas alongadas, pois a possibilidades de um estudo significativo.
criança pode ver quanto colocou a letra do lado Petry (2019), fomenta que:
errado ou de cabeça para baixo [...] (LILLARD, [...] O maior embasamento trazido através
2017, p. 117). do método montessoriano está dentro do pilar
Além desses exercícios citados, existem do ambiente preparado, onde o importante é
outros que colaboram nas diversas disciplinas criar as condições no ambiente da criança para
escolares, que foram projetados por Maria que ela responda aos períodos sensíveis e
Montessori e até nos dias atuais são utilizados também apresentar atividades adaptadas, a
em aulas práticas envolvendo a construção de fim de que seu desenvolvimento possa se
conhecimentos por meio do concreto, entre realizar nas melhores condições. Um ambiente
esses materiais estão: o material dourado, que preparado com recursos sensoriais possibilita a
ensina o sistema de números decimais e exploração mais ampla pela criança e incentiva
operações básicas de matemática; a mobília do
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recurso didático lúdico (ROSA; CRUZ, 2018, observá-la em um ambiente tão livre e aberto
p.127). quanto possível. [...] (LILLARD, 2017, p. 46).
Quando se traz todas essas informações As metodologias educativas desse ensino
citadas como base para metodologias que caminham para formação de um aluno com
colaboram para a aprendizagem das crianças competências essências para a sociedade, mas
com autismo, o método que favorece todas o educador precisa a partir de observações
essas práticas é o montessoriano. Por ser criar as chances para todas essas dimensões, e
amplo com seus instrumentos, visto que ele uma das mais eficientes é a autonomia, que a
pensa desde do ambiente à maneira que o criança vai desabrochando por causa dessas
professor precisa se portar, pois todas essas colaborações e de cada agir do professor para
condições ajudam na liberdade para a o aluno. Salomão (2019, p. 6), afirma que: “O
desenvoltura de cada descoberta inicial que a professor, que deve ajudar a criança a avançar
criança irá apresentar. Segundo Suassuna em seu caminho para a independência, é uma
(2021): das características mais surpreendentes da
[...] o educador necessita refletir sobre os perspectiva pedagógica de Maria Montessori
comportamentos da criança, para montar [...]”.
estratégias e metodologias que possam Além disso, como as práticas pedagógicas
desenvolver essas crianças. Para que então indicam, o educador deve estar sempre
essas crianças tenham seus objetivos observando com atenção cada movimento da
alcançados dentro da escola, com criança sem tentar interferir em seus
desenvolvimento cognitivo e uma socialização experimentos, uma vez que os testes servem
(SUASSUNA, 2021, p. 1427) para sua construção de saberes de acordo com
Dessa maneira, o professor vem ser o que foi apresentado, mas se caso for preciso
mediador de todo o processo que essas intervir em alguma situação também ficará a
práticas pedagógicas instigam, pois deixa a critério do professor, isso vai depender de cada
criança livre em um ambiente que foi acontecimento. Petry (2019, p. 26), afirma que:
organizado e preparado para recebê-la, mas “O mais importante para o educador deste
em todas essas buscas quem irá realizar é o método, segundo a autora, seria o espírito
próprio aluno de acordo com as suas atento observador, visão para servir, interferir
experimentações. Lillard (2017), frisa sobre a ou se retirar segundo os casos e necessidades
relevância da liberdade para a criança: [...]”.
Liberdade é um elemento essencial em um A aplicabilidade da prática ainda hoje é bem
ambiente Montessori por dois motivos. restrita, mesmo esse método tendo tantas
Primeiro, porque somente em uma atmosfera vantagens, ele requer detalhes que são de
de liberdade a criança pode se revelar para nós. suma abrangência para todo o processo da
Uma vez que o dever do educador é identificar criança com autismo na educação infantil,
e auxiliar o desenvolvimento psíquico da percebe-se que em escolas é dado o início a
criança, ele deve ter uma oportunidade de esse mecanismo, mas por falta de recursos ou
até mesmo de formações continuadas não
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este artigo teve como o objetivo analisar as práticas metodológicas pelo uso do método
montessoriano com crianças autistas, conhecendo o conceito do método para a criança autista,
analisando as contribuições que ele pode desenvolver na criança com autismo na educação
infantil, refletindo sobre as práticas docentes a partir do método educativo em questão. Tais
objetivos resultaram nas seguintes respostas:
O primeiro objetivo, aborda o conceito histórico de como surgiu o método montessoriano,
e como aconteceu as primeiras criações dos instrumentos que visa trazer benefícios no
seguimento de escolarização para as crianças com necessidades específicas, visto que os recursos
auxiliam para habilidades primordiais no desenvolvimento infantil.
O segundo objetivo, refere-se as práticas dos professores na utilização dos recursos
montessorianos para a criança com autismo, percebe-se a amplitude de conhecimentos que as
lixas, material dourado, blocos coloridos, as mobílias do tamanho da criança, entre outros, podem
estar oferecendo oportunidades de aprendizagens significativas dentro do ambiente escolar.
O terceiro objetivo, observou-se que o método já vem trazendo um contexto de bons
resultados para salas de aulas, mas acredita-se que é relevante a promoção de estudos a partir
de formações continuadas para uma melhor compreensão do método montessoriano, para que
assim os educadores tenham condições necessárias de contribuição em todos os níveis da
educação infantil.
Sendo assim, considera-se que essa é apenas uma revisão de literatura, mesmo com toda
essa riqueza de técnicas que foram abordadas nesse artigo, ainda há muito a ser estudado e
refletido em termos da aplicabilidade desse método, sendo necessário os professores terem uma
visão centrada na criança e em tudo que ela pode participar no seu processo de aprendizagem.
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REFERÊNCIAS
ALVES, J. E. Os Desafios do Professor e Suas Práticas Pedagógicas No Ambiente Escolar
Com Alunos Autistas. RICESMAC Repositório Institucional, Maceió, p.8-19, 2019.
Disponível em: https://ri.cesmac.edu.br/handle/tede/920 . Data de Acesso: 22/03/2022.
BRASIL, Lei n° 12. 796, de 4 de Abril de 2013, Altera, atualiza e consolida a legislação sobre os
direitos autorais e dá outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm . Data de Acesso: 22/03/2022.
GIL, A, C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6. ed. São Paulo: Editora Altas S.A, 2008.
Disponível em:https://www.passeidireto.com/arquivo/64893629/livro-metodos-e-tecnicas-de-
pesquisa-socilal-gil-2008. Data de Acesso: 22/03/2022.
LILLARD, P, P. Método Montessoriano: uma introdução para pais e professores. 1. ed. Barueri:
Manole, 2017.
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PETRY, J, R. Design Inclusivo: Uma proposta de recurso para estímulo sensorial de crianças
autistas a partir do método montessoriano. Repositório Institucional da Universidade
Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, Ijuí, p. 23-95 , 2019. Disponível em:
https://bibliodigital.unijui.edu.br:8443/xmlui/handle/123456789/6547 . Data de Acesso:
22/03/2022.
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RESUMO: O referido artigo intitulado “o orientador escolar e o pedagogo gestor – o ofício que
cabe a um, pode ocupar espaço no fazer pedagógico do outro, e no que couber, de ambos”. Em
tal sentido, é possível percebermos o quanto a formação de pedagogia tem respaldo também
para o âmbito da orientação pedagógica. No entanto, é papel de ambos os profissionais
(agir/fazer) em prol do fazer docente e da gestão pedagógica como um elo entre o papel que cabe
a um em seu ofício, pode no que couber, ao outro (ambos) para as ações do fazer pedagógico e
de gestão ao mesmo tempo. O objetivo neste estudo consiste na aliança entre a (ação, reflexão
e ação-reflexão) tem primazia no que podemos chamar de orientação pedagógica com enfoque
na gestão e sua relação com toda a equipe diretiva de gestão e orientação escolar. Sua
problemática versa na esfera da formação em pedagogia como uma das condições preexistentes
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school management. In this perspective, it has been a space of discussion among those who by
experience or by the act of (teaching and learning) are leading the formation among peers, where
the exchange of knowledge and their ample craft is an integral part of the (act/practice) of
potential learning for the field of the pedagogical orientation and its shared strategies. That is,
together with the (pedagogue/manager), this, has primacy in what we can call - (strategic shared
management) - with influence of the teaching as participating actors of this relationship as far as
it fits, (both), as an influential space of labor and institutional engagement as a whole. However,
authors such as (LIBÂNEO, 2005); (LIBÂNEO, 2006); (SAVIANI, 2007); (VERSARI, 2007); (FRANCO,
2008); (OLIVEIRA, et al, 2011); (ROVARIS & WALKER, 2012); (PASCOAL, 2013); (GAZZOLLA, ARBOTI
& PACHECO, 2014); (SIMÕES, 2018) and (BRASIL, 2006) among others that gave bibliographic
focus to the culmination of this article as an act of theoretical foundation in its
(integration/action) within the art of pedagogical guidance and management. However, the work
relied on a bibliographical research and research of (argumentative-exploratory) nature for the
surroundings of the qualitative approach as (descriptive-explanatory) of primarily (bibliographic-
theoretical) nature.
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esforços conjuntos para melhorar os espaços conceber um lugar de ensino que resulte em
escolares como um lugar onde o (alunado) se qualidade”. (ZANATA; NOVAES, 2022, p. 2). No
sinta bem e queira ficar ali para (aprender a todo, e/ou em partes, concordamos com os
aprender) e não o contrário. Já com relação aos autores em todos os aspectos já relacionados
espaços da gestão de sala de aula nutre o aos papéis até aqui.
(orientador escolar) por uma performance de Outro ponto-chave que merece atenção é:
mediador entre o (pedagogo gestor) e toda a Qual é a relação real entre o trabalho do
(equipe diretiva) da escola sem falar nos papéis orientador escolar e do pedagogo gestor?
que cabem aos pais, responsáveis e até a Pensando nisso, tem-se a seguinte questão:
comunidade escolar. Será que o ofício que cabe a um, cabe ao outro?
Corroborando com esses enfoques E no que couber, ou seja, na função pedagógica
entendemos por trazer a nossa discussão o situando as várias ações do fazer pedagógico
pensamento de (SILVA, 2015) quando faz de um e do outro, em especial, ao trabalho do
questão de elucidar que: orientador escolar.
O papel do orientador escolar tem sua Justifica-se, no entanto, que o (agir) e o
importância para três enfoques que são: na (fazer) de ambos consiste na plena realização
vida do aluno, da família e até mesmo dos do fazer acontecer. Mas, será que é isto que
professores. O orientador escolar é acontece na prática educacional em nossos
responsável pela mediação entre todos os dias?
envolvidos no processo educacional. É um Podemos ter a plena convicção de que o
papel desafiador, que foi ganhando, com o papel que cabe a um pode no que couber ao
passar dos anos, suma importância no âmbito outro, simplesmente, pelo fato de ambos
escolar. (SILVA, 2015, p. 19a) citada por serem (pedagogos) e estarem na linha de
(ZANATA; NOVAES, 2022, p. 5, grifo dos frente do enfoque do (aprender a aprender).
autores). Em outras palavras, relutando constantemente
Pensando bem é válido mencionar que o para que o (ensino e a aprendizagem) dos
enfoque da função pedagógica que se respalda alunos estejam à altura do saber do presente
no âmbito do (orientador escolar) também tem século. Ademais, quem é quem neste espaço
seu esforço esculpido no (agir) e no (fazer) do pedagógico? Olhando para o que se advoga em
(pedagogo gestor) e no (pedagogo-diretor (ZANATA & NOVAES, 2022, p. 21), podemos
escolar). insistir e concordar que:
Por essa mesma ótica, os autores são O orientador educacional/pedagogo-
unânimes em reafirmar que este enfoque no orientador diferencia-se do coordenador
(agir) e do (fazer pedagógico) esculpido na pedagógico, do professor e do gestor/diretor.
pessoa do (pedagogo gestor) e/ou na função do O diretor ou pedagogo/gestor administra a
(diretor escolar) tem suas raízes a partir do escola como um todo; o professor cuida da
entendimento de que “é comum ouvir que esse especificidade de sua área do conhecimento; o
profissional representa a gestão e a coordenador fornece condições para que o
administração da escola, incumbido por docente realize a sua função da maneira mais
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mais aguçada do (saber/fazer) em prol da ação ensino e aprendizagem) seja real e surta efeito
pedagógica e suas práticas de gestão. em termos de qualidade educacional.
O trabalho em si tem respaldo por uma ação Por outra ótica, não estamos afirmando que
conjunta e necessária do (saber fazer), (saber não qualidade e nem que os efeitos não estão
como fazer) e (saber ser). Ou seja, o (saber à altura do cargo/função, longe de nós
fazer) está incutido no conhecimento de que advogarmos esta causa, porém, é de consenso
ambos a possui. Já o (saber como fazer) que os papéis são diferentes e com similitudes
consiste nas habilidades de quem tem para do ato de educar e do fazer pedagógico/gestão.
usufruir de uma boa orientação pedagógica. O artigo em síntese conta com o tipo de
Por fim, o (saber ser) está atrelado às atitudes pesquisa (bibliográfica/teórica) que no
de ambos em trabalhar em parceria de gestão pensamento de (FONTELLES et al, 2009) fica
e fazer a diferença no (agir) e no (fazer) evidente que:
pedagógico. Este tipo de pesquisa fornece o suporte a
Sobretudo, por mais que o (fazer todas as fases de um protocolo de pesquisa,
pedagógico) na visão de alguns autores esteja pois auxilia na escolha do tema, na definição da
atrelado ao papel que cabe ao gestor questão da pesquisa, na determinação dos
orientador (devemos) acima de tudo – objetivos, na formulação das hipóteses, na
(entender) - que o papel que cabe a um, pode fundamentação da justificativa e na elaboração
no que couber, ao outro. do relatório final. (p. 7).
No todo e/ou em partes, não estamos aqui Nesse sentido, a pesquisa também
trocando e nem invertendo os papéis, mas, corrobora para uma pesquisa de cunho
com muita (resiliência), trazer para ao leitor (argumentativo-exploratório) por
que o papel é similar e diferente ao mesmo (descrever/explorar) os achados na literatura
tempo como bem assimila (SILVA, 2015, p. entre os autores mais recorrentes sobre a
19b), citada por (ZANATA & NOVAES, 2022, p. temática em si.
5), quando alude que o orientador escolar é o No entanto, na (p. 6), os autores apontam
“responsável pela mediação entre todos os que:
envolvidos no processo educacional”. Não há Este tipo de pesquisa visa a uma primeira
dúvidas nisso. Todos devem entender essa aproximação do pesquisador com o tema, para
dinâmica de trabalho e fazer valer a torná-lo mais familiarizado com os fatos e
compreensão que demanda por este fenômenos relacionados ao problema a ser
profissional. estudado. No estudo, o investigador irá buscar
No que podemos elucidar a “mediação” não subsídios, não apenas para determinar a
está focado apenas no trabalho do (orientador relação existente, mas, sobretudo, para
escolar) e sim, no (gerenciamento de equipe conhecer o tipo de relação. (FONTELLES, 2009).
diretiva do pedagogo gestor). Ambos Entretanto, o trabalho é de natureza
(podem/poderiam e devem/deveriam) bibliográfica e teórica e versa acerca de uma
trabalhar em conjunto para que o (processo de (pesquisa/qualitativa) por discorrer no que há
de mais relevante em relação ao trabalho do
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Olhando com mais ousadia nos lembramos que por ora tece acerca das relações
de outro autor que por nome de (MAILHIOT, interpessoais no trabalho também é lúcido
1976:66a), que ao se referir a uma das quando advoga afirmando que neste (ato de
pesquisas realizadas pelo Psicólogo Kurt Lewin ensinar) e (educar e ensinar) para a vida recorre
(1965), em seus primeiros ensaios acerca das ao trabalho de outro Psicólogo chamado de
relações interpessoais ele advoga que a Schurtz, desempenhando uma relação de
produtividade de um grupo de pessoas em um trabalho onde possa haver: inclusão, controle e
determinado ambiente de trabalho só terá afeição, respectivamente.
essência benéfica se todos estiverem Ao discorrermos para ambos os papéis aqui
estritamente ligados a um consenso de já discutido entre o (fazer docente) e o (fazer
competência e humanização entre seus pedagógico) entre os atores da linha de frente
membros e membros, sobretudo, onde a da equipe pedagógica da escola é bom que nos
solidariedade possa andar lado a lado na lembremos da necessidade da tríade do
construção da ética das relações interpessoais. Psicólogo Schutz, que ao se referir ao ambiente
Desta forma, a prática pedagógica da gestão de trabalho e sua relação interpessoal, faz-se,
escolar, coordenação pedagógica, Supervisão e notório na perspectividade de ambos, ou
orientação educacional como um trabalho melhor, tornando-os a operação administrativa
integrado é uma proposta que surge ocupando da escola muito proveitosa, sem falar na
o lugar de uma postura tradicional, de um contribuição real que ambos devem ter no dia
trabalho totalmente técnico – e, em uma a dia.
determinada época, alienante – que passou por Sobretudo, indo, além disso, é cabível que o
vários períodos de transformação, desde o (orientador educacional) de uma determinada
surgimento das ações destes profissionais no escola tenha (habilidades finas) no (trato com
processo de educação formal. (SIMÕES, 2018, as pessoas) e suas respectivas tarefas, ou seja,
p. 3, grifo nosso). em seu ambiente de trabalho. No todo e/ou em
Para tanto, o trabalho desse profissional – partes, todas as nossas necessidades devem
(pedagogo-orientador) se deve ao fato de que: ser satisfeitas, isto é, no sentido de (atuar para
“ele é o principal responsável pelo avançar) e (avançar para atuar). Sobretudo,
desenvolvimento pessoal de cada aluno, dando como tudo na vida é preciso treino e
suporte a sua formação como cidadão, à perseverança. Por isso, Pascoal (2013), é
reflexão sobre valores morais e éticos e à enfática nesse (ato de treinar e perseverar)
resolução de conflitos” (p. 66b, grifo dos com (constância de gestão) e, para isto,
autores). Embora, este (orientador trazemos para este enfoque o que ela
pedagógico) também atue lado a lado do propriamente corrobora e assevera que:
(diretor/gestor e do coordenador pedagógico). Por tratar diretamente das relações
Não há o que problematizar. Cabe a este humanas, o orientador educacional pode ter
profissional lançar a mão ao fazer pedagógico e suas funções confundidas com as de um
brilhar e como tal fazer valer o seu trabalho psicológico. Essa confusão, no entanto, deve
como um primor de sucesso. O autor em voga ser evitada, porque, embora também lide com
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problemas de convivência e com dificuldades deseja como um ato que não é muito fácil de
de aprendizagem das crianças, a função do ser desenvolvido nas estampas fina de uma
orientador se aproxima mais do aspecto escola onde nem sempre todos são ousados e
pedagógico e não da dimensão terapêutica do capacitados para ouvir e ser ouvidos.
atendimento. (p. 3, grifo da autora). (PASCOAL, 2013, p. 2).
É sabido dizer que (todo/as nós atore/as) no Nesse sentido, tudo o que foi relatado até
processo de ensino e aprendizagem dentro de aqui... Não quer dizer que seja o fim... Porém,
nossos serviços sistêmicos somos tão capazes o limiar do trabalho pela (gestão pedagógica)
que não paramos para perceber que o nosso ainda percorre por outros passos largos do
trabalho relativamente requer: (produtividade, (fazer pedagógico-docente) e se estampa no
qualidade de vida no trabalho e efeito que se remete mais uma vez a autora quando
sistêmico), porém, todos nós somos capazes e advoga:
estamos aptos a desenvolver novas Que esse trabalho também ultrapassa os
habilidades, criar e inovar, ou seja, ousar muros da escola. O orientador deve atuar como
sempre, também, faz parte do papel que cabe uma ponte entre a instituição e a comunidade,
ao orientador pedagógico. (OS AUTORES, entendendo sua realidade, ouvindo o que ela
2022). tem a dizer e abrindo o diálogo entre suas
Por outro lado, a autora é feliz quando expectativas e o planejamento escolar. (p. 3).
afirma que o papel do orientador educacional é Sobretudo, ela ainda é persistente e afirma
tão parecido quanto ao do profissional que:
psicólogo, mas, jamais podemos nos deixar Para conseguir realizar seu trabalho, o
fazer por um ato terapêutico, sobretudo, profissional que ocupa esse cargo não pode
psicológico. Em outros aspectos, papel esse ficar o tempo inteiro em sua sala, apenas
confundido por muitos leigos no processo recebendo alunos expulsos da aula ou que
educacional e, principalmente, quando se trata desrespeitaram um colega ou um professor. Ele
de orientação pedagógica. Falar de só consegue saber o que está acontecendo na
relacionamento no ambiente laboral é muito escola, entender quais são os comportamentos
trabalhoso uma vez que muitos acabam das crianças e propor encaminhamentos
confundidos tais papéis. adequados quando circula pelos espaços e
No entanto, o profissional que lida convive com os estudantes. (p. 6).
diariamente com esse trato deve se dispor de Entretanto, muito se tem pregado que a
competências-chave de relacionamento gestão do trabalho pedagógico do (orientador
laboral onde todos gostam de falar e ser educacional) deve se ater na coluna de parceria
ouvidos, onde todos querem total atenção, e ente o (gestor/pedagogo-Diretor) e ao
ficam muito felizes quando são atendidos profissional (coordenador/pedagogo-docente),
dentro da ética profissional e, por fim, querem contudo, a autora é prestativa ao afirmar que o
resultados imediatos e apenas sorriam quando trabalho deste profissional não se consolida
são compreendidos e como tal são polivalentes apenas em alguém que lida diariamente com
quando consegue se alimentar do que se alunos que possivelmente estão dando
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problemas e/ou são problemáticos, e sim; este (coordenador pedagógico) uma vez que nem
trabalho se reveste na contra mão-única entre sempre existem esses profissionais na escola e
família, escola e (sociedade/comunidade) muito menos a preparação para tal ação. Por
escolar. outro lado, é a diferenciação entre os papéis
Aquém deste, também se atribui o (diálogo) que cabe a um, pode muito bem no que
e o (planejamento escolar) ultrapassando as couber, a ambos.
barreiras da convivência entre (alunos e alunas) Porém, Simões assevera muito bem essa
na orientação (pura e ética) do fazer docente. diferença de posto de trabalho entre (ambos)
Contudo, numa perspectiva onde a (verdade e pedagogos seja ele na condição de
a confiança) estejam arroladas no processo de (pedagogo/gestor), (pedagogo coordenador),
(ensino/aprendizagem), a saber: como um (pedagogo supervisor) e/ou (pedagogo-
propósito a ser construído na fidelização orientador), este último, aqui é sendo o foco de
escolar; como uma das práticas pedagógicas de nosso trabalho como fim da discussão em
ensino e seus procedimentos de mudanças, apreço. Sobretudo, sem discutir o papel do
isto é, no aval do coletivo e de um dever (pedagogo-docente) para esse contexto de
cumprido como um todo em todos os seus atuação e ação.
aspectos de (gestão/orientação pedagógica). Todavia, (SIMÕES, 2018), ressalta ser:
Pensando nisso, revelam-se outras vertentes O supervisor escolar e o orientador
do saber docente que não deixam de serem educacional diferenciam-se do professor e do
condições do ato (educacional/gestão) aonde: diretor. O diretor ou gestor administra a escola
É obvio que todo esforço da equipe gestora como um todo; o professor cuida da
acaba se relacionando diretamente com as especificidade de sua área do conhecimento; o
condições de exercer seu papel de articulador supervisor escolar fornece condições para que
e promotor de uma educação cidadã e de o docente realize a sua função da maneira mais
qualidade, o que remete ao domínio específico satisfatória possível e o orientador educacional
para exercer a gestão política. Ou melhor, cuida da formação de seu aluno, para a escola
dizendo, a gestão do trabalho pedagógico. Por e para a vida. O supervisor escolar e o
sua vez, é neste hábito de liderar que entra as orientador educacional são sujeitos de uma
condições plenas do fazer orientação ação, dentro de um espaço em transformação
educacional por parte de quem dela se dispõe e transformador – a escola. Precisam ser
e outros três saberes entra em ação, a saber: competentes em muitos aspectos, como:
Saber ser, saber conviver e saber propor ideias técnico, político, administrativo e pedagógico.
para o bem da escola remete, inicialmente, as (p.5 grifo dos autores).
suas lideranças. (OLIVEIRA et al, 2011, p. 4/54, Nada está totalmente correto ou
grifo dos autores). equivocado até aqui, mas, é salutar e rever que
Para tanto, um dos maiores problemas que as visões de muitas escolas estão ultrapassadas
em sua maioria as escolas tem perpassado é a no sentido de aliar o trabalho do coordenador
condição efetiva deste profissional capturado pedagógico na perspectiva do papel do
na condição do (orientador pedagógico) e/ou orientador educacional, papel esse que se
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reveste apenas a alguém que esteja social e cultural, fazendo com que o mesmo
literalmente preparado para agir interaja e intervenha no contexto onde está
freneticamente gerando sempre a lealdade, a inserido, sendo capaz de tomar decisões a
confiança e a percepção seletiva de atuar para partir do que se conhece como pessoa e
desvendar o (eu – comigo) e o (eu – contigo). colaborador atuante na comunidade onde vive.
Em tal sentido, isto fica muito bem claro nas Ainda cabe-lhe o papel de planejar, coordenar
palavras de Pascoal (2013), quando ela coloca e implementar ações inerentes ao espaço
essa condição, e apregoa que: escolar e comunidade, como também,
Apesar de essas funções do orientador participar das mesmas identificando as
serem essenciais no processo de ensino e características pertinentes da escola, da
aprendizagem, nem sempre as escolas contam comunidade e das atividades executadas. (pp.
com esse profissional em sua equipe. Com ou 2/52-3/53).
sem ele, no entanto, o trabalho não pode Cunhando para o pensamento das autoras
deixar de ser feito. Da mesma maneira que uma acima é bom lembrar que a discussão aqui, por
escola sem coordenador pedagógico não deixa hora, demanda (aspectos-chave) e atribuição
de planejar as situações didáticas, uma escola de (um) e/ou de (ambos) pelo (fazer
sem orientador educacional não deixa de se pedagógico) está situado ao sentido de que
preocupar com a formação cidadã de seus ambos – (gestão, coordenação e orientação
alunos. Essa missão deve ser cumprida pelo educacional) – estão atrelados às funções (de
diretor, coordenador e também pelos um) ou (de outro) e (todos) podem (cooperar)
professores. (p. 7, grifo dos autores). de forma (única) e (imparcial) diante da
Pelo visto é de se considerar aqui que outro apreciação do (ensino) e da (aprendizagem)
papel também esteja imbricado na condição do como um todo.
trabalho pedagógico do orientador escolar que Desta forma, Oliveira et al (2011), alertam
é a comunicação humana. Ou seja, sem ela que:
ninguém consegue desenvolver um bom Nesse sentido a gestão, coordenação e
trabalho com eficácia e responsabilidade. orientação educacional são imprescindíveis
Sobretudo, a mesma autora em voga clarifica para o bom andamento das atividades
essa informação nos deixando a informação de escolares. Cada um possui sua importância e
que nenhum orientador pedagógico atua valor, não sendo uma função mais importante
sozinho e sem (este) ou (aquele) à escola não que outra, até porque nenhuma se consolida
pode e nem dever parar. Confirmando aos isoladamente, mas se constitui no coletivo, por
relatos de Pascoal e diante dos argumentos meio da articulação dos diferentes papéis
pelos pesquisadores até aqui é bom ressaltar daqueles que compõe a equipe pedagógica. (p.
para o (papel/função) do orientador 3/53, grifo nosso).
educacional que aos olhos e modelo mental de No entanto, segue as regras segundo
Oliveira et al (2011) afirma-se que: (Pascoal, 2013) quando faz alusão ao livro
O orientador educacional tem como função extremamente coerente ao que ela se ateu
orientar os alunos no conhecimento pessoal, para escrever o conteúdo na página da nova
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escola – gestão. Livro este intitulado de: “A legislação educacional do país; Circula pela
Orientação Educacional - Conflito de escola e convive com os estudantes. (PASCOAL,
Paradigmas e Alternativas para a Escola, Mírian 2013, p. 7, grifo dos autores).
Paura S. Zippin Grinspun, 176 págs., Ed. Cortez. Contudo, é de se perceber que o trabalho do
Nesse sentido, cabe citarmos aqui o trabalho orientador educacional não é nenhuma faceta
do orientador educacional, o que ele faz? onde se diz algo e não se pode acrescentar.
Quem ele é? Qual sua relação com as práticas Muito pelo contrário, é um trabalho que
de gestão e o seu elo com a pedagogia e o fazer demanda de uma gestão pedagógica onde o
pedagógico. (fazer) dever (acontecer) e o (acontecer) se
deve ao fato do ato de (agir). Isto é, em prol do
O TRABALHO DO ORIENTADOR bem estar de todos os envolvidos na interação
primordial do (saber fazer), do (saber como
EDUCACIONAL (PEDAGOGO fazer) e do (saber ser). Por isso, o orientador
ORIENTADOR) – O QUE FAZ E educacional precisa estar em constante
semelhança com a (direção-pedagogo/gestor)
QUEM ELE É? ANTES DE SER
e com a (coordenação pedagógica) onde sua
ORIENTADOR É UM PEDAGOGO atividade precisa ser mantida, aprimorada e
– QUEM É O PEDAGOGO, reciclada, sempre que possível diante de um
conflito, por exemplo.
AFINAL? O QUE A PEDAGOGIA Este profissional é também aquele que em
NESTE CONTEXTO, PROFISSÃO? conjunto com todos os atores da escola e fora
QUAIS SUAS PRÁTICAS DE dela, por exemplo, a comunidade e os pais de
alunos deve ser o (pedagogo) que faz a
GESTÃO DO FAZER PEDAGÓGICO (representação do pensamento) onde sua
O que faz o orientador educacional? Orienta (comunicação) seja a mais alta possível e a sua
os alunos em seu desenvolvimento pessoal, (motivação) seja a mola do (agir, fazer e
preocupando-se com a formação de seus acontecer) numa perspectiva (laboral) onde,
valores, atitudes, emoções e sentimentos; por exemplo, (a pauta de uma reunião com os
Orienta, ouve e dialoga com alunos, pais) não passe de uma (limitação) para o (agir)
professores, gestores e responsáveis e com a e (atuar) do (fazer pedagógico/docente).
comunidade; Participa da organização e da O orientador escolar deve mais do que
realização do projeto político-pedagógico e da nunca primar por um (trabalho ético) e
proposta pedagógica da escola; Ajuda o (exitoso) no sentido de (desenvolver) um
professor a compreender o comportamento (trabalho sistêmico) onde sua (atuação) seja
dos alunos e a agir de maneira adequada em (transparente) não apenas em saber (ouvir) e
relação a eles; Ajuda o professor a lidar com as (lidar) com a diferença, sobretudo, que crie
dificuldades de aprendizagem dos alunos; bases para a construção de um ambiente
medeia conflitos entre alunos, professores e propício à criatividade na hora de fazer um
outros membros da comunidade; Conhece a (laudo técnico) e/ou uma (entrevista técnica)
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com um determinado pai ou aluno. Por outro entretanto destacar que, do mesmo modo, ela
lado, que a sua autoestima, empatia e não se restringe à descrição, explicação e
afetividade estejam estampadas no limiar de interpretação do real educativo, pois isso, com
um (bom dia), de uma (boa tarde) e/ou até já vimos, é a imprescindível contribuição das
mesmo de uma (boa noite) e, por aí vai... Ciências da Educação. Assim sendo, identifico a
Contudo, os autores como (GAZZOLLA, especificidade da Pedagogia, como Ciência da
ARBOTI & PACHECO, 2014), neste horizonte Educação, no movimento contínuo entre a
advogam: “o professor é peça fundamental no intenção clara do para que fazer e do como
processo educacional, (...) na construção da fazer. (p. 33, grifo nosso).
personalidade da criança, pelo papel que Partindo desse pressuposto somos levados a
desempenha e representa diante dos alunos, questionar que a Pedagogia enquanto ciência
como educador e mediador da construção do da educação ela é uma das áreas que mais nos
conhecimento”. (p.3, grifo dos autores). sustenta ao conhecimento como única ciência
Façamos dessa citação a nossa: “ambos – que estuda outras ramificações. Daí a
(orientador e professor) - são peças-chave na necessidade de nos posicionarmos para o
lide diária e convívio de uma criança em enfoque da Pedagogia como um campo do
formação na escola ou fora dela”. Por outro conhecimento ao vértice da identidade
lado, cabe aos pais, escola, estado e sociedade pedagógica do profissional Pedagogo e a
abraçar como tal o é, (esta criança) quebrando própria Pedagogia em si como uma arte
as barreiras do preconceito e fazendo o seu educativa.
papel de cidadão.
De modo único, o autor (PINTO, 2006) em A PEDAGOGIA COMO UM
sua Tese Doutoral em Educação, isto é,
intitulada como “Pedagogia e Pedagogos CAMPO DE ESTUDO, A
Escolares” pela Universidade de São Paulo – IDENTIDADE DO PEDAGOGO E A
USP/SP com muito bom gosto contribui para
PEDAGOGIA ENQUANTO
esse enfoque da Pedagogia enquanto uma
ciência que educa e que ensina a (aprender a CIÊNCIA DA EDUCAÇÃO
aprender) como sua base de conhecimento. O fato de o fenômeno educativo ser
No entanto, ele argumenta que, interpretado cada vez de forma mais
[...] A Pedagogia difere das Ciências da abrangente, pelo avanço científico em
Educação porque é uma ciência que orienta e é diferentes áreas (Psicologia, Sociologia,
produzida na prática do educador, Antropologia...), não inviabiliza a Pedagogia
consubstancia-se na sua ação, no seu fazer. como Ciência da Educação. Pelo contrário,
Nesse sentido, cabem as perguntas: Como o apenas reforça a necessidade de ela se firmar
educador age? Por que age assim? Em que se como a Ciência da Educação para garantir a
fundamenta seu fazer? Considerando como unidade da compreensão do fenômeno
ponto pacífico o princípio de que a Pedagogia educativo e na intervenção da prática
não se reduz ao fazer educativo, é necessário, educativa. Quanto à Pedagogia, por sua
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
reconhecida vinculação com a prática, precisou 2005), que falam da Pedagogia como parte do
lutar por um espaço entre as disciplinas processo da gestão pedagógica e seus atores
científicas da universidade em alguns países como se bem pergunta: Quem é o profissional
(Schmied-Kowarzik, 1988) e, em outros Pedagogo?
lugares, “desaparece em proveito de um O Pedagogo é o profissional que atua em
modelo dedutivo que deseja reduzir o fazer ao várias instâncias da prática educativa, direta ou
dizer, o saber-fazer ao saber científico” indiretamente ligadas à organização e aos
(Houssaye, 2004, p.18). A Pedagogia – como processos de transmissão e assimilação ativa
Ciência da Educação – é que tem possibilidade dos saberes e modos de ação, tendo em vista
maior de desenvolver esse movimento. Ela objetivos de formação humana definidos em
parte do fenômeno educativo como um todo e, sua contextualização histórica. (p. 52, grifo
com a contribuição da produção teórica das nosso).
diferentes ciências, vai elaborando as sínteses Fazendo um contrapondo, ao que diz o autor
possíveis para a apreensão do real. A Pedagogia quando faz uma análise de quem é esse
não pode ser vista como uma das ciências da profissional. Somos levados a perceber que o
educação já que ela é a Ciência da Educação. E (pedagogo) é alguém com capacidade mútua e
somente a Pedagogia pode ser a Ciência da que ao longo de sua formação - (teórico
Educação, pois seu objeto exclusivo de prático-pedagógico) deve atuar com muita
investigação é a educação. Afirmar que a cautela.
Pedagogia compõe o conjunto das Ciências da Sobretudo, ao pôr a mão na massa deve agir
Educação, ou seja, que é uma outra ciência (ou com profissionalismo e ética uma vez que o
campo de estudo) das Ciências da Educação, é trabalho docente é pautado com muita
igualar o que é desigual. Assim como subtrair “sofrência” no sentido da “desvalorização” da
da Pedagogia a produção científica da história, própria categoria docente. A pergunta que não
da psicologia, da sociologia etc., é fragilizá-la quer calar é: [Somos unidos?], de certa, forma,
como Ciência da Educação. (PINTO, 2006, p. 26- Não! Ao nosso entendimento é a única
27-30-31ª, grifo nosso). categoria de profissionais onde o (saber) não
A Pedagogia é uma elementar ciência que impera exclusivamente no (saber fazer).
estuda a formação do homem e se alinha com Certamente, essa categoria de (pedagogos) são
o saber docente seja ele na condição humana profissionais que tão pouco vive na identidade.
em que se insere, por isso, infere-se, que essa (OS AUTORES, 2022).
profissão estar consolidada na perspectiva de Confirmando ao que disse Libâneo (2005)
que somente por meio dela – (por formação trazemos para complementar o que
superior) - é que todos os atores da escola dissertamos tão logo abaixo de suas palavras.
atuam de forma (ética e responsável) dentro de Isto é, aonde Souza et al (2013) enfatiza
um saber ilibado e em constante processo de fazendo (exitosa referência) e com (muita
transformação. Remetemo-nos aos conceitos simplicidade), nesse (embate e discussão),
dos autores como Souza et al (2013, p. 6), podemos “observar” que o (campo de estudo)
quando fizeram referência ao autor (LIBÂNEO, e (atuação do pedagogo) é enxergado com
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
muita propriedade, nesse aspecto, a pedagogia Ainda a esse respeito, percebe-se que a
é: própria categoria não tem dado total espaço
Um campo de estudos com identidade e para o diálogo. Em tal sentido, nas Instituições
problemáticas próprias, e seu objeto de estudo de Ensino Superior – (IES) muitas vezes se
compreende os elementos da ação educativa e desvelam apenas e tão somente por meio de
sua contextualização, ou seja, sujeito que se debate, simpósio, workshop, seminário, etc.
educa, educador, saberes e o contexto em que Contudo, é na (academia) e/ou (fora dela)
ocorre, e o pedagogo é o profissional que surgem novos caminhos para o debate. É
responsável por essa prática educativa em suas possível notar que a – (estes espaços) - somam-
várias modalidades e manifestações. (p.8). se, um (gerador de consciência) e
Por outro lado, a autora Franco (2008), tão (contextualização amparada) dentro das
somente afirma com muita cautela quem é o (práxis socialmente estabelecida) com vistas à
Pedagogo e o que ele tem a oferecer enquanto (formação e pós-formação) deste ou daquele
cidadão que lida com a arte de educar seja na profissional que irá atuar como (pedagogo-
liderança de (gestão, coordenação, supervisão, docente) e/ou (outros novos caminhos)
orientação) e, por fim, (pedagogo-docente). oriundos desta profissão. (OS AUTORES, 2022).
Assim sendo, ela tão somente, afirma que: Mais uma vez as autoras (GAZZOLA, ARBOTI
O curso de Pedagogia se constitui no único & PACHECO, 2014), reafirmam esse
curso de graduação onde se realiza a análise compromisso do (fazer docente) versus (sala de
crítica e contextualizada da educação e do aula), pois, uma vez (educador), este, devem
ensino enquanto práxis social, formando o ser os (diferenciais competitivos), assim, elas
pedagogo, com formação teórica, científica e advertem e nos chamam a atenção para o
técnica com vistas ao aprofundamento na (enfoque docente) e alegam que:
teoria pedagógica, na pesquisa educacional e É preciso que em suas aulas o professor se
no exercício de atividades pedagógicas utilize de uma metodologia diferenciada
específicas. (FRANCO, 2008, p. 149). conforme cada turma de alunos, pois a forma
Por essas e outras razões é que a identidade em que cada conteúdo é trabalhado é de
do curso de pedagogia foi tão sofrida e ainda é fundamental importância para o entendimento
questionada até hoje. Por isso, ou não do ser aprendente. A partir do
A Pedagogia que se constitui como uma das momento em que o professor entende seus
ciências práticas mais ricas por sua tradição alunos, o mesmo passa a dinamizar suas aulas
deixa de contribuir com a análise teórica de de maneira mais compreensiva para os
uma prática transformadora, para mesmos, e assim eles também entenderão seu
paradoxalmente balizar-se na discussão teórica professor, e mais do que isso: terão
e científica das ciências sociais em torno de interesse em buscar e pesquisar sobre os
métodos de pesquisa que possibilitem a assuntos trabalhados em aula, havendo
orientação de uma prática crítica. (PINTO, maior envolvimento e, consequentemente,
2006, p. 31b). uma incessante busca pelo saber de ambos os
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
e científica sobre a prática educativa que deve (este/esta) profissional no meio educacional, a
continuar a ser desenvolvida, a despeito e até citar, a gestão educacional conforme alude
mesmo por causa das inúmeras negativas de Saviani a seguir:
que foi alvo na história do pensamento A profissão que corresponde ao setor de
humano. (SAVIANI, 2007, p. 2/100). educação “é uma só e, por natureza, não só
Caminhos estes que de modo único neste admite como exige ‘modalidades’ diferentes de
trabalho fica evidente, dentre os quais se capacitação a partir de uma base comum”
disserta, a seguir: (pedagogo-docente); (Brasil/CFE, 1969, p.106), o relator conclui que
(pedagogo-diretor/gestor); (pedagogo- não há razão para se instituir mais de um curso.
coordenador); (pedagogo-supervisor); Considera, assim, que os diferentes aspectos
(pedagogo-orientador) sem falar nas áreas implicados na formação do profissional da
relacionadas a outras duas vertentes de educação podem ser reunidos sob o título geral
atendimento da profissão fora da área de Curso de Pedagogia que constará de - uma
educacional como a (pedagogia empresarial e parte comum e outra diversificada.
pedagogia social), dentre outras áreas do A primeira deverá dar conta da base comum
fomento – (saber fazer) - para além da sala de e a segunda, das diversas modalidades de
aula, etc. capacitação, traduzidas na forma de
Na (p. 17/115), este mesmo autor ressalta habilitações. A primeira – A parte diversificada
que: contemplou as seguintes habilitações:
O caminho efetivo de introdução da Orientação Educacional; Administração
pedagogia na Universidade se deu pelos Escolar; Supervisão Escolar; Inspeção Escolar;
Institutos de Educação, concebidos como Ensino das disciplinas e atividades práticas dos
espaços de cultivo da educação encarada não cursos normais.
apenas como objeto do ensino, mas também A segunda – A parte comum - O aspecto mais
da pesquisa. Nesse termo entra aqui o – característico da referida regulamentação foi à
(docente) enquanto pesquisador que é. Nesse introdução das habilitações visando a formar
âmbito as duas principais iniciativas foram o “especialistas” nas quatro modalidades
Instituto de Educação do Distrito Federal, indicadas (Orientação Educacional,
estruturado e implantado por Anísio Teixeira, Administração Escolar, Supervisão Escolar e
em 1932, e dirigido por Lourenço Filho; e o Inspeção Escolar), além do professor para o
Instituto de Educação de São Paulo implantado, ensino normal.
em 1933, por Fernando de Azevedo. Ambos, Daí a pretensão de formar os especialistas
sob inspiração do ideário da Escola Nova. (grifo em educação por meio de algumas poucas
dos autores). regras compendiadas externamente e
Finalizando o entendimento que de a transmitidas mecanicamente, articuladas com
pedagogia é uma profissão com várias áreas o treinamento para a sua aplicação no âmbito
para (trabalhar/atuar). Somos levados a de funcionamento das escolas. Eis porque se
perceber que como profissão é oriunda de um considerou como suficientes às matérias
saber empírico no que diz respeito ao situar “Estrutura e Funcionamento do Ensino” e
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
“Princípios e Métodos”, seguidas de outra que ensinar e aprender para a vida na condução da
alude a algo de algum modo relacionado com a construção de um mundo melhor).
“especialidade” em referência: “Legislação do Para tanto, Saviani, advoga que:
Ensino” para a inspeção, “Estatística” para a Com efeito, pelo caminho da história os
administração, “Currículos e Programas” para a vários elementos que, na atualidade, são
supervisão e “Orientação Vocacional” e considerados como necessários à formação do
“Medidas Educacionais”, para a orientação. educador serão contemplados no seu
(pp. 4/102-23/121, grifo dos autores). nascimento e desenvolvimento, explicitando-
Ainda assim, este mesmo autor reluz e se as condições e as razões que conduziram ao
constata que: entendimento de sua necessidade para a
É curioso notar que a nova LDB, ao mesmo formação do educador (2007, p. 32/130).
tempo em que elevou ao nível superior a Conclui-se, com muito apreço e
formação dos professores para atuar nos anos consideração pela – (fundamentação teórica) -
iniciais da escolarização, manteve a graduação que por hora foi discutido com muita
em Pedagogia ao dispor, no artigo 64: a (dedicação e força de vontade). Entretanto,
formação de profissionais de educação para deixamos uma reflexão para quem de modo
administração, planejamento, inspeção, único, simples e ético for atuar dentro de uma
supervisão e orientação educacional para a das áreas de fomento dos saberes pedagógicos,
educação básica, será feita em cursos de a saber: “Saibam que tudo aqui não se esgota
graduação em pedagogia ou em nível de pós- uma vez que o atuar da gestão do trabalho
graduação, a critério da instituição de ensino, pedagógico é extenso ao extremo”. [...]
garantida, nesta formação, a base comum “Sobretudo, se formos olhar com mais
nacional. (p. 24/122). desenvoltura dentro do que é de fato, por uma
Por isso, a – (gestão educacional) – discussão mais aprofundada, o tema nunca
implicamente incutida nas palavras de Saviani terminará, por ser um palco de debate”. [...]
– (deve ser democrática e participativa) - “Ou melhor, que sempre vai precisar de um
atrelando os conhecimentos como a prática mais (dinâmico e curador) processo de
vivenciada por todos os atores no processo e (ensinagem) – traduzindo, temos, (ensino e
procedimento de ensino/aprendizagem. aprendizagem)”. (OS AUTORES, 2022).
Todavia, a (gestão educacional) e/ou (gestão Corroborando ao pensamento anterior, a
escolar) é uma fantástica área onde se saber, Saviani (2007), copiosamente,
concentra o saber empírico da – (pedagogia complementa:
empresarial), - isto é, corroborando as linhas de Em resumo, o espírito que presidiu à
pesquisas e debates da (Administração) e/ou elaboração das diretrizes curriculares nacionais
da (Gestão). do Curso de Pedagogia foi à consideração de
Dentro dessas práticas de (gestão e/ou que o pedagogo é um docente formado em
administração) está o “pedagogo” situado curso de licenciatura para atuar na “Educação
como gestor educacional – (aquele que se Infantil e nos anos iniciais do Ensino
esforça para fazer cumprir com o dever de Fundamental, nos cursos de Ensino Médio, na
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
modalidade Normal, e em cursos de Educação fundamentação teórica que lhes permitirá uma
Profissional na área de serviços e apoio escolar, ação coerente e com uma satisfatória
bem como em outras áreas nas quais sejam instrumentação técnica que lhes possibilitará
previstos conhecimentos pedagógicos”, uma ação eficaz”. (p. 32/130). Que todos os
conforme consta do artigo 2º e é reiterado no pedagogos dediquem mais amor à profissão
artigo 4º. Eis aí a destinação, o objetivo do que escolheram para suas vidas. Pedagogia é a
Curso de Pedagogia. (pp. 27/125-28/126, grifo arte de evoluir e crescer para o amanhã.
dos autores). Avante, sempre e sempre por melhores
Porém, é salutar dizer aqui neste findar de resultados. Os pedagogos-orientadores e os
mais uma lide – (referencial teórico) - que pedagogos-gestores que lutem dia após dia
apenas os pedagogos comprometidos com a para quebrar as barreiras do preconceito que
razão do ato de educar, educar e aprender é ainda em pleno século XXI mora nos corações
que de fato farão a diferença neste mundo de pessoas des(humanas) que, se quer
onde se prega tanto a paz, amor e união, mas (respeitam) o espaço dos outros e, por seu
não se vê com muita frequência essa tríade no “ego” próprio, entendem, por bem – (estar
meio da classe dos professorados, muito acima) de (tudo e todos).
menos na gestão e tão pouco na equipe Por fim: “diferentemente das demais
pedagógica. Os orientadores e gestores que ciências da educação, a Pedagogia é a ciência
lutem! Avante! da prática, sobretudo, se constitui como sua
Complementado Saviani (2007) alude que: especificidade”. (PIMENTA, 2000, 47 citada por
“não nos resta outro caminho senão, diante do PINTO, 2006, p. 37). Daí, conseguimos fechar
fato consumado, procurar tirar proveito da esse enfoque pedagógico sob a temática – “o
fluidez, exercitando a flexibilidade e orientador escolar e o pedagogo gestor – o
criatividade apregoadas”. (p. 30/128). Há ofício que cabe a um, pode ocupar espaço no
muitos charmes por vagar por esse caminho. fazer pedagógico do outro, e no que couber, de
Sobretudo, poucos têm o compromisso com a ambos”.
fé da verdade da profissão que um dia
escolheram para seguir. No entanto, são
poucos os profissionais da área da pedagogia
que perfazem um trabalho sério e
compromissado com a verdade situado pelo
campo da ética e da filosofia da própria
profissão bem do seu (ofício-professor).
Acrescentando, em relação a este
pensamento, Saviani (2007), conclui e faz uma
severa argumentação-crítica, proveitosa e
louvável, a saber: “espera-se que irá formar
pedagogos com uma aguda consciência da
realidade onde vão atuar, com uma adequada
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Não é novidade pra ninguém que o (papel) e/ou (função) exercida pelo (orientador
educacional) e/ou (orientador escolar) é exercida plenamente por um (gestor pedagogo) e/ou
(pedagogo gestor) e vice-versa. Nada tem acrescentado nessa lide histórica quando se tem em
mente o trabalhar deste profissional. Por essas razões que ao discutimos desde o resumo até aqui
– (que o elo entre esses dois profissionais quando em união fazem a diferença) - para a instituição
educacional como um todo. Ou seja, o papel que cabe a um, cabe ao outro no que couber e vice-
versa.
A única diferença consiste na função a que se adeque a realidade institucional seja na
(esfera pública) ou na área (privada) um ou outro sempre vai está à frente desse embate. Em tal
sentido, mesmo que os conflitos sejam preexiste no que couber, a saber: diferentes funções e
mesmos profissionais, isto é, pedagogos. Antes de ser (orientador escolar) e/ou (pedagogo
gestor) - (este ou aquele) - é um profissional oriundo da educação, ou seja, alguém que com muita
capacidade pode no que couber exercer variadas (funções e papéis diferentes) em uma mesma
realidade institucional.
Olhando com mais ousadia para os achados ao longo de nossa discussão chegamos à
conclusão de que este mesmo profissional tem seus dias repletos de desafios. E, somos de
parecer positivo de que é possível que o (pedagogo) quando formado em pedagogia esteja
preparado para enfrentar este campo do saber: (orientador escolar) e/ou (pedagogo/gestor).
Em tal aspecto, mesmo indo na contra mão do seu (agir) e (fazer) este profissional tem de
sobra em sua lide pedagógica uma missão a cumprir: prática social ampla. Prática esta que vai
desde o batente de uma escola até a alta direção (gestor pedagogo) ou (pedagogo gestor) e/ou
(direção escolar) e vice-versa. E no que couber, a gestão educacional, a supervisão, a
coordenação, administração escolar bem como temos discutido – (orientação escolar) cunhado
por uma prática pedagógica na pessoa do (diretor escolar).
Além disso, somos levados a crer que um determinado diretor escolar que compreende o
termo emancipação espera que sua equipe diretiva seja contornada também pelo enfoque de
todos esses profissionais a que nos propomos a discorrer no parágrafo anterior.
Ainda a esse respeito, em especial, ao contar com o apoio diretivo do orientador
educacional é uma prova de que o trabalho em conjunto se faz pelo (agir) e pelo (fazer docente)
em todos os rumos educacionais. Outra vertente de nossos achados é que o papel que cabe a um
pode no que couber ao outro e isso demanda a mola mestra do coração do trabalho pedagógico
de uma escola e suas diferentes atuações, necessidades e ordens.
Ao apontarmos que no que pese ao arguir do trabalhar do orientador escolar chegamos a
um denominador comum: “que o papel do orientador escolar nos dias atuais é salutar nas
atividades diárias do coordenador pedagógico. E, como tal, se apresenta também no rol das
tarefas de gestão do pedagogo gestor”.
No entanto, o objetivo a fim deste trabalho pesa no (agir) e no (fazer) desse profissional
como um elo entre (um) e o (outro) e no que couber. Assim sendo, este profissional tem primazia
nos saberes pedagógico da escola mesmo estando em segundo plano em suas ações. Sobretudo,
o ofício que cabe a um, pode ser exercido ao outro no que for conveniente e lícito de
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RESUMO: Este artigo trata de um estudo de caso realizado na empresa Liquigás Tavares, empresa
atuante no comércio de distribuição de gás de cozinha, localizada em Santa Maria – RS. Para o
presente trabalho buscou-se desenvolver uma pesquisa relacionada a qualidade da
administração de recursos humanos e seus benefícios, que se caracteriza em foco do treinamento
proporcionado ao colaborador da empresa. No referencial teórico foram abordados importantes
conceitos da gestão de recursos humanos e sua importância, como treinamento, recrutamento.
Já para a metodologia foi utilizada uma pesquisa qualitativa e quantitativa, descritiva, o método
utilizado nesse trabalho foi indutivo. Em relação os meios de investigação, este estudo se
caracterizou por estudo de caso e uma pesquisa bibliográfica. Por meio da análise dos resultados
1 Formado em Administração pela Universidade luterana dia Brasil/ ULBRA, Pós graduada em Gestão estratégica
de pessoas pela Universidade Luterana do Brasil/ ULBRA, Pós Graduada em Administração Pública IPB/ instituto
pedagógico brasileiro, pós graduada em Gestão Pública IPB/ Instituto Pedagógico Brasileiro.
² Tecnologia em Gestão comercial. Atualmente atua no ramo de peças automobilística e Gestão Comercial.
³ Formado em Administração pela Universidade de Uberaba (Uniube), Pós graduado em Gerenciamento de
Projetos pela Faculdade Integradas de Jacarepaguá (FIJ -RJ), Mestrado em Mestrado em Dirección Estratégica
pela Universidade Europeia (Uniatlantico-Espanha).
4 Bacharela em Administração de Empresas formada pelo Instituto de Desenvolvimento Educacional do Alto
Uruguai. MBA em Gestão de Pessoas pela Universidade do Norte do Paraná, atua profissionalmente na área
bancária.
5 Formado em Ciências Contábeis pelo Instituto de Desenvolvimento Educacional do Alto Uruguai, pós -
graduado em Contabilidade com Ênfase em Tributos e Contabilidade, Perícia e Auditoria pela Universidade
do Norte do Paraná; MBA em Gestão Pública pela Universidade do Norte do Paraná. Atualmente 3º Sgt do
Exército Brasileiro, atuando no setor financeiro da 3ª Região Militar.
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foi possível identificar possíveis melhorias a serem realizadas na empresa, podendo assim
proporcionar aos seus clientes maior qualidade nos serviços e aos seus colabores melhores
treinamento para seu desenvolvimento, e consequentemente um aumento na satisfação.
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influências é determinado uma visão de mundo prática seu serviço de comércio, atividades de
que define o relacionamento de uma pessoa atendimento aos clientes. Vale lembrar que as
com as outras. A persistência dos valores forças sociais e culturais também afetam as
culturais, as mudanças nos valores culturais opiniões, levado em conta o tradicionalismo da
secundários, são características críticas que sociedade local. A Liquigás Tavares tenta
podem afetar as decisões das empresas. identificar os princípios e ideais de seus
Chiavenato (1994), conceitua que, ao clientes, e busca agir dentro do contexto.
mesmo tempo, uma organização social e uma
unidade econômica, ela está sujeita a pressão • Microambiente
social e a influências do meio social e cultural Este ambiente relaciona-se as variáveis que
onde está situada. Segundo o autor as se encontram dentro da organização, como
principais variáveis sociais que repercutem nas clientes, concorrentes, fornecedores, público,
atividades das empresas são: tradições que conforme Kotler e Armstrong (2007, p. 56),
culturais do país em geral, e da comunidade “ajudam a empresa a efetuar a tarefa de
onde está localizada, em particular; estrutura agradar aos clientes em suas necessidades”.
de orçamento familiar de despesas e relação a Este é composto pelas forças e agentes que
bens de serviços; importância relativa dada a estão próximos à empresa e muitas vezes
família e a coletividade local e nacional; atitude transformam sua capacidade competitiva.
das pessoas frente ao trabalho e às ideias Fazem parte do microambiente de uma
quanto a profissão; atitude quanto ao dinheiro organização: política interna da empresa,
e a poupança; homogeneidade ou fornecedores, prestadores de serviço, clientes
heterogeneidade das estruturas raciais e concorrentes.
linguísticas do país. A tarefa de administração de marketing é
O uso dos fogões a gás em nossa sociedade atrair clientes e relacionar-se com eles,
continua sendo o meio mais utilizado para o oferecendo-lhes valor e satisfação.
preparo dos alimentos consumidos. No Chiavenato (2000), chama este ambiente de
entanto, eles não são os únicos que tarefa, sendo o mais próximo e imediato da
possibilitam os preparos. A evolução organização, sendo o segmento de extração da
tecnológica possibilita a cada dia uma organização de entradas e saídas.
diversidade de produtos diferenciados. (Forno Quando a organização escolhe o seu produto
elétrico, micro-ondas), isso tem aumentado a ou serviço e quando escolhe o mercado onde
sua participação, em função da relação pretende coloca-los, ela está definindo o seu
custo/benefício, para assados que demandam ambiente de tarefa. É no ambiente de tarefa
muito mais gás. que uma organização estabelece o seu domínio
A Liquigás Tavares identifica seus clientes ou, pelo menos, procura estabelece-lo. O
por meio das necessidades que tem na domínio depende das relações de poder ou
utilização dos botijões de gás e na quantidade dependência de uma organização em face do
mensal dos consumidores. Seu público é ambiente quanto as suas entradas ou saídas. A
distribuído dentro da população da região, organização tem poder sobre seu ambiente de
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tarefa quando as suas decisões afetam as vezes Mesmo não possuindo muitos setores na
decisões dos fornecedores de entrada ou Liquigás Tavares os existentes dão suporte para
consumidores de saída. Ao contrário, a as atividades, desde do início até a entrega do
organização tem dependência em relação ao produto para que o resultado seja satisfatório,
seu ambiente de tarefa quando as suas buscando solucionar qualquer conflito interno
decisões dependem das decisões tomadas ou externo.
pelos seus fornecedores de entrada ou A abertura ocorreu com o capital próprio
consumidores de saída. As organizações aplicado dos donos, por isso observa-se que o
procuram aumentar o seu poder e reduzir sua fluxo de botijões e clientes não é de extrema
dependência quanto ao seu ambiente de tarefa grandeza. O capital foi aplicado sem
e estabelecer o seu domínio. Esse é o papel da necessidade ou intenção de usar capitas
Estratégia organizacional (CHIAVENATO, 2000 bancários para suporte. Assim as empresas
p. 391). mantem seu ponto de equilíbrio por meio de
No desenvolvimento de seus planos de sua demanda e gasta conforme o fluxo de caixa
marketing, a empresa é de suma importância da empresa.
que a administração de marketing leve em Conforme comentado pelos proprietários a
consideração todos os setores da empresa, empresa teve seu ponto de partida, a visão de
financeiro, gestão de recursos humanos, um empreendimento, que poderia dar certo ou
compras e até mesmo alta direção e produção. errado. O dono possui apenas o ensino médio
Sabendo que cada setor desse, dentro da completo, mas acompanha juntamente com
empresa, é um fator de influência, todos eles sua esposa sócia proprietária, formada em
juntos formam o ambiente interno e tem ciências econômicas as movimentações da
impacto sobre os projetos e atividades de empresa. O empreendimento mantem uma
marketing. vida solida atualmente, sem dívidas com
Essa variável se relaciona com seu meio bancos, em relação a investimentos. Seus
interno, com os setores e seus níveis custos fixos e variáveis se pagam com a
hierárquicos. Kotler e Armostrong (2007, p. demanda do mercado.
56), defende que: A empresa se caracteriza como uma
Ao elaborar planos de marketing a empresa familiar, possui juntamente no seu
administração de marketing leva em quadro de funcionários os dois sócios
consideração outros grupos da empresa, como, proprietários da empresa. Juntamente há eles
por exemplo, a alta administração e os existem ainda mais três entregadores, que
departamentos financeiro, de pesquisa e trabalham na realização das vendas de tele –
desenvolvimento (P&D), de compras, produção entregas, duas motos e um carro. O carro passa
e de contabilidade. Todos esses grupos inter- a ser mais utilizado para a carga de botijões
relacionados constituem interno de estratégias maiores ou de quantidades mais elevados,
mais amplas e a política da empresa, e os também utilizado para abastecimento do
gerentes de marketing tomam decisões de ponto de venda localizado ao posto de
acordo com os planos desenvolvidos por ela. combustível. O atendimento telefônico que
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900
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pessoas de amadurecimento.
20%
Gráfico 1: Qual a sua idade 40%
casado
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67%
Razoável Fonte: Elaborado pela autora, 2018
Bom
Ótimo
Ótimo
demais tem enfoque na prevenção contra
incêndio, curso o qual foi proporcionado por
Gráfico 6 Fonte: Elaborado pela autora, 2018
um representante do corpo de bombeiros da
cidade de Santa Maria.
No que diz respeito ao relacionamento entre Gráfico 8: Você recebeu algum tipo de curso para
a equipe, sendo de mesmo modo considerado realização das atividades
colegas e proprietários da empresa. Verificou- você recebeu algum treinamento
se, até mesmo informalmente, que há um clima
de respeito e companheirismo entre
funcionários da empresa. A empresa totaliza 5 33% sim
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pelos resultados obtidos, verifica-se que os proprietários da empresa têm uma relação boa
com os seus colaboradores. Também se verificou que os colaboradores estão de grande parte
satisfeito com seus vencimentos e com o trabalho que desempenham. De maneira geral se
sentem parte da família, pois existe abertura de participações e aceitação de ideias.
Com a análise de todos os dados apresentados no decorrer do estudo, verifica-se que a
empresa mante uma política de boa convivência e proporciona aos seus funcionários boas formas
de realização de trabalhos.
Por meio do questionário aplicado aos colaboradores ativos na empresa, pode- se chegar
a conclusão acerca dos motivos de não realizarem treinamentos para a suas ações,
principalmente no setor específico.
Diante do questionário e entrevista aplicada, pode-se marcar alguns pontos específicos,
pois, quanto aos fatores que mais influenciam para que o treinamento não ocorra, estão ligados
a política da empresa e a sua visão. Mesmo possuindo somente um treinamento desde sua
admissão, os colaboradores não matem treinamentos frequentes, a falta de visão parte dos
próprios proprietários, responsáveis também pelo recrutamento da empresa.
Essa falta de visão acaba colocando a própria empresa um fator de risco, onde, não é
somente de boa convivências e orientações discutias que se mantem o funcionamento correto.
Os colaboradores por sua vez consideram relevante o grau de importância desses
treinamentos, não somente para conhecimento, mas para proporcionar medidas corretas no
momento de agir.
Com base na pesquisa teórica e prática, sendo não autorizado a pesquisa documental pelo
o proprietário, apresenta-se as seguintes sugestões:
Formação de um setor que representasse mais o colaborador. A empresa sendo
gerenciada pelos proprietários, acaba de certa forma de proporcionar melhorias continuas aos
colaboradores, isso se entende por meio da empresa ser uma empresa familiar e de pequeno
porte, onde seus gerentes e administradores são os próprios donos. Esse setor formado por um
colaborador verificaria de certa forma a visão vista dos funcionários, proporcionaria
reformulações em assuntos como salários, planos de saúde, horários, situação de trabalho,
comunicação interna, incumbência de, por meio dos planejamentos estratégicos internos,
identificar problemas e soluções.
Implantação de um sistema de recrutamento e seleção, por meio de critérios definidos, o
processo na empresa hoje ocorre de forma frágil, os funcionários apenas passam por uma
entrevista sem planejamentos, apenas há uma troca de informações se certificando de algumas
informações essenciais.
Criação e definição clara e objetiva de um plano de carreira da empresa, mesmo sendo
pequeno porte o funcionário pudesse chegar a um cargo, dado exemplo: Supervisor de entrega;
assim tornando claro ao colaborar a perspectiva de crescimento, uma forma de reconhecimento;
Formulação de um plano do poder aquisitivo dos salários, com metas melhores
especificadas para participação de lucros em todos os resultados;
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Abertura maior de comunicação interna, verificando o gráfico 6 observa que ainda existe
um pouco de diálogo entre os membros;
Reestruturação na política de benefícios e incentivos, visando estimular a melhoria de
qualidade de vida dos colaboradores;
Criação de um plano de incentivos aos estudos, para que todos os funcionários alcancem
um grau de conhecimento maior que apenas ensino fundamental e médio;
Criação de mecanismo de avaliação dos funcionários, sendo de forma mensal, trimestral,
semestral. Tocando sua assiduidade, aparência, tratamento e rentabilidade.
Criação de treinamentos, obrigatórios aos funcionários ao entrar na empresa, e de
manutenção, para os que já integram a equipe, incluído total itens de segurança, vendas e
desenvolvimento pessoal.
Estas são algumas sugestões que no entendimento do autor desse trabalho, podem ser
proporcionadas para que haja maior interesse e motivação para os colaboradores, construindo
uma empresa cada dia melhor, com maior produtividade e que os colaboradores possam de certa
forma se sentirem importantes e reconhecidos, orgulhando-se de fazer parte da empresa e
crescimento. Alguns outros levantamentos não puderam ser de forma levantados pela não
permissão de acesso dos documentos trabalhistas e demais documental da empresa em estudo.
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