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Presidência da República
Ministério da Educação
Secretaria Executiva
Secretaria de Educação Especial
Comissão Organizadora
Claudia Pereira Dutra
Martinha Clarete Dutra dos Santos
Misiara Cristina Oliveira
Cleonice Machado de Pellegrini
Sinara Pollom Zardo
Conselho Editorial
Nacional:
Antônio Carlos do Nascimento Osório - UFMS
Claudio Roberto Baptista - UFRGS
Denise de Souza Fleith - UNB
Dulce Barros de Almeida - UFG
Eduardo José Manzini - UNESP
Marcos José da Silveira Mazzotta - Universidade Mackenzie
Maria Amélia Almeida - UFSCar
Maria Teresa Eglér Mantoan - UNICAMP
Rita Vieira de Figueiredo - UFC
Ronice Müller de Quadros - UFSC
Soraia Napoleão Freitas - UFSM
Internacional:
David Rodrigues - Universidade Técnica de Lisboa, Portugal
Jornalista Responsável
Nunzio Briguglio Filho (007010/SC-MT)
Sistematização
Bárbara Martins de Lima Delpretto
Fotografias
Arquivo Autores
Acervo SEESP/MEC
Itamar Sandoval / Índice Gestão Editorial
Indexada em:
Bibliografia Brasileira de Educação (BBE)/Inep
Latindex - Sistema Regional de Información en Linea para Revistas
Cientificas de America Latina, el Caribe, España y Portugal.
EDITORIAL 1
O
s mais recentes tratados internacionais têm refletido um desejo mundial de construção de uma so-
ciedade que não só reconhece a diferença como um valor humano irrefutável, como também pro-
move condições plenas para o desenvolvimento das potencialidades de todos os seres humanos,
na sua singularidade.
O Brasil, nos últimos anos, avançou na elaboração e na implementação de ações intersetoriais, baseadas na con-
cepção de que a inclusão social das pessoas com deficiência se dá na medida em que as políticas de educação,
saúde, assistência social, transporte, trabalho, cultura, desporto, dentre outras, articulam-se para atender efetivamen-
te às especificidades deste público.
A educação inclusiva vem se tornando uma realidade cada dia mais desafiadora para os sistemas de ensino bra-
sileiros, pois o direito à educação não se configura apenas pelo acesso, materializado na matrícula do aluno junto
ao estabelecimento escolar, mas também pela sua participação e aprendizagem ao longo da vida.
Neste sentido, há um conjunto de ações voltadas para os alunos, pais, professores, gestores escolares e
formadores docentes, com a finalidade de solidificar e ampliar as condições necessárias para garantia do direi-
to à educação.
O impacto de tais ações é perceptível nas informações trazidas pelo censo escolar MEC/INEP 2009, que denota
o acréscimo no percentual de alunos público-alvo da educação especial, matriculados nas classes comuns do ensi-
no regular. Em 2002, este número era de 28%, enquanto em 2009 este percentual passou para 60%.
A Revista Inclusão, nesta edição, traz um panorama sobre a concepção de educação especial ao longo das últi-
mas décadas e destaca os principais marcos legais, políticos e pedagógicos da educação especial na perspectiva
da educação inclusiva.
Neste contexto, a formação dos atores sociais envolvidos no processo educacional passa por transformações
profundas, necessárias para a construção da escola como espaço plural de valorização dos diferentes saberes, te-
ma tratado aqui como pressuposto para o desenvolvimento inclusivo da escola.
Com o sentido de contribuir para o fortalecimento da ação intersetorial na promoção da inclusão social das pes-
soas com deficiência, é destacada a recente política pública na área da reabilitação visual.
A acessibilidade na escola é concebida como uma premissa para o pleno acesso dos alunos com deficiência,
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, compreendendo desde a acessibilidade
arquitetônica e na comunicação, passando pela produção de materiais didáticos acessíveis e o uso de recursos de
tecnologia assistiva na escola.
É com grande satisfação que esta revista compartilha a experiência espanhola sobre as condições de aquisição da
língua falada e da língua de sinais pelas pessoas com surdez, enriquecendo os debates sobre o tema em nosso país.
Esta oitava edição trata, ainda, sobre os desafios da educação inclusiva, especificamente a respeito dos aspec-
tos que envolvem a escolarização dos alunos com transtornos globais do desenvolvimento. Outro tema pautado é a
inclusão das pessoas com deficiência na educação superior e as mudanças decorrentes no âmbito das Instituições
de Educação Superior do Brasil.
No espaço destinado às resenhas, é divulgada uma rica experiência de acessibilidade desenvolvida na educa-
ção superior, envolvendo diferentes áreas do conhecimento.
Desejando uma excelente leitura, importa informar que a versão digital acessível (Mecdaisy) acompanha este for-
mato impresso da Revista Inclusão.
1 4 8 25
Editorial Entrevista Destaque Enfoque
Clélia Brandão Craveiro, NACIONAL Convenção da ONU sobre
Secretaria de os direitos das pessoas com
Educação Especial Claudia Pereira Dutra e Os Rumos da Educação
deficiência: avanços no
Rebecca Monte Nunes Especial no Brasil frente ao
ordenamento jurídico
Bezerra Paradigma da Educação Eugênia Augusta Gonzaga
Inclusiva Fávero
Claudia Pereira Dutra e
Martinha Clarete Dutra dos Incluir não é inserir, mas
interagir e contribuir
Santos
Rita Vieira de Figueiredo
INTERNACIONAL Transtornos globais do
Novas perspectivas da desenvolvimento e os
desafios para o processo de
inclusão social da pessoa
inclusão educacional
surda desde os primeiros
Rosane Lowenthal e José
anos de vida Ferreira Belisário Filho
Núria Silvestre
O movimento das diferenças
na educação superior:
inclusão de pessoas com
deficiência
Elizabete Cristina Costa-
Renders
Rede de Serviços de
Reabilitação Visual no SUS
Érika Pisaneschi e Maria Alice
Correia Pedotti
Acessibilidade escolar: o
direito ao acesso, à
participação e à
aprendizagem dos alunos
com deficiência
Cleonice Machado de
Pellegrini e Sinara Pollom Zardo
70 71 72 73
Resenhas Informe Opinião Veja Também
Atores da inclusão na Prêmio Experiências Uma visão sobre a nova Transformação da educação
universidade: formação e Educacionais Inclusivas: a Tecnologia assistiva: no estado do Acre
compromisso escola aprendendo com MecDaisy Claudia de Paoli
Organizadora: Maria Teresa as diferenças Neno Henrique da Cunha
Égler Mantoan, Maria Cecilia Albernaz
Baranauskas
4 ENTREVISTA
Claudia Pereira Dutra Clélia Brandão Craveiro Rebecca Monte Nunes Bezerra
A Revista Inclusão convida a Presi- mento educacional especializado - das nossas práticas pedagógi-
dente do CNE, professora Clélia AEE; e a Resolução CNE/CEB cas, assegurando o apoio às ati-
Brandão Craveiro, a Secretária de N.4/2009 que estabelece Diretrizes vidades que são desenvolvidas
Educação Especial do MEC, profes- Operacionais para o Atendimento nos ambientes escolares. Os es-
sora Claudia Pereira Dutra e a Pro- Educacional Especializado na Edu- tudantes com necessidades edu-
curadora do Ministério Público Esta- cação Básica. cacionais específicas não podem
dual, presidente da Associação Na- ser excluídos do sistema geral de
cional dos Membros do Ministério 1. Revista Inclusão - Como se si- ensino em razão da deficiência. A
Público de Defesa dos Direitos dos tua a LDB no contexto do para- Lei de Diretrizes e Bases da Edu-
Idosos e das Pessoas com Deficiên- digma da inclusão, adotado pela cação Nacional, Lei Nº. 9.394,
cia - AMPID, Rebecca Monte Nunes CDPD/ONU, ratificada pelo Bra- aprovada em 1996, estando no
Bezerra para debater acerca dos sil com status de emenda consti- seu 13º ano de vigência, deve
atuais marcos políticos, legais e pe- tucional? adequar alguns pontos, em espe-
dagógicos relativos à educação es- cial a terminologia apresentada
pecial: a Convenção sobre o Direi- Clélia Brandão - A Convenção nessa LDB, nos artigos 58 a 60.
tos das Pessoas com Deficiência - sobre os Diretos das Pessoas Dentre as terminologias destaca-
CDPD/ONU, promulgada no Brasil com Deficiência - CDPD, publica- mos: "portadores de necessida-
por meio do Decreto N.6949/2009; a da pela ONU em 2006 e promul- des especiais", que não corres-
Política Nacional de Educação Es- gada pelo Brasil em 2009, asse- ponde à atual definição do públi-
pecial na Perspectiva da Educação gura às pessoas com deficiência co alvo da educação especial;
Inclusiva MEC/2008; o Decreto o direito à educação com qualida- "terminalidade específica para
N.6571/2008 que dispõe sobre a de social. Esse compromisso, alunos com deficiência", que é
oferta e o financiamento do atendi- certamente, provoca uma revisão uma expressão cujo ponto de vis-
Resumo
Este artigo apresenta as novas perspectivas que possuem o individuo surdo. O artigo aprofunda as condições educacio-
atualmente os indivíduos surdos quanto à sua inclusão social nais que devem acompanhar os progressos mencionados
e à aquisição da linguagem falada e escrita, devido aos avan- desmembrando o incentivo do desenvolvimento fonológico,
ços tecnológicos nas próteses auditivas, à detecção e diag- pragmático, morfossintático e semântico, apontando os pos-
nóstico em tempo e ao progresso do sistema educacional na síveis obstáculos que o indivíduo surdo ou os interlocutores
escola inclusiva. São expostos os dados de um estudo recen- ouvintes podem apresentar e propondo as estratégias ade-
te realizado pela autora na Espanha, numa população de 54 quadas. A seguir, são apresentadas algumas das adaptações
participantes surdos, de idades entre 1 e 7 anos, educados na que devem ser feitas pelos meios educacionais, família e es-
modalidade oral, que se beneficiaram das condições otimiza- cola, para a inclusão do indivíduo surdo e os suportes neces-
doras citadas e que demonstram os progressos no aumento sários para isso. Por último, são expostas as perspectivas de
da audição e nas aquisições na linguagem falada. O estudo linhas de pesquisa e de aperfeiçoamento das práticas atuais
citado demonstra também um progresso a respeito do repor- de atenção ao indivíduo surdo.
tado em estudos anteriores na qualidade da comunicação
com relação à sensibilidade conversacional e incentivo à lin- Palavras-chave: Educação Infantil; Crianças surdas;
guagem falada das mães ouvintes em situações lúdicas com Interações familiares; Inclusão escolar.
Abstract
This article presents new perspectives that are currently deaf in- article investigates the educational conditions that must accom-
dividuals and their social inclusion and the acquisition of spoken pany the progress mentioned breaking up the encouragement of
and written language, due to technological advances in hearing phonological development, pragmatic, morphosyntactic and se-
aids, the detection and diagnosis in time and progress of educa- mantic pointing out the possible obstacles that the deaf individual
tion in the inclusive school. They show the data from a recent listeners or interlocutors may have and propose appropriate stra-
study by the author in Spain in a population of 54 deaf partici- tegies. A Following are some of the adjustments to be made by
pants between the ages of 1 and 7 years, educated in the oral, means of education, family and school, to include the deaf indi-
which benefited from the conditions mentioned Optimizing de- vidual and the necessary support for it. Finally, presents the pers-
monstrating progress in increasing hearing and acquisitions spo- pectives of lines of research and improvement of current practi-
ken language. That study also shows a progress regarding the ces of attention to the deaf individual.
reported in previous studies on the quality of communication with
the sensitivity and encouraging conversational spoken language Key Words: Early education; Deaf chidren; Mother interac-
of hearing mothers in a play situation with the deaf individual. The tions; School inclusion.
1
Professora de Psicologia Evolutiva e da Educação. Diretora do Centro Específico de Investigación GISTAL (Centro Específico de Pesquisas GISTAL) Grupo de Investigação sobre Surdez
e Transtornos da Aquisição da Linguagem. Campus Universitário, Prédio B, Universidade Autônoma de Barcelona 08193 Bellaterra (Barcelona) Espanha. E-mail: nuria.silvestre@uab.cat.
Resumo
Este artigo apresenta um panorama histórico sobre a forma de financiamento que denota o compromisso do
concepção de educação especial refletida nos diversos Estado brasileiro com a edificação de um novo paradig-
documentos internacionais e nacionais de grande reper- ma educacional.
cussão. Nesta oportunidade são explicitadas as mais
recentes políticas públicas que orientam a organização Palavras Chave: Educação Especial; Educação Inclusiva;
dos sistemas educacionais inclusivos, estabelecendo Atendimento Educacional Especializado.
Resumo
Este texto2 contém uma análise dos principais pontos da cação Especial do Ministério da Educação, nos dias 06,
Convenção da ONU sobre os direitos das pessoas com 07 e 08 de maio de 2009.
deficiência expostos pela autora durante conferência que
proferiu por ocasião do V Seminário "Educação inclusiva: Palavras-chave: Pessoas com deficiência; Conceito em evo-
direito à diversidade", realizado pela Secretaria de Edu- lução; autonomia; Direito à inclusão; Educação inclusiva.
1
Procuradora da República em São Paulo. Mestre em Direito Constitucional pela PUC/SP. efavero@prsp.mpf.gov.br.
2
Baseado no texto da mesma autora publicado em Deficiência no Brasil: uma abordagem integral dos direitos das pessoas com deficiência. Organização de Maria
Aparecida Gugel, Waldir Macieira da Costa Filho, Lauro Luiz Gomes Ribeito. Florianópolis: Obra Jurídica, 2007.
Resumo
A inclusão se traduz pela capacidade da escola em dar danças significativas na gestão da escola, tornando-a
respostas eficazes à diferença de aprendizagem dos mais democrática e participativa, compreendendo o
alunos. Ela demanda que a escola se transforme em espaço da escola como um verdadeiro campo de
espaço de trocas o qual favoreça o ato de ensinar e de ações pedagógicas e sociais, no qual as pessoas com-
aprender. Transformar a escola significa criar as condi- partilham projetos comuns. Ela se caracteriza por seu
ções para que todos participem do processo de cons- carácter colaborativo, desenvolvendo valores e organi-
trução do conhecimento independente de suas carac- zando o espaço da escola de modo que todos se sin-
terísticas particulares. A inclusão requer também mu- tam dele integrantes. Esta escola tem como princípio
1
(Ph.D) Professora da Universidade Federal do Ceará.
Abstract
The inclusion is reflected by the ability of the school to and fostering the necessary changes in the manage-
respond effectively to the difference in student learning. ment of the classroom and teaching practices. The
It demands that the school would become an area of school values that includes the social role of student
trade that favors the act of teaching and learning. because it rests on the principle of contribution. The
Transforming school means creating the conditions for class constitutes a family in which each student must
everyone to participate in the process of constructing cooperate with the process of constructing knowledge
knowledge regardless of their particular characteristics. within their possibilities. The active participation of stu-
Inclusion also requires significant changes in school dents with disabilities is possible when the teacher per-
management and make it more democratic and partici- ceives as the subject of learning and organizes didactic
patory, including school space as a true field of educa- proposals that encourage such participation. Teachers
tional and social activities in which people share com- who face the challenge of inclusion realize that this
mon projects. It is characterized by its collaborative process changes the school life and relationship with
nature of developing values and organizing the space of the other members of their school, including changing
the school so that everyone feels his members. This their personal and professional development.
school has the fundamental principle of sharing leader-
ship and encourage the exchange of experiences, thus Key-words: School inclusion; Pedagogical practices,
reducing the difficulties of the context and the students Differences in education.
Introdução 2008) assegura o direito de toda cri- essa política, este atendimento as-
A premissa da inclusão escolar é ança freqüentar a escola comum, segura que os alunos aprendam o
relativamente bem compreendida esclarecendo ações que são de que é diferente do currículo do ensi-
em nosso país. A polêmica em torno competência da educação especial no comum e que é necessário para
do tema parece se situar na maneira daquelas que são de competência que possam ultrapassar as barreiras
como realizar as condições para do ensino comum. Este último é res- impostas pela deficiência. O Atendi-
concretizar a convivência e a apren- ponsável pela escolarização de to- mento Educacional Especializado
dizagem de alunos com e sem defi- dos os alunos, indistintamente, nas foi regulamentado pelo Decreto Nº.
ciência no espaço da sala de aula, classes comuns de ensino, o primei- 6.571, de 2008. O referido decreto
bem como explicitar as ações e inte- ro, pelos serviços de que podem ne- reestrutura a educação especial,
rações entre a educação especial e cessitar os alunos público alvo da consolida diretrizes e ações já exis-
os sistemas comuns de ensino. A educação especial. Dentre esses tentes, voltadas à educação inclusi-
Política da Educação Especial na serviços, a política orienta para a va, e destina recursos do Fundo da
Perspectiva de Educação Inclusiva, oferta do Atendimento Educacional Educação Básica (Fundeb) ao aten-
de janeiro de 2008 (MEC/SEESP, Especializado - AEE. De acordo com dimento de necessidades específi-
Resumo
Os transtornos globais do desenvolvimento (TGD) apre- algumas características, mas principalmente os concei-
sentam prejuízo na qualidade da sociabilidade, da comu- tos de cognição social e funções executivas para que
nicação e de comportamentos repetitivos e estereotipa- possam subsidiar um novo olhar das práticas pedagógi-
dos. A legislação brasileira garante que a educação de cas no ambiente escolar.
qualquer pessoa, independente de sua condição huma-
na, deve ser na rede regular de ensino nas salas de aula Palavras-chave: Transtornos globais do desenvolvimen-
comuns. Neste artigo, abordaremos os principais TGD, to; Inclusão escolar; Cognição social.
1
Mestre e doutoranda em Distúrbios do Desenvolvimento pela Universidade Presbiteriana Mackenzie.
2
Psiquiatra, Doutor em Ciências da Saúde. Membro do Conselho Técnico Cientifico CAPES do Ministério da Educação.
Introdução neidade das manifestações compor- pecíficos, o que os torna muitas ve-
tamentais e os diferentes graus de zes inadequados e desadaptados
Os transtornos globais do desen- acometimento estão relacionados a socialmente (KLIN, 2006).
volvimento (TGD) são condições uma possível natureza dimensional Os primeiros trabalhos só come-
que, segundo a quarta edição revisa- do transtorno e que, por natureza, çaram a ser descritos em 1956, por
da do Manual Diagnóstico e Estatísti- são transtornos do neurodesenvolvi- Kanner, o que pode considerá-lo um
co de Transtornos Mentais (DSM-IV- mento que acometem mecanismos transtorno muito novo, porém, neste
TR), incluem: transtorno autista (TA), cerebrais de sociabilidade básicos e período, não têm faltado esforços e
síndrome de Asperger (AS), transtor- precoces (KLIN, 2006). pesquisas nas mais diversas áreas
no invasivo do desenvolvimento sem Apesar da etiologia do TGD não de investigação para o entendimento
especificação (TID-SOE), síndrome estar totalmente estabelecida, diver- destes transtornos.
de Rett e transtorno desintegrativo sos estudos apontam associações Dezenas de pesquisas já foram re-
da infância. deste com alterações genéticas e de alizadas para estabelecer a prevalên-
O conceito de transtorno de es- bases neurológicas, além de aciden- cia de TID. O primeiro estudo epide-
pectro autista (TEA) surge diferencian- tes pré-natais, distúrbios metabóli- miológico sobre autismo foi realizado
do estas cinco condições e agrupan- cos e infecções pós-natais (SLO- por Lotter, em 1966, na Inglaterra, que
do o autismo, a síndrome de Asperger NIMS, BAIRD, CASS, 2003). Portan- verificou uma taxa 4,1/10.000 para au-
e os TGD-SOE (MERCADANTE et. al., to, qualquer tentativa de compreen- tismo infantil. Durante o período de
2006). Referem-se a um grupo de dis- dê-los requer uma análise em dife- 1966 a 1991, a taxa média de preva-
túrbios da socialização com início pre- rentes níveis, como do comporta- lência para autismo infantil encontra-
coce, geralmente antes dos 3 anos, e mento à cognição, da neurobiologia da nos estudos era de 4,4/10.000.
curso crônico (KLIN, 2006) e são ca- à genética, e as estreitas interações Posteriormente, a prevalência atinge
racterizados por um quadro clínico no entre cérebro, ambiente e comporta- 12,7/10.000 nos estudos realizados
qual os indivíduos demonstram dimi- mento ao longo do tempo (KLIN & até 2001. Os estudos atuais apontam
nuição qualitativa da comunicação e MERCADANTE, 2006). estimativas de taxas de prevalência
da interação social, restrição de inte- O autismo clássico e a Síndrome de TGD, variando entre 20 e 66 para
resses, além de apresentarem com- de Asperger são os mais conhecidos 10.000 indivíduos (FOMBONNE et al,
portamentos estereotipados e manei- entre os TGD. Esses indivíduos ge- 2006; WILLIANS; BRAYNE; HIGGINS,
rismos (WHO, 1993; APA, 1995). ralmente exibem alterações cogniti- 2006), sendo que o Center for Disea-
As apresentações clínicas podem vas que acarretam dificuldades para se Control and Prevention estimou,
variar tanto em relação ao perfil da compreender situações sociais e as em 2007, a taxa de 6,7 para cada
sintomatologia quanto ao grau de regras implícitas no relacionamento 1000 crianças em idade escolar ou
comprometimento. Estes transtornos interpessoal, comunicar-se de ma- seja, não sendo, portanto, mais consi-
configuram-se como distúrbios do neira interativa, lidar com situações derado um transtorno raro (MOLLOY
neurodesenvolvimento decorrentes inusitadas e ser capaz de regular os et al , 2009) .
de alterações nos circuitos do cére- seus comportamentos de acordo Nota-se que houve um aumento
bro social, interferindo nos proces- com o contexto. Desta maneira, são na taxa de prevalência estimada por
sos de desenvolvimento social, cog- indivíduos normalmente inflexíveis, estudos atuais. Este aumento se de-
nitivo e da comunicação. A heteroge- apegados à rotina e a interesses es- ve provavelmente à ampliação do
A inclusão total e irrestrita e o di- das pessoas com TGD é enriquecer ARAUJO, C. I. L.; VALLE, S. L. R. Avaliação
reito à diferença nas escolas é uma e diversificar o processo ensi- Neuropsicológica. In: MERCADANTE, M.
oportunidade que se tem para rever- no/aprendizagem. Devemos lembrar T., ROSARIO, M. C. Autismo e Cérebro So-
cial. São Paulo: Segmento Farma, 2009.
ter a situação da maioria das esco- que o espectro de sintomatologia e
las, as quais atribuem aos alunos as características das pessoas com BARON-COHEN, S., et al. The amygdala
theory of autism. Neurosci Biobehav Rev,
deficiências que são do próprio ensi- TGD é tão amplo e tão diverso que
V. 24, n.3, 2000, p. 355- 364.
no e raramente analisa o que e como se torna impossível traçar normas de
a escola ensina, de modo que os como deve ser feita a inclusão des- BEER, J. S.; OCHSNER, K. N. Social cog-
nition: A multi level analysis. Brain Rese-
alunos não sejam penalizados pela tes alunos.
arch, v.1079,,2006, p. 98-105.
repetência, a evasão, a discrimina- A escola deve, a partir da sua re-
ção, a exclusão (MANTOAN, 2003). alidade e das características indivi- BELISÁRIO FILHO, J. F. Inclusão escolar
na perspectiva da saúde mental: um estu-
Segundo Mittler (2003), por mais duais de cada aluno, buscar estraté- do com adolescentes de áreas de risco da
comprometido que o governo seja gias para que o processo de ensi- cidade do Rio de Janeiro. Tese (Tese de
com a questão da inclusão e da ex- no/aprendizagem aconteça com Doutorado). Belo Horizonte: Fundação
Osvaldo Cruz, 2009.
clusão em sala de aula, "são as ex- qualidade. A possibilidade que cada
periências cotidianas das crianças aluno traz e os objetivos traçados no BOSA, C. A. Autismo: Atuais interpreta-
na sala de aula que definem a quali- projeto político pedagógico de cada ções para antigas observações. In: BAP-
TISTA, C. R., BOSA, C. A. Autismo e Edu-
dade de sua participação e a gama escola é que fará com que a educa- cação: Reflexões e propostas de interven-
total de experiências de aprendiza- ção seja de qualidade para todos. ção. Porto Alegre: Artmed, 2002.
gem oferecidas em uma escola". A escola pode ser de fato um lu-
BOUTOT, E. A.; BRYANT, D. P. Social inte-
Outro valor de extrema importância é gar de competência social para qual- gration of studies with autism in inclusive
o perfil desse currículo: crianças quer criança, mas pode ser especial- settings. Education and training in devel-
pomental disabilities, V. 40, n. 1, 2005, p.
apoiando crianças; um processo de mente importante para as crianças
14-23.
inclusão escolar para ser bem-suce- com TGD. É neste espaço que elas
dido vai depender da participação podem aprender com outras crian- CARVALHO, R. Inclusão e escolarização
de alunos autistas. Pedagogia em Ação, V.
das outras crianças. A proposição é ças, exercitar a sociabilidade por 1, n. 1, 2009, p 111-114.
que cada vez mais os professores mais comprometida que seja e final-
assegurem que as crianças com ha- mente exercer um direito indisponí- CASELLI, R. Tactile agnosia and disorders
of tactile perception. In: FEINBER, T. E, FA-
bilidades variadas aprendam umas vel, o da educação. RAH, M. J. (Org). Behavioral neurology
com as outras. A prática urge medidas de trans- and neuropsychology. New York: McGraw-
Educando todos os alunos jun- formação do contexto escolar. É Hill, 1997.
tos, as pessoas com deficiência têm preciso que se conheçam melhor CENTER FOR DISEASE OF CONTROL
oportunidade de preparar-se para a conceitos como de cognição, de AND PREVENTION. Evaluation of a metho-
vida na comunidade, os professores neurociências, do processo de dology for a collaborative multiple source
surveillance network for autism spectrum
melhoram suas habilidades profissi- aprendizado, os quais possam auxi- disorders. Autism and Developmental Di-
onais e a sociedade toma a decisão liar os professores com cada aluno sabilities Monitoring Network. United Sta-
consciente de funcionar de acordo no seu dia a dia. Além disso, as prá- tes: MMWR Surveill Summ, V. 56, n. 1,
2007, p. 29-40.
com o valor social de igualdade para ticas devem ser cada vez mais do-
todas as pessoas, com os conse- cumentadas, pois poucas são as CAMARGO, S. P. H. Competência social,
inclusão escolar e autismo: um estudo de
qüentes resultados de melhoria da pesquisas que temos ainda quando
caso comparativo. Dissertação (Disserta-
paz social (KARAGIANNIS, STAIN- falamos de inclusão escolar de alu- ção de Mestrado). Porto Alegre: Universi-
BACK & STAINBACK,1999). nos com TGD. dade Federal do Rio Grande do Sul, 2007.
Resumo
Este artigo trata da inclusão de pessoas com deficiência uma educação superior inclusiva? Que movimentos a di-
na educação superior e dá visibilidade ao movimento de- ferença advinda da inclusão de pessoas com deficiência
corrente desta inserção. Pergunta pela educação superi- tem provocado nas instituições de educação superior?
or inclusiva nos termos das políticas públicas promoto- Existem ciladas neste processo? Por fim, apresenta os
ras de acesso e do significativo ingresso de pessoas caminhos percorridos pela Universidade Metodista de
com deficiência nos estudos superiores neste início do São Paulo na gestão inclusiva, tendo em vista os proces-
século XXI. Destaca a contribuição das pessoas com de- sos descentralizados e cooperativos, bem como a tessi-
ficiência para a construção da educação superior inclusi- tura de uma rede de apoio pedagógico para a inclusão.
va, no movimento próprio a este espaço de trânsito que
é o campo educacional. Neste espaço aberto, algumas Palavras-chave: Educação superior, Pessoas com defici-
perguntas tornam-se pertinentes: é possível falarmos de ência, Inclusão, Acessibilidade.
1
Doutoranda em Educação pela UNICAMP. Atua em pesquisas sobre a inclusão de pessoas com deficiência na educação superior, e como Assessora Pedagógica para
Inclusão na Universidade Metodista de São Paulo. Endereço: Rua da Represa, 195, apto 11, Vila Jaú - São Bernardo do Campo, SP, CEP 09641030. E-mail: eliza-
bete.costa@metodista.br
Introdução a semente da inclusão. Tal semente foi ras boas e férteis! Entretanto, também é
espalhada em diversas terras, das quais possível reler esta metáfora perguntan-
A porta de entrada para este texto se destaca, neste texto, a educação su- do sempre: O que aconteceu com as
será uma metáfora. Certa vez, um tra- perior com seu movimento todo próprio. sementes que ficaram à beira do cami-
balhador rural saiu a semear pelo A semente da inclusão, espalhada nho? Será mesmo que todas foram co-
campo. Ao espalhar as sementes, al- pelo campo educacional, germinou, midas ou o pássaro não esqueceu algu-
gumas caíram à beira do caminho e cresceu, floresceu e já tem produzido ma? E a semente que germinou com
foram comidas pelos pássaros. Outras muitos frutos na educação superior. To- raízes superficiais? Sua rápida passa-
caíram no meio de muitas pedras e davia, tal qual a semente do trabalhador gem pela terra não provocou movimen-
pouca terra, elas brotaram, mas foram rural, a proposta inclusiva também cai tos? Quanto à planta que nasceu em-
rapidamente queimadas pelo sol por- em campos áridos e seletivos: pode ca- baixo do espinheiro (a que ganhará
que não tinham raízes. Uma outra par- ir à beira do caminho e nunca chegar destaque neste texto), como é possível
te das sementes caiu em espinheiros, como semeadura (para alívio dos que germinar e crescer mesmo sendo sufo-
estes cresceram e sufocaram as plan- não querem arriscar porque têm medo cada? Não seria possível quebrar uns
tas germinadas, sendo que estas não do diferente e do novo); pode apenas ganhos e abrir espaço para o ar e sol
chegaram a produzir frutos. Apenas germinar em terra superficial (rapida- entrar? Será mesmo que nenhum fruto
uma parte das sementes caiu em boa mente sendo queimada por referenciais nasceu embaixo do espinheiro? Enfim,
terra - a terra fértil. Esta parte brotou, teóricos e posturas já cristalizadas e podemos seguir duvidando4.
cresceu e produziu muitos frutos. postas como o caminho pertinente); po- Seguimos, então, duvidando e per-
Tal qual um campo aberto, o espaço de germinar e crescer entre os espinhei- guntamos: é possível falarmos de uma
educacional é um espaço de trânsito - ros, sem, contudo, ganhar visibilidade educação superior inclusiva? Que movi-
seja na vertente dos transeuntes que por (tornando-se experiências educacionais mentos a diferença advinda da inclusão
ele passam ou do movimento próprio da desperdiçadas no vazio da subalterni- de pessoas com deficiência tem provoca-
formação (novos conhecimentos nas- dade dos saberes2). do nas instituições de educação superi-
cem enquanto outros adormecem, anti- O desafio que se coloca, neste tex- or? Existem ciladas5 neste processo?
gos conhecimentos perduram-se en- to, está relacionado à forma que lemos
quanto os insipientes são sufocados). esta pequena parábola. Cartesiana- 1. É possível falarmos de
No final do século XX, alguns semeado- mente, é possível ler esta história e
uma educação superior
res chegaram ao campo educacional guardar apenas uma verdade3 - semen-
dispostos a semear uma nova semente - tes apenas germinam e crescem em ter- inclusiva?
2
Tal qual nos alerta Flávio PIERUCCI em Ciladas da Diferença. Pierucci insere o debate sobre diferença e igualdade a partir de pesquisa realizada com grupo políti-
co de direita em São Paulo - os malufistas. A partir disto, insere a discussão também dentro do feminismo e do movimento anti-racismo. Especialmente na referi-
da pesquisa, destaca-se a heterofobia antinordestina. O livro trabalha o uso do conceito diferença pela direita e pela esquerda.
3
Nos termos de Boaventura de Souza Santos.
4
Tal qual o dito de Agamenon (ou de seu filósofo oculto): o de acordo para "a verdade é a verdade". Jorge LARROSA. Pedagogia Profana: danças, piruetas e mas-
caradas, p.149-152.
5
Como diz o porqueiro do Agamenon sobre o dito "a verdade é verdade": Não me convence. Idem, p.149-152.
6
BRASIL, Ministério da Educação. Política Nacional da Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/
pdf/politica.pdf. Acesso em 12 de novembro de 2009.
7
A mentalidade cartesiana, predominante na sociedade moderna, com a sua ênfase na distinção e no particular, impede-nos de ver a realidade como um todo, de
ver as redes de relações, enfim, a complexidade da vida. Diante de problemas sociais sistêmicos, como a exclusão educacional, esta visão analítica, que vê a re-
alidade por partes, não é suficientemente esclarecedora e não sensibiliza as pessoas para ações solidárias rumo à construção do bem comum, no qual a educação
é para todos.
8
Documento adotado pela Assembléia Geral da ONU em 3 de dezembro de 1982 e publicado em 1983.
9
Sem esquecer que esta possibilidade pode ser ignorada na cilada do gueto - território ouvinte e território surdo.
10
Existe campo de identificação tanto no formulário de inscrição no processo seletivo quanto no formulário de matrícula, inclusive com espaço para solicitação de
apoio pedagógico.
Resumo
A Constituição Federal do Brasil (1988) afirma que "A Sa- segurar o acesso universal e igualitário às ações e servi-
úde é direito de todos e dever do Estado" e ainda que "é ços de saúde. Os entes federados, no âmbito de suas
competência comum da União, Estados, Distrito Federal competências, devem planejar e assegurar atendimento
e Municípios cuidar da saúde e assistência públicas, da às pessoas com deficiência. Diretrizes e competências
proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiên- institucionais para a atenção à saúde das pessoas com
cias". O Sistema Único de Saúde (SUS), baseando-se deficiência, desde a atenção primária à especializada,
nos princípios constitucionais de universalidade, eqüida- estão definidas na Política Nacional de Saúde da Pessoa
de e integralidade, compartilha responsabilidades entre com Deficiência (Portaria. MS/GM Nº. 1.060/02) e nor-
a União, Estados, Distrito Federal e Municípios, para as- mas complementares. As Redes Estaduais de Serviços
1
Fonoaudióloga, Especialista em Lingüística. Coordenadora da Área Técnica Saúde da Pessoa com Deficiência, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas,
Secretaria de Atenção à Saúde, Ministério da Saúde. Endereço - Ministério da Saúde, Esplanada dos Ministérios, Bloco G, 6º andar, sala 619. Brasília/DF. Email -
erka.pisaneschi@saude.gov.br
2
Socióloga, Área Técnica Saúde da Pessoa com Deficiência, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas, Secretaria de Atenção à Saúde, Ministério da Saú-
de. Endereço - Ministério da Saúde, Esplanada dos Ministérios, Bloco G, 6º andar, sala 619. Brasília/DF. Email - maria.pedotti@saude.gov.br
Abstract
The Brazil States Constitution (1988) declare “Health is eds of people with physical disabilities, hearing, visual,
everyone's right and duty of the state” and “It's Nation, intellectual and/or multiple disabilities. The Networks
States, Federal District and Cities's common competen- Services's organization involves a partnership between
ce health care and public assistence, protection and se- the three spheres of management, and it's governed by
curity of people with disabilities”. The Brazilian National specific legislation and should to consider the actions of
Health Care System (SUS), based on the constitutional health promotion, prevention and early detection of si-
principles of universality, fairness and integrity, sharing tuations that can lead to disability. It also includes com-
responsibilities between the Nation, State, Federal Dis- munity actions, enabling effective inclusion of the per-
trict and Cities, to ensure universal and equal access to sons with disabilities. Thus, the Ministerial Order
the health actions and services. The federal entities, wi- MS/SAS nº 3.128, dated 2008 December 24, defines a
thin their competence, should plan and provide care to consistent way with the SUS guidelines, the State
people with disabilities. Institutional health care guideli- Networks of Care for People with Visual Impairments
nes for people with disabilities, since the primary to es- consist of shares in Primary Care and Visual Rehabilita-
pecialized attention, are defined in the People with Disa- tion Services for people with low vision and blindness.
bilities Health National Policy (Ministerial Order MS/GM
nº 1.060/02) and supplementary rules. The State Key words: People with disabilities; Visual impair-
Networks Rehabilitation Services are thematic, compo- ment; Network State of Attention to People with Visu-
sed of specialized units in meeting the rehabilitation ne- al Impairment.
3
A Lei Federal Nº. 8.142/90 dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do SUS, que conta com 5.590 Conselhos Municipais e Estaduais de Saúde (2008).
4
Pacto pela Vida, em Defesa do SUS e de Gestão, Diretrizes Operacionais (2006). Ampla participação de áreas técnicas do MS, do Conselho Nacional de Secretários
Municipais de Saúde/CONASEMS e Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde/CONASS e também aprovado na Comissão Intergestores Tripartite/CIT e
no Conselho Nacional de Saúde/CNS.
5
Regionalização - Organização de sistema de saúde com base territorial e populacional buscando corrigir desigualdades no acesso e a fragmentação dos serviços,
com definição das responsabilidades de cada município e dos fluxos de referência entre eles. Fortalece o processo de descentralização, promovendo relações mais
cooperativas e solidárias entre os gestores do SUS e qualificando a capacidade de gestão dos sistemas municipais de saúde. (BRASIL, 2005)
6
As unidades de saúde devem tornar-se acessíveis, por meio do cumprimento da normatização arquitetônica, de acordo com a Norma Brasileira 9050/ABNT, como
descrito no Manual de Estrutura Física das Unidades Básicas de Saúde, 2008.
7
Área Técnica pertencente ao Departamento de Ações Programáticas Estratégicas, da Secretaria de Atenção à Saúde, do Ministério da Saúde.
8
Existem, ainda, normas específicas para o atendimento aos pacientes com Osteogenesis Imperfecta - Portaria MS/GM Nº. 2.035/01 e para Serviços de Assistência
Ventilatória para pacientes com Doenças Neuromusculares (Portarias MS/GM Nº. 1.370/08 e MS/SAS Nº. 370/08) e, em processo de pactuação, as Diretrizes Nacio-
nais para a Atenção à Saúde das Pessoas com Ostomia no SUS.
9
As normas estão em revisão (Portaria MS/GM Nº. 1.635/02), uma vez que o MS reconhece a responsabilidade da Política em Saúde Mental pela atenção às pesso-
as com autismo, bem como a necessidade de organizar os serviços para atenção às pessoas com deficiência intelectual em uma rede temática específica, seme-
lhante às demais já normatizadas.
10
A quantidade de serviços e a sua localização são da competência dos gestores estaduais e municipais, a partir das necessidades locais.
11
Núcleo de Apoio à Saúde da Família/NASF - Portaria MS/GM Nº. 154, de 24 de janeiro de 2008, com equipe multiprofissional, que pode incluir médico (pediatra,
ginecologista, homeopata, acupunturista, psiquiatra), assistente social, profissional da educação física, farmacêutico, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, nutricionis-
ta, psicólogo e terapeuta ocupacional.
12
De acordo com a 10ª revisão da Classificação Estatística Internacional das Doenças e Problemas relacionados à Saúde (CID-10), considera-se visão subnormal,
ou baixa visão, quando o valor da acuidade visual corrigida no melhor olho é menor do que 0,3 e maior ou igual a 0,05, ou seu campo visual é menor do que 20
graus no melhor olho com a melhor correção óptica (categorias 1 e 2 de graus de comprometimento visual). Considera-se cegueira quando esses valores encon-
tram-se abaixo de 0,05 ou o campo visual menor do que 10 graus (categorias 3, 4 e 5 ) (OMS, 1993).
13
Com base na estimativa populacional do IBGE para o Tribunal de Contas da União/TCU, 2007.
14
A Portaria MS/SAS Nº. 288, de 19 de maio de 2008, institui a Política Nacional em Oftalmologia e define as Redes Estaduais e Regionais de Atenção em Oftal-
mologia.
15
Para os estados cuja população seja inferior a 2.500.000 habitantes deverá haver, no mínimo, um serviço.
16
A Portaria MS/GM Nº. 3.129, de 24 de dezembro de 2008, estabelece recursos financeiros a serem disponibilizados pelo gestor federal aos estados e municípios
para a implantação das Redes de Serviços de Reabilitação Visual.
os serviços da rede básica de saúde rente de cada tipo de deficiência (au- BRASIL. Ministério da Saúde, Secretaria
no país estão preparados em termos ditiva, física, visual e múltipla), e, de Atenção à Saúde. Manual de Estrutura
de acessibilidade e de capacitação mais do que isso, para que de fato, Física das Unidades Básicas de Saúde,
MS, 2ª ed., Brasília/DF, 2008.
dos profissionais para acolher e tra- por meio do atendimento multiprofis-
tar as pessoas com deficiência em sional, a reabilitação seja efetiva com BRASIL. Presidência da República, Secre-
taria Especial dos Direitos Humanos, Co-
suas intercorrências e necessidades. vistas a potencializar as habilidades
ordenadoria Nacional para Integração da
Mas as mudanças estão em curso, do indivíduo para o enfrentamento Pessoa Portadora de Deficiência. Conven-
uma vez que amplamente apoiadas, aos obstáculos no seu dia a dia. ção sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência. Brasília/DF, 2007.
técnica e financeiramente, pelo Mi- Pretende-se com a recente publi-
nistério da Saúde. cação das normas e incentivos finan- SAMPAIO, M. W. (et al). Baixa visão e ceguei-
As unidades básicas e saúde da ceiros do Ministério da Saúde na ra: os caminhos para a reabilitação, a edu-
cação e a inclusão. Cultura Médica/Guana-
família podem resolver cerca de 85% área de reabilitação visual, estruturar bara Koogan. Rio de Janeiro, 2010.
dos problemas de saúde da comuni- essa rede temática de serviços para
dade, sendo consideradas porta de que a reabilitação das pessoas com
entrada preferencial do SUS. Daí a baixa visão e cegueira se torne reali-
importância de que sejam acessí- dade no SUS.
veis, tanto arquitetonicamente quan-
to atitudinalmente para as pessoas Referências
com deficiência17. Estamos falando
de um universo que corresponde a BRASIL. Presidência da República, Casa
Civil. Constituição da República Federati-
29 mil equipes de saúde da famí- va do Brasil. Brasília/DF, 1988.
lia/ESF, com cobertura a 93 milhões
de cidadãos; 230 mil agentes comu- BRASIL. Ministério da Saúde, Secretaria
de Vigilância em Saúde. Política Nacional
nitários de saúde/ACS com cobertu- de Promoção da Saúde. Ministério da Sa-
ra de 113,5 milhões de brasileiros. E, úde, Brasília/DF, 2006, p. 60.
17
Nesse sentido, foi reeditado o Manual de Estrutura Física das Unidades Básicas de Saúde (2008), orientando gestores para a elaboração de projetos arquitetôni-
cos que levem em consideração as normas brasileiras de acessibilidade (Decreto Nº. 5.296, de 2 de dezembro de 2004) e a ABNT/NBR 9050/2004, garantindo a
utilização, por todas as pessoas, de maneira autônoma e segura, dos ambientes, edificações e mobiliários.
18
Dados do MS, 2008.
ACESSIBILIDADE ESCOLAR:
O DIREITO AO ACESSO E À PARTICIPAÇÃO
DOS ALUNOS COM DEFICIÊNCIA
Cleonice Machado de Pellegrini1
Resumo
O presente artigo objetiva discutir a promoção de condições a acessibilidade como elemento de autogestão da escola,
de acessibilidade no contexto escolar, considerando os fun- pois sua promoção deve ser projetada a partir do reconhe-
damentos políticos e pedagógicos que objetivam garantir o cimento das necessidades educacionais específicas dos
direito ao acesso e à participação dos alunos com deficiên- alunos que integram o contexto escolar, favorecendo a esco-
cia. A discussão tem como eixo norteador o conceito de de- la a construir processos organizacionais próprios, que pos-
senho universal, considerando como pontos de análise a sibilitem a todos a participação nos processos educacionais.
acessibilidade arquitetônica, a elaboração e produção de
materiais didáticos acessíveis, a acessibilidade na comuni- Palavras-chave: Acessibilidade; Pessoas com deficiên-
cação e os recursos de tecnologia assistiva. Compreende-se cia; Educação Inclusiva.
1
Coordenadora Geral de Políticas Públicas de Inclusão/Secretaria de Educação Especial/Ministério da Educação.
2
Coordenadora Geral de Articulação da Política de Inclusão nos Sistema de Ensino/ Secretaria de Educação Especial/Ministério da Educação.
As organizadoras Mantoan e Ba- cussões e reflexões do grupo sobre pretes oralistas, textos em Braille) e
ranauskas nesta publicação conse- o problema em questão, via ferra- tecnológicos (legendas e audio-
guiram preencher uma lacuna na mentas computacionais para intera- descrição em filmes, leitores de tela,
discussão de acesso à comunicação ção social, compartilhamento de ampliadores de tela, sistema Dos-
às pessoas com deficiência, especi- significado e construção de conhe- vox, livros falados, entre outros).
almente aquelas com deficiência cimento. Traz, também, uma refle- Quanto à acessibilidade ao meio fí-
sensorial - visual e auditiva. xão sobre os conceitos de diferen- sico, são citados como elementos
Considerando a velocidade de ças, identidades e inclusão. Aborda de orientação muito eficazes os ma-
como se dá o acesso à comunica- a importância de formas variadas de pas táteis e sonoros e as maquetes
ção e à informação, construindo acesso à informação nas bibliote- que significam representação do
uma rede cada vez mais complexa cas, provocando uma modificação ambiente em três dimensões.
de relações, os vários autores dessa na rotina de trabalho, apresentando Apesar de focar o ambiente
obra apresentam em seis capítulos acervos digitalizados e a transmis- educacional, o conteúdo abordado
formas para garantir o acesso à es- são eletrônica de documentos. Co- deve ser incorporado a qualquer
sas pessoas. mo forma de comunicação às pes- outro ambiente. Por isso, trata-se
Para construção do conheci- soas com deficiência sensorial, de uma leitura recomendada ao
mento, é proposto um modelo me- apresenta a garantia de recursos fí- profissional que luta pela acessibi-
todológico que é centrado em dis- sicos (intérpretes de Libras, intér- lidade para todos.
A inclusão dos alunos público balho realizado por toda a comuni- buindo para o processo de transfor-
alvo da educação especial é um dade educacional (diretores, equi- mação das escolas de todo o país.
dos grandes desafios que enfren- pe docente, alunos, pais, etc.), pa- Conhecendo as experiências de
tam atualmente a maioria das esco- ra o desenvolvimento inclusivo das outras escolas, é possível refletir
las na Ibero-América. escolas nas cinco regiões do país. sobre a própria prática, buscando
Considerando esse desafio, o Assim, serão premiadas 5 (cinco) sempre a eliminação das barreiras
Ministério da Educação - MEC, atra- experiências desenvolvidas em es- que impedem ou dificultam o aces-
vés da Secretaria de Educação Es- colas públicas brasileiras, 1 (uma) so, a participação e a aprendiza-
pecial - SEESP, em conjunto com a por região. gem dos alunos com deficiência,
Organização dos Estados Ibero- Além da premiação em dinheiro transtornos globais do desenvolvi-
americanos para a Educação, a Ci- e diploma, as escolas premiadas mento e altas habilidades/superdo-
ência e a Cultura - OEI, com o apoio participarão de intercâmbio para tação, público alvo da Educação
da Rede Intergovernamental Ibero- conhecer uma das outras experi- Especial, nas classes comuns do
América de Cooperação para a ências premiadas, apresentarão ensino regular.
Educação de Pessoas com Neces- sua experiência no VI Seminário As inscrições para o Prêmio fo-
sidades Educativas Especiais - RI- Nacional do Programa Educação ram encerradas em 19 de março de
NEE e OREALC-UNESCO e com o Inclusiva: direito à diversidade e 2010, sendo inscritas 714 experiên-
patrocínio da Fundação MAPFRE, terão divulgadas suas experiências cias de todas as regiões brasileiras.
instituiu o Prêmio Experiências em publicação conjunta da SEESP A premiação será entregue durante
Educacionais Inclusivas: a escola e da OEI. a realização do VI Seminário do
aprendendo com as diferenças. O Brasil têm demonstrado avan- Programa Educação Inclusiva: Di-
O Prêmio tem por objetivo dar ços significativos na implementa- reito à Diversidade, em Brasília ao
maior visibilidade e valorizar o tra- ção da educação inclusiva, contri- final do mês de maio.
A tecnologia assistiva surge para etc.), mas também a reprodução au- visual e auditivo entre a vocalização
promover o acesso à informação, à dível do conteúdo, utilizando grava- do texto e um indicador visual do
educação, à cultura, à socialização e ções ou utilizando tecnologias de trecho em reprodução.
ao trabalho. Para muitas pessoas, a conversão de texto em fala (síntese Livros no formato DAISY podem
utilização da tecnologia pode ser op- de fala). A reprodução audível do con- ser ouvidos em dispositivos similares
cional, mas para as pessoas com de- teúdo da publicação pode ser parcial a CD Players, mas que possuem bo-
ficiência muitas vezes fica impossível (capítulos, seções, parágrafos, sen- tões específicos para acessar as fun-
realizar algumas tarefas sem este re- tenças, palavras, títulos, etc.) ou do ções definidas no formato DAISY. Po-
curso. Logo, é muito importante o sur- texto completo (do começo ao fim). dem, também, ser ouvidos em micro-
gimento de novos recursos de tecno- Este tipo de formato é especial- computadores PC através de progra-
logia assistiva, mais meios que viabili- mente interessante para pessoas com mas de software que emulem um
zem ou facilitem o acesso aos artefa- deficiência visual, já que lhes permite a player Daisy.
tos antes inalcançáveis. "leitura" virtual do livro através da audi- O MecDaisy é um software utiliza-
Os recursos mais novos não sur- ção dele. Para essa parcela da popula- do para tocar livros no formato DAISY.
gem para extinguir os antigos que já ção, a opção de ter acesso a livros em Ele contém controles de navegação
foram muito difundidos e consolida- Braille ou a livros gravados por locuto- no texto e outros que possibilitam
dos, mas para aumentar o número de res ou outras pessoas nem sempre é uma leitura com acesso total ao con-
opções. Por exemplo, o método de viável, já que a quantidade de títulos teúdo do livro.
escrita e leitura Braille sempre terá produzidos nesses dois formatos é Através do MecDaisy, tive a sen-
seu espaço e importância indepen- muito limitada. sação de voltar a ler livro da mesma
dente das novas tecnologias que sur- O formato DTB não é apenas útil forma que lia quando enxergava, ou
jam a cada dia. para pessoas com deficiência visu- seja, quando tinha acesso visual ao
DTB ou Digital Talking Book (Livro al. Pessoas com dificuldade de lei- livro em papel. Porém, com algumas
Digital Falado) é uma representação tura ou não alfabetizadas também vantagens: ir para determinada parte
multimídia de uma publicação im- terão acesso a conteúdos que, de do livro através do índice de forma
pressa. Uma publicação em formato outra forma, seriam inacessíveis pa- direta, a busca por expressões, ir pa-
DTB permite não apenas a navega- ra eles. No caso de crianças ou, em ra a página desejada de forma mais
ção pelo conteúdo da publicação geral, de pessoas sendo alfabetiza- rápida, possibilidade de colocar mar-
(avanço e retrocesso ao início de ca- das, a opção de utilizar livros no for- cadores e depois ir para as marca-
pítulos, seções, páginas, parágrafos, mato DTB facilita grandemente o ções de forma direta, através do índi-
busca de termos chave, bibliografia, aprendizado, já que há sincronismo ce de marcadores.
O Acre é um estado com exten- pessoas com deficiência ocorria diferentes tipos de instituições prees-
são de 164.221,36 km2, com uma quase que exclusivamente em esco- tabelecidas;
população de 690.000,00, sendo las e classes especiais. A partir des- l Eliminar o espírito de competitivi-
320.000,00 na capital Rio Branco. O te período, a equipe técnica da SEE dade, em que a visão de mundo se
estado é composto de 22 municí- iniciou um trabalho direcionado ao restringe a uma corrida, na qual
pios, que em sua maioria são de difí- fortalecimento do processo de inclu- apenas alguns conseguirão chegar
cil acesso. A acessibilidade destes são, inicialmente nas escolas esta- ao final;
municípios se dá através de via aé- duais e posteriormente em parceria l Oferecer oportunidades a todos
rea e fluvial. Isso implica em maiores com as Secretarias Municipais. Em para compensar as desigualdades
gastos, sendo que, em alguns ca- 1998, tínhamos somente 34 alunos iniciais, sem, no entanto, educá-los
sos, é necessário alugar avião para com deficiência estudando em esco- para formar pessoas iguais.
chegar até o município. É um desa- las regulares.
fio, mas não impede a realização de No início da década de 90, a SEE Diante dessa perspectiva, a edu-
implantação e implementação das tomou conhecimento de um novo cação inclusiva significa oportunida-
ações da Secretaria de Estado de caminho a ser percorrido para uma de para que todas as crianças pos-
Educação - SEE. escola verdadeiramente inclusiva, sam aprender juntas, independente-
Desde 1999, a Secretaria de Es- que garanta acesso e condições de mente de suas condições pessoais,
tado de Educação precisou realizar aprendizagem e participação de to- sociais ou culturais, inclusive aque-
ações básicas como: reforma das dos os alunos. Nesse cenário, elabo- las com alguns tipos de deficiência.
escolas, melhoria de salário, des- ramos uma nova proposta de traba- Na base desses princípios, inicia-
centralização de recursos para as lho que se baseia em três princípios mos a implantar e implementar
escolas, Lei de Gestão, reorganiza- destacados por Alverez y Soler: ações educacionais em consonân-
ção da estrutura pedagógica da l Levar em consideração, desde o cia com a legislação vigente que as-
SEE e das escolas. início, o fato de que as pessoas são segura o acesso e permanência das
Nesse contexto, a Coordenação diferentes e que, portanto, a escola pessoas com Deficiência, Transtor-
de Educação Especial/SEE partici- deve ajudar cada uma a desenvolver nos Globais do Desenvolvimento e
pou ativamente das significativas suas aptidões em um contexto nor- Altas Habilidades/ Superdotação
mudanças da Educação no Estado malizado, livre de seleção e da con- preferencialmente na rede regular
do Acre. Até 1999, a educação das seqüente classificação de alunos em de ensino.
1
Coordenadora de Educação Especial.
Venho por meio desta ceder os direitos autorais sobre o artigo (nome do artigo) para a Revista
Inclusão, a ser publicado na forma impressa e eletrônica, mantida pela Secretaria de Educação
Especial do Ministério da Educação. Declaro que o mencionado artigo é inédito, como consta nas
normas de publicação da referida Revista, e não foi publicado nem em outra revista e nem em
meio digital, como páginas de Associações, sites ou CDs de eventos.
Autorização
Venho por meio desta, AUTORIZAR o uso de fotografias enviadas para fazerem parte do Artigo
............................................................................................................ para a Revista Inclusão, a ser pu-
blicada na forma impressa e eletrônica, mantida pela Secretaria de Educação Especial do Ministério
da Educação.
Assinatura