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CENTRO EDUCACIONAL SEM FRONTEIRAS
R454
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Modo de acesso: <https://www.revistamaiseducacao.com/sumario-
v5-n6-2022>
ISSN:2595-9611 (on-line)
DOI: https://doi.org/10.51778/2595-9611.v5i6
Data da publicação: 31/08/2022
www.revistamaiseducacao.com
E-mail: artigo@revistamaiseducacao.com
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A ABORDAGEM DA FERMENTAÇÃO NO
ENSINO DE MICROBIOLOGIA: UM ESTUDO DE
REVISÃO
Mayara Cristina Santos da Costa 1
Umberto Euzebio 2
RESUMO: A microbiologia é a ciência que abrange conhecimento sobre os estudos de seres com
dimensões microscópica e suas atividades. Por meio do estudo da microbiologia é que
conseguimos observar e compreender os processos vitais e os pequeno detalhes, além de
compreender os benefícios e os malefícios desses micro-organismos. O ensino de ciências
preocupa-se em buscar forma que conecte o que é ensinado em microbiologia em sala de aula
ao cotidiano dos alunos, proporcionado um aprendizado que vá além dos modelos tradicionais.
O objetivo desse estudo é evidenciar na literatura como vem sendo abordada a fermentação no
ensino de microbiologia. A metodologia abordada é uma revisão narrativa da literatura. Para a
coleta de dados foi consultada base de dados do Google Acadêmico e Scielo. A partir da busca
dos artigos nas bases de dados evidenciadas, foram selecionados dez estudos para esta revisão.
Todos os trabalhos foram realizados no âmbito escolar envolvendo alunos e professores e
diversas abordagens didáticas foram apresentadas a fim de melhor compreensão sobre a
abordagem fermentação no ensino de microbiologia. As técnicas apontadas, bem como a forma
como o conhecimento foram expostos à comunidade escolar nos estudos apontados, são
fundamentais para a compreensão dos estudantes. As atividades práticas são de grande
Pedagogia.
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seres causadores de doenças e que são Para Pessoa, et al., (2012), o conteúdo
prejudiciais aos seres humanos e outros programático escolar está dissociado da
animais. Mesmo que grande parte dos realidade do aluno, ou seja, aquilo que é
microrganismos sejam benéficos e esteja disseminado em sala de aula nem sempre está
diretamente relacionado com o nosso correlacionado ao cotidiano. De acordo com
cotidiano, a menor parcela que apresenta Cassanti, et al. (2008), uma das prováveis
características patogênicas e são prejudiciais causas dessa negligência pelos professores é
em nossas vidas tem uma repercussão bem devido sobretudo à dificuldade na abordagem
maior sobre a concepção destes estudantes de estratégias de ensino-aprendizagem mais
(KIMURA, et al., 2013). dinâmicas e atraentes para os alunos. Além do
A escola como instituição de ensino é um mais, a estrutura escolar bem como a
instrumente de grande relevância que pode disponibilidade de materiais restringe em
colaborar na abordagem dos assuntos muito a ação do professor em relação as
relacionados à saúde. Neste cenário, os PCN práticas de microbiologia (SILVA, BASTOS,
consideram a saúde um tema transversal na 2012).
reforma educacional brasileira, de interesse É preciso que haja modificações na forma de
social que propicia ao aluno entender e cuidar apresentação dos conteúdos de microbiologia,
do próprio corpo, proporcionando um olhar pois a maioria dos alunos tem uma visão errada
crítico sobre a relação – hábitos e qualidade de e desconexa de situações do cotidiano. Nesse
vida (BRASIL, 1998). sentido, a adoção de metodologias de caráter
Sendo assim, é importante procurar investigativo, pode proporcionar um
identificar os conhecimentos prévios dos aprendizado mais significativo, pois, permite
alunos, visando desconstruir as ideias errôneas que o aluno busque resolver seus
sobre essa temática, e ao mesmo tempo inserir questionamentos por meio de vários meios
conceitos científicos, reformulando os saberes (SODRÉ NETO; VASCONCELOS, 2017). Freire
dos alunos, mediante estratégias que sejam (2000), afirma que quanto mais pusermos em
capazes de promover uma aprendizagem prática de forma metódica a nossa capacidade
satisfatória e significativa (AUSUBEL, 2003). de indagar, de comparar, de duvidar, de aferir,
Conforme Silveira, Oliveira e Araújo (2015), podemos tornar seres mais crítico e
as diversas concepções dos indivíduos aos conscientes.
fatores relacionados com a saúde e a O ensino de Microbiologia precisa de
prevenção das doenças estão intimamente atividades que deixem manifestar-se um
ligadas à cultura em que os estudantes estão universo novo, de organismos infinitamente
inseridos e por meio da qual elas interpretam o pequenos. Essas atividades também devem
mundo. Esse fato reforça a influência do proporcionar a mudança de hábitos e atitudes
cotidiano para o conhecimento científico daqueles que participam do processo de
assimilado pela estrutura cognitiva dos aprendizagem e compreensão dos conteúdos
estudantes (BRUM, 2014; BRUM; SILVA, 2015). abrangidos, como por exemplo as atividades
práticas que abrangem compreensão,
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crus, concretizada pela aplicação de duas do estudante que fomente o seu processo
atividades experimentais baseadas na reflexivo.
problematização: “Agora eu vi, realmente A inclusão de metodologias alternativas e
existem!” e “Comer, comer para poder atividades experimentais podem ser opções
crescer”. A realização de atividade viáveis para superar os desafios de um ensino
experimental usando a abordagem do ensino “abstrato” e de uma aprendizagem pouco
por investigação se mostrou uma ferramenta significativa em Microbiologia. Com a utilização
motivadora, pois proporcionou aos alunos que dessas metodologias os estudantes podem
apenas comparece a sala de aula para receber refletir sobre a teoria ensinada em sala de aula
informações e processa-las da maneira que por meio de experimentações que muitas
querem, a participar efetivamente do seu vezes se assemelha com o seu cotidiano
próprio processo de aprendizagem por meio da (BARBOSA; BARBOSA, 2010).
descoberta, das novas ideias, da comprovação Vários conceitos em microbiologia são
e não apenas da teoria. abstratos, sendo assim, são considerados de
A exposição do aluno a um problema que difícil aprendizagem em biologia. Desta forma,
pode encontrar em seu cotidiano o motiva a atividades empíricas baseadas no método de
participar de seu próprio processo de investigação podem ajudar a desmistificar a
aprendizagem, além de orientá-lo a aplicar o informação de que microrganismos são apenas
que aprendeu em situações práticas, agentes patogênicos, e promover o
permitindo que ele desenvolva habilidades conhecimento da presença e utilidade de
específicos que lhes permitam continuar sua outras aplicações de microrganismos na vida
formação (MAGALHES, 2007). cotidiana (SANTOS; COSTA, 2012). Por isso, o
Em estudo, Palheta e Sampaio (2016), ensino de microbiologia de qualidade nas
aplicaram atividades práticas sobre escolas de ensino fundamental e médio é
microrganismos, onde puderam observar o importante, pois o acesso ao conhecimento
processo de fermentação (iogurte e pão). permitirá que os alunos respondam e
Observou-se o interesse e o envolvimentos dos compreendam melhor os problemas
alunos, confirmando a importância das aulas cotidianos, além de contribuir para o sucesso
práticas para o despertar dos estudantes em profissional no futuro.
assuntos abstratos como a fermentação. Nesse
sentido, Silva e Príscio (2020), também
proporam algumas atividades que contemplam
aspectos físico-químicos envolvidos na
produção do pão, estes autores discutem a
dimensão social, econômica e ecológica que
impactam na maneira como nos relacionamos
na atualidade, enfatizando a importância da
busca de um ensino que explore o diálogo com
diferentes áreas de conhecimento e a vivência
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Foi possível observar diversos tipos de modelos didáticos que podem ser utilizados para
melhor compreensão do ensino de microbiologia, sobretudo a temática fermentação. As técnicas
apontadas, bem como a forma como o conhecimento foram expostos à comunidade escolar nos
estudos apontados, são fundamentais para a absorção dos alunos.
As atividades práticas são de grande relevância no ensino de Ciências e Biologia para a
difusão do conhecimento científico, e os benefícios são percebidas quando os alunos começam a
compreender os processos de estudo e oferecem novas ideias baseadas na experimentação.
Como resultado, a prática científica em sala de aula é um instrumento essencial para a
compreensão do conhecimento científico.
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REFERÊNCIAS
AUSUBEL, D. P.; NOVAK, J. D; HANESIAN, H. Psicologia educacional. 2. ed. Rio de Janeiro:
Interamericana, 1980. 625 p.
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SILVA, D. E. L. et al. Alfabetização científica nos anos finais do ensino fundamental: fermentação
do leite como meio de ensino em ciências. Scientia Naturalis, p. 2186–2209, 2021.
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SILVA, L. P.; MACIEL, M. D. Desenvolvimento de uma sequência didática com enfoque em ndc
& t / cts para o ensino de conteúdos de microbiologia em aulas de biologia. 2017, 11, ENCONTRO
NACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS. Anais do XI Encontro Nacional
de Pesquisa em Educação em Ciências, Florianópolis, SC. p. 1–9, 2017.
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análise de cada um dos elementos: o professor processo. Desse modo, o professor deverá
e o aluno. saber lidar com as emoções dentro da sala de
As ações do professor são constituídas de aula, com alunos da creche e da pré-escola,
condicionantes positivos ou negativos como: onde se exigem muitas habilidades do
problemas familiares; baixos salários; professor, pois dali depende todo o
desmotivação; desentendimentos com a desenvolvimento da aprendizagem. Porém,
direção da escola ou colegas; dedicação; torna-se muito difícil atuar numa situação
responsabilidade. O modo pelo qual são emocional sem se deixar envolver-se por ela. O
resolvidos estes impasses afetarão afeto da professora resulta na permanência na
automaticamente a sua prática pedagógica. escola, como, também, pode influenciar no
Olhar a atuação docente por esse anglo, não afastamento desta.
é admitir que os alunos pudessem ser atingidos A criança da creche e da pré-escola tem uma
com o mau humor e os problemas do necessidade imperosa de apego às pessoas,
professor, mas, tornar o ensino mais humano. quando privada deste afeto, reduz a
Cuidar do profissional é, muitas vezes, a melhor disponibilidade para a atividade do
solução para o problema da “criança difícil”. As conhecimento, resultando negativamente na
reações sentimentais variam conforme cada aprendizagem da criança.
aluno podendo surgir atração ou repulsão É um desafio para o professor, uma vez que
como resultado do confronto entre eles (TIBA, os progressos da inteligência, que é de
2007). responsabilidade do docente, dependem
O professor deve conhecer seus alunos não muito do desenvolvimento da afetividade.
somente no cognitivo, mas, também, no Faz parte do trabalho docente na educação
emocional. Conhecer e entender a criança para infantil lidar com as emoções e suas
melhor trabalhar suas emoções é para o manifestações como: choros, gritos, mordidas,
profissional uma tarefa difícil quando não se risos, abraços e silêncios. É de suma
tem um preparo adequado para lidar com os importância o curso de professores
conflitos emocionais em sala de aula. contemplarem essas questões. De certo modo,
Verifica-se que as crianças precisam as formações não aprofundam os temas da
estabelecer com o professor uma relação afetividade e das emoções.
íntima e amigável. Elas vão para a escola com O que se valoriza no profissional da
expectativa de encontrar uma pessoa que as educação infantil é a competência intelectual e
amem e que lhes acolham; escute-as; ofertem- não a competência emocional, no entanto,
lhes carinho e o mais importante que lhes ambas precisam ser valorizadas. A
deem autonomia para que sejam elas mesmas. competência do professor em saber lidar com
As crianças devem sentir que podem contar as suas próprias emoções e as das crianças, em
com o professor. coletividade, é tão importante quanto o
A escola, por sua vez, assume um papel conhecimento teórico.
relevante no desenvolvimento infantil, e o
professor tem uma participação ímpar nesse
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possibilita a criança experimentar relações família. Quando uma dessas bases se omite, há
simétricas com os mais variados grupos. O uma deformação ao ser que se pretende
meio social exerce um forte poder sobre a formar, é no seio da família que brota o amor e
criança, a sociabilidade, atinge os limites do que forma a personalidade da criança. Os pais
desenvolvimento da personalidade. em casa são modelos para os filhos, assim
A função da escola inicia quando termina a como na escola quem é o modelo é o professor.
da família e vice-versa. Suas responsabilidades Da mesma forma que surge a preocupação
são diferentes, cada instituição estabelece com a posição afetiva do aluno frente aos
relações especificas. colegas na sala de aula, deve preocupar-se com
A escola é vista como a continuação da a família, com a realidade da criança, como
família, pois, a necessidade de caracterizar a essa vive sua afetividade, como também a do
escola como um espaço de continuidade da mestre que atua em sala.
família, expressa-se na atitude da professora Para melhor concepção e aprofundamento
de assumir o papel caricaturado de mãe, como na questão Escola/Família, encontram-se
se a relação professor e aluno não pudesse ser pontos cruciais que requerem bastante
uma relação afetiva, e como se as relações de apreciação e desempenho. Essa relação
afeto implicassem, necessariamente, em uma permite uma visão ampla de um tema presente
interação de mãe-filho ou tia-sobrinho. no cotidiano de qualquer indivíduo levando em
Na escola a única relação que deve ter é a consideração toda uma abordagem da
relação professor-aluno, mas, na atuação do atualidade, assim como do meio social no qual
professor como um observador e mediador de o “ser” está inserido.
conflitos, o professor deve ser capaz de Diante de tantas diversidades no meio
identificar os entraves que se estabelecem social, no qual se vão deixando de lado os
entre o professor e o aluno, para melhor lidar valores, a ética e a cidadania, são de extrema
com a teia das relações que se criam na importância em uma atuação que venha a
apropriação do conhecimento. favorecer e resgatar objetivos e metodologias
A responsabilidade do conhecimento está na para um melhor desempenho do educando.
escola; Mesmo na escola as relações afetivas se Mas, é preciso lembrar que para este
evidenciam visto que a transmissão do desenvolvimento acontecer de forma
conhecimento se implica na interação de satisfatória é necessária uma parceria, ou seja,
pessoa para pessoa. O professor desconhece um compromisso da família em conjunto com
que o afeto assim como a inteligência evolui, a escola durante o processo ensino-
isto é, à medida que se desenvolvem aprendizagem.
cognitivamente, as necessidades afetivas da A família é concebida como um âmbito que
criança tornam-se mais exigentes. Passar afeto requer muita harmonia e dedicação por parte
não inclui apenas o contato físico, mas, o ouvir, dos pais na vida escolar do educando, laços
o conversar e o admirar a criança. maternos unidos na construção de uma
A função da escola vai muito além da vivência mais sólida e diversificada com os seus
instrução, ela é formadora juntamente com a filhos. Portanto, a mãe torna-se a primeira
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É necessário que o professor esteja ciente de que o que move a sua prática é a afetividade
e que dela depende a aprendizagem do seu aluno.
A realidade da escola pública é totalmente obscura. São crianças que vivem na pobreza,
na prostituição, na droga. É impossível não se envolver com essa triste situação. O professor, por
sua vez, tenta ser flexível, muitas vezes se omite ou se estressa, sendo grosseiro, não entendendo
que as atitudes das crianças, provocadas pelas emoções, apontam um desconcerto gerado,
muitas vezes, por um desajuste familiar.
Família e professor são os principais formadores dos vínculos afetivos da criança, e que
tanto a escola, como a família são os responsáveis pela formação da personalidade. Sugere-se
que na grade curricular do curso de Pedagogia poderia ser incluído o estudo das emoções,
trabalhando a afetividade do professor para que esta repercuta positivamente na afetividade da
criança. Trabalhar a afetividade do profissional que atua em sala melhora a sua prática
pedagógica e influência no processo de aprendizagem da criança.
As emoções não são o julgamento que dela fazemos ou os comportamentos que ajudam
a gerar, mas, sim, o uso que fazemos delas, sendo plateia quando envolvidos por elas ou sendo
autores. Sob este prisma, conceber a pluralidade das emoções que estão à nossa disposição nos
permitirá conviver com elas e delas tirar todo o aprendizado para nossa vida, sabendo identificar
claramente o que nos incomoda e identificá-las quando estivermos em contato com a criança.
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REFERÊNCIAS
ARANTES, Valéria Amorim. Afetividade na escola: alternativas teóricas e práticas. São
Paulo: Summus, 2003.
CURY, Augusto. Treinando a emoção para ser feliz: nunca a autoestima foi tão cultivada no
solo da vida. 2. ed. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2007.
FREIRE, Paulo. Professora sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar. São Paulo: Olho
d’água, 2010.
GALVÃO, Izabel. Henri Wallon: uma concepção dialética do desenvolvimento infantil. 18.
ed. Petrópolis (RJ): Vozes, 2008.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
SABINO, Simone. Quem ama educa: formando cidadãos éticos. São Paulo: Integrare, 2012.
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RESUMO: O presente artigo aborda a questão da cidadania dentro da Educação Infantil tendo em
vista uma educação mais democrática e autônoma, demonstrando seu processo histórico, a
função do educador na escola e da sociedade como parte desse processo visualizando a
integração da criança no contexto social, abrangendo sua realidade cultural e social partindo do
exercício da cidadania.
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como um ser social que possuí direitos assim Atualmente, a formação inicial para as series
como todos inserido dentro dela. do ensino fundamental e da educação infantil
Nessa trajetória, surge uma preocupação começa a ocorrer no âmbito das universidades
mundial quanto a Educação Infantil, e são e instituições de ensino superior, conforme as
estabelecidos documentos que asseguram os novas diretrizes curriculares para os cursos de
direitos da infância, como a Declaração dos pedagogia ( VIEIRA , 2009).
Direitos da Criança (ONU 1969), a Convenção Para que ocorra uma educação de
dos Direitos da Criança (ONU 1989), e a qualidade, é necessário profissionais
Declaração Mundial sobre a Educação Para qualificados e aptos para atender as
Todos (UNESCO, 1990), promovendo a necessidades e atuar na realidade do público
educação como dever do estado para todos infantil.
desde o nascimento. De acordo com essa visão, tem se discutido
Partindo dessa perspectiva, inicia-se uma a respeito da formação dos educadores.
nova concepção de educação, voltada para a Atualmente para exercer a docência tanto na
formação integral da criança, ou seja, as educação infantil como no ensino fundamental
instituições escolares enfatizam tanto o termo é preciso a formação em nível superior em
cuidar como educar, sendo que a criança é curso de licenciatura e graduação em
acolhida em todos os sentidos, tanto nos Pedagogia, porém essa formação não ocorria
cuidados de alimentação, higienização e na educação infantil, muitos professores não
segurança, quanto no desenvolvimento possuíam curso superior, alguns só possuíam
cognitivo, físico e afetivo. ensino fundamental, outros com ensino médio
A pré-escola vai preparar a criança para as sem o Magistério.
fases seguintes de seu desenvolvimento Com o aumento e expansão de creches e
escolar estimulando-a em todos os aspectos. pré-escolas houve necessidade de mais
Ela poderá realizar o processo de alfabetização profissionais para atender uma grande
para auxiliar a diminuição do fracasso de demanda de criança, isso explica o grande
ensino aprendizagem nas séries seguintes. número de profissionais sem qualificações.
Com uma mudança baseada na concepção
A FORMAÇÃO DOS da criança como um sujeito social, surge a
necessidade de professores qualificados para
PROFESSORES NA EDUCAÇÃO uma educação plena, mais ainda há muito que
INFANTIL mudar.
O cenário da Educação Infantil vem sendo O docente com a responsabilidade de
destaque no que se diz respeito a uma desenvolver saberes e a formação global de
educação de qualidade, pois é por meio dela cidadãos, deve ter como prioridade uma
que é possível o desenvolvimento pleno da qualificação profissional adequada para
criança em seus diversos aspectos. exercer adequadamente seu papel, tendo em
vista que irá proporcionar ao seus alunos uma
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voltadas para a Educação Infantil, muitas vezes Como no Brasil o alto nível de analfabetismo
não possui uma estrutura adequada para uma vem se acentuando, essa desigualdade cresce
educação de qualidade que possa proporcionar aceleradamente, fazendo com que a sociedade
um bom desenvolvimento físico, intelectual e se cale, sendo que não possui subsídios para
social da criança. reivindicar seus direitos como cidadãos.
Desta forma, as escolas públicas, Para que se desenvolva um pensamento
provavelmente não apresentam uma educação crítico na população sabemos que é
de qualidade de forma global, devido a falta de importante a intervenção do professor nesse
recursos financeiros. Já as escolas particulares processo, sendo assim esse profissional deve
estruturam seus alunos como verdadeiros estar preparado para transmitir o verdadeiro
operários para o mercado de trabalho, sem significado da cidadania contribuindo para essa
visar o desenvolvimento total dos alunos, formação.
deixando de lado, os princípios éticos para a É imprescindível que a educação brasileira
formação de cidadãos conscientes. possua uma estrutura que possa atender as
A educação não é construída somente a necessidades básicas de uma educação de
partir da escola, mais também de organizações qualidade, portanto para que haja um bom
não governamentais que visam a identidade da resultado, é necessário ocorrer mudanças
criança e seu desenvolvimento individual. gerais na estrutura educacional, começando
Os avanços alcançados pela legislação até o pela docência.
momento, são importantes para que se É crescente a exigência de professores com
construa uma educação satisfatória para todos, formação cada vez mais elevada para que
não importando a demanda ou a situação possa ter autonomia e proporcionar um ensino
socioeconômica que se encontra os alunos, que possa abranger o desenvolvimento global
tendo em vista que a cada dia estaremos da criança, visto que ela deve ser vista como
chegando mais próximo a educação desejável. um sujeito social. Para que isso ocorra é preciso
Todos são responsáveis por uma educação que todas as instituições infantis, tanto
integral, ou seja, uma educação global que privadas como publicas estejam adequadas às
estabeleça todos os aspectos da criança, normas e critérios estabelecidos na legislação
respeitando-a em todos os processos de nacional, visando sempre o bem estar e o
desenvolvimento, preparando-a e não desenvolvimento pleno da criança.
relacionando-a ao mercado de trabalho como Antes a educação infantil era constituída por
um modelo capitalista, mas como um cidadão mulheres que fazem parte da comunidade, e as
completo, consciente e que luta pelos seus quais não possuíam escolaridade adequada
direitos. para exercerem a função de docente, isso
Como isso não ocorre, a população brasileira ocorria devido a grande demanda de creches e
não é reconhecida e respeitada como cidadãos pré-escolas que cresciam e necessitavam com
em comparação aos países mais evoluídos, ou urgência de pessoas para exercerem a função
seja, que lutam pelos seus direitos para uma de docente. Isso acarretava em uma série
sociedade mais justa.
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modificações que deveriam ser corrigidas para com a escola, favorecendo o trabalho
que melhorasse a qualidade de ensino. pedagógico que o professor tem a oferecer.
Ainda há uma preocupação em relação a
formação de docentes, pois existem cursos de A EDUCAÇÃO INFANTIL NO
curta duração e alguns na modalidade de EAD(
Educação a Distância), nos quais nem sempre SÉCULO XXI
cumpre sua função de proporcionar ao A Educação Infantil deve atuar diante dos
estudante o contato com a realidade das processos de desenvolvimento da criança. Por
escolas, ou seja, há uma ausência de prática e essa razão tem sido motivo de pesquisa de
reflexão sobre a mesma. A partir dessa como os pais, escola, e comunidade devem
realidade nas universidades ocorre o modelo proceder nesse aspecto; sendo que a base
tecnicista, cujos alunos apenas acumulam dessa educação é global.
conhecimentos para que possa atingir seu Em relação a educação das crianças, quem
objetivo: a nota, sem poder ter a oportunidade as educa? Somente a escola e os pais? Cabe aos
de reflexão e crítica em relação a Pedagogia em educadores saberem o que de fato ocorre
si. nesse processo educativo e quais as metas a
Muito tem mudado para adequar a serem traçadas para alcançar objetivos
formação dos docentes para atuar na comuns.
educação. O governo tem aberto Vivemos em uma sociedade com valores
oportunidades para professores de escolas capitalistas e que automaticamente são
públicas aperfeiçoar seus estudos, transmitidos por meio de gerações, isso é
proporcionando uma base para atender as perceptível por meio das escolas que já
necessidades da educação básica brasileira. preparam seus alunos para o mercado de
A questão da formação não pode ser uma trabalho, muitas delas acabam esquecendo de
atribuição só do governo ou das instituições valores mais importantes para o processo
escolares, mas dos próprios educadores que educativo, além da mídia que faz da criança
devem estar dispostos a transformar o cenário desde cedo um consumista, numa sociedade
educativo, estando prontos para buscar descartável e voltada para os interesses
conhecimentos, e isso depende de uma capitalistas.
educação continua. Os educadores devem se As escolas devem ser claras e objetivas
aperfeiçoar, favorecendo um ensino digno aos quanto a educação da criança e dirigir sua
seus educandos e que possam transformar a atenção para questões de cidadania, avaliando
qualidade da educação brasileira. a situação em que se encontra a sociedade
Além da importância da qualificação dos atual.
professores na educação infantil é necessário A Educação infantil é à base de todo o
que as escolas possuam uma boa estrutura que processo de desenvolvimento físico, psíquico,
conte com o apoio de recursos pedagógicos intelectual e social, porém muitas escolas não
para que haja um entrosamento do educador possuem estruturas que garantem um
desenvolvimento pleno, seja nas escolas
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públicas ou particulares, ainda há muito que se acordo com essa visão, o que é necessário para
fazer. que fazer nossas crianças exercer cidadania?
A uma preocupação em processos O conceito cidadania é muito discutido,
quantitativos em preenchimentos de currículos porém com uma ação política desvalorizada, na
e não com o desenvolvimento social e afetivo qual a criança inserida na sociedade, já
da criança. aprende valores atribuídos do capitalismo e
As instituições privadas exploram e vedem não agrega valores e princípios éticos que
uma imagem de desenvolvimento global da poderão ser úteis na sua vida como cidadão.
criança, porém o que geralmente acontece é Segundo Rosilda Martins, a cidadania é uma
uma exploração quantitativa dos alunos, ideia em expansão, porém com ação política
promovendo uma educação voltada para desvalorizada, ou seja, o cidadão não pode ser
sociedade burguesa, enquanto as instituições visto apenas como um contribuinte,
públicas possuem uma visão global, mas faltam consumidor, voltados aos interessantes
recursos estruturais e financeiros para atender capitalistas, mais ter uma educação como um
a grande demanda de alunos. instrumento social básico.
A função da escola é educar de forma Nesse sentido, a escola surge como um lugar
eficiente podendo formar cidadãos central da educação, que consolida a visão
conscientes que saibam se relacionar dentro da descentralizada do sistema, a qual deve
sociedade, para isso não basta a escola proporcionar uma qualidade desejável e
favorecer uma educação que compete apenas esperada no processo educativo, visando o
conteúdos programáticos sem visar uma comprometimento de todos envolvidos nesse
educação qualitativa na questão da cidadania. processo, começando por uma gestão mais
democrática que conte com o apoio de novos
ESCOLA: ESPAÇO PROJETO projetos pedagógicos e outros tipos de
currículos que possam contribuir para a
POLÍTICO PEDAGÓGICO formação de cidadãos.
Nos últimos anos, procura-se discutir qual é A escola tem suma importância nesse
a função da escola no processo político- processo, pois é por meio dela que começa a
pedagógico na educação no Brasil e quais os reversão do modelo tradicional. Esta deve
processos utilizados para se alcançar suas conscientizar os alunos para que sejam
metas e objetivos. participativos no que ocorre na sociedade e
Nesse sentido, a escola tem como maior saber seus direitos e deveres perante a mesma.
objetivo formar cidadãos críticos e reflexivos Para que possamos reverter esse quadro e
dentro da sociedade atual, porém não é só evoluirmos na construção da cidadania é
atribuição da escola, mas de todos que fazem preciso contar com o apoio de todos que fazem
parte dessa sociedade, o estado, a comunidade parte da educação, cada um fazendo sua parte
e principalmente as famílias que nem todas são e caminhando juntos para o exercício da
estruturadas para educar de forma correta. De cidadania e de uma educação de qualidade.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Entende-se que não é possível estabelecer uma educação de qualidade, na qual forma o
exercício da cidadania se não houver a interferência do convívio social dos indivíduos: a escola,
família, igreja; o meio em que se encontra o indivíduo.
Conforme a política educacional há uma aparência de igualdade e oportunidade para
todos, porém isso não ocorre na realidade atual, pois as oportunidades são restritas as classes
menos favorecidas. Porventura, isso ocorre desde a Educação Infantil estendendo-se por todo o
processo educativo. Tanto o ensino privado como o público provavelmente estabelece uma visão
de formação para o mercado de trabalho, sem visar o aluno como um futuro cidadão crítico,
sendo imprescindível inseri-lo na sociedade de forma geral, abrangendo não apenas aspectos
intelectuais, mais também sociais.
O processo de formação da cidadania é uma atribuição do estado, porém a comunidade
também tem o seu papel, que não é somente cobrar seus direitos, mais exercer seus deveres,
tendo assim uma concepção pessoal e social.
Essa formação de cidadania se faz por meio de lutar contra as opressões sociais, como:
discriminações de qualquer gênero, desigualdades, opressão da liberdade de expressão.
Nessa busca pela qualidade de ensino, todos os departamentos têm seus papeis
estabelecidos, porém com a consciência de seus deveres e direitos perante a sociedade,
cumprindo-os de forma democrática e mantendo o espírito em equipe para se chegar a um
objetivo comum.
Nesse processo de luta, o educador tem suma importância, pois ele será intercessor que
mostrará aos alunos o seu devido valor, porém isso não acontece na prática, ficando apenas na
teoria. Os educadores transmitem conteúdos sem se importar com sua verdadeira função.
A formação do cidadão tem um processo contínuo, no qual, não só a escola tem suas
atribuições, mas a sociedade se faz necessária nessa formação. Nos dias atuais a criança vivencia
a globalização interiorizando o capitalismo em vários aspectos, principalmente a forma fútil dessa
sociedade.
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REFERÊNCIAS
FREIDMANN ADRIANA, A educação infantil no século XXI, Revista Pátio Educação Infantil,
ANO VI, N 18, NOV 2008/FEV 2009.
FREIRE, PAULO. Educação como Prática da Liberdade, 14 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1993.
MARTINS, BARON ROSILDA. Escola: Espaço Projeto Político Pedagógico. 7.Ed. São Paulo:
Papirus,2003.
VIEIRA MARIA LÍVIA, A educação infantil, Revista Pátio Educação Infantil, ANO VII, Nº 19,
MAR/JUN 2009.
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1 Professora de Educação Física no Instituto Federal de Goiás – Campus Formosa. Graduada em Educação Física
e Mestra em Educação pela UFG.
2 Professor de Educação Física do IFG Campus Inhumas e orientador no Programa de Pós-graduação em Educação
Profissional e Tecnológica do IFG. Graduado em Educação Física pela UFG e Doutor em Educação pela PUC-Go.
Membro do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação e Ciências.
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descobertas se deu graças a estas para a ciência. Assim, romper com essa forma
de compreender o mundo, ou essa visão de
3 Na concepção de Bachelard (1996), em sua obra “A de imperativo funcional, lentidões e conflitos. É ai que
formação do espírito científico” Obstáculo mostraremos causas de estagnação e até de regressão,
epistemológico é algo interno ao pensamento e não detectaremos causas de inércia às quais daremos o
externo, ou nas palavras do autor: “[...] é no âmago do nome de obstáculos epistemológicos.” (p. 17).
próprio ato de conhecer que aparecem, por uma espécie
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objetos, como a alimentação, seu vestuário e se isto pode comprar aquilo, se o ouro vale
habitação dos sujeitos. duas vezes mais que a prata, não é mais porque
Para Foucault (1995), Adam Smith é quem os homens têm desejos comparáveis; não é
começa a estruturar o campo da análise das porque através de seu corpo eles
riquezas complexificando as análises a ele experimentam a mesma fome ou porque o
aplicadas. Smith estabelece como conceito coração de todos obedece às mesmas
fundamental o trabalho e seus seduções; é porque todos eles estão
desdobramentos (divisão do trabalho, tempo submetidos ao tempo, ao esforço, à fadiga e,
de trabalho, jornada de trabalho). Nas palavras indo ao extremo, à própria morte. Os homens
do autor: trocam porque experimentam necessidades e
Esse desfecho é de grande importância. desejos; mas podem trocar e ordenar essas
Certamente, Adam Smith analisa ainda, como trocas porque são submetidos ao tempo e à
seus predecessores, esse campo de grande fatalidade exterior.
positividades a que o século XVIII chamou de Ao lançar esta base, Smith funda uma
“riquezas”; e com isso, entendia também ele fecunda condição de pensamento que é
objetos de necessidade – os objetos portanto exterior à representação e se articula a outros
de uma certa forma de representação – elementos produtivos (acumulo de capitais,
representando-se a si próprios nos desenvolvimento da indústria e da divisão do
movimentos e nos processos da troca. Mas, no trabalho). A reflexão de Smith para Foucault
interior dessa reduplicação e para regular sua também abre caminhos de diálogo com uma
lei, as unidades e as medidas de troca, ele antropologia da essência do homem, e uma
formula um princípio de ordem que é economia política que possuiria base na
irredutível à analise da representação: traz à produção real.
luz o trabalho, isto é, o esforço e o tempo, essa No campo da Biologia, Foucault (1995), irá
jornada que, ao mesmo tempo talha e gasta a apontar que a história natural se modifica,
vida do homem. (FOUCAULT, 1995, p.239). quando assume elementos de classificação
Smith, segundo Foucault, realiza um diferentes dos princípios da representação
percurso em que se funda uma lei orientadora tradicional. É lançada mão da caracterização a
do pensamento de um determinado campo e partir da relação entre estrutura visível e
de suas análises. Muda-se então a forma de critérios de identidade. O autor irá defender
analisar as riquezas, passa-se a análise para um que a partir de Jussieu, Lamarck e Vicq d’Azyr,
campo mais profundo dentro da própria [...] a transformação da estrutura em caráter
produção, que seria o trabalho. Foucault (1995, vai basear-se num princípio estranho ao
p. 239), complementa: domínio do visível – um princípio interno
A equivalência dos objetos do desejo não é irredutível ao jogo das representações. Esse
mais estabelecida por intermédio de outros princípio (ao qual corresponde, na ordem da
objetos e de outros desejos, mas por uma economia, o trabalho) é a organização.
passagem ao que lhes é radicalmente (FOUCAULT, 1995, p. 241).
heterogêneo; se há uma ordem nas riquezas,
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A Idade Clássica revela em seu modo de ser representacional uma forma de saber nova.
Nas palavras de Ternes (s/d, p. 5):
Não estamos diante de um acontecimento circunstancial. Assistimos à constituição de
uma nova episteme. [...] O século XVII inaugura um modo de ser da cultura onde saber é
dar imagem ao mundo, haver-se, não com o mundo mas com sua suposta figura, sua
imagem.
Não signatária de outro período, mas com estatuto próprio, a Idade Clássica lança sobre o
conhecer bases diferentes que rompem com outras formas de pensamento, como o
aristotelismo.
Uma época que nas palavras de Ternes (s/d) elimina os excessos dos pensadores
renascentistas e lançam a organização do pensamento sob leis gerais como agenda do dia.
A compreensão do mundo como infinito e possível de exploração impulsiona uma
exploração organizada que se diferencia dos períodos anteriores.
Não como prelúdio da modernidade, mas como período fértil e singular, a Idade Clássica
lança no pensamento humano o pensar sob princípios e a refinação do quantitativo, da ordem e
da medida.
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REFERÊNCIAS
BACHELARD, Gastón. A formação do espírito científico: contribuições para uma
psicanálise do conhecimento. Rio de Janeiro: Contraponto, 1996.
FOUCAULT, Michel. As palavras e as Coisas. 7. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1995.
HEIDEGGER, Martin. A época das imagens de mundo. s/d. Tradução de Cláudia Drucker.
KOYRÉ, Alexandre. Estudos de história do pensamento científico. Rio de Janeiro: Ed.
Forense; Brasília: Ed. Universidade de Brasília, 1982.
TERNES, José. Uma época da imagem do mundo. s/d. Mimeo.
TERNES, José. Alexandre Koyré e a renascença. In. Salomon, Marlon (org.) Alexandre Koyré:
historiador do pensamento. Goiânia: Almeida & Clément Edições, 2010.
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RESUMO: Partindo de uma concepção crítica de Educação, esse artigo teve como principal
objetivo compreender e analisar o processo de constituição do trabalho docente e sua
configuração na sociedade do capital. Para tanto, foi realizada uma pesquisa teórico-bibliográfica
com base, principalmente, em Saviani (2011a e 2011b) e Hypolito (1997). Temos que o trabalho
docente sofre várias transformações até atingir sua atual consolidação, e que durante esse
processo várias crises e contradições perpassam a condição do professorado e trazem uma
configuração com base em características de desvalorização, desqualificação, precarização e
alienação. Dessa forma, vemos que é necessária maior articulação e reconhecimento dos
professores enquanto classe, a fim de lutar por melhores condições de trabalho, por mais
reconhecimento, valorização e autonomia profissional.
1Professora de Educação Física no Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Goiás – Campus
Formosa.
Graduação: Ma. em Educação pela Universidade Federal de Goiás – REJ.
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encontram, analisar a realidade sob o ponto de criação de formas de inserção das novas
vista da sistematização do conhecimento gerações no mundo humano. Assim, do
advindo do trabalho enquanto atividade trabalho surge a necessidade do trabalho
fundante do ser humano, (SAVIANI 2011b). educativo, que para Saviani (2011b), é:
Como afirmamos o trabalho pedagógico, e [...] o ato de produzir, direta e
com muitas mediações o trabalho docente, intencionalmente, em cada indivíduo singular,
deriva do trabalho como elemento fundante do a humanidade que é produzida histórica e
ser humano e da sociabilidade humana. coletivamente pelo conjunto dos homens.
[...] o trabalho é um processo entre o Assim, o objeto da educação diz respeito, de
homem e a Natureza, um processo em que o um lado, à identificação dos elementos
homem, por sua própria ação, media, regula e culturais que precisam ser assimilados pelos
controla seu metabolismo com a Natureza. Ele indivíduos da espécie humana para que eles se
mesmo se defronta com a matéria natural tornem humanos e, de outro lado e
como uma força natural. Ele põe em concomitantemente, à descoberta das formas
movimento as forças naturais pertencentes a mais adequadas para atingir esse objetivo,
sua corporalidade, braços e pernas, cabeça e (p.13).
mão, a fim de apropriar-se da matéria natural É por meio do trabalho que nos tornamos
numa forma útil para sua própria vida. Ao seres humanos, por conseguinte é por meio do
atuar, por meio desse movimento sobre a trabalho que desenvolvemos e construímos
Natureza externa a ele e ao modifica-la, ele nossa história, pois tudo que não é advindo da
modifica, ao mesmo tempo, sua própria natureza é produzido historicamente pelos
natureza (MARX, 1988, p.142). seres humanos, inclusive a sua humanidade.
Sendo assim, partindo dessa concepção de O trabalho docente está articulado ao
trabalho em sentido ontológico, é possível trabalho educativo e se manifesta como uma
compreender que o desenvolvimento, produção histórica vinculada ao ensino formal
reprodução e manutenção da vida humana não que tem por princípio a necessidade de captar
se dão apenas por meios biológicos os elementos da cultura a serem apreendidos,
isoladamente, mas também a partir de assim como as formas mais adequadas de fazê-
complexas relações sociais que os seres lo. Segundo Facci (2004, p.242), o trabalho
humanos estabelecem uns com os outros, bem docente assume algumas características:
como com a natureza com a finalidade de 1) cabe ao professor transmitir
transformá-la para suprir suas necessidades. conhecimentos, ensinar os alunos de forma
Assim, homens e mulheres entram em contato que dirija a formação dos seus processos
com a natureza e a modificam. Nessa relação o psicológicos superiores;
ser humano também transforma a sua própria 2) os professores precisam atuar como
natureza, transforma a si mesmo. mediadores entre os conceitos científico e o
O processo de transformação acima citado aluno, partindo de conhecimentos teóricos que
desencadeia o desenvolvimento da auxiliem a prática, e utilizando a prática para
sociabilidade humana e a necessidade de aprofundar os conhecimentos teóricos;
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consolidação do movimento liberal de passa a ser base de difusão dos ideais das novas
educação que consequentemente procura exigências de formação de trabalhadores para
atender as necessidades de perpetuação do o mercado de trabalho, “a educação passa a ser
capitalismo. O interesse do Estado estava em entendida como um investimento em capital
retirar os professores daquele local onde a humano individual que habilita as pessoas para
atividade docente teve início, no seio da a competição pelos empregos disponíveis”
comunidade, mas sem que fossem subtraídas (SAVIANI, 2011a, p.430).
desses profissionais as características de Saviani (2011a), salienta que nessa nova
dedicação e honra que eram próprios dos configuração da sociedade capitalista a
docentes. palavra-chave é: exclusão. Essa exclusão
Os docentes vão buscar a nova situação de aparece em dois momentos, primeiro com as
trabalho – assalariamento e formação pelo vagas de emprego limitadas, pois grande parte
Estado – até mesmo porque ficará cada vez da população se qualifica e amplia o grau de
mais difícil de realizar seu oficio de ensinar escolaridade, mas isso não é garantia de
sendo um trabalhador “autônomo”, pois o emprego. Segundo com a crescente
sistema escolar a partir daí vai se automação no processo de produção,
complexificando e exigindo profissionalização ocorrendo maior valorização do trabalho
(HYPOLITO, 1997, p. 25). morto em detrimento da mão de obra
Se isso, por um lado, significaria algo positivo “conduzindo à exclusão deliberada de
no sentido de certa garantia de seguridade trabalhadores” (p. 431).
trabalhista, de outro, os docentes entram de Dessa forma, com esse ideal de educação, o
vez na lógica alienada do trabalho assalariado3 . 1
3 Para melhor compreensão das transformações sofridas que se consolidou o modelo flexível de trabalho, alinhado
no mundo do trabalho, consultar Ricardo Antunes em ao modo de produção capitalista, que, por sua vez,
“Os sentidos do trabalho: ensaio sobre a afirmação e controla os meios de produção e distribuição, retirando
negação do trabalho”. do Estado o controle sobre o mercado, mas incidindo
4 Compreende-se reestruturação produtiva enquanto um influência sobre as políticas públicas que favorecem a
processo que se desenvolve no âmbito econômico em promulgação de seus interesses.
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Com base nas limitações de um artigo, nos restringimos e suas variantes (neoescolanovismo, neoconstrutivismo
a observar as características do trabalho docente e neotecnicismo) e seus impactos na educação, bem
somente sobre o aspecto do movimento como no trabalho docente.
neoescolanovista. Mas Saviani (2011a) se dedica no
capítulo XIV de sua obra, a falar sobre o neoprodutivismo
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sociedade em que as próprias necessidades de maneira mais flexível. Sendo assim, esta
sobrevivência não estão garantidas” (SAVIANI, interferência será analisada do ponto de vista
2011a, p. 437). Dessa forma as conquistas e as das formas de contratação e das formas de
derrotas tornam-se responsabilidade apenas remuneração dos professores.
dos sujeitos de maneira individual, mesmo Os professores no contexto da sociedade
sabendo que os acontecimentos são um capitalista brasileira estão à mercê de uma
complexo de determinações de vários grande diversidade de formas de contratação
elementos, e que por vezes, o esforço do para desenvolver sua função. Segundo Krein
sujeito representa uma parcela ínfima no (2007, p.34), as formas de flexibilização dos
resultado desses acontecimentos. contratos de trabalho se manifestam de cinco
Assim, com a disseminação da ideologia das maneiras, “1) na facilidade de romper o
competências, com a flexibilização dos contrato de emprego; 2) na ampliação dos
processos de trabalho próprios da nova contratos por tempo determinado; 3) no
configuração do mundo do trabalho e com a avanço da relação de emprego disfarçada; 4)
dispersão do neoliberalismo, nos deparamos na terceirização; 5) na informalidade” .
com um Estado manipulado pela gestão Esse cenário revela como o empregador
administrativa empresarial cujo objetivo está possui facilidades e privilégios em gerenciar o
no resultado e não nos processos. E com esse emprego dos funcionários da sua empresa
deslocamento do foco para o resultado, o conforme suas necessidades e demandas da
discurso da eficiência e produtividade estará economia. Essa facilidade é unilateral, o
audível nas escolas, nas políticas públicas trabalhador não possui meios legais de
educacionais, nos sistemas educacionais contrapartida, de entrar em um acordo quanto
públicos e privados, nos sistemas de a sua forma de contrato ou de condições de
regulamentação trabalhistas, entre tantos trabalho. O trabalhador pode recorrer somente
outros. o que lhe é cedido pela Consolidação das Leis
Com a intervenção neoliberal e a inserção do do Trabalho (CLT)6 .1
Brasil na globalização financeira houve a Com tudo que foi exposto até aqui, é
privatização de empresas estatais, redução e perceptível a necessidade urgente de
redefinição dos atributos do Estado, entre transformações no mundo do trabalho para
outros (KREIN, 2007). Isso abriu precedência garantir condições mais humanas de trabalho,
para grande interferência da administração em especial do trabalho docente. Um dos
empresarial na esfera pública, o que influencia meios de revolução é a união entre os
diretamente o trabalho dos professores do trabalhadores, o reconhecimento dos
setor público e também facilita para o trabalhadores enquanto classe e uma
empregador do setor privado gerenciar a organização sistemática no entrave entre
relação de trabalho de seus funcionários de capital e trabalho.
6 Haja vista que a CLT é uma luta constante entre capital persistem e são fortemente endossadas pelo discurso da
e trabalho, muito já foi conquistado pela classe flexibilização em prol da elevação da economia do país
trabalhadora, mas algumas disparidades ainda frente a outras economias.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A constituição do trabalho docente é um marco importante para compreendermos os
condicionantes históricos que perpassam essa profissão, pois isso possibilita o desvelamento de
algumas contradições que estão enraizadas e que se arrastam até a configuração atual do
trabalho dos professores.
Nas últimas décadas, o trabalho de maneira geral sofreu várias transformações advindas
pela crise estrutural do capital e da reestruturação produtiva. Essas transformações
proporcionaram algumas características negativas ao mundo do trabalho: individualização,
flexibilização de contratos e salários, privatizações dos setores públicos e facilidades de
exploração por parte do setor privado.
Essas transformações e novas demandas do mundo do trabalho, da era da acumulação
flexível chegam ao chão da escola. A escola se torna um ambiente propicio para a disseminação
dos ideais neoliberais contribuindo para a formação de sujeitos que atendam as necessidades do
mercado, ou seja, pessoas que consigam autonomamente buscar conhecimentos que sejam úteis
e aplicáveis nas empresas, além de disseminar a ideologia das competências do mérito individual.
Nesse viés, o trabalho docente se defronta com as novas exigências do novo mundo do
trabalho. O trabalho do professor é desvalorizado e precarizado, pois esse passa a ser o único
responsável pelos processos e resultados do sistema educacional. Assim, temos que os processos
de alienação e controle do trabalho docente asseveram a fragmentação dos processos
educativos, conformando-os em práticas de acomodação à lógica burguesa neoliberal.
Todavia percebemos que os movimentos da sociedade civil organizada, o movimento
estudantil e dos professores produzem a resistência possível às políticas de desvalorização e
desqualificação da Educação e caminham na direção da luta contra o esvaziamento do sentido
do trabalho e em prol de um trabalho mais autônomo, reconhecido e valorizado.
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REFERÊNCIAS
FACCI, M. G. D. Valorização ou esvaziamento do trabalho do professor? Um estudo crítico-
comparativo da teoria do professor reflexivo, do construtivismo e da psicologia vygotskyana.
Campinas: Autores Associados, 2004.
KREIN, J. D. Tendências recentes nas relações de emprego no Brasil: 1990-2005. 2007. 329
f. Tese (Doutorado em Economia Aplicada) – Instituto de Economia da Universidade Estadual de
Campinas, Campinas, SP. 2007ª
MARX, K. O capital: crítica da economia política. Volume I. 3 ed. São Paulo: Nova Cultura, 1988.
SAVIANI, D. História das ideias pedagógicas no Brasil. Campinas, SP: Autores Associados,
2011a.
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RESUMO: Os Transtornos Do Espectro Do Autismo (TEA), são uma área amplamente discutida e
atual na vanguarda do interesse de profissionais de diversas áreas científicas. O presente artigo
aborda o tema do ponto de vista da educação especial e foca na área de educação de alunos com
espectro autista a partir de um levantamento bibliográfico realizado a partir de publicações
acadêmicas e científicas.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A presente pesquisa se concentrou em uma das principais áreas da educação de alunos
com TEA - a saber, a conscientização dos professores sobre o TEA. O nível de conscientização é
identificado como um dos pilares da interação eficiente e da educação dos alunos. A adequada
capacidade profissional dos professores na área em causa e o seu conhecimento das
necessidades fundamentais dos alunos com TEA não se resumem à mera lista de vários métodos
de intervenção, modificações no ambiente da sala de aula e regime diário. Para os professores,
serve (espero) principalmente para abrir um caminho para seus alunos como tais, suas
personalidades, individualidades e seus corações. Naturalmente, a capacidade profissional não
abrirá esse caminho por si só; a personalidade dos professores, bem como seu grau de empatia
e habilidades de ensino também têm papéis importantes a desempenhar. No entanto, estamos
convictos de que um aumento do nível de conhecimento do TEA e da formação de professores
nesta área contribuirá para um maior interesse pela área e, por inferência, para um maior
interesse pelos próprios alunos. Ao obter uma imagem clara de alunos específicos, suas
características e necessidades, recomendamos prudência na seleção dos métodos de intervenção
e na abordagem geral dos mesmos.
Em conexão com o que foi dito acima, é recomendável aumentar a conscientização sobre
TEA entre os professores como parte dos estudos universitários. Estamos cientes da ampla gama
de assuntos abordados pela educação especial, da quantidade de informações e do viés dos
professores universitários em relação a determinados temas de interesse específico para eles.
Ainda assim, gostaríamos de recomendar que o TEA seja incluído entre os tópicos de
aprendizagem, não apenas como uma questão teórica, mas principalmente na prática como parte
da instrução da vida real. Recomendamos ainda que o tema seja discutido não apenas como parte
dos estudos de psicologia ou fonoaudiologia, mas já na introdução inicial à educação especial
(especialmente para futuros professores que não são formados em educação especial e que, no
que se refere à educação especial, só terá informações deste curso introdutório específico).
Tendo em vista o contínuo desenvolvimento da educação especial e a quantidade de novas
informações, e considerando a já mencionada abrangência de temas abrangidos pela educação
especial e a consequente impossibilidade de cobrir todos os seus aspectos de forma abrangente
e detalhada, recomenda-se que o nível de consciência do TEA entre os professores pode ser
aumentado pelo auto-estudo. Inúmeras fontes literárias estão disponíveis, assim como cursos
especializados, oficinas, conferências e palestras. Estes oferecem uma oportunidade para reunir
conhecimentos teóricos e trocar experiências práticas com especialistas na área. Em nossa
opinião, esse método de mesclar teoria e prática por meio da cooperação de professores com
organizações ASD é ao mesmo tempo a maneira ideal de conhecer seus alunos e contribuir para
seu desenvolvimento (URBANOVSKÁ, 2013).
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REFERÊNCIAS
ADREON, D., Stella, J. (2001) Transition to Middle and High School: Increasing the Success
of Students with Asperger Syndrome. Intervention in School & Clinic.
HENDRICKS, D.R., Wehman, P. (2009). Transição da escola para a idade adulta para jovens
com transtornos do espectro do autismo: revisão e recomendações. Foco no autismo e
outras deficiências de desenvolvimento.
LEI 561/2004 Col. Sobre educação pré-escolar, elementar, secundária, profissional superior e
outras, conforme alterada pela Lei 472/2011 Coll. Sistema de informação jurídica CODEXIS.
MULLER, E., Schuler. A., Burton, B.A., Yates, G.B. (2003). Atender às necessidades de apoio
vocacional de indivíduos com Síndrome de Asperger e outras deficiências do espectro do
autismo. Revista de Reabilitação Profissional.
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TOBIAS, A. (2009). Apoio a alunos com transtorno do espectro autista (TEA) no ensino
médio: uma perspectiva de pais e alunos. Psicologia Educacional na Prática.
URBANOVSKÁ, E. (2013). Preparação profissional e contratação de indivíduos com TEA.
Tese de doutorado não publicada, Universidade de Palacky, República Tcheca.
VALENTI, M. et ai. (2010). Intervenção intensiva para crianças e adolescentes com autismo
em um ambiente comunitário na Itália: um estudo longitudinal de grupo único. Psiquiatria
Infantil e Adolescente e Saúde Mental.
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RESUMO: Este artigo aborda o tema A Efetivação da Inclusão Escolar e os Desafios da Escola neste
cenário. Partindo do tema proposto temos como objetivos para esta pesquisa abordar os
principais conceitos que abordam as práticas inclusivas na escola e como a inclusão escolar é
efetivada nos contextos de aprendizagem. Podemos conceituar a educação especial como a
modalidade de ensino que promove o desenvolvimento das potencialidades das pessoas com
deficiência e abrange os variados níveis de ensino, é um sistema próprio para atender este
público. A educação inclusiva pode ser conceituada por um processo educativo no qual todos
aprendem juntos independente de suas deficiências ou limitações, sejam elas de qualquer
ordem, física, mental, auditiva ou visual. O tema inclusão escolar abrange diversos conceitos, não
apenas relacionados as deficiências, temos a inclusão relacionada a todas as diferenças que
encontramos na escola, sejam elas culturais, sociais, religiosas, etc. A escola é o local em que a
heterogeneidade dos sujeitos se faz presente e é preciso considerar ações e práticas que
considerem estas diferenças e que promova uma educação de qualidade para todos.
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Professora de Educação Infantil na Rede Municipal de São Paulo.
Graduação: Licenciatura em Pedagogia; Especialização em Formação Docente.
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escolar ainda é um desafio para muitas escolas, organizações mundiais se engajam nos
já que envolve desde questões estruturais até movimentos em defesa da efetivação da
a formação profissional da equipe. No contexto inclusão nos mais variados contextos. A luta
de uma educação realmente inclusiva, contra a segregação e a exclusão se fortalece
recomenda-se que o ponto de partida seja após a Conferência Mundial de Educação para
considerar as singularidades dos sujeitos e Todos e em 1994, como resultado da
focar em suas potencialidades. Conferência Mundial sobre Necessidades
Sassaki (1997), enfatiza que as pessoas com Educacionais Especiais, realizada na cidade
deficiência também possuem outras espanhola de Salamanca, a Declaração de
necessidades como qualquer outra pessoa, Salamanca mencionou ações que tinham como
mas além disso são obrigadas a transpor objetivo propiciar a inclusão de alunos com
diferentes barreiras para que a sua vida em necessidades educacionais especiais no ensino
sociedade seja efetivada. As necessidades regular. No Brasil, a incorporação de tais
podem resultar de diversas condições, como a diretrizes determinou mudanças no sistema
deficiência mental, física, múltipla, visual ou educacional, após a promulgação da Lei de
auditiva. Além destas condições temos o Diretrizes e Bases da Educação Nacional –
autismo, a superdotação e as dificuldades de LDBEN nº 9.394/96.
aprendizagem, que podem ser agravadas por A partir de um acesso mais amplo e com o
situações que ocorrem em seu meio social, que aumento do número de matriculas na escola
excluem estas pessoas dos acessos aos cria-se uma nova demanda educacional que
recursos básicos de uma vivência em traz para o contexto educacional as diferenças
sociedade. e as especificidades, confrontando-se com os
Examinadas no contexto da ação simbólica, conceitos de homogeneidade que até então
as escolas devem ser estudadas como eram perpetuados na escola. Neste novo
transmissoras de códigos culturais que contexto surgem os sentimentos de rejeição e
denunciam as percepções humanas, bem como oposição as ideias relacionadas a inclusão
a forma de compreensão sobre a deficiência escolar, advindas da falta de informação e de
em nosso sistema cultural. Essa observação conhecimento. Se torna essencial conscientizar
deve ser levada em consideração, pelo a sociedade sobre o fato de que todos “têm
pesquisador educacional, ao examinar como direitos iguais à educação”, independente de
aqueles que representam a escola – diretores, suas características físicas ou especificidades,
professores, funcionários técnico- todos tem o direito de aprender e cada um
administrativos, orientadores, funcionários, aprende a sua maneira, no seu tempo e de
pais e alunos – codificam as próprias imagens maneira singular.
do eu, as imagens do outro, as imagens de No verdadeiro significado de inclusão social,
igualdade e de diferença (FERREIRA, 2007, p. segundo Sassaki (1997), é a sociedade que
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A partir dos anos de 1990 os debates sobre seja efetivada, ela precisa atender as
inclusão escolar se intensificam e várias necessidades das pessoas para que elas
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possam ter acesso aos bens e meios sociais e em um sistema regular de ensino. As escolas
culturais. A inclusão social contribui para a inclusivas devem estar preparadas para
construção de uma nova sociedade, atender às diferenças e singularidades.
equiparando e igualando as oportunidades, em Sassaki (1997), afirma que a inclusão é um
todas as esferas sociais: educação, saúde, ideal e para que a sociedade seja acessível e
transporte, segurança e lazer, dentre outros todos os indivíduos tenham igualdade de
aspectos. oportunidades, é preciso uma mudança das
Nas últimas décadas, o discurso sobre a concepções e práticas sociais. As ações
inserção social de TODOS parece ter invadido precisam ser pensadas no sentido da garantia
os recantos da sociedade em geral. de direitos, cumprindo as legislações e
Transformou-se em verdadeiro modismo e garantindo o acesso aos direitos a todos. O
lugar comum falar/ defender e pregar a desejo por uma sociedade acessível não é
inclusão. Não é mais aceitável deixar de pensar simples, é um processo contínuo que envolve
na participação real de TODOS, ou seja, a modificações em todas as ações e nas pessoas,
autêntica e corajosa inclusão daqueles que, garantindo igualdade de oportunidades.
erroneamente, figuram nas estatísticas como No Brasil o aluno com deficiência é
se já estivessem inseridos nos contextos matriculado na escola regular e caso seja
educacionais, culturais, políticos, econômicos e necessário terá direito a um atendimento
sociais. É preciso deixar de pensar a educação educacional especializado fora da escola
numa perspectiva simplista e reducionista, regular. o atendimento ao aluno com
para compreendê-la sob uma ótica em que o deficiência está matriculado na escola regular,
acesso à instituição escolar e a permanência mas dependendo da sua necessidade pode
nela se façam dentro de condições viáveis e precisar frequentar também uma escola
satisfatórias para TODO e qualquer aluno, especial para ter atendimento educacional
constituindo-se em direito espontâneo e especializado. Este atendimento não substitui
natural, uma responsabilidade social e política o atendimento da escola comum. Essa parceria
do Estado e de cada cidadão (FERREIRA, 2007, entre a escola regular e as escolas especiais
p. 548). está previsto pelo MEC na Política Nacional de
Só haverá uma mudança concreta no Educação Especial.
sistema educacional quando a ideia de Para que se possa conceber a escola
diversidade se tornar algo natural e inerente ao inclusiva, é necessário continua trilhando um
processo educacional e a educação se tornar longo e árduo caminho. É imprescindível que a
efetivamente um direito de todos os sujeitos. instituição
Os princípios para um educação inclusiva é educacional fique mais atenta a interesses,
uma educação voltada para a cidadania, que características, dificuldades e resistências
reconhece e valoriza as diferenças e é livre de apresentadas pelos alunos no dia-a-dia da
preconceitos. O processo de inclusão exige instituição e no decorrer do processo de
uma mudança de posturas, práticas e aprendizagem. Dessa forma, o ambiente
paradigmas, no qual os alunos são atendidos escolar precisa se construir como um espaço
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A escola precisa criar espaços inclusivos em que todos os estudantes possam aprender
independente de suas características, individualidades ou diferenças, a escola deve garantir a
aprendizagem efetiva para todos, sem distinção. As ações educativas devem ser pautadas no
objetivo de proporcionar aos estudantes oportunidades iguais e a garantia de sucesso escolar
com a permanência e a efetiva aprendizagem destes sujeitos.
Só haverá uma mudança concreta no sistema educacional quando a ideia de diversidade
se tornar algo natural e inerente ao processo educacional e a educação se tornar efetivamente
um direito de todos os sujeitos. Os princípios para uma educação inclusiva é uma educação
voltada para a cidadania, que reconhece e valoriza as diferenças e é livre de preconceitos. O
processo de inclusão exige uma mudança de posturas, práticas e paradigmas, no qual os alunos
são atendidos em um sistema regular de ensino. As escolas inclusivas devem estar preparadas
para atender às diferenças e singularidades.
Para incluir de maneira efetiva, não basta garantir a matrícula na escola e manter esse
aluno lá, é preciso tornar a escola um ambiente propício para a aprendizagem, torna-se
necessário considerar não só as questões político pedagógicas, mas também as relevantes
vivências e as práticas pedagógicas inclusivas, enfatizando o papel dos educadores, visto que ele
é o mediador responsável pela construção do conhecimento, interação e socialização dos
estudantes.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Política Nacional de educação especial na perspectiva da educação inclusiva.
Brasília, Ministério da Educação e Cultura, 2008. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/politicaeducespecial.pdf>. Acesso em: 20 jun. 2022.
MANTOAN, M. T. E. Inclusão escolar: O que é? Por quê? Como fazer? São Paulo: Moderna,
2003.
SASSAKI, R. K. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro: WVA,
1997.
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1Professora
de Educação Infantil na Rede Municipal da Cidade de São Paulo.
Graduação: Licenciatura Plena em Pedagogia; Especialização em Arte; Especialização em Educação Infantil.
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cidadania. A Escola cidadã, então, é a escola levados ao aluno de modo que tais saberem
que viabiliza a cidadania de quem está nela e lhes permita compreender seu papel nessa
de quem vem a ela. Ela não pode ser uma engenhosa engrenagem social.
escola cidadã em si e para si. Ela é cidadã na As demandas a que o sistema de ensino e
medida mesma em que se exercita na seus alunos estão expostos mantem-se em
construção da cidadania de quem usa o seu constante modificação, como a própria
espaço. A Escola Cidadã é uma escola coerente sociedade mundial. Se antes o papel da
com a liberdade. É coerente com seu discurso educação se resumia a ensinar aos alunos os
formado, libertador. É toda escola que preceitos dos conhecimentos científicos
brigando para ser ela mesma, luta para que os construídos, hoje as mudanças ocorrem numa
educandos - educadores também sejam eles velocidade avassaladora, decorrentes das
mesmos. E, como ninguém pode ser só, a tecnologias da informação baseadas na
Escola Cidadã é uma escola de comunidade, de Internet e nas descobertas que ela viabiliza.
companheirismo. É uma escola de produção Como cita Schleicher apud Fadel “se antes os
comum do saber e da liberdade. É uma escola professores acreditavam que seus
que vive a experiência tensa da democracia ensinamentos eram para a vida toda”, hoje a
(FREIRE, 1996, p.38). escola precisa preparar o aluno para as
constantes transformações, para usar as
O PAPEL DA ESCOLA DE tecnologias que ainda estão porvir e os
problemas que o mundo ainda pode (ou não)
ONTEM E DE HOJE vir a enfrentar (2015, p.11).
Um dos paradigmas da educação moderna Se os conhecimentos avançados de
está centrado nos objetivos traçados, que determinada disciplina são importantes, as
devem atender as expectativas e necessidades pessoas com capacidade criativa e inovadora,
dos alunos, em conformidade com sua que em geral apresentam habilidades
formação cultural, respeitando sua história e especializadas em um campo do conhecimento
saberes adquiridos informalmente, mas que ou em uma prática, o que lhes facilita o
compõem a individualidade de cada pessoa. processo de aprendizagem continuada, são
Nesse sentido, a escola deve atentar-se para mais destacadas no processo de
que os projetos político-pedagógicos estejam desenvolvimento. Para a instituição, o sucesso
realmente em conformidade com a não está em reproduzir conhecimentos, mas
comunidade a que a instituição atende, sim em adequar esses conhecimentos
respeitando assim as peculiaridades e seus cientificamente construídos em situações
alunos. novas e atuais. E para o aluno, não basta
Para que a educação faça sentido para o demonstrar que compreendeu o que lhe foi
aluno, o projeto delimitado democraticamente transmitido, mas sim o que ele consegue
pelos colegiados que compõem a instituição transformar a partir do quer aprendeu.
devem atender as determinações legais que Em outras palavras, o mundo agora
especificam os parâmetros curriculares, sendo recompensa as pessoas não pelo seu
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na escola tradicional, a escola como conhecemos, sempre privilegiou o aluno capaz de
reproduzir o conhecimento como fora recebido, como p professor lhe transmitiu, ou seja, a
educação por memorização. Quanto maior a capacidade do aluno em reproduzir, nas provas,
atividades, trabalhos, etc., o que o professor ensinou e como o professor ensinou, “maior” seria
sua nota e melhor seria seu aproveitamento. Nesse modelo de escola, o aluno inovador,
questionador, crítico, encontrava grandes dificuldades e até mesmo alguns problemas, uma vez
que sua postura questionadora poderia ser interpretada como ‘indisciplina’.
Hoje a educação procura motivar seu aluno a correlacionar o que lhe foi ensinado à sua
realidade ou à sociedade, procurando extrapolar o conhecimento adquirido, demonstrando
assim pensamento crítico, criatividade e colaboração. A educação moderna percebe como
diferencial positivo a capacidade de inovação, de reconhecer e explorar as novas tecnologias em
prol do desenvolvimento cognitivo e social, em prol da construção de uma sociedade sustentável.
Não se concebe mais uma instituição de ensino fechada em seus objetivos,
desconsiderando sua comunidade, seu aluno e as mudanças do mundo moderno, onde os
projetos e planejamentos se mantém fragmentados em currículos isolados em uma única
disciplina, sem compreender que o conhecimento se constrói de modo coletivo. Citando
Scheleicher (2015), ‘o mundo também não está mais dividido em especialistas e generalistas. Os
especialistas têm habilidades profundas, um escopo limitado e seu conhecimento é reconhecido
pelos colegas, mas não valorizado fora de sua área. Por outro lado, os generalistas têm escopo
amplo, mas habilidades superficiais’. Merece destaque quem consegue associar ambas as
habilidades (generalista e especialista), pois apresenta maior versatilidade para aplicar
habilidades profundas em um escopo de situações e experiências que se expande
progressivamente, ganhando novas competências, construindo relações e assumindo novos
papéis.
Este modelo de educação, que privilegia a integração e interação entre o ensino, a
comunidade, a escola e o aluno, permite ao aluno se adaptar, aprender e crescer
constantemente, num mundo de transformações e mudanças contínuas. Esse indivíduo constrói
suas aprendizagens de modo coletivo, integrando seus saberes aos saberes do outro, aprendendo
a se posicionar frente às transformações do mundo moderno e as novas tecnologias, que são
construídas coletivamente. As grandes transformações e inovações, em geral, não é um esforço
isolado, de um único indivíduo, mas sim produto de um esforço coletivo, resultado de como nos
mobilizamos, compartilhamos e conectamos o conhecimento em prol de algo maior.
Nesse sentido, cabe às escolas prepararem seus estudantes para esse mundo coletivo, de
trocas culturais, de diversidade, perspectivas e valores coletivos. Não se concebe mais uma
educação conteudista, centrada e segmentada em conhecimentos cientificamente construídos
ao longo da história, imutáveis e estáticos. O conhecimento se transforma, como a sociedade se
transformou. É essencial, então, que as instituições de ensino e os sistemas de educação revejam
seus conceitos de educação crítica para uma escola realmente cidadã, que permita ao aluno
apoderar-se dos conhecimentos ali transmitidos em consonância com suas próprias raízes, com
sua própria cultura, com esse mundo moderno e transformado, com as tecnologias e toda a
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REFERÊNCIAS
BRASIL, Secretaria de Educação; Parâmetros curriculares nacionais: introdução aos
parâmetros curriculares nacionais / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília :
MEC/SEF, 1997.
FADEL, C.; BIALIK, M.; TRILLING, B.; Educação em quatro dimensões. Universidade de
Stanford: Instituto Airton Senna, 2015.
FREIRE, P.; Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo:
Editora Paz e Terra, 1996.
HAMSE, A.; Escola nova e o movimento de renovação do ensino. Barretos: UNIFEB, s.d.
Disponível em: <https://educador.brasilescola.uol.com.br/gestao-educacional/escola-nova.htm>
Data de Acesso: 30/07/2022.
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RESUMO: Este artigo intenta remontar as diversas transformações ocorridas na escrita musical
no século XX, enfatizando principalmente o repertório para percussão musical de forma geral.
Evidentemente que uma plêiade de compositores configuram forte destaque neste âmbito e,
neste sentido, faz-se necessário mencionar compositores que foram basilares, entre eles: Igor
Stravinsky, Arnold Schoenberg, Béla Bartók, Paul Hindemith, Carl Orff, Aaron Copland, Darius
Milhaud, Olivier Messiaen, Dmitri Schostakovich, Karlheins Stockhausen, Edgar Varèse, Pierre
Schaeffer, Iannis Xenakis, Pierre Boulez, bem como figuras brasileiras e latino-americanas
contidas nos nomes de Amadeo Roldán, José Ardével, Carlos Chávez, Alberto Ginastera, Hans-
Joachim Koellreutter, Marlos Nobre, Willy Corrêa de Oliveira, Rogério Duprat, Gilberto Mendes,
Flo Menezes, Ney Rosauro, entre inúmeros outros. Em detrimento do reduzido espaço deste
texto apenas alguns destes nomes serão apresentados, bem como os respectivos excertos
composicionais, mesmo porque, esta investigação objetiva exemplificar mudanças pontuais
ocorridas no repertório para percussão no século XX, abstendo-se do estado da arte que um texto
de maior porte poderia melhor desenvolver sobre este assunto.
1
Professor de Música/Piano no Conservatório Municipal de Socorro -SP (CMS).
Graduação: Performance musical em piano (UNESP). Atualmente: Doutorando em Performa nce Musical pela
UNESP (Orientado pelo Prof. Dr. Nahim Marun Filho e coorientado pelo Prof. Dr. Arthur Rinaldi Ferreira).
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devido às suas nuanças expressivas, preferindo padrões rítmicos aliados ao balé. Por sinal,
a articulação límpida dos sopros, percussão, uma das características marcantes da Sagração
piano e até pianola” (GROVE, 1994, p. 911). constitui-se por “suas pulsações propulsoras,
Stravinsky compôs um grande número de que marcaram uma mudança crucial na
obras para balés, demonstrando uma forte natureza da música ocidental” (GROVE, 1994,
característica rítmica em sua personalidade p. 911).
composicional, que inovou no emprego dos
Béla Bartók foi outro exemplo de compositor (1936), o compositor utiliza violinos, violas,
que utilizou a percussão de maneira peculiar, violoncelos, contrabaixo e harpa, bem como
embora sua escrita também fosse instrumentos de percussão compreendidos
notacionalmente tradicional. Em sua obra pelo xilofone, caixa, pratos, tam-tam, bumbo,
Música para Cordas, Percussão e Celesta tímpanos e celesta. A obra também inclui um
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Outra importante obra de Bartók onde a com esteiras, caixa sem esteiras, triângulo,
percussão desenvolve um papel de tam-tam, prato suspenso e par de pratos, e o
proeminência encontra-se na Sonata para dois segundo designado a tocar xilofone, bumbo,
pianos e percussão Sz.110, composta no ano de caixa com esteiras, caixa sem esteiras,
1937. Nesta obra, além dos dois pianos, utiliza- triângulo, tam-tam, prato suspenso e par de
se também dois percussionistas, sendo o pratos.
primeiro designado a tocar três tímpanos, caixa
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No que se refere a solos para percussão e dado às teorias ou aos sistemas, mas
orquestra na primeira metade do século XX, infinitamente receptivo aos mais diversos tipos
Darius Milhaud compôs o Concerto para de estímulos, que nele se convertem
percussão op.109 (1929), protagonizando a espontaneamente em expressão musical” (p.
percussão como instrumento solístico. Milhaud 713). Abaixo, um exemplo de excerto da grade
é descrito em Grout / Palisca (2007), como “um do Concerto para percussão Op.109
artista clássico pelo temperamento, pouco
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Desde então despontou-se uma plêiade de grupos de percussão que datam de 1959 a
obras para os mais diversos grupos 1964. Iannis Xenakis compreende outro
percussivos, especialmente após a primeira compositor que escreveu um número razoável
metade do século XX. Karlheins Stockhausen, de obras para grupo de percussionistas. Sua
por exemplo, dedicou muitas obras somente obra Persephassa for Six Percussionists (1969),
para grupos de percussão, compreendidas hoje foi encomendada em conjunto pelo Office de
em um livro com seu trabalho completo para Radiodiffusion Télévision Française (ORTF) e
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No final do século XX Pierre Boulez compõe movimentos (os movimentos são chamados
a obra Sur Incises. Boulez escreveu Sur Incises “Momento I” e “Momento II”) para três pianos,
alguns anos depois e dedicou a Paul Sacher em três harpas e três partes de percussão, que
seu aniversário de 90 anos. A obra foi lançada usam uma variedade de instrumentos de
em 30 de agosto de 1998 pelo Ensemble percussão afinados: vibrafone, marimba,
InterContemporain, regida por David glockenspiel, tambores de aço, sinos tubulares
Robertson no Usher Hall de Edimburgo. Esta e crotais. Aqui, os sons do piano em Incises são
peça dura cerca de quarenta minutos, sendo divididos em partes tocadas pelas harpas e
premiada com o Grawemeyer Award for Music percussão, e são distribuídos pelo espaço,
Composition, concedido pela Universidade de separando os três grupos na área de atuação.
Louisville. Baseada no material de Incises (para Esse tipo de “retrabalho” de uma peça anterior
piano – 1994), Sur Incises é um trabalho de dois é característico de Boulez.
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se usar a grafia tradicional, inclusive para o que contém sete páginas, sendo que cinco são
repertório voltado à percussão. Abaixo, segue de instruções em formato de bula para a sua
uma obra de Gilberto Mendes – Brillium C9 –, execução (notação roteiro).
Nesta peça o instrumentista deve, depois de realizam”). Outra referência à percussão nas
um período de silêncio, tocar uma citação de instruções: “O percussionista seleciona 12 sons
um tema popular conhecido, mas não diferentes para substituir as 12 notas do
necessariamente o tema completo, apenas quadro”. Também: “o mesmo executante pode
fragmentos. O compositor também dá gravar em fita magnética uma ou duas outras
liberdade aos intérpretes de realizar a qualquer execuções e utilizá-las como acompanhamento
momento um improviso – “total ou para a execução ao vivo” (STUANI, 2013).
unicamente rítmico” –, e fazer variações de Segue-se outro exemplo de notação com
fragmentação e montagem (apenas deve caráter composicional aleatório:
“ouvir o que os outros instrumentistas
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este texto intentou aferir algumas das características que, de certo modo, marcaram as
principais mudanças na grafia musical para percussão no decorrer do Século XX. Diante disso,
compositores e obras que não necessariamente empregaram mudanças diretas foram também
investigados, com a finalidade de melhor entender os processos das mudanças e pensamentos
musicais que nortearam o início do século XX. No mesmo sentido, obras com caráter orquestral
e de câmara tiveram um maior destaque, pois as mudanças estruturais na escrita musical dos
formatos amplos se refletem, via de regra, na escrita específica de uma esfera instrumental,
fomentando subsídios que corroboram também para o desenvolvimento de reflexões pontuais e
pormenorizadas.
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REFERÊNCIAS
GROVE. Dicionário Grove de música. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994.
GROUT, Donald J.; PALISCA, Claude V. História da Música Ocidental. Lisboa: Gradiva, 2007.
NASCIMENTO, Guilherme; ZILLE, Antonio B.; CANESSO, Roger. A Música dos Séculos 20 e
21. Barbacena: EdUEMG, 2014.
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RESUMO: Este artigo tem por objetivo, o de fazer uma abordagem disciplinar entre a Física no
que se refere à imagem real e virtual e à Gramática da Língua Portuguesa em relação aos
advérbios de lugar lá e cá baseados em uma notícia de jornal criminal.
1
Professor de Língua Portuguesa, Eletivas e Relações Sociais e Tecnológicas à Literatura
na Rede Estadual de São Paulo.
Graduação: Licenciatura em Letras pela Pontifícia Universidade Católica de São.
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Podemos finalizar esta parte afirmando que posição das três pessoas gramaticais e como
a imagem real é aquela que aparece por inteira elas podem ocorrer na oração, conforme
sem corte, ao passo que a virtual já corta como apresentado por Nunes (1942). Verifiquemos:
é o caso da segunda, isto é, vemos com o 1ª pessoa: eu, nós……. aqui, cá
espelho refletido atrás. 2ª pessoa: tu, você, vós, vocês……. lá, aí
3ª pessoa: ele, eles etc. lá ali (BECHARA,
OS ADVÉRBIOS DE LUGAR CÁ E 2005, p, 81)
Essa abordagem pode ser melhor
LÁ compreendida nos exemplos apresentados
Segundo Infante (1999, p.344), “[…] em pelo próprio gramático a seguir:
Jesus e Souza (2019, p. 4), a classe gramatical Eu cá desejo que você passe.
dos advérbios tem sido objeto de muitos Você lá sabe como vai proceder.
estudos e discussões entre linguistas e
gramáticos”. Para o autor, isso ocorre porque
muitas palavras tradicionalmente classificadas
REPORTAGEM CASO ESCOLA
como advérbios vêm sendo segundo ele, BASE: A MENTIRA QUE ABALOU
aproximada de outras classes gramaticais. Para O BRASIL EM 1994
demonstrar o quanto alguns advérbios sofrem
Entenda como a mídia serviu de juiz, júri e
transformações, o gramático traz como
carrasco num caso em que os donos de uma
exemplo a partícula lá e aqui, que segundo o
escola foram acusados de molestar e praticar
autor, assemelham-se em muitos aspectos aos
orgia com crianças
pronomes.
Vinícius Buono Publicado em 11/06/2020,
Bechara (2005), em Jesus e Souza (2019, p.
ÀS 10H15 - Atualizado às 10H16
4), por seu turno, traz alguns exemplos do que
Era o início do ano de 1994. Março,
ele denominou como advérbios de base
precisamente. O Brasil ainda era tricampeão
pronominal, ou seja, aqueles que
mundial de futebol e Ayrton Senna ainda voava
desempenham, na oração, papéis sintáticos ou
baixo nos circuitos da Fórmula 1.
particularidades próprias de nomes e
Em São Paulo, o ano letivo havia acabado de
pronomes, por exemplo:
começar para a escola de Educação Infantil
Aqui é ótimo para saúde.
Base, no bairro da Aclimação, em São Paulo.
O locativo aqui, nessa proposta de análise, é
Tudo corria normalmente até o dia em que
considerado como uma partícula de base
Lúcia Eiko Tanoue e Cléa Parente de Carvalho
pronominal, com o valor de “esse lugar” e
notaram comportamentos estranhos em seus
funciona como sujeito em sentenças como (1).
filhos, estudantes da instituição, e se dirigiram
Considerado pelas gramáticas tradicionais
à delegacia para prestar queixa contra seis
como advérbios de lugar, os advérbios aqui, cá,
pessoas relacionadas ao colégio.
ali, lá são classificados por Bechara (2005),
De acordo com as mães, os donos da escola,
como advérbios demonstrativos e, segundo o
Icushiro Shimada e Maria Aparecida Shimada,
autor, essa classe gramatical determinam a
a professora Paula Milhim Alvarenga e seu
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depoimentos de outras pessoas como pelos holofotes, estava sendo ouvida pelos
funcionários do colégio e pais de outros alunos veículos da mídia.
em defesa dos acusados. Toda a história lançou uma luz nos poderes
Em junho, três meses depois, os suspeitos e responsabilidades da imprensa, e a discussão
foram inocentados pelo delegado Gérson de acerca da destruição de reputações se tornou
Carvalho, um dos que assumiram a mais séria do que jamais foi. Com o advento da
investigação. No entanto, o estrago já estava Internet, onde nunca foi tão fácil manchar a
feito. Os danos psicológicos e morais aos imagem de alguém por qualquer coisa, o
acusados eram enormes, além, é claro, dos ocorrido na Escola Base serve como um bom
materiais. Os inúmeros gastos com o processo paradigma do que fazer e, principalmente, do
deixaram as finanças de todos completamente que não fazer nesse tipo de situação.
arruinadas.
Os meios de comunicação foram acusados ANÁLISE
de não retratar a verdade de fato, declarando,
Ao lermos esta notícia, podemos dizer que
apenas, que as investigações foram encerradas
foi uma violência enorme feita com a
por falta de provas, sem necessariamente dizer
professora, o motorista e os donos da
que os acusados eram inocentes. Diversos
Escolinha de Base, esta localizada, no bairro da
processos foram movidos contra o Estado e a
Aclimação em São Paulo.
mídia. Maria e Icushiro faleceram sem receber
Nós podemos enxergar a que ponto chega
todo o dinheiro que lhes era devido, ela de
imaginação do ser humano em termos de
câncer em 2007 e ele de infarto em 2014.
maldade. Duas mães que foram à delegacia dar
Paula nunca mais conseguiu trabalhar como
queixa porque notaram comportamento
professora, pois ficou marcada como
estranho nos filhos e tiveram certeza de que as
abusadora de crianças. Ela e o marido,
crianças estavam sofrendo de abusos sexuais
Maurício, se divorciaram em virtude das
pelos que trabalhavam na Escolinha de Base.
dívidas e da paranoia incontrolável que o rapaz
O pior é que não satisfeitas com o lado de
desenvolveu após o caso. Saulo e Mara, como
que não comprovava a tese de acusação, estas
os outros, também enfrentaram problemas
mães, foram à televisão, na Rede Globo, a fim
financeiros. Richard, mesmo após a conclusão,
de denunciar o caso, uma vez que quiseram
passou anos angariando recursos para mostrar
que o caso fosse verdadeiro.
que ele era, de fato, inocente.
É certo que a equipe de jornalismo da
O caso da Escola Base se tornou objeto de
emissora, assim como o fotógrafo que passou
estudo em diversos campos e cursos como
as fotos para o jornal Notícias Populares vai dar
jornalismo, psicologia e direito. A cobertura da
a notícia, visto que é fonte de informação,
imprensa foi completamente parcial e
audiência, ou melhor, um comércio.
monofônica, com os envolvidos sendo
O tempo faz com que a verdade seja
crucificados sem nenhum direito de resposta e
revelada decerto. Por isto, com o empenho do
apenas a voz do delegado, que se deixou levar
advogado do estabelecimento escolar além do
afastamento do delegado que atendeu as mães
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dos casos, o laudo feito pelo Instituto de com o espelho e não a virtual, revelamos,
Medicina Legal se mostrou ilógico, isto é, não aquela atrás do espelho. Acrescentamos mais
havia prova alguma sobre este crime. revelando que o que acontece cá, ensinamos,
Foi comprovada, de fato, a inocência de na nossa frente e em nossa direção pode não
todos os acusados, porém tiveram suas vidas ser a mesma que acontece lá, por exemplo,
destruídas tendo depressão, perdendo as seja atrás de nós, seja em outro local.
finanças, a professora e o motorista se
divorciando por dívidas, esta profissional da
educação sem emprego e os donos da escola
com a perda de todos os investimentos, uma
vez que tiveram de gastar para provar que não
eram culpados.
Esta e outras acusações a pessoas inocente
nos fizeram perceber o quanto existem
pessoas muito más capazes de agir sem pensar
como foi o caso destas mães. Além do mais,
com todos, pode acontecer o mesmo
profissionalmente, ou seja, por colegas de
trabalho, clientes, funcionários, daí para mais
ou pessoalmente por familiares, amigos.
Na verdade, estas mães deveriam como
punição não só ir à televisão pedir desculpas a
todos como também ora pagar danos morais e
materiais a todos, ora prestar serviços à
comunidade.
Agora, o porquê de uma delas sofrer de
intestino preso, ter um estresse ao ponto de
destruir vidas, nada justifica. Por isto, a pena
desta deveria ser ainda maior.
Chegamos à conclusão fazendo a afirmação
de que nunca devemos criar situações
maldosas a respeitos dos outros apesar não
gostar das pessoas, na medida em que da
mesma forma que estas mães destruíram
vidas, nós podemos tanto fazer semelhante
quanto receber.
Nós podemos estar certos de que nós
devemos nos basear pela imagem real,
mostramos, aquela que está na nossa frente
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao concluir este artigo, revemos nossos objetivos expostos na introdução. Confiamos tê-
los alcançado na proporção em que investigamos a importância de se ensinar a
interdisciplinaridade entre a Física e a Gramática da Língua Portuguesa. Confiamos tê-los
alcançados, já que foi mostrado no final a relação da imagem real e virtual na Física com os
advérbios de lugar: cá e lá da Gramática da Língua Portuguesa.
Verifica-se o quanto é importante a disciplina de Física em se tratando do assunto imagem
real e virtual. Também a Gramática da Língua Portuguesa quanto aos advérbios de lugar, no caso,
lá e cá.
Fizemos esta análise não apenas com o objetivo de ficar na teoria, bem como,
compreender que a as disciplinas de Física e Gramática da Língua Portuguesa são importantes
para a prática diária, ou melhor, para refletirmos por meio das notícias de jornais tão bem.
Sabemos que a imagem real em Física é aquela que vemos perto de nós, ou seja, à frente
do espelho, enquanto a virtual, atrás do espelho. Já o os advérbios de lugar para o gramático
Bechara, são demonstrativos, uma vez que revelam os acontecimentos.
Estamos certos de que é possível ensinar Física e Gramática da Língua Portuguesa de modo
interdisciplinar, todavia o assunto não se esgota neste artigo, tendo em vista que é necessário
mais pesquisas e o estudo em outros textos.
Contudo aqui, acreditamos ter dado uma boa contribuição para o estudo da Física com a
Gramática da Língua Portuguesa em relação ao tema interdisciplinaridade.
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REFERÊNCIAS
CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. - São Paulo -
SP: Companhia Editora Nacional - 2020.
DIAS, Fabiana. Área da física que estuda os fenômenos relacionados à luz. Publicado em
20/07/2020. Disponível em: << https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/fisica/optica >>.
Acessado em 22/07/2022.
HELERBROCK, Rafael. "Diferenças entre imagens reais e virtuais"; Brasil Escola. Disponível
em: https://brasilescola.uol.com.br/fisica/diferencas-entre-imagens-reais-virtuais.htm. Acesso
em 24 de julho de 2022.
JESUS, Mirian Valverde & Souza Valéria Viana. Funcionalidade da Categoria Gramatical
Advérbio: Um olhar na Tradição Gramatical e na Tradição Linguística. Id on Line Rev. Mult.
Psic. V.13, N. 44, p. 683-699, 2019 - ISSN 1981-1179. Disponível em: <<
https://idonline.emnuvens.com.br/id/article/viewFile/1649/2420>>. Acessado em 22/07/2022.
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
RESUMO: Este trabalho em como objetivo analisar a função do professor em Gramsci (2011),
Roldão (2007) e Facci (2004). Para tanto recorreu-se às categorias fundamentais destes autores,
assim como aos autores que os fundamentam. Recorreu-se ao pensamento materialista dialético
para organizar as categorias do trabalho. Identificou-se que o professor deve ser compreendido
como um intelectual orgânico à classe trabalhadora, um sujeito que constitua sua
profissionalidade articulada às demandas latentes pela qualidade da educação brasileira, e por
fim um trabalhador que possui um conhecimento científico e pedagógico sólido sendo sujeito e
não mero espectador do trabalho educativo.
1 Professora de Educação Física no Instituto Federal de Goiás – Campus Formosa. Graduada em Educação Física
e Mestra em Educação pela UFG.
2 Professor de Educação Física do IFG Campus Inhumas e orientador no Programa de Pós-graduação em Educação
Profissional e Tecnológica do IFG. Graduado em Educação Física pela UFG e Doutor em Educação pela PUC-Go.
Membro do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação e Ciências.
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atenção dos professores e dos alunos mais cultura que ele representa e o tipo de
avançados, que se já responsabilidade dos mais sociedade e cultura representado pelos alunos;
velhos e do estado conformar os sujeitos, e que e é também consciente de sua tarefa, que
ainda nesta fase da escola sejam ensinados: a consiste em acelerar e disciplinar a formação
autonomia, a curiosidade científica, a criação e da criança conforme o tipo superior em luta
inovação, ou seja, a autonomia em todos os com o tipo inferior (GRAMSCI, 2011, p. 44).
campos da vida. O professor é sujeito no processo de ensino
Compreendendo tais aspectos, podemos e aprendizagem responsável por acelerar, por
afirmar que para este autor o professor frente sua mediação didático-pedagógica, a
à aprendizagem “exerce apenas uma função de aprendizagem dos alunos, porém, esta
guia amigável (GRAMSCI, 2011, p.40)”. Não aceleração se dá com base nos conhecimentos
porque Gramsci compreende o trabalho do historicamente produzidos em um estreito
professor como esvaziado ou com sentido de nexo com a vida social, revelando os nexos
animação dos alunos, mas porque o autor constitutivos da vida promovendo no aluno
compreende que a autonomia dos alunos deve uma aprendizagem que leve à autonomia.
ser construída de modo que envolva os Tal concepção de função docente e de
discentes com interesse e autonomia nas formação dos alunos é imprescindível na
atividades de formação. formação de novos intelectuais, especialmente
Sendo assim para este autor o professor é os que organicamente estão comprometidos
responsável por conduzir, daí a ideia de guia, e com uma contra hegemonia em direção a uma
a construir as possibilidades dos alunos se hegemonia das classes subalternas.
apropriarem dos conhecimentos da vida social, O modo de ser do novo intelectual não pode
que envolvem não só conhecimentos mais consistir na eloquência, motor exterior e
científicos, mas, que toma estes como base momentâneo dos afetos e das paixões, mas
para construir os conhecimentos laborais, numa inserção ativa na vida prática, como
morais e políticos. À semelhança desta ideia, construtor, organizador, “persuasor
Gramsci irá afirmar que o corpo docente deve permanente”, já que não apenas orador puro –
ser uma vanguarda no sentido de desenvolver mas superior ao espírito matemático abstrato;
esse modelo de educação completa e da técnica-trabalho, chega à técnica-ciência e à
complexa, articulando a instrução concepção humanista histórica, sem a qual
(conhecimentos científicos historicamente permanece “especialista” e não se torna
produzidos) e a própria vida. “dirigente” (especialista+político) (GRAMSCI,
Em síntese utilizaremos as palavras do autor 2011, p.53).
para apontar a função docente: Finalizamos nossas interpretações da função
Por isso, pode-se dizer que, na escola, o nexo docente em Gramsci apontando uma fala do
instrução-educação somente pode ser autor que expressa a necessidade imperativa
representado pelo trabalho vivo do professor, da identidade de professores com a classe
na medida em que o professor é consciente dos trabalhadora:
contrastes entre o tipo de sociedade e de
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como podemos perceber o professor, sua função e características na sociedade manifesta
uma dinâmica contraditória em que determinados momentos ela é caracterizado como agente
das transformações e em determinados momentos apenas um espectador de luxo.
Compreendemos que a ação do professor no processo educacional, com maior ou menor
protagonismo, é fruto das dinâmicas contraditórias de classe e da busca por uma hegemonia. Tais
contradições ganham tamanho corpo que em alguns momentos convence até mesmo os
professores a em determinados momentos assumirem uma postura subalterna.
É necessário perceber que os professores constituem uma categoria de intelectuais que
não é completamente homogênea. Percebemos o movimento de professores que estão em um
nível mais elevado no processo educacional, pensando e dirigindo as ações e em contrapartida
um número muito maior do que os primeiros executando e administrando os conhecimentos
organizados pelos primeiros.
O professor, em especial deve estar para além das concepções que esvaziam sua ação. O
professor como intelectual deve comprometer-se com a humanização dos homens por meio da
apropriação dos conhecimentos mais ricos e desenvolvidos que historicamente formam
produzidos pela humanidade.
Para que o movimento acima seja possível de maneira plena é necessário que o professor
seja reconhecido como um intelectual que se articule organicamente com sua classe. É também
necessário que ele seja dotado de um conhecimento refinado, não só da especificidade da
disciplina que ele escolheu para ensinar, mas também, possua um domínio técnico-didático
rigoroso, com uma postura meta-analítica que articule os saberes que possui com saberes amplos
sobre a ação docente e o lugar da educação na sociedade contemporânea, e que seja alimentado
e realimentado de um questionamento intelectual da sua ação, de interpretação permanente.
Assim, o professor é um intelectual que possui um conhecimento compósito e
heterogêneo, que deve estar comprometido com o desenvolvimento dos alunos em direção à
riqueza humana produzida historicamente de modo a desenvolver as funções psicológicas
superiores dos sujeitos.
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REFERÊNCIAS
FACCI, M. G. D. Valorização ou esvaziamento do trabalho do professor?: um estudo crítico
comparativo da teoria do professor reflexivo, do construtivismo e da psicologia vygotskiana.
Campinas: Autores Associados, 2004.
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RESUMO: O presente artigo tem como tema a história da arte no mundo. O método adotado na
formulação deste trabalho, encontra-se em concordância com a proposta de estudo, a qual
encontra-se adequada por meio dos objetivos a serem alcançados. O desenvolvimento da ciência
tem como base o alcance de resultados que permite validar hipóteses sobre determinado
acontecimento ou fato, presente na sociedade ou não Assim, o objetivo geral deste trabalho
buscará apresentar a história da arte e sua influência no mundo. Os objetivos específicos
buscarão apresentar o surgimento da arte, destacar a história da arte moderna ao longo dos
anos e períodos marcantes da humanidade e também apresentar a influência exercida pela arte
na sociedade. Por fim, o presente trabalho deixa o tema em aberto, propondo que no futuro se
realize uma nova pesquisa, com a finalidade de contextualizar os temas aqui abordados.
Juntamente com esta nova pesquisa, sugere-se a realização de um estudo de caso, para o qual
propõe-se uma análise entre os tipos de arte e seu atual impacto social.
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fé cristã e o humanismo deram lugar ao combinadas com paletas de cores ricas (RUPP,
maneirismo (ARGAN, 2001). 2010).
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utilizou elementos clássicos em suas esculturas novo interesse em capturar com precisão a
de mármore, mas evitou a artificialidade fria vida cotidiana. Essa atenção à precisão é
que era representada em muitas dessas evidente na arte produzida durante o
primeiras criações (ARGAN, 2001). movimento, que apresentava representações
detalhadas e realistas do assunto. Um dos
ROMANTISMO (1780-1850) líderes mais influentes do movimento realista é
Gustave Courbet , um artista francês
O romantismo incorpora uma ampla gama
comprometido em pintar apenas o que
de disciplinas, da pintura à música e literatura.
pudesse ver fisicamente (SILVA, 2006).
Os ideais presentes em cada uma dessas
formas de arte rejeitam a ordem, a harmonia e
a racionalidade, que eram adotadas tanto na ART NOUVEAU (1890–1910)
arte clássica quanto no neoclassicismo. Em vez Art Nouveau , que se traduz como “Nova
disso, os artistas românticos enfatizaram o Arte”, tentou criar um movimento
individual e a imaginação. Outro ideal inteiramente autêntico, livre de qualquer
romântico definidor era a apreciação da imitação de estilos que o precedeu. Este
natureza, com muitos se voltando para a movimento influenciou fortemente as artes
pintura ao ar livre, que tirou os artistas de aplicadas, gráficos e ilustração. Concentrou-se
interiores escuros e permitiu que pintassem do no mundo natural, caracterizado por linhas e
lado de fora. Os artistas também se curvas longas e sinuosas (HOLM, 2005).
concentraram na paixão, emoção e sensação Artistas influentes da Art Nouveau
acima do intelecto e da razão (NEUWBERY, trabalharam em uma variedade de mídias,
2005). incluindo arquitetura, design gráfico e de
Pintores românticos proeminentes incluem interiores, joalheria e pintura. O designer
Henry Fuseli, que criou pinturas estranhas e gráfico tchecoslovaco Alphonse Mucha é mais
macabras que exploraram os recessos conhecido por seus pôsteres teatrais da atriz
sombrios da psicologia humana, e William francesa Sarah Bernhardt. O arquiteto e
Blake , cujos misteriosos poemas e imagens escultor espanhol Antoni Gaudi foi além do
transmitiam visões místicas e seu foco em linhas para criar construções curvas e
desapontamento com as restrições sociais coloridas como a da Basílica da Sagrada Família
(STANGOS, 2000). em Barcelona (CAUQUELIN, 2005).
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situações como salões de dança e regatas em caracterizado pelo uso expressivo de cores
veleiros, em vez de eventos históricos e intensas, linhas e pinceladas, um senso ousado
mitológicos (ARGAN, 2001). de design de superfície e composição plana
Claude Monet, um artista francês que (MAMMÌ, 2012).
liderou a ideia de expressar as percepções de Como visto em muitas das obras do próprio
alguém diante da natureza, é virtualmente Matisse, a separação da cor de seu propósito
sinônimo do movimento impressionista. Suas descritivo e representacional foi um dos
obras notáveis incluem The Water Lily Pond elementos centrais que moldaram esse
(1899), Woman with a Parasol (1875) e movimento. O fauvismo foi um importante
Impression, Sunrise (1872), de onde deriva o precursor do cubismo e do expressionismo
nome do próprio movimento. (NEUWBERY, 2005).
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tradicionais; em vez disso, eles criaram objetos espontaneidade e a improvisação para criar
radicalmente fragmentados por meio da obras de arte abstratas. Isso incluía obras em
abstração . Muitas obras dos pintores cubistas escala colossal cujo tamanho não podia mais
são marcadas por superfícies planas e ser acomodado por um cavalete. Em vez disso,
bidimensionais, formas geométricas ou as telas seriam colocadas diretamente no chão
“cubos” de objetos e vários pontos de (BENJAMIN, 2012).
observação. Frequentemente, seus assuntos Os célebres pintores expressionistas
nem eram discerníveis (BARROS, 2003). abstratos incluem Jackson Pollock , conhecido
por seu estilo único de pintura gota a gota, e
SURREALISMO (1916-1950) Mark Rothko , cujas pinturas empregam
grandes blocos de cor para transmitir um senso
O surrealismo emergiu do movimento de
de espiritualidade (NEUWBERY, 2005).
arte Dada em 1916, exibindo obras de arte que
desafiavam a razão. Os surrealistas
denunciaram a mentalidade racionalista. Eles OP ART
atribuíram a culpa desse processo de (DÉCADA DE 1950 A 1960)
pensamento a eventos como a Primeira Guerra
Aumentado por avanços na ciência e
Mundial e acreditaram que ele reprimia os
tecnologia, bem como um interesse em efeitos
pensamentos imaginativos. Os surrealistas
ópticos e ilusões, o movimento Op art
foram influenciados por Karl Marx e teorias
(abreviação de arte “óptica”) foi lançado com
desenvolvidas por Sigmund Freud, que
Le Mouvement , uma exposição coletiva na
explorou a psicanálise e o poder da imaginação
Galerie Denise Rene em 1955. Artistas ativos
(HOLM, 2005).
neste estilo usou formas, cores e padrões para
Artistas surrealistas influentes como
criar imagens que pareciam estar em
Salvador Dalí usaram a mente inconsciente
movimento ou desfocadas, geralmente
para retratar revelações encontradas na rua e
produzidas em preto e branco para o contraste
na vida cotidiana. As pinturas de Dalí, em
máximo. Esses padrões abstratos pretendiam
particular, combinam sonhos vívidos e bizarros
confundir e excitar os olhos (SILVA, 2006).
com precisão histórica (CAUQUELIN, 2005).
A artista inglesa Bridget Riley é uma das mais
proeminentes praticantes da Op Art. Seu
EXPRESSIONISMO ABSTRATO trabalho artístico de 1964, Blaze, apresenta
(1940-1950) linhas em zigue-zague em preto e branco que
criam a ilusão de um decote circular
Moldado pelo legado do Surrealismo, o
(CAUQUELIN, 2005).
Expressionismo Abstrato surgiu em Nova York
após a Segunda Guerra Mundial. Muitas vezes
é chamada de Escola de Nova York ou pintura
de ação . Esses pintores e escultores abstratos
romperam com o que era considerado
convencional e, em vez disso, usaram a
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Joseph Kosuth explorou a produção e o papel O primeiro artista moderno de respeito foi
da linguagem na arte, como visto em One and Gustave Courbet, que em meados da década d
Three Chairs , de 1965 . Nele, ele representa século 19 procurou desenvolver seu próprio
uma cadeira de três maneiras diferentes para estilo distinto. Isso foi alcançado em grande
representar diferentes significados do mesmo parte com sua pintura de 1849-1850, Enterro
objeto. Como esse tipo de arte focava em em Ornans, que escandalizou o mundo da arte
ideias e conceitos, não havia estilo ou forma francesa ao retratar o funeral de um homem
distinta (NEUWBERY, 2005). comum de uma aldeia camponesa
(NEUWBERY, 2005).
ARTE CONTEMPORÂNEA A Academia arrepiou-se com a imagem de
trabalhadores agrícolas sujos em torno de uma
(1970-PRESENTE) cova aberta, pois apenas mitos clássicos ou
A década de 1970 marcou o início da arte cenas históricas serviam de objeto para uma
contemporânea, que se estende até os dias pintura tão grande. Inicialmente, Courbet foi
atuais. Este período é dominado por várias excluído por seu trabalho, mas ele acabou
escolas e movimentos menores que surgiram provando ser altamente influente para as
(SILVA, 2006). gerações subsequentes de artistas modernos.
TEMAS E CONCEITOS DE ARTE MODERNA Esse padrão geral de rejeição e influência
posterior foi repetido por centenas de artistas
• Artistas Modernos na era moderna (RUPP, 2010).
A história da arte moderna é a história dos
principais artistas e suas realizações. Os artistas
MOVIMENTOS DE ARTE
modernos têm se esforçado para expressar
suas visões do mundo ao seu redor usando MODERNA
meios visuais. Embora alguns tenham A disciplina da história da arte tende a
vinculado seu trabalho a movimentos ou ideias classificar os indivíduos em unidades de
anteriores, o objetivo geral de cada artista na artistas afins e historicamente conectados,
era moderna era avançar sua prática para uma designados como os diferentes movimentos e
posição de pura originalidade (STANGOS, "escolas". Essa abordagem simples de
2012). estabelecer categorias é particularmente
Certos artistas se estabeleceram como adequada, pois se aplica a movimentos
pensadores independentes, aventurando-se centralizados com um objetivo singular, como
além do que constituíam formas aceitáveis de impressionismo, futurismo e surrealismo
"alta arte" na época, endossadas pelas (TEBOLA, 2000).
academias estatais tradicionais e pelos Por exemplo, quando Claude Monet exibiu
patrocinadores de classe alta das artes visuais. sua pintura Impression, Sunrise (1872), como
Esses inovadores descreviam assuntos que parte de uma exposição coletiva em 1874, a
muitos consideravam indecentes, controversos pintura e a exposição como um todo foram mal
ou até mesmo feios (CANÁRIO, 2006). recebidas. No entanto, Monet e seus colegas
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designado, mas marca o fim da periodização do percepção das pessoas. A forma como a arte é
modernismo (ARGAN, 2001). percebida mudou muito ao longo dos anos,
Pós-modernismo é a reação ou uma assim como a aceitação de um certo tipo de
resistência contra os projetos do modernismo, arte. De muitas maneiras, a arte pode afetar e
e começou com a ruptura de representação aprimorar o eu e ser um mediador, trazendo
que ocorreu no final da década de 1960. O mudanças maiores, sejam elas positivas ou
modernismo tornou-se a nova tradição negativas. Por isso às vezes torna-se necessário
encontrada em todas as instituições contra as ver que o que sai como arte não é uma
quais se rebelou inicialmente. Os artistas pós- indignação (PEREIRA, 2010).
modernos procuraram exceder os limites Algumas das maneiras pelas quais a arte
estabelecidos pelo modernismo, influencia a sociedade:
desconstruindo a grande narrativa do i. O conhecimento visual do ambiente por
modernismo, a fim de explorar códigos meio de pinturas e outras formas de arte visual,
culturais, política e ideologia social dentro de como a arte de rua (e outras formas), tenta
seu contexto imediato (SILVA, 2006). realçar o eu interior e questionar, às vezes as
É esse engajamento teórico com as diferenças entre uma e outra. Pede respeito a
ideologias do mundo circundante que diferença e reconhecê-la com graça (GIDDENS,
diferencia a arte pós-moderna da arte 2002).
moderna, além de designá-la como uma faceta ii. As esculturas e as obras de arte
única da arte contemporânea. Os recursos tridimensionais dão uma sensação da presença
frequentemente associados à arte pós- de algo que se pode notar, mas a expressão
moderna são o uso de novas mídias e disso pode ser difícil. As esculturas geralmente
tecnologias, como o vídeo, bem como a técnica retratam as escolhas, os sentimentos internos
de bricolagem e colagem, a colisão de arte e e muito mais. Os vários materiais usados nas
kitsch, e a apropriação de estilos anteriores esculturas têm significados diferentes,
dentro de um novo contexto. Alguns variando com os seus usos. O tipo de material
movimentos comumente citados como pós- que está na obra de arte também ajuda a
modernos são: Arte conceitual, arte feminista, entender o pensamento mais profundo por
arte de instalação e arte performática trás dela (GIDDENS, 2002).
(BARROS, 2003). iii. Obras de arte tradicionais como
Madhubani e muitas outras nos contam e nos
INFLUÊNCIA DA ARTE NA ensinam sobre as várias comunidades que
existem e praticam as obras de arte. Sua arte é
SOCIEDADE sua identidade. Representa sua cultura, etnia e
A arte evolui de acordo com o contexto ao ética, o que é extremamente importante,
redor e também desempenha um papel principalmente nos tempos de hoje, em que se
importante na elevação progressiva da está perdendo o contato com as tradições, por
sociedade. Muitos movimentos artísticos isso deve-se atenta ao que se passou ou o que
durante diferentes épocas, mudaram a
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deve ser preservado, e contar as histórias que humanas ou as relações homem-natureza são
devem ser contadas (GIDDENS, 2002). os pilares do conhecimento e da inspiração
Assim, se refere a cantores que se lançaram (PEREIRA, 2010).
pelo site do YouTube , atores de stand-up Na sociedade moderna, esse domínio se
comedy, escritores que trabalham em serviços funde com a tecnologia, criando obras-primas
que auxiliam nas atribuições de enfermagem, que, há pouco tempo, ultrapassaram os limites
expressando sua criatividade por meio de do pensamento humano. Os filmes artísticos e
artigos, artistas gráficos que têm a a arte digital melhor demonstram essa
oportunidade de expor os seus trabalhos em suposição por meio dos efeitos especiais que,
plataformas online e também, por último mas antes, não poderiam ter transposto a realidade
não menos importante, fotógrafos que gozam tão bem como hoje. Além disso, é possível ver
de notoriedade pelo rápido acesso do grande como, graças ao acesso à Internet, se
público às suas obras (PEREIRA, 2010). possibilitou apreciar, visualizar e compartilhar
i. Artforms também são os principais com os outros a beleza da criação (GIDDENS,
responsáveis por criar consciência sobre 2002).
questões sociais e envolver o público para Além do mais, os artistas podem construir
reuni-los por uma causa social. As Artes sua reputação e obter seus salários por meio da
Gráficas e Digitais, quando utilizadas para tecnologia. Muitas pessoas criativas e
confecção de cartazes ou propaganda, buscam talentosas foram descobertas no ambiente
apresentar um pensamento, disponibilizando- online e muitas delas continuam a melhorar
o para interpretação aberta (GIDDENS, 2002). seu histórico por meio de documentação
A arte, embora aberta, também influencia rápida e eficaz que a evolução criou.
de certa forma e proporciona uma ampla gama
de pensamentos e um meio por excelência
para trazer mudanças, lentamente, mas com as
raízes.
Com o tempo, a sociedade desfrutou de
várias áreas de evolução cultural, como
pintura, gráfica, escultura, arquitetura, teatro,
dança, cinema, música, literatura, mas com o
desenvolvimento da tecnologia a apresentação
e a forma como esses elementos foram
mostrados também foram modificados .
Simultaneamente ao início do Modernismo,
surgiram outros tipos de arte: fotografia,
videoarte, arte midiática.
Assim, chegou ao ponto em que a arte
apresenta a beleza em todas as suas formas, e
onde o homem, a natureza e as relações
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho teve como tema a história da arte no mundo. O método adotado na
formulação deste trabalho, encontra-se em concordância com a proposta de estudo, a qual
encontra-se adequada por meio dos objetivos a serem alcançados. O desenvolvimento da ciência
tem como base o alcance de resultados que permite validar hipóteses sobre determinado
acontecimento ou fato, presente na sociedade ou não.
Por meio desta pesquisa, pode-se entender e compreender a importância e relevância que
a arte tem para a sociedade, não somente como provedora de entretenimento e distrações, mas
como uma ferramenta de fornecer e desenvolver cultura e valor intelectual. Como visto neste
trabalho a arte moderna vem se desdobrando ao longo dos anos trazendo novos conceitos e
novas formas de expressão, seja elas visuais, auditivas e intelectuais.
A arte influencia a sociedade mudando opiniões, incutindo valores e traduzindo
experiências por meio do espaço e do tempo. A pesquisa mostrou que a arte afeta o sentido
fundamental do eu. Pintura, escultura, música, literatura e outras artes são frequentemente
consideradas como o repositório da memória coletiva de uma sociedade. A arte preserva o que
os registros históricos baseados em fatos não podem: como é a sensação de existir em um
determinado lugar em um determinado momento.
Pode-se concluir também que a arte moderna é extremamente essencial para o futuro da
sociedade, pois por meio dela, muitas culturas vem se definindo e se caracterizando de uma
forma única, e indivisível. A arte moderna tem em sí uma grande representatividade o que ao
longo dos anos vem se firmando com características peculiares e definitivas.
Por fim, o presente trabalho deixa o tema em aberto, propondo que no futuro se realize
uma nova pesquisa, com a finalidade de contextualizar os temas aqui abordados. Juntamente
com esta nova pesquisa, sugere-se a realização de um estudo de caso, para o qual propõe-se uma
análise entre os tipos de arte e seu atual impacto social.
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REFERÊNCIAS
ARGAN, Giulio História da arte. Companhia de letras. 2001.
ARSLAN, Luciana Mourão & IAVELBERG, Rosa - Ensino de Arte. Editora: Thomson Pioneira,
2006;
CAUQUELIN, Anne. Arte contemporânea: uma introdução. São Paulo: Martins, 2005.
GIDDENS, Anthony. Modernidade e identidade. Trad. Tomaz Tadeu da Silva e Guacira Lopes
Louro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002.
MAMMÌ, Lorenzo. O que resta: arte e crítica de arte. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
PEREIRA, S. G. A arte no Brasil no século XIX e início do XX. In: OLIVEIRA, M. A. R. D.;
PEREIRA, S. G.; LUZ, A. A. HISTÓRIA DA ARTE NO BRASIL: Textos de síntese. 2ª. ed. Rio de
Janeiro: Editora UFRJ, 2010. p. 59-98.
SCHILICHTA, Consuelo A.B. Duarte. Artes Visuais e Música. IESDE/BR 2004.208p 84 IESDE
BRASIL S.A Homem Cultura e Sociedade_ Curitiba, 2003 110 p
SILVA, José Custódio Vieira da. A Imagem. Memória e Poder. Rev. nº. 7 2006.
STANGOS, Nikos, Conceitos da Arte Moderna. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000.
SYLVESTER, David- Sobre a Arte Moderna. São Paulo, Editora: Cosac Naify, 2006;
TEBOLA, L.M. Arte, Cultura, Educação e Trabalho. Brasília, 2000. Federação Nacional das APAES
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A IMPORTÂNCIA DA ALIMENTAÇÃO
SAUDÁVEL NA VIDA ESCOLAR
Clice Jarussi Correa de Castro1
RESUMO: O presente artigo foi elaborado a partir de uma eletiva de nutrição; desenvolvida na
escola, onde por meio do mesmo, foi transmitido a importância sobre a alimentação saudável e
balanceada na escola, trazendo a conscientização que se alimentar de forma saudável é essencial
para garantir qualidade de vida. O engajamento dos alunos foi satisfatório, espera-se ampliar e
estimular a conscientização e a responsabilidade nutricional para toda unidade escolar. Pois
sabemos que a alimentação saudável na escola, não pode ser vista apenas como um programa
de suplementação alimentar, mas também como um importante instrumento de educação,
auxiliando no resgate de hábitos alimentares saudáveis, trazendo a conscientização aos alunos a
importância de se alimentar bem no seu dia a dia, tendo como objetivo central um projeto de
vida a promoção da saúde e a prevenção de doenças.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A alimentação saudável na escola vai muito além de apenas citar que essa questão é
importante para o dia a dia.
A importância da alimentação saudável na vida escolar é um assunto que merece atenção
e precisa cada vez mais recorrente no ambiente escolar, pois além de contribuir para o processo
de aprendizagem, ela também pode ajudar na melhora da qualidade de vida, por exemplo.
A definição desse projeto pedagógico é voltar-se para as possibilidades de ações de
mudanças diárias na alimentação, para uma qualidade de vida melhor.
Espera-se também, que diante deste trabalho desenvolvido na escola, os alunos tenham
uma aprendizagem significativa, na qual, conforme Moreira (1999), a nova informação ancora-se
em conceitos ou proposições relevantes, preexistentes na estrutura cognitiva do aprendiz.
É possível após o desenvolver deste projeto que o aluno, os pais e a comunidade escolar
poderão reformular hábitos que irão requerer deles, transformações do conhecimento adquirido
durante o desenvolvimento do projeto.
Segundo Moreira, (p.123), “a criança constitui com o meio uma totalidade. À medida que
esse meio se modifica, no caso quando a escola entra em cena na vida da criança, novas
estimulações passam a exigir-lhes novas condutas, tirando-as do estado de equilíbrio cognitivo a
que estavam acostumadas. O resultado feito das novas solicitações, pelo ambiente escolar para
a criança, deve ser o de levá - las a formar novos padrões de condutas cognitivas”.
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REFERÊNCIAS
BEZERRA, José Arimatea Barros, et al. Projeto Pedagógico: Alimentação Saudável se
aprende na escola. Grupo de Pesquisa em Alimentação, Cultura e Educação.
COUTINHO, Maria da Cunha & Moreira, Mércia. Psicologia da Educação: um estudo dos
processos psicológicos de desenvolvimento e aprendizagem, voltado para a educação.
DIAS, Leis S. de Moura. Interdisciplinaridade em tempo de diálogo. In. FAZENDA, Ivani (Org.)
Práticas Interdisciplinares na Escola. 10 ed., São Paulo: Cortez, 2005.
FAZENDA, Ivani (Org.). Práticas Interdisciplinares na escola. 10 ed., São Paulo: Cortez, 2005.
FAZENDA, Ivani C. Integração e interdisciplinaridade no ensino brasileiro: efetividade ou
ideologia. São Paulo: Loyola, 1979.
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RESUMO: O objetivo desse artigo é enfatizar a importância do ensino para a Educação de Jovens
e adultos, mostrando algumas mudanças que aconteceram no decorrer da história desse tipo de
ensino, pois a trajetória da Educação de Jovens e Adultos está relacionada com a própria história
de vida dessas pessoas. Essa modalidade de ensino exige um olhar diferenciado para esses
alunos, no sentido de garantir-lhes o conhecimento e a valorização da cultura. Esse campo de
ensino é amplo e possui interfaces diversas com temas correlatos. Sabe-se que esse segmento de
ensino ficou muito tempo sem a atenção dos governantes e depois de muitos anos de evolução
e conquistas, percebe-se que a sua implantação em forma de lei tornou-se real. Para isso
estudou-se autores como: Freire (1980); Gadotti (2013); Mota (2009), entre outros.
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Um novo olhar às políticas públicas voltadas tampouco uma enfermidade, mas uma das
para a Educação de Jovens e Adultos aconteceu expressões concretas de uma realidade social
em meados da década de 50 e 60. Essa nova injusta (FREIRE, 1981, p. 83).
visão a respeito do analfabetismo considerou a Com isso, Freire (1981), conseguiu mostrar
pessoa não alfabetizada como incapaz, mas na que o adulto não era a razão do
visão de Freire (1981), as pessoas analfabetas subdesenvolvimento do país, e o governo
não deveriam ser consideradas ignorantes e atribuiu a ele a missão de elaborar e
incapazes de aprender, porque os educadores desenvolver um Programa Nacional de
acreditavam que o desenvolvimento da Alfabetização em parceria com o Ministério da
educação precisava acontecer de acordo com a Educação.
necessidade daquelas pessoas. No entanto, ele não conseguiu colocar em
Scortegagna e Oliveira (2006, p. 05), prática devido ao golpe militar, porque o
afirmam que: governo desse período começou a ver as
Freire, trazendo este novo espírito da época propostas de Freire (1981) como ameaçadoras,
acabou por se tornar um marco teórico na pois o objetivo do programa era a
Educação de Adultos, desenvolvendo uma transformação social. E, esse fato levou-o à
metodologia própria de trabalho, que unia pela prisão e ao exílio.
primeira vez a especificidade dessa Educação Segundo Freire (1981, p. 15-16):
em relação a quem educar, para que e como O golpe de Estado (1964) não só deteve todo
educar, a partir do princípio de que a educação este esforço que fizemos no campo da
era um ato político, podendo servir tanto para educação de adultos e da cultura popular, mas
a submissão como para a libertação do povo. também me levou à prisão por cerca de 70 dias
A partir da década de 60, aconteceu uma (com muitos outros, comprometidos no
grande mobilização social em relação à mesmo esforço). Fui submetido durante quatro
Educação de Adultos. Esse período foi marcado dias a interrogatórios [...]. Livrei-me,
por movimentos de Educação Popular, refugiando-me na Embaixada da Bolívia em
contando com o apoio da igreja, estudantes e setembro de 1964. Na maior parte dos
intelectuais. E, a visão de Paulo Freire foi interrogatórios a que fui submetido, o que se
utilizada na conscientização do sujeito perante queria provar, além de minha “ignorância
sua realidade. absoluta” [...] era o perigo que eu
Frente a esse cenário, foi possível identificar representava.
o fim desses movimentos por razões políticas, Nesse período, a preocupação do governo
pois os programas baseados na pedagogia de era criar programas assistencialistas e
Paulo Freire reconheciam o analfabetismo conservadores em relação à alfabetização de
como consequência de uma sociedade adultos, criando-se então por volta de 1967 o
estruturada na desigualdade social. Movimento Brasileiro de Alfabetização que se
Sendo assim, para: “a concepção crítica, o denominava (MOBRAL). Este foi um projeto do
analfabetismo nem é uma “chaga”, nem uma governo militar e seu objetivo era erradicar o
“erva daninha” a ser erradicada, nem analfabetismo, porém a única preocupação
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desse projeto era ensinar os adultos a ler, No decorrer do tempo, em meados de 1996
escrever e fazer cálculos, sem formá-los para a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
uma sociedade crítica. Nacional nº 9. 394/96(LDBEN), prevê que a
Para Motta (2009, p. 15): pessoa que não teve acesso ao ensino
O trabalho pedagógico no MOBRAL, não fundamental e médio, terá o ensino gratuito,
tinha um caráter crítico e problematizador, sua oferecido pelos sistemas de ensino,
orientação, supervisão e produção de adequando-os às condições dos alunos, como
materiais, era toda centralizada. Assim, este já mencionado na Constituição de 1988.
programa criou analfabetos funcionais, ou seja,
pessoas que muitas vezes aprenderam CONCEPÇÕES PEDAGÓGICAS
somente a assinar o nome, e que não
apresentam condições de participar de PARA A EDUCAÇÃO DE JOVENS E
atividades de leitura e escrita no contexto ADULTOS
social em que vivem. Analisando a educação de forma mais
Após a Lei 5.692/71 (LDBEN), esse ensino foi humanitária, a concepção de Paulo Freire, na
organizado em cursos e exames e foi década de 60 era relacionada a uma Educação
reconhecido como um direito. De início era Libertadora, porque tinha como foco a
visto apenas para comprovação de emancipação do sujeito diante de sua condição
escolaridade para se conseguir um trabalho, de opressão, para que o mesmo pudesse ser
mas devido à procura tornou-se um meio de preparado para transformar essa realidade.
ensino necessário. Freire (1987), em suas propostas
Após a Nova República (1985), o MOBRAL foi educacionais sempre priorizava o respeito ao
extinto dando lugar à Fundação Educar que educando, o diálogo e a sua criatividade. E, sua
trabalhava em parceria com os municípios. pedagogia estava pautada em dois princípios
Para Souza (2012, p. 53): que eram: a política e o diálogo.
Os princípios metodológicos das ações Para ele a educação deveria ser vista sobre
implementadas pela Fundação Educar as dimensões de ação e reflexão da atuação do
deveriam ser balizados na consideração do homem em relação a sua realidade,
educando como sujeito do seu processo apresentando uma educação
educativo, participando ativamente das problematizadora, na qual a medida em que o
situações de aprendizagem, na realidade diálogo acontecia ia interferindo no
pessoal e social do educando [...]. pensamento crítico do aluno.
No entanto, após a aprovação da O diálogo é uma característica da educação
Constituição de 1988, o artigo 208, inciso I diz libertadora, por meio dele, educador e
que: “o acesso ao ensino fundamental gratuito, educando tornam-se sujeitos do processo
inclusive àqueles que a ele não tiveram acesso educacional.
na idade própria” (BRASIL, 1988, Artigo 8, Segundo Freire (1997), o educando precisa
inciso I). aprender coisas da sua própria realidade,
porque para ele se o educador apenas
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esse artigo apresentou um pouco a história da Educação de Jovens e Adultos no Brasil, e a
influência de alguns estudiosos da área.
Com isso foi possível perceber a longa caminhada que a EJA ainda tem pela frente, pois
até o presente momento nossos governantes não dão o devido valor a esse tipo de ensino,
mesmo ele constando das legislações vigentes.
No entanto, o educador precisa enxergar esse público com outros olhos e ajudá-los a
realizar o sonho de uma educação de qualidade, tratando-os com o respeito que merecem e
proporcionando a eles a possibilidade desse aprendizado.
Ao analisarmos esse artigo, ainda foi possível perceber que a história da Educação de
Jovens e Adultos apresentou mudanças ao longo do tempo e que as pessoas que procuram esse
tipo de ensino têm dificuldades em se manterem até o final de cada ciclo, pois apresentam
problemas de autoestima, não confiam em si mesmas, assim é preciso que o educador as ajude
a elevarem essa autoestima, mostrando que elas são capazes de aprender e fazer a diferença em
nossa sociedade.
Dessa forma, o bom relacionamento e uma boa motivação farão com que, tanto educador
como educando, consigam criar e produzir maiores e melhores conhecimentos, tornando esse
tipo de aprendizado mais prazeroso e alcançando resultados significativos.
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REFERÊNCIAS
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Autoestima na escola: vivências e reflexões com
educadores. São Paulo, 7ª ed., 1991.
BRASIL. Lei nº 5.692, de 11 de agosto de 1971. Lei de Diretrizes e Bases : fixa as Diretrizes
e Bases para o ensino de 1º e 2º graus, e dá providências. Brasília, 1971.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 10ª ed., Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981, p. 13.
PELANDRE, Nilcea Lemos. Efeitos a longo prazo do método de alfabetização Paulo Freire.
Florianópolis, 1998. Vol. I e II, Tese (Doutorado em Letras/Linguística) – Curso de Pós-
Graduação em Letras/Linguística, Universidade Federal de Santa Catarina.
SOUZA, Mauro Roque de. O Mobral, um marco do regime militar. In: SOUZA JUNIOR, Mauro
Roque de. A Fundação Educar e a extinção das campanhas de alfabetização de adultos no
Brasil. Tese (Doutorado) - Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Faculdade de Educação,
2012, p. 53 Disponível em: http://www.lpp-
buenosaires.net/ppfh/documentos/teses/mauroroque.pdf. Acesso em: 21 de março de 2022.
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RESUMO: Este artigo tem como objetivo mostrar a importância da leitura na educação infantil e
os incentivos que os educadores devem propor às crianças desde os primeiros anos de vida no
ambiente escolar para promover a formação de futuros leitores cidadãos. Na educação infantil,
as crianças precisam de estímulos para desenvolver sua imaginação, linguagem e fantasia por
meio de livros. A leitura é inspirada pela criatividade e imaginação e os professores que usam
livros infantis proporcionam às crianças o desenvolvimento em todos os aspectos sejam eles
emocional, social, sensorial, cognitivos e crítico.
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A leitura destinada para a educação infantil, interpretação, enfim, ler é considerar aquilo
precisa ser mais visual, mas sempre deixar eles que envolve o leitor.
cientes que nem todos os livros são compostos Aprender a ler significa também aprender a
somente de imagens, e que também há muitos ler o mundo, dar sentido a ele e a si próprio, a
livros com escritas para serem decodificadas, o função do educador não seria precisamente a
ato de ler traz consigo uma infinidade de de ensinar a ler, mas a de criar condições para
possibilidades, tais como imagens, fotos, sons que as crianças possam realizar sua própria
e palavras para serem interpretados. aprendizagem, conforme seus próprios
O simples fato de uma criança folhear um interesses, necessidades e fantasias que são
livro ou revista, observar suas figuras, sentir a exigidos naquele momento.
textura das folhas, selecionar exemplares por Portanto, para criar condições de leitura não
tamanhos ou por quaisquer itens que chamem implica apenas para alfabetizar e de ter acesso
a sua atenção, indica interesse pelo universo da aos livros, e sim em entender, pois somente o
leitura que pode ser incentivado por seus sentido de algo escrito, ou de uma imagem de
cuidadores, por meio de leituras diárias. um quadro, uma paisagem, sons, imagens que
Permitir sempre para as crianças o manuseio irão trazer uma situação real ou imaginária,
de livros, revista e jornais, pois cada um deles para o que foi lido e interpretado venha dar
traz em sua leitura muitas sensações dentre sentido e o desenvolvimento preciso para uma
elas a emoção e a razão, que fazem parte das formação de um bom leitor.
nossas vidas o tempo todo, sendo assim o ato
de ler também nos possibilita a desenvolver e A LEITURA E A AQUISIÇÃO DA
nos ensina a lidar com cada um deles, por meio
destes sentimentos já vividos dentro de um LINGUAGEM ORAL
livro que foi lido. A oralidade é entendida como uma atividade
O processo de ler é complexo, assim como verbal presente em todas as situações verbais
em outras tarefas cognitivas, resolver do mundo, a linguagem oral é um instrumento
problemas trazer à mente uma informação fundamental para que as crianças possam ser
necessária, aplicar algum conhecimento a uma inseridas em diversas práticas sociais, além de
situação nova, o engajamento de muitos se comunicar com o próximo e com o mundo.
fatores (percepção, atenção, memória) é De acordo com o Referencial Curricular
essencial se querem fazer sentido Nacional para a Educação Infantil.
texto(KLEIMAN, 2001, p. 10). Em algumas práticas, se considera o
Para entender o conceito de leitura, não aprendizado da linguagem oral, como um
basta procurar no dicionário o significado da processo natural, que ocorre em função da
palavra, pois ler envolver uma série de práticas maturação biológica prescinde-se nesse caso
e experiências, suas necessidades de leitura, de ações educativas planejadas com a intenção
seus gestos, suas habilidades, as maneiras de de favorecer essa aprendizagem (BRASIL, 1998,
ler, instrumentos, apropriação e processos de p.119).
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Essa interação acontece desde o ventre por meio da oralidade, é uma habilidade que só
materno e vai se tornando mais forte quando é adquirida pelo âmbito social, e a criança
ela nasce e começa a dialogar com sua nasce com a capacidade para desenvolvê-la por
genitora, e a transformação interior começa a meio de sua figura materna, tornando-a uma
se desenvolver possibilitando ao bebê um novo das principais fontes de colaboração nesse
rumo na forma do seu pensamento, pois desde processo.
muito cedo os bebês emitem sons A aquisição da língua não é um processo
articuladores que permitem sua participação apenas natural, para se aprender a falar é
na comunicação com o adulto, pois as preciso primeiramente compreender a
situações vividas em seu meio fazem com que linguagem e a mediação de um adulto. Sendo
eles possam entender e ganhar experiências assim,
em sua comunicação, podendo assim (...) o papel do adulto é essencial na
aperfeiçoá-las dia após dia. mediação dos discursos infantis,
A criança vai construindo significados e então ao conversar o professor encontra ali
adquirindo experiência de forma gradual, seja um sujeito com características próprias de
ela por palavras, reconhecimento de algo ou de pensamento o professor faz-se entender e as
objetos, sua comunicação é se levantar de crianças pensam o mundo com os seus
onde está ou fazendo gestos ou barulho com a recursos com o que lhes são próprios
boca que permite ao adulto entender o que ele (AUGUSTO, 2011, p.60).
está falando. Entre o pensamento e a fala ocorrem
Após várias experiências em diversas mudanças ao longo da vida de todos os seres
situações, de interação com outras pessoas as humanos, pois os pensamentos podem ser
crianças vão tornando-se capazes de distanciar fixos, mas a fala não ao decorrer da vida a fala
se da realidade e criar símbolos para substituir vai cada vez mais se sofisticando ao longo de
outras realidades, por exemplo, utilizar uma suas experiências vividas.
boneca como se fosse um bebê, tais aquisições A aquisição da linguagem na vida de
possibilitam a criança novas formas de qualquer um é algo marcante no
trabalhar com símbolos, até que pode usar desenvolvimento do homem, a linguagem é
signos para representar o objeto ou a situação algo praticamente típico do humano e essa
(OLIVEIRA, MELLO e VITÓRIA, 2011, p.49). mesma linguagem que transforma o mundo
A criança é um ser tão único, que ao ver que em suas relações, faz com que as crianças as
a comunicação leva há ter o contato com o utilizem para auxiliá-las em relações de difíceis
outro, que ela acaba criando maneiras situações e até mesmo em seu mundo de faz
diferenciadas para conseguir o que ela deseja, de conta.
pois o processo da construção de símbolos para Já quando ingressam na escola a oralidade
a comunicação esta intrinsicamente associada assume um importante papel no ensino
à aquisição da linguagem. educativo, essas ações educativas tornam esse
A linguagem oral é um sistema pelo qual o processo mais eficaz ao propiciarem situações
homem expressa seus sentimentos e ideias dinâmicas envolventes, por meio das quais as
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Para Augusto (2011), há três fases de contação de histórias que a criança desenvolve
desenvolvimento que são: a criatividade, imaginação e adquire cultura,
Na primeira fase, a presença do adulto é conhecimento de valores, além de favorecer
fundamental no momento de contar histórias e familiaridade com o mundo da escrita.
no jogo de contar, na primeira situação a Sendo assim, a leitura é uma construção
criança assume um papel de ouvinte e na efetiva, seja do significado estabelecido pelo
segunda ela se apoia no discurso do adulto e texto ou do sentido criado pelas
através de perguntas feitas pelo adulto vai particularidades individuais de cada leitor, a
dando significado a fala e compondo uma pro sua própria prática é fundamental para o
narrativa. Na segunda fase, a criança se separa desenvolvimento cognitivo e discursivo, pois
da fala do adulto e através de memorização e além de ler o indivíduo aumenta internamente
conhecimento ela relata experiências pessoais seu vocabulário intelectual, formando dentro
e na terceira fase, acriança passa a narrar de si uma biblioteca interna, é isso é muito
autonomamente reconhecendo-se como gratificante para quem está em processo de
próprio locutor. Partindo dessa perspectiva evolução, pois é fundamental que o professor
podemos entender que o papel do professor é sempre traga para a sala de aula, leituras e
fundamental para assegurar a construção da assuntos novos para os pequenos, isso
narrativa, podendo organizar situações que despertará o interesse e aptidão pela
promova as primeiras pro narrativas apreciação de obras literárias, trazendo
(AUGUSTO, 2011, p.50). condições para o crescimento individual do
O professor pode usar ferramentas para leitor, porque a cada dia o mundo da
melhorar ainda mais esse desenvolvimento alfabetização nos desafia e se posiciona de
com o uso de fantoches e caixas de histórias, maneira crítica e transformadora.
porque estas ferramentas ajudam a
socialização e a comunicação entre as crianças
e professores, essa atividade geralmente são
feita em rodas de conversa proporcionando
ainda mais o desenvolvimento.
As crianças podem ampliar suas capacidades
comunicativas, como a fluência para falar,
perguntar, expor suas ideias, dúvidas e
descobertas, ampliando assim seu vocabulário
e valorizando atividades em grupo como forma
de aprendizagem (BRASIL, 1998, p.138).
A contação de histórias proporciona para as
crianças desde cedo à capacidade de ouvir e de
aprendizagem, promovendo assim a pronuncia
das palavras de forma correta e por seguinte
uma comunicação melhor, é por meio da
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considera-se que a importância da leitura está diretamente relacionada ao
desenvolvimento da criança desde o início da educação infantil, sendo importante ressaltar que
ela (leitura) deve fazer parte do cotidiano infantil, e também fazer parte dos ambientes escolares,
por meio de cartazes, figuras representativas de expressões, cantinhos de leitura na sala, e de
espaços de leitura em outras áreas da escola.
É necessário e importante que as crianças comecem a despertar o gosto pela leitura na
educação infantil, pois os profissionais frente a educação das crianças, tem a responsabilidade
de proporcionar para as mesmas uma tática e um espaço adequado para o aprendizado.
A leitura iniciada nessa modalidade de ensino deve ser considerada para enriquecer o
potencial linguístico, promovendo a oportunidade mais eficaz de educação, assim
desenvolvendo a linguagem e o desempenho intelectual dos pequenos, aumentando e
auxiliando cada vez mais a formulação de perguntas e respostas sugeridas.
Essa prática de leitura deve ser constantemente trabalhada por meio das atividades
pedagógicas e devem estar presentes cotidianamente na vida das crianças.
Este trabalho apresenta os importantes fatores que motivam a formação de excelentes
leitores, pois a prática da leitura diária, desempenha um papel fundamental na sociedade pois,
ela (leitura) amplia continuamente seus horizontes de conhecimento.
Contudo, as histórias são essenciais para o desenvolvimento das crianças, pois uma leitura
com feita com propósito de ensino aprendizagem, pode atrair leitores de todas as idades, até
mesmo o nosso público alvo aqui estudado.
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REFERÊNCIAS
ARAÚJO, Maria Yvonne Atalécio de. Experiências de linguagem oral na Escola Primária. Rio
de Janeiro: Editora Nacional de Direito, 1965.
BRASIL. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Brasília, MEC/SEF, 1998.
vol. I, vol. II
CAMPOS, M. M. Educar crianças pequenas: em busca de um novo perfil de professor.
Retratos da Escola, v. 2, n. 2/3, p. 121-131.
KLEIMAN, Ângela. Oficina de leitura: teoria e prática. 8ª ed. Campinas/ São Paulo: Pontes/
Editora da Unicamp, 2001.
OLIVEIRA, Zilma de Moraes; MELLO, Ana Maria; VITÓRIA, Telma; FERREIRA, Maria Clotilde
Rossetti. Creches: Crianças, Faz de Conta & cia. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.
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“A música é uma linguagem criada pelo espírito humano, com qualquer forma de
homem para expressar suas ideias e seus inspiração artística.
sentimentos, por isso está tão próxima de A educação musical tem grandes defensores
todos nós” (CRAIDY; KAERCHER, 2001, p. 130). desde a Grécia Antiga, dependendo da forma
Segundo Cage (1985, p. 5): como a música foi considerada nos diferentes
A música não é só uma técnica de compor períodos históricos e sociedades, sua defesa
sons (e silêncios), mas um meio de refletir e de adquiriu diversos perfis.
abrir a cabeça do ouvinte para o mundo... Com Platão em A república livro III e Aristóteles,
sua recusa a qualquer predeterminação em na Política Livro VIII, foram muito claros em
música, propõe o imprevisível como lema, um suas considerações a respeito da música como
exercício de liberdade que ele gostaria de ver fator crucial na formação do cidadão e do
estendido à própria vida, pois ‘tudo o que homem liberal, respectivamente.
fazemos’ (todos os sons, ruídos e não-sons Já a comunidade cristã, da Idade Média até
incluídos) ‘é música’. o período Barroco encontrou na música a
Portanto, tudo o que fazemos gera música, possibilidade de comunicar-se com o divino,
devido aos sons que escutamos e produzimos para os românticos do século XIX, a música era
em nosso cotidiano. forma de compreender o mundo por meio de
De acordo com Brito (2003, p. 45): suas alianças com a filosofia, os mistérios da
O termo musicalização infantil adquire uma alma e do universo podiam ser perscrutados.
conotação específica, caracterizando o Nos séculos XX e XXI, inúmeros ramos das
processo de educação musical por meio de um ciências humanas e exatas tem estudado com
conjunto de atividades lúdicas, em que as afinco a relação entre a música, sociedade e
noções básicas de ritmo, melodia, compasso, indivíduo e as mediações que a música opera
métrica, som, tonalidade, leitura e escrita entre os mundos internos e externos.
musicais são apresentadas à criança por meio A música é considerada por Shafer como
de canções, jogos, pequenas danças, exercícios uma prática cultural e humana, atualmente
de movimento, relaxamento e prática em não se conhece nenhuma civilização que não
pequenos conjuntos instrumentais. possua manifestações musicais próprias.
Portanto, a musicalização infantil é realizada Embora nem sempre seja feita com esse
por meio de brincadeiras e jogos nos quais são objetivo, a música pode ser considerada como
desenvolvidos conhecimentos amplos que uma forma de arte, considerada por muitos
fazem uso das músicas e tornam o processo como sua principal função.
ensino aprendizagem significativo. Segundo Shafer, 1991:
Sendo a música uma disciplina complexa,
O CONTEXTO HISTÓRICO DA que abrange teoria e prática de execução, deve
ser ensinada por pessoas qualificadas para isso.
MÚSICA Sem concessões. Não permitiríamos que
Segundo Becker (2003), a palavra Mousikos, alguém que tivesse frequentado um curso de
do grego musical, referia-se ao vínculo do verão em Física ensinasse a matéria em nossas
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escolas. Por que haveríamos de tolerar essa para o ensino de Educação Artística: I grau São
situação com respeito à Música? Por acaso ela Paulo, 1991).
está menos vinculada a atos complexos de Essas transformações abrangeram os
discernimento? Não. (SHAFER, 1991, p. 303). currículos dos cursos superiores em música,
Para esse autor, as escolas deveriam ter que passaram a ter duas modalidades:
profissionais habilitados para ensinar música, licenciatura em educação artística (habilitação
disciplina a qual já esta vinculada em alguns em música, artes plásticas, artes cênicas ou
componentes curriculares dentro do Estado de desenho) e bacharelada em música
São Paulo. (habilitação em instrumento, canto, regência
O compositor brasileiro Heitor Villa-Lobos e/ ou composição).
tem seu nome gravado na história brasileira Por meio das brincadeiras de explorar como:
não somente por ter sido um grande brincar com os objetos sonoros que estão ao
compositor, mas também porque tinha um seu alcance, experimentar as possibilidades da
sonho de fazer o Brasil cantar. sua voz e imitar o que ouve, a criança começa
Ele foi o idealizador do movimento Canto a dar significado aos sons que antes estavam
orfeônico, que fez do ensino da música uma isolados, agrupando-os de forma que
disciplina obrigatória nas escolas de ensino comecem a fazer sentido para ela.
formal a partir da década de 1930, e que Nas aulas de música em grupo são
permaneceu nas escolas mesmo após as trabalhados aspectos como, por exemplo, o
mudanças de nomenclatura para Educação respeito pelos colegas, a cooperação que as
Musical, em 1961. atividades realizadas em coletivo exigem e a
A educação musical transformou-se em união da turma na busca de alcançar objetivos
disciplina curricular até o início da década de que sejam comuns a todos, como por exemplo,
1970, quando, com a LDB 5692/71, o Conselho cantar e dançar em roda ao mesmo tempo.
Federal de Educação instituiu o curso de Dessa maneira, fortalecemos a ideia de que
licenciatura em educação artística (Parecer nº este conteúdo específico deve ter seu lugar
1284/73), alterando o currículo do curso de reservado nas grades curriculares escolares.
educação musical. Sobre a educação musical nas escolas da
Esse currículo passou a compor-se de quatro educação básica e nas universidades, Loureiro
áreas artísticas distintas: música, artes (2004) coloca:
plásticas, artes cênicas e desenho. Assim, a A educação musical que hoje é praticada em
educação artística foi instituída como atividade nossas escolas mostra se como um complexo
obrigatória no currículo escolar do 1º e 2º heterogêneo onde encontramos a convivência
graus (ensino fundamental e médio), em de diversas práticas e discursos. Evidencia-se,
substituições às disciplinas artes industriais, entretanto, o distanciamento da prática,
música e desenho, e passando a ser um presente nas salas de aulas, e a teoria,
componente da área de comunicação e produzida e circunscrita à academia
expressão, a qual trabalharia as linguagens (LOUREIRO, 2004, p. 65).
plástica, musical e cênica (Proposta Curricular
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A autora afirma ainda que a prática seja bem música enquanto linguagem expressiva torna-
diferente do proposto pelas leis. Segundo a se essencial para a formação do homem, uma
autora, além da falta de infraestrutura, o vez que favorece o desenvolvimento da
professor não possui o conhecimento sensibilidade estética e artística, bem como o
necessário e acaba transmitindo-o de acordo potencial criativo do sujeito, proporcionando,
com sua própria percepção sem os portanto o fazer, o apreciar e o interpretar na
embasamentos técnicos e científicos devidos, música.
logo, ensina conforme aprendeu, priorizando e Vivenciar a música ludicamente possibilita à
considerando apenas o seu próprio criança, em especial ao bebê, se envolver e
conhecimento, ignorando a música apreciada participar do fazer musical em um estado de
pelos alunos e suas vivências. entrega e inteireza, no qual a experimentação
Os conteúdos por sua vez terminam sendo e apropriação se fazem perante a experiência
fragmentados, desatualizados, abstratos, musical.
direcionando o seu ensino a uma educação O papel do educador enquanto mediador do
imposta, deixando de lado a educação musical conhecimento se faz necessário no sentido
de qualidade da escola. que, ao interagir com a criança em
A música, segundo autora, é um desenvolvimento, ele estará estimulando a
aprendizado que se desenvolve com produção de aberturas nas zonas de
conhecimento adquirido historicamente. desenvolvimento proximal desses sujeitos,
Assim, ao priorizarmos o ensino dos conceitos portanto, a distância entre o nível de
musicais em diferentes atividades, estamos desenvolvimento real e potencial, e essa
estimulando o estudo da música à criança, interação propicia a aprendizagem que por sua
proporcionando a ela produtos historicamente vez promove o desenvolvimento.
acumulados e importantes para sua formação, Segundo Vygotsky (1989, p. 101):
porém não de maneiras artificiais por (...) um aspecto essencial do aprendizado é
memorização compulsiva ou repetitiva, mas, o fato de ele criar a zona de desenvolvimento
sim, sistematizados, com experiências proximal; ou seja, o aprendizado desperta
mediadas e agradáveis. vários processos internos de desenvolvimento,
O momento atual vem trazendo, no campo que são capazes de operar somente quando a
musical, inúmeras novidades, com produções criança interage com pessoas em seu ambiente
nos mais variados estilos, exigindo dos e quando em cooperação com seus
professores e profissionais da música outra companheiros. Uma vez internalizados, esses
maneira de perceber, experimentar e ouvir. processos tornam-se parte das aquisições do
desenvolvimento independente da criança.
A MÚSICA E O LÚDICO Para que essa aprendizagem venha
acontecer de maneira efetiva deve-se
A música se faz presente por meio do espaço
conhecer, reconhecer e respeitar as
escolar, configurando-se como linguagem
especificidades de cada aluno, possibilitando
expressiva do sujeito em processo de
meios desse aluno vencer suas barreiras e
construção do conhecimento. Dessa maneira, a
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
No que se refere o lúdico, uma prática pedagógica pauta na ludicidade configura-se como
uma aula que permite a vivência e a reflexão a partir do vivido. Nesse sentido, a ação lúdica
propicia uma experiência plena para o sujeito, seja brincando, jogando ou agindo ludicamente,
ele estará inteiro e completo nesse momento, e são as próprias atividades lúdicas que o conduz
para esse estado de consciência. Portanto, a ludicidade na educação representa um instrumento
potencial para a construção do conhecimento, uma vez que possibilita um aprendizado no qual
o construir, o interagir e o vivenciar são apreciados. Trazendo essas concepções para o universo
da educação musical, a ludicidade torna-se um instrumento de fundamental importância para o
ensino da música, porque nos oportuniza vivenciar a música em sua plenitude. E nessa vivência
musical experienciamos diferentes maneiras do fazer, interpretar e apreciar musical.
Podemos concluir que a ludicidade tem configurado importante instrumento de
aprendizagem na educação musical, uma vez que a vivência oportuniza o conhecer pelo fazer. E
nesse fazer a aprendizagem se processa a partir das relações e na troca de experiências gerando
conhecimento.
A brincadeira é uma ação natural da vida infantil, no momento em que brinca a criança
trabalha com diversos aspectos como, físico, motor, emocional, social e cognitivo, se constituindo
um importante elemento no processo de desenvolvimento e aprendizagem. Portanto podemos
ressaltar que o lúdico como uma dimensão significativa a ser explorada pelos profissionais que
atuam na educação.
Apresentar novas situações as crianças a partir de uma visão de mundo a que elas já estão
habituadas, aproxima o conteúdo que se deseja trabalhar com realidade das crianças tornando a
ação de aprender prazerosa por estar interligada com a brincadeira.
É importante destacar que a aprendizagem proporcionada pelo lúdico não acontece
somente nos momentos em que este está aliado a atividades educacionais, no momento em que
a crianças brinca de forma livre e natural, sem a influência ou direcionamento do profissional de
educação ou de um adulto também existem inúmeras aprendizagens proporcionadas pela
brincadeira.
É preciso resgatar brincadeiras e músicas na ludicidade para haver uma maior interação
entre educando e educador para uma qualidade no ensino e aprendizagem.
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REFERÊNCIAS
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Cortez, 3.ed. 1999.
VYGOTSKY, L. S. Formação social da mente. 3. ed., São Paulo: Martins Fontes, 1989.
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A IMPORTÂNCIA DA PRÁTICA DE
INTERVENÇÃO PSICOSSOCIAL POR MEIO DE
GRUPOS OPERATIVOS NO PROCESSO DE
FORMAÇÃO DO EDUCADOR
Antonio Carlos Icó1
RESUMO: Neste artigo inicialmente são apresentadas algumas considerações sobre o processo
educativo. Em seguida alguns dos referenciais teóricos que norteiam o processo de Intervenção
Psicossocial tomando como base autores dos campos de conhecimento da Psicologia
(intervenção psicossocial) e da Educação (espaços educativos, interpretação e compreensão e
formação do educador). Procura-se demonstrar brevemente a maneira como a resolução dos
conflitos e das situações-problema e suas decorrências pedagógicas podem ser utilizadas para a
obtenção de aprendizagens. Finalmente, apresenta-se a proposição de criação de um novo
componente curricular, a ser incluído no curso de Pedagogia, com a oferta aberta às demais
licenciaturas e ao bacharelado em Psicologia do DEDC I.
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e prática. Para o alcance desse objetivo macro, contenta em receber o saber, como se ele fosse
alguns objetivos específicos vêm sendo trazido do exterior pelos que detêm os seus
desenvolvidos, tais como: demonstrar a segredos formais. A noção de experiência
intervenção psicossocial, por meio de grupos mobiliza uma pedagogia interactiva e dialógica
operativos, como uma forma producente de (DOMINICÉ, 1990, pp. 149-150, apud, NÓVOA,
enfrentamento das situações-problema; 1990).
relatar experiências de resolução de conflitos Além da dimensão pedagógica, trata-se de
vividas enquanto educador, desenvolvidas em mobilizar a experiência também no aspecto
salas de aula do DEDC I; identificar o potencial conceitual de produção de saberes. Por isso, é
criativo obtido durante a elaboração de fatores fundamental a criação de redes de
emocionais por meio de processos de autoformação participada, que permitam
intervenção psicossocial e suas repercussões compreender o sujeito na sua totalidade,
para o desenvolvimento cognitivo dos assumindo a formação como um processo
estudantes; articular a Educação superior à interativo e dialético. A troca de experiências e
Educação básica por meio da colaboração com a partilha de saberes consolidam espaços de
ações de intervenção psicossocial, orientando formação mútua, nos quais os professores são
graduandos do DEDC I. inseridos no desenvolvimento simultâneo dos
António Nóvoa (1992), afirma que a papéis de formador e de formando. O processo
formação docente se constrói por meio de um dialógico é importante para consolidar os
trabalho de reflexividade crítica sobre as saberes que emergem da prática profissional
práticas e de (re)construção permanente de docente. Mas a criação de redes coletivas de
uma identidade pessoal. Reside aí a trabalho constitui, também, um fator
importância de se investir na dimensão pessoal primordial de socialização e de afirmação de
dos professores, imprimindo um estatuto ao valores próprios da profissão, desenvolvendo
saber das experiências adquiridas nos uma nova cultura entre os professores que
percursos educativos, pois “a formação vai e passa pela produção de saberes e de valores
vem, avança e recua, construindo-se num que corporificam um exercício autónomo da
processo de relação ao saber e ao profissão docente. “Práticas de formação
conhecimento que se encontra no cerne da contínua referenciadas nas dimensões
identidade pessoal”. Ele defende a necessidade coletivas contribuem para a emancipação
de investir na práxis enquanto espaço de profissional e para a consolidação de uma
produção do saber, concedendo uma atenção profissão que é autônoma na produção dos
especial à vida dos professores: seus saberes e dos seus valores'' (NÓVOA,
Devolver à experiência o lugar que merece 1992).
na aprendizagem dos conhecimentos Seguindo o encadeamento enunciado
necessários à existência (pessoal, social e reverbera-se na crença de que a intervenção
profissional) passa pela constatação de que o psicossocial representa uma forma
sujeito constrói o seu saber activamente ao significativamente producente de
longo do seu percurso de vida. Ninguém se enfrentamento das situações-problema, haja
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conhecimento e a consciência das pessoas e instâncias conservam seu poder intacto e que a
grupos observados. O orientador que estiver estrutura da organização, além dos arranjos
presente na intervenção psicossocial se menores concebidos, acaba totalmente
tornará um contribuinte efetivo para a reforçada (LÈVY; DUBOST, 2001, p.177).
resolução dos problemas, uma vez que se A intervenção psicossocial potencializa o
propuser a: analisar as demandas do coletivo ambiente institucional, tornando as relações
observado; colocar-se em prol da resolução interpessoais mais confortáveis; por sua vez,
dos conflitos e transpor as barreiras existentes quando tais mudanças passam a ocorrer na
no grupo, sob o qual desenvolve a sua estrutura relacional de um grupo, este mantém
intervenção. Assim, irá propiciar um caráter o equilíbrio na sua maneira de se relacionar e
conscientizador da sua ação, articulando em exercer suas atividades (MOSCOVICI,
constantemente as atividades interventivas no 1980). Ao se aplicar as dinâmicas de
grupo e ao conhecimento que desta se intervenção, incentiva-se a desenvolver no
apreende. grupo uma esperança, referente ao resgate da
René Lourau (2004), ressalta a importância harmonia das relações interpessoais, da
do potencial producente da intervenção solução dos problemas enfrentados e da
psicossocial, porém, sem esquecer que, potencialização da sua capacidade operativa.
enquanto análise institucional, ela não tem o Isto tende a levar os integrantes a desenvolver
objetivo de fazer milagres. Nesta prática o um sentimento de confiança nos membros do
orientador deve ir ao encontro da raiz do grupo e com o orientador.
problema para conduzir o que está sendo Mesmo ao se explicitar e acentuar as
apresentado. Para tanto, deve estar contradições, o fato de recupera-las em um
psicologicamente preparado para efetivar a discurso único leva a crer na possibilidade de
intervenção e assim estabelecer uma ultrapassá-las ou, no mínimo, articulá-las; o
homeostase dos conflitos e problemas, e levantamento inscreve-se necessariamente no
desencadear uma harmonia nas relações projeto de dar um sentido; é a função das
interpessoais entre os sujeitos envolvidos. representações, que não se reconhecem como
A utilização da intervenção psicossocial, um discurso, mas se apresentam como um
como mediadora dos conflitos e problemas não saber sobre – ou sentido cuja função principal
solucionados no cotidiano, é uma prática que: é a de fundamentar, legitimamente, ações ou
[...] dá força para que sejam escutadas e decisões – saber para (LÉVY; DUBOST, 2001, p.
consideradas as dimensões sócio–emocionais e 189), a que denominaram de (2001, p. 191)
os interesses não reconhecidos [...] crê que, “desenvolvimento de uma relação normativa e
permitindo a expressão do reprimido, ajuda as pedagógica”.
categorias vítimas da repressão. De fato, mais Relações são estabelecidas principalmente
tarde [...] descobrirá ainda que essa expressão por meio dos relatos orais, uma vez que por
e o trabalho que a acompanha apenas meio da escuta e partilha das situações, se
excepcionalmente conduzem a mudanças de analisa, se interpreta e acaba por se
estrutura que, mesmo nesse caso, as mais altas compreender os conflitos interpessoais e as
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Chama atenção a sua defesa em relação à professores de nível superior nas redes
expansão da universidade pública, da públicas de ensino ainda não são totalmente
democratização do acesso e sua ampliação, conhecidos; [...]muitas foram as mudanças – e
assim como da permanência dos estudantes, muitas outras ainda precisam ocorrer – na
por ser um direito público subjetivo, social, educação pública; crianças e jovens oriundos
originário e imprescritível, que tanto diz dos segmentos populares começaram, muito
respeito à juventude baiana – sobretudo aos recentemente, a ter a oportunidade de acesso
jovens que não podem pagar pelo ensino à escola pública; é crescente o grau de
privado – assim como à educação básica, à exposição de alunos e professores às situações
formação de professores, à pesquisa e à de risco social; ainda é grande a distância entre
formação de pesquisadores, ao a universidade e a escola e, portanto, entre
desenvolvimento da ciência e da tecnologia, educação superior e educação básica; as
enfim, a tudo que implica instalação de bases políticas de educação e de formação de
de natureza acadêmica, cultural, científica, professores não acompanharam – e ainda não
informacional, técnica e tecnológica. acompanham – essas transformações.
Concentra-se a atenção no papel que Tal cenário ainda se conserva, afetando da
algumas das universidades estaduais da Bahia mesma forma a formação dos educadores. A
tiveram para a ampliação do acesso à busca de soluções para resolver algumas das
educação. Não pode ser esquecido o fato de carências apontadas, pelas quais passam as
que as suas origens ocorreram por meio das universidades estaduais e as escolas públicas
antigas faculdades de formação de da educação básica, pode vir de e para ambas,
professores. Posteriormente tais instituições desde que estejam direcionadas para ações
vieram a ampliar a sua oferta para diversas integradas.
áreas do conhecimento e tornaram-se
reconhecidas pelos seus alcances. Porém, A EXPERIÊNCIA DA
mesmo hoje, respondem por parte significativa
da formação de um profissional que ainda é FAEEBA/UNEB
profundamente desvalorizado no Brasil, mas é Nadia Fialho e Ivan Novaes (2009),
tão importante para o país conseguir melhorar estudando os diversos movimentos que podem
os seus indicadores de desenvolvimento ser gerados em uma instituição universitária,
humano, por meio dos cursos de licenciatura e propõem um resgate da identidade
pedagogia para a educação básica. institucional da Faculdade de Educação do
Fialho (2012, p. 88) afirma que: Estado da Bahia (FAEEBA), apesar de o fato da
Para melhor compreender esse cenário - sua criação ter ocorrido por meio de um
mesmo reconhecendo o alto investimento que processo institucional autoritário – durante o
o país tem feito, nos últimos anos na educação ano de 1983, ainda na vigência da Ditadura
básica - para compreender melhor esse cenário Militar, tendo sido transfigurada, também de
é bom lembrar que: [...] Os impactos, na forma autoritária, por meio de uma Lei
educação básica, com a incorporação de Delegada, no ano de 1997, para Departamento
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A escola vive atualmente uma tensão entre instituindo instâncias colegiadas, permitindo a
as ditas demandas do mercado e as exigências pais e estudantes a opinarem, e até decidirem,
formativas da infância e da juventude. Por um sobre o seu funcionamento. Portanto, não mais
lado, o mercado de trabalho requer a restrita às elites e distante dos centros
preparação imediata para seus processos urbanos, a escola acolheu também os
seletivos e, por outro lado, a crise de valores da problemas sociais como a maior
sociedade ocidental impõe uma educação para vulnerabilidade das crianças à violência
a convivência respeitosa, que adote o diálogo doméstica e das ruas, dos adolescentes e
como procedimento na resolução de conflitos. jovens à droga e dos próprios adultos à
Tal pressão amplia a complexidade da violência urbana como um todo.
convivência na escola não só como espaço Mesmo com esse processo de
formativo da infância, da adolescência e de democratização, Arroyo (1997), aponta a
jovens e adultos, mas também como campo da permanência de uma cultura excludente,
prática de profissionais em formação, isto é, os tributária das formas de organização
graduandos das licenciaturas. pedagógica (currículo seriado, conteúdos
É de conhecimento público que, no Brasil, a desvinculados das necessidades dos
democratização do acesso à educação, educandos, práticas de avaliação internas e
particularmente na década de 1990, abriu as externas à escola etc.) que cria sérios
portas da escola para as classes populares e, obstáculos à permanência dos educandos na
além disso, expandiu as redes públicas na escola, truncando seus percursos escolares,
maioria das cidades brasileiras. Isso significou resultando nas repetências múltiplas e evasão
não só uma diversidade de educandos como e abandono. Sem dúvida, esse é um elemento
também entre o próprio professorado, dando à de conflito para o ambiente educativo, tanto
escola, particularmente à pública, uma nova no que diz respeito às relações intraescolares,
composição, cuja consequência imediata foi a como à própria implantação de políticas
presença de diferenciados interesses sociais e públicas.
visões de mundo. Também a difusão da
informação pelos meios de comunicação e
mídias sociais influencia a cultura escolar,
questionando os currículos formais,
geralmente distantes da realidade dos seus
educandos.
Para a compreensão da escola como
ambiente de socialização, cabe destacar um
elemento que a modificou radicalmente que
foram as políticas públicas – de gestão
compartilhada e de constituição do controle
social dos serviços públicos – que imprimiram
um modelo de gestão democrática na escola,
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Sabe-se que a discussão sobre essas políticas se articula a processos mais amplos do que
a dinâmica intraescolar, espaços onde ocorrem exemplos de um cenário que enfeixa variáveis de
alta complexidade que precisam ser estudadas continuadamente. Mas, em tal percurso, não se
pode negligenciar a real importância do papel social da escola e dos processos relativos à
organização, cultura e gestão intrínsecos a ela. Portanto, é fundamental não perder de vista que
o processo educativo pode desempenhar os papéis de mediador e de mediado pelo contexto
sociocultural, pelas condições em que se efetiva a relação de ensino e aprendizagem, pelos
aspectos organizacionais e, em consequência, pela dinâmica com que se constrói o projeto
político-pedagógico e se materializam os processos de gestão da educação básica (DOURADO,
2007).
Assim, é necessário se refletir e compreender sobre a importância do ato de educar em
sua amplitude geral, bem como adotar uma atitude proativa para uma educação democrática e
de qualidade, desenvolvendo ações educativas que tenham em vista a formação de valores para
uma convivência pautada na alteridade, no respeito à diversidade e à pluralidade, postura já
consagrada pelas lutas e conquistas de Direitos Humanos que a prática educativa deve incluir no
seu cotidiano escolar.
Ante tal realidade considera-se necessário que ações de intervenção psicossocial
aconteçam de forma mais sistematizada e regular no âmbito desse espaço educacional (DEDC I
da UNEB) e sejam voltadas a incentivar que os futuros educadores e psicólogos possam vir a
desempenhar o seu papel de agentes inovadores, por meio de uma ação pedagógica
transformadora, contribuindo para tornarem as comunidades escolares (e a sociedade em geral)
mais saudáveis, produtivas, justas e solidárias. Uma condição facilitadora para os futuros
profissionais do DEDC I cumprirem tal papel é aprender a desenvolver tais processos de
intervenção. Para isto precisariam estar habilitados, o que demanda ser colocado nos currículos,
inicialmente na forma de seminários temáticos direcionados aos alunos dos cursos de licenciatura
e de psicologia.
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REFERÊNCIAS
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pedagógicos em instituições de ensino superior do México e do Brasil. Salvador: Eduneb, 2015.
p. 24 - 46.
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RESUMO: Este artigo traz uma revisão bibliográfica que aborda o tema: A importância da sala de
leitura na educação infantil. Temos como objetivos para este estudo abordar os importância da
leitura e contação de história desde bebês nos centros de educação infantil (CEIs), o qual se faz
um momento prazeroso que contribui para aprendizagem e desenvolvimento infantil e para o
processo de ensino na infância. Diante destes objetivos busca-se definir a importância do
ambiente lúdico, por meio de um ambiente acolhedor da sala de leitura, a qual se transformará
em um espaço de aprendizagem na infância para uma melhora na apreensão de conceitos e
desenvolvimento de todos os aspectos importantes nesta fase. A justificativa para este estudo se
pauta na importância do tema nos contextos escolares, visto que a educação infantil é a primeira
etapa de escolarização das crianças. No contexto da Educação Infantil as atividades lúdicas leitora
e de contação de história devem ser frequente promovendo um aprendizado mais eficaz e
oportunizando as crianças experiências de aprendizagem significativas, que contribuam para a
aquisição de conhecimentos e para o desenvolvimento de habilidades especificas.
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práticas e que serviam como base mediadora importante que as crianças de meu grupo
da aprendizagem e do desenvolvimento das aprendam? O que elas sabem e o que podem
crianças pequenas em geral. saber ainda mais? Quais aspectos precisamos
A proposição de uma Base Nacional Comum aprofundar? Como organizar o tempo da
Curricular para creches e pré-escolas leitura na Educação Infantil? (FONSECA, 2012,
fundamenta-se, também, nas Diretrizes p, 40,41).
Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, Para o professor de educação infantil, não é
publicadas inicialmente em 1999 e revistas e uma tarefa fácil, exige preparação,
ampliadas em 2009. O documento, de caráter planejamento, e observação dos seus
mandatório, afirma que o currículo da educandos para que haja uma qualidade na
Educação Infantil emerge a partir da leitura e riqueza nos conteúdos das linguagens.
“articulação dos saberes e das experiências Devemos nos preocupar em envolver nossos
das crianças com o conjunto de conhecimentos bebês e crianças neste momento mágico de
já sistematizados pela humanidade, ou seja, os contar história, ou lê-las, ou simplesmente
patrimônios cultural, artístico, ambiental, apresentar um livro e deixar que eles passem
científico e tecnológico (BRASIL, 2009, p. 6). as páginas, mas para todos estes momentos
Como a educação infantil é a primeira etapa práticos deve-se haver um engajamento e
da educação básica, devemos nos preocupar comprometimento por parte do educador.
em formar leitores, devemos quais professores O professor de Educação infantil tem um
articular os saberes por meio da leitura, tendo papel importantíssimo nessa fase da vida da
em vista que por meio de um livro, uma criança, em relação aos seus primeiros
contação de história, as múltiplas linguagens contatos com a leitura e a formação de hábitos
da infância estarão sendo trabalhadas. leitores. Ele tem uma grande responsabilidade
Para a criança pequena é muito importante e precisa se preparar com compromisso e
garantir uma rotina que lhe dará segurança e a profissionalismo (FONSECA, 2012, p.36).
apoiará na construção de noções de tempo. No CEI (Centro de Educação Infantil) o
Garantir boas situações de leitura significa educar e o cuidar estão entrelaçados. E educar
promover situações previamente planejadas na primeira infância é interagir, agir com o
que a auxiliarão a criar o hábito de ler, a outro. A leitura e a escolha feita pela própria
construir uma postura de leitor e aprender criança proporcionam interações e reflexões
comportamentos leitores tão determinantes pedagógicas riquíssimas proporcionando aos
para que a leitura aconteça de forma eficaz e bebês e crianças autonomia, e
com sentido. Mas é preciso cuidado para não desenvolvimento cognitivo, afetivo e social.
cairmos numa rotina monótona e A leitura na Educação Infantil tem um papel
desmotivadora. Assim como as outras, as fundamental na vida de uma pessoa. Nessa
atividades de leitura não precisam acontecer fase, a criança descobre o mundo que a cerca e
sempre da mesma forma e no mesmo lugar. As observa com cuidado e curiosidade tudo e
propostas precisam ser organizadas de acordo todos que estão a sua volta. Então, o que
com a intencionalidade educativa. O que é podemos fazer para aproximar as crianças dos
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Partindo dos conceitos abordados nesta pesquisa é possível afirmar que é papel da escola
reconhecer a importância da atividade lúdica leitora como um facilitador da aprendizagem da
criança. A ludicidade é um instrumento favorável no processo de ensino aprendizagem e com as
atividades lúdicas leitoras a criança se comunica e se relaciona com os demais, compreendendo
sobre o mundo que a cerca e sobre qual a melhor maneira de se inserir nele. A atividade d ler é
o brincar em que a criança adquire conhecimentos e aprende com o contato com os diferentes
objetos e materiais que o ambiente proporciona a ela.
No contexto da Educação Infantil as atividades com os livros, leitura ou contação de
histórias devem ser frequentes, promovendo um aprendizado mais eficaz e oportunizando as
crianças experiências de aprendizagem significativas, que contribuam para a aquisição de
conhecimentos e para o desenvolvimento de habilidades especificas. Com base nos autores
pesquisados podemos afirmar que a leitura é um dos pilares da aprendizagem na infância,
fundamental para o desenvolvimento infantil. Enquanto tem contato com os livros ou as histórias
a criança cria hipóteses e elabora estratégias para chegar ao objetivo, resolvendo os conflitos
estabelecidos dentro dos espaços leitores são constituídas interações tão necessárias na
educação infantil. Com isso, a leitura e o espaço Sala de Leitura são valorizados no espaço
educativo da criança na educação infantil.
É de fundamental importância proporcionar a criança a convivência em um ambiente
repleto de materiais e situações diferentes, deixando que ela construa e elabore seus próprios
conhecimentos, à medida em que os assuntos são apresentados pelo professor. O professor deve
planejar as suas intervenções pautando-se na aprendizagem lúdica e criativa, que são os grandes
motivadores e elementos fundamentais na aprendizagem infantil, contribuindo para a
construção de novos conceitos nas aprendizagens.
LER É BRINCAR, LER É PRAZEROSO, vamos dar este brincar, este prazer para nossas
crianças. A unidade de educação infantil que tem uma sala de leitura deve aproveitar o máximo
as suas possibilidades infinitas, quem não as tem crie espaços leitores que proporcionem estes
momentos de aprendizados que garantem as múltiplas linguagens da educação infantil.
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REFERÊNCIAS
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Artmed, 2002.
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crianças se inter-relacionam com o meio objeto brincadeira, é uma linguagem infantil, que
e social, internalizando assim o conhecimento mantém um vínculo essencial que articula a
advindo do processo de construção. Por meio imitação do real e o imaginário. No ato de
do brincar e o jogar, a criança desenvolve a brincar, os sinais, os gestos, os objetos e os
linguagem, o pensamento, a socialização, a espaços valem e significam outra coisa. Ao
iniciativa e a autoestima, preparando-se para brincar as crianças recriam e repensam os
ser um cidadão capaz de enfrentar desafios e acontecimentos vivenciado por eles, sabendo
participar na construção de um mundo melhor. que estão brincando. A brincadeira favorece a
Apesar de todas as propostas existentes no autoestima das crianças, auxiliando-as na
âmbito da educação, observa-se que nas séries formação de sua personalidade saudável e a
iniciais os resultados escolares do ensino superar progressivamente suas aquisições de
fundamental continuam insatisfatórios, forma criativa, transformando seus
ficando claro há necessidade de mudanças conhecimentos anteriores em conceitos gerais
educacionais bem como um maior com os quais brincam.
investimento na formação de professores e
gestores escolares a respeito da essência do INFÂNCIA
brincar, pois este auxilia não só a
O sentimento, ideia e a representação de
aprendizagem, mas também o
infância, todos esses fenômenos psicossociais
desenvolvimento sócio/cultural, cognitivo e
surgiram na civilização muito vagarosamente e
pessoal. Neste contexto, o docente torna-se
ligado a motivos extraordinários. Essa visão de
um dos principais protagonistas desta
infância, como um período característico de
mudança, surgindo assim o desafio da
cada um, é uma construção definida na
construção de um perfil profissional. O
atualidade. Todo o ser humano nasce e será
educador precisa ter uma formação e
criança até um determinado tempo,
capacitação sobre a Psicologia do Brinquedo
independentemente de qualquer situação.
para contribuir de fato, na formação de futuros
Contudo, está concepção nem sempre foi vista
cidadãos bem resolvidos, criativa, ousada e
dessa maneira, e por muito tempo se
preparada para enfrentar a realidade. Ainda
questionou qual era o tempo da infância e
que seja um assunto já discutido na formação
quem era a criança. Esse conceito de infância
dos profissionais de educação por muito
foi sendo paulatinamente e historicamente
tempo, é preciso considerar o seguinte:
construído, por muito tempo, não foi
O brincar é a linguagem central e inerente da
respeitada como um ser em desenvolvimento,
infância. Não existe uma criança que não saiba
com características e necessidades próprias, e
brincar, isso faz parte do desenvolvimento
sim como um adulto em miniatura. A origem
dela. É na qual ela expressa sua subjetividade,
dessa palavra vem do latim, do verbo fari =
cria hipóteses, aprende a negociar, e exercita a
falar, na qual fan = falante e in constitui a
capacidade criativa. O ato de brincar
negação do verbo. Portanto, infans refere-se
representa o gesto primordial de exploração do
ao indivíduo que ainda não é capaz de falar.
mundo e do conhecimento do outro. A
Aqui a infância se contrapõe à vida adulta, pois
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adulto em miniatura e destaca ainda que a estas réplicas foram dando lugar ao brinquedo,
criança é um ser com características próprias objeto que despertava interesse nas crianças.
em suas ideias e interesses. Formulou No manusear desses objetos foi se
princípios educacionais que permanecem até descobrindo, aos poucos, o mundo da
nossos dias, principalmente quando afirmava brincadeira, ou seja, o mundo do brincar.
que a verdadeira finalidade da educação era Depois das crianças os adultos passaram a
ensinar a criança a viver e a aprender a exercer perceber que esses objetos poderiam servir
a liberdade. para decorar estantes, agora estes passam a
ter uma nova função. Os brinquedos surgiram
COMO O BRINCAR VEM SENDO das mãos dos entalhadores de madeira, dos
produtores de vela, dos caldeireiros e artesãos
CONCEBIDO AO LONGO DE SEUS entre outros. De acordo com Porto (2005,
PRIMÓRDIOS ATÉ A p.172), “eram objetos de culto doméstico ou
funerário, ex-votos de devotos e de peregrinos.
CONTEMPORANEIDADE Objetos familiares eram reduzidos e
Estudiosos como Bandeira e Freire (2006),
depositados nos túmulos”. Percebe-se aqui
abordam o brincar como expressão da cultura
que não eram mais só as crianças que os
infantil e inserção da criança no universo
utilizavam.
cultural do seu grupo. Destacam ainda a
importância dos jogos e brincadeiras nas
atividades de simbolização, criação e ASPECTOS HISTÓRICOS SOBRE
representação do real constituindo-se como A INFÂNCIA E O BRINCAR,
instrumento de aprendizagem. A fim de
entender este princípio é primordial
SALIENTANDO A IMPORTÂNCIA
compreender a dimensão histórica e cultural DO BRINCAR NESTA FASE
do brinquedo. Os termos criança, infância,
brincadeiras e brinquedo são construções
• A INFÂNCIA NA ANTIGUIDADE
sociais. Tais construções sociais são
CLÁSSICA – ROMANOS
representações criadas pela sociedade para
Os meninos das classes privilegiadas
adaptar-se a determinadas situações.
aprendiam a ler e a escrever em latim e grego
Na história da sociedade ocidental, a criança
com seus preceptores, isto é, com professores
e o brinquedo possuíam diferentes
particulares. Em relação aos meninos das
representações (PORTO, 2005). No século XI,
classes menos abastadas, isso mudava de
havia pequenas miniaturas de objetos
figura. O abandono de crianças, tão comum nos
utilizados pelos adultos, que serviam como
dias de hoje, também existia na Roma Antiga, e
enfeites de estantes ou eram postos nas
as causas eram variadas. Abandonados,
sepulturas de familiares ou amigos falecidos
meninos e meninas estavam destinados à
como uma forma de amuleto. As fábricas
prostituição ou à vida de gladiadores, treinados
produziam estatuetas de crianças, também
para enfrentar leões, tigres e outros animais
destinadas a fins religiosos. Na Idade Média,
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assexuada, fraterna, sem hierarquia nem avanço de suas capacidades. Desta forma
autoridade, na qual cada um se sente adquire maturação que lhe servirá de base,
autônomo ou funcionalizado. Isso porque a para a vida adulta. As atividades lúdicas fazem
família é o primeiro grupo de indivíduos que parte do desenvolvimento das crianças, uma
oferece à criança as condições necessárias de, vez que o brincar possibilita situações de
ao longo de seu desenvolvimento, ir acessando aprendizagem, de maneira que aconteça de
o social maior. A estrutura familiar é forma natural, prazerosa e sugestiva, pois não
classicamente a responsável pelo surgimento podemos falar de infância sem relacionar com
da infância enquanto um conceito e uma ludicidade.
preocupação social. A família está em A brincadeira seja ela de que tipo for, é um
transformação, portanto, está também a meio natural de a criança expressar-se e a
infância. oportunidade de mostrar seus sentimentos e
É o áudio visual que está a se impor como o fantasias. Crianças que brincam, demonstram
lugar do saber, a tecnologia tem seus adeptos ter saúde emocional e ao brincarem,
fiéis ao consumismo. Na verdade, agora a desenvolvem a capacidade de criatividade, do
Infância é concebida como diferente de ser prazer, do controle de impulsos, da expressão
criança, ou seja, ela é aquilo que lhe de desejos ou de seus medos. Isso ocorre tanto
possibilitamos que lhes oferecemos; Criança é a nível consciente como inconsciente, de
apenas uma ordem biológica. acordo com cada faixa etária. A criança sempre
brinca. Observa-se, frequentemente, a
AS DIVERSAS FUNÇÕES QUE A atividade lúdica presente enquanto comem,
enquanto realizam atividades de higiene e o
ATIVIDADE LÚDICA PROPICIA quanto relutam em parar de brincar, para
PARA O DESENVOLVIMENTO realizar outras atividades ou até mesmo para
dormir. O mundo lúdico é o elo entre a
PSÍQUICO SAUDÁVEL E realidade interna do sujeito e a realidade
CONSEQUENTEMENTE A externa, compartilhado com outras pessoas. A
CONSTITUIÇÃO DE UM SUJEITO função do brincar é proporcionar à criança que
ela transforme a passividade em atividade,
PLENO E SAUDÁVEL, NA VISÃO transferindo a experiência desagradável para a
DE ALGUNS AUTORES brincadeira, reproduzindo ou modificando a
O processo de escolarização iniciado na situação, elaborando-a em sua mente. Freud
educação infantil precisa ser de modo lúdico, o coloca que todas as brincadeiras infantis são
qual estimula a autonomia e promove o influenciadas por um desejo que domina a
desenvolvimento integral da criança. Segundo criança o tempo todo: o desejo de crescer!
Nunes (1997), o desenvolvimento das crianças Quando a criança brinca, ela entra num
ocorre desde o nascimento por meio da mundo de “faz-de-conta”, num mundo no qual
interação com o meio em que vive tudo pode acontecer. Tem a permissão para
possibilitando às crianças a aprendizagem e o imaginar ser quem não é, estar em lugares e
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até mesmo planetas diferentes, satisfazer seus dimensão afetiva ocupa lugar central, tanto do
desejos, ilusoriamente, viver o inesperado e ponto de vista da construção da pessoa quanto
divertir-se. Desta forma, a brincadeira torna-se do conhecimento.
um cenário imaginário sem censura, tudo tem Esses aspectos se apresentam na formação
vida, fala e tem vontade própria. É nesse da pessoa a partir de estágios, quais sejam:
mundo, que coloca seu corpo em cena, como Impulsividade motora, impulso emocional,
representante de papéis e vivem personagens sensório-motor ou projetor, personalismo,
de todos os tipos, tais como: médico, categorial e estágio da adolescência. E é por
bombeiro, professor, pai, mãe. A criança meio deles que cada um vai se constituindo
constrói representações e encena versões, a como sujeito social. Individualizando-se,
partir de suas experiências (ALVES & diferenciando-se e constituindo sua
SOMMERHALDER, 2006). O jogo e suas ações, personalidade, denominado pelo autor de
bem como o comportamento das crianças, são caráter, maneira habitual de expressão da
seus meios de expressão. O simbólico é pessoa na sua totalidade. O teórico Wallon
utilizado como forma de representação do acredita que estes ciclos fecham a construção
mundo interno e inconsciente. Nessa do caráter da pessoa. Piaget comparou o jogo
experiência, o equilíbrio entre o mundo da com o sonho e afirmou que o conteúdo e o
fantasia e o mundo real irá permitir à criança simbolismo tanto de um, quanto de outro, são
fazer uma ligação entre o que é real e o que é muito próximos. O brinquedo simbólico possui
brincadeira. função lúdica, essencial para a criança
É importante identificarmos em qual fase do conseguir assimilar o real, transformando e
desenvolvimento a criança se encontra para adaptando a experiência real ao que lhe é
relacionarmos ao tipo de atividade lúdica desejado, buscando satisfazer-se por meio da
envolvida – a fase do desenvolvimento brincadeira (GOLSE, 1988). A criança que teve
perpassa por seis estágios, segundo Wallon, os uma infância bem resolvida, inevitavelmente
quais veremos no decorrer deste trabalho. A será um adulto saudável e maduro, possuem
inteligência é apenas um dos fatores equilíbrio entre internalização e
envolvidos nesse processo, que depende, externalização, capaz de suportar por algum
também, da afetividade e do movimento. Para período esta adversidade, sendo produtivo,
Wallon, as emoções têm papel preponderante mesmo estando sozinho, pelo fato de existir,
no desenvolvimento da pessoa, pois é por meio internamente “alguém” que lhe propicie a
delas que o sujeito expressa os seus desejos e sensação de não estar só durante sua
suas vontades, possibilitando um vínculo com atividade. Winnicott, citado em Grolnick
o meio social. Wallon concebe o (1993), refere que o homem (adulto) precisa
desenvolvimento como um processo brincar. O autor ainda fala da importância do
descontínuo, permeado por conflitos e mundo “ilusório”, o quanto se faz uma
rupturas, e ao mesmo tempo, capaz de necessidade humana pensar que tudo está
interagir três aspectos centrais como a bem, o jogo das brincadeiras sentimentais, a
afetividade, a inteligência e o ato motor. A ilusão da infinidade do ser, se tudo isso não
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fosse enfrentado com certo tom de brincadeira importante ao referir-se sobre o brincar. Ele
ilusória, seria muito difícil lidar com as atribui um caráter de produção ao brincar, um
angústias existenciais. Como curiosidade, cita o caráter com prática significante, enquanto o
significado da palavra “ilusão”, originária do brinquedo tem para ele, um significado de
latim ludere, tendo como o significado produto desta atividade. Rodulfo (1990),
“brincar”. Esse inter jogo do brincar na infância classificou o brincar em 3 funções, ao longo do
prepara o homem para o sério, conforme primeiro ano de vida:
Winnicott (GROLNICK, 1988). Auxilia a definir e (1) Função do brincar por meio do fazer
a redefinir os limites entre o eu e os outros, superfície – Por exemplo: quando o bebê se
ajuda na obtenção de um senso de identidade lambuza com a “papinha”, ele está, na
pessoal e corporal. Com o passar dos anos, as realidade, brincando de construir seu próprio
brincadeiras e os jogos, dão lugar aos corpo, estando totalmente voltado a si mesmo;
passatempos, que, por sua vez, dão lugar a (2) Função do brincar por meio da relação
outra finalidade, ao trabalho. entre continente e conteúdo – Modalidade do
Freud também acrescenta que o adulto buraco, brincadeiras de inclusões de alguns
deixa de brincar, não porque abandonou as objetos em outros, como por exemplo, quando
gratificações oriundas de tal fonte, mas sim o bebê se interessa em brincar com caixas ou
que estas só são abandonadas à medida que foi sacolas, bolsas;
encontrado um substituto à altura, pois um (3) Função do brincar por meio da prática do
homem nunca renuncia a uma gratificação desaparecimento e do aparecimento.
obtida na realidade. Só a trocando por outra: Simbolização do início do processo de
deixa de brincar e em seu lugar fantasia. Esse separação, como por exemplo, os jogos de
vínculo idêntico ao brinquedo é experimentado esconde-esconde etc.
pelo adulto na prática do trabalho, segundo O autor propõe que as funções do brincar
Rodulfo (1990). O desejo pelo saber intelectual, descritas acima, sejam mais arcaicas e estão
a curiosidade infantil, é transformado em presentes no desenvolvimento infantil. Pontua
prática significante do trabalho. Rodulfo (1990, que no brincar, a criança precisa poder sujar-se
p. 158), refere-se: “… as formações de desejo, e desmontar um brinquedo para poder
longamente desdobradas e desenvolvidas no conhecê-lo, desvendar seus segredos e
campo do brincar infantil e adolescente, apropriar-se dele. A constante tarefa de
passam, cedem grande parte de sua força e de construção e reconstrução da realidade interna
seu poder intrínseco para trabalhá-lo, como e externa é experimentada pelo brincante,
atividade central da existência adulta, desde muito cedo, antes mesmo do proposto
outorgando-lhe assim uma base decisiva… Sem por Freud, em 1920. Atualmente, brinquedos e
esta base, o trabalho ou não pode se constituir, jogos fazem parte de uma nova era, a de um
ou se pseudo-constituir, como uma fachada mundo tecnológico e moderno, que produz
talvez socialmente muito produtiva, mas brinquedos que falam, anda, choram, realizam
subjetivamente vazia de significação”. O movimentos e são vistos como tentadores e
mesmo autor, ainda coloca uma questão quase mágicos, aos olhos de uma criança. São
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O olhar para as diferentes infâncias encontradas em nossas escolas hoje nos remete a
ampliar os estudos na Educação Infantil, a fim se sabermos tratá-las em suas especificidades
cognitivas e sociais e adotarmos o brincar e suas teorias, vindo desde os tempos de Sigmund
Freud em 1909 até a atualidade. O brincar passou a ser compreendido não mais como um simples
ato de diversão da infância. Tornou-se atividade importante pelo papel estruturante, na vida do
sujeito pensante e produtivo no meio social e como função subjetiva, simbólica e vital para um
desenvolvimento saudável do sujeito. Nesse mundo tumultuado e estressante em que vivemos
a infância é quase sempre uma cópia da vida adulta por intermédio de vários fatores de
sobrevivência recebe uma carga de responsabilidade muito superior à sua capacidade, fazendo-
a abandonar atividades prazerosas na infância e cumprem os deveres próprios dos adultos. A
criança que não brinca pode se transformar em um adulto triste e traumatizado, incapaz de lidar
com problemas emocionais. Vale ressaltar, que o lúdico não é uma única alternativa na formação
do sujeito, mas torna-se um auxiliar indispensável nos resultados deste processo. Segundo Piaget,
a criança inicia o seu desenvolvimento desde o período intrauterino e vai até os 16 anos. Já a
construção do conhecimento se dá a partir de etapas encadeadas e com ritmo os crescentes.
Como a cada dia as crianças estão mais cedo nas escolas, cabe as instituições analisar se não
estão queimando etapas fundamentais na formação destes futuros cidadãos.
Vemos que a ludicidade é uma necessidade do ser humano em qualquer idade, mas
principalmente na infância, na qual ela deve ser vivenciada, não apenas como diversão, mas com
objetivo de desenvolver as potencialidades da criança, visto que o conhecimento é construído
pelas relações interpessoais e trocas recíprocas que se estabelecem durante toda a formação
integral da criança. Portanto, a introdução de jogos e atividades lúdicas no cotidiano escolar é
muito importante, devido à influência que eles exercem frente aos alunos, pois quando eles estão
envolvidos emocionalmente na ação, torna-se mais fácil e dinâmico o processo de ensino e
aprendizagem. Na qual conclui-se que o aspecto lúdico voltado para as crianças facilita a
aprendizagem e o desenvolvimento integral nos aspectos físico, social, cultural, afetivo e
cognitivo. Enfim, desenvolve o indivíduo como um todo, sendo assim, a educação infantil deve
considerar o lúdico como parceiro e utilizá-lo amplamente para atuar no desenvolvimento e na
aprendizagem da criança.
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REFERÊNCIAS
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infantil. Rio Claro: Motriz, v. 12, n° 2, mai/ago 2006, p. 125-132.
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Janeiro, RJ: LTC.
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MACEDO, Lino.; OLIVEIRA, Zilma.; Rumo a Maturidade. Revista Nova Escola. São Paulo: ed.
Abril,2006.p.6. Revista Nova Escola Educação Infantil Edição Especial nº9/2006.
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Zahar. Sigmund Freud ______________ (1920). Além do princípio do prazer. In: Obras
Psicológicas Completas. Rio de Janeiro: Imago, v. 18, 1989.
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RESUMO: O intuito deste artigo é esclarecer como se deu no contexto da Educação Infantil o
Ensino de Artes Virtuais e também sua importância em sala de aula, dentro das práticas
pedagógicas e planejamento escolar. A histórica da Educação Infantil desde seu início, até os dias
de hoje como está escrito na LDB 9394/96. Apresenta as artes visuais como linguagem do
cotidiano escolar onde se mostra o papel da arte no desenvolvimento da criança e questiona o
desempenho do docente no trabalho com as artes visuais na Educação Infantil. Ainda são
esclarecidos, pelo olhar do docente desse nível de educação, seus anseios, angústias e
perspectivas para mudar a realidade, onde muitos tem pouca consideração para com essa
disciplina, tão importante para o desenvolvimento infantil.
1
Professora de Ensino Fundamental I na Rede Municipal de São Paulo.
Graduação: Licenciatura em Pedagogia; Licenciatura em História; Especialização em Letramento; Especialização
em Educação Infantil; Especialização em Educação Inclusiva; Especialização em Ensino Fundamental I.
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Keywords: Teaching of Art - Visual; Practice - Pedagogical; Child education; Child development.
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materiais, explorando e indagando suas bom ressaltar que cada criança é única, com
qualidades, características e possibilidades de identidade própria e um ritmo singular de
manuseio para adentrar em contato com as desenvolvimento. Portanto, além de levar em
mais variadas formas de expressão artística. consideração o processo de amadurecimento
Sabe-se, também, que a criança recebe da criança de modo geral e suas qualidades
influência da arte desde cedo, sejam por meio individuais, é evidente sugerir e recomendar
de imagens e atos de produções artísticas que situações que a estimulem à conquista
assistem na TV, notam em computadores, lentamente da autonomia e da individualidade
observam em gibis, rótulos, obras de arte, em seus mais variados contextos.
vídeo, trabalhos artísticos de outras crianças,
etc. A ARTE NA CONJUNTURA
Assim sendo, a criança chega à escola com
um amplo histórico e repertório a respeito de ATUAL
arte. De tal modo que os educadores, como Percebe-se que muitos assuntos atrelados à
mediadores irão perceber esse conhecimento Arte na Contemporaneidade geral estão em
por meio de novas experiências. A arte define discussões, ainda mais no que se refere ao
em cada ser humana o cognitivo e a ensino. É proposto por Bastos (2005), que o
afetividade, visto que é por meio dela que se ensino da Arte Contemporânea precisa se
propaga o que experimentamos ou sentimos; o ajustar pela prática educativa empenhada com
que pensamos, como estamos e como anda a liberdade e a consciência. De acordo com a
nosso relacionamento com as pessoas ao nosso autora: “uma visão ampla e inclusiva do mundo
redor e com toda a sociedade. considera várias formas de arte, desafiando
limites convencionais, inspirando uma
valorização artística mais ampla e a
A IMPORTÂNCIA DAS ARTES possibilidade de maior participação social”
NA INFÂNCIA (BASTOS, 2005, p. 229).
O ensino com as crianças da Educação Compreende-se que os recursos de
Infantil deve-se levar em consideração o linguagem aproveitados nas Artes Visuais são
processo de aprendizagem que se desempenha distintos. Assim, se apreciarmos uma obra
conforme as etapas de desenvolvimento e artística, discernimos a superfície, a linha, as
formação da criança, logo, trabalhar com as formas, as cores, as transparências, as texturas,
Artes Visuais induz a diferentes facetas da os volumes, o movimento, a técnica. Logo, ao
personalidade, que são construídos na infância considerarmos cada um desses elementos,
e, a arte, pode ajudar na organização desta Prosser (2012, p.47), espera que poderemos
construção envolvendo a imaginação, a auferir subsídios necessários sobre o autor, sua
criação, todavia, a criança não aceita esses visão de mundo e sua época.
recursos, sendo de responsabilidade do
profissional da educação nortear os educandos
para uma melhor construção. Entretanto, é
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tendo em vista todo o exposto e a reflexão proposta pelo presente trabalho, a respeito
de: Artes Visuais na Educação Infantil concedeu-nos a compreensão da importância e a
magnitude da arte para o desenvolvimento e a formação infantil. Seguindo a concepção histórica
da Educação Infantil, em seus primeiros passos até as atuais conquistas concebida por meio da
LDB 9394/96, que estabeleceu esta como a principal etapa da Educação Básica, além disso,
compreendeu-se que este é um período fundamental para a conquista de mundo na criança de
0 a 6 anos.
Graças a vários estudos, esta compreensão foi plausível, pois evidenciaram o sucessivo
interesse em resgatar o status da infância e todas as distinções que lhe são essenciais como: as
brincadeiras, a criatividade, as linguagens que lhe são próprias. Tal relevância manifestou-se
visível e concreta na legislação que regulamenta a Educação Infantil hoje, no Brasil, e que faz
parte de um procedimento sócio histórico no qual o ensino infantil está inserido, a Constituição
Federal de 1988, a LDB 9394/96 e o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil – RCNEI,
de 1998.
Bem como, o amparo legal de diversos pesquisadores que focalizam em seus trabalhos o
reconhecimento da Educação Infantil para o desenvolvimento e a formação da criança. Visto que
a Educação Infantil assegura o desenvolvimento infantil, a partir do instante que se valoriza e
expande os conhecimentos da criança, permitindo-lhes a composição e a estrutura de sua
autonomia, criatividade e cidadania. Nesta conjuntura, o Ensino de Artes nesta etapa inicial da
Educação Básica é fundamental e indispensável, pois suscita os meios da expressão humana.
Na acepção de engrandecer a arte na Educação Infantil, o RCNEI (1998) privilegia e
favorece este enfoque, admitindo e consentindo que o ensino da arte permita o desenvolvimento
e a evolução do conhecimento da criança, suas habilidades, competências, aptidões e a
descoberta de suas competências, o que por si só já esclarece a presença da arte no contexto e
na conjuntura da educação.
Como em qualquer outra especificidade, o trabalho com as artes visuais consente que a
criança se comunique, exponha seus sentimentos, seus pensamentos, à medida que uma forma
de linguagem, que pode ser compreendida, essencialmente por meio do desenho infantil, já que
é por meio dele que a criança idealiza seu espaço, sua realidade, ou seja, o desenho é o jeito de
expressar da criança.
Assim, se desenvolve por meio da arte a ampliação entre os aspectos sensíveis, intuitivos,
estéticos e cognitivos a ascensão da interação e comunicação com o mundo e a sociedade
procurando, por meio destes a composição de diálogo, solidariedade, a justiça, o respeito mútuo,
a valorização do ser humano, a paz e cuidados com a natureza, é o desígnio essencial e
fundamental na Educação de Artes na Educação Infantil.
Logo, a arte fomenta o desenvolvimento do conhecimento de mundo que possuem. Além
do manuseio de diversos objetos e materiais, a exploração e a sondagem de suas peculiaridades
e características, propriedades e possibilidades de manuseio e ao entrar em contato com as
diferentes formas de expressão artística, como ainda o uso de diferentes materiais gráficos,
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plásticos, naturais e descartáveis acerca de diversas superfícies pode expandir suas possibilidades
de manifestação, expressão e comunicação das crianças.
Considera-se que o ensino de artes visuais na contemporaneidade deve adequar-se as
novas formas socioculturais de se fazer e abranger as representações visuais na nossa sociedade.
É evidente que o conceito acerca do que é entendido como arte foi democratizado e modificado,
assim como nossa forma de vida e nossa mentalidade, a partir da influência e concepção de uma
nova realidade midiatizada. Ainda, o processo de ensino-aprendizagem também mudou, visto
que, além de contarmos com novos meios que a tecnologia põe ao nosso alcance e que
incorporamos as nossas aulas, o ensino para compreensão das representações culturais de
caráter visual é um dos maiores desafios da arte na educação contemporânea.
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REFERÊNCIAS
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Terminologias. Aquecendo uma transforma-ação. Atitudes e Valores no Ensino da Arte. 2 ed.
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www.curriculosemfronteiras.org/vol8iss2articles/eisner.pdf. Data de Acesso: 20/07/2022.
FERREIRA, Aurora. A criança e arte: o dia-dia na sala de aula. 3ª. ed. Rio de Janeiro:Wak
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IAVELBERG, Rosa. Para gostar de aprender arte; sala de aula e formação de professores.
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www.pepsic.bvsalud.org/scielo.com. Data de Acesso: 20/07/2022.
VIGOTSKI, L. S. A Formação Social da Mente. 7ª. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2008, p. 56.
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A IMPORTÂNCIA DO LETRAMENTO NA
EDUCAÇÃO, COM ÊNFASE NA APRENDIZAGEM
DA LEITURA E DA ESCRITA NO PROCESSO DE
ALFABETIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Cristiane Santos Silva Lahdo 1
1Professora de Educação Infantil e Séries Iniciais do Ensino Fundamental da Rede Municipal de Campo Grande-
MS.
Graduação: Licenciatura em Pedagogia, com Habilitação em Educação Infantil, Séries Iniciais e Inspeção Escolar.
Pós-graduação: Especialização em Psicopedagogia, Gestão Escolar e Coordenação Pedagógica. Mestranda em
Educação.
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formular princípios de ensino para ensinando importante que antes de começar a trabalhar
escrita durante a alfabetização inicial. por meio de histórias, o professor revise quais
Ao estudar certas disciplinas no curso em histórias pode ter tanto na sala de aula quanto
questão, foi percebido que a maior na biblioteca escolar.
problemática no que se refere a aprendizagem Para que este recurso tenha sucesso, ele
nas primeiras séries do ensino fundamental, deve ser elaborado detalhadamente e com
estava focado na grande adversidade antecedência, antecipando o conteúdo que
relacionada a alfabetização, em especial nas será discutido e com que consideração, o
atividades que envolvem a leitura e a escrita. tempo que o tratamento de cada tema irá
Foi visto também que os problemas de ocupar levando em conta sua dificuldade e as
repetência dos pequenos educandos, acabam atividades anteriores, intercaladas,
ainda diminuindo o interesse dos mesmos em subsequentes ou complementares que podem
aprender a ler e a escrever, em decorrência da ser realizadas.
enorme evasão escolar nas séries em que o
projeto enfoca. A CONCEPÇÃO DA ESCRITA
Seguindo as ideias de grandes pensadores
Durante vários anos, os pesquisadores que
amplamente citados em todo seu conteúdo,
têm estudado o processo de escrita
esse projeto de ensino propõe aos seus
concordaram que constitui um sistema de
leitores, um entendimento profundo sobre as
representação da linguagem utilizada para a
questões impostas pelos educandos no
expressão, registro, comunicação e
processo de alfabetização no que se diz
aprendizagem, porque permite conscientizar-
respeito à leitura e à escrita, com um estudo de
se de seus conhecimentos, bem como
grandes teóricos e uma análise intensa sobre o
organizá-lo e confrontá-lo, favorecendo a
assunto.
autorreflexão e a produção do conhecimento.
Objetiva-se expor a questão que envolve o
Assim, a importância de privilegiar
processo de alfabetização no contexto escolar
atividades de produção escritas sobre aqueles
e analisar como está o papel do professor
que se concentram na cópia e repetição
diante desse desafio, além de trabalhar a
mecânica de letras isoladas, palavras e frases,
questão do papel da alfabetização escolar;
desde a primeira forma de criatividade,
tratar do papel do professor no contexto de
expressão, comunicação e atitudes
alfabetização; denotar o panorama atual do
fundamentais na formação do ser e do cidadão
letramento no mundo e no Brasil.
que a nossa sociedade atual exige.
Da mesma forma, de acordo com estudos de
METODOLOGIA "gênese textual" (pesquisa que reconstrói o
O trabalho segue a linha de pesquisa processo que as pessoas que escrevem durante
bibliográfica, onde pesquisou-se em diversas a escrita de seu trabalho seguem) a escrita é
fontes, os assuntos pertinentes ao processo de um processo trabalhoso envolvendo três tipos
construção do hábito de leitura no cotidiano de operações planejamento, textualização e
escolar. Nesse processo, considera-se revisão. Esses procedimentos são dados de
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tornam pessoas incapazes de exercer de forma o aluno não consegue por exemplo: executar
plena essa cidadania. uma pesquisa, elaborar um pequeno resumo,
Esse projeto vem com a intenção de detectar e tomar nota de uma ideia principal
oportunizar aos alunos das séries iniciais do que esteja subtendida ou até mesmo explicita
ensino fundamental, as devidas condições de dentro do texto, realizar analises críticas sobre
interação ao mundo letrado. É valido frisar o algum tema, além de não possuir argumentos
grande prazer que a leitura propicia aos para defender seus posicionamentos em
leitores, o habito da leitura propicia um diversos contextos.
transporte a um universo desconhecido, Partindo dessa vertente, existe a convicção
universo esse que é capaz de introjetar os que este projeto contará com a participação
valores de vida inseridos no cotidiano vivido em sua totalidade dos professores,
pelo leitor. independente da disciplina que eles lecionem.
A escrita por sua vez, não se resumo em A equipe docente presente nas escolas estão
pegar uma caneta ou lápis e desenvolver em plena consciência de que o aluno dever ter
simples traços, a escrita é a constatação dos o domínio sobre a língua oral e escrita, afim de
valores da leitura com intuito oposto, já que a ter a sua individualidade e força em seus
leitura propicia uma assimilação e ela, uma posicionamentos.
projeção desses conhecimentos. A escrita A forma de como é observado o mundo se
expressa em palavras, a identidade pessoal em modifica quando o indivíduo adquire o hábito
forma de grafia. e apreço pela leitura, pois ela quando é
Para tanto, não é necessário apenas haja o praticada de forma completa, a mesma é capaz
fato do indivíduo deter tais condições para que fazer uma releitura pessoal ou comum sobre a
o ato de ler e escrever venha se tornar uma realidade, derrubando assim dilemas,
realidade concreta em sua rotina, é preciso que quebrando os pensamentos do senso comum,
ocorra um entendimento do impacto causado agregando valores internos ao coletivo,
na concepção do mundo como um todo. Então, revelando enfim uma visão crítica sobre o que
para ocorrer a efetuação de fato, é mister o estipula o mundo.
papel escola em ser uma instituição A análise do mundo não surge apenas com o
comprometida por despertar no aluno o hábito da leitura de textos prontos, esse
interesse e o prazer pela leitura e pela escrita. processo de conhecimento crítico do mundo
Sendo que ela seja um exemplo de leitor e como cita Paulo Freire (1996 p.51), “procede a
escritor, isto é, que todos os sujeitos leitura da palavra”. Portanto, antes mesmo de
envolvidos no espaço escolar tenham isso alguém comece a ler uma palavra, já existe
como prática no seu cotidiano, para que uma leitura particular sobre o mundo que irá
possam estimular aqueles que ainda não têm basear a reprodução mental dessas palavras.
tal hábito. Para o escritor Weisz, ao falar sobre o
É público e notório que, o hábito da leitura conhecimento afirma:
depende de outros elos no processo de O conhecimento não é algo externo que
formação educacional. Sem dominar a leitura, deve necessariamente ser consumido, posto
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Seguir esses processos de aprendizagem são escrevem e nove outros que não apresentam
essenciais para que se concretize a sua função problemas de aprendizagem, têm escritas
de educador. O pedagogo deve estar ilegíveis do ponto de vista do adulto.
preparado para os desafios constantes na Para as crianças que possuem algum tipo de
educação para que o mesmo possa contribuir dificuldade (rendimento escolar baixo, notas
com sua formação acadêmica para um futuro ruins, etc.), é adequado que identifique, dentro
melhor. do contexto da leitura, onde estão localizadas
a matriz do pobre para que ocorra a realização
PROCESSO DE CONSTRUÇÃO de tarefas e a compreensão dos conteúdos até
então não dominados, facilitando assim as
DO SISTEMA DE ESCRITA SOBRE fases do desenvolvimento de alfabetização.
A CRIANÇA Vygotsky (1988), denota o seguinte:
A compreensão do princípio alfabético do É necessário construir um forte espaço,
nosso sistema de escrita pela criança é uma meios e tempo hábil para que os alunos
aprendizagem complexa, cujo avanço e pratiquem a leitura na sala de aula e ao mesmo
desenvolvimento tem uma relação muito tempo é um desafio e um compromisso,
estreita com o ambiente sociocultural onde a considerando que em nome da educação
criança cresceu. Na verdade, todos os pré- formal as crianças são monopolizadas cada vez
escolares e alunos da primeira série têm mais cedo para atividades pouco criativas que
notado as grandes diferenças que existem não os tornam tão inteligentes quando
entre as crianças que tiveram contato com a deveriam (VYGOTSKY, 1988 p. 58-59).
cultura escrita (eles têm livros navegados, lê- A atividade da leitura pode resgatar o prazer
los textos, são cercados por pessoas que leem de sonhar, de imaginar sem limites, além de
ou escrevem e falam sobre o que você lê...) e aprender com liberdade e prazer quaisquer
aqueles que, vindos de domicílios conteúdos de formação acadêmica. São
extremamente desfavorecidos, entram na incontáveis os fatores limitantes que
escola com poucas experiências com a possibilitem a concretização desse objetivo
linguagem escrita, mesmo que vivamos em um geral: o medo e despreparo do professor, bem
mundo jurídico. como a estrutura conservadora e arcaica da
Para Ferreiro (2001), tal situação surge instituição escolar.
porque a mera presença de escrita no Sobre esse aspecto, Oliveira (1997), aponta:
ambiente não garante a consciência da criança O aspecto mais importante dessa
sobre o significado dos sinais gráficos; semelhança é a consideração da escrita como
interrelação de uma pessoa que lê e/ou um sistema de representação da realidade, e
escreve com e/ou para a criança é necessária. do processo de alfabetização como o domínio
Por esta razão, a evolução no processo de progressivo desse sistema que começa muito
aquisição de linguagem escrita pode ser tão antes do processo escolar de alfabetização e
díspares entre as crianças da mesma idade, e não como uma habilidade mecânica de
nós nos reunimos com quatro anos que leem e
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O aprendizado da linguagem escrita envolve um longo processo que envolve estratégias
de expressão de diferentes maneiras, tentando levar à elaboração de um texto. Nesse sentido, a
importância da expressão escrita nas crianças deve ser enfatizada, incentivando a escrita livre
com um propósito definitivo, o que garante que a criança se sinta interessada no momento da
escrita.
Foi visto que a escrita envolve o desenvolvimento de processos cognitivos, portanto, os
momentos de produção devem ser constituídos em espaços de criação e recreação onde o
processo de construção da linguagem escrita em crianças é respeitado e permitido falar sobre o
que eles vão escrever, planejar e revisar seus escritos.
Para isso, os estudantes devem reconhecer a utilidade que a escrita trará, e isto é
conseguido quando o ensino funcional da língua escrita e na sala de aula é promovido, lido e
escrito para finalidades sociais diferentes. Nessa lógica, a abordagem funcional comunicativa tem
como objetivo garantir que os alunos descubram, por escrito, uma forma de se expressar e se
comunicar com os outros, portanto, os espaços coletivos de produção escrita devem ser
promovidos: em pares, em pequenos grupos e em plenário guiado p ou o professor.
É importante que as crianças tenham a oportunidade de percorrer os diferentes gêneros
textuais: expressivo, folclore popular, literário, jornalístico, informação científica, instrucional,
epistolário, bem-humorado, publicitário para que eles estão perto de sua realidade e descobrir a
importância de cada um deles.
A aprendizagem e o ensino da linguagem escrita devem basear-se em contextos
significativos para a criança, onde a criança pode recriar seus pensamentos, opiniões e ideias por
meio de diferentes formas de expressão: oral, escrita, artística.
Por fim, os filhos da educação precoce e da primeira classe podem ter a oportunidade de
escrever, mesmo que não sejam alfabetizados, pois é precisamente a participação em atos
coletivos de leitura e escrita, o que lhes permitirá avançar em um processo de construção do
sistema de escrita e o uso funcional da linguagem escrita.
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REFERÊNCIAS
BRASLAVSKY, Bertha Ensine ou entenda o que você leu: alfabetização na família e na
escola. Fundo de cultura económica. Argentina. Ed. Chirimbote, 2005.
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. São Paulo. Ed. Saraiva, 1983.
FERREIRA, Emília. Reflexões sobre alfabetização. São Paulo, SP. Ed. Cortez, 2001.
KLEIMAN, A (org). Os Significados do Letramento, Campinas. Ed. Mercado das Letras, 1995.
LOMAS, Carlos. Como ensinar a fazer as coisas com palavras: Teoria e prática da educação
linguística. Espanha. Ed. Paidós, 1999.
MARCUSHI, Luiz Antonio. Da fala para a escrita: Atividades de retextualização. São Paulo.
Ed. Cortez, 2001.
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RESUMO: O presente artigo tem como objetivo pesquisar sobre uma ferramenta importante para
o professor da Educação Infantil, que é o olhar sensível e a escuta atenta das crianças, pois é a
partir das observações que temos elementos fundamentais que norteiam nossa prática em sala
de aula, buscando refletir, replanejar nossas ações, considerando o que as crianças trazem para
nós, valorizando suas escolhas e dando voz ao protagonismo infantil. Dessa forma, analisaremos
sobre esse processo tão essencial, assim como também conheceremos a concepção de criança e
que ao longo dos anos essa concepção passou-se por transformações, garantindo os direitos dos
mesmos, levando-se em consideração seus pensamentos, suas vozes.
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sua identidade, pois é nessa relação de ao seu desenvolvimento. Por essas razões, os
afetividade que a interação e a aprendizagem espaços das escolas de Educação Infantil são de
tornam-se significativas, oportunizando extrema importância pois eles devem
liberdade as crianças para suas criações e promover contextos investigativos para que as
brincadeiras. crianças possam se descobrir enquanto
Os espaços só são ambientes sujeitos de direitos, valorizando todas as
potencializadores quando são explorados pelas linguagens tanto verbais como não verbais.
diversas experiências, vivências, interações nas Assim, consideramos que a dimensão se amplia
relações, na qual os limites são transformáveis do sentido individual de suas práticas para o
por quem o habita a partir das experiências sentido social de suas práticas (SANTOS, 2012
compartilhadas. p. 10,11).
A escuta e o olhar do professor devem
PROTAGONISMO INFANTIL promover pesquisas, investigações no sentido
de que possa refletir sobre sua prática
O protagonismo infantil é algo que vem
pedagógica, assim como ampliarmos nossos
sendo construído ao longo da história da
olhares em relação as políticas públicas. É
infância. Ao considerarmos que antigamente a
portanto, dessa maneira, que os espaços das
criança era vista como um adulto em
escolas passam a ser voltados para infância,
miniatura, podemos analisar esse percurso de
respeitando e valorizando a individualidade de
mudança que ocorreu no decorrer do tempo,
cada criança, pois as mesmas são construtoras
na qual a criança passou a ser considerada
de conhecimentos, autonomia e competências.
como um sujeito de direitos.
Atualmente, diante de tantas
transformações, a criança é um sujeito que tem
voz, e por vez o protagonismo infantil é
essencial e ganhou visibilidade na Educação.
Dessa forma, saber o que as crianças pensam e
sentem é um dos aspectos importantes da
pesquisa educacional. Sendo assim, escutar a
voz das crianças nas escolas vai além do
processo de compreender suas vivências,
escolhas, mas é uma condição política, da qual
se estabelece um diálogo intergeracional de
partilha de poderes(SARMENTO; SOARES;
TOMÁS, s/d, p. 3).
Consideramos que a criança possui várias
formas de expressar-se, comunicar-se, de
compreender e que essas formas estão sempre
entrelaçadas em suas vivências e experiências,
formando um único conjunto que está ligado
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Educação Infantil é a primeira etapa da Educação Básica, por isso é essencial que estudos
sejam voltados para a primeira infância, com o objetivo de se compreender melhor o
desenvolvimento das crianças, assim como, professores refletirem sobre suas práticas
pedagógicas.
Ao refletirmos sobre essas questões, considero que a escuta e olhar sensível para as ações
e vozes dos mesmos são elementos fundamentais que garantem o protagonismo infantil, pois o
professor a partir disso, consegue rever , replanejar e criar contextos investigativos que
promovam a descoberta, as diversas experiências e a aprendizagem significativa, oportunizando
o brincar livre e a autonomia de escolha das crianças. Por essas razões as escolas de Educação
Infantil precisam ser esse espaço de escuta, de liberdade, valorizando as vozes das crianças.
Escutar as crianças tem a ver com o adulto se conectar as suas realidades, pensamentos,
necessidades e interesses, com o intuito de conhecê-las e compreender como se expressam com
o mundo.
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REFERÊNCIAS
FALK, Judit. Educar os três primeiros anos: a experiência de Lóczy. São Paulo: Araraquara
– SP. Editora Junqueira&Marin. 2011, p. 53 – 62.
KRAMER, Sonia. Formação e Responsabilidade: escutando Mikhail Bakhtin e Martin Bubber. In:
KRAMER, Sonia; NUNES, Maria Fernanda; CARVALHO, Maria Cristina (orgs.). Educação
Infantil: Formação e Responsabilidade. Campinas, SP: Papirus, 2016, p. 309 – 329.
SARMENTO, M.; SOARES, N.; TOMÁS, C. Participação social e cidadania activa das
crianças. Instituto de Estudos da Criança da Universidade do Minho. s/d. Disponível em:
http://paralapraca.org.br/wpcontent/uploads/Participa%C3%A7%C3%A3o-social-e-
cidadaniaativa-dascriancas.pdf. Data de Acesso:20/07/2022.
SANTOS, Núbia Schaper. As ideias fora do lugar das ideias:: notas sobre a transição das
creches públicas da assistência para a educação no município de Juiz de Fora. In:
ARAGÃO, Maria Darcilene (Org.). Trajetórias de Pesquisas em creches e escolas de Educação
Infantil. Juiz de Fora: Ufjf, 2014. p. 127-144.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste estudo, pode-se analisar que, atualmente, o Programa Educacional de Resistência
às Drogas e à Violência (PROERD) é considerado uma realidade no processo de ensino e
aprendizagem. A importância de sua aplicação é relevante, pois se percebe no ambiente escolar
que por meio da aplicação do PROERD pode facilitar ao aluno novas formas de aprendizagem,
entre outras ações, prevenir e reprimir ao tráfico ilícito de entorpecentes e drogas. Percebe-se
que, o aluno ao obter essas informações por meio de discussões realizadas em sala de aula, lhe
permitirá, cada vez mais, disseminar essa interatividade e conhecimento.
Dessa forma, a importância da aplicação do PROERD no ensino e aprendizagem facilitará,
de forma clara, a construção de uma relação mais próxima entre alunos, escola, família e
segurança, capaz de estabelecer um relacionamento de amizade, respeito, harmonia e
aprendizagem. Diante disso, conclui-se que o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à
Violência pode ser considerado uma ferramenta de disseminação de prevenção ao uso e abuso
de drogas, a fim de proporcionar uma interação em benefício contextual da crítica e construção
do conhecimento.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
Disponível em <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm> Acesso em
03 jul. 2022;
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Professora de Ensino Fundamental II e Médio na Rede Municipal de São Paulo.
Graduação: Bacharel em Educação Física; Especialização em Docência no Ensino Superior.
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quando os pais são presentes cobram mais de resultados, constitui em entrar no universo da
seus filhos despertando neles o bom criança, escutar, prestigiar, discutir, valorizar,
comportamento em sala de aula, + realização fazendo com que ela se motive muito mais.
das atividades escolares, contribuindo para A participação dos pais no ambiente escolar
obtenção de notas mais altas. Assim, a é fundamental tanto para os alunos quanto
participação dos pais na escola auxilia para a escola. Além de permitir aos pais
efetivamente na construção da cidadania de avaliarem o ambiente escolar do qual seus
seus filhos. filhos estão inseridos, bem como a
Os pais que participam ativamente da vida preocupação que a escola tem para com a
de seus filhos, inclusive, no cotidiano escolar da educação do corpo discente (ANDRADE, 2005).
criança, faz com que os alunos se esforcem e Quando se fala em envolvimento na rotina
participem com mais afinco nas atividades escolar dos filhos vai muito além de
escolares, pelo fato de se sentirem mais simplesmente perguntar como foi o dia, o que
apoiados. foi aprendido, com quem brincou e a
A criança ao sentir que existe uma relação verificação se o dever de casa foi realizado. Os
reciproca entre a escola e sua família, de que pais que são comprometidos com a rotina
todos estão trabalhando juntos para seu pleno escola, não se limitam a comparecer apenas
desenvolvimento, acaba se tornando natural a nas reuniões periódicas.
sua acolhida, amada e valorizada, o que lhe A criança sente que há uma relação cordial
permite desenvolver uma boa autoestima e de preocupação com ela que une a família e a
segurança para tomar decisões, se engajar em escola, cria-se uma base e, assim, fica mais fácil
atividades e enfrentar os desafios do mundo. adquirir confiança para lidar com os desafios
O aluno que é oriundo de uma família que do mundo. Sendo assim, as crianças sentem
prioriza e valoriza a escola e mantém com esta mais vontade de estudar para as provas, uma
um relacionamento cujo interesse é o ensino- vez que seus pais esperam esse resultado
aprendizagem, apresenta melhor deles. Isso também contribui para o exercício
desenvolvimento sócio-cognitivo e aprende da disciplina desde cedo, pois as crianças
mais. percebem que os compromissos escolares
Ao estarem mais integrados nesta rotina precisam ser cumpridos.
escolar, transmite a compreensão do qual A importância da participação dos pais na
importante é a participação dos pais na vida vida escolar dos filhos é um assunto
escolar dos filhos não se restringe a cobrar indispensável para pensar o desenvolvimento
resultados. das crianças. Afinal de contas, o núcleo familiar
Vale ressaltar, quando há participação e e o ambiente escolar são os principais espaços
predisposição dos pais, eles também se vêm de convivência na infância, onde são
como referências para os filhos, contribuindo inaugurados os afetos e criados os primeiros
assim, de diversas formas para se envolverem laços de solidariedade.
neste processo de acompanhamento. A Quando a família busca saber mais sobre a
participação na vida escolar vai além do cobrar relação dos filhos com os professores e com a
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escola em si, via de regra está disposto a ajudar primeiro deles passa pelo fato de que se cria
o professor a vencer os desafios em sala de um nível maior de intimidade e afeição das
aula, adotando medidas complementares em crianças. Elas passam a ter mais confiança nos
casa, visando auxiliar seu filho a superar os adultos que atuam na escola e se sentem
obstáculos, seja de nota, matéria ou qualquer protegidas, mesmo em um local estranho.
outro. Sendo assim, nota-se o quanto a influência da
Diversos estudos apontam que muitas escola e da família na vida da criança é enorme,
famílias transferem a responsabilidade de e essa parceria deveria estar fortemente
educar os filhos para a escola. E se percebe atrelada no intuito de contribuir na construção
uma fragilização da escola frente ao seu do desenvolvimento da criança.
cumprimento de funções, uma vez que, a
mesma não consegue atingir seus objetivos RESPONSABILIDADE NA
sem um envolvimento da família dos alunos.
Tendo em vista a ideia arcaica ainda existente EDUCAÇÃO DAS CRIANÇAS
de que a escola é responsável somente pela A educação é intrínseca a construção do
educação formal enquanto a família se sujeito e da sociedade, complementar da vida
responsabiliza apenas pela educação informal social, econômica, política, cultural.
(LOPES, 2010). Durante todo o período escolar, o ambiente
Vale ressaltar que no ambiente escolar, as familiar pode possibilitar experiências de
atitudes da família devem ser complementares aprendizagem com mais ou com menos
as da escola, uma vez que a função de educar estímulos, variando a maneira como se
não é cumprida quando a família se mantém desenvolvem. Simples hábitos no dia a dia, que
afastada e não contribui para a participação podem ir desde a forma de como se guarda
deste contexto relacionado à educação de seus objetos, ou como cuidar da higiene, até a
filhos, sendo que para que exista e funcione maneira como os pais respondem a perguntas,
está parceria efetiva da família com a escola, é constroem posturas que implicam diretamente
crucial que a família participe do processo a relação da criança, funda com o saber, em
educativo contribuindo assim, para sua outras palavras, a criança pode ter um
evolução educacional. comportamento ativo ou passivo mediante a
Compete a família manter o diálogo com as experiência de aprender.
crianças sempre aberto e permeável, mesmo A criança quando chega à escola, se vê
usando da tecnologia. Vive-se tempos de novos diante de um ambiente novo, ambiente este
desafios, mas que podem converter-se em que irá ampliar o seu conhecimento de mundo,
mais um ganho de entrosamento da alterando algumas certezas e a coloca em
comunicação, em vez de abrir um abismo intensa relação com seus amigos. Desta forma,
intransponível de silêncio, riscos à saúde e a escola se transforma em um espaço de
ruídos desencontrados. domínio das crianças, de que os pais são
A participação ativa dos pais na vida escolar ativamente convidados a participar. Por esta
dos filhos proporciona inúmeros benefícios. O razão, a partir do início da vida escolar de seus
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atividades da escola. Pais presentes é sinônimo controle escolar dos filhos uma vez que facilita
de aluno mais motivado. a comunicação entre escola e responsáveis.
Todavia, o envolvimento presencial dos pais
O PAPEL DA TECNOLOGIA NA continua sendo crucial para garantir que eles
sejam parte ativa na educação das crianças,
APROXIMAÇÃO ENTRE FAMILIA seja para conversar com os professores ou a
E ESCOLA participação em eventos especiais escolares.
Num passado não tão distante, os pais não A tecnologia tem como uma das principais
tinham um acesso tão direto a escola, e os pais funções agilizar o acompanhamento das
que desejavam participar mais ativamente da atividades escolares feitas pelos filhos,
vida escolar dos filhos faziam com que o simplificando a comunicação entre pais e
momento de entrada e saída dos alunos na de professores e mantendo os pais bem
possibilidade conversar com professores, e informados sobre o que acontece na escola.
ainda de saber de outros pais sobre o que Com base nestes importantes dados, os pais
estava acontecendo na sala de aula de seu podem aumentar seu envolvimento na vida
filho. escolar dos alunos.
Com o avanço da tecnologia, a sua utilização
proporciona grande aproximação, facilitando COMO A ESCOLA PODE
muito a vida de todos os envolvidos no
processo de ensino-aprendizagem. Quando os
APROXIMAR A FAMÍLIA DA
pais têm mais informações sobre o rendimento ESCOLA
escolar dos filhos, podem ajudá-los a melhorar A escola tem o dever de buscar a parceria
o desempenho escolar. com as famílias por meio de encontros,
Os pais estão cada vez mais conectados e eventos, palestras, confraternizações, festas e
esperam que a escola também acompanhe as comemorações, onde os alunos, professores,
tendências e inovações que as ferramentas pais e toda comunidade escolar deve manter
digitais têm proporcionado nos últimos anos. uma interação com atividades reflexivas, com o
Site oficial, redes sociais com informações propósito de estreitar o relacionamento entre
atualizadas e atendimento telefônico todos.
humanizado são algumas ações mínimas que É essencial que todos os funcionários da
podem fazer toda a diferença em uma escola. escola estejam aptos a receber os familiares
É público e notório, a sensação de segurança dos alunos, e entendem a particularidade cada
e de controle que a tecnologia promove neste família. É importante que os pais se sentam
processo de aproximação. A facilidade e confortáveis para sanar dúvidas, conhecer a
agilidade para comunicar-se é outro ponto equipe de professores e a estrutura da escola.
chave para o relacionamento entre pais e É dessa forma que é possível criar um laço de
escola. confiança mútua, Para os pais que trabalham
Com toda tecnologia existente, ela se torna comparecer em reuniões nem sempre é
muito eficiente para os pais aumentarem o possível, mas a escola que que acolhe essa
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
É de suma importância à participação da família no processo de educação junto a escola,
pois por meio do trabalho conjunto possibilitará a formação de cidadãos críticos, reflexivos e
dotados de potencialidades e habilidades, para que dessa forma proporcione a escola o
cumprimento de sua função básica e social. Considera-se como relevante que família e escola
caminhem de mãos dadas para conseguirem atingir o objetivo de formar cidadãos dotados de
opiniões+.
Vale ressaltar que, tanto a família quanto a escola tem funções complementares, todavia
com objetivos diferentes, afinal à família cabe estruturar o sujeito para que o mesmo consiga se
identificar, encontrar seu próprio eu e sua autonomia por meio do grupo de pessoas em que vive,
com sua organização, normas e valores. A escola tem como uma de suas funções desenvolver o
aprendizado.
Junto à família, a criança vivencia experiências e inicia seu processo de aprendizagem e
desenvolvimento, principalmente quanto à ética e à moral. A escola proporcionará uma
ampliação desse conhecimento prévio, mesclando com a aquisição dos conteúdos das disciplinas
dispostos, contribuindo para sua formação global, ao longo da sua permanência como aluno.
A criança cuja família se envolve de forma direta no cotidiano escolar tem um melhor
desempenho acadêmico. Visto que, quando os pais são presentes cobram mais de seus filhos
despertando neles o bom comportamento em sala de aula, e a realização das atividades
escolares, contribuindo para obtenção de notas mais altas. Sendo assim, quando a participação
dos pais na escola auxilia na construção da cidadania de seus filhos.
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REFERÊNCIAS
BRÉSCIA, Vera Lúcia Pessagno. Educação Musical: bases psicológicas e ação preventiva.
São Paulo: Átomo, 2003.
GIL, A.C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. (6ª. ed.). São Paulo: Atlas, 2011.
LOPES, R.C. A. A importância da participação dos pais na vida escolar dos filhos. s/d. São
Paulo,2010.
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RESUMO: Todos os textos aqui reunidos reconstroem e analisam experiências pedagógicas, que
colocam essas questões e, que tentam encontrar saídas para a construção da escola possível para
todos, sem exclusão. Compreender a escolarização como um requisito necessário ao exercício
pleno da cidadania significa atribuir-lhe o status de direito. Assim, o que há pouco tempo era um
privilégio, transformou-se em direito e uma parcela considerável da população que sequer
sonhava com a sala de aula, hoje, nela está. Tal modificação fez surgir novas demandas, quase
sempre em forma de dificuldades e deficiências da sociedade, do sistema, dos professores, da
comunidade, dos conteúdos, das metodologias e outras. Como seres pensantes, os educadores
precisam explicitar suas concepções educacionais, filosóficas e ideológicas, pois, em grande
parte, são elas que fundamentam e explicam seu comportamento durante a aula, suas opções
metodológicas e o sistema de avaliação que adotam. Para isso, na escola, devemos sem medo,
manifestar nossos conhecimentos, dar a conhecer os fundamentos e os valores nos quais
baseamos nossa prática, confrontá-los com os dos outros agentes educativos, para que, juntos,
reorganizemos nossas ideias e estruturemos ações coletivas.
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informações sobre recursos externos à escola e social da escola, ajudando da mesma forma
intermediar a conexão com pessoas e que os alunos não-deficientes . Quanto mais
entidades que possam ajudar o trabalho do presentes estiverem esses componentes,
educador visando o desenvolvimento do aluno, maiores serão as chances de que a escola
treinando e preparando apropriadamente os incluirá crianças e jovens portadores de
mesmos por meio de serviços de apoio deficiência.
disponíveis nas localidades. Observando o Estatuto da criança e do
Nós educadores devemos utilizarmos das adolescente lei 8069/90 artigo 20 e a Lei de
experiências de vida do próprio aluno como Diretrizes e Bases artigo 40 III, artigo 58, 10, 20
fator motivador da aprendizagem do mesmo. e 30 e o artigo 59, a atuação do psicopedagogo,
Com isso adotar uma abordagem centrado no para construção de uma escola inclusiva
aluno. Estar mais interessada naquilo que o deverá ter como ponto básico um novo
aluno deseja aprender do que rótulos, laudos paradigma educacional que preconiza uma
ou estereótipos sobre ele. Estimular outras escola que garante a igualdade de
pessoas importantes na vida do aluno a se oportunidade, trabalhando com as diferenças
envolverem com o processo educativo. um dos outros e temos que no meio social criar
Diante da frase da autora acima, precisamos condições para que se promova a participação
adotar uma abordagem de avaliação, cujos de qualquer pessoa em qualquer instância
resultados propicie reflexão sobre todo o social, assim sendo ensinar a respeitar e
processo e possa servir de ajuda na solução de compreender as diferenças de cada um. E, é
problemas e dificuldades encontradas no neste sentido, que o psicopedagogo pode
processo por professores e alunos. Precisamos favorecer a mudança de atitudes e paradigmas
estar atentas e preparadas para indicar que são fundamentais para construção de uma
recursos adequados a cada necessidade dos escola inclusiva, que não faça distinções entre
alunos e buscar auxílio junto aos órgãos deficientes e normais, que apresente uma
competentes que possam contribuir para o proposta educacional que garanta e favoreça
exercício da cidadania. condições de aprendizagem a todos num só
Refletindo sobre os desafios citados da contexto, proporcionando uma educação
autora percebemos a importância e a diferenciada e dando respostas educativas ao
responsabilidade do educador em educar os aluno durante todo processo de escolarização,
cidadãos, buscando sempre enquanto se isto se fizer necessário, ou seja, oferecer
profissional formação para estar preparado uma educação permanente, que atenda as
para desempenhar seu papel da melhor forma dificuldades de cada aluno.
possível. Dessa maneira o psicopedagogo pode
Precisamos saber que os alunos são parte colaborar com algumas alterações e
importante do mundo, devendo ser incluídos adaptações que devem ser feitas pela escola,
nos relacionamentos e interações sociais. pelo professor ou por aqueles que sejam
Assim como os demais alunos, aqueles com responsáveis pelo processo educativo, para
deficiência também precisam participar da vida possibilitar ao aluno condições que o
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grupos mais aptos a compreender as questões ensino. Elas são também minúsculas decisões
envolvidas: as próprias pessoas pobres e os/as jurídicas, com status, que culminam em grande
professores/as de suas escolas. Um exemplo é e legitimadas decisões sobre as vidas das
a conferência de 1986, instaurada pela pessoas, o avanço na escola, a seleção para um
Secretaria de Educação dos Estados Unidos, nível mais alto de instrução, as expectativas de
para os programas Chapter, inteiramente emprego.
composta por acadêmicos administradores e Sendo o papel do poder institucional em
analistas políticos. (GENTILLI, 1951). moldar a interação professor x aluno tem
Não há grandes surpresas na pesquisa sobre aparecido claramente nas etnografias* que
pobreza e educação e não há portas secretas tem sido feitas em escolas. Esse papel foi
que levem à solução. Se há um mistério, é do nitidamente retratado no estudo de Corrigan
tipo que Sartre denominou “mistério à plena (1979), sobre a luta pelo controle em duas
luz do dia”, um desconhecimento criado pelo escolas de uma área industrial decadente da
modo como estruturamos e utilizamos nossos Inglaterra. Os pobres são precisamente os de
conhecimentos. Estudos descritivos de menos recursos.
crianças pobres realizados por psicólogos, A primeira necessidade é deslocar a
sociólogos e educadores certamente elaboração tecnocrática de políticas públicas e
continuarão a ser feitos temperados por colocar em seu lugar um pensamento
declarações ocasionais de biólogos, dizendo estratégico. Os intelectuais profissionais
terem encontrado o gene responsável pelo podem ajudar a circular, orientar, criticar e
fracasso escolar. Entretanto, esse tipo de melhorar esse pensamento.
pesquisa não é mais decisiva. O que Assumir uma visão educacional sobre as
precisamos, sobretudo é re-pensar o padrão relações entre pobreza e educação nos leva,
que estrutura a formulação de políticas assim, além do objetivo de “compensação”, em
públicas e o modo como a questão tem sido direção à meta da reorganização do conteúdo
configurada. Isso deveria começar com o tema cultural da educação como um todo. Mas ela
que surge insistentemente quando as pessoas pode ajudar a colocar as iniciativas locais na
pobres falam sobre educação: a questão do perspectiva pauta mais ampla que elas
poder, à política do currículo e à natureza do implicam.
trabalho do professor . Os alunos também trabalham e não apenas
Gentilli (1995), comenta que os educadores num sentido meramente metafórico.
sentem-se desconfortáveis com a linguagem Democratizar significa expandir a possibilidade
do poder; falar em “desvantagens” é mais fácil. de ação daquelas pessoas que são
Mas as escolas são instituições literalmente normalmente esmagadas pela ação de outras
poderosas. As escolas públicas exercem o ou imobilizadas pelas atuais estruturas. O bom
poder tanto por meio da obrigatoriedade de ensino realiza isso de um modo local e
frequenta-la quanto por meio das decisões imediato, tal como devidamente vivenciado na
específicas que tomam. As notas escolares, por educação de adultos: dirigida ao
exemplo, não são meros pontos de apoio do
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defendida no início dos anos 40, seja hoje a conservadores como Margaret Thatcher, na
base teórico-ideológica do neoliberalismo. Inglaterra, Ronald Reagan, nos Estados Unidos
A luta histórica dos trabalhadores para ou Brian Mubrony no Canadá, a primeira
libertar-se da condição de “mercadoria força experiência de neoliberalismo econômico na
de trabalho” perversamente torna-se hoje uma América Latina está associada com a política
disputa dos trabalhadores para manter o econômica implementada no Chile depois da
emprego, ainda que sob condições alienadas. queda de Allende. Mais recentemente, o
Há que se atentar, todavia, para uma nova capitalismo popular de mercado propugnado
qualidade da contradição. O capitalismo, pelo governo de Carlos Saúl Menem na
mesmo no Brasil, experimentou, nestes Argentina ou o modelo do Salinismo no México
últimos 50 anos, um imenso avanço em suas representam, com as peculiaridades dos casos
forças produtivas. Dilatou-se a capacidade de argentinos e mexicanos, um modelo neoliberal.
produção. O que está intacta, e é preciso O autor acima informa que o elemento
remover, é a apropriação social deste imenso central para entender o desenvolvimento do
avanço. neoliberalismo é globalização do capitalismo. O
Ao nível material a forma de manutenção do fenômeno da globalização está na base das
privilégio de poucos demanda a exclusão de transformações do capitalismo que consistem
muitos. Até mesmo no primeiro mundo surge em alterar os princípios de funcionamento de
um terceiro mundo de subclasses. Neste um capitalismo de pequenos proprietários, ou
sentido, no plano da luta contra hegemonia, as sua ampliação em termos de imperialismo
organizações políticas e sindicais que se como fase superior do capitalismo.
articulam com os interesses da classe Neoliberais e neo-conservadores tem
trabalhadora necessitam entender, cada vez argumentado que o estado e o mercado são
mais, que o conhecimento científico e a dois sistemas sociais diametralmente opostos,
informação crítica são algo fundamental para e ambos são considerados claras opções para o
suas lutas. A nova realidade histórica demanda desempenho de serviços específicos.
conhecimentos calcados na epistemologia do Consideram por uma série de razões, que os
conhecimento crítico. (GADOTTI, 1998) mercados são mais versáteis e eficazes que as
Gentilli (1985), comenta que a escola estruturas burocráticas do estado. Os
pública, unitária, numa perspectiva de mercados respondem mais rapidamente às
formação unilateral e politécnica, levando em mudanças em tecnologia e em demanda social
conta as múltiplas necessidades do ser humano que o estado.
é o horizonte adequado, ao nosso ver, do papel Juntamente com estas preferências de
da educação na alternativa democrática ao política, encontra-se o fato de que o
neoliberalismo. Sendo o neoliberalismo, ou pensamento neoliberal vincula a privatização
estado neoliberal, são termos empregados de empresas públicas à solução do problema
para designar um novo tipo de estado que da dívida externa. Afinal, em certas versões do
surgiu na região nas últimas duas décadas. ideário neoliberal em economia, são as
Vinculado às experiências de governos neo- empresas estatais as “responsáveis” pela
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criação do problema da dívida externa latino- tornando esses países cada vez mais
americana e mais importante, sua privatização dependentes e mantendo-os subdesenvolvidos.
pode ajudar a resolver o problema. Contudo, o O autor acima relata como na América
processo de privatização não está isento de Latina o desenvolvimento da teoria
conflitos e contradições (GENTILLI, 1985). educacional é variado e diferenciado, é difícil
Gentilli (1985), pesquisou os sistemas estabelecer um marco com um. Entretanto,
escolares antigos que sempre foram sistemas pode-se afirmar que, após os movimentos de
de educação de uma elite. A ampliação do independência do século passado e o advento
sistema é uma simples ampliação quantitativa, da República, todos os países passaram pela
sem a reconstrução, que se impõe, da escola e visão otimista da construção democrática via
dos seus objetivos. Por isso mesmo, a escola já educação.
não poderia ser a escola dominantemente de Ainda desse autor, pode-se dizer que, no
instrução de antigamente, mas fazer às vezes período de 1930 a 1960, predominou na
da casa, da família, da classe social e por fim da América Latina a teoria da modernização
escola, propriamente dita, oferecendo à desenvolvimentista. A partir da década de 60,
criança oportunidades completas de vida, com as lutas de libertação, surge a teoria da
compreendendo atividades de estudos, de independência, que negava a teoria anterior.
trabalho, de vida social de recreação e jogos. Era uma educação denunciatória, de crítica
Para esta escola, precisava-se, assim, de um radical à escola, do aparato ideológico e
novo currículo, um novo programa e um novo desigualdades sociais.
professor. A escola popular para uma O mesmo informa que essa teoria foi
sociedade subdesenvolvida e com acentuada dominante na primeira metade da década de
estratificação social, longe de poder ser mais 70 com a forte presença do autoritarismo do
simples, faz-se a mais complexa e a mais difícil Estado e dos militares. Foi uma época em que
das escolas. predominou o desencanto com a escola: o que
Tendo como base algumas reflexões da importava era mudar a sociedade. Em
História das Ideias Pedagógicas de Gadotti, conseqüência surgiram muitas iniciativas não
(1998), os países do terceiro mundo escolares.
construíram uma teoria pedagógica original, no Gadotti (1998), acrescenta que a década de
processo de lutas pela sua emancipação. Hoje, 80 não apresenta teorias ou paradigmas
esse pensamento tem influência não apenas pedagógicos dominantes. Trata-se de uma era
nos países de origem, mas também em muitos de crises e perplexidade, a um crescente
educadores do chamado “Primeiro Mundo”. desenvolvimento da pós-graduação em
Gadotti (1998), comenta que a África e a educação e um aumento de organizações não-
América Latina não podem ser compreendidas governamentais, que se constituem no marco
sem a Europa. A Europa colonizou os dois teórico-prático da década.
continentes dividindo territórios segundo seus Também as lutas pela independência que
interesses econômicos, políticos e ideológicos, destruíram o regime colonial não apenas
apontavam para um novo modelo econômico
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político, mas também para uma nova primórdios. Os jesuítas nos legaram um ensino
valorização da cultura nativa e a expansão da de caráter verbal, retórico, livresco,
educação popular. memorização e repetitivo, que estimulava a
Ainda nesta perspectiva, na maioria dos competição por meio de prêmios e castigos.
países latino-americanos e africanos que não Discriminatórios e preconceituosos, os jesuítas
revolucionaram suas estruturas econômicas dedicaram-se à formação das elites coloniais e
políticas, persistem problemas educacionais difundiram nas classes populares a religião e
dramáticos entre eles, a alta taxa de dependências do paternalismo, características
analfabetismo, a falta de escolas e professores marcantes de nossa cultura ainda hoje. Era
qualificados, a inexistência de uma formação uma educação que reproduzia uma sociedade
para o trabalho, as altas taxas de evasão e perversa, dividida entre, analfabetos e
repetência e o descaso dos governos pela sabichões, os “doutores”.
educação e cultura. Saviani (1984), relata que a Educação foi
Desta forma, a pedagogia originária do interesse constante também do movimento
“Terceiro Mundo” é principalmente política, anarquista no Brasil no início deste século. Para
portanto, não especulativa, mas prática, os anarquistas, a educação não era o único,
visando a ação, entre os homens. E o que Paulo nem o principal agente desencadeador do
Freire chama de “pedagogia do oprimido” e processo revolucionário. Entretanto, se não
Enrique Dissel, outro grande filósofo da ocorressem mudanças profundas na
educação latino-americana, chama de mentalidade das pessoas (em grande parte
“pedagogia da libertação”. promovida pela educação), a revolução social
Assim, quase até o final do século XIX, nosso desejada jamais alcançou êxito.
pensamento pedagógico reproduzia o Também esse posicionamento dos
pensamento religioso medieval. Foi graças ao anarquistas em relação à educação derivava do
pensamento iluminista trazido da Europa por princípio da liberdade: os libertários eram
intelectuais e estudantes de formação laica contra a opressão e a coerção. O ensino
positivista, liberal, que a teoria da educação libertário ministrado pelas escolas modernas
brasileira pôde dar alguns passos, embora encerrou-se pelo menos na capital de São
tímidos. A criação da Associação Brasileira de Paulo e em São Caetano, em 1919. Aquele ano
Educação (ABE), em 1924, foi fruto do projeto foi marcado por fortes tensões entre os
liberal da educação que tinha, entre outros anarquistas e as autoridades, especialmente
componentes, um grande otimismo porque circulavam informações de que estava
pedagógico: reconstruir a sociedade por meio sendo urdida no Rio de Janeiro, com a
da educação. Reformas importantes, realizadas participação de anarquistas, uma conspiração
por intelectuais na década de 20, visando à derrubada do governo.
impulsionaram o debate educacional, Outro grande acontecimento da década de
superando gradativamente a educação jesuíta 30 para a teoria educacional foi a fundação, em
tradicional, conservadora, que dominava o 1938, do Instituto Nacional de Estudos
pensamento pedagógico brasileiro desde os Pedagógicos (INEP).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A escola possível, sem dúvida, depende de seus profissionais; sem a sua competência,
crédito e trabalho, nada será possível. Entretanto, isso não pode encobrir a indecência e descaso
do Estado para com os direitos elementares do cidadão a saúde, saneamento, água, moradia,
segurança, transporte e instrução.
Sendo que o cidadão é excluído exatamente desse algo mais que uma experiência de
escola vivida lentamente dá aos filhos do não trabalhadores manuais, dos não operários: é lhes
negado o cultivo do ser pensante, racional, que eles são; questionar, indagar os porquês.
A nova pedagogia criativa, que informa as relações nos colégios frequentados pelos filhos
das camadas médias e das elites, não chegou às escolas do povo onde não há nem espaço nem
tempo material para o criativo. O futuro operário é excluído da oportunidade que aos nossos
filhos é dada: viver na infância, na adolescência e na juventude a experiência escolar sócio cultural
mais marcante. Devido aos filhos da classe operária, terão que ser trabalhadores produtivos, para
que os adolescentes das camadas médias e das elites, tenham uma vida cada vez mais longa, ou
ao menos possam vegetar, divertir-se, gozar a vida, gastar o tempo improdutivamente,
despreocupadamente. A diferença entre escolarização de crianças pobres e ricas também é fato
antigo e não só sistema brasileiro. Sempre houve.
A perspectiva, há longo prazo, é a criação de uma proposta curricular definida pelos
participantes desse processo. Nessa medida não se tem um modelo a priori, mas espera-se que
a construção de uma tal proposta ligue-se estreitamente às características da população e da
região.
Tem que haver interação de ação com a sociedade, família e escola.
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REFERÊNCIAS
AMIRALIAN, M.L.T.M. Psicologia do excepcional. São Paulo: Rappaport, C.R. Temas básicos
de Psicologia., EPU, 1986.
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Set/Out. 1997 .
ESPAÇO XXI. O que é Síndrome de Down. Campinas: Instituto Educacional Parthenon, 2000.
MIGUEL, G. Arrojo. Da Escola Carente à Escola Possível. São Paulo: Ed. Loyola, 1985.
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REVISTA ABC EDUCATIVO. Inclusão – a educação centrada no aluno, Editora Criarp, Ltda
,ago/2004.
STAINBACK, Susan E William. Inclusão Um guia para educadores. Porto Alegre: Editora
Artmed , 1999.
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A INFLUÊNCIA DO JUDÔ NO
DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA
Juliana da Silva Macedo1
RESUMO: O judô como ponte entre a indisciplina e o processo de ensino aprendizagem, para
crianças tem como objetivo de identificar as características presentes no esporte e analisar se
podem contribuir na mediação de conflitos ou evitar que ocorra dentro do ambiente de
aprendizagem. A metodologia adotada trata-se de uma revisão narrativa de literatura, baseada
em materiais encontrados nas seguintes bases de dados: livros, materiais didáticos e revisões
sistemáticas de artigos científicos e sites específicos da área. O levantamento bibliográfico foi
realizado no segundo semestre de 2018. O trabalho visa apresentar modelos de ações e projetos,
que possam favorecer o ambiente de sala de aula, tornando um ambiente harmonioso onde
realmente seja um local de aprendizagem, troca de experiências e um crescimento como cidadão.
E verificar evidências nas práticas esportivas, características presentes no esporte que possam
ser relacionadas com aspectos existentes em sala de aula no momento do estudo. O esporte por
meio de seus princípios pode de forma sistemática ser alinhado e contribuir na formação e
solidificação dos valores. Aprendizagem por meio dos jogos proporciona experiências marcantes,
mas principalmente desenvolve a concentração, dedicação, foco, persistência e motivação.
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defendido por muitos como um dos pontos momento que acham não ser mais necessário
principais nos baixos índices de os estudos. Face bastante complicada.
desenvolvimentos dos alunos em sala de aula. A faixa etária a discorrer será alunos do
Trabalhar com essa problemática tem sido um ensino fundamental II, refere-se grande parte
enigma a ser decifrado para os docentes. da fase da adolescência. Período de
Inicialmente é fundamental compreender o grandessíssimas mudanças na vida dos alunos.
que seria a indisciplina em sala de aula, e assim, E lidar com essa fase de mudança de forma
pode-se nortear as ações. harmoniosa é algo que requer bastante estudo,
A indisciplina nas escolas segundo Garcia, paciência e reflexão.
(1999, p. 102), está relacionada: Segundo (VALDECI, 2015), durante essa fase
Como a incongruência entre os critérios e de mudança o aluno:
expectativas assumidos pela escola (que Parte para a construção de sua identidade,
supostamente refletem o pensamento da através da busca de valores e objetos pessoais
comunidade escolar) em termos de mais permanentes. Nesse sentido, aumenta-se
comportamento, atitudes, socialização, a necessidade de vivências e atitudes de
relacionamentos e desenvolvimento cognitivo tendências grupais, a necessidade de
e aquilo que demonstram os estudantes. intelectualizar e fantasiar, uma vez que seu
As várias formas de apresentar as causas das desenvolvimento cognitivo já permite criar
indisciplinas: o aluno desrespeitador, sem hipóteses. Observa-se uma capacidade de
limite e desinteressado. Esse conjunto de senso crítico e, por isso, podem ocorrer crises
fatores geram atitudes de diferem de um religiosas, atitudes sociais reivindicatórias e
padrão seguido por séculos na educação, condutas contraditórias.
também conhecido como educação Em alguns casos as atitudes reivindicatórias
tradicional. são entendidas como indisciplinas, pois foge
Foi apresentado que vários fatores ou dos padrões desenvolvidos por partes de
incongruência, afetam ou interferem o muitos. A educação dos dias atuais requer um
desenvolvimento cognitivo. A escola tem um padrão de aluno diferente “o aluno
papel importante neste processo, pois, em protagonista”, assim, o mesmo será
alguns casos é o primeiro contato de muitos questionador.
estudantes com a definição dos limites e ou
conduta ilibada. • A incivilidade
Segundo Içami Tiba (1996), “em termos de É um conceito que representa a indisciplina
sabedoria, quanto mais se sabe, mais se quer de forma mais sucinta, tipo as grosserias, as
aprender.” Diante do exposto, o grande desafio desordens, as ofensas verbais.
para o professor facilitador é motivar o aluno a Segundo Charlot (2002, p. 437), as
busca do conhecimento, pois mais que o incivilidades se referem a condutas que se
mesmo entenda não ser necessário. contrapõe às regras da boa convivência. As
Os pais ainda enfrentam essa questão, os incivilidades não rompem, necessariamente,
filhos, alunos, chegam a um determinado com acordos, regras e esquemas pedagógicos.
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Questões que para muitos alunos são vistas de aprendizagem e sim diminuição das
forma normal e utilizam a expressão “nada a eventualidades.
ver”.
A geração atual dos estudantes do grupo em INFLUÊNCIA DO JUDÔ NO
estudo conhecido com geração Z (nascidos
entre os anos de 1990 até 2010), os nativos DESENVOLVIMENTO DAS
digitais. A educação tradicional dificilmente vai CRIANÇAS
envolve-los de uma forma satisfatória levando O esporte é uma ferramenta poderosa que
os mesmos a aprendizagem. utilizada da maneira correta contribuir na
Essa grande problemática das escolas na formação do indivíduo. Vai além da prática
atualidade escolar: fazer com que os alunos sadia e prazerosa, ajuda a desenvolver senso
permaneçam na escola e que progridam crítico, criatividade e competências.
quantitativa e qualitativamente nos estudos Entre várias opções ou alternativas para
tem sido os dos grandes desafios dos pais e minimizar os problemas de indisciplina no meio
educadores. escolar destaco o esporte educacional.
O educando requer limites. Para Está na constituição Federal o esporte
(Freire,1995), limite é a mediação da disciplina, educacional como sendo aquele:
não há liberdade sem disciplina, está por sua Praticado nos sistemas de ensino e em
vez não pode ser confundida com formas assistemáticas de educação, evitando-
autoritarismo caso aconteça estaríamos se a seletividade, a hipercompetitividade de
retrocedendo. seus praticantes, com a finalidade de alcançar
o desenvolvimento integral do indivíduo e a
MEDIAR CONFLITOS NO sua formação para o exercício da cidadania e a
prática do lazer (BRASIL, 1988, Art. 3º, I).
ÂMBITO ESCOLAR No ano de 1995 com a criação do Ministério
O conflito sempre vai existir, na escola ou
Extraordinário dos Esporte e do INDESP
não, está implícito na sociedade, pois, o
(Instituto Nacional do Desenvolvimento do
conflito se origina da diferença de interesses. E
Esporte) foi elaborado um documento com os
na escola o educador entre outras ações, tem a
princípios fundamentais do esporte
oportunidade de contribuir neste quesito
educacional, que são:
importante, a formação do cidadão.
Princípio da Totalidade: a prática esportiva
O papel do professor mediador é por meio
educacional deve fortalecer a unidade do
da sua ação pedagógica ensinar os
homem consigo, com o outro e com o mundo,
conhecimentos, lembrando, ensinar não é
tendo como elementos indissociáveis a
simplesmente transferir conhecimento é a
emoção a sensação, o pensamento e a
mediação das situações na relação cognitiva.
intuição. Nesse princípio, os praticantes do
Manter um ambiente de harmonia é
esporte educacional deverão fortalecer o
fundamental para desenvolver de
conhecimento, a autoestima e a auto
superação, tudo isso desenvolvido dentro de
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Para Ausubel (1988), “os alunos precisam buscando compreender e interagir com os
estar predispostos para que aconteça uma mesmos.
aprendizagem significativa”, (apud, Brito, O docente necessita encontrar o ponto de
2012). Brito (2012), evidência dois tipos de equilíbrio e motivação nos estudantes dos dias
aprendizagem: atuais, pois em grande parte, os mesmos não
a aprendizagem superficial ... ocorrendo a têm gana pelo conhecimento ou ainda não
memorização, necessária para os momentos sentiram a paixão pelo saber pedagógico.
avaliativos, sem levar em conta a reflexão e a Sempre levando em conto os conhecimentos
importância da compreensão do conteúdo; e a prévios dos discentes.
aprendizagem profunda acontece quando os A oportunidade de proporcionar
educandos buscam entender o significado do experiências e emoções por meio dos jogos em
que estudam fazendo relação com os situações adversas com o auxílio do lúdico é
conhecimentos adquiridos anteriormente, fantástica.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A discussão inicial do trabalho passa pela questão da indisciplina em sala de aula, sendo
um problema para a real aprendizagem do aluno. Assim, abordamos o esporte com o objetivo de
identificar as características presentes, com potencial para diminuir tais problemas, sendo uma
ponte entre a indisciplina e a aprendizagem do aluno.
Esse fato se confirma quando consideramos o número de obras e autores que aprofundam
as discussões sobre a indisciplina no meio escolar.
A indisciplina está presente na escola e na sala de aula, entretanto, o professor pode
utilizar as situações para o desenvolvimento e aprendizagem do aluno. A compreensão sobre a
indisciplina é um divisor de águas, só assim, pode-se direcionar ações para o trabalho.
Inicialmente apresentei a indisciplina como um fator relevante e problemático para o
desenvolvimento do aluno, sendo um problema para o processo de ensino aprendizagem, a
indisciplina não é, e não será algo lindo, entretanto ela pode ser utilizada de maneira positiva
para a formação do aluno cidadão, retomando uma das missões do professor, “formar cidadãos”,
trabalhando princípios e valores.
Entre os objetivos do trabalho eles foram se completando no decorrer do trabalho, as
características presentes no esporte, contribuição na mediação de conflitos. Evitar que os
conflitos ocorram dentro do ambiente de aprendizagem é um fato que diante da pesquisa analiso
que diferentemente do início da pesquisa, “eles acontecem e podem acontecer”, o importante é
como vamos aproveitar a oportunidade para aprendizagem do aluno.
O esporte por meio de seus princípios pode de forma sistemática ser alinhado e contribuir
na formação e solidificação dos valores. Aprendizagem por meio dos jogos proporciona
experiências marcantes, mas principalmente desenvolve a concentração, dedicação, foco,
persistência e motivação.
O que apresentamos até agora não nos permite afirmar as principais causas de indisciplina
no âmbito escolar, porém, a importância do professor mediador, no processo ensino aprendizado
é fundamental, o supracitado apresenta características que contribui na mediação dos conflitos,
pois os mesmos irão acontecera, a questão foco é, como lidar com esses conflitos ou indisciplina
de forma a contribuir na formação do aluno.
O esporte é sim uma ferramenta que pode ser utilizada de forma a contribuir em pontos
chaves para o momento da aprendizagem, ex: assimilação de um conteúdo (concentração,
dedicação, persistência etc.). Aprender a respeitar as regras do jogo é aprender a respeitar as
regras da vida.
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REFERÊNCIAS
AQUINO, Julio Groppa. A indisciplina e a escola atual. Revista da Faculdade de Educação,
[s.l.], v. 24, n. 2, p.181-204, jul. 1998. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s0102-
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CAPITANIO, Ana Maria. Educação através da prática esportiva: missão impossível? Revista
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SITE. Princípios Fundamentais do Esporte Educacional. [19 de julho 2008]. Disponível em:
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TIBA, Içami. Disciplina, limite na medida certa / Içami Tiba. — São Paulo: Editora Gente, 1996
— 1a ed.
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RESUMO: O presente artigo destaca a importância da interação entre bebês, crianças e adultos
na construção da escuta na educação infantil ,fazendo com que a criança se enxergue como
sujeito participativo e protagonista da sua própria história, sendo oferecido ambientes que lhes
proporcionem tais experiências, por meio de espaços adequados, professores capacitados ,
sensibilidade ao ouvir a criança, nas rodas de conversas, rodas de histórias, brincadeiras e
interações com crianças de diversas faixas etárias , pois a atitude da escuta cria um sentimento
de segurança e de pertencimento favorecendo assim o seu bem estar na EU
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Nossas observações, levaram em consideração as pesquisas feitas nos livros acadêmicos,
artigos, e também na nossa vivência pedagógica, considerando muito válido esse contato com o
mundo das interações e da escuta e em que contexto elas estão inseridas.
Reflete-se o quanto é importante as interações e a escuta na educação infantil,
principalmente na pré-escola, pois ela amplia as experiências e as vivências dentro das unidades
educacionais, promovendo o protagonismo infantil, a reflexão, sensibilidade no ouvir, trocas de
vivências, descobertas e hipóteses. Acredita-se que os educadores podem promover essas
interações e essa escuta por meio do oferecimento de espaços propício, seguro e acolhedor para
essas vivências, sempre priorizando o lúdico, a escuta, e o protagonismo da criança.
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REFERÊNCIAS
FRIEDMAN, Adrianna. A Voz e a Vez das Crianças. Ed. Panda Educação.
RIBEIRO, Bruna. Pedagogia das miudezas: saberes necessários a uma pedagogia que
escuta.
SÃO PAULO (SP). Secretaria Municipal de Educação. Coordenadoria Pedagógica. Currículo da
cidade : Educação Infantil. – São Paulo : SME / COPED, 2019
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RESUMO: O presente artigo tem por objetivo conhecer a literatura presente nas cartas pessoais
do escritor alagoano Graciliano Ramos, principalmente, no livro que é o objeto de nossa pesquisa
Cartas, refletindo a partir das cartas apresentadas no citado livro como se deu a construções de
São Bernardo. Mediante a uma metodologia qualitativa e bibliográfica, analisamos as cartas sob
o crivo de teóricos como Cândido (1955), Bosi (2017), Silva & Gomes (2017) e Moraes (1954),
discutindo a respeito da linguagem, escrita concisa e o teor psicológico dos personagens e sua
importância na construção do estilo de Graciliano. Percebendo ainda como se deu o início da vida
do autor como literato, a contragosto de seu pai e os enfrentamentos na sua vida que
contribuíram para a constituição do escritor Graciliano Ramos.
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comprava livros pelo correio na célebre Livraria trabalhava na loja de tecidos do pai, a Loja
Garnier, orientado pelos catálogos que recebia Sincera. Ali trabalhava no balcão e fazia a
do Mercure de France, a mais completa revista escrita comercial da casa,” (FACIOLI, 1987).
literária do seu tempo. Nesta época, Graciliano mantinha contato com
Conheceu Heloísa Leite de Medeiros em sua família por meio de cartas. Além dos pais,
1928, com quem casou em Maceió em 16 de ele escrevia também a um amigo de infância
fevereiro; com ela teve mais 4 filhos e foi sua que se chamava Joaquim Pinto da Mota Lima
companheira até sua morte. Trabalhou como Filho. Anos mais tarde, ele também
jornalista no Rio de Janeiro, voltou para o correspondeu-se com Heloísa Ramos, que veio
Nordeste em 1915, morou em Palmeira dos a ser sua segunda esposa. Graciliano adorava
Índios, casou-se em 1928, foi prefeito durante escrever.
dois anos, publicou seu primeiro romance Eu não te escrevo somente por gosto de
Caetés em 1933, trabalhou na imprensa oficial escrever: escrevo-te para pedir uma
e publicou São Bernardo em 1934. Foi preso em informação, duas informações quero dizer,
Maceió em março de 1936; sua prisão serviu de sobre assuntos que muito me interessam.
inspiração para Memórias do Cárcere em 1953, Rodolfo escreveu-me há dias uma carta. Não
obra publicada postumamente, onde ele narra tratei de respondê-la logo, perdi-a, estou agora
experiências que vivenciou enquanto esteve sem saber o endereço do ex-futuro membro da
preso acusado de ser comunista. Academia Brasileira de Letras. (Falo assim
Após a prisão associou-se ao partido porque ele abandonou covardemente aquela
comunista. Em 1951 foi eleito presidente da obra monumental que estávamos a escrever,
Associação Brasileira de Escritores. Viajou para com o pseudônimo de M. Soares). (RAMOS,
países socialistas e dessa experiência escreveu 1992, p.17)
Viagem, outra publicação póstuma. Em 1952 Como podemos ver na citação de Graciliano
adoeceu gravemente e em 1953 faleceu vítima quando se refere à carta do amigo J. Pinto, o
de câncer de pulmão. autor gosta de escrever, contudo, também é
Na obra de Graciliano Ramos, nunca por meio do amigo que ele podia saber a
sabemos onde começa a Literatura e onde respeito das coisas que o interessavam e,
termina a experiência, pois, as duas se dentre os diversos assuntos, o que mais o
misturam indubitavelmente. No livro Cartas, interessava era Literatura.
obra póstuma, vimos o quanto a Literatura está
presente e circunda a vida do escritor, assim A CONSTRUÇÃO DE SÃO
como nas cartas pessoais destinadas à Heloísa
Ramos e alguns familiares. BERNARDO E O LIVRO CARTAS
Aos 18 anos, Graciliano Ramos, o aspirante a Em suas cartas à Heloísa Ramos, Graciliano
escritor, vai para Palmeira dos Índios, cuidar de descreve alguns traços de algumas de suas
uma casa comercial de seu pai, Sebastião obras, entre elas São Bernardo e Angústia, duas
Ramos, enquanto sua família se muda de suas grandes obras. A partir disso,
definitivamente de Viçosa. “Graciliano, pretendemos registrar a compreensão que
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Graciliano Ramos tinha de São Bernardo e se a O realismo de Graciliano não é orgânico nem
obra corresponde às informações prévias nas espontâneo. É crítico. O “herói” é sempre um
cartas. problema: não aceita o mundo, nem os outros,
No trecho acima, de acordo com (BOSI, nem a si mesmo. Sofrendo pelas distâncias que
2017), podemos Mas é em São Bernardo que o o separam da placenta familiar ou grupal,
foco narrativo em primeira pessoa mostrará a introjeta o conflito numa conduta de extrema
sua verdadeira força na medida em que seria dureza que é a sua única máscara possível
capaz de configurar o nível de consciência de (BOSI, 2017, p.429).
um homem que, tendo conquistado a duras A partir do que nos demonstra Bosi (2017),
penas um lugar ao sol, absorveu na sua longa podemos perceber que o “herói” de Graciliano
jornada toda a agressividade latente em um tem inúmeras questões, são personagens
sistema de competição (BOSI, 2017, p. 430). cheios de camadas, profundos e que trazem
Perceber - se que todo o contexto que consigo conflitos interiores. O estilo de escrita
circundava o narrador/personagem teve forte de Graciliano é um modo muito preciso, o
influência sobre o mesmo e foram decisivos no entendimento é claro. Ele era conhecido como
decorrer da obra, por isso, é importante um escritor “econômico em suas palavras”
entendermos todo o contexto que envolve o usando as que eram indispensáveis e
narrador. considerava que quanto mais enxuto, melhor
seria seu texto. Como menciona Monteiro
O AUTOR MODERNISTA (1959), a respeito da autenticidade de sua
obra:
Graciliano é um dos autores brasileiros
A obra de Graciliano Ramos é, sem dúvida,
pertencentes à segunda fase do movimento
uma confissão. Não de “fatos” da sua vida, mas
modernista, também conhecida como
do seu íntimo ser. É um diário transposto da
regionalista, porém, essa é mais uma de suas
sua própria angústia, e da sua imensa
vertentes, pois há outras, igualmente
descrença nos homens, do seu imenso
importantes, que se passam na geografia
desconsolo de viver, da sua sempre desiludida
urbana. Suas obras contemplam os problemas
sede de justiça. E por isso, sendo o mais puro
sociais da região Nordeste. Com caráter e
estilista de todos os seus contemporâneos, ele
opiniões muito fortes, seus temas são sempre
foi ao mesmo tempo o mesmo literato, o mais
voltados para as causas sociais; trouxe em sua
alheio a tudo quanto fosse fazer cada vez com
obra críticas ao sofrimento vivido pelo povo
mais autenticidade a sua confissão. No que não
nordestino. Seus personagens, em sua maioria,
há mistério nenhum: o estilo é nele a própria
são redondos e trazem à tona toda
exigência da verdade; a secura, a nitidez, a
subjetividade humana, traços psicológicos e a
crueza, são o caminho para a unidade, e não a
maneira como esses seres humanos se
procura dum efeito, duma beleza: não são um
relacionam. As análises psicológicas são
realce, mas a condição do integral
profundas. Há conflitos entre a classe
desnudamento da vida, como ele a via (
trabalhadora e as classes privilegiadas.
MONTEIRO, 1959, p. 275).
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
A tão original quanto São Bernardo. Assim, Paulo, e de como foi reconhecido como escritor
São Bernardo, conhecido como um dos diante de alguns leitores.
melhores romances produzido pelo autor A carta pessoal é um gênero textual usado
retrata a história do homem que, a princípio para construir diálogo entre pessoas íntimas e
seria vitorioso, mas trata-se de um herói traz consigo algumas marcas de personalidade;
problemático2 , que se deixa levar pela ambição
1 por meio dela podemos ver o grau de relação
e desejo de ascensão social. A maestria de que existe entre os interlocutores. “No que diz
Graciliano é tamanha ao ponto de ser respeito aos traços característicos da carta
reconhecida por teóricos como Candido pessoal, geralmente é uma tradição
(2006), ao mencionar como podemos perceber comunicativa carregada de subjetividade e que
de acordo com Monteiro (2017), a vida nem traduz a expressão pessoal do emissor,” (SILVA
sempre é composta de beleza, mas de dores, & GOMES, 2017, p.213).
situações difíceis, angústia, pesares e O livro Cartas é uma obra póstuma,
descrença. E todas essas esferas que compõem publicada 27 anos após a morte de Graciliano,
a subjetividade humana estão expostas e onde encontramos cartas destinadas a Heloísa
acessíveis na obra de Graciliano, o mais nítida Ramos e a outras pessoas próximas ao escritor,
possível. Muitas dessas questões trazidas pelo tais como os pais Maria Amélia Ferro Ramos e
autor não são fáceis de se colocar à vista, mas Sebastião Ramos de Oliveira; as irmãs Leonor,
muito indagantes quando analisadas Otacília e Marili; Luís Augusto de Medeiros seu
minuciosamente. cunhado; os filhos Júnio, Clara, Ricardo Ramos
e Luiza; e o amigo Joaquim Pinto da Mota Lima
CARTAS Filho.
Embora a carta seja um gênero em desuso Graciliano, sempre contrário à intromissão
hoje, era a maneira mais comum de se de seu espaço pessoal, dizia que seus inéditos
só deveriam ser publicados 20 anos após a sua
comunicar na época em que foi escrita. Ela traz
morte e por meio de suas correspondências
consigo muita significância aos aspectos que o
podemos conhecer alguns acontecimentos na
autor se relaciona e como eram na maneira
com que o autor se utilizava da linguagem. vida do autor. São 112 cartas, a primeira escrita
em 14 de novembro de 1910 e a última em 1º
As cartas de Graciliano, em especial as que
de maio de 1952. Em sua maioria, as cartas são
foram enviadas a sua esposa Heloísa Ramos,
escritas para sua esposa Heloísa Ramos, para a
são muito interessantes porque nelas o autor
qual escreveu 58 cartas. As correspondências
falava de suas produções, de suas aspirações e
enviadas desde quando foi prefeito, em
compartilhava seus gostos, as expectativas de
Palmeira dos Índios, no agreste de Alagoas, e
outros autores e de sua ida para o Rio e São
outras enviadas durante uma viagem que fez à
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
325
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
espantei-me. Realmente suponho que sou um por isso, o autor tenha se dedicado a uma obra
sujeito de muito talento. Veja como ando besta que:
(RAMOS, 1992, p.128). Como certos poetas que praticaram
Graciliano valorizava a linguagem nordestina minuciosamente as formas fixas, antes de
e relatava nas cartas que tudo o que cultivarem o verso livre com tal maestria que
encontrava ia parar no livro, possivelmente, o ele parece ter sido sempre a sua via única e
fato de enaltecer a linguagem tornava sua obra preferencial, o romancista profundo e doloroso
um tanto quanto genuína e verossímil. Isso o de São Bernardo e Angústia ainda é aqui
envaidece, pois, ele tinha consciência de que praticante, aliás magistral, de fórmulas
sua obra era genial. convencionais da técnica do romance
Podemos perceber o quanto Graciliano se (CANDIDO, 2006, p. 19).
dedicou a obra São Bernardo e como o Paulo Honório, um homem determinado a
agradava o último capítulo, o qual trazia se tornar fazendeiro, decide, depois da morte
melancolia e tristeza para seu personagem de sua esposa Madalena, escrever um livro
Paulo Honório. O autor sempre fazia referência contando sua trajetória, que de homem guia de
a Paulo Honório como se fosse um ser real e cego tornou-se proprietário da fazenda São
sabia o tamanho da importância de seu Bernardo. São Bernardo é um romance narrado
personagem como podemos observar na em primeira pessoa, fascinante e com alguns
seguinte fala: “Quem sabe daqui a trezentos questionamentos. Seu narrador, Paulo
anos eu não serei um clássico? Os idiotas que Honório, refere-se a suas personagens como
estudarem gramática lerão S. Bernardo, coisas. A personalidade mesquinha e
cochilando, e procurarão nos monólogos de dominadora do narrador é impressa na obra de
seu Paulo Honório exemplos de boa tal modo que podemos analisá-lo por meio de
linguagem” (RAMOS, 1992, p.135). seu sentimento de posse; Paulo Honório não
Em uma de suas cartas o autor recebe uma media esforços para conquistar o que queria.
remessa do volume Menino de Engenho de O que é certo é que, a respeito de letras, sou
José Lins do Rêgo e o classifica como excelente, versado em estatística, pecuária, agricultura,
dizendo ainda que “O S. Bernardo está acuado” escrituração mercantil, conhecimentos inúteis
a partir da avaliação generosa para com o livro neste gênero. Recorrendo a eles, arrisco-me a
do autor paraibano. Graciliano era modesto. usar expressões técnicas, desconhecidas do
Onde seu pai Sebastião Ramos leu duas vezes público, e a ser tido por pedante. Saindo daí, a
Menino de Engenho e o fato de seu pai ter lido minha ignorância é completa. E não vou, está
duas vezes a obra, talvez o tenha feito sentir-se claro, aos cinquenta anos, munir-me de noções
obrigado ao capricho com que elaborou o São que não obtive na mocidade (RAMOS, 2012, p.
Bernardo. 8)
Como podemos perceber no livro Cartas, A história tem um narrador/personagem
Graciliano sentia-se incomodado com a falta de que se descreve como grande conhecedor em
intelectualidade das pessoas, provavelmente outras áreas que não na escrita e com um tanto
de falta de modéstia. Um aspecto bastante
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
intrigante é o fato de uma obra tão bem feita aquela que ele tanto amou. Podemos observar
ser narrada por um homem semianalfabeto, tais aspectos a partir do que menciona Bosi
por isso, podemos perceber alguns traços de (2017), quando afirma:
inverossimilhança. Um romance escrito em Mas é em São Bernardo que o foco narrativo
primeira pessoa naturalmente dá margem para em primeira pessoa mostrará a sua verdadeira
que o autor tenha liberdade para criar, sendo força na medida em que seria capaz de
assim, vemos que a história está sendo contada configurar o nível de consciência de um
pela perspectiva de Paulo Honório, por isso, homem que, tendo conquistado a duras penas
que temos apenas um ponto de vista e quem um lugar ao sol, absorveu na sua longa jornada
escreve sua própria história escreve o que toda a agressividade latente em um sistema de
quiser e como quiser. competição. Paulo Honório cresceu e afirmou-
Um romance escrito com uma profundidade se no clima da posse, mas a sua união com a
emocional e elaborado com tanto requinte professorinha idealista da cidade vem a ser o
literário é ao mesmo tempo uma construção único, e decisivo malogro daquela posição de
expressada por um personagem com tamanha propriedade estendida a um ser humano (BOSI,
aspereza e grosseria, como é Paulo Honório. 2017, p. 430).
“Abandonei a empresa, mas um dia destes ouvi Como podemos observar, Paulo Honório
novo pio de coruja - e iniciei a composição de ficou no plano de ter em contraponto com
repente, valendo-me dos meus próprios Madalena que era do ser, esse contraste
recursos e sem indagar se isto me traz qualquer começa a causar rachaduras que fugiam do
vantagem, direta ou indireta,” (RAMOS, 2012, controle do protagonista. O escritor traz à tona
p. 7). particularidades de Paulo Honório como a sua
Outro ponto relevante na obra é o fato de desumanidade e endurecimento. “O S.
que há dois tipos de tempos, na qual o tempo Bernardo está muito transformado, Ló. Seu
psicológico se sobrepõe ao cronológico, ou Paulo Honório, magnífico, você vai ver. O diabo
seja, todos os conflitos que se passam na é que as folhas estão cheias e não há mais lugar
cabeça de Paulo Honório se evidenciam na para fazer emendas. Se eu morresse hoje
medida em que avançam seus monólogos, ninguém poderia ler aquilo. [...] Agora vou
elementos estes que demonstram como esta tomar um banho e meter-me no S. Bernardo.”
obra é um romance muito bem construído. (RAMOS, 1992, p.138). A obra já estava cheia,
No romance podemos perceber que Paulo como Graciliano era sucinto nas palavras,
Honório escreveu seu próprio relato de vida preocupava-se sempre em simplificar, em
com a intenção de compreender o motivo que deixar o mais compacto possível. Como estava
teria levado Madalena a cometer o suicídio, trabalhando menos, o tempo livre ajudava-o a
enquanto relata, reflete e é tão somente nessa dedicar-se mais a São Bernardo.
sua busca que o narrador/personagem se As expectativas depositadas em Paulo
encontra embebido em uma angústia. Paulo Honório foram muitas. Graciliano sabia quando
Honório mesmo com toda sua frieza e ambição, o construiu, que seu personagem era um
cai em si e vê o quanto sua ganância o tirou exemplo perfeito do homem grosso, cru,
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
violento e cascudo. Durante o período em que e da metalinguagem dos narradores, ela define
escrevia o romance, o escritor viveu um a si mesma; por outro contribui para a
período difícil, estava doente e desempregado, definição da totalidade social, -que se projeta
talvez essas dificuldades tenham contribuído nas formas de representação e da qual é parte
para traçar um perfil com tanta dureza e ativa (ABDALA Jr., 1981, p.398)
brutalidade. Tudo muito bem compacto como Para Graciliano a escrita foge de qualquer
era o estilo de Graciliano. Essa ligação pode ser modelo estereotipado. Em suas cartas diz que
percebida nas palavras do próprio autor ao “Agora está sendo traduzido para brasileiro,
mencionar sobre seus dias difíceis: um brasileiro encrencado, muito diferente do
A verdade é que meus negócios andavam que aparece nos livros da gente da cidade, um
encrencadíssimos. É possível que esse sujeito brasileiro matuto, com uma quantidade
reflita alguma tendência que no autor existisse enorme de expressões inéditas, belezas que eu
para matar alguém, ato que na realidade não mesmo nem suspeitava que existissem.”
poderia praticar um cidadão criado na ordem, (RAMOS, 1992, p.135). Graciliano buscou
acostumado a ver o pai, homem sisudo e meio- trazer uma linguagem genuína que traduzisse
termo, pagar o imposto regularmente.[...] Até de forma mais autêntica possível a linguagem
o capítulo XVIII tudo correu sem transtorno. nordestina - e como laboratório usou
Um dia de fevereiro, ao entrar em casa, senti expressões usadas pelo velho Sebastião (seu
arrepios. À noite, com febre, fiz o capítulo XIX , pai), Chico (comerciante e chefe político em
uma confusão que mais tarde, quando me Palmeira dos Índios), Otávio (fazendeiro e
restabeleci, conservei. A doença prendeu-me à político) e José Leite (fazendeiro), no qual por
cama uns três ou quatro meses. Viagem a meio da enunciação do sujeito, não estaria
Maceió, exames, diagnósticos equívocos, junta apenas a linguagem, mas todos os valores e os
médica, entrada no hospital, operação, estereótipos onde predomina a ideologia
quarenta e tantos dias com tubo de borracha a dominante.
atravessar-me a barriga, delírios úteis na Acabei agora a tarefa diária do São
fabricação de um romance e de alguns contos, Bernardo. Os trabalhadores do eito descansam
convalescência morosa (RAMOS, 1979, p.77). às seis horas. Eu estou aqui desde oito da
Graciliano tinha um nível muito preciso e manhã, e já é meia-noite. Como amanhã temos
intencional da linguagem de sua obra, era uma correio, fico aqui à mesa alguns minutos mais,
forma de pensar a realidade e isso tornou-se conversando com você. Amanhã não terei
uma marca da organização da sua escrita em tempo para nada, porque essa gente do São
sua literatura. Conseguimos observar tal Bernardo exige todas as horas que Deus dá.
característica a partir do que expõe Abdala Jr. Depois de tudo pronto, acontecerá o que
(1981), no trecho que segue: aconteceu ao Caetés. Haverá no mundo um
Com o procedimento, a escrita de Graciliano sujeito mais besta do que eu? Em todo o caso
Ramos procura transformar-se em um fato antes esta ocupação de condenado que os
social ativo pelo desempenho de uma dupla fuxicos da política de Palmeira. Estou trancado.
função histórica: por um lado, através da práxis
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
Isto para você deve ser agradável. (RAMOS, alguns fantasmas que me perseguiam?”
1992, p.136) (RAMOS, 1949, p.2).
A linguagem de Graciliano é feita para um Ló: No último capítulo do S. Bernardo o
leitor crítico, pois considera as condições nosso amigo Paulo Honório escreve uma carta
socioculturais brasileiras. Para um leitor que a certo sujeito de Minas, sobre um negócio
dialoga e compreende a interação do sujeito confuso de porcos e gado zebu, se não estou
com o seu próprio meio. De acordo com a obra enganado. Ou só de porcos: parece que no livro
podemos perceber que Paulo Honório admite não se fala em gado zebu. Só vendo. Pois eu
ser um homem egoísta e brutal, que quando agora acabo de escrever duas cartas a dois
chega a lembrar de Madalena chega a se ferir sujeitos de Minas, sobre o mencionado Paulo
nos lábios e nas mãos, podemos identificar em Honório. Não tratei de porcos - só literatura
suas características descritas “Devo ter um (RAMOS, 1992, p.146).
coração miúdo, lacunas no cérebro, nervos O escritor aborda na obra questões sobre
diferentes dos nervos dos outros homens. E um consciências de classe e trabalho escravo,
nariz enorme, uma boca enorme, dedos colocando em sua obra um pouco do que o
enormes.” (RAMOS, 2012, p.144). Tais cercava, pois tudo o que se encontrava em seu
características são justificadas em entorno servia de inspiração. Em uma das
consequência de sua profissão. Como em São cartas ele diz ser um “literato horrível”, e que
Bernardo tudo é seco, brutal e duro, a obra é não sabe ser outra coisa e atribui sua inclinação
capaz de traduzir com precisão toda sondagem para tal o fato dos pais terem o feito ler José de
psicológica por meio dos elementos que Alencar quando mais jovem. Com isso,
compõem a narrativa. podemos perceber que o autor tinha a
O narrador é tomado por um desejo literatura impregnada desde cedo.
dominador que é alimentado pelo ciúme Para Graciliano, existiam em Maceió apenas
desenfreado e que traz consigo um desejo 4 tipos de pessoas: os políticos, os fazendeiros,
incontrolável “Aperto as mãos de tal forma que os que plantam algodão e os que fabricam
me firo com as unhas, e quando caio em mim açúcar, sendo ele diferente dos demais. O
estou mordendo os beiços a ponto de tirar escritor se encontrava mal em outras
sangue.” (RAMOS, 2012, p.143). profissões, mas nunca desistiu de escrever “hei
O processo de construção de São Bernardo de fazer sempre romances” (RAMOS, 1992,
durou oito anos; somente em 1932, Paulo p.147), nem evitou polêmicas entre outros
Honório ganhou forma, o perfil estava escritores.
devidamente traçado, é possível visualizá-lo São Bernardo provocaria uma polêmica
sentado no alpendre da São Bernardo, o entre Jorge Amado e Augusto Frederico
alagoano rústico, amigo de pessoas influentes, Schmidt, que havia escrito uma resenha no
tais como “funcionários da polícia e fidalgos Diário de Notícias com senões ao livro. Jorge
estrangeiros” (RAMOS, 1949, p.2). O escritor sairia em defesa de Graciliano no Boletim de
chega até mesmo a refletir o que teria induzido Ariel, atribuindo a má vontade de Schmidt a
a escrever tal romance, “Teria querido matar “motivos de política literária”. Que eram
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
basicamente três, segundo o escritor baiano: em relação à obra São Bernardo se dão tanto
Schmidt se incompatibilizara com Graciliano ao esmero em sua construção, quanto à
pelos problemas surgidos com Caetés; consciência que Graciliano tinha da grandeza
procurara atingir a concorrência de outra da obra, tanto que podemos reconhecer como
editora; e criticara um livro que não havia lido, São Bernardo é pesquisada bem como também
“como velho costume seu”. Schmidt evitaria a é referência entre as maiores obras da época.
tréplica (MORAES, 1993, p.93).
Com base no que foi apresentado, podemos
perceber que em suas cartas, Graciliano
construiu com exatidão os personagens de São
Bernardo e detalhou as minúcias da fazenda
São Bernardo.
Meticuloso numas coisas, esquemático
noutras; apurado no estilo, sumário na
psicologia - manifesta certa frieza de quem não
empenhou realmente as forças. A despeito da
naturalidade habilmente composta, não
evitamos o sentimento de presenciar uma
laboriosa ginástica intelectual em que o autor
se exercita na descrição, narração, diálogo,
notação de atos e costumes; daí a sua
importância como subsídio para compreender
a evolução da obra de Graciliano Ramos a partir
dessas receitas artesanais (CANDIDO, 2006,
p.19).
Vimos o quanto o autor apreciava Literatura
e esperava a mesma apreciação das pessoas,
Graciliano tinha uma escrita bastante apurada
e se dedicava muito a sua literatura. Como
podemos ver na construção da linguagem de
Paulo Honório e no seu perfil psicológico, os
traços de inverossimilhança em seu relato, na
sua alienação para com Madalena os detalhes
tão apurados que despertam um leitor atento
e perspicaz. Com tamanho detalhes podemos
perceber movimentos que favoreciam o
personagem e que seu relato trouxe
justificativas para um ato tão brutal. Logo,
compreendemos que as expectativas do autor
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho teve como objetivo pesquisar a Literatura inerente nas cartas do escritor
Graciliano Ramos e como se deu a construção de, São Bernardo, de acordo com os registros no
livro Cartas, que apresenta as correspondências pessoais do
escritor à sua esposa Heloísa Medeiros e alguns de seus familiares.
O amor pela Literatura que acompanhou o escritor Graciliano Ramos foi um traço muito
marcante desde cedo. A apreciação pelos sonetos, até mesmo dos versos franceses, ainda que
não tivesse sua apreciação, seu estudo de gramática e o trabalho enfadonho com troca de
palavras no Jornal da Manhã e no Século, aperfeiçoaram e contribuíram positivamente para a sua
trajetória como escritor.
Seu despertar pela Literatura era visceral, como podemos perceber na carta enviada a sua
irmã Marili sofre seu conto Mariana:
Arte é sangue, é carne. Além disso não há nada. As nossas personagens são pedaços de
nós mesmos, só podemos expor o que somos. E você não é Mariana, não é da classe dela.
Fique na sua classe, apresente-se como é, nua, sem ocultar nada. Arte é isso. A técnica é
necessária, é claro. Mas se lhe faltar técnica, seja ao menos sincera. Diga o que é, mostre
o que é. Você tem experiência e está na idade de começar. A literatura é uma horrível
profissão, em que só podemos principiar tarde; indispensável muita observação.
Precocidade em literatura é impossível: isto não é música, não temos gênios de dez anos
(RAMOS, 1992, p. 213).
No trecho acima podemos perceber como pensava o escritor e como se fez na sua
Literatura, a partir da sua verdade a respeito das coisas que o cercavam, pois, Literatura sendo
sangue e carne, é também vida e para escrevê-la é necessário estudo profundo, partindo sempre
das verdades de cada um, trazendo à tona sua particularidade.
Por meio das cartas podemos conhecer o outro lado do escritor, suas dificuldades e todas
as adversidades que viveu em meio à suas obras. Entretanto, ao mesmo tempo, percebemos seu
compromisso sério com as produções literárias, pois mesmo com predileção à prosa, Graciliano
se dedicava também a outros gêneros os quais exigiam muito mais trabalho. Suas leituras eram
constantes e o escritor estava sempre produzindo e incentivando também aqueles que o
cercavam, a produzir.
Como podemos inferir a construção de São Bernardo por meio do livro Cartas,
possivelmente foram inspirações em experiências vivenciadas, trazendo tudo com muita verdade
e exatidão. Sua especialidade era o drama psicológico vivido pelos seus personagens, esses eram
redondos e cheios de subjetividade. Graciliano emerge as minúcias, as particularidades e, como
pano de fundo, dramas sociais, diferenças, as insatisfações da vida, dentre outros.
Um fato singular no gênio alagoano é que talvez seja o maior “homem de letras” nascido
no sertão nordestino, pois a cultura sertaneja permeia a maior parte de sua obra, com seus
dramas, valores e tragédias.
Os resultados apresentados foram satisfatórios, pois nos fizeram compreender os
processos que se deram na construção dos personagens sob as temáticas e pressões envolvidas
nas narrativas. A ótica das obras por meio das cartas nos mostram um escritor meticuloso e
inclinado a mostrar toda a verdade de maneira crua, não para embater mas para se fazer ecoar.
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REFERÊNCIAS
ABDALA Jr, B. A escrita neo-realista: análise sócio estilística; análise sócio estilística dos
romances de Carlos de Oliveira e Graciliano Ramos. São Paulo: Ática, 1981.
BOSI, A. História concisa da Literatura Brasileira. 52. ed. São Paulo: Cultrix, 2017.
BOSI, A. (org.) Graciliano Ramos. [Coleção Escritores Brasileiros – Antologia e estudos]. São
Paulo: Ática, 1987.
CANDIDO, A. Ficção e confissão: ensaios sobre Graciliano Ramos. Rio de Janeiro: Ouro
sobre o azul, 2006.
FACIOLI, Valentim. Um homem bruto da terra. In: GARBUGLIO, José C.; BOSI, Alfredo &
FACIOLI, Valentim. Graciliano Ramos. São Paulo: Ática, 1987.
MORAES, D. de. O velho Graça: uma biografia de Graciliano Ramos. 2. ed. Rio de Janeiro:
José Olympio, 1993.
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constatado nessa faixa etária. Dessa forma, a O mercado de trabalho busca, atualmente,
infância é o momento ideal para começar a profissionais capacitados que possuam
desenvolver pessoas responsáveis e habilidades para um bom desenvolvimento de
conscientes com o presente e o futuro quando seu negócio. A parte financeira é, de fato, a
o assunto é finanças. base de todo o processo e, quando o
Porém será este o único motivo para profissional tem uma visão de resolução de
aprender este tema nas escolas? Ou há outras problemas por meios de dados, aplica ele tem
questões envolvidas nessa temática? Quando lugar de destaque. Já quando o profissional não
se fala em educação financeira, talvez algumas possui essa visão o bom desenvolvimento do
pessoas possam pensar que apenas conceitos empreendimento pode ser interrompido,
básicos de matemática são suficientes para como comentam Rossetti Junior e Schimiguel
ensinar este tema. Nessa direção percebemos (2011, p. 01):
também a relevância de trabalhar a educação Conhecer as operações com o dinheiro tem
financeira como um tema transdisciplinar, que sido um obstáculo enfrentado pelos jovens ao
necessita de outros componentes curriculares ingressar no mercado de trabalho. Essas
para abordar os mais diversos conceitos, sejam dificuldades educacionais criam barreiras para
eles teóricos ou práticos. a plena inserção da juventude no mundo do
De acordo com (OCDE, 2005): trabalho, diante das exigências de empresas
[…] o processo pelo qual [...].
consumidores/investidores financeiros Assim, o professor deve ser um facilitador no
aprimoram sua compreensão sobre produtos, processo ensino aprendizagem, despertando
conceitos e riscos financeiros e, por meio de no aluno a necessidade do conhecimento,
informação, instrução e/ou aconselhamento desenvolvendo atividades que levem a
objetivo, desenvolvem as habilidades e a dominar o conhecimento de matemática
confiança para se tornarem mais conscientes financeira, ao mesmo tempo em que os
de riscos e oportunidades financeiras, a fazer vinculem ao seu cotidiano e às profissões,
escolhas informadas, a saber onde buscar fazendo-o consciente dos efeitos do sistema
ajuda, e a tomar outras medidas efetivas para financeiro no seu dia a dia. Desta maneira, é
melhorar seu bem-estar financeiro. essencial que as práticas pedagógicas e os
Os conhecimentos relativos à Matemática conteúdos didáticos estejam em consonância
Financeira são essenciais para o cotidiano da com as novas exigências da atualidade e
maioria das pessoas. Diariamente, estas mercado de trabalho.
pessoas necessitam decidir entre comprar a De acordo com as Diretrizes Curriculares de
prazo ou à vista, dentre diversas possibilidades Matemática para a Educação Básica (2008, p.
de financiamento e, muitas ainda necessitam 61):
decidir qual a melhor forma de renegociar É importante que o aluno do Ensino Médio
dívidas. Estas situações compõem um contexto compreenda a matemática financeira aplicada
vivenciado pela maioria das pessoas aos diversos ramos da atividade humana e sua
influência nas decisões de ordem pessoal e
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social. Tal importância relaciona-se ao trato repertório para práticas que possam compor
com dívidas, com crediários à interpretação de eletivas e projetos, metodologias que
desconto, à compreensão dos reajustes aproximem o aluno da vivência do seu dia a dia.
salariais, à escolha de aplicações financeiras, No ensino da matemática financeira, a
entre outras. metodologia tradicional com aulas expositivas
Segundo Libâneo (1994), o processo ensino centradas no professor, ainda é muito
aprendizagem se dá pela troca de saberes. Por frequente. No entanto, estratégias que
sua vez, o bom professor respeita o motivem o aluno a uma participação ativa
conhecimento prévio de seus alunos, suas promovem a aprendizagem significativa, além
experiências de vida, sua maturidade e utiliza de desenvolver o senso crítico
essa relação de socialização para construir o Finanças Pessoais
conhecimento. ● Calcular recibos e despesas;
Libâneo (1994), considera o processo ensino ● Avaliar a relação pessoal com o dinheiro;
aprendizagem como uma troca de ● Definir prioridades;
conhecimento entre aluno e professor, onde o ● Planejar para alcançar uma meta;
professor não é o dono do saber e o aluno não ● Elaborar um planejamento financeiro a
precisa apenas aprender, mas onde os saberes partir dos tópicos supramencionados.
do professor e do aluno se completam para a
construção da aprendizagem. O professor não Matemática Financeira
pode “caminhar” à frente de seus alunos, ● Realizar operações matemáticas como
indicando caminhos e resultados prontos, mas frações e porcentagens;
deve oferecer a eles, atividades interessantes, ● Estudar funções e expoentes e suas
partindo do real e de preferência do relações com educação financeira;
manipulável e dos conhecimentos que eles já ● Realizar cálculos de taxas e tributos,
dominam, facilitando a descoberta, comparações de rentabilidade de diferentes
favorecendo a própria construção do saber. aplicações financeiras e entender o regime de
capitalização composta (juros compostos);
APLICANDO METODOLOGIAS ● Objetivo: compreender a relação
harmônica entre dinheiro e consumo.
ATIVAS – ABORDAGENS DA
MATEMÁTICA FINANCEIRA Os resultados foram muito satisfatórios.
Acreditamos que a Educação Financeira se Aspectos comportamentais, sociais e
efetiva quando o estudante tem oportunidades financeiros estiveram presentes nos discursos
de refletir de forma crítica sobre a realidade. O dos estudantes, mostrando como acreditavam
professor deve contribuir de forma a trazer que tais fatores influenciaram ou poderiam
abordagens investigativas, convergindo para influenciar na tomada de decisão no interior da
uma prática na qual o aluno tem papel ativo na atividade, ou seja, no conjunto de suas ações.
produção de conhecimento, sendo instigado a Os sujeitos da pesquisa produziram
fazer questionamentos. Uma sugestão de
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considera-se que a aprendizagem de matemática financeira tem como objetivo formar
cidadãos que saibam analisar criticamente as operações financeiras de que faz uso diariamente,
tendo o poder de optar e decidir pelo que lhe pareça melhor diante das tomadas de decisões,
interpretando e refletindo sobre as opções que o mercado oferece. É de extrema importância
tentar contextualizar a matemática com assuntos que fazem parte da experiência dos alunos ou
assuntos que possam estar relacionados com o nosso dia a dia e que de alguma maneira possam
tornar-se conhecimento ou até mesmo despertar a curiosidade. Por fim, com base nas
observações realizadas nas reflexões dos professores, e por meio de estudo feito, a matemática
financeira deve ser trabalhada de forma contextualizada, procurando trazer a vivência do aluno
para a sala de aula.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.
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1
Professor de Arte e Música - Secretaria de Estado da Educação, Cultura e Esportes (SEE).
Graduação: Música.
Psicólogo - Assistência Social e Direitos Humanos – SASDH/Rio Branco-AC.
Graduação: Psicologia
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com mais de 60 anos superará o de brasileiros níveis, sobretudo no trabalho com pacientes
com idade inferior a 30 anos. com problemas na comunicação e linguagem
Com o grande crescimento populacional, ou verbal (GOLD, VORACEK & WIGRAM, 2004;
seja, levando em conta o número de mulheres KIM, WIGRAM & GOLD, 2009).
que estão grávidas em maternidades e Autores pontuam que a musicoterapia
hospitais do país esse número de pessoas criativa pode auxiliar à regulação emocional e a
crescerá bastante podendo ter previsões estados de maior agitação e, ao mesmo tempo,
estimativas para o ano de 2025, quando o promover a comunicação. (BRUSCIA, 1999;
Brasil será a 6ª população mais idosa do NORDOFF & ROBBINS, 1977; TREVARTHEN,
mundo, estudos do (IBGE, 2010) (DEBERT, 2001)
2004; NERI, 2004), ainda que: Algumas Para (MOSSLER, et al., 2011; TREURNICHT, et
pesquisas abordam a questão do aumento al., 2011), as atividades mais utilizadas em
populacional dos idosos ressaltando que a musicoterapia incluem cantar, tocar
população idosa é a de maior crescimento hoje instrumentos musicais, compor, improvisar
no país. com a voz ou com os instrumentos, ouvir
Já que no tocante da população idosa a música e realizar jogos musicais.
estimativa e de 20 milhões de idosos; isso A partir da música, ele poderá cantar suas
equivale a 10,5% da população, dados bem dores e amores, suas perdas e ganhos,
significativos no quantitativo da sociedade. reconhecendo-se em seu fazer musical. Dessa
Berquó (1996) expõe que ao final do século forma, elabora conteúdos internos, afetivos e
a população idosa chegará a 8.658.000 e que 1 emocionais, num processo contínuo de
em cada 20 brasileiros terá 65anos ou mais, e estruturação e ordenação, mas, ao mesmo
que em 2020 este número crescerá para tempo, de maleabilidade e descobertas
16.224.000. E assim, 1 em cada 13 pessoas (SOUZA, 2002, p. 876).
pertencerá à população idosa (BERQUÓ, 1996, A audição musical pode proporcionar
p.56). momentos de descontração, relaxamento e,
Por muitas vezes se questionam por estarem consequentemente, pode ter efeitos
velhos e que não podem mais servir para a terapêuticos. Todas as atividades que
sociedade, esses idosos tendem ao isolamento envolvem música podem vir a ter efeitos
dos familiares, amigos e as vezes adquirindo terapêuticos, porém apenas a musicoterapia
problemas de saúde, como já citado acima, como ciência e técnica tem objetivos
todavia que a intervenção em musicoterapia terapêuticos explícitos, sendo esta a única área
poderá contribuir nesses processos de do conhecimento que utiliza a música com
empatia, motivação e comunicação, o finalidades terapêuticas. de acordo com
indivíduo perceberá melhoras na definição elaborada em 1996 pela Federação
ressocialização e mudanças habito diário. Mundial de Musicoterapia, que:
Em musicoterapia, a interação musical "Musicoterapia é a utilização da música e/ou
funciona como um veículo de comunicação não de seus elementos (som, ritmo, melodia e
verbal e revela um enorme potencial em vários harmonia), por um musicoterapeuta
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base nas fundamentações teóricas e as experiências práticas estudadas e discutidas,
Conclui-se que este trabalho é de grande relevância para o campo da musicoterapia e a sociedade
da terceira idade, para tanto a música é uma forma importante de promover uma melhor
qualidade de vida quando utilizada na forma de terapia, com o acompanhamento de um
musicoterapeuta com capacidade e competência profissional no desenvolvimento de terapias
possibilizando, potencializando e minimizando os sintomas estressante do dia- a dia, depressão,
ansiedade e outros tipos de doenças afins para com os idosos conduzindo assim para uma vida
mais alegre e sem ausência patológicas.
A música atua diretamente no sistema límbico e de forma agradável melhorando as
relações interpessoais, intrapessoais e nas relações sociais dos idosos, fazendo com que eles se
sintam bem com os outros e consigo mesmo, e ainda a elevação da autoestima podendo pensar
em novas possibilidades de futuro, desafios, e autocuidado em restabelecer seu bem-estar.
Isto pelo fato desta possuir a capacidade de reavivar um potencial anteriormente perdido
durante o processo de envelhecimento, todavia que a música ativa a memória do passado
juntando-se com a do presente e futuro fazendo com que elas invoquem lembranças de vivencias
com seus colegas no tempo de mocidade promovendo a este um envelhecimento com
lembranças e de interação social produzindo assim uma vida com mais entretenimento.
A música revela ainda uma grande capacidade evocativa e associativa e um enorme
potencial como meio de auto expressão podendo funcionar como uma ferramenta para
desenvolver a identidade e a comunicação com o outro.
Corroboram Nordoff & Robbins (1977), as experiências musicais permitem um variado
leque de vivências ativas e integrativas, na sua forma e estrutura, nas relações com o tempo e
ritmo, fundamentais na música, e na organização extramusical para organização da rotina diária.
Tourinho ressalta ainda que:
Para os idosos, lembrar do tempo “antigo” muitas vezes é lembrar das machinhas de
carnaval, algumas de cunho político, samba, canções românticas, boleros, tangos, poucas,
maxixe, baiões, chorinhos, valsas, cantos patriotas, comedias musicais, hinos, parodias e repentes
(TOURINHO, 2000, p.44)
Músicas de épocas antigas são fundamentais na vida dessas pessoas que viviam rodeados
de amigos e parentes e que hoje fazem muita falta a presença de algumas pessoas que não se
encontram mais presente na vida desses idosos.
Diante de todo o estudo feito com provas alcançadas e comprovadas, pode-se confirmar
que a musicoterapia é eficaz como um coadjuvante no tratamento em idosos, isto pelo fato desta
possuir a capacidade de reavivar um potencial anteriormente perdido durante o processo de
envelhecimento
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REFERÊNCIAS
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Universidade Metodista de São Paulo, 2007. p. 139-149.
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A PEDAGOGIA E A LUDICIDADE
Evane Gessi Moro 1
RESUMO: A sala de aula deve ser um local onde se busque constantemente a eficácia no processo
educativo por meio de momentos em que os jogos e as brincadeiras possam estar inseridos para
auxiliar na construção de conhecimentos de maneira eficaz e contagiante. A capacidade para
imaginar, fazer planos, apropriar-se de novos conhecimentos, surge, nas crianças, por meio dos
jogos e das brincadeiras. Por intermédio do brincar, a criança atua, mesmo que simbolicamente
nas diferentes situações vividas pelo ser humano, reelaborando sentimentos, conhecimentos,
significados e atitudes, podendo, assim, preparar-se para a vida e seus diversos desafios, sem ter
diretamente vivenciado as situações em si. Os jogos e brincadeiras são características inerentes
ao ser humano, conseguindo construir sua personalidade por meio da autonomia que esses
recursos oferecem, e o desenvolvimento integral da criança.
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Professora de Educação Infantil na Rede Municipal de São Paulo; Professora de Educação Básica II na Rede
Estadual de São Paulo.
Graduação : Licenciatura em Pedagogia.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A brincadeira é essencial para o desenvolvimento, pois contribui para o bem-estar
cognitivo, físico, social e emocional das crianças e jovens.
O jogo também oferece uma oportunidade ideal para os pais se envolverem plenamente
com os filhos. Apesar dos benefícios derivados das brincadeiras para crianças e pais, o tempo
para brincadeiras gratuitas foi acentuadamente reduzido para algumas crianças.
No entanto, mesmo as crianças que têm a sorte de ter recursos disponíveis abundantes e
que vivem em paz relativa podem não estar recebendo todos os benefícios da brincadeira.
O brincar permite que as crianças usem sua criatividade enquanto desenvolvem sua
imaginação, destreza e força física, cognitiva e emocional. Brincar é importante para o
desenvolvimento saudável do cérebro.
É por meio da brincadeira que crianças em tenra idade se envolvem e interagem no mundo
ao seu redor. O brincar permite que as crianças criem e explorem um mundo que possam
dominar, conquistando seus medos enquanto praticam papéis adultos, às vezes em conjunto com
outras crianças ou cuidadores adultos.
À medida que dominam seu mundo, o brincar ajuda as crianças a desenvolver novas
competências que levam ao aumento da confiança e à resiliência de que precisam para enfrentar
os desafios futuros.
A trajetória de desenvolvimento das crianças é mediada criticamente por relacionamentos
afetivos apropriados com cuidadores amorosos e consistentes, à medida que eles se relacionam
com as crianças por meio do brincar.
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REFERÊNCIAS
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FREIRE, Madelena. A paixão de conhecer o mundo. São Paulo: editora Paz e Terra, 2002.
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pesquisa, foi utilizada a revisão sistemática da literatura, a partir de fontes secundárias publicadas
sobre os temas.
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serviços essenciais de uma coletividade, como “Art. 198. As ações e serviços públicos de
educação, saúde, trabalho, lazer, assistência saúde integram uma rede regionalizada e
social, meio ambiente, cultura, moradia e hierarquizada e constituem um sistema único,
transporte. Por ser tratar de uma política de organizado de acordo com as seguintes
Estado, todas as atividades são diretrizes:
regulamentadas por normas e dispositivos I - Descentralização, com direção única
constitucionais, relacionadas às tarefas de em cada esfera de governo;
interesse público, (COUTO; ARANTES, 2006). II - Atendimento integral, com prioridade
Em tempos de pandemia, a responsabilidade para as atividades preventivas, sem prejuízo
social dos gestores públicos aumenta. O papel dos serviços assistenciais;
para o cumprimento de ações voltadas a III - Participação da comunidade.
coletividade é fundamental para a garantia da § 1º. O sistema único de saúde será
promoção, progresso e desenvolvimento do financiado, nos termos do art. 195, com
seu país, e, acima de tudo, preservar a recursos do orçamento da seguridade social,
qualidade de vida preterida por todos os da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
cidadãos. Municípios, além de outras fontes. (Parágrafo
No que diz respeito a saúde coletiva, a nossa único renumerado para § 1º pela Emenda
Constituição Federativa, na Sessão II, é clara ao Constitucional nº 29, de 2000) § 2º A União, os
delimitar que, cabe ao Estado essa Estados, o Distrito Federal e os Municípios
prerrogativa: aplicarão, anualmente, em ações e serviços
“Art. 196. A saúde é direito de todos e dever públicos de saúde recursos mínimos derivados
do Estado, garantido mediante políticas sociais da aplicação de percentuais calculados sobre:
e econômicas que visem à redução do risco de (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de
doença e de outros agravos e ao acesso 2000)” (BRASIL, 2020).
universal e igualitário às ações e serviços para A aproximação e discussão das práticas em
sua promoção, proteção e recuperação. saúde coletiva se manifestam no cotidiano da
Art. 197. São de relevância pública as ações nossa sociedade, criando-se espaços para
e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público inovações de processos de trabalhos e
dispor, nos termos da lei, sobre sua métodos eficientes voltados para tratamentos
regulamentação, fiscalização e controle, e diagnósticos de doenças e promoção de
devendo sua execução ser feita diretamente ou saúde. No caso da Pandemia de Covid-19, o
através de terceiros e, também, por pessoa comando é efetividade pela Organização
física ou jurídica de direito privado” (BRASIL, Mundial de Saúde (OMS), que delimita
2020). orientações sobre os processos de trabalhos e
O mesmo diploma dispõe a divisão de modelos de gestão de saúde para a
tarefas e obrigações com todos os entes sobrevivência da população. (SANTOS, et al.,
federativos: 2020).
O modelo de gestão de Saúde Pública
adotado no Brasil, segundo Canesi (1995), foi
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acontece com o uso das tecnologia da Para Machado; Fellet, (2019), nos tempos
informação, regras duras e a implantação de atuais, os indivíduos perderam a capacidade de
restrições de alguns direitos sociais aumenta a sonhar, se compararmos com outras épocas da
dinâmica do estresse social e do sofrimento história. Para eles, os sonhos era considerado
mental. A dinâmica familiar é fortemente um instrumento social importante, que
abalada, (LIMA, 2020). orientava os governantes da Grécia, do Egito,
Somando a tudo isso, o problema da Índia e da China, para concretizar as ações.
econômico, a falta de informações concretas, Porém, nos dias de hoje, essa perda de
estruturas precárias no âmbito da saúde na objetividade causa prejuízos sérios à
Atenção Secundária corrobora para o aumento humanidade.
da tensão entre os indivíduos. As mortes de Verdade seja, é que o mundo não estava
entes queridos em um curto espaço de tempo, preparado para receber uma carga tão grande
as dificuldades de se despedir de forma digna, de problemas com a pandemia de Covid-19. Os
colabora para o aumento do estresse e a hospitais, as clínicas, os Centros de Saúde,
sociedade, como um todo, entra em colapso, entre outros, ficam lotados, os médicos
(ALVES, 2022). atordoados, a enfermagem sobrecarregada e a
Para Kallas (2020), a pandemia é um população desassistida. Em lugares onde o
traumatismo mundial, e, por atingir um sistema de saúde é mais precário, o problema
número infinito de indivíduos, as crises de se tornou crônico, sem perspectiva de solução.
transtorno se propagaram rapidamente sem A crise de pânico fica evidenciada entre os
haver um controle efetivo de seus casos. O cidadãos. Porém, ao resolução dos problemas
trauma do sujeito é individual, ou seja, cada um depende, exclusivamente, de políticas públicas
vai responder de acordo com o seu estado viáveis e disponíveis para atender toda a
psíquico, (MORAIS; SALLES, 1997). Assim, o seu população.
tratamento vai ao encontro das teorias Segundo Mitchell, et al. (2009), os
pregadas pela psicanalítica e defendidas por atendimentos realizados pelos profissionais
Freud (1895; 1876), por meio da neurose de ligados a Atenção Básica precisam ser
angústia, obsessões e as fobias em, que é o realizados com a maior cautela, quando se
que fundamenta as crises do transtorno de trata de problemas ligados a saúde mental. Isso
pânico, (CAROPRESO; AGUIAR, 2015). porque, é preciso fazer um diagnóstico mais
Quem nunca se sentiu tenso ou muito robusto, e, se possível por profissionais
agitado por conta de um evento importante, habilitados. Segundo eles, é na fase da
um acontecimento inesperado? A aceitação ansiedade, como, também, em períodos de
pela perda muitas vezes é traumática. O depressão que há um grande risco de emitir
excesso de expectativas, quando não se identificação desacertada, ou seja, um “falso
concretiza, frustra. A ansiedade assola, porém positivo”.
quando ela se torna excessiva, ela pode se Para Gusso (2010), é preciso ficar atento aos
transformar em doença. sintomas somáticos e psíquicos existentes na
atualidade. A preocupação se formaliza
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quando há sintomas frequentes do medo de Ademais, as ações passam a ser focadas mais
adoecer, de que algo inesperado ou negativo na promoção da saúde do que na intervenção
venha ocorrer com os seus entes queridos, de curativa e de reabilitação. Por isso, é primordial
não conseguir atingir as suas metas, tanto que os gestores públicos tenham noção dos
financeira como, também profissional. No sistemas de crenças e da construção social,
curso da doença (transtorno), a mudança do para então, buscar soluções viáveis para a
foco se concretiza, em especial, os indivíduos implementação de novas políticas públicas. Por
com carga maior, os que vivem sozinhos ou os fatos e situações antepassadas é que foi
que estão mais fragilizados. possível, dentre do seu alcance, construir
Diante de tantas calamidades, após o alternativas de combate ao novo coronavírus
período de pandemia da COVID-19, o processo e/ou outras situações, (MADEIRA, et al., 2020).
de reconstrução é lento e difícil. Para isso, é Outrossim, há de se considerar que, em
preciso nos unirmos e buscarmos soluções momentos de crise, em, especial, de grandes
rápidas e viáveis que corroborem para proporções, os dados e a atenção dada à todas
mudanças positivas e para o melhoramento da as evidências são primordiais para o alcance de
vida dos cidadãos. Nos tempos atuais, a sua eliminação, priorizando, nesse patamar
participação da população tem sido mais quais são os problemas e quais as soluções
intensificada, com a confirmação de suas vagas imediatas. Além do mais, os problemas ligados
em diversos conselhos (municipal, estadual e a saúde mental dos cidadãos merece ser
federal) e em todos os seguimentos da tratado com prioridade e com maior
sociedade. efetividade por parte dos gestores públicos.
Por conta disso, as ações passam a apregoar Verdade seja, a pandemia da COVID-19
maior efetividade em todos os aspectos ligados trouxe várias incertezas para o mundo e novos
as ações sociais, sejam elas implementadas na desafios para a convivência humana, que ainda
busca da promoção da saúde, da qualidade e está sendo superada. Porém, revela-se, de
aperfeiçoamento da educação, de projetos antemão, que o mundo terá novas
sociais, e assim por diante. possibilidades de repensar os rumos e as
Por conta de tantos problemas sociais já prioridades do futuro próximo e longínquo do
existente no Brasil e também no mundo todo, planeta e de sua população.
e, agora com mais essa carga advinda da Ademais, há de se considerar que nada está
COVID-19, as ações públicas e privadas se posto sobre quais rumos prevalecerão, pois,
tornam essenciais para o enfrentamento de ainda é muito cedo para que possamos afirmar
demandas que dificultam o caminhar do com previsão o que ainda nos espera. É claro
progresso das nações. Nas últimas décadas, a que as perguntas ainda são inúmeras. Ninguém
construção de políticas públicas de saúde vai pode ter pretensão de esgotá-las.
ao encontro da valorização e da participação
popular, o controle social e o protagonismo das
comunidades, (DIAS; AMARANTE, 2022).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao delimitarmos o tema e o objeto de estudo, optamos por utilizar a revisão sistemática
da literatura para busca de materiais publicados sobre as consequências do novo coronavírus na
saúde mental e na saúde coletiva. Verificou-se que diversos traumas, tanto físico, como, também
psicológicos afetam os cidadãos. Por conta das normas extremas impostas as sociedades,
principalmente em relação ao isolamento social em todo o mundo, o cidadão e a sociedade
adoeceram, e, a saúde está abalada.
Normas de caráter extremo imposta as sociedades mudaram os cenários nacionais e
mundiais, e os setores da economia e da saúde foram impactados diretamente. Conforme, se
expandia os casos de doentes pela COVID-19, a sensibilidade e a sensação de incertezas, aliada
ao processo de vulnerabilidade, causou uma desordem mundial.
Verdade seja, é que a pandemia do novo coronavírus trouxe inúmeros impactos negativos
em todos os setores da sociedade. A dor, a angústia, a fobia e o desamparo, além da incerteza
financeira, se fazem presente na vida dos cidadãos. Por conta disso, o diagnóstico precoce, o
tratamento rápido e seguro, e o amparo social e econômico, fornecidos aos indivíduos doentes,
se tornou o meio “viável para a cura de todas as doenças” vivenciadas atualmente pela sociedade.
Os trabalhos efetivados pelos profissionais ligados a área da saúde foram essenciais, e os
da área da psicanálise buscam dar um pouco de conforto para transitar no meio de tantas
incertezas, buscando uma melhor forma de atender e preservar a saúde mental e física dos
indivíduos, ocupando-se com a promoção e a prevenção em saúde mental e coletiva.
Verdade seja, é que os problemas ligados a mente, como a ansiedade, depressão, entre
outros, possuem causas multifatoriais e podem aparecer em qualquer fase da vida, da infância à
velhice. Os motivos vão depender da história de vida de cada paciente.
Dessa forma, é essencial que os cuidados com a saúde mental sejam implementados em
todo o ciclo vital, assim como a devida assistência a todos os indivíduos em sofrimento, buscando-
se meios viáveis para tratamento, ofertando um caminho seguro para a cura, definindo-se
prioridades e metas a serem alcançadas.
Ao ensejo de nossas conclusões, o que se verifica-se é que a nova concepção do sistema
de saúde, descentralizado e administrado democraticamente e com a participação da sociedade
organizada, prevê mudanças significativas nas relações de poder político e na distribuição de
responsabilidades quando da elaboração e implantação das políticas públicas entre o Estado e a
sociedade.
Em tempos de pandemia, todo o progresso social é fundamental para a construção de um
mundo melhor. Nesse ensejo, é primordial que essas práticas sejam executadas pelos gestores
públicos e/ou privados, otimizando de forma ordenada e efetiva os recursos disponíveis, em
busca de resultados de qualidade na prestação dos serviços e maximização dos benefícios sociais
em prol da coletividade.
Diversas são as facetas da proposição da integralidade, que vão além de assistência direta.
O cuidar de si e o cuidar do outro se torna elementar, quando estamos em um momento social
difícil, porém, é preciso que as políticas públicas de saúde sejam efetivadas e que colaborem para
o bem-estar físico e mental da população.
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Por tais razões, é que advogamos pelo zelo e comprometimento de todos os órgãos
envolvidos, buscando garantir sempre, como princípio básico, o direito à vida e a sua dignidade.
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REFERÊNCIAS
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A PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO
INFANTIL
Ester de Paula Oliveira1
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é uma troca constante entre o desejo do corpo matriciais e habilidades que serão de vital
de manter o equilíbrio e criar novas importância para o seu cotidiano.
experiências, buscando restaurar ou manter a
capacidade do indivíduo de se adaptar melhor HABILIDADES PSICOMOTORAS
ao meio em que vive.
A Habilidade Psicomotora é muito
Cabe esclarecer que a psicomotricidade
importante para o desenvolvimento das
sugere coordenação ou equilíbrio diante da
crianças de modo que devem ser abordadas
realidade, para justificar a melhora do
em todos os níveis da educação básica,
desenvolvimento psicomotor em crianças. Há
especialmente na Educação Infantil.
um evidente impacto positivo da educação
Na Educação Infantil deve ser praticada
física no perfil psicomotor das crianças e suas
movimentos do corpo e mental, integrando as
interações com o mundo ao seu redor.
interações físicas, emocionais e cognitivas por
A atividade motora e o movimento adaptam
meio de atividades que são projetadas para o
o ser humano à realidade, desempenhando
exercícios, assim para que eles ganhem
desde cedo um papel fundamental na vida
confiança, autonomia própria iniciativa, que irá
afetiva e social. É na fase infantil que ocorre a
permitir às crianças a desenvolverem suas
maioria das mudanças que permitem que as
guerrerenses personalidades, para ser uma
crianças explorem o mundo ao seu redor. Esta
projeção ativa, intencional. É claro que
interação no espaço-tempo é adquirida por
reconhecer é uma tarefa que ocupa análise e
meio de um desenvolvimento psicomotor
dedicação na prática docente e acaba sendo
adequado que permite à criança responder aos
benéfica nos alunos.
diferentes desafios que lhe são apresentados.
Para um bom desenvolvimento psicomotor
No entanto, existem diferentes parâmetros
é importante integrar os pais sejam envolvidos
que compõem o perfil psicomotor da criança,
e incentivar seus filhos cedo, isso vai ajudar a
que deve ser amadurecido e adquirido nos
fortalecer o desenvolvimento pessoal e sua
momentos correspondentes e adequados do
educação, aumentando a psicomotricidade. A
processo. Promovê-los por meio da atividade
maturação psicomotora da criança é mais
física, favorecendo o desenvolvimento da
importante.
criança, dá-lhe a oportunidade de desenvolver
Através dos exercícios propostos e sugeriu
as suas competências, o que lhe permitirá
que visam ajudar os pais e educadores para
resolver situações mais complexas em fases
obter e melhor primeira maturação
posteriores, proporcionando autonomia e
psicomotora da criança, maior domínio de
benefícios não só a nível emocional, mas
habilidades motoras e uma melhor
também a nível académico. Assim, o
compreensão do corpo e do mundo ao seu
desenvolvimento motor contribui para
redor; fenômeno , de maneira muito mais lenta
estruturas de aprendizagem e esquemas de
e imperfeita (CUENCA, 1986, p. 12).
maturação, no qual as funções da criança
Toda prática humana na vida cotidiana
podem atingir determinados hábitos,
precisa ser reconhecida de seus esforços e de
habilidades, conhecimentos em operações
sua capacidade, isso os faz sentir carinho e
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Assim, a admissão da importância do lazer O ideal seria que cada pessoa praticasse
na vida moderna significa considerá-lo como atividades que abrangessem os vários grupos
um tempo privilegiado para a vivência de de interesses, dessa forma, exercitar, no tempo
valores que contribuam para mudanças de disponível, o corpo, a imaginação, o raciocínio,
ordem moral e cultural. Mudanças necessárias a habilidade manual, o contato com outros
para implementação de uma ordem social. [...] costumes e o relacionamento social, quando,
a busca do prazer no lazer, o que não impede onde, com quem e da maneira que quisesse.
sua caracterização como um dos canais de No entanto, o que se verifica é que as pessoas
atuação, no plano cultural, tendo objetivos não geralmente restringem suas atividades de lazer
meramente reformistas, mas que signifiquem a um campo específico de interesses. E
mudanças radicais no plano social geralmente o fazem não por opção, mas por
(MARCELINO, 1987, p. 40-41). não terem tomado contato com outros
O autor defende o lazer enquanto conteúdos. (p.18-19)
mecanismo de transformação cultural, que Visando a ampliação de satisfação pessoal
gerou mudanças na organização social, nesta ligada ao lazer, pode-se incluir habilidades
perspectiva, Marcelino (1987), advoga por uma esportivas, onde o indivíduo tem a
formação, por meio do lazer, observando nele, possibilidade de conhecer suas capacidades,
um campo fecundo para as mudanças sociais. trabalhando suas emoções, resolução de
Valeremos da compreensão que observa problemas, por meio, do esporte, o qual
Marcelino (1987), concebendo por meio do sucesso e fracasso são experiências
lazer um espaço de formação humana, bem importantes, pois:
como, um ambiente adequado para as O sucesso transmite uma sensação de
mudanças sociais, ou nas palavras do autor, satisfação pessoal pela conquista adquirida e
como necessidade básica do homem. serve como ponto inicial para novas
Haag (1981), falando sobre o esporte e o realizações, e o fracasso tem o seu valor na
tempo livre, considera que ambos são qualidade de incentivo para uma nova
fenômenos ou formas de manifestação de tentativa de êxito. (ZILLIO, 1994, apud,
nossa vida cotidiana sobre as quais se discute BENETTI, et al, 2005).
muito, mas que são mal interpretados. Para Diante disso, interagir e lidar com as
esclarecer a relação entre o esporte e o tempo situações que envolvem aspectos sociais e
livre, analisa o que entendemos por esporte: "a pessoas, situações que envolvem
palavra provém do verbo latino 'deportare', determinação, disciplina, autoconfiança,
distrair-se, e logo se substantivou em francês e coragem, entusiasmo e entre outros fatores,
inglês na forma 'desport' ou 'sport', o que torna-se possível com a pratica de atividades
significa diversão" (p. 91). físicas.
Segundo Marcellino (2006), para que o lazer Dessa forma, torna-se relevante que as
possa ser um mecanismo de transformação pessoas usufruam de diversas atividades e dos
cultural, consequentemente agisse como um diferentes conteúdos do lazer, para que haja
meio de mudanças sociais: vivências e experiências, se expandindo assim,
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A psicomotricidade possibilita o ajustamento pragmático (aprendizagem de técnicas
profissionais, manuais, intelectualidade), o ajustamento social (comunicação interpessoal), o
ajustamento estético (técnicas de expressão corporal) e o ajustamento educacional.
Além disso, foi associada a ideia de que o domínio do corpo é a primeira condição para o
domínio do comportamento.
Portanto, a relação entre o psiquismo e a motricidade é necessária para que o indivíduo
se adapte com sucesso ao ambiente próximo.
Por fim, para compreender profundamente o termo psicomotricidade, é importante
conhecer seus aspectos evolutivos, como se constrói o corpo e como se desenvolve o gesto
gráfico.
As crianças precisam valorizar todos esses aspectos quando são pequenas, pois vão criar a
base que vai marcar suas vidas. Além disso, se as crianças se acostumarem com a prática de
esportes, provavelmente terão uma vida saudável e por meio do esporte irão diminuir o estresse,
ter um comportamento melhor, etc.
A psicomotricidade é entendida como a intervenção educacional ou terapêutica que visa
desenvolver as habilidades motoras, expressivas e criativas da criança por meio do corpo, e utiliza
o movimento para alcançá-lo.
Esta disciplina leva em consideração diferentes indicadores para a compreensão do
processo de desenvolvimento humano: coordenação (expressão e controle das habilidades
motoras voluntárias), função tônica, postura e equilíbrio, controle emocional, lateralidade,
orientação espaço-temporal, esquema corporal, organização rítmica, práxis, habilidades
grafomotoras, relacionamento com objetos e comunicação.
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REFERÊNCIAS
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A PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO
INFANTIL
Angela Maria Spricido Pegoraro 1
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interior para descobrir o exterior por meio do desenvolvimento de seus padrões motores, em
movimento, não apenas em sua dimensão constante aperfeiçoamento.
neurofisiológica, mas também – e ao mesmo No mesmo sentido, Garcia (2015), assinala
tempo – como inteligência e atividade. Dividem que a função tônica do corpo é a função
o movimento em dois tipos: primitiva e fundamental da comunicação e do
1) Voluntário, que se baseia em uma intercâmbio, sendo, sobretudo, diálogo, pois o
intenção e nos processos cognitivos, sensoriais corpo da criança manifesta suas emoções,
e perceptivos. Dentre estes existem também estabelece um diálogo com o mundo que a
movimentos automáticos, que podem ser circunda. Para que haja esse diálogo, deve
baseados na atenção e que se automatizam, haver um acordo entre pessoas,
como caminhar, andar de bicicleta, etc. disponibilidade corporal por parte do adulto
b) Involuntário, baseado nas funções para responder à criança, conectando o tônico-
corporais orgânicas, como a respiração, a afetivo. Assim, sobre o tônus muscular vão se
pulsação e os reflexos. construindo e integrando todas as
Ainda, conforme Freitas (2015), a competências do indivíduo.
importância de conhecer os padrões de Afirma também Garcia (2015), que o corpo é
movimento e sua utilidade dentro da uma estrutura diferenciada em quatro níveis
psicomotricidade advém do fato de que o organizativos (instrumental, cognitivo, tônico-
movimento do ser humano segue uma emocional e fantasmático) que, a partir de
evolução genética determinada. unidades psicomotoras simples, mais
Os processos de movimento se apresentam profundas, pouco visíveis e compreensíveis
em todas as crianças e se manifestam quase imediatamente, evoluem harmonicamente
nos mesmos tempos, ainda que apresentem para formas expressivo-funcionais mais
variações conforme a cultura e o entorno. Estes complexas, maduras e mensuráveis.
processos se apresentam de forma sequencial, No plano afetivo, se fundamenta na
conforme a maturação neurológica, baseada motricidade muito particular de cada
nas duas leis do desenvolvimento citadas por indivíduo, que se encontra fundada sobre a
Freitas (2015): função tônica e no plano social em um nível
a) Cefalocaudal: o controle progressivo do conforme a todos e codificado por todos da
corpo vai da cabeça aos pés, ou seja, desde o mesma forma dentro do contexto no qual se
controle cefálico até o controle muscular. movem os indivíduos de um mesmo entorno
b) Proximodistal: controle do tronco e do sociocultural. (GARCIA, 2015).
corpo até os braços e pernas, ou seja, o Acrescenta Garcia (2015), que a
controle motor progride gradualmente sobre psicomotricidade ajudará a criança a
os músculos, partido do centro do corpo para desenvolver seu esquema corporal, mantendo
os membros. a consciência, as relações entre os diferentes
A partir das mudanças corporais, a criança aspectos e níveis do eu, sendo que o esquema
reconhecerá seu corpo em relação aos objetos, corporal é fundamental para o
pessoas e espaço, devendo-se atentar para o desenvolvimento da personalidade infantil.
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(ação) e outro interno (representação do corpo (1981), Ajuriaguerra (1978), Le Boulch (1981),
e suas possibilidades de movimento).” Vayer (1973), Fonseca (1984, 1988 e 1996),
Dentro do âmbito do desenvolvimento Cratty (1990), Gallahue e McClenaghan (1958)
motor, a Educação Infantil, como assinala e de Lapierre e Auconuturier (1955), sobre os
Kuhlmann Júnior (2015), se propõe a facilitar e diversos âmbitos da conduta infantil
garantir os benefícios que possibilitam a contribuíram para explicar como, por meio da
maturação referente ao controle do corpo, motricidade, se conformam a personalidade e
desde a manutenção da postura e os os modos de conduta infantis.
movimentos amplos e locomotores até os Estes mesmos estudos, de acordo com
movimentos precisos que permitem diversas Kuhlmann Júnior (2015) manifestam também
modificações de ação. Ainda, desenvolver a que a conduta humana é constituída por uma
motricidade permite que se desenvolva o série de âmbitos ou domínios, nenhum dos
processo de representação do corpo e das quais pode ser contemplado separadamente,
coordenadas espaço-temporais em que se mas somente em interação com os demais:
desenvolve a ação. a) o domínio afetivo, relativo aos afetos
Piaget (2013), sustenta que mediante a sentimentos e emoções;
atividade corporal, a criança pensa, aprende, b) o domínio social, que considera o efeito
cria e enfrenta seus problemas, o que leva a da sociedade, sua relação com o ambiente,
compreender que a etapa da Educação Infantil com seus colegas e com os adultos, instituições
é um período de globalidade irrepetível e que e grupos no desenvolvimento da
deve ser aproveitado para a educação personalidade, processo pelo qual cada criança
psicomotora. vai se convertendo em um adulto na
Sobre essa educação Thong (2011), sociedade;
manifesta: c) o domínio cognoscitivo, relacionado com
A educação psicomotora corresponde a uma o conhecimento, os processos de pensamento
ação pedagógica e psicológica que utiliza a e a linguagem;
ação corporal com a finalidade de melhorar ou d) o domínio psicomotor, que se refere aos
normalizar o comportamento geral da criança, movimentos corporais, sua conscientização e
facilitando o desenvolvimento de todos os controle.
aspectos da sua personalidade (THONG, 2011,
p. 84). O JOGO MOTOR NA
Relativamente ao desenvolvimento
psicológico, Kuhlmann Júnior (2015), observa EDUCAÇÃO INFANTIL
que os estudos sobre o desenvolvimento O objetivo da Educação Infantil, conforme a
humano demonstram a grande importância Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
que adquire a motricidade na construção da – LDB –, é promover o desenvolvimento
personalidade da criança. Os trabalhos de integral da criança até seis anos de idade em
Piaget (1968, 1969), Wallon (1980), Gesell seus aspectos físico, psicológico, intelectual e
(1958), Freud (1968), Bruner (1979), Guilmain
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postural, o equilíbrio, a coordenação dinâmica no pátio, etc. para estruturar as práticas com
geral e a coordenação visomotora. Outros os materiais apropriados. Em cada um desses
materiais importantes são os quebra-cabeças, espaços o professor adotará um critério
bolas, aros, bolas, objetos de diferentes metodológico particular, de acordo com as
formas, texturas e cores que servirão para o circunstâncias ambientais e bastante flexível.
trabalho corporal e ajudarão a potencializar a Em relação à estrutura das aulas, Gonçalves
caminhada, a corrida, desenvolver a orientação (2013), se refere a uma organização do espaço,
e estruturação espacial, a coordenação de do tempo e das normas, ou seja, uma
movimentos, o equilíbrio, o tônus, a postura, o organização que integra, acolhe e explica as
relaxamento, a respiração, etc. interrelações que se produzem entre as
Enfatiza Basei (2008), que são múltiplos os crianças, o professor e o conteúdo de ensino-
materiais que podem ser utilizados e sua aprendizagem. O modelo proposto pela autora
seleção se relaciona como o tipo de atividades contempla:
a serem desenvolvidas, da metodologia a) Momento inicial ou momento de
empregada e dos objetivos e conteúdos encontro, em que se dará informações sobre as
programados. Deste modo, as propostas de orientações e normas relativas ao espaço de
ação dependem da criatividade do professor, jogo, apresentando-se os motivos, canções,
da disponibilidade da escola e da organização e contos, o material a ser utilizado,
distribuição dos materiais. acompanhado de uma história ambiental de
Seguindo estas premissas se torna possível caráter motivacional para cativar a atenção das
elaborar propostas de ação que situem a crianças e despertar o desejo de participar.
criança, a partir de sua globalidade, como o b) Momento do jogo ativo ou da atividade
centro de toda a atenção do processo motora, que constituirá a parte fundamental
educacional, por meio de métodos baseados na qual as crianças, sozinhas ou em
na ação e na experimentação e em situações de colaboração com os colegas e com a ajuda do
aprendizagem e de descoberta utilizando, professor, desenvolverão seu próprio
conforme propõe Basei (2008): programa de aprendizagem, satisfazendo sua
a) O jogo e a interação motora entre os necessidade de movimento e sua curiosidade
colegas e os adultos como o principal recurso para enfrentar pequenos riscos e dificuldades,
didático. tomando decisões e provando sua
b) A organização do espaço e dos materiais responsabilidade.
como a principal estratégia de intervenção Os jogos e as vivências se estruturam em um
didática. clima de liberdade, confiança e segurança no
No entendimento de Lovisaro (2011), o qual o professor dirige as atividades.
professor deve conjugar as características do c) Momento de relaxamento, interiorização,
meio escolar com suas próprias intenções verbalização, em que o professor propõe às
educativas e, sem afastar-se do contexto crianças que identifiquem suas próprias
educativo, da escola, utilizar, planejar e criar vivências, as expressem e sejam capazes de
determinados espaços de ação em sala de aula, compreender as vivências dos colegas.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo realizado discorreu sobre o tema da psicomotricidade na Educação Infantil e
cumpriu com o objetivo principal de analisar a importância da psicomotricidade para o
desenvolvimento da criança no âmbito da Educação Infantil. Também buscou destacar a
importância dos estímulos psicomotores na Educação Infantil a partir da compreensão dos
conceitos e fatores articulados com o desenvolvimento psicomotor da criança, da definição da
importância do jogo na Educação Infantil e da sugestão de métodos de trabalho na Educação
Infantil para favorecer o desenvolvimento psicomotor das crianças.
Relativamente aos conceitos e práticas psicomotoras, conclui que o impacto da educação
psicomotora sobre o desenvolvimento das crianças, tanto em nível físico como psicológico,
neurológico, afetivo e intelectual é bastante significativo.
Especificamente em relação à Educação Infantil, a psicomotricidade proporciona o
conhecimento, o domínio e a harmonização da criança tanto com o próprio corpo como com o
meio, facilitando seu desenvolvimento integral e os processos cognitivos necessários, em uma
abordagem interdisciplinar do processo ensino-aprendizagem.
Quanto à importância do desenvolvimento psicomotor para a criança, é possível concluir
que a psicomotricidade é essencial em todas as fases da vida, integrando, a partir do movimento,
do jogo, do movimento e da ludicidade, os movimentos corporais, a personalidade em formação
e a capacidade para aprender. Favorece, dessa forma, uma formação integral, em todos os níveis,
ressaltando-se a cognição, aspectos socioemocionais e cognitivos.
Em relação ao papel da escola e, especificamente, dos professores quanto à educação
psicomotora na Educação Infantil, as conclusões indicam que conscientizar-se sobre a
importância da psicomotricidade corresponde a compreender seu papel como responsáveis pela
formação integral e global das crianças. Os professores são, portanto, responsáveis por estimular
as crianças a se desenvolverem, buscando sempre novas práticas, novas informações, novos
meios para contribuírem para o seu desenvolvimento psicomotor.
No âmbito da Educação Infantil, é essencial que se perceba e se reflita sobre a importância
da psicomotricidade e de sua influência sobre o processo de amadurecimento e de
desenvolvimento físico, psicológico, cognitivo e afetivo da criança, garantindo dessa forma que
ela vivencie movimentos, supere suas limitações, realize experiências ricas que a levem a
desenvolver-se cada vez mais.
A busca de técnicas, ferramentas e mecanismos específicos, adequados e/ou adaptados à
realidade dos alunos (idade, desenvolvimento, características pessoais e grupais) e à estrutura da
escola é um dever do professor da Educação Infantil, enriquecendo assim sua ação docente.
Da mesma forma, finalmente, é possível concluir que o jogo, as atividades lúdicas, auxiliam
a criança a tomar consciência de seu corpo e das suas potencialidades, desenvolvendo-se integral
e globalmente, favorecendo aprendizagens significativas.
Finalmente, é possível afirmar que a psicomotricidade é um fenômeno que se refere
intrinsecamente à aprendizagem e sua importância é fundamental na Educação Infantil porque
favorece a tomada de consciência da criança em relação a si mesma, sua identidade, sua relação
com a escola e a aprendizagem e seu papel como sujeitos sociais em permanente construção e
desenvolvimento.
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REFERÊNCIAS
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A PSICOMOTRICIDADE NO PROCESSO DE
APRENDIZAGEM E NAS AULAS DE EDUCAÇÃO
FÍSICA
Adriana Guerra dos Santos Almeida1
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há estimulação motora adequada para sua Araújo e Silva (2013), afirmam que a
idade. psicomotricidade está fundamentada na ação
A criança de hoje não corre, não percebe os que o indivíduo pratica no meio em que vive,
movimentos que seu próprio corpo é capaz de interagindo com a motricidade e o psiquismo.
fazer, não domina seu corpo e se sente E, dessa forma proporciona a ele a
insegura em relação ao mundo. conscientização do seu corpo por meio do
Essa falta de habilidade repercutirá em seu movimento.
desenvolvimento emocional, cognitivo e social. Para Falcão e Barreto (2009), o corpo
E, para melhorar as habilidades será preciso humano foi valorizado em relação ao porte
fundamentos sólidos que sustentem a prática físico e músculos desde os tempos antigos. E,
educativa e uma pedagogia vinculada a essa cultura surgiu na Grécia com o homem
atividades coerentes ao desenvolvimento grego se apresentando nos estádios. Eles dizem
psicológico. que a psicomotricidade no Brasil surgiu por
A educação psicomotora precisa estar volta da década de 50, evidenciando
incluída em um projeto de educação que tratamentos terapêuticos para crianças com
considere o conhecimento em relação à vida e problemas de distúrbios de aprendizagem.
proporcione a descoberta do mundo exterior, No início foi introduzida nas escolas
do mundo objetivo e também a descoberta do especiais como recurso pedagógico que iria
mundo interior, do autoconhecimento e da corrigir distúrbios, auxiliando em algumas
auto-organização. falhas das crianças excepcionais.
A atividade psicomotora contribui para o Segundo Castro (2008), a psicomotricidade
desenvolvimento motor e intelectual da passou a ganhar campo nas aulas de Educação
criança e por isso deve fazer parte do dia a dia Física, visando o desenvolvimento do aluno, e
na escola, principalmente nas aulas de foi articulada com o ato de aprender. Sendo
Educação Física, pois por meio dela o assim, buscou a formação e o desenvolvimento
conhecimento fica cada vez melhor, porque integral da criança, sem separar corpo e mente,
incentiva a criança nas brincadeiras, mas realizando uma integração com o lado
enriquecendo cada vez mais o processo de afetivo, psicomotor e cognitivo.
aprendizagem. Na visão de Gava (2010), a Educação Física
É preciso valorizar cada atitude que a criança foi inserida na Educação Infantil para trabalhar
demonstrar em relação ao seu corpo e o aspecto psicomotor das crianças por meio de
respeitar cada uma delas, fazendo-as entender atividades que trabalhariam o lado motor,
que precisam se respeitar umas as outras. proporcionando que a alfabetização fosse mais
Conforme Rossi (2012), a psicomotricidade prazerosa e desse suporte cognitivo a essas
faz parte das atividades que desenvolvem a crianças.
motricidade da criança, contribuindo para que A psicomotricidade durante as aulas de
a criança tenha consciência motora, domínio Educação Física na educação infantil ajuda a
do seu corpo, possibilitando que ela se evitar problemas como a falta de
expresse por meio dele.
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Considera-se que a cada dia mais precisamos nos aperfeiçoar em nossa área de
conhecimento, buscando novos saberes e formas de ensinar, pois nossas crianças estão
diferentes dia após dia.
A psicomotricidade é de suma importância para as crianças, porque estimula o raciocínio
e seu desenvolvimento.
Os movimentos são manifestações de vida do ser humano, pois enquanto ainda está no
útero da mulher, a criança já se movimenta, e esses movimentos vão estruturando e
influenciando no seu comportamento e de acordo com a importância dada às atividades motoras,
o desenvolvimento torna-se melhor a cada dia, lembrando que há atividades diferentes para cada
fase da criança.
Sendo assim, a psicomotricidade deve ser vista como uma atividade que o profissional da
educação deve desenvolver e ter o apoio da equipe pedagógica, e de toda comunidade escolar,
porque ela ajuda no desenvolvimento motor e intelectual das crianças.
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A RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO E O
DESENVOLVIMENTO AFETIVO E INTELECTUAL
DA CRIANÇA
Luciani Guarizzo Jeremias1
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resolver conflitos resultantes do convívio social de vida inclui a saúde mental, cuidar-se e cuidar
e a construir regras de convivência. Isso ocorre do próximo é como fonte de prazer, por isso a
por meio de relações concretas, numa rede afetividade tem grande importância no
complexa de interações, em que a afetividade desenvolvimento humano, pois é diretamente
se faz presente. por meio dela que nos comunicamos com as
Assim sendo, parece ser de essencial nossas emoções.
importância a aceitação da presença da É na família que o ser humano aprende a
afetividade que invade a sala de aula e se lidar com os sentimentos, pois o grupo familiar
articula com os processos cognitivos. Ao está unido pelo amor e nele também
vislumbrar outras formas de explicação do acontecem discussões, momentos de raiva, de
processo de ensino e aprendizagem além dos tristeza, de perdão de entendimento. O
puramente racionais, os professores poderão indivíduo vivencia o ódio e o amor e aprende a
obter elementos que lhes permitirão subsidiar perdoar e amar, preparando-se para conviver
uma prática comprometida com o adequadamente em uma sociedade, de forma
desenvolvimento das crianças, articulando sociável.
ações que considerem a complexidade do A afetividade já se inicia nos primeiros anos
funcionamento psíquico de seus alunos. de vida, e os quatro primeiros anos da criança
Daí o apelo por parte dos educadores no são particularmente fundamentais para a
sentido de humanizar o conhecimento (e os estruturação das funções cerebrais. Um bebê
próprios mestres) com o intuito de se que passa deitado, sem estimulação física e
desenvolver, paralelamente ao aspecto mental, certamente apresentará sérias
cognitivo, também o afetivo. anomalias em sua evolução. As aptidões
Portanto, verifica-se que pensar e sentir são emocionais devem ser aprendidas e
ações indissociáveis. Esta é a ideia que será aprimoradas desde cedo, basta ensiná-las.
defendida e posta em discussão ao longo desse Há autores que consideram oportuno
trabalho, tendo como preocupação central relacionar inteligência racional e emocional. O
transpô-la para o campo educacional. E isto autor abaixo assim se expressa:
será feito expondo algumas reflexões acerca do é pertinente dizer que existem dois tipos
papel da afetividade na construção de diferentes de inteligência: racional e
conhecimentos. emocional. Nosso desempenho na vida é
determinado pelas duas, não é apenas o
AFETIVIDADE quociente de inteligência, mas a inteligência
emocional também conta. Na verdade, o
Quando há uma relação entre indivíduos,
intelecto não pode dar o melhor de si sem a
surgem vários sentimentos: amor, medo da
inteligência emocional (GOLEMAN, 1995, p.
perda, ciúmes, saudade, raiva, inveja; essa
42).
mistura de sentimentos gera a afetividade. Um
Os pais são os primeiros e mais importantes
indivíduo saudável mentalmente sabe
professores do cérebro e é por isso que a
organizar e lidar com todos esses sentimentos
carência emocional nos primeiros anos de vida
de forma tranquila e equilibrada. A qualidade
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elemento cognitivo. É, igualmente, impossível por meio da interação com outros que a criança
encontrar um comportamento composto incorpora os instrumentos culturais.
somente de elementos cognitivos. Vygotsky (1994), ao destacar a importância
Nessa perspectiva, Piaget (1981), define que das interações sociais, traz a ideia da mediação
não existem estados afetivos sem elementos e da internalização como aspectos
cognitivos, assim como não existem fundamentais para a aprendizagem,
comportamentos puramente cognitivos. defendendo que a construção do
Quando discute os papéis da assimilação e da conhecimento ocorre a partir de um intenso
acomodação cognitiva, afirma que esses processo de interação entre as pessoas.
processos de adaptação também possuem um Portanto, é a partir de sua interação na cultura
lado afetivo: na assimilação, o aspecto afetivo que a criança, por meio da interação social com
é o interesse em assimilar o objeto (o aspecto as pessoas que a rodeiam, vai se
cognitivo é a compreensão); enquanto na desenvolvendo. Apropriando-se das práticas
acomodação a afetividade está presente no culturalmente estabelecidas, ela vai evoluindo
interesse pelo objeto novo (o aspecto cognitivo das formas elementares para as formas mais
está no ajuste dos esquemas de pensamento abstratas, que a ajudarão a conhecer e
ao fenômeno). controlar a realidade. Nesse sentido, Vygotsky
Em síntese, o papel da afetividade para destaca a importância do outro não só no
Piaget é funcional na inteligência. Ela é fonte de processo de construção do conhecimento, mas
energia de que a cognição se utiliza para seu também de constituição do próprio sujeito e de
funcionamento. Ele explica esse processo por suas formas de agir.
meio de uma metáfora, afirmando que a Segundo o autor, o processo de
afetividade seria como a gasolina, que ativa o internalização envolve uma série de
motor de um carro, mas não modifica sua transformações que colocam em relação ao
estrutura. Ou seja, existe uma relação social e o individual. Vygotsky (1994, p.75),
intrínseca entre a gasolina e o motor (ou entre afirma que:
a afetividade e a cognição) porque o todas as funções no desenvolvimento da
funcionamento do motor, comparado com as criança aparecem duas vezes: primeiro, no
estruturas mentais, não é possível sem o nível social, e, depois no nível individual;
combustível, que é a afetividade. primeiro entre as pessoas (interpsicológica), e,
depois, no interior da criança
AFETIVIDADE SOB A (intrapsicológica).
Partindo desse pressuposto, o papel do
PERSPECTIVA DE VYGOTSKY outro no processo de aprendizagem torna-se
Com uma maior divulgação das ideias de fundamental. Consequentemente, a mediação
Vygotsky, vem se configurando uma visão e a qualidade das interações sociais ganham
essencialmente social para o processo de destaque.
aprendizagem. Numa perspectiva histórico- A relação que caracteriza o ensinar e o
cultural, o enfoque está nas relações sociais. É aprender transcorre a partir de vínculos entre
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conceito que nos foi imposta pelo meio que Atribui às emoções um papel de primeira
nos rodeia, inclui também nossos sentimentos. grandeza na formação da vida psíquica,
Não sentimos simplesmente: o sentimento é funcionando como uma liga entre o social e o
percebido por nós sob a forma de ciúme, orgânico. As relações da criança com o mundo
cólera, ultraje, ofensa. Se dissermos que exterior são, desde o início, relações de
desprezamos alguém, o fato de nomear os sociabilidade, visto que, ao nascer, segundo
sentimentos faz com que estes variem, já que Wallon (1971, p. 262), não tem
mantêm certa relação com nossos meios de ação sobre as coisas circundantes,
pensamentos. razão por que a satisfação das suas
necessidades e desejos tem de ser realizada
AFETIVIDADE SOB A por intermédio das pessoas adultas que a
rodeiam. Por isso, os primeiros sistemas de
PERSPECTIVA DE WALLON reação que se organizam sob a influência do
Assim como Piaget e Vygotsky, WALLON ambiente, as emoções, tendem a realizar, por
(1986) mostra, em seus escritos, compartilhar meio de manifestações consoantes e
da ideia de que emoção e razão estão, contagiosas, uma fusão de sensibilidade entre
intrinsecamente, conectadas. o indivíduo e o seu entourage.
Na perspectiva genética de Henri Wallon, Baseando-se em fundamentos darwinistas,
inteligência e afetividade estão integradas: a Wallon (1978), encontrou argumentos que
evolução da afetividade depende das enfatizam a origem do homem como um ser
construções realizadas no plano da emocional. Analisando aspectos como prole
inteligência, assim como a evolução da reduzida em comparação com outros
inteligência depende das construções afetivas. mamíferos e o prolongado período de
No entanto, o autor admite que, ao longo do dependência entre o bebê e seus pais, destaca
desenvolvimento humano, existem fases em a importância da proximidade do outro para o
que predominam o afetivo e fases em que desenvolvimento humano. Nesse sentido,
predominam a inteligência. defende que a emoção é o primeiro e mais
Wallon (1972, apud, DE LA TAILLE, OLIVEIRA forte vínculo entre os indivíduos.
e DANTAS, 1992), dedicou grande parte de sua Wallon (1978), entende que a primeira
vida ao estudo das emoções e da afetividade. relação do ser humano ao nascer é com o
Identificou as primeiras manifestações afetivas ambiente social, ou seja, com as pessoas ao seu
do ser humano, suas características e a grande redor. As manifestações iniciais do bebê
complexidade que sofrem no decorrer do assumem um caráter de comunicação entre ele
desenvolvimento, assim como suas múltiplas e o outro, sendo vistas como o meio de
relações com outras atividades psíquicas. sobrevivência típico da espécie humana. De
Afirma que a afetividade desempenha um acordo com Wallon (1978, p. 201):
papel fundamental na constituição e Os únicos atos úteis que a criança pode
funcionamento da inteligência, determinando fazer, consistem no fato de, pelos seus gritos,
os interesses e necessidades individuais. pelas suas atitudes, pelas suas gesticulações,
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O currículo das escolas atuais prioriza o desenvolvimento cognitivo. A emoção humana
nunca foi vista como um conhecimento a ser explorado e desenvolvido nas crianças e nos jovens.
Por isso, reclama-se uma educação mais humanista.
É preciso que o professor se desprenda de velhas concepções sobre as quais os conteúdos
são trabalhados na escola e siga em direção a uma concepção que possa construir uma sociedade
mais justa, democrática e solidária.
Para discorrer sobre a dimensão afetiva no campo da educação, vislumbra-se a
possibilidade de reflexão sob duas perspectivas diferentes, inter-relacionadas e complementares:
a do desejo, aqui entendida apenas em sua dimensão motivacional, de interesse; e a dos
sentimentos e afetos como objetos de conhecimento. Mesmo reconhecendo a importância da
motivação e dos interesses como uma dimensão essencial da afetividade na vida psíquica e para
a educação, no fundo tal perspectiva costuma ficar presa a uma visão dicotômica que reduz o
papel dos sentimentos e emoções a uma energética.
Acredita-se poder avançar as discussões que apontam para a articulação das relações
intrínsecas entre cognição e afetividade, no campo da educação, se incorporarmos no cotidiano
de nossas escolas o estudo sistematizado dos afetos e sentimentos, encarados como objetos de
conhecimento. Defende-se a ideia de que tais conteúdos relacionados à vida pessoal e à vida
privada das pessoas podem ser introduzidos no trabalho educativo, perpassando os conteúdos
de matemática, de língua, de ciências, etc. Assim, o princípio proposto é de que tais conteúdos
sejam trabalhados na forma de projetos que incorporem da maneira transversal e interdisciplinar
os conteúdos tradicionais da escola e aqueles relacionados à dimensão afetiva.
Acrescenta-se que as escolas deveriam entender mais de seres humanos e de amor do que
de conteúdos e técnicas educativas. Por isso, acredita-se que a educação deve ser pensada não
por meio de suas diversas disciplinas, mas, principalmente, como meio de promover a própria
vida.
Estas ideias reforçam a necessidade dos professores incrementarem a dimensão afetiva
de sua ação pedagógica e, nesse sentido, o presente trabalho pretendeu oferecer algumas
contribuições para sua formação. Espera-se que possam ser úteis para subsidiar sua reflexão e
sua prática docente.
É preciso integrar o que amamos com o que pensamos e trabalhar razão e sentimentos;
elevar estes últimos à categoria de objetos de conhecimento, dando-lhes existência cognitiva,
ampliando assim seu campo de ação. Trabalhar pensamentos e sentimentos – dimensões estas
indissociáveis – requer dos profissionais da educação a disponibilidade para se aventurarem por
novos campos de conhecimento e da ciência para darem conta, minimamente, de realizarem as
articulações que a temática solicita. Eis uma nova e difícil empreitada que exige coragem para
enfrentar o desafio posto: buscar novas teorias e abrir mão de verdades há muito estabelecidas
em nossa mente. Desafio salutar para o avanço da educação. De mais a mais, a recusa a este
trabalho contribuirá para a consolidação do “analfabetismo emocional” na sociedade
contemporânea.
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Com tudo isso, a intenção deste trabalho foi o de ilustrar como a afetividade dentro do
contexto educacional pode e deve ser levada em consideração. Assim, sem abrir mão dos
conteúdos tradicionais da escola, a professora deve trabalhar conteúdos de natureza afetiva,
entendendo-os como objetos de conhecimentos para a vida dos estudantes, da mesma forma
que a matemática e a língua são vistas como objetos de conhecimento a serem aprendidos.
Resumindo, com esse tipo de proposta educacional, a escola precisa entender que da mesma
forma que os estudantes aprendem a somar, a conhecer a natureza e a se apropriar da escrita, é
fundamental para suas vidas que conheçam a si mesmos e a seus colegas.
Trabalhando dessa maneira a educação atinge o duplo objetivo de preparar alunos e
alunas para a vida cotidiana, ao mesmo tempo em que não fragmenta a dimensão cognitiva e
afetiva no trabalho com as disciplinas curriculares.
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REFERÊNCIAS
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1
Educador Musical e Contrabaixista, possui Licenciatura em Música pelo Instituto Federal de Goiás - Campus
Goiânia.
2 Coordenador do Projeto "Orquestra de Violinos Cajuzinhos do Cerrado", Coordenador da disciplina de música
junto a Secretaria de Educação e Cultura do Município de Senador Canedo. Licenciado em Música pela
Universidade Federal da Paraíba (2013).
3 Professor do Instituto Federal de Goiás (Brasil) atuando na Licenciatura em Música e no Mestrado em Artes.
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desenvolvimento infantil, auxiliando didático deve ser dar com base em critérios
professores no trabalho de seleção de pedagógicos, ou seja, deve complementar o
materiais didáticos, considerando critérios ensino e a aprendizagem, considerando o
específicos da área. Nesse sentido, o material contexto de vida dos estudantes no processo
didático precisa estabelecer uma relação com educativo musical.
os estudantes, mas também com os O objetivo geral desta pesquisa é
professores. compreender a relevância do material didático
Para os professores, a formação sobre a para musicalização infantil. Entre os objetivos
utilização do material didático realiza-se na específicos lista-se: Conhecer temáticas ligadas
sala de aula, in loco, e o professor percebe o à produção de material didático para
seu aprimoramento profissional em relação a musicalização infantil; Levantar material
esta utilização. Ao selecionar, planejar, utilizar didático para musicalização infantil publicados
o material didático que conhece muito bem, em língua portuguesa que apresentem
independente de ser um material visto como diferentes propostas e abordagens
tradicional ou um material mais sofisticado e pedagógicas; Levantar os principais
moderno, o professor sente-se realizado como indicadores que revelam os aspectos essenciais
profissional quando percebe que o material de um material didático para musicalização
selecionado e utilizado por ele deu certo; ou infantil; Realizar uma análise exploratória de
seja, conseguiu facilitar a aprendizagem do materiais didáticos voltados para a
aluno e principalmente estimulá-lo para a musicalização infantil.
aquisição do conhecimento. (FISCARELLI, 2007, O estudo caracteriza-se como sendo de
p. 8). abordagem qualitativa, de alcance exploratório
Sabe-se que atualmente existe um vasto com uso de uma metodologia de análise de
número de materiais didáticos voltados para conteúdo. A seguir, serão apresentados alguns
facilitar o trabalho pedagógico docente, temas ligados à musicalização infantil, com
4
De acordo com Loyola e Pimentel, (2017, p. 101): 5 De acordo com Teodoro (1987, p. 46) “A soma das
“Entende-se por material didático todos os objetos identidades individuais forma, dentro de um contexto
elaborados com a intenção de proporcionar determinado, a identidade cultural de um grupo étnico ou
aprendizagens. Podem ser nos mais diversos formatos, de uma sociedade. Ela se transmite pela cultura, pelo
como livros impressos, softwares, jogos, audiovisuais ou ensino, pela educação. Daí a necessidade de o sistema
outras formas digitais ou não”. educacional levar em conta as diversidades que
compõem uma mesma cultura a fim de não criar
problemas de ordem psicológica nos educandos”.
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foco nos fundamentos trazidos pelos métodos todos, e não apenas àqueles supostamente
ativos de ensino de música, principalmente em dotados de um “dom” inato (PENNA, 2011, p.
Kodály e Orff. Posteriormente serão abordadas 17).
questões ligadas ao acesso aos materiais Alguns desses educadores trouxeram
didáticos pelos educadores e aspectos ligados propostas para a prática pedagógica na
à constituição e à qualidade desses materiais. educação infantil em decorrência das
Posteriormente será realizada uma análise transformações artísticas da época, nas quais a
exploratória de cinco materiais selecionados educação infantil começou a ter um valor
(publicados em português no Brasil), e significativo (FONTERRADA, 2008). Partindo
apresentadas algumas considerações sobre as desse ponto de vista, novas concepções
características que os educadores musicais pedagógicas voltadas para a educação infantil
devem considerar em relação ao uso de emergiram, sustentando a ideia de um ensino
materiais pedagógicos no ensino de música. transformador. Paz (2013), explica que o
educador musical deve estar atento para
A MUSICALIZAÇÃO INFANTIL E trabalhar de forma adequada a metodologia de
ensino de música adotada.
OS MÉTODOS ATIVOS Nesse sentido, é necessário destacar os
Segundo Fonterrada (2008), o século XX educadores musicais que abriram nossas
apresentou um olhar inovador e transformador perspectivas para o ensino de música,
para as questões relativas ao ensino musical, incluindo a criação de obras e materiais
destacando-se pedagogos da música “pela pedagógicos específicos, como Kodály e Orff.
pertinência de suas propostas e por sua Zoltán Kodály6 foi um músico e educador
1
6
Kecskemét, 16 de dezembro de 1882 — Budapeste, 6
de março de 1967.
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no fazer artístico. É possível ver em seu Orff) foi um material pedagógico elaborado
trabalho, traços das transformações culturais para o ensino da música para crianças, criado
que despertavam na época e observar a por Orff e Gunild Keetmann, publicado entre
importância do ritmo, do movimento e da 1950 de 1954 em cinco volumes9 . O termo3
dança com os pioneiros: Duncan, Jaques- Schulwerk em alemão significa tarefa ou obra
Dalcroze, Laban e Wigman. Bomfim (2012), escolar. Esse material é composto por
explica essas relações: composições e instrumentos musicais10 4
7
Munique, 10 de julho de 1895 — Munique, 29 de março Reco-reco; Pandeireta; Maracas; Guizeira; Clavas;
de 1982. Tamborim; Prato Suspenso; Bongós; Caixa de Rufo;
8 Fonte: https://www.orff.de/en/orff-schulwerkr/ Windchime; Temple-block; Timbales e Congas.
9 Carl Orff, Gunild Keetmann: Musik für Kinder. Instrumentos por Famílias: Madeiras: Xilofone Baixo;
Volumes 1–5. Schott Musik International, Mainz 1950. Xilofone Contralto; Xilofone Soprano; Castanholas;
10 Instrumentos de Altura Definida: Flauta de bisel; Caixa Chinesa; Reco-reco; Maracas; Clavas; Temple-
Xilofone Baixo; Xilofone Contralto; Xilofone Soprano; block. Peles: Bombo;Tamborim; Pandeireta com pele;
Metalofone Baixo; Metalofone Contralto; Metalofone Caixa de Rufo; Timbales Congas; Bongós. Metal:
Soprano; Jogo de Sinos Soprano e Jogo de Sinos Metalofone Baixo; Metalofone Contralto; Metalofone
Contralto. Instrumentos de Altura Indefinida: Bombo; Soprano; Jogo de Sinos Soprano e Jogo de Sinos
Pratos; Gongo; Castanholas; Triângulo; Caixa Chinesa; Contralto; Triângulo; Pandeireta sem pele; Guizeira;
Windchime; Gongo; Pratos.
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11
No Brasil, o livro didático segue normas contempladas isso, é usada aqui a terminologia ‘material didático’, que
pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). Por se amplia em relação ao livro didático em específico.
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No Brasil, a lei que determina e regula os (...) considera-se que o material didático,
direitos autorais é a Lei nº 9.610, de 19 de impresso ou digital, é o conteúdo base do
fevereiro de 1998 (BRASIL, 1998), que garante curso, no qual o professor, auxiliado por uma
a proteção do direito autoral. Para uma obra equipe multidisciplinar, o organiza de acordo
estar em domínio público, por exemplo, o com a proposta pedagógica, de modo a
artigo 41 da Lei 9.610 de 1998 estabelece a potencializar a transformação da informação
proteção aos direitos patrimoniais, em que em conhecimento, ou seja, de modo a permitir
estipula o prazo de 70 anos após o falecimento a construção do conhecimento (SILVA, 2013, p.
do autor, não se aplicando aos direitos morais, 67).
pois são inalienáveis e irrenunciáveis. Para que se compreenda os aspectos
É necessário que a elaboração e utilização de relacionados à qualidade de um material
materiais didáticos pelo educador musical didático, é necessário analisar como se dá o seu
perpasse uma consciência sobre os limites e processo de construção. Assim, deve-se seguir
possibilidades de uso de recursos culturais, cinco fatores: professor conteudista, designer
com direitos autorais resguardados ou com instrucional, revisor de texto, diagramador e
livre acesso por meio do domínio público12 . É 1 comissão editorial. (SILVA e CASTRO, 2009).
importante ressaltar que essa questão Nesse sentido, o material didático precisa
perpassa a didática, principalmente tendo em considerar esses fatores na sua produção,
conta questões relacionadas ao currículo. sendo de fundamental importância a qualidade
Maier e Wolffenbüttel (2021), esclarecem essa do conteúdo apresentado e a forma como este
questão no contexto da educação musical. conteúdo se estrutura.
Levando em consideração os direitos de Vale ressaltar que, na parte da elaboração
aprendizagem e os campos de experiência para do material didático para musicalização,
a construção do currículo da Educação Infantil, existem autores que incluem o áudio em seu
os professores devem articular os saberes dos material, adicionando elementos audiovisuais
educandos com os conhecimentos culturais, para a realização do trabalho, sendo um
sociais e artísticos da sociedade, buscando o elemento que destaca a exploração sonora.
desenvolvimento integral dos mesmos. (MAIER A exploração sonora como criação de
e WOLFFENBÜTTEL, 2021, p. 4). sonoridades, maneiras de tocar e de
O material didático na educação musical estabelecer relações com o sonoro e o musical
possibilita uma vasta possibilidade de trabalho é parte de outras ferramentas pedagógicas dos
nos diversos aspectos da música. No contexto processos criativos. Embora a exploração
da educação básica, Silva (2013), destaca a sonora tenha importância por si só, pelas
relação intrínseca entre o planejamento, o razões já apresentadas aqui, ela integra
currículo e o material a ser utilizado. também a improvisação, e abre caminhos para
a criação musical em seu sentido mais
12
Condição jurídica na qual a obra não possui o obra em domínio público é livre e gratuita. Nesse sentido,
elemento do direito de propriedade, de modo que não domínio público é o antônimo do Direito autoral. (GUEIROS
há restrição de uso. Do ponto de vista econômico, uma JR, 2005).
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O material didático (livro) ‘Jogando Com os do que está sendo visualmente exposto. Em
Sons e Brincando Com a Música’, de cada atividade do material didático (livro), fica
Annunziato (2002), apresenta a musicalização aberta a possibilidade de o professor utilizar a
infantil por meio de jogos e brincadeiras, criação com elaboração de materiais didáticos
utilizando como parte do material didático próprios, como exemplificado acima, na
(livro) um conjunto de recortes e CD. Trabalha segunda canção do livro. Posteriormente, foi
a criatividade usando sons de instrumentos lançado pelas autoras, o ‘Guia Prático
musicais, corpo, animais, natureza, cidade. Na Brincadeiras, Partituras e Cifras’13 , um guia
1
parte das brincadeiras desenvolve canções do para trabalhar o material didático (livro) ‘Festa
repertório folclórico, utilizando o corpo como na Lagoa’ (MARQUES e RIBEIRO, 2018),
instrumento rítmico. O material didático (livro) trazendo ideias e conteúdos para cada
possui um conjunto de 32 cartelas para serem atividade.
recortadas e trabalhadas com cada atividade O material didático (livro) ‘Explorando o
descrita. Relativo à questão visual, as cartelas universo da música’ de Nicole Jeandot (2008),
possuem figuras coloridas e ilustrações explora de forma significativa a criação de
próprias para a exploração sonora. No final do instrumentos musicais e jogos envolvendo
música. Sobre os conceitos pedagógicos, a
recorte o autor utiliza de figuras que se
autora afirma que, nesse momento, o
encaixam para a criação de ‘jogo da memória’.
professor não deve dar ênfase de forma
O material didático (livro) ‘Festa na Lagoa’ exagerada a cada conceito musical (ritmo,
de Marques e Ribeiro (2018), perpassa com melodia, harmonia) e que a atividade deve ser
apresentação do ‘Senhor Sapo’ convidando os desenvolvida conforme o contexto escolar do
animais da floresta e do mar para sua festa. Ao estudante. Nas atividades propostas, há
todo são nove canções que são trabalhadas diversas possibilidades para se trabalhar os
com a combinação de uma história com cada conceitos de timbre, melodia, ritmo e
personagem (animal, árvore, pescador) que se harmonia, de modo que, o professor poderá
desenvolve, despertando a fantasia e a fazer o uso do corpo e dos instrumentos
criados pelos alunos. Há atividades com
imaginação da criança. Observam-se imagens e
canções populares e partituras não
figuras da natureza com bastante destaque, convencionais e reconhecimentos de ritmos e
onde há a exploração sonora para identificação
13
Disponível em: https://lp.caixolamusical.com.br/festa-
na-lagoa-livro-digital/ Acesso em: jan. de 2022.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foi possível verificar que a elaboração e uso do material didático para a educação infantil
apresenta significativa relevância na construção dos planejamentos pedagógicos em música.
Percebeu-se que os materiais pedagógicos devem considerar as pedagogias de pensadores
e pedagogos musicais, os quais são relevantes nos objetivos e desafios que a educação infantil
solicita atualmente. Por outro lado, é possível considerar, a partir das análises realizadas, que o
material didático não é uma receita rígida a ser seguida, mas uma sistematização de propostas
pedagógicas que podem servir de inspiração no trabalho docente em música.
Ademais, constatou-se a relevância da utilização de ferramentas apropriadas as quais
podem ser utilizadas pelo educador na construção do conhecimento musical, bem como auxiliar
no desenvolvimento musical da criança. É possível concluir que o material didático deve ser parte
integrante no ensino/aprendizagem do aluno, contribuindo para que o professor possa utilizá-lo
acessando criticamente novas fontes, fundamentos, objetivos e metodologias.
447
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RESUMO: O presente artigo foi realizado na área da educação online com os idosos, buscando
entender o que fazem a optarem por essa forma de estudo e se é gratificante para eles
aprenderem na comodidade de seus lares os conteúdos de seus cursos favoritos em plataformas
digitais e manuseios das ferramentas que para muitos não conhecem suas finalidades na
contribuição de um ensino de qualidade. Todavia que o mundo da internet, sem dúvidas está
muito avançado, hoje com um simples clique podemos fazer compras, jogar, aprender a tocar um
instrumento musical e até mesmo estudar, coisas que a tempos atrás tudo era mais difícil, todos
esses avanços tecnológicos possibilitaram melhores ganhos de tempo, a educação a distância é
um grande exemplo dessa evolução da tecnologia que a cada dia vem aumentando os números
de pessoas interessadas nessa modalidade devido as facilidades, comodidades e preços mais
acessíveis, tendo o mesmo reconhecimento de um certificado ou diploma presencial expedido
pelas instituições de ensino. Para tanto, essa forma de ensino já é desenvolvida em outros países
por sua flexibilidade, qualitativa e metodológica respeitando o tempo e aprendizagem, inclusive
a dos idosos.
1
Professor de Arte e Música - Secretaria de Estado da Educação, Cultura e Esportes (SEE).
Graduação: Música.
Psicólogo - Assistência Social e Direitos Humanos – SASDH/Rio Branco-AC.
Graduação: Psicologia .
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mundo inteiro apenas com alguns cliques e o e erro, por conexões “escondidas”. As
conhecimento estará nas telas dos conexões não são lineares, “linkando-se” por
computadores, celulares e outros meios hipertextos, textos, interconectados, mas
eletrônicos como fóruns, bate papo ocultos, com inúmeras possibilidades
descontraído e ainda a certeza que estão diferentes de navegação. [...] Na Internet
rodeados de pessoas virtuais e que essas também desenvolvemos formas novas de
aprendizagens estão sendo compartilhadas comunicação, principalmente a escrita.
entres eles, sabendo que sempre estamos Os estudos nessa modalidade, além de ser
precisando de alguém para nos ensinar, de eficácia tem um preço acessível e em muitas
aprender sozinho o caminho poder ser mais instituições de ensino os cursos são totalmente
demorado. gratuitos um fator muito importante na vida de
Alguns idosos já estão seguindo os mais quem quer estugar, ou seja, uma motivação
jovens no uso das novas tecnologias. Estão para os idosos que muitas vezes seus salários
aposentando a antiga máquina de escrever e não dá de custear os gastos devidos ter que
substituindo-a pelo computador, pois “quem comprar remédios para manter seus
não navegar pela internet vai ficar para trás”. tratamentos em dias pois sua aposentadoria
(MATTOS,1999, p.6) não possibilita muita ajuda devido salários
Realmente essa afirmação já está sendo baixos e em virtude disso muitos idosos
visível na nossa sociedade, o mundo da ocasionam a baixa autoestima e problemas
internet já cativa milhares de pessoas, é nessa psicológicos de difícil solução.
perspectiva que os idosos estão ficando
atualizado virtualmente O IDOSO, A CORAGEM E
O fato de a criançada estar tão familiarizada
com a tecnologia, estimula nos avós o desejo RESISTÊNCIA QUANTO A NOVA
de aprender. Mas, outras vezes, a diferença de FORMA DE APRENDIZAGEM
interesses os leva a encarar o computador
ONLINE
como coisa de garotada, ou algo que exige uma
Com a evolução do mundo moderno as
destreza manual que eles não têm mais (apud,
maquinas tiveram crescimentos tecnológicos e
CABRAL, 1999, p.1).
em diversos formas e diversificações na
A Internet e suas tecnologias vem a somar e
sociedade, o homem a cada dia tem novas
motivar muitos os idosos, fazendo com que
conquistas, desafios e adaptações tecnológicas
eles aprendam, a estudar, se relacionar com
a cumprir para possibilitar mudanças
amigos e esquecendo a solidão criem novas
adequadas para atingir o bem-estar na vida de
redes de amizades.
si próprio e das demais pessoas que os
Moran (1998, p.128), comenta que:
rodeiam, incluindo-se aqui também a
[...] a Internet ajuda a desenvolver a
tecnologia da Internet, e não temer a novidade
intuição, a flexibilidade mental, a adaptação a
e receio do desconhecido conhecido como
ritmos diferentes. A intuição, porque as
luddita.
informações vão sendo descobertas por acerto
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Segundo Ferreira (1999, p.1238), a palavra coisas”. E por outro lado pessoas que querem
“luddita” significa “indivíduo que se opõe à usar do lado negativo. O ambiente virtual é de
industrialização intensa ou a novas suma importância e tem um poder muito forte
tecnologias”, é notório que no início que uma na vida das pessoas e dos idosos que estão
pessoa idosa queira fazer uso de um descobrindo essa ferramenta e nova formula
computador seja ele de mesa ou notebook do ambiente virtual.
sinta um pouco de receio pois no seu tempo o O idoso tem opiniões formadas e conceitos
equipamento que usava para escrever era a cristalizados. Ele, muitas vezes, não acredita no
máquina de datilografia que para a sua época poder vital de suas potencialidades e
já era uma evolução bem admirável e não capacidades, que podem ser desenvolvidas
precisava de tanto periféricos ou acessório nesta etapa de sua vida. Por vezes, o idoso
como hoje, hoje quando se liga um acredita que sua vida não terá mais
computador tem que levar em conta o tempo transformação. (SOUZA, 2002, p. 876).
de processamento de espera, da máquina, Boa parte dos idosos sente medo até para
teclado, mouse, caixas de som, e observar se ligar o computador. Mas isso só acontece
estão todos conectados perfeitamente e com o quando não se tem conhecimento desta
provedor de internet. ferramenta. A partir do momento em que o
Londres, no mês de abril de 1993, alguns indivíduo começa a ter noção de como ligar,
historiadores se reuniram no Museu de como manuseá-la, como jogar paciência, como
Ciência, para refletir sobre o problema da enviar mensagens a amigos e parentes, ele
resistência em relação ao desenvolvimento passa a perder o medo, adquirindo confiança
tecnológico. Pontuaram que: nos seus passos e o computador torna-se seu
[...] resistência a certos fenômenos aliado, contribui para estimular a mente,
tecnológicos é similar à ‘dor aguda’ no ser desenvolvendo a capacidade de memória,
humano, exercendo um papel funcional, estimulando o poder de concentração.
monitorando o corpo, um tipo de feedback, Segundo Maciel, (1995. p.12-13), com o uso
sendo indicativa de que não está bem da Internet, o idoso estará exercitando a
[concluíram que] a resistência deve ser vista memória, observando as imagens que estão
não como algo negativo, mas como uma ‘força’ disponibilizadas nos sites, os textos de
positiva, ajudando a dar forma à tecnologia interesse pessoal dentre outros, com isso, ele
(LITTO, 2000, p.2). pode aumentar a sua capacidade de retenção.
Para Cabral (1995, p.227), afirma que o
medo é um [...] “estado emocional de agitação QUANTO AO USO DEMASIADO
inspirado pela presença, real ou pressentida,
de um perigo concreto”. A internet está para E OS PROBLEMAS DE SAÚDE
quase todas as pessoas e que seu uso pode ser QUE PODE OCASIONAR NO
usado positivamente, ou seja, para as pessoas
que querem realmente fazem dela a sua forma
IDOSO
Assim como a possibilidade de conquistar
de aprender, estudar, interagir, entreter e “ns
novos amigos, efetuar compras, verificar o
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho buscou estudar e investigar a terceira idade na educação online:
aprendizagem sem sair de casa, Conclui-se então que os idosos estão a cada dia a procura de
novos conhecimentos, desafios e em busca de novas aprendizagens para suprirem os tempos
perdidos que ficaram parado sem adquirirem conhecimento, e nessa forma de aprendizagem via
online eles descobrem que ainda são capazes de aprender de forma lúdica e pedagógica os
segredos do saber por meio do campo virtual e ainda podem interagir com os amigos, buscando
cada vez mais ampliar o ciclo de amizades entre eles com as ferramentas modernas e plataforma
que pareciam impossível o manuseio, desvendando e quebrando os paradigmas e medo do novo,
possibilitando o bem-estar, a qualidade de vida e a certeza que as novas descobertas digitais
sempre vão estar presente no seu aprender virtual.
Para os idosos aprender nessa modalidade é de suma importância, mediante que nessa
idade a locomoção e a saúde para alguns estão debilitadas não ajudam de forma eficaz, e os
cursos desta natureza só vem a nos da possibilidade para saímos do anonimato e clicando
estamos conhecendo uma nova forma de aprender.
Esperamos que este artigo científico fomente outras pesquisas relacionadas a educação
online no Brasil e no mundo capacitando e motivando cada vez mais os indivíduos da terceira
idade nesta nova Era da aprendizagem a distância.
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REFERÊNCIAS
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RESUMO: O presente artigo é tem como base o interesse sobre os percursos de aprendizagem e
desenvolvimento na Educação Infantil, levando em consideração as especificidades dessa fase
primordial que compõem a educação básica. Inicialmente, apresento de forma panorâmica as
características da Educação Infantil em São Paulo. Em seguida, trago o papel da escola como
espaço de interações sociais que mescla as funções de acolhimento, promoção de igualdade e
ampliação de conhecimentos e experiências que também se dão atrás da vivência de diferentes
linguagens.
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O objetivo deste artigo foi realizar uma explanação a cerca da aprendizagem e
desenvolvimento na Educação Infantil, levando em consideração as especificidades dessa fase
primordial que compõem a educação básica brasileira e a sua fundamental importância como
território de aprendizagem, de crescimento e respeito as singularidades de bebês e crianças.
Refletiu-se acerca da impossibilidade de separação das ações de cuidar e educar que são
pilares de práticas pedagógicas significativas, que as unidades de educação infantil devem ter por
princípio a promoção da igualdade na diversidade de ser e que são espaços seguros de
aprendizagens e experimentações para crianças por ela atendidas.
Pretendeu-se também apresentar, de forma sucinta, a apropriação de usar as linguagens
pela criança como instrumentos que possibilitam a ampliação de formas de ser e estar no mundo
e que para isso é necessária a criação de um currículo construído com base em um olhar atento
aos saberes trazidos pelas crianças e suas formas de manifestá-los.
Após percorremos as reflexões trazidas nesse artigo concluímos que para a vivência das
diferentes linguagens na Educação Infantil como caminho de aprendizagem e desenvolvimento
ocorra de forma a criar significados nos processos de crescimento e aprendizagem de bebês e
crianças atendidas pelas unidades escolares faz-se necessário que as vozes e ações dessas
crianças sejam sempre ouvidas e observadas no cotidiano desses territórios de saberes e porque
são essas vozes individuais e coletivas que nortearam a construção de práticas significativas.
Para que isso ocorra é preciso que as crianças deixem de ser entendidas no seu potencial
de vir a ser e sejam vistas como sujeitos históricos plenos, potentes e produtores de saberes e
cultura no agora.
Dessa forma é urgente que todas as crianças possam participar da vida coletiva dos seus
territórios, ter direito e respeito as suas individualidades de gênero, cor, credo, grupo social etc.
Que possam brincar, fantasiar, criar hipóteses e assim viver intensamente aprendizagens
significativas e transformadoras nessa etapa da vida humana.
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REFERÊNCIAS
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e EMEIs da cidade de São Paulo. 2006.
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ALFABETIZAÇÃO MIDIÁTICA E
INFORMACIONAL, EDUCOMUNICAÇÃO E
OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL (ODS)
Rodrigo de Macedo França1
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informação para total preparo dos gestores, informação, que no piscar dos olhos podemos
docentes, discentes e apoios; realizar viajar nos universos e estabelecer relações
constantes oficinas, cursos e palestras, dentro antes inimagináveis. Esse processo é tão atual
e fora na escola, num diálogo aberto sobre as e para muitos não mais novidade, pois a
mídias para a consciência critica de seu uso e tecnologia já produzia essa sensação e já
necessidade educacional; realizar chegava, mesmo que ao longe de nossas mãos,
planejamento de atividades e projetos, dentro aos nossos olhos e ouvidos por meio de
da proposta curricular, com a integração da televisão, internet, rádios e outros sistemas.
tecnologia e suas funções, partindo da Educar os alunos, de todos os segmentos e
realidade dos alunos e das informações idades nessa perspectiva é dar a eles o direito
recebidas nos diversos meios de comunicação, de gozar do hoje e fazer parte no processo
desenvolvendo uma leitura críticas dos evolutivo e transformador do mundo. Educar
portadores e suas informações. na tecnologia midiática é fazer jus à leitura de
Desta aqui a necessidade, no retorno às mundo, que tanto Paulo Freire (1996), nos
atividades presenciais escolares, dialogar com levou a refletir, e o nosso mundo hoje, se
os alunos numa conversa franca, a conecta, se faz e refaz na cibercultura.
responsabilidade e compromisso de cada um
nessa nova fase humana social, pois se os
envolvidos não tiverem consciência e
compreensão da realidade histórica, pouco
fará para que as mudanças necessárias sejam
eficazes nos contextos sociais.
Por que essa ação pode ser chamada de
educomunicativa?
O conceito de educação é para além do bem
ou mal, bom ou mau, é um processo formativo,
que por sua vez, busca a transformação
pessoal, social e cultural, mas dependerá de
quem, como e onde ela se estabelece, pois
temos a consciência que cada um é
protagonista de sua própria história e tem a
autonomia escrevê-la positiva ou
negativamente. Trazer a alfabetização
midiática para dentro da escola como processo
formativo e informativos, implícito nos
currículos, documentos e diretrizes
educacionais, é construir uma cultura e prática
transformadora, inovadora e evolutiva, tendo
em vista que, a humanidade corre à luz da
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Elaborando um compilado das questões levantadas e suas respectivas reflexões, trago os
Objetivos do Desenvolvimento Sustentável como uma conclusão desse pequeno artigo, mas
grande e desafiador da consciência crítica para uma leitura de mundo mais humana, mais
protetora e naturalizada, não no sentido da normalidade humana, mas sim, no cuidado com a
natureza que nos rodeia e nos grande a vida.
Acredito que seria ousado de minha parte mensurar alguns ODS que seriam contemplados
nesse processo, mesmo acreditando que com um trabalho integrado com a alfabetização
midiática, trilharemos o caminho para as conquistas almejadas pelos Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável. Acredito ainda, que um trabalho com a construção da consciência
e leitura crítica, da formação para responder às demandas sociais e da contextualização do ensino
e aprendizado, podemos gerar um nova sociedade, de fato, preocupada com as questões
ambientais, humanas e sustentáveis, transformando suas relações com o meio e com a natureza
em práticas produtivas e conscientes, garantindo assim, a participação ativa social, a
democratização de direitos e deveres, a real distribuição de renda e a preservação do meio
ambiente e da vida. Com isso, acredito que podemos chegar as parcialidades das ODS - um nível
de erradicação da pobreza humana, à melhores condições de vida, trabalho, saúde, segurança,
uma educação de qualidade e para todos, a igualdade, fraternidade, equidade e inclusão.
Podemos ser utópicos em imaginar a ressignificação da humanidade, dos países em 10
anos (2030), com todos os objetivos traçados como metas para a garantia de vida e bem-estar de
todos, mas, devemos ser realistas que isso é um desafio incomensurável, que há muitos
interesses políticos e capitalistas nesse processo e que para chegar a esse nível seria preciso um
“novo dilúvio”, a extinção do ser humano. Mesmo diante das certezas e incertezas, das verdades
e inverdades, devemos nos movimentar para mudar o “mundo” que está a nossa volta: nossas
próprias concepções, nosso lar, a escola, o bairro, a cidade... ou seja, o que está ao nosso alcance
– plantando boas sementes para que uma geração futura possa colher bons frutos.
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REFERÊNCIAS
BARRO, Jussara de. Educomunicação. Disponível em: Educomunicação - Educador Brasil
Escola (uol.com.br). Acesso: 27 de julho de 2022.
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ALFABETIZAR E EDUCAR
Gabriely Gonçalves Silva1
1Professora de Educação Infantil e Ensino Fundamental I na Rede Municipal de São Paulo. Graduada: Licenciatura
em Pedagogia; Especialização em Psicopedagogia.
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e abrangências, tornou-se uma disciplina excesso de sol, muito frio, muito calor, muito
obrigatória na rede regular de ensino. iluminado, pouco iluminado… tudo isso poderá
Nos dias atuais a música pode ser dificultar o trabalho do “dramatizador”.
considerada uma das artes que mais Procure o ambiente e o momento ideais para
influenciaram e influenciam na sociedade. dramatizar suas histórias.
Tudo o que acontece ao nosso redor, nos afeta Como em qualquer área, é importante que o
diretamente ou indiretamente, pois vivemos “dramatizador” busque aperfeiçoamento
num conjunto de pessoas que compartilham contínuo. Algumas universidades, como, por
propósitos, gostos, preocupações e costumes, exemplo, a Faculdade Paulista de Artes,
e que interagem entre si constituindo uma possuem cursos de especialização em
comunidade. “contação de histórias”.
Segundo Silva ( 1966), nas últimas décadas
do século XX, assistimos a um acentuado RESULTADOS E DICUSSÃO
movimento de mudanças nas organizações
Considerando o conceito de arte e arte-
sociais, consequente e interdependente dos
educação, discutido até agora e de seus
movimentos de mudanças políticas,
elementos até aqui pontuados, listamos
econômicas, cientificas e culturais.
algumas potencialidades do uso da arte como
O teatro é uma forma de criação de
estratégia ou metodologia na abordagem de
linguagens, seja ela visual, musical, cênica, da
conteúdos de disciplinas diversas. Desenvolver
dança, ou cinematográfica, essas formas de
atividades socioeducativas e pedagógicas que
linguagens refletem o ser e estar no mundo,
tenham foco na construção de um espaço de
todas são representações imaginarias de
convivência fraterna, fortalecendo por meio do
determinadas culturas e se renovam no
teatro os vínculos familiares, desenvolvendo o
exercício de criar ao longo dos tempos. Ao
aumento da confiança e autoestima nas
desenvolver-se na linguagem da arte o
crianças.
aprendiz apropria-se do conhecimento da
Por meio de dinâmicas, exercícios e jogos
própria arte. Essa apropriação converte-se em
teatrais, podemos fortalecer o crescimento
competências simbólicas por que instiga esse
intelectual, social e humano de cada criança. O
aprendiz a ampliar seu modo singular de
conceito faz alusão aos métodos que permitem
perceber, sentir, pensar, imaginar e se
obter certos objetivos. Com base nisso,
expressar, aumentando suas possibilidades de
fazemos aos educadores que pretendem valer-
produção de leitura de mundo, da natureza e
se da arte no processo de
da cultura e também seus modos de atuação
ensino/aprendizagem a seguinte pergunta:
sobre eles.
qual é o seu objetivo? Se, como foi dito, na obra
O ambiente, mesmo que simples, deve ser
de arte não há certo e errado e ela mesma cria
favorável à “contação de história”. Pode ser ao
as regras enquanto se constrói o que vai
ar livre ou em locais fechados, porém é
orientar as escolhas do educador serão seus
necessário estar livre de qualquer distração ou
objetivos.
desconforto. Ruídos, pessoas transitando,
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Diante desta questão, um novo desafio se aprender, ora como atividade livre, ora
apresenta: o de reunir forças e esforços dos orientada.
trabalhadores da educação e demais As concepções froebeliana de educação,
segmentos sociais para reverter este quadro de homem e sociedade estão intimamente
penumbra, vindo de longas décadas, de modo vinculadas ao aprender. Assim, a atividade livre
que possam com eles estabelecer vínculos e espontânea, é responsável pelo
fecundos, promissores, educativos. Por certo desenvolvimento físico, moral, cognitivo, os
que esta é uma tarefa coletiva, dos educadores dons ou objetos que subsidiam atividades.
e educadoras em especial, mas não somente Entende também que o aluno necessita de
deles, posto que a formação das novas orientação para o seu desenvolvimento,
gerações humanas é uma tarefa da sociedade, perspicácia do educador levando-o a
em seu conjunto. Por último, além de se compreender que a educação é um ato
diferenciarem na forma e intensidade em que institucional que requer orientação.
se apresentam na vasta realidade das escolas e Ao participar da arte o aluno também
grupos de professores do educação infantil no adquire a capacidade da simbolização
Brasil, estes desafios não existiram sempre e permitindo que ele possa vencer realidades
podem deixar de existir. São realidades angustiantes e domar medos instintivos. O
históricas e por isso podem ser superadas. aprender é um impulso natural da do
Buscar os caminhos das soluções, criá-las e educando, que aliado à aprendizagem tornar-
recriá-las, coletivamente, refazendo as bases se mais fácil à obtenção do aprender devido à
das interações entre adultos, adolescentes e espontaneidade das atividades por meio de
jovens no interior da escola e no presente, é uma forma intensa e total.
um desafio que se sobrepõe aos demais. Essa Compreender o universo da arte é
junção de esforços parece ser o mais promissor indispensável para o bom desenvolvimento do
horizonte para que os educadores em geral e trabalho pedagógico efetivado pelo professor
os professores/as do educação infantil, em que é o mediador destas ações. A arte é
especial, possam enfrentar o nosso essencial, pois possibilita ao aluno uma
compromisso primeiro, que constitui o sentido aprendizagem por meio das vivências, por
e finalidade maior do ofício de mestre: o meio das quais podem experimentar sensações
desafio humano, político, ético e estético de e explorar as possibilidades de movimentos do
trabalhar na formação das novas gerações seu corpo e do espaço adquirindo um saber
humanas, dos nossos adolescentes e jovens. globalizado a partir de situações concretas.
Para que sejam seres verdadeiramente A arte é um instrumento que possibilita que
humanos, que auxiliem na construção de um os alunos aprendam a relacionar-se com o
outro mundo, possível. mundo, promove o desenvolvimento da
A teoria froebeliana, ao considerar a arte linguagem e da concentração
como uma atividade espontânea, concebe consequentemente gera uma motivação a
suporte para o ensino e permite a variação do novos conhecimentos. O eixo da arte é o
desenvolver, sendo um dos meios para o
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crescimento, e por ser um meio dinâmico, a alegre, ou seja, participando de atividades mais
arte oportuniza o surgimento de descontraídas o aluno se sente feliz e motivado
comportamentos, padrões e normas e ao mesmo tempo adquire o seu
espontâneas. Caracteriza-se por ser natural, conhecimento de forma prazerosa. As regras
viabilizando para o aluno uma exploração do de um teatro são feitas para que o aluno
mundo exterior e interior. adquira valores que possam ser usados
O educando da Educação infantil deve ser durante toda a sua vida, é por isso que ao fazer
compreendido como um ser em plena as atividades o educador deve pensar quais são
aprendizagem, é importante que as escolas e os objetivos daquele jogo para aquela faixa
os educadores, incentivem a prática do jogo, etária e para a realidade a que pertence aquele
como forma de aperfeiçoar esse aluno.
desenvolvimento. Os teatros são essenciais para o
A dramatização e o teatro possibilitam o desenvolvimento de construção, estimulando
aluno sonhar e fantasiar revela angústias, todos os sentidos tais como: psicomotor,
conflitos e medos aliviando tensões e cognitivo, social e emocional, desenvolvendo a
frustrações são importantes para que se capacidade de pensar, refletir, abstrair,
trabalhem diferentes tipos de sentimentos e a organizar, realizar e avaliar.
forma de lidarmos com eles. Quando o aluno dramatiza, ela libera e
A personalidade humana é um processo de realiza suas energias e tem o poder de
construção progressivo, onde se realiza a transformar uma realidade proporcionando
integração de duas funções principais: a condições de liberação de fantasia. De acordo
afetividade, vinculada à sensibilidade interna e com Wajskop (2001), o teatro pode ser um
orientada pelo social e a inteligência, vinculada espaço privilegiado de interação e confronto
às sensibilidades externas, orientada para o de diferentes pessoas e personalidades com
mundo físico, para a construção do objeto. pontos de vistas diferentes. Nesta vivência
Conforme Antunes (2004), a aprendizagem é criam autonomia e cooperação
tão importante quanto o desenvolvimento compreendendo e agindo na realidade de
social e o jogo constituem uma ferramenta forma ativa e construtiva. Ao definirem papéis
pedagógica ao mesmo tempo promotora do a serem representados nas peças de teatros, os
desenvolvimento cognitivo e o do social. O alunos têm possibilidades de levantar
teatro pode ser um instrumento da alegria, um hipóteses, resolver problemas e a partir daí
aluno que dramatiza, antes de tudo o faz construir sistemas de representação, de modo
porque se diverte mas dessa diversão emerge mais amplo, no qual não teriam acesso no seu
a aprendizagem e a maneira como o professor cotidiano.
após o teatro, trabalhar suas regras pode Uma dificuldade que essa concepção de
ensinar-lhes esquemas de relações ensinamento apresenta ,é de como diferenciar
interpessoais e de convívio ético. as artes e seus significados,porém cabe á nós
Trabalhar com teatros é fazer com que o professoras usarmos nossa visão de
aluno aprenda de forma prática, interativa e observação e distimguir a prática das
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habilidades que cada aluno traz de bagagem. da inteligência, marcado pelo domínio da
Ainda, de acordo com as pesquisadoras o assimilação sobre a acomodação, tendo como
indivíduo no processo de aprendizagem passa função consolidar a experiência vivida. A
por fases distintas, ampliando a sua reflexão intervenção do professor é fundamental no
sobre o seu sistema até chegar ao seu domínio, processo de ensino aprendizagem, além da
vivendo o lúdico. interação social ser importante para a
Por meio do lúdico o aluno aprende a aquisição do conhecimento.
ganhar, perder, conviver, esperar sua vez, lidar A arte é um estímulo natural e influência no
com as frustrações, conhecer e explorar o processo de desenvolvimento dos esquemas
mundo. As atividades lúdicas têm papel mentais. Seus benefícios permitem a
indispensável na estruturação do psiquismo da integração de várias ações como: a afetiva, a
criança, é no ato de brincar que a criança social motora, a cognitiva, a social e a afetiva.
desfruta elementos da realidade e fantasia, ela Existem algumas considerações sobre a função
começa a perceber a diferença do real e do lúdica e educativa do teatro. A função lúdica do
imaginário. É por meio do teatro que ela teatro promove prazer, diversão e até mesmo
desenvolve não só a imaginação, mas também desprazer, quando escolhido voluntariamente,
fundamenta afetos, elabora conflitos, explora com função educativa o brinquedo ensina
ansiedades à medida que assume múltiplos qualquer coisa que complete ao indivíduo em
papéis despertando competências cognitivas e seu saber, seus conhecimentos e sua
interativas. apreensão do mundo.
Almeida (2008), afirma que a dramatização Em nossa prática docente, precisamos
contribui de forma prazerosa para o propiciar situações de aprendizagem que
desenvolvimento global dos alunos, para levem ao desenvolvimento de habilidades e de
inteligência, para a efetividade, motricidade e conteúdos que possam responder ás
também sociabilidade. Por meio do lúdico o necessidades dos alunos ao meio social que
aluno estrutura e constrói seu mundo interior habitam. Trabalhar a arte com os educandos da
e exterior. As atividades lúdicas podem ser Educação infantil não é difícil, basta entrar em
consideradas como meio pelo qual a criança seu mundo, mas o que se torna difícil é ter um
efetua suas primeiras grandes realizações. Por olhar pedagógico e voltado para o mundo que
meio do prazer ela expressa a si própria suas insere o aluno, isto implica entendê-lo como
emoções e fantasias. produção humana e compreender a forma que
Os educandos expressam emoções, ele assume sob determinada organização social
sentimentos e pensamentos, ampliando a e qual função cumpre. Por esta razão, o ensino
capacidade do uso significativo de gestos e da arte, nem mesmo no período inicial de sua
posturas corporais. aprendizagem, se reduz ao mero domínio do
A função da arte é ao mesmo tempo, código (desenhos e garatujas e interpretações
construir uma maneira de acomodar a conflitos do faz de conta ) ,pois este é apenas um
e frustrações da vida real. Para Piaget (1990), o instrumento de realização de determinadas
brincar retrata uma etapa do desenvolvimento funções ,e como tal não esgota todas as
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O professor de Artes e de teatro deve estimular o aluno, a não limitar-se a aprender, mas
também a construir seu próprio conceito objetivando despertar o senso crítico no aluno por meio
do debate e diálogo aberto. Devemos ter em mente a necessidade de formar cidadãos capazes
de liderar de serem críticos e além de tudo ter conhecimento, ter argumento sólido. Se
aprofundar no conhecimento sobre o conteúdo a qual irá aplicar, buscar a compreensão cada
vez. Mais nas pesquisas ler livros ter total domínio sobre o assunto em questão. É de
responsabilidade de o professor prover uma aula onde cause nos alunos, a curiosidade interesse
de conhecer, criar participar questionar e ser observador. Além disso, o trabalho com
argumentação é considerado fator relevante para o exercício de cidadania. Sabemos que a
prática de selecionarmos argumentos pode ajudar no desenvolvimento do senso critico. Para isso
é necessário que o professor possua conhecimento, referencial teórico sobre o assunto para usar
a metodologia adequada.
A arte de dramatizar história traz muitos aspectos música, expressão corporal, teatro e
poesia são mais do que simplesmente alguém projetando sua voz diante de uma plateia, mas as
palavras ditas e projetas tem um valor força e emoção que informa e atingi seus ouvintes,
trazendo lembranças e recordações boas ou ruins.
Este trabalho se justifica, pois, as crianças quando começam a descobrir o mundo a
dramatização de histórias chama sua atenção, e faz com que tenham a curiosidade, para
conhecer um acervo cada vez maior de palavras, desta forma, inclusive possibilita o despertar
para um mundo literário é a descoberta dos livros e da leitura e de diferentes aprendizagens.
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REFERÊNCIAS
ARANHA, Maria Lúcia Arruda. História da Educação e da Arte. Geral e Brasil. São Paulo:
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PIAGET, Jean. A criança em idade pré-escolar. São Paulo: Ática, 1994. p.100.
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pedagogia. Porto Alegre: Criarp, 2006- p.120.
VISCONTI, M.; BIAGIONI, M.Z.; GOMES, N.R. Guia para educação e prática musical em
escolas. 1ª edição. São Paulo,1996.
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1Professora de Ensino Fundamental II e Médio na Rede Municipal de São Paulo e Rede Estadual de São Paulo.
Graduação: Licenciatura em Letras; Licenciatura em Pedagogia; Especialização em Língua Espanhola.
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relações raciais e das ideias sobre raça e cor. Baptiste Debret – livros didáticos, filmes
Então, entendamos: “Raça é uma construção (Escravos apanhando no pelourinho,
social que só pode ser apreendida tendo em palmatória, castigos). E levar em conta,
vista as relações concretas que ocorrem nas imagens e experiências que mostrem africanos
sociedades em diferentes contextos históricos e seus descendentes como sujeitos históricos,
e também espaços e situações no presente” mesmo que escravizados. Utilizando as
(p.35). gravuras de Moritz Rugendas, por exemplo,
para quebrar este paradigma.
QUESTÕES CONTROVERSAS Ensino de História das relações raciais deve
buscar a ênfase na diversidade como
Muitas vezes são evitados os temas
contraponto à homogeneização – nesse caso a
controversos, porque envolvem uma injustiça
homogeneização da “vítima” ou do sujeito
real, ocorrida a determinados grupos sociais, e
“passivo” – recursos as fontes. Trata-se de
por ser uma história contestada, seu
evitar confinar o estudo – da história das
conhecimento é difícil e constrangedor (p.35).
relações raciais a nichos no currículo limitando-
São temas sensíveis: Religião/Irlanda Norte,
o a momentos do ano letivo – 13 de maio; 20
Imigração em países da Europa Ocidental,
de novembro.
Racismo, Holocausto, Escravidão, Tráfico de
Figura 1
escravos.
Tomemos como exemplo, para lidar com o
ensino da história das relações raciais, o
Holocausto, para isto é “Necessário contrapor
a ideia de homogeneização do judeu como
vítima”, predominante em livros didáticos e na
história pública (mídia, filmes etc.), à ideia da
diversidade de experiências, antes da Segunda
Guerra Mundial”. (p.36) Só assim,
permitiremos “aos alunos conhecer diferentes
trajetórias, organizações familiares, formas de
sociabilidade e de relação ou não com a religião Fonte: Google Imagem
– ajudam a mostrar a complexidade das
Figura 2:
imagens cristalizadas de judeus esquálidos nos
campos de concentração” (p.36). Utilizando
fontes/recursos: documentos escritos;
fotografias; entrevistas, para concretizar os
acontecimentos diante dos alunos.
Da mesma maneira, que se coloca em xeque
a homogeneização em torno do “o judeu”
podemos tomar em relação à “o negro” ou do
“o escravo”, para isto, é necessário contrapor
às imagens recorrentes do “escravo” como
vítima, veiculadas em obras como a de Jean Fonte: Google Imagem
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Uma identidade negra positiva deve ser construída como resposta ao racismo e não como
resultado da “sobrevivência” de práticas culturais africanas. Alberti é enfática na importância de
relacionar o racismo ao ensino da história das relações étnico-raciais e entende como raça “uma
construção social que só pode ser aprendida tendo em vista as relações concretas que ocorrem
nas sociedades, em diferentes contextos históricos e também espaços e situações no presente”
(ALBERTI, p.35).
Alberti denomina temas considerados controversos como o racismo de “questões
sensíveis” e para lidar com elas a ênfase deve estar na “diversidade de experiências” e não na
homogeneização do negro no papel de vítima passiva. Propõe a contraposição de imagens e
experiências que mostrem “os africanos e seus descendentes como sujeitos históricos, mesmo
que escravizados” (ALBERTI, p.36), às imagens do escravo como vítima. Como exemplo, o
trabalho com biografias pode ser fundamental na iniciativa de partir do particular para o geral,
pois a narrativa tem uma função pedagógica fundamental. Outro ponto defendido pela autora é
o respeito tanto às vítimas como aos alunos, evitando restringir o estudo da história das relações
raciais a pequenos espaços no currículo escolar. É inevitável tratar da escravidão de africanos e
do tráfico transatlântico, mas é importante abordar o tema de maneira adequada. Para a autora
(p.39 - 40), não podemos deixar de falar sobre as atrocidades cometidas, mas também não
podemos falar apenas delas. E precisamos sempre considerar que a sala de aula é composta de
alunos e alunas de diferentes raças ou cores, e que o que nela falamos e é discutido pode incidir
sobre as relações que os alunos estabelecem dentro e fora da escola.
A autora propõe que a escravidão seja apresentada dentro do contexto histórico do qual
fez parte e não como contraponto ao que se entende por trabalho livre na atualidade, evitando
reforçar o estereótipo superior – inferior entre brancos e negros. Houve outros contextos com
diferentes formas de trabalho, como a escravidão na Roma Antiga ou a servidão feudal na Europa
Medieval, em que as relações de trabalho desiguais não estavam baseadas na cor da pele. Sobre
os castigos, Alberti também ressalta a necessidade de apresentar outras situações de vítimas, de
contextos diversos. É fundamental contextualizar a escravidão indígena e a opção pela mão de
obra africana, assim como tratar da diáspora africana, abordando a diversidade de línguas, reinos,
religiões, atividades econômicas, dentre outros aspectos dos povos que foram trazidos ao Brasil.
A lei 10639/03 proporcionou uma transformação importante e necessária na educação
brasileira, resultando num processo de revisão de conteúdos e posicionamentos sobre a história
do negro e sua cultura presentes nos livros didáticos. Novas estratégias pedagógicas foram
elaboradas visando o trabalho com estes conteúdos pelos professores e as equipes pedagógicas
das escolas, proporcionando um incentivo na construção de propostas para projetos
enfatizando esta temática em sala de aula.
Todas estas mudanças de comportamento correspondem a uma mudança também no
modo de ver e trabalhar com as questões étnico-raciais na escola, propiciando o conhecimento
sobre a presença africana na história do nosso país de uma maneira mais ampla e sem
deturpações ou omissões que possam contribuir para posturas preconceituosas e baseadas na
discriminação e no preconceito étnico e racial. Assim, todas as escolas da rede pública e particular
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do país, em todas as séries e modalidades de ensino tiveram que repensar seus planejamentos
e projetos pedagógicos para inserir estas discussões, adequando se a uma lei que representa
a implementação de políticas de combate ao racismo e a discriminação do negro na sociedade
brasileira.
Segundo Alberti (p.39), os professores devem trabalhar estes conteúdos, para dar “a
ênfase na diversidade como contraponto à homogeneização – nesse caso, a homogeneização da
‘vítima’ ou do sujeito ‘passivo’ – e o recurso a fontes efetivas”.
Trata-se de pensar em práticas pedagógicas que contribuam para mudar uma visão
repassada durante décadas em que os negros eram retratados em seus sofrimentos durante a
escravidão, representados pelas imagens de Debret e Rugendas, presentes nos livros didáticos,
sem nenhuma leitura crítica. É a história de povos que vieram para o Brasil como escravos e que
aqui foram submetidos a todos os tipos de exploração e castigos, utilizados como mão de obra
na economia açucareira. A presença das várias lutas contra o regime da escravidão, as suas
múltiplas formas de resistências, as histórias destes povos antes mesmo de virem para o Brasil
eram silenciadas nos trabalhados em sala de aula, ficando uma enorme lacuna sobre estes
povos que muito contribuíram para a nossa história, reforçando destarte a visão de exclusão,
inferiorização e negação destes povos, de sua história e de suas visões de mundo, reforçando
assim, a institucionalização da discriminação e do preconceito em relação aos povos africanos e
seus descendentes na diáspora.
Neste sentido, torna-se necessário que existam práticas pedagógicas voltadas à
valorização e divulgação da história e cultura dos povos africanos, contribuindo para que
este conhecimento chegue às salas de aula, levando para milhares de alunos
afrodescendentes a história daqueles que contribuíram de forma significativa para a construção
do nosso país, pois somente assim estaremos contribuindo para que estas crianças e jovens, que
vítimas da discriminação e do racismo ainda presente nas reproduções pedagógicas, tenham
a história de seus ancestrais representada de forma positiva, visando o seu reconhecimento
enquanto grupos com suas histórias, seus costumes e tradições representativas para
a formação cultural do país.
Ao analisar as leis 10.639/03 e 11.645/08, Alberti (p.27), ressalta que, estes instrumentos
“são importantes para o combate ao racismo no Brasil”. Isto porque, o racismo tem a ideia de
superioridade de uma raça ou cor em detrimento de outra, e só se realiza porque uma delas se
sente superior, enquanto, a outra se sente inferior, estabelecendo assim, uma constante
realimentação, entre superior-inferior.
Neste processo é importante ressaltar todo o movimento voltado à elaboração de material
de apoio aos professores, algo que foi destacado nas diretrizes curriculares.
Diversos foram os livros, cartilhas, documentários, desenvolvidos para servir de apoio
pedagógico no trabalho com as questões étnico-raciais, tanto por iniciativas do governo federal
quanto por particulares. Editoras estiveram voltadas exclusivamente para as produções
abordando estas temáticas, o que colocou no mercado editorial uma diversidade considerável de
materiais voltados para todas as idades. Desta forma, as instituições de educação públicas e
particulares de ensino dispõem de uma diversidade de materiais que podem servir como suporte
para o trabalho dos professores. Para Alberti (p.39), “trata-se de evitar confinar o estudo da
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história das relações raciais a nichos no currículo – limitá-la, por exemplo, ao período da
escravidão, ou a momentos do ano letivo em torno do 13 de maio ou do 20 de novembro”.
Sendo assim, a preparação dos professores para trabalhar dentro do que propõe a lei
10639/03 é fundamental, o que necessita de capacitação por meio de cursos de aperfeiçoamento
e especializações voltadas a esta finalidade. Fato que aconteceu por meio da realização de cursos
de aperfeiçoamento pedagógico em várias partes do país, visando à preparação destes
profissionais, quer sejam de forma presencial ou a distância, objetivando capacitar professores e
demais profissionais da educação para trabalharem com a História e Cultura Afro-Brasileira e
Africana, apresentando recursos, possibilidades e caminhos para promover discussões sobre
estas questões. São práticas que muitos contribuem para levar para as escolas debates e
reflexões sobre assuntos relativos à diversidade cultural afro-brasileira.
É importante ressaltar que mesmo com a presença de materiais de apoio e as diretrizes
curriculares que orientam a sua prática pedagógica, ainda se encontre a atuação de professores
de forma isolada, sem um comprometimento da escola como um todo.
São práticas que dependem muito do professor, quando este se dedica a desenvolver as
suas atividades contando com o apoio dos demais colegas, tendo desta maneira a possibilidade
de desenvolver uma atividade interdisciplinar. Entretanto, encontramos ainda profissionais que
de forma compromissada e solitária promovem o desenvolvimento destas atividades, não tendo
a colaboração nem das instâncias educacionais nem dos colegas.
Infelizmente, esta é uma realidade que ainda é possível se encontrar em diversas escolas
espalhadas pelo país, o que nos leva a pensar na importância da Lei 11.645 “porque a sociedade
como um todo, os alunos de diferentes raças e cores, seus pais, seus irmãos, seus amigos e seus
futuros filhos se beneficiarão se tivermos oportunidade de explorar a diversidade e desafiar o
racismo” Alberti (p.55), e é no processo de formação dos profissionais que atuam nas salas de
aula, e que possuem uma grande responsabilidade, pois as suas ações levam ao desenvolvimento
do sentimento de pertencimento étnico-racial de crianças e jovens, assim como, a valorização de
suas manifestações culturais e identitárias.
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REFERÊNCIAS
ALBERTI, Verena. Algumas estratégias para o ensino de História e cultura afro-brasileira.
In. PEREIRA, Amilcar Araujo; MONTEIRO, Ana Maria. Ensino de história e culturas afro-
brasileiras e indígenas. Rio de Janeiro: Palas, 2013.
BRASIL, Ministério da Educação. Educação Antirracista; caminhos abertos pela Lei Federal
10639/03. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade. Brasília:
Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2005.
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RESUMO: O artigo visa compreender e discutir por meio de algumas reflexões sobre a
importância do processo de relacionamento entre educador e discente para o procedimento de
ensino-aprendizagem na volta às aulas presenciais pós- pandemia. Com este olhar discutem-se
atitudes e bom senso com sabedoria nas relações professor-aluno em diferentes dimensões do
processo ensino-aprendizagem, onde se espera desenvolver o trabalho em sala de aula a partir
de estratégias dialéticas, isto é, diálogo. Note-se que a cobrança da Secretaria de Educação está
sob o professor, o agente mediador do conhecimento e também a responsabilidade de buscar
soluções para conciliar a situação, e trazer o aluno para sua rotina de estudo. Com a perspectiva
de que retome ao compromisso de sujeito ativo e recíproco no processo de ensino e
aprendizagem. Assim, resgatar a compreensão da necessidade dos estudos para a formação
intelectual e possíveis contribuições para a sua emancipação pessoal e solidária com competência
em seus afazeres individuais e coletivos. Portanto, compreender o processo de ensino com o
objetivo de construção do conhecimento científico. Assim, conta-se com estudiosos da área,
como Freire (2001), Gadotti (1989), Jorge (1981), Libâneo (1996), Bueno (2003), Alves (1989) e
Perilis (2017; 2021).
1
Professora de História - Rede Estadual PR.
Graduação História, Pedagogia e Letras Espanhol pela UEPG PR; Mestrado em Educação pela UNESPAR
Jacarezinho; Doutoranda em Educação pela FLORIDA ASSEMBLY OF GOD UNIVERSITY Theology & Sciences
Institute of Florida USA INC.
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subordinada a sua análise, no entanto sua ação teórica importante para a fundamentação e
e reflexão podem mudá-la, relativizá-la, alterá- formação intelectual do educador. Portanto,
la. Pleiteia-se uma forma de trabalho do oportuniza uma teoria rica em conhecimento
professor visando a realidade do aluno e com para a atuação consciente do professor, com a
base em um suporte técnico metodológico perspectiva clara de sua função no ensino-
apropriado. Nesse sentido, buscou-se aprendizagem. Consideram-se ainda os
fundamentar os fatores de concepção de ensinamentos de Vygotsky (1992), sobre a
aprendizagem elaborada por Paulo Freire que interação professor e aluno, onde as
proporciona a compreensão do ensino- dificuldades dos alunos serão vias de alerta
aprendizagem na sala de aula. Para Freire para que o ensino e a aprendizagem
(1995, p.21), “ensinar não é transferir aconteçam por meio do diálogo e com
conhecimento, mas criar as possibilidades para retomadas como estratégia mediada pelo
a sua produção ou a construção”. O trabalho professor. Partindo do acima exposto e com
pedagógico em sala de aula deve enfatizar a base na pedagogia dialógica de Freire (2001),
construção do conhecimento, abolindo a Libâneo (1996) e Vygotsky (1992), o presente
estratégia voltada somente para a transmissão trabalho buscará demostrar o quanto há de
de conteúdos e incentivando uma prática reciprocidade na relação professor/aluno, e
voltada para o diálogo e consequentemente o suas inferências na prática do diálogo no
reconhecimento do aluno como sujeito de sua contexto de sala de aula.
aprendizagem.
Para Libâneo (1996), a didática é de suma NOVOS DESAFIOS PARA A
importância para o trabalho do professor em
sala de aula, pois constitui um âmbito de EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNEA
participação transversal, estabelecendo Os inúmeros desafios enfrentados pelos
vínculos com outras disciplinas, motivando os professores diante do trabalho pedagógico em
alunos para a observação e efetivação da ação momento de pós-pandemia, e ainda a busca de
educativa do docente. A disciplina conduz ao estratégias que venham auxiliar na preparação
procedimento de busca do conhecimento das de suas aulas sem desmerecer as propostas
áreas curriculares e o debate sobre a essência curriculares, são o enfoque maior do estudo
dos exercícios de estudo, das ações de em questão. Ademais, atenta-se para as
aprendizagem e das inter-relações entre os devidas condições do trabalho pedagógico que
vários processos intermediários na postura proporcionem efetiva aprendizagem, ou seja,
educativa. "A didática se caracteriza como uma metodologia centrada na reflexão, no
meditação entre as bases teórico-científicas da diálogo e que leve o discente a compreender o
educação escolar e a prática docente” processo de aprendizagem de forma a
(LIBÂNEO, 1996, p.28). Assim, o autor propõe o recuperar o tempo fora da escola, nos estudos
ensino da didática, com a compreensão em que online. Nesse sentido, com base nos
a mesma não é somente um conto de métodos ensinamentos de Freire (2001), ao priorizar a
e técnicas de ensino, e sim, uma referência educação como exercício de liberdade
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Após ter recorrido ao caminho da leitura, das expectativas teóricas e da discussão
acadêmica, convém relatar o comportamento dos alunos no retorno às aulas presenciais pós-
pandemia e à rotina dos estudos, salientando a importância da reconstrução do desenvolvimento
afetivo e do diálogo no ambiente escolar em busca de alternativas. É fundamental se referir ao
relacionamento da comunidade escolar, principalmente entre os alunos e professores, onde se
deu a busca de possibilidades de vínculos afetivos sólidos. Toda relação dentro do ambiente
escolar deve respeitar os fatores emocionais e a sensibilidade de cada pessoa, seja aluno ou
professor, pois são pontos relevantes no convívio em sala de aula e principalmente na
recuperação da aprendizagem. Assim se tem a compreensão de que professores e alunos estão
intensamente envolvidos, enfrentando os obstáculos do aprendizado. Mesmo diante das
condições em que se encontram os alunos – muitas vezes agressivos, descompromissados, sem
perspectivas e apáticos – mesmo em tais condições, os professores devem procurar manter o
equilíbrio e a mediação em busca da aprendizagem.
Nesse sentido, percebe-se a possibilidade de um retorno à rotina de estudo e à
normalidade no processo de aprendizagem com a execução do papel do educador e o
reconhecimento da necessidade de buscar o diálogo, o bom senso, a tolerância e o compromisso
com uma educação de qualidade que referencia os desafios deste momento histórico tão
complicado, na sala de aula e no processo de ensinar. Espera-se que a comunidade escolar e os
professores, por meio de suas estratégias, venham a integrar com os estudantes a
conscientização da necessidade do suporte da família para o efetivo retorno ao processo de
ensino-aprendizagem. Segundo Perilis (2017), a educação no mundo contemporâneo necessita
de transformações significativas para o ensino e a aprendizagem. Assim, será possível estabelecer
um rumo objetivo à sociedade do conhecimento, de forma democrática, interativa, voltada para
o diálogo com atividades de reflexão, compreensão, discussão, conduzindo os alunos ao retorno
de seus estudos, superando a defasagem e contando com a responsabilidade de todos,
estudantes e familiares.
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REFERÊNCIAS
ALVES, Rubem. Conversas com quem gosta de ensinar. São Paulo: Cortez, 1989.
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FREIRE, Paulo. Educação como prática de liberdade. Rio de Janeiro, Paz e Terra. 1999.
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GADOTTI, Moacir. Concepção dialética da educação: um estudo introdutório. São Paulo:
Cortez/Autores Associados, 1987.
JORGE, J. Simões. Sem ódio nem violência: a perspectiva da libertação segundo Paulo Freire.
São Paulo: Loyola, 1981.
LIBÂNEO, José Carlos. Prática educativa, pedagogia e didática. São Paulo: Cortez, 1996.
PERILIS, Sebastiana. Educação: Leituras e abordagens contemporâneas. Juiz de Fora (MG):
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PERILIS, Sebastiana. A leitura como instrumento de construção da autonomia dos alunos
pertencentes ao sexto ano do ensino fundamental. Ponta Grossa: UEPG, 2021.
VASCONCELLOS, Celso. Construção do conhecimento em sala de aula. São Paulo: Libertad,
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VYGOTSKY, Lev S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1992.
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estratégias especificas, diferenciadas nas várias seus avanços, suas resistências, suas
dimensões do aprender. dificuldades e possibilitar uma tomada de
Para isto é preciso fazer muitas anotações, decisão sobre o que fazer para superar os
arquivar exemplares de textos, de trabalhos e obstáculos. A avaliação deve ser continua para
tarefas, reunirem-se um conjunto de dados que possa cumprir sua função de auxílio ao
evolutivos e complementares acerca dos processo de aprendizagem. A avaliação que a
processos individuais que favoreçam decisões escola adota como processo, quando o
pedagogias eficientes. De posse destas professor acompanha a construção do
memórias construídas estabelece-se o diálogo conhecimento do educando; avalia na hora que
efetivo entre professores e alunos, entre os precisa ser avaliado para ajudar o aluno a
próprios professores e com as famílias, construir seu conhecimento, verifica os vários
compartilhando histórias significativas de estágios do desenvolvimento dos alunos e não
aprendizagens. os julgando apenas num determinado
Segundo autora, a elaboração de registros e momento. Avaliar o processo e não apenas o
relatórios descritivos em avaliação não produto, ou melhor, avaliar o produto no
favorece apenas o acompanhamento dos processo. (VASCONCELOS, 1999, p. 198)
alunos. Estudos realizados (HOFFMANN, Com isso, os boletins de notas ou conceitos,
1998;2005), comprovam que o exercício de fichas e pareceres classificatórios impedem
observar, anotar e refletir ao longo do que educadores tenham oportunidade de falar
cotidiano escolar transforma o fazer sobres suas diferentes formas de agir e intervir
pedagógico do professor e de toda a escola no que diz respeito ao acompanhamento
superando a visão comparativa e classificatória individual dos alunos, sendo muito importante
da avaliação, evoluindo em termos de uma para a melhoria da ação docente.
postura investigativa e mediadora das Passamos agora ao contraponto deste tipo
aprendizagens. Quando os registros de de avaliação, ao ter por compromisso a
avaliação são de caráter classificatório e elaboração de relatórios individuais, em
burocráticos, a tarefa do professor pode se primeiro lugar cada educador passa a ter de
resumir em corrigir tarefas dos alunos, calcular observar continuamente todos os alunos, ao
notas e atribuir-lhes pontos por atitudes, ou registrar manifestações de cada um, reúne
observar os alunos de tempos em tempos. informações significativas sobre a evolução do
Onde torna uma avaliação arbitrária e seu próprio trabalho. O que escreve, como
superficial em relação à aprendizagem escreve e sobre quem escreve é o reflexo
individual, não revelando aos professores o daquilo que faz, de como faz, de como pensa
que ele conhece de fato de cada aluno, as notas sobre o aluno,sobre o currículo e questões
pouco esclarecem sobre o processo vivido, atitudinais. Ao ter que descrever com palavras
escondendo e padronizando as diferenças. uma situação de ensino ou sobre o aluno, o
Avaliação é um processo abrangente da professor protagoniza um primeiro momento
existência humana, que implica uma reflexão importante, que seria pensar o que é
crítica sobre a prática, no sentido de captar importante destacar e relatar e sobre
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de uma ação educativa desafiadora onde O fazer do aluno é uma etapa altamente
venha a contribuir, elucidar, fornecer a traça de significativa na sua construção do
ideias a reorganização das frases, os conhecimento, mas a sua compreensão das
professores desconsideram essas formas de hipóteses situa-se no terreno das contradições
interagir passando a desenvolver por e de suas ultrapassagens.
momentos estanques, sem elos e O que a autora quer dizer é que caberia
continuidade, desconectados em termos de observar se o educador é consciente da
progressão na construção do conhecimento. provocação necessária ao processo de
Não quer dizer que uma ação avaliativa compreender, pois a ação avaliativa mediadora
mediadora seja uma formula mágica, onde as é um processo complexo onde visa
crianças desenvolvem tudo que pensam, que a exclusivamente o entendimento, onde tais
construção é algo fácil de fazer basta ter boa processos mediadores têm por objetivo
vontade, muito pelo contrário, quando se fala encorajar e orientar os alunos a produzir um
que construir é mediar estão falando que isso conhecimento de qualidade, aprofundando às
se da num processo dia-a-dia, um passo após o quentões propostas, pela oportunidade de
outro, aos poucos, mas de forma continua, novas vivencias, leituras ou qualquer outro tipo
sempre tendo apoio de outras ideias, e para de procedimento que venha enriquecer o
que seja feito uma avaliação de forma tempo de estudo.
mediadora é preciso de fato negar a pratica Por isso, não tem sentido fazer com que a
atual quanto ao seu caráter de terminalidade, criança repita várias vezes a mesma tarefa,
de obstrução, de constatação de erros e porque ela não vai aprender, pois essa prática
acertos. não fará com que o aluno compreenda o que
O fazer e o compreender para a criança é a está sendo proposto, não entendendo não
mesma coisa, então o professor deve ter o bom aprende, com isso não haverá interesse
senso em saber que isso não é o real. A também em aprofundar no que está fazendo já
compreensão segundo Piaget, inclui o que se torna um trabalho árduo de mais para
movimento que se estabelece de tomadas de eles. Hoffmann (2004), “compreender não
consciência elementares, em direção a significa repetir ou memorizar, mas descobrir
conceituações superiores. as razões das coisas, numa compreensão
Fazer compreender em ação uma dada progressiva nas noções”.
situação em grau suficiente para atingir os fins Repetir simplesmente, fazer muitas tarefas,
propostos, e compreender é conseguir não é suficiente para a compreensão do
dominar, em pensamento, as mesmas educando, é necessária a tomada de
situações até poder rever os problemas por ela consciência sobre o que ele executa, não
levantados, em relação ao porquê e ao como significando a compreensão por apenas
das ligações constatadas e, por outro lado, memorizar ou repetir tarefas, mas descobrir as
utilizadas na ação (PIAGET, 1978, p.176). razões das coisas. As condições concretas da
prática avaliativa atual, autoritária e coercitiva,
determinam continuamente situações de
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considera-se fundamental um olhar apurado para os processos de avaliação.
A aprendizagem é um processo e não um momento estaque, nesta perspectiva os
docentes precisam rever suas práticas, possibilitando que os aspectos mediadores e qualitativos
sejam parte integrante do processo de construção do conhecimento.
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REFERÊNCIAS
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Fronteira, 2002.
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Artmed, 2002.
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2009.
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Artmed, 2000.
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PIAGET, J. Para onde vai a educação? Rio de Janeiro: José Olympio, 1974.
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RESUMO: O presente trabalho trata dos resultados de pesquisa bibliográfica sobre lâminas de
machados entalhados em rochas produzidos por indígenas ao longo da história no território
nacional. A pesquisa levantou dados referentes às técnicas de produção (lascamento,
picoteamento, polimento), tipo de material geológico (rochas) utilizados para a confecção desses
materiais líticos, assim como os tipos de classificações das lâminas e modelos que predominam
em estados pertencentes à região amazônica, e as outras regiões e estados do Brasil. O objetivo
do levantamento bibliográfico em questão é reunir dados de diferentes artigos científicos a fim
de expor sobre a dinâmica de produção das lâminas ou machados indígenas, com suas
classificações e locais de proveniência. Os métodos aplicados na elaboração desse trabalho
basearam-se em levantamento bibliográfico realizado em artigos científicos de origem nacional
e internacional. Com a pesquisa, foi possível obter informações de registros arqueológicos
pertencentes aos sítios localizados em diversos estados brasileiros, tais como os modelos
confeccionados, as rochas (em geral basaltos, riolitos, diorito, granito, sienito, andesito,
microgabro e gabro, além de metabasaltos, metandesitos, arenito e siltito) utilizadas para a
confecção e os locais com predominância de determinados exemplares. É válido ressaltar que a
1
Tutora do PET Geologia UFPA. Professora efetiva associada Nível IV no curso de bacharelado em Geologia da UFPA. Bacharel
em Geologia; Mestre em Geologia e Geoquímica; Doutora em Geociências.
2
Bolsista do PET Geologia UFPA. Graduando de Bacharelado em Geologia/UFPA.
3
Bolsista do PET Geologia UFPA. Graduanda de Bacharelado em Geologia/UFPA.
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forma geométrica em que a lâmina era produzida e a rocha a qual era escolhida tinham por
objetivo realizar determinadas funções no cotidiano das comunidades.
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lâminas de machado, que têm o seu uso trabalhadas à mão livre, enquanto o
definido como utilitário. Na classe de artefatos lascamento bipolar é uma técnica empregada
líticos, o que caracteriza uma lâmina de sobre bigorna (superfície de apoio, nos
machado é a sua parte cortante, ou seja, o seu primórdios da história com utilização de
gume, embora outros elementos como a rochas, como quartzito) a matérias de média
forma, o tamanho e o peso também possam qualidade (PROUS; SOUZA e LIMA, 2012).
auxiliar na sua identificação.
A maioria destes objetos era encabada, mas
alguns poderiam ter sido segurados na mão.
Desta forma, todas estas lâminas apresentam
uma parte proximal (cuja extremidade oposta
ao gume é denominada talão) muitas vezes
destinada a preensão; uma parte ativa distal e
uma zona mesial neutra, mas que, de fato, atua Figura 1. Aspecto geral da pré-forma lascada em
pela própria massa e pode ser também arenito, com início de polimento e picoteamento,
utilizada para a fixação no cabo (PROUS, et al., proveniente do sítio Sapucaí de Perdões (MG). Fonte:
2003). Prous et al., (2003).
Nas lâminas de machado, as formas básicas
de encabamento encontradas na coleção,
podem ter sido adotadas por motivos
operacionais, mas observando este tipo de
artefato, podemos afirmar que a forma de
acabamento constitui um atributo opcional, à
medida que a função essencial do machado,
que é cortar, continua independente da sua
maneira de estar encabado (SCATAMACCHIA;
DEMARTINI e BUSTAMANTE, 1996).
A técnica de produção é uma das formas de
classificação das lâminas de machado. Bueno e
Pereira (2007), relatam que além do material Figura 2. Em a), tem-se uma lâmina retangular em
utilizado ou apropriado de forma bruta fase de picoteamento, com vestígios de lascamento
mencionado no documento, foi identificada ainda visíveis. Em b), observa-se a pré-forma
também a presença de vestígios líticos completamente picoteada, pronta para o polimento
transformados por meio da utilização das final. As peças foram entalhadas em gabros e dioritos,
e são provenientes de Monte Alegre (PA). Fonte: Prous
técnicas de lascamento unipolar e bipolar,
et al., (2003).
picoteamento, polimento ou, em alguns casos,
A técnica do lascamento costumava ser uma
uma combinação destes (Figuras 1 e 2). O
fase inicial para retirar rapidamente e com
lascamento unipolar é uma técnica empregada
pouco custo, o máximo de matéria excedente.
em matérias-primas de boa qualidade
O picoteamento (Figura 3) é uma fase
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como suporte para o encabamento das peças), lâminas de machado no Mato Grosso,
e essa particularidade é observada também em predominam largamente as que apresentam
registros casuais localizados em Pernambuco. sulco de encabamento, embora em algumas
O segundo conjunto ficaria na Amazônia peças esteja ausente. Os gumes variam de
oriental, a forma mais comum parece ser formato semicircular a retilíneo (PARDI, 1995).
retangular curta, em razão do uso longo e das
constantes reformas, em regiões onde as COLEÇÕES NA REGIÃO
matérias-primas são raras e o trabalho da
madeira, constante (PROUS, et al., 2003). AMAZÔNICA E EM OUTROS
No documento de Bueno e Pereira (2007), ESTADOS BRASILEIROS
foram relatadas as lâminas de machado que Na Bacia Amazônica, objetos líticos limitam-
predominam no sítio Domingos, em Canãa dos se a uns poucos fragmentos de lâminas de
Carajás (PA). Um ponto importante e que pode machado, polidas ou mais raramente
ser explorado envolve a produção de lâminas picoteadas de basalto ou granito, alguns
de machado com diferentes formas e afiadores e polidores de arenito ferruginoso
diferentes cadeias operatórias. Há as de (HILBERT e HILBERT, 1980). Moraes (2006), em
formato retangular, produzidas por seu estudo, analisou o material de dois sítios
picoteamento e polimento, mas há também arqueológicos (Lago do Limão e Pilão) no
lâminas com ombro (ou orelha) finamente estado do Amazonas, município de Iranduba, e
polidas. Além destas, há ainda lâminas de descreve que os registros de lâminas de
contorno trapezoidal, e ao mesmo tempo, há machado nestes sítios foram confeccionados
lâminas que foram feitas para serem utilizadas em basalto.
(as quais apresentam um acabamento menos Bueno e Pereira (2007), mencionam em seu
refinado) e lâminas que não parecem ter sido trabalho os poucos machados polidos
confeccionadas para utilização (as quais estão encontrados na coleção no sítio Domingos, em
fina e cuidadosamente polidas, sem nenhuma Canaã dos Carajás, onde a maioria foi
evidência de uso). confeccionada em granito. A coleção situada
No Sítio Domingos, em Canãa dos Carajás em Santarém (PA) recorda que a matéria prima
(PA), os fragmentos que apresentam essas utilizada na confecção desses artefatos era
marcas de utilização circunstancial e aqueles basalto, quartzo, esteatita (Scatamacchia;
que permanecem em estado bruto Demartini; Bustamante, 1996). Na chamada
apresentam, geralmente, sinais de queima. Amazônia internacional, foram relatados
Alguns fragmentos foram produzidos por alguns registros na Guiana Francesa. O material
lascamento unipolar e, em outra área de lítico da Guiana Francesa é constituído
escavação, foi encontrado um grande principalmente por quartzo. A pedra do
fragmento intensamente lascado pela técnica martelo é uma forte indicação de uma oficina
bipolar que pode representar o vestígio de uma lítica de vários locais de prensagem de quartzo
etapa de produção de artefatos polidos, como neste platô (VAN DEN BEL, 2007).
os machados (BUENO e PEREIRA, 2007). Nas
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Além destes, foram publicados também os 2014).Além dos registros no Rio Tapajós, nota-
registros na bacia sedimentar do Rio Tapajós, se a ocorrência de sítios ou ocorrências
margem direita de sua foz com o Rio arqueológicas sob as atuais comunidades
Amazonas, onde se encontra o sítio em análise. próximas ao rio (ROCHA, et al., 2014).
O fato de ter suas nascentes no escudo A coleção antiga de Minas Gerais conta com
cristalino do Brasil central torna as praias do cerca de 90% das lâminas confeccionadas de
baixo curso do Rio Tapajós fontes de variadas rochas verdes, ricas em olivina; são
ocorrências líticas em forma de seixos, principalmente gabro, doleritas, diorito e
nódulos, placas e em alguns casos anfibolitos. Estas rochas contêm minerais
afloramentos, que serviram tanto como fonte variados, particularmente, plagioclásios que
de extração de matéria prima como para facilitam sua alteração e sua desagregação, sob
oficinas com polidores fixos para a produção de polimento e picoteamento. Em compensação,
artefatos de pedra (MORAES LIMA; SANTOS, sua heterogeneidade impede a boa
2014). propagação das ondas de choque, aumentando
Os principais materiais disponíveis em curta sua tenacidade e tornando-as pouco aptas ao
distância são os óxidos de ferro (hematitas e lascamento. As peças de hematita e de
derivados) que podem ser encontrados no sillimanita formam, respectivamente 7% e 2%
próprio local do sítio. Rochas sedimentares da amostra. A hematita é um sesquióxido de
como os arenitos (principalmente os mais ferro cujos seixos podem ser coletados nos rios
friáveis) podem ser também obtidos com nascidos nas serras que dominam Belo
facilidade. Arenitos, argilitos e siltitos em Horizonte. Foram, durante a pré-história,
diferentes estágios de metamorfização levados tanto para Lagoa Santa e a Serra do
aparecem em forma de pequenas plaquetas e Cipó, ao norte, quanto para o baixo curso do
seixos nas praias do Tapajós. Silexitos são bem Rio Doce, a leste. Algumas poucas lâminas de
raros, podem ocorrer localmente em pequenos hematita foram encontradas até na Bahia e na
nódulos, principalmente porções de óxidos de região de Xingó, em Sergipe.
ferro silicificados, mas maiores concentrações Presta-se pouco ao picoteamento e
puderam ser observadas somente nas fragmenta-se em plaquetas com o choque; isto
imediações do atual município de Itaituba, área torna também seu lascamento arriscado, onde
das últimas cachoeiras do baixo curso do Rio as lascas ultrapassam frequentemente o
Tapajós. Quartzos e quartzitos formam a base tamanho desejado, inutilizando as pré-formas.
sedimentar da região, porém os seixos desta A silimanita, por sua vez, é um silicato de
matéria prima são de proporções reduzidas. alumínio de estrutura fibrosa. Extremamente
Basaltos e granitos certamente foram resistente, ela pode apresentar, uma vez
adquiridos a distâncias maiores. Finalmente, polida, um aspecto multicolorido parecido com
no caso das rochas verdes (serpentinitas, o da ágata (PROUS, et al., 2003).
jadeítas e amazonitas) na bacia do Tapajós As escavações da UFMG evidenciaram a
ainda não foram identificadas fontes de utilização também do sílex (utilizado no alto
matéria prima (MORAES; LIMA; SANTOS, médio São Francisco, exclusivamente para
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Estudos mineralógicos e petrográficos que tratam sobre as rochas usadas nos entalhes de
artefatos líticos e lâminas de machados são escassos na literatura nas áreas de conhecimento da
arqueologia e geociências, em especial nos registros localizados em sítios arqueológicos na região
amazônica. Por outro lado, podemos dizer que artefatos arqueológicos da temática proveniente
de outros estados brasileiros estão registrados detalhadamente em uma bibliografia mais ampla.
Mesmo considerando as condições mencionadas acima, ainda assim foi possível reunir um
conjunto de dados com registros de descrição de machados entalhados em rochas em diferentes
sítios arqueológicos, destacando a importância de uma pesquisa persistente, a fim de agrupar
dados que enriqueçam o conhecimento científico acerca dos tipos de entalhe e das diferentes
rochas usados na confecção de artefatos líticos e lâminas de machados arqueológicos.
Na região amazônica é possível observar que os materiais mais frequentemente utilizados
para a confecção dos machados são essencialmente basaltos e granitos. O basalto é uma rocha
ígnea eruptiva (magmática) constituída por minerais máficos (minerais de cor negra), sendo
estes, em geral, silicatos de magnésio e ferro, apresentando baixo teor de sílica. Segundo a
nomenclatura e classificação usada por Gill (2014), basalto é uma rocha de granulação fina,
coloração escura, matriz afanítica, frequentemente com textura porfirítica, contendo fenocristais
de olivina, piroxênios com alto teor de cálcio (augita e/ou pigeonita) e plagioclásios cálcicos
(frequentemente labradorita). O basalto é similar, em composição, a rochas ígneas máficas como
o diabásio, o gabro e o andesito. Por sua vez o granito, é um tipo comum de rocha ígnea intrusiva
(plutônica) de granulação média a grossa, composta essencialmente pelos minerais quartzo, mica
(em geral biotita), plagioclásio e feldspato alcalino. No Brasil, a Plataforma Sul-Americana
consiste em terrenos pré-cambrianos do embasamento granito-gnáissico, possivelmente as
lâminas de machado de Canaã dos Carajás no Pará, por exemplo, tenham sido entalhadas em
matéria-prima da área.
Segundo Thomaz-Filho, Mizusaki e Antonioli (2008), os dois grandes episódios magmáticos
do Triássico e do Jurássico que deu início a quebra continental entre os continentes Sul-
Americano e Africano, estão muito bem representados nas bacias paleozoicas do Solimões, que
abrange o estado do Amazonas, e na do Amazonas, presente nos estados do Amazonas e Pará. O
magmatismo da região foi de caráter básico intrusivo (diques e soleiras de diabásio) e extrusivo
(derrames de basalto). Sendo assim, fica possível concluir que os machados entalhados em
basalto nos sítios arqueológicos do Amazonas e de algumas regiões do Pará, podem ter sido
confeccionados por meio de matéria presente na área.
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REFERÊNCIAS
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nas bacias sedimentares brasileiras e sua influência na geologia do petróleo. Revista
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Gerais, 1997.
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RESUMO: É importante ressaltar que: desde os primórdios a relação social foi sendo construída
pelos vínculos afetivos que foram sendo estabelecidos para que ocorresse a manutenção e
sobrevivência da vida humana. Na construção social surgem papéis sociais delegados a cada
membro do grupo familiar, cujo objetivo é a sobrevivência da prole e a perpetuação da espécie.
Dessa forma, os pais têm papel importante na formação do indivíduo. A criança consegue contar
com pais afetivos que lhe proporcionem apoio, conforto e proteção, esta é capaz de desenvolver
estruturas psíquicas hábeis e seguras para enfrentar as dificuldades da vida. Enquanto o inverso
ocorre, quando a criança vive a privação paterna, seja física ou afetiva, podendo ter problemas
no seu desenvolvimento. Sendo assim, o objetivo desse artigo é o de orientar pais, professores,
gestores, ou seja, a sociedade como um todo sobre os problemas psicológicos, tais como a falta
de educação, rebeldia, delinquência, como a procura por drogas, gravidez precoce para as
meninas e entrada no crime, tráfico de drogas para os meninos, além da violência e agressividade
que esses jovens cometem devido à ausência paterna. Afinal, as pessoas apenas devolvem para
o mundo, o que elas recebem. Concluindo, a literatura indica que a participação efetiva do pai na
vida de um filho promove segurança, autoestima, independência e estabilidade emocional.
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pode afetar nas escolhas desta criança no que muitas vezes fazem isso com medo de
decorrer da sua vida adulta (PEREIRA; provocarem possíveis danos aos filhos com
OLIVEIRA; NUNES, 2017, p. 02). atitudes restritivas, no entanto acabam
Foi por meio do surgimento das ciências levando a uma educação sem disciplina
humanas, em que o ser humano passou a (CALDANA, 1998, p. 89, p. 02, apud,AURELIANO
entender que a constituição da família vai et al, 2014).
muito além dos cuidados físicos e da provisão Em contrapartida, o abandono afetivo
do alimento, ou seja, existe uma psique paterno pode causar ao filho um dano
envolvida nestas relações que é desenvolvida psicológico profundo e irreversível, o que,
na relação com os genitores. E a partir da talvez, poderá influenciar negativamente na
observação destes fatores passou-se a buscar sua identidade. É muito importante a formação
compreender como os papeis desenvolvidos de cidadãos capazes de construir uma
dentro deste grupo familiar influenciam no sociedade melhor, baseada em valores, em que
desenvolvimento psicológico dos filhos e qual a seja priorizado sempre o princípio da dignidade
importância disto na vida em sociedade humana e da solidariedade (WEISHAUPT;
(PEREIRA; OLIVEIRA; NUNES, 2017, p. 03). SARTORI, 2014, p. 18).
A família é o grupo natural onde à criança Eizirik e Bergmann (2004), afirmam que a
encontra condições para o seu ausência paterna tem potencial para gerar
desenvolvimento, onde os pais desempenham conflitos no desenvolvimento psicológico e
o seu papel, assegurando-lhe proteção e cognitivo da criança, bem como influenciar o
estímulo, que se transmite a linguagem, se estabelecimento de transtornos de
aprende o simbólico e os valores essenciais da comportamento. Desde as últimas décadas, a
cultura. Trentin (2011) afirma que os pais têm ausência paterna tem sido estudada com
papel importante na formação do indivíduo, ênfase na infância, e suas consequências para
bem como de seu caráter, dos seus valores, o desenvolvimento infantil (BENCZIK, 2011;
sendo que os pais são a referência da criança, CIA, WILLIAMS & AIELLO, 2005; EIZIRIK &
além das pessoas com quem se identificará. BERGMANN, 2004). Os problemas
Isso porque, as crianças são “viajantes recém- comportamentais decorrentes da ausência
chegados a um país estranho”, do qual nada paterna já se apresentam na pré-escola e
sabem. Por isso, as Crianças e adolescentes podem se manter ao longo da vida escolar,
necessitam, assim, de uma base familiar sólida revelando resultados negativos que incluem
(TRAPP; ANDRADE, 2017, p. 46). baixo desempenho escolar, aumento de
No passado, avós e pais foram reprimidos ausência nas aulas, risco aumentado de
pelos seus pais em função de uma educação envolvimento com drogas, relacionamento
autoritária, onde com um simples olhar as frágil com os pares, depressão, ansiedade,
crianças já sabiam o que eles queriam lhes labilidade emocional e a externalização de
dizer. Porém nos dias de hoje, os pais estão comportamentos-problemas (CIA, WILLIAMS &
tendo dificuldades em estabelecer limites e em AIELLO, 2005, apud, DAMIANI; COLOSSI, 2015,
colocar determinadas regras em seus lares, em p. 87).
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autor (1987), aponta para as consequências da do pai, ela pode desenvolver sentimentos de
situação inversa, em que a criança vive a vulnerabilidade. Por isso, a mãe ou o
privação paterna, seja física ou afetiva, responsável não conseguir dinheiro suficiente
podendo ter problemas no seu para sustentar a família, o filho do sexo
desenvolvimento, constituindo, assim, um masculino pode desenvolver problemas com
fator de risco para o seu desenvolvimento. Por relação à instabilidade financeira, contudo, a
essa razão, o núcleo de confiança dessa criança adolescente do sexo feminino tenderá a ficar
ficaria esvaziado, prejudicando, assim as fascinada por pessoas ricas. Os sentimentos de
relações com seus pares (DAMIANI; COLOSSI, indecisão podem se estender a outras áreas da
2015, p. 88). vida desse adolescente, e consequentemente,
Benczik (2011), referindo a teoria este pode desenvolver transtornos de
psicanalítica, destaca o papel estruturante do ansiedade (REIS; SILVA, 2021, p. 06).
pai, a partir da instauração da conflitiva edípica Para a Psicanálise ainda, a relação dos
e posteriormente, na adolescência, quando se indivíduos com seus pais, durante a infância,
dá a maturação das questões sexuais. O autor fornece a estrutura das outras relações que
ainda ressalta que as crianças que têm o pai serão estabelecidas ao longo da vida.
presente expressam autoestima superior Pellegrino (1987), citado por Nascimento et al
àquelas que têm pai ausente e que a presença (2012) afirma que o pai é o primeiro e
positiva da figura paterna ajuda a afastar uma fundamental representante da lei da cultura.
série de transtornos psicológicos (2011). Na Dessa forma, a figura paterna teve seu poder
mesma direção, Fantinato e cia (2011), referem sobre os demais membros da família diluído
que quanto maior a participação dos pais nas em decorrência de inúmeros fatores históricos.
atividades escolares, culturais e de lazer dos É preciso reconhecer que a ausência ou mesmo
filhos, maior o desempenho acadêmico das o abandono do genitor do sexo masculino traz
crianças. A frequência da participação paterna consequências para o desenvolvimento dos
também pode ser correlacionada com o sujeitos (TRAPP; ANDRADE, 2017, p. 46).
repertório de habilidades sociais das crianças. ...todo pai verdadeiro é um pai que assume
Por outro lado, a ausência dos pais nas adotar seu filho, independentemente de ser ou
atividades está ligada ao índice de problemas não o pai biológico. Assim, não se pode nunca
de comportamento (DAMIANI; COLOSSI, 2015, atribuir a função paterna à mera paternidade
p. 88 e 89). genética, nem mesmo quando esta é atestada
Ferrari (1999, apud, DAMIANI; COLOSSI, pelos mais sofisticados exames de laboratório
2015, p. 93), evidencia que o adolescente que (2010 p. 18 PEREIRA; OLIVEIRA; NUNES, 2017,
cresce com a ausência do pai, tende a ser p. 07).
agressivo e inseguro, pois na maioria das Gomes, Dezam e Barbieri (2014), apud
culturas, o pai é aquele quem promove a Winnicott relatam em sua pesquisa que o pai é
proteção e os recursos necessários para a vida um fator importante desde o momento em que
do indivíduo jovem. Quando uma a mãe descobre sua gravidez, de acordo com os
criança/adolescente é criada sem a presença autores a presença do pai tem o seu valor antes
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Quando nos referirmos em ausência do pai, especialmente durante o desenvolvimento de
um filho é um assunto extremamente importante e complexo, e que desperta interesse na
atualidade, especialmente, porque às famílias vêm passando por inúmeras modificações em que
se nota, cada vez mais, a ausência do pai. A partir dos estudos realizados sabe-se que o bom
desenvolvimento dos filhos será facilitado pela participação de ambos os pais em sua vida, em
que oferece apoio e segurança, independente da configuração familiar que se estabeleça.
Sendo assim, na atualidade a figura do pai possui além de seu papel de autoridade, é
aquele que fornece carinho, e que também tem participado de forma mais ativa na vida das
crianças, pois brinca com elas, atua na educação e formação das mesmas.
Sabe-se que a ausência do pai tem impacto direto no crescimento do adolescente,
trazendo dessa forma, várias consequências para o psicológico desses jovens envolvendo tantos
os campos cognitivos, emocionais quanto comportamentais e sociais, que estão enfraquecidos,
no qual muitas vezes a mãe ou algum outro um membro próximo é que acaba tendo que suprir
essa falta.
É importante salientar que a educação, para ser equilibrada, precisa dos dois progenitores.
A presença do pai na família é diferente e complementar à da mãe. Por isso, a falta de um modelo
na educação, masculino ou feminino, expressa quase sempre um desequilíbrio naquele que é
educado, ou seja, o filho. Foi observado, que que os filhos precisam de segurança, apoio e de
valores que cabe naturalmente ao pai transmitir para esses filhos.
Contudo, se os pais participarem fortemente na educação dos filhos, vão trazer um modelo
de crescimento saudável e harmonioso, com todas as condições para que esses jovens sejam
lançados na vida adulta, de forma mais estruturada e feliz.
Devido aos inúmeros malefícios, seria fundamental o acompanhamento dos profissionais
ligados as áreas da psicologia ou psicanálise em casos, em que pode ser feita uma contribuição
junto ou não, com a família a fim de promover uma vivência mais tranquila.
É importante ressaltar que a delinquência, bem como alguns casos de homossexualidade
masculina e feminina, bem como a misoginia, dependências emocionais, repetição de
comportamentos patológicos podem ser decorrentes da falta do pai ou da função paterna.
Concluindo, a literatura indica que a participação efetiva do pai na vida de um filho
promove segurança, autoestima, independência e estabilidade emocional.
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REFERÊNCIAS
AURELIANO, E. A. B; VIANA, H. B; CARVALHO, E. G. A; BARROS. M. J. A. A falta de limites
na educação dos filhos na atualidade. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, n.189,
2014. Disponível em: http://www.efdeportes.com/>. Data de Acesso: 20/07/2022.
DAMIANI, C.C; COLOSSI, P.M. A Ausência Física e Afetiva do Pai na Percepção dos Filhos
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Estudos em Teoria Psicanalítica ARTIGO Ágora, v. 21, n.3, 2018.
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RESUMO: A Neurociência, até então disseminada como um ramo da Biologia, nos dias atuais tem
contribuído de forma interdisciplinar para as questões relacionadas ao processo de ensino e
aprendizagem na área educacional. Particularmente, no ensino, esta área é capaz de contribuir
com elementos reflexivos, críticos e práticos na construção ou reconstrução de concepções e
metodologias, ressignificando o aprendizado dos estudantes. Infelizmente, desde que a educação
se tornou universal, a ponto de se ter salas extremamente lotadas, também houve um aumento
significativo dos estudantes com dificuldades e distúrbios de aprendizagem, mesmo que ainda
não tenham sido diagnosticados. Portanto, é necessário fornecer o suporte necessário para
superar essas dificuldades e nesse sentido que funciona a Neuropsicopedagogia. Assim, o
presente artigo teve por objetivo discutir sobre as contribuições das diversas ramificações da
Neurociência no processo de aprendizagem dos estudantes. A pesquisa caracterizou-se como
qualitativa, com base em artigos, dissertações, entre outros documentos pertinentes ao tema.
Os resultados encontrados indicaram que a Neurociência aplicada em sala de aula funciona como
um excelente recurso para compreender como ocorre o desenvolvimento e a aprendizagem dos
estudantes.
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ser vista como a lógica do seu raciocínio. Piaget eliminar possíveis problemas que os
valoriza a compreensão do processo de estudantes tenham e no que diz respeito ao
resolução de um determinado problema e não conhecimento, por meio de práticas educativas
os resultados obtidos, e por isso prioriza os que promovam o processo de humanização e
aspectos qualitativos da inteligência e a forma aquisição de habilidades de pensamento
como cada estudante dá sentido à realidade ao crítico.
seu redor (NUNES e SILVEIRA, 2015).
Ainda segundo os autores, já para Vygotsky,
a cultura tem um significado abrangente para a
formação da consciência humana e a
capacidade de aprender dos alunos. Para ele, o
estudante vai descobrindo o conteúdo
gradativamente, agregando suas experiências
culturais, hábitos, signos linguísticos e também
diferentes habilidades e habilidades de
raciocínio lógico nas mais diversas situações. A
aquisição do conhecimento é construída
socialmente em função das oportunidades
oferecidas em um determinado contexto
cultural e da intenção da atividade.
A criação do ramo da Neuropsicopedagogia
dentro da Psicologia serviu para compreender
os processos que envolvem esta e a Educação.
Assim, surgiram pesquisas experimentais
relacionadas à aprendizagem; o estudo e
medição das diferenças entre indivíduos e a
psicologia infantil:
Aprendizagem é o resultado da estimulação
do ambiente sobre o indivíduo já maturo, que
se expressa, diante de uma situação-problema,
sob a forma de uma mudança de
comportamento em função da experiência;
envolve os hábitos que formamos os aspectos
de nossa vida afetiva e a assimilação de valores
culturais, além dos fenômenos que ocorrem na
escola (JOSÉ e COELHO, 2006, s/p.).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente artigo teve por objetivo discutir as contribuições da Neurociência no
desenvolvimento educacional dos estudantes, bem como abordar as dificuldades apresentadas
no processo de ensino e aprendizagem, principalmente dos estudantes que não foram
diagnosticados até então.
Dentre outras questões, a função do neuropsicopedagogo é direcionar ações a fim de
auxiliar os professores a diminuir ou mesmo eliminar possíveis problemas que envolvem os
estudantes e o conhecimento, por meio de práticas educativas que favoreçam os processos de
humanização e de apropriação da capacidade de pensamento crítico.
Alguns professores acreditam que esse profissional tem obrigação de solucionar todos os
problemas existentes na escola como as dificuldades de aprendizagem, a indisciplina, o
desestímulo da equipe docente, entre outras questões, mas, isso não é possível.
Isso porque deve-se ficar claro que esse profissional não possui soluções ou respostas
prontas, mas traz ideias, percepções e avalia, a fim de auxiliar o trabalho docente, principalmente
em se tratando de estudantes que não foram diagnosticados ainda, já que escolhas erradas fazem
com que a aprendizagem desse estudante fique prejudicada.
Assim, um trabalho em conjunto, onde ocorra a parceria de todos os membros da escola:
gestão, professores, família, comunidade e estudantes é fundamental para contribuir para a
aprendizagem, trazendo melhores resultados e autonomia para os estudantes.
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REFERÊNCIAS
BEAUCLAIR, J. Neuropsicopedagogia: inserções no presente, utopias e desejos futuros.
Rio de Janeiro: Essence All, 2014.
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descoberto. Curso de Pedagogia, FAI Faculdade, 2016.
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and teaching. Mind, Brain, and Education, 2009., 3(1):3-16. Disponível em:
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Psicopedagogia Mackenzie. São. Paulo: Vetor Editora, 2003.
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RESUMO: O Rio Grande do Norte tem sido uma região turística bastante procurada no Brasil por
sua beleza natural e vultosas praias em um litoral com mais de 400 Km. Por ser responsável por
uma das principais receitas do estado, as práticas turísticas preservacionistas são necessárias
para a manutenção da atividade sem riscos de provocar prejuízos ambientais frequentes que
impossibilitem a sua manutenção. Na perspectiva de empreender uma aproximação da
problemática que envolve a sobrevivência dos Parrachos na região de Maracajaú sob pressão
contínua do turismo, o presente artigo, visa analisar de forma qualitativa, a promoção das
atividades turísticas veiculadas na internet, em relação aos serviços oferecidos pelas empresas
que atuam na região. Os dados foram coletados por meio de consultas aos sites das empresas
que realizam atividades turísticas na praia de Maracajaú, a partir dos comentários realizados
1 Aluna do Ensino Médio Integrado – Técnico em Controle Ambiental na Rede Federal de Ensino.
Graduação: Ensino Médio.
2Aluna do Ensino Médio Integrado – Técnico em Controle Ambiental na Rede Federal de Ensino.
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pelos turistas nas plataformas digitais. A análise se baseou nas prerrogativas do ecoturismo de
acordo com os documentos oficiais brasileiros, por exemplo as Diretrizes para Políticas Nacionais,
demonstrando que frente ao turismo praticado pelas empresas, mesmo aquela que autodeclara
praticar ecoturismo, é repleta de lacunas informacionais e estruturais acerca das práticas
sustentáveis nas quais se ampara o ecoturismo. Os resultados indicam a necessidade de trabalhos
que relacionem a manutenção das atividades turísticas realizadas na região e a sobrevivência
desse ambiente.
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recursos fornecidos pelos ecossistemas recifais na internet, em relação aos serviços oferecidos
(pesca) e apresenta um grande potencial pelas empresas que atuam na região de
turístico para a visitação dos recifes de corais Maracajaú por meio dos comentários deixados
por meio de lanchas e catamarãs. pelos turistas que realizaram o passeio.
Vale destacar que os ambientes
denominados parrachos vem sendo tema de TURISMO
muitos trabalhos devido às ocorrências de
Por meio dos avanços nas civilizações, ao
branqueamento, provocado por poluição e
longo do tempo, a história é marcada pelos
aumento da temperatura do mar.
deslocamentos de indivíduos levados pela
Adentrando na esfera das atividades
necessidade de colonizar novas terras e pelas
desenvolvidas nessas localidades consultamos,
relações comerciais. Em um dado momento da
os documentos oficiais produzidos pelo IDEMA
antiguidade houve a curiosidade em desbravar
para o manejo da área (IDEMA,2022) e autores
novos horizontes, com outros intuitos,
como, Silva (2009) e Oliveira (2007), que em
começando assim as grandes jornadas das
seus estudos já explicitavam os impactos das
viagens de lazer. Na Idade Antiga, a China e o
práticas turísticas sobre os animais em
Egito, realizavam viagens de prazer, de
ambientes naturais. Essa preocupação,
aventura ou de descanso que eram comuns
elucidada na primeira década do século,
entre os reis, faraós e seus cortesãos (SILVA, O.
evidencia a importância de investigações
V. & KEMP, S. R. A. 2008). Nas Civilizações
acerca das atuações das empresas na área de
Clássicas, esse acontecimento também possuía
Maracajaú. Muitos questionamentos
representatividade e diante das famílias com
necessitam ser feitos e respondidos, dentre
alto poder aquisitivo, estava a alcance essa
eles: qual a denominação das atividades
dinâmica de viajar para outras regiões com a
praticadas na localidade: turismo ou
finalidade de se divertir em seu tempo livre.
ecoturismo? A divulgação para realização de
O turismo que conhecemos atualmente
sua atividade apresenta alguma preocupação surgiu a partir da 1° revolução industrial no
com o ambiente e qual a importância da século XIX. Todavia, seus primeiros indícios
preservação desse ecossistema? As empresas começaram em séculos anteriores, como o
que estão em atividade na localidade denominado Grand Tour15 na região da Itália,
1
demonstram de alguma forma que suas nos anos de 1613. Baseava-se em uma
atividades turísticas são baseadas no contato programação fundamentada nos movimentos
com a natureza de forma sustentável? de espírito iluminista, grandes passeios que
Esses questionamentos são a base para a contribuíram para o desenvolvimento e
produção do presente artigo, que tem como conhecimento, trazendo consigo
objetivo analisar de forma qualitativa a transformações em relação aos contrastes e
promoção das atividades turísticas veiculadas assimetrias da Europa (BATISTA, J. 2021). As
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6
Apropinquar-se: Tornar próximo.
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7
Fonte: QUEIROZ, Eduardo Vitarelli de. Seleção de um <https://docplayer.com.br/58321421-Caracterizacao-
projeto de pesquisa. In: Eduardo Vitarelli. Caracterização dos-sedimentos-superficiais-de-fundo-do-complexo-
dos Sedimentos Superficiais de Fundo do Complexo recifal-de-maracajau-rn-brasil.htmll>.Data de Acesso:
Recifal de Maracajaú. Rio Grande do Norte: Eduardo 20/07/2022.
Vitarelli, 2008, p. 21. Disponível em:
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Fig. 2 (A) Mapa da costa do Rio Grande do Norte com Na cidade de Maracajaú- RN, as visitações
destaque para a APARC. turísticas demonstram proeminência
(B) Complexo recifal de Maracajaú com diferentes
tipos de fundo e Área de Uso Turístico Intensivo8
1
significativa quando se refere ao
desenvolvimento local. Sua desenvoltura
coadjuva substancialmente na geração de
empregos, consciência ambiental e lucro
(BUCKLEY; UVINHA, 2011, apud, MAGALHÃES,
BRUNO de MEDEIROS, 2015). Contudo, essa
desenvoltura turística alavancada pelos
passeios aos parrachos, tem potencializado
diversas atitudes antrópicas que tributam para
a degradação e a geração de consequências ao
Segundo o IBGE (2020), a sua extensão é de meio ambiente: seja pela conturbação da
cerca de 132,129 km², com uma população biocenose, por meio de toque, alimentação
estimada em 12.714 habitantes (IBGE, 2021). inadequada e maus tratos aos seres do
Uma curiosidade histórica, refere-se à origem ambiente aquático ou pela ressuspensão de
indígena do seu nome, o qual significa “lugar sedimentos, tráfego, ancoragem de
onde o gato maracajá bebe água” (VIANA, embarcações, poluição da água com resíduos
Gilvan (2014). Entre suas características - além como tinta, óleo de motor e até protetor solar
dos parrachos- suas belezas naturais abrangem (AUGUSTOWSKI & FRANCINE JR, 2002; LAMB,
dunas, águas cristalinas e uma diversidade de et al., 2014; DOWNS, et al., 2015; GIGLIO, et al.,
peixes (figura 3). 2017, apud, CALADO, 2018). Tais
Fig. 3 Plataforma flutuante no mar de Maracajaú consequências ainda podem gerar alterações
20199
2
nos padrões das comunidades recifais (ORAMS,
2002; PEDRINI, et al., 2007; DANOVARO, et al.,
2008, apud, CALADO, 2018). Sendo assim,
observa-se o afloramento de diferentes
estudos, nos quais, se diligenciam a mensurar
os impactos causados e como reduzi-los.
Essa comunidade recifal faz parte da Área de
Proteção Ambiental Estadual dos Recifes de
Corais (APARC), que corresponde à região
marinha que contempla a faixa costeira dos
8 Fonte: SOUZA, Izabel Maria Matos de. Avaliação da Rio Grande do Norte: Michele e Célio via instagram,
cobertura e branqueamento de corais nos recifes de 2019. Disponível em:
Maracajaú/RN. 2012. 62 f. Dissertação (Mestrado em <https://bagagemparadois.com.br/parrachos-maracajau-
Bioecologia Aquática) - Universidade Federal do Rio natal-rn/>. Data de Acesso: 20/07/2022.
Grande do Norte, Natal, 2012.
9
Fonte: PLATAFORMA Flutuante no Mar de Maracajaú.
Maracajaú, o paraíso pertinho de Natal- RN.
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Na segunda etapa, por conseguinte, uma atividade turista que tem como objeto de
procuramos em bases convencionais como o trabalho o contato com espaços de
Youtube, blogs e websites, informações a preservação ambiental.
respeito das agências de turismo da região de
Maracajaú. Com o auxílio dessas fontes Tabela 1
midiáticas nesse processo inicial buscamos Método Estabelecidos para a Busca de Informações
observar a presença de elementos que sobre as Empresas
1° Critério Compromisso com a sustentabilidade
descrevessem uma preocupação com o
descritos em seus
ambiente marinho nos portais das empresas. O websites;
objetivo principal era encontra o 2° Critério Incentivo a educação ambiental
protagonismo, a missão e os valores de cada aparente em suas publicações midiáticas;
uma delas. Em meio as dúvidas referentes a 3° Critério Princípios em concordância com a
efetivação na prestação dos serviços APARC;
consultamos sites direcionados a avaliação dos 4° Critério Consulta de avaliações, principalmente
na forma de comentários observando as
turistas. Além disso, mediante as páginas
características/ descrição das atividades
dedicadas a cada uma das empresas, e suas desenvolvidas;
respectivas ponderações, na barra de pesquisa
foram utilizadas palavras-chave como turismo,
ecoturismo, Maracajaú, parrachos,
sustentabilidade e educação ambiental, com o RESULTADOS E DISCUSSÕES
intuito de verificar comentários sobre esses Os resultados obtidos pela coleta realizada
eixos temáticos. Como também, no mesmo em sites, documentos oficiais e redes sociais,
espaço consultamos as descrições de originou discussões que foram organizadas de
satisfação divididas em: excelente, muito bom, forma objetiva, sem mencionar os nomes ou o
razoável, ruim e horrível. Os critérios pré- CNPJ das empresas a fim de preservar os
estabelecidos para a busca era analisar o nomes das agências que atuam na região de
causo10 apresentado no comentário e como o
1
Maracajaú e que utilizam como divulgação dos
mesmo poderia ser classificada dentro de um seus serviços na internet.
caráter aplausível ou inaceitável segundo o O processo de instauração empresarial na
plano de manejo desses ambientes. área teve seu início no ano de 1994,
A terceira etapa foi direcionada à transpassando por uma série de desafios, uma
organização do roteiro da pesquisa, análise dos vez que a localidade era de difícil acesso por
dados coletados referentes as avaliações que não ter infraestrutura urbana. Suas principais
não condiz com os princípios da cartilha das atrações eram os recifes coralíneos e as
empresas e da APARC. Utilizávamos como práticas de turismo náutico e subaquático. A
critério de busca relatos que apresentassem as primeira empresa estabelecida na região,
maneiras com as quais foram infringidas, ou apresenta até os dias atuais, segundo
seja, transgredida e desrespeitas, as normas de informações em seu site, o conceito de que sua
10
Causo: Relato curto de um acontecimento.
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Tabela 2
Avaliações relevantes Em determinada empresa, as reclamações
Comentário 1 dos clientes expressam somente uma
Lá superou minhas expectativas e é insatisfação com o serviço oferecido, mas pode
perfeito, uma vista maravilhosa,
ser um indício de que a empresa não pratica a
profissionais muito legais. O único
problema é a falta de banheiro no local atividade turística em consonância com a
em alto mar (SALUSTIANO, R. Via preocupação conservacionista. Ela declara que
TripAdvisor, 2019) seus principais serviços se consagram como de
Comentário 2 Transporte de lancha foi muito “turismo de aventura e ecológico”, mas não
perigoso. Passageiros sem coletes,
apesar de ter na lancha, pois havia
especifica a promoção de uma perspectiva
pressa de chegar e não foram sustentável.
distribuídos. Somente quem exigiu Alguns visitantes mencionam a
recebeu. Velocidade excessiva possibilidade, de uma experiência pessoal de
causando medo na maioria dos
passageiros. Molhou todo mundo de
ter um contato mais profundo com a vida
tanta água que voava a cada batida da aquática, onde muitos turistas optam pelo
lancha na água. Mesmo com contato direto com esses animais e os
reclamações sobre velocidade o alimentam (OLIVEIRA, DANILO G. R. de, 2007).
condutor não reduziu o ritmo. A praia
No entanto, a problemática se evidencia, ao
de Maracajaú é linda. A estrutura de
recepção é muito bonita e agradável. observar que afim de obter mais alimentos dos
Mas o passeio atrasou em 1h e 30 min visitantes, muitos seres vivos aquáticos findam
do combinado e a questão do translado adquirindo comportamentos agressivos em
da lancha até os corais fazem com que
busca dessa comida (ORAMS, 2002, apud,
não recomende esse passeio a
cardíacos, pessoas com medo de lancha OLIVEIRA, DANILO G. R. de, 2007). Ainda nessa
e com crianças pequenas (BIBIANA, B. perspectiva, tal prática mencionada foi
Via TripAdvisor, 2020) constatada ter sido realizada pela visitante Lelê
Comentário 3 O *** juntou dois barcos cada um com a Bordo, entrevistadora teen da Band no mês
dezenas de pessoas que se encontraram
no local de mergulho, ficando de setembro de 2020, em que indica ter
impossível estarmos à vontade para nutrido os peixes nesse território turístico,
mergulhar. Quase não tínhamos espaço onde a atitude não é a mais adequada se vista
pra ficar de tanta gente que estava no na ótica sustentável.
mar (SANTOS, W. via TripAdvisor, 2020)
Por meio de análise e interpretação,
Comentário 4 [...] A única coisa que não gostei, é que
a lesma do mar é levemente encontramos contrariedade entre a
pressionada para soltar tinta para expectativa e a realidade das atividades
aparecer nas fotos, (assim como o polvo desenvolvidas nos parrachos. Foi possível
faz), e ela solta como mecanismo de
identificar que as empresas parecem não
defesa. Apesar de o animal não ser
machucado, é um estresse para ele. estarem preocupadas efetivamente com o
Acredito que essa ação deveria ser ambiente ou não estão cientes das
repensada (RIBEIRO, N. Via TripAdvisor, regulamentações quanto ao turismo realizado
2021)
em suas respectivas unidades de conservação.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O turismo realizado na região costeira do Rio Grande do Norte gera impactos sobre a
economia local. Destarte, a manutenção de um turismo alijado da perspectiva conservacionista
pode gerar alguns aspectos negativos como mudanças irreversíveis no ambiente natural que
inviabilizem a continuidade dessa prática que entremeia ambiente, economia e lazer. Nesse
sentido, torna- se necessário a conciliação entre a sustentabilidade com o desenvolvimento
econômico. Para tanto, as empresas de turismo devem contribuir para a manutenção das
unidades de conservação e para a formação de uma consciência sustentável em relação ao
ambiente, dando destaque à prática promotoras de educação e sustentabilidade. Nesse sentido,
os momentos de atividades relacionadas, no caso específico aos Parrachos, devem ser planejados
consoante a visão ecoturística, seguindo os princípios da educação ambiental e valorizando a
cultura local para que seja possível ocorrer a diminuição dos impactos negativos da atividade. A
pesquisa deixou como legado mais questionamentos e a proposição de continuidade do trabalho.
Perguntas como: A degradação tem preço? É válido em termo de sustentabilidade, que o turista
“pague” para hipoteticamente recuperar os danos provocados por ele? Existe educação
ambiental direcionada aos turistas? Essas e outras inquietações são inquirições possíveis e
merecem ser investigadas mais a fundo. Conclui-se, portanto, que, frente ao turismo praticado
pelas empresas, mesmo aquela que autodeclara praticar ecoturismo, é repleto de lacunas
informacionais e estruturais acerca das práticas sustentáveis nas quais se ampara o ecoturismo.
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REFERÊNCIAS
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PEREIRA, P. H. S. Três princípios para uma ética ambiental. Equipe ÂmbitoJurídico, 2014.
Disponível em:<https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-ambiental/tres-principios-para-u
ma-eticaambiental/#:~:text=%E2%80%9CE
ssa%20nova%20vis%C3A3o%20ecoc%C3%AAntrica%2C%20que,ser%20hum
ano%20passa%20a%20entender>. Data de Acesso: 20/07/2022.
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AS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E
COMUNICAÇÃO E SUA FUNCIONALIDADE NO
DIA A DIA ESCOLAR
Udemia Luiz Silva de Carvalho1
RESUMO: O presente escrito tem por finalidade discorrer sobre a importância da tecnologia da
informação e comunicação (TICs) no contexto escolar. A indagação que objetivou este estudo
veio de como a tecnologia pode ser utilizada como agente colaborador no dia a dia escolar.
Levamos em consideração a popularização do uso da internet, como sendo a porta de entrada
para a inserção das TICs, como material didático tecnológico, proporcionando um aprendizado
sem limitações aos alunos, pois permite que haja maior interação na relação professor e aluno,
uma vez que a interligação dessa interação tem como assistente a tecnologia que está
amplamente enraizada ao cotidiano do aluno, seja por meio de aparelhos de última geração ou
não. E é no seio desta nova relação que brota uma nova perspectiva de estudo, dando ao aluno
e também ao professor, a possibilidade de novos olhares sobre perspectivas educacionais já
existentes.
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Fonte: Conceito de tecnologia - O que é, Definição e http://conceito.de/tecnologia#ixzz4boSm82Wy, Data de
Significado Disponível em: Acesso: 20/07/2022.
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Concordamos que mudar a rotina é algo Utilizar-se das TICs no cotidiano escolar é
difícil para o docente, porém, esse desafio possibilitar ao aluno um espaço, onde ele
lançado aos professores permite a inclusão de consegue se visualizar com agente
uma nova ferramenta que auxiliará no participativo, é redesenhar a função do aluno
processo de aprendizagem ofertado ao aluno, no contexto escolar e torná-lo autor do
provocando um pensamento crítico, criativo e aprender, e segundo Valdenice “[..] eles
interativo sobre as práticas. produzem conteúdo, mandam recado e essa
Segundo Vieira [...] a implantação da percepção de que precisam de espaço para se
informática como auxiliar do processo de colocarem sem censura é importante[..]”
construção do conhecimento implica Visualizem o quão colaborativo será a escola
mudanças na escola que vão além da formação com a integração entre as tecnologias,
do professor. É necessário que todos os vivências sociais e as trocas interpessoais, esse
segmentos da escola – alunos, professores, tripé dispõe de aprendizagem sem fronteiras,
administradores e comunidades de pais – pois praticando esse caminho conseguimos
estejam preparados e suportem as mudanças como educadores trabalhar com os alunos os
educacionais necessárias para a formação de campos necessários para o desenvolvimento, e
um novo profissional. Nesse sentido, a trabalhar as múltiplas inteligências.
informática é um dos elementos que deverão A educação fundamental é feita pela vida,
fazer parte da mudança, porém essa mudança pela reelaboração mental-emocional das
é mais profunda do que simplesmente montar experiências pessoais, pela forma de viver,
laboratórios de computadores na escola e pelas atitudes básicas da vida e de nós
formar professores para utilização dos mesmos’. Assim, o uso das TIC na escola auxilia
mesmos. (VIEIRA, 2011, p. 4). na promoção social da cultura, das normas e
Seguindo esse raciocínio, os educadores tradições do grupo, ao mesmo tempo, é
precisam dispor de propostas atraentes que desenvolvido um processo pessoal que envolve
envolvam os alunos no conteúdo apresentado, estilo, aptidão, motivação. A exploração das
mas não é somente manter o aluno em sala de imagens, sons e movimentos simultâneos
aula, é propiciar atividades motivadoras e ensejam aos alunos e professores
desafiadoras, que façam com que o oportunidades de interação e produção de
aprendizado seja contínuo. Valdenice Minatel, saberes (MORAN, 2012, p.13).
coordenador de tecnologia educacional do A inserção das TICs no contexto educacional
colégio Dante Alighieri, destaca esse fator em vai literalmente muito além de meios
sua entrevista publicada na revista Magistério, tecnológicos em conteúdos já trabalhados, é
aduz que manter os alunos longe dos preciso desenvolver um caminho para que
escapismos é uma tarefa singular, por acreditar permita que ocorra um processo dinâmico,
que “se você não conseguir trazer uma crítico e desafiador contínuo, fazendo com que
proposta que o envolva realmente, para haja a troca entre professor e o aluno.
manter o engajamento, o aluno não vai
conseguir prestar atenção [...]”.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O desenvolvimento do tema nos permitiu realizar pesquisas que proporcionaram visualizar
questões na literatura e em periódicos uma característica unânime, que é a importância de uma
implantação consciente e sólida das TICs no contexto escolar, pois esta implantação permite ao
aluno e ao professor uma troca constante e sadia do aprender.
Favorecer meios para que o aluno se sinta valorizado e importante é uma ferramenta
comumente utilizada pelo professor, mas quando se consegue conciliar esse reforço positivo com
a valorização de algo que o aluno obtém o conhecimento, permite a ele se libertar da máscara
que, por muitas vezes, o impede de buscar por seu desenvolvimento.
Essa é a vantagem em proporcionar um ambiente criativo e desafiador no contexto
escolar, traz para o aluno e, também ao professor novos saberes, novas reflexões, novas práticas.
Essa relação positiva entre tecnologia e educação contribui para uma evolução pedagógica
em que a interação professor x aluno é consistente, diferenciada e diversificada, pois, permite
que ambos coloquem seus conteúdos à disposição do aprender a aprender, é a junção das
inteligências na construção de um novo aprendizado.
As TICs dispõem, sobretudo, de plataformas dinâmicas que facilitam o aprendizado do
aluno, facilitando a assimilação e interiorização dos conteúdos curriculares apresentados.
Conforme as TICs são inseridas no contexto escolar, mais próxima de nossa realidade está
à concretização de meios tecnológicos no auxílio constante das práticas educacionais.
Contudo, pontuamos que o mais importante foi dado, uma vez que novas perspectivas no
setor da educação fora redimensionado com o uso de novos meios que possibilitem a integração
do aluno ao conteúdo programático apresentado.
Derradeiramente, visualizamos tratar-se de um longo percurso a ser trilhado até
chegarmos a uma amplitude tecnológica no contexto escolar, mas, sobretudo, podemos contar
atualmente com diversas possibilidades que viabilizam ao professor um desempenho maior em
sua atividade docente.
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
REFERÊNCIAS
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
RESUMO: A agricultura é um dos setores que mais cresce no Brasil, diante disso o consumo por
fertilizantes convencionais vem aumentando paralelamente, onde a maior parte desses insumos
agrícolas são importados e acabam pesando na balança comercial. Além disso, a grande
geodiversidade que o país possui, em termos de rochas, vem consolidando técnicas como
rochagem/remineralização, como alternativa viável na busca de soluções para problemas dentro
do setor agrícola, sendo uma opção no fornecimento de nutrientes para o solo, com possibilidade
de substituir em parte os fertilizantes convencionais no Brasil. O objetivo principal do trabalho é
essencialmente o levantamento bibliográfico acerca das normas especificas dos
remineralizadores (IN MAPA 05 e 06/2016) que considera até 25% de quartzo, sendo o limite
máximo para adequação dos remineralizador. Contudo, a opção de um blend (mistura) com
outras rochas, é uma alternativa para materias classificados como resíduo na área de exploração
mineral, a fim de que sejam considerados como material com potencial para uso agrícola em
culturas como feijão, milho e/ou mandioca.
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No Brasil os preços dos fertilizantes passam Diante da oscilação econômica do Brasil e sua
por variações devido a constante oscilação do dependência na importação de insumos
dólar e do elevado custo de transporte. Assim, agrícolas, a remineralização dos solos tornou-
a carência de recursos em determinados se uma opção viável como alternativa na
setores rurais, formados por pequenos produção rural no uso de NPK, pois o Brasil é
agricultores, provocou o início das pesquisas na um país que apresenta uma grande variedade
busca por alternativas mais viáveis para o setor de unidades litológicas que justifica viabilizar o
agrícola, incluindo técnicas de rochagem uso de diferentes tipos de pó de rocha em
(LAPIDO-LOUREIRO, NASCIMENTO & RIBEIRO, diversas regiões (MARTINS & THEODORO,
2009). 2010).
Diversos estudos e ações de pesquisa com doutorado em 2000 na UnB, cujo tema foi “a
rochas adequadas para a remineralização estão fertilização da Terra pela Terra: Uma
em desenvolvimento no Brasil, essa linha de Alternativa de Sustentabilidade para o
pesquisa no país iniciou na década de 1950, em Pequeno Produtor Rural”. Em seus trabalhos
Minas Gerais, pelos pesquisadores Josué de pesquisa, a Professora Suzi H. Theodoro
Guimarães e Vlademir Ilchenko. demonstra que a tecnologia de rochagem é
Posteriormente, a partir de 1970, o Professor uma prática que induz a fertilização da terra
Othon Leonardos iniciou os primeiros com a própria terra, viabilizando o equilíbrio de
trabalhos neste tema na Universidade de todo o agroecossistema. As pesquisas iniciadas
Brasília (UnB) e assim as pesquisas ganharam e desenvolvidas na UnB corroboram para que
maior proporção devido a necessidade de essa tecnologia fosse difundida pelo Brasil nos
fornecimento de K e outros nutrientes para o últimos anos, tornando-se importante para o
agronegócio e alternativas para a obtenção de Brasil, um país que é detentor de uma imensa
fertilizantes (RESENDE, et al., 2006c). geodiversidade.
A continuação dos trabalhos do Professor A partir destes estudos iniciais, a linha de
Othon Leonardos foi dada pela Professora Suzi pesquisa sobre rochagem aumentou
Huff Theodoro que dedicou sua pesquisa ao consideravelmente. No ano de 2003 foi criado
tema rochagem e defendeu sua tese de uma rede interinstitucional de pesquisa,
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Brasil apresenta uma grande geodiversidade em termos de rochas por todo seu
território nacional, sendo um grande produtor de recursos minerais, muitos deles sendo
empregados no setor agrícola como insumos, ajudando na remineralização do solo e
aumentando o desenvolvimento do plantio. Neste sentido, a procura por rochas adequadas para
ser usadas como remineralizadores tornou-se uma alternativa viável para esse mercado
promissor.
Nos últimos anos, a rochagem ou remineralização dos solos vem tomando espaço e se
consolidando como uma tecnologia alternativa ou de suporte na agricultura, em especial na de
pequena escala ou familiar. Porém esta técnica necessita a princípio do entendimento da
mineralogia da rocha utilizada, ou seja, do conhecimento da associação mineral, composição
química, aspectos texturais, granulação/granulometria e a da morfologia dos cristais que
compõem a rocha. A técnica atua de forma direta nos solos agrícolas, onde o pó da rocha é
aplicado como fertilizantes de liberação rápida ou lenta de nutrientes para o solo e plantas. Este
processo pode ser acelerado por meio de alterações físicas e químicas que ocorre durante o
intemperismo nas rochas ou por técnicas de diluição realizadas em laboratórios.
A recomendação do presente trabalho é que seja realizados análise litoquímica na rocha,
para saber primeiramente se a soma de bases (K2O + MgO + CaO) é superior ou igual a 9%, se
enquadrando dentro do critério proposto para os remineralizadores de solo (IN MAPA 05 e
06/2016), e também para detectar a presença de elementos tóxicos ou potencialmente tóxicos
(EPT) para as plantas ou inapropriadas para o consumo. É de fundamental importância fazer
ensaios agronômicos em diferentes tipos de solos e culturas/plantios que são adequadas para a
região, ou até utilizar as que foram sugeridas neste trabalho.
Sabe-se que a remineralização é essencial para observar na prática os benefícios
nutricionais que esta tecnologia pode proporcionar para o solo e consequentemente para as
plantas, sendo uma técnica menos poluente e favorável para a vida humana e animal. Nos últimos
anos a rochagem tem demonstrado ser relevante para o desenvolvimento do setor agrícola, no
que diz respeito à aplicação de recursos financeiros e na preocupação com o meio ambiente. O
manejo adequado do solo com essa prática pode trazer resultados equiparados e/ou superiores
dos fertilizantes convencionais que tem elevado valor financeiro e são rapidamente lixiviados,
trazendo prejuízos muita das vezes irreversíveis para o meio ambiente.
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
ATLETISMO NA ESCOLA
Marco Antonio Chalita1
Aryelle da Silva Santos Barreto2
1 Professor de Educação Física na Universidade Federal de Alagoas (UFAL-AL). Graduado em Educação Física
pela Universidade Tiradentes (SE); Especialização e Mestrado em Educação Física e Cultura pela Universidade
Gama Filho (RJ); Doutor em Ciências do Desporto pela Universidade do Porto (Portugal).
2 Professora de Educação Física escolar. Graduada em Licenciatura em Educação Física pela Universidade Federal
de Alagoas (UFAL-AL)
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ATHLETICS AT SCHOOL
ABSTRACT: Athletics is a classic content in the school on Physical Education curriculum, and it has
always been observed with great importance for children who are of school age, however it
seems to be little disseminated and worked in school. The present study aimed to analyze the
school reality of the teaching practice of athletics in schools in the city of Maceió in the State of
Alagoas. It was a qualitative study. Twenty-two Physical Education teachers who work in
Elementary School participated in this research. The instrument used was the questionnaire. For
data analysis, an interpretive analysis was used. It was concluded that the participating teachers
perceive the importance of athletics in school physical education classes, and with all the
difficulties presented in the reality of Maceió-Alagoas, the sport is widespread and adapted in the
school context.
600
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
Marques e Iora (2009), apontam que o A autora Matthiesen (2014, p.23) afirma:
Atletismo é pouco trabalhado na Educação Independentemente da idade, as crianças e
Física escolar, e quando é explorado se limita a os jovens deverão conhecer conceitos,
poucas modalidades como as corridas e, às procedimentos e atitudes que os auxiliem a
vezes, os saltos. E outros importantes mergulhar profundamente no universo do
elementos acabam sendo esquecidos, além de Atletismo, de modo que o conhecimento
que o Atletismo é trabalhado com o objetivo de adquirido possa orientá-los na implementação
superar o adversário, por meio de de ações futuras, tais como: a) praticá-lo ao
metodologias que visam o rendimento. Isso faz longo da vida, executando, de forma
com que o esse esporte deixe de ser consciente, cada um dos movimentos
transmitido como prática pedagógica específicos de suas provas; b) acompanhá-lo
pertencente da cultura corporal. nas transmissões provenientes dos meios de
Diante do exposto o presente estudo comunicação, conhecendo os movimentos
objetivou analisar a realidade escolar da executados por grandes atletas e
prática docente do Atletismo em escolas da reconhecendo-se na execução dos mesmos; c)
rede municipal da cidade de Maceió, no estado a compreendê-lo como atividade física
de Alagoas. promotora de inúmeros benefícios para a
qualidade de vida e para o lazer.
ATLETISMO NO CURRICULO DA Possibilitando aos alunos o
conhecimento do que saber, como saber fazer
EDUCAÇÃO FÍSICA e como o Atletismo ajuda a ser, praticando-o
A BNCC (2017), afirma que a Educação Física ao longo da vida de forma consciente e segura,
é o componente curricular que tematiza as compreendendo como atividade proporciona
práticas corporais em suas diversas formas de qualidade de vida.
codificação e significação social, entendidas As aulas das práticas corporais devem ser
como manifestações das possibilidades abordadas como fenômeno cultural dinâmico,
expressivas dos sujeitos, produzidas por pluridimensional, diversificado, singular e
diversos grupos sociais no decorrer da história. contraditório, isso possibilitará aos alunos um
O Atletismo é uma modalidade indicada conjunto de conhecimentos que permitam
para o ensino, pela sua simplicidade, seja pelo ampliar sua consciência a respeito dos
entendimento da dinâmica da prática corporal movimentos e dos recursos para cuidar de si,
deste esporte, seja pelo pouco material que desenvolvendo autonomia para utilização da
necessita, facilitando assim o trabalho e cultura corporal de movimento em diversas
entendimento dos alunos. Portanto, para além finalidades humanas, favorecendo sua
do que se conhece do Atletismo em termos participação de forma confiante e autoral na
competitivos, deve-se explorá-lo como sociedade (BNCC,2017).
conhecimento a ser veiculado pela Educação No campo escolar o ensino de uma
Física, abrangendo não apenas procedimentos, modalidade esportiva em aulas de Educação
mas conceitos e atitudes. Física faz parte da rotina, entretanto, muitos
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
professores têm como objetivo ensinar (2006), como um esporte pouco atrativo e sem
durante as aulas o movimento técnico, graça, desmotivando os professores a incluir
preocupando-se apenas com o “saber fazer” este conteúdo em seus planos de aula. Para
quando não, com o “saber fazer” bem. Isso, Nascimento (2010, p. 99), a “[...] aceitação do
infelizmente, faz com que outras possibilidades Atletismo por parte do aluno não deve ser algo
de desenvolvimento do conteúdo sejam imposto, mas visto como ampliação dos
deixadas em segundo plano. conhecimentos e algo que traga benefícios
Segundo Oro (1984), o professor de tanto de forma individual quanto coletiva”. De
Educação Física tem no ensino do Atletismo um acordo com Oro (1983), o Atletismo no Brasil
processo facilitador para o desenvolvimento precisa levar em conta essa cultura trazida pelo
do andar, correr, saltar e arremessar, indivíduo e deve ser capaz de se mostrar
elementos básicos do trabalho da Educação interessante e motivador, inserindo-se nessa
Física que estão englobados no Atletismo. perspectiva sociocultural. Rabelo e Fernandes
Neste sentido além de conhecer e vivenciar um (2010), apontam que outros fatores
esporte, também é uma oportunidade de limitadores para desenvolver as atividades
contribuir no desenvolvimento do aluno em desse esporte nas aulas foram a falta de
diversos aspectos, seja motor, cultural e social. materiais e espaços físicos.
Para Matthiesen (2014), apesar da
relevância da modalidade na Educação Física METODOLOGIA
escolar e mesmo sendo um dos esportes mais
Este estudo é de natureza qualitativa, que de
tradicionais no campo esportivo, e ainda sendo
acordo com Minayo (2010), pesquisas desse
um dos conteúdos clássicos da Educação Física
cunho trabalham com fenômenos que não
é muito pouco ensinado nas escolas.
podem ser quantificados. Buscando uma maior
Santos e Matthiesen (2013), corroboram aproximação com a experiência e os
apontando que o Atletismo no Brasil
fenômenos levando em consideração a
demonstra, por meio de sua História, marcas
realidade do grupo pesquisado. A pesquisa
da indiferença/negligência das escolas em
classifica-se como descritiva, pois busca dar voz
relação ao seu ensino e a sua difusão enquanto aos sujeitos da pesquisa e, por meio disto,
manifestação cultural da sociedade. Ainda Oro descrever sua realidade.
(1984), afirma que os brasileiros preferem
O grupo estudado foram vinte e dois (22)
modalidades esportivas coletivas com bola, ou
professores de Educação Física, que atuam na
seja, uma questão de cunho cultural, sendo
Rede Municipal de Educação de Maceió-
consequência da mídia, do mundo dos
Alagoas do Fundamental I e II. Sendo do sexo
negócios, dos periódicos especializados, nos
masculino, dezesseis (16), e do sexo feminino,
quais transformaram o esporte em um
seis (6). O professor com menor experiencia
fenômeno social massivo e exercem, portanto,
atua na área há um (01) ano, e professor com
um papel social.
maior experiência atua há quarenta e um (41)
Diante da situação sociocultural, o Atletismo anos.
é visto pelos alunos, de acordo com Miranda
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
O Instrumento para coleta de dados segundo Gil (2008) tem como objetivo da
utilizado foi o questionário, em forma de procura do sentido mais amplo das respostas.
questões abertas, realizado por meio do
“Google Forms”. Segundo Gil (2008), o RESULTADOS E DISCUSSÃO
questionário pode ser definido como a técnica
Colaboraram para o presente estudo 22
de investigação composta por um conjunto de
professores de Educação Física escolar da
questões que são submetidas a pessoas com o
cidade de Maceió no Estado de Alagoas, sobre
propósito de obter informações sobre
o tempo de formação profissional dos mesmos,
conhecimentos, crenças, sentimentos, valores,
variou entre seis (06) meses o que tinha menos
interesses, expectativas etc.
tempo e o de maior tempo de trabalho na
O procedimento para coleta de dados se
profissão foi de trinta e oito (38) anos. Em
iniciou por meio do envio da carta de
relação ao tempo que atuam na área escolar, o
autorização à Secretaria Municipal de
menor foi entre um (01) ano e seis (06) meses,
Educação – SEMED com a solicitação da
enquanto o maior foi de quarenta e um (41)
autorização da pesquisa nas escolas da rede de
anos. De acordo com os questionários, 96% dos
ensino. O que foi atendido com a carta
professores, ou seja, vinte e um (21)
resposta da Secretária de Educação. A partir da
colaboradores alegaram satisfação com sua
autorização foi enviado o questionário para os
atuação profissional, tanto com os alunos
professores de Educação Física escolar por e-
quanto com outros colegas de trabalho
mail. Os professores que optaram por
Atuo há aproximadamente um ano e meio
responder o questionário, inicialmente tinham
como professor de Educação Física da rede
disponível para leitura o Termo de
estadual de ensino, estou bastante satisfeito
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
com minha atuação, pois tenho conseguido
Deixando clara a livre opção por participar ou
mudar alguns pré-conceitos estabelecidos
não, e também para contato com o
historicamente na EDF, e que ainda são
pesquisador para quaisquer dúvidas. Logo em
replicados por parte dos alunos e da gestão.
seguida tiveram o acesso ao questionário para
(PROFESSOR 8)
responder.
7 anos. Estou nesta instituição desde antes
Este estudo seguiu todos os procedimentos
da conclusão do curso. Me sinto satisfeito com
éticos de pesquisa e foi autorizado pelo Comitê
a atuação e isso se dá pelo feedback dos alunos
de Ética e Pesquisa – CEP da Universidade
e a percepção da evolução dos mesmos nos
Federal de Alagoas – UFAL por meio do parecer
aspectos motor, cognitiva, desportivo, social e
consubstanciado número: 4.314.145, e com o
etc. (PROFESSOR 13)
Certificado de Apresentação de Apreciação
12 anos. Sim, pois apesar das dificuldades
Ética – CAAE sob o número:
enfrentadas com relação a local adequado,
36621120.0.0000.5013.
falta de equipamentos e adequação dos
Para o procedimento de análise dos dados
horários de aulas. Procuro sempre fazer o
foi utilizada a análise interpretativa que
melhor. (PROFESSOR 4)
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Há 41 anos. Sim, porque amo o que faço e Fundamental – anos iniciais e finais (BRASIL,
acho que a Educação Física é para todos. 2017). Esse documento apresenta o propósito
(PROFESSOR 18) de determinar os conhecimentos essenciais
Um estudo de Nascimento (2016), realizado que o estudante deva ter acesso e se apropriar
em Santa Catarina, com uma amostra durante a escolaridade nas diversas disciplinas
composta por setenta e três (73) curriculares. A abordagem do esporte no
colaboradores, afirma que professores de ambiente escolar apresenta-se significativa,
Educação Física da rede municipal estão, em pois seu desenvolvimento e a disseminação são
sua maioria, satisfeitos com a qualidade de vida contínuos e crescentes.
no trabalho. A importância do esporte correlacionado a
Em relação às modalidades esportivas educação é importante pois é por meio desta
tratadas pelos professores nas aulas união que se pode abordar sobre práticas
constatou-se uma maior evidência para as saudáveis que além da aquisição de
quatro modalidades tradicionais – conhecimento dos alunos sobre como é
basquetebol, handebol, voleibol e futebol. relevante praticar esportes, se pode ainda pôr
Como podemos perceber na fala dos em práticas algumas das ações esportivas,
respondentes abaixo proporcionando aos alunos momentos de
Sim, esportes coletivos (futebol, futsal, diversão e aprendizado. A partir destas
voleibol, handebol e basquete) e esportes experiências os mesmos despertam para
individuais (Atletismo e judô) (PROFESSOR 4) entender o quanto é prazeroso e significativo o
Sim, mas de uma forma contextualizada, esporte para uma vida equilibrada. Podemos
visto que trabalho com turmas de ensino perceber nas falas relacionadas a seguir:
médio e acredito que assim possam O esporte se bem ministrado pelos
compreender de forma mais ampla esse professores podem ensinar valores éticos,
fenômeno. Badminton, futsal, Atletismo, posturas de cidadania, cuidados com a saúde
handebol e basquete, principalmente. física e mental. (PROFESSOR 1)
(PROFESSOR 10) De grande importância por quê por meio
[...]Futebol, natação, handebol, basquete, o deles trabalhamos o respeito as regras, ao
Atletismo entre outros, Sempre busco trazer próximo, a ludicidade, a promoção da Saúde, e
novidades, ou seja, modalidades esportivas a consciência dos efeitos nocivos das drogas ao
que não são muito praticadas por nossa cultura desenvolvimento manutenção das capacidades
brasileira. (PROFESSOR 11) físicas (PROFESSOR 6)
Com o infantil, trabalho a dança, ginástica e A meu ver esse é o principal meio de
Atletismo e com fundamental l trabalho, além desenvolvimento integral do aluno por meio da
desses, o voleibol, handebol e basquete. Educação Física, desde que trabalhado de
(PROFESSOR 17) forma lúdica e sem promoção de exclusão.
A Base Nacional Comum Curricular aborda o (Professor 9)
conteúdo esporte, pertencente ao Desenvolvimento corporal e na formação
componente Educação Física durante o Ensino social do aluno. (PROFESSOR 21)
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar dos conflitos entre os estudos já realizados e o resultado dessa pesquisa sobre o
trabalho com o Atletismo nas escolas, observa-se que os professores que contribuíram com essa
pesquisa se utilizam do Atletismo, e entendem que é de grande importância para as crianças em
sua fase de desenvolvimento, consequentemente sendo aplicado em sua maioria nas aulas de
Educação Física escolar, apesar de muitas dificuldades, o esporte é trabalhado, com suas devidas
adaptações.
Desta maneira foi possível entender que os professores se utilizam do Atletismo como um
conteúdo do currículo e entendem que é importante trabalhá-lo nas aulas de Educação Física
escolar, considerando os aspectos sociais e cognitivos, além de proporcionar um bom repertório
motor para as crianças.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017. Disponível em:
<http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNC C_20dez_site.pdf>. Data de
Acesso:20/07/2022.
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
NETTO, S. R.; PIMENTEL, A. G.G. O ensino do Atletismo nas aulas de Educação Física. Dia
a dia Educação – Portal Educacional do governo do Estado do Paraná, 2007. Disponível
Em:<http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/804-4.pdf >. Data de
Acesso:20/07/2022.
612
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PIERI, A.; HUBER, M. P. A utilização do Atletismo na Educação Física escolar como base
para o desenvolvimento motor. Revista Digital EFDeportes.com, 2013. Disponível em: <
https://www.efdeportes.com/efd178/Atletismo-na-educacao-fisica-escolar.htm > Data de
Acesso:20/07/2022.
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2 3
Que ou aquilo que distrai ou serve para distrair. Síndrome respiratória aguda grave.
Disponível em: https://dicionario.priberam.org/
Acessado em: 29-07-2022.
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encontrava isolado do resto do país a China, contato com a professora ou mesmo com seus
entretanto infelizmente não era e se pares, isto é, a interação social de uma maneira
transformou em uma pandemia que seria o geral, a proposta lançada não iria resolver o
corona vírus envolvendo o mundo todo. prejuízo educacional, pelo contrário iria
Consequência disso a Organização Mundial aprofundar.
de Saúde-OMS aponta a necessidade de No entanto era a única solução diante de
medidas de biossegurança, o uso do álcool gel, uma realidade atípica nunca antes imaginada
da máscara facial e do isolamento pois o que estamos vivendo, isto é , a educação
contágio ocorria por meio do ar em forma de remota acabou sendo adotada como uma
gotículas envolvendo a aglomeração. solução emergencial neste momento de
Diante disso, no dia 16 de março o Ministério pandemia sendo muito melhor colocá-la em
da Saúde traçou e lançou o plano de prática do que ter um ano totalmente perdido
contingente, alertando os estados e municípios para a educação, em que as aulas pela internet,
sobre o número de casos, em que se até então opcional, foram imprescindíveis para
aumentassem seria recomendado o uso das amenizar o prejuízo da pandemia.
medidas da biossegurança e também o As aulas online que foram implementadas
cancelamento de qualquer evento que no início da pandemia, mais para não perder
aglomerasse um grande número de pessoas, contato que para a continuidade do
intensificação das limpezas e a adoção pedagógico.
obrigatório do álcool gel e da máscara, De uma forma geral, temos que entender o
cancelamento de viagens, a suspensão de aulas tempo, o ritmo e a necessidade de um aluno
e a doção do teletrabalho para as empresas ( que precisa aprender por meio do meio digital
MANDETA, 2021). assim como também reinventar.
Com isso as aulas foram suspensas e Assim que foi decretado o isolamento, os
substituídas por aulas online, pois estávamos professores retornaram ao trabalho online,
nos deparando com uma pandemia de desenvolvendo suas atividades pedagógicas a
proporções inimagináveis, no entanto tudo partir das plataformas estabelecidas pelas
ocorreu às pressas, em toque de caixa sem redes de ensino.
preparo e adequação alguma pois o tempo era Os planejamentos tiveram que ser refeitos e
escasso. readequados às novas metodologias de ensino,
Mas, como ficou a educação para o aluno os professores tiveram que aprender a nova
neuroatípico? O que foi feito para amenizar o metodologia de trabalho no caso a informática.
prejuízo pedagógico que ele teria nesse Os alunos tiveram que se adaptar e ainda
isolamento? haver uma inserção dos mesmos por meio da
É notório, que o ensino à distância era aprendizagem on-line. Esse processo foi
ineficiente para o processo de ensino- ocorrendo gradualmente, apresentando novos
aprendizagem na educação básica etapa da recursos, entretanto não havendo sobrecarga
alfabetização e principalmente para o aluno sensorial em vídeo aulas para assim manter o
neuroatípico pelo fato da necessidade do foco e atenção do aluno, desativar o som
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar da única saída possível no momento ter sido as aulas online e ter tido prejuízo
pedagógicos incalculáveis para os deficientes, fica notório que o ser humano nasceu pertencente
ao um grupo social e por meio dele aprende, na interação se constrói assim como o seu
conhecimento.
Se desenvolver e se criar, desenvolve uma estrutura de linguagem verbal e também não
verbal que envolve sentimentos , sensibilidade e ações/operações que se interligam ao cognitivo
e intelectual sem contar que o próprio ser humano nasce pertencendo a um contexto histórico,
social e cultural.
Sabemos e compreendemos que o próprio ser humano está intimamente ligado a
necessidade produzida e superada por ele próprio surgindo assim sempre novas necessidades,
no entanto a necessidade da interação sempre se apresentará operante pelo fato da modelagem
e compartilhamento.
Diante disso e com a retomada das aulas presenciais no tempo certo e com os devidos
cuidados e recomendações, as intervenções, adequações e alterações necessárias ocorreram
para amenizar os prejuízos pedagógicos que a pandemia ocasionou.
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REFERÊNCIAS
DEMO, Pedro. Metodologia Científica em Ciências Sociais. São Paulo: Cortez,
1991.
JESUS, Matheus Wisdon, Pedro Sá, Sumaia Midlej Pimentel. Artigo: Impactos da Covid19- Em
Pessoas com Deficiência: Reflexões Acerca da Transversalidade Entre Saúde e Educação
SP 2021.
MORAES, Irani Novah. Elaboração da Pesquisa Científica . Rio de Janeiro: Ateneu, 1996.
NETA, Adelaide de Sousa Oliveira Artigo: A Educação dos Estudantes Com Deficiência em
Tempo de Pandemia COVID 19: A Invisibilidade dos Invisíveis Centro Universitário Christus
Brasil 2021.
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RESUMO: Este trabalho tem como objetivo analisar o Esporte educacional em seus limites e
possibilidades na formação cidadã dos brasileiros e como objetivos específicos buscam-se:
analisar o conceito de esporte e suas mediações com a sociedade contemporânea; e revelar os
valores sociais que potencialmente compõe o esporte educacional. Para tanto se recorreu a uma
análise teórica. Conclui-se que o desenvolvimento do esporte educacional passa por uma maior
valorização e apoio de políticas públicas, sendo assim possível a essa prática cultural desenvolver
todas suas potencialidades formativas.
1 Professora de Educação Física no Instituto Federal de Goiás – Campus Formosa. Graduada em Educação Física
e Mestra em Educação pela UFG.
2 Professor de Educação Física do IFG Campus Inhumas e orientador no Programa de Pós-graduação em Educação
Profissional e Tecnológica do IFG. Graduado em Educação Física pela UFG e Doutor em Educação pela PUC-Go.
Membro do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação e Ciências.
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de políticas para o setor não dependeu da Secretaria especial que não fomenta o esporte
criação de ampla máquina burocrática. na medida do tamanho do Brasil. Outra
Secretarias esporádicas nos âmbitos federal e incerteza é a ausência que a Educação Física
3 4
Por influência do português lusitano a palavra desporto A expressão desse processo era o Programa Segundo
foi utilizada durante um período no Brasil. Neste texto Tempo e o programa Mais Educação.
Desporto e Esporte são sinônimos.
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chegou a ter nas versões da Reforma do Ensino para nossa tarefa de debater os aspectos
Médio discutidas no Congresso Nacional, não sociais do esporte.
tratando esta como disciplina obrigatória nos Iniciamos o debate com a visão de Melo
currículos deste nível das escolas brasileiras. (2004), expressa no Dicionário Crítico do Lazer.
Diante desse cenário, este trabalho tem por Para ele o esporte é uma manifestação cultural
objetivo geral Analisar o Esporte educacional moderna, com similaridades técnicas de jogos
em seus limites e possibilidades na formação populares ingleses (e/ou até de outros povos),
cidadã dos brasileiros. Como objetivos mas com sentido e significados diferentes
específicos buscam-se: analisar o conceito de daqueles, sobretudo no que tange a vocação
esporte e suas mediações com a sociedade para os negócios, sendo hoje um potente
contemporânea; e revelar os valores sociais elemento de identidade nacional que pelo
que potencialmente compõe o esporte valor econômico e potencial de adequação aos
educacional. novos valores culturais é apontado como um
Elegeu-se como problema: Qual conceito e dos maiores negócios. Tem por características
valores caracterizam o esporte educacional: básicas:
Este trabalho se justifica na medida em que a. Organização em formas de clubes,
o esporte educacional passa por momentos de federações, confederações, e outras entidades
incerteza na política pública brasileira tendo locais, nacionais e internacionais;
descontinuidades de programas e ações de b. Possui um calendário próprio, já não mais
fomento à sua existência na escola. Ademais sendo praticada estritamente de acordo com
recoloca com base na literatura da área da outros tempos sociais;
Educação Física as potencialidades do esporte c. Envolve um corpo técnico especializado
na formação cidadã brasileira. cada vez maior (treinadores, preparadores
físicos, dirigentes, gestores, psicólogos,
CONCEITO DE ESPORTE médicos, dentre muitos outros).
d. Gera um enorme mercado ao seu redor,
Conceituar o esporte no Brasil ainda é uma
que extrapola até mesmo o que, a princípio,
tarefa árdua uma vez que não há consenso
poderia ser considerado específico da prática
entre ciência, Estado e mercado. Numa
desportiva (idem, p.80).
tentativa de embasar uma análise da tríplice
manifestação do esporte no Brasil, com ênfase Os estudos quanto à sua origem teriam duas
no esporte educacional, procuramos, neste tendências não antagônicas: jogos praticados
texto, confrontar os pensamentos de dois por diversos povos; outra como fenômeno
pesquisadores de renome da linha crítica ao moderno surgido como uma negação dos jogos
esporte, a saber: Melo (2004), e Bracht (2005), populares pelas elites. Essa última tendência
indica que a partir de uma aliança entre Estado,
ás legislações pertinentes aos dois campos
envolvidos no conceito: Esporte e Educação. Poder Jurídico e Religião o esporte é usado
Certos de que não esgotaremos o assunto, como estratégia de controle corporal e
esclarecemos se tratar, apenas de um norte preparação de lideranças nas escolas públicas
inglesas do início do século XVIII sendo sinal de
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da educação básica, em que a Educação Física suas “intenções educativas”. Sendo esses os
é colocada como componente obrigatório, referenciais para o diálogo entre ensino e a
como se vê abaixo: aprendizagem que estão embasados em dois
Art. 27. Os conteúdos curriculares da itens definidos nas páginas 73 e 74 do
educação básica observarão, ainda, as documento:
seguintes diretrizes: I. Atitudinal – normas, valores e atitudes.
I - a difusão de valores fundamentais ao II. Conceitual – fatos, princípios e conceitos;
interesse social, aos direitos e deveres dos e Procedimental – ligados ao fazer;
cidadãos, de respeito ao bem comum e à Entendendo que:
ordem democrática; Normas – são padrões ou regras de
II - consideração das condições de comportamento socialmente construídos para
escolaridade dos alunos em cada organizar determinadas situações; forma
estabelecimento; pactuada de concretizar valores
III - orientação para o trabalho; compartilhados por um coletivo indicando o
IV - promoção do desporto educacional e que é permitido ou não.
apoio às práticas desportivas não formais. Valores – são princípios éticos e as ideias que
Afunilando nossa análise, chegamos ao permitem que se possa emitir um juízo sobre
conceito de esporte difundido pelos as condutas e seu sentido.
Parâmetros Curriculares Nacionais que Atitudes – se refletem a coerência entre o
formam a base do planejamento do ensino do comportamento e o discurso do sujeito sendo
Brasil como: as formas subjetivas de objetivar valores e
práticas em que são adotadas regras de posicionar-se em diferentes contextos.
caráter oficial e competitivo, organizadas em Conceitos e princípios – são generalizações,
federações regionais, nacionais e deduções, informações e sistematizações
internacionais que regulamentam a atuação relativas ao ambiente sociocultural.
amadora e profissional. Envolvem condições Procedimentais – expressam um saber-fazer
espaciais e de equipamentos sofisticados como que envolve tomada de decisões, realização de
campos, piscinas, bicicletas, pistas, ringues, ações de ordenadamente (não aleatória) para
ginásios etc. A divulgação pela mídia favorece a atingir uma meta.
sua apreciação por um diverso contingente de Perguntamos, então, como conceituar o
grupos sociais e culturais. Por exemplo, os esporte, sobretudo, no ambiente educacional?
Jogos Olímpicos, a Copa do Mundo de Futebol Será necessário dividir o conceito em duas ou
ou determinadas lutas de boxe profissional são três vertentes ou o esporte é apenas uma
vistos e discutidos por um grande número de “ferramenta” que pode ser utilizada para um
apreciadores e torcedores (BRASIL, 1998, fim de lazer, educação e trabalho?
p.70). Em que pese à ideia de um conceito único
Ou seja, é uma visão em que o esporte tem para o esporte chocar-se com a ciência, na
um único conceito e o que vai modificar visão de Bracht (2005), (que divide em dois:
quando desenvolvido no meio educacional são alto rendimento e lazer) e do Estado refletido
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sucesso quanto para o fracasso, no jogo e contribui não só com a formação de sujeitos
também na vida. para o lazer, alto rendimento ou saúde, mas
A aceitação do sucesso e do fracasso mostra- também para compreenderem e saberem
se como imperativo na formação humana, jogar o jogo da vida, tendo na escola lugar
principalmente em escolares, na formação privilegiado para a formação cidadã.
para a cidadania e de homens e mulheres que
compreendam e cooperem para o bem
comum, seja no seu sucesso ou no fracasso.
• Cooperação e Trabalho em equipe
Expresso pela coletividade necessária em
alguns esportes em equipe, podemos perceber
nestes por meio da tática e dos sistemas de
jogo que o trabalho em equipe é fundamental
para o desenvolvimento destes. Apesar de
algumas modalidades, como o futebol,
especialmente no caso brasileiro, sofrerem de
um individualismo exacerbado, os aspectos do
esporte que necessitam da participação de
vários jogadores são mantidos na maior parte
do tempo de jogo.
Ao tratar da dicotomia
individualidade/coletividade no futebol, Daólio
(1998), afirma que a rica interação entre jogo
coletivo e jogo individual pode ser a
característica mais marcante para que o Brasil
seja destaque neste esporte. Esta ação coletiva
presente em todos os esportes coletivos, em
que um jogador depende do desempenho do
outro para que o time avance em direção à
meta, produz nos praticantes do esporte uma
percepção de trabalho coletivo ou em equipe,
colocando a individualidade a serviço de um
objetivo em comum.
Dessa forma podemos perceber que não só
os últimos, mas, também os valores
anteriormente apontados compõem um
quadro de valores presentes nessa sociedade
em que vivemos aos quais todos estão sujeitos
à sua sociabilidade. Dessa maneira o esporte
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Esporte como elemento das sociedades modernas apresenta-se como prática cultural
imerso em uma dualidade. Em alguns contextos possui um potencial de reprodução de elementos
restritos como distração social e recomposição de forças de trabalho urbano degradante.
Todavia, também possui um potencial formativo para a cidadania singular. As características
fundamentais do esporte educacional revelam seu potencial de síntese entre conhecimentos
acadêmicos e culturais, ao mesmo tempo em que desenvolve capacidades, normas, atitudes e
valores.
Enquanto prática sociocultural o esporte educacional é vetor de formação de valores
fundamentais para a sociabilidade contemporânea como justiça, cooperação e igualdade.
Todavia, para se desenvolver com todo potencial, o esporte educacional necessita de
valorização e apoio para acontecer nas escolas brasileiras. Tanto no que tange a criação e
implementação de políticas públicas para esse fim na escola pública, quanto no reconhecimento
do potencial formativo do esporte nos currículos escolares.
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REFERÊNCIAS
BRACHT, Valter. Sociologia crítica do esporte: uma introdução. 3. ed. Ijuí, Ed. Ijuí, 2005.
MELO, Vitor Andrade. Esporte. In: GOMES, Christianne Luce. (org.). Dicionário crítico do
lazer. Belo Horizonte, Autêntica, 2004.
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RESUMO: Este artigo tem por objetivo refletir sobre a importância do brincar com qualidade
dentro de um espaço planejado e organizado, tendo em vista que os espaços investigativos
propõem diferentes descobertas e diversas aprendizagens. O trabalho é apresentado em três
partes. A primeira constitui-se de uma reflexão sobre o direito ao brincar garantido por lei e sua
importância no desenvolvimento infantil. A segunda refere-se à qualidade dos brinquedos
industrializados diante das diversas materialidades e objetos do cotidiano que podemos oferecer
às crianças e bebês dentro de um contexto provocador. A terceira aborda a importância dos
espaços brincantes organizados em forma de cantos ou “cantinhos”, bem como a necessidade de
se planejar espaços convidativos e não normalizadores. Ao final do trabalho foi elaborado
reflexões acerca da mediação do educador ou do adulto, destacando a participação ativa por
meio de uma escuta ativa e sensível de todo o processo, rompendo com toda observação passiva.
1
Professora de Educação Infantil na Rede Municipal de São Paulo.
Graduação: Licenciatura em Pedagogia; Licenciatura em Letras; Especialização em Ensino Lúdico.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em “Os brinquedos e as brincadeiras na creche”, Kishimoto (2010), lista as condições para
acontecer o brincar: aceitação do brincar como um direito da criança; compreensão da
importância do brincar para a criança, vista como um ser que precisa de atenção e carinho, que
tem iniciativas, saberes, interesses e necessidades; criação de ambientes educativos
especialmente planejados, que ofereçam oportunidades de qualidade para brincadeiras e
interações, e o desenvolvimento da dimensão brincalhona da professora.
Já sabemos da importância do brincar para o desenvolvimento da criança e é dever do
educador preparar espaços de qualidade, dispondo de uma diversidade de materiais
estruturados e não estruturados.
Destaco a importância do educador como mediador, pois, mais que oferecer diferentes
brinquedos ou materiais é entender que o material pelo material não tem sentido nenhum, é
necessário mediação, observação atenta por parte do adulto, escuta atenta e olhar sensível para
o brincar dos bebês e crianças. Não é somente disponibilizar os materiais e deixar que eles
manipulem, mas é proporcionar o brincar livre, porém com a presença ativa do adulto sem
necessariamente ter uma intervenção direta. Nesse sentido, falamos de um adulto brincante,
adulto atento às aprendizagens que os bebês e crianças estão construindo no momento.
Sabemos que são os desafios que levam as crianças ao desenvolvimento, nesse sentido, o
brincar livre e investigativo com objetos e materiais provocativos e instigantes, acentua nossos
bebês e crianças como sujeitos de sua própria história que criam e recriam seu contexto. Sujeitos
ativos em seu processo de desenvolvimento.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei 8.069/90. São Paulo, Atlas, 1991.
BENJAMIN, Walter. Reflexões sobre o brinquedo, a criança e a educação, SP, Ed. 34, 2002.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração Universal dos Direitos Humanos, 1948.
Disponível em: <https://www.unicef.org/brazil/declaracao-universal-dos-direitos-humanos>.
Acesso em 30. Julho. 2022.
641
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RESUMO: Este estudo aborda uma discussão sobre capacitismo nas relações sociais e tem por
objetivo refletir a respeito de situações preconceituosas que pessoas com deficiências são
expostas em seu cotidiano, a partir das falas (reais) mobilizadas pelo movimento
#ÉCapacistismoQuando . Além disso, fazer paralelos com os históricos das lutas das pessoas com
deficiências em serem vistas além de suas deficiências.
1Professora de Ensino Fundamental na Rede municipal de São Paulo e de Educação Infantil na Rede Municipal
Guarulhos.
Graduação: Licenciatura em Pedagogia pela Faculdade Anhanguera.
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ideais Cristãos os deficientes tinham direito a Guerra Mundial (1939-1945), que passaram a
um teto, comida, mas eram submetidos a discutir sobre:
segregação e castigos, pois, segundo o clero as Foi a partir da Segunda Guerra Mundial que
punições eram consideradas caridade na o direito necessita se preocupar com grupos
medida em que salvava do demônio a alma e sociais específicos, nesse caso surgem os
livraria a sociedade das condutas antissociais e mutilados da guerra, pessoas que foram para a
inconvenientes dos deficientes (CORREIA, guerra sem nenhuma deficiência e voltam às
2010). suas casas com algum tipo de mutilação que
Esse compilado, demonstra como os impedem a fruição normal de suas atividades
deficientes são vistos pela sociedade ao longo de vida diária (TAHAN, 2012, p.21 apud
da história e a situação ocorrida em 2019 CORRENT,2016).
demonstra que, algumas, mentalidades não No entanto, essas questões ganharam forças
mudaram. em 1971 quando foi publicado pela ONU a
Declaração dos Direitos de Pessoas Com
A ACESSIBILIDADE É MUITO Deficiência Mental e em 1975 a Declaração dos
Direitos das Pessoas Portadoras de Deficiências
MAIS QUE AJEITAR AS COISAS que englobava todas as deficiências. No
#ÉCapacitismoQuando o surdo passa no entanto, na época, as concepções, ainda, eram
concurso e não pode assumir pq “o médico pautadas nos ideais de que as deficiências
alegou que a surdez em si seria um impeditivo tinham cunho patológicos e pessoas com
para eu exercer o magistério”. Ele recorreu e deficiências deveriam ser tratadas para se
acabou conseguindo assumir a vaga. Ensinou adequarem à sociedade. Os movimentos para
geografia a estudantes surdos por quatro anos que as pessoas com deficiências fossem vistas
(TWITTER, 2018). como parte integrante da sociedade
Sobre definições de acessibilidade: continuaram e com a publicação da Declaração
I - acessibilidade: possibilidade e condição de Salamanca (1994) e a Convenção Sobre os
de alcance para utilização, com segurança e Direitos Da Pessoa Com Deficiência (2006),
autonomia, de espaços, mobiliários, foram marcos que reafirmaram os direitos
equipamentos urbanos, edificações, humanos, das pessoas com deficiências
transportes, informação e comunicação, (GUGEL,2007).
inclusive seus sistemas e tecnologias, bem Mesmo com todos os esforços quando se
como de outros serviços e instalações abertos fala de acessibilidade o imaginário remete a
ao público, de uso público ou privados de uso pessoas com deficiências versus condições
coletivo, tanto na zona urbana como na rural, para atendê-las, mas no recorte deste estudo a
por pessoa com deficiência ou com mobilidade acessibilidade é compreendida como algo a
reduzida (BRASIL, LEI 10.098). mais que barreiras arquitetônicas /ou físicas. A
Ao longo da história, houve engajamentos chamada acessibilidade atitudinal. Esta não é
para garantir direitos as pessoas com percebida, muitas das vezes, enraizadas no
deficiências, porém, apenas, após a segunda inconsciente.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
#ÉCapacitismoQuando você acha que a deficiência tá na pessoa e não no meio
(TWITTER,2016)
Revendo a história das pessoas com deficiências, houve avanços. Mas, ainda, no século
XXI, presenciamos atitudes análogas a idade média. Algumas são por falta de conhecimento,
convivências, porém, outras é por puro preconceito. Atualmente, não é moralmente aceitável
eliminar os nascidos deficientes, enjeitá-los, fazê-los de bobos da corte, a olhos nus. Mas é
perceptível a batalha que as pessoas com deficiências tendem a travar para ter seus direitos
garantidos e aceitos pela sociedade em relação a conscientização, no sentido intrínseco.
Por conta das condutas sociais emitem pareceres, leis para enumerar necessidades e
direitos das pessoas com deficiências, porém, no campo da ética, não houve conscientização de
que as pessoas com deficiências querem ser vistas além de seus estigmas. Essa organização social
que fomenta a exclusão deve ser repensada no âmbito da ideia de pessoas com deficiências lutam
para serem reconhecidas como pessoas de direitos e que querem garantias e não
assistencialismo.
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REFERÊNCIAS
ALVES, Camila Araújo. E se experimentássemos mais? Um manual não técnico de
acessibilidade em espaços culturais. Rio de Janeiro: Universidade Federal Fluminense,
Instituto de Psicologia. – 2016.
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RESUMO: O estudo apresenta a ciência como coisa de criança, porque entende-se que a criança
possui curiosidade, está o tempo todo perguntando, observando e explorando as possibilidades
para as suas descobertas de mundo, aspectos esses que aproximam a criança da posição de um
cientista que o profissional que faz ciência, constrói conhecimentos por meio de um método
científico, observando e realizando pesquisas nas diversas áreas de conhecimento.
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de serem curiosas, investigativas e estarem influência de forma direta a visão das crianças
fazendo perguntas o tempo, esse não gostar inseridas nesses contextos sociais.
está vinculado a condição socioeconômica, O que se percebeu com essa discussão foi
mas principalmente em como a sociedade e os um triste cenário, pois muitas vezes as crianças
professores a veem. também replicam a visão dos adultos sobre os
A escola então, reflete a concepção de cientistas, que são considerados como loucos,
criança, como adulto em miniatura, porém as geralmente homens, vestidos com seu jaleco
crianças expressam interesses que muitas branco e cabelos bagunçados, manuseando
vezes são vistos como teimosia, porém essa frascos de vidros. Ficando como missão da
visão ultrapassada de criança está sendo escola desmistificar essa imagem construída
refletida graças perspectivas teóricas que só afasta as crianças do universo científico.
interpretativas e construtivistas que trazem Para investigar a visão das crianças sobre o
uma nova visão, reconhecendo as crianças conhecimento científico, foi elaborada uma
como ativas. sondagem para observar este cenário, a partir
As crianças se preocupam com a natureza, de uma simples tarefa, porém cheia de
com a preservação do meio ambiente, porém é significado, da disciplina de comunicação e
preciso possibilitar o estudo de ciência de divulgação da ciência que consistia em solicitar
forma prática, para que elas possam perceber que um grupo de crianças desenhassem um
os conteúdos e não apenas para cientista.
posteriormente ter a obrigatoriedade de A imagem a seguir apresenta o desenho da
responder questões. criança Sophia, que faz parte do segundo ano
Fracalanza (1986, p. 61) reflete sobre a visão dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. No
das crianças tendo como base uma situação desenho da criança é possível observar um
típica de aula expositiva nos Anos Inicias do homem com um grande jaleco preto, com
Ensino Fundamental e questiona “como olhos arregalados e cabelos para cima (FIGURA
reagem os alunos à mensagem emitida pela 1).
professora na sua exposição? Conseguem FIGURA 1 – O CIENTISTA NA VISÃO DA SOPHIA
entendê-la plenamente? A compreensão do
assunto é homogênea em toda a classe?”.
As crianças são diferentes, possuem visões
diferentes, trazem consigo conhecimentos
prévios sobre ciência diversificados, nesse
sentido as situações de aprendizagens não
podem ser iguais para todos, porque os
interesses e as curiosidades das crianças são
diferentes.
No decorrer do curso de Especialização
Ciência e Tecnologia se oportunizou a
discussão de diversos temas, entre eles como é
construída a imagem de cientistas pela mídia e Fonte: Arquivo pessoal da autora.
em nossa sociedade aspecto relevante, porque
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Nesse sentido, a escola precisa realizar um são gênios e que, portanto, se dedicar à ciência
trabalho de identificação e divulgação é algo que deve complexo. Aqueles que tem
científica em todos os campos de atuação para essa visão mal sabem que ciência é, em
desmistificar essa imagem criada nas cabeças primeiro lugar, observação. Todo cientista
das crianças, principalmente que ciência não é precisa ter disposição para observar e
coisa de mulher ou criança. Recentemente, entender, nos mínimos detalhes, aquilo que
assistiu-se a uma palestra que fala sobre lhe chamou a atenção.
ciência para crianças abordando alguns Cachapuz (2011), escreve que o movimento
personagens infantis que são cientistas. ciência para todos baseava-se em duas ideias,
Segundo Cachapuz (2011), existe a a saber:
necessidade de uma educação científica para Na primeira ideia, que denomina tese
todos: pragmática, considera que, dado que as
As propostas atuais favoráveis a uma sociedades estão cada vez mais influenciadas
alfabetização científica para todos os cidadãos, pelas ideias e produtos de ciência e, sobretudo
vão além da tradicional importância concedida de tecnologia, os futuros cidadãos
– mais verbal do que real – à educação desenvolver-se-ão melhor se adquirirem uma
científica e tecnológica, para tornar possível o base de conhecimentos científicos. A segunda
desenvolvimento futuro. Essa educação ideia, ou tese democrática, supõe que a
científica converteu-se, na opinião dos alfabetização científica permite aos cidadãos
especialistas, numa exigência urgente, num participar nas decisões que as sociedades
fator essencial do desenvolvimento das devem adoptar em torno a problemas sócio
pessoas e dos povos (CACHAPUZ, 2011, p. 17). científicos e sócio tecnológicos cada vez mais
Outro ponto muito disseminado nos complexos (CACHAPUZ, 2011, p. 22).
desenhos que representam a visão das crianças Deste modo, faz-se necessário pensar,
é que todo cientista é doido ou tem aparência porque não aproveitar a curiosidade das
de doido. Observou-se que esta mesma crianças para despertar e trazer assuntos
imagem é criada quando o assunto é professor científicos para sala de aula, observando o solo
universitário, provocando nas pessoas uma do jardim da escola, a vegetação presente e os
rejeição por tal profissão ou pessoas tipos de animais presentes naquele ambiente.
relacionadas a esse ofício, que trabalham Um exemplo claro disso é conduzir a turma de
muito tempo em laboratórios fechados que crianças a observar a metamorfose de uma
não viajam e que não tem tempo de lazer, pois borboleta, levando junto com elas as etapas a
estão sempre em pesquisa. serem seguidas, observadas e registradas, os
Em outras palavras, é um trabalho de tipos de árvores que atraem as lagartas,
formiguinha e que deve começar na base que é pensando se todas as lagartas viram
formação de futuros professores e nas escolas borboletas.
que atendem ao público infantil. É possível envolver as crianças, pois as
Algumas pessoas acham que ciência é mesmas elaboram muitas perguntas, cabendo
sinônimo de coisas difíceis, que todos cientistas ao professor auxiliá-los a organizar os registros
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em planilhas para não perder o fio da meada e sem compreender os conceitos e aplicabilidade
deixar tudo registrado sobre sua pesquisa, do que é estudado. Assim, as Ciências
descobrindo os resultados obtidos. experimentais são desenvolvidas sem relação
Lorenzetti (2021, p. 06), afirma que o ensino com as experiências e, como resultados,
de ciências nos Anos Iniciais do Ensino poucos alunos se sentem atraídos por elas
Fundamental deve “contribuir não somente .
para que o aluno compreenda os conceitos
científicos, mas também para que perceba que
aquilo que é ensinado na escola faz parte do
seu cotidiano”.
É importante reconhecer que o modo como
a escola conduz o processo de ensino e
aprendizagem, pode estimular o espírito
investigativo dos estudantes, despertando nele
o encantamento pela ciência ou ao contrário,
pode inibir o exercício da curiosidade dos
alunos, fazendo com que eles se percam à
medida que são promovidos para outras séries.
Poucas vezes a escola, segundo Carvalho (1996,
p. 38), “contribui para que o gosto pelas
ciências diminua ou até mesmo se transforme
em aversão”.
Esta situação nos conduz à urgência de
democratizar as ciências para as crianças,
começando por investir seriamente em ações
de educação desde o início da escolarização,
para que todos tenham as mesmas
possibilidades no mundo da cultura
contemporânea.
Para a Organização das Nações Unidas para
a Educação Ciência e Cultura – UNESCO (2005,
p. 02), é imprescindível que as escolas
“desenvolvam em seus alunos o gosto pelo
universo científico, aguçando a curiosidade e o
interesse em conhecer os grandes cientistas
que fizeram história”. Portanto, compreendeu-
se que nas escolas públicas, o ensino de
Ciências tem sido tradicionalmente livresco e
descontextualizado, levando o aluno a decorar,
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com a elaboração desse estudo foi possível compreender a visão que as crianças têm sobre
a área de ciências, a partir da escuta do professor, em uma simples atividade ao qual envolveu
artes e ciência de forma interdisciplinar, as crianças expressaram por meio do desenho, seus
conhecimentos científicos. Nesse sentido, a partir deles foi possível compreender que o modelo
de cientistas que acreditam, estar longe da sua realidade social, econômica e do real
conhecimento científico, pois expressaram na maioria das vezes homens, com idades medianas,
com aspectos de pessoas “loucas”, jalecos brancos, entre outras características, mas observando
com atenção, essas pessoas se utilizam de experimento específicos para as pesquisas científicas,
porém essa visão é aprendida em desenhos infantis nas mídias, pois na escola ficam presos em
livros didáticos ou cópia de textos, respondendo questionários que servem para estudar para as
provas no final do bimestre.
A maneira como são abordados os assuntos de ciências dentro da sala de aula,
contribuindo com uma desconstruindo o mito da visão das crianças sobre o conhecimento
científico e contribuindo com uma formação sólida em ciências.
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REFERÊNCIAS
CACHAPUZ, A. A necessária renovação do ensino das ciências. São Paulo: Cortez, 2011.
CARVALHO, R. B. Árvore no chão ou enxofre no ar? Rio de Janeiro: Revista Ciência Hoje, v.
20, n. 120, maio 1996.
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RESUMO: O presente estudo de caráter informativo tem como objetivo orientar o professor
sobre como identificar as alterações que interferem neste processo, em especial a DPAC -
Desordem do Processamento Auditivo Central.
1Professora de Educação Infantil e Ensino Fundamental na Rede Municipal de Santo André e Governo do Estado
de São Paulo.
Graduação: Licenciatura em Pedagogia; Especialização em Alfabetização e Letramento.
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esclarecer estes casos. (Revista eletrônica sons e os transforma em sinais que o cérebro
CEFAC) 2. 1 entende.
Com o avanço da tecnologia, hoje é possível Sistema Auditivo Central formado pelo
a avaliação do Sistema Nervoso Central (SNC), tronco cerebral e o cérebro que interpreta a
que é o sistema que controla o nosso corpo. informação errada pelas orelhas.
O SNC recebe as informações trazidas pelo Sua definição se dá:
Sistema Nervoso Periférico (SNP), integra e [...] PAC é o conjunto de habilidades
processa tais informações e elabora uma específicas que a criança precisa para
resposta adequada, reenviando-a através dos interpretar o que ouve. Estas habilidades são
nervos para que o corpo se comporte de governadas pelos centros auditivos do tronco
acordo com a situação em que se encontra 3 . 2 cerebral e do cérebro, e podem ser agrupadas
O Sistema Nervoso Periférico é formado em cinco áreas gerais descritas a seguir:
pelos nervos que partem do sistema central e 1 - Habilidades de atenção:
tem a função de trazer e de levar impulsos ao Relaciona-se “como a criança presta atenção
SNC, que por sua vez são chamados à fala e os sons do seu ambiente. São
respectivamente de aferentes e eferentes. importantes quando ela precisa se concentrar
Uma das habilidades do SNC é o em um estímulo determinado ignorando o
Processamento Auditivo (PA) da informação. ruído de fundo, ou seja, a conexão que ela faz
O PAC como qualquer outro com o mundo.
comportamento humano é uma área muito 2 – Habilidades de discriminação:
complexa. [...] Capacidade do cérebro em “ouvir” as
Os distúrbios do PAC são deficiências reais diferenças entre os sons falados, como
que tem efeitos negativos no desenvolvimento perceber as diferenças entre os sons [...].
da criança, estes efeitos variam de leves a 3 – Habilidades de Associação:
severos e podem aparecer em qualquer área [...] Capacidade do cérebro em associar [...]
do desenvolvimento da criança, incluindo um som que chega à outra informação de
atividades escolares, de comunicação ou sócio- acordo com as regras de linguagem. [...]
emocionais. capacidade para receber partes da informação
auditiva, analisá-las e dar-lhes um sentido, um
• O que é o PAC significado.
O sistema auditivo pode ser dividido em 4 – Habilidades de Integração:
2 partes principais: [...] Capacidade de ouvir conjuntos de sons e
Sistema Auditivo Periférico que inclui uni-los com outras informações sensoriais,
orelhas externa média e interna mais o nervo para dar significado a uma mensagem ou
auditivo, formando o conjunto que detecta os tarefa. [...] requer regras de linguagem, mas o
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foco maior é a captação da ideia geral. Reflete habilidades auditivas realizadas pelo SNC que
os quão bem conectados [...] estão os centros são necessárias para a interpretação das
sensoriais da criança. informações auditivas. É ouvir e entender o
5 – Habilidades de organização: que ouviu” (RACHMAN) 6 3
pela orelha média, orelha interna e chega até o Localização Sonora: É a habilidade de
córtex para que a informação sonora seja identificar o local de origem da fonte sonora.
processada. Hoje já é lei em muitas cidades do Atenção Seletiva: É a habilidade em focar
Brasil o “teste da orelhinha” neonatal. Este um determinado estímulo sonoro em meio a
teste é realizado nas crianças antes dos 3 outros sons competitivos auditivos ou visuais.
primeiros meses de idade. Se detectado algum Sensação Sonora: É própria do indivíduo e
sinal de surdez, a criança começa a usar depende dos estímulos sonoros por ele
aparelho a partir dos 6 meses de idade para recebido.
estimular o desenvolvimento das habilidades Discriminação Sonora: É a habilidade de
auditivas e de linguagem (DREOSSI, 2007) 5 2
4 Fonte: <
6 RACHMAN, Elza Maria Bulcão e Vasquez, Virginia C. T.
http://sare.unianhanguera.edu.br/index.php/anuic/article
/view/556/496 > Data de Acesso: 30/06/2022.. Processamento Auditivo Central. Disponível em:
5 DREOSSI, Raquel Cecília Fischer; Momensohn-Santos <http://www.comportamentoinfantil.com/artigos/processament
e Teresa. O ruído e sua interferência sobre estudantes oauditivocentral. htm> Data de Acesso: 30/06/2022..
7 OLIVEIRA, Dra. Patrícia Mello de, fonoaudióloga. Artigos para
em uma sala de aula: revisão de literatura. Disponível
leigos. Desordem do processamento auditivo central: já ouviu
em falar? Disponível em: < http://www.otosul.com.br/art05.htm >
<http://www.scielo.br/pdf/pfono/v17n2/v17n2a13.pdf> Data de Acesso: 30/06/2022..
Data de Acesso: 30/06/2022.. .
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Fala do professor quanto ao nível de Para que seja possível identificar a alteração
intensidade e clareza de voz. do PA pode-se realizar um conjunto de testes
comportamentais especiais, utilizando sons
5. Quanto à audição: complexos apresentados por meio de fones ou
É muito difícil o sujeito vir procurar de alto-falantes ligados a um áudio metro
atendimento por uma queixa relativa a instalado em uma cabine acústica. Esses sons
problemas auditivos. Em geral, eles têm uma completos estão gravados em CD ou fita
impressão de que às vezes ouvem bem ou cassete (PEREIRA & SCHOCHAT, 1997, p.81).
compreendem bem e às vezes não. Quando
perguntados sobre a atenção e a interferência Por este motivo, testes especiais de
do ambiente podem referir: habilidades auditivas são cada vez mais
Atenção ao som prejudicada; comuns, quando se avaliam as habilidades das
Dificuldade em escutar em ambiente crianças. A DPAC pode ser a causa ou coexistir
ruidoso. (PEREIRA, 1996:49-50) a tão dificuldades.
Algumas destas manifestações estão muito Antes da avaliação do PAC deve ser feita
presentes em salas de aulas, como por uma avaliação audiológica básica. A avaliação
exemplo, a troca de letras envolvendo os sons de testes para avaliação do PAC é feito segundo
”R” e “L”; a linguagem expressiva; letras a faixa etária e o desenvolvimento do
espelhadas; disgrafias; e referente ao indivíduo.
comportamento também tem alunos Baseado nestas manifestações o professor
distraídos, muito agitados ou quietos, e outros deve ficar atento em relação ao desempenho
que chegam até ficarem isolados. escolar dos seus alunos, não os taxando de
Caso a criança apresente algumas ou mesmo incompetente, e sim de ajudá-los.
todas as características, isto não significa que Faremos aqui uma breve definição de outros
ela tem uma DPAC. distúrbios que tem algumas das mesmas
Existem outros distúrbios que podem ter características da DPAC, que é a: Dislexia,
características similares. A habilidade para Distúrbio de Leitura e Escrita (DLE) e
realizar a maioria das atividades requer mais Transtorno de Déficit de Atenção e
que tão somente boas habilidades auditivas. Hiperatividade (TDAH).
Todas estas atividades de alguma maneira
dependem de um bom PA, entretanto podem DISLEXIA
causar um baixo rendimento na leitura e A dislexia é um distúrbio, é uma patologia,
escrita, em ambientes com ruídos. que não tem cura mais pode ser amenizada
com terapias, sua definição se dá8 1
8
Fonte: Disponivel em :
http://www.dislexia.com.br/oquee.html Data de Acesso:
30/06/2022.
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
é uma específica dificuldade de aprendizado 8 - sua letra pode ser mal grafada e, até,
da Linguagem: em Leitura, Soletração, Escrita, ininteligível; pode borrar ou ligar as palavras
em Linguagem Expressiva ou Receptiva, em entre si;
Razão e Cálculo Matemáticos, como na 9 - pode omitir, acrescentar, trocar ou
Linguagem Corporal e Social. Não tem como inverter a ordem e direção de letras e sílabas;
causa falta de interesse, de motivação, de 10 - esquece aquilo que aprendera muito
esforço ou de vontade, como nada tem a ver bem, em poucas horas, dias ou semanas;
com acuidade visual ou auditiva como causa 11 - é mais fácil, ou só é capaz de bem
primária. Dificuldades no aprendizado da transmitir o que sabe através de exames orais;
leitura, em diferentes graus, é característica 12 - ao contrário, pode ser mais fácil
evidenciada em cerca de 80% dos disléxicos. escrever o que sabe do que falar aquilo que
A dislexia já foi comprovada que é genética sabe;
e hereditária. A melhor idade para se 13 - tem grande imaginação e criatividade;
diagnosticar é a partir dos cinco anos e meio. 14 - desliga-se facilmente, entrando "no
Muitos disléxicos se evadem da escola por mundo da lua";
terem sérios problemas de ensino- 15 - tem dor de barriga na hora de ir para a
aprendizagem, principalmente na leitura e escola e pode ter febre alta em dias de prova;
escrita. 16 - porque se liga em tudo, não consegue
Podemos identificar a partir dos sete anos de concentrar a atenção em um só estímulo;
idade os sintomas e sinais de uma criança 17 - baixa auto-imagem e autoestima; não
quando9 : 1
gosta de ir para a escola;
18 - esquiva-se de ler, especialmente em voz
1 - pode ser extremamente lento ao fazer alta;
seus deveres; 19 - perde-se facilmente no espaço e no
2 - ao contrário, seus deveres podem ser feitos tempo; sempre perde e esquece seus
rapidamente e com muitos erros; pertences;
3 - cópia com letra bonita, mas tem pobre 20 - tem mudanças bruscas de humor;
compreensão do texto ou não lê o que escreve; 21 - é impulsivo e interrompe os demais para
4 - a fluência em leitura é inadequada para a falar;
idade; 22 - não consegue falar se outra pessoa
5 - inventa, acrescenta ou omite palavras ao estiver falando ao mesmo tempo em que ele
ler e ao escrever; fala;
6 - só faz leitura silenciosa; 23 - é muito tímido e desligado; sob pressão,
7 - ao contrário, só entende o que lê, quando pode falar o oposto do que desejaria;
lê em voz alta para poder ouvir o som da 24 - tem dificuldades visuais, embora um
palavra; exame não revele problemas com seus olhos;
9
Fonte: Disponível:
http://www.dislexia.com.br/sintomas.htm Data de
Acesso: 30/06/2022.
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25 - embora alguns sejam atletas, outros mal 43 - tolerância muito alta ou muito baixa à
conseguem chutar, jogar ou apanhar uma bola; dor;
26 - confunde direita - esquerda, em cima - 44 - forte senso de justiça;
embaixo; na frente atrás; 45 - muito sensível e emocional, busca
27 - é comum apresentar lateralidade cruzada; sempre a perfeição que lhe é difícil atingir;
muitos são canhotos e outros ambidestros; 46 - dificuldades para andar de bicicleta,
28 - dificuldade para ler as horas, para para abotoar, para amarrar o cordão dos
sequências como dia, mês e estação do ano; sapatos;
29 - dificuldade em aritmética básica e/ou 47 - manter o equilíbrio e exercícios físicos é
em matemática mais avançada; extremamente difícil para muitos disléxicos;
30 - depende do uso dos dedos para contar, 48 - com muito barulho, o disléxico se sente
de truques e objetos para calcular; confuso, desliga e age como se estivesse
31 - sabe contar, mas tem dificuldades em distraído;
contar objetos e lidar com dinheiro; 49 - sua escrita pode ser extremamente
32 - é capaz de cálculos aritméticos, mas não lenta, laboriosa, ilegível, sem domínio do
resolve problemas matemáticos ou algébricos; espaço na página;
33 - embora resolva cálculo algébrico 50 - cerca de 80% dos disléxicos têm
mentalmente, não elabora cálculo aritmético; dificuldades em soletração e em leitura.
34 - tem excelente memória de longo prazo, A criança quando apresentar alguns destes
lembrando experiências, filmes, lugares e sintomas, os pais/ ou responsáveis devem ficar
faces; atentos, pois ao persistirem por muito tempo a
35 - boa memória longa, mas pobre criança tem uma grande chance de ser um
memória imediata, curta e de médio prazo; disléxico.
36 - pode ter pobre memória visual, mas
excelente memória e acuidade auditivas; TRANSTORNO DO DÉFICIT DE
37 - pensa através de imagem e sentimento,
não com o som de palavras; ATENÇÃO COM HIPERATIVIDADE
38 - é extremamente desordenado, seus (TDAH)
cadernos e livros são borrados e amassados; Em todo este capítulo estamos vendo várias
39 - não tem atraso e dificuldades desordens, a primeira vista pode até ser
suficientes para que seja percebido e ajudado assustador descobrir que convivemos com
na escola; várias crianças que tem ou podem ter algo não
40 - pode estar sempre brincando, tentando diagnosticado. Mas na verdade o que deveria
ser aceito nem que seja como "palhaço" ; assustar é o fato de ser não fácil identificar
41 - frustra-se facilmente com a escola, com estes problemas. Sobre TDAH mesmo,
a leitura, com a matemática, com a escrita; poderíamos colocar tantos ou mais sintomas
42 - tem pré-disposição a alergias e a do que temos na Dislexia, mas eles seriam tão
doenças infecciosas; semelhantes que pareceria repetição. Ao invés
de falar todos os sintomas vamos então tentar
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mostrar a diferença que nem sempre é clara, A definição de distúrbio de leitura e escrita
11
entre Dislexia e TDAH. Mesmo para os médicos é caracterizado pela dificuldade na aquisição
2
10 12
Fonte: www.tdah.org.br/oque01.php Data de Acesso: Idem ao 10.
30/06/2022.
11 Fonte:
http://www.falemelhor.com.br/reabilitacao/disturbio-
leitura-escrita.php Data de Acesso: 30/06/2022.
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profissionais da área procurar ajuda. “O Recuperação do Ciclo), nesta sala tem 5 alunos
diagnóstico precoce do distúrbio de do sexo feminino e 13 do sexo masculino
aprendizagem é um ponto fundamental para a totalizando 18 alunos entre 9 e 11 anos.
superação das dificuldades escolares” Os testes foram aplicados em duas etapas, a
(MORAIS, 1986:24). primeira era individual com cinco exercícios e a
Alterações visuais podem afetar inclusive, a outra coletiva, que era o ditado.
aprendizagem da leitura e as dificuldades na O primeiro exercício a ser aplicado era a
discriminação auditiva, e da mesma maneira, “Discriminação de Sons”, anexo (3). A criança
podem comprometer o começo da tinha que falar se o som era igual ou diferente,
aprendizagem da leitura. A criança aprende por para isso foram dadas 3 chances para o treino.
meio de seus Sistemas Receptores, a audição e Após o treino não podíamos mais repetir as
a visão, na medida em que erros nestes palavras. Este teste tem 19 sequências de
receptores são os principais canais para a palavras, eles tinham que acertar 14
aprendizagem simbólica. A partir disto sequências, então o resultado por sala ficou
entendemos que a saúde é um dos fatores assim:
importantes para a aprendizagem, o começo
das dificuldades escolares pode ser qualquer Gráfico 4 – Discriminação dos sons 4ªA
problema mínimo de saúde. Discriminação de Sons 4ª A
10
importante é saber diferenciar o que é um 5
0
problema de saúde e o que é apenas uma 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27
Quantidade de acertos
15
8
10
masculino totalizando 36 alunos entre 9 e 11 5
0
anos, sendo que um deles já tem 12 anos. Na 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23
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20 18 18 18 18 17 18 18
16 30
sequências
Total de 20
18 1918 20 18
15
20 14 16 1617
9 11131310 11 12 1311 1312 11 1414
10 8 10 7 9 7
10
5 0
0 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Número do aluno
Número do aluno
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27
14 14 13
azul são os indivíduos que alcançaram a 15 12
10
9
11 11 10 12
6
12
4 3 2 3
pontuação necessária para este teste. As 5
0
colunas que estão com cor amarelo não 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23
Número do aluno
alcançaram a pontuação necessária na
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
aplicação deste teste. 15 16 17 18 19 20 21 22 23
15 11 12
10 10 10
8
não podíamos mais repetir o teste. Eles tinham 10
5
6
4
7
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
669
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sequências
4 4 4
Total de 7
sequência tinha 3 palavras, a quarta e a quinta 4 3 3 3 3 3
0
tinham 5 palavras, os resultados podemos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
6 5 5 5
4
4
3 3
4
2 2
4 4
3
2 2
4 4
2
4
3 3
4 4 4 4
3
4
O quarto teste aplicado nos indivíduos foi o
2
0 teste de “Aliteração”, anexo (5, exercício
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27
Número do aluno
número 4). Neste teste tínhamos que falar 3
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
palavras, duas delas começam do mesmo jeito,
15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 e o indivíduo deve dizer as duas palavras que
O gráfico 10 corresponde ao percentual de têm o mesmo som, a mesma letra no começo.
crianças da 4ªA que participaram deste teste Para isso foi dado um (treino) com três
correspondendo a 14,8% de acertos. sequências, e a partir desta sequência não
podíamos mais repetir caso o indivíduo não
Gráfico 11– Repetição de palavras 4ªB entendesse. Eles tinham que acertar 7
Repetição de palavras 4ª B sequências de um total de 10. O resultado
8 6
deste teste ficou conforme mostras nos
sequências
Total de 7
5 5 5
6
4 2
4 4
2
4
2
4
2
4 4
3
2
3 3
2
3
2
gráficos 13, 14 e 15, vejam:
2 1 1
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23
Gráfico 13 – Teste de aliteração 4ªA
Número do aluno
Teste de Aliteração 4ª A
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
15 16 17 18 19 20 21 22 23
15
sequências
Total de 10
10 10
10 8 7 7 8 8 8 9 8 7 7 7 8
6 7
O gráfico 11 corresponde ao percentual de 5 3
5 5 4 5 5
3
6 5 5 4
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27
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7 7 7 7 7 7 7
6 6 6
5 5 5 5 5
5 3 3
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 80 69 70 69697067 666866 67
Total de 70 palavras
6563 6567 65 62 6365 66
15 16 17 18 19 20 21 22 23 60 60 58 58 58
60 53 54 54
6 5 5 5 5
4 3
2 80 66 68 66 68 69 65 66 65 69 69 6968 70 6867 67
2 1 64 60 62 63 6767
Total de 70
60 53
palavras
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 40
Número do aluno 20
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23
Número do aluno
O gráfico 14 corresponde ao percentual de
Quantidade de acertos
crianças que participaram da pesquisa e
realizaram este teste correspondendo a 9,% de O gráfico 17 corresponde ao percentual de
acerto da sala da 4ªC. crianças da 4ª B que participaram do teste de
O teste de “Leitura de Palavras” anexo (5, leitura correspondendo a 100% de acerto, isto
exercício número 5), foi o quinto teste aplicado é, não estão abaixo da média estipulada que é
nos indivíduos. Eles tinham que lerem as de 70% de acerto.
palavras em voz alta para que possamos Gráfico 18 – Teste de leitura de palavras 4ªC
identificar sua habilidade de leitura. Eram 70 Teste de Leitura de palavras 4ª c
60 53
palavras
16
70%, então neste caso eles tinham que ler 20 2 1
0
corretamente 49 palavras. Não tinha ordem 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
horizontal, vertical ou aleatoriamente, como
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Total de 40
30 24 24 26
Podemos observar que as salas da 4ª A e 4ª
palavras
18 21 21 20 21
20 15 15 13
11
B nenhuma criança ficou abaixo da média de 10
0
leitura, que neste caso são de 49 palavras. 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27
Número do aluno
Porém estes indivíduos estão na média, mas 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
alguns se dão em trocar o “D” por “T”/ “P” por O gráfico 19 corresponde ao percentual de
“B”/ “A” por “E”/ “F por “V”/ além de lerem as crianças da 4ª A que participaram da escrita
palavras com dígrafos erradas. sob ditado correspondendo a 44,4% que
Referente à “Escrita sob ditado” anexo (6), obtiveram resultado satisfatório.
esta foi a sexta atividade aplicada nos Gráfico 20 – Escrita sob ditado 4ªB
indivíduos, sendo a única atividade aplicada Escrita sob ditado 4ª B
13
desaglutinação, se acrescenta, ou até mesmo 15 12 12
palavras
10 7
5
inverte as letras. Analisando os gráficos 19, 20 5
4
1
Quantidade de acertos
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Algumas desordens podem prejudicar as crianças no processo alfabetização, a dislexia, o
TDAH, o DLE e a DPAC, conhecemos cada uma para facilitar a identificação.
Ao analisarmos clinicamente todos os candidatos que realizaram os testes específicos para
um suposto diagnóstico de DPAC podemos constatar que os alunos da 4ª A denominados como
5; 8; 11; 21; 24; 26 e 27, bem como os alunos da 4ª B denominados como 4; 10 e 17, e os alunos
da 4ª C denominados como 2; 4; 5; 9 e 10 são candidatos a um acompanhamento para realização
do exame de Processamento Auditivo.
Lembramos que a sala da 4ª C é a sala do PIC, por todos já terem algum tipo de dificuldade
de aprendizagem, eles necessitam de uma investigação maior.
Concluímos que nesta escola os professores tem um olhar parcialmente diferenciado, pois
algumas das crianças que foram diagnosticadas, também foram percebidas pelos professores,
porém algumas delas os professores não a reconhecem com dificuldades.
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
REFERÊNCIAS
ALARCÃO, Isabel. Professores Reflexivos em uma escola reflexiva. São Paulo: Cortez, 2007.
FREIRE, Paulo. A Importância do Ato de Ler - Em artigos que se completam. 38º ed. São
Paulo: Cortez, 1999.
FERREIRO, Emília; TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artmed,
1999
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1
Professora de Educação Infantil e Ensino Fundamental I na Rede Municipal de São Paulo.
Graduação Licenciatura em Pedagogia; Especialização em Formação Continuada de Diretores; Especialização em
Ensino Lúdico.
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visão perante a arte é desenvolvida com mais que a criança encontra para sua futura criação
amplitude na infância, onde cabem ao advém do que ela vê e ouve, acumulando
professor da educação infantil trabalhar essa matérias que usara para construir sua fantasia.
experiência em sala, esse lado da criatividade e Vygotsky em seu livro La imaginación y El
a imaginação da criança. arte em La infância, relata o desenvolvimento
Sentir, perceber, fantasiar, imaginar e da imaginação criadora, sendo que a partir do
representar faz parte do universo infantil e momento que a criança absorve os primeiros
acompanha o ser humano por toda vida. contatos matérias fundamentais para o seu
Consequentemente ao compreender e aprendizado, ela passa a desenvolver o
encaminhar os cursos de arte para o processo de associação, construindo fazendo a
desenvolvimento dos processos de percepção combinação das imagens internas
e imaginação da criança estará ajudando na relacionando com as externas. Desta forma,
melhoria de sua expressão e participação no Vygotsky (1994), busca compreender como os
ambiente cultural em que vive. processos criativos se desenvolvem.
Por meio da imaginação e a criatividade, as Adorno (1998), afirma que por meio da arte
experiências e os conhecimentos adquiridos e pode se obter algum elemento de verdade,
vivenciados na infância passam a ser visto que, a arte representa realidade histórica
fundamental para interagirem com o mundo social de modo não imediato, Adorno entende
em que vivem. Por meio da imaginação o a arte como um fenômeno histórico social
homem constrói seu mundo, sua filosofia, sua conferindo a história como conteúdo
ciência, sua arte, sua religião. Na filosofia e na inseparável da obra de arte, por isso, para ele ‘’
ciência a imaginação se autodisciplina, criando Analisar as obras artísticas equivale a perceber
normas para que a razão possa produzir de a história imanente nelas armazenadas’’.
maneira mais eficaz. A arte cotem em seu cerne o elemento de
Duarte afirma que a imaginação e arte são navegação, a arte por si só ilusória se distingue
primordialmente a concretização dos da razão que se pretende real, mas em muitos
sentimentos para criar e compreender o momentos acabar por iludir os sujeitos a sua
universo não acessível aos símbolos linguísticos volta. Vale destacar que para Adorno a arte não
e ao pensamento conceitual, Duarte (1995), é uma alternativa ao pensamento racial e nem
afirma que por meio da arte somos levados a o lugar onde se deve chegar pelo abandono da
conhecer nossas experiências vividas, que razão.
escapam a linearidade da linguagem, com isso O autor compreende a arte como categoria
podemos dizer que a arte, por meio da do saber o que permite ao sujeito realizar por
imaginação nos permite o autoconhecimento meio dela um critica razão instrumental como
em todas as fases da vida. forma restrita de acesso ao conhecimento.
Conforme Vygotsky (1982), as percepções Nesse sentido, para a teoria critica, a arte é a
internas e externas são o começo de um manifestação crítica do conhecimento.
processo que serve de base para nossa Conforme Adorno (1998), a definição do
experiência criativa. O primeiro ponto de apoio que é arte depende da relação da manifestação
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
cultural com seu momento histórico ‘’ visto que o individuo em sua trajetória de vida
representações culturais, metamorfoseiam se se apropria de conhecimentos históricos
ao longo da história, quando o não tinham sido produzidos por outros homens formando sua
e muitas obras de arte deixam de o ser ‘’ própria subjetividade.
Adorno (1970), não sendo passível de A vida humana é essencialidade e não mera
determinação eterna , a arte por tanto, não se casualidade, convivência. Se o homem, na
define pelo que ela é , a arte se define a partir própria base de sua existência, é para os outros
do seu outro , a sociedade. que são seus semelhantes, e se unicamente por
Por sua vez, Benjamin (1983), considera que ele é o que é então a sua definição ultima não
o objetivo artístico transporta consigo a é a de indivisibilidade e unicidade primaria,
inscrição de um passado móvel porque adquire mas outro sim, a de uma participação e
significações diferentes no momento da comunicação necessária com os outros.
recepção. A função social da arte modifica-se Mesmo antes de ser individuo o homem é um
de acordo com as condições sociais mudando dos semelhantes, relaciona- se com os outros
também o modo que os indivíduos se antes de se referir explicitamente ao seu eu
relacionam com as obras. Ainda segundo o (HORKHEIMER & ADORNO, 1973).
autor, no princípio de sua história a obra de De acordo com os autores, o indivíduo
arte possui um uso ritualístico, já na Grécia e forma-se em relação com os outros e com o
Idade Média as obras adquiriram o valor de meio, ou seja, pela convivência. Diferente dos
culto e, por fim, na modernidade, o que se outros animais a ontogênese do homem não é
observa é o valor referente à exposição das determinada pela natureza da espécie, mas
obras. pela condição humana que por sua vez, diz
As mudanças relativas à função social da arte respeito a tudo que possibilita a ele
decorrem das transformações ocorridas nas individualizar-se. Por isso, é função social da
condições sociais, tais modificações escola na sociedade contemporânea, além da
possibilitam agregar ou subtrair diferentes transmissão de conhecimento, proporcionar
valores as obras de arte, influenciando assim momentos que permitam a individualização do
tanto momento de produção como receptação sujeito, de modo a auxiliar na formação sua
das obras. personalidade.
O homem ao se objetivar por meio da arte O desenvolvimento não precisaria ocorrer
imprime a realidade aspectos de sua de modo evolutivo e crescente, mas pelo
subjetividade e é igualmente afetado por exercício da adaptação e antecipação de
aquela, tal como de acordo com Benjamin, possibilidades proporcionadas por
ocorre ao narrador durante a narração ‘’ nela experiências e interações com as quais a
ficam impressas as marcas do narrador como criança se depara. Nesse sentido o
os vestígios das mãos do oleiro no vaso de desenvolvimento ocorre num vai e vem
argila. ’’ (BENJAMIN, 1974). A subjetividade dinâmico, simultâneo, desafiador e articulado
humana deve ser entendida como um de modo dialético. Todo esse processo
elemento social e não meramente individual, acontece de maneira articulada entre avanços
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Adaptar a criança ao convívio social é função de instituições tais como a família e a escola;
o questionamento a ser feito é se a escola somente cumpre esta função ou desempenha também
outras funções, de modo a proporcionar a emancipação dos sujeitos envolvidos no processo de
ensino aprendizagem.
Compreende que formar as pessoas para o convívio social significa adaptar os sujeitos e
possibilitar a contraposição á mera adaptação. Assim, a educação, adaptar e promover situações
educativas que favoreçam a formação da autonomia, efetiva sua finalidade.
Para finalizar, os conceitos extraídos do referencial teórico contribuem para esta pesquisa
na medida em que apontam para a atual função social da escola e da arte e para as possibilidades
e dificuldades de realizar a formação por meio da arte nos tempos atuais.
A orientação oficial referentes ás praticas educativas, ás finalidades da educação infantil e
da arte na formação dos sujeitos tornam-se um elemento importante nesta constelação, qual
seja, a relação da arte e a educação, uma vez que permitem a compreensão dos interesses e
definição dos poderes públicos no que se refere a formação dos indivíduos.
683
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
REFERÊNCIAS
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Sueli (org). O ensino das Artes: construindo caminhos. 2. ed. Campinas, SP: Papirus, 2003.
ARIÈS, Philippe. História social da criança e da família. Rio de Janeiro: Zahar, 1981.
ARSLAN, Luciana Mourão; IAVELBERG, Rosa. Ensino de arte. São Paulo: Coleção Ideias em
Ação, 2006.
BARBOSA Ana Mae. Inquietações e mudanças no ensino da arte. São Paulo: Cortez, 2003.
BRASIL. Lei nº. 8.069 de 13 de julho de 1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA.
1990 a. Acesso 08/10/2017.
COHN, Clarice. Antropologia da criança. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed, 2005.
COLL, César; TEBEROSKY, Ana. Aprendendo arte: conteúdos essenciais para o ensino
fundamental, São Paulo: Ática, 2000.
CROSS, Jack. O ensino de arte nas escolas, São Paulo: Cultrix, 1983.
CUNHA, Susana Rangel Vieira da (Org); LEMOS Dulcimarta, Lino (et al).As Artes No Universo
Infantil. Porto Alegre: Mediação, 2012.
684
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
KRAMER, Oliveira e Leite, Maria Isabel (orgs.). Infância: Fios e desafios da pesquisa.
Campinas, SP: Papirus, 1996.
KRAMER, Sônia. A Infância e sua singularidade. In: BRASIL. Ministério da educação. Ensino
fundamental de nove anos: orientações para a inclusão da criança de seis anos de idade.
Brasília: FNDE, Estação Gráfica, 2006.
MARTINS, Mirian C.; PICOSQUE, Gisa; GUERRA, M. Terezinha Telles. Didática do ensino de
arte: a língua do mundo: poetizar, fruir e conhecer arte, São Paulo: FTD, 1998.
MATTOS, Maria Beatriz da Silva Mattos. Orientação Vocacional: A Escolha do Ser: Uma
proposta Transpessoal. São Paulo: Editora Pillares, 2008.
MOREIRA, Ana Angélica Albano. O Espaço do Desenho: a Educação do Educador. 5. Ed. São
Paulo: Edições Loyola, 1993.
OLIVEIRA, de oliveira Marilda (org.). Arte, educação e Cultura. Santa Maria: Ed. da UFSM,
2007.
RICHTER, Ivone Mendes. Inter culturalidade e estética no cotidiano do ensino das artes
visuais. Campinas: Mercado de Letras, 2003.
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CONTRIBUIÇÕES DA LINGUÍSTICA NA
PSICOPEDAGOGIA
Andréa Gomes Malta dos Santos1
RESUMO: Este artigo visa apresentar reflexões sobre a importância da linguística como
instrumento lúdico, por meio da visão de teóricos mais antigos e modernos que se debruçaram
sobre o tema educação e ludicidade e que nos trouxeram luz sobre a educação das crianças, as
brincadeiras e de jogos além da contação de histórias e do faz de conta como instrumento de
educação no ensino fundamental, conectando áreas importantes do cérebro relacionadas a
distintas competências ou conjuntos de habilidades.
1
Professora de Ensino Fundamental II e Médio na Rede Municipal de São Paulo.
Graduação:Licenciatura em Letras Português e Inglês; Licenciatura em Pedagogia; Especialização em Gestão
Escolar; Especialização em Educação Especial e Inclusiva.
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Piaget afirma que há 4 estágios básicos de descreve: “...ao lançar-se numa atividade
desenvolvimento que, segundo Oliveira (2001; desconhecida (o jogo ou brincadeira), o aluno
p. 5-6) são: entrará em conflito; mas logo ao tomar
Sensório-Motor (0-24 meses): Esse conhecimento e compreender melhor as
período inicia com um egocentrismo ideias, este estará assimilando o novo
inconsciente e integral, até que os progressos conhecimento”.
da inteligência sensório-motora levem à
construção de um universo objetivo, onde o METODOLOGIA
bebê irá explorar seu próprio corpo, conhecer
Algumas alternativas mais adequadas que o
os seus vários componentes, sentir emoções,
professor pode desenvolver na sua prática
estimular o ambiente social e ser por ele
pedagógica, focando na utilização de
estimulado, dessa forma irá desenvolver a base
tecnologias assistivas que é de extrema
do seu autoconceito.
relevância, ao levarmos em consideração os
a criança está trabalhando ativamente no
desafios encontrados em sala de aula com a
sentido de formar uma noção de eu depois a
inclusão dos alunos com necessidades
criança inicia alguns reflexos que pelo
especiais. será que os professores estão
exercício, se transforma em esquemas
preparados para trabalhar com este aluno, o
sensoriais- motores.
que é autismo, como podemos desenvolver
II-Pré-operacional (2-7 anos): Nesse período,
atividades que auxiliará este aluno no seu
a partir da linguagem a criança inicia a processo de ensino aprendizagem, onde
capacidade de representar uma coisa por estudos realizados sobre o autismo acumulou-
outra, ou seja, formar esquemas simbólicos. No se conhecimentos teóricos e práticos sobre
momento da aparição da linguagem, a criança esta síndrome que permite um novo olhar
se acha às voltas, não apenas com o universo sobre ela as contribuições dessa ciência para as
físico como antes, mas com dois mundos
práticas pedagógicas, tentando ligar suas
novos: o mundo social e o das representações
correspondências e relações com a
interiores.
aprendizagem e descobertas a Neurociência
Durante esse período a criança continua sobre o brincar podem ampliar a utilização
bastante egocêntrica, devido à ausência de desse recurso nas práticas escolares desta
esquemas conceituais e de lógica, a criança forma torna-se, novas práticas e informações
mistura a realidade com fantasia, tornando um aprendidas mais duradouras e permanentes na
pensamento lúdico o egocentrismo é memória dos aprendizes, o estudo do
caracterizado como uma visão da realidade desenvolvimento humano e os recentes
que parte do próprio eu, isto é, a criança se resultados da neurociência irão corroborar e
confunde com objetos e pessoas nessa fase a reforçar nossas considerações sobre o brincar
criança desenvolve noções a respeito de para a aprendizagem encontramos nas escolas
objetos que serão utilizados na próxima fase, de ensino regular alunos com Autismo.
para formar, a criança está sujeita a vários As causas da não aprendizagem têm
erros para compreender o pensamento assim o
despontado na lista dos principais problemas
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
As atividades linguísticas constitui uma das opções mais relevantes para o
desenvolvimento cognitivo e psicossocial da criança, visa considerar as múltiplas diversidades e
possibilidades que as brincadeiras e os jogos oferecem às crianças quanto ao seu
desenvolvimento de linguagem e a reconstituição da atividade adulta e imitação, ambas calcadas
na realidade de forma que auxilia a criança a dominar a realidade e mediação pela linguagem,
aprendizagem de regras, desenvolvimento do autocontrole e criação de interações voluntárias.
A formação de planos e motivações volitivas (traços essenciais para o desenvolvimento da
consciência e das formas superiores de pensamento), desenvolvimento da autonomia, do
raciocínio e da capacidade de fazer inferências e observações, gerando a construção do próprio
conhecimento, motivação e prazer a Psicologia e da Pedagogia, as evidências neurocientíficas
comprovam o aumento das conexões entre as células cerebrais.
Um ambiente saudável torna-se compatível com a realidade da criança, tornando a
aquisição das informações, em sua forma lúdica, mais permanente e a aprendizagem mais célere
quando a criança brincar, o papel da escola, torna-se, portanto, indispensável entender o brincar
na escola, com todas suas atividades lúdicas, como um mecanismo técnico, pedagógico e
profissional de se alcançar as mais importantes condições da evolução e integração do educando
,o respeito as regras, organização com o material, o meio onde ela está inserida e o educador por
fim, para os professores e educadores, as mediações, com o emprego dos estudos da Psicologia,
da Educação,
A tarefa de educar dentro da modernidade tem exigido de seus educadores cada vez mais
esforços para atender a demanda que lhe é proposta, desde uma boa preparação teórica, ou seja,
sua formação, até a incessante busca de atualização profissional e dedicação ao seu trabalho as
práticas educativas com vistas à identificação dos problemas de aprendizagem escolar.
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
REFERÊNCIAS
CORREIA, L. M.; MARTINS, A. P. Dificuldades de aprendizagem: que são? Como entendê-
las? Porto: Porto Editora, 2006.
VYGOTSKY, L.S. A Formação Social da Mente. (1930). São Paulo: Martins Fontes, 2002. In
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
RESUMO: A Psicopedagogia tem auxiliado muitos alunos e professores no decorrer dos últimos
anos. Tem sido objeto de estudo de muitos professores que compartilham das mesmas angústias
que eu já tive. Como lidar com alunos que possuem dificuldade em compreender determinados
conteúdos? Quais estratégias utilizar? Qual é o momento certo de informar a família de que será
necessário buscar profissionais capacitados para auxiliar a criança a enfrentar aquelas
dificuldades? Diante desses questionamentos, este trabalho tem como objetivo investigar de que
modo a Psicopedagogia pode contribuir para o trabalho educacional com crianças com TEA. Com
sintomas particulares muitas vezes bem definidos, como ecolalias na fala ou ausência total dela,
pouca ou nenhuma socialização com outras crianças, interesses bastante restritos tanto na
alimentação tanto com brinquedos e brincadeiras, agressividade, entre outros, essas crianças
estão cada vez mais presentes dentro da Unidade Escolar em que eu leciono e representam para
mim um grande desafio. Exploramos as principais leis e documentos oficiais que englobam a
questão das deficiências e dos direitos da pessoa com transtorno do espectro autista, e mais
especificamente o trabalho com crianças no transtorno do espectro autistas na Prefeitura do
Município de São Paulo. Ressaltamos neste trabalho a importância de um planejamento
curricular que contemple a diversidade (Pacheco, 2006), onde é importante que cada aluno,
independentemente de ter uma deficiência ou não, possa ter um plano de ensino individualizado,
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
de acordo com suas necessidades. Como metodologia, foi utilizado o estudo de caso
considerando o contexto de uma escola municipal de Educação Infantil de São Paulo. Abordamos
aqui também a questão da comunicação da pessoa com TEA, e as diferentes maneiras em que
esse transtorno pode interferir na comunicação do indivíduo, assim como as principais
contribuições da psicopedagogia para um planejamento adequado. Ainda com relação a
comunicação, ressaltamos aqui a importância do trabalho com as PECS - Picture Exchange
Communication System ou Sistema de Comunicação por Troca de Figuras.
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
rapidamente as revistas, o cinema e também a Dra. Maria Cristina Kupfer, professora titular
literatura. A criança autista atiçava a do Instituto de Psicologia da USP e fundadora
curiosidade das pessoas. O psiquiatra não da Associação Lugar de Vida - Centro de
apenas causou fascínio pela sua teoria, como Educação Terapêutica, em vídeo publicado em
também gerou muito repúdio, principalmente meados de 2012, diz que os psicanalistas
das mães das crianças autistas. Ele mencionava entendem o que os autistas têm a dizer. Eles
em seus escritos, que “as mães das crianças estão no mundo à maneira delas. Não são
pareciam frias e distantes, insinuando que crianças deficientes. São crianças que
talvez isso pudesse relacionar-se também com enfrentam problemas na relação com os
os problemas de contato daquelas crianças” outros. Não tem a ver com o afeto dos pais. A
(KUPFER, 2000, s/p). Em 1946, Kanner recuou e questão está no desenvolvimento psíquico,
escreveu o livro “Em defesa das mães”. relacionado às trocas de prazer e desprazer
Após outros estudos, ficou claro o que ele (trânsito libidinal) . As crianças autistas sofrem
queria dizer em relação à função materna. Não uma desregulação nesse trânsito libidinal e não
eram as mães que eram frias e distantes e que sabem o que fazer quando sentem
por isso não desempenhavam seu papel de prazer/desprazer. Também menciona que há
mãe corretamente. Eram os bebês que não diversas formas de autismo.
podiam absorver essas informações por De acordo com Wing e Potter (apud, MOTA
questões psíquicas, relacionadas à sua saúde 2015, p. 14), no estudo original de Kanner
mental. publicado em 1943, o autismo era considerado
A lei 12.764 de 27 de Dezembro de 2012, que raro, com uma prevalência em torno de duas a
institui a Política Nacional de Proteção dos quatro por dez mil crianças. Estudos realizados
Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro a partir da década de 1990 relataram aumentos
Autista, caracteriza a pessoa com TEA como anuais na prevalência de autismo em crianças”.
aquela com deficiência persistente e Recentemente, têm sido relatadas
clinicamente significativa da comunicação e da prevalências de autismo de sessenta por dez
interação sociais, manifestada por deficiência mil, e até maiores, utilizando um critério
marcada de comunicação verbal e não verbal diagnóstico expandido. Os índices do Centers
usada para interação social; ausência de for Disease Control and Prevention (CDC, 2009)
reciprocidade social; falência em desenvolver e apontam prevalência de 1 caso em cada 110
manter relações apropriadas ao seu nível de crianças e, em dados mais recentes, 1 caso em
desenvolvimento; padrões restritivos e cada 68 crianças, sendo aproximadamente 1
repetitivos de comportamentos, interesses e em cada 42 meninos e 1 em cada 189 meninas.
atividades, manifestados por comportamentos
motores ou verbais estereotipados ou por
comportamentos sensoriais incomuns;
excessiva aderência a rotinas e padrões de
comportamento ritualizados; interesses
restritos e fixos.
697
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
LEIS DE PROTEÇÃO DOS com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua
participação plena e efetiva na sociedade em
DIREITOS DA PESSOA COM igualdade de condições com as demais pessoas
TRANSTORNO DO ESPECTRO (BRASIL, 2015).
Podemos considerar que as crianças com
AUTISTA
TEA estão incluídas nessa definição, e com essa
Com esse aumento expressivo de
lei, passa a ser dever do Estado, da família, da
diagnósticos, políticas públicas foram criadas
comunidade escolar e da sociedade assegurar
para garantir que as pessoas com TEA tenham
educação de qualidade à pessoa com
os mesmos direitos que todos os cidadãos do
deficiência, colocando-a salvo de toda forma
país. Desta maneira, as crianças e adolescentes
de violência, negligência e discriminação.
autistas possuem todos os direitos previstos no
Importante lembrar, ainda, a Resolução 4,
Estatuto da Criança e Adolescente (Lei
de outubro de 2009, que institui as Diretrizes
8.069/90) e os maiores de 60 anos são
Operacionais para o Atendimento Educacional
protegidos pelo Estatuto do Idoso (Lei
Especializado (AEE) na Educação Básica, que
10.741/2003). No ano de 2012, a Lei Berenice
garante o atendimento especializado de forma
Piana criou uma Política Nacional de Proteção
complementar ou suplementar à escola. Na
dos Direitos da Pessoa com Transtorno do
prática, isso significa que o atendimento
Espectro Autista, que determina os direitos dos
especializado não deve substituir a escola, mas
autistas, como diagnóstico precoce,
sim ser oferecido de forma complementar.
tratamento, terapias e medicamento pelo
Todos os alunos com deficiência, transtornos
Sistema único de Saúde, acesso à educação e à
globais do desenvolvimento e altas
proteção social, ao trabalho e a serviços que
habilidades/superdotação devem ser
propiciem a igualdade de oportunidades. A
matriculados nas classes comuns do ensino
partir dessa lei, a pessoa com transtorno do
regular e no Atendimento Educacional
espectro autista é considerada pessoa com
Especializado (AEE), que deverá ser ofertado
deficiência, para todos os efeitos legais, o que
em salas de recursos multifuncionais ou em
permitiu abrigar as pessoas com TEA nas leis
centros de Atendimento Educacional
específicas de pessoas com deficiência.
Especializado da rede pública ou de instituições
Em 6 de Julho de 2015 é instituída a Lei
comunitárias, confessionais ou filantrópicas
Brasileira de Inclusão da Pessoa com
sem fins lucrativos. “O AEE tem como função
Deficiência “destinada a assegurar e a
complementar ou suplementar a formação dos
promover, em condições de igualdade, o
alunos por meio da disponibilização de
exercício dos direitos e das liberdades
serviços, recursos de acessibilidade e
fundamentais por pessoa com deficiência,
estratégias que eliminem as barreiras para sua
visando à sua inclusão social e cidadania”
plena participação na sociedade e
(BRASIL, 2015), considerando pessoa com
desenvolvimento de sua aprendizagem”
deficiência aquela que tem impedimento de
(BRASIL, Resolução Nº, de 2 de Outubro de
longo prazo de natureza física, mental,
2009).
intelectual ou sensorial, o qual, em interação
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Na prática, a inclusão de crianças com TEA alunos com deficiência. Na verdade, todos os
nas escolas da Prefeitura do Município de São alunos têm algumas necessidades especiais e,
Paulo é um grande desafio. O grande número portanto, precisam de um currículo pessoal
de crianças dentro de cada sala de aula (até 35 que varia em extensão, dependendo da
crianças de 4 e 5 anos na Educação Infantil, que situação do aluno. É responsabilidade da escola
é onde eu atuo), a falta de um professor ajustar seu trabalho de todas as formas
assistente dentro de sala para auxiliar, a falta possíveis para atender às necessidades dessa
de formação e conhecimento sobre as criança em relação aos aspectos cognitivos e
especificidades de cada criança corroboram sociais.
para muitas dúvidas e incertezas sobre como Independentemente se todos os alunos
planejar e como agir com essas crianças. possuem um PEI - Plano de Ensino
No próximo tópico, abordarei sobre o Individualizado ou apenas alguns, esses planos
planejamento curricular para crianças com precisam levar em conta as necessidades
transtorno do espectro autista. globais dos alunos, explicar como suas
necessidades especiais serão atendidas,
PLANEJAMENTO CURRICULAR identificar os objetivos dos planos e explicar
como o resultado será avaliado. A criação de
QUE CONTEMPLA A um PEI oferece uma oportunidade importante
DIVERSIDADE para a colaboração de professores, pais,
O currículo escolar é uma declaração da alunos, especialistas e administradores para
política da escola, baseada no Currículo melhorias educacionais. É importante que ele
Nacional, e aborda questões como objetivos, esteja em conexão com o currículo da turma. A
implementação e avaliação. Também descreve implementação de um plano que leve em conta
as circunstâncias necessárias para atingir esses a necessidade particular uma criança pode
objetivos estabelecidos. Em outras palavras, envolver todos os aspectos educacionais,
Um currículo é um tipo de plano detalhado desde o trabalho escolar inteiro até as
para os alunos, para suas famílias e para seus mudanças dentro de uma sala de aula.
professores, mostrando-lhes o que se encontra É importante ressaltar a participação dos
à frente em relação ao trabalho escolar. Um pais, pois eles conhecem melhor a criança e é
currículo deve refletir o fato de que os alunos difícil tomar decisões importantes sobre
são diferentes uns dos outros e tem questões acadêmicas e sociais sem consultá-
necessidades diferentes. O currículo precisa los em todas as etapas. Os pais também podem
enfatizar o crescimento emocional, assim criar um vínculo entre o trabalho escolar e a
como as habilidades sociais e de comunicação vida doméstica.
de todos os alunos, além de seus objetivos Esses planos devem contemplar medidas a
acadêmicos (PACHECO, 2006, p.99) curto, médio e longo prazo e que sejam
Como mencionado acima por Pacheco, também constantemente revisitados conforme
consideramos que cada aluno tenha uma as crianças vão progredindo ou não em direção
necessidade educacional diferente, e não só os aos objetivos estabelecidos.
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do espectro autista. Ele ainda não possui laudo, demonstra desconforto e nem avisa quando
mas está sendo acompanhado por médicos e faz suas necessidades. Sua adaptação à rotina
fazendo exames para que se possa chegar a um escolar foi tranquila. Ele gosta bastante de
diagnóstico, isto é, está em processo de explorar os espaços da nossa escola. Ele não
avaliação. Para os fins desse estudo, considera- consegue permanecer no mesmo espaço que o
se que ele tem uma hipótese diagnóstica de restante do grupo por muito tempo e acaba
Transtorno do Espectro Autista. Ele começou a sempre indo para outros lugares. Neste
frequentar as aulas presenciais em Setembro momento, o papel da AVE - Auxiliar de Vida
deste ano. Devido a ser muito seletivo na Escolar, é trazê-lo de volta ao grupo.
questão da alimentação (ele apenas toma leite
sem lactose, iogurte e algumas bolachas • Rotina Escolar
específicas), a família demorou para decidir por Durante os primeiros dias de aula, deixamos
enviá-lo para a escola, já que a sua presença Pedro à vontade para explorar os espaços da
ainda é facultativa devido a pandemia do escola. Sempre com o auxílio da AVE - Auxiliar
COVID-19. Pela experiência anterior que eles de Vida Escolar, ele circulou um pouco pelas
tiveram quando o Pedro frequentava a creche, outras salas de aula da escola, pelo parque,
ele passava muitas horas na escola sem comer pela secretaria, sempre muito atento a tudo
absolutamente nada e a família estava que estava ao seu redor.
bastante preocupada que ele pudesse ficar Passado o período de adaptação, que foi
longos períodos sem comer também na EMEI. bastante tranquilo (ele chorou na despedida da
Desde o início desse ano, entretanto, família apenas no primeiro dia), passamos a
mantivemos conversas frequentes com os pais adotar algumas estratégias para conseguir que
dele, para saber um pouco sobre o seu Pedro ficasse mais tempo junto a sua turma.
desenvolvimento. Nessas conversas, os Observamos o grande apego que ele tem por
familiares relataram a dificuldade de realizar um caminhãozinho de madeira da nossa
com ele as atividades que são propostas para escola, e fazer com que esse brinquedo fosse o
todo o Infantil I e que são publicadas ponto de referência dele. Por exemplo, nos
diariamente na plataforma Google Sala de momentos em que era esperado que as
Aula, pois elas eram muito “complexas” para o crianças sentassem em roda, colocávamos o
Pedro. Em Setembro, quando finalmente caminhãozinho no chão, e demos a orientação:
pudemos conhecê-lo pessoalmente, “Senta perto do caminhão, Pedro”. E assim
observamos que ele é uma criança bastante sucessivamente, nos outros espaços da escola
carinhosa. Gosta de abraçar as pessoas e gosta também. Esta foi a primeira estratégia que
de estar perto de outras crianças também. construímos para que Pedro passasse a se
Brinca muito com bola, se interessa por integrar mais com sua turma de referência.
manusear objetos coloridos, folhear livros e Suas fugas da sala de aula, entretanto, são
revistas e de brincar com água. Fala algumas bastante frequentes.
poucas palavras, como avião, bola, trem, tchau Pedro é uma criança muito observadora e
e alguns números. Faz uso de fraldas e não que gosta muito dos números. Ele se encanta
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com as letras do alfabeto móvel e fica feliz colocamos em um local de fácil alcance para ele
quando encontra números lá misturados. (canto inferior da lousa da sala), afixado com
Muitas vezes ele fala o nome do número que um pedaço de velcro. O objetivo era o de
encontra. Certa vez, as crianças da sala dele mostrar a figura para ele cada vez que ele
estavam todas na área externa da escola procurasse por uma bola, ensinando-o a
brincando, além de outros brinquedos, com “trocar” a figura por uma bola de verdade, e
caminhões-baú de madeira (que são um dos por consequência, ensinando para ele uma
brinquedos preferidos dele na escola). Neste maneira de se comunicar.
dia, ele observou que todos os caminhões eram O primeiro contato com a figura da bola
numerados na parte de baixo (por questão de impressa trouxe bastante euforia. Pedro
organização da escola, numeramos os repetiu a palavra “bola” muitas vezes ao ver a
brinquedos para guardar junto com as crianças imagem e gostou de carregá-la consigo o dia
e perceber quando um caminhão ficou todo. Foi necessário alguns dias para que ele se
perdido). Instantaneamente, Pedro pegou desprendesse da figura, para que pudéssemos
todos os carrinhos que estavam dentro da caixa começar a incentivá-lo a se comunicar por
e começou a colocá-los na ordem numérica, meio dela. Acreditamos que a comunicação por
lado a lado. Porém como as outras crianças meio de figuras é um processo, por isso
estavam utilizando alguns dos carrinhos, ele continuamos a insistir diariamente nessa
não conseguia terminar sua sequência questão, mas até o momento da escrita deste
numérica, o que o deixou bastante trabalho ainda não conseguimos nenhum
desestabilizado. Pedro então, começou a avanço.
correr e a levantar o carrinho de todas as O fato de Pedro faltar bastante à escola,
crianças, para procurar pelos números que ele faltas essas quase sempre justificadas por idas
precisava para completar sua sequência. As ao médico e também doenças, influenciam no
crianças, claro, não queriam emprestar o seu desenvolvimento escolar. Sentimos que
carrinho para ele naquele momento, o que quando ele se ausenta da escola por um longo
gerou um desconforto grande para ele. período, ele fica mais propenso a fugas da sala
De tudo que pudemos observar de Pedro de aula, e fica mais sensível quando precisa
neste tempo, o que mais nos chama a atenção deixar os brinquedos na sala para ir se
é que ele não se utiliza da linguagem para alimentar, ou quando precisa trocar a fralda,
comunicação. Apesar de falar algumas por exemplo.
palavras, ele não as utiliza para nos mostrar o
que quer. Por exemplo, ele sabe falar a palavra REFLEXÃO E PROPOSTA DE
“bola”, mas ele não nos diz “bola” quando quer
uma para brincar. Sendo esse seu brinquedo INTERVENÇÃO
preferido, optamos por iniciar o trabalho de Como vimos no Campo Conceitual, o
comunicação por troca de figuras (PECS) com a trabalho de inclusão do aluno Pedro na escola
foto de uma bola. Fizemos a impressão de uma é uma questão de direitos, como mencionado
foto real de uma das bolas da escola e nas lei 12.764 de 27 de Dezembro de 2012 e
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7.A criança possui algum objeto de apego? 5º passo: auxiliar a criança no processo de
(ex: chupeta, paninho, brinquedo que não construção da rotina. É importante apresentar
fica sem) fotos que contenham qual será a rotina do dia.
8.Quais são os interesses da criança? Assiste O aluno com TEA aos poucos compreende que
televisão? Quais os desenhos favoritos? há um horário certo para brincar no parque,
9.Qual a relação da criança com os sons? Ela para comer, para trocar a fralda, para lavar as
se incomoda com barulhos? Quais sons que mãos, para desenhar, entre outros.
ela gosta de ouvir? 6º passo: para alunos com TEA, é muito
10.Geralmente, do que gosta de brincar e importante incentivar a comunicação verbal, já
como brinca? que a maior parte deles apresenta algum tipo
11.A criança utiliza da linguagem para se de distúrbio na fala. É o momento de entender
comunicar? Se não, como ela se comunica? quais as necessidades imediatas da criança, e
Fonte: A autora escolher uma figura que possa ser o ponto de
partida para o trabalho com as PECS.
2º passo: após conversar com a família, e 7º passo: para que o trabalho com as PECS e
sabendo um pouco mais sobre a criança, é todo o trabalho desenvolvido dentro da
importante preparar a sala de aula para Unidade Escolar seja efetivo, é importante que
recebê-la, retirando do alcance objetos que a família esteja sempre acompanhando esse
possam ser perigosos (para a maior parte dos processo, para isso, converse com a família
alunos com TEA, um simples frasco de com bastante frequência para alinhar o que
sabonete líquido ou álcool gel já representa está sendo feito na escola com o que está
perigo). sendo feito em casa.
3º passo: preparar uma caixa com
brinquedos e materiais diversos que possam
ser manipulados pelo aluno. É importante
selecionar alguns brinquedos parecidos com o
que ele gosta de brincar em casa (daí a
importância da entrevista inicial com as
famílias). O aluno Pedro gostava muito de
trens, e por isso, colocamos na sua caixa alguns
carrinhos, trenzinhos e outros brinquedos que
ele poderia vir a se identificar. O objetivo dessa
caixa é que ela seja um apoio para os primeiros
dias na adaptação desse aluno na escola.
4º passo: durante a adaptação, permitir que
a criança conheça e explore os espaços da
escola. Olhar e escuta atenta são essenciais
para perceber as necessidades da criança.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O ano de 2021, assim como o ano de 2020, foi um ano de muitos desafios para todos nós,
e também para a área da Educação. Os profissionais precisaram aprender formas diferentes de
ensinar e a modalidade presencial, tão essencial para a aprendizagem significativa, só pode ser
retomada, ainda assim com ressalvas, no final do mês de Outubro. Precisei mencionar isso aqui,
pois obviamente isso impactou e muito o desenvolvimento dessa pesquisa. Como planejar para
alunos que você não conhece? Como planejar atividades para que as famílias façam com as
crianças, sem saber o grau de instrução dessas famílias e os recursos (tecnológicos ou não) que
elas possuem em casa?
A pandemia do COVID-19 claramente ampliou ainda mais as desigualdades no nosso País.
De um lado, tivemos alunos de escolas particulares, tendo aulas por meio de chamadas de vídeo
diariamente e de outro, alunos de escolas públicas que muitas vezes não tinham nem telefone
em casa. Acompanhar o desenvolvimento desses estudantes no decorrer do ano foi muito difícil.
Foram poucos aqueles que de fato acessaram a plataforma do Google Sala de Aula e fizeram as
atividades propostas diariamente. Fica muito claro que para um aluno com TEA, realizar essas
atividades foi muito mais difícil. Complexo também para nós professores, que sem conhecer a
criança, tivemos que realizar um planejamento comum a todos, sem considerar as
especificidades de cada criança.
O aluno do nosso estudo de caso começou a frequentar as aulas presenciais somente no
mês de Setembro, porque infelizmente, os critérios que foram estabelecidos pela SME não
permitiam que todas as crianças frequentassem a escola. Na Educação Infantil, não houve a
possibilidade de rodízio de estudantes. Sendo assim, os 30% dos alunos que frequentaram as
aulas de fevereiro a agosto, foram os mesmos. Os outros 70% ficaram no ensino remoto grande
parte do ano, grupo este que nosso aluno Pedro fez parte.
Tivemos então apenas 4 meses de trabalho efetivo e presencial com ele em sala de aula,
o que com certeza não foi o suficiente para desenvolver todo o trabalho que queríamos. O
trabalho com as PECS, por exemplo, não evoluiu tanto quando poderia se tivesse sido
implementado desde o mês de Fevereiro. Mas de maneira geral, conseguimos ver um avanço
muito grande em termos comportamentais. A cada dia que passa, percebemos que Pedro
entende mais a rotina escolar, interage mais com as crianças e também fala mais - mesmo que
por meio da repetição daquilo que falamos (ecolalias). Para nós isso já é um ganho muito grande.
Com certeza todo esse trabalho que desenvolvemos até agora será ampliado no próximo ano.
O objetivo principal dessa pesquisa era o de entender quais ferramentas da
psicopedagogia poderiam ser utilizadas para auxiliar no planejamento curricular de crianças com
TEA. Acredito que além disso, pudemos compreender a importância de um planejamento
curricular individualizado, que leve em consideração as necessidades individuais de cada criança,
tendo elas alguma deficiência ou não. Esse assunto poderia ter sido inclusive mais explorado no
decorrer deste trabalho.
Com certeza o curso de Psicopedagogia me forneceu mais ferramentas para trabalhar com
meus alunos no dia-a-dia, o que era meu objetivo com este curso. Me sinto mais preparada para
lidar com crianças com dificuldade de aprendizagem e com certeza me sinto mais confiante em
tentar outras estratégias para que a criança consiga aprender e também tenho mais
conhecimento para poder conversar com os familiares da criança a respeito.
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REFERÊNCIAS
BONDY, Andy; FROST, Lory. Sistema de Comunicação por troca de Figuras (PECS): O que
é PECS?. Disponível em: https://pecs-brazil.com/sistema-de-comunicacao-por-troca-de-figuras-
pecs/. Data de Acesso: 20/07/2022.
MARIA Cristina Kupfer -. S.I.: Arte! Brasileiros, 2013. (477 min.), son., Psicanálise e autismo
color. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=j6N91j38MAA. Data de Acesso:
20/07/2022.
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consequências no decorrer de sua vida, sendo Se essa criança entra na escola/creche e tivesse
que quando é feita uma interferência, logo nos professoras e colegas que soubessem Libras?
primeiros anos de vida essa situação pode ser Um dos recursos que podemos utilizar para
revertida. Ainda Sacks (2010), nos mostra no chegarmos a uma resposta é recorrer às leis
depoimento da Srª Sarah Elizabeth, mãe de que possam garantir que essa aquisição da
Charlotte, uma menina de quatro anos, que diz língua de sinais seja acessível à criança surda a
respeito à visão dos pais ouvintes sobre o partir do primeiro ano de vida, proporcionando
processo de aquisição de língua de sinais e os condições para formação de professores e
desafios que eles tiveram de enfrentar e intérpretes de libras que receberam esses
aprender. alunos nas unidades escolares.
Ouvimos o diagnóstico da surdez profunda
de nossa filha Charlote, quando ela estava com O PROFESSOR COMO
dez meses de vida. [...] Começamos as aulas de
língua de sinais estudando em casa o Inglês MEDIADOR DO CONHECIMENTO
Exato em Sinais (Signed Exact English, SEE), E AQUISIÇÃO DA LIBRAS PELA
uma réplica precisa em sinais do inglês falado,
CRIANÇA SURDA NA EDUCAÇÃO
que a nosso ver nos ajudaria a transmitir nossa
língua, literatura e cultura inglesas à nossa INFANTIL
filha. [...] Depois de um ano, decidamos passar Segundo as Orientações Curriculares e
da rigidez do SEE para o inglês em Sinais proposição de expectativas de aprendizagem
(Signed English), uma língua franca que mistura para Educação Infantil e Ensino Fundamental:
o vocabulário da Linguagem Americana de Libras (2008), a criança surda se apoia primeiro
Sinais, que é mais visualmente descritiva, com na visão para reconhecer as pessoas e aos
a sintaxe do inglês, que é familiar [...] agora locais. Para isso, é importante que a criança
estamos passando para a Linguagem surda aprenda a prestar atenção ao rosto do
Americana de Sinais, estudando-a com uma professor e das pessoas que convivem com ela,
mulher surda que é usuária nativa dessa mantendo sempre a comunicação visual, pois é
linguagem, consegue comunicar-se por sinais por meio dela que a criança irá compreender e
sem hesitação e é capaz de codificar essa usar as expressões faciais e corporais, além
linguagem para nós, ouvintes (SACKS, 2010, disso, por meio do acompanhamento com o
p.64-65). olhar a criança aprende a distinguir a
Podemos observar que o atraso no localização de objetos ou das pessoas.
desenvolvimento de uma criança surda que E, no mesmo documento, temos escrito que
não teve acesso à língua de sinais no período o professor precisa conhecer as necessidades
pré-linguístico pode acarretar atraso também das crianças nos planos afetivo, cognitivo e
no desenvolvimento afetivo e social. E motor, além de promover o seu
passamos a um novo questionamento, mas se desenvolvimento em todos os níveis. Com o
a criança surda, filha de pais ouvintes, tivesse objetivo de desenvolver a pessoa, e não apenas
acesso à língua de sinais desde o nascimento? o desenvolvimento cognitivo. O professor na
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Educação Infantil tem um papel de extrema pais, professores ou outros. Assim que a
importância, pois deverá responder as comunicação por sinais for aprendida - e ela
necessidades especificas das crianças ouvintes pode ser fluente aos três anos de idade - tudo
e surdas e atuar como mediador no processo então pode decorrer: livre intercurso de
de aprendizagem de ambas. pensamento, livre fluxo de informações,
Ele deve ver a criança surda como alguém aprendizado da leitura e escrita e, talvez, da
que é diferente por não poder ouvir, ou seja, fala. “Não há indícios de que o uso de uma
ela não é menos capaz se comparada com as língua de sinais iniba a aquisição da fala. De
crianças ouvintes. Se observarmos dessa fato, provavelmente ocorra o inverso” (SACKS,
forma, seremos capazes de olhar para a criança 2010, p.38).
surda e vê-la de forma ativa e com um modo O papel do professor é de mediador,
próprio de significar o mundo por meio da partindo do pressuposto que todo o
língua de sinais. aprendizado é necessariamente mediado. Por
O professor terá um papel de suma isso, o professor deve ser ativo, pois o primeiro
importância na vida dessas crianças surdas na contato da criança com as atividades,
Educação Infantil, pois deverá interagir com habilidades ou informações devem ter a
elas a todo o momento, não apenas acolhendo participação do adulto. Acima de tudo, o
com carinho, mas também conversando com professor precisa: Acreditar que elas podem
elas na hora do banho, da alimentação, das aprender e que sua vivência na Educação
brincadeiras de roda e todas as outras Infantil lhes será benéfica; portanto é preciso
atividades pertinentes a sua idade, sempre preparar cuidadosamente as atividades que
levando em consideração todas as propõe.
possibilidades de comunicação por meio de As crianças surdas tem um grande potencial
sinais, expressões faciais e corporais. Ele será principalmente nas atividades visuais;
responsável por responder e fazer perguntas Organizar atividades diversificadas em
que possam esclarecer dúvida e ensinar regras sequências que possibilitem a retomada de
sociais de seu grupo social. passos já dados; Estabelecer rotinas diárias e
O uso da língua de sinais deve ser constante, regras claras para melhor orientar as crianças;
ainda que as crianças ainda não tenham Estimular sua participação em atividades que
domínio da língua, por estarem iniciando a sua envolvam diferentes linguagens e habilidades,
aquisição. Dentro do ambiente da sala de aula, como linguagem corporal, trabalhos manuais,
tanto os alunos ouvintes como os alunos desenho etc., e promover-lhe variadas formas
surdos, terão o mesmo direcionamento nas de contato com o meio externo; dar-lhes
atividades, porém os alunos surdos terão o oportunidade de ter condições instrucionais
contato com a Libras como primeira língua e os diversificadas: trabalho em grupo, aprendizado
alunos ouvintes terão o aprendizado da Libras cooperativo, uso de tecnologias, diferentes
como segunda língua. As crianças surdas metodologias e diferentes estilos de
precisam ser postas em contato primeiro com aprendizagem. O uso de recursos visuais, como
pessoas fluentes na língua de sinais, sejam seus apoio às produções escritas, pode ajudar as
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Percebemos, que além de nos conscientizar que precisamos trabalhar com afinco a fim de
oferecer uma educação de qualidade para nossas crianças, em uma sala de aula que tenha um
aluno surdo, é de grande importância a presença de um professor bilíngue e de um instrutor
surdo, que será o modelo que usuário da Libras, possibilitando que às crianças, tanto às ouvintes
como às surdas, tenham contato com essa língua.
A escolha de um só autor neste artigo foi juntamente por causa do titulo: “ Vendo vozes:
uma aventura ao mundo dos surdos,” de Sacks. Pois relata a fala do pensamento do Surdos numa
modalidade visu-espacial aonde as mãos tem a função da fala, os olhos a do ouvido, e todo este
processo faz parte do pensamento, do processo neural, sendo assim entramos na questão atual
da neurociência e da neurolinguística.
Outra questão que me chamou atenção no livro que Sacks nos diz de uma aventura ao
mundo dos Surdos. Porém sendo professora Bilingue já alguns anos e atuando percebo que estou
em dois mundos que descreverei.
Portanto, é possível dizer que há dois mundos, dois mundos que crescem, dois mundos
distintos linguisticamente e culturalmente. Mundos com identidades diferentes, mas, quais são
estes mundos?
Um destes mundos gosta de conversar de perto, gosta de música. O outro também gosta
de conversar, e como! No entanto, esta conversa pode acontecer mesmo quando um está longe
do outro, sem gritos ou vozes altas, pois, esse outro universo possui um campo de visão, você
pode ver vozes.
Quando entro neste mundo onde posso ver vozes estou deixando um mundo,
aparentemente, e entrando em outro, para acessar este outro lugar é preciso atravessar uma
ponte: E eu vou lá, atravesso, buscando fazer parte daquilo tudo, quebrando assim minha
barreira de comunicação.
Sim a barreira é minha, pois sendo ouvinte tenho uma dificuldade, uma barreira, causada
por um transtorno de aprendizagem, que deixa a minha escrita e fala, diferente das demais
pessoas.
Por essa razão me coloquei a procurar como romper o trauma e descobri, ou seja,
encontrei uma forma de comunicação que me faz refletir sobre o que é comunicação, ela me traz
alegria quando estou dialogando. Este mundo em que entro, por meio desta ponte, me faz pensar
que este meu novo lugar é melhor do que o outro.
Mas, então, eu percebi que a ponte liga estes mundos, mesmo tão distantes, com tantas
barreiras podem eles estar juntos, espero que no futuro estejam cada vez mais perto. Que as
crianças aprendam desde pequenas a unir os mundos.
Atuando em uma escola polo de Libras aonde as duas línguas vão inevitavelmente se
cruzarem e fazer uma ponte, percebi que ao brincar com as crianças ouvintes no parque de
repente percebo que elas pararam de conversar e olhavam para as minhas mãos, pois estava
conversando com uma professora surda e foi a primeira vez que elas me viram sinalizando, neste
momento percebi a ponte, a ligação entre os mundos.
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Tambem quando coloco um vídeo de música onde tem a janela de Libras as crianças
ouvintes além de cantar a música começam a imitar a intérprete ou então a observar a expressão
facial. Sem perceberam a tão importante da ponte entre os mundos.
Enfatizando que não são sós os surdos que precisam saber o português na forma oral ou
escrita, mas os ouvintes precisam aprender Libras para saberem se comunicar com um surdo, a
Libras também estimulará no cérebro do ouvinte áreas não estimuladas pela língua oral. Ao
trabalhar no pólo do município de São Paulo, pude perceber que as crianças ouvintes começaram
a se interessar em aprender a Libras para conversar com os colegas surdos, pois estão na mesma
escola. Só que os surdos ficam numa sala com surdos onde têm aquisição da Libras, mas vão aos
eventos da escola com as crianças ouvintes das outras salas e nestes eventos têm intérpretes.
Assim os ouvintes aprendem com os surdos e os surdos aprendem com os ouvintes e na
convivência respeitam uns aos outros. Desta forma, concluímos que podem ser nas estruturas
educacionais que se formarão os cidadãos surdos com igualdade de condições sociais e
intelectuais para participarem ativamente da sociedade brasileira de forma digna, sendo
respeitadas as questões biculturais e a identidade surda, e por consequência as comunidades
surdas.
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REFERÊNCIAS
PEREIRA, M. C. da C. Língua, Linguagem e Educação de Surdos. In. : Curso de formação de
professores em educação especial com ênfase em surdez. São Paulo: UPM, 2012. (acesso
restrito)
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RESUMO: Esse estudo teve como objetivo levantar breves reflexões sobre o currículo e sua
relação com a universidade após a reforma do ensino superior no Brasil na década de 1990, e
seus reflexos na pós-graduação stricto sensu. Para tanto, recorreu-se a uma investigação
bibliográfica, cujos principais colaboradores foram: Arroyo (2013), Apple (1979), Saviani (2011),
Minto (2006) e Bianchetti, Valle e Pereira (2015). Foi possível verificar que a ideologia neoliberal,
em prol do desenvolvimento capitalista, influencia nas estruturas reguladoras da universidade e
da pós-graduação, reorganizando o currículo destas com o intuito de promover o crescimento
econômico em detrimento da qualidade educacional.
1Professora de Educação Física no Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Goiás – Campus
Formosa.
Graduação: Ma. em Educação pela Universidade Federal de Goiás – REJ.
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2Compreende-se reestruturação produtiva enquanto um influência sobre as políticas públicas que favorecem a
processo que se desenvolve no âmbito econômico em promulgação de seus interesses.
que se consolidou o modelo flexível de trabalho, alinhado 3 Compreende-se que a universidade não é o único lugar
ao modo de produção capitalista, que, por sua vez, para o desenvolvimento do ensino superior conforme as
controla os meios de produção e distribuição, retirando características apresentadas, no entanto, para este
do Estado o controle sobre o mercado, mas incidindo momento, a universidade será utilizada como foco
dessas reflexões análises.
724
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
ousaram esperar. Uma história que não possuem contratos de gestão com o Estado,
permite ilusões, mas que nos oferece um (CHAUÍ, 1999).
ensino superior adequado aos moldes de uma Dentre as reformas do Estado, temos a
sociedade também repelida em suas reforma do ensino superior, que não é algo
possibilidades, despojadas de muitas das mais inovador na história do Brasil, mas foi nesse
elementares realizações sociais historicamente período que as modificações se tornaram mais
possíveis, até mesmo nas sociedades latentes e consolidadas. Essa reforma adquiriu
comandadas pelo capital (MINTO, 2006, características próprias do ethos do
p.275). capitalismo neoliberal que se desenvolveu a
Com a crise estrutural do capital (crise de 68- partir de fragmentações e concepções elitista
73), a sociedade capitalista sofre um período de sociedade.
de grande recessão, principalmente pela baixa Um dos principais eixos da reforma do
taxa de crescimento econômico e o aumento ensino superior é a legislação. Na década de
da taxa de inflação. Com o desemprego a nível 1990, a articulação de dois ministérios é
estrutural e a inflação desequilibrada foram importante para a regulamentação da
necessárias grandes alterações nos meios de educação superior – o já extinto MARE
produção para garantir a manutenção do (Ministério da Administração Federal e
capital. Esse período entre crises e transições Reforma do Estado) e o MEC (Ministério da
foi o momento oportuno para a intervenção Educação). Minto (2006), nos mostra que a
dos neoliberais com seus ideais de controle do reestruturação da Lei de Diretrizes e Base da
Estado. Educação Nacional (LDB) – Lei 9.394, de
No Brasil, esse movimento se tornou mais dezesseis de dezembro de 1996, é um dos
consolidado com o governo de Fernando principais instrumentos da reforma do ensino
Henrique Cardoso na presidência da República superior. Isso se dá de forma velada, não há
(1995-2002), e assim a década de 1990 fica grandes propostas de alterações, no entanto a
marcada pela Reforma do Estado. Essa reforma principal preocupação está no caráter “fluido”
se caracteriza pela modernização das da LDB, ou seja, propostas que de tão vagas,
atividades exercidas pelo Estado que foram abrem possibilidades para várias
reorganizadas e distribuídas por setores. Um interpretações, que abrem lacunas propositais
setor em especial nos chama a atenção: Setor para os interesses econômicos, algo ensejado
dos Serviços Não-Exclusivos do Estado. Trata- pela Reforma do Estado.
se aqui de serviços que podem ser realizados Com base nas reformulações da LDB/1996,
por empresas não-estatais, sem qualquer tipo destacamos dois pontos problemáticos a
de política de legislação que oriente esses serem discutidos: a autonomia do ensino
serviços. No entanto, nos chama a atenção superior e a ruptura com as características da
alguns serviços que estão submetidos a essa universidade.
prática: educação, saúde, cultura e utilidades Segundo Minto (2006), um dos pilares da
públicas conhecidas como “organizações reforma do ensino superior estava em
sociais”, que são prestadores de serviço que proporcionar maior autonomia às Instituições
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de Ensino Superior (IES). Todavia, essa com os interesses do mercado de trabalho. Nas
autonomia está alicerçada “na capacidade de palavras de Gramsci (2011), “as academias são
as IES públicas serem autossuficientes em o símbolo, ridicularizado frequentemente com
relação ao financiamento (por meio de fontes razão, da separação existente entre a alta
“alternativas”, sobretudo do setor privado) e, cultura e a vida, entre os intelectuais e o povo”
dessa forma, cada vez mais independentes do (p. 40).
aporte de recursos estatais”4 (p. 163). É
1 Portanto, Minto (2006), assevera que as
possível notar a despreocupação em legislar medidas da reforma traziam o discurso de
sobre a seguridade curricular, didática, “eficiência” e “produtividade” para as
científica, cultural, artística e o caráter Instituições de Ensino Superior (IES). Ou seja, a
indissociável do ensino pesquisa e extensão reforma propulsiona para uma formação
nas IES. concernente aos interesses do mercado de
O segundo ponto de destaque está trabalho. Submete-se o processo educativo ao
relacionado ao esvaziamento do sentido das processo produtivo, numa perspectiva
universidades. Conforme o artigo 52 da LDB, fragmentada, flexibilizada, precarizada e
parágrafo único: “É facultada a criação de alienada5. É visível nas universidades o que o
2
4 Essa afirmação é com base no art. 54 da LDB de 1996. percorre quatro momentos inseparáveis, em que ocorre
5 Considera-se aqui alienação numa concepção o estranhamento sobre o processo de produção, sobre o
marxiana, tomando-a como sinônimo de estranhamento, produto produzido, sobre o gênero humano e sobre a
conforme se encontra nos Manuscritos econômico- humanidade de maneira geral.
filosóficos de Karl Marx. O processo de estranhamento
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6 O foco de análise desse artigo está na pós-graduação sobre os desdobramentos para a pós-graduação latu
stricto sensu, por esse motivo não nos debruçaremos sensu.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com a exposição realizada, vemos que o currículo se configura como a instituição de
ensino em funcionamento, e sua compreensão ultrapassa os limites da seleção de conteúdos e
perpassa à noção que se tem sobre educação, formação humana e sociedade. Porém, dentro na
estrutura da sociedade capitalista, o currículo assume características de produção e reprodução
do modo de produção hodierno.
Nesse sentido, com a intervenção neoliberal e a inserção do Brasil na globalização
financeira houve a privatização de empresas estatais, redução e redefinição dos atributos do
Estado, entre outros (KREIN, 2007). Isso abriu precedência para grande interferência da
administração empresarial nas universidades via legislação, normatizações, além da inseminação
da ideologia de mercado.
Tem-se então a universidade e a pós-graduação que caminham conforme os moldes
neoliberais, ou seja, sobre a égide de uma era “modernizadora” e “racionalizadora”, cujas
principais características são as de privatização, flexibilização e terceirização. A ciência se esvai
de suas finalidades de contribuições sociais para atender as demandas do mercado econômico.
Em vista desses elementos, levanta-se a necessidade de se pensar a reestruturação do
currículo da pós-graduação, redefinir o papel das entidades financiadoras, repensar a
organização dos cursos de mestrado e doutorado conforme o tempo e espaços de acordo com a
necessidade e especificidade de cada campo do conhecimento, com o intuito de possibilitar o
retorno à essência da função social da universidade e da pós-graduação.
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REFERÊNCIAS
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KREIN, J. D. Tendências recentes nas relações de emprego no Brasil: 1990-2005. 2007. 329
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Campinas, Campinas, SP. 2007.
MARX, K. O capital: crítica da economia política. Volume I. 3 ed. São Paulo: Nova Cultura, 1988.
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RESUMO: Em 2020, o mundo inteiro se deparou com um vírus mortal o Covid-19, que trouxe
consigo uma grande propagação de contágio, gerando caos em toda a população. No Brasil, para
conter a disseminação desse vírus, medidas preventivas foram tomadas por governos Estaduais
e Municipais, sendo uma delas fechamento das escolas. Assim para que alunos não tivessem seu
aprendizado interrompido, professores e alunos tiveram que aprender a navegar e se adaptar ao
Ensino Remoto. Desta forma o presente estudo teve como objetivo investigar e compreender
quais foram esses desafios que alunos e professores da alfabetização enfrentaram, quais
caminhos foram percorridos para driblar essa nova maneira de se ensinar e aprender. Para tanto,
Graduada em Direito (UNIFEV). Graduada em Pedagogia (Faculdade de Antônio Augusto Reis Neves). Graduada
em Letras (UNIFEV) Especialista em Gestão Escolar (UNICAMP). Mestre em Ensino e Processos Formativos
(UNESP).
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a mesma pautou-se em pesquisa bibliográfica e também uma pesquisa de campo numa rede
municipal do noroeste paulista.
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símbolos que substituem significados. Essas eficaz da língua escrita, nas práticas sociais de
representações como objetos são suficientes leitura e da escrita.
para a produção e o reconhecimento de letras Assim, a autora demonstra que a
e números na escrita. Elas permitem à criança alfabetização e o letramento devem ser
até mesmo reconhecer algumas palavras que processos síncronos, interligados e
são “lidas”, e recordar informação numérica correlativos, sempre sendo um dependente do
familiar, como sua idade. Nesta etapa de outro no processo de conhecimento da criança
representação [de letras e números], as na fase de alfabetização, pois alfabetizar
notações têm significado nelas mesmas, como letrando, ou se letrar alfabetizando é um dos
objetos, e não em termos daquilo que caminhos para transcender algumas das
significam (BIALYSTOK, apud, SOARES, 2021, p. dificuldades enfrentadas na etapa inicial da
211). escolarização.
Com isso, a criança aos poucos vai Segundo Ferreiro e Teberosky (1985, p. 213),
decifrando e distinguindo as representações o letramento só estará completo quando a
das letras e dos números, dando significado criança "compreendeu que cada um dos
para esses símbolos, descobrindo assim o caracteres da escrita corresponde a valores
código alfabético. Inicialmente, é importante sonoros menores que a sílaba, e realiza
que o aluno saiba diferenciar as formas de sistematicamente uma análise sonora dos
escrita, distinguindo-as das formas gráficas, fonemas das palavras que vai escrever”.
que tenha a percepção dos padrões, tais como, Para Soares (2021, p. 64), uma alfabetização
começa-se a escrever da esquerda para direita, bem-sucedida não depende exclusivamente de
e cima para baixo, e, posteriormente aprender único método, mas que esta deve ser
a escrever seu próprio nome e nomes daqueles construída por aqueles que compreendem os
que a rodeiam, a memorização e identificação processos cognitivos e linguísticos da
das letras do alfabeto. alfabetização e baseando-se nas atividades que
Soares (2020, p.68), explica que a estimulam e orientam a aprendizagem da
alfabetização e o letramento contêm muitas criança, que consigam identificar e interpretar
facetas, e que quando ignorada uma e quais as dificuldades que elas possuem, para
priorizada a outra, faz-se um descaminho no fazer uma intervenção adequada.
ensino e na aprendizagem da língua escrita, [...] aprender o sistema de escrita é apenas
mesmo na sua etapa inicial. Para que o um fio na teia de conhecimentos pragmáticos e
processo de ensino e aprendizagem tenha gramaticais que as crianças precisam dominar
êxito é necessário que a prática docente adote a fim de tornarem-se competentes no uso da
o uso de várias metodologias, compreendendo língua escrita, mas é uma aprendizagem
o processo da alfabetização como uma imperativa, e promove as outras (TOLCHINSKY,
articulação na aquisição do sistema da escrita, apud, SOARES, 2021, p. 334).
sendo um processo claro, coerente e metódico; Soares (2003, p.38 ), nos mostra quão
já o processo de letramento é assimilado com importante são os processos de alfabetizar e
o desenvolvimento das capacidades em um uso letrar na vida da criança, pois “fazer o uso da
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descobrir esse mundo, pois é por meio de livros envolvida no momento em que está
e revistas que se consegue explorar a acontecendo a alfabetização, mais condições
alfabetização/letramento. Oferecer esse terá o professor de encaminhar de forma
contato é abrir várias portas de um universo produtiva o processo de aprendizagem
em que ele estará se inserindo e vivenciando a (BLANCO, et al, apud, CAGLIARI, 1998, p. 89).
escrita e leitura nas suas práticas sociais, A criança chega na escola, trazendo sua
estimulando sua criatividade e imaginação e bagagem de conhecimento, que são adquiridos
permitindo que ele revele suas capacidades por meio dos estímulos recebidos em seus
cognitivas e intelectuais, amplie seu ambientes e espaços de aprendizagens, como
vocabulário, melhore sua escrita e desenvolva os familiares, os sociais e na sala de aula surge
seu senso crítico. Desta forma, ao proporcionar o contato com o professor, que tem um
ao aluno esse acesso, se torna mais fácil importante papel, sendo ele um mediador do
enfrentar os desafios da alfabetização e do conhecimento, para ajuda-lo o aluno na
letramento. construção e desenvolvimento do seu próprio
conhecimento, incorporando informações e
1.3. Desafios dos Professores explicações propícias para auxiliá-lo no
Alfabetizadores caminho de aprendizagem.
O papel do professor, segundo Silva (2021), Ao introduzir aos alunos atividades e
é ajudar o aluno a se tornar um cidadão trabalhos que os ajudem nessa tarefa, que não
completo, pois todos passarão pela educação sejam somente conteúdos programados, mas
básica, e é nela que o aluno será também trabalhos e atividades que surjam por
alfabetizado/letrado, cabendo ao professor a iniciativa dos próprios alunos, o professor
tarefa do professor de ser o mediador do conseguirá verificar onde o aluno está com
conhecimento, criando um ambiente e dificuldade, e, a partir daí iniciar a tarefa de
situações que despertem a curiosidade do professor mediador, na qual ele poderá auxiliar
aluno, incitando-o a crescer. seu aluno a avançar em seus conhecimentos e
Entende-se que a tarefa do professor estudos, alfabetizando e letrando, além de
alfabetizador deve ser a de analisar, avaliar a contribuir na sua formação de cidadão
necessidade de sua turma ou de um aluno em consciente, crítico e democrático.
especial, e verificar quais métodos ou unidades Kramer (1986, p. 249), afirma que nas
são apropriados para conseguir atingir o práticas das escolas e das salas de aula, o
objetivo final, que é alfabetizar e letrar seu professor alfabetizador se depara com diversos
aluno. desafios e dilemas, mas a maior dificuldade não
[...] quanto mais ciente estiver o professor está entre escolher entre os dois pólos de uma
de como se dá o processo de aquisição de dicotomia e, sim em ter que dar conta dos dois
conhecimento, de como uma criança se situa (conteúdo e método, produto e processo,
em termos de desenvolvimento emocional, de fatores de várias naturezas) pois eles
como vem desenvolvendo a sua interação envolvem-se de formas relacionados no ato
social, da natureza da realidade linguística pedagógico.
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Segundo apurado com o corpo docente, que afirmaram não ter tido aproveitamento
44%7 respondeu que as maiores dificuldades nenhum.
encontradas entre os alunos foi que eles não Gráfico 8- Você professor fez alguma
possíam aparelhos para o acesso à internet; e sondagem para avaliar o nível de aprendizado
na mesma proporção (44,7%) respondeu que dos alunos, durante o ensino remoto?
não possui acesso à rede de internet. Ainda
houve um porcentual muito grande que
apontou a falta de tempo dos pais/
responsáveis para auxiliar os alunos em suas
atividades;73,7% da falta de paciência dos pais
e também da falta de estudos destes para
prestar auxilio nas atividades propostas.
Gráfico 07- Em sua opinião como está sendo
Ensino Remoto para os alunos da Alfabetização? E mesmo diante das adversidades, 44,7%
dos professores responderam que fizeram a
sondagem e que acreditam que pelo menos
50% dos alunos estavam sendo alfabetizados;
seguidos de 26,3% dos professores que
afirmaram que conseguiram realizar diversas
sondagens com seus alunos, tendo a percepção
de que a maioria estava sendo alfabetizada. Já
Como se pode verificar nos resultados
21,1% responderam que fizeram sondagens
acima, os desafios de se alfabetizar foram
para avaliar se os mesmos estavam sendo
enfrentados de forma razoável, já que 84,2%
alfabetizados e que perceberam que seus
acreditam o ensino remoto teve-se um
alunos não estavam sendo alfabetizados; e
aproveitamento razoável e ,13.2%
7,9% dos professores não conseguiram realizar
consideraram ótimo, em contraposição a 2.2%
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considera-se que alfabetizar é realmente trabalho árduo, que envolve muitas facetas,
requer a participação e engajamento entre o professor e o aluno, porém com o início de uma
pandemia ensejou proporções gigantescas, onde foi implementando o ensino remoto, como uma
modalidade nova de ensino e aprendizagem para a maioria dos professores, pais/responsáveis,
com um único objetivo, garantir ao aluno seu direito de aprender.
Mesmo com todas as dificuldades e empecilhos dessa nova modalidade de ensino,
segundo a presente pesquisa, os professores conseguiram manter um bom nível de interação
com os alunos, onde foram percebidos alguns resultados por meio de sondagens, que
demonstraram que, mesmo que os alunos não estavam sendo alfabetizados no mesmo ritmo que
o ensino presencial, estavam aprendendo.
Embora em meio a tantas dificuldades, o que se conclui é que, seja de forma remota ou
presencial, a educação não pode nunca parar, pois os prejuízos para as crianças podem ser tornar
irrecuperáveis, principalmente no processo de alfabetização, tendo em vista que a escrita,
conforme Ferreiro, faz parte da existência humana, social e cultural, cabendo aos educadores
fazer sua parte nesse processo, para torná-los o mais indolor possível para seus alunos.
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REFERÊNCIAS
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DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM EM
LEITURA E ESCRITA
Claudia Silva Nascimento Mancini1
RESUMO: O artigo aborda o tema Dificuldades de Aprendizagem. Assim, por meio de estudo
introdutório buscou-se compreender as dificuldades de aprendizagem que envolve os alunos e
como as práticas pedagógicas acontecem na escola. Dessa forma, apresenta-se reflexões de
pesquisadores, diferentes perspectivas, discussões das questões relacionadas a aprendizagem e
a não aprendizagem, concepções de aprendizagem do fazer pedagógico e caminhos para o
desenvolvimento do estudante.
1Professora de Educação Infantil na Rede Municipal de São Paulo; Professora de Ensino Fundamental na Rede
Municipal de Diadema.
Graduação: Licenciatura em Pedagogia; Licenciatura em Artes visuais; Especialização em Psicopedagoga;
Especialização em Psicomotricidade; Especialização em Musicalização.
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dos fatores que podem dificultar essa que seja oportunizado a eles demonstrar suas
aprendizagem, da importância do professor no potencialidades, pois, a escola muitas vezes
processo de ensino/aprendizagem do aluno e tem valorizado apenas o conhecimento verbal
na formação do cidadão bem como a e matemático, deixando ouros conhecimentos
importância da aprendizagem significativa na importantes para a sociedade de lado.
formação social do indivíduo. Uma pessoa acuada, jamais demonstrará
Como já foi mencionada anteriormente, a suas potencialidades, sendo assim tornar o
psicopedagogia ao ter como proposta ambiente escolar acolhedor, aceitar a criança
conhecer o indivíduo em seus diversos com suas diferenças, e oferecer meios para que
aspectos e buscar conhecer as possíveis causas a mesma se desenvolva é uma garantia de que
das dificuldades de aprendizagem faz-se muito o trabalho na sala de aula dará certo.
importante nesta pesquisa, a fim de nos Portanto, diversificar as situações de
possibilitar um olhar à frente dos processos de aprendizagem e adaptá-las as especificidades
aquisição do conhecimento. dos alunos é tentar responder ao problema da
A Constituição brasileira assegura a todos os heterogeneidade das aprendizagens, muitas
cidadãos uma educação de qualidade, mas o vezes chamadas de dificuldades de
que se percebe é que um grande número de aprendizagem.
pessoas apenas decodificam palavras. A escola Segundo Antunes (2008, p. 32):
muitas vezes não leva em consideração as Aprender é um processo que se inicia a partir
experiências dos alunos e suas possibilidades do confronto entre a realidade objetiva e os
de mundo, buscando assim uma produção em diferentes significados que cada pessoa
série que apenas evidencia a diferença entre as constrói acerca dessa realidade, considerando
crianças, porém acredita-se que a as experiências individuais e as regras sociais
problemática que envolve as dificuldades de existentes.
aprendizagem estão para além da escola, A aprendizagem não é referente somente a
envolvendo também a família que é uma conteúdos, mas o respeito ao próximo, a
estrutura essencial na vida da criança, pois, sua compreensão, o trabalho em grupo, o convívio
aprendizagem é resultado do meio e das com os demais e dessa forma faz-se necessário
relações estabelecidas com a família. que os profissionais da educação busquem
Outra perspectiva a ser considerada é a do meios que motive os alunos a estarem na
próprio aluno, que vivencia experiências desde escola, que lhe ofereça um ambiente onde eles
o seu nascimento e ao ingressar-se na escola queiram estar, e participe ativamente das
traz experiências que não podem ser atividades para que os mesmos tenham
desprezadas, pois, as mesmas irão realmente uma educação de qualidade e que
proporcionar em seu desenvolvimento possam desenvolver-se plenamente.
esquemas de ações e habilidades mentais que
irão possibilitar o aprendizado.
Vale considerar que é muito importante a
valorização dos muitos saberes dos alunos e
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externas e culturais, ela é capaz de reproduzir “SANA” para Susana, evidenciando o conflito
modelos de escrita. Nesse nível a criança pode desse nível.
reproduzir a escrita de “ARON” para Nível 5 – É caracterizado pela escrita
representar sapo e “AONR” para representar alfabética. A criança já compreende que cada
pato. uma das letras corresponde a valores sonoros
Grossi (1991), denomina estes dois níveis menores que a sílaba e realiza
acima como “pré-silábico”, denominação sistematicamente uma análise sonora dos
muito utilizada por seguidores de Emília fonemas que irá escrever.
Ferrero. Ferrero e Teberosky (1986), mostram uma
Nível 3 - É quando surge à hipótese silábica, criança que procura compreender a natureza
e para dar um valor sonoro a cada letra da da língua escrita, antes mesmo de ingressar na
escrita, a criança atribui a cada letra o valor de escola, para isso propõe problemas, levanta
uma sílaba, como por exemplo, “ACI” para hipóteses e busca regularidade e sentido na
representar planta. língua. No entanto, por vezes as escolas
Neste nível há uma mudança qualitativa considera que a aprendizagem da escrita e
muito importante em relação aos níveis um e leitura depende de uma técnica de decifração
dois, pois é quando a criança consegue superar de códigos e transição de sons e com isso acaba
a correspondência entre a expressão oral e negando a essas crianças esse processo, e por
escrita, correspondendo assim partes da este motivo, para se conseguir sucesso a
expressão oral com partes do texto. Ela criança deve chegar à escola em nível mais
trabalha também com a hipótese de que a avançado, ou seja, alfabético o que lhe permite
escrita representa partes sonoras da fala pela compreender o que é proposto, pois os
primeira vez. métodos partem de pressupostos de
Dois conflitos importantes surgem para o correspondência alfabética fonema-grafema.
desenvolvimento do processo de aquisição da Enquanto isso as crianças que estão no nível
escrita. O primeiro é a necessidade de conciliar alfabético, ou seja, ainda não compreendem o
a exigência da variedade de caracteres às que é proposto a leitura e a escrita passa a se
escritas que resultam iguais devido ao valor constituir algo sem significado me sentido e
sonoro e o segundo conflito se refere à dessa forma as deficiências dos métodos e da
quantidade mínima de caracteres e a hipótese maneira de compreender todo o processo são
silábica. colocados como incapacidade da criança em
Nível 4 – Devidos aos conflitos citados a aprender, sendo assim a criança
criança deixa a hipótese silábica e sente a responsabilizada pelo seu fracasso.
necessidade de fazer uma análise que Para as autoras, as “dificuldades de
ultrapasse essa correspondência, é onde aprendizagem” devem ser reavaliadas, e
ocorre a transição da hipótese silábica para a procurar analisar se as mesmas estão se
hipótese alfabética: como exemplo de escrita constituindo em dificuldades metodológicas
desse nível tem-se “MEIO” para menino, ou uma vez que desconsidera o processo da
criança admitindo apenas o certo e o errado.
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Dessa forma, o próprio sentido do erro deve que o governo precisa investir de forma
ser reconsiderado, o mesmo pode assumir profunda na formação dos profissionais da
outro significado, e passar a ser percebido educação, entre as medidas que seriam
como instrumento para se levantar hipóteses e necessárias estão a implementação de
superar conflitos da criança. superiores mais eficazes, pois o que se tem
Como já foi mencionada, no contexto muito atualmente são profissionais
histórico escolar a língua escrita é a um só desqualificados e que não tem condições de
tempo meio e meta de aprendizagem e nessa oferecer um ensino de qualidade aos alunos e
condição de eixo privilegiado do trabalho os mesmos acabam deparando com o fracasso
pedagógico é que se constitui num exemplo escolar.
importante para a compreensão das relações Nota-se que muitos professores tem em
entre escola e vida, entre o ensino e a realidade assimilar conceitos sobre o que ensinar e
dos alunos. porque ensinar, utilizando praticas
Alfabetizar não é um luxo, é um direito”. É pedagógicas ineficientes, o que acaba
preciso garantir esse direito às crianças. Mas distanciando professor e aluno, conhecimento
isso não é o mesmo que pretender que essas e vida, e nesse processo o resultado acaba
crianças saibam desenhar letras, ou que sendo a exclusão escolar e social.
saibam pronunciar palavras que não Independente das metas da educação a
entendem. Isto não é estar alfabetizado língua escrita continua sendo um produto
Queremos é dar-lhes o direito de se estável e completo em si mesmo, um processo
apropriarem da língua escrita em toda a sua cognitivo dos alunos e das práticas sociais do
complexidade. letramento. Contudo, não se pode acreditar
Dar-lhes o direito de saber ler criticamente a que o professor hoje reproduz a mesma
palavra escrita pelos outros e o direito de, didática de ontem e embora a reprodução de
escrevendo seus próprios textos, colocar suas novas metodologias e de novas posturas seja
próprias palavras... um desafio desejável no nosso sistema
“Se alfabetização não é concebida dessa educativo, o professor tem sido afetado pelo
maneira, não vale a pena lutar pela discurso construtivista dos últimos anos, e no
alfabetização (FERREIRO, 1989,p.43). confronto entre professores recém-formados e
Mesmo sendo assegurado pela constituição professores alfabetizadores, Sarraf (2003),
o direito a todos os cidadãos a uma boa colheu indícios de que os professores hoje,
educação, percebe-se o grande número de estão mais sensíveis a necessidade de ampliar
analfabetos que esses direitos não são a quantidade e qualidade de textos em sala de
cumpridos devidamente, dessa forma para se aula, ele admite com maior facilidade
ter uma educação de qualidade e ideal, e para dinamizar as práticas de ensino e se dispõe com
que a mesma se torne real a qual é maior frequência a interagir com os alunos. Por
apresentada em muitos projetos educacionais outro lado a inconsistência dos paradigmas
e até mesmo na Constituição, acredita-se que capazes de transformar o ensino e a falta de
seja necessário uma política educacional, em segurança do professor faz com que ele
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dificilmente abra mão de controlar o processo As relações entre professor e aluno muitas
a partir de etapas diretivas, pré-determinadas. vezes são deixadas em segundo plano, sendo
Em estudo (COLELLO e SILVA In SILVA e prioridade a busca pelo melhor método, e
LOPES-ROSSI, 2003), revela que a perpetuação dessa forma o princípio do ensinar bem não se
dos tradicionais princípios pedagógicos encontra centrado no sujeito aprendiz. Ainda
consagram os grandes vícios do ensino hoje, grande parte do fracasso escolar é
descritos em sete tendências básicas que são: atribuído a escola, pois a desconsideração das
“lições ineficientes”, “escrita artificial”, diferenças individuais e culturais, se volta para
“tarefas mecânicas”, “escrita o grupo de alunos do universo escolar, com isso
descontextualizada”, “leitura e escrita sem os mecanismos de incompreensão e
significado”, “lições tarefeiras” e “tarefas abandono, os índices de evasão escolar, a
repetitivas”. Com isso as poucas oportunidades repetência e os problemas de comportamento
que a escola oferece de viver eventos e aprendizagem se refletem nos índices de
significativos de leitura e escrita, inibem as analfabetismo.
razões para aprender e muitas vezes acabam Estudos apontam também para a questão
produzindo o analfabeto de resistência. familiar, sendo a família uma das principais
Pela insistência de exercícios estéreis, ao causas do fracasso escolar, educadores
longo dos anos escolares o aluno corre o risco afirmam que os pais não sabem mais como
de rejeitar de antemão o conhecimento, odiar educar seus filhos e acabam delegando essa
a escola e se conformar com a formação responsabilidade a profissionais como
mínima, correndo o risco também de se excluir professores, psicólogos entre outros e por não
sendo assim marginalizado pelo sistema. assumir essa função os problemas de
Dessa forma a língua escrita acaba sendo aprendizagem acabam surgindo.
mais um conteúdo distante da vida em função A escola enquanto espaço de transmissão do
das metodologias ultrapassadas, mas muito conhecimento e da cultura acaba tendo um
utilizadas nas salas de aulas. No cotidiano peso bem maior na sociedade, pois além dos
escolar a alfabetização se dá pela segmentação conteúdos que precisa dar conta ela precisa
das etapas de aprendizagem, em um processo ainda se preocupar com a disciplina e a
acumulativo de conhecimento e a progressão é educação (familiar) da criança.
pensada na lógica do fácil para o difícil na A escola procura educar as crianças e se
sequência: as letras, as silabas, as palavras, as organiza em torno das mesmas com normas e
sentenças, as normas ortográficas, os textos e disciplinas na ideia de um ser racional e que por
as regras gramaticais e sintáticas. Com tudo meio de uma educação para o futuro será
isso o controle da aprendizagem é garantido transformada em homem ideal. Deseja-se um
pela apresentação e reprodução de modelos, e ser perfeito e promete reparar o fracasso
ainda pretende-se gerenciar a aplicação da social, ideal que não se pode alcançar e com
língua escrita pela distinção entre o tempo de isso marca as crianças esperadas pelas escolas
aprender e o tempo de fazer uso dessa de hoje.
aprendizagem.
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Com base neste olhar, dito ser normal, se dá banalizando os conteúdos próprios da língua e
a produção de uma infância inadaptada e artificializando os modos de aprendizagem a
dentro da concepção de infância normal, escola se fecha para as novas concepções de
surgem as crianças indisciplinadas e com ensino que buscam a democratização e
dificuldades de aprendizagem não sendo qualidade do mesmo.
reconhecidas em suas diferenças, e com isso Por meio da trajetória histórica realizada foi
são excluídas e deixam de ser consideradas possível perceber avanços e impasses da
semelhantes as outras crianças. Dessa forma, a leitura e da escrita. Este percurso é importante
criança que faz fracassar o ideal de educação, para que possamos entender o presente,
acaba sendo excluída e se tornando um estudar o passado no sentido de se conhecer
incomodo no ambiente escolar. um pouco da história e entender o porquê do
Assim, o desafio de humanizar a educação é fracasso que hoje é comum no dia-a-dia das
tão desejado quanto a capacitação docente, escolas.
onde espera-se ajustar a proposta pedagógica
a especificidade do aluno. Não se pode AS DIFICULDADES DE
também desconsiderar a relação entre
professor e aluno, que pela compreensão e APRENDIZAGEM E SUAS
dialogo, tornam-se parceiros no processo PRINCIPAIS CAUSAS
educativo o que justifica a aula como encontro A Psicopedagogia ao se propõe a
de diálogo e recepção ativa entre ambos. compreender o ato de conhecer, de aprender
O conhecimento (PCN, 2000), depende da e consequentemente de ensinar, utiliza-se de
mediação significativa que o professor é capaz várias áreas do conhecimento como
de fazer entre o mundo e o aluno, a sintonia psicanálise, psicologia social, psicologia
entre vida e aprendizagem. Para Quintás genética e linguística. Propõe-se também a
(apud, MADUREIRA, 2003), a fertilidade do atuar nos casos de distúrbios de aprendizagem,
encontro pedagógico é responsável pelo contemplando noções de patologias e
conhecimento dos interlocutores com a etiologias. A atuação psicopedagógica está
realidade, um processo que, longe de ser um relacionada com o problema escolar e de
acumulo de informações compulsório ou aprendizagem e pode atuar de forma individual
automático, nasce do interesse e do ou grupal com o intuito de se não sanar ao
compromisso, levando à descoberta e à menos amenizar esses problemas.
possibilidade de recriação dos sentidos. É comum dentro das escolas ouvirmos falar
Os encontros nas escolas podem gerar sobre crianças que apresentam dificuldades na
experiências transformadoras do sujeito e do aprendizagem, porém, é preciso ressaltar que
objeto em estudo, com a mediação docente, os vários são os fatores que interferem na
textos podem ser transformados em fontes de aprendizagem da criança, eles tanto podem ser
ideias, melhorando a compreensão do positivos como negativos.
indivíduo sobre o mundo. Contudo, Para o desenvolvimento pleno do potencial
desconsiderando-se a realidade do aluno, do ser humano, faz se necessário que ele tenha
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ambiente apropriado, que lhe ofereça emocional, fazendo com que a capacidade de
oportunidades de aprendizagem, aprendizado e desenvolvimento cognitivo do
desenvolvimento e interação com o mundo indivíduo seja afetado. Visando, então
que o cerca, garantindo-lhe assim a favorecer a apropriação do conhecimento pelo
apropriação de conhecimentos, iniciativas e homem, ao longo de sua evolução, a ação
interesses. Dessa forma, pode-se considerar psicopedagógica consiste num processo de
que o indivíduo no decorrer de sua vida aprendizagem e de aplicação de conceitos
desenvolve capacidades e habilidades, e teóricos que lhes deem novos significados,
mesmo o desenvolvimento sendo possível gerando assim práticas consistentes que
cada pessoa desenvolve-se com características respeite a singularidade de cada um.
únicas. Sabe-se que as dificuldades de
A psicopedagogia resgata uma visão mais aprendizagem são causadas por diversos
ampla do processo de aprendizagem e dos fatores, entre eles os fatores orgânicos que é o
problemas decorrentes dele. funcionamento adequado dos órgãos, fatores
As dificuldades de aprendizagem, de acordo psicológicos que é a alteração
com Antunes (1999), envolvem alunos comuns, comportamental, depressão, a falta de
ou seja, aparentemente sem danos de estímulos, os fatores pedagógicos que são os
natureza médica ou psicológica que transtornos como: coordenação motora
necessitam de práticas educativas especiais. afetada, pouca visão, pouca audição e
Apresentam dificuldades de aprendizagem problemas de linguagem e os fatores
crianças que não rendem de acordo com seu familiares, pois a família exerce um papel
nível escolar em uma ou mais áreas. fundamental na aprendizagem e
Segundo Antunes (2008, p.30): 23 desenvolvimento da criança, sendo assim de
Ensinar quer dizer ajudar e apoiar os alunos modo geral as crianças afetadas por tais
a confrontar uma informação significativa e dificuldades, normalmente é decidido pelo
relevante no âmbito da relação que ambiente na qual ela vive, dessa forma, tanto o
estabelecem com uma dada realidade, ambiente escolar quanto o ambiente
capacitando-o para reconstruir os significados doméstico podem afetar o desenvolvimento
atribuídos a essa realidade e a essa relação. intelectual da criança e o seu potencial de
Silva (1997), define como dificuldades de aprendizagem, já que para o desenvolvimento
aprendizagem, todas e quaisquer variáveis que pleno do potencial da criança faz-se necessário
bloqueiam ou dificultam o processo natural da que ela tenha um ambiente apropriado que lhe
aprendizagem. ofereça oportunidades de aprendizagem e
Dessa forma tudo que vem a influenciar ou desenvolvimento. Portanto as condições
atrapalhar a aprendizagem do aluno pode ser desses ambientes podem fazer a diferença no
problemas de aprendizagem. Essas tipo de aprendizado da criança e para que a
dificuldades podem ser significativa na leitura, mesma tenha uma aprendizagem ativa ela
escrita, na fala, raciocínio, e pode ocorrer deve estar inserida em um ambiente que lhe
também paralelemente a distúrbio social e garanta a apropriação de conhecimentos.
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Observa-se que crianças que não tem meio vai inscrever o conhecimento pela
estímulos no ambiente ao qual vive tem mais experiência auditiva, visual, tátil, gustativa e
obstáculos mesmo não tendo deficiência, tanto olfativa, e que alguns destes são intrínsecos aos
na aprendizagem quanto sobre si mesma do alunos e outros externos a eles.
que crianças que recebe incentivos positivos no Segundo Furtado (2007, p. 03):
decorrer de sua vida. Pois, enquanto ser Quando a aprendizagem não se desenvolve
humano pode se considerar que o mesmo ao conforme o esperado para a criança, para os
longo de sua vida desenvolve capacidades e pais e para a escola ocorre a "dificuldade de
habilidades, e mesmo o desenvolvimento aprendizagem". E antes que a "bola de neve"
sendo possível, cada um desenvolve-se com se desenvolva é necessário a identificação do
características únicas e que por meio da problema, esforço, compreensão, colaboração
interação com o meio irão se diferenciando. e flexibilização de todas as partes envolvidas no
Entender, aceitar e respeitar a diferença é processo: criança, pais, professores e
algo que almejamos. Mas quando falamos de orientadores.
diversidade sabemos quão difícil é isso no dia a Dificuldades de aprendizagem é um estudo
dia em sala de aula. abrangente que necessita de pesquisa, estudo
Às vezes escutamos frases como: Faltou boa e aproximação entre os diferentes especialistas
vontade dessa professora... Ela foi insensível às e profissionais da saúde e da educação.
dificuldades dele. Mas quem a esteve quatro Agregar esforços, buscando a prática reflexiva,
horas de seu dia, cinco dias da semana em uma a pesquisa e a seriedade dos profissionais,
sala de aula com mais de trinta alunos sabe que tornou-se um desafio para a educação.
não basta boa vontade ou sensibilidade. Esses A dificuldade de aprendizagem é um termo
fatores são fundamentais, mas não resolvem as muito debatido no ambiente escolar, pois
dificuldades do dia-a-dia. quando o aluno tem uma autoestima elevada e
As crianças com dificuldades de consegue desenvolver suas atividades com
aprendizagem possuem um “obstáculo êxito ela é elogiada, por outro lado ao perceber
invisível”, pois se apresentam normais em que a criança não está correspondendo ao
vários aspectos, exceto pelas suas limitações esperado em sua aprendizagem e
no progresso da escola. (WALLACE & desenvolvimento de algum modo procura-se
MCLOUGHLIN, apud, OLIVEIRA, 2003, p. 117). descobrir a causa e muitas vezes arrumar uma
Ao analisar o ambiente escolar percebe-se resposta mesmo que seja negativa e as crianças
que muitas crianças são identificadas com acabam sendo rotuladas com vários termos
problemas de aprendizagem quando estas não como preguiçosas, lerdas ou sem interesse.
correspondem às expectativas do professor, Contudo, é muito importante saber que as
vários fatores podem gerar barreiras na dificuldades de aprendizagens podem ter
aprendizagem. Segundo Reggo, (1995), esta muitos fatores envolvidos, desde um problema
expressão foi utilizada pelo empirista Jonh orgânico, falta de estimulo, familiar, emocional
Locke para expressar a ideia de que nascemos e que a identificação do mesmo é necessária
como folhas de papel em branco nas quais o
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Psicopedagogia é muito importante no processo de aprendizagem, pois tem como
proposta compreender o ato de conhecer, de aprender e consequentemente de ensinar. Ao
compreender que a aprendizagem é muito relevante para que o indivíduo viva plenamente na
sociedade, exercendo seus direitos de cidadão, cabem ao poder público, as escolas e aos
profissionais da educação, que busquem novos conhecimentos, invista na formação continuada
e atualize suas práticas pedagógicas do modo que os alunos aprendam de maneira prazerosa
atingindo assim os objetivos que é a aprendizagem significativa e plena.
Faz-se necessário um esforço entre escola, psicopedagogo e família que exerce um papel
fundamental na formação do indivíduo, para que juntos possam ajudar alunos com dificuldades
de aprendizagem a sanar ou minimizar esses problemas a fim de que os mesmos possam se
desenvolver. No entanto, para se conseguir que as crianças encontre nas escolas um lugar de
reflexão, precisa-se trabalhar com o objetivo de que os profissionais da educação e professores,
por meio de espaços solidários entre eles consigam algo de autonomia como pessoa e autoria do
pensamento. Para favorecer espaço de autoria de pensamento e facilitar a aprendizagem os
professores e psicopedagogos devem favorecer espaços onde se possa pensar e sentir prazer
nesse pensar.
Sabe-se que a implantação de uma pedagogia inadequada, pode trazer muitos problemas
de aprendizagem, dessa forma faz-se necessário a reciclagem e aperfeiçoamento dos professores
no sentido de atualizar a sua prática, pois o mesmo tem um papel muito importante no processo
de aprendizagem dos alunos.
A criança com dificuldades de aprendizagem necessita de mais apoio e atenção e juntos
escola, professor, psicopedagogo e família devem procurar estratégias de aprendizagem que
favoreça o aluno em seu aprendizado, tornando-o assim mais eficaz.
São muitas as variáveis que leva o aluno a dificuldade de aprendizagem, elas tanto podem
ser de origem orgânica, emocional, psicológica, social constituindo assim um desafio de
diagnóstico e educação, mas em muitos casos o professor acaba rotulando o aluno de preguiçoso
ou desinteressado escondendo dessa forma sua prática docente inadequada e a falta de
conhecimento, não conseguindo enxergar que tais alunos podem ter um ou mais problema de
aprendizagem.
Segundo Alícia Feràndez (1991, p.39):
Se pensarmos no problema de aprendizagem como só derivado do organismo ou só da
inteligência, para a sua cura não haverá necessidade de recorrer à família. Se ao contrário,
as patologias no aprender surgissem na criança somente a punir da sua função
equilibradora do sistema familiar, não necessitaríamos, para seu diagnóstico e cura
recorrer ao sujeito separadamente da sua família (...)
De modo geral muitas crianças com problemas de aprendizagem acabam desenvolvendo
uma autoestima negativa, devido ao seu baixo rendimento escolar, o que acaba fazendo com que
as mesmas sejam vistas por professores e até mesmo pela família como um fracasso. Portanto,
essas crianças necessitam de apoio dos pais, do professor que deve ter um olhar mais observador
e procurar compreender essas crianças, respeitando seus limites e suas especificidades para que
as mesmas possam se sentir parte do grupo e com isso ter uma aprendizagem mais eficiente.
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REFERÊNCIAS
AZEVEDO, Cleomar. As Emoções no Processo de Alfabetização e Atuação Docente. São
Paulo: Vetor Editora, 2003.
BOSSA, Nádia Aparecida. A Psicopedagogia no Brasil 2ª Ed. Porto Alegre: Artemed, 2000.
GOMES, Maria de Fátima Cardoso; Sena, Maria das Graças de Castro. Dificuldades de
Aprendizagem na alfabetização. Autêntica, 2000.
LIBÂNEO, José Carlos. Didática: Coleção magistério, série formação do professor. São Paulo:
Cortez, 2008.
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VYGOTSKY, L. S. A Formação Social da Mente. São Paulo: Ed. Martins Fontes, 1987.
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DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM: UM
ESTUDO SOBRE O FRACASSO DAS PRÁTICAS
PEDAGÓGICAS NA ALFABETIZAÇÃO
José Claudio Pereira Martins1
RESUMO: Existem diversas abordagens para tratar das dificuldades de aprendizagem no âmbito
escolar, no entanto, o presente estudo visa compreender o fracasso escolar vinculado às
dificuldades de aprendizagem no processo de alfabetização e letramento. No entanto, tais
dificuldades analisadas possuem uma criticidade no que diz respeito às práticas pedagógicas que
na maioria das vezes são superficiais e generalistas, ou seja, não utilizam de metodologias de
ensino que contemplam o aluno real, visto que desconsideram o contexto social em que estão
inseridos, bem como as peculiaridades de cada um na construção de conhecimento. Dessa forma,
o presente estudo visa analisar o processo de alfabetização e letramento, bem como os motivos
reais das dificuldades dos educandos neste processo, além das modificações necessárias para
que ocorra de maneira efetiva. O trabalho foi desenvolvido por meio de pesquisas bibliográficas
qualitativas, analisando as ideias dos autores e fazendo um comparativa entre suas concepções.
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para auxiliá-lo. Dessa forma, espera-se sempre a educação, dentre estes processos estão os
uma evolução individual, e caso ele chegue ao métodos sintéticos e os globais (CARVALHO,
final do ano letivo com as mesmas dificuldades, 2005; SEBRA E DIAS, 2011).
é importante ser avaliada cuidadosamente, No método sintético o aprendiz cria uma
considerando um atendimento especializado. relação entre o som e a escrita e o aprendizado
No entanto, a ferramenta inicial é sempre se dá letra por letra, sílaba por sílaba e palavra
considerar as práticas de ensino ineficientes por palavra, o que descontextualiza sua escrita
que geram o fracasso escolar tão evidente no e leitura. Já o método global é o contrário do
mundo contemporâneo. sintético, o aprendiz compreende o sentido de
Percebe-se que este fracasso já se inicia na um texto, de forma globalizada (o conjunto, o
fase de alfabetização, que acaba por prejudicar todo), para depois aprender as sílabas, por
outras disciplinas de formação do aluno, visto exemplo (CARVALHO, 2005; SEBRA E DIAS,
que são interligadas e exigem capacidade de 2011).
raciocínio, formulação de ideias, interpretação, Porém, cada um destes processos possui
entre outros. E por isto necessita de urgente métodos diferentes para a aprendizagem do
intervenção pra possibilitar práticas de ensino alfabetizando. O método sintético, pode se dar
mais eficientes neste processo. por meio da soletração, soletra-se cada letra e
realiza a junção da consoante e vogal para
A ALFABETIZAÇÃO decodificar a palavra, considerado repetitivo;
do fônico, reconhece o som das letras,
Seguindo a visão interacionista, em que o
consoante mais vogal, pronunciando a sílaba;
homem está em constante construção e
ou do silábico, diferente do fônico a criança
interagindo com o meio, a alfabetização e o
tem conhecimento primeiro da sílaba para
letramento devem caminhar juntos, ou seja,
formar a palavra (CARVALHO, 2005; SEBRA E
interagir entre si para a construção do
DIAS, 2011).
conhecimento seja viável.
Já os métodos globais por conto, inicia com
A alfabetização, nada mais é do que a
leituras de texto para familiarizar-se com
transformação da decodificação (sinais
palavras e depois as sílabas, método
gráficos) ou da codificação (sons da fala
trabalhoso para os educadores; ou ideovisual,
gráfica), para assim a criança conseguir
apresentado o desenho, o aprendiz relaciona
construir hipóteses sobre o funcionamento da
este com a palavra; ou palavração, aprendizado
escrita. Porém, somente com o aprendizado da
das letras por meio de uma palavra retirada de
leitura e escrita a criança não consegue utilizar
um texto, que separada em sílabas formam as
em situações sociais, cotidianas. Para isto, o
palavras; ou setenciação, frases divididas em
letramento deve fazer parte da alfabetização
palavras e por fim em sílabas (CARVALHO,
para auxiliar na aprendizagem do aluno
2005; SEBRA E DIAS, 2011).
(CARVALHO, 2005).
Independentemente do método para a
A alfabetização é um processo diversificado,
alfabetização, o educador deve tomar
por possuir diferentes métodos para que
consciência, qualquer ‘deslize’ marcará o
ocorra, e está sempre na busca do melhor para
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aprendiz por toda sua vida, refletindo a demorado ou apresentará dificuldades para
dificuldade para com a leitura e escrita, para aquisição de novos conhecimentos.
não tornar o processo um ato mecânico e sim a Por isso, é necessário observar, diagnosticar
construção do aprendizado. e estimular toda e qualquer potencialidade,
por estes ainda não trabalhadas, pois todo ser
humano é um ser inacabado.
ALFABETIZAÇÃO NA Segundo Piaget (2002), o homem é um ser
CONCEPÇÃO DE JEAN PIAGET geneticamente social; é um sujeito ativo que
O desenvolvimento cognitivo sofre influência de seu meio social, pois
especificamente caracteriza-se pelo constrói o seu conhecimento a partir das
aperfeiçoamento, amadurecimento das hipóteses que levanta.
potencialidades do que lhe permitirá construir Todo ser nasce com a capacidade de se
seu conhecimento (PIAGET, 2002, p.1). adaptar e estabelecer trocas com o meio: social
O desenvolvimento cognitivo de uma e físico. Para manter o equilíbrio do
criança depende unicamente que as conhecimento já adquirido. Quando este
potencialidades sejam desenvolvidas, isto é, os equilíbrio é rompido por um novo conflito a ele
fatores internos, como a maturação e fatores apresentado, por meio do sujeito ou do
externos, como os objetos que lhe são ambiente físico – social, para equilibrar-se
apresentados para o seu desenvolvimento vão- novamente é preciso que ele se adapte,
lhe favorecer, uma vez que a cada novo conflito portanto, torna-se necessário que o indivíduo
a criança acomoda esse conhecimento e tenta assimile e acomode este conflito (PIAGET,
somá-lo com um já adquirido, possibilitando 2002).
assim a aquisição de outro (PIAGET, 2002). Quando o desequilíbrio ocorre, é preciso
Nesse processo de conflito e assimilação a acomodar, este novo conhecimento e o
criança deve ser estimulada, pois em cada próprio indivíduo estabelecem mudanças para
estágio desde bebê à idade de alfabetizar-se, que o problema venha ser solucionado,
esta passa por período que apresentam fases: apresentando resistência à mudança ele vai
coordenação motora, cálculos mentais, utilizar-se de tudo o que sabe para evitar que
abstração de imagens ou sons (PIAGET, 2002). isso ocorra. Ao passo que o indivíduo modifica-
Se todas essas potencialidades forem se para resolver o conflito em questão e
desenvolvidas e bem trabalhadas, estas acomoda o novo conhecimento adapta-se e
crianças apresentarão facilidades em sua reequilibra, portanto para que ocorra
aprendizagem, mas caso ocorra em alguns adaptação (aprendizagem) é preciso a
destes períodos defasagem, falta de assimilação e acomodação (PIAGET, 2002).
estimulação ou a não assimilação de alguns “O indivíduo é um ser geneticamente social”
conhecimentos para um novo período, PIAGET (2002, p.14). Se o indivíduo sofrer
certamente o desenvolvimento cognitivo influência no seu ambiente social e físico, ele
dentro da aprendizagem será um pouco mais também dependerá de sua maturação
progressiva orgânica, que o permitirá
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estabelecer relações lógicas e mentais, à discutia como fazer com que estas crianças
medida que agirá sobre os estímulos, desta entendessem tal esquema (FERREIRO, 1996).
forma a maturação orgânica estará preparada Ao termos conhecimento que a criança
juntamente com as estruturas mentais para passa por estágio de maturação (genético) e
que a busca das respostas dos conflitos estímulos externos para o seu
gerados pela interação sujeito-meio e objeto desenvolvimento e a cada nova descoberta
ocorra, ou seja, o desenvolvimento procede de colocam-se em conflito, o que já se sabe
“dentro para fora”, então, os fatores genéticos podemos refletir e pensar que as dificuldades
preponderam-se sobre os fatores sociais e por eles apresentadas, podem ser apenas um
ambientais é a partir dessa etapa que ocorrerá novo conflito, para um novo avanço e uma
o desequilíbrio e equilíbrio, decorrentes para nova concepção em seu nível de conhecimento
que o desenvolvimento ocorra. e aquisição dos mesmos.
“A Alfabetização não pode ser a simples
O PROCESSO DE aprendizagem de uma técnica de codificar”.
(FERREIRO, 1996, p.71). De acordo com a
ALFABETIZAÇÃO NA autora, a alfabetização vai além de conhecer e
CONCEPÇÃO DE EMÍLIA repetir (letras), a escrita é muito mais
complexa para as crianças em fase de
FERREIRO
alfabetização tende a reinventar o sistema de
Saber ter constituído alguma concepção que
escrita, não que a criança vai inventar novas
explica certo conjunto de fenômenos ou de
letras, mas para servir-se disto como um
objetos da realidade (FERREIRO, 1996, p. 72).
sistema elas têm que compreender o processo
Emília Ferreiro discípula de Jean Piaget, em
de construção da escrita e suas regras de
seus estudos e pesquisas na “Psicogêneses”,
produção.
mostra que as crianças de acordo com os níveis
Por isso, o educador deve ser: pesquisador,
de maturação e conhecimento prévio por ela
mediador e orientador para facilitar a
adquirida desenvolvem, em seu processo de
alfabetização, pois as crianças gostam de
aprendizagem níveis de concepção e
aprender coisas novas, então devemos
entendimentos diferenciados o que chamamos
estimulá-la com atividades que despertam a
de níveis de escrita são eles: pré-silábico,
sua curiosidade e não manter o tradicional com
silábico com valor, silábico sem valor, silábico
atividades reducionistas como a cópia (sem
alfabético e alfabético.
intervenções).
Dentro deste processo a criança apresenta
A escrita é um objeto cultural com uma
sua dificuldade e seu conhecimento de escrita,
função social, não apenas um produto escolar,
algum tempo atrás, acreditava-se que a criança
não usamos a escrita apenas para escrevermos
formava sua concepção de escrita por meio de
textos acadêmicos e outros, mas usamos
repetições de leitura e grafia de letras e sílaba
também: para comunicar-se (cartas); para
(decorar) e as que não entendiam ou não
resgatar um conhecimento caso tenhamos
acompanhavam essa sequência eram
consideradas problemáticas, mas não se
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2.6 IMPLICAÇÕES
Mesmo a criança não tendo o conhecimento
do que é uma vogal ou consoante, ela passa PEDAGÓGICAS
adquirir este conhecimento por meio da A leitura e a escrita têm sido consideradas
sonorização. como objeto de uma instrução sistemática:
algo que deve ser ensinado e cuja
• Silábico alfabético “aprendizagem supõe o exercício de uma série
O período é considerado o final do processo de habilidades”, então as atividades de
de alfabetização, pois a criança já possui quase interpretação (leitura) e de produção (escrita),
total conhecimento da escrita e do seu sistema. começam antes da escolarização como
Quando a criança chega a este estágio e esta atividade própria da idade da pré-escola.
reconhece que quando escrevemos utilizamos Esta aprendizagem insere-se num sistema
sílabas que estas representam o som, a de concepções pré-elaboradas e não pode ser
quantidade de letras e que cada sílaba é reduzida ao exercício de um conjunto de
montada por consoante mais vogal. técnicas perceptivo motoras.
A leitura deixa de ser por letras e passa a ser Desta forma, ocorre um processo de
por sílabas ou uniforme. Ao citarmos que aquisição da linguagem escrita que precede e
“possui quase total conhecimento”, porque excede os limites escolares.
ainda existem os erros ortográficos e pequenas
trocas. OS PROCESSOS DE LEITURA E
ESCRITA NA CONCEPÇÃO DE
TELMA WEISS
O que está escrito e o que se pode ler
(WEISS,1996, p.108). Segundo Telma Weiss
(1996) que utiliza às pesquisas de níveis de
• Alfabético escrita de Emília Ferreiro, levantou em seus
Neste estágio a criança domina total estudos e pesquisas e questiona. É possível ler
conhecimento da escrita e seu sistema. sem saber escrever?
Não apresentando dificuldades ortográficas Sim, segundo a autora, assim como a criança
(que sejam preocupantes) e as trocas não cria concepções e interpretações para o
aparecem mais e a leitura é uniforme e processo de escrita, existe as estratégias de
continua. leitura que são: decodificar, inferir, antecipar,
selecionar e checar.
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ortográficos, e assim fazer o uso adequado Sabe-se que nem sempre o considerado
destes. melhor dicionário, é o melhor material para ser
Sendo assim, uma sequência didática eficaz utilizado na educação. Isto ocorre porque é
considera as hipóteses do aluno, ou seja, aquilo necessário considerar o público alvo que possui
que já é conhecido pelo para então propor peculiaridades em sua linguagem. Para essa
novos aprendizados; o desenvolvimento da escolha, alguns critérios devem ser adotados,
habilidade metacognitiva, que proporciona tais como: a representatividade do
discussão sobre acertos e erros, gerando uma vocabulário, incluindo termos utilizados para o
reflexão sobre a maneira como as palavras são público alvo destinado; qualidade das
escritas; o favorecimento da interação, que definições, com linguagem simples e precisa;
permite um saber compartilhado, e por fim, o apresentação de exemplos; cuidado com grafia
professor como mediador capacitado a e também informação adequada sobre as
interferir. Uma vez capacitado para tal, ele palavras registradas. Com isso, esta ferramenta
consegue propor questionamentos, de ensino se torna mais adequada para ser
desestabilizando as hipóteses dos alunos e usada em sala e muito mais fácil de ser
também os orientando por meio de apresentada ao aluno, fazendo com que ele se
ferramentas necessárias para a construção do sinta familiarizado.
conhecimento. Para isso, nota-se que também Para isso, também se faz necessário a
se faz necessário uma formação adequada do atuação do professor, insistindo no uso, não
professor para mediar este processo. somente na língua portuguesa, como em todas
Além disso, uma ferramenta valiosíssima no as disciplinas, fornecendo atividades que o
processo de aprendizagem da escrita é o utilizem, além de explicar como a consulta a
dicionário. Este, ajuda a tirar dúvidas na escrita esta ferramenta deve ser realizada,
das palavras, significados, origem, caráter desmistificando possíveis receios provenientes
regional, entre outros, proporcionando uma dos alunos por falta de convívio com o
melhor compreensão do vocabulário. dicionário.
No entanto, para muitos, o dicionário ainda
é visto como um grande livro de consulta a ser UMA ABORDAGEM
usado ocasionalmente, e geralmente em aulas
de português. Além de ter uma função muito PEDAGÓGICA EFICIENTE
maior que essa, como visto anteriormente, o O processo de ensino aprendizagem se torna
dicionário deve ser uma ferramenta utilizada mais efetivo quando considera as
constantemente em aulas de todas as peculiaridades do aluno, bem como a questão
disciplinas para que o aluno se familiarize com social nas práticas pedagógicas, e no caso da
ele. Porém, para que isso aconteça da melhor alfabetização, não deveria ser diferente, visto
forma possível, é necessário analisar qual o que desvalorizar a fala do aluno em prol da
tipo de dicionário que a instituição de ensino língua padrão, é uma prática completamente
está recebendo. excludente e não agrega conhecimento, só
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O desenvolvimento de trabalhos e pesquisas tem fortalecido educadores de todas as áreas
e nos permitido refletir sobre as práticas pedagógicas.
O trabalho a ser desenvolvido com os alunos deve ser de puro compromisso do educador,
pois ele será o mediador e incentivador de todo conhecimento. É possível sanar as dificuldades
dos alunos, por meio de diferentes recursos, para que os alunos percebam as diversas maneiras
de aprendizagem relacionando todo conhecimento com o seu cotidiano, melhorando assim seus
aspectos cognitivos, sociais facilitando a aquisição no processo de escrita e leitura em seu
contexto intelectual.
Esta pesquisa foi de suma importância para compararmos tais autores e suas metodologias
e entender um pouco mais sobre esse dom que é ser alfabetizador.
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REFERÊNCIAS
CABRAL, Álvaro.Trad. A Construção do Real na Criança. Rio de Janeiro: Zahar, 1970.
FERREIRO, Emília. Reflexão sobre Alfabetização, 24. ed. São Paulo: Cortez,
2000.
LIMA, Lauro de Oliveira. Piaget para principiantes. 2. ed. São Paulo: Summus,1980.
PIAGET, Jean. A Epistemologia Genética. Coleção Os Pensadores. 2. ed. São Paulo: Abril
Cultural.
ROJO, Roxane. Letramentos múltiplos, escola e inclusão social. São Paulo: Parábola
Editorial, 2009.
SILVA, Alessandro da; MORAIS, Arthur Gomes; MELO, Katia Leal Reis. Ortografia em sala de
aula. 1 edição, 1 reimpressão. Belo Horizonte: Editora Autêntica, 2007.
WEISZ, Telma. O diálogo entre o ensino e a aprendizagem. São Paulo: Ática, 2000.
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RESUMO: O presente artigo aborda a Dislexia na Educação Escolar e o tema foi escolhido para
observar como se dá a inclusão da criança com dislexia nos anos iniciais de alfabetização, mostrar
como é sua socialização e interação num todo dentro do âmbito escolar. Para tanto a autora
Campbell (2009), contribuiu de maneira significativa para a realização deste artigo. Sendo assim,
cabe ressaltar que nesse processo de aprendizagem da criança com dislexia a família tem um
papel de suma importância para que o avanço seja mais significativo e concreto.
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DYSLEXIA IN SCHOOL
ABSTRACT: This article addresses Dyslexia in School Education and the theme was chosen to
observe how the inclusion of children with dyslexia in the early years of literacy takes place, to
show how their socialization and interaction is in a whole within the school environment. For
that, the author Campbell (2009) contributed significantly to the realization of this article.
Therefore, it is worth mentioning that in this learning process of the child with dyslexia, the family
has a very important role in order for the progress to be more significant and concrete.
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múltiplos fatores, a dislexia deve ser aparentar o contrário. Para tanto, se faz
diagnosticada por uma equipe multidisciplinar necessário que o professor tenha um olhar
(CAMPBELL, 2009, p.80). diferenciado e com mais atenção para esse
Portanto, nota-se que a dislexia não se aluno, para que sejam exploradas a partir de
resulta de uma alfabetização defasada, mas suas maiores habilidades e se iniciar o processo
sim de fatores genéticos. Em virtude disso para de alfabetização. Vale ressaltar que só é
que não haja confusões com diagnosticados ou possível ser diagnosticado com Dislexia entre
até mesmo a escolar/professor ser culpado os anos iniciais de alfabetização, antes não é
pelo não aprender do aluno, é de grande possível, pois é no período da alfabetização
relevância que se tenha um acompanhamento que o professor irá observar tais dificuldades
e ser diagnosticados por toda a equipe no aluno.
multidisciplinar. Santos (1986), salienta que as dificuldades
As dificuldades de aprendizagem são apresentadas pelos disléxicos, são
decorrentes de aspectos naturais ou ocorridos consideradas pela maioria dos autores como
por alterações estruturais, mentais, inespecíficas, que podem ser apresentadas por
emocionais ou neurológicas que repercutem crianças normais no início da alfabetização.
nos processos de aquisição, construção e A dislexia não tem cura e depois de
desenvolvimento das funções cognitivas e são diagnosticado é de extrema importância que o
passíveis de mudanças por meio de recursos de aluno saiba e tenha ciência do que tenha, para
adequação ambiental, afirma a autora que assim possa trabalhar de acordo com suas
Campbell (2009, p.79) necessidades e utilizar os materiais adequados
Mediante a afirmação da autora, fica notório para que seu concretize seu aprendizado.
que a educação não é um processo simples e A autora Campbell (2009), evidencia
existem vários fatores englobando o processo algumas características que podem ser
de aprendizagem que são os próprios alunos, apresentadas pelo aluno, na qual mediante à
família, escola, os recursos que são tal comportamento será pertinente uma
disponibilizados na Instituição e o professor. avaliação com educadores e coordenadores
Assim sendo, para que ocorra essa pedagógicos e será recomendado aos pais um
aprendizagem no aluno, é necessário que o encaminhamento a um especialista:
professor esteja devidamente preparado e
capacitado para que não comprometa o • Dificuldades visuais e de coordenação
avanço do aluno e claro que se houver motora;
afetividade entre ambos o progresso será ainda • Pobreza no conhecimento de rimas e de
maior. vocabulário;
Campbell (2009), destaca que estudantes • Dificuldade na leitura e na escrita e na
diagnosticados com dislexia não conseguem cópia do livro ou do quadro;
decorar coisas nem ler ou escrever textos • Bom desempenho em provas orais;
longos, mas cerca de 80% dos disléxicos têm • Dificuldade em nomear objetos e
inteligência acima da média, apesar de pessoas;
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ajustamento social, são importantes para o bem claro o papel da família e escola em todo
êxito da reeducação (SANTOS, 1986, p.122). o processo de ensino aprendizagem da criança.
Considerando a afirmação que a autora Para tanto, primeiramente, a criança
Santos (1986), percebe-se que a família será o disléxica deve ser bem acolhida no seio familiar
protagonista, pois tem o papel indispensável para que não se sinta rejeitado e assim
em todo o processo do aluno com dislexia. Mas comprometendo seu aprendizado. Santos
infelizmente, mesmo estando em pleno século (1986), também ressalta a importância das
XXI, ainda existe certa resistência dos pais em crianças estarem suficientemente esclarecidas
aceitarem crianças com alguma deficiência, de que são tão inteligente quanto seus irmãos,
pois o que os pais almejam são “Os filhos amigos e colegas e de que suas dificuldades na
considerados normais”. E em certos casos, aprendizagem de leitura/escrita e, talvez,
também, os mesmos alegam não ter tempo em também de outras matérias, é reconhecida
dar a devida atenção e cuidado aos filhos, como não decorrente de preguiça ou
devido à vida rotineira e de muito trabalho, e desinteresse em aprender, como se lhes possa
assim diminuindo cada vez mais a participação ter repetido muitas vezes.
dos pais na vida escolar dos filhos. Fazendo conexão entre o aprendizado da
Maldonado (2002), afirma que “pais e filhos criança disléxica e a participação efetiva da
precisam crescer juntos: a cada etapa do família Frank (2003), salienta que alunos
desenvolvimento é preciso fazer ajustes na disléxicos têm grandes chances de viverem
maneira de lidar com as situações que com medo. Assim sendo, para que o mesmo
surgem”. Portanto, é necessário que tenha tenha um desenvolvimento positivo é
maior participação dos pais na vida escolar dos necessário que a família, professores e amigos
filhos desde a educação infantil, na qual tudo tenham bem claro as dificuldades
começa, e assim em cada etapa de apresentadas pela criança, e sempre ajudando-
escolarização, para que haja o pleno o e apoiando, para que não seja colado em
desenvolvimento do aluno. situação de medo, ou até mesmo rotulado.
Cabe destacar a extrema importância de ser
FAMÍLIA E ESCOLA, COMO trabalhado com o aluno disléxico a questão da
Autonomia, tanto no âmbito familiar quanto na
PARCEIRAS PARA O SUCESSO DO Instituição Escolar, pois em alguns casos são
ALUNO COM DISLEXIA muito dependentes para coisas simples como
A relação entre a família e a escola na “vestir uma roupa, ou organizar seus próprios
maioria das vezes acaba em conflitos, mesmo materiais escolares” e pais/escola as vezes por
ambas as partes tendo em mente que o foco não terem o preparo adequado ou até mesmo
central é a educação de qualidade do educando paciência acabam fazendo tudo pela criança; e
desde cedo, independentemente de sua não desenvolvendo a autonomia para que o
deficiência e limitação. Portanto, para que não mesmo possa se sentir valorizado por coisas
haja tal conflito, se faz necessário que se tenha simples.
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Em se tratando da escola, o professor deve todo esse processo). Com isso o professor
ressignificar seu papel, estar em constante deverá facilitar a aprendizagem e assim terá
formação e atualizado, para que ao receber o que elaborar trabalhos voltados para o visual,
aluno com dislexia possa estar totalmente auditivo e oral.
preparado para lidar com todas as situações Nesta perspectiva, o educador para atingir
que apresentar, e assim sempre criando e de maneira positiva o aluno, é interessante que
inovando caminhos para o processo de ensino realize trabalhos em grupos sempre o incluindo
aprendizagem dos alunos. em todas as atividades propostas, nunca
No aspecto de desenvolvimento, o aluno deixando seu aluno com dificuldade de lado,
disléxico apresenta dificuldades na leitura, quando necessário for adaptar as atividades de
escrita, fala e escuta, pois em certos casos, não acordo com a necessidade da criança. Vele
consegue assimilar ou se concentrar para ressaltar, a importância de todos os alunos da
desenvolver tal habilidade, mediante essa classe estarem ciente sobre o que é a Dislexia.
situação cabe ao educador, buscar estratégias Campbell (2009), ainda nos afirma que:
pertinentes às necessidades da criança no O professor deve recorrer a diversas
momento; pois o aluno com dislexia tem atividades e técnicas de ensino e descobrir qual
capacidade de aprender e se desenvolver assim delas melhor se adapta a cada estudante e a
como outra criança considerada “NORMAL”, cada situação, dando um tempo maior para o
porém esse processo se dará em longo prazo. estudante disléxico fazer o mesmo trabalho
O educador deve estar atento para nunca que os demais (CAMPBELL, 2009, p.83).
expor esse aluno, e deixá-lo em situação Tânia Freitas (2011), em seu artigo científico
vexatório, para que o mesmo não se sinta aponta alguns aspectos como facilitadores que
incapaz e ficando isolado. podem ser introduzidos pelo educador sendo
Conhecer como se processa a aprendizagem utilizados como um norte no processo
de seus alunos e quais as dificuldades que acadêmico e também como ferramenta, assim
podem apresentar em cada um dos aspectos auxiliando os alunos disléxicos:
cognitivos é de suma importância para • Perceber e estimular as habilidades de seus
possibilitar ao professor uma melhor alunos, como forma de dar-lhe segurança,
interferência no processo de aprendizagem, melhorar autoestima, sempre auxiliando
pois algumas dificuldades recomendam a quando necessário, para que os alunos se
intervenção profissional diferenciada, sintam confortáveis em solicitar ou tirar
enquanto outra requer apenas que o estímulo dúvidas com o professor;
adequado seja oferecido para que seja • Desenvolver o prazer pela leitura, sempre
superada (CAMPBELL, 2009, p.71). levando em consideração os interesses dos
Sabe-se, que este aluno, terá maiores alunos e sua faixa etária;
dificuldades em seu processo de ensino • Trabalhar com atividades que ampliem o
aprendizagem e autoestima baixa, por não vocabulário, assim como atividades que
aprender no mesmo ritmo que seus colegas de estimulem os alunos a escrever;
classe (fator esse que também influencia em
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando as grandes transformações da nova sociedade, bem como o avanço na área
tecnológica e as estruturas familiares; vale ressaltar que a função primordial da escola sempre
permanecerá a mesma, com o objetivo primordial favorecer o desenvolvimento acadêmico e
social dos educandos, independentemente de suas limitações e condições mediante tal limitação
do aluno. O educador e toda Equipe Escolar terá como função trabalhar de acordo com as
possibilidades e necessidades.
Em se tratando do aluno disléxico, o educador deve sempre elaborar atividades em que o
mesmo possa realizar e sempre interagindo e participando juntamente com os demais alunos da
sala.
Para tanto, para que ocorra o cumprimento desta função, a escola precisa mudar e essa
mudança deve garantir a interação entre todos da escola e tendo acima de tudo uma parceria
com a família, para que o trabalho aconteça de maneira significativa e prazerosa ao educando.
Sendo assim, a Instituição Regular de Ensino, deve ter bem claro, que a inclusão tem de
ser compreendida como uma política de interação entre todos os alunos e assim conscientizando
o educador para a grande importância e necessidade de estarem em constantes formações para
que estejam devidamente preparados para receberem estes alunos; pois o mesmo estando
preparado irá conseguir realizar um trabalho de qualidade e eficaz.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei Federal Nº8069, de 13 de julho de 1990. ECA – Estatuto da Criança e do
Adolescente. Brasília, 1990.
CAMPBELL, Selma Inês. Múltiplas faces da Inclusão. Rio de Janeiro: Wak Ed., 2009.
FREITAS, Tânia. Orientações para o trabalho com disléxico em sala de aula. Disponível
em:http://www.uemg.br/openjournal/index.php/anaisbarbacena/article/viewFile/1579/931 . Data
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KALOUSTIAN, Silvio Manoug. Família Brasileira, a base de tudo. 4.ed. São Paulo: Cortez;
Brasília, DF: UNICEF, 2000.
SANTOS, Cacilda Cuba. Dislexia Específica de Evolução. São Paulo: SARVIER, 1986.
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Professor de Arte na Rede Pública da Cidade de São Paulo.
Graduação: Licenciatura em Arte pela Universidade Metropolitana de Santos.
.
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ambientação com músicas da época, como atividades que se adaptam a cada faixa etária.
cantigas de roda. Na educação infantil é a forma mais fácil e
Apropria das obras para o trabalho em sala assertiva de promover a alfabetização, inclusão
de aula, brincadeiras de criança como ponto e ampliação de repertório lúdico. A tarefa de
de partida para a reflexão das artes e ensinar é um desafio. Logo inserir a música
criatividade no processo de criação das também é, pois com tantas opções e incentivos
atividades desenvolvidas em sala . dos meios de comunicação necessita-se ter
O artista Ivan Cruz brinca com a proposta de senso crítico e postura ética para que este
resgatar as brincadeiras no ambiente escolar papel tão importante da educação aconteça na
abordando as demais linguagens da arte: prática com qualidade e eficiência. Nesse
DANÇA, TEATRO e MÚSICA. sentido, pode-se notar que o ensino com a
Construção dos brinquedos com os alunos música na educação infantil tem papel
em sala de aula passa a ser uma proposta de fundamental na formação do ser humano. De
contextualização quanto à história de cada acordo com o Referencial Curricular Nacional
brinquedo, descobrir a origem de cada um. A da Educação Infantil, as escolas de educação
grande diversidade existente na nossa infantil além de oferecer um ensino de
literatura infantil também deve ser utilizada de qualidade, precisam desenvolver algumas
forma a enriquecer ainda mais esse trabalho. habilidades na criança, levando em
consideração que nos primeiros anos de vida
MUSICALIDADE E O PROCESSO do indivíduo requer atenção especial, pois é
onde acontece a construção de um cidadão
EDUCATIVO participativo, crítico e consciente de seu papel
Sabe-se que a música é muito presente em na sociedade e na vida. A música tem como
diversas culturas, essa versatilidade confere à objetivo incentivar a criatividade de forma
música infinitas possibilidades no campo da lúdica informal, já que para as crianças é
Educação, mais precisamente no contexto do oferecido pouco espaço para criar e a música é
ensino e aprendizagem ela é utilizada nas um caminho muito fértil para tal prática e
aulas, principalmente como meio de inclusão realização de atividades que incentivem a
pelo lúdico. A importância da música para a ludicidade e criação. Nesse sentido, a prática
Educação Infantil é como ferramenta da música dentro das escolas, principalmente
imprescindível na atuação do professor, com na educação infantil é considerada além de ser
vistas ao desenvolvimento do educando em uma aprendizagem significativa, um olhar
termos de psicomotricidade, ludicidade, reflexivo para as práticas educacionais com
motivação para a leitura e escrita, sonoridade, aprendizagens sempre valorizando a
ritmo, ampliação de vocabulário, a linguagem diversidade do aluno e seu espaço de vivência.
como um todo. constata-se a relevância da Sabemos que a educação sozinha não
música em sala de aula como promotora do transforma conhecimentos em aprendizagens,
desenvolvimento infantil sem precedentes, é preciso o envolvimento da comunidade
possibilitando uma gama de opções de escolar; gestão, professores, alunos e família. A
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formação dos professores se faz necessária, Avaliamos tudo à nossa volta com intenção
assim como momentos de estudo e de melhorar a partir das experiências
planejamento das aulas para melhor prática e negativas constantemente de forma coerente
assim um resultado satisfatório, desenvolver e devemos descartar que o erro provoca
melhores ações sempre com o objetivo de usar somente prejuízos.
a musicalidade para ensinar. Uma A Avaliação leva a alternativas de conduta,
aprendizagem de qualidade se faz com uma alteração nos planos de ensino, mudanças nas
prática reflexiva. As primeiras aprendizagens se formas de avaliação diante de situações novas
dão nos primeiros anos de vida do ser humano, e inusitadas para entender melhor a criança, o
portanto as mais marcantes que levará os jovem, sempre no intuito de evitar rótulos
alunos ao incentivo de aprender mais, classificatórios e excludentes tão usados até
conhecer o novo, produzir frutos. bem pouco tempo.
CURRÍCULO E AVALIAÇÃO
Avaliar é uma prática que envolve as
aprendizagens dos alunos, mas também avalia
a prática do professor, a fim de melhorar o
processo, a forma e a prática pedagógica desse
docente. Antes de 1960, tínhamos uma
Avaliação Liberal, a Escola Nova, tecnicista,
classificatória, centrada no acúmulo de
informações do aluno onde selecionava os
melhores, que media o quanto o aluno
conseguia armazenar sobre determinado
assunto. Com isso excluía um número
considerável de alunos que não se encaixavam
nesse ranking, simplesmente porque
aprendiam diferente do modelo tido como
ideal. O fracasso escolar era somente do aluno.
Depois de 1960, chega a Avaliação Pós-
Moderna, uma discussão da nova concepção
pedagógica, Pedagogia Progressista,
aprendizagem significativa em processos
diferentes de concepção de ensino: Concepção
Tradicional, Concepção Escolanovista,
Concepção Tecnicista, Concepção Pós-
moderna e suas tendências de avaliação:
Concepção Classificatória, Concepção
Diagnóstica, Concepção Formativa.
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A educação inclusiva garante o acesso, a participação e a aprendizagem global de todos os
estudantes da escola contribuindo para a construção de uma nova cultura de valorização das
diferenças. Essa educação perpassa todos os níveis, etapas e demais modalidades de ensino,
oferecendo aos estudantes recursos e estratégias de acessibilidade ao ambiente e aos
conhecimentos escolares.
Por meio da arte é possível desenvolver áreas do conhecimento como a percepção visual,
auditiva, a expressão corporal, a intuição, a imaginação, o pensamento analógico, concreto, a
reflexão, permitindo o desenvolvimento da criatividade sendo também uma forma de interação,
comunicação e socialização.
Na arte temos uma grande aliada, utilizando seus recursos lúdicos e musicais para a
inclusão desses estudantes, proporcionando espaços de conhecimento e convivência e ajudando
no desenvolvimento global, na socialização com seus pares e demais grupos sociais que integram,
contribuindo de forma significativa .
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil.
3°. Volume. Brasília: MEC/SEF, 1998.
BRASIL. Lei nº 11.769 de 18 de agosto de 2008. Altera a Lei 9394 de 20 de dezembro de 1996,
Lei de Diretrizes e Bases da Educação, para dispor sobre a obrigatoriedade do ensino da música
na educação básica.
BRÉSCIA, Vera Lúcia Pessagno. Educação musical: bases psicológicas e ação preventiva.
São Paulo: Átomo, 2003.
ANDRÉ, Marli (Org.). O papel da pesquisa na formação e na prática dos professores. São
Paulo: Papirus, 2001.
MAZZOTTI, Tarso Bonilha. OLIVEIRA, Renato José. Ciência da Educação. Rio de Janeiro:
Editora DP & A, 2002.
ANDE, Edna. LEMOS, Sueli. Brincadeiras de Criança com Ivan Cruz. Rio de Janeiro: Editora
Edebe, 2007.
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A Lei 12.764 /12 Institui a Política Nacional integrada, à dificuldade no contato visual e
de Proteção dos Direitos da Pessoa com linguagem corporal, ou déficits na
Transtorno do Espectro Autista, (BRASIL,2012), compreensão e uso gestos a ausência total de
e de acordo com a nota técnica expressões faciais e comunicação não verbal.
24/2012/MEC/SECADI/DPEE: O §2º, do art. 1º 3) Déficits para desenvolver, manter e
da Lei nº 12.764/2012, a pessoa com compreender relacionamentos, variando, por
transtorno do espectro autista é considerada exemplo, de dificuldade em ajustar o
pessoa com deficiência. Conforme a CDPD comportamento para se adequar a contextos
(ONU/2006): “Pessoas com deficiência são sociais diversos a dificuldade em compartilhar
aquelas que tem impedimentos de longo prazo brincadeiras imaginativas, ou em fazer amigos,
de natureza física, mental, intelectual ou e à ausência de interesse por pares (BORGES,
sensorial, os quais, em interação com diversas 2021, p. 38-39).
barreiras, podem obstruir sua participação Ser autista não significa que a criança não
plena e efetiva na sociedade em igualdade de conseguirá desenvolver a maioria das ações e
condições com as demais pessoas (BORGES, atividades, mas se trata de um distúrbio que
2021, p. 41). varia de grau, do mais leve ao mais severo,
Desse modo, é dever do Estado oferecer marcado com comprometimento na
condições para o educando desenvolver suas socialização, comunicação e cognição,
habilidades de forma plena, de acordo com dificuldade na imaginação, assim, a pessoa com
suas capacidades. Borges (2021), ao citar DSM- este espectro apresenta essa tríade de
5 (Manual de diagnóstico e Estatística dos dificuldades, todavia, não é um Ser
Transtornos Mentais, 5ª Edição), publicação impossibilitado, logo, cabe à sociedade e o
oficial da Associação Americana de Psiquiatria Estado, principalmente, oferecer meios para
(APA, 2013) define o autismo como uma única que o mesmo desenvolva suas capacidades de
desordem no espectro, a qual é caracterizado forma plena.
por um conjunto de sintomas em que podem O Transtorno possui três níveis de
prejudicar ou causar algum impacto nas áreas funcionalidades de acordo com o DSM-5, o TEA
de comunicação, comportamento e (Transtorno do Espectro Autista); o Severo
flexibilidade e sensibilidade sensorial. Diante (Nível 3); Moderado (Nível 2) e Leve (Nível 1),
disso, alguns dos critérios utilizados para em cada um dos nível há a necessidade de um
identificar o referido espectro segundo o DMS- tratamento adequado no que se refere à
5 são: comunicação e questões comportamentais, o
1) Déficits na reciprocidade suporte varia de acordo com a severidade,
socioemocional, variando, por exemplo, de assim, à medida que o sujeito caminha dentro
abordagem social anormal e dificuldade para de espectro ele pode desenvolver níveis de
estabelecer uma conversa normal a funcionalidade em que as dificuldades são
compartilhamento reduzido de interesses, diminuídas, o que possibilita um melhor
emoções ou afeto, e dificuldade para iniciar ou desempenhos das funções. A tabela a seguir
responder a interações sociais. apresenta os níveis de funcionalidade do
2) Déficits nos comportamentos Transtorno do Espectro Autista.
comunicativos não verbais usados para
interação social, variando, por exemplo, de
comunicação verbal e não verbal pouco
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Diante dos níveis de funcionalidade, cabe a sobre a síndrome, nos anos 1943 e 1944,
escola oferecer subsídio para o aluno respectivamente. Ambos acreditavam que
desenvolver suas habilidades, respeitando as desde o nascimento havia características de
limitações de cada um, para isso, faz-se preciso transtorno que dava origem a problemas
respeitar questões relacionadas ao modo como característicos do autismo.
pessoas com autismo veem o mundo, Considerando a temática em estudo, torna-
portanto, é de suma importância conhecer o se importante conceituar o autismo que na
sujeito, sua realidade e seus anseio para a visão de Orrú (2012, p.32), é uma "síndrome
partir disso, desenvolver estratégias comportamental com etiologias múltiplas e
pedagógicas que contribua no seu curso de um distúrbio de desenvolvimento"
aprendizado. Vygotsky (1988, p. 28), afirma que acometia crianças com idade inferior a três
que a educação dessas crianças “deveria se anos, predominantemente aos quatro anos a
basear na organização especial de suas funções cada dez mil nascidos. Tem como característica
e em suas características mais positivas, ao sintomática a tendência ao isolamento. Assim,
invés de se basear em seus aspectos mais acredita-se que o autismo pode configurar-se
deficitários”. como um distúrbio neurológico podendo
apresentar anomalias comportamentais em
CONSIDERAÇÕES SOBRE O maior e menor grau.
O autismo é uma síndrome representada
AUTISMO por um distúrbio difuso do desenvolvimento e
Todas as abordagens sobre o autismo comprometimento de várias funções. Por ser
infantil são retomadas aos pioneiros Leo semelhante a outros distúrbios, o autismo
Kanner e Hans Asperge. Cada um dos também reúne as características de diversos
pesquisadores publicou os primeiros trabalhos
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exemplo o livro- didático para os alunos do didático, aqueles que conseguem entrar no
ensino médio, pois eles possibilitam o mesmo e compreendê-lo, se dão bem, tiram
acompanhamento por parte dos alunos à boas notas e aqueles que não conseguem
explicação do professor. No entanto, o livro acompanhar o jogo, acabam por enfrentar
didático aparece como um recurso que não dificuldades. Existe, assim, uma necessidade de
possibilita o entendimento completo do aluno, aprimorar o Ensino de Física e construir
sendo que muitos estudiosos, dentre eles alternativas didático- metodológicas que
Carneiro (2007), defendem o uso do levem a situações de aprendizagem,
laboratório e consequentemente de atividades empreendendo um Ensino de Física
práticas que possam melhor instruir os alunos contextualizado, onde o aluno possa vivenciar
ao aprendizado da Física. a Física em sua realidade, uma situação que já
Sobre o ensino de Física no nível médio está presente nos discursos de professores e
Oliveira (2011), salienta que o mesmo vem se educadores, mas que precisa ser posta em
caracterizando, grande parte das vezes, por prática (CARVALHO, et al, 2010).
aulas teóricas e descritivas, bem distantes do Para Sousa (2013), a atualidade apresenta
que os alunos vivenciam, configurando, desse inúmeros problemas ao ensino e consequente
modo, um modelo de ensino tradicional, aprendizagem de Física, como a limitação ao
visando o simples repasse de conteúdo. uso do livro-didático e a falta de laboratórios
Praticamente, as aulas são baseadas apenas no para o ensino-aprendizagem de Física. Uma das
livro didático e no quadro de acrílico, “com maiores preocupações que se referem ao
ênfase na linguagem matemática desprovida ensino de Física nos dias atuais é a
de um embasamento experimental, preocupação de fazer com que o aluno se
desvinculando os conteúdos de suas possíveis identifique com o objeto de estudo, quando o
relações com os fatos do cotidiano, deixando aluno gosta do que está aprendendo a
de lado os aspectos fenomenológicos” aprendizagem ocorre de maneira tranquila.
(OLIVEIRA, 2011, p.24) Destarte, o ensino de Física acontecendo
Assim, embora a existência dos recursos desta forma dificulta a aprendizagem dos
tecnológicos tenha apresentado diversas alunos, à medida que estes não sentem
possibilidades para todos os âmbitos da interesse pela disciplina e cunham esta como
sociedade, inclusive para a educação, ressalta- difícil, em se tratando de inclusão em um
se, que o ensino de Física pouco tem se ensino de Física com estas características é
aproveitado de seus benefícios e continua preciso abrir uma discussão a parte, pois os
acontecendo, na maioria, das escolas de forma alunos com transtornos e deficiências tem
tradicional, baseado em teorias e cálculos, maior dificuldade em aprender mediante
seguindo o livro didático. metodologias tradicionais de ensino.
Os alunos já notam o Ensino de Física
atrelado ao repasse sistemático de conteúdos
e as práticas dos professores de aplicar sempre
avaliações. Trata-se de uma espécie de jogo
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capaz de prender a atenção dos alunos TEA e combinados com outras imagens para
fazer com que eles aprendam. Assim, mostrou indicação de algo.
em seu estudo como entender os aspectos Os estudos mostram que o aluno autista terá
físicos por meio de equações, utilizando em dificuldade de aprender Física e realmente ser
forma de rotina, utilizando recursos como incluso neste estudo se for apenas tradicional,
carrinho de brinquedo, régua e cronometro. sendo necessário que se criem alternativas que
Com as aulas ministradas de forma mais o leve a aprendizagem, fazendo com que este
dinâmica o aluno TEA participou da aula possa aprender a medida que se interessa pela
ativamente. aula, que há algo que lhe chama a atenção e
Corrêa (2020), trouxe a proposta de um que facilita seu processo de aprendizagem.
plano pedagógico para ensinar física buscando
realizar um estudo com hiperfoco do aluno,
trazendo assim uma interdisciplinaridade, que
conecte a matéria de maior interesse com a
Física, mostrando que é preciso inovar para
que os alunos tenham interesse no estudo de
Física e aprendam, pois fugindo do ensino
tradicional. Seu plano de ensino seguiu
perguntas iniciais sobre o conteúdo, instigando
os alunos a pensar, oferecendo exemplos da
realidade que vivenciam e com uma linguagem
que entendam com facilidade.
Dias, Souza e Cruz (2018), escolheram um
tema de Física específico apara trabalhar com a
inclusão do aluno autista, mostrando que é
preciso construir diferentes abordagens para
que os alunos autistas possam aprender Física,
mostrou, assim, sistemas de comunicação para
que seja possível o aluno autista ser incluído no
ensino de Física, como sistema PIC (Pictogram
Ideogram Communication), que tem como
objetivo permitir a comunicação de indivíduos
com déficit na comunicação e são formados
por símbolos que representam objetos ou
conceitos e o sistema de Símbolos de
Comunicação Pictórica (PCS), muito usado para
mediar à comunicação de indivíduos com
autismo e com paralisia cerebral, composto por
desenhos simples e que podem estar
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo realizou uma revisão integrativa acerca da educação inclusiva no ensino
de Física, procurando observar metodologias e recursos que são utilizados para que seja possível
incluir os alunos autistas nas aulas. Assim, observou-se que muitos avanços têm ocorrido na
educação, possibilitando a inclusão de crianças com transtornos e deficiências, contudo, muitas
mudanças ainda precisam acontecer para que seja possível de fato haver inclusão, pois os alunos
precisam aprender, se desenvolverem e não apenas estarem matriculados na escola.
Destarte, quando se trata da inclusão do aluno autista no ensino de Física, destaca-se que
o professor precisa adaptar o seu modo de ensinar para incluir os alunos autistas em suas aulas,
recorrer a um plano de aula e a recursos diferenciados, ocorrendo adaptações, utilizando
metodologias adequadas, de modo que as tecnologias se mostram uma alternativa viável para a
inclusão.
Na realização da revisão integrativa notou-se que poucos estudos são realizados a respeito
da temática, havendo uma carência na produção cientifica sobre o tema, os estudos mostraram
que usar tecnologias digitais como o Smartphone é um caminho para a inclusão do aluno autista
no ensino de Física, bem como é essencial fugir do método tradicional de ensino, pois é preciso
empreender estratégias de ensino que levem a inclusão.
Assim, mostra-se necessário que sejam construídas novas pesquisas sobre o tema, que
venham a enriquecer esse campo de pesquisa ainda carente, mostrando formas de promover um
ensino de fato inclusivista.
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REFERÊNCIAS
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Em seguida, há outra seção em que é descrita SANTOS, 2019). Para a autora, nem as
a metodologia das atividades elaboradas, pesquisas teóricas feitas na universidade nem
como também os conteúdos abordados para a as práticas docentes educacionais passam de
realidade apresentada no ensino remoto. seus respectivos muros: ambos criam excessos
Posteriormente, há a análise acerca dos efeitos de discursos que contrapõem a pobreza de
e implicações do estágio e a formação docente suas práticas (SANTOS, 2019).
no período pandêmico. Por fim, há a seção de Apoiando-se nos estudos de Flores (2010),
considerações finais. Santos (2019) também apresenta que, por
2 A FORMAÇÃO INICIAL DE resultado dessa relação divorciada (e por vezes
contraditória) da escola com a universidade, o
PROFESSORES: FUNDAMENTOS processo de preparação de futuros professores
TEÓRICOS revela-se de forma fragmentada e descontínua
(em vez de integrada e continuada), o qual
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devia ser dado o lugar a uma formação que vise profissão a partir das observações, imitações,
promover uma efectiva interacção das diversas reproduções e podendo até, às vezes, atuar na
componentes, a teorização das práticas re-elaboração dos modelos existentes tidos
formativas e a meta-análise reflexiva do futuro como bons; e a prática como
professor sobre o seu próprio processo instrumentalização da técnica, na qual o
formativo (ROLDÃO3 , 2001, apud, SANTOS,
1 docente em seu contexto formativo de estágio
2019). desenvolve técnicas e habilidades específicas
Portanto, Santos (2019), conclui que é de modo mecânico, reduzindo o estágio a uma
percebido pelas literaturas a necessidade de experiência de como fazer, quais técnicas
uma formação inicial que oportunize ao empregar em sala de aula e qual o mais
graduando em construção uma base reflexiva e adequado “manejo” de classe, ou seja,
dialógica com a escola, onde o licenciando habilidades instrumentais e limitadas para a
possa ter condições de preparo acadêmico de fazer docente.Para as autoras Pimenta e Lima
responder às exigências e aos desafios (2005), o estágio sempre foi visto apenas como
complexos que diariamente os professores nas a parte prática dos cursos de formação de
escolas enfrentam (FLORES4 , 2010, apud,
2 profissionais em geral, estando sempre em
SANTOS, 2019). posição de contraposição à teoria.
As portas abertas e proporcionadas pelo Assim, para Pimenta e Lima (2005), essas
estágio permitiu uma ampla visão do contexto habilidades a serem observadas e/ou
remoto e pode proporcionar aos alunos, adquiridas em contexto de estágio eram
dentro de suas possibilidades, um bom insuficientes e escassas, pois o estágio,
desempenho, isso faz lembrar as palavras de enquanto prática como imitação de modelos
Lima (2001) quando afirma: não valoriza a construção intelectual do
Para isso, o estágio não deve ser professor em formação e não desenvolve uma
burocratizado, mas abrir possibilidade de identidade profissional de análise crítica e
mudança. Juntamente com a comunidade fundamentada, teoricamente, na realidade
escolar, os estagiários fazem leitura da social onde o ensino se insere. Já o conceito de
realidade, à luz de elementos teóricos e, estágio enquanto instrumentalização da
finalmente apresentam propostas de atuação, técnica gera um distanciamento do trabalho
para fazerem do estágio um processo contínuo concreto e abstrato que ocorre na escola pelo
(LIMA, 2001, p. 58). fato de que a formação conteudista de algumas
Até então, segundo as autoras, o estágio era instituições é feita de modo fragmentado e
visto como o momento de se aprender a sem relação entre as teorias apresentadas,
prática docente e essa prática ocorria por dois bem como há a crença de que as técnicas e
viés: a prática como imitação de modelos no metodologias podem deter o poder de resolver
qual o professor em formação aprende a
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ROLDÃO, Maria C. A formação como projecto: do FLORES, Maria Assunção. Algumas reflexões em torno
plano mosaico ao currículo como projecto de formação. da formação inicial de professores. Educação, vol. 33,
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As aulas síncronas foram realizadas por Point para a explanação em aulas expositivo-
meio da sala virtual do meet. Nesse contexto, dialogadas com momentos de discussão para
além da interação oral, era possível os alunos tirarem suas dúvidas. A seguir, há um
compartilhar a tela com apresentação e exemplo de slide utilizado em uma das aulas.
discussão dos conteúdos. Foram utilizados
slides no Power
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Tendo em vista que o tempo deveria ser que os alunos pudessem interagir e
muito bem aproveitado, mas considerando compreender os conteúdos apresentados.
também as distrações e interrupções seja de Houve também atividades dirigidas para
meios externos ou na rede, os slides das aulas resolução de forma assíncrona, como a do
eram bem chamativos com cores distintas para exemplo a seguir.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Não existe professor sem aluno e nem aluno sem professor, pois, quem forma se forma e
reforma ao formar e quem é formado forma-se e forma ao ser formado (FREIRE, 1996).
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REFERÊNCIAS
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RESUMO: Para entender a atual participação da educação no gosto da arte africana, é prudente
questionar sua história e identificar os diferentes estratos conceituais: educação pelo ideal da
antiguidade, educação de uma elite no Renascimento, educação para todos por meio de uma
"arte social" do século XIX, educação do indivíduo hoje. É ainda o diálogo conflituoso entre a arte
criada no continente africano e apropriada sem o menor respeito por colonizadores europeus o
que gera preconceitos, hábitos e valores vigentes na educação e no exercício do ‘belo’. A fim de
compreender a realidade da beleza na Grécia e Roma antigas, a educação de uma elite no
Renascimento, numa educação massiva por meio de uma arte social do século XIX e uma arte
que reverbera durante séculos com seus contornos ritualísticos destoantes dos moldes
europeizados diante de uma educação do indivíduo hoje. O diálogo conflituoso entre a tradição
elitista e o “exótico” forma o pano de fundo para nossa reflexão nesse modesto trabalho que
busca ainda trazer à tona observações sobre os preconceitos e valores atualmente em ação na
educação e no exercício do gosto.
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africana vai além das explicações dadas pelo Industrial somado ao crescimento da
fatalismo racista de o negro não possuía população do continente europeu, levou à
cultura ou que houve submissão por parte dos "partilha do bolo continental" entre as
que aqui forma escravizados. potências ocidentais no Congresso de Berlim
Os povos africanos criaram objetos de arte, em 1885.
usando diferentes elementos da natureza. Ao final do século XIX os objetos trazidos
Entre esculturas de marfim, máscaras pelos conquistadores têm apenas um interesse
esculpidas em madeira e ornamentos em ouro científico por uma vocação enciclopédica e
e bronze. Os temas retratados nas obras de educacional sobre os impérios coloniais. Eles
arte referem-se à vida cotidiana, à religião e são encontrados principalmente em museus e
aos aspectos naturais da região povoada. galerias. Então no começo do XX intelectuais e
Assim, eles esculpiram e pintaram mitos, artistas notam o interesse estético e artístico
animais da floresta, cenas de tradições, desses objetos "exóticos".
personagens e cotidianos. Paul Guillaume, colecionador e negociante
A arte africana é um reflexo fiel das ricas de arte, amigo do poeta Apollinaire, abre a
histórias, mitos, crenças e filosofias dos primeira galeria onde apresenta a arte africana
habitantes deste grande continente. A riqueza que compra aos administradores coloniais,
desta arte vem fornecendo matérias-primas e militares e missionários.
inspiração para muitos movimentos artísticos Em 1917, o escritor Guillaume Apollinaire
contemporâneos na América e na Europa. publicou “À propos de l’art nègre”, na
Durante o século XX, artistas contemporâneos apresentação de um álbum com 24 fotografias
admiraram a importância da abstração e do de esculturas africanas, editado por Paul
naturalismo na arte africana. Guillaume. No ano seguinte, o pintor e poeta
Desse modo apresentamos a essa distinta tcheco Josef Càpek publicou “Escultura negra”,
instituição o resultado de nossa pesquisa, que, com outras contribuições pontuais,
esperamos que contemple os atributos compõe o conjunto de textos do período de
esperados para o curso de Graduação em Artes “descoberta” da arte da África, de acordo com
Visuais. a divisão proposta por
Jack Flam e Miriam Deutch na história
BREVE PANORAMA DA ARTE documental que organizaram do ‘primitivismo’
no século 20 (CONDURU, 2015. p, 120)
AFRICANA NOS SÉCULOS XIX E Enquanto isso, o nascimento do cubismo,
XX liderado por Picasso e Braque, que são
Do século XV ao século XIX período de amantes da arte Africana, torna-se para uma
assentamentos costeiros de postos de fonte de inspiração artística para ambos. Na
comércio, ligados ao tráfico de escravos, década de 1930, missões científicas surgem. O
seguido do fim da intensificação da colonização de Marcel Griaule, no país Dogon, visa, desta
interna do continente Africano para encontrar vez, coletar objetos e informações de
as matérias-primas necessárias à Revolução "diferentes culturas " para uma reconstrução
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etnográfica dessas sociedades. Entre as duas raramente foram concebidos como objetos
guerras, colecionar objetos da arte africana se decorativos, mesmo que a vontade de
torna moda. Após a independência, os combinar o útil com o belo seja inegável.
comerciantes, inescrupulosos, foram ao local Assim como o dito ser primitivo estava
na África, "para estocar". preso a uma condição pretérita atemporal, a
Na década de 30, uma renomada missão arte da África não tinha história, situando-se
colonial francesa, que atravessou a África (em em um vácuo temporal – ausência de história,
seus múltiplos sentidos) de oeste a leste, de funções e sentidos sociais que,
partindo de Dakar e chegando a Djibuti, levava coerentemente, levaram artistas e escritores a
um grupo de pesquisadores de diversas se concentrar em questões formais,
disciplinas. A missão Dakar-Djibuti foi alvo de desconsiderando aspectos simbólicos e
intenso debate e objeto de uma lei votada pela funcionais das obras; apropriações artísticas e
Assembléia Nacional em 31 de março de 1931. reflexões críticas abstratas e formalistas que se
Seu objetivo fundamental, plenamente estenderam a publicações, exposições, usos
cumprido, era “enriquecer as coleções da domésticos (CONDURU, 2015, p, 122).
nação de objetos exóticos”. Marcel Griaule Eles sempre tiveram um significado
(1948), seu idealizador, havia passado um ano espiritual, social ou político, a fim de preservar
na Etiópia e considerava o trabalho de campo o equilíbrio e o bom funcionamento da
como continuação de uma tradição de sociedade. Estas obras de arte tradicionais
aventura e exploração. Para ele, a ausência de estavam ligadas a práticas específicas e
interesses etnológicos na exploração da terra conhecimentos de extrema variedade, dada a
teria favorecido a incompreensão mútua entre diversidade de grupos étnicos no vasto
os povos (BARROS, 2004. p, 22). continente africano. Esses objetos tinham
Então, na década de 1980, um começo de múltiplas funções: eram usados em ritos de
legislação surgiu para proteger esses objetos iniciação (transição para a idade adulta, a
culturais e tentar limitar seu desaparecimento transmissão de conhecimento esotérico a um
do continente africano. É por isso que hoje as sujeito em particular ou a um grupo de
raridades, as obras de arte Africana estão na indivíduos), que atuavam enquanto elemento
sua maioria em coleções particulares ou de intervenção durante os serviços
museus. (homenagem aos antepassados, garantindo a
Como podemos definir uma obra de arte fertilidade das mulheres, a fertilidade da terra,
africana? Como apreendemos um objeto de etc.), nos funerais, e tantos outros.
arte africana? Um objeto "belo" deve acima de tudo ser
Algumas ideias para entender a arte africana capaz de curar e proteger os indivíduos e as
são mais que necessárias, apesar do poder comunidades. O escultor teve que respeitar as
estético que pode ser sentido diante de uma formas tradicionais, respeitar o pedido do
máscara africana, o objeto em si é definido patrocinador e o do adivinho. Ele não assinou
pelo papel ritualístico a ele atribuído e para o suas obras, porque nas sociedades africanas, o
qual foi esculpido. Os objetos da Arte Africana coletivo tem precedência sobre o indivíduo e o
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O primitivismo é uma tendência artística na egípcias, oceânicas e mesmo bretãs, ele renova
arte moderna nas artes visuais e literatura que as fontes de arte buscando inspiração e
começou no século XIX e continua até o início desenvolvendo uma nova perspectiva sobre
do século XX. Expressa uma rejeição dos objetos não europeus. Ele até mesmo empurra
valores burgueses representados pela a abordagem para expatriados nas ilhas do
industrialização desenfreada e devastadora Pacífico, como o Taiti. Ele está cansado da
nos níveis social e cultural. Em termos sociedade e do estilo artístico de seu tempo.
artísticos, os cânones antigos e oficiais são O idealismo de Gauguin teve o mérito de
questionados, até rejeitados para favorecer trazer ao ocidente testemunhos de um mundo
uma expressividade interna sem passar pelo que sua civilização lutava para suplantar. Se
aprendizado acadêmico. Muitos artistas se Gauguin era um idealista não era porém, um
voltam para as chamadas sociedades colecionador de coisas exóticas. Ele penetrou
"primitivas" da África e da Oceania, atraídas fundo naquela realidade e teve a coragem de
por seus modos de vida, próximas à natureza e enfrentar os colonizadores, mesmo sabendo
por suas artes. Eles tiram dela concepções que pagaria por isso (BARROS, 2011, p, 42).
formais para interpretar sua própria Essas máscaras, todos esses objetos que os
sensibilidade. Eles também veem homens executaram em um projeto sagrado e
autenticidade e espontaneidade, dois valores mágico, para servirem como intermediários
que parecem ter sido rejeitados pelo modo de entre eles e as forças de um desconhecido e
vida burguês materialista, que vem ganhando hostil, que os cercava, tentando assim superar
cada vez mais importância no século XIX. Os o medo dando-lhes cor e forma. E então
artistas se familiarizam com as "artes percebe-se que esse era o próprio significado
primitivas" nos museus e com os comerciantes da pintura. Não é um processo estético; é uma
etnográficos. forma de magia interposta entre o universo e
Em face do público ocidental, os objetos nós; uma maneira de tomar o poder, impondo
africanos estão gradualmente se movendo da uma forma aos terrores e aos desejos.
esfera dos objetos etnográficos para o campo Outros artistas europeus então também
dos objetos artísticos, o primitivismo descreve interessados em artes africanas e do mesmo
um fato ocidental e não implica diálogo direto modo em encontrar inspiração em sua
no pesquisa estética encontrarão na Alemanha,
Ocidente e os “outros ". No contexto da arte França e outros países europeus essa
moderna, refere-se a uma atração por pessoas tendência que é internacional e assume
fora da cultura ocidental, percebida por meio diferentes formas, dependendo das correntes
da lente deformadora das concepções e artistas do século XX.
"primitivas" ocidentais geradas no final do Mas o que os artistas veem nos objetos
século XIX, mas sem nenhum estudo africanos é sempre uma busca do "primitivo", a
aprofundado vem sendo feito até então. energia essencial e instintiva da vida, sem se
O precursor dessa abordagem artística é interessar pelas culturas que estão na origem
Paul Gauguin. Inspirado pelas artes orientais,
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desses objetos, eles admiram o exótico curiosidades a troféus coloniais, depois objetos
contido. etnográficos e obras de arte. Nos anos 1910 a
A abordagem das artes africanas no século 1930, uma mania muito clara para as artes
XX é essencialmente um processo emocional, africanas é sentida, pelas publicações sobre o
porque vem de uma busca por artistas para se assunto, as exposições e a ascensão das
livrar de uma tradição acadêmica e do gosto da coleções públicas e privadas. Tudo isso ajuda a
burguesia. Eles são inspirados pelas artes transmitir uma nova imagem das artes
africanas baseadas em seus sentimentos africanas, como obras de arte.
pessoais, o que eles evocam em relação à sua Apesar deste entusiasmo pelas artes
experiência, individualmente. Por isso, cada africanas neste momento, os artistas
artista observa, inspira e interpreta o que vê surrealistas continuam cautelosos com esta
em relação ao que procura em sua arte. Essa tendência devido à aparente facilidade com
influência das artes africanas sobre os artistas que a cultura convencional europeia absorveu
do século XX é, portanto, variável, incompleta a África. Eles criticam principalmente a
e relaciona-se tanto à expressão formal – expansão colonial e a apropriação do "Outro"
formas esquemáticas, geométricas e (territórios, objetos, cultura). No entanto, eles
distorcidas da realidade, quanto à vitalidade não escapam dessa fascinação primitivista em
supostamente instintiva dos criadores relação aos objetos não-europeus, e africanos
africanos. em particular. Eles também coletam objetos e
Quando a obra africana fez a sua “aparição” os usam em suas criações, envolvendo-os em
no cenário artístico ocidental nos primeiros sua interpretação e em seu design estético.
anos do século XX, “descoberta” por artistas
como Picasso e Matisse, vários artistas e A MEMÓRIA NEOCOLONIAL E
movimentos, como o expressionismo, intuíram
o seu impulso criador, sinalizado por novos O MERCADO DE OBRAS DE ARTE
traçados, cores e signos que remetessem a essa Desde os anos 1960-1970, o início do
fonte criadora, e pontuaram uma nova período pós-colonial, os países anteriormente
organização de imagem (AJZENBERG & colonizados pelo Ocidente tendem a se
MUNANGA, 2009, p. 192). emancipar de sua história colonial e a
O objeto africano é um apoio, até mesmo reconstruir uma identidade. Este é um período
um pretexto, para transmitir uma mensagem em que a identidade é confundida com
crítica. O conhecimento profundo dessas artes identificação ou semelhança.
não é considerado aqui apenas adorno ou Muitos artistas negros, em seus países de
indumentária. No entanto, esses artistas origem ou na diáspora, estão trabalhando para
questionam a questão da identidade em seu liderar uma reflexão artística e teórica sobre o
tempo, incluindo as artes africanas. De fato, assunto da arte e memória. Da diáspora,
identidades, memória e história vem sendo
como mencionado acima, as artes africanas
trabalhadas em áreas de contato intercultural
passaram por diferentes status sob o olhar
ou culturas transnacionais, eles carregam uma
ocidental desde os primeiros contatos; de
identidade cultural dual, misturando o que eles
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usam na arte. O valor dos artistas diaspóricos testemunha a história e identidade afro-
não é a mera construção de novas identidades americana. É como se a complexidade da
próprias, mas eles também expõem e escravidão e seu posicionamento dentro da
desconstroem essas identidades preexistentes. modernidade devessem ser ativamente
Esses são os artistas da nova geração que reprimidos, de modo que seja possível adquirir
participam ativamente de tendências uma clara orientação para a tradição e, assim,
multiculturais e globais. A maioria deles para a condição atual dos negros. Os negros
exterioriza visualmente suas histórias e não hão de se esquecer a experiência da
experiências pessoais para lidar com tópicos escravidão que aparece como uma aberração
cruciais que podem atingir um público mais na grande narrativa da história africana, pelo
amplo. Eles podem tender para um tipo de menos para colocá-la de volta ao centro de seu
cidadão flexível, uma identidade transnacional pensamento e associá-lo a uma ideia mística e
e global: A cidadania flexível nos leva a ver o implacavelmente positiva da África.
mundo na rubrica de um projeto de Por meio das obras as noções de gênero,
descolonização que é uma lição vital do pós- história, memória e cultura estão no centro das
colonialismo. Se o status dos artistas na questões atuais e crucial. A história está
diáspora lhes oferece espaço para reflexão, constantemente se repetindo, os eventos do
também pode ser um fardo pesado, porque as passado afetam as novas gerações sempre em
instituições culturais e o mercado de arte apuros de identidade. Os artistas da diáspora
muitas vezes esperam que eles apresentem lutam contra os estereótipos e o esquecimento
suas origens e autenticidade cultural. expondo suas experiências pessoais, mas
A África é o ponto de origem e reflete na também indo além deles para alcançar um
representação, a história e o lugar do povo espaço crítico livre de toda pressão e de uma
preto, nisso eles tomam uma parte ativa no identidade transnacional. Eles produzem
pensamento, ecoando a aproximação para trabalhos fortes, chocantes ou chocantes para
Negritude; uma maneira de viver a história na atingir a consciência do espectador. O que é
história: a história de uma comunidade cuja fundamental, em que tudo o mais é construído
experiência aparece, em de fato, singular com e pode ser construído: o núcleo duro e
suas deportações de populações, suas irredutível; que dá um homem, uma cultura,
transferências de homens de um continente uma civilização por sua própria vez é seu estilo
para outro, memórias de crenças distantes, e sua singularidade irredutível. Uma identidade
seus remanescentes de culturas assassinadas. não arcaica não devora a si, mas devora o
A história da escravidão, do tráfico de mundo, isto é, faz com que as mãos de tudo
escravos e do povo afro-americano está isso possa melhor reavaliar o passado e, mais
também no centro das discussões numa ainda, preparar o futuro. Porque, finalmente,
reflexão sobre discriminação racial, como medir o caminho percorrido se não
desigualdade de gênero, enquanto soubermos de onde viemos ou para onde
constantemente a escava em sua própria queremos ir, como medir a distância percorrida
história, o sul-americano e o tráfico de negros se não soubermos essas prerrogativas.
africanos. Ao ressuscitar o passado, reabrem
cicatrizes e abala memórias. A escravidão
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Brasil está intimamente ligado à África, a pegada cultural dos africanos é tão dinâmica
que gerou a alegação de que o Brasil poderia ser melhor percebido como uma nação Africana. Se
olharmos para a história, o evento proeminente que selou o encontro entre o Brasil e a África
ocorreu com o tráfico de escravos transatlântico desenvolvido pelos colonizadores portugueses
a partir do século XVI. O empreendimento escravista deportou quase 40% do número total de
africanos embarcados para cruzar o Atlântico.
A partir dessa premissa, devemos lançar luz sobre os vínculos culturais entre o Brasil e o
continente africano, a relevância do fato de que o tráfico de escravos e suas implicações
socioculturais de longo prazo constituem um dos elementos interpretativos úteis para o
estabelecimento de relações modernas entre o Brasil e a África. Buscamos aqui a partir desses
estudos, por meio da pesquisa bibliográfica delinear um cenário onde por meio do estudo da arte
africana fazer uma ligação com as artes consagradas e reconhecidas, bem como ocorreram as
ligações a partir do século XX.
A aquisição de objetos culturais africanos durante a colonização promoveu o
desenvolvimento da pesquisa científica, tanto etnologicamente quanto em termos de história da
arte. Existe em paralelo uma busca promocional por esses objetos, então considerados como
obras de arte. Ambas as abordagens usam o conceito de "primitivo" para interpretar objetos
observados e apresentados. A análise estética desses itens é fortemente influenciada por
paradigmas e conceitos da antropologia das culturas africanas, que propõe preservar culturas e
objetos.
O desenvolvimento da mitologia, religião, língua, arte e costumes numa relação entre as
artes e as mentalidades foram fundamentais para um desenvolvimento técnico. Assim, a arte
identificada como ‘primitiva’ carrega esse termo pois os indivíduos que permaneceram até
recentemente em um nível técnico inicial que usando ferramentas, mas não máquinas.
A apreciação e estudo da forma de objetos culturais africanos é altamente dependente de
preceitos evolutivos e do valor estético ocidental, caracterizado por uma preferência pela
escultura figurativa.
O estudo das artes africanas, concentrou-se principalmente na escultura figurativa. Essa
escolha arbitrária emana da concepção ocidental da criação artística clássica. As primeiras
classificações consistem, assim, numa ordem de criações de áreas culturais. Ao entrar em contato
com a Europa alimentou o cubismo que se tornou uma expressão de escala mundial por meio de
Pablo Picasso.
Como já especificado as artes de matrizes africanas no cenário educacional brasileiro tem
uma importante função no que tange aspectos relativos a preservação da memória, as formas de
resistência, ao combate das interpretações rasas e ao graus de simbolismo das obras.
Acreditamos que pelas limitações apresentadas esse trabalho pode posteriormente lograr uma
amplitude que abarque alguns outros elementos fundamentais relativos a arte africana e sua
aplicação na cultura mundial.
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REFERÊNCIAS
AJZENBERG, Elza; MUNANGA, KABENGUELE. Arte moderna e o impulso criador da arte
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Brasília, 2010.
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Líder del Cuerpo Académico Consolidado “Educación en la Cultura, la Historia y el Arte”. Pertenece al Sistema
Nacional de Investigadores y cuenta con el Perfil Prodep de Tipo Superior.
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Citlalmina hace evidentes varios rasgos de procurar las medidas de seguridad, todas las
género, pues se sintió relegada, en posibles… No estoy obligada a ello, pero son mi
comparación con sus colegas varones. Agrega: razón de vida. Así es que, ante la gravedad de
El coordinador del posgrado me avisó que esta pandemia, fueron mi prioridad, por
habría una reunión virtual para designar encima de los resultados de la evaluación.
directores de tesis a los estudiantes de nuevo En ese mismo sentido va el testimonio de
ingreso. Dos compañeras más y yo no pudimos Neli, quien dio a luz durante la pandemia y pasó
conectarnos a la reunión virtual por fallas en la por una etapa de depresión posparto:
electricidad. Por mensaje de WhatsApp le pedí Creí que estaba deprimida al saber que los
que me dejara a dos estudiantes que yo había contagios subían y subían… pero me di cuenta
entrevistado y que mostraban buena de que me estaba deprimiendo por haber sido
trayectoria. Pero no sucedió… a las tres que mamá. Tengo un esposo de primera, que me
faltamos nos dejaron a los aspirantes que apoya mucho y en todo, pero el pobre no podía
obtuvieron la menor puntuación, lo que nos con mi estado de ánimo. Además, como
implicará, tal vez, mayores esfuerzos. No es acababa de obtener mi base en la institución,
equitativo, porque dos maestros que tampoco no podía darme permiso de tomarme más allá
estuvieron, supe, sí les asignaron a los de los meses que me correspondían por
estudiantes que ellos eligieron. Sí puede hacer licencia de maternidad. Entonces, como podía,
un sesgo de género que nos impactará cuando cuidaba de mi nena (aparecía en todas mis
nos evalúen. clases y reuniones virtuales), trataba de hacer
Meztli tiene más de 30 años trabajando el quehacer de la casa, al menos la comida… y
como investigadora y docente. Confiesa que la hasta allí llegaba. El día se me iba muy rápido y
pandemia es lo peor que le ha pasado como no alcanzaba para hacer todas las actividades:
persona y profesionista. Ha sufrido el preparar las clases, revisar los trabajos y las
fallecimiento de uno de sus hermanos por tesis, atender reuniones y tutorías… era
Covid y la enfermedad grave de otros dos. Esos bastante.
episodios la angustiaron, al grado de pedir Neli recuerda el proceso de evaluación en el
apoyo psicológico profesional. Admite que, SNI. Previsora, comenzó a organizar su
como pudo, dio cumplimiento a las expediente antes de que diera a luz, aun así,
evaluaciones que le correspondían. cuenta que le fue complicado, causándole
Es la primera vez, entre tantas, que no cierto nivel se angustia y mucha incertidumbre:
quería participar en la promoción. Yo nunca he La convocatoria del SNI siempre trae
sido negligente, pero la situación me rebasaba cambios en relación con las anteriores.
física y emocionalmente. Sucedió cuando había Además, aspiraba a pasar del nivel C al 1, como
mucha angustia e incertidumbre. Perdí el SNI, y me correspondía. Estaba segura de que mi
no tuve ánimos ni tiempo para apelar en el producción me iba a dar para eso, pero no
periodo de reconsideraciones… no me estaba segura de haberlo documentado bien.
arrepiento. Como cabeza de mi familia, mi Por ejemplo, no supe cómo dar cuenta de los
preocupación se centró en protegerla, en procesos de titulación de mis asesorados,
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porque es lo que te evalúan. Entonces pedí pagar esa formación […] Esta perspectiva
constancias de nombramientos (no sólo las de podría ser gradual.
titulación) y no me las mandaron de la El espacio sólo nos permite asentar las
Secretaría Académica. Tampoco pude coincidencias de Ameyali, Citlalmina, Neli y
conseguir los avales académicos de algunos Meztli con otras mujeres académicas
capítulos… era difícil, porque las oficinas entrevistadas en otras ocasiones. Durante el
estaban cerradas. Entonces, te quedas con tu confinamiento total o parcial se han
angustia. […] Luego, los resultados no salían y incrementado sus quehaceres domésticos y su
no salían. Al fin, me fueron positivos, pero qué papel de cuidadoras. Su dedicación profesional
feo hubiera sentido si no. sigue estando entre sus prioridades, pero han
Meztli responde a nuestra pregunta dirigida pagado altos precios por ello, incluso,
acerca del enfoque de género en la evaluación renuncias a proyectos que les hubieran traído
del desempeño docente: mejores resultados en sus procesos de
El sistema de evaluación, como el educativo, evaluación docente, tanto en sus instituciones
está planeado y dirigido por hombres. Mira los (estímulos al desempeño docente) como en las
comités que nos evalúan… no tengo el dato, externas: Sistema Nacional de Investigadores y
pero te aseguro que, en su mayoría, se Perfil Prodep.
conforman por hombres. Casi aseguraría que Entre las sugerencias que hacen a los
hay algunos en donde no haya ninguna mujer, sistemas y mecanismos de evaluación están las
como creo, en ninguno de ellos habría sólo consideraciones por maternidad o cuidado de
mujeres. Entonces, no nos sorprenda que la niños, personas mayores o enfermos. No piden
racionalidad de evaluación tenga un tinte que se les hagan concesiones, sólo, atender la
masculino […] Que yo sepa, no ha habido situación por género en relación con la
consideraciones especiales para las mujeres en trayectoria, por ejemplo: otorgar el nivel
la evaluación, entonces, nos queda continuar promedio de los últimos años para el que se
pugnando por una evaluación con enfoque de evalúa si se ha pasado por alguna de estas
género. circunstancias o dar continuidad al
Ante esta situación, Ameyali propone: reconocimiento o estímulo. Esas medidas son
Profundizar más en el contexto de cada justas, vistas con la lente del género.
persona, porque no va a ser lo mismo las
capacidades y oportunidades que yo tengo de
poder ir, por ejemplo, a un congreso y de
formarme y de pagar yo también ciertas
cuestiones; no es lo mismo la situación que va
a tener otra persona, por ejemplo, un hombre
soltero de treinta años, o de hablémoslo, así, ya
hombres adultos que tienen, de cierta forma,
mayor poder económico o adquisitivo para
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A MODO DE CONCLUSIONES
Los relatos de las entrevistadas, sus contextos y experiencias de vida como mujeres son
diferentes. Como académicas comparten la realización de las llamadas funciones sustantivas,
esto es, docencia, investigación y difusión-extensión, aunque en el marco de las distintas
normativas institucionales.
En todos los casos ejercen sus roles como mujeres: atienden y cuidan de una familia y un
hogar y laboran en una universidad. Si bien este doble turno es costumbre en ellas, la pandemia
y el confinamiento trastocó esos roles, llegando a imbricarse ambos campos: el trabajo
profesional se desempeñó en el espacio doméstico y familiar; paralelamente, las actividades
virtuales atingentes a la profesión se combinaban con quehaceres domésticos, como atender
alguna tarea o la demanda de hijos y otros familiares dependientes, confirmando a Flores-
Sequera (2020), y ratifica los datos que adelantaban organismos internacionales, entre ellos, el
Observatorio de Igualdad de Género de América Latina y el Caribe Cepal-Naciones Unidas, para
el 2020.
Parece un hecho común que ciertas actividades académicas se modificaron o pospusieron,
como el desarrollo de investigaciones y estancias y la preparación de obras para publicación. Este
hallazgo tiene su completa concordancia con lo que indican instancias como el Instituto
Internacional para la Educación Superior en América Latina y el Caribe (IESALC, 2021). Por
supuesto que el impacto de la pandemia y el confinamiento fue global, pero en este caso, esta
repercusión se ha notado más en las mujeres investigadoras, ya que sus resultados de
investigación se han desplomado durante el confinamiento, mientras que los de los hombres han
aumentado (IESALC, 2021, p. 45). Sabiendo ello, extraña que los criterios de evaluación del
desempeño docente no aprecien ni consideren esas diferencias a la hora de hacer la valoración.
Probablemente, la perspectiva de género incluya una revisión del origen patriarcal de
prácticamente todos los sistemas de poder, en donde prevalece una cúpula constituida por
hombres, quienes, a la larga, imponen su punto de vista. No sorprende que los dispositivos de
evaluación docente sea una creación más de esta cultura patriarcal que es necesario revisar y
reconstruir.
Con este trabajo, quisimos aportar algunas líneas sobre la problemática en la evaluación
que atañe particularmente a las académicas, con el fin de empezar a delinear propuestas para
sistemas de evaluación docente con enfoque de género, partiendo, es verdad, de la emergencia
sanitaria y sus efectos, pero que pueda ser duradera y eficaz en el abatimiento de las
desigualdades mujeres-hombres en las instituciones de educación superior, que deben retomar
su vocación humanista y atender las condiciones de las personas, por encima de los resultados
mensurables; sistemas que, al estar centrados en una tradición forjada por hombres, es necesario
añadirles una perspectiva basada en la igualdad de género.
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REFERÊNCIAS
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RESUMO: O Espaço São José Liberto (Polo Joalheiro) é parte integrante do circuito turístico da
cidade de Belém do Pará (Brasil), une diversas vertentes educacionais, apresentando temas que
vai do conhecimento histórico da cidade de Belém, passando para temas geológico, mineralógico,
gemológico e antropológico. O Espaço São José Liberto possui um importante acervo gemológico
e oferece regularmente atividades de oficinas práticas para o público em geral abordando o tema
Gemas. Assim, este trabalho visa destacar o Espaço São José Liberto não só como museu que
aborda a diversidade e riqueza gemológica do estado do Pará, mas também como um espaço que
oferece atividades práticas em gemologia. Esta atividade, em especial, representa um bom
exemplo de como a interação do espaço com a comunidade em geral é exitosa, mesmo quando
aborda um tema específico como a gemologia, outro aspecto importante destacado neste
trabalho é a importância da riqueza do espaço no contexto histórico e econômico para o estado
do Pará que tem desempenhado no cenário nacional uma vocação natural para a prospecção
mineral.
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Em seguida a visita passa para o Museu de Konduri, que habitavam o Baixo Amazonas até
Gemas, onde repousam os mais preciosos a chegada do colonizador europeu, como
minerais de região amazônica, reunidos em amuletos, símbolos de poder, e ainda como
uma exposição única. No primeiro momento material para compra e troca de objetos
observou-se uma amostra de um cristal de valiosos. Há muitas lendas e mitos sobre eles,
quartzo pegmatítico (SiO2), o qual alcança sempre envolvidos com as índias Amazonas,
aproximadamente 1 (um) metro cúbico de extintas ou lendárias. A figura 4 apresenta um
volume, densidade (d= 2,65) e peso estimado Muiraquitã constituído por talco
em 2650 quilogramas (Figura 3). Em seguida, a (Mg3SiO10(OH)2) e pirofilita (Si4O10) Al2
segunda sala do Museu de Gemas, onde se (OH)2 associados.
destaca os muiraquitãs. Os muiraquitãs ou
muyrakytãs (do tupi) são artefatos talhados em
pedra, usualmente jade, representando
animais, especialmente sapos, mas também
podem ser entalhados animais como
tartarugas ou serpentes. Estes artefatos teriam
sido usados pelos povos indígenas Tapajós e
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No Espaço São José Liberto há também uma gemas ou materiais alternativos. Dentre estes
exposição de coleções de joias e carving processos, aponta-se alguns benefícios como:
confeccionados no próprio espaço, destacando o resgate de materiais descartados de forma
algumas das principais técnicas de lapidação indevida no meio ambiente, a reutilização de
utilizadas pelos seus lapidadores. O conjunto insumos gerados durante a produção de peças,
como um todo está em harmonia estética com a possibilidade de aumento de vida útil por
o ambiente. meio da manutenção e reparos e a criação de
um novo ciclo de vida para produtos com
TÉCNICAS SUSTENTÁVEIS PARA algum defeito ou que se apresentem fora das
tendências de mercado. Neste contexto chama
CONFECÇÃO DE JOIAS a atenção o processo de incrustação paraense
As peças apresentadas no Espaço São José (Figura 10), a qual foi aperfeiçoada pelos
Liberto ou simplesmente Polo Joalheiro do profissionais que compõe o programa do
Pará, são conhecidas por sua criatividade Espaço São José Liberto, consiste na utilização
estética e conceitual, mantendo o objetivo de do pó de pedra para esmaltação.
desenvolver produtos com respeito à natureza. Normalmente, esse tipo de técnica é usado
Duarte (2016), evidencia algumas práticas com peças em prata e trazem um diferencial
sustentáveis utilizadas nas peças, seja nos estético harmônico com outros produtos
processos produtivos com uso de metais, comercializados no espaço.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Espaço São José Liberto agregar um importante valor cultural para a sociedade paraense,
pois ressalta a importância da atuação dos profissionais inseridos nos ramos de comercio de
minerais, museu, joias e lapidação. A oficina de gemas ofertada no Espaço São José Liberto é um
bom exemplo desta integração. O reconhecimento gemológico exige o conhecimento dos tipos
de minerais, tipos de lapidação e técnicas de beneficiamento de uma peça. Na oficina de
lapidação destaca-se especialmente as técnicas desenvolvidas no mercado local e que agrega
identidade às joias e artesanatos paraenses, como a incrustação paraense e uso de matéria prima
local. Além da oficina de lapidação, há outros eventos abertos ao público em geral, como é o caso
de lançamentos de livros de autores da região ou de exposição de artesãos locais, que exaltam a
cultura do estado e transmitem a comunidade a importância da preservação deste espaço.
As visitas técnicas ao Polo Joalheiro representam a consolidação dos conhecimentos
mineralógicos e conceitos referentes a Gemologia, o qual são de importância, em especial, para
estudantes de graduação em geologia e áreas afins. O Espaço São José Liberto é local de raro em
nossa sociedade e deve ser preservado, a fim de salvaguardar as relíquias, tanto de minerais
como artefatos indígenas da nossa região, buscando sempre aumentar sua coleção para que
cresça o número de espécimes e agregue valor ao espaço.
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REFERÊNCIAS
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Belém- PA, v. 4, n. 1 , p. 9-17, jan./jun. 2019.
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RESUMO: A escola não pode mais ser pensada nos moldes de décadas passadas, onde se
esperava que o aluno permanecesse imóvel em sua carteira, se pronunciando apenas quando
solicitado pelo professor. Da mesma forma, não há como conceber um professor que seja incapaz
de se aproximar do aluno com respeito, gentileza, empatia e afeto. É sabido que a relação
professor-aluno é um fator de grande importância no processo de desenvolvimento e
aprendizagem da criança, capaz de derrubar barreiras e dificuldades que a criança carregue, de
suas vivencias conturbadas. Na educação infantil essa relação afetiva é ainda mais importante,
pois auxilia na composição das relações sócioemocionais do aluno, que incidirão em sua
formação e desenvolvimento.
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emocional. Por isso a presença e professores, nessa fase a criança tem seu
acompanhamento da família se mostra valioso próprio pensamento e se torna mais
para a formação inicial de valores e para o independente em função de seu
desenvolvimento da personalidade da criança. desenvolvimento da linguagem, embora a
Crianças criadas longe dos pais, tendem a ligação e a influência do convívio com os pais e
apresentar um comportamento carente, familiares ainda seja forte. (RODRIGUES, 2003,
desenvolvendo grande insegurança e por vezes p.41).
agressividade. Como citado por Parolin (2007), Em seus estudos acerca do desenvolvimento
a família é o primeiro núcleo de convivência (e infantil, Wallon correlaciona a socialização
o mais importante) do qual a criança faz parte. como fator intrínseco nesse processo, como
Esta convivência tende a refletir diretamente citado por Pereira (2012): “Ele, Wallon, aponta
na personalidade da criança e, dependendo de que há grande participação do outro na
como ocorre essa vivência familiar, pode ser a formação da criança, além do que participa
grande referência, que fará parte do também a cultura, pois a linguagem tem
desenvolvimento infantil. Para a autora, essa precedência em relação à produção de
convivência pode ser agradável ou conhecimento, o que significa dizer que o
insustentável, o que se reflete na relação que a universo simbólico estrutura e organiza a
criança mantem fora do convívio familiar. relação da criança com a realidade” (2012, p.
A grande arte da família é manter-se família, 280). Para a autora, isso nos mostra que [...] “o
seja ela composta por pai, mãe e filhos; por conhecimento se dá a partir do sujeito em sua
mãe e filhos; por padrasto, mãe e filhos; por ação no mundo e confere a esse processo
avó, mãe e filhos/ netos; por avô, mãe e filhos sujeito-mundo uma dialeticidade ímpar nas
ou outras composições. É continuar teorizações sobre como conhecê-lo” (2012,
promovendo o desenvolvimento, a mudança e p.280), levando-nos a considerar que a
permanecer sendo família (PAROLIN, 2007, p. aprendizagem, então, decorre da relação entre
38). os sujeitos e por sua interação.
Estar atendo às condutas que a criança Nesse processo de crescimento, portanto,
apresenta na escola são um bom referencial de família e escola, pais e professores devem
como é sua vivência em família e de como ela compreender que a afetividade é constituída a
lida com as relações afetivas (sentimentos, partir das relações que a criança estabelece
emoções, solidariedade, cooperação, com outros sujeitos, sendo determinante para
motivação entre outros), pois na escola a sua própria formação (PEREIRA, 2012). Sendo,
criança irá reproduzir as relações de poder que então, um lugar de domínio coletivo, a escola
sofre em família, pois a conduta socioafetiva, é deve priorizar as relações de troca e de
uma forma da criança desenvolver a sua socialização, especialmente na educação
própria personalidade e aprender a tomar infantil, de modo a possibilitar que o
decisões sem necessitar de ajuda. Grande desenvolvimento da criança seja favorecida e
parte do comportamento da criança na escola ocorra num ambiente agradável e estimulante.
é da sua interação com os colegas e
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alimentação. Percebemos uma sociedade cada com muito carinho, o nome daquela professora
vez mais individualizada, solitária e carente de que passou por sua vida e marcou um ano?
afeto e de contato. A diminuição dos espaços Quem não se lembra do empenho daquele
de lazer e encontro com os amigos, o excesso professor em trazer aulas interessantes, em
de atividades como cursos e outras obrigações tornar a matemática mais interessante, em
formativas para as crianças e os jovens, a auxiliar a cada aluno em suas dificuldades?
diminuição de tempo de convívio com os pais Todos temos ao menos um nome para lembrar
(que realizam jornadas de trabalho cada vez e, sem dúvida, nos ajudou a passar por esse
maiores) e a virtualização das relações com o processo de desenvolvimento com mais alegria
uso das novas tecnologias são alguns dos e leveza.
principais motivadores dessa carência afetiva. É essa educação que faz a diferença no
Essa sociedade moderna e contemporânea desenvolvimento do aluno e lhe permite
tem dado sinais de graves problemas sociais e superar suas dificuldades, que traz a educação
emocionais que se refletem desde a dificuldade para mais perto do aluno, pois valoriza seu
em se relacionar como na própria dificuldade empenho, não sua dificuldade, estimula sua
de aprendizagem das crianças e jovens. dedicação e reconhece que, mesmo errando, o
Percebemos jovens mais retraídos e isolados, aluno está no caminho certo. Nesse sentido,
alguns presos num universo perigoso e que, veja o que coloca Moran:
infelizmente, traz estatísticas cruéis para o Avançamos mais pela educação positiva do
suicídio juvenil. Muitas vezes o ambiente que pela repressiva. É importante não começar
escolar é um importante ponto de encontro pelos problemas, pelos erros, não começar
presencial para os alunos, onde as trocas e pelo negativo, pelos limites. E sim pelo
atividades possíveis a partir desse encontro positivo, pelo incentivo, pela esperança, pelo
devem ser valorizadas ao máximo, de modo a apoio na capacidade de aprender e de mudar
resgatar não apenas a afetividade, mas (2007, p.33)
sobretudo o espaço de interação, de conversa Aos poucos o professor foi percebendo que
e de socialização. Valorizados ou não, o fato é se aproximar do aluno oferecia muitas
que os afetos são parte inerente de qualquer vantagens, seja pela confiança que gera na
interação humana – dentro ou fora da sala de relação professor/aluno, seja na capacidade de
aula, auxiliando desde a formação emocional e reconhecer o aluno e suas necessidades, seja
social do indivíduo como ampliando suas pela condição de compreender as fragilidades
capacidades cognitivas. que esse aluno carrega e com isso acessá-lo
Nesse sentido, o professor é um elo com maior facilidade, enfim, torna o fazer
essencial para que a criança se sinta acolhida e pedagógico muito mais simples, transforma o
bem recepcionada à escola, buscando atender trabalho com as regras, a disciplina, a
suas necessidades e estreitar os laços com a construção dos saberes mais acessível.
criança (e sua família), de modo a favorecer seu Conforme destaca, Tiba, o tratamento
desenvolvimento e compreender suas respeitoso favorece o desenvolvimento da
necessidades. Quem não guarda na memória, autoestima, o elogio eleva esse sentimento,
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As relações interpessoais são uma importante ferramenta para que o indivíduo seja capaz
de superar suas dificuldades, sua timidez, sua falta de confiança. A interação social entre aluno e
professor se mostra essencial para esse aluno que não se percebe como ser capaz, que encontra
dificuldade nas coisas mais simples e se diminui cada vez mais frente aos desafios. Usando o
professor consegue transformar sua relação com o aluno numa atitude de respeito e gentileza,
ele se mostra mais confiante em se permitir tentar, descobrindo aos poucos como superar
dificuldades e como se desafiar.
A relação professor-aluno, pautada nessa situação de afeto, permite que a escola seja um
ambiente agradável, onde o aluno se sente pronto para as explorações e para desafias suas
habilidades e competências.
Podemos afirmar que por meio das relações de afeto entre professor e aluno, viabilizam a
superação de suas dificuldades, e ajudam-no a desarmando-se, passando assim a oferecer menor
resistência, maior dedicação, aceitando com tranquilidade as normas e regras educacionais e de
convivência, o que favorece seu desenvolvimento e aprendizagem, tornando a escola um lugar
agradável.
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RESUMO: Este artigo discute o processo de inclusão e aprendizagem de alunos com síndrome de
Asperger (SA). Traz uma síntese do que é, sintomas, causas e etc. O que pode ser feito dentro do
ambiente escolar para que o indivíduo portador, consiga aprender oportunizando o
desenvolvimento das capacidades de cada um. O estudo tem como objetivo investigar as
possibilidades de inclusão da criança com S.A na escola regular, verificar as formas de
atendimento nas políticas educacionais inclusivas, discutir as possibilidades e os limites da
educação destas crianças e ainda possíveis técnicas para aprendizagem. A S.A integra o grupo dos
Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGDs), é resultante de uma desordem genética e
apresenta semelhanças com o autismo. A família tem um papel relevante e indispensável junto a
medicina e a escola quando se trata de observar e diagnosticar a criança no campo social,
estabelecendo tratamento específico. No entanto, da mesma forma que é importante a
identificação da síndrome, trabalhar com a criança com esse diagnóstico dentro da escola tem
sido um desafio. Há a necessidade de profissionais especializados para acompanhar a criança com
Asperger. Como resultado, aponta-se que a inclusão é viável desde que atenda às necessidades
da criança com S.A e promova o acesso desta ao conhecimento, ou seja, possibilite a
aprendizagem de conteúdos socialmente valorizados para todos os alunos da mesma faixa etária.
Desse modo, a criança será incluída e poderá apresentar resultados positivos em seu
desenvolvimento educacional e social.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O processo de inclusão escolar impõe desafios para todos, principalmente para os
professores. Estes desafios desestabilizam, porém fazem pensar em novas possibilidades. O
aluno está na escola para aprender, ele não pode ser negligenciado e se for, causa mais
dificuldades ainda em sala de aula. É natural criar uma expectativa frente ao aluno "de inclusão",
mas tem que se objetivar na aprendizagem do aluno. Encontrar a melhor maneira para que o
aluno com síndrome de Asperger aprenda demanda um percurso de tentativas e erros.
A família, a equipe escolar e os agentes da saúde precisam trabalhar em consonância para
que estes alunos se desenvolvam.
As pessoas com esta síndrome, muitas vezes, são estigmatizadas como alunos problemas,
preguiçosos e indisciplinados, porém o comportamento é apenas manifestação do doença. A
escola como espaço democrático não pode apenas rotular, tem que oportunizar a aprendizagem
para todos.
Benczik e Bromberg (2003, p. 209), afirma que na escola deve-se:
1) Estabelecer uma rotina diária clara, com períodos de descanso definidos. Usar reforços
visuais e auditivos para definir e manter essas regras e expectativas, como calendários,
cartazes e músicas. As instruções devem ser dadas de forma direta, clara e curta. 2)
Estabelecer consequências razoáveis e realistas para o não cumprimento de tarefas e das
regras combinadas [...] 3) Focalizar mais o processo (compreensão de um conceito) que o
produto (concluir 50 exercícios. Certificar-se que as atividades são estimuladoras e que os
alunos compreendem a relevância da lição. 4) Adotar uma atitude positiva, como elogios
e recompensa para comportamento adequados.
Cabe aos professores adequarem os espaços e os currículos para todos os alunos. Cada
um tem aspectos diferentes. Em pleno século XXI, não há espaço para uma escola arcaica e
obsoleta que pensa em alunos homogêneos, a inclusão põe em cheque o pensamento que todos
são iguais e desafia a um novo posicionamento sobre como cada um aprende.
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REFERÊNCIAS
ALARCÃO, Isabel. Professores reflexivos e uma escola reflexiva. 2. ed. São Paulo: Cortez,
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Paula, 2004.
VYGOTSKY, Lev Semenovich. A formação social da mente. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes,
1998.
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INTERVENÇÕES PSICOPEDAGÓGICAS EM
ALUNOS COM TRANSTORNO DE DÉFICIT DE
ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE (TDAH) NO
CONTEXTO ESCOLAR
Veridiana de Fátima Fialho Furtado1
RESUMO: O que é relevante evidenciar nessa pesquisa de alunos com Transtorno do Déficit de
Atenção com Hiperatividade (TDAH) é a seguinte situação de saber como a psicopedagogia
poderá intervir de modo significativo nas dificuldades de aprendizagem dos alunos
diagnosticados com o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, produzindo um trabalho
significativo e bem elaborado fazendo com que as dificuldades possam ser suplantadas e estes
possuam um progresso cognitivo, moral ,afetivo, e físico satisfatório. Este estudo utilizou uma
pesquisa bibliográfica, tendo assim, uma visão panorâmica deste fenômeno e fundamentando o
mesmo. Também salienta alguns desacertos praticados por alguns educadores que confundem o
excesso de energia dos discentes com o TDAH e devido a este fato acabam criando estereótipos
nos discentes tornando a autoestima desses afetada e consequentemente criam ou agravam as
dificuldades de aprendizagem desses discentes. Outra descoberta com este estudo, é que as
intervenções psicopedagógicas, e primordial para o desenvolvimento desses alunos, e
trabalhando juntamente com o professor e a família, esse trabalho melhorara significativamente
a aquisição da aprendizagem de alunos com TDAH.
1
Professora do Ensino e Fundamental I
Graduação em Geografia pela Fundação Universidade do Tocantins (FUT) - Palmas - TO (2003); Graduação em
Pedagogia pela Faculdade Integrada de Araguatins (FAIARA) - Araguatins (2014); Pós-Graduação em Gestão
Escolar pela Universidade Federal do Tocantins (UFT) - Palmas (2008).
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saber lidar com esse transtorno, utilizando agressividade por meio de atividades lúdicas.
estratégias que possam favorecer essa Para Vygotsky (2004), cabe ao professor
interação professor/aluno, e estimular a atenção da criança com TDAH, para
consequentemente, o processo de que a mesma não se distraia com qualquer
aprendizagem. novo estímulo do ambiente e possibilitando
Neste contexto, Weiss (2012, p. 18), que a criança fixe atenção por um tempo
esclarece sobre a atuação do psicopedagogo suficiente, para no máximo aproveitamento
em alunos com TDAH: duma atividade lúdica e assim possibilitando
Possibilitará a intervenção e o apoio uma melhor interação com colegas.
permanente para possíveis mudanças de Na atividade lúdica proposta pelo
conduta do aluno-paciente, dentro do respeito psicopedagogo aos professores pode
a suas características pessoais. Com a criança contribuir para que os alunos despertem o
ou o adolescente é realizada uma intervenção senso comunitário ou coletivo, explorar a
direta, e com a família e a escola acontece uma psicomotricidade, que por meio do movimento
troca permanente com a orientação possível. conheça seus limites e possibilidades na
A autora esclarece que a intervenção dimensão do corpo, podem pela brincadeira
psicopedagógica tem que proporcionar um respeitar o outro como um ser diferente que
apoio diante do comportamento do aluno com possui sentimentos e diferentes opiniões, e
TDAH, ou seja, compreendendo e respeitando isso consequentemente melhorará a relação
as suas características peculiares e pessoais, professor/aluno, família/aluno, e o processo de
para que a intervenção seja direta não só com ensino e aprendizagem. Essas brincadeiras
os professores, mas também com a família, podem ir desde um jogo de futebol, jogo de
proporcionando uma troca de experiência que memória, jogos de trilha, domino, queimada e
favoreça o melhor atendimento a esses alunos. tantos outros, favorecendo todas as dimensões
Para Benczik (2000, p. 92), considera desses alunos como o cognitivo, psicomotor,
importante como intervenção do emocional e social.
psicopedagogo em alunos com TDAH a
dimensão lúdica como afirma: PROCEDIMENTOS
O profissional pode focalizar dificuldades
específicas da criança, em termos de METODOLÓGICOS
habilidades sociais, criando um espaço e O artigo se concentrou em uma abordagem
situações para desenvolvê-las, por meio da bibliográfica, para assim, fundamentar a
interação com a criança por intermédio de pesquisa, dando assim, um maior
qualquer atividade lúdica. esclarecimento do objeto de estudo por meio
O Psicopedagogo pode propor para o grupo dos teóricos e estudiosos. Para Severino (2016,
de professores que atendem alunos com TDAH p. 122), considera a pesquisa bibliográfica:
que observem e atuem nas dificuldades [...] registro disponível, decorrente de
especificas desses alunos, como a desatenção, pesquisas anteriores, em documentos
a impulsividade, o descontrole emocional, a impressos, como livros, artigos, teses etc.
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Muitos professores ainda desconhecem um pouco a relevância do psicopedagogo, uma
vez que esse ao estar presente no âmbito escolar pode auxiliar e muito esses profissionais na
rotina de sala de aula, devido ao fato dos mesmos possuírem conhecimentos peculiares sobre
problemas de aprendizagem que causa danos a aquisição de conhecimento. Além disso,
evidencia-se aqui a relevância da intervenção psicopedagógica em alunos com TDAH para que as
mesmas possam aprenderem a enfrentar as dificuldades que as impede de ter um bom
desempenho social e intelectual.
Este profissional é de relevância importância como mediador e incentivador dos
professores, dos alunos e pais, organizando por meio de formação permanente ações que podem
contribuir a atuação do professor em sala de aula e também fora dela. Por isso, as intervenções
psicopedagógicas como as atividades lúdicas são fundamentos nesse processo, não só para sanar
ou diminuir as dificuldades de aprendizagem, mas também o convívio desses alunos com
professores, os colegas e com a família.
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REFERÊNCIAS
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pais, professores e profissionais da saúde. Porto Alegre: Artmed, 2002.
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RS: Artmed, 2014.
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Acesso em: 06/06/2022
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deficiência na escola regular. In: ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL, 7, 2011, Londrina – Pr. Anais...Londrina – Pr,
2011. p. 1-9
SEVERINO, A.J. Metodologia do Trabalho Científico. 24.ed. São Paulo: Cortez, 2016.
VYGOTSKY, Lev. Semenovich. A aprendizagem e o brincar de crianças com transtorno de
déficit de atenção/hiperatividade. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
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RESUMO: O presente estudo tem como objetivo principal analisar a relação existente entre o
currículo decolonial e colonialidade que foi amplamente difundida em todos as esferas da
sociedade, principalmente na educação, a fim de entender e expor como a educação
decolonizadora, emancipatória e intercultural é importante para combater preconceitos e
violências, bem como exaltar culturas que são essenciais para a formação da história e cultura
brasileira. Para isso, foi utilizado o método de levantamento bibliográfico, expondo a opinião de
diversos pensadores da área das ciências humanas. Desta forma, conclui-se que o currículo
decolonial contribui na formação de cidadãos conscientes de seus direitos e no combate da
desigualdade racial e social, de forma que todos tenham seus direitos assegurados e respeitados,
usufruindo de liberdade e equidade.
1 Professora de Atendimento Educacional Especializado pela Rede Municipal de São Paulo e Professora dos Anos
Iniciais pela Rede Estadual do Estado de São Paulo.
Graduação: Licenciatura em Pedagogia, Especialização em Gestão do Currículo; Especialização em Especialização
em Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Pós-graduanda em Deficiência Visual e Auditiva e
Surdocegueira; Mestranda em Educação Especial.
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OLIVEIRA & CANDAU, 2018, p. 5). Portanto, a SOBRE A LEI 11.645 DE 2008 E PRÁTICA
prática pedagógica deve ser politizada e A Lei 11.645/08, foi sancionada em 2008,
pensada para incorporar conteúdos alterando a Lei de Diretrizes e Bases da
relacionados com história e cultura da Educação - Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de
população brasileira em todo o currículo, 1996 -, modificada pela Lei nº 10.639, de 9 de
englobando a história da África e cultura negra janeiro de 2003, incluindo ao currículo oficial
e indígena brasileira, entre outros aspectos, das escolas públicas e particulares da educação
como social, econômico e político, como é básica a obrigatoriedade do ensino do tema
assegurado pelo Art. 26, da lei federal 11.645 “História e Cultura Afro-Brasileira e Africana e
de 2008, que incluiu a cultura indígena, que Indígena”, em que no Art. 26-A, ressalta a
atribui como ensino obrigatório da cultura importância do ensino voltado para a
afro-brasileira e indígena para todas as escolas diversidade cultural e étnico-racial:
no Brasil, tanto no ensino fundamental, quanto Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino
no ensino médio. fundamental e de ensino médio, públicos e
O currículo decolonial deve ser efetivo na privados, torna-se obrigatório o estudo da
educação brasileira, e, por isso, é preciso história e cultura afro-brasileira e indígena.
associá-lo com pedagogia decolonial, que deve § 1º O conteúdo programático a que se
ser politizada, de forma que possua um caráter refere este artigo incluirá diversos aspectos da
emancipatório. Com isso, o currículo deve história e da cultura que caracterizam a
abranger história e cultura africana e indígena formação da população brasileira, a partir
brasileira em todas as disciplinas, não somente desses dois grupos étnicos, tais como o estudo
em história. da história da África e dos africanos, a luta dos
Para alterar isso, a área da educação e negros e dos povos indígenas no Brasil, a
pedagogia devem modificar a forma como o cultura negra e indígena brasileira e o negro e
currículo é transmitido, bem como oferecer o índio na formação da sociedade nacional,
formações para que docentes saibam como resgatando as suas contribuições nas áreas
abordá-lo, conseguindo efetivamente diminuir social, econômica e política, pertinentes à
o abismo social presente no país, história do Brasil.
transformando e integrando os indivíduos § 2º Os conteúdos referentes à história e
historicamente marginalizados pela cultura afro-brasileira e dos povos indígenas
colonialidade de volta para o foco, devolvendo- brasileiros serão ministrados no âmbito de
os sua importância, sendo eles “[...] povos todo o currículo escolar, em especial nas áreas
indígenas e afrodescendentes, quilombolas, de educação artística e de literatura e história
diversidades de sexo-gênero e outros brasileiras (BRASIL, 2016).
marcadores das diferenças contrapostas às A aprovação da lei é o efeito de uma história
lógicas educativas hegemônicas” (WALSH, de lutas do movimento negro e indígena
OLIVEIRA & CANDAU, 2018). brasileiro, evidenciando o progresso de direitos
sociais educacionais, em que utiliza recurso
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Levando-se em consideração esses aspectos, a experiência colonial e a presença da
colonialidade fizeram com que africanos e indígenas tivessem sua história e cultura negada e
dominada, colocadas como subalternas ao ocidentalismo e o eurocentrismo.
Repensar a epistemologia da colonialidade se torna fundamental para alcançar a
emancipação por meio do processo decolonial, sendo um projeto político, questionando e
refletindo sobre a hegemonia monocultural e monorracional, propondo a decolonização do
poder, do saber e do ser. O processo decolonial permitiu a criação da pedagogia decolonial
pautada na interculturalidade crítica que possibilita a construção de um espaço epistemológico
igualitário e crítico e de uma educação positiva, transpondo e visibilizando conhecimentos
subalternizados.
Por fim, para a pedagogia decolonial ser efetiva necessita pensar e repensar os currículos,
que não se reduz apenas a um documento, mas sim um referencial a escola e aos que a constitui.
Repensar com base na nova legislação que permitiu uma maior visibilidade a outras histórias e
culturas diferentes da eurocêntrica colocando em debate o ensino decolonial, promovendo um
ensino intercultural e étnico-racial, valorizando a diversidade.
Além da capacitação do corpo docente e pedagógico para serem ministradas efetivamente
os conteúdos pensados, rompendo com os preconceitos.
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REFERÊNCIAS
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WALSH, Catherine; OLIVEIRA, Luiz Fernandes & CANDAU, Vera Maria. Colonialidade e
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Data de Acesso: 20/07/2022.
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LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO DA
GEOLOGIA DO ARQUIPÉLAGO DE FERNANDO
DE NORONHA, PE
Adriane Marques de Souza1
Rosemery da Silva Nascimento2
RESUMO: Lorem ipsum dolor sit amet. Et optio natus et voluptatem dolorem ut enim molestiae.
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Plioceno o vulcanismo finalizou e passou a disso, o platô é ladeado por dois planaltos de
predominar a erosão e o intemperismo. altitude de até 200 m e apresenta um relevo
suavizado, ambos são constituídos por rochas
3.1 ASPECTOS FISIOGRÁFICOS piroclásticas alternadas com derrames de lava
ultrabásica nefelinitica (Formação Quixaba). Na
A ilha vulcânica principal do arquipélago
costa pode ser observado um relevo em talude
apresenta em sua região central um baixo platô
moderado em ou elevadas falésias, os vales são
como resultado de uma superfície de erosão,
bastante influenciados pela estrutura
esta porção está de 30 a 45 m acima do nível
geológica e têm origem nos morros fonolíticos.
do mar. Sobre este platô, destacam-se morros
(Figura 3).
de rochas fonoliticas, dos quais o mais alto é o
Morro do Pico com 321 m sobre o mar. Além
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com os dados da literatura especializada (ALMEIDA, 1955; ULBRICH, et al. 1994;
CORDANI, 1970; ALMEIDA, 2002; ALMEIDA, 2006; HOROTA & WILDNER 2011; WILDNER &
FERREIRA, 2011, entre outros), no arquipélago de Fernando de Noronha ocorrem as mais diversas
feições geológicas moldadas com o tempo geológico em um edifício vulcânico que emergiu no
Oceano Atlântico. Esta estrutura surgiu a partir do encontro de um hotspot ou pluma mantélica
com a Zona de Fratura de Fernando Noronha, evento este que está registrado em rochas de idade
de aproximadamente 40 Ma na borda continental, mais precisamente, no estado do Ceará.
Porém em litosfera oceânica, a Cadeia de Fernando de Noronha pode ser datada com 30 Ma na
unidade conhecida como guyot do Ceará e tem continuidade com o atol das Rocas e, em seguida,
o arquipélago de Fernando de Noronha. Este monte tem caráter geoquímico
predominantemente alcalino, sendo a Formação Remédios ocupa maior parte do complexo
vulcânico, mesmo que tenha sido afetada por um hiato erosivo do topo. Posteriormente, esta
formação foi recoberta pela Formação Quixaba, a qual se caracteriza como derrames básico-
ultrabásico (ALMEIDA, 2006). Atualmente, esta região é administrada pelo Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade-ICMBio e trata-se de uma área de proteção
ambiental. Por isso, a principal fonte econômica da região vem a partir do turismo, o qual
evidencia a riqueza geológica e marinha que foi mantida ao longo do tempo.
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REFERÊNCIAS
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Estado do Ceará (Nordeste do Brasil): evidências a partir da análise de imagens orbitais e
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Pet. Mitt.,Zurich, 13:405- 434.
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Professora de Educação Infantil e Ensino Fundamental I na Rede Municipal de São Paulo.
Graduação: Licenciatura em Letras Português e Inglês: Especialização em Arte, Educação e Terapia.
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INTRODUÇÃO O FRACASSO NA
A ideia central deste trabalho volta-se para a APRENDIZAGEM DE UMA
discussão do ensino da Língua Portuguesa e o LÍNGUA MATERNA
papel da escola na formação de alunos capazes Segundo Ribeiro (2003), a aquisição da
de dominar e valorizar sua língua materna na língua materna é natural aos seres humanos;
expressão oral e escrita em situações formais. ela acontece de forma rápida, espontânea e
Tendo em vista que muitos alunos natural, inconscientemente. Assim, qualquer
manifestam insegurança e inferioridade criança, sem problemas neurológicos graves,
lingüística, este trabalho buscará mostrar a aprende a usar uma língua, sem que seja
importância da autoestima e motivação no necessário um ensino explícito; é suficiente
ensino de uma língua materna estar exposta aos dados de sua comunidade
Com base nessas ideias, questionamos os lingüística. Esse conhecimento adquirido pela
motivos que levam o indivíduo a afirmar sua criança permite um uso linguístico criativo por
incapacidade em dominar sua língua materna e capacitá-la a compreender e produzir
colocá-la em prática na linguagem oral e sentenças familiares e novas.
escrita. Se o uso oral da língua materna, em
Procuramos também avaliar como a situações do cotidiano (informais) independe
autoestima pode interferir no processo ensino de escolarização, o mesmo não pode ser dito
aprendizagem e romper com a insegurança e a em relação ao uso da escrita e da fala em
síndrome de inferioridade que o indivíduo cria situações formais. Identifica-se como objetivo
ao relacionar-se com sua língua materna. da escola a transmissão da norma - padrão da
Em diversos estudos, observamos que uma qual o aluno se servira para alcançar prestígio
das preocupações constantes dos sociocultural. É também a norma veiculada
pesquisadores da área de Língua Portuguesa é pelos meios de comunicação de massa de uma
encontrar meios que viabilizem a preparação classe social mais privilegiada.
do educador à prática de um ensino inovador e Nasce então o desafio da escola em relação
motivador, capaz de formar alunos conscientes ao ensino da língua materna: formar alunos
de seus potenciais lingüísticos; sendo assim, capazes de usar fluente e apropriadamente a
procuramos expor estratégias que auxiliam o língua padrão nas situações que as exige.
educador ao êxito de um ensino motivador que Para alcançar tal objetivo, é necessário
predispõe o aluno a buscar o conhecimento analisarmos e refletimos sobre o papel do
com satisfação e segurança. professor na transmissão do ensino da língua
materna dentro dos parâmetros da norma –
padrão.
Os direcionamentos propostos nos PCN,
quanto ao que se espera do ensino de língua
portuguesa, mostram a necessidade de
profissionais com a qualificação superior para
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atuar nas diferentes séries do Ensino de regras nas combinações desses sinais. Ao
Fundamental e Médio. segundo de sistemas é o que chamamos de
( ... ) “em uma sociedade como a gramática. Não há língua sem gramática
brasileira, marcada por intensa movimentação (LUFT,2002, p.11).
de pessoas e intercâmbio cultural, o que se As instituições de ensino fundamentam uma
identifica é um intenso fenômeno de mescla noção distorcida de ensinar língua materna,
lingüística, isto é, em um mesmo espaço social noções falsas de língua e gramática, em que se
convivem mescladas diferenças de variedades privilegia classificar, analisar termos
lingüística, geralmente associadas a diferentes indecifráveis, decorar regras e suas exceções
valores sociais(BRASIL, 1997,p.29). para estabelecer o certo e o errado de uma
Ainda enfocando a variedade lingüística, os gramática prescritiva.
PCN propõem que “o ponto de partida do O resultado é que milhares de alunos (e
ensino é sempre o conhecimento prévio do milhares de pessoas), por acharem a língua
aluno” ( p.4 ). portuguesa um universo esotérico ( ... ) julgam-
Compreender tal variação observada na se impedidos de entrar nesse universo
falta de uma variedade de alunos requer a justamente porque têm a convicção de que não
atenção de docentes com um amplo dominam a própria língua (... ) que falam desde
conhecimento das possibilidades estruturais os 2, 3 anos de idade(SIMKA, 2000, p.58).
dos sistemas fonológicos, morfológicos, A formação inadequada dos professores
sintáticos e semânticos da língua portuguesa. geram alunos que consequentemente se
Os organizadores dos PCN desconhecem o sentirão inseguros de colocar em prática a
fato (ou fingem desconhecer) que na realidade língua-padrão a qual considera difícil, pois está
o ensino fundamental I (as 4 primeiras séries) lhe foi imposta de maneira opressora,
ocorrem com profissionais sem formação repressiva e alienada, sem condições de refletir
lingüística, portanto não estão preparados que de certa maneira ele já a domina, pois
para lidar com a variação lingüística que os convive com a língua materna desde o seu
cercam. Mas o problema não para por aí. nascimento.
Professores universitários despreparados Na tentativa do bom uso da língua materna,
“formam” professores de ensino médio e a disciplina “língua portuguesa” passa a ser
fundamental despreparados, que por sua vez detestada pelos alunos que se julgam
“formam” professores das séries iniciais incapazes de dominá-la e colocá-la em prática
despreparados, formando um círculo vicioso. ao redigirem textos ou ao discursarem.
Como resultado de tal banalidade, tem-se a Um ensino gramaticalista abafa os talentos
crise no ensino da língua materna. naturais, incute insegurança na linguagem,
Essa crise está fundamentada num ensino de gera aversão ao estudo do idioma, medo à
regras gramaticais e no uso da descrição do expressão e autêntica de si mesmo(
sistema da língua para seu bom uso. LUFT,2000, p.21)
Uma língua é um duplo sistema :sistema de Neste sentido, o modelo de língua
sinais ( vocábulos, expressões, etc.) e sistema portuguesa acaba fazendo o que Sérgio Simka
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denomina-se desmotivado o aluno que não Para haver uma mudança positiva no ensino-
investir seus recursos pessoais, ou seja, que aprendizagem da Língua Portuguesa é
não aplicar esforço, fazendo o mínimo, ou se necessário criar condições por meio de
desistir facilmente quando as tarefas lhe estratégias que visam consolidar nos
parecerem um pouco mais exigentes. educandos o componente crítico, a fim de que
Boruchovitch e Bzuneck (2001), reportando- tenham um ponto de vista sobre o assunto e
se à literatura mais recente, lembram que a saibam defendê-lo, quer oralmente, quer por
motivação positiva na escola implica em escrito.
qualidade do envolvimento, ou seja, o Para a concretização dessa mudança faz-se
investimento pessoal deve ser da mais alta necessário a utilização de recursos e
qualidade possível. Não basta, portanto, que o estratégias que motivem o educando e o
aluno aplique algum esforço, porém exige-se conscientize da importância da linguagem oral
que enfrente tarefas desafiadoras que, por sua e escrita no ensino da língua materna.
natureza, cobram maior empenho e Deve-se também explicitar as implicações
perseverança. Mais ainda, a qualidade do políticas, ideológicas, sociais, culturais e
investimento pessoal implica no emprego de econômicas do ensino da variedade padrão
estratégias de aprendizagens cognitivas que que, às vezes por serem mal explicitadas
estimulem a criatividade e o pensamento acabam contribuindo para que se adquira uma
crítico. visão distorcida do problema.
Nesse processo de estimular e motivar o Já que o objetivo específico do ensino de
educando, o papel do professor é de suma Língua Portuguesa na escola é ensinar a
importância, pois é ele o condutor do ensino variedade padrão, é necessário que o educador
que pode seguir rumo ao fracasso ou sucesso. conscientize seus educandos a respeito dessa
Para que o ensino de uma língua siga rumo variedade lingüística. O educador deve insistir
ao sucesso faz-se necessário, que as aulas de no fato que, por se tratar de uma forma de
Língua Portuguesa passe por uma profunda “prestígio”, a norma-padrão é instrumento
transformação gerando a conscientização de fundamental de acesso não só à cultura como
sua função dentro do currículo escolar. também à participação política no contexto
Essa transformação implica a reflexão crítica social, à qual todos devemos usar para garantir
sobre a linguagem, sobre o ato pedagógico acesso privilegiado dentro de uma sociedade.
compromissado com a realidade e sobre a O educador há que insistir no fato de que,
conscientização da dominação simbólica, ao em virtude das implicações políticas,
lado da conscientização da classe. Esses ideológicas, sociais e econômicas, a variedade
componentes precisam expandir-se para além padrão possui uma valorização social em
da sala de aula e atingir todos os segmentos contraste com as outras variedades
sociais, para que se efetive o processo contra linguísticas.
ideológico de rompimento da dominação O educador pode conscientizar seus
simbólica (SIMKA,2000, p.84). educandos sobre os valores sociais
responsáveis pela atitude de preconceito
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com o exposto, considera-se que o uso oral de uma língua materna em
situações do cotidiano independe de escolarização, porém o mesmo não pode ser dito em relação
ao uso da escrita e da fala em situações formais.
O contato do indivíduo com sua língua materna inicia-se desde os primeiros anos de vida
e mesmo após anos de escolarização o aluno afirma não dominar a língua portuguesa.
Identifica-se como o papel da escola a transmissão da norma culta da língua, da qual o
indivíduo se servirá para alcançar prestígio sociocultural dentro da sociedade. Infelizmente, as
instituições de ensino ficam longe de atingir esse objetivo porque ensinam língua materna com
base na “aprendizagem” de regras definidas pela gramática normativa, em grande parte distinta
da prática que caracteriza o vernáculo dos alunos.
É comum encontrar, dentro das salas de aula, alunos com defasagem no rendimento
escolar ou com sérias dificuldades em administrar a linguagem oral e escrita de sua língua
materna. Essa defasagem ocorre por falta de motivação e auto- estima por parte do aluno que
se autoavalia como incapaz de obter êxito em tudo que se diz respeito à linguagem oral e escrita
da norma-padrão.
Um aluno inseguro de seus potenciais dificilmente apresentará um bom rendimento
escolar, detendo-se completamente em limites inferiores ao qual poderia superar.
Sendo o amor próprio de suma importância para alcançar o sucesso na vida escolar e
profissional, a auto-estima é vital para o desenvolvimento e crescimento de qualquer ser
humano.
Para formar alunos conscientes de seus potenciais lingüísticos, é necessário utilizar
situações que incentivem o aluno a pôr em prática conhecimentos adquiridos ao longo de sua
vida escolar e a motivação certamente é o caminho mais certo para formar alunos seguros de
seus potenciais, pois ela predispõe o aluno a buscar sucesso em tudo que faz, criando nesse aluno
a satisfação pessoal.
Essa satisfação gera a segurança necessária para o aluno deixar de acreditar no mito que
o ato de escrever é um dom que poucos possuem.
Nesse processo de motivar e estimular o aluno a “querer aprender”, o papel do professor
é de suma importância, pois ele é o mediador do processo um ensino que pode seguir rumo ao
fracasso ou sucesso.
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REFERÊNCIAS
ALVES, Ruben, Conversas com quem gosta de ensinar. São Paulo: Cortez, 1999.
CYPERT, Samuel A. Como fortalecer com o poder da auto-estima. Rio de Janeiro: Campus,
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Acesso: 22/07/2022.
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p.50, abril, 2003
SOARES, Magda. Linguagem e escola – uma perspectiva social. São Paulo, Ática, 1996.
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RESUMO: A educação deve ser um processo envolvente e que desperte interesse e satisfação das
crianças. Quando pensamos em corpo e movimento no contexto escolar, precisamos analisar o
tipo de trabalho que se pretende realizar, a proposta pedagógica adequada à fase infantil, pois
essas práticas devem ser voltadas cada vez mais a realidade das crianças. A importância da
ludicidade no contexto escolar está relacionada ao seu bom desenvolvimento, pois desenvolver
um bom trabalho com o lúdico é sem dúvidas um processo de construção de conhecimento e
desenvolvimento, já que as conquistas são inúmeras nos aspectos da criatividade, imaginação e
concentração, assim como na aquisição de ritmo e sensibilidade, além disso, favorece a
socialização e o respeito ao outro e suas diferenças, contribuindo ainda, para uma real
consciência de seu corpo e do movimento.
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das crianças, coerente com os níveis de psicossocial, além daquilo que sozinha ela
desenvolvimento aos já atingidos por elas, e poderia fazer. E ainda segundo o RCNEI.
aos níveis necessários para a atuação da Brincar é uma das atividades fundamentais
realidade. para o desenvolvimento da identidade e da
As brincadeiras são importantes para o autonomia. O fato de a criança, desde muito
desenvolvimento infantil por permitir à criança cedo, poder se comunicar por meio de gestos,
explorar diversas possibilidades de sons e mais tarde representar determinado
entretenimento, como por exemplo, papel na brincadeira faz com que ela
construções, faz-de-conta e as brincadeiras desenvolva sua imaginação. Nas brincadeiras
tradicionais as crianças podem desenvolver algumas
Para brincar é preciso que as crianças capacidades importantes, tais como a atenção,
tenham certa independência para escolher a imitação, a memória, a imaginação.
seus companheiros e os papéis que irão Amadurecem também algumas capacidades de
assumir no interior de um determinado tema e socialização, por meio da interação e da
enredo, cujos desenvolvimentos dependem utilização e experimentação de regras e papéis
unicamente da vontade de quem brinca. Pela sociais (BRASIL, 1998, p.22).
oportunidade de vivenciar brincadeiras O processo de desenvolvimento e
imaginativas e criadas por elas mesmas, as aprendizagem da criança ocorre em etapas,
crianças podem acionar seus pensamentos que não são distinguíveis pela faixa etária, mas
para a resolução de problemas que lhe são sim pelas habilidades, capacidades e limitações
importantes e significativos. Propiciando a apresentadas por ela. Na escola ou em casa é
brincadeira, portanto, cria-se um espaço no necessário estar em constante
qual as crianças podem experimentar o mundo acompanhamento deste processo, à medida
e internalizar uma compreensão particular. que, a criança requer do adulto orientação e ao
Sobre as pessoas, os sentimentos e os diversos mesmo tempo, requer liberdade para poder se
conhecimentos (BRASIL, 1998, p. 28). desenvolver e conseguir ultrapassar as
Para a criança o lúdico é essencial, cabe a barreiras inerentes a este processo.
eles terem todas as oportunidades de A criança quando brinca está se
usufruírem as possibilidades inerentes a tais desenvolvendo com mais qualidade pois está
recursos. Até o desenho livre é considerado aprendendo a formar conceitos a relacionar
atividade lúdica, pois ele proporciona ao aluno ideias, a estabelecer relações lógicas. Está se
criar, imaginar, dar asas a sua imaginação sem conhecendo tanto física como afetivamente,
interferência do adulto. Brincando ela trabalha por isso suas relações interpessoais são tão
com sua autoestima, e possui mais suporte importantes, tão apreciadas e tão cultivadas.
para superar desafios pois o lúdico traz mais Uma das funções básicas do brincar é
leveza e descompromisso no enfrentamento permitir que a criança assuma papéis e aceite
de situações conflitantes. as regras próprias da brincadeira, executando
Um dos papéis da brincadeira para a criança imaginariamente, tarefas para as quais ainda
é proporcionar-lhe um desenvolvimento
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não está apta ou não sente como agradáveis na Segundo Brougère (2006, p.105), a
realidade. brincadeira é uma confrontação com uma
Quando brinca, a criança desenvolve sua cultura. “A criança não brinca com as
coordenação motora, suas habilidades visuais substâncias materiais e imateriais que lhe são
e auditivas e raciocínio criativo. Ilustrando a propostas. Ela brinca com o que tem a mão e
isso, a citação a seguir traz que: com o que tem na cabeça”.
Para que ocorram aprendizagens Levando-se em conta a importância do
significativas é importante, ao mesmo tempo, brincar para o desenvolvimento infantil,
que a criança se mostre correspondente em Vygotsky (1998), afirma que o brincar reside no
relação as atividades lúdicas propostas, que fato da atividade contribuir para a mudança da
esteja motivada para relacionar o que está relação da criança com o objeto.
aprendendo com o que já sabe. A criança Para Brougère (1990, p. 90), a brincadeira é
estabelece relações entre as novas uma ação lúdica, é uma associação entre uma
informações e os seus esquemas de ação e uma ficção, ela não pode ser limitada ao
conhecimento. Essa atividade é de natureza agir, o que a criança faz tem sentido, é a lógica
interna, se dá no nível do pensamento da própria do faz de conta.
criança a partir das informações que ela já Ao brincar a criança está firmando valores e
construiu (MALUF, 2009, p. 43). sentimentos morais e éticos, percebendo o que
Airton Negrine (1995), descreve a educação é certo e errado, formando sua personalidade.
psicomotora como uma técnica, pois segundo Ela, por meio da brincadeira, internaliza os
ele é por meio de exercícios jogos e conhecimentos de sua cultura, aprendendo a
brincadeiras adequadas a cada idade, que se conhecer os outros com quem convive e
possibilita levar a criança ao desenvolvimento conhece a si mesma
mais amplo e global de ser. Considerando que a criança desenvolve-se
A aprendizagem da criança deve ser por meio das interações que estabelece com o
estimulada e acontecer de forma interessante seu meio social, a brincadeira não é concebida
e curiosa, precisa acontecer pela interação, como algo inato da criança, e sim como uma
mantendo assim o gosto da descoberta e da atividade na qual as crianças são introduzidas
alegria contidas nas atividades. constituindo-se em um modo de assimilar e
A brincadeira é vista como atividade recriar a experiência sócio-cultural dos adultos.
principal da infância, que além de oferecer o É por meio das brincadeiras que a criança
lúdico e o prazer, estimula a aprendizagem e o tem oportunidade de estabelecer um canal de
desenvolvimento físico, cognitivo, criativo, comunicação com o adulto e com outras
social e a linguagem das crianças. crianças, de uma forma prazerosa tirando
Promover o desenvolvimento global das dúvidas e desenvolvendo uma relação de
crianças, incentivar a interação entre os pares, confiança consigo mesma e com os outros.
a resolução de conflitos e a formação de um Segundo Brougère (2006), as crianças
cidadão crítico e reflexivo, também fazem modificam, transformam e renegociam as
parte do discurso do ato de brincar. regras da brincadeira com seus parceiros,
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construindo um universo de faz de conta que Vygotsky (1994), concluiu por meio de suas
gira em torno das decisões das próprias pesquisas que as brincadeiras infantis são
crianças. promotoras de desenvolvimento das funções
O papel do educador nesta atividade, ainda psicológicas tipicamente humanas, e que a
segundo Gilles Brougère é a observação, capacidade para envolver-se em determinadas
porque é preciso respeitá-la bastante para brincadeiras, demanda certo nível de
poder se desenvolver dentro de sua própria desenvolvimento.
lógica, quando é interessante intervir. Para
Vygotsky, a brincadeira é a imaginação da
criança agindo sobre o mundo.
Brincando a criança experimenta
comportamentos além dos de sua idade,
demonstrando seu grau de compreensão
acerca das regras e dos valores da cultura onde
está inserida, sendo um fator muito importante
para o desenvolvimento (VYGOTSKY, 1994,
p.115).
A brincadeira nasce da necessidade de um
desejo não possível de ser realizado
imediatamente.
Para Vygotsky, o brincar tem sua origem na
situação imaginária criada pela criança, em que
desejos irrealizáveis podem ser realizados, com
a função de reduzir a tensão e, ao mesmo
tempo, para construir uma maneira de
acomodação a conflitos e frustrações da vida
real (BOMTEMPO, 2007, p. 64).
É baseado no fato da criança, ao brincar, ter
a capacidade de modificar a realidade que
Vygotsky considera que a brincadeira cria uma
”zona de desenvolvimento proximal”.
A zona de desenvolvimento proximal é a
distância entre o nível de desenvolvimento
real, que se costuma determinar através da
solução independente de problemas, e o nível
de desenvolvimento potencial, determinado
através da solução de problemas sob
orientação com companheiros mais capazes
(VYGOTSKY, 1994, p.112).
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Com esse estudo, crê-se na possibilidade de ter uma visão mais ampla sobre a importância
do lúdico no desenvolvimento e aprendizado das crianças. Espera-se contribuir com o próprio
trabalho pedagógico realizado diariamente e com o trabalho realizado nas instituições.
As contribuições são muitas quando tratamos sobre a motricidade, principalmente com as
práticas pedagógicas, pois tem fins educativos, ou seja, o desenvolvimento do movimento, as
questões da liberdade de expressão e do mundo simbólico. Também trabalha as questões de
sociabilização e de relação afetiva com as demais crianças. Esse reconhecimento de si e do outro
é de grande valia, o tempo o ritmo o relacionamento sócio afetivo faz com que essas crianças se
relacionem melhor.
Brincando de forma recreativa a criança desenvolve suas aptidões perceptivas como meio
de ajustamento do seu comportamento psicomotor. Essas atividades precisam levar em
consideração seus níveis de maturação, para que a criança desenvolva o controle mental de sua
expressão. Diante disso, podemos afirmar que por meio das brincadeiras é desenvolvido o lado
do saber perder, saber ganhar de ter responsabilidade de ter limites, respeitar regra,
compreender o compartilhar e o dividir entre outros.
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REFERÊNCIAS
ALVES, F. Psicomotricidade: Corpo, Ação e Emoção. 3. ed. Rio de Janeiro: Walk, 2007.
MALUF, Ângela Cristina Munhoz. Brincar: prazer e aprendizado. 5 ed. Petrópolis, RJ: Vozes,
2009.
SÃO PAULO (SP), Secretaria Municipal de Educação. Diretoria de Orientação Técnica. Tempos
e espaços para a infância e suas linguagens nos CEIs, creches e EMEIs da cidade de São
Paulo / Secretaria Municipal de Educação. - São Paulo: SME / DOT, 2006.
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RESUMO: Este artigo objetiva abordar como o ensino de música pode contribuir ao
desenvolvimento de uma das linguagens de expressão dos educandos na educação infantil. No
universo educativo infantil, a música deve aparecer como meio expressivo, como um
acontecimento capaz de envolver a criança por inteiro, contribuindo para promoção de seu
desenvolvimento global. Ressaltamos também a ressignificação de uma prática pedagógica
musical que tenha um olhar não apenas à dimensão cognitiva da criança, mas também a sua
dimensão afetiva. O aspecto lúdico da música entre as crianças auxilia a percepção, estimula a
memória e a inteligência por conceber um universo que conjuga seus sentimentos, ideias, valores
culturais e facilita a comunicação da criança consigo mesmo e com o meio em que ela vive.
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entender que primeiramente a música é uma Jeandot (1990), alerta para a conduta que
atividade de execução, isto é, a criança imita, deve adotar ao trabalhar a música com a
reproduz e produz com base em suas criança:
possibilidades motoras e no que herdou de seu (...) devemos seguir em relação à música, o
sistema cultural, para depois, com maior mesmo procedimento que adotamos com a
habilidade e domínio dos códigos musicais de linguagem falada, ou seja, devemos expor a
sua cultura lançar-se às apreciações e criança à linguagem musical e dialogar com ela
execuções mais acuradas. sobre e por meio da música (JEANDOT, 1990,
Sejam músicos, educadores musicais, ou p.20).
musicoterapeutas, parece não haver dúvida Seguindo a linha discursiva de Snyders
entre os especialistas de que a canção seja o (1992), é preciso reforçar a ideia de que
mais indicado meio para se trabalhar com a desenvolver atividades musicais com crianças é
criança, pois ela é uma experiência plena em ajudá-las na construção de significações por
que se vivenciam os mais variados aspectos, meio da música. Por isto, além de reproduzir,
que vão da própria música até aspectos imitar, improvisar e criar, a experiência com a
linguísticos e culturais. música permite viver situações de
Brito (2003), sustenta a ideia de que a aprendizagem, de identificação cultural, de
canção é um acontecimento pleno de liberação e identificação de sentimentos, e a
significações e diz que, canção, como já dito anteriormente, configura-
A canção é um gênero musical que funde se como o principal veículo-meio para esta
música e poesia. Cantando, as crianças imitam experiência, pois é ao mesmo tempo uma
o que ouvem, desenvolvendo sua expressão atividade que contempla tanto os códigos da
musical, desde que essa atividade seja música e das expressões corporais (não verbal),
realizada num ambiente de orientação e bem como o universo da palavra, da linguagem
estímulo ao canto, à escuta, à interpretação. (verbal).
(...) É certo que música é gesto, movimento, Considerando que é por meio da linguagem
ação (BRITO, 2003, p.93). que a criança tem acesso à cultura de sua
Cada criança, ou cada grupo de criança é comunidade, a música e a linguagem figuram
único e imprevisível em suas reações com a lado a lado na experimentação dos sons que
música. As educadoras musicais Cristina Lemos constituem a paisagem sonora do ambiente
e Solange Gomes defendem que, infantil; compartilham, inclusive, propriedades
As crianças devem ter contato com canções acústicas e podem ser consideradas duas
de ninar, de brincar, de brincadeiras de roda, formas de comunicação.
que fazem parte da diversidade cultural Neste sentido, a experiência ativa no mundo
impressa por tantos povos que formaram sonoro, ouvindo ou cantando, dançando,
nosso país (LEMOS, 2005,p.33). produzindo sons vocalmente ou tocando
instrumentos, pode propiciar às crianças
situações enriquecedoras, organizando suas
experiências e mediando sua interação com o
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A Educação Infantil é uma etapa em que o educando encontra-se na fase de
conhecimentos e descobertas essenciais no processo de desenvolvimento. Assim, a área
cognitiva, afetiva, social, linguística e psicomotora são muito trabalhadas com a utilização da
música.
A música é uma linguagem que comunica sensações, sentidos e passa por organização de
som e silêncio. Está presente nas mais diversas situações. A afetividade a cognição e a estética
são partes integrantes dela. A música é a linguagem que se traduz em formas sonoras capazes de
expressar e comunicar sensações, sentimentos e pensamentos, por meio da organização e
relacionamento expressivo entre o som e o silêncio.
Uma das causas dos grandes desafios enfrentados por educadores para realizarem um
trabalho com música coerente e diferenciado com crianças pequenas são, certamente, as
limitações quanto aos conhecimentos e saberes específicos.
Espera-se que o profissional que vai trabalhar com crianças deve possuir competência
polivalente para trabalhar com conteúdos de natureza diversa que abrangem desde trabalhar
com conteúdos de natureza diversa que abrangem desde cuidados básicos e essenciais, como
alimentação, higiene e saúde, até o domínio de conhecimento, das quais a música é uma delas.
A escola, sendo o ponto de encontro de todas as culturas e estando aberta
incondicionalmente a todas as formas de expressão, precisa0, repensar suas práticas para que o
papel da música na Educação Infantil contribua para a construção de uma sociedade em que
prevaleça o respeito à criatividade e ao processo artístico. Nesse contexto, o papel da música na
pré-escola apresenta-se como elemento fundamental na formação integral da criança, objetivo
fundamental da educação da primeira infância.
Assim, a música no contexto da Educação Infantil, se for trabalhada de forma lúdica e
dinâmica, com professores comprometidos, traz experiências gratificantes para as crianças e
constitui um elemento inestimável para a sua formação e desenvolvimento, permitindo-lhes a
sua apropriação sem reservas, porque a música não deve ser um privilégio de alguns, mas de
todo ser humano. Nessa perspectiva, a formação de professores em educação musical, bem
como as pesquisas na pós-graduação sobre essa área tem muito a contribuir para a adequada
presença da música na escola básica, uma vez que não basta a lei é preciso ações coletivas sua
real efetivação.
No entanto, necessário é que se articulem a música em sua totalidade com as vivências e
experiências da criança, em seu cotidiano, a fim de promover a aprendizagem, o
desenvolvimento social, afetivo e cognitivo da criança.
Se atualmente, são raras as escolas que se propõem a realizar um trabalho bem orientado
e metodologicamente estruturado para o ensino da música, também é rara a presença do
professor especializado para dispor-se a um trabalho dinâmico e de qualidade. Esses parecem ser
os maiores obstáculos para a inclusão da música na educação infantil. Todavia, ainda precisamos
fortalecer a prática docente dos profissionais que já atuam no universo das escolas e, nesse
sentido, a formação continuada, pensada de forma abrangente, deve ser considerada como uma
ação fundamental.
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REFERÊNCIAS
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SNYDERS, G. A escola pode ensinar as alegrias da música? São Paulo: Cortez, 1992.
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SEKEFF, Maria de Lourdes. Da música, seus usos e recursos. São Paulo: Editora Unesp,
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SNYDERS, G. A escola pode ensinar as alegrias da música? São Paulo: Cortez, 1990.
WEIGEL, ANNA MARIA GONÇALVES. Brincando de Música. Porto Alegre, Kuarup, 1988.
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1Professora
na Prefeitura Municipal de São Paulo.
Graduação: Licenciatura em Pedagogia.
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interesse de realizar esta pesquisa sobre a baseando-se em autores que decorrem sobre o
brincadeira lúdica na formação escolar inicial. tema. Relata-se sobre a relevância de respeitar
A problematização desse trabalho o brincar na Educação Infantil, bem como a
constatou-se pela observação que existem necessidade de o professor trabalhar com
alguns professores que não valorizam o lúdico brincadeiras e materiais diversos. Procura-se
para o desenvolvimento das crianças na refletir a respeito da ludicidade e da
Educação Infantil. psicomotricidade, bem como a relevância de se
Como solução hipotética ao problema trabalhar com atividades que auxiliam para o
levantado, sugere-se que haja um desenvolvimento Psico Físico e Social da
engajamento dos professores em demonstrar criança.
os resultados cognitivos, motores, sociais e
afetivos por meio de acompanhamento de O PAPEL DO BRINCAR LÚDICO
evolução de cada criança, por meio da
utilização da ludicidade como ferramenta NA EDUCAÇÃO INFANTIL
pedagógica; demonstrar que brincar faz parte Conforme Hridiomas (2018), a palavra
da infância da criança e que podemos extrair brincar é proveniente do latim vinculum, que
muito desses momentos, que para os quer dizer laço algema, e é decorrente do
pequenos são íntimos, único e muito verbo vincire, que significa prender, seduzir,
esclarecedor. encantar. Vinculum tornou-se brinco e gerou o
O objetivo geral dessa pesquisa será mostrar verbo brincar, sinônimo de divertir-se.
a relevância do brincar lúdico na educação Brincar, portanto, não é só diversão,
infantil como ferramenta para a aprendizagem. representa também uma atividade de ligação
Os objetivos específicos serão demonstrar ou vínculo com algo em si mesmo e com o
os benefícios cognitivos, motores, sociais e outro, que fortalece o aprendizado e o
afetivos do brincar lúdico, desenvolvidos na desenvolvimento, motor, cognitivo e afetivo.
escola; estimular as linguagens corporais, “A palavra lúdico vem do latim ludus e significa
musicais, e orais das crianças em situações brincar. A atividade lúdica surgiu como nova
lúdicas para que aprendam a se comunicar. forma de abordar os conhecimentos de
A metodologia desse trabalho será diferentes formas e também uma atividade
bibliográfica qualitativa investigando livros, que favorece a interdisciplinaridade.”
artigos, site, documentos e revistas que (SANTOS, 2012, p.3).
fundamentam o brincar lúdico na educação De acordo com Santos (2012), o lúdico
infantil como coadjuvante no trabalho do refere-se a uma extensão humana que recorda
professor. os sentimentos de liberdade e espontaneidade
Nesta direção, caminhará esta pesquisa da atividade. Envolve atividades simples,
respondendo aos objetivos e abrindo novos tranquilas e isenta de toda e qualquer tipo de
saberes sobre o aprender brincando. aplicação ou escolha alheia. É livre de cobrança
Reflete-se a respeito do papel lúdico na e julgamento.
Educação Infantil, relatando fatos históricos,
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Ao falar em brincar, muitos pensam que é só afetivos. É no brincar e apenas no brincar, que
diversão, mas brincar é coisa séria. Ao brincar a criança libera sua criatividade, aprende novos
com alguém a criança estabelece seu próprio conceitos, encontra saídas para diversos
modo de entreter-se, e vivencia a aceitação ou sentimentos e dificuldades, que possam estar
não de ideias de outras pessoas. Assim sentindo e não conseguem expressarem por
preparando o caminho para um viver desconhecerem tais sentimentos, além de
compartilhado, e um relacionar-se com o outro adquirirem informações para terem um
e com a vida. Ou seja, brincar é comunicação e crescimento saudável.
expressão, interligando pensamento e ação, Ao incluir o brincar na Educação Infantil,
um ato espontâneo, uma atividade muitos acreditam que a criança vai à escola só
exploratória que ajuda as crianças no seu para brincar e que brincar não é importante,
aperfeiçoamento físico, mental, emocional e porém é por meio dessa brincadeira que a
social, é um meio de aprender a viver e não criança aprende e é também por meio do olhar
apenas um passatempo. “[...] As crianças e os atencioso e crítico do professor que se
animais brincam porque gostam de brincar, e é consegue direcionar o trabalho, desenvolver
precisamente em tal fato que reside a sua habilidades, tratar os conflitos e fazer a
liberdade. ” (HUIZINGA, 1980, apud, MALUF, socialização com o grupo.
2003, p. 17) . Conforme Machado (2001), no brincar a
Independente da cultura local é comum os criança lida com sua realidade interior e sua
adultos desestimularem as crianças de brincar, tradução livre da realidade exterior: é também
porém por se tratar de uma necessidade o que o adulto faz quando está filosofando,
natural, essa proibição pode acarretar em um escrevendo lendo poesia e praticando sua
atraso do amadurecimento da criança, ela religião.
pode se tornar uma criança reclusa em seus
próprios sentimentos, tendo dificuldade de OS PROFESSORES E O
socializar com outras crianças e até mesmo
com adultos, além de criar uma visão PROCESSO DE BRINCAR
exacerbada da vida dos adultos e seus Todo professor deveria ver no brincar, o
problemas do cotidiano. espaço de criação cultural que permiti o
Conforme Maluf (2003), toda criança que indivíduo criar, explorar e ter uma relação
brinca vive uma infância feliz, além de tornar- aberta e positiva com o grupo.
se um adulto muito mais equilibrado física e Brincar é um dos mecanismos que garante
emocionalmente, conseguirá superar com mais ao indivíduo expor sua imaginação e trazer
facilidade problemas que possam surgir no seu algumas situações de sua realidade. Por isso, se
dia-a-dia. torna uma atividade que não se limita ao real.
Uma criança que não vivencia sua infância É uma cultura rica, complexa e diversificada,
por completa, não goza de estímulos para que consegue um excelente resultado ao fazer
enfrentar a vida e acaba criando bloqueios a integração com o lúdico, valorizando sua
referentes a diversos aspectos sociais e liberdade e desejo de expressão da natureza
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catastrófico, ela pode se fechar mesmo em e seus influenciadores, que podem ser amigos
casa e demorar dias, meses talvez anos para se próximos, pais, tios, primos entre outros. Por
abrir novamente. isso devemos estar atentos a tudo que a
Ademais, a brincadeira trará para dentro da criança faz, e aprender a linguagem própria
sala de aula uma relação de convivência mais para ajudarmos a descobrir esse mundo
próxima das crianças facilitando o dia-a-dia do intenso e complexo que está surgindo a cada
professor e suas atividades futuras poderão ser dia com novas surpresas.
mais proveitosas, uma vez que a união trará Por meio dos jogos e das brincadeiras, a
mais respeito das crianças para com o criança projeta-se nas atividades dos adultos
professor. Há também de se ressaltar os procurando ser coerente com os papéis
benefícios que cada tipo de brincadeira trará assumidos, servindo como um instrumento
para cada criança seja ele cognitivo, afetivo, para:
motor além dos psicológicos. Dentro das (...) conhecer o mundo físico e seus
brincadeiras cada criança irá descobrir seu fenômenos, os objetos (e seus usos sociais) e,
mundo como um todo e perceber que não há finalmente, entender os diferentes modos de
tanta diferença do seu mundo para o mundo de comportamento humano, os papéis que
seu amigo. Aquelas pequenas, mas desempenham como se relacionam e os
importantes diferenças que quando se tem tal hábitos culturais (REGO, 1994, p. 114).
liberdade expressão e atenção à criança expõe Portanto, no contexto escolar,
para seus pais ou seu parente mais próximo. principalmente no período pré-escolar, as
A imagem de infância é reconstituída pelo práticas pedagógicas deveriam ter seus
adulto, por meio de um duplo processo: de um objetivos delineados a partir da zona de
lado, ela está associada a todo um contexto de desenvolvimento proximal, o que significa
valores e aspirações da sociedade, e, de outro, voltar-se para as possibilidades de crescimento
depende de percepções próprias do adulto, da criança.
que incorporam memorias de seu tempo de Enquanto a criança entra no que há demais
criança. Assim, se a imagem de infância reflete emocionante no ato de brincar com o outro, ou
o contexto atual, ela é carregada, também, de consigo mesma, toma consciência de sua
uma visão idealizada do passado do adulto, que autoimagem e conhece um outro ser que não
contempla sua própria infância. A infância seja ela própria.
expressa no brinquedo contém o mundo real, Para Vygotsky (1989, p. 87), a “brincadeira
com seus valores, modo de pensar e agir e o no desenvolvimento infantil é um importante
imaginário do criador do objeto (KISHIMOTO, suporte para a mente, contribuindo com as
1995, p.50). diferentes formas de pensar e realizar suas
Como podemos ver tudo que vivemos em ações simbolicamente”. Assim a criança se
nossa infância tem influência no que somos e diverte, raciocina e aprende de maneira
como pensamos a formação do caráter, da simples e descontraída sem perceber cobrança
personalidade e sua posição no âmbito social da sua aprendizagem.
da criança dar-se a pela sua vivência na infância
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Segundo Piaget (1987, p. 6), “brincando a dos jogos e brincadeiras, que muitas vezes
criança é capaz de assimilar o mundo exterior acrescentam ao currículo escolar uma maior
às suas próprias necessidades, mesmo sem se energia de situações que ampliam as
adaptar às realidades que estão a sua volta”. possibilidades de a criança aprender e
Para esses pensadores do desenvolvimento construir o conhecimento.
infantil o brincar não é simplesmente um Os jogos e brincadeiras são características
passatempo, mas sim, uma forma de contribuir inerentes ao ser humano, neles homem
na formação e no desenvolvimento consegue construir sua personalidade
psicossocial da criança, ajudando-a adquirir utilizando a autonomia que esses recursos
comportamentos que lhe servirão de base para oferecem, objetivando o desenvolvimento
o desenvolvimento das suas atividades na vida integral da criança, por meio de lazer,
adulta, sejam elas físicas ou intelectuais, expressão de sentimentos, afeto e emoção,
educadores devem ter essas mesma visão do respeitando o desenvolvimento e ritmo de
brincar, para a partir desse pressuposto cada um.
construir sua prática pedagógica com A presença dos jogos e das brincadeiras no
princípios que considerem a verdadeira função desenvolvimento da criança é fundamental
da ludicidade como ferramenta de para o seu processo de ensino aprendizagem,
ensino/aprendizagem. tornando as aulas mais alegres, dinâmicas e
Nos jogos, ao assumir suas funções, a criança atrativas, possibilitando à criança a ampliação
se desenvolve emocional e intelectual, pois de conhecimentos, levando a um aprendizado
brincando ela age de modos diferentes de sua significativo.
idade e de seu comportamento habitual. Segundo Vygotsky (2007):
Trazendo para sua vivencia situações que O brinquedo cria uma zona de
ocorrem a sua volta com adultos ou não, que desenvolvimento proximal da criança. No
para si se concretiza por meio do faz de conta. brinquedo, a criança sempre se comporta além
Ao brincar de ensinar com um quadro de giz do comportamento habitual da sua idade, além
e seus amigos como se fossem os estudantes, a do seu comportamento diário; no brinquedo é
criança cria neste jogo regras de conduta, como se ela fosse maior do que é na realidade.
passando a exigir por meio do brincar, respeito Como no foco de lente de aumento, o
e conduta em sala de aula, que são atitudes brinquedo contém todas as tendências do
esperadas delas mesmas em seu dia a dia, desenvolvimento sob forma condensada,
conduzindo ao aprendizado e socialização. sendo, ele mesmo, uma grande fonte de
Os jogos e as brincadeiras trazem o mundo desenvolvimento (VYGOTSKY, 2007, p.122).
para a realidade da criança, possibilitando o Por meio da brincadeira a criança pode se
desenvolvimento de sua inteligência, sua propor desafios para além de seu
sensibilidade, habilidades e criatividade. comportamento diário, levantando hipóteses e
A verdadeira aprendizagem não se faz saídas para situações que a realidade lhe
apenas copiando do quadro ou prestando impõe.
atenção ao professor, mas também por meio
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Desde pequena a criança já tem a necessidade de brincar, é uma interação da criança por
mais que seja uma criança que não tenha condições de comprar brinquedos prontos, ela cria de
acordo com a imaginação seu próprio brinquedo.
Neste artigo foram abordadas reflexões a respeito do Brincar de uma forma Lúdica na
Educação Infantil e seus aspectos relevantes, baseando-se em autores que corroboram com esse
tema.
Para dar continuidade à essas reflexões discorremos sobre a necessidade de respeitar o
brincar na Educação Infantil e como o Brincar contribui para o desenvolvimento da criança.
Encontramos a necessidade de abordar reflexões à respeito da ludicidade e da
psicomotricidade, dos quais são elementos fundamentais para o processo de ensino
aprendizagem e desenvolvimento da criança.
Verificamos que, muitos estudos comprovaram a importância do brincar no
desenvolvimento infantil. Eles mostram que o brincar é essencial para o desenvolvimento
saudável das crianças, independentemente da idade.
As crianças aprendem sobre o mundo brincando, descobrem como resolver problemas e
interagir com os outros, aprendem a expressar seus pensamentos e sentimentos, bem como
resolver conflitos.
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REFERÊNCIAS
ABBUD, Ieda. John Dewey e a educação infantil: entre jardineiras e cientistas. São Paulo:
Cortez, 2011.
AIRES, Phillipe. História social da criança e da infância, Rio de Janeiro: editora Livros
Técnicos e Científicos, 1981.
BRANDÃO, Ana Carolina Perrusi. Ler e escrever na educação infantil. Belo Horizonte:
Autêntica, 2011.
BRITO, T. A. de. Ferramentas com brinquedos: a caixa da música. Revista da ABEM, Porto
Alegre, v. 24, 89-93, set. 2010.
BROUGÈRE, G. Brinquedo e cultura. Tradução de Maria Alice de Sampaio Dória. São Paulo:
Cortez, 1995. 110p.
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KISHIMOTO, Tizuko Morchida. O brincar e suas teorias. São Paulo: Cengage Learning, 2008.
MALUF, Cristina Munhoz. Brincar: prazer e aprendizado. 3 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.
ROSA, Sanny S. Brincar, conhecer, ensinar. 2 ed. São Paulo: Cortez, 2001 (coleção questões
da nossa época; v.68).
PIAGET, Jean. A epistemologia genética, São Paulo: editora Abril Cultural, 1978.
PIAGET, Jean. O nascimento da inteligência na criança, Rio de Janeiro: editora Zahar, 1982.
SANTOS, Jossiane Soares. O lúdico na educação infantil. 2012. Disponível em: <
https://www.editorarealize.com.br/revistas/fiped/trabalhos/ludico.pdf>. Data de Acesso:
20/07/2022.
VYGOTSKY, L.S. Pensamento e Linguagem. São Paulo – SP. Editora: Martins Fontes, 1987.
WAJSKOP, Gisela, Brincar na pré-escola. 5 ed. São Paulo: Cortez, 2001. (coleção questões
da nossa época; v.48).
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RESUMO: Este artigo apresenta uma revisão bibliográfica que aborda o tema: O Ensino de
História e a Temática da História Africana nas escolas. Temos como objetivos para este estudo
apresentar os principais conceitos sobre o ensino de história e as temáticas voltadas ao ensino
de história africana nas escolas. Abordar nos contextos escolares temáticas que trazem um pouco
da história de outros povos, é de suma importância para uma aprendizagem significativa, o
conhecimento sobre a história e a cultura de outros povos auxilia no combate a discriminação e
no reconhecimento de outros povos. O resgate da identidade e valorização das etnias também é
papel da escola na atualidade, revisitar a história valorizando a cultura e arte africana é de
fundamental importância para a valorização social dos sujeitos. A educação compõe um dos
princípios ativos de transformação social, e por ser papel da escola desenvolver cada indivíduo
de maneira integral, deve estimular em suas práticas, a formação de valores e atitudes, que
respeitem as diferenças e as características próprias dos povos.
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Percebe-se então a substituição do modo valorizando a história local dos povos e os seus
religioso, disseminado até então por uma modos de vida. O Plano Municipal de Educação
disciplina de caráter cívico (a antiga educação em sua proposta de ensino de história para os
moral e cívica), no qual o Estado é quem anos iniciais destaca que os alunos devem ser
conduz os sujeitos a processos civilizatórios capazes de compreender os acontecimentos
baseados em estereótipos e em um ser ideal de históricos e as relações de poder que se
cidadão a ser seguido. Os heróis e marcos estabelecem na sociedade, que acabam por
históricos eram baseados em uma visão única contribuir para a formação das estruturas
nacional e patriota, baseando o ensino nessa sociais, econômicas e políticas que se
vertente como uma verdade absoluta. estabelecem nas relações e nos meios sociais.
No final dos anos de 1980 a disciplina de Diante da realidade das escolas brasileiras, é
História passa por mudanças e dentre elas possível observar que as diferenças entre
podemos destacar a extinção da matéria de negros e brancos é presente em todos os
Estudos Sociais e a separação da Geografia, que sentidos, configurando o racismo estrutural
anteriormente foram criados no regime militar. que permeia a sociedade como um todo, seja
A história passa a ter características e na garantia da igualdade de direitos, no acesso
conteúdos próprios, com objetivos bem e permanência na escola, no mercado de
definidos, estando presentes nos currículos trabalho ou no acesso as universidades. É
desde os primeiros anos de escolarização no preciso uma revisão nas formas de
ensino fundamental. implementação das políticas públicas
A História passou a ocupar no currículo um específicas para a população negra no Brasil,
duplo papel: o civilizatório e o patriótico, gerando discussões sobre os diferentes
formando, ao lado da Geografia e da Língua campos da desigualdade, de ordem social,
Pátria, o tripé da nacionalidade, cuja missão na educacional ou cultural. Tais políticas são
escola elementar seria o de modelar um novo conhecidas como políticas afirmativas e devem
tipo de trabalhador: o cidadão patriótico. ser reconhecidas e colocadas em prática de
(BRASIL, 1997, p. 20). maneira efetiva.
Com a substituição por Estudos Sociais os O Brasil foi um dos últimos países a abolir a
conteúdos de História e Geografia foram escravidão e todo o processo foi muito
esvaziados ou diluídos, ganhando contornos conturbado gerando uma série de
ideológicos de um ufanismo nacionalista consequências para o povo negro, que não
destinado a justificar o projeto nacional tiveram condições, nem estrutura para iniciar
organizado pelo governo militar implantado no uma nova vida em liberdade, migrando para as
País a partir de 1964. (BRASIL, 1997, p. 26). áreas periféricas e sendo excluídos da
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), sociedade, fato este que reflete até os dias
de 1997 tratam do ensino de História para os atuais. À população negra sempre foi relegado
anos iniciais destacando a importância de um espaços inferiores de poder e de
trabalho que leve em consideração a realidade reconhecimento, gerando uma sociedade
vivenciada pelo aluno fora do contexto escolar,
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racista com a perpetuação de práticas contexto. São cada vez maiores as exigências,
discriminatórias e preconceituosas. tanto do mercado de trabalho como das
A Lei nº 10.639 foi responsável pelas demandas sociais e os alunos estão inseridos
alterações nos artigos 26-A e 79-B da LDBEN, nestes sistemas e levam para o contexto
determinando a obrigatoriedade de estudos escolar tais demandas. O professor deve ser
relacionados à História e Cultura Afro-brasileira capaz de contribuir para que este aluno
nos diferentes níveis de ensino da educação construa a sua identidade em uma perspectiva
básica, além disso estabeleceu que os de valorização da diversidade e apreço a
currículos escolares devem abordar a história tolerância. É possível perceber uma grande
dos povos africanos e da África e a cultura lacuna dos conhecimentos voltados a este
negra no Brasil, bem como as lutas destes tema nas escolas, o que acarreta grandes
povos, buscando o resgate das contribuições problemas em relação a aceitação e o respeito
destes povos nas mais diversas áreas de nossa a diversidade e cultura de outros povos
sociedade, contribuindo para o processo de É desafio e função da escola o papel de uma
mudança dos olhares da sociedade sobre estes educação democrática em que os sujeitos de
povos. É preciso construir uma nova história, direito se reconheçam como tal, valorizando o
com novas abordagens sociais e culturais, que respeito à diversidade e legitimidade de cada
abordem os conteúdos relacionados a esta etnia enquanto grupo que contribui para a
temática de uma maneira não estereotipada, formação de nosso povo. É necessário que a
buscando o reconhecimento destes povos. escola se reconheça enquanto lugar de direito,
O ensino de História e Cultura Afro-Brasileira que deve acolher sujeitos plurais, oriundos de
e Africana, a educação das relações étnico- gêneros, regiões, condições sociais, gerações e
raciais, se desenvolvem no cotidiano das etnias distintas. A escola constitui-se como
escolas, nos diferentes níveis e modalidades de espaço privilegiado de relações, em que são
ensino, como conteúdo de disciplinas constituídos vínculos e construídos os valores
particularmente Educação Artística, Literatura que levamos para nossas vidas.
e História do Brasil, sem prejuízo das demais As ações afirmativas constituem-se em
em atividades curriculares ou não, trabalhos políticas de combate ao racismo e à
em salas de aula, nos laboratórios de ciências e discriminação racial mediante a promoção
de informática, na utilização de sala de leitura, ativa da igualdade de oportunidades para
biblioteca, brinquedoteca, áreas de recreação, todos, criando meios para que as pessoas
quadra de esportes e outros ambientes pertencentes a grupos socialmente
escolares (BRASIL, 2004, p. 21). discriminados possam competir em mesmas
Silva (2010), enfatiza que nesse sentido, os condições na sociedade (MUNANGA & GOMES,
novos educadores vão se deparar cada vez 2006, p. 186).
mais com contextos escolares desafiadores e O resgate da identidade e valorização das
diante destes novos paradigmas somente a etnias também é papel da escola na atualidade,
formação constante e efetiva irá contribuir revisitar a história valorizando a cultura e arte
para o sucesso deste profissional neste africana é de fundamental importância para a
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O Brasil é um país formado com as contribuições de diferentes culturas e de diferentes
povos, é preciso que a educação escolar reconhece essa diversidade cultural e que o currículo
seja voltado para a realidade do nosso povo. É preciso estudar a história de nosso país
considerando as diferentes contribuições e as matrizes culturais que construíram a identidade do
nosso país. O respeito e a valorização são fundamentais para que se compreenda os processos
históricos e se reconheça a importância da cultura africana e indígena para a formação de nossa
sociedade.
A inserção no currículo escolar, dos conteúdos da história africana e indígena foi um
grande passo para que a abordagem e os conteúdos fossem revistos e analisados, despindo os
estereótipos que são reproduzidos por anos e que contribuem para a perpetuação da hegemonia
eurocêntrica nos currículos. A abordagem desta temática em sala de aula contribui para o
reconhecimento da importância do negro na formação de nossa sociedade e para a propagação
de tais conhecimentos.
O professor é o responsável em contribuir no combate as ações de preconceito e
discriminação que ocorrem no ambiente escolar e para minimizar e combater estas práticas é
necessário que a sua prática seja voltada a uma educação para a diversidade e antirracista. Para
tanto, deve abordar o assunto em suas propostas de trabalho, trabalhando o reconhecimento e
valorização da cultura e herança do povo negro, além da abordagem das contribuições em todos
os setores da sociedade.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília:
MEC/SEF, 1997.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017.
BRASIL. Lei N º 10.639, de 9 de janeiro de 2003. D.O.U. de 10/01/ 2003. Altera a Lei nº
9.394/96, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, para incluir no currículo
oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”.
Brasília, 2003.
BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais Para A Educação Das Relações Étnico Raciais
E Para O Ensino De História E Cultura Afro-Brasileira E Africana. Conselho Nacional de
Educação. Opinião técnica nº. CNE/CP 003/2004 Colegiado: CP aprovado em 03/10/2004.
MEC/UNESCO.
MUNANGA, Kabengele; GOMES, Nilma Lino. O negro no Brasil de hoje. São Paulo: Global,
2006.
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RESUMO: Este artigo discorre a respeito de diversas definições e soluções para uma educação
ambiental efetiva. Buscando a modificação de valores e atitudes do homem em sua relação com
o meio. O comprometimento da qualidade de vida e o fim da degradação do meio ambiente
relacionado à ação humana. Sendo importante conhecer o meio em que faz parte. Esta relação
ente o homem com o meio ambiente é assunto que deve ser tratado pela escola, pois, cabe a ela
despertar nos cidadãos atitudes responsáveis de defesa para uma melhor qualidade de vida. Em
decorrência disto, o Ministério da Educação, incluiu nos Parâmetros curriculares Nacional, o
estudo do Meio Ambiente e saúde, objetivando o acesso às diferentes representações dos
recursos ambientais. É dentro desse contexto de compreensão e percepção da relação
sociedade/natureza que buscamos rever inicialmente as próprias relações sociais por meio de
caminhos encontrados nesta pesquisa.
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Professor de Ensino Fundamental II e Médio na Rede Municipal de Ensino de São Paulo.
Graduação: Licenciatura em Ciências.
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92) e contribuiu para definir a agenda do quer dizer que seja fácil de fazer. O fato é que
desenvolvimento sustentável para as próximas para isto é necessário conscientização e
décadas. A proposta brasileira de sediar a vontade. Os especialistas, corporações e
Rio+20 foi aprovada pela Assembléia-Geral das governos já têm informações de que estamos
Nações Unidas, em sua 64ª Sessão, em 2009. utilizando muito mais recursos que a terra
O objetivo da Conferência foi a renovação pode repor. Além disto, uma grande parte do
do compromisso político com o que compramos são coisas inúteis, adquiridas
desenvolvimento sustentável, por meio da muitas vezes por impulso ou pela
avaliação do progresso e das lacunas na propaganda/moda e que irão parar no lixo
implementação das decisões adotadas pelas rapidamente.
principais cúpulas sobre o assunto e do Segundo os economistas, o consumo é
tratamento de temas novos e emergentes. A maravilhoso, pois traz a aceleração e expansão
Conferência teve dois temas principais: da economia, o que é bom para o país. Porém
as análises econômicas não estão levando em
• A economia verde no contexto do conta por quanto tempo uma expansão
desenvolvimento sustentável e da erradicação desenfreada do consumo se sustentará e quais
da pobreza; e serão os malefícios no final das contas
• A estrutura institucional para o enquanto mantivermos os mesmos métodos
desenvolvimento sustentável. produtivos.
De 20 a 22 de junho, ocorreram o Segmento Para que se tenha um consumo consciente,
de Alto Nível da Conferência, para o qual foi é interessante o uso dos três R's. Os três R’s
confirmada a presença de diversos Chefes de são: Reduzir, Reutilizar e Reciclar. Um estímulo
Estado e de Governo dos países-membros das para que as pessoas possam refletir em relação
Nações Unidas. Desse modo, inerentes ao a tudo o que consomem. É um passo essencial
debate ambiental, que surge em meio a um para a criação de novas atitudes sociais e para
processo de intensa acumulação capitalista, prevenir os impactos negativos do consumismo
são estabelecidos importantes conceitos ilimitado.
relacionados ao tema, discutidos aqui, como Reduzir é diminuir a quantidade de tudo que
eco-desenvolvimento e desenvolvimento pode virar resíduo. Seja adquirindo produtos
sustentável. que possam ser reutilizados ou comprando
somente o necessário. O importante é saber
AÇÕES RELACIONADAS A que a diminuição da quantidade de coisas que
SUSTENTABILIDADE você joga fora irá aliviar a pressão dos
Diversas são as ações as quais podemos ter depósitos de lixo e os impactos que isso gera ao
um ambiente sustentável, a partir daqui meio ambiente.
listaremos algumas ações: São danos como a emissão de diversos gases
Coisas muito simples podem ser feitas para tóxicos na atmosfera, como a dioxina,
diminuir o impacto ao meio ambiente resultante da incineração do lixo, os gases
proveniente de nossas ações, mas simples não metano e sulfuroso, resultantes da
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Por outro lado, cabe à escola também disciplinas realizam atividades comuns sobre
garantir meios para que os alunos possam por um mesmo tema, (1996,p. 39).
em prática sua capacidade de contribuição. O Tendo em vista a complexidade de
fornecimento de informações, a explicação da compreensão do objeto que envolve a
regras e normas da escola, a promoção de Educação Ambiental, busca-se encontrar o
atividades que possibilitem uma participação ponto de partida para o caminho mais indicado
concreta dos educandos, são condições para a à compreensão de fatos e situações
construção de um ambiente democrático. provocadas pela própria determinação
A escola como uma instituição social com antropocêntrica.
poder e possibilidade de intervenção na No entanto, a Educação Ambiental deve
realidade, deve estar conectada com as estar atenta à origem dos problemas, ou seja,
questões mais amplas da sociedade, deve promover a compreensão do atual
incorporando-as à sua prática. Algumas modelo de desenvolvimento e as questões que
questões bem palpáveis, no entanto, poderiam estão enraizadas neste, sustentando a
ser pensadas e analisadas no âmbito escolar, desigualdade social, impacto ambiental e a
num belo exercício de cidadania, levando os desqualificação da Educação no que refere à
educadores e educandos à uma participação formação de valores e princípios éticos ao ser
maior na comunidade onde vivem e atuam de humano. Para tanto o ambiente está em
acordo com o padrão referencial de currículo. processo contínuo e dinâmico de
Então caberá ao educador transformar cada transformação resultante dos fenômenos
uma das questões em trabalho. naturais. Para formular uma proposta de
As diferentes disciplinas do currículo escolar Educação Ambiental, é preciso que esta
podem extrair de cada questão seus interesses contemple tais transformações,
particulares, a partir de um raciocínio que é Quanto a metodologia de ensino deve
comum a todas. Educadores de várias recorrer ao conflito cognitivo, visando a
disciplinas poderão trabalhar juntos, cada qual reconstrução conceitual. O simples transplante
explorando seu enfoque e sua potencialidade de procedimentos “tradicionais” seria uma
acadêmica. Para que se tenha apenas uma contradição e uma visão equivocada da
ideia, sempre que se lida com problemas Educação Ambiental. Portanto é que devemos
ambientais, os enfoques podem (e devem) ser estar em sintonia com os pressupostos da
múltiplos e cada educador, em sua disciplina Educação Ambiental, como
pode ter uma abordagem diferente do mesmo interdisciplinaridade, visão holística,
problema, no que refere REIGOTA: participação, contextualização e conceito
A Educação ambiental está muito ligada ao pluridimensional do meio ambiente,
método interdisciplinar. Esse método, no promovendo assim melhor qualidade de vida e
entanto, é compreendido e aplicado das mais repensando a relação entre a sociedade e a
diversas formas Normalmente, ele é natureza.
empregado quando professores de diferentes Aqui se evidencia o papel da educação
orientada para o ambiental. É nesse ponto
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dilemático que se inscreve o espaço demonstração bem eficiente dos seus próprios
privilegiado de uma educação comprometida, conhecimentos desarticulados com a realidade
entendida como intervenção político- ambiental.
pedagógica que tem como ideário e afirmação Na mesma ética, essa discussão tem
de uma sociedade de direitos, ambientalmente envolvido educadores, especialistas e
justa. Em contrapartida a escola vem lideranças ambientalistas de várias partes do
restringindo sua prática de Educação Brasil nos últimos anos. Os que defendem a
Ambiental a projetos temáticos desarticulados Educação Ambiental como disciplina, que
do currículo e das possibilidades de diálogo da passe a integrar o currículo escolar,
área de conhecimento com a temática. Muitas argumentam que como matéria específica, as
vezes são campanhas isoladas ou ações temáticas ambientais teriam um espaço
efêmeras em datas comemorativas, iniciativas próprio para serem trabalhadas. Por outro
de alguns educadores interessados, que lado, aqueles que sugerem a Educação
acabam por desenvolvê-las de forma Ambiental como uma articulação
extracurricular, ou então são projetos interdisciplinar, afirmam que uma matéria
descontextualizados ou que se concentram em isolada não teria sua importância devida, uma
aspectos puramente ecológicos, deixando de vez que não estaria entre as disciplinas
lado os fatores culturais, políticos, econômicos considerada essencial nas escolas.
e sociais que são parte integrante da temática Para tanto, é válido ressaltar que da
ambiental. natureza não fazem parte apenas as plantas, os
Poucas vezes são pensados a partir das animais das matas e as espécies aquáticas dos
potencialidades das regiões em que a escola rios. Do meio natural também fazem parte,
está inserida. Observa-se que alguns dentre outros, os insetos e microorganismos, o
educadores sem qualificação alguma em ar e as águas dos canais pluviais do ambiente
relação ao meio ambiente, organizam-se a urbano e o próprio homem. Em razão disso, a
favor de uma ordem geral, e de um bem Educação Ambiental não pode ficar restrita às
público, dizem que não sabem por onde “quatro paredes” das escolas. Assim
começar e, pela natureza de suas disciplinas, educadores e educandos devem levar as
pelo que adquiriram em suas escolas de temáticas ambientais para o conhecimento da
formação, não se acham capacitados porque comunidade e procurar interferir na solução de
lhes falta um conhecimento básico da situação. problemas ecológicos locais. Porém a alienação
Preocupados em vencer um programa é um dos fatores que resulta no afastamento
tradicional, são capazes de escorregar na da natureza, não como totalidade fixa e
frente da escola em dia chuvoso, sem imutável, mas como realidade que se modifica
aproveitar a chance de discutir as razões da ao longo da história. Logo a “desarmonia”
formação daquele barro todo, sem qualquer vivenciada no mundo contemporâneo é o
vegetação que proteja o solo e evite a erosão. resultado de relações sociais determinadas no
Outros, ainda ocupados em elaborar provas capitalismo e não um problema de ordem
bem difíceis, o que não deixa de ser uma psicológica ou existencial.
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Para tanto Loureiro (1997), destaca que, no ações emergenciais que busquem uma
Brasil, a produção acadêmica crítica se mudança efetiva de atitude do homem com
apresenta marginal. Todavia, partimos do relação ao seu meio. Pensa-se que a Educação
pressuposto que é necessário o seu resgate, no Ambiental faz parte do contexto amplo da
conjunto dos movimentos que constituem o própria Educação, devendo ser abordada e
ambientalismo, para buscar e evidenciar as trabalhada em suas multifacetas em todos os
contradições entre capitalismo e níveis de ensino, em todas as disciplinas com
ambientalismo, e orientar seus esforços para a diferentes abordagens quanto a sua
definição de estratégias que atuem no sentido abrangência e complexidade, envolvendo
da democratização e modificação da estrutura técnicos e profissionais ligados a diferentes
social vigente. No entanto, cabe acrescentar áreas de conhecimento. Assim, sua dinâmica e
que a generalização da humanidade como metodologia deverá valer-se de pressupostos
perversa, possibilita uso ideológico da questão teóricos da própria educação, priorizando uma
ambiental, tirando o foco de análise da relação dialógica, contextualizada com os
estrutura das sociedades e colocando a problemas sociais emergentes das regiões,
responsabilidade exclusivamente no indivíduo construída a partir da realidade de cada grupo
e numa tendência humana instintiva de social.
destruição. É por isso, ressalta Loureiro (2000), Para tanto, pesquisa participante,
que os programas ambientais com planejamento cooperativo,
componentes educativos e de ação interdisciplinaridade e avaliação continuada
comunitária, governamentais ou não- são as palavras chave do desenvolvimento de
governamentais, tendem a trabalhar atividades de Educação Ambiental,
exclusivamente o aspecto comportamental e estabelecendo relações entre o conhecimento
moral. Contudo, o processo educativo tem um acadêmico e a cultura popular, entre a teoria e
papel preponderante nessa mudança, mas, a prática, entre o ambiental e o social,
infelizmente, alguns países, que possuem o buscando inserir na própria cultura as ideias de
uma nova relação homem/natureza. Observa-
potencial de mudanças, são os que mais
se então que, esta parece ser a linha de
sofrem consequências da debilidade de um
demarcação entre a Educação Geral e a
sistema de ensino pouco consistente, pois está
Educação Ambiental, a saber, a ênfase no
voltado para o conhecimento e para a
relacionamento do homem com o meio
transformação das contradições da sociedade ambiente global do qual é parte integrante. Se
mundial. esta avaliação é verdadeira, a Educação
O mesmo acontece com relação a Educação Ambiental terá de se preocupar, com a
Ambiental visto que, desenvolve-se de maneira transmissão e assimilação de conhecimentos
formal nas escolas, ou por meio de campanhas adequados acerca do meio ambiente, com o
com o uso dos meios de comunicação de desenvolvimento de valores sociais, com o
massa, ela representa um aspecto não estímulo para a ação responsável de cada
atendido pela Educação, que necessita, pelos cidadão, mas com vistas à mobilização social
resultados alarmantes diagnosticados, de necessária para controlar o poder político e o
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sabemos que ao longo do tempo o papel de professor foi se modificando e este passa a
ser também um aprendiz quando também ensina. A ação de ensinar e aprender são essenciais
para o desenvolvimento e perpetuação da natureza humana. Muitos teóricos denotam o
significado de papel é muito mais amplo e enfatiza que a todo o instante estamos
desempenhando diversos papéis; de pai, filho, esposo (a), vizinho, esportista, torcedor,
professor, aluno, entre outros. Apesar de sermos sempre a mesma pessoa, em cada situação há
uma característica, uma forma de ser que nos diferencia das demais. Embora haja algo de
constante nas pessoas em diferentes situações, a forma de ser no papel de pai, não é a mesma
quando se desempenha o papel de filho, e o mesmo ocorre com o papel de professor, que difere
do papel de aluno ou, ainda, quando se assiste ao seu esporte favorito, e assim por diante.
Antigamente ser professor se resumia em deter todo o conhecimento, autoridade, e uma
figura que representava segurança para as crianças, mas isso acontecia porque as crianças viviam
em lares estruturados, mesmo que sem o amor que deveriam receber sabiam que aquele
ambiente era um lugar seguro para eles. No entanto, o que acontece hoje? Encontramos uma
desestrutura muito grande onde as crianças perderam o referencial que tinham antes (Pai e
Mãe), a estrutura familiar foi modificada, não havendo, mas um lar, mas um lugar onde podem
ficar. Muitas vezes os pais nem veem os filhos apesar de dividirem o mesmo teto. O afeto, o
carinho, o diálogo está ausente neste relacionamento entre pais e filhos. Raros são hoje, os pais
que conseguem apesar de toda correria de suas vidas dedicarem um tempo de amor e atenção
para com seus filhos. Estes pais merecem os “Parabéns” por ainda conseguirem desempenhar
bem o seu papel. Mas sabemos que esta não é a realidade da grande maioria das crianças e
adolescentes de hoje que começam a fazer parte do mundo sem terem a base inicial que
deveriam ter adquirido em casa, com seus genitores.
É duro pensar nessa situação, mas esta é a realidade que vivemos no momento. Pais que
não conseguem fazer seu papel compram seus filhos com o que a mídia determina ser bom.
Tornam os filhos consumistas sem limite de tudo sem avaliarem o que estão disponibilizando
para eles. Basta observar os desenhos infantis de hoje, os heróis que as crianças admiram e vivem
consumindo produtos que tem esses personagens. Os pais não percebem que nas pequenas
atitudes estão contribuindo para formação da personalidade de seus filhos e não são produtos
que substituirão o carinho e a atenção que a criança precisa. Nós educadores, nunca
substituiremos os pais e nem devemos assumir o papel deles. Mas cabe a nós contribuímos de
maneira adequada, com a parcela que nos cabe, na formação da personalidade desta criança,
lembrando sempre que eles aprendem pelo exemplo e não pelo que falam para fazerem. Dessa
forma, agindo com atenção e carinho, começarão a observar mais as nossas atitudes e quem sabe
procurarão seguir um caminho mais digno e certo em suas vidas.
Na formação dos professores/alfabetizadores de jovens e adultos e o consequente reflexo
na administração de sua própria formação continuada e os objetivos específicos; analisar as
políticas governamentais que anunciam oportunizar, às professoras, acompanhamento técnico e
materiais, possibilitando-lhes condições reais de administrarem sua própria formação; identificar
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REFERÊNCIAS
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SOBRAL, Helena Ribeira. O Meio Ambiente e a Cidade de São Paulo. São Paulo, Ed. Makron
Books, 1996.
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RESUMO: O presente artigo objetiva o debate sobre a relevância do lúdico no processo de ensino-
aprendizagem, de modo especial nos anos iniciais do Ensino Fundamental, como forma de
promover o desenvolvimento do educando, proporcionando-o uma aprendizagem significativa,
prazerosa e atrativa. Ressalta-se como por meio do lúdico, há uma eficácia no desenvolvimento
das condicionantes cognitivas e motoras da criança nos mais diversos estágios de sua vida
cotidiana e principalmente escolar.
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juntamente com a criança, ter à mão materiais desenvolvimento harmónico das crianças.
que estimulem o aprendizado, bem como (TEIXEIRA, 2003, p. 234).
possibilitem a criação de atividades que A utilização de brincadeiras e jogos como
estimulem a imaginação e o desenvolvimento prática pedagógica é utilizada diariamente por
da criança. professores da Educação infantil que acreditam
Para a criança a brincadeira é uma das que a ludicidade é extremamente importante
principais maneiras de se expressar. Há pouco para o desenvolvimento e aprendizado das
tempo uma criança brincando era vista como crianças. Que são excelentes recursos para o
se estivesse em um mundo à parte, só seu. Já desenvolvimento de habilidades sociais,
hoje, depois de muitos estudos sabe-se que é cognitivas, afetivas e motoras e são
por meio das brincadeiras que se constituem considerados instrumentos importantes que
como indivíduos. Segundo Oliveira (1997), motivam o desenvolvimento da linguagem
quando a criança brinca e joga, está escrita, oral, do raciocínio lógico entre outras.
desenvolvendo a sua capacidade de As crianças, por meio do universo lúdico, se
representar e de simbolizar o mundo, os expressam com maior facilidade, passando a
objetos, a cultura e o afeto das pessoas que respeitar, ouvir o outro e discordar de opiniões.
convivem com ela. Por isso que os jogos, as Passam a exercer sua liderança. Sendo assim,
brincadeiras e o lúdico passaram a ser vistos tendo oportunidade de brincar, elas estarão
como um processo de grande importância na mais preparadas para lidar com diversos tipos
primeira infância e fundamental no de situações e emoções, dentro do ambiente
desenvolvimento e aprendizagem da criança escolar. Discussões sobre a importância do
na Educação Infantil. brincar, da ludicidade, das brincadeiras, dos
O brincar e valorizar o “brincar” é jogos vem ganhando destaque nos debates a
fundamental para o desenvolvimento da respeito do desenvolvimento e do aprendizado
criança, pois no “brincar” ela se constrói como na infância.
sujeito histórico e de direitos, nas interações e
brincadeiras que vivencia e constrói sua CONTRIBUIÇÕES DA
identidade pessoal e coletiva, imagina,
fantasia, observa experimenta, questiona. É PSICOLOGIA PARA
nesta perspectiva que a Educação infantil deve COMPREENSÃO DA
basear suas práticas pedagógicas.
APRENDIZAGEM INFANTIL
As brincadeiras são fundamentais na vida da
Piaget (1974), demonstrou interesse real e
criança, porque são nessas atividades que ela
genuíno no comportamento das crianças. Ao
constrói seus valores, socializa-se(…), cria, seu
prestarmos atenção nas crianças podemos
mundo, desperta vontade, adquire consciência
reaprender com elas a observar as coisas com
e sai em busca do outro pela necessidade que
um olhar mais atento. Para Piaget as crianças
tem de companheiros. Portanto, não permitir
são naturalmente curiosas, inventivas e
as brincadeiras será uma violência para o
criativas e com elas podemos resgatar o nosso
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Com base no que foi apresentado, conclui-se que é importante o educador trabalhar o
lúdico em sala de aula, visando ser uma aprendizagem prazerosa para a criança, facilitando o
desenvolvimento e aprendizagem de toda criança, sendo necessária a compreensão dos aspectos
da brincadeira e as diferentes expressões lúdicas em suas principais características. No brincar a
criança constrói o seu conhecimento por meio da ação e dos objetos dos quais ela possui contato,
ela necessita construir e estabelecer significados aos objetos, esta construção acontece no
mundo real onde ela imagina e cria suas fantasias, sendo ela em um mundo imaginário,
fantasiando a realidade e interagindo com a cultura a qual está inserida, construindo a sua
realidade e desenvolvendo seus aspectos cognitivos, sociais e emocionais. Um processo
complexo que para a criança acaba se tornando simples e espontâneo.
A brincadeira possibilita ações coordenadas para o desenvolvimento e aprendizagem da
criança, ao experimentar novas habilidades, a criança é desafiada a agir de acordo com suas
funções psicológicas, favorecendo o pensamento e resolução de conflitos que podem surgir no
decorrer da brincadeira. A criança assume funções das quais não estão em seu convívio rotineiro,
desenvolvendo novas habilidades e operando mediante conhecimentos adquiridos durante a
aprendizagem.
O professor é o mediador da ludicidade e deve conhecer as expressões lúdicas e os
importantes aspectos da brincadeira na construção do conhecimento como forma de
aprendizado a fim de assimilar a realidade com o mundo social, superando obstáculos da vida
real. Dessa forma, o educador proporciona uma nova forma de interação da criança com o mundo
adulto, desenvolvendo competências e habilidades de forma mais prazerosa e espontânea,
facilitando o processo de ensino, organizando o tempo e espaço e compreendendo como as
funções lúdicas da brincadeira influenciam o processo de aprendizagem e assim possam garantir
que a ludicidade se constitua como um fator essencial para a integração dos aspectos físicos,
cognitivos, afetivos, emocionais e sociais, e também para o desenvolvimento da aprendizagem.
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REFERÊNCIAS
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ensinara língua escrita? In: Ferreira, v.s. Infância e linguagem escrita: práticas docentes.
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(2008), estruturou o seu trabalho baseado em significa que o discurso funciona como uma
uma espécie de arqueologia sobre os saberes espécie de construção da realidade. No
filosóficos, literários e da análise do discurso, entanto, a realidade material, para além do
que pode ser compreendida como uma discurso, também existe, mas não pode ser
reflexão sobre o percurso civilizatório, por absorvida integralmente de maneira crua pela
meio do qual seja possível gestar reflexões totalidade da observação física do olhar
originais que abram possibilidades de reflexão humano. Ela precisa ser coberta com algum
sobre o processo científico em geral. Porém, tipo de simbolismo, de conjunto de signos,
sem a necessidade de se fixar nas estruturas conseguindo-se dessa forma organizar e definir
universais preexistentes no conhecimento ou as coisas que existem.
ações morais, pois o que importa são as O discurso é constituído historicamente, na
articulações que se estabelecem entre os medida em que não nasce de um vazio, de um
pensamentos, dizeres e ações, característicos vácuo a partir da vontade das pessoas, pois isso
de certos espaços e tempos, haja vista que os é o que menos importa. Na realidade, é o
acontecimentos discursivos são históricos. discurso que fornece os enunciados para
Nesse sentido, considera que o discurso não integrar os desejos e as possibilidades de se ter
deve ser entendido tão somente como um um objetivo dentro de um dado discurso outro
mero conjunto de palavras, não pode ser e se ter a chance de se falar uma coisa e não
confundido com a sua retórica, com aquilo que outra, tudo dependendo da posição que os
é simplesmente expresso pela fala de alguém, sujeitos ocupam no interior do discurso.
não é apenas um conjunto de coisas ditas. Para Neste prisma, no discurso estão presentes
a compreensão do discurso é primordial não se dois elementos constitutivos: O primeiro no
atribuir uma significação mecânica às palavras sentido de elaborar o conhecimento a
e às coisas em si, mas considerar que a sua realidade em conjunto com a realidade
constituição ocorre a partir de um contexto em material vista para além do discurso. É nele que
que se pode organizar o que é lógico de ser se desenvolve o conhecimento, a possibilidade
dito, sejam verdades ou mentiras, o que pode de se construir algo não sabido, definir o que é
ser validado cientificamente ou não, o que é verdadeiro ou não, dizer o que é ciência ou não.
passível de ser mencionado em determinadas O segundo elemento diz respeito às relações
situações por cada sujeito participante. que são estabelecidas entre os diferentes
Dessa forma, é necessário compreender o sujeitos, definindo o que pode ou não ser dito
discurso enquanto um sistema, similar a uma por cada um deles, na medida em que os
estrutura, em que acontecem no seu interior dispersa e os localiza em diferentes posições
dispersões de enunciados. Porém dando diferentes relações para cada tipo de
concomitantemente esse sistema é dirigido sujeito inserido no discurso. O que significa que
por posicionamentos hierarquizados que em determinado contexto alguém terá um
podem possibilitar o surgimento de alguns conjunto de enunciados que pode falar com o
enunciados e o desaparecimento de outros, outro e este terá o seu conjunto de enunciados
definindo as ausências e as presenças. Isso que pode falar com o primeiro. Portanto, não
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chega a ser uma relação livre, mas sim sujeito. Porém, a AD é muito mais complexa,
decorrente da posição em que ambos se pois diversos outros aspectos precisam ser
encontram ocupando naquele espaço e tempo. levados em consideração no momento em que
[...] as continuidades irrefletidas pelas quais se elabora a análise discursiva. Para isto, os
se organizam, de antemão os discursos que se campos do conhecimento de outras ciências
pretende analisar: renunciar a dois temas que como a Antropologia, a Filosofia, a Psicologia, a
estão ligados um ao outro e que se opõem. Um Sociologia, aspectos culturais, dentre outros,
quer que jamais seja possível assinalar, na contribuem para que a AD tenha a
ordem do discurso, a irrupção de um possibilidade de desenvolver suas análises.
acontecimento verdadeiro; que além de A AD pode ser utilizada para se compreender
qualquer começo aparente há sempre uma uma grande variedade de tipos de discurso,
origem secreta - tão secreta e tão originária sejam políticos; religiosos; até mesmo os
que dela jamais poderemos nos reapoderar lúdicos e as situações inusitadas. Se concentra
inteiramente. Desta forma, seríamos nos processos de sentido que ocorrem no
fatalmente reconduzidos, através da interior dos diversos tipos de comunicação
ingenuidade das cronologias, a um ponto como as mensagens veiculadas, os canais de
indefinidamente recuado, jamais presente em comunicação, os espectadores e o contexto
qualquer história; ele mesmo não passaria de social em que ocorrem as produções. Na
seu próprio vazio; e a partir dele, todos os conjuntura atual, marcada por um contexto
começos jamais poderiam deixar de ser global tão impregnado de mensagens e
recomeço ou ocultação. [..] todo discurso comunicações repletas de diversidades e
manifesto repousaria secretamente sobre um contradições, fazer uma Análise do Discurso de
já-dito; e que este já-dito não seria boa qualidade tornou-se uma atividade
simplesmente uma frase já pronunciada, um deveras importante.
texto já escrito, mas um "jamais-dito", um O objetivo essencial da AD é demonstrar as
discurso sem corpo, uma voz tão silenciosa relações entre a Linguagem, a História e a
quanto um sopro, uma escrita que não é senão Sociedade, recorrendo aos efeitos do sentido.
o vazio de seu próprio rastro. Supõe-se, assim, Porém esses sentidos não são encontrados
que tudo que o discurso formula já se encontra facilmente naquilo que é dito, tornando-se
articulado nesse meio-silêncio que lhe é prévio, necessário direcionar a atenção para o não
que continua a correr obstinadamente sob ele, dito. Em movimento dialético, assume a
mas que ele recobre e faz calar. O discurso vanguarda, enquanto elemento principal a ser
manifesto não passaria, afinal de contas, da estudado, o Interdiscurso, o espaço em que
presença repressiva do que ele diz; e esse não- podem ser reconhecidos outros significados
dito seria um vazio minando, do interior, tudo nos discursos de um sujeito, pela presença de
que se diz (FOUCAULT, 2008 p 27-28). diferentes discursos, oriundos de outros
Dessa forma, a escolha de uma palavra por momentos na história e de diversos espaços
alguém que se comunica pode indicar o sociais. Assim, revela-se como as identidades
contexto sócio ideológico empregado por este se estruturam pelas relações com outras
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estar atento ao fato de que essas diversas as informações sobre esse objeto. A AD é
relações se conectam, de tal forma que se pode desenvolvida em três etapas:
iniciar por uma relação intencional, porém A primeira diz respeito ao questionamento
chegando-se a relações retóricas, ou a partir de sobre as situações que proporcionariam uma
estudo desmembrá-las para relações boa análise do discurso e a obtenção e/ou
semânticas ou intencionais, tudo ao critério do produção de informações, constituindo-se
analista. dessa maneira o corpus de pesquisa,
compreendido como o conjunto de sequências
A UTILIZAÇÃO DE CONCEITOS discursivas que deverão estar em consonância
com os objetivos estabelecidos. Nesse
A AD pode também recorrer a conceitos
direcionamento, torna-se necessário que o
específicos da área, a exemplo das formações
analista desenvolva a construção de um objeto
imaginárias, que, de acordo com Pecheaut
discursivo para realizar a sua análise, mas que
(2008), são os espaços que existem no interior
não assuma o formato de um produto acabado.
dos processos discursivos, em que se pode
A sua elaboração acontece a partir de uma
identificar a imagem que os interlocutores têm
espécie de metamorfose do corpus bruto em
sobre um elemento. Assim, a partir de uma
objeto teórico de análise, reconhecendo-se as
determinada notícia, pode-se questionar quais
vozes não ditas, mas que se fazem presentes no
são as formações imaginárias oriundas de
discurso.
diferentes grupos no interior do discurso, ou de
A segunda refere-se ao processo de leitura e
que forma esses discursos se relacionam a
análise propriamente dita das informações
partir dessas formações imaginárias e com isso
obtidas, que deve estar alinhada com a
pode-se pensar quais são os diferentes tipos de
epistemologia qualitativa e interpretativa,
análise. Com isso pode-se também indagar
quando o analista passará a investigar as
quais são as diferentes etapas para se fazer
diferentes relações entre as formações
uma boa análise do discurso. Diante das
discursivas no interior do objeto discursivo. A
diversas perspectivas que se apresentam,
maneira como ele fará isto dependerá da
pode-se tentar identificar algumas
fundamentação teórica que foi desenvolvida
possibilidades de caminhos a serem seguidos.
por ele.
Finalmente, considerando: a forma como o
DESENVOLVIMENTO DA pesquisador enxerga o mundo; aquele texto
ANÁLISE DO DISCURSO que está analisando; o significado lhe atribui e
De uma maneira geral, os processos de como essa significação é construída; quais os
Análise do Discurso costumam se desenvolver processos de produção; os elementos
de maneira mais concentrada no aspecto veladamente envolvidos. Baseado nisso,
crítico do seu objeto de estudo. Normalmente deverá refletir e tecer considerações
o pesquisador já tem uma teoria prévia e a demonstrando os resultados que a sua análise
utiliza como uma espécie de lente para analisar encontrou, ponderando sobre os efeitos das
relações discursivas e influências de sentido na
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passou a ter na cultura ocidental, em que uma incontornáveis, porque para dizer uma coisa
pessoa em silencio não estaria pensando nada. não se pode dizer outra. Isso difere de censura,
Na civilização ocidental as relações com o é uma política do silêncio. Recorre ao exemplo
silencio não são fáceis, mas isso é justamente da chegada dos portugueses ao Brasil:
decorrente de fatores culturais. Então, deve-se disseram que os índios eram selvagens, mas
procurar retirar esse sentido negativo em poderiam ter dito apenas que eram homens,
relação ao silêncio. Isso em princípio, porque mas ao chamá-los de selvagens, dividiram:
na realidade, há formas diferentes de silêncio. considerando esse ser diferente do ser humano
Além do silencio fundador, é importante civilizado europeu. É sempre assim, porque não
também se observar a política do silencio nas se pode falar de todas as perspectivas. Sempre
duas categorias em que se subdivide: o que se fala sobre algo se deixa de falar sobre
constitutivo e o silencio local, que significa outras coisas. Às vezes se recorre até a essas
exatamente a censura. outras coisas, mas sempre sobrará algo que
Essa censura ocorre em relação ao que se não poderá ser dito ao dizer. Não existe um
poderia dizer, mas na verdade não se pode dizer total em ninguém, todos são constituídos
porque há um poder de palavra, uma figura de ideologicamente. Portanto, no próprio interior
autoridade que impede que se diga. Por isso dos sujeitos existem as divisões de sentido que
que ela denomina de local, porque é bem os afetam, eles se identificam com alguns
discernível, quer dizer, é o dizível que não se aspectos, mas não se identificam com outros.
pode dizer. Então, em um governo ditatorial, Isso é o Silencio Constitutivo: quando se diz
por exemplo não se pode mencionar que se algo não se está dizendo outra coisa que
rata de uma ditadura. Isso é a primeira medida poderia ser dita. Algumas vezes até se tem
da censura. Dessa forma, a censura é uma consciência disso e outras não.
política de compelir os sujeitos ao Afirmando que o silêncio está contido na
silenciamento, porque, nessa maneira de se relação do sujeito com as formações
trabalhar, a chamar de política significa discursivas, a autora considera que esse
imprimir a noção de divisão. Quando se divide, envereda por diversos parâmetros de sentidos.
se incide na linguagem a política, ou o político, Nesse processo da permanência contínua
quando se tem divisões. Então o político produzido pela relação com o interdiscurso e a
significa: a divisão de sentidos; a divisão dos memória dos sentidos, cabe ao sujeito elaborar
sujeitos entre eles e a divisão do sujeito nele a diferenciação, pois o silêncio permite que ele
mesmo, que é o movimento do político em se torne independente do dizer, seguindo por
relação à linguagem. E nesse caso, que ela diferentes caminhos, porém, sem
chama a política do silencio, impõe-se essa desvencilhar-se dos seus sentidos primários.
divisão: entre aquilo que é permitido dizer e o No silêncio é que se realiza a experiência
que não é. Enfim, isso é a censura. sensível da polaridade sujeito/sentido. Uma
Essa autora considera que esse aspecto é forma de integração que vai além da relação
constitutivo, pois é intrínseco o seu caráter dada pelo efeito do enumerável, do
político, ao estabelecer divisões, segmentável, do linguístico. O silêncio é
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Por fim, há algo de peculiar a se observar sobre o silenciamento: onde há censura há de
surgir a sua contrapartida – a resistência; onde há silêncio impositivo aos sentidos sempre resta
a alternativa do redirecionamento, pois não são estáticos, buscam as mudanças de percurso; mas
de alguma maneira é possível se abrir espaços e seguir conquistando, fazendo acontecer. Assim
é a evolução histórica: ela vai se constituindo e se transformando, propriamente porque, há algo
que se repete, mas também existem movimentos que transpõem barreiras e novos caminhos vão
surgindo, processos vão transcorrendo. Os próprios sujeitos, quando censuram os sentidos em si
mesmos, podem se deparar com reações adversas, mas também há a possibilidade de
acompanhar os movimentos de sentido, rompendo com certos entraves e num salto de
qualidade, se redirecionarem para novos objetos ou atribuir novas relações de sentidos, novos
significados ao mesmo objeto simbólico, pois sempre é possível sublimar.
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REFERÊNCIAS
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UFPR.
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RESUMO: Este artigo demostra a importância do papel do diretor no âmbito escolar. E como
dentro de uma perspectiva democrática, a importância do trabalho em equipe. O trabalho mostra
como o diretor deve liderar a equipe escolar, devendo ter uma boa relação com os professores,
funcionários e com a comunidade, mostrando-se positivo e confiante no desenvolvimento dos
trabalhos, atuando como mediador, compartilhando suas ideias sabendo ouvir, sendo aberto e
flexível à contribuição de todos para que os profissionais da escola e a comunidade se sintam
valorizados, reconhecidos e todos os envolvidos no processo educativo devem ser sujeitos ativos
nas ações e decisões da escola, pois só assim conseguem enfrentar e solucionar as dificuldades e
juntos alcançam o objetivo da escola que é um ensino de qualidade.
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antes de tudo um educador, preocupado com do poder por parte daqueles que se supõe
o bem-estar dos alunos, e não apenas um serem os mais diretamente interessados na
administrador em busca de eficiência (DIAS, qualidade de ensino. ”
apud, MENESES, 1998, p. 274). Para que haja uma gestão de fato
Para que, o diretor possa ter maior acesso à democrática, é preciso que equipe escolar e
família e comunidade, se faz necessário, criar comunidade tenham ciência dos seus papeis na
mecanismos que possam trazer esses organização e funcionamento da escola, e
indivíduos para além dos portões e reuniões também da sua importância na participação
mensais. É preciso ter um novo olhar, com nos projetos, sendo direta ou indiretamente.
relação aos processos no âmbito escolar, onde É nesse contexto que o papel do Diretor se
se vê normalmente uma pequena participação faz mais importante como líder de todo o
da comunidade, onde isso deveria ser mais processo, pois ainda em uma gestão
abrangente tendo em vista uma gestão necessariamente democrática, é ele quem
democrática. deve estar à frente, coordenando e instruindo
O Projeto Político pedagógico precisa ser todas as ações sem deixar de lado sua
pensado coletivamente, pois somente a autoridade e função burocrática. A função do
decisão coletiva poderá ser capaz de diretor é muito complexa, abrangendo os
possibilitar que uma situação seja modificada aspectos de autoridade escolar: o de educador
visando o interesse de todos. Assim, o trabalho e o de administrador, (DIAS, apud, MENESES,
que é pensado e organizado em conjunto 1998).
garante o princípio democrático dentro da A direção é um dos fatores mais importantes
instituição. para a normalidade dos trabalhos e
A administração Escolar não é realizada pelo consecução dos objetivos da escola. O diretor
esforço de uma única pessoa, mas sim com cumpre sua função na medida que orienta,
esforço de um grupo, em que a última palavra estimula e facilita o desempenho de
deve ser dada pelo diretor que no topo dessa professores, funcionários e alunos. A
hierarquia, é aceito como representante da lei administração, porém, não é privilégio de uma
e da ordem, sendo responsável pelo controle e pessoa, mas função que se reparte entre todos
supervisão das atividades desenvolvidas em os participantes do empreendimento sob
uma escola”. (PARO,2006, p.38) liderança do diretor. Só o esforço em conjunto
É importante que a gestão escolar seja e harmônico pode levar a escola a alcançar
organizada, e reflita a intencionalidade da ação seus objetivos (BREJON, 1986, p.211)
educativa individual e coletiva dos envolvidos. O diretor Escolar deve apoiar todas as ações
Contudo, é primordial a participação da e células inseridas no Projeto Político
comunidade, superando as barreiras (que são Pedagógico da Escola, efetuando ações
muitas), e ampliando essa participação. desenvolvendo, competências que venham a
Segundo Paro (2005, p. 17), “é neste contexto apoiar as equipes de trabalhos.
que ganha maior importância a participação da Sendo assim, o diretor deve garantir o bom
comunidade na escola, no sentido, de partilha funcionamento da escola sem deixar de incluir
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equipe e comunidade nesse processo. Para Não é possível falar das estratégias para se
tanto, é fundamental que se tenha clareza em transformar o sistema de autoridade no
relação à participação: [...] No âmbito da interior da escola, em direção a uma efetiva
unidade escolar, esta constatação aponta para participação de seus diversos setores, sem
a necessidade da comunidade participar levar em conta a dupla contradição que vive o
efetivamente da gestão da escola de modo a diretor da escola hoje. Esse diretor, por um
que esta ganhe autonomia[...]. Não basta, lado, é considerado a autoridade máxima no
entretanto, ter presente a necessidade de interior da escola, e isso, pretensamente, lhe
participação da população na escola. É preciso daria um grande poder e autonomia; mas, por
verificar em que condições essa participação outro lado, ele acaba se constituindo, de fato,
pode tornar-se realidade (PARO, 2005, p.40). em virtude de sua condição de responsável
Obviamente que tudo o que foi citado, na último pelo cumprimento da Lei e da Ordem na
pratica, passa por muitos obstáculos, antes de escola, em mero preposto do Estado. Esta é a
se chegar à uma gestão democrática e primeira contradição. A segunda advém do fato
eficiente. Pois, o diretor deve sempre valorizar de que, por um lado, ele deve deter uma
a escola e o aluno, demonstrando preocupação competência técnica e um conhecimento dos
e interesse, e, em paralelo, valorizar sua equipe princípios e métodos necessários a uma
e comunidade. Deve saber administrar os moderna e adequada administração dos
conflitos existentes durante o processo, pois recursos da escola, mas, por outro lado, sua
são pessoas de diferentes opiniões e culturas. falta de autonomia em relação aos escalões
Alguns nem mesmo nunca frequentou uma superiores e a precariedade das condições
escola, como poderá se envolver ou até mesmo concretas em que se desenvolvem as
opinar e entender o universo administrativo da atividades no interior da escola tornam uma
mesma? Essa é uma das barreiras mais comum quimera a utilização dos belos métodos e
a se derrubar em meio a Gestão Escolar, ainda técnicas adquiridas [...]. (PARO, 2005. p.11.).
assim cabe ao gestor possibilitar abertura para Portanto, a função e a atuação do diretor no
participação assim como cabe aos envolvidos âmbito escolar são árduas e divergentes. Além
uma participação mais efetiva. das deliberações do Estado, que tem por
Então, é essencial que o Diretor evidencie obrigação trabalhar conforme responsável pela
seus objetivos com clareza em sua gestão e instituição, deve também, ter conhecimento
tenha consideração no aspecto individual e técnico, o que nem sempre é garantido na sua
coletivo, fazendo isso juntamente com a escola formação. Mas uma coisa é certa, o diretor
isto é uma estrutura pratica e baseada no deve ser o mediador para que na soma dos
trabalho geral predominando sempre, o esforços, possa, com a comunidade,
aspecto social diretor como articulador, estabelecer e ampliar práticas e ações
mediador e facilitador neste processo, porque, compartilhadas, que contribuam para as
em relação ao processo hierárquico e a relação decisões coletivas que fortaleçam a
de autoridade segundo Paro, é: “O que nós participação efetiva da comunidade. Apenas
temos hoje é um sistema hierárquico que assim, poderemos confirmar a fictícia gestão
pretensamente coloca todo o poder nas mãos escolar democrática.
do diretor.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O papel da escola é a de formar cidadãos capacitados, ativos e competentes para viverem
em sociedade, e também aptos a vida profissional, para tanto deve oferecer ensino de qualidade,
que acontecerá somente com a participação de todos, comunidade e escola em prol do aluno.
Logo, cabe ao diretor servir e liderar, compartilhar acertos e insucessos, ajudar, acolher,
admitir críticas e opiniões, desenvolver ambiente que envolva prazerosamente toda a instituição
e acima de tudo ter amor e empenho para fazer do seu trabalho não uma obrigação penosa, mas
uma realização prazerosa voltada para a educação dos alunos, da sua equipe e da sua
comunidade, valorizando sempre o conhecimento e a realização pessoal e coletiva de todos.
Portanto ser um diretor escolar não é somente uma profissão de grande responsabilidade.
Ser um bom diretor acarreta também em ser original e visionário. Além de liderar sua equipe
sabendo orquestra-la no sentido que todos se responsabilizem pelas ações sendo o primeiro a
dar o exemplo, tornando cada um de sua equipe, primordial para o seu trabalho, motivando para
que todos os envolvidos acreditem na sua importância individual e profissional para uma
administração com qualidade. Assim, se considera que o diretor escolar pode favorecer uma
gestão participativa e democrática, participar da convivência diária, compartilhar erros e acertos.
Obviamente, o diretor tem total liberdade para trabalhar e está ciente de que deve seguir
leis e ordens de outros órgãos, mas que os procedimentos burocráticos em excesso podem,
eventualmente, atrapalhar as tomadas de decisão.
Contudo, é essencial que o diretor tenha atenção em todos os setores a fim de garantir o
envolvimento da comunidade escolar e local na administração escolar.
Então, se pode concluir que ainda existem muitos obstáculos a serem superados, para que
o diretor exerça seu papel de forma eficiente e democrática. Um desses obstáculos é a falta de
parceria da equipe escolar: pais, alunos e comunidade nas ações e decisões da escola. Porém o
diretor deve usar de suas competências e habilidades, para conscientizar a comunidade, interna
e externa, da escola a participarem da administração escolar, com verdadeiro comprometimento,
para que a gestão participativa aconteça de fato.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei 9394/96 - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf. Acesso em 15/07/2022.
DIAS, José Augusto. Gestão da Escola. Básica. In: Meneses, João Gualberto de Carvalho.
Estrutura e e funcionamento da educação básica: leituras. 2. ed. São Paulo: Thomson learning,
1998. p. 274.
LIBÂNEO, José Carlos. Organização e Gestão da Escola: Teoria e Prática – 5. ed. Goiânia:
Alternativa, 2004.
LUCK, H. et al. A Escola Participativa: o trabalho do gestor escolar. Rio de Janeiro: DP SA,
2002.
MARTINS, José do Prado. Administração Escolar. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1999.
PARO, V.H. Administração Escolar: Introdução Critica. São Paulo: Cortez, 2006.
VEIGA, Ilma Passos Alencastro (org.). Projeto Político-Pedagógico: Uma construção possível.
12. ed. Campinas, SP: Papirus 1995.
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O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO NA
INSTITUIÇÃO AO ESCOLAR
Denise Santos de Souza1
1
Professora de Educação Infantil na Rede Municipal de Campo Limpo Paulista; Francisco Morato, Franco da Rocha
e Rede Municipal de São Paulo.
Graduação: Licenciatura em Pedagogia; Especialização em Psicopedagogia Clínica e Educacional; Especialização
em Arte e Educação; Especialização em Direito Educacional.
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e escola impedindo que a dificuldade escolar mental, e foi observado que após um ano de
se torne um fracasso escolar tratamento as dificuldades foram sanadas.
Os problemas na relaçãoensino Como cita Shares e Sena (2011, p.2):
aprendizagem podem ser um dos motivos das Hoje no Brasi só poderão exercerr a
dificuldades escolares, problemas familiares, profissão de psicopedagogo os portadores
dificuldade de comprrensão, dificuldades sócio de certificado de conclusão em curso de
afetivas, culturais,psicólogicas sãoentraves especialização em psicopedagogia em nivel de
para o sucesso escolar.O ato de aprender pós-graduação, expedido por instituições
envolve os processos de assimilação e devidamente autorizadas ou credenciadas nos
acomodação de acordo com Piaget, é termos da lei vigente - Resolução
necessário que o aluno tenha uma bagagem 12/83,de06/10/83-,que forma os especiallstas,
cultural para somar com a nova aquisição de no caso, os então chamados “especialistas em
conhecimento, ocorrendo assim o psicopedagogia” ou ‘psicopedagogos”, tendo
desequilíbrio que a nova informação traz e será em vista o trabalho da outras gestões da ABPp
internalizado com a capacidade cognitiva de ( associação Brasileira de Psicopedagogia) e
cada um. Podemos char também zona de dessa última, tem amparo legal no Código
desenvolvimento proximal de acordo com a Brasileiro de Ocupação, ou seja, já existe a
teoria de Levy Vigostsky. ocupação da Psicopedagogo, todavia, isso não
é o suficiente. A profissão ainda precise ser
BREVE HISTÓRICO DA regulamentada, isto é, trata-se de mais um
desafio a ser enfrentado.
PSICOPEDAGOGIA A psicopedagogia começou a surgir no brasil
Segundo Vercelli (2012 p.6), a na década de 1970, pois as dificuldades de
Psicopedagogia surgiu em 1946, na Europa nos apredizafe eram associadas á disfunção
centros psicopedagógicos que eram formados neurológica denominada disfunção
por médicos, psicanalistas psicólogos e cerebralmínima (DCM), as crianças tem
pedagogos, essas centrais tinham a objetivo de inteligência média ou acima da média, porém
unir conhecimentos destas áreas para buscar apresenta certos problemas de aprendizagem
soluções com crianças com comportamentos ou de comportamento.Assim iniciam-se os
inadequados e com dificuldadee de cursos de formação em Psicopedagogia.
aprendizagem. Tinha-se a preocupação em
diferenciar as crianças com deficiências
mentais ou sensoriais e as que tinham
O PSICOPEDAPOGO E AS
dificuldade de aprender. DIFICULDADES DE
Segundo Vercelli (3012 p. 7), apud, APRENDIZAGEM
Bossa(2000), Na Argentina a capital da Buenos
Segundo Vercelli (2012), chamamos
Aires começou a oferecer o curso de
dificuIdades de aprendizagem transtornos
Psicopedagogia, na década de 1970, os
decorrentes de problemas encontradas na
psicopedagogos atuavam nos centros de saúde
aprendizaqam de leitura, escrita, matemática,
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A psicopedagogia é uma área do conhecimento, que está entre os conhecimentos de
pedagogia e de psicologia e é responsável por envolver a saúde e a educação em suas
investigações.
O diagnóstico compreende de maneira global como o indivíduo aprende e o que está
ocorrendo neste processo dificultando a aprendizagem, depois de especificado o problema parte-
se então para o encaminhamento de ações para a solução deste problema. O psicopedagogo
identifica as dificuldades de aprendizagem e realiza os encaminhamentos e as devolutivas
pertinentes e necessárias para ajudar o paciente e iniciar os processos de intervenção que
permitirão a integração escolar e social. O objetivo do diagnóstico é compreender de maneira
global como o indivíduo aprende e o que está ocorrendo neste processo que acaba por dificultar
a aprendizagem, do problema parte-se então para o encaminhamento de ações necessárias para
saná-lo. O psicopedagogo identifica as dificuldades de aprendizagem e realiza os
encaminhamentos e as devolutivas pertinentes e necessárias para ajudar o paciente e iniciar os
processos de intervenção que permitirão a integração escolar e social.
A possibilidade de aprendizagem escolar está diretamente relacionada à estrutura de
personalidade do sujeito. Para aprender o que a escola ensina, é necessária além de outras coisas,
uma personalidade medianamente sadia e emocionalmente madura, que tenha superado a etapa
de predomínio do processo primário. Assim, diante dos problemas de aprendizagem
apresentados por crianças e adolescentes, muito tem se falado com relação às dificuldades de
aprendizagem tais, como: problemas emocionais, comportamentais, dislexia, disgrafia,
disortografia, distúrbios de leitura, autismo, problemas cognitivos, sociais e biológicos. Assim, o
psicopedagogo deverá proporcionar uma investigação em todos os aspectos que possa estar
contribuindo de alguma forma para a problemática a fim de intervir da melhor maneira possível
nas dificuldades de aprendizagem (FILHO, 2012, p. 3).
Sobre os principais distúrbios de aprendizagem apresentados atualmente na escola, temos
a Dislexia, que é uma disfunção neurológica que afeta a leitura e a escrita. A criança apresenta
dificuldades em realizar a associação dos sons e letras. A dislexia não é conceituada como uma
doença, é um distúrbio e necessita de acompanhamento de uma equipe multidisciplinar; a
Disgrafia ocorre quando a criança tem a escrita como um desafio e apresenta dificuldade em
utilizar tesouras, amarrar os cadarços de sapatos, pegar ou jogar bola, dentre outras.
A ludicidade facilita os processos educativos, favorecem a interação e a socialização das
crianças, a escola é responsável na promoção de aprendizagens significativas e desafiadoras que
contribuam para a construção de conhecimentos, oportunizando ao educando o processo de
criação participativo e ativa, levando a autonomia nas ações e desenvolvendo atitudes de
respeito mútuo e solidariedade.
De sorte que não se inicia o desenvolvimento do indivíduo, da sua intelectualidade, sem
pensar na afetividade que é, como foi visto, o motor de impulsão, que leva o sujeito para a frente
e que o faz mais humano, dinâmico.
A afinidade construída duplamente entre professor/aluno, aluno/professor, que faz da
sala de aula um círculo de valores, necessidades, anseios e frustrações cruzadas, que criam uma
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fortaleza de motivos para ser e estar. Por isso, na relação aluno/professor, é indispensável
compreender que os professores são maestros nessa sinfonia, pela formação ou experiência em
relação ao aluno, sujeito em desenvolvimento, à procura de identidade autônoma.
O papel do psicopedagogo é o de avaliar a situação em que se encontra o sujeito e procurar
maneiras para ajudar em sua aprendizagem rompendo os obstáculos que impedem o aluno de
aprender, trabalhando as dificuldades desses sujeitos que podem ocasionar: falta de atenção e
concentração, impulsividade, hiperatividade, além das questões emocionais que podem
interferir neste processo.
Aspectos como baixa autoestima e ansiedade podem ser trabalhados com jogos ou
trabalhos contextualizados à realidade do paciente. A arte terapia e as atividades lúdicas
intervém nas questões relacionadas às posturas e hábitos associados à atenção e a organização
da rotina, contribuindo para uma melhora nesses aspectos.
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REFERÊNCIAS
BARBOSA, Laura M. S. Psicopedagogia: um diálogo entre a psicopedagogia e a educação.
2. ed. Curitiba: Bolsa Nacional do Livro, 2006.
ESTEBAN, Maria Teresa; Afonso, Almerindo (Org.). Olhares e interfaces: reflexões críticas
sobre a avaliação. São Paulo: Cortez, 2010.
PAÍN, Sara. Diagnóstico e Tratamento dos Problemas de Aprendizagem. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1985.
ZABALA, Antoni. A Prática Educativa: Como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998.
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O SUPERVISOR DE ENSINO E O
DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO
PEDAGÓGICO
Maria Cristina Teles de Oliveira 1
RESUMO: Este trabalho tem por finalidade discorrer sobre a função que o supervisor tem quanto
a formação continuada de professores, uma vez que ela pode impactar diretamente a prática
docente. A qualificação profissional do docente bem como o trabalho em equipe, a troca de
experiências, a reflexão sobre a prática e construção de novas estratégias de trabalho são ações
ligadas à qualidade de ensino-aprendizagem e ao papel que supervisor escolar deve desenvolver
dentro da instituição de ensino.
1Professora de Ensino Fundamental I na Rede Municipal de São Paulo e Professora Educação Básica II na Rede
Estadual de São Paulo.
Graduação: Licenciatura em Matemática; Licenciatura em Pedagogia.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A concepção do papel supervisor não está mais baseada em apenas inspecionar, mas sim
num trabalho colaborativo, com vista ao estabelecimento de um plano de ação que contribua
para o planejamento e avaliação contínua.
Ao promover e articular a formação continuada dos docentes, o supervisor pode conduzir
e promover mudanças significativas sendo este um dos veículos de socialização, interação e
autonomia do professor.
Assim o papel do supervisor escolar se estabelece na somatória de esforços e ações
desencadeadas com o sentido de contribuir na construção e cumprimento de uma aprendizagem
significativa, promovendo a melhoria no processo ensino-aprendizagem, no resgate de valores,
no desempenho do professor como transformador das práticas pedagógicas, em um ambiente
harmônico e motivador na busca por um ensino de qualidade.
O supervisor educacional, então, é o profissional com a capacidade de compreender,
aperfeiçoar, propor e desenvolver estratégias que propiciem melhorias na realidade da
comunidade escolar e, principalmente, no rendimento do processo de ensino e aprendizagem,
recomendando modos de aperfeiçoar o desenvolvimento de projetos e do trabalho escolar.
Assim, precisa estimular propostas que atendam as necessidades da escola, com o intuito de
contribuir com a formação de cidadãos críticos, autônomos, capazes de participar ativamente na
sociedade. Cabe ao supervisor, portanto, empregar o conhecimento adquirido da rotina escolar
e nos fundamentos da educação para contribuir com uma educação de qualidade.
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REFERÊNCIAS
ALVES, Nilda (coord). Educação e Supervisão: o trabalho coletivo na escola. 11ª ed. São
Paulo: Cortez, 2006.
FERREIRA, Naura Silva C. (Coord.). Supervisão educacional para uma escola de qualidade:
da formação à ação. 4 ed. São Paulo: Cortez, 2003.
LIBÂNEO, J. C. Organização e Gestão da Escola – Teoria e Prática. São Paulo: Heccus, 2013.
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RESUMO: O presente artigo aborda o tema trabalho como princípio educativo, mostrando de
forma sucinta a história do trabalho desde a sociedade primitiva até a primeira década do século
XXI, sendo um trabalho desenvolvido no curso de Especialização em EJA pela UAB, Campus de
Primavera do Leste no Estado de Mato Grosso.
1
Professora na Rede Municipal de Primavera do Leste MT.
Graduação: Licenciatura em Pedagogia; Licenciatura em Ciências Naturais e Matemática; Especialização em
Planejamento Educacional e Diversidade e Educação Inclusiva
2
Professora na Rede Municipal de Primavera do Leste MT.
Graduação: Licenciatura em Letras; Especialização em Gêneros Textuais na Escola.
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condições de sua realização, dos fins a que se sociedade, ele é a atividade fundamental pela
destina, de quem se apropria do produto do qual o ser humano se humaniza, se cria, se
trabalho e do conhecimento que se gera, expande em conhecimento, se aperfeiçoa.
Porém, este processo não é tão simples assim. O trabalho é a base estruturante de um novo
tipo de ser, de uma nova concepção de história.
EMACIPAÇÃO OU ALIENAÇÃO O trabalho como princípio educativo não é
apenas uma técnica didática ou metodológica
O trabalho pode ser emancipador, mas pode
no processo de aprendizagem, mas um
também ser um instrumento que submete e
princípio ético político e não apenas um direito
até mesmo escraviza o ser humano que
do cidadão, mas um dever.
defronta com uma relação que é parte da luta
Embora a educação exerça a função de
hegemônica entre capital e trabalho. O
estabelecer o padrão de sociabilidade e
trabalho pode ser responsável por gerar prazer
reprodução e produção cultural e, de dar aos
para alguns, mas também pode ser responsável
homens a capacidade de transformar sua
por gerar pesadelo e sofrimento para outros. E
realidade social e libertar-se de determinadas
tudo isso independentemente da qualidade do
barreiras, na sociedade de classes essa
trabalho ou mesmo do seu valor social.
realidade ganha nova conotação.
Porque vivemos em sociedade e mais,
A mistificação necessária à reprodução do
vivemos em sociedade capitalista, onde o
capital acaba por desafiar a educação no seu
trabalho por si só pode gerar alienação e
processo de desvelar o real. Contudo, por esse
muitas exigências. Para que isso não ocorra, a
mesmo processo, contraditoriamente, na
educação deve estar aliada ao trabalho, ou
correlação de forças capital e trabalho, o
seja, ter o trabalho como princípio educativo.
trabalho impele, por sua subsunção, alienação
Percebemos que o discurso que alia trabalho
e super-exploração pelo capital, à formação da
com educação é algo que desponta
classe trabalhadora, que ao se incomodar e
novamente, o que pode ser comprovado pelas
perceber as desigualdades sociais no mundo da
políticas públicas voltadas para educação em
produção, na qual a precariedade das
prol do mundo do trabalho e que continuam
condições de trabalho é a sua maior expressão.
gerando discussões.
A partir desses elementos cabem-nos as
Sob a forma de trabalho como princípio
seguintes indagações: como esse processo
educativo, vários autores tem suas concepções
influencia, particularmente a educação e a
e reflexões neste âmbito, o trabalho para ser
cultura na vida do trabalhador? De que forma
visto como princípio educativo tem que ser
está pode contribuir para manutenção das
prazeroso e agregar valores culturais também
relações de insubordinação ao trabalho quanto
na vida do ser humano, O trabalho é parte
princípio educativo em relação as
fundamental da ontologia do ser social.
desigualdades advindas da sociedade de
A aquisição da consciência se dá pelo
classes, em especial, as advindas da questão de
trabalho, pela ação sobre a natureza. O
gênero imbricadas nas relações de ter pra ser?
trabalho, neste sentido, não é emprego, não é
Essas serão questões que buscaremos refletir a
apenas uma forma histórica do trabalho em
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seguir buscando dar uma contribuição aos Lessa (2007), cita esta parte da obra de
processos de trabalho e educação voltados Saviani (2005), da qual ele extrai tal conclusão.
para o contexto de princípio educativo. Conforme o que diz Lessa o trabalho pra ser
Diante de tudo isso que já mencionamos visto como princípio educativo e cultural ele
virmos que na década de noventa a lógica de tem que agregar valores e não ser visto como
mercado no campo educacional se algo que impõe regas sendo assim doloroso,
fragmentam os processos educativos, então observa-se que os conceitos de cultura
relacionando-os a pós-modernidade, que são variados e divergentes em relação ao
carregam os conceitos de particularidade e primado do mundo natural (habitat) ou social,
subjetivismo. material ou simbólico na formulação das ideias
Doravante, negando a possibilidade de sobre as culturas humanas. o trabalho, como
construir algo voltado para o conhecimento, na espaço de produção, objetivação e expressão
cultura, fazendo com que a visão das pessoas humana; portanto, o trabalho é lócus
se volta somente para o capitalismo, dentro importante de emergência das formas de
deste contexto nos é válido para explicar a fase identidade individual e tipificada tendo a
de moderação dos debates, a respeito de uma cultura como um processo de produção do
pedagogia contra hegemônica e homem que é adquirida conforme o que o
consequentemente, do trabalho como trabalho agrega para o seu conhecimento
princípio educativo. sendo permeada pelo poder do crescimento o
O que se tem sobre conceito de educação, qual fornece um importante
são os vínculos que ela deve ter com as práticas perspectiva/delimitação do homem.
sociais, com o trabalho e a valorização das Parte-se do pressuposto de que os estudos
práticas educacionais e dentro deste contexto da perspectiva de cultura, educação e trabalho
estudado vemos que há pessoas que negam podem ajudar a compreender as relações
essa teoria de trabalho quanto princípio significantes do ser/fazer do homem, no
educativo devido a necessidade que o ser âmbito do seu trabalho cotidiano de forma que
humano que são tão essenciais para a constitui a identidade sendo está constituída
sobrevivência em “Trabalho e Proletariado no sempre em uma certa relação com o meio de
capitalismo contemporâneo”, Lessa (2007), onde o homem está situado, nessa relação o
deixa bem claro e ainda aponta mais uma homem se define.
crítica, a relação entre trabalho e cultura. As condições de existência do homem que
Em sua análise da obra de Saviani (2005), são aquilo por meio do qual ele se constitui.
além de argumentar que este autor iguala a Então, o homem se dá sempre por perspectivas
educação ao trabalho, também o iguala à e ou delimitações.
cultura, sendo trabalho, educação e cultura o
mesmo e, ao tratá-lo como princípio educativo,
ignora, portanto, essa identificação de trabalho
com a cultura.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considera-se que é necessário pensar em uma pedagogia que vá contra a imposição do
capital permitindo que o indivíduo tenha um norte em meio ao caos e que sua força e seu
trabalho desenvolvido não acrescente somente a quem dela se aproprie mas a si também
agregando valores e conhecimento. Porém conforme o que estudamos podemos entender que
os autores que redigem a crítica ao trabalho como princípio educativo, exatamente nesse
momento histórico em que o socialismo cai em descrédito não chegam ao um consenso.
Ressalta-se que a derrocada do socialismo real teve influência no interior do próprio
movimento socialista, causando essas dissensões a respeito dos encaminhamentos para a luta de
classe e sobre sua organização e desigualdade social gerando conflitos e barreiras na aquisição
de conhecimentos, cultura e valores. No que se refere à trabalho como princípio educativo diante
de nossas reflexões aqui empreendidas, pensamos a partir do vínculo entre educação e estratégia
de transformação social, isto é, em como a escola pode contribuir para a ruptura do modelo
capitalista e para a emancipação humana, no entanto, entendemos que a função da escola
quanto transmissor de conhecimentos é de fundamental importância para
transmissão/assimilação dos conhecimentos produzidos historicamente pela humanidade.
É fundamental refletir a respeito de um princípio que possibilita acesso à humanização e,
portanto, possa contribuir para a transformação social. Sendo assim, considera-se que o trabalho
é a chave mestra para um princípio educativo e cultural do cidadão na sociedade desde que ele
agregue conhecimento e valores a quem vende sua força.
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REFERÊNCIAS
ANTUNES, Ricardo Os sentidos do trabalho: Ensaio sobre a afirmação e negação do
trabalho. São Paulo: Boitempo, 1999.
LESSA, Sérgio. Mundo dos Homens: trabalho e ser social. São Paulo: Boitempo, 2002
MANACORDA, Mario Alighiero. O princípio educativo em Gramsci: americanismo e
conformismo. Campinas, SP: Editora Alínea, 2008.
MARX, Karl. O Capital. Vol. I, tomo 1. São Paulo: Abril Cultural, 1983.
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RESUMO: Em meio ao cenário de Pandemia houve uma mudança de forma brusca das aulas
presenciais para o ensino remoto, as instituições de ensino e os alunos sofreram com essa
adaptação para a nova modalidade de ensino. Com isso, buscou-se meios para amenizar os
impactos que a pandemia vem causando no ensino público observando a necessidade do
desenvolvimento de aulas mais interativas e inclusivas para evitar tanto o baixo desempenho do
Graduação: Química
3 Estudante da Universidade Estadual do Ceará.
Graduação: Química
4 Estudante da Universidade Estadual do Ceará.
Graduação: Química
5 Estudante da Universidade Estadual do Ceará.
Graduação: Química
6 Professor da Rede Estadual de Ensino do Ceará.
Graduação :Química
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aluno como a evasão escolar que aumentou consideravelmente na pandemia. Foram aplicados
jogos nas aulas e avaliado a interação, a participação e posteriormente foi elaborado um
formulário de perguntas e respostas para avaliar a metodologia empregada e a opinião dos
alunos sobre a prática realizada no modelo remoto sendo obtido um resultado satisfatório.
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Além disso, sobre o aprendizado dos alunos, tiveram pouca dificuldade; 26,3% não tiveram
52,6% disseram que aprenderam um pouco dificuldades e 0% obteve muita dificuldade. Ao
com o jogo; 42,1% aprenderam bastante e final do formulário foi reservado uma parte
5,3% não aprenderam nada. No quesito de para que os alunos comentassem e
dificuldades de responder o quiz, 73,7% propusessem dicas de melhorias e métodos
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em suma, este trabalho trouxe a importância da utilização das novas tecnologias de ensino
disponíveis online, como os utilizados Quizur e Kahoot, contribuindo para o estreitamento da
relação ensino-aprendizagem e da contextualização dos assuntos no convívio escolar do
educando.
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REFERÊNCIAS
ARAÚJO, A. S.; MENESES, J. M.; VASCONCELOS, F. L. V. Os desafios da gestão
educacional democrática no cenário de pandemia. Ensino em Perspectivas, p. 1-12, 2021.
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RESUMO: Este artigo visa pesquisar as contribuições de atividades com o uso do aplicativo
Photomath na solução de equações de 2º grau no Ensino Superior. O celular se tornou um item
acessível ao público estudantil na contemporaneidade e, não apenas para a comunicação, mas
também para estudar, fazer pesquisas, trabalhos escolares entre outros. Usamos a pesquisa
qualitativa de natureza exploratória, com a participação de 18 alunos matriculados na disciplina
de Matemática III para resolver questões de equações de 2º grau. Os instrumentos usados para
a coleta de dados foram os questionários da plataforma Google Forms, as atividades com
equações e os registros algébricos produzidos pelos alunos. Trouxemos os registros algébricos de
um dos alunos para mostrar a sua evolução com os conteúdos e, bem como as respostas do
questionário final de cinco participantes. Diante do exposto, o estudo indica que o aplicativo
Photomath contribuiu para fortalecer práticas alternativas para o ensino e aprendizagem dos
futuros professores de Matemática com o conteúdo de equações do 2° grau, permitiu a
compreensão e organização das equações, favoreceu a discussão de um planejamento coerente
1
Agradecemos a Deus pela inspiração durante a escrita, coleta, análise, discussão e considerações deste texto.
Isaías 58:11.
2 Graduanda da Licenciatura em Matemática na Universidade do Estado da Bahia (UNEB).
3 Professora na Licenciatura em Matemática na Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Mestrado em Ensino de
Matemática (UFOP).
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e adequado, a fim de buscar caminhos profícuos para a aprendizagem dos alunos no período
remoto da Pandemia.
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respostas coerentes para as tarefas que podem levem ao entendimento mútuo. Competência
ser desenvolvidas nas aulas de Matemática. 5: Compreender, utilizar e criar tecnologias
Desse modo, concordamos com Moran, digitais de informação e comunicação de forma
Massetto e Behrens (2012), que: crítica, significativa, reflexiva e ética nas
As mudanças na educação dependem diversas práticas sociais (incluindo as
também dos alunos. Alunos curiosos e escolares) para se comunicar, acessar e
motivados facilitam enormemente o processo, disseminar informações, produzir
estimulam as melhores qualidades do conhecimentos, resolver problemas e exercer
professor, tornam-se interlocutores lúcidos e protagonismo e autoria na vida pessoal e
parceiros de caminhada do professor- coletiva (BRASIL, 2017, p. 9, grifos dos autores).
educador. Alunos motivados aprendem e Nesta perspectiva, com a implementação
ensinam, avançam mais, ajudam o professor a das tecnologias é possível esperar que os
ajudá-los melhor. Alunos que provêm de alunos as usem de maneira crítica e com
famílias abertas, que apoiam as mudanças, que responsabilidade, e que levem os
estimulam afetivamente os filhos, que conhecimentos aprendidos para os próximos
desenvolvem ambientes culturalmente ricos, níveis de ensino a partir de experiências
aprendem mais rapidamente, crescem mais relevantes que tiveram. Com isso, as
confiantes e se tornam pessoas mais metodologias que aliam as tecnologias há um
produtivas (MORAN; MASSETTO; BEHRENS, ensino mais significativo e que promovem o
2012, p. 17-18). desenvolvimento de competências e
Entendemos que os alunos precisam se habilidades que estão previstas na BNCC, e que
dedicar e estarem dispostos a aprender, pois o fomentem discussões de caminhos alternativos
professor sozinho não será capaz de alcançar de práticas pedagógicas para que os seus
resultados esperados, é na união de ambas as alunos se tornem os principais produtores dos
partes que se chegará ao sucesso do ensino e seus conhecimentos, quando coadunada com
aprendizagem por meio de tecnologias os professores que se revelem como sujeitos
adequadas aos conteúdos trabalhos. mediadores para direcionar a aprendizagem
Na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) dos alunos, promovem um ensino e uma
existem duas competências que podem ser aprendizagem de qualidade entre os
relacionadas ao uso da tecnologia no ensino e participantes.
na aprendizagem dos alunos: Ainda neste entendimento, as mudanças de
Competência 4: Utilizar diferentes registros nas aulas de Matemática conseguem
linguagens – verbal (oral ou visual-motora, potencializar o ensino que é proposto pelos
como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora professores e também a aprendizagem dos
e digital –, bem como conhecimentos das alunos. Sendo assim, durante os experimentos
linguagens artística, matemática e científica, que acontece nas aulas, os professores
para se expressar e partilhar informações, aprendem a melhorar a sua prática,
experiências, ideias e sentimentos em compreendem melhor em como é possível
diferentes contextos e produzir sentidos que conduzir as próximas atividades com os alunos
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propomos outro questionário, com intuito de operações algébricas, de modo correto, porém
identificar quais as percepções dos alunos, sem notar que, quando o valor de delta é
sobre o uso do aplicativo para negativo, não é preciso continuar até o final
desenvolvimento do aprendizado em para se chegar às conclusões de que não possui
Matemática, para a avaliação da ferramenta raízes reais.
com o conteúdo abordado. Assim, é perceptível observar o fato em que
As atividades propostas, tinham três teve um desenvolvimento cognitivo adequado
questões: a primeira com quatro equações de para resolver a referida questão. Quando
2º grau, a segunda e terceira com uma situação priorizou as respostas finais, possivelmente,
problema que exige interpretação para chegar ele esqueceu que nem sempre é possível
há uma equação de 2º grau. Elas podem ser encontrá-las e pode indicar uma falta de
observadas a seguir: atenção em relação à leitura correta do sinal
nas operações realizadas. Essas percepções
1) Resolva as equações abaixo no conjunto podem ser encontradas na figura 01.
ℝ:
a) 3x² - 6x = 6x - 12 Figura 1. Solução equação 2º grau da questão 1) b) de
A13.
b) 9x² + 3x = 4x² - 1
c) 10x² + 6x – 3 = 0
d) x² + 12x + 32 = 0
2) O quadrado de um número real inteiro é
igual a sete vezes esse número, menos seis.
Que número é esse?
3) Que número você encontra se multiplicar
um número real por ele mesmo e depois
subtrair 14, sendo ele igual a seu quíntuplo?
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Figura 2. Solução da questão 3 com o auxílio do extensão, não possui complexidade no seu
Photomath de A13. manejo, ele é muito fácil usar e descobrir a sua
potencialidade (COUTINHO; FEITOSA;
PINHEIRO, 2019; PIRES, 2016).
No quesito compreensão do conteúdo, ficou
claro que o Photomath é um aplicativo de
auxílio, ele ajuda o aluno na percepção e, ao
mesmo tempo em que deverá conhecer os
conceitos para que possa ser usada,
corretamente, a representação matemática
das expressões numéricas e, com isso, Cardoso
et al. (2018), afirma que os alunos precisam
dominar com destreza ou ter pelo menos uma
boa noção do conteúdo. O aplicativo serve para
tirar dúvidas no processo de resolução e
também pode nortear o aluno sobre o
resultado final, ficando a cargo do professor,
por vezes, encontrar uma forma para
aprimorar o conceito ou mediar outras formas
de resolver as expressões numéricas para
favorecer a aprendizagem dos alunos.
Trouxemos algumas respostas dos
questionários que foram colocadas na forma
de citação para dinamizar as leituras, que
mostram as contribuições da pesquisa por
meio de algumas respostas coletadas de cinco
dos participantes e, dentre elas, escreveram
que:
Sim, porque nos tempos atuais se não fosse
o auxílio das tecnologias não poderia ter
continuado os estudos de forma remota (Aluno
A4). Sim, pois amplia a percepção dos
conteúdos, auxiliando na aprendizagem (Aluno
A7). Sim, pois facilita a compreensão de alguns
conceitos mais abstratos (Aluno A10). Sim, por
estarmos em uma época em que as aulas
Fonte: Os dados da pesquisa. presenciais são impróprias, as tecnologias
A partir desses fatos, notamos que o estão sendo ferramentas que colaboram para
aplicativo aborda conteúdos desde a educação minimizar os impactos negativos que surgirão
básica até graduação e, mesmo com toda essa
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa investigou as contribuições do aplicativo Photomath no processo de
aprendizagem quando trabalhadas com atividades de equações do 2º grau, num contexto em
que houve a mudança de aulas presenciais para remotas, e a prioridade foi orientar os alunos
para que tivessem melhores compreensões e respostas com esse conteúdo a partir das
operações algébricas produzidas com a experimentação do aplicativo.
Verificamos que o aplicativo usado permitiu a constituição de aspectos didáticos aos
futuros professores de Matemática, para auxiliá-los nos caminhos da docência. A partir disto,
quando usado de modo a facilitar a compreensão dos alunos durante a ministração de conteúdos
matemáticos, ofereceu momentos para explorar e visualizar importantes conceitos matemáticos.
As principais contribuições do uso do aplicativo com os dispositivos móveis foram:
permitiu aos alunos um aprendizado significativo, facilitou a compreensão dos conteúdos de
equações de 2° grau no processo de aprendizagem com a flexibilidade de usar as tarefas
desenvolvidas em suas futuras salas de aulas no formato presencial ou remoto, permitiu a
confrontação imediata de seus resultados durante a realização das atividades propostas e, bem
como favoreceu avançar os estudos para outros conteúdos mais avançados, como foi o caso de
Limites de funções polinomiais. Os dados desta pesquisa possuem limitações, pois as respostas
produzidas pelos alunos nos momentos remotos poderão ser diferentes dos presenciais. Então,
o próximo passo será desenvolver as mesmas atividades em aulas presenciais para saber se, a
partir da triangulação com os novos dados, também evidenciarão momentos de aprendizagem
para os futuros professores de Matemática.
Diante do exposto, o estudo indica que o aplicativo Photomath contribuiu para fortalecer
práticas alternativas para o ensino e aprendizagem dos futuros professores de Matemática com
o conteúdo de equações do 2° grau, permitiu a compreensão e organização das equações,
favoreceu a discussão de um planejamento coerente e adequado, a fim de buscar caminhos
profícuos para a aprendizagem dos alunos no período remoto da Pandemia.
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REFERÊNCIAS
ALMEIDA, I. A. T. Aplicativos Matemáticos na Sala de Aula: uma experiência de ensino com
o “PHOTOMATH”. 2019. Disponível em:
http://www.editorarealize.com.br/revistas/conedu/trabalhos/TRABALHO_EV117_M
D1_SA19_ID11096_15092018210342.pdf Data de Acesso: 20/07/2022.
AMANTE, L. As Tic na Escola e no Jardim de Infância: Motivos e Factores para sua Integração.
Sísifo - Revista de Ciências da Educação. Unidade de I&D de Ciências da Educação da
Universidade de Lisboa, n. 3, p.51-64, mai./ago., 2007.
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). 3. versão. Brasília: MEC, 2017.
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PADILHA, Adriano et al. Significado de Tecnologia: o que é tecnologia. 2014. Disponível em:
https://www.significados.com.br/tecnologia-da-informacao/ . Data de Acesso: 20/07/2022.
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RESUMO: O presente estudo apresenta uma pesquisa sobre a percepção dos professores dos
cursos de licenciatura da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), referente às contribuições
do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) para a relevância da formação
à docência. A temática da pesquisa tem como relevância social a construção de aprendizagens
significativas para a valorização do magistério possibilitando aos licenciandos participação ativa
entre universidade e escolas. O objetivo da pesquisa foi levantar as principais contribuições do
1 Professora de Química na EEM Miguel Carneiro da Cunha na Rede Pública da cidade de Tianguá, CE.
Graduação: Licenciatura em Química pela Universidade Estadual Vale do Acaraú.
2 Graduação: Licenciatura em Química pela Universidade Estadual Vale do Acaraú
3 Professora de Química no Colégio Professora Marly Passos na Rede Particular da cidade de Itarema, CE.
Graduação: Formado em Química pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar); Doutor em Ciências
pelo Programa de Pós-graduação em Química da UFSCar.
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Desde o início do PIBID na UVA, dois projetos Toda coleta foi realizada por meio de um
já foram realizados, PIBID 2009 e 2011, formulário eletrônico, online, do Google
englobando dez cursos, 260 bolsistas de Forms, com 28 professores participantes.
iniciação à docência, 18 coordenadores de O questionário virtual (google forms) ficou
área, 48 supervisores, 2 coordenadores de área disponível para a coleta dados entre
de gestão de processos educacionais e 2 20/05/2021 a 20/07/2021, na tentativa de
coordenadores institucionais. Os projetos são coletar o maior número de respostas possíveis.
desenvolvidos em escolas da rede estadual e Os professores participantes, não foram
municipal. identificados pelo nome e, nas discussões aqui
apresentadas, serão tratados como P1 para o
METODOLOGIA professor que foi o primeiro a responder o
questionário, P2 para o segundo professor a
Para a realização dessa pesquisa, foi enviado
responder o questionário, P3 para o terceiro
uma carta convite para os professores dos
professor a responder o questionário e assim
cursos de licenciatura de química, ciências
por diante.
biológicas, física, matemática, filosofia,
O formulário foi composto por 08 perguntas,
sociologia, história, geografia, pedagogia,
destas, 03 foram perguntas objetivas, 04
letras, educação física e biologia da
subjetivas e 01quali-quantitativa. O link do
Universidade Estadual Vale do Acaraú, para
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formulário foi enviado via WhatsApp, e pelos e- percepção dos professores com relação às
mails dos professores e das Coordenações dos contribuições do PIBID para a formação
Cursos de Licenciatura da UVA. docente.
Esses dados mostram que 100% dos Com relação ao tempo de trabalho docente
professores respondentes assinalaram ter (Figura 02), 53,6% dos participantes apontaram
idade superior a 30 anos, o que sugere que a já trabalharem como docentes na UVA há mais
maioria dos docentes já deve ter tido de 10 anos. 14,3% assinalaram trabalharem
experiências com o trabalho docente, o que entre cinco (05) a dez (10) anos, outros 14,3%
auxilia na coleta dos dados, visto que essa entre três (03) a cinco (05) anos e 17, 9% entre
experiência facilita a obtenção de respostas um (01) a três (03) anos.
que tragam possíveis comparações, Figura 2: Tempo de trabalho docente na UVA
observações, de contribuições do PIBID nos
editais já finalizados.
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contribuições positivas para a formação dos tendo uma visão mais ampla do
bolsistas participantes, tais como: desenvolvimento das atividades docentes”.
P2: “Percebo, nos alunos bolsistas do PIBID, A participação em programas de formação,
uma evolução/desenvolvimento maior na PIBID, Residência Pedagógica (RP) possibilita
escrita e na produção de textos. Também, aos graduandos vivências que não são possíveis
quanto à profissão, percebo que os alunos no ambiente universitário, vivências nos
bolsistas passam a ter uma percepção maior do ambientes escolares, que são fundamentais
que é ser professor, o que é, muitas vezes, para a formação do professor. Para Arroyo
notado nos discursos desses alunos, ao (2004), a teoria aprendida na faculdade, muitas
discutirem sobre a educação com um olhar vezes, não prepara os futuros professores para
mais amplo, valorizando o que aprenderam nos as realidades das vivências escolares. Assim, a
textos que leem e escrevem”. participação em programas de formação como
P3: “Os resultados dependem muito de o PIBID, a RP, são benéficos, pois coloca os
aluno para aluno, entretanto, certamente há bolsistas em contato com a realidade da prática
uma evolução positiva na postura dos alunos educativa desde o início de sua formação.
participantes. Apresenta, ao longo da Para o professor P14, as contribuições do
passagem pela graduação, um maior PIBID vão muito além.
comprometimento com às disciplinas e com P14: “Neste item, vou destacar alguns
sua própria formação”. resultados de uma pesquisa que realizei com
A fala descrita por P3 é uma colocação muito licenciandos e professores da Educação Básica,
importante, visto que a evolução de cada aluno participantes do PIBID. A participação no PIBID
depende diretamente do envolvimento e proporcionou aos participantes manifestarem:
comprometimento que cada um dispõe para as o entendimento de que a interação entre
atividades do programa. Como observado na universidade e escola contribuiu para a
fala do professor P2, os alunos envolvidos formação docente, pois aliou a teoria com a
tendem a apresentar uma percepção maior do prática profissional; o conhecimento e a
vivência da prática profissional real aos
“ser professor” da profissão em si. Dessa
licenciandos; que, neste contexto, o
forma, participar do programa auxilia no
conhecimento profissional foi conduzido por
desenvolvimento dessa percepção, más é
meio da troca de experiências e
preciso envolvimento. conhecimentos entre os participantes do
P6: “Geralmente, os alunos que participam programa, licenciandos, supervisores e
de programas como o PIBID ou similares, como coordenador de área; o entendimento de que
Residência Pedagógica, se apresentam de os momentos de práticas foram direcionados e
modo mais participativo das demais atividades acompanhados pela formadora; o sentimento
do curso e nas disciplinas. Sendo mais de pertencer à realidade e de se enxergar como
proativos no compartilhamento de um professor. Além disso, o fato dos
conhecimento e apresentam, assumem a licenciandos desenvolverem algumas
responsabilidade pela tomada de decisões, atividades do programa na escola favoreceu
para o conhecimento de diversos aspectos do
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trabalho docente, e um deles foi o universidade, bem como pelas escolas dos
conhecimento dos alunos em relação aos seus espaços da universidade.
interesses, prováveis erros e dificuldades, Para Marins, et al. (2021), a participação em
conhecimentos prévios, entre outros, programas como PIBID, proporciona aos
possibilitando que utilizassem esse participantes o entendimento de que a
conhecimento na construção do planejamento interação entre universidade e escola
e na aplicação de aula. E ainda, podemos contribuiu para a formação docente, pois alia a
destacar outros aspectos evidenciados em teoria com a prática profissional. Proporciona a
nossas análises que ocorreram durante a vivência da prática profissional real aos
realização desse processo formativo no licenciandos, experiências e conhecimentos
contexto do PIBID, os quais podem contribuir aliados ao sentimento de pertencer à realidade
para o desenvolvimento profissional desses do ser professor, de se enxergar como um
participantes, como: a manifestação da professor.
conscientização de que o desenvolvimento Também, respostas que, podem ser
profissional docente acontece por meio da consideradas negativas, também foram
participação ativa em uma ação formativa, coletadas, tais como às obtidas pelos
colocando em discussão suas necessidades, professores P17 e P24.
realidades, conhecimentos, entre outros, a fim P17: “Não observei nenhuma contribuição”.
de melhorar suas qualificações profissionais; e P24: “Tais resultados são muito subjetivos, e
o entendimento de que, quando um processo depende muito da condução por parte dos
formativo também acontece situado no campo coordenadores de área!”
de trabalho do professor, permite-se Essas respostas indicam que, apesar de toda
intensificar os conhecimentos adquiridos aparente contribuição que o programa possa
relativos à abordagem de ensino adotada, pois apresentar, é possível que interpretações
o mesmo foi vivenciado em uma situação real, como as obtidas por P17 e P24 sejam
não se restringindo apenas ao discurso apontadas, pois como apontado pelo professor
teórico”. P3, essas possíveis contribuições dependem
P14 destaca, que dentre as várias muito dos bolsistas, assim, é provável que os
contribuições que o programa trás para seus professores se deparem com alunos/bolsistas
participantes, fatores relacionados os que passam pelo PIBID sem benefícios para sua
interesses dos alunos, prováveis erros e formação, que sejam perceptíveis, durante as
dificuldades, a considerações sobre o ambiente ações na universidade.
em que esses alunos vivem são fundamentais Uma questão, relacionada às “mudanças”
para o planejamento das aulas, fatores que, em perceptíveis (Figura 03), Questão 5.1, na
muitos momentos, passam despercebidos nas postura dos alunos foi apresentada aos
discussões no âmbito universitário. Outro fator docentes.
que se mostra fundamental é a possibilidade É possível observar que o percentual de
de aproximação entre a academia e o âmbito professores que responderam não perceberem
escolar, essa aproximação é fator fundamental mudanças (7,1%) foi baixo quando comparado
para a ocupação dos espações escolares, pela ao percentual de professores que indicaram
perceber mudanças significativas (92,9%).
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P21: “Marquei "não" porque isso não se coordenadores, alunos das escolas onde os
observa na totalidade dos bolsistas, mas pibidianos atuam, o Curso de Química da UVA,
apenas em alguns.” o Estado do Ceará, dentre alguns outros
É importante ressaltar que, como apontado beneficiários foram apontados pelos docentes
por P21, alguns graduandos passam pelo PIBID participantes. Assim, como já vem sendo
sem desfrutarem de todas as vivências que o observado nos resultados obtidos nesse
programa oferece, assim, em alguns casos, não trabalho, na visão dos docentes da UVA, muitas
demostram mudanças de perfil perceptíveis de contribuições positivas são percebidas quanto
perfil como estudante, graduando. Essa ao PIBID como programa de formação docente.
discussão já foi apresentada nesse trabalho, Dessa forma, é perceptível que a
enfatizando que muitos dos benefícios da participação dos licenciandos do Curso de
participação no programa, para alguns Química, em programas de formação inicial,
participantes, só se manifestam mais afrente, como o PIBID, ou como a RP que contribuem a
após a passagem pelo programa. formação de graduando que se encontram do
Para finalizar, uma última questão (Questão meio para o final do curso, é fundamental para
08), direcionada à coleta de dados sobre preparar o futuro professor para a prática
quem/quais seriam os demais beneficiários do docente. A oportunidade da participação das
PIBID, além dos graduandos bolsistas, na vivências que os programas proporcionam é
opinião dos professores, foi apresentada. fator determinante na modelagem do perfil do
Nesse sentido, todos os participantes futuro professor. Como colocado por Arroyo
apontaram diversos beneficiários além dos (2000), o ofício de mestre, de pedagogo vai
bolsistas, como, a própria universidade e as encontrando seu lugar social na constatação de
escolas que recebem os bolsistas para as que aprendemos a ser humanos em uma trama
atividades do programa (P1, P4). complexa de relacionamento com outros seres
P1: “A universidade pelo profissional que tá humanos.
formando. A escola pela visão moderna de
novas formas de metodologia.”
P3: “A sociedade como um todo.”
P4: “Acredito que as ações do PIBID
também, potencialmente, beneficiam a
formação dos alunos da educação básica. Além
de levar novas metodologias para o ensino em
sala de aula, os pibidianos promovem
formação/aprendizagem por meio de diversos
projetos que valorizam a linguagem dos alunos
sem se descuidar do rigor que o saber
específico de cada área exige.”
Resultados diversos, apontando os
professores supervisores, professores
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Mediante os dados coletados nesta pesquisa verificou-se que, de forma geral, quase que
totalidade dos professores participantes da pesquisa apontaram perceber contribuições
vinculadas ao PIBID, na formação inicial docente.
Um percentual de 53,6% dos participantes afirmou que há uma mudança de postura, dos
alunos bolsistas, quanto à responsabilidade, participação em aulas, produção de textos e escrita,
bem como 82,1% dos docentes apontaram que os alunos bolsistas apresentam um maior
envolvimento em atividades e ações de ensino.
Ainda, a maioria das falas coletadas nessa pesquisa, corroboram com os dados percentuais
obtidos, reforçando que o PIBID é um programa fundamental para a formação inicial docente,
como pode ser observado nas falas de P2, P4, P14 (p. 31 deste trabalho).
Ademais, uma lista de contribuições diretas, referentes à participação no programa,
podem ser apontadas aqui:
- Maior responsabilidade e envolvimento com o ensino e disciplinas da educação;
- Melhoria na escrita e nas ações de ensino e pesquisa;
- Maior domínio sobre temas relacionados à educação;
- Socialização;
- Comprometimento com o Curso ao qual está inserido;
- Maior aprofundamento sobre às bases teóricas e conhecimento científico sobre ensino;
Assim, como observado nos resultados obtidos, inúmeras são as contribuições do PIBID na
formação dos futuros professores.
Ainda, muitas das contribuições do programa só passam a serem perceptíveis anos após a
passagem do aluno pelo PIBID, visto que muitas das situações e ações vividas durante o programa
criam um “cadastro de memória”, memória das vivências tidas durante o programa, que vão
auxiliar na tomada de decisões em sala, no exercício da profissão, na ação do ser professor.
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REFERÊNCIAS
ARROYO, Miguel Gonzalez. Ofício de Mestre: imagens e auto-imagens. Petrópolis: Vozes,
2000. 251 p.
NÓVOA, António. Novas disposições dos professores: A escola como lugar da formação;
Adaptação de uma conferência proferida no II Congresso de Educação do Marista de
Salvador (Baía, Brasil), em Julho de 2003. Disponível em:
<http://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/685/1/21205_ce.pdf.>. Acesso em: 18/01/2022.
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RESUMO: O presente texto surge a partir da leitura da trilogia “Princesa” de Jean Sasson, que
evidencia a soberania masculina que impera no oriente seguindo os princípios políticos e
religiosos dessa cultura distante da nossa, mas que se aproxima pela violência psicológica e física
causada às mulheres do ocidente que muitas vezes, silenciam sua dor por achar-se culpadas ou
conformadas com a situação. Descreve o relato de algumas narrativas de violência contra
mulheres que são veiculadas diariamente nos meios de comunicação e outras que perpassam
com vítimas de convívio próximo. A naturalização da violência contra essas mulheres despertou
o interesse em compreender o cerne do patriarcado, iniciado no princípio da humanidade e que
permanece presente em nossa sociedade arraigado em costumes e hábitos que se tornaram
comuns, revelando aspectos do machismo presente e descreve algumas iniciativas
implementadas via políticas públicas e outras que discorrem algumas possibilidades em busca de
caminhos que propiciem a sororidade entre gêneros. O assunto é de grande relevância, no
1Professora de Educação Infantil e Ensino Fundamental I, foi Coordenadora Pedagógica na rede Estadual e
Orientadora de Estudos do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC) e atualmente é formadora
de professores e coordenadores pedagógicos na Divisão Pedagógica da Diretoria Regional de Educação
Pirituba/Jaraguá - SME-SP.
Graduada em Pedagogia pelo Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas (1991). Pós-graduada
em Filosofia: Educação para o Pensar, PUC-SP (2009). Mestre Profissional em Educação: Formação de
Formadores, PUC (2017).
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entanto, pouco abordado com profundidade, fato que se faz questionar o papel da educação na
inserção dessa discussão dentro do espaço escolar.
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tinha 19 anos, em 2000 e tudo indica que foi o história da humanidade. No princípio as
pai, Mohammed bin Rashid al-Maktoum, vice- sociedades eram coletivistas, nômades e
presidente e premiê dos Emirados Árabes, tribais, porém aos poucos esses hábitos foram
também pai de outros 24 filhos, que ordenou o se alterando à medida que passam a modos de
sequestro e retorno das suas filhas ao país, e vidas sedentários e com a descoberta da
mesmo tendo autoridades de Londres agricultura, da caça, da participação do homem
intercedendo pelas princesas, a soberania e no processo de reprodução, foi culminando-se
poder de Maktoum prevaleceu. Em maio de a ideia de posse e propriedade, já que as
2021, a CNN Brasil noticiou a hipótese de que relações passaram a ser monogâmicas para
Latifa tenha sido vista em um local público em garantir a herança de filhos legítimos e com
Dubai, devido a uma suposta foto publicada no isso, o corpo e a sexualidade da mulher
Instagram, mas essa informação não foi passaram a ser controlados. Assim, “institui-se
confirmada e lamentavelmente, a princesa a família monogâmica, com divisão sexual e de
pode estar trancada em um dos quartos do trabalho, instaurando-se o patriarcado, nova
palácio, talvez dopada e sem contato com ordem centrada na descendência patrilinear e
ninguém, como relatou tristemente, sobre os no controle dos homes sobre as mulheres”.
oito anos de cativeiro da sua irmã Shamsa. A delegada ainda afirma que,
“culturalmente nos habituamos a ver a mulher
PATRIARCADO X SORORIDADE: como um ser menor e isso advém desde a
Grécia no período clássico, quando razão era
UMA LUTA PARA EQUIDADE sintetizada por APOLO, deus da razão, e a
O patriarcado sobre as mulheres foi mulher era vista como o oposto da verdade e
naturalizado historicamente e requer estudos do conhecimento, sendo por isso, uma alma
no intuito de escrutinar o cerne dessa tradição inferior, motivo pelo qual as mulheres gregas
que consente o poder do homem sobre a eram despossuídas de direitos políticos e
mulher, algo complexo e que prejudica a jurídicos. ”.
qualidade de vida de muitas mulheres desse É notável o quanto a cultura da desigualdade
planeta, sem distinguir etnias, religiões ou esteja arraigada e que somente na década de
camadas sociais e por ser um ato opressivo 70 os movimentos feministas eclodiram e
carece de compreensão, discussão e ação para ganharam maior visibilidade, mas as políticas
que seja evitado e que um dia, como muitas públicas ainda são insuficientes para mudança
doenças, seja erradicado. desse triste cenário.
Em entrevista ao Instituto Humanitas Percebe-se que a violência camuflada e
Unisinos em 2019, a chefe de Polícia do Rio amparada no ditado popular que “em briga de
Grande do Sul, Nadine Tagliari Farias Anflor, marido e mulher, ninguém mete a colher”, tem
que foi a primeira coordenadora das Delegacias se descortinado diante da sociedade por meio
Especializadas no Atendimento à Mulher, dos noticiários e denúncias, fato que merece
explica que sob o viés da antropologia, o maior atenção e ação, pois embora a Lei Maria
patriarcado é perpetuado desde o início da da Penha seja o marco principal findando o
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mulheres não diminuíram, pelo contrário: Os números são incertos, mesmo sendo
dados do Atlas da Violência de 2019 apontam, representativos e preocupantes, mas também
por exemplo, que entre 2007 e 2017 os casos é comum o sofrimento calado das mulheres
de feminicídio ocorridos no Brasil aumentaram que dependem financeiramente dos seus
em 30,7%. Por isso, devemos questionar: o que homens, sejam maridos, pais, companheiros e
legitima tanta agressividade? Para responder a outros e que, não denunciam os maus tratos.
essa pergunta, este curso tem tentando Nesse caso, a tomada de decisão para se livrar
explicar como a violência de gênero está do agressor é muito mais difícil por conta da
fundamentada em determinantes culturais subsistência dela e muitas vezes dos filhos, mas
responsáveis pela conservação da o que chama a atenção, é que mulheres
desigualdade de poder entre homens e instruídas também são vítimas e
mulheres – e que são eles que devemos frequentemente agredidas fisicamente e
transformar. Para avaliar a percepção social em psicologicamente.
relação à tolerância à violência contra as A violência até então naturalizada, passou
mulheres, levantamento divulgado pelo a ser questionada com a repercussão da trágica
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada história de uma cearense chamada Maria da
(Ipea) em março de 2014, mostrou que um Penha Maia Fernandes, que mesmo sendo
quarto da população brasileira acreditava que formada pela Faculdade de Farmácia e
mulheres que usam roupa que mostra o corpo Bioquímica na Universidade Federal do Ceará
merecem ser atacadas. Outro dado do mesmo em 1966 e ter concluído seu mestrado em
estudo evidenciou que a maior parte dos Parasitologia em Análises Clínicas na Faculdade
brasileiros e das brasileiras acreditavam que o de Ciências Farmacêuticas na Universidade de
número de estupros seria menor “se as São Paulo em 1977, foi agredida fisicamente e
mulheres soubessem se comportar”. Como psicologicamente por seu marido, após o
parte da cultura, o machismo é uma ideologia nascimento da última, de suas três filhas, que
que está nas raízes da formação de nossa viviam constantemente com medo do seu
sociedade patriarcal e heteronormativa (o agressor que em 1983, atirou em suas costas
poder é concentrado na figura masculina e a quando dormia a deixando paraplégica.
norma social é heterossexual) e em maior ou Depois, a manteve sob cárcere durante 15 dias
menor grau na mente de todos e todas. Nesse e tentou eletrocutá-la durante o banho. Diante
sentido, para ir além do avanço na dessas tentativas de homicídio, Maria da Penha
possibilidade de responsabilização de saiu de sua casa e recorreu à Justiça na
agressores, é necessário também investir em tentativa de punir seu agressor, mas mesmo
processos de transformação cultural”. depois de julgado e condenado, o mesmo se
Essa transformação cultural se faz manteve em liberdade. Indignada com a justiça
necessária para dar um basta no argumento de brasileira, e no intuito de evitar que outras
que a vítima provocou e assim, o agressor tem mulheres tivessem o seu destino, a ativista
sua responsabilidade anulada. escreveu em 1994 o livro “Sobrevivi... posso
contar”, e fundou o Instituto Maria da Penha
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maioria das agressões sejam comuns em festejava o casamento e Susi foi à festa
espaços domésticos, alguns estupros acompanhada da avó paterna da minha prima
acontecem inesperadamente, como o caso da e ficou com as colegas conversando, mas
estudante Liana Friedenbach (16 anos), que em diante da demora para cortar o bolo, a senhora
2003, ao viajar com seu recém namorado decidiu leva-la para casa e assim o fez. Mas a
Fellipe Caffé, omitiram o verdadeiro destino menina estava inconformada, pois queria
para suas famílias e seguiram para Embu- comer o bolo. Diante da insistência da filha, o
Guaçu para acamparem, mas jamais pai a deixou retornar à festa para que provasse
imaginavam os momentos de terror que iriam o tão desejado bolo, porém, ela não chegou ao
viver. Ele foi assassinado com um tiro na nuca destino e inexplicavelmente, houve uma
no primeiro dia, e ela sofreu vários abusos interrupção por três vezes na energia elétrica,
sexuais individuais e coletivos praticados por o que fez as lâmpadas se apagarem
quatro homens e um cruel adolescente momentaneamente, e como a rua era
conhecido como Champinha, que a manteve iluminada apenas pelas lâmpadas externas das
prisioneira por cinco dias e encerrou seu casas, pois não havia iluminação pública na rua,
martírio esfaqueando-a até a morte. as pessoas que estavam na calçada da rua onde
Outro caso chocante ocorreu em julho de a festa acontecia, nada perceberam. Ela
2020, quando para se proteger da COVID-19, a morava a apenas alguns portões do local da
estudante Júlia Rosenberg Pearson (21 anos), festa, num pacato bairro residencial de São
foi com a família para a casa de veraneio em Paulo, mas inexplicavelmente, foi
São Sebastião, litoral de São Paulo e ao sair surpreendida por um carro que passava e a
para fazer uma caminhada, foi encontrada sequestrou. Assim que o pai percebeu o
morta e enterrada em uma cova rasa na trilha avançar das horas, foi busca-la na festa e não a
que liga Maresias à Paúba. O mais cruel é que encontrou. Foram horas de desespero e a
depois da investigação policial, o agressor foi polícia foi acionada, até que no dia seguinte, à
preso e após confessar o crime, alegou como se encontraram no município de Mairiporã,
fosse uma virtude, que não era estuprador, só estrangulada, com queimaduras de cigarro
homicida. pelo corpo, os seios mordidos e muito
Ao narrar esses fatos, foi inevitável deixar de machucada. Alguns dias depois, uma garotinha
mencionar o terror vivido por Susi na década que brincava com o irmão também foi
de 70. Recorri à minha prima, que era amiga da sequestrada e o irmão aos gritos avisou o
menina, para descrever minuciosamente os ocorrido e apontou a direção que o carro
fatos. Recordar o doloroso caso, mesmo depois seguiu, levando a polícia a encontrar o
de tantos anos, a fez se emocionar ao agressor, que já estava retirando as roupas da
relembrar os trágicos momentos vividos. Susi menininha de apenas 4 anos, quando foi
contava com apenas 10 anos de idade, a mãe surpreendido e preso em flagrante. Eles
havia falecido em uma cirurgia há dois meses e estavam muito próximo ao mesmo local onde
junto com o pai e o irmão, viviam o luto Susi havia sido violentada e assassinada, mas
precoce. Acontece que uma outra vizinha pagou fiança e foi solto. Como a comunicação
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policial era precária, alguns dias depois, a e que se apresenta diante das agressões de pai,
polícia de São Paulo concluiu que um desses padrasto, avô, tio, primo e outras pessoas
homens, conhecido pelo apelido de Barata, próximas dos alunos. O texto discorre sobre os
pudesse ser o agressor que levou Susi a morte abusos em crianças e adolescentes, como
(pela investigação, concluiu-se que havia mais proteger as crianças da violência sexual, como
que um homem), mas depois de pagar a fiança, denunciar os casos de abuso infantil pelo
ele sumiu e o caso soma a mais um, da Disque 100, Aplicativo Brasil, ONGs como a
estatística dos crimes impunes. O pai da Susi childfundbrasil.org.br ou childhood.org.br,
enlouqueceu diante da impotência dele e da Conselho Tutelar, CREAS – CRAS ou ainda ao
justiça e esse foi o primeiro caso que marcou Ministério Público. Vale ler e conferir, pois é
meu ingresso ao triste mundo real, onde bem explicativo.
meninas temem seus destinos e desde então, Há 17 anos na educação, atuando como
fica a interrogação sobre quais circunstâncias docente ou na gestão, muitas situações se
levam um homem a cometer atos tão apresentaram. Houve caso de pai e mãe
selvagens como esses? Que direito acredita ter usuários de drogas abusarem da filha de 4 anos
sobre a vida que não é a sua? até serem descobertos e perderem a guarda da
A violência se aproxima sorrateiramente e se menina que hoje, com 11 anos, mora em
faz presente nas histórias do cotidiano escolar. abrigo. Primo abusar da prima de 9 anos e só
As descritas acima parecem distantes, mas na escola, depois de uma conversa sobre
uma escuta ativa ou o estreitamento de laços violência doméstica, a menina já com 13 anos,
permitem o descortinar de um quadro nos procurou para relatar a experiência e o
aterrorizante. São tantas experiências que trauma que viveu e que a família só veio a
infelizmente, nunca chegarão se quer a descobrir naquele dia e tantos outros...
fazerem parte das notícias sensacionalistas e Com a pandemia da COVID-19, o número de
ficarão silenciadas. Algumas permeiam o abusos se proliferou na velocidade do vírus. É a
contexto docente e cobra da escola ações que realidade infelizmente constatada, pois muitas
nem sempre são as mais adequadas e eficazes, crianças não retornaram à escola quando foi
o que torna a sensação de impotência e autorizado o regresso e durante a busca ativa
frustração muito intensa, já que situações realizada pelas escolas em 2021, muitos casos
inadmissíveis se tornam conhecidas e pouco se se revelaram, mas um em especial chocou
contribui para que deixem de ocorrer ou que demais, quando a avó muito humilde foi
tenham o bálsamo necessário para aliviar o questionada pela ausência da neta e se
prejuízo causado. sentindo pressionada, deixou escapar a
Na página on-line do site Catraca Livre, uma informação de que a menina tímida e que não
publicação de 2019 intitulada “São Paulo tem tinha namorado, contando com apenas 11
um caso de estupro dentro de escolas por dia”, anos, não poderia ir à escola, porque os pais
revela que de janeiro a outubro de 2019, foram decidiram interromper uma gravidez precoce
307 ocorrências. Torna perceptível a realidade com um aborto praticado na farmácia. Dupla
que invade sorrateiramente os muros da escola violência, pois além do estupro, o aborto que
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com certeza, dilacerou o corpo e o emocional histórias de vidas como essas não sejam
dessa menina. Poderia descrever tantos outros novamente narradas.
casos inadmissíveis que foram denunciados ao
Conselho Tutelar e outras instituições seguindo
o protocolo escolar, mas o leque de absurdos
se abre e isso envolve um dano emocional por
estar tão próxima das vítimas e carregar a
sensação da impotência.
Diante dessas situações antagônicas, cujas
quais muitas foram vítimas do feminicídio, ou
seja, homicídio por serem mulheres, suas
singularidades e complexidades, percebe-se
um paradoxo em que o preconceito e o poder
masculino, embora sejam outorgados no
oriente, são mascarados no ocidente. Os fatos
narrados por Sultana são diferentes, mas ao
mesmo tempo semelhantes ao dessas outras
vítimas encontradas em contextos tão
múltiplos, mas todos assombram pelo trauma
que causam.
Finalizo com um trecho da obra “A
dominação masculina”, de Pierre Bourdieu,
para ressaltar a gênese do androcentrismo –
essa organização social centrada na figura do
homem, do humano macho -, pois o sociólogo
alerta para as sutilezas da violência simbólica,
já que a opressão feminina é naturalizada pela
sociedade e os padrões são repetidos a partir
da perspectiva masculina do que é ser mulher,
um ser tratado como objeto e não essencial,
como se fossem uma parte para completá-los
em suas necessidades básicas e ou de prazer
sexual.
A linha do tempo ainda é tênue e
dificilmente separa o passado que explicou a
causa do androcentrismo, desse presente aqui
descrito com uma insignificante amostra do
contexto lamentável, mas espera-se que o
futuro seja promissor, no sentido de que
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
As considerações finais serão tecidas a partir da frase da feminista, Simone de Beauvoir,
escrita em 1949, em seu livro Sexo Fraco: “O opressor não seria tão forte se não tivesse cúmplices
entre os próprios oprimidos”. É propícia para compreendermos que o papel de objeto das
mulheres está dado socialmente, no entanto, cabe as mesmas não o aceitar de forma
naturalizada e submissa.
A vítima geralmente se sente culpada pela agressão sofrida, quando não é ameaçada a
ficar em silêncio para que outra agressão não ocorra a ela ou a outra pessoa do seu convívio, no
entanto, é preciso denunciar, não se calar diante de tamanha violência e buscar apoio.
Embora a mudança seja lenta, percebe-se algumas inciativas que poderão retirar do caos
muitas vítimas, como a do Governo Federal, por meio do Ministério da Mulher, da Família e dos
Direitos Humanos, que disponibiliza a Central de Atendimento à Mulher, acessada por meio do
LIGUE 180 ou pelo aplicativo Direitos Humanos BR. O serviço funciona 24 horas, todos os dias
da semana e atende todo território nacional podendo também ser acessado em outros países.
Oferece escuta e acolhida qualificada às mulheres em situação de violência, disponibilizando
informações como locais de atendimento mais próximos e apropriados a cada caso.
Além também, da Campanha Sinal Vermelho Contra a Violência Doméstica, implementada
pelo Projeto Lei - PL 741/2021, que por ser recente, é pouco conhecida e carece de divulgação,
para que o gesto de fazer um X vermelho com caneta ou batom na palma da mão, seja
reconhecido como um ato da vítima a pedir socorro.
A sensibilidade diante da agressão pode tornar a mulher impotente e as vezes por
ignorância, desconhece como proceder para fugir do agressor. Nesse sentido, Seria importante
que as campanhas publicitárias veiculadas em rádio, TV e internet fossem mais agressivas a fim
de serem efetivas, tornando-se fortes aliadas para quebra dos tabus sobre esse assunto.
Na internet há blogs e curso que abordam a situação e informam procedimentos de
medidas reflexivas e protetivas, como o curso oferecido gratuitamente pela Fundação Demócrito
Rocha “Enfrentamento à violência doméstica e familiar contra a mulher”, disponível no
endereço:https://cursos.fdr.org.br/course/view.php?id=50
O curso oferece orientações e sugestões que podem ser efetivas na ação para iniciar as
mudanças necessárias ao atual contexto, uma formação respaldada de conceitos teóricos
baseados na legislação vigente e com embasamento prático.
Também é possível juntar-se a outras mulheres - grupos de irmandade - o verdadeiro
princípio da sororidade - oportunizando espaço para diálogo, reflexão e ação. Vale ressaltar que
nessa irmandade, homens também tenham a oportunidade de participar, expressar seus
sentimentos e entender o ponto de vista das questões que afetam o feminino, para que
repensem suas falas e práticas, apoiando e tornando-se também, ativistas da causa.
Participar de grupos como o “Grupo Mulheres do Brasil”, presidido por Luiza Helena
Trajano, do grupo Magazine Luiza, que têm como foco, promover a igualdade de oportunidades
entre gênero e raça, também pode ajudar no empoderamento de algumas mulheres, pois a
autonomia financeira não resolve a questão da agressão, mas intensifica a autoestima e cria
possibilidades.
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REFERÊNCIAS
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em: https://catracalivre.com.br/cidadania/sao-paulo-tem-um-caso-de-estupro-dentro-de-escolas-
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CNN BRASIL. Acusado de matar juíza a facadas fica em silêncio em depoimento à justiça.
Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/acusado-de-matar-juiza-a-facadas-fica-
em-silencio-em-depoimento-a-justica/. Data de Acesso; 25/01/2022.
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https://www.ebiografia.com/malala/ Data de Acesso; 25/01/2022.
Nava, Gregory. Cidade do Silêncio. Direção de Gregory Nava. Jarez: Globo Play, 2006. (112m.).
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SASSON, Jean. As Filhas da Princesa. 1ª Edição. Rio de Janeiro. Best Seller, 2004.
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SASSON, Jean. Princesa Sultana: Sua vida, sua luta. 5ª Edição. Rio de Janeiro. Best Seller,
2004.
SASSON, Jean. Princesa: A história real das mulheres árabes por trás de seus negros
véus. 39ª Edição. Rio de Janeiro. Best Seller, 2005.
SITE. UOL Aventuras na História. Juventude Assassina: O triste caso de Liana Friendebach
e Felipe Caffe. Disponível em:
https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/juventude-assassina-o-triste-caso-
de-liana-friedenbach-e-felipe-caffe.phtml. Data de Acesso; 25/01/2022.
SITE. UOL Folha de São paulo. DNA indica suposto assassino de universitária encontrada
em cova rasa no litoral de SP. Disponível em: https://agora.folha.uol.com.br/sao-
paulo/2020/11/dna-indica-suposto-assassino-de-universitaria-encontrada-em-cova-rasa-no-
litoral-de-sp.shtml. Data de Acesso; 25/01/2022.
SITE. UOL UNIVERSA. Tatiane Sptizner: até quando tentarão culpar a vítima pela sua própria
morte? Disponível em: https://www.uol.com.br/universa/colunas/2021/05/11/tatiane-spitzner-
condenacao-de-manvailer-por-4-a-3-machismo-do-judiciario.htm. Data de Acesso; 25/01/2022.
SITE.UOL FOLHA DE SÃO PAULO. Desaparecida há 3 anos, Princesa de Dubai diz que é
mantida refém em mansão. Disponível em:
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2021/02/desaparecida-ha-3-anos-princesa-de-dubai-diz-
que-e-mantida-refem-em-mansao.shtml. Data de Acesso; 25/01/2022.
SITE.UOL UNIVERSA. Violência contra Mulher: Brasil tem um estupro a cada 8 minutos,
diz Anuário de Segurança Público. Disponível:
https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2020/10/18/anuario-brasileiro-de-seguranca-
publica-2020.htm. Data de Acesso; 25/01/2022.
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- 2011 – 2016). Neste período, foram As teorias mais recentes sobre as questões
desenvolvidas importantes políticas públicas de gênero são concebidas a partir de diversas
no campo da Educação, com foco na formação matrizes filosóficas e psicológicas. Segundo o
e sensibilização para as temáticas de gênero, pensamento pós-estruturalista, a identidade
sexualidade e diversidades. Políticas de gênero não é um dado natural, mas sim o
construídas e desenvolvidas pela articulação resultado de uma série de discursos que
entre ativistas de movimentos sociais, permeiam as relações de poder entre as
pesquisadoras/es vinculadas/os a núcleos de pessoas. Estes discursos hierarquizam grupos e
pesquisa nas universidades e agentes do validam o que é considerado normal a partir do
Estado, a partir de demandas produzidas que é estabelecido pela ordem dominante. O
nas Conferências Nacionais de Políticas para termo gênero, portanto, diz respeito aos
Mulheres, Educação, LGBT e Questões Étnico processos culturais que atuam mediante
(WELTER, GROSSI, 2018, p. 125). relações de poder, construindo padrões
Com relação aos gêneros, é importante hegemônicos, a partir de corpos sexuados
salientar que durante séculos, as mulheres (SCOTT, 1995). Atualmente vive-se em um
enfrentam batalhas para aniquilar o quadro tempo marcado pela pluralidade e diversidade
cultural de subordinação e submissão no qual cultural. Sendo assim, não é possível
estão inseridas historicamente. Além disso, as compreender a construção das identidades e
lutas e conquistas se dirigiam para garantir os fazer uma leitura crítica das relações de poder
direitos políticos, como o de votar e ser estabelecidas entre as pessoas se não as
votadas, os direitos sociais e econômicos, contextualizarmos histórica e culturalmente. O
como trabalho remunerado, estudo, pensamento pós-estruturalista compreende a
propriedade, herança, até o direito ao corpo, identidade cultural como síntese de categorias
ao prazer, à sexualidade, e contra o poder de diversas, entre elas, as identidades étnicas,
subordinação das mulheres pelos homens sociais, econômicas, sexuais, de geração,
(TORRES; BESERRA; BARROSO, 2007, p. 297). nacionalidade, religiosidade, gênero etc.
No Brasil, dentre algumas questões que (BORTOLOZZI; NAVARRO; MAIA, 2011).
envolvem a mulher, há a reprodução e a A identidade de gênero pode ser
sexualidade que vieram a ser separadas com compreendida como a auto- percepção de
maior segurança a partir de 1967, com o cada pessoa em relação às categorias sociais
advento dos métodos contraceptivos que dizem tanto ao masculino quanto ao
modernos, entre estes as pílulas feminino, à parte de uma representação
anticoncepcionais. Entretanto, o seu biológica que se constrói pelos fatores sociais e
surgimento, não aconteceu de forma tão culturais que são predominantes na formação.
emancipatória para a mulher, já que, nos Sendo um dos elementos constituintes da
países subdesenvolvidos, essa política, de identidade, mas não a definidora desta. Seu
caráter internacional, nasce muito mais desenvolvimento ocorre desde o nascimento,
voltada para o controle da natalidade (TORRES; numa interação constante entre o indivíduo e
BESERRA; BARROSO, 2007, p. 297). os outros, não se constituindo nem se
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apresentando de maneira fixa (LOURO; 2003; Estado, bem como as Políticas Públicas, os
RIBEIRO, 2002 apud BORTOLOZZI; NAVARRO; campos Jurídico e da Saúde, assim como as
MAIA, 2011, p. 25). articulações e organizações da Sociedade Civil
Ainda há muitas questões no contexto da no que tange aos Direitos Humanos, Direitos
sexualidade ainda vivenciadas com dificuldade Sexuais, Preconceitos e Discriminações –
pelos adolescentes. A primeira questão a ser muitas vezes veladas, como também
apresentada pelas falas refere-se às diferentes regulamentações por meio de Leis, Normas e
identidades sexuais (homossexual, padrões de comportamento que impõem
heterossexual ou bissexual). Seguindo a regras sociais e relações de poder que, por
communis opinio, os adolescentes também vezes, contribuem para a reprodução de
enxergam os padrões de comportamento que violências e deturpação da realidade social,
a sociedade incorporou como normalidade, principalmente nos casos de agressões físicas e
inclusive com relação à orientação sexual, e emocionais a alguns grupos como de mulheres,
que são apresentado nas falas: tais como, homossexuais, afrodescendentes, indígenas,
heterossexual é o que todos nós somos. entre outros (SILVA, 2013, p. 13).
Heterossexual é apaixonar-se pelo sexo É fundamental que seja utilizado o conceito
oposto. É o padrão que deve ser seguido de performance de Judith Butler (2003).
(TORRES; BESERRA; BARROSO, 2007, p. 299). Segundo esse conceito, nós não nascemos
Sendo assim, o objetivo desse artigo é de homens e mulheres, nem simplesmente nos
alertar tanto a família quanto a sociedade geral tornamos num determinado momento
sobre as questões relacionadas ao gênero, e o homens e mulheres, mas nos fazemos homens
quanto isso impacta diretamente a vida desses e mulheres todos os dias, quando andamos
jovens que acabam se sentindo confusos, de um determinado jeito, falamos de uma
culpados, depressivos, sendo que muitos determinada maneira, usamos determinadas
chegam a suicidarem por não sentirem parte roupas, construímos o nosso corpo de um
da sociedade e ainda por sofrerem determinado modo, sempre referenciados a
discriminação e até agressões verbais, físicas uma norma hegemônica de gênero. É essa
causando ansiedade e medo para aqueles que performance cotidiana que cria a ilusão de
não se enquadram dentro da chamada uma substância, de uma essência masculina
heteronormalidade. ou feminina ou qualquer outra. A consciência
dessa dimensão performática é fundamental
DESENVOLVIMENTO para a desconstrução de essencialismos
biológicos ou culturais, que limitam a
Segundo Foucault (2003), a compreensão
compreensão e a ação no enfrentamento ao
da sexualidade – que é diversa – e suas relações
heterossexismo, à misogenia e à homofobia
sociais da atualidade requerem a discussão de
na escola (BORTOLINI, 2011, p. 29).
par em par de abordagens educativas com o
No dizer de Naphy (2006), lidar com
intuito de contextualizar simbologias, técnicas,
assuntos relativos à sexualidade esbarra em
experiências e representações sociais que
dois problemas conexos. O primeiro diz
envolvam tanto a escola, quanto a família, o
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respeito à questão da velha oposição “natureza teve forte poder na formação das normas de
x cultura”, no qual nos deparamos com o antigo conduta para o comportamento humano e,
impasse sobre o fato de ser a sexualidade apesar de ter sido objeto de algumas
humana constituída apenas por impulsos modificações com o passar dos tempos, ainda
genéticos ou ser ela reforçada ou, até mesmo, é assunto que causa grande controvérsia. A
determinada pelo contexto social e cultural em homossexualidade e a bissexualidade ainda são
que o sujeito está inserido. O segundo está vistas como algo anormal pela maioria dos
ligado intimamente ao primeiro, embora com adolescentes, independentemente do gênero:
uma ‘roupagem’ mais atual, se refere à Eu odeio. Sinto nojo. Tenho preconceito. É
oposição “essencialismo x construtivismo”, estranho e anormal. As falas reafirmam
que está no cerne da própria noção de pesquisas que apresentam a população
identidade de gênero. Enquanto os homossexual como a mais odiada, refletindo os
essencialistas consideram que existem altos índices de assassinato de natureza
categorias, tais como a homossexualidade, a homofóbica (TORRES; BESERRA; BARROSO,
bissexualidade, a heterossexualidade e a 2007, p. 299).
transexualidade, que seriam da ordem da Ao orientar a Educação Sexual de crianças e
essência dos indivíduos e dos grupos, para os jovens requer uma consolidação de
construtivistas tais categorias seriam apenas competências didáticas, constantes debates,
fruto de uma construção sociocultural. Assim, abertura de fóruns, criação de blogs na própria
a transexualidade não estaria ligada a uma ou escola, desmistificação de discriminações,
mais características essenciais de um indivíduo preconceitos, estereótipos e "padrões
ou grupo, mas, antes, seria resultado de uma sexuais", bem como construir a disseminação
categorização social com base em atributos e do respeito entre os alunos e professores assim
comportamentos próprios dessa pessoa ou como entre alunos e alunas, indicar o que vem
grupo (CANELLA; COUTINHO, 2013, p. 01). a ser tolerância, diversidades, conceitos de
Um dos pontos importantes a ser "homo, "hetero", "trans", "bissexuais" e
enfatizado, é o fato de que a religião exerce demais orientações sexuais (ou "condição",
intensa influência sobre o comportamento e, "desejo", "escolha afetiva"), traduzir para a
consequentemente, sobre a sexualidade contemporaneidade o "vir a ser", o ser, o
humana. As falas caracterizam esta forte querer, o escolher, o fazer, o esperar e outros
relação na formação destes preceitos: É o anunciados eventos que certamente irão
normal. Como Deus criou Adão e Eva e o fomentar caminhos saudáveis e plenos de
homem e a mulher para se unirem. No discurso cidadania na escola, na comunidade, no bairro
religioso cristão, apesar de se propagar a ideia e na vida de todos os que participarem
de acolhida aos homossexuais, são difundidas efetivamente das discussões. Não falamos de
representações que caracterizam as práticas Sexualidade, mas de Sexualidades, no plural,
homossexuais como “pecado”, assim como "plural" é a Diversidade na Escola
“anormalidade” e comportamento que se opõe e em nossa sociedade (SILVA, 2013, p. 19).
ao “plano divino”. Por isso, a ideia de pecado
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De modo semelhante, autores como uma identidade LGBT para si mesmo ou outras
Blumenfeld (1992), Isay (1998) e Hardin (2000) pessoas. Dentre essas consequências, destaca-
assinalam que tais efeitos englobam: 1) se a questão do suicídio (TEIXEIRA; RONDINI,
Negação da sua orientação sexual (do 2012, p. 653).
reconhecimento das suas atrações emocionais) É importante salientar também que
para si mesmo e para os outros; 2) Tentativas inúmeros estudos realizados mostraram que a
de mudar a sua orientação sexual; 3) taxa de suicídios é elevada, entre o (a)s
Sentimento de que nunca se é adolescentes homossexuais. Nos Estados
“suficientemente bom”, o qual conduz à Unidos, os jovens homossexuais (de ambos os
instauração de mecanismos compensatórios, sexos) representam um terço de todos os
como, por exemplo, ser excessivamente bom suicídios juvenis (enquanto os homossexuais
na escola ou no trabalho (para ser aceito); 4) constituem no máximo, cinco ou 6% da
Baixa autoestima e imagem negativa do população) (REMAFEDI, 1994; SAVIN-
próprio corpo, depressão, vergonha, WILLIAMS, 1996). No relatório da Secretaria da
defensibilidade, raiva e/ou ressentimento – o Força-Tarefa do Governo dos Estados Unidos
que pode levar ao suicídio já em tenra (PAUL GIBSON, 1989) sobre o suicídio juvenil,
juventude; 5) Desprezo pelos membros mais revelou-se que os jovens gays são de duas a
“assumidos” e “óbvios” da comunidade LGBT; três vezes mais propensas a tentar o suicídio
6) Negação de que a homofobia é um problema comparativamente aos jovens heterossexuais,
social sério; 7) Projeção de preconceitos em compreendendo o total de 30% anual de
outro grupo alvo (reforçados pelos suicídios juvenis (TEIXEIRA; RONDINI, 2012, p.
preconceitos já existentes na). 8) Tendência de 656).
tornar-se psicológica ou fisicamente abusivo, O problema é que desde cedo, essas
ou permanecer em um relacionamento pessoas veem - se às voltas com o que se
abusivo; 9) Tentativas de se passar por denominou de “pedagogia do insulto”,
heterossexual, casando-se, por vezes, com constituída de piadas, brincadeiras, jogos,
alguém do sexo oposto, para ganhar aprovação apelidos, insinuações e expressões
social ou na esperança de “se curar”; 10) desqualificantes. Segundo Rogério Junqueira
Práticas sexuais não seguras e outros (2009, p. 17), considera esses comportamentos
comportamentos autodestrutivos e de risco como “poderosos mecanismos de
(incluindo a gravidez e o de ser infectado pelo silenciamento e de dominação simbólica”. Por
vírus HIV); 11). Separação de sexo e amor e/ou meio dessa pedagogia, estudantes aprendem a
medo de intimidade, capaz de gerar até mesmo ser hostis aos homossexuais, transgêneros,
um desejo de ser celibatário (a); 12) Abuso de negros, frequentadores de religiões não
substâncias (incluindo comida, álcool, drogas e hegemônicas, entre outros, antes mesmo de
outras). Além de problematizar os efeitos da saber a que se referem. A invisibilidade e a
homofobia no adolescente “não “pedagogia do armário” são alternativas
heterossexual”, ou seja, com práticas sexuais utilizadas por muitos gays e lésbicas para fugir
homoeróticas, em que foi ou não assumida da “pedagogia do insulto”. Toda forma de
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A fase da adolescência, como etapa entre o ser criança e ser adulto, é o período
fundamental em que vai ser formada a identidade sexual e a cultura em torno da sexualidade do
ser humano, por isso é importante perceber quais as percepções que os jovens têm sobre a
sexualidade.
Sabe-se que sociedade em geral, independentemente de gênero e idade tem incorporado
os estereótipos sexuais e assim conservado seus paradigmas. Assim, para que seja alcançada a
igualdade de gênero, os indivíduos precisam destituir-se desta condição que tem sido moldada
desde a infância. Sendo assim, o ideal é que as mulheres possam exercer sua sexualidade de
forma plena e igualitária, conseguindo negociar com seus companheiros uma relação
considerada saudável que seria interessante seguir, sem que continue existindo uma repressão
social, além disso, os homens também poderiam seguir outro modelo de masculinidade sem a
opressão do modelo hegemônico atual, em que o homem não pode chorar e que tem que “trair”,
ter mais de um relacionamento e que seja forte, alto, quase um “ super herói”.
Infelizmente observa-se que o termo “sexualidade” ainda é um tabu para muitas famílias
e até para profissionais ligados ao tema. Durante séculos, tem sido discutido o que a sociedade
tem imposto como o que seria “certo” para os meninos, que no caso é ser heterossexual,
machista, o chamado provedor e chefe de família; e isso é algo que tem feito com que muitos
meninos se sintam inibidos com relação a sua própria orientação sexual, bem como a identidade
sexual, sua sexualidade, opiniões, fantasias, valores, atitudes, bem como comportamentos,
práticas e relacionamentos. Quando se trata das garotas, é algo também complicado, pois acaba
ocorrendo quase sempre algo idealizado no romantismo, em que se passa a ideia de que as
mulheres têm que ser frágeis, carinhosas, e protetoras do lar. Isso vem desde a infância e estão
ligados diretamente a sociedade machista e patriarcalista em que todos estão inseridos.
Sendo assim, é importante que tais questões sejam discutidas nas escolas, desde o início
da vida escolar para que os futuros adolescentes não apresentem preconceitos e que todos
aceitem as chamadas “novas modalidades relacionadas ao gênero” tais como a transexualidade
dentre tantas outras.
É papel fundamental ainda de a escola acolher os jovens e aceitá-los como eles são
respeitando as diferenças e evitando assim a depressão e mesmo evitar um suicídio precoce entre
esses adolescentes.
Por essa razão, a escola é um espaço ideal para o tratamento dessas questões sobre a
diversidade cultural e sexual, pois o ambiente escolar tem papel fundamental na formação destes
cidadãos no âmbito da igualdade dos gêneros e por isso esse tema deve fazer parte das políticas
públicas. Além de levar ao pensamento crítico, bem como promover entre todos os agentes
escolares um convívio que seja de respeito e democracia.
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REFERÊNCIAS
ALVES, P; MOTA, C. P. Identidade de gênero e orientação sexual na adolescência natureza,
determinantes e perturbações. Revista Eletrônica de Educação e Psicologia, n. 2, p. 45-61,
2015.
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[online], Universidade do Pará (UFPA). v. 5, n. 1, p. 12-25, 2013.
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RESUMO: Como sabemos que a demanda de crianças autistas é grande, precisamos aprender o
quanto antes a lidar com elas para que não se sintam excluídas na escola e na sociedade. Ao
compreendermos as características que envolvem o desenvolvimento psicológico,
comportamental e de aprendizagem da criança com autismo, o psicopedagogo deve estar atento
às técnicas e exercícios que façam o processo educacional mais natural. A atuação da
psicopedagogia é na aplicação de práticas que se adaptem e contemplem psicológica e
pedagogicamente a criança que chega ao consultório. Pensando nesses problemas, esse artigo
foi elaborado por meio de uma pesquisa bibliográfica de autores como: Pimentel (2004); Silva
(2008); Souza (2010); Mattos (2009), entre outros especialistas nessa área e na área da educação.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após essas análises, precisamos entender que a criança autista deve estar incluída em
todas as atividades da escola regular, algumas irá realizar com mais facilidade que outras, mas
atuará 1com seus colegas e se sentindo importante, percebendo que mesmo sendo diferente é
aceita e respeitada por todos.
Para Peres & Mourão (2007, p. 84):
Ao atuar junto à equipe escolar, geralmente composta por diretores, coordenadores,
orientadores educacionais, professores, alunos, pais, familiares e outros segmentos o
psicopedagogo tem a oportunidade de interagir diretamente com o cotidiano das ações
desenvolvidas na instituição. Neste caso, ele passa a realizar um trabalho em conjunto
com outros profissionais, contribuindo assim, dentre outras questões, com: o
desenvolvimento de estudos e reflexões sobre os materiais didáticos escolhidos e
utilizados; a organização e seleção dos temas de ensino; o processo metodológico e
avaliativo; as situações de sucessos e insucessos escolares; os relacionamentos
interpessoais e outros temas e questões que sejam de interesse e necessidade da
instituição.
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REFERÊNCIAS
ARAÚJO, Elisângela Do Nascimento de. A Contribuição do Método Teacch para o
Atendimento Psicopedagógico. Departamento de Psicopedagogia UFPB. João Pessoa – PB,
2015. Disponível em: http://repositorio.ufpb.br/jspui/bitstream/123456789/1303/1/ENA27092016
Acesso em 04 de julho de 2022.
MASCOTTI, Thais De Souza et al. Estudos Brasileiros em Intervenção com Indivíduos com
Transtorno do Espectro Autista: Revisão Sistemática. Gerais, Rev. Interinst. Psicol., Belo
Horizonte, v. 12, n. 1, p. 107-124, jun. 2019. Disponível em
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1983-
82202019000100009&lng=pt&nrm=iso Acesso em 05 de julho de 2022.
PERES, Maria Regina; MOURAO ALVES OLIVEIRA, Maria Helena. Psicopedagogia: limites e
possibilidades a partir de relatos de profissionais. Ciência cognitiva, Rio de Janeiro, v. 12, p.
115-133, nov. 2007. Disponível em
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-
58212007000300012&lng=pt&nrm=iso. Acesso em 05 de julho de 2022.
SOUZA, Luciano Dias de; ALVIM, Adriano Simioni; BORGES, Karla Rocha; BORCARD, Lucas
Cancela; VIEIRA, Vidigal de Andrade. A Intervenção Psicopedagógica no Processo Ensino
Aprendizagem do Autista. Rev. Transformar. Itaperuna – RJ, v. 12, n. 1, 2018, disponível em:
http://www.fsj.edu.br/transformar/index.php/transformar/article/view/135. Acesso em 04 de julho
de 2022.
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RESUMO: A pandemia reduziu de modo considerável os serviços prestados pelo Banco de Leite
Humano (BLH) Dr. Virgílio Brasileiro em Campina Grande, com impactos no aumento da demanda
de leite materno para neonatos internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) devido a
diminuição de doações externas e do contato entre mãe-filho. O presente artigo tem por objetivo
relatar experiências vivenciadas por meio de um projeto de extensão desenvolvido de forma
remota durante a pandemia do COVID-19. A partir do uso direcionado das redes sociais
Instagram, e sobretudo o WhatsApp como ferramenta para a criação de vínculo e suporte mútuo
e individual, por meio do compartilhamento de experiências pessoais, e conhecimentos sobre
temas relacionados à maternidade e a amamentação. Quanto às temáticas referentes à doação
de leite materno foi notória a abrangência do projeto haja vista o aumento das doações,
arrecadação de potes de vidro para armazenamento do leite pelo Banco de Leite Humano (BLH)
da Maternidade do Instituto de Saúde Elpídio de Almeida (ISEA) no município de Campina Grande
– PB.
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um conteúdo atual e com uma leitura leve e As hashtags, utilizadas como uma palavra-
acessível ao público. Antes das publicações o chave, permitiram a classificação do tipo de
conteúdo era supervisionado pelo corpo público e conteúdo compartilhado na rede
docente do projeto. social. Como estratégia para facilitar a pesquisa
Recursos de compartilhamento de conteúdo por temas abordados no projeto, foram
por meio de vídeos, Stories, Reels e IGTV foram utilizadas as hashtags #amamentação,
utilizados para comunicação com os #maternidade, #doaçãodeleite,
seguidores, gerando maior engajamento e “#aleitamentomaterno.
interação por meio de enquetes, caixinha de Temas abordados de maior popularidade e
perguntas, testes, manda uma DM e visibilidade do perfil, no ano de 2021:
destaques. Postagens fixas nos Stories foram 1. Amamentar consumindo álcool, pode?
realizadas nas quinta-feiras: o TBT (termo 2. Você já ouviu falar de peitolé?
popular nas redes sociais que se refere a 3. Benefícios da Amamentação
expressão “Throwback Thursday” que é um dia 4. Amamentação: Expectativa versus
reservado para postar fotos e textos passados, Realidade
a fim de relembrá-los). Para que houvesse 5. Ordenha, Armazenamento e Doação de
maior aproximação com o público dessa rede Leite
social. Somado a isso, enquetes eram Utilizar todos os recursos da plataforma foi
realizadas sobre temas que foram indispensável para que o perfil obtivesse um
apresentados anteriormente, buscando alcance e interação maior.
fomentar discussões e interação com os
seguidores. No Reels, vídeos de 15 ou 30
AMAMENTAÇÃO E DIÁLOGOS:
segundos, vídeos sobre o mês “Agosto
Dourado” “Expectativa e Realidade durante a WHATSAPP COMO
Amamentação” foram publicado para reforçar FERRAMENTA DE REDE DE
a importância da doação e do aleitamento
materno para a mãe e para o bebê e abordar os
APOIO PARA PUÉRPERAS
dilemas sobre a romantização da Nas redes de apoio e suporte mútuo,
amamentação. Para a abordagem de temas principalmente aquelas pelo WhatsApp, os
mais longos e que careciam de maior diálogos entre as mulheres e os participantes
aprofundamento, foram utilizados os recursos do projeto aconteceram de modo horizontal,
do IGTV. A exemplo do “Ordenha, como forma de incentivar a troca de
armazenamento e doação de leite materno” experiências tornando-se indispensável para a
em que foi discutido os processos de doação de manutenção de vínculos afetivos, profissionais
leite materno, ordenha, higienização de potes e sociais.
de vidro para o armazenamento e a A partir do grupo de apoio denominado
arrecadação leite no Banco de Leite do Isea em “Amamentação e Diálogos” no aplicativo,
Campina Grande/PB. composto por gestantes, puérperas e lactantes
foi possível tecer discussões coletivas acerca da
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante das mudanças geradas pela pandemia e pelos desafios inerentes à maternidade, a
segunda edição do projeto “Leite Materno: Doação, Diálogo e Dilemas” evidencia o êxito das
intervenções educacionais em saúde de maneira contínua e a criação de Redes de Apoio, por
meio das mídias digitais. Estas utilizadas como ferramentas de suporte e construção de redes de
apoios para mulheres nos períodos perinatal e puerperal. Principalmente em um período de
restrições do contato social, como dos últimos 2 anos.
Foi notória a abrangência do projeto no que se refere ao aumento das doações de leite
materno, arrecadação de potes de vidro para armazenamento e conhecimento dos serviços
prestados pelo Banco de Leite Humano (BLH) da Maternidade do Instituto de Saúde Elpídio de
Almeida (ISEA) no município de Campina Grande – PB.
Ademais, a criação e manutenção de Redes de Apoios por meio do Instagram e sobretudo
o WhatsApp assegurou suporte individual às puérperas, troca de experiências e conhecimentos
sobre temas relacionados à amamentação, à maternidade e a saúde física e mental materno-
infantil efetivando, desta forma, a promoção e a educação em saúde no período de Pandemia.
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REFERÊNCIAS
FIOCRUZ. Banco de leite humano Dr. Virgílio Brasileiro. FIOCRUZ, 2020. Disponível em:
<https://rblh.fiocruz.br/banco-de-leite-humano-dr-virgilio-brasileiro>. Data de Acesso:
20/07/2022.
GLUGLIANI, Elsa Regina Justo. Tópicos básicos em aleitamento materno. In: Lopez FA,
Campos Jr D, editores. Tratado de Pediatria. Barueri: Manole; 2007. p. 315-321
VILLAÇA, Leda Maria de Souza. et al. A importância do aleitamento materno para o binômio
mãe filho disponibilizado pelo banco de leite humano. Rev. Saúde AJES, v. 1, n. 2, p. 1-19,
abr. 2015.
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RESUMO: Esse artigo apresenta estudos sobre os principais aspectos da Educação Infantil. Com
ele, esperamos levar os educadores dessa fase escolar a uma reflexão sobre as práticas escolares
utilizadas. A aprendizagem torna-se fácil e divertida e leva a criança a gostar de estar no espaço
escolar, interagindo com as outras crianças. A metodologia baseia-se nas referências
bibliográficas de autores como: Miranda (2001); Oliveira (2002) e Dewey (1976), entre outros que
foram alicerce para essa pesquisa se tornar possível.
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Professora de Ensino Fundamental na Rede Municipal de São Paulo.
Graduação: Licenciatura em Pedagogia.
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educação e o interesse, mas seu conceito de progressivas e, por fim, aplicação dos
interesse é diferente do de Dewey e Claparède, conhecimentos em situações práticas.
pensadores que também se basearam neste Outro nome importante para a educação é
conceito. Para Herbart (2003), o interesse está Maria Montessori (1870-1952), Médica-
no plano das ideias que entram em associação psiquiatra italiana, tratava de início de crianças
umas com as outras. anormais, para quem criou um método, depois
No século XVII, Comenius (1592-1670), estendido também às crianças normais.
educador checo, salientou a importância da Foi a primeira educadora da pré-escola
educação infantil formal e preconizou a criação moderna, criadora da casa “dei bambini” ou
de escolas maternais por toda parte. As casa das crianças, que era um estabelecimento
crianças teriam assim a oportunidade, desde os de educação pré-escolar para as camadas mais
primeiros anos, de adquirir noções baixas da população, anexas a um conjunto
elementares de todas as ciências que habitacional de uma empresa de construção,
estudariam mais tarde. (OLIVEIRA, 2002). na Itália.
"Saindo de minhas mãos, ele não será nem A primeira casa surgiu em 1907, depois
magistrado, nem soldado, nem padre, será muitas outras surgiram na Itália. Montessori
primeiramente homem". (ROUSSEAU, 1973, p. (2006), foi uma das representantes européias
15). do movimento da Escola Nova (escolanovismo,
Cabe ressaltar, que durante muito tempo a movimento de renovação educacional que
educação da criança foi considerada de teve início no século XIX e chegou até os nossos
responsabilidade exclusiva das famílias ou do dias). Ela preocupou-se muito com a saúde
grupo social ao qual ela pertencia. mental das crianças, procurando oferecer-lhes
Pelo fato de atribuir papel importante às um ambiente apropriado e respeitando sua
influências externas, Herbart (2003), destaca liberdade de ação. Criou móveis e utensílios de
o papel do professor e do método, e tamanho proporcional ao da criança, aboliu as
principalmente da forma de apresentação, carteiras tradicionais, introduzindo mesinhas
para que a matéria seja assimilada e retida. individuais leves que a própria criança podia
Sua didática, considerada de natureza deslocar.
psicológica, é uma das expressões mais Ela criou um material pedagógico vasto e
completas do associacionismo. Ele descreve atraente, destinado a desenvolver, passo a
minuciosamente os "passos”' da aprendizagem passo, as funções sensoriais e a aprendizagem
com o intuito de "mecanizar a educação". da leitura, da escrita e do cálculo. Esse material
Seu sistema de instrução educativa segue os consiste em sólidos de diversas formas e
seguintes passos: clareza na apresentação dos tamanhos, ou seja, caixas para abrir e fechar,
elementos sensíveis de cada assunto, encaixar, botões para abotoar e desabotoar,
associações desses elementos, ou seja, série de cores e tamanhos, formas e
relacionamentos desses elementos com outros espessuras.
já conhecidos, sistematização dos mesmos em Nos primeiros anos de vida a criança
conceitos por meio das generalizações aprende mais pelas ações do que pelas
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palavras, por isso, são recomendadas leis que regem o desenvolvimento mental
atividades da vida prática, como lavar roupa, infantil. O respeito à liberdade também é uma
louça, varrer, tirar pó etc. A cooperação é característica da pedagogia de Decroly (2010).
estimulada, mas o método é individualizante. As aulas diárias não seguem um roteiro
As fases de desenvolvimento, Montessori prefixado, atendendo sempre aos interesses
chamou de "períodos sensitivos" ou dos educandos. Não há material fabricado
"sensíveis". especialmente para as aulas, são usados
Esse método propagou-se na Europa e na materiais naturais, como pedras, pedaços de
América, sendo ainda hoje usado em muitas madeira, palha, argila, areia, lã etc.
escolas, principalmente nas religiosas, devido à John Dewey (1859-1952), foi uma grande
ênfase na educação da vontade e do figura americana de educador da Escola Nova,
autocontrole. O material montessoriano é porque suas ideias sobre atividade, interesse,
caro, o que acabou restringindo o método às reconstrução da experiência, reflexão, solução
escolas de elite. de problemas e, principalmente, de interação
Um dos principais representantes do social e cooperação permeiam a educação pré-
escolanovismo europeu foi Ovide Decroly escolar até os nossos dias.
(1871-1932), médico-psiquiatra belga. Para ele Seu maior objetivo era preparar as crianças
a frase: "A escola pela vida e para a vida" para a vida, vida essa que cada vez mais reflete
sintetiza suas concepções pedagógicas. as rápidas transformações de um mundo em
Esses conhecimentos Decroly (2010), constante mudança. Na esteira do
organizou em "centros de interesse", pragmatismo característico dos norte-
relacionados à alimentação, luta contra as americanos, o método pragmático de John
intempéries e os perigos, necessidade de Dewey (1976), adquire a forma de
solidariedade no trabalho em conjunto. Por instrumentalismo, ao atribuir um valor
meio dos "centros de interesse", as crianças funcional ao conhecimento e ao pensamento,
vão relacionando os antigos conhecimentos para resolver as situações problemáticas da
com os novos e expressando-os por meio da vida.
linguagem, do desenho, da modelagem, da Para Dewey (1976), a educação não tem
dramatização, sempre conduzidos pelo significado fora de um contexto social
interesse, e, partindo das necessidades da democrático, em que as crianças tenham
criança, Decroly (2010), estruturou um ensino oportunidades de atividades conjuntas e em
globalizador que excluía as matérias que elas sejam donas de suas capacidades.
tradicionais. Jean Piaget (1896.1980), ex-aluno de
Como Froebel (2001), ele também Claparède, foi seu substituto como diretor do
considerou o jogo fundamental ao laboratório de Psicologia Experimental da
desenvolvimento infantil, uma preparação Universidade de Genebra e, em 1932, assumiu
para a vida, por desenvolver a iniciativa e a a direção do Instituto Jean-Jacques Rousseau.
reflexão, além de despertar o interesse nas Piaget (1971), dedicou-se ao estudo das
atividades propostas. Seu método atende às origens do conhecimento humano, um ramo
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início do século. Sabia que devia mudar, mas mesmo a não gostar dos estudos, detestando a
não sabia em que direção. escola.
Quando a criança já consegue desenhar, Para Wiggers:
coloca formas geométricas, figuras humanas ...resultado de um processo histórico e social
ou árvores justapostas em grupos. Sob os marcado pelos conflitos, rupturas e
desenhos, ela faz rabiscos que, para ela, contradições, o que o impulsiona em direção a
significam a história dos desenhos. Aos poucos novas e renovadas formas de compreensão e
a escrita se liberta do desenho, primeiramente conceitualização. O currículo é visto, pois,
com a assinatura do nome e, depois, como artefato social e cultural que se vincula
complementando o desenho. Aos 5 anos a aos contextos sociais, econômicos, culturais e
criança é capaz de separar o desenho da políticos de uma sociedade, centrado numa
escrita e interessar-se mais por esta. epistemologia social do conhecimento escolar,
Aos 6 anos copia bem um grande número de preocupada com os determinantes sociais e
palavras e começa a relacionar os grafismos políticos do conhecimento educacional
com os significados. Depois a criança começa a organizado (WIGGERS, 2007, p. 39).
escrever conscientemente. É, portanto, um São formas de violência que,
processo gradativo. Freinet critica a escola que inconscientemente, o professor comete, como
com as técnicas de alfabetização estabelece por exemplo, ao negar a oportunidade à
regras que se opõem ao desenvolvimento criança de fazer uma tarefa a seu modo;
normal, prejudicando-o. Atualmente, Emília experimentar um brinquedo fora do horário
Ferreiro (1987), retoma esse conceito das fases programado; falar sobre um problema que a
da escrita a partir do desenho e cria uma nova está preocupando e assim por diante. Para nós,
metodologia para a alfabetização, iniciando a adultos, estes fatos podem parecer
pré-leitura já na pré-escola. insignificantes, porém, para uma criança
Nas décadas de 80 e 90 houve muitos pequena, eles chegam a atingir as proporções
avanços na área da Educação Infantil: de uma tragédia.
promulgação da Constituição Federal de 1988, Se, por outro lado, a orientação escolhida é
que determinou que “50% da aplicação a desenvolvimentista, o professor terá um
obrigatória de recursos em educação fosse objetivo bem mais amplo: desenvolver
destinado a programa de alfabetização” integralmente o educando, ou seja, procurará
(OLIVEIRA, 2002, p 116); promulgação do desenvolver todas as capacidades da criança,
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, tanto no sentido físico, como intelectual, social
1990) e aprovação da nova Lei de Diretrizes e e emocional. O físico se desenvolve por meio
Bases da Educação Nacional (LDB, Lei nº da ginástica (coordenação motora ampla) e de
9.394/96). boa alimentação, sono e repouso. As
Devido ao despreparo de muitos habilidades mentais, por sua vez,
professores, algumas crianças carregam, por desenvolvem-se por meio de jogos e
toda a vida escolar, erros difíceis de superar, brincadeiras em que a criança exercita a sua
têm problemas emocionais sérios e chegam criatividade e capacidade de pensar, de
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raciocinar sobre problemas simples, como, por progressos pedagógicos das crianças são mais
exemplo: a flutuação dos corpos na água (física notáveis.
elementar), a germinação de sementes, o Mialaret & Vial apud Kishimoto (1993)
crescimento das plantas (botânica a nível de pergunta: "De onde vem o erro? Da educação
pré-escola); a criação e observação de pré-escolar, que tem objetivos inaceitáveis
pequenos animais, como pássaros, peixes, pela escola de 1º grau, ou desta escola que
coelhos, cobaias, tartarugas etc. (zoologia para ainda não foi suficientemente transformada e
iniciantes). rejuvenescida pela pedagogia?" Na opinião
Outra conclusão interessante é que há uma dele e na nossa também, o problema da
guerra de especialistas que reivindicam a educação pré-escolar é inseparável do 1º grau,
educação pré-escolar para o seu campo de pois devem ser estabelecidas várias ligações
ação em nível central: o Ministério da Saúde entre as duas, para que a escola de 1º grau tire
disputa com o da Educação e este luta contra o proveito das capacidades que já foram
dos Assuntos Sociais. Em se tratando da desenvolvidas na pré-escola, superando a falta
prática, é o médico, o psicólogo, o psicanalista de coordenação que existe entre as duas, como
ou o assistente social que reclamam o direito foi observado na pesquisa em nível mundial e
de dirigir a equipe de atendimento ao pré- como já tivemos oportunidade de comprovar
escolar. no Brasil.
A educadora, diz Mialaret & Vial apud Para focalizar as finalidades, os objetivos e
Kishimoto (1993), infelizmente é a que tem, as tendências da educação pré-escolar,
dentre os especialistas, a menor formação baseamo-nos num texto de Constance Kamii
especializada e aparece como aplicadora das (2012), que trata de avaliação da aprendizagem
indicações e dos conselhos dos outros nesse nível educacional. Para poder falar em
especialistas. Segundo esse autor, cabe aos avaliação, a autora descreve primeiramente o
educadores o papel fundamental de desenvolvimento sócio-emocional e cognitivo
coordenação de uma equipe de especialistas. do pré-escolar.
Entretanto, é preciso que o educador tenha Kamii (2012), resume os objetivos gerais da
uma boa formação para que seja capaz não só pré-escola como sendo:
de coordenar a ação educativa mas também de
traduzir as informações obtidas de cada 1. Entre os objetivos sócio-emocionais
membro da equipe. encontram-se o desenvolvimento de condutas
Aqui, Mialaret & Vial apud Kishimoto (1993), relativas ao professor, aos colegas e às tarefas
levanta uma questão debatida sempre: a escolares. Em relação ao professor, temos a
preparação dos educadores é ponto-chave identificação com o professor, ou seja, o
para o sucesso da educação pré-escolar. Como estímulo ao bom trabalho com o mestre:
essa educação ainda não tem programas também o chamado controle interno deve ser
definidos, ela se torna uma experiência considerado, isto é, o comportamento de
pedagógica excitante para os inovadores, pois acordo com as regras socialmente aceitas,
este é um nível em que as transformações e os
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como a obediência à autoridade, mesmo sem existentes tanto entre os objetos como entre
ameaças, ou quando ausente. as pessoas.
No que diz respeito às tarefas escolares, 5. Os objetivos relativos à linguagem são
podemos citar o bem-estar na escola, a feitos por meio da chamada representação e
motivação para a realização de tarefas incluem o desenvolvimento da representação
escolares e de atividades, a curiosidade para a mental infantil em nível de símbolo para dar
busca de novos conhecimentos e a criatividade sentido à linguagem. Assim, imitação,
ao procurar novas respostas para um mesmo simulação, onomatopéias, modelos
problema. tridimensionais (maquetes) e bidimensionais
2. Os objetivos perceptomotores (desenhos) são meios que permitem
consistem em coordenação motora global ou desenvolver esses objetivos que estão
ampla (grossa), que os grandes movimentos intimamente ligados à linguagem. Por meio
das partes maiores do corpo são estimulados, deles, a criança desenvolve a sua capacidade
como por exemplo, caminhar sobre troncos, de comunicação, aumentando cada vez mais o
saltar, atirar bola, correr etc.; e na coordenação seu vocabulário.
motora seletiva, também chamada fina, que é Estes objetivos, em seu conjunto, podem ser
a coordenação olho-mão — como, por encarados de várias maneiras e receber ênfase
exemplo, cortar papel em tiras, traçar uma diversa, de acordo com diferentes orientações
linha entre duas paralelas, fazer dobraduras, pedagógicas. Os objetivos, em cada tendência
amassar papel em bolinhas fazer exercícios de da educação infantil, são os seguintes:
caligrafia etc. Escola Maternal Tradicional: Sua principal
3. Os objetos cognitivos se referem finalidade é promover o ajustamento da
a conhecimento físico, conhecimento social, criança ao meio escolar. Entre os objetivos
conhecimento lógico conhecimento lógico e propostos destaca-se o desenvolvimento
representações: O conhecimento físico emocional e perceptomotor, além da interação
compreende a natureza, o material social. Os trabalhos escolares se desenvolvem
constituinte dos objetos e suas propriedades sem obedecer a programações rígidas. O
físicas. A manipulação dos mesmos dá a currículo se compõe, sobretudo, de atividades
oportunidade para que a criança estruture o relativas ao conhecimento de plantas, canto,
conhecimento dessas propriedades físicas e estórias, labirintos, noções de tamanho, forma,
das diferentes maneiras de agir sobre eles. cor. É conveniente notar que tais atividades
4. O conhecimento social se refere ao não são orientadas para o desenvolvimento
conhecimento das regras relativas ao cognitivo. A socialização é focalizada mais no
comportamento da crinça, como por exemplo sentido de promover um comportamento
as normas escolares, bons hábitos, etc., e socialmente aceito do que do autocontrole. A
também abrange as informações sociais, como interação com adultos e outras crianças é
as formas de trabalho. Por conhecimento considerada de máxima importância e o bem-
lógico entende-se o conhecimento estar na escola, a curiosidade e a criatividade
matemático, que estabelece as relaçõs são acentuados. Os objetivos cognitivos
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certas atitudes prévias que serão básicas para seus ancestrais; e a corrente progressivista,
as futuras operações mentais, mas sem que se baseia nas conceituações de Dewey
imposição por parte dos docentes, pois o (1976), e Piaget (1971)" .
professor procurará também desenvolver a Em resumo, não existe uma só pré-escola,
criatividade e a inventividade, sempre em existem pelo menos, três tipos diferentes, e
interação com outros colegas e com outros para entendê-los é necessário investigar a linha
adultos. educacional ou a filosofia de educação que
A Diversidade das Ideias Pedagógicas: A conduz o ensino em cada uma dessas pré-
diversidade de propostas para a educação pré- escolas. Essa orientação filosófica, por sua vez,
escolar corresponde à diversidade das ideias depende do regime político que vigora no país
pedagógicas em geral. É assim que essas três ou no grupo social em que a escola se insere. O
tendências destacadas por Kamii também tipo de pessoa que se quer formar para uma
foram notadas por Piaget ao referir-se as atuais determinada sociedade irá condicionar o tipo
linhas de pesquisa do desenvolvimento da de educação que ela receberá.
inteligência: "São três direções: o Podemos distinguir claramente três
associacionismo empirista, que reduziria todo orientações principais e iremos encontrar
o conhecimento a uma aquisição exógena, a seguramente pré-escolas baseadas na mistura
partir da experiência ou das exposições verbais das três, o que nem sempre resulta numa ação
e audiovisuais dirigidas pelo adulto; o inatismo, pedagógica verdadeira.
que reduziria a educação ao exercício de uma Orientação Tradicional: a primeira, que
razão pré-formada de início; e o chamaremos de orientação tradicional, é
desenvolvimentismo, de natureza aquela que tem como objetivo o mesmo das
construtivista e interacionista, que admite o primeiras escolas infantis que surgiram para
desenvolvimento a partir de contínuas dar abrigo e segurança à criança, livrando-a dos
ultrapassagens das elaborações sucessivas que perigos da rua; alimentando-a e cuidando de
o indivíduo faz em interação com o meio". seu bem-estar por meio de brinquedos e jogos,
No domínio da educação geral, Kolberg canto e dança, procurando ser ao mesmo
(1992) e Meyer (2011), em seu trabalho tempo como que um prolongamento do lar
Development as the Aim of Education (O para que ela não sinta muito a mudança de
desenvolvimento como objetivo da educação), ambiente. Até a professora recebe o nome de
também detectaram três tendências, que "tia" para não parecer uma estranha.
apresentam como correntes ou ideologias Esta pré-escola, como o nome indica, é
educacionais: "a corrente romântica, que se encontrada em sociedades tradicionais e
baseia nos princípios do inatismo e do conservadoras, que não aceitam grandes
maturacionismo, a corrente da transmissão mudanças. Não há empenho algum em
cultural, enraizada na tradição clássica ensinar, mas sim apenas em proporcionar
acadêmica da educação ocidental, em que a recreação e guarda. Algumas pré-escolas desse
tarefa precípua dos educadores é a tipo são meros estacionamentos de crianças.
transmissão à geração presente da cultura de
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Orientação Preparatória Ou Propedêutica: tarefas que lhe são propostas, as que mais lhe
Uma orientação completamente oposta à interessem, sendo permitido que ela busque
tradicional é a pré-escola como um meio de várias formas de executá-las. Dá-se margem,
adiantar os ensinamentos que o aluno irá assim, à criatividade e ao espírito de pesquisa e
receber na 1ª série do 1º grau, fazendo com invenção, sem a imposição de um treinamento
que ele "não perca tempo" e procurando, além mecânico ou a preocupação única de prepará-
disso, prepará-lo de tal forma que se evitem as la para o ingresso na escola de 1º grau.
reprovações futuras ou mesmo o abandono Desta forma, procura-se desenvolver o
dos estudos. educando integralmente e em todos os
Este tipo consiste num treinamento muitas sentidos, inclusive nas habilidades necessárias
vezes severo, com testes objetivos à escolarização. Por esse motivo é denominada
semelhantes aos dos cursinhos de vestibular, orientação desenvolvimentista. Estaremos
só que com gravuras, com tarefas de casa, formando indivíduos criativos, inventivos,
cadernos de deveres de classe para leitura, autoconfiantes, para uma sociedade
escrita, cálculo e até religião; e provas, democrática, em que a
esquecendo que a criança ainda se encontra na liberdade de escolha é a ênfase. Essa
fase da infância, em que o brincar deve ser a liberdade, porém, é desenvolvida ao mesmo
sua principal ocupação, além de executar tempo que a responsabilidade e o próprio
atividades que lhe agradem e interessem. aluno deverá saber controlar seus impulsos
Essa é a orientação que chamamos de para poder conviver, brincar e trabalhar
preparatória ou propedêutica, baseada na sempre em interação com os outros colegas. É
teoria psicológica de modificação de por esse motivo que também se dá o nome de
comportamento e de aprendizagem pelo interacionista a esse tipo de pré-escola.
treinamento repetido. É autoritária, Os estudos feitos revelam que houve uma
transformando-se mesmo num transformação das finalidades e objetivos da
condicionamento visando formar pessoas pré-escola, transformação essa que reflete não
capazes de executar as tarefas que lhes são só às filosofias de educação como as mudanças
indicadas. Neste tipo de orientação, adequada sociais pelas quais passamos. A revisão das
a regimes autoritários, procura-se formar contribuições de médicos, educadores,
cidadãos sempre prontos a obedecer com psicólogos e filósofos que voltaram sua
perfeição às ordens emitidas pelos superiores. atenção para a educação de crianças em idade
Orientação Desenvoivimentista ou pré-escolar, que compõe a primeira parte
Interacionista: Uma terceira orientação, deste nosso trabalho, mostra a ocorrência de
chamada desenvolvimentista ou interacionista, um processo evolutivo que sofreram tanto as
baseada na psicologia genética de Jean Piaget, instituições como as orientações relativas à
dá liberdade ao educando para que ele interaja educação pré-escolar e que repete as
da forma que escolher com o ambiente físico e modificações que sofreram as tendências da
social que o cerca. A criança deve explorar ao educação em geral.
máximo o meio e pode escolher dentre várias
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com as mudanças que a creche vem passando, é necessário ter um novo olhar para o seu
dia-a-dia, o que significa considerar a rotina como peça fundamental para a construção desse
quebra-cabeça que é o desenvolvimento da criança.
A partir de uma rotina bem planejada é que os pequenos poderão construir sua identidade
e autonomia e desenvolver-se nos âmbitos motor, cognitivo, sensorial, social e afetivo por meio
da sequência de atividades de educar e cuidar, que mesclem o brincar, a linguagem oral e escrita,
a matemática, o movimento e as artes.
A educação na primeira infância envolve cuidados básicos necessários para a sobrevivência
humana. Nessa faixa etária, podemos identificar que os pequenos têm necessidades de
segurança, alimentação, higiene, colo, carinho e atenção. Assim, estar atento para as atividades
que precisam de cuidados é compartilhar desse universo infantil.
O cotidiano na Educação Infantil, especialmente nas creches, objeto de análise deste
trabalho, é estruturado em uma sequência espaço-temporal de atividades voltadas para o cuidar.
Como a criança pequena necessita de cuidados essenciais para seu desenvolvimento,
estritamente atrelados à manutenção de sua integridade física, podemos destacar que as
atividades básicas e rotineiras de higiene (como lavar as mãos, escovar os dentes, limpar-se
depois de eliminação de esfíncteres, vestir-se e pentear-se); de alimentação e outras atividades
como descansar, locomover-se, comunicar-se e consolar-se precisam da intervenção do adulto.
Quanto menos idade a criança tem, mais necessita de auxílio nas ações que integram esta
rotina da necessidade, imprescindível no processo de crescimento infantil. Dessa forma, a rotina
da necessidade, primária, está diretamente ligada ao ato de cuidar, que contempla várias ações
desenvolvidas no cotidiano da instituição, mas cuidar não é uma atividade simples. Ao contrário,
o cuidado infantil requer responsabilidade e compromisso contínuos do educador com a vida da
criança e seu desenvolvimento pleno, mediante atitudes que demandam respeito, aceitação,
ternura e principalmente dedicação com o ser humano.
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Graduação: Química
3Professor da Rede Estadual de Ensino do Ceará.
Graduação:Química
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
Conjunto Ceará responderam participaram da pesquisa. Entendeu-se que, apesar de não estarem
habituados ao ensino remoto, a residência pedagógica apresentou resultados significativos no
processo inicial de formação docente. A pesquisa demonstrou também algumas das dificuldades
dos residentes no período do programa, as ferramentas digitais utilizadas, além de suas
dificuldades e superações.
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esteja inserido no meio educacional escolar, reinventar, haja vista que, de fato, esse
para que possa ver suas dificuldades e expô-las isolamento entristeceu os profissionais da
para colegas mais experientes sem que haja educação, especialmente os professores, pois
essa fragilização porque os mais experientes na se relacionam constantemente com seus
área irão entender que este está aprendendo alunos.
e, portanto, ganhará experiência por meio de Nesse cenário, os professores passaram a
suas dúvidas e curiosidade. Ainda sobre o utilizar novas ferramentas pedagógicas,
pensamento de Fontoura (2011), existem porém, utilizar as ferramentas e a
benefícios na comunicação entre os colegas de potencialidade da internet em tempos de
profissão que consistem na criação de espaços globalização não projeta mais aprendizagem se
de dialogo entre profissionais para que pautem não utilizadas de modo á beneficiar novos
suas dificuldades e de forma coletiva haja uma métodos de ensino. Enormes listas de
resolução destas, pois há experiências que exercícios elaboradas para que os alunos
podem ser compartilhadas e que ainda não resolvam sozinhos, de certa forma se
foram vividas por outros, situações que por normalizou no meio educacional, em muitos
vezes afastam o acadêmico que nesse ponto casos não foram estabelecidas novas formas de
inicia sua carreira na docência, impedindo-o de ensino que impulsione a criatividade dos
se tornar um bom profissional que atenda ás alunos e nem a reflexão do aluno sobre as
dificuldades dos estudantes. Na perspectiva do práticas educativas positivas. No entanto,
PIRP, o aperfeiçoamento da formação inicial mesmo com toda a tentativa de adaptação do
dos licenciandos é uma forma de estimular ensino ao meio único e exclusivamente
estes acadêmicos efetivamente a atuarem na remoto, a educação não estava totalmente
prática do ensino, ou seja, nesse programa a preparada para o ensino emergencial, tendo
prática anda junto com a teoria, de forma, que em vista a fragilidade da educação Brasileira,
ainda o haja um diálogo mais próximo entre a “seja em escala nacional ou mundial, apesar de
universidade e a escola campo. De fato, esse todos os esforços empregados nessas ações, o
diálogo beneficia ambas as partes, no entanto sistema de ensino tem esbarrado na fragilidade
o mais favorecido é o graduando, visto que este da educação” (VIEIRA; RICCI, 2020, p.2).
necessita dessa experiência inicial, para que se De fato, é notável que a educação encontrou
inicie sua formação, sendo que observamos diversos percalços que o país não estava
que o professor preceptor se torna um canal de preparado para enfrentar. Um dos principais
experiência para o bolsista que poderá problemas foi a dificuldade de famílias mais
visualizar as suas práticas docentes de perto e carentes de acessar as aulas ou os materiais
usufruir de toda a experiência e conhecimento que seriam enviados por meio remoto. Vieira e
que o preceptor poderá lhe propiciar. O início Ricci comentam que “[...] enquanto algumas
da pandemia trouxe um novo contexto ao qual crianças têm acesso a tecnologias de ponta,
o mundo teve de se adaptar. O isolamento possuem acesso ilimitado à internet e recebem
social, no tocante à educação, acarretou em casa o apoio dos pais/responsáveis, tantas
preocupação e na busca de novas formas de se outras ficam à margem deste processo, seja
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novidade”, ou seja, podemos interpretar que a que fica situada no município de Fortaleza-CE.
pesquisa depende do âmbito em que está Além das perguntas como nome e e-mail, o
inserida visto que a pesquisa qualitativa se questionário possuí nove perguntas
torna mais eficaz quando precisamos de relacionadas a opiniões dos bolsistas acerca do
respostas que necessitam da compreensão programa em questão.
particular do objeto de estudo. O questionário teve como intuito entender
quais as dificuldades dos residentes e como
2.2 A coleta de dados por meio do Google avaliam o programa, não obstante suas
forms® contribuições para a formação docente inicial
A pesquisa foi realizada por meio do site dos estudantes que participaram do
Google forms®, por meio deste, foi aplicado um subprojeto de Química da UECE.
questionário (Quadro 1) aos nove residentes O algoritmo do programa produziu gráficos
que participaram do programa na escola da de acordo com o tipo da questão e respostas
rede estadual EEM Liceu do Conjunto Ceará individuais de cada participante.
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3.2 – Expectativa dos bolsistas em relação alguns esteve abaixo da expectativa devido à
ao programa. pandemia e coincidentemente para o mesmo
Quando questionados sobre se “o programa percentual esteve acima devido à pandemia
esteve abaixo, acima, ou atendeu às suas (Figura 2).
expectativas?”, foi possível observar que para
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Estas respostas refletem também sobre o devido a outros motivos, por favor, descreva
fator de conhecimento prévio do programa e estes motivos”.
percepção do estado emergencial vivenciado O professor preceptor, juntamente com a
no período das atividades desta edição do IES, deverá possibilitar que os residentes
programa, por exemplo, a proximidade entre sugiram e dinamizem práticas que agreguem
professor e aluno se tornou mais difícil de valor à aprendizagem dos graduandos quando
alcançar, por conta da distância que culminou efetivamente se tornarem professores;
na falta de comunicação apesar dos aplicativos promover atividades em que os residentes
de conversas, chats e outros meios participem do cotidiano escolar; oportunizar a
(TARDIF,2002) participação na elaboração de atividades que
Dois bolsistas responderam que o programa agreguem experiências no processo formativo.
esteve abaixo de suas expectativas devido à Daí a importância do preceptor, ele tem um
pandemia. Sabe-se que, devido à pandemia, papel fundamental de além de cuidar de seus
todos engajados no meio educacional tiveram alunos e precisa guiar os licenciandos na longa
de embarcar no mundo remoto, e por essas jornada da formação docente, proporcionando
questões, pode-se inferir que houve falta de novos saberes.
adequação ao meio virtual, pois o meio virtual
exige um modelo diferente de se trabalhar 3.3 Contribuições do programa para
(LEVY,1999): formação docente inicial.
Ainda segundo Tardif (2002), o professor Quando questionados com a seguinte
tem um papel fundamental na gerência dos pergunta: “O programa contribuiu para sua
alunos, isto é, nas suas emoções, motivações, formação docente? Como?”, Observou-se que
modelo de ensino e metodologias que, às todos os relatos foram positivos, como pode
vezes, pode se tornar individual, mas sem se ser visto nos sete comentários abaixo:
tornar favoritismo. A inteligência coletiva
comentada pelo autor, se trata de um tipo de “Sim, apesar da pandemia ter
inteligência compartilhada entre muitos impossibilitado o ensino presencial a
indivíduos, nesse caso, os grupos de alunos, experiência do ensino remoto foi muito
devido as diversidades de conhecimentos interessante. Tivemos que aprender como
compartilhados, onde cada um, detém um lecionar usando ferramentas digitais”
saber sobre determinado assunto. (RESIDENTE 1).
Também podemos observar que, para dois “Sim, o programa me deu a oportunidade de
residentes, a suas expectativas foram entender o compromisso que o professor deve
correspondidas devido à pandemia, ter com os alunos, além de poder aprender
provavelmente estes têm certa proximidade com um professor experiente a abordagens
com o meio virtual, ou apesar da pandemia, quem podemos utilizar para que o ensino se
tiveram facilidade com as atividades da bolsa. torne gratificante para os alunos” (RESIDENTE
A terceira pergunta não necessita de gráficos, 2).
pois é uma pergunta aberta. “se você colocou
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“Sim, de forma bem satisfatória. virtual. Isso fez com que os professores
Proporcionando grandes experiências no tivessem de buscar ferramentas alternativas às
ambiente educacional.” ( Residente 3) que estavam habituados para que pudessem
“Sim. De forma positiva, agregando bastante ensinar de forma eficaz para o seu público. De
para a minha formação, e minha carreira como fato, sabe-se que o ensino remoto já era uma
professora. Me dando segurança de si, realidade vivida por muitas instituições antes
principalmente ao falar em público” ( mesmo da pandemia. No entanto, algumas
RESIDENTE 4). instituições, incluindo a UECE, campus do
“Contribuiu aprimorando minhas Itaperi, no início da pandemia, não estavam
habilidades como docente” (RESIDENTE 6). totalmente familiarizadas com o meio virtual,
“Sim, pois a partir do programa eu pude ter pois, de fato, suas aulas eram ministradas
a percepção de como é a realidade dos somente de forma presencial, assim como
professores dentro da escola, de como as outras IES´s.
coisas acontecem por detrás dos bastidores da A escola de ensino médio “EEM Liceu do
sala aula. pude compreender todos os passos Conjunto Ceará” estava entre estas instituições
que devem ser dados antes de chegar na sala que lecionavam somente de forma presencial
de aula. pude aprender e participar de outros e, devido à pandemia, tiveram de migrar para
trabalhos além da aulas” ( RESIDENTE 7). o meio remoto para não afetar a aprendizagem
“Com certeza, me ajudou muito enquanto e a formação de seus alunos, dessa forma os
professora, para ajudar nos meus medos e professores tiveram de encontrar maneiras
completar como profissional” ( RESIDENTE 8). alternativas para chamar a atenção dos alunos
Somente um dos residentes não respondeu e ensinar-lhes de uma maneira efetiva,
à pergunta, talvez devido à pergunta não ser buscando os melhores resultados de
obrigatória. Analisando os relatos, é notável aprendizagem.
que todos que responderam à pergunta Como alunos licenciandos da UECE, no início
concordam que o programa contribuiu para a da pandemia, os bolsistas também não
formação docente inicial. estavam preparados para o meio virtual, pois
Atentando-se um pouco mais as falas, não estavam totalmente familiarizados ao
notamos que o residente 1 comentou sobre ensino nessa modalidade. No entanto, durante
“Lecionar usando ferramentas pedagógicas” e o programa, como o residente 1 comentou, os
o residente 3 comentou “Proporcionando adeptos do programa tiveram a oportunidade
grandes experiências no ambiente de se integrar ao meio, trazendo novas
educacional”, ou seja, o ambiente educacional, ferramentas de aprendizagem que, em suma,
independe da modalidade, podendo contribuíram para sua formação.
proporcionar aprendizagens e sendo eficaz em Dentre tantas observações que podem ser
transmitir o ensino (SANTOS, 2010, p.49). feitas a partir das respostas fornecidas pelos
Durante a pandemia, todas as instituições entrevistados, pode-se destacar, em suas
que outrora lecionavam somente de forma respostas, a “adaptação”, haja vista que os
presencial tiveram de se adequar ao meio
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Da mesma forma, o Power Point é uma dificuldades técnicas reladas pelos bolsistas no
ferramenta pra criação de slides muito período das aulas online. Muitos residentes
acessível e comumente é utilizado durante as relataram que tiveram esses problemas, a
aulas online e até mesmo presenciais, é uma pesquisa nos mostra que muitos quase todos
das principais ferramentas digitais para aulas tiveram problemas com conexão e problemas
online. relacionados com barulhos externos, o que
num ambiente de casa se torna um pouco mais
3.6 Principais dificuldades encontradas comum, dependendo da quantidade de
pelos residentes. pessoas que residem no mesmo lar ou até
A figura 5 demonstra as principais mesmo a localidade.
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3.7 Opiniões dos residentes quanto às Outra informação obtida sobre as turmas
turmas que acompanharam durante o acompanhadas foi a descrita pelo (a) residente
programa. 4, que comentou: “É notória a diferença entre
Do ponto de vista dos entrevistados no que as turmas , então umas são mais participativas
concerne às turmas que foram acompanhadas, e outras não”, demonstrando que cada turma
o que acharam do rendimento, participação acompanhada tinha suas particularidades. Ao
nas aulas e engajamento durante o período de todo, nove turmas de terceiro ano do ensino
distanciamento social. médio foram acompanhadas pelos residentes.
De acordo com a opinião dos entrevistados, No geral, as opiniões demonstraram que
a maioria dos alunos da EPEB demonstraram algumas turmas manifestaram desinteresse,
desinteresse devido à falta de proximidade outras se empenhavam mais na disciplina de
com o professor e do contato com o meio química. Esta seção também demonstrou um
presencial: pouco da dificuldade de atrair o aluno para a
“Infelizmente o desinteresse do aluno, os aula durante as aulas remotas e que o
alunos já tem antipatia pela disciplina de rendimento dos alunos aumentou durante o
química e no ambiente remoto o desinteresse retorno às aulas presenciais.
tornou-se mais evidente” (RESIDENTE 1)..
“Devido à falta de proximidade entre o
professor e o aluno por estarem em um
ambiente virtual os alunos se mostraram
pouco interessados havendo muitas faltas e
baixo rendimento de uma grande parte das
turmas, essa distância dificultava que o
professor pudesse perceber as dificuldades
individuais dos alunos e por vergonha ou
desinteresse os alunos se omitiam”
(RESIDENTE 2).
Segundo o (a) residente 6 : “As turmas
tiveram dificuldades no período remoto mas
no presencial o ensino e a aprendizagem foram
mais proveitosos. Quando feito um
cruzamento de relatos é notável que o
desinteresse se deu pela modalidade de
ensino:
“Acredito que devido a rotina da pandemia,
isso tenha afastados os alunos em relação as
aulas. sendo sempre necessário a criação de
uma dinâmica para tentar trazer suas atenções
para aulas” (RESIDENTE 8).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir dos relatos apresentados, é possível perceber que, apesar do distanciamento
social, o programa de residência pedagógica contribuiu de forma significativa na vida profissional
dos licenciandos como docentes, influenciando-os a buscar a experiência, porque os insere em
um ambiente escolar, possibilitando que os discentes vivenciem na prática a rotina de um
professor.
A formação docente inicial é compreendida como sendo fundamental para um professor,
tendo em vista que a residência pedagógica proporcionou aos licenciandos atividades além da
observação, como regência em sala de aula virtual, criação de slides e utilização de outras
ferramentas digitais durante as aulas, plantão de tira dúvidas, composição de músicas, no qual
os bolsistas puderam desenvolver suas habilidades e competências na área educacional. No
contexto de ensino e aprendizagem, compreende-se o quanto a residência pedagógica foi
relevante para os bolsistas.
Com a realização deste trabalho acadêmico, pôde-se comprovar que, apesar da pandemia,
programas como a residência pedagógica são indispensáveis para a formação do discente dos
cursos de licenciatura, pois promove a aproximação com a realidade docente, proporcionando
experiências únicas que acarretam na contribuição para o aperfeiçoamento de praticas docente.
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
RESUMO: O trabalho apresenta a experiência obtida na Residência Pedagógica, que tem como
objetivo agregar na formação de estudantes dos cursos de licenciatura. O relato visa demonstrar
as percepções adquiridas, diante de um novo contexto causado pela pandemia da COVID - 19, de
duas alunas do curso de Licenciatura em Química da Universidade Estadual do Ceará – UECE,
vivenciadas na escola de ensino médio Adauto Bezerra, que não conheceram a docência por meio
da sala de aula física, mas aprenderam novas metodologias para aperfeiçoar o ensino virtual. A
metodologia é desenvolvida por meio dos relatos vividos na prática, mesclando as diferentes
fases do projeto e, demonstrando posteriormente os resultados obtidos no ensino online.
Graduação: Química
3 Estudante da Universidade Estadual do Ceará.
Graduação: Química
4 Professor da Rede Estadual de Ensino do Ceará.
Graduação: Química
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente artigo teve como objetivo apresentar reflexão sobre os contextos de educação
diante do atual cenário educacional, identificando os principais desafios e as formas de adaptação
para um melhor aprendizado. O ensino remoto reforça não apenas a fragilidade da escola neste
momento de crise, mas também a fragilidade do Estado em promover ensino de qualidade, dos
órgãos públicos responsáveis de promover igualdade no acesso aos meios para a educação. Por
fim, a reflexão aqui proposta evidenciou a necessidade da discussão, as quais evidenciam as lutas
nos diversos espaços para a promoção de educação de qualidade, que garanta o mínimo de
igualdade.
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REFERÊNCIAS
FREIRE, P.. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. ed. São
Paulo: Paz e Terra, 1996.
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também na área de Gestão em Saúde, com planejamento estratégico voltado para hospitais e clínicas. Residência
Médica em Clínica Médica | Especialista em Medicina do Trabalho | MBA em Gestão em Saúde. Mestranda no
Programa de Pós Graduação Gestão e Saúde na Amazônia.
3 Doutora em Letras – UFPA; Mestra em Estudos Literários – UFPA; Especialista em Língua Portuguesa – PUC-
MG; Especialista em Libras – FIBRA; Graduada em Letras com habilitação em Língua Portuguesa – UEPA;
Graduada em Letras com habilitação em Língua Inglesa – UNICESUMAR; Docente - Universidade Federal Rural da
Amazônia – UFRA, Orientadora do Projeto Entre Letras contemplado pelo Programa Institucional de Bolsas de
Extensão (PIBEX/UFRA).
4 Possui Graduação em Medicina pela Universidade Federal do Pará (1984), mestrado em Pediatria e Ciências
Aplicadas à Pediatria pela Universidade Federal de São Paulo (2002) e doutorado em Pediatria e Ciências Aplicadas
à Pediatria pela Universidade Federal de São Paulo (2010). Atualmente é professor adjunto da Universidade
Estadual do Pará, Membro/Líder do Grupo de Pesquisa do Hospital Santa Casa de Misericórdia do Pará. Tem
experiência na área de Medicina, com ênfase em Neonatologia, atuando principalmente nos seguintes temas:
infecção hospitalar neonatal, suporte avançado de vida pediatria, recém-nascido de muito baixo peso.
5 Possui Graduação em Enfermagem e Obstetrícia pela Universidade do Estado do Pará (1983), Habilitação em
Enfermagem Obstétrica pela Universidade do Estado do Pará (1984), Mestrado em Enfermagem pela Universidade
Federal do Rio de Janeiro (2003) e Doutorado em Enfermagem Universidade Federal do Rio de Janeiro (2012).
Atualmente é professor Adjunto III da Universidade do Estado do Pará, Enfermeira Assistente da Fundação Santa
Casa de Misericórdia do Pará. Tem experiência na área de Enfermagem, com ênfase em Saúde da Mulher,
Enfermagem obstétrica atuando principalmente nos seguintes temas: enfermagem hospitalar, saúde da mulher,
gestantes e pré-natal de alto risco.
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RESUMO: O presente artigo tem como escopo fazer uma abordagem teórica, por meio de uma
pesquisa descritiva sobre a Epidemiologia, o Diagnóstico e o Tratamento da Retinopatia da
Prematuridade (ROP), pois trata-se de uma doença que pode levar a cegueira, causando grande
impacto socioeconômico na vida de muitas famílias que porventura recebam alta hospitalar, com
uma criança com sérias sequelas visuais. A obtenção de informações deste estudo efetivou-se
por meio de uma pesquisa indireta, por meio de um levantamento bibliográfico de revisão
integrativa sobre o tema, consubstanciando-se em uma pesquisa de resumo de assuntos.
Levando-se em consideração a necessidade de prevenção de fatores que causam a ROP, a
relevância do presente estudo constitui-se em apresentar a importância na triagem e tratamento
da Retinopatia da Prematuridade, além de abordar a possibilidade de responsabilização judicial
da equipe de saúde envolvida na triagem e tratamento da ROP. Como embasamento teórico para
este estudo usamos os pressupostos de Vinekar, Anand; Gangwe, Anil; AgarwaL, Samarth;
Kulkarni, Sucheta; Azad, Rajvardhan (2021); Yanoff, Myron; Duker, Jay S (2011) e Nakanami, Célia;
Zin, Andrea; Belfort JR, Rubens (2010).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Há numerosas pesquisas acerca do desenvolvimento retiniano e sua vasculogênese, com
ênfase na genética e terapias antiangiogênicas. “Já se demonstrou o valor inquestionável da
triagem de prematuros de alto risco para a preservação da visão. Questões de mão de obra,
custos com transporte e confiança médico-legal, associadas à ROP são barreiras à triagem
universal”. (YANOFF, Myron; DUKER, Jay S, p.611, 2011)
A telemedicina é capaz de derrubar algumas dessas barreiras, já que um técnico treinado
pode capturar imagens do fundo do olho de crianças de alto risco, em localidades distantes, e
transmiti-las para centros de referência das grandes cidades, e, então, profissionais qualificados
poderão determinar a conduta adequada em tempo hábil e baixo custo, identificando os que
necessitam de tratamento, dirimindo assim, a grande distorção do sucesso no tratamento nos
casos que ocorrem em regiões mais carentes, quando comparado com os resultados de grandes
centros.
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REFERÊNCIAS
NAKANAMI, Célia; ZIN, Andrea; BELFORT JR, Rubens. Oftalmopediatria. São Paulo: Editora
Roca, 2010.
Terry TL, Fibroblastic overgrowth of persistent tunica vasculosa lentis in infants born
prematurely: II. Report of cases-clinical aspects. Trans Am Ophthalmol Soc. 1942;40:262-84.
YANOFF, Myron; DUKER, Jay S. Oftalmologia. 3 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.
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1
Graduado em Fisioterapia pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH, 2005), Pós –Graduado em
Fisioterapia Ortopédica e Desportiva pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH, 2006),atualmente
acadêmico de Medicina da Faculdade de Minas Gerais (FAMINAS/BH).
2
Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Mestre em Bioquímica e
Imunologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (1997) e doutora em Ciências com ênfase em Bioquímica
pela Universidade Federal de Minas Gerais (2001). Licenciada em Química e Especialista em Educação Inclusiva.
Atualmente trabalha como professora no Colégio Estadual Homero Pires e é membro do Colegiado de Farmácia e
docente na Faculdade Facisa de Itamaraju.
3
Acadêmica de Medicina da Faculdade de Minas Gerais (FAMINAS/BH).
4
Acadêmica de Medicina da Faculdade de Minas Gerais (FAMINAS/BH).
5
Acadêmica de Medicina da Faculdade de Minas Gerais (FAMINAS/BH).
6
Acadêmico de Medicina da Faculdade de Minas Gerais- (FAMINAS/BH).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar da excepcional experiência, na troca recíproca de saberes, bem como a
possibilidade de efetivar ações de promoção e prevenção em saúde para alunos moradores de
regiões de vulnerabilidade social, percebemos a enorme necessidade de investimentos em
programas ou projetos governamentais para subsidiar itens básicos de higiene pessoal, bem
como fortalecer o programa de Saúde na Escola, com o intuito que informações relevantes
possam chegar em todas as partes do Brasil, proporcionado mudanças necessárias ao atual
cenário presenciado.
A comunidade escolar deve ser encorajada a protagonizar essas ações, recebendo todo
auxílio necessário, para mudar para melhor a qualidade de vida da população.
Verdadeiramente, este trabalho deixou marcas vitalícias, demonstrando que, com amor,
solidariedade, compaixão, empatia e conhecimento técnico, é possível criar multiplicadores de
boas práticas e costumes, proporcionando aos que mais necessitam um pouco mais de dignidade.
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REFERÊNCIAS
BRITO, S. B. P. Pandemia da Covid-19: o maior desafio do século XXI. Vigilância Sanitária
Debate , p. 54-63, 2020.
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1Professora
de Educação Infantil e Ensino Fundamental I na Rede Municipal de São Paulo.
Graduação: Licenciatura em Pedagogia.
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Olhar a escola como um lugar de formação e, assim, a Educação Ambiental vai ficando de
humana significa dar-se conta de que todos os lado nas escolas.
detalhes que compõem o seu dia a dia, estão Os objetivos da Educação Ambiental têm a
vinculados a um projeto de ser humano, estão finalidade de desenvolver certas atitudes e
ajudando a humanizar ou a desumanizar as competências que ajudem os indivíduos e os
pessoas. Quando os educadores se assumem grupos sociais na tomada de consciência, nos
como trabalhadores do humano, formadores conhecimentos, nas atitudes e em sua
de sujeitos, muito mais do que apenas participação efetiva frente as propostas e
professores de conteúdos de alguma disciplina, objetivos que a Educação Ambiental deve
compreendem a importância de discutir sobre traduzir:
suas opções pedagógicas e sobre que tipo de Proporcionar a todas as pessoas a
ser humano estão ajudando a produzir e a possibilidade de adquirir conhecimentos, o
cultivar (ARROYO; CARLDART; MOLINA, 2008, sentido dos valores, o interesse ativo e as
p.120). atitudes necessárias para protegerem e
Seria interessante que os alunos não melhorarem o meio ambiente; induzir novas
estivessem alheios aos problemas que fazem formas de conduta, nos indivíduos e na
parte das comunidades em que eles estão sociedade, a respeito do meio ambiente (DIAS,
inseridos, pois “a ação educativa não consegue 2004, p.109/110)
sair do marco escolar para interessar-se pela As questões ambientais extrapolam a
comunidade e fazer com que os alunos preservação das florestas ou a redução da
participem de suas atividades” (DIAS, 2004, p. emissão de gases poluentes na atmosfera. Se
212). Como aponta o autor, dentre os trata da interferência do homem sobre a
princípios básicos norteadores para a educação natureza, sobre o uso e a exploração de
ambiental nas escolas estão a compreensão do recursos minerais discriminadamente e o
meio ambiente em sua totalidade, esgotamento de recursos naturais essenciais à
considerando os aspectos naturais, políticos, vida. Desde a Revolução Industrial ocorrida no
sociais, econômicos, científico-tecnológicos e século XVIII, os recursos naturais têm sido
históricos, buscando a compreensão da teia de utilizados de forma desordenada e a natureza
relações ecológicas, políticas, socioculturais e vem sendo degradada de forma acelerada pelo
econômicas que fazem parte da constituição ser humano, ocasionando a contaminação dos
deste meio. E seu desenvolvimento na escola recursos hídricos, a poluição do ar e dos solos,
deve ocorrer pela integração interdisciplinar, o aumento da produção dos resíduos sólidos,
aproveitando o conteúdo específico de cada entre outros agravantes, tem contribuído e
disciplina, de modo que se adquira uma muito para a redução da qualidade de vida da
perspectiva global e equilibrada. O ambiente população mundial em todos os cantos do
tem uma natureza complexa e que é possível a planeta, (FRANCO, 2001).
abordagem interdisciplinar, no entanto, na
prática os professores em sua maioria não se
sentem confortáveis com este tipo de trabalho
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
As discussões sobre o meio ambiente e as graves consequências do desenvolvimento
industrial e tecnológico, causam muitas discussões e controvérsias entre governantes,
empresários, instituições não-governamentais, estudiosos, pesquisadores, sociedade, enfim, não
há consenso sobre causas e consequências. Os primeiros eventos sobre o tema tratavam de
ecodesenvolvimento, priorizando a preservação dos recursos naturais, baseando-se na
constatação de que a natureza era finita. Com o passar do tempo foi sendo aperfeiçoada a noção
de que os recursos naturais poderiam ser usados, desde que fossem devolvidos ao planeta. Assim
surgiu o conceito de sustentabilidade.
Da mesma forma, a legislação brasileira sobre educação ambiental passou por
transformações até chegar ao conceito de escola sustentável. Segundo os conceitos do Programa
Nacional de Educação Ambiental, a Escola Sustentável tem o objetivo de promover processos de
educação ambiental voltados para valores humanistas, conhecimentos, habilidades, atitudes e
competências que contribuam para a participação cidadã na construção de sociedades
sustentáveis.
Quando a educação ambiental é trabalhada na escola efetivamente, os alunos são capazes
de construírem uma nova visão, mais crítica, adquirem novos comportamentos perante as suas
práticas e atitudes, conseguem se posicionar de forma crítica e reflexiva diante de diversos temas.
Quando o professor promove atividades com seus alunos, como por exemplo, a confecção de
cartazes ou as passeatas relacionadas a temáticas ambientais, geralmente essas atividades são
trabalhadas de forma vazia, pois esse momento deveria promover e ao mesmo tempo trabalhar
com seus alunos a questão de educar para cuidar o meio em que vive, ou seja, conscientizar os
seus alunos a adquirirem novos comportamentos para minimizar os efeitos causados pela falta
de educação da população por meio dessas simples atividades.
Para isso, é necessário identificar, discutir e construir novas representações de todos os
sujeitos envolvidos no processo educativo, professores, alunos, pais, comunidade. A
reconstrução das representações necessita de sua discussão. Ou seja, a educação ambiental na
escola, vai muito além da preservação dos recursos naturais e da viabilidade de um
desenvolvimento sem agressão ao meio ambiente, porque, por meio do ensino isso implicará
também num equilíbrio do ser humano consigo mesmo e, em consequência, com o planeta.
A importância do educador é de promover a reflexão no âmbito escolar, sobretudo nas
séries iniciais, para tentar alcançar novas formas de se pensar. Acerca do meio ambiente,
entende-se que a educação ambiental deve fazer parte da educação formal e que pode ser
trabalhada também na educação não formal de maneira coletiva.
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REFERÊNCIAS
ANDRADE, D.F.; Implementação da Educação Ambiental nas Escolas: uma reflexão. In:
Fundação Universidade Federal do Rio Grande. Revista Eletrônica do Mestrado em Educação,
2000.
ARROYO, M. G.; CARLDART, R. S.; MOLINA, C. Por uma educação do campo. Rio de Janeiro:
Vozes, 2008.
BRASIL. Ministério de Educação e Cultura. Lei nº 9795, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a
educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências.
Brasília: MEC, 1999.
DIAS, G. F.; Educação Ambiental, princípios e práticas. São Paulo: Gaia, 2004.
TRIGUEIRO, A.; Meio Ambiente no século 21. Rio de Janeiro: Sextame, 2003.
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RESUMO: A palavra sexting é usada para nomear o envio e recebimento de mensagens de texto,
fotografias ou vídeos com conteúdo erótico ou sexual. Objetivo e Método: O presente trabalho
expõe os resultados de uma pesquisa de opinião (quantitativa) acerca do conhecimento e
práticas do sexting entre adolescentes, utilizando uma amostra voluntária de 112 alunos do
ensino médio, com idades entre 14 e 19 anos, de escolas das redes pública e privada do estado
de São Paulo. A amostra foi coletada entre 25 de abril de 2022 até 13 de maio de 2022.
Resultados: O termo sexting não era conhecido por 62% dos pesquisados. Nunca realizaram
trocas de mensagens de cunho sexual (67%). Mas, 54% já receberam prints deste tipo de
mensagem. Discussão e Conclusão: A quantidade de trabalhos e pesquisas sobre sexting no Brasil
é muito deficitária e não abrange detalhes do perfil dos estudantes além de tipo de escola, idade
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8
“A Organização Mundial da Saúde circunscreve a
adolescência à segunda década da vida (de 10 a 19
anos)”.
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Para expor o restante dos resultados foram Gráfico 1 – Percentual de alunos sobre o
elaboradas quatro Categorias: conhecimento do termo sexting
I - Conhecimento dos alunos sobre o termo
sexting;
38%
II - Como o Sexting é praticado;
III - Se os alunos se sentem confortáveis em
praticar o Sexting
IV - Perfil das vítimas e infratores.
62%
CONHECIMENTO DO TERMO
SEXTING CATEGORIA II - COMO O
Do total de 112 alunos, 62% declararam SEXTING É PRATICADO
desconhecer o significado do termo sexting.
Acerca da prática do sexting, 67% dos
(Figura 1). Desses, 55% são do sexo feminino e
estudantes informaram que nunca trocaram
45% do sexo masculino. Em relação à
conteúdos sexuais virtualmente (Figura 2). No
identidade de gênero, 52% são mulheres
tocante à cor e raça, 52% são não brancas,
cisgênero, 43% homens cisgênero, 3% não-
enquanto 48% se autodeclaram brancas. Dos
binário e 1% se identifica com o gênero fluido.
não praticantes de sexting, 79% vivem com
Sobre a orientação sexual, 74% são
renda familiar mensal abaixo de 3 salários-
heterossexuais, 17% bissexuais, 4%
mínimos. Do total de respondentes 33% já
homossexuais, 3% pansexuais e 1% outros.
praticaram sexting. Sendo que 51% já recebeu
Quanto à cor e raça, 39% são brancas e 61%
print de mensagens de texto, fotos ou vídeos
não brancas. Em relação à religião, constatou-
com conteúdo erótico e sexual de pessoa
se que 42% são católicos, 26% evangélicos, 3%
conhecida, e 54% informou tê-las recebido,
cristãos, 1% budista, 1% wicca e 4% dizem não
mas de pessoa desconhecida. Somente 6% dos
ter religião. Dos inscientes do termo sexting,
alunos respondentes compartilharam os prints
79% vivem com renda familiar abaixo de 3
de pessoas conhecidas sem consentimento e
salários-mínimos. O termo sexting já era
8% já compartilharam prints com conteúdo
conhecido por 38% dos alunos. Dentre eles, sexual de pessoas desconhecidas.
65% são do sexo feminino e 35% do masculino.
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67% DISCUSSÃO
Nunca trocaram conteúdos
O avanço tecnológico e a ampliação do uso
Fonte: Elaborado de smartphones, o acesso à internet e o uso
pelos autores das redes sociais transformaram a forma com a
qual interagimos, visto que as ferramentas
digitais se tornaram mediadoras dos
CATEGORIA III -OS ALUNOS relacionamentos afetivos e sociais (FEITOSA,
ESTÃO CONFORTÁVEIS NA 2020). Assim, conquanto haja julgamento
moralista em relação ao sexting (LEE e CROFTS,
PRÁTICA DO SEXTING?
2015; apud MANOEL, 2020, p.41), no contexto
Do total de entrevistados, 71% declararam
contemporâneo a prática passa a ser apenas
que não se sentem confortáveis com a prática
mais uma forma de expressão da sexualidade,
de sexting (Figura 3), sendo 63% do sexo
a qual se modifica de acordo com o contexto
feminino e 37% do masculino.
histórico e cultural e não se limita a fatores
Entre os 29% que se sentem confortáveis
biológicos (LOURO, 2000).
com a prática, 56% são do sexo feminino e 44%
Contudo, a divulgação indevida de material
são do sexo masculino.
com conteúdo sexual pode ser um fator de
risco para a integridade psicológica de quem é
Gráfico 3 – Percentual de alunos que exposto, ocasionando suicídio, vergonha,
se sentem ou não confortáveis com a
prática da sexting humilhação, constrangimento, insultos e
xingamentos, falta de suporte das pessoas e
29%
instituições e sofrimento mental profundo das
vítimas (BARROS, 2013; COELHO, 2017; SOUSA,
2021; DUARTE, 2022), o que pode ser ainda
mais gravoso durante a adolescência, em razão
das vulnerabilidades individuais e sociais
presentes nesse período do desenvolvimento
71%
(SALOMÃO, SILVA e CANO, 2013).
Não se sentem confortável
De acordo com Papalia (2021), na
Fonte: Elaborado
pelos autores (2022) adolescência que ocorrem as transformações
1196
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aprovação dos grupos que estão inseridos, Na pesquisa, 71% dos entrevistados
configurando um fator de risco ao declararam que não se sente confortável com
considerarmos o sexting, em que há maior a prática de sexting, sendo 63% do sexo
coerção para a prática, devido à pressão feminino e 37% do masculino. Sabe-se que as
exercida pelos colegas, à busca por regras sociais corroboram para
popularidade, dentre outros fatores (MANOEL, comportamentos diferentes a partir do gênero
et al. 2020). e para ambos, tanto masculino como feminino,
Violências de gênero também estão a educação sexual sempre foi visivelmente
presentes na prática do sexting. Conforme repressora, fato que deve auxiliar falta de
divulgado no site Safernet9 , em 2021 foram
1 liberdade em se expressar no contexto geral da
183 atendimentos de denúncias de exposição prática e manifestação sexual (SALOMÃO,
não consentida de imagens íntimas de 2013).
mulheres, que representam 67,03% do total de Outro dado relevante para essa temática é a
denúncias. Tal premissa corrobora com a questão religiosa. A maioria dos jovens
amostragem ora apresentada, em que 60% dos respondentes que se sentem confortáveis em
adolescentes que foram vítimas desse tipo de praticar o sexting se autodeclararam sem
violência são do sexo feminino. religião. Neste contexto, o que se percebe é
A maioria dos jovens adultos já manteve que as instituições religiosas exercem papel
relações sexuais virtuais pelo menos uma vez repressor no que diz respeito à iniciação do
(TOBIN, 2015; ROSS, DROUIN & COUPE, 2019; desenvolvimento sexual dos adolescentes.
apud LORDELLO, 2019, p.69). Na pesquisa, Considerando que o sexting é uma prática
aferiu-se que 54% dos adolescentes receberam consolidada na contemporaneidade e está
mensagens com conteúdo íntimo e sexual, presente na realidade dos adolescentes, torna-
enquanto 4,46% foram vítimas de exposição se, necessário que a temática seja
sem consentimento. devidamente abordada nas instituições
No Brasil há vários mecanismos protetivos e pesquisadas.
punitivos relacionados a práticas do sexting A escola tende a limitar a educação sexual às
como os que constam no Código Penal e questões biológicas e reprodutivas, ignorando
Constituição no que se refere a difamação, os aspectos afetivos, emocionais, e geradores
injúria, crimes informáticos e virtuais (MANOEL de bem-estar que permeiam a sexualidade
et al. 2020). Já o art. 241 do ECA - Estatuto do (GONÇALVES, FALEIRO E MALAFAIA, 2013).
Adolescente, caracteriza como crime a
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foi possível constatar que a prática do sexting é uma realidade entre os adolescentes,
ainda que eles não sejam conscientes deste fato. A pesquisa demonstrou que há
desconhecimento sobre a prática, pois apesar de 33% dos entrevistados declararem que já
trocaram mensagens com conteúdo sexual, 51% informaram já ter recebido print de mensagens
de texto, fotos ou vídeos com conteúdo erótico e sexual de pessoa conhecida, e 54% declarou tê-
las recebido, de pessoa desconhecida. Ademais, os fatores de risco decorrentes da prática
(cyberbullying, estupro virtual, violências de gênero), além das questões legais e criminais que a
permeiam, devem ser amplamente discutidos pela sociedade em geral, diante do dever social de
proteção à criança ao adolescente. A escola, local onde os adolescentes mantêm uma rede de
relações afetivas e de amizade é o ambiente que possibilita a troca de conhecimento e
experiências, podendo oferecer aos alunos um local seguro para a discussão de assuntos
denominados como tabu como forma de promoção à saúde emocional, física e psicológica.
Assim, indagamos sobre a dificuldade de levar o tema sexting para as escolas. Ao solicitar a
professores, coordenadores e diretores da área de ensino para divulgarmos o link de pesquisa, a
ação foi negada, dificultando o número total de participantes e uma conclusão mais consistente
quanto aos dados coletados, o que foi uma limitação da pesquisa realizada.
É preciso que as escolas promovam espaços de diálogos entre educadores e educandos e
se envolvam em projetos que visem ampliar o conhecimento acerca de temas contemporâneos
de assuntos relacionados à sexualidade. Os profissionais da educação devem se aliar às demandas
sociais que reflitam diretamente no desenvolvimento biopsicossocial de adolescentes, visto que
negar os fatos e “interditar” a troca sobre assuntos concernentes à sexualidade traz prejuízos
concretos à saúde física, e ao bem-estar psicológico e emocional do adolescente.
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REFERÊNCIAS
BARROS, S. C. Discutindo sobre sexting. Diversidade e Educação, [S. l.], v. 1, n. 2, p. 28–31,
2013. Disponível em: https://seer.furg.br/divedu/article/view/6320. Acesso em: 25 jun. 2022.
BRASIL. Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Lei nº 8.069, 13 de julho de
1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras
providências. Diário Oficial da União. ano 1990, Disponível em:https://cutt.ly/yECVBmB. Acesso
em: 23 jun. 2022.
BRASIL, Ministério da Saúde. Marco legal: saúde, um direito de adolescentes. 1.ª edição 1.ª
reimpressão Série A. Normas e Manuais Técnicos, 2007. Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/07_0400_M.pdf. Acesso em: 23 jun. 2022.
FOUCAULT, M. A ordem do discurso. Ed. 5ª. São Paulo: Edições Loyola, 1999.
1200
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
PAPALIA, D. E.; FELDMAN, R. D. Desenvolvimento Humano. Porto Alegre: Artmed, 14ª ed.,
2021.
SOUSA, L. M. et al. Slut shaming ou exposição íntima online: violência contra a mulher e
políticas públicas de enfrentamento, 2021, 305p. Repositório UFPB, 2021. Universidade
Federal da Paraíba. Tese, Doutorado em (Psicologia Social). Paraíba, 2021. Disponível em:
<https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/123456789/21552>. Acesso em: 25, jun. 2022.
1201
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RESUMO: Este trabalho tem como objetivo compreender como o trabalho, a alienação e a
precarização se manifestam no trabalho docente na Educação Física. O trabalho docente
contemporâneo é fruto do desenvolvimento de um longo processo histórico, a profissão de
professor passou por várias transformações até alcançar consolidação legitimada em instituições
reconhecidas para o ensino sistematizado de conteúdos essenciais para o desenvolvimento da
humanidade. As questões centrais deste trabalho são: quais são as bases para se compreender
por que o trabalho antes originava e humanizava e agora desumaniza o trabalhador? Por que o
trabalho docente sofreu e sofre tantas transformações tendendo indubitavelmente para as
formas mais precárias já vistas em todo seu processo histórico? Assim, realizamos um estudo
bibliográfico de caráter teórico. Levantamos algumas categorias para nos auxiliar nesse processo:
trabalho, trabalho docente, precarização, trabalho do professor de Educação Física. Verificamos
que o trabalho alienado influencia de alguma forma todas as esferas da práxis social, sendo assim
identificamos o trabalho docente enquanto um trabalho alienado e onde há trabalho alienado há
precarização do trabalho, pois a precarização é uma categoria inerente ao modo de produção
capitalista. Na Educação Física a precarização ganha contornos de automatização, fragmentação
e intensificação do trabalho do professor.
1Professora de Educação Física no Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Goiás – Campus
Formosa.
Graduação: Ma. em Educação pela Universidade Federal de Goiás – REJ.
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Esse movimento de prestígio social, ideário religioso proposto pela Igreja e utilizado
autonomia e controle do seu trabalho (embora, durante um tempo pelo Estado.
dentro dos moldes religiosos) se davam Nesse movimento, os profissionais da
principalmente pela proximidade com o educação passam a incorporarem a proposta
público atendido, pois o próprio professor é de profissão do Estado e vão criando uma
membro da comunidade e é responsável por distância das comunidades para as quais eles
uma relação muito íntima com pais e prestavam serviço. Essa adaptação ao modelo
educandos, pois trata-se de uma relação que proposto pelo Estado foi uma das formas de
dura longo período de tempo no dia, e mais consolidação do movimento liberal de
ainda, a partir do ensino de valores e morais no educação que consequentemente procura
desenvolvimento do caráter de várias crianças. atender as necessidades de perpetuação do
Os pais depositavam muita confiança nos capitalismo. O interesse do Estado então,
professores para desempenharem esse papel e estava em retirar os professores daquele local
isso refletia diretamente na profissão e em onde a atividade docente teve início no seio da
suas características de autonomia. comunidade, mas sem que fosse subtraído
Outra contradição apontada por Hypolito desses profissionais as características de
(1997), está relacionada às características do dedicação e honra que eram próprios dos
trabalho docente que vão ser incentivadas pelo docentes. Hypolito (1997, p.25), afirma que:
Estado, pois vai se retomar as qualidades Os docentes vão buscar a nova situação de
presente no ideário religioso, relacionando a trabalho – assalariamento e formação pelo
vocação à docência. O ideário e hegemonia Estado – até mesmo porque ficará cada vez
religiosa era muito forte para ser rompida de mais difícil de realizar seu oficio de ensinar
maneira tão rápida, mesmo que o objetivo sendo um trabalhador “autônomo”, pois o
fosse uma educação pública e laica, a sistema escolar a partir daí vai se
sociedade mostrava seu interesse sociocultural complexificando e exigindo profissionalização.
em se ter uma educação nos moldes Se isso, por um lado, significaria algo positivo
conservadores, de forma que os pais pudessem (garantia de alguma segurança), de outro, os
escolher quem ensinaria seus filhos e a partir docentes entram de vez na lógica alienada do
da perspectiva que lhes fosse mais coerente. trabalho assalariado.
Nesse momento a profissão docente entra
em um aspecto de crise, pois não havia como UM SALTO PARA O SÉCULO XX
conciliar a tentativa de profissionalização
A partir do desenvolvimento do capitalismo
desses trabalhadores se os mesmos
monopolista do século XX, nos deparamos com
continuassem próximos a comunidade,
um processo de transformação no processo de
atendendo todas as suas necessidades, a todo
trabalho, pois, surge uma maior quantidade de
o momento. Com isso esses professores
empregos que em seu perfil possui um
passaram a ter interesse na profissionalização
proposito nada sutil de desqualificar outros
e consequentemente vão se afastando daquele
empregos. Um dos setores que mais se
desenvolveu nesse período foi o setor de
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cujas formas de realização já estavam muito grandes, com elevado número de alunos
previamente estabelecidas, ele acaba e professores, cuja organização mostra-se
percebendo que não possui controle sobre seu complexa, grande parte dos procedimentos de
próprio trabalho, assim como qualquer ensino é imposta aos docentes, tais como
trabalhador coletivo. Há uma tecnologia definição de turmas, salas de aula, conteúdos
educacional interposta como meio de trabalho, programáticos, tempo escolar, equipamentos
entendida em sentido amplo como capitalista, etc. (HYPOLITO, 1997, p. 86).
objetivada nos materiais instrucionais, nos No quarto ponto há uma relação muito
equipamentos, nas técnicas de ensino, nos íntima com a formação de professores e
livros didático etc., que determina a prática professoras, pois nos moldes pensados para
docente a ser desenvolvida (idem, p. 86). esse profissional dentro de uma estrutura
O segundo ponto se sustenta a partir da capitalista, estes podem ser altamente
crítica sobre os instrumentos didáticos que qualificados ou podem ser excelentes
retiram a autonomia do professor em executar executantes.
seu trabalho de maneira integral. Esse é um ponto bastante delicado que está
O auxílio das novas tecnologias de relacionado ao preparo para a carreira
comunicação não são um problema em si, pois docente. Ocorre há uma desvalorização do
o docente pode utilizá-lo como uma estudante aspirante a docente antes mesmo
ferramente que auxilie no processo de ensino de sua profissionalização no campo de
e aprendizagem dos alunos e alunas, mas o intervenção, de maneira que muitos buscam
grande problema está em ser imposto o apenas a certificação de conclusão do curso de
conteúdo programático, juntamente com a formação, mas que na verdade não se
metodologia que deverá ser utilizada, sem que empenham em estudar, conhecer,
o professor e a professora façam parte desse compreender as várias demandas
processo de contrução. educacionais.
O terceiro ponto está relacionado à Numa ótica tecnicista, o trabalhador do
organização do trabalho na escola e a ensino ideal executa o que está prescrito pela
possibilidade de intervenção e participação supervisão e previsto nos manuais. Quanto
docente junto a essa organização. maior o grau de racionalização do trabalho,
A organização da escola geralmente maior a sua intensificação, reduzindo-se o
encontra-se na mão de uma pequena equipe tempo dedicado para pensar, programar e
gestora que toma decisões por todo o coletivo planejar (HYPOLITO, 1997, p. 87, grifo nosso).
sem o consutá-lo, apenas repassando as No quinto e último ponto sobre as
decisões tomadas. características da proletarização do trabalho
Quanto maior o grau de racionalização do docente, nós nos deparamos com a
trabalho escolar e mais complexas as formas de desqualificação profissional a partir do alto
organização e administração escolar, maior grau de dependência dos recursos tecnológicos
será o controle sobre o trabalho docente. Em educacionais.
grandes estabelecimentos de ensino, escolas
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Sendo assim como o trabalho docente está nesse momento. Na verdade se constituiu em
configurado frente a realidade da uma atividade laboral presente na organização
reestruturação produtiva do capital? do trabalho artesanal desenvolvido nas casas,
O mundo do trabalho necessita de se em família. Estendia-se também a atividades
adaptar as velozes transformações impostas artesanais rurais desenvolvidas ao longo do
pelos ciclos cada vez mais curtos de produção século XVI, Dias; Sales (2012).
de mercadorias. Essas adaptações foram Já no século XVIII, no setor industrial a
primeiramente sentidas por trabalhadores terceirização se transforma e ganha traços de
diretamente ligados a produção de natureza flexível. A produção passa a ser por
mercadorias, mas esta lógica se estendeu aos encomenda de maneira informal, fora da
mais variados tipos de categoria profissional, fábrica, “a domicílio” . De maneira que pais,
incluindo o trabalhador docente. mães, filhos, entre outros trabalhassem para
Um exemplo dessas velozes transformações garantir o sustento da família.
na vida do professor está presente no processo Na passagem do século XX para o século XXI
de formação, pois a lógica atual é a aceleração a terceirização é utilizada no período de
da formação para a rápida inserção deste acumulação fordista/taylorista. Inicia-se nas
profissional no mercado de trabalho. Com isso indústrias têxtis e automobilísticas, mas não
nos deparamos com uma formação precária, demora, com o desenvolvimento da crise
enxuta, como é o caso dos cursos de estrutural do capital (1968-1973) a se estender
licenciatura (geralmente oferecidas por a todos os outros setores. O que antes era uma
universidades privadas) em que podem ser modalidade de trabalho existente, mas pouco
realizados em até dois anos, podendo ser disseminada, passa a ser a centralidade da
cursados na modalidade à distância ou organização do trabalho nos moldes flexíveis,
parceladamente (aulas somente aos finais de na era toyotista e se amplia para as várias áreas
semana). de trabalho.
Atendo-nos apenas aos modos de Utilizada demasiadamente no setor
flexibilização da contratação e salário do industrial, a terceirização se ergue no quadro
trabalhador docente. O modelo fluido de da crise estrutural do capital, sofre mutações,
contrato de trabalho, ou seja, o trabalho com alcança elevado nível de externalização e se
tempo determinado de expiração, e também a converte em um fenômeno mundial. Como
terceirização do trabalho conduz professores a corolário, deixa de ser uma prática restrita ao
uma realidade de sobrevivência imediata, setor industrial, intensifica-se e se expande
impossibilitando qualquer tipo de estabilidade para outras áreas de trabalho, como a área do
e planejamento para um futuro um pouco mais comércio e o setor de serviços, assim como se
distante (são exemplos, os professores estabelece contraditoriamente tanto no setor
substitutos, eventuais etc.) privado como no âmbito do setor público da
A terceirização do trabalho não é algo novo economia (DIAS; SALES, 2012, p. 6).
que surge com o advento do modelo de
produção toyotista, ela apenas se acentua mais
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trabalho ao longo de todo seu processo histórico sofre severas metamorfoses. Essas
metamorfoses/modificações cooperam para o desvio do trabalho no seu sentido ontológico,
revelando assim uma face negativa do trabalho – a exploração, a fragmentação, a precarização.
Esse processo de desumanização de alienação do trabalho é perceptível no modelo de
produção fordista/taylorista, embora a alienação do trabalho não seja uma especificidade, ou
seja, originada na era fordista/taylorista Esse foi um período de grande marco na vida dos
trabalhadores de maneira negativa a partir da organização da lógica do trabalho que influenciou
várias empresas de vários países, desenvolvendo não só a produção em massa, mas também a
superexploração da força de trabalho em massa e em escala global.
Mesmo após a crise do modelo de produção fordista/taylorista, (que foi uma das
manifestações da crise estrutural do capital), foi possível uma reestruturação produtiva. O capital
se reergueu por meio também do modelo de produção toyotista – conhecido também como
modelo flexível de produção. E o neoliberalismo pode ser entendido como a superestrutura de
toda essa “nova” organização do trabalho.
Portanto chegamos ao ponto em que se desdobram os reflexos da era flexível no mundo
do trabalho, sendo eles: a intensificação, superexploração, precarização, terceirização da força
de trabalho, dentre outros (ANTUNES, 2009). Essas características ultrapassam o “chão” da
fábrica e chegam ao “chão” da escola, afetando o trabalho de muitos professores – para não dizer
de todos.
Com isso verificamos que o trabalho do professor é um trabalho alienado. Nós refutamos
a ideia de que um trabalho que tem como característica principal a intelectualidade seja livre de
alienação. Portanto o trabalho docente é um trabalho alienado, assalariado e, por conseguinte
precarizado, pois a precarização é um processo inerente ao trabalho alienado, que por sua vez, é
inerente ao modo de produção capitalista.
As formas como ocorrem a precarização do trabalho docente geram desdobramentos para
as várias esferas da vida social. Essas formas vão para além dos muros das escolas e atinge a
saúde, moradia, segurança, tempo livre, lazer, relações familiares, dentre outros. Por isso citamos
que “uma vida cheia de sentido fora do trabalho supõe uma vida dotada de sentido dentro do
trabalho” (ANTUNES, 2009, p.173), bem como o contrário também é verdadeiro, uma vida
esvaziada de sentido fora do trabalho supõe uma vida esvaziada de sentido dentro do trabalho.
Por ora temos que a vida de professores e professoras tem-se tornado esvaziada de
sentido, pois o que humanizava agora desumaniza. Isto porque para garantir condições mínimas
de sobrevivência os professores precisam trabalhar em duas, três ou mais instituições e por vezes
realizar “bicos” em outras profissões como, por exemplo, garçom, garçonete, vendedor de
cosméticos, bijuterias etc. Esses professores possuem jornada e ritmo de trabalho extenuante e
ainda precisam levar trabalho para casa (provas, tarefas etc.) aumentando ainda mais essas horas
de trabalho fora do tempo de trabalho.
A partir de todos esses apontamentos e reflexões nós compreendemos que é preciso
modificar essa realidade para vivermos uma história plena. Se de fato não é possível a separação
do “homo sapiens” e do “homo faber” essa não separação do ponto de vista fundamental só é
possível naquilo que Lukács (1979), indica como sendo o comunismo como modo de produção.
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REFERÊNCIAS
ANTUNES, R. Os sentidos do trabalho: ensaio sobre a afirmação e a negação do trabalho.
2.ed., São Paulo, SP: Boitempo, 2009.
GARDIM, J.B. e OLIVEIRA, A.R. A precarização do trabalho docente em Educação Física. In:
VIII Seminário do Trabalho. Anais do VIII Seminário do Trabalho. Marília: UNESP, 2012. p. 1-
8. Disponível em: http://www.estudosdotrabalho.org/gt1.html. Acesso em 20/07/2022.
MARX, K. O capital: crítica da economia política. Volume I. 3 ed. São Paulo: Nova Cultura, 1988.
PARO, V. H. Administração escolar: introdução crítica. 12 ed. São Paulo: Cortez, 2003.
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RESUMO: O presente trabalho versa sobre apontamentos para estudos dos aspectos históricos
do município de Presidente Sarney - MA (Brasil), vale ressaltar que este é parte de um projeto
mais amplo de pesquisas voltadas para reconstrução da memória histórica desta cidade do
interior do Maranhão. Os estudos de cunho científico para este município ainda são escassos, o
que torna ainda mais relevante trabalhos deste tipo para registro e reconhecimento de
identidades histórica e social da população, contribuindo para pesquisas futuras sobre a história
local. Desse modo, este é um trabalho que traz alguns pontos de partida para pensar este lugar
no processo de ocupação por diferentes povos quando ainda era um povoado, perpassando pela
emancipação à categoria de município em 1994.
1
Mestra pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Maranhão (PPGHis-UFMA).
Membro do Grupo de Pesquisa: História, Religião e Cultura Material - REHCULT.
2 Doutorando em Ciências da Educação pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias de Lisboa -
ULHT; Mestre em Educação pela Universidade Federal do Maranhão; membro do Centro de Investigação em
Educação - CeiD da ULHT; Pós-Graduado em Filosofia pela Universidade Cândido Mendes; membro do Núcleo de
Pesquisa em Educação Avançada do Instituto Galileu Galilei.
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povoado conhecido pelo nome de Pimenta e um dos relatos orais faz saber que
pertencia de forma política e [...] que a origem de Pimenta os moradores,
administrativamente ao município de Pinheiro. trabalhadores de Pinheiro mesmo que vinho
No seu passado longínquo algumas pra cá, índio andava na mata pra travessar pra
informações pontuais constituem como parte Pinheiro e até tem a história de que índio foi
do processo de ocupação do espaço territorial que botara essa história de Pimenta porque
que atualmente delimita Presidente Sarney, deixaram, quando o povo daqui branco
dentre estes, a memória oral indica os povos chegaram no rio do Pimenta – a origem – uma
indígenas como habitantes na região, pimenteira (...) o pessoal se arranjaram na
igualmente como no restante do Brasil. beira do rio pra descansar, pra merendar, pra
Nesta região um dos tantos rios que compõe dormir, beber agua do rio corrente e acharam
este espaço geográfico serviu de meio de um pé de pimenta (...) acho que foi índio que
vivência dos nativos, possivelmente ali se se arranjava lá, qualquer pessoa no caso que
alimentavam e sementes de pimenta que deixaram e nasceu essa pimenteira lá e
ficaram no chão úmido, nasceram e deram também o pessoal conservaram, não cortaram
origem a pimenteiras a margem de um igarapé. deixaram lá quando tava tempo da pimenta
De maneira geral é comum a fala de moradores eles faziam era panhar pra comer aí botaram o
antigos relatarem a presença dos indígenas e a nome do rio da pimenteira (inaudível) e desse
relação com a origem da pimenteira na beira rio da pimenteira foi criando povoado,
do rio, reforça-se também que pessoas povoado, povoado rio do Pimenta rio da
passavam pela região e se acomodavam a beira pimenteira ficou aí ficou Pimenta, quando eu
desse rio para descansar da viagem, dentre me entendi já achei esse nome de Pimenta [...].
(MORAIS, 2018).5 2
4Moradores antigos do povoado Pimenta, concederam 5 Vicente Fernandes Morais. Entrevista concedida a
as entrevistas o que contribuiu para a investigação sobre Ana Paula Durans e Altemar Lima 28 de junho de 2018,
a memória oral do lugar, são eles: Vicente Morais, Presidente Sarney-MA. Nos depoimentos de Antônio
Antônio Nogueira, Eliacir Araújo Ferraz, Leopoldo Nogueira, Eliacir Ferraz, Leopoldo Pinheiro, Gregório
Pinheiro, Gregório Ribeiro, Arcângela de Sá. Ribeiro e Arcângela de Sá, moradores mais antigos da
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Em estudo recente sobre as rotas indígenas Outros aspectos que compõe a constituição
na Baixada Maranhense, demonstrou-se a do município de Presidente Sarney têm relação
presença indígena na memória oral de com práticas de comércio. Nesse contexto das
moradores de Aldeia, atual povoado do primeiras décadas do século XX ainda como
município de Presidente Sarney. O próprio povoado Pimenta pertencente ao município de
nome do lugar já remete a ligações indígenas Pinheiro, a presença da Organização Comercial
pela ideia predeterminada que concebemos no Albino Paiva mostra que a região cultivava
nome aldeia, os estudos nessa região reforçam diversos produtos comercializados. A
essa ideia. Pesquisadoras relatam que os Organização tinha como intermediários no
moradores dizem que os povos indígenas povoado de Pimenta os comerciantes Robson
foram embora e deixaram as terras, Barbosa e Ludgero Dias, este último morava em
acrescentam que “nas primeiras conversas Santa Maria (outro povoado da região) e
com alguns moradores em relação ao nome comercializava produtos como milho, coco-
dessa localidade, ouvimos informações de que babaçu, feijão farinha, peles de animais
a denominação de Aldeia se deve ao fato dessa selvagens, dentre outros produtos (SOARES,
região ter sido habitada por povos indígenas.” 2016, p. 75).
(COELHO; ARAUJO; ROLANDE; 2014, p. 198- A fim de facilitar o escoamento das
199). produções, principalmente para Pinheiro, as
Os estudos da professora Josinelma Rolande estradas foram sendo abertas. Nos relatos dos
(2016), resgataram uma notícia do Jornal moradores mais antigos demonstram a
Cidade de Pinheiro em 1959 que informava que circulação de pessoas nesse território que no
até 1933 eram frequentes os conflitos entre século XX era Pinheiro. Um antigo comerciante
indígenas e lavradores na região dos povoados por nome Antônio Nogueira conta que chegou
de Aldeia e Galiza, naquela época povoados ao povoado “no dia 31 de dezembro de 1955
pertencentes a Pinheiro. Além disso, os com um comerciozinho pra comprar babaçu”,
registros apontam para cultura material da segundo ele o povoado
produção de artefatos com influência indígena. “era muito pequininho, nem casa de telha
A pesquisa orientada pela professora não tinha nenhuma, tinha uma coberta (...) de
demonstra que nos povoados de Aldeia, Canta cavaco que era de Dorotheo Dávila, tirava
Galo e Fazenda Galo atualmente pertencentes aquele cavaco assim, cortava na serra, serra
a Presidente Sarney, os moradores mais comum ia tirando aqueles cavacos ia metendo
antigos fazem de forma artesanal cofos, nos preguinhos e pregando nas ripas só tinha
abanos e jamaxi6 , itens que tem relação com a
1 essa casa de cavaco de Dorotheo Dávila, era
cultura material indígenas (ROLANDE, 2016). pouca gente”.7 2
cidade também é comum a menção a associação da para transporte de cargas, produzido com a tala do
nomenclatura de Pimenta aos índios que ali habitavam. guarimã (planta) ou folha de juçareira.
6 Cofo: cesto para armazenar alimentos e animais, 7 Antônio Nogueira. Entrevista concedida a Ana Paula
produzido com a folha da palmeira do babaçu; Abano: Durans Lopes em 25 de junho de 2018, Presidente
utensílio para abanar o fogo ou juntar lixo, produzido com Sarney.
a folha da palmeira do babaçu; jamaxi: espécie de cesto
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Desse modo, faz parte do quadro de Para além disso, essa abertura das estradas
construção histórica da Baixada Maranhense que davam acesso ao povoado de Pimenta o
comunidades que foram formadas em função prefeito de Pinheiro daquela época Maneco
das migrações de pessoas do semiárido Paiva cedeu as máquinas da prefeitura a Orlico
nordestino devido às constantes secas da Soares que era representante da Organização
8O povoado de Pau Furado, atualmente é denominado nome antigo do lugar. A comunidade é certificada como
de Nova Jericó, pelos registros orais o nome foi remanescente quilombola.
9
modificado em decorrência da influência de igrejas Antônio Nogueira. Entrevista citada.
evangélicas e pelo incômodo dos mais jovens com o
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Comercial Albino Paiva. O prefeito também Destarte, a região que atualmente se localiza
tinha interesse em “construir uma estrada para o município de Presidente Sarney inicia um
acesso ao povoado, considerado por ele, como desenvolvimento na segunda metade do
o mais próspero do município.” (SOARES, 2006, século XX, tornando-se com maior influência
p. 212). Vicente Morais faz um relato comercial e também política. Nesse contexto,
interessante sobre esse interesse no povoado José Sarney está em período de ascensão
de Pimenta, segundo ele política no governo do Maranhão (1965-2006),
O pessoal de Pinheiro, os prefeito sendo pinheirense Sarney tem uma influência
começaram a olhar pra Pimenta, foi crescendo política preponderante na Baixada, inclusive
povoado, uma produção de babaçu muito indo ao povoado de Pimenta diversas vezes.11 2
10 Vicente Fernandes Morais. Entrevista citada. 11 Relato presente nos depoimentos de Antônio
Nogueira, Vicente Morais e Eliacir Ferraz.
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porque teve a eleição do município pra passar começa na cabeceira do Rio Certo, segue pelo
pra município né foi em 93 e a eleição já de talvegue do referido Rio Certo, até sua foz na
prefeito foi em 96 [...].121 margem esquerdado Rio Turiaçu. d) Com os
Esse processo de eleições ao qual é referido municípios de Santa Luzia do Paruá e Santa
diz respeito a um plebiscito popular ao qual a Helena: começa na foz do Rio Certo com o Rio
votação era para decidir pelo Turiaçu segue pelo talvegue do referido Rio à
desmembramento ou não de Pimenta do jusante, até a foz da Lagoado Fumo, nos limites
município de Pinheiro, a decisão popular foi antigos de Pinheiro e Santa Helena e ponto (A).
pela aprovação da emancipação. O projeto foi Ficando fechado o perímetro do município de
encaminhado pelo deputado Remi Trinta e Presidente Sarney (FAMEM, 1994, p.1).
promulgado na Lei n° 6.198 pelo governador Adiante, a Lei estabelece sobre as
José de Ribamar Fiquene em 10 de novembro Disposições Transitórias da administração
1994. Da criação do município, o Artigo 1º pública, fica promulgado no Artigo 3º que nos
consta que “é criado o Município de Presidente quatro primeiros anos da instalação do
Sarney, com sede no Povoado Pimenta, a ser município de Presidente Sarney serão
desmembrado do Município de Pinheiro, observadas as normas constitucionais em que
subordinado à Comarca de Pinheiro”. a Câmara Municipal será composta de nove
(FEDERAÇÃO DOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DO vereadores e a Prefeitura Municipal terá no
MARANHÃO-FAMEM, 1994, p.1). máximo cinco secretarias, estabeleceu ainda
Os limites territoriais são definidos pela Lei que as despesas orçamentarias do recém
de criação e lê-se que: município não poderia ultrapassar cinquenta
a) Com o município de Santa Helena: começa por cento da receita municipal (FAMEM, 1994,
no perímetro do Rio Turiaçu, na foz da Lagoa p.1).
do Fumo, dessa Lagoa segue uma reta sentido Como dito a lei de criação é de 1994,
Noroeste até a bifurcação dos Rios Santo contudo, o processo de instalação acontece em
Antônio e Igarapé do Velho Bento. b) Com o 01 de janeiro 1997 com a posse nos cargos
município de Pinheiro: começa nesta eletivos de prefeito, vice-prefeito e vereadores
bifurcação do Rio Santo Antônio com Igarapé em um Prédio provisório como consta na Ata
do Velho Bento, segue pelo talvegue do Rio de Instalação com a presença do Juiz de Direito
Santo Antônio até sua cabeceira no divisor de da 1ª Vara da Comarca de Pinheiro, Dr.
águas do Turiaçu e Pericumã; segue uma reta Reginaldo Moreira Serra que presidiu a
da cabeceira do Rio Santo Antônio até a solenidade. Foram eleitos no dia 03 de outubro
cabeceira do Rio Galo, lugar Vai Quem Quer; de 1996 o prefeito Penaldon Jorge Ribeiro
dessa cabeceira segue outra reta até a Moreira, o vice-prefeito Manoel Sousa
cabeceira do Rio Bem Pindova no lugar Fernandes e os seguintes vereadores:
Urucurana, na estrada que liga Paraíso ao Domingos Sá Monteiro, José de Ribamar Silva
Povoado Cacau e cabeceirado Rio Certo. c) Araújo, Domingos Silas Ferreira, Vicente
Com o Município de PEDRO DO ROSÁRIO: Fernandes Moraes, Manoel de Jesus Vieira,
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Joacir Batista de Sousa, Pedro Vital Ribeiro, Brito, Santa Maria, Santa Rita, Jericó, Bem
Raimundo José Monteiro, João dos Santos Posta, Centrinho, Passa Bem, Pirinã, Brito.13 1
Melo Amorim, Raimundo Alves do Nascimento Além dessas comunidades outros povoados
e Valdemar dos Santos Soares. A Ata de fazem parte de Presidente Sarney, a exemplo:
Instalação do Município menciona que além Três Furos, Mata de Zé Roberto, São Romão,
dos eleitos para administração pública, fazia Rio de Areia, Rio Fundo, Cascudo, Pimentinha,
presente demais autoridades e personalidades Alto Verde, São Francisco, Bem Posta, Jalapa,
(ESTADO DO MARANHÃO, 1997, p. 1). Tabocal, Galiza, Pacheco, Fazenda Galo, Canta
O objetivo até aqui era justamente realizar Galo, Jandiá, Rio Grande, Granja, Rio do Meio I,
apontamentos sobre os aspectos históricos Cebolal, Estrada Grande, Cacau, Aldeia, Entre
mais gerais de ocupação de Presidente Sarney, Rios, Galiza, Martins, Lodino, Castanheira,
o ponto principal é levantar a importância para Canarana, Cajarana, Limeira, Feliciano.14 2
13 FUNDAÇÃO CULTURAL PALMARES. Certidões 14 Pode ser que tenha outros povoados não identificados
expedidas às comunidades remanescentes de acima.
quilombos (CRQs), publicada no DOU de 20/01/2022. 15 Dados compilados a partir da entrevista: Pe. Luiggi
Disponível em: <www.palmares.gov.br>. Acesso: Risso. Entrevista concedida a Rodrigo Pereira da Silva
02/07/2022. e Dimas dos Reis Ribeiro.
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16Eliacir Araújo Ferraz. Entrevista concedida a Ana 2 Vicente Fernandes Morais. Entrevista citada.
Paula Durans Lopes em 16 de julho de 2018. Presidente
Sarney.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Destacamos que as diferentes pessoas que habitavam a região tem importância primordial
como sujeitos que fazem a história de um lugar, sejam elas lavradores, comerciantes,
remanescentes quilombolas ou indígenas, ou ainda mulheres como Arcângela Sá, Francisca
Moraes, Maria Cruz e tantas outras trabalhadoras dentro e fora de casa, lavradoras que
produziam alimentos de subsistência ou mesmo quebradoras de coco babaçu que
complementavam a renda, todos esses sujeitos contribuíram na constituição do município e
fazem parte das características de ocupação e formação do lugar.
Nos relatos orais aparecem outros nomes que cabe a menção como Inácio de Loyola
D’ávila, Raimundo Saiá, Nhô Sá, Hermógenes, Domingos Lobato, José Pimenta, Dorotheo Dávila,
Gregório Ribeiro, Raimundo Barroso18 , moradores em grande maioria nascidos no contexto da
1
primeira metade do século XX. Outro morador que permanece na memória local é o senhor
Leopoldo Pinheiro (In Memorian) foi um dos moradores mais antigos do munícipio, sempre
trabalhou como lavrador sendo uma figura constantemente lembrada por guardar na memória
parte da história do povoado de Pimenta. O senhor Leopoldo, é sempre bem lembrado em
questões culturais e religiosas do município e até o momento parece indicar elementos em suas
práticas que entrecruzam o catolicismo popular e sincretismo religioso de influência afro-
maranhense.19 2
Por conseguinte, o destaque dos nomes se torna imprescindível, pois estamos tratando de
um trabalho de nível a buscar elementos de informações sobre a história local basilar. Como bem
no diz o historiador Carlo Ginzburg (1989), o nome é parte primordial de uma pesquisa, pois, as
“linhas que convergem para o nome e que dele partem” desponta o tecido social. E essa trama
social, de trajetórias que precisam ser reconstruídas que precisamos para despontar estudos
sólidos sobre Presidente Sarney.
18 Raimundo Barroso chegou no povoado de Curva Grande às margens do rio Turiaçu, provavelmente como
imigrante do semiárido nordestino e se destacou na região por seus conhecimentos em remédios medicinais e
práticas de tratamento de diversas doenças, é um nome que se destaca na região sendo lembrado no município por
meio de homenagem em uma Unidade Básica de Saúde.
19 Dados compilados na entrevista de Leopoldo Pinheiro concedida a Ana Paula Durans Lopes em 21 de 21 de
1227
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REFERÊNCIAS
ABREU, J. A História de Pinheiro: o começo do povoado. In: SOARES, J. J. (org.). Coisas de
Antanho. São Luís: Academia Pinheirense de Letras, Artes e Ciências, 2006.
ALBERTI, V. Manual de História Oral. 3. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2013.
COELHO, E. M. B.; ARAUJO, M. A. S.; ROLANDE, J. F. "Esse Pinheiro era terra dos índios': nas
entrelinhas dos discursos. In: ARAÚJO, R. I. S. et al. (orgs.). Paisagens: leituras e releituras da
Baixada Maranhense. 1. ed. São Luís: EDUFMA, 2014. v. 1. p. 194-208.
SOARES, José Jorge Leite. Lugar das águas: Pinheiro 1856-2006. São Luís: Lino Raposo
Moreira, 2006.
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RESUMO: O presente estudo fará uma abordagem dialógica do autor João Guimarães Rosa com
o autor Grego Platão acerca da temática amorosa. O artigo coteja a referida temática com relação
às categorias platônicas sobre Eros, expressas no livro O Banquete (PLATÃO, 2001), com intuito
de provocar anacronicamente a intertextualidade com Tutaméia: terceiras estórias (1967), de
Guimarães Rosa. Para esta análise, dos 44 contos da obra rosiana foi selecionado o conto “A vela
ao Diabo”, que aborda a temática amorosa, por meio de metodologia comparativista (WELLEK,
1 Professora Adjunta da Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA. Doutora em Estudos Literários - UFPA.
Mestra do Programa de Pós-Graduação em Letras - Estudos Literários, como bolsista da CAPES – PPGL - UFPA.
Especialista em Língua Portuguesa (PUC-MG). Especialista em Língua Brasileira de Sinais para a Educação
Inclusiva (FIBRA). Licenciada Plena em Letras – Língua Portuguesa (UEPA). Licenciada em Licenciatura em Letras
Língua Inglesa (UNICESUMAR). Integrante do grupo de pesquisa (ELOS) - Estudos de Línguas Orais e Sinalizadas
cadastrado no Diretório do CNPQ. Integrante do grupo de pesquisa em Educação e Diversidade na Amazônia –
(GEDAM), no qual coordena a linha de pesquisa Leitura, Literatura, Identidade e Diversidades. Coordenadora do
Projeto de Extensão Entre Letras (UFRA).
2 Professora Adjunta da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA). Doutora em Comunicação, Linguagens
e Cultura (UFRA). Mestre em Comunicação, Linguagens e Cultura (UFRA). Graduada em Letras (Português) pela
Universidade da Amazônia. Professor Auxiliar I da Universidade Federal Rural da Amazônia.
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
1970), leitura hermenêutica (YAUSS, 1967) e discursiva, esta última com fundamento teórico de
Patrick Charaudeau (2001) e de Bahktin (1981).
1230
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
1231
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
linguagem. Esses parceiros praticam algumas Note-se então, que o circuito externo é o
estratégias. mundo objetivo e nele temos a relação entre o
A estruturação de um ato de linguagem Eu comunicante e o Tu interpretante, já no
engloba dois espaços, sejam eles: o das circuito interno, ou seja, no mundo discursivo
limitações, que compreende os dados mínimos observamos a relação entre EU enunciador e
aos quais é necessário satisfazer para que o ato Tu destinatário que funcionariam como autor e
de linguagem seja válido; e o das estratégias, leitor modelo, respectivamente.
que por sua vez corresponde às possíveis Nesse sentido, percebemos que a análise do
escolhas que os sujeitos podem fazer na discurso, perpassando pela ótica das ciências
encenação do ato de linguagem.
da linguagem, não é experimental, mas
Para que um enunciado seja válido, coloca-
empírico-dedutiva. Logo, o analista, parte de
se em xeque o princípio da pertinência do ato
um material empírico, a linguagem, com suas
de linguagem que vai além da instância da
configurações semiológicas até a manipulação
enunciação e, inclui um saber prévio sobre a
experiência do mundo e sobre os da configuração verbal para determinar, por
comportamentos dos seres humanos vivendo meio da observação das compatibilidades e das
em coletividade. incompatibilidades de infinitas combinações,
Esse princípio se realiza num duplo espaço os cortes formais simultaneamente às
de significância, o externo e o interno à sua categorias conceptuais que lhes
verbalização, determinando também dois correspondem.
sujeitos que agem como seres sociais que Trilhando esse caminho, percebe-se que a
possuem determinadas intenções, os análise discursiva, para Charaudeau (2001), é o
designamos, então, sujeito comunicante e mapeamento de um corpus de textos
sujeito interpretante; por outro lado temos os semelhantes em nome de um tipo de situação,
intralocutores, sujeitos da fala, responsáveis contrato, que as sobre determina, e das quais
por seu ato de enunciação - que são os estudamos as constantes para a definição de
seguintes: sujeito enunciador e sujeito um gênero, e as variantes para enquadrá-las
destinatário. Podemos perceber melhor esse em uma tipologia de estratégias possíveis.
molde analítico por meio do esquema Desse modo, a análise de discurso de um texto
adaptado abaixo: perquire o texto enquanto constituição com
um fim em si mesmo, assim como a arte
FIGURA 1 – Quadro enunciativo
literária, por exemplo.
Nesse sentido, Charaudeau (2001), percebe
o discurso como portador de normas que
determinam o indivíduo vivendo numa
coletividade e as possíveis estratégias que
possibilitam a sua singularização. Ainda se
atendo a este conceito, consideramos as
noções bakhtineanas, nas quais o conceito de
Discurso perpassa pela noção da interação
Charaudeau (1984, p. 42)
1232
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
verbal, realizada por meio da enunciação ou Deste modo, principiou-se pelo cotejo da
das enunciações. Logo, essa interação verbal obra platônica O Banquete, texto no qual
seria uma realidade fundamental da língua. Platão problematiza Eros por meio da
interlocução de diversos oradores. Cabe
1 DISCUTINDO O MÉTODO ressaltar que este texto é basilar para qualquer
pesquisa que trate do tema, já que as demais
Neste lamiré, este estudo tem como intento
obras filosóficas em sua maioria, sempre
enquadrar os textos de Platão (2001) e
dialogam com o texto platônico.
Guimarães Rosa (1967), como um corpus que
Literatizando esse estudo, tem-se como
trata da temática amorosa, identificando as
momento ápice a abordagem do conto
acepções de amor em discursos diversos, como
minimalista “A vela ao Diabo” de Guimarães
no de Pausânias, na obra platônica O Banquete
Rosa, presente em seu último livro, Tutaméia:
aproximando-a do conto “A vela ao Diabo”
terceiras estórias, de 1967. Esta obra é a
presente na obra rosiana Tutaméia, que
reunião de 40 contos, distribuídos em quatro
também aborda a referida temática. Analisar-
grupos, sendo que cada um é antecedido por
se-á o aspecto formal do Enunciado, tentando
um Prefácio. Hipoteticamente ordenados, os
reconstituí-lo, aproximando anacronicamente
contos haviam sido publicados anteriormente
o discurso do autor mineiro ao do autor grego
no jornal Pulso, um periódico dedicado à área
que aborda temas universais, como a
da saúde.
teorização do enlace amoroso e o nascimento
Já tratando da temática de um modo mais
do próprio Eros.
específico há um ensaio do professor e filósofo
Nesses termos, classificaram-se as referidas
Benedito Nunes, publicado em livro O dorso do
obras como discursos literários, sendo assim, a
tigre (1976), chamado O amor em Guimarães
pesquisa apresenta as categorias platônicas da
Rosa, no qual discute as representações do
verdade do conhecimento em relação ao amor;
amor no texto rosiano.
expressas na obra O Banquete (2001),
Ainda no âmbito de teoria literária, para a
posteriormente dialogam-se ao texto platônico
aplicação metodológica da comparação
com a literariedade amorosa de Tutaméia
estabelecida entre os textos literários e
(1967), fazendo assim uma análise
filosóficos e entre os próprios contos, há a
hermenêutica e comparativa entre eles.
famosa palestra proferida pelo estudioso René
Por fim, com o intuito de dar ares de
Wellek (1970), publicada pela Universidade de
contemporaneidade à análise proposta situa-
Yale, nomeada O nome e a natureza da
se o percurso analítico Rosa (1967) e Platão
literatura comparada, marco para os estudos
(2001), no modelo de análise discursiva de
comparativos literários, fundamental para
Charaudeau (2001), com o objetivo de elucidar
qualquer análise de literatura comparada.
dentro dos excertos trabalhados os
A noção comparativista será de suma
componentes discursivos do ato de linguagem,
importância ao trabalho, pois traz à tona
presentes também na linguagem literária e
aspectos como a intertextualidade, que propõe
filosófica.
1233
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
uma nova posição crítico-analítica em relação à Apolodoro ainda era criança, mas este mesmo
obra literária. fizera questão de perguntar à Sócrates (quando
A metodologia aplicada consubstanciou-se já era um jovem que acompanhava Sócrates) a
em uma pesquisa bibliográfica, de caráter veracidade das passagens narradas por
exploratório, sendo que os elementos Aristodemo, sobrevindo, contudo, algumas
buscados no objeto investigado foram lacunas devido aos lapsos da memória dos
localizados em leituras diversas, e se buscou narradores.
sistematizá-los de modo mais preciso para O Banquete é, neste sentido, um mosaico de
registrá-los em um corpus uniforme. memórias expressas por múltiplas vozes,
Na presente pesquisa, almejou-se, pois, dispostas em tempos-espaços distintos.
fazer-se uma análise discursiva, hermenêutica Aristodemo contara à Apolodoro o que se
e comparativa dos textos de temática amorosa lembrava, e Apoloro contou ao companheiro o
presentes nas referidas obras, estabelecendo que também se lembrava dos dizeres de
um diálogo entre elas, assim como entre outros Aristodemo. A narrativa então se constrói
textos e teóricos que tratam da temática enevoada por lembranças e lacunas,
universal do Amor. rememorando os dizeres dos convidados mais
ou menos como haviam sido. “Porém de tudo
2 UMA ANÁLISE DO AMOR EM o que então foi dito, Aristodemo não se
recordava muito bem, como eu, da mesma
O BANQUETE forma, não me lembro, agora com minúcias, do
O Banquete é um tratado filosófico de Platão que ele me contou” (PLATÃO, 2001, p. 178).
(2001), a respeito do Amor. A trama é A teia dos dizeres se enleva ainda mais
constituída por meio de diálogos, nos quais quando do discurso de Sócrates, o qual é uma
cada um dos convidados ao Banquete de retomada de um discurso ouvido de uma
Agatão faz um elogio a Eros, demonstrando sacerdotisa, chamada Diotima, que ele
suas várias faces. procurou para doutriná-lo a respeito da
Os convivas do banquete eram: Agatão, o natureza de Eros.
homenageado, Fedro, Pausânias, Erixímaco, o O discurso então toma ares de polifônico,
médico, Aristófanes, o comediógrafo, Sócrates conceito de Mikhail Bakhtin (1981), posto que
e Aristodemo, que acompanhava Sócrates e são várias vozes que se somam e se
narrou à Apolodoro o que se sucedera no multiplicam, dialógica e eticamente, em uma
encontro. perspectiva sempre de infinitude, inclusão.
Apolodoro é chamado a contar o que havia Diferente do discurso monológico, pautado por
escutado de Aristodemo, pois quem lhe pedia, autoritarismo e dogmatismo, que geram
designado apenas por “companheiro”, queria indiscutibilidade das verdades proferidas por
saber com precisão o teor dos elogios tal discurso (BRAITH, 2005).
proferidos. Este banquete, em homenagem ao Os Elogios à Eros, neste sentido, apesar de
prêmio conquistado por Agatão em virtude de se constituírem cada um como um monólogo
sua primeira tragédia, acontecera quando argumentativo, em que cada um dos
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
convidados busca explicar e fundamentar a distinguir dentre os Eros aquele que deveria ser
natureza do Amor, se apresentam como uma enaltecido. O discurso de Pausânias
cadeia de falas cujo princípio e o fim são caracteriza-se pela explicação dos diferentes
impossíveis de reconstituição. Um discurso tipos de relações aceitas na sociedade grega
sobre o amor fora sempre antecedido de outro, clássica. A mulher era considerada um ser
que precede um próximo. inferior, menos inteligente do que o homem; o
Neste sentido, a obra de Platão (2001), se cidadão, a quem era permitido – e mais,
tece como um drama filosófico, no qual educado - para discutir filosofia, política, arte.
Aristodemo é o narrador-mediador de outros As relações afetivas, portanto, também se
discursos; no entanto, estes discursos não se moldavam quanto à dimensão que o gênero
consubstanciam apenas em narrativas a feminino e masculino assumia em Atenas.
respeito da natureza de Eros, são antes o Assim, a relação com mulheres era vista com o
método dialético de construção da verdade – escopo de procriação e, muitas vezes,
prêmio este continuadamente postergado, relacionado à fugacidade, enquanto a relação
devido à própria essência do pensar filosófico. com o homem era tomada de sentido
Segundo memória de Aristodemo, Erixímaco pedagógico. Um homem sábio relacionava-se
tomou a palavra, relembrando conversa com com um jovem de modo a educá-lo à arte da
Fedro sobre não haver nenhum hino composto política, da retórica, da filosofia, das ciências,
pelos poetas a Eros: a todos os outros deuses, do Logos, enfim.
se criaram homenagens, porém nenhum poeta O discurso de Pausânias, então, explicita as
fez seu panegírico a Eros, sendo este um Deus duas formas de expressão do Eros. O orador
esquecido. Deste modo, Erixímaco, a fim de parte da premissa de que não há Eros sem
suprir tal lacuna, dispõe-se a contribuir com Afrodite. E, se existem duas Afrodites, defende
seu discurso a enaltecer tão poderosa Pausânias, também existem dois Eros. Uma
divindade. Propõe ainda que todos façam o Afrodite é filha de Urano, nascida sem mãe.
mesmo: elogiem Eros da maneira mais bela Esta é a mais velha e é chamada de Urânia ou
possível. Celeste. A Afrodite mais nova é filha de Zeus e
Como Fedro estava na cabeceira da mesa e Dione e seu apelido é pandêmia ou vulgar. O
por ter sido ele quem notara tão grave Eros que acompanha a Afrodite mais velha é
ausência, este iniciou os Discursos. alcunhado também de celeste; enquanto o
Outro convidado que também discursou foi outro, por acompanhar a Afrodite de Zeus,
Pausânias. Para ele nem sempre Eros inspira a responde por vulgar.
retidão, porquanto este entender que havia Para o orador, todo Deus deve ser
um outro, além deste que inspira temperança enaltecido. Mas antes ressalva: nenhum ato
aos homens. Por isso, a proposta feita àqueles em si mesmo é belo ou censurável. O que
que presenciavam o banquete - de que determina a beleza de um ato é o modo como
falassem sobre Eros - não havia sido bem é realizado; a ação será bela se realizada com
formulada, pois não havia apenas um Eros, mas retidão e beleza; do contrário, será censurável.
dois. Para corrigir tal falha, Pausânias passa a Tal concepção se estende ao ato de amar:
1235
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(REALE & ANTISERI, 2007); caminho este Essa ideia de segunda leitura necessária para
incentivado pelos benesses trazidos à a compreensão do jogo linguageiro de
polis.Após essa explanação sobre o discurso Tutaméia logo nos remete à imagem da
amoroso em Pausânias, observaremos o “segunda navegação” de Platão, colocada n’O
discurso amoroso rosiano em “A vela ao Diabo” Banquete como um meio necessário para a
e sua aproximação a este discurso platônico. ascensão do homem ao mundo das Ideias, isso
é, ao plano da Verdade e da contemplação do
3 UMA ANÁLISE DO AMOR EM Bom e do Belo. Desta feita, não se poderia
também – deixar de relacionar esta citação
“A VELA AO DIABO” DE com as epígrafes dos índices dessa obra
TUTAMÉIA rosiana, em que Arthur Schopenhauer (2005),
Nos 44 textos que compõem Tutaméia: exalta o valor e a importância dessa segunda
terceiras estórias (1967), o autor Guimarães leitura, na qual as matizes e os detalhes da obra
Rosa aborda tutameices em que a vida se deixa se revelam numa ótica inteiramente nova do
entrever3, sendo que não há melhor fresta de
1
que se tinha mostrado na primeira. Rosa
vida do que os pequenos e enormemente reclamava essa segunda leitura, abrindo e
significativos episódios nos quais o Amor se fechando o volume de Tutaméia com epígrafes
apresenta, em algumas de suas múltiplas faces. do filósofo alemão, nos seus índices de leitura
Valendo-nos, num primeiro momento, das e releitura. A epígrafe inicial, localizada antes
categorias de análise do discurso de Patrick do primeiro índice, diz: “Daí, pois, como já se
Charaudeau (2008), podemos entender esse disse exigir a primeira leitura paciência,
livro como um projeto de fala (aqui fundada em certeza de que, na segunda, muita
compreendida como produção linguageira coisa, ou tudo, se entenderá sob luz
individual produzida em determinado contexto inteiramente outra” (SCHOPENHAUER, 2005,
situacional) de um Eu comunicante (Euc.) que p. 695)
objetiva seduzir um Tu interpretante (Tui) com A epígrafe final, localizada no segundo
estratégias de fala (formas de organização do índice, de releitura, diz: “Já a construção,
discurso) que permitam, ou melhor, exijam orgânica e não emendada, do conjunto, terá
uma segunda leitura acurada para melhor feito necessário por vezes ler-se duas vezes a
compreensão da mensagem e dos mecanismos mesma passagem.” (Idem, p. 695).
utilizados para emissão dessa mensagem. Nesse ínterim, importante é ressaltar que
Assim, o Eu enunciador (Eue., interno ao entende-se esta obra de 1967, como uma obra
discurso) vale-se de múltiplas estratégias do única, a despeito de ser composta de contos e
jogo linguageiro, desde a escolha acurada de prefácios publicados num primeiro momento
cada termo empregado até a diagramação e separados, muitas vezes, por um longo
formatação do livro como um todo. intervalo temporal, no jornal da área médica
3
Importante ressaltar que neste livro existem dois livros primeiro índice, apresenta-se 44 contos, ao passo que
com duas organizações de leituras diferenciadas: no no segundo índice (de releitura) apresenta-se 40 contos
e 4 prefácios.
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
Pulso, sendo que tal fato concedeu-lhes o totalidade da bibliografia rosiana, em especial
tamanho reduzido do conto, tornando-os em seus quatro prefácios, onde esse Eue. se
condensados ao máximo, ao ponto de ser deixa entrever em diversos matizes,
considerado pelos primeiros leitores, por assim anunciando quatro das preocupações
dizer os contemporâneos à sua primeira norteadoras dessa obra (e de outras),
publicação (SIMÕES, 1988), como uma leitura conforme nos diz SIMÕES (1988, p. 25):
densa e de difícil penetração. Percebeu-se, Os prefácios aqui possuem função
portanto, no mundo discursivo esse leitor norteadora e se, de um lado, “desviam” a
‘preparado’, ou melhor, o leitor modelo, os atenção do leitor e obrigam-no a refletir, por
críticos literários da época, e não o chamado outro, conduzem ao centro e enigma das
‘leitor mediano’, como o Tu destinatário (Tud.) estórias, cujas facetas poderiam ser assim
da obra de Guimarães Rosa, e em especial, representadas: o avesso da linguagem (“Aletria
dessa sua última obra literária. Tal e Hermenêutica”), a invenção da palavra
entendimento é corroborado pelo que disse (“Hipotrélico”), a dupla realidade (“Nós, os
esse autor a seu amigo e estudioso de suas temulentos”), o mundo representado (“Sobre a
obras, Paulo Rónai. Em conversa por este Escova e a Dúvida”). Essas quatro facetas
narrada em seu livro Pois é publicado pela multifazem-se em outras e fundem-se em
editora Nova Fronteira em 1990, ele afirma torno de um único tema: o questionamento da
que: linguagem, do homem e do mundo.
Mostrou-me depois o índice no começo do Esses matizes diversos também se revelam
volume, curioso de ver se eu lhe descobria o quando se analisa a obra sob o enfoque
macete. temático do Amor. Baseando-nos em palestra
- Será a ordem alfabética em que os títulos proferida pelo professor João Adolfo Hansen4 ,1
4
Palestra apresentada em Belém do Pará, por ocasião
do Fórum de Letras da UNAMA, 2008.
1238
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
levando-o ao recurso último de acender vela a Esta dicotomia nos remete ao discurso de
santo desconhecido para que lhe assegurasse Pausânias abordado na primeira parte do
“segurando-lhe com Zidica o futuro” (ROSA, presente artigo, em que é feita uma distinção
1967, p.21)5 . Mas acaba por enredar-se nos
1 entre dois Eros antagônicos e inconciliáveis,
subterfúgios de Dlena, que “o acolheu com sem nenhuma relação entre si: o Eros vulgar, se
tacto fino de aranha em jejum” (p.21), e com, interessa pelos corpos, desregradamente; e o
“jeitinho, sorrisinho, dolo” (p.22), quase o fez Eros celeste, que cuida do que é bom e belo
separar-se definitivamente de sua doce noiva, com moderação, constância e nobreza.
até que, ao fim da novena, descobre o enredo Dlena, então, vem representando esse amor
de Dlena e retorna a Zidica, para serem vulgar que apenas quer consumar a conquista,
“infelizes e felizes, misturadamente” (p.23). ter o amado para si, não se importando com a
Percebe-se nesse conto a oposição entre a nobreza dos atos realizados com esse escopo,
ausência e a presença física do ente amado: o sendo figurado também na história de
amor ausente fisicamente, mas presente e Guimarães Rosa como sentimento vil e
puro idealmente de Zidica com o amor traiçoeiro, que não mostra sua verdadeira face
presente fisicamente, mas dissimulado e antes de ter conseguido seu real intento: iludir
enganoso das ideias. Estando Zidica apenas e enganar, apresentando apenas simulacros da
presente no mundo dos sonhos e lembranças realidade.
de Teresinho, este acende uma vela – Em contraponto, Zidica é a representação
subterfúgio igualmente no plano das ideias, desse amor ideal e comedido, amor racional e
metafísico e transcendente - para assim mantê- moderado, aquele que motivaria Teresinho a
la, como sua certeza de futuro, garantia de lutar pela sua sobrevivência e pela melhora na
devaneios, caracterização literária recorrente qualidade de vida para retornar a esse estágio
das “mocinhas” que funcionam como de paz e harmonia, de segurança, que sua alma
personagens tipo de novelas e romances. bem se rememora de ter vivido em tempos
É essa lembrança que move Teresinho em passados e para onde espera, na hora certa,
sua jornada pela felicidade, a certeza de um retornar.
amor tal qual o de Penélope à espera do No desenlace (ou enlace) desse enredo, a
retorno de seu amado Odisseu. Aí se depara descoberta do engodo que é o deixar-se
com a realidade de Dlena, seus encantos de envolver por esse sentimento puramente
Calipso, seus feitiços de anjo decaído, de mundano da presença física de ente amado o
mulher-demônio, traiçoeira, que, a despeito do liberta para retornar à plenitude inicial de todo
amor fraterno que desperta nesse ser humano, reunificar-se ao seu amor em São
protagonista, tenta afastá-lo de seu amor Luíz e plenificar-se nesse reenlace amoroso,
idealizado, atocaiá-lo em suas armadilhas de tornando-se completo com a realização do
sedução. amor ideal. Percebe-se a escada ascensional
platônica do espírito que, originando-se na
5 Todas as citações da obra de Tutaméia: terceiras serão indicadas apenas as páginas da obra, pois a
estórias, serão da primeira edição de 1967, porquanto, referência completa já consta ao final do artigo.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta análise, procedemos a comparação dessas duas espécies de discursos amorosos, o
literário e o filosófico, imbuídos da perspectiva de que eles se enquadram nesse gênero mais
amplo que é o gênero amoroso do discurso, buscando assim, para além de suas diferenças
formais, e sim, sua identidade temática. Procuramos elucidar algumas de suas estratégias
intertextualizando as obras, visando-se com isso a avaliação de aspectos mais intrínsecos dos
tratados literários e filosóficos a fim de explaná-los enquanto construtos discursivos.
Tal estudo trabalhou a obra literária e a filosófica como a manifestação da interação do
autor com o próprio leitor, logo se percebeu que, tanto o autor modelo literário quanto o
filosófico, buscam atingir uma espécie de leitor modelo, sendo as obras, assim, uma forma de
ação no mundo que trazem à tona as especificidades de cada discurso, pois imbricam sutilmente
a marca de cada autor modelo trabalhados.
Neste diapasão, as linguagens abordadas no presente trabalho produzem signos, alguns
inclusive empíricos, mas que a nossa pesquisa perquiriu para transpô-los em formas de ação, ou
seja, para transformá-los em estratégias da configuração verbal visíveis aos leitores.
Dessa maneira, classificamos esse material empírico, a linguagem filosófica e literária,
observando as suas compatibilidades e incompatibilidades, suas múltiplas combinações, fazendo
os recortes formais e enquadrando-as às categorias conceptuais que lhes correspondem.
Para tanto, utilizamos o quadro enunciativo de Charaudeau para categorizar o ato de
linguagem presente nas obras literária e filosófica estudadas, abarcando assim a explanação do
seu circuito interno, o mundo discursivo, com seus componentes: o EU enunciador e o TU
destinatário; assim como a análise do mundo objetivo, da situação de interação, mesmo que
ficcional, como nas obras analisadas, enquadramos o EU comunicante e o TU interpretante
presentes nos referidos discursos.
A pesquisa também se preocupou com a conceituação crítico-analítica do referido diálogo
entre a filosofia e a literatura, pois não seguiu a linha analítica da dúvida ou do binarismo
reducionista de certas análises comparatistas que consideram as obras posteriores como mera
imitação das primeiras que trabalharam anteriormente a respeito do tema, no caso, o amor.
Sendo assim, fica claro que o fato d’O Banquete anteceder a obra de Guimarães Rosa em nada a
diminui, pois o que observamos foi a absorção ou a transformação de alguns elementos textuais,
ou seja, a assimilação criativa desses elementos, e até mesmo, sua ampliação semântica, pois um
Discurso, de fato, nunca é totalmente inédito, mas como elucidou Bakhtin (1981), um mosaico
de várias vozes, uma polifonia de inúmeros outros discursos. Nesse âmbito, o trabalho afinou-se
com o favorecimento do conhecimento da singularidade de cada texto, retirando deles
principalmente, o seu sentido.
Em relação à temática amorosa, proposta por nossa pesquisa, Platão e Guimarães Rosa
dialogam, se afinando e desafinado, quanto à formulação de Eros. Platão trata Eros como um ser
alante, ou seja, que eleva o sujeito ao suprassensível, um não-lugar, que a alma reconhece por
ser imortal, posto que rememora o belo, que em Platão é a ideia privilegiadamente evidente
amável, sendo que quando reflexa no mundo sensível inflama a alma, desejosa de retornar para
junto dos deuses.
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REFERÊNCIAS
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WELLEK, René. The name and Nature of Compative Literature. In: Discriminations: Further
Concepts of Cristicism. New Haven: Yale University Press, 1970, p-1-36.
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1Professora no Curso de Arquitetura e Urbanismo na Rede Centro Universitário FUNORTE – Montes Claros - MG
Graduação: Arquitetura e Urbanismo – PUC - MG
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com espaços adequados e bem pensados para finalidade de fazer com que o aluno estude
resgatar a dignidade local e o conforto determinados conteúdos. Embora não
esperado pelos usuários. constitua a única prática pedagógica,
predomina para o aprendizado de conteúdos
MÉTODO DE ENSINO E cognitivos e integração de disciplinas. Esta
metodologia é formativa à medida que
APRENDIZAGEM - PBL estimula uma atitude ativa do aluno em busca
A metodologia de ensino e aprendizagem do conhecimento e não meramente
denominada PBL (Problem Based Learning) informativa como é o caso da prática
aborda uma estrutura curricular centralizada pedagógica tradicional.
no aluno que o habilita a realizar estudos, O PBL, foi criada inicialmente com o intuito
associa teoria e prática, além de possibilitar o de superar a defasagem entre os anos iniciais
bom emprego dos conhecimentos adquiridos, do curso de medicina, caracterizados por uma
bem como as habilidades e atitudes para o formação dominantemente teórica, e o início
desenvolvimento de uma solução viável para da prática médica dos seus acadêmicos. A
um problema definido. construção curricular por PBL permitiu que se
Portanto, é importante para o estabelecesse uma relação
desenvolvimento deste método de prática/teoria/prática como processo de
aprendizagem que o problema tenha vínculo formação dos médicos (LOPES, et al, 2011).
com uma realidade, onde se percebe A despeito de sua origem em medicina, o
envolvimento dos alunos e demais PBL logo se expandiu para o ensino de outras
participantes do processo, seja também áreas do conhecimento, e para outros níveis
desestruturado, interdisciplinar, e admita uma educacionais. À medida que foi sendo utilizado
possível investigação da situação. Parte em outros contextos educacionais o PBL sofreu
importante de um currículo PBL sãos as adaptações. (ESCRIVÃO FILHO; RIBEIRO, 2008).
situações-problema. Elas propiciam a Se mostrando assim, uma metodologia que se
curiosidade da busca e integraram as áreas do adapta aos mais variados cursos, de acordo
conhecimento, permitindo a com a necessidade e abordagem específica de
interdisciplinaridade e o processo de trabalho cada um, podendo ser utilizada nas diversas
instigador e cooperativo (GOMES; REGO, disciplinas que usam uma situação problema
2011). como incentivo na busca de estudos e soluções
Sakai e Lima (1996), afirmam a seguinte adequadas, com o objetivo de causar nos
apresentação sobre a Aprendizagem Baseada estudantes e curiosidade de investigação e
em Problemas: resolução do que foi proposto.
O PBL é o eixo principal do aprendizado
teórico do currículo de algumas escolas de
Medicina, cuja filosofia pedagógica é o
aprendizado centrado no aluno. É baseado no
estudo de problemas propostos com a
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com esta pesquisa é possível concluir que o uso da metodologia de ensino e aprendizagem
baseada em problemas (PBL) dentro do curso de Arquitetura e Urbanismo foi bastante
pertinente, principalmente sendo usado de forma assertiva numa disciplina prática e projetual
que aborda um problema existente a nível de cidade, uma causa municipal e importante para
trazer resgate a cultura local e sentimentos de pertencimento, além de evidenciar os usos
adequados de espaços ao ar livre, podendo contemplar a natureza, algo fundamental para o
conforto humano e especialmente um contributo para a gestão ambiental como um todo.
Sendo, assim, a pesquisa possibilitou a construção de conhecimentos básicos para a
elaboração da proposta de uso do método PBL evidenciando mudanças no ensino superior
caracterizadas pela aproximação entre os conceitos trabalhados em sala de aula e o exercício
profissional na prática, cuja principal vertente caracteriza-se por metodologias ativas de ensino,
que, se bem aplicadas, contribuem para um aprendizado mais leve revelando o interesse dos
alunos em participar de novas experiências educacionais, se tornando assim, uma proposta viável
a ser aplicada no curso de Arquitetura e Urbanismo.
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REFERÊNCIAS
ALTAMIRANO, G., AMARAL, J. R. A., SILVA, P. S. Caçadas Verdes e Acessíveis: Melhoram
a mobilidade, a permeabilidade e embelezam a paisagem urbana. São Paulo: A9 Editora,
2008.
MARKHAM, T., LARMER, J., RAVITZ, J., Aprendizagem Baseada em Projetos. Artmed Editora
S/A. Porto Alegre, 2008.
SAKAI, M. H.; LIMA, G.Z. PBL: uma visão geral do método. Olho Mágico. Londrina, v. 2, n.
5/6, n. esp., 1996.
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RESUMO: O presente artigo aborda o tema trabalho como princípio educativo, mostrando de
forma sucinta a história do trabalho desde a sociedade primitiva até a primeira década do século
XXI, sendo um trabalho desenvolvido no curso de Especialização em EJA pela UAB, Campus de
Primavera do Leste no Estado de Mato Grosso.
1Licenciada em Pedagogia (2007), pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - UNESP. Atuou
nas Redes Municipais de Ensino das Prefeitura de Osvaldo Cruz- SP (2004-2009), Campinas - SP (2009-2015) e
da Capital (2015 até a atualidade). Área de atuação é a Educação Infantil, Especialização em Psicopedagogia;
Especialização em Ludopedagogia.
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ABSTRACT: This article addresses the theme work as an educational principle, succinctly showing
the history of work from primitive society to the first decade of the 21st century, being a work
developed in the Specialization course in EJA at UAB, Primavera do Leste Campus in State of Mato
Grosso.
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INTRODUÇÃO
A gravura “Les Puris dans leurs forêts”, parte história e antropologia e, também, pelo fato de
do livro (WIED-NEUWIED, 1822), baseada em fazer parte de meu acervo pessoal.
registros pictóricos originais coletados pelo A expedição do príncipe Maximilian se insere
príncipe Maximilian Alexander Philip von Wied- no contexto histórico das expedições
Neuwied, artista-cronista viajante alemão científicas, artísticas e diplomáticas
(NEUWIED, 1782- NEUWIED, 1867) e gravada empreendidas após a abertura dos portos
posteriormente pelos também alemães, brasileiros, ocorrida em 1808, às nações com as
Friedrich Auguste Seyffer (LAUFFEN AM quais o Reino de Portugal mantinha relações
NECKAR, 1774-STUTTGART, 1845), que ficou a diplomáticas, logo após a chegada da família
cargo de gravar a paisagem e por G. Rist, que real. Por parte dos visitantes havia um ávido
ficou a cargo de gravar as figuras, é uma interesse em captar a maior quantidade
imagem que intriga, dada sua carga simbólica possível de informações, dada a especificidade
e, sobre ela, procurarei discorrer, nesta do bioma e da miscigenação étnica encontrada
caminhada pelas suas florestas. Esta obra na porção oriental da América do Sul –Brasil–
despertou meu interesse, dada a intensidade e, por seu turno, por parte de Portugal expor a
com que é reproduzida em livros de arte, exuberância e exotismo de suas riquezas
tropicais era um sinal de poder. Essa conjunção
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de fatores fez com que dezenas de artistas- Tecnicamente, trata-se de uma água forte
cronistas ou cientistas-cronistas viajantes sobre papel, medindo 35,3 x 51,2 cm –
empreendessem expedições pelo Brasil. dimensões do suporte–, e 24 x 30,5 cm –
Para a arte brasileira, de tradição dimensões da mancha–, impressa na
portuguesa e, consequentemente, calcada na Imprimerie Cosson, de Paris.
tradição católica da arte sacra, em especial na Oito indígenas do grupo Puri, sendo três
estatutária hagiológica, a chegada de artistas homens, três mulheres e duas crianças, de
europeus, alguns de tradição cultural perfil, voltados para a esquerda, caminhantes.
protestante, com domínio do desenho, Imagem significativa, no sentido da
representou um verdadeiro “Renascimento” preservação da etnia, por apresentar três
para a hermética arte brasileira já que havia casais em idade fértil, com duas crianças
trezentos anos que a entrada de estrangeiros aparentemente saudáveis. As mulheres levam
se manteve proibida em território brasileiro. a cria, os cestos e a cana. Os homens,
Com eles, imagens em madeira ou barro responsáveis pela segurança do grupo levam as
cozido policromado e quadros retratando flechas. O olhar eurocêntrico do príncipe
Santo Antônio, as várias manifestações da Maximilian esconde as “belezas” dos homens,
Virgem Maria (CONCEIÇÃO, DO Ó, DO CARMO, quer com a perna esquerda à frente, quer com
DO ROSÁRIO, DAS DORES etc), de Cristo na Cruz a mão sobre a púbis. São indígenas, mas o
etc, deram lugar à representação iconográfica consumo das gravuras é europeu. O grupo
dos indígenas, das matas, das florestas, dos caminha pela mata fechada, com densa
campos, dos rios, das cachoeiras etc. Esta vegetação, composta de árvores muito antigas
lufada imagética não portuguesa-católica foi, e largas, alternadas com árvores mais jovens e
sem dúvida, um marco divisor de águas na arte finas e, alguns troncos caídos, denotando o
brasileira, sem precedentes. ciclo natural da floresta. O local registrado pelo
Certa vez deparei-me com a reprodução príncipe é a região próxima ao rio Paraíba, nas
desta gravura em (PICCOLI, 2009), a gravura proximidades da cidade de São Félix, norte do
ilustra o subitem relativo à Expedição Wied- atual estado do Rio de Janeiro, em cena fixada
Neuwied (1815-1817). Houve, claro, um em outubro de 1815, em seus apontamentos
contentamento inicial pelo fato de à época eu pictóricos.
já possuir a gravura, mas, o que mais me Vale lembrar que muitas vezes os
surpreendeu foi o fato que da vasta obra apontamentos do artista, feitos in loco, são
gráfica produzida pelo príncipe Maximilian, a alterados pelos gravadores que,
reproduzida foi exatamente esta. posteriormente, utilizaram a obra original para
A partir de então, passei a ver esta gravura produzir a gravura que compôs a produção
com um outro olhar e procurei entender o que gráfica. É o caso desta gravura que,
fez a autora deste artigo, a organizadora do originalmente, fora composta a partir de dois
livro ou o responsável pelo projeto gráfico a desenhos, um descrito assim, “Estudo de três
elegê-la para ilustrar o artigo. índios puris armados, de perfil voltados para a
esquerda e de frente. 1815,” em (LÖSCHNER &
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KIRSCHSTEIN-GAMBER, 2001, p. 80), e outro, por parte dos viajantes sobre as províncias do
“Estudo de perfil de quatro índios puris com sudeste.
crianças e utensílios, voltados par a esquerda. Segundo (LAGO, 2014, p. 142), “o livro de
1815”, em (LÖSCHNER & KIRSCHSTEIN- Maximilian von Wied-Neuwied, príncipe
GAMBER, 2001, p. 82). alemão com sólida formação de naturalista, é
Em outra obra, (FREIRE & MALHEIROS, obra clássica sobre o Brasil e tem o mérito de
2009), a gravura aparece na capa e contracapa, ter sido o primeiro álbum publicado na Europa
ocupando cerca de 2/5 da porção inferior das a revelar a vida brasileira e, sobretudo, a dos
mesmas, bem como nas páginas 9, ilustrando o índios.” Este excerto me faz entender o quão
início do capítulo “Os índios do Rio de Janeiro e importante é este álbum e, em decorrência, o
suas aldeias de origem” e 62, ilustrando o quão significativa é esta gravura, que, ainda
capítulo “A repartição: os índios aldeados”. De que fruto de uma composição à “la
fato, nesta obra, a presença em da gravura em frankenstein”, representa os puris, indígenas
quatro páginas da obra aguçou-me a extintos que cuidaram desta terra como
curiosidade. ecólogos, preservando-a e nela vivendo em
O puris habitaram a região dos atuais harmonia. Ensinamentos que os atuais
estados de Minas Gerais, Espírito Santo e Rio brasileiros tanto necessitam.
de Janeiro e, consequentemente, têm sua
porção de sangue correndo nas veias dos
cariocas e fluminenses. Nada mais justo a
profusão da imagem dos puris nesta obra.
Em (BELUZZO, 1994), nota-se uma conexão
“alemã” que desvela os motivos pelos quais o
príncipe escolhe percorrer as então províncias
de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espirito Santo
e Bahia. Em 1804, o príncipe conhecera
Friedrich Wilhelm Heinrich Alexander von
Humboldt, o barão de Humboldt (BERLIM,
1769 — BERLIM, 1859). Humboldt
empreendera uma grande viagem pela
América do Sul (1799-1804), e fora impedido
de adentrar ao território brasileiro pelas
autoridades portuguesas, temerosas que ele
fosse um espião alemão. Hoje Humboldt é, e
mesmo em sua época, fora aclamado um
polímata e seus conselhos ao príncipe foram
excepcionalmente valorosos, em especial na
planificação da viagem e na escolha do
percurso, até então sem nenhuma informação
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considera-se que é necessário pensar em uma pedagogia que vá contra a imposição do
capital permitindo que o indivíduo tenha um norte em meio ao caos e que sua força e seu
trabalho desenvolvido não acrescente somente a quem dela se aproprie mas a si também
agregando valores e conhecimento. Porém conforme o que estudamos podemos entender que
os autores que redigem a crítica ao trabalho como princípio educativo, exatamente nesse
momento histórico em que o socialismo cai em descrédito não chegam ao um consenso.
Ressalta-se que a derrocada do socialismo real teve influência no interior do próprio
movimento socialista, causando essas dissensões a respeito dos encaminhamentos para a luta de
classe e sobre sua organização e desigualdade social gerando conflitos e barreiras na aquisição
de conhecimentos, cultura e valores. No que se refere à trabalho como princípio educativo diante
de nossas reflexões aqui empreendidas, pensamos a partir do vínculo entre educação e estratégia
de transformação social, isto é, em como a escola pode contribuir para a ruptura do modelo
capitalista e para a emancipação humana, no entanto, entendemos que a função da escola
quanto transmissor de conhecimentos é de fundamental importância para
transmissão/assimilação dos conhecimentos produzidos historicamente pela humanidade.
É fundamental refletir a respeito de um princípio que possibilita acesso à humanização e,
portanto, possa contribuir para a transformação social. Sendo assim, considera-se que o trabalho
é a chave mestra para um princípio educativo e cultural do cidadão na sociedade desde que ele
agregue conhecimento e valores a quem vende sua força.
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REFERÊNCIAS
BELUZZO, A. M. (1994). O Brasil dos viajantes. São Paulo: Metalivros.
FREIRE, J. B., & Malheiros, M. F. (2009). Aldeamentos indígenas do Rio de Janeiro. Rio de
Janeiro: EdUERJ.
PICCOLI, V. (2009). A presença dos viajantes. In: S. G. Amaral, O Brasil como Império. São
Paulo: Companhia Editora Nacional.
WIED-Neuwied, M. (1822). Voyage au Brésil, dans les annés 1815, 1816 et 1817. Paris: Arthus
Bertrand Libraire Éditeur.
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durante sua formação, dedicou-se aos estudos um homem de estudo e conhecimento e como
falando fluentemente as duas línguas advogado escreveu sua própria defesa na obra
principais do Império: grego e latim. Estudou “Apologia”, que foi um livro improvisado em
filosofia e direito na Grécia e eloquência em poucos dias, no qual misturam-se ironia, bom
Roma, sendo brilhantemente versado em humor, eloquência e erudição. Esta obra é mais
muitas ciências, entendia de geometria, de pessoal, no entanto , não foi difícil convencer
astronomia, de poesia e de música, é possível aos ouvintes de que não usara magia para
que tenha sido discípulo de Gaio, o célebre casar-se com Pudentila.
professor de filosofia platônica. É nesse sentido que Apuleio na Apologia
Viajou pelo oriente onde conheceu e teve alude a necessidade da sua filosofia em
contato com cultos estranhos e dogmas, as conhecer à magia, justificando suas práticas
religiões de mistério que fascinavam os mágicas como algo próprio e natural de sua
intelectuais e também fascinaram Apuleio, sua filosofia (SILVA, 2006, p. 102). Em suas viagens
curiosidade insaciável o levou a observar e pelo Oriente, foi iniciado em muitos cultos
quem sabe a praticar magia. Ele foi iniciado na mistéricos, esses cultos eram em sua maioria
maioria dos cultos mistéricos e sua devoção era dedicados a deusa egípcia Ísis, Apuleio foi
bem evidenciada. iniciado no culto de Ísis e virou um grande
Como podemos notar no seguinte devoto da deusa.
fragmento da Apologia de Apuleio: “Na Grécia Segundo Chelini (1991, p.67), em seu livro
fiz parte de iniciações na maior parte dos cultos “O Asno de Ouro” ou “Metamorfoses”, o autor
mistéricos, conservei ainda, com grande discute o papel exercido pela deusa Ísis nos
carinho certos símbolos e recordações desses rumos tomados por Lúcio, o protagonista
cultos.” principal.
De volta a Madaura dedicou-se a advocacia, O Asno de Ouro é sua obra máxima,
fazendo sempre viagens para aperfeiçoar seus acredita-se que tenha sido a obra da
estudos e pesquisar (CHELINI, 1991, p. 67)1. maturidade de Apuleio, escrito depois de todas
Quando se encaminhava para Alexandria, as viagens que realizou e com a rica experiência
Apuleio ficou doente e parou em Oea, atual que elas lhe outorgaram.
Trípoli, lá conheceu um antigo condiscípulo, Apuleio foi um homem sempre envolto em
Ponciano que tinha uma mãe muito bonita e mistérios, cheio de contrastes e contradições,
rica chamada Pudentila, esta era viúva na sério e frívolo, devoto e libertino, desejoso de
medida em que Apuleio apaixonou -se e com verdade e um pouco charlatão.
ela se casou. Além do “Asno de Ouro”, Apuleio escreveu
Porém os parentes de Pudentila achavam outras obras como Flórida, obra de retórica e
que ela havia sido enfeitiçada, e acusaram filosofia, O demônio de Sócrates, Apologia,
Apuleio de ter recorrido a práticas de magia Platão e sua doutrina e O mundo.
para conquistar a viúva e induzi-la ao Não há certezas se ele realmente era de
casamento, ele sabia que a pena para quem Madaura, menos ainda se teria um dia
praticasse magia era a morte. Mas, Apuleio era
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retornado a viver nessa cidade, o que se sabe é magistrado, apenas um membro da cúria de
que ele voltou a viver na África Romana. sua cidade natal e sacerdote de Cartago.
A obra “ Flórida”, é uma compilação feita Apuleio não nos indica se foi o grande
não se sabe quando nem por quem e possui sacerdote da província, mas de qualquer
vinte e três fragmentos de discursos forma, apenas por ter recebido, o título de
pronunciados por Apuleio em Cartago. sacerdote na principal cidade da África
O Deus de Sócrates se constitui como uma Proconsular, percebemos a importância que
exposição aprofundada sobre demonologia e desempenhou nesta região. Apuleio morreu
um estudo dos mais importantes do Médio- entre 170-180 em Cartago.
Platonismo, equiparando as especulações de
Apuleio à filosofia de Máximo de Tiro e Celso. OBRAS DE APULEIO
“Platão e sua doutrina” contém seus
ensinamentos sendo um resumo dos estudos
• A Magia e os cultos mistéricos na Roma
de Apuleio sobre este filósofo. Na obra ” O
antiga
Mundo”, apresenta os traços para a
A magia é praticada desde os primórdios da
compreensão das teorias platônicas no
humanidade e com o passar dos anos foi se
contexto do século II d.C.
modificando e adaptando a outros
Devido à fama de mago e filósofo
conhecimentos. A grande ciência sagrada como
naturalista, Apuleio recebeu alguns tratados
era chamada a magia antigamente, é uma
sobre a divindade de Hermes Trimegisto e
ciência oculta que estuda os segredos natureza
Esculápio e tratados naturais sobre plantas
e a sua relação com o homem, criando assim
medicinais encontrados são colocados como
um conjunto de teorias e práticas que visam o
de possível autoria de Apuleio (SILVA, 2006. p.
desenvolvimento integral das faculdades
42).
internas espirituais e ocultas do homem, até
As obras de Apuleio referem-se
que este tenha o domínio total sobre si mesmo
frequentemente a um tipo de magia ligada à
e sobre a natureza.
filosofia, fazendo poucas referências às
A magia como qualquer sistema de
práticas de magia populares em sua cultura.
pensamento, classifica os seres e as coisas
Segundo Chelini, ( 1991, p. 68.) Apuleio foi
(MONTERO, 1986, p. 47).
um místico e por isso, há sempre na sua obra o
As práticas mágicas são identificadas de
dualismo: artifício e religiosidade, sinceridade
acordo tanto com os princípios fundamentais
e diletantismo, o faz um paradoxo.
da magia (similaridade, contiguidade e
De volta a Cartago, ele continuou sua vida de
contrariedade) que regem o pensamento
advogado e o estudo da retórica, filosofia e da
mágico quantos alguns elementos da
história natural sendo possível ter sido
simbologia mágica.
sacerdote em Cartago.
A lei da contiguidade pressupõe que toda
Conforme Silva (2006, p. 34), Apuleio foi
parte é equivalente ao todo a que pertence, os
sacerdote do deus Esculápio. Ainda segundo
cabelos, as unhas de uma pessoa.
Silva (2006, p. 35), Apuleio cita ter sido
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De acordo com Montero (1986, p. 23), o havia praticantes de diversos tipos de magia
mágico pode estar então atuando ritualmente em Roma (SILVA, 2006. p. 96).
sobre esses elementos e produzir os efeitos No período republicano, os romanos
desejados sobre o indivíduo. diferenciavam as práticas rituais malevolentes,
Lei da similaridade é uma forma diferenciada que ameaçavam a integridade das pessoas e de
de atuação mágica, que chamamos de magia seus bens, de outras práticas mágicas bem
imitativa, ou seja “ o semelhante evoca o intencionadas, embora ambas ( TOTTI, 2004, p.
semelhante”, ou “ o semelhante age sobre o 34.), embora as duas modalidades sejam
semelhante, e particularmente cura o similares em suas aparências e manifestações.
semelhante . Lei da contrariedade como a Em relação às leis romanas que puniram a
fórmula inversa de semelhante atrai e age magia, esta apareceu pela primeira vez na lei
sobre o semelhante, a similaridade estaria da XII tabuas (século. V a.C.) como termos
contida na contrariedade. jurídicos com o objetivo de tratar das
Magia e religião sempre geram muitas proibições a práticas que equivalem ao que
discussões, mas apesar da abundância de chamaríamos nos dias de hoje de magia negra
material ,não se chegou a um acordo quanto ao (TOTTI, 2004. p. 27).
problema central, por onde passaria a linha de Em Roma é que os vocábulos magia, magus
demarcação que separa os fenômenos e magicus são empregados pela literatura das
religiosos dos fenômenos mágicos. últimas décadas do período republicano como
A magia trabalharia com forças que seriam termos eruditos ainda designando uma arte
imanentes à natureza, enquanto a religião exótica sem correspondência com a realidade.
veneraria forças transcendentes, para a magia, De modo geral para os romanos existiam
ao contrário, a natureza não é regida pelos dois tios de magia, a teurgia magia aplicada
caprichos pessoais das divindades, mas por leis para o bem e goétea magia destinada a fazer o
rigorosamente mecânicas. mal.
A magia não tem nada de místico, seu Os romanos usavam a magia principalmente
fundamento é puramente racional, seu nas plantações, para que estas crescessem,
funcionamento está assentado na ideia base de esse tipo de magia era vista como um tipo de
que os fatos se produzem sucessão invariável e magia simpática, embora a utilizavam para fins
previsível, sem a intervenção de forças cruéis, por esse motivo o crime de magia foi
sobrenaturais, a magia é portanto um sistema proibido em toda Roma pela lei das XII tábuas,
de pensamento que pressupõe a ação regular e na medida em que praticante de magia era
mecânica da natureza. punido e a pena era a morte por fustigação.
A crença em poderes mágicos é recorrente Em sua obra Apologia, Apuleio se diz
em inúmeras sociedades e os romanos não se praticante de uma magia tipo teurgica, mas ele
isentaram desta crença generalizada, a sempre se refere a um tipo de magia ligada a
evidências arqueológicas e literárias das filosofia, e não a práticas de magia populares,
épocas romanas não deixam dúvidas de que mas nunca saberemos a verdade pois
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poderia ser obra de alguém que conhecesse tarde, deixavam as almas na espera do
bem tal culto. amanhã, prontas para as admoestações dos
O culto à deusa Ísis se originou no Egito e sonhos místicos.
passou por duas fases principais, em sua versão Ainda segundo Chelini (1991, p.73), as
mais antiga, quando não era uma religião de cerimônias de Ísis tinham todas um caráter
mistério, Ísis foi considerada a deusa do céu, da hermético e somente os iniciados a
terra, do mar e do mundo subterrâneo compreendiam bem. A admissão ao culto
invisível. Nessa fase remota, Ísis teve um iniciava-se pela cerimônia da purificação,
marido chamado Osíris. quando o sacerdote conduzia o iniciado a um
O culto de Ísis só se tornou uma religião de lago próximo do templo e o aspergia,
mistério depois que Ptolomeu I introduziu invocando os deuses, reconduzido ao templo,
mudanças importantes, em meados de 300 a.C. ouvia os mandamentos que deveria observar:
na fase um novo deus chamado Serápis, abster-se de carne, de vinho, guardar
tornou-se seu novo cônjuge. Ptolomeu I continência e silêncio. No fim do décimo dia,
introduziu mudanças a fim de sintetizar as era conduzido a um lugar misterioso, escuro e
crenças egípicias e gregas em seu reino, escondido a que somente os sacerdotes
acelerando a helenização do Egito. Do Egito, o tinham acesso, subitamente a noite se
culto de Ísis conquistou seu espaço iluminava com fulgores e visões maravilhosas.
gradativamente em Roma . Depois, em trajes magníficos era apresentado
No princípio Roma repeliu o culto, mas a aos fiéis, trazia uma tocha na mão e uma coroa
religião acabou entrando na cidade durante o de palmas na cabeça, vinham em seguida, os
reinado de Calígula (37 – 41 d.C.), sua influência banquetes, as danças, as festas, não faltando a
expandiu pouco a pouco durantes dois séculos licenciosidade característica dessas festas. Os
posteriores e, em alguns locais, a religião se adeptos de Ísis ganhavam, assim, a certeza de
tornou a principal rival do Cristianismo. O obter a salvação após a morte.
sucesso do culto de Ísis no império romano é Toda essa aura de mistério fez com que
geralmente justificado por seus Apuleio tivesse grande interesse nessas
impressionantes rituais e pela esperança de religiões de mistério.
imortalidade oferecida a seus seguidores. Conforme Silva (2006, p. 101), Apuleio na
O ritual de Ísis compreendia duas partes, Grécia fez parte de iniciações da maior parte
uma de manhã e outra a tarde. Conforme dos cultos mistéricos, conservei ainda, com
Cheline (1991, p.67), pela manhã o sacerdote grande carinho, certos símbolos e recordações
reavivava o fogo sagrado, depois de ter desses cultos, que me foram entregues por
retirado o manto que cobria a estátua da sacerdotes. Pois bem, eu também como já
deusa, fazia libações com água que dizia ser do disse, conheci por meu amor à verdade e
Nilo. Tudo isso era feito ao som de cânticos, minha piedade aos deuses, cultos de toda
música de flauta e instrumentos de percussão, classe, ritos numerosos e cerimônias variadas.
essa música significava a presença benfeitora
da deusa. As cerimônias em ordem inversa, à
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Desta forma, como vimos, a magia era muita Após ter ganhado a confiança da moça, Lúcio
importante em Roma tanto para as camadas comenta sobre Panfília, ele diz que ela é uma
baixas como para as camadas mais altas. feiticeira e pergunta para a moça se ela sabe de
alguma coisa, Fótis tem uma um pouco de
• A magia vista por Apuleio e sua relação medo de falar, mas acaba dizendo a Lúcio que
com o livro “O asno de ouro” sua senhora prática de rituais estranhos
O livro “O asno de ouro”, escrito por Apuleio durante a noite no qual ela não ousa a assistir,
é sua obra mais madura, podemos dizer que é porém Lúcio morrendo de curiosidade queria a
uma obra de busca, como sendo esta por qualquer custo que Fótis o levasse para que ela
conhecimento e salvação. pudesse assistir tal ritual. Mas, a moça estava
O asno de ouro conta a história de Lúcio, um com medo, pois Panfília era uma feiticeira
viajante muito curioso e interessado por magia poderosa e má,
e rituais mágicos, que acaba por entrar na caso descobrisse que estava sendo vigiada,
maior aventura de sua vida. sabe-se lá do que seria capaz. Guarda-te Lúcio,
Em uma de suas viagens, ele foi para Tessália guarda-te energicamente dos perigosos
a negócios e durante o caminho encontrou dois artifícios e da criminosa sedução de Panfília,
viajantes, como uma boa conversa encurta o mulher de Milão, ela passa por mágica de
caminho, seguiu viagem junto a eles. Mas primeira ordem, mas entendida em todos os
depois de muita prosa, já estava meio gêneros de encantamentos sepulcrais (O Asno
entediado, até um deles comentou que na de Ouro, L II, 5 ).Mas, Lúcio estava decidido a
cidade para qual estavam indo, havia mulheres ver tal ritual, e queria sobre tudo aprender não
feiticeiras e com importava a consequência, e assim conseguiu
poderes sobrenaturais. convencer Fótis a lhe mostrar o ritual assim que
Segundo Apuleio (O Asno de Ouro, Livro I, 1) possível.
havia mulheres que praticavam magia e Alguns dias após, a empregada vem eufórica
adivinhação e eram tão poderosas que podiam a seu quarto dizendo que sua senhora fará o
abaixar o céu, suspender a terra, de petrificar ritual a noite, para ele se preparar e não falar
as fontes, de diluir as montanhas, de sublimar nada para ninguém. Quando chegou à noite,
os mares e derrubar os deuses, de apagar as eles foram até o local, e encontraram Panfília
estrelas e iluminar o tártaro. se despindo e após tirar toda a roupa , ela
Lúcio então ficou curioso e decidido a começou a falar palavras mágicas e em seguida
encontrar uma mulher dessas, chegando a pegou um pote cheio de uma espécie de
Hípata se hospedou na casa de um antigo pomada e untou todo o corpo, de repente
conhecido de seu pai, depois de alguns dias começou a transformar em pássaro, até por
ficou sabendo que a mulher de seu hospedeiro, fim virou uma grande ave e saiu voando. Lúcio
Panfília era uma dessas feiticeiras. não acreditava no que via, por alguns instantes
Na casa de seu hospedeiro, Lúcio conhece a não falou se quer uma palavra, mas quando
empregada Fótis, uma moça jovem e de belos voltou a si queria de todo jeito ter a tal poção
atributos por quem ele se apaixona. mágica para virar um pássaro, e convenceu
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Fótis a pegar um pote desse unguento. Mas, a próprios olhos, há uma veracidade que não
empregada pegou um frasco do unguento pode ser contestada.
errado e transformou Lúcio em um burro, a Apuleio foi um devoto de Ísis, e grande
partir daí se tem uma jornada para Lúcio voltar apreciador dos cultos mistéricos, e que
a ser homem novamente. praticava magia, porém a o tipo de magia que
ele praticava, não podia ser punida, porque ele
• Metamorfose de Lúcio acreditava admitir algo benéfico e estar mais
Segundo Chelini (p,67,1991), quando próximo da religião e da filosofia do que da
ocorreu o engano, logo no início e Lúcio se goétea.
transformou em asno, ele não se tinha Segundo Silva, (2006, p. 99), na obra O asno
informado sobre o que fazer para voltar a ser de ouro, há uma distinção entre dois tipos de
homem, mas ouviu quando a bela moça, Fótis, magia: uma magia totalmente afastada de
disse: “o remédio não é difícil; logo ao concepções tidas como religiosas,
amanhecer irei procurar rosas; basta que coma representadas por meio de operações
pétalas”. Ou seja, para Lúcio virar homem espetaculares e privadas, e outra que explora
novamente, teria que comer pétalas de rosa, elementos religiosos, ligadas a filosofia e ritos
por duas vezes ele se deparou com rosas ou religiosos, portanto punidos por leis. A primeira
flores parecidas, mas o destino lhe pregou espécie de magia mostra um sacrilégio e certo
peças. constrangimento ao praticante, sendo uma
Porém, uma noite, solitário em uma praia, prática individual. A segunda, ao contrário
Lúcio tem um sonho em que ele recebe a conhece os segredos divinos e venera os
revelação de Ísis, ele teria que se iniciar no deuses, opera na crença da condição da ação
culto da deusa, Lúcio cumpriu com toda divina e é uma prática coletiva.
sinceridade as partes de sua iniciação, ele fez Na obra “O Asno de Ouro”, Apuleio dá uma
parte de seu caminho mostrando-se obediente descrição de um ritual de iniciação aos
às ordens do destino, faltava só comer as mistérios de Ísis e pela riqueza de detalhes,
pétalas de rosa. Ele mesmo não acredita, mas conferimos que tal descrição só poderia ser
tem a confirmação por parte da deusa, uma obra de alguém que conhecesse bem o culto,
cesta de rosa será oferecida a você por um isso indica que na livro “ O Asno de Ouro”,
sacerdote, na procissão em meu nome. Apuleio escreveu sua própria história, mas de
“ A deusa diz: não tenha medo; rompe por uma maneira mais alegórica.
entre o povo; ninguém se horrorizará, mas A obra de Apuleio foi considerada por alguns
lembra-te de que, até o final da tua vida, terás como uma representação alegórica do mito
um compromisso comigo” ( CHELINI, p.78, platônico de Fedro: a alma deve morrer para
1991). chegar à concepção do divino e sofrer duras
O livro “ O Asno de Ouro” é em certa medida provas para elevar-se até Deus (MACHADO,
biográfico, pois Apuleio fala de todas estas 2008, p 179).
coisas como se as tivesse visto com seus Apuleio descreveu em sua obra “O Asno de
Ouro”, a grande importância que a deusa Ísis e
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De acordo com o estudo da obra “O Asno de Ouro” e a passagem sobre a vida e a obra de
Apuleio, conseguimos identificar a relação existente entre Apuleio e Lúcio, como personagem do
livro.
Parece que Apuleio intentou escrever em forma fantasia suas aventuras e viagens pelo
mundo conhecido. Não temos certeza de que foi uma autobiografia, mas de acordo com os
estudos parece haver uma relação entre os dois. Pode ser que só que a obra seja apenas
desabafo, porque como ocorre no livro, a situação dos romanos não era boa, ou seja, ladrões,
assassinos, trapaceiros, sequestradores, davam uma boa ideia de como andava a elite pobre de
Roma, e Apuleio quis fazer uma crítica sobre isso.
Mas, não há como negar que a relação de Apuleio e Lúcio seja tamanha coincidência.
Apuleio sempre foi interessado em magia e a praticava, era também um viajante sempre em um
busca do conhecimento, se meteu em algumas confusões que lhe deram muita dor de cabeça.
Lúcio também era um viajante e se interessava demais por magia, além de ser muito curioso, e
ele só consegue a salvação por meio da deusa Ísis,
Apuleio era devoto de Ísis, e iniciado em culto. Finalizando, temos a ideia, que Apuleio
escreveu por meio do livro “ O Asno de Ouro” uma autobiografia e também uma homenagem a
deusa Ísis, sendo que só por meio dela encontraria a salvação e o conhecimento, como se defende
em sua Apologia da acusação de praticar magia.
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REFERÊNCIAS
APULEIO. O Asno de Ouro. Tradução de Ruth Guimarães. São Paulo: Editora Ediouro.
CHELINI, Antônio. A deusa Ísis nas metamorfoses de Apuleio. Revista língua e literatura, v.
16, n. 19, 1991, p. 67-80.
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RESUMO: Por meio da Lei nº 10.436/20021, o Brasil reconheceu a Língua Brasileira de Sinais /
LIBRAS como a Língua das comunidades surdas brasileiras. Baseando-se no princípio da igualdade
e no compromisso de educação universalizada, expostos na Constituição Federal (1988), bem
como na Declaração Mundial sobre Educação para Todos e a Declaração de Salamanca e por fim,
nas diretrizes estabelecidas no artigo 4º da supracitada Lei 10.436/20025, o presente trabalho é
para questionar a eficácia e oportunidade do ensino de LIBRAS enquanto meio de inclusão do
aluno surdo à sociedade e a importância da inserção deste aluno no ambiente onde LIBRAS é a
primeira língua.
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Por fim, considerando este desafio, da educação inclusiva, nós professores não podemos
nos limitar somente a questão de transferência de conteúdo, precisamos incentivá-los quanto ao
conhecimento de sua cultura, da cultura ouvinte, favorecer o desenvolvimento de sujeitos
conscientes de sua participação na sociedade, fornecer condições para que se tornem leitores e
escritores, que integrem a comunidade escolar de forma plena.
Temos o dever de lutar para que a educação bilíngue aconteça verdadeiramente, e
entender que para isso, é fundamental, que as atividades realizadas sejam adaptadas conforme
a necessidade de cada criança, que o surdo tenha professores bilíngues, com metodologias que
contemplem as crianças, com salas de aula adaptadas, material didático adaptado. A luta é
grande, mas a vitória com certeza será maior.
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REFERÊNCIAS
FERREIRA-BRITO, L. Por uma gramática das línguas de sinais. Tempo Brasileiro. UFRJ. Rio de
Janeiro. 1995.
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RESUMO: A integração entre família e escola é um processo em que não existem perda para
nenhum lado. Quando levamos em consideração que muitas crianças reproduzem no ambiente
escolar maus comportamentos que presenciaram em casa, torna-se primordial o fortalecimento
da relação e a intensificação da participação dos pais no processo de ensino aprendizagem.
Considerando que o maior beneficiado sempre será o aluno, com os direitos e deveres da família
e da escola claramente definidos e entendidos, a parceria ocorrerá de forma saudável e natural.
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trabalho e participando de seus jogos [...] O não representa nem os degraus das idades,
homem não está mais sozinho. O casal nem as três ou quatro idades separadas, mas
imaginário do amor cortês. A mulher e a família simplesmente uma reunião de família.
participam do trabalho e vivem perto do Assim seguem as representações por meio
homem na sala ou nos campos. Não se trata das pinturas, expondo todos os contextos de
propriamente de cenas de família: as crianças uma família começando pelo noivado, os trajes
ainda estão ausentes no século XV. Mas o da noiva, a cerimônia de casamento, o beijo
artista sente a necessidade de exprimir dos noivos, o leito nupcial, o nascimento da
discretamente a colaboração da família, dos criança, a imagem da família por completo
homens e das mulheres de casa, no trabalho posando no retrato, seguindo então da fase
cotidiano, com uma preocupação de pior que é o sofrimento da família com a morte,
intimidade, outrora desconhecida (ARIÈS, ou seja, as representações das fases da vida
1981, p.133). familiar, onde cada fase demonstra o que a
Por meio das pinturas em quadros na Idade família está vivendo, do início com o noivado, o
Média, percebe-se o quanto a família é casamento até a fase pior que é a perda, ou
inspiração para muitos dos pintores daquela seja, a morte (ARIÈS, 1981).
época. Surge a representação da mulher dona A busca para que a família seja retratada de
de casa e companheira. Mas de maneira maneira que sua imagem seja fiel ao que é
sublime, de forma mais oculta, com singeleza verdadeiro, traçando todo contexto familiar e
nos traços representando assim a vida privada. trazendo com o passar dos anos, propostas
Os jogos também fizeram parte da história da diferentes e uma imagem de família com uma
família, foram por meio desses jogos, que educação mais rígida, mais tradicional (ARIÈS,
muitos calendários expunham imagens da 1981).
família, jogos como: jogos de salão, jogos de O autor afirma que as imagens
força, de habilidade, jogos tradicionais, festa representadas no calendário é todo contexto
de Reis e muitos outros. Os jogos traziam a de vida em que a família estaria vivendo na
participação da comunidade, a interação entre época, sendo que divididas pelos meses do ano
os presentes, pois se jogavam entre famílias, e registrando assim as fases da vida (ARIÈS,
vizinhos, entre classe de idade, entre paróquias 1981).
e etc, trazendo assim diversão e interação Portanto, esse calendário assimila a
entre os membros da sociedade (ARIÉS, 1981). sucessão dos meses do ano à idade da vida,
No século XVI surgem novas ideias, Ariès mas representa a idade da vida sob a forma da
(1981, p.135), afirma que: história de uma família: a juventude de seus
Já tivemos a ocasião de citar Le Grande fundadores, sua maturidade em torno dos
Propriétaire de ToutesChoses, esse velho texto filhos, a velhice, a doença e a morte, que é ao
medieval traduzido para o francês e editado mesmo tempo a boa morte, a morte do
em 1556. Como observamos, esse livro era um homem justo, tema igualmente tradicional, e
espelho no mundo. O sexto livro trata das também a morte do patriarca no seio da família
“idades”. É ilustrado com uma xilogravura que reunida (ARIÈS, 1981, p. 136).
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Era por meio do serviço doméstico que o ao contrário, a educação passou a ser fornecida
mestre transmitia a criança, não ao seu filho, cada vez mais pela escola (ARIÈS, 1981 p.159).
mas ao filho de outro homem, a bagagem de Desde então houve uma evolução na
conhecimento, a experiência prática e o valor educação, surgindo a necessidade de uma
humano que pudesse possuir. As crianças eram rigidez moral por parte dos educadores,
mandadas para outras famílias, passavam por acreditando-se que as crianças deveriam estar
um período de tempo juntamente com essas separadas do mundo dos adultos, para que se
famílias adotivas, para obterem um preservasse a inocência natural das mesmas.
aprendizado em um novo ambiente, elas Trazendo assim o sentimento de querer estar
seriam educadas e frequentariam escolas para mais próximo aos seus filhos, mesmo que os
aprenderem as letras latinas. Este era um filhos por um tempo estivessem morando com
hábito entre todas as famílias, outras famílias, a substituição da
indiferentemente de suas condições sociais. aprendizagem pela escola exprime também
Era de costume que as crianças tinham suas uma aproximação da família e das crianças, do
vidas misturadas com as dos adultos, sendo sentimento da família e do sentimento da
assim aprendiam por meio da convivência, do infância, outrora separado, seguindo os anos
contato que tinham com os mesmos. Portanto muita coisa foi mudando, as necessidades se
desde muito cedo a criança não tinha a vivência transformando e a base da sociedade familiar
com sua família, mesmo voltando à sua própria (ARIÈS 1981).
família anos depois, e quando isso acontecia, Um grande passo para uma evolução no
pois não era frequente. Sendo então notória a sentido de que família é muito mais do que ser
falta de vínculo entre pais e filhos, não que os pai ou filho, ou seja, caminha-se para ganhar a
mesmos não se amassem, mas o vínculo maior unidade entre os membros da família, e não
era moral e social e não sentimental (ARIÈS mais sendo inclusos pessoas de fora e sim fazer
1981). nascer o sentimento de união entre os pais e
Mas com o passar dos tempos filhos (ARIÈS 1981).
transformações viriam:
[...]as realidades e os sentimentos da família DESCOBRE-SE A INFÂNCIA
se transformariam: uma revolução profunda e
Na Idade Média, o sentimento da infância
lenta, mal percebida tanto pelos
não existia, não havia preocupações com as
contemporâneos como pelos historiadores, e
crianças, não dizendo que as crianças fossem
difícil de reconhecer. E, no entanto, o fato
mal-educadas, abandonadas, ou mesmo
essencial é bastante evidente: a extensão da
negligenciadas em sua educação. O sentimento
frequência escolar. Vimos que na idade média
da infância não significa o mesmo que afeição,
a educação das crianças era garantida pela
pelas crianças como afirma (ARIÈS, 1981).
aprendizagem junto aos adultos, e que, a partir
O modo de lidar com as crianças na Idade
de sete anos, as crianças viviam com uma outra
Média era baseado em alguns costumes
família que não a sua. Dessa época em diante,
herdados na antiguidade. O papel das crianças
era definido pelo pai, além do poder do pai
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exercido no seio da família, existindo o poder mais velhos, aprendiam as coisas que deviam
patriarcal, exercido pela dominação política e saber ajudando os adultos a fazer. O autor
social. Na sociedade antiga o status da criança ainda relata que, até o século XVII, a taxa de
era nulo, sua existência no meio social mortalidade infantil era alta, não havia nas
dependia totalmente da vontade do pai. Com a relações familiares nenhum elo afetivo, uma
ascensão do cristianismo, o modo de lidar com vez que eram frequentes as mortes das
as crianças mudou, apesar de a mudança ter crianças de poucas idades. A preocupação da
sido em processo lento. Nasce a preocupação família era com as conservações dos bens, a
com a “moral” em relação à criança, que até prática comum de um ofício e a proteção da
então vivia e compartilhava tudo da vida dos honra.
adultos, mas que a partir daí começaram a A criança era considerada um ser
perceber o quanto é diferente uma criança e competente, têm suas necessidades, seu modo
um adulto, em relação as suas necessidades, e de pensar, de fazer as coisas, modos que lhe
sua vida como um todo (ARIÈS, 1981). são próprios. No entanto, as ideias de infância
As meninas a partir de seus dez anos eram variam ainda conforme a colocação da criança
vistas como “mulherezinhas” (no sentido de na família, na classe social, enfim, na sociedade
afazeres, aprendizagem), pois tinham uma em geral. Sabe-se que não existia na sociedade
educação desde muito cedo, sendo treinadas medieval, a consciência de infância, nem as
para que se comportassem como adultas, particularidades desta etapa da vida (ARIÉS,
governando toda a casa, sendo assim formada 1981).
para ser uma mãe de família, não existia a A ideia da infância estava relacionada à ideia
preocupação de levá-las a aprender a ler e a de independência, recorrendo-se a definição
escrever, pois muitas dessas meninas se da palavra infância, oriunda do Latim infantia,
tornavam mulheres de espírito e bem que significa “incapacidade de falar”.
educadas, portanto da sociedade, mas não Considerava-se que a criança antes do sete
sabendo pronunciar bem o que liam, ou anos de idade não tinha condições de falar, de
mesmo na escrita, ou seja, semianalfabetas. expressar seus pensamentos e sentimentos. A
Muitas delas eram criadas em conventos, e não vida da criança era marcada por mudanças
com a preocupação de educação e sim para bastante significativas, como suas vestimentas,
instrução religiosa (ARIÈS 1981). atribuições de responsabilidades,
A educação da criança era exclusividade da possibilidades de relacionamentos sociais com
família, segundo Áries (1981), a transmissão o ingresso no mundo do trabalho ou do estudo
dos valores e dos conhecimentos, e de modo e muitas vezes com a saída de casa (HEYWOOD,
mais geral, a socialização da criança não era, 2004).
portanto, nem asseguradas e nem controlada Começa surgir o sentimento de infância por
pela família. A criança se afastava desde muito volta dos séculos XV e XVI quando as crianças
cedo de seus pais, e pode se dizer que durante pequenas passam a ocupar um lugar no olhar,
séculos a educação foi garantida pela na diversão e nas brincadeiras dos adultos. A
aprendizagem graças à convivência com os partir do século XVII, a Igreja interfere na
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A importância de se respeitar o universo idade, tendo assim uma infância mais bem
infantil como relata a autora, a atenção deve assistida (OLIVEIRA, 2002).
ser centrada na criança com suas necessidades Segundo Oliveira (2002), “na década de 50,
e interesses próprios, ou seja, a criança tem particularmente observa-se no conteúdo
necessidades diferentes em relação ao adulto internacional pós - segunda guerra mundial,
e que devem ser assistidas e respeitadas. nova preocupação com a situação social da
Segundo Oliveira (2002, p.76), infância e a ideia da criança como portadora de
“aprendizagem não se faria pela recepção direitos”. Houve uma expansão dos serviços de
passiva de conteúdos já formulados, mas pela educação infantil na Europa e Estados Unidos
atividade da criança em experimentar, pensar sendo assim influenciados pela valorização da
e julgar, especialmente em pequenos grupos”. estimulação precoce do desenvolvimento de
Quanto às contribuições para o crianças desde o nascimento. Usando as
desenvolvimento o autor afirma que: brincadeiras como recurso positivo, na
Vygotsky e Wallon destacavam-se pelas suas organização de “playgrounds” para o melhor
contribuições com novas formas de desenvolvimento e por meio dos mesmos
compreender e promover o desenvolvimento poder-se detectar problemas de saúde física e
das crianças. Através deles que o mental. Na educação infantil houve em países
comportamento infantil deveria ser como Estados Unidos, períodos de expansão e
interpretado com mais dedicação e não regressão, devido às posições socialmente
simplesmente aceitar os aspectos observáveis. defendidas em relação à mulher que até
Sem deixar de mencionar Piaget com suas recentemente eram confinadas no ambiente
pesquisas colaborando para uma concepção doméstico.
maior em relação à dominação sobre a criança. Oliveira (2002, p.80), aborda que:
Freinet foi um dos educadores que renovaram Sociólogos e antropólogos também
as práticas pedagógicas de seu tempo. “Para contribuíram para a transformação da maneira
ele, a educação que a escola dava às crianças como a educação dos pequenos era pensada,
deveria extrapolar os limites da sala de aula e os primeiros apontaram a força da estrutura
integrar-se às experiências por elas vividas em social na determinação das oportunidades
seu meio social” (OLIVEIRA, 2002, p.77). cotidianas das crianças; os segundos
Portanto, percebe-se o quanto se destacaram como culturas diferentes
desenvolveu a educação infantil desde a Idade elaboravam suas concepções e práticas
Média até o século XX, já que houve a educativas, abrindo o caminho para maior
necessidade de se “tratar” a criança de forma flexibilização e inovação dos modelos de
diferente como era feito antes, ou seja, a educação infantil.
criança ganha espaço na família, na vida. Nasce Todos eles contribuíram para que a
a preocupação de diferenciar o educação infantil pudesse caminhar em
desenvolvimento de uma criança para um desenvolvimento para que atingisse a criança
adulto, pois as necessidades são diferentes e a de uma forma plena e consciente de suas
mesma começa a ser respeitada pela sua pouca necessidades e capacidades. Atualmente, na
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A parceria entre escola e família é essencial no desenvolvimento da criança. Crianças e
adolescentes que possuem pais participativos sentem-se mais motivados para estudar e
aprender, os profissionais que conseguem vínculos com as famílias desenvolvem um melhor
trabalho. As famílias que se percebem parceiras da escola tendem a auxiliar e colaborar mais. A
valorização de ambas é primordial para a formação do cidadão crítico atuante e autônomo. Por
isso a importância de entender todo o contexto e a linha histórica desses períodos.
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REFERÊNCIAS
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Moderna, 2006.
FREITA, M. C. de. História Social da Infância no Brasil. 6 ed. São Paulo: Cortez, 2006.
GARCIA, R.L; LEITE FILHO, A.(orgs) Em defesa da Educação Infantil. Rio de Janeiro: DP&A,
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GOKHALE, S. D. A família desaparecerá? In: Revista Debates Sociais. Nº 30, Ano XVI. Rio de
Janeiro, CBSSIS, 1980.
MENIN, S. S. M. Valores da escola. Revista Educação e pesquisa, São Paulo, v. 28, n. 1, 2002.
NOGUEIRA, M. A.; ROMANELLI, G.; ZAGO, N. Família e escola. 4 ed. Petrópolis: Vozes, 2008.
ORTIZ, R. Cultura brasileira & identidade nacional. São Paulo: Brasiliense, 1986.
PATTO, M.H. (1997). A família pobre e a escola pública: anotações sobre desencontro. Em
PATTO, M. H.(orgs.) Introdução à psicologia escolar. São Paulo: Casa do Psicólogo.
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