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CENTRO EDUCACIONAL SEM FRONTEIRAS
R454
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Modo de acesso: <https://www.revistamaiseducacao.com/sumario-
v5-n4-2022>
ISSN:2595-9611 (on-line)
DOI: https://doi.org/10.51778/2595-9611.v5i4
Data da publicação: 30/06/2022
www.revistamaiseducacao.com
E-mail: artigo@revistamaiseducacao.com
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A AFETIVIDADE NO PROCESSO DE
ALFABETIZAÇÃO
Daiane Aparecida Pereira1
RESUMO: O presente artigo tem como tema a afetividade no processo de alfabetização neste
sentido fizemos uma pesquisa bibliográfica no intuito de responder de que maneira a afetividade
influencia no processo de alfabetização. Para fundamentar a pesquisa foram utilizadas
contribuições de autores como Mahoney (2009); Freire (1996); Antunes (2000), entre outros. A
partir do levantamento de informações pesquisadas encontramos a presença da afetividade
neste processo de alfabetização. Nas considerações finais ressaltamos a importância desse
vínculo entre aluno e professor como potencializador do aprendizado.
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Mahoney (2009, p. 39), nos afirma dizendo essas necessidades infantis, a fim de fortalecer
que “a consciência corporal é condição a função afetiva que será preponderante na
fundamental para a tomada de consciência de etapa seguinte de desenvolvimento.
si, para o processo de diferenciação eu-outro”. Pensando na ação do professor diante
No estágio categorial a criança continua dessas necessidades dos alunos em cada fase
desenvolvendo-se na parte motora quanto na de desenvolvimento considera-se importante
afetiva porém o que se destaca nesse estágio é esse fortalecimento afetivo. Essa relação pode
o seu desenvolvimento intelectual, sua atenção ser de muitas aprendizagens para ambos.
e concentração se potencializam. A criança
consegue classificar os objetos, separá-los, A AFETIVIDADE E A
abstrai os conceitos concretos.
De acordo com os estudos de Mahoney APRENDIZAGEM
(2009): Pensando na relação entre o ensino e a
A criança aprende a se conhecer como aprendizagem no ambiente escolar pode
pessoa pertencente a diferentes destacar o papel do professor nessa relação
grupos, exercendo papéis e atividades não sendo apenas transmissor do
variados. Toma conhecimento de suas conhecimento, mas estabelecendo um vínculo
possibilidades, adquirindo um conhecimento afetivo com seus alunos proporcionando assim
mais completo e concreto de si mesma um novo caminho para uma aprendizagem
(MAHONEY, 2009 p. 52) mais significativa tendo em vista que quando
No estágio da puberdade e adolescência fica há essa relação outro olhar pedagógico é
evidente a transformação que a criança passa lançado nas práticas de aprendizagem.
da vida infantil a esta fase, acontecem as A aprendizagem se dá a todo o momento
mudanças no corpo e fica evidente a expressão desde quando nascemos Antunes (2000 p. 35),
do que sente pelo corpo. A capacidade de ressalta que para ocorrer o aprendizado é
pensar e imaginar mentalmente se ampliam, os necessário a maturação, pois é ela que dá
conflitos internos e externos também condições para que essa aprendizagem
predominam nesse estágio. aconteça. Daí a importância de entendermos
De acordo com Mahoney (2009, p. 59), cada estágio descrito por Wallon e saber o que
destaca nesse estágio que é uma etapa a criança tem condições de aprender naquela
movimentada que separa a criança do adulto etapa de desenvolvimento e fazer as
que ela tende a ser. estimulações adequadas para esta fase.
A partir destas classificações dos estágios de Em relação a afetividade ela também se faz
Wallon quanto ao desenvolvimento infantil presente na vida do individuo desde o seu
podemos reforçar a importância de nós nascimento perpetuando em cada etapa do seu
educadores entenderem cada período para um desenvolvimento de diferentes formas e
melhor trabalho. manifestações conforme nos mostra Pereira
Conforme Mahoney (2009, p.58), é 2010,
importante que o adulto leve em consideração
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A afetividade se faz presente em todas as Diante disto Mahoney (2004), nos afirma
etapas do que,
desenvolvimento infantil e o indivíduo A interação social que facilita essas
estabelece diversas maneiras de lidar com cada aprendizagens é aquela que respeita o
nova exigência. Para uma criança pequena, o momento em que a criança se encontra nesse
colo e o afago são significativos e fazem bem processo, dos pontos de vista motor, afetivo e
para uma determinada ocasião, para uma cognitivo, e assim cria as condições para que
criança maior, as palavras de carinho, ela vá superando esse momento e passando
incentivo, conforto e encorajamento já trazem para um novo estágio. Essa interação deve ser
marcas diferenciadas, para um adolescente ou guiada pelo tipo de adulto que se quer formar
jovem, o respeito, o entendimento, o diálogo e pelo tipo de aprendizagem mais adequado
favorecerão uma relação saudável e de para essa constituição (MAHONEY, 2004 p. 23).
constante aprendizado (PEREIRA, 2010 p. 33).
Desta forma o professor enxergando a Toda nova aprendizagem virá carregada de
criança como um ser único em sentimentos como medo, motivação
desenvolvimento possibilitará conduzir de ansiedade, etc e o professor em sala de aula
maneira diferente suas ações favorecendo seu deve atentar-se a estas manifestações de
aprendizado a partir das relações afetivas emoções para então lidar da melhor maneira e
aproximando o sujeito ao objeto de atender as necessidades do aluno naquele
conhecimento. período. Saber acolher seus sentimentos é
Para Mahoney (2004 p.19), as atividades importante até mesmo para que o aluno se
naturais e espontâneas da criança são seus sinta seguro. Passar essa segurança, valorizar
primeiros recursos de interação e seus sentimentos podem favorecer esse
aprendizagem com o mundo. aprendizado potencializando a relação de
Assim entende-se que suas primeiras ações, afetividade entre professor-aluno e
movimentos e descobertas são seus primeiros aprendizagem.
aprendizados e a partir da interação com o Ser professor e ensinar aos alunos vai muito
meio novas aprendizagens vão sendo além de passar lições e explicar o conteúdo é
adquiridas. E no início de sua vida escolar essa uma missão de se colocar no lugar do outro,
aprendizagem se potencializa e o papel do perceber suas emoções, dar significado para
professor se torna indispensável como tais atividades e buscar caminhos para sua
mediador desse processo. aprendizagem.
Sabendo que cada estágio tem suas Para Antunes (2000), “independente da
características e em cada um deles a criança linha de desenvolvimento institucional é
estará preparada para novas descobertas, cabe preciso que se trabalhe a alfabetização
ao professor entender esses estágios fazendo emocional para encontrar um espaço social
as intervenções necessárias naquele momento para discutir amor, ódio, frustração,
para aquela fase e observar como está sua autoestima que são essenciais a vida”.
aprendizagem.
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Vimos que tanto Mahoney (2004), quanto afetividade nessa relação professor e aluno se
Antunes (2000), defendem a ideia de o fazem presentes.
professor entender as emoções expressadas Freire (1996), nos afirma que:
por seus alunos e saber conduzir as situações A professora democrática, coerente,
da melhor maneira proporcionando um competente, que testemunha seu gosto de
ambiente de aprendizado significativo. vida, sua esperança no mundo melhor, que
O olhar diferenciado do professor em atesta sua capacidade de luta, seu respeito às
relação a cada aluno entendendo que cada um diferenças, sabe cada vez mais o valor que tem
deles é um ser único e em desenvolvimento é para a modificação da realidade, a maneira
um ato muito produtivo, entender suas ações e consistente com que vive sua presença no
emoções em cada etapa do seu mundo, de que sua experiência na escola é
desenvolvimento, compreender esse processo apenas um momento, mas um momento
de ensino-aprendizagem nessa perspectiva da importante que precisa de ser autenticamente
afetividade ampliam as possibilidades de vivido (FREIRE, 1996 p.112).
atuação em relação ao aprendizado e um novo Assim fica claro a importância da relação
jeito de ensinar e aprender fará presentes. afetiva do professor neste processo
alfabetizador, evidenciando o respeito e o
A AFETIVIDADE NO PROCESSO aprendizado mútuo de ambos, o acolhimento
dos sentimentos da criança transmitindo-lhes
DE ALFABETIZAÇÃO segurança e autonomia para construir a
Vivemos atualmente um momento aquisição da leitura e escrita.
educacional onde vários modelos pedagógicos Podemos relacionar o pensamento de Freire
são oferecidos no processo de alfabetização com os de Curto, Morillo e Teixidó (2000),
pelas instituições de ensino, porém ainda quando falamos que a alfabetização vai além
existem alunos que passam por dificuldades de métodos e que este processo é permeado
para se alfabetizarem por não se encaixarem em sentimentos destacando a importância
em nenhuma dessas propostas pois tais afetiva nesta relação, desta forma eles nos
práticas pedagógicas não correspondem as afirmam que,
necessidades daquela criança e o processo de Por sorte a motivação, o entusiasmo, a
alfabetização se torna algo sem significado diversão e o prazer são contagiosos tanto
onde sentimentos negativos podem ser quanto o tédio. Um professor que sente prazer
despertados em relação a este processo. Cabe em sua tarefa, que se entusiasma ao ensinar,
ao professor neste momento perceber tal que se emociona com a linguagem escrita e que
situação e despertar o interesse e a curiosidade a usa com prazer comunica facilmente
da criança pela leitura e escrita, fazer aquele motivação a seus alunos. O contrário também.
momento ser significativo, compreender que a A atitude do professor frente à aprendizagem,
alfabetização vai além de métodos e que pode frente à escrita e a leitura são fundamentais
ocorrer de forma natural e tranquila quando a (CURTO, 2000, p. 86).
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Desta forma podemos observar o quanto às Desta forma podemos afirmar que a
emoções e a alfabetização estão ligadas, pois aprendizagem de fato vai além do ato de
no momento em que o professor faz essa transmitir o conhecimento porque envolve
mediação e permite que seus sentimentos sentimentos e emoções que aluno e professor
positivos quanto a sua prática docente fique constroem numa relação mútua de confiança e
evidente, a aprendizagem ocorre e de forma respeito.
efetiva. Esta ideia se afirma quando Almeida
(2004 p. 126), diz que “ao professor compete
canalizar a afetividade para produzir
conhecimento, reconhecer o clima afetivo e
aproveitá-lo para provocar o interesse do
aluno”.
Já Freire (1996, p. 23), afirma que, “quem
forma se forma e re-forma ao formar e quem é
formado forma-se e forma ao ser formado”.
Ambos autores mostram a relação mútua entre
aprendizado, conhecimentos e afetividade pois
no momento em que o professor faz as
intervenções e mediações necessárias ele não
só transmite o conhecimento mas adquire
novas aprendizagens e em toda troca de
conhecimento a relação afetiva se faz presente.
A partir do momento em que nós
professores passamos a compreender e
enxergar a afetividade presente em nossas
ações e práticas pedagógicas conseguimos
ressignificar os saberes, valorizar e respeitar o
outro e a relação professor e aluno pode ser
fortalecida contribuindo para uma construção
de novos saberes. Ao sentir esse vínculo afetivo
vindo do professor, o aluno adquire uma
autoconfiança para arriscar-se na leitura e
escrita porque a afetividade proporciona este
desenvolvimento, Mahoney (2004, p. 19), nos
confirma esta afirmação ao dizer que “essa
atração é movida por uma das necessidades
mais profundas do ser humano: estar com o
outro para se humanizar. Aprender é
transformar-se na relação com o outro.”
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A escolha da temática para elaboração do nosso trabalho de conclusão de curso como já
mencionado na introdução está relacionado à nossa crença de que quando existe um vínculo
afetivo na relação professor aluno este se torna norteador e facilitador no processo de
alfabetização.
Assim, em função dos estudos realizados para este trabalho, com vistas a responder o
problema de pesquisa, nos permitem concluir que a relação da prática pedagógica do professor
quando ligada ao aspecto afetivo pode favorecer o aprendizado e desenvolvimento do aluno.
Vimos que o cognitivo está atrelado com o afetivo permitindo assim uma interação
positiva ao que se refere ao aprendizado do aluno.
O processo de alfabetização deve ser mediado pelo professor de uma forma que seja
significativo e faça sentido para a criança. Compreender os estágios em que a criança se encontra
e então perceber a necessidades dela naquele momento de acordo com sua maturação cerebral
para avançar é muito importante já que uma prática docente baseada nessa perspectiva faz toda
a diferença no seu processo de aprendizagem.
A relação afetiva pode favorecer o desenvolvimento da criança, pois no momento em que
ela se sente segura para enfrentar os conflitos e desafios que a alfabetização pode lhe trazer, o
aprendizado acontece.
Para finalizar, a construção do conhecimento a partir da relação afetiva deve estar
presente na prática pedagógica, o professor ao reconhecer seu aluno como um ser em
desenvolvimento respeitando seus estágios, identificando suas dificuldades, consegue então
despertar neste período de alfabetização recursos para que o mesmo se sinta valorizado,
confiante e autônomo capaz de desenvolver sua escrita e leitura por meio dessa mediação.
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REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Laurinda Ramalho de; MAHONEY, Abigail Alvarenga (org.) A constituição da
pessoa na proposta de Henry Wallon. São Paulo: Loyola, 2004
CURTO, Lluís Maruny; MORILLO, Maribel Ministral; TEIXIDÓ, Manuel Miralles Escrever e ler.
Vol.1 Como as crianças aprendem e como o professor pode ensiná-las a escrever e a ler. Porto
Alegre: Artmed, 2000
DANTAS, Heloisa e; OLIVEIRA, Marta Kohl de; LA TAILLE, Yves de Piaget, Vygotsky, Wallon.
Teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1992
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