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CENTRO EDUCACIONAL SEM FRONTEIRAS
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V3-N1-2020>
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SUMÁRIO APRENDIZAGEM
Risolene Maria da Silva Araujo
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593 ALFABETIZAR LETRANDO 731 CONCEITO DE INFÂNCIA POR MEIO DA OBRA DE RUTH
Cristiane Maria de Souza Menezes ROCHA
Andréa Cristina Dos Santos Viviani
604 ALGUMAS QUESTÕES PEDAGÓGICAS SOBRE O ENSINO
DA PRONÚNCIA, ORIENTADAS À DIFICULDADE DE 743 CONTEXTUALIZANDO A AFETIVIDADE SIGNIFICATIVA
PERCEBER E PRODUZIR AS VOGAIS / i: / E / I / NO ESPAÇO ESCOLAR
Luiz Cláudio Ribeiro Occhi José Armando Soares dos Santos
617 ALUNOS COM DISLEXIA: DESAFIOS PARA A EDUCAÇÃO 762 CONTEXTUALIZANDO A DISLEXIA
INFANTIL Silvana Possato Olivo
Ana Lucia Coutinho da Costa Lima
773 CONTEXTUALIZANDO A HISTÓRIA DA MATEMÁTICA
629 ANÁLISE DO ARTIGO DA Dra. GAMITO DE ACORDO Marcia de Oliveira Gonçalves Capitani
COM A UNIDADE CURRICULAR DE BIO-SISTEMAS
Alex Sandro Pires de Lima
786 CONTEXTUALIZANDO E COMPREENDENDO A
Profª. Dra. Sônia Borges Seixas DEFICIÊNCIA
Juliana Koga Vieira
647 APLICAÇÃO DA MUSICALIDADE NA EDUCAÇÃO
INFANTIL COMO ELEMENTO FORMATIVO
796 CONTEXTUALIZANDO O BULLYING
Kely Cristina Lima Reis
Paula Regina Messias Afonso
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839 DESAFIOS DO PROFESSOR NO PROCESSO ENSINO 992 EDUCAR PELA BRINCADEIRA NO CONTEXTO DA
APRENDIZAGEM DE ALUNOS COM SÍNDROME DE PSICOMOTRICIDADE
BOURNEVILLE (ESCLEROSE TUBEROSA) Thaís Pagan Simões Pugliesi
Cleyton Silva Ferreira
Maria de Fátima de Sousa
999 ENSINAR MATEMÁTICA POR MEIO DE RESOLUÇÃO DE
PROBLEMAS
850 DESAFIOS NO ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA PARA
Elvis Vieira da Silva
SURDOS
Marcos Serafim dos Santos
1011 ENSINO RELIGIOSO: CONTEXTO HISTÓRICO
868 DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM DA CRIANÇA José Saraiva da Silva
COM SÍNDROME DE DOWN
Michelle Soares Nascimento 1021 ESCOLA: AMBIENTE LEGÍTIMO DE APRENDIZADO,
CONSTITUIÇÃO DA PESSOA E DE POSSIBILIDADES
878 DIÁLOGOS E REFLEXÕES A RESPEITO DA INDISCIPLINA PARA A TRANSFORMAÇÃO SOCIAL
NA ESCOLA Marcia Regina Corrêa
Rogério Tadeu Gonçalves Marinelli Rosemeire Gomes dos Santos Jangrossi
883 EDUCAÇÃO AMBIENTAL: CONSTRUÇÃO DE HORTA NA
ESCOLA 1033 ESPAÇO ≠ AMBIENTE
Sonia Rejes de Simoni Denise Emmett da Silva Leite
940 EDUCAÇÃO ESPECIAL E A INCLUSÃO: UM OLHAR 1069 GAMIFICAÇÃO: ESTRATÉGIA PEDAGÓGICA CONTRA O
SOBRE O MUNICÍPIO DE AMPARO SÃO PAULO ABANDONO E/OU EVASÃO ESCOLAR E POR UMA
EDUCAÇÃO FINANCEIRA VIA GAMES
Sara Luz Silveira Costa
Eliane Alves de Souza
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1121 GESTOR COMO LÍDER EDUCACIONAL 1249 LETRAMENTO DIGITAL: REFLETINDO ACERCA DA
Manoel Cicero da Silva Filho FORMAÇÃO DE PROFESSORES DO ENSINO
FUNDAMENTAL (ANOS INICIAIS)
Maria Violêta Lima Macêdo
Carlos Mometti
Adriana Bigido
1133 HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL
Carla Renata Wilhans Barbosa
1260 A MATEMÁTICA NOS ANOS INICIAIS: MUDANÇAS
PARA O SÉCULO XXI
1142 HORTA ESCOLAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL Eliete Braga
Raphaela Rui Riveros
1271 MULTILETRAMENTO UM DESAFIO PARA O DOCENTE
1151 IMPORTÂNCIA DA QUÍMICA NA FORMAÇÃO DO NA ATUALIDADE
PROFISSIONAL FARMACÊUTICO: UM ESTUDO DE CASO Elmenton dos Santos Fernandes da Silva
SOBRE A PERCEPÇÃO DE GRADUANDOS
Rodrigo Fernando Campos
Alexandra Regina do Nascimento
Amanda Silva de Lima
1283 MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Rosilene Maria da Silva
Rosemeire Gomes Clemente
Alamisne Gomes da Silva
Loiva Liana Santos Borba
1290 NIETZSCHE E A FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO
1160 INCLUSÃO ESCOLAR COM ENFASE NO ALUNO COM Claudia Regina Aparecida de Oliveira Werneck
DEFICIÊNCIA
Andreia Pereira 1297 O APRENDIZADO MATEMÁTICO ALIADO A
Joelma Oliveira Dias TECNOLOGIA E AULAS INTERATIVAS NO FORMATO DE
EAD
Samantha Savina Albanez
1169 INDISCIPLINA: CONCEPÇÕES E DESAFIOS NA
EDUCAÇÃO
Daniela Dantas Esteves Berte 1303 O BRINCAR E A APRENDIZAGEM
Sandra Roberta de Andrade Silva
1175 JOGOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO
Barbara Lygia Monteiro dos Santos 1318 O CONTRIBUTO DOS JOGOS E BRINCADEIRAS NO
ENSINO DA MATEMÁTICA
Luciene Suzarte Santos
1199 JOGOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO
Maria José Silva Almeida Trindade
Maria Teresa Panchame
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1480 PEDAGOGIA DA OPRESSÃO NO ESPAÇO ESCOLAR: 1611 RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS E PERSPECTIVAS PARA O
RESGATE DE MEMÓRIAS DE EXPERIÊNCIAS COM A ENSINO DE NÚMEROS FRACIONÁRIOS
HOMOFOBIA NA BUSCA DE FORMAS DE RESISTÊNCIA Robson Abel Lopes
Marcos Andrade Alves dos Santos
Mário Cézar Amorim de Oliveira 1634 RESPONSABILIDADE AMBIENTAL NA FORMAÇÃO DO
ENGENHEIRO
1496 POLÍTICA PAULISTANA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL: O Sarah Gomes Silveira Guimarães
ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO NO Ernande da Costa e Silva Filho
CENTRO DE EDUCAÇÃO INFANTIL
Daniele de Castro Pessoa de Melo
Alzenir Maria Ribeiro de Sousa
Loiva Liana Santos Borba
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No que concerne aos diários autobiográficos, profissionalização docente deve ser entendida
Holly afirma: “educadores que optaram pela em duas dimensões, a “profissionalidade” e o
elaboração de diários profissionais ou pessoais “profissionismo”: a primeira leva o professor a
escolheram observar-se a si próprios, tomar a adquirir competências fundamentais para o
experiência em consideração e tentar desempenho das atividades docentes e os
compreendê-la. A escrita de diários biográficos saberes próprios da profissão; o segundo, indo
constitui-se em ‘escrita sobre a vida’ (bio= vida, além da qualificação e competência, é também
graphia = escrita), tentando compreender e uma construção social na qual se situam a
articular as experiências de uma outra pessoa. moral coletiva, o dever ser e o compromisso
A escrita de diários autobiográficos envolve o com a educação. A profissionalização se refere,
processo de contar a história da própria vida. A portanto, à maneira como se estabelecem as
escrita de diários biográficos e autobiográficos relações profissionais; às formas de
inclui, geralmente, a reconsideração e a desenvolvimento da atividade profissional; às
reconstrução da experiência a partir da história associações estabelecidas dentro e fora do
de uma vida, quer seja a sua própria contexto de trabalho – implica a criação de
(autobiografia) ou a de outras pessoas estratégias e negociações com vistas a fazer
(biografia) (1992, p. 101). Logo, o que com que a sociedade reconheça qualidades
empreendemos juntos no processo deste específicas que proporcionem, ao profissional,
trabalho foi tornar possível a (auto)formação prestígio e reconhecimento social.
docente possibilitando aos sujeitos entrarem A construção de narrativas reflexivo-pessoais
em contato com suas lembranças, histórias e (termo nosso), estratégia que caracteriza o
representações sobre as aprendizagens e campo das abordagens (auto)biográficas, por
discursos pedagógicos construídos no espaço ser capaz de levar o professor a refletir mais e
acadêmico e que, no caso, é também o espaço melhor – avanço ao profissionalismo –, é
em que a carreira profissional militar evolui. caminho metodológico que temos defendido
Nas experiências da sala de aula da na atuação acadêmica e na pesquisa realizada
universidade, temos observado, escutado e junto aos docentes/instrutores militares que se
percebido o sentido que cada sujeito sujeitaram à condição de (auto)formação
estabelece face às relações entre saberes e dirigida. Entendemos ser este o tipo de
atuação sob a lógica da argumentação pesquisa qualitativa que oportuniza ao
comprometida com a prática, ou seja, a professor em atividade buscar, ele próprio,
adequação dos saberes à atuação de espaços para a emancipação, a autonomia, a
professores. Daí porque vimos na pesquisa da construção e desenvolvimento da identidade
narratividade autobiográfica uma alternativa profissional – o “self-as-teacher”, como quer
válida para lidar com as questões complexas Bruner (1997).
pertinentes à formação de professores de A pesquisa autobiográfica permite ressaltar
universos educacionais distintos, autênticos, o momento histórico vivido pelo sujeito. Assim,
como é o dos militares. Voltamos a Ramalho, a temporalidade contida na narrativa individual
Núñez e Gauthier (2003), para quem a remete ao dinamismo de um tempo histórico
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vezes o grau de compromisso dos autores. Já se houver questões do seu autor que possam
sabe à saciedade sobre o interesse histórico trazer um esclarecimento particular ao
que marca o gênero biográfico de formação, e conceito do processo investigado, ou seja, que
seria desgastante arrolar exemplos. Grande esses professores viessem a ter as ideias que
parte das lembranças dos professores militares têm, hoje, sobre a profissão de professor militar
tem ampla base sócio política ou sócio e a educação militar e doutrinária como espaço
histórica, o que sugere, inclusive, sua validação de atuação profissional.
enquanto registro histórico e mnemônico de
um universo educacional específico. Os relatos
dos professores apresentam vínculo entre a
trajetória individual e o contexto sócio
histórico, mas não se trata de preocupação
sistemática. Há recortes costumbristas, traços
de manifestações populares de diversas épocas
e ambientações: gastronomia, medicina,
costumes e hábitos, literatura, filmes, disciplina
escolar. Há certamente expressão de uma
individualidade adulta. Há força reflexiva nisso,
com repercussão no plano estrutural.
Lejeune (1975, p. 25), admite a necessidade
de relativizar a posição categórica e admitir a
existência de ambiguidades e de graus no
espaço autobiográfico. A revisão do passado
introduz o “pacto autobiográfico” fatalmente
ligado à identidade, território onde as
categorias de verdade e de realidade não
podem ser nitidamente demarcadas. O
desenrolar da autobiografia, pela sua própria
natureza, implica uma predominância da voz do
narrador, constantemente presente, no sentido
de que ele escolhe e ordena as lembranças.
Compreender como esses militares se
tornaram professores dentro da organização
(instrutores de voo, de mecânica de aeronaves,
de armamento, instrutores de instrutores...) é
recorrer à representação que cada narrador
tem sobre a profissão professor militar e os
processos de profissionalização na área. Na voz
de Josso (2004, p. 32), a narrativa só avança se
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A profissionalização docente é algo vivo. Ao tomar a profissionalização como uma narrativa
e o homem como representação (fundamento e objeto de estudo), como quer Foucault, trazemos
o movimento que o professor faz para tornar-se o que ele é no espaço em que atua. A pesquisa
reafirmou, uma vez mais, que a partir do momento em que o professor narra a sua trajetória
profissional, reconstroem-se os caminhos que levaram a determinados acontecimentos no vir a
ser professor. E é acompanhando os profissionais em seus contextos, os caminhos percorridos e
as escolhas realizadas por eles ao longo do percurso, que poderemos ampliar nossa compreensão
sobre as dimensões da profissionalização docente. Para Nóvoa (1995, p.7), a vida (dos
professores) constituiu-se, por longo tempo, um “paradigma perdido” da pesquisa em educação,
mas hoje, sabemos que não é possível separar o eu pessoal do eu profissional, sobretudo numa
profissão impregnada de valores e de ideais e muito exigentes do ponto de vista do
empenhamento e da relação humana.
Segundo Derouet (1988), a identidade profissional de professores é uma elaboração que
perpassa a vida profissional em diferentes e sucessivas fases, desde a opção pela profissão,
passando pela formação inicial e, de resto, por toda a trajetória profissional do professor,
construindo-se com base nas experiências, nas opções, nas práticas, nas continuidades e
descontinuidades, tanto no que diz respeito às representações, como no que se refere ao trabalho
concreto. Consoante esse entendimento, comungamos com Moita (1995, p.113), que considera
a história de vida a metodologia com potencialidades de diálogo entre o individual e o
sociocultural, pois “só uma história de vida evidencia o modo como cada pessoa mobiliza seus
conhecimentos, os seus valores, as suas energias, para ir dando forma à sua identidade, num
diálogo com os seus contextos”.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Vade-Mécum: Valores, Deveres e Ética Militares, VM10. Brasília, DF, 2008.
BRUNER, J. Realidad mental y mundos posibles: los actos de la imaginación que dan
sentido a la experiencia. Barcelona: Gedisa, 1997.
FOUCAULT, M. As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas. 9 ed. São
Paulo: Martins Fontes, 2007. (Coleção Tópicos).
HOLLY, Mary Louise. Investigando a vida profissional dos professores: diários biográficos.
In: NÓVOA, Antônio (Org.). Vidas de professores. Lisboa: Porto Editora, 1992. p. 79- 110.
HOLLY, M.L. Investigando a vida profissional dos professores: diários biográficos. In:
NOVOA, A. Vida dos professores. Lisboa: Porto Editora,1992.
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Com isso, verifica-se alguns fatores que Para que isso ocorra, faz-se necessário
contribuem para a formação de um ambiente compreender:
alfabetizador no contexto familiar, [...] o papel que configura o professor
despertando o interesse da criança em alfabetizador como fundamental para o
aprender e favorecendo sua aprendizagem processo de aquisição e leitura do educando,
futura. Todavia, a atuação da familia deve considerando-o parceiro na jornada para a
ocorrer não só na preparação da criança para a apropriação de novas linguagens, como aquele
inserção no ambiente escolar, bem como o que introduz a criança em seus primeiros
acompanhamento de todo o seu processo de contatos com a leitura e a escrita, recai sobre
escolarização. ele a grande responsabilidade em despertar ou
inibir na criança o desejo de aprender e
• O papel do professor enquanto conhecer o mundo em seu entorno. Cabe a ele
mediador do conhecimento possibilitar o acesso às diferentes linguagens
E quanto aos professores, quais são as que circundam o mundo (plástica, musical,
estratégias que eles podem utilizar a fim de cênica, visual) posto no âmbito social, que
proporcionar aos alunos um ambiente ampliam o universo cultural e possibilita
alfabetizador? De acordo com a revisão entender e intervir na realidade (MARINHO,
bibliográfica feita neste trabalho, nota-se que 2009, p. 18).
uma das principais atribuições do professor de Desse modo, percebe-se outra estratégia
educação infantil é atuar como mediador do didática que denota dessa
processo de construção do conhecimento pela perspectiva, a importância de um ensino
criança. Em outras palavras, o professor contextualizado. Ou seja, cabe ao professor
propicia o contato com o mundo da leitura e da promover situações de aprendizagem que
escrita, cuja responsabilidade está em auxiliar a estejam relacionadas com o contexto, com a
aprendizagem , a partir de intervenções realidade em que a criança se encontra
didáticas, ao mesmo tempo em que, estimula a inserida.
autonomia e desperta o interesse do aluno para Ao propor uma revisão dos conceitos e uma
o aprendizado (BRAGA, 2011, p. 46). discussão dos diferentes pontos de mista sobre
A concepção defendida por Vygotsky (1988), alfabetização e letramento, um coletivo de
já trazia em si a ideia do professor enquanto autoras defendeu a ideia de que, cabe ao
mediador do conhecimento, na medida em que professor [...] trazer para dentro da sala de aula
o professor é aquele que possui um saber e o o contexto do mundo letrado em que vivemos,
compartilha com seus alunos, por meio de proporcionando aos alunos a escrita de
atividades que despertam autonomia e palavras que tenham sentido e significado e
interesse, sendo essencial para a consolidação que mostrem a real função da linguagem
da aprendizagem. Nesse sentido, no próprio escrita” (SOUZA, et al, 2014, p. 94). Dito de
processo de aprendizagem, a criança é capaz de outra forma, a ação do professor mediador nos
assimilar a cultura ao se relacionar com o primeiros contatos com o universo das letras,
professor e com a turma. deve estar voltada “para a realidade dos
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A despeito das divergências de opiniões entre os neste trabalho, referenciamo-nos pela
concepção de alfabetização e letramento são dois processos distintos, porém
interdependentes. No qual, o primeiro consiste na aquisição das habilidades técnicas de leitura e
escrita, enquanto o segundo, aparece como a aplicação dessas técnicas.
Ainda que a alfabetização tenha o seu início regulamentado oficialmente somente
a partir do primeiro ano do Ensino Fundamental, foi possível notar a importância da inserção de
ambos os processos na formação das crianças ainda naEducaçáo Infantil. Todavia, verificou-se
também, a complexidade que envolve o tema, contribuindo para diferentes concepções quanto
aos conceitos de alfabetização e letramento, bem como ao periodo ideal de introdução desses
novos conhecimentos.
A proposta da análise sobre a alfabetização na educação infantil como um ato de amor,
partiu do objetivo geral de identificar os fatores que despertam o interesse das crianças para a
prática de leitura e escrita. Observou-se, assim, que parte das crianças o interesse por
compreender os signos de comunicação que permeiam o universo dos adultos letrados.
Ao professor, como forma de estimular e despertar o interesse dos seus alunos para esse
aprendizado, cabe observar de forma criteriosa e atenta às indagaçôes e questionamentos dos
alunos, a fim de se aproveitar dessas questões para inserir situações de aprendizagem de leitura
e escrita.
Na elaboração de um ambiente alfabetizador, pode-se perceber que o papel da familia e
do professor são fundamentais para o sucesso do processo inicial de alfabetização das crianças.
A família aparece não só como o primeiro ambiente socialização infantil, como também é o lugar
onde as crianças têm os primeiros contatos com as formas oral e escrita da linguagem. Além disso,
a participação da família intervém diretamente para o sucesso ou o fracasso não apenas do
processo de alfabetização, mas de toda a vida escolar de seus filhos.
Ao passo que ao professor de educação infantil, uma de suas principais atribuições estão
as funções de mediar a relação entre os alunos e o conhecimento, promover um aprendizado
relacionado ao contexto e às vivências das crianças, proporcionar o acesso ao universo letrado a
partir da inter-relacionamento entre
letramento e alfabetização e, por fim, como um ato de doação e amor, utilizar-se das
atividades lúdicas como forma de estabelecer um relacionamento saudável com seus alunos,
despertando neles o interesse e a curiosidade em aprender.
Com isso, a opção por uma revisão da literatura foi suficiente para conduzir a discussão e
alcançar as respostas ao problema inicialmente colocado, na medida em que a argumentação dos
autores demonstraram a relevância dos processos de alfabetìzação e letramento na educação
infantil e que eles sô podem ocorrer a partir de um born relacionamento entre professor e aluno.
Uma vez que o processo de compreensão da leitura e da escrita e suas aplicações, consiste em
um ato de doação, em que se transmite ao próximo um conhecimento imprescindivel para sua
inserção no mundo.
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Uma relação de empatia entre o professor e o aluno se faz necesário para a apropiação do
conhecimento e, por isso, consiste em um ato de amor.
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REFERÊNCIAS
BRAGA, A. Práticas de letramento na e d u c a ç ã o i n f a n t i l . Brasilia, 2011.
BRANDĂO , A.; ROSA, E. (org.). Ler e aprender na educação infantil: discutindo práticas
pedagógicas. Editora: Autêntica, Belo Horìzonte, 2011.
LEAL, T. et.al. Ensino fundamental de nove anos: orientaşões para inclusăo da criança de
seis anos de idade. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica. Brasilia, 2007.
MARIA, Vanessa; ALMEIDA, Silvia; SILVA, Amanda; ALMEIDA, Bianca; FURTADO, Joyce;
BARBOSA, Ricardo. Ludicidade no processo de ensino e aprendizagem. Corpus et Scientia,
VOI. 5, n. 2, 2009, p.5;17.
SOARES, M. Letramento: um tema em três gêneros. 4. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2010.
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RESUMO: Assim como as mudanças acontecem com o tempo, seja no modo de se vestir, agir,
pensar, a educação não poderia permanecer estática, exigindo que a mesma se adaptasse para
atender as novas necessidades dos alunos e da sociedade, sendo assim, entre os diversos
métodos de ensino, encontramos o uso do Lúdico, que apesar de não ser uma metodologia nova,
é pouco difundida atualmente. O uso o Lúdico em sala de aula traz diversos benefícios para os
alunos, inclusive para o tutor, permitindo melhor aprendizado, de forma descontraída, quebrando
o ambiente monótono em muitas matérias, por meio do seu uso os alunos podem se divertir e
aprender ao mesmo tempo, criando assim grande vantagem seu uso em salas de aula.
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tenta novamente e precisa ser estimulada para introduz o indivíduo no mundo dos sistemas e
continuar tentando, passando, pouco a pouco, teorias no qual é denominado operatório
a considerar as características do novo objeto, formal ou hipotético dedutivo.
até que o esquema inicial utilizado possa ser Para Piaget (1979), o símbolo é uma
modificado, adaptando-se a nova situação. A representação mental de objetos do meio
linguagem é fundamental não só para a externo. A maturação biológica coloca à
estruturação de um nível cada vez mais elevado disposição dos seres um recurso, o símbolo. Há,
do pensamento, mas mesmo para a temporalmente, uma diferença básica entre
estruturação de atos motores. pensamento e ação física: enquanto em pouco
O desenvolvimento infantil é analisado em mais de um ano foi necessário para estruturar
suas diversas etapas, estes períodos de todos os mecanismos motores básicos, muitos
desenvolvimento são estanques, um deles anos serão necessários para estruturar um
começa num certo momento, exatamente pensamento, já construído do ponto de vista
quando termina um outro. Convém lembrar corporal. Nesta etapa é preciso aprender a
que estamos falando de seres vivos, e mais, de pensar.
seres humanos o que torna impossível essa A escola não deve trabalhar com o intuito de
precisão matemática na análise do fazer com que as crianças pequenas tornem um
desenvolvimento. De modo geral, ao nascer a miniadulto, mas deve-se trabalhar para que a
criança é caracterizada por uma atividade do criança construa e reforce suas estruturas
tipo automática, reflexa, passados os primeiros corporais e intelectuais. Uma atividade
meses de vida começa movimentos fundamental para a Educação Infantil é o faz de
intencionais Le Boulch chamou esse período de conta, pois durante esta brincadeira, ao
a etapa do corpo vivido. praticarem a ação corporal, ela passa a
Para Piaget (1979), aparece no individuo o preocupa-se em ajustar-se com o mundo
comportamento inteligente, são os esquemas exterior, ou seja, com o mundo real.
de ação. Segundo o autor o primeiro período de A brincadeira á a atividade espiritual mais
vida da criança Sensório-motor, ocorre entre pura do homem neste estágio e, ao mesmo
um e dois anos de idade aproximadamente tempo, típica da vida humana enquanto um
também chamado de latência. A partir do todo da vida natural interna do homem e de
surgimento da linguagem, inicia-se um novo todas as coisas. Ela dá alegria, liberdade,
período, pré-operatório, intuitivo, ou contentamento, descanso interno e externo,
simbólico, fazer compreender tal período se paz no mundo. A criança que brinca sempre,
estenderia até os sete anos, mais ou menos. com determinação auto ativa, perseverando,
Após alguns anos, passará para o operatório- esquecendo sua fadiga, pode certamente
concreto, início da cooperação e do raciocínio tornar-se um homem determinado, capaz de
lógico vai dos 6 a 7 anos, mais ou menos, até os auto sacrifício para a promoção do seu bem e
10 ou 12 anos aproximadamente. O último dos dos outros. Como sempre indicamos o brincar
períodos do desenvolvimento da inteligência em qualquer tempo não é trivial, é altamente
descrito por Piaget, começa na adolescência e
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sério e de profunda significação. (FROEBEL, sejam compatíveis com o nível da criança, isto
1912, apud, KISHIMOTO, 2002, p. 68). é, desde que ela possa superá-los.
O jogo, como o desenvolvimento infantil, Na estabilidade não há desenvolvimento.
evolui de um simples jogo de exercício, Toda ação que contenha algo que seja visto
passando pelo jogo simbólico e o jogo de como novo para a criança constitui um
construção, até chegar ao jogo social. problema para ela. Novo, para a criança é
No primeiro deles, a atividade lúdica refere- aquilo que suas estruturas cognitivas não
se ao movimento corporal sem verbalização; o reconhecem. A criança compreende aquilo que
segundo é o faz de conta, a fantasia; o jogo de vive que concretiza na sua ação. Quando, num
construção é uma espécie de transição para o jogo o professor oferece materiais variados,
jogo social. Por fim é aquele marcado pela que possa inclusive ser confeccionada junto
atividade coletiva de intensificar trocas e a com as crianças, está permitindo que elas
consideração pelas regras. O jogo contém um possam vivenciar e tomar consciência da
elemento de motivação: o prazer da atividade realidade concreta, transformando o real em
lúdica. Há que se encontrar a medida certa função de suas necessidades.
entre a movimentação corporal e a
imobilidade, entre o sério e o lúdico, entre o A RESPEITO DO JOGO
prazer e a obrigação rotineira. Na primeira
Existe muita confusão a respeito dos termos
infância a ação corporal ainda predomina a
brinquedos, brincadeiras, jogo e esporte. As
ação mental.
definições dessas palavras em nossa língua
O corpo tem uma infindável capacidade de
pouco às diferenciam. Brincadeira, brinquedo e
educar-se. Não pode, nem se deve negar a
jogo significam a mesma coisa, exceto que o
inteligência corporal como componente
jogo implica a existência de regras e de
fundamental no processo de adaptação dos
perdedores e ganhadores quando de sua
seres humanos ao seu meio ambiental. A partir
prática. Também esporte e jogo representam
do início da segunda infância a criança pode
quase à mesma coisa, apesar de esporte ter
compreender de forma lógica sua vida de
mais a ver com prática sistemática.
relações, consequentemente a representação
A variedade de fenômenos considerados
fantasiosa que caracteriza a primeira infância
como jogo, mostra a complexidade da tarefa de
será superada por uma representação
defini-lo. Assim, atirar com um arco e flecha,
simbólica mais comprometida com os
para uns é jogo, para outros, é preparo
elementos da realidade concreta com os quais
profissional. Uma mesma conduta pode ser
as crianças interagem.
jogo ou não jogo, em diferentes culturas,
O professor não deve dar soluções prontas
dependendo do significado a ela atribuído. Para
para a criança, mas oferecer pistas que levem a
se compreender a natureza do jogo, é preciso
solução, propondo questões mais simples que
classificar situações entendidas como jogo,
facilitem resoluções de questões mais
diferenciações que permitem o aparecimento
complexas. O educador deve ser um
de suas espécies.
provocador de desequilíbrios, desde que eles
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Entre os autores que discutem a natureza do transformação não poderá agir inconsciente e
jogo, encontram-se Caillos (1967); Huizinga irrefletidamente. Cada passo de sua ação
(1951); Henriot (1989); Fromberg (1987); deverá estar marcado por uma decisão clara e
Christie (1991), entre outros. explicita do que está fazendo e para onde
Os autores acima citados, assinalam pontos possivelmente está encaminhado os resultados
comuns: o prazer (ou desprazer), o ”não sério” de sua ação (LUCHESI, 1999, p. 46).
ou o efeito positivo; as regras (implícitas ou Com o renascimento começou a exigir
explicitas); a relevância do processo de brincar também o desenvolvimento do corpo, e a partir
(o caráter improdutivo), a incerteza de seus deste contexto que surgiu os jogos educativos.
resultados; a não literalidade ou a Inácio de Loyola (2000), acredita na
representação da realidade, a imaginação e a importância dos jogos de exercício para o
contextualização no tempo e no espaço. desenvolvimento do ser humano e que sua
Neste trabalho, jogo pode ser sempre utilização como recurso da aprendizagem é
entendido como objeto, suporte de atividade fundamental.
de aprendizagem e a mesma como descrição de Dewey (1859 - 1952), modifica a tradição
uma conduta estruturada, com regra no jogo froebeliana que durou cinquenta anos,
para designar, tanto objeto e as regras do jogo colocando a experiência direta com os
da criança. elementos do ambiente, e os interesses das
crianças como novos eixos, no qual a
O JOGO NA EDUCAÇÃO aprendizagem infantil acontece de maneira
espontânea, por meio dos jogos e das situações
INFANTIL de seu cotidiano.
Por intermédio da manipulação dos objetos A importância dos jogos educativos de
pode-se perceber que a criança passa a ter mais caráter exploratório, no qual as crianças
facilidade para aprender e cabe ao professor possam utilizar livremente, começou a ser
utilizar materiais concretos para estimular estas divulgado na Europa, pela escolanovista Maria
crianças. Montessori.
Platão em Les Lois (1948), afirma da Os jogos utilizados na educação,
importância de aprender brincando, sem que se principalmente na educação infantil possui uma
tenha repressão, pois entre os romanos os ampla classificação que são:
jogos eram totalmente voltados para o preparo • Jogos tradicionais - que tem uma
físico, com intuito de formarem soldados. característica anônima, e sua transição e oral.
O interesse pelos jogos surgiu devido a • Jogos de construção - é de caráter livre,
Horacio e Quintiliane, cujo ambos referem a no qual as crianças por meio dos manuseios das
presencia de guloseimas em formas de letras, placas passem a construir, transformar, criar, e
porem esse interesse acabou por causa do até mesmo destruir, podendo assim expressar
cristianismo. seu imaginário. O jogo de construção é muito
Um educador que se preocupe com a sua importante para está faixa etária, pois ele
prática educacional, esteja voltada para a contribui para que a crianças além de
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desenvolver suas habilidades motoras, ele Apesar da facilidade na aplicação das aulas
estimula sua criatividade e enriquece sua lúdicas, é importante o planejamento correto
experiência sensorial. do conteúdo a ser passado, o estudante deve
Há também os jogos de regras, de faz de ao mesmo tempo em que “brinca”, aprender e
conta entre outros. ter noção disso, ou seja, perceber que está
absorvendo novos conhecimentos concretos e
USO DE JOGOS LÚDICOS NO uteis, que podem (e devem) ser aplicados
posteriormente em exercícios ou perguntas
ENSINO FUNDAMENTAL realizadas tanto pelo professor quanto pelos
É imprescindível que nesta fase o professor próprios alunos.
tenha um perfil para a pedagogia relacional, As aulas devem ter objetivos concretos de
utilizando de seus conhecimentos para criar a passar um conhecimento ou experiência pré-
ponte entre o aluno e o conhecimento. No definida pelo professor, evitando o apenas
começo desta fase as crianças estão mais “brincar” e consequentemente perder o rumo
suscetíveis as brincadeiras e por tanto mais da aula. Vale lembrar que é necessário que o
fáceis para a aceitação, tudo isso somado ao tutor entenda que o corpo e o intelectual
fato de que o cérebro está em pleno trabalham juntos no aprendizado, para a que o
desenvolvimento, como uma espécie de aluno possa compreender o meio, trocar
“esponja”, pronta para absorver novos informações e experiências adquiridas.
conteúdos, principalmente se apresentados de Com o passar do tempo às crianças mudam,
forma descontraída, divertida ou animada, o o processo do lúdico não deve permanecer
que é proposto pelo lúdico em salas de aula. igual para sempre, principalmente quando
Assim o professor pode ter maior chegam ao quinto ano, por volta dos dez anos
conhecimento sobre cada aluno e se de idade, nesta fase não basta mais cantar,
necessário, redirecionar sua prática. Por correr, jogar apenas. É preciso alterar os
intermédio de trabalhos lúdicos em grupo, no métodos de aplicação do lúdico em sala de aula,
jardim de infância ou na pré-escola, ensinamos nessa etapa o professor deve estar atento aos
os alunos a compartilhar, dividir, interagir, acontecimentos em sala buscando agir de
respeitar os limites colocados para aquela forma conciliadora, por meio de atividades que
atividade. O professor deve orientar as aulas possam promover a socialização e união, com o
para que todos se manifestem e produzam uso de exercícios lúdicos em grupo, para
independente de suas capacidades. Nos melhor aprimoramento do convívio em
primeiros anos escolares é muito importante sociedade.
deixar claro que cada sujeito é único, com O instrutor também deve organizar as aulas
diferentes construções lógicas e significações. de forma mais cuidadosa, visando à segurança
Neste momento, em que o aluno entra no dos alunos, já que nesta idade as brincadeiras
estágio das operações concretas, o lúdico se tonam mais perigosas e o “brincar
aliado ao conhecimento é de fundamental impetuoso” se torna parte das aulas. Nessa
importância. etapa da vida, é comum eles buscarem testar
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seus corpos o tempo todo, o instrutor deve se mas vale lembrar que isso não significa que as
precaver para evitar a ocorrência de acidentes. reclamações iram cessar, adolescente que não
No oitavo e nono ano, as coisas voltam a reclama está doente.Porém, com as atividades
mudar, e mais uma vez é necessário à propostas será possível à aplicação do lúdico
adaptação das aulas lúdicas por parte do com grande melhora na
professor. O contato se torna mais difícil, os aprendizagem/aceitação dos alunos.
objetivos dos alunos mudam e o meio me que O professor deve ter o cuidado de criar a
vivem também, isso sem contar as mudanças assimilação do conhecimento, criar novos
físicas e emocionais, que se manifestam de esquemas cognitivos para a evolução do aluno,
forma diferente em cada aluno. preparando o aprendiz para a cidadania,
Apesar de mais complicado, as aulas lúdicas fortalecendo sua ligação com o conhecimento
se fazem importantes, uma vez que permitem transformando ao aluno e a sua realidade
trabalhar com diversos fatores como a preparando para o mundo atual, no qual os
depressão, frustração, aceitação e aprovação meios de comunicação geram novos conceitos
pelos demais colegas. Incluímos também o fato aparentemente imutáveis. Cabe também ao
de que por meio do lúdico é possível trabalhar tutor enfatizar que o lúdico não e privilégio
e melhorar com aspectos importantes para a único da infância, mas sim parte importante
vida do aluno, como por exemplo: trabalhando para a vida toda, necessário tanto quando
aspectos corporais, timidez, oralidade, criança como quando adulto. Caso o conteúdo
literatura, etc. Com isso podemos concluir que não se fixe na mente do aluno, o lúdico não tem
aplicação do lúdico em salas de aula se faz valor, conhecimentos que são facilmente
extremamente necessária para a preparação do esquecidos, demonstram falhas na aplicação do
aprendiz, o fortalecendo para a vida adulta. lúdico em aula, cabe ao mestre mudar sua
Como aplicar aulas lúdicas para metodologia para aprimorar o ensino de seu
adolescentes? Uma vez que nessa fase, as aulas aprendiz.
são vistas como chatas, coisas de criança, perca Porem de nada vale o lúdico/jogo se o
de tempo. Com isso incluindo as constantes próprio professor não acredita em tal prática,
reclamações que ocorrem o tempo todo. O sendo assim o mestre precisa ter confiança no
professor deve demonstrar para o aluno como lúdico e elaborar de forma séria e correta suas
determinada atividade pode melhorar ou aulas, visando o melhor para cada faixa de
ensinar alguns conceitos específicos. idade, criando um ambiente de respeito mútuo
Algumas abordagens interessantes se e confiança.
provaram mais eficazes no trabalho com Temos então uma poderosa ferramenta, o
adolescentes, com a grande melhora no ensino lúdico, que implantado de forma correta e
de alunos dessa idade, alguns exemplos são responsável pelo tutor, permite a melhor
apresentações de teatro, pesquisando peças, qualidade do ensino em sala de aula, com
autores, desafios, realização de experimentos fortalecimento garantido do aluno para sua
em sala, etc.. Com isso o tutor pode aplicar o vida acadêmica, profissional e pessoal.
lúdico de forma mais aceitável para o aprendiz,
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O uso de jogos em sala de aula deve ser encarado como método facilitador e
complementador da aprendizagem, não como único meio ou solução milagrosa.
Mas devido aos pontos apresentados por esse trabalho bibliográfico, o uso do lúdico
permite ao aluno alcançar o conhecimento de forma mais fácil, e mais do que isso, permite ao
aluno melhorar aspectos que geralmente não podem ser trabalhados em sala de aula, como
autoconfiança, respeitos ao próximo, vontade/animo de aprender, aprende a seguir as regras
propostas e a ganhar/perder.
Essa poderosa ferramenta tem o poder de sanar lacunas (ou a maioria delas) existentes no
estilo de ensino atual, preparando os alunos de forma mais efetiva para o mundo, trabalhando
aspectos como emocional, físico e mental, que por sua vez são refletidos na vida profissional e
social.
Nos últimos anos a educação tem passado por grandes transformações devido ao avanço
tecnologia e a globalização, o uso do lúdico permite uma adaptação a essas mudanças de modo
mais suave, além de incumbir os benefícios citados nesse trabalho.
O professor deve estar sempre pronto para aprender, se o mestre não acreditar no uso do
lúdico, planejá-lo antecipadamente, testá-lo e seguir as dicas demonstradas neste artigo,
certamente não poderá aplicar o lúdico, pelo menos não de forma efetiva, para obter o máximo
de retorno dos seus alunos.
Com isso podemos afirmar, o uso do lúdico é importante, mais do que isso, ele se faz
necessário na educação atual, de modo que a sua aplicação ou não faz uma grande diferença na
criação das novas gerações que ainda viram.
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REFERÊNCIAS
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KISHIMOTO, T.M. (org). Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. São Paulo: Cortez, 2000.
LIBÂNEO, J. C.. Democratização da escola pública: A pedagogia crítico social dos conteúdos
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mundo. Brasil MEC/SEB. Ensino fundamental de nove anos: orientações para a inclusão da
criança de seis anos de idade/ organização Jeanete Beauchamp, Sandra Denise Pagel, Aricélia
Ribeiro do Nascimento. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2007.
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RESUMO: Este artigo tem como objetivo levar os educadores dos anos iniciais do Ensino
Fundamental a uma reflexão sobre sua prática pedagógica na Educação Matemática, pois, para
que haja um aprendizado de qualidade, os conteúdos curriculares devem ser abordados de forma
significativa e baseando-se no conhecimento prévio dos alunos, o que permitirá uma construção
de saberes visando a formação de cidadãos críticos e participantes de sua sociedade.
1Professora de Ensino Fundamental II e Médio, atuando como Coordenadora Pedagógica na Rede Municipal de
São Paulo.
Graduação:Licenciatura em Pedagogia; Licenciatura em Matemática; Especialização em Matemática Aplicada;
Especialização em Formação Docente.
E-mail: luciana.fumes@yahoo.com.br
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A resolução de problemas foi discutida e atento na seleção dos problemas que serão
estudada em 1980, no National Council of abordados durante as aulas, que precisam ser
Teachers of Mathematic NCTM, dos Estados de fácil interpretação além de estarem de
Unidos, onde apresentou-se recomendações acordo com a realidade dos alunos.
para o ensino de Matemática focado na Segundo Polya (1995), “nas resoluções de
contextualização e na relevância de aspectos problemas o primeiro passo é a compreensão
sócias sendo incorporados ao currículo. dessa situação e isso requer uma reflexão e
Hoje a proposta curricular está um tanto uma boa interpretação, para que o ponto
alterada e a resolução de problemas já é principal seja identificado, a incógnita. A seguir
encarada como uma metodologia de ensino de deve ser realizado um plano para a execução da
suma importância, no qual o professor propõe resolução referida e após a implementação do
ao aluno situações problemas caracterizadas planejado, deve-se verificar o resultado”, o que
por investigação e exploração de novos o autor chama de retrospecto.
conceitos, fazendo com que o educando se Nesse processo de indagação e descoberta,
sinta motivado a superar novos desafios utilizando o método heurístico, o professor tem
presentes em sua realidade. o papel de incentivador e mediador dando o
Essa estratégia pedagógica tem como suporte necessário aos alunos encorajando-os
objetivo nortear as intervenções necessárias na a pensar, para que as resoluções sejam
relação educador-educando, propiciando concretizadas, ressaltando inclusive que
maior participação e liberdade dos estudantes existem várias estratégias diferentes que
que atuam nas interpretações e formulações podem solucionar o mesmo problema, pois
como ponto de partida para solucionar os cada aluno pode escolher um caminho
problemas levantados. diferente, que tenha a liberdade para utilizar
É importante ressaltar a diferença entre bons seus conhecimentos prévios e extra-escolares
problemas matemáticos dos desafios que se para que formulando as soluções segundo seu.
encontram ao final dos capítulos de alguns Isso faz com que o próprio educando estabeleça
livros didáticos ou dos rodapés de palavras relações entre teoria e prática, relacionando a
cruzadas, revistas e almanaques, pois estes Matemática com situações reais pessoais e
desafios ou charadas ou ainda “quebra- sociais.
cabeças” tem por objetivo oferecer Na resolução, a compreensão do problema é
entretenimento e normalmente não exigem de extrema importância, por isso Polya ressalta
raciocínio dedutivo e levam à obsessão por os questionamentos elaborados em cima do
respostas corretas pré-estabelecidas. seu enunciado, para que este seja bem
Os bons problemas devem ser desafiadores, compreendido e os pontos condicionantes
reais, interessantes, elemento realmente sejam identificados, considerando o problema
desconhecido além de não apresentar sob vários pontos de vista e procurando a
resolução direta de uma ou mais operações relação com conhecimentos previamente
aritméticas e até mesmo possuir certo nível de concebidos.
dificuldade. Para isso o professor deve estar
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Aprofundando os estudos no que tange a Educação Matemática, concluímos que existe um
aparato didático-pedagógico extremamente rico a nossa disposição, mas em contrapartida
vivemos uma situação educacional complicada e “fracassada” que anseia por transformações
rígidas e rápidas.
O contexto sociocultural sugere um fortalecimento dos aspectos moral, crítico e
participativo da sociedade. O ensino desenvolve no indivíduo condições de ele se tornar um
cidadão participante, especialmente ativo, desenvolvendo suas potencialidades visando sua
adequação e progresso em seu meio.
Não se pode eximir a escola de sua responsabilidade perante a situação crítica que se
encontra a Educação em nosso país, pois o ensino que ainda funciona no sistema de auto
transmissão com as pessoas se acostumadas às repetições e cópias de conteúdos soltos e
abstratos, totalmente alheias à realidade dos alunos.
Chamamos a atenção para os obstáculos mais comuns presentes em nosso sistema
educacional e que podem ser resumidos no fato de que existe um programa a ser cumprido num
prazo fixo, na falta de treinamento dos professores em relação a novas estratégias de ensino e na
dificuldade que os estudantes apresentam em todos os pré requisitos essenciais ao bom
desenvolvimento do aprendizado.
Os alunos carregam lacunas de longa data, isso proporciona a desmotivação e o
desinteresse, mesmo porque no sistema educacional atual de regime de “Progressão Continuada”
os educandos e a sociedade em geral acreditam que não é preciso ter bom desempenho para ser
aprovado no final do ano. As idéias equivocadas ligadas ao sistema educacional também são
obstáculos que o educador enfrenta em sala de aula.
Cada educador deve procurar se preparar em todas as faces do conhecimento técnico e
pedagógico, visando aprofundar seus conhecimentos continuamente, trabalhando sempre com a
sua realidade e buscando atingir aos seus alunos com as estratégias selecionadas para cada
situação.
A Educação Matemática é uma área ampla e precisa ser aprendida e reaprendida sempre,
o estudo deve ser contínuo, pois o profissional da Educação necessita estar atento às
necessidades da sociedade tecnológica em que vivemos, pois sua função social requer grande
responsabilidade e empenho.
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REFERÊNCIAS
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Contexto, 2002.
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Editora, 1997.
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Paulo: Cortez, 2006.
SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. 22. ed. São Paulo: Cortez,
2002.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Primeiramente, é importante ressaltar, que a educação é um dos direitos fundamentais
estipulados na Constituição Federal, portanto deve ser respeitada e ampliada a todos sem
distinção de cor, classe social, faixa etária entre outros motivos que podem causar discriminação
e preconceito.
A educação consiste em um conjunto de métodos empregados no processo de instrução,
ensino-aprendizagem necessários para o desenvolvimento físico, intelectual /cognitivo, moral,
social/político e cultural de um ser humano. A escola passa a ser um espaço que contribui
efetivamente para a formação de um cidadão pleno.
Em se tratando da Educação Básica, a responsabilidade do Educador aumenta, porque se
trata de seres em formação, que vê em seu professor um modelo a ser seguido é nesta fase que
a criança está aprendendo e formulando seus conceitos acerca do mundo a sua volta.
Deve-se ter o cuidado de não restringir o ensino apenas aos conteúdos curriculares e sim
em facilitar, orientar, transmitir valores e sentimentos tão importantes como o respeito, a
dignidade, a solidariedade, a justiça e a igualdade formando verdadeiros cidadãos conhecedor de
seus direitos e deveres.
O primordial é estimular o pensamento, a reflexão, a aprender argumentar suas opiniões,
não agindo de acordo com o senso comum, que infelizmente é presente em pessoas que
massificadas pela mídia e os meios de comunicação agem conforme a maioria sem saber o porquê
e para quê.
Temos cada vez mais convicção de que a Educação de qualidade é a principal forma de
transformar a realidade de maneira prazerosa e significativa, construindo uma sociedade mais
democrática, na qual todos são iguais, mudando a história do nosso país, fazendo assim a grande
diferença.
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REFERÊNCIAS
BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Nacionais da Educação Infantil.
Brasília: MEC, 1998.
HOFFMANN, Jussara Maria Lerch. Avaliação Mito & Desafio: Uma Perspectiva
Construtivista. (11º ed). Rio Grande do Sul: Educação e Realidade, 1993.
LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da Aprendizagem Escolar. (6º ed). São Paulo: Cortez,
1997.
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No entanto, para Vygotsky (2007), os anteriores, quando estas entram num novo
processos psicológicos são construídos a partir sistema de relações. O conhecimento é
de imposições do contexto sociocultural. Seus adquirido por um processo de natureza
paradigmas para explicitar a brincadeira assimiladora e não simplesmente registradora.
infantil, localizam-se na filosofia que concebe o No raciocínio decorrente do fato de que os
mundo como resultado de processos histórico- sujeitos aprendem por meio do jogo é de que
sociais que alteram não só o modo de vida da este possa ser utilizado pelo professor em sala
sociedade, mas inclusive as formas de de aula. As primeiras ações de professores
pensamento do ser humano. apoiados em teorias construtivistas formam no
Segundo Kishimoto (2002), brincadeira é sentido de tornar os ambientes de ensino
ação que a criança desempenha ao concretizar bastante ricos em quantidade e variedade de
as regras do jogo, ao mergulhar na ação lúdica. jogos, para que os alunos possam descobrir
Pode-se dizer que é o lúdico em ação, conceitos inerentes às estruturas dos jogos por
brinquedo e brincadeira relacionam-se com a meio de sua manipulação.
criança. A criança cria uma situação imaginária, As concepções sócio interacionistas partem
assume o papel e age como tal, se do pressuposto de que a criança aprende e
transformando e mudando também o desenvolve suas estruturas cognitivas ao lidar
significado dos objetos de acordo com sua com o jogo de regra. Nesta concepção, o brincar
vontade, sem se preocupar com a sua promove o desenvolvimento porque está
adaptação à realidade concreta. Essas ações impregnado de aprendizagem. E isto ocorre
são capazes de modificar os processos de porque os sujeitos, ao brincar de forma dirigida,
desenvolvimento e aprendizagem, quando passam a lidar com regras que lhes permitem a
interagem no cotidiano infantil. compreensão do conjunto de conhecimentos
veiculados socialmente, permitindo-lhes novos
O BRINCAR COMO FORMA DE elementos para apreender os conhecimentos
futuros.
DESENVOLVIMENTO E A criança, colocada diante de situações
APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO lúdicas, apreende a estrutura lógica da
brincadeira e, deste modo, apreende também a
INFANTIL
estrutura matemática presente. O brinquedo e
A brincadeira é atividade inerente à infância,
o brincar são fatores, indispensáveis no
é de entendimento de todos da área de
desenvolvimento da criança. Esses dois fatores
educação que essa afirmação se dá pela
em conjunto auxiliam no desenvolvimento
frequência com que as crianças usam do brincar
relacionando a criança, o meio ambiente e o
para experimentar situações e explicitar seus
meio social.
sentimentos e colocar em prática tudo que foi
O que realmente importa é que a criança seja
internalizado.
inserida e faça parte deste contexto social por
Assim, o desenvolvimento intelectual não
meio das brincadeiras, também sendo
consiste apenas em acumular informações,
trabalhadas nas crianças a noção de espaço,
mas, sim, em reestruturar as informações
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cada criança em seu contexto de ser humano na 8. Canto do Playground: local composto de
fase da infância. brinquedos de parquinho infantil seja de fibra,
Sobre a organização das brinquedotecas, o plástico resistente ou metal.
mais comum encontrado é a organização em 9. Cantos dos tapetes e colchões: espaço
“cantos”; essa organização vem se modificando com tapetes grandes ao chão para brincadeiras,
ao longo do tempo a fim de evoluir com os rolamentos, movimentos acrobáticos, entre
estudos, oferecendo um modelo mais outros.
adequado para cada ambiente onde está 10. Canto do Cinema: local com televisão e
inserida. DVD, com almofadas, tapetes e sofás para as
Conforme aponta Vaz (2009), existem duas crianças apreciarem filmes diversos, e atender
maneiras de se organizar bem o espaço da as diversas faixas etárias.
brinquedoteca por meio de disposição para 11. Canto da Pintura e Desenhos:
empréstimos ou a instalação de um espaço fixo, disponibilizar a criança materiais às pinturas e
permitindo ao cesso e a organização dos desenhos como: pincéis, telas, papeis,
brinquedos pelas crianças; no espaço fixo os cartolinas, sulfites, entre outros (VAZ, 2009,
“cantos” correspondem à: p.2).
1. Canto do "Faz de Conta": espaço com Diante dessas orientações baseadas nas
mobílias e utensílios domésticos; canto do pesquisas de autores, pode-se observar as
supermercado; camarim com fantasias, diversas possibilidades diante de cada espaço
chapéus, espelhos, fantasias, para destinado ao brincar. Os olhares acadêmicos
representação de diversos papéis, entre outros para as brinquedotecas cada vez se ampliam a
brinquedos infantis miniaturizados. fim de afirmar os benefícios para o
2. Canto da "Leitura": diversos tipos de livros desenvolvimento das crianças, em uma fala no
para atender às todas as faixas etárias e Seminário Nacional sobre a Brinquedoteca,
estimular o hábito e gosto pela leitura. Cunha (1997, p. 106), afirma que, "os
3. Canto das "Invenções ou Criação ou brinquedos alimentam a inteligência, e brincar
Sucatoteca": uso de materiais recicláveis ou tonifica a alma", reforçando como estes
objetos diversos para inventar, construir e espaços colaboram com a aprendizagem e
recriar coisas e brinquedos; desenvolvimento das crianças.
4. Canto do Teatro ou do Fantoche: criação e Portanto, o acervo de brinquedos da
construção de histórias e fantoches, com Brinquedoteca deve permitir o
painéis e palcos para encenações. desenvolvimento de capacidades e estimular
5. Canto da Oficina: para construção e potencialidades, criando a compreensão das
restauração de brinquedos, entre outros. mais diversas formas de arte, de comunicação
6. Mesa Coletiva: espaço utilizado para jogos e comportamento social equilibrado da criança.
coletivos; A brinquedoteca precisa ser entendida como
7. Canto do Mural de Recados: para um lugar que possibilita uma construção de
comunicações ao usuário, com notícias, avisos, aprendizagens, um espaço mediador que
normas, entre outros. considere o brincar e aprender de forma lúdica.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A existência de escolas para a educação infantil justifica-se por serem espaços de reflexão
sobre a educação e sobre os processos de ensino e de aprendizagem. Sabe-se que é nesta parte
da infância que o ser humano constrói as principais estruturas cognitivas, que serão os suportes
das futuras aprendizagens e desenvolvimento de habilidades e competências complexas.
A escola de crianças pequenas deve ser mais um lugar de divertimento (e aprendizagem,
consequentemente), do que um local de classificação e cumprimento de burocracias; caminho
este que as escolas do país vêm seguindo, impelidas pelas influências históricas e políticas às quais
todas as esferas da sociedade estão submetidas.
Esta pesquisa revela a importância dos espaços lúdicos estruturados no ensino na
educação infantil, como já se sabe, o modo mais prazeroso da criança aprender é brincando,
explorando materiais, espaços, brinquedos e colocando a imaginação em foco, descobrindo a si
mesma e desenvolvendo as habilidades de socialização e expressão.
A brinquedoteca tem o objetivo de reforçar a importância do brincar na educação infantil,
o brincar e o jogar é a melhor forma de ensino/aprendizagem para as crianças, por meio desses é
possível inserir qualquer conteúdo ou assunto, desenvolvendo o cognitivo das crianças de forma
leve e significativa.
Na brinquedoteca é o espaço, no qual as crianças colocam em prática a expressividade, a
coletividade e coloca em prática suas habilidades sociais, a partir disso o educador poderá
observar e intervir para ampliar o desenvolvimento das crianças, essa observação também serve
para a avaliação de como está acontecendo esse desenvolvimento, permitindo ações que
promovam outras formas e vivências na escola.
Pode-se dizer que o entendimento da importância da brinquedoteca escolar é reconhecido
pelos educadores. O estudo diante da estruturação e modificações feitas durante o tempo,
demonstram que os professores estão atentos às necessidades das crianças e conseguem
articular seus planejamentos para colocar o brincar como ponto principal na educação infantil,
indo além das normas e leis que asseguram essa prática.
Por fim, é sempre interessante buscar aprimorar o olhar para o brincar infantil, a
implementação das brinquedotecas nas escolas proporciona às crianças um desenvolvimento
surpreendente que é visto em todos os momentos e atividades da escola. Valorizar e proporcionar
o brincar é dever de todos os educadores da infância.
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REFERÊNCIAS
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em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/wpcontent/uploads/2018/02/bncc-20dez site.pdf.
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HYPOLITTO, Dineia. O brinquedo e a criança. Revista Integração. Ano VII, nº. 26. Agosto.
2001. Disponível em: <http://br.geocities.com/dineia.hypolitto/arquivos/artigos/176_26.pdf>.
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KISHIMOTO, Tizuko Morchida. Jogos infantis: o jogo, a criança e a educação. Petrópolis, Rio
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KISHIMOTO, Tizuko Morchida. (Org.). O brincar e suas teorias. São Paulo: Pioneira, 2002.
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VYGOTSKY, Lev Semenovich. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 7º Ed,
2007.
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remetendo aos vitrais isto faz com que o que possam com eles estabelecer vínculos
quadro esteja multifacetado por meio do fecundos, promissores, educativos. Por certo
desenho, mas também da pintura. que esta é uma tarefa coletiva, dos educadores
Britto abusa das formas geométricas para e educadoras em especial, mas não somente
preencher a tela e não utiliza técnicas de deles, posto que a formação das novas
profundidade para suas composições. Assim, gerações humanas é uma tarefa da sociedade,
seus motivos estão sempre em primeiro plano. em seu conjunto. Por último, além de se
Outra característica importante é que seus diferenciarem na forma e intensidade em que
personagens, mesmo os animais, estão sempre se apresentam na vasta realidade das escolas e
sorrindo. O próprio artista justifica esta escolha grupos de professores do ensino no Brasil, estes
afirmando que deseja transmitir alegria por desafios não existiram sempre e podem deixar
meio de seus trabalhos. de existir. São realidades históricas e por isso
A escolha deste artista para desenvolver um podem ser superadas. Buscar os caminhos das
trabalho no âmbito escolar infantil, se deu soluções, criá-las e recriá-las, coletivamente,
devido a estas características marcantes e refazendo as bases das interações entre
colorido presente diariamente na educação adultos, crianças, adolescentes e jovens no
infantil. interior da escola e no presente, é um desafio
Considerando o conceito de arte e arte- que se sobrepõe aos demais. Essa junção de
educação, discutido até agora e de seus esforços parece ser o mais promissor horizonte
elementos até aqui pontuados, listamos para que os educadores em geral e os
algumas potencialidades do uso da arte como professores/as do ensino infantil, possam
estratégia ou metodologia na abordagem de enfrentar o nosso compromisso primeiro, que
conteúdos dos eixos do conhecimento constitui o sentido e finalidade maior do ofício
vivenciados na educação infantil. de mestre: o desafio humano, político, ético e
O conceito faz alusão aos métodos que estético de trabalhar na formação das novas
permitem obter certos objetivos. Com base gerações humanas, das nossas crianças na mais
nisso, fazemos aos educadores que pretendem tenra idade. Para que sejam seres
valer-se da arte no processo de verdadeiramente humanos, que auxiliem na
ensino/aprendizagem a seguinte pergunta: construção de outro mundo, possível.
qual é o seu objetivo? Se, como foi dito, na obra A teoria froebeliana, ao considerar a arte
de arte não há certo e errado e ela mesma cria como uma atividade espontânea, concebe
as regras enquanto se constrói o que vai suporte para o ensino e permite a variação do
orientar as escolhas do educador serão seus aprender, ora como atividade livre, ora
objetivos. orientada.
Diante desta questão, um novo desafio se As concepções froebeliana de educação,
apresenta: o de reunir forças e esforços dos homem e sociedade estão intimamente
trabalhadores da educação e demais vinculadas ao aprender. Assim, a atividade livre
segmentos sociais para reverter este quadro de e espontânea, é responsável pelo
penumbra, vindo de longas décadas, de modo desenvolvimento físico, moral, cognitivo, os
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dons ou objetos que subsidiam atividades. O educando do ensino infantil, deve ser
Entende também que a criança necessita de compreendido como um ser em plena
orientação para o seu desenvolvimento, aprendizagem, é importante que as escolas e os
perspicácia do educador levando-o a educadores, incentivem a prática do jogo, como
compreender que a educação é um ato forma de aperfeiçoar esse desenvolvimento.
institucional que requer orientação. A dramatização e o teatro possibilitam a
Ao participar da arte a criança também criança sonhar e fantasiar revela angústias,
adquire a capacidade da simbolização conflitos e medos aliviando tensões e
permitindo que ela possa vencer realidades frustrações são importantes para que se
angustiantes e domar medos instintivos. O trabalhem diferentes tipos de sentimentos e a
aprender é um impulso natural da vida das forma de lidarmos com eles.
crianças e também no percurso infantil, que A personalidade humana é um processo de
aliado à aprendizagem tornar-se mais fácil à construção progressivo, no qual se realiza a
obtenção do aprender devido à integração de duas funções principais: a
espontaneidade das atividades por meio de afetividade, vinculada à sensibilidade interna e
uma forma intensa e total. orientada pelo social e a inteligência, vinculada
Compreender o universo da arte é às sensibilidades externas, orientada para o
indispensável para o bom desenvolvimento do mundo físico, para a construção do objeto.
trabalho pedagógico efetivado pelo professor Conforme Antunes (2004), a aprendizagem é
que é o mediador destas ações. A arte é tão importante quanto o desenvolvimento
essencial, pois possibilita à criança uma social e o jogo constituem uma ferramenta
aprendizagem por meio das vivências, por meio pedagógica ao mesmo tempo promotora do
das quais podem experimentar sensações e desenvolvimento cognitivo e o do social. O
explorar as possibilidades de movimentos do teatro pode ser um instrumento da alegria, uma
seu corpo e do espaço adquirindo um saber criança que dramatiza, antes de tudo o faz
globalizado a partir de situações concretas. porque se diverte, mas dessa diversão emerge
A arte é um instrumento que possibilita que a aprendizagem e a maneira como o professor
as crianças aprendam a relacionar-se com o após o teatro, trabalhar suas regras pode
mundo, promove o desenvolvimento da ensinar-lhes esquemas de relações
linguagem e da concentração interpessoais e de convívio ético.
consequentemente gera uma motivação a Trabalhar com teatros é fazer com que a
novos conhecimentos. O eixo da arte é o criança aprenda de forma prática, interativa e
desenvolver, sendo um dos meios para o alegre, ou seja, participando de atividades mais
crescimento, e por ser um meio dinâmico, a descontraídas a criança se sente feliz e
arte oportuniza o surgimento de motivado e ao mesmo tempo adquire o seu
comportamentos, padrões e normas conhecimento de forma prazerosa. As regras de
espontâneas. Caracteriza-se por ser natural, um teatro são feitas para que a criança adquira
viabilizando para a criança uma exploração do valores que possam ser usados durante toda a
mundo exterior e interior. sua vida, é por isso que ao fazer as atividades o
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educador deve pensar quais são os objetivos mundo. As atividades lúdicas têm papel
daquele jogo para aquela faixa etária e para a indispensável na estruturação do psiquismo da
realidade a que pertence aquela criança. criança, é no ato de brincar que a criança
Os teatros são essenciais para o desfruta elementos da realidade e fantasia, ela
desenvolvimento de construção, estimulando começa a perceber a diferença do real e do
todos os sentidos tais como: psicomotor, imaginário. É por meio do teatro que ela
cognitivo, social e emocional, desenvolvendo a desenvolve não só a imaginação, mas também
capacidade de pensar, refletir, abstrair, fundamenta afetos, elabora conflitos, explora
organizar, realizar e avaliar. ansiedades à medida que assume múltiplos
Quando a criança dramatiza, ela libera e papéis despertando competências cognitivas e
realiza suas energias e tem o poder de interativas.
transformar uma realidade proporcionando Almeida (2008), afirma que a dramatização
condições de liberação de fantasia. De acordo contribui de forma prazerosa para o
com Wajskop (2001), o teatro pode ser um desenvolvimento global das crianças, para
espaço privilegiado de interação e confronto de inteligência, para a efetividade, motricidade e
diferentes pessoas e personalidades com também sociabilidade. Por meio do lúdico a
pontos de vistas diferentes. Nesta vivência criança estrutura e constrói seu mundo interior
criam autonomia e cooperação e exterior. As atividades lúdicas podem ser
compreendendo e agindo na realidade de consideradas como meio pelo qual a criança
forma ativa e construtiva. Ao definirem papéis efetua suas primeiras grandes realizações. Por
a serem representados nas peças de teatros, as meio do prazer ela expressa a si própria suas
crianças têm possibilidades de levantar emoções e fantasias.
hipóteses, resolver problemas e a partir daí Os educandos expressam emoções,
construir sistemas de representação, de modo sentimentos e pensamentos, ampliando a
mais amplo, no qual não teriam acesso no seu capacidade do uso significativo de gestos e
cotidiano. posturas corporais.
Uma dificuldade que essa concepção de A função da arte é ao mesmo tempo,
ensinamento apresenta, é de como diferenciar construir uma maneira de acomodar a conflitos
as artes e seus significados, porém cabe á nós e frustrações da vida real. Para Piaget (1990), o
professoras usarmos nossa visão de observação brincar retrata uma etapa do desenvolvimento
e distinguir a prática das habilidades que cada da inteligência, marcado pelo domínio da
individuo traz de bagagem. Ainda, de acordo assimilação sobre a acomodação, tendo como
com as pesquisadoras o indivíduo no processo função consolidar a experiência vivida. A
de aprendizagem passa por fases distintas, intervenção do professor é fundamental no
ampliando a sua reflexão sobre o seu sistema processo de ensino aprendizagem, além da
até chegar ao seu domínio, vivendo o lúdico. interação social ser importante para a aquisição
Por meio do lúdico a criança aprende a do conhecimento.
ganhar, perder, conviver, esperar sua vez, lidar A arte é um estímulo natural e influência no
com as frustrações, conhecer e explorar o processo de desenvolvimento dos esquemas
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O professor de Artes deve estimular a criança, a não se limitar a aprender, mas também a
construir seu próprio conceito objetivando despertar o senso crítico na criança por meio do
debate e diálogo aberto. Devemos ter em mente a necessidade de formar cidadãos capazes de
liderar de serem críticos e além de tudo ter conhecimento, ter argumento sólido. Se aprofundar
no conhecimento sobre o conteúdo a qual irá aplicar, buscar a compreensão cada vez. Mais nas
pesquisas ler livros ter total domínio sobre o assunto em questão. É de responsabilidade de o
professor prover uma aula que cause nas crianças, a curiosidade interesse de conhecer, criar
participar questionar e ser observador. Além disso, o trabalho com argumentação é considerado
fator relevante para o exercício de cidadania. Sabemos que a prática de selecionarmos
argumentos pode ajudar no desenvolvimento do senso crítico. Para isso é necessário que o
professor possua conhecimento, referencial teórico sobre o assunto para usar a metodologia
adequada.
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REFERÊNCIAS
ARANHA, Maria Lúcia Arruda. História da Educação e da Arte. Geral e Brasil. São Paulo:
Moderna, 2006.
PIAGET, Jean. A criança em idade pré-escolar. São Paulo: Ática, 1994. p.100.
SILVA, Leda Maria Giuffrida. A expressão musical para as crianças da pré- escola. Caderno
Ideias. Campinas, vol.10, 1992.
SILVA, A.B.H. Arte Infantil. Curitiba: Positivo, 1996. p 350. MARTINS, A.J.F. Infância cultura e
pedagogia. Porto Alegre: Criarp, 2006- p.120.
VISCONTI, M.; BIAGIONI, M.Z.; GOMES, N.R. Guia para educação e prática musical em
escolas. 1ª edição. São Paul,1996.
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RESUMO: Esse artigo tem como objetivo observar a importância da Arte na Educação Infantil e
como ela contribui para o desenvolvimento da criança. Para tanto, utilizamos como aporte
teórico: Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (1998); Parâmetros Curriculares
Nacionais (1997); Barbieri (2012), documentos que versam sobre a temática.
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artístico e no contato com os objetos de arte e na construção das demais linguagens visuais,
que parte significativa do conhecimento em como pintura, modelagem, colagens, etc. O
Artes Visuais acontecem. No decorrer desse desenvolvimento contínuo do desenho resulta
processo, o prazer e o domínio do gesto e da em mudanças significativas, passando de
visualidade evoluem para o prazer e o domínio garatujas (rabiscos) para desenhos
do próprio fazer artístico, da simbolização e da estruturados com símbolos. Essa transição no
leitura de imagens (BRASIL,1998, s.p.). desenho ocorre devido às interações da criança
O início para o desenvolvimento estético e com o ato de desenhar e com o desenho do
artístico é o ato simbólico que possibilita outro.
reconhecer que os objetos mantêm-se Na garatuja, a criança tem como hipótese
independentes de sua presença física e que o desenho é simplesmente uma ação sobre
imediata. Os símbolos constituem o mundo a uma superfície, e ela sente prazer ao constatar
partir das relações que a criança determina os efeitos visuais que essa ação produziu. A
consigo mesma, com as outras pessoas, com a percepção de que os gestos, gradativamente,
imaginação e com a cultura. produzem marcas e representações mais
Com quase um ano, a criança já tem organizadas, permite à criança o
capacidade de eventualmente, conservar reconhecimento dos seus registros
ritmos regulares e realizar seus primeiros traços (BRASIL,1998, s.p.).
gráficos, considerados muito mais como No momento em que a criança desenha ou
movimentos do que como representações. Essa cria objetos ela também brinca de “faz de
fase é conhecida como fase das garatujas conta”, verbaliza narrativas que expõem suas
(rabiscos). A criança amplia o conhecimento de capacidades imaginativas, expandindo sua
si próprio, das ações gráficas e do mundo a maneira de sentir e pensar sobre o mundo do
partir da repetida exploração e experimentação qual faz parte. Conforme o desenho evolui da
do movimento. Primeiramente a criança garatuja para símbolos, a criança passa a
reconhece e identifica as representações vincular no espaço bidimensional do papel, na
gráficas para posteriormente saber representar areia, na parede, ou em qualquer outra
graficamente o mundo visual. Conforme a superfície, tendo uma regularidade nos
criança controla os seus gestos e coordena-os desenhos, presentes no meio ambiente e nos
com o olhar, ela passa a registrar formas trabalhos aos quais ela tem acesso, inserindo
gráficas e plásticas mais elaboradas, que podem esse conhecimento e influenciando
referir-se a objetos naturais, imaginários ou diretamente em suas próprias produções. No
mesmo a outros desenhos. O professor deve início, a criança traz consigo a hipótese de que
contemplar todas as modalidades artísticas, o desenho serve para representar tudo que ela
proporcionando uma diversificação na ação das sabe sobre o mundo. Com isso, por meio do
crianças, na experimentação de materiais, do desenho a criança cria e recria individualmente
espaço e do corpo. Dessas modalidades, formas expressivas, incluindo percepção,
destaca-se o desenvolvimento do desenho por imaginação, reflexão e sensibilidade, de forma
sua importância no fazer artístico das crianças que as pessoas consigam se apropriar das
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importante que nos ateliês os materiais fiquem adequação desses conteúdos, proporcionando
ao alcance das crianças, permitindo a livre um planejamento mais adequado com as
escolha. É fundamental também, que haja um necessidades do grupo de crianças.
lugar para a secagem dos trabalhos e torneiras Em Artes Visuais a avaliação deve ser:
e pias para higienização de materiais, das mãos, sempre processual e ter um caráter de
rostos etc. Pode-se ter também, pastas e análise e reflexão sobre as produções das
arquivos para colocar as produções e locais que crianças. Isso significa que a avaliação para a
abriguem exposições permanentes das criança deve explicitar suas conquistas e etapas
produções. do seu processo criativo; para o professor, deve
De acordo com o Referencial Curricular fornecer informações sobre a adequação de
Nacional para Educação Infantil (1998), a base sua prática para que possa repensá-los e
da produção artística são os materiais, por isso, estrutura-los sempre com mais segurança
é importante garantir as crianças acesso a uma (BRASIL,1998, s.p.).
grande diversidade de suportes, instrumentos e Considerando crianças de zero a três anos a
meios, podendo ser de uso corrente (lápis de exploração de diversos materiais e a
cor, pincéis, tinta, argila, caixas, barbantes, possibilidade de expressar-se por meio deles
cola, tecidos, tesouras etc.) ou outros podem são consideradas como experiências
diversificar os procedimentos em Artes Visuais prioritárias em Artes Visuais. Para tal, é
(colheres, cotonetes, sucatas, palitos, fundamental que as crianças tenham tido
carimbos, elementos da natureza, canudos, oportunidade de pintar, modelar, desenhar,
etc.). Vale destacar que em relação as sucatas, brincar com materiais de construção em
é fundamental que o professor faça uma diferentes situações, utilizando os mais
seleção para que elas não ofereçam perigo e diversos materiais. Em relação a crianças de
estejam em boas condições, adequadas para o quatro a seis anos, aquelas que tiveram muitas
uso. A tecnologia atual (vídeos, computadores, oportunidades na Educação Infantil, de
filmadoras, etc.) podem enriquecer e ampliar vivenciar experiências envolvendo as Artes
os recursos do professor. Visuais espera-se que as crianças expressem-se
O professor deve avaliar cada criança e comuniquem-se por meio da pintura, do
individualmente, considerando a significação desenho, da modelagem e outras formas de
que cada trabalho comporta, sem utilizar-se de expressão plástica. Para tal, é fundamental que
julgamentos como certo ou errado, feio ou a criança tenha vivenciado diferentes
bonito, que não auxiliam em nada o processo atividades, explorando as mais diversas
educativo. O professor deve ter um olhar técnicas e materiais.
atendo ao longo do processo, por meio de Barbieri (2012, p.18), afirma que trabalhar
registros e observações, tanto do grupo como com a arte na educação infantil ajuda cada
do percurso individual de cada criança que irão criança a descobrir como é seu mundo de
fornecer parâmetros valiosos para orientar o invenções, abrir a porta para novos
professor na escolha dos conteúdos a serem conhecimentos, e assim aprender a imaginar e
trabalhados, auxiliando também avaliar a a fazer.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Dessa forma, a arte tem um papel fundamental no desenvolvimento integral da criança,
ampliando sua forma de ver e sentir o mundo, tornando-a mais sensível, criativa, reflexiva,
autônoma. Para tal, é fundamental que o professor crie situações significativas para a criança, de
forma que permita que ela se expresse de diferentes maneiras. Além disso, é importante também,
o ambiente e os materiais que serão proporcionados e como serão proporcionados para a criança,
de forma que sejam seguros e adequados para o fazer da arte.
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REFERÊNCIAS
BARBIERI, Stela. Interações: Onde está a arte na infância? São Paulo: Blucher, (2012).
BRASIL, MEC.Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil. Brasília (1998, v. 3).
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A CONSTRUÇÃO DA DEMOCRACIA
PARTICIPATIVA NA ESCOLA
Cícero Jorge dos Santos 1
RESUMO: Este artigo demonstra como os termos: gestão democrática, gestão compartilhada e
gestão participativa, embora não se restrinjam ao campo educacional, expressam a luta de
educadores e pais de alunos, para a defesa de um projeto de educação pública de qualidade social
e democrática. Busca-se compreender como tais conceitos se materializam nas unidades
escolares, por meio dos colegiados que dividem com o Diretor Escolar as atribuições e
responsabilidades para a constituição da Gestão Democrática. Analisa-se como o gestor escolar
lida com o compartilhamento de decisões com o Conselho de Escola e outros colegiados e como
a gestão compartilhada contribui para a democratização da escola.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por ter dado força e criado caminhos para chegar até este
momento, a minha família que foi importante neste percurso, a minha Tutora Profª Marcia Rita
Couto que sempre prestativa, ajudou muito neste processo. Agradeço a amiga Raquel, Iolanda e
Renato que caminharam ao meu lado nesta jornada.
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saberes, inserindo na comunidade escolar que 2001 até o ano 2015 e Leis que dão sustentação
envolvimento e participação refletem em ao tema pesquisado. Os artigos publicados em
melhoria da aprendizagem de seus alunos. revistas brasileiras escritos por pesquisadores
Segundo Paro (2005): estrangeiros (e, portanto, traduzidos) não
No âmbito da unidade escolar, esta foram computados. As bases de dados
constatação aponta para a necessidade da utilizadas de teses e dissertações foram: Capes
comunidade participar efetivamente da gestão — INEP— Google Scholar — Unesp — UFSCAR
da escola de modo a que está ganhe autonomia — PUC–RS — PUC–SP — Mackenzie — UFRGS
[...]. Não basta, entretanto, ter presente a —– BDTD (Biblioteca Digital de Teses e
necessidade de participação da população na Dissertações).
escola. É preciso verificar em que condições Na busca realizada para as teses e
essa participação pode tornar-se realidade dissertações, as áreas de análise (palavras-
(PARO,2005, p.40). chave) utilizadas foram: gestão escolar,
A forma de gestão burocrática autoritária democracia participativa e gestão democrática.
existente antes da Constituição Federal de 1988 Os conceitos de gestão escolar e democracia
e da LDB em 1996, na qual o diretor de forma participativa são frequentemente empregados
solitária fazia e decidia tudo, já não cabe as juntos, logo, fez-se necessário pesquisar esta
unidades escolares brasileiras, a divisão de associação demonstrando como se dá a
tarefas e a divisão de decisões fazem parte da construção dos colegiados e a participação da
nova lógica administrativa vigente, a comunidade escolar nas decisões. Damos a
descentralização da gestão e a estes temas a designação de “temas
corresponsabilidade devem ser adotadas para relacionados”, e isso por duas razões: uma de
se repensar a cultura da escola no mundo do ordem teórica, outra de ordem prática. A de
compartilhamento da informação. ordem teórica: embora não se confundam com
Nesse sentido Carvalho (2011, p. 12), ressalta e nem se sobreponham às questões Por essa
que: razão, achamos importante pesquisarmos os
Assim, a tendência é ampliar os espaços de “temas relacionados” e computarmos os
decisão no nível dos estabelecimentos de trabalhos cujos autores os associaram. Na
ensino, fortalecer a autonomia administrativa, busca realizada para os artigos, utilizamos as
curricular, pedagógica e financeira das mesmas categorias de análise (palavras-chave)
unidades escolares e, ao mesmo tempo, utilizadas para teses e dissertações. Outro
aumentar a responsabilidade da escola e dos critério, de ordem estritamente pragmática, foi
gestores escolares pelos resultados alcançados empregado: a facilidade e, sobretudo, a rapidez
(CARVALHO,2011, p. 12). de ter em mãos os artigos selecionados.
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também por telefone ou comunicação enviada O diretor de escola deve sim buscar motivar
por meio dos seus filhos. e articular junto à comunidade escolar e local,
Qualquer assunto pertinente ao viabilizar maior participação nas reuniões de
desenvolvimento do trabalho pedagógico e Conselho de Escola, porém não pode ser
funcionamento da unidade pode motivar apontado como único responsável se a
convocação de uma reunião, seja ordinária, democracia participativa não se efetivar em sua
prevista num calendário criado pelos unidade. A construção deve ser coletiva e o
componentes do Conselho, ou extraordinária, gestor deve estar atento na coordenação deste
para atender uma necessidade que surge ao trabalho pensando no bem comum do alunado,
longo do tempo. ou seja, no produto educação.
São motivos de pauta de reunião a Segundo Gadotti (2014):
aprovação ou alteração de calendário, Não basta criar mecanismos de participação
aprovação ou avaliação de projetos, aprovação popular e de controle social das políticas
ou questionamento do uso da verba destinado públicas de educação; é preciso atentar para a
a escola, reformas estruturais, avaliação de necessidade de criar, também,
eventos, designação de alguns cargos, entre simultaneamente as condições de participação.
outros assuntos de importância no dia a dia da A sociedade civil participa sempre que
escola. As reuniões extraordinárias e podem ser convocada, mas com muita dificuldade. A
solicitadas por qualquer membro da unidade participação, para ser qualificada, precisa ser
escolar, cabe ao presidente do conselho precedida pelo entendimento – muitas vezes
convocar por relevância do tema a ser técnico e científico – do que se está discutindo:
deliberado ou não, qualquer pessoa pode saber ler planilhas de custo, orçamentos etc.
participar efetivamente das reuniões do (GADOTTI,2014, p.4).
Conselho de Escola com direito a voz, porém A construção de órgãos colegiados
apenas o conselheiro tem direito a voto nas participativos dentro de unidades escolares
deliberações. É importante ressaltar que pode soar como um sonho distante. Paro (2001,
obedecendo os limites legais, cada escola cria p.15), afirma que a concentração de poder nas
um Estatuto do Conselho de Escola, documento mãos do diretor de escola, tira a autonomia da
que direciona o trabalho e o funcionamento unidade, conseguir a participação de todos os
deste colegiado. segmentos nas decisões dos objetivos e
Para que a gestão democrática tenha o funcionamento, a escola terá mais força na
princípio da participação, deve criar os dotação orçamentaria e autonomia do uso
caminhos para o comprometimento com os destes recursos.
sujeitos, sair do discurso e ir para a ação, assim Para alcançar maior participação da
é possível transformar a educação. Criar comunidade na unidade o gestor deve ter claro
condição para a participação dos pais nas que descentralizar as decisões valoriza a
reuniões não é tarefa apenas do gestor, mas de comunidade escolar, que passa a se sentir
todos os segmentos da comunidade escolar responsável pelos rumos da escola, lutando por
(FONTANA, 2011, p.6). uma educação de qualidade.
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A construção da democracia participativa nas unidades escolares continua sendo um
grande desafio, já que não depende apenas da regulamentação legal, mas de uma tomada de
consciência da comunidade escolar acerca da responsabilidade da gestão democrática da
educação.
A escola voltada para a Gestão Democrática precisa criar uma cultura de cumprir os
propósitos estabelecidos por todos que dela fazem parte, estando atento ao funcionamento de
seus colegiados e criando mecanismos de intervenção e participação coletiva, vinculando a estes
o entendimento da diversidade existente na escola e incorporando o fazer por várias mãos.
Desta forma é importante compreender que a gestão democrática e participativa precisa
transcender a ideia do aspecto conceitual e legal, a comunidade escolar deve se apropriar dos
colegiados para que a gestão seja efetivamente participativa. É importante a luta pela
participação da comunidade escolar e local nos colegiados para que a transparecia da gestão
escolar se consolide, fortalecendo a autonomia, criando um ambiente de respeito a pluralidade e
contribuindo para uma educação de qualidade.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Data de
Acesso:22/02/2020.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Lei Federal Nº. 9394/96 de
26/12/1996. Disponível em <www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm> Data de
Acesso:22/02/2020.
BRASIL. Plano Nacional de Educação (PNE). Lei Federal Nº 13.005 de 24/06/2014, Disponível
em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13005> Data de
Acesso:22/02/2020.
PARO, Vitor Henrique. Gestão Democrática da Escola Pública. 3. ed. São Paulo: Ática, 2001.
PARO, Vitor Henrique. Diretor Escolar: educador ou gerente? São Paulo: Cortez, 2015.
SÃO PAULO. Portaria nº 3.539, de 06 de Abril de 2017. Estatuto Padrão das APMS Disponível
em <https://leismunicipais.com.br/legislacao-municipal/5298/leis-de-sao-paulo> Data de
Acesso:22/02/2020.
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RESUMO: Este artigo tem como objetivo discutir como o professor pode intervir junto ao aluno,
quando este apresenta dificuldades na aquisição da leitura e da escrita. Pretende pesquisar os
subsídios teóricos de como ocorre o processo de aprendizagem, segundo a Psicogênese da Lecto
Escrita. O papel da professora também é avaliar, juntamente com os outros professores um
diagnóstico quando um aluno tem dificuldade na escrita e leitura. Sendo assim deve intervir no
processo de ensino-aprendizagem, a fim de possibilitar espaços de aprendizagem eficazes.
Tratamos das funções do professor, enquanto responsável por esse aluno, das possibilidades de
intervenção que ele pode proporcionar e que devem ser feitas na escola, e também as
contribuições teóricas e metodológicas sobre a aprendizagem de alunos do Ensino Fundamental.
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eles são os primeiros que ensinam os filhos. Isso As teóricas discutem no livro Psicogênese da
nos leva a relação professor-aluno, que para língua escrita, o processo de aquisição da língua
essa autora, “quando aprendemos, escrita, tendo como foco primordial o modo
aprendemos com alguém, aprendemos como a criança aprende. Para as autoras,
daquele a quem outorgamos confiança e direito “nenhuma criança entra na escola regular sem
de ensinar”. nada saber sobre a escrita e que o processo de
A psicopedagoga Porto também contribui alfabetização é longo e trabalhoso para todas,
para o entendimento da aprendizagem: não importa a classe social” (1999, p. 08).
A aprendizagem constitui-se em um dos Isso implica dizer que a criança participa de
indicadores da capacidade de aprender, um mundo letrado e possui a priori um
relacionado especialmente com as crianças, conhecimento básico diante da escrita que a
com seu grau de adaptação, com o nível de cerca. Conhecimento este aprimorado quando
desenvolvimento de sua personalidade, e a entra na escola e cabe a esta fornecer materiais
condição cognitiva, refere-se às estruturas que prazerosos e atrativos que visem propiciar um
permitem a organização dos estímulos e do ambiente que possa favorecer o
conhecimento da dinâmica do comportamento, desenvolvimento do raciocínio, bem como a
caracteriza-se como o processamento da interação dos discentes com a língua escrita.
realidade e ação sobre o meio. Os aspectos Essa ideia completa com o que Pelegrini (2003,
afetivos, juntamente com os cognitivos e os p. 28), afirma sobre a alfabetização, quando
biológicos são comumente identificados como aponta que esta não é um estado, mas um
fatores individuais internos das crianças que processo. Ela tem início muito cedo e não
isoladamente ou em interação determinam as termina nunca.
condições de aprendizagem (PORTO, 2009, Nós não somos igualmente alfabetizados
p.40). para qualquer situação de uso da língua escrita.
A aprendizagem é um fruto da história de Temos mais facilidade para ler determinados
cada sujeito e das relações que ele consegue textos e evitamos outros. O conceito também
estabelecer com o conhecimento ao longo da muda de acordo com as épocas, as culturas e a
vida, afirma Bossa (PAIN, 2000, p.60). chegada da tecnologia.
A partir de 1980, educadores como Emília Segundo Ferreiro (2003, p. 36), o objetivo
Ferreiro e Ana Teberosky (1999), trouxeram o desses estudos era de “mostrar e demonstrar
entendimento sobre a alfabetização, a qual que as crianças pensam a propósito da escrita,
envolve não apenas um decifrado de signos e e que seu pensamento tem interesse,
códigos, mas, também, um processo de coerência, validez e extraordinário potencial
elaboração de hipóteses acerca da educativo”.
representação linguística. Neste sentido, A Psicogênese da língua escrita mostra pistas
compreende-se que práticas mecânicas de muito valiosas para direcionar a ação didática
memorização e ensino já estão ultrapassadas e quanto à alfabetização, visto que esta passou a
que a alfabetização, nas suas especificidades, ser vista como uma construção conceitual e
precisa de um novo olhar. contínua a partir de tais investigações, sendo
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escrever vai muito além da repetição, é a crença de que esse conhecimento sobre a
decodificação dos caracteres, transcrição literal função social da escrita já está consolidado pela
da fala, cópia, reforço e memorização criança.
repetitiva. Nos dias de hoje, o foco da Então, a prática docente volta-se para o
alfabetização deve ser fazer uso social da ensino da língua escrita como objeto em si
leitura e escrita. Isso é fazer letramento. mesmo. Nas escolas, não há a preocupação em
registrar e tomar como ponto de partida para o
FERREIRO E SUAS ensino o conhecimento que o aluno já possui ou
de que maneira compreende a língua escrita.
CONTRIBUIÇÕES NA As pesquisadoras Emília Ferreiro e Ana
COMPREENSÃO DO PROCESSO Teberosky, por meio de seus estudos
psicolinguísticos sobre a gênese da escrita e da
DE APRENDIZAGEM DA LÍNGUA
leitura, chegaram à conclusão de que o
ESCRITA caminho percorrido pela criança na busca pela
A condição básica para que uma criança compreensão da natureza e o funcionamento
inicie o seu processo de alfabetização é a do sistema de escrita é composta por estágios
compreensão de que a escrita representa a bem delimitados (SOARES, 1985; REGO, 2006,
oralidade e, consequentemente, o p.34).
pensamento. Esse caminho foi denominado de
A descoberta que a palavra escrita substitui psicogênese da língua escrita. Esses estudos
os objetos, as ações, os sentimentos, é fator mostraram que qualquer criança, seja de classe
primordial para a aquisição da escrita e da menos favorecida ou não, percorre os mesmos
leitura, e é ainda mais importante para as estágios conceituais até chegar ao
crianças oriundas de famílias de baixa renda, entendimento de que a escrita representa a
pois em seu convívio, as práticas de leitura e língua. O que diferencia o entendimento entre
escrita são quase inexistentes. A compreensão as crianças é o seu grau de interação e de
das funções da escrita constitui um dos convívio significativo com as práticas de leitura
objetivos ausentes nos programas de e escrita.
alfabetização (FERREIRO, 1993, p.32). Esses estudos sobre a psicogênese da língua
O professor deve criar situações em sala de escrita valorizam a escrita espontânea da
aula para que a criança possa entender essas criança.
funções. As crianças, cujos familiares estejam As primeiras escritas da criança têm a
constantemente envolvidos por práticas de aparência de “linhas onduladas ou quebradas
leitura e escrita vão perceber mais facilmente (ziguezague), contínuas ou fragmentadas, ou
que a língua escrita tem usos e práticas sociais, então como uma série de elementos discretos
como, por exemplo, a construção de lista de repetidos (séries de linhas verticais, ou de
compras do mercado, diferentemente daquelas bolinhas) (FERREIRO, 2001, p. 18).
crianças em que não praticam a leitura e
escrita. O que geralmente acontece nas escolas
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A escrita infantil foi analisada tanto por seus O terceiro período é marcado pela atenção
aspectos gráficos quanto por seus aspectos às propriedades sonoras da palavra. A criança
construtivos. O primeiro se refere à forma percebe que as letras podem corresponder às
como a escrita se apresenta visualmente, e o sílabas orais. No eixo quantitativo, a variação da
segundo as representações e os mecanismos quantidade de letras depende do número de
para diferenciá-los. Ferreiro (2001, p. 15), sílabas. A partir daí o período silábico
descobriu que a escrita infantil se desenvolve se inicia por meio da hipótese: “uma sílaba por
dentro de uma trajetória de aspectos letra, sem omitir sílabas e sem repetir letras”
construtivos. (FERREIRO, 2001, p. 25). No período silábico-
Esse desenvolvimento acontece como alfabético, a criança percebe que a sílaba não
resultado das interações em processos representa a unidade mínima da palavra. A
culturais, das situações educativas. Essa linha sílaba pode se decompor em partes menores,
evolutiva tem três grandes períodos: distinção os fonemas. Dessa forma, o aprendiz descobre
entre o modo de representação icônico e o não- que quantitativamente uma letra
icônico; a construção de formas de necessariamente não equivale a uma sílaba.
diferenciação (controle progressivo das Outra questão que chama a atenção é a de
variações sobre os eixos qualitativos e visão que se tem a respeito da língua escrita.
quantitativos) e; a fonetização da escrita (que Convencionou-se nas sociedades letradas que a
se inicia com um período silábico e culmina no aprendizagem da escrita se daria dentro do
período alfabético) (FERREIRO, 2001, p. 18). âmbito da escola. É necessário resgatar dentro
O primeiro período se estabelece pela das práticas escolares a ideia de que “a escrita
diferenciação entre desenhar e escrever e pela é importante na escola porque é importante
compreensão de que a escrita pode substituir o fora da escola, e não o inverso (FERREIRO, 2001,
desenho. A segunda se caracteriza pela p. 21).
construção de critérios de diferenciação entre A escola assume o papel de mantenedora da
as escritas, que obedecem a alguns critérios. O língua escrita e impõe ao sujeito que aprende
critério intrafigural refere-se às propriedades uma postura de respeito à língua escrita sem
que o texto escrito deve possuir para ter direito a questionamentos. Esse respeito tem
significado, representadas por meio do eixo que estar presente na representação gráfica
quantitativo (quantidade mínima de letras que das letras, na ortografia, na leitura, entre
geralmente são três) e do eixo qualitativo outros. A prática docente deve ser
(variação interna das letras). O critério suficientemente adequada para conduzir o
interfigural refere-se às diferenciações entre processo de alfabetização e letramento,
uma escrita e a próxima, tendo como eixo resgatando, entre outras coisas, a valorização
quantitativo a variação na quantidade de letras das práticas e os usos sociais da escrita na
e o eixo qualitativo, a variação do repertório e cultura escolar.
da posição das mesmas na palavra. Esses dois [...] os exercícios que preparam a criança
primeiros períodos correspondem ao nível pré- para a aprendizagem da língua escrita, na
silábico. verdade, propõem um treinamento
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modo geral, discutem as possibilidades de cada uma das letras para poder escrever. “Além
conquistarmos uma aprendizagem da leitura e desses, envolve os complexos usos e as
escrita mais condizentes com as exigências do múltiplas funções que a língua escrita assumiu
mundo contemporâneo. A complexidade em uma sociedade como a nossa. Assim,
destes processos e as transformações no aprender a ler e a escrever não se restringe
conceito e concepções da aprendizagem da apenas ao “ba-be-bi-bo-bu” (CAGLIARI, 1999,
leitura e da escrita ocorridas nestas últimas p.65).
décadas determinam um grande desafio para Essas considerações exemplificam de
os educadores e uma condição imprescindível maneira sucinta a revolução conceitual que
para a constituição dos sujeitos nesta abalou profundamente os pressupostos
sociedade. norteadores do processo de alfabetização e
A proposta de formação de professores, em vem orientando as análises e reflexões como
conformidade com as Diretrizes Curriculares também, direcionam estudos, cujos conteúdos,
para o Curso Normal Superior, estabelecidas têm se constituído norteadores da formação
pelo MEC, contempla dentre outras, a dos professores nas últimas duas décadas.
construção de competências referentes ao: • Entretanto, falta aos formadores, indicativos
Domínio dos conteúdos a serem socializados, mais precisos, desse movimento nas práticas e
de seus significados em diferentes contextos e nas ações que efetivamente acontecem no
de sua articulação interdisciplinar; • Domínio interior das escolas. A compreensão do
do conhecimento pedagógico; • Conhecimento movimento da mudança de paradigmas, das
de processos de investigação que possibilitem o práticas efetivamente desenvolvidas, dos
aperfeiçoamento da prática pedagógica avanços obtidos pós a Psicogênese da Leitura e
(GUMPERZ, 2008, p.64). da Escrita, irão contribuir de forma bem mais
Dessa forma, tanto os Referenciais de efetiva, para a construção de competências
Educação Infantil como os Parâmetros imprescindíveis no processo de formação dos
Curriculares Nacionais para os anos iniciais do professores alfabetizadores.
Ensino Fundamental sustentam a importância Diante de tantas descobertas feitas por
de que a ampliação das competências pesquisas e estudos de âmbito educacional, é
discursivas e linguísticas dos alunos decorram necessário fazer mudanças na estrutura
de uma rica atividade com a linguagem. educacional brasileira e uma delas é a respeito
O processo de aquisição da leitura e da da questão da formação do professor. Para o
escrita insere-se hoje, em um quadro bastante sucesso da alfabetização e letramento de
complexo, explicitados principalmente nos crianças, além de uma nova postura política no
estudos e teorias de Emília Ferreiro: implica em que se refere à qualificação do ensino, é
descobertas de como codificar a fala e necessário se pensar na formação do docente.
decodificar o escrito; também, às decisões que É fundamental repensar, agora, o trabalho
o aprendiz precisa tomar para selecionar os com linguagem em sala de aula, levando em
caracteres para representar a fala e, ainda, às conta as discussões e necessidades atuais. Esse
habilidades que precisa desenvolver para traçar caminho não é tão fácil, uma vez que muitos
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por esse estudo pode-se concluir que é preciso investir num desenvolvimento interativo,
criativo e lúdico, incluindo a habilidade de aprender a ouvir opiniões diferentes e a contra-
argumento. Estabelecer comparações objetivas entre textos diferentes e as diversas maneiras de
utilizar a escrita socialmente. É necessário também favorecer a troca de experiências, tendo em
vista o desenvolvimento de valores como cooperação e reciprocidade. Os profissionais da
educação, especialmente os que trabalham com a alfabetização, a buscarem aperfeiçoamento
nessa área tão complexa, mas rica em sentido e significado para a educação.
Assim, a formação dos profissionais da educação ocorre em cursos de Pedagogia que,
mesmo reformulados com diferentes habilitações, não têm atendido à demanda da escola.
Todavia, permanece na escola um imenso vazio, pois a Pedagogia, numa visão da compreensão
do processo de ensino-aprendizagem, não tem contemplado as diferentes situações advindas da
própria escola, como por exemplo, o desempenho do professor, os conteúdos de ensino e o
processo afetivo, cognitivo, apenas justapondo informações sem conseguir articulá-las.
Entender o ser humano pressupõe um sentimento de cumplicidade com a criança.
Cumplicidade esta do professor, não só com a criança, mas com a sua trajetória dentro do
contexto escolar, ressignificando este no mundo acadêmico como um sujeito capaz de
desenvolver-se.
A partir deste estudo compreendemos que os problemas de aprendizagem no geral,
requerem um olhar atento dos profissionais da educação, pois estes podem ter origem orgânica,
psicológica ou ambiental. Cabe ao professor perceber tais problemas, e já encaminhar seu aluno
aos profissionais que poderão prestar um atendimento especializado. E quanto mais cedo for
detectado, com certeza o resultado será significativo.
Nesse caso, o professor deverá encaminhar o aluno para o profissional especializado. Após
um diagnóstico elaborado, este deve ser encaminhado para o atendimento por uma equipe
multidisciplinar, formada por psicólogos, neurologistas, fonoaudiólogos, entre outros
profissionais que por meio de estudos conjuntos poderão estar atuando frente ao problema.
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REFERÊNCIAS
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OÑATIVIA C.A. Psicogênese da Lecto Escrita -apostila Unisa – Curso Psicopedagogia. (1983).
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A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO E A
PSICOMOTRICIDADE
Tatiana Paula de Souza Pereira1
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A educação Psicomotora deve ser considerada de base, pois condiciona todos os demais
aprendizados na fase pré-escolar. Proporciona à criança tomar consciência de seu próprio corpo,
da lateralidade, situar-se no espaço, dominar seu tempo, adquirir coordenação hábil de seus
gestos e movimentos.
Na fase pré-escolar que as crianças se movimentam das mais diversas formas, e estes
movimentos, associados, servem de base para outros mais complexos necessários futuramente.
A criança com um bom desenvolvimento psicomotor, não terá dificuldades em ler, escrever
e interagir com o grupo.
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REFERÊNCIAS
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Ática. 1999.
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teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1992.
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PIAGET, Jean. Seis estudos da Psicologia. Trad. Maria Alice D´Amorim e Paulo S. L. Silva.
Rio de Janeiro. Forense, 1986.
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ato de contar história não pode ser utilizado Senso crítico: as histórias atuam como
apenas como o lúdico na hora do conto, em ferramentas de grande valia na construção
momentos isolados, e, sim estar presente como desse senso crítico, porque por meio delas os
metodologia para enriquecimento da prática alunos tomam conhecimento de situações
docente, visto que possibilitará o alheias à sua realidade, uma vez que podem
desenvolvimento de múltiplas aprendizagens. “navegar” em diferentes culturas, classes
Para um melhor desenvolvimento da criança sociais, raças e costumes;
é necessário que esta seja motivada Disciplina: é entendida como aceita e
exteriormente, com a prática da contação de praticada espontaneamente pela criança e não
histórias o educador viabilizara a interação como algo imposto inquestionavelmente pelo
desse processo, pois proporcionará o confronto educador. No momento que se trabalha com o
entre o real e o imaginário da criança. que a criança realmente gosta, quando sente
Podemos destacar alguns aspectos que foi preparada especialmente para elas, as
relevantes desta prática: chances de se ter uma postura atenta e
Caráter: as histórias com heróis, conteúdos participativa aumentam muito (DOHME, 2005,
que proporcionam lições de vida, fábulas em p. 19).
que o bem prevalece sobre o mal. Por meio das Diante das informações constantes na
histórias, principalmente, os meninos se bibliografia estudada, fica evidente que prática
defrontam com situações fictícias e com isso pedagógica utilizando a contação de histórias
adquirem vivência e referências para montar os como metodologia acrescenta
seus próprios valores; muito no desenvolvimento do aluno, bem
Raciocínio: as histórias mais elaboradas, os como de sua personalidade. Além de, como
enredos intrigantes, agitam o raciocínio da afirma Miguez, “na maioria dos casos, a escola
criança; acaba sendo a única fonte de contato da criança
Imaginação: o exercício da imaginação traz com o livro e, sendo assim, é necessário
grande proveito às crianças, porque atende a estabelecer-se um compromisso maior com a
uma necessidade muito grande que elas têm de qualidade e o aproveitamento da leitura como
imaginar. As fantasias não são somente um fonte de prazer” (MIGUEZ, 2000, p. 28).
passatempo; elas ajudam na formação da O ato de contar uma história, além de
personalidade na medida em que possibilita atividade lúdica, amplia a imaginação e ajuda a
fazer conjecturas, combinações, visualizações criança a organizar sua fala, por meio da
como tal coisa seria “desta” ou de “outra” coerência e da realidade.
forma; As primeiras disposições na memória das
Criatividade: uma vez que a criatividade é pessoas são o ver, sentir e ouvir, daí o ato de
diretamente proporcional à quantidade de contar histórias ser uma experiência de
referências que cada um possui, quanto mais interação, interação essa que estabelece,
“viagens” a imaginação fizer, tanto mais aproxima os sujeitos envolvidos.
aumentará o “arquivo referencial” e, Os contos enriquecem nosso espírito,
consequentemente, a criatividade; iluminam o espírito, iluminam o interior, ao
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mesmo tempo possibilita o indivíduo ser mais possibilitando o crescimento intelectual, crítico
protagonistas na resolução dos problemas e e criativo do aluno, além de estar
mais flexíveis para aceitar diferenças. proporcionando uma aprendizagem
Em qualquer fase do desenvolvimento significativa, fazendo uso dessa metodologia;
humano é possível se contar histórias “o leitura & contação de história, para a melhoria
impulso de contar histórias deve ter nascido no do desempenho escolar, de modo a atender as
homem no momento em que ele sentiu necessidades intelectuais e até mesmo afetivas
necessidade de comunicar aos outros, certa por meio dos conteúdos simbólicos contidos
experiência sua, que poderia ter significação nas leituras.
para todos” (COELHO, 2000, p.13) Segundo Gadotti (1988):
O ato de contar histórias possibilita debater o ato de ler é incompleto sem o ato de
importantes aspectos do cotidiano das escrever. Um não pode existir sem o outro. Ler
crianças, assim como ensinar temas éticos e e escrever não apenas palavras, mas ler e
cidadania e de propiciar um mundo imaginário escrever a vida, a história. Numa sociedade de
que encanta a criança. É necessário que a privilegiados, a leitura e a escrita um privilégio.
criança ouça histórias, para desenvolver a Ensinar o trabalhador apenas a escrever o seu
imaginação, a observação, a linguagem oral e nome ou assiná-lo na Carteira Profissional,
escrita, além, claro do prazer pela arte e a ensiná-lo a ler alguns letreiros na fábrica como
habilidade de dar lógica aos acontecimentos; ‘perigo’, ‘atenção’, ‘cuidado’, para que ele não
estimulando o interesse pela leitura. provoque algum acidente e ponha em risco o
A aquisição de habilidades, inclusive a de ler, capital do patrão, não é suficiente (GADOTTI,
fica destituída de valor quando o que se 1988, p. 17).
aprendeu a ler não acrescenta nada de Desse modo, notoriamente a leitura, exerce
importante a nossa vida (BETTELHEIM, 2002, p. um papel importantíssimo no crescimento
12). intelectual e crítico do aluno, desenvolvendo
Ao contarmos histórias para as crianças, suas potencialidades, aperfeiçoando sua
desenvolvemos o gosto pela leitura e personalidade que refletirá no seu rendimento
possibilitamos uma aprendizagem de forma escolar.
prazerosa. O incentivo nas práticas pedagógicas é de
Conforme a faixa etária, existe um tipo de suma importância “a imersão da criança nas
história predileta, ou mesmo o livro predileto, diferentes linguagens e o progressivo domínio
devendo assim estimular as crianças, seja pelos por elas de vários gêneros e formas de
pais, seja pela escola. E, cabe a escola não expressão: gestual, verbal, plástica, dramática e
deixar se perder o uso contínuo de livros musical” (BRASIL, 2010,
paradidáticos para estimular a literatura aos p. 25); evidenciando que é por meio da
alunos. É motivando as crianças a imaginar, a exploração das múltiplas linguagens que a
criar, que o educador estará enriquecendo o criança será capaz de expressar, comunicar
desenvolvimento da sua personalidade, seus sentimentos, emoções e, principalmente,
seus pensamentos.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir do momento que a contação de histórias favorece o desenvolvimento cognitivo,
físico, psicológico, moral e social; contribuindo na aprendizagem escolar, pois proporciona maior
desenvolvimento perceptivo do aluno, a escola deve ter uma atenção especial no ato de contar
histórias pois é função dela construir e reconstruir
conhecimentos. Daí a importância do hábito de ouvir histórias desde os primeiros
momentos da vida educacional da criança, reafirmando as vantagens na aprendizagem de
conteúdo, na socialização, na comunicação, na criatividade e até mesmo na disciplina.
Por intermédio da contação de histórias é notório o papel da literatura como meio de
conhecer melhor o mundo e a nós mesmos enquanto leitores, em meio a articulação de leitura
crítica do mundo e a leitura de textos literários. Além da melhoria nos relacionamentos afetivos
interpessoais, possibilita a aprendizagem em diferentes disciplinas, visto que é possível por meio
dos textos literários, compartilhar sentimentos, atitudes, posturas de personagens que retratam
situações da realidade.
Por fim, é de suma importância que os educadores lutem pela magia da contação de
história ser cada vez mais presente no cotidiano escolar, tanto quanto a busca pela inovação da
prática pedagógica.
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REFERÊNCIAS
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COELHO, Nelly Novaes. Literatura infantil: teoria, análise, didática. São Paulo: Editora
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MIRANDA, Eraldo. Histórias boas de contar dos Irmãos Grimm. Elementar, 2010. Coleção:
As mais belas Histórias Infantis de todos os Tempos. São Paulo: Globo.
PATRINI, Maria de Lourdes. A renovação do conto: emergência de uma prática oral. São
Paulo: Cortez, 2005.
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VILLARDI, Raquel. Ensinando a gostar de ler: formando leitores para a vida inteira. Rio de
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A CONTRAREFORMA E AS ORIGENS DA
PEDAGOGIA MODERNA
Daniel Mendes Gomes1
RESUMO: Este artigo parte das reflexões do historiador da educação, David Hamilton (2001),
publicadas com o título Notas de Lugar Nenhum: sobre os primórdios da escolarização moderna
na Revista Brasileira de História da Educação e faz uma reflexão sobre como se constituiu a o que
se convencionou chamar Escola Moderna. Outros autores são convocados para pensar como a
Escola Moderna surge sob uma nova perspectiva, mesmo que sem a intenção, que se propagou
pelo mundo nas mãos da Companhia de Jesus no contexto de contrarreforma.
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escola moderna. Protestantes como Filipe de deu as bases para o pensamento hodierno. Em
Melanchton, João Calvino e Martinho Lutero poucas palavras, a virada do século XV para o
lançaram as bases para a criação dos Ginásios e século XVI é o ápice do lento declínio do mundo
a organização de um currículo – escola em medieval e o começo de outro tempo, tão lento
ciclos. Em contrapartida, a Contrarreforma quanto o primeiro, marcado pelo intenso
organizou um método de ensino chamado Ratio combate e lenta entrada do paradigma
Studiorium, portanto, o contexto de lutas científico como plano norteador do mundo.
religiosas também dará as bases da escola.
A CONTRARREFORMA E A
CONSTITUIÇÃO DA IDADE ESCOLA MODERNA
MODERNA O movimento de Contra-Reforma nasce no
O que chamamos de “Idade Moderna” foi um bojo das questões políticas, sociais e culturais
conjunto de transformações ocorridas na mencionadas anteriormente. A Igreja precisou
Europa que influenciou boa parte do mundo a mudar para tentar garantir sua soberania. Para
partir do final do século XV como a queda de tanto, certos postulados que a Igreja manteve
Constantinopla e tomada da cidade pelos ao longo de séculos tiveram que ser revistos.
Turcos Otomanos em 1453 que culminou no A convocação do Concílio de Trento pelo
fim do império Bizantino e o fechamento da Papa Paulo III, que durou de 1545 a 1563, marca
rota via terrestre do Ocidente para o Oriente; o início da reação da Igreja Católica frente aos
as Grandes navegações dos séculos XV e XVI, novos desafios postos pelas diversas mudanças
realizadas primeiramente por Portugal e ocorridas na virada dos séculos XV e XVI. Entre
Espanha e posteriormente pela França, as diversas questões uma das mais
Holanda e Inglaterra; a constituição dos Estados importantes, senão a principal, era conter o
Nacionais e o Absolutismo; a invenção da avanço dos dissidentes que, apesar de
imprensa de Gutenberg entre os anos de 1450- existirem desde a idade média, estavam
1455, criada por Johann Gutemberg, tirando o crescendo significativamente em número e
monopólio da Igreja Católica da leitura dos alcance geográfico.
textos sagrados, antes escritos somente em A imprensa e a tradução da Bíblia para o
Latim; e a Reforma Protestante. vernáculo potencializaram a ação dos
O homem é colocado no centro das questões movimentos reformistas deixando a cúria
– o Humanismo – contrapondo-se a Escolástica romana ameaçada.
Medieval que tinha a explicação do mundo sob Até então a Igreja Católica tinha o monopólio
a ótica da filosofia tomista, sob a interpretação da cultura, tendo amplo apoio político dos
da Igreja cujo principal objetivo era a reinos católicos, tendo o Latim como idioma
investigação da natureza divina e suas relações oficial para assuntos relacionados à teologia e
com o mundo. as leis. A Igreja dominava os principais centros
Tais transformações deram origem a uma de cultura da Europa: as Universidades
nova forma de pensar o mundo e, lentamente Medievais, no qual ensino da Escolástica era o
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conhecimento por excelência. A filosofia de São Somente nos domínios portugueses, no qual
Tomás de Aquino era a base que sustentava a a ordem teve todo apoio do rei, os jesuítas
ciência medieval. O tomismo resgatava alguns fundaram colégios nos mais remotos lugares,
postulados de Aristóteles para explicar por alcançando o Novo Continente (América), a
meio da interpretação bíblica católica as coisas China (Macau), Índia (Goa), e Indonésia (Timor
do mundo. É necessário lembrar que o que hoje Leste) e África. Em 1586 a Cia de Jesus já
conhecemos como ciência moderna foi alcançava o número de 162 colégios espalhados
exatamente um afastamento, de forma lenta e pelo mundo.
gradual, da explicação do mundo pautado na
retórica, na dialética, na religião e em Deus para
um saber empírico, pautado na observação in
lócus, tendo o próprio homem e a natureza com
objeto de análise.
A propagação do ensino das línguas
vulgares pelas escolas protestantes, a difusão
de impressos nas mais diversas línguas
vernáculas, inclusive a Bíblia levou a Igreja
Católica a criar uma “força tarefa”, uma milícia
para combater o alcance das ideias
protestantes tanto na Europa como no restante
do mundo que naquele momento se abrira para
o Ocidente.
Em 1534, Inácio de Loyola funda a
Companhia de Jesus, uma ordem religiosa cuja
ação aproximava-se ao militarismo (obediência
incondicional às regras, disciplina,
hierarquização, sempre voltados para o
comprimento da missão). De formação
missionária (missão), os jesuítas foram os
baluartes da propagação da fé católica pelo
mundo. Os jesuítas tiveram dupla missão:
conter o avanço do protestantismo na Europa e
pregar a fé católica para as nações recém
conquistadas pelos colonizadores. Outras
ordens católicas também se dispuseram nessa
difícil tarefa, mas a Companhia de Jesus pelo
seu caráter militarizado, rigor e disciplina foi o
principal arauto do catolicismo pós Concílio de
Trento.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A princípio, o principal objetivo dos jesuítas não era a construção de uma escola, ou de um
sistema de ensino, ou mesmo de uma nova pedagogia. Seu objetivo era a pregação da fé católica
renovada pelo Concílio de Trento. Mas ao ingressar nessa missão, os inacianos que embarcaram
para terras distantes não sabiam o que iriam encontrar em terras tão remotas: Eles tiveram que
aprender a língua dos povos, criar instrumentos de doutrinação, músicas, rimas, qualquer forma
que pudessem se comunicar e conseguir difundir a sua cultura. Nesse sentido, a pedagogia
jesuítica (tinha que ensinar a rezar, a confessar, ensinar a moral e os costumes, ensinar as leis)
teve que criar na prática, no dia-a-dia, a sua própria maneira de ensinar.
Longe de desconsiderar o ideal da Ordem fundada por Inácio de Loiola, a educação e o
ensino foram tomando proporções consideráveis, mas sempre relacionados ao fim religioso da
Companhia de Jesus. Assim, vale dizer que na pedagogia jesuítica a instrução e a educação
caminharam juntas, não deixando encoberto o fato de que a Ordem, fundada e liderada por
Loiola, era uma sociedade religiosa e que se utilizava da ciência do ensino como instrumento para
promover a verdadeira religião (COSTA e MEN, 2012,p.32).
Dessa forma, a Companhia de Jesus não poderia perder o foco (salvar os homens) e para
tanto era fundamental padronizar alguns procedimentos. O próprio Inácio de Loiola escreveu
entre 1521 e 1539 os Exercícios Espirituais, um manual de espiritualidade que de certa forma era
utilizado como uma “pedagogia católica” pois determinava padrões disciplinares de
comportamento com orientações de ordem práticas: métodos de aprendizagem pautados no
confinamento, na repetição, na memorização por repetições sistematicamente planejadas, no
controle do tempo de estudo e do espaço apropriado para o andamento das atividades
educacionais. Nota-se que, apesar de não ser propriamente um tratado de pedagogia, os
Exercícios Espirituais abordavam questões que posteriormente se tornariam uma das bases da
Pedagogia Moderna (TOLEDO ;SKALINSKI ;JUNIOR, 2012 p. 254).
A Companhia de Jesus estruturou um amplo e eficiente sistema de instrução escolar,
padronizou regras e em 1599, criou o Ratio Ataque Studiorum Societas Jesu, um dos documentos
mais importantes para a Pedagogia Moderna.
Segundo João Adolfo Hansen (2001, p.13;42), o Ratio Studiorum não é propriamente um
tratado teórico de pedagogia, mas um código prático de normas. Sob forte influência do Pe
Cláudio Aquaviva, o Ratio Studiorum foi dividindo em um programa de estudos de oito anos para
os ensinos inferiores e um programa de quatro anos para os ensinos superiores.
Os estudos inferiores foram subdivididos em um quinquênio e um triênio. Em cinco anos
os alunos teriam uma grade curricular aprendendo Gramática (3 anos); humanidades (2 anos) e
retórica (1 ano, concomitante ao estudo de Humanidades). Os últimos três anos do currículo eram
destinados ao estudo de Filosofia.
Os estudos superiores destinavam-se aos alunos internos, àqueles que iriam seguir a
carreira eclesiástica. Eram quatro anos destinados ao estudo da Teologia. Nota-se aí a
semelhança com atuais grades curriculares e graus de ensino.
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É importante ressaltar que esse modelo de ensino só aceitava alunos já alfabetizados o que
nos faz pensar que essas escolas eram destinadas somente a um grupo social, no caso brasileiro
aos filhos das elites agrárias.
Outro ponto importante diz respeito à ênfase dada pelos jesuítas à retórica. Os alunos liam
frequentemente textos clássicos de Cícero. Isso pode ser bem explicado pelo fato de que havia a
necessidade de convencer o gentio pala palavra. Vale lembrar que, no Brasil, os ensinamentos
sobre a fé católica eram feitos pela oralidade, poucos sabiam ler.
Os textos aceitos nas escolas jesuítas eram aqueles autorizados pelo Index e tinham como
finalidade a conservação e a ortodoxia. É interessante verificar como os Jesuítas, por meio da
criação de um código de normas visando o conservadorismo, acabaram por criar algo novo.
Por último é relevante apontarmos que a escola Jesuítica e o Ratio Studiorum estão dentro
do que ficou conhecido como Humanismo, mas não tiveram a intenção de propagá-lo. Pelo
contrário, a postura da igreja era a ortodoxia. Liam-se os clássicos da antiguidade de uma maneira
reacionária procurando enquadrá-los dentro de perspectivas conservadoras.
A companhia de Jesus criou aldeamentos no continente americano para catequizar e
consequentemente administrar a vida social dos novos cristãos nativos. Também criou colégios
para atender os filhos dos colonizadores, filhos de donos de engenho, das elites rurais de todo
reino português, criou colégios para disseminar os ideais da ordem inaciana e formar novos
quadros de jesuítas. Para esses era destinado o ensino superior.
Assim, a Companhia de Jesus criou as bases da Escola Moderna com uma pedagogia que
hoje chamamos de tradicional, mas que ainda se faz presente. A obrigatoriedade seguir a um
currículo, a disciplina, a repetição e decoração, o espaço escolar com prédio exclusivo para esse
fim, a separação entre o ambiente escolar das outras esferas sociais, os castigos, as punições, a
avaliação e a hierarquia escolar são exemplos de uma escola e de uma pedagogia que, se não
existe mais, ainda reina na memória de muitos do que vivem o presente.
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REFERÊNCIAS
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colégios jesuíticos em Portugal e no Brasil do século XVI. In. TOLEDO. D. A. A. et. al. (orgs.)
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A CONTRIBUIÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA
INSTITUCIONAL NO ENSINO SUPERIOR:
SUBSÍDIOS PARA O DESENVOLVIMENTO DE
APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA
Maria Lúcia Francisco Damasio 1
RESUMO: O presente artigo tem como objetivo central analisar e apresentar os campos de
atuação do psicopedagogo e avaliar o papel desse profissional na área institucional escolar
superior e tem como pressuposto que as características dos conhecimentos prévios são
determinantes para novas aprendizagens e que “a aprendizagem significativa ocorre quando uma
nova informação ancora-se em conceitos relevantes, preexistentes na estrutura cognitiva de
quem aprende” de acordo com Ausubel (1981). A partir, dos resultados do estudo realizado por
meio da análise e interpretação obtidas considera-se que os estudantes sentem falta de
intervenções que contribuam para uma solução satisfatória da crise psicossocial caracterizada
pelo ingresso na faculdade. Por fim, que as contribuições psicopedagógicas no ensino superior
têm como objetivo também evitar a reprovação do aluno e, muitas vezes, o abandono do curso e
que a reprovação é um problema de todos e seu papel fundamental é analisar e assinalar os
fatores que favorecem, intervêm ou prejudicam uma boa aprendizagem em uma instituição,
sugerindo e auxiliando no desenvolvimento de projetos favoráveis às mudanças educacionais,
1Professora de Ensino Fundamental e Médio na Rede Estadual de Ensino; Docente no Ensino Superior;
Coordenadora Pedagógica.
Graduação: Mestre em Educação; Especialista em Língua Portuguesa; Especialista Linguística Aplicada ao Ensino
de Língua portuguesa; Especialista em Psicopedagogia Institucional; Licenciada em Letras Português/Inglês.
E-mail:luciadamasio@yahoo.com.br
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de contribuição científica que se realizaram atividades para que os conteúdos possam ser
sobre a temática. assimilados;
• O segundo menciona que a
DIFICULDADE DE CONCEITUAR aprendizagem é um processo construtivo,
porque as atividades que os alunos realizam
DIFICULDADE DE têm como finalidade a construção do
APRENDIZAGEM: ORIGEM conhecimento;
• O terceiro aspecto aborda a
ETIMOLÓGICA DE DIFICULDADES
aprendizagem como um processo significativo,
DE APRENDIZAGEM pois o aluno deverá gerar estruturas cognitivas
Para compreender o conceito “Dificuldade organizadas.
de Aprendizagem” é necessário, inicialmente, Portanto, os autores, concebe a
discutir sobre o que significa aprendizagem. aprendizagem como um processo de
As atividades mentais e comportamentais assimilação/adaptação de hábitos, conceitos,
não nascem com o ser humano, são adquiridas acontecimentos, procedimentos e atitudes,
ao longo da vida, por processos em que a valores e normas; em que o sujeito adquire
aprendizagem assume um papel muito determinados esquemas cognitivo/mentais
relevante. provenientes do meio a que pertence, por meio
Aprendizagem é a capacidade de aprender de sua própria estrutura cognitiva, com a
que nos permite adquirir os diversos modos de finalidade de resolver tarefas e adaptar-se de
agir, reagir e alterar os nossos comportamentos forma ativa e construtiva.
para nos adaptarmos as novas circunstâncias O aprender implica, portanto, certas
que inevitavelmente enfrentamos num mundo integridades básicas, que devem estar
de constante mutação é usada para designar presentes quando oportunidades para a
tanto o processo de aprender como o resultado aprendizagem são oferecidas.
desse processo. Para Vallet (1977), o “termo Dificuldade de
Aprender é um fenômeno complexo que Aprendizagem tem sido usado para indicar uma
envolve diversos aspectos do ser humano, os perturbação na aquisição e utilização de
inerentes à sua natureza e ao meio no qual ele informações ou na habilidade para solução de
está inserido. Isso faz com que este processo problemas”
seja pessoal e intransferível, na medida em que Nesse contexto, quando existe uma falha no
a possibilidade de aprender está diretamente ato de aprender, esta exige uma modificação
relacionada às características individuais. dos padrões de cognição, assimilação e
Barca Lozano & Porto Rioboo (1998), transformação, seja por vias internas ou
expõem um conceito de aprendizagem que externas ao indivíduo. A tentativa de definir e
integra três aspectos: esclarecer os termos relacionados a essa falha
• O primeiro é o de que a aprendizagem é na aprendizagem tem sido uma tarefa bastante
um processo ativo, pois os alunos, difícil por todos os profissionais que se
necessariamente, têm que realizar uma série de interessam por esta problemática.
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"Psicologia como os behavioristas a veem". Abordagem teórica da Psicologia centrada nos comportamentos
específicos, observáveis e mensuráveis e baseada em estudos rigorosamente controlados, com quantificação dos
dados comportamentais, excluindo os conceitos subjetivos envolvendo a consciência.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Entende-se que a tarefa do psicopedagogo no ensino superior é olhar e buscar
compreender como o universitário aprende, e identificar práticas interventivas adequadas ao
nível superior. Sabe-se que as dificuldades de aprendizagem são diversas e receitas prontas para
solucioná-las não existem.
A Psicopedagogia é uma área de estudo diretamente relacionada à aprendizagem, tendo
como objeto de estudo a construção do conhecimento do sujeito que aprende e da instituição
que ensina.
Sendo assim, o trabalho preventivo feito pelo psicopedagogo beneficia, além do aluno que
apresenta dificuldades, todos os discentes que são vítimas de professores com metodologias
inadequadas, falta de atualização e de motivação para o ensino.
É necessário acompanhar o andamento das intervenções propostas e verificar seus
resultados. O desafio é resgatar a capacidade de autoria do aluno, de produzir sentido no que faz
e de abandonar as atividades mecânicas e repetitivas que não agregam valor à produção de
conhecimento.
Neste contexto, Santos (2008), apresentam as sete atitudes recomendadas nos ambientes
de aula:
1. Dar sentido ao conteúdo: toda aprendizagem parte de um significado
contextual e emocional.
2. Especificar: após contextualizar o educando precisa ser levado a perceber
as características específicas do que está sendo estudado.
3. Compreender: é quando se dá a construção do conceito, que garante a
possibilidade de utilização do conhecimento em diversos contextos.
4. Definir: significa esclarecer um conceito. O aluno deve definir com suas
palavras, de forma que o conceito lhe seja claro.
5. Argumentar: após definir, o aluno precisa relacionar logicamente vários
conceitos e isso ocorre por meio do texto falado, escrito, verbal e não
verbal.
6. Discutir: nesse passo, o aluno deve formular uma cadeia de raciocínio pela
argumentação.
7. Levar para a vida: o sétimo e último passo da (re) construção do
conhecimento é a transformação. O fim último da aprendizagem
significativa é a intervenção na realidade. Sem esse propósito, qualquer
aprendizagem é inócua (SANTOS,2008, p.73; 74).
Por fim, considera-se que as contribuições psicopedagógicas no ensino superior têm como
objetivo também evitar a reprovação do aluno e, muitas vezes, o abandono do curso e que a
reprovação é um problema de todos, não somente do Professor, Direção e Equipe pedagógica. A
aprendizagem é um processo complexo que envolve diversos fatores e a psicopedagogia, que
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REFERÊNCIAS
AUSUBEL, D.P., Novak, J.D. e Hanesian, H. (1980). Psicologia educacional. Tradução para o
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Artmed, 2000.
GIL, ANTÔNIO CARLOS. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ED. SÃO PAULO: ATLAS,
2002.
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RESUMO: O presente trabalho é resultado de uma pesquisa bibliográfica que discute algumas
considerações à respeito da contribuição do ensino da arte na educação inclusiva, de forma que
ocorra a efetiva aprendizagem, indo além da estética, trazendo reflexões de que o aluno com
necessidades especiais precisa de ações pedagógicas diferenciadas e que para isso acontecer, a
escola precisa se organizar, tanto nas questões de espaços físicos, quanto à materiais pedagógicos
respeitando sempre as capacidades e habilidades motoras. Mostra ainda, a arte e inclusão como
processo pelo qual, a sociedade busca adaptar para incluir pessoas com necessidades especiais
no meio social, levando-as a seguir o seu papel de cidadão, na construção de um mundo mais
incluso e solidário.
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alunos, além da apreciação de outras obras. A muito cedo no ambiente escolar. E que mesmo
criação abrange pinturas, modelagens, ainda sendo criança bem pequena, é possível
desenhos, esculturas, fotografias, produções sim, por meio da pintura, desenho, esculturas e
informatizadas, além de construções outras formas de artes plásticas, satisfazer-se
bidimensionais e tridimensionais. suas necessidades e se afirma o Eu, ou seja, a
A apreciação deve ser significativa, de forma pessoa se revela para si mesma. Assim, ao
que propicie a convivência com produções exercitar a expressão livre, na qual a mesma
visuais; reconhecimento de épocas históricas e libera sua subjetividade e se conhece cada vez
do contexto em que uma obra foi produzida; a mais.
vida dos artistas e sua ligação às obras; e a Não se deve esquecer que o professor tem
mensagem que a obra revela ao aluno, de um papel importante no sentido de propiciar as
forma subjetiva, provocando o reconhecimento condições favoráveis para o desenvolvimento
da importância da arte na sociedade e na vida de habilidades e talentos dos alunos. Não
dos indivíduos. desconsiderando as diversas atividades pelas
O ensino da arte torna obrigatório com a quais se pode realizar tal estímulo, é
nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação importante salientar que as artes possibilitam o
Nacional LDB nº9394/96, na qual, afirma que o reforço de estímulos positivos para a
ensino da arte constituirá componente construção de um autoconceito que valorize
curricular obrigatório, nos diversos níveis da muito mais as habilidades do que as
educação básica, de forma a promover o dificuldades, contribuindo, desse modo, para a
desenvolvimento cultural dos alunos diante de elevação da autoestima dos alunos.
todas essas modificações. A arte evolui A educação não se limita à estruturação e à
pedagogicamente para discussões que geraram apropriação de conhecimentos técnicos,
concepções e novas metodologias para o históricos, matemáticos, geográficos, entre
ensino e a aprendizagem da mesma nas muitos outros tão necessários para a formação
escolas. humana, mas compreende também o objetivo
Segundo Kramer (2003), a cultura é uma de humanizar, de favorecer o crescimento
junção de tradições, costumes, valores, história intelectual, emocional/afetivo e cultural da
e experiências que se manifestam por meio das criança, no sentido de que esta possa
danças, das roupas, da música, das festas e etc. incorporar valores como solidariedade,
Ela deixa claro que criança precisa conhecer e inquietude e desejo de mudança, sensibilidade,
vivenciar a cultura na qual está inserida, para, a sentido e vida.
partir daí, poder fazer parte da construção
cultural, que é dinâmica e, assim, está em EDUCAÇÃO INCLUSIVA
constante transformação. Ou seja, se a arte
parte das manifestações culturais, desse modo, BRASILEIRA
é importante que as crianças as vivenciem e A educação inclusiva tem como objetivo
produzam, pois, assim, podem reconhecer-se abranger todas as crianças na escola e defender
como também produtoras dessa cultura desde valores como éticos e direito de acesso ao saber
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e à formação. Carvalho (2000), por sua vez, A construção de uma escola livre de
defende a inclusão responsável, concebendo-a preconceitos a Inclusão educacional deve atuar
como uma metodologia, direito a igualdade, no sentido de favorecer a convivência com a
com equidade de oportunidades. diversidade e instituir o respeito e a
Na concepção de Carvalho (2000), a fraternidade entre as pessoas. A escola
educação inclusiva nasceu como realidade, não inclusiva deve promover o convívio com as
sendo mais admissível ignorá-la, sendo então diferenças, o que deve ser estimulado desde a
necessário haver uma reconsideração da mais inicial das formas de convivência social na
escola, deixando de lado o padrão do aluno educação infantil. A partir do momento em que
ideal e buscando a aceitação do diferente. O se favorece o convívio com a diversidade desde
autor complementa que somos diferentes e cedo, se ganha na construção da cidadania, pois
queremos ser assim e não uma cópia malfeita o modo eficaz de combater o preconceito é na
de modelos considerados ideais. Somos iguais infância, impedindo que o mesmo apareça.
no direito de sermos inclusive, diferentes. Na Constituição Federal Brasileira (1988),
A educação inclusiva ao longo de seu estão elencados os princípios que regem o
desenvolvimento busca atenuar as ensino brasileiro, tendo como premissa: A
discriminações existentes quanto às crianças igualdade de condições para o acesso e
com necessidades especiais, passando por permanência na escola, e gratuidade do ensino
várias transformações, especialmente durante público em estabelecimentos oficiais. Assim
os anos 1990, nos quais a luta contra qualquer como também, claro os deveres do Estado com
forma de discriminação esteve presente. Para a educação, garantindo o atendimento
que a inclusão seja realidade, será necessário especializado às pessoas com deficiência
rever uma serie de barreiras, além das politicas preferencialmente na rede regular de ensino
e das praticas pedagógicas. É necessário (BRASIL, 1994, Art. 206).
conhecer o desenvolvimento humano e suas A inclusão foi assim legalmente consolidada
relações com processo de ensino e por meio da Constituição Federal, bem como
aprendizagem levando em conta como se dá também pelo Estatuto da Criança e do
esse processo para cada aluno. Adolescente e pela Lei de Diretrizes e Bases da
De acordo com as Diretrizes Curriculares da Educação Nacional(1996), pelo Plano Nacional
Educação Especial para a Construção de da Educação (2014),que apontam alunos com
Currículos Inclusivos (2006), as necessidades necessidades especiais, que antes eram
especiais não se portam como objetos que são excluídos desse tipo de aula, agora era dever
transportados de um lado para outro, dos quais proporcionar serviços possíveis a essas pessoas,
pode desfazer quando bem entender. Diante e, somente assim a sociedade, começando pela
disso, nos últimos anos, a expressão portadora escola tinha o direito de respeitar e oferecer
tem sido evitada para se referir-se a esse grupo educação de qualidade a todos, para que
de pessoas, preferindo-se em seu lugar, referir- somente assim possamos construir um mundo
se a “pessoa com” ou alunos com necessidades justo, a começar pela na comunidade em que
educacionais especiais. vivem esses alunos.
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ARTE E EDUCAÇÃO INCLUSIVA mundo que o cerca, por meio das linguagens
visuais e plásticas, na qual se desenvolve e
A arte como instrumento de inclusão social
descobre interesse pelo novo.
pode e deve ser vista como fator de
O objetivo maior da proposta pedagógica
complemento nas diversas formas de
desenvolver aprendizagens ligadas a diferentes para o ensino de arte na perspectiva inclusiva
áreas do conhecimento, e essa questão é deve ser aquele que oferece oportunidades
abordado pela interdisciplinaridade, que na diversas da livre expressão dos seus
verdade, nada mais é do o dialogo entre uma sentimentos, na qual aperfeiçoe também suas
ou mais disciplina, para que possa solidificar as linguagens e assim sendo possíveis a todos
aprendizagens por meio de diferentes maneira novas maneiras de ser e sentir, a partir do que
eles veem, ouve e observam, sobre não
e oportunidades de se contextualizar os
somente suas produções, mas também a dos
conteúdos. E o professor tem o papel
fundamental na inclusão dos seus alunos, pois colegas.
é ele que deve oferecer para seu aluno a maior É importante frisar que em toda criança
diversificação possível de materiais, existe um potencial possível de desenvolver
fornecendo suportes, técnicas, bem como sobre que a educação em arte pode e deve
desafios que venham favorecer o crescimento atuar, e que educação por meio dela não é para
de seu aluno, além de ter consciência de que formar artistas, mas pessoas sensíveis e
um ambiente estimulante depende desses conhecedoras da linguagem da arte. Pois, não
fatores colocados, permitindo a exploração de há dúvidas, que por meio do conhecimento da
novos conhecimentos. arte, somos capazes de compreender o mundo,
Cabe a escola encontrar respostas pois ela de fato facilita a linguagem e a
educativas para a necessidade de seus alunos e comunicação, e uma vez estimulada ela
aperfeiçoa nossas percepções e sensibilidades.
assim exigir dela adequações para somente
Portanto, é evidente o quanto a arte tem um
assim possa de fato construir praticas
poder imensurável, uma vez que a mesma
educativas inclusivas, que se preocupem com a
remoção de barreiras á todos os tipos de permite múltiplas formas de ver e sentir o
aprendizagens e assim permita o mundo, contribuindo assim para uma interação
desenvolvimento de todos numa escola de fato inclusiva entre todos.
democrática, pautada no respeito á
diversidade. Todo individuo tem potencial para
ser criativo, e arte tem um papel importante
para aguçar esse potencial por meio daquilo
que dá prazer.
Percebe-se que de fato a criança por meio
da arte, ao mesmo tempo em que ele está na
escola estar realizando suas atividades
artísticas culturais, está ao mesmo tempo
aprendendo a estabelece uma relação com o
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A educação brasileira tem progredido de certo modo, pois tem observado a importância
de se educar e dar a verdadeira oportunidade, considerando que todos devam ser incluídos, e
muito mais que seja incluído e aceito de forma que garanta o respeito, aos mais diversos tipos de
deficiências.
Foi no desenvolvimento deste trabalho que pude entender que por meio da arte o aluno,
tem uma maior vivência na escola devendo garantir que os indivíduos, independentemente de
suas condições sociais ou biológicas, tenham a chance de ser e estar na sociedade como um todo.
Isso é que estejam aptos para acessar também os bens culturais e os direitos políticos.
Evidenciamos que uma sociedade só aprende a valorizar sua cultura se for vivenciada
desde criança e que o papel do professor é fazer esta mediação para que as motive e incentive
superando assim todos os obstáculos e sintam autoras da sua arte com autonomia e
espontaneidade, pois a criança conquista seu espaço de forma única. E que o desenvolvimento
artístico de uma criança jamais pode ser comparado com o de outra.
Portanto, se pensarmos numa ação educacional intencional, tanto no ensino individual
quanto coletivo para o ensino em arte, fazendo quando necessárias interferências adequadas no
fazer das crianças, possibilitando assim avanços significativos na aprendizagem com arte no
sentido de incluir todos, e cada um ao mesmo tempo tenha a liberdade de produzir individual e
nessa luta de inclusão social, a escola deve contar sempre também com a parceria da família, e
com certeza pais e escola juntas poderão propiciar ao educando com necessidades especiais
conhecimento, apreciação e reflexão sobre as formas da natureza e assim compreenda melhor o
seu universo cultural.
Na questão da socialização do fazer artístico, a criança também desenvolve a sua
sensibilidade, percepção e imaginação, ampliando desse jeito seu repertorio como valores éticos
e estéticos, contribuindo a formação de futuro cidadão mais consciente na construção de um
mundo mais incluso e solidário.
Considera-se que no momento que todos que estão envolvidos no processo educacional,
seja no ensino com artes ou não, promove enriquecimento da sua autoestima e melhora a
qualidade de interação social, bem como a desenvolve também todas suas potencialidades
cognitivas, sociais e emocionais.
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REFERÊNCIAS
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KRAMER, Sônia. Infância, educação e direitos humanos. 2ª ed. São Paulo: Cortez, 2003.
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inclusão. Rev. Educação, Porto Alegre: PUCRS, nº. 49, mar. 2003.
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Os jogos e as brincadeiras sempre estiveram “Em qualquer tipo de jogo a criança sempre
presentes na vida do ser humano como forma se educa” (KISHIMOTO, 2001).
de alegria e prazer, mas nem sempre foram Froebel (1782-1852), foi o primeiro a
considerados como um fator fundamental no destacar o jogo como parte do trabalho
processo ensino aprendizagem. pedagógico, quando criou o jardim de infância
A educação contemporânea traz muitos utilizando jogos e brinquedos.
desafios não podendo estagnar-se em uma Froebel acredita que não se pode separar os
única e exclusiva metodologia de ensino, é estágios do desenvolvimento infantil como se
preciso utilizar-se de todos os recursos fossem distintos. Percebe a necessidade de
possíveis para que a escola transforme-se em educar a criança, desde seu nascimento,
um lugar especial que desperte na criança a garantindo, assim, o desenvolvimento pleno do
vontade de aprender e os jogos e brincadeiras ser humano. Valoriza a individualidade que se
podem contribuir nesse processo. completa com a coletividade. Sua teoria tem a
concepção de que a liberdade é elemento
A INTERAÇÃO DO PROFESSOR essencial no desenvolvimento físico, intelectual
e moral, pois permite a ação estimuladora da
COM OS ALUNOS POR MEIO DOS atividade espontânea.
JOGOS Antes de Froebel (1782-1852), eram
O professor conhece melhor seus alunos por veiculadas três concepções da relação jogo
meio do jogo, isso se torna perceptível. Pode-se infantil e educação. Estas eram:
perceber se o ambiente escolar está • a recreação: relaxamento;
competitivo ou cooperativo, pode-se utilizar do • o jogo sendo utilizado para auxiliar os
jogo para que esse ambiente sofra algumas conteúdos escolares;
alterações que estimulem os alunos a mudar. • diagnóstico da personalidade infantil e
As crianças, de início, fazem jogadas recurso para ajustar o ensino às necessidades
independentes como se estivessem jogando infantis.
sozinhas e, aos poucos, conseguem ir Isso mostra que Froebel (1782-1852),
percebendo o outro. Quando começam a considerava o jogar como a fase mais
entender o papel do outro, é possível estimular importante da infância, pelo fato da criança
a cooperação, desenvolvendo a capacidade de representar por meio dele suas necessidades e
perceber o ponto de vista do outro e considerar impulsos internos. Entendia que, durante a
o outro. brincadeira, a criança, ao imitar, tenta
Com o jogo de regras, as crianças trabalham compreender o mundo e que a liberdade de
a concentração, pensam em formas de expressão permite a representação de coisas
solucionar as situações e assim vão construindo significativas.
estratégias. Aos poucos vão compreendendo as
regras e elaborando ideias para vencer.
O jogo, na escola, acaba sendo um recurso a
serviço do processo ensino-aprendizagem.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O jogo é uma atividade mais estruturada e constituída por um princípio de regras mais
diretas, cabendo ensinar de forma prazerosa.
Para que os jogos tenham um lugar garantido no cotidiano escolar, é necessário que a
atuação do professor seja alimentada pela vivência lúdica, na qual se coloque pleno, inteiro no
momento, saindo do papel de agente exclusivo de informação e formação dos alunos, e passando
a desempenhar uma função de mediador.
Percebe-se que os jogos ajudam no processo ensino aprendizagem de forma significativa,
contribuindo em todas disciplinas, fundamentalmente em matemática, na qual temos vários
exemplos de jogos pedagógicos, como jogo da memória, dominó, entre outros que trabalham
com o raciocínio lógico.
Ainda há muito a ser estudado e discutido sobre a educação das crianças pequenas e sobre
quais os melhores métodos de ensino. Isso também nos leva a pensar que tipo de cidadão
queremos formar para o futuro de nossa sociedade.
Mediante os estudos já realizados vimos que o brincar é essencial na interação social da
criança com o seu meio.
Os jogos ajudam a criança a expandir seu imaginário e desenvolver diversas formas de
aprendizagem. Utilizar jogos e brincadeiras no cotidiano escolar não é somente uma forma de
diversão e, sim, um método de aprendizagem e desenvolvimento, tendo o professor como
mediador e este se utilizando de planejamentos que auxiliem e estimulem a participação das
crianças.
A utilização dos jogos deve ser explorada, favorecendo cooperação, interação social e uma
melhor organização entre professor e aluno, para a construção dos conhecimentos de diversos
conteúdos trabalhados em sala de aula.
O objetivo da intervenção pedagógica realizada por meio de jogos pedagógicos durante o
processo ensino aprendizagem é observar as possíveis dificuldades que o aluno tenha e mediante
o diagnóstico elaborar atividades que venham de encontro as suas necessidades.
Por meio de atividades significativas para a criança seu desenvolvimento se torna mais
amplo a medida de seu interesse, sendo necessário que seja levado em conta as construções
cognitivas do educando, instaurar a fala do aluno, observando o que ele está fazendo, organizar
ações, prover situações experimentais para facilitar a invenção do aluno.
Considera-se que a sala de aula deve ser um local ao qual se busque constantemente a
eficácia no processo educativo por meio de momentos em que os jogos e as brincadeiras possam
estar inseridos para auxiliar na construção de conhecimentos de maneira eficaz e contagiante.
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A CONTRIBUIÇÃO E A RELEVÂNCIA DA
BRINCADEIRA PARA A APRENDIZAGEM
Patrícia Maria dos Santos 1
RESUMO: O artigo tem como objetivo descrever sobre a importância do brincar em sala de aula
e quanto isso contribui para o desenvolvimento das crianças. Muitos profissionais de educação
ainda não acreditam no poder dos jogos e das brincadeiras, devemos buscar mudar a visão desses
professores e dos pais em relação aos jogos e brincadeiras para o desenvolvimento das crianças.
Há muitos estudos que trabalham os jogos dentro das escolas como uma estratégia eficaz para o
desenvolvimento cognitivo das crianças. Optamos pela revisão bibliográfica, buscando
informações sobre o tema, pois os professores precisam buscar meios de trabalhar os conteúdos
a serem transmitidos, de uma forma mais prazerosa, descontraída, utilizando-se do lúdico, pois
brincando as crianças experimentam, descobrem, inventam, aprendem e conferem habilidades.
Além de estimularem a curiosidade, a autoconfiança e a autonomia, proporcionam o
desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da concentração e da atenção. O brincar está
dentro do ser humano, desde pequenos podemos perceber o quanto as crianças gostam de
brincar, e não é por que crescemos que não gostamos de brincar, as brincadeiras mudam mas o
sentido continua sendo o mesmo, estimular o cérebro com o sentimento de alegria que o brincar
e o jogar trazem para a vida, além disso os jogos são importantes para os mais velhos, que não
deixam de estimular o cérebro, ajudando na manutenção do mesmo, melhorando a qualidade de
vida.
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lazer como uma solução que deve ser de direito Toda vez que o elemento competitivo suplanta
a todas às crianças. os demais atributos do brinquedo que tem
O brincar possui um relevante papel para o como essência a natureza criativa, perde a
desenvolvimento infantil. por meio dos jogos e função de lidar com as condições humanas;
das brincadeiras a criança desenvolve o seu mais quando bem aproveitado é umas das mais
raciocínio e começa a se expressar com mais construtivas experiências. O brincar estimula a
facilidade. por meio destes, a criança constrói representação e evoca aspectos da realidade. O
sua própria linha de pensamento e mundo imaginário é proposto pelo objeto
desenvolvem consequentemente sua lúdico.
imaginação e criatividade. Ao brincarem os O brinquedo fotografa e metamorfoseia a
alunos estarão mais preparados a enfrentarem realidade. Este mundo imaginário varia
determinadas situações na vida adulta, pois o conforme a idade: para o pré-escolar estão
brincar além de favorecer a autoestima prepara carregados de animismo, aos seis anos, a
estes indivíduos para tomarem certas decisões criança integra predominantes elementos da
ao longo da vida. realidade. A infância é a idade do possível e por
Muitas características humanas meio das brincadeiras a criança pode expressar
desenvolvem-se na criança pela sua brincadeira o mundo real, seus valores e seu modo de
com a boneca, porque em razão disso sua pensar (KISHIMOTO, 2009, p 19; 20).
própria Natureza se tornará, em um certo Segundo Kishimoto (2009), as brincadeiras
tempo, objetiva e daí reconhecível para a infantis, apresentam como características a não
criança e para os pensativos e observadores literalidade, o efeito positivo e a flexibilidade.
pais e babás. Daí se tornar visível mais tarde, Cria-se então um clima propício para
por meio da e pela diferença espiritual, a investigações necessárias à solução de
diferença de vocação e vida entre o menino e a problemas.
menina (FROEBEL, 1987, p. 93). Ao atender necessidades infantis, o brincar
As brincadeiras desenvolvem o senso de torna-se uma forma adequada para a
competência e auxiliam na aquisição de aprendizagem de conteúdos escolares. O
conceitos, como: nomear, descrever, ordenar, brinquedo pode ser usado como recurso que
construir, redigir, criticar, discriminar, entre ensina, desenvolve e educa de forma
outros. Já os jogos têm como função prazerosa. Quando as situações lúdicas são
autocontrole, a aquisição de flexibilidade e intencionalmente criadas com vistas a
empatia, o desenvolvimento da cooperação e estimular certos tipos de aprendizagem é que
do senso de criatividade, a capacidade de surge a dimensão educativa e o educador pode
controlar respostas pessoais e de adquirir o potencializar de ensino-aprendizagem. Isto
pensamento abstrato além de possibilitar um ocorre quando:
maior equilíbrio emocional. Utilizar o jogo na educação transporta para o
O jogo, como atividade agradável, não pode ensino condições para maximizar a construção
ser confundido como o sentido de competição do conhecimento, introduzindo as
que pode significar obrigação ou treinamento. propriedades do lúdico e da ação motivadora.
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criança copia os adultos a sua volta, e por fim, construírem e reconstruírem seu
na terceira fase quando a ludicidade não está conhecimento.
mais tão presente, pois começam a surgir o real Os alunos gostam de se destacar, são
e as regras e convenções a elas associados. curiosos, pela vontade de aprender, devemos
Vygotsky (1987), ainda defende que o jogo deve sempre incentivá-los, elogiá-los, valorizá-los e
ser mais explorado na esfera educacional nuca repreendê-los diante de outras pessoas.
mostrando assim a importância do papel do Palavras de caráter educativo como “muito
professor, pois é ele quem cria os espaços, bem”, “que bacana” aumentam a autoestima,
disponibiliza materiais e faz a mediação na fazendo com que busquem meios para alcançar
construção do conhecimento. a formação de cidadãos competentes e
Já Piaget (1974), acredita não ter idade integrando-se e contribuindo para um novo
para a ludicidade, para ele o desenvolvimento modelo de sociedade.
ocorre ao longo da vida, como também acredita A inserção dos jogos no contexto escolar
que o sujeito não é ativo nem passivo e sim aparece como uma possibilidade altamente
interativo, defendendo assim o faz de conta e significativa no processo de ensino
que Piaget defende a realidade, o jogo aprendizagem, por meio da qual, ao mesmo
simbólico. tempo em que se aplica a ideia de aprender
Piaget (1974), afirma que a ludicidade é brincando, gerando interesse e prazer
o berço das atividades intelectuais das crianças (RIBEIRO, 2009, p.19).
sendo assim indispensável na educação. Com Grandes teóricos como Rousseau (1968),
todo seu estudo Piaget concluiu que as crianças Froebel (1987), Dewey(1952) e Piaget(1974),
não raciocinam como adultos, descobrindo isso confirmam a importância do lúdico para a
recomendou aos adultos mudarem sua educação da criança.
abordagem com as crianças, modificando assim Segundo Rousseau (1968), as crianças têm
a teoria pedagógica que afirmava que a mente maneira de ver, sentir e pensar que lhe são
de uma criança era vazia. Por fim fazendo uma próprias e só aprendem por meio da conquista
comparação com as teorias de Vygotsky (1987), ativa, ou seja, quando elas participam de um
conclui-se que um completava a teoria do processo que corresponde à sua alegria natural.
outro. Uma educação eficiente proporciona
O lúdico como um componente da cultura atividades, com autoexpressão e participação
histórica, permitindo não somente consumir social às crianças, no qual a escola deve
cultura mais sim criar cultura. O lúdico pode ser considerar as crianças como criadores que
usado como um recurso, que propicia um despertam, mediante estímulos, com
ensinar de forma correta, simples e divertida. A faculdades próprias capazes de uma criação
criança também constrói seu conhecimento, produtiva, e o educador deve fazer do lúdico
em brincadeiras próprias, as quais chamam de uma arte, uma maneira de promover,
livres. O professor neste caso não é o dono do facilitando a educação da criança, sendo a
saber, mas ele será o mediador, ajudando-a por melhor forma de conduzir as crianças ao
meio do lúdico, fazer descobertas e juntos
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Há um número significativo de alunos que apresentam baixo rendimento escolar. Esses
alunos apresentam baixa autoestima, indisciplina, falta de interesse, problemas familiares, entre
outros, sendo necessário oportunizar lhes recursos para superarem tais dificuldades.
O aluno com dificuldades de aprendizagem somente adquire o conhecimento se for capaz
de atuar sobre ele, uma vez que, aprender é descobrir, inventar, modificar. Assim, é papel do
professor promover a socialização, integração e melhora da autoestima de seu aluno e é função
da escola fornecer meios para que ele possa se identificar como integrante de um grupo.
É necessário que os professores compreendam as relações que os alunos estabelecem no
meio físico e cultural, além de reconhecerem e entenderem a diversidade existente numa sala de
aula.
O fator família é de suma importância para o bom rendimento escolar, podendo atuar
como principal motivador para o sucesso escolar. Do contrário, a má influência familiar pode ser
a grande causadora das reprovações, desinteresse e das dificuldades na aprendizagem.
No entanto, acreditar que a dificuldade de aprendizagem é responsabilidade exclusiva do
educando ou da família ou apenas da escola é no mínimo uma atitude ingênua diante da
complexidade do aprender. Buscar e encontrar alguém que assuma a culpa do fracasso escolar
nos dá a sensação de que está tudo resolvido. A atitude do não aprender traz em si o subtexto da
denúncia de que algo deverá ser feito, e esse feito não poderá jamais ser a duas mãos.
É nesse momento que o professor pode utilizar-se do lúdico para despertar o interesse de
seu aluno. Como vimos no decorrer desse trabalho, as dificuldades encontradas são muitas, mas
ser profissional exige que criemos caminhos alternativos para a aprendizagem. Devemos ensinar
de forma que o aluno aprenda. É valido lembrar que equipes multidisciplinares constituídas por
educadores, pedagogos, psicopedagogos, fonoaudiólogos, psicólogos, médicos e demais
profissionais envolvidos para auxiliar nos casos de problemas de aprendizagem, contribuindo para
que os alunos com dificuldade possam desfrutar sua cidadania de forma plena.
A proposta exposta reforça o pensamento de que precisamos exercer uma prática docente
em parceria, em equipe, na qual todos deverão voltar seu “olhar” e sua “escuta” para o sujeito
da aprendizagem. Não adianta refletirmos sobre o trabalho docente e buscar de modo contínuo
agregar valores à formação, ressignificar os conteúdos e adotar novas posturas avaliativas, se não
conhecermos o ser que estamos educando e a grande responsabilidade que é a de participarmos
da sua formação.
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movimento através da existência quanto de seu inteiro esclarecido por meio da autodescoberta
progresso pelo espaço (PRESTERA & KURTZ, perseverante. uma nova base deve ser
1989, p. 21). construída sobre a vitalidade física, atitudes
Não importa qual o mais importante: o papel realistas, satisfação emocional e a aceitação da
do cérebro ou do corpo. O cérebro pode vida. Ao buscarmos crescimento, ao
representar ações por imagens; a mão pode penetrarmos cada vez mais profundamente em
pegar, bater, arremessar. Mas isso não importa. nossos sentimentos, ao procurarmos dentro de
Pensar não é mais importante que acariciar. O nós mesmos a fonte e o significado de nossas
cérebro representa o que a mão pega, e a mão vidas, nós podemos somente vir a encontrar um
pega o que o cérebro representa. infindável reservatório espiritual – inefável,
Sei que não são iguais, como sei que um misterioso, e não obstante a base mais segura
coração não é o mesmo que um cérebro. Nem e verdadeira de nossa existência (PENTEADO,
se trata de provar essa igualdade. Mas sei que 2016).
nada são longe um do outro, desintegrados,
divorciados. Apenas fazem sentido quando se A IMPORTÂNCIA DA
solidarizam num todo maior que os integra,
como simples para o fenômeno humano: LINGUAGEM CORPORAL PARA O
colocar de um lado o espírito e de outro o ALUNO CEGO
corpo, separando-os, dissecando-os, O ser humano não se comunica apenas por
reduzindo-os a partes que não interagem. A meio da linguagem verbal, mas também da
questão humana vai muito além dos simplismos linguagem corporal, ou seja, a partir de gestos,
reducionistas da tradição científica clássica expressões faciais, olhares, movimentos,
(FREIRE, 1991, p.36). postura, emoções, forma de andar, etc. Nos
Dessa forma, para uma análise mais primeiros dias de vida, a criança se faz entender
detalhada da pessoa se faz necessário observar por gestos e, até o início da linguagem verbal, o
o que o corpo revela, o que pode ser aprendido movimento é a expressão geral de suas
sobre uma pessoa observando sua postura e necessidades. A profundidade e o valor da
estrutura corporal. É interessante fazer um intercomunicação humana por meio do gesto
mapeamento do corpo, parte por parte, dando são de máxima importância para a criança cega,
informação detalhada da relação entre os não apenas em função da relação estreita com
aspectos físicos do corpo e as emoções e suas emoções, como também por ser um meio
atitudes às quais elas correspondem. A de transmitir o equilíbrio do estado interior do
transformação profunda é muito mais do que recém-nascido (FONSECA, 1998). Quando o
encontrar um papel ou jogos melhores. É uma bebê sente fome ou dor ele torce seu corpo,
expansão real do self, a remoção de limites auto possibilitando que sua mãe perceba seu
impostos – restrições baseadas em temores desconforto. Por intermédio do movimento, do
irracionais e fracassos da infância. As atitudes tom, a criança fala por meio de seu corpo. Tais
às quais eles dão vida devem ser trazidas à “mensagens corporais” acompanham o
consciência, então examinadas e o processo indivíduo por toda a sua vida.
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De acordo com Lofiego (2000), se como dificuldades cada vez maiores para realizar
educadores, pensarmos no desenvolvimento movimentos simples, produzindo tensões
da criança de forma integrada, isto é, musculares desnecessárias, rigidez e má
procurando atender aos aspectos físicos, postura, entre tantos outros problemas.
afetivos, sociais e cognitivos, é necessário que Fonseca (1995, p. 21), retrata este fato
desde a mais tenra idade seja utilizado quando afirma que:
amplamente o movimento. O movimento [...] a ausência de espaço e a privação de
consciente pode ser realizado por meio da movimento é uma verdadeira talidomida da
prática de atividades psicomotoras, como atual sociedade, continuando na família
modo de ajudar a criança a se comunicar com o (urbanização) e na escola. A não-aceitação da
mundo a partir da ação, do movimento e dos necessidade de movimento e da experiência
gestos, contribuindo para o desenvolvimento corporal da criança põe em causa as atividades
pleno e as aprendizagens. Para o autor, o instrumentais que organizam o cérebro
desenvolvimento psicomotor é caracterizado (FONSECA,1995, p. 21).
por uma maturação que faz parte do Diversos estudos vinculam o
movimento, do ritmo, da construção espacial, desenvolvimento psicomotor à aprendizagem
do reconhecimento dos objetos, das posições, escolar. Furtado (1998), instituiu relações entre
da imagem do nosso corpo e da palavra o desempenho psicomotor e a aprendizagem
(atividade verbo-motriz). da leitura e escrita, e os resultados do seu
A princípio, a psicomotricidade estava trabalho apontam que ao promover a
relacionada a uma concepção neurofisiológica, ampliação do potencial psicomotor da criança,
fundamentada na neuropsiquiatria infantil. O aumenta-se também as condições básicas para
interesse de estudiosos da área da psicologia, as aprendizagens escolares. Pesquisa
pedagogia e educação física foram, desenvolvida por Nina (2000), acerca da
gradativamente, alterando a perspectiva desse organização percepto-motora e a
trabalho. Os autores que mais influenciaram os aprendizagem da leitura e da escrita em classes
psicomotricistas nesta transformação foram de alfabetização, indica a necessidade de que já
Wallon, Piaget e Lê Boulch que, em suas obras, a partir da educação infantil sejam oferecidas
abordam a formação da inteligência, tornando atividades motoras voltadas para o
evidente que esta é gerada através da fortalecimento e consolidação das funções
experiência motriz da criança (FÁVERO & psicomotoras, primordiais para o sucesso das
CALSA, 2016). atividades de leitura e escrita.
A vida atual proporciona às crianças um Pesquisas anteriores, desenvolvidas por
excesso de inatividade. Fávero e Calsa (2016), Cunha (1999), comprovam a relevância do
observando colegas de profissão realizarem um desenvolvimento psicomotor e cognitivo. A
trabalho com dança com crianças de todas as autora averiguou que o desenvolvimento
idades há alguns anos, notaram o quanto este psicomotor é de grande relevância para a
problema tem se agravado na atual geração. E aprendizagem da leitura e da escrita e que as
alegam que essa falta de atividade tem gerado crianças com nível superior de
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(...) Infeliz educação a que pretende, pela percorre a necessidade de conhecer sua própria
explicação teórica, que prega que os indivíduos história e manifestações culturais de seu povo”.
podem ter acesso ao conhecimento pelo Nessa direção, a dança sempre teve o
conhecimento e não pela experiência. mesmo objetivo: a vida, a saúde, a religião, a
Produziria somente doentes do corpo e do morte, a fertilidade, o vigor físico e sexual,
espírito, falsos intelectuais inadaptados, também percorrendo os caminhos terapêuticos
humanos incompletos e impotentes (FREINET, e educacionais, determinando assim, uma
1991, p. 43). diversidade interessante para esta
A educação inclusiva precisa ser global, não manifestação (SCARPATO, 2016).
somente vislumbrando a um aspecto do É primordial para este ser, que já foi nômade
indivíduo, o que presume a dança na sala de e hoje é sedentário, ainda oprimido pelo tempo
aula por ser um aprendizado que agrega o e espaço, pelas situações do dia a dia, presumir-
conhecimento intelectual e a livre expressão do se com uma dança que possa ser democrática,
educando (SCARPATO, 2016). quebrando a ideia de que a dança "é privilégio
No entanto, a utilização da dança na de alguns" (GARIBA, 2002, p. 2); e, de que é
educação não tem como finalidade somente preciso uma técnica específica. Entende-se que
propiciar a vivência do corpo e reduzir tensões o mais importante é ser capaz de compreender
provenientes de esforços intelectuais a dança como "um modo de vida, de existir"
excessivos, uma vez que, ao mesmo tempo em (GARAUDY, 2003, p. 7).
que promove a criatividade, também traz Essa compreensão do movimento por meio
muitos benefícios ao processo de da dança pode estar vinculada ao universo
aprendizagem, se incorporada com outras pedagógico, visto que a dança, além de
disciplinas. atividade física, na opinião de Ferrari (2016, p.
Segundo Scarpato (2016), trabalhar com o 2), também é "educação", sendo indispensável
corpo provoca a consciência corporal. O para que o sujeito entenda o que e porquê fazer
educando questiona-se e passa a compreender o movimento, já que o movimento expressivo
o que acontece consigo mesmo e à sua volta, antes de tudo precisa ser consciente.
torna-se mais espontâneo e exprime seus Desse modo, esta consciência posiciona o
desejos de forma mais natural, o que pode indivíduo como um ser no mundo e essa
gerar dificuldades para a prática pedagógica interação, segundo Nanni (2002, p. 7), é
autoritária, que ainda julga que o educando só "indispensável para que o ser humano se torne
aprende sentado na carteira. sujeito de sua prática no desvelar a sua
Para exprimir suas emoções, o ser humano realidade histórica, por meio de sua
recorreu ao movimento, ao gesto que, segundo corporeidade".
Fahlbusch (1994, p. 16), "é a dança" em sua Na visão de Scarpato (2016), buscar uma
forma mais básica. prática pedagógica mais coerente a partir da
Assim sendo, conforme Scarpato (2016, p. dança significa permitir que o indivíduo se
08), “o conhecimento de si mesmo e da dança expresse de forma criativa, sem exclusões,
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tornando esta linguagem corporal Dessa forma, propõe-se o uso da dança como
transformadora e não reprodutora. ferramenta de suporte ao desenvolvimento
cognitivo-motor do aluno, trazendo uma
A DANÇA NA APRENDIZAGEM perspectiva à área interdisciplinar, indicando
que o corpo pode ser usado na aprendizagem,
Desde os primórdios, a expressão corporal
e que a mesma se concretiza por meio de
por meio da dança já fazia parte da vida dos
diversas maneiras e estilos. A dança oferece um
seres humanos. Cada cultura transferiu seu
desenvolvimento corporal vasto, lapidando a
conteúdo às mais diversas áreas como a Arte, a
personalidade do aluno a partir de uma
Música e a Pintura. Dentre essas, as danças
consciência corporal em relação ao próprio
absorveram a maior parte dessa transferência,
universo e ao universo do outro.
em função do fato de que a dança sempre foi
Conforme Duncan (apud, OSSONA, 2001, p.
de grande importância nas sociedades, seja
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como uma forma de expressão artística, seja
Em minha opinião, a dança tem como
como objeto de culto aos deuses ou ainda como
propósito a expressão dos sentimentos mais
mero entretenimento (CAVASIN, 2016).
nobres e mais profundos da alma humana:
Consoante Cavasin (2016), o Renascimento
aqueles que nascem dos deuses em nós, Apolo,
cultural ocorrido nos séculos XV e XVI trouxe
Pan, Baco, Afrodite. A dança deve implantar em
diversas transformações no âmbito das artes,
nossas vidas uma harmonia que cintila e pulsa.
da cultura, da política e da religião, o que fez
Ver a dança somente como uma diversão
com que a dança também sofresse profundas
agradável e frívola é depreciá-la.
transformações que já vinha se arrastando no
Neste sentido, Pereira et al (2008, p.61),
decorrer dos anos. Nessa época, a dança
afirma que:
passou a ter caráter social, ou seja, passou a ser
dançada pela nobreza em grandes espetáculos (...) a dança é um conteúdo primordial a ser
teatrais e em festas somente como trabalhado na escola. Ela permite que os
educandos conheçam a si próprios e os demais;
entretenimento e recreação.
que explorem o mundo da emoção e da
A partir de então, a dança social foi mudando
imaginação; que criem; que explorem novos
e gradativamente se tornou acessível às classes
sentidos, movimentos livres (...). Constata-se
menos privilegiadas da sociedade, que já
ainda as infinitas possibilidades de trabalho
realizavam outro tipo de dança: as danças
do/para o educando com sua corporeidade por
populares. Tais mudanças de comportamento
meio dessa atividade.
foram se vinculando às danças sociais,
Cunha (1999, p. 14), também salienta a
originando, dessa forma, uma nova tendência
relevância do processo de escolarização da
da música que, dançada por casais,
dança: "Acreditamos que apenas a escola, a
posteriormente se chamaria Danças de Salão.
Em todas as épocas, a dança sempre permitiu partir do uso de um trabalho consciente de
que o ser humano retratasse suas aspirações à dança, terá condições de fazer emergir e formar
procura da felicidade, do autoconhecimento e um sujeito com conhecimento de suas
do aprimoramento de cada gesto expressado.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Espera-se que este trabalho seja uma introdução simples e útil ao que a estrutura, postura
e fisionomia corporal revelam a respeito das pessoas em especial as pessoas cegas.
Para aqueles que podem ver e compreender, o corpo fala claramente, revelando o caráter
e a maneira de a pessoa ser no mundo. Revela traumas passados e a personalidade atual,
sentimentos expressos e sentimentos ocultos. O olho treinado vê isto e muito mais.
Embora muita informação sobre o que os corpos revelam esteja disponível, não é
amplamente conhecida. E embora alguns usem este conhecimento intensamente, ele não é
amplamente utilizado. Desta forma, a intenção neste trabalho foi, também, a de apresentar um
esboço básico deste conhecimento, sem uma exposição prolongada. Algo que seja útil quer para
o leigo, quer para aqueles que clinicam. Espera-se principalmente enfatizar este aspecto: o corpo
revela a pessoa; ele é a pessoa. E deseja-se levar este conhecimento a um público mais amplo.
As formas de manifestação do movimento não são separadas do corpo.
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RESUMO: Compreender a arte na educação é um tema que deve ser trabalhado desde a infância,
visto que a criança é um cidadão em desenvolvimento e deve ser respeitada como tal. A dança é
um instrumento que permite desafiar e ampliar a expressão e comunicação de imagens, ideias,
pensamentos e sentimentos de forma singular da representação estética, além de instigar o aluno
a observar, refletir, analisar, compreender, interpretar e criticar as características, qualidades,
processos e ordenações no trabalho pessoal e dos outros parceiros ou artistas e, relacionar
intenções e valores das manifestações artísticos- estéticas e culturais, na cultura de outros povos
e na vida cotidiana. A arte faz parte da formação do aluno para desenvolver sua auto expressão,
trata-se de um excelente meio para ensinar. Portanto, a escola com seus recursos e todo seu
trabalho pedagógico deve inserir, incentivar e propor maneiras, nas quais a educação escolar dê
espaço sólido e concreto a educação na sua prática. Este trabalho se propôs a estudar o uso de
jogos e instrumentos musicais feitos com sucata, como recurso pedagógico na educação infantil,
com atividades lúdicas, criativas, que desenvolvam potencialidades e habilidades. Dessa forma,
acredita-se que ações lúdicas e práticas com as crianças são propostas de construção de formação
integral.
1 Professora de Ensino Fundamental II, na Rede Municipal de São Paulo; Professora no Ensino Superior em Rede
Privada.
Graduação em Letras: Mestre em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem; Especialização em Inglês
Instrumental; Licenciatura em Pedagogia; Bacharel em Tradução e Interpretação;
E-mail: fabiolaadriana@uol.com.br
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cognitivas das crianças de zero a seis anos, a grandes questões: a de acesso e a da qualidade
qualidade das experiências oferecidas que do atendimento.
podem contribuir para o. exercício da cidadania Dessa maneira, surgiam às creches com
devem estar embasadas nos seguintes caráter assistencialista (cuidador), visando
princípios educativos, conformes os PCNs dentre outras situações, diminuírem o alto
(1998, p. 13). número de crianças vistas com maior
O respeito à dignidade e aos direitos das necessidade que eram obrigadas pelas famílias
crianças, consideradas nas suas diferenças a trabalhar (sistema capitalista), para ajudarem
individuais, sociais, econômicas, culturais, com as despesas da casa e garantirem seus
étnicas, religiosas, etc.; O direito das crianças a sustentos. Nesse sentido, a educação infantil,
brincar, como forma particular de expressão, (que ainda não havia recebido esse nome) tinha
pensamento, interação e comunicação infantil; como função principal a guarda das crianças.
O acesso das crianças aos bens socioculturais Para Lisboa (1998, p. 37):
disponíveis, ampliando o desenvolvimento das A escola dos pequeninos em de ser um
capacidades relativas à expressão, à ambiente livre, onde o princípio pedagógico
comunicação, aos afetos, à interação social, ao deve ser o respeito à liberdade e à criatividade
pensamento, à ética e à estética; À socialização das crianças. Nela, os pequeninos devem poder
das crianças por meio de sua participação e se locomover, ter atividades criativas que
inserção nas mais diversificadas práticas permitam sua autossuficiência, e a
sociais, sem discriminação de espécie alguma; desobediência e a agressividade não devem ser
O atendimento aos cuidados essenciais coibidas e, sim, orientadas, por serem
associados à sobrevivência e ao condições necessárias ao sucesso das pessoas
desenvolvimento de sua identidade (LISBOA ,1998, p. 37).
(BRASIL,1998, p. 13). Assim, se por trás do todo o interesse social,
A partir dessa contextualização, pode se econômico e político podemos ver um avanço
observar que a sociedade é composta por no sentido de uma maior “democratização” de
vários sistemas (político, cultural, econômico, espaços próprios para a criança se desenvolver
jurídico e educacional) articulados entre si. (Educação Infantil), e aí eis que surge um novo
Dessa forma, além da Constituição Federal debate, outra função a esses espaços; a função
de 1988, do Estatuto da Criança e do pedagógica.
Adolescente de 1990, destaca-se a Lei de Ao pensar que a Educação Infantil tem uma
Diretrizes e Bases da Educação (1996), Nacional função pedagógica, nota-se a ideia de um
de 1996, que, ao tratar da composição dos trabalho que considere a realidade e os
níveis escolares, inseriu a Educação Infantil conhecimentos infantis como ponto de partida
como primeira etapa da Educação Básica. e os amplia, por meio de atividades que têm um
É importante considerar os inúmeros significado concreto para a vida das crianças e
desafios impostos para o efetivo atendimento que, simultaneamente, asseguram a aquisição
desse direito, que pode ser resumido em duas de novos conhecimentos, garantindo assim seu
desenvolvimento integral.
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Para Nanni (2008, p. 1), “a Dança – em sua lúdico na educação infantil sendo continuado
essência – como manifestação primitiva, era nas demais sérias da educação, para assim
um mergulho no mundo mágico, onde os facilitar e tornar agradável, o processo
movimentos espontâneos surgiram da pedagógico e educativo da criança.
imaginação.”. A criança desempenha funções moldáveis e
O ensino de dança sendo elemento é dever educador valorizar as diversas
construtivo da arte na educação ainda é algo concepções que as crianças carregam. Neste
novo e pouco adotado pelo profissional de sentido é importante se pensar na educação
educação. Essa modalidade de ensino ganhou infantil com um olhar sensível e refletindo em
mais força com a criação dos Parâmetros todas as possibilidades que ela contém.
Curriculares Nacionais (PCN’s), que se reitera Em 1988, com a promulgação da
pela primeira vez na história do Brasil, sendo Constituição Federal, iniciou-se a discussão
atribuída importância para a arte. sobre uma nova Lei de Diretrizes e Bases da
Neste sentindo o nome dado a disciplina que Educação Nacional, e em 1996 sancionou-se a
abordava de forma integrada as linguagens L.D.B. nº9.394,1996, que está em vigor até a
cênicas (dança), plástica e musical foi educação presente data e que enfatiza em seu artigo 26
artística. No entanto essa não foi a primeira “O ensino da Arte constituirá componente
iniciativa de valorização da dança, pois já em curricular obrigatório, nos diversos níveis da
1971 a L.D.B. (Lei de Diretrizes e Bases da educação básica, de forma a promover o
Educação de 11 de agostos de 1971), introduziu desenvolvimento cultural dos alunos”.
o ensino de arte no currículo escolar da Tal lei propõe em termos de contribuição
educação básica, mas de forma não obrigatória. para a Arte, e que reflete na dança, uma, maior
Acredita-se que ao ser inserida na educação autonomia para as escolas trabalharem o
infantil a dança é uma forte ferramenta para a ensino da Arte dentro do seu currículo, com o
vida escolar dos pequenos, contudo para que objetivo de formação de valores, possibilitando
isto ocorra é imprescindível que o clima escolar ao aluno um olhar mais crítico em relação ao
seja favorável e que os profissionais estejam ensino da arte. O Artigo 2º. Da L.D.B.E. nº
dispostos a mediar essa ação. 9.394-96 afirma que:
Laban (1990), relata que: A educação, dever da família e do Estado,
Os movimentos na dança se manifestam na inspirada nos princípios de liberdade e nos
riqueza dos gestos e nos passos utilizados no ideais de solidariedade humana, tem por
dia-a-dia: em qualquer ação o homem faz uso finalidade o pleno desenvolvimento do
de movimentos leves ou fortes, diretos ou educado, seu preparo para o exercício da
flexíveis, lentos ou súbitos, controlados ou cidadania e sua qualificação para o trabalho
livres (LABAN, 1990). (BRASIL,1996, s.p).
Assim, propõe-se a valorização desta Segundo o artigo a uma possibilidade da
temática como atividade geradora de formação da autonomia, ou seja, que o sujeito
desenvolvimento intelectual, social e tem o direito de fazer suas escolhas e
emocional, proporcionando a integração do
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A criança tem sua curiosidade natural, brinca espontaneamente e se diverte enquanto
aprende e por isso, o ambiente escolar, precisa reafirmar quanto aos procedimentos que possam
levar a preservação e uso racional do nosso meio ambiente.
Nota-se que a lei que fundamenta a educação infantil no Brasil (RCNEI, 1998), propõe que
o trabalho com atividades musicais seja fundamentado juntamente com as aulas de artes no
currículo escolar e garantindo à criança a oportunidade de vivenciar as questões musicais como
forma de conhecimento, desenvolvimento, aprendizagem e habilidades, contribuindo para sua
formação pessoal e social.
Contudo em tempos atuais a dança não é mais algo apenas para ser apresentado ou visto,
como um instrumento de apreciação. Essa ideia de dança está sendo desmitificada pelo mundo
contemporâneo, porque os profissionais vêm percebendo que ela pode ser usada como um
recurso nas escolas, com fins de inserção dos jovens para dentro das salas de aulas, possibilitando
trabalhar por meio arte vários conteúdos significativos.
Neste sentindo, o desafio que cabe aos educadores atualmente, diz respeito ao
estabelecimento de uma aproximação entre a Arte e educação, utilizando a dança como mais
uma forma para chamar a atenção dessas crianças, de modo a reduzir a marginalidade e a
violência que se tem sofrido no cotidiano escolar, uma vez que a dança propicia o
desenvolvimento da criatividade pessoal e coletiva, a apreciação e a sensibilidade, buscando
dessa forma o alcance das qualidades físicas e psíquicas próprias da infância.
Compreende-se que ao se pensar e falar em dança na sala de aula é preciso vê-la como
uma aliada indissociável do desenvolvimento das crianças, visto que existem diversas áreas do
saber que trabalhadas de forma lúdica, que na educação infantil, é de extrema importância a
aprendizagem significativa das crianças.
Portanto, ao relacionar com critério e objetividade o repertório apresentado nas aulas de
expressão musical e corporal, o intuito é de proporcionar às crianças um conhecimento gradativo
de diferentes gêneros e estilos musicais, de forma que, estar-se-á desenvolvendo a verdadeira
aquisição do conhecimento, sensibilidade, criatividade e gosto artístico.
O conhecimento sobre a música se constrói junto com os alunos, entendendo e
respeitando como as crianças se expressam musicalmente em cada fase, para, a partir daí,
fornecer os meios necessários para elaborar, materiais referentes ao desenvolvimento desta
capacidade expressiva.
De modo que muitas são as possibilidades de se trabalhar essa temática com as crianças e
assim valorizar os instrumentos, jogos e brincadeiras que são desenvolvidos nesses momentos
lúdicos. Esse trabalho teve a intenção de contribuir na maneira de ver a dança como um
componente constitutivo da área de conhecimento Arte, que relacionada com as demais áreas de
conhecimento, que quando trabalhada pelo docente contribui para a construção do pensamento
artístico e da percepção estética, desenvolvendo na criança a criatividade, a percepção e a
imaginação.
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Logo, pode-se entender que a dança favorece ao aluno relacionar-se de forma criadora e
autoconfiante com as demais áreas do currículo, auxiliando os professores no processo de ensino
e aprendizagem de diferentes áreas do conhecimento.
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REFERÊNCIAS
ARIES, P. História Social da Criança e da Família. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1989.
CUNHA, Maria Zilda. Entre livros e telas – A narrativa para crianças e jovens: saberes
sensíveis e olhares críticos. In. VI Atlântica n.14. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2000.
LISBOA, Antônio Márcio Junqueira. O seu filho no dia-a-dia: dicas de um pediatra experiente.
Vol. 3. Brasília: Linha Gráfica, 1998.
NANNI, Dionísia. Dança educação: pré-escola à universidade. 5ª ed. Rio de Janeiro: Sprint,
2008.
PAIVA, J. M. Educação jesuítica no Brasil colonial. [s. l: s. n.], 1998. Recebido em: 12/10/02.
Aprovado em: 26/11/02. Revista Diálogo Educacional, Curitiba, v. 3, n.7, p.29-36, set./dez. 2002.
Wilson Alves de Paiva.
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RESUMO: O artigo apresenta uma análise acerca da educação especial numa abordagem
histórica e social permeando a legislação vigente no Brasil.Nessa análise fica evidente que a
legislação referente especificamente a Educação Especial se transformou muito ao longo dos anos
onde o foco, sobretudo, se concentra numa educação inclusiva de qualidade e acessível a todos
os alunos. Nesse âmbito não percebemos a nítida realidade do sistema público educacional
brasileiro, na qual os profissionais da educação, alunos e seus familiares se deparam com
inúmeras dificuldades seja pela ausência de recursos humanos habilitados ou pela carência de
recursos estruturais adequados para o atendimento educacional especial de qualidade a todos.
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importante repercussão na educação, exigindo deliberações da LDB. Tanto que uma das mais
uma reinterpretação da educação especial, recentes deliberações do Conselho Estadual de
compreendida no contexto da diferenciação Educação do Estado de São Paulo, a
adotada para promover à eliminação de Deliberação CEE n°68/2007 reforça grande
barreiras que impedem o acesso a parte das questões abordadas por esta
escolarização,” (2008, p.9). pesquisa. O primeiro artigo já resume algumas
Em 2001, as Diretrizes Nacionais para a das idéias expostas aqui, como a questão da
Educação Especial, por meio da resolução busca por atender as necessidades
CNE/CEB n° 2/2001 no artigo 2º, determinaram educacionais que deixem o aluno com
a obrigação de todos os sistemas de ensino em necessidades especiais em iguais condições ao
matricular alunos com deficiência, fazendo com aluno regular.
que estas instituições estivessem aptas para Art.1° - A educação, direito fundamental,
recebê-los, assegurando assim as condições público e subjetivo da pessoa na modalidade
básicas para oferecer uma educação de especial, é um processo definido por uma
qualidade a todos. proposta pedagógica que assegure recursos e
Ainda no mesmo ano, o Plano Nacional de serviços educacionais especiais, organizados
Educação (PNE) pela Lei n°10.172/2001 institucionalmente, para apoiar, complementar
demonstra sua intenção de construir uma e suplementar o ensino regular, com o objetivo
Escola Inclusiva que consiga englobar toda essa de garantir a educação escolar e promover o
diversidade humana e ao mesmo tempo desenvolvimento das potencialidades dos
oferecer aos alunos um atendimento que supra educandos que apresentam necessidades
as suas necessidades, quer sejam elas físicas ou educacionais especiais, (SÃO PAULO,, 2007, p.
intelectuais. 1).
Tanto em 2003 quanto em 2004 foi possível De uma forma geral, as Leis de Diretrizes e
observar a ação do Ministério da Educação em Bases visam além proporcionar uma educação
parceria com o Ministério Público Federal na adequada, a esta parcela comumente
organização deste atendimento aos “especiais” despercebida pela sociedade, buscam também
da educação, pensando, sobretudo, na inseri-la no mercado de trabalho, por meio da
acessibilidade. vinculação entre vida escolar e trabalho.
Com o mesmo intuito o Decreto n°5.296/04 Há, contudo, críticas a abordagens da
de 2004 regulamentou leis que promovessem LDB(1996), no tocante aos termos
ações em prol da acessibilidade e locomoção generalizantes que se utiliza para descrever os
das pessoas com algum tipo de deficiência e/ou deficientes, os quais acabam sendo
problemas de mobilidade reduzida aos meios considerados rótulos das pessoas que possuem
de ensino. algum tipo de deficiência, à medida que
É importante lembrar, no entanto, que este reconhecemos muitas dificuldades de
debate continua presente nos meios sociais, aprendizagem entre diversos outros grupos.
acadêmicos e instituições públicas gerando
muita discussão acerca das interpretações das
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Nosso país segue um modelo de educar originário de outros países, embora a idéia não
seja ruim o que falta-nos é adequar esses modelos de forma a combinar com a nossa realidade e
à nossa cultura.
A Legislação que trata especificamente sobre a Educação Especial se transformou muito ao
longo dos anos. Podemos afirmar até que ocorreu uma evolução gradativa das leis brasileiras em
prol da pessoa com deficiência, isso somente demonstrava a interação do Brasil com as
tendências mundiais em destaque no período.
A educação não pode ser incompleta, o indivíduo que adquire conhecimento o carrega
para sempre, mesmo que este tenha limitações ele precisa ter acesso as informações necessárias
para seu convívio em sociedade para que possam ter mais oportunidades ao direito de uma vida
digna e justa.
No que que se refere a Educação Especial, sabemos que ainda falta muito para que
possamos fazer diferença significativa para alunos, seus familiares e educadores.
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REFERÊNCIAS
BRASIL, Ministério da Educação. Formação Continuada a Distância de Professores para o
Atendimento Educacional Especializado. Secretaria da Educação Especial.
MEC;SEED;SEESP: Brasília, 2007.
BRASIL,MEC. Leis da Educação Especial. Disponível em: < htpp:// www.mec.gov.br>. Data
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SÃO PAULO. Deliberação CEE Nº 68/2007 – Normas para a Educação Especial. Brasília, 2008.
SATO, C.; CARDOSO, A. M.; TOLOCKA, R.E. A inclusão de pessoas com necessidades
educativas especiais nas escolas regulares: Receio ou Coragem? In: VENÂNCIO, S.; 2002.
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RESUMO: Considera-se pessoa surda aquela que, por ter perda auditiva, compreende e interage
com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo
uso da Língua Brasileira de Sinais – Libras,” (BRASIL, 2005).No começo, os surdos brasileiros não
contavam com nenhuma educação, assim como nos outros lugares do mundo eram jogados à
margem da sociedade, com muita luta no decorrer de vários anos, essa comunidade conquistou
o direito de estarem matriculados na sala regular e ter um Acompanhamento Educacional
Especializado como apoio para terem uma educação de qualidade.
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Esses relatos deixam clara a importância de Dessa forma, professores são responsáveis
se cumprir a lei, a escola inclusiva é uma escola por mudar sua prática pedagógica, isso só é
que acolhe a todas as pessoas, independente possível, quando refletirem e tomar
de condição social, limitações, todavia para conhecimento de que prática poderá utilizar-se
receber e acolher a todos com qualidade é para alcançar o progresso do aluno com surdez,
necessário levar em consideração as isso deve ser alcançado contando com o apoio
especificidades, diferenças de cada aluno, de todos os envolvidos no processo de
lembrando ainda que cada pessoa aprende de educação escolar.
um jeito e necessita de recursos diferenciados Um bom começo é ter conhecimento sobre
para transformar toda informação em as necessidades educacionais de seus alunos,
conhecimento. somente com esse conhecimento poderá agir
A Educação Inclusiva significa um novo em prol da aprendizagem do seu aluno.
modelo de escola em que é possível o acesso e [...] Para se tornar-se inclusiva a escola
a permanência de todos os alunos, e onde os precisa formar seus professores e equipe de
mecanismos de seleção e discriminação, até gestão, e rever as formas de interação vigentes
então utilizados, são substituídos por entre todos os segmentos que a compõem e
procedimentos de identificação e remoção de que nela interferem. Precisa realimentar sua
barreiras para aprendizagem, (GLAT, BLANCO, estrutura, organização, seu projeto político-
2007, p.16). pedagógico, seus recursos didáticos,
As práticas pedagógicas adotadas por metodologias e estratégias de ensino, bem
professores da escola comum em relação à como suas práticas avaliativas, (GLAT, BLANCO,
escolarização do aluno surdo, na maioria das 2007, p.16).
vezes não condizem com as necessidades Os estudantes surdos precisam de
educacionais desse público, as metodologias professores que tenham conhecimento sobre a
utilizadas por professores devem ser revistas e diferenciação linguística desse grupo, sua
modificadas, pois segundo Damázio (2007), as cultura, para que os conteúdos curriculares
práticas pedagógicas constituem o maior sejam entendidos por eles, caso contrário a
problema quando se fala em escolarização de aprendizagem e o conhecimento não farão
alunos surdos, e não as limitações auditivas, por parte da vida escolar e social desses alunos,
isso a autora afirma que. tornando-se apenas um número dentro da
Torna-se urgente, repensar essas práticas escola.
para que os alunos com surdez, não acreditem Muitos educandos têm suas matriculas
que suas dificuldades para o domínio da leitura aceitas por força da legislação e tornam-se um
e da escrita são advindas dos limites que a número nas estatísticas educacionais.
surdez lhes impõe, mas principalmente pelas Frequentam as aulas, são integrados nas salas
metodologias adotadas para ensiná-los, de aula, mas não incluídos e, muitas vezes,
(DAMÁZIO,2007, p. 21). tornam-se “invisíveis” aos olhos dos colegas e
de muitos educadores, que não atendem às
suas especificidades e singularidades,
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para definir conceitos para a compreensão dos não conhecimento da sua língua materna,
alunos surdos. assim o atendimento educacional
O último momento pedagógico citado por especializado, garante esse aprendizado, além
Damázio (2007), é o Atendimento Educacional da Língua Portuguesa.
Especializado para o ensino da Língua Todavia, esse atendimento ainda não é uma
Portuguesa, é realizado em salas de recursos realidade, como já citado, o atendimento aqui
multifuncionais, também em horário diferente dissertado foi desenvolvido pela autora em sua
da sala de comum. escola, a Ameduca, criada em 1995, a
A autora discorre que o regente dessa sala experiência vivenciada pela autora em sua
deve ser um professor que conheça a língua a escola, serviu de base para uma cartilha do
ser trabalhada, visto que o objetivo desse Ministério da Educação e Cultura sobre o
momento é desenvolver a “competência Atendimento Educacional Especializado para
gramatical ou linguística, bem como textual”, pessoas com surdez.
além disso, para que esses objetivos sejam Segundo a autora, essa escola foi fundada
alcançados a sala deve conter. devido as suas fundadoras presenciarem em
Riqueza de materiais e recursos visuais sua trajetória na Educação Especial, momentos
(imagéticos) para possibilitar a abstração dos de escolarização dos alunos surdos que não
significados de elementos mórficos da Língua deram certo.
Portuguesa. Por não acreditarmos no modelo de escola
Amplo acervo textual em Língua Portuguesa, seriada, que busca a homogeneidade e
capaz de oferecer ao aluno a pluralidade dos descarta a heterogeneidade, que respalda a
discursos, para que os mesmos possam ter reprovação em detrimento da aprovação,
oportunidade de interação com os mais criando falsas imagens do mundo que nos
variados tipos de situação de enunciação. rodeia, fundamos, em 1995, uma escola: a
Dinamismo e criatividade na elaboração de Ameduca. Esta escola pretende valorizar,
exercícios, os quais devem ser trabalhados em reconhecer, acolher as qualidades de todos os
contextos de usos diferentes, (DAMÁZIO, 2007, que nela convivem e questiona a produção das
p.38;39). diferenças no processo educativo. Suas
O trabalho do professor desse atendimento atividades estão pautadas na inclusão e nas
também é em conjunto com o professor de possibilidades humanas. Propomos, nessa
LIBRAS e da sala comum, esse professor dá escola, um percurso curricular não seriado que
continuidade ao trabalho, porém, usando os permite o acompanhamento dos alunos ao
conceitos específicos em Língua Portuguesa, longo do desenvolvimento da aprendizagem,
afirma a autora. uma vez que o conhecimento se dá em ciclos
Dessa forma, o conjunto desses momentos completos da vida do ser humano, (DAMÁZIO,
pedagógicos de forma complementar ao ensino 2005, p.33).
da sala comum, garante uma inclusão de
qualidade as pessoas com surdez, pois, uma das
dificuldades encontradas por alguns alunos é o
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A organização do atendimento educacional do que a autora coloca, pois é a LIBRAS que está
especializado citado pela autora é de extrema sendo oferecida em turno contrário à escola
importância para a escolarização do aluno comum.
surdo, porém, dentro de uma educação Dessa forma, o acesso ao conteúdo
bilíngue, em que o surdo possa ser respeitado curricular está sendo feito somente no
na sua diferenciação linguística, tendo acesso a momento pedagógico em LIBRAS, e não
sua língua materna nas dependências da escola, também durante as aulas, embora sejam
na sua sala comum, nesse sentido, a autora utilizados recursos visuais, não garante o
discorda desse pensamento, pois no seu acesso ao conteúdo, é necessária a presença do
conceito o aluno surdo só tem acesso á ela nos interprete de Língua Brasileira de Sinais em sala
momentos específicos. de aula, direito esse garantido por lei, caso
A comunicação entre alunos ouvintes e com contrário, o aluno não fará parte da sala de aula
surdez nas salas de aula é predominantemente comum, ou seja, a verdadeira inclusão não
feita em L2 oral e escrita. Na sala de aula, os acontece, visto que o conteúdo curricular em
alunos com ou sem surdez não são impedidos LIBRAS só é abordado no atendimento
de usar a L1 para se comunicar, entretanto, o educacional especializado.
professor cria e utiliza o canal da L2, De acordo com o Decreto 5626, de5 de
possibilitando aos alunos com surdez, a dezembro de 2005, as pessoas com surdez têm
oportunidade de aprender a leitura labial, a direito a uma educação que garanta a sua
leitura e a escrita de palavras, frases e textos, formação, em que a Língua Brasileira de Sinais
(DAMÁZIO, 2005, p.83). e a Língua Portuguesa, preferencialmente na
Nesse sentido, durante a estadia do aluno na modalidade escrita, constituam línguas de
sala comum, não há compreensão do currículo instrução, e que o acesso às duas línguas ocorra
trabalhado em sala de aula, pois a língua de forma simultânea no ambiente escolar,
utilizada nesse momento é a L2, a Língua colaborando para o desenvolvimento de todo
Portuguesa, e não a L1, a LIBRAS, nem mesmo processo educativo, (ALVEZ, FERREIRA e
é interpretada por um interprete dessa língua. DAMÁZIO, 2010, p. 9).
Sabendo que no momento pedagógico em É nesse momento que entra o papel do
LIBRAS, o aluno consegue compreender o interprete de LIBRAS, ele é o responsável pela
conceito do conteúdo, entende-se que durante tradução simultânea da Língua Portuguesa para
a aula na sala comum esse conceito não é a Língua Brasileira de Sinais.
construído pelos alunos surdos, não É o profissional que domina a língua de sinais
acontecendo assim uma inclusão verdadeira. e a língua falada do país e que é qualificado para
O Decreto 5626/2005 em seu artigo 16 deixa desempenhar a função de intérprete. No Brasil,
claro que a Língua Portuguesa na sua forma oral o intérprete deve dominar a língua brasileira de
deve ser oferecida ao surdo e ao deficiente sinais e língua portuguesa, (QUADROS, 2004,
auditivo, em turno distinto ao da escola regular, p.27).
com o apoio das áreas da saúde e ainda se a
família optar por essa modalidade, ao contrário
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
As transformações ocorridas durante os anos levaram a compreensão de quais as
verdadeiras necessidades do estudante surdo para que haja interação com a família, escola e
sociedade.
Por meio das bibliografias, verificou-se que por muitos anos a população surda sofreu por
não terem acesso a educação, porém, com o decorrer da história e a elaboração de documentos
que levaram a promulgação das leis existentes hoje, garantindo o direito à uma educação de
qualidade ao lado de todas as pessoas, sendo respeitados suas especificidades educacionais
especiais, dentre essas conquistas o Atendimento Educacional Especializado que dá suporte e
complementando e somando para a evolução escolar do alunos surdos ou com deficiência
auditiva.
Todavia percebe-se que esse atendimento é algo novo, que necessita de expansão, o
direito a esse atendimento vem sendo garantido desde a Constituição Federal de 1998, porém,
somente em 2005 com o Decreto 5626/2005, passou a se tornar realidade.
Posto isso, considera-se que esse atendimento é de extrema importância para esse público
alvo, contudo ainda há muito que fazer para que os alunos surdos tenham acesso à educação de
qualidade e possam desfrutar de um ambiente favorável a sua vida educacional, dentre eles é ter
a sua disposição o atendimento que garanta isso.
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REFERÊNCIAS
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escolarização das pessoas com surdez. Brasília. Ministério da Educação, Secretaria da
Educação Especial. Fortaleza. Universidade Federal do Ceará. 2010.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988.
Disponível em:http://www.planalto.gov.br.Data de Acesso:22/02/2020.
BRASIL. Lei 10436 de 24 de abril de 2002. Regulamentada pelo Decreto lei nº 5626 de 22 de
dezembro de. 2005, Brasília. Disponível em: http://www.planalto.gov.br. Data de
Acesso:22/02/2020.
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proposta inclusiva. Universidade Estadual de Campinas. Campinas. 2005. Disponível in:
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proposta inclusiva. Universidade Estadual de Campinas. Campinas. 2005. Disponível in:
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GLAT, Rosana; BLANCO, Leila de Macedo. Educação Especial no contexto de uma Educação
Inclusiva; in: GLAT, Rosana. Educação Inclusiva: cultura e cotidiano escolar. 7 letras. Rio de
janeiro, 2007.
QUADROS, Ronice Müller de; KARNOPP, Lodenir Becker. Língua de Sinais Brasileira:
estudos linguísticos. Artmed Editora, Porto Alegre, 2004.
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
RESUMO: Este artigo tem como tema “A formação didática de professores para a prática na
docência do ensino superior”, enfatizando a necessidade de formação específica para docentes
que atuam em universidades e faculdades, compreendendo que a prática desses profissionais
deve estar voltada, principalmente, para a realidade dos alunos e para as suas necessidades.
Como questão central elencamos: como a formação didática do docente superior contribui para
a prática baseada no ensino-aprendizagem de elementos pertencentes à realidade do aluno, ao
que lhe será útil em sua vida acadêmica? Para elucidar o problema, objetivamos demonstrar a
necessidade e relevância da formação docente didática para atuar no ensino superior bem como
desenvolver um estudo teórico acerca das especificidades didáticas do acadêmico superior;
indicar necessidades e perspectivas em relação ao ensino-aprendizagem das instituições
superiores. A temática justifica-se em virtude de sua relevância e pertinência. Optamos pela
pesquisa de cunho qualitativo, por meio de pesquisa bibliográfica. Considera-se que a formação
superior e continuada deve incluir metodologias voltadas à didática, de maneira a que o professor
tenha melhores condições planejar adequadamente sua ação prática.
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profissional que os levou da teoria para a possam encontrar possíveis respostas e, assim,
docência. subsidiar o tema desenvolvido.
O problema que se apresenta é: como a Ratifica-se a pesquisa bibliográfica,
formação didática do docente superior classificando-a, conforme Marconi e Lakatos
contribui para a prática baseada no ensino- (2007, p.185), como exploratória, haja vista que
aprendizagem de elementos pertencentes à tratará o tema e suas vertentes à luz de
realidade do aluno, ao que lhe será útil em sua conceitos preexistentes.
vida acadêmica e profissional? a bibliografia pertinente “oferece meios para
Objetivamos demonstrar a relevância da definir, resolver, não somente problemas já
formação docente didática para atuar no conhecidos, como também explorar novas
ensino superior, bem como desenvolver um áreas onde os problemas não se cristalizaram
estudo teórico acerca das especificidades suficientemente” e tem por objetivo permitir
didáticas do acadêmico superior; explicar sobre ao cientista o reforço paralelo na análise de
o novo perfil de alunos do ensino superior e suas pesquisas ou manipulação de suas
como o professor pode trabalhar a pesquisa de informações, (MARCONI e LAKATOS,2007,
maneira a melhorar o desempenho destes; p.185).
indicar necessidades e perspectivas em relação A partir das leituras realizadas, será
ao ensino-aprendizagem das instituições desenvolvido o devido fichamento das mesmas
superiores. para que se possa argumentar, conceituar e
analisar, de maneira crítica, as ideias enfocadas.
METODOLOGIA Importa esclarecer que a escolha da
literatura buscará privilegiar obras atuais,
O estudo traçado para o desenvolvimento do
entretanto há casos em que obras mais antigas
artigo será uma pesquisa bibliográfica, de
serão referendadas, haja vista a sua
fontes secundárias, de maneira que esta
importância em relação ao tema e sua
embase a argumentação a partir de estudos e
influência sobre alguns autores
pesquisas de autores sobre o tema ou afins.
contemporâneos.
A respeito deste tipo de pesquisa, Marconi e
As fontes pesquisadas serão apenas livros e
Lakatos (2007), destacam:
artigos, fazendo-se desnecessários quaisquer
A pesquisa bibliográfica, ou de fontes
outros documentos escritos, ou seja, fontes
secundárias, abrange toda bibliografia já
secundárias.
tornada pública em relação ao tema de estudo,
Os recursos e serviços secundários são os de
desde publicações avulsas, boletins, jornais,
indexação e resumo, devendo ser esclarecido
revistas, livros, pesquisas, monografias, teses,
que, aqui, indexação é usada no seu sentido
material cartográfico etc. (MARCONI e
lato, embora a estrutura adotada nesse serviço
LAKATOS, 2007, p.185).
inclua os descritores, isto é, “termos escolhidos
A partir da leitura de autores como Freire
como expressão preferencial de conceitos,
(1997), Santos (2000), Santos e Varela (2007) e
numa linguagem de indexação”, além do
Luckesi (2002), se buscará adquirir
embasamento teórico, de maneira que se
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resumo (THESAURUS ,apud, PINHEIRO, 2007, p. qualitativa, se dará pela aproximação com o
2). tema.
Os dados construídos a partir das leituras e Os dados recolhidos são designados por
fichamentos serão explicitados por meio de qualitativos, o que significa ricos em por
texto argumentativo, tendo por idealização a menores descritivos relativamente a pessoas,
abordagem do tema delimitado. locais e conversas, e de complexo tratamento
Não serão necessários gráficos, tabelas, estatístico. “As questões a investigar não se
figuras ou qualquer outro tipo de tabulação ou estabelecem mediante a operacionalização de
ilustração, apenas o texto argumentativo, variáveis, sendo, igualmente, formuladas com o
numa abordagem qualitativa. objetivo de investigar os fenômenos em toda
Segundo Miles e Huberman (1994), a sua complexidade e em contexto natural,”
pesquisa qualitativa possui as seguintes (BOGDAN e BIKLEN, 1994, p.16)
características: Também far-se-á uso da pesquisa descritiva
1) O papel do pesquisador é de adquirir e exploratória. Sobre a primeira, Castro (1996),
uma visão [...] sistemática, integrada [...] do detalha que:
contexto em estudo; [...] o pesquisador tenta Quando se diz que uma pesquisa é descritiva,
captar dados sobre a percepção dos atores se está querendo dizer que se limita a uma
locais [...], por meio de um processo de descrição pura e simples de cada uma das
profunda atenção [...] dos preconceitos sobre o variáveis, isoladamente, sem que sua
tópico a ser discutido; ao ler [...] os materiais, o associação ou interação com as demais sejam
pesquisador pode isolar alguns temas e examinadas, (CASTRO, 1996, p. 66).
expressões que podem ser revistos com os Em relação à pesquisa exploratória:
informantes, mantendo sua forma original ao As pesquisas exploratórias têm como
longo do estudo; a tarefa principal é a de principal finalidade desenvolver, esclarecer e
explicar [...] como as pessoas veem, entendem, modificar conceitos e ideias, tendo em vista, a
consideram, tomam decisões [...]; a maioria das formulação de problemas mais precisos ou
análises é feita em palavras. Essas palavras hipótese pesquisáveis para estudos
podem ser reunidas, subagrupadas ou posteriores. De todos os tipos de pesquisas,
quebradas em segmentos semióticos. Podem estas são as que apresentam maior rigidez no
ser organizadas para permitir ao pesquisador planejamento. Habitualmente envolvem
contrastar, comparar, analisar e conferir levantamento bibliográfico e documental,
padrões entre elas, (MILES e HUBERMAN, 1994, entrevistas não padronizadas e estudos de
p.84;85). caso. Procedimentos de amostragem e técnicas
2) quantitativas de coleta de dados não são
A pesquisa qualitativa “[...] supõe o contato costumeiramente aplicados nestas pesquisas,
direto e prolongado do pesquisador com o (GIL, 1999, p. 43).
ambiente e a situação que está sendo Assim, ratifica-se que os tipos de pesquisa
investigada [...]” (LUDKE; ANDRÉ, 1988, p. 11), escolhidos visarão uma abordagem mais
a escolha da pesquisa, seguindo uma linha
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Destaca-se que não há uma teoria definida inovação por parte do docente, sobre isso,
como a perfeitamente correta e adequada ao Santos (1997, p. 85), esclarece que,
processo ensino-aprendizagem. Cada uma [...] o professor é um intermediário entre o
agrega ideais de uma época e de seus aluno e o conhecimento, assumindo um papel
precursores. O docente pode se valer das ideias importante na formação do indivíduo. “É
que julgar mais interessantes ao seu trabalho, preciso ter em mente a diferença entre
(FREIRE, 1996). erudição e sabedoria, pois o verdadeiro
Conforme Libâneo (2001), os professores conhecimento tem que ser internalizado, as
não podem, de forma nenhuma, se informações não devem ser apenas
desvencilhar do conteúdo da sua disciplina, assimiladas, mas precisam provocar as devidas
contextualizando e orientado o aluno para que transformações na nossa linha de pensamento,
o faça ser aplicado e útil na sua vida prática. caso contrário, serão apenas palavras que irão
Para isso, a escolha e aplicação do conteúdo ornamentar nossa erudição.
deve ser direcionado a sua utilidade prática e Por intermédio desse esclarecimento de
ao seu teor científico. Perrenoud (2002), impõe Santos, entende-se que grande parte dos
os conteúdos como forma substancial dos educadores busca seguir algum modelo de
indivíduos se envolverem e interferirem sobre ensino, podendo ser o que conhece da sua
a realidade que os cerca. formação, de literatura na área, de colegas de
Sem pretender afirmar que a formação trabalho ou mesmo por meio do conhecimento
acadêmica dos professores é ideal, temos de histórico. Não há de se considerar que o que
reconhecer que ela é inferior à sua formação funcionou em relação à aprendizagem de outra
didático-pedagógica. O desequilíbrio é grande turma ou professor, em estudos científicos, ou
no ensino médio e maior ainda no superior, já em determinado ano ou século funcionará
que uma parte dos professores ocupa sua agora; entretanto, pode também dar certo, a
função sem ter nenhuma formação didática, partir de adaptações condizentes com a
(PERRENOUD, 2002, p. 49). atualidade.
Nesse sentido, a Didática se instala entre o O profissional pode se voltar a seus próprios
pedagógico e a docência. Isto significa que ela valores se eles forem capazes de guiá-lo sem
faz a ligação entre o “para quê” (opção político- hesitação e de fazê-lo investir na luta contra o
pedagógica) e o “como” da prática escolar (a fracasso e o elitismo, na educação para a
prática docente). cidadania ou na instrução propriamente dita,
Ao que se percebe o discurso do docente na negociação ou na sanção. Alguns
superior pode ser entendido como profissionais têm o azar e a sorte de duvidar.
progressista, atualizado, crítico e reflexivo; Eles não têm certeza de saber que linhas de
entretanto, sua prática, ainda está inserida na conduta devem adotar. Nesse caso, eles
concepção tradicional e tecnicista de ensino. precisam dispor dos recursos intelectuais
Ou seja, teoria e prática se apresentam capazes de reconstruir certezas provisórias.
distanciadas. Nesse sentido, é importante Isso poderá ser alcançado com maior facilidade
se trabalharem em equipe, mas não os
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dispensará de refletir, de pesar os prós e os mas também como indivíduo, para sua
contras, de pensar nas contradições e de buscar realização plena e a promoção da sua real
um ponto de equilíbrio desconfortável, que satisfação.
representa um frágil compromisso entre Dentro desta concepção, logo se percebe
valores e finalidades contrapostos, que tratar de currículos é muito complicado,
(PERRENOUD, 2002, p. 55). uma vez que este deve formar e informar a
Por outro lado, Freire (1996), afirma que pessoa humana em sua globalidade,
existem docentes voltados a um trabalho mais conciliando teoria e prática, transmitindo
direcionado ao conteúdo e sua funcionalidade, valores, conhecimentos e habilidades.
bem como a realidade do aluno. Em atual revolução tecnológica pede-se que
A prática desses profissionais, educadores, os currículos estejam sempre atualizados em
não deve jamais estar voltada a modismos a todos os campos do conhecimento científico e
ideias desconhecidas e a fórmulas de se educar. informados acerca das práticas tecnológicas
É preciso, antes de tudo ter perfil para ser mais recentes. Na era da Globalização, exige-se
educador, coerência para traçar suas metas e que os currículos devam preparar também o
coragem para alcançá-las. indivíduo para ser um cidadão do mundo.
A prática docente superior, como a dos Ao pensar assim, tem-se que teoricamente
demais (infantil, fundamental e médio), se os currículos superiores deveriam ser muito
constrói em um determinado contexto, em um amplos, modificados cotidianamente e, além
determinado tempo histórico, adquirindo disso, variados de acordo com o local onde o
novas características para responderem a indivíduo está inserido. Mais complicado ainda:
novas demandas da sociedade, portanto, não é “a cada estudante teria que corresponder um
um dado imutável, é algo que caminha com currículo específico, pois a rigor a experiência
evolução da humanidade. de vida individual deve ser considerada em sua
determinação” Kilpatrick, citado por Moreira,
O DOCENTE SUPERIOR E O et al (2002, p. 21).
Até pouco tempo atrás, só se conhecia o
CURRÍCULO cenário de salas de aulas isoladas umas das
Segundo Willian Kilpatrick, citado por outras, limitadas em recursos, com mesas e
Moreira, et al (2002, p. 19), em parte, “O cadeiras dispostas em filas, o professor
currículo é qualquer experiência dentro ou fora desempenhando sua função de dono do saber,
da escola que tenha como meta preparar o a apresentação de informação limitada ao uso
indivíduo para cumprir de forma efetiva e de livros, textos, quadro-negro e quase sempre
responsável o seu papel de cidadão, de forma linear e sequencial. Neste cenário o
colaborando na construção de uma sociedade aluno é um elemento passivo, um mero
melhor.” Mas não apenas isso. receptor de informações preparadas pelo
O currículo, ainda para este autor, deve sistema educacional. São poucas as
formar e informar a pessoa humana em todas oportunidades para a simulação de eventos
as suas dimensões, não somente como cidadão, naturais ou imaginários, tanto para aumentar a
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O ponto de partida para a ação pedagógica Essa aprendizagem, a partir da prática social
na sala de aula, é o saber que o aluno já traz de alunos e professores, possibilita a
para a escola. Este saber o aluno adquire por construção de conceitos significativos em várias
meio do senso comum em sua vida diária, pela perspectivas, nas diferentes disciplinas.
observação e informações assimiladas: Para a construção do conhecimento numa
observação da realidade que o cerca e dimensão de aprendizagem significativa, é
informações veiculadas pela família, pela imprescindível, de acordo com Fernandes
instituição, na qual estuda, pelos grupos a que (2004):
pertencem e meios de comunicação de um Considerar o conhecimento prévio que o
modo geral. aluno possui;
Pela mediação do professor que domina Criar condições para desenvolver no aluno a
conhecimentos específicos, o aluno confronta o capacidade de observação, de reflexão, de
saber do senso comum com o conhecimento crítica sobre a sua realidade existencial;
elaborado que está nos “conteúdos básicos” ou Lançar mão do saber sistematizado,
nos livros e constrói os seus significados, os organizado, historicamente produzido, para
seus conceitos, com compreensão própria. ajudar o aluno a construir significados que lhe
Essa construção do conhecimento se dá pela permitam compreender a sua realidade e nela
interação dialógica professor-aluno como poder intervir, (FERNANDES, 2004, p.32).
sujeitos ativos, construtores desse A viabilização dessa proposta está
conhecimento – os alunos deixam de ser diretamente relacionada à efetivação da
passivos, no sentido de receber o prática pedagógica na sala de aula, por meio
conhecimento pronto, transmitido pelo dos encaminhamentos didáticos utilizados pelo
professor e, passam a ser ativos em relação à professor.
construção do conhecimento.
De acordo com Fernandes (2004): O DIFERENCIAL DO DOCENTE
professores são sujeitos concretos e
atuantes no cenário educacional, enquanto SUPERIOR QUE POSSUI
sujeitos dotados de múltiplas determinações, FORMAÇÃO DIDÁTICA FRENTE A
que incorporam modelos e aspirações sociais,
mas também elaboram suas sínteses pessoais,
SUA PRÁTICA
Ao se decidir por determinada forma de
participando da construção social do conceito
atuar em sala de aula, é importante tornar bem
de qualidade de ensino, (FERNANDES ,2004, p.
claro o porquê da opção e a que resultados
1).
concretos se chegará.
O ensino e a aprendizagem são processos
A atuação pedagógica deve estar voltada
contínuos, dinâmicos, de interação professor-
para a realidade, deve ser contextualizada.
aluno, em que se relacionam o “saber fazer”
Nessa intenção, também deve se inserir a teoria
(metodologias) e o “saber” (conteúdo) para
ensinada e a prática. Assim, por exemplo, não
uma aprendizagem significativa, duradoura e
há como o aluno estudar um assunto sem se dar
compreensiva.
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conta ao que ele pode contribuir para a sua perspectiva, hão de dar conta do que é
atuação enquanto cidadão. concreto e significativo na realidade do aluno e,
Cada professor tem suas vivências na ainda, daquilo que ele precisa alcançar em
formação acadêmica e constrói sua identidade matéria de conhecimento elaborado, para
vocacional e profissional na interação com os tornar maior seu entendimento sobre o real e
alunos por meio de uma pratica reflexiva na potencializar sua possibilidade de uma atuação
experiência cotidiana. O professor em primeiro mais consciente, consequente e eficaz.
lugar é um educador, logo ele precisa exercer Para Covos, et al (2018), percebe-se, nos
uma liderança democrática, na qual possa cursos de graduação, quer sejam de
dividir, na maioria dos casos, o poder de licenciatura ou bacharelado, é uma delimitação
decisão sobre os assuntos criando e teórica, direcionada e baseada na formação
estimulando a participação de todos, (LEITE, “conteudista” do acadêmico. Esse modelo de
2009, p. 76). formação não mais se adapta ao padrão
Destaca-se, aqui, o ensino acadêmico, tradicional do mercado de trabalho, que deseja,
Superior, no qual muitas vezes o currículo e o antes de profissionais gabaritados na teoria,
próprio professor visam o conhecimento saibam lidar com as relações interpessoais de
específico e não oportunizam o aluno a estar maneira eficaz, que saibam resolver problemas
desenvolvendo suas ideias a partir dele, para inerentes à profissão que exercerem, que
que extraia ao máximo tudo o que lhe for consigam ser práticos e eficientes, acima de
interessante. tudo.
[...] o docente do ensino superior é um Assim é que ressurge a necessidade de o
profissional da educação, pois somente com a educador conhecer seu educando e, ainda que
união dos conhecimentos específicos da área, ele não receba estas informações da escola,
com os conhecimentos pedagógicos, é que se cabe a ele mesmo imergir no mundo de seus
constitui uma prática eficaz, capaz de formar educandos para que seja capaz de
profissionais e cidadãos, críticos e conscientes contextualizar sua prática de acordo com o
(LEITE, 2009, p. 81). universo destes (TAFNER, 2008, p. 02).
Afinal, o cidadão/acadêmico que se pretende Não se deseja, aqui, afirmar que os
formar há de ser crítico, criativo, capaz de conteúdos sejam dispensáveis. Ao contrário,
estabelecer relações e fazer julgamentos; há de deseja-se mostrar que sozinhos não são o ideal,
ser atuante, responsável e comprometido com de que é preciso que as instituições de Ensino
o que faz; deve ser bem informado, capaz de Superior repensem a sua prática, para que ela
interpretar sua realidade e nela intervir; ser seja voltada ao que o aluno de fato necessite na
ainda solidário, capaz de ser perceber no grupo sua atuação futura (COVOS, et al, 2018).
e atuar no sentido de seu fortalecimento e de Dessa forma, o que se deseja mostrar é que
sua coesão. teoria e prática devem estar contextualizadas,
Isso exige da instituição de ensino clareza de maneira que o aluno possa se fortalecer
quanto às suas intenções e suas ações. As quando ingressar na profissão desejada.
situações de ensino-aprendizagem, nessa
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Enfim, situações de ensino que informem e educação está cada vez mais em alta e somente
interpretem a vida, produzindo aprendizagens quem souber extrair dele todas as suas
significativas, que desenvolvam as vantagens terá chances de competir na
potencialidades, habilidades, aptidões, realidade feroz que nos cerca (TAFNER, 2008, p.
capacidades mentais e, ao mesmo tempo, 08).
fortaleçam a autonomia, o sentido da partilha, Tal atuação há de se constituir, portanto,
da cooperação, da ajuda mútua, assim como o numa perspectiva que possibilite a participação
sentimento de solidariedade, de coesão, de ativa do aluno num processo dinâmico de
responsabilidade e de comprometimento ensino-aprendizagem e o desenvolvimento de
consigo mesmo, como o outro, com o grupo e sua capacidade de observação, de reflexão, de
com a própria vida. crítica e de criação. Essa participação deve
Por outro lado, a convivência entre permear todo o processo de desenvolvimento
educando e educador na sala de aula do projeto, desde a sua concepção passando
atualmente atesta que o ensino está pelo acompanhamento das ações previstas e a
totalmente desligado da vida real do educando. correspondente avaliação.
Parece que o educador, ao entrar em sala,
esquece de todo o restante do mundo: dos
conflitos mundiais, da globalização, das
injustiças sociais, enfim, é como se as paredes
da sala de aula impedissem a entrada de
objetos estranhos não previstos pelo programa
adotado pela escola (TAFNER, 2008, p. 02).
A partir desse referencial é possível definir os
objetivos ou os resultados a que se precisa
chegar, de modo que a atuação pedagógica, por
meio da contextualização da teoria e da prática,
assegure a formação desse aluno/cidadão,
dando vida à concepção de educação pela qual
se opta.
A importância da contextualização e
interação no processo de ensino-
aprendizagem. Ainda que eles não ocorram
dentro do local ideal – na universidade como
era de se esperar –, não há desculpas para o
educador atuar também de forma negligente.
Ele mesmo sabe os efeitos de um ensino que
esquece o educando. Tornam-se, dessa forma,
obrigatórias ações em sala de aula que insiram
o educando no mundo real, visto que o produto
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Grande parte das intuições superiores tem a ideia de que o acadêmico necessita apenas
dos conteúdos programáticas para que a sua atuação profissional seja eficiente. De fato, isso se
mostra muito importante. Entretanto, mais que isso, é relevante que esse profissional em
formação adquira informações, conceitos e ideias que o auxiliem nas relações interpessoais, na
resolução de conflitos, na constituição de sua ética profissional, entre outros.
É possível, hoje, diferenciar o professor que se utiliza de posturas tradicionais e o que se
utiliza de posturas mais atuais.
No entanto, muitas vezes essas posturas se confundem e se aproximam, fazendo com que
se perceba que não há um modelo de educação superior (ou em outro nível de ensino) a ser
seguido, e o que realmente funciona é que atende aos alunos de forma imediata. O que as
diferencia, de fato, é que nas tradicionais o aluno é considerado um ser passivo, cujo papel é
apenas o de escutar, repetir e reter o conhecimento dado pelo professor.
Nas mais atuais, o aluno é visto como alguém que contribui para sua aprendizagem de
forma ativa: seleciona, assimila, interpreta e generaliza informações sobre seu meio físico e social.
Essa mudança na forma de compreender o papel do aluno implicou uma revolução na forma de
conceber o ensino, alterando a postura do professor.
Antes, se ao professor cabia apenas transmitir o conhecimento de forma pronta e acabada
para seus alunos, agora espera-se que ele seja o mediador entre os alunos e o conhecimento a
ser adquirido.
Constata-se que no processo de ensino-aprendizagem a história particular do aluno deve
ser considerada. O autoconhecimento do aluno influencia em sua capacidade de aprender. Isso
ocorre porque cada um, com base nas interações que são mantidas com os outros, vai
conhecendo suas possibilidades e seus limites, valorizando ou depreciando alguns de seus
aspectos.
Percebeu-se que a aprendizagem deve ser significativa, isto é, relevante para a vida do
aluno e articular-se com seus conhecimentos anteriores. Para que as aprendizagens sejam
significativas, é preciso que o professor saiba programar atividades e criar situações adequadas,
de maneira que se possam articular os conhecimentos escolares aos conhecimentos prévios do
aluno. Dessa forma, a articulação dos novos conhecimentos com os antigos formam uma
estrutura cognitiva – uma forma de pensar sobre si e sobre o real – mais sofisticada e complexa.
Compreende-se que aprender motiva mais quando o aluno já tem alguma ideia do que está
sendo ensinado e foi informado sobre como os novos conhecimentos podem fazer sentido sem
sua vida. Para o ensino se tornar efetivo, é preciso que ele seja motivador – e ele é motivador
quando tem significado para o aluno. Todas as visões de ensino-aprendizagem concordam que a
motivação é importante.
Também se faz eficaz a aprendizagem vivenciada, que é duradoura, haja vista que sempre
que os alunos têm a oportunidade de exercitar seus conhecimentos, aplicando-os em atividades
práticas, a aprendizagem fica mais sólida.
240
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2Foi um movimento realizado por pedagogos influenciados pelas ideias de Rousseau, que pregavam contra as
mazelas da civilização, originando uma nova ideia da criança e da natureza.
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• Influências Lusitanas
É possível notarmos a influência lusitana em
nosso folclore por meio de versos; adivinhas;
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3 Em 1283, o Rei Castille Alfhose X, redigiu o primeiro livro sobre jogos da literatura européia, onde descreveu
diversos jogos, tais como: jogos de ossinhos (ou saquinhos), o xadrez; tiro ao alvo; o gamão; jogo do fio (cama-de-
gato); jogos de trilha; amarelinha; o pião; entre outros.
4
Obras recomendadas: Casa grande e senzala (Gilberto Freire); Menino de engenho (José Lins do Rego); A
educação nacional (José Veríssimo); O folclore negro no Brasil (Arthur Ramos); Paraíba em preto e branco (Waldice
Mendonça Porto).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Vale ressaltar que por meio análises acerca das relações sociais que o jogo mantém com
outras situações didáticas, o porquê de uma estratégia tão precisa e imbuída de teorias
pedagógicas ainda ser rechaçada em alguns contextos da realidade educacional vigente.
Verificou-se que a eficácia do método lúdico é assinalada pelo paralelo que ele mantém
entre o cotidiano do aluno e o conteúdo curricular proposto no ensino. Essa ideia é fortificada
quando se observa que linearmente o jogo está inserido no decorrer da vida humana.
A contemporaneidade da ludicidade esbarra na condição minimizada que o educador
trabalha. O que muitas vezes ocorre por esse seguir um paradigma antiquado e passadista, quanto
às tendências pedagógicas.
Distinguindo dos alunos, por acreditar ser detentor do conhecimento, quando na verdade,
se analisada a fala de Freire, (1987):
Já agora ninguém educa ninguém, como tampouco ninguém educa a si mesmo: os homens
se educam em comunhão, mediatizados pelo mundo. Mediatizados pelos objetos cognoscíveis
que, somente nessa prática ' bancária ', são possuídos pelo educador que os deposita nos
educandos passivos (FREIRE, Paulo. 1987, p. 69).
De outra forma, a metodologia lúdica é suprimida pelo sistema educacional coetâneo, quer
dizer por reflexos que ele leva à sala de aula, pois a realidade é ambígua, a universalização e a
democratização do ensino, pressupostas nas diretrizes educacionais, não ocorrem com eficácia,
já que também não há, continuamente, o aperfeiçoamento profissional do educador, para que
ele seja conhecedor dessas e tenha multiplicidade de metodologias, sendo orientado sobre como
usufruí-las de maneira proveitosa.
Outro fator condizente com essas discussões abrange o nosso sistema sociopolítico. Assim,
seguindo uma ordem cronológica, pode-se dizer de diferentes formas que houve evolução quanto
ao trabalho com jogos e brincadeiras dentro da escola, o que também se deu porque se mudou a
visão que se tinha da criança enquanto sujeito.
Entretanto, ainda não mudamos alguns princípios, os quais ainda caracterizam a sociedade
como tradicionalista, na qual a criança, em muitos momentos, volta a ser considerada um mini
adulto, e então se restringe seu espaço lúdico, dedicando-lhe entretenimentos, como televisão e
videogame, que, muitas vezes, são ideologicamente violentos.
É fundamental que tenhamos princípios teóricos, metodológicos e didáticos em relação as
contribuições dos jogos e suas contribuições na aprendizagem significativa e desenvolvimento
integral das crianças.
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REFERÊNCIAS
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
A HISTÓRIA DA ARTE
Élida de Sousa Machado1
RESUMO: O artigo apresenta a trajetória da arte e sua fundamental importância na vida humana.
Destacamos a a história da arte, a arte pré-histórica, a arte na pré-história brasileira. Nesta
perespectiva utilizamos aportes teóricos propondo uma tessiura do tema considerando a
relevancia e pertinencia da arte ao longo dos tempos.
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criação artística com os homens da caverna, na que os missionários jesuítas tiveram por
pré-história, com ilustrações de figuras de praticamente dois séculos, na educação
desenhos em cavernas e pedras, a chamada brasileira, em especial, nas suas demonstrações
Arte Rupestre, que fazem parte de um acervo artísticas que envolvem o Barroco com
preservado que abarca nossa história. influencias européias, com suas grandes obras,
Nesse ciclo histórico foram produzidas as principalmente em igrejas de todo o Brasil. A
Sete maravilhas do mundo antigo: as famosas trajetória do ensino de Arte, desde a chegada
Pirâmides e o Farol de Alexandria, localizados dos jesuítas até a atualidade, teve avanços
no Egito; o significativos, com novos pensamentos e
Colosso de Rodes, a estátua Criselefantina de concepções do que seja efetivamente o ensino
Zeus, o templo de Artêmis e o Mausoléu de de Arte.
halicarnasso, na Grécia; e os Jardins suspensos
da Babilônia, no Iraque. A HISTÓRIA DA ARTE
E o papel fundamental que os missionários A história do Ensino da Arte é um tema
jesuítas tiveram por praticamente dois séculos, importante a ser estudado, pois é por meio da
na educação brasileira, em especial, nas suas análise sócio histórica do passado que podemos
demonstrações artísticas que envolvem o compreender o presente. É preciso destacar
Barroco com influências européias, com suas
que o conceito de Arte foi se ampliando com o
grandes obras, principalmente em igrejas de
passar do tempo, como uma linguagem uma
todo o Brasil. A trajetória do ensino de Arte, forma de expressão, sendo assim, é certo que a
desde a chegada dos jesuítas até a atualidade, Arte é uma manifestação humana essencial que
teve avanços significativos, com novos esteve sempre presente nas culturas de um
pensamentos e concepções do que seja povo desde a antiguidade, representadas pela
efetivamente o ensino de Arte. arte rupestre até os dias de hoje.
A finalidade de apenas ressaltar o estudo da É chamado de “Arte Rupestre” o tipo de arte
História da Arte na Pré- História, foi de mostrar
mais antigo da história, mesmo antes de o
que a arte tem uma existência em si própria, na
homem iniciar a escrita, com início no período
convivência do ser humano com o mundo que Paleolítico Superior. A Arte Rupestre é
o cerca, na existência e na construção de encontrada em todos os continentes e divide-
saberes que permitem ao homem construir sua se em dois tipos:
inteligência criativa e assim, modificar a
A pintura rupestre, compreende as
sociedade em que vive.
composições feitas com pigmentos; A gravura
Consideramos a História da Arte como um
rupestre, que são as imagens gravadas em
tema de grande importância, porque é por
incisões na própria rocha.
meio da análise sócio histórica do passado que
A arte rupestre engloba desenhos, símbolos
podemos compreender o melhor o presente.
e sinais pré-históricos que foram feitos em
Partindo disso, vamos abordar o início da
tetos, paredes e outras superfícies de cavernas,
criação artística com os homens da caverna, na
assim como em abrigos rochosos e ao ar livre.
pré-história, assim como o papel fundamental
Geralmente, estas representações artísticas
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canudo sobre a mão pousada na parede da artística de que se tem conhecimento. Nesse
caverna. A região em volta da mão fica colorida período a arte é considerada em todas as
e a parte coberta, não, como um estêncil, se manifestações que se desenvolveram antes do
comparado nos dias de hoje. Com isso, obtinha- surgimento das primeiras civilizações e,
se a silhueta da mão, como um filme em portanto antes da escrita. Isso pressupõe uma
negativo, daí o nome “Mãos em negativo”. grande variedade de produções, por povos
O homem da caverna também usava óxidos distintos, em locais diferentes, mas com
minerais, ossos carbonizados, carvão, vegetais algumas características comuns.
e sangue de animais em suas pinturas. Os Com o desenvolvimento da agricultura e o
elementos sólidos eram esmagados e início da metalurgia, entre os anos 8.000 e
dissolvidos na gordura dos animais por eles 4.000 a.C, constituem os aspectos principais da
caçados. Acredita-se que inicialmente chamada revolução neolítica. Nesse período,
utilizavam o próprio dedo como pincel, mas há também conhecido como idade da pedra
indícios de terem empregados pinceis feitos de polida, os homens agrupam-se em povoados e
penas e pelos. começam a dividir os trabalhos que permite a
A Arte Rupestre, foi descoberta em muitos produção e a comunicação com outros grupos.
lugares do mundo, mas as mais estudadas são Surge então a escrita, demarcando o período
as das “cavernas de Lascaux e Chauvet, França, das grandes civilizações como da mesopotâmia
de Altamira, Espanha, de Tassili, na região do do Egito, da Grécia e de Roma.
Saara, África, e as do município de São Nesse ciclo histórico foram produzidas as
Raimundo Nonato, no Piauí, Brasil. As pinturas Sete maravilhas do mundo antigo: as famosas
rupestres que mais se destacam são as Pirâmides e o Farol de Alexandria, localizados
chamadas “mãos em negativo” e os desenhos e no Egito; o Colosso de Rodes,a estátua
pinturas de animais. As mãos em negativos são Criselefantina de Zeus, o templo de Artêmis e o
um dos primeiros registros deixados pelos Mausoléu de halicarnasso, na Grécia; e os
nossos ancestrais, no período da Pré-História Jardins suspensos da Babilônia, no Iraque.
chamado Paleolítico. No período Paleolítico a principal
O período Paleolítico, também conhecido característica dos desenhos da Idade da Pedra
como período da pedra lascada é o período Lascada é o naturalismo, na qual o artista
mais longo e antigo da história que aconteceu pintava os animais ou humanos, do modo como
por volta de 3,5 milhões a 10.000 anos a.C. Os o via de uma determinada perspectiva,
grupos viviam em pequenos bandos abrigando- reproduzindo a natureza tal qual sua vista
se em cavernas; se alimentavam de caças, captava. Acredita-se que essa arte era realizada
pesca e coletas de frutas que encontravam na por caçadores e que fazia parte do processo de
própria natureza; desenvolviam lentamente a magia por meio do qual procurava-se interferir
linguagem oral e construíam instrumentos com na captura de animais, ou seja, o pintor-caçador
ossos e pedras. do Paleolítico supunha ter poder sobre o animal
Enfim, a arte do Paleolítico refere-se ao início desde possuísse a sua imagem.
da história da arte, a mais antiga produção
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Acreditava-se que poderia matar o animal musteriense. Nesta época também surgiram os
verdadeiro desde que o representasse ferido sambaquis, que foram os primeiros hominídeos
mortalmente num desenho. Realizavam as encontrados na América do Sul, situados
pinturas rupestres, feitas em rochedos e principalmente em áreas litorâneas.
paredes das cavernas, caracterizando sua No paleolítico médio os homens começaram
forma de vida. Para fazer as pinturas com a tradição cultural de reservar um lugar
encontradas nas paredes das cavernas, o para depositar os restos mortais de seus entes
homem pré-histórico usava pedaços de rochas, queridos e todos os pertences deles, como,
sangue de animais, argila, saliva, ossos e outros vestes, colares, cerâmicas e ferramentas, além
materiais. de também depositarem no mesmo local
Na Pré-História pode-se destacar os períodos conchas e restos mortais de animais. Com isso
em que aconteceram grandes evoluções no iniciava um conceito primitivo de religião.
desenvolvimento da humanidade em relação
ao modo de sobrevivência, social e artístico: o • Paleolítico Superior
Paleolítico e o Neolítico. A arte nesse período é estimada como sendo
a arte mais antiga da humanidade.
• Paleolítico Inferior Desenvolvida pelos povos primitivos, era
Período estimado entre 5.000.000 a 25.000 produzida nas cavernas, local onde os homens
a.C., marcado pelo surgimento dos primeiros nômades, caçadores e coletores, se protegiam
hominídeos que surgiram, no continente das intempéries climáticas e dos animais
Africano e viviam da caça e coleta de alimentos selvagens. Foi considerada como as primeiras
ofertados pela natureza. A temperatura da manifestações artísticas da época e só foram
terra nesta época era extremamente baixa, o localizadas por meio de escavações
que obrigava os homens e animais a viverem arqueológicas realizadas a partir do século XX
dentro de cavernas para não morrerem de frio. sobretudo na Ásia, África e Europa.
Eles costumavam fabricar seus instrumentos Os artistas do Paleolítico Superior realizavam
com pedras, madeiras e ossos e utilizavam também trabalhos em escultura. Além das
machados de pedras para cortar e esmagar os pinturas, eles também produziram objetos
alimentos, se defender dos predadores e furar decorados e esculturas de formas humanas,
coisas. sobretudo de formas femininas volumosas, que
supostamente indicava a fertilidade, feitas com
• Paleolítico Médio rochas, ossos ou madeira. Nota-se a ausência
Foi neste período que surgiu o homem de de figuras masculinas e a predominância das
Neandertal, que era um pouco mais inteligente figuras femininas, com a cabeça surgindo como
que seus antecessores. Eles começaram a prolongamento do pescoço, seios volumosos,
explorar mais a distribuição geográfica e ventre saltado e grandes nádegas.
passaram a ocupar a Europa enquanto Segundo D’Aquino (1980), p.5:
desenvolviam um pouco mais as suas técnicas
de talhe, também chamadas de indústria
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Entendemos que a expressão artística faz parte da história da humanidade desde os
tempos mais remotos, iniciando-se na pré-histórias até a atualidade. O ser humano, desde que
nasce, tem a capacidade de desenvolver habilidades que o levem a atuar de forma que estabeleça
situações para sua própria sobrevivência.
Desta forma, acreditamos que mesmo a partir de sua própria experiência, os homens têm
se desenvolvido de acordo com suas necessidades em seu cotidiano, em busca de elementos que
o façam alcançar seus objetivos. Porém se faz necessário que haja um desenvolvimento pleno do
cidadão e, que ao longo de sua vida haja a presença de estímulos que favoreçam sua
aprendizagem. Para isso, acima de tudo, é de suma importância que a escola exerça sua função
social viabilizando profissionais com formação apropriada para exercer o papel que lhe é
atribuído.
Contudo, o homem da pré-história sentiu a necessidade de expressar suas crenças e
desenvolver técnicas para a própria sobrevivência, numa época em que as transformações
aconteceram muito lentamente, desde os habitantes de cavernas que eram nômades até os das
atuais.
Sedentários e dono de suas terras. Mas tudo isso aconteceu em milhões de anos, pelo fato
do desenvolvimento ser brando e as descobertas serem elementos de uma eventualidade que
sobrevinha numa determinada circunstância que o obrigava a arriscar-se em algo que
necessitasse.
Já os jesuítas tinham a desígnio de amansar os indígenas com o objetivo de mantê-los sob
controle e assim viverem para servir ao clero, que dominava grande parte da Europa na época.
Acreditavam que se domesticados, os indígenas seriam seus aliados e a paz entre eles
prevaleceriam de tal forma que a convivência fosse mais amistosa. Mas não foi o que aconteceu,
pelo fato de que os indígenas tinham um espírito de liberdade em relação ao mundo que o cercava
e, embora muitos se submeteram a escravidão, a maioria lutou contra o que dificultou muito a
convivência entre eles.
Enfim, a arte do Paleolítico refere-se ao início da história da arte, considerada a mais antiga
produção artística de que se tem conhecimento. Nesse período a arte é considerada em todas as
manifestações que se desenvolveram antes do surgimento das primeiras civilizações e, portanto
antes da escrita. Isso pressupõe uma grande variedade de produção, por povos distintos, em
locais diferentes, mas com algumas características comuns.
Considera-se que é no último período, denominado Paleolítico Superior, que o homem dá
o mais significativo passo na produção artística consciente, como resultado de uma necessidade
espiritual, dá luz às produções que expressam seu senso de espírito em cavernas ou pedras. No
entanto, é possível que este nível seja o culminar de um longo processo de amadurecimento
artístico e técnico, e que muito do que foi criado em épocas anteriores simplesmente não tenham
sobrevivido até aos nossos dias. Por esta razão subsistem ainda muitas incógnitas e questões em
aberto, podendo-se apenas especular sobre quais seriam as verdadeiras motivações artísticas do
Homem Pré-histórico.
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A arte pré-histórica existe há milhões de anos e se fez presente aqui no Brasil, em alguns
lugares citados nesse trabalho. Sendo assim, nosso estudo a partir da pré-história se fez
necessário para entendermos que a produção artística em nosso país aconteceu muito antes da
ocupação pelos europeus e que é de grande importância para compreendermos o processo do
ensino da Arte para nossos alunos das séries iniciais do ensino fundamental.
Assim como a Arte da pré-história iniciou-se com a produção artística descobertas nos
sítios arqueológicos encontrados em alguns lugares do mundo e inclusive em nosso país, também
nos preocupamos em citar alguns acontecimentos com início da ocupação do Brasil, com a
chegada das redenções jesuíticas que deram um outro significado à arte no Brasil. Assim,
entendemos que as influências jesuíticas muito contribuiu para que a Arte se desenvolvesse da
forma que a encontramos atualmente.
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REFERÊNCIAS
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em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm. Data de Acesso:14/03/2020.
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cognitivas nas crianças.Disponível em:
<http://comoeducarseusfilhos.com.br/blog/corta-daqui-e-dali-como-o-uso-da- tesoura-pode-
desenvolver-habilidades-motoras-e-cognitivas-nas-criancas/> Data de Acesso:14/03/2020.
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RESUMO: Este artigo tem como propósito mostrar a relevância dos contos de fadas para as
crianças, para os professores e a para a escola. Os contos de fadas são histórias que se mantém
por muitos anos e que suas transformações vêm sendo necessárias de acordo com as
necessidades das crianças. Cada história tem suas narrativas simples e seus personagens por
muitas vezes são formados por heróis e bruxas, que exercem papéis fundamentais na imaginação
e criatividade das crianças. A escola e a família são essenciais para o processo de formação do
leitor crítico, sendo as mesmas responsáveis por mostrar o universo da literatura de modo
aprazível, não tornando a leitura como obrigação.
1Professora Ensino Fundamental II e Médio na Rede Municipal de São Paulo e Rede Municipal de Guarulhos.
Graduação: Licenciatura em Letras.
E-mail: iarasramos.ir@gmail.com
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incentivadas, quanto mais cedo melhor, para experiência sua, que poderia ter significado
poder despertar a imaginação, criatividade, para todos. Há quem conte histórias para
análise, senso crítico e poder de argumentação, enfatizar mensagens, transmitir
pois os livros são ferramentas do conhecimentos, disciplinar, até fazer uma
conhecimento. espécie de chantagem - se ficarem quietos,
Ao ter contato com os livros a criança conto uma história, se isso, se aquilo... - quando
estreita os laços familiares e cria-se um o inverso que funciona. A história aquieta,
momento de proximidade. serena, prende a atenção, informa, socializa,
Jolibert (1994, p. 14), afirma que:·.não se educa (COELHO, 1999, p.12).
ensina uma criança a ler: é ela quem se ensina Na infância, a narrativa de histórias amplia a
a ler com a nossa ajuda [e a de seus colegas e aquisição de conhecimentos e experiências das
dos diversos instrumentos da aula, mas crianças, desperta a criatividade, a imaginação,
também a dos pais e de todos os leitores a atenção e principalmente o gosto pela leitura.
encontrado. Para Abramovich (1989), a importância de se
Cada criança possui o seu desenvolvimento, contar histórias para crianças reside no fato de
suas etapas e processos, é ela quem que escutá-las é o início da aprendizagem para
desempenha o papel essencial da ser um leitor, é também instigar o imaginário, é
aprendizagem, com estímulos ela realizará esta ter a curiosidade respondida em relação a
tarefa com mais facilidade. É importante tantas perguntas, é encontrar outras ideias
despertarmos a curiosidade na criança para que para solucionar as questões (como as
ela mesma possa folhear os livros, ver as personagens fizeram).
figuras. Desde cedo à criança já percebe que o Na Educação Infantil as histórias despertam
livro é uma coisa boa e que lhe dá muito prazer, nas crianças desde pequenas, gostos e valores,
porém muitos pais acham que por não saberem pois quando se conta uma história têm-se
ler, não precisam ter o contato com os livros. vários objetivos entre eles, ensinar, instruir,
educar e divertir. É na infância quando a criança
A IMPORTÂNCIA DAS está nesta fase de desenvolvimento e
descobertas que se deve proporcionar-lhe este
HISTÓRIAS INFANTIS contato com os livros, fazendo com que ela
Qualquer pessoa em algum momento da perceba que por meio deles ela pode aprender
vida já ouviu ou contou uma história, pois as a escrever, a imaginar, a pensar e a descobrir o
histórias e os contos populares sempre mundo. Digamos que o conto poderia ser para
existiram, ou seja, desde que o ser humano a criança um objeto transicional que lhe
adquiriu fala. Não há nesse mundo um só povo permitisse passar do mundo da onipotência
que não tenha suas histórias, elas são uma imaginária àquele da experiência cultural, e em
necessidade do ser humano por ser um elo que que o prazer e o desejo pudessem encontrar
une as pessoas. As histórias devem ter nascido sua fonte de renovação. Contar histórias é
com o homem, no momento em que ele sentiu proporcionar e despertar a leitura, o escrever,
necessidade de contar aos outros alguma o desenhar, o imaginar, o brincar. Por
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intermédio das histórias a criança sente auxiliar na formação de uma consciência crítica,
diferentes emoções como alegria, medo, fazendo seus ouvintes/leitores identificar-se
tristeza, bem estar, insegurança, entre tantas com os temas abordados nas histórias
outras, e assim ela aprende a lidar com seus (DOMINGUES, NIEDERAUER, 2005, p. 5).
sentimentos da sua maneira. Um exemplo a ser citado é a história dos três
A vida é com frequência desconcertante para porquinhos, que mostra a importância da união
a criança, ela necessita mais ainda que lhe seja dos três irmãos (porquinhos) para vencer o seu
dada a oportunidade de entender a si própria maior opressor (lobo). Portanto, diante de
nesse mundo complexo com o qual deve todos os desafios apresentados em sala de aula
aprender a lidar. Para que possa fazê-lo, precisa a contação de história é a que mais atua na
que a ajudem a dar um sentido coerente ao seu formação do imaginário infantil, sendo que, ao
turbilhão de sentimentos. Necessita de ideias ouvir a história a criança viaja na imaginação e
sobre como colocar ordem na sua casa interior, nos sonhos. As histórias infantis sempre trazem
e com base nisso poder criar ordem na sua vida consigo uma mensagem de vida pessoal e social
(BETTELHEIM, 2009, p.13). Percebe-se que a fortalecendo assim, o desenvolvimento da
contação de histórias na educação infantil é de personalidade e a importância da convivência
extrema importância, a criança que é familiar e social.
incentivada e gosta de ouvir e ler histórias será Os professores ao contarem histórias trazem
com certeza um adulto diferenciado. como perspectiva o crescimento na
aprendizagem e no desenvolvimento
OS DESAFIOS DA CONTAÇÃO intelectual de seus alunos. Por isso, a história
auxilia na aprendizagem da leitura, escrita e
DE HISTÓRIAS NA SALA DE AULA desenvolvimento oral. Assim, percebe-se a
A literatura infantil em sala de aula e práticas importância do contador de história, porque,
educativas escolares tem apresentado um de acordo com Farias (2011), há diversas razões
continuo desafio para educadores e alunos na para se ouvir e contar histórias.
criação do imaginário, sendo uma atividade que A primeira é que, quando as ouvimos,
exige muita criatividade do professor. Para despertamos para situações que não tínhamos
Domingues e Niederauer (2005, p.5), a pensado antes. Dessa forma, ampliamos nossos
literatura atua sobre a criança como conhecimentos, o que nos permite rever e
perspectiva de sonhos e valores em construção. reelaborar alguns valores. A segunda é que as
Tal literatura que apresente o maravilhoso, histórias mantêm sempre aceso o farol da
próprio da fábula, dos mitos e das lendas e que imaginação, da criatividade, da curiosidade, da
encontra, nos contos de fadas, um destaque ludicidade. Elas despertam o espírito juvenil
especial, continua encantando as crianças até que existe em qualquer pessoa, seja criança ou
hoje. Isso porque os valores que tal literatura adulto. Quem sabe muitas histórias,
transmite são gerais e perenes, visto que certamente é porque ouviu, leu ou contou.
surgiram do folclore, que é a manifestação do Assim, dispõe de mais conhecimentos para
conhecimento de um povo e continuam a enfrentar situações novas durante o seu
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percurso de vida, uma vez que, ao contrário da Desta forma acredita-se que a leitura é um
maioria das formulações científicas, as histórias dos meios mais importantes para a consecução
rejeitam verdades unívocas e permitem de novas aprendizagens; possibilita a
soluções múltiplas (FARIAS 2011, p. 21). construção e o fortalecimento de ideias e
Portanto, ao ser desafiado para contar ações, afinal, não se ensina ou não se aprende
história o professor muitas vezes não tem simplesmente a ler e a escrever. Aprende-se
consciência da influência dessas sobre o uma forma de linguagem, uma forma de
imaginário e a formação cognitiva e social da interação, uma atividade, um trabalho
criança. Pois, se sabe que desde recém-nascido simbólico, que só é conseguido por meio da
as histórias contadas contribuem para o utilização dos contos de fadas concomitante ao
desenvolvimento do estímulo à leitura. processo de alfabetização.
A criança ao ouvir, ler e compreender a A importância de contar histórias foi
história reproduz durante as brincadeiras com ressaltada quando se percebeu que era uma
seus amigos as histórias lidas e ouvidas nos forma de transmitir a emoção da literatura.
diversos contextos sociais (escola, família, Segundo Abramovich (1993), “Escutá-las é o
grupos de amigos), fortalecendo os laços início da aprendizagem para ser um leitor, e ser
familiares e sociais. leitor é ter um caminho absolutamente infinito
Os desafios são variados para enfrentar as de descobertas e compreensão do mundo”.
dificuldades de leitura tanto na sala de aula A partir dessa afirmação de Abramovich
quanto em casa. Assim é necessário valorizar (1993), entende-se que no momento em que o
essa prática, pois, a contação de histórias, aluno ouvir uma história ele entrará em contato
quando trabalhada de forma adequada, com uma realidade diferente da sua e terá
contribui para que as crianças desenvolvam e acesso ao novo. Neste sentido, contar histórias
ampliem habilidades, valorizando a ideia que a leva os alunos a um mundo que só é imaginário
criança, ao escutar histórias, é levada a fazer ou ignorado, de forma que a experiência pode
associações e relações com situações do ser sugada agradavelmente, revelando-se uma
cotidiano, sendo, desta forma, mais fácil estratégia para ensinar e entreter.
desempenhar papeis sociais com autonomia e Por esse motivo acredita-se ser grande a
criticidade. contribuição do contar e ouvir história na
Portanto, o contar e o ouvir histórias são, aprendizagem do aluno, tanto em valores,
fundamentais na vida da criança para que, a quanto em conteúdos escolares, já que nesta
mesma se desenvolva de forma física, fase escolar se aprende com o que é de agrado,
intelectual, emocional, social, afetiva e e contar histórias é brincar com versos, com
cognitivamente. Ouvindo histórias, elas rimas ou simplesmente com palavras. Por meio
aprendem a lidar com as emoções e da oralidade é possível fascinar-se com a
desenvolvem o imaginário, equilibrando as riqueza da comunicação, que é uma arte muito
tensões provenientes do seu mundo cultural e linda e atrai os alunos para o aprendizado.
social, construindo sua individualidade e marca
pessoal, enfim, sua personalidade.
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avós, a comunicação era feita muito mais pelo prazer em ir acompanhando as ilustrações
olhar do que pelas palavras. Bastava um olhar enquanto escuta a história. Na óptica de
mais forte e já se sabia o que eles queriam dizer. Coelho, “devemos mostrar o livro para a classe
Hoje, falta esse ingrediente na comunicação virando lentamente as páginas com a mão
(GARCIA, et. al. 2003, p.44). O olhar traz o direita, enquanto a esquerda sustenta
ouvinte para dentro da história. O contador lentamente a parte inferior do livro, aberto de
deve distribuir bem o olhar e cruzá-lo ao menos frente para o público”.
uma vez com o de cada ouvinte. A história não Narrar com o livro não é, propriamente, ler a
pode ser repetida mecanicamente, e aqui entra história. O narrador a conhece, já a estudou e a
a importância da expressividade do olhar. Uma vai contando com suas próprias palavras, sem
sugestão para treinar o olhar é brincar em titubeios, vacilações ou consultas ao texto, o
frente ao espelho, fazendo expressões que prejudicaria a integridade da narrativa”
fisionômicas: - Alegria - Tristeza - Raiva - Medo (COELHO, 1999, p.33). O professor deve ler e
- Emoção. estudar a história antes de contá-la e segurar o
- A EXPRESSÃO CORPORAL Na contação de livro com cuidado, à altura dos olhos das
histórias, o corpo e as mãos são ingredientes crianças. Além do livro o professor poderá usar
importantes, ajudam a expressar as ideias. diversos outros recursos para contar histórias,
Porém, não se deve nunca exagerar nos gestos, como: - teatro de sombras; - sucatas e outros
eles devem ser simples e expressivos. Todo objetos; - marionetes; - máscaras; - gravuras; -
personagem (rei, rainha, madrasta, caçador, cineminha; - retroprojetor...
animal, etc...) tem um jeito de ser, um andar, Outro ótimo recurso para contar e
manias, atitudes e todo enredo pode ser dramatizar histórias, são os fantoches, o
baseado em gestos e expressões. O contador professor mesmo pode fazer, recriar e inventar:
deve estar atento, os gestos devem ser - fantoche de colher de pau; - fantoche de meia;
estudados e elaborados durante a preparação - fantoche de saco de papel; - fantoche de
da história, pois podem ajudar na decodificação copinho plástico; - fantoche de tecido; -
significativa contida na palavra e dar uma fantoche de caixas e embalagens; - fantoche de
direção ao imaginário da criança. Coelho palito; - fantoche de garrafa plástica.
(1999), também cita algumas técnicas utilizadas Os instrumentos musicais também podem
para a contação de histórias, entre elas estão: - ser usados para dar mais vida e enriquecer à
Simples narrativa, é a mais tradicional e antiga hora do conto. Para Garcia et.al. (2003), não é
forma de se contar histórias, pois não requer necessário saber tocar nenhum instrumento.
nenhum acessório ou recurso se processa Uma pequena batida num pandeiro pode criar
somente por meio da voz e expressão corporal no ouvinte a imagem de uma explosão. Uma
do narrador. Esta técnica trabalha diretamente mexida no chocalho pode representar uma
no imaginário da criança e estimula a cobrinha se aproximando... Só não se pode
criatividade dos ouvintes, pois existem exagerar e interromper a contação da história
histórias, nas quais a apresentação do livro é com muito barulho pode cansar e distrair as
indispensável e a criança sente um enorme crianças. Alguns instrumentos que podem ser
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utilizados durante a hora do conto: - violão; - sequência. Tipos de histórias: - contos de fadas
reco-reco; - triângulo; - cocos; - caxixi; - com enredo simples; - histórias de animais,
pandeiro; - chocalho. brinquedos e outros objetos; - histórias de
repetição e acumulativas; - histórias da vida
INDICADORES PARA A real. Na faixa etária entre cinco e seis anos, as
crianças encontram-se no início do processo de
ESCOLHA DA HISTÓRIA: FAIXA socialização e possuem maior capacidade de
ETÁRIA E SEUS INTERESSES concentração, ou seja: - apreciam a companhia
Crianças até três anos demonstram aumento de outras crianças; - cooperam bastante; -
constante do vocabulário, utilizam sentenças formam grupos de amigos; - interessa-se por
simples e criam palavras para expressar suas histórias mais longas, com enredos simples; -
necessidades. Nesta faixa etária as crianças esperam a sua vez em conversas; Tipos de
gostam de: - ouvir histórias curtas e rimadas; - histórias: - contos de fadas com enredo simples;
observar as gravuras e ouvir músicas; - imitar - histórias de animais; - contos de humor; -
gestos e sons; - gostam de ouvir os adultos histórias com muita ação; - histórias que
repetir as sílabas que pronunciam; - encontram representam a realidade. Garcia, et.al. (2003),
grande satisfação em ouvir; - mudam com quem se deve concordar, observa: Há um
rapidamente de assunto; - possuem atenção verdadeiro tesouro de histórias que abre as
dispersiva; Tipos de histórias: - histórias de portas do imaginário, fazendo com que o
bichinhos, brinquedos e outros objetos aprendizado seja um momento rico e
humanizados; - histórias dramatizadas com prazeroso. Enfim, quando aprendemos por
sons e gestos; - histórias utilizando imagens. intermédio das histórias, nunca nos
Entre os três e quatro anos, as crianças estão esquecemos, pois esse é um aprendizado que
na fase do realismo imaginário. Para elas, a dura para sempre (GARCIA, et.al., 2003, p.10).
imitação representa a realidade e todas as
coisas são vivas e dotadas de sentimentos, as COMO COMEÇAR A CONTAR A
crianças nesta faixa etária: - apresentam maior
capacidade de concentração; - possuem maior
HISTÓRIA
É importante preparar o ambiente para a
concentração da sequência lógica; - gostam de
hora do conto, o local deve ser agradável,
brincar com jogos e adivinhas; - conquistam a
aconchegante e tranquilo. Se o local for aberto
própria linguagem. Tipos de histórias: - histórias
como no parque ou no pátio, deve-se escolher
rítmicas e rimadas; - histórias de objetos e
um lugar com sombra e pouca interferência de
animais humanizados; - histórias da vida real; -
sons. Se for em local fechado, o espaço deve ser
histórias de repetição.
amplo e arejado, pode-se colocar tapetes e
Crianças entre quatro e cinco anos possuem
almofadas para que o ambiente fique mais
uma capacidade de expressão verbal mais
confortável. Tahan (1960), apresenta algumas
desenvolvida e maior capacidade de
recomendações na hora de narrar a história: -
concentração, são capazes de ouvir histórias
fazer silêncio; - explicar o vocabulário
por um tempo maior e também repetir sua
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desconhecido; - incentivar os alunos para ouvir escolherá um dos alunos para adivinhar com
a história; - dizer o título; - iniciar a história, com quem está o anel. Se ele acertar será o próximo
naturalidade e ir modulando-a conforme o a passar o anel, se errar volta a sentar e outra
enredo, ora mais baixo ora mais alto, ora mais criança será escolhida para adivinhar. - Batata
depressa, outra mais devagar; - viver a quente, em roda um objeto é passado de uma
narração, procurando comunicar o sabor criança para outra, enquanto todas cantam:
patético, instrutivo, educativo ou dramático, Batata que passa quente, batata que já passou,
com sentimento e emoção; - viver os pontos quem ficar com a batata coitadinho se
culminantes da história, comunicando com queimou. A criança que ficar com o objeto
ênfase as partes mais importantes; - não quando a música terminar pagará uma prenda.
interromper a história para dar conselhos ou - Telefone sem fio, os alunos deverão
fazer observações; - não antecipar o desfecho e permanecer sentados na roda, voltados para o
nem explicitar a moral; - narrar com centro, a professora deve falar uma palavra ou
naturalidade, ênfase dramática, sem exagero, frase para a primeira criança, que deverá dizer
até emocionar-se caso possível; - apresentar no ouvido da segunda, e assim por diante, até
segurança durante a narração; - usar linguagem que a frase tenha passado por todas as crianças.
simples, voz agradável, dominando o enredo da A última deve falar a palavra ou frase que ouviu,
história e todas as suas minúcias; - terminar a e assim descobrirão se a palavra ou a frase está
história de uma maneira poética, procurando correta.
deixar o ouvinte envolvido em um atmosfera de Outra maneira de iniciar a hora do conto é
arte e beleza, alegria e satisfação; - comentar a cantar uma cantiga, de preferência com um
história, dirigindo perguntas individuais aos ritmo calmo para que as crianças percebam que
seus ouvintes, procurando, todavia, evitar as a história já vai começar, como por exemplo:
muito comuns como gostaram da história? (as Uma história bem bonita
perguntas coletivas são indisciplinadoras, pois Eu agora vou contar
conduzem os alunos a se expressarem todos Ficaremos bem quietinhos
juntos, de uma vez); - promover atividades de Para poder apreciar.
enriquecimento, que poderão partir da história Eu vou te contar uma história
narrada, como por exemplo: desenhar Agora atenção
personagens, formar sentenças, reproduzir a Ela nasce bem no meio
história, dramatizar a história. Na palma da sua mão
Com as crianças sentadas em roda, o Lá no meio tem uma linha
professor também poderá iniciar a hora do Ligada ao coração
conto com brincadeiras, como por exemplo: - Quem sabia desta história
Passa-anel, os alunos permanecem sentados e Antes mesmo da canção.
com as mãos unidas. Uma criança deverá ser Pedala, pedala, pedala pedalinho
escolhida para passar o anel. Ela deverá colocar Me leva pra longe bem devagarzinho
o anel dentro da mão de uma das crianças da O mar está bonito
roda sem que as outras percebam. Depois ela Está cheio de peixinhos
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao investigar a contação de histórias na Educação Infantil, constatou-se que é um
instrumento poderoso e fundamental para o professor utilizar em sala de aula, pois contribuem
de diversas maneiras na educação das crianças, despertando nelas a imaginação, a criatividade,
o interesse e o gosto pela leitura. Realizando este trabalho foi possível perceber que por meio da
contação de histórias o professor pode tornar a aprendizagem mais significativa e atraente para
os alunos da Educação Infantil. Além disso, considera-se que contar histórias para as crianças,
proporciona momentos de grande interação entre os alunos e o professor, é uma forma diferente
e significativa de ensinar. Toda a escola tem um papel importante a exercer: cuidar para que o
aprender seja uma conquista. E como um instrumento indispensável, pode utilizar a contação de
histórias nas diferentes situações. Quando o professor conta histórias para as crianças pequenas
está mostrando a elas como é o mundo em que vivem, ajudando a criança a pensar, olhar e
entender um pouco daquilo que as circunda.
É fundamental que a criança na Educação Infantil seja estimulada a todo tempo,
mantendo-se curiosa e criativa, aprendendo de forma estimulante e significativa. Por intermédio
das histórias a criança pode sentir emoções importantes como alegria, tristeza, bem-estar, medo,
tranquilidade e tantas outras, com toda a amplitude, significância e verdade que cada história faz
brotar.
O professor que utiliza a contação de história como recurso em sala de aula aguça a
imaginação das crianças, desenvolvendo nelas a capacidade cognitiva de percepção do livro como
instrumento de informação e descontração.
De acordo com os autores pesquisados pôde-se constatar que a contação de histórias
contribui para o desenvolvimento cognitivo, afetivo, e social, despertando a criatividade,
imaginação e curiosidade de forma mais prazerosa. Contudo, é importante desenvolver o hábito
pela leitura constantemente, neste estudo constatou-se que os pais sempre contam histórias para
os seus filhos e que as professoras estimulam cotidianamente este ato contando histórias e
mandando livros para casa, para inserir os pais no ambiente escolar.
Por intermédio da pesquisa realizada neste estudo foi possível compreender como é ampla
a utilidade da contação de histórias como um instrumento mediador em sala de aula contribuindo
significativamente para o desenvolvimento infantil. Constatou-se que contar histórias para as
crianças da Educação Infantil, contribui de forma intensa para o seu desenvolvimento e
aprendizagem. Com esta pesquisa espera-se despertar nos professores e educadores de Educação
Infantil um interesse maior por contar histórias em sala de aula, tornando-se assim investigadores
de novas descobertas e conhecimentos que conduzem a uma forma atraente e significativa de
ensinar e aprender.
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
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criança, incluindo desenvolvimento social e maneira mais ampla, é multifacetado. Pode ser
resultados cognitivos e educacionais. Os anos caracterizada por: acessibilidade dos pais aos
da meia-idade que antecederam a adolescência filhos medida pela frequência de contato com a
representam um estágio de desenvolvimento criança, co-residência com a criança ou até
marcado pelo rápido crescimento físico, presença no nascimento da criança; seu
mudança cognitiva e desenvolvimento da envolvimento em atividades de acolhimento de
consciência e das habilidades sociais. crianças, como brincar, alimentar e tomar
De acordo com Noto (2001): banho; e sua demonstração de
ser o provedor, aquele que traz os recursos responsabilidade em prover o material e
do mundo externo, proporcionando as emocional necessidades de seus filhos. No
condições necessárias para que a mãe possa entanto, muitos estudos tendem a caracterizar
permanecer disponível para cuidar do filho. o envolvimento paterno como um construto
Cabe ao pai ser o suporte da mãe, tanto unidimensional. A falha em adotar uma
econômico como emocional, proporcionando- abordagem mais multidimensional pode
lhe então a tranquilidade necessária para que explicar por que as evidências para seu efeito
ela possa desempenhar o seu papel (p. 317). nos resultados de saúde mental em crianças
A natureza e a extensão do envolvimento dos não são claras.
pais na criação dos filhos podem mudar ao Os pesquisadores há muito sugerem que está
longo da vida de uma criança. No entanto, o surgindo uma “nova paternidade”, que permite
envolvimento paterno precoce é o equilíbrio entre as responsabilidades no local
frequentemente associado ao envolvimento de trabalho e no lar. Embora nenhum estado
contínuo e pode ser uma medida substituta do ofereça uma licença de paternidade distinta,
envolvimento geral. A paternidade precoce vários estados abordaram uma das principais
também pode afetar os resultados mais tarde barreiras para os pais em se despedir para
na vida. cuidar de crianças e família, estabelecendo
Segundo Levisky (1997): políticas de licença familiar remunerada.
o enfraquecimento da família intacta vem Embora a ausência do pai não seja um fator
tendo efeitos negativos sobre os seus elos mais de risco isolado, definitivamente pode afetar o
fracos. Mais do que a escola, a família é a desenvolvimento dos filhos. É importante
principal responsável pela transmissão social de observar isso, pois muitos argumentam que um
um sentido de valores que induz os mais jovens papel dos pais é mais significativo que o outro.
a desenvolver suas capacidades morais e Isso simplesmente não é verdade.
cognitivas (...) nada substitui a presença dos Que é o pai? Não digo na família... A questão
pais que cooperem ativamente na criação dos toda é saber o que ele é no Complexo de
filhos e valorizem o empenho escolar (...) A Édipo... é isto: o pai é uma metáfora...o pai é
família é a primeira, a menor e a mais um significante que substitui um outro
importante escola (p. 25). significante. Nisso está o pilar essencial, o pilar
O envolvimento paterno, assim como o único da intervenção do pai no Complexo de
envolvimento materno e o da família de Édipo. A função do pai no Complexo de Édipo é
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ser um significante que substitui o primeiro a mãe como primeiro objeto de amor e o pai
significante introduzido na simbolização, o como rival — e meninas — que teriam o pai
significante materno. Segundo a fórmula... da como primeiro objeto de amor e a mãe como
metáfora, o pai vem no lugar da mãe (LACAN, rival. Assim sendo, o primeiro impasse na teoria
apud, NASIO, 2007, p.139;140). freudiana sobre o pai pode ser identificado no
Na segunda parte da adolescência, os Édipo, tal como formulado em 1900. Nesse
adolescentes tendem a olhar para os colegas primeiro momento de sua teorização sobre o
sobre quem eles deveriam ser naquele pai, Freud (1969), considera que:
momento e para os pais sobre quem eles se a tristeza de um filho pela morte do pai não
tornarão. consegue suprimir sua satisfação por ter
Quando os filhos se tornam pais, eles olham finalmente conquistado sua liberdade. Em
para os pais sobre o que devem ou não fazer. nossa sociedade de hoje, os pais tendem a se
Para as meninas, em particular, seus pais agarrar desesperadamente ao que resta de
podem causar um enorme impacto em sua uma potestas patris famílias agora tristemente
autoestima e em como elas se tornam antiquada (FREUD, 1969, p. 284).
mulheres. Como pode se observar, já em 1900 Freud
Quanto mais positivo for o relacionamento, não só apontava a ambivalência do infans em
mais as crianças verão e entenderão como é um relação à figura paterna, como já chamava a
relacionamento romântico e colaborativo. atenção para a questão da ameaça de perda da
Quando os pais trabalham como uma equipe autoridade paterna. Cabe notar que a
que funciona bem, as crianças aprendem a concepção freudiana do Édipo de 1900 limita as
resolver as coisas. Obviamente, é natural que possibilidades de se pensar numa saída para a
os casais discutam. O principal é garantir que sintomatologia causadora de sofrimento
ambas as partes modelem uma atitude psíquico. O pai, sendo causa do sofrimento real,
respeitosa durante as divergências, para que é culpado. Logo, se a vivência não for
seus filhos aprendam a resolver conflitos de simbolizada pelo infans, não cessa de retornar
maneira saudável. sob a forma de angústia.
Sem a presença do Pai, não são possíveis a
UMA ANÁLISE fantasia, a elaboração mais complexa do
pensamento, a criação, a curiosidade tão
PSICOPEDAGÓGICA necessárias ao processo da aprendizagem da
Freud (1969), propõe uma analogia entre o leitura e da escrita. É a partir do contexto
que encontra na ficção e o que acontece na vida edípico que a metaforização se torna viável. O
psíquica dos homens. Faz uso da mitologia de pai é normatizador da estrutura mental e
Sófocles para obter uma confirmação de suas psíquica.
hipóteses teóricas e, em sua explicação do É tarefa da função paterna, presente tanto
desejo de morte contra os pais, ele remonta à na mãe quanto no pai, cortar este elo, dar
primeira escolha amorosa infantil, supondo condição de que o filho possa desejar e que ele
haver uma simetria entre meninos — que têm possa ir se apropriando da sua própria
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A presença do pai na vida da criança é fundamental para vários aspectos psico sociais, bem
como em seu processo durante a vida escolar.
Quando o convívio com um homem não acontece, largar a barra da saia da mãe pode se
tornar uma tarefa difícil. A tendência é a filha ou o filho se tornarem mais fechados e medrosos.
Isso também reflete na adolescência e na vida adulta. Muitas vezes intempestivos, os jovens, além
de buscar o acolhimento materno, desejam se deparar com os limites impostos pelo pai, que os
direciona e ajuda a formar valores.
No caso dos meninos, a presença do homem é ainda mais fundamental. O homem contribui
para a introdução da criança no mundo das diferenças, nos âmbitos social e sexual, o que favorece
a construção de relacionamentos e a confiança nos outros.
Com a participação do pai no sistema educacional dos seus filhos e a criação de atividades
nas escolas visando esclarecer as dificuldades e buscando soluções para as mesmas, é possível
que haja uma melhora significativa na aprendizagem escolar.
Considera-se, o pai mesmo que separado da mãe, sempre será peça fundamental na vida
de seus filhos. Por isso a importância de profissionais especialistas, como psicólogos,
psicopedagogos se faz necessária, principalmente na vida escolar.
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REFERÊNCIAS
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A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO
PROFISSIONAL
Roberto Domingos Minello 1
RESUMO: A formação profissional oferece várias formas e níveis de educação para graduados do
ensino fundamental e médio, trabalhadores recém-criados em áreas urbanas e rurais,
desempregados demitidos, empregados, trabalhadores rurais e outros membros da sociedade.
Uma parte importante do sistema é uma base para o desenvolvimento econômico e social
nacional. Promover a reforma e o desenvolvimento da educação profissional é uma maneira
importante de implementar a estratégia de rejuvenescer o país por meio da ciência e da
educação, promover o desenvolvimento econômico e social sustentável e melhorar a
competitividade internacional. É um requisito inevitável para ajustar a estrutura econômica,
melhorar a qualidade dos trabalhadores e acelerar o desenvolvimento de recursos humanos. O
objetivo da formação profissional é aprimorar as habilidades pessoais, moldar a independência e
a autoconfiança dos indivíduos e tornar os indivíduos aptos e adequados. Seja acadêmico ou
prático, a educação e o treinamento estão intimamente relacionados às mudanças no ambiente
externo, ao crescimento dos negócios e ao desenvolvimento da carreira.
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METODOLOGIA
Este estudo será realizado por meio de
pesquisa bibliográfica em artigos científicos,
livros, periódicos, internet. Segundo Santos
(2001), esta técnica procura explicar o
problema a partir de referências teóricas
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por mais drásticas e radicais que as múltiplas mudanças na sociedade e na economia em
geral possam nos parecer, e na esfera do treinamento e desenvolvimento de recursos humanos
em particular, uma visão dinâmica e em perspectiva parece ser a mais apropriada para abordar a
questão e discussão dos desafios a enfrentar.
Todos os fatores relevantes que precisam participar das tarefas impostas pela nova
estratégia de desenvolvimento: Estados, instituições de treinamento, empresas, organizações de
empregadores e trabalhadores, têm uma história e têm seu trabalho no futuro. Todos eles
enfrentam o desafio de reformular suas formas organizacionais, suas funções e suas modalidades
de inserção na vida produtiva. Portanto, e não como fatores do passado ou do futuro, eles devem
ser concebidos como fatores em transição.
Cada um desses fatores tem um papel importante a desempenhar em relação à questão
da formação profissional, e essa é, por sua vez, uma questão central para cada um deles. Essa
centralidade deriva do fato de o capital humano ser a força essencial nesse momento de
mudança. Consequentemente, o mundo atual do trabalho enfatiza a importância do tipo de
treinamento para desenvolver recursos humanos que possam criar e realizar mudanças
construtivas.
Note-se, no entanto, que a atual coincidência na importância estratégica do treinamento
entre os diversos atores sociais e produtivos não facilita a tarefa de projetar e implementar
políticas nesse nível. Muito pelo contrário, é uma tarefa cada vez mais complexa, dada a
pluralidade de desafios que nossas sociedades e economias enfrentam atualmente.
Atualmente, aqueles que trabalham no campo da formação têm a obrigação de responder,
por um lado, aos requisitos que o setor produtivo impõe, em termos de aumento dos níveis de
produtividade e competitividade, e por outro, desenvolver a capacidade de atender grupos e
setores adiados, contribuindo para uma distribuição equitativa de oportunidades de treinamento
e, portanto, para a integração e coesão social.
Embora esses objetivos não sejam necessariamente conflitantes, sua compatibilidade é um
caminho árduo e é precisamente o que as experiências que procuramos analisar neste trabalho
vêm passando na prática diária. Essas, mesmo que possam ser consideradas incipientes, ou não
tão intensas e extensivamente desenvolvidas quanto seria desejável, é provavelmente a base
mais forte para a construção de consenso nacional sobre formação profissional, em prol de maior
competitividade e produtividade de nossas economias e aumento dos níveis de integração e
justiça social.
Um trabalho que busca fazer uma descrição mais detalhada das diferentes experiências
inovadoras em andamento, certamente explicaria a enorme diversidade que existe. No entanto,
quando se trata de encontrar um denominador comum, certamente teremos que escolher como
principal característica a busca sistemática de parcerias estratégicas entre Estados, instituições
de treinamento, empresas e organizações da sociedade civil, além de superar as barreiras
institucionais e disciplinares no amplo campo em que são realizadas ações de educação e
treinamento.
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REFERÊNCIAS
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avançar na busca de esclarecimentos, validar Bíblia, histórias inventadas tendo a gente como
no texto suposições feitas (BRASIL, 1988, personagem, narrativas de quando eles eram
p.69;70). crianças e tanta, tanta coisa mais...Contadas
Pelas indicações dos Parâmetros Curriculares durante o dia, numa tarde de chuva ou à noite,
Nacional (1988), no conhecimento inicial da antes de dormir, preparando para o sono
leitura a primeira alusão a ser rejeitada é aquela gostoso e reparador, embalado por uma voz
que enxerga a leitura meramente como amada...É poder rir, sorrir e gargalhar com as
decodificação de códigos. Diante dessa situações vividas pelos personagens, com a
formação improdutiva, resulta em milhares de ideia do conto ou com o jeito de escrever de um
leitores que tão somente conseguem autor e, então, poder ser um pouco cúmplice
decodificar qualquer tipo de texto, contudo, desse momento de humor, de gozação,
sequer conseguem dar sentido a eles, isto é, são (ABRAMOVICH, 1991, p.16;17).
alfabetizados, mas não são letrados. Vieira (2007), nos chama a atenção para o
De acordo com os Parâmetros Curriculares hábito de contar histórias, pois é por meio da
Nacionais (1988), mecanismo orientador de leitura que a concepção infantil se produz,
apoio as técnicas pedagógicas, na seção de solucionando os conflitos internos, e ao mesmo
prática de leitura, têm a seguinte explicação tempo deixa o sujeito mais acessível para
para a leitura. solucionar os problemas na vida cotidiana,
Pressupõe que, para ler, é necessário como identificar as diversidades que envolvem
dominar as habilidades de decodificação e as culturas.
aprender as distintas estratégias que levam à Contar histórias para formar leitores; para
compreensão. Também se supõe que o leitor fazer da cultura um fato; valorizar as etnias;
seja um processador ativo do texto, e que a manter a história viva; para se sentir vivo; para
leitura seja um processo constante de emissão encantar e sensibilizar o ouvinte; para estimular
e verificação de hipóteses que levam à o imaginário; articular o sensível; tocar o
construção da compreensão do texto e do coração; alimentar o espírito; resgatar
controle desta compreensão – de comprovação significados para nossa existência e reativar o
de que a compreensão realmente ocorre. sagrado, (BUSATTO, 2003, p.45;46).
Um dos múltiplos desafios a ser enfrentado
A LEITURA NA ESCOLA pela escola é o de fazer com que os alunos
aprendam a ler corretamente. Isto é lógico, pois
O prazer pela leitura é estimulado em nós
a aquisição da leitura é imprescindível para agir
por alguém, pois não é inato. Assim cabe o
com autonomia nas sociedades letradas, e ela
educador promover atividades variadas
provoca uma desvantagem profunda nas
(visuais, orais e escritas) que venham a
pessoas que não conseguiram realizar essa
conquistar modificando a leitura em prazer,
aprendizagem.
precisando ser reiterado a cada dia:
Portanto, um dos principais objetivos da
O primeiro contato da criança com um texto
escola é promover aos alunos todas as
é feito, em geral, oralmente. É pela voz da mãe
possibilidades na aquisição da leitura, a qual
e do pai, contando contos de fada, trechos da
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representa extrema importância na formação justamente ligado à leitura. Assim sendo, resta
dos mesmos. O saber ler e o entendimento do ao educador admitir seu papel de intercessor
que se lê é imprescindível para a vida social e no sistema ensino-aprendizagem, ocupando-se
cultural do indivíduo. Assim, levar os alunos a de teorias que deverão custear sua técnica
voltarem-se para o universo da leitura é, com pedagógica para aprimorar o ensino da leitura
certeza, o que de melhor a escola pode entre outros.
oferecer. Não se pode prescindir quanto a preparação
A leitura favorece a remoção das barreiras do ambiente escolar para possibilitar inúmeros
educacionais de que tanto se fala, concedendo diálogos com a língua oral e escrita. Contudo é
oportunidades mais justas de educação importante que os educadores, em especial, os
principalmente por meio da promoção do alfabetizadores, estejam envolvidos para o
desenvolvimento da linguagem e do exercício estimulo desta no dia a dia criança, atuando de
intelectual, e aumenta a possibilidade de forma para que os livros não façam parte
normalização da situação pessoal de um apenas no contexto escolar e sim, as
indivíduo, (BAMBERGER, 2008, p.11). acompanhe nas esferas da vida.
A preocupação com os dados relativos ao Deste modo, é possível assistir com certa
número de “analfabetos funcionais”, pessoas regularidade à reedição do eterno debate sobre
que, apesar de terem frequentado a escola e os métodos por meio dos quais se ensina as
tendo “aprendido” a ler e a escrever, não crianças a ler, à discussão em torno da idade em
podem utilizar de forma autônoma a leitura e a que deve ser iniciada a instrução formal em
escrita nas relações sociais ordinárias. leitura ou sobre os aspectos indicadores de
A leitura é uma maneira de se aprender o uma leitura eficaz.
que é escrever e qual a forma correta das Considera-se que o problema do ensino da
palavras. Para conseguir esse objetivo da leitura leitura na escola não se situa no nível do
é preciso planejar as atividades de tal modo que método, mas na própria conceitualização do
se possa realizar o que se pretende. A leitura que é a leitura, da forma em que é avaliada
não pode ser uma atividade secundária na sala pelas equipes de professores, do papel que
de aula ou na vida, uma atividade para qual o ocupa no Projeto Curricular da Escola, dos
professor e a escola não dedicam mais que meios que se arbitram para favorece-la e,
alguns míseros minutos, na ânsia de retornar naturalmente, das propostas metodológicas
aos problemas da escrita, julgados mais que se adotam para ensiná-la.
importantes, (CAGLIARI, 1994, p.173). A leitura e a escrita aparecem como
Observa-se que o autor mostra a objetivos prioritários da Educação
necessidade de a escola privilegiar a leitura, e Fundamental. Espera-se que, no final dessa
se empenhar menos com a escrita, etapa, os alunos possam ler textos adequados
especialmente com a ortografia, pois muitos para sua idade de forma autônoma e utilizar os
impedimentos de aprendizagem são recursos ao seu alcance para referir as
consequências da leitura, isto é, a ausência dificuldades dessa área – estabelecer
dela, tudo o que se ensina na escola está interferências, conjeturas; reler o texto;
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
perguntar ao professor ou a outra pessoa mais possibilitar aos alunos esta experiência como
capacitada, fundamentalmente -; também se uma janela que se abre para motivar o gosto
espera que tenham preferências na leitura e pela leitura e exibi-la como uma criação de
que possam exprimir opiniões próprias sobre o novos conhecimentos, que viabiliza a conquista
que leram. Um objetivo importante nesse da linguagem de forma prazerosa, natural e
período de escolaridade é que as crianças com relações positivas no convívio social.
aprendam progressivamente a utilizar a leitura [...]ouvir e ler histórias é também
com fins de informação e aprendizagem. desenvolver todo potencial crítico da criança. É
As metodologias empregadas por cada um se poder pensar, duvidar, se perguntar,
distinguem, tendo em vista que cada criança questionar [...]é se sentir inquieto, cutucado,
não absorve o conhecimento da mesma forma. querendo saber mais e melhor ou percebendo
[...] As estratégias de leitura são que se pode mudar de ideia...É ter vontade de
procedimentos e os procedimentos são reler ou deixar de lado de uma vez[...]
conteúdos de ensino, então é preciso ensinar (ABRAMOVICH, 1997, p.17).
estratégias para compreensão dos textos [...] E continua o autor:
no ensino elas não podem ser tratadas como É através de uma história que se pode
técnicas precisas, receitas infalíveis ou descobrir outros lugares, outros tempos, outros
habilidades específicas [...]por isso ao ensinar jeitos de agir e de ser, outras regras, outra ética,
estratégias de compreensão leitora, entre os outra ótica [...]é ficar sabendo história, filosofia,
alunos deve predominar a construção e o uso direito, política, sociologia, antropologia, etc.
de procedimentos de tipo geral, que possam ser sem precisar saber o nome disso tudo e muito
transferidos sem maiores dificuldades para menos achar que tem cara de aula,
situações de leituras múltiplas e variadas (ABRAMOVICH, 1997, p.17).
,(SOLÉ, 1998, p.70). Em geral, a leitura em voz alta pelos alunos
Atualmente, na escola e ao longo da etapa de um determinado texto – cada um deles lê
fundamental, dedicam-se várias horas por um fragmento, enquanto os outros
semana à linguagem, em que se situa uma parte “acompanham” em seu próprio livro; se o leitor
importante do trabalho de leitura (em geral, cometer algum erro, este costuma ser corrigido
costuma-se prever um horário de biblioteca nas diretamente pelo professor ou, a pedido deste,
escolas, tanto na sala de aula como nos por outro aluno. Depois da leitura elaboram-se
aposentos destinados a este objetivo). Além diversas perguntas relacionadas ao conteúdo
disso, a linguagem oral e escrita encontra-se do texto, formuladas pelo professor. A seguir,
presente nas diferentes atividades próprias das se preenche uma ficha de trabalho mais ou
áreas que constituem o currículo escolar. menos relacionada ao texto lido e que pode
Assim, para muitos professores, a linguagem é abranger aspectos de sintaxe morfológica,
trabalhada continuamente. ortografia, vocabulário e, eventualmente, a
É notório que ainda não foi desenvolvido a compreensão da leitura.
“fórmula mágica” para estimular o gosto pela Esta sequência merece alguns comentários.
leitura, mas o que se espera dos educadores é Em primeiro lugar, deve-se dizer que, embora
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
seja frequente encontrá-la ao longo do Ensino Formar leitores autônomos também significa
Fundamental, sua continuidade também leitores capazes de aprender a partir de textos.
parece garantida no atual Ensino Médio, o que Para isso, quem lê deve ser capaz de interrogar-
não quer dizer que este seja o tratamento se sobre sua própria compreensão, estabelecer
exclusivo que a leitura recebe na escola; não relações entre o que lê e o que faz parte do
devemos esquecer que, o texto escrito é um acervo pessoal, questionar seu conhecimento e
recurso de primeira linha em quase todas as modifica-lo, estabelecer generalização que
áreas. Além disso, à medida que se progride na permitam transferir o que foi aprendido para
escolaridade, a tipologia de textos se diversifica outros contextos diferentes, (SOLÉ, 1998, p.72).
e sua complexidade aumenta. Em segundo Constata-se que é uma incumbência difícil a
lugar, não reflete apenas o que costuma formação de leitores, contudo, necessária para
acontecer nas classes com relação ao trabalho que o indivíduo possa criar sentidos e instaurar
de leitura, mas resume bastante bem o que é comunicação com os mais variados gêneros
indicado nas orientações didáticas usadas ou textuais. Desta forma, não se pode limitar a
nas diretrizes que geralmente acompanham o leitura somente às aptidões e dinâmicas
material didático destinado às crianças. Em possíveis dentro da sala de aula.
terceiro lugar, na sequência há pouco espaço
para as atividades destinadas a ensinar CÓDIGO, CONSCIÊNCIA
estratégias adequadas para a compreensão de
textos. METALINGUÍSTICA E LEITURA
Nas etapas iniciais da leitura, os professores Quando na escola a criança se depara com a
dedicam grande quantidade de tempo e linguagem escrita, em muitos casos se encontra
esforços para iniciar os pequenos nos segredos diante de algo conhecido, sobre o que já
do código a partir de diversas abordagens. Esta aprendeu várias coisas. Parece-me que o
etapa costuma começar antes da escolaridade fundamental é que o escrito transmite uma
obrigatória, no nível II da Educação Infantil, e mensagem, uma informação, e que a leitura
por isso uma grande parte dos alunos dominam capacita para ter acesso a essa linguagem. Na
de forma incipiente a decodificação por volta aquisição deste conhecimento, as experiências
do primeiro ano do Ensino Fundamental. de leitura da criança no seio da família
O trabalho de leitura costuma se restringir desempenham uma função importantíssima.
àquilo que se relatou: ler o texto e, a seguir, Por outro lado, a criança pode assistir muito
responder a algumas perguntas sobre ele, precocemente ao modelo de uma especialista
geralmente referentes a detalhes ou a aspectos lendo e pode participar de diversas formas da
concretos. Deve-se assinalar que a atividade de tarefa de leitura (olhando as gravuras,
pergunta-resposta é categorizada pelos relacionando-as com o que se lê, formulando e
manuais, guias didáticos e pelos próprios respondendo perguntas, etc.). Assim constrói-
professores como uma atividade de se paulatinamente a ideia de que o escrito diz
compreensão leitora. coisas e que pode ser divertido e agradável
conhece-las, isto é, saber ler.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio da leitura dos diversos autores citados, nota-se que formar leitores na escola é
um desafio necessário que deve ser transposto com cuidado, muito embora de forma persistente
e não permitindo que nossas crianças e jovens, percam o encantamento pelos livros,
principalmente pelos ditos tradicionais (impressos), já que na atualidade, diariamente, criam-se
inúmeros aparelhos que são capazes de alocar um livro com quantidade de páginas igual ou
superior aos impressos, estes, cabem na palma da mão.
A sala de aula deve ser um ambiente eficaz e motivador que ofereça os mais variados
recursos e suportes a serem explorados pelas crianças. Nesse contexto, quanto a exploração, cabe
ao professor o papel de observar a interação das mesmas com esse material, em especial com os
livros, fazendo as inferências quando necessárias.
Dessa forma, espera-se que esta pesquisa possa fornecer dados importantes sobre o
conceito de leitura e sua relevância em sala de aula, ampliar o conhecimento da mesma para os
professores que têm como proposta, formar leitores encantados com a diversidade de textos que
lhes são proporcionados no cotidiano escolar.
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
REFERÊNCIAS
ABRAMOVICH, Fanny. Por uma arte de contar histórias In: Literatura infantil: gostosuras e
bobices. SP: Scipione, 1997.
ABRAMOVICH, Fanny. Literatura Infantil: Gostosuras e bobices. São Paulo: Scipione, 1991.
BAMBERGER, Richard. Como incentivar o hábito da leitura. 7. ed. São Paulo: Ática, 2008.
CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e Lingüística. 7. Ed. São Paulo: Scipione, 1994.
VIEIRA, Kátia. Era uma vez... e conte outra vez: Arte de contar histórias e valores humanos.
Campinas: Komedi. 2007.
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A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA NA
EDUCAÇÃO INFANTIL
Ana Claudia da Silva Liberato 1
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de que os livros e professores serão obsoletos e assim a prática da leitura, torna se algo
em respeito as novas tecnologias. desafiador e instigante.
Os anos 70 e 80 são permeados por uma A leitura é uma prática primordial, mas
literatura que questiona e coloca as crianças a também existe outra prática que coloca a
par do mundo em que vivem. Mas apesar desta criança em contato com o mundo leitor, a
literatura indagadora o sistema de ensino sofre atividade de ouvir histórias, que muitas vezes é
com uma crise no ensino. Com exigências o início do contato de uma criança com
relacionadas à tecnologia e introdução de histórias e diferentes textos. E na maioria das
computadores nas escolas. vezes este mediador entre criança e histórias é
A literatura a exemplo de muitas situações e alguém de seu convívio próximo.
coisas, contou com imensuráveis modificações, Instigar a leitura na infância é um dos meios
mas é de suma importância que a literatura de contribuir e despertar para leitura. A criança
apesar das intercorrências sofridas deve amplia sua sensibilidade em relação as artes,
permanecer como algo que não poderá ser pois atua de maneira sem limites sua
superado pela tecnologia, a imaginação e o imaginação. É importante colocar à disposição
prazer da leitura deve ser algo imutável. da criança uma gama de personagens, clássicos
da literatura e histórias das quais as crianças se
A PRÁTICA DA LITERATURA NA reconheçam de maneira positiva.
A literatura infantil tem a capacidade de
INFÂNCIA trazer emoções, significados e sentidos, a
Essencial para formação do indivíduo, o criança que permeia por diferentes textos cria
habito da leitura na infância acende na criança uma relação positiva com a literatura, na fase
o senso crítico e auxilia no aprendizado. Mas escolar que a criança está no processo de
existe diferentes estratégias para que se forme aprendizado e desenvolvimento, necessita
um leitor ativo, e uma delas sem sombra de desta relação com a literatura, para que se
dúvida é a prática da leitura na infância. A tornem leitores críticos.
família e a escola, devem apoiar de maneira
ativa esta prática, pois a literatura é um dos
meios para o desenvolvimento cognitivo da
A IMPORTÂNCIA DO
criança. INCENTIVO A LEITURA
A infância é a fase marcada principalmente A família é o dos principais suportes para o
por descobertas, curiosidades, interação com o sucesso da criança no mundo leitor,
mundo de maneira própria e a leitura é um independente de outros incentivadores, sem o
desses desafios instigantes. No início o foco é apoio dos familiares conseguirá uma plena
aprender as vogais, consoantes e alfabeto, experiência com os livros. O apoio familiar além
sempre de maneira significativa e que abranja de possibilitar a formação de um leitor
os contextos da criança. E assim se inicia a contribui com o sucesso da vida escolar como
leitura de pequenas palavras, pequenos textos um todo.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O artigo demonstra a importância do incentivo à leitura na Educação Infantil, destacando
o papel da família, escola e educadores. Pois todos tratam se de cenários e atores principais na
formação de leitores ativos e críticos.
A leitura é primordial para aquisição de novos conhecimentos e aprendizagem, sendo
assim, é na Educação Infantil que a criança é apresentada a leitura de maneira mais formal, o
processo é mais fácil e prazeroso quando a criança já tem contato com a leitura em casa, pois já
se sente familiarizada e só aprimora o processo leitor.
Fica evidente que o contato com os livros e literatura deve ocorrer de maneira prazerosa,
lúdica e com escuta atenta aos interesses e curiosidades das crianças, promovendo a formação
de um leitor qualificado, competente, comprometido com os aspectos sociais, cognitivos e
inovadores.
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REFERÊNCIAS
ARANA, A.R.A.; KLEBIS, A.B.S.O. A importância do incentivo à leitura para o processo de
formação do aluno. Seminário Internacional sobre Profissionalização Docente, 2015.
CUNHA, Maria Antonieta Antunes. Literatura Infantil: Teoria e Prática. São Paulo: Ática, 1998.
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 49ª ed, São
Paulo: Cortez, 2008.
LERNER, Delia. Ler e escrever na escola: o real, o possível e o necessário. Porto Alegre:
Artmed, 2002.
PEREIRA, Maria Suely. A importância da literatura Infantil nas séries iniciais. Revista
Eletrônica de Ciências da Educação, Campo Largo, v. 6, n. 1, jun 2007.
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A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA NA
EDUCAÇÃO INFANTIL
Marilda Pereira da Silva De León Alvez 1
RESUMO: Este ensaio aborda sobre a importância da Literatura Infantil no contexto da Educação
Infantil, abordando o incentivo da contação de história que deve ser iniciada em casa e ter
continuidade na escola. A hora do conto por ser uma atividade que estimula a curiosidade da
criança, desperta o imaginário e expande conhecimentos, precisa ocorrer diariamente, cabendo
ao professor estimular o hábito e gosto da leitura de seus alunos, contribuindo não só para a
formação do indivíduo, mas também para um futuro leitor.
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A Literatura Infantil chega ao Brasil nos fins para o desenvolvimento da criança, pois por
do século XIX com Monteiro Lobato trazendo meio da Literatura Infantil a criança obtém
uma nova realidade, na qual por meio de seus auxílio na aquisição do gosto pela leitura e
personagens escrevia uma nova visão para a contribuição para o seu desenvolvimento
história literária, ainda inexistente direcionada infantil, pois resgata o lúdico na aprendizagem.
realmente à educação e a cultura das crianças. Por intermédio de livros a contação de
O seu primeiro livro para o público infantil foi histórias entra em mundos diferentes ao da sua
Narizinho arrebitado, que traz uma realidade, como afirma o Referencial Curricular
personagem que se impõe no seu contexto. Nacional para Educação Infantil (1998):
Dessa maneira, Lobato destaca-se com a A ampliação do universo discursivo da
publicação de sua grande obra, como aponta criança também se dá por meio do
Sandroni (1998): conhecimento da variedade de textos e
Com a publicação de A menina do narizinho manifestações culturais que expressam modos
arrebitado, em 1921, José Bento Monteiro e formas próprias de ver o mundo, de viver, de
Lobato inaugura o que se convencionou chamar pensar […] músicas, poemas e histórias são um
de fase literária da produção brasileira rico material para isso(BRASIL, 1998, p. 139).
destinada especialmente às crianças e jovens Na Educação Infantil as histórias despertam
(SANDRONI, 1998, p. 13). nas crianças desde pequenas, gostos e valores,
Após Monteiro Lobato, a literatura infantil pois quando se conta uma história tem-se
foi contemplada, no Brasil, com a contribuição vários objetivos entre eles, ensinar, instruir,
de novos autores, com algumas obras lançadas educar e divertir em um mundo do faz-de-
nas décadas de 80 e 90: O Menino Maluquinho, conta. É nesta fase de desenvolvimento e
de Ziraldo; Marcelo Marmelo Martelo, de Ruth descobertas que se deve proporcionar-lhe este
Rocha; Chapeuzinho Amarelo, de Chico contato com os livros, fazendo com que ela
Buarque; A Bolsa Amarela, de Lígia Bojunga perceba a sua real importância porque todos
Nunes; A Arca de Noé, de Vinícius de Moraes, e têm alguma moral de história, que traz algo
muitas outras, baseando-se em valores para ensinar para criança.
pedagógicos, com interesse no Mesmo que não saiba ler, é importante
desenvolvimento intelectual infantil, e na deixá-la ter contato com os livros, assim ela já
diversão infantil. faz a leitura de imagens e conhece a escrita.
Assim, a criança fica curiosa e passa a ter gosto
LITERATURA INFANTIL: pelos livros, e começa a conhecer as variedades
da literatura, que irá fazer com que ela ganhe
INCENTIVO Á LEITURA novos conhecimentos, os quais contribuem,
Atualmente a literatura está presente no passo a passo para o seu desenvolvimento. E
meio social de diferentes formas, por meio das também para a compreensão do mundo.
histórias contadas ou dramatizadas, que dão É de extrema importância que haja de forma
acesso às fantasias, a leitura, a escrita e até constante o incentivo para o contato com os
mesmo ao faz-de-conta, que são importantes livros que deve ter início em casa e de
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continuidade na escola. Pois o ato de contar escolar tomem gosto pela leitura de forma
história é uma tradição que existe desde muito prazerosa e não por obrigação.
tempo. Famílias tinham o costume de se O trabalho com a leitura se inicia na
reunirem para transmitir aos mais jovens as Educação Infantil como forma de despertar o
experiências de vida. É por meio de leituras de interesse das crianças pelos livros e estimular a
familiares que se estabelece o primeiro contato imaginação. Por meio da Contação de história é
com o mundo das histórias. possível despertar na criança o gosto pela
Tahan (1966, p. 22), afirma que “as histórias leitura não somente para repassar valores
consolidam os laços afetivos de morais como antigamente mais também
companheirismo e de amizade entre as crianças propiciar uma nova visão de realidade e
e os seus pais” compreensão de mundo.
Para conseguir despertar o gosto pela leitura
são necessários dois fatores: o exemplo e a A IMPORTÂNCIA DA HORA DO
curiosidade.
Devido estarmos vivendo um período em CONTO
que a mídia e as tecnologias estão cada vez A hora do conto ou a hora da história é uma
mais acessíveis às crianças. Os livros estão atividade de escuta, que propõe a interação da
sendo deixados de lado, as histórias estão criança com o texto, alimentando sua
sendo esquecidas, e os pais não leem mais para imaginação e assim possibilitando o trabalho de
seus filhos. E a curiosidade está voltada para as inúmeros conteúdos das várias áreas e de
tecnologias que fazem com que as informações diversos tipos de texto. Desta forma os contos
cheguem pelos meios de comunicação ajudam as crianças a trabalhar com situações
ampliando os horizontes e os conhecimentos. ou problemas de seu cotidiano, buscando
Muitos pais dão presente para as crianças, soluções por meio do simbolismo transmitido
brinquedos, e roupas, e esquecem que os livros pela história contada.
além de um presente educativo são essenciais Este é um momento valioso para as crianças
para a vida criança. Um livro infantil, para o fantasiarem sobre o mundo de encantamento,
quarto de uma criança, é mais indispensável do fascinação que o livro propicia. Nesta faixa
que o berço, (BERTUCH,2000, p.172). etária, de 3 a 6 anos os livros podem fazer com
Hoje em dia há diversos livros Infantis, com que as crianças adquiram o hábito de leitura de
fácil acesso, e valor acessível, já não é um forma prazerosa, atraente, criativa às crianças,
problema esse contato do livro com a criança, a começar pela seleção dos livros, que devem
mas sim falta o estímulo do adulto, não basta a ser adequados à faixa etária trabalhada, a partir
criança ter um livro em casa, os estímulos são do seu desenvolvimento cognitivo. Para cada
feitos por meio da leitura do adulto para a idade há uma característica de leitura:
criança. Aos 3 anos as histórias devem ser curtas, com
Desta forma se torna um desafio para o poucos detalhes e personagens. Nesta idade a
educador fazer com que as crianças em idade criança encara a história como se ela fosse real,
tudo tem vida e há comparação com sua
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio deste ensaio foi possível verificar a importância da literatura infantil, esta deve
ser incentivada pela família e pela escola. A literatura infantil deve ser aliada do professor no
interesse de incentivar o gosto da leitura da criança, não apenas em contar uma história quando
sobra tempo ou para distrair as crianças, mas sim como uma atividade planejada e incluída no
cotidiano delas com um fundo pedagógico. Para que este momento seja prazeroso e obtenha os
objetivos propostos cabe ao professor conhecer a história que vai ser contada, preparar o
ambiente, escolher um livro que condiz com a faixa etária e que apresente uma boa qualidade
literária.
Consideramos que por meio da leitura a criança compreenderá o mundo em que vive e
toda ação adulta é essencial no desenvolvimento da criança, e no estimulo para se tornar um
futuro leitor.
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REFERÊNCIAS
ABRAMOVICH, Fanny - Literatura Infantil: Gostosuras e bobices. São Paulo Scipione.2001.
BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas. Rio de janeiro: Paz e Terra, 2002.
CARVALHO, Barbara Vasconcelos. Literatura Infantil: Visão histórica e critica. 2°Ed. São
Paulo, Ática, 1982
COELHO, Nelly Novaes. Panorama histórico da literatura infantil/juvenil. São Paulo: 1985.
COELHO, Nelly Novaes. Literatura infantil: teoria – análise – didática. São Paulo: Moderna,
2000.
SANDRONI, Laura. De Lobato à Década de 70. SERRA, Elizabeth. 30 anos de Literatura para
Crianças e Jovens: Algumas Leituras. Campinas, SP: Mercado
de Letras: Associação de Leitura do Brasil, 1998.
TAHAN, Malba. A arte de ler e contar histórias. Rio de Janeiro, Conquista, 1996.
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A IMPORTÂNCIA DA LUDICIDADE E DO
BRINCAR NO DESENOLVIMENTO INFANTIL
Marta de Araújo Carvalho1
RESUMO: Por meio das constantes observações dos processos de aprendizagens por meio das
ações das crianças e suas manifestações de ação no meio na qual está inserida, os meios pelas
quais a criança observa as ações ao seu redor e interage de suas próprias formas únicas e
individuais fomentando os processos de aprendizagens exclusivos de sua maturidade cognitiva.
Tal como se observam as necessidades de constantes estímulos à criatividade, que por meio das
simulações acessíveis por meio da ludicidade propiciam canais de interação com objetos e
pessoas a fim de sanar as possíveis problemáticas e situações com as quais possa ter de refletir
sobre suas ações. A ludicidade para a criança está em mesmo grau de necessidade das mais
corriqueiras para a existência humana, pois trata-se da sua principal ferramenta de ligação entre
o real e as transmissões de informações rápidas que suas mentes em desenvolvimento se utilizam
para a descoberta e busca de respostas para as mais variadas necessidades com as quais passará
a enfrentar. Explicações biológicas neurais podem explicar os processos cognitivos realizados no
cérebro, em momentos como a criança percebe os mais variados estímulos e reage de acordo
com suas maturações prévias e desenvolve estratégias para resolver as possíveis problemáticas
existentes.
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destas e desejam estar próximas, bem como as como brinquedo a transmissão do que foi
observa ativamente, desenvolve-se ativamente assimilado e reproduz:
de modo a emoldurar-se nas posturas e Por meio do lúdico e de sua história são
modelos nas quais se vê imerso, inicialmente recuperados os modos e costumes das
íntimo, desenvolve-se de modo a analisar as civilizações. As possibilidades que o ele oferece
características observadas, posteriormente se à criança são enormes: é capaz de revelar as
representam a oposição ao modelo, que contradições existentes entre a perspectiva
consiste na comparação, ainda que com a adulta e a infantil quando da interpretação do
imitação imediata, na presença do objeto brinquedo; travar contato com desafios, buscar
imitado, implicam nas confrontações com o saciar a curiosidade de tudo, conhecer;
modelo original. Outro estudioso que descreve representar as práticas sociais, liberar riqueza
de forma clara este processo imitativo é Wallon do imaginário infantil; enfrentar e superar
(1979), descreve que as etapas sucessivas da barreiras e condicionamentos, ofertar a
imitação: criação, imaginação e fantasia,
obrigam a reconhecer um estado do desenvolvimento afetivo e cognitivo, (FEIJÓ,
movimento, em que este deixa de se confundir 1992, p.185).
com as reações imediatas e - práticas que as Comprovadamente estimulante para o
circunstâncias fazem surgir dos seus processo de formação do raciocínio lógico, bem
automatismos, e um estado de representação como extremante benéfico no trato do
em que o movimento a contêm já antes de ela desenvolvimento sócio interacional do
saber traduzir-se em imagem ou de explicitar os indivíduo em formação o que vem de encontro
traços de que deveria ser composta com os princípios de desenvolvimento amplo e
(WALLON,1979,p. 137;138). global do ser humano, a criança se apropria de
A criança compreende o fato da imitação conhecimentos multi facetados no mesmo
antes mesmo de entendê-lo como progresso em que capacita sua mente para o
representação de ações realizadas por outros, e uso da criatividade e imaginação progressiva,
as interioriza de forma a agir como que por si de tal forma que sinta-se amplamente
só, o ato imitativo, segundo a interpretação respaldada em colocar suas capacidades
walloniana, entende-se como o processo de expostas para os outros indivíduos que o
imitação num enlace e diferenciação entre o circundam e realiza assim os processos de troca
sujeito e o modelo, que no caso o modelo é o de experiências entre os pares sejam eles
outro. outras crianças ou adultos que estejam no
O que já se sabe em meio à muitas pesquisas ambiente dividindo os momentos. Disserta
é a necessidade do lúdico para a estimulação e sobre esta proximidade do real com o
possível incentivo ao interesse das crianças no imaginário e suas trocas momentâneas e
ambiente escolar, bem como universo de livros cotidianas Geraldi (1996):
e textos, pois antes ainda destes a criança [...] interações em sua família, em seu grupo
manifesta no brinquedo ou nos objetos que faz amigos, em seu bairro e mesmo interações com
os meios de comunicação de massa, como rádio
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio da observação dos desenvolvimentos das crianças mediante as mais variadas
situações de vivências no cotidiano do ser em formação, são necessárias interações diretas que
possibilitem a busca por respostas e reações. Por intermédio das sinapses neurais ocorridas no
cérebro e os tempos de respostas das ações a criança desenvolve-se por meio do imaginário
estratégias possíveis de reações.
As possíveis construções de aprendizado obtidas em variadas situações que proporcionam
as interações entre os pares e suas descobertas advém de todas as possibilidades decorrentes das
interferências externas. O ser em constante aprendizado está imerso nas suas possibilidades
mentais, envolto de estratégias mentais de suas percepções de observações anteriores bem como
salientas os intermeios de formulações de novas estratégias. Suas criações em jogos
interacionistas, regulações de regras, que fomentam as habilidades necessárias para o convívio
social e plena compreensão da necessidade de reflexão das mesmas, a averiguação de tentativas
e erros, construindo conceitos próprios de ações entre os pares e reações possíveis. Viabilizam
também, a manutenção dos hábitos culturais, regionais, familiares, reavaliando em seu próprio
meio de convívio as tradições, construindo, desconstruindo e reconstruindo possibilidades de
convivência.
De modo linear ou não, as construções mentais antecedem todos os conceitos de
aprendizagens formais, a criança está em aprendizado á todo momento e quando descobre suas
possibilidades de abstração entre o real e o imaginário, endossa as características de suas próprias
construções individuais e coletivas, que adquire memórias e consciências e possibilita-lhe
ferramentas básicas para embasamentos para futuras aprendizagens com as quais se deparará
constantemente ao longo de toda a sua vida e a fomentação de criatividade possibilita ainda uma
mentalidade ampla que se estenderá ao longo da vida adulta.
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REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Paulo Nunes de. Educação lúdica: técnicas e jogos pedagógicos. São Paulo:
Loyola, 1995.
FEIJO, O. G. O corpo e movimento: Uma psicologia para o esporte. Rio de Janeiro: Shape,
1992.
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez;
Brasília; UNESCO,2004.
VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente. São Paulo. Martins Fontes, 1991.
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A IMPORTÂNCIA DA LUDICIDADE NO
PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO
Renata Ribeiro de Queiroz1
RESUMO: O artigo tem como objetivo identificar a importância e métodos de ludicidade a ser
trabalhado nos anos iniciais do Ensino Fundamental, sob o processo de alfabetização na
perspectiva de sua evolução e da ludicidade como ferramenta capaz de garantir a prática
satisfatória e prazerosa para o melhor desenvolvimento na alfabetização utilizando jogos e
brincadeiras. Muitos professores preocupados com a alfabetização tradicional, e querendo obter
resultados rápidos, porém mecânicos, esquecem que jogos e brincadeiras fazem parte desse
processo de alfabetização e que pode ter resultados mais satisfatório introduzindo jogos e
brincadeiras em sala de aula para o desenvolvimento de um aluno atuante na sociedade.
Professoras entrevistadas demonstram jogos realizados com os alunos e descrevam a evolução
de alunos no processo de aprendizagem no 1º ano do ensino fundamental e sua importância para
a alfabetização.
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Mediante a afirmação exposta acima, pode- adultos, ampliam suas relações sociais,
se compreender, portanto, que o processo de interações e suas formas de comunicação.
alfabetização implica muito mais que aprender O professor mostrar à criança por meio da
letras e formar frases. O professor de forma atividade lúdica que a aprendizagem é ativa,
prazerosa para os alunos deve utilizar os jogos dinâmica e contínua. Assim a educação partirá
e brincadeiras como ferramentas pedagógicas das necessidades e dos interesses do aluno,
na aplicação de sua prática para a associação da estimulando sua atividade e o desenvolvimento
alfabetização, utilizando diversidades de jogos de sua criatividade, na conquista de sua
com diferentes objetivos, conflitos, regras e autonomia.
prazeres. É preciso que o professor tenha um olhar
Kishimoto (1994, p. 26), argumenta sobre a perceptivo para compreender que a educação
importância das experiências com jogos e é ato intencional. Requer orientação de sua
brincadeiras, dizendo que o suporte da parte, cujos caminhos podem ser viabilizados
aprendizagem não está apenas no raciocínio por instrumentos e materiais que podem ser
lógico. O jogo nos propicia experiências de utilizados para facilitar a construção do
êxito, pois é significativo, possibilitando a conhecimento por parte da criança. A criança
autodescoberta, a assimilação e a interação que brinca sempre, com determinação, pode
com o mundo por meio de relações e de certamente tornar-se um adulto determinado
vivências. capaz de promover o seu bem-estar e também
Portanto, não há como ignorar o valor da do outro.
ludicidade como recurso pedagógico. Por meio Kishimoto (2011), realça que as regras têm
dessa prática, professor e alunos devem papel muito importante no processo de
aprender juntos, construir uma aprendizagem aprendizagem, pois exige percepção, memória,
significativa, testar limites, questionar atenção, ações mentais integradas. Dessa
possibilidades e avançar rumo a uma educação forma a criança busca representações
de qualidade. simbólicas para expressar na brincadeira e
O professor precisa criar um ambiente aprende a simbolizar, a dar significado às coisas
estimulador no qual ler, escrever e resolver e situações, e aprende regras.
desafios e situações problemas tenham O professor precisa conhecer a criança, sua
significado para os alunos. A criança já nasce característica, seus interesses, bem como as
com capacidades afetivas, emocionais e necessidades de sua faixa etária para planejar
cognitivas. Desejam desde muito cedo estar sua pratica docente por meio do lúdico. Cabe ao
perto de pessoas, interagir e aprender com elas professor também planejar o espaço, tempo, os
de forma que possa entender e influenciar seu materiais e refletir sob sua pratica aplicada.
ambiente. Alfabetização tem início bem cedo e não
Para as crianças se sentirem mais seguras termina nunca. Nós não somos igualmente
para se expressar e aprender por meio das alfabetizados para qualquer situação de uso da
diversas trocas sociais com outras crianças e língua escrita. Temos a facilidade de lermos
determinados textos e evitamos outros. O
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A ludicidade se destaca como a ferramenta principal para a prática docente na
alfabetização, visto que se auxilia na aquisição do ensino-aprendizagem do educando com maior
eficácia. Aprender brincando torna a alfabetização mais prazerosa e significativa, dessa maneira,
vai construindo seu aprendizado.
Hoje o lúdico é o melhor aliado para o trabalho com alfabetização, pois proporciona tanto
para o professor quanto para o aluno o prazer durante o processo de aprendizagem e
principalmente na aquisição da escrita e linguagem durante essa etapa. Porém, é importante que
haja, da parte do professor, um planejamento diversificado almejando principalmente o amplo
desenvolvimento da criança levando-a ao aperfeiçoamento e avanço na sua aprendizagem. Cabe
ao professor, em seu papel de mediador, proporcionar atividades que desafiem seus alunos e o
desenvolvimento das crianças tornando-as mais críticas, autônomas, criativas e felizes. O
professor precisa criar situações significativas ao conhecimento do aluno, oferecer um ambiente
rico e variado. Nesse aspecto a ludicidade, assim com o trabalho com jogos e brincadeiras,
complementará o trabalho do professor que favorecerá as interações, as trocas e as construções
entre seus alunos.
A alfabetização se faz de forma continua e com a ludicidade como facilitadora do
aprendizado, havendo a motivação, interesse e avanços no desenvolvimento da criança de forma
significativa e prazerosa.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica - Ensino Fundamental de
Nove Anos: Orientações para a Inclusão da Criança de Seis Anos, Brasília, 2007.
KISHIMOTO, Tizuko Morchida. O jogo e a educação infantil. São Paulo: Livraria Pioneira
Editora, 1994.
KISHIMOTO, Tizuko Morchida. O jogo e a educação infantil. São Paulo: Cengage Leatning,
2015.
VYGOTSKY, Lev Semenovich. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1987.
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A IMPORTÂNCIA DA NEUROPSICOPEDAGOGIA
NA EDUCAÇÃO
Daniela Gabriel Santiago dos Santos 1
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Estudar sobre o cérebro e suas estruturas, neurociências, plasticidade cerebral, funções
cognitivas, neurociências na educação, desenvolvimento do sistema nervoso central é
fundamental, pois contribui para o planejamento relativo ao ensino aprendizagem e
consequentemente ao processo educacional.
Nesta perespectiva é fundamental estarmos atentos as dificuldades de aprendizagem, e
sempre que houver necessidade propormos intervenções neuropsicopedagogicas.
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REFERÊNCIAS
ANDRADE, V.M.; SANTOS, F.H. Neuropsicologia Hoje. In Andrade V.M., Santos F.H., Bueno
OF.A, editores. Neuropsicologia Hoje. São Paulo: Artes Médicas, 2004.
PIAGET, J JNHELDER , B.A psicologia da criança. São Paulo: Bertrand Brasil, 1995.
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RESUMO: O presente artigo tem como finalidade abordar o modo da participação da família nos
ambientes escolares de seus filhos. Visualizando e entendendo a educação como algo
permanente, em toda a vida humana, como processo contínuo, na qual são inseridos além dos
alunos, todos os familiares, gestores, professores e a sociedade em geral. Objetivamos identificar
os motivos que os levaram até a escola. Utilizamos como metodologia a abordagem qualitativa
com pesquisas de autores que versam sobre o tema. Consideramos de fundamental importância
a participação da família na vida escolar, além de consequentemente incidir sobre a
aprendizagem, também reflete na construção de caráter solido.
1 Professora de Ensino Fundamental II e Médio na Rede Municipal de São Paulo; Professora de Educação Básica
II na Rede Estadual de Ensino de São Paulo.
Graduação:Licenciatura em Letras; Licenciatura em Pedagogia; Especialização em Alfabetização e Letramento.
E-mail: simonejullye@hotmail.com
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anunciante sobre o universo, uma identificação no mínimo 04 encontros durante o ano letivo
entre meus valores e os valores deles. A escola além da escola, estar sempre à disposição dos
não fala diretamente ao outro, mas para o pais para o diálogo e com o foco no objetivo
outro, portanto não reconhece nele uma maior que é o processo ensino-aprendizagem.
qualidade de sujeito (GARCIA, 2006 p.12).
PAPEL E RESPONSABILIDAE DA
INTEGRAÇÃO ENTRE ESCOLA- ESCOLA
FAMÍLIA = COMPROMISSO DE É preciso convencer-se de que a
TODOS participação, diferenciada conforme o papel
que cabe a cada setor da comunidade
Nos últimos anos percebe-se claramente que
a família está atribuindo a escola o educacional, constitui ao mesmo tempo uma
manifestação de democracia social e uma
compromisso de educar as crianças, não há
uma integração entre a escola e a família com garantia de qualidade por certo não se pode
relação a aprendizagem dos alunos. É confundir a participação com qualidade em si
importante ressaltar que a relação entre escola da educação escolar, por que a qualidade refere
e família é compromisso de todos, pois a aos resultados educacionais alcançados pela
escola, enquanto participação é apenas um
sociedade, o meio em que as famílias vivem
meio.
atua direta e indiretamente nas crianças e por
consequência na escola e, sobretudo no Contudo, trata-se de um meio fundamental,
processo ensino-aprendizagem. Os pais não porque a educação não depende de si mesma,
necessitam ser convidados a frequentar a mas em grande parte do papel que
escola de seus filhos, a escola sempre estará desempenha a família dentro e fora da escola.
aberta, a importância da presença é Como se dá com outras habilidades humanas, é
imprescindível para as tomadas de decisões. participando que se aprende a participar
(LÓPEZ, p.83, 1999).
Segundo Lopez (1999):
Pais e mães devem comparecer sempre à
Os pais são responsáveis legais e morais pela
escola, não somente nas reuniões pré-
educação de seus filhos. Como a educação
escolar não os exime dessa responsabilidade, a determinadas para entrega dos boletins (final
participação dos pais é flagrantemente de cada bimestre), mas sim antes que qualquer
necessária para que continuem a exercer seu tipo de situação já esteja fora de controle.
papel de principais educadores dos filhos. Por Devido ao mundo globalizado, pais e mães
isso pergunto como deve ser tal participação, assumem um importante papel no mercado de
pois é indubitável sua necessidade, (LOPEZ, trabalho, deixando seus filhos o dia todo na
p.75, 1999). escola, passam sim a responsabilidade de
Por fim, pode-se afirmar que um dos mais “educar” somente para a escola. As famílias
importantes instrumentos de aproximação estão cada dia mais esquecendo que são os
entre a família do aluno e a escola, é a reunião responsáveis para a formação do caráter dos
de pais, organizadas no calendário escolar com filhos, para formação da personalidade de cada
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente artigo expôs em linhas gerais que mesmo diante da modernidade, globalização,
a escola necessita das famílias para sua organização e interação com a comunidade, exaltando a
importância dessa relação para formação cultural dos alunos, principalmente nas séries iniciais
do Ensino Fundamental, pois envolve questões de conteúdo e valores.
A interação e integração entre família, comunidade e escola é extremamente saudável e
necessária, pois assim são formados alunos como seres humanos e não como seres que adquirem
conhecimentos abstratos, seres humanos esses capazes de aprender a aprender a vida como um
todo, convivendo numa sociedade igualitária, diversificada, na qual se convive e respeita as
diferenças, tornando-os cidadãos participativos no lugar em que vivem.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Senado Federal. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB 9.394,
20/12/1996
CURY, Augusto Jorge. Pais brilhantes, professores fascinantes. Rio de Janeiro; Sextante,
2003.
GARCIA, E. E. Veiga, E.C. e (2006). Psicopedagogia e a teoria modular da mente. São José
dos Campos: Pulso.
LÓPEZ, Jaume Sarramona: Educação na família e na escola; o que é e como se faz. Ed.
Loiola, São Paulo, 1999.
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RESUMO: Este artigo tem por objetivo a importância da psicomotricidade na educação infantil e
de que forma a mesma pode contribuir para o desenvolvimento e aprendizagem da criança, além
de averiguar como se desenvolve o processo de construção de conhecimento. Este trabalho tem
como procedimento metodológico a pesquisa bibliográfica cuja finalidade é oferecer uma maior
familiarização com o problema, com intenção de torná-lo mais evidente e mostrar a suas
contribuições para o processo de aprendizagem de criança. Nota-se que a educação psicomotora
deve ser trabalhada a partir do momento que a criança entra na instituição psicomotora deve ser
trabalhada a partir do momento que a criança entra na instituição de ensino, já que serve como
base para aquisição de novos conhecimentos. Diante de tais constatações, é necessário que o
professor tenha compreensão do papel da educação psicomotora, pois a mesma exercerá
influência em toda a vida da criança desde os primeiros anos de vida, já que é por meio de
movimento e de contato com o meio que a criança se expressa. Diante desse fator, percebe-se a
necessidade de aprofundamento no assunto com o intuito de aprender mais sobre os mistérios
dos movimentos corporais que são fatores ligados diretamente com diversas áreas do
conhecimento, tal como, linguagem oral e escrita, raciocínio logico-matemático, artes visuais e
muitos outros. Acredita-se que esse estudo poderá ter uma importante contribuição para os
profissionais docentes preocupados com uma educação efetiva e de qualidade.
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com a ideia de Gallahue e Ozmun (2003), além visando melhorar a eficiência e diminuir o gasto
de investigar como se desenvolve o processo de energético.
construção de conhecimento. O trabalho tem A sociedade Brasileira de Psicomotricidade a
como procedimento metodológico a pesquisa conceitua como sendo uma ciência que estuda
bibliográfica cuja finalidade é oferecer uma o homem por meio do seu movimento nas
maior familiarização com o problema, com diversas relações, tendo como objetivo de
intenção de torná-lo mais evidente e mostrar a estudo o corpo e a sua expressão dinâmica. A
suas contribuições para o processo de Psicomotricidade se dá a partir da articulação
aprendizagem. movimento/corpo/relação.
A Psicomotricidade nada mais é que se
CONCEITUANDO relacionar através da ação, como um meio de
tomada de consciência que une o seu corpo, a
PSICOMOTRICIDADE mente e o espirito. A Psicomotricidade está
Existem várias definições que cercam o associada à afetividade e á personalidade, já
conceito de Psicomotricidade. Portanto, que o indivíduo utiliza seu corpo para
acredita-se que seja um erro dizer que existe demostrar o que sente (BARBOSA, 2007, p. 01).
uma conceituação fixa e acabada a respeito do De acordo com Queirós (1992, apud, ELMAN;
conceito. Porém, em todo o mundo é quase BARTH; UNCHALO, 1992, p. 12), “a motricidade
unânime que a Psicomotricidade é entendida é a faculdade de realizar movimentos e a
como a educação do homem pelo movimento. psicomotricidade é a educação de movimentos
Analisando a palavra etimologicamente, que procura melhor utilização das capacidades
teríamos: psique: mente. Motricidade: É a psíquicas”. Partindo dessas concepções cabe
propriedade que possuem certas células destacar novamente que o entendimento da
nervosas de determinar a contração muscular, psicomotricidade se torna indispensável para
ou seja, motriz estar relacionada a movimento. professores da Educação Infantil e deve ser
Psicomotricidade é o desenvolvimento do valorizada e trabalhada com os alunos a fim de
comportamento humano. tornar efetivo o seu verdadeiro significado de
Saboya (1995), define a psicomotricidade forma que traga benefícios para sua vida.
como uma ciência que tem por objetivo o Diante de tais fundamentações pode-se
estudo do homem, por meio do seu corpo em afirmar que a psicomotricidade, tem foco de
movimento, nas relações com seu mundo estudo o movimento humano, envolve toda
interno e seu mundo externo. Para Ajuriguerra ação que é desenvolvida e realizada pelo
(1970), é a ciência do pensamento por meio do sujeito. Dessa forma, a psicomotricidade ligada
corpo preciso, econômico e harmonioso. á motricidade desenvolvem os movimentos
Barreto (2000), afirma que é a integração do que de certa forma educa o corpo e estão
indivíduo, utilizando, para isso, o movimento e presentes de forma ativa em todas as áreas do
levando em consideração os aspectos conhecimento humano.
relacionais ou afetivos, cognitivos e motrizes. É Desde o seu surgimento no século XIX onde
a educação pelo movimento consciente, se iniciaram estudos a seu respeito e passou ser
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desenvolvimento por isso deve ser respeitada e atingidos pela criança. Nesta fase a criança vai
estimulada a movimenta-se com atividades começar codificar e decodificar o mundo por
próprias para cada faixa etária. meio dos reflexos.
Segue-se com fase rudimentar, na qual se
Quadro 1. Fases do desenvolvimento motor tem um período maior de tempo, entre 06
Idade Sequência de desenvolvimento: meses a 2 anos de idade. Essa fase possui dois
aproximada Fases e estágios
Fase reflexiva: estágios á serem desenvolvida, o estágio de
0 a 6 meses - Estágio de codificação iniciação e inibição dos reflexos, no qual a
- Estágio de decodificação
criança começa a manifestar os movimentos
Fase rudimentar:
6 a 12 meses - Estágio de início de inibição de superando os reflexos, e o estágio de pré-
reflexos controle, a criança começa a ter o domínio do
1 a 2 anos -Fase rudimentar:
-Estágio de pré-controle próprio corpo, é a fase em que a criança
2 a 4 anos - Fase de movimentos começa a andar.
fundamentais:
-Estágio inicial e elementar A terceira fase, denominada, fase dos
4 a 6 anos - Fase de movimentos movimentos fundamentais, é desenvolvida
fundamentais:
-Estágio de maturação e maduro
entre 2 a 6 anos de idade. Essa fase é construída
7 a 10 anos -Fase de movimentos por dois estágios, o estágio inicial e elementar
especializados: e o estágio de maturação e maduro, no qual a
-Estágio transição
11 anos e -Fase de movimentos criança passa a explorar e experimenta seu
acima especializados: corpo de forma a descobrir suas possibilidades
-Estágio de aplicação
-Estágio de utilização e limites, daí surge uma variedade de
13 anos e -Fase dos movimentos específicos: movimentos.
acima -Estágio cultural e especificidade.
Fonte: Gallahue e Ozmun (2003)
As últimas fases, denominadas, fase de
movimentos especializados, e fase dos
O desenvolvimento motor da criança deve movimentos específicos, que são desenvolvidas
ser desenvolvido de acordo com sua idade, ou entre 7 e 13 anos de idade. Essas fases possuem
seja, o professor, que vai ser um dos três estágios a ser desenvolvido pela criança, o
estimuladores e auxiliador no desenvolvimento estágio de transição, estagio de aplicação,
motor da criança, deve aplicar atividades que estágio de utilização estágio cultural e
seja compatível com a idade e fase de especificidades. Essas fases são frutos das fases
desenvolvimento em que se encontra a criança, anteriores principalmente da fase dos
sempre acrescentando novos desafios que movimentos fundamentais. Nessas fases os
possibilite a mesma alcançar a o próximo movimentos, após um momento de transição,
estágio, mais sem que vá além da sua tornam-se uma ferramenta em que a criança
capacidade de superar. usará para desenvolver diversas atividades
O quarto vem explanar de forma bem motoras para atender suas necessidades do
suscita as fases de estágios do desenvolvimento dia-a-dia.
motor. Pode-se observar que se inicia com fase Cabe ressaltar que esses estágios nem
reflexiva, na qual existem dois estágios a serem sempre são seguidos de forma sequencial e na
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idade mencionada. “Diversos fatores podem trabalhar, assim foi preciso criar creches para
colocar em risco o curso normal do cuidar dessas crianças. Essas escolas surgiram
desenvolvimento de uma criança” (GALLAHUE, como forma de dar assistência, cuidar da
2005, p.54). Uma criança pode muito bem higiene, alimentar as crianças enquanto
apresentar características da fase de estavam longe de suas mães e não como um
movimentos fundamentais, com a idade da fase trabalho educacional, de desenvolvimento
rudimentar. Gallahue apresenta vários fatores (OLIVEIRA, 2008).
que podem interferir no curso normal de Quando o “jardim de infância” chegou ao
desenvolvimento da criança, entre estas Brasil causou muitas discussões entre os
condições biológicas e ambientais. Fatores políticos daquela época, pois enquanto alguns
como baixo peso ao nascerem, distúrbios achavam que seria importante para o
cardiovasculares, respiratórios e neurológicos, desenvolvimento delas. Durante a polêmica,
infecções neonatais, desnutrição, baixo dizia-se que o objetivo dessas escolas
condições socioeconômicas, desnutrição, Por meio deles que as crianças podem se
prematuridade e entre outros. “Quanto maior expressar, se comunicar, criar, misturar
o número de fatores de risco atuantes, maior realidade e fantasia.
será a possibilidade do comprometimento do De acordo com Melo (2009), o jogo definido
desenvolvimento” (GALLAHUE, 2005, p. 55). como:
uma atividade ou ocupação voluntária, onde
MOMENTOS HISTÓRICOS DA o real e a fantasia se encontram, que possui
características competitivas, ocorre num
EDUCAÇÃO INFANTIL espaço físico e de tempo determinados,
De acordo com Oliveira (2008), durante desenvolve-se sob regras aceitas pelo grupo de
muito tempo o cuidar e educar eram de participantes, e são, em geral, a habilidade
responsabilidade da família, em especial da física, o desempenho intelectual diante das
mãe e outras mulheres, e a criança era vista situações de jogo, e ás vezes a sorte, os
como um pequeno adulto e quando deixava de componentes responsáveis pela determinação
depender de outras ela ajudava os adultos nas dos seus resultados. Com frequência, sua
tarefas cotidianas. prática se dá num clima de tensão e
A história da Educação Infantil no Brasil expectativa, principalmente face ao
segue a história do resto de mundo, não havia desconhecimento antecipado do resultado final
instituições que acolhessem as crianças (MELLO, 2009, p.61).
pequenas até meados do século XIX. Dois Antigamente os jogos eram vistos como uma
marcos importantes para a história da forma de recreação, apenas um passatempo
educação no Brasil foram: a abolição da 24 para as crianças sem qualquer objetivo
escravatura que fez com que o abandono de especifico, diferentemente dos dias de hoje,
crianças aumentasse e a entrada das mulheres quando eles estão sendo utilizados pelos
no mercado de trabalho, com isso elas não professores também como um recurso
tinham aonde deixar seus filhos para irem pedagógico.
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Hoje a perspectiva com relação aos jogos desenvolvimento da criança. Ainda segundo
infantis é outra. Educadores e outros Negrine (2010, p.95). Quando explica o papel
pesquisadores da Educação incentivam a do jogo no desenvolvimento da criança, chega
pratica do jogo como forma de aperfeiçoar o a algumas conclusões. Inicialmente, coloca que
desenvolvimento infantil. Pose-se afirmar que o jogo não é uma característica predominante
os jogos estão adquirindo gradualmente uma da infância, mas um fato básico no
nova dimensão. Vistos sob um enfoque de desenvolvimento.
integração aos currículos das escolas, deixam Para os vygotskianos, os jogos são condutas
de ser considerados atividade secundária e que imitam ações reais e não apenas ações
passam a ser pedagogicamente aceitos como sobre objetos ou uso de objetos substitutos.
parte dos conteúdos (MELLO, 2009, p.62). Não há atividade propriamente simbólica se os
De acordo com Antunes (2000), na busca por objetos não ficam no plano imaginário e são
um ensino onde os alunos se interessem pelo evocados mais por palavras que por gestos
conteúdo dos jogos ganharam espaço no (KISHIMOTO, 2008, p.42).
processo de ensino e aprendizagem. Levando Para Wallon (1879 -1962), existem cinco
em consideração se experiencias e descobertas estágios de desenvolvimento: Impulsivo-
das crianças, o professor deve criar “situações emocional que acontece no primeiro ano de
estimuladoras e eficazes”. Ainda segundo o vida e que predomina a afetividade; Sensório
autor “O jogo ajuda-o a construir suas novas Motor e Projetivo que vai até os três anos de
descobertas, desenvolve e enriquece sua idade e predomina a cognição; Personalismo
personalidade e simboliza um instrumento que é dos três aos seis anos e retorna a
pedagógico que leva ao professor a condição de afetividade; Categorial por volta dos seis anos
condutor, estimulador e avaliador da há influência do cognitivo e o Estágio da
aprendizagem” (ANTUNES, 2000, p.36)”. adolescência em que há uma influência
Para Vygotsky (2003), existem três zonas de funcional, existem momentos em que a
desenvolvimento: a zona de desenvolvimento afetividade que predomina e há momentos que
potencial, a zona de desenvolvimento potencial a cognição é quem predomina (GALVÃO, 1995).
é aquela que a criança ainda vai construir, está Sobre os jogos, Wallon (1879 -1962), afirma
voltada para seu futuro, a zona de que eles se confundem com as atividades
desenvolvimento real é aquilo que a criança já globais das crianças, e os classifica em: jogos
aprendeu e consegue dominar e na zona de puramente funcionais, que ele chama de
desenvolvimento proximal a criança faz algo elementares, são aqueles que as atividades têm
com auxílio de outro, mas depois de um tempo como intenção “mover dedos, tocar objetos,
ela poderá fazer sozinha. produzir ruídos e sons, dobrar braços e pernas”;
De acordo com Negrine (2010), Vygotsky não os jogos de ficção que é o famoso “faz de conta”
vê nos jogos uma atividade que possa ser e tem como exemplo o brincar de bonecas, de
definida apenas como uma atividade prazerosa, cavalo de pau, etc.; os jogos de aquisição que se
mas entende que por meio dos estímulos refere ao olhar, escutar, perceber e
propiciados por esses jogos há um progresso no compreender; e os jogos de fabricação onde é
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possível transformar, modificar e inventar das crianças (Art. 208), e dos pais e mães (artigo
novos objetos (NEGRINE e NEGRINE, 2010, 7) as creches e as pré-escolas.
p.71). A Educação Infantil – primeira etapa da
Analisando o estudo dos estágios propostos educação básica tem por finalidade o
por Piaget, Wallon fez inúmeros comentários desenvolvimento integral da criança até seis
onde evidenciava o caráter emocional em que anos de idade, em seus aspectos físicos,
os jogos se desenvolvem, e seus aspectos psicológicos, intelectual e social,
relativos á socialização. Interessou-se complementando a ação da família e da
particularmente pelo aspecto da descoberta e comunidade (BRASIL, 1996, s.p.).
da relação com o “outro” que o jogo é capaz de Para que se tenha esse direito garantido, é
propiciar (MELLO, 2009, p.68). indispensável o desenvolvimento de uma
De acordo com Maluf (2009), a criança se educação motora de qualidade, vendo que é na
desenvolve de acordo com a influência do Educação Infantil que ela deve ser iniciada. A
adulto que a sociedade quer formar, as suas educação psicomotora é indispensável para
potencialidades dependem da cultura, das formação da criança, pois é por meio de tal ação
ideias e do contexto social da criança. que a criança vai adquirindo conhecimento das
Para Antunes (1998), é por meio dos coisas que estão a sua volta, além de ser uma
jogos que a criança descobre a vida, a sua base determinante para a aquisição de novos
individualidade e ajuda do seu crescimento e conhecimentos e aprendizagens. As habilidades
seu desenvolvimento, ressalta ainda a psicomotoras que devem ser iniciadas na
importância de que os jogos sejam muito bem educação infantil são essenciais para que se
elaborados e que o professor tenha sempre a tenha um bom desempenho no processo de
noção de que o importante é a qualidade e não alfabetização.
a quantidade de jogos aplicados. Para crescer e aprender a criança precisa
desenvolver várias habilidades, entre elas a
PAPEL DA EDUCAÇÃO leitura e a escrita. Os exercícios psicomotores
são uma das aprendizagens escolares que deve
PSICOMOTORA NA EDUCAÇÃO ser desenvolvida na primeira infância, já que
INFANTIL são determinantes para a aprendizagem da
Educação Infantil é a base para outros leitura e da escrita. Na Educação Infantil a
conhecimentos, e deve ser efetivado da melhor prioridade é fazer com que a criança tenha uma
forma possível. Por lei o sistema de ensino percepção do mundo que o rodeia,
brasileiro desde 1996, determina a compreender suas possibilidades e limitações,
obrigatoriedade de creches e pré-escolas para além de auxilia-la à se expressar corporalmente
crianças entre 3 e 5 anos. A Constituição e aperfeiçoar suas competências motoras. Le
Federal (1988), acarretou ao Estado o dever de Boulch (1985, p. 221), observa que “75% do
fornecer uma educação formal para as crianças desenvolvimento psicomotor ocorrem na fase
de 0 a 6 anos de idade, implicados nos direitos pré-escolar, e o bom funcionamento dessa área
facilitará o processo de aprendizagem futura”.
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relações da criança com o mundo, onde ao A educação psicomotora será uma forma de
brincar a criança vive o prazer de agir preparação da criança para as necessidades
simultaneamente com o prazer de projetar-se que ela encontrará no decorrer de sua vida.
no mundo em uma dinâmica interna que Segundo Le Boulch:
promova a evolução e a maturação A educação psicomotora na idade escolar
psicomotora e psicológica dela “(OLIVEIRA, deve ser antes de tudo, uma. Experiência ativa
2008,01).Portanto grande parte do de confrontação com o meio. Dessa maneira,
desenvolvimento motor acontece em esse ensino segue uma perspectiva de uma
momentos de brincadeiras e possibilita a verdadeira preparação para a vida que se deve
aquisição de novos conhecimentos. O inscrever no papel de escola, e os métodos
movimento que a criança faz durante as pedagógicos renovados devem, por
brincadeiras exercem enormes influencias no conseguinte, tender a ajudar a criança a
seu futuro comportamento. A brincadeira desenvolver-se da melhor maneira possível, a
passa a um instrumento que pode ser usado tirar o melhor partido de todos os seus
como superado de dificuldades no processo de recursos, preparando para a vida social (LE
ensino aprendizagem. BOULCH, 1984, p. 24).
A educação psicomotora tem papel Ao contrário do que muitos pensam
importante na Educação Infantil, pois por meio finalidade da educação psicomotora não é
dela podem ser evitados diversos problemas somente a aquisição de habilidades gestuais,
com a falta de atenção da criança, dificuldade vai muito mais além, ela permite uma maior
em concretar-se em determinadas atividades, facilidade do desempenho de novas
confusão no conhecimento de letras e palavras, aprendizagens. Com a utilização de atividades e
como por exemplo, confundir a letra “b” com a jogos psicomotores, o professor estará
letra “d”, confusão relacionada a silabas e contribuindo para o futuro da criança, pois, no
várias outras dificuldades que podem interferir momento que a criança passa a aceitar as
no bom desenvolvimento do processo de regras que existem nas brincadeiras e jogos
alfabetização. psicomotores se tornará mais fácil a aceitação
Por intermédio das atividades psicomotoras das regras que o permite viver em sociedade,
com o auxílio de outras atividades, a criança além das diversas outras contribuições.
passa a adquirir uma noção de espaço e de Portanto, a educação psicomotora tem papel
lateralidade, além de passar a ter uma fundamental na Educação Infantil. E são na
orientação em relação ao seu corpo, aos escola que a criança deve vivenciar diversas
objetos, as pessoas, ou seja, ao mundo que o atividades motoras, para que ao se depararem
cerca. O aprendizado da criança é resultado da com necessidades do dia-a-dia possam superar
sua interação do seu corpo com o mundo que o facilmente. De acordo com Tabelo (2006), “a
cerca, portanto o seu corpo é um dos principais escola deve propiciar aos educadores diversas
instrumentos de aquisição de conhecimento. vivências, sejam elas corporais, visuais,
auditivas, para que se estimulem os sentidos
para que a criança desenvolva as habilidades
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após os estudos consta-se que a educação psicomotora é indispensável para o
desenvolvimento de uma boa aprendizagem pois um bom desenvolvimento motor influenciará
na aquisição de novos conhecimentos, e de certa forma, é algo que serve de base para vida do
indivíduo.
Durante o longo período histórico, desde o seu surgimento no século XIX, com suas
variadas definições, os estudos no entorno da psicomotricidade vem se desenvolvendo de volta
eficaz, pois, percebeu-se a sua importância. Nota-se que, mesmo com suas variadas definições e
mudanças de foco, é unanimidade entre todos os teóricos que fazer discursões em torno da
psicomotricidade, que ela deve estar totalmente ligada ao movimento e deve ser trabalhada
principalmente na Educação Infantil.
Como menciona Le Bouch (1984), “a educação psicomotora atingirá seu objetivo quando
trabalhada na escola nas series iniciais, pois são nessa fase que a criança passa a conhecer a si,
seu corpo, suas vontades, controle sua personalidade, definindo conceito, pensamentos, ideias,
crenças, enfim torne-se um ser consciente” da ir vem a importância de uma boa educação
psicomotora, pois ao ser desenvolvida, exercerá influencia em toda a vida.
Cabe mencionar aqui a importância do professor nesse processo. É indispensável que a
escola tenha professores qualificados para desenvolver na criança uma boa educação
psicomotora. O professor deve ter conhecimento acerca da psicomotricidade já que o principal
agente motivador e auxiliador do desenvolvimento infantil. É importante que ele compreenda em
qual estágio de desenvolvimento motor a criança estar situada, para que não cometa o erro de
passar atividades avançadas em que a criança não conseguirá responder, ou atrasadas em que a
criança responderá com rapidez e facilidade. É importante que se aplique atividades que seja
compatível com a fase do desenvolvimento da criança.
Sendo assim, o professor da Educação Infantil tem um grande papel na escola, pois é o
principal mediador do conhecimento, e deve propiciar a criança, o que é lhe garantido por lei,
uma educação de qualidade, disponibilizando aulas prazerosas, lúdicas e proveitosas.
Diante de tais considerações, o estudo possibilitou entender profundamente sobre os
benefícios da psicomotricidade na Educação Infantil e conhecer a importância do movimento
corporal que estar ligado a várias áreas do conhecimento, como a linguagem oral e escrita,
conhecimento logico matemático, e etc. Além disso constatou-se que é necessário levar em
considerações a individualidade de cada aluno, pois mesmo sendo apresentados os estágios de
desenvolvimento da criança, cada uma tem sua hora para aprender, e isso deve ser respeitado.
Os jogos e as brincadeiras são essenciais durante a Educação Infantil, é por meio dessas
atividades múltiplas que a criança aprende a se expressar, a criar, a transformar, a conviver com
outras crianças, se socializar. A psicomotricidade defende essas atividades durante todas as fases
da vida da criança, dando ênfase na Educação Infantil, pois é nesse período do desenvolvimento
humano que temos a base para todo o desenvolvimento futuro.
Por tanto, no contexto da Educação Infantil, ressaltamos que as atividades psicomotoras
não devem ser realizadas de forma mecânica, visando apenas os aspectos funcionais, mais sim de
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uma forma lúdica, com o objetivo de promover articulações entre as estruturas cognitivas e
afetivas das crianças. Nesse sentido, é preciso que se invista em projetos educativos na Educação
Infantil e contemplem as atividades em psicomotricidade, com o objetivo de promover uma
educação criativa, prazerosa, significativa e contextualizada para as crianças.
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REFERÊNCIAS
AJURIAGUERRA, J. A Escrita Infantil – Evolução e Dificuldades. Porto Alegre Artes Médicas,
1988.
BORGES, Célio José. Educação Física para pré-escolar. Rio de Janeiro/RJ: Sprint, 2002.
FONSECA, Vitor da. e MENDES, Nelson. Escola, escola, quem és tu? Perspectivas
psicomotoras do Desenvolvimento Humano. Porto Alegre: Artes Médicas,1987.
LE BOUCH, J.O desenvolvimento psicomotor do nascimento até 6 anos. Porto Alegre: Artes
Médicas,1985.
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RESUMO: Este artigo tem como objetivo observar o processo de inclusão dos educandos Surdos
na sala regular com apoio do professor da Sala de Recursos Multifuncionais. O interesse por este
tema surgiu durante observações de estágio de um curso de especialização em Educação Especial
com ênfase na deficiência auditiva/surdez foi possível observar como se dá o processo inicial de
inclusão desses educandos. Durante a realização deste trabalho alguns professores relataram
suas expectativas e dificuldades em trabalhar inicialmente com os educandos Surdos bem como
os avanços obtidos após a intervenção do Professor de Sala de Recurso por meio de formação
que subsidiaram e ampliaram suas práticas em sala de aula. Observamos que a primeira ação da
Equipe Educacional com o Público alvo da Educação Especial ocorre a partir do acolhimento dos
educandos e educandas juntamente com seus responsáveis, na qual a equipe gestora faz
inicialmente uma conversa com a família, recolhe os documentos médicos, como laudos e
atendimentos que os educandos realizam no âmbito da saúde. No segundo momento é feita uma
avaliação pedagógica desses educandos juntamente com o professor da Sala de Recursos
Multifuncionais que avaliam quais apoios à criança necessita para melhor desempenho na sala
comum. O professor de atendimento educacional especializado indica quais recursos serão
necessários para o melhor desenvolvimento cognitivo dos educandos e educandas público alvo
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da Educação Especial. Entre esses recursos são apontados além do professor especialista, a
atuação do instrutor e do intérprete para os educandos surdos. A atuação de todos os envolvidos
no processo ensino e aprendizagem, quando trazem objetivos bem definidos, garantem o melhor
aproveitamento dos conhecimentos, além de contribuir para melhor desenvolvimento cognitivo
dos educandos. Surdos. Os resultados desta pesquisa convergem para a utilização, como
subsídios, para atuação do Professor da Sala de Recursos Multifuncionais e da sala comum em
relação ao desenvolvimento dos educandos. Surdos sem prejuízo em seu processo de ensino e
aprendizagem, bem como fornece estratégias de avaliação que inclua, adaptações que
privilegiem os saberes e as capacidades de cada um pautadas no direito universal à educação e à
cidadania e no respeito às diferenças.
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Recursos Multifuncionais como eixo orientador A realidade de nossas escolas públicas ainda
para os professores da sala comum. deixa muito a desejar, pois se de um lado,
Objetivamos analisar a importância do temos professores que se dizem
trabalho do professor da Sala de Recursos despreparados, de outro temos falta de
Multifuncionais, numa proposta bilíngue de recursos humanos necessários para atender a
educação, por meio do trabalho colaborativo demanda de surdo que temos na rede. A
entre professor da sala de recursos e da classe pergunta que não quer calar: deixaremos
comum. nossos educandos no mundo das bocas mudas?
Visando à organização de trabalho Se estamos em busca de incluí-los não podemos
significativo vem se consolidando reforçar esse cenário, para isso algumas
gradativamente ações para atendimento a estratégias são fundamentais como explorar a
demanda de Educandos Surdos matriculados experiência visual na organização e
nas Unidades Educacionais, construindo uma desenvolvimento cognitivo dos nossos
proposta de Educação Bilíngue. As referidas educandos até que a Língua de Sinais se
ações buscam encontrar caminhos que estabeleça. O Surdo estará sempre imerso no
consolidem a Educação Bilíngue, procurando mundo de experiências visuais e por meio delas
deixar claros os objetivos e pontos de partida construindo ideias e pensamentos sobre a vida,
para alcance dos mesmos, apresentando fazendo sua leitura de mundo, criando
princípios e aspectos teóricos/práticos que conceitos, estabelecendo suas próprias regras.
caracterizem uma proposta de Educação para Porém ao se deparar diante do grupo
Surdos, a qual tem feito grande diferença na majoritário (ouvintes) “tenta” compreender e,
vida e processo de escolarização destes muitas das vezes, acompanhar um modelo
educandos e educandas. social que não contempla suas experiências
Enquanto gestores públicos, devemos visuais, mas que o impõe a se adaptar a um
pensar em propostas de atendimento aos contexto oral- auditivo, é aí que a Língua de
educandos, público-alvo da Educação Especial, Sinais deve ganhar espaço. Ainda que recheada
na perspectiva de Educação Inclusiva, de boas intenções, a proposta oralista de
ressaltando que os educandos surdos e com ensino fracassou em oferecer condições
deficiência auditiva não podem ficar à margem efetivas para a educação da pessoa surda, a
do processo educacional, enfatizando que estes partir disso a aquisição da língua oral como
possuem direitos de acessibilidade linguística única forma de comunicação e integração na
instituídos, que precisam ser respeitados para sociedade de ouvintes não cumpriu seus
que acessem o currículo e se desenvolvam objetivos pretendidos e ao invés de eliminar as
como cidadãos atuantes em sociedade, desigualdades como se pretendia acentuou a
modificando o status quo e quebrando o ainda mais. A falta de audição criou, para eles,
estereótipo de que a condição de “deficiente” a necessidade de realização de suas
impossibilita ser autônomo, construtor e potencialidades linguísticas por outro meio,
protagonista de sua própria trajetória. uma modalidade gestual-visual ou espacial-
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visual: a língua de sinais, ainda que para alguns politicamente essa diferença” (SKLIAR, 1997, p.
fossem oferecidas tardiamente. 140).
Nesse viés de respeito a diferenças
LÍNGUA DE SINAIS COMO acreditamos que o trabalho do professor da
Sala de Recursos com o apoio do tradutor e do
FACILITATORA intérprete, cada qual, para a necessidade do
A língua de sinais é facilitadora da integração educando surdo, é essencial para uma
desse grupo ao mundo envolvente; entretanto, aprendizagem significativa, mas isso não basta
durante anos criou-se o mito de que essa língua se cada um não fizer seu papel. Para muitos
impediria a aquisição da linguagem oral pelas pode parecer utopia idealizar que todos os
crianças surdas, com o passar dos tempos e o envolvidos terão domínio de Libras, mas se não
avanço da ciência as pessoas de um modo geral reconhecermos nossa importância na vida de
começa a entender e reconhecer que a Libras nossas crianças surdas não avançaremos.
é um sistema linguístico verdadeiro e natural, Quando todos os envolvidos trabalham em
que nasce a partir da cultura surda e da processo de colaboração visando objetivos
experiência visual, por isso, seu aprendizado comuns que são gerenciados pelo coletivo os
acontece por vias visuais, espaciais e manuais. resultados são maiores no que tange a
Sendo assim, acreditamos que a proposta do interação, diálogos, ampliação de
Bilinguismo seja essencial para aprendizagem conhecimentos e transformação de práticas
dos educandos surdos, porém não docentes inovadoras.
necessariamente satisfatórias para aqueles O aperfeiçoamento da escola comum em
que, tendo necessidades especiais, necessitam favor de todos os educandos é primordial, os
de uma série de condições que, na maioria dos demais professores da Unidade Educacional
casos, não tem sido propiciada pela escola precisam conhecer a Língua permitir que a
(LACERDA, 2006). Libras circule dentro da escola, entretanto,
Numa escola realmente preocupada com a deve-se considerar que a simples adoção dessa
inclusão é preciso que toda a Comunidade língua não é suficiente para escolarizar o
Escolar tenha clareza que os educandos Surdos educando com surdez. Assim, a escola comum
aprendem de maneiras diferentes dos precisa implementar ações que tenham sentido
educandos ouvintes, a inclusão não pode ser para os alunos em geral e que esse sentido
concebida como mera inserção, alocação, possa ser compartilhado com os alunos com
integração do educando Surdo no espaço surdez Dorziat (1998).
escolar, mas como aquela que atente à Nessa perspectiva que entra em cena o
diversidade e contemple conhecimentos sobre professor da sala de recursos, pois é necessário
as especificidades de todos os educandos. E que os demais professores compreendam mais
nesta perspectiva é observado, também o que do que a utilização de uma língua, precisam ter
há de mais importante entre Surdos e ouvintes ciência que os educandos com surdez precisam
para a efetiva comunicação. “(...) compreender ainda mais de ambientes educacionais
a surdez como diferença significa reconhecer estimuladores, que desafiem o pensamento,
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Sala Comum devem refletir sobre uma didática e os demais envolvidos, uma vez que ele tem
de trabalho pedagógico que ofereça o mesmo sido o propulsor deste trabalho dentro desta
conteúdo curricular respeitando as referida Unidade.
especificidades do educando Surdo sem perda Todos os professores da Unidade ressaltam
da qualidade do ensino e da aprendizagem. os avanços dos educandos após o trabalho do
Esses educadores em consonância com o professor da Sala de Recursos.
que, para quem e quando ensinar deve ter claro Assim, a educação inclusiva é um desafio, é
sobre o que estão tratando para que se tenha tarefa dos educadores, dos representantes
uma efetiva inclusão destes educandos Surdos governamentais e de todos os cidadãos, mas
em uma turma de ensino regular, levando em para se efetivar uma política inclusiva deve-se ir
conta que as experiências visuais dos além da análise e aplicação de documentos
educandos Surdos não são as mesmas dos legais. [...]estes aparatos legais, sem dúvida,
ouvintes, uma vez que estes privilegiam mais o são importantes e necessários para uma
canal visual enquanto os ouvintes o auditivo. educação inclusiva no ensino superior
Pensando nos benefícios do trabalho brasileiro, muito embora, por si só não
colaborativo entre professor da Sala de garantam a efetivação de políticas e programas
Recursos com o da sala comum ressaltamos a inclusivos. Uma educação que prime pela
importância de ensinar os “Surdos” numa inclusão deve ter, necessariamente,
proposta bilíngue de educação, na qual investimentos em materiais pedagógicos, em
pudemos observar os avanços na comunicação qualificação de professores, em infraestrutura
e aprendizagem, pois a medida que estes adequada para ingresso, acesso e permanência
começam a ter domínio da Libras seu e estar atento a qualquer forma discriminatória
aprendizado se torna mais significativo. Moreira (2005, p. 43)
Observamos que os educandos ao terem a Destacamos que o resultado desta pesquisa
aquisição da Libras começam a expor com mais demonstra que temos muito a avançar na
clareza seus anseios, sentimentos e desejos, formação dos professores, porém notamos um
permitindo que os educadores consigam avaliá- avanço, pois inicialmente o trabalho com os
los de maneira mais justa e igualitária podendo educandos surdos submergiam ao muro de
observar seu real desenvolvimento na sala lamentações, no qual se ouvia não sei o que
comum e nos mais variados espaços fazer como fazer, por onde começar? Mas com
educacionais. Sem conhecer e permitir essas o trabalho formativo iniciado com o Professor
peculiaridades inerentes aos educandos da Sala de Recursos Multifuncionais
surdos, o professor pode não conseguir traçar especialista em Deficiência Auditiva e com
objetivos significativos para sua aprendizagem, apoio do CEFAI (Centro de Formação e Apoio a
levando a uma possível inércia em seu Inclusão) com foco na formação em Lócus e
desenvolvimento. esclarecimento dos serviços, a Unidade
Vale ressaltar que a presença do professor da Educacional observada tem buscado caminhos
Sala de Recurso tem sido fundamental para para incluir os educandos, seja indo em busca
direcionar tanto a equipe gestora, educadores
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Vale ressaltar que a presença do professor da Sala de Recurso tem sido fundamental para
direcionar tanto a equipe gestora, educadores e os demais envolvidos, uma vez que ele tem sido
o propulsor deste trabalho dentro desta referida Unidade.
Todos os professores da Unidade ressaltam os avanços dos educandos após o trabalho do
professor da Sala de Recursos.
Assim, a educação inclusiva é um desafio, é tarefa dos educadores, dos representantes
governamentais e de todos os cidadãos, mas para se efetivar uma política inclusiva deve-se ir
além da análise e aplicação de documentos legais. [...]estes aparatos legais, sem dúvida, são
importantes e necessários para uma educação inclusiva no ensino superior brasileiro, muito
embora, por si só não garantam a efetivação de políticas e programas inclusivos. Uma educação
que prime pela inclusão deve ter, necessariamente, investimentos em materiais pedagógicos, em
qualificação de professores, em infraestrutura adequada para ingresso, acesso e permanência e
estar atento a qualquer forma discriminatória Moreira (2005, p. 43)
Destacamos que o resultado da pesquisa demonstra que temos muito a avançar na
formação dos professores, porém notamos um avanço, pois inicialmente o trabalho com os
educandos surdos submergiam ao muro de lamentações, no qual se ouvia não sei o que fazer
como fazer, por onde começar? Mas com o trabalho formativo iniciado com o Professor da Sala
de Recursos Multifuncionais especialista em Deficiência Auditiva e com apoio do CEFAI (Centro
de Formação e Apoio a Inclusão) com foco na formação em Lócus e esclarecimento dos serviços,
a Unidade Educacional observada tem buscado caminhos para incluir os educandos, seja indo em
busca de aprender, ensinar a Libras, buscar estratégias de ensino diversificadas etc.
O movimento de incluir os educandos público alvo da Educação Especial, na escola é uma
forma de tornar a sociedade mais democrática, sendo papel de todos os cidadãos transformar as
instituições de ensino em espaços legítimos de inclusão. Portanto, a inclusão é um processo
complexo inserido na organização da educação nacional que necessita de ações transformadoras
de perspectivas realistas frente a importância de fazer do direito de todos à educação num
movimento que deve ser coletivo.
Durante a realização desta pesquisa foi possível notar que a formação e a circulação da
Libras dentro da Unidade têm se ampliado e tem sido primordial para os educandos Surdos tanto
na comunicação como na socialização em todos os espaços da escola.
A filosofia inclusiva encoraja os docentes a provocarem ambientes de aprendizagem de
entre ajuda, na qual a confiança e o respeito mútuos são essenciais para o desenvolvimento de
um trabalho em equipe. Aliás, um dos fatores, desde sempre, destacado para o sucesso da
inclusão é precisamente a colaboração entre os professores, pais e todos os agentes educativos.
Por outro lado, a implementação de parcerias e de redes com a comunidade, designadamente
com os serviços sociais, de saúde e de reabilitação constituem facilitadores imprescindíveis no
desenvolvimento de apoios para a inclusão de educandos com necessidades educativas especiais
e o caminho que se deve enfatizar no futuro (BRANDÃO; FERREIRA, 2013, p. 499).
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REFERÊNCIAS
BRANDÃO, M. T.; FERREIRA, M. Inclusão de Crianças com Necessidades Educativas
Especiais na Educação Infantil. Revista Brasileira de Educação Especial. Marília. v.
19, n.4, 2013.
BRASIL. LEI nº 10.436 de 24/04/2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras.
CAPELLINI, Vera Lúcia Messias Fialho. Práticas educativas: ensino colaborativo / Vera Lúcia
Messias Fialho Capellini, Eliana Marques Zanata, Verônica Aparecida Pereira In: CAPELLINI,
Vera Lúcia Messias Fialho (org.). Práticas em educação especial e inclusiva na área da
deficiência mental / Bauru: MEC/FC/SEE, 2008.
SÃO PAULO. Lei nº 10.958 de 27 de novembro de 2001 fica reconhecida oficialmente a Língua
Brasileira de Sinais - LIBRAS e os demais recursos de expressão a ela associada como Meio de
Comunicação objetiva e de uso corrente da Comunidade Surda.
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RESUMO: O presente artigo tem como objetivo demonstrar o exercício de atividades escolares
voltadas para a aplicação de sequências didáticas que contemplem os componentes curriculares
de Língua Portuguesa e Matemática. Visa os trabalhos pedagógicos voltados aos eixos: Grandezas
e Medidas, Leitura, Gênero Textual, (instrucional, receitas, informativos e rótulos. Arte e
Educação física. Pretende-se demonstrar os processos de construção de uma sequência didática,
seus processos elaborativos e suas. etapas necessárias para obtenção de resultados positivos e
organizados de acordo com os objetivos propostos no planejamento docente para a
aprendizagem dos estudantes de forma eficiente e trabalhando todos os componentes
curriculares.
1Professora da Educação Básica na Rede Estadual; Assessora do Ensino Fundamental e Médio na Diretoria
Regional de Educação de Gurupi–TO.
Graduação: Licenciatura em Pedagogia; Especialização em Orientação Educacional; Especialização em Educação
Especial; Mestranda em Ciências da Educação.
E-mail:zilmasalesdesouza@gmail.com
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trabalho com sequência didática integrando diferentes áreas do conhecimento, por meio
da interdisciplinariedade. Não tem necessariamente um produto final. O planejamento didático
das atividades e a ordem do plano geral são centrados no professor, ou seja, é ele quem monitora
o processo todo, sabendo quais atividades articulares, quais atividades vem antes de outra e o
nível de aprofundamento do objeto de conhecimento selecionado é maior. O processo de
interação numa proposta de trabalho no ciclo de alfabetização, por meio de uma sequência
didática, faz com que os alunos possuam uma regulação maior sobre sua própria aprendizagem.
Assim, eles se tornam mais responsáveis pelas atividades escolares.
Essa regulação vinculada principalmente nos momentos de avaliação torna-se rica, pois
haverá um maior envolvimento nas atividades de reflexão sobre os modos de participação. A
motivação em participar dos diferentes momentos também é outro importante princípio
desenvolvido nessa proposta. Os estudos e a observação realizada sobre o relato de experiência
da sequência didática que foi desenvolvida pela professora nos mostram que o trabalho requer
ação que é quando o aluno toma as decisões, os saberes se tornam prática em busca da solução
de uma situação que foi planejada. Depois acontece a formulação que é o momento que as
estratégias utilizadas são explicadas, com o objetivo de validar as estratégias que foram
propostas.
Por fim, o trabalho é institucionalizado com a retomada que o professor faz de tudo que
foi realizado e sistematiza esse saber. Na experiência de uma prática desenvolvida com uma
sequência didática realizada pela Professora Raquel Salgado, foi possível constatar que foram
explorados interpretações de textos, a sequência numérica e a adição de maneira lúdica e
prazerosa, proporcionando uma aprendizagem significativa. A professora oportunizou atividades
que estimulava os alunos se expressarem oralmente com clareza e objetividade. E pudessem
conhecer os personagens do livro por meio de jogos, atividades interativas e criativas, bem como
lê e reconhecer, textos variados e diferentes gêneros.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa:
Apresentação. Brasília: MEC/SEB, 2014.
GRANDO, Regina Célia. O jogo e a matemática no contexto da sala de aula. São Paulo:
Paulus, 2004.
SOARES Magda. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte, Minas Gerais:
Autêntica, 1998 e 2006.
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RESUMO: Este artigo discute a importância do brincar para o desenvolvimento cognitivo e social
dos sujeitos e também como método lúdico aplicado ao processo de aprendizagem das crianças
mesmo antes de ingressarem na escola. Para tanto, se fará uma análise sobre como as concepções
sobre o jogo e sobre a própria criança se constituíram ao longo do tempo dentro da nossa cultura
e educação, abordando algumas das ideias dos pensadores que influenciam na pedagogia atual,
bem como as reflexões sobre as práticas pedagógicas dos educadores, buscando salientar o uso
do brincar enquanto método para melhorar o desenvolvimento das atividades em sala de aula,
uma vez que jogos lúdicos compõem naturalmente nosso desenvolvimento social e podem
potencializar o desenvolvimento de múltiplas inteligências por parte das crianças, uma vez que
eles não podem ser analisados e trabalhados somente dentro das aulas de matemática, mas
inseridos no currículo escolar de forma a ampliar as metodologias desenvolvidas nas diferentes
áreas do saber.
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Piaget (1896 – 1980), utilizando suas Essa interação entre o sujeito e o meio ou o
construções teóricas para compreender o objeto concretiza o processo que Piaget
desenvolvimento da aprendizagem da criança denominou como “adaptação” e que é
que está ingressando no Ensino Fundamental complementado por outros aspectos: a
aos seis anos de idade. “assimilação” e a “acomodação”, duas
Primeiramente, é importante analisar como operações que também são “os dois polos de
as crianças constroem e aprendem diferentes uma interação que se desenvolve entre o
conhecimentos, o que de acordo com Piaget, organismo e o meio, a qual constitui a condição
ocorre à medida que a criança assimila o indispensável de todo funcionamento biológico
exterior a partir de sua predisposição interior, e intelectual” (PIAGET, 2003, p. 328). Para o
seja biológica ou neurológica, por isso, autor, esse processo, de adaptação do homem
enquanto se desenvolve, ela adapta e estrutura ao seu meio, se realizará pelas experiências que
seus conhecimentos. Os estudos realizados as interações com os objetos lhe possibilitarem.
pelo autor tinham por objetivo investigar não a Durante esse movimento de adaptação,
compreensão do conhecimento em seu Piaget (2003), afirma que o sujeito busca
momento final, mas, sim, em sua gênese e em assimilar um objeto exterior por meio de
seu processo de construção, seus estudos se experiências e, em seguida, acomodar o
orientaram em direção à análise de como os conceito e especificidades próprias que
indivíduos dão sentido ao mundo. incorporou. Um processo equilibrado que
Foi ao tecer essa investigação sobre como os movimenta o sistema cognitivo. Acontece que,
sujeitos constroem o próprio conhecimento em alguns contextos, ocorrem conflitos que
que Piaget elaborou a ideia interacionista, e por desestabilizam esse equilíbrio, levando os
meio dela analisou os vínculos e trocas que eles sujeitos a construírem novos processos que
mantêm com o meio e os objetos a fim busquem garanti-lo.
desenvolverem novos conhecimentos e, nesse De acordo com Piaget (2003), será nesses
processo, a inteligência estrutura essas repetidos processos de desequilíbrio e
interações. equilibração que o sujeito irá desenvolver
Segundo Piaget (1974): estruturas cognitivas que o auxiliem na
Com efeito, a vida é uma criação contínua de compreensão do mundo que o cerca,
formas cada vez mais complexas e uma ampliando sua capacidade de construir
equilibração progressiva entre essas formas e o conhecimentos.
meio. Dizer que a inteligência é um caso Em uma perspectiva da equilibração, deve-se
particular de adaptação biológica é, pois, supor procurar nos desequilíbrios uma das fontes de
que ela é, essencialmente, uma organização e progresso no desenvolvimento dos
que sua função consiste em estruturar o conhecimentos, pois só os desequilíbrios
universo da mesma forma que o organismo obrigam um sujeito a ultrapassar seu estado
estrutura o meio imediato. (PIAGET, 1974, atual e procurar seja o que for em direções
p.10). novas (PIAGET, 1977, p. 23).
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O autor também ressalta que Piaget (2003), descreve que entre os dois e
a partir do instante em que o equilíbrio é os seis anos de idade, a criança irá desenvolver
atingido num ponto, a estrutura integra-se num a capacidade da linguagem, o que lhe
novo equilíbrio em formação até ser alcançado possibilitará maiores interações individuais e
novo equilíbrio, sempre mais estável e de com o próprio meio, desenvolvendo de
campo sempre mais extenso (PIAGET, 1973, p. maneira mais ampla suas estruturas cognitivas,
65). sociais, físicas e emocionais, no entanto, a
Em seus estudos sobre como os indivíduos palavra em si ainda não representará um
constroem conhecimentos, Piaget elaborou conceito para ela, por isso, será comum fazer
quatro estágios de desenvolvimento cognitivo uso de imagens de sua realidade particular para
do ser humano: o Sensório-motor (0 a 2 anos), trabalhar com os significados reais (PIAGET,
o Pré-operatório (2 a 7 anos), o Operatório 2003).
concreto (7 a 12 anos) e o das Operações Ainda de acordo com as teorias de Piaget
formais (12 anos em diante), e para tanto (2003), nessa fase de desenvolvimento, a
considerou a idade biológica e a interação entre criança está em um período simbólico, no qual
os indivíduos e o objeto a ser assimilado, o que compreende a realidade por meio de
sempre promove uma relação de dependência representações, uma vez que ainda não
entre ambos. estruturou alguns esquemas e aspectos
Atendo-se ao foco de estudo para conceituais, por isso, ainda não organiza, muito
compreender como as crianças de seis anos bem, o pensamento com relação a regras e
desenvolvem-se e constroem conhecimentos, acaba reproduzindo situações (fazendo
se pode analisar o estágio “pré-operatório” imitação) ou entregando-se a fantasias.
elaborado por Piaget (2003), o qual descreve a Durante essas atividades, a criança construirá
maturação das crianças entre os dois e sete diálogos individuais falando sozinha e, às vezes,
anos. muito alto, mesmo em sala de aula, a criança
poderá utilizar desses artifícios para organizar
O DESENVOLVIMENTO seu pensamento.
Além disso, as crianças no estágio pré-
COGNITIVO DA CRIANÇA AOS operatório demonstram curiosidade e vontade
SEIS ANOS DE IDADE de aprender, mas também demonstram um
De acordo com os apontamentos já caráter intuitivo e egocêntrico e, logo, na maior
realizados acerca das teorias piagetianas, o parte das vezes elas são centradas em si
desenvolvimento do cognitivo envolve mesmas e não reconhecem posturas ou
processos de construção e reconstrução das pensamentos diferentes dos seus, (TAILLE,
estruturas desse sistema de maneira contínua, 1992).
logo, a maturação das crianças entre um É então, nesse período de desenvolvimento,
estágio e outro não se dá automaticamente, que a criança entre cinco e seis anos transita
mas por meio dos processos de adaptação e entre a Educação Infantil e o Ensino
equilibração já mencionados. Fundamental, o que fomenta a importância do
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tendências pedagógicas, de acordo com Piaget cognitivo, em busca de uma assimilação de sua
(1972): realidade. E ao longo da infância, Jean Jacques
O jogo é um caso típico das condutas Rousseau, iniciador da revolução romântica,
negligenciadas pela escola tradicional, dado o demonstrou que a criança tem maneiras de ver,
fato de parecerem destituídas de significado de pensar, de sentir e que ela não aprende nada
funcional. Para a pedagogia correta, é apenas senão por meio da conquista ativa (TAILLES,
um descanso ou o desgaste de um excedente 1992)
de energia. Mas esta visão simplista não explica Na verdade, nos jogos e brincadeiras em que
nem a importância que as crianças atribuem estão persuadidas, mesmo que não se trate
aos jogos e muito menos a forma constante de apenas de brincar, as crianças sofrem sem se
que se revestem os jogos infantis, simbolismo queixarem, rindo do que nunca sofreriam sem
ou ficção (PIAGET, 1972, p.156). derramar torrentes de lágrimas (TAILLES, 1992)
Logo, ao ingressar no primeiro ano, a criança Para Henri Wallon, nessa fase a imitação será
de seis anos precisa ser inserida em um a origem da representação que a criança faz do
ambiente de trabalho lúdico, que não promova mundo, como serão também as brincadeiras
uma ruptura brusca com relação à metodologia simbólicas que envolvem diferentes jogos.
de trabalho utilizada na Educação Infantil, Para Wallon (2004):
entendendo que embora o Ensino Fundamental O adulto batizou de brincadeira todos os
envolva o ensino da leitura e da escrita além de
comportamentos de descoberta da criança. Os
outros saberes, isso não exige que se trabalhe adultos brincam com as crianças e é ele
apenas com situações de aprendizagem inicialmente o brinquedo, o expectador ativo e
maçantes, mas que promova uma educação depois o real parceiro. Ela aprende, a
integradora. compreender, dominar e depois produzir uma
Para Kramer (2006), esses dois períodos da situação específica distinta de outras situações
educação básica não devem significar uma (2004.p.98
dicotomia, mas uma constante que envolva um A análise que realizou sobre o psiquismo
trabalho de respeito às etapas de infantil teve como base a interação social, o que
desenvolvimento cognitivo e as singularidades também é feito por Vygotsky (1998), que
da infância. Um trabalho pedagógico atento, distinguiu a atividade simbólica a partir da
que desenvolva na criança “conhecimentos e interiorização, colocando que nas atividades
afetos; saberes e valores; cuidados e atenção; lúdicas a criança irá utilizar elementos
seriedade e riso” (KRAMER, 2006, p. 810). adquiridos na sua interação sociocultural
(TAILLES, 1992)
A IMPORTÂNCIA DAS Conforme a teoria de Vygotsky(1998), para
uma criança de 3 anos o brincar é uma situação
ATIVIDADES LÚDICAS PARA UMA séria, pois ela não percebe a divisão entre o real
EDUCAÇÃO INTEGRAL e o imaginário, já uma criança em período de
Antes da idade escolar a criança já utiliza alfabetização consegue estabelecer essa
atividades lúdicas para o seu desenvolvimento dicotomia entre realidade e imaginação,
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mas por uma interna, que busca no meio alienante, pois ele participa da elaboração
exterior, formas que satisfaçam as delas (ANTUNES, 1998).
necessidades de seu desenvolvimento
(ALMEIDA, 1978, p. 22).
Considerando tais apontamentos,
Friedmann (1996), destaca o caráter dinâmico
das brincadeiras e jogos, ressaltando como
podem ser transformados ou adaptados em
contextos diversos. A autora também afirma
que:
acredito no jogo como uma atividade
dinâmica, que se transforma de um contexto
para outro, de um grupo para outro: daí a sua
riqueza. Essa qualidade de transformação dos
contextos das brincadeiras não pode ser
ignorada (FRIEDMAN,1996, p.20).
O brincar, em sentido integral, é o meio mais
eficiente de estimulação da intelectualidade,
mas as situações didáticas que envolvem o
lúdico só alcançarão êxito se forem centradas
no indivíduo, pois qualquer jogo ou brincadeira
pode ser usado para muitas crianças, mas seu
efeito sobre a inteligência será sempre pessoal
e impossível de ser generalizado.
Será brincando que se estabelecerá a relação
do lúdico com a aprendizagem, “deixando de
lado a concepção bancária de ensino, partindo
para uma pedagogia problematizadora", que
envolva os alunos em diversas situações de
aprendizagem, onde eles aprendam brincando
ou jogando e sentindo prazer ao fazê-lo
(FREIRE, 1987, p.71).
Ao brincar o indivíduo pode ser quem quiser,
liberando seus desejos mais íntimos, fazendo
um elo entre o mundo inconsciente em que
gostaria de viver e o que vive. Socialmente,
pode adquirir, por meio das brincadeiras e
jogos, as regras sem qualquer estrutura
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considera-se que ao brincar ou jogar a criança interage com situações espontâneas e
desafiadoras, na qual troca saberes e experiências com o outro, aprendendo a socializar, a
reorganizar mentalmente suas experiências e a desenvolver sua criatividade e percepção visual e
motora. Além disso, por meio de um processo educativo lúdico, a criança é estimulada a ser
autônoma, a pesquisar, deduzir ou fazer inferências e, ainda, a concluir suas ideias.
Tais definições também destacam que não é coerente tratar a metodologia lúdica como
um elemento estranho ao processo de escolarização das crianças, uma vez que o lúdico
representa uma importante ferramenta para a garantia do sucesso do desenvolvimento delas,
nesse processo.
É evidente a compreensão de que ao brincar a criança recebe estímulos para desenvolver-
se integralmente, ou seja, por meio das interações com outras crianças e objetos envolvidos nas
atividades lúdicas a criança desenvolve-se social, emocional, físico e cognitivamente.
Nesse sentido, o desenvolvimento cognitivo será bastante favorecido e as crianças
conseguirão assimilar diferentes conteúdos (escolares ou não) com maior facilidade, pois,
enquanto joga, o indivíduo desenvolve seu cognitivo, ativa o domínio de suas inteligências e é
estimulado com relação ao seu emocional e sua sensibilidade, aprendendo de forma lúdica a lidar
com seus sentimentos, autonomia que garantirá sua formação adulta.
Assim, é no jogo que a criança de fato se torna protagonista da ação educativa, sendo
motivada e estimulada de diferentes formas a fim de garantir seu pleno desenvolvimento, que
integra sua saúde física, intelectual e emocional. Uma tríade que garante a educação integral das
crianças, ou seja, possibilita uma prática educativa que promove a sua formação física, social,
afetiva, motora, linguística, sensorial e cognitiva.
Por isso, é fundamental que a escola construa um planejamento que garanta o uso do
brincar no cotidiano da atividade escolar e que o professor utilize práticas lúdicas para realizar
suas intervenções pedagógicas, preocupando-se em organizar o tempo e o espaço de forma a
garantir às crianças diferentes experiências que enriqueçam a concretização do aprendizado
delas.
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RESUMO: A partir das produções artísticas a criança desenvolve diferentes sensações. Ao praticar
atividades, vão utilizar materiais que favorecerão o desenvolvimento da percepção infantil, além
de permitir diversas sensações táteis, auditivas e visuais, que servem como recurso motivador,
levando a criança a produzir de acordo com as suas próprias conclusões mediante o material
apresentado e utilizado. Sendo assim, para que possamos identificar o seu desenvolvimento, seja
ele emocional, cognitivo, perceptivo, psicomotor e social, o desenho é utilizado. Dessa forma, este
estudo tem como objetivo conhecer algumas especificidades e a importância do desenho na
educação infantil, bem como descrever algumas características em momentos distintos da
história. A pesquisa bibliográfica foi a metodologia utilizada na elaboração da pesquisa,
referenciada por autores que já escreveram sobre o assunto, bem como pesquisa em sites
especializados em artigos acadêmicos. Portanto, espera-se que este artigo possa auxiliar os
profissionais que trabalham com as crianças na educação infantil a incentivar o processo de
criação desses pequenos desde a primeira etapa da educação.
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perdurou nas instituições escolares. O desenho Os desenhos têm adequação para diversas
é uma forma por meio da qual a criança coisas, já que a criança desenha em diverso
expressa como aprende, porém, mesmo hoje,
se encontra escolas que empregam desenhos s momentos e para distintos objetivos.
mimeografados ou xerocados, os quais Entende Costa, et al (2012), que o desenho,
contribuem para que a criança continue por meio da ótica do desenho infantil, detém
aprendendo de forma restrita. fases de progresso da habilidade das crianças
A criança ao se deparar com o lápis e papel, em desenhar, visto que é utilizado no
compreende que é possível deixar nele algo significado geral para as crianças se
gravado, e na ausência dele, marca em manifestarem.
qualquer lugar, sendo na parede, no chão ou As fases de acordo com Costa, et al (2012),
mesmo em qualquer outro objeto doméstico. são:
O desenho, é para a criança uma reprodução Garatuja: São os rabiscos, sem
mental do instrumento real. Para Piaget e intencionalidade além do prazer cinético do
Inhelder (2011), o desenho é: movimento que gera cor, mas ainda não cria
[...] uma forma semiótica que se inscreve a formas, apenas ajuda a criança a se concentrar.
meio caminho entre o jogo simbólico, cujo Pré-esquemática: São rabiscos mais
mesmo prazer funcional e cuja mesma autotelia controlados, que já apresentam algumas
apresenta, e a imagem mental, com a qual formas, como círculos e quadrados, algumas
partilha o esforço de imitação do real (PIAGET; vezes concêntricos e que já começam a se
INHELDER, 2011, p.61). aproximar de representações, por exemplo, o
A maneira inicial da criança se comunicar é sol na forma de asterisco. Trata-se de uma fase
por meio do choro, e com o tempo, conforme em que crianças com deficiência mental
vai ocorrendo seu crescimento, ela vai criando demoram bastante para superar.
outra maneira de diálogo, até a ação de Esquemática: O desenho aqui ganha uma
desenhar. expressão mais pessoal, com a criança
De acordo com Silva e Tavares (2011): apresentando sua realidade, ou seja, a partir
A criança não nasce sabendo desenhar, o dessa fase é possível interpretar as imagens
meio que propicia este conhecimento a partir produzidas. Um traço muito identificável dessa
das estruturas mentais que possibilitam a fase é que se estabelece uma linha de
criança interpretar o mundo. Dessa forma, o composição (do chão, do céu, do mar)
conhecimento não resulta da relação da criança originando planos em que os elementos da
com os objetos, mas da sua interpretação e imagem se agrupem.
representação (SILVA; TAVARES, 2011, p.4). Realismo visual: A multiplicação das formas
A criança desenha o pai, desenha a mãe, ou permite estabelecer planos no desenho, em
os dois ao mesmo tempo e, esses desenhos que há muito mais detalhamento e menos
retratam a familiaridade da criança com o meio exageros nos tamanhos. A cor aqui ganha uma
no qual está inclusa. variação muito mais ampla e fica circunscrita ao
objeto traçado.
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Naturalista: O desenho nesta fase já começa Linguagem Oral e Escrita, Natureza e Sociedade
a retratar o mundo temático de acordo com o (BRASIL, 1998).
sexo. O detalhamento já se estabelece com Aplicar a educação infantil exige que o
maior proporcionalidade dos tamanhos educador crie dinâmicas lúdicas, artísticas e
(sobretudo das formas humanas) e parece musicais, promovendo a ascensão de
maior intenção de representar movimento habilidades nas crianças as quais colaborem na
(COSTA, et al, 2012, p.67). alfabetização.
Desta forma, o desenho em várias fases Antecipadamente a criança passa a dialogar
auxilia não somente as crianças se e a retratar seu mundo por meio das variadas
exteriorizarem, mas para o progresso motor, linguagens. A criança que identifica a arte tem
emocional, perceptivo e além de tudo, para a probabilidade de formar conexões entre as
criança aprender e aprender se divertindo. Ele várias zonas do conhecimento, confrontando-
auxilia à aprendizagem das crianças as com sua rotina. O estudo da arte irá
encontrando a criança incluída ou não na sala incentivar, na criança, a proporção do sonho, da
de aula, observando que as convicções força de diálogo com objetos que a envolvem,
concernentes à infância se transformaram o timbre da poesia, as produções musicais, as
gradualmente, já que a criança não é mais vista cores, as formas e os gestos. De todos esses
como um adulto em miniatura. “A descoberta episódios, a arte permite à criança criar seu
de leis próprias da psique infantil, a jeito próprio de olhar o mundo, além de
demonstração da originalidade de seu elaborar técnicas pessoais para solução de
desenvolvimento, levaram a admitir a dificuldades e incentivar capacidades para a
especificação desse universo,” (MÈREDIEU, produção de textos (BRASIL, 1997).
2006, p.3). A arte não pode ser fornecida só com o
A CONSTRUÇÃO DE UM NOVO PARADIGMA propósito de ocupar o tempo improdutivo, por
De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da isso se recomenda vinculá-la verdadeiramente
Educação, Lei nº 9.394/1996, em seu artigo 2º, com diversas áreas do saber, instituindo a
a Educação Infantil, o primeiro período da relação socio-afetiva e com o progresso
educação básica, possui como objetivo o psicomotor das crianças.
progresso total da criança até seis anos de
idade, em seus enfoques físicos, psicológico, A CRIANÇA E A IMPORTÂNCIA
intelectual e social, acrescentando a atuação da
família e da sociedade (BRASIL, 1996). DO DESENHO EM SUA VIDA
A Educação Infantil não pode se limitar ao No transcorrer da história, o desenho era
emprego em somente duas áreas classificado pelos educadores como uma
fundamentais, que são as matérias de Língua prática de passatempo para as crianças. No
Portuguesa e de Matemática, mas considerar início do século XX, a educação do desenho era
também as linguagens do Referencial Curricular apontada como um mecanismo utilitário de
Nacional para a Educação Infantil (RCNEI), tais elaboração técnica para o trabalho. Na
como Movimento, Música, Artes Visuais, realidade, o desenho era aplicado nas escolas
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o pincel com tinta no papel, a criança brincando industrial, ou na utilização mais preparada do
vai deixando sua marca, criando jogos, desenho industrial e da arquitetura, uma
contando histórias (ALBANO, 2012, p.15). acepção extrovertida na ilustração, nas
Assim, toda criança desenha, pois histórias em quadrinhos, por exemplo. Sendo
experimenta o prazer no gesto, no traço e assim, o desenho reivindica sua independência
especialmente na impressão criada por ela. e sua habilidade de englobamento como uma
Desde muito pequena, a criança principia a forma de comunicação, expressão e saber.
executar os primeiros traços, experimenta Boa parte das crianças pequenas,
brincando, suscitando uma maior atenção ao demonstram vontade e desejo em desenhar e;
observar diversas marcas. Os desenhos infantis nas creches e escolas, educadores tiram
são naturalmente identificáveis e não se proveito dessa euforia, crendo que o exercício
misturam com quaisquer outros tipos de artístico é parte relevante do progresso infantil,
manifestação plástica. embora nem sempre, possuam a proporção
O desenho é intrínseco do crescer, do específica de sua relevância.
desenvolvimento. Recentemente, os desenhos De acordo com Derdyk (2004), o desenho é a
das crianças são classificados como um meio expressão da inteligência. A criança passa a
singular para expressão e criação da elaborar explicações, hipóteses e teorias para
parcialidade da criança em desenvolvimento entender a realidade. O mundo para as crianças
(ALBANO, 2012). é constantemente reproduzido. Ela reorganiza
Desenhar consiste para as crianças, um suas suposições e potencializa sua habilidade
exercício fictício incorporador, que dispõe em cognitiva e projetiva, especialmente quando
jogo as inter-relações do olhar, do refletir, do encontram oportunidades e situações físicas,
realizar, e dá unidade aos campos perceptivos, emocionais e intelectuais para preparar estas
cognitivos, afetivo e motor. “teorias” sob forma de ações significantes.
A criança desenha, entre outras tantas Assim, para as crianças o desenho é tão
coisas, para se divertir. Um jogo que não exige simples como qualquer outra ação, o que
companheiros, a criança é dona de suas interessa para ela é o momento da atividade:
próprias regras. Nesse jogo solitário, ela vai pois assim como brinca, relaciona e evidencia,
aprender a estar só, “aprender a ser só”. O ela desenha de maneira natural e age
desenho é o palco de suas encenações, a arrebatadamente num interesse natural da
construção de seu universo particular (DERDYK, consequência da atividade.
2004, p.50). O progresso do desenho é a exposição da
Normalmente compreendemos o desenho natureza emocional e psíquica da criança, é a
como “coisa de lápis e papel”, como um plano sua expressão gráfica por meio da qual deixa
dependente à explanação de alguma ideia, à apontado suas ideias, vontades e fantasias.
interpretação de algum objeto. O desenho Assim, Longo (2005) afirma:
adquiriu um conceito mágico para o homem O desenho é um sistema de signos que
das cavernas, um conceito funcional para designam palavras, conceitos, relações, gestos,
produção de maquinários no princípio da era acontecimentos (cenas), os quais por sua vez,
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são signos das relações e entidades reais, crianças criarem livremente suas produções
dizendo respeito ao mundo da vida infantil. Tais sem nenhuma interferência pedagógica ou
sistemas de signos são carregados de fazê-la no sentido de elogiá-las sem critérios. As
sentimentos e juízo de valores, conforme a crianças desenham, pintam, colam, modelam,
idade de quem os produz (LONGO, 2005, p.30). constroem com sucatas durante um espaço de
O desenho não é unicamente a reprodução tempo e concluem. O educador guarda nas
do universo visível, mas um diálogo com pastas ou coloca nos pregos da sala de aula. O
particularidades próprias, que compreende processo é importante, o produto realizado é
definições particulares e concepções de um resultado que não é questionado (CUNHA,
culturas coletivas e, com outras mensagens 2002, p.15).
convincente, é uma ação do fantasioso. A Concepção pragmática: O educador acredita
criança “ao agilizar os conteúdos do imaginário, que as atividades de expressão gráfico-plástica
contracenando com os elementos da realidade devem servir para desenvolver a motricidade
física e cultural, inventa e repete figurações, e/ou preparar para a escrita, ou aprender a
configurações gráficas” (DERDYK, 2004, p.54). construir formas mais semelhantes ao real. As
A criança como qualquer outro ser humano, intervenções pedagógicas são no sentido de
um indivíduo ao sabor das mudanças, as quais domar o caos dos emaranhados com exercícios
acontecem continuamente e influem a maneira de contenção (recortar sobre linhas onduladas,
de pensar do sujeito. Por isso, tratar com pintar dentro de formas geométricas ou
correntes estanques representa desprezar outras); ou da produção de registros que visem
estas transformações e ser desatualizado por à resultados realistas referentes aos temas
elas, de maneira, a reprovar as capacidades de desenvolvidos (construir uma maquete após
desenvolvimentos de vida, educação, trabalhar sobre meio de transportes); ou de
sociedade, política e todos os outros métodos uma aprendizagem feita por meio de conceitos
de convívio e interferências que incluem o ser e não de vivências expressivas (por exemplo:
humano. ensinar as 3 cores primárias por meio da
Por isso, Cunha (2002), com relação ao informação e não da experiência expressiva por
segmento artístico, define dois princípios: meio da cor). Ao contrário da concepção
Concepção espontaneísta: O educador parte inatista, os educadores priorizam o produto e
do pressuposto que cada criança tem não o processo expressivo que conduziu o
capacidade inata para elaborar a linguagem aluno àquele resultado. De um modo geral, as
gráfico-plástica – alguns têm o dom para criar - produções servem para serem mostradas aos
, deste modo o meio (intervenções do pais, a fim de que eles percebam que seus filhos
educador, contato com a linguagem gráfico- têm controle motor e estão preparados para a
plástica e materiais expressivos) não importa escrita (CUNHA, 2002, p.15).
no processo de aquisição destes saberes.
Caberá ao professor encaminhar o processo da
criação por meio de atividades livres, no qual o
educador disponibilizará materiais e deixará as
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Baseando-se nestes dois princípios, se torna [...] as crianças percebem que o desenho e a
clara a ênfase em suspendê-las como pilar para escrita são formas de dizer coisas. Por esse
a elaboração de novas ideias, que deverão por meio elas podem “dizer” algo, podem
meio da análise e exame dos contextos e representar elementos da realidade que
anseios infantis, compreender novas maneiras observam, e com isso, ampliar seu domínio e
de atividade no espaço escolar, ou seja, influenciar sobre o ambiente (ALMEIDA, 2003,
possuindo-as como base, excluir aquilo que se p.27).
tem como inapropriado nestes dois princípios. Para a criança, a arte de desenhar forma-se
É essencial que o educador esteja cônscio do naturalmente e não pode ser confrontada a
seu papel de intercessor de aprendizagens, talentos do adulto. Desta forma, as ideias
concordando/incitando a criança a viver próprias que brotarão no decorrer do desenho
experiências com todas as locuções para não a vão resultar muito da cultura, dos costumes,
dificultar em sua técnica de evolução e gostos dos anseios, das possibilidades, do modo de
em emprego de suas próprias experiências e vida e do meio em que o sujeito está incluso.
predileções. É necessário ainda, sondar sua Esta naturalidade acontecerá de maneira
percepção em relação ao desenho, positiva quando a criança tiver desejo e não se
posicionando-se como indivíduo apto a achar forçada a realizar algo que ela não deseja;
desenhar, recuperando convicções antigas, no afinal de contas, desenhar não é uma ação
esforço de encontrar o porquê de seu instantânea, já que é importante aplicação e
afastamento em relação a esta maneira de relacionar o mundo a sua volta para só assim
humana. decifrar o que foi de essencial e elaborar o
Ao perceber o desenho como necessário desenho.
para si, ou ao meditar sobre o porquê não Observa-se que desenho tem sido utilizado
apreciar desenhar, o educador estará talhado a pela maioria dos professores como maneira de
desempenhar uma nova conduta, passando a reconhecer possíveis obstáculos presentes nas
confiar no desenho como relevante também crianças que não estão perceptíveis a maioria
para a criança. das vezes, esse está sendo um novo valor, pois
Sendo assim, por meio dos desenhos as se torna uma forma de expressão da vida
crianças descobriram maneiras de falar coisas, mental pelo desenho, a criança evidencia seu
e devem ser utilizadas como elementos valiosos âmago sendo uma maneira de se manifestar.
no dia-a-dia do educador que ao decifrá-los, Contudo, aquilo que é falado enquanto se cria,
deve adquirir resultados que conseguirão colabora para a educação do olhar adulto que
possibilitar o progresso e a aprendizagem na ao qualificar referências, estudará e buscará
sala de aula, já que muitos usam o desenho encontrar possíveis resultados.
como um jeito de ganhar tempo e entreter as Faria (2002) ,declara que:
crianças, o desenho deve ser aplicado desde O desenho e a oralidade são compreendidos
que tenha um propósito como perceber como reveladores de olhares e concepções dos
possíveis problemas. pequenos e pequenas sobre seu contexto
Segundo Almeida (2003): social, histórico e cultural, pensados, vividos,
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa traz uma breve história sobre o desenho infantil com considerações de vários
autores que expressam como a criança se relaciona com essa atividade na etapa inicial da
educação e descreve as fases do desenho.
Os documentos oficiais como o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil,
(RCNEI,1998), objetiva esclarecer que a Educação Infantil não pode se limitar ao emprego
somente nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática, mas considerar as linguagens
presentes neste documento como: Movimento, Música, Artes Visuais, Linguagem Oral e Escrita,
Natureza e Sociedade.
E para finalizar, a pesquisa aborda a importância do desenho na vida da criança,
observando que a mesma, enquanto desenha, experimenta o prazer no gesto, no traço e
especialmente na impressão criada por ela. O olhar do professor é extremamente importante
para que a criança neste processo de criação, sinta-se confiante em executar suas atividades de
forma livre, expressando toda sua criatividade no desenho.
Desta forma, este estudo propiciou o entendimento de alguns aspectos referente ao
desenho na educação infantil que muitas vezes são encarados como um passatempo ou algo sem
valor, porém, buscou-se explicitar que por meio do desenho, as crianças se expressam de maneira
espontânea, sem esperar julgamentos ou avaliações de sua “obra”. O olhar atento dos
profissionais que trabalham com essas crianças é fundamental para incentivar cada vez mais o
processo criativo delas.
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Segundo esta mesma autora, essa revelavam amores estranhos, fatais e eternos.
necessidade de contar histórias surgiu quando Por volta do século II a.C até o século I da era
o homem primitivo sentiu a precisão de obter cristã, o povo celta acrescentou, a tantas
explicações racionais para o mundo, foi por histórias bem antigas, a presença forte das
meio do mito e nas narrativas fantásticas que fadas, que seriam mulheres iluminadas capazes
passa a compreender alguns fenômenos de prever o futuro de outra pessoa,
naturais, o que se percebe é que os contos de normalmente alguém especial a quem elas
fadas nada mais eram do que relatos de fatos protegiam. Assim, a imaginação popular dotou-
da vida de pessoas simples, recheadas de as de asas, varas de condão e diminuiu o seu
conflitos, aventuras e muitas vezes não eram tamanho, mas sempre as vendo como belas e
indicados a serem contados para as crianças, bondosas.
era entretenimento para os adultos. Importantes autores dos contos de fadas que
Muitos anos mais tarde a fadas é descoberta perduraram durante toda a Idade Média e
como a mulher perfeita, linda e poderosa, a Moderna para a literatura popular das
qual era dotada com poderes sobrenaturais, populações europeias em geral. A partir do
aliaram a figura feminina a educação das século XVII, essas narrativas foram sendo
crianças os contos e a fantasia contribuíam para reunidas e recontadas por escritores, como
a formação da personalidade dos pequenos. Perault, La Fontaine e os irmãos Grimm, que
Daí a importância dos contos de fadas para a lhes deram um estilo mais elegante e as
formação e a aprendizagem das crianças. traduziram da tradição popular para como as
Escutar histórias contribui de forma conhecemos atualmente.
significativa para o início da aprendizagem e A etimologia da palavra fada vem do latim
para que o indivíduo seja um bom ouvinte e um fatum (destino, fatalidade, oráculo). As fadas
bom leitor, mostrando um caminho fazem parte do folclore europeu ocidental (e
absolutamente infinito de descobertas e de dele emigraram para as Américas) e tornaram-
compreensão do mundo. se conhecidas como seres fantásticos ou
Segundo Coelho (2003), os contos abrem imaginários, de grande beleza, que se
espaços para que as crianças deixem fluir o apresentavam sob forma feminina sendo
imaginário e despertem a curiosidade, que logo virtuosas e poderosas.
é respondida no decorrer dos contos. Ela Conforme Coelho (2003), as fadas também
também, relata-nos o valor dos contos de fadas podem encarnar o mal e apresentarem-se
durante os séculos: como o avesso da imagem anterior, isto é,
Os contos de fadas fazem parte desses livros como bruxas. Segundo Coelho (2003), é
eternos que os séculos não conseguem destruir impossível determinar com exatidão o ponto
e que, a cada geração, são redescobertos e geográfico ou o momento temporal em que as
voltam a encantar leitores ou ouvintes de todas fadas teriam surgido. Entretanto, o mais
as idades (COELHO, 2003, p. 21). provável é que elas tenham surgido e se
Para Kupstas(1993), os contos de fadas são arraigado naquela fronteira ambígua entre o
de origem celta e surgiram como poemas que
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
real e o imaginário, que vem, desde a origem descrevendo-as como seres fantásticos
dos tempos, atraindo os homens. dotados de beleza e inteligência:
Afirma que os esforços para descobrir o As fadas do ar dividem-se em: sílfides ou
possível local de nascimento das fadas é fadas das nuvens, criaturas altamente
grande, historiadores, arqueólogos, filósofos, desenvolvidas, que vivem nas nuvens e que
etnólogos, cronistas ou compiladores, buscam evoluíram da terra, da água e da experiência do
solucionar o mistério em torno das fadas por fogo, sendo por isso dotadas de elevada
meio de dados históricos, míticos e lendários. inteligência.
Para Coelho (2003), explica que entre os As fadas do vento e das tempestades,
pesquisadores não há dúvidas que as fadas espíritos dotados de poderosa energia, que
sejam de origem celta, porque desde a mais giram por cima das florestas e ao redor dos
antiga menção a tais seres, tudo leva a essa altos picos das montanhas.
certeza. As fadas da terra dividem-se em espíritos da
Conforme Pomponius Mela (Geógrafo que superfície e do subsolo: fadas dos jardins ou
viveu no século I) na ilha do Sena, nove virgens bosques (as de superfície) e gnomos ou fadas
dotadas de poder sobrenatural, meio ondinas dos rochedos (as do subsolo ou reino mineral).
(gênios da água) e meio profetisas, que com As fadas do fogo ou salamandras habitam a
suas imprecações e seus cantos, imperavam região do subsolo vulcânico e estão
sobre o vento e sobre o Atlântico, assumiam relacionadas com o relâmpago e as fogueiras
diversas encarnações, curavam enfermos e acima do solo. Têm mais força do que as fadas
protegiam navegantes. dos jardins, mis ficam mais distantes da
As primeiras referências às fadas, como humanidade.
personagens ou figuras reais, são comprovadas As fadas das águas ou ondinas habitam as
e também, aparecem na literatura cortesã- profundezas das águas e uma de suas principais
cavaleiresca surgida na Idade Média, nos Laís da tarefas é retirar energia do sol para transmiti-la
Bretanha e nas novelas de cavalaria do ciclo á água. Há ainda aquelas que vivem nas praias
arturiano, ambos de origem cético-bretã. e marés: são pequenas, alegres e mais
Coelho menciona a origem das fadas: conhecidas como bebês d’água (COELHO,2003,
Enfim, o que se divulgou, durante a Idade p.53).
Média até a Renascença, como peculiar ao Coelho (2003), ressalta como autores dos
espírito celta, levou os estudiosos a contos de fadas: Charles Perrault, Jean de La
determinarem, quase com exatidão, o povo no Fontaine, Hans Christian Andersen e os irmãos
seio do qual nasceram às fadas: o povo celta Grimm que segundo a autora contribuíram de
(COELHO, 2003, p, 33). forma bastante significativa para a recriação
Coelho (2003), cita Dora Van autora do livro dos contos de fadas como literatura infantil.
O Mundo Real das Fadas em seu livro “O conto Coelho (2003), esclarece as diferenças entre
de fadas” que afirma que fadas são criaturas os mitos, as fabulas e os contos de fadas, pois
que pertencem aos quatro reinos elementares: cada um apresentam abordagens e finalidades
ar, terra, fogo, e água classificando-as e diferentes, conforme a autora:
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O Mito seu significado vem (do grego Para Coelho (2003), a literatura infantil é,
mytbus- narração) e são narrativas primordiais antes de tudo, literatura: ou melhor, é arte:
que, sob forma alegórica, explicam de maneira fenômeno de criatividade que representa o
intuitiva, religiosa, poética ou mágica os mundo, o homem, a vida, por meio da palavra,
fenômenos básicos da vida humana em face da na verdade ela funde os sonhos coma e a vida
natureza, da divindade ou do próprio homem. prática, o imaginário é o real, os ideais e sua
Cada povo da Antiguidade (ou os povos realização.
primitivos que ainda sobrevivem em nossos Podemos afirmar que os contos de fadas são
tempos (tem seus mitos intimamente ligados à importantes para a formação e a aprendizagem
religião ancestral, ao começo dos mundos e dos das crianças. Escutar histórias é uma forma
seres e também à alma do universo. significativa para o início da aprendizagem e
As fábulas: (palavra derivada do latim fari, para que o indivíduo seja um bom ouvinte e um
falar, do grego pbaó, dizer”) Forma narrativa bom leitor, mostrando um caminho
breve que, tal como apólogo e a parábola, visa absolutamente infinito de descobertas e de
dar uma lição aos homens. Suas personagens compreensão do mundo e devem ser bem
são animais falantes que se comportam como contadas de forma que despertem o interesse
humanos. Nela, as situações narradas das crianças.
denunciam sempre erros de comportamento, Conforme Bettlheim (1980), uma história
que resultam na exploração do homem pelo realmente prende a atenção da criança, ao
homem. Desde os tempos arcaicos, a fábula foi ponto de entretê-la e despertar sua
dos gêneros narrativos mais difundidos em curiosidade, deverá enriquecer sua vida deve
todas as sociedades. Historicamente, teve no estimular-lhe a imaginação:
grego Esopo (séc. VI a.C) seu primeiro Ajudá-la a desenvolver seu intelecto e a
criador/divulgador, seguido em Roma pelo tornar claras suas emoções: estar
grande fabulista Fedro (séc. d.C.). Na era harmonizadas com suas ansiedades e
clássica (séc. VIII), o grande fabulista foi La aspirações; reconhecer plenamente suas
Fontaine que recriou as fábulas originais e criou dificuldades e ao mesmo tempo, sugerir
outras (COELHO,2003, p.34). soluções para os problemas que a perturbam.
Os contos de fadas no Brasil e Portugal Resumindo, deve de uma só vez relacionar-se
surgiram, no final do século XIX, como contos com todos os aspectos de sua personalidade-e
de carochinha e tem uma característica isso sem nunca menosprezar a criança,
bastante relevante que diz respeito aos seus buscando dar inteiro crédito a seus
argumentos, pois eles desenvolvem-se dentro predicamentos e, simultaneamente,
da magia feérica como: reis rainhas, príncipes, promovendo a confiança nela mesma e no seu
princesas, fadas, gênios, bruxas, gigantes, futuro (BETTELHEIM, 1978, p, 20).
anões, objetos mágicos, metamorfoses, tempo No livro “A psicanálise dos contos de fadas”
e espaço fora da realidade conhecida etc. basta o autor aborda muitos aspectos relevantes para
lembrarmos dos contos de Monteiro Lobato. a compreensão do importante papel dos contos
de fadas para o desenvolvimento e
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aprendizagem da criança. Para este autor, o literatura é arte e, como tal, as relações de
conto de fadas esclarece a criança sobre si aprendizagem e vivencia que se estabelecem.
mesma, e favorece o desenvolvimento de sua Conforme o RCNEI (BRASIL, 1998, p. 163), “As
personalidade. vivências sociais, as histórias, os modos de vida,
Segundo Bettelheim (2004): os lugares e o mundo natural são para as
Oferece significado em tantos níveis crianças parte de um todo integrado”.
diferentes, e enriquece a existência da criança O contador pode despertar a imaginação,
de tantos modos que nenhum livro pode fazer transportar para a fantasia, construir ideias,
justiça à multidão e diversidade de lugares, épocas, ações, curiosidade e resolver
contribuições que esses contos dão à vida da problemas. O que o contador de histórias deve
criança (BETTELHEIM, 2004, p. 20). ter em mente é que os contos de fadas, as
A partir destas ideias elencaremos como os fábulas, os mitos e outros, deixaram de ser
contos de fadas contribuem de forma vistos como fantasias, para serem pressentidos
significativa para a formação da criança e como como portas que se abrem para verdades
eles estão presentes desde muito cedo em sua humanas ocultas.
vida no desenvolvimento de suas habilidades, Salientamos que os contos de fadas, as
aprendizados e significações. lendas e os mitos entre outros, não devem ser
A contribuição da contação de histórias e dos vistos como “entretenimento infantil” e vêm
contos de fadas é imprescindível para despertar sendo redescobertos como autênticas fontes
na criança o lúdico, a imaginação, e a de conhecimento do homem e de seu lugar no
manifestação cultural, consequentemente o mundo (COELHO, 2004, p.17).
letramento e a alfabetização. Segundo Bettelheim (1980), a vida
Para Coelho (2003), é por meio dos contos de intelectual de uma criança, por meio da
fadas que existe a possibilidade de despertar história, dependeu de mitos, religiões, contos
nas crianças o prazer em ouvi-las, e isso é de fadas, alimentando a imaginação e
importante para a formação de qualquer estimulando a fantasia, como um importante
criança, pois estimula a criatividade, a agente socializador. A partir dos conteúdos dos
imaginação, a brincadeira, a leitura, a escrita, a mitos, lendas e fábulas, as crianças formam os
música, o querer ouvir novamente, conceitos de origens e desígnios do mundo e de
desenvolvendo dessa forma a oralidade nas seus padrões sociais. Podemos afirmar o
crianças desde de pequenas. letramento, pois os contos de fadas,
Os aspectos que contribuem para a formação apresentam fatos do cotidiano, não só de amor
do indivíduo são possíveis por meio da mais de muitas situações que vivemos na
literatura conforme Coelho (2003), a literatura realidade e isso incentiva uma reflexão sobre os
é sem dúvida, uma das expressões mais desafios que temos que enfrentar no dia a dia.
significativas dessa ânsia permanente de saber Por isso é muito importante que as crianças
e de domínio sobre a vida que caracteriza o saibam que os contos de fadas falam do lúdico,
homem de todas as épocas. Para esta autora do mágico, mais também tratam de coisas
reais.
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Para Bettelheim (1980), os contos de fadas mais confiança e assim desenvolver de uma
fazem com que a criança se confronte com forma mais harmoniosa suas habilidades.
muitas características fundamentais no ser Os clássicos da literatura são referência em
humano, isso ocorre porque nos contos de qualquer época quando consegue despertar as
fadas existe um dilema existencial tratado de principais emoções humanas, pois o que as
maneira breve e decisiva, permitindo à criança crianças geralmente mais temem na infância é
compreender sua essência. As personagens dos a separação dos pais e esse conflito existencial
contos são ambivalentes, como o ser humano muitas vezes aparece logo no começo de
são na vida real. Essa polarização que domina algumas histórias consideradas referências na
os contos de fadas, também domina a mente da literatura.
criança. Independentemente da idade e sexo Ao lermos clássicos podemos despertar nas
do herói da história, afirma o autor. crianças o gosto pela viagem, pela imersão no
Salientamos que nesse processo de desconhecido e pela exploração da diversidade.
desenvolvimento das habilidades da criança é a Para Bettelheim (2004), a agressividade e o
relação social que ela mantém fora da escola, descontentamento com irmãos, mães e pais
principalmente em casa, onde os pais devem são vivenciados na fantasia dos contos: o medo
criar o habito de contar história de fazer com da rejeição é trabalhando em João e Maria, a
que a criança se interesse linguagem oral e rivalidade entre irmãos em Cinderela e a
escrita, tornando esse momento prazeroso e separação entre as crianças e os pais em
não algo obrigatório. Sendo assim Bettelheim Rapunzel e O Patinho Feio.
(1980), traz algumas considerações sobre a Salientamos que as leituras dos contos de
importância dos pais no processo de fadas no passado tinham como objetivo
aprendizagem: principal apontar padrões sociais para as
É exatamente tão importante para o bem- crianças. O que as moças ingênuas queriam era
estar da criança, sentir que seus pais encontrar um príncipe, como mostrado em A
compartilham suas emoções, divertindo-se Bela Adormecida e Cinderela. Nas histórias em
com o mesmo conto de fadas, quanto seu que as garotas desobedeciam a seus pais como
sentimento de que seus pensamentos no caso de Chapeuzinho Vermelho, deparava-
interiores não são conhecidos por eles até que se com situações dramáticas, como enfrentar o
ela decida revelá-los. Se o pai indica que já os Lobo Mau. Essa história tinha forte caráter
conhece, a criança fica impedida de fazer o moral na sociedade rural do século XII:
presente mais precioso a seu pai, o de camponesas não deviam andar sozinhas, assim
compartilhar com ele o que até então era muitas vezes os contos tinham a finalidade para
secreto e privado para ela (BETTELHEIM, 1980, instruir mais que divertir as pessoas por isso
p. 26 ;27). que num primeiro momento era para adultos e
A família é muito importante no processo de não crianças, era para mostrar alguns padrões
desenvolvimento da aprendizagem se faz do que era certo ou errado.
necessária para que a criança possa adquirir Devemos considerar que os clássicos são
clássicos porque se perpetuam, e as obras
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infantis devem ser respeitadas como a diferenças entre as pessoas sejam valorizadas e
literatura para adultos, na verdade as histórias aproveitadas para o enriquecimento de si
mudam de acordo com a cultura e a época. próprios (BRASIL, 1998, p.11).
Canibalismo e incesto, por exemplo, foram Bettelheim (1980), afirma que os contos de
retirados de contos antigos. Na versão original fadas, melhor do que qualquer outra, história
de Chapeuzinho Vermelho, o lobo devora a infantil ensinam a lidar com os problemas
Vovó e a própria Chapeuzinho Vermelho, e o interiores e achar soluções. A criança, como ser
Caçador não existe. participante e atuante da sociedade, aprenderá
Cabe ao contador de histórias ter bom senso, a enfrentar e aceitar sua condição, desde que
segundo especialistas a tendência de retirar o seus recursos interiores lhe permitam.
mal, o medo e o castigo das narrativas são forte Abramovich (1991), afirma que os contos de
atualmente. As mudanças de enredo fadas falam de auto descobertas e da
apaziguam as emoções que precisam ser descoberta da própria identidade, o que é
vividas. Não é saudável evitar que as crianças fundamental para o crescimento das crianças,
enfrentem os conflitos assim, é possível usar e quantas histórias a ler e a compreender em
abusar de filmes que recontam A Bela e a Fera vários desses contos de fadas.
e O Patinho Feio, por exemplo, mas é preciso A partir destes autores podemos afirmar que
apresentar primeiro as obras que mais se os contos auxiliam no processo de construção
aproximam dos originais. da identidade da criança e no desenvolvimento
A Literatura infantil e os contos de fadas de suas habilidades sociais, culturais e
podem ser decisivos para a formação da criança educativas, porque é uma literatura e sua
em relação a si mesma e ao mundo à sua volta. intenção de estimular a consciência crítica do
O maniqueísmo que divide as personagens em leitor.
boas e más, belas e feias, poderosas ou fracas, O aspecto psicológico também é um fator de
etc, facilita a criança à compreensão de certos grande relevância no desenvolvimento das
valores básico da conduta humana ou convívio habilidades. A criança precisa atingir essa
social, culminará em formação da consciência compreensão, e com isto a habilidade de lidar
ética. O que as crianças encontram nos contos com as coisas, não por meio da compreensão
de fadas são, na verdade, categorias de valor e racional da natureza e conteúdo de seu
virtudes. inconsciente, mas familiarizando-se com ele
O Referencial Curricular Nacional para por meio de devaneios prolongados,
Educação Infantil (RCNEI), afirma que o reorganizando e fantasiando sobre elementos
desenvolvimento da identidade e da autonomia adequados, para isso se faz necessário escolher
estão intimamente relacionados com os um bom repertório de literatura:
processos de socialização. Nas interações É aqui que os contos de fadas têm um valor
sociais se dá a ampliação dos laços afetivos que inigualável, conquanto ofereçam novas
as crianças podem estabelecer com as outras dimensões à imaginação da criança que ela não
crianças e com os adultos, contribuindo pra que poderia descobrir verdadeiramente por si só.
o reconhecimento de outro e a constatação das Ajuda mais importante: a forma e estrutura dos
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contos de fadas sugerem imagens à criança com Os contos de fadas têm a o papel de
as quais ela pode estruturar seus devaneios e incentivar a leitura e a fruição da literatura
com eles dar melhor direção à sua vida como arte, objetivando transmitir valores que
(BETTELHEIM, 1980, p. 16). determinam atitudes éticas, que possibilitam a
A importância dos contos de fadas para a melhor convivência no ambiente escolar.
formação da personalidade da criança e o seu A literatura infantil na escola representa um
desenvolvimento no processo de socialização e estimulo forte a aprendizagem da leitura. Ao
aprendizagem já que eles têm a capacidade de adquirir gosto pela leitura a criança apresenta
levar a criança a perceber outras dimensões, a um repertorio amplo de informações. No
usar a imaginação e principalmente a se mundo atual a literatura infantil surge como
descobrir, se reconhecer como parte integrante uma fonte de conhecimento que enriquece a
daquela história, na qual ela pode ser qualquer formação da criança desde o seu primeiro
um dos personagens, basta imaginar. contato com as histórias infantis.
Segundo Coelho (2000), é importante que ao De acordo com o RCNEI (1998):
realizar uma contação de histórias o objetivo é também por meio da possibilidade de
principal seja o de levar as crianças a formular suas próprias questões, buscar
desenvolverem a sua própria expressividade respostas, imaginar soluções, formular
verbal ou sua criatividade latente, e explicações, expressar suas opiniões,
consequentemente haverá uma dinamização interpretações e concepções de mundo,
na sua capacidade de observação e reflexão em confrontar seu modo de pensar com os de
face do mundo que o rodeia. outras crianças e adultos, e de relacionar seus
Os contos contribuem para desenvolver a conhecimentos e idéias a contextos mais
leitura. A contação de histórias tem o papel de amplos, que a criança poderá construir
incentivar a leitura e a fruição da literatura conhecimentos cada vez mais
como arte, objetivando-se transmitir valores elaborados(BRASIL, 1998, p.172).
que determinam atitudes éticas, que O professor como contador de histórias e
possibilitam a melhor convivência no ambiente mediador tem um papel essencial, pois a
escolar. Os contos abrem espaços para que as função pedagógica implica na ação educativa
crianças deixem fluir o imaginário e despertem do livro sobre o universo infantil.
a curiosidade, que logo é respondida no seu Por meio das histórias infantis o professor
decorrer. pode despertar a criatividade, a autonomia e a
Como citamos anteriormente a contação de criticidade da criança. Nesse aspecto a
histórias ocorre no ambiente escolar há muitos contação de histórias ajuda a desenvolver nas
anos, é importante identificar qual o momento crianças uma postura investigativa tornando-as
de audição de histórias, perceber também por assim capazes de construir identidade e
meio das histórias como elas podem auxiliar no autonomia.
processo de desenvolvimento individual das Os contos de fadas fazem com que a criança
crianças. vivencie o mundo do faz-de-conta, da
ludicidade, da magia, do encantamento,
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este artigo abordou as perspectivas do RCNEI (1998), com o intuito de evidencias a
principais fontes sobre a origem, o desenvolvimento e a contribuição dos contos de fadas para a
formação da criança.
Brevemente salientamos a contextualização histórica, dos contos de fadas, como surgiram,
quais os principais autores e inicialmente a quem destinavam.
Ao longo da pesquisa percebemos que contar histórias não é apenas abrir um livro e ler
um monte de palavras ou mostrar várias figuras as crianças e sim despertar sua curiosidade,
estimular sua imaginação, desenvolver seu intelecto e suas habilidades, porque enquanto diverte
a criança, o conto de fadas favorece o desenvolvimento de sua personalidade e de diversos
fatores descritos aqui.
Compreendemos que as crianças se identificam com os contos de fadas porque eles
conduzem para a descoberta de sua identidade e comunicação e também sugerem as
experiências que são necessárias para desenvolver ainda mais a formação do caráter.
Com base nas leituras bibliográficas para esta monografia percebemos a relevância que os
contos de fadas contribuem significativamente para o desenvolvimento das crianças,
considerando o aspecto cognitivo e da construção da personalidade.
Podemos afirmar também, que os contos de fadas situam o espaço, o tempo e as
personagens da história e o começo de um aprendizado, porque há uma ruptura, um desequilíbrio
gerado por um problema que surge no conto colocando o protagonista diante de uma
complicação e assim há uma resolução, superação e solução dos problemas vivenciados,
recuperando-se, assim, o equilíbrio.
O processo de desenvolvimento da aprendizagem das crianças, favorece a socialização e o
desenvolvimento das habilidades. Os contos proporcionam a oportunidade de a criança utilizar
seu inconsciente, condição básica para se conhecer o significado profundo da vida.
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REFERÊNCIAS
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Scipione, 1991.
BETTELEIM, Bruno. A Psicanálise dos Contos de Fadas. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1978.
COELHO, Betty. Contar Histórias Uma Arte Sem Idade. São Paulo. Ática, 1997.
COELHO, Nelly Novaes. Literatura Infantil Teoria Analise Didática. 7º edição. São Paulo.
Moderna, 2005.
COELHO, Nelly Novaes. O Conto de Fadas Símbolos Mitos e Arquétipos. 2º edição. São
Paulo, Ática. 1991.
KUPSTAS Márcia. et ali. Sete faces do conto de fadas. São Paulo. Moderna, 1993. (Coleção
Veredas)
MEIRELES, Cecília. Criança, meu amor. 2a edição Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1977.
MEIRELES, Cecília. Problemas da Literatura Infantil. 3a edição. São Paulo, Summus, 1979.
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RESUMO: O presente artigo tem como objetivo a inclusão dos deficientes visuais nas escolares
regulares, visto que a inclusão plena ainda não é uma realidade na sociedade vigente que ainda
descrimina e trata de forma diferenciada o indivíduo que possui algum tipo de deficiência, pois
para a sociedade ser normal é ter todas as faculdades físicas e cognitivas em perfeitas condições.
O trabalho mostra que os alunos deficientes visuais são dotados de várias habilidades que os
alunos tidos como “normais” e que apesar de terem os mesmos direitos em sala de aula, esses
direitos não são respeitados. Outro aspecto a ser abordado é a falta inclusão na de pessoas
especializadas na área de educação especial, o que deixa muitos profissionais com receio em
trabalhar com deficientes de modo geral e não só o deficiente visual. A pesquisa foi desenvolvida
em escolas municipais regulares da cidade de Caxias-MA, com professores do ensino fundamental
maior do 6º ano com a finalidade de averiguar se está havendo de fato a inclusão nas escolas
pesquisadas. As atividades implementadas serão dentro de uma abordagem empírica por meio
de estudos teóricos, observação, e questionários com percentuais apresentados em gráficos.
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meninos cegos” que visava um melhor inclusive alunos que apresente algum tipo de
atendimento para o cego na sociedade, deficiência, para que possam participar da
começaram a surgir outros institutos para escola regular do meio social, como cognitivo.
cegos. Pois “os princípios do desenvolvimento
Somente no fim do século XX o Brasil humano são os mesmos para todos os sujeitos.”
começou a seguir as recomendações da Todo ser é educável. Todas as crianças devem
educação inclusiva mundial no sentido de que ser educadas” (VYGOTSKY, apud, LIMA, 2006).
todas as escolas estivassem preparadas para Nesse mesmo sentido, Chalita (2001, p. 102),
receber todos os alunos, inclusive os que afirma que:
apresentassem algum tipo de deficiência, A constituição de 1988 assegura igualdade
recomendações essas, que foram resultados de condições e a permanência na escola,
das discussões no encontro mundial de liberdade de aprender; ensinar; pesquisar e
Salamanca na Espanha em 1994, encontro que divulgar toda a produção artística, intelectual;
deu origem à Declaração de Salamanca(1994), valorização da autonomia e da participação
na qual o Brasil estava representado. Outro popular; a consagração do princípio de um país
grande avanço nesta década foi a promulgação plural que convive com todo o tipo de cultura e
da LDBEN 9394/96 Lei de Diretrizes e Bases da manifestação popular. Sem medo de ser
Educação Nacional, vigente até hoje. diferente com orgulho de suas diferentes
peculiaridades culturais.
INCLUSÃO ESCOLAR Dentro dos propósitos de educação escolar
para todos, cabe destacar alguns aspectos
Nessas últimas décadas a educação vem
relevantes para a democratização do processo
sendo repensada no sentido de atender
educacional.
integralmente os educandos,
independentemente de suas diferenças. Assim Primeiramente a escola precisa transformar-
estabelece a LDBEN/9394/96 – Lei de Diretrizes se para comprometer-se com a inclusão escolar
das pessoas com deficiência e ou dificuldades
e Bases da Educação Nacional (BRASIL, 2006),
de aprendizado, pois esse comprometimento é
por meio do seu Capitulo V, concordando com
a nossa Constituição Federal de 1988, criando a inadiável e indispensável para a garantia da
Educação Especial que destaca medidas a cidadania dessas pessoas, independentemente
serem tomadas pelas escolas visando a da presença ou não da mesma, a escola precisa
importância e urgência de promover uma adequar-se e transformar-se tanto em sua
educação mais igualitária, assegurando a estrutura física como pedagógica a fim de
receber a todos que dela necessitarem,
educação como direito de todos por meio dos
removendo toda e qualquer parceria que se
sistemas de educação federais, estaduais,
municipais e a rede particular de ensino. imponha a esse fim já está deve ser um espaço
exemplar de aceitação as diferenças de
Nessa perspectiva, a legislação determina
solidariedade, formação de pessoas mais
que todos os indivíduos tenham direito ao
humanas, tolerantes, conscientes e abertas à
acesso a educação de qualidade,
preferencialmente na rede regular de ensino,
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construção de uma sociedade que vise o bem criar, opinar sobre sua própria vida em
comum a todos os que nela estão inseridos. determinados problemas.
Diante de todas essas perspectivas e outras Nos dias hodiernos ainda é necessário muita
existentes, para alguns não passam de uma luta contra a exclusão de uma minoria sem
utopia de uns poucos que sonham em tornar direito ao letramento e sua participação efetiva
esse mundo mais acolhedor para todos, na sociedade de forma geral, podemos ressaltar
observamos que nosso sistema educacional que ainda vivemos o momento da inclusão, na
está aberto para novas mudanças. qual temos a presença de alguns alunos na
Partindo dessas ideias foi desenvolvido esse escola regular, respaldada pela constituição e,
projeto com a temática: A Inclusão do cego na de seus direitos pôr uma educação justa,
escola regular; com o objetivo de identificar os igualitária e inclusiva, mas para que tenhamos
problemas vivenciados não só pelo próprio sucesso é preciso que não só o aluno busque
cego, mas também pelo corpo docente da sua inclusão, mas que todos nós abramos
escola regular e a todos envolvidos com a espaços para a inclusão do mesmo, viabilizando
inclusão, favorecendo mecanismo para autonomia do professor em buscar capacitação
desenvolver uma educação para todos e com para atender essa clientela, desarmando essa
qualidade, por meio de metodologias e técnicas ideia de reclusão, claro que só isso não basta,
de ensino dinamizadas para desenvolver uma deve haver uma sociedade para uma inclusão
educação para o cego sentir - se mais envolvido responsável, cabe também ao governo oferecer
durante a sua atuação em sala de aula, suporte, capacitação, salas de atendimento
facilitando para o professor o conhecimento educacional especializado,
sobre as reais limitações e dificuldades que o Portanto a educação inclusiva tem
cego enfrenta na sua vida pessoal, social e importante papel na vida da pessoa com
escolar, na qual todas essas informações, deficiência, o aluno, sujeito processo
conceitos vem somar ideias, conhecimentos, pedagógico deverá ser olhado em suas
para esclarecer algumas dúvidas em que as múltiplas possibilidades e limitações. Para
pessoas sem deficiências tem em relação a atender ás exigências desse alunado, o docente
pessoa com deficiência tem em relação a deve ser formado em dimensões plurais e
pessoa com deficiência visual oportunizando a abrangentes: ética, estética, reflexiva, crítica,
todos no contexto escolar a quebra de técnica e cientifica.
paradigma e a interação entre ambos. Para Machado (2006):
Contudo, sabe-se que a sociedade está A formação continuada, entendida como
mudando os conceitos em relação às pessoas dimensão, parte do princípio de que se o
com deficiências que eram tratados como professor se considera formado, ele perde a
animais, endemoniados, submetidos a possibilidade de continuar pesquisando e
humilhações pôr parte de seus familiares e da questionando sua área de conhecimento. Será
sociedade, viviam enclausurados sem direito de um profissional desatualizado, superado, sem
cuidados, dignidade, sendo impossibilitado de condições de dialogar com o seu campo de
atuação. Essa dimensão indica a necessidade de
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1.1 Questionário aplicado aos professores Gráfico II: O que você acha da Inclusão de
de escolas regulares da cidade de Caxias-MA pessoas com deficiência visual na sua escola?
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante da pesquisa realizada nas escolas regulares de Caxias – MA, pode-se afirmar que os
ainda não se tem uma responsabilidade social no que diz respeito aos deficientes visuais, pois se
cobra muito no sistema educacional e não se oferecem subsídios satisfatórios e necessários para
acolher esse público que ainda não sentem-se a vontade em sala de aula.
O ideal é que se elabore projetos para viabilizarem uma melhoria no que diz respeito a
esses indivíduos que integram uma pequena escala do processo ensino-aprendizagem, porém,
torna-se necessário o acompanhamento de profissionais aptos a lidarem com essas pessoas, pois
mesmo que os docentes queiram favorecer a troca de experiências entre ouvintes e surdos, pela
falta de qualificação não conseguem ter uma comunicação produtiva.
O educador deve avaliar e auto avaliar-se, para fornecer um ensino melhor, caso contrário
não terá inclusão e tampouco o ato de se comunicar com os deficientes auditivos.
Para tanto, a integração do aluno cego no contexto escolar não acontece de forma
aleatória e rápida. É uma conquista que tem que ser feita com muito estudo, com a participação
efetiva da família e uma equipe multidisciplinar como: aluno surdo,, Psicólogos, Fonoaudiólogos,
Assistentes Sociais, alunos ouvintes e demais membros da escola, em todos os meios sociais,
favorecendo instrumentos para auxiliar o deficiente visual, como também os profissionais da
área.
O presente artigo não é de caráter conclusivo, mas poderá servir como suporte para
estudos futuros sobre a inclusão de alunos cegos no processo ensino-aprendizagem nas escolas
regulares, que ainda está sendo conduzida de maneira bem tímida, mas se houver uma
integração de todos nessa causa, a educação inclusiva acontecerá de forma efetiva.
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REFERÊNCIAS
BRASIL, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei n.º 9.394 de 20 de dezembro
de 1996.
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Vygotsky, obras escogidas v: fundamentos de defectología ( p.p 73 – 97). Madrid: visor.
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RESUMO: Este artigo visa apresentar a importância da inclusão por meio das brincadeiras e
brinquedos para o desenvolvimento da criança, bem como destacar a importância da interação
como uma ponte para a inclusão, pois as crianças ao brincar não valorizam as diferenças, apenas
se divertem sem avaliar habilidade ou competência dos demais. Deste modo foram realizadas
pesquisas de diversos autores que versam sobre a temática. Objetivamos ampliar a visão do
processo de inclusão no Brasil, destacando os avanços, enfatizando a importância das
brincadeiras para as crianças independentes de suas características físicas ou mentais, levando
em consideração que a criança está em constante aprendizado, por isso a utilização do lúdico para
o aprendizado das crianças, sempre com ações que levem em consideração sua faixa etária e
nível de desenvolvimentos. Por fim o trabalho apresenta as características de alguns brinquedos
que ampliam os desenvolvimentos das crianças com diversas deficiências.
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1971 na LDB 5.692/71 destaca deve haver um além de propor uma educação elaborada para
tratamento especial para os alunos com a pessoa com deficiência, também orienta as
deficiência física, mental e para superdotados. escolas a se adequar nas questões relacionadas
Na constituição de 1988 também aborda o a a estruturas físicas. A LDB de 1996 (Lei de
inclusão de pessoas com deficiências na rede Diretrizes e Base e Nacional) 9394/96, também
regular de ensino, lhes assegurado o direito a da bastante ênfase a educação especial
educação da mesma forma para todos os dedicando um capítulo inteiro tratando a esse
cidadãos. Embora todas essas leis surgiram em respeito.
benefício das pessoas com deficiência ainda Coelho (2010), destaca que quando
não foram o suficiente para garantir o pensamos em uma educação inclusiva é
atendimento necessária pensar nos alunos em todos os
Apenas em 1990, na Conferência da aspectos, e propor adaptação aos diferentes
Educação Mundial da UNESCO, Declaração ritmos de aprendizagem, bem como buscar
Mundial de Educação para todos em que o diferentes recursos para ensinar. Sendo assim a
Brasil aceitou o compromisso que foi autora afirma.
reafirmado em 1994 da Declaração de A educação inclusiva, não se resume na
Salamanca, nas questões que diz respeito à simples observância mecânica da lei, antes
educação especial. Nesse contexto a autora requer uma mudança de postura, de percepção
afirma: e concepção dos sistemas educacionais. As
A declaração de Salamanca defende que modificações necessárias devem abranger
todos os alunos precisam estar na escola e atitudes, perspectivas, organização e ações de
precisam ser respeitado em seus ritmos de operacionalização do trabalho educacional. Os
aprendizagem, apresentado deficiência ou não. educadores que se compromete com tais
Ela valoriza o trabalho escolar e as relações requisitos são capazes de transforma as salas
estabelecidas entre os alunos. Discute sobre de aula em espaços prazerosos (COELHO, 2010,
atenção educacional que deve ser prestada aos p.15;16).
alunos com necessidades educativas especiais, Em virtude disso essa modalidade de
enfatizando que todas as crianças, educação não trata de seguir somente de lei,
independentes de características, têm direito à mas também de mudança de atitudes, sendo
educação. E devem ser reconhecidas as suas assim as brincadeiras e brinquedos são
necessidades para a promoção de sua ferramentas importantes para a construção do
aprendizagem. Sugere que todos precisam conhecimento e para o desenvolvimento da
estar na escola, tendo ou não deficiência, a criança em todos os aspectos. Além de
escola precisa tomar uma atitude para bem promover a inclusão.
receber esses alunos, sendo que uma delas é
construir adaptações estruturais assim como
curriculares (MORAIS, 2015, p.3).
A Declaração de Salamanca (1994), foi um
dos grandes avanços da educação especial, pois
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objetos variados utilizados pelas crianças como utilizam da sua imaginação para reproduzir o
instrumentos de grandes descobertas do eu. objetos do mundo dos adultos e seu
Deste modo entende-se que: comportamento, desta forma elas preparam a
O brinquedo é parte indissociável do brincar comida, utilizando qualquer objetos que os
da criança, um produto cultural, objeto associa com panelas, dirigem, atendem
reconhecido por adultos e crianças como pacientes, portanto e no brinquedo que as
brinquedo, que, independente de estar sendo criança realiza a sua imaginação do mundo que
utilizado como “instrumento do brincar”, não o cerca. Desta forma o autor afirma:
perderia seu estatuto de brinquedo (SILVA, Ao brincar e criar uma situação imaginária, a
2011, p.167). criança pode assumir diferentes papéis: ela
Os brinquedos são objetos que auxilia as pode se tornar um adulto, outra criança, um
crianças a fazerem a leitura de mundo, pois o animal, ou um herói televisivo; ela pode mudar
mesmo na mão da criança podem ser o que elas o seu comportamento e agir e se comportar
decidirem ser, o que elas quiserem com isso a como se ela fosse mais velho do que realmente
imaginação da criança corre solta. é, pois ao representar o papel de “mãe”, ela irá
Sendo assim, eles não necessariamente seguir as regras de comportamento maternal,
devem ser o mais caro, ou mais lindo, ou o porque agora ela pode ser a “mãe”, e ela
melhor, mas o que atraia a criança e que a procura agir como uma mãe age (PEDROSO,
desafia e lhe proporciona descoberta, e deve 2008.p.16).
ser levada e consideração sua faixa etária e seu Neste contexto o brinquedo são ferramentas
desenvolvimento deste modo. que as crianças usem sua imaginação, que vai
O brinquedo deve estimular a criatividade e além do seu comportamento comum, pois
a imaginação, o mais importante é que muitas utilizam diversos objetos para que represente a
vezes isto pode ser feito com pequenos objetos realidade ao seu redor, além de usar a
como um pregador que se transforma em um imaginação, para trocar papeis, como sendo
avião ou um pedaço de pau que vira uma pai, mão, filho, entre outros com isso a criança
espada. O brinquedo que pode ser utilizado de desafia seu corpo e a imaginação, e isso as
várias maneiras é um convite à exploração e a possibilita a criatividade.
criatividade (SILVA, apud, ALMEIDA, 2012, s.p.) O brinquedo é oportunidade de
O brinquedo facilita a ampliar a imaginação desenvolvimento, por meio dele a criança
das crianças, o faz de conta, a fantasia, tem um aprende, inventa, gera autonomia, é um
papel importante no seu desenvolvimento e na momento de auto expressão e auto- realização,
idade escolar, em que a imaginação é em com isso ocorre a inclusão, pois ao brincar
constante, é responsabilidade da educação as crianças não valorizam as diferenças apenas
usar o brinquedo como objeto de interação, se divertem sem avaliar habilidade ou
companheirismo, amizade, respeito. competência dos demais.
De acordo com Pedroso(2008), afirma que
quando as crianças brincam elas agem não
apenas como criança, elas também querem
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo proporcionou uma melhor compreensão a respeito do processo de inclusão
no Brasil, as dificuldade e lutas enfrentadas e longo processo para implantação de leis que
garantissem não só integração e permanecia da criança, Discute sobre atenção educacional que
deve ser prestada aos alunos com necessidades educativas especiais, enfatizando que todas as
crianças, independentes de características, têm direito a educação,bem as mudanças estruturais
e curriculares.
Nessa perspectiva o brincar está associado ao processo de inclusão além de ser uma fonte
de entretenimento e interação social, também é uma atividade educativa, pois quando a criança
brinca ela usa a imaginação, interage com os demais socializando, desenvolvendo a fala o convívio
entre outras.
Ressaltamos também o papel dos brinquedos com recursos para trabalhar com crianças
especiais para a construção do conhecimento, por ser um meio eficiente de ensinar a criança,
como resolver problemas e ainda estimular o corpo e a mente, pois os brinquedos tem
características que auxiliam as crianças a se aproximarem do mundo de valores, habilidades.
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REFERÊNCIAS
BRASIL, Ministério da Educação, Cultura e Esporte. Referenciais Curriculares Nacionais para
a Educação Nacional. Brasília: MEC/FAE,1998.
GABALDÓN. Melhores brinquedos para crianças com deficiência. Disponível em: <
https://br.guiainfantil.com/materias/educacao/brinquedosos-melhores-brinquedos-para-
criancas-com-deficiencia/> Data de Acesso:20/02/2020.
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A INFLUÊNCIA DA EMOÇÃO NO
APRENDIZADO: O CÉREBRO PRECISA SE
EMOCIONAR PARA APRENDER
Maísa Amaral Dietrich1
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funções que integram o sistema, como por Seguindo-se nesse entendimento, percebe-
exemplo, as emoções, os pensamentos e os se que a complexidade e a constante
movimentos. transformação do sistema nervoso, permitem e
Sendo assim, antes mesmo de adentrar na fazem com que o ser humano seja único e crie
temática principal a respeito da aplicação da novas habilidades psicomotriciais, cognitivas e
neurociência na psicologia e psicopedagogia, é emocionais, ou seja, possa aprender ou mudar
de extrema relevância compreender, mesmo o processo de aprendizagem.
que minimamente, o que é, e como funcionam Em suma, o sistema nervoso central tem a
os processos. Sabe-se que o sistema nervoso responsabilidade de controle do corpo
humano é capaz de se modificar por meio de humano. Sendo este, constituído pelo encéfalo
estímulos relacionados ao ambiente(FONSECA, e pela medula espinhal. De acordo com Flor e
2014). Carvalho (2011), pode-se apreender que o
Esse processo é denominado pela ciência, encéfalo é constituído pelo cérebro, que é o
segundo afirma Consenza (2011), como a mais comumente lembrado por todos, mas
plasticidade do sistema nervoso. Isso se dá em também se compõe de outras partes, como o
virtude da formação de novos circuitos neurais, tálamo, hipotálamo, cerebelo entre outras
assim também como tem relação com a partes. Sendo que, o cérebro é uma espécie de
reconfiguração da árvore dentrítica e à central de controle do sistema nervoso e
alteração na atividade sináptica de um grupo de consequentemente do corpo humano.
neurônios. O aprendizado, segundo Consenza e Guerra
Ao se estudar sobre a neurociência e buscar (2011), está localizado na parte do lobo frontal
sua conceituação, depreende-se da lição de cuja é responsável pelo aprendizado e
Diniz; Daher e Silva, que o termo neurociências cognição. A pesquisadora Maluf (2005).
é o “conjunto de ciências fundamentais e defende que o processo de aprendizagem deve
clínicas que se ocupam da anatomia, da passar pelo entendimento acerca do estudo das
fisiologia e da patologia do sistema nervoso neurociências, pois um não existe sem o outro
(DINIZ; DAHER; SILVA, 2008, p. 154). e se complementam nas tentativas de entender
Dessa forma, Beauclair (2014), ainda ensina o porquê de muitas vezes as pessoas terem
que a neurociência pode ser descrita como dificuldades de aprender. A autora ensina ainda
sendo uma: que, o processo de aprendizagem não está
congregação multidisciplinar e sistêmica de apenas ligado ao fator biológico, cerebral e
conhecimentos, onde os avanços da cognitivo. Mas além disso, está ligado ao apoio
Neurologia, da Psicologia e da Biologia - familiar que fornece base social e emocional.
referentes aos estudos do cérebro - nos Dessa forma, é relevante mencionar-se o que
elucidam sobre os aspectos fisiológicos e ensina Relvas (2009), ao dizer que, de acordo
bioquímicos relacionados ao seu com várias pesquisas já realizadas na área de
funcionamento (BEAUCLAIR, 2014, p.24). neurociências, ficou evidenciado que o
processo de aprendizagem se perfaz por meio
da necessidade de que:
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Diante disso, fica evidenciada não apenas o conhecimentos e saberes (BEAUCLAIR, 2014, p.
significado e conceito da neuropsicopedagogia, 28).
mas além disso, registra-se sua importância Diante disso, percebe-se o avanço da
como ciência ligada à neurociência aplicada à neuropsicopedagogia que se estabelece na
educação e também à pedagogia e psicologia educação com intuito de contribuir com a
cognitiva. promoção da instrução, estabelece-se ainda na
A neuropsicopedagogia é descrita ainda por psicologia que envolve os aspectos psicológicos
Krug (2011, apud, Rodrigues (1996), como inerentes ao indivíduo e na própria
sendo: neuropsicopedagogia que estuda a teoria do
[...] Abordagem neurológica de distúrbios e cérebro de forma a elucidar as múltiplas
de incapacidades de aprendizagem. A inteligências.
Neuropsicopedagogia é de grande utilidade
para o psicopedagogo clínico, pois possibilita o • Contribuição da neurociência para a
diagnóstico de processos anormais na aprendizagem e educação
estrutura, na organização e no funcionamento A neurociência deve ser necessária para
do sistema nervoso central, por meio de testes todos os alunos para familiarizá-los com os
de avaliação neuropsicológica, aplicáveis a conceitos orientadores do campo, a cultura do
indivíduos portadores de problemas de mundo científico e as exigências especiais do
aprendizagem (KRUG, 2011, p.40) que se qualifica como pesquisa educacional de
Dessa maneira, percebe-se que a base científica.
neuropsicopedagogia já está sendo aplicada na Um exemplo é a pesquisa sobre a
prática há algum tempo. Exemplo disso é que neuroplasticidade do cérebro e as
desde 2009 já há menção a essa ciência como oportunidades que temos como educadores
disciplina de cursos de graduação (FORNER, para ajudar os estudantes a mudar literalmente
2009, p. 71;72). seus cérebros - e a inteligência. Para se tornar
É relevante dizer ainda que a um professor sem entender as implicações da
neuropsicopedagogia torna-se uma prática neuroplasticidade que altera o cérebro é uma
contundente, com aporte de estudos de grande perda para os professores e seus futuros
referenciais teóricos, mas não se confirma alunos.
como uma ciência de fato. Sendo este um Segundo ensinam Cosenza e Guerra (2011, p.
campo novo de atuação e intervenção nos 139), não é o papel da neurociência “[...] propor
processos de aprendizagem, afirma Beauclair nova pedagogia, nem resolver ou solucionar as
que é a neuropsicopedagogia: dificuldades de aprendizagem, contudo, seu
[...] Um novo campo de intervenção e papel é contribuir na fundamentação da prática
especialização, onde o conhecimento pedagógica que já se realiza com sucesso [...]” e
ultrapassa fronteiras e cria, com isso, novas orienta ideias para intervenções, com isso,
possibilidades de aprender sobre o aprender, demonstra-se que as estratégias de educação
ampliando olhares e oportunizando novas que respeitam a forma como o cérebro
formas de inter-relacionar informações, funciona tendem a ser mais eficientes.
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que trazem os benefícios dessa pesquisa para afetividade e a emoção em sua vida cotidiana.
seus alunos. E esse fato é primordial para o entendimento
do processo de aprendizagem do indivíduo.
• A aprendizagem no cérebro pela Afirma que a afetividade está intrinsecamente
emoção ligada com a questão de construção do
Sabe-se que o mais importante órgão do conhecimento racional, estando por tanto,
corpo humano é o cérebro, tanto é verdade que ligada à questão do prazer, afeto e emoção.
o entendimento majoritário é pela vida humana Nesse sentido é a lição de Vygotsky (2003, p.
existir enquanto o cérebro responde a 121), ao afirmar que durante o processo
estímulos, e tendo morte cerebral não mais educativo há presença constante de emoções
existiria chances de manter o indivíduo. no comportamento humano, e isso faz com que
Dessa maneira, de acordo com a professora haja maior ou menor grau de absorção do
Mara Musa Soares Silveira (2004, p. 1), há aprendizado.
desenvolvimento de maior número de células Nesse caminho ensina Santos (2010, p. 15),
nervosas no córtex cerebral quando envolvidos que a emoção auxilia o raciocínio. Dando
com estímulos emocionais. Esse entendimento primordial atenção para quando há fator
vai de encontro a inúmeros estudos realizados pessoal envolvido na emoção pois até na
por estudiosos e cientistas da área em animais, questão da saúde biológica do corpo a emoção
mas que podem ser replicados em seres interfere. Não seria diferente, portanto, na
humanos. questão do cérebro e o processo de
Sabe-se que o cérebro divide-se em dois aprendizagem ligado por fatores emocionais.
hemisférios principais, mas há necessidade de É ainda a lição de Relvas (2012, p.1), ao
interligação desses para que o cérebro funcione afirmar que as habilidades relacionais
de forma adequada. De acordo com o que interferem na aprendizagem. Assim como a
ensina Grinspun (2004, p. 35), estudos que emoção comove o pensamento e o coração do
foram desenvolvidos por meio de análises de aluno, o cérebro emocionando-se, promove
neuroimagens funcionais, que é uma nova melhor aproveitamento e absorção do
técnica que examina como o cérebro se conhecimento.
comporta no sentido de que o hemisfério Como as emoções influenciam o aprendizado
esquerdo produz maior atividade quando se e os processos de memória no cérebro, é tema
está fazendo leituras de textos. relevante para a modernidade em que cada vez
Ainda para Grinspun (2004, p. 76), há mais o acesso à informação é amplo, mas ao
estudos que constatam que a atenção humana mesmo tempo não é gravado na mente da
para a aprendizagem está centrada no córtex pessoa. Estudo inovador aponta que as
pré-frontal do cérebro, que se liga por meio de emoções não são apenas o produto do
fibras nervosas atuantes quando há processamento de informações pelo cérebro,
envolvimento de emoção e motivação. mas também influenciam diretamente os
Segundo ensina Barros (2003, p. 1), o ser processos de aprendizagem e memória no
humano desde que nasce acompanha a cérebro. Acontece que diferentes emoções
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fazem com que o cérebro trabalhe de maneira A abordagem usual da aprendizagem, não via
diferente e em frequências distintas. nenhuma conexão entre emoções específicas e
(COSENZA; GUERRA, 2011). processos cognitivos, como a memória, de
Segundo pesquisadores compararam a modo que o cérebro deveria ter agido de
atividade cerebral durante comportamento maneira semelhante no caso de uma emoção
social com a atividade desencadeada por diferente. Expondo a uma emoção diferente,
estímulos não emocionais, como o encontro uma negativa associada à exposição a um
com um objeto inanimado. Embora no nível estimulante o cérebro funciona de maneira
comportamental também mostrem um alto diferente neste caso. Mais uma vez, foi
nível de interesse em tais estímulos, seus observada forte atividade rítmica e
padrões cerebrais não mostram o mesmo nível coordenação entre as diferentes áreas
excepcional de atividade rítmica coordenada associadas à memória social. No entanto, isso
observada no encontro com um desconhecido. ocorreu em uma frequência diferente e em um
Uma vez que um verdadeiro encontro social padrão rítmico mais lento. Parece que quando
emocional ocorre, o cérebro continua a a emoção é social e positiva, o cérebro diz às
trabalhar em um alto nível de coordenação por diferentes áreas para trabalhar de acordo com
algum tempo, mesmo após o encontro ter um protocolo de comunicação. Quando uma
terminado. Em outras palavras, o cérebro emoção diferente está envolvida, uma emoção
entrou em estado de excitação social (RELVAS, tão negativa de medo quanto em nosso
2013). experimento, o cérebro diz às mesmas áreas
Em outras palavras, encontra-se uma para usar um protocolo de comunicação
conexão entre a sensação de excitação, a diferente. Resta ainda a necessidade de
atividade rítmica em áreas específicas do estudos adicionais, incluindo estudos em
cérebro e o processo cognitivo de formação da humanos, no futuro, a fim de compreender as
memória. Uma vez que esteja familiarizado uns ramificações precisas de cada emoção na
com os outros, pode-se estar menos excitados memória. Mas em termos gerais a implicação é
e, consequentemente, as áreas distintas do clara. Diferentes emoções fazem com que o
cérebro trabalham com muito menos cérebro trabalhe de maneira diferente,
coordenação. Em essência, essa descoberta inclusive em termos de processos cognitivos,
explica por que as pessoas tendem a lembrar, como aprendizado e memória.
em particular, seu primeiro encontro com um O cérebro precisa ficar emocionado para
futuro amigo ou parceiro. aprender, não é uma metodologia, mas um
Segundo Relvas (2013), estudos recentes conjunto de conhecimentos que está
demonstram e buscam entender que, tendo contribuindo com a pesquisa científica no
encontrado a conexão entre excitação social e campo da neurociência e sua relação com os
memória social, os pesquisadores então processos de aprendizagem (RELVAS, 2013).
procuraram examinar se uma emoção diferente
também influenciaria a mesma rede de áreas
cerebrais da mesma maneira.
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Os resultados alcançados pelo estudo proposto, são no sentido de que o levantamento de
informações sobre os fundamentos da neuropsicopedagogia envolvendo a influência da emoção
no aprendizado em que o cérebro precisa se emocionar para aprender, e suas contribuições para
a educação são úteis e de imensurável contribuição para a formação do profissional da educação
na contemporaneidade.
Isso porque, os processos que envolvem a aprendizagem não se encontram apenas no
espaço escolar, ultrapassam os limites físicos como os estudos por meio da internet por exemplo.
E isso faz com que haja preocupações em lidar com novos métodos de aprendizagem e por meio
da emoção, o estudo verificou que há estudos comprovando aos poucos a interligação entre a
aprendizagem e a emoção.
Por meio da revisão da literatura foi possível estabelecer que essa área de especialização
está composta por amparo cientifico da neurociência, além da psicologia e da pedagogia. Com
isso, verifica-se que os processos que envolvem a aprendizagem do educando estão mais
complexos e mais bem equipados do ponto de vista da avaliação da aprendizagem.
O embasamento cientifico trazido pela neurociências e aliado à psicologia e à pedagogia
fazem com que o neuropsicopedagogo seja um profissional essencial para o processo ensino
aprendizagem. Por meio dessa pesquisa, foi possível ter uma maior e mais efetiva compreensão
sobre o tema e como a ciência, por meio de estudos neurológicos envolvendo a educação e
processos de aprendizagem, ou seja, a neuropsicopedagogia pode ajudar nos processos de
aprendizagem da educação.
É inevitável afirmar que a há uma gama de aspectos a serem observados pelo profissional
que se dispõe a aprofundar seus conhecimentos a respeito da neuropsicopedagogia.
Notadamente em relação a sua intrínseca ligação com outras ciências como a psicologia,
educação e principalmente a neurociências.
Os processos de aprendizagem estão relacionados a diversos problemas existentes na vida
do educando, e estes devem ser considerados na avaliação a ser requerido pelo
neuropsicopedagogo. Percebe-se que a psicopedagogia e a neurociência estão relacionadas a
fatores primordiais que contribuem para o desenvolvimento do aluno, contudo, a junção dessas
áreas e, em conjunto com a neuropsicopedagogia estabelece-se que outros tantos pontos
positivos poderão advir dessa evolução.
Sendo assim, a neuropsicopedagogia como sendo uma área de conhecimento
multidisciplinar, estrutura-se nos estudos da neurociência aplicada à educação e pela obtenção
dos processos da psicologia e da pedagogia. Sendo assim, surge como um método útil e
contributivo para auxilio nos processos de aprendizagem.
O neuropsicopedagogo e sua atuação junto à neurociência, contribuem para elucidar
diversos problemas relacionados à aprendizagem na educação. Isso porque, contribui para o
conhecimento do cérebro e do comportamento humano, sendo essa junção de conhecimentos
uma ótima ferramenta para auxiliar nos processos inerentes à educação.
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REFERÊNCIAS
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participe, o mesmo precisa fazer parte deste aprender. Não se consegue ensinar de qualquer
processo e não ficar apenas como observador. jeito, aprender requer troca de conhecimentos,
Uma das muitas variáveis que induzem a e leva-se em consideração os limites e as
evasão escolar é a conduta de professores que habilidades de cada um. Sendo assim, para que
tornam os alunos passivos, distantes no o ensino seja um ato de conhecimento, é
processo de aprendizagem. Enfim, quando o indispensável que exista entre professor e
professor, consegue identificar as atividades aluno uma relação dinâmica.
profissionais desenvolvidas pelo aluno no dia a Não é difícil para o professor estar sempre
dia, ele passa a compreender melhor as retomando em suas aulas a importância e
diferenças existentes entre os alunos, utilidade que o conhecimento tem e poderá ter
conseguindo utilizar a melhor técnica para o aluno. “Somos sempre a fim de aprender
pedagógica que será adequada e motivadora, coisas que são úteis e têm sentido para nossa
para assim melhorar o nível de aprendizagem vida” (BOCK, 1999, p. 122).
dos alunos. Na realidade, as necessidades fisiológicas
É tarefa do professor descobrir as melhores estão relacionadas com a sobrevivência do
estratégias, recursos para fazer com que os indivíduo e com a preservação da espécie. São
seus alunos queiram aprender, devendo necessidades instintivas, que já nascem com o
proporcionar estímulos para que cada um se indivíduo. São as mais prementes de todas as
sinta motivado a aprender. Ao estimular o necessidades humanas: quando alguma dessas
aluno, o professor o mante em constante necessidades não está satisfeita, ela determina
desafio. fortemente a estrutura comportamental do
O ensino é puramente a ação, a arte de homem.
ensinar, de transmitir conhecimentos. É a Considerada por muitos a escrita como uma
orientação no sentido de modificar o das principais causas do aparecimento das
comportamento de alguém. civilizações modernas e do desenvolvimento
O ensino é uma forma de transferência de científico, tecnológico e social. Neste contexto,
conhecimento, de informação, de instrução, via ela assume o papel de “elemento de poder e de
de regra este conhecimento é transmitido nas dominação”. É nesta situação, na qual o
escolas. Existem várias teorias de domínio da leitura e escrita, passa a ser uma
aprendizagem que fundamentam a pedagogia, necessidade social definitivamente essencial
algumas dizem que aprender é uma questão de para a evolução do indivíduo no seu meio.
modificação do desempenho, em que o bom O letramento é o que as pessoas fazem com
ensino depende de organizar eficientemente as suas habilidades para leitura e escrita, no
condições estimuladoras de modo a que o contexto social em que atuam, e como essas
aluno sai da situação de aprendizagem habilidades se relacionam com as necessidades,
diferente de como entrou. valores e práticas sociais. Pode-se considerar
Bock (1999, p. 121), afirma que a que o letramento é uma forma de adaptação ao
preocupação do ensino tem sido a de criar meio.
condições tais, que o aluno “fique a fim” de
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estudar, uma vez que o mesmo não tem Analisar e reanalisar a didática em sala de
vontade de continuar ali. O aluno se mantem aula é fundamental o professor, pois só assim
disperso, não respeita mais o professor, colegas conseguirá alterar a rotina e poderá de fato,
de turma, diretores e demais membros da propor novos técnicas para que os alunos se
escola e não se interessam pelos conteúdos interessarem e aprender. O interesse mantém
aplicados em sala aula. É como se estivessem a atenção.
vivendo em outro mundo. Há dois tipos de motivação a intrínseca e a
Deverá o professor elaborar estratégias extrínseca. Um aluno extrinsecamente
adequadas que acendam nos alunos o desejo motivado é aquele que desempenha uma
pelo novo, pela exploração de conhecimentos, atividade ou tarefa interessado em recompensa
adotando novas práticas que se vinculem as ou para evitar alguma punição, esse aluno está
recompensas externas, porém, entendendo mais interessado na opinião dos outros, as
sempre que cada aluno representa um mundo atividades ou tarefas são realizadas a fim de
diferente, sob várias perspectivas. agradar na maioria das vezes os pais ou
O professor deve construir uma relação professores, cumpre seu papel de educando
amistosa com seu aluno, não poderá de forma por obrigação. Já um aluno intrinsecamente
alguma ignorar as diferenças existentes entre motivado, ele desempenha suas atividades
os alunos, visto que cada um tem uma e tarefas com a finalidade de crescer, de
caracteriza diferente, afinal ninguém é igual a realmente adquirir conhecimento. Portanto
ninguém. não há ensino aprendizagem sem motivação.
Insta salientar, que o fator da motivação em Motivação está na maioria das vezes
sala de aula não está relacionada apenas aos relacionada a aprendizagem humana, estando
alunos, mas também ao corpo docente, uma presente nos ambientes escolares, possuindo
vez que as suas atitudes e comportamentos assim um papel muito importante nos
refletem na classe, contribuindo para que haja resultados em que professores e alunos
momentos de motivação ou a falta dela. buscam alcançar.
O professor deve ser criativo, dinâmico, Desta forma, pode-se observar que a
utilizar de diferentes tipos de motivação, motivação é a energia para a aprendizagem, o
adotando para cada caso, isto é, cada aluno, os convívio social, os afetos, o exercício das
recursos adequados e convenientes às capacidades gerais do cérebro, da superação,
necessidades específicas. da participação, da conquista, da defesa, entre
Quando o professor faz certos outros.
questionamentos é induzido a uma reflexão se Consequentemente, a motivação é algo que
está ou não lecionando da maneira correta, vem de dentro, podendo ser criada e/ou
fazendo com que reveja que tipo de pedagogia modificada apenas pela própria pessoa. A
está sendo aplicado no ambiente escolar. Será educação carece de uma nova forma de
que está aplicando uma educação autoritária, abordagem para erradicar o conflito
fracassada, ultrapassada, tradicional? São relacionado à aprendizagem e o problema do
questionamentos validos para sua evolução. fracasso escolar. A educação deve ser planejada
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e desenvolvida para atender às necessidades qual pode ser muito eficiente se o professor
formativas dos alunos com o objetivo de torná- conseguir mobilizar a atividade interna do
los capazes e aptos para enfrentar as mudanças aluno para que ele venha a se concentrar e
e desafios da vida, que naturalmente irão pensar, combinando com outros
surgir. procedimentos como o trabalho independente,
Motivar para aprender consiste em lançar a conservação e o trabalho em grupo, além da
mão de recursos que não sejam exclusivamente conjugação com demonstração, ilustração e a
pontuais que obedeçam apenas a um momento exemplificação, possibilitando o
determinado. Com o intuito de motivar o aluno, enriquecimento da aula expositiva.
o professor deve relacionar o trabalho É preciso destacar que para chamar a
escolar com a experiência, com os interesses, atenção do aluno para o assunto abordado em
valores e expectativas do aluno. O professor sala de aula, convém estimular todos os
deve despertar motivação mediante incentivos, sentidos, assistir filmes sobre o assunto, aguçar
ou seja, transformar o assunto a ser ensinado a curiosidade dos alunos, quanto mais nova a
em necessidade pessoal do aluno. criança, maior a necessidade de se utilizar
A partir daí desencadeia-se todo um vários recursos para ter sua atenção.
processo, que gera uma reação do educando Vale destacar que só é possível pensar, fazer
para satisfazer a necessidade surgida; disso e emocionar na coletividade por meio da
decorrem as aprendizagens sem livro, sem motivação. Vale ressaltar que as escolas
professor, sem escola e sem uma porção de precisam ter mais estruturas para que o
outros recursos. Mesmo que existam todos professor consiga ministrar uma aula mais
esses recursos favoráveis, se não houver atraente, mais significativa e que, de fato, possa
motivação, não haverá aprendizagem ocorrer aprendizagem, proporcionando assim a
A motivação é algo essencial, porem deve ser autoestima do aluno, do professor e
usado de acordo com a realidade de cada turma consequentemente na qualidade do ensino.
e de cada aluno, cada contexto escolar e de A influência do professor intervém
aprendizado tem suas diferentes necessidades, diretamente no processo de aprendizagem do
e a motivação deve ter uma particular atenção aluno, daí a importância do professor estar
como forma para o processo de aprendizado. motivado para conseguir transmitir motivação
Para isso é preciso considerar que o para seus alunos, pois assim eles terão vontade
conhecimento é uma construção de aprender. É preciso ter noção que a
individual e coletiva e a escola sabe o papelmotivação parte do conhecimento do
de fornecer condições adequadas a essa professor. Professor desmotivo não consegue
construção. motivar nenhum aluno.
A maior fonte de motivação em sala de aula
MÉTODOS DE MOTIVAÇÃO é o professor, um espaço lúdico, recursos
audiovisuais, lazer, internet, informática,
Dentre os mecanismos que podem ser
apenas contribuem para às habilidades e
utilizados para motivação da criança, um dos
experiências do professor, que sabe aguçar a
mais citados é o método expositivo, o verbal, o
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A motivação é uma atividade que merece ter lugar central na prática escolar e dessa forma
ser ensinada por todo professor de qualquer área de ensino.
É fundamental que o professor atue como conciliador, buscando métodos para
desenvolver no aluno o gosto pelo estudo, principalmente quando a falta de motivação se faz
presente, dificultando uma sequência didática previamente planejada pelo professor.
Observando esta situação, o professor consegue desenvolver as habilidades e competências
dentro da sala de aula, para trabalhar a motivação entre os alunos.
O professor tornando sua aula mais dinâmica e atrativa mediante sua motivação, o aluno
se sentirá mais apto e capaz de desenvolver suas atividades em sala de aula ou fora dela,
provocando grandes emoções. A relevância de alunos motivados referem-se ao processo de
ensino-aprendizagem fator que poderá ser excelente para o professor em ver que o que propôs
foi válido e que sua aula teve importância e ao aluno que mediante sua motivação estará apto a
ter interesse e organização em suas atividades escolares.
Dessa forma, a motivação na aprendizagem, requer que seja levado em consideração um
estudo da realidade de cada aluno, uma vez que é necessário conhecer as características pessoais
de cada um, já que a motivação possui diversidades e características pessoais próprias.
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REFERÊNCIAS
BALANCHO, M. J. S.; COELHO, F. M. Motivar os alunos, criatividade na relação pedagógica:
conceitos e práticas. 2. ed. Porto, Portugal: Texto, 1996.
BOCK, Ana M. Bahia (org). Psicologias: uma introdução ao estudo de Psicologia. 13ª ed.
São Paulo: Saraiva, 1999.
PISANDELLI, Glória Maria Veríssimo Lopes. A teoria de Maslow, e sua relação com a educação de
adultos. Disponível em: http://www.psicopedagogia.com. br/artigos/artigo.asp?entrID=455. Data de
Acesso:20/02/2020.
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RESUMO: Este artigo objetiva evidenciar a eficácia dos jogos e brincadeiras no processo ensino-
aprendizagem. Entende-se que a ludicidade nas atividades pedagógicas atua como facilitador da
aprendizagem, pois o ensino dos conteúdos é favorecido, caracterizando uma proposta eficiente
quando o trabalho é planejado e articulado com a realidade escolar. O propósito deste trabalho
é demonstrar que a ludicidade deve fazer parte das estratégias e métodos do professor para que
a aprendizagem seja conquistada ou ampliada pelos alunos.
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objetos, ela se torna capaz de representar diversão, prazer e até desprazer, quando
objetos ausentes, tornando os presentes no escolhido voluntariamente e função educativa:
momento desejado. Em seguida há a transição o brinquedo ensina qualquer coisa que
dos jogos simbólicos para os jogos de complete o indivíduo em seu saber, seus
construção que inicia a partir dos quatros anos conhecimentos e sua apreensão do mundo
de idade, e se estende aproximadamente até os (KISHIMOTO, 2000, p. 37).
sete anos. Ainda na evolução da brincadeira O brincar assume uma função qualificativa
vêm os jogos de regras, quando há a passagem na vida do aluno. Sua ação educativa é
do momento individual para o de cooperação. renovadora, envolvente e prazerosa. A
A criança mostra por meio do brincar o modo ludicidade permite ao indivíduo, ampliar sua
de interagir no mundo real, apresentando suas aptidão para o que mais lhe chama a atenção.
descobertas, usando o brincar com O brincar mexe com a mente e com o corpo
instrumento identificador de seu desejo. enriquecendo os seus conhecimentos.
O brincar, além de desenvolver a Afirma Vygotsky (1988):
socialização, facilita o desenvolvimento se as necessidades não realizáveis
cognitivo da criança, estimulando seu imediatamente, não se desenvolvem durante
pensamento, criatividade de forma prazerosa. os anos escolares, não existiriam os
Despertando nela o desejo de participar dos brinquedos, uma vez que eles parecem ser
jogos e brincadeira desenvolvida no âmbito inventados justamente quando as crianças
escolar. começam a experimentar tendências
A importância do brincar para o irrealizáveis (VYGOTSKY,1988, p. 106).
desenvolvimento infantil reside no fato de esta Há uma necessidade muito grande da criança
atividade contribuir para a mudança na relação pelo brinquedo, pois nele ela expressas seus
da criança com os objetos, pois estes perdem desejos, sua ansiedade. Essas tendências
sua força determinadora na brincadeira. A tornam o brincar um instrumento valioso para
criança vê um objeto, mas age de maneira o desenvolvimento cognitivo da criança.
diferente em relação ao que vê. Assim, é
alcançada uma condição que começa a agir O LÚDICO COMO
independentemente daquilo que vê
(VYGOTSKY, 1988, p. 127). INSTRUMENTO FACILITADOR DA
Vygotsky (1998), ressalta que o brincar APRENDIZAGEM
satisfaz a criança contribuindo para o Nas últimas décadas os jogos e as
desenvolvimento, usando seu imaginário para brincadeiras têm sido foco de muitos estudos e
realizar suas fantasias. Por meio do brinquedo, pesquisas, uma vez que muitos estudiosos já
de ações de faz-de-conta, colocando sua comprovaram a importância dos mesmos para
criatividade em ação. o desenvolvimento infantil.
Ao assumir a função lúdica e educativa, o O brincar é sem dúvida um meio pelo qual os
brinquedo educativo merece algumas seres humanos e os animais exploram uma
considerações: função lúdica: quando propicia variedade de experiências em diferentes
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A brincadeira é uma ferramenta de comunicação, em que envolve todos os participantes.
Tem ainda o poder de interagir no desenvolvimento cognitivo, motor e social da criança. Ele
exercita o corpo e a mente da criança, fazendo ela desperta para as atividades propostas. O
brincar estimula a criança a envolver-se de tal maneira que na maioria das vezes muda sua
maneira de perceber o ambiente ao seu redor, incentivando a compartilhar, ter autocontrole e
vontade de ser um competitivo ativo na brincadeira. Ensina também a respeitar as regras do jogo,
a preservar o seu ambiente, a ser líder e em outra ocasião ser apenas um participante.
O jogo, nessa perspectiva, é entendido como a ferramenta ideal da aprendizagem, na
medida em que propõe estímulo ao interesse da criança, na construção de novas descobertas,
desenvolve e enriquece sua personalidade, sua experiência pessoal e social, possibilitando maior
aprendizagem e trará de alguma maneira um conhecimento mais sólido e rico no que diz respeito
ao prazer de aprender.
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REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Paulo Mendes. Dinâmica lúdica jogos pedagógicos. São Paulo: Loyola. 1978.
ALMEIDA, Paulo Mendes de. Educação lúdica, técnicas e jogos pedagógicos. 10ª ed. São
Paulo: Loyola, 2000.
BRUNELLI, Rosely Palermo. O jogo como espaço para pensar. São Paulo: Papirus, 1996
KISHIMOTO, Tizuko Morchida (org.). Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. São Paulo:
Cortez, 2000.
KISHIMOTO, Tisuko Morchida. Jogos a Criança e a educação. Petrópolis: RJ, 1999. MOYLES,
Janet R. Só brincar? O papel do brincar na educação infantil. Porto Alegre. Artmed, 2002.
PIERS, M. W.; LANDAU, G. M. O dom de jogar e porque as crianças não podem prosperar
sem ele. São Paulo: Cortez, 1990.
VYGOTSKY, L. A formação social da mente. 6.ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
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RESUMO: A música é um elemento importante no ensino, pois desperta a atenção dos alunos e
promove uma aprendizagem de forma lúdica e criativa, sem perder a atenção, o raciocínio e a
interação com a alfabetização, desta forma compreendemos que a música é um instrumento
facilitador no processo de ensino aprendizagem.
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A música tem um grande poder de interação com o meio e com o outro, desde muito cedo
entre a criança e o adulto – educador e educando, adquirindo uma grande relevância na vida de
uma criança despertando sensações diversas, conhecimento prévios e resgatando saberes
adquiridos, tornando-se uma das formas de linguagem muito apreciada por facilitar a
aprendizagem e instigar a memória das pessoas.
A música proporciona para educadores a oportunidade de trabalhar o lúdico algo tão
importante para educação e para nossos alunos de todas as etapas de ensino, entretanto é
esquecido ou deixado de lado para ser inseridos conteúdos de uma forma maçante e cansativa.
Vale apena se aperfeiçoar nesse método e abusar de sua importância e relevância em nosso
cotidiano escolar.
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REFERÊNCIAS
BRITO, Teca Alencar. A música na Educação Infantil. Brasil 2007.
GAINZA, Violeta Hemsy de. Estudos de psicopedagogia musical. 3. Ed. São Paulo: Summus,
1988.
FERREIRA, Martins. Como usar a música na sala de aula. 2 ed. São Paulo: editora Contexto,
2002
SEKEFF, Maria de Lourdes. Da Música seus usos e recursos – São Paulo 2007 – Unesp.
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A MÚSICA E MOVIMENTO NO
DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL
Daniela Rebelo Silva 1
RESUMO: Este artigo apresenta uma pesquisa bibliográfica e teórica sobre a utilização da música
no processo de desenvolvimento educacional infantil. Nesta perspectiva, o trabalho propõe
explorar e valorizar a música como uma disciplina e um recurso didático pedagógico de ensino e
aprendizagem da criança de forma lúdica, possibilitando a expansão dos aspectos físico, cognitivo
e emocional, propiciando a interação social na infância. Os dados e informações necessários para
obter resultados foram obtidos a partir da coleta e posterior análise de diversas fontes, como
entrevistas, materiais, programação e observação. Com tudo isso, pretende-se estabelecer
algumas bases e ideias para futuras pesquisas e propostas pedagógicas em torno da música na
etapa infantil.
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influência da educação musical no nível inicial é San Agustín, e Boeccio, que apontou a
importante, pois dessa forma somos nutridos importância da música na educação.
pela sensibilidade e emoção das crianças, Apesar disso, ao longo da Alta Idade Média,
ensinando-as a conhecer a beleza e a descobrir a música foi ensinada na forma de música ou
o prazer estético. Por intermédio de uma prática com o órgão como instrumento, em
adequada educação musical em que as crianças mosteiros e igrejas, para acompanhar os
são ensinadas, elas podem ter um bom serviços religiosos mais do que como um ato
desenvolvimento da sensibilidade estética e de educativo.
uma vida emocional. Durante o período da Renascença, a música
começou a separar-se da poesia e liturgia, e os
BREVE HISTÓRIA DA papéis de compositor e intérprete emergem.
A música era socialmente valorizada e foi
EDUCAÇÃO MUSICAL criada para o desfrute de sentidos. Além disso,
Para entrar na educação musical, é uma boa eles começaram a aperfeiçoar instrumentos
ideia fazer um breve tour pela história, ecoando como chaves, violas e órgãos.
as ideias de Pascual (2006). A Contra-Reforma Luterana do século XVI e o
Na Idade Antiga, a música era considerada elevado respeito e admiração que Lutero
um elemento de grande valor devido à seu alto concedido à música; fazendo com que todos os
valor educativo. A Grécia Antiga considerou a jovens se eduquem musicalmente na escola
música como um elemento educação, e é por (considerando música um elemento de
isso que eles incluíram no sistema de ensino, a elevação para Deus) fez isso vai ter um papel
sociedade. importante.
Tanto Platão quanto Aristóteles coincidiram, A partir do século XVIII, a música deixa de ser
por um lado, com o valor da educação em patrimônio da Igreja ou da Corte, para ser uma
idades precoces; e, por outro lado, na arte mais popular. Figuras tão importantes
transcendência das canções de ninar como quanto Rousseau aparecem, considera a
introdutório ao mundo da música. música como a verdadeira linguagem universal,
Para Aristóteles, todo conhecimento vinha exaltando a importância de solfejo e
dos sentidos. Dentro do primeiro dos estágios aprendendo canções simples em crianças
dos quais o processo educacional é composto pequenas. Outros grandes pedagogos eram
(vida física, instinto e razão), o que Froebel, Decroly, Montessori e as irmãs Agazzi,
corresponderia de certa forma à atual Educação que reconheceu a importância da música na
Infantil, a música era entendida como uma educação infantil, e ousou dar ou oferecer
prática agradável e um método de certas diretrizes para trabalhar isso por meio de
experimentação e entretenimento. atividades.
Nas civilizações cristãs, cantar era uma das Mas, talvez seja no final do século XIX e início
formas de expressar sentimentos religiosos. do século XX que o maior progresso ou
Duas pessoas a enfatizar foram, por exemplo, inovações em termos de música, devido à
criação da "Escola Nova " Este reconheceu a
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educação musical como uma educação que expressão. Ambos representam dois aspectos
incluía homem em sua totalidade, portanto, fundamentais da educação musical, e é por isso
uma educação ativa e participativa que é que eles são explicados abaixo.
direcionar a população como um todo. A música está sendo introduzida na
educação de crianças em idade pré-escolar
A MÚSICA NO devido à importância que ela representa em
seu desenvolvimento intelectual, auditivo,
DESENVOLVIMENTO INFANTIL sensorial, fonológico e motor. A música é um
A educação musical seria enquadrada na elemento fundamental nesta primeira etapa do
área da linguagem e, por sua vez, seria sistema educacional. A criança começa a se
considerada como tal. É por isso que, para expressar de outra maneira e é capaz de se
conhecer a influência disso como linguagem, integrar ativamente à sociedade, porque a
partimos da ideia de que a música desempenha música ajuda a alcançar autonomia em suas
um papel importante no desenvolvimento da atividades habituais, cuidar de si e do meio
personalidade da criança, especialmente em ambiente e expandir seu mundo de
sua faceta de linguagem. relacionamentos. A música tem o dom de
Tomando como referência Ruiz (2011), reunir as pessoas. A criança que vive em
podemos dizer que existe uma grande contato com a música aprende a coexistir de
variedade de linguagens (escritas, orais, maneira melhor com outras crianças,
artísticas, técnicas, etc.), com um propósito estabelecendo uma comunicação mais
comum, que seria expressar ou comunicar harmoniosa. Nessa idade, a música adora. Isso
ideias ou sentimentos. Seguindo essa mesma lhes dá segurança emocional, confiança,
linha, Ruiz (2011), afirma que: "A música é uma porque eles se sentem compreendidos quando
linguagem expressiva artística, que usa o som compartilham músicas, e imersos em um clima
como um meio, intangível, e cuja semântica é de ajuda, colaboração e respeito mútuo.
polivalente, ou seja, contém mais de um O estágio da alfabetização da criança é mais
significado. Como linguagem, pode expressar estimulado pela música. Por meio de canções
impressões, sentimentos e humores. A ideia infantis, nas quais as sílabas são rimadas e
musical é comunicada por meio da repetitivas, e acompanhadas de gestos que são
interpretação e improvisação. feitos ao cantar, a criança melhora sua maneira
Para Hernandez, Hernandez, De Moya, de falar e entender o significado de cada
(2011), a música promove o intercâmbio palavra. E assim, será alfabetizado de maneira
comunicativo entre as crianças / bem como o mais rápida. A música também é benéfica para
desenvolvimento das funções psicológicas a criança no que diz respeito ao poder de
básicas, tais como atenção, memória e concentração, bem como melhorar sua
percepção visual e auditiva. "O ponto de capacidade de aprender em matemática.
partida dessa reflexão é a ideia de que a música Música é pura matemática. Além disso, facilita
como linguagem teria dois aspectos, que que as crianças aprendam outras línguas,
seriam, por um lado, percepção e, por outro, melhorando sua memória. Com a música, a
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educação musical e desenvolvimento cognitivo pode nascer no ventre da mãe se a mãe cantar
incluem melhorar as habilidades de escuta e ou ouvir música. Aos quatro meses e meio de
aprender novas palavras e conceitos. gestação o ouvido é funcional, a mãe deve
Desenvolvimento emocional e social: cantar músicas, colocar música clássica, para
Atividades musicais também ajudam o que a criança já esteja familiarizada com a
desenvolvimento social e emocional das música antes do nascimento, o que influenciará
crianças. Muitas das atividades que usam a o aprendizado subsequente da gestação. a
música envolvem a participação em grupo, de mesma.
modo que as crianças aprendem a interagir e A música é uma linguagem por meio da qual
cooperar umas com as outras durante certas nos comunicamos e nos expressamos. De
atividades musicais. As atividades de música e acordo com Hernandez (2011), os alunos de
movimento, como "o pátio da minha casa", são educação infantil devem desenvolver
particularmente úteis para alcançar os competências relacionadas com as primeiras
objetivos nessa área. manifestações de comunicação e linguagem e a
Atividades musicais e dança também ajudam descoberta de som do ambiente imediato em
as crianças a se tornarem conscientes de suas que vivem, formar uma imagem positiva e
emoções e formas saudáveis de expressar seus precisa de si mesmo e adquirir algum grau de
sentimentos, de modo que os objetivos dessas autonomia pessoal. Portanto, a música nesta
atividades são promover a expressão criativa etapa ajuda o desenvolvimento integral das
saudável e a cooperação em grupo. e a dança capacidades, porque seu objetivo principal é o
também melhora a consciência corporal da desenvolvimento integral ou a personalidade
criança. Por intermédio de canções como dos alunos. A música na Educação Infantil deve
"cabeça, ombros, joelhos e dedos", as crianças se tornar a base a partir da qual a música é
aprendem sobre as partes do corpo e ensinada na Educação Primária e Secundária,
conseguem uma coordenação motora total. portanto deve ser firme e consistente. Antes de
Tocando instrumentos e criando músicas que vir para a escola, suas experiências musicais são
fazem movimentos com as mãos como focadas em sua casa e em brincar com as
"aranha", melhoram a coordenação motora famílias por meio das quais os adultos se
fina. A música pode ser usada junto com aulas comunicam com as crianças.
de educação física. Essas experiências musicais fazem uma
A Educação Musical é necessária para diferença importante entre as crianças que
integrá-la como parte da educação geral da frequentam a Educação Pré-escolar. Aqueles
criança, dada sua excelente contribuição para a que tiveram uma relação com a música por
educação intelectual, corporal e emocional. meio de jogos ou músicas compartilhadas por
Zoltán Kodály ressalta que o som e a música são sua família, a escuta da música clássica (no
inatos para o homem e se apresentam nos útero até o nascimento) e depois do
primeiros meses de vida. Suzuki vai mais longe, nascimento, os jogos em que a música está
enfatizando que a criança é sensível a sons já no presente e aqueles que participaram de
útero da mãe. Portanto, a educação musical concertos, participaram ativamente da aula,
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A música é uma linguagem universal que está presente na história de todas as culturas e,
portanto, é uma emoção que se encontra em qualquer pessoa. Por meio da música nos
comunicamos e nos expressamos, demonstrando nossos sentimentos e emoções sem qualquer
dúvida. Esse fator que caracteriza a música promove a socialização e favorece a escuta.
A música é essencial na educação, é uma ferramenta de transformação. Não só ensina
músicas, danças ou jogos tradicionais, como também dá a oportunidade de conhecer outras
pessoas que vivem sua cultura musical. No entanto, esta qualidade não é apreciada por toda a
sociedade, porque não sabem criar um ambiente intercultural do ponto de vista musical. A
Educação Intercultural é fundamental hoje nas escolas, devido à grande diversidade que existe
em nossa sociedade.
A grande dúvida dos professores é como trabalhar com continuidade e isso é demonstrado
expressando suas dúvidas sobre essa forma de educação. As escolas favorecem o reconhecimento
da diversidade, sendo um agente socializador que permite sua integridade. Não adianta trabalhar
a interculturalidade quatro dias por ano. Esta é a razão que levou ao desenvolvimento desta
proposta musical a partir de uma perspectiva intercultural.
Nossa intenção é demonstrar que a educação intercultural pode ser trabalhada em sala de
aula como um fim em si mesmo ou um meio para atingir os objetivos e para a área de música
pode trabalhar. Como dissemos antes, a música é um elemento cultural e por meio dela podemos
incentivar o intercâmbio intercultural, desenvolver atitudes de respeito e tolerância pela
diversidade e promover o interesse em conhecer outras pessoas, compreender sua cultura e a
nossa também. Trabalhar a interculturalidade a partir da música não é tão difícil quanto parece,
requer apenas compromisso e trabalho para ser capaz de realizá-la. E você deve saber que não é
suficiente para interpretar a sua música ou ver suas danças, mas requer uma mudança a partir de
dentro a educação musical, adaptando e mudando os objetivos, o conteúdo e critérios de
avaliação do ano letivo.
Esta proposta não deve ser trabalhada somente onde há diversidade cultural, mas deve ser
implementada em qualquer centro para trabalhar a interculturalidade e o respeito pelos outros.
Finalmente, encorajamos a educar nossas escolas de uma perspectiva intercultural para
promover a compreensão e o respeito pelos outros na área, na qual a música pode trabalhar.
Como dissemos antes, a música é um elemento cultural e por meio dela podemos incentivar o
intercâmbio intercultural, desenvolver atitudes de respeito e tolerância pela diversidade e
promover o interesse em conhecer outras pessoas, compreender sua cultura e a nossa também.
Trabalhar a interculturalidade a partir da música não é tão difícil quanto parece, requer
apenas compromisso e trabalho para ser capaz de realizá-la. E você deve saber que não é
suficiente para interpretar a sua música ou ver suas danças, mas requer uma mudança a partir de
dentro a educação musical, adaptando e mudando os objetivos, o conteúdo e critérios de
avaliação do ano letivo.
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REFERÊNCIAS
ANDREU DURAN, M., & Godall Castell, P. (2010). A importância da educação artística na
educação obrigatória: A aquisição de habilidades elementares básicas em um centro de
música integrado. Revista De Educativa, (p.357), (p.179).
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trilhas sonoras como base para a escuta ativa: Experiências educativas para o
desenvolvimento musical infantil. Revista da Faculdade de Educação de Albacete, (p.26).
PASCUAL MEJÍA, P. (2010). Didáctica de la música para primaria (2ª edición ed.). Madrid:
Prentice Hall.
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RESUMO: O artigo aborda a relação que há entre a música e o homem e também mostra a sua
grande influência na aprendizagem. Tal relação está calcada na dimensão que a música poderá
assumir no âmbito social, cultural e cognitivo da vida humana, a partir do instante em que o
homem se apropria deste bem cultural. Baseado nos incontáveis benefícios que a educação
musical poderá proporcionar ao indivíduo, surge um projeto de lei que insere a música também
no ambiente escolar, não servindo apenas como um instrumento didático, mas sim, de caráter
formador da cultura humana. Diante disso, observamos quais são os benefícios que a música faz
ao processo de ensino e aprendizagem.
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de diversos valores musicais. Entretanto, por De acordo com autor que a música assumia
meio da música é possível transmitir nossos seu destaque desde os tempos de Homero (séc.
sentimentos, nossos afetos e nossas emoções. VIII a. C.), quando o estudo da lira e do canto
Dessa forma o homem é sensível à música. fazia parte da educação daquele povo. Platão
Podemos dizer que não há música sem o associava essa importância de tal forma que
homem, pois mesmo sendo ela também dizia: aquele que não sabe conservar o seu
manifestada pela natureza ela necessita do lugar num coro, não é verdadeiramente
homem para apreciá-la, da mesma forma o educado (GRANJA, 2010).
homem não existe sem a música, pois precisa Granja (2010), aponta dois mitos analisados
dela para satisfazer-se, para expressar-se, e por Schafer (1997), em que aponta
para poder dar continuidade à construção de características relevantes sobre a música até os
sua identidade. dias atuais. O primeiro mito narra o surgimento
O homem, segundo Ernst Fisher, é um da lira de Apolo, em que Hermes, ainda criança,
“mágico” capaz de modificar elementos da rouba a parte do rebanho de Apolo e sacrifica
natureza. Observamos nitidamente esta magia duas novilhas em homenagem aos deuses.
no encanto que a música é capaz de produzir na Usando as tripas das novilhas como cordas e o
vida humana, já que não é uma construção casco de uma tartaruga como caixa de
definitiva e enquanto Ciência, não está ressonância, Hermes constrói um instrumento
acabada, podendo sofrer alterações em suas musical: a lira. Ao ouvir o som da lira tocada por
combinações e interpretações. Hermes, Apolo fica encantado e ordena a este
que lhe dê o novo instrumento como forma de
MÚSICA NA ANTIGUIDADE compensação pelo roubo das novilhas. Apolo
passa a praticar a lira, tirando sons
O autor Carlos Eduardo Granja (2007), fez um
maravilhosos que encantavam os demais
excelente histórico sobre a marca da música na
deuses. Certo dia, Mársias, que tocava muito
antiguidade. Segundo ele em cavernas havia
bem a flauta, desafia Apolo para um duelo
registros de figuras que representavam
musical. Apolo vence a disputa e passa a ser
instrumentos musicais, ou seja, registros da
declarado pelas musas como o deus da música,
presença da música em civilizações extintas,
da poesia e da inspiração. A lira passa a ser o
tais como egípcia, babilônia e a assíria. Nesse
instrumento associado a Apolo e à sua música.
período a música aliou-se a educação de uma
Revela o autor que nesse momento a música
maneira especial na Grécia antiga, ao mesmo
surge da descoberta das propriedades
tempo aproximando-se também da filosofia, o
materiais dos objetos, fruto da ação racional do
curioso é que naquele tempo não havia a
homem sobre a natureza, desta forma a música
notação musical (o estudo da música: as notas
apolínea é serena, racional e contemplativa,
musicais, os valores musicais), sua
mais próxima da dimensão espiritual do que a
representação era oral, mesmo assim a música
corporal.
mantinha um papel de suma importância para
No segundo mito, a música surge do
a formação humana daquele período.
lamento, do interior do homem. Segundo esse
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mito apontado pelo autor, Palas Athenas fica principalmente nas cerimonias religiosas e
comovida ao ouvir o choro das irmãs de festividades.
Medusa após sua decapitação. Ela cria uma Elencando todos esses fatos existentes na
cantiga em sua homenagem, dando origem a Antiguidade, vemos desde cedo à ligação
música. Usando um osso de corvo seco, a deusa existente entre o homem e a música, em que
criou um instrumento de sopro: o aulos é mesmo inconscientemente satisfazia-se em
consagrado por Apolo ao deus Dionísio e se expressar seus sentimentos e emoções,
torna o instrumento típico dos festivais sentindo um prazer inigualável, por meio de
dionisíacos. Por esse instrumento ser de sopro, simples ruídos manifestados pelos mais simples
o aulos exige uma maior ação mais intensa e objetos muitas das vezes ignorados e
direta do corpo na música. Além disso, ele é desprezados por outros. Após essa reflexão fica
associado a Dionísio, que era o deus do vinho e dementemente claro a ligação indireta do ser
da embriaguez. Dionísio tocava o aulos em suas social sobre a combinação dos sons.
festas e orgias levando as pessoas ao transe e
ao êxtase. Ao contrário da música apolínea, a A MÚSICA E O HOMEM
música dionisíaca é emotiva, corporal e
Em 2008 foi sancionada uma lei que exige o
espontânea, sua força surge do inconsciente
estudo da música na Educação Básica, mas para
sem passar pela razão.
compreender o processo que culminou no
Nesse contexto a civilização grega dava
desenvolvimento do novo projeto de lei, que
grande ênfase aos mitos, pois colaboravam
institui o ensino da música na educação básica,
para o desenvolvimento e a formação daquele
é necessário entender toda trajetória para que
povo, segundo Granja (2010), influenciavam em
ocorresse a criação deste projeto. Tal trajetória
sua arte, história e pensamento, porém com o
está centrada na relação que há entre música e
surgimento da escrita esses foram perdendo o
homem desde tempos remotos.
seu respectivo lugar.
A música tem algo intrínseco à história do ser
Surge então um discurso racional e inovador
humano e por ser arte é quase tão antiga
de se pensar sobre o mundo caracterizado
quanto o homem. Arte que abrange as mais
como logos (na antiga filosofia grega, a
variadas manifestações criadas pelo homem de
racionalidade que controla o universo= razão).
acordo com sua cultura, dentre elas, a música.
Nesse aspecto, a verdade é algo que devemos
Por meio da música o homem encontra a si
descobrir por meio de nossos conhecimentos.
mesmo, e é sensibilizado de forma que seus
Passa-se então a considerar dois caminhos: O
sentimentos e emoções sejam traduzidos.
mito precisa ser sentido e vivido, e por outro
Como Ernst Fischer afirma: “O homem anseia
lado o logos deve ser estudado e analisado.
por unir na arte o seu “Eu” limitado com uma
Contudo, o logos aprofundou-se nas
existência humana coletiva e por tornar social
investidas racionais, sobretudo nas
sua individualidade.”
manifestações literárias, artísticas e religiosas;
Sendo a música uma representação artística,
a música e o mito se aproximavam do âmbito
a relação que o homem estabelece com ela, não
da manifestação sonora, presente
é apenas se divertir ou se emocionar, mas sim
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Estudos concluíram que a música é uma pesquisas feitas ao longo da História, fica
grande arma auxiliadora para o evidente a importância da música na formação
desenvolvimento intelectual, moral e cognitivo do ser enquanto homem omnilateral - conceito
da criança. Isto decorre do fato de sermos de grande importância para a reflexão em torno
sujeitos históricos. do problema da educação em Marx o qual
Todo indivíduo enquanto ser social insere-se, refere- se a uma formação humana oposta à
desde o momento em que nasce, em um formação unilateral provocada pelo trabalho
contexto cultural, apropriando-se dele e alienado, ou seja, a ruptura com o homem
modificando-o ativamente, ao mesmo tempo limitado da sociedade capitalista. Homem
em que é por ele modificado (WAZLAWICK, unilateral não é definido pelo que sabe,
CAMARGO & MAHEIRIE, 2007, p.32). domina, gosta, conhece, mas pela sua
Baseado na importância que estes autores disponibilidade para saber, dominar, gostar e
atribuem à apropriação dos bens culturais, é conhecer (Dicionário da Educação Profissional
importante que o trabalho com a música em Saúde).
contemple todos os ritmos existentes no Provando a importância da música no
universo da música presentes em cada região, processo de ensino e aprendizagem, um
contemplando suas particularidades (samba, projeto de Lei 3732/08, proposto pela senadora
frevo, baião, forró, sertanejo, rock, jazz, blues, Roseana Sarney (PMDB–MA), no dia 18 de
gospel, entre outros), já que não se sabe qual o agosto de 2008, foi sancionado pelo presidente
repertório trazido pelo sujeito. O professor que da República Luís Inácio Lula da Silva (Lei nº
queira agir de acordo com esta pluralidade, 11.769, de 18 de agosto de 2008), tornando
deve inteirar-se dela inicialmente e saber que o obrigatório o ensino de música na Educação
que define fortemente essa diversidade é o Básica. Segundo ele proporcionará ao aluno um
próprio ritmo. Partindo daí, propor em melhor desempenho nos âmbitos sociais e
atividades práticas, ora com músicas apreciadas afetivos. Um dos argumentos utilizados para a
pelos estudantes, ora abrir o leque de outras implementação deste projeto se baseia nos
referências, articulando aquilo que é objetivos da Educação proposto pela Lei de
interessante e significativo em determinado Diretrizes e Bases da Educação Nacional
momento. 9394/96, sobre o qual a senadora Roseana
Como a música é arte, a releitura de Sarney (2006), diz que a música se configura
músicas, bem como regravações de músicas como veículo privilegiado para se alcançar as
antigas em ritmos atuais, poderá despertar um finalidades educacionais almejadas pela LDB
interesse ainda maior por músicas que antes, (1996).
não faziam parte da vida do sujeito. Esta A música é uma prática social, que constitui
articulação influenciará não somente no instância privilegiada de socialização, onde é
desenvolvimento da aprendizagem, mas na possível exercitar as capacidades de ouvir,
construção de cada indivíduo como ser social. compreender e respeitar o outro. Estudos e
Após estudar os benefícios elencados pesquisas mostram que a aprendizagem
nesta pesquisa e por meio dos estudos e musical contribui para o desenvolvimento
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em todos os aspectos existentes em uma relação de identidade a música esteve, está e
sempre estará permanentemente interligada ao homem. Ao mesmo tempo em que se faz parte
da vida humana, em que é expressa por todos, a música representa ao indivíduo parte da sua
história e da sua cultura.
Por sua grande atuação, resultante de tantos benefícios em nosso interior, torna- se uma
importante ferramenta diante do processo de ensino e aprendizagem para o desenvolvimento
cognitivo, estabelecendo uma “ponte” entre todos os aspectos essenciais para o
desenvolvimento do sujeito e a aprendizagem, apropriando- se cada vez mais das propriedades
psíquicas, emocionais, motoras e afetivas, tendo como resultado uma aprendizagem significativa.
Contemplamos a música em toda a antiguidade ocupando lugar de destaque na educação,
sendo conhecida como elemento chave de suma importância para o desenvolvimento pleno dos
indivíduos, sendo uma linguagem subjetiva do homem. Então, por que hoje em diversos aspectos,
infelizmente é deixada por último quando se refere ao desenvolvimento humano? Ou sua
utilização seja apenas em momentos ociosos sem ser pensada com a sua grande influência na
formação do estudante como ser histórico cultural e social?
Cabe a nós, professores ter conhecimento referente a essa ferramenta tão poderosa, a
qual pode interferir no desenvolvimento pleno do indivíduo.
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REFERÊNCIAS
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BRITO, Teca Alencar. Música na Educação Infantil – Propostas para a formação integral da
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FISCHER, Ernst. A necessidade da Arte. 9º edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1987.
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RESUMO: Este artigo visa demonstrar a importância do ensino musical e suas contribuições na
faixa etária de 0 a 5 anos. A maioria das instituições escolares de Educação Infantil não oferecem
práticas pedagógicas que desenvolvam a percepção, sentimentos, experiências, criação, reflexão
e imitação, recursos estes que ampliam os saberes e a troca de conhecimentos. A música contribui
para o desenvolvimento integral da criança na Educação Infantil. Por meio da abordagem sobre
música, do diálogo com teóricos e a contribuição desta na dinâmica escolar, conjugando
expressão de sentimento e facilitadora da comunicação com o meio que está inserida.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Educação Infantil, em especial, a educação musical aqui abordadas, tem a possibilidade
de contribuir para o desenvolvimento de uma visão escolar, como a música, o barulhar, sendo um
importante aliado para o desenvolvimento infantil.
O educador é um incentivador, motivador e mediador de conhecimento quando vivenciam
experiências diversas contribuindo para uma prática estendida aos educandos.
Na musicalização, resgatamos os sentimentos, emoções e expressões, sendo assim,
consequentemente refletimos na formação de sujeitos que possuem saberes, produzem cultura,
descobrindo a si e ao outro, em um mundo que compartilha e nota as singularidades.
A música necessita estar presente no cotidiano escolar, pois é a partir desta vivência que
expressamos sentimentos e emoções. Ademais, é concebida como um universo que conjuga
expressão de sentimentos, valores culturais e, assim, facilita a comunicação do indivíduo com ele
mesmo e com o meio em que vive, sendo um agente facilitador do processo educacional.
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REFERÊNCIAS
BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e filosofia da linguagem. 10. ed. São Paulo: Hucitec, 2002.
BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
DE BRITO, Teca Alencar. Música na Educação Infantil - proposta para a formação integral
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FARIA, Vitória Líbia Barreto de. Currículo na educação infantil: diálogo com os demais
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LINO, Dulcimarta Lemos. Barulhar: a escuta sensível da música nas culturas da infância.
2008. 392 f. Tese (Doutorado em Educação) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto
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LINO. Dulcimarta Lemos. Barulhar nas culturas infantis. Revista da ABEM, Porto Alegre, v. 24,
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<http://www.Abemeducacaomusical.org.br/Masters/.../revista24_artigo9.pdf.> Data de
Acesso:20/02/2020.
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OLIVEIRA, Zilma Moraes de (org). Creches: crianças, faz de conta & Cia. 7. ed. Petrópolis,
Rio de Janeiro: Vozes, 1999.
SCHROEDER, Silvia Cordeiro Nassif; SCHROEDER, Jorge Luiz. As crianças pequenas e seus
processos de apropriação da música. Revista da ABEM. Londrina, v. 19, n. 26. 105-118. Jul-
dez/2011.
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RESUMO: Esse artigo pretende buscar reflexões acerca da importância dos professores terem
conhecimento da Neurociência, podendo trabalhar de uma forma significativa com seus alunos
em sala de aula. A neurociência estuda como o cérebro aprende e o que influencia a aquisição
cerebral mais bem-sucedida e a aplicação da aprendizagem deve ser incluída em todos os
programas de formação de professores. Os professores precisam estar preparados com
conhecimento fundamental para entender, avaliar e aplicar a neurociência da aprendizagem.
Com esse conhecimento, eles poderão reconhecer as implicações futuras desse campo de
pesquisa em rápida expansão para aumentar a eficácia de seu ensino e construir e sustentar a
alegria de aprender dos alunos. A formação de professores precisa preparar os professores de
amanhã com o conhecimento e as ferramentas para preparar seus futuros alunos para a
globalização das realidades que mudam o jogo.
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amplie suas relações. Portanto, cabe a escola ambiental, cultural e suas relações em busca de
de Educação Infantil criar um ambiente socio- uma construção autônoma.
afetiva saudável para a criança. Dentro desta concepção de
Com a redefinição da concepção de criança, desenvolvimento o RCNEI (1998), considera o
deixando essa de ser vista como objeto de Educar, como:
tutela e passando a ser um sujeito de direitos, a Educar significa, portanto, propiciar
Educação Infantil se deparou com a situações de cuidado, brincadeiras e
necessidade de rever seu papel e tentar acabar aprendizagens orientadas de forma integrada e
com a dicotomia entre cuidar – tarefa da creche que possam contribuir para o desenvolvimento
e o Educar – tarefa da pré-escola. das capacidades infantis de relação
Essa ideia de dicotomia vem de longe, de um interpessoal, de ser e estar com os outros em
passado em que se pensava que a criança uma atitude básica de aceitação, respeito e
pequena era uma tabula rasa na qual a família confiança, e o acesso, pelas crianças, aos
e sociedade inscreviam os conhecimentos, os conhecimentos mais amplos da realidade social
hábitos, os comportamentos – razão do apenas e cultural(BRASIL,1998,p.23).
educa ou da ideia inata de que tudo estava E o Cuidar, como:
adormecido, como germe ou potencialidade Cuidar significa valorizar e ajudar o
que aguardava o amadurecimento físico para desenvolver das capacidades. O cuidado é um
vir à tona. Bastava esperar. Portanto era ato em relação ao outro e a si próprio que
suficiente Cuidar da criança, para que possui uma dimensão expressiva e implica em
sobrevivesse às mudanças físicas, psicológicas e procedimentos específicos” (BRASIL, 1998, p.
sociais. O adulto desenvolvido seria uma 24).
consequência natural. Diante destes conceitos, percebesse o
Para quebrar esses paradigmas o RCNEI quanto estes são concomitantes, completando-
(1998) aponta: se a favorecer o desenvolvimento integral da
A necessidade de que as instituições de criança, e sua separação caracterizar-se-ia na
educação infantil incorporem de maneira fragmentação de um ser humano
integrada as funções de educar e cuidar, não individualizado. Assim, para essa unidade o
mais diferenciando nem hierarquizando os MEC (1994, p. 16), propõe em uma de suas
profissionais e instituições que atuam com diretrizes básicas:
crianças pequenas e/ou aqueles que trabalham As particularidades da etapa do
com as maiores (BRASIL,1998, p.23). desenvolvimento, compreendidas entre zero a
Considerando, então, que tanto na creche seis anos, exigem que a Educação Infantil
quanto na pré-escola, a criança tem cumpra duas funções complementares e
necessidade e direito de ser cuidada e educada, indissociáveis: cuidar e educar,
outros conceitos se fazem necessários. complementando os cuidados e a educação
O desenvolvimento da criança passa a ter realizados na família ou no círculo da família
uma conotação interacionista e global, (BRASIL,1994, p.16).
considerando, esta, em seu contexto social,
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Deixando de lado a questão de saber se esse que isso seja verdade - o que não está claro - os
tipo de evidência é necessário para resolver as próprios professores não são capazes de
dificuldades de decodificação, a orientação da escanear os cérebros de seus alunos para
comunidade para a neurociência tem sido prever quais estão em risco.
problemática quando se trata do outro O argumento mais forte para familiarizar os
componente importante da leitura: a professores com a neurociência é que ela pode
compreensão. Na medida em que os ajudá-los a lidar com alunos que sofrem de “
professores de alunos disléxicos se estresse tóxico ” - traumas crônicos,
concentraram na compreensão (que não é geralmente associados à pobreza, que podem
tanto), eles viram problemas em termos de afetar os cérebros dos alunos de maneiras que
déficits neurobiológicos em “função executiva”, interferem em sua capacidade de aprender.
compreensão da linguagem oral ou memória de Quando tais alunos agem na sala de aula ou têm
trabalho. Ou, como a maioria dos professores, problemas para se concentrar, os professores
eles viram uma falta de supostas habilidades de precisam entender que a melhor maneira de
compreensão, como a capacidade de fazer neutralizar os efeitos do estresse tóxico é
inferências ou visualizar imagens. O que eles proporcionar uma atmosfera calorosa e de
não focalizaram - pelo menos até recentemente apoio. Ao mesmo tempo, esse conhecimento
- está fornecendo aos alunos o que a psicologia pode não fazer muito bem se a abordagem
descobriu ser o fator mais importante na pedagógica de um professor for desinformada
compreensão: o conhecimento. pela psicologia cognitiva. Se os professores
Nada disso é para dizer que a neurociência usarem métodos que não funcionam, os alunos
não tem valor. Por todos os meios, os cientistas provavelmente ficarão frustrados e se sentirão
devem continuar a expandir nosso fracassados - assim como os próprios
conhecimento sobre o cérebro. Suas professores.
descobertas podem ajudar os diagnosticadores Os professores têm um trabalho duro, e
a determinar as causas das dificuldades de perdemos tempo suficiente com cursos de
aprendizagem e outros aspectos do educação e sessões de “desenvolvimento
comportamento humano. A questão é se os profissional” que lhes fornecem pouca
professores precisam dedicar seu tempo informação útil. Não vamos acrescentar ao
limitado para aprender sobre neurociência. problema exigindo que eles aprendam sobre
Um argumento é que, se os professores padrões de ativação no córtex pré-frontal,
soubessem mais sobre neurociência, seriam junção temporal-parietal bilateral e estruturas
menos suscetíveis aos “neuromitos” - crenças mediais posteriores. Eles precisam de
persistentes e difundidas que não têm base informações práticas sobre o que realmente
probatória, como a ideia de que diferentes ajuda os alunos a aprender.
alunos têm diferentes estilos de aprendizagem.
Outro argumento é que a neurociência pode
identificar distúrbios de aprendizagem antes
que eles apareçam no comportamento. Mesmo
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em todas as fases da educação, desde os primeiros anos até a vida adulta, existem questões
cuja compreensão exige conceitos sobre a função cerebral. O debate sobre como este
conhecimento deve ser incluído no pensamento educacional tem apenas começou.
O ressurgimento atual do interesse educacional no cérebro reflete um incremento,
facilitando a crença entre alguns cientistas, bem como educadores, que a educação pode se
beneficiar de insights neurocientíficos em como nos desenvolvemos e aprendemos. Na última
década, várias tentativas foram feitas para avaliar as oportunidades oferecidas por essa nova
perspectiva e um novo diálogo interdisciplinar.
Entender o significado educacional dos achados neurocientíficos não requer um alto nível
de conhecimento especializado. Portanto os professores devem começar a estudar a neurociência
em prol de ajudar as crianças desde a mais tenra idade, para que assim crianças com algum
problema neurológico sejam diagnosticadas a tempo de fazer um tratamento adequado para seu
desenvolvimento.
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REFERÊNCIAS
ARIES, Phillipe. História social da criança e da infância, Rio de Janeiro: editora Livros
Técnicos e Científicos, 1981.
AROEIRA, M. L. C. Didática de Pré Escola: vida criança: brincar e aprender, São Paulo:
editora FTD, 1996.
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FERREIRA, Maria Clotilde R. (org.). Os fazeres na Educação Infantil, São Paulo: Cortez
Editora, 2003.
FREIRE, Madelena. A paixão de conhecer o mundo, São Paulo: editora Paz e Terra, 2002.
PIAGET, Jean. A epistemologia genética, São Paulo: editora Abril Cultural, 1978.
PIAGET, Jean. O nascimento da inteligência na criança, Rio de Janeiro: editora Zahar, 1982.
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A PARTICIPAÇÂO DA NEUROPEDAGOGIA NA
ESCOLA
Suzany Pepicelli 1
RESUMO: O desafio da educação é desenvolver o ser criativo que existe em cada criança e
adolescente a fim de prepará-los para desempenhar seu papel de cidadãos. Para que essa
intenção se processe devidamente, precisamos contar com um leque grande de profissionais
como psicólogos, neurologistas, fonoaudiólogos e professores, que estejam dispostos e
preparados para se submeterem diariamente às exigências e pressões que este processo exige.
Diariamente ele se depara com diversos desafios, entre eles podemos destacar: déficit de
atenção, violência e necessidades especiais, como autismo, Síndrome de Down, baixa visão,
baixas ou altas habilidades e outros. Com a convivência contínua, ele pode detectar bem cedo os
alunos com deficiências e, assim, lidar melhor com eles. Diariamente ele se depara com diversos
desafios, entre eles podemos destacar: déficit de atenção, violência e necessidades especiais,
como autismo, síndrome de Down, baixa visão, baixas ou altas habilidades e outros. Com a
convivência contínua, ele pode detectar bem cedo os alunos com deficiências e, assim, lidar
melhor com eles.
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Com estes estudos vêm às descobertas dos se tornando-se um ser autônomo e competente
componentes da inteligência abrangendo, o em diferentes situações na história de sua vida.
mundo interno que é a cognição tratando do Devido à globalização, o mundo está em
que deve ser feito ou não, em seguida o mundo constante mudança e a função social da escola
externo tratando da percepção e ação das também vem se modificando a serviço das
adaptações e modelagem dos ambientes e por relações sociais que os homens estabelecem.
último a integração dos ambientes internos e Nesse sentido, a escola só se justifica e se
externos por meio da experiência que é legitima caso cumpra as finalidades para a quais
responsável pela habilidade de se adaptar a foi criada: ser formadora de sujeitos históricos
novas situações, os objetivos e planejamentos e ser um espaço que possibilite a construção do
e as mudanças dos processos cognitivos pela conhecimento, sendo este, um processo em
experiência externa. construção apoiado nas relações sociais.
As experiências que darão ao cérebro a Dessa forma, é preciso avaliar e reavaliar as
oportunidade de agir tendo que trabalhar a propostas do processo de aprendizagem para
razão e a emoção, nesse sentido que a escola que não sejam desassociadas da realidade
vai entrar para preparar o educando a esses daqueles com os quais estamos
desafios do progresso e da modernidade, tendo compartilhando algum conhecimento e que
a preocupação de preparar o educando com ocorra uma aprendizagem significativa,
senso crítico, construtivo, ecológico, enfim conforme postula Fonseca (1998, p.71), para o
capacitando-o para uma qualidade vida nesta qual:
existência contribuindo com o progresso O mediador (psicólogo ou professor,
humano em todos os sentidos. E claro deve se reeducador ou terapeuta) está incumbido, e
pensar também em como preparar esse culturalmente comprometido, de transmitir
educador em um mundo tão globalizado, significações. Sem tais atribuições, as tarefas de
cabendo as instituições de ensino superior o aprendizagem, por si só, não produzem a
papel de estimular a pesquisa e o desejada modificabilidade cognitiva
melhoramento continuo do educador. (FONSECA,1998, p.71).
É preciso, por meio da mediação, tornar a
CONEXÃO ENTRE aprendizagem significativa.
Sendo assim, para se obter eficácia no
NEUROPEDAGOGIA E FUNÇÃO processo ensino-aprendizagem, é essencial o
SOCIAL DA ESCOLA professor ter o embasamento teórico no que
O processo ensino-aprendizagem, para que diz respeito a como o cérebro aprende e como
haja sucesso nas ações empreendidas é guarda este aprendizado. Isso possibilitará uma
essencial a interconexão entre a aprendizagem mediação adequada, pois podem desenvolver
significativa, a neuropedagogia e a função melhor seu trabalho, fundamentar e melhorar
social da escola, uma vez que, partir dela, o sua prática diária, com reflexos no desempenho
indivíduo tem a possibilidade de individualizar- e na evolução dos alunos. Podem interferir de
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para educar crianças, seja qual for seu grau de deficiência, é preciso que nos preparemos
para tal tarefa, já que cada caso é diferente, temos de ter olhares diferentes para cada criança em
particular, é também preciso que notemos qualquer diferença o mais cedo possível e quando
necessário, encaminhá-las para que outros profissionais especializados possam participar desse
processo tão importante de desenvolvimento na vida de cada um.
Durante o período escolar, muitas vezes os alunos não têm o rendimento de aprendizagem
esperado, em conformidade com a sua capacidade. Essa discrepância entre o rendimento e a
capacidade do aluno pode constituir um distúrbio de aprendizagem que pode ser relativo ao
tempo ou ao rendimento e que pode afetar a aprendizagem escolar como um todo.
A criança tem um potencial e em vista desse potencial esperamos que ela atinja
determinado nível de rendimento. Se isto não acontece, podemos supor que haja um distúrbio
ou dificuldade de aprendizagem. Assim as estratégias de aprendizagem, que são técnicas de
ensino, princípios e regras que facilitam a aquisição, a incorporação e a memorização da
informação em situações diversas, podem ser desenvolvidas por um profissional especializado
nos conhecimentos psicológicos e pedagógicos e que deve ser acionado quando uma criança
apresenta dificuldade de aprendizagem.
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REFERÊNCIAS
CASARIN, Sônia. Talento e Deficiência: como incluir alunos com diferentes
COSENZA, Ramon. Para entender os nativos digitais. Pátio – infantil. Porto Alegre: Artmed,
ano IX, nº 28, Julho/Setembro, 2011.
OLIVEIRA, J., MORAES, K., DOURADO, L.F. Função social da educação e da escola.
Disponível:http://escoladegestores.mec.gov.br/site/4sala_politica_gestao_escolar/pdf/saibamais
_8.pdf. Data de Acesso:22/12/2020.
VIEIRA, Cassio Leite. Proteína do autismo? Revista de divulgação científica da sbpc - Ciência
Hoje – Rio de Janeiro - v.47,n.281, p.17 - Maio de 2011.
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A REGRA É CLARA:
O LÚDICO NÃO É SÓ BRINCADEIRA
Marialva Giannini de Mello 1
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BRINCAR E DESENVOLVER
A infância é o período da vida humana que
vai do nascimento até a adolescência, por volta
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devem ser preparadas cada vez mais cedo para É essencial garantir que as crianças
tornarem-se adultos competitivos e aprendam habilidades transferíveis e tenham
preparados. Desta forma, é preciso ocupar o dia capacidade de ser criativas, além de
da criança com cada vez mais atividades, para alfabetizadas plenamente, de modo a se
evitar o tédio e o desinteresse. O problema é adaptar às exigências presentes e futuras.
que nem sempre os interesses da criança são Nos anos iniciais do ensino fundamental tem
levados em conta. Assim, Corsaro (1997, apud, início um percurso que será seguido pelos
BROCK, et al, 2011), sugere que nas sociedades alunos e que precisa levar em conta os
ocidentais modernas o tempo das crianças está objetivos gerais que se pretende alcançar ao
sendo cada vez mais absorvido por atividades final dessa etapa da escolaridade.
direcionadas por adultos, “colonizando” a Se temos interesse em valorizar as
infância. capacidades de pensamento dos alunos,
Se não houvesse nenhum benefício com a teremos que criar condições para que eles se
brincadeira, isso teria sido descartado no envolvam em atividades adequadas ao
processo evolutivo. A natureza investigativa e desenvolvimento dessas capacidades.
experimental da brincadeira permite a A ausência de elementos de compreensão,
aquisição de informação sobre o mundo, ao raciocínio e resolução de problemas nas
mesmo tempo em que estimula a criatividade e atividades dos alunos pode mesmo ser
a flexibilidade na resolução de problemas. responsável por grande parte das dificuldades
que muitos sentem em realizar procedimentos
CONTRIBUIÇÃO DOS JOGOS E aparentemente simples. Quando um aluno
realiza uma tarefa matemática de forma
BRINCADEIRAS NAS DEMAIS mecânica sem lhe atribuir qualquer sentido, é
ETAPAS DA EDUCAÇÃO BÁSICA muito provável que ele seja incapaz de
A cultura e o ambiente influenciam como as reconstituir aquilo que parecia saber fazer
crianças brincam. Elas precisam de espaço, perante uma situação que apresenta alguma
objetos e da presença de um adulto para diferença ou que esteja colocada num contexto
modelar a brincadeira. A cultura reflete e é diferente.
refletida nos brinquedos e nas brincadeiras das Convém destacar que as competências dos
crianças, e assim sendo, a casa e a escola, sendo dois tipos – conhecimento de termos, fatos e
ambientes socioculturais, moldam as procedimentos, por um lado, e a capacidade de
experiências infantis. raciocinar e resolver problemas, por outro – se
A rede social da criança geralmente se inicia desenvolvem ao mesmo tempo e apoiando-se
na escola. Brincando, a criança amplia essa rede umas às outras. Além disso, convém salientar
de amigos, interagindo com indivíduos de níveis que certamente as crianças não aprendem algo
de desenvolvimento e experiências diferentes. de uma vez por todas. A aprendizagem é um
Assim, refina sua habilidade de agir em processo gradual de compreensão e
ambientes sociais mais complexos quando aperfeiçoamento.
adultos.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Muitos estudos sobre educação enfatizam o papel da criatividade no processo de ensino e
aprendizagem. Criatividade é fundamental para uma aprendizagem bem sucedida, sendo
importante ao longo de toda a vida, não só nos primeiros anos.
Nas crianças pequenas, permite que elas estabeleçam conexões entre as diversas áreas de
aprendizagem e ampliem sua compreensão.
As crianças precisam desenvolver o pensamento criativo e o pensamento crítico para
interessarem-se em descobrir e explorar coisas novas. Dessa forma, o senso de realização e
autoestima se desenvolve. Estimular a criança por meio de diálogos e questionamentos faz com
elas analisem e reflitam sobre as atividades que realizam.
A brincadeira estimula a criatividade, inspira a imaginação, ensina a resolver conflitos,
melhora a autoconfiança. A brincadeira mediada pelo adulto desenvolve a criatividade na medida
em que ele a estimule a refletir sobre o que está aprendendo.
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REFERÊNCIAS
BROCK, Avril, et al. Brincar: aprendizagem para a vida. Porto Alegre: Penso, 2011.
COLL, Cesar, et al. (org.). Desenvolvimento psicológico e educação. Porto Alegre: Artmed,
2004.
KISHIMOTO, Tizuko Morchida (org.). Jogo, brinquedo, brincadeira e educação. São Paulo:
Cortez, 2010.
WALLON, Henry. A evolução psicológica da criança. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
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RESUMO: O eixo principal desta pesquisa é abordar a questão da utilização das artes visuais como
estratégias didáticas na educação infantil e como o trabalho com artes tem importância para a
aprendizagem da criança e seu desenvolvimento cognitivo, afetivo e social. A finalidade desse
trabalho e mostrar que as artes visuais tem grande valor na construção do conhecimento, e é de
suma importância para o desenvolvimento das crianças. Por meio das artes visuais as crianças
aprendem de uma forma diferente, com maior interação e participação e de uma forma gostosa
e prazerosa para a criança. O trabalho com artes visuais promove a expressão, interação,
participação.
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A arte está presente em nossas vidas desde a A arte se apresenta de várias formas:
pré história, quando o homem pintava plásticas, música, escultura, cinema, teatro,
momentos de sua vida nas paredes das dança, arquitetura e outros.
cavernas. A arte é um agente transformador, que leva
Segundo o autor Duarte (2008), a arte é o ser humano a construir um mundo melhor.
assim uma tentativa de se tirar um instantâneo
do sentir. Mais do que um instantâneo: um ARTE NO BRASIL
filme que procura captá-lo em seus
A arte sofreu várias alterações no decorrer
movimentos e variações (DUARTE, 2008, p. 44).
das décadas antes de ser considerada artes por
A arte é sempre a criação de uma forma.
assim dizer.
Toda arte se dá por meio de formas, sejam elas
Na escola tradicional a arte era voltada para
estáticas ou dinâmicas. Como exemplo de
o domínio técnico, no qual o professor
formas estáticas temos: o desenho, a pintura, a
trabalhava com atividades escolhidas e
escultura etc. e como exemplo de dinâmicas: a
selecionadas por ele e ou tirada de livros
dança (o corpo descreve formas no espaço), a
didáticos, dessa forma a criança não tinha a
música (as notas compõem formas sonoras), o
livre expressão, nessa fase as crianças não
cinema etc. Nas artes “dinâmicas”, as formas se
produziam suas próprias criações, o trabalho
desenvolvem no tempo, ao contrário das
era com base em copias.
“estáticas”, cujas formas não variam
Já sob a influência da escola nova, o ensino
temporariamente (DUARTE, 2008, p. 44).
da arte era voltado para o desenvolvimento
Podemos compreender que não existe um
natural da criança, valorizando sua forma de
conceito único para definir o que é arte, que
expressão, nesta buscava-se a espontaneidade
arte são algumas manifestações da atividade
e o crescimento progressivo da criança. As
humano a ser construtor de um mundo melhor,
atividades eram voltadas para a invenção,
mais humano, civilizado, valorizando tudo
autonomia e descoberta tinha base a auto
aquilo que é bom e eficaz para a vida.
expressão.
A arte está relacionada à cultura de diversos
O marco na evolução do ensino da arte no
povos existentes. Ela atravessa os tempos,
Brasil teve início na semana de arte moderna de
criando e contando passado e recriando o
São Paulo, que ocorreu no ano de 1922. Este
presente. A arte ETA presente à nossa volta e
ocorrido teve como característica o
com ela compomos a história da sociedade.
pensamento modernista. Após este corrido,
Uma definição que podemos usar para arte,
houve uma grande abertura para as novas
é que ela é o fruto da criação do homem e de
expressões nas artes plásticas, surgiram
seus valores junto à sociedade.
museus de arte moderna e contemporânea em
Podemos defini-la também como uma
todo país.
criação do homem, com valores estéticos que
Era muito comum que qualquer professor,
sintetizam as suas emoções, sua história, seus
com ou sem formação especifica na área,
sentimentos e sua cultura.
ministrassem aulas de artes, até os anos 60
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eram poucos os cursos de formação para carvão, ao pintar os objetos e até mesmo seu
professores de artes. próprio corpo, a criança pode utilizar-se das
Em 1971, foi incluído no currículo escolar a Artes Visuais para expressar experiências
disciplina artes, pela lei de diretrizes e bases da sensíveis (BRASIL,1998, p. 5).
educação infantil, porem era chamada de As artes visuais são aquilo que expressam
educação artística e era considerada atividade comunicam e atribuem sentidos, sensações,
educativa e não uma disciplina como é hoje em sentimentos, pensamentos e realidade por
dia. meio de criações que utilizam linhas formas,
Foi a partir dos anos 80 que constituiu-se o pontos e estes podem ser bi ou tridimensionais.
movimento arte-educação que tinha por As artes visuais são linguagens então
finalidade conscientizar e organizar os podemos dizer que é uma forma de
profissionais, após esse movimento permitiu-se comunicação e expressa, assim como a música
que se ampliassem as discussões sobre e o teatro.
valorização e aprimoramento do professor. As artes também são utilizadas por muitos
Em 1988 houve a promulgação da como exercício de coordenação motora e para
constituição, ocorrem discussões sobre a nova memorização, conforme vemos no RCNEI:
LDB. Ocorreram manifestações e protestos de As artes visuais tem sido, também, bastante
muito educadores que eram contrários a uma utilizada como reforço para a aprendizagem
versão da lei, que retirava a obrigatoriedade da dos mais variados conteúdos. São comuns as
área. práticas de colorir imagens feitas pelo adulto
Com a lei nº 9394/96ª arte foi considerada em folhas mimeografadas como exercícios de
obrigatória na educação básica. coordenação motora para fixação e
Hoje me dia a arte permanece importante no memorização de letras e números
currículo escolar, bem como com o professor (BRASIL,1998, p. 5).
formado na área especifica e é considerada tão Desta forma o trabalho não é significativo,
importante quantos as demais disciplinas pois somente o adulto desenvolve o trabalho, a
presentes no currículo. criança somente faz a parte de colorir, com o
tempo isso se torna chato, maçante e a própria
CONCETUANDO AS ARTES criança perde o interesse em desenvolver tais
atividades, por muitas vezes faz com pressa,
VISUAIS correndo para terminar logo, pois não é
As artes visuais estão presentes na vida do significativo para ele.
ser humano, principalmente na vida das Por muito tempo e ainda hoje é possível
crianças, conforme podemos observar no perceber que a arte é vista como um mero
RCNEI, (1998): passatempo, um momento em que a criança
As artes visuais estão presentes no cotidiano tem para elaborar enfeites para a sala, convites
da vida infantil. Ao rabiscar e desenhar no chão, e lembrancinhas de datas comemorativas, é
na areia e nos muros, ao utilizar materiais isso que nos mostra o RCNEI:
encontrados ao acaso (gravetos, pedras,
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Outra pratica corrente considera que o próximas caçadas, na qual ele já sabia como
trabalho deve ter conotação decorativa, deveria fazer para capturar o animal.
servindo apenas para ilustrar temas e datas Hoje em dia não é muito diferente de anos
comemorativas, enfeitar as paredes com trás, o homem também de expressa por meio
motivos considerados infantis, elaborar da arte.
convites, cartazes e pequenos presentes para Existem objetos do homem que representam
os pais e etc. nessa situação é comum que os os seus sentimentos, algo que muitas vezes não
adultos façam grande parte do trabalho, uma consegue questionar, somente considera a sua
vez que não consideram que a criança tem beleza. Tais objetos são conhecidos como obras
competência para elaborar um trabalho de arte, estes objetos fazem parte da cultura do
adequado(BRASIL,1998, p. 5). povo e são capazes de demonstrar situações
As artes visuais são consideradas linguagens que ocorrem na sociedade ou não.
e uma das formas importantes de se expressar Para se comunicar o homem precisa da arte
e se comunicar, tanto no mundo como na e da técnica e essa comunicação acontece por
sociedade, portanto são indispensáveis na meio do que se vê ou do que se ouve, ou até
educação, principalmente na educação infantil, mesmo dos dois, ver e ouvir ao mesmo tempo.
que é a base de toda a educação.
A ARTE NAS ESCOLAS
A ARTE COMO FORMA DE Por muito tempo a arte nas escolas foi
EXPRESSÃO considerada como um mero passatempo, no
A arte é uma das melhores formas que o ser qual era usada para cobrir falta dos professores
humano tem que permite sua expressão de de outras matérias consideradas mais
sentimentos ou emoções, ela pode estar importantes, também para enfeitar a escola e
representada de diversas maneiras, seja confeccionar lembrancinhas em datas
pintura, escultura, cinema, teatro, dança, comemorativas.
música e tantas outras formas. Como nos Hoje em dia a arte vem tomando seu papel
mostra cunha: importante na sociedade e principalmente nas
A arte reflete a cultura e a história escolas, tendo sido incluída na grade curricular
considerando os valores estéticos da beleza, do com tanta importância quanto as demais
equilíbrio e da harmonia. disciplinas.
Por meio da arte o ser humano demonstra A arte tem a função de favorecer a ação
seus sentimentos e suas emoções, podemos espontânea, facilitar a livre expressão e
verificar que a muitos anos atrás na época da permitir a comunicação, ela não deve ser
pré-história, o homem tinha necessidade em utilizada apenas para acalmar as crianças ou
representar a sua realidade e o fazia por meio descansar o professor.
de desenhos em paredes de cavernas, nesses Na escola a criança deve ser incentivada a
desenhos ele demonstrava por exemplo, como desenvolver varias atividades como desenhar,
fazia para caçar animais, isso ajudava assim nas modelar, pintar.
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Há alguns anos o aluno era considerado um potencial, suas capacidades e habilidades, cabe
bom aluno quando ele fazia exatamente como ao professor criar esses desafios de forma que
o modelo, ou seja, copiava, porém aos poucos a criança sinta-se a vontade para se expressar
esse quadro tem se modificado dando lugar a sem medo.
expressão livre. O professor também precisa resgatara
Também era comum a alguns anos as aulas criação e fantasia da criança, permitindo que
de recreação, não eram consideradas ela expresse do seu jeito o que está sentindo ou
importantes. Hoje em dia as atividades pensando.
propostas devem ter um contexto, um objetivo, Nas aulas de artes o professor é mediador
para que não se tornem atividades soltas. entre a criança e o objeto de conhecimento, dos
É importante que o aluno tenha referência materiais, é ele quem propicia situações que
histórica, que produza de forma criativa, que irão despertar a curiosidade e o interesse da
consiga apreciar suas produções e de outros criança.
artistas, que se expresse colocando seus O papel do professor de artes na educação
sentimentos e suas emoções de modo que suas infantil é observar e compreender as pistas que
produções tenham seu próprio jeito e estilo, as crianças deixam ao desenvolver as
enfim que suas obras tenham sua marca. atividades. Cada criança é um universo potente
de expressão, que oferece alguns pontos de
O PROFESSOR COMO partida para o professor criar ações políticas e
momentos de orientação.
MEDIADOR NO PROCESSO DE O professor tem papel importante para que
CONHECIMENTO DA ARTE o ensino da arte proporcione momentos de
O professor será um dos primeiros, senão o interação e aprendizado, como nos mostra
primeiro por assim dizer, indivíduo a introduzir Barbieri:
a criança no mundo da arte. Como as crianças, cada professor é único e
Ele será o mediador que irá auxiliar a criança traz consigo vivencias que se expressão em sua
em suas ações e apresentando a meios maneira de ensinar. Cada ação que realizamos
diferentes de trabalho com artes, ele tem o está conectada a memória de tudo que
papel fundamental de observação, analise e sentimos e fizemos; todas as experiências de
intervenção nesse processo. uma área de nossa vida tocam as outras, e
O professor deve estar disponível na como a respiração, circulam, sempre em
mobilização da aprendizagem, disponibilizando movimento. Não há como separar. Somos, alem
matérias. de professores, mães, pais, avós, filhos,
O papel do professor no ensino da arte é de profissionais de outras áreas. E é esse todo que
extrema importância, ele precisa instigar a atua na sala (BARBIERI,2012, p. 20).
criança para que ela se expresse e represente O educador deve auxiliar a criança na
seus pensamentos, angustias, dores e medos. construção do seu conhecimento, ele deve
Em todo momento a criança deve ser auxiliar que a criança faça reflexões sobre as
desafiada, é com isso que ela irá perceber seu
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criações que a criança expressa seus como uma linguagem e como uma forma de
sentimentos e mesmo aquelas que ainda não expressão.
falam conseguem se comunicar. Por meio da O trabalho com artes torna-se uma das
arte a criança expressa seus sentimentos muitas possibilidades de auxiliar a criança no
medos e frustrações. seu processo de aprendizagem.
O que se deve compreender é que o trabalho
com artes visuais tem objetivos muito mais
importantes que visam o desenvolvimento
cognitivo.
O trabalho com artes na educação infantil
ajuda cada criança a descobrir como é seu
mundo de invenções, aprende a imaginar e
fazer, propicia a criança que leiam e
interpretem do seu jeito o mundo que os rodeia
e assim se transforme e o transformem.
A partir de uma idéia ou da experiência com
materiais, o sujeito pode expressar o que sente,
pensa, observa, imagina e deseja.
Uma das principais atribuições da arte para a
educação infantil, é que ela auxilia a criança a
ampliar seus conhecimentos, suas habilidades e
a descoberta de suas potencias.
Quando pinta uma folha, uma parede ou até
mesmo uma tela, a criança está ampliando sua
relação com o mundo e desta maneira, ela se
apropria de várias linguagens adquirindo
capacidade e sensibilidade para lidar com
diversas formas, cores, imagens, gestos, fala,
sons e muitas outras formas de expressão.
O principal objetivo da arte na educação
infantil é formar o ser criativo e reflexivo,
proporcionando que possa relacionar-se como
pessoas. Também ensina a criança a questão da
valorização do seu próprio trabalho e do outro
respeitando a diversidade cultural, a criança
sofre influência da cultura por meio de diversas
produções artísticas, como: livros, revistas,
televisão, obras de ates, musica entre outros.
Desta forma as artes visuais devem ser aceitas
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio da arte podemos nos expressar, adquirimos novas habilidades e descobrimos
mundos novos, bem como conhecemos nossa cultura, de outros lugares e épocas.
A educação por meio da arte, auxilia em muitos aspectos em nossas vidas, bem como o
desenvolvimento criativo e estético e à medida que inserirmos a arte em nossas vidas nos
tornamos seres mais críticos e reflexivos, pensando dessa forma, as artes visuais na educação
infantil são importantes para que as crianças possam vivenciar suas experiências e desenvolver o
conhecimento em diferentes produções.
A arte nos proporciona valorizar a cultura e faz parte do papel do educador desenvolver
atividades que envolvam a arte em suas diversas formas.
As produções infantis devem ser valorizadas, pois cada um tem uma forma de criação e
não cabe ao educador fazer comparações ou críticas.
Cabe ao docente incentivar os trabalhos variados, as criações espontâneas e a expressão
de sentimentos.
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REFERÊNCIAS
BARBIERI, Stela. Interações: onde está a arte na infância? São Paulo: Blucher, 2012.
DUARTE JR, João Francisco. Por que arte-educação.19º Ed. São Paulo: Papirus, 2008.
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RESUMO: Este artigo versa sobre tema “A teoria da Psicopedagogia como apoio ao aluno com
defasagem de aprendizagem”, visando por meio de seus conceitos, refletir sobre a conduta do
profissional, na orientação processo necessário, para a ajuda necessária ao educando. A
psicopedagogia com área profissional em amplo crescimento tem o desafio de ajudar na
transformação da Educação, na busca de novos instrumentos de avaliação, orientação e pesquisa,
renovando saberes e criando novas perspectivas para o profissional e para a Instituição. Esta
estuda os processos e as dificuldades de aprendizagem, tanto de crianças e adolescentes como
dos adultos. Assim, é possível entender que a mesma faz o uso de diversas áreas como a
pedagogia, psicanálise, psicologia, e antropologia como meio de entendimento e conhecimento
para criar a sua identidade e campo de atuação própria, juntamente com a Associação Brasileira
de Psicopedagogia. Conhecida como aquela que atende crianças com dificuldades de
aprendizagem, é notório o fato de que as dificuldades, distúrbios ou patologias podem aparecer
em qualquer momento da vida e, portanto, a Psicopedagogia não faz distinção de idade ou sexo
para o atendimento. A mesma vem firmando no mundo do trabalho e se estabelecendo como
uma profissão, busca estudar casos de alunos com dificuldades de aprendizagem, que
apresentam baixo rendimento, conhecendo o modo em que este aprende e assim fazer um
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trabalho junto à família e ou unidade escolar, criando possibilidades para reduzi-los ao menor
prejuízo possível no contexto educacional.
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necessárias, para tentar corrigir as dificuldades Psicologia em Tolouse, também trabalhou para
que possa apresentar um indivíduo no processo a Unesco em missões de assessoria
de aprendizagem, ainda que este tenha um relacionadas a problemas de inteligência e
quociente de inteligência dentro dos aprendizagem.
parâmetros considerados normais mas que Pain (1992), define esta base como:
apresente dificuldades na sua aprendizagem. transmissão de conhecimentos e que a
Afirma-se ainda, que a psicopedagogia estuda o aprendizagem está sempre ligada sem sujeito e
fenômeno de adaptação que implica o nem sujeito sem aprendizagem. Nos
desenvolvimento evolutivo da mente, com o comentários da autora, conciliam-se ainda três
processo de ensino-aprendizagem. componentes importantes tais como aquele
A psicopedagogia está intimamente ligada à que aprende, aquele que ensina e aquele que
psicologia educacional, da qual uma parte é compartilha os conhecimentos. “A intervenção
aplicada à prática. Ela diferencia-se da do psicopedagogo deve ser sempre realizada
psicologia escolar, também esta uma em parceria com o professor porque é ele que
subdisciplina da psicologia educacional, sob no momento que propõe atividades para o
três aspectos: sujeito se torna o transmissor do
1. Quanto à origem - a psicologia escolar conhecimento”. E conforme exemplifica a
surgiu para compreender as causas do fracasso autora, cabe ao psicopedagogo na instituição
de certas crianças no sistema escolar enquanto escolar, além de várias outras funções:
a psicopedagogia surgiu para o tratamento de orientar os professores da melhor maneira
determinadas dificuldades de aprendizagem possível, colaborando na sala de aula com
específicas; aqueles alunos que apresentam dificuldades de
2. Quanto à formação - a psicologia escolar aprendizagem;
é uma especialização na área de psicologia, realizar um diagnóstico institucional para
enquanto a psicopedagogia é aberta a averiguar possíveis problemas pedagógicos que
profissionais de diferentes áreas; possam prejudicar o aluno no processo ensino-
3. Quanto à atuação - a psicologia escolar é aprendizagem;
uma área propriamente psicológica enquanto a encaminhar o aluno, quando necessário,
psicopedagogia é uma área plenamente para um profissional (psicopedagogo,
interdisciplinar, tanto psicológica como psicólogo, fonoaudiólogo etc.), a partir de suas
pedagógica. avaliações psicopedagógicas.
De acordo com Pain(1992), é importante conversar com os pais ou responsáveis para
afirmar algumas posições sobre os aspectos da que possam fornecer informações necessárias
Psicopedagogia. A autora, dedicou boa parte de à Instituição Escolar, dando-nos suportes,
sua vida a este estudo, Doutora em Filosofia orientações e outros (PAIN,1992, p.28).
pela Universidade de Buenos Aires e em Entre estes e outros aspectos a autora
Psicologia pelo Instituto de Epistemologia comenta que é muito importante que o
Genética de Genebra, professora da Psicopedagogo tenha conhecimento do que o
Universidade Paris XIII e da Faculdade de aluno aprende, para compreender o que ele
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excessivo cuidado pode acarretar problemas Alguns autores defendem que, se a as primeiras
emocionais graves na criança pequena. experiências escolares forem bem sucedidas, o
Considera-se que o desvinculamento da aluno construirá uma representação positiva de
criança da mãe, poderá desencadear sintomas si mesmo como alguém capaz de aprender todo
de angústia e mal-estar que variam conforme a o conteúdo, e se caso isso não se realize, o
sua idade, grau de dependência dos pais e, aluno poderá perder o interesse e a motivação
principalmente, quanto à natureza dos para aprender. Diante desta perspectiva, a
cuidados maternos. Essa angústia revela uma afetividade é um dos principais fatores que irão
relação emocional e afetiva normal entre a mãe nortear a prática educativa, como também
e a criança, pois retrata uma quebra no possibilitar vivências enriquecedoras para a
processo de afetividade que vem sendo aprendizagem.
construído por ambas. A falta de educação afetiva na escola ou em
Segundo Novaes (1984), na escola, a criança casa, e o desconhecimento das formas de
terá dificuldades de adaptação ao meio de interpretação e de respostas adequadas
acordo com o grau de relacionamento com a perante as atitudes, condutas e manifestação
mãe. Ao nascer, a criança se fixa naquela emotivas das demais pessoas deixando os
pessoa que ela considera de sua posse, no caso alunos à mercê das mazelas sociais, como a
a mãe. Na escola ela terá de se relacionar com falta de referencial para seguir, os vícios da
um número bem maior de pessoas ao qual está comunidade, em casos mais complexos, até à
acostumada e isso é um fator importante na marginalidade entre outros que são fatores que
avaliação do desenvolvimento emocional da corrompem a juventude.
criança, funciona como um teste. Por Não é recente a discussão sobre o papel da
intermédio dele podemos definir novos rumos afetividade na constituição da subjetividade
na educação da criança e dos seus pais. Enfim, humana. Inserida na história da filosofia, no
a angústia provocada, em crianças pequenas, contexto das relações entre razão emoção e
pela perda ou separação da figura materna sentimento, foi motivo de aquecidos debates
determina mecanismos de defesa que podem envolvendo grandes filósofos, que ora
comprometer e modificar a sua personalidade valorizavam os conflitos existentes entre razão
e tanto o excesso como a falta de afeto pode e sentimentos, ora a dicotomia ou o papel
prejudicar a aprendizagem. superior de um aspecto sobre o outro. Alguns
Quando a criança vai à escola, ela se filósofos, principalmente na origem grega
apresenta com grandes expectativas em filosófica, reiteravam que os sentimentos
relação ao ambiente, ao conteúdo e, residem no coração e que o cérebro tem a
principalmente, pela figura do professor, missão de esfriar o coração e os sentimentos
aquele que irá mediar esse processo. Neste nele localizados e que a supremacia da razão,
novo contexto, a percepção positiva de si e do construiu uma perspectiva negativa das
outro é essencial para o desenvolvimento de emoções e dos sentimentos, chegando a
vínculos e parcerias que irão nortear todo o afirmar que as paixões são a enfermidade da
processo de aprendizagem e conhecimento. alma. De um modo geral, oque se evidencia nos
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escritos dos filosóficos, da Grécia antiga até a tanto nas propostas presentes na legislação
modernidade, é uma concepção dissociada, na educacional vigente, a exemplo da Lei de
qual a razão quase sempre tem status superior Diretrizes e Bases (LDB) n.º 9.394/96, como
com relação aos sentimentos. Na psicologia, também em outras pesquisas e publicações, a
historicamente iniciada no séc. XIX, o cenário exemplo do jornal do MEC.
não foi muito diferente. Entendendo com este A Constituição Federal (1988), em seu artigo
ponto de vista que o comportamento humano 205, afirma que “a educação é direito de todos
foi considerado sujeito a princípios universais e e dever do Estado e da família”. No título II do
que se admitiu a ciência psicológica como artigo 1.º da LDB (1996), a redação é alterada
possível, alguns temas foram formulados de tal para “a educação é dever da família e do
maneira que se tornaram difíceis resolvê-los Estado”. Se a família passa a ter uma maior
“cientificamente”, pois a divisão entre razão e o responsabilidade com a educação, é necessário
emocional, às vezes é difícil se se entender. que as instituições família/escola mantenham
Ferreira (2001), explica que a criança atinge uma relação que possibilite a realização de uma
na idade escolar as funções neuro-sensório- educação de qualidade. O contexto familiar
motoras e as demais funções cerebrais constitui um âmbito fundamental para a
(sensação, percepção e emoção), que ainda identificação das necessidades dos alunos e, em
confusas. Por isso, a discriminação entre seu eu consequência disso, para se tomarem decisões
e sua experiência não se realiza apenas na quanto à resposta educativa. A avaliação
dimensão cognitiva. Segundo a autora, é psicopedagógica não é uma questão reservada
necessária a ação mediadora da educação, que exclusivamente a especialistas: todos os
deve tomar como sua função promover a profissionais e os pais devem participar do
construção da afetividade e a organização processo, evidentemente em graus distintos. É
dessas funções. Desta forma, o profissional de certo, porém, que as pessoas que ocupam um
Psicopedagogia intervém na instituição e no lugar relevante no processo de ensino-
planejamento das aprendizagens segundo aprendizagem não podem ser excluídas do
níveis evolutivos ou características psicológicas processo de avaliação.
de quem aprende, escolhendo o
assessoramento de metodologias que se
ajustem à ação educativa nas bases psicológicas
da aprendizagem e realizando o
assessoramento institucional de projetos de
aprendizagem dos alunos.
A Intervenção do Psicopedagogo na Relação
Escola e Família ou Família e escola vem no
contexto educacional, sendo discutida com
maior ênfase a necessidade de uma
participação efetiva das famílias na instituição
escolar. Tal preocupação pode ser visualizada
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Face ao exposto a respeito da teoria existente na área da Psicopedagogia e suas
contribuições para o profissional psicopedagogo, oportunizando a todos que dele puder tomar
conhecimento, aspectos importantes sobre o papel da Psicopedagogia e sua relativa contribuição
no âmbito escolar.
Sabendo-se, que existe um elevado número de alunos com defasagem em aprendizado, é
tarefa desta área de conhecimento, oferecer recursos de ajuda aos educandos em questão.
O professor nem sempre consegue sozinho compreender todos os aspectos individuais do
aluno, principalmente aqueles que necessitam de ajuda, sejam elas psicológicas, social ou por
alguma deficiência, precisando de acompanhamento especializado na área pedagógica.
Neste contexto o profissional Psicopedagogo oferece sua colaboração na busca por
soluções, tentando entender, como o sujeito ultrapassa os obstáculos que surgem diante as
dificuldades encontradas e a partir das queixas apresentadas investigar as dificuldades do aluno,
buscar a melhor saída juntamente com a escola na solução devida e no momento adequado.
O psicopedagogo não deve ensinar-lhe as contas, deve desvendar por que é que a criança
não as aprende. Por outro lado, o educador deve ensinar, isto é, criar as condições pedagógicas
para uma aprendizagem possível e não fazer terapia. Em suma, as condições de aprendizagem
não são condições terapêuticas; então, quando ambas são misturadas, isso é apenas uma questão
publicitária (PAIN,1992, p.18).
É importante ressaltar que a sala de aula é um ambiente, no qual as emoções se expressam,
e a infância é a fase emocional por excelência. como em qualquer outro meio social, existem
diferenças, conflitos e situações que provocam os mais variados tipos de emoção.
O diagnóstico psicopedagógico é um instrumento que investiga os elementos que se
interpõem no processo de aprendizagem do sujeito, pois, pensar no sujeito aprendente, é pensar
que este sujeito encontra-se num espaço temporal, existencial, orgânico e emocional, espaço esse
que tem como problematização a família, a escola, o meio social e econômico. Nesse processo de
compreensão e contextualização da realidade se faz necessário a adaptação para sua realidade.
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REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Ana Rita Silva. A emoção na sala de aula. 5.ed. Campinas: Papirus, 2005.
FERREIRA, M. Ação psicopedagógica na sala de aula: uma questão de inclusão. São Paulo:
Paulus, 2001.
FERREIRO, Emilia e TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da Língua Escrita. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1986.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da esperança. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1992.
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sociais. Alfabetizar passa a caracterizar o início O professor dos anos iniciais do Ensino
do aprendizado de escrita e leitura enquanto Fundamental é o principal responsável pelo
letrar mostra a consequência do ato de progresso da competência escritora e leitora
aprender ou ensinar a escrever e ler, é uma dessas crianças. Ele primordialmente necessita
condição que domina um grupo social. elaborar de modo objetivo e desenrolado,
Letrar é uma junção de práticas sociais, que hábitos de escrita e leitura com objetivos
utilizam a escrita, como sistema simbólico e definidos e trabalhar como mediador nesse
como tecnologia. É a habilidade de ler e procedimento. Diante dessa nova visão
escrever para alcançar objetivos distintos. A educativa de letramento, o professor além de
alfabetização é um processo que se inicia antes incentivador do processo educacional, ele faz a
da escola, por intermédio das leituras de mediação da aprendizagem e do ensino.
mundo que a criança vai compondo. A escrita O professor precisa estar atento é que o
apresenta-se nesse processo de edificação conceito de meio inclui o meio interpessoal e o
como objeto social e, desta forma, como a cultural. O professor não só é o mediador entre
leitura se fortifica pela utilidade de a cultura e o aluno, mas é o representante da
comunicação. As crianças ao iniciarem com seis cultura para o aluno. Na relação professor-
anos o Ensino Fundamental, estão favoráveis e aluno, é ele que acaba selecionando entre os
predispostas à alfabetização, o momento é saberes e os materiais culturais disponíveis em
incontestável. A autora afirma que: dado momento, bem como tornando ou não
Há crianças que chegam à escola sabendo saberes efetivamente transmissíveis; é ele que
que a escrita serve para escrever coisas faz a aproximação do aluno a cultura de sua
inteligentes, divertidas ou importantes. Essas época (ALMEIDA; MAHONEY, 2007, p. 82).
são as que terminam de alfabetizar-se na Assim sendo, o professor nessa fase trabalha
escola, mas começaram a alfabetizar muito como a primordial ligação que direciona seus
antes, através da possibilidade de entrar em alunos, primeiramente, aumentando os
contato, de interagir com a língua escrita. Há saberes já memorizados pela escrita. Sendo
outras crianças que necessitam da escola para que, quanto mais o aluno tiver desenvoltura
apropriar-se da escrita (FERREIRO, 2011, p.23). para ler, melhor seu estágio de letramento. A
Dessa forma, a introdução da criança no alfabetização e o letramento estão no contexto
universo da escrita acontece pela aquisição da do início do Ensino Fundamental, cabendo ao
tecnologia cercada no aprendizado de ler e professor escolher sua metodologia. Pensando
escrever; necessita usar e comprometer-se nas que:
tarefas de leitura e escrita e apoderar-se da A alfabetização desenvolve-se no contexto
prática do sistema de escrita. Porém, não basta de e por meio de práticas sociais de leitura e
apenas a criança saber decifrar o código escrita, isto é, por meio de atividades de
alfabético, se ela não dominar a compreensão letramento, e este, por sua vez, só se pode
da leitura. O ato mecânico não resolve em desenvolver no contexto da e por meio da
nada, caso não haja entendimento. aprendizagem das relações fonemagrafema,
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com as crianças como crianças e não apenas os anos/séries iniciais do Ensino Fundamental
como estudantes. A inclusão de crianças de seis de nove anos (BRASIL, 2006, p. 9).
anos no ensino fundamental requer diálogo Assim sendo, por meio de práticas lúdicas a
entre educação infantil e ensino fundamental, criança melhora a memória e a criatividade se
diálogo institucional e pedagógico, dentro da aflora, os brinquedos se tornam aliados
escola e entre as escolas, com alternativas importantes na construção do imaginário
curriculares claras (KRAMER, 2006, p. 20). infantil. Ela vai brincando e se familiarizando
Pela pouca idade, a criança ao ir para a escola com o mundo educacional, porém sem
tem que se sentir motivada, caso contrário não pressioná-la, vem espontaneamente. O
será frequente. A criança precisa ser bem amadurecimento tende a acontecer de maneira
recebida e acolhida pelo professor, pois é nesse afetiva e cognitiva, por isso a razão do professor
ambiente escolar é que será alfabetizada e sempre resgatar o conhecimento prévio da
letrada. O professor precisa encontrar atrativos criança ao introduzir um conteúdo novo.
condizentes com a idade de seus alunos para Crianças pequenas alcançam a compreensão
que a escola passe ser um lugar encantado e por meio de experiências que fazem sentido
assim ela valorize. para elas e nas quais podem usar seus
Hoje, os profissionais da docência estão conhecimentos prévios. O brincar proporciona
diante de uma boa oportunidade de revisão da essa base essencial. É muito importante que as
proposta pedagógica e do projeto pedagógico crianças aprendam a valorizar suas
da escola, pois chegaram, para compor essa brincadeiras, o que só pode acontecer se elas
trajetória de nove anos de ensino e forem igualmente valorizadas por aqueles que
aprendizagens, crianças de seis anos que, por as cercam. Brincar mantém as crianças física e
sua vez, vão se encontrar com outras infâncias mentalmente ativas (MOYLES, 2006, p. 19).
de sete, oito, nove e dez anos de idade. Se assim A maneira como o professor recebe a criança
entendermos, estaremos convenci¬dos de que todos os dias, é uma maneira de prestigiá-la
este é o momento de re¬colocarmos no também. São fatores que contribuem para a
currículo dessa etapa da educação básica o aprendizagem, facilitam e aproximam aluno e
brincar como um modo de ser e estar no professor. Quando o professor se envolve no
mundo; o brincar como uma das prioridades de ato lúdico, está interagindo com seu aluno, esse
estudo nos espaços de debates pedagógicos, é um estímulo importante, pois ele adora a
nos programas de for¬mação continuada, nos contação de histórias, cantar, dançar, brincar,
tempos de planejamento; o brincar como uma correr, pular. É uma forma de afeto.
expressão legítima e única da infân¬cia; o Nesse sentido, quando o afeto e a segurança
lúdico como um dos princípios para a prática estão estabelecidos, a aprendizagem flui
pedagógica; a brinca¬deira nos tempos e melhor. A criança vai se estabilizando
espaços da es¬cola e das salas de aula; a intelectualmente sem ser forçada e coagida. A
brincadeira como possibilidade para conhecer ação lúdica pode colaborar na aprendizagem
mais as crianças e as infâncias que constituem em fase de alfabetização e letramento porque
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
As crianças ao entrarem no Ensino Fundamental aos seis anos de idade, estão propensas a
iniciar o processo de alfabetização, muito embora esse procedimento comece bem antes delas
entrarem na escola, pois elas se relacionam com a escrita ao manusear uma revista, gibi, livro,
mesmos as que não têm acesso à cultura impressa, sabem da existência dela.
Por essa razão, não é suficiente que o aluno apreenda o código alfabético e leia e escreva
por meio dele, é necessário que ele compreenda a leitura, que faça o letramento. Nesse caso, a
alfabetização e letramento precisam caminhar juntos para que o aluno tenha competência leitora
e escritora no final do terceiro ano do Ensino Fundamental. O professor é o incentivador e
mediador da aprendizagem, ele buscará meios para tornar o ensino mais prazeroso e instigante
para o aluno.
À vista disso, o método de ensino que o professor vai escolher, é uma opção dele. Um
professor que se atualiza, provavelmente seguirá uma tendência construtivista, deixando os
moldes tradicionais de fora por terem sido muito criticados, eles priorizavam a memorização. A
escolha construtivista tem a vantagem da abertura de explorar o conhecimento prévio do aluno,
somando suas experiências, a lógica. O professor exerce a função de mediador educativo no
Ensino Fundamental nove anos e pretende-se que ele dê aos alunos uma abordagem interativa.
Cada professor deve idear seu próprio caminho pedagógico frente a seus alunos.
Portanto, para Cagliari (1993); Ferreiro (2011); Soares (2001), pela pesquisa feita, o método
que o professor vai utilizar independe, pois ele tem autonomia de cátedra para fazer suas escolhas
didáticas para alfabetizar e letrar seus alunos, mas sua escolha tem que ser bem feita, já que tem
consequência na vida educativa, aconselha-se a seguir a linha construtivista, porque a tradicional
é repetitiva e apela para a memorização. Entretanto, esse é um comprometimento do professor
com a sociedade, que espera que saiam dali cidadãos que saibam fazer uma compreensão textual
devidamente. Assim sendo, muitos recursos podem ser usados para atrair as crianças para
gostarem da escola, como as práticas lúdicas que valem-se do imaginário infantil. Não se pode
exigir que as crianças amadureçam rapidamente porque estão se alfabetizando, isso deve
acontecer no ritmo dela, por essa razão o desenvolvimento infantil deve ser motor, intelectual,
psicológico, educativo, social e afetivo para ser satisfatório.
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REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Laurinda Ramalho de. MAHONEY, Abigail Alvarenga. Wallon e a Educação. São
Paulo: Loyola, 2007.
BRASIL. Lei n. 11.274, 6 de fevereiro de 2006. Altera a redação dos arts. 29, 30, 32 e 87 da Lei
n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação
nacional, dispondo sobre a duração de 9 (nove) anos para o ensino fundamental, com matrícula
obrigatória a partir dos 6 (seis) anos de idade. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 7 fev. 2006.
CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e Linguística. 6. ed. São Paulo: Scipione, 1993.
JOLIBERT, Josette; SRAÏKI, Christine. Caminhos para aprender a ler e escrever. Trad. Ângela
Xavier de Brito. São Paulo: Contexto, 2008.
SOARES, Magda. Linguagem e escola: uma perspectiva social. São Paulo: Ática, 2001.
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ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO:
REFLEXÕES SOBRE O ENSINO E
APRENDIZAGEM DO USO DA LÍNGUA
Genilda Santos de Araújo1
RESUMO: Nos dias atuais é comum encontrar pessoas alfabetizadas, mas não letradas, que
aprenderam convenções da escrita sem se apropriar do seu uso social real, e pessoas letradas,
porém, não alfabetizadas. Uma participação efetiva na sociedade é mais do que ser alfabetizado,
está ligado ao uso social que a pessoa faz da língua nas diferentes modalidades. O presente artigo
buscou por meio de revisão bibliográfica referente ao assunto, diferenciar os termos alfabetização
e letramento e refletir acerca do ensino do uso da língua, cabendo á escola um alfabetizar
letrando, propiciar meios para que construam e se apropriem do sistema de escrita ao mesmo
tempo em que participam de práticas de letramento.
1Professora de Educação Infantil e Ensino fundamental I na Rede Municipal de São Paulo e Rede Municipal
Santo André.
Graduação:Licenciatura em Pedagogia.
E-mail:genildaaraujo02@yahoo.com.br
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articular as práticas escolares que envolvem os ônibus etc.) dentro das paredes da escola
dois termos. assume um caráter falso, artificial,
(...) Assim, teríamos alfabetizar e letrar como descontextualiza-se: fazem-se “redações” ou
duas ações distintas, mas não inseparáveis, ao “composições” com uma função puramente
contrário: o ideal seria alfabetizar letrando, ou escolar (SOARES, 2010, p. 106).
seja: ensinar a ler e a escrever no contexto das Quando a criança chega à escola, muitas
práticas sociais da leitura e da escrita, de modo vezes precisa desaprender o uso social que faz
que o indivíduo se tornasse, ao mesmo tempo, da língua para aprender o uso que a escola
alfabetizado e letrado (SOARES, 2009, p. 27). ensina. Esta impõe para a criança a linguagem
Segundo Soares (2004), o caminho para usada pelo grupo social dominante como
superar os problemas na alfabetização é a “linguagem padrão” levando-a à
articulação das várias ciências que envolvem aprendizagem/ desaprendizagem das funções
esse processo, sem considerar mais uma faceta da escrita, crianças de classes sociais menos
do que a outra, ou seja, mais o letramento ou favorecidas com pouco contato com livros
mais a aquisição do sistema alfabético e quando inseridas na cultura letrada dessa
ortográfico. forma, não aprenderão a articular palavras em
As crianças antes mesmo do período de um texto, apenas reproduzirão (SOARES, 2012).
escolarização participam da cultura escrita, de A escola oferece às crianças uma língua
situações que envolvem o uso das habilidades própria das práticas escolares que nada tem a
discursivas tanto na escrita quanto na ver com o uso da leitura e da escrita em um
oralidade. contexto social, o que serve para perpetuar
O domínio da língua está intrinsecamente privilégios de classes dominantes (SOARES,
ligado a participação social, do grau de 2010; TFOUNI, 2010; LERNER 2002).
letramento do indivíduo, por isso a necessidade É possível encontrar pessoas que passaram
de alfabetizar fazendo uso de textos e pela escola, aprenderam técnicas de decifração
produções orais e escritas de forma do código escrito e são capazes de ler palavras
significativa, pontuando que a escrita nem e textos simples, curtos, mas que não são
sempre representa a fala, ou seja, o texto capazes de valerem da língua escrita em
escrito e o texto oral muitas vezes possuem situações sociais que requerem habilidades
características diferentes dependendo da mais complexas. Essas pessoas são
situação de uso, devendo ser adaptados alfabetizadas, mas não letradas (BRASIL, 2006,
(BRASIL, 1997). p. 19).
A escrita que, fora das paredes da escola Na prática escolar a alfabetização não deve
serve para a interação social, e é usada em preceder o letramento, nem o letramento
situações de enunciação (escrevem-se cartas, preceder a alfabetização, os dois processos são
bilhetes, registram-se informações, fazem-se interdependentes e precisam ocorrer
anotações para apoio à memória, leem-se simultaneamente.
livros, jornais, revista, panfletos, anúncios, A tarefa não é fácil, porém é possível à escola
indicações de trânsito, nomes de ruas, de ensinar a ler e escrever de forma mais próxima
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do seu uso social, ou seja, alfabetizar letrando, pensamento, ter uma nova visão de mundo
tornar os alunos produtores de textos (LERNER, 2002).
compreendendo sua importância e forma de Desenvolver o hábito e o prazer pela leitura
uso em diversas situações, formando seres é algo que para algumas crianças só acontecerá
críticos, aptos para ler nas entrelinhas, na escola, devido o meio em que vivem, por isso
posicionar-se (LERNER, 2002). Nesse processo a é importante que o professor seja um modelo,
diferenciação dos dois conceitos por parte do que goste de ler e que mostre isso para seus
professor torna-se fundamental para que a alunos, que disponibilize uma amplitude de
metodologia proposta favoreça uma locais e portadores textuais possibilitando a
articulação entre alfabetização e letramento. criação desse gosto e hábito para além da
(...) é preciso reconhecer a possibilidade e escola (BRASIL, 2008).
necessidade de promover a conciliação entre Entretanto sabemos que muitos alunos
essas duas dimensões da aprendizagem da chegam à escola sem ter tido oportunidade de
língua escrita integrando alfabetização e conviver e de se familiarizar com os meios
letramento, sem perder, porém, a sociais de circulação da escrita. (...) Por isso é
especificidade de cada um desses processos, o que esse conhecimento deve ser tratado
que implica reconhecer as muitas facetas de um didaticamente em sala de aula, oferecendo
e outro e, consequentemente, a diversidade de possibilidades para que os alunos observem e
métodos e procedimentos para ensino de um e manuseiem muitos textos pertencentes a
de outro (SOARES, 2004, p. 15). gêneros diversificados e presentes em
diferentes suportes (BRASIL, 2006, p.20).
PRÁTICAS DISCURSIVAS O período de alfabetização deve ocorrer
promovendo a produção escrita e oral de textos
A compreensão da necessidade de
de forma significativa, inserindo a criança no
alfabetizar letrando gera reflexões acerca das
universo letrado conduzindo-a a entender e a
práticas de leitura e escrita difundidas na
usar a leitura, a escrita e a oralidade como
escola, em como ela ensina e qual o valor que a
objetos sociais de forma autônoma (BRASIL,
escola lhe confere para as práticas sociais.
1997).
As práticas de leitura e escrita adotadas pela
As práticas de leitura e escrita na escola
escola, não conduziam o aluno a aprendizagem
precisam estar voltadas a propiciar a
das funções discursivas de produção de texto,
participação autônoma de seus alunos na
valorizavam a apropriação de técnicas por meio
sociedade, o planejamento não deve mais estar
de repetições e memorizações de modelos
focado na apropriação, avaliação de
escritos e orais sem significação para o aluno,
conhecimentos ortográficos ou do sistema de
para as práticas sociais.
escrita apenas, as propostas didáticas precisam
O intuito nos dias de hoje é formar alunos
articular as duas finalidades, tanto a social
praticantes da cultura escrita, fazendo-se
quanto a educativa (LERNER, 2002).
necessário para isso uma transformação nas
Segundo Lerner (2002), o que se vê muitas
práticas de ensino em que ler e escrever
vezes é que esse conhecimento ainda é
possibilite aos alunos reorganizar o
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privilégio de certas classes sociais, que auxílio do professor que será seu escriba nas
aprendem por meio da escolarização a agir produções textuais e propiciará momentos de
sobre o mundo, ou seja, a escolarização que leitura em voz alta para seus alunos (BRASIL,
ocorre para as classes menos favorecidas 2006).
continua perpetuar o poder de determinadas Para aprender a escrever, é necessário ter
classes sobre outras. acesso à diversidade de textos escritos,
O desafio é conseguir que os alunos cheguem testemunhar a utilização que se faz da escrita
a ser produtores de linguagem escrita, em diferentes circunstâncias, defrontar-se com
conscientes da pertinência e da importância de as reais questões que a escrita coloca a quem
emitir certo tipo de mensagem em se propõe produzi-la, arriscar-se a fazer como
determinado tipo de situação social, em vez de consegue e receber ajuda de quem já sabe
treinar unicamente como “copistas” que escrever (BRASIL, 1997, p.48).
reproduzem - sem um propósito próprio - o
escrito de outros, ou como receptores - de ESCRITA
ditados cuja finalidade - também estranha - se
O desenvolvimento de capacidades de
reduz à avaliação por parte do professor
escrita na escola não deve visar apenas o
(LERNER, 2002, p.28).
período de alfabetização, mas sim uma ação
Faz-se necessário à escola abandonar essas
contínua no processo de escolarização a fim de
atividades mecânicas, que não têm nenhum
que o aluno participe de práticas letradas, ou
sentido real para as crianças, levando-as a
seja, a produção de textos na escola deve
compreender que leitura e escrita não são
objetivar o desenvolvimento de um escritor
obrigações escolares, mas sim forma de
autônomo, capaz de usar a escrita em práticas
enriquecimento pessoal, profissional e
sociais (BRASIL, 2008).
acadêmico. O desafio é que a escola deixe de
No trabalho com a escrita, é importante que
ser somente um objeto de avaliação, e que se
o aluno compreenda a estrutura e a finalidade
torne realmente objeto de ensino permitindo
de diferentes gêneros e portadores textuais,
aos alunos se apropriarem da escrita por
pois compreendendo suas especificidades
experiências (LERNER, 2002).
perceberá que existem formas diferentes de
Formar leitor e escritor competente vai além
escrita para cada tipo de situação e que não se
do domínio de convenções gráficas, fonéticas,
usa o mesmo tipo de discurso com
ortográficas, implica compreender os textos
interlocutores ou leitores diferentes e em
lidos, dar sentido às produções escritas,
situações distintas.
adequar o uso da língua aos diferentes
A produção de textos na escola deve ser feita
interlocutores e destinatários reais, e para isso
pelos alunos, com diferentes e reais finalidades,
o aluno precisará de condições para
podendo ser a produção de um convite, de
desenvolver habilidades e competências tanto
cartazes e textos informativos, a escrita de
leitoras quanto escritoras (BRASIL, 1997), o que
cartas e bilhetes com a finalidade de comunicar
pode ocorrer antes mesmo da criança saber ler
sentimentos ou acontecimentos para colegas
e escrever convencionalmente, por meio do
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ou outros leitores propostos (BRASIL, 1997; pistas para fazer a compreensão do texto e
BRASIL, 2008). durante a leitura vai checando a veracidade das
Aprender a escrever na escola inclui saber hipóteses levantadas e relacionando ás
escolher a variedade adequada ao gênero de situações reais o que vai lendo (BRASIL, 2006).
texto que se está produzindo, aos objetivos que Entre os recursos que empregamos para ler
se quer cumprir com o texto, aos fluentemente há importantes procedimentos
conhecimentos e interesses dos leitores de leitura, que podem ajudar na formulação de
previstos, ao suporte em que o texto vai ser hipóteses sobre o texto e na busca de
difundido (BRASIL, 2008, fascículo 1, p. 51). compreensão do que se lê. Por exemplo: O
O trabalho com a escrita em contexto de reconhecimento global e instantâneo de
letramento não anula a necessidade de palavras, a leitura de partes inteiras de frases, a
orientações e correções ortográficas e previsão do que virá em seguida, o apoio nas
gramaticais, porém é importante ter claro a pistas do texto ou de fatores não textuais
importância de que o aluno consiga fazer o uso (como imagens, ilustrações) (BRASIL, 2008,
adequado da escrita para a situação de fascículo 1, p. 42).
interlocução a que se propõe. O ensino dessas estratégias e
comportamentos leitores deve ocorrer desde a
LEITURA educação infantil, com o professor lendo em
voz alta e instigando com perguntas e ações a
Ler com fluência vai além de uma leitura
compreensão e o sentido do texto lido (BRASIL,
rápida e silenciosa, está ligado a uma leitura
2008).
que produz sentido ao texto lido, que gera
compreensão, e assim como na escrita, a escola
é responsável por ensinar comportamentos e ORALIDADE
capacidades leitoras, estratégias que levarão o O ensino da leitura e da escrita em uma
aluno a tornar-se leitor competente (BRASIL, sociedade em que cada vez mais se faz
2008). necessário não apenas ser alfabetizado, mas
Trabalhar com diferentes gêneros e também letrado, implica valorizar o discurso
portadores textuais, refletindo sobre a oral, visto que no cotidiano boa parte do tempo
estrutura e situação de uso social de cada um as interações acontecem por meio da
contribui também para que o leitor possa antes oralidade.
mesmo da leitura fazer antecipações sobre o Não é possível à escola ensinar os alunos a
assunto a ser lido. A antecipação também falar, visto que essa prática inicia desde cedo na
ocorre por meio da capa ou título do livro, de família, é importante, porém que ela crie
uma palavra ou desenho no caso do leitor condições que favoreça o desenvolvimento de
iniciante. capacidades de discurso oral para diferentes
Durante a leitura é importante que o leitor situações ou interlocuções, por meio da leitura
aprenda a fazer inferência, a utilizar seu em voz alta de diferentes tipos de textos, da
conhecimento de mundo para “ler nas realização de entrevistas, de discussões feitas
entrelinhas”, o leitor mais experiente procura em grupo, da permissão dada pelo professor
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
É imprescindível nos dias atuais admitir a necessidade de mudanças estruturais reais no
processo de escolarização, no que diz respeito ao ensino e aprendizagem do uso da língua, no
reconhecimento do termo letramento e da importância de articulação das duas ações nas práticas
pedagógicas.
Muito se fala da necessidade de diminuir os índices de analfabetismo, mas se garantir plena
participação na sociedade é ensinar a ler e a escrever mecanicamente e somente, continuará a
ocorrer a perpetuação do poder de uma classe social sobre outra.
Nas últimas décadas mudanças começaram a despontar a partir de ideias construtivistas,
o aluno que antes era tratado como um copista memorizador, teoricamente passou a ser visto
como um sujeito capaz de produzir o seu próprio conhecimento, porém, ver o aluno como sujeito
do próprio conhecimento não significa que ele aprenderá sozinho, a escola é a instância
formadora capaz de sistematizar os conhecimentos para oferecer aprendizagem, o professor é o
facilitador do processo, e a partir dos conhecimentos que a criança tem a respeito do sistema de
escrita, organizará a prática pedagógica favorecendo o seu avanço.
Outro problema que se coloca, está relacionado ao papel que a leitura e a escrita exercem
na escola, aprende-se a ler e a escrever para não ser mais analfabeto, de forma
descontextualizada, quando na verdade deveria ocorrer promovendo a participação efetiva dos
alunos em práticas sociais que envolvam a leitura, a escrita e a oralidade, ou seja, o letramento.
É comum encontrar pessoas não alfabetizadas letradas, e pessoas alfabetizadas, mas que
não são letradas, não sabem colocar-se como sujeitos do seu discurso, não reconhecem as
especificidades do uso da língua em diferentes situações, não conseguem compreender e agir
sobre o mundo a sua volta, evidenciando que a escola muitas vezes tem formado analfabetos
funcionais.
Os aspectos teóricos apresentados neste artigo sinalizam mudanças e avanços necessários
no processo de ensino e aprendizagem do uso da língua, porém, a escola e o professor continuam
a ser objeto de perpetuação de poder de classes sociais dominantes valorizando sem refletir o
discurso que lhe é imposto, classificando as crianças como as que têm e as que não têm prontidão
para a aprendizagem, como as que são e as que não são capazes de avançar na aprendizagem
considerando a classe social a que pertencem.
Faz se necessário que as práticas da escola e do professor ocorram de fato por meio de
reflexões que favoreçam a aprendizagem real dos alunos, sua participação efetiva na sociedade.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Secretaria de Educação básica. Pró letramento. Programa de formação continuada
de professores dos anos/series iniciais do ensino fundamental: alfabetização e linguagem.
Brasília: 2008.
BRASIL. MEC. Secretaria de Educação a Distância. Práticas de leitura e escrita. Brasília: 2006.
FERREIRO, EMÍLIA. Reflexões sobre alfabetização. 10ª Ed., São Paulo: Cortez, 1987.
LERNER, DÉLIA. Ler e escrever na escola o real, o possível e o necessário. São Paulo:
Artmed, 2002.
SOARES, MAGDA. Um tema em três gêneros. 3ª Ed., Belo Horizonte: Autêntica, 2009.
TFOUNI, LEDA VERDIANI. Letramento e alfabetização. 9ª Ed., São Paulo: Cortez, 2010.
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ALFABETIZAR LETRANDO
Cristiane Maria de Souza Menezes1
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então que a culpa era das crianças. Elaborou-se Primeiro se avalia a Zona de
então o perfil do aluno fracassado, ele era desenvolvimento real (ZDR) do aluno para
predominantemente pobre, negro e depois analisar as expectativas de
descoordenado (não sabia segurar o lápis, por aprendizagem na Zona de desenvolvimento
exemplo). potencial (ZDP) que acontece na Zona de
Surgiu então a Teoria do déficit e a Teoria do desenvolvimento proximal (ZDP). Essa era a
pré-requisito, nesta, para se ter sucesso nova teoria da década.
educacionalmente falando era preciso ser Já nos anos 80 surge Emília Ferrero dizendo
branco, rico e coordenado. que alfabetização não era procedimento e sim
Como o governo não podia resolver o conceito, conteúdo conceitual, reflexão,
problema da cor e do status social, ele decidiu análise.
investir em coordenação motora fina, ou seja, o Para ela, criança não aprende treinando e
traçado da criança. Esse foi um período sim pensando na escrita. É a teoria da
preparatório para colher frutos futuros, mas Psicogênese da língua escrita.
somente isto não seria suficiente e para ajudar Agora a alfabetização é entendida como
nesse processo, na década de70 surgem os conteúdo conceitual.
estudos de Piaget que questionava: “Como se A escola sempre se preocupou com o estudo
aprende?”, ele pesquisou o amadurecimento da língua, mas é de suma importância trabalhar
cognitivo. Surgiu a Escola Comportamentalista, a contextualização e o meio social em que esse
na qual o professor era o transmissor de conceito aparece. Esse explicar em condições
conhecimento e o aluno uma tábua rasa e o sociais é o letramento.
meio social era determinante no aprendizado Alfabetização é todo recurso da língua em
do indivíduo. qualquer ano ou série.
Tempos depois aparece a Escola Inatista, que Letrado é a condição do sujeito que tendo
reza o aluno aprender sozinho, por suas aprendido os recursos da língua, faz uso destes
próprias experiências. em situações sociais reais.
E por fim a Escola Cognitivista e o bom senso Neste contexto surge o termo analfabeto
de Piaget ganham olhos, agora o meio social funcional, aquele que sabe os recursos da
auxilia no desenvolvimento, o ser humano é língua, porém não sabe como aplica-lo ao
visto como portador de singular potencial e social. A escola produz muito isso e o caminho
guardião de grande conhecimento prévio. A para a mudança está em focar no letramento
partir desse momento é reconhecido o do indivíduo.
potencial de aprendizado que todo ser humano
possui. Passa-se a crer que inteligente é quem LETRAR É DIFERENTE DE
pode vir a aprender e não quem já sabe, isso é,
potencial de aprendizagem. Porém esse ALFABETIZAR
potencial precisa ser mediado para ser Há que se lembrar de que alfabetizar nunca
desenvolvido, entra em campo o professor deve se confundir com o letrar, a primeira
mediador. envolve o ler e escrever, o contato básico com
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o alfabeto e com os passos iniciais de sobre a educação dos filhos tem se tornado
aprendizagem; enquanto a segunda, ou seja, o bastante expressivo. Além disso, não é raro
letrar envolve algo mais amplo e profundo, é encontrar professores queixando-se do
fazer com que o indivíduo adquira comportamento de seus alunos e da dificuldade
competências linguísticas de uso da escrita e de conseguir a atenção deles.
leitura, não é apenas saber ler e escrever, mas, Os saudosistas costumam dizer que bons
além disso, saber fazer uso disto em diferentes eram os tempos antigos, pois o professor era
contextos. valorizado e respeitado. Parece que, de
Alfabetizar e letrar são dois processos repente, sem que ninguém percebesse o
distintos que se completam e caminham juntos, momento do acontecimento, educar ficou bem
cada um com sua função específica. mais difícil tanto para pais quanto para
professores.
Quebrando Tabus Fato é que as crianças mudaram muito nos
• Letramento não é um método, não tempos atuais, assim como o mundo em si
segue instruções específicas, nem vem com um mudou, estamos vivendo um momento ímpar
caminho pronto a ser seguido, o letramento na sociedade, na qual tudo é novo e não
desenvolve-se de modo singular entre os sabemos com exatidão como lidar com essas
indivíduos, havendo que se unir sempre a base novidades.
comum, que é o ler e o escrever à vida em A questão é que mudanças ocorreram no
sociedade do ser em desenvolvimento. contexto de desenvolvimento das crianças e
• Letramento não é alfabetização, pois não aconteceram de uma hora para outra.
não se preocupa com os conteúdos da língua e Assim, o interesse das crianças foi se
sim com a comunicação propriamente dita, diferenciando juntamente com a mudança
com a linguagem como instrumento de social geral.
socialização do ser humano. Pode-se dizer que essas mudanças englobam
• Letramento não é uma habilidade as facilidades proporcionadas pelo computador
porque na verdade é uma condição, a de se usar e principalmente pela Internet, o acesso
leitura e escrita em práticas sociais. constante à televisão, a revolução dos jogos
Alfabetizar sim, envolve diretamente o eletrônicos, além das necessidades econômicas
aprendizado dos conteúdos da língua, seus que obrigam os pais a trabalhar fora
conceitos, regras e singularidades. Engloba diminuindo o tempo de atenção aos filhos.
situações de interlocução em seus três Apesar disso, o paradigma de educação de pais
aspectos: locutor, locutário e discurso. e professores permaneceu o mesmo,
evidenciando um descompasso entre educador
A CRIANÇA DE ONTEM E e educado.
Não é fácil acompanhar a evolução das
ACRIANÇA DE HOJE crianças, é como se elas tivessem nascido em
O número de pais que procuram consultórios um mundo diferente do mundo em que vivem
de psicologia ou mesmo livros que discorrem os adultos e idosos, afinal tivemos acesso a uma
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
infância a qual elas jamais conhecerão. Elas psíquico dos jovens, causando esse
nasceram em tempos diferentes dos descompasso na educação.
vivenciados por seus pais e professores, somos É quase impossível competir com tanto
de uma geração X, buscando ensinar e educar estímulo oferecido ao jovem pela mídia em
uma geração Y, Isto é tarefa árdua e que requer geral, enquanto ela oferece algo gigante,
empenho, dedicação, boa vontade e paciência atrativo e até sonhador, pedimos ao jovem que
da nossa parte. faça algo que não compete à sua faixa etária:
Nesse sentido, o psiquiatra e diretor da que pensem no futuro, no que é certo e errado,
Academia de Inteligência Augusto Cury (2003), que trilhem o caminho estreito que o certo
argumenta em seu livro Pais brilhantes, oferece e abandonem a estrada larga da
professores fascinantes que a educação passa inutilidade oferecida pelas mídias.
por uma crise sem precedentes na História. Os É preciso que um novo modelo de educação
alunos estão alienados, não se concentram, não seja criado de modo que atinja os jovens de
têm prazer em aprender e são ansiosos. Cury pensamento acelerado e ansiedade exagerada.
(2003), sugere que os culpados disso não são É notório que o antigo modelo não funciona
nem pais nem professores, mas as causas mais, visto que a velocidade de pensamento
principais são frutos do sistema social que dos jovens de hoje é bem maior que dos de
estimulou de maneira assustadora os ontem. É preciso que pais e educadores sejam
fenômenos que constroem os pensamentos. criativos e inovadores, lançando novas
Desta maneira, este autor fala que, propostas de educação compatíveis com o novo
atualmente, as crianças, adolescentes e até contexto desenvolvimentista.
adultos são acometidos pela Síndrome do O que não é tarefa fácil, temos que com a
Pensamento Acelerado (SPA). Esta Síndrome, mente de ontem que possuímos, criar métodos
para Cury (2003), é grande geradora de futuros e pelos quais nunca passamos, é preciso
ansiedade e causa dependência constante de nos tornar cientistas da educação, Cury(2003).
novos estímulos e em maior quantidade. Em
função do excesso de estímulo recebido, AMBIENTE FORMAL E NÃO
principalmente da televisão, a qualidade e a
velocidade do pensamento mudam, causando a FORMAL DE APRENDIZAGEM
SPA. Em um ambiente formal de aprendizagem o
Então, como alerta Cury (2003), uma vez que professor tem um papel fundamental, pois ele
a televisão mostra mais de sessenta é o responsável pelo planejamento e
personagens por hora com as mais diferentes preparação do ambiente e pela avaliação e
características de personalidade, policiais certificação do processo. Ele também faz parte
irreverentes, bandidos destemidos, pessoas dos contratos assumidos entre os sujeitos que
divertidas, essas imagens são registradas na participam desse processo. Sendo assim, a
memória e competem com a imagem dos pais participação do professor é também um
e professores. O resultado é que os educadores indicador da classificação do ambiente.
perdem a capacidade de influenciar o mundo
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
escrever uma tese de doutorado. Uma pessoa signos e símbolos, faz com que
pode ser capaz de escrever um bilhete, uma compreendamos o mundo em que vivemos.
carta, mas não ser capaz de escrever uma Assim, se uma criança cresce cercada por
argumentação defendendo um ponto de vista, adultos que se comunicam de modo claro, com
escrever um ensaio sobre determinado vocabulário vasto, igualmente será essa
assunto. Assim escrever é também um conjunto criança, ao passo que se ela viver rodeada por
de habilidades, comportamentos, quem fala, digamos de modo tropeçado e
conhecimentos que compõem um longo e errôneo, assim também será o falar da criança.
complexo continuo. Logo, pode-se concluir que E a alfabetização realmente não começa
existem níveis de proficiência na escrita, há quando a criança chega à escola, já começou
quem saiba escrever, mas apenas o básico e em seu lar desde seus primeiros meses de vida,
necessário e quem domine a escrita de gêneros ao aprender a falar por meio do ouvir.
diversos e mais complexos. Ambos podem dizer Na concepção atual, a alfabetização não
que dominam a escrita, porém em escalas precede o letramento, os dois processos podem
distintas. ser vistos como simultâneos, entendendo que
no conceito de alfabetização estaria
ALFABETIZAR LETRANDO compreendido o de letramento e vice-versa.
O desafio da alfabetização, hoje, é alfabetizar Assim, subentende-se que se ensina a ler e a
letrando. Além desse conhecimento, o escrever partindo do texto e seu uso e tendo
alfabetizador precisa entender que também ele como ponto de chegada, em outras
alfabetização é um processo complexo que palavras, acredita-se que alfabetizar e letrar são
inicia antes da alfabetização escolar, processos simultâneos, pois o material base
assumindo-se a escrita pela dimensão simbólica dessa dupla inseparável são os gêneros textuais
e enfatizando seus usos sociais. e suas situações de uso na sociedade, logo,
Por meio da mediação do adulto, a criança alfabetiza-se letrando.
vai identificando a natureza da linguagem Isto será possível se a alfabetização for
escrita, porém a qualidade das interações é que entendida além da aprendizagem grafofônica e
vão determinar as concepções que a criança que em letramento inclui-se a aprendizagem do
apresentará sobre a linguagem escrita no sistema de escrita. A conveniência da existência
futuro. É função de a escola dar continuidade a dos dois termos, que embora designem
esse trabalho, de forma sistematizada pelo processos interdependentes, indissociáveis e
contato com as diversas práticas sociais que simultâneos, são processos de natureza
participa. diferente, uma vez que envolve habilidades e
competências específicas, implicando, com
A alfabetização e o letramento são
isso, formas diferenciadas de aprendizagem e
fundamentos da educação e devem ser
encarados como essenciais para que as crianças em consequência, métodos e procedimentos
atinjam um nível satisfatório de compreensão diferenciados de ensino.
do mundo. É isso que a alfabetização e o
letramento fazem, além de demonstrar os
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Métodos variados são usados na atualidade em busca da alfabetização na idade certa, mas
somente alfabetizar é algo incompleto, como um caminho percorrido pela metade, para que
ocorra o pleno desenvolvimento psicológico intelectual da criança é necessário o letramento de
mãos dadas ao alfabetizar.
Nesta perspectiva é fundamental que os professores se apropriem de conceitos relativos a
alfabetização e letramento, explicitando na prática ações que promovam a construção de saberes.
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
REFERÊNCIAS
ABUD, Maria José Milharezi, O ensino da leitura e da escrita na fase inicial da escolarização.
São Paulo: EPU, 1987 (Temas básicos de educação e ensino).
BARBOSA, José Juvêncio. Alfabetização e leitura. São Paulo: Cortez, 1990. (Coleção
magistério – 2º grau).
CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e lingüística. 6ª ed., São Paulo: Editora Scipione, 1994.
FERREIRO, Emília. Com todas as letras. 4ª ed. São Paulo: Cortez, 1993.
FERREIRO, Emília. Reflexões sobre alfabetização. 4ª ed., São Paulo: Cortez – Autores
Associados, 1987.
SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. 2ª ed., Belo Horizonte: Autêntica,
2003.
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
RESUMO: Este estudo investiga alguns aspectos importantes no ensino de pronúncia, tais como
as razões pelas quais o ensino de pronúncia é frequentemente omitido, quais aspectos de
pronúncia trabalhar, quais tipos de atividades parecem ser mais adequadas ao desenvolvimento
de uma pronúncia clara dos alunos, quando ensiná-la e por que a devolutiva é importante. Além
disso, outro objetivo deste trabalho é sugerir procedimentos pedagógicos para tratar de uma
dificuldade comum que alunos brasileiros têm de perceber e produzir dois sons vocálicos
semelhantes, / i: / e / I /. Duas alunas do segundo ano do ensino médio da rede pública do estado
de São Paulo participaram e foram observadas durante as atividades.
1Professor de Ensino Fundamental II e Médio na Rede Municipal de São Paulo e Rede Estadual de São Paulo.
Graduação:Licenciatura em Letras; Especialização em Língua Inglesa.
E-mail: louisocchi@gmail.com
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
ABSTRACT: This study investigates some important aspects in teaching pronunciation, such as the
reasons why the teaching of pronunciation is often overlooked, what pronunciation features to
work on, what kinds of activities seem more suitable to developing learners’ clear pronunciation,
when to teach it and why feedback is important. In addition, another aim of this paper is to
suggest pedagogical procedures for dealing with a common difficulty which Brazilian students
have in perceiving and producing two vowel sounds, / i: / and / I /. Two second-year secondary
students of a public school in São Paulo state participated in and were observed during the
activities.
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
2 It can be frustrating and demotivating for students if they have repeated experiences where communication breaks
down because of problems with English pronunciation.
3
The growth in the use of English, together with the ease of communication worldwide, means that English is
increasingly being used as a medium of communication between speakers for whom it is not a first language.”
606
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
sons próximos ou parecidos aos existentes em levar a falsos entendimentos, pois cada um
sua língua, como no caso do famigerado TH, possui um traço marcante responsável pela
que muitos deles pronunciam como o som de F diferenciação dos significados das palavras,
ou Z. Atos como esse, na maioria das vezes, leva como por exemplo, nas palavras leave e live.
à incompreensão por parte do ouvinte. Participaram deste trabalho duas alunas com
Já quanto ao ensino de pronúncia, o idade entre 16 e 17 anos que cursavam o
professor primeiramente precisa identificar segundo ano do ensino médio em uma escola
quais aspectos de pronúncia devem ser da rede pública do estado de São Paulo,
trabalhados com seu aluno ou grupo, assim localizada na cidade de São Bernardo do
como quais as atividades mais adequadas Campo. Ambas possuíam um conhecimento
poderão ser aplicadas. Não podemos esquecer pré-intermediário da língua inglesa e nunca
que tudo isso varia muito de aluno para aluno, haviam cursado inglês fora da escola regular.
ou de grupo para grupo. O que também é Para o que foi proposto neste trabalho,
importante, como apontam Lieff e Nunes utilizamos quatro aulas de trinta minutos, fora
(1996), “os professores que conhecem a língua do horário de aula, durante duas semanas.
nativa dos aprendizes estão numa posição
privilegiada, pois eles podem estabelecer um 2. ASPECTOS IMPORTANTES
plano de ação e decidir em que concentrar e
quando largar quando for o suficiente” 4 , e 1
NO ENSINO DE PRONÚNCIA
ajudá-los a notar semelhanças ou diferenças Antes de passarmos aos exercícios práticos e
entre a língua materna e a língua estrangeira. à discussão dos resultados, há alguns assuntos
Neste trabalho, pretende-se investigar os importantes que merecem ser abordados e
aspectos importantes no ensino de pronúncia, discutidos quanto ao ensino de pronúncia, que
e propor meios de orientar aprendizes servirão como embasamento para algumas
brasileiros quanto à dificuldade de perceberem ações tomadas durante a aplicação das
e produzirem os sons vocálicos / i: / e / I / da atividades.
língua inglesa, por meio da aplicação de a - Por que ensinar pronúncia?
exercícios práticos. Esses dois sons foram Como qualquer outro aspecto integrante de
escolhidos por meio da observação dos alunos uma língua, a pronúncia também tem sua
durante as aulas, por se tratar de vogais importância e merece ser ensinada da melhor
consideradas difíceis de serem percebidas e forma possível. Não pode haver uma
produzidas, pois não existem na língua dissociação do ensino de pronúncia de outros
portuguesa. Além disso, os alunos confundem aspectos linguísticos, pois ela está
esses dois sons, / i: / e / I / com o / i / da língua intrinsecamente relacionada a eles. Afinal, as
portuguesa, devido à proximidade sonora. A línguas são primeiramente expressadas na
produção não exata dos sons / i: / e / I / pode formal oral. Além disso, ao contrário da prática
4
Teachers who are familar with learners’ ative language are in a privileged position for they can establish a plan of
action and decide what to concentrate on and when to leave well enough alone.
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
sempre ocorre quando se trata de textos orais, alarmante, que muitos professores alegam, é a
ou seja, pode haver uma falha de comunicação falta de tempo, pois afirmam que há muito
devido à baixa compreensão oral, ainda mais conteúdo a ser “passado”, tornando a
em relação à língua inglesa na qual seu sistema gramática e o vocabulário como o foco das
sonoro é geralmente representado por uma aulas, enquanto o ensino de pronúncia torna-se
ortografia bem diversificada, o que dificulta o quase inexistente. Além disso, o ensino de
aprendizado da língua. pronúncia é visto como um assunto dissociado
Em geral, como afirma Lado (1973), “quando do ensino de outros aspectos lingüísticos e das
um aluno de uma língua estrangeira, que teve habilidades de comunicação. Ou então é visto
algum tipo de ensino de acordo com o método apenas como correção: ensina-se a pronúncia
habitual, e pela primeira vez ouve a língua esporadicamente por meio da correção de
falada, ele frequentemente não consegue erros.
entender o que foi dito. Ele geralmente alega
que o vocabulário do que foi dito é muito difícil c - O que trabalhar com os alunos? Quais
para ele. Quando um texto escrito é colocado tipos de atividades são mais adequadas/úteis
diante dele, ele pode, muitas vezes, interpretar para eles?
o mesmo material corretamente e reagir
conformemente. Isso não é então somente Primeiramente, sugere-se listar os tipos de
uma falta de conhecimento de vocabulário que erros e dificuldades que interferem na
está causando o problema. É a incapacidade do comunicação dos alunos. É claro que os tipos de
aluno de reconhecer os sons da língua. 5 ” 1
erros e dificuldades podem variar de aluno para
aluno, ou de grupo para grupo. Muitas vezes, o
que o professor também pode fazer, de acordo
5 When a student of a foreign language who has had some instruction according to the usual method first hears the
spoken language he often fails to understand what has been said. He usually claims that the vocabulary of the
utterance is too difficult for him. When a written text is placed before him he can, many times, interpret the same
material correctly and react accordingly. It is not, then, only a lack of knowledge of vocabulary items which is causing
the trouble. It is the inability of the student to recognize the sounds of the language”.
6 (...) grammar and vocabulary have been much better understood by most language teachers than pronunciation
(...).
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
7 They can anticipate the pronunciation difficulties their students are likely to experience, and further plan their lessons
accordingly.
8 Integrating pronunciation teaching fully with the study of grammatical and lexical features has the further incremental
benefit that learners will increasingly appreciate the signifance of pronunciation in determining successful
communication.
609
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
nos alunos de habilidades indispensáveis para Hewings (1998), nos sugere também:
uma boa aprendizagem, ou seja, os alunos “tenham em mente que é importante oferecer
devem prestar atenção à pronúncia dos feedback tanto positivo quanto negativo para
falantes nativos e não-nativos, observando bem que os alunos saibam quando eles estão
como os sons são produzidos, dizendo alguma coisa corretamente10 .” Isso 2
para que assim, possam analisar eles mostra que seus esforços estão dando frutos de
mesmos se estão pronunciando de acordo. Isso alguma maneira. Mesmo que o retorno não seja
quer dizer que os alunos precisam estar tão satisfatório, isso provocará neles a reação
envolvidos e assumir a responsabilidade pelo de quererem sanar suas dificuldades.
seu progresso e aprendizagem. Obviamente, Um outro fator importante que precisa ser
cabe aos professores observar se eles estão se bem dosada é a correção dos erros de
esforçando e motivá-los a superarem seus pronúncia. Muitos professores costumam
obstáculos. Kenworthy (1994), afirma que corrigir seus alunos imediatamente após o erro.
“frequentemente os próprios aprendizes não Infelizmente isso pode causar constrangimento
conseguem dizer se eles mesmos entenderam e falta de concentração no aluno ao
bem; os professores devem fornecer-lhes interrompê-lo sempre. Talvez seria melhor
informações sobre seu desempenho9 ” . Isso nos
1 corrigi-lo no final da atividade, ou então limitar
mostra que os professores precisam estar o número de vezes de correção.
atentos, e tentar orientar seus alunos a se auto
monitorarem, para que eles mesmos percebam
seus erros e acertos. 3. ATIVIDADES PRÁTICAS
Em princípio não houve escolha ou algum
f - Feedback - por que é importante?
tipo de seleção de alunos para a participação
desse trabalho. O que houve realmente foi um
Avaliar o progresso dos alunos e dar-lhes convite a todos alunos da sala que gostariam de
retorno é um meio eficaz de motivá-los a participar do projeto, mas, infelizmente, por
continuar a melhorar sua pronúncia. Para que
motivo de disponibilidade, não puderam. Como
isso se torne mais significativo, o ideal seria que
estavam no fim do terceiro bimestre, ou seja,
o feedback fosse dado individualmente, pois em época de provas, achamos melhor, por
nem todos os alunos têm as mesmas facilidades motivo de falta de tempo, que as atividades
de pronúncia ou cometem os mesmos erros. fossem aplicadas fora do horário de aula. No
Poderia ser dado principalmente durante as total, foram utilizadas quatro aulas de trinta
atividades propostas, nas quais o professor
minutos, durante duas semanas.
costuma ficar circulando em sala.
9 Often learners themselves can’t tell if they’ve ‘got it right’; the teacher must provide them with information about
their performance
10 Keep in mind that it is important to offer positive as well as negative feedback so that students know when they are
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
Como já mencionado anteriormente, os aluna repetiu duas vezes cada lista após o
participantes deste trabalho foram duas alunas professor.
entre 16 e 17 anos, que cursavam o segundo No exercício 3, distribuímos cartões
ano do ensino médio da rede estadual de contendo os pares mínimos, utilizados no
ensino de São Paulo. exercício anterior, com suas ilustrações.
Importante ressaltar que os alunos da sala na Pedimos a elas que prestassem muita atenção
qual vêm as duas alunas participantes desse enquanto repetiam as palavras, tentando
trabalho também estão estudando alguns distinguir as diferenças de cada som. Portanto,
aspectos de pronúncia, dentre os quais estão esse exercício teve como objetivo elucidar
inclusos os dois sons analisados neste trabalho, problemas de percepção das alunas, quanto à
/ i: / e / I /, os quais foram escolhidos de acordo produção dos sons, contrastando os dois sons
com a observação das dificuldades dos alunos por meio de pares mínimos.
em produzi-los corretamente, que nos mostrou Na segunda aula, iniciamos com o exercício
que estavam ocorrendo erros de pronúncia de 4, no qual as alunas tiveram de escutar algumas
várias palavras, como por exemplo, seat / sit e frases, que continham palavras da lista do
feel / fill, resultando vários desentendimentos exercício 1. Ao escutar as frases, tinham de
entre os alunos. identificar as palavras, ou com o som / i: / ou o
Na primeira aula, foram aplicados três som / I /. Já no exercício 5, as alunas escutaram
exercícios. O exercício 1 foi uma apresentação cinco frases, nas quais havia duas palavras em
dos dois sons a serem trabalhados, / i: / e / I /, itálico (pares mínimos). Tinham de circular
por meio de cartões de tamanho A4, contendo somente aquelas que haviam escutado. Após a
os símbolos fonêmicos e exemplos, com o correção, elas tiveram de repetir as frases O
objetivo de percepção dos pontos de objetivo desses dois exercícios foi distinguir e
articulação de cada som e a conscientização de identificar os sons / i: / e / I / não mais
que há diferenças entre eles. Houve a repetição isoladamente, mas sim em pequenos
de cada som e de seus exemplos, além da contextos, explorando aspectos auditivos e
explicação do vocabulário. Em seguida, houve visuais e produzir os sons com precisão. Para
uma explicação da diferença entre eles, terminar esta aula, passamos na lousa alguns
mencionando as posições de articulação de trava-línguas (exercício 6), pois sabemos que
cada um no aparelho fonador. Também esses são um meio divertido de praticar alguns sons
sons foram comparados com o som / i / da difíceis de se pronunciar. Mesmo ao reconhecer
língua portuguesa cuja posição de articulação é que eles não sejam um modo eficaz que auxilie
intermediária, ou seja, ocorre entre eles. Já no o aluno na transposição dos sons para fala
exercício 2, dá-se início à utilização de pares conectada, acreditamos que, pelo menos, eles
mínimos. A intenção desse exercício era o possam encorajar e desinibir alguns alunos
reconhecimento dos dois sons e suas posições durante a produção dos sons. A intenção do
de articulação. Foram apresentadas duas listas exercício era perceber se as alunas já
de palavras contendo os sons / i: / e / I /. Cada produziam os sons com mais desenvoltura e
acuidade. Antes perguntamos se as alunas
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
a e e in d/ted ending i y ui u o
cottage deny ended his system build busy women
usage zero estimated sin mystery building business
passage behind decided ship physics guitar
village behave wanted if gym biscuit
courage begin meditated live cynic circuit
image even congratulated sit
linkage included risk
baggage acted list
surface intended wrist
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
e ea ee ei eo ey *
he sea see receive people key
be meat three believe money
genius leak cheese ceiling monkey
me dream bleed reinforce alley
appreciate leave meet being
veto breathe free receipt
e ... e i ie i ... e y
these ski chief machine easy
complete taxi belief police only
scene visa field amphetamine duty
athlete Argentina niece ravine cutlery
achieve tangerine
relief
*Except obey, grey
Quadros adaptados do livro Pronunciation Pairs: an introductory course for
students of English.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho objetivou investigar aspectos importantes no ensino de pronúncia e superar
as dificuldades de alunos brasileiros ao produzirem os sons / i: / e / I / da língua inglesa por meio
de exercícios práticos. Pode-se afirmar que os resultados foram satisfatórios, pois por intermédio
de todas aulas, conseguimos observar o bom desenvolvimento das alunas, tanto na observação e
identificação, como na produção dos sons. Os fatores importantes que contribuíram no
desenvolvimento do aprendizado dos sons aqui estudados, além de todos os exercícios aplicados,
foram a conscientização das alunas de se monitorarem e perceberem as diferenças e semelhanças
entre sua língua materna e a língua estrangeira, no caso o inglês, que estão estudando.
Já por meio das questões discutidas neste trabalho, relacionadas ao porquê do ensino de
pronúncia, aos empecilhos, ao quê e quando ensinar, à boa pronúncia, e ao feedback, pudemos
observar que o ensino de pronúncia é algo ainda a ser repensado, pois ainda precisamos de tempo
para poder refletir e analisá-las mais profundamente. Contudo, acreditamos que muito ainda
pode ser feito para tentarmos preencher o esquecimento, ou melhor, eliminar essa falha, que,
infelizmente, ocorre muitas vezes no ensino de pronúncia. Por enquanto, pensamos em algumas
sugestões que poderão ser úteis no ensino-aprendizagem de pronúncia.
Uma boa preparação profissional já é um grande passo, pois, se um profissional se sente
despreparado, ele não conseguirá ensinar satisfatoriamente. E, se ele possuir experiência como
docente, saberá facilmente antever prováveis erros de pronúncia dos alunos, os quais nunca
deverão ser ignorados. A correção dos erros não precisa ser feita na hora, mas sim num momento
mais propício como no final de cada atividade, por exemplo.
Para que os alunos se sintam mais preparados na produção e prática oral, primeiramente
o professor precisa oferecer muitas atividades de compreensão auditiva para que os alunos
possam obter uma melhor percepção da pronúncia dos falantes de inglês. Lembremos que o
ensino é mais significativo se for contextualizado.
Também devemos estar atentos às necessidades individuais dos alunos quanto a sua
aprendizagem. Além de motivá-los e mostrar-lhes que há uma enorme importância em aprender
pronúncia para obter êxito na comunicação, assim, ao saber pronunciar bem as palavras, evitará
desentendimentos. Além disso, conscientizá-los das variedades linguísticas, para que assim
saibam pronunciar bem as palavras para evitar desentendimentos. Em suma, seria conscientizá-
los da importância de estudar os sons, a pronúncia correta, de se monitorarem e perceberem
quando cometem ou não algum tipo de erro, e por fim saibam saná-lo.
No geral, os resultados e as observações levantadas neste trabalho nos fez refletir, como
professores, que precisamos sempre rever nossos conceitos e visões sobre o
ensino/aprendizagem de pronúncia, a fim de dedicar-lhe mais atenção em nossa prática
pedagógica, contanto que haja uma harmonia com o ensino de outros aspectos lingüísticos. A
resistência que temos muitas vezes em ensinar pronúncia precisa ser evitada, para que não haja
uma defasagem no aprendizado de inglês de nossos alunos. Enfim, este trabalho nos mostrou, de
forma positiva, alguns caminhos e pensamentos relevantes no ensino/aprendizagem de
pronúncia.
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REFERÊNCIAS
BAKER, Ann & GOLDSTEIN, S. Pronunciation pairs: an introductory course for students of
English. C.U.P, 1990.
LADO, Robert & FRIES, Charles C. English Pronunciation: exercises in sound segments
intonation and rhythm. Ann Arbor: University of Michigan, 1973.
LIEFF, C.D.& NUNES, Z.A. English Pronunciation and the Brazilian Learner: how to cope
with language tranfer. In: Speak Out!The IATEFL SIG Newsletter. August and (1996) in Revista
Claritas – Department de Inglês da PUC – SP N.2. EDUC.
616
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
RESUMO: O presente artigo tem como tema os desafios no ensino aprendizagem de alunos com
Dislexia na educação infantil. O objetivo, nesse artigo, é mostrar a necessidade em utilizar
específicas metodologias para que o desafio dos professores ao ministrar aulas seja praticamente
sanado quando refere-se atender alunos com esse transtorno dentro da sala de aula. A dislexia é
classificada como um parâmetro de transtornos de aprendizagem e decodificação ortográfica
pelo manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais, tendo sua origem neurobiológica,
refletindo diretamente na dificuldade do processo de reconhecer as palavras, prejudicando o
fonológico do aluno. Saber como incluir a criança na fase da educação infantil é de extrema
importância, deste modo, é dever do professor oferecer um método de ensino inclusivo que
proporcione as condições da aprendizagem dos disléxicos nesse processo, visto como base da
futura aquisição de conhecimentos. No decorrer desse artigo citarei também sobre as
dificuldades encontradas pelos professores ao lecionar em sala de aula composta por alunos
regulares e disléxicos, bem como citarei sugestões e estratégias para que o professor tenha
melhor resultado na participação de seus alunos e que tenha mais conhecimento e habilidade
para desenvolver suas atividades em sala de aula.
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na rede regular de ensino, para educandos com envolvendo estudo, pesquisa, criatividade e
deficiência, transtornos globais do experiências práticas realizados
desenvolvimento e altas habilidades ou individualmente ou em grupo, intra ou
superdotação.” e o artigo 4º garante que é extraclasse;
dever do Estado oferecer uma educação escolar e) Diários;
pública que assegure o atendimento f) Fichas avaliativas;
especializado gratuito aos educandos com g) Pareceres descritivos;
deficiência, transtornos do desenvolvimento, h) Observação de comportamento, tendo
em todos os níveis, etapas e modalidades, de por base os valores e as atitudes identificados
preferência na rede regular de ensino. nos objetivos da escola (solidariedade,
Essa lei também afirma no artigo 12, participação, responsabilidade, disciplina e
inciso I, que durante a elaboração e execução ética).
da Proposta Pedagógica, a escola deve: Consequentemente, assegura-se o direito ao
● Prover meios para a recuperação dos atendimento escolar adequado aos estudantes
alunos de menor rendimento; com necessidades educacionais, incluso os
● Organizar a educação básica em séries disléxicos, que têm sua vaga assegurada na
anuais, períodos semestrais e ciclos, rede pública que disponibilizar estratégias e
alternância regular de períodos de estudos, recursos para atenderem a demanda de
grupos não seriados, com base na idade, na aprendizagem necessária deles.
competência e em outros critérios ou por forma A criança e o adolescente têm direito à
diversa de organização; educação, visando ao pleno desenvolvimento
● Oferecer uma avaliação contínua e de sua pessoa, preparo para o exercício da
cumulativa, com a prevalência dos aspectos cidadania e qualificação para o trabalho,
qualitativos sobre os quantitativos e dos assegurando-se lhes: I – igualdade de condições
resultados ao longo do período. para o acesso e permanência na escola; II –
Por outro lado, a Proposta Pedagógica direito de ser respeitado pelos seus
conta com as possibilidades de: educadores; III – direito de contestar critérios
a) Provas escritas, com caráter operatório, avaliativos, podendo recorrer às instâncias
contendo questões objetivas e/ou escolares superiores(BRASIL,1990,s.p).
dissertativas, realizadas individualmente e/ou Em 2009, o Ministério de Educação (MEC),
em grupo, sem ou com consulta a qualquer dispôs em sua Resolução nº 4, artigo 5º, que o
fonte; atendimento desses alunos deve ser realizado
b) Provas orais, por meio de discurso, na sala de recursos multifuncional. A proposta
realizadas individualmente ou em grupo, sem de intervenção pedagógica escolar deve
ou com consulta a qualquer fonte; considerar todas as necessidades e dificuldades
c) Testes; quanto aos conteúdos trabalhados na sala de
d) Atividades práticas, tais como trabalhos aula comum, além de oferecer subsídios
variados, produzidos e apresentados por meio pedagógicos e métodos diferenciados para
de diferentes expressões e linguagens, visar melhor desenvolvimento intelectual dos
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primárias do córtex. Afirma que os indivíduos número quantitativo quanto as crianças com
com dislexia têm baixa sensibilidade face a dislexia no Estado porque certas ocasiões são
estímulos com pouco contraste, com baixas difíceis para os familiares obterem um lado
frequências espaciais ou altas-frequências concreto do transtorno, muitas devidas a falta
temporais. A teoria não identifica ou cita de obtenção gratuita de um atendimento
déficits de convergência binocular. profissional da saúde.
Um fator visto quadro epidemiológico da Assumindo que o diagnóstico também só
dislexia é que há maior número de meninos pode ser concluído após o 2 º ano do ensino
identificados como disléxicos. A diferença fundamental, após conclusão da criança na fase
estimada por Pennington (2009) é de 3 (três) a de alfabetização, a fonoaudióloga Carolina
4 (quatro) meninos para uma menina, Portugal, responsável pela Associação Nacional
enquanto esse número varia outros de Dislexia no Estado, afirma que os pais e
pesquisadores, como Flecher (2009), que professores devem estar atentos às seguintes
apontou uma proporção de 1,5 para 1. Logo situações:
após Shawitz (2006) e Smyther (2011), ● Dificuldade em reconhecer letras do
sugeriram que a possível explicação para a alfabeto;
diferença numérica seja o comportamento ● Dificuldade em identificar formas e
mais disruptivo dos meninos, o que os fazia ser cores;
alvos preferenciais de atenção e de ● Dificuldade em fazer rimas (interpretar
encaminhamentos para a realização de sonoridade).
diagnóstico. O Instituto ABCD criou o “Mapa da Dislexia”,
com objetivo de construir uma rede de apoio
DISLEXIA NO BRASIL visada em auxiliar as pessoas com dislexia, na
A Associação Brasileira de Dislexia (ABD) qual encontram-se centros de avaliação e
afirma que o distúrbio de maior incidência nas tratamento, tais como clínicas de atendimento
salas de aulas é a dislexia, atingindo entre 5% e próximas. Também é possível conhecer escolas
17% da população mundial. Além disso, e professores que trabalham com alunos
durante a pré-escola, percebem-se sinais como: disléxicos para trocar dicas, experiências e
• dispersão; informações.
• pouco desenvolvimento da atenção; Não existe receita de bolo para tratamento
dos TEA. Sabemos, comprovadamente, que
• atraso no desenvolvimento da
alguns fatores contribuem positivamente para
linguagem e fala;
um bom prognóstico: apoio incondicional da
• dificuldades nas atividades simples
família e da escola; avaliação, diagnóstico e
como montagem de quebra-cabeças;
acompanhamento de longo prazo por equipe
• desinteresse por livros;
interdisciplinar especializada (fonoaudiólogos,
De acordo com Eleonora Paes,
psicólogos, psicopedagogos, educadores,
superintendente de Desenvolvimento da
médicos), com revisão da prioridade de
Educação Infantil e Fundamental da Secretaria
de Estado da Educação (SEE), não há ainda um
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considera-se que a dislexia é um distúrbio responsável por provocar certas dificuldades
nos momentos de aprendizagem de leitura e escrita, resultado de bases neurológicas, não
somente fatores genéticos ou adquiridos, e ainda não é tido como doença para a comunidade
médica.
É necessário ressaltar que quanto mais cedo possível realizar o diagnóstico da dislexia, mais
eficaz será para as crianças e educadores em encontrar um modo de trazer resultados positivos
para os tratamentos escolares, visto que ainda que tenham essa dificuldade para aprender, sua
inteligência é analisada no nível normal ou acima da média, em algumas pessoas.
Dessa forma, o trabalho pedagógico pode atingir graus satisfatórios de eficiência, atuando
de modo estratégico e construindo o conhecimento precocemente ao apresentar dinamismos ao
criar situações que reforcem o interesse do aluno pela aprendizagem, instigando o
desenvolvimento da autonomia, independência e capacidade de lidar com as frustrações na
educação infantil.
Como visto, ao adotar brincadeiras e jogos educativos em ambientes escolares, o
rendimento escolar tende a aumentar, justamente pois há uma influência no desenvolvimento da
criatividade, imaginação, autoestima e equilíbrio emocional. A partir do momento em que se
entende que a criança aprende a usar a linguagem falada quando se considera meio ambiente
compreensivo, estimulador e com paciência; trato das cordas vocais; organização mental; e
sensibilidade perceptual para falar os sons, é que se pode montar procedimentos pensados em
alunos disléxicos.
Para ser capaz de trabalhar competentemente com esses alunos, o professor deve formar-
se em cursos que aperfeiçoem seus conhecimentos, atribuindo-lhe uma segurança para transmitir
o conhecimento para terceiros e garantir que eles compreenderam e apreenderam. Uma vez que
os efeitos da dislexia ultrapassam a questão da inteligência, muito cuidado deve ser tomado para
não afetar negativamente a família, amigos e ideais futuros de vida. Para a falta de aprendizagem
não influenciar de modo negativo, não gerando uma baixa autoestima quando no
desenvolvimento da criança, é notável o quão grande é o papel do professor no processo
educativo, visto que se a criança tiver problemas mais tarde, é muito improvável recuperar os
anos perdidos.
Portanto, prestar atenção nos mínimos sinais é o que pode auxiliar o professor a perceber
transtornos de aprendizagem na infância, lecionando de forma especializada.
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REFERÊNCIAS
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TELES, Paula. Dislexia. Como Identificar? Como Intervir? Artigo publicado na Revista
Portuguesa de Clínica Geral. 2004.
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RESUMO: Os Modelos de crescimento e seu uso em modelação ecológica: uma aplicação a uma
população de peixes (GAMITO,1998), consiste na comparação e análise descritiva entre os
modelos comumente usados por pesquisadores. Os modelos que geralmente utilizados em
pesquisa para descrever o crescimento populacional resulta da analisa e validação dos dados
empíricos aplicados a populações de peixes, mesmo que a adoção dos modelos possa apresentar
parâmetros parecidos no início e no final da pesquisa.Notadamente com a evolução
argumentativa da pesquisa entende-se de forma explicita a necessidade, ou a responsabilidade
que os futuros pesquisadores devem assumir diante das pesquisas, a autora de forma clara e
precisa registra e compara os modelos apontando para a reflexão e adoção de novas formas de
se entender a complexidade da temática. Por meio da comparação racional faz com que o leitor,
1 Sofia Gamito, Professora e Pesquisadora, UCTRA, University of Algarve, 8000, Faro, Portugal, autora do artigo:
Growth models and their use in ecological modelling: na application to a fish population.
2 Trabalho de conclusão da disciplina de Bio-sistemas do Programa de Segundo Ciclo: Mestrado Bioestatística e
Secretaria Municipal de Educação - Prefeitura de São Paulo e Professor de Matemática da Secretaria da Educação
do Estado de São Paulo.
Graduação: Licenciatura em Ciências Físicas e Biológicas com Habilitação em Matemática, Especialização em
Ciências e Tecnologia; Especialização em Educação Especial: Deficiência Intelectual; Aluno do curso de Pós-
Graduação Segundo Ciclo: Mestrado em Bioestatística e Biometria – Universidade Aberta de Portugal/ Portugal.
4 Professora Doutora Sônia Borges Seixas, Docente da Universidade Aberta de Portugal, Departamento de Ciências
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ABSTRACT: Growth models and their use in ecological modeling: an application to a fish
population (GAMITO, 1998) consists of the comparison and descriptive analysis of the models
commonly used by researchers. The models generally used in research to describe the population
growth results from analyzes and validation of empirical data applied to fish populations, even if
the adoption of the models can provide similar parameters at the beginning and end of the study.
Notably with the argumentative development of research means so explains the need, or the
responsibility that future researchers should take on the research, the author clearly and
accurately records and compares the models pointing to reflection and adoption of new forms to
understand the complexity of the subject. Through rational comparison makes the reader,
researcher, rebuild their conceptions of growth models and according (CORREIA, 2009), Dynamics
of Biological and Physiological Systems, the author develops methodological records the need for
studies with more complex because the models reduce the variables and expressionless
populations in its entirety.Certainlysome fish species using growth models usuallyemployed
satisfy the validation steps and adjustments, but for the people of gilt-head bream, researcher Dr.
Gamito shows have certain peculiarities. These features arestronglyargued in the article and by a
comparative method validates the context specifying appropriate adjustments to be made.
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para o sistema como um todo) e reducionista longo dos períodos ou estágios de vida das
(ser capaz de compreender o sistema de modo populações de peixes, o trabalho adota a
mais detalhado, em cada uma das suas partes comparação sistemática entre os modelos
(GOMES, 1993, p.13). comumente empregados na literatura,
Acredita-se que Modelagem Matemática desconstruindo de forma argumentativa a ideia
torna-se uma poderosa ferramenta tecnológica de menor número de variáveis ou causas,
na Pesquisa que possivelmente pode auxiliar contribuído assim para a reflexão (GAMITO,
para Análise das Estruturas Estatísticas. 1998), afirma sobre a importância da escolha
do modelo adequado, no qual as interações
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA com o meio ambiente estarão integradas.
The choice of an appropriate growth model
O artigo faz alusão e reflexão da importância
may be important if that model is to be
do cuidado com a construção de modelos
integrated in an ecological model, where
ecológicos em populações de peixes, a
interactions with the environment and other
construção de modelos populacionais em
organisms are also included. Growth models
biossistemas, ou seja, desperta a
and their use in ecological modelling: an
responsabilidade na construção efetiva desses
application to a fish population (GAMITO, 1998,
modelos que muitos casos os cientistas acabam
s.p).
por de considerar que um crescimento
A abordagem comparativa adotada no artigo
populacional possa ser reduzido apenas por
entre os modelos exponencial e os outros
algumas variáveis, bem sabemos que o
modelos, se dá de forma analítica, comparação
crescimento populacional está envolvido em
numérica e comparação gráfica, evidenciando
um todo complexo conforme afirma Correia,
assim fragilidades entre os Modelos adotados.
que gera ainda assim estágios regulares de
A juvenile population of S. Aurata, from an
desenvolvimento.
initial mean weight of 2 g to a final mean weight
Os sistemas biológicos têm múltiplos e
of approximately 217 g, was considered in the
intrincados caminhos de feedback que
simulations of an annual period of growth,
viabilizam a vida (GOMES, 1993, p.05).
according to different growth models... Growth
Analisando a literatura adotada observa-se
models and their use in ecological modelling:
explicitamente a responsabilidade que a autora
on the application to a fish population(GAMITO,
carrega junto ao trabalho quando demonstra
1998,s.p.).
preocupação em avaliar os diferentes tipos de
As limitações dos Modelos Crescimento
crescimento populacionais de peixes,
Exponencial Crescimento Restrito, Crescimento
modalidades ou assunto que encontra maior
Logístico, o Crescimento Parabólico, a Equação
envolvimento e conhecimento biológico.
de Von Bertalanffy, a Equação Gompertz,
Podemos também observar que preocupação
Mortalidade e Fatores Ambientais. A
em compreender as influências dos fatores
conceituação é clara, objetiva e incisiva em
externos, alimentação dos peixes, no processo
demostrar os valores teóricos metodológicos
de ganho de peso e ganho de medidas
de cada modelo e revelando a ineficácia
alométricas, bem como o processo se dá ao
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4. DEFINIÇÃO DE
CRESCIMENTO SAZONAL
De acordo com (LOPES, 2005), a criação de uma
Variação de peso de um indivíduo Sparus
aplicação para modelar o crescimento da
aurata ao longo de um ano (20-22 ºC)
dourada (Sparus Aurata) em aquacultura – João
Sollari Lopes, a temperatura influencia (SANTINHA, 1998).
diretamente na atividade dos peixes, regulando A análise e observação minuciosa do
no desenvolvimento corporal. crescimento dos peixes se faz necessário para
entender a complexidade dos estudos
realizados.
Curva de crescimento de uma amostra de
douradas ao longo de cerca de um ano e meio,
comparada com a curva de crescimento teórica
obtida pelo programa em C++. (LOPES, 2005)
5
Fonte: Revista sobre A pesca e a Aquicultura na Europa, n°59, dezembro de 2012.
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Simulation of total food consumption of a juvenile S. ao próprio processo de medição (por exemplo
aurata, during 1 year according to: (a) Exponential,
Restricted and Logistic growth; and (b) Parabolic, Von
erros de amostragem, flutuações associadas a
Bertalanffy and Gompertz growth, considering a constant mudanças ambientais imprevisíveis) e outra são
feeding of 2%, or a decreasing feeding from 5 till 2%. as complexidades inerentes à dinâmica da
população que, como já vimos, podem ser de
O gráfico de análise de Crescimento da natureza caótica. (GOMES, 1983)
População de Peixes Sparus aurata. Observado A teoria fuzzy foi apresentada em 1964 por
a longo prazo revela dinâmicas mais complexas Lotfi A. Zadeh, professor no departamento de
do que a mera representação de uma função engenharia elétrica e ciências da computação
exponencial. da Universidade da Califórnia, em Berkeley,
quando ele trabalhava com problemas de
classificações de conjuntos que não possuíam
fronteiras bem definidas (ou seja, a transição
entre os conjuntos é suave e não abrupta).
“Aplicação da Teoria de Conjuntos Fuzzy a
Problemas da Biomedicina,” (SUGENO, 1974,
s.p).
Não há exagero nas comparações, a
Crescimento da dourada (Sparus aurata) em aquacultura, elegância das demonstrações se dá de forma
(LOPES, 2005) propositivos indicando as causas das
diferenças, os possíveis furos, as abordagens
10. ANÁLISE HOLISTICA DOS nas conclusões, características do trabalho ou
em cada pesquisa.
RESULTADOS
Os modelos de crescimento e seu uso em
Podemos considerar que existem outras
modelação ecológica: uma aplicação a uma
formas outros modelos complexos e
população de peixes desperta não só interesse
sofisticados que podem dar conta de toda essa
mas a percepção da complexidade ou a
complexidade ecológica, efetuar previsões com
simplicidade dos estudos deve-se ao fato da
séries temporais (GOMES, 1993). O artigo não
abordagem utilizada na pesquisa. O seu
responde, não se limita com propostas ou
modelo por mais próximo que ele possa
teoria prontas, a pesquisadora incita a
representar a realidade ainda assim não
necessidade de futuras trabalhos com interesse
podemos desprezar as séries de interações que
em se aprofundar no tema.
ocorrem no local ou habitat.
Quando se pretende efetuar previsões a
partir de séries temporais de observações de
variáveis ecológicas (e.g. abundância de uma 11. DISCUSSÃO DOS
população ao longo dos anos) existem duas RESULTADOS
fontes de incerteza que, em geral, conferem um Interação do Artigo com a disciplina de
aspecto "ruidoso" às referidas séries e nos Biossistemas se fez presente na análise da
dificultam a tarefa. Uma são os erros associados
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A análise do estudo contribui de forma significativa para o conhecimento e para a
abordagem científica, por meio da análise de artigos de pesquisas feitas com populações de
peixes, tendo em vista a análise de crescimento sazonal conforme afirma (GOMES,1993).Períodos
esses em que a temperatura da água e a disponibilidade de alimento, causas interferem
diretamente sobre a reprodução dos peixes. Colaborando e fortalecendo a investigação das
verdadeiras causas, fatores, variáveis, adequados na construção de modelos de crescimento em
Modelação ecológica e aplicações adequadas.
A população tem então um equilíbrio cíclico, uma oscilação permanente, cujo período é
igual a duas unidades de tempo. (GOMES, p. 10).
O pesquisador antes de modelar de fazer qualquer prognóstico ou escrever qualquer tipo
de modelo, seja populacional, seja um modelo alimentar, modelo de crescimento físico ou
alométrico deve primeiramente conhecer toda a complexidade da vida do animal ou da espécie
em estudo, quais os parâmetros de maior impacto de menor impacto, no meio natural, como se
dá essa a dinâmica evolutiva e interativa buscando a construção de modelos de forma empírica e
se ainda não for suficiente empregar os modelos de crescimento habitualmente utilizados há
alternativas de pesquisas conforme afirma (GOLDBERGER e WEST,1993).
Outros autores (GOLDBERGER and WEST 1987), pelo contrário, encontraram evidência de
que os estados saudáveis têm uma natureza caótica, com uma aparente "aleatoriedade limitada",
rica de informações, enquanto o comportamento periódico, detectado em muitas patologias,
reflete perca de informação fisiológica e de variabilidade (GOMES, 1993, p. 10).
A leitura e da análise e interpretação do Artigo da pesquisadora Sofia Gamito, de acordo
com os Modelos de Crescimento e seu uso em Modelos ecológicos na Aplicação de Populações
de Peixes, desenvolve percepção da responsabilidade que pesquisadores devem assumir com
estudos que interagem com populações Ecológicas, biótico e abiótico, reforça a ideia de que o
pesquisador não pode de forma alguma desprezar as interações exercidas pelo meio, estudo da
modelagem de populações não se esgota e não se restringe a compilação de modelos de
crescimento somente, direciona a construção dos modelos Ecológico e suas aplicações para
estudos mais elaborados com complexidade.
Podemos considerar que existem outras formas outros modelos complexos e sofisticados
que podem dar conta de toda essa complexidade ecológica, efetuar previsões com séries
temporais (GOMES, 1993). O artigo não responde, não se limita com propostas ou teoria prontas,
a pesquisadora incita a necessidade de futuras trabalhos futuros com interesse em se aprofundar
no tema.
Quando se pretende efetuar previsões a partir de séries temporais de observações de
variáveis ecológicas (e.g. abundância de uma população ao longo dos anos) existem duas fontes
de incerteza que, em geral, conferem um aspecto "ruidoso" às referidas séries e nos dificultam a
tarefa. Uma são os erros associados ao próprio processo de medição (por exemplo erros de
amostragem, flutuações associadas a mudanças ambientais imprevisíveis) e outra são as
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complexidades inerentes à dinâmica da população que, como já vimos, podem ser de natureza
caótica (GOMES, 1993, p. 18.).
Por intermédio das discussões coletivas na unidade curricular, e do material
disponibilizado, na plataforma, em desenvolvimento da aprendizagem, biossistemas², Unidade
Curricular do Mestrado em Bioestatística e Biometria, identificou algumas modalidades de
pesquisas emergentes Lógica Fuzzy e Teoria do Caos.
A teoria fuzzy foi apresentada em 1964 por Lotfi A. Zadeh, professor no departamento de
engenharia elétrica e ciências da computação da Universidade da Califórnia, em Berkeley, quando
ele trabalhava com problemas de classificações de conjuntos que não possuíam fronteiras bem
definidas (ou seja, a transição entre os conjuntos é suave e não abrupta(SUGENO, 1974)
Não há exagero nas comparações, a elegância das demonstrações se dá de forma
propositivos indicando as causas das diferenças, os possíveis furos, as abordagens ou nas
conclusões, características do trabalho ou em cada pesquisa.
Os modelos de crescimento e seu uso em modelação ecológica: uma aplicação a uma
população de peixes desperta não só interesse, mas a percepção que por mais complexa ou mais
simples pesquisa, devemos considerar a abordagem utilizada na pesquisa. O seu modelo por mais
próximo que ele possa representar a realidade ainda assim não podemos desprezar as séries de
interações que ocorrem no local ou habitat.
ASPECTOS POSITIVOS
A análise do artigo da Professora e Dra. Gamito em concordância da Unidade Curricular de
Bio-sistemas despertou no contexto profissional responsabilidades e habilidades não
presenciadas anteriormente. Tendo em vista o fascínio sobre Modelagem Matemática de
Sistemas Biológicos, não havia alcançado, de forma holística, a grandeza e responsabilidade do
profissional pesquisador em Bio-sistemas. Geralmente as unidades curriculares solicitam ao aluno
a confecção de artigos, neste momento, ocorreu o inverso, fora solicitado pela Professora
Doutora Sónia Seixas a Análise Crítica do Artigo, o que causou estranheza inicial não tendo
desenvolvido a prática da Análise em sua plenitude.
Tornou-se claro e evidente, a atuação em Bio-sistemas, a prática da leitura e análise
investigativa de autores que sejam referência na área, desenvolveu assim habilidades de
investigação, pesquisa e estudo.
A tomada de decisão, que em muitos casos torna-se laço de confusão, é outra habilidade
a ser desenvolvida e apropriada para o profissional da área, é apresentada pela pesquisadora com
articulações precisas e gradativas, pois defini qual o caminho do trabalho.
Inicialmente havia escrito a análise valorizando os aspectos holísticos, contudo
esquecendo-se da unidade, o crescimento de peixes dourada, outra ênfase de grande importância
adquirida.
Acesso a uma variedade de artigos científicos da área com metodologias variadas e
assuntos diversos.
A leitura do referencial teórico, na primeira semana, não havia feito esta análise, e
mediante os prazos retomei o artigo, assim pude comprovar que a leitura do Artigo com
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conhecimentos prévios é diferente da leitura do Artigo com busca do referencial teórico. Esta
segunda muda toda a análise de reflexão e entendimento. Pois a leitura do artigo somente nos
leva em muitos casos visão superficial e desconexa.
Apresentou de forma integral as formas da Construção do Conhecimento, pois levou a
busca de informações com relevância cientifica profissional de pesquisa da área em bio-sistemas.
ASPECTOS NEGATIVOS
Acesso ao referencial teórico e aos livros utilizados no artigo de análise teve prazo
reduzido tornou-se inviável a obtenção de literatura de base, contudo ficou como sugestão paras
a próximas pesquisas (livros);
O acesso a b-on, biblioteca do conhecimento online esteve inviabilizada, havia perdido a
senha e não consegui o tempo adequado para reportar a biblioteca, utilizando outros meios de
busca;
O acesso ao Google Acadêmico é uma alternativa, contudo restrita, a maioria dos
referenciais não estão disponibilizados virtualmente;
Existe na plataforma web material sugestivo e com forte argumentação demonstrativa,
contudo muitos foram descartados por não apresentarem autoria e referencial bibliográfico, que
pode levar o pesquisador a contradições;
Realizando busca exploratória, pode-se concluir que a disciplina ou unidade curricular de
Bio-sistemas é pouco utilizada nos cursos de graduação e pós-graduação, busca simples e em
algumas universidades do Brasil, e mesmo analisando o curso de Engenharia em Bio-sistemas, o
enfoque é outro, geralmente adota-se a versão em sistemas mecânicos.
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REFERÊNCIAS
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LOPES. João Sollari. Criação de uma Aplicação para Modelar o Crescimento da Dourada
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WINBERG, G.G., 1971. Methods for Estimation of Production of Aquatic Animals. Academic
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646
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
RESUMO: Há muitos benefícios que a música proporciona para as crianças à medida que elas
continuam a crescer. Os benefícios que as crianças pequenas adquirem por meio da música
incluem habilidades sociais, habilidades de autorregulação emocional, benefícios cognitivos e
benefícios físicos. Socialmente, as crianças têm a oportunidade de aprender como se revezar e
brincar com os outros enquanto ainda tocam individualmente, por exemplo, um bando de
pequenos músicos, cada um tocando seu instrumento, mas ainda observando o grande quadro
de brincar com um grupo de amiguinhos também. A música também permite uma transição suave
durante as atividades diárias, seja em casa ou em sala de aula, as crianças têm a ideia da atividade
a seguir. Permitir que as crianças brinquem com outras pessoas, incluindo adultos ou irmãos mais
velhos, também lhes dá um impulso de autoestima. Além disso, músicas diferentes mostram às
crianças as diferentes palavras usadas para emoções e consciência corporal, além de ampliar seu
vocabulário em geral. Além disso, ao estender o vocabulário das crianças, elas também podem
aprender sobre diferentes linguagens e músicas culturais, para alguns o benefício de integrar o
lar em seu ambiente de prestação de cuidados.
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não devem deixar seus filhos brincando Sabemos que, as categorias movimento e
sozinhos com música ao fundo e assumir que contradição são essenciais para a explicação
isso estimulará automaticamente o dos fenômenos. Deste ponto de vista,
desenvolvimento. A interação é crucial. O entendemos que o desenvolvimento humano
envolvimento com a música pode melhorar a envolve, em um movimento contínuo, duas
autopercepção de uma criança apenas se ela forças que, apesar de contraditórias e
proporcionar uma experiência de independentes da perspectiva do senso
aprendizagem positiva e recompensadora. No comum, estão essencialmente inter-
presente artigo buscaremos enfatizar pontos relacionadas.
que sejam importantes para o desenvolvimento As esferas do desenvolvimento – natural e
infantil na escola por meio do uso dos estímulos cultural – coincidem e se fundem uma na outra.
musicais, para tanto conversaremos As mudanças que ocorrem em ambos os
bibliograficamente com autores que darão domínios intercomunicam e constituem, de
sustentação as nossas argumentações. fato, um processo único de formação social e
biológica da personalidade de uma criança.
FORMAÇÃO DA CAPACIDADE À medida que o desenvolvimento orgânico é
produzido em um domínio cultural, ele passa a
SENSORIAL DA CRIANÇA ser um processo biológico historicamente
O nascimento de todas as crianças condicionado. Ao mesmo tempo, o
representa um grande desafio para todos que desenvolvimento cultural adquire um caráter
são responsáveis por seus cuidados e educação. muito peculiar que não se compara a nenhum
Simultaneamente, representa a renovação da outro tipo de desenvolvimento, pois é
esperança de homens e mulheres, porque uma produzido simultaneamente e em conjunto
nova oportunidade para alcançar a plena com o processo de maturação orgânica, e
humanização dos indivíduos nascidos com ele porque o que tem tal caráter é o corpo mutante
também, com a consolidação das capacidades em crescimento e amadurecimento da criança.
práticas, intelectuais e artísticas, afetividade, Perceber a influência entre fatores biológicos
todos constituídos em sua integração à vida e sociais, atribuindo ao desenvolvimento
social e expressos em seu modo singular de ser, cultural o poder de interferir na formação de
sentir e agir. capacidades especificamente humanas, que
Os sons preenchem cada minuto do dia e as chama de funções psíquicas superiores, tem
pessoas vivem imersas num mundo de implicações diretas na maneira de ver o
vibrações sonoras, cujos apelos produzem trabalho pedagógico. Assim, entendemos que,
nelas, efeitos diferenciados dos outros como professoras, podemos fazer algo sobre o
estímulos sensoriais”. Isso se deve ao fato de desenvolvimento infantil, organizando espaços
que a música “fala ao mesmo tempo ao e tempos, estabelecendo relações e propondo
horizonte da sociedade e ao vértice subjetivo experiências envolventes e enriquecedoras
de cada um, sem se deixar reduzir às outras para o repertório cultural das crianças, para que
linguagens (WISNICK, 1989, p. 12). elas possam desenvolver atividades com
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partes do corpo, aprendem quando uma nota é com vocabulário e compreensão. Os princípios
alta ou baixa, e aprendem a escrever ou da matemática, como as frações, podem ser
reconhecer notas musicais por meio de jogos. aprendidos estudando as bússolas e os ritmos
Em geral, os professores de música para da música. Ensiná-los músicas de diferentes
crianças trabalham com o desenvolvimento da períodos ensina-os sobre a história. Os
voz, o contato com as fontes sonoras por meio objetivos da educação musical e
de diversos materiais: objetos e instrumentos, desenvolvimento cognitivo incluem melhorar
reconhecimento e representação do som em as habilidades de escuta e aprender novas
relação à sua duração, intensidade, altura, palavras e conceitos.
timbre, desenvolvimento da percepção Pelo desenvolvimento de atividades
auditiva, bem como o uso do movimento como orientadas, como desenho, jogos de
meio de expressão e sensibilização motora, construção, aplicação, modelagem, trabalhos
visual e auditiva, para conhecer o próprio manuais, tarefas musicais, é que ocorre o
corpo, desenvolver o sentido rítmico e desenvolvimento de ações perceptivas. Ao
fomentar as relações sociais. A partir dos 6 anos perceber os objetos da realidade circundante, a
de idade, eles geralmente vão da iniciação criança aprecia cores, formas, tamanho, peso.
musical ao treinamento musical em que a Possibilitar a aprendizagem da percepção
criança faz contato direto com o instrumento. estética é formar na criança capacidades não
apenas de enumerar objetos e figuras
FUNDAMENTAÇÃO DO USO DA desenhadas, mas de captar o tema, observar
quadros, produzindo, por meio de vivências
MÚSICA EM SALA DE AULA estéticas, percepções em relação à cor e suas
A música é frequentemente usada em salas combinações, ritmo e elementos da
de aula e ambientes de ensino, mesmo quando composição (LAZARETTI, 2016, p. 138).
este não é o assunto da aula. Usar música ao Atividades musicais também ajudam o
mesmo tempo em que as crianças são desenvolvimento social e emocional das
ensinadas pode ajudá-las a alcançar muitos crianças. Muitas das atividades que usam a
objetivos, incluindo melhorar a interação social música envolvem a participação em grupo, de
cooperativa, aprender conceitos educacionais e modo que as crianças aprendem a interagir e
desenvolver a coordenação motora. cooperar umas com as outras durante certas
A música pode melhorar a experiência de atividades musicais, atividades de música e
aprendizado, já que é uma atividade divertida e movimento, são particularmente úteis para
motivadora. Usar ritmo e rima pode ajudar a alcançar os objetivos nessa área. Atividades
memória e, além disso, muitas músicas musicais e dança também ajudam as crianças a
possuem recursos mnemônicos. Por exemplo, se tornarem conscientes de suas emoções e
muitas pessoas aprendem o alfabeto cantando formas saudáveis de expressar seus
a música ABC. Bater palmas ou definir o ritmo sentimentos, de modo que os objetivos dessas
das palavras pode ajudar na consciência atividades são promover a expressão criativa e
fonológica. Aprender letras de músicas ajudará saudável e a cooperação em grupo.
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sensível de sua personalidade para a vida próprio ritmo e o da música. Com seis anos, a
adulta. sincronização do ritmo corporal com a da
música será mais eficaz.
EXPRESSÃO CORPORAL E Algumas considerações didáticas do ritmo
dependem do movimento natural da criança,
MUSICALIDADE NA EDUCAÇÃO que será um ponto de partida no trabalho do
INFANTIL ritmo musical. Por intermédio do exercício
Possuir e sentir o ritmo são algo muito rítmico, especificado nas músicas, a
natural no ser humano para que esteja regularidade da pulsação será alcançada.
presente na maioria dos jogos infantis. O ritmo A música está presente em diversas
tem o valor de ser um regulador admirável dos situações da vida humana. Existe música para
centros nervosos, facilitando a relação entre as adormecer, dançar, chorar os mortos e
ordens do cérebro e sua execução pelas partes conclamar o povo a lutar, o que remonta a sua
do corpo. A precisão rítmica depende da função ritualística. Presente na vida diária de
capacidade da criança de dirigir, enquanto a alguns povos, ainda hoje é tocada e dançada
favorece, é um processo lento que deve ser por todos, seguindo costumes que respeitam as
progressivamente trabalhado. festividades e os momentos próprios de cada
O ponto de partida para a educação do ritmo manifestação musical. Nesses contextos, as
deve ser o corpo, tornando a maturação crianças entram em contato com a cultura
motora um fator determinante na capacidade musical desde muito cedo e assim começam a
de expressar ritmos diferentes. Nesse sentido, aprender suas tradições musicais (RENATO,
podemos afirmar que a verdadeira base do 1998, p.47).
ritmo é encontrada no movimento do corpo. O ritmo é, portanto, o elemento da música
Levando em conta, o desenvolvimento psico- que mais afeta a sensibilidade das crianças e é
evolutivo da criança, descobrimos que o ritmo por meio do movimento que a criança percebe.
ocorre desde a mais tenra infância, já que o O trabalho do ritmo divide-se em vários
sujeito é entregue a atividades de equilíbrio aspectos: Ritmo motor com ou sem som (Ritmo
rítmico, ajuste de objeto ou sincronização. Se corporal) e Ritmo musical (pulsação e figuras
fizermos um eixo cronológico, verificamos que: musicais). Esses aspectos são trabalhados ao
Depois de um ano e meio, a criança é capaz mesmo tempo.
de usar todo o seu corpo para responder à Por outro lado, as canções motoras
música ritmicamente. Por dois anos, suas constituem os meios pelos quais as duas áreas
habilidades motoras estão respondendo ao do conhecimento, a educação física e musical,
fenômeno musical batendo com os pés e são sintetizadas. O ritmo tratado pelas canções
balançando a cabeça. Com quatro anos a apresenta seus dois aspectos mais
criança adquire maior controle motor das significativos: o ritmo e o movimento, o ritmo e
extremidades inferiores. Aos cinco anos, a a palavra. Seguindo o espírito da reforma
maturação começa no desenvolvimento educacional, uma metodologia baseada na
musical da criança, começando a coordenar seu ação e globalização é apresentada como
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
As atividades de expressão corporal requerem um desenvolvimento harmonioso do
movimento no qual o ritmo interno da pessoa deve ser manifestado. O objetivo principal é
promover o gesto como forma de expressão, sem que isso signifique negar a expressividade da
criança em outras formas de atividade física.
A criança pode expressar por meio do movimento do corpo: subjetividade, idéias, emoções
e sentimentos. Subjetividade, porque a criança deve ter a espontaneidade dos movimentos,
evitando o uso de gestos convencionais e aprendidos. São propostas atividades nas quais devem
comunicar emoções, sentimentos, identificando-se emocionalmente com a situação. Ideias: a
criança por meio do seu corpo pode comunicar um pensamento ou um significado, a sua
linguagem gestual é estimulada, propondo que ele representa uma ideia por meio do seu corpo.
Para expressar sentimentos, emoções e ideias em crianças, precisamos capacitá-las a
conhecer seu corpo, liberar segmentos corporais cujo movimento é significativo e enfatizar uma
área específica do corpo. Devemos, portanto, propor nossas atividades para que a expressão
corporal, o conhecimento e a consciência corporal progridam em paralelo.
Devemos também entender que respeitar a espontaneidade e os movimentos da criança
não significa que ela deva se mover livremente de acordo com sua inspiração. O movimento
natural da criança será um ponto de partida no trabalho do ritmo musical.
Por intermédio de exercícios rítmicos, jogos e músicas, a regularidade da pulsação será
alcançada andando ou batendo palmas. Há também uma coordenação de movimentos com ou
sem deslocamento.
Esses aspectos são trabalhados praticamente ao mesmo tempo, mas no estágio infantil os
mais importantes seriam a conscientização e internalização da própria pulsação e a capacidade
de sincronizá-la com diferentes estímulos e em diferentes velocidades. É preferível que estes
movimentos possam ser acompanhados de ritmo e melodia e, desta forma, podemos obter
velocidades diferentes, bem como nuances e outras variantes.
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REFERÊNCIAS
GODOI. Luis Rodrigo. A Importância da Música na Educação Infantil. Trabalho de Conclusão
de Curso - Universidade Estadual de Londrina, Londrina (PR), 2011. Disponível em:
http://www.uel.br/ceca/pedagogia/pages/arquivos/LUIS%20RODRIGO%20GODOI.pdf .Data de
Acesso:11/03/2020.
Lazaretti, M. L. (2016). Idade pré-escolar (3-6 anos) e a educação infantil. In Martins, L. M.,
Abrantes, A. A., & Facci, M. G (Org.), Periodização histórico-cultural do desenvolvimento
psíquico: do nascimento à velhice (pp.13-34). Campinas, SP: Autores Associados.
WISNIK, José Miguel. O som e o Sentido: uma outra história das músicas. São Paulo:
Companhia das Letras, 1989.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A questão de porque as crianças estão prontas para jogar e aparentemente incansáveis é
frequentemente justificada pelas experiências acumuladas no cursos das vivências. Isso significa
um estado mental positivo que surge quando se está totalmente focado em uma atividade,
absorvido por ela, desse modo sujeito a perder a noção de tempo. Tal estado de espírito se instala
quando se refere a requisitos que estão de acordo com as próprias habilidades, pode-se, dessa
forma apresentar um novo desafio, mas ao mesmo tempo tem a tendência de ser controlado pelo
incentivo que surge intrinsecamente das próprias ações e que não é determinado pelo resultado
da ação.
Outra justificativa para mostrar que o brincar é a forma mais importante de apropriação
mundial e, portanto, também o motor do desenvolvimento infantil que resulta das necessidades
básicas humanas que guiam a percepção e a ação, a necessidade de apego, o relacionamento, a
necessidade de orientação, o controle, a autonomia, a necessidade de autoestima e a necessidade
de preservação do prazer. Quando as necessidades básicas, que são independentes e iguais umas
às outras, são satisfeitas nas ações lúdicas, uma sensação resulta de uma consistência e bem-
estar.
Ainda em tenra idade, as crianças vêm adquirindo ativamente experiências valiosas,
adquirindo muitas habilidades e formando, cada vez mais, consciência de sua própria identidade.
Neste contexto, os jogos educativos oferecem áreas de experiência nas quais lidam com os
requisitos que eles ainda não conseguem enfrentar na realidade. O enfrentamento da realidade
por meio dos jogos pode ocorrer de três formas: a reprodução da realidade, a transformação da
realidade e a mudança da realidade. Comparado com as atividades cotidianas, o jogo garante às
crianças uma certa zona de proteção, uma sala de manobra que garante o autodesenvolvimento
individual sem perturbações, como jamais seria de outra forma.
No nível real, os riscos podem ser tomados sem medo de consequências na realidade.
Habilidades podem ser testadas e desenvolvidas. No jogo, não apenas o teste de auto
pertencimento, mas também a experiência de novas competências, avançadas são possíveis, cada
um representando experiências de aprendizagem e contribuindo para o desenvolvimento do ser.
As crianças se sentem no jogo como competentes e auto eficazes, porque determinam sua própria
experiência em espaços de aprendizagem que o lúdico proporciona.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental.
Referencial curricular nacional para a educação infantil: formação pessoal e social.
Brasília: MEC/SEF, v.01 e 02.1998. 85p.
MALUF, Angela Cristina Munhoz. Atividades lúdicas para a educação infantil: conceitos,
orientações e práticas. 2 Ed. Petrópolis, RJ: vozes, 2009(a).
OLIVEIRA, Vera Barros de (org). O brincar e a criança do nascimento aos seis anos.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.
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ARTE E EDUCAÇÃO
Marilda José Coelho1
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foi dado espaço para as demais linguagens precisa ter seus potenciais e sua capacidade de
artísticas como dança, música e teatro. criação valorizados. O professor para ensinar
São características desse novo marco arte precisa apreciar e fazer arte, não se pode
curricular as reivindicações de identificar a área falar daquilo que não conhece, por isso se faz
por ARTE e não mais por educação artística e necessário que o professor esteja preparado.
de incluí-la na estrutura curricular como área
com conteúdos próprios ligados à cultura O PROTAGONISMO ARTÍSTICO
artística e não apenas como atividade (BRASIL,
Nos últimos anos os alunos deixaram de ser
1997, p.25).
meros espectadores e passam a ter um papel
A arte neste momento deixa de ser uma mais ativo dentro das instituições, passaram a
atividade isolada e passa a ser reconhecida ter uma participação cada vez mais efetiva e
como área de conhecimento e trabalho com as assim surge o protagonismo infantil, a criança
várias linguagem visando a formação artística e passa a fazer parte das tomadas de decisões,
estética dos alunos participa do planejamento, e faz parte de todo
o processo de construção, criando assim maior
DESPERTANDO O DESEJO PELA autonomia e responsabilidade. E é assim
ARTE também no protagonismo artístico a criança
deixa de seguir regras de seguir modelos pré
Aprender arte envolve ação em distintos
estabelecidos e passa a ter liberdade para
eixos de aprendizagem: fazer, apreciar e refletir
expressar por meio de suas atividades com
sobre a produção social e histórica da arte,
pintura dança, músicas e teatros seus
contextualizando os objetos artísticos e seus
sentimentos e emoções, por meio de atividades
conteúdos Para que se possa apreciar, refletir e
artísticas a criança percebe acontecimentos do
contextualizar é fundamental que o professor
seu cotidiano, interfere nos acontecimentos,
se apresente como aquele que organiza,
criando senso crítico capaz de interferir no
prepara, propõe, incentiva e nutre seu aluno
futuro da sociedade. A criança é um ser
para que ele continue seu caminho.
pensante, suas produções são carregadas de
O interesse por arte não necessariamente
significados. Ela cria por meio de suas
precisa partir diretamente do aluno, mas sim
observações e vivencias, tem uma forma de ver
das aulas motivadas e preparadas pelo
o mundo e por isso precisa de liberdade,
professor, o aluno precisa sentir que o
incentivo, tempo e material para produzir. Suas
professor acredita no seu potencial e que suas
linguagens, escrita, falada, gráfica, plástica,
expectativas em relação a ele é positiva, por
teatral, corporal e musical expressa na verdade
isso se faz necessário que o conteúdo da aula
sua realidade. Neste contexto a arte esperta a
valorize a cultura, o cotidiano do aluno. O
criatividade, desenvolve autonomia, gera
ambiente também é importante neste
confiança, segurança, reflexão,
processo, pois precisa esta interessante,
comprometimento social e possibilita
aconchegante e oferecer materiais necessário
intervenções futuras no contexto social,
para a criação do aluno. Também é importante
contribuindo assim para um futuro melhor.
que o aluno tenha espaço e tempo para
experimentar, explorar, interpretar e criar, ele
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
É importante refletir sempre sobre a arte e seu percurso na Educação, percebendo o
contexto de cada acontecimento e mudança e buscando o conhecimento sobre a atualidade,
levando sempre em conta a necessidade atual, como o papel do professor na valorização da arte
na Educação e a capacidade do educando de atuar com O protagonismo do fazer artístico e com
o desejo de sempre aprender. Estas reflexões e acontecimentos nos remete a continuarmos nosso
trajeto em busca dos campos que conceituam a arte e a cultura na construção do saber.
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REFERÊNCIAS
BARBOSA, Ana Mae Tavares Bastos (org). Inquietações e Mudanças no Ensino da Arte. São
Paulo: Cortez, 2002.
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RESUMO: O trabalho com as linguagens artísticas tem que ser considerado pleno, pois nos dá
uma dualidade, por agir como uma ferramenta de ensino e ao mesmo tempo de entretenimento,
na qual a fruição de sua execução proporciona as crianças uma forma lúdica de aprendizado.
Podendo elencar as disciplinas de forma mais prazerosa e inseri-las no conhecimento histórico
humano, contribuindo para um melhor aproveitamento dos conteúdos. Nesse sentido, partimos
do pressuposto que a dança como linguagem da arte, deve ser aplicada como forma de expressão
na educação infantil, por apresentar de forma lúdica os conhecimentos a criança, dando
possibilidade para uma maior interação com as diversas formas de conhecimentos, sendo um
instrumento de ensino que auxilia e possibilita a descoberta de novos saberes amplificando as
possibilidades da criança, promovendo um novo fôlego nas dimensões educacionais, por ser uma
manifestação inata do indivíduo, por dar liberdade ao ser, trabalhando de forma mais simplória o
movimento e o reconhecimento corporal entre outros saberes, aprimorando suas noções rítmicas
e espaciais. Rebuscando as relações dentro da escola afim de fornecer um processo de
humanização efetivo das relações de aprendizagem.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao praticar o domínio das linguagens artísticas a criança internalizará uma capacidade de
representação, para ordenar e definir seus conhecimentos, criando uma afinidade e sensibilidade
que desenvolverá uma consciência, trazendo mudanças para a sua formação.
As diferentes manifestações artísticas construirão uma consolidação na criatividade da
criança, por trazer embutida constantes inovações necessárias para um processo de ensino-
aprendizagem de qualidade. Tornando acessível a criança uma interpretação, criando uma
interação que integra os diversos conhecimentos para que assuma com propriedade o mundo
real com o imaginário.
Por meio da dança a criança expressará suas capacidades sensoriais, rítmicas, dramaturgas
e motoras, passando a ser compreendida como ser que produz um conhecimento significante
para o processo de troca de saberes com os seus familiares, professores e sociedade. Este
conhecimento traz mudanças, que influem no sujeito em diversos níveis, tirando as limitações
que outrora enclausurava a expressividade, tirando do indivíduo a capacidade de se renovar,
comunicar e refletir.
A criança alargará sua capacidade de criar, internalizando os aspectos imaginativos,
atribuindo uma nova gama de artifícios que trará consigo novos traços coordenados que
simbolizará a sua consciência e auto - crítica, sob as concepções das linguagens artísticas.
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REFERÊNCIAS
BARBOSA, A. M. Pesquisas em Arte-Educação: recorte sociopolítico. Revista Educação &
Realidade, v. 30, n. 2, 2005.
FRANZ, T.S. KUGLER; KUGLER, L. M. Educação para uma compreensão crítica da arte no
ensino fundamental: finalidades e tendências. Da Pesquisa–Revista de investigação em
artes, v. 1, n. 2, 2004.
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vivemos. Tal situação ocorre porque as respostas emocionais estão ligadas não só ao passado
evolucionista, mas também ao passado pessoal e ao presente que ditará o futuro.
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Segundo Darwin (2009, apud, SIM, 2014, p. humanos só saberiam agir de forma impulsiva,
24), as emoções são operações mentais excitável, eufórica, episódica e sem
acompanhadas de uma experiência interior planejamento. Eis a razão por que o cérebro
característica e subjetiva, capaz de orientar o humano integra inúmeros e complexos
comportamento e realizar alterações processos neuronais de produção e de
fisiológicas como expressões faciais e regulação das respostas emocionais (FONSECA,
movimentos corporais, além de suor, 2016, p.366).
taquicardia, etc. Charles Darwin foi o primeiro a Segundo António Damásio (2000):
constatar que tanto em homens quanto em as emoções têm função social e papel
animais, as expressões comportamentais de decisivo no processo da interação. As emoções
emoções são inatas, podendo ser as emoções são adaptações singulares que integram o
positivas ou negativas relacionadas ao bem mecanismo com o qual os organismos regulam
estar do sujeito (DARWIN, 2009, apud, SIM, sua sobrevivência orgânica e social. Em um
2014, p. 24). nível básico, as emoções são partes da
É importante ressaltar que as emoções regulação homeostática e constituem-se como
raramente ocorrem de forma isolada ou de um poderoso mecanismo de aprendizagem. Ao
forma pura. Aquilo a que estamos reagindo longo do desenvolvimento, “as emoções
muitas vezes muda rapidamente no ambiente; acabam por ajudar a ligar a regulação
o que nos lembramos de e imaginamos a homeostática e os ‘valores’ de sobrevivência a
respeito da situação pode mudar; pois nossas muitos eventos e objetos de nossa experiência
avaliações mudam e podemos ter um afeto autobiográfica” (DAMÁSIO, 2000, p. 80).
sobre afeto. Em geral, as pessoas vivenciam um As emoções fornecem aos indivíduos
fluxo de respostas emocionais, porém, nem comportamentos voltados para a sobrevivência
todas iguais. Às vezes, as emoções podem estar e são inseparáveis de nossas ideias e
separadas por alguns segundos, de modo que sentimentos relacionados a recompensa ou
algumas das respostas iniciais chegam ao fim punição, prazer ou dor, aproximação ou
antes do começo das novas. Outras vezes, as afastamento, vantagem ou desvantagem
emoções ocorrem num tempo concomitante, pessoal etc (SANTOS, 2007, p. 175).
misturando-se (EKMAN, 2011). No entanto, evidência empírica atual
As emoções fazem parte da evolução da demonstra que a família é um dos contextos
espécie humana e, indiscutivelmente, do sociais mais importantes na vida de
desenvolvimento da criança e do adolescente, adolescentes. De maneira peculiar, os pais
constituindo parte fundamental da continuam a ser importantes agentes de
aprendizagem humana. Sem ordenar de socialização emocional e desempenham um
funções de auto regulação emocional, a história papel decisivo no sentido de facilitar ou
da Humanidade seria um caos, e a promover o desenvolvimento (BARIOLA, et al.,
aprendizagem da criança e do adolescente, um 2011; MORRIS, et al., 2007, apud, SILVA;
drama indescritível, as emoções tomariam FREIRE, 2014, p. 191). Ao comparar com o afeto
conta das funções cognitivas e os seres que foi experimentado, por exemplo, noutros
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consciência dos mesmos pelo indivíduo. Dessa se manifestam. Segundo Dantas (1992b: 85), a
maneira, pode-se afirmar que a emoção é emoção é ao mesmo tempo social e biológica
visível, através das modificações que ocorrem em sua natureza, pois realiza a transição entre
na mímica e na expressão facial o estado orgânico do ser e a sua etapa
(ALEXANDROFF, p. 39; 40). cognitiva, racional, que só pode ser atingida
As emoções serão, portanto, sempre através da mediação cultural, isto é, social
acompanhadas de reações neurovegetativas (BEZERRA, 2006, p. 21).
(aceleração do batimento cardíaco, mudança É importante salientar que existem
na respiração, secura na boca, perturbações concordâncias com as contribuições de Wallon
digestivas) e expressivas (alterações na enunciadas por DANTAS (1992a) em seu
postura, na mímica facial, na forma de trabalho, quando afirma que a escola comete
expressar os gestos). Por serem acompanhadas erros porque desconhece as várias fases de
de modificações exteriores, as reações desenvolvimento da mente humana; e erra
expressivas são altamente contagiosas e também, por não conhecer conteúdos culturais
mobilizadoras do comportamento do outro, que possam contextualizar concretamente os
pois “em todo arrebatamento emotivo, o alunos, e persiste no erro ainda mais, por
indivíduo extravasa de certa forma a sua desconhecer as histórias de vida de cada um.
sensibilidade. Suas reações emotivas Não que seja suficiente conhecer o universo
estabelecem entre o eu e o outro uma espécie cultural de convívio e sociabilidade dos
de ressonância e de participação afetivas” indivíduos, sobretudo das crianças, mas com
(WALLON, 1995, p. 164). certeza é indispensável para efetivar uma
Por isso, elas predominam no primeiro ano escolarização mais coerente perceber esta
de vida do bebê, e as atitudes modeladas pelo dimensão da realidade humana.
outro se constituem nas primeiras maneiras de Foi constatado que, quanto à interação
expressão (ALEXANDROFF, p. 39; 40). afetiva professor/aluno no processo de ensino
Por isso, é possível afirmar a partir das ideias aprendizagem Wallon considera a afetividade
de Wallon(1982), que a sociedade interfere no de especial relevância, uma vez que a tendência
desenvolvimento psíquico da criança, por meio intelectualista, generalizada na escola na
de suas experiências consecutivas e das atualidade, parece ignorar os determinantes
dificuldades – ou não – para vencê-las, já que afetivos e emotivos do pensamento e da
ela – a criança – depende para viver e conduta do aluno (BEZERRA, 2006, p. 24).
sobreviver durante muito tempo dos adultos Dessa maneira, outras estratégias de
que a cercam (BEZERRA, 2006, p. 21). enfrentamento incluem conhecer seus pontos
Dessa forma, a emoção ocupa um lugar frágeis e tentar prever as consequências de
importante nas concepções psicogenéticas de seus atos para evitar comportamentos
Wallon(1982), pois para ele a emoção é vista impulsivos indesejados. Assim, é possível
como instrumento de grande importância para buscar outras formas de se expressar, bem
a sobrevivência da espécie humana e por sua como socializar, regular emoção e, até mesmo,
vez também da afetividade, na qual as emoções “descarregar a raiva”, como por meio de
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esportes ou também nas atividades artísticas. que crianças emocionalmente inteligentes são
Ao encontrar uma atividade na qual tenha mais prováveis de ter relações sociais positivas.
destaque, o jovem se sente, também, mais Segundo esse autor, ainda se a criança possuir
autoconfiante e realizado, motivando-se para competências de regulação emocional, estas
outros planos no futuro (FONDELLO, 2018, p. influenciaram o seu bem-estar social (OLIVEIRA,
03). 2008, p. 51).
A aprendizagem ocorre a partir de situações No caso da falta de recursos adequados para
que intercomunicam afetividade com enfrentar as tarefas nucleares do
intelectualidade. Godoy (1997, p.35), desenvolvimento, além de ter que lidar com as
estabelece a importância de alguns elementos exigências cotidianas poderá colocar o
que possibilitam a aprendizagem tais como: o adolescente em situação de vulnerabilidade e
autoconhecimento, a autonomia e a auto exposto ao sofrimento psicológico
regulação da conduta. Mas a autoestima é sem (DRYFOO,1990,1997; SNOW,1985, cit. In,
sombra de dúvida um dos elementos mais BIZARRO, 1999, apud, NUNES, 2011, p. 11).
importantes para facilitar o processo de A OMS (2011), calcula que em cada ano,
aprendizagem do indivíduo. Segundo Bean, et cerca de 20% dos adolescentes apresentam
al (1995), a autoestima afeta a aprendizagem. problemas de saúde mental, frequentemente
Pesquisas realizadas tomando como foco da depressão (KLEIN, DURBIN, & SHANKMAN,
análise a autoimagem e a relação com o 2008) ou ansiedade (VAN OORT, GREAVES-
desempenho escolar mostra forte relação entre LORD, VERHULST, ORMEL, & HUIZINK, 2009).
afetividade e a capacidade de aprendizagem de Esta prevalência de sintomatologia está
adolescentes e crianças. Em geral, aprende possivelmente relacionada com o esforço
mais rápido e com mais facilidade o aluno que adaptativo que o adolescente tem de
está bem afetivamente. Seu desempenho empreender para resolver os desafios próprios
tende a ser efetivamente positivo, pois a deste momento do seu desenvolvimento.
autoestima elevada leva a uma ação sobre a Apenas relativamente à ansiedade é que se
realidade mais firme e convicta (BEZERRA, verificou uma maior expressão por parte dos
2006, p. 25). pré-adolescentes, possivelmente indicando
Segundos os autores Greenberg; Snell que nesta faixa etária os jovens vivenciam de
(1997, apud, Downey, et al, 2008), acrescentam um modo mais intenso o despontar de
que à medida que o cérebro amadurece e se alterações físicas, psicológicas e relacionais
desenvolve ao longo da adolescência, bem (NUNES, 2011, p. 11; 25).
como o início da vida adulta, vai havendo De acordo com os determinados estudos
mudanças decisivas nas capacidades de realizados com adolescentes, foi possível
raciocínio e, como tal, é de esperar que os mostrar que nesse período que se segue à pré-
adolescentes possam não mostrar o mesmo adolescência pode haver dificuldades para
nível de competência na gestão e integração regular a tristeza e a raiva (BAPTISTA &
das emoções. Ainda Eisenberg e colaboradores OLIVEIRA, 2004; FORMIGA, 2004; FORMIGA,
(2000, apud, MAYER, et al, 2008), constataram CAVALCANTE, ARAÚJO, LIMA, & SANTANA,
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2007; REPPOLD & HUTZ, 2003; SOARES, da qualidade nos relacionamentos e um meio
ALMEIDA, COUTINHO, & MARI, 1999). Por isso, de aperfeiçoá-los, e que devido à presença
a depressão, por exemplo, ocorre três vezes desse espaço de conversa na família durante a
mais em adolescentes do que em adultos pré-adolescência pode fazer com que melhore
(SOARES, et al., 1999, apud, MACEDO; SPERB, a qualidade do relacionamento familiar, o que
2013, p. 135). funciona como um fator de proteção para o
A depressão está negativamente associada à desenvolvimento dos filhos (MACEDO; SPERB,
percepção de suporte familiar (BAPTISTA & 2013, p. 136).
OLIVEIRA, 2004). Reppold e Hutz (2003), Em um outro estudo realizado, com relação,
constataram que adolescentes com diagnóstico ao nível da Depressão não foram encontradas
provável de depressão (5,9% da amostra) diferenças significativas entre pré-adolescentes
reportaram baixa responsividade parental. A e adolescentes, o que sugere que os sintomas
regulação da raiva em adolescentes também foi da depressão vão ter um percurso
investigada em duas pesquisas brasileiras. relativamente estável ao longo desta fase do
Formiga, et al. (2007), verificaram que o desenvolvimento. Os resultados comparativos
comportamento agressivo físico e verbal, de entre os sexos foram mais elevados nas
raiva e hostilidade, está positivamente mulheres, que expressam mais alterações
relacionado à predisposição do adolescente em emocionais, tanto de ansiedade quanto de
buscar sensações de novidade e intensidade. depressão. Ao analisar esses dados, pode
Formiga (2004), constatou que há uma relação indicar que as mulheres parecem enfrentar
inversa entre as condutas antissociais e mais dificuldades emocionais do que os rapazes
delitivas e os indicadores positivos da relação ou que podem ter maior facilidade em
familiar (compreensão, confiança, afeto) reconhecer alterações emocionais, bem como
(MACEDO; SPERB, 2013, p. 135). assumir as suas dificuldades. Tais dados
Portanto, foi observado uma aproximação encontrados em diversos estudos, vão no
entre relacionamento familiar e o sentido padrão em que as mulheres
desenvolvimento saudável ou não, com relação apresentam quadros depressivos com mais
a habilidade para regular emoções. Segundos frequência do que os homens (COSTA &
os autores Reppold;Hutz (2003, apud, MALTEZ, 2005), e ansiosos (PAULINO &
MACEDO; SPERB, 2013, p. 135 ; 136), ao GODINHO, 2005, apud, NUNES, 2011, p. 25).
investigarem sobre a depressão na
adolescência, estes chamaram a atenção para a
necessidade de um espaço familiar para discutir
os problemas cotidianos, com vistas a criar
oportunidades para compreender os eventos
estressores vivenciados por esses jovens.
Para os autores Sillars; Canary; Tafoya,
(2004, apud, MACEDO; SPERB, 2013, p.136) foi
considerado que a comunicação é um indicador
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na literatura pesquisada pode ser constatado que o período da adolescência compreende
mudanças psicológicas, físicas e sociais. Dessa forma, o comportamento do adolescente acaba
tendo influência por tais alterações, porém o ambiente em que ele está introduzido tem grande
influência em sua forma de agir. Além disso, a falta de cuidados pode trazer um histórico de
privação emocional e tornar o indivíduo, depressivo, revoltado ou agressivo.
Devidos a diversos problemas, é que as crianças deveriam ter acesso à educação
emocional desde os primeiros anos de vida, aprendendo, por exemplo, a tomar consciência das
suas emoções, a saberem lidar e aprender administrar com as emoções de modo produtivas e
menos violentas, além de aprenderem também a serem empáticas e a controlar impulsos. Este
deveria ser o caminho para que não se deixe as lições emocionais ao acaso e que ocorra qualidade
emocional no futuro. Assim, as crianças de hoje serão adultos equilibrados, completos e felizes
amanhã.
Por isso, o papel da escola nesse contexto é o de procurar respeitar as emoções e as
necessidades individuais, trazendo desafios e atividades que levem esses alunos a aumentar sua
racionalidade. A escola deve também refletir e estar preparada para o desenvolvimento de
indivíduos principalmente os mais capazes bem como integralmente formados, pois corpo mente
e sentimentos são dimensões que não é possível separar do mesmo ser.
É importante ressaltar que outras estratégias que a escola enfrenta incluem conhecer os
pontos frágeis e com isso tentar prever as consequências de seus atos para evitar
comportamentos impulsivos que venham ser indesejados. Dessa forma, é possível buscar outras
formas e maneiras de se expressar, socializar, além de regular emoção e, até mesmo, auxiliar no
descarrego da raiva, que podem ocorrer por meio de esportes ou atividades artísticas. Afinal,
quando o jovem encontra uma atividade na qual tenha destaque, faz com que este passe a ter e
sentir mais autoconfiança e ter a sensação de realizar-se, motivando-se para outros planos no
futuro. Portanto, a fase da adolescência é tão desafiadora quanto prazerosa, e que deve ser vivida
plenamente. É dever dos adultos que já passaram por essa fase tentar tolerar as mudanças, e
estimular no caso dos pais a autonomia dos filhos, além de fornecer informações sobre as
consequências de seus comportamentos e, principalmente, se dedicar à construção de vínculos
fortes com eles. A função dos professores é o de também estabelecer um intercâmbio com os
pais ou responsáveis, e com isso ajudar os adolescentes a conseguirem enfrentar essa fase
conflituosa, que é a adolescência. Desde os primeiros anos de vida, o ideal seria que as crianças
pudessem ter acesso à educação emocional, aprendendo, por exemplo, a ter consciência das suas
emoções, a saberem lidar e gerir com as emoções de modo produtivo e menos violento deveriam
aprender a ter empatia e a controlar os seus impulsos, pois apenas dessa forma é que as crianças
de hoje possam se tornar adultos equilibrados, completos buscando serem mais felizes no futuro.
Essa fase da adolescência é o preparo para o desenvolvimento humano em que inúmeros
estímulos físicos, afetivos e sociais ocorrem para que haja a maturidade psíquica. Sendo a parte
cognitiva bem desenvolvida durante esse período. É importante salientar que as emoções
raramente ocorrem isoladamente ou de forma pura, pois a reação a algo, em várias ocasiões pode
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REFERÊNCIAS
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RESUMO: O presente artigo tem por objetivo refletir sobre o conceito de avaliação na
aprendizagem escolar, além de analisar a importância avaliação diagnóstica como instrumento
construtivo no processo de ensino-aprendizagem. Para tanto, tal concepção só será possível, se
os educadores passarmos ter um novo olhar sobre a avaliação, propondo-a, sempre como um
diagnóstico para detectar a defasagem do aluno e a partir da mesma elaborar situações didáticas
que os ajudem a superar os obstáculos e a avançar cada vez mais.
1Professora de Educação Infantil na Rede Municipal de São Paulo; Professora de Educação Básica II na Rede
Estadual de São Paulo.
Graduação:Licenciatura em Matemática; Licenciatura em Pedagogia; Especialização em Educação Especial na
Perspectiva da Educação Inclusiva
E-mail: sandrathaue@bol.com.br
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ambas estão ligadas a valores morais, éticos, De acordo com a autora em referência, mais
sociais, culturais, entre outros. A avaliação da do que avaliar é preciso que o educador inove
aprendizagem é uma tarefa didática necessária em métodos e técnicas e principalmente que
e permanente para os professores, sendo contemple a ação, a interação do educando
considerada uma dinâmica complexa, na qual é com o meio e acima de tudo que o
preciso acompanhar os percursos individuais acompanhamento do seu processo avaliativo
que constituem no espaço coletivo. aconteça de forma gradativa, ou seja, passo a
Segundo Hoffman (1991), a dicotomia passo.
educação e avaliação, é uma grande falácia. É Em algumas escolas é muito comum
necessária a tomada de consciência e a reflexão utilizarem a avaliação unicamente como ato de
a respeito desta compreensão equivocada de aplicar provas, atribuir notas e classificar os
avaliação como julgamento de resultados alunos. Esse tipo de concepção é
porque ela veio se transformando numa extremamente tradicional e cruel, uma vez que
perigosa prática educativa. Neste contexto, a a avaliação deveria contribuir para o
autora nos remete ao seguinte pensamento: desenvolvimento intelectual, social e moral dos
A avaliação é essencial à educação. Inerente alunos. E ser sempre aplicada visando
e indissociável enquanto concebida como diagnosticar como a escola, e o professor estão
problematização, questionamento, reflexão trabalhando para isso, levando em
sobre a ação. Enquanto o educar é fazer ato de consideração que os alunos não são todos
sujeito, é problematizar o mundo em que iguais, e possuem níveis socioeconômicos
vivemos para superar as contradições, diferentes assim como características
comprometendo-se com esse mundo para individuais e aprendem de maneira distinta. A
recriá-lo constantemente. (HOFFMAN, apud avaliação é uma forma de ajudar todos os
GADOTTI, 1984, p.17). alunos a desenvolverem suas capacidades
Em consonância com a citação anterior, cognitivas e intelectuais. Ela deve perder as
percebe-se, que o educar, e o avaliar tem características de transmitir, verificar, registrar,
pontos em comum, levando-se em conta, que o evoluindo para uma avaliação reflexiva e
sujeito é o elemento fundamental para a desafiadora do educador no sentido de
engrenagem do processo de ensino e contribuir para que haja troca de ideias entre
aprendizagem de forma contundente. alunos e professores e entre alunos e alunos.
Portanto, nessa tarefa de reconstrução da A avaliação da aprendizagem é uma tarefa
prática educativa, deve-se observar que: didática necessária e permanente para os
A avaliação é reflexão transformadora em professores, sendo considerada uma dinâmica
ação. Ação essa que nos impulsiona para novas complexa, na qual é preciso acompanhar os
reflexões. Reflexão permanente do educador percursos individuais que constituem no
sobre a realidade e acompanhamento, passo a espaço coletivo. Avaliar não pode se deter em
passo do educando, na sua trajetória de apenas ditar regras, estar a serviço do
conhecimento (HOFFMAN, 1991, p.18). autoritarismo.
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O educador deve rever sua forma de A educação dos alunos parte de uma tarefa
avaliação, levando sempre em consideração as incluindo pais, educadores, gestores públicos e
informações, os conhecimentos trazidos a particulares da educação, especialistas em
partir da família, religião, cultura entre outros. educação, todos trabalhando juntos para
Assim sendo, o educando propicia um maior construir o conhecimento de cada um, com
crescimento para o seu desenvolvimento e seus valores e culturas respeitadas, não
construção de sua personalidade. A prática de podendo ser tirana, seletiva e cruel.
avaliar deve ser revista, dar notas, fazer provas, Para romper os limites desta prática de
avaliar (LUCKESI, 2005, p.48). avaliação educacional a serviço de um
Neste contexto, percebe-se que a prática de entendimento teórico e conservador da
avaliar do professor deve ser revista em termos sociedade é preciso colocar a avaliação a
de dar notas, ou seja, na aplicação dos critérios serviço de uma pedagogia que esteja
para avaliar melhor o aluno. E ainda rever as preocupada com a educação voltada para uma
formas de avaliar, é preciso que o professor se transformação social, cultural, intelectual,
atente ao conhecimento prévio ou de outra psicológica, entre outros. O ato de avaliar está
origem que o aluno já possui e aproveitá-lo em presente em todos os momentos na vida de
diversas situações cotidianas na sala de aula. cada um.
Jussara Hoffman(2000), em seu livro A todo instante é necessário tomar decisões
“Avaliação, Mito e Desafio”, defende que o que, na maioria das vezes são momentâneas ou
conhecimento deve ser construído entre duas duradouras. Portanto os profissionais da
partes: professor-aluno, exigindo do educador educação precisam de compromisso e
uma concepção de criança, jovens e adultos, preocupar com o ensino aprendizagem, refletir
como sujeitos de desenvolvimento inserido no sobre as controvérsias, polêmicas e discussões
contexto social e político, um cidadão capaz de que surgem em torno da avaliação.
construir sua opinião com confiança, colocando Diante deste contexto de profundas
o aluno para produzir e não ter as perguntas e transformações no sistema educacional, a
respostas prontas. escola precisa repensar sua prática, porém
Na história da avaliação educacional atualmente a maioria das avaliações utiliza
brasileira nota-se que educando e educadores métodos tradicionais, não diagnosticando
frequentemente tem sido alvo de interesse de quando necessita de uma intervenção
avaliadores, sobre várias perspectivas. Muitas adequada, ao contrário, classificam, tendo em
lutas vêm sendo assumidas por educadores vista os resultados de aprová-los ou reprová-
como forma de denunciar a função seletiva e los. O que se quer dizer é que o essencial não é
discriminatória das notas. Conforme explicita mais saber se o educando merece esta ou
Luckesi (2005), “a avaliação da aprendizagem aquela nota é fazer da avaliação um
no ensino escolar se faz presente na vida de instrumento auxiliar de um processo de
todos nós que, de alguma forma, estamos conquista do conhecimento ou um instrumento
comprometidos com atos e práticas que contribui para a melhoria da
educativas” (p.38). aprendizagem.
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Ao definir a avaliação, Luckesi (2005), afirma Ela faz parte de seu modo de agir e, por isso, é
que é um ato amoroso porque é acolhedor, necessário que seja usada da melhor forma
integrativo e inclusivo, o professor escolhe uma possível” (LUCKESI, 2005, p. 118).
situação e lhe da qualidade e suporte Portanto no processo de ensino-
necessário para que os entendimentos e aprendizagem, a avaliação diagnóstica possui
mudanças sejam compreendidos como um ato uma importância elevada. Luckesi argumenta
diagnóstico que permite saber quem está que a avaliação deve ser diagnóstica, voltada
precisando de ajuda para que o professor possa para auto compreensão e participação do
criar condições de aprendizado para incluir o aluno.
aluno na construção do conhecimento, Luckesi (2005), defende que a avaliação deva
relacionando suas experiências de vida com as ser um instrumento auxiliar de aprendizagem
diversas aulas e assim oferecer-lhes condições (mais diagnóstica) e não para
de aprender o que ainda não sabe. aprovação/reprovação de alunos (menos
Defino a avaliação da aprendizagem como somativa):
um ato amoroso, no sentido de que a avaliação, Que a avaliação ela seja um instrumento
por si, é um ato acolhedor, integrativo, auxiliar da aprendizagem e não um instrumento
inclusivo. Para compreender isso, importa de aprovação ou reprovação dos alunos... Este
distinguir avaliação de julgamento. O é o princípio básico e fundamental para que ela
julgamento é um ato que distingue o certo do venha a ser diagnóstica. Assim como é
errado, incluindo o primeiro e excluindo o constitutivo do diagnóstico médico estar
segundo (LUCKESI, 2005, p.172). preocupado com a melhoria de saúde do
A avaliação permite julgar e classificar, mas cliente, também é constitutivo da avaliação da
essa não é a sua função verdadeira e sim a de aprendizagem estar atentamente preocupada
diagnosticar para saber o que o aluno aprende, com o crescimento do educando. Caso
para tomar decisões de como melhorar o contrário, nunca será diagnóstica (p.39).
ensino, modificar a prática para que eles Outro aspecto interessante é sobre a ideia de
alcancem os conhecimentos e assim os Luckesi (2005), da função da avaliação, como
resultados esperados. instrumento de auto compreensão do
Luckesi (2005), afirma ser necessário uma professor, aluno e sistema de ensino,
pré-avaliação para poder compreender o permitindo descobrir os desvios:
processo e a fase em que o aluno se encontra No que se refere à proposição da avaliação e
na aprendizagem, podendo, assim, encaminhar suas funções, há que se pensar na avaliação
o aluno para um processo que o beneficie em como um instrumento de diagnóstico para o
seu aprendizado. A avaliação, nesse contexto, avanço e, para tanto, ele terá as funções de
seria para auxiliar o aluno usando meios para auto compreensão do sistema de ensino, de
que ele avance e prossiga na aquisição de auto compreensão do professor e auto
conhecimentos sendo que isso é importante compreensão do aluno. O professor, na medida
nesse processo do aprendiz: “A avaliação é uma em que está atento ao andamento dos seus
ferramenta da qual o ser humano não se livra. alunos, poderá, por meio da avaliação da
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A avaliação, conforme foi apresentada ao longo deste artigo, é um processo abrangente,
que implica uma reflexão crítica sobre a prática, no sentido de captar seus avanços, suas
resistências e dificuldades a fim de possibilitar uma tomada de decisão sobre como superar
obstáculos que impedem a aprendizagem dos alunos.
Outra constatação que este estudo permitiu, consiste no fato de que a classificação, na
avaliação, não auxilia em nada o avanço e o crescimento da aprendizagem do educando, somente
com uma função formativa e diagnóstica, que ela pode ter esta finalidade. E para que ela participe
do processo de democratização e da melhoria da qualidade do ensino, é preciso modificar a sua
utilização e transformá-la de classificatória para diagnóstica. Ou seja, deverá ser assumida como
instrumento para que o professor compreenda em que estágio se encontra o aluno.
Desse modo, a avaliação não se constitui apenas como um mecanismo para aprovação ou
reprovação para mensurar o conhecimento, mas sim como uma ferramenta de reorganização da
ação pedagógica, e de encaminhamentos adequados para que verdadeiramente ocorra
aprendizagem.
Nessa concepção surge um desafio que exige mudanças por parte do professor. E como é
imprescindível toda e qualquer mudança requer muito estudo, reflexão e ação.
Cabe ao educador a busca pela inovação, exige diferentes posturas deste profissional
tanto em relação à avaliação propriamente dita, à educação e a sociedade que o limita. É por
meio das metodologias e dos processos avaliativos utilizados que o professor irá participar da
reprodução ou transformação da sociedade na qual estamos inseridos, podendo formar, ou não,
sujeitos críticos e emancipados para que possam nela conviver com equidade.
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2 Esse nome provém do dispositivo onde se colocavam os bebês abandonados e era composto por uma forma
cilíndrica, dividida ao meio por uma divisória e fixado na janela da instituição ou das casas de misericórdia. Assim,
a criança era colocada no tabuleiro pela mãe ou qualquer outra pessoa da família; essa, ao girar a roda, puxava
uma corda para avisar a rodeira que um bebê acabava de ser abandonado, retirando-se do local e preservando sua
identidade.
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3 Entidades comunitárias, empresas públicas ou privadas, entidades filantrópicas ou confessionais, ou, ainda, em
casas de família, como no caso das mães crecheiras.
4 Todas as informações constantes deste Resumo estão disponíveis no site www.mec.gov.br
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que muitas dúvidas ainda assombram os a História da Avaliação no Brasil nestes últimos
educadores. 30 anos. Em sua pesquisa feita sobre Avaliação
Tudo começou com o ensino jesuítico: Educacional, mostra os desafios que o Brasil
centrado no universalismo do ensino, vem enfrentando desde a década de 90, e tenta
distanciando os alunos do mundo, trazendo ressaltar os problemas da avaliação. A mesma
resultados nada positivo para a vida prática. Foi autora informa, na pesquisa supracitada, que a
por meio de educação jesuítica que se instituiu, trajetória de alguns pesquisadores sobre esta
no Brasil, uma forma peculiar de avaliação. temática.
A avaliação no ensino jesuítico tinha, Rosales (1992), afirma que a avaliação é uma
portanto, a função de disciplinar os alunos e a área de conhecimento muito nova, mas que
educação era diferenciada para a elite e para as sofreu um desenvolvimento muito significativo
classes populares A elite tinha uma educação nos últimos anos. Até os anos 70, a avaliação
formativa que formação o cidadão para estar era apenas uma criança, nos anos 80 se tornou
em cargos de destaque fato que já não uma adolescente e que só, a partir dos anos 90,
acontecia com a educação das classes passou a caminhar para a idade adulta.
populares. Isso fez com que a educação Na década de 30, surgiu uma preocupação de
tomasse características elitistas e tradicionais, avaliar o desempenho escolar no Brasil, Alves
universalizando a transmissão da cultura sem (1930), foi quem defendeu os testes
pedagógicos, argumentando que sua
5Artigo: Descrição de uma trajetória na/ da Avaliação Educacional - Série Ideias n. 30. São Paulo: SDE, 1998, p.
161;164.
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objetividade seria mais adequada do que as Ana Maria Saul, Magda Soares e Pedro Demo
avaliações subjetivas que eram realizadas Alves que também não aceitavam esse tipo de
acreditava em uma avaliação que fosse orientação teórica predominante da avaliação
pensada com mais objetividade que olhasse educacional.
para o aluno com um todo. Juntamente com outros autores Magda
No entanto muitos autores posteriormente Soares e Pedro Demo, Sousa (1998) propunha
foram buscando aperfeiçoamento para essa que o aluno deveria ser avaliado em todo o
nova teoria. Entre eles, podemos citar Bloom contexto do curso e não somente como um
(1971); Gagné (1963); Mager (1962); Popham produto final. Todo esse processo pensado e
(1973) e Tyler (1949) com uma teoria mais preparado anteriormente possibilitaria analisar
sistematizada. aqueles que estavam se desenvolvendo com o
que fosse proposto para que o aluno avançasse
A AVALIAÇÃO E SUAS TEORIAS e os que não estavam para então fazer a
intervenção necessária no decorrer do curso.
Com as pesquisas realizadas por Bloom
Quando então é apresentado por Scriven
(1971), Gagné (1963), o processo de avaliação
(19637), o conceito de avaliação somativa e
foi criando forças e tomando sentido. Primeiro,
formativa trazendo grande impacto na década
os educadores tinham que saber o significado
de 70.
dessa questão tão discutida.
Já Parlett & Hamilton (1977), traziam a
Segundo, os avaliadores norte-americanos
avaliação iluminativa, criticando a avaliação
acreditaram nessa nova proposta de que a
tradicional, estes autores afirmavam que:
Avaliação tinha que deixar de ser superficial e
[...] a forma mais comum de avaliação, do
mais objetiva, e tinham um suporte positivista
tipo agro botânico; consiste em se verificar a
para eles avaliar, “consiste em comparar
eficiência de uma inovação, examinando se
resultados dos alunos com aqueles propostos
esta atende ou não os padrões ou critérios
em determinado plano” (CLARILZA SOUSA,
previamente definidos. Um pouco como se
1998).
fossem sementes, os alunos são pré-testados
Partindo desta fala, entende-se que a
(as sementes são pesadas e medidas) e, depois,
avaliação era apenas um processo superficial.
submetidas a experiências diferentes
Para realizar uma avaliação, o sujeito tinha que
(tratamentos). Após certo período, o seu
ser observado e só era avaliado o que fosse
rendimento é medido (“crescimento ou
observável.
produção”.) para se constatar a eficiência
O profissional da educação usaria o
relativa dos métodos utilizados (fertilizantes)(
instrumento que mais coubesse no momento,
PARLETT & HAMILTON,1977).
ou seja, provas ou testes como algo que
Macdonald (1977), assim como tantos outros
pudesse mostrar qualquer problema no
autores como Jussara Hoffmann traziam outros
comportamento do estudante.
tipos de avaliação, cada um defendendo a sua
Sousa (1998), não satisfeita com esses
ideia. Na verdade, o questionamento mais
resultados começou a questionar, e em
relevante da Avaliação Educacional somente
conjunto com os avaliadores brasileiros como
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Face ao apresentado é fundamental que a avaliação escolar se constitua em um
instrumento de aprendizagem e não em uma ferramenta de coerção.
Avaliar é um ato subjetivo, um ato que para além de um momento se constitui em uma
trajetória de aprendizagem, de evolução e de desenvolvimento.
Nesta perspectiva cabe aos docentes apropriar-se de novos paradigmas que revestem a
avaliação, compreendendo que a avaliação não se encerra em aspectos quantitativos, mas sim
em um olhar qualitativo do que se aprende.
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RESUMO: Este artigo tem como objetivo refletir como o professor de educação infantil pode ter
uma visão global do trabalho por meio dos jogos e brincadeiras, partindo do resgate de suas
próprias experiências, ampliando o potencial de observação e de análise do cotidiano, elaborando
argumentos para refletir sobre as situações de ensino e aprendizagem, a partir de referenciais
teóricos e da fundamentação conceitual que está presente em toda concepção de ensino.
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impede que se trabalhe para ter um melhor O valor de estruturação: Relaciona-se com o
conhecimento dele), mas cumpre seu objetivo desenvolvimento da personalidade da criança e
que é o de ser útil. abrange o “conteúdo simbólico” do jogo e do
Não é fácil ser simples, sobretudo partindo brinquedo, projeção, transferência, imitação.
de todos os pontos de vista enumerados, a esta Vestir uma fantasia pode parecer absurdo,
classificação não foi instituída em um dia, numa porem a criança é uma forma de experimentar
pincelada. um “modo de ser”. Esta função permiti
Sua elaboração é o resultado de uma longa assimilar emoções e sensações (ninar a
experiência, que é útil relembrar em algumas boneca), descarregar tensões (brinquedos ditos
palavras, para mostrar melhor o alcance e o agressivos). Estes valos dizem respeito a tudo
funcionamento desta visão do brinquedo por que concorre a elaboração da área afetiva.
meio da atividade da criança. O valor de relação: diz respeito á forma
O valor funcional: É caracterizado pelas segundo a qual o jogo ou brinquedo facilitam o
qualidades intrínsecas do brinquedo (dado estabelecimento de relações com outras
retomado em parte pelas normas de crianças e com os adultos, propondo o
segurança). Isto é válido para todo objeto aprendizado de regras (jogo de loto), de
visual, mas como o brinquedo se destina a seres comportamentos(jogos de comidinha), de
em desenvolvimento, seu valor funcional diz simulação (jogos de papéis e de empatia). A
respeito á sua adaptação ao usuário: em outros função de relação de um brinquedo pode ser
tempos, os primeiros jogos de construção eram objeto de uma experiência direta (aprender a
minúsculos, adaptados à mão da criança, jogar cada um na sua vez), mas
calmamente sentada frente a uma mesa; hoje a frequentemente, nesta área como em todos os
maioria deles está na escola da mesma da aspectos do jogo, a contribuição é sobretudo
mesma criança brincando no chão, com todo indireta (em segundo grau): o jogo de damas é
seu corpo. o único campo, na qual um filho pode vencer o
Valor experimental: Diz respeito àquilo que a pai e resolver assim situações familiares
criança pode fazer ou aprender com seu conflituosas.
brinquedo, em todos os níveis: fazer ruído, Cada brinquedo encerra estas quatro
rodar, encaixar, construir, medir, classificar... qualidades num maior ou menor nível,
Engloba todas as caixas de conteúdo técnico ou geralmente uma delas é dominante e é esta que
científico(por exemplo, a maleta de médico, a será usada para a classificação básica.
montagem de modelos reduzidos) e os jogos O objetivo lúdico está na moda: é
didáticos. Estes últimos foram durante muito programado, analisado, avaliado! Mas será que
tempo uma das raras formas de jogo admitida ainda serve para brincar? Escolher um
pela sociedade: o jogo de percurso da História brinquedo para a criança de hoje, torna-se uma
da França, o loto das sílabas... nos séculos XVIII tarefa cada vez exigente e, mesmo para alguns
e XIX, reforçavam o ensino, mas ignoravam a adultos, um verdadeiro desafio. É muito forte a
educação pré-escola. tentação de confundir o jogo com o jogador e
de esquecer que o objeto não substitui nem a
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considera-se que um dos pontos mais assimilados pela pedagogia é que a intervenção do
psicopedagogo deve ser a mais interna possível à experiência infantil, deve evitar fraturas
demasiado profundas entre o adulto e a criança. A capacidade do adulto de entrar no jogo infantil
como um companheiro que deixa a criança livre na escolha dos temas, na distribuição dos papéis,
no controle do andamento e, ao mesmo tempo, participa do desenvolvendo um papel ativo, tem
feito uma grande diferença no atendimento psicopedagógico.
Para que aconteça um interação maior , é preciso que o psicopedagogo preste muita
atenção na progressão evolutiva da criança com quem brinca, que saiba não somente reconhecer
atividades lúdicas imediatamente satisfatórias para a criança, mas que saiba intuir quando a
criança está pronta para um salto de qualidade, intervindo com propostas de jogos inéditas ou
mais complexas. A cada vez, o educador deve ser um companheiro dócil, capaz de adaptar-se aos
papéis e ás situações propostas pela criança, e um aliado capaz de inventar jogos novos.
A capacidade que se cria entre o educador e a criança que brincam juntos não possui
somente o efeito de oferecer à criança uma gama de possibilidades lúdicas posteriores, em
relação àquela que poderia experimentar sozinha ou com colegas, mas também permite ao
educador a redescoberta de aspectos de sua infância esquecida.
A redescoberta, a compreensão, o reconciliar-se com a própria infância talvez seja um dos
aspectos do profissionalismo dos educadores, que no controle do jogo, possui papel central, pois
sem a identificação da realidade infantil torna-se difícil, se não impossível, permitir, facilitar,
potencializar também nas crianças aquele relacionamento satisfatório e criativo com o mundo
que é ativado pela dimensão lúdica.
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REFERÊNCIAS
ABERASTRURY, Arminda. A criança e seus jogos. Rio de Janeiro: Vozes, 1972.
ANTUNES, Celso. O jogo e a Educação Infantil – São Paulo, Editora Vozes, 2003.
BETTELHEIM, Bruno. Uma vida para seu filho. Rio de Janeiro: Campos, 1988.
MOTTA, Julia M.C. Uma proposta de conceituação de jogos. In: Jogos: Repetição Criação.
2.ed. São Paulo, Editora Agora, 2002.
PELLEGRINI, Denise. Grandes pensadores. Vygotsky. Revista Nova Escola, ed. 139,jan./
Fev. 2001.
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COMPONENTES DA EXPRESSÃO:
A MÚSICA ASSOCIADA A OUTRAS LINGUAGENS
ARTÍSTICAS
Luiza de Caires Atallah1
1 Arte Educadora na Rede Municipal de São Bernardo e Rede Municipal de São Paulo.
Graduação: Licenciatura Plena em Educação Artística - Habilitação em Artes Plásticas; Especialização em
Educação Musical; Especialização em Psicopedagogia.
E-mail: luizaatallahartes@gmail.com
2
Para aprofundamento acessar Componentes da Expressão - Gritos da Consciência - Performance Luiza
Atallah:Disponível em:https://www.youtube.com/watch?v=KF8yZpY9d9w.
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E tem por objetivo demonstrar a relevância da linguagens no fazer artístico, é possível verificar
música integrada ao fazer artístico, e associada a relação entre cada parte com o todo.
a outras linguagens, para que os benefícios das O vestido é uma peça extremamente
artes possam ser vivenciados por quem a faz. feminina, a cor escolhida que chamei de
O trabalho supracitado passou por diversas “creme” é o tom de tecido mais próximo a
linguagens Plásticas antes de haver a decisão de minha pele. Ao interferi-lo com vermelho é
que o trabalho final seria composto por uma possível associar o lado sexual da mulher,
Performance, um Registro de Performance, um menstruação – transição de menina para
Fotograma dividido em suportes 13x13cm, e os mulher, nascimento/aborto -fazer artístico
vestidos utilizados na Perfomance, que motivado pela paixão desordenada, excesso de
sofreriam intervenção de Action Painting.O sentimentos-. A escolha da cor preta é como a
livro “A Arte da Performance” de Jorge materialização das palavras duras, realistas,
Glusberg, apresenta um paralelo bastante como as escritas em meus trabalhos plásticos
pertinente entre a colagem e a performance e de forma desenfreada, apenas libertando as
demonstra um percurso que passa pela Action vivências enclausuradas que não tenho
Painting, “O que oportunizou que meu fazer controle -fazer artístico motivado por vazio e
artístico saísse do bidimensional e eu, fizesse pensamentos aleatórios-. O uso do preto e
literalmente, parte da obra emocional e vermelho no mesmo suporte é como explicitar
fisicamente" (ATALLAH, 2012, p.43). toda densidade emocional do estereótipo da
O processo de criação, portanto, parte de mulher Latina: Vísceras, gritos, sofrimento,
investigações variáveis para cada artista e as lágrimas, silêncio... -fazer artístico motivado
escolhas de cores, técnicas, formas, espaços; pela ansiedade/receio – explosões
estão atreladas à necessidade de expressão. momentâneas-.Com relação às músicas, nem
O processo artístico de criação está todas as pessoas que as ouvirem terão a mesma
diretamente relacionado com as vivências de reação ou associação de vivências compatíveis
cada indivíduo. com as minhas. Meu gosto musical,
normalmente, é instigado a partir das letras: 1-
O PROCESSO CRIATIVO O sentimento de paixão desordenada será
ativado através da memória da música Just a
MOTIVADO PELA MÚSICA EM Car Crash Away – Marilyn Manson que diz “O
"GRITOS DA CONSCIÊNCIA" Amor é um fogo que queima tudo o que vê,
Os sons têm poder de acessar o emocional queima tudo, tudo que você pensa, queima
dos indivíduos de maneiras distintas, tanto para tudo o que você diz. Ela me soprou seu beijo da
bagagens emocionais saudáveis, quanto morte [...] eu já posso sentir os vermes dela
sensações desagradáveis. Para o Registro da comendo minha espinha. Então como se explica
Perfomance em questão a artista fez a escolha esta solidão? É tudo o que nós temos para
dos suportes: vestidos; das cores: vermelho e nossas vidas? O amor é apenas mais doce
preto; e de três músicas. Na integração das quando um de nós morre? Então eu sabia que
nosso amor estava a apenas um acidente de
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Verificamos que tanto a música quanto todas as formas de expressão que se utilizam das
Artes, constroem uma bagagem de descobertas e emoções próprias e significativas. Para que haja
apropriação das Artes é preciso vivenciá-las cognitiva e afetivamente.
A partir do momento em que as pessoas aprenderem a se expressar de maneira saudável
(e para tanto, temos as linguagens artísticas), muitos conflitos do mundo contemporâneo
poderão ser amenizados e até mesmo sanados, como: a impaciência, a depressão, a falta de
vontade.
As artes despertam “o ser” para de fato “ser”. A partir do raciocínio de si mesmo, questões
relacionadas ao seu universo particular de inquietações se expandem para a compreensão do
outro e do mundo ao seu redor; também pode acontecer o movimento inverso, a partir da
compreensão do mundo exterior, transportar e resolver questões do “eu”, isto é possível devido
ao poder da liberdade de expressão sem julgamentos prévios, apenas escolhas de material,
espaço, música, observação/autoanálise, que são possibilitadas por meio das vivências artísticas.
Sendo assim, é inegável a importância do contato com as diferentes maneiras de se fazer
arte; a música em especial tem o poder de despertar sentimentos, sem necessariamente o uso de
outros recursos expressivos, locais ditos apropriados ou materiais e todos os seres humanos
podem vivenciá-la, mesmo que não esteja diretamente relacionada ao contexto artístico.
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REFERÊNCIAS
ATALLAH, L. d C. Componentes da Expressão: Gritos da Consciência. Santo André: FAINC
- Faculdades Integradas Coração de Jesus, 2012.
GLUSBERG, Jorge; COHEN, Renato. A arte da performance. São Paulo: Perspectiva, 1987.
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RESUMO: Neste artigo abordamos, por meio de pesquisa bibliográfica, as diferentes concepções
de infância inseridas nas obras de Ruth Rocha (1931), e a maneira como ela difere da maioria do
conteúdo da literatura infantil, por estabelecer seu próprio projeto de comunicação com a
criança, transitando entre o universo mágico (típico da literatura infantil) e entre a crítica à
realidade social. Pela leitura de sua obra, a criança adquire poder social, aumentando seu
conhecimento como cidadão, passando a conhecer seus direitos e deveres. Analisa-se a forma
como alguns livros de Ruth Rocha (1931), abordam a criança como criadora de cultura de acordo
com a interlocução que fazem com seus pares no contexto histórico em que as crianças estão
inseridas.
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descrever o modo de ser, de sentir e estar no um processo investigativo em sua escrita que
mundo, a partir das narrativas de Ruth foi perpetuado por Rocha (1931).
Rocha(1931). O presente artigo descreve como Rocha (1931), ajudou a revolucionar a
essas narrativas abordam a concepção das literatura infantil elevando a qualidade dos
crianças como protagonistas de sua história, livros publicados e ensinando o mercado a
permeando suas relações sociais a partir da tratar com respeito o público infantil. Em um
discussão de valores éticos e culturais. Isto foi tempo em que criança mal tinha direito de
possível a partir das reflexões norteadoras dirigir a palavra a um adulto, mostrou o quanto
presentes nas dissertações e artigos de: Cipolini elas são dotadas de inteligência e senso crítico.
(2007), Marçal (2013) e Meller (2009). É engraçado notar como Ruth Rocha (1931),
possui a mesma ousadia e graça de uma
RESULTADOS E DISCUSSÃO criança. Ela nasceu em São Paulo, em 2 de
março de 1931 e desde criança se identificou
A literatura infantil surgiu somente no final
com a obra de Monteiro Lobato, “Reinações de
do século XVII, quando a infância passou a ser
Narizinho e Emília”, que foi lançado em 1931,
valorizada e recebeu um tratamento
ano de seu nascimento.
diferenciado. Os primeiros textos possuíam um
Na literatura infantil de Ruth Rocha (1931),
forte cunho educativo e por meio dos séculos,
está em cena o projeto de uma literatura
este segmento foi se diversificando e passou a
emancipatória, perseguida pela autora desde
privilegiar também o entretenimento, mas
suas primeiras publicações. Sua literatura é um
continuando a ser um instrumento
convite e um estímulo ao movimento, à
fundamental para o desenvolvimento
dinâmica que deve direcionar o pensamento
intelectual da criança.
criativo e curioso, sempre aberto à diversidade
A descoberta do mundo das letras, durante a
e às mais variadas formas de entendimento do
alfabetização, pode e deve ser um processo
mundo, por meio da construção de um texto
prazeroso para a criança. O uso dos diversos
atrativo, lúdico, a explorar criativa e
gêneros de literatura como auxiliares nesta fase
poeticamente as potencialidades da linguagem
é altamente motivador. Além de auxiliar no
como forma de imersão no universo
desenvolvimento da linguagem, trabalha a
infantil(ALVES, 2013, p. 13).
criatividade, o desenvolvimento emocional, o
Em 51 anos dedicados à literatura, Ruth
raciocínio lógico, a percepção, a expressão oral
Rocha escreveu mais de 130 títulos, sendo que
e escrita, de acordo com as diferentes técnicas
35 deles foram traduzidos para 25 idiomas.
que podem ser utilizadas pelos professores.
Escolhi 13 livros para trabalhar diferentes
“Porém a literatura não pode ser fechada para
temas abordados por ela e que dão
verdades absolutas e exatas, como se fosse um
continuidade a este trabalho:
mero instrumento a serviço do utilitarismo”
(BACHELARD, 1987, p. 119).
Diferente de uma abordagem mais
pedagógica, Monteiro Lobato (1882), iniciou
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nota-se uma linguagem inserida em um desde antes da escrita e chegando a ter hoje
contexto bastante comum das famílias hoje em mais de 3 mil línguas. Apresenta de forma
dia: sucinta, como que por meio das guerras,
Não sei qual dos pais e qual das mães estava explorações e comércio, o homem foi
mais bravo. O Caloca era mais feliz que a gente, aprendendo novas palavras e as acrescentando
porque a mãe dele é separada do pai, e o pai em seu vocabulário de forma que hoje existam
dele mora no Rio Grande do Sul e só tinha um palavras japonesas de origem portuguesa,
para brigar com ele (ROCHA, 1982, p. 32). palavras espanholas de origem chinesa,
palavras inglesas de origem indiana, palavras
O LIVRO DO PAPEL latinas e gregas em muitos idiomas. Além do
que, com a globalização, algumas palavras são
O Livro do Papel foi escrito em 1992 e faz
conhecidas oralmente no mundo todo, são
parte da coleção O Homem e a Educação.
elas: táxi, hotel, menu, TV.
Começa descrevendo o princípio da escrita
Situar a criança historicamente, promove
pelos diferentes povos espalhados em cada
maior tolerância com as diferenças em sua
continente, correspondendo-os aos materiais
cultura de pares de forma que elas entendam
utilizados desde pedras, barro, ossos, até o
as idiossincrasias existentes na sociedade.
papiro, o pergaminho e o papel. Conta como os
chineses esconderam por 800 anos a
descoberta do papel e como, pelas invasões dos OS DIREITOS DAS CRIANÇAS
árabes na Espanha e inserção de religião e SEGUNDO RUTH ROCHA
cultura, o papel foi introduzido na Europa. Os Direitos das crianças segundo Ruth Rocha
Explica como o papel substituiu, com o tempo,
(2002), aborda o universo da criança por meio
o vidro, a madeira, o pano, a louça, o vestuáriode estrofes de quatro versos cada, com rimas.
e até o dinheiro. E depois conclui que com toda A criança ouvindo o que diz o livro ou lendo-o
produção de papel é necessário que seja feito o toma conhecimento da linguagem e forma em
replantio de milhões de árvores todos os anos. que são escritos os poemas.
Caracteriza-se por ser um livro descritivo que Rocha (1931), apresenta os direitos das
situa a criança como participante das crianças em pequenos detalhes que nem
transformações históricas, ambientais e
sempre são valorizados. No trecho seguinte,
comportamentais.
vemos a questão da diversidade cultural e da
inclusão serem apresentadas de forma simples,
O LIVRO DAS LÍNGUAS natural e pedagógica:A criança tem direito Até
O Livro das línguas (1992), também faz parte de ser diferente. E tem que ser bem aceita. Seja
da coleção “O Homem e a Comunicação” e faz sadia ou doente (ROCHA, 2002. p. 16)
a criança refletir sobre a história do homem no
mundo desde as primeiras civilizações. O BARBA AZUL
Apresenta, de forma lúdica, como que a O Barba Azul (2010), é uma história de conto
linguagem foi se evoluindo e se espalhando de fadas clássica muito antiga e trágica de
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Charles Perrault que Rocha (1931), a adaptou “Pêdra”. Depois que se destransformam,
em versos como outras histórias da coleção “Lê passam a se respeitarem mais e a fazerem mais
pra mim” de 1996. coisas juntos, de interesse dos dois, sem se
Possui a peculiaridade de ter duas morais da preocuparem com o que os outros vão pensar.
história ao final do livro, pra que a criança Segundo Sarmento e Pinto (2004, p. 23), as
entenda claramente o objetivo da história a ser relações de gênero juntamente com a classe
contada, como no texto abaixo: social da criança, o local de sua inserção (rural
Quem vive a vida em pecado, É bom que ou urbana), a pertença étnica, fazem parte de
fique sabendo, Que é melhor tomar cuidado! categorias que perpassam as identidades
Porque mais tarde ou mais cedo, Acaba pessoais e que marcam o lugar que a criança
sendo apanhado (ROCHA, 2010, p. 36). ocupa na estrutura social, diferenciando-as
profundamente entre si. Para Sarmento (2004),
FACA SEM PONTA, GALINHA a cultura de pares permite à criança apropriar,
reinventar e reproduzir o mundo que a rodeia,
SEM PÉ numa relação de convivência que permite
Faca sem ponta, Galinha sem pé (1983), faz exorcizar medos, construir fantasias e
parte da Coleção “Procurando Firme”, assim representar cenas do quotidiano, que assim
como “Davi ataca outra vez”, “Quando eu funcionam como terapias para lidar com
comecei a crescer” e “Procurando Firme”, experiências negativas, ao mesmo tempo em
abordados neste estudo. que se estabelecem fronteiras de inclusão e
Neste livro, Rocha (1931), aborda a vida do exclusão (de gênero, de subgrupos etários, de
casal de irmãos Pedro e Joana mostrando que status, etc.) que estão fortemente implicados
os problemas que eles têm não eram diferentes nos processos de identificação social.
dos problemas de todos os irmãos e os dilemas
das desigualdades de gêneros que existem na
PROCURANDO FIRME
educação e que representam a insegurança dos
Procurando firme (1984), é uma história
pais ao educar, como apontado, no trecho
engraçada que tem, como os outros contos de
abaixo, quando a mãe de Joana a repreende por
fadas, dragões, castelos, rei, rainha e uma
ter chutado a porta: Que é isso menina? Que
princesa. Só que neste reino, a princesa cansa
comportamento! Menina tem que ser delicada,
da vida de esperar o príncipe na torre do castelo
boazinha (ROCHA, 1983, p. 10).
e começa a ter aulas de luta, esgrima, corrida,
De forma divertida, Rocha (1931), traz à tona
tudo pra conhecer o mundo e sua infinidade de
as dúvidas que pairam sobre as mentes de
coisas de coisas a serem exploradas. E ela parte
meninos e meninas: Há mesmo coisas que
procurando, firme, ser feliz do jeito dela.
meninos podem fazer e meninas não? Ou vice-
Segundo Ferreira (2005, p. 9):
versa?
é preciso compreender as crianças como
Na narrativa, num dia ao passarem juntos
“atores sociais implicados nas mudanças e
embaixo de um arco-íris, trocam de sexo e aí
sendo mudados nos mundos sociais e culturais
Joana se transforma em “Joano” e Pedro em
em que vivem, e como protagonistas e
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pergunta a ela quem descobriu o Brasil e ela e o desejo pelo coletivo, pela convivência com
responde: o outro, o diferente e o igual de nós(CIPOLINI,
Ah, professora, isso é fácil, eu só queria saber 2008, p.2).
quem foi que cobriu” (ROCHA, 1999, p. 26). Este livro faz a criança refletir sobre o
Teresinha já é bem diferente, como descrito egoísmo e a importância de compartilhar.
neste trecho: Rocha (1976), ainda pergunta ao leitor se
Teresinha loirinha, bonitinha, arrumadinha. alguma vez já deu alguma coisa a seus amigos.
Teresinha estudiosa, vestida de cor-de-rosa. Os outros livros da série Marcelo, marmelo,
Teresinha. martelo, diferentes deste, são narrados em
Que belezinha (ROCHA, 1999, p. 29). primeira pessoa, como se o próprio Marcelo
No começo se estranham por serem tão estivesse apresentando a um novo amigo seu
diferentes, começam a se admirar bairro, sua escola, sua família e sua rua.
mutuamente, depois tornam-se amigas e Também trazem no final algumas atividades
passam a aprender muitas coisas juntas. É um para serem feitas em grupo ou
livro que aborda a diferença de forma muito individualmente.
engraçada.
No final da história, a autora questiona o QUEM TEM MEDO DE
leitor se ele tem amigos diferentes, o que
aprende com eles e eles com o leitor. Ainda MONSTRO?
sugere que o leitor invente um amigo com as Este livro da série “Quem tem medo?”
qualidades que ele gostaria de ver no amigo e (1986), é um livro com grandes e engraçadas
alguns defeitos também. ilustrações de Mariana Massarani. Aborda um
A terceira história é “O Dono da Bola” (1976), assunto de muito interesse deles de uma forma
e narra a trajetória de Calota, um menino que muito divertida e de rápida conclusão. Começa
possuía mais brinquedos que todos os outros com uma bruxa malvada que tinha medo de
amigos, porém era egoísta e ameaçava levar a bandido. Este bandido terrível tinha medo de
bola embora se os amigos não realizassem suas bicho-papão e assim sucessivamente. No final
vontades, até que os amigos cansam deste jeito do livro há uma nota de Ruth Rocha,
de ser dele e passam a jogar com uma bola de afirmamando que ela tem medo de algumas
meia mesmo. Calota acaba chegando à coisas e que o medo pode até ser bom, quando
conclusão que é muito chato brincar sozinho e impede que façamos coisas muito perigosas,
começa a chamar os amigos para brincarem em menos quando se trata de coisas que não
sua casa com seus outros brinquedos. Até que existem.
chega um dia que ele decide ceder a bola para
o grupo para que jogassem quando quisessem QUEM TEM MEDO DO
e durante o tempo que gostariam.
RIDÍCULO?
Ruth Rocha insere seus personagens em um
Ainda dentro da série “Quem tem medo?”
mundo moderno, individualista, mas é por meio
(1986), o livro “Quem tem medo do ridículo?”
disto que a autora vai reafirmar a necessidade
(2001), de forma lúdica faz a criança refletir
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sobre momentos em que fica sem graça ou que autoritários que vão ignorar as verdadeiras
a fazem se sentir ridícula ou quando a caçoam. necessidades de seu povo.
Ruth Rocha trata do assunto com muita
naturalidade para um assunto que parece ser
muito complexo, como notamos no trecho
abaixo:
Se pensarmos um bocado, chegamos à
conclusão, que ridículos são todos:
Depende da ocasião!
Por isso, cada um de nós será ridículo quando
ficar muito preocupado
Com o que os outros tão pensando (ROCHA,
2001, p. 23).
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Com a análise da escrita de Rocha (1931), ficou evidente que a criança é apresentada como
produtora de cultura e história inserida em sua realidade social.
Rocha (1931), reescreve formas e refaz conteúdos, desmanchando e refazendo clichês,
estereótipos e lugares comuns. Isso acontece quando ela vira de ponta-cabeça os contos de fadas
tradicionais, questionando junto com os leitores, convenções como a de que os reis sempre
sabem tudo, ou de que as princesas são sempre dóceis e obedientes. Como Freire (2002), afirma:
a educação deve ser subversiva; o professor em sua prática pedagógica não deve reprimir a
criança em suas iniciativas e investidas. Ruth nos convida no resumo de sua obra a “sentarmo-nos
na roda” junto com as crianças e permitirmos que elas participem ativamente como cidadãos de
direitos. Por sua proposta de constituição como espaço do exercício democrático, onde a fala e a
sua escuta são os principais instrumentos de participação, a Roda de Conversa torna-se uma
atividade "desafiante" para o adulto que proporciona a sua dinamização. Desafiante porque exige
que ele "tendo um papel de participante igual ao das crianças, tenha também o papel de
coordenador da conversa, sem, no entanto, impor suas ideias ao grupo, castrar a altivez das
crianças,como afirma Freire (2002), tolher sua forma de organizar e apresentar ideias". A própria
disposição física dos participantes da atividade (incluindo aí o adulto) – geralmente sentados em
forma circular – representa de forma tangível o sinal de pertença democrática ao grupo.
Com estímulo à criatividade e ao pensamento infantil, a autora leva o leitor ao
questionamento da realidade e a novas formas de ver e conceber o meio em que vive. Além de a
criança ter prazer em ler e descobrir tanta riqueza de informações, ela aprende e apreende, de
forma lúdica, um modo de ler o mundo, desfazendo medos, amenizando traumas, se sentindo
diferente, porém única e valorizada.
Pela maneira como as histórias de Rocha (1931), têm sido recebidas, nesses 51 anos, desde
que começou a escrever para o público infantil, temos prova de que a criança deve continuar a
ter acesso às histórias como estas que fazem as crianças serem questionadoras dos costumes
sociais e dos valores e das imposições da sociedade.
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REFERÊNCIAS
ALVES, Regina C. S. A subversão da ordem em histórias de Ruth Rocha: possibilidades de
emancipação e crescimento. Centro de Letras e Ciências Humanas – Universidade Estadual
de Londrina (UEL).Disponível em:
http://www.gel.org.br/estudoslinguisticos/volumes/42/el42_v3_setdez_31_v2.pdf.Data de
acesso:29/02/2020.
BACHELARD, Gaston. A filosofia do não. Tradução de Joaquim Moura Ramos. 4. ed. Lisboa:
Editorial Presença, 1987.
CIPOLINI, Thais. O. Destramando as tramas literárias e históricas nas obras de Ruth Rocha.
(FE/Unicamp – mestre em Educação). Campinas, SP. Disponível em:
http://www.anpuhsp.org.br/sp/downloads/CD%20XIX/PDF/Autores%20e%20Artigos/Tha
is%20Otani%20Cipolini.pdf.Data de Acesso:29/02/2020.
FREIRE, M. (2002) A Paixão de Conhecer o Mundo (15ª edição). São Paulo: Paz e Terra.
FREIRE, Paulo & BETO, Frei (2001) Essa escola chamada vida – Depoimentos ao Repórter
Ricardo Kotscho (11º edição). São Paulo: Editora Ática.
FREIRE, Paulo. (1983) Educação como prática da liberdade (14ª edição). São Paulo: Paz e
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MARÇAL, Mônica T. Conta outra Vez: Análise das Questões de gênero em algumas
histórias de Ruth Rocha a partir das críticas e teorias femininas contemporâneas.
Disponívelem:http://www.fazendogenero.ufsc.br/10/resources/anais/20/1386764923ARQUIVO_
MonicaTeresinhaMarcal.pdf.Data de Acesso:29/02/2020.
ROCHA, Ruth. Romeu e Julieta (Série vou te contar!) (Acervo do PNBE/2012 – Programa
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ROCHA, Ruth. Davi ataca outra vez. São Paulo: Editora Ática, 1997 (originalmente publicada
pela primeira vez em 1982).
ROCHA, Ruth; Roth, Otávio. O livro do papel. (Coleção: O Homem e a Educação). São Paulo:
Editora Melhoramentos, 1992.
ROCHA, Ruth; Roth, Otávio. O livro das línguas. (Coleção: O Homem e a Educação). São
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ROCHA, Ruth. O Barba Azul / Adaptação de Ruth Rocha (Coleção: Lê pra mim. Série Vermelha).
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CONTEXTUALIZANDO A AFETIVIDADE
SIGNIFICATIVA NO ESPAÇO ESCOLAR
José Armando Soares dos Santos1
1Professor de Ensino Fundamental I, atuando como Diretor de Escola na Rede Municipal de Aldeias Altas- MA.
Graduação: Mestrando em Ciências da Educação; Licenciatura em História; Especialização em Gestão Escolar.
E-mail: jarmandosantos@hotmail.com
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afetividade. Sabe-se que o olhar, a tonicidade, energia otimizadora capaz de motivar o aluno
o cansaço, a atenção e o interesse são durante o processo de ensino aprendizagem e
determinantes, para momentos agradáveis as atitudes, tanto do professor quanto dos
durante o processo de ensino e aprendizagem, alunos, para que ocorra o tão esperado sucesso
isso requer que a sala de aula tenha atividades escolar, isso faz a diferença porque é bom ter
interativas cada vez mais envolventes e cheias contato como o educando e ainda adentrar as
de ânimo ,para que ambas as partes estejam suas especificidades, como forma de
satisfeitas com o ato de educar e assim venha a acompanhar o processo de evolução da
obter resultados positivos sobre a aprendizagem do mesmo e intervir em casos de
aprendizagem e que as relações interpessoais dificuldades de aprendizagem ao educando,
sejam cheias de afeto, união e cooperação, pois que tem algum tipo de deficiência ou limitação
tudo na vida é bom que se tenha dedicação e no processo educativo vivenciado na sala de
compromisso social com que se almeja fazer e aula.
desenvolver na esfera educacional Há um processo de contribuição da
propriamente dita. afetividade no processo de ensino-
Considera-se que as estratégias pelas quais aprendizagem, tendo em vista que a mesma
os educadores utilizam na sala de aula são conduz a uma convivência agradável entre
inúmeras, mas que são de extrema importância todos os que nele estão envolvidos, facilitando
para se alcançar o resultado esperado. Vale gradativamente a formação integral do
ressaltar que imprimir um caráter de educando. Por isso, há uma relação harmoniosa
afetividade com a matéria também é uma entre a afetividade e a aprendizagem, tendo em
estratégia de relevância para envolver o aluno vista que é possível resgatar valores e atitudes
com o conteúdo (LEITE, 2011), pois este aluno voltada para o estado de motivação, a
terá maior facilidade de compreender segurança e benefícios ao desempenho escolar,
determinado assunto, seja em formas orais ou por meio de atividades interativas e repletas de
escritas. Quando se tratando da oralidade, o informações ao educando que busca
discente se sentirá mais seguro de se expressar empreendimento informacional, para se
oralmente perante os colegas de aula e formar, se capacitar e se reciclar
posteriormente na sociedade. Contudo, a continuamente, visto que as mudanças surgem
estratégia interacional mais recorrida é a da muito e nessa perspectiva é comum sempre
troca entre o professor e o seu aluno (LEITE, optar por métodos inovadores e que possibilite
2011), já que com isso possibilita ao aluno acesso e permanência na escola conforme os
interagir com mais segurança em determinadas anseios que se estabelece ao indivíduo
situações a que ele venha vivenciar tanto continuamente e o mercado de trabalho exige
dentro, quanto fora da sala de aula. educadores assim batalhadores e que estão
A estratégia de interatividade adotada pelos sempre em congressos, palestras e mensagens
docentes vem a fomentar a afetividade, que enriquecedoras ao educando.
subsidiarão respectivamente a inteligência e É conveniente a relação entre afetividade e
aprendizagem. A afetividade traz consigo cognição no desenvolvimento do educando e
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educando que apresenta- se com vontade de Conforme Souza (2003), Piaget nos propõe
aprender, não obstante tem uma família que inteligência e afetividade são de naturezas
desestruturada, que não consegue distintas; a energia da conduta vem da
acompanhar o educando de maneira afetividade, e as estruturas vêm das funções
adequada, nesse caso é válido ter um contato cognitivas. O campo total inclui, ao mesmo
de proximidade maior entre educador tempo, o sujeito, os objetos e as relações entre
educando. sujeito e objetos.
Segundo Souza (2003), a abordagem Desse modo, se toda conduta possui um
piagetiana rompe com a dicotomia inteligência aspecto afetivo (energético) e um aspecto
e afetividade; ela apresenta o desenvolvimento estrutural (cognitivo), Piaget defende a ruptura
psicológico nas dimensões afetiva e cognitiva. da dicotomia entre afetividade e inteligência,
Piaget defende a relação entre as construções sendo fundamental abordar os dois aspectos
cognitivas e afetivas ao longo da existência do conjuntamente no desenvolvimento. Nesse
indivíduo. Ilustra a concepção de que sentido, os aspectos afetivos estão associados
inteligência e afetividade são dimensões às condutas relacionadas às pessoas; e os
indissociáveis e integradas no desenvolvimento aspectos cognitivos, às condutas relacionadas
psicológico; portanto, não sendo possível a sua aos objetos. Em ambos os tipos de conduta
separação. Sem afeto, não existe interesse, existe afetividade e inteligência.
necessidade nem motivação. Diante do exposto, surge a real necessidade
De acordo com a autora Souza em suas de construir um sistema educativo atual, que
especulações sobre Piaget teve relações entre supere a clássica divisão e oposição entre
afetividade e cognição no desenvolvimento afetividade e cognição, razão e emoção, que
mental do educando em se tratando do definitivamente rompa a concepção que
funcionamento da inteligência, que é carente prioriza o desenvolvimento do intelecto, dos
de sucessivas observações e ações que aspectos cognitivos e racionais, os quais têm
priorizem o bem estar do educando ao possuir um papel de destaque na educação, e
a consciência que veicula a satisfação durante consequentemente os aspectos emocionais e
os estudos desenvolvidos e utilizados para afetivos são cada vez mais extintos de nossa
reduzir os entraves que são considerados vida.
barreira para a aprendizagem em uma rotina É conveniente que os alunos estão em seu
estressante e enfadonha, sendo assim nada estado de aperfeiçoamento e formação para
melhor que tornar as aulas mais planejadas estar apto ao sucesso, tendo em vista que há
,proveitosas e que instiguem a curiosidade dos decepções e fracassos que podem surgir na
discentes totalmente num clima de sala de aula, professores diante de uma
motivacional capaz de modificar a uma prática convivência afetuosa, verdadeira e calorosa,
de ensino humanizadora e repleta de ações que segundo se almeja aprender e a obter uma
possam desmistificar que educador e educando educação com afeição e perspectiva de
estão em patamares diferentes. crescimento progressivo no que diz respeito as
relações interpessoais com bons fluídos e
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direto com o educando ,por meio do diálogo, processo educativo, pois não há na da melhor
pois não basta ser somente transmissor de que ter relações interpessoais saudáveis e
conhecimentos, todavia um mediador, capaz humanizadoras, com base na aceitação e no
de articular as experiências dos alunos com o ouvir ao educando, bem como ter um elo de
mundo e ter laços afetivos ,para criar um clima ligação entre educador e educando.
de confiança e satisfação em sala de aula Mediante Castro (2015), a comunicação
diariamente. interpessoal é um processo pelo qual duas
Mediante Bakhtin (2000), nos convida a pessoas emitem significado, enviando e
assumir a responsabilidade do outro que me recebendo simultaneamente mensagens
constitui, adotar a não indiferença pelas simbólicas. Os elementos da comunicação
crianças e começar a olhá-las e a tentar interpessoal são semelhantes aos outros tipos
compreendê-las como outro, num exercício de de comunicação: as pessoas trocam significado
alteridade e diálogo. por meio de mensagens verbais e não verbais.
Tem-se compreendido que ação Emissor e receptor não agem livremente no
desempenhada na escola, leva em processo de comunicação interpessoal, são
consideração a aprendizagem e o diálogo, para influenciados, positivamente ou
haver mais respeito às singularidades do negativamente, pelas posições que ocupam no
educando em suas atividades, que precisam ser contexto sociocultural, além da influência das
direcionadas primordialmente ao sujeito da características pessoais.
aprendizagem, para viabilizar o crescimento Trata-se de se comunicar sempre para ter um
intelectual, social e cognitivo de todos os relacionamento interpessoal cada dia melhor e
envolvidos neste processo. O diálogo, como mais eficaz, porque tudo ficará mais fácil de
ferramenta dar chance de fazer novas compreender as informações na sala de aula,
interpretações, de reinventar algo, voltado desde que a educação seja inclusiva e use a
para estabelecer comunicação e aprendizagem linguagem verbal e não verbal, á medida que
em sala de aula. aconteça o processo interativo.
Quanto à abordagem sociocultural, temos Como argumenta Chiavenato (2003),
Paulo Freire afirmando que "a dialogicidade é a comunicar-se não se trata somente de falar,
essência da educação" (FREIRE, 1974, p.63). A mas, de saber ouvir o próximo, um meio de
relação professor-aluno é horizontal e não interagir e ter êxito no ambiente corporativo.
imposta. Há preocupação com cada aluno em Conforme expõe o autor a comunicação
si, com o processo e não com resultados facilita as relações interpessoais, nesse caso dar
padronizados. O diálogo é desenvolvido, ao contato e proximidade as pessoas, tendo em
mesmo tempo em que são oportunizadas a vista que sempre necessitamos um do outro
cooperação e a união. "Os alunos participam do nessa vida, portanto, é indispensável que se
processo [ensinoaprendizagem] junto com o estabeleça diálogo na sala de aula e na
professor" (MIZUKAMI, op. cit., p.99). sociedade.
Percebe-se que a dialogicidade refere-se à Segundo Gadotti (1999), o educador para pôr
comunicação e a interatividade durante o em prática o diálogo, não deve colocar-se na
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educador liberal. O diálogo engaja ativamente O diálogo serve como apoio para as relações
a ambos os sujeitos do ato de conhecer: entre educador ,educando e gestor,assim fica
educador-educando e educando-educador mais fácil entender se os objetivos foram
(FREIRE, 2002, p.61). alcançados em sala de aula e analisar o que
O diálogo ao ser feito com pode ser modificado, para atuar conforme a
comprometimento, o educando passa a ser realidade do educando, a escola e a família
consciente e vem a exercer a cidadania, isso devem ser aliadas sempre na tentativa de
devido a participação efetiva na discussão, com favorecer a aprendizagem e de orientar para a
isso o educador possibilita o desenvolvimento vida dentro dos padrões éticos ,como forma de
de uma democracia plena. A educação não obter sucesso na aprendizagem e ainda para
pode ser autoritária com relações de poder entender especificamente o processo de
excludentes que subalternizam o outro, que evolução dos mesmos, a fim de estimular o
ignoram ou desqualificam os saberes de seus educando a aprender e ser persistente, com
educandos, o diálogo precisa ser baseado na isso evitando a evasão escolar.
solidariedade e na concepção liberal, para ser Deve-se estabelecer comunicação em sala de
realmente consciente e democrático na aula, como forma de interatividade entre
integra. professores e alunos, é fundamental no
O diálogo tem significação precisamente processo ensino-aprendizagem, devido
porque os sujeitos dialógicos não apenas propiciar um ambiente harmonioso e repleto
conservam sua identidade, mas a defendem e de afetividade, para reduzir as dificuldades de
assim crescem um com o outro. O diálogo, por aprendizagem e ainda obter estímulos e
isso mesmo, não nivela, não reduz um ao outro. motivação aos alunos, para atuarem no
Nem é favor que um faz ao outro (FREIRE, 1999, mercado de trabalho cada vez melhor e com
p.118). êxitos, para isso é indispensável ter boas
Nota-se que o diálogo assume um papel relações diante de aulas atraentes ,com o
facilitador da aprendizagem e que serve como lúdico, brincadeiras ,estudos em grupos ,aulas-
forma de veículo de comunicação, tendo em passeio e todos os envolvidos dialogando e
vista que ele não nivela, mas traz consigo a buscando cada vez mais algo para investir na
capacidade de transformação, isso faz pensar educação.
em transformar o meio que vivemos conforme O diálogo é viável para qualquer situação da
a necessidade da construção de uma escola vida não somente na escola, pois busca-se
democrática. Pode-se afirmar que a educar o aluno para ter uma boa convivência na
dialogicidade na escola conduz a formação de sociedade e conhecer as barreiras e desafios
cidadãos realmente inclusos na sociedade na que acontecem para saber lidar com essas
convivência real, interessada, e respeitosa com adversidades, logo não existe só momentos
o outro, além de preservar sua identidade e bons e fáceis de se resolver.
respeitar a dos outros, por notificar que cada A socialização serve para desenvolver a
um tem sua concepção. linguagem, adquirir conhecimentos, conhecer
novas concepções e a ter possibilidades de
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ressaltamos que os aspectos abordados neste artigo leva-nos a considerar que a
afetividade é para além do espontaneísmo, pois possui caráter relacional e é construído no
cotidiano da escolas pelos sujeitos que nela atuam.
O afeto é a tessitura que possibilita a aproximação entre os sujeitos e estabelece
mediações fundamentais na formação cidadã, e consequentemente na construção de uma
educação de qualidade e de uma sociedade mais justa e igualitária.
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
CONTEXTUALIZANDO A DISLEXIA
Silvana Possato Olivo1
RESUMO: O artigo aborda a temática dislexia, suas implicações, seus aspectos. Nesta perspectiva
enfatiza-se o papel da escola, dos professores e da família, enquanto agentes que para além da
compreensão desta dificuldade, ou seja, ter um olhar apurado para o diagnóstico precoce.
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Então, por que tratar como uma necessidade A dislexia é definida como sendo um
especial? distúrbio ou transtorno de aprendizagem na
A Professora Maria Conceição Gomes de área da leitura, escrita e soletração,
Melo explica que: diagnosticada geralmente no início do processo
Estima-se que, no Brasil, cerca de 15 milhões de alfabetização. A dislexia pode ser causada
de pessoas têm algum tipo de necessidade por vários fatores que são desde
especial. As necessidades especiais podem ser hereditariedade até alterações nos hemisférios
de diversos tipos: mental, auditiva, visual, física, cerebrais, subdividindo-se em dislexia do
conduta ou deficiências múltiplas. Deste desenvolvimento ou adquirida. A criança com
universo, acredita-se que, pelo menos, noventa suspeita de dislexia deve ser avaliada pela
por cento das crianças, na educação básica, equipe multidisciplinar, composta por vários
sofram com algum tipo de dificuldade de profissionais de diversas áreas.
aprendizagem relacionada à linguagem: Após seu diagnóstico, o professor deve usar
dislexia, disgrafia e disortografia. Entre elas, a diferentes estratégias até mudar o método de
dislexia é a de maior incidência e merece toda ensino para adaptá-lo objetivando uma
atenção por parte dos gestores de política melhoria da aprendizagem do aluno com
educacional, especialmente pelos professores dislexia.
(MELO,2009, p.21). Como colocado como objetivo secundário
A autora em questão destaca, ainda que o não é o aluno que necessita se adaptar a
observa-se frequentemente que o despreparo apreensão do conhecimento, mas o sistema
do professor da escola fundamental para escolar necessita se moldar ao problema
compreender as questões patológicas da buscando juntamente com os pais diferentes
linguagem o tem levado a dificuldades em lidar meios para que se objetive o processo de
com aquelas que envolvem o processo de ensino aprendizagem.
aprendizagem, sendo necessário esclarecer as A dificuldade de conhecimento e de
diferenças entre as alterações pertinentes ao definição do que é Dislexia, faz com que se
tenha criado um mundo tão diversificado de
2
Fonte: In http://www.dislexia.com.br/ Data de Acesso:18/03/2020.
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Para aprender a ler é necessário ter uma boa um conhecimento consciente destas unidades
consciência fonológica, isto é, o conhecimento linguísticas, apresentam um déficit a nível da
consciente de que a linguagem é formada por consciência dos segmentos fonológicos da
palavras, as palavras por sílabas, as sílabas por linguagem, um déficit fonológico.
fonemas e que os caracteres do alfabeto As crianças que apresentam maiores riscos
representam esses fonemas. de futuras dificuldades na aprendizagem da
A consciência fonológica é uma competência leitura são as que no jardim-de-infância, na pré-
difícil de adquirir, porque na linguagem oral não primária e no início da escolaridade
é perceptível a audição separada dos diferentes apresentam dificuldades a nível da consciência
fonemas. Quando ouvimos a palavra “pai” silábica e fonêmica, da identificação das letras
ouvimos os três sons conjuntamente e não três e dos sons que lhes correspondem, do objetivo
sons individualizados. da leitura e que têm uma linguagem oral e um
Para ler é necessário conhecer o princípio vocabulário pobres.
alfabético, saber que as letras do alfabeto têm Os fatores motivacionais são muito
um nome e representam um som da linguagem, importantes no desenvolvimento da
saber encontrar as correspondências grafo - capacidade leitora dado que a melhoria desta
fonêmicas, saber analisar e segmentar as competência está altamente relacionada com o
palavras em sílabas e fonemas, saber realizar as querer, com a vontade de persistir, pese
fusões fonêmicas e silábicas e encontrar a embora, as dificuldades sentidas e a não
pronúncia correta para aceder ao significado obtenção de resultados imediatos. Para ler,
das palavras. uma pessoa deve adquirir um certo número de
Para realizar uma leitura fluente e habilidades cognitivas e perceptivo-linguísticas:
compreensiva é ainda necessário realizar • Habilidade para focalizar a atenção,
automaticamente estas operações, isto é, sem concentração e seguir instruções;
atenção consciente e sem esforço. • Habilidade para entender e interpretar a
A capacidade de compreensão leitora está língua falada no cotidiano;
fortemente relacionada com a compreensão da • Memória auditiva e ordenação;
linguagem oral, com o possuir um vocabulário • Memória visual e ordenação]habilidade
oral rico e com a fluência e correção leitora. no processamento (decodificação) de palavras;
Todas as competências têm que ser • Análise estrutural e contextual da língua;
integradas por meio do ensino e da prática. • Síntese lógica e interpretação da língua;
• Por que é que tantas crianças têm • Desenvolvimento e expansão do
dificuldades em aprender a ler? Quais os vocabulário;
déficits que a dificultam esta aprendizagem? • Fluência na leitura à primeira vista e
As dificuldades na aprendizagem da leitura habilidades de referência.
têm origem na existência de um déficit Chall (1967), resume o processo de leitura
fonológico. como “percepção (reconhecimento da palavra),
As crianças com dislexia embora falem compreensão e interpretação, apreciação e
utilizando palavras, sílabas e fonemas, não têm aplicação” (CHALL 1967, p.54).)
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Neurocientista da Universidade Federal de São Paulo, trabalha na reabilitação de pacientes com disfunções
cognitivas.
4 Fonte: Disponível em: http://drauzio.mediaibox.com.br/ExibirConteudo/774/dislexia/pagina1/conceito-e-
classificacao- Data de Acesso:18/03/2020.
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É necessário que diagnóstico da dislexia seja precoce, isto é, os pais e educadores se
preocupem em encontrar indícios de dislexia em crianças aparentemente normais, já nos
primeiros anos de educação infantil, envolvendo as crianças de 4 a 5 anos de idade.
Quando não se diagnostica a dislexia, ainda na educação infantil, os distúrbios de letras
podem levar crianças de 8 a 9, no ensino fundamental, a apresentar perturbações de ordem
emocional, efetiva e lingüística.
Uma criança disléxica encontra dificuldade de lê e as frustrações acumuladas podem
conduzir a comportamentos antissociais, à agressividade e a uma situação de marginalização
progressiva.
Os pais, professores e educadores devem estar atentar a dois importantes indicadores para
o diagnóstico precoce da dislexia: a história pessoal do aluno e as suas manifestações lingüísticas
nas aulas de leitura e escrita.
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REFERÊNCIAS
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CONTEXTUALIZANDO A HISTÓRIA DA
MATEMÁTICA
Marcia de Oliveira Gonçalves Capitani1
RESUMO: O presente artigo discorre sobre a relação entre a História da Matemática, sendo um
elo para que consigamos construir uma nova proposta de ensino, por meio do conhecimento do
passado, para que o presente faça sentido na aprendizagem e impacte diretamente no futuro
das pessoas. Em particular, a necessidade de educação matemática para todos os alunos desde o
início da escolaridade obrigatória não está em discussão, ao contrário do que está acontecendo
na educação científica. Este ensino não é necessariamente satisfatório, mas é acessível a todos os
alunos que frequentam a escola, portanto, quando trazemos a História para o ensino de
matemática procuramos traçar um paralelo, no qual verificamos a importância da História para o
ensino de Matemática. Objetivamos apontar algumas contribuições da História da Matemática
para a reflexão educacional. O ponto de partida é a consideração que, em estudos históricos sobre
desenvolvimento de conceitos, elementos lógicos e epistemológicos para o processo de
constituição da teoria são evidenciados. Esses elementos não apenas melhoram a compreensão
do conceito, mas também revelam aspectos característicos da atividade matemática da
construção que merece ser considerada nas propostas educacionais dos professores, mostrando
que a matemática, como construção humana, está ligada a diferentes dinâmica.
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invenção da escrita, parece difícil enunciar suas fórmulas métricas eram quase sempre
qualquer coisa além de generalidades, apenas aproximadas; todavia, legaram aos métodos
apoiadas indiretamente por alguma evidência gregos cuja tradição foi preservada até a queda
arqueológica (sucessões de entalhes ou marcas do Império Bizantino.
que podem fazer você pensar em uma Quanto à tradição matemática ocidental,
contagem, etc.) ou analogias que podem ser devemos buscar sua origem na Grécia antiga,
extraídas de estudos etnológicos: saber como onde a disciplina é inteiramente constituída
contar; vários sistemas de numeração que como uma ciência abstrata.
poderiam ser usados (decimal, duodecimal, A palavra matemática vem do grego
sexagesimal, etc.). materno, que tem o senso geral de ciência que
É impressionante notar que a invenção da é ensinado; o significado técnico remonta à
escrita está em toda parte intimamente ligada escola pitagórica, na qual existem quatro
a preocupações matemáticas, ou pelo menos matematizes. "Existem quatro graus de
contábeis. Começou com o registro dos sabedoria, aritmética, música, geometria,
números e os relacionamentos que existem esférica, linhas 1, 2, 3, 4." (PSEUDO-
entre eles. Colocados e resolvidos de forma PITÁGORAS, DE DITS, AVILA,1989).
muito rudimentar na Mesopotâmia e no Egito, Deste período (século V a.C), o caráter
esses problemas já delineiam os contornos de especial dessas ciências é, portanto,
uma aritmética, uma álgebra, uma geometria determinado, e elas são classificadas de acordo
(DE GUZMAN,1992). com o desenvolvimento então recebido por
Em todos os campos, o conhecimento dos seus vários ramos.
babilônios era expresso principalmente na Nos gregos, as ciências matemáticas
forma de listas. Assim, conhecemos tabuletas desenvolveram-se rapidamente e assumiram
de argila nas quais, do período sumério (3º uma forma clássica bem conhecida, a de um
milênio AC), são encontradas listas de conjunto de proposições isoladas, mas
quadrados ou cubos de números em rigorosamente demonstraram uma pela outra a
correspondência, nos quais podemos ver uma partir de definições ou axiomas em pequeno
forma arcaica da noção função atual. Estas número.
tabelas permitiram calcular as superfícies e os Thales (nascido em 600 A.C), é o primeiro
volumes, mas também a resolução das nome conhecido a abstrair conceitos
equações do 1º e 2º graus. Matemáticos geométricos, triângulos semelhantes da teoria
mesopotâmicos deu (Pi) o valor aproximado 3. é atribuída a ele, e a proposta, ele não mostra
A relação, conhecida de Pitágoras entre o (e que está indevidamente nomeado Teorema
quadrado da hipotenusa e a soma dos de Thales) que determinam duas linhas
quadrados dos lados de um triângulo retângulo paralelas na interseção segmentos
era conhecido por eles, era extremamente já proporcionais.
difundida Pitágoras, é o primeiro a reivindicá-lo,
Os métodos de cálculo dos antigos egípcios fazendo dos números o princípio de tudo. Um
eram menos avançados que os dos babilônios: dos primeiros pitagóricos estabeleceram a
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Ele estudou o sânscrito Siddhanta, revisou as matemática reaparece no quadrivium das artes
tabelas de Ptolomeu e escreveu sobre tratados liberais das universidades, seguindo a antiga
de álgebra que a Idade Média se traduziria classificação pitagórica. Roger Bacon declarou a
latin.C'est em el-Khârizmî (de cujo nome matemática o instrumento mais poderoso para
também deriva a palavra algoritmo), que penetrar nas ciências, a ciência que precede
remonta o termo álgebra, cujas fortunas eram todas as outras e nos dispõe a compreendê-las.
singulares, e que, além do mais, tinha no início Mas muito poucos ainda são aqueles que
apenas um significado restrito; o nome pensam como ele. Hildebert du Mans, um
completo do qual deriva a palavra (al-djebr wa'l poeta de grande renome neste momento, está
moukâbala, restituição e oposição) mais próximo do estado de espírito do
originalmente refere-se al-Khwarizml duas momento, compondo um poema em quinze
operações claramente descritas em Diophantus canções, chamado Matemático, para
como o primeiro a ser submetido às equações ridicularizar astronomia e astrônomos
(GONZALES,2004). (GONZALES, 2004).
Uma restituição consiste em passar as No século XII, os árabes, fundadores das
quantidades negativas de um membro para o Universidades de Granada e Córdoba, deram a
outro, de modo que só restem termos conhecer no Ocidente os Elementos de
positivos; o outro (oposição), para reduzir Euclides. Eles receberam dos cristãos da Síria os
termos semelhantes em ambos os lados. tesouros da ciência grega e indiana: eles os
No Ocidente, na virada da Antiguidade e da transmitiram para a Europa latina; graças a
Idade Média, pode-se, na melhor das hipóteses, traduções realizadas especialmente na
referir Boécio (d.C. 480-524), autor de Espanha.
Aritmética, que é apenas uma cópia, mal Hermann o dálmata, conhecido o
digerida pelo caminho, de Nicômaco de Gerase. planisphere de Ptolomeu (1183), Gerard de
E há também sob o seu nome (mas a atribuição Cremona traduziu o Almagesto (1173). Por sua
é contestada) um Ars Geometriae, contendo vez, Campano, que vive após o ano de 1200,
em particular uma tradução literal dos quatro comenta Euclides e estuda a teoria dos planetas
primeiros livros de Euclides, mas onde as e a quadratura do círculo.
manifestações foram omitidas. Mas é acima de tudo que as necessidades
Cerca de um século mais tarde, Isidore, o práticas do comércio estão se desenvolvendo,
visigodo bispo de Sevilha em seus Etymologies, especialmente na Itália, que um novo ímpeto
explica que "a multiplicação da geometria da está chegando. Leonardo de Pisa, Fibonacci diz,
natureza", que distingue aritmética "cujo é dito ter, em um tratado sobre aritmética
fundamento é a adição". Este é o lugar onde a (Liber Abaci), publicado em 1202, incluindo
matemática apareceu naquele momento álgebra, como era conhecida, ensinada ou
(CHAVES e SALAZAR,2003). melhor propagado o uso de algarismos arábicos
Após um longo período de obscuridade, que ele chama o número indiano.
durante o qual o cálculo pascal foi o ápice do Ele indica o valor relativo ou posição.
conhecimento desejável, o ensino da (GERBERT, por volta do ano 1000, e um pouco
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mais tarde Adélard de Bath, já conhecia ferramentas que lhe dariam todo o seu poder.
números numéricos e aritmética baseados no Ela adquiriu suas ferramentas em etapas. Luca
sistema árabe, mas sua introdução no Ocidente Paciuolo começa dando métodos para reduzir
teve um impacto muito limitado) (GONZALES, todas as equações do segundo grau a três
2004). casos. Em seguida vem Niccolò Fontana,
Empregado na alfândega de Bejaia (atual conhecido como Tartaglia, Cardan e Ferrari,
Argélia), Fibonacci recolheu tudo o que se sabia que estão começando a resolver o problema
sobre aritmética no Egito, Grécia, Síria, Sicília, e geral de resolver as equações de terceiro e
ele compôs um tratado. Zero, segundo ele, quarto grau (GONZALES, 2004).
deriva da palavra árabe Zephirum; mas seu Depois deles, Viète é o primeiro a aplicar a
maior mérito é ser o primeiro entre os latinos a álgebra à geometria e, assim, estabelece as
escrever sobre álgebra e de tal maneira que três bases para uma análise moderna.
séculos de trabalho duro não tenham
acrescentado nada ao que ele ensinou. Ele • Álgebra, uma linguagem em busca de
aplica-se à resolução de problemas comerciais seu vocabulário
sem fazer a mais leve alusão a operações Desde o início do século XVI, a álgebra foi
mágicas, e isso numa época em que eles faziam cultivada por um grande número de
as mentes mais distintas desfazerem-se. matemáticos. Scipio Ferrero, professor de
A partir desse momento a ciência parece ter matemática em Bolonha (1505), a primeira
sido estudada com alguma diligência na Itália, quebra as barreiras que, até então, álgebra foi
que podem ser citados Paul dall'Abaco, preso e consegue resolver um problema do 3º
matemático qualificados, representando, grau, mas não fazem pública sua descoberta.
utilização de máquinas, todos os movimentos Algum tempo depois, Tartaglia (1500-1557),
das estrelas que ensina matemática em Veneza, está ciente
de um desafio, segundo a moda da época, pelo
ANOS MODERNOS DA matemático Fiori (ou Fior); o segundo, que
possui, diz ele, um processo de resolver a
MATEMÁTICA equação do terceiro grau (talvez venha de
O renascimento da matemática segue a Ferreo), comete uma soma de dinheiro contra
captura de Constantinopla pelos turcos (1453). quem quer que resolva trinta perguntas
No entanto, o principal trabalho do século formando casos particulares de esta equação.
XVI é a criação da álgebra em sua forma atual. Tartaglia propõe um método mais simples e é
Esse ramo da matemática existia na tradição facilmente vencedor resolvendo em menos de
ocidental pelo menos desde Diofante, e duas horas as questões propostas.
sabemos que já poderíamos encontrar as bases Girolamo Cardano descobriu o resultado
entre os babilônios, o Egito, a Índia e assim por deste jogo científica. Ele rasga seu segredo para
diante. Tartaglia, jurar sobre os Evangelhos nunca
Mas, estando muito ligado a números, ligado revelam isso, mas essa promessa solene não o
a casos particulares, ele ainda não tinha as impede de publicá-lo em sua carta magna, ao
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fazê-lo é a verdadeira justiça para os inventores por um novo símbolo; em uma palavra, o
anteriores (GONZALES, 2004). cálculo algébrico não existia.
Além disso, enquanto Tartaglia sabia Por cartas que representam todos os valores
resolver a equação cúbica, como no caso de conhecidos e desconhecidos e submetê-los a
uma única raiz real, Cardan, mente sutil e todas as operações que foram feitas em
brilhante matemático, diz que quando a números, estando em sua forma moderna
fórmula resolução contém imaginária, a destes símbolos de ciência e álgebra, em
equação admite três raízes reais: este é o conjunto a linguagem com um mecanismo e, de
primeiro exemplo da conexão entre fato, um meio de nova expressão e um novo
quantidades reais e quantidades imaginárias, instrumento de descoberta.
que encontrarão seu pleno desenvolvimento Assim, transformando a fórmula do
no século XIX. raciocínio particular na lei, que ajuda a
Aos vinte e três anos, a Ferrari, aluna de desenvolver o poder de métodos matemáticos.
Cardan, resolve a equação do quarto grau. Estudou-se equações algébricas de qualquer
Assim, adquirimos a resolução algébrica das grau e ele imagina a maioria das simplificações
equações dos primeiros quatro graus, as únicas sofridas, a ser resolvida em breve, equações
que podemos, no caso geral, resolver por algébricas (GONZALES, 2004).
extrações de raízes, como o matemático Abel Provavelmente conhecemos a fórmula em
demonstrou no século XIX. desenvolvimento (a + b) n; ele encontra as
A álgebra ainda é, no entanto, apenas uma fórmulas expressando sin x cos x em função da
coleção de receitas isoladas, cada uma das sen x cos x e aplica-los para o estudo de certas
quais tem como objetivo resolver um problema equações algébricas. Ele dá expressão na forma
específico. De fato, Tartaglia e Cardan não dão de um produto infinito que, sem valor para o
fórmulas de resolução no sentido que cálculo prático, é o primeiro exemplo concreto
atribuímos hoje a essa palavra. As regras de deste uso desenvolvimentos ilimitados, o
Tartaglia são colocadas em três versos de nove próximo século irá marcar um grande progresso
versos, cada um dedicado a descrever a da análise matemática. Na geometria, ele
continuação, operações destinadas a resolver resolve com elegância singular o problema de
cada uma das formas de equação levar um círculo tangente a três círculos dados.
(GUACANEME,2011). Vamos acrescentar, para terminar com a
Seu trabalho essencial é a criação do matemática do renascimento, graças ao
mecanismo algébrico; completando assim o extraordinário progresso dos métodos de
método analítico de Platão, ele dá à álgebra, Van Roomen, mais conhecido sob o
matemática sua linguagem, ao mesmo tempo nome de Adrianus Romanus (nascido em
analítica e sintética. Antes dele, os matemáticos Leuven em 1561, morreu em Mainz em 1615),
calculavam apenas números, e o desconhecido, calculado o número (Pi) da circunferência ao
com seus poderes, era representado por sinais; seu diâmetro, com quinze casas decimais,
não fizemos operações com as letras e o 3.141. 592. 653. 589. 793 (GONZALES, 2004).
produto de duas quantidades foi representado
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
É muito importante para a escola que professores de matemática conheçam a gênese dos
conceitos e declarações matemáticas e muitos estudos e pesquisas apontam para isso
No ensino e aprendizagem de matemática, os estudantes muitas vezes formam conceitos
na forma como estes conceitos têm foram formados: contagem direta, medição, observação, etc.
dos objetos reais.
No ensino de matemática nos graus mais baixos da escola primária e, mais tarde, os
professores podem usar fatos da história da matemática para obter alunos interessados no tópico
que ensinam.
Contextualizar o ensino da história da Matemática com a Matemática é uma ferramenta
valiosa no processo de aprendizagem, abrindo o horizonte para novas perspectivas de
aprendizagem.
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REFERÊNCIAS
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Universidade Pedagógica Nacional 6 (17), 21-26,1989.
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Integrando a história: perspectivas de pesquisa. Holanda: Kluwer Academic Publishers, 2000.
MAZ, A. A história da matemática na aula: por quê? e para que? Documento de trabalho do
Programa Doutoral em Didática da Matemática. Universidade de Granada, 1999.
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VAN MAANEN, J. (Ed.), História em educação matemática (pp. 201;240). Holanda: Kluwer
Academic Publishers, 1988.
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CONTEXTUALIZANDO E COMPREENDENDO A
DEFICIÊNCIA
Juliana Koga Vieira1
RESUMO: O presente artigo apresenta um percurso histórico das pessoas com deficiência na
conquista de seus direitos. Também aborda a trajetória de como a deficiência é vista na
sociedade, o que altera significativamente a maneira como são tratadas as pessoas com
deficiência; esta forma passou de exclusão para assistencialismo, na sequência, integração e, por
fim, a inclusão. Partindo destes temas, este trabalho dialoga a respeito da presença da pessoa
com deficiência e como todos os ambientes se adaptam para atender a diversidade.
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geralmente eram exploradas como pedintes ou Nesta mesma época, o olhar para a pessoa
atração de circo. Com o advento do com perturbações mentais, tratadas com
cristianismo, doutrina que pregava o amor ao discriminação e humilhação, teve seu foco
próximo, a classe excluída foi favorecida por mudado. Philippe Pinel (1745-1826) explicou
este novo olhar; a prática de eliminação da que se tratava de pessoas doentes e não
pessoa com deficiência foi proibida e, no século aberrações. No século XIX, um método de
IV, foram inaugurados hospitais que abrigavam leitura para cegos surge sem tal pretensão. De
os indigentes e os deficientes (GUGEL, 2008). início, era apenas um código desenvolvido por
Na Idade Média, a pessoa com deficiência Charles Barbier (1764-1841), a pedido de
era vista como castigo divino ou obra de Napoleão, para comunicação nas batalhas à
feitiçaria e bruxaria, de maneira que eram noite. Porém foi rejeitado pelos soldados por
eliminadas sob a crença de exterminar um mal. sua complexidade. Apresentou-o, então, no
Este período é marcado por extremismos entre Instituto Nacional dos Jovens Cegos de Paris.
bem e mal, Deus e o demônio. A ignorância Um aluno, Louis Braille (1809-1852) sugeriu
científica dava espaço às explicações de ordem aperfeiçoamento, contudo não foi atendido
sobrenatural, repletas de atitudes punitivas e pelo criador. Resolveu fazê-lo por si e, assim,
de exterminação segundo a vontade de Deus criou o sistema de escrita padrão para cegos: o
(ROCHA, 2008). BRAILLE (GUGEL, 2008).
Já na Idade Moderna, século XV, o Nesta época, ainda sob influência das ideias
humanismo, representado nas artes, na música humanistas, foi-se percebendo a necessidade
e defendido na ciência, colaborou para a de atenção especial à pessoa com deficiência e
transformação da visão de mundo, pois trouxe não apenas atendimento hospitalar e abrigo, de
inúmeras ideias de renovação e de maneira que são criados asilos, orfanatos e
aprimoramento da sociedade. Com isso, a lares para crianças com deficiência (GUGEL,
pessoa com deficiência passou a ser visto de 2008). Além disso, havia forte defesa de que os
outra forma, sem rejeição, e muitas criações mutilados de guerra fossem reabilitados ao
favoreciam sua participação na sociedade. As trabalho em postos nos quais pudessem atuar.
pessoas com deficiência auditiva passaram a ter A visão de reabilitação difundiu-se e constituiu
acesso à educação, graças ao código de sinais lei em 1884, instituída pelo chanceler alemão
desenvolvido pelo médico e matemático Otto Von Bismarck (GUGEL, 2008).
Gerolamo Cardomo (1501-1576), um Em 1854, no Brasil, foi criado o Instituto dos
instrumento que chamou a atenção do monge Meninos Cegos, atual Instituto Benjamim
beneditino Pedro Ponce de Leon (1520- 1584), Constant, e, em 1857, o Imperial Instituto de
que, com isso, desenvolveu um método Surdos Mudos, atual INES – Instituto Nacional
educacional para estas pessoas. Nos séculos de Educação de Surdos (GUGEL, 2008).
XVII e XVIII, os hospitais passaram a ter atenção O Século XX foi marcado por muitas
especial com deficientes, em especial os mudanças de paradigmas. A pessoa com
mutilados de guerra, as pessoas surdas e as deficiência passou a ter espaço na sociedade,
cegas. (GUGEL, 2008) podendo exercer sua cidadania, com direitos e
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao analisar o posicionamento da sociedade com relação às pessoas com deficiência ao
longo da história, é possível observar e pontuar árduas conquistas que foram proporcionando-
lhes espaço, respeito e direitos. Não se tratou, apenas, de se fazerem percebidas pela presença,
mas houve de se recorrer aos direitos humanos para que a comprovação de sua capacidade de
aprender, de conviver, de interagir fizesse-se valer.
Importante ressaltar que legislação não garante a execução dos direitos; ainda há muita
luta para que se apliquem as leis. Contudo, a inclusão é um caminho no qual, graças à legislação,
não se caminha mais para trás.
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REFERÊNCIAS
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deficiência. Artigo publicado na Revista do Ministério Público do Trabalho, Ano XI, no.
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possíveis. São Luiz/MA: EDUFMA, 2009.
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CONTEXTUALIZANDO O BULLYING
Paula Regina Messias Afonso1
RESUMO: O presente artigo com aborda um assunto de suma importância para o âmbito
educacional e para a sociedade. Apresenta-se o desenvolvimento do bullying, seus aspectos, a
atuação do governo na sua participação ativa para prevenir e combater o bullying nas escolas e
entidades não governamentais, até os dias atuais, com a criação da Lei Nº 13.185, de 06 de
Novembro de 2015.
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De acordo com Silva, (2010, s.p),os problemas Centro de Pesquisa de Promoção da Saúde, da
mais comuns são: Universidade de Bergen, na Noruega. A
Desinteresse pela escola; problemas pesquisa, realizada em 1970, por Dan Olweus,
psicossomáticos; problemas comportamentais considerada como o primeiro estudo científico
e psíquicos como: Transtorno do pânico, sobre Bullying, ele entrevistou mais de oitenta
depressão, anorexia e bulimia, fobia escolar, mil estudantes e, por volta de quatrocentos
fobia social, ansiedade generalizada, entre professores. Entrevistou, também, aos pais dos
outros. O bullying, também, pode agravar alunos, dos quais foram testemunhas e vítimas
problemas preexistentes, devido ao tempo de bullying e também dos seus agressores, os
prolongado de estresse a que a vítima é bullies. Essa pesquisa, que foi um projeto de
submetida. Em casos mais graves, podem-se grande escala, foi publicada, no livro
observar quadros de esquizofrenia, homicídio e Escandinávia, em 1973 e, em 1978, nos Estados
suicídio (SILVA,2010, s.p). Unidos, sob o título “Agressão nas escolas:
Apesar de o bullying ser um assunto bastante Bullies e Chicote Boys”.
comentado nos dias atuais, ele é considerado Na década de 1980, o Dr. Olweus realizou o
um episódio muito antigo, que sempre ocorreu primeiro estudo sistemático de intervenção
- e ocorre - em diversos segmentos da contra o bullying no mundo, que documentou
sociedade, tais quais: Escolas, clubes, igrejas e uma série de efeitos bastante positivos do que
empresas. Salienta-se, porém, que é no âmbito hoje é o Programa de Prevenção Olweus
escolar, nas “brincadeiras” entre as crianças e Bullying (OBPP). Ele também foi o primeiro a
adolescentes, que ocorre sem distinção de estudar o problema do bullying de alunos pelos
classe social, que se observa a maioria das professores.
ocorrências de bullying. Dr. Olweus é geralmente reconhecido como
um pioneiro e fundador da pesquisa sobre
A HISTÓRIA problemas de bullying e como especialista líder
mundial nesta área, tanto pela comunidade
O bullying tem ocorrido mundialmente em
científica e pela sociedade em geral. Seu livro
escolas e universidades. Com a expansão dos
"Bullying na Escola: O Que Sabemos e o Que
meios de comunicação, o ato se tornou popular
Podemos Fazer" já foi traduzido para 15 línguas
e mundialmente conhecido. No século passado,
diferentes. Dr. Olweus recebeu uma série de
no início dos anos 70, surge um interesse da
prêmios e reconhecimentos por seu trabalho
sociedade Sueca, de acordo com os estudos,
de pesquisa e de intervenção, incluindo as
após complicações entre uma vítima e o
"distintas contribuições para Políticas Públicas
agressor, no país.
para Crianças" prêmio pela Sociedade de
Após o decorrer dos anos, estudos sobre o
Pesquisa em Desenvolvimento Infantil. Ele tem
assunto, dos quais estudiosos deram ênfase a
sido um membro do Centro de Estudos
esse fenômeno. De acordo com Cléo Fante
Avançados em Ciências do Comportamento,
(2005) se iniciou a pesquisa, em seu foco
em Stanford, Califórnia.
principal, na ‘escola’, no qual o pesquisador Dan
Olweus, professor de psicologia, afiliado com o
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que não possui recursos e nem habilidades para De acordo com os pesquisadores do tema
reagir às agressões; percebe-se que os professores também tem
Vítima provocadora: Aquela que provoca e sido vítimas de bullying, devido às dificuldades
atrai reações agressivas, mas não consegue que a Educação passa no Brasil e também pela
lidar contra elas com eficiência. Ela tenta falta de interesse da família em participar da
revidar quando atacada, porém geralmente de vida efetiva dos filhos nas escolas.
maneira ineficaz. Pode ser hiperativa, inquieta,
dispersiva e ofensora, é de modo geral tola e • Tipos de Bullying
imatura, com costumes irritantes, e quase Os comportamentos e as ações decorrentes
sempre é responsável por causar tensões no do bullying foram classificados de acordo com o
ambiente em que se encontra; grau de agressão e há várias formas de
Vítima agressora: É aquela que reproduz os manifestações do mesmo.
maus tratos sofridos. A vítima agressora é Para Carpenter e Ferguson (2011, p.33), os
aquele aluno que passou por situações de tipos mais encontrados são: Verbal, físico,
sofrimento na escola e tende a buscar social, em relacionamentos, emocional,
indivíduos mais frágeis do que ele, para agredir, extorsão, direto, indireto e cyberbullying.
aumentando assim os casos de bullying; Apresentamos as características de cada
Agressor: Aquele que vitimiza aos mais uma delas e suas classificações de acordo com
fracos. O agressor, de ambos os sexos, costuma Silva:
ser um indivíduo que manifesta pouca empatia; Verbal: Insultar, ofender, falar mal, fazer
Espectador: É o aluno que presencia o gozações, colocar apelidos pejorativos, fazer
bullying, porém não o sofre e nem o pratica. piadas ofensivas e zoar; Forma Física e Material:
Representa a grande maioria dos alunos que Bater, chutar, espancar, empurrar, ferir,
convive com o problema e adota a lei do beliscar, roubar, furtar ou destruir os pertences
silêncio, por temer se transformar em novo alvo das vítimas e atirar objetos contra as vítimas;
para o agressor(FANTE, apud, OLWEUS,2005, Forma Psicológica e Moral: Irritar, humilhar e
p.38). ridicularizar, excluir, isolar, ignorar, desprezar
Constantini (2004), atenta, conforme suas ou fazer pouco caso, discriminar, aterrorizar e
várias pesquisas apontam, na maioria das ameaçar, chantagear e intimidar, tiranizar,
vezes, que as vítimas do bullying não se dominar, perseguir, difamar, passar bilhetes e
recuperam do trauma sofrido. A vítima, em sua desenhos entre os colegas de caráter ofensivo,
maioria, por medo de falar o que acontece, e, fazer intrigas, fofocas ou mexericos (mais
ou por falar e não ser levado a sério por um comum entre as meninas); Forma Sexual:
adulto - sente-se vulnerável à situação. Por isso, Abusar, violentar, assediar e insinuar; Forma
o trauma é tão grave e, muitas vezes, Virtual: Usar a internet para caluniar, maltratar
irreversível. Dessa forma para o autor, a vítima entre outras atitudes, já descritas, contra o
para “sair deste papel significa se emancipar de próximo (2009, p.22-24).
uma situação de sofrimento e de absoluta De acordo com os autores Carpenter e
impotência psicológica” (p. 74;75). Ferguson (2011), o bullying Físico:
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pode ocorrer mesmo sem agressão física (2011 p.39), descrevem o bullying social como
propriamente dita. Um bullying pode fazer “aquele em que a vítima se sente excluída ou
gestos ameaçando socar a vítima; atirar longe maltratada em virtude de sua posição social”.
um livro, para impressionar, ou mesmo invadir De acordo com Calhau (2011), “o
sua privacidade. É um jogo de dissimulação cyberbullying ocorre com a utilização de meio
para intimidar e assustar... outra forma de eletrônico como instrumento de agressão no
bullying físico está relacionado ao assédio bullying”. É uma agressão virtual, de acordo
sexual ou a ações que intimidam. Um bullie com os estudos, no qual o agressor faz envio de
pode levantar a saia de uma menina, baixar as imagens, mensagens utilizando-se de redes
calças de um menino (CARPENTER e sociais, nos meios eletrônicos. ”A internet é um
FERGUSON, 2011, p. 37). instrumento muito importante para o
Para Lopes (2005, p. 169), afirma que o desenvolvimento da humanidade e, tal qual o
bullying psicológico: As crianças, que sofrem o avião, pode ser utilizado tanto para o bem
bullying, estão mais propensas a sofrer danos à como para o mal. As agressões, por meio
saúde, tais como: Depressão, ansiedade, eletrônico, são uma evolução das antigas
irritabilidade, agressividade, pânico, desmaios, pichações em muros de colégio, casa ou até nos
insônia, estresse entre outros sintomas. banheiros das escolas.”
Insultar ou falar mal de forma repetitiva ou O cyberbullying, de acordo com os estudos, é
criar apelidos que humilham os colegas que considerado um dos mais perigosos, devido à
caracteriza o bullying verbal. Allan Beane repercussão rápida do ocorrido e pelas
afirma que: “Apelidos ofensivos. Comentários proporções que o mesmo pode tomar.
insultuosos e humilhantes. Provocação
repetida. Comentários racistas e assédio. A ESCOLA E O BULLYING
Ameaças e intimidação. Cochichar sobre as
No século passado, pesquisadores
crianças pelas costas” (BEANE, 2010, p.21).
observaram um aumento da violência nas
Bullying Sexual: Assediar, induzir ou abusar
escolas. Porém, foi constatada, de acordo com
de alguém, de acordo com os estudos, ocorre
as pesquisas, que essa violência é decorrente
com crianças mais velhas, nas quais possui
dos problemas sociais que a sociedade, em si,
comentários sexuais desagradáveis. Essa
enfrenta, e refletem-se nas escolas.
conduta de bullying é muito grave e pode ser
A desigualdade social, a desestruturação
considerado assédio sexual. As crianças, que
familiar, a cultura do consumismo desenfreado,
cometem este tipo de bullying, não tem em sua
a desvalorização da Educação e a banalização
maioria a noção da periculosidade e da
da vida, refletem-se na perda dos valores
seriedade do que se trata e podem enfrentar
basilares humanos e sociais, os quais compõem
consequências sérias.
a sociedade. Observar-se-á um conjunto de más
O Bullying Social, de acordo com Chalita
influências constantes, que derivam do
(2008 p. 105), é uma “manipulação feita
crescimento desenfreado da violência e
frequentemente para dificultar a aceitação
resultam na falta de interesse dos alunos pela
dentro de um grupo”; Carpenter e Ferguson
escola.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo do presente artigo é ampliar o conhecimento ao que se refere à prática do
bullying, mostrando seu real conceito, as consequências, o âmbito jurídico a que ele compete e
suas formas de prevenção e reforçar proteção às pessoas que sofrem intimidação sistemática.
Um tema que abrange vários âmbitos, principalmente, a esfera escolar, na qual o Direito
deve atuar para o Estado fazer valer as leis de proteção às crianças e aos adolescentes. Urge que
por intermédio do Direito, que é ciência de suma importância para a sociedade alicerçar-se na
Justiça, para que cada cidadão possa ser sujeito de direitos, que preze pela construção de uma
cultura, na qual haja o respeito às diferenças plurais existentes em nossa sociedade. O Programa
de Combate à Intimidação Sistemática, Lei 13.185/2015, representa um grande avanço no
combate ao fenômeno Bullying, devendo ser instituído nos projetos pedagógicos de todas
instituições de ensino brasileiras.
Expor a problemática do bullying, apontando as causas, consequências e, principalmente,
a legislação, que o compete, é de fato a parte mais importante deste trabalho. O bullying, ainda,
é visto de maneira muito superficial, porém, deixou de ser “uma palavra na moda” e ou
relacionado à “brincadeira de criança” para virar “assunto de polícia” constantemente relatado
pela mídia.
Por isso, a Lei 13.185/2015 vem ser uma importante aliada à educação cidadã para a paz,
na qual todos são sujeitos de direito. Torna-se urgente que a sociedade seja atuante na aplicação
desta lei educativa, para que se findem casos de autotutela. O Programa de Combate à
Intimidação Sistemática deu um importante apoio para que as instituições de ensino possam
atuar de uma forma mais eficiente para ser capazes de sanar problemas de Bullying em todo
âmbito nacional. Escolas que possuem projetos que envolvam a sua comunidade para o exercício
da cidadania em seus projetos pedagógicos tem mostrado bons resultados no combate ao
Bullying, melhorando o relacionamento interpessoal o que reflete no bom aprendizado dos
alunos e resultam em uma maior participação da comunidade dentro das escolas diminuindo
casos de criminalidade no entorno.
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conhecimento. A inteligência então se constrói o bebê é um ser biológico que nasce com
na relação sujeito-objeto. A intervenção potencialidades (aptidões, habilidades,
psicopedagógica é uma relação mediadora inteligência, personalidade) que precisam ser
entre o sujeito e o objeto na construção do aprendidas e se desenvolvem a partir da
conhecimento, da inteligência. A criança interação com o seu meio. A interação com
constrói a inteligência por meio de sua ação. A indivíduos mais experientes permite a criança
intervenção mediadora do psicopedagogo se aprimorar da cultura de seu grupo,
encontra-se no centro da relação sujeito-objeto interiorizá-la, transformá-la em um produto
ao propor desafios, acompanhar as único, singular, por meio dos processos de
construções, orienta-se pela operatoriedade da subjetividade e intersubjetividade.
inteligência, pela formação de conceitos: tal é a A linguagem é um instrumento de mediação
universalidade em que a inteligência se simbólica fundamental nesse processo,
constitui. produzida social e historicamente e, por esse
Na pedagogia, concepções diferentes de meio a criança pode representar a realidade e
teorias dão origem a práticas pedagógicas desenvolver o seu pensamento.
diferentes, conforme Weisz (2000, p.60): Para Vygotsky, apud, Mello (2004, p.7), “o
Para os construtivistas – diferentemente dos desenvolvimento da inteligência e da
empiristas, para quem a informação deveria ser personalidade é extremamente motivado, ou
oferecida da forma mais simples possível, uma seja, é resultado da aprendizagem”. As
de cada vez, para não confundir aquele que características inatas do indivíduo são
aprende – o aprendiz é um sujeito, protagonista condições essenciais para o seu
do seu próprio processo de aprendizagem, desenvolvimento, mas não são suficientes, pois
alguém que vai produzir a transformação que não tem força motora em relação a esse
converte a informação em conhecimento desenvolvimento. Para a teoria histórico-
próprio. Essa construção se dá a partir de cultural, na ausência da relação com a cultura,
situações nas quais ele possa agir sobre o que é o desenvolvimento tipicamente humano não
objeto de seu conhecimento, pensar sobre ele, ocorrerá. Isso significa que a relação entre
recebendo ajuda, sendo desafiado a refletir, desenvolvimento e aprendizagem ganha uma
interagindo com outras pessoas. nova perspectiva: não é o desenvolvimento que
Vygotsky(1992), representante da Psicologia antecede e possibilita a aprendizagem, mas, ao
Sócio-Histórica, Marta K. de Oliveira (1992), contrário, é a aprendizagem que antecede,
chama atenção para as funções psicológicas possibilita e impulsiona o desenvolvimento.
superiores, que incluem pensamento, Sem o contato da criança com a cultura, com os
memória, percepção, atenção, consciência, que adultos, com as crianças mais velhas e com as
são de raiz sociocultural e emergem de gerações mais velhas, a criação das capacidades
processos de origem biológica, por meio da e aptidões humanas não ocorrerá. Dito de oura
interação da criança com pessoas mais forma, o desenvolvimento fica impedido de
experientes da cultura. Em outro trecho, ocorrer na falta de situações que permitam o
Oliveira (1992, p.78) esclarece que: aprendizado.
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De acordo com Mello (2004), ao estudar as com o outro, que é mediador da cultura
formas tradicionais de avaliação do (BOCK,1999, p. 126)
desenvolvimento psíquico, ou seja, do De acordo com a teoria sócio-histórica, a
desenvolvimento daquelas funções como a aprendizagem ocorre mediada por um outro
linguagem, o cálculo, o pensamento, a mais experiente pertencente à cultura do
memória, o controle da conduta, aprendiz. Neste sentido, para lidar com as
Vygotsky(1992), percebeu que, para avaliar defasagens de aprendizagem, também é
esse desenvolvimento, utilizava-se apenas necessário à mediação de um outro, no caso,
daquilo que a criança era capaz de fazer de cabe ao psicopedagogo. Na linha do
forma independente, ou seja, sem a ajuda de pensamento do construtivismo e da visão
outros. Vygotsky (1992), chamou esse nível de sociocultural, o, psicopedagogo, em sua
desenvolvimento de zona de desenvolvimento intervenção, deve fazer perguntas à criança que
real, uma vez que expressa o nível de levem a construção do conhecimento,
desenvolvimento psíquico já alcançado pela observando os meios que ela utiliza para
criança. No entanto, percebeu a existência de resolver o problema. O psicopedagogo analisa
um outro indicador que precisava ser as respostas da criança, favorecendo para que
necessariamente considerado ao lado do a criança encontre outra saída para o mesmo
desenvolvimento real já alcançado pela criança. problema. O erro será sempre construtivo,
Esse outro indicador foi chamado nível ou zona porque o importante é a ação do sujeito sobre
de desenvolvimento próximo e se manifesta o objeto. Se em dado momento, a criança ainda
por aquilo que a criança ainda não é capaz de não tenha condições de assimilar determinado
fazer sozinha, mas já é capaz de fazer em assunto, o psicopedagogo irá facilitar o
colaboração com um parceiro mais experiente. conhecimento utilizando estratégias,
Para Vygotsky (1992), ao fazer com a ajuda de instrumentos psicopedagógicos como o jogo de
um parceiro mais experiente aquilo que ainda regras.
não é capaz de fazer sozinha, a criança se
prepara para, em breve, realizar a atividade por ABORDAGEM PSICANALÍTICA
si mesma. Dessa forma, só há aprendizagem
quando o ensino incidir na zona de NO PROCESSO DE
desenvolvimento próximo. Se ensinarmos para APRENDIZAGEM
a criança aquilo que ela já sabe, não haverá A Psicanálise é uma área do conhecimento
nem aprendizagem nem desenvolvimento. instituída por Sigmund Freud. Alguns autores
Nesse sentido, Bock (1999), afirma: não tratam a Psicanálise como ciência,
(...) partir das concepções de Vygotsky, a enquanto outros, a consideram dentro do
aluno jamais poderá ser visto como alguém que maior rigor científico por possuir em sua
não aprende, possuidor de algo interno que lhe estrutura uma teoria (noção de inconsciente
dificulta a aprendizagem. Todos são dinâmico), um método (via de acesso ao
responsáveis no processo. Aprender é estar inconsciente) e uma técnica (interpretação do
material inconsciente).
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Como doutrina científica, a Psicanálise deu na memória (sensoriais e afetivas) são evocadas
origem a teorias que derivam de observações de tal forma que novos objetos passam a
clínicas e que procuram ordenar, compreender representar os objetos originais.
e explicar o comportamento humano. O que Winnicott (1975), denominou esses objetos
chamamos de teoria psicanalítica é, portanto, de objeto transicional. Segundo Winnicott
um corpo de teorias a respeito do (apud Salamone, 1990, p. 228).
funcionamento e do desenvolvimento da O simbolismo começa aqui. O indivíduo
mente do homem. começa a perceber que o objeto transicional
A Psicanálise contribui para a prática simboliza a mãe e não é mais sua mãe
psicopedagógica na avaliação, compreensão e propriamente dita”. É por meio desta atividade
tratamento da problemática apresentada pela que se edifica a relação do indivíduo com o
criança que compromete o seu mundo externo, com a vida criativa, com o
desenvolvimento escolar, e ou do grupo no qual pensar
ela esteja inserida. De acordo com Freud (apud, KUPFER, 2001),
Desde a época em que Freud postulou a sua afirmou que:
teoria, por mais difícil que seja o seu (...) as emoções ou afetos não sofrem a ação
entendimento, ou por “feridas” que traga ao do recalque e, portanto, não se tornam
amor próprio do homem, não há como negar a inconscientes. Não existem afetos
evidência do inconsciente e a importância da inconscientes, e sim representações
sexualidade para a compreensão do ser inconscientes: idéias e imagens que, uma vez
humano. O homem na concepção psicanalítica tornadas inconscientes, podem insistir em
é sujeito a uma ordem inconsciente e movido retornar, e o que fazem sob forma de sonhos,
por desejos que desconhece. de atos falhos, associações livres ou de outras
Os psicanalistas tem formulado teorias que formações inconscientes (2001, p. 48),
permitam a compreensão das funções Podem retornar sobretudo sob a forma de
simbólicas, da organização do pensamento e do sintomas. O que está em questão é o sentido
desenvolvimento psicossexual da que estas idéias e imagens tomaram na história
personalidade. Pelas teorias também se deduz da criança, o campo da psicanálise, trata não
que esses processos psíquicos mantem estrita apenas de observar, mas compreender para
relação com as funções ligadas à aprendizagem. interpretar.
O simbolismo, base fundamental para o Na Psicanálise de Lacan, autor que fez a
desenvolvimento da vida psíquica e da releitura dos textos freudianos, o que se
comunicação humana, está diretamente ligado evidencia é a linguagem, não a linguagem
à vida afetiva. A partir das primeiras relações comum, mas a que se deixa propagar por meio
entre a mãe e o bebê se estabelece os primeiros de seus efeitos de sentido: sintomas, sonhos e
vínculos afetivos: as primeiras gratificações e formações diversas.
frustrações, os sentimentos de si mesma e de Segundo Kupfer (2001, p. 27):
confiança básica no outro. Na ausência do Analisar alguém não é tratar de suas
objeto provedor, as experiências armazenadas emoções, mas cuidar para que se coloquem as
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condições necessárias a que o paciente persiga sentimentos de amor, ódio e rivalidade ficam
as representações que estão recalcadas e reprimidos no inconsciente. Decorrente das
produzindo seus efeitos. É claro que esse identificações com os pais, acriança internaliza
paciente sofre por causa de seu sintoma, mas o as proibições, moral e valores culturais,
sofrimento é um produto secundário, não é a trazendo como conseqüência a formação do
causa do sintoma. Ao dizer secundário, não se superego.
está afirmando que não seja importante, mas É em torno do complexo de Édipo que ocorre
que de nada adiantará “atacar” as emoções se a estruturação da personalidade.
elas são as dimensões fenomênicas, aparentes, Barone (1990, p.32), acredita que “a partir da
do que está em transcurso em uma outra resolução do complexo de Édipo, conseguido
dimensão, mais propriamente a dimensão pelo temor da castração, que a criança vai
inconsciente (KUPFER ,2001, p. 27). poder assumir sua identidade sexual e ter
Para entender melhor o que se pretende acesso à cultura, pela internalização das leis e
neste capítulo, será necessário introduzir proibições que regem”.
alguns conceitos teóricos, formulados pela A resolução edipiana é crucial no processo de
psicanálise, principalmente como Freud os aprendizagem. A criança que tem elaboração
concebeu (FREUD, apud, SANDLER, 1986). da fase edipiana ineficiente, não interioriza
Em torno dos quatro aos seis anos de idade, eficientemente normas e valores, que vão estar
o menino se defronta com um conflito presentes na aprendizagem escolar, uma vez
denominado Complexo de Édipo, referente aos que a criança tem de se submeter a regras e
seus desejos e relações objetais. Em síntese, normas para aprender a ler e a escrever.
trata-se do desejo do menino de ter relações A criança frente às primeiras experiências de
sexuais com sua mãe e eliminar o seu pai desta aprendizagem revive e expressa sua maneira
relação, até mesmo fantasiando a morte do pai. pessoal, particular de lidar com a realidade,
Porém, esses intensos desejos entram em repetindo a história de suas relações passadas,
conflito com o amor que o menino sente pelo vividas na fase edipiana. Assim, as experiências
pai, e também com o temor de ser rejeitado ou de fracasso na aprendizagem podem ser
ser retaliado em seus órgãos genitais, influenciadas por esta condição pessoal da
conhecido como Complexo da Castração. O criança.
temor da castração leva a criança a renunciar a Concepções psicanalíticas ligadas às
esse amor sexual e se identificar como influências do inconsciente sobre a vida
progenitor do mesmo sexo, e assim, resolver o consciente, ao investimento afetivo, ansiedade,
seu Complexo de Édipo. Na menina, ocorre algo mecanismo de defesas, características da
semelhante, em relação ao pai. A menina estrutura do ego, capacidade de suportar
deseja um filho de seu pai e também eliminar a frustações, discriminação entre sujeito e
sua mãe. Tanto nos meninos quanto nas objeto, controle da agressividade, regressões,
meninas, existem as mesmas configurações. fixações, inibições e desenvolvimento
Resolvido o complexo de Édipo, o qual a criança simbólico entre outras, participam na
jamais se lembrará, uma vez que esses compreensão dos processos pedagógicos.
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social, o significado do sintoma, etc.) e um para as demandas do aprendiz. Lidar com o erro
trabalho de reeducação. construtivo se defronta com a falta, com a
Cada uma dessas vertentes ou modalidades incompletude do ser, e manejar situações
de psicopedagogia pode ser usada tanto em inéditas colocadas pela criança a todo instante,
uma ação preventiva como em uma ação é o grande desafio para o psicopedagogo.
terapêutica, tanto na instituição (escola,
hospital, etc.), quanto nos consultórios. O que A PSICOPEDAGOGIA NUMA
define uma e outra não é o local em que essa
ação se desenrola, mas as características do ABORDAGEM PSICANALÍTICA
fenômeno observado. Outro aspecto é a leitura Como já mencionado, os indivíduos possuem
deste fenômeno que sem dúvida, está limitações, fobias, angústias e sofrimentos, que
relacionada com a formação e a possibilidade por vezes, interferem e desencadeiam
do profissional de fazer um tipo de diagnóstico, dificuldades no processo de aprendizagem. A
seja dos diferentes fatores envolvidos em uma Psicopedagogia desempenha um papel de
determinada situação institucional, seja na grande importância, por ser uma área de
dinâmica do funcionamento de uma criança. estudo quem vem contribuir na superação das
Independente da abordagem adotada, existe dificuldades de aprendizagem. O
um arsenal de instrumentos que auxiliam o psicopedagogo pode buscar na Psicanálise os
psicopedagogo no diagnóstico e na elementos necessários para esclarecer a origem
intervenção. O construtivismo contribui com os das dificuldades de aprendizagem, por meio de
jogos de regras; as teorias dinâmicas com o uma escuta especializada, que faz emergir as
desenho e com o brinquedo. A Psicanálise fontes inconscientes da problemática que aflige
interpreta o desenho a partir da associação a criança.
livre da criança, e vê o jogo da criança e a Neste sentido, a Psicanálise pode contribuir
brincadeira associados ao papel do conflito e da na compreensão da esfera afetiva da criança e
fantasia, o que exige uma interpretação. Se a amenizar o seu sofrimento. Como formanda em
aprendizagem é estruturalmente semelhante à Psicopedagogia, tenho refletido sobre a prática
brincadeira, como propõe a Psicanálise, psicopedagógica, na qual haja espaço para a
fornece pistas sobre a aprendizagem do sujeito, revelação do sentido inconsciente das
revelando a importância da posição ativa sobre dificuldades de aprendizagem.
o objeto do conhecimento.
A interdisciplinaridade na psicopedagogia LEDA MARIA BARONE E O
também é fator primordial, a análise de uma
dificuldade de aprendizagem é muito complexa
MÉTODO RAMAIN
Barone (1990), propõe a junção de Método
e envolve uma gama de fatores: sociais,
Ramain, com a leitura psicanalítica. O Método
culturais, pedagógicos, psicológicos e médicos.
Ramain constitui um conjunto de exercícios
Na intervenção psicopedagógica, é
com o objetivo de romper condicionamentos
importante o educador vivenciar a angústia de
de hábitos por meio do desenvolvimento da
“não saber”, no sentido de não se ter resposta
atenção interiorizada. O ponto central desse
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porque a ignorância que deve existir entre um Parente (2000, p.51), reafirma que “o
nível e outro não funciona como deveria. problema de aprendizagem é considerado
O diagnóstico recomendado por Pain, apud como o sintoma que expressa algo e possui uma
Parente (2000): mensagem”, isto é, a criança expressa algo que
(...) é o diagnóstico multifatorial, no qual se não vai bem na sua forma de se relacionar com
devem verificar as articulações entre os o mundo. O psicopedagogo deve compreender
múltiplos fatores que intervêm na dificuldade e interpretar a mensagem do sintoma contida
de aprendizagem. A hipótese sobre a no problema de aprendizagem.
articulação funcional do problema de Inspirada em sua mestra, Parente (2000),
aprendizagem deve ser observada na entrevista sugere que a não aprendizagem não é o
o “motivo da consulta”, na qual se pode avaliar contrário de aprender. Como sintoma está
as fantasias dos pais acerca da doença e da cumprindo uma função positiva tão integrativa
cura, e verificar as expectativas em relação à como o aprender. Portanto, é necessário que o
intervenção do psicopedagogo. O diagnóstico psicopedagogo compreenda o universo da
psicopedagogo busca compreender em que criança para decodificar o significado que o
momento o prazer de aprender foi substituído aprender adquiriu para ela, por exemplo, a
(PARENTE,2000, p.48). criança com dificuldades de aprendizagem
recebe mais atenção dos pais indo mal na
A CONTRIBUIÇÃO DE SONIA escola.
Tendo como referencial o diagnóstico
MARIA PARENTE multifatorial, Parente (2000), investiga os
A proposta de intervenção psicopedagógica vários fatores que interferem e ocasionam a
de Parente tem suas raízes na Psicanálise e o dificuldade de aprendizagem. O objetivo da
leme na teoria de Sara Pain, de quem é “hora do jogo” é o de observar como a criança
discípula. usa o material disponível para brincar, construir
Parente (2000, p. 29), “supõe que a origem algo, expressando suas idéias e realizando seus
do problema de aprendizagem pode estar projetos, porque isso também revela a
relacionada com as primeiras relações possibilidade da criança tirar proveito da
vinculares da criança com sua mãe”. Esse aprendizagem. As sessões de intervenção
modelo de relação vincular tende a ser psicopedagógica posteriores tem uma
reproduzido na escola. Assim, a autora marcante influência no modelo da
considera a aprendizagem como um processo Psicopedagogia Clínica.
que se desenvolve na relação com o outro e por
intermédio do mecanismo de identificação. A
base do processo de aprendizagem é a
DIFAJ E A INTERVENÇÃO DE
discriminação, ou seja, é preciso que exista um ALICIA FERNANDEZ
sujeito diferenciado de um objeto com o qual a Segundo Alicia Fernandez (1991, p. 83),
criança possa se identificar. psicopedagoga radicada na Argentina, “o
sintoma problema de aprendizagem expressa o
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste artigo apresentamos que a formação em Pedagogia e áreas afins não fornece os
subsídios necessários para o conhecimento da teoria e prática psicanalítica, de modo a permitir
que esses profissionais se apropriem da práxis psicopedagógica orientada pela Psicanálise. Cabe
ao profissional a decisão do trabalho psicopedagógico norteado por teorias pedagógicas e
construtivistas, ou optar por um estudo mais compreensivo da Psicanálise, em cursos de
especialização. O aprimoramento destes profissionais pode auxiliar as crianças no processo de
elaboração e desenvolvimento de suas capacidades estruturais e dinâmicas, na elaboração dos
conflitos conscientes e inconscientes. Abrindo um parêntese, se fosse abordado os conceitos
centrais da Psicanálise no curso de graduação em Pedagogia, certamente os pedagogos
aproveitariam mais intensamente a especialização em Psicopedagogia.
A Psicanálise considera que há sempre uma mensagem inconsciente em toda comunicação
verbal ou não verbal (comportamentos, atitudes, alteração na face, etc.). Neste sentido, é possível
fazer a leitura do inconsciente por meio da análise do discurso da criança, para se descobrir os
possíveis significados subjacentes à dificuldade de aprendizagem apresentada por ela. E, assim
entender, sob um outro ponto de vista, este mais abrangente, o que está impedindo de continuar
a aprender.
A importância de uma educação que busque a formação integral da criança obriga o
educador a lidar com os contrastes da realidade interna e externa. Somente aqueles educadores
que permitem o desafio da mudança pela análise pessoal, poderão ir construindo degraus na sua
formação, buscando neste processo o autoconhecimento tão necessário para investigar e intervir
nas dificuldades de aprendizagem da criança sem mesclar com as suas próprias.
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RESUMO: Hoje no Brasil encontramos muitas dificuldades em relação a educação, entre elas o
fracasso escolar, famílias ausentes, escolas precárias, má formação dos professores e
desvalorização de professor. Pensando em diminuir o alto índice de fracasso escolar, o professor
alfabetizador deve ter em mente os processos de aquisição da língua escrita que a criança passa,
saber diagnosticar as hipóteses que cada aluno se encontra e construir ambientes que motivem
e estimulem as crianças, pois o confronto do tradicionalismo com o construtivismo, fez com que
Emília Ferreiro(1980), por meio de suas pesquisas, conseguisse mostrar que as crianças são
capazes de construir diferentes idéias, resolver problemas e elaborar soluções. O erro da criança
é sempre valorizado, pois o professor consegue diagnosticar em que fase a criança se encontra e
o que deve ser proposto de atividade. O uso da cartilha passou a ser repensado pois era priorizado
a memorização, a cópia, as crianças não tinham permissão de pensar, existiam vários textos sem
sentido, que não agregavam nenhum valor para a criança. Foi a partir de Emília Ferreiro (1980), e
outros estudiosos que o Brasil passou a valorizar a educação, diminuindo o nível de fracasso
escolar existente.
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Nos fez rever o uso de cartilhas, os modos de livremente com criatividade, pois são capazes
avaliação e promoção de alunos. Para ela o disso.
importante é compreender o desenvolvimento
das idéias da criança sobre a escrita como um O PAPEL IDEAL DO PROFESSOR
processo evolutivo. Recomenda aos
alfabetizadores que nunca desprezem a ALFABETIZADOR
bagagem de conhecimentos sobre a escrita que Neste item apresentamos o papel ideal do
a maioria das crianças leva para a escola. professor alfabetizador, que durante muito
foi necessário rever as concepções nas quais tempo não era valorizado pois há muitos anos
se apoiavam as alfabetizações. Já não é mais no Brasil as creches tinham a função apenas de
possível conceber a escrita exclusivamente guarda, protegendo a criança e preservando-a
como um código de transcrição gráfica de sons, de viver uma situação de extrema miséria na
já não é mais possível fechar os olhos para as sua família. Os profissionais na área precisavam
consequências provocadas pela diferença de apenas de saber cuidar bem da criança e gostar
oportunidades que marca as crianças de dela, compreender o papel materno, podendo
diferentes classes sociais. Portanto, já não se assim substituir a mãe enquanto trabalhava.
pode mais ensinar como antes (ROSA, 2008, Com inúmeras pesquisas no campo da
p.92). Psicologia do desenvolvimento infantil,
A criança com mais estímulo e motivação observou-se que a criança já traz consigo uma
tem maiores chances de construir suas idéias e bagagem bastante produtiva, a creche então
hipóteses sobre ler e escrever, para que se passou a ter uma importância maior, e a ter um
apropriem da real função da língua e de seus espaço privilegiado para o desenvolvimento
usos. Infantil.
Ao percebermos a dificuldade que os antes de entrar na escola, a criança já vem
professores têm para sanar o fracasso escolar desenvolvendo hipóteses e construindo um
ou a dificuldade que os alunos apresentam em conhecimento sobre o mundo, o mesmo
sala de aula decidimos apontar as idéias de mundo que as matérias ditas e escolares
Emília Ferreiro como instrumento de trabalho procuram interpretar no início da alfabetização
para ajudar ou auxiliar o professor, com isso irá (DAVIS; OLIVEIRA, 1994, p.23).
contribuir também com os alunos. Em função disso, a creche mereceria ter uma
Com algumas referências teóricas estrutura e um funcionamento mais adequado,
verificamos que vários autores defendem as assim como um profissional bem preparado e
mesmas idéias de Ferreiro (1980), como: Weisz com maior nível de conhecimento sobre o
(2001), Teberosky (2009), Piaget (2002), Freire desenvolvimento infantil.
(1996), entre outros. A LDB (1996), considera que uma educação
Emília Ferreiro (1980), apresenta uma de qualidade depende principalmente da ação
proposta pedagógica construtivista, pedagógica desenvolvida em sala de aula e à
proporcionando às crianças que se expressem formação do professor. Ela nos mostra a
importância da formação de um professor.
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Quando entro na sala de aula devo estar Iniciar com escrita de seus próprios nomes
sendo um ser bem aberto a indagações, à de forma convencional auxilia servindo como
curiosidade, às perguntas dos alunos, as suas referência para o aluno identificar as letras,
inibições; um ser crítico inquiridor, inquieto em pois seu nome será visto em vários lugares
face da tarefa que tenho – a de ensinar e não como: em seus materiais, lancheiras, mesas,
de transferir conhecimento (FREIRE, 2009, utensílios, etc.
p.47). Escrever o próprio nome de forma
O professor deve investigar o que a criança convencional é um dos primeiros conteúdos
sabe, atuando como observador e interprete presentes na pré-história da escrita na
dos comportamentos da criança, e a partir ontogênese e oferece um rico material de
desse conhecimento deve ser elaborado o seu confronto entre a escrita espontânea e a
trabalho na sala de aula. Segundo Teberosky convencional (AZENHA, 1993, p.93).
(2009, p.8), “É aprendendo sobre o aprender da A criança estará em situação de
criança que poderá dar outro sentido ao seu aprendizagem, utilizando suas elaborações
ensinar.” O profissional da educação Infantil sobre a escrita, escrevendo e lendo, mesmo
deve saber mediar às experiências da criança antes de dominar todas as convenções e
pequena de modo a contribuir positivamente normas da língua escrita. Se familiarizando
para seu desenvolvimento e sua aprendizagem, então, com as letras do seu próprio nome, e
auxiliar a criança a utilizar suas diferentes com a construção convencional de palavras.
linguagens para aprender sobre si mesma e A existência e o conhecimento dessas
sobre o mundo que a cerca. elaborações Infantis não podem continuar
Assim como simbolizar suas experiências e desconhecidos para o alfabetizador. Conhecer
expressar sobre o que sente sobre ela e se como a criança aprende permite integrar o
comprometer com o bem estar do aluno e seu conhecimento espontâneo infantil ao ensino
desenvolvimento. sistemático, e essa é uma tarefa importante
Portanto, antes de chegar a uma conclusão para dar maior significado ao ensino escolar
de o que o professor deve ensinar, primeiro (AZENHA, 1993, p.94).
deve-se saber quais são as idéias e A alfabetização, seguindo esse processo,
conhecimento dessa criança, e até se for deixa de ser restrita só às letras, e passa a
preciso mudar o rumo de suas ações. pensar no que há por trás delas.
Muitas vezes é preciso mudar o rumo das Mais do que simplesmente transmitir
coisas para dar conta do processo real que se informações, conteúdos aos seus alunos, são
apresenta, de situações ou contextos não importante que o professor saiba apontar
previstos quando a atividade foi planejada – já caminhos.
que os alunos, quando tem como proposta É a adversidade das situações em que os atos
realizar uma determinada tarefa, põem-se a de ler e escrever estão integrados, que oferece
fazê-lo conforme-lhes é possível em cada tanto a possibilidade da criança reconhecer os
momento (WEISZ, 2001, p.83). conflitos que o sistema de representação
alfabética inevitavelmente criará para ela,
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Hoje o construtivismo é a fonte da qual (1993, p.37), “Os erros sistemáticos, regulares e
derivam várias diretrizes oficiais no Ministério recorrentes chamam a atenção das
da Educação. pesquisadoras e levam-nas a perguntar se não
Os resultados dessas pesquisas contribuíram seriam indícios de certa forma de compreender
decisivamente para a proposição e divulgação a linguagem escrita”. Acredita-se que o erro
do que, entre nós, passou a ser conhecido como não se trata de um problema e sim nos mostra
“o construtivismo de Emília Ferreiro”, principal o raciocínio de uma determinada faixa etária, e
característica do que denomina “quarto deve ser visto como ponto de partida para
momento crucial” na história da alfabetização novas práticas.
no Brasil (MELLO, 2007, p.12). O erro faz parte do processo de
Depois de estudado e compreendido, hoje o alfabetização, e o professor pode utilizar a
construtivismo é mais aceito e conhecido sondagem para diagnosticar.
mundialmente. Com o auxílio desta pesquisa, a A sondagem é um recurso que auxilia muito
educação é repensada, e passa-se a dar mais os professores para diagnosticar as hipóteses
valor para o que a criança traz consigo de de escrita alfabética que o aluno se encontra.
conhecimentos. É um momento em que a criança recebe um
O construtivismo vem se fortalecendo cada desafio de escrever, no qual deve refletir sobre
vez mais e se tornando uma linha pedagógica a escrita e colocar no papel o que compreende
inovadora. sobre ela, ciente do que, e para que esta
Com o passar do tempo, surgiram novas escrevendo.
propostas pedagógicas, que também foram O professor que aprende a interpretar as
inspiradas na teoria de Emília Ferreiro (1980). produções de seus alunos aprende também a
O termo construtivismo vem da importância respeitar a criação e os esforços destas
da construção do conhecimento que é crianças. Ele será um mediador e fornecedor de
adquirido pela criança. pistas para o aprendiz se tornar alfabético.
Uma concepção construtivista da Quando uma criança escreve tal como
inteligência, como acentua Piaget, incluiria a acredita que poderia ou deveria escrever certo
descrição e a explicação de como se constroem conjunto de palavras, está nos oferecendo um
as operações intelectuais e as estruturas da valiosíssimo documento que necessita ser
inteligência, que, mesmo não determinadas por interpretado para poder ser avaliado[...]
ocasião do nascimento, são gradativamente Aprender a lê-las – isto é, a interpretá-las – é
elaboradas pela própria necessidade lógica um longo aprendizado que requer uma atitude
(AZENHA, 1993, p.23). teórica definida (FERREIRO, 1985, p. 16;7).
É reconhecido por estudos que a criança vai A sondagem deve ser feita pelo professor no
construindo gradativamente suas estruturas início do ano, e finais dos semestres, para que
cognitivas. seja assim, possível analisar o processo de
Essa linha pedagógica não condena a criança alfabetização.
pelos seus erros, e sim os utiliza para seu O professor deve escolher palavras que
próprio crescimento, como mostra Azenha fazem parte do vocabulário cotidiano dos
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alunos (como brinquedos, alimentos, animais, A criança apresenta fases ou níveis quanto ao
etc). A lista deve conter palavras que variam na seu desenvolvimento na linguagem escrita.
quantidade de letras e o ditado deve ser feito O primeiro nível da criança é o pré-silábico, e
da maior palavra para a menor, e deve-se evitar este é dividido em três fases.
também palavras que repitam vogais, para A primeira é a fase Pictórica, na qual os
evitar conflitos para as crianças. primeiros rabiscos tentando imitar a escrita dos
No final do ditado, deve-se ditar uma frase adultos são de muita importância para o
em que apareça uma das palavras da lista, para professor, pois sabe-se que a criança mostra as
que se observe se a palavra foi escrita de forma concepções que possuem da escrita por meio
igual, mesmo fazendo parte de uma frase. desses rabiscos.
A série de palavras propostas para a escrita Nesta fase a criança ainda não descobriu que
mantinha entre si uma relação semântica, para se escrever é necessário utilizar letras e
fazendo parte de um mesmo conjunto de que as mesmas dão os sons das palavras.
significados ou um mesmo tema, como, por A criança registra garatujas, desenhos sem
exemplo, nomes de animais, brinquedos, figuração e, mais tarde, desenhos com
objetos escolares, etc. Após cada palavra a figuração. Normalmente a criança que vive em
criança deveria ler a própria produção, um ambiente urbano, com estimulação
indicando onde a leitura estava sendo lingüística e disponibilidade de material gráfico
processada (AZENHA, 1993, p.45). (papel, lápis) começa a rabiscar e experimentar
É importante que o professor dite as palavras símbolos muito cedo (por volta de 2 anos).
normalmente sem silabar. Muitas vezes, ela já usa a linearidade,
A folha entregue ao aluno não deve conter mostrando uma consciência sobre as
linhas para que se observe o alinhamento e a características da escrita (CÓCCO; HAILER,
direção de escrita do aluno. 1996, p. 39).
A entrevista deve ser individual; o professor A criança sabe que o que está no papel quer
não deve dar dicas e nem intervir de maneira dizer algo, só não entende o que é.
indutiva; ditar as palavras sem marcar as sílabas A segunda fase é chamada de Gráfica
(escandir); ditar uma lista do mesmo campo Primitiva, na qual a criança começa a utilizar
semântico (animais, frutas, material escolar, letras e números sem consciência do significado
festa, partes do corpo e outras); evitar palavras de cada letra, misturam desenhos, letras e
com letras repetidas (bolo, bala, gata, vaca, números.
pasta, ovo e outras); ditar na ordem: A criança registra símbolos e pseudoletras,
polissílaba, trissílaba, dissílaba, monossílaba e misturadas com letras e números. Já demonstra
uma frase; usar letras móveis se necessário; se linearidade e utiliza o que conhece do meio
possível, ficar em frente ao aluno; o professor ambiente para escrever (bolinhas, riscos,
deve fazer as anotações (num caderno à parte) pedaços de papel). Nesse momento, há um
da escrita e da leitura do aluno (CUNHA, 2009, questionamento sobre os sinais escritos. Ela
p. 34). pergunta muito ao adulto sobre a
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que ela escreve, com isso ela entra mais uma Nesse momento escreve fazendo relação
vez em conflito, pois nesta fase é utilizado mais entre som e letras, seu próximo passo é
vogais, daí ela nota que mais de uma palavra caminhar em direção a correção da ortografia
pode ser escrita com as mesmas letras. gramatical.
EX: cabelo = AEO Por intermédio de toda essa pesquisa
camelo = AEO realizada, precisou ser reavaliado o uso as
Percebendo isso a criança começa a cartilha na alfabetização, por ter sido elaborada
acrescentar letras, enriquecendo a escrita. pela visão de um adulto, o que eles acreditam
a criança abandona a hipótese silábica e ser difícil para a criança, sem pensar no
descobre a necessidade de fazer uma análise conhecimento prévio do aluno. Eles
que vá "mais além" da silaba pelo conflito entre acreditavam que a criança não era capaz de
hipótese silábica e a exigência da quantidade compreender um texto todo, por isso
mínima de granas (FERREIRO; TEBEROSKY, quebravam textos em frases, frases em
2008, p.214). palavras, palavras em sílabas, acreditando estar
Neste nível percebemos que a criança está facilitando a aprendizagem da criança, com isso
muito perto de se tornar alfabética, superando limitava o aluno a memorização e repetição.
aos poucos os obstáculos da alfabetização. As frases e textos utilizados nas cartilhas não
No alfabético a criança vence todas as etapas exigiam reflexão do aluno, eram muito
da escrita, já compreende que a escrita artificiais.
corresponde aos sons de cada letra, mas isso Analisando qualquer cartilha, inclusive
não quer dizer que todas as dificuldades foram aquela pela qual minha professora de 1º série
superadas, pois ainda tem um longo caminho tentou me alfabetizar, posso ver que aquele
para percorrer comas dificuldades da material era conjunto de atividades destinadas
ortografia. a demonstrar que, para escrever um som que
Nesta fase ela já sabe que a junção de uma produzimos em uma única emissão, como um
vogal mais uma consoante formará uma sílaba, PA ou um BA, precisamos de pelo menos duas
que juntando sílabas, formarão uma palavra e letras. Isto é, a intenção era demonstrar o
juntando palavras construirá frases. funcionamento do sistema alfabético no
Ela ainda não divide a frase corretamente, português. As cartilhas trabalham com palavras
mas sim da maneira que ela fala. que se dividem em sílabas, e com essas sílabas
Ex: Omininu comeum doci. depois se constroem novas palavras. É o que se
Neste estágio a criança venceu todos os tornou conhecido como método da análise-
obstáculos conceituais para a compreensão da síntese, ou da palavra geradora (WEISZ, 2001,
escrita – cada um dos caracteres da escrita p.20).
correspondente a valores sonoros menores que Acreditava-se que era fundamental a
a sílaba – e realiza sistematicamente uma presença de um adulto, pois sem ele a criança
análise sonora dos fonemas das palavras que não era capaz de aprender. Com o uso da
vai escrever (PIAGET, 1993, p.85). cartilha, o aprender a ler era somente
identificar letras, sílabas, palavras e frases, o
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aluno só seria capaz de ler depois de estar O aluno deveria sempre respeitar
alfabetizado. cuidadosamente a forma das letras e a
Para o alfabetizador é preciso ter acesso à ortografia, apenas reproduzi-las e sempre
língua escrita (tanto com para aprender a falar tomando cuidado para não errar, pois não se
é necessário ter acesso á língua oral) e é isso era permitido.
que está ausente nas famosas cartilhas ou Existem crianças que conseguiram aprender
manuais “para aprender a ler”. Nesses manuais utilizando cartilhas, pois tinham uma família
apresentam-se orações estereotipadas, presente e contato com livros, já a maioria
impossíveis de encontrar em textos com função sentia dificuldade porque não compreendiam e
comunicativa, informativa ou puramente não tinham acesso à leitura.
estética: “ Minha mamãe me ama’, “O boi Esses estudos permitiram que
baba”, “O dedo de Dudu dói” são pseudo- compreendêssemos que a metodologia das
enunciados que só existem nos manuais cartilhas pode fazer sentido para crianças
escolares, que não comunicam nada, que não convencidas de que para escrever BA bastaria
informam acerca de nada e que as crianças uma letra, que para escrever macaco seriam
devem aceitar sem perguntar “que quer dizer” necessárias três letras: COM ou ACO ou MAC,já
(FERREIRO, 2008, p.34). para aquelas que ainda cultivam idéias muito
Neste processo de alfabetização, nem mais simples a respeito da escrita, sem se quer
sempre o aluno tem contato com textos reais e estabelecer relação entre o falado e o escrito, o
com linguagem do seu cotidiano. esforço de demonstrar que uma sílaba
Os planejamentos de aula se mantinham geralmente se escreve com mais de uma letra
iguais todos os anos e em qualquer classe, pois não faz nenhum sentido. E são exatamente
não havia mudanças na cartilha, não essas as crianças que não aprendem com as
acompanhavam a evolução das crianças e o cartilhas e ficam repetindo a primeira série,
erro era rigorosamente punido, devendo assim chegando muitas vezes a desistir da escola
ser evitado. (SANCHEZ, 2001, p.20;21).
O processo de alfabetização por meio da O trabalho com a cartilha não era pensado
cartilha era cumulativo, o conhecimento nas concepções que a criança tem sobre a
deveria ser adquirido pouco a pouco, do escrita, sobre o processo evolutivo que elas
simples para o complexo. passam para adquirir o entendimento da leitura
A escola se converteu em guardiã desse e da escrita.
objeto social que é a língua escrita e solicita do A reelaborarão da cartilha foi mais uma das
sujeito em processo de aprendizagem uma contribuições de Emilia Ferreiro para a
atitude de respeito cego diante desse objeto, alfabetização, assim como sua pesquisa
que não se propõe como um objeto sobre o publicada no livro da Psicogênese da Língua
qual se pode atual, mas como um objeto para Escrita que mostrou os processos de
ser contemplado e reproduzido fielmente, sem construção que a criança passa para adquirir a
modificá-lo(FERREIRO,1992, p.21). escrita.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Face ao apresentado considera-se que é de extrema importância valorizar e respeitar o
tempo e o conhecimento que a criança traz consigo, e é a partir daí que o professor consegue
elaborar e trabalhar suas aulas. Ele deve conhecer, entender e respeitar o seu aluno, pois é na
educação infantil que se estabelecem as bases da personalidade humana, o desenvolvimento e a
socialização.
Família e escola devem formar uma parceria em busca do aprendizado, criando um
ambiente agradável e motivador, assim a criança se sentirá mais segura para essa nova etapa.
As crianças necessitam de professores que busquem se atualizar e se aperfeiçoar, que
estejam realmente preparados para entrar em uma sala de aula, que tenham o
comprometimento profissional buscando a confiança e respeito de seus alunos.
Muitos profissionais ainda adotam o perfil tradicionalista, porém o construtivismo já é mais
aceito e trabalhado nas salas de aula, por meio dele foi quebrada a barreira da relação entre
professor-aluno, fazendo com que tenha uma maior aproximação e afetividade dentro de uma
sala de aula.
Ferreiro (1980), foi a pioneira do construtivismo no Brasil, contribuiu muito para uma
melhoria na educação fazendo com que professores revissem seus métodos. Suas pesquisas
ajudaram os professores a compreender melhor os níveis de conhecimento da leitura e da escrita
que as crianças vão adquirindo. Aumentou os recursos pedagógicos que auxiliam a criança a
superar seus conflitos cognitivos, reavaliou o uso das famosas cartilhas, mostrou que o erro deve
ser valorizado, pois é a partir dele que a criança constrói o conhecimento.
Percebe-se que a partir das idéias de Emilia Ferreiro (1980), e outros pesquisadores o Brasil
passou a valorizar e se preocupar com a educação e os índices do fracasso escolar diminuíram.
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REFERÊNCIAS
AZENHA, Maria da Graça, Construtivismo de Piaget a Emilia Ferreiro, Editora Ática, São
Paulo, 1993.
DAVIS, Claudia; OLIVEIRA, Zilma, Psicologia na educação, São Paulo, Editora Cortez, 1993.
FERREIRO, Emília; TEBEROSKY, Ana, Psicogênese da Língua Escrita, Porto Alegre, editora
Artmed, 1999.
FERREIRO, Emília, Passado e presente dos verbos ler e escrever, Editora Cortez, São Paulo,
2005.
FERREIRO, Emilia, Com todas as letras, editora Cortez, São Paulo, 2008.
FERREIRO, Emilia, Reflexões sobre alfabetização, Editora Cortez, São Paulo, 2001 24º
edição.
PIAGET, Jean, A noção de tempo na criança, Editora Record, São Paulo, 2002.
SILVA, Paulo Sergio, Saúde mental do professor, São Paulo: expressão e arte, editora Edifieo,
2006.
WEISZ, Telma, O diálogo entre o ensino e a aprendizagem, Editora Ática, São Paulo, 2001.
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RESUMO: O artigo apresentado tem como objetivo analisar os desafios de uma professora de sala
regular com uma aluna diagnosticado com síndrome de Bourneville (ou esclerose tuberosa) por
meio de um relato de experiência. A professora atua na U.E.M Emília Costa, localizada na Zona
Urbana da cidade de Caxias - MA, a qual trabalha em sua sala regular de 2 ano do Ensino
Fundamental. Para este empreendimento, discorreu-se sobre o que é a Síndrome de Bourneville
e suas descrições clínicas, em seguida é apresentado à importância da Educação Inclusiva e as
principais leis que garantem esse direito. Por fim, é apresentado o relato de experiência,
articulado com o trabalho colaborativo entre os profissionais do ensino regular e o atendimento
especializado (AEE).
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Schaartzman (2009), 50% dos casos, os toda comunidade escolar e consegue manter
pacientes têm inteligência normal, 25% um bom convívio com todos, apesar de suas
apresentam prejuízos mentais que variam de limitações, por outro lado, a escola ajuda no
leve a severo, 25% apresentam quadro de que diz respeito a impor limites a ela, pois os
autismo e síndrome de Asperger. Observa-se direitos devem ser garantidos e os deveres
também que transtorno do déficit de Atenção e também devem ser exigidos, garantindo o
Hiperatividade são comuns nas crianças, respeito pelos seus colegas e deixando claro
enquanto que a ansiedade, depressão e que sua limitação não lhe dar direito a abuso de
paranoia são comuns nos adultos. preferência e poder, promovendo a igualdade
A professora Arleide Silva dos Santos que entre todos.
trabalha com a aluna portadora da síndrome, Nesse contexto, Paulo Freire (2001, p. 30),
relatou que ela já faz parte desta instituição há afirma que: “a inclusão não é uma utopia, mas
três anos e que ao longo desses anos, em seu uma oportunidade a ser realizada, desde que
processo de escolarização, não conseguiram todos iniciem uma luta contra nossos
alfabetiza-la, informando que ela possui uma preconceitos e formas mais mascaradas de
doença neurológica. práticas de inclusão”. Portanto é fundamental
Segundo as informações repassadas pelos que os professores, alunos considerados
pais da aluna à professora e por meio do “normais” e o poder público cumpram cada um
arquivo escolar, na qual se encontra laudo o seu papel de instâncias críticas da realidade e
médico e todas as informações do dia a dia da a escola de formadora de cidadãos que possam
aluna. Foi possível constatar que a síndrome participar de forma integral da sociedade,
apresentou-se de forma branda nos primeiros exercendo sua cidadania plena, garantindo a
anos, com o primeiro sinal com um ano de paz social, na qual todas as crianças devem ter
idade. As primeiras manifestações foram com oportunidade de tornarem-se membros
episódios de convulsão. Logo após dois anos a regulares da vida educacional e social.
jovem foi diagnosticada com a síndrome de A escola deve atuar como facilitadora das
Bourneville ou Esclerose Tuberosa. Iniciou-se comunicações e da difusão de informações
então o tratamento, com o uso de sobre deficiência, visando estimular a inclusão
medicamentos para o controle das convulsões. social, a melhoria da qualidade de vida e o
Considerando a prática pedagógica da exercício da cidadania das pessoas com
professora na sala regular de ensino com a deficiência seja ela mental, intelectual ou física.
aluna com síndrome de Bourneville, percebeu- Portanto, a inclusão é uma inovação e muitas
se que seu o primeiro desafio com a aluna com vezes seu sentido tem sido distorcido e
necessidades especiais é o afetivo, precisa-se polemizado por diferentes segmentos
criar um vínculo, no qual a estudante se sinta educacionais e sociais. No entanto, inserir
acolhida e aceita na sala de aula e em todos os alunos com déficits de toda ordem permanente
ambientes da escola. ou temporários, mais graves ou menos severos
Durante a pesquisa, foi possível perceber o no ensino regular nada mais é do que garantir o
quanto essa aluna é querida e respeitada por
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Especializado - AEE, na mesma instituição de O tipo de entrevista por pautas apresenta certo
ensino. grau de estruturação, já que se guia por uma
O relato de experiência foi extraído por meio relação de pontos de interesse que o
da técnica de pesquisa da Entrevista por pautas. entrevistador vai explorando ao longo de seu
Segundo Gil (1999), as entrevistas podem ser curso. As pautas devem ser ordenadas e
classificadas em: informais, focalizadas, por guardar certa relação entre si.
pautas e formalizadas.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
As práticas pedagógicas voltadas para a Educação Especial sempre foram temas
recorrentes nos estudos em educação, na perspectiva inclusiva e no contexto político educacional
vigente, essas práticas são elementos fundamentais para subsidiar a aprendizagem e acompanhar
o processo de escolarização de alunos com deficiências sejam mentais ou físicas em sala
regulares.
A inclusão cresce a cada ano e o desafio de garantir uma educação de qualidade para todos
também acompanha esse crescimento. O que se busca é uma escola em que os alunos aprendam
a conviver com a diferença e se tornem cidadãos solidários.
Nesse contexto, o professor é fundamental nesse processo, pois é ele quem conduzirá
suas aulas de modo a garantir os direitos de aprendizagem dos alunos, tornando a educação um
meio de acesso a vida social para todos.
Dessa forma, a Educação Inclusiva apresenta uma proposta de ações pela igualdade e não
discriminação ao garantir para todos, igualmente, o acesso à educação, à participação e a
igualdade de direitos e deveres, diminuição diferenças e contribuindo para eliminação de
preconceitos.
Esse é um processo de desafios a fim de satisfazer as necessidades de aprendizagem de
todos os educandos das escolas de ensino regular.
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REFERÊNCIAS
ALONSO, M. Gestão escolar: revendo conceitos. São Paulo, PUC-SP, 2004.
ALVES, Fátima. Para entender Síndrome de Down. Rio de Janeiro: Wak, 2007.
FREIRE, Paulo. Algumas reflexões em torno da utopia. In: FREIRE, Ana Maria de Araújo
(org.). Pedagogia dos Sonhos Possíveis. São Paulo: UNESP, 2001.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5, ed. São Paulo: Atlas, 1999.
REIS FILHO, Jorge Sérgio; et al. Esclerose Tuberosa: relato de caso com estudo
histopatológico e ultra estrutural. Arquivo Neuropsiquiatria, 1998;56(3-B). Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/anp/v56n3B/1786.pdf>.Data de Acesso em: 20/02/2020.
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1Professor de Língua Brasileira de Sinais no Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Amazonas
na Rede.
Graduado: Licenciatura em Letras;Licenciatura em Pedagogia, Mestrado em Saúde e Educação pela UNAERP-
Universidade de Ribeirão Preto/SP; Especialista em Tradução e Interpretação da Língua Brasileira de
Sinais;Docência em Libras e Educação Especial; Experiência na área de Educação Inclusiva com Ênfase em Ensino-
Aprendizagem, atuando principalmente nos seguintes temas: Linguística aplicada a Libras, Ensino de Língua
Portuguesa como Língua Materna e Segunda Língua para Surdos.
E-mail: marcosmais_20@hotmail.com
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ABSTRACT: In this article we investigate the teacher's attitudes regarding the inclusion of the deaf
according to the theory of literacy, in which the acquisition of knowledge and skills of text
construction by the latter should move away from the pedagogical standards of right and wrong,
which impinge social insertion. We suggest that the inclusion of the deaf happen in two stages:
through the teaching procedures of Libras (Brazilian Sign Language) in the classroom and through
strategies for teaching the Portuguese language from Libras. We verified that in both steps the
teacher is the key person to implement successful inclusive education because it requires his
creativity and his cognitive, affective and behavioral assertiveness while working a visual and
spatial perception language to make it correspond to syntactic elements and semantics that
convey meanings. We have shown that it is possible for the deaf to be bilingual and that this
enables him to use messaging apps for mobile expanding his circle of friends and providing a
better quality of life. This result meets the requirements of the Brazilian Law of the Person with
Disabilities, ensuring an inclusive educational system that brings the maximum possible
development in their physical, sensorial, intellectual and social abilities and talents.
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visual e traduzi-la para a gramática da Língua que possui uma língua, uma identidade e uma
Portuguesa. cultura, desde o Egito antigo, em que os eles
Propomos neste artigo que o fato de os eram respeitados e adorados como deuses. Na
docentes serem submetidos ao aprendizado China havia a tradição de lançar os surdos no
dos parâmetros da Libras como, Configuração mar como presente aos deuses (CARVALHO,
das Mãos2 , Pontos de Articulação3, Orientação4
1 2 3 2007). No ano 360 a.C, Sócrates admitia que os
, Movimento5 e Expressão Facial e/ou
4 surdos poderiam se comunicar tanto com as
6
corporal , de acordo com os apontamentos de
5 mãos como com o corpo (CARVALHO, 2007).
Ferreira-Brito (1995) e Quadros e Karnopp Segundo Mazzota (2005), a história da
(2004, p.54), não seriam suficientes para que educação de pessoas surdas no Brasil teve início
alfabetizem surdos na Língua Portuguesa. Há no período Imperial, com a vinda da família
diferenças estruturais no ensino de ambas que real. O imperador D. Pedro II tinha um neto
precisam ser estabelecidos e contornados por surdo, filho da princesa Isabel. Preocupado com
meio de atitude assertiva do docente, uma vez a quantidade de surdos existentes no país,
que não há correspondência entre as unidades convidou o professor francês Ernesto Huet,
mínimas da língua visual-espacial (gestos em também surdo, para cuidar da educação dos
Libras) e as unidades mínimas da gramática da mesmos. Com respaldo na Lei nº 839 em 26 de
Língua Portuguesa (morfemas e fonemas). setembro de 1857, foi fundada a primeira
Além de buscarmos estabelecer uma proposta instituição dedicada à educação de surdos no
de ensino que considere a transformação de Brasil, o INES, Instituto Nacional de Educação
movimentos articulados no espaço (em frente de Surdos (MAZZOTA, 2005, p. 16).
de uma região do corpo ou até mesmo tocando Honora (2009), relata que Hernest Huest, ex-
regiões corporais) para signos verbais aluno surdo do Instituto de Paris, trouxe o
abstratos, reforçamos que atitudes mediadoras alfabeto manual francês e a Língua Francesa de
do professor é que irão proporcionar a Sinais. Essas foram as origens da língua
efetividade do aprendizado. Brasileira de Sinais, que sofreu grande
influência da Língua Francesa, dando origem a
1. Aspectos Históricos e Institucionais da importantes documentos que se prestariam à
Educação de Surdos educação dos surdos, embora não houvesse
O ensino da Língua Portuguesa como escolas especiais. Somente em 26 de setembro
segunda língua para os surdos tem suas origens de 1857, pela Lei nº 939, de autoria do então
em vários acontecimentos históricos imperador, foi criado o Imperial Instituto dos
destinados a estabelecer os surdos como grupo
2Refere-se a formas das mãos, que o emissor ou sinalizador usa podendo ser da datilologia (alfabeto manual) ou
outras formas feitas por uma ou ambas as mãos.
3Lugar onde os sinais são produzidos, podendo este tocar alguma parte do corpo ou em um espaço neutro, ou seja,
fora do corpo.
4Direção para a qual a palma da mão aponta na produção do sinal sua inversão pode constituir ideia de oposição.
5Os sinais podem ou não ter um movimento.
6A combinação dos quatro parâmetros acima supracitada aliada às expressões faciais e corporais são elementos
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/Libras -, respeitando a autonomia da língua de quando esta última for adotada nas
sinais, como um plano educacional que leva em transmissões de conhecimento.
consideração a experiência psicossocial e as Entende-se como Língua Brasileira de Sinais
habilidades linguísticas da criança com surdez. (Libras) a forma de comunicação e expressão,
No Brasil há uma grande mobilização da em que o sistema linguístico de natureza visual-
comunidade surda, de acordo com o Jornal da motora, com estrutura gramatical própria,
Câmara (2019), e com o Plano Nacional da constitui um sistema linguístico de transmissão
Educação (BRASIL, 2014), PNE, que está de ideias e fatos, oriundos de comunidades de
consciente dos seus direitos por uma educação pessoas surdas do Brasil (BRASIL, 2002, s.p).
mais justa, que vise a uma aprendizagem de Chegou-se à conclusão, na carta, que é
qualidade e inclusão educacional dos surdos na necessário que escolas adotem a língua de
sociedade. No dia 08 de junho de 2012 foi sinais como primeira língua para os alunos
publicada uma carta escrita pelos únicos sete surdos, a fim de que a instrução seja eficaz e
doutores surdos brasileiros, destinada ao então isso repercuta no convívio social. Dessa forma,
Ministro da Educação, na época o Sr. Aloísio os surdos doutores proclamaram que a escola
Mercadante (CAMPELLO, et al., 2012). Na para surdos deveria ser bilíngue,
referida carta, os atuantes da área da educação compreendendo a utilização de duas línguas: a
relatam que, embora a educação inclusiva Libras como primeira e a Língua Portuguesa
tenha permitido a interação de todos os alunos como segunda. Eles reivindicaram ainda que as
na escola, esta não estava garantindo um escolas bilíngues fossem contempladas pelo
ensino de qualidade aos surdos, uma vez que as Plano Nacional da Educação, o MEC. Por fim, os
aulas estavam sendo ministradas por meio de autores da carta enfatizam que essa, sim, é uma
uma língua não plenamente acessível a eles. ação verdadeiramente inclusiva, pois é uma
Apesar de os surdos já estarem incluídos nas garantia aos surdos do acesso ao conhecimento
escolas regulares, a língua utilizada na e à sua inclusão na sociedade.
instrução, a Língua Portuguesa, estava se
destacando em relação à Língua de Sinais 2.1 Filosofias Educacionais noBrasil
brasileira na ministração das aulas, De acordo com Goldfiel de Ciccone
possibilitando o desenvolvimento da (1990;1997), são filosofias educacionais:
competência na primeira destinada à leitura, a) Oralismo: se preocupa com o ensino da
convivência social e ao aprendizado. Os autores língua oral através de vários métodos, tais
da carta afirmaram também que a escola como: verbo tonal, leitura labial e outros. No
regular não é o único espaço, no qual todas as Brasil, as pessoas que seguem a filosofia
pessoas surdas podem ter acesso ao oralista, só ensinam a Língua Portuguesa e
conhecimento de qualidade. Eles afirmam que geralmente não aceitam a Língua de Sinais.
a comunidade surda, por possuir uma língua b) Comunicação Total: procura desenvolver
própria, considerada como sua língua materna, todas as habilidades da comunicação como: a
terão as chances de aprendizado aumentadas fala, a audição, os sinais, leitura, escrita e
outros recursos. No Brasil e em outros países, a
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aprendizado, dentro de uma sala de aula do A informação sobreo significado dos termos
curso regular. A integração desse aluno é uma “surdo”, “deficiente auditivo” e “mudo” não
busca antiga feita por pais, professores e pelo tem grande divulgação pelas Instituições de
sistema educacional, com consequências que Ensino, que deveriam ser as primeiras a abraçar
se refletem na vida dos deficientes nela por completo todos os parâmetros da lei da
interessados. Antes do avento da lei da Pessoa Pessoa com Deficiência a elas impostos como
com Deficiência, a falta de organização das obrigação, a fim de proporcionar ao aluno
informações interferia negativamente no qualidade na educação. A Secretaria de
impacto de ações de inserção social. No período Educação Especial do Ministério da Educação
pós lei da Pessoa com Deficiência as escolas tem promovido debates que enfatizam a
devem providenciar os serviços e o apoio de qualidade do ensino voltado para os alunos
que essas pessoas precisam. deficientes de um modo geral e sugere
Para Bianchetti (1998), as escolas hoje mudança na grade curricular do ensino nos
insistem na realização de uma multiplicidade de cursos de graduação em licenciatura. Essas
atividades na tentativa de atender às medidas atenderiam ao que a lei determina e
necessidades individuais dos portadores de preveniriam dificuldades como, por exemplo, o
deficiência, acreditando que isso pode propiciar modo de avaliação das produções dos alunos
a eles o todo desenvolvimento desejado. Há deficientes auditivos.
também situações em que escolas preparam No Brasil, os alunos surdos permaneceram
atividades para trabalhar com alunos fora das preocupações do sistema educacional
deficientes, mas apenas contornam as até por volta de 2002, ocasião em que a Libras
dificuldades, sem enfrentar o problema de cada foi implantada pela Lei 10.436, como sendo a
um deles como causa da marginalização. língua oficial dos surdos brasileiros. Apesar
Segundo Botelho (2002), a educação de desse fato, não havia regulamentação sobre
surdos não tem oferecido condições favoráveis como e por quem ela seria ensinada e também
de acesso às complexidades cognitivas, o que é como seria a formação dos profissionais
agravado pelo fato de os professores e os envolvidos na educação dos surdos. Somente
alunos surdos não compartilharem uma mesma em 2005, com a assinatura do Decreto 5.626,
língua. Observa-se, assim, que o ensino dos torna-se obrigatória a disciplina de Libras nos
surdos se mostra aquém das expectativas que cursos de licenciatura.
levariam à inclusão. A isso soma-se o fato de O fato de até 2005 não haver atendimento
surgirem contendas sobre o ensino dos surdos. educacional especializado em Libras gerava
Historicamente, a população dos surdos era uma evasão em massa dos alunos surdos das
tida pela sociedade como uma aberração escolas; ou a escola os mantinha na mesma
porque se acreditava que um surdo não poderia série sem que obtivessem êxito. Essa prática os
ser alfabetizado e/ou receber educação igual à levava a se tornarem apenas copistas ou
de uma pessoa considerada “normal” ou analfabetos funcionais, impedindo-os de
ouvinte. desenvolverem atividades letradas. Faz-se
necessária uma formação adequada para que
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os docentes, que atuam na Educação Básica, de naturezas diversas como, por exemplo,
desenvolvam a construção de saberes e linguística, conhecimento sociocultural e
competências fundamentais, de práticas outras, que provocam a inserção desse
metodológicas para o letramento de alunos indivíduo na sociedade brasileira. No caso do
surdos. surdo, o sucesso de sua inserção social depende
No Brasil, o direito de crianças surdas a uma essencialmente de sua produção escrita.
educação bilíngue é garantido pelo Decreto
Federal nº 5626, de 22 de dezembro de 2005, 3. A importância da Formação do
que estabelece o oferecimento obrigatório aos Professor no desenvolvimento de saberes e
alunos surdos, desde a educação infantil, da competências de indivíduos surdos
Língua Brasileira de Sinais, Libras, como a O Artigo 62 da LDB (9.394/96), trata da
primeira língua, e a Língua Portuguesa, na formação de docente do ensino básico ofertada
modalidade escrita, como a segunda. Sugere-se nas instituições de ensino superior, seja ela
que a modalidade oral da Língua Portuguesa pública ou privada, tendo como formação
seja trabalhada fora do espaço escolar. mínima o exercício do magistério.
Considerar a língua de sinais como a primeira Posteriormente esse artigo foi regulamentado
língua do surdo significa que os conteúdos pelo Decreto nº 3279/99, cujo teor afirma que
escolares devam ser trabalhados por meio dela, somente a formação em magistério não é
e que a Língua Portuguesa, na modalidade suficiente para atuar na profissão de docente.
escrita, seja ensinada com base nas habilidades O professor é visto pela lei como mediador de
interativas e cognitivas já adquiridas pelas conhecimento, alguém que dá condições ao
crianças surdas através de suas experiências aluno para construí-lo:
com a língua de sinais (QUADROS, 1997). O professor é um profissional do humano
O bilinguismo é definido como o uso de duas que: ajuda o desenvolvimento pessoal,
ou mais línguas, sendo possível afirmar que a intersubjetivo do aluno; um facilitador ao
maioria das pessoas surdas, que usa a língua de acesso do aluno ao conhecimento / um ser de
sinais e a língua pátria, pode ser considerada cultura que domina de forma profunda sua área
bilíngue (GROSJEAN, 1996). É a língua de sinais de especialidade e seus aportes para
que, por ser visual/espacial, desempenha, para compreender o mundo. Um analista crítico da
elas, o mesmo papel que a língua portuguesa na sociedade, portanto que nela intervém com sua
modalidade oral tem para os ouvintes. Por atividade profissional (LIBÂNEO, 1999, p.262).
viverem numa sociedade de maioria ouvinte, as Assim como Libâneo (1999), Freire (1997,
pessoas surdas sofrem influência da língua p.22), também afirma que “[...] ensinar não é
pátria, ainda que possam ter dificuldades transmitir o conhecimento, mas criar
acentuadas na compreensão e no uso da possibilidades para a sua produção, para a sua
mesma. construção”. Ambos têm a mesma linha de
A produção oral ou escrita na língua raciocínio quando se referem ao processo de
materna, por uma pessoa que não porte ensino e aprendizagem. É importante ressaltar
deficiência, requer o trabalho com informações que os alunos também passaram a ser vistos de
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outra maneira. Antes eles eram considerados Segundo Nóvoa (2009), o professor reflexivo
seres que chegavam à escola sem é aquele que estuda cada caso como se fosse
conhecimento algum. Hoje são vistos como único em busca de respostas para o insucesso,
indivíduos que carregam uma bagagem repleta avalia as práticas docentes; é aquele que
de conhecimentos. O professor, por sua vez, desenvolve sua metodologia objetivando
precisa respeitar e moldar esse conhecimento e atender às expectativas dos discentes, assume
criar meios para a produção de outros, compromisso com a sociedade e tem sede de
conforme Freire: mudança.
[...] pensar certo coloca ao professor ou, O professor, além de intermediador de
mais amplamente, à escola o dever de não só conhecimentos, também é responsável por
respeitar os saberes com que os educandos promover a socialização e a inclusão no
chegam a ela, mas também de discutir com os ambiente escolar na perspectiva de uma escola
alunos a razão de ser de algum desses saberes para todos, baseada nas oportunidades de
em relação com os ensinos dos construídos [...] direitos iguais à educação, buscando a inclusão
(FREIRE, 1997, p. 33). de pessoas com necessidades educacionais
É no contexto de constantes transformações especiais. O Art. 58 da LDB - Leis de Diretrizes e
que os currículos dos cursos de formação de Bases da Educação Nacional (9.394/96), define
professores precisam ser atualizados quanto às o que é essa educação especial: “[...] a
mudanças que vêm ocorrendo nos espaços modalidade de educação escolar, oferecida
escolares. É necessário que a formação de preferencialmente na rede regular de ensino,
profissionais da educação esteja aberta para as para educandos portadores de necessidades
diversidades, disposta a mudar práticas de especiais”. O direito a ela também é
ensino, de forma que possam ser aprimoradas mencionado nos Parâmetros Curriculares
e que, acima de tudo, haja a preocupação com Nacionais – (PCN’s,1997). Por isso é importante
a qualidade do ensino. Podemos classificar os que em sua formação o professor tenha
professores reflexivos como profissionais que preocupação com desenvolvimento de saberes
se preocupam com a realidade da educação e e competências do sujeito que apresenta
refletem sobre as possíveis mudanças para necessidades educacionais especiais.
solucionar o insucesso da educação. A atitude
positiva do professor em relação à dificuldade 3.1 Desafios do ensino da Língua
do aluno no aprendizado vai interferir em suas Portuguesa para surdos: saberes e
relações com esse aluno, predispondo-o a agir competências necessários no processo de
de maneira também positiva. O melhor formação de professores
resultado da conduta do professor será obtido Este artigo tem como foco refletir sobre a
se ele tiver conhecimento mais aprofundado a formação dos profissionais da área da educação
respeito das causas que interferem no sentido de possibilitar mudanças no
negativamente nas habilidades de seus alunos processo educativo que tragam solução ao
(BOER, et al, 2010, p. 3). insucesso do letramento de surdos. Para isso,
discutiremos o conceito de letramento
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estabelecido por Tfouni (1992, 2005), e iremos escrita, alinhando, em um continuum, nuances
propor, baseados em saberes construídos na ligadas à habilidade da escrita que vão desde os
convivência com a comunidade de surdos, não-alfabetizados até os alfabetizados que se
práticas docentes e metodologias que busquem expressam pelo raciocínio silogístico: a posição
atender às necessidades deles quanto ao que o indivíduo ocupa nesse continuum
aprendizado da Língua Portuguesa, demonstra seu grau de letramento. Nesse
promovendo sua inclusão social. sentido, os saberes e competências dos
É necessário esclarecer que a sociedade professores devem estar focados no
baseia-se fundamentalmente em práticas aprendizado (letramento) do aluno surdo e,
escritas (TFOUNI, 1994, p. 61), o que significa não, na alfabetização deste, com repetição
melhores chances de trabalho e sucesso para automática de estruturas gramaticais. Para
quem as domina, marginalizando, por sua vez, atingir essa meta, o professor deve estar atento
aqueles que não têm domínio da escrita. Essa às circunstâncias do aprendizado, valorizando o
“barreira linguística” (TFOUNI & CARREIRA, contexto social na construção textual do aluno,
2007, p. 155), seleciona os indivíduos segundo sendo criativo para atender às suas
o domínio dos níveis abstratos e complexos da necessidades oferecendo-lhe os recursos
escrita, ou seja, segundo a habilidade que o necessários no momento em que a questão da
indivíduo tem de se expressar por meio do construção da escrita ocorre. Ele deve estar
raciocínio silogístico. apto a criar as condições necessárias para que
Existem, portanto, duas maneiras de avaliar o aluno adquira os conhecimentos, as
o funcionamento discursivo (língua falada ou habilidades, os valores culturais e emocionais
escrita): a avaliação daquele que se expressa relacionados à atividade de construção do texto
bem por meio da escrita usando escrito em Língua Portuguesa. O seu
adequadamente as regras gramaticais e, conhecimento profissional deve estar voltado
portanto, produz um texto descontextualizado; para a criação de soluções de avaliação
e a avaliação daquele que necessita das adequadas às diferentes situações enfrentadas
informações do contexto social para se no cotidiano do ambiente escolar do surdo,
expressar, por não dar conta da compreensão e afastando-o dos padrões pedagógicos de certo
utilização de operações de indução e inferência e errado, que engessam a inserção social
de maneira abstrata (LURIA, 1977; MONTE- (SIGNORINI, 2001).
SERRAT, 2010). A situação da escrita dos alunos Os saberes profissionais, para serem bem
surdos neste artigo é analisada segundo a sucedidos quanto à sua aplicação, devem ser
última opção, segundo o conceito de desenvolvidos levando em conta a cultura
Letramento de Tfouni (1992, 2005), que dá pessoal do professor no exercício das suas
importância ao contexto para o exercício da atividades na escola, de modo que resultem em
atividade da escrita (GINZBURG 1989). conhecimentos disciplinares e sistematizados,
Para Tfouni (1992, p. 26), letramento é uma ou seja, os conhecimentos didáticos e
prática social, um processo sócio-histórico que pedagógicos conduzidos pelos programas
reúne variados graus de conhecimento da escolares são somados à experiência de
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trabalho. A prática da docência no universo deve acontecer por meio de textos e músicas
escolar, por envolver responsabilidades e por que estejam ligados a um contexto, a fim de
influenciar a formação de pessoas, deve ter transmitirem maior compreensão e
como prioridade a conscientização de seu papel entendimento de uma mensagem. Mais
formativo e social e, não, as regras pedagógicas importante do que a reprodução ou cópia de
do que é considerado certo e errado morfemas que construam palavras é o
(SIGNORINI, 2001). entendimento daquilo que leram ou
escreveram. Dessa forma, o letramento
3.2 Propostas metodológicas para o acontece de maneira eficaz.
letramento de alunos surdos O professor deve ter como foco não a
Segundo a teoria da Análise do Discurso correção de adequação morfossintática, mas,
(PÊCHEUX, 1988), e do Letramento (TFOUNI, sim, dos erros gramaticais que possam aparecer
1992, 2005), a estratégia mais adequada na na escrita de seu aluno com surdez,
educação dos alunos surdos é a que se trabalhando como um mediador entre o texto
desenvolve levando em conta o contexto sócio- e a aprendizagem do aluno na Língua de Sinais,
histórico em que eles estão inseridos. Esse a fim de que este último seja capaz de transpor
desafio torna possíveis impactos na qualidade as ideias para a Língua Portuguesa na sua
da educação inclusiva, pois as mudanças na forma escrita.
educação estão atreladas à compreensão dos Uma das preocupações dos professores de
efeitos e da eficácia de atitudes dos alunos com surdez é a de inseri-los em
profissionais da área direcionadas à atividades cada vez mais contextualizadas, a
heterogeneidade dos alunos. fim de que eles sejam capazes de construir sua
O aluno com surdez, em regra, nasce em uma escrita com encadeamento lógico em lugar de
família de ouvintes que não conhece a Língua escreverem palavras e frases isoladas,
Brasileira de Sinais. Há casos em que seus conforme se ensina normalmente a gramática
familiares tentam impedi-lo de se comunicar da Língua Portuguesa. O ensino de regras
por meio de Libras. Portanto, é muito comum gramaticais a partir da Língua de Sinais para a
que o primeiro contato do aluno surdo com a Língua Portuguesa deve ocorrer por meio de
Língua Brasileira de Sinais aconteça por ocasião textos e, não, por meio de regras gramaticais a
de seu ingresso na escola, o que torna serem seguidas. Exercícios que estimulem o
necessária sua imediata inserção em uma sala aluno a descobrir num texto quais as regras
de Atendimento Educacional Especializado gramaticais aplicadas e como funciona a Língua
(AEE). Portuguesa em sua modalidade escrita, são
A aquisição de Língua Portuguesa na meios de fazer intercâmbio entre as duas
modalidade escrita nesse caso deve ser línguas partindo sempre da Língua de Sinais. O
realizada no convívio com a língua como desafio da construção de novos textos constitui
atividade discursiva, e, não, em tarefas um momento de reflexão sobre um texto
descontextualizadas de mera repetição de escrito, situação que leva oo educando a
palavras e frases. O aprendizado dos surdos formular hipóteses, o que deve ser valorizado.
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Fazer com que o aluno surdo compreenda o conhecimento de mundo, entre outros fatores
uso da Língua Portuguesa escrita de maneira que podem ser determinantes no processo de
efetiva e com bom aproveitamento, a fim de escolha do texto de modo a despertar seu
que não se torne um mero repetidor, interesse em aprender a escrita. Essas são
memorizador e copista de palavras ou frases algumas das propostas metodológicas que
sem sentido para ele, é o nosso objetivo. Cabe podem proporcionar o letramento do aluno
ao professor, em sala de aula, fornecer textos surdo.
na Língua Portuguesa e incentivá-los a fazer Seguindo essas estratégias, um aluno surdo,
associações entre as duas línguas partindo que frequenta o segundo ano do Ensino Médio
sempre da língua de sinais. O professor pode escreveu:
estabelecer situações que esclareçam a Publicidade Infantil
construção do texto, chamando a atenção dos Crianças vários compra qualquer coisa loja
alunos para os elementos textuais que eles produtos crianças não tinha dinheiro para
porventura tenham usado. comprar mas sua família presica eninsa
Outro ponto que pode ser trabalhado é o de responsabilidade para crianças porque só
fazer associações com outros textos já pensar vontade querer comprar vários todos
apresentados em sala de aula, recorrendo a sua vida tem dinheiro para pagar primeiro
eles sempre que necessário. É muito aluguel casa, mercado, elerito, remido, roupa
importante que o professor verifique como está etc. Então presica saber crianças importante
a compreensão do aluno sobre o conteúdo do aprender desenvolver bom muito saber a
texto por meio de perguntas e respostas ou família futuro não conseguir compra loja ou
reconto na Língua de Sinais. coisa talvez de poderoso ser pobre a família que
A partir da apropriação da Língua de Sinais, o também outro programa televisão criança ve
professor pode inserir atividades envolvendo a assistir gosto apresetar ele chefe empresa para
Língua Portuguesa na sua forma escrita por televisão ela quero também compra ou sua
meio de bilhetes em que se mesclam desenhos mãe falar de explica menina compra não depois
e escrita; ou pode traduzir um conto infantil por mês ganhar salario assim compro pra ela.
para Libras oferecendo, ao mesmo tempo, a todos mundo pessoas algum filho vende
observação do texto escrito, leitura de frases pessoas crianças pra comprar de dinheiro darra
fazendo associação entre Libras e escrita. Pode seu filho porque não etica educação tudo ao
ainda apresentar uma lista de compras com mundo mas ten algum política leis todos pais
desenhos associados a Língua de Sinais. bebê crianças vender. Faltar respeito sua
O mais importante nesse processo é que o família presica importante enisar criança por
aluno faça a aquisição da Língua Portuguesa que depois acabar dinheiro não tem como
escrita e entenda a mensagem como um todo, comprar apos que hora muito curioso de
e, não, que somente seja capaz de ler palavra ansicio para ca lojas então elapensa do parar
por palavra. Outro aspecto ao qual se deve melhor calma dar posica dinheiro loza ou
prestar atenção é a faixa etária do aluno com mercado comida.
surdez, seus interesses pessoais, seu
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Escola ensuida criança desenvolver concluir com Signorini (2001, apud, MONTE-
experimentar e ensinar entender por que SERRAT, 2013, p. 108), que “as atividades da
pessoas a família aras ajuda para estudar escrita trazem embutido um trabalho
depois ela não saber coisa aprender (ALUNO, ideológico dos sentidos” acarretando como
s.a, s.p). consequência a falta de visibilidade desses
Observa-se que há compreensão do textos.
conteúdo e que, embora o sintagma se A explicação desse processo é dada por
apresente truncado, a ideia principal é Signorini (2001, p. 110;112), ao afirmar que o
transmitida ao leitor. Existe coerência, pois o erro e o acerto estão fundados em uma noção
autor segue o encadeamento lógico da ideia a de hierarquização que funciona como
partir do título e mostra que a família e a escola instrumento de medida, vinculando o
são responsáveis por ensinar a criança a fazer desenvolvimento psico-sócio-cognitivo dos
escolhas. indivíduos ao desenvolvimento social, o que
A primeira frase traz elementos no lugar caracteriza uma vinculação ideológica entre o
preconizado pela gramática, com pequenas desempenho na elaboração de um texto e o
alterações: “Crianças vários compra qualquer desenvolvimento de capacidades individuais.
coisa loja produtos crianças não tinha dinheiro Para a autora SignorinI (2001, p, 124), o
para comprar mas sua família presica eninsa aprendizado deve se ancorar no conceito de
responsabilidade para crianças porque só prática social, o que desmistifica os “princípios
pensar vontade querer comprar vários todos da unicidade, autonomia e intrínseca
sua vida tem dinheiro para pagar primeiro racionalidade da comunicação escrita”.
aluguel casa, mercado, elerito, remido, roupa
etc”. O aluno colocou, na oração principal, o
sujeito “crianças”, o verbo “compra”, o objeto
“qualquer coisa”, o advérbio “loja produtos”; e
as conjunções subordinativas “mas” e “porque”
ligando as orações subordinadas, dando
encadeamento lógico, de causa e consequência
à sua ideia. Embora não haja correção
gramatical, não se pode ignorar o fato de que
ele transmitiu a sua ideia sobre o tema.
Segundo Pinker, (1994;2000, p. 186), a escrita,
embora seja uma invenção artificial que
conecta visão e linguagem, tem um mínimo de
lógica. Ao compararmos a escrita do surdo -
apresentando esse mínimo de lógica
mencionado por Pinker, - a qual está fora do
modelo proposto pelas regras gramaticais e
adotado pelas instituições escolares -, podemos
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A educação, em sentido amplo, significa desenvolvimento e socialização (contexto social e
cultural) do indivíduo, baseada no reconhecimento, na valorização e no respeito mútuo. Pais de
alunos com necessidades especiais matriculam seus alunos em cursos regulares por pensar que a
inclusão está lá. A escola, porém, reflete princípios ideológicos que adotam valores uniformes
para a avaliação do aprendizado, igualando a medida de apreciação de desempenho dos alunos,
tenham eles dificuldade ou não, o que gera marginalização dos alunos surdos, que tratamos neste
artigo.
Como solução para esse problema, os Parâmetros Curriculares Nacionais, PCN (BRASIL,
1997, p. 62), estimulam que o aluno desenvolva a capacidade de posicionar-se criticamente
diante de uma situação e/ou conhecimento, de ter discernimento, saber cooperar em atividades
coletivas, a fim de considerarem diferenças individuais e contribuírem para o respeito e o
desenvolvimento da capacidade de aprendizado de todos que fazem parte do grupo. Além disso,
os PCN (1997), valorizam a intervenção do professor na aprendizagem dos conteúdos específicos
necessários à formação do indivíduo, assumindo o papel de mediador, promovendo a
confrontação das respostas, interferindo no pensamento e na agilização do raciocínio dedutivo
do pupilo, proporcionando um ambiente de trabalho que o estimule a criar, comparar, discutir,
rever, perguntar e ampliar ideias.
As diferenças existentes entre a língua de sinais e a língua portuguesa (oral e escrita), não
são obstáculo para que esses objetivos sejam alcançados, desde que o mediador seja melhor
qualificado para compreender e criar condições para que o deficiente seja capaz de apreender o
conteúdo ensinado. Fizemos algumas sugestões no sentido dessa qualificação, pois acreditamos
que a comunidade de surdos necessita de renovação no processo de ensino-aprendizagem para
que lhes seja oferecida a alfabetização em Língua Portuguesa como segunda opção de
comunicação. Esse aprendizado proporciona maior inserção dos surdos, permitindo até mesmo
que façam uso de aplicativos de telefone.
A formação do professor quanto à aquisição de competências para o ensino de Libras na
Educação Básica passou a ser objeto de interesse de muitos a partir do momento em que a Língua
de Sinais foi reconhecida oficialmente. Essa formação proporciona uma integração parcial do
surdo, por se restringir ao grupo de indivíduos que se comunicam em Libras. A nossa proposta de
ensino da Língua Portuguesa a partir da Libras se mostra possível, apesar da complexidade desta
última, que apresenta características espaciais. Esse desafio faz com que a educação inclusiva
saia da sala de aula e tenha como foco a comunidade, proporcionando meios para que os surdos
participem de eventos sociais, de redes sociais, enfim, que possam expandir o círculo de amizades
e as oportunidades de estudo e emprego, obtendo maior qualidade de vida.
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REFERÊNCIAS
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DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM DA
CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN
Michelle Soares Nascimento 1
RESUMO: A Síndrome de Down é decorrente de uma alteração genética que causa limitações no
indivíduo. Este trabalho presta-se a revisar bibliografia e investigar como ocorre o
desenvolvimento e a aprendizagem de crianças com esta síndrome. Encontramos posições que
definem que estas crianças são capazes de se desenvolver mesmo que de forma mais lenta e
apontam intervenções necessárias no trabalho pedagógico.
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para manter atenção e continuar com uma Partindo de uma perspectiva piagetiana, os
tarefa específica, menor capacidade para se indivíduos com deficiência mental pensam com
auto inibir e menor iniciativa para intervir. lógica e raciocinam dentro de uma
Quanto à memória em curto prazo e representação concreta, abstendo-se do acesso
processamento da informação, demonstram à lógica formal com grande regularidade,
dificuldades para processar diferentes formas passam pelos mesmos estágios de
especificas de informação sensorial, processá- desenvolvimento, porém de forma mais lenta e
la e organizá-la como resposta. sem se desligar do estágio anterior,
No que se refere à memória em longo prazo, conservando a marca dos níveis anteriores.
há diminuição da capacidade de consolidar e Piaget (2007), afirma ainda que os indivíduos
recuperar a memória, redução nos tipos de nascem apenas com potencialidades
memória declarativa. (capacidade inata), a capacidade de aprender.
No que diz respeito à correlação e análise, Assim, todo conhecimento da criança depende
observa-se dificuldades para interpretar a da exposição ao meio e dos estímulos advindos
informação, organizar uma integração deste. Para Piaget (2007), a base do
sequencial nova e deliberada; realizar uma conhecimento é a transferência e assimilação
conceitualização e programação interna, de “estruturas”. Assim um conhecimento, um
conseguir operações cognitivas sequenciais, estímulo do meio é encarado como uma
elaborar o pensamento abstrato e operações estrutura que será “assimilada” pelo indivíduo
numéricas (SAAD,2003, p.74;75). por meio de sua capacidade de aprender.
Diante deste atraso mental Vygotsky (1995), A aprendizagem é realizada com sucesso se
afirma que as crianças com deficiência mental capacidades de assimilação, reorganização e
tem o mesmo desenvolvimento que as crianças acomodação, estiverem íntegras, assim vão se
ditas normais, apresentando apenas alterações dando as aquisições ao longo do tempo. Estes
na organização da estrutura durante o curso do três processos acontecem para que um
desenvolvimento. Segundo ele, a base do indivíduo esteja sempre adquirindo novas
desenvolvimento é a mesma, o atraso não afeta informações, assim, quando se depara com um
todas as funções e a todas as crianças dado novo, para a internalização do mesmo, o
igualmente. indivíduo deve reorganizar as aquisições já
Devido à alteração dos processos sensoriais, adquiridas, para acomodar os novos
intelectuais, afetivos, volitivos e correlação das conhecimentos sendo por este processo que a
funções psíquicas varia: umas funções linguagem e a cognição se desenvolvem.
desaparecem ou se retardam muito no A criança com Síndrome de Down possui
desenvolvimento, outras se desenvolvem de dificuldades de aprendizagem que na maioria
um modo compensador sob influência do dos casos são generalizadas, pois afetam todas
exercício independente e do ensino que por sua as capacidades: linguagem, autonomia,
vez influem sobre outros aspectos da atividade motricidade e integração social. Estas podem se
psíquica e da personalidade da criança com manifestar em maior ou menor grau.
deficiência( SAAD,2003, p.70).
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As dificuldades atribuídas à deficiência no processo de ensino e aprendizagem são reais e
vividas pelos participantes. Suas opiniões acerca desse assunto, suas dificuldades e necessidades
devem ser consideradas quando se pensa em estruturar um trabalho efetivo nessa área, pois os
professores são atores importantes no cenário da inclusão da criança com Síndrome de Down.
Ao final desta trajetória fica claro que os objetivos desta proposta foram alcançados
destacando-se a importância da inclusão tanto para promover a aprendizagem quanto o
desenvolvimento geral do indivíduo com S.D. Conhecer a Síndrome e suas repercussões permite
entender quem são estes alunos que integram o ambiente de sala de aula. Mas só isso não basta,
é preciso também investigar aqueles que estão a sua volta e que possibilitarão por meio das
interações o desenvolvimento próprio e de seus colegas, aparentemente tão diferentes.
A proposta de ensino para crianças com Síndrome de Down ressalta a importância da
qualidade nas práticas pedagógicas. Incluir é enxergar este ser além de suas limitações e acreditar
em seu desenvolvimento. Todos os profissionais da instituição precisam estar envolvidos,
principalmente professores, num trabalho de reflexão sobre a aprendizagem, a construção do
conhecimento humano e das modalidades de aprendizagem, examinando os diferentes caminhos
para a promoção do conhecimento e para uma prática inclusiva.
A grande importância das intervenções se dá pela necessidade da criança vivenciar
experiências que permitam seu desenvolvimento, respeitando suas limitações e explorando suas
habilidades. Partindo deste trabalho, o olhar para o aluno se modifica, a necessidade de enxergar
e trabalhar com o aluno de uma forma mais global, considerando seus aspectos cognitivo-afetivo-
social e corporal, enxergando o erro como fonte de pesquisa.
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REFERÊNCIAS
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Paulo: Moderna, 1995.
PIAGET, Jean. Epistemologia Genética. Tradução: Álvaro Cabral. 3ª ed. Martins Fontes: São
Paulo, 2007.
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RESUMO: O objetivo desse artigo é debater e refletir sobre a indisciplina em sala de aula a partir
das contribuições de autores como. Arroyo (2002;2011) e Aquino (1996;1998;2000), que
enfatizam elementos que permitem olhar para essa questão de uma forma mais humana.
Compreendemos que esta abordagem possui um prisma diferente, ou seja, como um desafio na
atividade docente que possibilite uma reorientação da ação educativa no cotidiano escolar e
consequentemente enfatizar a qualidade da educação como elemento constitutivo dessa
problemática.
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tinha espaço na escola de antigamente. Aquino ação educativa deveria não silenciar ou
(2002), afirma que a comparação com a escola reprimir, mas sim aproveitar essa situação para
do passado o respeito – dito pelos professores a produção do conhecimento.
– tem relação com “o medo e coação” devido Ao apontar como forma de reflexão e
ao formato ou papel social de castigo e ameaça. superação da problemática dos limites, Aquino
Para o autor é urgente e necessário (2000), discorre sobre a função e
“estabelecer outro tipo de relação civil em sala responsabilidade das famílias confundidas com
de aula”. Portanto, o respeito que a função social da ação educativa na escola. E
nostalgicamente professores e professoras que ao confundir um e outro o professor perde
indicam como um passado com saudades na ou abandona sua função como professor.
verdade era fruto “de uma espécie de
submissão e obediência cegas a um ‘superior’
na hierarquia escolar” (AQUINO,2000). A
avaliação “habita silenciosamente” o espaço
escolar e tomou o lugar da ameaça e punição
capaz de frear a indisciplina em sala de aula.
Podemos constatar em reuniões de Conselho
de Classe, Conselho de Escola, conversas na sala
de professores que as atitudes dos alunos têm
um caráter privilegiado nas avaliações dos
próprios alunos. Aquilo que Groppa chama de
“educação atitudinal”.
As hipóteses explicativas cometem um
engano, já de largada, que é o de tomar a
disciplina como um pré-requisito para a ação
pedagógica, quando na verdade, a disciplina
escolar é um dos produtos ou efeitos do
trabalho cotidiano de sala de aula (AQUINO,
2000, p.34).
Outro elemento abordado por Aquino
(2000), é o argumento de que os alunos não
têm limites ou que são completamente sem
interesses. Essas explicações não se sustentam
– para o autor – nos fatos. Não se sustentam
porque na primeira explicação as regras são
conhecidas pelos alunos, portanto conhecem
os limites. E que ao trabalho docente cabe
encará-las como “excelentes ingredientes para
o trabalho em sala de aula”. Nesse sentido a
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considera-se que os autores, Arroyo (2011) e Aquino (2000), se complementam, pois é
fundamental a necessidade de conhecermos os alunos, o que nos permite enxergá-los como de
fato são (ARROYO,2011, 53). A indisciplina é uma forma de enxergar a atitude do aluno, mas
também esconde que é uma forma de “vê-los para ignorá-los e desfigurá-los”, como aborda
Arroyo (2011).
Arroyo (2011), há uma aposta de ver os alunos de outro jeito para que coletivamente se
construa uma escola verdadeiramente humana e democrática. Perceber a indisciplina com outros
olhares é uma necessidade para a própria sobrevivência da relação ensino-aprendizagem.
Arroyo (2011), nos demonstra que os olhares que muitos professores têm dos alunos são
consequências da “visão de uma espécie de inferioridade cognitiva e até moral”
Podemos constatar que refletir sobre a indisciplina é uma forma do aluno ser um sujeito
na relação com o professor e não um objeto, conforme, Arroyo (2011), “no mundo sendo-não-
sendo no mundo”.
Atrás da constatação de aluno-problema, aluno indisciplinado está escondido uma forma
romântica de concepção da educação sem contraditórios, sem crises, sem interlocutores, sem
sujeito, sem direitos e sem ser humano.
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REFERÊNCIAS
AQUINO, Julio Groppa. Confrontos na sala de aula: uma leitura institucional da relação
professor aluno. Summus Editorial. São Paulo. 3ª Edição. 1996.
ARROYO, Miguel G. Paulo Freire: O legado global. Educação em Revista. Belo Horizonte. v.
35. 2019
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL:
CONSTRUÇÃO DE HORTA NA ESCOLA
Sonia Rejes de Simoni1
RESUMO: Este artigo visa colocar em prática a Educação Ambiental no âmbito formal,
desenvolvendo uma ação educativa, como método de sensibilização dos alunos a esse respeito e
com a construção de uma horta na escola, mostrar que é possível melhorar a qualidade de vida
dos seres humanos. A possibilidade de adotar a prática do cultivo ecológico na escola é uma
forma de proporcionar aos alunos a curiosidade e a preocupação em cuidar do ambiente
melhorando as condições de vida da comunidade, além de divulgar o conhecimento sobre a
necessidade de intervenção humana na busca de alternativas para a reconstrução de uma melhor
visão de mundo com possibilidades de ação e conservação. O educador tem o papel estratégico
e decisivo na intervenção da educação ambiental no cotidiano escolar, qualificando os alunos para
um posicionamento crítico face à crise socioambiental, tendo como horizonte a transformação de
hábitos e práticas sociais e a formação de uma cidadania ambiental que os mobilize para a
questão da sustentabilidade no seu significado mais abrangente.
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esse projeto não tem tempo de duração pré- realizadas naturalmente surgiram a partir de
estabelecido, pois a cada ano novos alunos e fatos que ocorreram na instituição no período
turmas participarão dessa atividade de intervenção a por meio de questionamentos
estabelecendo um rodízio entre funcionários de feitos pelos professores e pelas próprias
apoio, professores e direção para garantir a crianças e adolescentes.
manutenção desse projeto, tornando esse A observação pertinente é a de que os alunos
espaço um patrimônio da escola, na qual a cada do colégio mostram envolvimento e muito
início de ano letivo, novos caminhos e interesse nas atividades práticas e utilizam a
estratégias deverão ser definidos para garantir horta como espaço de aprendizagem e
a permanência de uma área viva, de imensa inspiração para mudanças de comportamento
relevância para a comunidade interna e alimentar e demonstram atitudes melhores em
externa. relação ao meio ambiente.
No processo de construção da horta, a
Materiais Necessários: observação foi muito importante para a
- Pá de concha: abaulada, é ideal para a aprendizagem, por meio da investigação do
remoção da terra, para a mistura de estercos. solo, do ar, da água, milhares de
- Sacho: um enxadão pequeno, muito útil na microorganismos e outros seres vivos que
limpeza do mato, para a abertura de pequenas cavam buracos e túneis no solo, muitas dúvidas
covas e sulcos no canteiro. foram esclarecidas na prática.
- Enxada: múltiplo uso, usada na preparação O acompanhamento, o desenvolvimento e a
final do canteiro. observação do crescimento dos vegetais
- Colher de jardineiro: indispensável na realizados diariamente, a verificação da
retirada de mudas das sementeiras. presença de pragas, realização da rega diária,
- Mangueira: facilita o trabalho de rega nas enfim, o envolvimento no projeto: Construção
áreas maiores. de Horta Orgânica na Escola tem como um
- Carrinho de mão: muito útil em todas as ótimo resultado a participação de diversos
fases de plantio, na preparação do composto membros da comunidade escolar, esse trabalho
até a colheita. coletivo fortalece a relação da comunidade com
- Regador: seus esguichos são delicados o o colégio, aproximando os sujeitos sociais e
suficiente para não quebrar a haste delgada das desenvolvendo o senso de responsabilidade e
plantas frágeis que estão saindo da terra, e de cooperação entre os alunos e demais
também para não descobrir as sementes. participantes.
- Sementes.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Vindo de encontro com Kramer (1997), que
diz que “uma proposta pedagógica é um
caminho, não é o lugar, sendo construída no
caminho, no caminhar”, as atividades
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A horta durante seu processo de implantação mobilizou pais, alunos e funcionários,
possibilitando a aquisição de novos conhecimentos, no qual todos por meio da pesquisa e prática
puderam exercer uma atividade dinâmica, que favoreceu o ensino de ecologia, incentivando a
pesquisa e discussão de temas como: cadeia alimentar, ciclos da matéria, decomposição, fluxo de
energia, entre outros, além de garantir a interação entre outras disciplinas, estabelecendo a
discutida interdisciplinaridade que ao somar os conhecimentos abriu caminhos para o
desenvolvimento da aprendizagem. Essa atividade também contribuiu para a valorização das
experiências e saberes comuns aos alunos e as comunidades em questão, possibilitando o
exercício da cidadania, por meio da inclusão social em um espaço que deveria ser compreendido
como de todos.
A distribuição de responsabilidades referente à implantação e manutenção da horta,
contribuiu para o resgate e valorização de uma atividade depreciada por ambas as comunidades,
que procuraram analisar por meio dos conhecimentos adquiridos a importância desse espaço
como um campo de estudo vivo, na qual a interação homem/meio ambiente se realizou, sendo
este homem capaz de compreender sua ligação na teia de interações com os demais seres vivos.
Essa proposta de trabalho enriqueceu a exposição dos conteúdos, além de contribuir de forma
positiva para o fortalecimento e manutenção das relações professor/ aluno, escola/comunidade
e homem/ meio ambiente, tornando nesse sentido a escola um espaço democrático,
comprometida com o resgate e construção de valores fundamentais para a conquista do cidadão
participativo.
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REFERÊNCIAS
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EDUCAÇÃO E AUTOESTIMA
Elisabete Córdova Lima Pennachi1
RESUMO: Esse artigo tem por objetivo investigar a importância do autoconceito e da autoestima
em crianças e adolescentes e seus reflexos no desenvolvimento da aprendizagem. Por meio de
uma pesquisa bibliográfica foram reunidos vários autores e teorias sobre a relação autoestima-
aprendizagem. Além disso, mediante um estudo sobre neurociências constata-se como a
autoestima elevada pode aumentar a produção de neurotransmissores positivos.
1Professora de Ensino Fundamental II e Médio na Rede Municipal de São Paulo e Rede Estadual de São Paulo.
Graduação:Licenciatura em Letras; Especialização em Neurociências Aplicada à Aprendizagem.
E-mail: bete_cordova@hotmail.com
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nascimento e é a partir deste momento que Nesse sentido Mendes, et al. (2012), propõe
todas as relações estabelecidas pela criança que se criem, dentro do ambiente escolar,
serão determinantes para a formação de uma situações que estimulem o autoconhecimento,
elevada ou uma baixa autoestima. autoconceito e autoestima de alunos e
Guilherme (2012), afirma que, a afetividade, professores.
o respeito, as opiniões, a autonomia Conhecer-se efetivamente requer constante
condicionada às regras de ética, a honra e autorreflexão. A pessoa que se autoconhece
respeito, são fatores que devem ser sabe de seu potencial e onde estão suas
alimentados constantemente, pois a fraquezas e dessa forma pode se ajudar e
autoestima não é algo que se adquire e se ajudar seu próximo.
mantém estável, pelo contrário ela pode variar
de acordo com o momento em que se vive. • Autoconceito
Os valores/conceitos que vão compor a Principal ponto para a construção da
autoestima são: autoconhecimento, autoestima. É “a forma como nos vemos ou
autoconceito e autoconfiança. percebemos a nós mesmos como indivíduos ou
pessoas” (VOLI, 1998, p. 77). A partir da
• Autoconhecimento inferência do outro e das relações sociais, tende
é a capacidade inata que nos permite a ser positivo ou negativo.
perceber, de forma gradativa, tudo que Mendes, et. al. (2012), afirma que o
necessitamos transformar. Ao mesmo tempo, autoconceito configura-se por meio das
amplia a consciência sobre nossos potenciais relações interpessoais, ou seja, que a
adormecidos, a fim de que possamos vir a ser percepção que o sujeito tem de si mesmo, está
aquilo que somos em essência (NETO, 2003, p. relacionado diretamente com a percepção que
61). o outro tem sobre ele.
Autoconhecer-se é descobrir onde buscar a Nesse sentido, Voli (1998), afirma que o
força e a coragem para estar sempre de cabeça autoconceito varia de acordo com o indivíduo,
erguida mesmo diante das dificuldades. pois a percepção de si sob a ótica do outro se
Para Aragão (2016), o autoconhecimento é dá na psique e depende também de fatores
um processo que possibilita saber sobre as genéticos e predisposições.
vulnerabilidades e potenciais. Perceber que se Mendes, et al. (2012), ainda coloca que os
têm fraquezas, mas saber exatamente onde profissionais da educação que possuem um
elas estão, e como lidar com elas. Definir as autoconceito positivo podem servir de
qualidades e investir nas aptidões. Ainda para referências aos seus alunos e propiciar um
Aragão (2016), o autoconhecimento permite o ambiente educativo de melhor qualidade. Da
controle das emoções. O indivíduo que mesma forma que a autoestima, o
realmente se autoconhece sabe elencar os autoconceito é adquirido muito cedo por meio
pontos positivos e negativos de sua da interação da criança com as pessoas que lhe
personalidade e utiliza-los a seu favor e em prol são referências.
do bem comum.
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mais facilidade. Outras apresentam necessária à busca por recursos para trabalhar
dificuldades de várias ordens. com as diferenças.
para desenvolver um ensino de qualidade Crianças com necessidades educacionais
diferenciada seria desejável que, na concepção especiais confirma Menezes (2001), são
de ensino e aprendizagem, fossem levados em aquelas que possuem dificuldades de
conta aspectos individuais, pessoais, aprendizagem de vários tipos como: deficiência
característicos de cada aluno, com o intuito de mental, deficiência física (visual, auditiva),
poder, desta forma, reconhecer-lhe um perfil comportamental (transtorno de déficit de
pedagógico particular (SABINO e ROQUE, 2006, atenção, hiperatividade), ou altas habilidades,
p. 417). pois exigem respostas específicas. A Declaração
Buscar diferentes estratégias com o objetivo de Salamanca sobre Princípios, Política e
de possibilitar a aprendizagem por parte de Práticas na Área das Necessidades Educativas
todos de uma maneira concreta, e lidar com Especiais, de 1994, com publicação em 1998,
cada criança como realmente são, possibilitará proporcionou um novo olhar para a educação
extrair, de maneira positiva, sempre o melhor das crianças com necessidades especiais o que
de cada uma delas. provocou o desejo de se repensar o modelo do
Se a preocupação em transformar sujeitos sistema educacional vigente na época.
capazes é relevante, por parte do professor, A partir de então a inclusão ganha um espaço
este tem que pesquisar ou buscar estratégias, cada vez maior na busca pelo direto à educação
ferramentas e recursos que possibilitem a das crianças público alvo de educação especial,
realização desses objetivos sem agredir o nas redes de ensino regular.
autoconceito e a autoestima dos alunos. Todas as crianças necessitam de cuidados e
atenção, no entanto, as crianças portadoras de
AUTOESTIMA: limitações precisam de muito mais. Para Rocha
e Cruz (2017), a afetividade é um facilitador na
PRIORIDADE NA EDUCAÇÃO aprendizagem, pois propicia um ambiente
ESPECIAL acolhedor.
A educação inclusiva pode andar a passos O professor que efetiva essa prática em sala
muito lentos no Brasil, mas é uma realidade de aula consegue obter de seus alunos
para a qual o professor/educador tem que se superações de barreiras e bloqueios que o
preparar da melhor maneira possível, mesmo impedem, muitas vezes, de aprender. O aluno
porque a inclusão já é prevista em lei conforme com deficiência, ao sentir-se acolhido sente-se
a Resolução SE 61 de 11/11/2014, em segurança, melhora sua autoestima e sua
fundamentada nos artigos 58, 59 e 60 da LDB autoconfiança. Esse domínio afetivo
9394/96. O professor/educador que pretende complementa o desenvolvimento cognitivo
trabalhar com educação tem que ter claro que (ROCHA e CRUZ, 2017, p.1086).
a diversidade em sala de aula está cada vez Trabalhar a autoestima dessas crianças,
maior e exige muito mais comprometimento do afirma Macedo (2015), é fundamental para
profissional desta área, o que torna ainda mais alcançar alguma melhoria, pois elas são
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colocadas à prova o tempo todo devido ao seu Dessa forma o professor/educador tem que
comportamento muitas vezes visto como estar com um olhar atento não para as
desajeitado, inadequado e até desafiador. dificuldades e desconforto que a inclusão pode,
Nessa perspectiva Moysés (2009), afirma num primeiro momento, proporcionar, mas
que a autoestima, é um processo de construção principalmente para os benefícios que ela pode
de si mesmo a partir da ação do outro, ou seja, causar em cada um de seus alunos portadores
determinado pelo comportamento de pais, de necessidades especiais ou não. É mister
professores e responsáveis, a atuação com lembrar os alunos que são as diferenças que
crianças com necessidades especiais deve caracterizam cada indivíduo. A identidade de
caminhar no sentido de valorizar cada ação de cada um está justamente naquilo que se tem de
progresso realizada por essas crianças. Cabe singular. Valorizar as diferenças é valorizar a si
aos professores viabilizar ferramentas que e aos outros.
permitam que elas possam exteriorizar suas
potencialidades e diminuir suas limitações,
também orientar os pais para a promoção de
situações aprendizagem e valorização de cada
ato produzido. A criança com necessidades
específicas tem que se sentir amada, feliz,
acolhida e principalmente capaz.
Dentro do ambiente escolar as crianças com
necessidades especiais deve fazer parte
integrante da sala de aula. Elas têm na medida
de suas limitações, que interagir com o restante
dos alunos e essa interação deve ser promovida
e incentivada pelo professor/educador. A
relação entre as crianças é extremamente
benéfica para todos, pois lidar com as
diversidades e respeitar as diferenças são
valores que devem ser adquiridos desde muito
cedo.
Ambiente humano de convivência e de
aprendizado são plurais pela própria natureza
e, assim sendo, a educação escolar não pode
ser pensada e realizada senão a partir da ideia
de uma formação integral do aluno, segundo
suas capacidades, talentos e de um ensino
participativo, solidário, acolhedor (MANTOAN,
2003, p.8).
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Face ao apresentado considera-se que é de fundamental importância que os docentes
compreendam que desenvolver atividades relativas ao autoconceito e autoestima contribui
efetivamente para a construção de saberes.
Novos paradigmas que envolvem os aspectos da autoestima devem ser agenda das escolas,
e também deve ser privilegiado na construção coletiva do Projeto Político Pedagógico, não apenas
sendo contemplado de forma esporádica no cotidiano escolar, mas sim se tornando parte efetivo
deste cotidiano, garantindo uma educação qualitativamente humana e saudável.
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
SABINO, M. A.; ROQUE, A. S. S. A teoria das inteligências múltiplas para o ensino de língua
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de Acesso:17/03/2020.
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EDUCAÇÃO E LUDICIDADE
Fátima Aparecida Malos Espirito1
RESUMO: A experiência lúdica faz parte do desenvolvimento humano, é por meio dos jogos e
brincadeiras que a criança constrói sua estrutura e obtém seus parâmetros, tornando-se um ser
completo em todos os âmbitos. Os jogos quando inseridos no contexto didático influenciam
diretamente no desenvolvimento cognitivo da criança e é um grande aliado como apoio
pedagógico. Nas aulas quando trabalhamos com uma proposta pedagógica o lúdico tem uma
firme contribuição no processo de ensino-aprendizagem enriquecendo e proporcionando fixação
e conhecimento dos conteúdos a serem atingidos.
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jogo simbólico, e pode-se dizer, segundo alcança por meio do adulto e pode-se dizer que
Oliveira (1997), que são :: "ascendentes. “O a fase estende-se até em torno dos sete anos. A
brinquedo cria uma Zona de Desenvolvimento segunda fase é caracterizada pela imitação, a
Proximal. criança copia os modelos dos adultos. A terceira
A zona de desenvolvimento real é a do fase é marcada pelas convenções que surgem
conhecimento já adquirido, é o que a pessoa de regras e convenções a elas associadas.
traz consigo, já a proximal, só é atingida, de Vygotsky (1991, p. 109), ainda afirma que:
início, com o auxílio de outras pessoas mais É enorme a influência do brinquedo no
“capazes", que já tenham adquirido esse desenvolvimento de uma criança. É no
conhecimento. Para Vygotsky (1991), as brinquedo que a criança aprende a agir numa
maiores aquisições de uma criança são esfera cognitiva, ao invés de numa esfera visual
conseguidas no brinquedo, aquisições que no externa, dependendo das motivações e
futuro tornar-se-ão seu nível básico de ação tendências internas, e não por incentivos
real e moralidade. fornecidos por objetos externos.
Piaget (1998), afirma que a atividade lúdica é A noção de “zona proximal de
o berço obrigatório das atividades intelectuais desenvolvimento" interliga-se, portanto, de
da criança, sendo, por isso, indispensável à maneira muito forte, à sensibilidade do
prática educativa. professor em relação às necessidades e
Na visão sócio-histórica de Vygotsky capacidades da criança e à sua aptidão para
(1991),o lúdico é uma atividade especifica da utilizar as contingências do meio a fim de dar-
infância, em que a criança recria a realidade lhe a possibilidade de passar do que sabe fazer
usando sistemas simbólicos. Essa é uma para o que não sabe (VYGOTSKY, 1991). As
atividade social, com contexto cultural e social. brincadeiras que são oferecidas à criança
Para Vygotsky, apud, por Wajskop (1999, p.35): devem estar de acordo com a zona de
A brincadeira cria para as crianças desenvolvimento em que ela se encontra. No
uma zona de desenvolvimento proximal que processo de educação o papel do professor é de
não é outra coisa senão a distância entre o nível suma importância, pois é ele quem cria os
atual de desenvolvimento, determinado pela espaços, disponibiliza materiais, participa das
capacidade de resolver independentemente brincadeiras, ou seja, faz a mediação -a
um problema, e o nível de desenvolvimento construção do conhecimento.
potencial, determinado por meio da resolução A desvalorização do movimento natural e
de um problema, sob a orientação de um espontâneo da criança em favor do
adulto, ou de um companheiro mais capaz. conhecimento estruturado e formalizado
Vygotsky, citado por Lins (1999), classifica o ignora as dimensões educativas da brincadeira
brincar em algumas fases: durante a primeira e do jogo como forma rica e poderosa de
fase a criança começa a se distanciar de seu estimular a atividade construtiva da criança. É
primeiro meio social, representado pela mãe, prioritário e necessário que o professor procure
começa a falar, andar e movimentar-se em ampliar sempre a vivência do aluno em relação
volta das coisas. Nesta fase, o ambiente a ao ambiente físico, com brinquedos,
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brincadeiras infantis tenham lugar garantido no Lara (2004), afirma que os jogos,
cotidiano das instituições educativas é ultimamente, vêm ganhando espaço dentro das
fundamental a atuação do educador. É escolas, numa tentativa de trazer o lúdico para
importante que as crianças tenham espaço para dentro da sala de aula. Acrescenta que a
brincar, assim como opções de mexer no pretensão da maioria dos professores com a
mobiliário; que possam, por exemplo, montar sua utilização é a de tornar as aulas mais
casinhas, cabanas, tendas de circo, etc. O agradáveis com o intuito de fazer com que a
tempo que as crianças têm à disposição para aprendizagem tome-se algo mais fascinante;
brincar também deve ser considerado: é além disso, as atividades lúdicas podem ser
importante dar tempo suficiente para que as consideradas como uma estratégia que
brincadeiras surjam se desenvolvam e se estimula o raciocínio, levando o aluno a
encerrem (REGO, apud, TELES, 1999, p.16). enfrentar situações conflitantes relacionadas
A escola e os pais muitas vezes limitam esse com o seu cotidiano.
brincar espontâneo nas crianças, ao invés de Jogos bem elaborados e explorados podem
darem liberdade e estimularem esse brincar ser vistos como uma estratégia de ensino,
que é tão importante para o seu podendo atingir diferentes objetivos que
desenvolvimento saudável e feliz. variam desde o simples treinamento, até a
De acordo com Teles (1999), o construção de um determinado conhecimento,
reconhecimento, o apoio e o incentivo, por afirma Lara (2004).
parte de pais e professores, é condição A aprendizagem por meio de jogos, como
essencial para o bom funcionamento da criança dominó, palavras cruzadas, memória e outros
criativa, de autoestima positiva, segura e permite que o aluno faça da aprendizagem um
equilibrada. processo interessante e até divertido. Para isso,
Teles (1999), afirma que a brincadeira, além eles devem ser utilizados ocasionalmente para
dos mil motivos da importância da vida da sanar as lacunas que se produzem na atividade
criança, é o verdadeiro impulso da criatividade escolar diária. Neste sentido verificamos que há
e que não existe adulto criativo sem criança que três aspectos que por si só justificam a
brinque. incorporação do jogo nas aulas. São estes: o
caráter lúdico, o desenvolvimento de técnicas
ATIVIDADES LÚDICAS NO intelectuais e a formação de relações sociais.
(GROENWALD e TIMM ,2002) citado por Lara
CONTEXTO ESCOLAR (2004, p.23)).
Jogos educativos podem facilitar o processo Inúmeros jogos oferecidos pelo computador
de ensino-aprendizagem e ainda serem ajudam a desenvolver o pensamento, o
prazerosos interessantes e desafiantes. O jogo raciocínio e ainda questões de matemática, de
pode ser um ótimo recurso didático ou ciências, de escrita, físicas, psicológicas,
estratégia de ensino para os educadores e sociais... Hoje em dia encontra-se uma
também ser um rico instrumento para a infinidade de jogos educacionais e tipos.
construção do conhecimento. Segundo Valente (1993), a pedagogia por trás
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aplicados também na classificação dos jogos Todo jogo deve ser analisado pelo professor
computacionais. antes de ser aplicado com os alunos também
Jogos de construção, conforme Lara (2004), acrescenta Lara (2004), que não se deve tornar
são aqueles que trazem aos alunos um assunto o jogo algo obrigatório sempre buscar jogos em
desconhecido fazendo com que, por meio da que o fator sorte não interfira permitido que »='
sua prática o aluno sinta a necessidade de :a aquele que descobrir as melhores
buscar novos conhecimentos para resolver as estratégias; estabelecer regras, que podem ser
questões propostas pelo jogo. Jogos desse tipo codificadas no decorrer do jogo; trabalhar a
permitem a construção do aprendizado, frustração pela derrota na criança, sentido de
despertando a curiosidade e levando o minimiza-la; estudar o jogo antes de aplicá-lo e
educando a procura de novos conhecimentos. analisar as jogadas :e depois da prática.
Jogos de treinamento também são muito O jogo na sala de aula pode ser um rico
úteis, pois se sabe que mesmo que o educando recurso de aprendizagem, explorado de
tenha construído o conhecimento por meio do maneiras diferenciadas de acordo com as
seu pensamento ele precisa exercitar para situações e objetivos almejados, favorecendo
praticá-lo, estendê-lo, aumentar a sua os processos de ensino-aprendizagem.
autoconfiança e familiarização com o mesmo. Oliveira (2001), aponta que os jogos
O treinamento pode auxiliar no educacionais têm como objetivo possibilitar
desenvolvimento de um pensamento dedutivo entretenimento para o usuário, podendo
ou lógico mais rápido. Muitas vezes, é por meio ademais influenciar o seu desenvolvimento
de exercícios repetitivos que o/a aluno/a socio-afetiva e cognitivo.
percebe a existência de outro caminho de Podem apresentar situações que contenham
resolução que poderia ser seguido, simulações, tutoriais ou sistemas inteligentes,
aumentando, assim, suas possibilidades de mas o que evidencia esse tipo de software é seu
ação e intervenção. [...] pode ser utilizado para caráter de divertimento, de prazer. Uma
verificar se o/a aluno/a construiu ou não situação de jogo oferece aos usuários intensa
determinado conhecimento, servido como um interatividade, permitindo ampliar as relações
termômetro que medira o real entendimento sociais no ambiente de ensino, cativando o
que o aluno obteve. interesse dos alunos em relação a temas muitas
Os Jogos estratégicos como Dama, Xadrez, vezes difíceis de ser apresentados por outras
Freecell, Batalha Naval, Campo minado e muito abordagens. A essência do jogo educacional é
outros são: aprendizagem com prazer e a criatividade com
Jogos que fazem com que o/a aluno/a crie diversão (OLIVEIRA, 2001, p.81).
estratégias de ação para uma melhor atuação Segundo Oliveira (2001), a Informática na
como jogador/a, onde ele/a tenha que criar Educação pode proporcionar uma nova
hipóteses e desenvolver um pensamento dinâmica ao processo de construção do
sistêmico, podendo pensar múltiplas conhecimento. Se até há pouco tempo livros,
alternativas para resolver um determinado apostilas, jornais e revistas era a principal fonte
problema (LARA, 2004, p.27). de pesquisa, hoje também se integram a esses
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O lúdico é utilizado para chamar e atrair os alunos, incluindo-os, no processo pedagógico,
com probabilidade significativa de sucesso, esta Proposta tem como pressupostos uma visão
positiva das possibilidades dos alunos e uma aposta no crescimento da competência da escola.
Identificadas às necessidades dos alunos, o trabalho deverá desenvolver-se de maneira
flexível, mas sem desvios de rumo, dentro de um padrão metodológico que se sustente em
princípios norteadores claros. Assim, mobilizar interesses, ativar a participação, desafiar o
pensamento, instalar o entusiasmo e a confiança, possibilitar acertos, valorizar os avanços e
melhorar a autoestima passam a ser diretrizes da atuação do professor em sala de aula, numa
busca de tornar significativo o processo de ensino aprendizagem. Pode-se afirmar que a escola
seja um ambiente, ou lugar de tomadas de decisões. Decisões que muitas vezes são levadas para
o resto de uma vida.
São das relações humanas e suas decisões que surgem o êxito ou fracasso escolar, as
dificuldades e as barreiras a serem vencidas durante todo o processo de ensino. A construção do
saber inicia-se com a reorganização da estrutura escolar e de sua comunidade interna, dos pais e
alunos. A comunidade escolar de modo geral precisa conhecer e conscientizar-se sobre os
princípios que norteiam suas práticas e o que interfere diretamente no comportamento dos
alunos, das intervenções que o processo ensino/aprendizagem sofre, de como esses elementos
externos (culturais, políticos e sociais), alteram ou contribuem na ação pedagógica e na
aprendizagem da criança.
A prática pedagógica deve partir de referenciais teóricos que contemplem o
desenvolvimento pleno da criança, no crescimento de suas habilidades para que efetivamente
aproprie-se de conhecimentos básicos e que possam vir a construir outros saberes a partir desses.
Esse é o projeto educativo que realmente traz significações ao ensino, pois visa primeiramente à
aquisição e produção do saber, sem provocar violência tanto intelectual quanto afetiva, que
inviabilizam toda a dinâmica do ambiente escolar.
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
REFERÊNCIAS
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1990.
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
EDUCAÇÃO E MODERNIDADE:
AS REFORMAS EDUCACIONAIS
DO MARQUÊS DE POMBAL
Daniel Mendes Gomes1
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feudal que, muito atacado nos últimos Diderot. Poderíamos também mencionar como
duzentos e cinquenta anos, começa a sucumbir expressão do pensamento iluminista Rosseau,
por vez. A burguesia, que ressurgira do Voltaire e Montesquieu.
Renascimento, lentamente conquista o seu Devido valorização do conhecimento
espaço social e neste momento, segunda científico, a educação se apresenta com um
metade do século XVIII, almeja o poder. O papel importante nessa nova sociedade que
comércio multiplicava-se, assim como a estava se constituindo. Aos poucos uma
manufatura. Esse novo burguês, rico, porém demanda por novos profissionais
sem o status de nobre, questionava a sociedade especializados, técnicos e pessoas letradas foi
estamental. ganhando volume.
O liberalismo vai ao encontro dessa
necessidade burguesa, ou seja, o homem passa O DESPOTISMO ESLARECIDO
a ter direitos de indivíduo, direito de igualdade.
Era por meio do trabalho que teríamos a PORTUGUÊS
distinção social, não mais pela origem. Nessa Enquanto uma parte da Europa estava
direção temos a obra “A Riqueza das Nações”, bebendo da fonte do Iluminismo, Portugal
de Adam Smith que, juntamente com David ainda se encontrava em posição periférica
Ricardo, trouxeram as idéias liberais para o nesse processo. Porém sob a influência de
campo da economia. O liberalismo trouxe-nos a grandes intelectuais portugueses que não
idéia do enriquecimento como gerador de viviam em seu país teremos profundas
prosperidade para todos os indivíduos, daí a mudanças no Estado português, o iluminismo
necessidade de libertar o comércio de suas português, chamado pela historiografia, devido
amarras, em outras palavras, deixar que a “mão as suas particularidades, de Despotismo
invisível” controle os preços e os mercados. Ilustrado ou Esclarecido.
“Deixo-os fazer, deixo-os passar”. O liberalismo Em 1750 assume o trono português o rei D.
vem para libertar o homem dos nós do José I. Como já mencionado anteriormente,
feudalismo, da predestinação divina. Portugal vivia sob uma grave crise financeira e
Nesse mesmo momento histórico temos um atraso cultural. Para implantar uma política
forte avanço no campo da filosofia e na ciência reformista, o rei teve como principal apoio o
em geral, um conjunto de novos pensamentos ministro Sebastião de Carvalho e Melo, o
caracterizado pela ênfase na experiência e na Marquês de Pombal.
razão, pela desconfiança em relação à religião e Pombal era um dos grandes intelectuais
nas idéias tradicionais. Apesar de ter tido muito portugueses de sua época, passara muito
avanço já no século XVII com as cartas de tempo fora de seu país. Foi embaixador de
Descartes e os textos de Bacon e Hobbes, é no Portugal em Londres de 1739 a 1743,
século XVIII que o Iluminismo tem o seu frequentou o círculo da Royal Society. Também
completo florescimento. É nesse século que assumiu cargo diplomático na Áustria,
temos as obras de Kant e Hume, assim como a (CARDOSO 2002). Em 1755 Pombal volta para
criação da Enciclopédia por D’Alembert e Portugal para ser o mais poderoso ministro de
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
D. João I. Dentre as políticas adotadas por formação, mas sim o domínio da disciplina a ser
Pombal o que nos interessa nesse trabalho são lecionada.
as reformas educacionais. Os professores régios deveriam usar de
As reformas pombalinas mostram harmonia metodologia e material de ensino próprios da
com pensamento iluminista. Pombal estava concepção de ensino dos iluministas, muito
calcado no Iluminismo Europeu, reconhecia o influenciado pelos oratorianos como o uso
atraso português e entendia que era mister obrigatório do Catecismo de Montpellier e a
uma reforma educacional. Porém não podemos utilização do Verdadeiro Método de Estudar,
entender as reformas educacionais de Portugal tema que será aprofundado mais adiante.
como algo isolado, elas estavam dentro de um Temos também a proibição da língua geral,
projeto maior que era o de modernização do usada pelos índios e a imposição da língua
Estado Português. portuguesa.
O reformismo ilustrado de Pombal propunha Vemos que tais medidas foram de encontro
uma um combate à escolástica, a secularização ao ensinamento jesuíta, esses eram
e criação de um sistema púbico de ensino no responsabilizados pelo atraso cultural do país.
âmbito educacional e a racionalização do Segundo Laerte Ramos de Carvalho (1773, p.
comércio, a demarcação das fronteiras nas 28):
colônias e a soberania do Estado no âmbito
geral. Na esfera dos problemas da educação e, no
Com o alvará de 1759 temos a expulsão dos sentido mais amplo, da cultura, atribuiu-se aos
Jesuítas do todo território português, com isso jesuítas a responsabilidade pelo atraso e, que
governo teve que criar aulas para substituir o se encontravam as letras portuguesas no século
vazio deixado pela ordem inaciana, lembrando XVIII. Os jesuítas seriam, desta forma, os
que eram eles que cuidavam de grande parte principais fatores da resistência à introdução
das escolas. Temos a partir desse evento a das idéias novas e da “boa” filosofia em
criação de aulas régias em todo reino, aulas de Portugal.
ler, escrever e contar e cadeiras avulsas de Ainda para agravar a situação dos Jesuítas no
Gramática, Latim, Grego, Hebraico, Retórica e Brasil Colônia, ocorreu um forte embate
Poética. político entre governo e Jesuítas devido à
De acordo com a reforma dos ensinos questão da emancipação do índio. Segundo a
menores, deveria haver em cada cabeça de Coroa Portuguesa, o índio passaria a condição
comarca aulas avulsas secundárias para de cidadão. Esse problema estava diretamente
meninos. Ou seja, temos a concepção mesmo relacionado com as questões de manutenção
que precária de um sistema público de ensino do território, racionalização da economia e
baseado em aulas régias. A partir daí os povoamento.
professores deveriam ser devidamente A política portuguesa tinha como um de seus
legalizados por meio de concurso público para objetivos otimizar o comércio português, para
assumir uma cadeira. Não era necessária isso, uma das medidas de Pombal foi a criação
da Companhia do Grão Pará e Maranhão no
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
território amazônico e a nomeação do seu extinção da Ordem feita pelo papa Clemente
próprio irmão, Francisco Xavier de Mendonça XIV em 1773.
Furtado, para o controle daquela região. Portanto, o conservadorismo da Companhia
Conforme foi dito anteriormente, Portugal de Jesus passou a ser um sério problema na
dependia da Inglaterra e por isso era obrigado implementação das reformas, isso explica a
a manter negociações mesmo que perseguição aos inacianos pelo Governo de
desfavoráveis com aquele país. A criação da Portugal.
Companhia foi uma maneira diplomática de
expulsar os comerciantes estrangeiros, A REFORMA DOS ESTUDOS
inclusive os próprios ingleses da Região
As aulas régias introduzidas pela reforma
Amazônica sem causar conflitos com a
educacional de 1759 possuíam uma
Inglaterra.
organização metodológica e curricular muito
Entretanto para que essa reestruturação
influenciada pela Ordem Oratoriana a
comercial se concretizasse era mister povoar o
principalmente pelos trabalhos de Luís Antônio
território da colônia. Pelo fato de Portugal ser
de Verney.
um país de população escassa, Pombal autoriza
Verney era filho de lojistas lisboetas de
o casamento entre índios e colonos e eleva o
ascendência francesa, estudou primeiramente
status do indígena a condição de cidadão o que
com jesuítas e depois com os oratorianos.
acabou num forte conflito entre o governo
Cursou teologia em Évora e em 1736 partiu
português e os jesuítas.
para Roma entrando assim em contato direto
Outro embate ocorre também na porção
com o pensamento ilustrado. Mesmo longe de
meridional da colônia. Em 1750 temos o
sua nação escreve dezesseis cartas intituladas
Tratado de Madri assinado entre as coroas de
“O Verdadeiro Método de Estudar” com o
Espanha e Portugal que definiu os limites entre
intuito de modernizar a educação portuguesa,
esses dois países. Com o tratado os Jesuítas
como bem coloca Carvalho (2002 p. 67):
espanhóis são obrigados a deixar a colônia de
A obra em questão destinava-se a uma
Sete Povos das Missões o que gera um conflito
reforma geral do ensino, incluindo métodos
entre jesuítas e índios guaranis contra o
pedagógicos, compêndios, programas e
governo português.
preparação dos mestres. Autêntico
Segundo Maxwell (2002), os problemas
representante da mentalidade ilustrada,
ocorridos no Brasil colônia foram fundamentais
defendia um programa de estudos baseado na
para a extinção da ordem jesuítica no restante
história da filosofia, lógica, ética, e
do mundo. Segundo esse autor, Portugal foi a
principalmente a física em lugar da metafísica e
primeira nação a expulsar os jesuítas e tal
da filosofia escolástica.
pioneirismo se dá devido aos problemas
Além de Verney, Pombal estava amparado
ocorridos na Amazônia e no Sul. Após o
por outros intelectuais iluministas portugueses
ocorrido em Portugal todas as demais nações se
que embora também não vivendo em Portugal
apressaram em seguir o exemplo português até
tinham grande preocupação com os caminhos
de sua nação. É o caso de Antônio Ribeiro
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
Nunes Ribeiro Sanches, médico português e outros textos começam a ser escrito em
prestigiado por toda a Europa, estudou na Português, que aos poucos vai substituindo o
Universidade de Leida e trabalhou dezesseis Latim.
anos na Rússia o restante de sua vida em Paris, Entretanto, apesar do forte debate em torno
(CARVALHO 2002). Sanches escreveu em 1759 da educação no período estudado, o que
as “Cartas Sobre a Educação da Mocidade” no ocorreu efetivamente no Brasil Colônia foi a
intuito de levar a educação da portuguesa ao criação de um pequeno número de aulas régias
caminho das luzes. em estabelecimentos precários com poucos
Porém, ao contrário de Verney, esse professores e mal remunerados. Como já
intelectual entendia que a educação era algo sabemos, deveria haver cadeiras isoladas em
somente de uma elite. Para Sanches, cada cabeça de comarca, porém o projeto
estabelecer colégios nas áreas rurais e pobres pombalino atinge somente a uma ínfima
poria em risco a estabilidade social, fazendo parcela da sociedade.
com que filhos de camponeses almejassem As aulas eram, na maioria dos casos, dados
outro ofício senão o do campo. O próprio autor na casa do professor e nem sempre era o local
escreve que: mais adequado. Além do local, o professor
Todo rapaz ou rapariga que aprendeu a ler e também deveria fornecer todo o material para
a escrever, se há de ganhar o seu sustento com a realização da aula, em muitos casos, para os
seu trabalho, perde muito a força enquanto professores iniciantes. A coroa adiantava o
aprende e adquire um hábito de preguiça e de salário para a compra de material. Em 1772,
liberdade desonesta... Perdem a força dos com a reforma dos estudos maiores, foi criado
membros, aquela desenvoltura natural, porque o Subsídio Literário, que tinha por finalidade o
a agitação o movimento e a inconstância é pagamento dos professores. Mas mesmo com a
própria da idade da meninice; e não convém criação desse imposto as aulas eram escassas,
uma educação tão mole a que há-de servir à sendo o somente 5% das aulas criadas no reino
República, de pés e mãos, por toda vida português destinadas ao Brasil.
(SANCHES, apud, BOTO, 2004, p.).
Mesmo havendo diferenças entre essas duas
concepções, tanto Verney quanto Sanches
possuem um projeto de mudança pautado no
iluminismo e contrário à educação que até
então era feita em Portugal. Dentre as
mudanças, temos a extinção da língua geral,
falada pelos índios no Brasil e a imposição da
língua portuguesa falada e escrita. A gramática
da Língua Portuguesa passa a ser uma disciplina
obrigatória e essa nova necessidade ocorre não
só no âmbito educacional, mas também nas
outras esferas sociais. Documentos oficiais, leis
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As reformas educacionais de Pombal tiveram forte influência nos anos posteriores, até
mesmo após a saída do ministro e de seu rei D. José I. Concordamos com a nova corrente de
estudos em História da Educação que entende o período pombalino como mais um momento da
História em que se discutiu e se fez educação. Porém não podemos perder de vista que, o novo
projeto de educação para Portugal e seus domínios teve vários problemas e a educação ficou
muito restrita, somente nas maiores concentrações urbanas.
Outro ponto importante das reformas foi a mudança no currículo e da pedagogia, calcado
no pensamento iluminista. Mesmo que muitos estudantes no Brasil, filhos da aristocracia rural,
que tiveram a oportunidade de estudar nas grandes universidades renovadas como aqueles que
estudaram na Universidade de Coimbra, entraram em contato com o pensamento liberal,
banharam-se nas luzes do iluminismo, mas não modificaram a estrutura paternalista,
escravocrata do Brasil. O pensamento renovado no Brasil corroborou para que a aristocracia
rural mantivesse seu prestígio nobre e a ordem vigente.
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
REFERÊNCIAS
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA
Luziane Bomfim da Silva1
RESUMO: O artigo propõe uma reflexão sobre a temática educação e tecnologia. Em uma época
em que as mudanças estão acontecendo de forma mais acelerada em todos os ambientes que
permeiam a sociedade. Com a educação não é diferente, pois ela é um ambiente social, no qual
ocorre a sistematização do conhecimento formal. São diversas as propostas pedagógicas, as
reestruturações no Projeto Político Pedagógico e nos currículos, no material didático, na demanda
de alunos, enfim, ações para que a educação acompanhe o ritmo da evolução e atenda toda a
comunidade escolar com qualidade.
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Muitos docentes não sabem como usar um docentes que necessitam lidar com a rápida e
computador ou navegar na internet e muito constante evolução em matéria económica,
menos têm sequer um e-mail. Este é um social, cultural e tecnológica; a adequação dos
primeiro obstáculo na integração da tecnologia modelos pedagógicos para serem capazes de
no processo de ensino-aprendizagem. trabalhar com crianças e jovens que exigem
Aparentemente poderiam representar um alto novas formas de interação e exibem outros
custo económico a formação desses comportamentos, valores e interesses; o
professores. domínio restrito da ciência e o conhecimento
Para Sancho (2001), uma sugestão é que os para o ensino que cada vez aumenta a distância
docentes formados em áreas tecnológicas entre os avanços recentes na evolução da
capacitem seus colegas, em tempo destinados ciência e da tecnologia; a pouca versatilidade
a atualização e nos períodos entre os do professor para abordar novas divisões do
semestres. Com isto não somente se anula um trabalho no socioeducativo: pré-escolar,
gasto econômico, mas também permite a primário, secundário, etc.
interação entre os próprios professores. Do mesmo modo devem ser implementadas
Os projetos de formação de professores propostas pedagógicas que incorporam todos
devem ser formulados pelos próprios diretores os meios ao seu dispor para encorajar o
das escolas de acordo com as necessidades de processo de ensino-aprendizagem e uma forte
seus professores. Aliás se pode configurar e eficiente formação de professores em uma
sistemas de formação que permitem que o fase cultural caracterizada pelo
professor para adquirir conhecimento pessoal, desenvolvimento tecnológico, a diversidade de
pedagógico e suporte técnico. Alguns alunos formas de comunicação e transformações nos
podem saber mais do que os professores em modos de trabalho.
um computador, mas não sobre os processos Peters (2003), assevera que é necessário
de aprendizagem e a interação dos professores. para a capacitação de professores no uso da
O docente deve se atualizar para o tecnologia que irá permitir que o domínio dos
desenvolvimento tecnológico, por que se não novos meios de comunicação e a sua integração
souber aprender como vão ser capazes de no currículo e ensino. A integração de
ensinar as crianças e os jovens a aprender? O tecnologia pode gerar mudanças a curto, a
uso da tecnologia deve ajudar o professor a médio e a longo prazo nas salas de aula de
compreender que o ensino e a aprendizagem maneiras que beneficiem o processo de
são duas faces da mesma moeda; porque só se aprendizagem do aluno.
ensina o que se sabe e só dá o que se tem e se Estes recursos podem gerar atividades de
não tiver a iniciativa e atitude de aprendizagem trabalho atrativas e inovadoras que sem a sua
não poderá ter um desempenho adequado existência seria impossível programar. No
para o desenvolvimento da sociedade em seus entanto, esse recurso por si só não pode gerar
diferentes aspectos. uma grande mudança na educação. É o docente
De acordo Soares (2011), deparamos com quem deve e pode causar uma mudança na sala
uma preparação insuficiente para com os de aula e auxiliado por esses recursos.
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seu carácter de mídia muito importante para Todo o ambiente será muito diferente. O
fins educativos, e o grau de interatividade. grande desafio será o de preparar e aprender a
Segundo Peters (2003), as novas tecnologias viver neste novo ambiente. Antes de toda esta
têm surgido de armazenamento, arquivamento dinâmica, o sistema educativo tem um desafio
e documentação e a realidade virtual e abre muito importante. Deve questionar a se
novas possibilidades para o desenvolvimento mesmo, de repensar os seus princípios e
de processos perceptuais e sensoriais. objetivos, reinventar as suas metodologias de
Por meio de redes eletrônicas é possível a ensino e seus sistemas organizacionais.
tele comutação a si mesmo, investigar e fazer Para Moran (2000), é preciso repensar o
arte, entre muitas outras coisas. O ambiente conceito de relação aluno - professor e o
virtual é um novo espaço social porque as processo de aprendizagem do currículo, além
atividades sociais podem ser desenvolvidas em disso, uma revisão crítica dos modelos mentais
redes, não só nos lares, instituições ou que inspiraram o desenvolvimento dos
empresas. sistemas educativos.
Para apoiar uma política educacional Por isso a necessidade de repensar uma e
específica para a aula virtual não se pretende outra vez algumas das ideias inovadoras sobre
que venha substituir a que já tem lugar na a qual houve um certo consenso ao longo dos
sociedade de hoje. Universidades e escolas anos, embora com resultados muito limitado
continuarão a existir. O que pode acontecer é mesmo no sistema educativo, do ensino
que os centros acadêmicos estão sobrepostos primário ao ensino universitário.
de redes educacionais digitais por meio do qual Por exemplo: a autonomia dos centros
se poderiam desenvolver processos educativos educativos, a qualidade no ensino de todos os
do ambiente virtual, complementar os aspectos interdisciplinares, especialmente na
ambientes do mundo real, isto é, do mundo educação avançada, a utilização plena e correta
físico. das novas tecnologias na aprendizagem,
O direito à educação universal tem de ser formação profissional depois de cada um dos
ampliado, porque os espaços sociais foram níveis da educação como um complemento de
expandidos. O que é certo é que o ambiente um ensino geral sólido que formas de vida, ou
digital emergente exige a concepção de novas de educação para "aprender a ser, a fazer, a
ações educativas, complementando às já viver e a conviver" (MORAN, 2000, p. 46), são
existentes. todos parte desta longa lista de numerosas
As transformações já se vislumbram e outras tentativas lamentável que tenha acontecido,
que nem sequer podemos imaginar. Temos de carregados de frequentes frustrações quantos
nos preparar para este novo ambiente cheio de de nós têm dedicado a estas questões na nossa
oportunidades, mas também de incertezas. A vida profissional, em particular durante as três
tecnologia e telecomunicações em todas as últimas décadas.
suas formas estão mudando a maneira de viver, Torna-se cada vez mais estendida essa
trabalhar para produzir, para comunicar, inquietude em busca de um novo paradigma
comprar, vender. educacional neste novo século. Esse profundo
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Para Castells (2002) não se deve olhar para o Castells (2002), comenta que embora as
exemplo das tecnologias que nos rodeiam que mudanças na educação sejam mais lentas do
já estão estabelecidas na sociedade pelo tempo que em outras instituições e setores da
que tomam parte de nós, pois são tão sociedade, não podemos deixar de esquecer
perfeitamente integradas em nossas vidas, que nas últimas décadas, elas têm sofrido uma
como uma segunda natureza que se tenham mudança significativa, não só em termos da
tornado invisível. Nós as usamos sem perceber, reforma dos métodos de ensino, conteúdos e
de tal forma que não temos conhecimento de estratégias, mas também no que nos interessa,
como elas contribuíram para mudar as coisas e os recursos pedagógicos que o professor teve à
praticamente só as percebemos quando, por sua disposição para desenvolver a sua atividade
algum motivo, faltam. profissional.
É evidente que na sociedade de hoje Atualmente, o interesse na introdução
qualquer instrumento tecnológico só é produtiva de novas tecnologias no sistema
percebido quando é suficientemente novo, educacional e especialmente da base formativa
depois que ele se enquadra no ambiente ainda de nossos professores é evidenciado de forma
é percebido como tecnologia. significativa.
Para Ribeiro (2003), obviamente, a educação Dependendo do que é estabelecido pelo
também tem sido afetada por numerosas Ministério da Educação para obter os títulos
transformações produzidas pela inclusão dos professores, em todas as suas
destas tecnologias; portanto, estamos vendo especialidades, os alunos devem estudar o
mudanças nos modelos educacionais, nos tema principal chamado "novas tecnologias
usuários de formação, em cenários, nos quais a aplicadas à educação", em que os seguintes
aprendizagem ocorre e essas alterações não conteúdos serão ministrados, principalmente:
podemos deixar para aqueles que têm sido recursos didáticos e novas tecnologias:
desenvolvidos na sociedade, relacionados à utilização na sua publicação de diferentes
inovação tecnológica, com as mudanças nas aplicações didáticas, organizacionais e
relações sociais e com uma nova concepção das administrativas. Utilização do computador
relações, a tecnologia e a sociedade, como o principal e dos instrumentos audiovisuais
conjunto de que todos eles irão moldar as (PETERS, 2003, p.81).
relações entre tecnologia e educação. Segundo Gadotti (2000), do outro lado das
De acordo com Sancho (2001), as novas ciências da educação, os currículos da
tecnologias de informação e comunicação com licenciatura em pedagogia rejeitam o tema
as transformações que estão a ser introduzidas denominado "tecnologia educacional", que de
na sociedade e em todos os seus domínios, acordo com o Ministério da Educação tem
tornam-nos capazes de conceber um sistema como conteúdo básico: a concepção, aplicação
educacional, e menos se estiver em um e avaliação dos recursos tecnológicos no
processo de reforma e inovação como o que ensino. Modelos de projetos multimídia no
ignora os benefícios, desafios e riscos que essas processo de ensino-aprendizagem; mudança
tecnologias trazem com eles. tecnológica e inovação pedagógica.
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sobretudo na educação não formal e de porém esta concepção está evoluindo, e hoje,
formação contínua. Parece óbvio o diz Gadotti quando falamos de alfabetização tecnológica
(2000) que a instituição educacional tradicional ou ciência da computação, chegamos a referir a
está entrando em uma crise e impõe uma uma formação geral das várias atividades que
formação caracterizada por ser: mais podem ser feitas por meio do computador.
individualizada, mais flexível, baseada em Entre estas elaborações estão a formação em
recursos, acessível, remota e interativa. utilizações específicas da tecnologia da
informação, formação na sua utilização como
FORMAÇÃO E ALFABETIZAÇÃO uma ferramenta para a resolução de
problemas, processamento e análise de dados,
EM NOVAS TECNOLOGIAS planilha, formação na cultura informática,
Por vezes, a nossa escola não tem limitações dos computadores, a capacidade de
conhecimento da necessidade de alfabetizar os lidar com diferentes programas.
alunos para a assimilação e aceitação crítica de No entanto, a escola é a instituição que
mensagens que a mídia e as novas tecnologias desempenha um papel mais significativo nesta
oferecem e transmitem. É evidente uma formação tecnológica que irá gerar atividades
necessidade de tal alfabetização como tendo de formação específicas dentro e fora do
em conta o papel que os meios de comunicação currículo escolar obrigatório. A escola tem a
desempenham no processo de socialização. A capacidade de formar seus alunos transmitindo
grande quantidade de vezes que estamos métodos, estratégias e valores próprios de cada
expostos às mensagens dos meios de centro de educativo; assim, uma escola onde o
comunicação na sociedade que nos rodeia e a método de ensino é autoritário e onde o aluno
manipulação exercem sobre nós, um mal é socializado a obedecer às normas, tende a
manuseio que provavelmente poderia ser formar alunos que consomem não-criticamente
evitado com a alfabetização tecnológica crítica a informação que vem através da mídia, e,
pertinente. portanto, serão consumidores passivos de
De acordo com Beherens (2000), a formação todos os meios, sem qualquer critério de
e a alfabetização em novas tecnologias seleção das informações recebidas (SOARES,
dependerão também da escola, do professor, 2011, p. 76).
da família, o ambiente social e cultural, os Também influenciará a diversidade de mídia
fatores econômicos, fatores que podem ser que cada instituição educacional coloca à
determinantes para educar o aluno para "com" disposição dos estudantes e o uso didático que
e "em que" a mídia irá influenciar as atitudes é realizado com eles. Uma escola, no qual o
que novos usuários (estudantes) têm em aluno pode contar com diversos e numerosos
relação a elas. meios, e na qual diferentes funções são
É interessante esclarecer que o conceito ensinadas dentro da estrutura do currículo.
usual de alfabetização tecnológica ou ciência da Desta forma, a escola estará formando
computação é focada em estudantes que estudantes mais críticos com as mensagens
dominam alguma linguagem de programação, transmitidas, e mais dispostos a interagir e
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A utilização de softwares educativos como suporte das atividades desenvolvidas nas aulas
de informática, sem dúvida é um diferencial relevante para o processo da aprendizagem,
ajudando alunos na compreensão dos conteúdos por meio de mídias, por possibilitarem ao aluno
a interatividade com os programas relacionados aos conteúdos teóricos adquiridos em sala de
aula, despertando o interesse principalmente pelo fato de aprenderem de forma divertida.
Contribuir no processo de aprendizagem por meio da utilização dos recursos tecnológicos
com os softwares educativos permitindo a participação do aluno de forma ativa nas atividades
propostas nas aulas de informática, além propor cursos de capacitação de docentes permitindo
uma melhor interação entre o aluno e a tecnologia, além de maximizar a eficácia dos processos
de ensino.
Os alunos têm muito contato com variados aspectos da vida cotidiana, que envolvem a
Tecnologia da Informação. Esse é o caso de telefones celulares, computadores pessoais,
eletrodomésticos e mesmo brinquedos, todos sendo itens nos quais a Tecnologia da Informação
se apresenta de modo marcante. Assim, a forma de os alunos pensarem e de reagirem perante
situações-problema, pode ser influenciada pelo cotidiano de suas vidas.
Nas escolas é necessário que seja implantado um projeto de gestão de capacitação para os
professores no laboratório de informática, esses professores consigam ter um ambiente funcional
e adequado que possibilite aos professores utilização dos softwares educacionais junto aos
alunos. Exemplo desse projeto; Programa Nacional de Tecnologia Educacional (Proinfo). O
programa leva às escolas computadores, recursos digitais e conteúdos educacionais. Em
contrapartida, estados, Distrito Federal e municípios devem garantir a estrutura adequada para
receber os laboratórios e capacitar os educadores para uso das máquinas e tecnologias. Também
sugerir que a tecnologia seja de fato incorporada no currículo escolar.
Uma das contribuições importantes é que os professores perceberam que eles precisam e
necessitam de capacitação para utilizar laboratório de informática, para que possa ser usado para
melhorarem a qualidade de ensino dos alunos e a grande motivação para usar as ferramentas
apresentadas, o que representa uma quebra de paradigmas nas formas tradicionais de ensino.
Contata-se que as novas tecnologias da informação trazem novas possibilidades à
educação, e exige uma nova postura dos educadores, que prevê condições para o professor
construírem conhecimento sobre as novas tecnologias, entender por que e como integrar estas
na sua prática pedagógica, possibilitando a transição de um sistema fragmentado de ensino para
uma abordagem integradora de conteúdo, voltada para a solução de problemas específicos do
interesse de cada aluno.
Nesse momento de transformação do cenário escolar, com relação ao uso dos recursos
tecnológicos no processo educacional, o professor assume um papel relevante ao se tornar
mediador e parceiro de seus alunos no momento de construção de seus conhecimentos.
Evidencia-se a necessidade de aprofundar os estudos sobre o tema, uma vez que a escola
não adota o uso do computador em sua metodologia de ensino. A expectativa é de que possa
haver maior investimento com relação ao uso da tecnologia em benefício da educação.
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REFERÊNCIAS
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emergente. In: MORAN, José Manuel. Novas tecnologias mediação Pedagógica. Campinas:
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e profissão docente. 13. ed. São Paulo: Cortez, 2011.
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<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/profunc/infor_aplic_educ.pdf.>. Data de
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SOUZA, Isabel Maria Amorim de, SOUZA, Luciana Virgília Amorim de. O Uso da Tecnologia
como Facilitadora da Aprendizagem do Aluno na Escola. 2005. Disponível em:
<http://200.17.141.110/periodicos/revista_forum_identidades/revistas/ARQ_FORUM_IND_8/FO
RUM_V8_08.pdf.> Data de Acesso:18/03/2020.
TAJRA, Sanmya Feitosa. Informática na Educação: professor na atualidade. São Paulo: Érica,
1998.
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RESUMO: Durante muito tempo as pessoas com deficiência foram afastadas das escolas, mas as
transformações sociais, principalmente aquelas voltadas para os direitos humanos, possibilitaram
uma nova perspectiva para a inclusão das pessoas com deficiência em todas as áreas sociais,
incluindo a educação. Neste artigo, buscou-se, por meio de uma análise pessoal e com base em
alguns referenciais teóricos, apresentar um breve histórico da educação inclusiva, mas
principalmente, nossas observações sobre a implantação desta nova perspectiva de educação no
município de Amparo/SP. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica e de observações pessoais sobre
a temática. Verificou-se durante a pesquisa que a maior parte das educadoras do município lutam
para que o projeto da educação inclusiva continue, pois ele tem apresentado excelentes
resultados, porém a nova gestão municipal ainda não o conhece.
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público há novas oportunidades para que as sentido de instigar os filhos com qualquer
crianças com necessidades especiais tenham deficiência.
seus direitos cumpridos, como é o caso do que Dessa luta surgiu a Educação Especial, que se
se estabelece no Estatuto da Criança e do torna um sistema paralelo a Educação Regular,
Adolescente(1990). o que trouxe certa negatividade, pois de início
É preciso oferecer uma infraestrutura fortaleceu o rótulo, a segregação entre
adequada às crianças que precisam de recursos deficientes e não deficientes, entre “normais” e
materiais e físicos, além de oferecer recursos “anormais”.
psicológicos e didáticos para que os educandos Este quadro as Escolas das APAES já
especiais ou não saibam lidar com todas as começaram a alterar, pois a Inclusão Escolar
adequações necessárias. Para isso, além de se deve significar que todas as crianças e jovens
modificar a estrutura física das escolas é preciso em idade escolar frequentem a mesma escola,
pensar também no preparo dos profissionais que deverá estar organizada para atender às
para que possam dar a essas crianças e jovens necessidades educacionais especiais de todos
um atendimento no mínimo razoável, caso os seus alunos. Porém o que se pretende
contrário elas estarão sendo discriminadas atualmente é que mesmo crianças
dentro das salas de classe comum. “A Educação consideradas “deficientes” sejam incluídas nas
deve ser plural como as pessoas e suas ideias; escolas comuns, o que significa garantir que
encaminhar a pessoas para vida, para também os alunos com deficiência tenham
realização de seus projetos, para serem felizes” acesso à escola, e nela permaneçam e, sejam
(MATTOS, 2003, p.21). bem sucedidos.
A Inclusão Escolar faz parte da inclusão social Portanto, esse movimento deve ir muito
de todos os que, ao longo da história, foram além da “Inclusão” física apenas. Deve haver
discriminados, segregados e afastados, da uma permanente interlocução entre Escola
convivência com outras pessoas consideradas Regular e Escola Especial.
“normais”. Essas pessoas: pobres, feias, negros,
abandonadas, com deficiência encontram HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO
dificuldades em participar de grupos sociais,
religiosos, de amigos e até nas escolas. A escola INCLUSIVA
também os discriminou, porque não sabia lidar Os primeiros movimentos a favor da inclusão
com suas diferenças e, não estava amparada se iniciaram na Europa, depois foram levados
para tal situação. ao E.U.A., Canadá e posteriormente a outros
As sociedades sofreram modificações, e países, inclusive o Brasil. A primeira obra
foram se tornando mais democráticas, abriram- impressa sobre educação de deficientes teve
se caminhos para que grupos de pessoas e suas autoria de Jean Paul Bonet, editada na França
famílias pudessem se organizar começando a em 1.620 com o título: “Redação das letras e
exigir seus direitos. Assim, as famílias com Arte de ensinar os mudos a falar”. A primeira
pessoas deficientes iniciaram sua luta, no Instituição especializada para educação de
surdos-mudos foi fundada pelo abade Charles
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Humanos determinou: Todo ser humano tem toda criança possui características,
direito à Educação (MAZZOTA, 1996). interesses, habilidades e necessidades de
Esses grandes pesquisadores da história da aprendizagem que são únicas,
inclusão social nos mostraram que por meio da sistemas educacionais deveriam ser
dedicação e experiências grandes equívocos designados e programas educacionais
foram descobertos, pois hoje essas pesquisas deveriam ser implementados no sentido de se
mostram como antes a sociedade discriminava levar em conta a vasta diversidade de tais
e excluía as crianças especiais, eram tratadas características e necessidades,
como retardadas, loucas e até possuídas por aqueles com necessidades educacionais
demônios, porém esses conceitos foram especiais devem ter acesso à escola regular,
revistos e mudados. Hoje já existem que deveria acomodá-los dentro de uma
profissionais especializados em melhorar cada Pedagogia centrada na criança, capaz de
vez mais a educação inclusiva e vemos o quanto satisfazer a tais necessidades,
eles têm contribuído para o bem dessas escolas regulares que possuam tal
crianças concedendo-lhes direitos à educação e orientação inclusiva constituem os meios mais
a interação social. eficazes de combater atitudes discriminatórias
Além das pesquisas apresentadas no criando-se comunidades acolhedoras,
contexto histórico da educação inclusiva, construindo uma sociedade inclusiva e
tivemos outros aparatos legais, ou tratados alcançando educação para todos; além disso,
internacionais, que contribuíram, tais escolas proveem uma educação efetiva à
sobremaneira para que a educação inclusiva maioria das crianças e aprimoram a eficiência e,
fosse implementada em muitos países, ou que, em última instância, o custo da eficácia de todo
ao menos, o debate sobre essa questão fosse o sistema educacional(UNESCO, 1994,s.p).
ampliado. Uma destas normativas é a A Declaração de Salamanca(1994)
Declaração de Salamanca (UNESCO): demonstrou uma visão sobre os direitos de
Procedimentos-Padrões das Nações Unidas todos, mas infelizmente ainda encontramos
para a Equalização de Oportunidades para lugares que não estão proporcionando esses
Pessoas Portadoras de Deficiências, direitos aos cidadãos, porém no Brasil ela teve
A/RES/48/96, Resolução das Nações Unidas uma grande repercussão, trouxe reflexão e
adotada em Assembleia Geral, que dispõe debates para que esses direitos fossem
alguns elementos importantes, e que de forma cumpridos, já avançamos muito em muitos
muito específica contribuíram para o combate quesitos e estamos caminhando para
a discriminação de crianças com deficiência. melhorarmos ainda mais a igualdade entre
De acordo com a referida Declaração de todos.
Salamanca (1994): Concordamos com as declarações de
toda criança tem direito fundamental à Salamanca, mas é preciso informar e formar os
educação, e deve ser dada a oportunidade de pais sobre os direitos de seus filhos para que
atingir e manter o nível adequado de essa conquista seja realmente plena, pois
aprendizagem,
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muitos ainda não conhecem seus direitos e isso formar professores para o AEE e demais
prejudica ainda mais o cumprimento da lei. professores para a inclusão;
As leis são fundamentais para que se exerça prover acessibilidade arquitetônica, nos
a cidadania, e todos têm direito a elas, basta o transportes, nos mobiliários, comunicações e
conhecimento e o esforço de todos os informação;
envolvidos para que se torne eficiente. Em estimular a participação da família e da
Amparo a questão da educação inclusiva desde comunidade;
2005 a integração estava sendo feita, mas promover a articulação Inter setorial na
atualmente ela está em discussão pela nova implementação das políticas públicas
gestão municipal, que parece não conhecer educacionais;
muito sobre inclusão. Os professores e oferecer o Atendimento Educacional
familiares estão lutando para que o projeto Especializado (BRASIL,2008, s.p).
continue transformando vidas e a lei seja As diretrizes da Política de Educação Especial
devidamente cumprida. (2008), se fundamentam na diferenciação para
Influenciada pelas orientações da Declaração incluir e são é extensivas a todas as ações e
de Salamanca (1994), a Política Nacional de serviços da educação especial, devendo estar
Educação Especial de 2008 trouxe novas presentes transversalmente, em todas as
concepções à atuação da educação especial, modalidades e níveis de ensino.
em nossos sistemas de ensino. De substitutiva A Educação Inclusiva trouxe para o Brasil
do ensino comum para alunos com deficiência, novas perspectivas de ensino, um novo olhar
a educação especial se volta atualmente à para a criança com deficiência, proporcionando
tarefa de complementar a formação dos alunos a todos os educandos direitos iguais,
que constituem seu público-alvo, por meio do quebrando paradigmas tradicionais e
ensino de conteúdos e utilização de recursos implantando a escola inclusiva que dá direito a
que lhes conferem a possibilidade de acesso, todos uma educação de qualidade,
permanência e participação nas turmas comuns independente de quaisquer diferenças sociais,
de ensino regular, com autonomia e físicas ou morais. As escolas se adequaram às
independência. novas leis tornando o currículo flexível e
Os objetivos da educação especial na transformando o espaço físico, além de formar
perspectiva da educação inclusiva asseguram a os professores por meio de cursos específicos e
inclusão escolar de alunos com deficiência, formação continuada.
transtornos globais de desenvolvimento e altas As mudanças sobre a educação inclusiva
habilidades/superdotação, orientando os ocorreram aos poucos e ainda são necessárias
sistemas de ensino para: muitas transformações para acompanhar as
garantir o acesso de todos os alunos ao necessidades educacionais dos alunos e que
ensino regular (com participação, essa proposta de educação se estenda por todo
aprendizagem e continuidade nos níveis mais o mundo. Infelizmente não são todas as escolas
elevados de ensino; que estão comprometidas com essa nova
proposta de educação, mas espera-se que
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todos tenham consciência desse novo olhar conhecimento sobre a diversidade do ser
para a educação. A Inclusão social é um tema humano, considerando as semelhanças e a
atual, que está sempre em debates, pois é interdependência de todos e cabe a sociedade
polêmico do ponto de vista da prática como um todo fazer valer os seus direitos,
educacional e envolve o âmbito social. exigindo políticas públicas adequadas a todos,
Documentos, como por exemplo, a pois é sabido que a inclusão de alunos com
Declaração de Salamanca (1994), defendem necessidades educacionais especiais é um tema
que o princípio norteador da escola deve ser o cercado de desdobramentos controversos. Se,
de propiciar a mesma educação a todas as de um lado, declarações mundiais e políticas
crianças, atendendo às demandas delas. Nessa públicas discutem e orientam os quesitos para
direção a inclusão traz como eixo norteador a que a inclusão aconteça, do outro estão as
legitimação da diferença (diferentes práticas escolas que sofrem o impacto cotidiano de sua
pedagógicas) em uma mesma sala de aula para implementação em meio a outros tantos
que o aluno com necessidades educacionais desafios.
especiais possa ter acesso a um ensino de
qualidade. Acompanhando o processo de A EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO
mudanças, as Diretrizes Nacionais para a
Educação Especial na Educação Básica, MUNICÍPIO DE AMPARO - SP
Resolução CNE/CEB nº 2/2001, no artigo 2º, A sociedade, no transcorrer dos tempos, tem
determinam que: adquirido novas formas de ver e lidar com as
Os sistemas de ensino devem matricular deficiências dos indivíduos, de acordo com a
todos os alunos, cabendo às escolas organizar- cultura, a época e até mesmo os valores
se para o atendimento aos educandos com vigentes. Na busca desta perspectiva se
necessidades educacionais especiais, evidenciam inúmeros esforços teóricos,
assegurando as condições necessárias para técnicos, políticos, operacionais, para a
uma educação de qualidade para todos. construção de uma educação inclusiva que dê
(MEC/SEESP, 2001). conta da amplitude das transformações que um
A sociedade atual vê a escola como um lugar processo como este implica.
de igualdade na qual todos terão a O trabalho com a inclusão em Amparo,
oportunidade de desenvolver competências e interior de São Paulo, cuja população aproxima-
habilidades, as crianças com necessidades se de quase 70.000 habitantes, tem sido
especiais educacionais também são vistas como modelo para várias cidades da região “Circuito
capazes e atuantes na sociedade. das Águas”, pois foi o primeiro município a
Segundo Kullok (2002), tratando da relação implantar o projeto “Educação para todos”. Nas
professor-aluno, afirma que o desafio da salas que possuem crianças com necessidades
educação atual é aprender a viver junto, educacionais especiais lecionam duas
levando em conta a descoberta progressiva do educadoras, sendo uma delas capacitada para
outro e a participação em projetos comuns. auxiliar e trabalhar no desenvolvimento da
Portanto é missão da educação transmitir criança especial e ajudá-la na interação social,
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cognitiva e física, ou seja, contribuindo de aumentando à procura por vagas nas escolas
forma significativa para que todos possam lidar municipais, por ser referência na região, há
e aprender com as diferenças. No município de casos de famílias que se mudam para Amparo
Amparo há 26 escolas incluindo Educação por encontrar uma escola para todos.
Infantil (creches também), Ensino Fundamental Tivemos acesso ao projeto quando o mesmo
I e Educação para Jovens e Adultos (1.º ao 5.º) estava sendo implantado, e nas formações
e há tutores para todos os alunos especiais direcionadas aos professores da rede, mas o
dessas escolas, há também o apoio da sala de projeto faz parte do Plano Educacional
recursos AEE em período contrário do horário Municipal. Devido à mudança de partido
regular que o aluno estuda. político e automaticamente de prefeito está
Portanto a Educação Inclusiva em Amparo acontecendo muitas mudanças e o partido
tem sido muito eficaz e vem contribuindo com atual não pretende continuar com o projeto,
qualidade para os habitantes do município que ele está em discussão. Por mudanças ocorridas
têm visto excelentes resultados. no final do ano passado e no início deste ano,
Atualmente o município de Amparo atende não está sendo possível ter acesso aos
aproximadamente 40 alunos com necessidades documentos da antiga gestão da secretaria de
educacionais especiais. O município possui educação.
cinco centros especializados que são chamados As propostas para a educação inclusiva têm
de AEE (Atendimento Educacional sido implementadas com sucesso, mas isso não
Especializado), Comunicação Alternativa, Libras quer dizer que o processo de implementação
e atendimento profissional especializado como desta política tenha sido fácil para todos os
Fonoaudiologia, Terapia Ocupacional, atores que estão contribuindo para a efetivação
Fisioterapia, Nutrição, Psicologia e desta política pública.
Psicopedagogia. A Política da Escola Inclusiva Atuamos como professoras efetivas no
faz parte das Políticas Públicas do Município. referido município e a escola em que
Todas as escolas municipais seguem a mesma lecionamos todas as salas possuem alunos com
diretriz, ou seja, o Projeto da Escola Inclusiva faz necessidades educacionais especiais.
parte das políticas públicas do município ele Acompanhamos mais de perto da realidade de
está inserido na educação municipal. uma aluna com deficiência mental, e nós,
Em 2006 o projeto “Educação para Todos” foi juntamente com uma tutora, trabalhamos de
iniciado. A demanda no município foi muito forma diversificada para que todos na sala se
grande e famílias, comunidade e escola se desenvolvam integralmente e aprendam com
reuniram para implantar novas práticas de as diferenças.
ensino. As reuniões se tornaram constantes e Uma das maiores dificuldades foi a
por meio de conselhos e autoridades permanência da criança na sala de aula, pois a
municipais o projeto foi aprovado na Câmara aluna só queria ficar andando pela escola. Ela
Municipal. Aos poucos as escolas foram era muito agressiva com as educadoras, com as
fazendo adequações para receber esses alunos crianças e demais funcionários da escola, essas
e percebe-se que cada vez mais vem foram as dificuldades que mais prejudicaram o
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A inclusão escolar faz parte da inclusão social de todos os que, ao longo da história, foram
discriminados, segregados e afastados, da convivência com outras pessoas consideradas
“normais”. Essas pessoas: pobres, feias, negros, abandonadas, com deficiência encontram
dificuldades em participar de grupos sociais, religiosos, de amigos e até nas escolas. A escola
também os discriminou, porque não sabia lidar com suas diferenças e, não estava amparada para
tal.
As sociedades sofreram modificações, e foram se tornando mais democráticas, abriram
caminhos para que grupos de pessoas e suas famílias pudessem se organizar começando a exigir
seus direitos. Assim, as famílias com pessoas deficientes iniciaram sua luta, no sentido de instigar
os filhos com qualquer deficiência.
Dessa luta surge a Educação Especial, que se torna um sistema paralelo a Educação Regular,
o que trouxe certa negatividade, pois de início fortaleceu o rótulo, a segregação entre deficientes
e não deficientes, entre “normais” e “anormais”. Este quadro as Escolas das APAES já começaram
a alterar, pois a Inclusão Escolar deve significar que todas as crianças e jovens em idade escolar
frequentem a mesma escola, que deverá estar organizada para atender às necessidades
educacionais especiais de todos os seus alunos. Porém o que se pretende atualmente é que
mesmo crianças consideradas “deficientes” sejam incluídas nas escolas comuns, o que significa
garantir que também os alunos com deficiência tenham acesso à escola, aí permaneça e, sejam
bem sucedidos.
Portanto, esse movimento deve ir muito além da “Inclusão” física apenas. Deve haver uma
permanente interlocução entre Escola Regular e Escola Especial.
Para isso, além de se modificar a estrutura física das escolas é preciso pensar também no
preparo dos profissionais para que possam dar a essas crianças e jovens um atendimento no
mínimo razoável, caso contrário elas estarão sendo discriminadas dentro das salas de classe
comum. Para entender melhor e esclarecer como a Educação Especial vem sendo estudada
passarei a dissertar sobre algumas medidas tomadas pelos líderes que se destacaram e tiveram
importância relevante na educação especial no Brasil e, no mundo, fazendo um paralelo entre o
que se faz e o que a Lei determina.
Essa pesquisa proporcionou-nos uma grande experiência e mostrou-nos a importância da
educação inclusiva, em que se dá a oportunidade a essas crianças de participarem de um
ambiente antes desconhecido. Percebemos que na maior parte a escola disponibiliza recursos e
tecnologia assistiva, a fim de promover condições de acessibilidade assegurando, assim, a
participação e possibilidade de aprendizagem às crianças com necessidades educacionais
especiais. Os objetivos preliminares da pesquisa foram alcançados, pois aprendemos muito e já
nos sentimos preparadas para dar continuidade ao trabalho que realizamos na educação
inclusiva.
Observou-se durante a pesquisa que a maior parte das educadoras do município lutam
para que o projeto da educação inclusiva continue, pois ele tem apresentado excelentes
resultados, porém a nova gestão ainda não o conhece. Verifica-se nesse sentido, que há a
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
necessidade de ampliar a divulgação sobre os objetivos e resultados do projeto, para que todos
conheçam esse trabalho que vem sendo desenvolvido para depois tomarem alguma decisão
sobre sua continuidade ou sua exclusão.
Durante a pesquisa, não conseguimos estabelecer as dificuldades que os pais têm com
locomoção, materiais e alimentação, há também as dificuldades com infraestrutura e outros tipos
de profissionais envolvidos nessa causa, como por exemplo, psicólogos suficientes para
acompanhar a criança e a família principalmente, pois há famílias que não aceitam e discriminam
o próprio filho, o que seria uma fonte para novas pesquisas sobre essa temática no referido
município.
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REFERÊNCIAS
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Municipal, 2007.
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SASSAKI, Romeu Kazumi. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. 7 ed. Rio de
Janeiro: WVA, 2006.
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EDUCAÇÃO INFANTIL:
ESPAÇO DE BRINCADEIRAS
Zenóbia Silva Pereira Paiva1
Cacilda Borges Pires de Castro2
RESUMO: Este artigo tem como objetivo principal analisar a importância das brincadeiras no
desenvolvimento dos alunos da Educação Infantil em um CEMEI-Centro Municipal, localizado em
Itacajá-TO. Em relação a metodologia usou-se revisão bibliográfica, elaboração e aplicação de um
questionário. Com esse trabalho buscou-se ainda conhecer a importância das brincadeiras para a
educação infantil, precisamente na pré-escola o foco da pesquisa, como ferramenta de
aprendizado nessa instituição; e identificar as metodologias usadas pelos professores na sala de
aula. Objetivou-se com o mesmo conhecer a importância das brincadeiras na pré escola, quais as
metodologias usadas pelos docentes, se os mesmos têm consciência da importância de trabalhar
com jogos, brincadeiras, e atividades lúdicas, observou-se a forma com que os professores
avaliam o trabalho realizado como ferramenta de aprendizagem. Para coletar os dados que
norteiam o trabalho, elaborou-se questionário com perguntas abertas que investigaram a
respeito das práticas realizadas nessa fase escolar que contribui muito para entender a
problemática levantada e os meios que constituem o ambiente lúdico na instituição pesquisada.
Os dados foram analisados de forma qualitativa e para embasar os estudos obtidos foi feito uma
pesquisa bibliográfica que confirmou que meio as atividades lúdicas devem fazer parte do
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contexto educacional infantil. Verifica-se que na fase infantil os alunos precisam ser orientadas
durante as brincadeiras e jogos, mesmo que as atividades sejam livres é necessário que o docente
observe se todos estão socializando, participando e respeitando os limites, o respeito e as
individualidades de cada criança.
ABSTRACT: The main objective of this research is to analyze the importance of play in the
development of early childhood students at CEMEI Center, in Itacajá-TO. Regarding the
methodology, a bibliographic review, elaboration and application of a questionnaire were used.
This work also sought to know the importance of games for early childhood education, precisely
in the preschool the focus of research as a learning tool in this institution. and identify the
methodologies used by teachers in the classroom. The aim was to know the importance of playing
in preschool, what are the methodologies used by teachers, if they are aware of the importance
of working with games, games, and activities, it was observed the way teachers evaluate the work
done as a learning tool. r the data that guide the work, a questionnaire with open questions was
elaborated that investigated about the practices carried out in this school phase where it
contributes a lot to understand the raised problem and the means that constitute the playful
environment in the researched institution. The data were analyzed qualitatively and to support
the studies obtained, a bibliographic research was done that confirmed that the playful activities
should be part of the educational context of children. It is verified that in the childhood phase the
children need to be oriented during the games and games, even if the activities are free it is
necessary for the teacher to observe if everyone is socializing, participating and respecting the
limits and individualities of each child.
Palavras-Chave: Early childhood education; Just kidding; Learning; Teacher and child.
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FNDE- Fundo nacional de desenvolvimento da educação.
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problemática estudada nesse trabalho, nota-se de forma correta. O seu sucesso depende da
que a mesma é motivo de reflexão nos intenção do adulto e como o brinquedo que foi
ambientes escolares e estão passando por um oferecido para a criança. Quanto mais
novo processo para se reorganizarem e se estruturado ele for menos socialização da
adaptarem as novas metodologias da BNCC criança com o mesmo, ou seja, o contato
(2018). Desde metrópoles até pequenas corporal e linguístico é menor. Isso significa que
cidades, comunidades indígenas, escolas rurais, se pode analisar o brincar infantil de várias
quilombolas, inúmero grupo de entusiasmados formas:
educadores tem se debruçado nessa temática. Brincar diz respeito à ação prazerosa, seja
(Houve uma quebra na ideia do texto, precisa brincadeira ou jogo, com ou sem ouso de
haver uma melhor conexão do mesmo). brinquedo ou outros materiais e objetos.
De acordo com a professora 1 - Pré escolar Brinca-se também usando o corpo, a música, as
2,em entrevista realizada em 20 de agosto de artes e as palavras; jogo dar possibilidade de
2019 : mudanças de ações por ter que obedecer às
Nessa instituição há muito o que melhorar no regras; Brincadeira refere-se ao ato de brincar,
que diz respeito a aquisição de materiais e quando a criança brinca livremente e sem
instrumentos de brinquedos diversos para área estrutura; Brinquedo é qualquer coisa que a
interna (sala de aula) como bolas, jogos, criança pega e usa para brincar(FRIEDMANN,
alfabeto móvel, para manusear, boneca, 2012, p. 64).
carrinhos e outro básicos, na área externa tem Observa-se que ocorre em sala de aula
um escorregador, uma casinha apenas. Não restrição no que se refere ao educador
piscina de bolinha, parque de areia que é algo desenvolver jogos, muitas vezes usam um
básico e essencial. Sendo assim docentes objeto como jogo, porém o mesmo está
precisam ser bem criativos e corajosos para ocupando a função de objeto pedagógico e não
inventar e reinventar para criar sugestões que de jogo.
ajude a criança a brincar como foi criado o dia As escolas devem trabalhar com as crianças
do brinquedo na sexta feira algumas crianças de forma integral, embora ainda não esteja
trazem de casa os brinquedos, mas nem todas acontecendo na maior parte das unidades de
as crianças trazem porque muitas são carentes ensino infantil, uma vez que existem horas para
e não tem brinquedos em casa. Há necessidade cada coisa acontecer. Hora do jogo, hora da
de pensar em projetos maiores para arrecadar música, hora do descanso, outra para a
brinquedos por meio de empresas e linguagem e outra para brincar sobe orientação
comunidade, precisa partir da gestão do educador.
(PROFESSORA 1 - PRÉ ESCOLAR 2). O raciocínio da criança não acompanha essas
Diante da situação relatada é fundamental situações determinadas, cada uma em seu
que os docentes garantam as brincadeiras tempo. Para ela brincar ocorre quando se tem
mesmo sem a existência dos brinquedos no vontade e descansar quando está cansada. São
CEMEI, porém, tudo será em vão se não existir os adultos que deve proporcionar situações
uma valorização e uma compreensão do brincar para as motivações para que aconteça o brincar
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de forma correta. Neste sentido a escola Destaca-se que quando se realiza jogos, as
contribui muito para isso, uma vez que ela aulas fogem do normal do dia a dia, a rotina de
contribui para incentivar o indivíduo a organização se supera nas diversas formas de
desenvolver seu caráter de cidadão. participação dos educandos, pois os jogos
Há um aspecto ao qual a prioridade básica no permitem maior movimentação para realizar as
planejamento é fundamental, pois as se atividades.
ministrar aulas com atividades com jogos, é Assim, para Piaget, o jogo é:
preciso que eles sejam aplicados de forma A expressão de uma das fases dessa
adequada, pois o principal intuito é o resgate da diferenciação progressiva: é o produto da
espontaneidade que é importante para o assimilação, dissociando-se da acomodação
desenvolvimento integral da vida das crianças. antes de se reintegrar nas formas de equilíbrio
E esse trabalho merece cuidado ao planejar permanente que dele farão seu complemento,
para que realmente desenvolva aprendizagem no nível do pensamento operatório ou racional.
e diversão. (...) O jogo constitui o polo extremo da
Quando a criança é assegurada a participar assimilação do real ao eu (PIAGET, 1971, p.
diariamente de momentos lúdicos ela pode 217).
criar e recriar, mudando assim a realidade em Seguindo as ideias de Piaget (1971),
vive. Incentiva ainda a independência e compreende-se que o trabalho com os
autenticidade nas tomadas de decisões. É no pequenos nas creches e escolas de Educação
brincar com outras pessoas que ela descobre o Infantil deve-se pelo menos uma vez por
mundo que o cerca e as novas perspectivas que semana realizar atividades com jogos, pois por
a vida oferece por meio dos objetos. As meio deles a criança terá oportunidade de ter
brincadeiras e as diferentes formas de brincar contato com o concreto e demonstrar nessas
oferecem possibilidades riquíssimas para situações a desenvoltura no raciocínio, na
desafiar os alunos às novas descobertas. E dar atenção, no equilíbrio das ideias formuladas a
oportunidades de participação e expressão partir das interações com o outro e consigo
para todas as crianças independente da sua mesma.
idade, ela aprende com os estímulos por meio Verifica-se, que nos CEMEI’s ainda há lacunas
dessas atividades. referente ao ensino e aprendizagem lúdica,
À medida que o sujeito repete suas condutas sendo que o espaço da sala de aula é mais
(sugar, agarrar), ele incorpora os objetos de priorizado que o espaço de ensinar conteúdos
sugar, de segurar às ações em que essas voltados para preparar o aluno para chegar
condutas se tornam atrativas. bem no ensino fundamental e esquece que o
Esses dois processos formam parte de todas mesmo tem quatro anos para aprender nessa
as ações, aparecem em todos os estágios do nova modalidade.
desenvolvimento. Às vezes, um predomina No entanto existem algumas pessoas quando
sobre o outro; outras vezes, eles se encontram pensam em jogo, logo já relaciona com bolas ou
em equilíbrio. outro instrumento que joga, isso influencia no
desenvolvimento psicológico, a inteligência e a
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socialização dos pequenos aprendizes que vai recurso didático na sala de aula. É preciso que
muito além de atividades que envolva a bola. todas as partes do artigo tenham conexão.
Segundo Piaget (1971, p.123), “os jogos Perguntou-se a professor 1 da turma do pré
simbólicos - Caracterizam a fase ou estágio que escolar de 5 anos como a música é inserida de
vai desde o momento em que surge a forma lúdica no cotidiano das crianças do
linguagem, por volta de 1 (um) ano e meio de CEMEI, a mesma declarou:
idade, até aproximadamente os 6-7 (seis a sete) A música é muito importante na vida escolar
anos”, a criança nessa idade saindo do CEMEI das crianças. Eu uso a música todos os dias tem
para a escola de Ensino Fundamental e precisa momentos com música como cantiga de roda,
terem adquiridos habilidades cognitivas que se brincadeiras cantadas como parlendas, no
consegue jogando e brincado, sendo que as momento da historinha também eu gosto de
mesmas vão influenciar no desenvolvimento da cantar para deixa-las tranquilas antes da
aprendizagem alfabética nos anos seguintes. história, canto com as crianças na acolhida para
Na definição de Piaget (1971), os jogos de socializar, gosto de cantar quando as crianças
regras são combinações sensório-motoras estão indisciplinadas e agitadas para se
(corridas, jogo de bolinhas de gude, de bola) ou acalmarem, com instrumentos confeccionados
intelectuais (cartas, xadrez), com competição e com garrafinhas de refrigerante gosto de
cooperação entre indivíduos, regulamentados dançar e cantar como os pequenos para se
por um código transmitido de geração a movimentarem e ensinar valores como amor,
geração ou por acordos momentâneos. Jogos companheirismo, amizade e alegria. Uso a
de exercícios sensório-motores que se música para criar fundo musical para narrar
tornaram coletivos, por exemplo, pular sela, histórias e também para dançarem ouvindo
apostar corrida; músicas. Música é cultura e deve ser sempre
Com relação aos jogos de regras deve-se ter priorizada (PROFESSORA PRÉ ESCOLAR 1-
consciência sobre como explicar, elas não CEMEI, 2019, s.p).
entendem regras longas, nesse sentido Piaget Compreende-se que um fator de grande
distingue em quatro estágios, sendo que é influência no desenvolvimento do indivíduo
fundamental levar em consideração a que está em crescimento é a música. Os sons e
linguagem no momento de explicar, é preciso as músicas intrigam, divertem, chamam
ser bem claro e curto os enunciados para atenção das crianças. Além da voz humana, as
melhor assimilação, dependendo da fase da crianças logo descobrem e passam a explorar
criança ela não consegue entender. outros sons de seu cotidiano. À medida que
crescem pegam as vasilhas do armário e batem
1.1 A musicalidade faz parte das no chão para ouvir o som que faz e acham
brincadeiras das crianças divertidos. Assim os objetos passam também a
É interessante que inicie o texto de outra ser pesquisados como fontes sonoras e
forma, porque ficou sem conexão. Comecem instrumento musical em potencial.
falando da importância da música como um Oliveira, et al (2012), relata que:
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A creche ou escola podem se tronar locais usando tons de vozes diferenciados ou\gestos.
privilegiados para as crianças explorarem Sendo que uma rima ele pode transformar
formas de reproduzir sons e de ampliar o muna melodia ou recitar com a voz
repertório musical que já possuem e que diferenciada para chamar atenção dos
trazem de casa, já que no ambiente da pequenos.
instituição novos sons e músicas passarão a 1.2 A dimensão lúdica é educativa
fazer parte de seu cotidiano. Nesse contexto, é O perfil do professor nesta etapa determina
importante que o professor dessa faixa etária um grande percentual da qualidade educativa,
conheça as preferências musicais das crianças, ou seja, a criança precisa de um professor que
o que costumam ouvir e qual repertório musical além de ser formado em Pedagogia, tem
de sua família (OLIVEIRA, 2012, p. 146). habilidade em trabalhar com as crianças,
Nessa linha de pensamento destaca-se que principalmente amor pelos pequenos, pois
as informações sobre as crianças podem ser nessa fase elas precisam muito da afetividade
compartilhadas nas reuniões de pais e contribui para aprender e se desenvolverem. Mais nesse
para a formação integral da criança e para o parágrafo vocês não falaram de jogos, não
fortalecimento de novos vínculos entre entendi por que já colocar uma citação sobre
professor e criança e desenvolvimento integral jogo aqui. A citação ela precisa dar
da mesma. continuidade ao texto.
O professor deve saber que sua própria voz Em relação ao jogo, Piaget (1998), afirma
ao falar ou brincar com as crianças é uma que:
ferramenta de comunicação muito especial, e Acredita que ele é essencial na vida da
que as canções e as brincadeiras cantadas criança, existe jogo de exercício onde a criança
fazem parte da vidinha delas desde quando repete determinadas situações de prazer por
nasceram. Interessante é que a instituição ter apreciado efeitos, jogos simbólicos
conte com um acervo de música cantado e utilizados pelas crianças de 02 a 06 anos
instrumentos, do qual façam peças da satisfazendo suas necessidades. Onde não
comunidade local de diferentes culturas, que as somente relembra o acontecido, mas executa a
crianças poderão ouvir em diferentes apresentação. O jogo é uma ponte que dá
momentos da jornada na creche ou na escola. condição para trabalhar o desenvolvimento
A face do explicado sobre a ludicidade nota- infantil em realidade (PIAGET, 1998, p. 11).
se que a literatura infantil se deve de forma
prazerosa, priorizar a musicalidade ao contar as Sabe-se que o jogo implica mudanças
histórias, para as crianças os contos narrados significativas no processo de ensino e
sem sonoridade dos personagens como aprendizagem com a criança, pois permite
mudança de voz ou som dos objetos ficam sem alterar o modelo tradicional das creches que
sentido e desmotivador. tinha a visão de apenas cuidar das crianças.
Contar história exige que o professor seja Hoje se tem a preocupação de ensinar de forma
dinâmico e criativo o suficiente para interagir integral e o jogo é um recurso muito importante
com os pequenos e com os personagens para desenvolver a linguagem, o raciocínio
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considera-se com esse estudo que ao falar do lúdico no ambiente escolar é impossível não
falar da importância de uma boa formação, de educadores que surpreende com seu trabalho
diferenciado e voltado para o brincar, com os objetivos que leva à aprendizagem com sucesso.
Portanto, o trabalho com a criança deve ser muito bem planejado e bem estruturado para assim,
concretizar o ensino lúdico com o foco em cuidar, brincar e ensinar como está previsto pela BNCC
(2018).
Considera-se que o brincar além de oferecer à criança atividades que amenizem as
deficiências de habilidades motoras finas como recortar imagens e palavras e colar pedaços de
papeis em desenhos que podem ser referentes à temática de um livro lido ou datas
comemorativas, visto que uma das dificuldades das crianças é não sabe usar tesouras.
Nota-se que o uso de brincadeiras no ambiente educacional tem restrição de muitos
professores porque alegam que isso ocasiona muita bagunça na aula; por conta disso, acabam
deixando os alunos sentados por muitas horas e fazendo atividades mecânicas como pintar.
O ambiente estrategicamente montado para atender de forma lúdica cada criança deve
ser monitorada pela equipe pedagógica para não cair na rotina. Constantemente deve ser
reavaliado se o conceito exposto às crianças. Ao realizar esse trabalho sentiu-se muito prazer nos
estudos produzidos, pois se pode compreender um pouco do mundo da criança. Falar de creche
ou de pré-escola é muito mais que falar de uma instituição, de sua organização, de suas
qualidades e defeitos, das suas necessidades sociais e de sua importância educacional.
Falar da criança é algo mais enriquecedor ainda, pois se trata de um ser especial, que
mesmo pequeno tem seu jeito singular, suas características e personalidades, uma dádiva de Deus
que merece ser bem cuidada, tratada e ter um ambiente acima de tudo com profissionais que
gostem de crianças e sejam capacitados para saber trabalhar bem com esses seres indefesos e
que acreditam no professor como uma pessoa especial.
Nessa continuação, deve ser levado em consideração que o professor participe de
momentos de formação continuada para pensar na prática pedagógica no âmbito da escola,
possibilitando a experimentação do novo, do diferente, por meio de experiências profissionais e
socialização de trabalhos de sucesso, que podem apoiar novas ideias. E que o docente precisa ter
uma visão crítica e saber argumentar sobre o que é importante para que o ambiente lúdico
prevalece, cobrar dos gestores que invistam nessa modalidade de ensino garantido que a
educação ocorra efetivamente de forma integral.
Acima de tudo, a formação continuada leva o docente dessa modalidade infantil a
compreender diferentes estratégias metodológicas que consideram o lúdico algo de grade valor
no meio educativo. Por exemplo, oficina de jogos é um meio de confeccionar jogos que muitas
vezes o docente não tem tempo de fazer durante as aulas. E nesse trabalho prepara materiais e
venha atender as diferentes faixas etária, pois cada uma tem seu jeito próprio de fazer as suas
descobertas, o seu tempo de aprender e isso deve ser estimulado e respeitado.
Considera-se que umas aprendem com mais rapidez, outras no seu ritmo próprio, e que é
necessário a ação docente, quando o professor pode direcionar as descobertas do novo. Assim,
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afirma-se que o mesmo deve ser bem preparado para contribuir de maneira consciente do que
está executando e saber a direção de como ensinar as crianças a descobrirem o mundo, formando
pessoas conscientes, com amor e respeitos aos desejos e, além disso, criando uma relação de
proximidade, entrelaçada pela afetividade.
Verificou-se com essa pesquisa que o ser humano, criança, é um sujeito complexo, por essa
razão não pode ser educada de uma única forma, por meio de um padrão disjuntivo ou mesmo
de partes separadas que devem ser juntadas para entendê-la. Às metodologias lúdicas diferencia
as formas de ensinar e aprender. O jogo e as brincadeiras dão alegria nas descobertas e o aluno
pode verificar o erro e transformar em aprendizagem.
Deixam-se aqui experiências de uma pesquisa que contribuirá ainda que de forma modesta
para aqueles que atuam na Educação infantil e subsídios para novas pesquisas nessa área que é
um campo vasto de conhecimento e descobertas.
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REFERÊNCIAS
BRASIL, BNCC-Base Nacional Curricular. Ministério da Educação, Brasilia,2018.
PIAGET, Jean., Jean. A psicologia da criança. Ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.
VASCONCELOS, M.S. Ousar brincar. In: ARANTES, V.A. (Org.) Humor e alegria na
educação. São Paulo: Summus Editorial, 2006.
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EDUCAÇAO INFANTIL:
POSSIBILIDAES E DESAFIOS DE PROJETOS
INTEGRADOS
Adriana Souza da Cruz Santos1
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responderam que a criança gosta de brincar de educativa” (p.36). O faz-de-conta para a autora
esconde-esconde (buscar um objeto permite não só a entrada no imaginário, mas a
escondido), imita atitudes e sons, já consegue expressão das regras implícitas que se
pensar em meios de alcançar um objeto que materializam no tema brincadeiras.
está fora do alcance. Segundo ressalta Santos (1995), a criança já
A criança se desenvolve por meio dos é capaz de construir imagens dos objetos,
estímulos, por meio de atividades realizadas inclusive dos seus deslocamentos no espaço. O
nas salas, no contar histórias, nas brincadeiras objeto mesmo fora do seu campo visual
com jogos, recreações e também com suas continua existindo em sua mente, têm
capacidades. preferência por brinquedos especiais e as
De acordo com nossas observações, tentativas de imitar o adulto abrindo caminhos
verificamos que o período em que as crianças para a independência.
permanecem na creche, o brincar está muito Em relação ao perfil e as características da
presente. Mas as brincadeiras não são criança de 1 a 2 anos é muito importante que as
propostas pedagógicas, não são planejadas, creches não tenham um espaço simplesmente
mediadas e apresentadas como conteúdos de cuidado, ao contrário, o cuidado e
significativos. aprendizado devem estar integrados desde o
A criança nessa fase tem muito interesse pela início, sendo necessário um profissional
brincadeira, mas é necessário o educador ter qualificado e trabalhos pedagógicos que
objetivos claros, para que a brincadeira não seja favoreçam o desenvolvimento da criança,
vista apenas como um meio para gastar podendo ser mudada e transformada com
energia, sem mediação e planejamento significações e assim educar deixa de ser
cuidadosos. apenas cuidar, assistir e higienizar.
Verificamos que na Instituição, as Sendo assim, a Educação Infantil deve
educadoras não fazem a mediação durante as cumprir duas funções indissociáveis e
brincadeiras, não observavam e nem complementares: Cuidar ←→ Educar, parceria
organizavam um espaço estimulador para o em busca de uma educação com qualificação e
desenvolvimento das mesmas. Utilizavam as significação.
brincadeiras para preencher os horários em Sabemos que nessa fase, totalmente
que não havia atividades planejadas dentro da dependente do adulto, a criança pequena
proposta pedagógica, deixando as crianças precisa de cuidado, segurança, afetividade.
livres em suas brincadeiras, sem observação ou Quanto mais a criança brinca, mais ela explora,
com desafios que pudessem ampliar suas experimenta, descobre, vai construindo as suas
capacidades, por meio das intervenções relações com o mundo, harmonizando-se com
pedagógicas. ele, aprendendo a lidar com o meio, a dominar
Segundo Kishimoto (2000), “Quando as habilidade e adquirir confiança.
situações lúdicas são intencionalmente criadas Ao ser perguntados sobre a função do
pelos adultos com vistas a estimular certos educador, os sujeitos de pesquisa responderam
tipos de aprendizagem surge á dimensão que o educador, como elemento mais
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criança para que assim possam atender às qualificar a prática pedagógica, trocar
necessidades dos mesmos. experiências de modo a buscar caminhos mais
Na questão (6) ao serem perguntadas, significativos para a aprendizagem da criança.
porque escolheram a instituição para trabalhar, Em relação à questão (8) ao serem
responderam porque havia uma vaga na perguntadas se participavam das discussões
instituição e essa é a sua profissão. Um outro sobre a mediação do educador no processo de
motivo foi o desemprego e o outro foi à busca Cuidar ←→Educar, considerando crianças de 1
de uma nova experiência: trabalhar em uma a 2 anos, elas alegaram que já participaram e
creche e com crianças pequenas, pois antes só acham muito importantes, embora achem
havia trabalhado com ensino fundamental. complicado Cuidar ←→ Educar ao mesmo
O que nos parece é que a falta de opção tempo, porque isso exige tempo e preparo para
muitas vezes, “ronda” a vida do profissional, fazer um bom trabalho.
que acaba fazendo escolhas que não O que nos chamou muita atenção nessa
correspondem à sua formação e nem segue às resposta é que as educadoras colocam o Cuidar
suas necessidades reais de crescimento, como ←→ Educar em posições diferentes não
as educadoras, muitas vezes afirmaram. percebem que Cuidar ←→ Educar caminham
Compreendemos que o profissional de juntos, são conceitos que se interligam, pois
educação infantil precisa ter clareza de seus observamos que uma das dificuldades da
objetivos, para trabalhar com criança, pois seu creche está na associação entre os conceitos,
compromisso é com a aprendizagem, mas precisam vir refletidos em boas propostas
compromisso com a qualidade de ensino e com pedagógicas e bons mediadores.
as oportunidades de desenvolvimento. Nesse Uma das educadoras alega que Cuidar ←→
sentido, são muito importantes a formação do Educar precisa de tempo, e que é necessário
educador e sua capacitação permanente. que o educador tenha conhecimento claro dos
Em relação à questão (7) ao serem objetivos nas atividades propostas em sala de
perguntadas se participavam das reuniões de aula e que a parceria com a família favorece a
capacitação, as educadoras responderam que compreensão do Cuidar ←→ Educar e todo os
sempre que têm oportunidades sim e que os eu processo, pois quem cuida, educa e quem
cursos oferecidos pela prefeitura refletem educa, está necessariamente cuidando.
sobre os temas desenvolvimento e Compreendemos que o Cuidar ←→ Educar
aprendizagem das crianças. caminham juntos, mas desde que tenham uma
Com as observações que realizamos na intencionalidade na prática pedagógica.
Instituição, percebemos que a mesma oferece Segundo Oliveira (1992), os familiares e os
cursos de capacitação, mensalmente e, nas educadores estão ligados a um afeto comum,
reuniões com os professores são abordados que á a criança, e a creche é o seu lugar de
vários temas relacionados às crianças e expressão.
dificuldades encontradas no trabalho. A criança de 1 a 2 anos precisa de proposta
Acreditamos que esses momentos de pedagógica que garanta seu processo de
reflexão coletiva são muito importantes para
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Consideramos o desenvolvimento do estudo de suma importância, especialmente as
propostas de projetos integrativos, objetivando ressignificar conceitos fundamentais ao cuidar e
educar, bem como ao papel institucional na Educação Infantil, além do envolvimento da família
com foco na relação escola x comunidade.
A reflexão do educador sobre as práticas em sala de aula, interpretando as ações dos seus
alunos e buscando tomar atitudes adequadas, é de extrema relevância para alcance da educação
de qualidade.
Nesta caminhada procuramos mobilizar ações voltadas para construção de um projeto que
realmente pudesse contemplar as dificuldades e as fragilidades encontradas na Instituição,
verificamos que o trabalho com projetos contribui diferencialmente no cotidiano escolar.
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REFERÊNCIAS
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2003.
REVISTA NOVA ESCOLA. Fundação Victor Cibita. São Paulo: nº 142, maio 2001.
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RESUMO: O objetivo deste artigo é analisar como e de que maneira se deu a trajetória histórica
e atual da Educação Infantil, a fim de compreender as transformações ocorridas e os avanços.
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INTRODUÇÃO CONTEXTUALIZAÇÃO DA
Historicamente, os professores de Educação EDUCAÇÃO INFANTIL:
Infantil já foram entendidos como cuidadores, ASPECTOS HISTÓRICOS
chamados de tios (as) e vistos em substituição Com o passar do tempo houve
às mães. Por isso, observa-se um movimento e transformações na Educação Infantil e no perfil
uma luta legítima para o reconhecimento do professor atuante neste nível de ensino.
destes profissionais e da etapa educacional em Pensando nessas transformações, aborda-se o
que trabalham. desenvolvimento desta etapa educacional no
O reconhecimento social estaria ligado à Brasil, apresentando seu percurso histórico
identidade docente, isto é, como estes desde o período colonial, suas características
professores se veem enquanto educadores de no Brasil republicano, passando pelo século XX
crianças e como as pessoas entendem esse e chegando aos novos tópicos da Educação
papel assumido. Reconhecer esta função, Infantil brasileira já no século XXI.
enquanto responsabilidade das esferas Segundo Oliveira (2002), a Educação Infantil
públicas e privadas de ensino, diz respeito ao tem sofrido grandes modificações ao longo dos
modelo de formação docente que será adotado anos. Até meados do século XIX, não existia um
nos cursos de licenciaturas, envolvendo os atendimento oficial, ou seja, creches para
conhecimentos necessários para a atuação do atender as crianças pequenas no Brasil, porém
professor na Educação Infantil. esta situação começou a mudar a partir da
Nesta perspectiva, também compreende o abolição da escravatura.
desenvolvimento profissional como um De acordo com Arce (2001), a abolição da
processo contínuo, que se inicia muito antes da escravatura desencadeou um aumento no
entrada nestes cursos de formação inicial, mas abandono de crianças, filhos de escravos e
que o acompanha desde a escolarização e pobres, o que levou a criação de instituições
durante todo o exercício profissional. assemelhadas a creches, asilos e internatos,
Observa-se, ainda, que qualidades e mas de caráter somente assistencialista, ou
características pessoais fazem parte da seja, com o intuito de cuidar.
constituição docente, mas que para ensinar e Segundo Saviani (2009), durante todo o
ser professor é preciso considerar o seu período colonial, não havia uma preocupação
desenvolvimento profissional, as suas explícita com a questão da formação de
concepções e crenças, assim como, os professores. O autor completa que foi na Lei
conhecimentos necessários para a sua atuação das Escolas de Primeiras Letras, promulgada em
efetiva. 15 de outubro de 1827, que essa preocupação
Objetivamos investigar os processos apareceu pela primeira vez ao determinar que
históricos na constituição da Educação Infantil. o ensino, nessas escolas, deveria ser
desenvolvido pelo método mútuo, ou seja:
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não pelo MEC, mas pela Legião Brasileira de anterior do curso, uma vez em que nessa época
Assistência, sendo que esse projeto orientava o país sofreu com o regime militar, nos anos 70
monitoras (formação no, então, segundo grau e 80 e, naturalmente haveria um controle
de ensino) para coordenarem atividades muito maior dos militares para os assuntos
educacionais, que conviviam com medidas de relacionados à educação, como a inclusão e
combate à desnutrição. A autora completa que extinção de processos para a metodologia
o Projeto Casulo foi organizado em muitos educacional no Brasil.
municípios brasileiros, atendendo em período No início da década de 80, com base em
de quatro ou oito horas diárias, contando com Oliveira (2002), muitos questionamentos foram
um número gigantesco de crianças. O governo feitos pelos técnicos e professores, acerca dos
federal também se utilizou da Fundação Mobral programas de cunho compensatório e da
para competir com a Legião Brasileira de abordagem da privação cultural na pré-escola,
Assistência pela mesma clientela infantil. acumulavam-se evidências de que as crianças
Iniciativas como essas, no contexto da época, das classes populares não estavam sendo
serviram para amenizar desigualdades e assistir efetivamente beneficiadas por esses
necessidades básicas, e não para promover programas. Ao contrário, eles estavam servindo
aprendizagens. apenas para uma discriminação e
Segundo Corrêa (2007), a Escola Municipal marginalização, e as pré-escolas continuavam
de Educação Infantil (EMEI), surgiu na década limitadas às práticas recreativas e assistenciais,
de 70 na cidade de São Paulo, adotada pelos em virtude da falta de oportunidades reais para
parques infantis em 1975, sendo que até nos seus professores absorverem as programações
dias atuais possui essa denominação. Ainda propostas.
com base na autora, a partir de meados da Segundo Corrêa (2007), passamos para uma
década de 70, a expansão na oferta de creches nova década, ao “novo milênio”, com uma
e pré-escolas deu-se em função da pressão da discussão em torno dos conceitos de Educação
demanda, por outro lado, porque o governo Infantil, sob o ponto de vista das práticas, sob a
militar que dirigia o país na época temia por ótica das famílias e profissionais que atuam na
uma enorme camada popular, já que o nível de área, que não foram o bastante. Isso porque a
pobreza se acentuava. Educação Infantil sofreu uma diminuição de
Retoma-se brevemente a questão da investimento em função da criação de Fundo de
formação docente a partir de Castro (2002), Manutenção e Desenvolvimento do Ensino
que diz que foi a partir de 1970, com a Fundamental (Fundef) e os recursos foram
promulgação da LDB para o ensino de 1º e 2º vinculados apenas à matrícula do Ensino
graus, Lei nº 5692/91, que o Curso de Fundamental, restando muito pouco para
Magistério transformou-se em “Habilitação aquela que passou a ser reconhecida como a
Específica” para o Magistério, em nível de primeira etapa da educação básica nacional
segundo grau. O autor discute que essa pela nova LDB.
mudança extinguiu a formação de professores Segundo Corrêa (2007), a década de 1980 foi
regentes, descaracterizando a estrutura marcada por importantes discussões teóricas
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acerca do papel da Educação Infantil, bem em alguns pontos, dentre eles a ampliação do
como pela organização da sociedade civil em conceito de educação básica, que passou a
favor desse atendimento. Além disso, durante abranger a Educação Infantil, o Ensino
o movimento da Constituinte, se discutiam os Fundamental e o Ensino Médio; ela atribui
pontos a serem embarcados pela nova Carta flexibilidade ao funcionamento da creche e da
Magna do Brasil, o engajamento dos pré-escola, permitindo a adoção de diferentes
profissionais da área por meio de associações formas de organização e práticas pedagógicas;
representativas foi bastante intenso no sentido define níveis de responsabilidade sobre a
de conquistar direitos para as crianças de 0 a 6 regulamentação da educação infantil; cria
anos. As conquistas garantidas pela mecanismos que possibilitam dar maior
Constituição Federal não se deram sem uma visibilidade do atendimento dos gastos para o
forte e necessária mobilização e sem que as gestor da educação e para os usuários do
condições históricas as favorecessem, nas quais serviço.
estavam presentes no movimento da Com base na LDB, em seu artigo 62, sugere-
sociedade. se que o perfil do profissional que atua na
Segundo Oliveira (2002), a década de 1990 Educação Infantil tivesse relação com:
assistiu a alguns novos marcos, um deles foi a A formação de docentes para atuar na
promulgação do Estatuto da Criança e do educação básica far-se-á em nível superior, em
Adolescente (ECA), em 1990, que concretizou curso de licenciatura, de graduação plena, em
as conquistas dos direitos das crianças universidades e institutos superiores de
promulgados pela Constituição. Na área de educação, admitida, como formação mínima
Educação Infantil, o debate que acompanhou a para o exercício do magistério na Educação
discussão de uma nova LDB, na Câmara de Infantil e nas quatros primeiras séries do Ensino
Deputados e no Senado Federal, impulsionou Fundamental, a oferecida em nível médio na
diferentes setores educacionais, modalidade Normal (CORRÊA, 2007, p. 28).
particularmente universidades e instituições de No final do século, segundo Oliveira (2002),
pesquisa, sindicatos de educadores e houve a diminuição das taxas de natalidade da
organizações não governamentais, à defesa de população até 6 anos, especialmente dentro de
um novo modelo de Educação Infantil. famílias com maior escolaridade, bem como a
De acordo com Oliveira (2002), nesse inclusão de alunos de 6 anos já no Ensino
período, a Coordenadoria de Educação Infantil Fundamental. Além disso, segundo este estudo,
(Coedi) do MEC teve um importante papel de novas concepções acerca do desenvolvimento
articulação de uma política nacional que da cognição e da linguagem modificaram a
garantisse os direitos da população até 6 anos a maneira como as propostas pedagógicas para a
uma educação de qualidade em creches e pré- área eram pensadas. Assim, um Referencial
escola. Curricular Nacional para a Educação Infantil
Esses fatos prepararam o ambiente para a (1998), foi formulado pelo MEC e Diretrizes
aprovação da nova LDB, Lei 9.394/96. Essa lei Nacionais para a Educação Infantil foram
propõe a reorganização da educação brasileira definidas pelo Conselho Nacional de Educação.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente artigo teve como principal objetivo investigar a trajetória constitutiva da
Educação Infantil.
Considera-se que ao longo da história a Educação Infantil, ora não constituída como de
direito e de fato aos sujeitos que dela fazem uso, ora concebida como apenas espaços de
convivência , no qual a função era o “tomar de conta” e na atualidade, enquanto real
conhecimento das crianças , e a ascensão dos conceitos, criança, brincar e educar, sendo estas
concepções um salto qualitativo , enquanto real espaço de construção de saberes.
É fundamental que os docentes que atuam nessa modalidade de ensino compreendam sua
história, como possibilidade de conhecimento e reconhecimento de seu relevante papel.
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REFERÊNCIAS
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ROMANOWSKI, J.P. Formação e profissionalização docente. 4.ed. rev. Curitiba: Ibpex, 2010.
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RESUMO: O presente artigo visa desenvolver a motricidade na criança e todos os aspectos que a
envolvem para que possa, por meio da arte de desenhar e de atuar nas mais diversas esferas da
educação, contribuir com o corpo sendo um instrumento a favor do intelecto, bem como da saúde
física do indivíduo. O desenho em si é pano de fundo na pesquisa, uma vez que ela foi descrita de
maneira a apresentar o que é preciso desenvolver no corpo para que contribua com o imagético
e daí criar artisticamente tudo o que o imaginário da criança permitir.
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afeto, à emoção, ao meio ambiente e aos conhecimento para uma promoção integral do
hábitos do indivíduo. Assim a teoria walloniana desenvolvimento humano.
influenciou ao longo dos anos vários campos de O conceito de psicomotricidade, nos seus
atuação como psicologia, pedagogia, primórdios, entendia o corpo nos seus aspectos
psiquiatria, medicina e educação física. neurofisiológicos, anatômicos e locomotores,
Ainda de acordo com Fonseca (1995), vivenciados em um determinado tempo e
Edouard Guilmain, neurologista, desenvolveu espaço, com objetivos únicos, emitir e receber
em 1935 um exame psicomotor para fins de significados.
diagnóstico, de indicação da terapêutica e de Atualmente, o termo psicomotricidade é
prognóstico. Ajuriaguerra, em 1947, redefiniu o visto como o relacionar-se por meio da ação, ou
conceito de debilidade motora, considerando-a seja, como uma maneira de unir o corpo, a
como uma síndrome com suas próprias mente, o espírito e a sociedade. Assim, ela está
particularidades. Foi ele quem delimitou os associada à afetividade e a personalidade do
transtornos psicomotores que oscilam entre o indivíduo, pois o mesmo utiliza-se do corpo
neurológico e o psiquiátrico. Por fim, na década para expressão de sentimentos e pensamentos.
de 70, autores soviéticos como Ozeretsky, Segundo Fonseca (2004), atualmente a
Vygotsky, Bernstein, Zaporozhets, Elkonin, psicomotricidade é compreendida como uma
Galperin e Luria, definiram a psicomotricidade forma de integração superior da motricidade,
como uma motricidade de relação, ou seja, a resultado da relação existente entre a criança e
origem do movimento humano não está ligada o meio. É um instrumento significativo, por
somente ao organismo, mas também às meio do qual a consciência se forma e se
experiências vividas pelo indivíduo. Já no Brasil, materializa.
os estudos referentes à psicomotricidade, Haetinger (2005), afirma que a
assemelham-se à história mundial, tendo os psicomotricidade compreende as habilidades
mesmos pesquisadores, locais e fatos, sendo motoras relacionadas aos fatores psicológicos e
que, na década de 50, surgem os primeiros ambientais. Desta forma, o desenvolvimento
documentos históricos. Algumas correntes psicomotor não envolve somente ações
permeiam também a evolução da motoras, como também, prioriza as habilidades
psicomotricidade no Brasil, como a e expressões corporais, vinculadas às
organicistas, primeiramente e depois afetivas e experiências do sujeito ao meio em que vive.
sociais. De acordo com Barreto (2000), a
Segundo Fonseca (1995), a psicomotricidade é a integração do sujeito, no
psicomotricidade, tem a necessidade de ser qual se utiliza do movimento para
reconceitualizada, ou seja, por meio da compreender os aspectos relacionais ou
integração transdisciplinar do saber, o conceito afetivos, cognitivos e motrizes.
de psicomotricidade se colocará no futuro de O desenvolvimento da psicomotricidade vai
maneira evolutiva e atualizada. além dos aspectos motrizes. A mesma também
Sendo assim, a psicomotricidade deve ser proporciona a socialização entre os indivíduos e
visualizada e trabalhada transdisciplinarmente, auxiliam na aquisição de aprendizagens como
ou seja, envolvendo várias áreas de leitura, escrita e pensamento lógico-
matemático. Este desenvolvimento tem papel
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fundamental nos primeiros anos de vida escolar pleno desenvolvimento do ser, uma vez que,
da criança, pois é nesta fase que se observam tem por objeto de estudo o movimento
possíveis desvios das capacidades motoras, humano associado ao ambiente, à cognição, à
evitando então, futuras dificuldades de emoção e às significações. Por ser uma área
aprendizagem. estudo multidisciplinar, relaciona cada
A prática psicomotora respeita, então, as movimento com seu contexto. As múltiplas
potencialidades de cada indivíduo e seu direito dimensões existentes em cada expressão,
de ter um lugar na sociedade. De acordo com gesto, ato e movimento, devem ser observados
esse marco, a criança pode se expressar por durante a mediação das experiências
meio de uma grande variedade de canais de proporcionadas aos educandos.
comunicação, expressão e criação, entre os As atividades desenvolvidas na educação
quais a motricidade é o principal (SANCHES, psicomotora objetivam propiciar a ativação de
MARTINEZ e PEÑALVER, apud, HAETINGER, processos como: vivenciar experiências para
2005, p.114). distinguir partes do corpo exercendo um
Para Fonseca (2004), a psicomotricidade controle sobre ele; vivenciar o corpo por
envolve uma mediatização corporal e inteiro; vivenciar a organização espaço-
expressiva, na qual, os profissionais envolvidos, temporal; vivenciar situações necessárias à
estudam e relacionam condutas inadequadas e aprendizagem do cálculo, da leitura e escrita;
inadaptadas em situações distintas, aquisição de um ajuste tônico; adquirir uma
normalmente relacionadas a problemas de melhor imagem corporal para um equilíbrio
desenvolvimento psicomotor, de psicossomático.
aprendizagem e comportamento psicoafetivo. Por conseguinte, a psicomotricidade é um
“A psicomotricidade subentende uma campo transdisciplinar que tem por objetivo o
concepção holística do ser humano, e estudo do homem relacionado às suas ações
fundamentalmente de sua aprendizagem, que motoras, cognitivas, afetivas, culturais e sociais.
tem por finalidade associar dinamicamente o O movimento integrado e organizado é uma
ato ao pensamento, o gesto à palavra e as das bases da concepção psicomotricista, no
emoções aos símbolos e conceitos” (FONSECA, qual o sujeito é concebido integralmente, por
2004, p. 10). meio de suas experiências vividas decorrentes
O desenvolvimento psicomotor ocorre em de suas ações individuais e coletivas.
conjunto com os aspectos motor, intelectual,
emocional e expressivo, objetivando assim a
formação de um indivíduo comunicativo,
criativo e operativo. Para que uma pessoa se
exprima, enquanto corpo que se realiza mais
livremente seus próprios desejos, é necessário
que ela cresça não em sua individualidade
absoluta, mas em suas relações com os outros
e o mundo (BUENO, 1998).
Segundo Haetinger (2005), a
psicomotricidade tem uma ligação direta com o
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O papel do educador e dos pais é fundamental na evolução, crescimento e habilidades que
as mesmas vão adquirindo com o passar do tempo. As brincadeiras, as dramatizações, enfim
atividades livres constituem-se importantes práticas pedagógicas, pois trabalham com
movimento do corpo, com o imaginário, a fantasia. Estes são ingredientes indispensáveis para o
desenvolvimento da criança, desde que seja dada liberdade para se tiver, assim, um resultado
positivo, sendo que a criança poderá seguir seus passos, outras formas de realização e produção
de conhecimento.
Toda criança necessita de um tempo para ter o seu desenvolvimento total, é preciso
conscientização tanto dos professores quanto dos familiares da necessidade de estar atento ao
desenvolvimento da criança oferecendo opções para que ela possa desenvolver sua totalidade de
maneira lúdica e agradável.
A consciência do próprio corpo e de suas partes, dos movimentos, da postura é necessária
para que a criança consiga adaptar-se ao meio ambiente.
Pode-se observar que a lateralidade se torna mais evidente na criança entre os 6 a 8 anos
de idade, idade esta que coincide com a fase motora especializada, estágio de transição que
começa aos 7 e vai até os 10 anos de idade como nos mostra Gallahue e Ozmum (2005), em sua
ampulheta com as fases do desenvolvimento motor, e também vão de encontro com a iniciação
esportiva em que Almeida (1996), cita a fase motora geral de base que começa aos 7/8 e vai até
os 9/10 de idade.
Como se pode observar neste estudo, o desenvolvimento da lateralidade, do
desenvolvimento motor possuem relação quanto a idade entre as fases, que vão dos 6 aos 10
anos no desenvolvimento perceptível da lateralidade até os 10 anos do desenvolvimento motor
na fase especializada passando pela fase do início do aprendizado esportivo que vai entre os 7 e
10 anos de idade.
Outra correlação entre lateralidade, desenvolvimento motor é a característica de algumas
fases do início destes, como na lateralidade não serem forçadas a tomar esta ou aquela postura,
mas que se criem situações para que a lateralidade se expresse espontaneamente, a partir das
experiências vivenciadas. Já no desenvolvimento motor com a fase dos movimentos
fundamentais que representa um período no qual as crianças estão ativamente envolvidas na
exploração e na experimentação das capacidades motoras de seus corpos.
Também se observam alguns problemas relacionados com a especialização precoce como
estresse, lesões e desinteresse na prática esportiva entre outros.
Conforme a proposta deste estudo nota-se por meio dos relatos dos autores que há
algumas correlações entre o desenvolvimento motor, a lateralidade como a busca por meio da
experimentação e vivência de movimentos para o desenvolvimento das habilidades motoras.
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REFERÊNCIAS
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GALLAHUE, D. L. Educação Física Desenvolvimentista. Cinergis. Santa Cruz do Sul. V.1 n.1
p.7-17, 2000.
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RESUMO: Vivemos uma época em que a escola tem por objetivo a formação integral dos alunos.
Para tal foi necessário trabalhar a aprendizagem de conhecimentos diversos, modelos
interpretativos do mundo natural, habilidades, técnicas e estratégias como, ler, escrever, calcular,
medir, descrever, analisar etc. Este conjunto de aprendizagens é denominado, conteúdos de
aprendizagem, e segundo Zabala (1999), esta expressão inclui tudo o que é objeto de
aprendizagem em uma proposta educacional. Assim o objetivo deste artigo é subsidiar o processo
ensino-aprendizagem da matemática por meio de resolução de problemas, mostrando a
importância e benefícios do plano de ensino contemplar aulas de resolução de problemas
estimulando a curiosidade, propiciando o gosto pela descoberta da resolução, ampliar o interesse
pela matemática, desenvolver nos alunos uma forma de pensar construtiva, consciente e
reflexiva.
1Professor de Ensino Fundamental II e Médio. na Rede Municipal de São Paulo e Rede Privada de Ensino – SP.
Graduação:Licenciatura em Matemática; Licenciatura em Física; Especialização em Gestão Escolar.
E-mail: elvis.vieira@rededecisao.com.br
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Dessa maneira os bons problemas para o o conceito até então novo para ele de fração
processo de ensino-aprendizagem são aqueles algébrica.
que tenham um enunciado fácil e acessível para • Problemas de aprendizagem: para reforçar
o aluno, que desenvolva o pensar matemático, e familiarizar o aluno com um novo conceito;
exija estratégia e criatividade na sua resolução, Exemplo: Um “bolão” esportivo rendeu x
que seja uma maneira mais ambiciosa do aluno reais. Dessa renda, foram gastos y reais para
consolidar idéias ou conceitos matemáticos despesas gerais. Sabendo-se que n pessoas
importantes e que acima de tudo não seja participaram desse “bolão”, qual expressão
muito fácil ou ainda muito difícil para manter o matemática que representa a quantia que cada
aluno naturalmente interessado em prosseguir ganhador recebeu?
na sua resolução. O professor deve deixar claro Comentário: Já apresentado ao conceito de
para seu aluno que resolver um problema não fração algébrica, por exemplo, o aluno irá
deve ser o mesmo que um jogo, no qual o resolver este problema com conhecimento
solucionista é desafiado a vencer sempre, mais adquirido do seu dia a dia este problema vai
sim encarar o problema como uma atividade exigir do aluno um pouco mais de interpretação
prática, na qual é necessário para ambos e organização, de modo que monte a expressão
conhecerem o objetivo, conhecer as regras e se que satisfaça a condição fornecida pelo
utilizarem das melhores estratégias para sua enunciado.
resolução e que necessariamente não há • Problemas de análise: para a descoberta
vencedor ou derrotado neste processo. de novos resultados derivados de conceitos já
Os problemas matemáticos para o ensino de aprendidos e mais fáceis que os problemas de
matemática podem ser divididos em quatro sondagem.
tipos: Exemplo: Uma das regras do Voleibol
• Problemas de sondagem: para a profissional diz que em uma partida de voleibol
introdução natural e intuitiva de um novo não pode haver empate. Por este motivo, o
conceito. regulamento de um campeonato amador
Exemplo: Um caderno custa x reais, sendo x marca dois pontos por vitória e um ponto por
um divisor de 40. Escreva a expressão derrota. Disputando este campeonato amador,
matemática que indica o número máximo de uma equipe jogou 7 partidas e somou 12
cadernos que você pode comprar se tiver 40 pontos. Quantas partidas a equipe venceu e
reais. quantas partidas ela perdeu nesse
Comentário: Perceba que o enunciado campeonato?
fornece as informações de maneira simples Comentário: Pela quantidade de informação
com uma linguagem acessível ao aluno, com o que o enunciado traz, fica claro que se trata de
intuito de que ele perceba que se trata de uma um problema de análise, na qual a curiosidade
divisão, na qual a incógnita está no do aluno por sua resolução é o principal
denominador, resolvido o problema sem auxílio atrativo, pois para que o aluno venha a resolver
do professor o aluno ganha um acréscimo de precisará criar uma estratégia, utilizar conceitos
conhecimento e pensar matemático, e aprenda
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Uma das suas obras em especial - How To Solve - Ler cuidadosamente o problema, se
It (como resolvê-lo) de 1957 – vendeu mais de necessário várias vezes.
um milhão de cópias. - Compreender o significado de cada termo
Polya é um dos matemáticos do século utilizado.
passado que considera a Matemática uma - Reescrever o problema.
“ciência observacional” na qual a observação e - Identificar, claramente, as informações de
a analogia desempenham um papel que necessita para resolvê-lo.
fundamental; Ele também afirma que há Nesta etapa é importante fazer perguntas
semelhança do processo criativo na como: Qual é a incógnita? Quais são os dados?
Matemática e nas ciências naturais. Polya foi o Quais são as condições? É possível satisfazer as
primeiro matemático a apresentar uma condições? Elas são suficientes ou não para
heurística de resolução de problemas específica encontrar a incógnita? Existem condições em
para a matemática, para ele, resolver um excesso ou contraditórias? Construir esquemas
problema consiste em encontrar um caminho, ou figuras a situação proposta no exercício
no qual a princípio não se conhecia; encontrar sempre é muito útil, sobretudo introduzindo-se
uma saída para uma situação difícil; vencer um notação adequada. Sempre que possível,
obstáculo, alcançar um objetivo que não pode procurar separar as condições em partes.
ser alcançado de imediato por meios • Estabelecimento de uma estratégia de
conhecidos. Ressaltando que a existência de resolução.
dificuldade não é uma característica que faz -Encontrar a conexão entre os dados e a
parte de um problema, pois depende também incógnita com o objetivo de definir uma
dos conhecimentos e das experiências de quem estratégia ou plano de resolução.
vai resolvê-lo. Por isso, Polya representa uma -Poderá ser necessário considerar problemas
referência no assunto, uma vez que suas idéias auxiliares ou particulares.
representam uma grande inovação em relação Nesta etapa as perguntas mudam, mas se
às idéias de resolução de problemas existentes fazem necessárias: Você já encontrou ou
até então. resolveu este problema ou um parecido? Você
conhece um problema semelhante? Você
AS ETAPAS NA RESOLUÇÃO DE conhece teoremas, relações ou fórmulas que
possam ajudar? Analise a incógnita e tente
UM PROBLEMA SEGUNDO achar um problema familiar e que tenha uma
POLYA incógnita semelhante.
Polya sugeriu que à resolução de problemas • Execução da estratégia ou plano de
era um processo sequencial, divididos em solução.
quatro etapas fundamentais. Na verdade, essas -Compreender e executar a estratégia
etapas são depois subdivididas, sendo definida.
sugeridas inúmeras estratégias que podem ser -Verificar a correção de cada etapa
utilizadas. percorrida.
• Entender o Problema
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As considerações feitas ao longo deste trabalho tinham a intenção de chamar a atenção
para a importância didática que o ensino da matemática por meio de aulas de resolução de
problemas tem na formação dos alunos. Claro de que não se trata de um manual, nem mesmo a
heurística de resolução de problemas de George Polya(1995), o é.
Trata-se mais de orientações e exemplos de que resolver problemas é uma atividade
matemática prática, que se faz necessário o conhecimento de conceitos e regras, mais resolver
ou se tornar um solucionista de problemas requer o desenvolvimento de habilidades - habilidades
estas que deve ser desenvolvida desde os ciclos mais básicos, com a finalidade de ir
amadurecendo o aluno, e fazendo ele se tornar mais experiente.
Exatamente como é ser habituado a dirigir, primeiro é necessário o estudo de conceitos e
regras, mais só é habilitado aqueles que conseguem desenvolver a habilidade de aplicar os
conceitos e regras em situações reais e práticas, tendo que tomar a decisão do que fazer e quando
fazer na hora certa.
Demonstra-se ao longo do trabalho os possíveis caminhos a serem trilhados, diferentes
tipos de situações problemas, como estimular o aluno a aprender com situações desafiadoras
com um nível adequado de dificuldade para manter–lo interessado pela resolução, criar em sala
um ambiente de apoio e aprendizado mútuo e no fim o desenvolvimento do prazer pela
descoberta, quando atingida à etapa de revisar a solução, isso tudo, alem de sua importância
pedagógica, importância está descrita na proposta curricular do estado de São Paulo de se
desenvolver a habilidade de saber ler e escrever em todas as disciplinas.
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REFERÊNCIAS
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RESUMO: O estudo e pesquisa da religião como área do conhecimento e sua importância como
tal, é o que se pretende abordar nesse artigo. O ensino religioso, assim como o seu contexto
histórico na educação básica brasileira vem sendo motivo de afloradas discussões e debates nos
círculos educacionais, mostrando que que sempre existiram conflitos na nas tentativas de
normatização da disciplina de Ensino Religioso. A LDB (Lei de Diretrizes e Bases) em seu artigo 33
diz que: o ensino religioso é de matrícula facultativo, isto é, optativo, como “parte integrante da
formação básica do cidadão”. Objetiva-se, portanto, a sensibilização para o conhecimento acerca
do ensino religioso escolar no Brasil.
1Professor de Ensino Fundamental e Médio na Rede Municipal de São Paulo e Rede Estadual de São Paulo.
Graduação:Licenciatura em Artes pela Faculdade Belas Artes; Especialização em Filosofia pela Universidade
Federal de São Carlos.
E-mail: saraiva-silva@hotmail.com
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INTRODUÇÃO homem que leva a sério tal relação, que faz dela
a orientação básica de seu projeto de vida.
A Pessoa Humana a cada passo de sua Visto que o homem é histórico, sua
história busca incessantemente sua experiência religiosidade é exteriorizada dentro dos
com o Transcendente. A cada momento de uma sistemas formais próprios do seu espaço
forma diferente, expressando este caminho por existencial; isso constitui-se religião.
meio de ritos, construções, objetos, textos, De acordo com a grande maioria das
orações, instituições. O Ensino Religioso religiões, o que constitui o sentido radical da
dentro de seu contexto histórico teve no seu existência humana é Deus. Por isso, Deus é um
transcorrer uma íntima ligação com a Igreja, a dado indiscutível a partir do qual é organizado
história do nosso país demonstra. Por isso todo o discipulado: objetivos, métodos,
acredito ser importante apresentar o que é o conteúdos.
Ensino Religioso dentro das propostas que O objetivo do Ensino Religioso escolar é
contemplem os Parâmetros Curriculares proporcionar ao aluno experiências,
Nacionais e o estudo da Catequese/EBD para informações e reflexões que o ajudem a cultivar
fazer uma comparação e uma análise minuciosa uma atitude dinâmica de abertura ao sentido
se a mesma está dentro dos objetivos próprios, mais profundo de sua existência em
e se a escola tem claro o seu papel de educar e comunidade e a encaminhar assim, a
não evangelizar, verificando ainda como o organização responsável do seu projeto de
Ensino Religioso é vivenciado pelos docentes e vida.
como a escola o concebe. Visa-se, portanto, a ajudar o aluno a formular
E no esforço de compreender a pessoa existencialmente, em profundidade, o
humana como ser religioso que atravessa a questionamento religioso, e a ir dando a sua
diversidade dos tempos, alguns pesquisadores resposta devidamente informada, responsável,
trabalham na construção do senso religioso engajada.
desse processo de desenvolvimento. Desta A aula de Ensino Religioso ajudará a vivenciar
forma a história da pessoa humana se torna um práticas transformadoras; a compreender as
espaço de observação. diversas expressões religiosas; a valorizar a
Considerando o homem como um ser própria crença, e respeitar a dos outros.
constituído por várias dimensões: psíquica, O Ensino Religioso não pode perder de vista
social, política, somática, religiosa, etc., a contextualização da pessoa humana no
pretendo refletir sobre a dimensão religiosa tempo e no espaço, já que a visão que dela se
dele, como ser profundamente necessitado e tem, influencia profundamente a postura do
sequioso do transcendente. Homem frente a SOCIEDADE, e garante ou
O religioso é uma categoria que supõe questiona a relação PESSOA HUMAMA – DEUS.
alguma relação entre o homem e o sagrado; ou, Não é função da Educação Religiosa escolar
mais genericamente, entre o homem e o promover conversões, mas oportunizar
sentido radical, mais profundo, de sua ambiente favorável para a experiência do
existência. Religioso, nesta acepção, será o Transcendente, em vista de uma educação
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escolas da rede oficial, como função própria da escolar; diferente das demais disciplinas do
religião e esta atrelada as Igrejas. currículo. Acaba sendo administrado por dois
Por outro lado, o Manifesto dos Pioneiros da setores com bases e vértices diferenciados: o
Escola Nova reflete a insistência do grupo Estado e a Entidade religiosa interessada.
contrário a inclusão da referida disciplina na Transcrevemos o primeiro texto a figurar numa
escola, ou seja, deles mesmos, os chamados Lei Maior: Art. 153:
escolanovistas, por conta dos princípios da O Ensino Religioso será de matrícula
laicidade, obrigatoriedade e gratuidade do facultativa e ministrado de acordo com os
ensino público, aqui defendidos. princípios da confissão religiosa do aluno,
O tipo de educação pleiteado por esses dois manifestada pelos pais e responsáveis, e
setores antagônicos os leva à disputa pelo constituirá matéria dos horários nas escolas
mesmo objeto, ou pelo mesmo espaço, no qual públicas primárias, secundárias, profissionais e
deverão concretizar seus ideais, via escola normais (BRASIL, 1934).
pública, levando em conta o tipo de sujeito da Este é o marco fundante de todas as
educação pleiteada e de sociedade projetada. concepções sobre o Ensino Religioso presentes
Ao ser incluído na legislação brasileira, desde nas discussões sobre a matéria, nos sucessivos
a Carta Magna de 1934, o Ensino Religioso períodos de sua regulamentação desde a Carta
figurará, ao longo de todo o século como duplo de 1934 à Lei maior vigente, e da nova Lei de
monstruoso: é algo de fora que está dentro; e Diretrizes e Bases da Educação Nacional,
é, ao mesmo tempo, algo de dentro, mas aprovada recentemente pelo Congresso
tratado como elemento de fora. A eficácia do Nacional.
texto constitucional de 1934 a 1988, que o • No Estado Novo (1937-1945):
inclui e ao mesmo tempo exclui, vem por conta É efetivada a Reforma Francisco Campos. O
da insistência de entidades e outros grupos de Ensino Religioso perde o seu caráter de
interesse, que atuam por meio de negociações obrigatoriedade, uma vez que não implica
ou lobbies, resultando tal ensino em disciplina obrigação para mestres e alunos, nos termos do
estranha ao sistema escolar brasileiro, gerido Art. 133 da Constituição de 1937.
pelas instituições oficiais. A educação no período é utilizada como
O exercício de poder das partes, ora auxilia principal aparelho ideológico do Estado e visa a
no sentido de apontar novos caminhos para a solução dos problemas nacionais. É um de seus
referida disciplina como elemento normal do objetivos formar individualidades condutoras,
sistema escolar, ora dificulta a compreensão da tendo como princípios ou marcos norteadores
sua natureza no ambiente da educação, ao a exaltação da nacionalidade, a capacitação
tratá-lo como o elemento eclesial metido na profissional e a formação militar. A Semana da
conjuntura escolar. Em virtude do princípio da Raça e da Pátria reflete a ideologia vigente.
liberdade, é obrigatório de um lado e • No Regime Liberal – Terceiro Período
facultativo do outro. Isto por ser compreendido Republicano (1946-1964):
como elemento eclesial, atrelado às O Ensino Religioso é contemplado como
instituições religiosas, alheio ao sistema dever do Estado para com a liberdade religiosa
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do cidadão que frequenta a escola, mas A Lei de Diretrizes e Bases para o ensino de
discrimina o professor da disciplina, negando- 1º e 2º grau, de nº 5692/71, em seu Art. 7º
lhe o direito de sua inclusão no sistema como parágrafo único, repete o dispositivo da Carta
profissional da educação. Magna de 1968 e Emenda Constitucional nº
É esse outro momento histórico de 1/69, voltando a incluir o Ensino Religioso no
significativa relevância, pois tem em vista a sistema escolar da rede oficial, nos respectivos
redemocratização do país, até então regido por graus de ensino. Abre espaço para o professor
um sistema de governo autoritário, incluindo os da disciplina como profissional da educação,
quatrocentos anos consecutivos, anteriores a uma vez revogado o dispositivo da LDB anterior,
República e maior parte do período seguinte, que não permita a sua remuneração pelos
Apesar da Lei Maior pretender orientar o cofres públicos. Compreende-se que tanto a Lei
processo de tal redemocratização e garantir o 5692/71, como a Lei 7044/82 que lhe sucede,
espaço do Ensino Religioso na escola, a reconhecem o professor como profissional do
regulamentação do dispositivo constitucional sistema, se também no exercício da função na
na Lei de Diretrizes e Bases de nº 4024/61, referida disciplina. O que o distingue, porém,
limita tal espaço e exclui do sistema o professor dos demais é a atribuição dada a autoridade
da disciplina, ao acrescentar a expressão sem religiosa de credenciar, acompanhar e treinar o
ônus para o Estado ao texto transportado, referido professor para o exercício da função
quase na íntegra, da Carta de 1934. em tal conteúdo. O seu espaço é garantido de
Como nos anos 20 e 30, a influência de dois um lado e dificultado de outro, uma vez que
grupos antagônicos em pontos de vista e não lhe é concedida a possibilidade de, na
concepções sobre educação é marcante, no função, ter acesso a um plano de carreira como
período constituinte e pós-constituinte. Outra Professor de Ensino Religioso.
polêmica se desencadeia em todo o processo A obrigatoriedade do Ensino Religioso,
de elaboração da LDB: os defensores do porém, impulsiona o desencadear de uma
princípio de que o Ensino Religioso é um direito ampla reflexão sobre a disciplina, sua
do cidadão, como ser religioso que frequenta a metodologia própria, sua identidade no
escola pública. Compreende-se a laicidade do ambiente da educação, diferenciada da
Estado como legítima, mas não excludente do identidade e metodologia da evangelização ou
tipo de educação pleiteado pelo cidadão que ensino da religião, próprias da comunidade de
frequenta a escola pública. fé ou credo a que pertence o cidadão. Acontece
• No quarto Período Republicano (1964- no período um grande esforço de renovação da
1984): prática pedagógica desse conteúdo, por
O conceito de liberdade passa pela ótica de intermédio da criação de programas de
segurança nacional. Nesse contexto, o Ensino formação do professor. Elaboração de
Religioso é obrigatório para a escola, currículos em que se privilegia o aspecto sócio-
concedendo ao aluno o direito de optar pela político, cultural, antropológico, de modo a
frequência ou não, no ato da matrícula. superar as práticas divorciadas da experiência e
demais conteúdos curriculares.
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Nos últimos dez anos (1986-1996) – Vigora o A Constituição Federal em vigor, promulgada
novo regime liberal, com novas tendências de em 1988, garante no Art. 210 parágrafo 1º do
redemocratização do país, sob a ótica da Capítulo III da Ordem Social, o Ensino Religioso
reconstrução nacional. O Ensino Religioso nos seguintes termos: O Ensino Religioso, de
busca a sua definição e reconhecimento como matrícula facultativa, constituirá disciplina dos
disciplina normal do conjunto curricular, de horários normais das escolas públicas de ensino
modo a superar os desafios que sustentam a fundamental.
discriminação do professor da disciplina e A inclusão do dispositivo anteriormente
emperram o processo de renovação da prática citado não se deu sem uma significativa
educativa, desde o seu tratamento como mobilização nacional, resultando na segunda
elemento normal do sistema ao plano de maior emenda a entrar no Congresso em
carreira do profissional no exercício da função número de assinaturas, perdendo apenas para
nesse conteúdo. a Reforma Agrária, como primeira colocada.
Atualmente, no início do processo Nos respectivos Estados e no Distrito Federal, o
constituinte em 1985, a tramitação do projeto referido ensino é incluído no texto
da nova Lei de Diretrizes e Bases no Congresso constitucional, sendo que em alguns, além do
Nacional; nesse momento, o Ensino Religioso ensino fundamental, é contemplado também
volta a ser objeto dos discursos pronunciados no ensino médio. Em São Paulo, é acrescentada
nas respectivas fases anteriores de a expressão sem ônus para o Estado, refletindo
regulamentação da matéria, principalmente as tendências dos anos 1950 e 1960, voltando a
dos setores contrários a sua permanência ou discriminar o professor da disciplina. Este é um
inclusão no sistema escolar. Por outro lado, dado que vem a influenciar significativamente
surgem novos argumentos e propostas em vista no atual projeto LDBN, a circular no Congresso
de sua permanência no currículo, não como Nacional. O parecer nº 30/96 do Senado
Ensino da Religião ou de conteúdos próprios Federal regulamenta a matéria e acrescenta
das respectivas denominações e concepções também ao dispositivo constitucional o termo
religiosas, mas como disciplina a permitir ao sendo oferecido sem ônus para os cofres
educando ter, na escola, a oportunidade de públicos.
desenvolver a dimensão do seu ser religioso No entanto, ao lado dos inúmeros desafios
como função nata, inerente à psique, que permanecem, percebe-se grande esforço
permitindo-lhe encontrar respostas aos seus em todo o país, em se tratando da renovação
questionamentos existenciais mais profundos, do conceito de Ensino Religioso, da sua prática
descobrindo e redescobrindo, na convivência pedagógica, da definição de seus conceitos,
com os demais, de diferentes credos, natureza e metodologia adequada ao universo
concepções religiosas e filosóficas, bem como escolar.
nas experiências realizadas no conjunto das Cada Estado adota um sistema de
disciplinas, o sentido da vida, a razão de buscar coordenação. É quase total a manutenção de
o sempre mais, ao que o transcende e sustenta, uma equipe a serviço do Ensino Religioso nas
em vista de sua plena realização. Secretarias de Educação dos Estados e em
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outros órgãos com elas relacionados. significados, destruindo o sentido que temos da
Normalmente, são representativas de vida.
diferentes confissões. Outras se encontram em Contudo, a história nos mostra a todo
fase de organizar ou redefinir a forma de atuar. momento que os seres humanos ainda são
A atenção dada a qualificação do Professor, em capazes de difundir em nome de crenças
vista de seu melhor desempenho pedagógico é religiosas, guerra, holocausto... É necessário
intensificada de norte a sul do país. ficarmos atentos e entender que vivemos em
Esta qualificação acontece nas mais variadas uma sociedade formada por várias culturas,
formas, mas a ênfase é dada, nesses dois com valores e ideologias que se influenciam
últimos anos, aos Cursos de Graduação e de mutuamente.
Pós-Graduação em Pedagogia, com carga Segundo Alves (1984), psicólogos, filósofos,
horária específica de Metodologia do Ensino cientistas sociais e profetas citados no livro “O
Religioso e conteúdos afins. Com igual interesse que é Religião”, alguns acusam a religião como
e esforço de atualização, são reelaboradas as algo sem nexo; ilusória, ideológica, que vicia os
Propostas Curriculares e Programas de pobres oprimidos pelos poderosos. Outros a
Conteúdos Básicos da referida disciplina. defendem, afirmando que sem a religião o
Alguns Estados procuram traçar novas mundo não existiria.
diretrizes para esse ensino. Outros atualizam as Diante de tantas dúvidas, o desafio maior
suas normas, por meio da própria legislação que temos pela frente, em termos de
específica para o Ensino Religioso, renovada e experiência religiosa é muito grande, e
voltada para o melhor desempenho das partes podemos concluir que tanto a ciência como a
em nível central, regional e local, tendo a escola religião tem como objeto explicar o sentido da
como principal espaço de sua efetivação. vida, só que ambas com visões diferentes: a
religião por meio da religiosidade, enquanto a
AMPLIANDO HORIZONTES ciência, utilizando todo seu conhecimento
teórico e tecnológico.
Para a Religião, coube o papel de explicar
aquilo que a ciência por meio dos
conhecimentos dos homens nunca conseguiu...
entender o significado, o sentido e a finalidade
da vida. As religiões nos falam dessas questões
baseadas em vários elementos como: fé,
esperança, rituais, cerimônias e procissões,
todas no fundo têm uma proposta parecida,
porque necessitamos destes símbolos para
criar, construir, transformar, dando significados
a tudo que nos rodeia.
Ao contrário da religião, a ciência nos leva a
um mundo mecanizado, vazio e sem
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Ensino Religioso faz parte da vida do brasileiro e, consequentemente, da Educação,
desde quando o Brasil foi colonizado por Portugal. Na história da Educação brasileira as
instituições religiosas e o processo educativo sempre estiveram em uma constante relação.
A experiência profunda da pessoa humana conduz à experiência de Deus, à busca do
sentido da vida que reorienta novas vivências e conduz à organização em religiões.
Possibilitar a cada indivíduo a experiência da dimensão religiosa, o sentido radical da vida
humana, para uma posterior organização das próprias idéias e do compromisso como uma das
múltiplas e diversificadas formas de expressão da religiosidade humana é o grande desafio que a
história apresenta aos educadores que atuam na área do Ensino Religioso.
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REFERÊNCIAS
AEC – Associação de Educação Católica do Paraná – Boletim Informativo. Setembro/1998
ALVES, Ruben. O Que é Religião? São Paulo: Brasiliense, 1984. Coleção Primeiros Passos.
ARNS, Paulo Evaristo. O Que é Igreja? São Paulo: Brasiliense, 1984. Coleção Primeiros Passos.
CAMPOS, Névio. Debate sobre o ensino religioso na capital paranaense: entre a tribuna e
a imprensa (1922-1931). Disponível em http://www.scielo.br/pdf/edur/v27n1/v27n1a04.pdf.Data
de Acesso20/02/2020.
ECOANDO, Ver. Formação Interativa com Catequistas. Rev. ECOANDO. Ano I, nº 1 ao 5. São
Paulo: Paulus.
FERNANDES, Ir. Madalena. Afinal, que é Ensino Religioso? Rio Grande do Sul: Paulus, 2000.
GONZÁLEZ, Justo L. Visão Panorâmica da História da Igreja. São Paulo: Vida Nova, 1995.
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RESUMO: Este artigo aborda a escola como ambiente legítimo de aprendizado, constituição da
pessoa e de possibilidades para a transformação da vida em sociedade. Está organizado em quatro
tópicos a fim de facilitar o entendimento e a discussão sobre o assunto. O primeiro tópico aborda
a escola e sua função social, o trabalho e a democratização do conhecimento, buscando entender
como ela estabelece relações com os demais atores sociais e relaciona o trabalho como o
conhecimento distribuído de maneira democrática entre a população; o segundo tópico, aborda
a formação para a cidadania e a diversidade, a escola como espaço privilegiado de encontros
entre os diferentes; o terceiro tópico questiona o que move a ação educativa no intuito de
explanar o que está por trás da prática educativa cotidiana do professor; e no último tópico o
assunto é a formação de professores, buscando compreender as necessidades do profissional do
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ensino ter boa base de conhecimento, a fim de que possa realizar seu trabalho de maneira mais
eficiente. A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica, buscando compreender o que
outros autores já disseram acerca do tema.
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Até a Idade Média a educação era somente organizando-a com ensino limitado para os
oferecida no seio das famílias, e o trabalho filhos das pessoas das camadas populares,
educativo destinado exclusivamente aos filhos oferecida em escolas públicas pouco
abastados. A escola para todos pública e instrumentalizadas e mal preparadas, e com
gratuita surgiu por volta do século XVII, após uma formação ampliada oferecida em escolas
um conjunto de mudanças originadas pela particulares, bem estruturadas para os filhos
ruptura do modelo social feudal, que possuía das pessoas das camadas sociais de maior
uma economia predominantemente rural com poder aquisitivo.
pouco movimento comercial, para um modo A escola submetida ao domínio estatal não
capitalista de produção que fez surgir o modelo foi sistematizada para a propagação de
industrial com o trabalho assalariado. A conhecimentos e preparação do aluno para a
sociedade feudal fechada reestruturou-se em criticidade, superação de desafios e
torno do Estado moderno com novas classes transformação social, foi regulada deste o
sociais. currículo, administração e funcionamento a
Com a estabilização das relações sociais e a preparar alunos para a manutenção do sistema
propriedade privada gerando riquezas no meio de produção capitalista dominante, mal
social para o Estado por meio de impostos, instruídos e despreparados para a oposição
tornou-se possível a efetivação e financiamento social dominante.
de políticas públicas fundamentais, dentre as Embora tenha sido idealizada para a
quais a educação, visando inclusive o equilíbrio promoção do desenvolvimento pessoal e social
social para a continuidade do desenvolvimento do aluno, visando instrumentalizá-lo e prepará-
do capital. Nesse contexto foi estabelecida a lo para o exercício consciente da cidadania, a
escola para o povo. escola reproduziu e intensificou a divisão social.
A função da escola é formar o aluno por Com investimentos cada vez mais intensos e
inteiro, de corpo e alma, por meio de efetivos no capital, por meio da produção que
informações uteis, oferecendo-lhes os gera riquezas e poder, o modo de produção
conhecimentos necessários a vida cidadã, seja capitalista evoluiu, passando a exigir cada vez
qual for sua profissão. mais trabalhadores especialistas, permitindo
À escolarização foi atribuída a função de que o capital se apropriasse das habilidades e
promover o pleno desenvolvimento do aluno, do conhecimento, e passasse a servir quase que
em seus aspectos físicos e cognitivos, sua exclusivamente a seus interesses.
participação e inserção social para o exercício Os meios de produção capitalista foram
da cidadania, gerando o bem-estar e realização radicalmente afetados pelo surgimento,
pessoal. inserção e mudanças decorrentes das
Apesar da grandeza deste ideal conquistado transformações tecnológicas, que integraram a
após muitas lutas e batalhas, o Estado moderno produção de atividades menos burocráticas,
instituiu a escola e efetivou de forma velada o com menor tempo de fabricação, maior
objetivo de usá-la como um importante produção e comercialização. Essas mudanças
aparelho para civilizar e controlar o povo, tecnológicas difundiram rápida e amplamente o
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(1999), afirma que “a educação é um motor de instituições e especialização dos agentes sociais
transformação pessoal, cultural, econômico ou envolvidos nas esferas do pensamento, da
de progresso em geral.” decisão e da ação na educação. De alguma
Porém, a ação educativa está mais do campo forma, o conteúdo da confrontação teoria-
da prática do professor na sua relação direta prática é delimitado a partir das percepções
com seu aluno, com seus colegas e com a entre os “teóricos” e os “Práticos”, dentro dos
comunidade. Nesse sentido, há que buscar a contextos respectivos nos quais uns e outros se
resposta a essa pergunta nessa relação, na qual desenvolvem e trabalham. O que resulta ser um
a teoria se faz matéria nas mãos do professor e problema complexo entre a ação e a
do aluno. Desse modo, antes de tudo, é compreensão tende a reduzir-se às relações
necessária a tomada de consciência de si e de dos dois, como se se fizesse a cada um deles
seu papel no processo educativo. possuidor de todo o conteúdo que cabe em
Nessa perspectiva, Freire (2006), afirma que: cada um dos termos da polaridade teoria-
A conscientização implica, pois, que prática: a prática é o que fazem os professores,
ultrapassemos a esfera espontânea de a teoria é o que fazem os filósofos, os
apreensão da realidade, para chegarmos a uma pensadores e os pesquisadores da educação.
esfera crítica na qual a realidade se dá como Essa suposição é claramente errônea: nem os
objeto cognoscível e na qual o homem assume primeiros são donos de toda a prática, nem os
uma posição epistemológica (FREIRE, 2006, p. segundos o são de todo o conhecimento que
30). orienta a educação (SACRISTAN, 1999, p. 21).
A partir dessa conscientização é que o Nesse sentido, a ação educativa precisa estar
professor e a escola passam a discutir seu papel voltada para a transformação da vida do aluno
e o que os levam a realizar as práticas que na medida em que lhe capacita a olhar
realizam. Assim, a ação educativa é movida pela criticamente para as necessidades sociais.
relação entre teoria e prática, mas não na É nesse mesmo sentido que Sacristan (1998),
simplicidade da expressão, muito ao contrário; afirma que:
tal expressão esconde em si um número muito a prática se entende como a atividade
grande de atores envolvidos e que não podem dirigida aos fins conscientes, como ação
ser ignorados ou alijados da reflexão. transformadora de uma realidade; como
Existe, contudo, uma forte tensão entre os atividade social, historicamente condicionada,
professores e os teóricos da educação, pois em dirigida à transformação do mundo; como a
dado momento parece haver uma disputa razão que fundamenta nossos saberes, o
sobre quem dirige quem. Porém, Sacristan critério para estabelecer sua verdade; como a
(1999), afirma que essa tensão é inútil, pois o fonte de conhecimentos verdadeiros; o motivo
que há é uma relação contributiva entre entes dos processos de justificação do conhecimento
interdependentes entre si. (SACRISTAN, 1998, p.33).
A localização onde se formula e se percebe o Como se observa, a ação educativa se pauta
encontro-desencontro de tal relação tem muito por uma intencionalidade, pois não é algo
a ver, então, com a divisão entre profissões, espontâneo, mas criado e planejado para que
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atinja um fim determinado. Daí a prática ofertada aos alunos. Desde então, essa
docente é dependente de uma série de fatores discussão tem tomado a atenção das
e atores que circulam a educação de maneira universidades que passaram a ver com
geral e pode ser percebido desde as atividades preocupação a qualidade do profissional que
políticas que decidem legislativamente, até o elas mesmas colocam no mercado a cada ano.
aluno que recebe e assimila os conteúdos De acordo com Feldmann (2009, p. 74), a
científicos. formação de professores na atual sociedade
Em suma, a ação educativa é resultado do mundial “é defrontar-se com a instabilidade e
esforço do pensamento teórico, mas também a provisoriedade do conhecimento, pois as
prática educativa alimenta esse mesmo esforço verdades científicas perderam o seu valor
teórico ambos têm limitações de alcance de absoluto na compreensão e interpretação de
maneira que assim como pensamento teórico diversos fenômenos.” Para a autora é muito
não consegue ir muito além sem a experiência difícil o processo de formação, existem
da prática, também está, sem a orientação elementos cuja articulação é muito custosa; nas
teórica perde-se porque lhe faltam as suas palavras “o problema da articulação entre
considerações das pesquisas e das discussões o pensar e o agir, entre a teoria e a prática,
políticas e filosóficas. configura-se como um dos grandes desafios
para a questão da formação de professores.
4. FORMAÇÃO DE Vivemos num tempo de incertezas e
inseguranças.”
PROFESSORES Isso quer dizer que a formação somente será
Sempre que se trata da ação educativa ou da eficiente se for permanente, pois do contrário
educação escolar o tema da formação docente ela pode cair numa cristalização permanente e
ressurge com recorrência nas pautas dos perder o rumo numa sociedade que muda com
pesquisadores e filósofos da educação. Apesar muita constância e rapidez. Justamente por
disso, esse é um assunto que até pouco tempo causa dessa rápida e constante transformação
despertava pouco interesse dos pensadores por a formação permanente permite o
diversos motivos, mas, sobretudo, porque não acompanhamento e a atualização do
raras vezes o foco do ensino estava no conhecimento.
conteúdo. Porém logo que esse foco se Quando sai da universidade o professor traz
deslocou do conteúdo para o aluno, passou-se consigo uma gama de conhecimento teórico
a pensar de maneira mais sistemática na básico, mas que perde parte de encanto tão
maneira como o professor era formado. logo ele entra na sala de aula e se depara com
O próprio professor começou a se preocupar uma realidade bastante distinta do que lhe foi
com a qualidade do ensino que deveria mostrado pela teoria. Assim se percebe que a
oferecer com sua pratica. A escola também, a formação inicial, por mais ampla que seja,
partir desse deslocamento do foco e com o sozinha, não consegue capacitar o profissional
processo de mercantilização do ensino passou por muito tempo, por esse motivo a formação
a preocupar-se com a qualidade da educação
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deve ser continuada, para acompanhar as que o diálogo seja construído para desenvolver
mudanças que ocorrem. a ação educativa como o local onde sujeitos são
Para Freire (2001), o ser humano é formados constantemente.
inacabado, por isso carece de se refazer Feldman (2009), também afirma que:
constantemente, nesse sentido ele afirma que: As investigações recentes nacionais e
A educação é permanente não porque certa internacionais sobre a formação de professores
linha ideológica ou certa posição política ou apontam a necessidade de tomar a prática
certo interesse econômico o exijam. A pedagógica como fonte de estudo e construção
educação é permanente na razão, de um lado, de conhecimento sobre os problemas
da finitude do ser humano, de outro, da educacionais, ao mesmo tempo que se
consciência que ele tem de sua finitude. Mais evidencia a inadequação do modelo
ainda, pelo fato de, ao longo da história, ter racionalista-instrumentalista em dar respostas
incorporado à sua natureza não apenas saber às dificuldades e angústias vividas pelos
que vivia, mas saber que sabia e, assim, saber professores no cotidiano escolar, embora seja
que podia saber mais. A educação e a formação esse o paradigma mais presente em nossas
permanente se fundem aí (FREIRE, 2001, p.12). escolas (FELDMANN, 2009, p.75).
Feldman (2009), também, discorrendo sobre Como se percebe o professor clama por
a formação de professores afirma que nunca é amparo nas salas de aula, porque não consegue
suficiente, mas sempre um fragmento a ser ver mais os frutos de seus esforços; nesse
completado. sentido as mudanças têm de tomar como
Uma tarefa inconclusa e perspectiva. É parâmetro a prática pedagógica para reflexões
sempre uma forma fractal de interrogar o acerca das necessárias mudanças, pois hoje se
mundo, perspectiva essa perpassada pelos vive numa sociedade muito complexa, na qual
nossos valores, concepções e ideologias. os valores éticos e morais estão fragmentados.
Entender esse ato é tomá-lo em sua Ao mesmo tempo, o discurso e a prática
concretude, em sua manifestação histórica, inclusivos, tão em voga, exigem do profissional
política e social. É sempre um processo um esforço maior no cumprimento de uma
relacional e contextual. Envolve relações entre tarefa para o qual ele não foi devidamente
as pessoas, projetos e processos que se preparado.
produzem mutuamente, contraditoriamente Dessa maneira, para que a escola ofereça
embasados na visão de homem, mundo uma formação para a cidadania e a diversidade,
sociedade (FELDMANN, 2009, p.72). conforme vimos no tópico anterior, o professor
Atualmente, o ensino que se oferece nas precisa de uma formação que lhe capacite a
escolas é muito diferente do que se oferecia há responder a realidade atual com segurança e
20 anos, de modo que a prática de 20 anos atrás conhecimento. Feldman (2009), lembra que “os
não serve mais para hoje, senão para orientar professores, em suas ações educativas, lidam
as necessárias mudanças. O multiculturalismo e com a apropriação do conhecimento
o interculturalismo é a nova visão que sistematizado, os significados, a cultura, a
influenciam o currículo e que dita o rumo para construção dos próprios saberes escolares e a
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O olhar para a escola como ambiente legítimo de aprendizado, da constituição da pessoa
e de possibilidades para a transformação da vida em sociedade precisa perpassar os diversos
atores que ali se relacionam, e considerar os fazeres distintos que ali acontecem e têm influência
permanente na vida das pessoas.
Como espaço de encontro de diferentes a escola cumpre uma função social, a de
transformar a vida pessoas, fazendo-as compreender a importância do conhecimento na
construção social e para a compreensão do mundo do trabalho que transforma em bens os
esforços coletivos ou de grupos no intuito de que a riqueza cultural e mesmo econômica se um
valor social que constrói um mundo melhor. Também é função da escola realizar a
democratização do conhecimento ao passo que distribui estes como bens acumulados e dos quais
todos têm direito a uma porção generosa.
A formação para a cidadania e a diversidade é o objetivo principal da escola. O aluno que
passa por ela deve sair transformado em cidadão crítico, participativo, cumpridor de seus deveres
e exigente de seus direitos, portanto, apto para conviver em uma sociedade plural e diversa, na
qual os diferentes se encontram e se inter-relacionam para construir uma sociedade solidária e
harmônica.
A busca pelo que move a ação educativa é uma constante da ação do professor e da escola,
e esta como espaço do saber deve conhecer o que a impulsiona na sua prática e na prática de
seus professores, uma vez que o fazer educacional é uma tarefa realizada pela escola, professor,
alunos, e também pela comunidade que é participe, ainda que indiretamente dessa ação
educativa movida pela relação nem sempre harmônica da teoria e da prática.
A formação de professores é outra preocupação constante da escola, pois é alvo de
contínua cobrança pela eficiência na aplicação dos métodos de ensino e, portanto, pelos
resultados esperados pela sociedade que a mantem com os recursos necessários. O professor
bem formado terá melhores condições de oferecer um ensino de qualidade e fazer da escola um
verdadeiro ambiente de formação humana, um lugar de transformação de vidas e de encontro
com o conhecimento.
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
REFERÊNCIAS
FELDMANN, M.G. (org.). Questões Contemporâneas: Mundo do Trabalho e Democratização
do Conhecimento. In SEVERINO, A. J. E FAZENDA, I. Políticas Educacionais: O Ensino
Nacional em Questão. São Paulo: Papirus Editora, 2003.
FREIRE, Paulo. Ação cultural para a liberdade. 5. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981.
FREIRE, Paulo. Política e educação: ensaios. 5. Ed. São Paulo, Cortez, 2001.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 31. ed.
São Paulo: Paz e Terra, 2006.
SACRSITAN, José Gimeno. O Currículo Uma reflexão sobre a Prática. Artmed. Editora, 1998.
SACRSITAN, José Gimeno. Educar e Conviver na Cultura Global. Porto Alegre, Artmed
Editora,2003.
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ESPAÇO ≠ AMBIENTE
Denise Emmett da Silva Leite1
RESUMO: Este artigo tem como objetivo apresentar conceituais que indicam a diferença entre
espaço e ambientes e o potencial de cada um. Apontando locais de interação entre criança e
professor. E como tais agem em prol de uma possibilidade de território, dando a criança
pertencimento e voz. Explanando sobre ambos, ressaltando o espaço como álibi pra que se crie e
oportunize um ambiente democrático para as crianças.
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quais e com os quais aqueles que os habitam dos painéis, não se vê, por exemplo, E.V.A. (
estabelecem determinados tipos de relações, emborrachados), material tão comum nas
emoções, atitudes. Espaço é um elemento instituição de educação infantil( e tão frio, e tão
constitutivo do pensamento e, portanto, pobre!).
converte-se em ação pedagógica indireta, Reforçando com a fala de Ostetto referente
requerendo atenção. Dessa forma, os materiais as decorações dos espaços educativos que são
utilizados e as imagens pregadas nas paredes na verdade, repertórios visuais, estéticos e
de creches e pré-escolas não são neutros, revelam preferencias e concepções do
portam um discurso, contam, denotam leituras professor, quando na verdade é alvo dessa e
e modulam os modos de ver (CUNHA, 2005). preparação do espaço é da criança.
Para ser mais objetivo referente a campos
semânticos citado acima por Cunha (2005), AMBIENTE
literalmente é trabalhar os sentidos, visão,
O significado literal da palavra ambiente é
audição, tato, olfato e até o paladar são
um meio físico e social e envolve o ser humano
condicionados por uma dada configuração
e materiais. Revela-se um local de
espacial (HOYUELOS 2006).
potencialidade, no qual se propõe, como
O espaço físico não pode ser considerado um
estratégias: saber escutar, observar, responder,
espaço de interação sem a presença humana e
imitar, prolongar variar, complexificar, propor
suas intervenções. Quando há tais presenças, o
modificando o contexto segundo, afirma
espaço já fora preparado antes pelo educador,
Hoyuelos (2003 p. 121).
desde murais de E.V.A com personagens que
Segundo o enfoque de Reggio Emilio (2012),
fazem parte ou não do cotidiano da criança.
podemos criar diferentes zonas destinadas a
Mesmo sendo de sua cultura, não significa que
abarcar distintos interesses das crianças. Cria
aquele espaço pertence a criança, pode ser até
uma zona para ler cômoda para as crianças,
acolhedor, e é feito com toda boa intenção.
com luz, se possível natural, com almofadas e
Porem tem muito sentido para o professor e
com os livros situados a seu alcance. criar uma
nenhum para a criança.
zona de arte dramático, não faz falta que tenha
Pois não pertencimento, o que é sugerido de
muito espaço nem materiais, com uns quantos
acordo com o Currículo de São Paulo, é que se
retalhos de vários tipos de tecidos coloridos,
faca uma assembleia com as crianças e nela seja
alguma fantasia, roupa velha que já não
discutida de qual forma podemos decorar o
utilizamos, algum complemento como chapéu,
espaço e convida-los na seguinte fala: Como
colares etc. E umas pinturas para a cara será
podemos decorar o nosso espaço. Afirmando
suficiente. E tudo isso pode estar dentro de
Ostetto, a intencionalidade na montagem dos
uma caixa ou de um baú.
murais em exposição evidencia-se no tipo de
O ambiente na sua singularidade é onde
suporte e na forma adotada; tecidos, papelão,
acontece a democracia, e a preparação desse
plásticos transparente que admite a
ambiente com tais materiais, sugeridas pela
sobreposição de outros tantos materiais sem
proposta de Reggio Emilio (2012), é de fato cria
danificara pintura da parede na composição
um ambiente democrático.
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Para sondar e ter a certeza se este ambiente (2012 p. 113), que compartilhar a
é de fato democrático e apropriado, cabe a documentação representa participar de um
reflexão e observação, se este ambiente verdadeiro ato de democracia, dando suporte á
promove equidade, se é inclusivo e não só visibilidade e a cultura da infância, tanto dentro
falando de acessibilidade e afins, e se esse quanto fora da escola, participação
ambiente atende a criança de forma integral e democrática, ou “democracia participante” que
dá voz a ela. é resultado da troca e da visibilidade.
Não da pra falar de ambiente sem falar de
materialidade, os materiais são de suma
importância, e devem estar ligadas a intenção
do professor, mas sempre com o foco na escuta
das crianças. E decorações dos espaços
educativos são, na verdade, repertórios visuais,
estéticos e revelam preferencias e concepções
do professor, quando na verdade é alvo dessa
decoração e preparação do espaço é da criança.
Como afirma Cunha (2005), dessa forma, os
materiais utilizados e as imagens pregadas nas
paredes de creches e pré-escolas não são
neutros, portam um discurso, contam histórias
e tal um texto visual, denotam leituras e
modulam os modos de ver.
E a proposta de um ambiente com
pertencimento é quando a criança tem suas
criações em evidência, e que se possibilita as
interações e integrações, que a criança faça
aquilo que ela ainda não consegue sozinha.
Ambiente são aspectos mais subjetivos, locais
onde as atividades são realizadas, as relações
que ne se estabelecem, local onde há interação,
integração, é onde há vida, inclusive com os
materiais.
Este ambiente todo trabalhado na escuta da
criança facilita para o professor registrar e
documentar toda essa ação de envolvimento e
desenvolvimento , e também a importância de
compartilhar as produções em murais externos
, para que outras crianças de outras faixas
etárias possam vivenciar , como afirma Rinaldi
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Ampliando a concepção sobre espaço escolar podemos ver que é o princípio e pode ou não
ganhar significado, precisando do professor como protagonista e não como mediador, pois só
espaço sem pessoas não acontecem interações, diálogos. E que nesse primeiro momento o
espaço precisa do professor protagonista, na preparação, na escolha de materiais, na disposição
dos cantos e ate mesmo na decoração estética da sala. E que a ação de protagonizar é uma ação
em conjunta entre espaço, professor e escuta. Sim de escuta, quando a criança tem na sala suas
criações e expressões criativas este espaço é protagonizado pela criança e pelo professor pois
deixou de lado suas preferencias decorativas pra atender a criança e o direto de pertencimento
daquele espaço, garantindo a cultura da infância a qual tanto ouvimos falar.
Quando partimos para a transformação desse espaço todo potencializado, rico de
intencionalidade em ambiente , é visto e notado claramente que a criança transforma em
territórios de brincar, inventar, de falar e se escutado, dialogar com o ambiente, com o material.
Claro que não deixa de ser também um ambiente propicio a conflitos , disputa de brinquedo e
espaço . Neste caso o professor entra como mediador, pois se pensamos no professor só como
mediador, deixa pra traz toda uma essência e mérito a qual deve dado. A proposta é que o
professor apareça como protagonista e depois mediador, pois é nesse ambiente democrático que
o professor dará a primeira vivencia da criança ao que é democracia. A potência do ambiente está
em transforma-lo em mais que um espaço para brincar, e sim espaço onde aconteça democracia.
E como isso acontece, nos territórios estabelecidos pelas crianças sempre a outra criança
querendo entrar neste território e nem sempre é aceita, e quando o professor entra como
mediador para estabelecer um acordo democrático entre ambos. Procurando estabelecer um
diálogo entre crianças e professor, para que se chegue ao um consenso e a criança entenda que
ali é um ambiente democrático e que é direito de todos e que esse território irá ficar muito melhor
quando é compartilhado.
Considerando que a educação fundamentada em valores, princípios, explicitam uma
intencionalidade e que é deve ser movida por integração, diversidade, autonomia, equidade,
humanização, protagonismo (professor-aluno) e escuta. Nesta linha de pensamento o ambiente
democrático é o caminho para ser alcançar uma educação para equidade, inclusiva e integral.
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REFERÊNCIAS
CUNHA, S.R.V. da (2005) Um pouco além das decorações das salas de aula. Reflexão e
ação, v.13 n.1, Jan-Jun Santa Cruz, pp 133-149.
RINALDI, C. Diálogos com Reggio Emilia: escutar, investigar e aprender. São Paulo: Paz e
Terra, 2012.
RINALDI, C.(2011) “L’ ambiente dell’ infanzia”. In CEPPI, G. e ZINI,M. (orgs). Bambini, spazi,
relazione. Reggio Emilia: Reggio Children pp 114-120.
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sobre as péssimas condições que formamos dias de vida, embora alguns pais relatem que a
nossos alunos? criança passou por algum período de
normalidade antes de manifestarem os
AUTISMO OU TRANSTORNO sintomas. O guia prático do AMA, 2007, p. 22
(Associação de Amigos do Autista) apresenta a
DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) definição do autismo como um distúrbio do
Mello (2007), a autora descreve que o comportamento que apresenta as dificuldades
autismo foi detalhado pela primeira vez em de comunicação, de socialização e de
1943 pelo Dr. Léo Kanner (médico austríaco). imaginação.
em seu artigo, o médico refere-se a autísticos O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA)
do contato afetivo e descreve onze casos, em é uma condição geral para um grupo de
1944 Hans Asperger, escreve um outro artigo desordens complexas do desenvolvimento do
com o título psicopatologia autística da cérebro, antes, durante ou logo após o
infância, descrevendo crianças com nascimento. Esses distúrbios se caracterizam
comportamentos semelhantes às descritas pelo pela dificuldade na comunicação social e
dr. Kanner. hoje Kanner e Asperger são os comportamentos repetitivos. Embora todas as
responsáveis pela identificação do autismo. pessoas com TEA partilhem essas dificuldades,
segundo Mello (2007, p. 18), a definição de o seu estado irá afetá-las com intensidades
autismo é: diferentes. Assim, essas diferenças podem
Autismo é um distúrbio do desenvolvimento existir desde o nascimento e serem óbvias para
que se caracteriza por alterações presentes todos; ou podem ser mais sutis e tornarem-se
desde a idade muito precoce, tipicamente mais visíveis ao longo do desenvolvimento.
antes dos três anos de idade, com impacto O autismo é uma condição permanente, a
múltiplo e variável em áreas nobres do criança nasce com autismo e torna-se um
desenvolvimento humano como as áreas de adulto com autismo. Assim como qualquer ser
comunicação, interação social, aprendizado e humano, cada pessoa com autismo é única e
capacidade de adaptação(MELLO, 2007, p. 18). todas podem aprender. As pessoas com
Estudos recentes apontam que o autismo autismo podem ter alguma forma de
seria quatro vezes mais frequentes em crianças sensibilidade sensorial. Isto pode ocorrer em
do sexo masculino e que podem afetar famílias um ou em mais dos cinco sentidos – visão,
de diferentes raças, crenças e classes sociais e audição, olfato, tato e paladar – que podem ser
suas causas são desconhecidas, Mello(2017), mais ou menos intensificados. Por exemplo,
acredita que a origem esteja em anormalidades uma pessoa com autismo pode achar
em alguma parte do cérebro ainda não definida determinados sons de fundo, que outras
de forma conclusiva e provavelmente de pessoas ignorariam, insuportavelmente
origem genética. A autora reforça que barulhentos. Isto pode causar ansiedade ou
hipóteses sobre rejeição materna foi mesmo dor física. Alguns indivíduos que são
descartada há tempos pelos especialistas. O sub sensíveis podem não sentir dor ou
autismo pode se manifestar desde os primeiros temperaturas extremas. Algumas podem
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balançar rodar ou agitar as mãos para criar neurônios. Outros, ainda, determinam a
sensação, ou para ajudar com o balanço e gravidade dos sintomas. Quanto aos fatores
postura ou para lidar com o stress ou ainda, externos que possam contribuir para o
para demonstrar alegria. surgimento do transtorno estão a poluição do
ar, complicações durante a gravidez, infecções
AS CAUSAS DO AUTISMO causadas por vírus, alterações no trato
digestório, contaminação por mercúrio e
O autismo é um transtorno de
sensibilidade a vacinas (VINOCUR,2016,s.p).
desenvolvimento que geralmente aparece nos
A American Academy of Pediatrics e The
três primeiros anos de vida e compromete as
Institute of Medicine dos EUA (VINOCUR,
habilidades de comunicação e interação social.
2016), concordam que nenhuma vacina ou
Em 2013 foi lançada a quinta edição do manual
componente dela é responsável pelo número
diagnóstico e estatístico de transtornos
de crianças que atualmente são diagnosticadas
mentais (DSM-V). Nesse manual, o autismo,
com autismo. Eles concluíram que os benefícios
assim como a Síndrome de Asperger foi
das vacinas são maiores do que os riscos. A
incorporado a um novo termo médico,
autora relata que a maioria dos pais de crianças
chamado de Transtorno do Espectro do
com autismo suspeita que algo está errado
Autismo (TEA). Com essa nova definição, a
antes de a criança completar 18 meses de idade
síndrome de Asperger passa a ser considerada,
e busca ajuda antes que ela chegue a idade de
portanto, uma forma mais branda de autismo.
2 anos e ainda aponta que as crianças com
Dessa forma, os pacientes são diagnosticados
autismo normalmente têm dificuldade em
apenas em graus de comprometimento e o
brincar de faz de conta, interações sociais e
diagnóstico fica mais completo. Vinocur (2016).
comunicação verbal e não verbal e outras
As causas do autismo ainda são
crianças com autismo parecem normais antes
desconhecidas, mas a pesquisa na área é cada
de um ou dois anos, mas de repente "regridem"
vez mais intensa. Provavelmente, há uma
e perdem as habilidades linguísticas ou sociais
combinação de fatores que levam ao autismo.
que adquiriram anteriormente. Esse tipo de
Sabe-se que a genética e agentes externos
autismo é chamado de autismo regressivo.
desempenham um papel chave nas causas do
transtorno. De acordo com a Associação
Médica Americana, as chances de uma criança AUTISMO E ESCOLA
desenvolver autismo por causa da herança A escola deve acolher todas as crianças,
genética é de 50%, sendo que a outra metade independentemente de suas condições sociais,
dos casos pode corresponder a fatores físicas, emocionais, intelectuais, etc.
exógenos, como o ambiente de criação. De Assegurando condições de acesso,
qualquer maneira, muitos genes parecem estar aprendizagem, participação de todos os
envolvidos nas causas do autismo. Alguns estudantes, em um espaço que reconheça e
tornam as crianças mais suscetíveis ao valoriza as diferenças de cada um. Santos
transtorno, outros afetam o desenvolvimento (2008), afirma que a escola tem um papel
do cérebro e a comunicação entre os importante na investigação diagnóstica, uma
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vez que é o primeiro lugar de interação social O atual modelo educacional está ancorado
da criança separada de seus familiares. A escola na Lei de Diretrizes e Bases da Educação
é o espaço em que a criança vai ter maior Nacional, sancionada pelo então presidente
dificuldade em se adaptar às regras sociais, o Fernando Henrique Cardoso, baseada no
que é muito difícil para um autista. princípio do direito universal à educação para
Conforme Santos (2008): todos, nela veio à inclusão da educação infantil,
A escola recebe uma criança com básica e educação especial. Descrito no
dificuldades em se relacionar, seguir regras Capítulo V, Educação Especial, nele fica
sociais e se adaptar ao novo ambiente. Esse explícito sobre a inclusão de alunos com de
comportamento é logo confundido com falta de necessidades especiais, serviços de apoio,
educação e limite. E por falta de conhecimento, desde zero a seis anos de vida na educação
alguns profissionais da educação não sabem infantil, assegurando a todos os educandos com
reconhecer e identificar as características de necessidades especiais: currículos, métodos,
um autista, principalmente os de alto técnicas, recursos educativos e organização
funcionamento, com grau baixo de específica, para atender às suas necessidades,
comprometimento. Os profissionais da os professores deverão estar capacitados para
educação não são preparados para lidar com a integração desses educandos nas classes
crianças autistas e a escassez de bibliografias comuns, acesso igualitário aos benefícios dos
apropriadas dificulta o acesso à informação na programas sociais suplementares disponíveis
área (SANTOS, 2008, p. 9). para o respectivo nível do ensino regular.
É de responsabilidade do professor a atenção Parágrafo único. O Poder Público adotará
especial e a sensibilização dos alunos e dos como alternativa preferencial, a ampliação do
envolvidos para saberem quem são e como se atendimento aos educandos com necessidades
comportam esses alunos autistas. Santos especiais na própria rede pública regular de
(2008), ainda alerta que o autista pode ensino, independentemente do apoio às
apresentar uma reação violenta ao ser instituições previstas neste artigo
submetido ao excesso de pressão, no entanto (BRASIL,1996, s.p).
se o programa de aprendizagem está sendo Com base na lei LDBEN de 1996, trabalha-se
positivo ou se há necessidade de realizar com a inclusão escolar tratando-se de um
alguma mudança. É utilizado no Brasil um processo de questionamentos e revisão de
método de ensino com o objetivo de atender as postura e prática no ambiente escolar, para
necessidades do autista utilizando as melhores garantir o acesso, permanência e o sucesso do
abordagens e métodos disponíveis, é o método aluno com necessidades educacionais especiais
TEACCH, sendo um grande aliado do professor na sala de aula do ensino regular é preciso que
que busca eficiência e eficácia no processo de os professores estejam capacitados a lidar com
aprendizagem de seu aluno autista, pois esses estudantes. Na escola inclusiva deverá ser
trabalha com o autista e toda a sociedade que garantida ao aluno a qualidade de ensino
o envolve. educacional reconhecendo e respeitando a
diversidade e respondendo a cada um de
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redoma de vidro”, isto é, incomunicável por Horizonte em Porto Alegre, Rio Grande do Sul e
decisão dela própria. Em 1967, quando os vem sendo ampliada para outros estados. A
testes foram iniciados em crianças com pratica consiste em metas definidas e áreas de
expectativas mais baixas, constatou-se que na atuação, buscando respostas. O programa
maioria dos casos que posteriormente foram também desenvolveu escalar para a avaliação e
identificados como pertencentes ao autismo diagnóstico do autismo infantil que colaboram
estavam presentes dificuldades reais de em identificar crianças com autismo, classificar
aprendizagem e de comunicação que o nível de acometimento e viabilizar o plano
precisavam ser levadas em conta nas salas de terapêutico. São utilizados recursos variados,
aula. O objetivo é promover adaptação de cada como os estímulos visuais, fotos, cartões e
indivíduo de duas maneiras, melhorar as figuras, estímulos corporais, movimentação
habilidades para viver e aceitar essa deficiência. corporal, gestos, estímulos áudio-sinestésico-
O método TEACCH utiliza uma avaliação visuais, palavras, som, movimentos associados
denominada PEP-R (Perfil Psicoeducacional às imagens. As estratégias de trabalho e
Revisado) para avaliar a criança e determinar atendimento têm como objetivo:
seus pontos fortes e de maior interesse, e suas Conforme Schwartzman (1995), propiciar um
dificuldades, e, a partir desses pontos, montar desenvolvimento adequado e compatível com
um programa individualizado e se baseia na as potencialidades de cada indivíduo e com sua
adaptação do ambiente para facilitar a faixa etária; funcionalidade.
compreensão da criança em relação a seu local Por intermédio de uma compreensão
de trabalho e ao que se espera dela. Por aprofundada, das ferramentas que lhe serão
intermédio da organização do ambiente e das possibilitadas, o professor poderá adaptar as
tarefas de cada aluno, o TEACCH visa o ideias e recursos disponíveis, sendo
desenvolvimento da independência do aluno fundamental que capacitações sejam
de forma que ele precise do professor para o oferecidas pela rede de ensino.
aprendizado de atividades novas, porém
possibilitando-lhe ocupar grande parte de seu MANEJO COMPORTAMENTAL
tempo de forma independente. Partindo do
ponto de vista de uma compreensão mais EM SALA DE AULA
aprofundada do estudante e das ferramentas Devemos nos atentar, de que não basta
de que o professor dispõe para lhe dar apoio, colocar a criança diagnosticada com transtorno
cada professor pode adaptar as ideias gerais do espectro do autismo em uma escola regular
que lhe serão oferecidas ao espaço de sala de e pensar que ela naturalmente irá apresentar
aula e aos recursos disponíveis, e até mesmo às melhoras significativas, uma vez que devemos
características de sua própria personalidade, levar em conta suas limitações e em especial a
desde que, é claro, compreenda e respeite as sua preparação para essa inclusão. estudantes
características próprias de seus alunos. com (TEA) apresentam dificuldades de
No Brasil a utilização do método iniciou em linguagem, interação social, interesses restritos
março de 1991, no centro TEACCH Novo etc. a participação desses nas diversas
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Considera-se que a escola deve conhecer as características da criança e prover as
acomodações físicas e curriculares necessárias; treinar os profissionais continuamente e busca de
novas informações; buscar consultores para avaliar precisamente as crianças; preparar programas
para atender a diferentes perfis visto que os autistas podem possuir diferentes estilos e
potencialidades; ter professores cientes que inclusive a avaliação da aprendizagem deve ser
adaptada; educadores conscientes que para o autismo, conhecimento e habilidades possuem
definições diferentes; analisar o ambiente e evitar situações que tenham impacto sobre os alunos,
alterar o ambiente se for possível; a escola deverá prover todo o suporte físico e acadêmico para
garantir a aprendizagem dos alunos incluídos; atividade física regular é indispensável para o
trabalho motor; a inclusão não pode ser feita sem a presença de um facilitador e a tutoria deve
ser individual; um tutor por aluno; a inclusão não elimina os apoios terapêuticos; necessidade de
desenvolver um programa de educação paralelo à inclusão e nas classes inclusivas o aluno deve
participar das atividades que ele tenha chance de sucesso, especialmente das atividades
socializadoras; a escola deverá demonstrar sensibilidade às necessidades do indivíduo e
habilidade para planejar com a família o que deve ser feito ou continuado em casa.
Sabendo que o nível de desenvolvimento da aprendizagem do autista geralmente é lento
e gradativo, portanto, caberá ao professor se adequar o seu sistema de comunicação a cada
aluno. O estudante deve ser avaliado para colocá-lo num grupo adequado, considerando a idade
global, desenvolvimento e nível de comportamento. É de responsabilidade do professor a atenção
especial e a sensibilização dos alunos e dos envolvidos para saberem quem são e como se
comportam esses alunos autistas.
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REFERÊNCIAS
ARANHA, Maria Salete Fábio. Educação inclusiva. v.3: a escola / coordenação geral
SEESP/MEC Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial - Brasília, S.n.], 2004.
KHOURY, Laís Pereira; TEIXEIRA, Maria Cristina Triguero Veloz; CARREIRO, Luiz Renato
Rodrigues. Manejo comportamental de crianças com Transtornos do Espectro do Autismo
em condição de inclusão escolar: guia de orientação a professores. São Paulo: MEMNON,
2014.
MELLO, Ana Maria S. Ros de. Autismo: guia prático. 7. ed. São Paulo: AMA; Brasília: CORDE,
2007.
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Graduação: Licenciatura em História, Instituto de História (Inhis), da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
Membro do grupo de pesquisa Políticas, Educação e Cidadania (Polis) da Universidade Federal de Uberlândia
(UFU).
E-mail: ryhasouza@gmail.com
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promover uma educação humanística, almejando, com isso, a construção de uma formação crítica
e um engajamento social por parte dos discentes nas ações escolares e em sociedade.
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3 Entende-se por uma educação humanística um processo de ensino e aprendizagem igualitário (no sentido da
relação professor e aluno, obviamente moldado pelo respeito e cooperativismo) em que há oportunidade de troca
de conhecimento e experiência, alicerçados em uma ciência histórica, vinculada a uma realidade fundante, assim,
propiciando uma prática harmônica, de envolvimento e ativa.
4 A formação crítica é vista com o desenvolvimento da consciência, do desvelamento da história e da realidade e do
ato de conhecimento social. Isso implica em ajudar o estudante a ser proativo em sociedade, dando condições para
que ele seja protagonista da sua própria história e não aceite toda e qualquer disposição de conteúdo e informação,
o que o caracteriza como um mero receptor ou um agente passivo.
5 Luckesi (1990), afirma que essas concepções pedagógicas teóricas visam compreender e propiciar a orientação
da prática educacional em diversos momentos e circunstâncias da história. Desse modo, “estaremos aprofundando
a compreensão da articulação entre filosofia e educação, que, aqui, atinge o nível da concepção filosófica da
educação, que se sedimenta em uma pedagogia. [...] Essa discussão tem uma importância prática da maior
relevância, pois permite a cada professor situar-se teoricamente sobre suas opções, articulando-se e autodefinindo-
se.” Para desenvolver a abordagem das tendências pedagógicas, Luckesi (1990) utilizou como critério a posição
que cada tendência adota em relação às finalidades sociais da escola. Desse modo, o referido pesquisador elencou
o conjunto das pedagogias em dois grupos, os quais consistem em: l. Pedagogia liberal (1.1 tradicional, 1.2 renovada
progressivista, 1.3 renovada não-diretiva e 1.4 tecnicista) e 2. Pedagogia progressista (2.1 libertadora, 2.2 libertária
e 2.3 crítico-social dos conteúdos).
6
A partir de uma visão integradora, é apontado que o conhecimento, sendo apresentado sob diferentes referenciais,
pode ser explicado em sua gênese, bem como desenvolvido e condicionando a construção de variadas
conceituações. Explica-se que determinadas abordagens têm um referencial filosófico e psicológico, enquanto
outras são intuitivas, alicerçadas na prática educativa ou na imitação de modelos prontos. Sob esse prisma, torna-
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se relevante elencar a complexidade da realidade educacional, para que ela não seja trabalhada sem vínculo com
uma formação crítica (MIZUKAMI, 1992).
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apoio financeiro e emocional, mostrando para ou melhor, por uma sociedade de bem comum,
elas o valor e os direitos que elas têm no de contribuir para a formação e a inserção dos
convívio social. Em sua investigação, o docente indivíduos (alunos e professores), constituindo,
de Biologia percebe também que o Senhor D nesse aspecto, uma educação mais
estava doente, com câncer pulmonar, tinha humanizada.
poucos dias de vida e que escondia essa Feita a contextualização do artigo e do filme,
informação na escola para não se vitimizar, a próxima seção trata dos dois paradigmas de
além disso, esses poucos dias de convívio atuação docente: o Liberal e o Progressista.
simbolizam a vivacidade e a intensidade de
estar ao lado de outros indivíduos e auxiliá-los, “ESCOLA DA VIDA” E A
mesmo que por simples gestos e palavras, em
seus intentos (escolares e pessoais). PRÁTICA EDUCATIVA LIBERAL
Diante dessa descoberta, houve uma catarse O professor de Biologia, Matt Warner, em
em Matt Warner, uma vez que ele se desfaz do boa parte da trama, pode ser visto como uma
espirito de competitividade, da inveja e do síntese da abordagem (da pedagógica Liberal)
autoritarismo, passando a ter uma visão mais tradicional e tecnicista. Desse modo, citam-se
sensível, humanizada e crítica da situação (não algumas práticas docentes padronizadas (as
apenas no aspecto escolar). Destaca-se que o quais parecem ser hegemônicas, ou seja, não
Senhor D estudou em Fallbrook Middle School existe a possibilidade natural dele desvincular
e tem como exemplo de postura educativa o delas) executadas sistematicamente (e não
professor Stormin Norman, que o tinha como eventualmente) por tal profissional, as quais
símbolo de um aluno de bastante são: 01- pautar na aula expositiva; 02- ter os
envolvimento. Tal fato também influenciou na exercícios de repetição e de memorização
mudança de paradigma de Matt Warner. como única forma de atividade de consolidação
Diante disso, as metodologias de Matt do conteúdo; 03- reportar sem uma
Warner mudaram, passando a se relacionar ressignificação os exercícios; 04- demonstrar
melhor com seus educandos, criando um que a execução das tarefas consiste em mera
espaço na sala de aula de compreensão em que obrigação (propagando a ideia de punição pelo
todos participam do processo, promove não cumprimento); 05- usar de modo
métodos em que os alunos se sintam como dogmático a prescrição conteudista (material
protagonista do processo. Conclui-se que o didático), tendo-o como um símbolo inconteste
então vilão Matt Warner passa a aferir a do fervor curricular; 06- não conceder o direito
história de dificuldade e dedicação do Senhor D de reflexão e ou de explanação do ponto de
a fim de melhorar a si, tanto pessoalmente vista e ou de sugestão de conteúdos aos
como profissionalmente e, assim, ser discentes; 07- dispor os alunos em filas de
considerado um professor exemplar. modo impositivo e hierarquizado; 08- impor o
Já no final do filme, o Senhor D tem o seu silêncio como sinônimo de disciplina,
problema de saúde agravado e falece. Ele deixa caracterizando como uma suposta harmonia e
o aprendizado de que vale lutar por um ensino, convivência; 09- cultuar um relacionamento
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7 Reafirma-se que a aula expositiva, inserida, delineada e justificada em um contexto pedagógico, bem como
muitas técnicas da perspectiva Liberal não são desabonadoras. Entretanto, critica-se é o excesso e, especialmente,
a utilização sem uma correlação humanística e crítica.
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que o processo educativo é uma prática social e aliás, estabelece uma relação mais harmoniosa
vice-versa. com o discente. Esse fato exposto mostra que
O Senhor D não visa extinguir os conteúdos, corriqueiras ações (relacionadas a questão
e sim, usá-los de maneira que os alunos tenham escolar ou não) precisam ser valorizadas em
o direito de questionar e interpretar a uma educação humanística.
informação que lhe é apresentada. Diante Outra passagem impregnada de
disso, nota-se a possibilidade de inovar, ser ensinamento é quando o Senhor D adoece,
autônomo e estabelecer a criticidade perante o ausenta-se do trabalho e é substituído por uma
respeito da base curricular. professora, que utiliza métodos tradicionais de
O que o educando aprende não deve ter aprendizagem, tais como: a repetição das
impacto somente no instante em que está lições, ausência do diálogo entre os estudantes
abordando determinado assunto, e sim ser e entre eles e o professor. Infere-se, então, que
parte fundamental da construção do seu a metodologia dinâmica implementada pelo
conhecimento e do seu futuro. Essa mestre anterior já está internalizada pelos
transmissão de conhecimento não pode alunos ao ponto deles sentirem de imediato a
consistir em simplesmente reportar e abstrair secundarização do papel deles. Diante dessa
informações (LARROSSA, 2001). explanação, torna-se relevante associá-la com
A informação não é experiência. E mais, a o pensamento de Sacristán (2000, p.74):
informação não deixa lugar para a experiência, A ação pertence aos agentes, a prática
ela é quase o contrário da experiência, quase pertence ao âmbito social do social, é cultura
uma antiexperiência. Por isso a ênfase objetivada que, após ter sido acumulada,
contemporânea na informação, em estar aparece como algo dado aos sujeitos, como um
informados, e toda a retórica destinada a legado imposto aos mesmos (...).
constituir-nos como sujeitos informantes e Neste artigo foi elencado a questão da
informados (LARROSSA, 2001, p. 36). formação crítica, logo, cita-se o protagonismo
Dentre os inúmeros trechos interessantes do que ela possui em uma pedagogia Progressista.
filme, cita o momento em que um dos alunos, Aprender é um ato de conhecimento da
Jimmy, pede para que o professor de Biologia, realidade concreta, isto é, da situação real
Matt Warner, esquente o seu lanche no micro- vivida pelo educando, e só tem sentido se
ondas instalado na sala dos professores, ele resulta de uma aproximação crítica dessa
recebe uma resposta negativa, uma vez que realidade. O que é aprendido não decorre de
não é habitual, em nome da figura de uma imposição ou memorização, mas do nível
autoridade e da impessoalidade profissional, crítico de conhecimento, ao qual se chega pelo
que os docentes estabeleçam uma relação processo de compreensão, reflexão e crítica. O
extra sala de aula com os discentes. Por outro que o educando transfere, em termos de
lado, o docente Michael “D” Angelo atende conhecimento [...] (LUCKESI, 1990, p. 66).
com prestatividade ao pedido do aluno, Por fim, o Senhor D, usando ações simplórias
expondo que ao aquecer o lanche não se perde e até informais perante o ambiente escolar
a autoridade ou sistematiza a impessoalidade, vigente, inova no processo de ensino e
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O filme “Escola da vida” propaga vários reflexões, dentre elas, destaca-se o fato dos
educadores, mesmo que as tantas dificuldades que assolam a carreira (tal afirmação está cada
vez mais recorrente na literatura especializada sobre trabalho docente) contribuam para isso, não
devem se embasar (tão somente) nas tendências tradicional e comportamental, isto é, eles
precisam procurar métodos que despertem a efetivação de um espaço democrático e ativo na
sala de aula em prol da construção de amplo conhecimento, o que, além de gerar mais satisfação
profissional, pois o aprendizado tende a fluir de forma harmônica e com envolvimento, também
elenca um espírito crítico nos participantes, uma vez que o estudante é alçado ao papel de
protagonista, junto com o professor, na interlocução do processo de ensino e aprendizagem.
Reverbera a importância do docente ter um “olhar para si”, isto é, dele saber refletir sobre
a própria prática pedagógica, bem como ser instigado a isso. Desencadeando, dessa maneira, a
constituição de um professor ativo – preponderante no combate aos métodos acríticos e
tecnicistas tão presentes na educação atual.
Por meio do filme, nota-se que a didática de um professor pode mudar a concepção de
uma escola, dos seus pares e dos discentes quanto a receptividade de um conteúdo e de uma
ampla formação.
Em relação as tendências (abordagens) pedagógicas, constata-se que elas, como é o caso
da tradicional e da tecnicista, não se apresentam de modo indissociável, mantendo, inclusive, um
certo grau de relação entre elas, o que deve ser visto como uma associação natural, sendo que
uma não se apresenta como mais importante que a outra, e sim permeando uma relação de
completude e interdependência conforme a necessidade, o objetivo e a filosofia educacional e
mercadológica do sistema, da instituição e do professorado.
Por fim, ressalta-se que, mesmo elas tendo uma ou outra técnica pertinente em
consonância com objetivos educacionais bem-intencionados, a concepção Liberal deve ser
sobrepujada em uma sociedade democrática e que referencia uma formação crítica dos cidadãos.
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REFERÊNCIAS
DEAR, Willian; MILLIKEN, Rosanne; KAHN, Jonathan. Filme Escola da Vida. Direção: Willian
Dear. Produção: Rosanne Milliken. Roteiro: Jonathan Kahn. Estados Unidos: California Filmes,
2005. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=KktwsRIT-Ls. Data de
Acesso:20/02/2020.
FREIRE, Paulo. Ação cultural para a liberdade e outros escritos. 6 ed. Rio de Janeiro: Paz e
Terra. 1982, p. 09-12.
MIZUKAMI, Maria da Graça Nicoletti. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo: E.P.U.,
1992.
MUNBY, H. The place of teachers’ beliefs in research on teacher thinking and decision
making, and alternative methodology. Instrucional Science, 11, p. 201-235, 1982.
SACRISTÁN, José Gimeno. Currículo: uma reflexão sobre a prática. Porto alegre: Artmed.
2000.
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FRACASSO ESCOLAR
Débora Aline Trajano Santos1
RESUMO: Este artigo tem por objetivo refletir alguns problemas que envolvem os alunos no
decorrer de sua vida escolar, bem como, esclarecer o que se caracteriza de fato “fracasso escolar”.
O trabalho é apresentado em três partes. A primeira constitui-se de uma reflexão sobre a
importância da família diante do insucesso escolar, tendo em vista que a instituição familiar é a
primeira comunidade de aprendizagem. A segunda refere-se à realidade do aluno X escola,
ressaltando a importância do Projeto Político Pedagógico claro e eficaz. A terceira aborda o
esclarecimento acerca do que é de fato fracasso escolar. Ao final do trabalho, foi elaborado
reflexões que promovam a conscientização e mudanças das práticas pedagógicas, maior atuação
das famílias na vida escolar de seus filhos, tendo como objetivo principal, uma possível
transformação e reversão dos altos índices de fracasso escolar.
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das pessoas. Portanto, não basta colocar as Porém, vale ressaltar que não se pretende
crianças na escola, se isso fosse a solução, já aqui solucionar o problema do fracasso escolar,
teríamos solucionado todo o desafio do mas sim, de trazer possibilidades concretas
fracasso escolar, pois atualmente as famílias para sua solução. Entende-se que para ser
colocam as crianças nas creches e escolas cada evitado o fracasso escolar, a escola deve no
vez mais cedo, mas o que realmente poderá mínimo, problematizá-lo a partir de um projeto
favorecê-los, dependerá do acompanhamento político pedagógico autônomo: “Se a própria
familiar na vida escolar de seus filhos. escola não for capaz de se debruçar sobre seus
A família é a grande mediadora entre a problemas e de se organizar para resolvê-los,
criança e a sociedade que a cerca. Nossas ninguém fará isso por ela” (AZANHA, 1995, p.
crianças necessitam sentir a viver na prática o 24).
que é ser pertencente a uma família, sendo ela Segundo Medel (2008, p. 42;43), o Projeto
a base para qualquer ser humano. Político Pedagógico sempre parte do que já
existe na escola e propõe outros significados à
REALIDADE DO ALUNO X sua realidade. [...] A escola necessita pensar,
planejar coletivamente ações, enxergando com
ESCOLA clareza o aluno na sua singularidade,
A falta de compatibilidade entre o que é organizando sua metodologia e seus conteúdos
pretendido pela escola e o que é desejável ou levando em consideração questões
possível, para seus alunos, provocada dentre socioeconômicas, sociocultural e estrutural de
outros fatores pelo processo de cada unidade escolar portanto, somente um
democratização do acesso de diferentes grupos compromisso simultâneo de toda escola e
à escola, é fonte indiscutível de fracasso também do aluno permitirá uma formação
escolar, como já tem sido amplamente escolar com êxito.
discutido nos meios educacionais. Há uma
grande incapacidade de estabelecer uma ponte
entre o conhecimento formal que se deseja
FRACASSO ESCOLAR
transmitir e o conhecimento prático do qual a Mas o que é realmente o fracasso escolar?
criança, pelo menos em parte, já dispõe. Segundo Carvalho (1997), diversas vezes
associamos erro e fracasso, como se fossem
Quando uma criança fracassa na escola é
causa e consequência. Por vezes, nem sequer
porque há muitas vezes uma incompatibilidade
percebemos que, enquanto em termo – o erro
entre a proposta desta e as necessidades e
características da criança. A ideia de respeito à – é um dado, algo objetivamente detectável,
realidade do aluno é bastante pertinente neste por vezes até indiscutível, o outro – o fracasso
tema. Por isso, é muito bom esclarecer a – é fruto de uma interpretação desse dado,
importância de um projeto educativo adequado uma forma de o encararmos e não a
consequência necessária do erro.
às necessidades da realidade escolar e que
indique, com clareza, as diretrizes e metas a Para Aquino (1997), é preciso reinventar os
serem seguidas. processos de avaliação, pois eles certamente
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por inúmeras razões, viabilizou-se a necessidade de desenvolver um trabalho no qual o
tema se encaixa com a realidade atual da educação. Na verdade, percebe-se que fracassam todos,
pois muitos educadores atribuem aos pais as causas dos problemas de aprendizado e
comportamento dos alunos e vice-versa, muitos pais culpam a escola por uma aprendizagem mais
significativa. Temos ainda que relevar diversos fatores externos à instituição de ensino.
Nesse jogo de isenções de culpas, a criança é a mais prejudicada, colocando-a numa
situação desfavorável sem ter a quem recorrer.
Para que exista a capacidade de aprender, é necessário que todos se comprometam:
escola, família, alunos e comunidade escolar. Destaco aqui a importância da família, sendo a base
de tudo, ela é mediadora de todo esse processo. Família que vai além de laços sanguíneos, família
que se reflete em laços de afeto, num conjunto de pessoas que se unem pelo anseio de estarem
juntas. É por meio dessa relação que qualquer ser humano com dificuldade de aprendizagem,
trilhará o caminho da superação de obstáculos sendo sempre motivado e estimulado.
A escola por sua vez, precisa entender que sua responsabilidade está em educar
integralmente. Nesse contexto, todas as oportunidades de conflitos e obstáculos, serão situações
de aprendizagem, levando a mesma a avaliar processos, identificar as causas de problemas e atuar
na resolução dos mesmos. A escola precisará enxergar o que de fato se caracteriza um fracasso
escolar, deixando de lado preconceitos, interrompendo esse ciclo de erros na vida escolar do
aluno, levando-o ao êxito escolar.
Ao pensarmos nos alunos como seres pensantes e capazes, veremos que impossível
colocar à parte escola, família e sociedade, pois a responsabilidade de educar é de todos esses.
Com o envolvimento de todos, os obstáculos serão vistos como oportunidades de aprendizagem,
tornando possível uma transformação e reversão dos altos índices de fracasso escolar.
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REFERÊNCIAS
AQUINO, Julio Groppa. Erro e Fracasso na Escola, In: O mal estar na escola Contemporânea.
São Paulo: Sumus, 1997.
CARVALHO, José Sérgio Fonseca de. Erro e Fracasso na Escola, In: As Noções no
Contexto Escolar: Algumas Considerações. São Paulo: Sumus, 1997.
KALOUSTIAN, S. M. (org) Família Brasileira, a Base de tudo. São Paulo: Cortez; Brasília, DF:
UNICEF, 1998.
PINTO, Heloysa Dantas de Souza. Erro e Fracasso na Escola, In: As fontes do Erro. São Paulo:
Sumus, 1997.
OLIVEIRA, Marta Kohl. Erro e Fracasso na Escola, In: Sobre Diferenças Individuais e
Diferenças Culturais. O Lugar da Abordagem Histórico-Cultural. São Paulo: Sumus, 1997.
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RESUMO: Este artigo tem como objetivo geral analisar sobre os rendimentos escolares obtidos
em escolas que adotaram a gamificação como estratégia metodológica de promoção à motivação
e engajamento do corpo discente nas atividades escolares e na assimilação do conteúdo curricular
escolar. Por intermédio de pesquisas de experiências concretas do uso da gamificação em sala
de aula, concluiu-se que esta é uma ferramenta pedagógica importante para o engajamento de
discentes do ensino fundamental ao universitário, as práticas tradicionais de ensino, o monólogo
do professor em sala de aula, já não atraem a atenção de uma geração imersa em tecnologias.
Como objetivo específico, este trabalho procurou levantar experiências vividas por escolas que
adotaram a gamificação como ferramenta pedagógica na ministração da disciplina Educação
Financeira; nos casos estudados concluiu-se que a disciplina foi melhor assimilada por meio de
jogos, o que despertou maior interesse nos alunos.
1Funcionária Pública Federal; Mestranda em Ciências da Educação pela Universidad Columbia – Asunción-Py;
Especialista em Administração Estratégica pela Universidade Estácio de Sá-UNESA, Rio de Janeiro – RJ, Brasil;
Bacharel em Ciências Contábeis pela Federação das Faculdades Celso Lisboa, Rio de Janeiro – RJ, Brasil.
Email: elianealves44@yahoo.com.br
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RESUMEN: Este estudio tuvo como objetivo analizar el rendimiento escolar obtenido en las
escuelas que adoptaron la gamificación como una estrategia metodológica para promover la
motivacional y la participación del alumnado en las actividades escolares y la asimilación del
contenido del currículo escolar. A través de la investigación sobre experiencias concretas del uso
de la gamificación en el aula, se llegó a la conclusión de que esta es una herramienta pedagógica
importante para la participación de los estudiantes de la escuela primaria a la universidad, las
prácticas de enseñanza tradicionales, el monólogo del maestro del aula. , ya no atraen la atención
de una generación inmersa en la tecnología. Como objetivo específico, este trabajo buscó
aumentar las experiencias vividas por las escuelas que adoptaron la gamificación como una
herramienta pedagógica en la disciplina de la Educación Financiera; En los casos estudiados se
concluyó que la disciplina se asimilaba mejor a través de los juegos, lo que despertó un mayor
interés en los estudiantes.
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Fonte: MEC/Inep/Deed
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Rede. O estudante inserido na Era Digital não se qual demonstra que a inadimplência está
satisfaz e não se adapta ao que Freire (1996) atingindo cada vez mais cedo as novas
chamou de “Educação Bancária”, na qual o gerações. Diversos estudos sobre
educando é um mero depósito de informações endividamento apontam a Educação Financeira
recebidas e arquivadas. A geração conectada desde os primeiros anos escolares como
em Rede recebe a informação, testa, vivencia, solução.
experimenta, participa, “aprende fazendo”, Até este ponto da introdução deste artigo
erra e torna a fazer até acertar e alcançar o verificamos alguns desafios da área
conhecimento que é a informação aplicada. educacional, que são os problemas a serem
Segundo Mattar (2010): pesquisados neste trabalho, como:
saber aprender (e rapidamente), trabalhar 1) o combate ao abandono escolar e a
em grupo, colaborar, compartilhar, ter necessidade de encontrar novas estratégias
iniciativa, inovação, criatividade, senso crítico, metodológicas para a motivação e
saber resolver problemas, tomar decisões engajamento dos estudantes inseridos na Era
(rápidas e baseadas em informações digital;
geralmente incompletas), lidar com a 2) o combate ao endividamento precoce
tecnologia, ser capaz de filtrar a informação etc. por meio da ministração da Educação
são habilidades que, em geral, não são Financeira desde os primeiros anos escolares.
ensinadas nas escolas. Pelo contrário: as Em pleno Século XXI, a tecnologia da
escolas de hoje parecem planejadas para matar informação e da comunicação tornou-se parte
a criatividade (MATTAR ,2010, p. 14). importante do processo educacional; neste
Outro desafio da área educacional deveria contexto, a Gamificação tem sido pesquisada
ser o combate ao endividamento precoce. No como uma ferramenta alternativa em sala de
ano de 2018, segundo dados divulgados pela aula para promover a motivação, o
Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas engajamento dos alunos na assimilação do
(CNDL)3 e pelo Serviço de Proteção ao Crédito
1 conteúdo curricular escolar. A Gamificação
(SPC Brasil)4 , cerca de 46% dos jovens
2 busca motivar, engajar e, idealmente, modificar
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despertar a motivação nos alunos utilizando-se Flow7 (em português: fluxo) é um estado
2
Teoria do Flow. In: Luciane Maria Fadel; Vania Ribas Ulbricht; Claudia Regina Batista; Tarcísio Vanzin. (Org.).
Gamificação na educação. 1ed.São Paulo: Pimenta Cultural, 2014, v. , p. 38-73. Data de Acesso:20/02/2020.
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Este artigo teve como objetivo geral analisar sobre os rendimentos escolares obtidos em
escolas que adotaram a gamificação como estratégia metodológica de promoção à motivação e
engajamento do corpo discente nas atividades escolares e na assimilação do conteúdo curricular
escolar. Por meio de pesquisas de experiências concretas do uso da gamificação em sala de aula,
concluiu-se que esta é uma ferramenta pedagógica importante para o engajamento de discentes
do ensino fundamental ao universitário, as práticas tradicionais de ensino, o monólogo do
professor em sala de aula, já não atraem a atenção de uma geração imersa em tecnologias.
Como objetivo específico, este trabalho procurou levantar experiências vividas por escolas
que adotaram a gamificação como ferramenta pedagógica na ministração da disciplina Educação
Financeira; nos casos estudados concluiu-se que a disciplina foi melhor assimilada por meio de
jogos, o que despertou maior interesse nos alunos.
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REFERÊNCIAS
BUSARELLO, Raul Inácio; ULBRICHT, Vania Ribas ; FADEL, Luciane Maria . A Gamificação e
a Sistemática de Jogo: conceitos sobre a gamificação como recurso motivacional. In:
Luciane Maria Fadel, Vania Ribas Ulbricht, Claudia Regina Batista e Tarcísio Vanzin. (Org.).
Gamificação na educação. 1ed.São Paulo: Pimenta Cultural, 2014, v. 1, p. 11-37.
DETEREING, S., Sicart, M., Nacke, L., OʼHara, K., and Dixon, D. Gamification: Using game-
design elements in nongaming contexts. Proc. CHI EA ‘11, ACM Press (2011), 2425-2428.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. São Paulo: Paz e Terra. p. 37. 1996.
GUARDA, Graziela; GONÇALVES, Caroline dos Santos; CUNHA, Lidia Raquel Rocha. Jogo
Corrida das Frações - Ludicidade e Pensamento Computacional. Anais do Workshop de
Informática na Escola, [S.l.], p. 19, nov. 2019. ISSN 2316-6541. Disponível em: <https://www.br-
ie.org/pub/index.php/wie/article/view/8488>.Data de Acesso:20/02/2020.
KAPP, K. M. (2012) The Gamification of learning and instruction: Game-based methods and
strategies for training and education. Pfeiffer. Hoboken, NJ.
MARTINS, Ernane; GOUVEIA, Luís. Uso da Ferramenta Kahoot Transformando a Aula do Ensino
Médio em um Game de Conhecimento. Anais do Workshop de Informática na Escola, [S.l.],
p. 207, nov. 2019. ISSN 2316-6541. Disponível em: <https://www.br-
ie.org/pub/index.php/wie/article/view/8507/6080>. Data de Acesso:20/02/2020.
MATTAR, João. Games em educação: como os nativos digitais aprendem. São Paulo:
Pearson Prentice Hall, 2010.
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MELLO, Felipe da Cunha de. Henrique and the Robot Dim: Gamebook to Encourage
Financial Education Teaching and Learning Process in Childhood. 2016. 110 f. Dissertação
(Mestrado em Educação) - Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2016.
SANTANA, Sivaldo Joaquim de; OLIVEIRA, Wilk. Jogos Educacionais como Ferramenta de
Auxílio ao Processo de Alfabetização. Anais do Workshop de Informática na Escola, [S.l.], p.
148, nov. 2019. ISSN 2316-6541. Disponível em: <https://www.br-
ie.org/pub/index.php/wie/article/view/8501>. Data de Acesso:20/02/2020.
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GESTÃO DEMOCRÁTICA:
OS RELACIONAMENTOS PROFISSIONAIS QUE
CONTRIBUEM PARA UMA ESCOLA
DEMOCRÁTICA
Tatiane Leite da Silva Comini1
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força legal, sejam restritivos aos que estiverem esteja presente na realidade escolar, algumas
no gozo de sua capacidade civil; poderão características são fundamentais:
participar das reuniões do Conselho, com • Comunicação eficiente: Um projeto
direito a voz e não voto, os profissionais de deve ser factível e seu enunciado facilmente
outras secretarias que atendam às escolas, compreendido.
representantes de entidades conveniadas, • Adesão voluntária e consciente ao
Grêmio Estudantil, membros da comunidade, projeto: Todos precisam estar envolvidos. A
movimentos populares organizados e corresponsabilidade é um fator decisivo no
entidades sindicais. êxito de um projeto.
• Mandato: Um ano, com direito à • Suporte institucional e financeiro: Tem
recondução. que ter vontade política, pleno conhecimento
de todos e recursos financeiros claramente
PROJETO POLÍTICO definidos.
• Controle, acompanhamento e avaliação
PEDAGÓGICO (PPP) do projeto: Um projeto que não pressupõe
Assim como o Conselho Escolar, o PPP constante avaliação não consegue saber se seus
também tem leis para assegurá-lo. Na LDB, o objetivos estão sendo atingidos.
Artigo 12 dispõe: "Os estabelecimentos de • Credibilidade: As ideias podem ser boas,
ensino (..) terão incumbência de: (Inciso I:) mas, se os que as defendem não têm prestígio,
elaborar e executar sua proposta pedagógica". comprovada competência e legitimidade, o
Também no Artigo 13º das incumbências dos projeto pode ficar bem limitado.
docentes, o Inciso I lê: "participar da elaboração
da proposta pedagógica do estabelecimento de
ensino"; e o Inciso II lê: "elaborar e cumprir
COMPETÊNCIAS DO DIRETOR E
plano de trabalho, segundo a proposta DOS AGENTES ESCOLARES
pedagógica do estabelecimento de ensino". O diretor da escola é um líder institucional.
Percebe-se, porém, que a palavra ‘político’ é Dirigir uma unidade escolar é um desafio
descartada, como se qualquer PPP não tivesse bastante complexo, tarefas para poucos
uma ideologia e concepções que o cerceiem. membros do quadro de magistério.
Dessa forma, a lei assegura que se faça um Sendo o elo entre os níveis educacional
Projeto Pedagógico da escola, mas deixa aberto superiores e a Unidade Escolar, sua função
para que se faça um documento somente operacional é repleta de pressões, conflito e
técnico, sem a devida discussão, que muitas mudanças que partem tanto do cotidiano
vezes é feito só para cumprir a lei, tornando-se escolar, do sistema educacional e também da
assim um instrumento meramente burocrático sociedade.
e bem longe da realidade esperada. Há necessidade de liderança na unidade
Para que se tenha êxito em fazer um escolar. E esta é inerente ao diretor de escola.
Projeto Político-Pedagógico, com a participação O diretor deve ser um facilitador de interação,
da comunidade, e para que sua implementação um mediador de conflitos e consensos, enfim,
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promovam melhoria em alguma condição, e até competências as escolas, uma vez que uma
mesmo divirtam-se juntas de modo influência a outra.
construtivo, desenvolvendo as inteligências De acordo com Dutra (2001):
sociais e emocionais (LUCK, 2008, p 17). [...] competência é compreendida por muitas
O agente escolar é um profissional que atua pessoas e por alguns teóricos da administração
em diversas áreas do ambiente de ensino. Nem como um conjunto de conhecimentos,
todos, porém, sabem exatamente o que este habilidades e atitudes necessárias para que a
profissional faz ou o que se espera dele. Com pessoa desenvolva suas atribuições e
funções bastante abrangentes e importantes, responsabilidades (DUTRA,2001, p.34).
esse profissional precisa estar pronto para E segundo o dicionário Aurélio (2002),
ajudar em várias áreas. Antes sua função era competência: Faculdade que a lei concede a
realizar: limpeza, higiene, conservação e funcionário, juiz ou tribunal para apreciar e
manutenção do prédio escolar e de suas julgar certos pleitos ou questões. Capacidade,
instalações, equipamentos, materiais, aptidão. Alçada, jurisdição.
preparação e distribuição das refeições e
merenda aos educandos. Como a prefeitura GESTÃO COMPARTILHADA
terceirizou esses serviços, cabe ao agente
O diretor deve ser o principal orientador das
escolar nova função.
diretrizes da escola. Mas, apesar disso, essa
Segundo a Portaria 3681 de 28 de agosto de
atuação não deve ser exclusividade dele.
2008, são elas:
A escola precisa trabalhar para se tornar ela
I – Auxiliar no atendimento e organização
própria uma comunidade social de
dos educandos nas áreas de circulação
aprendizagem também no quesito liderança,
interna/externa, nos horários de entrada,
tendo em vista que a natureza do trabalho
recreio e saída;
educacional e os novos paradigmas
II – Prestar atendimento aos educandos nas
organizacionais exigem essa habilidade.
atividades desenvolvidas fora de sala de aula;
Para que isso aconteça, é primordial a
III – Auxiliar no atendimento aos educandos
atuação de inúmeras pessoas, mediante a
que apresentam necessidades educacionais
prática da coliderança e da gestão
especiais;
compartilhada.
IV – Desempenhar as atividades de portaria;
Em vista disso, atuar como mentor do
V – Prestar atendimento ao público interno e
desenvolvimento de novas lideranças na escola
externo, com habilidade no relacionamento
é uma das habilidades fundamentais para um
pessoal e transmissão de informações
diretor eficiente.
(2008.s.p).
Podemos mencionar em níveis ou
Ao especificar as atribuições de cada um, o
abrangências. Num primeiro nível, ela se
que quero mostrar é que ambos são de suma
circunscreve à equipe central, geralmente
importância para o perfeito andamento da
formada pelo diretor, o vice ou o assistente de
Unidade Escolar. Cada um possui competências
direção, o coordenador ou o supervisor
individuais, que devem estar atreladas às
pedagógico e o orientador educacional.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Discutir a gestão democrática da escola traz à tona questões ligadas ao exercício da
cidadania e postura política dos envolvidos no cotidiano escolar. Desta forma pode-se observar
na presente pesquisa que para uma efetiva gestão democrática, vários aspectos devem ser
considerados sendo que o gestor escolar deve perceber-se como articulador desse processo
político, e os agentes escolares por outro lado sentirem-se importantes nesse processo.
O conceito de gestão já pressupõe a idéia de participação, isto é, de trabalho associado de
pessoas analisando situações, decidindo sobre seu encaminhamento e agindo sobre elas em
conjunto. Isso porque o êxito de uma organização depende da ação coletiva conjunta de seus
componentes, pelo trabalho associado, mediante reciprocidade que cria um todo orientado por
uma vontade coletiva. Cada indivíduo deve ser objeto da ação educativa. Entendemos que a
gestão pressupõe liderança, e essa liderança para ser eficaz, tem que ser democrática. O líder
democrático procura sempre que possível a participação dos membros do grupo na formação de
programas de ação. Estimula e orienta discussões e decisões, dá a todos os participantes ampla
perspectiva da razão e da continuidade das atividades sugerindo uma melhor execução do
trabalho, faz de maneira a sempre permitir alternativas. O líder não procura educar e instruir cada
funcionário individualmente.
Sua ambição é estimular e orientar cada pessoa no sentido de que ela passa realizar-se em
sua plena potência e sentir-se membro importante do grupo. Liderança em seu sentido
democrático, deve ser um elo que faz com que um grupo de trabalho não seja apenas uma coleção
de indivíduos. Exercer liderança deve ter como objetivo maior planejar, orientar, coordenar e
controlar os esforços de todos a fim de que em conjunto possam alcançar seus objetivos mais
eficientes. O líder democrático procura sem cessar estabelecer situações favoráveis para que cada
pessoa possa desenvolver-se ao máximo, e para que possa alcançar sucesso e satisfação no
trabalho.
Portanto, o caminho para se obter um relacionamento profissional saudável e desejável
dentro de uma unidade escolar, é aquele, na qual todos possam caminhar lado a lado, suas
opiniões são ouvidas e respeitadas, por meio dos quais as ideias da maioria e da minoria possam
estar integradas de tal maneira que as decisões tomadas represente a vontade do todo. Nesse
modelo as pessoas (direção, agentes escolares, e todos que fazem parte deste contexto) deverão
agir construtivamente, uma vez que não haverá democracia sem a contribuição efetiva de cada
um de seus elementos.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.LBD, lei n° 9394/96.
FERREIRA, Aurélio B. de Holanda. Dicionário. 4ª Ed. Rio de Janeiro. Nova Fronteira, 2002.
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1Professora de Educação Básica Fundamental I na Rede Municipal de Arujá e Mogi das Cruzes.
Graduação: Licenciatura Plena em Pedagogia; Especialização em Alfabetização: Especialização em Letramento;
Especialização em Gestão Escolar; Especialização em Educação Inclusiva.
E-mail: sirleygirardibarbosa@gmail.com
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Nota-se que o autor demonstra certa mesmo tempo, encontra as fontes de seus
preocupação na formação daquele que poderia condicionantes (PARO, 2005, p.13).
exercer uma função que exige habilidades Na LDBEN 9394/96 (1996), consta que a
específicas e mobilização de conhecimentos e gestão nas escolas deve atuar
experiências, não distante da realidade democraticamente, conforme artigo 3º, inciso
vivenciada nas escolas, muitas vezes a equipe VIII “gestão democrática do ensino público, na
gestora é nomeada por meio de concursos, que forma desta Lei e na legislação dos sistemas do
não garantem qualidades necessárias à ensino”. E ainda rege o artigo 14:
execução da função. Ou, ainda, podem ser Art. 14 Os sistemas de ensino definirão as
nomeados seguindo critérios subjetivos normas da gestão democrática do ensino
“trocamos diretores impostos pela esfera público na educação básica, de acordo com as
político-partidária por outros inventados suas peculiaridades e conforme os seguintes
através de processos unilaterais de eleição” princípios:
(DEMO,2008, p.39). I- Participação dos profissionais da educação
na elaboração do projeto pedagógico na escola;
GESTÃO DEMOCRÁTICA II- Participação da comunidade escolar e
A gestão deve ser um ato democrático, local em conselhos escolares ou equivalentes
possibilitando a participação de todos, (BRASIL,1996, s.p).
transparência do trabalho e a democracia nos Uma gestão democrática já vem sendo
atos e decisões. Sendo assim, para que uma defendida nas escolas públicas há muitos anos,
gestão seja democrática necessita-se que a por configurar como uma demanda social que
mesma esteja descentralizada, na qual a ação busca melhoria da qualidade do ensino, um
seja planejada e efetuada de forma não currículo que atenda a realidade local, um
hierarquizada, contando com a participação maior comprometimento de toda a equipe
coletiva da comunidade escolar (alunos, envolvida no processo e uma cooperação e
professores, funcionários, pais etc.) e maior participação da comunidade na vida
mostrando transparência em seu trabalho. escolar.
Conforme Paro (2005): Não é uma tarefa fácil trazer para a escola a
A atividade administrativa não se dá no democratização, fazer com que todos os
vazio, mas em condições históricas envolvidos no processo se empenhem e
determinadas para atender a necessidades e tenham uma participação ativa, mas caberá ao
interesses de pessoas e grupos. Da mesma gestor criar um ambiente propício que estimule
forma, a educação escolar não se faz separada trabalhos conjuntos, articulando todos os
dos interesses e forças sociais presentes numa setores, orientando as decisões e conduzindo à
determinada situação histórica. A cooperação mútua.
administração escolar está, assim, A gestão democrática se concretiza pelo
organicamente ligada à totalidade social, onde exercício da participação, convivência e
ela se realiza e exerce sua ação e, onde, ao respeito às diferenças, considerando a
realidade da escola, suas necessidades e
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sempre buscando as soluções dos problemas De acordo com Paro, apud, Saviani (p.104,
por meio de análises e decisões coletivas. 2006), a escola é um espaço onde devemos
Quando se pensa em participação coletiva, procurar um consenso, um bem comum,
deve-se considerar que essa só será efetiva se fortalecendo as relações coletivas em prol de
aqueles que compõem a comunidade escolar objetivos comuns. É pela educação que
conhecerem as leis que regem o sistema, conseguiremos transformar realidades e
tiverem acesso as propostas governamentais, libertar a classe menos favorecida do domínio
definirem o tipo de escola que querem da dominante.
construir, projetarem os objetivos a serem Onde a adoção dos mecanismos gerenciais
alcançados e traçarem as metas para tal. Assim, da administração capitalista na escola
realmente estarão engajados na vida escolar, repercute de forma especialmente singular é
preparados para discutir e decidir o melhor precisamente no papel desempenhado pelo
para a sua comunidade, participar ativamente diretor escolar, que passa a assumir, nesse
na formulação do seu Projeto Político processo, posição bastante contraditória, já
Pedagógico. que tem de exercer duas ordens de funções, em
A concentração de um projeto na escola não princípio, inconciliáveis: como educador ele
é só responsabilidade do gestor, mas parte da precisa cuidar da busca dos objetivos
participação da comunidade escolar, para educacionais da escola; como gerente e
tanto, é necessário que se faça um diagnóstico responsável último pela instituição escolar, tem
da escola em suas dimensões: história, alunos, de fazer cumprir as determinações emanadas
comunidades, sociedade, recursos dos órgãos superiores do sistema de ensino
físicos/materiais/financeiros/ humanos, que, em grande parte, acabam por concorrer
problemas pedagógicos, legislação, políticas para a frustração de tais objetivos (PARO, 2006,
educacionais públicas. p. 133).
O projeto da escola depende, sobretudo da Entende-se que uma gestão democrática
ousadia dos seus agentes, da ousadia de cada deveria direcionar-se a um trabalho coletivo
escola em assume-se como tal, partindo com participativo, atribuição que se opõe às
sua coragem, com o seu cotidiano e o seu realidades vivenciadas no meio educacional, no
tempo, espaço-espaço (GADOTTI, 2000, p.22). qual existe uma falsa participação ou uma
Portanto, cabe a cada escola olhar para sua participação passiva e uma
clientela e criar situações propícias para que a “pseudodemocracia”, em que os principais
construção do Projeto Político Pedagógico seja interessados em emitir opiniões e decisões são
fruto de uma participação coletiva e ativa em induzidos a apenas concordar com decisões que
todas as suas etapas, pensando no espaço já foram previamente tomadas pelo grupo
como uma ponte que irá proporcionar às gestor. A realidade escolar está entrando em
crianças permearem o presente e passado na uma nova época de imediatismos, em que se
construção socialmente vivenciada em seu tomam decisões previamente, para “adiantar”
cotidiano. os trabalhos que serão realizados. Lück nos
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alerta sobre estas situações em que existe uma Segundo Lück, (p. 50, 2006), são os valores
falsa democracia na postura da gestão: que orientam a ação participativa hábil em
Isto é, realizam-se reuniões, debates, educação: a ética, a solidariedade, a equidade e
seminários em que são apresentadas para o compromisso. Nesta visão deve existir na
discussão questões a partir de decisões e ideias escola uma ação participativa solidária de
já formadas antecipadamente a respeito, ou todos, um engajamento da equipe, visando
então que se tem a oportunidade de falar à democratizar uma escola que respeite e faça as
vontade, de exercer o “direito de voz e escolhas no coletivo e para o coletivo.
opinião”, sem esforço pelo aprofundamento da Uma gestão democrática deve conhecer suas
compreensão sobre as questões tratadas e pela atribuições e estabelecer seus objetivos no
construção de compromissos coletivos em meio escolar em que estiver inserida. Não
torno delas. Participação, portanto, não é existe democracia no espaço que não considera
discussão, nem mera expressão de aval a as opiniões e reflexões do grupo. Na busca por
decisões (LUCK, 2006, p.24; 25). uma participação ativa, a equipe gestora deve
Não se pode aceitar uma escola aprisionada direcionar, orientar todos os colaboradores,
em conceitos já ultrapassados de uma falsa para os objetivos que norteiam a instituição
democracia, em que as decisões são tomadas escolar.
pela minoria e aceita pela maioria, Segundo Lück (2006), essa orientação é
passivamente, sem uma participação efetiva, primordial para o êxito do trabalho de todos os
negando o exercício da cidadania conquistada e envolvidos:
garantida pela nossa CF/88, LDBN 9394/96 e Portanto, cabe alertar que a promoção da
pelo novo PNE/2014. São muitas as leis criadas participação deve ser orientada e se justifica na
para nos garantir direito à democracia e medida em que seja voltada para a realização
cidadania, porém é um processo complexo e de objetivos educacionais claros e
exaustivo sua prática em um meio tão arraigado determinados, relacionados à transformação
pelo ranço da ditadura, do autoritarismo. da própria prática pedagógica da escola e de
Os sistemas de ensino definirão as normas da sua estrutura social, de maneira a se tornar
gestão democrática de ensino público na mais efetiva na formação de seus alunos e na
educação básica, de acordo com as suas promoção de melhoria de seus níveis de
peculiaridades e conforme os seguintes aprendizagem. Estes aspectos constituem-se
princípios: em objetivos maiores e indicadores da
I – participação dos profissionais da qualidade de ensino e efetividade das
educação na elaboração do projeto político- participações promovidas (LUCK, 2006, p.52).
pedagógico da escola; Percebe-se inserido no meio escolar um jogo
II - participação das comunidades escolar e de poderes, que correspondem à posições
local em conselhos escolares ou individualistas, tendenciosas, muitas vezes
equivalentes(BRASIL, 1996,s.p). oportunistas que não conduzem e nem
interessam para a boa funcionalidade e êxito de
uma gestão democrática e participativa que
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Observa-se com estas reflexões que existe Surge, como uma das muitas atribuições dos
um paradoxo entre os objetivos que devem ser gestores, a responsabilidade em implantar no
alcançados e os caminhos traçados para ambiente escolar uma democracia
alcançá-los, quebra-se a autonomia tão verdadeiramente dentro do seu conceito
sonhada e garantida por várias instâncias da advindo do grego demos, “povo”, e kratos,
legislação. “autoridade” uma forma de organização
política que reconhece a cada um dos membros
PROFISSIONAIS QUE da comunidade o direito de participar da
direção e gestão dos assuntos públicos (BARSA,
COMPÕEM O QUADRO DA 2005). Os profissionais da educação devem ser
GESTÃO E SUAS ATRIBUIÇÕES os primeiros a buscar um trabalho mais
Embora entenda-se que a gestão escolar vai reflexivo, respeitando as opiniões e buscando
muito além do âmbito escolar, faz-se sempre o bem comum.
necessário entender como se compõe o quadro Já o coordenador pedagógico tem a sua
de gestão, quem são os responsáveis e em que função estritamente ligada ao professor e ao
são responsáveis. As mudanças que já vem diretor, ao primeiro pelo apoio que deve dar
acontecendo na educação há décadas, para transformar a escola no espaço, no qual
conduzem para a construção de uma escola realmente aconteça a aprendizagem; e ao
com maior autonomia, que consiga delimitar segundo por ser uma ponte entre a realidade da
seus objetivos e alcançá-los. E para tal, fazem- vida escolar, as metas a serem atingidas e as
se necessários indivíduos preparados e dotados ações a serem implantadas, ou seja, o
de certas habilidades específicas para orientar, coordenador pedagógico é um mediador entre
direcionar e até mesmo delegar funções dentro o que acontece no processo ensino-
da instituição. aprendizagem e o que deveria acontecer.
A busca de se alcançar bons resultados de Vera Placco (2008), defende que o
aprendizagem conduziram pesquisas a profissional tenha perfil apoiado em três
analisarem que, somente o trabalho solitário do pilares: ser um formador, um articulador e um
professor em sala de aula não fosse o transformador. Articulador, no que tange a
suficiente, que se faz necessária a atuação de oferecer condições adequadas para que o
outros profissionais para suporte, orientação e professor trabalhe coletivamente o currículo,
direcionamento deste trabalho. contextualizando-o a sua realidade. Formador,
É necessário o entendimento de que é do ofertar ao professor condições para que se
diretor o papel principal nessa hierarquia de aprofunde em sua formação e tenha mais
poder, ele é quem lidera, organiza e articula os segurança na função. E por fim, transformador,
trabalhos no âmbito escolar para que sejam ajudar o professor no processo reflexivo-crítico
atingidas as metas educacionais. Também é o em sua prática, tornando-se capaz de buscar
diretor quem responde pela escola e pelos seus mudanças em sua atuação. Em entrevista ao
resultados. Salto para o Futuro ela relata:
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socioculturais, e da cidade, do campo e de instalada nos meios sociais, por outro lado
aldeias. Por isso, é preciso fazer da escola a estão muitos professores necessitados de
instituição acolhedora, inclusiva, pois essa é formação e aperfeiçoamento para próprio
uma opção transgressora, porque rompe com a conhecimento na área, dificultando seu papel
ilusão da homogeneidade e provoca, quase de mediador no processo ensino
sempre, uma espécie de crise de identidade aprendizagem. Se no passado existia um
institucional (BRASIL, 2013, p. 25). exercício de poder e controle por parte dos
Com base no apresentado sobre currículo, professores, hoje se encontra uma educação
destaca-se a importância em trazer para a democrática que visa novos rumos no que diz
escola saberes que estejam de acordo com a respeito ao ensino aprendizagem.
vida social atual, com todo o seu processo de Mais uma vez fica bastante perceptível a
globalização, vive-se uma rede cada vez mais complexidade de um currículo para atender as
entrelaçada e movida pelo imediatismo das necessidades de uma sociedade globalizada e
inovações tecnológicas que devem ser atrelada à corrida desenfreada da
consideradas nas propostas curriculares. informatização. Se antes o problema
Os alunos têm contato fora da escola com apresentava-se com conteúdos
um mundo sem fronteiras gerenciado pela contextualizados e estratégias diferenciadas à
informatização, que nem sempre tem seu clientela, agora complica-se envolvendo os
espaço respeitado no âmbito escolar devido a meios e instrumentos para o alcance dos
certa limitação que muitos estabelecem em objetivos, cada vez mais enriquecidos e
nome do currículo. Percebe-se um paradoxo, diferenciados.
se por um lado configura-se a abolição de uma Quando se busca nos documentos oficiais
escola tradicional que enfatizava somente a referências ao que seja “currículo”, constata-se
transmissão de conteúdos de maneira que na CF/1988, não existe uma referência
sistemática e programada, por outro a direta à expressão currículo escolar, embora
instituição escolar não acompanhou ao ritmo sinalize para a questão da educação ser
acelerado da modernização, principalmente no incentivada pela sociedade e defenda o
que tange ao emprego das tecnologias de pluralismo pedagógico que relaciona-se às
informação, que estão sendo agregada como experiências prévias dos alunos, conforme
instrumento de aprendizagem de forma rápida artigo 206, inciso III: "pluralismo de idéias e de
e contextualizada no meio social. concepções pedagógicas, e coexistência de
Surge uma dificuldade de assimilar o instituições públicas e privadas de ensino”. Já
processo de informatização que a escola vem pela LDB/96, o currículo deve contemplar as
enfrentando frente à globalização, com a experiências sociais dos alunos, quando cita
realidade da educação básica brasileira, como sendo abrangências da educação as
principalmente no que diz respeito às escolas manifestações sociais e culturais da sociedade
públicas. Formou-se um quadro preocupante, e o ensino deve ser ministrado valorizando as
se por um lado os alunos estão cada vez mais experiências extraclasses, relatado no artigo 1º
dominantes da tecnologia que encontra-se : A educação abrange os processos formativos
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núcleo comum de garantia da unidade cultural exercem influências, ditam as regras a serem
e política da nação, levam a assegurar a todos seguidas, de maneira muitas vezes
os brasileiros, sem discriminação de classes tendenciosa, comprometendo a relação
sociais e de regiões, o direito de acesso a professor-aluno, considerada por ele, a peça
conhecimentos básicos comuns (LIBÂNEO, mais importante no processo ensino
1994, p.228). aprendizagem. Já se passaram 30 anos e ainda
Percebe-se pela análise das várias leis que permanece como dantes, o professor continua
regulamentam sobre o currículo que, embora sendo submetido às exigências que emanam
exista uma preocupação em garantir os direitos dos superiores, sem ser realmente considerado
de aprendizagem significantes ao aluno, ainda às necessidades a quem se destina todo o
permanece em nossa sociedade, ocultamente, processo, o educando.
a ideia de nivelar pelo mínimo, estabelece-se o O professor bem preparado e conhecedor
mínimo que deverá ser ensinado, sabendo-se desta rede de influências, tem a
que deste, a probabilidade de objetivos responsabilidade e autonomia de adequar as
atingidos não chegará a cem por cento, sendo metas estabelecidas pelos documentos oficiais,
hoje a média de aprovação cinquenta por à realidade e necessidade de sua clientela. É
cento. Assim, o mínimo será fracionado para nesse momento que prevalece a organização
baixo. do trabalho coletivo, que todos analisam e
A responsabilidade em projetar para além decidem o que ensinar, como ensinar e quando
deste mínimo a base curricular a ser ministrada ensinar, atendendo ao estabelecido, porém
nas escolas ficará a critério do gestor, que readaptando-o às necessidades do grupo
sendo um gestor democrático e consciente de atendido. O professor engajado em uma escola
sua responsabilidade social se beneficiará da democrática, que valoriza as experiências
própria lei que permite adequações prévias, as habilidades, e promove o
complementares no currículo para atender às desenvolvimento gradual dos alunos, terá
necessidades da comunidade escolar. posicionamento acolhido pela gestão
(...) Tal gestão consiste no envolvimento de democrática.
todos os que fazem parte direta ou Diante do exposto, caberá ao gestor, quando
indiretamente do processo educacional no em exercício de suas atribuições, organizar toda
estabelecimento de objetivos, na solução de a equipe escolar em suas funções de maneira a
problemas, na tomada de decisões, na atender as necessidades prioritárias para o bom
proposição de planos de ação, em sua funcionamento de toda a engrenagem que
implementação, monitoramento e avaliação, envolve a administração escolar.
visando os melhores resultados do processo
educacional(FREITAS, GIRLING & KEITH, apud,
LUCK,2006, p. 22).
Segundo Martins (p.35, 1985), a escola não
está isolada da sociedade, é mantida pelo
governo ou outras instituições sociais, que
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condições para se aprimorar para a vida conta com a participação ativa de todos os
cotidiana, propiciando-lhe meios de uma envolvidos em sua formulação e aplicação. E
constante aprendizagem. pedagógico, quando o foco estiver em ensinar,
Surge a necessidade de toda gestão no atendimento ao aluno.
democrática colocar em prática a legitimação Alguns elementos podem favorecer para que
de um documento construído pelo coletivo, o o PPP tenha êxito como: comunicação eficiente,
PPP (Projeto Político Pedagógico), o qual adesão voluntária e consciente, bom suporte
possibilitará uma análise detalhada das institucional e financeiro, controle,
necessidades da comunidade escolar, no qual acompanhamento e avaliação, um bom
serão elencados os objetivos educacionais referencial teórico para estruturar o projeto.
gerais, a estrutura curricular, as diretrizes, o O projeto político pedagógico deve ser
sistema de avaliação, dentre outros pontos construído e propor novos rumos, com metas e
importantes. estratégias para alcançar objetivos que
conduzam a uma escola diferente. Todas os
PROJETO POLÍTICO questionamentos que envolvem o que fazer,
como fazer e quando fazer e as suas relações
PEDAGÓGICO, UM DIREITO E UM com o currículo, conhecimento e com a função
DEVER social da escola, obriga a momentos de
Projeto Político Pedagógico ajuda a organizar discussão, reflexão e decisão de todos que os
a administração e a democratizar as decisões, envolvidos neste processo. Que conhecimentos
nele são definidas as metas e o que precisa ser os alunos, oriundos de diversas partes e
feito para alcançá-las. A sua construção está dotados de especificidades peculiares
diretamente ligada à gestão escolar com precisarão ter, para de fato exercer a sua
participação coletiva e legitima a democracia e cidadania, nesta sociedade tão cheia de
cidadania, possibilitando diagnosticar conflitos. Conflitos estes que estão presentes
problemas do presente e preparar estratégias no espaço escolar, nas relações pessoais, no
para possíveis soluções. Para sua formulação confronto das ideias, e também do surgimento
deve-se levar em conta a história da escola, de de novas concepções, das dúvidas e da
toda a equipe envolvida no processo educativo, necessidade do diálogo entre os sujeitos
a realidade da instituição e sua proposta aprendentes (professores, pais, alunos).
educativa, assim como também as diferenças Tais situações serão apresentadas no
culturais, bem como as contribuições de cada decorrer da construção deste documento, nas
uma. linhas e nas entrelinhas de cada parágrafo,
É projeto porque possui uma ação resgatando a o aspecto histórico de como cada
intencionada que possui um objetivo único da momento foi sendo produzido e construído.
escola em sua totalidade e a comunidade, Pois este documento deve ser o resultado de
projetado ou planejado para acontecer num um esforço conjunto dos profissionais da
certo período de tempo e se findar, educação da unidade escolar com o objetivo de
apresentando resultados. É político, quando
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Antes a escola atendia uma clientela mais homogênea e elitizada, buscava-se uma
educação voltada para classificação, em que não era pensada a formação para uma vida plena,
mas para exercer uma profissão. E a gestão correspondia às necessidades demandadas pela
época, tomando características de dirigir, controlar.
Mas com o passar dos tempos e exigências sociais, a gestão escolar que antes tinha como
função apenas repassar informações, controlar, supervisionar o trabalho escolar, passou por
transformações e teve sua função mais legitimada, sendo-lhe competida a responsabilidade de
organizar e gerir toda a equipe escolar para que o trabalho pedagógico atinja seus objetivos
educativos.
A gestão democrática envolvida numa boa organização do trabalho pedagógico é um
instrumento para conscientizar e ampliar os conhecimentos dos futuros pedagogos, sobre a
importância em se organizar, planejar e projetar o trabalho escolar dentro de um respeito à
autonomia, ao diálogo, motivando e buscando participação coletiva de todos os envolvidos no
processo ensino aprendizagem, sendo por meio de um Projeto Político Pedagógico a possibilidade
de se concretizar essas ideias, e uma gestão democrática o meio para atingir esses objetivos.
O Projeto Político Pedagógico deve ser concebido e construído pela participação coletiva,
para atender ao coletivo, tendo como objeto e principal objetivo o aluno e suas necessidades. É
nele que o currículo será legitimado, ao atender ao previsto pela legislação oficial, às diversidades
locais e principalmente transcender o local para incluir novos saberes de outras culturas que são
primordiais ao desenvolvimento do ser humano, enquanto ser social e político.
Ao longo dos tempos, os profissionais da educação sempre se mantiveram dispostos a
trabalhos que conduzissem a uma melhor aprendizagem do aluno, porém muito destas, como é
o caso do Projeto Político Pedagógico, que deveria ser colocado em prática, perde-se na
monopolização do poder do gestor, que ainda se prende no autoritarismo de controlar sua
equipe, se fechando para o diálogo. O Projeto Político Pedagógico das escolas acaba ficando
fechado nas gavetas, servindo apenas como um cumprimento de exigência das secretárias, muito
raramente é formulado com a participação e para a participação do coletivo.
Atualmente existe uma preocupação crescente em torno de uma gestão democrática e a
construção de um currículo que favoreça o desenvolvimento pleno do indivíduo, proporcionando-
lhe acesso a conhecimentos científicos. Currículo este, que deve visar à formação humana,
orientado pela inclusão de todos ao acesso ao conhecimento, à sua cultura e as demais, está
voltado para a diversidade e não se esgota ao local, mas transcende pela necessidade natural de
aquisição de novos saberes.
Em se tratando de currículo, vale utilizarmos a concepção atual de que são todas as
atividades, situações vividas pelo aluno dentro e fora da escola, as quais contribuem para uma
formação construtiva do cidadão. O currículo que no passado era considerado uma série de
conteúdos escolares fragmentado pelas disciplinas, de acordo com a instituição de ensino passa
agora a ter uma nova roupagem devendo ser uma construção social, cultural e servir-se num
papel socializador.
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REFERÊNCIAS
BARSA, Grande Enciclopédia. 3ª ed. São Paulo: Barsa Planeta Internacional Ltda. 2005.
PARO, Vitor Henrique. Administração Escolar: introdução crítica. 14ª. ed. São Paulo: Cortez,
2006.
PLACO, Vera. Brasil. MEC. Coordenador Pedagógico: perfil, formação e trabalho. Disponível
em:http://tv escola.mec.gov.br/tve/salto/Data de Acesso:08/03/2020.
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RESUMO: O artigo objetiva por meio da pesquisa qualitativa tratar do tema da importância do
Currículo da Cidade de São Paulo junto aos Gestores, Coordenadores Pedagógicos e os Docentes,
apresenta um painel da importância da reflexão e da implantação do novo currículo, para uma
nova abordagem das práticas pedagógicas nas Unidades Educacionais do Município de São Paulo
com o foco na democratização do conhecimento, na Inclusão e na qualidade da educação. Com o
apoio de livros, revistas e especialistas que abordam o tema e com apoio do BNCC (2017),
respaldados pela legislação nacional e vigor e pelo PNE (2014). Buscando fazer a interface entre
as atividades pedagógicas, a gestão e a práxis docente. Objetivando alcançar uma educação de
qualidade, na qual à mediação dos educadores na relação com o educando, a Coordenação
Pedagógica e a gestão possam contribuir e efetivar uma base cultural sólida e eficaz. Apontamos
aspectos que são fundamentais para o envolvimento de todos com o currículo da Cidade de São
Paulo atualizando a linguagem didática e ao mesmo tempo buscando qualificar e dar sentido ao
ensino por meio dos diversos temas contidos no programa.
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metade deste total também respondeu a uma além de dar início à sua
pesquisa online para ajudar a compor a implementação(CPP,2018,s.p.).
estrutura do documento;
• 21 consultores externos que BASE NACIONAL COMUM
assessoraram a escrita do documento;
• 43.655 estudantes – 10% do total de CURRICULAR E SUAS
alunos do Ensino Fundamental da rede – que, COMPETÊNCIAS
por meio de uma pesquisa, forneceram O texto da BNCC (2018), destaca as
informações sobre que escola gostariam de ver competências gerais a serem desenvolvidas de
refletida no currículo; forma integrada aos componentes curriculares:
• 8 especialistas (pelo menos) que fizeram 1. Conhecimentos;
a leitura crítica do novo currículo, antes que 2. Pensamento cientifico, crítico e criativo;
fosse finalizada a sua redação. 3. Senso artístico e cultural;
QUADRO EXPLICATIVO 4. Comunicação;
555 ESCOLAS (1º ao 9º ano) 5. Cultura Digital;
6. Autogestão;
ANO INICIAIS TOTAIS PÚBLICO 7. Argumentação;
1º AO 5º 230.950 ALUNOS 8. Autoconhecimento e autocuidado;
1º AO 5º 12.737 PROFESSORES 9. Empatia e cooperação;
10. Autonomia.
ANOS FINAIS TOTAIS PÚBLICO
Com base nas competências apresentadas
6º AO 9º 197.395 ALUNOS pode-se observar que a autogestão é uma das
6º AO 9º 18.873 PROFESSORES
características que permeia todas as outras.
Dessa forma pode - se observar que a Gestão é
Fonte: Portal SME-SP2 :
1
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parte diversificada, exigida pelas características vinculada ou concentrado nas mãos do Gestor,
regionais e locais da sociedade, da cultura, da como deve um currículo descontruir essa ideia
economia e da clientela. de poder concentrado? Qual a importância do
§ 5º Na parte diversificada do currículo será currículo na democratização da escola?
incluído, obrigatoriamente, a partir da quinta A Constituição Federal, promulgada em
série, o ensino de pelo menos uma língua 1988, em seu Artigo 205, destaca a importância
estrangeira moderna, cuja escolha ficará a da escola no seio da sociedade, reforçando a
cargo da comunidade escolar, dentro das relevância de esforços sociais, pois:
possibilidades da instituição (BRASIL,1996, s.p). a educação, direito de todos e dever do
Estado e da família, será promovida e
O CURRÍCULO E A GESTÃO incentivada com a colaboração da sociedade,
visando ao pleno desenvolvimento da pessoa,
A organização do currículo se tornou
seu preparo para o exercício da cidadania e sua
necessária porque, com o surgimento da
qualificação para o trabalho (BRASIL, 2004, p.
escolarização em massa, precisou-se de uma
121).
padronização do conhecimento a ser ensinado,
Dessa forma e resguardada o texto legal, o
ou seja, que as exigências do conteúdo fossem
gestor torna-se o gerenciador de resultados.
as mesmas. No entanto, o currículo não diz
Podemos dizer que o papel do Gestor escolar é
respeito apenas a uma relação de conteúdos,
bastante complexo nas instituições de ensino,
mas envolve também as relações de poder
pois na gestão de bens públicos e dos recursos
tanto nas relações professor/aluno e
humanos disponíveis nas escolas, ele deve
administrador/professor, quanto em todas as
traçar estratégias para que os objetivos e metas
relações que permeiam o cotidiano da escola e
sejam alcançados, aliado ao espírito de
fora dela, ou seja, envolve relações de classes
liderança para gerir os diversos recursos. É de
sociais. Sendo assim o Gestor e o currículo
suma importância observar que o diretor
possuem uma relação intrínseca.
alinhado ao princípio legal e moral da gestão
Um currículo que se diz democrático deve ser
democrática deve ser um líder nato e não o
construído de forma a que haja participação e
chefe aquele impõe condições quanto às
não uma mera execução de guias curriculares
políticas institucionais, limitando autonomia e
distribuídos nas escolas pelo governo, uma vez
conhecimento em um meio que deve ser de
que a seleção dos conteúdos a serem inseridos
constante evolução e aprendizado profissional
no currículo é um processo que ultrapassa os
para atual com os nossos alunos que devem ser
limites da técnica, pois envolve juízo de valores
o foco do trabalho pedagógico e observando as
ao se determinar quais saberes serão
regras de um currículo que possa ser
selecionados como válidos na produção do
incorporado aos saberes da vida prática e
conhecimento. Desse modo, dependendo da
quotidiana.
visão que a equipe formadora desse currículo
Nesse sentido além do respaldo da
possuir o mesmo poderá assumir um papel
Constituição Federal de 1988 a Lei de Diretrizes
transformador ou conservadora. Se o domínio
representa o poder, e o poder nas escolas está
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uma vez que o conhecimento estará sendo na construção de ações integradoras da equipe
compartilhado por todos e para todos. A Gestão escolar. Ele também desempenha o papel de
Democrática pressupõe a articulação, articulador, oferecendo condições para que os
participação e envolvimento de toda a professores trabalhem coletivamente as
comunidade escolar. A gestão Pedagógica uma propostas curriculares e auxiliando no
das partes essenciais da Gestão Democrática é planejamento de estratégias mais adequadas à
a responsável pela disseminação do conteúdo realidade específica dos alunos, de modo que o
curricular afim de que esse possa ser processo ensino-aprendizagem seja favorecido.
incorporado no quotidiano da escola e os Finalmente podemos reafirmar o papel
Coordenadores Pedagógicos possuem papel fundamental do Coordenador Pedagógico
fundamental nessa ação. como articulador e guardião do Currículo.
Na escola, o coordenador é um profissional
dinâmico que orienta o trabalho coletivo. Além O CURRÍCULO E OS DOCENTES
disso, ele tem o papel de fazer a conexão entre
A incorporação das novas tecnologias no
todos os indivíduos envolvidos no meio
ensino tornou-se um dos principais debates da
educacional. Dessa forma, as atribuições de um
educação na atualidade. Robótica, jogos
coordenador passaram a ser focadas na rotina
eletrônicos, inteligência artificial e realidade
pedagógica da instituição de ensino. Logo, suas
aumentada são apenas algumas das novidades
funções também passaram a ser diretamente
que têm movimentado o mercado educacional
ligadas à sua atuação junto aos professores e,
e sido inseridas nas escolas, especialmente na
consequentemente, à aplicação de princípios
rede privada. Na realidade da sala de aula,
que resultem em um ensino de qualidade aos
porém, ainda há muita discussão sobre como
alunos. É função do coordenador avaliar a
integrar as novidades ao dia a dia escolar. Por
conexão entre o currículo e a prática diária dos
mais que a desconfiança docente com relação
professores na sala de aula. É claro que ele deve
ao uso das novas tecnologias venha
fazer isso sem a pressão de um fiscalizador, no
diminuindo, ainda há muitos desafios para
papel de observador. Agora, diferentemente do
incorporar essas ferramentas de forma efetiva,
que acontecia antes dos anos 90, ele verifica
contribuindo para a aprendizagem dos alunos.
com mais flexibilidade se os professores estão
Para compreender quais são esses obstáculos,
acompanhando o que foi decidido no projeto
Educação ouviu professores da educação
pedagógico da escola.
básica, que falaram sobre o panorama da área
Compreende-se que o papel do coordenador
e compartilharam suas experiências com o uso
pedagógico, na rotina escolar e nos processos
dos recursos tecnológicos em sala de aula.
de ensino-aprendizagem, tem como foco a
Entre as principais dificuldades apontadas pelos
mediação na construção de ações coletivas,
educadores está a formação docente
seja na busca da aplicação prática do Projeto
insuficiente para a área.
Político Pedagógico (PPP), seja na reflexão de
Com as Novas Tecnologias da Informação
ações que visem à superação de situações
abrem-se novas possibilidades à educação,
problemas do contexto da escola e, sobretudo,
exigindo uma nova postura do educador. Com a
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Essa pesquisa busca como resultado levar à reflexão o papel e a atuação dos Gestores,
Coordenadores Pedagógicos e Educadores levando-se em conta os desafios da atualização do
Currículo escolar tendo como referência o Currículo da Cidade de São Paulo no contexto da Base
Nacional Comum Curricular (2018).
Nessa perspectiva e com base na legislação em vigor, por meio de pesquisa qualitativa em
sites, revistas e artigos publicados, oferecer um quadro das necessidades de atualização e
formação dos Profissionais de Educação, que atuam na mediação com os educandos tendo como
instrumento de referência o conceito e os conteúdos do Currículo da Cidade de São Paulo
amparado pela legislação em vigor. Essa iniciativa é importante na elaboração de uma práxis
pedagógica que atenda às necessidades das crianças, jovens e adolescentes inseridos numa
sociedade, multicultural e em constante transformação. Buscando uma descrição sequencial do
tema traduzindo por meio da pesquisa bibliográfica o diferencial de cada elemento trançando
com isso os pontos convergentes e divergentes entre eles. A pesquisa qualitativa abordou pontos
para uma reflexão sobre a atuação dos profissionais de Educação envolvidos com o tema e sua
mediação com o educando no que tange aos aspectos do conhecimento e da aprendizagem
reforçando a importância do Currículo da Cidade como ferramenta democrática e atualizada para
a construção do conhecimento.
Esse artigo tratou de apresentar um perfil de como deve ser compreendido o Currículo da
Cidade amparado pela legislação especifico e pela Base Nacional Comum Curricular traçando um
paralelo entre ambos. Dessa forma apresentar à criança e ao adolescente, aspectos fundamentais
da educação, levando em conta suas expectativas e sua capacidade cognitiva tendo como
pressuposto de ação a práxis do Educador e o direito à educação de qualidade.
Na expectativa de que essa reflexão possa contribuir para alcançar resultados mais
satisfatórios, apresentados por meio dos autores citados, nessa pesquisa possam resultar em
elementos práticos e de reflexão da dimensão educativa que se pretende atingir, na qual o
Currículo da Cidade de São Paulo possa de forma harmoniosa e eficaz qualificar o ensino-
aprendizagem de nosso educandos contribuindo para torna-los cidadãos conscientes de suas
competências e responsabilidade na sociedade.
O presente estudo permitiu observar que o currículo, assim como a gestão escolar, a
coordenação pedagógica e principalmente os docentes são fundamentais na implantação de um
currículo que atenda as expectativas dos discentes e para isso o Currículo da Cidade procurou
envolver todos os segmentos das Unidades Educacionais a fim de elaborar um documento mais
próximo possível das necessidades dos educandos.
A transformação dessa realidade só é possível, porém, a partir de uma visão crítica
comprometida com a democracia e a aquisição do saber historicamente acumulado, pois a
realidade existente nos espaços escolares é a de uma administração comprometida com as teorias
das administrações empresariais, a qual age como simples consumidora dos guias curriculares
fornecidos por meio das políticas públicas impostas pelos governos.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. MEC/SEB, 2012. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular.
Proposta preliminar,2012.
CONTI, Celso Luiz Aparecido; LIMA, Emília Freitas de; NASCENTE, Renata Maria Moschen. O
currículo e a gestão em foco. Disponível em:
https://www.edufscar.com.br/farol/edufscar/produto/o-curriculo-e-a-gestao-em-
foco/603457/.Data de Acesso:04/03/2020.
PARO, Vitor Henrique. O currículo do ensino fundamental como tema de política pública: a
cultura como conteúdo central. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação.
Rio de Janeiro, v. 19, n. 72, p. 485-508,
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RESUMO: Este artigo aborda a relevância da contribuição do gestor como líder no contexto
escolar, reconstituindo de forma sucinta o percurso de toda historicidade do papel do gestor
democrático que se encontra inserido no processo histórico dentro de uma determinada
realidade no setor educacional. O fundamento aqui assumido busca socializar estudos e
inquietações relacionados à temática em questão, relevância e contribuições como gestor na
liderança escolar, também verificar por meio de abordagens bibliográficas predominando
pesquisas qualitativas baseadas em autores que postulam por uma liderança em gestão
democrática eficaz. A partir desse pressuposto as mudanças ocorridas no cenário educacional
vem contribuído bastante de certa forma com o comportamento e a forma de agir do gestor,
frente as mudanças ocorridas nas políticas educativas e organizativas nas transformações das
esferas econômicas, políticas, culturais, históricas e geográficas que caracterizam o mundo
contemporâneo. A amostra representativa desta pesquisa será socializada na íntegra, não terá
gráficos, pois é o aspecto qualitativa e bibliográfica de maneira que explicitem a realidade na visão
dos gestores e educadores, além de proporcionar um panorama geral do tema contribuindo de
certa forma para uma reflexão crítica.
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A assistência social escolar deve ser prestada transformadas pela prática social (GIDDENS,
nas escolas, sob orientação dos respectivos 1998, p.87).
diretores, através de serviços que atendam ao Desse modo, a LDB estabelecia que a
tratamento dos casos individuais, a aplicação preparação dos administradores escolares, não
de técnicas de grupo e à organização social da era obrigatório e só foi valorizado a partir da
comunidade. Assim sendo, compete ao diretor LDB (5.540/68 e 5.692/71) ,que determina que
garantir que a escola se torne palco para a o preparo de especialistas – administradores –
realização de políticas sociais assistencialistas acontecesse em nível superior. Em relação as
(LOPES, 2002, p. 29). duas LDB anteriores, Santos acrescenta que,
Considerando esta abordagem entre as O diretor de grupo escolar desaparece a
organizações, Reed afirma que: partir da regulamentação da Lei 5.692/72,
o funcionalismo estrutural e a teoria de devido à integração do antigo curso primário e
sistemas também fizeram uma “despotilização” ginasial, que passaram a constituir ensino de
eficaz dos processos de tomada de decisão por primeiro grau e o antigo colegial. A mesma
meio dos quais estabelece uma adaptação nomenclatura de diretor de escola continua nos
funcional adequada entre a organização e o seu dias atuais, e sua atuação ocorre na educação
ambiente. Certos “imperativos” funcionais tais básica, conforme a LDB Nº 9.394/96 (SANTOS,
como a necessidade de equilíbrio a longo prazo 2002, p. 72).
do sistema para a sobrevivência, Pelo parâmetro legal, fica em evidência que
presumivelmente eram impostos a todos os diante de um período de desafios e
atores organizacionais, determinando os modificações políticas e sociais, com a
resultados dos projetos produzidos por seu aprovação da Constituição Federal de 1988,
processo decisório (REED, 1988, p.71). efetivou-se a redemocratização da sociedade
Nesse sentido, alguns autores colocam-se na trazendo à escola uma nova forma de gestão,
merma logica da abordagem do estrutural- também novas exigências para o exercício do
funcional clássico, porem de maneira cargo de diretor de escola.
diferenciada o poder, fornecendo novos Portanto, partindo desse pressuposto
elementos ideológicos e epistemológicos que verifica-se que o cargo do diretor sofreu
contrastam, profundamente com os modelos algumas mudanças tanto no aspecto histórico
até então analisados e um dos autores anterior quanto atual, pois constatou-se entre
aprofunda, afirmando, outras coisas, que mesmo conhecendo as bases
O poder propala uma lógica de organização e legais, a um certo descompasso entre as
do organizar enraizada analiticamente em atribuições e competências diante das
concepções estratégicas de poder social e dificuldades do dia a dia e as tomadas de
intervenção humana que são sensíveis à decisões, contradições e incoerências, pois
dinâmica dialética existente, entre as limitações ainda se faz necessário uma reflexão sobre a
estruturais e a ação social, à medida que molda atuação de quem se coloca hoje a frente de
as formas institucionais reproduzidas e uma gestão.
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estes aspectos, para cuja efetivação na escola, esse cargo ter virtudes e algumas são
muito depende a competência do diretor. primordiais, tais como: eficácia (levar o grupo a
Portanto, nunca é demais advertir que o atingir objetivos e metas definidos pela
trabalho de gestão não comporta separação organização), saber ouvir (ouvir atentamente
das tarefas administrativas e pedagógicas nos os seus liderados, filtrar os assuntos
moldes em que costuma ocorrer. Mesmo importantes e deixar que as melhores ideias
porque, o trabalho administrativo somente prevaleçam criando assim um ambiente de
ganha sentido a partir das atividades que inovação), saber delegar tarefas (não
constituem as atividades-fim, ou propósitos da centralizar tudo, saber delegar é praticar a
organização escolar. Ressaltando que essa seja confiança no grupo) e desenvolver o grupo
uma pratica comum nas escolas de Educação (contribuir para o desenvolvimento de cada
Infantil e Fundamental, observa-se que ela indivíduo do seu grupo, formar líderes e
reforça o caráter individualista da atividade sucessores).
docente ao invés de abrir espaço para uma ação Além disso, segundo Maxwell (2007), a
coletiva que possibilitaria trazer para a liderança vem combinada com vários fatores e
discussão outros problemas comuns a vários que podem ser divididas em cinco níveis que
professores, os quais nem sempre são são: Posição, Permissão, Produção,
encorajados a fazê-lo. Nesse sentido, a melhor Desenvolvimento Pessoal e Personalidade.
forma dos gestores favorecerem a construção Partindo desse pressuposto, a Liderança
de um ambiente saudável e estimulante para os segundo o autor está dividida em cinco níveis
professores é por meio do trabalho que se caracterizam da seguinte maneira como
colaborativo e da formação de equipes de apresenta o autor: 1-) Posição (Direito). As
trabalho. Situações como essas reduzem as pessoas seguem devido ao seu cargo ou posição
distancias entre gestores, professores, alunos, que exerce na organização; 2-) Permissão
funcionários e comunidade, proporcionando (Relacionamento). As pessoas seguem você
que todos possam atuar como sujeitos da porque querem. Este nível está baseado no
educação, rompendo com as barreiras criadas relacionamento, ou seja, a pessoas te seguem
pela hierarquia e isso é importante porque o devido à relação que você tem com as mesmas;
trabalho educativo é produto de uma interação 3-) Produção (Resultados). As pessoas seguem
em que todos os envolvidos participam e são você em razão daquilo que fez pela
influenciados de alguma forma. organização. Neste nível o resultado positivo
que você obteve durante o período que você
LIDERANÇA tem trabalhado na organização faz com as
pessoas te sigam, ou seja, uma referência
Na contemporaneidade ser líder é pra
dentro da empresa; 4-) Desenvolvimento
poucos, porém tem uma função importante na
Pessoal (Reprodução). As pessoas seguem você
organização, mas antes de tudo quem ocupa
em razão daquilo que fez por elas. Neste quarto
tem que ter bastante humildade, porque vai
nível as pessoas te veem como líder devido ao
lidar com pessoas, que tem sentimentos,
que você contribuiu no crescimento pessoal de
sonhos, por isso é relevante pra quem ocupa
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cada um de seus liderados. 5-) Personalidade dificilmente terá tempo para sua equipe, e uma
(Respeito). As pessoas seguem você em razão equipe sem um líder perde o rumo do seu
de quem você é e do que você representa. Este objetivo. Pode se perceber que o depende
último nível está baseado na sua experiência muito do perfil de quem está liderando e para
comprovada de sucesso em liderança. Este é o alcançar o sucesso, é necessário que tenha
nível mais complexo e mais difícil de alcançar. alguns pré-requisitos em relação ao
Também, o autor postula que para ser líder conhecimento da realidade no qual está
deve-se possuir virtudes fundamentais tais inserido e também possua características
como: iniciativa, determinação e proatividade. relevantes como: o primeiro grande passo de
E ressalta que, saber ouvir é uma virtude um líder de sucesso é o autoconhecimento,
primordial para um líder, porém é necessário saber reconhecer seus 12 pontos fortes e
também filtrar as estratégias e objetivos. fraquezas, identificar para onde se quer ir,
Ouvindo sua equipe, ele consegue criar um influenciar as pessoas e traze-las para junto de
vínculo de relacionamento, tornando mais forte si, formando equipes altamente engajadas e
a sua influência. Ouvindo sua equipe, um líder produtivas, capacidade de adaptação a
consegue criar um vínculo de relacionamento, mudanças, a acompanhar as tendências,
tornando mais forte a sua influência. estimular as pessoas no processo de mudança
Gaudêncio (2007), afirma que: dentro de suas equipes e liderança servidora.
O líder deve focar no mundo externo Dessa forma, o líder de sucesso não sabe
enquanto o gerente precisar ficar atento ao apenas como administrar os recursos da
mundo interno da organização, tornando empresa, mas acima de tudo, sabe reconhecer
realizáveis as ideias revolucionarias do líder, as individualidades de cada pessoa, sabe como
organizando a estrutura, alocando recursos e extrair o máximo delas, aumentando a
mantendo o controle operacional. Líderes eficiência do grupo e da organização como um
lidam com visões inspiradores e gerentes com todo. Nesse sentido muitos dos líderes atuais
sistemas de avaliação de desempenho, planos e são reconhecidos pela posição ou pelo cargo
orçamentos (GAUDENCIO, 2007, p. 17). que ocupam dentro das empresas, então essa
Nesse sentido, liderança não é posição normalmente os coloca em situação de
gerenciamento, pois juntos se completam e são superioridade e, com frequência, abusam do
fundamentais, enquanto um tem a capacidade poder como forma de manter a autoridade e
de liderar, de influenciar as pessoas e motiva- esta forma de poder e de liderança
las o outro possui o controle detalhado do que normalmente traz consigo um forte
foi planejado. Além dessa característica “sabe individualismo, isolamento e consequente
ouvir”, existem outras marcantes como: perda de autoridade.
Aprender a delegar, é essencial que o líder Nesse contexto, Krames (2006, p. 60),
delegue tarefas e responsabilidades para sua acrescenta dizendo que “o colaborador que
equipe de trabalho. Desse modo, para delegar, tiver a capacidade de enxergar a mudança
um líder precisa confiar em seus liderados, como uma oportunidade, não como problema,
assim como os liderados sobrecarregados terá maior sucesso na carreira do que seus
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao escolher o tema Gestor como Líder Educacional foi observado e analisado as diferentes
abordagens de cada teórico diante de alguns aspectos históricos de décadas diferentes. Por meio
de estudos bibliográficos apoiados em Boccia (2011); Cury (2002); Gadotti (1990); Gaudêncio
(2007); Krames (2006); Lopes (2002); Lück (2010); Maxwell (2007); Rios (2010); Santos (2002),
dentre outros, detectamos que os principais obstáculos enfrentados no processo democrático
originaram-se no microssistema das relações internacionais do mercado que influenciou para
determinação da tipologia de democracia e emancipação desejadas.
Porém, por meio deste trabalho voltado para o papel do gestor como líder educacional,
seu comportamento e forma de agir diante as mudanças ocorridas nas políticas educativas e
organizativas nas transformações, culturais, históricas e geográficas que caracterizam o mundo
contemporâneo.
É de grande relevância refletirmos se realmente há um compromisso democrático de todos
que fazem a escola, uma gestão compartilhada, na qual todos trabalham em benefício da
qualidade no ensino. Ressaltando que, por meio da consciência de ambos, evidenciando-se e
respeitando a legislação é necessário que escola de fato possa ser uma instituição que explicite a
socialização exercendo uma liderança democrática para formação da comunidade escolar coesas
e comprometidas com a educação.
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REFERÊNCIAS
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BOCCIA, Margarete Bertolo. Os papeis assumidos pelos diretores de escola. São Paulo:
Pulsar, 2011.
GAUDÊNCIO, Paulo. Super dicas para se tornar um verdadeiro líder. São Paulo: Saraiva,
2007.
LOPES, Natalia F.M. A função do diretor do ensino fundamental e médio: uma visão histórica
e atual. Campinas, SP, 2002. Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas.
(Dissertação – Mestrado em Educação).
RIOS, Dermeval Ribeiro. Minidicionário escolar de língua portuguesa. São Paulo: DCL, 2010.
SANTOS, Clovis Roberto dos. O gestor educacional de uma escola em mudança. São Paulo:
Pioneiro Thomson Learning, 2002.
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
RESUMO: A Educação Especial tem passado por inúmeras transformações nas últimas décadas,
vários estudos tem sido como forma de melhor compreender essas mudanças. Este estudo
apresenta como objetivo geral analisar o processo histórico da Educação Especial. Sendo assim
por meio dos objetivos específicos busca-se descrever o processo histórico da Educação Especial
e apresentar os principais documentos internacionais sobre a inclusão. Esta pesquisa caracteriza-
se como exploratória de cunho bibliográfico. Conclui-se que a partir da década de 1980 houve um
grande avanço na história da Educação Especial, em principal, com a Declaração de Salamanca
em 1994, a proposta de um novo modelo educacional para as pessoas com necessidades
especiais, permite a essa população melhores condições de vida e acesso de forma indiscriminada
a todos os recursos ofertados pela educação a fim de que eles possam desfrutar de forma plena
e favorável de seu direito à cidadania.
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na Educação não era mais concebível ou viável Afirmava-se também que o comportamento
que as crianças com necessidades especiais diferente da pessoa com necessidade especial
continuassem à margem da sociedade, era conseqüência de forças sobrenaturais,
internadas ou encarceradas em instituições criando um estereótipo de que a deficiência
assistencialistas que não promoviam o tinha sua origem nas forças demoníacas, mais
desenvolvimento e a inclusão deste indivíduo especificamente, da deficiência mental.
no meio social. Na idade média fortaleceu-se a crença no
Com base nisto, esperamos com este sobrenatural e algumas necessidades especiais
trabalho apresentar o histórico da luta pela eram tratadas de forma diferenciadas, como
Educação Especial, a fim de que a mesma tenha por exemplo, os cegos foram considerados
seu valor entendido e reconhecido, a fim de videntes, profetas ou adivinhos; os psicóticos e
promover um entendimento da construção da epiléticos possuídos pelo demônio e alguns
história de luta pela Educação Especial. estados de transe eram entendidos como
Conforme Gil (2007), as pesquisas podem ser possessão divina.
classificadas tendo como referencial o objetivo Nas sociedades antigas era normal o
geral e o delineamento a ser adotado. Este infanticídio quando se observavam
projeto trata-se de uma pesquisa exploratória anormalidades nas crianças. Durante a idade
com o objetivo principal de aprimorar ideias, média a igreja condenou o infanticídio, mas,
promovendo melhor compreensão do por outro lado acalentou a ideia de atribuir a
problema, tornando-o mais explícito. Será causas sobrenaturais as anormalidades de que
realizada uma pesquisa bibliográfica padeciam as pessoas. Considerou-se possuídas
considerando o planejamento da pesquisa pelo demônio e outros espíritos maléficos e
priorizando os procedimentos técnicos de submetia-as a práticas de exorcismo (FERREIRA
coleta e análise de dados. e GLAT, 2003; p. 22).
A partir do século XVIII, com o
PROCESSO HISTÓRICO DA desenvolvimento da Ciência, surgem as
explicações naturalistas e os dogmas religiosos
EDUCAÇÃO ESPECIAL E são questionados, resultando em estudos mais
PRINCIPAIS DOCUMENTOS sistemáticos na tentativa de explicar as
deficiências, fazendo com que a pessoa com
INTERNACIONAIS SOBRE A
necessidade especial fosse objeto de estudo.
INCLUSÃO Com base nesses estudos descobre-se que
Conforme Nascimento (2007), na idade algumas necessidades especiais eram
antiga, as pessoas com deficiências eram resultados de lesões ou disfunções do
associadas às feitiçarias, bruxarias, ao diabo e organismo, dando origem à concepção
até mesmo ao pecado, diante desta situação organicista que explicava a necessidade
tais pessoas eram isoladas, deixadas à margem especial como sinônimo de doença.
da sociedade, abandonadas pelos familiares. Os séculos XVII e XVIII foram marcados pela
segregação, afinal com o objetivo de submeter-
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se ao tratamento médico a pessoa com ditados pelas normas culturais. Estava lançada
necessidade especial era internada em asilos, a base para o aparecimento do atual conceito
manicômios, prisões, orfanatos e hospitais em das chamadas “necessidades educacionais
que se buscava categorizar as necessidades especiais” (MENDES, 2002; p. 58).
especiais e diferenciar a doença mental da Ainda de acordo com Mendes (2002), no
deficiência (MARQUEZINE; ALMEIDA; TANAKA, início do século XX o método Binet (teste de QI),
2001). excluiu da escola regular aqueles alunos
A crença na hereditariedade da condição e o considerados fracos, atrasados ou menos
organicismo radical marcaram os séculos XVIII e inteligente, surgem então, as diferentes
meados do século XIX. Neste período a pessoa rotulações para as crianças que são
com necessidade especial era classificada como encaminhadas a Centro Escolar e classes
deficitária, periculosa, anormal e ameaçadora, especiais.
justificando assim a segregação social e o medo Com a Segunda Guerra Mundial muitas
que as pessoas sentiam em relação a elas, pessoas foram mutiladas, dando origem a uma
porém neste período surgem as primeiras filosofia mais humanista, que valorizava a
tentativas educacionais. pessoa com necessidade especial, tendo como
Conforme Jiménez (1993), A Educação aliada as descobertas cientificas, pois, esses
Especial tem sua origem no final do século XVIII cidadãos eram cumpridores de seus deveres e
e princípios do século XIX, com a consciência da seu direito de cidadania não poderia ser
necessidade de apoiar as pessoas com roubado pelas circunstâncias, fazendo com que
necessidades especiais, embora fosse um apoio a necessidade especial a partir de então fosse
de caráter assistencialista. O século XIX é entendida como uma condição determinada
marcado pela criação de escolas especiais para por variáveis orgânicas e ambientais.
cegos, surdos e deficientes mentais. Na década de 1950 começam a surgir novas
A Revolução Industrial culminou em novas propostas para o atendimento às pessoas com
necessidades para a sociedade, entre elas a necessidades especiais, especialmente na área
escolarização que se tornou obrigatória, educacional. As propostas de integração
tornando evidente a situação daqueles que espalharam-se pelo mundo, originárias da
aparentemente não apresentavam nenhuma Escandinávia por meio do princípio de
necessidade especial, porém, encontrava normalização de Wolferberger (1972),
dificuldades no aprendizado, resultando em defendendo que toda pessoa com necessidade
mudanças no conceito de deficiência na época. especial tem direito de usufruir das condições
[...] Se antes o conceito de deficiência se de vida mais comuns ou normais possíveis na
restringia aos casos de incapacidades mais comunidade, na qual vive.
severas e generalizadas, na nova ordem social Conforme Jiménez (1993), em 1959 tem
começam a ser considerado também como início a normalização na Dinamarca seguida
deficiente, indivíduo com incapacidade menos pela Europa e América do Norte, com o objetivo
perceptíveis, sem anormalidades orgânicas de integrar as pessoas com necessidades
comprovadas e com base em critérios mais
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conhecer o processo histórico no qual a luta pela Educação Especial foi construída permite
um reconhecimento dos esforços e luta na busca por mudanças nos modelos educacionais
objetivando as pessoas com necessidades especiais acessa a todos os recursos e benefícios que
em muitas situações não lhes são permitidos devido a sua própria condição.
A necessidade da escolarização para esta população tornou-se relevante, uma necessidade
urgente da sociedade que mobilizou diversas camadas populares em todo mundo, resultando no
modelo educacional em que todos são acolhidos e preparados para exercer seu papel como
cidadão.
Apesar de todas as lutas e vitórias ainda testemunhamos nos dias de hoje, situações em
que as necessidades especiais do cidadão não são respeitadas e muitas vezes são ignoradas por
instituições ou até mesmo por alguns órgãos do poder público.
Presenciamos uma busca intensa pela adequação dos diferentes ambientes para receber
e acolher as pessoas com necessidades especiais, como calçadas rebaixadas, transportes públicos
adaptados, rampas, ética. Como também no comportamento das pessoas em relação a essa
situação, evidenciando uma mudança positiva no comportamento da sociedade de uma forma
geral.
Contudo não podemos recusar que ainda hoje, as pessoas com necessidades especiais
ainda sofrem discriminações e em alguns casos são deixados à margem da sociedade. Mesmo
com toda luta pela inclusão, ainda é preciso haver mudanças e ajustamentos na sociedade que
vive em constantes mudanças.
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
REFERÊNCIAS
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Educação Física. Brasilia, 1997.
FERRREIRA, Júlio Romero. GLAT, Rosana. Reformas Educacionais pós LDB: a inclusão do
aluno com necessidades especiais no contexto da municipalização. Inn: SOUZA, Donaldo
Bello. FARIA, Lia Ciomar Macedo. Desafios da Educação Municipal. Rio de Janeiro: DDP&A,
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Necessidades Educativas Especiais. 2ª Ed. Lisboa: Alyebe S. L., 1993.
MARQUEZINE, Maria Cristina. ALMEIDA, Maria Amélia. TANAKA, Eliza Sueko Oshiro (Org).
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2002.
PAULON, Simone Manieri. FREITAS, Lia Beatriz de Lucca. PINHO, Gerson Smiech. Documento
subsidiário à políticca de inclusão. 2ª Ed. Brasilia: Ministério da Educação, Secretaria de
Educação Especial, 2007.
1141
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
RESUMO: O presente artigo tem por objetivo abordar o trabalho com a geração Alpha e sua
relação com a horta escolar. O mesmo vem ganhando cada vez mais destaque em escolas de
Educação Infantil, por suas diversas colaborações no desenvolvimento dos pequenos, também
por incentivar o cuidado com o meio ambiente, alimentação saudável e outras áreas importantes
do desenvolvimento infantil. Apresentando também sua definição, os instrumentos e as
estratégias que podem ser utilizadas pela escola e professores para trabalhar e desenvolvê-la.
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Saúde define que uma das melhores formas de doenças e os torna conscientes sobre a
promover a saúde é por meio da escola. Isso importância de comer bem.
porque, a escola é um espaço social, no qual Entre os benefícios alcançados com o projeto
muitas pessoas convivem, aprendem e horta escolar, se destacam a produção e
trabalham, e os estudantes e os professores consumo de alimentos naturais pelos alunos,
passam a maior parte de seu tempo. Além atividades ligadas à culinária na escola, troca de
disso, é na escola que os programas de conhecimentos, inserção de assuntos como a
educação e saúde podem ter a maior economia doméstica, a influência nas escolhas
repercussão, beneficiando os alunos na infância alimentares das crianças, além de apresentar
e na adolescência. Nesse sentido, os na prática as consequências que ações do
professores e todos os demais profissionais homem têm em relação ao meio ambiente.
tornam-se exemplos positivos para os alunos, Outra ideia bastante significativa neste
suas famílias e para a comunidade na qual estão processo é cada turma realizar um cardápio
inseridos. semanal da merenda incluindo algo que foi
A alimentação equilibrada e balanceada é plantado e colhido na horta, despertando a
um dos fatores fundamentais para o bom curiosidade de experimentar o que eles
desenvolvimento físico, psíquico e social das mesmos plantaram e a intencionalidade de
crianças. A alimentação de todos os indivíduos pensar em refeições saudáveis no cotidiano
deve obedecer às “Leis da Nutrição” descritas escolar.
por Pedro Escudero (1937), apud, Mota (2010). As crianças e famílias podem realizar uma
Segundo essas leis, deve-se observar a pesquisa de receitas de preparações de
qualidade e a quantidade dos alimentos nas hortaliças para comê-las de outra maneira ou
refeições e sua adequação nutricional. com outros ingredientes. Em seguida, o
Dessa forma o estímulo da alimentação professor faz um concurso na sala para escolher
saudável propicia um excelente com as crianças, a melhor receita para ser
desenvolvimento físico e mental. A formação e preparada e saboreada pela turma na cantina
a adoção dos hábitos saudáveis deve ser da escola. Nessa atividade, o professor aborda
estimulada em crianças, pois é durante a todos os passos para o cultivo da hortaliça e
primeira infância que ela estará formando seus reforça a sua conservação e higiene.
hábitos e costumes, inclusive alimentares. Ao Outra sugestão bastante significativa para as
colocarem a mão na terra e plantarem frutas e crianças é convidar as famílias para
verduras na escola, os alunos se familiarizam participarem do momento simbólico da
com os alimentos, compreendem do que eles primeira colheita, deixando as crianças
são feitos e como podem contribuir para uma responsáveis por apresentar o projeto, suas
alimentação saudável, ajudando-o a distinguir o etapas e objetivos, depois cada família leva
tipo de alimento que lhe faz bem dos que não uma pequena amostra dos produtos colhidos
trazem benefícios para a sua saúde. Isso para sua casa.
diminui os riscos de desenvolvimento de A horta escolar acaba por propiciar aos
alunos e suas famílias uma grande variedade de
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alimentos a baixo custo e incentiva que a vasinhos, jardineiras, feitas em canos de PVC,
comunidade se envolva nos programas de tudo para adequar o projeto para os locais
alimentação e saúde desenvolvidos na escola, disponíveis na unidade escolar.
sendo incluídos no ambiente escolar com Algumas ferramentas são essenciais para o
facilidade, dessa maneira disseminando o preparo da terra e plantio das hortaliças, como
aprendizado adquirido durante as aulas. por exemplo, enxada para capinar, abrir sulcos
e misturar adubos, regador para irrigar a horta
HORTA ESCOLAR e ancinho para remover torrões, pedaços de
pedra e outros objetos, além de nivelar o
O primeiro passo para começar uma horta
terreno; estas ferramentas podem ser
escolar é fazer um projeto, para que a direção,
confeccionadas com materiais recicláveis.
os pais e a comunidade entendam os benefícios
Antes de iniciar a preparação dos canteiros,
da iniciativa e colaborem com a aprovação e
deve-se limpar o terreno, retirando pedras e
implantação do projeto. Para começar a horta
outros objetos, nivelando o terreno, depois
escolar o ideal é encontrar alguém que tenha
deve-se iniciar a demarcação dos canteiros com
conhecimento prático sobre cultivo de
auxílio de estacas e cordas, em seguida
hortaliças, para ajudar, como algum funcionário
colocaremos adubo na terra que podem ser
da escola ou pais que se disponibilizem para tal.
resíduos vegetais e animais, tais como palhas,
A escolha das hortaliças deve ser de forma
galhos, restos de cultura, cascas e polpas de
diversificada, garantindo uma grande variedade
frutas, pó de café, folhas, esterco e outros,
de cores, formas, diferentes nutrientes e com a
quando acumulados apodrecem e, com o
participação das crianças.
tempo, transformam-se em adubo orgânico ou
Outro ponto importante é que as diferentes
húmus, também conhecido por composto ou
turmas devem ter uma escala de preparo,
natural.
plantio e cuidado dos canteiros, isso garante
É necessário decidir o que será plantado,
que elas se envolvam no projeto de forma
quanto de espaço é necessário e como ele será
direta e vivenciem tudo que foi planejado para
utilizado. Então, o primeiro cuidado é pensar no
tal; por meio da participação direta das crianças
formato do jardim, se o plantio será feito direto
proporcionando motivação para o trabalho e
no solo, em caixas, camas de plantio ou dentro
para o aprendizado.
de recipientes. Com a escolha do formato feita,
Devemos nos preocupar em encontrar e
é possível idealizar com as crianças por meio de
preparar um local apropriado para a o cultivo
representação deles como a horta vai ficar,
das hortaliças, como por exemplo, um terreno
pensando na disposição. Para escolher o que
plano, terra revolvida e adubada previamente,
plantar na horta é melhor dar preferência a
boa luminosidade, bastante exposição solar,
alimentos nativos da região, pois estás se
acessibilidade aos alunos e professores, ter
adaptam melhor, pesquisar quais são as
uma fonte de água próxima, um espaço longe
características de cada uma, bem como os
de sanitários e esgotos; com pouco trânsito de
cuidados necessários para a sua manutenção.
pessoas e animais. Hoje em dia, existem várias
opções de hortas, como as verticais, em
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2
Disponível em : http://estagiositiodosherdeiros.blogspot.com/search?updated-max=2017-07-21T10:03:00-
03:00&max-results=26&reverse-paginate=true&start=63&by-date=false.Data de Aesso:14/02/2020.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A geração com que lidamos em sala de aula mudou, seus interesses mudaram e não faz
mais sentido fazermos as mesmas coisas que eram feitas antigamente. A horta escolar é uma
possibilidade de múltiplas ideias, vivências e experiências que contribuem plenamente para o
desenvolvimento das crianças.
O contato com a natureza auxilia e promove um desempenho acadêmico superior,
trazendo um desenvolvimento integral como ser cidadão que cuida do meio ambiente e tem
consciência de como deve ser uma alimentação saudável. Além disso, as crianças que tem contato
com terra, água, vegetais, minhocas, sementes estabelecem mais relações com o meio na qual
estão inseridas, desenvolvendo consciência do cuidado e preservação.
O projeto da horta na educação infantil aproxima as crianças de atitudes sustentáveis e
mais conscientes, pois eles aprendem a importância de cultivar alimentos sem o uso de insumos
químicos, como cuidar da natureza e todos os processos envolvidos nesse cultivo e os demais
elementos naturais. Além disso, as crianças que cultivam hortas em ambientes escolares
conhecem melhor verduras e legumes, ampliando o seu repertório também nos momentos da
refeição.
Os benefícios de uma horta para as crianças são muitos, podemos ressaltar o trabalho em
equipe, a paciência, dedicação, responsabilidade, contato continuo com a natureza e a
interdisciplinaridade.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular: Educação Infantil e Ensino Fundamental, 2018.
PIAGET, Jean. Psicologia e Pedagogia. Tradução: Dirceu Accioly Lindoso e Rosa Maria
Ribeiro da Silva. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1980.
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Email: amanndhasl@gmail.com
3 Discente do Curso de Farmácia no Centro Universitário Joaquim Nabuco.
Email: neyaporto@hotmail.com
4 Docente Orientadora; Centro Universitário Joaquim Nabuco.
Email: farmacia.plt@joaquimnabuco.edu.br
5 Docente Co-orientadora; Centro Universitário Joaquim Nabuco.
Email: loivaliana@gmail.com
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Como resultado identificou-se que dos 53 desempenho superior aos que estudam à noite.
entrevistados do turno da noite, apenas 21% Sabemos que o desempenho acadêmico é
dos discentes acharam estar preparados para influenciado pelos recursos didáticos utilizados
assumir o mercado de trabalho, tendo como pelos professores.
base fundamental o aprendizado de química. O estudo realizado pelo turno da manhã
Porém, 98% dos entrevistados afirmam que apresentou cerca de 94% dos discente não tem
precisa da química para assumir atividades no dificuldade com as disciplinas de química, 89%
ramo farmacêutico, como conseguir sintetizar entende a importância da aplicabilidade da
fármacos. Esses dados mostram que essa química na síntese dos fármacos e 89% se sente
deficiência poderá resultar em um despreparo preparados para atuar no mercado de trabalho,
de futuros profissionais que irão atuar no o total de entrevistados foram 18 alunos,
mercado de trabalho. A química é essencial gráfico 1. De acordo com Miranda et al.(2013),
para formação do farmacêutico. A tabela 1 o desempenho acadêmico está relacionado
apresenta esses resultados, o mais agravante é com a qualificação do corpo docente; com as
que 57% não gostaram das disciplinas de metodologias de ensino e recursos didáticos;
química no curso, o contraditório é que 94% com características da instituição de ensino,
acreditam que a química possui relevância para como: estrutura física, bibliotecas, espaço das
o curso de farmácia, indicando que esses salas de aulas, laboratórios de informática,
estudantes no mercado de trabalho terão forma de organização do ensino, tamanho da
dificuldade de exercer a profissão, por não se turma, carga horária da disciplina, carga-
empenharem nas disciplinas. A pesquisa horária do período, horário da disciplina,
mostra que cerca de 79% dos graduandos não quantidade de professores por disciplina,
estão preparados para atuar no campo monitoria; além de características dos
profissional. O baixo desempenho acadêmico estudantes, como: características sociais,
geralmente são alunos de escola pública, econômicas e a maneira que utilizam seu
escolarização anterior insuficiente, pressões tempo. Desse modo, existem três grupos
econômicas, necessidade de conciliar o curso principais que afetam o desempenho
de graduação com trabalho e lacunas de acadêmico: o corpo docente, a instituição e o
aprendizagem dos conteúdos em decorrência corpo discente (CORBUCCI, 2007).
de um ensino básico de baixa qualidade. O Esses resultados são preocupantes, pois
desempenho médio anterior do discente mostram que atualmente os futuros
influencia o desempenho no curso, profissionais farmacêuticos que chega no
possivelmente os alunos que obtiveram bom mercado de trabalho, apesar de estar sendo
desempenho no ensino médio, mantiveram o habilitados para o exercício profissional numa
bom desempenho do ensino superior; os dinâmica multiprofissional, ainda não possuem
resultados indicaram que os entrevistados que habilidades importantes para capacidade
estudam no horário da manhã apresentaram associativa efetiva, capaz de integrar os
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21%
As disciplinas de química
estudada nos períodos
tiveram relevância na sua
formação acadêmica?
57%
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98%
Na disciplina de
farmacologia você
Gráfico1. Respostas dos graduandos
reconhece a interação
com a química?
94%
Você reconhece a
utilidade da química em
farmácia?
92% A química é importante
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85%
Você tem dificuldade em
química?
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo analisou duas turmas do curso de Farmácia de uma IES, a percepção dos
respectivos acadêmicos no tocante das disciplinas de química desenvolvida durante o processo
de formação acadêmica.
As percepções identificadas na pesquisa com os discentes contribuíram para expandir a
compreensão acerca da formação generalista de farmacêuticos
Em suma, a dificuldade acadêmica, possibilita ao professor refletir sobre sua ação
pedagógica e perceber as demandas ensino-aprendizagem. O profissional deve ter estratégia de
ensino a partir de uma reflexão, análise e problematização da sua conduta como mestre, para
poder identificar dificuldades dos alunos e construir soluções, favorecendo aos discentes sucessos
acadêmicos.
Os resultados deste estudo não são absolutos e podem ser discutidos por novas pesquisas
afim de confirmar as conclusões aqui expostas, levando em consideração outros pontos de vista,
com o intuito de contribuir para o processo de construção do conhecimento acadêmico e assim
melhorar o desempenho dos discentes.
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REFERÊNCIAS
CORBUCCI, Paulo Roberto. Desafios da educação superior e desenvolvimento no Brasil.
IPEA, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, 2007.
CUNHA MB. Jogos no Ensino de Química: Considerações Teóricas para sua Utilização em
Sala de Aula. Quím. Nova na Escola Rio de Janeiro.2012; 2(34).
MACHADO NJ. Sobre a idéia de competência. In: Perrenoud P, Thurler MG, Macedo L,
Machado NJ, Allessandrini CD. As competências para ensinar no século XXI: a formação dos
professores e o desafio da avaliação. Porto Alegre: Artmed; 2002. p. 137;55.
MINAYO, M.C. de S.(Org). Pesquisa social: teoria método e criatividade. 17aed. Petrópolis,
RJ: Vozes, 1994. 80 p.
SILVA, AM. Proposta para tornar o Ensino de Química mais atraente. 2011Disponível em:<
http://www.abq.org.br/rqi/2011/731/RQI-731-pagina7-Proposta-para-Tornar-o-Ensino-de-
Quimica-mais-Atraente.pdf >.Data de Acesso:20/02/2020.
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RESUMO: Este artigo tem como objetivo apresentar contribuições reflexivas que abordará a
história de luta de movimentos a favor da pessoa com deficiência, políticas públicas pensadas
para a presença e permanência do educando com qualquer tipo de deficiência no contexto
escolar. No decorrer aponta-se pontos positivos e negativos, e algumas ferramentas disponíveis
que poderiam ser mais utilizadas de forma que o aluno como centro de tudo possa atingir seu
maior desafio, uma educação igualitária de qualidade e humanizada. Trata-se de questões ligadas
ao poder público, comunidade, e profissionais da educação, e de maneira cada item citado tem
seu papel neste processo. Aborda-se de que forma cada indivíduo poderá influenciar no
desenvolvimento do educando com deficiência, levando em consideração que cada indivíduo ser
é único, e tem suas singularidades. Nesta perspectiva analisa-se até que ponto laudos e padrões
podem ser um caminho e de que maneira o trabalho do profissional é limitado a partir do mesmo,
e o educando sendo limitado durante todo processo e impedindo de vencer suas limitações.
Graduação:Licenciatura em Pedagogia.
E-mail: diasxjoelma@hotmail.com
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
No decorrer deste artigo refletimos que cada indivíduo tem um papel importantíssimo para
que a inclusão escolar do aluno com deficiência em todo seu contexto, profissionais inseridos na
unidade escolar, família, sociedade, governo, todos pertencentes como mantedora deste ato. Do
que faz valer tantos esforços e mobilizações se o produto final “o indivíduo”, não está preparado
para mover e usar a favor do educando. Ainda neste contexto se temos uma estrutura sólida
temos que ter como dirigi-la ao caminho final, o aluno com deficiência e proporcionar uma
formação de qualidade igualitária e minimamente competitiva aos demais estudantes, e que
todos tenha assegurado seus direitos segundo a Lei 9394/96 da LDB (1996).
Analisamos que cada um tem que buscar sua própria desconstrução individual de
paradigmas, preconceitos, cultural e religiosa partindo assim para a responsabilidade de uma
educação justa, colocando todos em uma posição de acordo com suas vontades e limitações, mas
buscando sempre o aprimoramento pessoal partindo para uma transformação de valores
adquiridos no decorrer de sua vida como cidadão.
A inclusão escolar do aluno com deficiência chega mudando todo um passado separatista
padronizado por uma ética desumana e cruel, trazendo para todos a oportunidade de rever
conceitos criados em nossa formação como pessoa, no escoar do tempo impregnado na nossa
cultura.
Desta forma toda contribuição nos trará retorno, uma nova visão de mundo e de retratar
e desta maneira fazer um trabalho inclusivo verdadeiramente eficaz.
Cada um como cidadão tem que procurar seu lugar como protagonista da inclusão escolar
desse público alvo, conforme afirma Freire (2001), a educação não muda o mundo, a educação
muda as pessoas, e pessoas mudam o mundo.
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REFERÊNCIAS
BRASIL.Lei de Diretrizes e Bases Da Educação Nacional,1996.
BRASIL, Banco. Mídia e Deficiência. Brasília Andi, Fundação Banco do Brasil - série
Diversidade,2003.
MANTOAN, Maria Teresa Égler, Inclusão Escolar -O Que É?-Por quê?-Como Fazer? 1.
Reimpressão- São Paulo: Summus, 2005.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido, Rio de Janeiro, 33° editora Paz E Terra,2002.
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INDISCIPLINA:
CONCEPÇÕES E DESAFIOS NA EDUCAÇÃO
Daniela Dantas Esteves Berte1
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as quais a estrutura, o processo organizacional A motivação é a chave que abre a porta para o
e os comportamentos individuais e de grupo. desempenho com qualidade em qualquer
Estruturalmente, para além do apoio situação, tanto no trabalho, como em
ministerial, as escolas poderão abrir-se à atividades de lazer, e também em atividades
comunidade e encontrar no exterior fontes de pessoais e sociais.
financiamento e de suporte a vários níveis. Entretanto, esta valorização é uma tarefa
Diversas experiências já realizadas mostram que demanda percepção, observação e
como é falsa a ideia que só o poder central pode comunicação, para conseguir enxergar no outro
resolver as carências dos estabelecimentos. A sua essência enquanto ser humano, não se
estrutura da escola deverá estar em relação balizando somente nas competências ou
com um projecto educativo que faça sentido deficiências que o professor apresente.
aos agentes comunitários que a circundam. No extremo oposto tem-se o aluno, que
precisa de acompanhamento incessante para
DESENVOLVIMENTO formar-se integralmente enquanto cidadão do
mundo. Mais uma vez entra em cena a figura do
Propiciar momentos de estudos para e com
Coordenador Pedagógico, fazendo as
os educadores com os quais trabalha, num
intervenções necessárias junto aos alunos,
processo de educação continuada dentro do
professores e pais. Ao atuar como catalisador e
ambiente escolar, é atividade primordial do
mediador das relações
Coordenador Pedagógico. Ele deve incumbir-se
pais/professores/alunos, evitando o desgaste
de garantir, orientar e auxiliar esta formação, a
entre estes polos da escola, agindo com
fim de que os professores desenvolvam e
equilíbrio e ponderação, orientando cada qual
aperfeiçoem suas habilidades, renovando
em busca da melhor solução para os problemas
conhecimentos, repensando a práxis
e otimizando as relações interpessoais da
educativas, buscando novas metodologias de
comunidade escolar, determina-se, como
trabalho, aliando teoria e prática, uma vez que
desejo último, o bem-estar e o progresso
não existe a possibilidade de dicotomia entre
escolar dos educandos dentro do processo de
uma e outra, pois toda ação humana é
ensino-aprendizagem.
intencional, tenha-se consciência disto ou não.
Outra função inerente a este cargo é a
Esta atitude traz como consequência a
elaboração do Projeto Político Pedagógico da
obrigatoriedade de se realizar periódicas
unidade escolar em parceria com a direção e o
avaliações acerca do desempenho dos
corpo docente, dentro de uma visão
professores bem como da própria ingerência
democrática de gestão escolar. Esta elaboração
neste campo, sendo um feedback fundamental
conjunta permite que o PPP, considere os
para a melhoria da qualidade do ensino
anseios de seus pares em busca de melhores
oferecida pela escola.
caminhos, auxiliando no processo de
A valorização e consequente motivação dos
estabelecimento de metas e objetivos a serem
professores, também é incumbência crucial. A
alcançados por todos, oportunizando uma
motivação é o empurrão ou a alavanca que
relação de co-responsabilidade por parte dos
estimula as pessoas a agirem e a se superarem.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A escola é o único lugar que garante efetivamente a relação de cidadania; nela a criança
pode estabelecer pactos, contratos, reações sociais, não se limitando à sua singularidade de
ensinar a ler, escrever, fazer contas, raciocinar.
É preciso dar lugar ao discurso coletivo da instituição na qual o aluno está inserido; à
dinâmica escolar. E a escola é um cenário propício a equívocos: quer homogeneidade, mas as
diferenças se revelam e saltam aos olhos dos professores. Há uma espécie de contradição do
próprio sistema, que fomenta a competição e quer homogeneidade.
Na escola os alunos estão dentro do circuito das trocas sociais e a própria lógica de
funcionamento social tende a excluir os que têm problema. Agindo por dever o professor vai
educar e mostrar o que é certo, que, em última instância, significa colocar para fora o aluno que
está atrapalhando e reprovar o que não aprendeu os conteúdos necessários à série seguinte.
Na prática educativa diária, podemos perceber claramente que os alunos que hoje
frequentam os bancos escolares apontam, embora de forma inconsciente, que não aceitam o
ensino da forma que está. Com essa recusa, ao mesmo tempo estão provocando uma
transformação da nossa prática educativa, pois nos estimulam/impulsionam a refletir sobre o
nosso papel enquanto educadores, bem como na urgência que temos em nos reciclar e adotar
posturas seguras, condizentes com os desafios que se nos apresentam.
Para a formação que se deseja, os alunos precisam, não apenas aprender a obter
informações, mas, necessariamente, saber selecioná-las, dotando-as de valores que lhes
permitam se posicionar na vida. Para tanto, precisam olhar o professor e acreditar que aquilo que
ele lhes ensina serve para interpretarem seus problemas e assumirem uma posição.
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REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Laurinda R.; BRUNO, Eliane B. G.; CHRISTOV, Luiza Helena da S. (Org.) O
Coordenador pedagógico e a formação docente. São Paulo: Loyola, 1999.
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RESUMO: Este artigo demonstra a importância de trabalhar com o lúdico, jogos e brincadeiras
para o desenvolvimento e a aprendizagem das crianças na Educação Infantil, pois, é assim que as
crianças desenvolvem o pensamento, a imaginação e a criatividade. A criança necessita
experimentar, vivenciar e brincar para adquirir conhecimentos que futuramente lhe ajudará a
desenvolver de maneira mais eficiente um aprendizado formal. Por meio das brincadeiras a
criança acaba explorando o mundo a sua volta livremente, pois é a partir daí que ela constrói seu
aprendizado, e é nesse espaço que a criança acaba criando um mundo de fantasias e manifesta
seus sentimentos, se sentindo cada vez mais segura para interagir. É brincando também que a
criança aprende a respeitar regras, a ampliar o seu relacionamento social e a respeitar a si mesmo
e ao outro. Para realizar esse trabalho, contamos com uma bibliografia ampla, com leituras de
livros, artigos, revistas e sites sobre o tema abordado, além de pesquisar grandes autores e
pensadores. Desta forma poderemos evidenciar o quão importante é o brincar na vida da criança.
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criança; sua teoria metafísica pressupõe que o instintivos. O brincar é um impulso natural da
brincar permite o estabelecimento de relações criança, que aliado à aprendizagem tornar-se
entre os objetos culturais e a natureza, mais fácil à obtenção do aprender devido à
unificado para o mundo espiritual. Assim, o espontaneidade das brincadeiras por meio de
brincar como atividade livre e espontânea, é uma forma intensa e total. O mundo infantil é
responsável pelo desenvolvimento físico, diferente do mundo adulto, nele podemos
moral, cognitivo, os dons ou brinquedos, encontrar o faz-de-conta, o mundo da fantasia,
objetos que subsidiam atividades infantis. sonhar e descobrir. Por meio das brincadeiras,
Entende também que a criança necessita de que é uma ação comum da infância, a criança
orientação para o seu desenvolvimento, tem a oportunidade de se conhecer e de se
perspicácia do educador levando-a a constituir-se socialmente.
compreender que a educação é um ato Para Kishimoto (2009), a brincadeira, o jogo,
institucional que requer orientação. e o brinquedo, as atividades lúdicas devem se
A brincadeira é uma atividade espiritual fazer presentes como recursos didáticos no
mais pura do homem neste estágio e, ao processo educacional, principalmente na
mesmo tempo, típico da vida humana Educação Infantil, e as séries iniciais.
enquanto todo – da vida natural/interna do Compreender esse universo lúdico tornar-se
homem e de todas as coisas. Ela dá alegria, indispensável para o bom desenvolvimento do
liberdade, contentamento, descanso externo e trabalho pedagógico efetivado pelo professor
interno, e paz com o mundo. que é o mediador destas ações. O jogo
Conforme Kishimoto (2009), a criança ao educativo é essencial, pois possibilita a criança
brincar e jogar, se envolve com a brincadeira, se uma aprendizagem por meio das vivências, por
entusiasma, que coloca na ação seu sentimento meio das quais podem experimentar sensações
e emoção. Pode-se dizer que a atividade lúdica e explorar as possibilidades de movimentos do
funciona como um elo integrado entre os seu corpo e do espaço adquirindo um saber
aspectos motores, cognitivos, afetivos e sociais globalizado a partir de situações concretas.
portanto a partir do brincar desenvolvem-se a A atividade lúdica é um instrumento que
facilidade para a aprendizagem, o possibilita que as crianças aprendam a
desenvolvimento social, cultural e pessoal e relacionar-se com outras crianças, promove o
contribui para uma vida saudável, física e desenvolvimento da linguagem e da
mental. Também é possível enxergar nele um concentração consequentemente gera uma
pouco de representação do real no momento motivação a novos conhecimentos. O eixo da
em que a criança elege como um substituto do infância é o brincar, sendo um dos meios para o
objeto utilizando nas ações reais do dia a dia crescimento, e por ser um meio dinâmico, o
tornando-se, em alguns momentos, um brinquedo oportuniza o surgimento de
representante da realidade. Ao brincar a comportamentos, padrões e normas
criança também adquire a capacidade da espontâneas. Caracteriza-se por ser natural,
simbolização permitindo que ela possa vencer viabilizando para a criança há uma exploração
realidades angustiantes e domar medos do mundo exterior e interior.
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diferente em relação àquilo que vê. Assim, é acordo com Vygotsky (apud, LEONTIEV e LURIA,
alcançada uma condição em que a criança 1998), um dos principais representantes dessa
começa a agir independentemente daquilo que visão, o brincar é uma atividade humana
vê.” No brincar, a criança consegue separar criadora, na qual imaginação, fantasia e
pensamento, ou seja, significado de uma realidade interagem na produção de novas
palavra de objetos, e a ação surge das ideias, formas de construir relações sociais com outros
não das coisas. sujeitos, crianças e/ou adultos. Tal concepção
Vygotsky (apud, LEONTIEV e LURIA, 1998), se afasta da visão predominante da brincadeira
relata novamente que quando uma criança como atividade restrita à assimilação de
coloca várias cadeiras uma atrás da outra e diz códigos e papéis sociais e culturais, cuja função
que é um trem, percebe-se que ela já é capaz principal seria facilitar o processo de
de simbolizar, esta capacidade representa um socialização da criança e a sua integração à
passo importante para o desenvolvimento do sociedade.
pensamento da criança. Brincando, a criança O jogo é importante para o
exercita suas potencialidades e se desenvolve, desenvolvimento, físico, intelectual e social, ele
pois há todo um desafio, contido nas situações vem ampliando sua importância deixando de
lúdicas, que provoca o pensamento e leva as ser um simples divertimento e tornando-se
crianças a alcançarem níveis de ponte entre a infância e a vida adulta. Vygotsky
desenvolvimento que só as ações por (1984), afirma que o jogo infantil transforma a
motivações essenciais conseguem. Elas passam criança, graças à imaginação, os objetivos
a agir e esforça-se sem sentir cansaço, não produzidos socialmente. Assim, seu uso é
ficam estressadas porque estão livres de favorecido pelo contexto lúdico, oferecendo à
cobranças, avançam, ousam, descobrem, criança a oportunidade de utilizar a
realizam com alegria, sentindo-se mais capazes criatividade, o domínio de si, à formação da
e, portanto, mais confiantes em si mesmas e personalidade.
predispostas a aprender. O brinquedo surge a A criança deve ser compreendida como um
partir de sua necessidade de agir em relação ser em pleno desenvolvimento, é importante
não apenas ao mundo mais amplo dos adultos. que as escolas e os educadores, incentivem a
Entretanto, a ação passa a ser guiada pela prática do jogo, como forma de aperfeiçoar
maneira como a criança observa os outros esse desenvolvimento infantil.
agirem ou de como lhe disseram, e assim por Os jogos grupais aproximam as crianças e é a
diante. À medida que cresce, sustentada pelas partir deles que elas aprendem a trabalhar em
imagens mentais que já se formou, a criança equipe, passam a entender que a competição é
utiliza-se do jogo simbólico para criar necessária em relação ao desafio e a superação,
significados para objetos e espaços. Assim, devem saber ainda que as regras existem para
seguindo este estudo os processos de estabelecer uma ordem, e que se trabalharem
desenvolvimento infantil apontam que o em grupo, poderão obter mais sucesso. O ato
brincar é um importante processo psicológico, de jogar nada mais é que a construção do
fonte de desenvolvimento e aprendizagem. De conhecimento aliada ao prazer.
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Para Piaget (1978), brincando e jogando a importantes para que se trabalhe diferentes
criança também tem acesso a novas tipos de sentimentos e a forma de lidarmos
descobertas se desenvolve mais rápido, pois os com eles.
jogos são classificados por três etapas que As fases do desenvolvimento da criança,
correspondem às três fases do determinadas por Piaget, se apresentam em
desenvolvimento infantil. uma sequência necessária e esses estágios não
Fase sensório-motora (do nascimento até os devem ser interrompidos, já que uma etapa
2 anos aproximadamente): a criança brinca prepara a outra. Isso acontece também com os
sozinha, sem utilização da noção de regras. jogos. Em cada etapa do desenvolvimento
Fase pré-operatória (dos 2 aos 5 ou 6 anos infantil um tipo de jogo se apresenta mais
aproximadamente): As crianças adquirem a adequado. A criança deve ser compreendida
noção da existência de regras e começam a como um ser em pleno desenvolvimento, é
jogar com outras crianças jogos de faz-de- importante que as escolas e os educadores,
conta. incentivem a prática do jogo, como forma de
Fase das operações concretas (dos 7 aos 11 aperfeiçoar esse desenvolvimento infantil.
anos aproximadamente): as crianças aprendem Para Wallon (1981), o fator mais importante
as regras dos jogos e jogam em grupos. Esta é a para a formação da personalidade não é o meio
fase dos jogos de regras como futebol, damas, físico, mas sim o social. Destaca o emocional, o
etc. afetivo e elege a afetividade como algo
Assim, Piaget (1978), classificou os jogos intimamente ligada a motricidade, como
correspondendo a um tipo de estrutura mental: desencadeadora da ação e do desenvolvimento
Jogo de exercício sensório-motor; Jogo psicológico da criança.
simbólico; Jogo de regras. Por meio do seu corpo e de sua projeção
Jogo do exercício sensório-motor: é um jogo motora, a criança estabelece a primeira
em que sua finalidade é o próprio prazer do comunicação (diálogo tônico) com o meio,
funcionamento, constitui-se em repetição de apoio fundamental do desenvolvimento da
gestos e movimentos simples como agitar os linguagem. Ou seja, a motricidade é ligada às
braços, caminhar, pular, ao descobrir suas emoções, que levam a representação e que,
funções, há um sentimento de felicidade. simultaneamente, precedem a construção da
Jogos Simbólicos: Consistem em satisfazer o ação, na medida em que significam um
“eu” por meio de uma transformação do real investimento, em relação ao mundo exterior.
em função dos desejos, ou seja, tem a função Nesta concepção infantil é sinônimo de lúdico.
de assimilar a realidade, ela incorpora a seu Toda atividade da criança é lúdica, no sentido
mundo, objetos, pessoas ou acontecimentos que se exerce por si mesma antes de poder
significativos e os reproduz por meio de suas integrar-se em um projeto de ação mais
brincadeiras. extensivo que a subordine e a transforme em
Jogos de faz de conta possibilita a criança meio.
sonhar e fantasiar revela angústias, conflitos e A personalidade humana é um processo de
medos aliviando tensões e frustrações são construção progressivo, no qual se realiza a
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integração de duas funções principais: a um jogo são feitas para que a criança adquira
afetividade, vinculada à sensibilidade interna e valores que possam ser usados durante toda a
orientada pelo social e a inteligência, vinculada sua vida, é por isso que ao fazer as atividades o
às sensibilidades externas, orientada para o educador deve pensar quais são os objetivos
mundo físico, para a construção do objeto. daquele jogo para aquela faixa etária e para a
Ao classificar os jogos infantis, Wallon realidade a que pertence aquele aluno. Na
(1981), apresenta quatro categorias de jogos: infância os jogos são essenciais para o
Jogos funcionais: caracterizam-se por desenvolvimento de construção, estimulando
movimentos simples de exploração do corpo, todos os sentidos tais como: psicomotor,
por meio dos sentidos. cognitivo, social e emocional, desenvolvendo a
Jogos de ficção: atividades lúdicas capacidade de pensar, refletir, abstrair,
caracterizadas pela ênfase no faz de conta, na organizar, realizar e avaliar. Quando a criança
presença da situação imaginária. joga, ela libera e realiza suas energias e tem o
Jogos de aquisição: inicia desde que o bebê, poder de transformar uma realidade
“todo olhos, todo ouvidos”, como descreve proporcionando condições de liberação de
Wallon, se empenha para compreender, fantasia.
conhecer, imitar canções, gestos, sons, imagens De acordo com Wajskop (2001), a
e histórias. brincadeira pode ser um espaço privilegiado de
Jogos de fabricação: jogos que a criança se interação e confronto de diferentes crianças
entretém com atividades manuais de criar, com pontos de vistas diferentes. Nesta vivência
combinar, juntar e transformar objetos. criam autonomia e cooperação
Conforme Antunes (2004), a aprendizagem é compreendendo e agindo na realidade de
tão importante quanto o desenvolvimento forma ativa e construtiva. Ao definirem papéis
social e o jogo constituem uma ferramenta a serem representados nas brincadeiras e no
pedagógica ao mesmo tempo promotora do processo de duração e do espaço nos diferentes
desenvolvimento cognitivo e o do social. O jogo temas de jogos, as crianças têm possibilidades
pedagógico pode ser um instrumento da de levantar hipóteses, resolver problemas e a
alegria. Uma criança que joga, antes de tudo o partir daí construir sistemas de representação,
faz porque se diverte mas dessa diversão de modo mais amplo, no qual não teriam
emerge a aprendizagem e a maneira como o acesso no seu cotidiano.
professor após o jogo, trabalhar suas regras
pode ensinar-lhes esquemas de relações O JOGO NA EDUCAÇÃO
interpessoais e de convívio ético.
Trabalhar com jogos é fazer com que a INFANTIL
criança aprenda de forma prática, interativa e s jogos infantis são importantes para o
alegre, ou seja, participando de atividades mais desenvolvimento e aprendizagem da criança,
descontraídas o aluno se sente feliz e motivado muitas pessoas desconhecem essa prática
e ao mesmo tempo adquire o seu pedagógica. Os jogos na educação infantil
conhecimento de forma prazerosa. As regras de significam para o campo do ensino e da
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trabalhar com a diversidade cultural e desperte crianças demonstram por meio das
a criatividade e a vontade para aprender. brincadeiras e dos jogos como veem e
Ronca (1989), afirma que o aprendizado constroem o mundo a sua volta, como
acontece de maneira continuada e progressiva gostariam que ele fosse, quais são as suas
requerendo ferramentas que possibilitem seu preocupações e quais são os problemas que
desenvolvimento, o brincar pode ser uma estão atormentando. Expressam na brincadeira
dessas ferramentas, aliando o prazer com o o que têm dificuldade de expressar com
aprender. palavras.
Nos dias atuais a tecnologia avança Aliar atividades e situações lúdicas ao
aceleradamente inclusive na educação, sendo processo de ensino e aprendizagem para as
necessário pensar ações pedagógicas que crianças da educação infantil são de grande
acompanhem essas tecnologias e que façam valia, para o desenvolvimento da criança. O
com que os alunos se interessem, mas as professor precisa propor atividades lúdicas nos
atividades lúdicas não podem ser esquecidas na diferentes momentos do seu planejamento e o
porque a alternativa de trabalhar de maneira que vai aplicar em sala de aula. Lembrando que
lúdica em sala de aula é muito atraente e as brincadeiras e os jogos exigem partilhas,
educativa. confrontos, interações, negociações e trocas,
Por meio dos jogos a criança aprende com promovendo conquistas cognitivas, sociais e
muito mais prazer e facilidade, desenvolvendo emocionais. Destacando ainda mais a
a capacidade de cumprir e criar regras, importância do lúdico.
estabelecendo papeis e permitindo-se criar e Conforme Kishimoto (2000), a verdade é que
inovar, destacando também que o brinquedo é quando observamos, que a criança sente e
o caminho pelo qual crianças compreendem o expressa sua curiosidade e o quanto é
mundo em que vivem. É a oportunidade de importante a consciência de que viver é brincar.
desenvolvimento, pois com o jogar e o brincar Ao brincar, a criança conhece a si mesma e aos
a criança experimenta, descobre, inventa, outros, realiza a dura tarefa de compreender
exercita sua imaginação vivendo assim uma seus limites e capacidades e de inserir-se em
experiência que enriquece sua sociabilidade e a seu grupo.
capacidade de se tornar um ser humano Quando propomos brincadeiras e jogos para
criativo, “As crianças formam estruturas as nossas crianças elas aprendem e
mentais pelo uso de instrumentos e sinais. A internalizam normas sociais de
brincadeira, a criação de situações imaginárias comportamentos e os hábitos fixados pela:
surge da tensão do indivíduo e a sociedade. O cultura, pela ética e pela moral. Fica a questão
lúdico liberta a criança das amarras da do porquê, não investir mais em jogos e
realidade, (VIGOTSKY, apud, REGO, 2001, p.84). brincadeiras na educação infantil. De acordo
Para Kishimoto (2000), as atividades lúdicas com o Referencial Curricular Nacional Para
propiciam à criança a possibilidade de conviver Educação Infantil:
com os diferentes sentimentos e situações, os As brincadeiras, os jogos e os brinquedos
quais fazem parte da vida e de seu interior. As podem e devem ser objetos de crescimento,
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desde que bem acompanhados e sendo bem a utilização dos jogos. Dentro da realidade
contextualizada pelo professor, possibilitando à brasileira qualquer instituição que tenha como
criança a exploração do mundo. finalidade potencializar atividades lúdicas ou de
Segundo o Referencial Curricular Nacional aprendizagens terá por si mesma um grande
Para Educação Infantil (1998), “as atividades significado social.
lúdicas, por meio das brincadeiras favorecem a Kishimoto (1994), acrescenta que os jogos
autoestima das crianças ajudando-as a superar devem ser utilizados com o objetivo de ajudar o
progressivamente suas aquisições de forma aluno no desenvolvimento do raciocínio lógico,
criativa”. Descobrir-se, entender-se, para que ele tenha clareza nas funções sociais
posicionar-se e se fazer ouvir em relação a seus existentes no nosso dia a dia. Para uma
pensamentos, avanços, receios e medos diante utilização eficiente e completa do professor
de toda uma sociedade é o que espera a com jogos educativos é necessário realizar
formação lúdica. Desta forma torna-se natural previamente uma avaliação, observando como
estimular o desenvolvimento das habilidades conduzir cada aluno nesse processo de
importantes do aluno, seja na socialização ou socialização, analisando tanto aspectos de
na resolução de problemas, resultando grandes qualidade como aspectos pedagógicos e
avanços no desenvolvimento infantil: fundamentalmente a situação pré-jogo e pós-
Segundo Ronca (1989), o lúdico está jogo que se deseja atingir.
relacionado a tudo o que possa nos dar alegria Para Kishimoto (1994), brincar é um ato
e prazer, desenvolvendo a criatividade, a reconhecido principalmente pelas crianças e
imaginação e a curiosidade, desafiando a assim, acaba sendo um ato espontâneo e
criança a buscar soluções para problemas com natural que se cria, basicamente, em um
renovada motivação. Os jogos não são apenas sistema que integra a vida social das crianças.
uma forma de entretenimento ou meio em que Considera-se o fato de que possa se passar de
os adultos se libertam das crianças, ou ainda geração a geração, de acordo com as
oferecem as crianças para elas gastem suas necessidades de cada grupo social e época.
energias, mas meios que enriquecem o Pelas definições acima expostas, podemos
desenvolvimento intelectual, e que contribuem compreender que há grande dificuldade em se
significativamente para o processo de ensino e encontrar uma harmonia sobre o que significa
aprendizagem das crianças e em todas as áreas o modo de brincar.
de saberes no processo de socialização. Segundo Oliveira (1996), o brincar e o jogar é
Conforme Kishimoto (1994), um dos a ligação da ficção com mundo real em que ela
principais objetivos da escola é promover a vive. Ao brincar, as crianças trabalham com
socialização, por esse motivo não devemos informações, dados e percepções da realidade,
deixar as crianças isoladas em suas carteiras, mas na forma de ficção. Assim, vão crescendo e
devemos ser um incentivador dos trabalhos em introduzindo a representação que fazem da sua
grupos e promover a interação entre elas. realidade, do aprendizado e adquiridos e de
Deve-se incentivar a troca de ideias e a suas necessidades e sentimentos.
cooperação o que acontece naturalmente com
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Kishimoto (1994), afirma que o jogo lúdico é infantil natural, que pudesse representar algum
uma atividade que tem valor educacional valor em si.
intrínseco. Jogar educa, assim como viver Segundo Wajskop (2009), o brincar é uma
educa: a utilização de jogos educativos no atividade especialmente humana, sendo o
ambiente escolar traz muitos benefícios para o principal modo de expressão da infância. Desde
método de ensino e aprendizagem. a antiguidade diversas culturas já produziam
Por intermédio do jogar e do brincar que as brinquedos infantis, o que indica que brincar é
crianças se expõe ao mundo exterior e cria uma atividade natural ao homem
possibilidades de se reinventar, aprender a se independente da sua origem e de sua época.
preparar no imaginário para compreenderem o Brincando a criança se humaniza e se constitui
real, passa a compreender o futuro e se um sujeito histórico-social.
preparar para superar obstáculos, tanto A brincadeira caracteriza-se por sua
cognitivos quanto emocionais. organização e pela utilização de regras; a
O jogo é um vínculo que une pessoas, nesse brincadeira é uma atividade que pode ser tanto
caso crianças, com a vontade, necessidade e o coletiva quanto individual, no qual as
prazer durante a realização de uma atividade, existências das regras não limitam a ação
ao longo de uma brincadeira, um esporte. O lúdica, a criança pode modificá-la, quando
ensino utilizando meios lúdicos, prazerosos e desejar, incluir novos membros, retirar e
harmoniosos criam ambientes favoráveis para a modificar as próprias regras, ou seja, existe
aprendizagem. uma liberdade da criança agir sobre ela. Para a
A relação entre o jogo e o desenvolvimento autora, a brincadeira se constitui em uma
da criança, tanto no meio familiar como no atividade em que as crianças, sozinhas ou em
meio escolar, deve procurar integrar o jogar e o grupo, procuram entender o mundo e as ações
aprender, encontrando nesta relação a humanas nas quais estão inseridas no seu dia a
essência da criatividade. dia
Após os humanistas do renascimento, por
A BRINCADEIRA NA EDUCAÇÃO volta do século XVII ao perceber que os jogos e
brincadeiras contribuíam para Educação,
INFANTIL começaram a utilizá-los como maneira de
De acordo com Wajskop (2009), a conservar a moralidade das crianças, que até
brincadeira esteve presente na vida do ser então eram considerados, “adulto em
humano desde os primórdios, em todos os miniatura”, a partir daí começaram a proibir
tempos e diversos lugares. A brincadeira, desde aqueles jogos que considerados inapropriados
a antiguidade, sempre foi usada como um para as crianças e orientar os que consideravam
recurso para o ensino, porém a sociedade tinha bons.
o brincar como forma de negação ao trabalho. Ainda conforme Wajskop (2009), alguns
A sociedade considerava a brincadeira como pesquisadores como Comenius, Rousseau e
fuga ou recreação, e a imagem social da Pestalozzi, influenciaram para o
infância não aceitava um comportamento reconhecimento da infância. Fundamentando-
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se numa concepção idealista e defensora da como uma ação livre e natural. A brincadeira
criança proporcionaram uma educação dos era observada como uma demonstração dos
sentidos, apoiando-se no uso de brinquedos e sentimentos, necessidades e interesses da
concentrada na recreação. Iniciaram, assim, a criança. As convicções da Escola Nova
preparação por meios próprios para a educação ganharam intensidade no Brasil por volta da
infantil. A partir destas idéias é que se começou década de 20. Neste período os jogos também
a observar a educação das crianças pequenas começaram a ser utilizados como forma de
como portadoras de características específicas, ensino. Foi por volta das décadas de 60 e 70, no
deixando de ser considerada uma educação dos século XX que a psicologia do desenvolvimento
adultos em miniatura, como eram considerados e da psicanálise colaborou para que se
até então. Wajskop (2009), afirma que: Os observasse a infância como o período
pesquisadores Comenius, Rousseau e primordial do desenvolvimento do ser humano,
Pestalozzi deram início a educação sensorial, destacando o papel da brincadeira na educação
usando os jogos e os materiais didáticos. Eles infantil.
foram os primeiros pedagogos da educação Para Wajskop (2009), a brincadeira infantil
pré-escolar a romper com a educação verbal e pode se constituir em uma atividade em que as
tradicionalista de sua época. Sugeriram a crianças sozinhas ou em grupo procurem
educação sensorial, tendo como base a compreender o mundo e as ações nas quais
utilização dos jogos e dos materiais didáticos, estão inseridas no seu dia a dia. É uma atividade
que teria que traduzir por si a crença em uma predominantemente infantil, é a forma pela
educação natural dos instintos infantis. qual se começa aprender. A brincadeira
Segundo Kishimoto, apud Santos (2009), aparece sempre como uma situação
Froebel foi o primeiro educador que apontou o organizada, exigindo para aquele que brinca
uso do brincar no processo educativo. Seu olhar decisões que precisam ser tomadas, mesmo
pedagógico associava o ato de brincar como um numa situação imaginaria, quando as crianças
elo de suma importância para a educação. interagem com diferentes objetos atribuindo-
Entendendo que o brincar, pelo ato de brincar lhes outros significados, existe a escolha
estimula os fatores físicos, moral e cognitivo, constante por parte da criança. É uma
dentre outros, porém ele justifica, que característica importante que exerce influência
também, seja importante a orientação do no desenvolvimento do autocontrole da
adulto para que ocorra o desenvolvimento da criança.
criança. Neste sentido as escolas adotaram suas Na perspectiva Histórico-Cultural elaborada
teorias, percebendo o brincar como atividades por Vygotsky, apud, Rego (2013), e seus
orientadas e também livres. Os brinquedos parceiros, a brincadeira evidencia um trabalho
passaram a ser vistos como base para a atuação primordial no desenvolvimento dos processos
do brincar nas escolas, possibilitando assim a psicológicos da criança. Ao debater a
obtenção de capacidades e saberes. importância das brincadeiras no
Wajskop (2009), afirma que Dewey, discípulo desenvolvimento da criança, o autor dá
da Escola Nova, observava o ato de brincar relevância significativa à brincadeira de faz de
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conta. A brincadeira de faz de conta tem grande além da hora em que a professora vai conduzir
privilégio em sua discussão sobre a importância uma brincadeira com os seus alunos.
papel do brinquedo no desenvolvimento da Para Wajskop (2009), é imprescindível a
criança. garantia do espaço para o momento da
Para Rego (2013), a brincadeira obtém um brincadeira, dando direito de uma possibilidade
papel extremante importante na formação da de educação da criança em uma concepção
criança, no sentido que considera a meio social criadora, voluntária e consciente. É no
como maneira de aprendizagem do ser momento do brincar, que as crianças
humano. Neste sentido, e no ato de brincar que constroem a consciência do real, e também ao
a criança socializa seus pensamentos e produz mesmo instante tem uma oportunidade de
situações imaginárias que introduz elementos modificá-la. A brincadeira é um momento
do contexto cultural do qual faz parte. privilegiado da aprendizagem infantil, na qual o
Para Rego (2013), a criança quando nasce já desenvolvimento pode atingir níveis mais
está inserida em um contexto social, e a sérios, precisamente por meio da probabilidade
brincadeira torna-se um passo importantíssimo de interação entre as duplas em uma
para que ela se aproprie do mundo, na circunstância imaginária e pela negociação de
internalização dos conceitos desse ambiente regras de convivência e de conteúdos
externo a ela. Neste sentido podemos entender temáticos.
que a brincadeira é algo muito importante para De acordo com Wajskop (2009), a
que a criança se desenvolva e o autor confirma brincadeira precisa abranger um espaço
essa afirmação, ao falar que o ato de brincar é essencial na educação infantil, sabendo que o
uma atividade que incentiva a aprendizagem, professor é a peça mais importante para ajudar
pelo fato, de criar uma zona de que isso aconteça, partilhando das brincadeiras
desenvolvimento proximal na criança. A ideia das crianças, é por meio das ações do professor,
de zona de desenvolvimento proximal que a criança conseguirá adicionar às culturas e
demonstra também a relevância da mediação maneiras de vida dos adultos de modo criativo
durante a brincadeira. e social.
Wajskop (2009), afirma que, no ambiente Percebe-se que, durante a idade em que a
das escolas de educação infantil esse assunto criança frequenta a Educação Infantil, a
tem que ser bem analisado ao refletir na atividade de imitação e que faz por meio dos
qualidade das brincadeiras a serem propostas brinquedos e brincadeiras, deve ser
naquele ambiente. É importante levar em considerada como uma das atividades guia do
consideração que tudo em volta da criança desenvolvimento infantil, que oportuniza para
poderá de estimular e enriquecer as a criança realização de ações que estão longe
brincadeiras, ou o contrário. Pensar na de suas reais capacidades, contribuindo para a
mediação é algo imprescindível no momento de sua aprendizagem e aumentando a capacidade
organização e também do comprar dos cognitiva infantil.
brinquedos, organizar a sala, brincar no parque, O incentivo de atividades que conceda o
envolvimento da criança em brincadeiras,
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outras crianças, e com pessoas mais velhas em futuramente, ser usadas para o entendimento
espaços variados, dentro e fora da instituição da realidade. A brincadeira proporciona
infantil. Rego (2013), afirma que é na também o desenvolvimento do
brincadeira, por meio da aproximação com as autoconhecimento, aumentando a auto estima,
situações da realidade que a construção do oportunizando o desenvolvimento físico-
desenvolvimento mental da criança vai se motor, também o raciocínio e a inteligência. É
expandir e se transformar. Ao copiar um adulto, brincando que as crianças demonstram suas
a criança procura na brincadeira as necessidades e desejos construídos em toda
características do seu personagem e dá nova sua vida, brincar é de extrema relevância para o
forma aos pequenos objetos em seres que desenvolvimento cognitivo, motor, afetivo e
completam o quadro de sua fantasia. É curioso social da criança, quanto maiores forem às
analisar a maneira de brincar da criança e as oportunidades que a criança tiver de brincar
imitações que ela faz com sua realidade e a mais natural será o seu desenvolvimento.
organização de sua imaginação. De acordo com Oliveira (2002), por
Para Rego (2013), é de extrema importância intermédio das brincadeiras, ocorre o estimulo
que as crianças possam usufruir determinados do desenvolvimento cognitivo da criança. É por
espaços na escola que permita o meio do brincar, que a criança consegue uma
acontecimento dos mais variados tipos de experiência real, percebe-se assim um universo
brincadeiras, pois compreendemos que é por mágico, imaginário, criativo, estimulante para
intermédio dos jogos e das brincadeiras que a as habilidades, à curiosidade e em especial para
criança aumenta sua curiosidade, atenção, a independência da criança. Ao elaborar suas
autonomia, e sua capacidade de solucionar hipóteses a criança organiza suas próprias
problemas. Tudo isso faz parte da idéias sobre o mundo que a rodeia,
aprendizagem da criança, e são primordiais reproduzindo com isso o seu desenvolvimento
para o desenvolvimento da particularidade da psicológico e cognitivo em que se encontra.
criança. Segundo Oliveira (2002), o ato de brincar não
Vygotsky (apud, WAJSKOP, 2009), afirma significa especialmente apenas diversão sem
que, é por intermédio da brincadeira que a fundamento e razão, caracteriza-se como uma
criança pode vencer seus limites e consegue das maneiras mais complexas da criança
viver experiências que vão mais adiante de sua comunicar-se consigo mesma e com o mundo,
idade e realidade, fazendo com que ela ou seja, o desenvolvimento acontece por
desenvolva sua consciência. Dessa maneira, é intermédio de trocas experimentais mútuas de
na brincadeira que se deve sugerir à criança toda sua vida. Sendo assim, por meio da
desafios e questões que a façam refletir, propor brincadeira, a criança consegue desenvolver
soluções e resolver problemas. conhecimentos relevantes, como, por exemplo,
Wajskop (2009), acredita que é por meio do memória, imitação, atenção, imaginação, entre
brincar que as crianças conseguem aumentar outros, que proporcionem à criança o
sua imaginação, além de criar e respeitar regras desenvolvimento de determinadas áreas da
de organização e convivência, que deverão, personalidade, a saber: afetividade,
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direcionados ao lúdico, permitiram a batata quente, passa anel, vivo morto, telefone
constituição da criança como um ser brincante, sem fio entre outras. São brincadeiras
e a brincadeira deveriam ser utilizados como transmitidas de geração para geração ou
uma atividade essencial e significativa para a aprendidas nos grupos infantis, na rua, nos
educação infantil. parques, escolas etc. Que variam as regras
Percebe-se então que o brincar para a dependendo de cultura ou de grupo, contudo o
criança não é uma questão apenas de pura conteúdo do que é objetivo básico da
diversão, mas também de educação, brincadeira permanece. Existem vários tipos de
socialização, construção e pleno brincadeiras, é de fundamental importância
desenvolvimento de suas potencialidades. que as crianças brinquem na educação Infantil,
Portanto, o brincar deve ser valorizado, sendo devemos ressaltar, porém, que as formas de
visto como um meio na educação infantil para brincar devem existir de maneira equilibrada,
desenvolver a criatividade e o raciocínio critico dada a contribuição que cada uma delas exerce
de maneira prazerosa pelas crianças. no desenvolvimento infantil.
O brincar é um direito da criança, e este é Neste sentido a brincadeira deve ser
reconhecido em declarações, convenções e leis, considerada como parte integrante da
como a convenção sobre os direitos da criança educação Infantil, além de fonte de prazer,
de 1998, adotada pela Assembleia das Nações lazer, alegria, é simultaneamente fonte de
Unidas, a Constituição Brasileira de 1998 e o conhecimento. A criança aprende brincando e
estatuto da criança e do adolescente de 1990. brinca aprendendo.
Todos estes documentos colocam o brincar
como prioridade e direito.
De acordo com Carneiro (2008), existem
vários tipos de brincadeiras e atividades lúdicas.
A brincadeira livre é uma destas atividades, a
criança tem liberdade de escolher o que quer
realizar, sendo uma opção de testar hipóteses,
possibilidades a criança descobri o mundo ao
seu redor, solucionando problemas e
experimentando seus limites e possibilidades.
Há também brincadeiras em grupo, que são
muito importantes, pois as crianças
estabelecem contatos entre si e sentem-se
parte do grupo. A brincadeira em grupo auxilia
na socialização, a criança começa a aceitar
críticas, dividir, respeitar regras e normas de
convivência. Segundo Carneiro (2008), dentre
as brincadeiras existentes podemos citar:
queimada, corre cotia, estátua, amarelinha,
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Consideramos que realmente os jogos e a brincadeiras inseridos de forma planejada ou
livre, são de grande relevância para o desenvolvimento integral da criança e também para o
processo de ensino e aprendizagem Verificou-se que os jogos e brincadeiras possibilitam à criança
a oportunidade de realizar as mais diversas experiências e preparar-se para atingir novas em seu
desenvolvimento. No entanto cabe à escola se atentar ao desenvolvimento e aprendizado dos
alunos cumprindo a função integradora, oferecendo oportunidade para a criança desenvolver seu
papel na sociedade, colaborando para uma socialização adequada, por meio de atividades em
grupo, atividades recreativas e jogos de forma que capacite o relacionamento e a participação
ativa da mesma caracterizando em cada uma o sentimento de sentir-se um ser social. Nosso o
objetivo era investigar qual a importância dos jogos e brincadeiras para Educação Infantil. E por
meio desta pesquisa podemos perceber que é de extrema importância que a criança tenha a
oportunidade de se desenvolver por meio dos jogos e brincadeiras, pois ambos proporcionam a
ampliação das habilidades motoras, e também dos aspectos sociais e emocionais.
Cabe também ao profissional da Educação Infantil a responsabilidade em proporcionar
momentos bem planejados envolvendo jogos e brincadeira, atuando como organizador,
participante e observador, dando a oportunidade para que a criança possa criar desenvolvendo
sua autonomia. Ao longo desta Pesquisa foi possível destacar, portanto, a importância em
propiciar as crianças situações de jogos e brincadeiras para que as crianças se apropriem de forma
lúdica de conhecimentos diversos. Pois compreendemos que é na Educação Infantil que a criança
recebe estímulos para e se desenvolverem nos diferentes aspectos, como: afetivo, motor,
cognitivo, entre outros. Nesta perspectiva podemos destacar a importância do ensino infantil,
como uma das etapas mais importante para o desenvolvimento integral da criança. Nesta
pesquisa também pudemos observar a relevância que os jogos e brincadeiras têm para que a
criança construa seu conhecimento.
É uma ferramenta essencial para os professores que queiram inovar sua prática, tenham
nos jogos e brincadeiras aliados permanentes, possibilitando às crianças uma forma de
desenvolver as suas habilidades intelectuais, sociais e físicas, de forma prazerosa e participativa.
Por intermédio de pesquisas, e questionários feitos com professores de educação infantil de uma
escola pública e uma escola de uma escola privada pode concluir que todas as professoras de
ambas as escolas, concordam com a inserção do jogo como aliado na educação infantil. Todas as
professoras entrevistadas concordam que os jogos e brincadeiras realmente contribuem para a
construção da inteligência, desde que sejam usados em atividade lúdica prazerosa, respeitando
as etapas de desenvolvimento intelectual da criança. Os benefícios de uma infância bem vivida
em termos lúdicos fazem-se sentir ao longo da existência do indivíduo. As múltiplas possibilidades
de autoconhecimento possibilitadas pelas brincadeiras contribuem para tornar a criança mais
segura, autoconfiante, consciente de seu potencial e de suas limitações. Também concluímos
que os jogos e brincadeiras não são apenas um entretenimento, mas uma atividade que possibilita
e facilita a aprendizagem, que muito mais que importante, brincar é essencial na vida das crianças.
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As contribuições de Piaget (1990), afirmam que “os programas lúdicos na escola são berço
obrigatório das atividades intelectuais da criança”. Os jogos, os brinquedos e as brincadeiras são
sempre elementos fundamentais à infância, no qual o brincar tem função primordial no processo
de desenvolvimento da criança, principalmente nos primeiros anos de vida.
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ROSSEAU, Jean Jacques, Discurso sobre educação – Ridendo Castigat Mores. 2001.
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
RESUMO: O objetivo deste artigo é apresentar a evolução histórica dos jogos e brincadeiras e sua
importância na formação do desenvolvimento infantil, pesquisar como os educadores se
preocupam com esse tema, pesquisar sobre brincadeiras tradicionais, como atividade lúdica e
como instrumento metodológico de ensino, também sensibilizar os professores de educação
infantil do importante papel que os jogos, as brincadeiras e os brinquedos exercem no
desenvolvimento da criança. Para tanto foi elaborada pesquisa bibliográfica, dando
fundamentação teórica vários autores. Definir Jogos e Brincadeiras na Educação Infantil, não é
tão simples, até ao pronunciar a palavra jogos muitos entendem de forma diferente, levando em
consideração apenas o esforço físico, não se dando conta de que a criança aprende ao brincar e
brincando ela cria seu próprio mundo.
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disponível é apropriada para as crianças criança, indo muito mais além de uma intenção
brincarem. educativa.
Também merece destaque as confecções dos Imaginando e fantasiando a criança irá
brinquedos. Podemos ensinar as crianças a vivenciar os desafios que instigará a sua
confeccionar brinquedos, o que ocorre curiosidade e será mais criativo.
geralmente nas escolas é que o trabalho de As atividades lúdicas deveriam ser alvo de
construir brinquedos com sucatas fica restrito planejamento, na descoberta do aprender, pois
somente ás aulas de arte, enquanto os quando a criança brinca ela reorganiza
professores poderiam desenvolver também pensamentos e emoções.
este trabalho nas áreas de teatro, música, A tendência atual na educação é não perder
ciências, etc., promovendo a integração dos de vista o lúdico. Atividades prazerosas já fazem
diferentes conhecimentos que são trabalhados. parte do dia-a-dia das crianças. As crianças
A sucata é um recurso, mostra-se como lixo comunicam-se por meio do brincar e por meio
e, depois transforma-se em algo, passa a ser um dele tornam-se cooperativos.
objeto expressivo e um possível brinquedo. O brincar é uma ferramenta para se chegar
É necessário que, desde a pré-escola, as ao desenvolvimento integral da criança, não é
crianças tenham condições de participarem de possível conhecer a escola apenas como
atividades que deixem florescer o lúdico. mediadora de conhecimentos, e sim como um
Quanto mais a criança participar de atividades lugar de construção coletiva do saber
lúdicas, novas buscas de conhecimento se organizado no qual professores e alunos a
manifestam, seu aprender será sempre mais partir de suas experiências, possam criar, ousar,
prazeroso. buscar alternativas para suas práticas, ir além
A relação entre a brincadeira e o do que está proposto, inovar.
desenvolvimento da criança permite se que se
conheça com mais clareza importantes funções BRINQUEDO
mentais, como o desenvolvimento do
Segundo Brougère (2010), brinquedo é:
raciocínio, da linguagem.
produto de uma sociedade dotada de traços
É preciso que o professor se coloque como
culturais específicos [...] é menos uma
participante acompanhado todo o processo,
representação do real que o espelho da
mediando os conhecimentos por meio da
sociedade, quer dizer das relações entre
brincadeira, do jogo e outras atividades.
crianças e adultos. Não condiciona a ação da
É por meio do brincar que a criança vai
criança [...], trata‐se antes de tudo, de um
diferenciando seu mundo interior do seu
objeto que a criança manipula livremente,
exterior, que é a realidade por todos
sem estar condicionado a regras ou princípios
compartilhada. Cada criança expressa os seus
de utilização de outra natureza [...] ele é
desejos fantasias vontades e conflitos. Faz- se
também um objeto de investimento afetivo, de
necessário que o professor estabeleça entre o
exploração e de descoberta, sem se inserir
prazer, o brincar e aprender. O correrá uma
num comportamento lúdico. É o suporte para
estimulação da imaginação e da fantasia da
a brincadeira (BROUGÉRE, 2010. p. 7).
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A matemática pode ser adaptada à aula de Definindo o homem não como "Homem
Educação Física. E será de grande proveito, pois Sapiens" e sim como "Homo Ludens", considera
a criança desenvolverá a matemática de uma o jogo como: "Toda e qualquer atividade
maneira mais dinâmica e alegre. Para ela, o humana. [...] e Homo Ludens. O jogo é uma
aprender será uma grande alegria. “É bom para realidade original, uma das noções mais
a criança aprender a contar, ler e escrever em primitivas e enraizadas na realidade humana,
numerais, mas é muito mais importante que ela sendo que do jogo nasce a cultura.
construa a estrutura mental do número” O jogo pode dar-se fora da cultura, pois
(FREIRE, 2002, p.185). existe antes da cultura humana, visto
O professor deve ter consciência de seu encontrar-se também entre os animais,
papel na formação do indivíduo e, assim, (HUIZINGA, 2001), Homo Sapiens - classificação
contribuir para a formação do pensamento biológica, à origem da espécie humana. Do
científico. Latim, para homem sábio, racional.
Para que a criança concretize o raciocínio Para Huizinga, jogo é:
lógico matemático é importante que o docente uma atividade ou ocupação voluntária,
estimule e proporcione diferentes maneiras de exercida dentro de certos e determinados
“brincar” com a Matemática, com isso ocorrerá limites de tempo e espaço, segundo regras
a assimilação entre pensamento e ação. livremente consentidas, mas absolutamente
As situações problemas para melhor obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo,
exploração das atividades lúdicas podem acompanhado de um sentimento de tensão e
ocorrer por meio de uma intervenção oral com alegria e de uma consciência de ser diferente da
questionamento ou pedidos de justificativas de vida cotidiana (HUIZINGA, 2001. p. 33).
uma jogada que está acontecendo, uma De acordo com Orlick (1978):
remontagem de um momento do jogo, ou Os jogos são reflexos da sociedade em que
ainda, um registro escrito. vivemos, mais também servem para criar o que
No trabalho com os alunos, é interessante é refletido. Muitos valores importantes e
propor, sempre que possível e adequado à modos de comportamentos são aprendidos por
idade, diferentes possibilidades de análises, meio das brincadeiras e dos jogos esportivos
apresentando novos obstáculos a serem (ORLICK,1978, p.23).
superados. Desta forma o jogo não apresente apenas as
experiências vividas, mas prepara o indivíduo
para o que está por vim, pois exercita
habilidades e, principalmente estimula o
convívio social. Por isso, ressaltamos o grande
JOGOS E BRINCADEIRAS NA valor educativo do jogo e a importância de se
trabalhar esse conteúdo nas escolas, de uma
EDUCAÇÃO/ EVOLUÇÃO E forma comprometida com a formação física,
HISTÓRIA intelectual, moral e social do aluno.
• Contribuições dos Jogos na Educação
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Vamos refletir sobre os motivos que levam as por pesquisadores e educadores são muitas
crianças a dedicarem grande parte de seu vezes, negligenciado no universo escolar, sendo
tempo ao jogo, à brincadeira. Pesquisamos substituído por tarefas “mais sérias”,
sobre como é importante os jogos na Educação enfatizando-se, excessivamente, a aquisição do
Infantil e na prática pedagógica do professor de saber sistematizado como única finalidade da
crianças de 3 anos. Para isto, as contribuições educação.
de Piaget,(1974), Vygotsky(1995), entre outros Este é um pensamento equivocado, afinal a
pensadores da Educação apresentam atividade lúdica é importante aliada no
experiências concretas na realidade que processo de aprendizagem, influenciando a
permitem uma perspectiva em que se priorizam parte intelectual, emocional e corporal da
na Educação Infantil as bases primeiras da criança, levando-a a liberdade de expressão,
formação para a cidadania, percebendo-se a mesmo porque a ação é algo inerente ao
criança como ser humano pleno. homem desde o seu nascimento, e é por meio
Para atuar na Educação Infantil é necessário dela que ele se desenvolve, experimenta,
conhecer as crianças, suas características e seus organiza a sua realidade interna e o seu mundo
direitos, conhecer a metodologia própria para externo. Mostra a sua preocupação e a
atuar com mediador, bem como a legislação capacidade em como sobreviver, ter prazer,
que possibilite a formação de um cidadão na resolver problemas e se relacionar.
atualidade e que respalde um verdadeiro A educação, enquanto área do
trabalho pedagógico na Educação Infantil. conhecimento refere-se à experiência da ação
Associar à educação da criança a brincadeira como fator fundamental ao desenvolvimento
não é algo novo. As brincadeiras são de habilidades e à aprendizagem. Nela pode-se
experiências que ajudam as crianças, tanto no citar Piaget, que considera a criança como um
sentido de recreação como no de aprender ao ser que se desenvolve a partir de sua ação sobre
mesmo tempo. o mundo e da interação com o meio físico e
A relação entre brincadeiras e a educação social. Para ele “o desenvolvimento psicológico
são antigas, Gregos e Romanos já falavam da não é dado à criança, naturalmente, ao nascer.
importância do jogo para educar a criança. É ela que irá construir, ativamente, seu
Portanto a partir do século XVIII, percebe-se a desenvolvimento, a partir do crescimento
necessidade de se expandir a imagem da orgânico (da maturidade neurológica e
criança como ser distinto do adulto: o brincar fisiológica), das experiências que vivência
destaca-se como típico da idade. quando interage com o ambiente físico e social
O maior desafio da Educação Infantil e de e de atividades internas denominadas
seus profissionais está em compreender, equilibração”. Freinet (1975), por meio da
conhecer o jeito particular das crianças serem e pedagogia pelo trabalho, também aponta que é
estarem no mundo. a “ação” a base para a construção do
As relações entre brincadeira, pensamento e para e desenvolvimento
educação e o desenvolvimento global da intelectual.
criança são antigas. Embora seja reconhecido Para Kishimoto (1994):
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Afirma que quanto mais se permite à criança aprendizado e criar espaço para a construção
explorar, mais ela está perto do brincar. O das atitudes necessárias ao pleno exercício da
brinquedo será entendido sempre como cidadania.
objeto, suporte de brincadeira, brincadeira Contrapondo-se a estes, outros
como a descrição de uma conduta estruturada, pesquisadores assumem uma postura
com regras e jogo infantil para designar tanto o essencialista, e defendem o lúdico enquanto
objeto como as regras do jogo (KISHIMOTO lúdico, dissociado de objetivos instrucionais,
1994, p.7). enfatizando o resgate do prazer, do lazer;
Neste contexto, a ação infantil é traduzida enxergando nessa ação uma possibilidade de
pelo brincar, que tem como um dos principais transformação e construção de novos saberes e
elementos a fantasia. Ao realizá-la a criança cria de uma nova realidade social.
uma realidade paralela, diferente da vida
cotidiana, na qual o lúdico se processa, é o
mundo do “faz-de-conta” presente nas
experiências infantis. O termo lúdico vem da
palavra latina “ludo”, que significa jogo,
divertimento. Uma teoria quanto à sua função
é de um treinamento para o desenvolvimento
da inteligência, adquirida de forma prazerosa e
descontraída. Assim, o brincar é próprio do ser
humano, e tal postura se manifesta de forma
marcante nas crianças.
O lúdico mostra-se como uma das mais
eficazes formas de ensino, de transmissão de
valores culturais, porém a maior divergência
relaciona-se quanto ao emprego de atividades
lúdicas na educação envolvendo diretamente
ou não indiretamente na ação docente.
Há pesquisadores que defendem o lúdico
como mediador no processo de ensino-
aprendizagem, como elemento catalisador.
Para estes, a adoção de uma postura lúdica
(brincadeiras, poesias, histórias, músicas,
jogos), associada a objetivos instrucionais serve
para desenvolver comportamentos que
propiciam a formação de estruturas cognitivas,
psicomotoras e afetivas, capazes de dar suporte
e embasamento aos conhecimentos formais,
além de estimular habilidades para o
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foi possível perceber que a atividade lúdica e o jogo intervêm no aprendizado da criança
na sala de aula. O jogo é agradável, motivador e enriquecedor, possibilitando o aprendizado de
várias habilidades e também auxiliando no desenvolvimento mental, na cognição e no raciocínio
infantil. A ludicidade precisa ser trabalhada por todos os professores, independente da disciplina
que atuam, dentro e fora da sala de aula.
A ludicidade, quando usada de maneira correta, serve como um meio de crescimento
individual e coletivo, auxiliando o educador. Destaca-se também, que para realmente acontecer
a ludicidade nas salas de aula é necessário termos professores preparados e conscientes de seu
papel como educador. Para isso, os profissionais da educação devem ter acesso a cursos
formadores com bases curriculares instrumentalizadas pelo lúdico, afim de que, bem preparados,
possam desempenhar seu papel com segurança e, assim, obter melhores resultados.
Nesse sentido, a ludicidade deve ser um suporte proporcionando uma reflexão contínua
sobre sua prática e sobre como acontece o desenvolvimento infantil, pois que o lúdico faz parte
da vida da criança já sabemos. O importante é sabermos como utilizar esta sabedoria infantil em
prol de um processo de ensino-aprendizagem com qualidade e eficácia. Já não é mais valorizado
o professor que desconhece as necessidades e expectativas das crianças quanto ao seu modo
particular de se apropriar do processo de conhecimentos.
Sabemos que o desenvolvimento humano passa por diversas fases e desta forma precisa
vivenciá-la intensamente cada uma no seu tempo abstraindo dela o que lhe é significativo para o
seu pleno desenvolvimento.
O tema lúdico é muito amplo e complexo, enquanto professoras pesquisadoras
percebemos que é impossível falar do lúdico sem pensar no sujeito enquanto protagonista deste
espaço, neste caso a criança.
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REFERÊNCIAS
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
É importante conhecer e ingressar no mundo das crianças, para que possamos planejar e
propor atividades e interações que realmente promovam a participação e a integração.
Mas como fazer isso?
A resposta para essa pergunta está em saber ouvir as crianças. Ouvi-las com um ouvido
atento, sem usar o papel de educador como uma forma de imposição de ideias. Isso significa
facilitar ao invés de dirigir, e estar atento ao que passa ao nosso redor de maneira aberta e ampla.
Sempre que usar um jogo ou atividade em sua sala de aula, é fundamental observar o jogo
sob o ponto de vista dos alunos e realizar as alterações necessárias para estar na mesma “língua”
das crianças tornando a aprendizagem um momento prazeiroso.
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REFERÊNCIAS
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EDUCAÇÃO INFANTIL:
JOGOS E BRINCADEIRAS
Joyce Barbosa dos Santos Lima1
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mostrem para as crianças, que o brincar é algo todos brincam seja criança como o adulto
atrativo e divertido, chamando dessa forma a também, com o passar do tempo se tornou algo
atenção das mesmas, e participando de sua individual, sendo as brincadeiras antigas
imaginação. deixadas de lado, quando não eram extintas,
Piaget diz “a criança não se limita a realizar ocorriam modificações na sua execução
uma simples réplica do modelo, a atividade (FRIEDMAM, 1998).
lúdica é muito mais rica, pois, permite um Para Friedmam (1998), cada geração de
contínuo criar e recriar e, acima de tudo, um crianças transforma brincadeiras antigas, ao
representar, dos processos esses que mesmo tempo as suas próprias específicas.
constituem a base do significado” (apud, A brincadeira deve ser levada com seriedade,
CARNEIRO, 2003,p.50). pois, é importante para a saúde física,
intelectual e emocional do indivíduo
O BRINCAR (FRIEDMAM, 1998).
Ao brincar a criança faz com que as coisas se
Brincar é uma das atividades fundamentais
tornem possíveis no mundo a sua volta, além de
para o desenvolvimento da identidade e da
trazer significados, expressando sentimentos e
autonomia. O fato de a criança, desde muito
lhe oferecendo conflitos (FRIEDMAM, 1998).
cedo, poder se comunicar por meio de gestos,
sons, e mais tarde representar determinado Brincar é uma atividade essencialmente
papel na brincadeira faz com que ela humana, principal modo de expressão da
infância. É marcada por um diálogo que o ser
desenvolva sua imaginação. Nas brincadeiras as
humano estabelece consigo próprio, com o
crianças podem desenvolver algumas
capacidades importantes, tais como a atenção, outro ou com um ou mais objetos, não se
a imitação, a memória, a imaginação, restringindo, então, somente às brincadeiras
amadurecem também algumas capacidades de orientadas ou aos jogos de regras. É a
socialização, por meio da interação e da ferramenta por excelência para a criança
aprender a viver, revolucionar sua experiência
utilização e experimentação de regras e papéis
e criar cultura. Brincando, a criança se
sociais (BRASIL, 1998, p. 22).
humaniza e se constitui como sujeito histórico-
O brincar é uma atividade universal, desde
social (SÃO PAULO,2006, p. 45).
antigamente por variados grupos humanos.
Mesmo não havendo brinquedos, as crianças se Segundo a Secretaria Municipal de Educação
divertiam com os recursos que possuíam no (2006), a brincadeira representa a infância,
momento, como fazer carrinhos com carretel para tanto envolve a brincadeira, o brinquedo,
os jogos, proporcionando a interação e a
de linha, entre outros, utilizavam a imaginação,
comunicação, a forma de expressão.
a criatividade, criavam e recriavam meios de se
divertirem com o que tinha (FRIEDMAM, 1998). A brincadeira é uma linguagem infantil que
Com o passar dos anos, as brincadeiras se mantém vínculo essencial com aquilo que é o
modificaram, por meio da tecnologia, “não – brincar”. Se a brincadeira é uma ação
brinquedos foram criados, a cada dia ficando que ocorre no plano da imaginação isto implica
mais modernos. Assim, como antigamente que aquele que brinca tenha o domínio da
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linguagem simbólica. Isto quer dizer que é No faz-de-conta, as crianças aprendem a agir
preciso haver consciência da diferença em função da imagem de uma pessoa, de uma
existente entre a brincadeira e a realidade personagem, de um objeto e de situações que
imediata que lhe forneceu conteúdo para não estão imediatamente presentes e
realizar-se. Nesse sentido, para brincar é perceptíveis para elas no momento e que
preciso apropriar-se de elementos da realidade evocam emoções, sentimentos e significados
imediata de tal forma a atribuir-lhes novos vivenciados em outras circunstâncias. Brincar
significados. Essa peculiaridade da brincadeira funciona como um cenário no qual as crianças
corre por meio da articulação entre a tornam-se capazes não só de imitar a vida como
imaginação e a imitação da realidade. Toda também de transformá-la. Os heróis, por
brincadeira é uma imitação transformada, no exemplo, lutam contra seus inimigos, mas
plano das emoções e das idéias, de uma também podem ter filhos, cozinhar e ir ao circo
realidade anteriormente vivenciada (BRASIL, (BRASIL, 1998, p. 22).
1998, p. 27). O faz de conta proporciona à criança a
imitação, a utilização da imaginação, da
O FAZ DE CONTA representação e da comunicação de forma
especial, ou seja, realizando trocas de papéis,
O jogo infantil inclui as características:
personagens, se transformando em animal,
simbolismo: representa a realidade e atitudes;
objeto. Desta maneira, se tornam protagonistas
significação: permite relacionar ou expressar
de determinadas situações, criam, elaboram,
experiências; atividade: a criança faz coisas;
interpretam de sua maneira, sem que mintam
voluntário ou intrinsecamente motivado:
ou tenham ilusões. Repetem situações
incorporar motivos e interesses; regrado:
cotidianas, por meio de conhecimentos já
sujeito a regras implícitas ou explicitas, e
adquiridos anteriormente, assim, criando novas
episódico: metas desenvolvidas
situações e condições, realizando uma
espontaneamente (FROMBERG 1987, p.36).
transformação em cada uma (BRASIL, 1998).
O faz de conta ou o jogo simbólico é realizado
Segundo o Referencial Curricular Nacional
por regras, por meio da imaginação, que por
para a Educação Infantil (1998), por meio da
sua vez propicia impulsos instantâneos e ao
utilização do faz de conta, a criança possui uma
próprio controle. Seu aspecto é a criação, ou
ajuda na sua identidade ao experimentar
seja, realizar uma atividade de forma
situações e pensamentos, tendo uma
imaginária. (S.M.E, 2006).
ampliação nos seus pensamentos no que diz
No faz de conta se faz presente a troca de
respeito aos personagens, os papéis por o
papéis, fantasiando situações da sua própria
sujeito criado. Ao brincar experimenta de
vivência, sendo assim, as crianças brincam
forma concreta a elaboração e a negociar as
recriando e imitando papéis como se fossem
regras do seu convívio, assim realizando a
pai e mãe, médico, enfermeiro, motorista,
representação dos seus sentimentos, de suas
super heróis entre outros (BRASIL, 1998).
emoções e construções.
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Por meio dos jogos eletrônicos, não é exigido solucionando os conflitos, inventando e
à criatividade e a imaginação, mas também tem fantasiando (CARNEIRO, 2003).
sua importância. Proporciona ao indivíduo a O jogo é considerado como algo prazeroso e
agilidade e soluções rápidas (ZATZ, et. al., gratuito. Uma forma de se expressar, auxiliando
2006). na criação, na interação e na imitação. Também
Ao jogar um jogo de tabuleiro a criança influência no equilíbrio mental e físico
interage com demais crianças, tornando-se um (CARNEIRO, 2003).
ato prazeroso, exigindo concentração e Se, por um lado, o jogo contribui para o
habilidade, criação de estratégias, assim, é desenvolvimento da socialização, propiciando
possível notar que os jogos tradicionais devem uma evolução na linguagem, e, por outro,
ser preservados (ZATZ, et. al., 2006). propicia o aparecimento de atitudes
Os jogos tiveram sua origem por meio de cooperativas e a possibilidade de experiências
ritos religiosos, em festas culturais, ou seja, grupais, há de se considerar que ele pode ser
mediante aos costumes populares, se analisado sob ótica pedagógica, quando
relacionavam às práticas religiosas, estações do assume a função didático-metodológica. Nesse
ano (CARNEIRO, 2003). caso, ele passa a ser visto como atividade-meio
“Retomar à história dos jogos é adentrar pelo e não como fim, ou seja, sua utilização ocorre
mundo maravilhoso das origens do homem, é para que se atinja um determinado objetivo. É
explorar suas reminiscências, é dar vida ao dessa forma que ele é utilizado na escola, pois
passado” (CARNEIRO, 2003, p. 12). acaba sendo uma estratégia do professor para
Antigamente se praticavam os jogos por motivar os alunos, ao ensinar conteúdos
meio de oráculos em transe, ou astros, também específicos (CARNEIRO, 2003, p. 39).
por sinais da natureza. (CARNEIRO, 2003). Jogar é mais que uma atividade sem
É importante salientar que, antes de se consequência para a criança. Ao jogar a criança
constituírem em divertimento, as práticas não apenas se diverti, mas recria e interpreta o
lúdicas constituíram-se em ritos e mitos que mundo a sua volta, a sociedade e sua cultura se
manifestaram os costumes e a crenças dos relacionam com este mundo. Jogando a criança
diversos povos. Não havia, portanto, jogos aprende.
específicos para crianças, pois o processo A criança evolui com o jogo e o jogo da
educativo ocorria no seio da família e tais criança vai se ajustando ao seu
atividades eram por elas imitadas (CARNEIRO, desenvolvimento, construindo novas
2003, p. 25). descobertas, desenvolvendo e enriquecendo
Ao pronunciar a palavra jogo, requer pensar sua personalidade, pois o jogo simboliza um
em regras fixas, no que já a brincadeira instrumento pedagógico que da ao professor a
pressupõe normas mais flexíveis, que se condição de condutor, estimulador e avaliador
transforma de maneira fácil ao mudar objetos da aprendizagem.
(CARNEIRO, 2003). Os jogos pedagógicos são desenvolvidos com
Quando joga a criança transfere seus sonhos a intenção explicita de provocar uma
para a realidade, de maneira indireta os aprendizagem que proporcione significado a
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criança, estimulando a um novo conhecimento sossegados. Mas há também os que são ideias
e, principalmente, despertar o para o pátio e põem as crianças para correr.
desenvolvimento de uma habilidade Está atividade tem a finalidade de desenvolver
operatória. o raciocínio e a concentração, além disso, fazer
Todos conhecemos o grande papel que nos com que as crianças saibam conviver com
jogos da criança desempenha a imitação, com regras em sua vida.
muita frequência estes jogos são apenas um Os jogos tem uma influência na vida da
eco do que as crianças criam e escutaram aos criança, cada um aprende de sua maneira,
adultos, não obstante estes elementos da sua porém de forma significativa, pois aquilo que o
experiência anterior nunca se reproduzem no individuo aprende de maneira dinâmica,
jogo de forma absolutamente igual e como prazerosa, fica guardada em sua mente, e
acontecem na realidade. O jogo da criança não futuramente se lembrará de tais momentos
é uma recordação simples do vivido, mais sim a vividos no passando, não sendo somente uma
transformação criadora das impressões para a copia, mas algo que ele aprendeu mesmo.
formação de uma nova realidade que responda É possível visualizar cada jogo e sua função
as exigências e inclinações da própria criança no que se diz respeito ao aprender, não
(VYGOTSKY, 1999, p.12). somente para passar o tempo, porém,
Podem ser adaptados jogos como: o jogo das aprender de maneira divertida, brincando,
sílabas. Com este jogo a criança deve dizer uma interagindo com os demais, assim também
palavra qualquer. A seguinte tem que falar amenizando os problemas cotidianos, as
outra palavra que comece com a última sílaba frustrações vividas em determinado momento,
da palavra dita. Por exemplo: gato. O seguinte por devida circunstância.
pode dizer tomate, o próximo, tenente e assim
por diante, fazendo uma competição. A RELEVÊNCIA DO LÚDICO NO
Incluir a matemática o dominó, as crianças
terão que fazer as contas de somar, subtrair, DESENVOLVIMENTO DA
dividir e multiplicar, desta maneira, ajudando APRENDIZAGEM INFANTIL
as crianças e prestarem atenção e assim Por meio das brincadeiras e dos jogos a
melhorando e aprendizagem. criança organiza e constrói seu universo. O
Os jogos sempre fascinaram a humanidade. brincar propicia o desenvolvimento, não sendo
Os antigos fenícios, quatro mil anos a.C. já se apenas um instrumento didático, os jogos e as
entretinham com esse tipo de passatempo. Na brincadeiras atuam nas áreas do
pista dos nossos ancestrais, educadores vêm desenvolvimento infantil como: motricidade,
criando e adaptando jogos que além de divertir inteligência, sociabilidade, afetividade e
crianças e adolescentes, trabalham noções de criatividade. Podemos observar que a criança
organização, planejamento e cooperação. As joga e brinca desde os seus primeiros anos de
opções para crianças a partir de quatro anos, se vida. O lúdico traz felicidade e realização para a
adaptam a diferentes gostos e momentos: os criança, facilitando o processo de ensino
jogos de tabuleiro são preferidos dos mais
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O ato de brincar compõem consideravelmente o desenvolvimento cognitivo da criança,
além de suas experiências sociais e afetivas, nas quais ela usa o imaginário como ferramenta para
expressar suas emoções e pensamentos.
Verificou-se que diversos autores apontam para a falta de espaços e ambientes destinados
ao ato de brincar, seja na residência da criança, seja na escola.
Considera-se que à escola cabe proporcionar referências às crianças em um espaço que
não teriam oportunidade senão dentro dela, incluindo a forma de minimizar as desigualdades. A
importância e principalmente a necessidade da brincadeira na Educação Infantil, que requer
equilíbrio, preparo e planejamento do educador, incluindo a extensão dessas atividades no
contexto familiar com a participação dos pais.
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REFERÊNCIAS
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
RESUMO: O artigo apresenta uma reflexão sobre a importância das atividades lúdicas no
desenvolvimento infantil, enfatizando a relevância do brincar na infância, a história da educação
lúdica, as diferenças entre jogos, brinquedo e brincadeiras e suas contribuições como recursos
pedagógicos no processo de aprendizagem.
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pela fruição, povoadas pela fantasia, pela determinante para um objeto ser considerado
imaginação e pelos sonhos que se articulam um brinquedo?
como teias urdidas com materiais simbólicos. As palavras jogo e brincadeira possuem um
Na atividade lúdica não importa somente o significado comum na definição feita nos
resultado, mas a ação, o movimento dicionários, pois ambas podem ser sinônimos
vivenciado. de divertimento. Porém a ambigüidade entre os
Durante uma atividade é possível se termos se consolida com o uso que as pessoas
expressar, assimilar conhecimentos e construir
fazem dela. Como definir se uma criança está
a realidade enquanto está a praticá-la. Elabrincando ou jogando?
também espelha a sua experiência, Baptista da Silva (2003), afirma que os verbos
modificando a realidade de acordo com seus brincarem e jogar não tem significados tão
gostos e interesses amplos. A mesma autora aborda que, no
Em suma, brincar é viver. Mesmo quando se
cotidiano da língua portuguesa, os verbos
é adulto, o lúdico não desaparece de nossa brincar e jogar podem ter outros sentidos,
experiência. Apresenta-se de formas
entretanto, seu significado principal está
especializadas. E enquanto existir vida, sempre
relacionado à atividade lúdica infantil. Ainda na
existirá brincadeiras. língua portuguesa, existe uma falta de
De acordo com Luckesi (1994): discriminação na utilização dos termos brincar
e jogar. Mesmo estando o termo jogar
O lúdico significa a construção criativa da
vida enquanto ela é vivida. É um fazer o diferenciado de brincar pelo aparecimento das
caminho enquanto se caminha; nem se espera regras,como no caso do xadrez, do jogo de
damas, a utilização de ambos, muitas vezes, se
que ela esteja pronto, nem se considera que ele
confunde.Pois o brincar também possui regras
ficou pronto; neste caminho criativo foi feito
implícitas, como na brincadeira de faz de conta,
(esta sendo feito) com a vida no seu ir e vir, no
seu avançar e recuar. O lúdico é a vida se em que a menina se faz passar pela mãe que
construindo no seu movimento (LUCKESI,1994,cuida da filha.Existem regras internas, ocultas,
p.115). que organizam a brincadeira.
A brincadeira e o jogo são diferenciados por
CONTROVÉRSIAS CONCEITUAIS uma linha muito tênue. Pesquisadores como
Friedmann (1996), Baptista da Silva (2003),
SOBRE: JOGOS, BRINQUEDOS E Biscoli (2005) e o próprio Vygotsky (1991), não
BRINCADEIRAS fazem diferenciação semântica entre jogo e
Nos dias atuais observamos que há uma brincadeira. Estes autores utilizam ambas as
diferença entre jogo e brinquedo e entre palavras para designar o mesmo
brincadeira e brinquedo, porém em algumas comportamento, a atividade lúdica.
situações de acordo com a intenção que o
brinquedo é utilizado ele perde sua função O SIGNIFICADO DO JOGO
lúdica, dando margem a dúvidas sobre a Kishimoto (1994), faz algumas indagações
definição do termo. Qual seria o fator sobre a variedade de fenômenos considerados
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No terceiro caso o jogo é representado pelo cultura tem uma maneira de ver a criança e
objeto que o caracteriza. Independente que o educá-la.O uso do brinquedo é uma forma de
pião seja confeccionado de casca de fruta, relacionar-se, de estar com e de encontrar o
madeira ou plástico mundo físico e social.
, ele é contextualizado pelo objeto destinado Para Didonet (1982):
na brincadeira de rodar pião. É uma verdade que o brinquedo é apenas o
Os significados atribuídos pelas diversas suporte do jogo, do brincar, e que é possível
culturas ao jogo, as regras estabelecidas e os brincar com imaginação. Mas é verdade,
objetos que os caracterizam, são três aspectos também, que sem brinquedo é muito mais
que permitem uma inicial compreensão do difícil realizar a atividade lúdica, porque é ele
jogo. que permite simular situações (DIDONET,1982,
p.28).
REFLEXÕES SOBRE O
• A brincadeira
BRINQUEDO A brincadeira é considerada por muitos
O brinquedo foi objeto de estudo de autores como uma atividade livre, que não
filósofos, psicólogos, psicanalistas, teólogos, pode ser delimitada e que, ao gerar prazer,
antropólogos, médicos, terapeutas, possui um fim em si mesma. Bom tempo e Cols
educadores e pais, portanto, nos mais diversos (1986), colocam que a brincadeira é uma
campos das ciências e das práticas sociais. E isso atividade espontânea e que proporciona para a
talvez decorra do fato de que o brinquedo e criança condições saudáveis para o seu
parte intrínseca da vida infantil. Entender seu desenvolvimento biopsicossocial. Friedmann
significado é um caminho muito útil, senão (1996), inclui que a brincadeira tem
mesmo necessário, para conhecer a própria características de uma situação não
criança e seu processo de desenvolvimento. estruturada. Para Kishimoto (1999), o brincar
Deferindo do jogo, o brinquedo possibilita tem a prioridade das crianças que possuem
uma indeterminação quanto ao uso, não existe flexibilidade para ensaiar novas combinações
um sistema de regras para organizar sua de idéias e de comportamentos. Alves (2001),
utilização, uma boneca, por exemplo, pode ser afirma que a brincadeira é qualquer desafio que
utilizada por uma criança para brincar de é aceito pelos simples prazer do desafio, ou
“mamãe e filhinha” ou pode ser utilizada para seja, a teoria confirma que o brincar não possui
que a criança represente a si mesma na um objetivo próprio e tem um fim em si
brincadeira. O brinquedo possibilita a mesmo.
representação e a expressão de idéias que Vygotsky (1991), afirma que a brincadeira,
remetem a realidade, por meio do brinquedo a mesmo sendo livre e não estruturada, possui
criança tem um substituto dos objetos reais regras. Para o autor todo tipo de brincadeira
para que possa manipulá-los.O fabricante do está embutido de regras, até mesmo o faz-de-
brinquedo ao construí-los introduz imagens conta possui regras que conduzem o
que são de acordo com a sua cultura.Pois cada
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio desse estudo foi verificado que o potencial dos jogos como recurso pedagógico
deve-se ao fato da reunião de alguns pontos essenciais no âmbito educacional. São eles: cultura,
o jogo é um objeto sócio-cultural-histórico, o interesse do aluno, já que o brincar é a atividade
principal da criança e a diversidade de conhecimentos que podem ser desenvolvidos na criança,
haja vista que diferentes jogos podem expressar diferentes conteúdos. Outro aspecto que deve
ser levantado, se refere às relações e interações sociais mobilizadas pelo jogar em grupo, nessa
situação a criança vivencia regras, discute, faz negociações, levanta e testa hipóteses e, sobretudo
aprende com o outro (um colega mais experiente, o professor ou o jogo mesmo) e consigo
próprio.
Porém é importante enfatizar que assim como qualquer outro recurso pedagógico, as
atividades lúdicas exigem planejamento por parte do professor. Pois ele é o mediador, o
organizador do tempo, do espaço, das atividades, dos limites, das certezas e até das incertezas
do dia-a-dia da criança em seu processo de construção de conhecimento. É ele quem cria e recria
sua proposta pedagógica e para que ela seja concreta, crítica e dialética, este professor deve ter
competência para fazê-la. Introduzir atividades lúdicas, brincadeira e jogos, como elemento
dinamizador de uma proposta pedagógica requer, no mínimo, que este acredite verdadeiramente
na eficácia de tais atividades para que haja dedicação.
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
LANGUE E PAROLE:
CONSIDERAÇÕES ACERCA DAS IDEIAS DE
SAUSSURE E OS ESTUDOS LINGUÍSTICOS
CONTEMPORÂNEOS
Valdemir Melo de Souza1
RESUMO: Este artigo objetiva refletir a língua e fala (langue ou parole) dentro do Curso de
Linguística Geral, fazendo algumas considerações acerca das ideias de Saussure e os estudos
linguísticos contemporâneos. A relevância da pesquisa se configura na revisitação da obra do
mestre genebrino Ferdinand de Saussure, bem como a importância da permanência de suas ideias
até os dias atuais, especialmente a difusão de tais teorias como alicerce na a formação de futuro
linguistas. A metodologia trata-se de uma pesquisa exclusivamente bibliográfica e interpretativa,
buscando fornecer uma compreensão da relação entre a língua e a fala (langue e parole) dentro
da teoria Saussuriana, com base nas teorias de Saussure (2013); Câmara (1986); Benveniste
(2005), entre outros autores.
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Ferdinand de Saussure foi cedo encaminhado discípulos, sofreu duras críticas o que também
para os estudos de química e física. Naquela trouxe inúmeros benefícios na difusão do que
época, tradicionalmente, os homens da família seriam as teorias Saussurianas.
aplicavam-se aos estudos das ciências naturais, As críticas sobrevieram, possivelmente,
entretanto Saussure muito jovem já se entre outras coisas, pelas marcas pessoais dos
interessava pelas línguas e dedicava-se, mesmo organizadores (comentários e esclarecimentos
que informalmente, a elas. Conhecia o Inglês, ao que se consideravam pontos obscuros na
Alemão, Francês, Grego e o Sânscrito. obra) e pela possível ordem que deram às
Em 1877, com apenas 20 anos, Ferdinand de reflexões apresentadas na tentativa de
Saussure publicou seu livro, fruto de um reproduzir aquilo que seriam as ideias do
importante estudo em linguística comparativa, mestre. É importante ressalvar também a
sobre o sistema primitivo das vogais nas línguas relevância histórica desta obra, pois o CLG
indo-europeias, sua dissertação. Com essa despontou Saussure como "pai da linguística
obra, o mestre genebrino teve grande sucesso moderna" como afirma (CULLER, 1979, p.1). E
e aceitação na sociedade linguística de Paris, alguns conceitos desta obra serviram também
passando a gozar de boa reputação diante como base para o movimento estruturalista.
dessa sociedade. Em Leipzig, publicou a tese de
doutorado sobre o emprego do genitivo em SAUSSURE E A DICOTOMIA
sânscrito no ano de 1880. Saussure fez apenas
duas publicações em vida. A dissertação do LÍNGUA E FALA DENTRO DO CLG
mestrado e a tese do doutorado. As demais Saussure foi quem primeiro estabeleceu as
publicações inclusive o CLG organizado Abert relações entre a língua e a fala. Foi quem
Sechehaye e Charles Bally foram obras primeiro descreveu as questões da língua sem
póstumas. lançar mão aos estudos do método
comparativo. Para Saussure, tudo dentro de
língua precisa ter uma sistematização, uma
O CURSO DE LINGUÍSTICA organização, ele vai relacionar tudo o que
GERAL (CLG) transmitir em cima de dicotomias que são duas
Apesar de a linguística ter alcançado certo formas, dois lados que se opõe dentro de um
nível de evolução nos dias atuais, o CLG mesmo fenômeno, mas que mantém uma
continua sendo uma fonte indispensável nas relação de interdependência. As famosas
pesquisas que envolvem o estudo da língua e dicotomias são: Langue e Parole "língua e fala",
está longe de ser uma obra ultrapassada. Na significante e Significado relacionado ao Signo
verdade, ele vai se renovando com o tempo. Linguístico, Sintagma e Paradigma, Diacronia e
Suas considerações são dinâmicas e eficazes Sincronia. As dicotomias se completam e todas
abrindo novos caminhos e sendo uma forte elas estão sempre presentes na língua
base para novas pesquisas no campo da enquanto sistema.
linguística. Como o CLG não foi publicado pelo Ele considera a língua um sistema de signos,
próprio Saussure, mas organizado pelos seus que não tem significação sozinha, mas com a
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relação com outros signos que a compõem. língua, que é social em sua essência e
Estabelece uma visão diferenciada em sua independente do indivíduo; esse estudo é
época dividindo os fenômenos a partir de pares unicamente psíquico; outra secundária, tem
opostos como é o caso das dicotomias por objeto a parte individual da linguagem, vale
distinguindo, por exemplo, a língua e a fala. dizer, a fala inclusive a fonação e é psicofísica
Institui o estruturalismo como método de (SAUSSURE, 2006, p.26).
análise desses fenômenos. Mattoso Câmara Dentro do CLG, a langue é o sistema de uma
afirma: língua, a língua como sistema de formas
(...) é uma nova forma de encarar os enquanto a parole é a fala real. A ação de falar
fenômenos linguísticos porque faz com que a tornado possível pela língua. A langue é um
significação dependa, completa e conjunto de forma que o falante absorve
exclusivamente, das suas relações íntimas e quando adquire uma língua. Um “tesouro
liberta esta concepção de outros postulados, depositado pela prática da fala em todos os
falsos ou unilaterais, que tinham sido indivíduos pertencentes à mesma comunidade,
explicitamente enunciados e através dos quais um sistema gramatical que existe virtualmente
se devia deduzir a existência de relações vagas em cada cérebro. ” (SAUSSURE, 2006 p.21).
e indistintas (CAMARA, 1979, p. 110). Parole, por sua vez, é o lado em que a língua
Apesar de as dicotomias serem importantes se realiza, a qual o falante exprime seu
fenômenos linguísticos nas teorias pensamento pessoal por meio da utilização do
Saussurianas, será enfatizada, na presente código. A distinção entre a langue e a parole é
pesquisa, a dicotomia língua e fala. É um princípio relevante, entre outros, para
importante ressaltar que as dicotomias foram entender o porquê que Saussure optou pela a
instituídas por Saussure para esclarecer e língua como objeto da linguística. A relação de
elucidar o funcionamento da língua enquanto confrontação entre esses dois elementos é
sistema. Portanto, são categorias de análise necessária do ponto de vista em que uma
dentro da teoria saussuriana. denúncia a presença da outra demonstrando as
A língua é social, coletiva ela só existe por características e peculiaridades de ambas na
meio de uma coletividade, ou seja, nenhum qual só uma delas se encaixa como objeto, um
falante é possuidor exclusivo da língua. Ela é fator social dentro de uma sistematização.
um instrumento de domínio e só existe na A fala possui algumas características
mente dos falantes. É uma abstração da peculiares como o uso individual e particular
realidade que se concretiza por meio da fala. A que se faz da língua. Ela tem toda uma
distinção entre língua e fala constitui a base da criatividade. Pode-se criar ou inventar tudo que
teoria estrutural da linguagem. Segundo se quer dentro dos limites que a língua
Saussure, a língua é um fato social, assim como estabelece. Ela é multifacetada em sua
a fala, um ato individual, contudo, uma não natureza e heterogênea, cada pessoa escolhe
existe sem a outra. com que signo vai exprimir suas ideias
O estudo da linguagem comporta, portanto, escolhendo o melhor significante para cada
duas partes: uma, essencial, tem por objeto a situação.
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que o componente da língua isoladamente não também, e de igual modo, a contraparte dos
tem valor nenhum. A língua é um sistema em outros signos da língua. (...) A língua [é] um
constante mutação e que seus elementos não sistema em que os termos são solidários e o
têm significado por si só, mas por suas relações valor de um resulta tão-somente da presença
com outros elementos que a compõe. simultânea de outros (SAUSSURE, 2006, p.133).
Essa afirmação fica mais clarificada quando A noção de sistema que Saussure estabelece
Saussure toma por exemplificação comparando ao que parece é o cerne da questão. Falar, já
a língua com o sistema monetário. Imagine uma que o objetivo é a comunicação, só é possivel
cédula de cinco, dez e vinte reais. com base em um sistematização. É o que
Independentemente do material que essas diferencia um código decifrável da ação de só
notas são feitas, seja papel ou metal, cada nota emitir sons ou até mesmo produzir rabiscos. A
representa uma grandeza. O valor de cada nota língua seria então, essa base, esse apoio virtual
é dado ao que ela representa comparando as ao qual sem ela a fala não existiria. Diferente do
demais notas do sistema e concomitantemente objeto de estudo das outras ciências, a língua é
ao que ela pode ser trocada. Essas relações um sistema abstrato de signos inter-
entre as notas é o que denuncia o valor de cada relacionados, de natureza social e psíquica.
uma delas dentro do sistema monetário. Da É importante saber que a fala com suas
mesma forma, é a língua. As relações entre seus peculiaridades e características individuais não
elementos resultam em um sistema. Não é um caberia para a finalidade de Saussure, pois ela
objeto independente como o das outras se manifesta como uso particular do indivíduo.
ciências. Por sua vez, a língua possui uma organização
Outro aspecto no tocante ao objeto da fundada sobre uma ordem de prioridade entre
linguística afirma Saussure (1996, p. 15), "o os elementos de um conjunto, é hierarquizada
fenômeno linguístico apresenta e social. E que como sistema uniforme e
perpetuamente duas faces que se hierarquizado de caráter coletivo, a língua,
correspondem das quais uma não vale se não provavelmente, assiste aos propósitos de
pela outra". Então, com base nessa afirmação é Ferdinand de Saussure no tocante à
da natureza deste fenômeno o atributo das necessidade de instituir o objeto de estudo da
duas faces, ou dois lados que é a característica linguística. Por outro lado, a fala enquanto
do signo linguístico. O signo funciona como um realização da língua sendo de caráter individual
guardador de ideia dentro da língua que faz a acidental, entre outros aspectos, não é possível
união de sentido com a imagem acústica como abranger as necessidades e dimensões que a
o corpo e a alma da ideia o significante e o língua oferece dentro da teoria saussuriana.
significado um não vive sem o outro. A língua é No CLG, observa-se que Saussure optou pela
um conjunto de signos linguísticos. língua, embora não tenha desconsiderado fala
De um lado, o conceito nos aparece como em seus estudos. Apenas instituiu a língua a
contraparte da imagem auditiva no interior do parte essencial, na linguística. “a linguística tem
signo, e, de outro, este mesmo signo, isto é, a por único e verdadeiro objeto a língua” (CLG
relação que une seus dois elementos, é 2006, p. 271).
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com as considerações realizadas no presente
estudo, foi possível perceber as influências do
pensamento de Saussure, bem como suas
contribuições no que concerne aos estudos
linguísticos modernos. O desenvolvimento do
referido tema permite afirmar que as teorias de
Saussure foram e continuam sendo de suma
importantes para as pesquisas atuais na área da
Linguística.
O olhar de Ferdinand de Saussure para
linguagem de forma científica contribuiu para
que outros pesquisadores pudessem
desenvolver seus próprios métodos de estudo,
mesmo sendo a linguística, em relação a
algumas áreas do conhecimento, uma ciência
relativamente nova, constitui um campo fértil
para inúmeras pesquisas realizadas. O estudo
desse trabalho evidenciou, como esperado, a
fundamental importância do pensamento de
Saussure nos trabalhos linguísticos atuais como
ponto de partida para o descobrimento de
outros fenômenos da linguagem.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar de vários estudos e considerações feitas acerca dos elementos língua e fala, há
muito ainda o que se pesquisar sobre estes dados linguísticos. Trata-se de um campo perene, rico
e inesgotável de fenômenos a serem desbravados.
As considerações por esses elementos feitas por Ferdinand de Saussure fomentam
discussões até hoje e constituem verdadeiro corpus para futuras pesquisas e estudos no que se
refere à linguagem, bem como o CLG e as famosas dicotomias que longe de estarem ultrapassados
ajudam a compreender o funcionamento da língua enquanto sistema na teoria saussuriana.
Entretanto, como uma fonte que não cessa, faz-se necessário uma releitura dessa obra
principalmente as apreciações no toante à língua e à fala desde o início de sua organização, a
definição de língua proposta por Saussure. Principalmente o que o levou a optar pela língua como
objeto de estudo da linguística.
Por fim, a língua como instrumento social e elemento de domínio entre os povos, sempre
será alvo de investigações no campo da linguagem. E as considerações de Ferdinand de Saussure
junto com o CLG apresentam-se como uma fonte fecunda de pesquisa nessa área. Em razão dos
pontos questionáveis no CLG, devido às marcas pessoais dadas por seus organizadores é
necessário um estudo profundo e minucioso para se entender os mistérios desse tesouro que é a
língua que passa de geração a geração.
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LETRAMENTO DIGITAL:
REFLETINDO ACERCA DA FORMAÇÃO DE
PROFESSORES DO ENSINO FUNDAMENTAL
(ANOS INICIAIS)
Carlos Mometti1
Adriana Bigido2
RESUMO: O artigo propõe reflexões acerca do letramento digital e a formação de professores por
meio de um relato de experiência de formação continuada promovida para um grupo de
professores do ensino fundamental (anos iniciais). Tal formação deu-se para um grupo de
professoras no município de São Paulo e foi dividido em dois momentos, aqui chamados de
momentos 1 e 2, totalizando oito horas. Sua organização está dividida em duas partes, sendo a
primeira de foco teórico, no qual os conceitos digitais atuais foram apresentados e, a segunda,
orientada com a mediação de uma reflexão acerca dos conceitos digitais vistos e seus
desdobramentos na prática pedagógica e formação dos alunos. As reflexões realizadas ao longo
do trabalho foram corroboradas com a aplicação da análise do discurso sobre relatos extraídos
durante a formação. Como resultados obtivemos conceitos relacionados à noção de
temporalidade, qualidade da prática desenvolvida e desenvolvimentos metodológicos quando na
utilização das tecnologias digitais para alunos do ensino fundamental. O curso evidenciou a
(UFABC).
Email:abigido@gmail.com
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contínua necessidade para a inserção das chamadas TIC's para professores de modo a promover
o letramento digital neste nível de ensino.
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crítica, significativa, reflexiva e ética nas Nota-se, todavia, que a importância dada ao
diversas práticas sociais (incluindo as escolares) uso das TIC's está tomando espaço nos
para se comunicar, acessar e disseminar documentos educacionais, conforme
informações, produzir conhecimentos, resolver supracitado com as competências geral e
problemas e exercer protagonismo e autoria na específica. Porém, não basta termos um
vida pessoal e coletiva (BRASIL, 2017,s.p). referencial para a elaboração de materiais
Outrossim, a competência geral estabelece a didáticos e produção de metodologias, a
necessidade de se trabalhar as tecnologias necessidade maior encontra-se na formação
digitais em todos os níveis de ensino, inicial e continuada de professores.
assumindo-a em todos os conteúdos Desta forma, há de se ter um planejamento
disciplinares. Deste modo, o documento - pedagógico alinhado com a produção dos
referência para a construção de currículos, bem conteúdos didáticos e, também, da formação
como materiais didáticos, prevê a inserção dos docente. Pois, esta última tem sido objeto de
sujeitos educandos no mundo digital além de muitos debates na comunidade acadêmica,
sua utilização na vida diária. haja visto os resultados de avaliações externas
Não obstante, os conhecimentos acerca da aprendizagem e suas correlações -
trabalhados nos diversos conteúdos deverão muitas vezes superficiais e sem metodologias
abordar, de alguma forma, o uso das TIC's. adequadas de análise.
Contudo, isso varia de acordo com o nível de Todavia, o Plano Nacional de Educação (PNE)
ensino, uma vez que como já mencionado prevê em sua meta 15 uma política voltada para
anteriormente os alunos chegam na escola - a reelaboração dos projetos de formação de
muitas vezes ainda na primeira infância - já professores no que tange às metodologias,
sabendo que existe e alguns aspectos básicos processos didáticos, uso de materiais e
de tecnologias digitais. Tomando como desenvolvimento de atividades na etapa que
referência o nível fundamental (anos iniciais), a antecede a conclusão do curso. Assim, os
sexta competência específica determina a cursos de formação inicial - e continuada -
inserção, uso e trabalho pedagógico com as devem abordar conteúdos relacionados ao uso
tecnologias digitais. Assim, de acordo com o das TIC's na educação, ou seja, deve-se realizar
documento oficial, temos: uma reformulação nos currículos dos cursos de
Compreender e utilizar tecnologias digitais licenciatura e pedagogia do país.
de informação e comunicação na forma crítica, Deste modo, dizemos que um professor é
significativa, reflexiva e ética nas diversas letrado digitalmente na medida em que faz uso
práticas sociais (incluindo as escolares), para se das tecnologias digitais (inclusas redes) para
comunicar por meio de diferentes linguagens e transformar seus procedimentos e suas
mídias, produzir conhecimentos, resolver práticas pedagógicas. Consequentemente, tal
problemas e desenvolver projetos autorais e transformação da práxis refletir-se-á na
coletivos (BRASIL, 2017,s.p). aprendizagem dos alunos e no seu trabalho em
sala de aula.
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Assim, falarmos de tecnologia na sala de aula O escopo de tal iniciativa foi o de inserir os
não nos remete pura e simplesmente à um professores dos referidos níveis no universo
debate acerca de qual ou quais recursos digitais digital e promover uma reflexão sobre os
serão disponibilizados, tampouco o como tais impactos que tal movimento trará para a
recursos serão manuseados do ponto de vista formação da criança contemporânea.
metodológico. Precisamos, antes de mais nada,
colocarmos em pauta a formação daqueles que CONTEXTO DA EXPERIÊNCIA
estarão diante de tais pressupostos, ou seja, as
O curso de formação com professores do
professoras e os professores, de modo que
ensino fundamental (anos iniciais) deu-se num
estejam preparados e orientados para sua
colégio privado do município de São Paulo,
utilização.
Brasil, no decorrer do segundo semestre do ano
No mundo digital em que vivemos, há um
de 2019. O grupo contou com vinte e cinco
fácil acesso à informação e viabilização e
professores inscritos, todos do sexo feminino e
expansão da cultura digital. Diante disso,
de faixas etárias diversificadas. Todas as
surgiram dois perfis: os chamados nativos
participantes deste curso desenvolviam seus
digitais e os migrantes digitais. Os primeiros
trabalhos neste colégio há um tempo
nasceram nesta “era digital”, são aqueles que
considerável, fato este que motivou a gestão a
acompanharam sua criação e expansão desse
buscar a formação continuada tomando como
universo abrangente. Já os segundos, são
foco o letramento digital.
aqueles que tiveram que se adaptar ao ritmo
No que se refere à instituição na qual o
frenético e acelerado das novas tecnologias da
presente curso foi ministrado, esta se localiza
informação, que precisam conviver e interagir
na região norte da cidade de São Paulo, num
com os nativos digitais e, além disso,
bairro com pouco comércio, pouca circulação
necessitam aprender a conviver em meio a
de pessoas e com risco social elevado. O
tantas inovações tecnológicas. Podemos dizer
alunado é constituído por crianças desde os 3
que, neste contexto o docente enfrenta o
anos até jovens de 18 anos, dos níveis infantil
desafio de apropriar-se desses recursos
ao ensino médio. A faixa de renda de todos os
tecnológicos e utilizá-los de forma significativa
alunos é caracterizada como média e, além
no processo ensino - aprendizagem.
disso, uma pequena parcela habita nas
Nesta perspectiva, expomos neste artigo
proximidades.
reflexões realizadas a partir de uma experiência
Já o corpo docente para o qual este curso de
de formação continuada de professores do
formação foi proposto, como já mencionado, é
ensino fundamental (anos iniciais) voltada para
heterogêneo no que tange à faixa etária, mas
o letramento digital. Além disso, por meio dos
homogêneo quando o assunto é envolvimento
discursos coletados dos professores
e integração. Como será apresentado mais
participantes realizamos uma análise do
adiante, mesmo frente a dificuldades com
discurso com a finalidade de obtermos uma
termos específicos e técnicos da área de
visão ampla deste grupo docente em específico
tecnologia, todas as professoras se “ajudavam”,
acerca do tema em pauta.
o que evidenciou uma das características
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reflexão guiada, seguida de discussão, entre os Neste ponto, ainda, podemos perceber que a
participantes do mesmo. Cabe ressaltar, dificuldade em lidar com aparatos tecnológicos
contudo, que aqui entendemos por reflexão faz-se presente para estas professoras e que,
guiada o processo por meio do qual um assunto no momento de sua formação o cenário
ou tema é proposto e, a partir dessa proposição pedagógico era outro. A noção de tempo na
são elucidados ideias, noções e entendimentos. prática pedagógica dos professores alude, certa
Este procedimento é característico de um medida, para dois pontos distintos: i) tempo
ambiente naturalizado de pesquisa, pois como referência à experiência docente e ii)
auxilia-nos na detecção de informações que tempo como inimigo da qualidade do trabalho.
poderiam estar omitidas em outras formas de No primeiro tópico encontramos a ideia
registro. tradicional do ensino, aquela em que quanto
Num primeiro momento, observamos que ao mais tempo estou atuando como professor
longo da exposição dos conceitos relativos à melhor será meu trabalho em sala de aula. Isso
tecnologia digital algumas das professoras vem em decorrência do entendimento do
sentiam-se desconfortáveis, fato este que foi ser/atuar do professor como uma profissão
corroborado pelas falas da professora que única e exclusivamente destinada à sua prática.
neste texto será indicada pela letra A: O que não é aqui conferido como bom ou ruim,
“[...]nunca ouvi falar disso!” e “[...]estou apenas para caráter de análise e reflexão da
ficando velha (seguida de risos)” (PROFESSORA prática docente em formação continuada.
A). Como citado, o grupo de participantes do
Na primeira destas falas observa-se um curso trabalha no colégio há pelo menos cinco
desconhecimento do universo tecnológico, anos. Deste modo, todas as docentes já
situação esta que não se torna única e exclusiva incorporaram um modus operandi
deste segmento de ensino. O uso do advérbio característico daquela instituição o que reflete,
"nunca" na primeira fala não nos remete ao de acordo com Sewell Jr. (2015), numa
entendimento de que a docente não nota a reprodução cultural inerente ao espaço em que
tecnologia em sua vida, uma vez que está se dá a aula. Pois, de acordo com o referido
inserida na sociedade e, por sua vez, presencia autor, todos as aspectos culturais inerentes a
situações sociais permeadas pelo universo um dado grupo são reproduzidos e
digital. No entanto, o uso dessa expressão transformados quase que concomitantemente.
evidencia o "não uso cotidiano", a sua "não Além disso, ainda nesta perspectiva, cultura é
familiaridade" com o que tivera sido exposto. entendida como uma estrutura, nos moldes da
Já na segunda fala podemos verificar a noção apresentada por Giddens (2009).
presença da noção de tempo, evidenciada pelo Ainda sobre a segunda fala destacada da
uso dos termos “ficando velha”. Estes refletem professora A, a noção de tempo está
o distanciamento de uma geração analógica, a relacionada à idade e esta, por sua vez, com a
dos migrantes digitais, com a geração virtual qualidade do trabalho desenvolvido. Isso quer
supracitada como nativos digitais. dizer que, quanto maior a idade mais distante
dos novos surgimentos tecnológicos se está e,
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do exposto, o curso de formação continuada teve por objetivo promover a inserção
das professoras de ensino infantil e fundamental no universo digital. A princípio, o
desenvolvimento do curso foi orientado para expor os conceitos tecnológicos atuais bem como
as principais ferramentas para uso em sala de aula. Contudo, não foi realizada nenhuma aplicação
prática do que fora exposto na primeira parte do curso, conforme citado, mas durante o segundo
momento pudemos perceber que ideias surgiam aliadas ao medo de errar.
Elementos como noção de tempo foi o que norteou as falas durante a discussão no
segundo momento, como podemos perceber no item anterior. Tal fato deve-se à insegurança e
ao distanciamento da formação inicial destas professoras com o advento das tecnologias atuais.
Neste ponto, o foco do curso foi atingido, uma vez que trabalhar conceitos digitais e promover
uma reflexão acerca de seu uso na sala de aula para crianças equivale a iniciar o processo de
letramento digital para professores em serviço.
Neste sentido, faz-se necessário implementar nos cursos de formação de professores da
educação básica, de todos os níveis, ferramentas metodológicas que tragam tecnologias digitais
voltadas para a inserção, uso e desenvolvimento no ensino. Isso se justifica, pois, a o sujeito
educando - foco da escola uma vez que está submetido a um processo de formação social e
intelectual - está imerso num mundo cada vez em transformação. Assim, como reflexo da
sociedade, a escola precisa estar alinhada às transformações do mundo, de modo a promover a
formação integral do sujeito.
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REFERÊNCIAS
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(Org.). Internet e ensino: novos gêneros, outros desafios. Rio de Janeiro: Lucerna, 2007. p. 15;17.
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SERIM, F. The importance of contemporary literacy in the digital age: a response to digital
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SEWELL Jr., W.H. Logics of history: Social theory and social transformation. Chicago: The
University of Chicago Press, 2005.
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RESUMO: Este artigo tem como objetivo refletir sobre a prática do professor no ensino da
Matemática, bem como essa disciplina deve ser apreendida por cada um que se dedica a
transmitir seus conhecimentos nessa área. Destaca também algumas metodologias para o ensino
da Educação Matemática. Para isso este trabalho sugere formação continuada para os
professores que instruirão os futuros profissionais dos anos iniciais. A metodologia utilizada foi a
pesquisa bibliográfica. Concluiu-se que não basta oferecer os cursos para os professores do ciclo
I sem ao menos oferecer recursos tecnológicos, didáticos, metodológicos, além de, na tentativa
de minimizar os traumas adquiridos na infância, mostrar que a Matemática é uma disciplina como
outra do currículo, com possibilidades de desenvolvimento avançado em cada um dos educandos.
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compara e agrega outras áreas que dependam Para se adequar ao que se pede nas
do conhecimento matemático. diretrizes, considerando as necessidades dos
O cuidado com a educação faz com que a alunos, os professores das séries iniciais do
Educação Matemática seja uma possibilidade Ensino Fundamental devem ter conhecimento
do aluno estruturar, entender e modificar seu da ciência Matemática e dos processos de
mundo de maneira lógica, englobando as áreas aprendizagem dos mesmos.
de Ciências Naturais e Sociais (antropologia, A ciência deve ser o embasamento de uma
sociologia, matemática, filosofia, psicologia) prática educativa que precisa estar
para que o professor tenha uma postura fundamentada pois, sem essa clareza, ocorre o
diferente e quebre paradigmas para ensinar comprometimento dessa prática e não há a
Matemática. solução para o objetivo considerado. Todas as
Segundo a concepção de Burak (2010, p.12), práticas que decorrem de fundamentos
a conduta educacional do professor que vai incertos e inadequados podem acarretar em
trabalhar Matemática do ponto de vista da práticas incertas e inadequadas também.
Educação Matemática, relaciona-se a: O ensino básico deve certificar que todos
toda prática é fruto de uma forma particular tenham direito a ele, em condições iguais de
de ver, de pensar e de compreender o mundo oportunidades, com alcance aos bens culturais,
que nos cerca. É, também, da forma particular ao desenvolvimento das qualificações
de se ver a Matemática como objeto de individuais e sociais, à construção da cidadania,
conhecimento a ser ensinado e admitir que esta à conquista da integridade humana e da
visão inclui não ter apenas uma única forma de liberdade intelectual e política.
ser ensinada; saber que as ações estão Assim, as práticas pedagógicas devem
embasadas em uma visão epistemológica respeitar os tempos de aprendizagem dos
explícita ou implícita do professor e não ignorar alunos para que o ensino e a aprendizagem
as consequências que decorrem dessas visões sejam concretos e atinjam o objetivo principal
no âmbito da sala de aula, na realização de uma que é o entendimento do que se precisa e quer
prática educativa (BURAK,2010, p.12). oferecer aos educandos.
Com o surgimento da Educação Matemática A ciência matemática bem como a ciência
como ensinamento, observa-se que as didáticas pedagógica precisam ser bem compreendidas
deixaram de ser pensadas em perspectivas pelo professor para que haja um ensino
antigas, no qual o ensinar era visto como matemático de qualidade com o propósito de
repassar os conteúdos e passaram a ser vistas os alunos terem a oferta de situações de
como favorecer o aluno a buscar estratégias aprendizagem que modifiquem seus
para a compreensão do conteúdo dessa preconceitos com relação a essa disciplina.
disciplina. “O professor que ensina Matemática é o
Segundo Paraná (2008, p.45), o aprender profissional que mais sofre críticas.”
Matemática faz com que o aluno estabeleça (FIORENTINI, 2003). Essa afirmação leva em
relações, crie, por meio de estratégias que o conta uma forma natural de se achar a
façam construir significados às ideias postas. disciplina difícil se comparada a outras.
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E é por isso que a Educação Matemática Segundo Ponte, Brocardo e Oliveira (2005), a
passa a ser vista como uma área que aprofunda Investigação Matemática possibilita ao
os conhecimentos em Matemática. O que se educando construir conceitos matemáticos,
passa e como se oferece o aprendizado levantando conjecturas, validando provas,
depende da prática de quem vai compartilhar o discutindo e argumentando suas justificativas
saber e, principalmente, de seus objetivos ao sobre os saberes da ciência matemática.
desenvolver o tema abordado. Entretanto, devem seguir algumas etapas
para que o processo investigativo seja
ALGUMAS METODOLOGIAS concretizado. São elas: planejamento e
organização de materiais, introdução do objeto
APLICADAS EM EDUCAÇÃO de estudo, desenvolvimento e conclusão.
MATEMÁTICA Essa metodologia também vem ganhando
A resolução de problemas é uma espaço para se ensinar Matemática nos anos
metodologia que provoca as informações da iniciais do Ensino Fundamental, sendo
realidade do educando, possibilitando a analisada como excelente pelos educadores,
ampliação dos saberes matemáticos, com base em seus resultados anuais.
desenvolvendo a singularidade e a As Mídias Tecnológicas são processos
interpretação de situações problematizadoras. metodológicos contemporâneos, pois o uso das
Relaciona a Matemática com as questões tecnologias está cada vez mais presente no
práticas da vida do educando. Com base nisso, cotidiano e essa metodologia faz com que a
Vianna (2002, p.2), ratifica: qualidade do sistema educacional seja de
É problema tudo o que, de uma maneira ou excelência.
de outra, implica da parte do aluno a Esteve (2004, p.184), mencionou a
construção de uma resposta ou de uma ação importância das tecnologias e das formações
que produza certo efeito. A noção de problema para o professor, na atualidade:
não tem sentido se o aluno não puder aplicar o uso dessas novas tecnologias não suporia
um sistema de respostas inteiramente prescindir do professor, ao contrário, permitiria
constituído (VIANNA,2002, p.2). que ele se centrasse nas tarefas mais
Essa metodologia é a mais usada nos anos importantes que pode desempenhar e, nas
inicias porque trabalha com o pensamento quais é absolutamente imprescindível: ensinar
matemático e, nessa fase escolar, traz ao aluno o valor do que é aprendido, ajudá-lo a
facilidades e melhor aproveitamento de relacionar a nova aprendizagem com
estudos. aprendizagens anteriores e integrar as novas
A Investigação Matemática também é uma aprendizagens nos esquemas conceituais com
metodologia bastante usada na Educação os quais vive sua vida e interpreta os
Matemática porque pode ser trabalhada em acontecimentos do mundo que o rodeia(
grupo ou mesmo individualmente. Além de ESTEVE, 2004, p.184).
contextualizar os conteúdos, interagem com os
variados objetos esmiuçados.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Levando-se em conta o que foi observado, é necessário que se repense os cursos de
formação em Pedagogia, inclusive quando a disciplina trabalhada for a Matemática, pois muitos
dos traumas relatados por meio da literatura, deixa claro a fragilidade do educador quando se
tem uma abordagem voltada a Educação Matemática. O que se apreende é o que se transfere,
inclusive os traumas e medos da disciplina em questão.
A intenção é sempre buscar outras formas para se explicar algo sem o propósito de agir
mecanicamente. Tendo em vista que o professor observa, enquanto aluno, em seus anos de
formação na Educação Básica, a forma como o seu professor age, as metodologias que ele utiliza
e sua didática e, futuramente, reproduz esses métodos, que, antigamente, eram formas
totalmente mecanicistas.
A legislação vigente trata de diretrizes para o profissional que faz bacharelado e o
profissional que faz a licenciatura em Matemática, mas em alguns pontos, colocar as
competências comuns a esses dois cursos, o que poderia ser pensado de forma diferente por
considerar que a didática é primordial a quem vai levar a formação Matemática aos diversos
alunos que iniciam seus cursos em Educação Básica mas vão até as Universidades com falhas na
alfabetização Matemática.
Uma solução apropriada pode ser a Educação Matemática, que trabalha com pesquisas
que relacionam desde a história da Matemática até o processo final que é ensinar e aprender a
Matemática. Compreende o lúdico na resolução de problemas, além de relacionar o
conhecimento matemático às questões práticas da vida do aluno.
Facilita o entendimento pelo aluno porque busca ferramentas que façam a disciplina ter
sentido em seu dia-a-dia, como quando consegue-se modificar o seu próprio mundo de maneira
lógica. Traz a prática e a relaciona a vida do educando, o que sugere que tenha mais sucesso, pois
essa metodologia não deixa a ciência Matemática tão distante do mundo real dos alunos.
A prática vem da forma como o ser humano enxerga e compreende o mundo. Na análise
da Matemática, o objetivo de conhecimento precisa ser observado como algo que pode ser
ensinado de diversas formas. A investigação Matemática ganhou campo nos cursos de Pedagogia
porque é um processo que contextualiza os conteúdos matemáticos, interagindo com os objetos
a serem estudados.
Há muitas metodologias atuais que colocam o aluno como sujeito de seu aprendizado
porque relacionam suas realidades aos saberes matemáticos. Outra metodologia muito atual são
as mídias tecnológicas pois o uso da tecnologia está cada vez maior no mundo, inclusive alguns
sistemas de ensino incorporam plataformas online para diversas disciplinas, até mesmo em cursos
de anos iniciais.
Há uma forma natural de se achar que a o professor de Matemática tem problemas para
transmitir o conteúdo que precisa ministrar e isso, de alguma forma, acaba generalizando esses
profissionais. É necessária uma educação de qualidade ao educando e, uma das formas para que
isso ocorra, é ofertando cursos de formação para os docentes, pois é sabido que, associar as
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REFERÊNCIAS
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PONTE, J. P.: Por uma formação inicial de professores de qualidade. Disponível em, 16 de
janeiro de 2004.
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RESUMO: Este artigo tem por tema a abordagem de uma proposta de ensino inovador que está
em evidência, o letramento, cuja variações se dividiu em multiletramentos. Hoje as características
dos comportamentos e relações dos indivíduos na sociedade são influenciadas pelas novas
tecnologias no cotidiano e os muitos desafios em virtude da globalização. A nova geração de
alunos são nativas nesse contexto e cabe ao professor, além de estar contextualizado, ter
competências e habilidade para agregar conhecimento ao valor educacional, para resolver os
problemas complexos do mundo real. Assim, entendemos que o professor deve repensar sua
prática de ensino e adquirir novas competências, em razão das mudanças provocadas pelo mundo
digital na sociedade, e incorporar o letramento que atenda as demandas da sociedade conectada
no processo de formação pedagógica. Objetivamos verificar ferramentas e métodos utilizados,
analisar a matriz curricular do ensino superior relativa à formação pedagógica. Utilizamos a
pesquisa bibliográfica como aporte teórico de autores que versam sobre a temática.
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Letramento é, pois, o resultado da ação de método acaba se tornando hibrido pela ponte
ensinar ou aprender a ler e escrever: o estado entre escola e comunidade, isto é, o docente
ou a condição que adquire um grupo social ou tem a oportunidade de alfabetizar letrando.
individuo como a consequência de ter-se Letramento se aplica no processo de
apropriado da escrita (SOARES, 2005, p 18). aprendizagem, já o contexto na pratica de
Diferente do termo alfabetização que interpretação de textos diferenciando ambos
segundo o dicionário Aurélio vem do termo apesar de serem muito parecidos, mas
alfabetizar que literalmente se diz “ensinar ou promovendo a leitura de mundo.
aprender a ler e a escrever”, que se dá somente Definindo o conceito multiletramentos o
na junção, leitura e percepção dos códigos ( mais apropriado neste artigo é o que afirma
letras do alfabeto) no seu contexto técnico, a ROJO (2012):
preocupação aqui é somente a alfabetização E como fica nisso tudo os letramentos?
feita por meio do método tradicional “ Tornam-se multiletramentos: são necessárias
bancário”. novas ferramentas – alem das da escrita
O método tradicional “ bancário”, segundo manual (papel, pena, lápis, caneta, giz e lousa)
Freire (1968), se trata de um método no qual os e impressa (tipografia, imprensa) – de áudio,
conteúdos aplicados em aula são repassados na vídeo, tratamento de imagem, edição e
forma de depósito, repetição, no qual os alunos diagramação. Requeridas novas práticas:
são coagidos a aprender, neste método a maior (a) de produção, nessas e em outras, cada
motivação se dá nas notas e o não vez mais novas ferramentas;
constrangimento de repetir de ano, mas hoje (b) de análise crítica como receptor (ROJO,
em dia estes aspectos já não são mais motivos 2012, p 21).
para motivar o aluno. Sobre esta definição entende-se que
De acordo com Valente (2015), só método multiletramentos não se trata de uma
tradicional não acompanha mais a sociedade e sim de todas as outras existentes,
aprendizagem de alunos no século XXI é isso é possível? Sim, pois o ambiente web por
necessário o método hibrido que é a junção do meio da rede mundial de computadores nos
tradicional com métodos ativos. proporciona esta possibilidades por meio da
A alfabetização e letramento apesar de aquisição de conhecimento de ferramentas
serem palavras distintas as duas precisam essenciais e acessíveis que podem facilitar e
caminhar juntas, pois uma completa a outra, estreitar o relacionamento professor, aluno.
isto é, alfabetização se dá na leitura e escrita
dos textos, já o letramento está na leitura de FERRAMENTAS E MÉTODOS
mundo.
Nesta perspectiva, o docente observa os QUE FACILITAM A
saberes adquiridos fora da escola e usa como APRENDIZAGEM
exemplificações e ferramentas de Quando nos referimos a ferramentas no
aprendizagem para que a aula tenha mais ambiente dos multiletramentos, logo
significado na vida escolar do aluno, este pensamos em computadores e outros meios de
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comunicação no contexto web, e, logo nos vem possibilidades para que esse público possa ter
à mente que está realidade não cabe a alunos acesso e também as empresas estão
que vivem nos subúrbios periféricos, mas nos customizando estes aparelhos para que
enganamos, pois segundo Maia(2016),por meio moradores de periferia possa ter acesso a
de uma música de Gilberto Gil “Pela internet” o internet.
mesmo coloca em pauta um debate pela rede Considerando está realidade o autor afirma
entre várias pessoas do mundo em 1997, na que sujeitos periféricos entram em contato
qual a internet no Brasil era alçada somente com as TIC’s e passam por esse processo de
pelas classes A e B menos de 3% da população desterritorialização e reterritorialização entre si
em 2005 tinha acesso à internet, de acordo com por meio das ideias de Garcia Canclini (2008,
pesquisa realizada pelo Comitê Gestor de p.1997), apud, Maia (2016), afirma que a partir
Internet no Brasil, que afirmava que esses que:
números e classes iriam aumentar. o morador de periferia tem acesso às rede
No ano de 2012 o Ibope apresenta uma ocorre uma saída de seu território geográfico
pesquisa, na qual as TIC’s ( Tecnologias da para outros contextos e também os meios
Informação e Comunicação ) já alcançava a através do fornecimento barateado como
classe C em 83,4 milhões de brasileiros, e, 66% smartphone, computadores e até lanhouse
classe C e outras classes com acesso a saem do seu território a elite para a periferia. A
lanhouse, após alcança 14% da classe D. Neste periferia traz um grande avanço para o seu
contexto o debate de Gilberto Gil já pode ter processo de reterritorialização onde adotam
participação de moradores de regiões signos na fala através de sua facilidade em ater
periféricas. Está aí, a emergência com o com processos híbridos, já os grupos de poder
hibridismo, no qual deve ser adaptado aos não têm essa facilidade por causa do
contextos periféricos para que as TIC’s possam tradicionalismo. São através dessas novas
se harmonizar na rede. Está mentalidades na periferia que surgem os novos
contemporaneidade abre espaço para três letramentos.
análises a seguir desterritorialização, Quanto a descoleção Maia(2016), afirma
descoleção e gêneros impuros. que nos tempos, nos quais textos formais eram
Desterritorialização, segundo Maia(2016), venerados cultuados pelas coleções
hoje num contexto urbano os objetos de consequentemente restritos as gamas mais
comunicação como rádios e televisões estão humildes da população gerando um certo
sendo substituídos por computadores, tablets, preconceito, mas a proposta de Garcia
laptops e smartphones, no qual os mesmo por Canclinié, apud, Maia(2016), a hibridação
meio de uma conexão com a internet oferecem desses textos com os considerados
o domínio das ferramentas de informações por marginalizados garantido o acesso a todos e
meio da internet, já nos ambientes periféricos isso só as TICs podem oferecer.
engana-se quem acha que esses público não Santaella ( 007,p. 132), apud, Maia(2016),
está sendo alcançado, pois as lanhouse e centro traz uma proposta sobre o termo híbrido , no
comunitários de acesso a rede estão trazendo qual este se dá por meio de transições de
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contextos específico mas sua visão se torna história. O multiletramento proporciona muitas
espacial trazendo o termo híbrido que se trata possibilidades com gêneros de discurso.
de um contexto planetário, no qual só mesmo Segundo Thadei( 2013), a teoria de gêneros
as TIC’s trazem está possibilidade, por meio de discursos apresenta-se como uma teoria que
destas mentalidades o ethos orientador de será sempre inacabada que sempre surgirá
práticas sociais e contemporâneas trazem uma novas estruturas textuais se tratando de
atenção em especial para os letramentos espaços web, isso se dá por meio da hibridação
híbridos. Os moradores das periferias vão dos gêneros que por meio das mesmas vão
ganhando força por meio desta hibridação e nascendo novos gêneros. Existem muitos
cibridação, pois suas ideias, realidades e métodos e ferramentas que podemos usar, mas
letramentos alcançam todos os lugares do iremos nos ater as ferramentas AVA e o método
mundo por meio da rede oferecida pelas TICs. PDG.
Quanto a gêneros impuros, Maia (2016), traz A abordagem deste tema traz as
um conceito de espaços físico que por funcionalidades e cooperações dos ambientes
intermédio das TIC’s podem se comunicar AVA (Ambiente Virtual de Aprendizagem) e PE
transitar em grupos de diferentes lugares por (Portal da Editora), segundo Borges (2013),
meio de dispositivos móveis como dispõe de aprendizagens por meio de materiais
smartphones tudo isso num ambiente digital. autodirigido, autossuficientes estímulos
Por meio das redes sociais os gêneros impuros cognitivos, estudos de casos, resolução de
periféricos transitam entre os gêneros problemas, colaborativa e representação
tradicionais os periféricos além de expor seus visual.
gêneros entram em contato seus com os O AVA segundo Borges e Mello (2013). são
tradicionais neste espaço intersticiais ambientes digitais com materiais que
oferecidos pelas redes sociais por meio da rede contribuem muito para iletrados digitais
e as TIC’s móveis a periferia mostra seu valor e aprenderem também a usarem esses
seus letramentos contribuindo para a ambientes que se tornam híbridos, linkando o
sociedade. tradicional com digital, mas pode se tornar
enfadonho para aqueles que já estão
• Ferramentas AVA e o método PGD familiarizados com o ambiente. Essas
O professor habilitado desde o primeiro até plataformas são construídas sobre três
o quinto ano do ensino fundamental tem a estruturas ferramenta de coordenação
responsabilidade de ministrar aulas e (dinâmica do curso, leitura, materiais de apoio
desenvolver atividades dentro de uma e etc.), ferramentas de comunicação (correio,
perspectiva interdisciplinar, na qual as bate papo, fóruns de discussão e etc.),
disciplinas responsáveis pela alfabetização ferramentas de administração (inscrições,
língua portuguesa e matemática são essenciais, convites, acompanhamento de atividades e
mas não devemos descartar disciplinas como etc.) Levando-se em consideração também os
ciências naturais e humanas, geografia e três tipos de leitores que são contemplativos (
leitos da idade pré-industrial, da era do livro
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impresso), movente( que já nasce num tratado(s) seja(m) realmente usado(s) para a
contexto urbano que acompanha as mudanças prática social( KERSCH,2016,p.43).
de perto), imersivos( leitores que emergem Entende-se que os gêneros textuais são um
neste contexto de virtualidade). ponto de partida para que os alunos possam se
Estes ambientes ajudam os contemplativos e interagir com a sociedade levando em
os moventes, mas em pouco contribui para o consideração que a LDB 9394/96 afirma no seu
imersivo, a ideia é que docentes façam estas ART 1°§ 1, “ a educação escolar devera vincular-
formações para que possam se encaixar no se ao mundo do trabalho e a pratica social”
mundo destes nativos digitais. sendo assim o docente deve levar em
Um docente que compreende a proposta se consideração a interação social, nesta temática
depara com algumas limitações que não caibam existe uma ferramenta que pode ser usada por
na aprendizagem, a mesma tem de ser sempre quase todos as sociedades para que o PDG
acompanhada por um tutor ou professor para possa ser usado de uma forma mais eficaz que
não sair do ambiente, evita utilização excessiva são as “Redes Sociais,” Kersch (2016), afirma: “
de fóruns on-line trazendo sempre a discussão Em suma num PDG, lê-se para agir no/sobre o
e sala de aula e trabalhar com letramentos mundo, para resolver problemas, para
educacionais evitam possíveis atuações e interagir, criticar, elogiar, para escrever, para se
decoreba. divertir, para aprender. A leitura mexe como o
A hibridação no âmbito educacional fica por leitor, requer dele uma resposta, uma atitude
conta do docente ao mesmo cabe a ativa.
responsabilidade de indicar links de textos, E como a tecnologia pode viabilizar esta
links para reforçar o aprofundamento da teoria. interação autor-leitor-texto?”
Tendo o domínio dos métodos que hoje estão Em resposta a esta pergunta podemos usar
em evidência pode possibilitar um ensino uma história que Kersch (2016), conta de uma
agradável a todos os leitores, se não houver professora que resolveu fazer mestrado usou a
uma intervenção do docente, o ambiente AVA, rede social, facebook, para ensinar língua
pode se tornar uma sala tradicional, é portuguesa para alunos sem rendimento
fundamental que o professor não se atenha escolar, com problemas sociais muito
somente ao AVA e sim a outras home-pagers constantes na região periférica onde a escola
que podem auxiliar o desenvolvimento e era localizada. A mesma fez um grupo fechado
trabalhar autonomia. no facebook e colocou esta descrição no dia
Outro aliado do professor é o método PDG 19.04.2013:
(Projeto Didático de Gênero) que segundo Este grupo tem como objetivo de mostrar
Kersch (2016), é: como as aulas de língua portuguesa saem do
uma proposta metodológica de didatização papel e podem ganhar muita vida! Nosso
de gêneros. Apresenta como diferencial o fato objetivo é escrever, opinar, transformar muitos
de ser um projeto voltado para uma sequência fatos em notícias e entrevistas! Nossos reportes
de atividades que se realizarão dentro e fora da juvenis colocaram as palavras em ação!(
escola, de forma a garantir que o(s) gênero(s) KERSCH, 2016,p. 55).
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cm de terra”. A ideia é fazer com que os alunos 1. Em uma roda de conversa, perguntar aos
escrevam artigos noticiosos curtos baseados na alunos e discutir sobre a interpretação da
interpretação da charge. charge que está projetada na lousa.
2. Perguntar aos alunos se eles têm algum
conhecimento da situação atual dos índios. Se
já viram notícias dos índios e em quais foram as
fontes de informação que eles assistem, leram
ou ouviram? (jornal, revista, televisão, rádio,
internet e outros)
3. Mostrar no telão notícias atuais, online,
relacionado ao tema. Também pode ser
distribuída em forma impressa.
4. Os alunos são incentivados a construir
um texto informativo na estrutura de notícia
sobre a situação atual dos índios. Poderão
acrescentar no texto informações, se em sua
cidade habita ou habitavam índios, que traços
da cultura indígena podem serem observados
Fonte: Beto Cartuns (s.a, s.p) em seus cotidianos? Se tiver algum parente ou
conhecido que seja descendente
Esta atividade desconstrói um gênero de
Manchete, autor, data, história e ordem dos
texto e depois solicita que os alunos o recriem.
fatos, com o conteúdo de seis perguntas
Estimulando como um texto é montado e
jornalísticas: Sobre o que se trata? O que
disponibilizado na online. E mostra como as
aconteceu? Quando aconteceu? Onde
habilidades do letramento impresso tradicional
aconteceu? Por que aconteceu? Como
também pode ser realizado na internet.
aconteceu?
Objetivo: Examinar determinada publicação
na internet, identificar o gênero textual e
Apresentação
recria-lo.
No texto os alunos podem inserir fotos,
Tempo: duas aulas de 45 minutos.
vídeos, links e anúncios.
Ferramenta: Blog.
Os textos podem ser produzidos em papel e
Recursos:
colados no mural da sala e podem ser
Um computador com acesso à internet para
comparados na versão digital e impresso.
o professor e um projetor; computadores com
A avaliação é realizada por meio dos
acesso à internet para os estudantes ou
portfólios
dispositivos móveis (um por grupo).
Com esta atividade propomos uma inclusão
Metodologia
do tema multiletramento na disciplina de língua
Escolha do texto da internet (Facebook),
portuguesa considerando tudo que já foi citado
certificando que o tema pode ser usado na aula
neste artigo.
de história e assuntos étnicos raciais.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considera-se a necessidade de formar profissionais que tenham conhecimento e saibam
atuar na docência enfatizando a educação para o exercício da cidadania, diante das constantes
transformações pela qual passa a sociedade contemporânea.
É fundamental que professores possuam agendas reflexivas, críticas e analíticas,
principalmente de sua formação e competência, da importância da linguagem, no contexto das
TIC’s como fenômeno sócio histórico.
Entre a necessidade e preocupação da formação dos professores para a alfabetização das
linguagens decorrentes das interações via internet e mídias digitais, considera-se a importância
os saberes para a vida e inclusão do aluno na sociedade.
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
REFERÊNCIAS
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na prática. São Paulo:Figurati,2015.
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
RESUMO: Esse artigo tem como foco apresentar quais as influências que a música exerce dentro
das escolas de Educação Infantil. Quais os caminhos que as professoras buscaram para entender
que a música precisa fazer parte da vida dos pequenos desde cedo já que a mesma contribui para
o seu próprio desenvolvimento. E as reações das crianças ao se depararem com esse universo tão
maravilhoso que é a música. E no momento dessas escolhas, as professoras respeitam a faixa
etária e a fala dos envolvidos já que possuem diversas crianças com diferentes gostos e culturas.
Quais são os caminhos que percorrem para atingir os objetivos que desejam com a turma e como
as professoras que não possuem formação nessa área conseguem trabalhar com música já que
existem diferentes melodias, timbres, diferentes instrumentos, ritmos e sons.
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preciso passar para as crianças o que é música, quatro escolas diferentes com educadores
quando foi a sua origem, falar sobre os infantis para saber como esses professores
diferentes tipos de sons, deixando claro que trabalharam a música na educação infantil
este conhecimento faz parte da vida do ser dentro da sala de aula, e como serão as aulas,
humano para que este possa estar em contato ou haverá uma diferença em relação ao ensino,
com o meio em que vive. A criança quando faz as crianças se relacionam com as atividades e
algum tipo de som preocupar-se em sentir projetos elaborados pela escolar.
aquele momento independente de seguir um O trabalho com a música desenvolve a
modelo. habilidade física, lógica e cultural das crianças.
O educando deve saber a importância de Acompanhamos junto as crianças para verificar
colocar as crianças em contato com a música como foi sua adaptação e aceitação que iremos
mesmo não tendo tido uma formação nessa apresentar esta pesquisa e seu
área, pois nesse momento a criança desenvolvimento.
desenvolve-se em todo seu aspecto, ou seja, Abordamos o significado da musicalização e
emocional, emocional e afetivo. seus benefícios para desenvolvimento dos
A pesquisa será qualitativa e será feita alunos dos alunos, apresentação dos
pesquisa de campo e entrevistas, junto com instrumentos e os sons de cada um. Falaremos
professores de Educação Infantil (berçário I e II também sobre a expectativa dos alunos, e as
e mini grupo). criações de sons musicais na sala de aula a
Abordamos o significado da musicalização e partir do que possuímos dentro da mesma.
seus benefícios para desenvolvimento dos Abordamos também o repertorio e sua
alunos, apresentação dos instrumentos, os sons diversidades por regiões culturais e suas
diferenciados e notas de cada um e seu tradições por exemplo: bumba meu boi que sua
significado. Falaremos também sobre a origem do Maranhão, boi bumba tem sua
expectativa dos alunos, e as criações de sons origem do Para boi de Mao tradicional de Santa
musicais na sala de aula a partir do que Catarina e o maracatu de origem
possuímos dentro da sala de aula. Pernambucana.
A proposta de musicalização é a diversidade,
Objetivamos apresentar como a música é de instrumentos usados e tocados, quando
trabalhada dentro das escolas de educação apresentado o repertorio as crianças sentem
infantil, quais os critérios utilizados para a com liberdade de cantar, dançar, com
escolha dessas músicas e como as crianças movimentos e expressões, é assim que
reagem às músicas disponibilizadas na escola. trabalharemos com eles. Quando colocamos a
linguagem e percebemos a importância e
METODOLOGIA necessidade que os bebês tem quando
conversarmos, cantamos para eles notamos
Optamos pela pesquisa bibliográfica de
suas satisfações balançando os bracinhos e
cunho qualitativo e também a pesquisa de
tentando gesticular.
campo juntamente com os professores de
educação infantil, realizamos entrevistas em
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A pesquisa de campo tem como cenário pois durante essas duas horas além da
quatro CEIS situadas na zona leste de São Paulo, educadora responder as perguntas fez uma
nas quais entrevistamos Professores de atividade com música.
Educação Infantil. As crianças sentaram em roda e foi colocado
Elaboramos um questionário para verificar o um CD de música infantil que falava da
que os educadores pensam a respeito de formiguinha que subiu em todas as partes do
trabalhar a música com crianças na educação corpo de uma pessoa que foi ao mercado fazer
infantil. compra.
Como essas educadoras trabalham à música A segunda entrevista foi realizada no dia 22
dentro da sala com as crianças, de que maneira de setembro com uma professora de Berçário II
é o desenvolvimento da música dentro da , em uma escola privada.
educação, como elas fazem à escolha dessas Após a entrevista com a docente, a mesma
músicas, o que levam em consideração para a aplicou a atividade da seguinte forma:
escolha e os tipos de músicas que fazem parte Pediu que os alunos sentassem em roda e
do dia a dia das crianças quando estão nas CEIS. começou a cantar a música da pantera cor de
rosa as crianças acompanhavam a educadora
ANÁLISE DE DADOS fazendo os mesmos gestos.
A primeira entrevista foi realizada com uma O CEI possui sete salas de aula, quatro são
para o berçário atende 13 crianças no total,
professora do berçário I no CEI, que atende
duas salas são para o mini grupo com um total
crianças de 0 a 6 anos de idade e fica situado a
de 22 crianças e uma sala para o primeiro
Rua São Pedro de Jequitinhonha, 27ª São Paulo.
estágio que atende 15 crianças.
O CEI possui sete salas sendo três berçários,
o berçário I atende 14 crianças e o berçário II e Dos 7 educadores que trabalham no CEI
III atende 18 crianças cada um. São dois mini apenas 4 possuem curso de graduação e os
grupos, o mini grupo I atende 12 crianças, o outros três possuem apenas o magistério.
mini grupo II atende 24 crianças e o primeiro Para propiciar um ambiente agradável para
estágio atende 20 crianças. as crianças o CEI possui um parque, um
refeitório amplo onde as crianças possam se
Os professores totalizam 8, sendo 4 com
sentir acolhidas, uma televisão, uma vez por
graduação e três quatro cursando a graduação.
semana cada sala utiliza para assistirem vídeo.
Além dos oito educadores o quadro de
funcionários é composto por uma diretora, uma A terceira entrevista foi realizada com uma
coordenadora, três auxiliares de classe e uma professora do mini grupo no CEI atende criança
auxiliar de limpeza. de zero a seis anos de idade.
No primeiro momento conversamos com a Após o término do questionário respondido
professora explicando qual o motivo da os alunos participaram de uma atividade com
música, a professora colocou um CD da música
entrevista que estávamos fazendo, pois a
diretora já havia autorizado, a educadora do peixinho fora da água, crianças logo
concordou em responder o questionário que começaram a dançar e algumas assim que
durou cerca de duas horas para a conclusão,
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do apresentado é visível a importância da música para o desenvolvimento da
criança.
Na Educação Infantil notamos que os ritmos, as canções e o repertório estão cada vez mais
presentes na vida das crianças.
Trabalhar com a música é minucioso e curioso ao apresentar um repertório para as crianças
precisamos ter cautela, porque culturalmente em alguns casos as palavras são de baixo nível.
Apresentamos as cantigas de roda, canções de ninar e as parlendas, todas estas etapas
entra na musicalização de diversas formas, cantadas, contadas e brincadas por meio de
instrumentos.
A música é cantada e descoberta pelas crianças que podem ser tocadas por diversos
instrumentos prontos e criados de próprio punho.
Com todos estes artifícios as crianças percebem a música por meio de seus sentidos e deixa
ouvir, assim de imediato vem o reconhecimento, na dança com movimentos corporais,
memorização, juntamente com a capacidade de imaginação e integração.
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REFERÊNCIAS
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RESUMO: O presente artigo utiliza como metodologia a revisão bibliográfica da obra de Friedrich
Nietzsche (1844 -1900). Partimos, pois, do pressuposto de que as ideias de Nietzsche (1844 -1900)
são frutos de sua época e sua vida e que evidenciam seu sofrimento e decepção filosófica em
relação a educação sobre cuja crítica o autor se debruça. E é por meio da vontade de potência
(Der Wille zur Macht) que o super-homem (Übermensch), aplica a transvaloração dos valores
deturpados pela educação na sociedade cristã ocidental. Para Nietzsche (1844 -1900), a educação
deve ser pensada de forma individual para que o indivíduo possa expressar toda sua vontade de
potência por meio dela e não ser uma educação moralizante e castradora, dentro dos ditames da
moral dos fracos. Há uma clara contraposição entre a educação individual e aristocrática e a
educação democrática que é a educação da massificação humana. Apresentaremos, pois a
fundamentação da educação aristocrática na compreensão das emoções antagônicas dos seres
humanos. Essa educação aristocrática tem como pressuposto a individualidade e o destaque em
relação aos demais membros da sociedade. E se faz necessário que esse indivíduo faça uma
autocrítica em relação à essa suposta supremacia para superar sua mesquinhez e seu medo.
1Historiadora; Professora de História formada pela USP, Especialização em Metodologia do Ensino de História e
Geografia.
E-mail: clwerneck@yahoo.com.br
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aristocrática distancia-se disso pois o filosofo nos aturdimos com a vida em sociedade. O
que a busca não teme o caminho árduo a homem se livra ainda mais da visão do
percorrer. A maioria prefere o que é fácil e não sofrimento que ele mesmo experimentou;
sai da sua zona de conforto, ainda que está lhe fixando para si objetivos sempre novos, ele
seja extremamente desconfortável, sem resistir procura esquecer o que se estende atrás de si
à vulgaridade e tentando sempre se assemelhar (NIETZSCHE, 2007, p. 65).
aos demais. Para submeter-se aos rigores da Assim sendo, a vida social é preferível ao
educação aristocrática o homem tem que homem vulgar que vive sob os ditames da
esforçar-se para superar seus limites, de forma moral dos fracos, à vida individual e singular,
individual e solitária e esse é um preço alto para ele associada à solidão e tristeza. Na
demais para as massas. coletividade o homem permanece distante de
O medo de sua própria singularidade é um si mesmo e projeta no outros sua vida interior,
dos obstáculos a serem transpostos por meio suas aspirações e frustrações. Sua singularidade
da educação aristocrática. E é esse medo que, é diluída entre as inúmeras outras
se não transposto, o impede de exercer sua singularidades que compõem a massa, sem que
vontade de potência. Para Nietzsche (1844 - essa almeje emancipação e libertação desse
1900), o homem não tem vontade de potência estado de coisas uma vez que o homem teme a
ele é vontade de potência. E esse medo o expressão de sua vontade de potência. Em suas
distancia de sua essência, daquilo que há de palavras o homem prefere ser “humano,
humano em si mesmo, das forças dialéticas demasiadamente humano” em detrimento a
internas e internas. Der Wille zur Macht vida singular e solitária que permitiria que o
pressupõe conflito e superação por meio da homem expressasse sua vontade de potência,
destruição. O medo da vontade de potência ou seja, aquilo que ele realmente é.
mantem o homem longe de si mesmo e dessa Desta forma não há como a vida social ser
forma o homem vulgar busca apoio, empatia e autêntica e verdadeira uma vez que os
compreensão em seu semelhante o que o membros dessa sociedade não expressam sua
mantem ainda mais atado ao rebanho. Dessa singularidade. A isso não atribuímos nenhum
forma, ele não ousa ser ou pensar diferente juízo de valor, já que autenticidade não significa
pois isso o colocaria numa posição diferente, algo intrinsecamente bom mas sim carregado
antagônica talvez às massas. Mantando-se da vontade de potência com suas forças de
longe dos conflitos da vida, das suas forças construção e destruição e suas pulsões
interiores de construção e destruição, ele se carregadas de vida.
mantem em sua zona de conforto e dela não Assim a educação aristocrática é a educação
pretende esgueirar-se por temor à solidão e da rigidez e do destaque, que busca o
exclusão. A esse homem serve a educação das fortalecimento de si mesmo e a expressão da
massas. vontade de potência, sendo, pois, uma
Tememos, quando estamos sós e educação para poucos, mesmo porque as
silenciosos, que algo nos seja murmurado no massas não só não a aspiram. Ela é feita para
ouvido, e é por isso que detestamos o silêncio e aqueles que não temem o trabalho solitário da
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autossuperação e da transvaloração dos entre si! Há mais indivíduos como jamais houve,
valores. Mas por que o homem comum não que não se tenha ilusões! Mas eles não são tão
aspira uma educação aristocrática para si e para pitorescos e tão sumariamente visíveis quanto
seus filhos? Segundo Nietzsche (1844 -1900), eram antes (NIETZSCHE, 2007, p. 141).
porque ele prefere viver sem expressar a O medo de si mesmo faz com que escolha a
vontade de potência, abre mão dela moral dos fracos por ser esta mais útil à sua
voluntariamente pois prefere buscar um mentalidade de rebanho. O que há de mais
sentido para vida por meio dos outros, por mesquinho e insignificante em si justifica sua
intermédio dos valores socialmente massificação e aprisionamento, uma vez que
estabelecidos do que atribuir ele mesmo estas são características das massas. A
sentido a vida e fazer a transvaloração dos abundância de pessoas com esse perfil fala por
valores. Prefere fazer parte do rebanho. si mesma e isso se dá em qualquer época ou
(...) é duro ver os homens serem incluídos, contexto histórico. Daí podemos concluir que
cruamente e sem metáforas, entre os animais; essa é a natureza do vulgo.
e não se estará longe de nos imputar o crime de Se o vulgo rechaça a singularidade, um
aplicar aos defensores das „ideias modernas sistema educacional criado para o mesmo não
‟os termos „rebanho‟, „instinto gregário‟ e poderia ser diferente. Desta forma o
outros do mesmo gênero (NIETZSCHE, 2007, p. desenvolvimento em todos os âmbitos do
200). estudante não vai além de meros dados
Podemos fazer uma analogia com a estatísticos que têm por natureza encobrir as
educação pública brasileira que se classificaria singularidades. Isso explica o perfil dos alunos
como educação de rebanho. Veremos que na educação de rebanho e seu natural
embora o discurso do mainstream seja em prol tendência a não questionar o significado do
de uma educação de qualidade, os próprios conhecimento, não s e importando mesmo com
educandos preferem que a mesma seja fácil e o mesmo, sendo a escola mais um local de
sem reprovação, ou seja, para todos, até para socialização e de alocação de pessoas que não
aqueles que não estão dispostos a se auto teriam onde ou com quem ficar. Para eles a
superarem. Mesmo porque eles não almejam função social da escola é apenas “social”. Não
uma autossuperação e sim inserção no há um significado maior ou além deste que a
rebanho. valide como elemento de construção de
[...] há muitas morais atualmente: o conhecimento para além dos discursos políticos
indivíduo escolhe involuntariamente aquela esvaziados de significado.
que lhe é mais útil (ele tem de fato medo de si o fato de que a massa seja enganada, por
próprio), quer dizer, ele acolhe exemplo, em qualquer democracia, é
necessariamente o erro, na medida em que é extremamente significativo: deseja-se tornar o
um animal mais ou menos perigoso. – homem menor e mais governável: isto é
Antigamente, quando os homens de uma considerado como sendo progresso
mesma raça eram iguais, também uma só moral (NIETZSCHE, 2007, p. 215).
bastava. Agora, os homens são muito desiguais
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nietzsche (1844 -1900), reiteradamente faz uma contraposição dialética entre a educação
das massas e a educação aristocrática. Para ele a educação está pautada na busca de si mesmo,
de sua autossuperação e de um sentido para vida por meio da transvaloração dos valores.
A própria ideia de vontade de potência que são as forças que regem a natureza estão
continuamente em dialética transmutação o que, por si só já descaracterizaria a educação
aristocrática como um modelo a ser seguido pois o próprio fundamento da educação está no
devir. Sobre o conceito nietzschiano de aristocratismo.
Marton (2006), afirma que:
O homem nobre a que se refere não se reduz a mero conceito; em contextos muito
precisos, acredita deparar com ele. Julga que existiu nos séculos XVII e XVIII com a nobreza
francesa, no Renascimento com a comunidade aristocrática de Veneza e, sobretudo, na Antiga
Grécia, com a aristocracia guerreira. Então, conceber a existência como um duelo leal era
condição inerente ao forte. Não se podia guerrear quando se desprezava e não havia por que
fazê-lo quando se dominava. Para que houvesse o confronto, era preciso que existissem
antagonistas; para que perdurasse, era necessário que os beligerantes não fossem aniquilados
(MARTON, 2006, p. 50).
Muito embora para Nietzsche (1844 -1900), a educação de rebanho (inclusive a nível
superior) seja incapaz de fazer a transvaloração dos valores não há na educação aristocrática um
modelo propositivo a ser seguido pelo Poder Público. Isso porque a função da educação das
massas é favorecer o rebanho e, nesse sentido, ela cumpre sua função social. A educação
aristocrática em si não seria uma educação voltada para o público abastado e sim voltada para a
excelência. Nesse sentido seria uma educação individual, intempestiva voltada para a
autossuperação, ou seja, para a expressão do ser humano que em sua visão é a própria vontade
de potência.
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REFERÊNCIAS
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RESUMO: O presente artigo tem o objetivo compreender como ocorre a construção do número
para criança e levantar as possíveis intervenções para possibilitar ao alunado uma aprendizagem
significativa. A pesquisa traz uma análise sobre como a intervenção pode auxiliar no processo de
aprendizado matemático, tentando minimizar as possíveis dificuldades de aprendizagem dessa
área nos alunos do ensino fundamental I. A metodologia utilizada é pesquisa bibliográfica,
descritiva de natureza qualitativa, por meio de subsídios teóricos sobre a aprendizagem na área
de matemática descrita pelos principais autores relacionando ao tema e também artigos
científicos nas bases de dados do Scielo.
1Professora de. Educação Infantil e Ensino Fundamental I na Rede Municipal de São Paulo.
Graduação: Licenciatura Pedagogia e Psicopedagogia.
E-mail:Samantha.savina@gmail.com
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considera-se que trabalhar com jogos e com experiências e vivencias do cotidiano faz com
que as crianças construam o pensamento lógico matemático, tornando assim o conhecimento
matemático mais significativo.
Por intermédio dos jogos matemáticos, com seu caráter lúdico é um recurso indispensável
para desenvolver habilidades cognitivas. Portanto, propiciar situações com jogos é investir no
prazer, no desafio e no melhor desempenho dos alunos.
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REFERÊNCIAS
BURGO, O.G. Uma avaliação do conhecimento acerca da construção do número na
perspectiva Piagetiana em professores da educação infantil. Maringá, 2007.
D’AMBROSIO, B. S. Como ensinar matemática hoje? Temas e Debates. SBEM, Ano II, n.2,
pág.15-19. Brasília, 1989.
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O BRINCAR E A APRENDIZAGEM
Sandra Roberta de Andrade Silva1
RESUMO: O presente artigo tem por finalidade discutir a importância do lúdico no processo de
ensino e aprendizagem durante a fase de alfabetização e letramento. Essas atividades ajudam na
construção do conhecimento bem como no desenvolvimento das crianças e podem ser
compreendidos como situações em que as crianças possam demonstrar seus diferentes tipos de
sentimentos, podendo aos poucos aceitar a existência do outro. São por meio das brincadeiras
que tende a melhorar o convívio entre as crianças, fazendo com que vivam situações de
colaboração, trabalho em equipe e respeito. É preciso conceituar o papel do educador nesse
processo lúdico de aprendizagem e ainda os benefícios que o brincar proporciona. Dessa forma,
espera-se oferecer uma leitura mais consciente acerca da importância do brincar na vida da
criança.
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ensino, sendo essa uma maneira lúdica de professores para ministrar alguns cursos como
aprendizado que representa a cultura, a de álgebras.
educação e a grande tradição de seu povo. Já no século XX, foram lançadas algumas
Os brinquedos dos seus filhos são eles propostas novas como o ensino da Pedagogia,
próprios que constroem com materiais e assim, ajudaria a estruturar um novo rumo
extraídos da própria natureza, eles pescam e para o ensino. No século XX, em suas primeiras
caçam com olhar totalmente diferente dos seus décadas, foi surgindo o “aprender fazendo”,
pais e com outros objetivos que são o de brincar pesquisas que investigaria, redescobertas e
sem nunca perde a real necessidade de alguns métodos de soluções de problemas,
sobreviver. férias e alguns clubes de ciências que foram
Os negros trouxeram seus costumes, uma das grandes mudanças que ocorreu no
parecidos com os dos índios, fazendo o ensino que não tinha preocupações.
necessário para que as crianças aprendessem a Quando a Primeira República chegou ao fim
nadar, pescar, caçar e a construir seus próprios com a Revolução de 1930, o lúdico se tornou o
brinquedos. A cultura, educação e suas movimento mais importante no Brasil, e
tradições eram desenvolvidas de uma forma consequentemente para a Educação brasileira.
muito criativa e lúdica também e assim como os Os padres da Igreja Católica que pertencia a
índios, também satisfazia as necessidades para Companhia de Jesus, de 1534 por meio de
sua sobrevivência. Inácio de Loiola, valorizavam muito o papel, e
Com a chegada dos filhos dos portugueses no esse era o objetivo deles em barrar os avanços
Brasil, por não ter contato algum com o lúdico das reuniões das igrejas no mundo a educação
baseado em atos de sobrevivência, tinham no deveria cumprir para sua realização,
lúdico o lazer e grande aumento intelectual. Os coerentemente com o seu horizonte
costumes dos portugueses eram muito ideológico.
diferentes dos existentes no Brasil, o qual foi O Ministério da Educação e Saúde Pública foi
passado pelos índios e trazido pelos negros em então criado e já nomearam o primeiro
sua bagagem nos grandes navios vindos da Ministro da Educação Francisco Campos. Foi
África para o Brasil. importante esse passo a partir das grandes
No final da Idade Média e já no início da necessidades do sistema econômico, logo após
Idade moderna, próximo ao século XV foi à a Revolução de 1930 foi à grande abertura do
igreja Católica responsável por aniquilar os Brasil para o mundo capitalista de produção e
jogos da educação por serem considerados foram acumulando muito capital, assim,
desrespeitosos a santidade. Foi com os jesuítas passaram a investir no mercado interno e na
que seu ensino voltou a ter um leve destaque, produção industrial. E foi a partir das produções
mas não demorou muito, pois em meados de que surgiu à necessidade de mão de obra e por
1758 foram expulsos, nesse momento o Brasil isso precisaram investir na educação, devido a
ficou sem nenhum sistema que organizaria o necessidade de especialização para os
ensino. Às vezes Portugal enviava alguns indivíduos.
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pode dizer: ‘você parou ai, vou mostrar como ir Nacionais PCN, onde eram propostos os
adiante’. objetivos que deveriam ser alcançados no final
Os computadores mesmo que precário seria de cada ciclo em que as crianças estudassem,
muito útil no movimento da educação com os conteúdos e quais deles deveriam ser
matemática, e que pudesse ser pensado, pois desenvolvidos.
na época não era acessível como nos dias Seriam usados alguns mecanismos de
atuais, onde todos têm acesso a computadores avaliação e de orientações didáticas para os
e o mesmo servia como instrumento para o professores, com algumas matérias muito bem
ensino da matemática. elaboradas e que seja disponibilizado pelo
Segundo Takahashi (2004): Ministério de Educação.
Pensar a educação na sociedade da No entanto diante de muitas contribuições
informação exige considerar um leque de históricas que vimos cada qual em sua época
aspectos relativos às tecnologias de informação para buscar atingir um melhor ensino da
e comunicação, a começar pelo papel que elas matemática, acredita-se que as últimas
desempenham na construção de uma décadas do século XX foram as que trouxeram
sociedade que tenha a inclusão e a justiça social os grandes avanços e muitos deles significativos
como uma das prioridades principais a esse ensino.
(TAKAHASHI 2004, p.23). Quanto o uso do lúdico no ensino da
Nos anos 80 foi produzido um documento matemática, embora seja muito utilizado em
que ficou conhecido como Agenda para Ação todas as épocas, passando por vários sistemas,
pelo NCTM (National Council of Teacher of se fortaleceu com as pesquisas e estudos nas
Mathematics) dos Estados Unidos, onde foram áreas das ciências humanas que trata do
feitas propostas para a melhoria do ensino, desenvolvimento cognitivo da criança.
houve discussão como resolução de problemas Por intermédio dos estudos pela Psicologia, a
com um mecanismo de aprendizagem Pedagogia e até mesmo a Sociologia o convívio
significativo, por exemplo. social das crianças influencia no seu
As propostas defendidas na década de 70 aprendizado, dando ênfase à utilização do
pelo movimento da educação de matemática lúdico como objeto de estudo e pesquisa para o
observam que ao se ensinar matemática existe desenvolvimento da criança.
alguns aspectos onde deveria ter total Foi a partir daí que passamos a ter estudos
relevância para que esse fato de aprender publicados que se tratava da educação lúdica,
ocorresse. Alguns aspectos como os sociais, não com o simples fato de brincar, ou sem
cognitivos, linguísticos e antropológicos, foi qualquer relação com o desenvolvimento do
algo que não havia sido discutido dentro do ser humano, e assim passa a ser considerado
processo das construções das propostas em qualquer fase da vida um instrumento real
educacionais. de conhecimento.
Houve um avanço muito significativo no O lúdico pode ser desenvolvido como uma
Brasil no final do século XX nos últimos anos ação isolada ou coletiva ou até mesmo indireta
com a publicação dos Parâmetros Curriculares com o ato de conhecimento. E assim, venha se
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sejam elas adultos ou crianças, elas também processo de diferenciação dos outros e
dependem dos recursos de cada criança. consequentemente sua identidade.
Dentre os recursos que as crianças utilizam, • Brincar
destacam-se a imitação, o faz-de-conta, a Brincar é uma das atividades fundamentais
oposição, a linguagem e a apropriação da para o desenvolvimento da identidade e da
imagem corporal. autonomia. O fato de a criança, desde muito
• Imitação cedo, poder se comunicar por meio de gestos,
A percepção e a compreensão da sons e mais tarde representar determinado
complementaridade presente nos atos e papéis papel na brincadeira faz com que ela
envolvidos nas interações sociais é um aspecto desenvolva sua imaginação. Nas brincadeiras as
importante do processo de diferenciação entre crianças podem desenvolver algumas
o eu e o outro. O exercício da capacidades importantes, tais como a atenção,
complementaridade está presente, por a imitação, a memória, a imaginação.
exemplo, nos jogos de imitação típico das Amadurecem também algumas capacidades de
crianças. É visível o esforço das crianças, desde socialização, por meio da interação e da
muito pequenas, em reproduzir gestos, utilização e experimentação de regras e papéis
expressões faciais e sons produzidos pelas sociais.
pessoas com as quais convivem. Imitam A diferenciação de papéis se faz presente
também animais domésticos, objetos em sobretudo no faz de conta, quando as crianças
movimento etc. brincam como se fossem o pai, a mãe, o
Na fase dos dois aos três anos a imitação filhinho, o médico, o paciente, heróis e vilões
entre crianças pode ser uma forma privilegiada etc., imitando e recriando personagens
de comunicação e para brincar com outras observados ou imaginados nas suas vivências. A
crianças. A oferta de múltiplos brinquedos do fantasia e a imaginação são elementos
mesmo tipo facilita essa interação. A imitação é fundamentais para que a criança aprenda mais
resultado da capacidade de a criança observar sobre a relação entre as pessoas, sobre o eu e
e aprender com os outros e de seu desejo de se sobre o outro.
identificar com eles, ser aceita e de diferenciar- No faz de conta, as crianças aprendem a agir
se. em função da imagem de uma pessoa, de uma
É entendida aqui como reconstrução interna personagem, de um objeto e de situações que
e não meramente uma cópia ou repetição não estão imediatamente presentes e
mecânica. As crianças tendem a observar, de perceptíveis para elas no momento e que
início, as ações mais simples e mais próximas à evocam emoções, sentimentos e significados
sua compreensão, especialmente aquelas vivenciados em outras circunstâncias. Brincar
apresentadas por gestos ou cenas atrativas ou funciona como um cenário no qual as crianças
por pessoas de seu círculo afetivo. A tornam-se capazes não só de imitar a vida como
observação é uma das capacidades humanas também de transformá-la. Os heróis, por
que auxiliam as crianças a construírem um exemplo, lutam contra seus inimigos, mas
também podem ter filhos, cozinhar e ir ao circo.
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por fim pelos membros, por exemplo, pode não função das necessidades de cada enredo. Nesse
corresponder à sua experiência real. espaço pode ser afixado um espelho de corpo
Nesse sentido, o professor precisa estar inteiro, de maneira a que as crianças possam
bastante atento aos conhecimentos prévios das reconhecer-se, imitar-se, olhar-se, admirar-se.
crianças acerca de si mesmas e de sua Pode-se, ainda, agregar um pequeno baú de
corporeidade. Outra orientação de atividades objetos e brinquedos úteis para o faz de conta,
tem a ver com o reconhecimento dos sinais que pode ser complementado por um cabideiro
vitais e de sua alteração, como a respiração, os contendo roupas velhas de adultos ou
batimentos cardíacos, como também de fantasias. Fundamentais, também, são os
sensações de prazer ou desprazer que qualquer materiais e acessórios para a casinha, tais como
atividade física pode proporcionar. Ouvir esses uma pequena cama, um fogão confeccionado
sinais, refletir, conversar sobre o que acontece com uma velha caixa de papelão, louças,
quando se corre, ou se rola, ou se massageia um utensílios variados etc. É importante, porém,
ao outro; pedir às crianças que registrem essas que esses materiais estejam organizados
ideias utilizando desenhos ou outras linguagens segundo uma lógica; por exemplo, que as
pode garantir que continuem a entender e se maquiagens estejam perto do espelho e não
expressar pelo movimento de forma dentro do fogão, de maneira a facilitar as ações
harmoniosa. simbólicas das crianças.
Responder como e quando o professor deve No entanto, esse espaço poderá
intervir nas brincadeiras de faz de conta é, transformar-se em um “elefante branco” na
aparentemente, contraditório com o caráter sala, caso não seja utilizado, arrumado e
imaginativo e de linguagem independente que mantido diariamente por crianças e
o brincar compreende. Porém, há alguns meios professores. Não se pode esquecer, porém, que
a que o professor pode recorrer para promover apesar da existência do espaço, ao brincar, as
e enriquecer as condições oferecidas para as crianças se espalham e espalham brinquedos e
crianças brincarem que podem ser observadas. objetos pela sala, usam mobiliários e o espaço
Para que o faz de conta torne-se, de fato, externo. É recomendável que isso ocorra, e, na
uma prática cotidiana entre as crianças é medida em que crescem, as crianças poderão
preciso que se organize na sala um espaço para organizar de forma mais independente seu
essa atividade, separado por uma cortina, espaço de brincar. Sempre auxiliadas pelo
biombo ou outro recurso qualquer, no qual as professor e rearrumando o material depois de
crianças poderão se esconder, fantasiar-se, brincar, as crianças podem transformar a sala e
brincar, sozinhas ou em grupos, de casinha, o significado dos objetos cotidianos
construir uma nave espacial ou um trem etc. enriquecendo sua imaginação.
Nesse espaço, pode-se deixar à disposição das Nesse sentido, brincar deve se constituir em
crianças panos coloridos, grandes e pequenos, atividade permanente e sua constância
grossos e finos, opacos e transparentes; cordas; dependerá dos interesses que as crianças
caixas de papelão para que as crianças apresentam nas diferentes faixas etárias. Ainda
modifiquem e atualizem suas brincadeiras em com relação ao faz de conta, o professor poderá
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organizar situações nas quais as crianças dão o valor necessário para a forma eficaz que
conversem sobre suas brincadeiras, lembrem- é o lúdico. Infelizmente tem essa atividade
se dos papéis assumidos por si e pelos colegas, como um período para descanso, uma forma
dos materiais e brinquedos usados, assim como para as crianças gastarem energia, essas
do enredo e da sequência de ações. escolas têm que entender a real importância
Nesses momentos, lembrar-se sobre o que, dessa hora de brincadeira e jogos, para o
com quem e com o que brincaram poderá desenvolvimento das crianças.
ajudar as crianças a organizarem seu Ainda segundo Wajskop (1995):
pensamento e emoções, criando condições Os jogos fazem parte do ato de educar, num
para o enriquecimento do brincar. Nessas compromisso consciente, intencional e
situações, podem-se explicitar, também, as modificador da sociedade; educar ludicamente
dificuldades que cada criança tem com relação não é jogar lições empacotadas para o
a brincar, caso desejem, e a necessidade que educando consumir passivamente; antes disso
tem da ajuda do adulto. é um ato consciente e planejado, é tornar o
indivíduo consciente, engajado e feliz no
BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS mundo(WAJSKOP, 1995,p.32).
É por meio dessa atividade que o educando
Por meio dos brinquedos e brincadeiras as
irá estimular a imaginação das crianças, e assim
crianças conseguem se sentir livre para criar,
que suas ideias e questionamentos venham ser
imaginar e experimentar coisas novas, ou seja,
despertados nas crianças. O educador deve
aprender. Elas criam autonomia por meio de
atentar-se ao comportamento das crianças, a
brinquedos, jogos e brincadeiras, onde elas têm
forma que elas reagem com as outras em sala
a oportunidade de se desenvolver.
de aula, para que todas tenham as mesmas
Desenvolver suas curiosidades e a
oportunidades nas brincadeiras. Sempre estar
autoconfiança. O brincar vem contribuindo
atentos e quando necessário interferir e
para que elas se tornem um adulto eficiente e
ensinar que jogos brincadeira são coletivos e
equilibrado, respeitando as regras de
que deve haver respeito entre a criança e seus
convivência, bem como o mundo em que está
colegas.
inserido.
Enfatizar para as crianças sobre a tolerância,
Segundo Wajskop (1995), qualquer
o respeito pelo próximo, a justiça, a
conteúdo que venha ser apresentado em uma
solidariedade, a aceitação e o reconhecimento
sala de aula se for apresentado em forma de
do valor das diferenças, cabe nesse contexto
jogo ou de brincadeira, as crianças vão
aos professores dar exemplo para elas, pois as
aprender com mais eficiência. Pois é durante as
crianças têm todo o seu aprendizado e
brincadeiras que elas constroem, pensam,
desenvolvimento baseado em imitações.
aprendem, experimentam e dominam suas
O ato de brincar manifesta- se por meio de
angustias, em outras palavras, compõe sua
jogos, brinquedos, em forma de objetos, em
própria personalidade.
reuniões de amigos, confecções de brinquedos
Ainda hoje existem algumas escolas que
entre outras formas. O brincar continua sendo
vêem o lúdico apenas como passatempo e não
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Diante o apresentado sobre o lúdico na aprendizagem podemos considerar a importância
que ele tem, como um instrumento eficaz na promoção da aprendizagem significativa, uma vez
que se encaixa nos requisitos básicos desta teoria, por ser um material potencialmente
significativo, que possibilita a aprendizagem e o desenvolvimento no cotidiano das crianças e por
manifestar nelas uma predisposição para aprender, não só na sala de aula como no seu dia-a-dia.
O lúdico nesse momento de aprendizagem gera momentos de alegria e prazer.
As atividades lúdicas não levam somente ao desenvolvimento de competências e
habilidades, mas também motivam as crianças perante as aulas ministradas pelos professores,
pois o lúdico é integrador de várias dimensões das crianças. É ali que as crianças manifestam suas
emoções e reações que possibilitam o seu desenvolvimento.
O lúdico e sua importância no dia a dia da vida escolar das crianças, e onde a ludicidade
possibilita à criança transcender tendência por meio de raízes em suas motivações primitivas e
biológicas, o jogo só existe por seu caráter funcional, sendo ele um meio de suprimir necessidades
e desejos que não são realizáveis.
Por intermédio das atividades lúdicas (jogos e brincadeiras) como um meio de possibilitar
a aprendizagem para que as crianças possam compreender, acompanhar e avançar no dia a dia
da escola e com a ajuda dos professores auxiliando, e vendo o desenvolvimento da criança. É fato
que por meio dos jogos observamos as transformações dos planos emocionais.
É notório que o fracasso escolar aumenta a cada dia, mas utilizando o lúdico primasse pela
diminuição do mesmo, alguns educadores buscam incessantemente novas metodologias de
ensino e aprendizagem, para contribuir com o desenvolvimento infantil.
O jogo também sanou algumas dificuldades encontradas no ensino como a superação do
modelo tradicional, desta forma, a transmissão do conhecimento deixou de ser unidirecional, e
os estudantes passaram a receber e armazenar as informações de modo ativo e significativo.
Considera-se ainda que os conceitos sejam imprescindíveis para uma eficaz compreensão
do mundo que nos cerca, este método alternativo para o ensino infantil, permitiu que os alunos
se apropriassem de conhecimentos sobre o aprender, o cérebro das crianças ficarão estimulados
a aprendizagem e para o desenvolvimento será mais eficaz, além de curiosidades que envolvem
no seu cotidiano.
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REFERÊNCIAS
BECKER, Fernando. Educação e construção do conhecimento. Porto Alegre. Artmed. 2001.
BECKER, Fernando. Educação Infantil: Cuidar, Educar e Brincar. São Paulo. Fundação Padre
Anchieta. 2011.
FRIEDMANN, Adriana. Brincar, crescer e aprender- o resgate do jogo infantil. São Paulo.
Editora Moderna. 1996.
KISHIMOTO, Tizuki. UNIVESP TV. A importância do brincar. São Paulo: Fundação Padre
Anchieta, 2011a. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=HpiqpDvJ7-8. Data de
Acesso:11/03/2020.
SÃO PAULO. Secretaria da Educação. Ler e escrever: livro de textos do aluno/ secretaria da
Educação, Fundação para o Desenvolvimento da Educação: seleções de textos, Ed. São
Paulo : FDE, 2013.
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maneira que o grupo construa novos objetivos que devem ser desenvolvidos com
conhecimentos e habilidades. crianças na primeira e segunda infância nessa
O jogo é nas mãos do educador, um fase a criança precisa:
excelente meio para desenvolver a criança e é Estabelecer aproximações a algumas noções
para criança a coisa mais importante da vida! matemáticas presentes no seu cotidiano, como
Por estas duas razões todo educador deve não contagem, relações espaciais, etc. Comunicar
só se fazer jogar como também utilizar a força ideias matemáticas, hipóteses, processos
educativa do jogo. E para isso é preciso certa utilizados e resultados encontrados em
habilidade, senão dificilmente conseguirá situações- problema relativo a quantidades,
algum êxito junto aos alunos (JACQUIM, 1960, espaço físico e medida, utilizando a linguagem
p.38). oral e a linguagem matemática. Ter confiança
Segundo Kishimoto (1998), qualquer jogo em suas próprias estratégias e na sua
utilizado pela escola surge sempre como capacidade para lidar com situações
recursos para a prática dos objetivos educativos matemáticas novas, utilizando seus
e também é um elemento indispensável para o conhecimentos prévios (BRASIL, 1998, p.215).
desenvolvimento integral da criança, no jogo o Portanto, os jogos e brincadeiras estão
educando afirma a sua personalidade, estritamente ligados na aprendizagem escolar e
autonomia, criatividade, domínio de esquemas todo desenvolvimento cognitivo moral e
que lhes serão muito úteis na vida adulta. afetivo da criança, o jogo traz satisfação para o
Portanto a criança precisa ser trabalhada de educando, despertando assim o que de melhor
forma correta desde a primeira infância. Já que existe na criança, suas múltiplas inteligências.
Piaget, segundo Kamii (1991), destaca em sua Considerando que a atividade de jogar se
teoria existências de dois tipos de abstrações: bem orientada, tem papel importantíssimo no
Abstração empírica e abstração reflexiva. Na desenvolvimento de habilidades, de raciocínio,
empírica a criança consegue abstrair uma organização, atenção e concentração,
propriedade física e, portanto, visível dos necessário para o aprendizado do ser humano.
objetos. Por intermédio dos jogos é possível analisar
A abstração reflexiva envolve a construção comportamentos, atividade mental de um
de relações entre objetos. Para que o processo jogador, todas as habilidades envolvidas no
de aquisição de números esteja completo em processo de determinado jogador exige do
uma criança, não basta que ela saiba mesmo, observar, analisar, conectar, verificar,
reconhecer conjuntos que possuam a mesma compondo assim de forma adequada a seu
quantidade de elementos. É necessário que ela raciocínio lógico que é fundamental, ou seja,
saiba e consiga comparar quantidades com imprescindível na aprendizagem de
outras quantidades. Ou seja, é preciso que matemática.
entenda que dois conjuntos podem formar um Para Borin (2004), outro fato importante
mesmo conjunto. para introdução de jogos nas aulas de
O Referencial Curricular Nacional para a matemática é a possibilidade de diminuir os
Educação Infantil (1998), apresenta vários bloqueios apresentados pelos educandos em
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relação à matemática, que é considerada uma participação nas aulas, que para eles não são
matéria de difícil compreensão, deixando interessante.
perceber que são incapazes de assimilar os Muitas escolas não trabalham jogos por
conteúdos por se tratar da matemática, mas se acharem que não traz nenhuma evolução, e sim
o professor tiver domínio do que aplica para tira a concentração dos alunos em relação aos
seus alunos, os mesmos perceberão que a conteúdos preparados, mesmo que um
matemática é como qualquer outra disciplina, conteúdo seja interessante e estimulador não
podendo assim, apresentar um melhor substitui um jogo.
desempenho e atitudes mais positivas frente No jogo está inserida a interdisciplinaridade,
aos seus processos de aprendizagem. ou seja, pode ser trabalhada de várias maneiras
O jogo constitui em desenvolver estratégia e formas, pois dentro do jogo está o ensino da
global, ou seja, permitindo a integração de língua portuguesa, matemática e acima de tudo
diferentes áreas do conhecimento. A criança a artes, que é um instrumento para que a
evolui com o jogo e o jogo da criança vai criança desenvolva sua imaginação do que ver,
evoluindo paralelamente ao seu sente e assimila. Assim sendo, o jogo tem o
desenvolvimento, ou melhor, vai integrando ao poder de transformar um conteúdo
seu desenvolvimento independente da época considerado “chato” em algo satisfatório e
cultural e classe social. Os jogos e brincadeiras prazeroso para a estimulação do seu
precisam de certa forma fazer parte do desenvolvimento cognitivo.
cotidiano escolar da criança independente da
sua idade ou série em curso. Jogando as O PAPEL DO PROFESSOR NA
crianças exploram os objetos, que o cercam,
melhoram a agilidade física, sentidos e seus UTILIZAÇÃO DOS JOGOS
pensamentos. A participação do professor durante a
O jogo precisa ser visto pela escola e aplicação dos jogos é muito importante,
docentes como um elemento cultural, que durante a aula, ele pode observar
remete na formação de conceitos como características importantes como: identificar as
produtos de conhecimento mental, social e principais dificuldades existentes no jogo,
cultural, pois o jogo desenvolve estratégias de auxiliar as outras crianças com menos
comportamentos elevados, possibilitando que autonomia, organizar grupos de crianças para
os alunos interajam entre si um modo de se ajudar umas as outras no desenvolvimento dos
trabalhar com o jogo de maneira dinâmica jogos, criando assim um ambiente estimulador
voltada para a educação, muitos acham que facilitando ainda mais no aprendizado de cada
trabalhar jogos em escolas é apenas um um, porque o jogo requer parceria para uma
passatempo, mas devia perceber que um melhor evolução e aprendizado dos demais.
simples jogo pode fazer a diferença não só por Ao jogar, as crianças entram no mundo da
ser animado, mas por despertar na criança imaginação criando a partir dos jogos
prazer de aprender, além de também motivar a personagens que além do prazer de está
brincando ela também perde a noção da
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Por meio deste foi possível observar a importância dos jogos e brincadeiras como estímulo
a inteligência, a linguagem, a concentração e no desenvolvimento global da criança, por meio
dessas ferramentas lúdicas, a criança põe em exercício as suas operações cognitivas, estimulando
seu crescimento cognitivo, vence desafios, cria estratégias e adquire reflexões.
Logo, o professor que trabalha as jogos e brincadeira nas aulas de matemática, contempla
o real papel da educação, que é o de formar cidadãos pensantes, críticos, participativos, criativos,
autônomos, preparados para o mercado de trabalho e para a vida.
Vale ressaltar a importância do professor e do método de avaliação utilizado na hora das
atividades, pois cabe a ele definir sua finalidade objetiva e faixa etária com que se pretende
trabalhar. Neste contexto o professor além de possuir funções pedagógicas, possui também as
funções psicológicas.
O professor deve e precisa está imerso no mundo cultural, social e político em que
vivermos, e o educando como cidadão, usar os recursos de jogos durante as aulas de matemática
como auxílio frequente no desenvolvimento cognitivo de sua própria aprendizagem. O docente
tem que se posicionar como mero pesquisador em sala de aula, fazendo uso de uma didática que
contemple aspectos sociológicos, psicológicos e pedagógicos, procurando relacionar matemática
e sociedade como dois aspectos importantes no desenvolvimento dos discentes.
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REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Paulo Nunes de. Educação lúdica: técnicas e jogos pedagógicos. São Paulo, SP:
Loyola, 2007.
CHATEAU, Jean. O jogo e a criança. Tradução de Guido de Almeida. São Paulo: Summus,
1987.
FROEBEL, F., (1982). Education by development: the second part of the pedagogics of the
. 1982.
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O ENSINO DA ARTE
Claudia Torres de Moraes1
RESUMO: Ao longo dos anos a Educação Brasileira passou por grandes mudanças, surgindo aí um
novo currículo, após a Lei de Diretrizes e Bases, o ensino da arte passa a ser visto como
responsável por conduzir os alunos a um desenvolvimento das suas aptidões artística,
incentivando e aperfeiçoando suas habilidades, resultando na criação de uma diversidade de
expressão da arte.
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A arte assume uma importância crucial no desenvolvimento dos alunos, desde a educação
infantil estendendo por todos os ciclos da educação escolar.
Busca-se a obtenção de um aprendizado qualitativo e o desenvolvimento da autonomia na
elaboração da sua própria obra de arte.
Simultaneamente a interdisciplinaridade da Arte com as demais disciplinas está a aplicação
da Arte, de maneira que englobe todas suas formas de expressão e não somente se foca na
reprodução de copias de obra de algum artista.
Procura utilizar recursos para que o aluno seja o sujeito produtor das suas próprias ideias.
Todos devem ter a oportunidade de poder criar, de utilizar instrumentos que viabilizem a
concretização plena das suas habilidades.
Entretanto podemos notar que a aplicabilidade dos conceitos artísticos, em toda sua ampla
extensão, ainda não acontece de maneira que sirva como uma alavanca que introduza o indivíduo,
à dispor dentro do ambiente escolar ,o contato com diversos materiais e equipamentos para que
possa consolidar todas as possibilidade que a produção artística oferece.
Convergências tanto na elaboração do Projeto Político Pedagógico como na formação do
corpo docente, que por sua vez não agrega em seus conhecimentos, uma experiência que
possibilita articular meios de conseguir um aprendizado significativo que transforme a imaginação
em criação e por fim os coloque num patamar que possibilite expressar-se livremente, saindo de
uma posição adormecida para exercer por completo suas potencialidades.
A escola deve transformar o aluno em um ser pensante, criativo e transformador, para
tantos objetivos e conteúdos devem contribuir para essa superação.
Na sala de aula, devemos reconhecer em cada criança, um artista que faz arte de maneira
específica, cada um tem sua individualidade, o essencial é saber entender e direcionar,
fomentando o respeito e a valorização de todo e qualquer criação, seja no desenho, na dança, na
música, etc.
Do contato a produção existe um caminho a percorrer, considerando que as descobertas
acontecem gradativamente. E por meio do olhar, da comunicação entre diversas culturas e
gêneros que a aprendizagem acontece.
Entretanto no ambiente escolar, podemos perceber que muitas vezes a disciplina de arte
serve apenas como uma reprodução da arte pronta, ou seja apenas é uma cópia de um desenho
ou uma simples pintura.
O estudo serviu para refletirmos, entendendo que a Arte é um conhecimento que gera
criatividade, que representa o mundo e vida por meio de alguma forma de expressão.
Acreditamos que a participação e o contato com a arte gera consciência política e social.
Embora ainda muitos ainda resistem em aceitar como verdade os benefícios que ela ocasiona.
Fazer arte, expressa e define a essência do homem em todas as fases da vida. Dentro de
uma prática pedagógica, na qual se tem uma diversidade cultural, todas as artes contribuem para
a maior de todas as artes, a arte de viver.
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A educação continua sendo uma área que carece de maiores investimentos, seja na
disponibilidade de recursos para que as pessoas possam continuar os estudos, seja na formação
dos educandos e na melhor preparação da classe trabalhador docente que atua em todas as áreas
do conhecimento e principalmente os que exercem a disciplina de Arte.
Os objetivos de promover o contato com a produção artística ,sobre educação para todos
foram: satisfazer as necessidades básicas de aprendizagem, expandir o enfoque, universalizar o
acesso à educação e promover a equidade, concentrar a atuação na aprendizagem, ampliar os
meios e o raio de ação da educação básica, propiciar um ambiente adequado a aprendizagem,
fortalecer as alianças, desenvolver uma política contextualizada de apoio, mobilizar os recursos,
fortalecer a solidariedade.´
Podemos perceber que os resultados propostos para desenvolver um ensino da arte que
desperte as habilidades dessa parcela da população que se matricula nas primeiras séries iniciais
do ensino fundamental, vem se tornando cada vez mais escasso.
A problemática a qual levantamos para entender os motivos que ocasionam essa situação
estariam ligados a falta de materiais adequados, o despreparo do corpo docente e também a
pouca exposição da disciplina de Arte.
Existe uma qualidade primordial que o educador, como profissional deve assumir: postura
de libertador.
Valorizar cada aprendizado, contribuir para propiciar a identificação do que já é praticado
pelo aluno na sala de aula, o que se faz necessário é identificar esse conhecimento relacionando-
o ao método acadêmico que é aplicado no ambiente escolar, afim de consolidar a produção da
obra de arte.
Ainda persiste contraditórias metodologias que não agrega valores ao ensino da arte,
oferecendo poucos os conhecimentos aos alunos. Esses alunos são tratados como pobres
cognitiva e culturalmente produzindo como resultado uma produção de meras cópias, que não
expressa nenhuma significação.
Entretanto destacamos que reformulações curriculares dentro de uma perspectiva de
impulsionar o ensino da arte, vem caminhando a passos lentos, em busca de uma evolução
qualitativa.
Seria uma conquista para educação, se as concepções adotadas pelas Diretrizes Nacionais
fossem algo que reflita positivamente no ambiente escolar
A luta por uma formação continuada do corpo docente é uma ponte para possibilitar uma
conquista, a fim desenvolver todas as formas de expressão da arte.
Acredita-se que a exposição à Arte conduz a uma participação social, consciência política.
A aprendizagem política dos direitos dos indivíduos enquanto cidadãos, como norteadora do
exercício das práticas que capacitam os indivíduos a se organizarem são fatores que alguns
autores testificam, o que de fato deveria acontecer no ensino da disciplina de arte.
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REFERÊNCIAS
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Mediação,2003.
SAMPAIO, Rosa Maria Whitaker Ferreira. Freinet. Evolução História e Atualidades.2 ed. São
Paulo: scpione,1994
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RESUMO: Este artigo tem o objetivo de analisar o ensino da língua Francesa no período pré-guerra
(2ª guerra mundial) buscada pela elite brasileira para agrega-la como capital cultural valorizado
neste período e o ensino pelo viés religioso Católico do Latim ao enfoque da literatura e da
filosofia na grade curricular do ensino regular da época. Para tanto buscamos informações em
autores que tratam deste tema e também pesquisamos alguns trabalhos e artigos cujos enfoques
eram de investigação no uso e na aprendizagem da língua francesa e do Latim na educação
secundária como também suas características metodológicas.
1Professor de Ensino Fundamental II e Médio na Rede Municipal de São Paulo e Professor de Ensino
Fundamental II – EJA na Rede Municipal de São Bernardo do Campo.
Graduação: Mestre em Educação pela Universidade Metodista de São Paulo; Licenciatura em Letras;
Especialização em Sociologia; Especialização em Filosofia.
E-mail: edsonere48@gmail.com
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Pelo artigo 10º da Reforma Francisco O ensino da língua francesa teve um papel
Campos, definiu-se que os programas de ensino importante na instrução da elite agrária no
secundário e as instruções sobre os métodos de Brasil. Porem após o termino da segunda guerra
ensino seriam expedidos pelo Ministério da ficou evidente a hegemonia norte-americana e
Educação e Saúde Pública e as propostas a penetração da língua inglesa como língua
submetidas pela Congregação do Colégio Pedro franca. Em 1961 houve uma reforma nas
II. A importância concedida às línguas instituições educacionais no Brasil extinguindo-
estrangeiras pela Reforma Francisco Campos é se a obrigatoriedade no ensino das línguas
ressaltada por Casemiro (2005, p.62), por ter a estrangeiras, ficando apenas o inglês e o
referida Reforma “[...] reformulado, repensado Frances.
e devidamente valorizado [...]” o ensino de Comparada à Reforma Capanema e à LDB
línguas, no que tange a qualidade do ensino que veio em seguida, a lei de 1961 é o começo
com um método científico específico para as do fim dos anos dourados das línguas
línguas estrangeiras, além de preocupar-se com estrangeiras. Apesar de ter surgido depois do
a atualização e apropriação do método para a lançamento do primeiro satélite artificial russo,
realidade educacional do país (OLIVEIRA,2002). que provocou um impacto na educação
O Brasil estava deixando as raízes agrárias e americana, com expansão do ensino das línguas
se amoldando ao capitalismo industrial. Isso estrangeiras em muitos países, a LDB do início
refletia diretamente nos conteúdos elencados da década de 60, reduziu o ensino de línguas a
nas instituições púbicas e o idioma francês menos de 2/3 do que foi durante a Reforma
vinha ao encontro deste novo pensamento Capanema (LEFFA, 1999, p.20).
humanista. Em 1932 no colégio Pedro II um Porém, em pouco tempo o ensino do Frances
grupo de professores, segundo Oliveira (2002), caiu em desuso ficando prioritariamente o
adotavam um conceito de ensino chamado ensino da língua inglesa nas instituições
Instruções, cujo objetivo era ensinar o idioma públicas no território brasileiro. Em 1971
francês desde o primeiro contato nos anos segundo Leffa (1999), outro recorte foi
iniciais utilizando o próprio idioma estrangeiro. introduzido diminuindo ainda mais a
O Método Direto Intuitivo não devia ser obrigatoriedade do ensino das línguas
realizado na língua materna e sim na língua estrangeiras no Brasil:
estudada. Para a explicação do vocabulário, o Menos de dez anos depois da LDB de 1961,
professor devia se utilizar de gestos, desenhos era publicada a nova LDB, Lei 5.692, de 11 de
e simulação, mas em hipótese nenhuma agosto de 1971. O ensino é reduzido de 12 para
traduzir o conteúdo, pois o objetivo era fazer o 11 anos, introduzindo-se o 1o. grau com 8 anos
aluno pensar na língua estrangeira e, para isso, de duração e o segundo com 3. se a formação
as aulas eram compostas de exercício oral com especial com ênfase na habilitação profissional.
perguntas e respostas fechadas, pela escuta e O Conselho Federal de Educação (artigo 4o.,
repetição (OLIVEIRA ,2002,apud ,CESTARO, parágrafo 3o.) ficava encarregado de fixar
1997). "além do núcleo comum, o mínimo a ser exigido
em cada habilitação profissional ou conjunto de
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Constata-se que o ensino de línguas estrangeiras na grade curricular da educação brasileira
é muito anterior ao ensino do Inglês como língua franca nos dias atuais.
É notório que o ensino do latim teve a princípio a herança do catolicismo e da igreja no
início da educação Brasileira tendo logo depois como justificativa o estudo da gramática,
literatura e filosofia balizando o estudo do latim dentro da grade curricular. Entretanto podemos
constatar que os estudos de línguas estrangeiras modificam-se de acordo com o status quo
dominante e seus interesses como no caso do francês requisitado pelos grandes latifundiários do
café ainda no império.
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REFERÊNCIAS
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um estudo exploratório. Dissertação (Mestrado) - UFRN, Natal, 1997.
HECK, Maria Regina Diniz. O ensino do Latim no Brasil: Objetivos, métodos e tradição.
2013. Disponível em
https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/94996/000916477.pdf?sequence=1 >.Data
de Acesso:12/03/2020.
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muito íntima entre o significado e o que é visto Assim é alcançada uma condição em que a
(VYGOTSKY, 2002, p.127). criança começa agir independente daquilo que
Nesta etapa as crianças manipulam os vê” (VYGOTSKY, 2002,p.127), salientando que a
objetos, encaixam peças as jogam é uma criança não planeja como vai utilizar o objeto
brincadeira, na qual não conseguem separar as antes da brincadeira começar no decorrer dos
coisas dos seus significados reais, são os objetos acontecimentos os objetos vão tendo o seu
que vão determinar a ação: um cabo de significado.
vassoura não será um cavalo para uma criança Em uma experiência realizada por Elkonin e
pequena, pois esta não consegue fazer uma analisada por Leontiev (1998), ele deixa claro
dissociação daquilo que vê com a sua maneira que as crianças pequenas não conseguem
de agir. respeitar as regras:
Na idade pré-escolar esta situação começa a O pesquisador está brincando de esconde-
mudar, já distingue o significado da ação esconde com uma criança de três anos. Depois
perceptual, a partir deste ponto o pensamento de a criança se esconder, o pesquisador não a
infantil passa a ser regido pelas ideias, dá-se “acha” imediatamente. Ele espera, de
início ao processo de simbolização. Agora o propósito perto da criança, durante um ou dois
cabo de vassoura pode se tornar um cavalo, o minutos, fingindo não ser capaz de encontrá-la.
campo da visão e do significado já estão Ai a criancinha não consegue conter-se e
dissociados, começam a utilizar os objetos infringe a regra e, quase imediatamente,
como suporte de coisas que estão ausentes, começa a gritar: tio, eu estou aqui. Já uma
uma vareta pode ser uma injeção quando a criança de seis anos brinca de esconde-esconde
criança brinca de médico, pedaços de papel de forma completamente diferente. Para ela o
tornam-se dinheiro, fazem de conta que estão mais importante é sujeitar-se as regras
comprando algo. Vygotsky (2002), chama estes (LEONTIEV, 1998, p134).
objetos de pivô, pois por meio deles fazem uma Enquanto a criança não conseguir trabalhar
separação entre o significado e o real, para que com os jogos regrados, suas brincadeiras serão
consigam imaginar um cavalo, necessitam de baseadas nos papéis sociais existentes no meio
um objeto para que isso ocorra. em que vive e por meio da brincadeira de faz
O brinquedo fornece um estágio de transição de conta às crianças vão se subordinando as
nessa direção sempre que um objeto (um cabo regras, até chegarem aos jogos regrados (pega-
de vassoura, por exemplo) torna-se um pivô pega, amarelinha, barra-manteiga, queimada,
desta separação (no caso, a separação entre o entre outros).
significado “cavalo” de um cavalo real Com essa evolução cada vez mais as regras
(VYGOTSKY, 2002, p.128). explícitas são incorporadas aos jogos, estas
Conforme as brincadeiras vão evoluindo a regras fazem com que as crianças se
situação imaginária também evolui e a criança comportem de uma maneira mais avançada
vai aumentando sua capacidade de que o habitual criando a zona de
simbolização: “a criança vê um objeto, mas age desenvolvimento proximal, segundo Vygotsky
de maneira diferente em relação aquilo que vê. (2002), as regras fazem com que as crianças
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brincando cada um assume seu papel que físico, cognitivo, afetivo e social, para que isso
futuramente irão exercer quando se inserirem ocorra o educador deve ter claro em sua
no mundo dos adultos: “Meninas e meninos formação os conceitos do desenvolvimento
não farão as mesmas experiências e interações infantil.
(com os brinquedos que ganham p.ex.) não A psicologia contribuiu muito para que os
serão as mesmas” (BROUGÈRE, 2002,p.28). jogos chegassem a educação, principalmente a
Quando a criança brinca com outras crianças abordagem sócio interacionista, pois esta
vai adquirindo hábitos e atitudes importantes concepção relata que quando a criança brinca
para o seu convívio social que são observados se desenvolve psicologicamente e socialmente
pelas crianças por meio do convívio com os na medida que interage com o meio e vai
adultos, ela transpõe para a brincadeira aquilo assumindo papéis preexistentes: “ São as
que observa, no jogo muitas vezes as crianças contribuições da psicologia de cunho sócio
tem que lidar com problemas (quem vai ser o interacionista que vem estabelecer novos
primeiro a jogar?, Quais vão ser as regras do paradigmas para utilização do jogo na escola”
jogo?), por meio destas situações problemas (Moura, 2001:79).
elas terão que discutir, que chegar a um acordo Segundo esta abordagem o educador deve
para resolverem seus conflitos. ser um mediador com relação às brincadeiras
Algumas das atitudes que permeiam o jogo infantis criando ambientes que facilitem a
como cooperação e competição social (a realização das mesmas e dos jogos:
criança deve aprender tanto a ganhar como Ao educador cabe a organização do espaço
perder), serão utilizadas em seus futuros físico, social e cultural de modo a permitir a
convívios sociais. Assim, o jogo tem um papel criança recriar situações imaginárias que
importante no processo de socialização, por contribuam para o seu desenvolvimento
meio deste a criança transporta o real para o (KISHIMOTO,1997, p.2).
imaginário e consequentemente inculca Cabe a instituição escolar possibilitar
valores presentes na sociedade, que instrumentos que favoreçam a imaginação da
futuramente farão parte de sua vida. criança como brinquedos, livros, histórias, que
poderão manipular os objetos. O ideal é que no
O JOGO NA SALA DE AULA mesmo espaço onde se realiza a aprendizagem,
ela tenha materiais para brincar, espaço
Como já foi relatado a criança vem perdendo
adequado e outras crianças para interagir em
seu espaço para brincar, a escola passa a ser um
suas brincadeiras sendo que em alguns
espaço facilitador da brincadeira, tanto jogos
momentos as faixas etárias podem ser variadas
“livres” (sem a intenção de transmitir algum
favorecendo a zona de desenvolvimento
conteúdo para a criança) e os jogos, nos quais o
proximal, na interação uma criança mais
professor tem a intenção de ensinar algo para a
experiente pode ajudar outra menos
criança.
experiente.
O jogo deve ser visto pelo educador como
Além disso, dependendo da faixa etária das
um divertimento para a criança e um
crianças o professor poderá introduzir noções
instrumento que favorece o desenvolvimento
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de algumas disciplinas por meio dos jogos e atenção com que acontece em sua sala
brincadeiras, isso não significa que só por meio avaliando as suas táticas pedagógicas, sua
do jogo é que a criança aprende na infância, prática e reformulando aquilo que não está
mas a cultura lúdica faz parte do universo dando certo em seu trabalho, deve ter claro
infantil e torna o ensino mais prazeroso, o que a escola precisa estar sempre em
professor deve ter consciência que nem sempre movimento, que a educação não deve ser
terá os resultados (com relação à cristalizada e muitas vezes o professor deve
aprendizagem) que idealizou, pois o jogo é uma mudar sua postura pedagógica.
ação livre e não deve ser imposto. Um empecilho para a realização de espaços
Jogos como amarelinha, bola de gude poderá pedagógicos onde os jogos estão presentes são
ser utilizados nos conceitos de matemática, as as dificuldades financeiras das escolas públicas
histórias, parlendas e músicas contribuirão para de educação infantil: “Por dificuldades
o desenvolvimento da linguagem, o essencial é financeiras as creches e pré-escolas não
que o professor por meio da observação das dispõem de brinquedos que facilitem as
brincadeiras de seus alunos, saiba interferir na brincadeiras” (KISHIMOTO, 1997, p.8).
brincadeira para trabalhar com certos Para contornar este empecilho os
conteúdos. educadores podem construir brinquedos junto
O educador deve participar das brincadeiras, com os educandos utilizando materiais com
interagindo com as crianças, mediando os custos financeiros baixos ou sucatas, as crianças
jogos, tentando evitar conflitos entre seus tem prazer quando constroem seus próprios
alunos: “Na interação adulto criança, o brinquedos e o educador deve ser criativo para
professor não deve ficar na posição de dar aula burlar os obstáculos que vai encontrar em sua
de pé, mas como parceiro” (KISHIMOTO, prática educativa.
1997:8). Para que os jogos sejam incluídos na
Por intermédio do envolvimento do educação infantil será necessário que o
educador nas brincadeiras infantis, as crianças educador conheça os tipos de jogos como eles
terão uma maior facilidade para interagir e o podem ser utilizados em sala de aula, e ter
vínculo afetivo irá se fortalecer. O professor noções sobre o desenvolvimento infantil.
deve analisar as brincadeiras dirigidas em sala
de aula e fazer uma reflexão para observar
porque a situação funcionou ou não:
Distante da postura o professor como
investigador registra suas observações, avalia o
trabalho e replaneja os espaços e formas de
interação com as crianças (KISHIMOTO, 1997,
p.6).
O educador não deve realizar as brincadeiras
para ganhar tempo ou realizar outras tarefas
enquanto seus alunos brincam, ele deve ter
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em virtude do apresentado e considerando a relevância do lúdico fica evidenciado que
desenvolver atividades que envolvam brincadeiras e jogos é fundamental na educação Infantil,
pois promove a aprendizagem.
Brincar não é apenas uma atividade não intencional, neste contexto o papel do docente
relativo ao planejar é de extrema importância, pois cabe ao mesmo intencionalmente elaborar
atividades que envolvam o lúdico em suas múltiplas formas e que promovam a aprendizagem
significativa.
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REFERÊNCIAS
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VYGOTSKY, Lev Seminovich. A Formação Social da Mente. 6 ed. São Paulo: Martins Fontes,
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formação nos indivíduos de uma consciência caráter social em sua relação com a natureza e
coletiva capaz de discernir a importância com os outros seres humanos, visando
ambiental na preservação da espécie humana potencializar essa atividade humana com a
e, sobretudo, estimular um comportamento finalidade de torná-la plena de prática social e
cooperativo nos diferentes níveis das relações de ética ambiental.
inter e intranações (LIMA, 1984, p.18). A Educação Ambiental é retratada na Lei nº
Este mesmo documento aponta que a 9.795/99, de 27/04/1999, que institui a Política
Educação Ambiental visa: Nacional, que a define em seu artigo 2º como:
[...] formar uma população mundial Artigo 2º Um componente essencial e
consciente e preocupada com o ambiente e permanente da educação nacional, devendo
com os problemas que lhe dizem respeito, uma estar presente, de forma articulada, em todos
população que tenha os conhecimentos, as os níveis e modalidades do processo educativo,
competências, o estado de espírito, as “em caráter formal e não formal”. Se não existir
motivações e o sentido de participação e um impacto social com as demais instituições
engajamento que lhe permita trabalhar sociais, inclusive as famílias somadas às
individualmente e coletivamente para resolver reformas necessárias ao seu desenvolvimento,
os problemas atuais e impedir que se não será possível formar cidadãos nos valores
repitam(SEARA FILHO, 1987, p. 43). propostos pelos PCN’s, sobretudo em relação à
A Educação Ambiental tem o objetivo de Transversalidade Ambiental (BRASIL, 1999, s.p).
formar cidadãos conscientes, que possam Segundo Layrargues (2004):
contribuir positivamente para a construção de Educação Ambiental é um vocábulo
uma sociedade mais sustentável e preocupada composto por um substantivo e um adjetivo,
com o seu meio. que envolvem, respectivamente, o campo da
Outra definição que se pode encontrar é da Educação e o campo Ambiental. Enquanto o
Lei nº 9795/1999, em seu artigo 1º, coloca que: substantivo Educação confere a essência do
Artigo 1º: Entendem-se por educação vocábulo “Educação Ambiental”, definindo os
ambiental os processos por meio dos quais o próprios fazeres pedagógicos necessários a esta
indivíduo e a coletividade constroem valores prática educativa, o adjetivo Ambiental anuncia
sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e o contexto desta prática educativa, ou seja, o
competências voltadas para a conservação do enquadramento motivador da ação pedagógica
meio ambiente, bem de uso comum do povo, (LAYRARGUES, 2004, p.7).
essencial à sadia qualidade de vida e sua Neste contexto, entende-se que a Educação
sustentabilidade (BRASIL, 1999,s.p). Ambiental está baseada em reflexão e ação,
Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais num movimento coletivo em toda a sociedade.
para a Educação Ambiental, em seu artigo 2º, a Ela deve ser crítica e provocar nos alunos um
Educação Ambiental é: sentimento de reconhecimento pelo meio em
Artigo 2º [...] uma dimensão da educação, é que vive e assim, conscientizar os alunos para a
atividade intencional da prática social, que deve transformação social, sobretudo,
imprimir ao desenvolvimento individual um socioambiental, com valores e atitudes
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A propósito desses temas transversais, conflitos quanto ao uso dos recursos naturais e
temos o Meio ambiente que surge da sua reposição.
necessidade de se trabalhar, nas escolas, a É importante deixar claro que não se pode
reflexão a respeito de mudança de atitudes na apenas usar os recursos. Há de se ter em mente
interação com o patrimônio básico para a vida que é preciso renová-los. Como ressaltam os
humana. PCN’s (1998):
Atitudes como jogar lixo na rua, atear fogo Os rápidos avanços tecnológicos viabilizaram
no mato indiscriminadamente, pescar peixes- formas de produção de bens com
fêmeas prontas para reproduzir talvez sejam consequências indesejáveis que se agravam
frutos de uma leitura de mundo equivocada na com igual rapidez. A exploração dos recursos
qual os indivíduos não se sintam parte naturais passou a ser feita de forma
responsáveis pelo mundo em que vivem e, é demasiadamente intensa, a ponto de pôr em
neste sentido, que o tema transversal Meio risco a sua renovabilidade. Sabe-se agora da
Ambiente deve ser trabalhado no ambiente necessidade de entender mais sobre os limites
escolar. da renovabilidade de recursos tão básicos como
Por essas razões, vê-se a importância de a água, por exemplo. Recursos não renováveis,
incluir Meio Ambiente nos currículos escolares como o petróleo, ameaçam escassear. De onde
como tema transversal, permeando toda se retirava uma árvore, agora se retiram
prática educacional. É fundamental, na sua centenas. Onde moravam algumas famílias,
abordagem, considerar os aspectos consumindo escassa quantidade de água e
físicos e biológicos e, principalmente, os produzindo poucos detritos, agora moram
modos de interação do ser humano com a milhões de famílias, exigindo a manutenção de
natureza, por meio de suas relações sociais, do imensos mananciais e gerando milhares de
trabalho, da ciência, da arte e da tecnologia toneladas de lixo por dia(BRASIL, 1998, p.
(BRASIL, 1998, p. 168). 174;175).
.
• A questão ambiental • A educação e a transformação da
Nas últimas décadas, temos nos deparado consciência ambiental – papel da escola e do
com uma sociedade baseada na era da professor
industrialização, com do desenvolvimento de Sabe-se que a melhor maneira de minimizar
novas tecnologias e a mecanização da os problemas que afetam o meio ambiente é
agricultura, com o uso intenso de agrotóxicos e investindo numa mudança de mentalidade e
a concentração populacional nas cidades, além conscientização dos grupos humanos quanto à
da transformação constante da matéria-prima necessidade de adotar novos pontos de vista e
em produtos destinados a suprir as demandas novas posturas diante da preservação,
mundiais. Se por um lado isto é positivo para a proteção e utilização dos recursos naturais.
sociedade, por outro lado, quanto mais o
Homem intervém na natureza, maiores são os
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responsabilidade de todos e para serem acesso aos órgãos locais e às instâncias públicas
solucionados precisam de postura participativa de participação, tais como Conselhos Estaduais,
conjunta. Além disso, os conteúdos devem Conselhos Municipais, Consórcios
proporcionar sensibilização e motivação para Intermunicipais etc., nos quais são debatidos e
um envolvimento afetivo, além de possibilitar o deliberados os encaminhamentos das questões
desenvolvimento de atitudes e a aprendizagem ambientais, e ainda,
de procedimentos e valores fundamentais para o acompanhamento das atividades das
o exercício pleno da cidadania. ONG’s (Organizações Não-Governamentais) ou
Ademais, estes conteúdos, além de de outros tipos de organizações da sociedade
relevantes na problemática ambiental do Brasil, que atuam ativamente no debate e
devem contribuir para uma visão integrada da encaminhamento das questões ambientais.
realidade, desvendando as interdependências O primeiro bloco, A natureza “cíclica” da
entre a dinâmica ambiental local e a planetária, Natureza, trata da compreensão de atitudes
descobrindo as implicações e causas dos pessoais e de processos coletivos coerentes,
problemas ambientais. como dormir e acordar, alimentar-se, ver as
Nos PCN’s (1998), encontram-se as divisões árvores florescer e os pássaros se
dos conteúdos do Meio Ambiente em três reproduzirem, ver a agua sair da torneira ou
blocos: observar a água de um riacho e tem como
✓ A natureza “cíclica” da Natureza principal objetivo fazer com que o indivíduo
✓ Sociedade e meio ambiente perceba a dinâmica da natureza e as suas
✓ Manejo e conservação ambiental constantes transformações, como se pode ver
Esses três blocos englobam alternativas resumidamente neste ponto do PCN(1998):
variadas de expressão e divulgação de ideias e A finalidade dos conteúdos deste bloco,
sistematização de informações como realização portanto, é permitir ao aluno compreender que
de cartazes, jornais, boletins, revistas, fotos, os processos na natureza não são estanques,
filmes, dramatização, desenvolvimento de nem no tempo nem no espaço. Pelo contrário,
técnicas de pesquisa em fontes variadas de há sempre vários fluxos de transformações,
informação (bibliográficas, cartográficas, com a reincorporação de materiais a novos
memória oral, etc.), análise crítica das seres vivos, com a modificação de energias nas
informações veiculadas por TV, jornais, suas diferentes formas, enfim, com interações
revistas, vídeos, filmes comerciais etc., além da que engendram mudanças no mundo que, a
identificação das competências, no poder local, partir de praticamente os mesmos materiais,
para solucionar os problemas ambientais tanto se transformou nesses 3,5 bilhões de
específicos. anos de vida na Terra (BRASIL, p. 206,s.p).
Os blocos também incluem identificação das Fazem parte desse bloco, os conteúdos a
instituições públicas e organizações da Compreensão da vida, nas escalas geológicas de
sociedade civil em que se obtêm informações tempo e de espaço, a Compreensão da
sobre a legislação ambiental e possibilidades de gravidade da extinção de espécies e da
ação com relação ao meio ambiente, formas de alteração irreversível de ecossistemas, e por
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fim, a Análise de alterações nos fluxos naturais povos do mundo comportam diversos
em situações concretas. conjuntos de técnicas que vêm sendo pratica
O segundo bloco, Sociedade e Meio das gerações após geração desde que o ser
Ambiente, trata do respeito às sociedades humano descobriu o fogo, aprendeu a construir
Industriais e o contato com outras formas de e a utilizar instrumentos e passou a domesticar
organização social, de culturas e suas formas animais e a cultivar plantas, criando a
respectivas de relação com a natureza. agricultura e a pecuária(BRASIL, 1998,p. 219).
Refere-se à compreensão da influência entre Este bloco trabalha a valorização do manejo
os vários espaços e aborda gravidade da sustentável como busca de uma nova relação
degradação, que não proporciona condições sociedade/natureza, incentivando o homem a
sanitárias minimamente satisfatórias para a buscar formas de preservação e de
vida humana, entre outras questões. conservação.
Este bloco também e envolve o É neste cenário que se aplica o conhecimento
conhecimento e valorização do planejamento do uso de agrotóxicos, plantio, controle
dos espaços como instrumento de promoção biológico de pragas, de melhores sistemas de
da melhoria da qualidade de vida, por meio do irrigação, visando, desta forma, a reflexão
contato com as diferentes fases do processo de crítica quanto ao uso de técnicas
produção de atividades econômicas, incompatíveis com a sustentabilidade.
identificando a matéria-prima, o gasto de Também se sugere o intenso trabalho de
energia, os subprodutos intermediários, os debate dos problemas como a extinção de
efluentes e rejeitos finais, o transporte, o plantas e animais, a degradação dos solos, o
armazenamento e o consumo do produto. assoreamento dos cursos de água, as mudanças
Consequentemente, acontece uma análise climáticas locais e regionais, a perda de
crítica de atividades de produção e práticas de biodiversidade, etc. proporcionando um
consumo. posicionamento mais crítico do aluno.
É neste contexto, também, que se busca Como resultado dessa reflexão no âmbito
trabalhar as relações entre ser escolar, é possível despertar o desejo de
humano/natureza e ser humano/ser humano participação, a despeito da amplitude que
no cotidiano da vida pessoal e das práticas possam ter esses problemas culminando com a
sociais, por meio de debates na escola sobre o importância de se conhecer técnicas básicas
questionamento de valores e hábitos para reposição de cobertura vegetal nativa,
negativos, do ponto de vista da conservação manutenção e germinação de sementes,
ambiental, como o consumismo, o desperdício, transporte e/ou plantio ou replicação de mudas
etc. e principais cuidados de manutenção.
Finalmente, o último bloco, Manejo e Outrossim, por meio deste bloco , os alunos
conservação ambiental, trata das ações dos terão conhecimento dos problemas causados
seres humanos para suprir suas necessidades. pelas queimadas nos ecossistemas brasileiros e
As formas de manejo do meio ambiente a valorização de alternativas para a utilização
historicamente estabelecidas pelos diferentes dos recursos naturais. Além disso, terão
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conhecimento e valorização de práticas que zero a três anos, deve ser iniciado pela
possibilitem a redução na geração e a correta observação e exploração do meio em que ela
destinação do lixo e de algumas áreas está inserida. Assim, a criança terá suas
tombadas como Unidades de Conservação, primeiras noções organizadas a respeito das
bem como o reconhecimento das instâncias do pessoas, seu grupo social e das relações
poder público responsáveis pelo humanas de modo geral.
gerenciamento das questões ambientais. Na escola podem-se desenvolver projetos
interdisciplinares com o intuito de integrar as
PRÁTICA DE EDUCAÇÃO diversas disciplinas do currículo, e neste
sentido, planejar ações que envolvam os
AMBIENTAL NA ESCOLA DE professores, alunos e toda a comunidade
EDUCAÇÃO INFANTIL escolar. Uma atividade que pode ser muito
De acordo com o Referencial de Educação produtiva e envolver a todos é o plantio de
Infantil(1998), para crianças de zero a três anos hortas e jardins no espaço escolar.
e quatro a cinco anos organizam-se algumas Um pequeno jardim, uma horta, um pedaço
considerações quanto à preparação dos de terra, é um microcosmo de todo mundo
conteúdos que devem apresentar importância natural. Nele encontramos forma de vida,
social, grau de significado para o aluno, recursos de vida. Processo de vida. A partir dele
possibilidade de construir uma visão de mundo podemos reconsceitualizar nosso currículo
de modo incorporado, assim como a ampliação escolar. Ao construí-lo e cultivá-lo podemos
de repertório para conhecimentos que aprender muitas coisas. As crianças o encaram
condizem com o mundo social e natural como fonte de tantos mistérios! Ele nos ensina
(BRASIL, 1998). os valores da emocionalidade da Terra: a vida,
Parafraseando Dias (2003), reconhece-se a morte, a sobrevivência, os valores da
que a Educação Ambiental presente na paciência, da perseverança, da criatividade, da
Educação Infantil, encontra-se também na Lei adaptação, transformação, da renovação
n° 9.795 capítulo II – Da Política Nacional da (GADOTTI, 2010, p.70).
Educação Ambiental, Seção II – Da Educação Essa atividade, além de transformar o espaço
Ambiental no Ensino Formal, Artigo 9º, que agradável, transforma o espaço ocioso em
indica que os currículos das instituições tanto espaço verde e favorece o conhecimento dos
públicas quanto privadas, devem visar a prática ciclos vitais da natureza, os cuidados com os
de Educação Ambiental, iniciando pela seres vivos e despertar para a importância de
educação básica: Educação Infantil, Ensino uma alimentação saudável.
Fundamental, e Ensino Médio, se estendendo Por meio do desenvolvimento dessas
para Educação Superior, Educação Especial, atividades são trabalhadas com as crianças os
Educação Profissional e Educação de Jovens e conteúdos curriculares sobre animais, plantas,
Adultos. alimentos, culinária, higiene, família na escola,
Neste caso, é importante reconhecer que o entre outros que oportunizaram a
trabalho a ser desenvolvido com crianças de
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Constata-se que a problemática ambiental exige mudanças de comportamentos, de
discussão e construção de formas de pensar e agir na relação com a natureza. Isso torna
fundamental uma reflexão mais abrangente sobre o processo de aprendizagem daquilo que se
sabe ser importante sobre o meio ambiente: os recursos oferecidos pelo planeta e a forma como
aproveitá-los e renová-los, mas que não se consegue compreender suficientemente só com lógica
intelectual.
A questão ambiental exige que a sociedade busque novas formas de pensar e agir,
individual e coletivamente, a fim de garantir a sustentabilidade ecológica. Para que isso aconteça,
é necessário educar os indivíduos com ações de conscientização voltadas à preservação do meio
ambiente, buscando mudanças de comportamento pessoal e atitudes e valores de cidadania que
podem ter importantes consequências sociais.
As práticas pedagógicas relacionadas à Educação Ambiental exigem constante reflexão.
E mais que isso, escola e professores acabam sendo responsáveis pela formação de valores.
A escola retrata as necessidades do ser humano e a importância de se cuidar do meio ambiente
por meio de atitudes que favoreçam a adoção de novos comportamentos e hábitos pró-
ambientais. Enquanto isso, o professor fazer com que aluno e toda comunidade escolar entendam
que quanto mais cedo o indivíduo conscientizar-se que suas ações podem transformar o mundo
num lugar melhor, mais sadio e limpo, mais qualidade de vida todos terão.
A escola e os professores devem proporcionar atividades, situações e espaço para se
realizar atividades que explorem o conceito e objetivo da Educação Ambiental no âmbito escolar,
e principalmente, fazer com que a toda a comunidade escolar participe das ações para assim,
colocarem em prática, na vivência do cotidiano, as ideias de preservação e proteção do Meio
Ambiente.
Cabe à escola e ao professor contribuir na formação de indivíduos com habilidades e
atitudes voltadas para a preservação do meio ambiente, valores sociais, conhecimento e
criticidade, tendo em vista o bem comum.
Diante disto, é importante que a escola assuma seu papel de multiplicadora das ações de
preservação do meio ambiente, com o envolvimento de todos os profissionais que nela atuam. É
necessário que também os professores da Educação Infantil façam um trabalho de informação e
formação com o tema meio ambiente e saúde com as crianças, possibilitando desde cedo a
conscientização da importância de preservá-lo.
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RESUMO: O artigo tem como objetivo tornar visível a importância das Artes Visuais para crianças
em idade pré-escolar (entre 0 e 6 anos) e analisar as contribuições da arte para a formação dos
alunos. O ensino de arte constitui um importante meio para o desenvolvimento da criança,
porém, necessita-se que os professores estejam capacitados e a prática educativa seja
remodelada para, assim, tornar a aprendizagem significativa. Por meio da arte-educação, a
criança se apropria das diversas linguagens artísticas, adquire sensibilidade estética e desenvolve
a criatividade, a coordenação motora e a capacidade cognitiva. Para isso, deve haver a mediação
do educador durante o processo de aprendizado, para que a criança conheça a arte ao mesmo
tempo em que faz arte.
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2O Paleolítico ou Idade da Pedra Lascada, refere-se ao período da pré-história que aconteceu cerca de 2,5 milhões
a.C., quando os antepassados do homem começaram a produzir os primeiros artefatos em pedra lascada.
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se próximas à entrada das cavernas, onde expressar seus costumes, mitologias e tradições
poderiam ser vistas (e destruídas) com por meio de pinturas, afrescos, esculturas, etc.
facilidade, mas sim em seus recessos mais Entre os principais estilos artísticos da
escuros, tão afastadas da entrada quanto Antiguidade, podemos destacar as esculturas
possível. Ocultas como estão, nas entranhas da em pedra, (em especial as esculpidas em
Terra, essas imagens devem ter-se prestado a mármore), com precisão anatômica,
um objetivo muito mais sério do que a simples comumente encontrada na Grécia e no Império
decoração. Na verdade, quase não há dúvida de Romano e as pinturas de formas humanas em
que faziam parte de um ritual mágico cujo representações pictóricas presentes na arte
propósito era o de assegurar uma caça bem egípcia.
sucedida. (JANSON, 1996, p.14).
Figura 2 - Vênus de Milo
Figura 1 - Bisão da Caverna de Altamira
civilizações, como Grécia, Egito e Roma, as artes Estátua grega, datada de 100 a.C.
Fonte: Museu do Louvre/Anne Chauvet5
visuais se desenvolveram tecnicamente e novos
3
3
Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=5569986>.Data de Acesso:08/03/2020.
4
A Idade Antiga ou Antiguidade foi o período da história que se desdobrou desde a invenção da escrita (4000 a.C. a 3500 a.C.)
até a queda do Império Romano do Ocidente (476 d.C.).
5
Disponível em: <http://www.louvre.fr/departments/antiquites-grecques-etrusques-et-romaines>. Data de Acesso:08/03/2020.
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prevaleceu o uso dos arcos de volta-perfeita. As coloridas, primeiros indícios do estilo que
construções eram pesadas e fortificadas, no sucederia a arte gótica.
caso dos castelos, a intenção era proteger a A transição entre a Idade Média e a Idade
nobreza de ataques inimigos. Já nas igrejas, as Moderna12 foi marcada por uma efervescente
3
paredes deveriam ser resistentes para evitar a renovação artística que culminou no
entrada de "forças malignas". surgimento da Arte Renascentista, cujo ápice
ocorreu na Itália do século XVI. Entre os
Figura 5 - Igreja Notre-Dame La Grande de Poitiers101 principais artistas da época estão Leonardo da
Vinci, Michelangelo, Donatello, Sandro
Boticelli, Rafael, Giotto di Bondone, entre
outros.
10
Chama-se arco de volta perfeita, arcos que formam um semicírculo inteiro, apoiados em duas extremidades e fechados por
uma única pedra em forma de cunha, que pressionava os demais.
11
Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Poitiers,_Eglise_Notre-Dame_la_GrandePM_31852.jpg> .Data de
Acesso:08/03/2020.
12
A Idade Moderna foi o período da história de 1453 (tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos), até 1789 (Revolução
Francesa).
13
Disponível em: https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=22507491.Data de Acesso:08/03/2020.
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14
Disponível em: <http://www.wga.hu/art/d/david_j/2/200david.jpg >.
15
Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=5504881>.Data de Acesso:08/03/2020.
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Art. 30. A educação infantil será oferecida fundamentos: I - a associação entre teorias e
em: práticas, inclusive mediante a capacitação em
I – creches ou entidades equivalentes, para serviço; II - aproveitamento da formação e
crianças de até três anos de idade; II – pré – experiências anteriores em instituições de
escolas para crianças de quatro a seis anos de ensino e outras atividades.
idade. Art. 62. A formação de docentes para atuar
Art. 31. Na educação na educação básica far-se-á em nível superior,
infantil a avaliação far-se-á em curso de licenciatura, de graduação plena,
mediante acompanhamento e registro de seu em universidades e institutos superiores de
desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, educação, admitida, como formação mínima
mesmo para o acesso ao ensino fundamental. para o exercício do magistério na educação
(BRASIL, 1996, p.11). infantil e nas quatro primeiras séries do ensino
Com a nova visão da lei sobre a Educação fundamental, a oferecida em nível médio, na
Infantil, tornou-se evidente a necessidade de modalidade Normal (BRASIL, 1996, p. 20).
promover o desenvolvimento da criança como Deve-se destacar ainda, dois artigos da LDB
um indivíduo em todos os aspectos, desde os nº 9394/96 com extrema importância para os
primeiros anos de vida, construindo um alicerce profissionais e instituições de Educação Infantil.
para o desenvolvimento completo do O primeiro é o artigo 89 (Das Disposições
educando. Transitórias) com relevância ímpar para a
Com papel complementar à família e à educação infantil, diz a Lei que “as creches e
comunidade, a educação infantil precisa pré-escolas existentes ou que venham a ser
articular-se, por meio de constante diálogo, criadas, no prazo de três anos, a contar da
juntamente com os pais e a sociedade. publicação desta lei, integrar-se-ão ao
Propondo também, como função específica das respectivo sistema de ensino” (Art. 89).
instituições de educação infantil, a ampliação O segundo ponto a ser destacado é a criação
das experiências, dos conhecimentos, do da Década da Educação, com início um ano
interesse pelo ser humano, pelos processos da após a publicação da Lei, em que estabelece-se
natureza e pela convivência em sociedade. que "até o fim da Década da Educação somente
Outro aspecto importante da Lei nº 9394/96 serão admitidos professores habilitados em
são os artigos referentes aos profissionais da nível superior ou formados por treinamento em
educação. Em sete artigos, a lei estabelece serviço" (Art. 87 §4º).
diretrizes sobre a formação e valorização destes Para ajudar no cumprimento dos artigos da
profissionais. Lei citados acima, o Ministério da Educação
Como podemos ler nos artigos 61 e 62: (MEC), responsável pela educação em todo o
Art. 61. A formação de profissionais da território brasileiro, em trabalho conjunto com
educação, de modo a atender aos objetivos dos o Ministério do Trabalho e o Ministério da
diferentes níveis e modalidades de ensino e às Previdência e Assistência Social, apoia projetos
características de cada fase do que estimulem a formação de profissionais
desenvolvimento do educando, terá como
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Fruição, refere-se à reflexão, conhecimento, sensação e ao prazer advindo da ação que a criança realiza ao se
apropriar dos sentidos e emoções gerados no contato com as produções artísticas.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
As Artes Visuais somadas às habilidades infantis revelam variadas possibilidades para o
ensino. Talvez não seja possível mensurar todos os benefícios do ensino da arte para crianças no
período pré-escolar, mas, durante a execução deste trabalho provou-se que o ensino da arte
desperta o senso estético, auxilia no desenvolvimento da motricidade fina, afina as capacidades
cognitivas e intelectuais, estimula a criatividade e a imaginação, proporciona a formação cultural
dos alunos, contribui para o alargamento da autonomia, ajuda na socialização das crianças,
desenvolve a noção espacial, oferece conhecimentos em relação à reciclagem e reutilização de
materiais, entre outras incontáveis contribuições.
Portanto, considera-se que se obteve é que a arte pode mudar a forma como uma criança
se desenvolve e transformar o destino desta. Se a arte for trabalhada com afinco em ambiente
escolar, levando em consideração as características individuais de cada aluno, ao disponibilizar
todas as possibilidades de linguagens artísticas, o educador oferece a criança o primeiro passo
para o crescimento humano. À medida que adquire gosto pela arte, a criança começa uma jornada
para tornar-se um ser mais crítico e reflexivo.
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reprovadas durante anos, o que acarreta, além A escola deve ser uma instituição séria e
de baixa autoestima, sentimento de culpa. comprometida, com objetivos claros e que
O distúrbio de aprendizagem está sempre esteja sempre buscando conhecimento para
relacionado com alguma causa clínica (por dar suporte ao seu corpo docente. Este, por sua
exemplo, o Transtorno de Déficit de Atenção e vez, deve ser comprometido com a
Hiperatividade, que é o foco desse estudo) ou aprendizagem dos alunos, independente das
distúrbios neurológicos. dificuldades e fatores externos (AQUINO,
A falta de adaptação no ambiente escolar 1986). A qualidade do ensino deve ser o
ocorre geralmente com as crianças de primeira principal objetivo da escola e de seus
série, saídas recentemente da Educação professores.
Infantil. Ao cobrar do aluno as A criança que possui dificuldade em
responsabilidades do Ensino Fundamental, o aprender deve se sentir acolhida e necessita
professor deve considerar o momento de muito do auxílio direto do professor, para que
adaptação da criança na nova etapa escolar, possa questionar e se expor de diferentes
pois, o excesso de cobrança pode causar, na formas, sem se sentir coagida pela sala.
criança, medo; bloqueio com a escola; baixa A dificuldade de aprendizagem deve ser
autoestima, por sentir e achar que não vai investigada desde o primeiro indício, para que
nunca aprender; distúrbios de comportamento, não se torne uma defasagem mais complexa e
antes não presenciado pelos pais; frustrações e mais sofrível para o aprendiz, cabendo,
ainda falta de interesse (PATTO, 1996). especialmente aos professores, oferecer apoio
Sobre a falta de vínculo afetivo, para e atenção com todos os seus educandos, além
Marchand (1985), ser afetivo não significa do suporte necessário àqueles que apresentam
proximidade física e manifestações excessivas características de dificuldade.
de carinho entre professor e aluno, muito
menos construir uma relação permissiva. A O PAPEL DO EDUCADOR
construção da afetividade deve estar pautada,
Para André (1999), o professor, muitas vezes,
principalmente, na conquista da confiança e no
não tem claro qual seu papel na instituição
respeito, inclusive diante dos medos da criança,
escolar e em sala de aula. Para o bom
assim como seus anseios. O educador deve ser
desempenho da escola é necessário que a
amável, demonstrando a importância daquela
Proposta Político Pedagógica seja elaborada
criança em sua vida e, também, compreender
com toda a equipe da unidade escolar, pois, a
seu universo. A ausência de afetividade, tanto
partir do momento que a proposta é construída
de um lado como de outro, gera dificuldades de
coletivamente, as conquistas e avanços são
aprendizagem, indisciplina e até desrespeito,
cada vez mais visíveis, visto que o professor vai
pois o aluno transforma o desprezo e a falta de
solucionando suas dúvidas e administrando
atenção do professor em revolta, prejudicando
eventuais problemas ao longo do processo,
não só a sua aprendizagem, mas também a da
para que, posteriormente, coloque em prática
sala, bem como a imagem e autoridade do
as propostas e diretrizes.
professor frente aos demais alunos.
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É muito importante que o professor organize efetivo e pontual desde o início do primeiro ano
seu plano de trabalho visando a qualidade do certamente diminuirá as chances de o aluno
ensino e, ao mesmo tempo, despertar o apresentar uma defasagem acentuada ao final
interesse dos alunos. Diante da diversidade em do ciclo.
sala de aula é preciso, também, mudar o A proposta de trabalho da escola deve ser
enfoque das atividades de acordo com o grau estudada a fundo e o professor capacitado para
de dificuldade de cada um, bem como a atuar de acordo com ela, com
avaliação precisa ser um instrumento de acompanhamento direto em sala de aula. Uma
averiguação da aprendizagem e, igualmente, da atuação psicopedagógica com foco na
atuação do professor, levando o aluno a prevenção, orientando o trabalho pedagógico,
construir seu conhecimento. As aulas devem a organização do currículo e do plano de
ser dinâmicas e o educador necessita buscar trabalho, é a melhor forma de prevenir maiores
novos caminhos e ferramentas, mudando, intervenções com o aluno, inclusive
inclusive, alguns conceitos, se necessário for intervenções clínicas.
(BRANDÃO, 1982). A instituição escolar (incluindo a educação
Para os casos de baixo rendimento escolar, o especial e inclusiva) deve viabilizar para todos
artigo 24, inciso V, da Lei 9.394/96, garante os os alunos o contato com outras ferramentas de
estudos de recuperação, que deve ocorrer, de ensino, como Internet, livros, artigos
preferência, paralelamente ao período letivo e jornalísticos e textos de diversos gêneros,
serem disciplinados pelas instituições de ensino vídeos, teatro, cinema, etc. Não podemos nos
conforme seus regimentos. esquecer dos alunos com distúrbios
No momento em que a criança recebe um neurológicos e de comportamento, os quais
conceito insatisfatório é importante verificar a devem ser incluídos efetivamente nos
origem dessa dificuldade e, por meio de análise trabalhos diários e também nas atividades
de desempenho, propor mudanças em suas extracurriculares, incluindo, por exemplo, os
práticas curriculares, visando sempre melhorar alunos com TDAH.
a aprendizagem do aluno. Um ponto Por muito tempo a escola e a sociedade
importante para se levar em conta é a seguiam caminhos diferentes. Hoje, a escola
formulação das avaliações, pois provas mal está abrindo portas para a comunidade e,
elaboradas prejudica todo os processos de principalmente, para a família do aluno, pois
aprendizagem, levando, inclusive, bons alunos uma precisa da outra, visto que a família tem o
a obterem maus resultados. direito e dever de participar ativamente da vida
Sobre os grupos de apoio, Barbosa escolar da criança, cabendo a ela também
(2006),afirma que eles devem atender os ajudar a organizar a escola.
alunos com defasagem de conteúdo, porém, Para podermos nos aprofundar em uma
muitos professores encaminham casos análise que tenha como objetivo apontar
desnecessários para esse atendimento, ou seja, caminhos para a melhoria da educação, há uma
alunos que apresentam dificuldades específicas necessidade evidente de compreender as
em determinados conteúdos. Um trabalho políticas educacionais formuladas e
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implementadas, pois nos últimos anos, a diferentes problemas que surgem no dia-a-dia.
Pedagogia sofreu muitas mudanças. A Para isso, o professor deve propor atividades
compreensão das políticas públicas atuais de estimulantes e desafiadoras, que levem o aluno
formação de professores é extremamente a desenvolver o senso crítico.
necessária para que se construa uma política
pedagógica adequada e com base em uma O PROFESSOR DE AEE FRENTE
fundamentação acadêmica sólida.
No decorrer da história moderna, a educação ÀS NECESSIDADES EDUCATIVAS
passou por um processo de mudança profundo, As escolas de educação especial continuam
já que, hoje, para formar o aluno, o professor se expandindo. A universalização da oferta
precisa conhecer profundamente os aspectos educacional nos países desenvolvidos
sociais, econômicos e políticos da sua época, considera positiva a existência de classes ou de
conhecer as necessidades de seus alunos e escolas específicas para alunos com
compreender a pedagogia em vigor. Hoje, o deficiências, devido o grande número de alunos
aluno precisa de um professor com por sala de aula, à existência de edifícios
conhecimentos em todos os campos e capaz de específicos e adaptados e à possibilidade de
não só transmitir seus conhecimentos, mas uma atenção educativa mais especializada.
também de criar situações para que o aluno Por muito tempo, a educação especial tem se
construa e compreenda sua própria capacidade organizado no sentido de dar ao educando com
de aprender, desenvolva suas habilidades e NEE todo o apoio necessário para sua
prepare-se para enfrentar a política social de formação. Mas, para chegar até este patamar
sua época com autonomia e consciência de educacional, iniciam-se nos anos de 1940 a
seus conhecimentos (CUNHA, 2001). 1950 sensíveis mudanças e questionamentos
O Referencial Curricular para a Formação de constituídos de um aprofundamento dos
Professores (RCFP) espera formar um professor ambientalistas e dos behavioristas (COLL, et al,
reflexivo, crítico, criativo, capaz de 2006).
compreender o que lê, um professor As questões vão mais além do campo da
preocupado com o que acontece ao seu redor e pedagogia, pois abrem caminho com mais força
com a qualidade da formação de seus alunos. O no campo das necessidades. Assim, vão se
sistema educacional precisa oferecer, aos tornando determinantes e levando em conta as
nossos alunos, um ensino de qualidade e o RCFP influências sociais e culturais pelas quais
serve para nortear os conteúdos, porém, deve passavam as pessoas com deficiências.
ser adaptado à realidade de classe, para que o Então, paralelamente, as escolas de
professor possa oferecer, aos educandos, um educação especial continuaram a se expandir. E
ensino que vá de acordo com sua realidade e foi assim que, em 1960 a 1970 surgiram
necessidades. instituições específicas, como relata Coll, et al
Segundo Nóvoa (1998), a sociedade, hoje, (2006),que a partir da década de 60, produz-se
necessita de jovens que sejam capazes de um movimento muito forte, impulsionado por
pensar, criar, opinar e saber solucionar os âmbitos sociais diversos, que irá provocar
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A partir dos seis anos, ocorre uma mudança concentrar sua atenção durante períodos
notável na criança. O controle da atenção passa contínuos de tempo. Por outro lado, o processo
a ser interno e ela já é capaz de desenvolver de evolução não chega a ser controlado por
estratégias para atender, seletivamente, os estratégias internas, que ajudariam a criança a
estímulos que ela considera relevantes para a se concentrar, de forma seletiva, nos aspectos
solução de determinados problemas, sejam ele pertinentes para a solução eficaz dos
os aspectos mais centrais da estimulação problemas; ao contrário, o processo de atenção
externa. continua sendo dirigido à estimulação externa.
De acordo com Oliveira, et al (1994), para Estas dificuldades intensificam-se nas
uma verificação se a criança apresenta ou não situações grupais, já que elas exigem atenção
distúrbio hiperativo, é necessário: mais sustentada e seletiva, para poder manejar
Conhecer o desenvolvimento normal da a grande quantidade de informação que é
criança, tendo muito presente as grandes gerada.
variáveis comportamentais existentes, frutos Nos estudos de Kuczynski (2012), viver com
da interação de diversos fatores como: idade, TDAH significa correr alto risco de apresentar as
sexo, fatores genéticos, contexto familiar e seguintes características:
social, e etc.; Reconhecer a existência de • Baixo desempenho escolar (afinal,
padrões de condutas que têm um caráter muitos docentes, por desconhecerem as causas
totalmente transitório e que não envolverá desse transtorno, julgam que a criança - já no
uma evolução psicopatológica; Avaliar, quando início do ano letivo - não virá a ter boas notas,
possível, até que ponto as alterações das tampouco, conseguir aprender os conteúdos
condutas estão sempre interferindo ou de certa mínimos para prosseguir seus estudos);
forma, dificultando a aquisição do • Prejuízo significativo na relação com
desenvolvimento de algumas das principais familiares e amigos (já que, até em seu círculo
capacidades e habilidades cognitivas sociais da social, muitas vezes a criança não conta com
criança, bem como a ligação das consequências pessoas que se interessam em compreender as
desses distúrbios no meio em que se causas desse ou daquele comportamento);
desenvolve. Tudo isso faz com que se tenha • Ansiedade (sabendo que o trabalho do
cautela no momento de se estabelecer o docente e do professor de AEE segue também
diagnóstico, entendendo este não como uma em outros momentos - até quando a criança
mera atribuição de rótulos, senão como um está fazendo seu lanche no intervalo das aulas
processo de conhecimento das potencialidades ou em qualquer outra atividade extraclasse -
e necessidades especiais da criança (OLIVEIRA, pois essa característica pode provocar,
et al, 1994, p.113). inclusive, enjoos, devido ela se alimentar
Os resultados de estudos experimentais, rapidamente, etc.);
realizados com indivíduos hiperativos, • Depressão (visto que, em alguns casos,
demonstram que estes processos encontram- por não se conhecer mais profundamente as
se alterados. Por um lado, pode-se afirmar que possibilidades de intervenções com esses
estas crianças apresentam dificuldades para educandos, os mesmos acabam vivenciando o
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abandono escolar, sendo essa uma das grandes desorganizada acima dos padrões e que, com
causas da depressão em alunos hiperativos); frequência, não possui um objetivo concreto. É
• Baixa autoestima (o docente precisa exatamente esta ausência de finalidade que
estar atento também a essa questão, não permite diferenciá-la das demais atividades,
somente com esses educandos, mas com todo observado no desenvolvimento normal da
o grupo, pois elogiar faz parte das regras de criança em certas situações.
convivência); De acordo com Rosa, et al (2008):
• Problemas de conduta (isso pode ser A oscilação do controle - seja de atenção,
traduzido como um agravante seja de conduta - que caracteriza o TDAH,
comportamental, no entanto, quando a escola determina em geral, uma relação empobrecida
se organiza para receber um educando com da pessoa com o meio familiar, social, escolar e
TDAH, espera-se que toda a equipe seja profissional, promovendo restrições em
informada de como agir em casos, quando a diferentes graus e aspectos, no acesso ao
conduta da criança não esteja de acordo com as desenvolvimento potencialmente esperado de
regras estabelecidas na escola ou em sala de crianças e jovens sem déficits intelectuais
aula); (ROSA, et al, 2008, p.114).
• Delinquência (essa característica já é Juntamente com esta atividade motora
apresentada aos pais na educação infantil, desmedida, costuma surgir dificuldades em
junto com orientações a respeito de seu nível de motricidade grossa (por exemplo,
comportamento. Vale ressaltar que a dificuldades de coordenação visual e manual),
delinquência acomete muitos jovens em nossa observando-se, com certa frequência,
sociedade, e é fruto de um trabalho de movimentos involuntários dos dedos
aceitação e cumprimento de regras, das quais (sincinesias) que interferem na realização de
vai além do diagnóstico de TDAH, ou seja, um certas tarefas (HERBERT, 1978).
comportamento não justifica o outro); Com relação a sua impulsividade ou falta de
• Experimentação, uso abusivo ou controle, o comportamento de toda criança é
dependência precoce de substâncias inicialmente controlado pelos adultos,
psicoativas. seguindo certas normas que, frequentemente,
Todos nós precisamos ser acreditados, vão contra seus desejos; tais normas impostas
motivados e impulsionados a resolver acabam sendo internalizadas no decorrer do
problemas desde cedo. É extremamente seu desenvolvimento, de forma que o controle
importante para qualquer pessoa, mais ainda externo dá lugar ao autocontrole. Este processo
para as que possuem TDAH, uma convivência encontra-se alterado nas crianças hiperativas,
saudável com seus grupos sociais, seja na de forma que a conduta impulsiva constitui um
escola, em casa, no clube, no trabalho, enfim, dos aspectos mais relevantes do distúrbio;
em todos os ambientes por onde circula. observando-se uma tendência à satisfação
A atividade motora excessiva, que imediata de seus desejos e pouca tolerância à
caracteriza as crianças hiperativas, manifesta- frustração. Essas crianças podem aprender,
se por meio de uma atividade corporal mas necessitam de intervenção, pois podem
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Para melhor compreensão dos distúrbios da Alguns autores acham que o efeito destes
atenção vinculados à hiperatividade, pode ser estimulantes é devido à alteração nos
útil a referência ao desenvolvimento normal do mecanismos dos neurotransmissores, como
controle da atenção, no qual se pode distinguir serotonina, dopamina ou norepinefrina, o que
várias fases. coincide com algumas hipóteses sobre as
Nos estudos feitos por Mussen (1978), as causas.
crianças pobres entram na escola com uma As crianças com TDAH frequentemente se
desvantagem inicial, pois, em média, elas isolam, já que são discriminadas pelos colegas,
obtêm piores resultados em tarefas intelectuais instalando-se, muitas vezes, depressão e baixa
e em testes de inteligência, quando autoestima. Por isso, a necessidade de uma
comparadas às crianças que possuem mais prática pedagógica eficiente, que o professor
condições de estarem em constante contato conheça os benefícios de uma prática lúdica,
com a cultura e com brinquedos interativos e interativa e que possa contribuir com o avanço
pedagógicos. cognitivo deste aluno, em todos os sentidos.
No entanto, ele também faz uma ressalva Vários dados confirmam a ideia de que os
com relação às crianças com TDAH: há diversos fatores genéticos contribuem para a
meios para superar as deficiências cognitivas determinação de necessidades educativas, mas
por meio da instrução, e com bons resultados, esse diagnóstico só é apontado por meio de
visto que, para elevar o nível intelectual, é exames minuciosos.
necessário, também, colocá-lo no meio social e A consideração dos problemas de equilíbrio,
então propor maior interação. segundo Piaget, é, portanto, indispensável para
Como a espécie humana apresenta, entre as explicações biológicas e psicológicas. Não se
outras características, um padrão de conduta deve insistir nesta necessidade no que se refere
anti-seletivo, a preocupação com estas às teorias da aprendizagem, pois ela é óbvia,
dificuldades existe. Assim, quando essas desde que se caracterize a aprendizagem como
dificuldades persistem (apesar do emprego de modificação duradoura (equilibrada) do
recursos didáticos e de um meio apoiador, o comportamento, em função das aquisições
que nem sempre é garantido a estas crianças), devidas à experiência. O desenvolvimento é
somos levados a diagnosticar um Transtorno de progressivo, uma passagem contínua de um
Aprendizagem (ASSUMPÇÃO & KUCZYNSKI, estado de menor equilíbrio para um estado de
2003, p.337). equilíbrio superior (PIAGET, 2009).
O tratamento psicofarmacológico é feito
com o uso de estimulantes, como a
dextroanfetamina (dexedrina) e do
metilfenidato (ritalina). Os mecanismos de ação
destas substâncias ainda são desconhecidos,
mas, muitas pesquisas demonstram eficácia,
porque a pessoa com TDAH têm uma
subestimulação do Sistema Nervoso Central.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A forma como o professor trabalha reflete, diretamente, no ambiente da sala de aula,
interferindo, significativamente, na maneira como o aluno se posiciona diante dos conflitos e
impactando no desenvolvimento moral que a criança irá construir ao longo de seu
desenvolvimento.
A dificuldade em formar profissionais que fazem uso do conhecimento como meio
transformador da realidade de quem estão educando, remete à identificação das causas de
fracassos como: a má-formação dos profissionais de educação; a desvalorização da profissão de
docência; a consequente baixa remuneração de suas atividades; e o pouco investimento em
programas de educação continuada para os professores.
O cotidiano escolar é uma referência para a criança. Nele estão inseridos o compromisso
do professor com sua aprendizagem e a construção de conhecimentos e valores que ele levará
para a vida toda. Sendo assim, a sala de aula também deve ser um espaço de amizade e troca de
experiências e novas ideias.
O professor deve orientar, direcionar, focalizar, ampliar, questionar e enriquecer o olhar e
a interpretação dos alunos, em relação ao texto que está sendo trabalhado, auxiliando-os a
considerarem também outros aspectos que não haviam percebidos, a levarem em consideração
as ideias e opiniões de outros, a estabelecerem relações com outros textos, com sua realidade e
com diferentes conhecimentos.
Uma das principais limitações que o professor encontra em sua prática pedagógica é a
ausência de materiais e de subsídios teóricos sobre ludicidade para alunos com Transtornos de
Déficit de Atenção/Hiperatividade. É preciso mais pesquisas e investimento em atividades
práticas diárias, para que estes alunos tenham maior autonomia e independência.
É preciso considerar que a interação é uma das possibilidades para que o aluno com TDAH
reconheça-se na ação e identifique o outro como colaborador na sua aprendizagem. Portanto, é
de fundamental importância a prática individual de atividades lúdicas com brinquedos e jogos
pedagógicos, bem como sucatas, dobraduras e recortes de papel, fantoches etc.
Em suma, são muitos os caminhos a seguir com a criança que possui TDAH. Os profissionais
de educação dos primeiros anos do Ensino Fundamental devem procurar entender melhor o que
significa essas ações lúdicas para alunos com TDAH, para que sejam garantidos os melhores
aproveitamentos dos conteúdos e, consequentemente, sua inserção na sociedade e o direito ao
prosseguimento dos seus estudos.
Como demonstram os estudos de prevalência do TDAH, já se pode considerar a pesquisa
segregada por gênero. Assim, é possível cercar melhor as variáveis relevantes ao desenvolvimento
social da criança com TDAH, identificando os casos diagnosticados.
Investigações relacionadas ao nível socioeconômico e etnia também se fazem necessárias,
bem como a atenção às comorbidades, ou seja, quando duas ou mais patologias estão
etiologicamente relacionadas. Tudo isso é crucial para um melhor entendimento e estudo do
TDAH.
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REFERÊNCIAS
ANDRÉ, M.E.D.A. Pedagogia das diferenças na sala de aula. Campinas: Papirus, 1999.
BALDI, E. Leitura nas séries iniciais: uma proposta para formação de leitores de literatura.
Porto Alegre: Editora Projeto, p.36, 2009.
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PIAGET, J. Seis estudos de psicologia. Trad.: Maria Alice Magalhães D”Amorim e Paulo Sérgio
Lima Silva. 24.ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2009.
RANKEL, L.F.; STAHLSCHMIDT, R.M. Profissão docente. Curitiba: IESDE Brasil S.A., 2009.
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RESUMO: Este artigo propõe uma análise comparativa entre duas produções cinematográficas
hollywoodianas - O Rei e Eu (1956) e Anna e o Rei (1999). Defende-se que ambos os filmes
participam da construção de uma visão hegemônica sobre o Oriente, especificamente sobre o
Sudeste Asiático, ajudando a promover e reforçar estereótipos por meio de um produto cultural
de massa. Acreditamos que as considerações aqui realizadas podem auxiliar o trabalho de
professores que, constantemente, fazem uso de filmes históricos em sala de aula, destacando a
importância da análise crítica das narrativas cinematográficas.
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enquanto seus vizinhos caem ora como mito; o rei Mongkut tem muitas esposas
protetorados britânicos (Burma, atual porque o Sião é, assim como a Grã-Bretanha,
Myanmar), ora domínios territoriais franceses uma monarquia que precisa de sucessores. Ela
(Vietnã e Camboja, no século XIX Indochina chega a rejeitar o Império Britânico nos trechos
Francesa). finais do filme, quando discorda as estratégias
Em Anna e o Rei (1999), em paralelo à trama ardilosas da Inglaterra pra dominar a região.
do romance entre os protagonistas, corre o Por esses e outros pontos, podemos
enredo que tenta mostrar ao público a perceber que a narrativa do filme tenta,
dinâmica imperialista no Sudeste Asiático: rei sistematicamente, construir uma
Mongkut tem que articular uma rede tensa de representação do contexto no qual teria se
relações com seus vizinhos, as potências dado a relação entre os personagens Anna e
europeias e as tentativas de golpe dentro do Mongkut, buscando esclarecer os conflitos
próprio reino. A grande cena do banquete, ligados ao imperialismo que justificariam as
também existente no filme de 1956 - servindo, ações de ambos os personagens. Ao fazê-lo, o
naquela ocasião, tanto para tornar ainda mais filme atribui a personagens do século XIX
risível a postura do rei como para propiciar um valores e debates que começam a se afirmar a
espetáculo de teatro clássico tailandês - é usada partir da segunda metade do século XX, quando
na versão de 1999 para clarificar diante o o processo de descolonização e o surgimento
expectador o jogo de forças das relações dos chamados estudos culturais colocam em
políticas na região. cheque a afirmação da superioridade ocidental
Durante o banquete, seguindo a tradição das e a existência de culturas puras.
cortes europeias, o rei Mongkut propõe um Por estes e outros elementos o filme seduz o
tópico para discussão: os convidados devem expectador acostumado a assistir
falar sobre a instauração do poder imperial por representações mais grotescas do Oriente.
meio do comércio. No auge da controvérsia, Anna e o Rei (1999) toca em algo fundamental
respondendo a um representante de uma a respeito do Sião que o filme o distingue de O
companhia comercial, a personagem Anna se Rei e Eu (1956): a força de um reino asiático
levanta e afirma: “Não me recordo se alguém que, a duras penas, consegue se manter
tem o direito de julgar qual cultura é superior, independente mesmo sendo acossado o tempo
especialmente quando os que julgam o fazem todo pelas potências ocidentais. Contudo, este
na ponta de uma baioneta”. encantamento não pode disfarçar o fator do
A personagem Anna também se torna mais lugar pelo qual a narrativa está sendo pensada:
complexa. Logo nas primeiras cenas, sua o ponto de vista ainda é ocidental.
nacionalidade britânica é questionada por seu Isso fica ainda mais claro quando
filho, já que eles sempre viveram na Índia. No acompanhamos o desenvolvimento do enredo
trabalho com seus alunos ou nos diálogos com da personagem Tuptim. Novamente temos a
seu filho, várias vezes a personagem estabelece submissão oriental feminina contraposta à
paralelos entre o Sião e a Inglaterra: ambos liberdade de Anna. Assim como no filme de
possuem lendas, afinal Camelot também é um 1956, ela é descoberta por trair o rei. Mas ao
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao final deste exercício de análise comparativa, pudemos perceber o quão relevante é o
estudo das produções cinematográficas para o entendimento da construção de representações
hegemônicas em relação ao Oriente. Ao lado da mídia jornalística, talvez seja o cinema o grande
garantidor da longevidade do discurso orientalista. Com o estatuto de verdade propiciado pelas
imagens - eu vi, portanto isto é real - o filme leva adiante visões de mundo contorcidas por
conceitos pré-estabelecidos. Mesmo nos filmes mais “inocentes” - um musical adorado e um
romance “água-com-açúcar” - percebemos a reprodução de estereótipos e ideologias.
Tais considerações sobre os filmes históricos não devem passar despercebidas pelos
professores que, constantemente, fazem uso de filmes deste tipo em contexto de sala de aula, na
tentação de querer ilustrar determinados conteúdos curriculares, tornando-os mais atraentes
para os estudantes. Portanto, é preciso aprofundamento e estudo, para compreender que filmes
históricos são documentos que devem ser analisados em dupla perspectiva.
Como fontes primárias, ambos os filmes revelam elementos do momento em que foram
produzidos (respectivamente, 1956 e 1999). Enquanto fontes secundárias, nos oferecem
representações de passado variadas sobre um mesmo processo histórico. Como ocorre em outros
filmes chamados de históricos, “o retorno ao passado funciona como um instrumento de
ocultação de um conteúdo presente que se deseja passar para o espectador” (NOVA, 1996, p.8).
Esperamos ter conseguido explorar pelos menos alguns destes elementos ocultos.
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REFERÊNCIAS
GUERRA, Susana. Ana e o Rei ou a justificação do colonialismo através do cinema. Tempos
Históricos, UNIOESTE, vol.15, 1º semestre de 2011, pp.99-113.
LANG, Walter (Direção). O Rei e Eu. Filme. KERR, Deborah (Atriz); BRYNNER, Yul (Ator). DVD,
144 min. Los Angeles: 20th Century Fox, 1956.
TENNANT, Andy (Direção). Anna e o Rei. Filme. FOSTER, Jodie (Atriz); Chow Yun-Fat (Ator).
DVD, 148 min. Los Angeles: 20th Century Fox, 1999.
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O TRABALHO DOCENTE:
RELAÇÕES PERCEBIDAS ENTRE O FILME “ENTRE
OS MUROS DA ESCOLA” E O TEXTO “SOBRE
JEQUITIBÁS E EUCALIPTOS”
Catia Cristina de Melo Ferreira1
RESUMO: A obra cinematográfica Entre os Muros da Escola, Cantet (2008) e o texto Sobre
Jequitibás e Eucaliptos Alves (1980), nos mostra os desafios da escola e do professor em
conseguirem se tornar interessantes para o aluno, para estabelecer uma relação de ensino-
aprendizagem concreta, na qual nenhum currículo universal se sobreponha à realidade cotidiana,
ou seja, a busca para uma educação que faça sentido.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O afastamento entre conteúdo escolar e realidade vivenciada pelos alunos e a dificuldade
de aproximação entres estas dimensões para uma real significação do conhecimento é também
abordado por Alves(1980), quando ele indica que “o discurso da escola ficou, progressivamente,
como algo solto no ar, que não se liga. pelo desejo, nem aos que fazem e conta que ensinam nem
aos que fazem de conta que aprendem”. Os saberes escolares não conseguem significar algo
relevante para os alunos.
Os filmes Entre os Muros da Escola (2008), e de Sobre Jequitibás e Eucaliptos(1980),
refere-se sobre a necessidade de a escola e o professor, por meio dos conteúdos ministrados,
conseguirem se tornar interessantes para o aluno, despertando e prendendo sua atenção,
estabelecendo uma relação de ensino-aprendizagem concreta, na qual as individualidades sejam
levadas em conta e que nenhum currículo universal se sobreponha à realidade cotidiana. A
educação precisa fazer sentido.
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REFERÊNCIAS
ALVES, R. Sobre Jequitibás e Eucaliptos. In: Conversa com quem gosta de ensinar. São
Paulo, Cortez, 1980.p. 9;26.
CANTET, Laurent. Direção de: Entre os Muros da Escola (Entre Les Murs, França),2008.
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RESUMO: Desde o início do século XXI, podemos perceber as grandes mudanças e transformações
que vem ocorrendo em nossa sociedade, e estas mudanças vem acontecendo em diferentes
esferas, principalmente na educação. Mas será que a educação está acompanhando essas
transformações em seus diferentes níveis. No que se refere ao ensino superior essas mudanças e
transformações significam novos desafios, tanto aos docentes, quanto às instituições, mediante
ao novo modelo de sociedade e ao avanço tecnológico. Hoje em dia os alunos possuem acesso as
informações por diferentes meios e um dele é o tecnológico. Estão todo tempo conectados e
muitas vezes trazem assuntos para a sala de aula, dados que o professor ainda desconhece. Se o
aluno tem acesso a todos esses meios, se torna necessário o professor se capacitar para tal,
precisa desconstruir algumas teorias de que sempre foi adepto para construir novas
possibilidades. O professor deve procurar um meio da tecnologia estar a favor da aprendizagem
e não lidar com esses meios como um concorrente.
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O que vem acontecendo com os cursos científico e senso comum, ciência e cultura,
oferecidos nas universidades, a grande teoria e prática; explorar novas alternativas
quantidade de ingressantes e no decorrer do teóricas- metodológicas em busca de
curso o enorme número de evasão. Podemos possibilidades de escolha; procurar renovação
destacar inúmeros fatores para tais problemas, da sensibilidade ao alicerçar-se na dimensão
Fatores institucionais, sociais e outros estética, no novo, no criativo, na inventividade;
relacionados ao próprio aluno. e atribuir aética um significado importante a ser
Os fatores institucionais se referem a cursos lembrado no espaço educacional.
não atrativos, professores despreparados, Diante da teoria da autora é necessária que
insuficiência de infraestrutura, ausência de o professor inove, que abandone teorias que
motivação. Aspectos sociais: o horário de hoje não fazem mais sentido, que não dão
trabalho do aluno é incompatível com os significado a realidade do aluno. Para que a
horários das aulas, famílias desestruturadas, aprendizagem seja significativa, a instituição de
condições insuficientes. Quanto ao aluno ensino superior, o professor tem que ter como
podemos citar desinteresse, estresse, um dos objetivos desenvolver a autonomia do
indisciplina, defasagem no ensino de base entre aluno, fazendo com que tenha autogoverno em
outros. Também não podemos nos esquecer todas as esferas de sua vida, isto é, dar
dos meios tecnológicos, muitos professorem possibilidade do indivíduo tomar suas próprias
possuem dificuldades em manusear, de lidar decisões, com base em seu conhecimento, em
com as novas tecnologias, pois o aluno já vem suas reflexões, em seus valores e cultura. Freire
com acesso a um conjunto de dados e muitas (1996), em seu livro “Pedagogia da Autonomia”
vezes o professor não sabe o que fazer diante refere-se ao processo de contínua construção
destas novas situações. da autonomia, como um processo “inconcluso”
Podemos perceber o grande desafio no de formação de ser homem. O “inconcluso” do
ensino superior no processo ensinar e ser humano é um movimento permanente de
aprender. Cabe tanto as instituições e aos aprendizagem e formação.
alunos um novo olhar, uma nova postura diante A autonomia é assim, o estado do indivíduo
de tantas mudanças e obstáculos no processo pleno como pessoa e profissional e não
de aprender. O modelo tradicional de ensino, preparar o aluno para a autonomia no mundo
baseados na transmissão de conteúdos por de hoje, no qual a comunicação é um dos
meio de aulas expositivas não criam principais fatores de ação política, profissional
possibilidades de aprendizagem. É preciso e pessoal é fazer com que esse aluno seja
oportunizar novas condições de aprendizagem escravo do sistema, um cidadão que não sabe,
Veiga (2006), sugere algumas ações a serem não consegue usar seus direitos, um cidadão e
efetivadas pelos docentes para melhorias do até mesmo um profissional sem a capacidade
processo educativo, sendo elas: romper com a de pensar e opinar. Somente um aluno, um
forma conservadora de ensinar, aprender, indivíduo autônomo possui as condições de
pesquisar e avaliar; reconfigurar saberes, entender o mundo em que vive e suas
buscar superar dicotomias entre conhecimento transformações, e se transformar numa pessoa
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questionadora, crítica e criativa. Assim para que sabem o que dizem e o que fazem, capazes de
o aluno não se desinteresse pelas aulas e por decidir com autonomia o bem-estar de todos os
seu curso, se faz necessário que ao produzir envolvidos afetados por suas decisões por meio
conhecimento também possa adquirir do resultado de seu trabalho.
autonomia, visto que que aprender é composto O conceito de ensinagem está explicitado em
por condições internas e externas, também é Anastasiou (2003), e foi adotado e foi adotado
importante que o espaço de aprendizagem para significar uma situação de ensino da qual
possa favorecer possibilidades e necessariamente decorra a aprendizagem e na
oportunidades de reflexões. qual a aula expositiva não deva ser a única
Outro desafio na construção das forma de ensinar, apesar de também ser válida
aprendizagens são as aulas monótonas e com como uma das estratégias de ensinagem.
métodos e técnicas ultrapassadas. Muitos Mostrarão a necessidade de renovação
alunos no curso superior além de estudar desse conteúdo. Entretanto, ainda que os
enfrentam uma árdua jornada de trabalho e métodos possam ter um ciclo de vida cada mais
depois de um longo dia, chegar em sala de aula curto quanto à sua forma, o propósito inicial
e encontrar o professor somente transmitindo que fundamenta a adoção dessas novas
conteúdo se torna chato e desmotivador. Esse práticas em sala de aula permanece o mesmo:
é um grande desafio de professores e a aprendizagem de nossos alunos. Essa é a
universidades. razão pela qual é fundamental ter claro o
Mediante esta complexidade ensinar no objetivo de aprendizagem antes da opção por
ensino superior deve ser um processo criativo, um dos métodos apresentados (ANASTASIOU,
no qual o aluno possa se sentir vivo, sinta prazer 2011, p.154).
e interesse em aprender. Alunos e professores Portanto o docente de ensino superior na
devem ser desfiados a todo instante, no qual atualidade deve assumir o papel de mediador,
um sinta vontade de procurar o outro, e, os dois precisa constantemente repensar suas práticas
possam se perceber como partes desse e metodologias de ensino e se adequar as novas
processo de construção do conhecimento. O mudanças e transformações da sociedade e de
professor tem o desafio de mostrar aos seus seus alunos, assim, necessita de metodologias
alunos, que ensinar no ensino superior na inovadas frente a complexidade da sociedade
atualidade, diante da concorrência profissional, em que está inserido.
política e econômica, que existem outros Para Anastasiou (2013), há uma necessidade
mundos, além daqueles que já conhece, e sim de renovação do modelo de ensino. De acordo
caminhar com eles a procura de novas com a autora, cada geração traz consigo
fronteiras, quebrando alguns rótulos que são capacidades e habilidades diferentes, sejam
impostos pela sociedade. elas auxiliares ou complementares, porém,
Além dos alunos se capacitarem novas. É necessário que o professor entenda
profissionalmente é necessário que adquiram que o aluno de hoje costuma fazer diferentes
ferramentas mínimas para que participem coisas ao mesmo tempo, dificultando também
ativamente da sociedade como cidadãos que seu tempo de concentração e atenção,
principalmente quando o assunto, ou
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
É no ensino superior que o docente se forma em uma área especifica, e acaba, deixando
outras dimensões de lado, como a política, a cultural, a social, a o emocional. Na verdade, não
possui uma formação pedagógica e desse modo não consegue diversificar sua aula. Por isso a
tecnologia vem para inovar os conhecimentos tanto específicos como os gerais, envolvendo o
docente e o educando no processo mais completo de aprendizagem; garantindo a autonomia e
a construção conhecimento de forma dinâmica.
Portanto, se faz necessário o uso das tecnologias como ferramenta, que auxilia na
construção das aprendizagens, mas para isso o professor deve procurar acompanhar esses
avanços e se capacitar para usar estes recursos para qualificar suas aulas.
O professor consciente deve ser capaz de exercer sua profissão aprimorando, buscando e
pesquisando sobre novos conhecimentos. Garantindo ao educando uma formação de qualidade.
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REFERÊNCIAS
ANASTASIOU, Léa das Graças Camargos. Ensinar, Aprender, Apreender e processos de
ensinagem. In: ANASTASIOU, Léa das Graças Camargos; ALVES, Leonir Pessate. Processos
de Ensinagem na Universidade. Joinville, SC: Editora Univille, 2003.
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RESUMO: Este artigo tem como temática o uso de jogos e brincadeiras como recurso na
aprendizagem de crianças com deficiência nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Para tanto,
torna-se pertinente a seguinte questão: Como os jogos e brincadeiras podem favorecer o
processo de aprendizagem das crianças com deficiência no Ensino Fundamental? Assim, objetivo
deste estudo é investigar a contribuição dos jogos no processo de aprendizagem de crianças com
deficiências nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Objetiva também descrever o processo de
inclusão e aprendizagem da criança deficiente, analisar o processo de aprendizagem das crianças
deficientes na sala de aula, bem como refletir sobre o desenvolvimento da criança por meio das
atividades com jogos. A metodologia utilizada neste estudo é de caráter bibliográfico, elaborado
por meio da coleta de dados pesquisados de artigos nacionais de revistas indexadas e livros
relacionados ao tema. Assim, considera-se que, por meio da metodologia com jogos a
aprendizagem do aluno com deficiências pode ser bem sucedida, bem como o processo inclusivo
nos anos iniciais do Ensino Fundamental, uma vez que seja proporcionada formação inicial e
continuada aos professores, baseada na compreensão crítica da superação do modelo de
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integração social, psíquica, cognitiva e cultural, promovendo acesso aos jogos por meio de
momentos lúdicos no entendimento mais complexo da inclusão no cotidiano escolar.
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escolarização bem-sucedida para todas as educação, pois não se resume apenas aos
crianças” (BRASIL, 1994, p.8). alunos com deficiência, mas a todos que
Sendo assim, o desafio da escola inclusiva apresentam dificuldades de aprendizagem e a
desde a educação infantil significa pensar em todos os demais, para que adquiram maior
seus espaços, tempos, profissionais, recursos sucesso na corrente educativa de forma geral.
pedagógicos etc. Necessita-se também pensar Nesse contexto, Mantoan (2006) e Moriña
nas possibilidades de acesso e permanência, (2010), concordam com a ideia de que a
bem como no desenvolvimento pleno dos inclusão é um caminho que possibilita a luta
alunos com deficiência. pelas práticas de exclusão, com o intuito de
A educação que visa à inclusão consiste em proporcionar a escolarização de todas as
um trabalho que tem por objetivo desenvolver crianças em um único sistema de ensino, no
as oportunidades para que todos tenham qual elas possam ter as mesmas oportunidades
acesso ao ensino, apoiando com recursos de aprendizado.
pedagógicos que respeite a diversidade, as A ideia da inclusão é mais do que a garantia
diferenças, promovendo a construção do do acesso dessas crianças nas instituições de
conhecimento e a inserção desta criança. ensino. O objetivo é eliminar obstáculos que
Percebe-se que o autor corrobora com o fato limitam a aprendizagem e a participação dos
de que os primeiros anos de vida de uma alunos no processo educativo. Diante disso,
criança são os momentos mais críticos de sua Mantoan (2006, p. 42), acredita que, “a
vida, pois é o momento de socialização, de inclusão escolar deve ser encarada como um
interação, de formação da personalidade, da processo, na medida em que soluções vão
inteligência, e, não tomando o devido cuidado sendo determinadas para enfrentar barreiras
nessa fase, pode ser fatal para a sua formação. impostas à aprendizagem dos alunos”.
Sendo assim, fica claro que os autores aqui Dessa forma, a inclusão garante que todos os
mencionados concordam que as crianças com membros desse modelo de educação são
deficiência, em contato com crianças sem importantes e que devem participar de todos os
deficiência, aprendem mais rapidamente, pois processos da aprendizagem de forma global.
encontra nos colegas um modelo positivo de A inclusão pode ser entendida como um
aprendizagem. modelo de educação que promove escolas
Dessa forma, a inclusão deve atender todas onde todas as crianças possam participar como
as crianças em todas as situações e, partes muito importantes delas. Refere-se a
principalmente durante toda a época escolar, uma filosofia e prática de educação que
para tanto, a Educação Inclusiva é composta permeia melhorar a aprendizagem e a
para a cidadania de modo geral, completa, sem participação de forma ativa de todos os alunos
preconceitos e, principalmente que tenha em um contexto educativo comum (MORIÑA,
como visão a valorização das diferenças. 2010, p.17).
Para Mantoan (2006, p. 19): A inclusão escolar se originou a partir do
a ideia de Educação Inclusiva se refere ao principal foco das pessoas em situação de
fato de que é necessária uma mudança na deficiência e insere-se hoje nos grandes
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movimentos contra a exclusão social. Segundo Por meio do brincar, a criança desenvolve
Reis (2012, p.25), muitos estudos e críticas vêm elementos fundamentais na formação da
a ser realizados no sentido de tornar a inclusão personalidade, visto que aprende, experimenta
destas crianças cada vez mais real e de forma situações, organiza suas emoções, processa
positiva. informações, constrói autonomia de ação,
A educação inclusiva propõe uma parceria de entre outros.
convivência com a diversidade que contribui Ressalta-se que o brinquedo a ser utilizado
principalmente para a busca da tolerância e do pela criança deficiente, não é diferente de um
respeito mútuo e para o combate aos brinquedo utilizado por qualquer outra criança.
preconceitos. Os brinquedos não são especiais, mas o
Para isso, é preciso tratar a educação momento de seleção deles é de extrema
inclusiva como uma proposta para a sociedade importância.
em geral e se projetar na garantia do direito à O ideal é que a seleção seja realizada de
educação, que não acontece ainda pelo fato de acordo com o nível de desenvolvimento motor
ocorrerem práticas que, muitas vezes, e cognitivo da criança. Segundo pesquisadores,
carregam elementos de homogeneização e nem sempre a idade sugerida na embalagem do
normalização. A educação inclusiva teve início, brinquedo condiz com a capacidade motora e
sobretudo, da invenção, na escola, das práticas cognitiva da criança.
pedagógicas que apostam na experiência como Segundo Kishimoto (2002), "questões
um princípio organizador do trabalho cognitivas estão estreitamente relacionadas
pedagógico e na pedagogia da procura, cuja com a cultura e a educação".
aposta é a que busca, na e pela relação, consiste Ao descobrir regras, em episódios altamente
nos processos de construção de interação circunstanciados, a criança aprende a falar,
consigo, com o outro, com o saber e com o iniciar a brincadeira e alterá-la. A aprendizagem
mundo. da língua materna‚ mais rápida, quando se
inscreve no campo lúdico. A mãe, ao interagir
A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS E com a criança, em situações lúdicas, cria um
esquema previsível de interação que funciona
BRINQUEDOS NO como microcosmo, um mundo de significações
DESENVOLVIMENTO DA bastante simples, que permite comunicar e
compartilhar realidades (KISHIMOTO, 2002, p.
CRIANÇA DEFICIENTE
142).
É nítida a importância dos brinquedos no
Baseado na maturidade cerebral, a criança
desenvolvimento da criança, pois auxiliam no
apresenta habilidades motoras íntegras e com
desenvolvimento cognitivo e motor. Os
isso tem iniciativa de ir até o brinquedo e
brinquedos são considerados importantes
explorá-lo de diversas maneiras. Crianças que
aliados no processo de aprendizagem das
apresentam deficiência geralmente não
crianças, em especial as que apresentam certa
apresentam essa capacidade. A participação
deficiência.
dos pais e professores é fundamental, visto que
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estratégias de ensino, uso de recurso e parceria expressa no movimento próprio da criança que
com as comunidades (BRASIL, 1994). a conduz em direção ao outro e ao meio
A Declaração de Salamanca (1994), bem com ambiente, sendo esta uma condição básica para
Sassaki (1997), expressam à necessidade das a aprendizagem.
crianças aprenderem juntas, Enquanto a dimensão social envolve as
independentemente de suas diferenças; obriga diferentes formas de receber ou aceitar o
as escolas a estarem preparadas e a atenderem movimento da criança deficiente.
as crianças em suas necessidades, garantindo A inclusão é um processo bilateral que
uma educação de qualidade por meio de um pressupõe a participação e a ação partilhada,
currículo adaptado e de envolvimento com a ao mesmo tempo dividida e somada. É um
comunidade. movimento de conquista de espaço, tanto
As crianças para tanto, se preparam para daquele que pertence ao chamado grupo
assumir seus papeis na sociedade, encontrando minoritário quanto dos demais participantes da
na mesma, o caminho propício para o seu comunidade (SASSAKI, 1997, p. 86).
desenvolvimento, por meio da educação e da Desta forma, o educador, ao desenvolver sua
qualificação para o trabalho. prática pedagógica empregando o lúdico com
As crianças deficientes não são menos crianças deficientes, precisa entender que todo
desenvolvidas que as ditas normais, mas se esse processo irá contribuir para o
desenvolvem de maneira diferente. Pois, o desenvolvimento do seu potencial, mas
desenvolvimento de cada pessoa ocorre de somente se houver estimulação adequada.
forma única e singular, nem por isso são No entanto, o professor deve estar
incapazes de assumir seus papeis na sociedade consciente de que os jogos ou brincadeiras
também, mesmo com suas limitações. pedagógicas devem ser desenvolvidos como
Sendo assim, pode-se afirmar que: provocação a uma aprendizagem significativa e
A inclusão social, portanto, é um processo estímulo à construção de um novo
que contribui para a construção de um novo conhecimento com o desenvolvimento de
tipo de sociedade, através de transformações novas habilidades.
pequenas e grandes, nos ambientes físicos Para tanto, de acordo com o Ministério da
(espaços interno e externo, equipamentos, Educação e Cultura (BRASIL, 2003), os
aparelho e utensílio, mobiliários e meios de brinquedos devem ser adequados ao nível de
transporte) e na mentalidade de todas as desenvolvimento da criança, e ao serem
pessoas, portanto do próprio portador de confeccionados devem ser cuidadosamente
necessidades especiais (SASSAKI, 1997, p.42). feitos de modo a poderem ser utilizados como
Como vimos é impossível negar a recursos de aprendizagem, até mesmo em
importância do brincar, dos brinquedos e dos níveis mais elevados (BRASIL, 2003, p.21).
jogos no universo das crianças deficientes, Nesse contexto, Oliveira (2004) conclui que a
contudo, de acordo com Sassaki (1997), a atividade lúdica favorece o envolvimento do
inclusão aparece sob duas dimensões: a aluno nas atividades escolares facilitando assim
individual e a social. A dimensão individual se avanços no seu processo de aprendizagem e
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A concepção do professor sobre inclusão pode determinar a ação dele no processo que
envolve, principalmente, o aluno. Ela determinaria não só as expectativas do professor, mas
também a oferta de oportunidades para desenvolver-se, oferecida aos alunos com deficiência. É
possível que o interesse mostrado pela busca de conhecimentos seja reflexo da consciência
demonstrada de que o problema está no sistema educativo e não na criança ou no seu contexto.
Apesar do número de alunos por turma, das limitações de recursos e da grande pressão a
que estão sujeitos, muitos professores mantêm atitudes positivas, otimistas e entusiastas. É
fundamental que haja na escola uma equipe que dê atenção, apoio emocional e estímulos aos
professores. Esta atitude é muitas vezes fator decisivo para um melhor resultado na dinâmica de
trabalho. Aproveitar a mudança que se apresenta, oferecendo cursos e programas que não só
informam, mas que possibilitam o aprendizado, a reflexão e a troca de experiências de práticas
de avaliação e intervenção que propiciariam a permanência e o sucesso da criança com deficiência
no sistema escolar.
Por meio deste trabalho pode-se identificar as facilidades e dificuldades na incorporação
dos jogos e brinquedos na prática docente e descrever os benefícios que o lúdico trouxe para o
processo ensino-aprendizagem dos alunos deficientes dos anos iniciais do ensino fundamental de
acordo com o nível de conhecimento esperado e objetivos da investigação. Para a incorporação
do lúdico faz-se necessário uma política educacional que garanta a formação do profissional.
Desta forma, poderá oportunizar ao educador e ao educando, importantes momentos de
aprendizagens em vários aspectos, no sentido de que esta é uma realidade a ser construída por
meio de políticas públicas de educação e práticas pedagógicas eficazes, preocupadas sempre com
a sociedade.
Considera-se que por meio da metodologia com jogos a aprendizagem do aluno com
deficiências pode ser bem sucedida, bem como o processo inclusivo nos anos iniciais do Ensino
Fundamental, uma vez que seja proporcionada formação inicial e continuada aos professores,
baseada na compreensão crítica da superação do modelo de integração social, psíquica, cognitiva
e cultural, promovendo acesso aos jogos por meio de momentos lúdicos no entendimento mais
complexo da inclusão no cotidiano escolar.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 10. ed. Brasília, DF: Senado, 1998.
KISHIMOTO, Tizuko Morchida. (org.). O brincar e suas teorias. São Paulo: Pioneirathonson
Learning, 2002.
MANTOAN, M.T.E. Inclusão escolar – O que é? Por quê? Como fazer. São Paulo: Editora
Moderna, 2006.
REIS, Vânia Alexandra dos Santos. O envolvimento da família na educação de crianças com
necessidades educativas especiais. Lisboa, 2012.
SASSAKI, Romeu Kazumi. Inclusão: Construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro,
WVA, 1997.
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O QUE É UM VIDEOCLIPE
O termo videoclipe só começou a ser
utilizado na década de 1980. A palavra deriva
de clipping, recorte, pinça ou grampo, que se
refere à técnica midiática de recortar imagens e
fazer colagens em forma de narrativa em vídeo.
A colagem de imagens retrata contemporânea
de velocidade, por meio de recortes do
cotidiano mesclados com outras produções de
Os roteiros foram ficando cada vez mais
massa, com intuito comercial. No início, mais
elaborados, podendo ser lineares ou não, ou
do que hoje em dia, o clipe era rápido e
até completamente non sense, habitando no
instantâneo, com prazo de validade, já que era
campo da experimentação artística. Desde a
produzido principalmente para a divulgação de
década de 1980, as histórias lineares foram se
um produto musical. Sendo assim, como
aperfeiçoando, chegando a constituir “mini
2
Vídeo disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=-Edv8Onsrgg.Data de Acesso:12/03/2020.
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filmes”, tamanha a dedicação e rigor das audiovisual que agrega valores de outros
produções. Em 1982, Micheal Jackson lançou o gêneros. Em 1995, a banda Smashing Pumpkins
antológico Thriller, com 14 minutos e mais lançou o premiado Tonight Tonight,
recentemente If I were a boy, da cantora reproduzindo no roteiro e imagens, o clássico
Beyoncé. Viagem à lua, de Georges Mélies; em 2010, o
fenômeno pop Lady Gaga, protagonizou o clipe
Imagem 2: Frame do videoclipe Thriller, considerado um Telephone, com uma clara referência estética
precursor do videoclipe3 cinematográfico
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Acesso:12/03/2020.
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Imagem 9: Frame do videoclipe La bela luna, produzido retrata questões do cotidiano, da conjuntura
em plano sequência10
histórica à qual está inserido.
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12 Fonte: CANCLINI, Néstor Garcia. A globalização imaginada. São Paulo: Iluminuras, 2003, p. 150.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por ser um dos produtos audiovisuais com o formato mais livre, o videoclipe oferece
inúmeras possibilidades de criação. Firma-se como espaço da experimentação, do rompimento
das estruturas clássicas da narração e como referência para outros gêneros audiovisuais. Escreve
Arlindo Machado:
O sistema digital dá o modelo estrutural para o videoclipe, liberando-o dos modelos
narrativos ou jornalísticos que constituem a substância da programação habitual de TV, de modo
a situá-lo como um espaço de experimentação e descoberta no seio da televisão
(MACHADO,1997, p.169).
A discussão sobre o gênero videoclipe pode ganhar pertinência na medida em que a
produção audiovisual se conjuga com a produção musical contemporânea.
O videoclipe torna sensível um fenômeno ao qual nunca prestamos a devida atenção antes:
a unidade indecomponível do som com a imagem no vídeo, que nos permite falar
verdadeiramente e com toda a propriedade de um meio audiovisual (MACHADO,1997,p.173).
O videoclipe é um gênero audiovisual com várias possibilidades de classificação. Nele
estão agregados conceitos que remetem também a outras linguagens audiovisuais: cinema,
televisão e publicidade. Além de ser uma peça da estratégia de venda da indústria cultural com
fins comerciais, ele se apresenta também em sua dimensão no campo das artes. O videoclipe
trouxe consigo não só uma nova concepção estética da música como produção artística, mas
também uma nova concepção de consumo dessa música. Tanto o artístico como o comercial se
remontam às lógicas do capitalismo, que determinam o direcionamento de certos artistas da
música pop dentro da indústria fonográfica.
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REFERÊNCIAS
ARNHEIM, Rudolf. Arte e Percepção Visual. São Paulo: Pioneira, 2000.
PEDROSO, Maria Goretti; MARTINS, Rosana. Admirável mundo MTV Brasil. São Paulo:
Saraiva, 2006.
RUSH, Michael. Novas Mídias na Arte Contemporânea. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
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adolescência, instaura uma estreita relação além dos níveis de repouso, podendo ser
para a redução da predominância de exemplificada por jogos, lutas, danças,
sedentarismo em adultos, contribuindo desta esportes, exercícios físicos, atividades laborais
forma para uma melhor qualidade de vida e deslocamentos.
(LAZZOLI, et al., 1998). É compreendida também como brincadeira,
Relacionando com o desempenho cognitivo, utilizando brinquedos e jogos, pois é um
tem sido sugerido que a atividade física provoca
momento em que a criança desenvolve sua
efeitos benéficos sobre este. A atividade física
parte cognitiva, social e intelectual. Pode ser
parece influenciar a cognição promovendo entendida como qualquer movimento corporal,
melhora do desempenho de diversas produzido pela musculatura esquelética, que
habilidades cognitivas como, por exemplo, na resulta em gasto energético, tendo
memória, raciocínio lógico, entre outras. Além
componentes e determinantes de ordem
disso, há evidência do efeito da atividade física
biopsicossocial, cultural e comportamental.
sobre o desempenho acadêmico. Vale ressaltar Caspersen, et al. (1985, p.126;31), e
que há diferença entre desempenho acadêmico posteriormente Shephard (1999, p.963;72),
e desempenho cognitivo. definem atividade física como qualquer
Considera-se desempenho acadêmico a movimento corporal produzido pelos músculos
esqueléticos que resultem em gasto
parte do cotidiano infantil que está relacionada
ao desempenho nas atividades escolares, e energético, não se preocupando com a
desempenho cognitivo a capacidade de magnitude desse gasto de energia,
diferenciando atividade física e exercício físico
adquirir conhecimento; diz respeito à razão, à
memória e à inteligência emocional. Então, nopela intenção do movimento, considerando
presente trabalho pretende-se buscar que o exercício físico é uma atividade física
planejada, estruturada e repetitiva, tendo
evidências sobre os efeitos da atividade física
sobre aspectos cognitivos e motores em como propósito a manutenção ou a otimização
crianças com idade escolar, por meio de uma do condicionamento físico (apud, ARAUJO;
revisão integrativa de literatura e artigos. ARAUJO, 2000, p.194;203). A prática de
atividade física deve ser um hábito presente em
Sendo o principal foco neste trabalho associar a
prática de atividade física, independente de pessoas de todas as idades, inclusive nas
qual seja, com o desempenho cognitivo e crianças, pois faz parte do desenvolvimento
motor, bem como seu impacto no desempenho humano, e muitos benefícios começam com
escolar. sua prática na fase da infância. A atividade física
regular é bem conhecida por promover várias
2. DESENVOLVIMENTO mudanças positivas na saúde, incluindo
benefícios cardiovasculares respiratórios,
aumento da densidade mineral óssea e menor
2.1 Atividade Física
risco de doenças crônicas degenerativas
O termo atividade física, baseado na
(GARBER, et al., 2011).
literatura, pode ser definido, como qualquer
atividade que tenha uma demanda energética
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Além dos benefícios físicos, como o transpassar para idades adultas. Segundo o
desenvolvimento da coordenação motora, Colégio Americano de Medicina Esportiva
equilíbrio, força muscular, flexibilidade e (ACSM, 2007), a aptidão física para a criança e
função cardiorrespiratória; e da promoção à adolescente deve se propagar como um meio
saúde, atuando na prevenção da obesidade, de incentivo a adesão de um estilo de vida
hipertensão, diabetes, doenças adequado com a prática de exercícios por toda
cardiovasculares, ansiedade, depressão e a vida, com o intuito de manter e potencializar
osteoporose; na infância, os esportes ajudam a condicionamento físico suficiente para
desenvolver a inteligência, a formação de melhoria da capacidade funcional e da saúde.
caráter e a afetividade, estimulam a A atividade física tem um impacto sobre as
socialização, oferecem melhora na qualidade habilidades motoras, o bem-estar psicológico,
de vida, auxiliando no domínio do próprio as competências sociais e a maturidade
corpo e no aumento da autoestima. emocional. Ao contrário, os comportamentos
No estudo de Jenovesi, et al. (2004), sedentários são considerados uma ameaça para
verificou-se que a atividade física contribui de o desenvolvimento cognitivo das crianças.
forma notável para a economia de gastos em Crianças em idade pré-escolar, que são inativas
saúde pública, pois interfere na prevenção e no fisicamente correm mais riscos de ter
tratamento direto para saúde dos efeitos dificuldades cognitivas na escola, como déficit
deletérios decorrentes do sedentarismo. Em de atenção, competências de linguagem
algumas regiões do Brasil a prevalência de limitadas, resultados escolares fracos.
sedentarismo em adultos é em torno de 70% A infância é o momento ideal de
(OMS, 2014). A criança que é ativa fisicamente proporcionar estímulos que causarão
tem mais chance de se tornar um adulto ativo. mudanças físicas e até mesmo genéticas, diz a
Destacando a ótica de saúde pública e medicina Epigenética que consiste a ideia de que hábitos
de prevenção, proporcionar meios para a cotidianos e o ambiente podem alterar algumas
realização de atividade física na infância e na características genéticas sem alterar a
adolescência, instaura uma estreita relação sequência de DNA. Então, uma criança que foi
para a redução da predominância de estimulada durante a sua infância e
sedentarismo em adultos, contribuindo desta adolescência a fazer exercícios, provavelmente
forma para uma melhor qualidade de vida vai se tornar um adulto mais ativo. Deve se
(LAZZOLI, et al., 1998). considerar também que a prática de atividade
Devido aos seus efeitos favoráveis à saúde e física por crianças devem gerar oportunidades
ao desenvolvimento infantil é de suma de vivências variadas, proporcionando um
importância encontrar meios de estimular as aumento de seu repertório motor; e não menos
crianças a desenvolverem hábitos de vida importante, esta, quando inserida de forma
saudáveis logo na primeira infância. Guedes, et planejada e sistemática, deve ser orientada por
al. (2001), destacam que a prática de atividade um professor de educação física para que não
física de forma regular, agregados durante a gere malefícios.
infância e adolescência possivelmente irão
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De maneira geral, a prática de esportes e músculos ainda mais eficiente. Esta capacidade
atividades físicas estimula a criança a se desenvolve ao longo dos anos e facilita o
desenvolver não só a capacidade de reconhecer processo de aprendizagem em diferentes níveis
seu corpo, suas limitações e o seu potencial cognitivos e motores. Lopes, et al. (2011),
físico, mas também a sua habilidade de alertam que o papel do movimento para o
raciocinar e de tomar decisões; isso porque a desenvolvimento das crianças é por vezes
criança acaba criando um caminho de muito subestimado; a falta de movimento pode
condução do estímulo entre o cérebro e os não só restringir o corpo do seu
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Educ. Fís. Esport., v.27, n.3, p. 355-361. São educação física escolar Os resultados
Paulo. Jul./Set. 2013 demonstraram que ocorreu uma diferença
SciELO Avaliar a associação da atividade significativa entre os grupos nos testes de
física de lazer sobre o desempenho cognitivo função executiva [F(1, 118)= 13.768; p = .001],
em crianças saudáveis. Estudo transversal, no tempo de reação [F(1, 118)= 18.352; p = .001] e
qual 100 crianças (10,8 ± 0,6 anos) foram atenção seletiva [F(1, 64)= 14.531; p = .001].
divididas em dois grupos: "Insuficientemente Desse modo, foi observado que, o grupo que
Ativos" (IA) e "Ativos" (A). O desempenho sofreu intervenção melhorou não somente o
cognitivo foi avaliado pelo Teste de Memória e aspecto motor, mas também melhorou de
Aprendizagem de Figuras, o Teste de Stroop e o forma significativa o desempenho das funções
Teste de Trilhas. Foi observada uma diferença cognitivas testadas. Associação da aptidão
estatisticamente significante entre os grupos física e desempenho acadêmico de escolares
para a condição de memória incidental do Teste FERRARI, G.L. M. et al., 2014 Rev. Bras. Ci. e
de Memória e Aprendizagem de Figuras (IA: 6,6 Mov. v. 22, n. 4, p. 37-46. 2014
± 1,37 versus A: 7,1 ± 1,24; p = 0,03). Avaliar a associação entre a aptidão física e
Entretanto, não foram observadas diferenças o desempenho acadêmico em escolares do
estatisticamente significativas entre os grupos município de Ilhabela. A amostra consistiu em
para todas as outras variáveis. Esses achados 226 escolares (119 meninos e 107 meninas)
revelam uma influência positiva da atividade com idade entre 10 e 15 anos. As variáveis
física de lazer sobre a memória incidental de antropométricas analisadas foram: índice de
crianças saudáveis, mas não a memória tardia, massa corporal, circunferência de cintura,
a flexibilidade mental e o controle inibitório. somatória das sete dobras cutâneas
Estudos com maiores amostras e medidas (subescapular, bicipital, tricipital, supra ilíaca,
diretas de avaliação de nível de atividade física axilarmédia, abdominal e panturrilha medial).
precisam ser conduzidos para confirmar esses As variáveis neuromotoras da aptidão física
achados. Efeito de um programa escolar de foram: força de membros superiores e
estimulação motora sobre o desempenho da inferiores, agilidade e força abdominal. O
função executiva e atenção em crianças desempenho acadêmico (satisfatório vs. não
(CARDEAL, C.M.,2013,p. 44;56). satisfatório) foi analisado por meio das
SciELO Verificar o efeito da estimulação disciplinas de matemática, português, leitura e
motora, nas respostas da função cognitiva de ciências cursadas no primeiro semestre de
crianças na faixa etária de 6 a 10 anos, de 2013. Os resultados corroboram com a
escolas públicas do Distrito Federal, Brasil. literatura atual, indicando uma associação
Foram formados 2 grupos controle (n = 40) e entre um componente da aptidão física (força
experimental (n = 40), avaliados antes e depois muscular) e o desempenho escolar (disciplina
da intervenção, as variáveis analisadas: de ciências) de crianças e adolescentes.
motricidade, função executiva, tempo de Programas de incentivo à prática de atividade
reação e atenção seletiva. A intervenção física, especialmente na escola, devem ser
ocorreu durante 7 meses com aulas de estimulados a fim de proporcionar os diversos
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melhor desempenho cognitivo do que aquelas aspecto motor, mas também melhorou de
insuficientemente ativas numa tarefa de forma significativa o desempenho nos testes de
memória incidental. Contudo, o nível de função executiva e atenção seletiva, ou seja, o
atividade física no tempo de lazer pareceu não raciocínio ainda que baseado nas operações
afetar as demais respostas cognitivas, tais como concretas tornou-se mais rápido requisitando
a memória tardia, a flexibilidade mental e o menos tempo para solucionar um problema.
controle inibitório. A partir dos resultados Ferrari, G. L. M., et al., (2014), avaliaram a
obtidos na avaliação motora, por Cardeal, C.M., associação entre a aptidão física e o
et al. (2013), observa-se que o esquema desempenho acadêmico de escolares de
corporal, a organização espacial e a organização Ilhabela. Os resultados apontam para uma
temporal foram as que apresentaram o maior associação entre a força de membros inferiores
grau de defasagem para ambos os grupos. O e o desempenho satisfatório na disciplina de
processo de desenvolvimento do esquema ciências. Esses achados corroboram com as
corporal ocorre plenamente durante a infância, evidencias presentes na literatura, mostrando
no qual, a criança toma consciência das partes uma associação entre a força muscular e o
que constituem o corpo e como essas podem se desempenho escolar (disciplina de ciências) de
movimentar. Na sua fase final (entre 7 e 8 anos crianças e adolescentes.
de idade), está intimamente associada com o O estudo apresenta algumas limitações. As
desenvolvimento espacial. Tal estudo escolas avaliadas pelo estudo disponibilizaram
encontrou diferenças significativas entre dois informações quanto ao desempenho escolar de
grupos no que se refere ao tempo de reação, forma dicotômica: satisfatória e não
que pode estar associado com a atividade física, satisfatória. Entretanto, a categorização dessa
corroborando com (CHADDOCK, et al., 2012). variável, que é fundamentalmente contínua,
Quanto à função executiva foi observado, apresenta várias limitações como: a) perda de
que o grupo experimental obteve melhores informação; b) indivíduos próximos aos pontos
respostas no momento pós-intervenção de corte definidos pelas categorias são
motora quando comparado com o grupo considerados muito diferentes, quando na
controle. Adicionalmente, a função executiva é verdade são semelhantes; c) perda de poder
fundamental para todas as formas de estatístico e estimativa imprecisa; d)
comportamento e é uma estrutura impossibilidade de analisar relações lineares.
fundamental para o desenvolvimento. É Além disso, o delineamento transversal limita a
importante para o comportamento em sala de possibilidade de analisar uma relação causal
aula, para a aprendizagem e também para a entre a aptidão física e o desempenho
auto regulação. Assim a atividade física, aqui acadêmico por não levar em conta a
representada pela educação física escolar, tem temporalidade das relações. Contudo, os
o potencial de promover o desenvolvimento resultados do estudo, em conjunto com os da
por meio do seu impacto direto na função literatura citados, sugerem que a atividade
executiva. Foi observado que, o grupo que física no ambiente escolar pode ter um impacto
sofreu intervenção melhorou não somente o sobre as habilidades cognitivas e
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sabe-se da importância da prática de atividades físicas, principalmente vinculada aos seus
efeitos benéficos à saúde. Vários estudos comprovam que a prática da atividade física, é um dos
elementos fundamentais para a aquisição ou manutenção do estado da saúde, considerado
adequado, tanto nos aspectos físicos como mentais. Conforme algumas pesquisas realizadas
recentemente, existem evidências de que há certa influência da atividade física com relação ao
desenvolvimento humano. Portanto o presente trabalho buscou abordar a questão da atividade
física no contexto mais amplo, a conter desde atividades de lazer até atividades sistematizadas,
relacionando-a com o desenvolvimento motor e aprendizagem infantil. Nesse contexto, embora
existam algumas dificuldades e obstáculos, principalmente para avaliação de resultados, parece
que atividade física realmente é uma ferramenta capaz de influenciar positivamente no
desenvolvimento motor e na aprendizagem infantil, podendo ser observado por meio do
desempenho acadêmico, os quais se relacionam entre si. Dada a importância do assunto, faz-se
necessário o desenvolvimento de mais formas de avaliar o desempenho motor, mas
principalmente o cognitivo a fim de tornar o estudo do tema mais notável e influente, podendo
assim fazer-se mais evidente para grande população, que poderá usufruir dos prós da atividade
física.
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
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OS MUSEUS E A ACESSIBILIDADE
Adriana Sampaio Ramiro Sabadini1
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Atualmente existe um documento chamado Por meio desse quadro percebe-se que a
de Plano Nacional Setorial de Museus (PNSM) preocupação com a acessibilidade é cada vez
que foi criado em 2009/2010, que faz parte do maior nos museus, para que se possa haver
Plano nacional de Cultura, ao qual a realmente uma inclusão de pessoas que não
acessibilidade se articula com a tenho fácil acesso à cultura e aos museus.
sustentabilidade ambiental, conforme o quadro
a seguir: OS MUSEUS PAULISTAS
Eixos Setoriais Diretriz
“Garantir a acessibilidade física, social, Em São Paulo existem três museus
informacional e estética a todos os tipos
de público aos museus de arte,
centenários: Pinacoteca do Estado, que foi
Museus de arte
compreendendo este fator como de fundada em 1905, no qual possui um acervo
importância para a sustentabilidade
socioambiental.” com “seis mil obras, é composto por pinturas,
“Assegurar medidas eficazes de esculturas, desenhos, gravuras, fotografias e
acessibilidade aos museus e às
Museus de
informações museológicas, incluindo objetos de artistas brasileiros e estrangeiros, do
informações conscientizadoras sobre
história
desenvolvimento sustentável e sua
século XIX até a atualidade” (MENESES, 1992,
relação/ integração com o meio ambiente, a). O Museu Paulista da Universidade de São
para todo e qualquer tipo de público.
Museus de “Ampliar a acessibilidade e a Paulo, fundado em 1893 como um museu de
culturas sustentabilidade ambiental dos museus.” história natural, é desde a década de 1930 um
militares
Museus de “Estabelecer políticas de incentivo à museu de história do Brasil, com destaque para
ciências e acessibilidade e à sustentabilidade
tecnologia ambiental em museus.
o Estado de São Paulo;
“Garantir o desenvolvimento de ações Embora possua acervo abarcando peças
Museus voltadas para a acessibilidade em
etnográficos museus que promovam a desde o fim do século XVII, o Museu Paulista
interculturalidade.” coloca como prioritário o período de 1850 a
“Fortalecer e incentivar os museus de
Museus
arqueologia a atuarem de forma dinâmica, 1950 para aquisição de acervo e pesquisa. Essa
intra e extramuros, com acervos, sítios e
arqueológicos
áreas de forma participativa e
proposta foi explicitada por Ulpiano Bezerra de
sustentável.” Meneses durante sua gestão como diretor,
“Assegurar políticas inclusivas com
Museus programas de acessibilidade que além das três linhas de pesquisa: “cotidiano e
comunitários e considerem os limites físicos, simbólicos e sociedade”, “universo do trabalho “e “história
ecomuseus cognitivos, além da sustentabilidade
ambiental, local e regional.” do imaginário” (MENESES, 1992b, p. 7;10).
Museus da “Transformar tais museus em unidades
imagem e do exemplares em acessibilidade e
Temos também, entre esses principais
som e de novas sustentabilidade ambiental, tornando-os Museus, o “Museu de Zoologia se destaca como
tecnologias referência.”
“Garantir a acessibilidade física e virtual, um centro de pesquisas e depositário de
Arquivos e
ampliando a disseminação da informação coleções zoológicas, com cerca de oito milhões
do patrimônio cultural nacional de forma
bibliotecas de de exemplares de espécies animais, sendo
sustentável, que integrem os acervos
museus
arquivísticos e bibliográficos dos
museus.”
referência para a pesquisa sobre a fauna
Fonte: Instituto Brasileiro de Museus/Ministério da neotropical” (SANTOS, 1998).
Cultura. Plano Nacional Setorial de Museus. Brasília. (2010. Os estudos de público e avaliações de
p.25)
exposições em museus encaram o visitante
como um participante ativo da relação museal.
Por meio de observação, entrevistas,
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Nas rampas além da sinalização tátil de alerta Em 14 de janeiro 2009 surge a Lei 11.904, na
em seu início e fim, é obrigatório o uso de qual institui o Estatuto de Museus: […]
corrimãos com bordas arredondadas, em considera como um dos princípios
ambos os lados e durante todo seu percurso. fundamentais dos museus a universalidade do
Espaço Interno: deve-se observar o interior acesso, o respeito e a valorização à diversidade
de sua arquitetura. As portas dos museus são cultural.
preferíveis que sejam de largura mínima de No Artigo 2º, o documento coloca como
1,40m, feitas de material leve e possuam princípios fundamentais dos museus:
maçanetas tipo alavanca. Portas de vidro
devem ser sinalizadas com faixas de cor I – a valorização da dignidade humana;
contrastante. As janelas seguem padrões II – a promoção da cidadania;
semelhantes às portas, serem feitas de material III – o cumprimento da função social;
leve, de abertura em único movimento, e IV – a valorização e preservação do
devem estar instaladas em peitoril com altura patrimônio cultural e ambiental;
de 0,80m. V – a universalidade do acesso, o respeito e a
O piso dentro do museu deve seguir as valorização à diversidade cultural.
mesmas recomendações do piso do percurso A acessibilidade atualmente se faz presente
externo. em forma de Leis e documentos que
A NBR 9050/2004 define três formas de possibilitam às pessoas com deficiência a terem
sinalização - a tátil, a sonora e a visual - ainda fácil acesso à cultura e entretenimento.
havendo seus tipos - permanente, direcional,
de emergência e temporária.
AS DESIGUALDADES SOCIAIS E
A preocupação em fazer com que os museus
adequem seus espaços para a acessibilidade é A ACESSIBILIDADE
cada vez mais constante, mas precisa se ter um A acessibilidade existe para minimizar ou
esclarecimento melhor em relação as leis de eliminar as barreiras das desigualdades sociais.
acessibilidade. Segundo Sassaki (2010):
De acordo com a Lei 13.146, Lei Brasileira de o processo pelo qual a sociedade se adapta
Inclusão da Pessoa com Deficiência - Estatuto para poder incluir, em seus sistemas sociais
da Pessoa com Deficiência. (2015), § 2°: gerais pessoas com deficiência (além de outras)
O poder público deve adotar soluções e, simultaneamente, estas se preparam para
destinadas à eliminação, à redução ou à assumir seus papeis na sociedade (SASSAKI,
superação de barreiras para a promoção do 2010, p.39).
acesso a todo patrimônio cultural, observadas Portanto percebe-se que nos museus e
as normas de acessibilidade, ambientais e de outras formas de acesso à cultura precisa se ter
proteção do patrimônio histórico e artístico a colaboração da sociedade na forma de incluir
nacional. pessoas com deficiência ou que tenham
dificulade de acesso.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A acessibilidade aos museus é um assunto que precisa ser tratado de forma mais ampla,
por meio de debates e discussões, nas quais a sociedade deve procurar contribuir, entendendo
mais sobre as leis que amparam a acessibilidade.
Este artigo tentou abordar alguns exemplos de leis à respeito da acessibilidade e da
inclusão e a importância das mesmas dentro dos espaços culturais, como os museus.
As políticas de cultura no Brasil passaram por muitas fases e foram marcadas por evoluções
e involuções, desde quando se considera a política cultural como uma política oficializada pelo
Estado.
A importância da acessibilidade nos Museus ainda é um desafio audacioso que vai ao
encontro dos anseios de um segmento da população e vai de encontro à vontade política da
sociedade que se mostra disposta a tornar-se mais plural e democrática.
É importante que o público passe a ter mais conhecimentos a respeito dos Museus, nos
quais sempre irão contribuir para o desenvolvimento da cultura de um povo. Infelizmente ainda
estamos marcados por uma sociedade na qual não se tem acesso com tanta facilidade para
cultura, bem como as visitas aos Museus. Ainda há necessidade de termos uma política que invista
mais em nossa cultura.
Tornar um museu acessível, não envolve apenas possibilitar o acesso ao seu interior, mas
possibilitar que esse prédio e seu acervo se mostre sob diferentes formas e se deixe apreender e
modificar à medida que com ele interage diversos públicos.
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1 Esse texto é uma versão ampliada e revisada do trabalho apresentado e publicado nos anais do III Congresso
Nacional de Educação (III CONEDU), em 2016. Anais disponíveis em
https://www.editorarealize.com.br/revistas/conedu/resumo.php?idtrabalho=2156
2 Mestrando em Sociologia no Programa de Pós-Graduação em Sociologia (PPGS) da Universidade Estadual do
Ceará (UECE). Especialista em Gênero e Diversidade na Escola pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
Licenciando em Ciências Biológicas pela Faculdade de Educação de Itapipoca (FACEDI-UECE).
E-mail: marcos.andrade@aluno.uece.br
3 Doutorando em Ensino, Filosofia e História das Ciências (PPGEFHC-UFBA/UEFS). Professor do Curso de
(nós), em virtude do diálogo dos autores nas convergências e divergências vivenciadas ao longo da vida escolar. O
plural aponta experiências vivenciadas por ambos, enquanto o singular indica especificidades vivenciadas pelo
primeiro autor.
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contra a comunidade LGBTQ+, tão comum nos espaços jurídico e social, não está distante,
tampouco ausente, do espaço escolar. Ao contrário, o exercício escolar de princípios
heteronormativos preenche esse espaço de significados e violências simbólicas contra
determinados modos de vida desde sempre exposto à precariedade e à violência. Argumentamos
a favor da abordagem de assuntos ligados à sexualidade, gênero e, principalmente, direitos
humanos na educação formal, como estratégia que desestabilize os regimes de opressão na
escola pública e garanta minimamente uma educação que contribua para uma sociedade mais
justa e equitativa.
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tende a mudar o olhar sobre a experiência de Nestes termos, essa reflexão situa que a
LGBTQ+ em processo de escolarização, aprendizagem acontece dentro dos parâmetros
particularmente de transgêneros, que são alvos do currículo heteronormativo, ou seja, ela
de uma contínua violência na escola, sendo ultrapassa os limites do prescrito, da
expulsos do sistema escolar sob o discurso da formalidade, constituindo-se nas mais diversas
evasão. situações de aprendizagem, (re)produzindo
5Entenda-se por diferentes, as mulheres, os negros, os LGBTQ+ e aqueles dissidentes em relação ao padrão do
homem branco, masculino, urbano, burguês e cristão.
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Cabe dizer que o gênero geralmente é percebido como sexualidade no senso comum. Assim, quando uma pessoa
parece representar comportamentos e papeis de um gênero, e não outro, isso comumente é apontando como se
essa pessoa estivesse assumindo publicamente determinada sexualidade (geralmente a homossexualidade).
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às múltiplas estratégias do poder (JUNQUEIRA, era diversificada: vigia, alunos, pais de alunos,
2012, p. 7). professores que se dirigiam a suas casas. Todos
Durante um prolongado período, caminhar sabiam, todos viviam aquela violência, mas não
pelos corredores da instituição tornou-se uma se interferia. Ocorre que quem interfere, pode
tarefa árdua para um menino afeminado. Os ser exposto à mesma forma de violência. Por
insultos, xingamentos, humilhações, prisões no outro lado, não interferir é consentir que
banheiro e ameaças de violência sexual formas de violência integrem a prática
configuravam-se em elementos integrantes do educativa. Nesse aspecto, a escola se nega a
currículo em ação ofertado pela escola. O medo admitir que consinta com discursos e práticas
de sucumbir à violência estrutural destes que ensinam e legitimam a homofobia.
“castigos” permeia, muitas vezes, a Assim, não é aleatório perceber em nossa
participação do menino afeminado nas experiência a conivência da instituição e seus
atividades curriculares. gestores com discursos de ódio e práticas
O interior da sala de aula se assemelha mais violentas que sofríamos no próprio espaço
a um campo de suplícios que a um ambiente de escolar. Quando gestores e professores
aprendizagem para aqueles que fogem às conhecem o cotidiano de violência ao qual
normas de gênero e ensaiam outras estão expostas determinadas populações na
performatividades. Os risos e a piadinhas escola e não tomam atitudes que construam
tinham por objetivo atestar a traição de meu um espaço escolar humanizado e respeitoso,
corpo à masculinidade presumida pelo sexo então estão sendo coniventes com a violência.
biológico e os ensinamentos dos professores Desta forma, corredores, pátio, banheiro, sala
constantemente remetiam a uma origem de aula, tornaram-se gradualmente campos de
natural das diferenças entre homem/mulher e batalha, nos quais foi difícil sobreviver. Quando
seus papéis específicos. movido pela cultura violentamente homofóbica
Os episódios vividos nas portas da escola criada no interior e nos arredores da escola,
ganharam significado diferencial para o adotei um comportamento agressivo em
primeiro autor. Compreendemos este espaço reposta ao silenciamento imposto pela direção
como integrante da instituição escolar, da escola quando lhe reportava as ocorrências.
percebendo que os alunos administravam Quase foi expulso.
grande autonomia nas relações de poder em Corriqueiramente, observamos análises que
que se exercia o discurso de ódio e práticas discutem sobre o baixo nível de escolaridade de
violentas de homofobia. Sem dúvidas, o fato de indivíduos que se ausentam da escola
sair da escola, conferia uma ideia de liberdade confirmar que a evasão escolar também está
aos indivíduos para aplicar sem medo o que já relacionada à sexualidade. As Travestis e
era permitido, ainda que isso não fosse Transsexuais comprovadamente possuem
claramente reconhecido, dentro da escola. menor tempo de estudo, estão expostas à
Muitas vezes experimentei situações em que morte prematura e a ocupação em
fui agredido por ser um menino afeminado. A subempregos ou na prostituição. A cultura de
plateia que assistia as agressões, sem interferir, violência que se institui contra essas atrizes
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se dirige (ERIBON, 2008). A injúria como uma Por outro lado, minha recusa em aceitar o
experiência de violação e desapossamento, estigma poderia desestabilizar o regime,
expõe aqueles que performatizam modos de desorganizar a noção de heterossexualidade
vida gay ou o menino afeminado à abjeção, ao presumida, romper os limites normalizados do
escrutínio social, à desumanização. Embora espaço escolar, bagunçar as evidências
essas palavras possam ser ressignificadas e esperadas dos indivíduos. Ainda assim, o
experimentadas como símbolo de afirmação e insulto, na forma de injúria, funciona como o
orgulho, não era assim que eu compreendia à elemento regulador, tomando a premissa de
época. que nenhum adolescente ciente de seu
Resisti ao enquadramento naquele estigma e significado ousaria desejar ocupar o lugar
gritei com a profissional: “Não me chame de conferido pela palavra – o lugar da abjeção.
VIADO!”. Entretanto, o alarde voltou-se contra Carregado de estigma e preconceito, o insulto
mim. Logo o espaço foi invadido pela diretora não poderia representar orgulho imediato aos
que me encaminhou para casa porque a sujeitos que reconhecessem seu significado
história que lhe contei parecia absurda. nebuloso, antes era rejeitado por qualquer um
Naquela situação, não cabia desacreditar a que desejasse ser aceito.
professora, mas a vítima da injúria da violência Historicamente, o aparelho escolar esteve
homofóbica. comprometido com o funcionamento
Avalio que este processo eufêmico de estrutural da homofobia, a discriminação que
silenciamento é extremamente necessário para assola a sociedade não se mantém distante,
a manutenção da disciplina coercitiva presente tampouco ausente do ambiente de
no espaço escolar, uma vez que acionar a voz aprendizagem, pelo contrário, preenche este
de defesa do sujeito revelaria a possibilidade de espaço de significados e violências simbólicas
conceder forma a uma estratégia de resistência que se manifestam de distintas formas. Dados
e enfrentamento ao poder disciplinar. Assim, confirmam o assustador índice de evasão
dar vazão à defesa corresponderia, no escolar pontuado por indivíduos de
contexto, questionar a ordem na qual a escola sexualidades incongruentes a norma sexual que
se sustenta (a fabricação do heterossexual). Da por meio de complexos processos conduz os
mesma forma, desvelaria o princípio usado sujeitos a heterossexualidade compulsória
para a politização da palavra contagiosa, que ao (BUTLER, 2000). Esses processos são resumidos
mesmo tempo todos deveriam conhecer o em dois alelos da normalização, a homofobia e
significado e não a usar, a não ser em defesa da o heterossexismo.
masculinidade ideal. São essas Em 2009, uma pesquisa realizada pela
performatividades que surgem em discurso no Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas
espaço escolar para imediatamente serem (FIPE), em parceria com o Ministério da
apagadas e excluídas, expulsas! (BENTO, 2011). Educação (MEC) constatou que o bullying
A palavra ‘viado’ apareceu e imediatamente escolar está intimamente relacionado à
desapareceu assim que saí da escola, para que orientação sexual das vítimas. Esses dados
não houvesse debate diante da situação. revelam a crueldade do sistema educacional
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em fornecer possibilidade aos sujeitos para beirando o anormal. Fazia-se necessária uma
discriminarem, perseguirem, amedrontarem constante vigilância.
outros em razão do fortalecimento da Concederam-me essa possibilidade na
desigualdade histórica mantida pela hierarquia disciplina de Educação Física: davam-me notas,
sexual (PRADO; MACHADO, 2012), escolar que as quais não merecia, somente para não sofrer
individualiza e delega posições de sexualidade a agressões indo à aula de Educação Física
partir do esquema binário durante todo o fundamental.
homossexual/heterossexual, no qual a De todo modo, o regime de vigilância que se
homofobia se enraíza. materializava nas aulas atravessava outros
Jamais consegui participar das aulas práticas contextos de aprendizagem. O intervalo entre
de Educação Física, pedia constantemente para uma aula e outra, “o recreio”, era o principal
ser dispensado alegando problemas de saúde ambiente de socialização dos alunos. O recreio
inexistentes, ao constatar que professores não constituía-se num palco de negociações,
me defendiam frente aos insultos sofridos. O disputas e enfrentamentos. A intensidade das
discurso era sempre o mesmo: “você precisa piadas ganhava poder de reforçar as marcas e
jogar como os outros meninos”. Sobre isso, estilos que compunham nossas identidades.
Junqueira (2012), resgata duas perguntas: Não somente reforçar positivamente, mas ao
Quantas vezes, na escola, presenciamos contrário, promover a ridicularização, a
situações em que um aluno “muito delicado”, humilhação, a perseguição a traços que não se
que parecia preferir brincar com as meninas, enquadrem na expectativa de gênero para cada
não jogava futebol, era alvo de brincadeiras, corpo.
piadas, deboches e xingamentos por parte dos Comigo, as perseguições mais relevantes
colegas? Quantas são as situações em que nestes horários me fazem recordar as muitas
meninos se recusam a participar de vezes que fui molhado no bebedouro enquanto
brincadeiras consideradas femininas ou buscava tomar água e ainda as vezes que fui
impedem a participação de meninas e de ridicularizado e agredido por brincar com as
meninos considerados gays em atividades meninas. Diariamente impunham-se na escola
recreativas “masculinas”? (JUNQUEIRA, 2012, sanções à minha conduta feminilizada baseadas
p. 7). em suspeitas de homossexualidade; afinal de
O meu armário era transparente. As contas, brincar com as meninas configurava
elucidações que a aproximação de minhas elemento suficiente para confirmar minha
expressões a das meninas consistia na transgressão à ordem sexual e de gênero
referência básica para que escondesse dentro instituída. O discurso homofóbico se fazia eficaz
do armário minhas expressões e silenciasse na manutenção da heteronormatividade.
meus pronunciamentos públicos. Contudo, Contar sobre meus desejos de brincar com as
mais do que está dentro do armário, era garotas no recreio era reprimido pelas risadas
necessário garantir que meu corpo não dos meninos que, ao chamarem isso de
obtivesse confiança; assim, os discursos me “viadagem”, distorciam a imagem positiva da
enquadravam na posição exótica, diferente, brincadeira, fazendo-me trepidar entre manter
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pedagogia da sexualidade (LOURO, 2005), vivenciada no espaço escolar, inscreve marcas
duradouras em nossos corpos. Marcas que, ao invés de estarem associadas a conteúdos
curriculares, são corporificadas como medo e insegurança propiciados pelo currículo em ação da
escola. Na tentativa de conformar os corpos à heterossexualidade compulsória (BUTLER, 2000),
nos mais diversos ambientes sociais da escola, a pedagogia da sexualidade traduziu-se em
pedagogia da opressão, e seus efeitos ultrapassaram os limites discursivos, materializando-se nos
corpos e nas subjetividades.
Cada gesto detinha-se na vigilância, cada palavra tentava esconder a voz fina, cada ação
era silenciada por sanções advindas dos olhares atentos na observância dos desvios da fronteira
de gênero. E isso remonta às experiências de um sem número de pessoas que convivem
diariamente com a homofobia na escola e na sociedade.
A pedagogia da opressão não possui um agente específico para operá-la, mas se tivesse,
certamente a escola negaria sua responsabilidade sobre os processos de desumanização que
ocorrem em seu interior. Percebemos que geralmente carregamos o estigma de mau aluno
somente por não nos conformarmos com as imposições de invisibilidade, resistindo ao
enquadramento heteronormativo. O fracasso escolar precisa ser repensado sob a ótica das
condições desiguais com as quais os alunos são tratados.
Acostumar-se a insultos rotineiros ou enfrentá-los sozinho? Correr ou apanhar na frente
dos colegas e professores? Ausentar-se da aula ou continuar com o tormento? Como enfrentar o
assédio moral, contar para família seria uma solução? Como chamar a atenção da gestão escolar
para essas e outras situações de agressão? Estas foram algumas questões recorrentes daquela
época, para as quais não encontramos respostas, tampouco apoio. Vivemos intensamente esses
conflitos como meninos afeminados e certamente que eles persistem com outras roupagens
quando nos tornamos homens gays, afeminados ou não.
Para evitar a violência homofóbica dentro da escola criamos estratégias: corríamos pelos
corredores, apressávamo-nos no bebedouro, distanciávamo-nos do banheiro, procurávamos
abrigo na biblioteca. Entre chacotas, humilhações, deboches, pancadas, tínhamos que usar a
invisibilidade como estratégia para escapar, daí sair correndo quando a aula terminasse, antes
que qualquer um pudesse nos alcançar. A escola tinha se tornado um lugar ignorante em relação
a mim e a outros e outras como eu.
A educação pode se tornar um palco de desumanizações. Contra isso, pretendemos que
outras pessoas que vivenciaram experiências semelhantes a estas e, principalmente, que a
comunidade escolar, seja capaz de refletir sobre o dia-a-dia da escola, os processos violentos que
constituem seu cotidiano e seus efeitos no tecido social.
Sujeitar pessoas à lógica da heteronormatividade no espaço escolar produz efeitos na
forma como vemos a nós mesmos e ao outro e como somos autorizados a nos relacionarmos com
esses outros. De toda sorte, somos impelidos a vigiar a nós e ao outro, tendo à disposição um
arsenal de violências pronto a tentar corrigir quem se afasta da norma sexual e de gênero.
Portanto, emerge a necessidade de tratar sexualidade, gênero e, principalmente, direitos
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humanos na escola, mesmo que esses temas não sejam mais de abordagem obrigatória, por
terem sido retirados do Plano Nacional de Educação (PNE 2014-2024).
Admitir que a escola é conivente e, por vezes, ensina homofobia, é o primeiro passo na
direção de assegurar que a educação possua um caráter humano. Argumentamos que a escola,
como espaço público e de formação cidadã, tem o papel fundamental de problematizar os
regimes naturalizados de opressão como medida que atue na construção de uma sociedade justa.
Um passo importante nessa direção é a de esclarecimento da comunidade escolar do significado
da equiparação da homofobia e transfobia ao crime de racismo, aprovada em junho de 2019 pelo
colegiado do Supremo Tribunal Federal, por 8 votos a 3 (COELHO, 2019). Em outras palavras,
LGBTQfobia no Brasil é crime!
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REFERÊNCIAS
BENTO, B. Na escola se aprende que a diferença faz diferença. Estudos Feministas,
Florianópolis, v. 19, n. 2, p. 549-559, maio-ago. 2011.
BUTLER, J. Corpos que pesam: sobre os limites discursivos do “sexo”. In: LOURO, G.L.
(org.). O corpo educado: pedagogias da sexualidade. Belo Horizonte: Ed. Autêntica, 2000.
ERIBON, D. Reflexões sobre a questão gay. Tradução de Procópio Abreu. Rio de Janeiro:
Companhia de Freud, 2008.
FIPE, MEC, INEP, Relatório Final do Projeto de estudos sobre ações discriminatórias no
ambiente escolar. São Paulo, 2009. Disponível em:
portal.mec.gov.br/documentos/relatoriofinal.pdf. Data de Acesso:15/02/2020.
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RESUMO: Este artigo tenciona apontar a realidade do Atendimento Educacional Especializado nas
unidades educacionais do município de São Paulo, salientando as contribuições a partir da
implementação da Política Paulistana de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva
- (PPEEPEI). São abordados os temas Educação Infantil - EI, sobretudo nos espaços dos Centros
de Educação Infantil - (CEI), apontando os estímulos e as possibilidades do atendimento integral
de 10 horas e as contribuições do trabalho de estimulação. O AEE(Atendimento Educacional
Especializado), descortina o novo campo de atuação da Educação Especial tornando-se um
sistema de suporte permanente e efetivo para os alunos com deficiências, bem como para os
professores. Porém, na primeira infância o trabalho itinerante e colaborativo garantido e
assegurado pela Portaria vigente, esbarra com as divergências na aplicação da Legislação
referente ao AEE. Os serviços de atendimento educacional especializado ofertado por meio da
Salas de Recursos Multifuncionais - (SRMs) ou o apoio das instituições parceiras, garantidos e
assegurados pela Política Paulistana de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva,
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choca-se com a realidade dos CEIs no que diz respeito ao período integral de atendimento às
crianças.
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Foi instituído pelo Decreto 7.611, em 17 de O AEE, quando previsto no PPP, precisa ser
novembro de 2011, depois de tensões entre os organizado conforme o artigo 10 da Resolução
partidários da política de inclusão total e os nº 04/2009:
defensores da inclusão com manutenção dos I – sala de recursos multifuncionais: espaço
suportes mais restritivos (classes especiais e físico, mobiliário, materiais didáticos, recursos
escolas especiais). Esse serviço, oferecido pedagógicos e de acessibilidade e
mediante a dupla matrícula dos equipamentos específicos; II – matrícula no AEE
alunos público-alvo da educação especial, de alunos matriculados no ensino regular da
segundo o Art. 2º, parágrafo 2º do Decreto própria escola ou de outra escola; III –
supracitado, deve: cronograma de atendimento aos alunos; IV –
De acordo com Glat e Fernandez (2005): plano do AEE: identificação das necessidades
Neste contexto é que se descortina o novo educacionais específicas dos alunos, definição
campo de atuação da Educação Especial. Não dos recursos necessários e das atividades a
visando importar métodos e técnicas serem desenvolvidas; V – professores para o
especializados para a classe regular, mas sim, exercício da docência do AEE (BRASIL,
tornando-se um sistema de suporte 2015,s.p).
permanente e efetivo para os alunos especiais Depois da Constituição de 1988, a Lei
incluídos, bem como para seus professores. 7.853/89, que dispõe sobre o apoio às pessoas
Como mencionado, a Educação Especial não é com deficiência, também assegurou, entre
mais concebida como um sistema educacional outras coisas, o amparo à infância mediante
paralelo ou segregado, mas um conjunto de oferta da educação especial como modalidade
recursos que a escola regular deverá dispor educativa:
para atender à diversidade de seus alunos A inclusão, no sistema educacional, da
(GLAT e FERNANDEZ, 2005, p. 5). Educação Especial como modalidade educativa
O atendimento educacional especializado é que abranja a educação precoce, a pré-escolar,
definido como um serviço que identifica, as de 1º e 2º graus, a supletiva, a habilitação e
elabora e organiza recursos pedagógicos e de reabilitação profissionais, com currículos,
acessibilidade. etapas e exigências de diplomação própria.
Art. 5º Para os fins do disposto neste (BRASIL, 1989, p. 1).
decreto, considera-se Atendimento O professor do AEE elabora o plano de
Educacional Especializado - AEE o conjunto de atendimento individual, que define o tipo de
atividades e recursos pedagógicos e de atendimento destinado à criança, identifica os
acessibilidade organizados institucionalmente, recursos de acessibilidade necessários, produz
prestado em caráter complementar ou e adequa materiais e brinquedos. O professor
suplementar às atividades escolares, destinado do AEE também se articula com as demais áreas
ao público-alvo da Educação Especial que dele de políticas setoriais, visando o trabalho
necessite (PORTARIA 8.764/2016). colaborativo entre os pares.
Sob esta perspectiva, o atendimento que é
feito à criança com deficiência é deslocado da
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A trajetória histórica de organização do Atendimento Educacional Especializado,
considerando os contextos de influência em âmbito municipal, deixa evidente que o movimento
de inclusão se originou do contexto de produção de texto advindo da instância federal. Ou seja,
à medida que novas leis e programas foram criados pelo Governo Federal e pelos movimentos
internacionais, este movimento se organizou para dar conta dos direitos que se consolidavam em
meio ao embate entre as perspectivas dos grupos participantes acerca da educação básica, da
inclusão e da necessidade do AEE.
A apuração dos dados reunidos acerca do contexto histórico-social que compõe a
fundamentação teórica desta investigação, adicionada às análises dos documentos oficiais que
imprimem o contexto das normas, expressam o imperativo de praticar e a necessidade de
ressignificar a política em uso pelos profissionais responsáveis pela implementação da Política,
fortalecendo o ensino inclusivo na educação infantil da rede municipal por meio do Atendimento
Educacional Especializado.
A análise da Portaria nº 8.764/2016 - Política Paulistana de Educação Especial na
Perspectiva da Educação Inclusiva e dos textos normativos que versam sobre o Atendimento
Educacional Especializado e a Educação Infantil em âmbito nacional, considerando o Atendimento
Educacional Especializado e a aplicabilidade da PPEEPEI nos Centros de Educação Infantil, aponta
condição desfavorável às crianças matriculadas nos CEIs, pois o atendimento em um período de
10 horas torna inviável frequentar o AEE no contraturno.
As ideias aqui discutidas corroboram com a afirmação de que a PPEEPEI se configura como
um marco destacável na história brasileira da educação das pessoas com deficiência. Apresentar
a Educação Especial como uma modalidade educativa transversal ao ensino comum, não
enquadrada num reducionismo tecnicista, bem como propor o AEE como um dispositivo
articulador e padronizado, demonstra sua aposta numa inovação.
A organização e a aplicabilidade do AEE, na modalidade da Educação Infantil, nos Centros
de Educação Infantil, possibilitam o acompanhamento terapêutico e de estimulação dentro da
unidade educacional, no período de atendimento, em caráter colaborativo, sem acarretar
prejuízos no trabalho e no desenvolvimento pedagógico. A combinação do trabalho de
interdisciplinaridade entre educação e saúde, realizado por meio das parcerias com as redes de
apoio, amplia os benefícios no desenvolvimento infantil, bem como contribui com a formação
docente no que diz respeito ao trabalho com as crianças com deficiências.
A complexidade das situações vividas por crianças com deficiências matriculadas CEIs e
professores, com relação ao atendimento educacional especializado, pode ser diminuída em seus
efeitos negativos e aprimorada em sua eficácia por meio de uma organização educacional
interdisciplinar, reconhecendo e assegurando a intervenção do especialista em caráter
colaborativo, somado ao trabalho de estimulação precoce.
Assim, contemplar a especificidade do primeiro segmento da educação básica, incluindo
de fato a realização do trabalho colaborativo, consiste em reconhecer a eficácia da junção entre
o trabalho de estimulação precoce, que faz parte do processo educacional nos CEIs, e a
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei no 9.394, de 23 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional. Brasília: Ministério da Educação e do Desporto, 1996.
BRASIL. Parecer n.º 17, Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação
Básica. Brasília: Conselho Nacional de Educação, 2001.
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RESUMO: O artigo apresenta a temática relativa ao povo indígena Guarani, sua cultura, seus
costumes, agricultura, arte, brincadeiras, artesanato. Objetivamos enfatizar a importância da vida
deste povo na nação brasileira e reflexões acerca de sua resistência e luta por manter sua cultura
e raízes. É fundamental a compreensão destes aspectos se quisermos a efetiva dos processos
inclusivos.
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Yma’ma kyringue kuery onheovanga raka`e pescam, vão no mato para caçar, as vezes
pindo guyre mandi’o va’e. trazem tatu e gambá. E quando as meninas
Onheovanga vy mandi’o va’e vy ma opeixa, viram mocinhas fazem muitas coisas e fazem
petein oiko rã kyrin va`e ojogua va’e rã comida para os homens que trabalham, e
mandi’o,ha`e vy ma oipora vora natalina ve depois de jantar vão na casa de reza para cantar
va’e, ha’e vyma omboí petein mandi’o. e dançar.
Xamõi ijayvu vy ma mba’e xa pa yma As meninas falavam para os meninos pra ir
kyringue onheovanga raka’e, omombe’u ta no mato buscar a lenha e pra trazer algumas
mba’exa pa onheovanga yma kyringue ikuai coisinhas, pilão e tatu, sagui e gambá. E as
va’e kuery, oiporu avakue`i raka’e guyrapa, meninas faziam pamonha e mbojape.
mbaraka, mbaraka mirim’in, ravé’i, angu’a Antigamente as crianças dançavam e cantavam
pu,ha’e gui nhandepo py guá,Há’e gui no espaço da casa de reza, e depois quando
kunhangué ma oiporu raka’e takuapu ri ve. chegava à noite as crianças entravam na casa de
Ava’e py ma inhe’enguxu va`e kuery ha`e gui reza e pulavam.
inhengue ramo va’e rembiapo. Inhe’enguxu
ramo va’e ma ogueru jape’a ,pira ojopoi SOL E LUA ou PASSARÁ DE
ka’aguyre oo há’é gui ogueru tatu’i,
mynkunren. Kunhatain kuery ma avakue pe BOMBARÉ (üacü rü tawemüc’ü)
ombojy va’e rã ogueru ramo, ha`e gui oityru avã
ombojy.Ha’e gui kova`e ojapo pa ma vy oo ju Crianças dispostas em coluna por um,
opy’i re oporai aguã.( COSTA, et al, s.a,sp.) segurando na cintura do que está à frente. Duas
outras crianças representando o Sol e a Lua,
fazem uma “ponte, mantendo as mãos dadas
BRINCADEIRAS DAS CRIANÇAS2 1
acima. Cantando vão passando sob a ponte
Antigamente as crianças guaranis brincavam várias vezes. Numa das vezes o Sol ou a Lua
de mandioca embaixo das palmeiras. prende o último ou os dois últimos,
Brincavam assim: Uma criança era perguntando pra que lado querem ir? A criança
comprador de mandioca e escolhia a mandioca escolhe a vai colocar-se atrás do Sol ou da Lua.
que é mais fácil de tirar e depois tirava uma por E assim continuam até terminar. Quando todos
uma. passarem formam-se assim dois times. A dupla
Pajé contava como era as brincadeiras das mantém os braços dados, e todos mantêm-se
crianças guarani de antigamente. Os meninos segurando na cintura do colega da frente. Vão
usavam arco e flecha e violão, chocalho, puxar-se até que um dos times consegue
tambor, rabeca. As meninas usavam bastão de derrubar o outro. O time que cair primeiro
bambu. perde a brincadeira.
Quando os meninos estão virando
adolescentes trabalham trazendo a lenha e
2
Tradução da citação acima :COSTA, et al. Disponível em: http://www.iela.ufsc.br/indigena-digital/brincadeira-das-
criancas-guarani-pirai. Data de Acesso: 03/10/2019.
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CABAS (Maë) Cabas significa das crianças e todos saem em disparada para
não serem apanhados. Quem for apanhado
vespa/inseto. passa a ser presa do Curupira ou vai
As crianças são divididas em dois grupos. Um desempenhar o seu papel.
de roçadores e o outro que representa as cabas.
Sentam-se frente a frente numa pequena roda,
cada um segurando na parte de cima da mão do
ALGUNS BRINQUEDOS
outro, como se fosse o ninho de cabas. Cantam INDÍGENAS
e balançam para cima e para baixo. Os
roçadores fazem movimentos com os braços, • Pião (Y´ym)
como se estivessem roçando sua plantação até • Perna de pau (myýta)
chegar próximo ao ninho de caba. Um deles, • Helicóptero (y´epem)
sem perceber bate no ninho e as asas saem a • Peteca (popok)
voar e a picar os roçadores.
O helicóptero é feito com uma plantinha
MELANCIA (woratchia) local, usada para construir o brinquedo que é
Crianças ficam no chão em posição de feto, lançado para o alto com a fricção do caule.
espalhadas pelo terreno. Existe o dono da
plantação de melancia que fica cuidando e mais TINTA QUE VEM DA NATUREZA
duas crianças que serão os cachorros; e tem Os índios costumam pintar-se e enfeitar-se
outro grupo que representarão os ladrões. em ocasiões especiais. A pintura corporal e
Esses vêm devagar e experimentam as facial indica um lugar na sociedade e se
melancias para saber quais estão no ponto de relaciona com forças naturais e sobrenaturais.
colheita, batendo com os dedos na cabeça das Ela tem vários significados como ritos de
crianças. Quando encontram uma melancia passagem, proteção do grupo ou do indivíduo,
boa, enfiam-lhe num saco e saem correndo com casamento, luto, cura de doenças, quando se
ela. É aí que os cachorros correm atrás do preparam para caçar, guerrear ou rito religioso.
ladrão para evitar o roubo. Os grafismos aparecem não só nos corpos,
mas em objetos utilitários, casas, e até papel.
CURUPIRA Cada grupo indígena possui um repertório de
Uma criança fica cm os olhos vendados. A técnicas e padrões que estão associados à sua
outra vem e faz com que aquela dê três voltas organização social e relações com a natureza, o
girando. Depois ela pergunta: “que que tu mundo sobrenatural e até com seus inimigos.
perdeste?” E ela responde “perdi uma agulha”; Os pigmentos na maioria são o vermelho, o
“perdi um terçado” ... E todas as crianças fazem azul escuro quase preto, o preto e o branco. O
perguntas. Quando chega a última criança, esta vermelho é feito com o pó da semente de
pergunta-lhe o que o Curupira quer comer. urucum e o azul escuro, com a polpa do
Quando o Curupira tira a venda e vê que não jenipapo verde fervido, o preto com pó de
tem a comida que ele pediu, sai correndo atrás carvão e o branco com calcário. As tintas são
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Face ao apresentado, consideramos de fundamental importância a compreensão,
conhecimento sobre a cultura indígena, especialmente quando nos retratamos ao processo de
inclusão de direito e de fato.
As escolas devem inserir em seus currículos e debates, agendas que permeiem sobre a
temática deste povo que resiste em manter sua cultura, seus costumes e acima de tudo sua forma
na construção de saberes.
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REFERÊNCIAS
BEACH CO. Bertioga: Índios Guaranis preservam sua cultura em Boraceia. – 2018.
Disponível em:www.beach.costanorte.com.br/experiências/passeio/18783/Bertioga-indios-
guaranis-preservam-sua-cultura-em-boraceia. Data de Acesso: 20/02/2020.
BETIM, Felipe. São Paulo. Encurrala os índios Guarani que ainda resistem na cidade.-2017.
Disponível. http://brasil.elpaís.com/brasil/2017/09/01/politica/1504276246_722967.html. Data de
Acesso: 20/02/2020.
CIM.Conselho Indigenista Missionário 2017 . 280 mil indígenas Guarani vivem em quatro
países da América do Sul, diz pesquisa que será apresenta hoje no ATL. Disponível em:
https://cimi.org.br/2017/04/39488/ Data de Acesso: 20/02/2020.
INDÍGENA, Digital. Brincadeiras das Crianças – Aldeia Piraí– 2019. Disponível em:
www.iela.ufsc.br/indígena-digital/brincadeiras-das-crianças-guarani-piraí. Data de
Acesso:20/02/2020.
REVISTA. Nova Escola. A tinta que vem da natureza. 2007. Disponível em:
https://novaescola.org.br/conteudo/1286/a_tinta_que_vem_da_natureza. Data de Acesso:
20/02/2020.
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PSICOMOTRICIDADE: POSSIBILIDADES E
DESAFIOS PARA O DESENVOLVIMENTO DE
CRIANÇAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO
AUTISTA (TEA)
Celeste Nascimento Cruz1
RESUMO: Existe grandes dificuldades relativas aos docentes no que tange ao desenvolvimento
de atividades psicomotoras para alunos autistas. Sendo assim, o presente estudo tem por
objetivo pesquisar e contextualizar, a partir de uma pesquisa teórica, a relevância da
Psicomotricidade, sobretudo, das atividades psicomotoras para o desenvolvimento de crianças
acometidas pelo Transtorno do Espectro Autista (TEA). A metodologia utilizada foi de caráter
bibliográfico, e, buscou-se como subsídio autores como: Cunha; Zino e Martin Ischkanian (2014);
Le Boulch (2002), entre outros. Foi possível constatar que o autismo é caracterizado por atrasos
no desenvolvimento da linguagem, na interação social, comportamentos e interesses repetitivos
que geram déficits de aprendizagem. Desse modo, a Psicomotricidade apresenta-se como
possibilidade e desafios ao educador uma vez que, esta área de conhecimento investiga e atua
nas relações entre corpo, mente e movimento, de forma que possa colaborar, atuando nestes
atrasos do desenvolvimento com intuito de minimizar estes déficits de aprendizagem.
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corpo. A proposta dessa intervenção é oferecer Lemos (2018), esta equipe é composta por
à criança autista o prazer de vivenciar suas fisioterapeuta, pediatra, neurologista,
experiências, por meio de seu corpo, nas várias fonoaudiólogo, psicoterapeutas, psiquiatra
relações que esta desenvolverá (SOUZA e dentre outros profissionais.
SILVA, 2018, p.507).
Mediante as considerações feitas até aqui, POSSIBILIDADES E DESAFIOS
convém destacar que, o processo de “educação
psicomotora” contribuirá como um alicerce, PARA O EDUCADOR
uma base para todo o processo de ensino e Considerando a educação psicomotora para
aprendizagem da criança com TEA, visando crianças autistas, deparar-nos-emos com
minimizar os déficits de aprendizagem já alguns desafios nos quais o “professor
citados, de acordo com os níveis do autismo. primeiramente precisa conhecer sobre o
Rossi (2012), esclarece que os elementos desenvolvimento infantil e as funções
básicos da psicomotricidade necessitam ser psicomotoras, para posteriormente organizar o
bem trabalhados senão, poderá prejudicar a seu planejamento de aulas” (ROSSI, 2012,
aprendizagem uma vez que: p.12). Conforme Ischkanian2 (2015), são
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
No decorrer desta pesquisa teórica, foi possível constatar que algumas das dificuldades
enfrentadas pelos docentes referentes a como desenvolver atividades para alunos autistas,
dependem do conhecimento de aspectos do desenvolvimento infantil e as funções psicomotoras.
Observamos que de acordo com Lemos (2018), que existem déficits de aprendizagem
conforme os níveis de autismo e estes se apresentam na interação social, nas funções
cognitivas, na comunicação e também nos aspectos comportamental e sensorial.
Sendo assim, a partir das pesquisas de segundo Ischkanian (2015), foi possível refletir a
respeito de algumas possibilidades ao educador (e também os desafios conforme foram
mencionados) visando ampliar e enriquecer o planejamento de suas aulas. A especialista destaca
que por meio de propostas lúdicas, tanto os jogos, quanto as brincadeiras são possibilidades de
atividades que apresentam grande eficácia no processo de ensino e aprendizagem de crianças
com o Transtorno de Espectro Autista.
Em síntese, foi possível analisar que por um lado o Autismo é caracterizado por
imobilidades, atrasos e comprometimentos no desenvolvimento da criança, por outro, a
Psicomotricidade apresenta-se como uma área de conhecimentos que pode propiciar diferentes
possibilidades, visando trabalhar ou minimizar atrasos ou déficits de aprendizagem, investigando
e atuando nas relações de corpo, mente e movimento.
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REFERÊNCIAS
BORBA.M.M.C.; BARROS, R.S. Ele é autista: como posso ajudar na intervenção? Um guia
para profissionais e pais com crianças sob intervenção analítico comportamental ao
autismo. Cartilha da Associação Brasileira de Psicologia e Medicina Comportamental (ABPMC).
CUNHA, Izabela Assaiante Moreira; ZINO, Nataly Melo Alcantara; MARTIN, Rosana Cristina de
Oliveira. Psicologia: a inclusão de crianças com espectro autista: a percepção do professor
– Lins, 2015. 77p. il. 31cm. Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano
Auxilium – UNISALESIANO, Lins-SP, para graduação em Psicologia, 2015. Disponível em: <
http://www.unisalesiano.edu.br/biblioteca/monografias/58533.pdf>. Data de Acesso:22/02/2020.
SILVA, Flávia de Castro; SOUZA, Mayra Fernanda Silva. Psicomotricidade: um caminho para
intervenção. Pretextos: Revista da Graduação em Psicologia da PUC Minas. Editora PUC
Minas, 2018.
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PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL
PREVENTIVA: UM OLHAR TRANSFORMADOR
PARA A PRÁTICA DOCENTE
José Aparecido de Farias Leite1
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citadas, porém, sabe-se que isso só é possível grupo, partindo de suas apreciações das
por meio da formação, uma vez que fica nas necessidades de cada um.
mãos da equipe escolar, direção, coordenação
em parceria com o psicopedagogo, que atuará
na descoberta de possíveis casos que possam
atrapalhar o desenvolvimento saudável dos
alunos.
Todo indivíduo desde o momento que nasce
já é conhecedor de algo, por mais simples que
seja. E sendo assim não se pode tratar as
crianças como alguém que não sabe nada. Ao
contrário, elas já sabem e muito e tem uma rica
variedade de conhecimento a ensinar para os
adultos, e é partindo deste conhecimento
prévio das crianças que o trabalho com elas
deve ser baseado.
Além de lhe permitirem realizar este contato
inicial com o novo conteúdo, [...]
conhecimentos prévios são os fundamentos da
construção dos novos significados. Uma
aprendizagem é tanto mais significativa quanto
mais relações com sentido o aluno for capaz de
estabelecer com o que já conhece [...] e o novo
conteúdo que lhe é apresentado como objeto
de aprendizagem (MIRA, 2006, p. 60).
Este conceito deve ser utilizado como ponto
de partida para refinar o seu olhar, as suas
observações, seguindo alguns
questionamentos: O que ela já sabe? O que
precisa saber? Como posso contribuir para que
avance no seu aprendizado? Como posso
incentivá-la a descobrir nos caminhos? Estou
propondo desafios a elas, que as ajude a
crescerem, amadurecerem?
São questionamento deste tipo, e outros
tantos possíveis de serem citados, que podem
e devem ser feitos durante seus momentos de
observação e olhar atento para o grupo, pois
assim terá elementos favoráveis para propor ao
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Muitas são as indagações que surgem quando se trabalha na Educação Infantil e
concomitantemente, se faz um curso de Pós-graduação.
O artigo visa encontrar possíveis respostas para estas indagações, uma vez que precisava
compreender como acontecia este processo de descobertas das crianças, e enquanto aluno
concluinte de uma especialização precisava ser conhecedor dos fatores que acometam o
desenvolvimento das crianças na Educação Infantil envolvendo os profissionais ligados
diretamente.
A questão central era encontrar um direcionamento para o trabalho psicopedagógico
Institucional preventivo, dentro do âmbito escolar de tal maneira que esta prevenção partisse da
formação docente, afinando-se o olhar para a clientela de alunos, passando a partir desta
prevenção a olhar para eles com uma nova forma de ver, entendendo-o com um ser em pleno
desenvolvimento de suas capacidades que precisa de um olhar respeitoso, que acredita em sua
potencialidade, em sua criatividade, em sua capacidade de exploração das propostas oferecidas.
Um olhar que permita às crianças vivenciarem diferentes proposições transformando-as em
aprendizagens.
Considera-se que é possível transformar este olhar, e ser para as crianças, nesta primeira
etapa de sua vida estudantil, uma referência de quem acredita em sua possibilidade de ampliação
de competências.
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REFERÊNCIAS
BARBIERI, Stela. Interações: Onde está a arte na infância? Josca Ailine Baroukh (coor). Maria
Cristina Capareto Lavrador Alves (org.). São Paulo: Blucher, 2012. p. 25.
COLL, César; et al. O Construtivismo na Sala de Aula. Tradução: Cláudia Schilling. Revisão
Técnica: Sônia Barreira. 6. ed. São Paulo: Ática, 2006. 221p.
DEVRIES, Rheta; ZAN, Betty. A ÉTICA NA EDUCAÇÃO INFATIL: O ambiente sócio moral na
escola. Tradução: Dayse Batista. Porto Alegre: Artmed, 1998. p. 91.
FAGALI, Eloisa Quadros; VALE, Zélia Del Rio do. Psicopedagogia Institucional Aplicada: A
Aprendizagem Escolar Dinâmica e Construção na Sala de Aula. 11. ed. Rio de Janeiro:
Vozes, 2011. p. 9.
GALVÃO, Izabel. Henri Wallon: Uma concepção dialética do desenvolvimento infantil. 22.
ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2013. p. 39.
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– cuidar, educar e brincar, uma única ação. Josca Ailine Baroukh (coor). Maria Cristina
Capareto Lavrador Alves (org.). São Paulo: Blucher, 2012. p. 66.
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seguindo com preocupações sobre o o olhar, o sorriso, quando a criança não atende
desenvolvimento motor, da alimentação e do com o olhar, não responde ao chamado pelo
sono. Outro fator importante, relatado pelos nome, não responde a separação dos pais e não
cuidadores corresponde a uma regressão na se importa quando os pais a deixam. Identificar
fala, ou seja, existem casos em que a criança ações de ansiedade, aversão, medo,
autista perde e desaprende palavras que já indiferença com outras pessoas.
estavam incorporadas ao seu cotidiano ou Barber e Morgan (2008), relatam, também,
recusam-se a falar. que dentre todos os sintomas, os mais
Alguns estudiosos concluíram que, mais precocemente observados foram relacionados
precisamente aos 9 meses de idade, a criança ao desenvolvimento da linguagem e
começa a desenvolver habilidades posteriormente comportamentos sociais
sociocomunicativas e passa a se relacionar e repetitivos e os estereotipados.
interagir mais com as pessoas e os objetos, Dentro deste contexto, o diagnóstico ainda
experimentando descobertas, por meio do na primeira fase da infância fica prejudicado,
olhar, dos gestos, da expressão emocional. em grande parte, pelo fato dos pais associarem
Entre os 13 e 15 meses de vida as crianças com a falta de interação da criança com aspectos da
TEA já apresentam comportamentos sociais personalidade do filho, como timidez,
que são indicadores para um diagnóstico como introversão e ausência de estímulo. Mais uma
atraso no desenvolvimento, sinais perceptíveis vez, se faz necessário reiterar a importância do
no pouco contato ocular, a falta de orientação olhar dos pais e educadores para a primeira
ao ser chamado pelo nome, ausência de infância, a fim de identificar os primeiros passos
interações e falta de atenção compartilhada. da criança, atentando-se aos sintomas precoces
Estes sintomas evidenciam a necessidade de do TEA, viabilizando, então, uma intervenção
observar as crianças com uma percepção eficiente e integral no que diz respeito a pleno
investigativa. desenvolvimento da criança.
Quando os sintomas iniciais passam Apesar do aumento das demandas de
despercebidos pela primeira instituição da portadores do TEA dentro das instituições de
criança (a família), a escola assume um papel ensino, ainda estamos carentes de estudos
importantíssimo, auxiliando no diagnóstico, por aprofundados que facilitem o diagnóstico desse
meio das observações no desenvolvimento da transtorno. No Brasil, atualmente, existem
linguagem e social. Nesta fase, os fatores pouquíssimas dissertações sobre o tema.
principais a serem observados estão associados Embora reconheçamos a importância da obra
à interação. Os profissionais devem se atentar de Montenegro e Mercadante (2007), que
para o atraso da fala, o atraso na comunicação desenvolveram “O Protocolo da Comunicação
gestual, atraso no balbucio e à mudanças de Social Inicial”, construindo um método para
comportamentos que provoquem o auto observar, estruturar a intervenção social na
isolamento. Com relação ao comprometimento atenção compartilhada.
social, deve-se prestar atenção na interação da Devido à complexidade do diagnóstico desse
criança com os colegas e o ambiente, observar transtorno, o acesso à informação fica muito
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prejudicado, de modo que apenas famílias idade. A mesma é entendida como precoce
letradas, de níveis econômicos elevados, têm quando acometida antes dos 17 anos. Seu
recursos adequados para reconhecer os diagnóstico em crianças é muito raro, embora
sintomas do TEA durante os dois primeiros anos possa acontecer. Neste sentido, o ponto
de vida, fato importante para a integração importante a ser considerado, para a eficiência
destas crianças no universo social, bem como o do diagnóstico, são os critérios utilizados para a
acesso ao acompanhamento clínico, realização do mesmo.
terapêutico e educacional com maior eficácia. Dentro dessa perspectiva, entretanto, vários
Desta forma, o panorama brasileiro no que teóricos têm questionado os critérios utilizados
se refere aos indicadores para a validação do no diagnóstico de crianças e adultos, por se
TEA são muito recente e demandam a urgência tratar dos mesmos testes. Para eles, é
de trabalhos e estudos que amparem os necessário desenvolver uma linha alternativa
cuidadores e profissionais no diagnóstico dos para o diagnóstico na infância, devido à
sintomas desde a primeira infância, no sentido formação das estruturas psíquicas ainda não
de expandir as possibilidades da criança autista estarem totalmente formadas. Além disso, o
de obter um diagnóstico precoce, bem como delírio e as alucinações não seriam indícios
um tratamento especializado que colabore dessa patologia na infância, por entenderem
para o seu desenvolvimento físico, emocional, que, no universo infantil, essas características
psicológico, social e educacional. compõe um processo natural, muitas vezes
situado, apenas, no campo da fantasia.
ESQUIZOFRENIA NA INFÂNCIA Outra discussão de extrema importância que
permeia as críticas em relação à esquizofrenia
E ADOLESCÊNCIA no universo infantil dá-se na etiologia da
Na visão da organização Mundial da Saúde doença. A polêmica já é bastante difícil no
(OMS), “a esquizofrenia é uma patologia que universo adulto, por não entenderem se ela é
leva a distorções no pensamento, percepções e desencadeada por fatores genéticos,
emoções” (TENGAN e MAIA, 2004). Na maioria congênitos ou estruturais. Isso no universo
dos casos, o diagnóstico é muito difícil e fazem- infantil se intensifica, pois devem considerar,
se necessários inúmeros testes e exames, até também, os fatores ambientais, familiares,
que se chegue a um diagnóstico preciso. maus tratos, autoestima ou negligência.
Essa patologia, em sua forma “clássica” Para Tengan e Maia (2004):
apresenta sinais de delírio e alucinações, sejam Na esquizofrenia, os fatores biológicos são
elas auditivas ou visuais. A desorganização do primários, e os fatores psicossociais têm
pensamento faz com que o sujeito tenha a influência muito importante. O componente
sensação (aparentemente real) de perseguição genético é comprovado por estudos de família,
ou que alguém o está fazendo mal. adoção e gêmeos. Atualmente, pesquisas mais
Segundo pesquisas (TENGAN e MAIA, 2004), refinadas em biologia molecular e técnicas
a esquizofrenia atinge, em média, 1% da moleculares mapeiam os genes que tornam os
população, surgindo entre os 15 e 30 anos de
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Medicamento classificado como antipsicótico, que age no Sistema Nervoso Central.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do desafio de imergir em pesquisas científicas realizadas sobre a Psicose na Infância
e na Adolescência com foco no autismo e na esquizofrenia podemos concluir, a partir do contexto
histórico destas patologias, que ambas causam uma desorganização mental, decorrente de
perturbações no sistema nervoso central, periférico e autônomo. A dificuldade de organizar os
pensamentos ocasiona, nestes sujeitos, um distanciamento da realidade, deficiências na
linguagem oral, corporal e afetiva, bem como a ausência de reciprocidade nas interações sociais.
Na tentativa de desvelar as causas e sintomas destes transtornos, Kanner, em 1943, propõe
a classificação do autismo como uma manifestação da primeira infância possibilitando novas
descobertas quanto ao isolamento social do transtorno autístico. Esta classificação contrapõe a
visão de Bleuler (1911), de que o autismo tinha os mesmos sintomas da esquizofrenia.
As recentes pesquisas proporcionam avanço na compreensão destas psicoses, dissociando
o autismo da esquizofrenia. Embora esses transtornos apresentem semelhanças no quadro
sintomático, cada um deles possuem singularidades e especificidades, que apontam causas,
sintomas e etiologias diferentes, que demandam tratamentos específicos.
No que diz respeito ao autismo, as pesquisas apresentam que seus sintomas ficam mais
evidenciados a partir dos 03 anos de idade, com restrições na oralidade, falas repetitivas e
estereotipadas, resistência a aproximações, dificuldades de convívio social, problemas
comportamentais, distanciamento do brincar, ausência de contato ocular, de forma a interferir
nos interesses do indivíduo e nas suas atividades cotidianas, caracterizando uma postura solitária
e sistemática.
Quanto à esquizofrenia na infância e adolescência suas manifestações ocorrem de forma
mais acentuada a partir dos 11 anos com manifestações similares a dos adultos desencadeando
delírios, alucinações, discurso desorganizado, embotamento afetivo, avolição e retraimento por
um período mínimo de um mês.
Desta forma, tanto o autismo como a esquizofrenia comprometem significativamente o
desenvolvimento físico, cognitivo, psicológico, emocional, educacional e social destes sujeitos,
fato que demanda uma intervenção clínica para possibilitar o tratamento e a integração destes
sujeitos nos diferentes grupos sociais que estão inseridos, garantindo a qualidade da vida
humana.
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REFERÊNCIAS
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Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php? Data de Acesso:22/02/2020.
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RESUMO: Este artigo foi baseado em pesquisa bibliográfica e tem como objetivo refletir sobre os
recursos didáticos para a educação de jovens e adultos. Com este estudo foi possível analisarmos
a trajetória das produções didáticas existentes na educação de jovens e adultos, e assim pudemos
constatar que muitas vezes estas são inadequadas para essa modalidade de ensino da Educação
Básica. No geral, são produções que não levam em consideração a realidade de seus sujeitos, os
jovens e adultos.
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“Livros em sala de aula - modo de usar”, meio digital, magnético e ótico, para uso
baseado no pesquisador Choppin (1992), que: exclusivo de pessoas com deficiência visual".
Os manuais ou livros didáticos, quer dizer, Porém, mesmo com o surgimento de muitos
“utilitários da sala de aula”, obras produzidas "suportes tecnológicos", o livro impresso ainda
com o objetivo de auxiliar no ensino de uma é o principal instrumento didático utilizado
determinada disciplina, por meio da dentro das escolas, e o "suporte" didático mais
apresentação de um conjunto extenso de "privilegiado" quanto ao número de programas
conteúdos do currículo, de acordo com uma do governo que objetivam sua manutenção. Na
progressão, sob a forma de unidades ou lições, rede pública, o acesso a esses suportes que
e por meio de uma organização que favorece efetuam a leitura de livros digitais, ainda é
tanto usos coletivos (em sala de aula), quanto pequena e a manutenção dos poucos que nela
individuais (em casa ou em sala de aula). existem são precárias.
Apesar de concordarmos com a autora Além da precariedade do ensino público, Eco
acima, acreditamos ser necessário, diante do e Carrière (2009), nos mostra no livro "não
avanço incontrolável da tecnologia, que rompe contem com o fim do livro", motivos que os
os muros das escolas, acrescentar a estas fazem acreditar que o livro impresso não
definições a existência de livros digitais, morrerá. Os autores trazem fatos que, segundo
inclusive livros didáticos digitais, que podem ser eles, manterá a permanência destes entre nós.
lidos em notebooks, tabletes ou até mesmo Para esses autores, a criação descontrolada
celulares smartphones. de suportes tecnológicos torna aparelhos que
Uma diferença significativa em relação ao pareciam modernos em ultrapassados, como a
passado é que, agora, os vários materiais substituição de discos, fitas cassetes, Cd’s e
didáticos à disposição do professor têm vários Dvd’s, por pen drives, tecnologia bluetooth,
suportes, não só o do papel. Temos “materiais wifi, inteligência artificial, etc, e que,
concretos” de madeira e plástico, entre outros; provavelmente, não demorará muito também
fitas cassete e DVDs; filmes; e, por fim, o serão substituídos.
computador, por vezes com acesso à Internet, Essa produção em grande escala de suportes,
o que muito amplia suas potencialidades gera um consumismo incontrolável, uma
(CARVALHO, 2005, p.45). grande produção se lixo eletrônico que para
A Lei nº 10.753, de 30 de outubro de 2003, conseguirmos executar objetos antigos,
que institui a política nacional do livro, teríamos que fazer de nossas casas, verdadeiros
considera em seu capítulo 2, artigo 2º que livro museus de aparelhos, pois os novos já não
é "a publicação de textos escritos em fichas ou fazem leitura de discos e fitas, por exemplo, ou
folhas, não periódica, grampeada, colada ou seja, gera uma situação incabível.
costurada, em volume cartonado, encadernado Outra hipótese dos autores em defesa do
ou em brochura, em capas avulsas, em livro impresso é que, se um dia passarmos por
qualquer formato e acabamento". um blecaute, o livro ainda poderá ser lido na luz
Em seguida, no parágrafo único, equipara o do dia ou a luz de velas à noite.
livro a outros materiais, inclusive a "livros em
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Apesar de termos bons motivos para didáticos são publicações produzidas, carregam
acreditar na sobrevivência do livro impresso, é um caráter ideológico em defesa de uma classe
inegável o atual e desenfreado avanço dominante. Como objeto produzido, não deixa
tecnológico que também se faz presente nas de ser uma mercadoria, que gera disputa entre
escolas. Por isso, acreditamos que não editoras, que se preocupam majoritariamente
podemos mais compreender o livro didático com suas necessidades empreendedoras.
apenas como reunião de folhas impressas ou Estes livros reúnem uma série de conteúdos
manuscritas. Está na hora de acrescentar em curriculares, apresentados por meio de
suas definições, os livros didáticos digitais. métodos de aprendizagem, ilustrações, textos,
Para Côrrea (2000, p. 13), os livros didáticos exercícios, tabelas etc., sempre com intuito de
"são veículos de circulação de ideias que contribuir com o processo de ensino-
traduzem valores, como já dito, e aprendizagem, seja ele impresso, manuscrito
comportamentos que se desejou fossem ou digital.
ensinados". Mediante todas essas críticas em torno do
O livro didático, portanto, carrega com ele caráter ideologizante do livro didático, e deste
interesses políticos. Por isso, veicula conteúdos enquanto mercadoria, temos que ter
que a classe dominante deseja que sejam consciência de que como já citamos acima, o
ensinados, muitas vezes apresentando apenas livro didático ainda é o instrumento mais
a versão dos "vencedores". presente nas escolas brasileiras. E, enquanto
o livro didático não é um simples espelho: ele educadores, ao invés de aboli-lo, devemos
modifica a realidade para educar as novas analisá-lo e aproveitar o que neste há de
gerações, fornecendo uma imagem deformada, melhor, não o tomando como o único material
esquematizada, modelada, [...] toda didático, mas aliando-o com tantos outros
controvérsia é deliberadamente eliminada da materiais e recursos disponíveis. Deve-se levar
literatura escolar (CHOPPIN, 2004, p. 557, apud, "[...] em consideração que se trata de mais um
FUNARI, 2008, p.69;70). instrumento, e não o único, de que o professor
Também não podemos nos esquecer do livro dispõe para ensinar, e o aluno, aprender"
enquanto mercadoria, no qual se torna (FUNARI, 2008, p.71).
“simultaneamente um instrumento do universo
escolar e uma mercadoria sujeita às disputas • Material didático X Recurso didático
entre editoras, no grande negócio em que o Ainda há um conflito de definições e até
setor didático se tornou" (FUNARI, 2008, p.71). mesmo nomenclaturas quando se trata de
Para Freitas (2007, p.27;28), "a produção de materiais didáticos e recursos didáticos. Na
materiais e equipamentos didáticos deriva mais maioria das vezes, ambos são referidos como
dos interesses dos fabricantes e dos tudo aquilo, qualquer instrumento, todo objeto
fornecedores do que da necessidade dos que será utilizado como facilitador, como
educadores e dos educandos". mediador no processo de ensino-
Diante de toda argumentação exposta, aprendizagem.
compreendemos primeiramente que os livros
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Quando afirmamos que qualquer coisa o seu rendimento didático (RANGEL, 2005, p,
utilizada no processo de ensino aprendizagem 25;26).
é um material didático ou quando se considera Com este exemplo, Rangel afirma que
material didático qualquer recurso utilizado qualquer objeto que, utilizado com uma
neste processo, torna-se confuso o conceito intencionalidade de mediar o processo de
específico de cada termo. ensino aprendizagem, é um material didático.
Então, iremos distinguir e conceituar ambos Porém, dentro do mesmo exemplo, ele usa ora
os termos, com o objetivo de deixar claro a que a palavra material, ora a palavra recurso,
estamos nos referindo quando citarmos tornando, mais uma vez, uma confusão entre os
materiais didáticos ou recursos didáticos. termos.
Rangel (2005), afirma em seu artigo, um O grau de especialização e intencionalidade,
exemplo interessante. Segundo ele, sobre o pois, como ele cita, uma caneta que não foi
que torna um material didático: criada com um objetivo didático e nenhum
A caneta que o professor aponta para os cunho pedagógico pode se tornar um
alunos, para exemplificar o que seria um instrumento facilitador no processo de
referente possível para a palavra caneta, compreensão de tal conteúdo se o docente
funciona, nessa hora, como material didático. tiver esta intencionalidade. Ou seja, a caneta ou
Assim como o globo terrestre, em que a qualquer outro objeto pode se tornar um
professora de Geografia indica, circulando com recurso. Porém, como ele mesmo cita, o globo,
o dedo, a localização exata da Nova Guiné. Ou as pranchas (cartazes) com conteúdos expostos
a prancha em tamanho gigante que, pendurada são materiais que já foram criados com uma
na parede da sala, mostra de que órgãos o intencionalidade didática.
aparelho digestivo se compõe, o que, por sua Existem inúmeros os materiais didáticos
vez, está explicado em detalhes no livro de disponíveis. Tentando entender suas
Ciências. A diferença entre cada um desses semelhanças e diferenças, a autora classifica os
recursos é apenas o grau de especialização: a materiais didáticos em (1) suportes de
caneta não foi criada para servir de exemplo informações e (2) documentos.
para a noção de referente, mas, em graus Sobre os suportes de informação Bittencourt
crescentes de especialização e intencionalidade (2004), entende que:
didáticas, o globo, a prancha e o livro, sim. correspondem os materiais com o discurso
Assim, há uma quantidade e uma diversidade produzido, tendo a intenção de comunicar e
literalmente indeterminadas de materiais transmitir o saber das disciplinas escolares. Os
didáticos à nossa disposição. Quanto menos suportes informativos são produzidos pela
especializados eles forem, maior o grau de indústria cultural e destinados à escola, com
elaboração e de intencionalidade pedagógica linguagem e discurso especificamente escolar.
do professor. E vice-versa. Em ambas as A extensão, formatação e construção técnica
alternativas, quanto mais adequado estiver o do material, respeitam os princípios
material, em relação à situação de pedagógicos, que levam em consideração a
ensino/aprendizagem em que se insere, melhor linguagem e idade do público escolar(p.28).
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sentido. E para isso, o autor pensa em palavras linguagem multimídia no processo de ensino e
geradoras. aprendizagem.
Para que se consiga chegar nestas palavras, Com este método o autor rompe com os
o autor detalha seu método no livro "Educação materiais didáticos produzidos, que não levam
como prática da liberdade". em consideração o aluno local, pois são
Precisa-se iniciar por meio de conversas produzidos em grande escala, e como já vimos,
informais com o grupo a trabalhar, fazendo um mesmo que este algumas vezes esteja tentando
levantamento do vocabulário usado por seus trazer textos para adultos, por trás tem um
integrantes, tanto daquelas palavras cunho ideológico que escapa da verdadeira
carregadas de emoções e sentido existencial, realidade.
quanto daquelas típicas da região. Esta é uma O autor objetiva que a educação de adultos
fase importante, pois se inicia a relação entre ultrapasse a mera decodificação dos fonemas,
educadores e educandos. e sim que os alunos compreendam a realidade
A seguir se deve escolher as palavras dentre social que os cercam. E para que isso se
as selecionadas nas conversas. Esta escolha concretize, os professores e até mesmo a
segue os critérios: riqueza fonética; escolas devem
dificuldades fonéticas (das menores para as não só respeitar os saberes com que os
maiores); maior diversidade de ajustes da educandos, sobretudo os das classes populares,
palavra numa dada realidade social, cultural, chegam a ela – saberes socialmente
política etc. construídos na prática comunitária –, mas
Após se deve criar situações que são típicas também, [...], discutir com os alunos a razão de
do grupo. Situações desafiadoras, cheias de ser de alguns desses saberes e relação com o
elementos a serem decodificados pelo grupo ensino dos conteúdos (FREIRE, 2013, p.31).
com o auxílio do educador. Situações que
proporcionarão a discussão de possíveis • Almanaques do Aluá
problemas daquela região ou até mesmo em Algumas produções chamaram a atenção
âmbito nacional. pela sua estrutura e organização. São eles, os
A partir disso criam-se fichas-roteiros para Almanaques do Aluá, que já possuem três
auxiliarem os coordenadores no trabalho. Seu edições. A número zero (Sem data de
uso deve ser flexível e não uma regra lançamento), a número uma lançada em 1998 e
incontestável. a número dois em 2006.
Por fim, são criadas fichas, nas quais as O Almanaque do Aluá é um material didático
palavras geradoras são decompostas em fomentado pelos Serviços de Apoio à Pesquisa
sílabas, e a partir desta são formadas as famílias em Educação (SAPÉ) com apoio do MEC. Ele faz
fonéticas e com estas estimula-se o parte de uma política deste último que
alfabetizando a formar novas palavras. incentiva a produção de materiais didáticos
Estas fichas são feitas em cartazes ou até específicos para alunos e docentes da Educação
mesmo slides ou stripp-filmes (fotograma). O de jovens e adultos.
autor foi um dos primeiros a usar esta
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Infelizmente, na maioria dos casos, a educação pública no Brasil ainda não é sinônimo de
educação de qualidade. Falta muito investimento em políticas públicas para isso ser alcançado.
Enquanto isso não acontece, os alunos de camadas populares ficam as margens da sociedade,
enquanto os de camada dominante são ensinados a comandar. A Educação de Jovens e adultos
(EJA), sem dúvida, é uma modalidade de ensino para atender a camada popular que não teve
acesso à escola na idade considerada adequada, visando diminuir o índice de analfabetismo no
Brasil.
Freire (1981), consciente disso, mostra-nos, por meio de seus estudos, que para mudarmos
essa realidade, enquanto educadores, não basta ensinarmos nossos alunos a decodificar, e sim
devemos juntamente com este processo escolar, objetivar a tomada de consciência dos
alfabetizandos. Tornando-os cidadãos críticos, conscientes que fazem parte da construção da
sociedade e que contribuem com esta.
Mas como alcançar isto?
Por meio de uma educação dialógica, que leve em consideração a realidade dos alunos.
Sendo assim, os recursos, materiais ou livros escolhidos para serem utilizados com a EJA tem um
papel de suma importância neste momento.
Visando contribuir para o repensar dos educadores sobre a escolha adequada dos
inúmeros "suportes didáticos" disponíveis e devido o conflito de definições e nomenclaturas em
torno destes "suportes", os defini, para que possam saber do que estou me referindo durante a
leitura, e compreendam melhor a discussão.
Sucintamente, material didático é tudo aquilo que já foi criado com intuito pedagógico.
Recurso didático é tudo aquilo que não foi criado com intuito pedagógico, mas que, conforme a
intencionalidade que lhe é depositado se torna um. Livro didático é uma mercadoria, que carrega
um caráter ideológico e reúne conteúdos curriculares apresentados por meio de métodos de
aprendizagem padronizados, este pode ser impresso, manuscrito ou digital.
Como vimos, os livros apresentam um caráter ideológico, que não se preocupa em
trabalhar a realidade dos alunos com o intuito de atentá-los sobre as injustiças sociais e torná-los
críticos. Até porque um livro didático tradicional não pode atender inúmeras regiões, ou no
âmbito menor, nem mesmo comunidades dentro de um mesmo município, já que as experiências
variam de uma para outra. Constatamos também que há materiais didáticos criados em parceria
com o MEC, como os Almanaques do Aluá, que possuem uma estrutura muito diferente de um
livro didático, pois não trazem atividades padronizadas. Pelo contrário, trás diversos gêneros de
textos, receitas, poesias, notícias, calendário, dicas etc. Tratando de diversos temas desde a
linguagem popular a erudita.
Acreditamos que materiais assim são mais adequados a EJA, devido a diversidade de
linguagens que ele apresenta e por tratar de inúmeros assuntos. Mas, infelizmente, são
distribuídos controladamente para os docentes, ou seja, os alunos não o recebem. E nem sempre
o docente opta por utilizá-lo, até porque reconhecemos ser um material que necessitaria de um
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empenho, ou até mesmo formação para que os docentes possam aplicá-lo adequadamente,
aproveitando tudo que este proporciona.
Diante de tudo isto, considera-se que os recursos didáticos sejam uma boa opção para
Educação de Jovens e Adultos, já que estes proporcionam ao professor a escolha do que é mais
adequado para sua turma, pois para este passar a ser didático, dependerá da intencionalidade
depositada pelo docente e será feita de acordo com as necessidades dos alunos, tornando a
aprendizagem mais prazerosa e significativa.
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REFERÊNCIAS
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Acesso:20/02/2020.
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RESUMO: O artigo propõe a reflexão sobre o ato de brincar e sua relação com o desenvolvimento
integral da criança. Nesta perspectiva apresentamos a concepção de brincar, de aprendizagem
englobando as teorias de Piaget (1972) e Vygotsky (1994), bem como enfatizamos a importância
do brincar na Educação Infantil. O artigo é uma revisão de literatura no qual utilizamos como
aporte teórico, entre outros: Campos (1987); Fortuna (2004); Lima (2003).
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história. Uma situação, proporcionando, a sim sons e mais tarde representar determinado
mesma, um estímulo para essa ação. Tudo que papel na brincadeira faz com que ela
a rodeia pode ser motivo de estimulo a essa desenvolva sua imaginação. Nas brincadeiras,
imaginação, a essa vontade de explorar a as crianças podem desenvolver algumas
brincadeira. capacidades importantes, tais como a atenção,
Assim, brincar é criar, imaginar, interagir a imitação, a memória, a imaginação.
com o outro. A brincadeira não só desenvolve o Amadurecem também algumas capacidades de
lado motor da criança, como promove socialização, por meio da interação e da
processos de socialização e descoberta do utilização e experimentação de regras e papéis
mundo. sociais (RCNEI, 1998 p.21).
Brincar é um direito das crianças, por meio Em outra parte da RCNE (1998), enfatiza que
das atividades lúdicas elas exploram o seu as importantes contribuições para a
mundo interior, imitam aspectos da vida adulta conscientização da importância do brincar na
para compreendê-la. O brincar tem funções vida da criança, como segue:
lúdicas e educativas ambos com valor A brincadeira é uma linguagem infantil que
pedagógico. A brincadeira pode ser livre ou mantém um vínculo essencial com aquilo que é
dirigida, mas o importante é que o educador o “não brincar”. Se a brincadeira é uma ação
consiga equilibrar estas funções para que que ocorre no plano da imaginação isto implica
aconteça o aprendizado. que aquele que brinca tenha o domínio da
Segundo Kishimoto (2001, p. 52), o brincar linguagem simbólica. Isto quer dizer que é
infantil não é apenas uma brincadeira preciso haver consciência da diferença
superficial desprezível, pois no verdadeiro e existente entre a brincadeira e a realidade
profundo brincar, acordam e avivam forças da imediata que lhe forneceu conteúdo para
fantasia, que, por sua vez, chegam a ter uma realizar-se. Nesse sentido para brincar é preciso
ação plasmadora sobre o cérebro”. apropriar-se de elementos da realidade
Sendo assim, pode-se mencionar que o imediata de tal forma a atribuir-lhes novos
brincar é o ato de movimentar-se e é de grande significados. Essa peculiaridade da brincadeira
importância biológica, psicológica, social e ocorre por meio da articulação entre a
cultural, pois é por meio da execução dos imaginação e a imitação da realidade. Toda
movimentos que as pessoas interagem com o brincadeira é uma imitação transformada, no
meio ambiente, relacionando-se com os outros, plano das emoções e das ideias, de uma
aprendendo sobre si, seus limites capacidades realidade anteriormente vivenciada (RCNEI,
e solucionando problemas. 1998 p.27).
De acordo com o Referencia Curricular Assim, ao brincar, a criança assume papeis
Nacional para Educação Infantil – RCNEI (1998): significativo, seja ela o personagem principal ou
Brincar é uma das atividades fundamentais não. Um bom exemplo disso é quando a criança
para o desenvolvimento da identidade e da brinca de casinha ou de escolinha, escolhendo
autonomia. O fato de a criança, desde muito o papel que mis lhe agrada. É nessa escolha que
cedo, poder se comunicar por meio de gestos,
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ela deixa transparecer seus sentimentos, suas conhecimentos provem da imitação de alguém
aprendizagens e relações sociais. ou de algo conhecido, de uma experiência
De acordo com Vygotsky (1994) esse faz de vivida na família ou em outros ambientes, do
conta das brincadeiras ajuda a criança a relato de uma colega ou de um adulto, de cenas
resolver conflitos internos, levando em conta assistidas na televisão, no cinema ou narradas
que a mesma elabora hipóteses e cria soluções em livros, etc. A fonte de seus conhecimentos é
para situações que, na vida real, não saberia múltipla, mas estes encontram-se, ainda,
resolver sozinha. Com isso ela acaba moldando fragmentas. É no ato de brincar que a criança
sua personalidade, pois pode tomar decisões estabelece os diferentes vínculos entre as
que, muitas vezes, diferem-se das decisões características do papel assumido, suas
tomadas pelos adultos. competências e as relações que possuem com
Assim, ao estabelecer critérios para outros papéis, tomando consciência disto e
distinguir o brincar da criança de outras formas generalizando para outras situações (RCNEI,
de atividade, concluímos que no brinquedo a 1998 p.28).
criança ria uma situação imaginária. Esta não é Diante do exposto, percebe-se que o ato de
uma ideia nova, na média em que situações brincar é essencial na vida das crianças, pois
imaginárias no brinquedo sempre foram influencia positivamente o seu
reconhecidas; no entanto, sempre foi vista desenvolvimento e a sua aprendizagem.
somente como um tipo de brincadeira. A Segundo Kishimoto (2001 p.59), “[...] quando
situação imaginária não era considerada como brinca, a criança assimila o mundo à sua
uma característica definidora do brinquedo em maneira, sem compromisso com a realidade,
geral, mas era tratada como um atributo de pois sua interação com o objeto não depende
subcategorias especifica do brincado da natureza do objeto, mas da função que a
(VYGOTSKY, 1994 p.41). criança lhe atribui”.
Desta forma, fica evidente que na vivência da Na Educação Infantil, as brincadeiras
brincadeira a criança mesmo sem estar facilitam a aprendizagem da criança, fazendo
consciente disso, interage com problemas e com que o conhecimento aconteça de forma
soluções. Os problemas muitas vezes vêm prazerosa. O brincar pode ter diversos tipos de
acompanhados da própria convivência que a estruturação utilizando-se de regras ou não. Há
criança trás de casa e que não são resolvidos em brincadeiras que possuem regras estabelecidas
seu lar, às vezes lhe proporcionando angustia como Pega-Pega, Esconde-Esconde etc. Mas
ou desconforto. existem os momentos em que a criança usa o
O RCNEI (1998), enfatiza que: faz- de- conta para expressar suas emoções
Na brincadeira, as crianças transformam os criando suas próprias regras exercitando sua
conhecimentos que já possuíam anteriormente imaginação e explorando as diferentes
em conceitos gerais com os quais brinca. Por representações sociais.
exemplo, para assumir um determinado papel A brincadeira estimula a criança a
numa brincadeira, a criança deve conhecer desenvolver a atenção, a memória, a
alguma de suas características. Seus autonomia, a capacidade de resolver
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problemas, se socializar, desperta a curiosidade mais velhas, ela nomeia objetos, imita pessoas
e a imaginação, de maneira prazerosa e como ou outros elementos que observou, traça
participante ativo do seu processo de desenhos, formula perguntas, elabora
aprendizagem. respostas, constantemente significando o
Na brincadeira infantil a criança assume e mundo a sua volta, influenciando-o e sendo
exercita os vários papéis com os quais interage influenciado por ele.
no cotidiano. Ela brinca, depois, de ser o pai, o Segundo Coria-Sabini e Lucena (2004), a
cachorro, o motorista, jogando estes papéis em aprendizagem em um sentido bem amplo pode
situações variadas (OLIVEIRA, 1995 p.57). ser considerável como adquirir habilidades,
Desta maneira, é fundamental o ato de hábitos, preferencias, ou seja, adquirir
brincar na Educação Infantil, pois além de dar desempenhos às respostas aos desafios
prazer, a criança aprende a conviver melhor, a ambientais.
interagir no mundo. Fica claro que a capacidade que o ser tem em
Porém, é fato que algumas instituições de aprender, traduz a aprendizagem. É um
ensino ainda não valorizam o aprendizado por aprender necessário para a adaptação de todo
meio da brincadeira. No entanto, é primordial o ser vivo no mundo, o processo de
que as práticas pedagógicas nas salas de aula aprendizagem é essencial para o estudo
envolvam brincadeira para que a criança sinta comportamental de qualquer ser.
prazer em aprender, como também em ir para Desta forma, segundo pesquisas de Vygotsky
a escola, desenvolvendo assim, o raciocínio (1984) e Wallon (1990), apud, Campo (1987), os
lógico, social e cognitivo. desenvolvimentos infantis apontam que as
crianças nascem com condições para interagir
APRENDIZAGEM PARA JEAN com parceiros mais experientes como seus pais,
outros familiares, os educadores, outras
PIAGET E VYGOTSKY crianças mais velhas que apresentam novas
formas de se relacionar com o mundo para
Aprendizagem compreendê-lo e transforma-lo.
A aprendizagem está relacionada com a Acredita-se que a criança bem estimulada
troca de significações a partir de linguagens durante a infância, terá grandes chances de
diversas, uma construção social que envolve a melhor desenvolver a sua inteligência e lidar
pessoa como um todo e se fundamenta nas com situações emergentes durante a vida
múltiplas interações entre os parceiros, infantis escolar e/ou familiar.
e adultos, no contexto educativo.
É fato que a criança tem voz própria e deve • A aprendizagem segundo Jean Piaget
ser ouvida, pois tem conhecimento, tem cultura Para Jean Piaget (1972), apud, Campos
e tem uma identidade pessoal de acordo coma (1987), a aprendizagem e fundamental para o
s experiências vividas até no momento. desenvolvimento dos processos internos e a
Por meio da interação que a criança interação do ser com outros seres.
estabelece com adultos ou até com crianças
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Os ambientes que estes seres estão vivendo novo para ultrapassa-/a em seguida, cada vez
influenciam nas internalizações das atividades mais amplamente... Essa integração de
cognitivas de modo que gera o estruturas sucessivas, cada uma das quais
desenvolvimento, esse desenvolvimento conduz a construção da seguinte, permite
cognitivo só pode ocorrer por meio do processo dividir o desenvolvimento em grandes períodos
de aprendizagem. ou estádios e em subperíodos ou sub estádios
Existem vários fatores levantados por Piaget (CORIA-SABINI, 2004 p.15).
(1972), apud, Kishimoto (2001), para que Piaget (1975), afirma que o desenvolvimento
aconteça a aprendizagem. São eles onde a do indivíduo acontece por meio do que ele já
aprendizagem e construída internamente, aprendeu, seria a soma de todas as suas
depende do nível de desenvolvimento de cada aprendizagens.
indivíduo, é um processo de organização e Desta forma, pode-se concluir que de acordo
reorganização cognitiva, os conflitos cognitivos com Piaget, o processo de aprendizagem
são importantes para seu desenvolvimento, à envolve a assimilação e a acomodação. Na
interação. medida em que participamos ativamente dos
Para Piaget (1975), apud, Coria-Sabini e acontecimentos, assimilamos mentalmente as
Lucena (2004), o indivíduo não é passivo diante informações sobre o ambiente físico e social e
as influências do meio, ele procura adaptar-se a transformamos o conhecimento adquirido em
elas como uma atividade organizadora. Os formas de agir sobre o meio. O conhecimento
estímulos são interpretados por ele, assim assimilado para constituí-la a bagagem de
antes que o indivíduo mande a respostas, ele a experiências que nos permite enfrentar as
percebe, interpreta e faz intervenções se novas situações, assimilar outras experiências e
necessário para sua qualificação. O indivíduo formular novas ideias e conceitos. As novas
recebe uma informação interpreta de acordo aprendizagens baseiam-se nas anteriores
com o que entendeu e depois transmite uma assim, a inteligência humana desenvolve-se:
resposta de acordo com o que aprende. aprendizagens simples servem de base a outras
Ele rejeita a ideia de que o estimulo e a aprendizagens mais complexas.
resposta seja por associação Ele acredita que a
aprendizagem é um processo adaptativo se • A aprendizagem segundo Vygotsky
desenvolvendo com o tempo, em função das Para Vygotsky (1984), apud, Oliveira (1997),
respostas do sujeito a um conjunto de a aprendizagem está ligada ao
estímulos anteriores e atuais. Assim, o desenvolvimento de cada um, acredita que a
desenvolvimento se dá através da aprendizagem desperta o desenvolvimento
aprendizagem como afirma Piaget e lnhelder, psicológico.
apud, Coria-Sabini e Lucena (2004, p. 15): Existe um percurso de desenvolvimento, em
O desenvolvimento mental da criança surge, parte definido pelo processo de maturação do
em síntese, como sucessão de três grandes organismo individual, pertencentes à espécie
construções; cada uma das quais prolonga a humana, mas é o aprendizado que possibilita o
anterior reconstruindo-a primeiro num plano despertar e processos internos de
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desenvolvimento que, não fosse do indivíduo aprender. E a distância entre o nível atual de
com certo ambiente cultural, não ocorreriam desenvolvimento e o nível que se pretende
(VYGOTSKY, 1984, apud, OLIVEIRA, 1997, p.56). alcançar com novas experiências com
A aprendizagem é considerável um processo problemas e suas resoluções.
puramente externo que avança à medida que o As interferências devem ser de acordo com o
desenvolvimento da criança cria condições para nível de desenvolvimento de cada um, ou seja,
a absorção de novos estímulos com maior deve atingir a zona de desenvolvimento
complexidade. proximal, pois só assim se alcança o
O processo de aprendizagem se reduz, à aprendizado. Por exemplo, ensinar um bebe a
aquisição de respostas que vão substituindo as amarrar o sapato está muito longe de atingir a
respostas inatas e que se tornam cada vez mais zona de desenvolvimento proximal, seria mais
complexas a medida que o desenvolvimento da conveniente ensinar a engatinhar por exemplo.
criança avança. Vygotsky (1984), apud, Wajskop
Para Vygotsky (1974), apud, Coria-Sabini e (2001),afirma que há dois níveis de
Lucena (2004), a aprendizagem e o desenvolvimento proximal, um refere-se a
desenvolvimento estão interligados desde distância entre o nível de desenvolvimento
primeiro dia de vida da criança: atual, são as soluções de problemas pela
O aprendizado não é desenvolvimento, criança, sem ajuda de alguém mais experiente
entretanto, o aprendizado adequadamente e o nível potencial de desenvolvimento é por
organizado resulta em desenvolvimento mental meio das soluções de problemas sob a
e põe em movimento vários processos de orientação de adultos ou em colaboração com
desenvolvimento que, de outra forma, seriam crianças mais experientes.
impossíveis de acontecer. Assim, o aprendizado Para ele segundo Wajskop (2001), a
é um aspecto necessário e universal do aprendizagem confira-se no desenvolvimento
processo de desenvolvimento das funções das funções superiores por meio da
psicológicas culturalmente organizadas e internalização e apropriação dos signos e
especificamente humanas (VYGOTSKY, 1974, instrumentos no contexto da interação. A
apud, CORIA-SABINI e LUCENA, 2004 p. 23). aprendizagem no ser humano é um processo de
Para a criança ou o adulto aprender é mediação da vida intelectual daqueles que tem
necessário atingir a zona de desenvolvimento ais convivência.
proximal de cada um. A zona de Existem estudos que acreditam que as
desenvolvimento proximal significa a distância brincadeiras atingem com mais facilidade e
do desenvolvimento real, ou seja, o processo de prazer à zona de desenvolvimento proximal, ou
aprendizagem. seja, a aprendizagem.
A zona de desenvolvimento proximal é o
percurso de desenvolvimento para o indivíduo
aprender, para isso acontecer devemos fazer as
interferências necessárias dentro do que o
indivíduo já sabe e o que ele ainda precisa
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na Educação Infantil e é imprescindível que metodologia adequada para cada faixa etária.
saiba como fazer isso. Por isto a participação do professor neste
Brincar é uma atividade paradoxal: livre, ambiente lúdico é essencial, ele será um
imprevisível e espontânea, porém, ao mesmo incentivador e mediador das atividades, e
tempo, regulamentada: meio de superação da quando necessário irá intervir no processo
infância, assim como modo de constituição da ensino-aprendizagem.
infância; maneira de apropriação do mundo de
forma ativa e direta, mas também por meio da
representação, ou seja, da fantasia e da
linguagem (WAJSKOP, 2001 p.47).
Desta forma, pode-se concluir que a ação do
educador sobre o brincar infantil não é apenas
a simples oferta de brinquedos. O educar
infantil precisa realizar um trabalho pedagógico
na perspectiva lúdica observando as crianças
brincando e fazer isso à ocasião para reelaborar
suas hipóteses e definir novas propostas de
trabalho.
Assim, pode-se afirmar que na Educação
Infantil é preciso de algo a mais, algo que seja
prazeroso, envolvente. Por isto o lúdico é
indispensável no ambiente escolar.
[...] prazeroso, devido a sua capacidade de
absorver o indivíduo de forma intensa e total,
criando um clima de entusiasmo. E este aspecto
de envolvimento emocional que o torna uma
atividade com forte teor motivacional, capaz de
gerar um estado de vibração e euforia. [...] As
atividades lúdicas integram as várias dimensões
da personalidade: afetiva, motora e cognitiva.
[...]. O ser que brinca e joga é, também, o ser
que age, sente, pensa, aprende e se
desenvolve. (TEIXEIRA, 1995, p. 23, apud,
FELTRIN, 2010).
Conforme exposto cada fase tem sua
característica e objetivos a serem alcançados. E
na Educação Infantil o aprendizado se dá
também por meio das brincadeiras, sendo estas
pautadas em fundamentos teóricos e em uma
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Consideramos no decorrer deste estudo que o brincar envolve inúmeros aspectos de
desenvolvimento do educando, sendo ele físico, afetivo, cognitivo e social. Neste sentido é
fundamental que a escola, pais e professores estejam comprometidos com a educação.
As escolas devem proporcionar um espaço harmonioso que atenda a ludicidade necessária
à faixa de idade da Educação Infantil. Sabe-se que a o objetivo da Educação Infantil é o
desenvolvimento integral da criança, entende-se que ela seja a base para as demais etapas do
processo educacional, e que toda a proposta pedagógica deve estar direcionada às experiências
e às vivências do educando, viabilizando assim a formação do indivíduo.
O brincar é coisa séria, sendo assim é fundamental o papel do professor como mediador
deste processo ensino- aprendizagem.
Um professor mediador precisa ter competência acadêmica quanto à psicologia do
desenvolvimento humano, conhecer diferentes metodologias didáticas, ser um incansável
pesquisador para estar criando, inovando e contextualizando com a atualidade.
O educador deve estar comprometido com os princípios éticos, políticos e estéticos da
educação. As atividades pedagógicas precisam ter fundamentos e objetivos a serem alcançados.
O brincar livre e o brincar dirigido contribuem para o aprendizado. A criança até mesmo
em uma atividade livre está aprendendo a criar, montar, desmontar, encaixar, etc. É o momento
em que o educador precisa estar atento, observar e fazer anotações se for preciso, porque dentro
da atividade livre é possível identificar a criança mais tímida, a líder, a que tem dificuldades de se
socializar, e outros.
Não basta apenas deixar as crianças brincarem, é importante que em alguns momentos,
esta brincadeira seja direcionada para que ampliem suas capacidades dos conhecimentos
necessários ao seu pleno desenvolvimento.
A Educação Infantil deve se preocupar em desenvolver habilidades e capacidades do
educando, levando o sujeito, envolvido no processo educacional, a buscar realizações nos vários
aspectos sociais, econômicos, político, cognitivo e emocional, para que seja capaz de ser membro
da sociedade, com possibilidades, inclusive de transformá-la.
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REFERÊNCIAS
BRASIL, MEC - Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional da
Educação Infantil. Brasília: MEC/SEF/SEESP, 1998.
FORTUNA, Tânia Ramos. O brincar na Educação Infantil. Revista Pátio – Educação Infantil.
Ano 1 nº 3. Dezembro de 2003/março de 2004. Ed. Artmed.
LIMA, E.S. A criança pequena e sua linguagem. São Paulo: Ed. Sobradinho, 2003.
OLIVEIRA, Z. M. Creches: Crianças Faz de Conta & Cia. Petrópolis: Vozes, 1995.
RABIOGLIO, M.B. Jogar: um jeito de aprender. São Paulo: USP, 1995. (Dissertação de
Mestrado em Psicopedagogia).
VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente. São Paulo: Mantins Fonte, 1994.
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crença da superioridade dos brancos foi dado da escola em um lugar de sofrimento e medo
status de ciência, e o domínio europeu da maior para os que são vítimas dessa prática escola ao
parte do mundo reforçou isso. Inventa-se o invés de ser um ambiente de aprendizado e
conceito de “brancura” que significava interação social.
superioridade e privilégio e em contraparte, Os motivos que levam a este tipo de violência
qualquer cor de pele que não possua a pois o racismo é um tipo de violência são
qualidade da brancura será desvalorizada e os muitos dentre eles temos as experiências
seus possuidores são transformados nos vividas por cada aluno dentro do ambiente
“outros” (AMADOR, 1991). familiar ou dentro do grupo social que
A escola é um espaço organizacional convivem.
constituído por pessoas diferentes advindas da Atualmente o racismo dentro da unidade
sociedade de modo geral, com o objetivo de escolar é uma preocupação para os
receber e transmitir valores sociais que possam educadores, pais e toda a sociedade. Várias
contribuir para a formação da vida adulta, ou medidas de segurança são tomadas com
partilhar conceitos sociais, educacionais e relação ao racismo objetivando prevenir as
profissionais. situações desagradáveis, e procurando evitar
As fronteiras da violência baseadas no esta “violência explícita” (FANTE, 2012, p. 21).
racismo que envolvem a sociedade em relação A necessidade de mudança para transformar
ao tempo e espaço se tornam difíceis de serem a educação é notória uma vez que para se obter
definidas. É por isso que, muitas vezes, ele, o um ideal revolucionário é preciso modificar a
racismo pode ser confundido como agressão e realidade da educação, e favorecer aulas
indisciplina, quando se manifesta na esfera agradáveis e construtivas.
escolar. Entende-se que é por meio de uma proposta
A escola é vista como “marco inicial para um dialógica que se constrói o conhecimento, esse
processo de crescimento pessoal, conduzindo a realiza a análise de todos os pontos de vista
um padrão de vida melhor e contribuindo para considerando as opiniões do entorno. A falta
o sucesso profissional”, mas, atualmente o seu deste diálogo necessário apresentado por
papel vai além da formação profissional Freire cria um caminho direto para a dominação
causando um “período de crise na educação”, e este é entendido como caminho direto para o
pois devido as diversas funções sociais fim das relações principalmente as
assumidas o seu ambiente se apresenta cada educacionais, impedindo o desenvolvimento,
vez mais desagradável, “inseguro e excludente” favorecendo as relações violentas.
(SCHOTTZ; SILVA, 2014, p. 126). O papel da escola é transformar a realidade,
O racismo no ambiente escolar acontece valorizar as ideias dos indivíduos, favorecendo
quando existem comportamentos agressivos e a construção de novos saberes e assim libertar
antissociais, conflitos interpessoais, atos o mundo dos opressores que nele se
criminosos e vandalismo. O modelo do mundo encontram, imagina-se que o preconceito esta
fora da escola tem cada vez mais sido imitado envolto somente as diferenças raciais, mas há
no interior da escola, transformando o espaço outros tipos de discriminações dentro do
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ambiente escolar que são tão grandes e tão ganhar um bebê, nas ruas policiando e dando
perigosas quanto a diferença de raça. segurança à sociedade elas só atrapalham jogar
Na sociedade contemporânea, o gênero está futebol isso é coisa para homens e se apitar um
diretamente ligado à heterossexualidade, este jogo ouvem muitas piadinhas.
também é uma das causas de racismo, pois logo Sendo importante ressaltar que em uma
que a criança nasce é educada e disciplinada sociedade não se devem observar os sexos, mas
para adquirir o gênero “correto”. Para assim sim tudo o que foi construído sobre os sexos.
estar dentro dos padrões, ela obrigatoriamente Nas escolas é ensinado frequentemente as
tem que se sentir atraída por uma pessoa do diferentes culturas dos povos, e essa não seria
sexo oposto. uma ‘cultura diferente’ de uma sociedade como
Para muitas pessoas, o uso do termo a do Brasil, com várias culturas.
homossexualidade, a linguagem sexista ou No nascimento de uma criança, o pai, ao ter
expressões pejorativas direcionadas a pessoas certeza de que seu bebê é um menino, já
pertencentes a outros grupos étnicos, por idealiza e traça a sua história, afirmando que ele
exemplo, não é expressão de uma prática seguirá a sua profissão, compra o uniforme do
preconceituosa, a linguagem também revela as seu time, coloca o menino na escola de futebol,
apropriações que o imaginário social nos e nos finais de semana, leva o filho para pescar,
oferece sempre no processo ao qual somos. esquecendo-se de que a criança deve construir
O gênero como categoria de análise implica sua própria história e ter suas vontades.
em conhecer, saber mais sobre as diferenças Como afirma Louro (1997, p.48;49), vê o
sexuais, entender como são produzidas pelas gênero como molde social cuja marca é
culturas e sociedades nas relações entre estampada na criança, como se as
homens e mulheres. Portanto, como nos diz personalidades masculinas saíssem, como uma
Scott (1995), gênero pode ser entendido como fábrica de chocolate, da ponta de uma esteira”,
a “organização social da diferença sexual”. onde todos pensam da mesma forma e com os
Na época de 1970 foi discutida a orientação mesmos preceitos.
sexual, por causa da grande mudança no Para Abramowicz (2006, p12), “diversidade
comportamento sexual dos jovens naquela pode significar variedade, diferença e
época, com outros adventos da modernidade, multiplicidade. A diferença é qualidade do que
por exemplo, a libertação sexual, em função da é diferente; o que distingue uma coisa de outra,
descoberta da pílula anticoncepcional e dos a falta de igualdade ou de semelhança”. Nesse
movimentos feministas. Nota-se que as sentido, podemos afirmar que onde há
mulheres ainda se deparam com a diversidade existe diferença.
desigualdade dos sexos, tanto no senso Reconhecer que somos diferentes para
comum, quanto científico. estabelecer a existência de uma diversidade
Mulher, seres frágeis, sensíveis, inocentes, cultural no Brasil, não é suficiente para
pois, existem aqueles que ainda dizem que combater os estereótipos e os estigmas que
lugar de mulher é em casa, não no escritório, no ainda marginalizam milhares de crianças em
hospital somente se estiver doente ou para
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que o aprendizado acontece numa via dupla Os conceitos de gênero, e etnia ao serem
que favorece por meio da percepção tornar-se trabalhados na sala de aula em uma perspectiva
tolerante modificando suas atitudes e sua da valorização da(s) identidade(s) dos múltiplos
realidade, transformando a sociedade. sujeitos que convivem no mesmo espaço da
Tais mudanças tornam-se importante pois, escola devem ter um posicionamento político,
ao realizá-las influencia-se espaços que são a fim de desconstruir os estereótipos e os
normalmente discriminatórios, e que podem estigmas que foram atribuídos historicamente
ser extremamente influenciados pelo convívio a alguns grupos sociais.
dos alunos que trabalhados de forma Assim a questão vem sendo discutida de
esclarecedora transformarão o meio. acordo com a necessidade do ser humano de
Para que a escola realize seu papel de saber até que ponto as pessoas são
desmistificadora é necessário uma ação dissimuladas. De acordo com Foucault (1979,
pedagógica realmente pautada na diversidade p.10),“no espaço social, como no coração de
cultural, tendo como princípio uma política cada moradia, um único lugar de sexualidade
curricular da identidade e da diferença, que reconhecida, mas utilitário e fecundo: o quarto
tem por obrigação ir além das declarações de dos pais.”
boa vontade para com a diferença, ela coloca Toda essa ideia modifica-se com o passar do
em seu centro uma teoria que permita, não só tempo, na certeza de que não só o adulto, mas
reconhecer e celebrar a diferença, realizando as crianças têm uma sexualidade, uma vontade,
questionamentos que permitam perceber pois são seres pensantes que sentem frio, calor,
como ela discursivamente está constituída. choram, sorri por todos esses adjetivos elas
Para Stuart Hall (2000), tais conceitos devem passaram de adultos em miniaturas, a direito
ser historicizações para perceber como eles são de serem crianças.
construídos dentro de uma prática discursiva É preciso ainda considerar que estas
que se envolve nas relações assimétricas de questões de racismo têm sido muito pouco
poder. discutidas nas escolas, nos cursos de Pedagogia
Os professores e as professoras que e nos cursos de formação de professores em
percebem em sua ação pedagógica como os geral. A pedagogia pode ser responsabilizada
conceitos de gênero, raça e etnia são ética e politicamente pelas estórias que produz,
socialmente construídos e discursivamente Shirley Steinberger (1997), aponta para a
usados para marginalizar o “outro” estarão, de necessidade de que pais, mães, professores
fato, contribuindo para a constituição de uma psicólogas/os infantis e demais profissionais
diversidade cultural que não seja apenas voltados para o cuidado e educação de crianças
tolerante, mas que perceba que “eu” e o que tenham uma visão de infância, criança que
“outro” temos os mesmos direitos e devemos dê conta dos efeitos da cultura popular em suas
ter a mesma representatividade, tanto nos autoimagens e suas visões de mundo.
conteúdos escolares quanto nas instituições Examinar os materiais didáticos e
sociais. paradidáticos voltados para as crianças
pequenas, bem como os diversos objetos
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culturais - brinquedos, filmes, etc., são e dos docentes da área de ciências ou de saúde;
fundamentais para perceber de que forma eles e no Parecer nº 2. 264/74 do Conselho Federal
trazem concepções de gênero, sexualidade, de Educação, os programas de saúde do antigo
raça/etnia, geração, nacionalidade, pautadas segundo grau deveriam ter como objetivo o
muitas vezes pela desigualdade. Em um mundo desenvolvimento do ensino que trabalhe com
marcado pela diversidade, é fundamental não as diversidades.
compactuarmos com a ideia de que as Sabe-se que grande parte da comunidade, da
diferenças sejam transformadas em sociedade, do país respeita e cumpre quando
desigualdades. há registros autenticados nas leis e o não
Dentre a rotina corriqueira das escolas, os cumprimento traz consequências indesejáveis.
professores devem oferecer ensino de Com o objetivo de atingir maiores números de
qualidade, estar atento à adaptação escolar, conscientiza dores, movimentos sociais eram
respeitar o conhecimento de mundo das realizados frente à abertura política, para que o
crianças, socialização com o novo, entre outras, papel da escola e de seus conteúdos fosse
são inúmeros olhares que devem ter para estar repensado.
mais próximo de uma escola ideal. Os Parâmetros Curriculares Nacionais
E sabe-se que a escola e os professores (PCNs,1997), com o objetivo comum de dar
encontram dificuldades com o sentido da embasamento para os profissionais da
palavra racismo. As escolas discutem a educação, escola e pais traz Temas
temática a respeito, mas torna-se contraditória Transversais. Que Faz parte do currículo escolar
alegando que o ‘diferente’ mostra-se mais não mais como uma matéria específica a cargo
violento verbalmente e fisicamente. de um único professor, mas de
Uma determinada sociedade dita o que é responsabilidade de todos, professores e
ético e moral, na relação sexo, sexualidade e professoras abordando suas diversas dúvidas
gênero, comportamentos que vai contrário ao em todas as áreas do conhecimento.
que dizem ‘correto’ são discriminados e Todos os dias os professores e as professoras
julgados. Fala-se tanto em respeitar as encontram em seu cotidiano escolares, tabus e
diferenças, seja ela qual for, e esquece-se de preconceitos dizendo: isso é “coisa de homem”
que as pessoas fazem suas escolhas e são como e isso é “coisa de mulher”, menino joga futebol
são querendo no mínimo de respeito. e é bom em matemática, menina joga vôlei e é
Sendo o tema ainda muito polêmico para a boa em português. As práticas rotulam as
escola e os professores, a maioria prefere calar- crianças sem ser percebido, o que tratará
se e fechar os olhos do que buscar auxílio para consequências mais tarde.
fazer o mundo de quem é ‘diferente’ mais As brincadeiras e os brinquedos enfatizam
digno. A educação busca amparo nas leis que os paradigmas já existentes de que os meninos
discutem a questão em pauta, e se depara com montam e desmontam seus carrinhos e as
a Lei nº 5. 692/1971 que os trabalhos meninas cuidam de suas bonecas como se
relacionados com a educação são de fossem bebês.
responsabilidade dos educadores educacionais
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta reflexão abre espaço para que sejam observadas situações que proporcionam e
motivem profissionais da área da educação e aos pais, para que possam mudar o seu modo de
ver o racismo na infância até a juventude.
Para as crianças das séries iniciais é preciso romper concepções que educadores e pais
tendem a dizer: isto é proibido ou não posso dizer, pois tirarei a inocência de meu aluno ou filho.
E para os adolescentes, é necessário deixar que eles falem mais, discutam suas dúvidas em
embasamentos de pesquisas que eles realizaram, a criança é um ser pensante, ativo, autônomo
e curioso, privá-las das informações que o mundo traz é impossível, e estas vêm carregadas de
violência, sensualidade, evolução e imortalidade da espécie humana e animal, tecnologia,
mentiras, crimes, ideias culturais.
Os pais e educadores tem certa responsabilidade pela formação crítica, autônoma,
sociocultural, afetivo-emocional dos alunos e filhos, aos pais cabe conversar, participar, observar
de perto a vida emocional, educativa, afetiva, ideais para o futuro, sexualidade dos seus filhos. Já
a escola, deve dispor de projetos para crianças e adolescentes, preparando pais e professores
para temas acerca do racismo.
Para o educador fazer parte do mundo que os alunos estão inseridos e vivem, devem trazer
como recursos pedagógicos o que a mídia expõe, pois será mais proveitoso do que entrar em
conflito com as informações selecionadas por alguém que entende a cabeça dos jovens e crianças
atuais.
É muito importante que os educadores de modo geral, juntos, pesquisem a nível mundial
as diversidades para que assim possam lidar melhor com cada situação, e que projetos sejam
construídos e desenvolvidos para tratar do tema em questão.
Observa-se que para combater este fenômeno conhecido por racismo é necessário que se
tenha intervenções frequentes e efetivas, favorecendo por meio de ações que contribuam com a
transformação do todo, modificando os agressores protegendo as vítimas.
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REFERÊNCIAS
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Porto Alegre, n. 20, v.2, p. 71-100, jul. /dez.1995.
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RESUMO: Este artigo apresenta reflexões sobre o diagnóstico da criança autista, buscando
demonstrar de que forma pode ocorrer o diagnóstico precoce e a sua contribuição para o
desenvolvimento dessas crianças com o transtorno desde os primeiros anos de vida; a
importância dos profissionais da saúde em conhecer os principais sintomas do Espectro autista;
as diversas formas de promover um diagnóstico precoce e após desenvolver um plano de
tratamento específico para cada caso. Para finalizar, apresentamos como é relevante analisar o
tratamento por meio de medicamentos e os efeitos colaterais causados por esse tipo de
intervenção.
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que como esse cuidado não acontece de de diversas deficiências, o Transtorno Global do
maneira uniforme, uma forma de diagnóstico Desenvolvimento em que se enquadra o
objetivo poderia ajudar a reconhecer autismo Autismo.
cada vez mais precocemente (COSTA, Sabendo que existem leis que apoiam a
2013,p.78). pessoa com autismo, precisamos observar e
Para Teixeira (2016), a precocidade do refletir se elas realmente estão acontecendo ou
diagnóstico e do tratamento são fundamentais se falta o interesse de nossas autoridades em se
para ajudar no prognóstico e permitir que a cumprir esses direitos.
criança seja tratada desde a idade pré-escolar.
Quanto mais cedo identificado o problema O DIAGNÓSTICO PRECOCE
melhor. O autor menciona na pág. 41, que é de
fundamental importância que o médico IDEAL
pediatra tenha conhecimento psicopatológico Para Teixeira (2016), o diagnóstico do
para conduzir bem os casos de autismo que autismo é clínico, depende de uma minuciosa
diariamente aparecem em seu consultório e avaliação comportamental da criança e de
ambulatório médico. entrevista com os pais. Caso a criança já esteja
Assim, muitas mães ao desconfiar que há inserida em um programa educacional, a
algo errado com seu filho, levam ao pediatra avaliação pedagógica escolar será também
cheias de dúvidas e angústias e pode ocorrer muito importante. De acordo com o autor, se a
que este profissional desconheça os sintomas criança estiver sendo assistida por uma Lei ou
do autismo e, assim não ocorrerá o diagnóstico programas, ficará mais fácil de incluí-la no
precoce dessa criança nesse momento. ambiente escolar. É importante ressaltar que é
Portanto, pais, familiares, responsáveis e fundamental um atendimento com um
pediatras precisam estar atentos para alguns profissional qualificado.
sinais de alerta para a possibilidade do Normalmente, os médicos mais indicados
transtorno do espectro autista. A presença de para essa avaliação são psiquiatras especialistas
um desses sintomas não significa que a criança na infância e adolescência, neurologistas da
tenha autismo, mas deve sinalizar para a infância ou neuropediatras. Entretanto, reforço
importância de uma avaliação comportamental que seria de fundamental importância que
detalhada a ser realizada por um médico médicos pediatras tivessem profundo
especialista em desenvolvimento infantil conhecimento sobre desenvolvimento infantil.
(TEIXEIRA, 2016, p.40; 41). Dessa forma, a grande maioria dos casos
É preciso diante disso tudo, fazermos uma poderia ser identificada de forma precoce e não
reflexão e repensarmos sobre o diagnóstico do perderíamos oportunidade de tratar
espectro autista no nosso país. Existe a Lei precocemente o transtorno do espectro autista
12.764/12 que garante o direito e a proteção à (TEIXEIRA, 2016, p.52).
pessoa autista, outra Lei de inclusão e direitos é A identificação precoce como destaca o
a lei 51.778 conhecida como Educação Especial, autor, poderia ser o principal objetivo dos
que entre o público a ser atendido destaca além profissionais de saúde, ao atenderem uma
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apresenta necessidades diferentes do outro com outras famílias, com o objetivo de partilhar
(TEIXEIRA,2016, p.56). experiências e aprender diferentes maneiras de
Nesse sentido se faz necessário identificar as ajudar seus filhos (RODRIGUES, 2015, p.125).
necessidades de cada criança com autismo,
pois, por meio dessa investigação poderá ser TRATAMENTO
criado um plano individualizado o qual possa
estimular as potencialidades dessa criança. MEDICAMENTOSO
Cada criança terá um plano específico. No cenário atual em que vivemos, estão
Teixeira (2016, p.56), destaca ainda que a inseridos profissionais que no seu ambiente de
criação do PIT deve considerar diversos fatores, trabalho adotam práticas de tratar o seu
incluindo as necessidades específicas de cada paciente - no nosso caso a criança autista -
criança, o grau de gravidade dos sintomas, a mesmo bem pequena com medicamentos.
disponibilidade e a adesão da família ao O Fórum sobre medicalização da Educação e
tratamento. da sociedade (2015), baseada na literatura da
Salientamos que cada criança, como área de sociologia, Medicina e Psicologia define
qualquer outra criança, é mais ou menos a medicalização:
desenvolvida de acordo com o meio, os Medicalização é o processo que transforma,
estímulos e a atenção que recebe. Com o artificialmente, questões não médicas em
autista, isso não é diferente; menciona problemas médicos. Problemas de diferentes
Rodrigues, 2015, pág.26. ordens são apresentados como “doença”,
Por isso, é crucial possibilitar um diagnóstico “transtornos”, “distúrbios” que escamoteiam
precoce à essas crianças mesmo não havendo as grandes questões políticas, sociais, culturais,
cura para o autismo, há diversas possibilidades afetivas que afligem a vida das pessoas
de estímulos para incentivar que elas questões coletivas são tomadas como
desenvolvam algumas habilidades. individuais; problemas sociais e políticos
Rodrigues (2015), afirma, à proporção que as passam a ser considerados como biológicos.
crianças autistas se desenvolvem, vão Nesse processo que gera sofrimento psíquico, a
evidenciando avanços tímidos e incertos nos pessoa e sua família são responsabilizadas
padrões qualitativos de comportamento, o que pelos problemas, enquanto governos,
não quer dizer cura. Nesse sentido, quando autoridades e profissionais são eximidos de
ocorre o diagnóstico precoce da criança com suas responsabilidades (SÃO PAULO, 2016, p.
sinais de autismo e esta é acompanhada pelos 63).
profissionais especializados, a criança poderá Após toda a dificuldade apresentada em se
ter uma vida dentro da normalidade, porém a diagnosticar o autismo precocemente, o
autora ressalta que não há cura. profissional deverá elaborar um plano de
Porém para que isso ocorra tratamento em que poderá incluir ou não o
conscientemente, os membros da família tratamento com medicamentos. Como vimos
precisam conhecer seus filhos, devem ir a acima medicar envolve várias questões que
palestras, cursos de formação, se comunicar precisam ser muito bem analisadas por esses
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Muitas crianças poderiam ter uma vida com qualidade se fosse realizado o diagnóstico
precoce logo no começo do transtorno. Acontece que quando os pais desconfiam que há algo
errado e levam o filho ao pediatra, este por desconhecer os sinais acaba falando que ainda é cedo
ou, que cada criança tem o seu tempo.
Assim, o tempo vai passando e a criança vai perdendo chances de se desenvolver, pois os
estímulos e intervenções também precisam ser precoces para que a criança autista possa ser
alcançada e não ficar presa no seu mundo.
O transtorno do espectro autista é muito complexo e ainda pouco divulgado. O que me
deixou assustada, foi a diferença preocupante ao saber que nos Estados Unidos a idade média
para o diagnóstico do autismo é de cerca de três anos de idade, já no nosso país, os diagnósticos
são feitos por volta dos oito anos de idade, o que é muito tarde e não garante um prognóstico
adequado.
Neste sentido ao se realizar uma avaliação tardia, a criança já perdeu grandes chances de
desenvolver diversas habilidades que seriam estimuladas por meio da ajuda de uma equipe
multidisciplinar. O que pode ocorrer com tudo isso, os pais desesperados na tentativa em ajudar
o filho com o transtorno, vão ao médico e aceita de cara um tratamento com medicamentos.
Acreditam estar fazendo o melhor, mas o tratamento com remédios nada mais é que dá drogas
ao filho. Os remédios são muito fortes e podem desencadear outros problemas.
O propósito não é culpabilizar, mas enfatizar a necessidade de haver mudanças na
formação dos profissionais de saúde, mais preparação profissional porque só assim, poderemos
exigir um bom atendimento e garantir um excelente tratamento que não necessariamente precisa
ser com medicamentos.
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REFERÊNCIAS
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RESUMO: A análise que permeia este estudo refere-se a uma prática crítica e reflexiva, na qual o
Registro do Educador é visto como um dos instrumentos auxiliadores na busca por melhoria
contínua no seu próprio trabalho e como ferramenta auxiliar na atuação do psicopedagogo
institucional. Esta reflexão pauta-se na necessidade de formação e autoformação do professor,
tendo em vista o contexto escolar atual, sujeito ao movimento e evolução que se fazem presentes
em nossa sociedade e transpassam os muros da escola. Recorre-se, a um estudo teórico cujos
pressupostos contribuem para o alargamento da visão a respeito do Registro do Educador, bem
como a sua utilidade no desenvolvimento da ação psicopedagógica.
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objetivos que acabam por definir o plano de atenção a experiência da cidade de Reggio
ação das empresas. Emilia, situada ao norte da Itália onde as
Há muitos tipos de registro, em linguagens instituições dedicadas a primeira infância
verbais e não verbais; todas, quando utilizam o registro como instrumento de
socializadas, historificam a existência social do reflexão sobre a prática, conforme (EDWARDS,
indivíduo. Mediados por nossos registros, CAROLYN, FORMAN, 1999, p. 25):
reflexões, tecemos o processo de apropriação Os educadores perceberam que documentar
de nossa história, a nível individual e coletivo sistematicamente o processo e os resultados de
(FREIRE, 1996, p.23). seu trabalho com as crianças serviria
É por meio do registro que os autores sistematicamente a três funções cruciais:
expressam o que sentem, pensam e como oferecer às crianças uma memória concreta e
observam o mundo a sua volta. Ao ter contato visível do que disseram e fizeram, a fim de servir
com esses registros, o nosso modo de olhar e como ponto de partida para os próximos passos
de sentir “conversa” com o do autor e com os na aprendizagem; oferecer aos educadores
dos outros leitores, assim a ideia ou o uma ferramenta para pesquisas e uma chave
pensamento, deixa de ser só de quem fez o para melhoria e renovação contínuas; e
registro e passa a ser coletiva. oferecer aos pais e ao público informações
O registro escrito guarda partes do nosso detalhadas sobre o que ocorre nas escolas,
tempo que consideramos dignas de como um meio de obter suas reações e apoio.
permanecerem vivas, e é graças ao registro Embora os autores apresentem a questão do
escrito que hoje podemos conhecer a história registro de maneira abrangente, este estudo
da humanidade. focaliza o registro tendo em vista a sua
contribuição para a reflexão do docente sobre
O REGISTRO NO ÂMBITO e na sua prática como ferramenta para as
reformulações necessárias.
ESCOLAR
O registro também faz parte do contexto
escolar, indiferente da forma ou do objetivo
AS MUITAS FACES DO
para o qual é utilizado, está presente em REGISTRO
praticamente todos os setores escolares. Da Indefere a forma de registro ou
documentação geral da secretária, fichas de documentação, o importante é escrever sobre
matrícula, calendários anuais, controle de a prática, dificuldades, vitórias, pois segundo
professores, arquivos de documentos, projeto Beuclair (2009), “escrever para poder estudar é
político pedagógico às burocracias diárias que o um método de investigação” e todo educador
diretor envia para órgãos responsáveis. tem que ser um cientista da educação.
Todo o registro até este momento citado não Há muitas formas de registrar, todas tem seu
direciona à prática reflexiva, indicando significado, algumas são mais apropriadas para
somente a uma prática de documentação, um determinado objetivo, outras mais usuais,
porém quando se refere ao professor chama a
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talvez por serem mais práticas, menos -Terapêutica: conto para o papel minhas
exigentes. dúvidas, meus problemas;
No meio de tantas possibilidades, o registro - Reflexiva: pensei que seria assim;
escrito se tornou um dos mais importantes - Introspectiva: para si;
instrumentos de aprimoramento do professor. - Criativa: poemas, rimas;
Segundo Sena (2006), ressalta as diferentes - Burocrática: conta o que está fazendo,
formas do registro: reconto das ações. Não conta o que pensa, faz
Existem vários meios e funções para o ato de ou sente.
registrar. O meio mais comum é o registro Esses diferentes tipos de escrita por
escrito. Temos o registro fotográfico, o registro atenderem determinadas especificidades
sonoro, pictórico – pinturas, desenhos, etc, orientam o professor na elaboração de seus
registros cinematográficos – filmes em vídeos e registros escolares ou diários de aula, pois
DVD, registro mental – nossas memórias etc. fornecem explicações técnicas que contribuirão
No que se refere ao ato de registrar por escrito, para subsidiá-lo no que deve ser documentado
destacamos três formas: a dissertativa, a e como escrever esse documento. O registro
narrativa e a descritiva (SENA, 2006, s.p.). bem elaborado fornecerá ao professor
Uma das formas mais ricas se registro são os elementos significativos para sua reflexão.
diários de aula. Os diários são espaços Uma das possibilidades para a reflexão é o
narrativos dos pensamentos, ações e portifólio, pois possibilita o acompanhamento
sentimentos dos professores, requerem escrita, das atividades realizadas e do resultado obtido
reflexão e descrição e servem para romper a com as mesmas. Porém é essencial que o
pressão, e sair da ação. Afrontando seus professor tenha consciência de que não é
próprios dilemas. Conforme vai escrevendo o possível fazer uma abordagem padronizada,
professor vai descobrindo o que mais o mas sim individualizada, pois cada criança é
preocupa, mais o incomoda, portanto, com o considerada separadamente e esta forma de
passar do tempo pode observar como vai se registro passa a ser auxiliadora nas ações do
resolvendo no enfrentamento de suas educador em prol da aprendizagem da turma e
dificuldades. Os diários são recodificações de cada indivíduo.
mentais, no qual o autor é protagonista, ele A ação de registrar e refletir exige métodos,
conta e é contado ao mesmo tempo, lê a si disciplina e rigor para que não se restrinja a
mesmo, tem melhor autoconhecimento e desabafos ou mera comprovação do que foi
relata coisas não observáveis. realizado em sala de aula, portanto, é
Para Holiday (apud, ZABALZA, 2004), existem necessário que o professor tenha como
os seguintes tipos de escrita: objetivo a melhoria contínua da compreensão e
- Jornalística: escreve sobre coisas, descreve; da autocompreensão do processo educativo e
- Analítica: conta e analisa; social que envolve o ambiente escolar.
- Avaliativa: Queria assim, saiu assim; O exercício de sistematização é um exercício
- Etnográfica: contando característica de um claramente teórico; é um esforço rigoroso que
determinado grupo; formula categorias, classifica e ordena
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Ao refletir o papel do Registro Crítico e Reflexivo realizado pelo professor esta pesquisa
reforça sua importância e contribuição na prática diária da sala de aula e no processo de formação
e autoformação do educador.
O Registro torna-se rico instrumento para melhoria da qualidade da prática educativa e à
medida que registra e reflete o professor vai aprimorando seu fazer e ampliando sua experiência
e potencial de reflexão. Conforme observa e reflete vai incorporando mudanças em sua prática e
melhorando-a a cada dia.
Diante desta pesquisa abre-se a possibilidade de um registro sistemático e questionador
que observe o todo e não somente recortes simplórios de uma vivência tão complexa na qual há
uma construção e reconstrução diária. Fica saliente ainda o quanto este fazer enriquece a ação
do professor, que à medida que reflete deixa de ser um mero executor, tornando-se sujeito de
sua prática.
Para o psicopedagogo o registro do professor quando bem elaborado e sincero possibilita
uma visão muito rica da dinâmica da sala de aula e do desenvolvimento do aluno, este
conhecimento no momento da intervenção poderá facilitar o trabalho de orientação do
professor, além de uma visão mais detalhada e real das dificuldades de aprendizagem.
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REFERÊNCIAS
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ser e no saber. Disponível em: http://br.monografias.com/trabalhos-pdf902/oficinas-
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HOLLIDAY, Oscar Jara. Para sistematizar experiências / Tradução de: Maria Viviana V.
Resende. 2. ed., revista. – Brasília: MMA, 2006.
PERRENOUD, Philippe. Da reflexão na essência da ação a uma prática reflexiva. In: A prática
reflexiva no ofício do professor: profissionalização e razão pedagógica. Editora Artmed, 2002.
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RESUMO: O presente artigo investiga de que maneira a afetividade e as legislações, com ênfase
nas relações interpessoais entre o diretor e os professores, afetam o desenvolvimento do
trabalho coletivo na escola, mais especificamente, de que maneira essas relações interferem no
fazer pedagógico do professor e os sentimentos de frustração/ satisfação e motivação/desânimo
que envolve o trabalho docente no interior da escola e, também, como são percebidos no discurso
de diretores e professores os efeitos da afetividade nas relações interpessoais.
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As relações interpessoais devem ser compreendidas como fios condutores da educação,
sendo professores e alunos atores principais desse processo educacional, pois o professor não é
só o mediador entre a cultura e o aluno, mas o representante da cultura para o aluno.
Estabelecendo assim, a forma como o professor se relaciona com os alunos influencia
diretamente na maneira como o aluno aprende.
Ressaltamos que a pesquisa trouxe uma importante contribuição ao fazer pedagógico,
especialmente com o embasamento teórico, renovando o olhar sobre as relações sociais na
escola.
Assim, a formação centrada nas relações interpessoais no âmbito escolar deve culminar no
bem estar docente, na elevação da autoestima, levando o professor a refletir sobre sua atuação
em sala de aula.
Neste contexto, entendemos também que o diretor é o facilitador, formador principal dos
professores, portanto cabe a ele a responsabilidade pela formação dos professores, por meio do
aprimoramento do trabalho coletivo, sendo o mesmo necessário para promover reuniões
pedagógicas que reúnam, na medida do possível, o maior número de professores de todos os
períodos.
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REFERÊNCIAS
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possível. In: PLACCO, Vera M.N. de Souza (Orgs). O coordenador pedagógico e os desafios
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Abigail Alvarenga (Orgs). A constituição da pessoa na proposta de Henri Wallon. São Paulo:
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LÜCK, Heloísa. Gestão educacional. Uma questão paradigmática. Petrópolis, RJ: Editora
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métodos pode ser encontrada no livro Coleção ser aplicadas a resolução de problemas, já
Synagoge, escrito por Pappus de Alexandria (+- antecipando ideias de Polya (2006), como, por
300 d.C.), por volta do século IV. exemplo:
As primeiras ideias um pouco mais positivas Regra IV: “É necessário método para
e razoáveis no sentido da heurística de descobrir as leis da natureza”, ressaltando a
resolução de problemas vem com filósofo e importância da sistematização;
matemático francês René Descartes (1596- Regra III: “as únicas coisas que devemos
1650) (PEREIRA, 2001). aceitar são aquelas que ou podemos ver com
Ainda segundo Pereira (2001), o importante clareza ou podemos deduzir com certeza”,
em Descartes são suas ideias sobre relevando a importância da argumentação ao
‘pensamento produtivo’ que tinham um papel invés do uso da autoridade;
importante no projeto de construção de um Regra VII: “Se chegarmos a um ponto onde
método geral de resolução de problemas. não conseguimos entender o que está
Descartes chegou a escrever dois volumes (o acontecendo, devemos fazer uma pausa e não
segundo incompleto) – dentre três planejados - prosseguir em um trabalho inútil”, mostrando
do Rules for the Direction of the Mind (Regras que é importante mantermos controle sobre o
para a Direção da Mente), escrito por volta de que estamos fazendo sob pena de se perder em
1630, no qual procurava expor em detalhes um trabalho infrutífero (PEREIRA, 2001, p. 9).
como, segundo seu método, seria possível Posteriormente, na tentativa da
resolver qualquer problema. Em resumo, sistematização da heurística, destacou-se
Descartes vê o processo de resolução de Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716),
problemas em três fases: provavelmente, o primeiro matemático que
Na primeira fase de reduzir todo problema argumentou que a matemática era uma
algébrico a um problema contendo apenas disciplina essencialmente lógica, uma vez que,
equações; na segunda fase de reduzir todo para ele, as verdades eram determinadas por
problema matemático a um problema meio da síntese, que era um processo
algébrico; e na terceira fase de reduzir qualquer construído com a utilização de teoremas
problema a um problema matemático (ABBAGNANO, 1999).
(PEREIRA, 2001). Entretanto somente em 1837, uma
Podemos notar que Descartes objetivou publicação chamada A Teoria da Ciência de
reduzir todo problema que existe no mundo a Bernard Bolzano (1781-1848), faria uma
um problema matemático, fica claro, o caráter descrição detalhada sobre a lógica e a
irrealista do projeto, a começar pela ideia de heurística, assunto que foi abordado em pouco
reduzir todo problema a um problema mais de 250 páginas e teve como objetivo
matemático (o que, sinceramente, nem sempre formular em linguagem clara o processo
é possível). heurístico, convencionalmente utilizado pelo
Entretanto, Pereira (2001), afirma que solucionador de problema, ainda que de forma
Descartes apresentou algumas ideias de valor e inconsciente (PLURES, 2009).
relevância relacionadas ao ensino e que podem
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O matemático francês Henry Poincaré (1854- O matemático húngaro George Polya (1888-
1912), conciliava, a seu modo, elementos de 1983), foi o que teve a visão mais profunda e
empirismo e convencionalismo, e essa visão era mais compreensiva da resolução de problemas
bem peculiar, ele pregava que o raciocínio por nos currículos escolares de Matemática – a
recorrência é o responsável pela criação do visão da resolução de problemas como arte –
conhecimento científico, em especial na emergiu do trabalho de Polya (2006), que
matemática (PATY, 1999). reviveu no nosso tempo a ideia da heurística (a
Esta argumentação é tratada no trecho do arte da descoberta). Ficou para ele a tarefa de
livro Ciências e Hipótese, no que diz respeito a reformular, estender e ilustrar várias ideias
característica de como a heurística envolvida no acerca da descoberta matemática de tal modo
processo de descoberta científica está, algumas que os professores as pudessem compreender
vezes, além dos dados propriamente científicos e usar (POLYA, 2006).
(PATY, 1999). Em 1980, o National Council of Teachers of
Um dos maiores matemáticos do século XX, Mathematics — NCTM —, dos Estados Unidos,
o francês Jacques Hadamard (1865-1963), se apresentou recomendações para o ensino de
debruçou sobre o problema da criatividade em Matemática no documento “Agenda para
matemática, e com o seu livro A psicologia da Ação”. Nele destacava-se a resolução de
invenção no campo matemático (1945) problemas como foco do ensino da Matemática
defendeu que o pensamento criativo em nos anos 80. Também a compreensão da
matemática é frequentemente acompanhado relevância de aspectos sociais, antropológicos,
por imagens mentais compactas, cuja forma linguísticos, na aprendizagem da Matemática,
varia de pessoa a pessoa. Enfatiza os processos imprimiu novos rumos às discussões
inconscientes e subconscientes que produzem curriculares (PCN, 1998).
soluções súbitas de problemas não resolvidos
nas fases de esforço consciente (HADAMARD, PARÂMETROS CURRICULARES
2009).
Imre Lakatos (1922-1973), em sua filosofia NACIONAIS E PROPOSTA
da matemática discutiu a construção do CURRICULAR
conhecimento matemático destacando o No final do Ensino Fundamental, pela
caráter heurístico dessa ciência. Assim temos Proposta Curricular do Estado de São Paulo
que a filosofia da matemática discutida por (2008), o aluno deverá reconhecer e saber
Lakatos está preocupada em apresentar como operar no campo numérico real, o que
se dá o desenvolvimento, os avanços e a criação constituirá a porta de entrada para
da matemática. Lakatos discute a construção aprofundamentos, sistematizações e o
do conhecimento matemático apresentando o estabelecimento de novas relações no Ensino
método das provas e refutações como Médio. O estudo de sucessões numéricas,
possibilidade e engrenagem motora do números irracionais e aproximações racionais
desenvolvimento matemático (LAKATOS, usadas em problemas práticos, bem como a
1978). extensão do campo numérico para os
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níveis progressivamente mais complexos, o que fração como quociente”, o qual trabalham os
vai de encontro às orientações da Proposta contextos de divisão de quocientes inteiros e
Curricular do Estado de São Paulo (2008). decimais, a fração como quociente de dois
Acreditamos que um mesmo tema números naturais, tipos de frações e a
matemático possa ser trabalhado em diversas transformação de fração imprópria em número
escalas diferentes, o que, de certa forma, misto e vice-versa. Em outro capítulo, ainda no
justifica a lógica de organização espiral dos 6º. ano são trabalhados outros contextos de
conteúdos. Nesse sentido, de acordo com a números racionais, como a retomada da fração
importância de um tema inserido no como relação parte-todo, a localização de
planejamento da disciplina, ele poderá ser números racionais na reta numérica e a
tratado em uma aula, uma semana de aula, um exploração do todo-referência para frações.
mês de aula ou até mais tempo. A escolha da No final do 4º. bimestre o conteúdo ensinado
escala de tratamento do tema estará é sobre fração equivalente e suas propriedades,
diretamente relacionada com os objetivos fração irredutível, cálculo do mínimo (menor)
didático pedagógicos do professor e, feita essa múltiplo comum, comparação de frações,
opção, sempre será possível amplificar ou redução de frações ao mesmo denominador e
reduzir a atenção dada a determinado operações com frações (adição e subtração).
conteúdo no bimestre. Um conteúdo de No 7º. ano os conteúdos só são trabalhados
relevância, e que esteja plenamente justificado no final do 1º. bimestre com a retomada da
na perspectiva curricular de desenvolvimento fração como relação parte-todo e como
de competências, poderá se estender para medida.
além do bimestre sugerido na grade, assim Posteriormente no final do 2º. bimestre, os
como o contrário também poderá ocorrer, com conteúdos abordados são sobre multiplicação,
a redução do tempo dedicado a um conteúdo divisão e potenciação e só aí então, depois de
menos significativo para os projetos da mais três módulos, é trabalhado um pouco
disciplina( 2008, p. 10). sobre resolução de problemas, exatamente três
Para possibilitar uma análise mais criteriosa, aulas, sobre todo o conteúdo ensinado até
no entendimento das dificuldades dos alunos, aquele momento.
para a resolução de problemas, e para tentar Essa diluição do conteúdo em praticamente
identificar as dificuldades, analisamos o dois anos, aliada a falta de uma proposta
conteúdo ensinado no Ensino Fundamental II concreta e eficaz na resolução de problemas,
até o 7º. Ano pelo Sistema Anglo de Ensino e faz com que os alunos tenham uma extrema
também da Coleção Araribá da Editora dificuldade com os problemas envolvidos nos
Moderna. cadernos da apostila.
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necessário considerando problemas auxiliares decimal (números com vírgula) do que na forma
ou particulares. fracionária.
3ª - Execução da estratégia: A aprendizagem dos números racionais, no
Frequentemente, esta é a etapa mais fácil do entanto, supõe rupturas com ideias construídas
processo de resolução de um problema. pelos alunos acerca dos números naturais e,
Contudo, a maioria dos principiantes tende a portanto, demanda tempo e abordagem
pular esta etapa prematuramente e acabam se adequada. Neste sentido, PCN (1998), propõe,
dando mal. como um trabalho interessante, o uso da
4ª - Revisando a solução: Exame da solução calculadora em atividades em que os alunos são
obtida e verificação dos resultados e dos convidados a dividir 1 por 2, 1 por 3, 1 por 4,
argumentos utilizados (p.135). etc., levantando hipóteses sobre as escritas que
Na Metodologia de Ensino-Aprendizagem- aparecem no visor da calculadora, iniciando a
Avaliação de Matemática por meio da interpretar o significado dessas representações
Resolução de Problemas o problema é ponto de decimais. Utilizando a calculadora, os alunos
partida e, na sala de aula, por meio da resolução podem perceber que as regras do sistema de
de problemas, os alunos devem fazer conexões numeração decimal, utilizadas para representar
entre diferentes ramos da Matemática, números naturais, podem ser aplicadas para se
gerando novos conceitos e novos conteúdos. obter a escrita dos números racionais na forma
A atividade de resolução de problemas, se decimal. A abordagem dos números racionais
bem orientada, tem papel importante no deve ser iniciada pela sua representação
desenvolvimento das habilidades de raciocínio, decimal, uma vez que essa representação
organização, atenção e concentração, tão aparece com mais frequência na vida cotidiana
necessárias para o aprendizado, em especial na do aluno (PCN, 1998).
Matemática, e para a resolução de problemas O PCN (1998), destaca que a representação
em geral. fracionária é bem menos frequente na vida
cotidiana limitando-se a metades, terços,
As Frações e os PCNs quartos e mais pela linguagem oral do que das
Para o PCN (1998), o objetivo principal na representações.
abordagem dos números racionais é levar os A prática mais comum para explorar o
alunos a perceberem que os números naturais conceito de fração é a que recorre a situações
são insuficientes para resolver determinados que envolvem a relação parte-todo, como no
problemas. Neste sentido, recomendam que a caso da divisão de chocolate, ou de uma pizza,
construção da ideia de número racional esteja em partes iguais. A fração indica a relação que
relacionada à divisão entre dois números existe entre um número de partes e o total de
inteiros. Sugerem que a introdução do estudo partes.
dos números racionais seja feita pelo seu Outro significado das frações é o de
reconhecimento no contexto diário, quociente; baseia-se na divisão de um número
observando que eles aparecem no cotidiano natural por outro (a ÷ b; ; b 0). Para o aluno, ela
das pessoas, muito mais na sua representação se diferencia da interpretação anterior, pois
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O PCN (1998), recomenda que, para abordar Frações são assim consideradas, um
o estudo dos números racionais, deve-se “megaconceito”, por diferentes subconceitos,
recorrer aos problemas históricos, envolvendo aquilo que chamamos de interpretações do
medidas, de forma a possibilitar bons contextos conceito.
para o seu ensino. A sugestão é que esse tipo É importante destacar que estamos
de problema seja explorado e discutido com os considerando em nossa análise apenas as
alunos atividades que tinham como foco a
As recomendações feitas pelo PCN (1998), representação da fração, isso explicitamente e
propõem uma inovação para o ensino, se as analisando todos os livros (quatro ao todo),
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Fonte: (BEHR, et al., 1983).
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Fonte: Nunes e Bryant (1997 p. 193).
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obedecer a uma ordem linear (todas as partes Araújo (2010), apresenta que as
pintadas estão juntas, quase sempre da constatações discutidas anteriormente
esquerda para a direita). sugerem que a construção do número
A compreensão de quantas partes iguais a fracionário exige um razoável período de
certa fração dada são necessárias para tempo, tendo em vista que as crianças devem
constituir o todo, será útil ao longo de toda a ter diferentes contatos com experiências que
elaboração do conceito de fração. Ela permite permitam a compreensão e a necessidade
identificar de que fração se trata, assim como a desse tipo de número em suas vidas. É
unidade tomada como referência. O frequentemente falado que a compreensão da
importante, no estudo de frações como, aliás, divisão pelas crianças se inicia com o significado
em toda a Matemática, é evitar a memorização de distribuição. Mesmo crianças com 5 anos,
de definições e regras, sem compreensão. Todo podem dividir conjuntos de objetos em
o trabalho com frações pode ser feito a partir quantidades iguais, usando o simples
de situações-problema, isto é, desafios para procedimento “um–para-mim-um–para–você”,
que os alunos descubram soluções e construam sem risco de erro. A maioria dessas crianças vai
seu próprio conhecimento (ARAÚJO, 2010). adiante, fazendo inferências sobre a igualdade
dos conjuntos obtidos dessa forma.
OS DIFERENTES SIGNIFICADOS Araújo (2010), afirma que a introdução
precoce do conceito de fração leva o aluno a
ATRIBUÍDOS ÀS FRAÇÕES decorar regras, sem que haja condições de
Araújo (2010), salienta que os números compreensão. Eles também falam da
racionais podem ser interpretados pelos importância de oferecer à criança uma
diferentes possíveis sentidos de fração, com oportunidade de manipular materiais variados,
diferentes significados nos diversos contextos, no início do trabalho com números racionais,
os quais que são chamados de subconstrutos: em vez de ficar apenas colorindo figuras.
uma comparação entre parte-todo, um Araújo (2010), percebe, assim, que é preciso
número, uma razão, um quociente ou divisão estabelecer a diferença entre o que é distribuir
indicada, um operador multiplicativo, uma e o que é dividir. A partir do momento em que
probabilidade e uma medida. Para ilustrar é as crianças são levadas a se preocupar com o
apresentado sucintamente uma descrição de fato de distribuir, dependendo de quais são as
cada significado, em quantidades contínuas variáveis envolvidas, elas se preocupam em
(quantidades passiveis de serem divididas estabelecer quantidades iguais para cada
exaustivamente, sem que percam suas receptor. A invariável na distribuição e a
características) e quantidades discretas correspondência termo-a-termo entre os
(quantidades enumeráveis, contáveis, que conjuntos distribuídos, enquanto que, na
dizem respeito a um conjunto de objetos). divisão, as invariáveis são mais complexas: elas
referem-se as relações entre o dividendo
Ampliando Olhares Sobre os Estudos de (número que está sendo dividido), o divisor
Números Fracionários (número por que está se dividindo) e o
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resto às vezes pode ser subdivido, às vezes não, organizado – o professor sabendo o que, para
são exemplos de atividades que se bem que, para quem e como ira ensinar.
exploradas no início do estudo de frações,
podem levar o aluno a reconhecer e utilizar
adequadamente a escrita dos números
racionais, ainda que de forma não
convencional. O domínio da representação
auxiliará a construção de significado para as
operações, o que se dará na sequência e, nesse
momento, o acompanhamento do trabalho
realizado pelo aluno é de fundamental
importância para que o professor possa atuar
como mediador da aprendizagem.
Araújo (2010), evidencia que o diagnóstico
dos avanços e dificuldades que persistem na
aprendizagem dos números fracionários
encaminhará na direção da proposição de
atividades e na seleção de metodologias
adequadas à aquisição de novos conceitos
matemáticos pelo aluno. Mesmo entendendo
que o planejamento das estratégias de ensino
pode se dar com o auxílio de guias curriculares,
livros didáticos e materiais instrucionais,
creditamos ao professor o protagonismo do
processo, pois são eles que irão agir na
transformação do conteúdo, adaptando o saber
escolar já determinado a um saber que deverá
ser ensinado, conciliando os objetivos de
ensino com os conhecimentos prévios dos
alunos e organizando-os para que ele se dê de
modo gradual e significativo.
Araújo (2010), conclui defendendo que os
conceitos matemáticos podem e devem ser
elaborados a partir de experiências já
adquiridas pelos alunos e se caracterizam por
sua generalidade, diferenciação, abstração e
simbolização, passíveis de elaboração, uma vez
que o espaço educativo esteja devidamente
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Analisamos várias vertentes na resolução de problemas com números fracionários. Na
primeira parte foram analisadas duas coleções do Ensino Fundamental II e por meio destas,
procuramos uma proposta concreta e eficiente para tal objetivo.
As coleções analisadas, apesar de estarem de acordo com o PCN (1998), no qual os
conceitos são constantemente retomados e ampliados em níveis progressivamente mais
complexos, deixavam a desejar na sua diversidade. De modo geral os objetivos propostos são
praticamente os mesmos e isso torna o processo limitado e frustrante, pois faz com que os alunos
não criem conexões matemáticas importantes no ensino de frações por meio da resolução de
problemas.
Apresentamos como referencial teórico, uma investigação consistente em que fosse
analisada a resolução de problemas, ensino de frações e análise dos docentes no processo como
um todo.
O estudo das frações é de grande importância, pois é um dos conteúdos essenciais no
processo de aprendizagem do ensino fundamental, e analisando todo o trabalho, ficou evidente
que a proposição de atividades, as metodologias inadequadas e principalmente a falta de uma
política de desenvolvimento profissional do professor, acaba tornando o conteúdo de frações
muito desinteressante e frustrante para o aluno.
Em relação à resolução de problemas, que é um método eficaz para desenvolver o
raciocínio e para motivar os alunos para o estudo da Matemática, evidenciamos que ainda não há
um processo eficiente e concreto na educação brasileira.
É importante salientar que o conhecimento matemático deva ser apresentado aos alunos
como sendo historicamente construído e em permanente evolução, assim facilitando o ensino e
oportunizando momentos únicos em que os alunos tenham uma participação efetiva na
construção de seu próprio conhecimento.
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
REFERÊNCIAS
ABBAGNANO, N. Dicionário de filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
PATY, Michel. La création scientifique selon Poincaré et Einstein, in Serfati, Michel (org.), La
recherche de la vérité. Tradução de Sérgio Alcides. Col. L’Écriture des Mathématiques, Paris,
ACL-Éditions du Kangourou, 1999, p. 241-280).
POLYA, George. 1887-1985. A arte de resolver problemas. / G. Polya; [Tradução Heitor Lisboa
de ARAÚJO]. - Rio de Janeiro: Interciência, 2006.
1632
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
SÃO PAULO (Estado) Secretaria da Educação. Proposta Curricular do Estado de São Paulo:
Matemática / Coord. Maria Inês Fini. – São Paulo: SEE, 2008.
KRULIK, S. & RUDNIK, J. A. (1993). Reasoning and Problem Solving – A Handbook for
Elementary School Teachers. Massachussets: Allyn and Bacon.
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RESPONSABILIDADE AMBIENTAL NA
FORMAÇÃO DO ENGENHEIRO
Sarah Gomes Silveira Guimarães1
Ernande da Costa e Silva Filho 2
Daniele de Castro Pessoa de Melo 3
Loiva Liana Santos Borba 4
E-mail:ernandef@gmail.com
3 Docente Orientadora de Nível superior da UNIBRATEC.
Email: loivaliana@gmail.com
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(1972) sobre o meio ambiente, realizada em em nosso cotidiano, elas devem partir desde
Estocolmo/Suíça. O objetivo foi discutir simples ações individuais até grandes ações
medidas que chamassem atenção internacional empresariais e governamentais. Os fatores que
para as questões da degradação ambiental com comprometem o meio ambiente em geral são:
a presença de representantes governamentais, • Poluição da água, ar e solo.
líderes empresariais, representantes da • Queimadas.
sociedade e membros da comissão mundial • Desmatamento
sobre meio ambiente e desenvolvimento da • Geração de resíduos sólidos.
ONU (Organização das Nações Unidas). • Desertificação do solo.
Em 1987 houve divulgação das definições de Sendo assim, deve-se ter consciência
desenvolvimento sustentável que segundo o ambiental voltada para reduzir esses fatores
Relatório Brundtland é o desenvolvimento que que são nocivos não só pro meio ambiente
satisfaz as necessidades presentes, sem como também para toda a sociedade atual e
comprometer a capacidade das gerações futura.
futuras de suprir suas próprias necessidades. Já
a sustentabilidade é uma expressão utilizada
O ENGENHEIRO
para definir ações e atividades humanas ela
Os engenheiros devem compreender e
está relacionada ao desenvolvimento
corresponder aos desafios do desenvolvimento
econômico e material sem agredir o meio
sustentável, devido aos riscos ambientais,
ambiente. O objetivo é usar os recursos
resultantes de mudanças ambiental, social e
naturais de uma forma para que as gerações
tecnológica. A engenharia é percebida como
futuras não sofram com a falta (LICÓRIO, et al,
uma das principais áreas contributivas para a
2014).
formação de uma sociedade sustentável
A palavra sustentabilidade vem de sustentar
(LICÓRIO, et al, 2014).
que segundo o dicionário Aurélio significa
A engenharia forma o profissional que
“suportar, apoiar, manter “. Neste contexto a
combina conhecimentos empíricos, científico,
sustentabilidade se apoia em três pilares:
matemáticos, técnicos e da economia para
ambiental, econômico e social. As ações
solucionar problemas técnicos, modificando
“sustentáveis” devem assegurar a preservação
mecanismos, produtos, estruturas, processos,
da biodiversidade e dos ecossistemas naturais.
de forma adequada a suprir às necessidades
Atuando do ponto de vista social, econômico e
dos seres e do ambiente que o cerca. Esses
ambiental (Organização das Nações Unidas,
profissionais devem estar preparados para
1972).
elaboração e implementação de projetos
Segundo à Organização das nações unidas,
ambientais viáveis, que demande soluções para
1972, podemos dizer que o conceito mais usado
os problemas atuais, para que as gerações
de Responsabilidade Ambiental é: um conjunto
futuras não sofram (LEANDRO; NEFTA, 2014).
de atitudes de sustentabilidade, voltado para o
A educação em engenharia propõe uma nova
desenvolvimento sustentável do planeta. Ter
forma de ensinar por meio de metodologias
responsabilidade ambiental são fundamentais
criativas, inovadoras e articuladas com as
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sobretudo, a imaginação... Cultivar imaginação asfalto borracha. Essas são alternativas para
é cultivar a capacidade de dar sentido e diminuição de impactos ambientais causados
significado ás coisas. (...); a vida humana é... à pelo acumulo de pneus no meio ambiente.
sublime inquietação de conhecer e de fazer. É Também possuindo mais resistência que os
essa inquietação de compreender e de aplicar métodos convencionais de construção
que encontrou afinal a sua casa. A casa de onde (LICÓRIO, et al, 2014).
se acolhe toda a nossa sede de saber e toda a Então, a importância da responsabilidade
nossa sede de melhorar é a universidade ambiental na formação do engenheiro é
(TEIXEIRA & NUNES, 1998, p. 88;9). indispensável, pois é na formação dos
A universidade é a instituição de profissionais que se deve das iniciativas às
fundamental importância não só na formação práticas, que o tornam consciente das boas
de engenheiros com consciência de práticas de éticas e responsabilidade ambiental
responsabilidade ambiental, como também na (LICÓRIO, et al, 2014).
formação de outros profissionais com esta
consciência. (CASTRO, 2000). METODOLOGIA
Um exemplo de “selo verde”, que é dado
A metodologia utilizada se baseou em uma
pelos engenheiros a construção civil é o LEED,
pesquisa bibliográfica em periódicos
certificado criado pela ONG americana USGBC
especializados, por meio dos bancos de dados
(United States Green Building Council, 2014), o
do LILACS e PERIÓDICOS CAPES.
certificado concede pontuações a itens de
Os descritores usados foram: formação do
sustentabilidade na construção de edificações.
engenheiro, engenharia sustentável, Legislação
Para se conseguir o certificado de Green
ambiental aplicada a engenharia. Os artigos
Building (Construção Verde) é necessário se
repetidos foram eliminados.
seguir pré-requisitos básicos do certificado, tais
como:
• Trata em reduzir a poluição nas atividades RESULTADOS
de construção. Como resultado da revisão bibliográfica
• Ele estabelece economia de energia para o podemos descrever que de acordo com os
prédio e seus sistemas. artigos que as atividades nos diversos
• Tem como objetivo também não destruir a segmentos da engenharia, visam melhoria das
camada de ozônio, não usando CFC (Composto condições de vida da população. O engenheiro
químico que contêm carbono, cloro e flúor, nos precisa aperfeiçoar métodos e técnicas de
sistemas de ar condicionado das edificações). construção como de uso e ocupação do solo,
• Prever no projeto das construções espaços quer seja ele rural ou urbano. Existem projetos
para coleta seletiva de lixo. inadequados que não se preocupam com os
No Brasil, temos a USGBC é representado impactos ambientais, têm frequentemente
pelo GBC Brasil, que apoia e difunde a resultado em sérios prejuízos para a
certificação LEED. Essa organização apoia e humanidade, muitas vezes irreversíveis (MOTA,
diminui impostos de construções de edificações 2000).
de alvenarias feitas de tijolos de pneus
recicláveis e estradas com pavimentação de
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A universidade é sem dúvidas a principal fonte encaminhadora do processo de
desenvolvimento da responsabilidade ambiental na formação do engenheiro. O engenheiro deve
estar atento às mudanças na situação ambiental em que se encontra, adaptando-se a elas,
buscando novas soluções, novos projetos para os problemas encontrados. A responsabilidade
ambiental do engenheiro não é somente um diferencial, é uma obrigação do engenheiro.
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
REFERÊNCIAS
BOYLE, C. Education, sustainability, and cleaner production. In: Journal of Cleaner
Production, v. 7, p. 83;87, 1999.
DAVIDSON, C.I.; HENDRICKSON, C.T.; MATTHEWS, H.C.; BRIDGES, M.W.; ALLEN, D.T.;
MURPHY C.F.; ALLENBY B.R.; CRITTENDEN J.C.; AUSTIN S. Preparing future engineers for
challenges of the 21st century: Sustainable engineering. In: Journal of Cleaner Production,
v.18, p. 698;701, 2010.
JOHN, V. M.; SILVA, V. G; AGOPYAN, V. Agenda 21: Uma proposta de discussão para o
construbusiness brasileiro. In: Encontro Nacional e I Encontro Latino Americano sobre
Edificações e Comunidades Sustentáveis, 2001, Canela.
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RESUMO: Este artigo tem o objetivo de fazer um breve relato do que é ser um professor e ainda
professor universitário, como surgiu e ocorreu a formação do professor universitário no Brasil,
seus reflexos no sistema educacional, sua identidade e ainda as relações aluno e professor no
ambiente escolar.
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2
Dispõe sobre o Ensino Superior no Brasil.
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reforma do ensino superior, Diário Oficial, de 15 Educação de São Paulo foi incorporado à
de abril de 1932, apud CACETE, 2010). Universidade de São Paulo.
Segundo Cacete (2010), a Faculdade de Não havia uma formação especifica das
Educação e Letras teria que ser um Instituto de faculdades para a formação de professores,
Educação, com função: eles teriam que primeiro fazer o bacharel para
• Formação de professores para escola depois cursar as disciplinas de licenciatura,
secundária; estabelecendo assim, uma hierarquização dos
• Produção de conhecimento; estudos em que a formação pedagógica tinha
• Pratica da pesquisa. um caráter complementar e prático.
Faculdade de Educação e Letra, não “saiu do Provocando desprestigio os próprios cursos de
papel”, sendo criadas as faculdades ciências e formação de professores.
letras, que tinham seus princípios no modelo Neste sistema, os futuros professores
alemão e tendo como ideologia as ciências e as frequentam nos institutos ou departamentos
humanidades e sendo preparatória para a exatamente os mesmos cursos que seus
teologia, direito e medicina. colegas pretendentes a outras carreiras que
uma tentativa de dar organicidade e um não o magistério. (...) Só então passam a
caráter de universalidade ao incipiente ensino frequentar a Faculdade de Educação,
superior brasileiro. O ideal da pesquisa preparando para a carreira escolhida
científica pura em um sistema tradicionalmente (LAUWERYS, p. 313;314, apud, CACETE, 2010).
profissionalizante e a introdução dos estudos Em 1960 com acentuadas críticas com
pedagógicos como condição para a formação relação à formação de professores secundários
de professores para a escola secundária em nas faculdades de filosofias e com o seu
nível superior configuravam o ineditismo da crescimento, principalmente no setor privado
reforma, que, entretanto, não se concretizou. do ensino superior , faltavam professores para
Assim, a ideia de uma unidade universitária suprir esse crescimento e os mesmo não iam
especialmente voltada à formação pedagógica para carreira do magistério, fazendo que
não se efetivou (CACETE, 2010, p. 1064). qualquer um que tivesse um curso superior
Em 1934 surge a Universidade de São Paulo, poderia exercer a função de professor.
produto de projetos políticos e ideológicos da Essa situação que era para ser emergencial e
elite paulista, talvez, justifique até hoje a acabou tornando um regime permanente de
segregação da USP com relação às classes emergências (CACETE 2010), fazendo com que
menos favorecidas. Cacete (2010), a mudanças deveriam ser feitas no sistema
Universidade se implantava com uma missão, estrutural das faculdades de filosofia, surgindo
que era formar as elites intelectuais e os institutos e faculdades que assumissem a
dirigentes do país. Não tinha cursos para formação profissional nas áreas de
formação de professores (educação), eles conhecimento, além da criação do Conselho
começaram a aparecer, por situações Federal de Educação (CFE). Fazendo com que a
(pressões) da época, quando o Instituto de licenciatura e o bacharelado seriam diferentes
e ainda não era mais exigido a presença de
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
faculdade de filosofia para a constituição das dificuldades que não são previsíveis e passíveis
universidades (LDB 4.024,1961). ao exercício da prática docente.
Consolidava-se, assim, uma tendência de No geral, os professores que por razões e
separação de licenciatura e bacharelado, interesses variados, adentram no campo
buscando promover as mudanças exigidas em universitário, são de variados conhecimentos e
função das críticas formuladas (CACETE, 2010, áreas de atuação e em sua maioria, não tiveram
p.1072). nenhum contato anterior com os
conhecimentos nas áreas das Ciências humanas
IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO e sociais, para compreender, interpretar e
aplicar a prática, numa perspectiva filosófica e
NA DOCÊNCIA DO ENSINO política de educação como processo e produto
SUPERIOR que as várias correntes de pensamento dão a
No contexto de ampla discussão acerca da esses termos.
formação do professor universitário e as Partindo desse princípio, percebemos a
condições pelas quais esses profissionais vivência efetiva que as universidades
ingressam na vida acadêmica, surgem reflexões enfrentam quando o seu corpo docente é
sob os diferentes enfoques e paradigmas composto, em sua maioria, de principiantes na
relativos aos saberes pedagógicos e docência do ensino superior e nunca tiveram
epistemológicos que mobilizam a docência contato com uma formação pedagógica que
gerando assim, uma tensão explícita no bojo abarcasse os conhecimentos teóricos e práticos
das universidades que cada vez mais têm relativos às questões do ensino e aprendizagem
recebido professores sem experiência prévia na em sua contextualização, tais como: o aluno –
função de docente do ensino superior, além dos sujeito do processo de socialização do saber; o
diversos professores que, apesar de esboçarem professor – agente de formação, e o contexto-
um excelente referencial teórico, necessitam, lócus, no qual ocorre o saber e as relações que
entretanto, rever sua prática pedagógica. se travam entre suas interdependências.
Retomar essa temática implica Dessa forma, no percurso de suas ações e no
aprofundarmos nossa discussão em torno das âmago do seu senso comum pedagógico, o
exigências cada vez mais complexas na docente aloca sua práxis educativa,
preparação dos professores universitários para desarticulada com as finalidades sócio político
o ingresso no magistério superior que sobre e culturais do processo educativo.
passa a formação inicial numa área específica Sendo assim, é preciso apontar algumas
do conhecimento. Ficando nítido, portanto, saídas entre as quais, o desenvolvimento
que a ausência dessa formação pedagógica vem profissional, como aporte para o domínio dos
delegar um peso enorme a esses professores saberes didático e o entrelaçamento da
frente às interfaces do “que ensinar” “como competência acadêmica com a competência
ensinar” e a “quem ensinar”, os quais ao didática.
transitarem entre o amadorismo profissional e Atentos a essa questão, Pimenta e
a profissionalização, confrontam com várias Anastasiou (2002), referindo-se ao processo de
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Diante dessas afirmações, torna-se ensinado, se sua opção política é uma opção
imperativo que as universidades invistam na transformadora e se você é coerente com sua
formação efetiva do corpo docente para que opção (...), se e substantivamente democrática,
estes possam transformar as instituições em você não renuncia a seu trabalho de educador,
lócus de produção de ensino, pesquisa e você se afirma nele e desafia o educando a
extensão. Enfim, despertar a consciência de assumir-se como sujeito do processo de
uma nova identidade docente que leve e eleve conhecer (FREIRE 1990, p. 43).
a ampliação das concepções de ensino, Poucas profissões, em todo o mundo, gozam
permitindo um novo olhar e de tanto prestígio junto à sociedade quanto os
consequentemente, um novo docente. Freire professores, transmitir conhecimento à
(2002), compartilha com a opinião de que crianças ou adultos, é tido como um sacerdócio
ensinar exige rigorosidade metódica cuja tríade pela maioria das pessoas, como toda a
ensinar/ aprender/pesquisar são elementos sociedade, porém, o trabalho realizado pelos
inseparáveis uma das condições indispensáveis docentes - em todas as fases da vida estudantil
à valorização do conhecimento pedagógico. - sofreu profundas alterações nos últimos anos.
Reiteramos que o aprender e o ensinar são As bases para as transformações estão na
atividades unificadas pela relação que se própria evolução vivida no mundo e não apenas
estabelece entre o agente formador (professor) tecnológica, mas também de comportamento.
e o aprendiz (aluno) centrado em duas bases De certa forma, embora o próprio governo
unidirecional: interação e respeito. Sobre tenha tomado iniciativas para melhorar o nível
interação apontamos a relação gerada no dos professores, os grandes agentes de
âmbito do recinto da sala de aula, quando transformação têm sido os próprios. A rotina
apoiada na confiança e empatia mútua vivida dentro da sala de aula tem levado os
encontra no antagonismo de seus interesses e docentes a repensar métodos pedagógicos,
necessidades caminhos que os guiem ao instrumento de ensino usa de tecnologias e o
encontro harmonioso do eu-outro como relacionamento com os alunos.
condição inerente às aprendizagens. Quanto à Em meio à crise surgida pela deficiência da
segunda base, reflete as conquistas adquiridas Educação Básica, o professor ainda precisa lidar
nas circunstâncias vivenciadas e que foram se com os problemas normais da profissão. Em
consolidando por meio das relações e do determinados momentos, elementos
equilíbrio entre as emoções e os valores. "benéficos" como o avanço tecnológico ou a
velocidade da informação passam a ser uma
SER PROFESSOR, E PROFESSOR espada de dois gumes. Ao mesmo tempo em
que dão aos profissionais novas opções de
UNIVERSITÁRIO atuação, abrindo caminhos desconhecidos,
a opção política de alguém vai reveste-se de exigem constante renovação.
pedagogia (...). Se você tem uma política Mesmo adaptados ao uso da tecnologia,
reacionária, não há dúvida de que o papel do porém, os professores destacam a necessidade
educador é ensinar e do educando é ser de um contato efetivo com o aluno, pois por
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sistematizar situações que abrangem um desafio dos mestres que assumem essa grande
universo cada vez maior de informações. responsabilidade diante do mercado de
O professor precisa transmitir não somente a trabalho.
teoria mas também a prática preparando o Também, as Universidades para elevar a
formando para solucionar os problemas qualidade do quadro de docentes dão
quando ingressarem no mercado de trabalho. preferência para contratação de professores
A prática pedagógica é muito importante, mestres e doutores, pois a maior parte desses
pois alguns professores detêm teorias e prática professores nunca exerceu uma atividade
da matéria proposta, mas não tem didática, prática em sua área de atuação e também
sendo que o bom professor na opinião dos obviamente não conseguirá transmitir o
alunos é aquele que tem a teoria, a prática, conhecimento que o futuro profissional
sabe transmitir os conteúdos e gosta do que necessita para enfrentar o mercado
faz, ou seja, tem paixão pelo seu trabalho, pois competitivo de trabalho.
os professores podem conseguir motivar os Muitas empresas antes de contratar o
seus alunos por meio da didática e da profissional, realizam uma entrevista e uma
apresentação prática de sua matéria. avaliação teórica e prática do futuro
Tendo como base a globalização, na qual a funcionário a ser contratado, pois a maioria das
concorrência é desleal, pois muitas vezes vezes os candidatos são reprovados nas
faltam vagas de emprego para tantos avaliações práticas porque são apenas
profissionais que as Universidades formam, na detentores de teorias e as empresas
qual quem detém conhecimento prático ainda necessitam de profissionais com teorias e
não é contratado e sim, é escolhido para um práticas para executarem seus trabalhos.
processo de seleção, e quem não detém Os professores precisam ter consciência e se
conhecimento prático é eliminado na primeira preocupar com a inserção da prática no
entrevista, sendo que diariamente, identificam- momento de preparar o seu plano de aula, e
se várias situações que requerem do também no instante que o mesmo vai propor as
profissional experiência prática do trabalho a atividades aos alunos, portanto, não devem
ser executado, e, muitas vezes o profissional é esquecer-se de cumprir com o que está no
recém-formado e teve a infelicidade de estudar plano de aula no quesito à prática de
com um professor extremamente teórico. laboratórios.
O emprego está em alta no País Brasileiro, A capacidade de habilitar, treinar e preparar
segundo as pesquisas, mas a dificuldade está milhares de jovens para as atividades
em preencher determinadas vagas oferecidas profissionais a serem executadas após o
pelas empresas, em funções que exigem término do curso superior sempre foi um dos
pessoal qualificado, principalmente técnicos objetivos das Universidades, no entanto, pode-
especializados. se observar que ultimamente esta exigência
Para dar conta do crescimento sustentável tem sido efetivamente cobrada, não somente
do País é preciso formar novos profissionais e pelos estudiosos da pedagogia, como também
qualificar a mão de obra disponível. Esse é um pelos já atuantes profissionais que passam a
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recrutar os recém-formados, como também Por intermédio das pesquisas realizadas por
pelos próprios acadêmicos na busca incessante alunos ou até mesmo formandos e professores
por uma oportunidade no competitivo mercado de Universidades, é o que contribui para o
de trabalho. crescimento do país, pois sempre mantém
Os professores de docência também devem atualizados com novas definições e opiniões
se preocupar com os trabalhos de pesquisa pois sobre um determinado assunto. Só se aprende
são por meio deles que despertam o interesse e só se ensina pela efetiva prática da pesquisa.
à leitura, e à medida que aumenta a leitura, em É preparando o bom pesquisador que se
consequência disso aumenta o conhecimento e prepara o bom professor universitário e
a qualidade no trabalho apresentado. qualquer outro profissional.
Os professores devem aliar as pesquisas A importância da pesquisa no ensino técnico,
com os trabalhos práticos para que os alunos superior e outros níveis de educação, é
façam pesquisa de um determinado assunto e processo fundamental para os alunos, pois é
aplique na prática o novo conhecimento por meio da pesquisa que os alunos adquirem
adquirido. novos conceitos e muitas vezes novas fórmulas
Os professores precisam sempre participar de resolver ou analisar um determinado
de seminários, palestras, cursos e outras assunto, mas a pesquisa sempre deve estar
atividade que agregam conhecimentos para atrelada a interesses políticos, pois a medida
que ele transmita esse tal conhecimento e que aumenta a pesquisa, gera dúvidas,
habilidade aos alunos, pois quando o aluno questionamentos por parte de quem está no
percebe que o professor tem conhecimento do comando da nação ou muitas vezes no
assunto abordado e possui as habilidades comando de uma Universidade pois pode
necessárias para transmitir o conteúdo, os comprometer tal definição defendida até o
alunos se motivam nas aulas desses momento para o tal, mas por sua vez desperta
professores. o interesse pelo assunto pesquisado aos alunos,
Os professores precisam se manter com isso aumenta a criatividade dos alunos em
atualizados porque ainda existem profissionais sala e fora dela.
da educação que concluíram sua faculdade, Alguns professores são chamados para
prestou um concurso e se estabilizou, tanto em ministrarem aulas que não é de sua graduação,
conhecimentos quanto em habilidades para baratear os custos às entidades
(didática) para transmitir os conteúdos aos educacionais, pois por meio desses
alunos, ou seja, se mantém na mesmice e ainda profissionais corajosos conduzem suas aulas
dizem aos alunos que ele (professor) já sem qualidade e motivação a seus alunos,
aprendeu, e, se os alunos quiserem aprender, porque os mesmos apenas transportam para os
eles (alunos) que devem se esforçar, pois alunos o que está escrito em livros ,e ou,
esquecem que o maior responsável para que apostilas de forma cumprir sua carga horária,
atinjam o ápice do conhecimento do aluno é mas esquecem que está trabalhando com o ser
exclusivamente o professor. humano e precisa fazer bem feito o seu
trabalho e ao mesmo tempo saber que o
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tanto no aluno como no professor para que não estudada. (1914, v. XXIII p.286). Para Morgado
se instale um círculo vicioso: professor- (2002), as relações transferenciais (hostilidade
problema, aluno-problema, pois diante de tudo ou afetividade) do aluno para com o professor,
o grande prejudicado normalmente é o aluno. a figura de autoridade que simbolizam os pais,
Na atividade profissional do professor, tende a acontecer na sala de aula.
muitas vezes ouvimos as afirmações: “é preciso O que o professor precisa é não reagir a ela
separar o lado afetivo do lado profissional”, (contratransferência), pondo o conhecimento
“temos que deixar nossos problemas pessoais como o legitimador da autoridade pedagógica.
em casa”. Será que é possível fazer essa Não se pode negar a complexidade que
separação? É possível fragmentar-se tanto? Na envolve o ser humano e no que se refere ao
nossa ótica, essa separação não existe, o que processo ensino-aprendizagem, as implicações
pode ocorrer é o desenvolvimento da sociais, culturais, orgânicas, cognitivas e
capacidade de manter-se equilibrado diante também emocionais e espirituais. Em se
dos conflitos, pois os laços afetivos entre tratando dessa multireferencialidade, é
professores e alunos, alunos e colegas, necessário a compreensão e tratamento do ser
professores e colegas, têm sido um elemento humano enquanto ser – pessoa - aluno-
de fortalecimento da aprendizagem. educador. Nessa reflexão Perrenoud (1993),
Geralmente, a dificuldade de manter afirma ser a profissão docente uma “profissão
relacionamentos harmoniosos e duradouros é impossível”, na medida em que está sempre
reflexa de perdas e decepções que podem gerar entre aquelas que trabalham com pessoas e
defesas inconscientes. É imprescindível diante assim sendo sujeita a conflitos, ambiguidades e
de problemas de aprendizagem procurar a defesas.
verdadeira causa, isto porque as mesmas Para construir uma competência na relação
apresentam diversos níveis de complexidade e com os alunos, é preciso investir no
tendem a ficar camuflados em muitas autoconhecimento, pois o professor acima de
racionalizações. tudo conta com ele mesmo. É necessário sair da
A trajetória do aluno sempre aponta a figura posição autoritária e ter a coragem de
do professor como sendo a mais importante e, submeter-se ao olhar crítico de quem está
portanto, mais que um profissional, um amigo, diretamente sendo o alvo da sua atuação – o
ou seja, alguém com quem possa ter um aluno, como também o olhar crítico dos colegas
relacionamento, no qual a emoção esteja e pessoas mais próximas, e até mesmo de
presente. Neste sentido, é fundamental e profissionais especializados. O professor
urgente tratar da vida pessoal do professor precisa também sair da posição de
para que ele possa lidar com o aluno deixando invulnerabilidade e síndrome do sucesso,
marcas positivas em sua história. procurando compreender sua humanidade,
Na visão de Freud em suas reflexões sobre a suas potencialidades e fragilidades evitando
Psicologia do Escolar, ao que parece, a permanecer na posição defensiva de que “eu
personalidade do professor exerce mais sou assim mesmo”, pois isso contraria a própria
influência no aluno do que a disciplina posição de facilitador da aprendizagem.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A formação do profissional do Ensino Superior no Brasil foi a “tranco e barrancos”, ou seja,
começou com as faculdades de filosofias, nas quais os profissionais tinham que fazer o
bacharelado e depois mais um ano de matérias pedagógicas (didáticas), e nem assim não
preenchiam as vagas de professores, os profissionais iam para outras funções e qualquer um com
diploma poderia ensinar.
A partir de 1960 houve uma grande mudança na estrutura da formação de professores,
inclusive desprestigiando as faculdades de filosofia. Tivemos o aumento significativo nas
matriculas nas instituições privadas e aumentando as ofertas no ensino superior, provocando
déficit de profissionais qualificado para trabalharem e mesmo assim não houve melhora da
qualidade de ensino.
Consciente de que as universidades são produtos das relações humanas, faz-se necessário
fortalecer o debate sobre as possibilidades de estabelecer uma política de formação continuada
para os professores universitários.
A universidade que visa à qualidade aponta para uma virtude dialética reconstrutiva dos
conhecimentos a serviço do processo educativo que fundamentalmente deve se processar nas
competências humanas e sua base alicerçada no patrimônio histórico, social, cultural e político
estrutural do recinto universitário.
A formação do professor tem enfatizado mais os conhecimentos científicos e tecnológicos
dando pouca ênfase às questões de relacionamento interpessoal. A relação professor-aluno é
paradoxalmente a maior produtora de tensões como também de recompensas e gratificações.
Qualquer prejuízo nessa relação desarticula a tranquilidade do professor no ensino e a
receptividade do aluno na aprendizagem.
Não há como esgotar um assunto de tão grande envergadura. A formação para a docência
no ensino superior não pode contrariar a unidade teoria-prática, ou seja, é preciso uma
qualificação para o exercício docente que ultrapasse o domínio do conhecimento específico na
área, e se articule com o preparo pedagógico, para superar situações desafiadoras em sala de
aula.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Leis e Decretos. Lei n° 4.024. 20 dez.1961. Estabelecem as diretrizes e base da
educação nacional.
BRASIL. Lei n° 9.394, 20 dez. 1996. Estabelece as diretrizes e base da educação nacional.
DEMO, Pedro. Educar pela pesquisa. 3 ed. Campinas, SP: Autores associados,1998.
PERRENOUD, Philliph.. Dez novas competências para ensinar: Porto Alegre,RS: Artmed,
2002.
PIMENTA, Selma Garrido; ANASTASIOU, Lea das Graças Camargo. Docênciano ensino
superior. São Paulo: Cortez, 2002.
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RESUMO: O artigo apresenta conceitos teóricos e descritivos sobre o sistema visual de baixa visão.
Enfatiza-se a Fisioanatomia, funções visuais, acuidade visual e o campo visual, com
especificidades e detalhamento, possibilitando assim sua compreensão.
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INTRODUÇÃO
Visão é o sentido pelo qual se consegue
perceber o mundo exterior que se relacionam
com ele. Tudo o que se enxerga é fruto da
tradução, feita pelo cérebro, dos estímulos
luminosos que atingem os nossos olhos.
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retina, o corpo vítreo e o cristalino. (MARTÍN; tecidos proximais, coróide, corpo ciliar e a
BUENO, 2003). retina.
Corpo ciliar é o espessamento da túnica
média, conecta a coróide com a íris (GARDNER; SISTEMA VISUAL BAIXA VISÂO
GRAY; O RAHILLY, 1988).
Íris é uma membrana que possui cor variável,
• Funções visuais;
com forma circular e no centro dele localiza a
• Acuidade visual.
pupila. Seu tamanho varia pela ação dos
músculos controlando a quantidade de luz que
Segundo Iida (2005), a acuidade é a
entra no olho (MARTÍN; BUENO, 2003).
capacidade visual para discriminar pequenos
A túnica nervosa é a camada interna,
detalhes. Ela depende de muitos fatores, sendo
também denominada retina.
que os dois mais importantes são o
Retina é uma membrana fina, composta por
iluminamento e o tempo de exposição.
dez subcamadas transparentes, é a camada
Acuidade Visual (AV) é o grau de aptidão do
mais profunda do olho. Possuem dois
olho, para discriminar os detalhes espaciais, ou
componentes neuronais, os cones e os
seja, a capacidade de perceber a forma e o
bastonetes que são os órgãos terminais da
contorno dos objetos. Essa capacidade
visão, os cones competem à acuidade visual e a
discriminatória é atributos dos cones (células
discriminação das cores com iluminação de
fotossensíveis da retina), que são responsáveis
grande intensidade, os bastonetes
pela acuidade visual central, que compreende a
correspondem à visão com iluminação escassa
visão de forma e a visão de cores (ACUIDADE
(MARTÍN; BUENO, 2003).
VISUAL, 2007,s.p).
Conforme Martín; Bueno (2003), existe ainda
A visão pode ser dividida em visão periférica
o aparelho refringente do olho que
e central:
compreende a córnea, humor aquoso,
a) Segundo Martín; Bueno (2003), a visão
cristalino e corpo vítreo ou humor vítreo.
periférica é aquela quando a imagem de um
O humor aquoso é um líquido que contribui
objeto não incide sobre a mácula, ocasionando
para a manutenção da pressão intra-ocular e
uma visão sem nitidez, porém de grande
facilita o metabolismo do cristalino e da córnea.
importância para a leitura, para ver imagens de
O cristalino está localizado entre a câmara
grande tamanho, para o deslocamento e outras
aquosa e vítrea, é uma esfera oca de células
atividades de segurança e guia.
epiteliais. Sua função junto com a córnea é de
b) De acordo com Cavalcante (1995), visão
focalizar os raios para formar uma imagem
central é aquela na qual a imagem cai no centro
sobre a mácula.
da retina, e capta imagens com exatidão. É
Corpo vítreo é uma massa transparente,
importante na leitura para perto, para longe e
incolor, de consistência mole que ocupa a
nas atividades que exigem percepção de
cavidade posterior do globo ocular. Constitui o
detalhes.
volume mais amplo do olho, nutrido pelos
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Sintomas que indicam a baixa visão (BAIXA retinopatia diabética, coriorretinite macular,
VISÃO, 2007,s.p): degeneração macular senil, retinose pigmentar,
a) dificuldades na visão noturna; glaucoma, atrofias do nervo ótico e alta miopia.
b) visão turva ou duplicada; Em crianças, são mais comuns a coriorretinite
c) linhas onduladas na zona central da macular, catarata congênita, atrofia ótica e
visão; glaucoma congênito.
d) perda da visão periférica; Fonseca; Pianetti; Xavier (2002), relatam que
e) pontos flutuantes; estudos epidemiológicos sobre baixa visão
f) flashes de luz; mostram que muitos desses portadores,
g) manchas claras ou escuras que surgem principalmente crianças, são prejudicados, pois
ou estão permanentemente no campo visual. a maioria dos profissionais não sabe o que fazer
Conforme S. Hugonnier-Clayette et al. após o tratamento clínico ou cirúrgico, nem
(1989), as principais causas da baixa visão não como reabilitá-los para usar sua visão residual.
são conhecidas. Nos indivíduos jovens, as Dados de 1990 da Organização Mundial da
cataratas congênitas, degenerações Saúde revelam a presença de cerca de 1,5
tapetorretinianas e os nistagmos congênitos milhões de crianças cegas no mundo, estando
parecem estar no primeiro plano, com a miopia 90% em países em desenvolvimento.
forte. No adulto, atrofias ópticas, deslocamento Acrescenta-se que 70% dos considerados cegos
da retina, diabetes e traumatismos oculares apresentam visão residual, e 30% a 70% dos
parecem desempenhar o papel mais portadores de deficiência visual apresentam
importante. outras deficiências associadas.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Face ao conceitual teórico apresentado considera-se de fundamental importância a
compreensão dos aspectos relativos a baixa visão, atrelando as dificuldades de aprendizagem.
Nesta perspectiva o papel docente viabiliza seu diagnóstico, por ser o professor o sujeito
de maior proximidade do aluno.
O diagnóstico precoce contribui para dirimir as dificuldades da criança com baixa visão,
contribuindo qualitativa com a vida escolar.
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REFERÊNCIAS
ABRAHAMSON I.A. Conozca sus ojos. Huntington: Chibret internacional, 1984.
CRAWFORD, M. L. J .; VON NOORDEN, G..K.: Trans. Ophthal. Soc. of the United Kingdom
- 99, 442 1979.
FONSECA, L. F.; PIANETTI, G.; XAVIER, C.C. Compêndio de neurologia infantil. Belo
Horizonte: MEDSI Editora Médica e Científica Ltda, 2002.
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2006.
HADDAD et al. Auxílios para baixa visão. São Paulo: Laramara, vol.1, 2001.
JOSÉ, E. A.; COELHO, M. T. Problemas de aprendizagem. 9. ed. São Paulo: Ática, 1997.
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Temas sobre Desenvolvimento. São Paulo, v.8, n.46, p.28-34, set. a out., 1999.
MONTILHA, R.C.I. O atendimento de terapia ocupacional com adulto portador de
cegueira adquirida. São Paulo: Sinopse de Oftalmologia 2, 2000.
POGRUND, RONA L.; FAZZI, DIANE L.;LAMPERT JESSICA S.: Early Focus, Working
with Young Blind and Visually Impaired Children American Foundation for the Blind.;
New York USA. 1992.
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
SITE VEJAM. Causas de cegueira e baixa visão em crianças, [s.l.], [s.d.]. Disponível
em:<http://www.abonet.com.br/abo/abo63101.htm>. Data de Acesso 13/03/2020.
TARTARELLA, M. B.; CASTRO, C.T. M. Estimulação visual precoce. In: Castro, D.D.M.
Visão subnormal. Rio de Janeiro, Cultura Médica. 1994.
VEITZMAN, S. Visão subnormal. Manual CBO. Rio de Janeiro: Cultura Médica, 2000.
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RESUMO: O artigo trata sobre o crescente do consumismo infantil e os danos que este
comportamento desenfreado provoca ao bom desenvolvimento da infância.
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INTRODUÇÃO A PROPAGANDA
Essa falta de questionamento leva a muitas
É preciso olhar pelos nossos pequenos,
distorções, estudos recentes demonstram que
compreendo o que realmente queremos para
dentro da indústria cultural, o que mais
esta infância.
interfere na educação infantil são as
Muitas crianças hoje em dia têm mostrado
propagandas e que em cerca de 70% dos casos
um consumismo desenfreado e pouco apreço
as crianças são até mesmo capazes de
pelas coisas naturais e encantadoras da vida.
influenciar a decisão de compra de suas
Infelizmente nossas infâncias tem se mostrado
famílias. Influência sutil, mas que pode mudar a
atrás do "Querer” mais do que "O Ser".
cor da roupa, o tipo de perfume e até mesmo a
São infâncias consumistas excessivamente,
marca do carro.
até mesmo aqueles que não tem condições
Percebendo este solo fértil o marketing se
mostram uma necessidade de ter, de mostrar o
utiliza cada vez mais dessa dependência e ilusão
que se tem e gerar uma competição de quem
infantil, pois segundo o IBOPE de 2015 (Painel
tem o melhor.
Nacional de Televisores) revela que as crianças
Acredita - se, que aos pais e aos professores,
brasileiras ficavam em média 5 h 35 min. em
cabe sempre a orientação de informar aos
frente aos televisores (sem considerar outras
nossos pequenos a real necessidade daquilo
mídias correspondentes), número
que se quer.
excessivamente maior ao apresentado na
O consumismo desenfreado quase sempre
consulta anterior em 2004, na qual as crianças
leva a criança a um temperamento
ficavam uma média de 4 h 43 min. em frente
desgovernado, imediatista e intencionalmente
aos aparelhos.
sem apego por aquilo que se tem. Permitindo
Alguns programas como: "criança e
que nossas infâncias possuam muitos
consumo" do Alana. Chamam a atenção para o
resquícios de sofrimento pelo excesso do
combate de qualquer tipo de comunicação
querer.
mercadológica e levantam estudos sobre o
Infelizmente em alguns casos vemos até
tema polêmico, desmistificando não só o
situações de bullying entre as crianças
consumo desenfreado de objetos, mas também
motivados pela condição do que se tem, (a
de uma indústria alimentícia cruel, que além de
marca, o mais caro, o melhor) e isso, não gera
problemas relacionados à insatisfação
na infância a compaixão necessária para o
emocional, podem causar uma dependência
cuidado com o próximo, ou seja, o consumismo
alimentar de produtos inviáveis para consumo
desenfreado acaba sendo muito perigoso,
excessivo de bebês e crianças.
podendo levar as crianças a desacreditar na
capacidade alheia e julgar o outro pelo valor
monetário e não moral do que apresenta. POR QUE AS CRIANÇAS
EXERCEM ESTE PODER
Por fim, cabe-nos o maior questionamento
investigativo referente a esse assunto:
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por fim, os pais, não devem ter medo de dizer não aos seus filhos, pois muitas vezes, eles
não precisam de mais tempo com você, mas que você esteja presente o tempo em que estiver
com ele, ou seja, a qualidade é mais importante que a quantidade. As crianças muitas vezes não
querem objetos, bens materiais, e sim o que se faz quando está com ele.
O consumo pelo consumo, expõe a um estudo de fatores que muito podem prejudicar as
nossas infâncias e ao mesmo tempo convida educadores e pais para um relacionamento mais
consciente com nossos bebês e crianças, um relacionamento atrelado a consciência e a
importância do Obter x o Ser, para fatorar o produto de uma civilização mais humana, íntegra e
emocionalmente saudável.
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REFERÊNCIAS
INSTITUTO ALANA. Criança e Consumo. Disponível em: https://criancaeconsumo.org.br/.Data
de Acesso:20/02/2020.
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RESUMO: No presente artigo, busca-se realizar uma breve reflexão sobre a identidade dos
profissionais da Educação Infantil numa perspectiva histórica, a respeito da formação docente e
sua valorização, ao mesmo tempo em que procura assegurar os direitos das crianças por meio de
um trabalho docente de qualidade, utilizando de práticas como: organização de espaço e tempo,
desenvolvimento do letramento e alfabetização. Objetivamos subsidiar os profissionais que se
encontram ou irão ingressar no exercício da docência nessa modalidade de ensino, por meio de
uma dimensão histórica e legal acerca da Educação Infantil e do ponto de vista da prática
pedagógica cotidiana deste profissional. Trata-se de um estudo teórico documental com base nas
principais Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, documentos oficiais e livros e artigos
acerca do tema, o qual aponta para algumas práticas desenvolvidas na Educação Infantil referente
a aquisição do letramento e da alfabetização. Dessa maneira, enfatiza o contexto histórico,
teórico e prático que esse profissional precisa ter para desempenhar um trabalho com êxito e
conquistas frente a um novo olhar que a Educação Infantil possui desde 1996 até os dias atuais,
inclusive em sua formação em nível de pós-graduação em acordo com o Plano Nacional de
Educação.
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seu preparo para o exercício da cidadania e sua especializado aos educandos com necessidades
qualificação para o trabalho (BRASIL, 1988). especiais (BRASIL, 1996).
De acordo com o Artigo 208 da Constituição O Artigo 22º estabelece como finalidade da
Federal(1988), o atendimento em creches e Educação Básica “[...] desenvolver o educando,
pré-esc olas passou a ser direito das crianças de assegurar-lhe a formação comum indispensável
0 a 6 anos, designando um dever para família, para o exercício da cidadania e fornecer-lhe
Estado e Poder Público. Devendo ser gratuita meios para progredir no trabalho e em estudos
nos estabelecimentos oficiais e não obrigatório posteriores” (BRASIL, 1996). A oferta e o
a esta faixa etária. desenvolvimento da etapa educacional
As discussões a respeito da nova legislação mencionada serão de responsabilidade dos
situavam-se em um contexto histórico e Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
político nacional inovador. Em 20 de dezembro com a colaboração financeira da União,
de 1996, no governo do Presidente Fernando segundo o Artigo 5. (BRASIL, 1996).
Henrique Cardoso, é sancionada a Lei nº 9.394. A carga horária da Educação Básica conforme
A Educação Infantil foi incluída como primeira o Artigo 24º “[...] será de oitocentas horas,
etapa da Educação Básica, trazendo grande distribuídas por um mínimo de duzentos dias de
avanço à educação brasileira. Além de outras efetivo trabalho escolar, excluído o tempo
garantias como a extensão da obrigatoriedade reservado aos exames finais, quando houver”.
do ensino básico abrangendo a faixa etária de De acordo com o Artigo 30, incisos I e II, a
quatro a dezessete anos de idade. Os dois oferta da Educação Infantil será feita “[...] em
primeiros Artigos que disciplina a educação no creches, ou entidades equivalentes, para
país trazem em seu conteúdo referência aos crianças de até três anos de idade e, em pré-
Princípios e Fins da Educação: escolas, para as crianças de 4 (quatro) a 5
A educação abrange os processos formativos (cinco) anos de idade”.
que se desenvolvem na vida familiar, na Quanto à formação profissional, o Artigo 62
convivência humana, no trabalho, nas foi pioneiro ao estabelecer a necessidade de
instituições de ensino e pesquisa, nos que os profissionais que irão atender desde a
movimentos sociais e organizações da Educação Infantil aos 5 primeiros anos do
sociedade civil e nas manifestações culturais. A ensino fundamental deverão ser formados em
educação, dever da família e do Estado, nível superior, em curso de licenciatura, de
inspirada nos princípios de liberdade e nos graduação plena, em universidades e institutos
ideais de solidariedade humana, tem por superiores de educação (BRASIL, 1996).
finalidade o pleno desenvolvimento do Percebe-se uma valorização do papel do
educando, seu preparo para o exercício da professor em sua formação, uma vez que a
cidadania e sua qualificação para o trabalho Educação Infantil passa a fazer parte da
(BRASIL, 1996). Educação Básica. O Artigo 88º relata: “[...] A
O Artigo 4º estabelece que é dever do Estado União, os Estados, o Distrito Federal e os
a garantia da Educação Infantil gratuita as Municípios adaptarão sua legislação
crianças de até 5 anos de idade e atendimento educacional e de ensino às disposições desta Lei
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no prazo máximo de um ano, a partir da data de O Artigo 29º, afirma a finalidade da Educação
sua publicação”. As creches e pré-escolas Infantil e decreta que:
existentes ou que venham a ser criadas, terão o A Educação Infantil, primeira etapa da
prazo de três anos, a contar da data de Educação Básica, tem como finalidade o
publicação desta Lei. Embora passe a vigorar a desenvolvimento integral da criança de até 5
partir de sua data de publicação, a LDB nº (cinco) anos, em seus aspectos físico,
9394/96 disponibiliza um tempo de adequação psicológico, intelectual e social,
às instituições para se readequarem às complementando a ação da família e da
propostas previstas na Lei. comunidade (BRASIL, 2013, s.p).
A carga horária também será reorganizada,
LEI DE DIRETRIZES E BASES DA de acordo com o Artigo 31º, “mínima anual de
800 horas, distribuída por no mínimo 200 dias
EDUCAÇÃO NACIONAL Nº 12.796 letivos. O atendimento à criança deve ser, no
DE 2013 mínimo, de quatro horas diárias para o turno
Em 4 de Abril de 2013, no governo da parcial e de sete para a jornada integral”.
Presidenta Dilma Rousseff, é sancionada a Quanto à formação profissional para os
emenda da LDB a lei 12.796. Essa ajusta a Lei nº docentes o Artigo 62º, dispõe:
9.394, de 20 de dezembro de 1996, reorganiza A formação de docentes para atuar na
a Educação Básica como Pré-escola, Ensino Educação Básica far-se-á em nível superior, em
Fundamental e Ensino Médio e torna curso de licenciatura, de graduação plena, em
obrigatória a oferta gratuita de Educação Básica universidades e institutos superiores de
a partir dos 4 anos de idade, pois a Lei anterior educação, admitida, como formação mínima
aponta a Educação Infantil como primeira etapa para o exercício do magistério na Educação
da Educação Básica, porém não fala sobre a Infantil e nos 5 (cinco) primeiros anos do ensino
obrigatoriedade da entrada da criança na fundamental, a oferecida em nível médio na
escola nessa faixa etária. A nova Lei estabelece modalidade normal(BRASIL, 2013,s.p).
no Artigo 4º que a Educação Infantil Nota-se a permanência da formação em
contemplará crianças de 4 e 5 anos na pré- Ensino Superior para os profissionais desta
escola e que o fornecimento de transporte, modalidade de ensino. O Artigo 3º, dispõe que
alimentação e material didático também será “[...] esta Lei entra em vigor na data de sua
estendido a todas as etapas da Educação publicação”, porém as instituições e o poder
Básica. As ofertas do desenvolvimento desta público terão o prazo de até três anos, a contar
etapa serão de responsabilidade dos Estados, da data de publicação desta Lei, para se
do Distrito Federal e dos Municípios, porém a adequar às novas exigências previstas.
responsabilidade de matricular as crianças a
partir de 4 anos na Educação Básica é dos pais
ou responsáveis, segundo o Artigo 6º (BRASIL,
2013).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nota-se que a ideia de identidade profissional de docentes para a Educação Infantil é algo
novo e extremamente necessário.
Exercer a função de professor dessa etapa não é tarefa fácil, conforme apontamentos
teóricos utilizados ao longo deste trabalho.
No processo de construção de identidade se faz necessário que este profissional possa
ressignificar suas práticas a partir de suas experiências, vivências com o meio e com outros
profissionais.
É preciso que haja ação-reflexão-ação, para que assim este possa evoluir e melhorar sua
atuação em sala e superar a visão assistencialista construída historicamente, construindo
habilidades para o seu autodesenvolvimento profissional. Sua formação precisa ser muito
consistente e significativa para que assim esse profissional consiga desempenhar um bom
trabalho e fundamentalmente conheça o percurso histórico pelo qual sua formação acadêmica
passou para que luz da teoria ele possa construir e reconstruir sua prática.
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REFERÊNCIAS
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educacional brasileira. Maringá, 2013. 45 f. Monografia (Especialização em Pesquisa
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RESUMO: Quando nos deparamos com o diferente, a primeira reação é voltarmos para nossas
ideias pré-concebidas sobre o que vemos. Com o autismo não é diferente. Por ser um tema
relativamente recente, pois sua primeira citação ocorreu em 1943 pelo psiquiatra austríaco Leo
Kanner, ainda gera muita dúvida sobre como devemos lidar com estas pessoas e principalmente,
como deve ser o ato de ensino aprendizagem destinado a elas. De lá para cá, muitas pesquisas
propulsionaram grandes descobertas e, com elas, possibilidades de intervenções educacionais
foram criadas para melhor atender esta população. Este artigo tem por fundamental objetivo
esclarecer, mediante revisão bibliográfica, as principais características do autismo e mostrar
algumas possibilidades de intervenções educacionais que deram certo, como o TEACCH – cuja
principal meta é que o aluno com autismo se adeque o melhor possível à nossa sociedade quando
adulto, aumentando sua compreensão e tornando o ambiente mais compreensível – e o Currículo
Funcional Natural – que prioriza ensinar o que o aluno realmente precisa aprender, desde noções
básicas de higiene a ler e escrever. Considera-se ressaltando que a educação é vista como a
principal forma de tratamento para autistas, assim como, a importância de a escola proporcionar
um ensino na qual a atuação do professor possibilite o desenvolvimento do aluno com autismo,
ressaltadas às potencialidades em detrimento à suas limitações.
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Rivière (1995), salienta que as pessoas com várias funções (...) e 2) porque o
Transtorno do Espectro Autista apresentam desenvolvimento não é somente retardado,
dificuldades em condutas propriamente mas também alterado qualitativamente, de
comunicativas proto-imperativas (pedir algo) e forma que os moldes funcionais e de conduta
protodeclarativas (comunicar, compartilhar o da criança não correspondem a nenhum
interesse pelo objeto). estágio concreto de desenvolvimento
A ausência ou escassez de protodeclarativos, (RIVIÈRE,1995, p.274).
talvez, seja a característica mais clara e Em 1979, Lorna Wing e Judit Gould nos
universal das crianças autistas sem linguagem, trouxeram o conceito de “Espectro autista”,
e a parcimônia ou pobreza comunicativa de que nos remete a ideia de que “apesar de
declarativos verbais é um traço importante da importantes diferenças que existem entre
linguagem dos que a possuem (RIVIÈRE, 1995, diferentes pessoas, todas elas apresentam
p.284). alterações em maior ou menor grau, em uma
E ainda acrescenta que “A partir dos anos série de aspectos ou ‘dimensões’ (RIVIÈRE,
sessenta (...), o autismo começou a ser 2004, p.241).
compreendido como um ‘distúrbio profundo do O autismo ainda pode estar associado com
desenvolvimento’” (idem, p.274), e que outras patologias, tais como: deficiência visual,
segundo as definições do DSM-III (American paralisia cerebral, deficiência auditiva, retardo
Psychiatric Association, 1980) 1) afetam: mental, epilepsia, síndrome do X-frágil,
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A Associação de Amigos dos Autistas (AMA), pais, professores e outras pessoas em contato
e é referência do trabalho do autismo no Brasil, regular com a criança);
utiliza e desenvolve cursos e apostilas de 4. Conhecer os sistemas teóricos, as teorias
capacitação para profissionais de instituições cognitivistas e behavioristas que guiam tanto a
sobre este método. pesquisa quanto os procedimentos
Kwee et al (2009), aponta como princípios desenvolvidos pelo TEACCH;
norteadores do método TEACCH: 5. Atuar dentro de um modelo generalista e
1. Promover a adaptação de cada indivíduo transdisciplinar, no qual os profissionais de
de duas formas trans atuantes: a primeira é qualquer disciplina interessados em trabalhar
melhorar todas as habilidades para o viver com esta população são capacitados como
através das melhores técnicas educacionais Generalistas. Isto significa que se espera que
disponíveis; a segunda, na medida em que eles tenham uma habilidade funcional de lidar
existe um déficit envolvido, entender e aceitar com toda a ampla gama de problemas
esta deficiência, planejando estruturas provocados pelo autismo, independentemente
ambientais que possam compensá-la; de suas áreas de especialização. Isto permite
2. Colaboração mútua em nível de trabalho que estes assumam a responsabilidade pelo
ativo onde os profissionais aprendem com os indivíduo como um todo, assim como de
pais e usam suas experiências particulares consultar especialistas quando necessário, no
relativas a seu próprio filho e, em entanto é à equipe que cabe a decisão (p.220).
contrapartida, os profissionais oferecem aos Outro método muito utilizado é o Currículo
pais seu conhecimento na área e sua Funcional Natural que foi criado no Peru por
experiência. Juntos definem as prioridades dos meio de uma parceria entre Le Blanc e Mayo,
programas, na Instituição, em casa e na em 1990. Para este método, ensinar o que o
comunidade. Esta união é politicamente a mais aluno precisa aprender é o importante, sendo
potente, tanto para o tratamento quanto para estas habilidades elegidas de acordo com que
a pesquisa; pais, profissionais e os próprios alunos
3. Favorecer uma avaliação que permita a consideram essenciais, em conjunto. Deve ter
compreensão de quais são as habilidades atuais sentido para todos os envolvidos no ato
da criança, as habilidades emergentes e o que educacional, pois só assim a prática fará com
ajuda a desenvolvê-las. Os programas que o aprendizado seja mais rápido (SUPLINO,
específicos de ensino e tratamento são 2010).
individualizados e baseados em uma Currículo Funcional Natural: seu nome já traz
compreensão personalizada de cada indivíduo. em si a explicação se seus princípios. Segundo
A avaliação cuidadosa de cada um envolve Suplino (2010), “Habilidades funcionais seriam,
tanto um processo de avaliação formal (os portanto, todas as habilidades necessárias para
melhores e mais adequados testes disponíveis, viver a vida de uma forma exitosa. Incluem-se
quando possível), quanto informal neste conjunto desde as habilidades básicas até
(observações melhores e mais perspicazes dos as acadêmicas, como ler e escrever” (p.6). E o
Natural “está relacionado ao ato de ensinar. (...)
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste artigo, trouxemos uma breve revisão bibliográfica sobre o Transtorno do Espectro
Autista. Suas definições e as implicâncias da condição de autista para o processo de ensino
aprendizagem deste aluno.
Por ser um tema relativamente novo, seu primeiro relato consta em 1943, com Leo Kanner,
ainda há muito que ser descoberto. Porém, estudos cada vez mais criteriosos estão sendo feitos
para que se entenda mais sobre esse transtorno.
No que tange às políticas públicas relacionadas à educação especial em geral, Mendes
(2006), sintetiza bem o período que vivemos:
Em resumo, ao longo dos últimos trinta anos, tem-se assistido a um grande debate acerca
das vantagens e desvantagens, antes, da integração escolar, e, mais recentemente, da inclusão
escolar. A questão sobre qual e a melhor forma de educar as crianças e jovens com necessidades
educacionais especiais não tem resposta ou ideia pronta. Na atualidade, as propostas variam
desde a ideia da inclusão total – posição que defende que todos os alunos devem ser educados
apenas e só na classe da escola regular – até a ideia de que a diversidade de características implica
a existência de um contínuo de serviços e de uma diversidade de opções (MENDES, 2006, p.396).
Métodos educacionais vêm sendo aprimorados e difundidos para que autistas possam ter
acesso a um ensino de qualidade. O TEACCH e Funcional Natural se firmaram como os principais
em ensino de pessoas com TEA no Brasil, para que crianças e adultos com diferentes graus de
comprometimentos tenham o direito de aprender dentro de suas potencialidades e limites, como
qualquer pessoa.
O presente estudo demonstra que a educação é a intervenção mais eficaz e universal do
autismo. Não como uma atitude apenas de ensinar a ler e escrever, mas sim como um ato de
orientação e amor a estes alunos que tanto precisam de nós, para guiá-los em um mundo tão
confuso e inesperado, como o não autístico.
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REFERÊNCIAS
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Gonçalves (org.). Brasília – DF, 2009, 61p.
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RESUMO: O artigo propõe como discussão central refletir sobre a importância da participação da
família na escola, como forma de colaborar no processo de ensino aprendizagem na Escola
Municipal Dr. Euvaldo Tomaz de Souza, no município de Porto Nacional – Tocantins. Sobre a
metodologia usou-se embasamento teórico em artigos científicos, livros, teses e dissertações.
Realizou-se ainda entrevistas com os pais dos alunos da referida escola e com os professores.
Sabe-se que a relação professor e aluno, o planejamento, pratica educacional e o uso de
metodologia diferenciadas são fatores importantes no processo de ensino aprendizagem dos
alunos, todavia, é necessário ressaltar ainda, que a família desenvolve um papel importante nesse
desenvolvimento da criança, e, infelizmente, nem todos os pais acompanham seus filhos na
escola, o que acaba prejudicando e dificultando o trabalho do educador.
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[...] Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou focadas no cumprimento dele, sem que haja
responsável: V - obrigação de matricular o filho culpabilização de uma parte à outra.
ou pupilo e acompanhar sua frequência e Caetano (2003), elenca que a relação entre
aproveitamento escolar (BRASIL, 2002, sp.). escola e família precisa ser de parceria, cada
Sobre o papel da escola na educação dos papel precisa ser percebido por ambas as
cidadãos, Içami Tiba aponta que: instituições. Segundo o autor, um dos motivos
A escola precisa alertar os pais sobre a que tem prejudicado o relacionamento entre as
importância de sua participação: o interesse em duas instituições, sendo este o de atribuir o
acompanhar os estudos dos filhos é um dos fracasso escolar do aluno ao contexto familiar,
principais estímulos para que eles – alunos – como se as dificuldades que o aluno enfrenta
estudem. É importante a participação dos pais no ambiente escolar fosse exclusivamente
nas reuniões escolares que todos os meios para relacionada ao que ele enfrenta no ambiente
convocá-los são válidos: recados na agenda, familiar. É necessário estabelecer entre ambas
correspondência, telefonemas, e-mails ou as funções, e, colocar sempre, em primeiro
mesmo o sistema “boca a boca”. Cada escola lugar o sujeito que é o fator principal da
pode utilizar o meio que julgar mais suficiente educação, o aluno, estabelecendo diálogos que
(TIBA, 2006, p.152). contribuam para a efetivação de
Na relação família e escola podem ser responsabilidades exercidas pelas duas
destacados, segundo Oliveira (2002), dois instituições.
aspectos principais: 1) a incapacidade da família A relação escola e família têm despertado
para a tarefa de educar os filhos e 2) a entrada interesses de pesquisadores, entre esses
da escola para subsidiar essa tarefa, destacaremos o estudo de Polinia e Dessen
principalmente quando se trata do campo (2005).
moral. Logo, pode-se perceber que: Para as pesquisadoras a instituição escola
A partir destas colocações, vê-se que a deve reconhecer a importância da família no
relação família-escola está permeada por um ambiente escolar, estabelecendo uma
movimento de culpabilização e não de interação, auxiliando a instituição família a
responsabilização compartilhada, além de estar exercerem o seu papel na educação e na busca
marcada pela existência de uma forte atenção de orientações no sucesso profissional dos
da escola dirigida à instrumentalização dos pais filhos. A interação entre as duas instituições
para a ação educacional, por se acreditar que a traz benefícios que contribuem para “possíveis
participação da família é condição necessária transformações evolutivas nos níveis
para o sucesso escolar (OLIVEIRA, 2002, p.107). cognitivos, afetivos, sociais e de personalidade
A escola e a família devem estar cientes de dos alunos” (POLINIA; DESSESN, 2005, p. 305).
seu papel na vida da criança e do adolescente, O desenvolvimento do indivíduo que possui
de forma a desempenhar sua função da melhor apoio familiar acerca de suas atividades
forma possível para garantir o sucesso do escolares é bem mais satisfatório. É
indivíduo. Deve ser uma ação conjunta, na qual extremamente necessário que as famílias
ambas as partes estejam cientes de seu papel e
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estejam cientes da importância que o incentivo familiar no contexto escolar, isso não tem sido
à educação provoca na vida das crianças. suficiente para superar o grande atraso do
Ribeiro e Andrade (2006), abordam a sistema educacional – uma das questões
intervenção das políticas públicas na relação cruciais de educação de sociedades
escola e família. Trazendo discussões sobre a contemporâneas – que perseguem um sistema
preocupação das políticas públicas em apontar que assegure a otimização de uma tarefa
fundamentos na relação entre essas essencial em suas destinações históricas
instituições para uma escolarização bem- (NOGUEIRA, 2002).
sucedida. A otimização da educação é e sempre será
A escola precisa criar interações entre as uma tarefa de extrema importância para todos
partes família/escola, não como uma forma de os países se desenvolverem. É a partir do
troca de favores, mas como um complemente conhecimento de sua população que se
do que se estabelece no ambiente familiar. As aumenta a qualidade de vida e reduz os índices
proximidades entre ambas as partes não é uma de pobreza, violência e preconceitos, dentre
tarefa fácil, exige confiança e criar estratégias outros fatores negativos que permeiam a
para atrair a família. Embora, seja uma realidade da vida do brasileiro.
obrigação matricular seu filho na instituição Marchesi (2004), afirma que a educação não
escolar, a família precisa compreender que essa é uma tarefa que a escola possa realizar sozinha
obrigação não a faz outra instituição, a não ser sem a cooperação de outras instituições e, a
a família, aquela que cuida, que ensina valores, nosso ver, a família é a instituição que mais
amor, carinho, atenção (BRASIL, 2002). perto se encontra da escola.
Piaget (2007), ao falar sobre a relação entre Sendo assim se levarmos em consideração
a escola e a família aponta: que Família e Escola buscam atingir os mesmos
Uma ligação estreita e continuada entre os objetivos, devem elas comungar os mesmos
professores e os pais leva, pois a muita coisa ideais para que possam vir a superar
que a uma informação mútua: este intercâmbio dificuldades e conflitos que diariamente
acaba resultando em ajuda recíproca e, angustiam os profissionais da escola e também
frequentemente, em aperfeiçoamento real dos os próprios alunos e suas famílias.
métodos. Ao aproximar a escola da vida ou das A escola nunca educará sozinha, de modo
preocupações profissionais dos pais, e ao que a responsabilidade educacional da família
proporcionar, reciprocamente, aos pais um jamais cessará. Uma vez escolhida a escola, a
interesse pelas coisas da escola chega-se até relação com ela apenas começa. É preciso o
mesmo a uma divisão de responsabilidades diálogo entre escola, pais e filhos (REIS, 2007, p.
(2007, p.50). 6).
Quando a escola e as famílias trabalham Esse diálogo entre a escola e os membros da
juntas, a educação aumenta sua qualidade e família, é essencial para o alinhamento de
transformam as vidas que dependem delas. metodologias efetivas para o ensino. “[...] se
Embora a legislação seja clara e forneça todo toda pessoa tem direito à educação, é evidente
o embasamento legal no que tange à inclusão que os pais também possuem o direito de
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serem, senão educados, ao menos, informados Por isso é necessário que a escola
no tocante à melhor educação a ser individualize seus alunos oferecendo um
proporcionada a seus filhos” (PIAGET, 2007, p. tratamento personalizado de acordo com as
50). necessidades que a criança ou adolescente
A família pode e deve se envolver na apresenta de tratamento, reforço e afeto.
educação de seus filhos, de forma a elevar a A família é o primeiro e principal contexto de
qualidade da instituição em que seu membro socialização dos seres humanos, é um entorno
da família está matriculado. constante na vida das pessoas; mesmo que ao
Lembrando Corrêa, (2001), as diferenças no longo do ciclo vital se cruze com outros
aprender dizem respeito à hereditariedade, ao contextos como a escola e o trabalho.
gênero, à cultura e ao ritmo no processo de (EVANGELISTA; GOMES, 2003, p.203)
aprendizagem. Percebe-se então, que [...] tanto a família quanto a escola desejam
experiências familiares aliadas ao trabalho a mesma coisa: preparar as crianças para o
escolar resultam numa melhora eficaz em mundo; no entanto, a família tem suas
relação ao nível de aprendizagem e particularidades que a diferenciam da escola, e
consequentemente do rendimento escolar, suas necessidades que a aproximam dessa
pois, fica claro no discurso diário dos mesma instituição. A escola tem sua
professores que os alunos que recebem metodologia e filosofia para educar uma
atenção significativa por parte da família, criança, no entanto ela necessita da família
tendem a apresentar um melhor rendimento para concretizar o seu projeto educativo
escolar, ao passo que aqueles que não recebem (PAROLIM, 2003, p. 99).
atenção adequada apresentam quase sempre O importante a ser entendido é que a relação
desempenho escolar abaixo do esperado. Foi o entre família e a escola, quando efetivada, é
que se observou nesta 5ª série. Quando a capaz de proporcionar ao aluno uma melhor
família passou a frequentar a escola e qualidade de vida, ao país um maior
relacionar-se melhor com seus filhos e com os desenvolvimento econômico e à população,
professores, estes mostraram uma melhora uma melhor inserção social, atingindo objetivos
sensível em seus rendimentos. comuns humanos enquanto sociedade de
Delors (2005), observa: reduzir a pobreza, eliminar a miséria, acabar
Os meios de vida, de estudos, por onde com o analfabetismo, reduzir os índices de
circulam os aprendizes são tão importantes violência e preconceito.
quanto às atividades educacionais que abrigam.
Sua influência deve-se ao fato de que eles são METODOLOGIA
desigualmente motivadores, diferentemente
Objetivando medir a qualidade da relação
estimulantes e mais ou menos propícios a
escola-família por meio da aplicação de
aprendizagens significativas. A cultura da
questionários aos pais dos alunos da educação
instituição, da família e da sociedade é
infantil e fundamental I, com questões
igualmente um fator de ensino (DELORS, 2005,
pertinentes.
p. 196).
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A escola é responsável por desenvolver habilidades, promover o conhecimento e
enriquecer as experiências do aluno. Sua importância é tão grande, que o maior indicador de
desenvolvimento dos países trata-se de seu nível médio de desenvolvimento educacional, ou seja,
a qualidade de ensino, a capacidade intelectual e prática no desenvolvimento de tarefas dos seus
cidadãos.
A educação básica é a porta de entrada da criança para o ambiente escolar. Nesse
momento faz-se necessário de empenho da escola e da família para que a criança, desde cedo,
saiba a importância dos estudos para sua qualidade de vida. Sendo assim, não cabe a escola
estabelecer limites e prover princípios que as crianças devem seguir, essa tarefa é pertinente à
família. O papel da escola é garantir que a criança tenha embasamento intelectual perante às
situações cotidianas, sendo esta capaz de tomar decisões pertinentes a sua vida de acordo com
seus valores e princípios familiares.
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REFERÊNCIAS
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
RESUMO: O presente artigo discute o processo de ensino aprendizagem indígena na Escola Toro
Hacrô, localizada na Aldeia Pedra Branca, no município de Goiatins/TO. E tem como objetivo
conhecer mais as dificuldades de aprendizagem dos alunos da referida escola e também investigar
as metodologias mais utilizadas na sala de aula. No que se refere a metodologia realizou-se um
embasamento teórico, em livros, teses, dissertações e artigos científicos em diferentes autores.
Realizou-se visita a campo, entrevistas com alunos e professores. A Educação Indígena no Brasil
é garantida pela Constituição Federal (CF) de 1988, e nesse ensino busca respeitar a vivência e a
cultura do aluno indígena, valorizando a mesma. Na escola indígena o professor também precisa
1 Professora de Educação Básica na Escola Indígena Toro Hacô na Aldeia Pedra Branca/Goiatins-TO.
Graduação: Mestranda em Ciências da Educação; Licenciatura em Letras: Português/ Inglês; Especialização em
Culturas e História dos Povos Indígenas; Especialização em Gestão, Supervisão e Orientação Educacional;
Especialização em Supervisão e Orientação Educacional
E-mail: procop19@yahoo.com.br
2 Coordenadora Pedagógica na Rede Municipal de Tupirama – TO.
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está se organizando e planejando suas aulas, com diferentes recursos didáticos como forma de
facilitar o processo de ensino aprendizagem.
ABSTRACT: This article discusses the process of teaching indigenous learning at the Toro Hacrô
School, located in Pedra Branca Village, in Goiatins / TO. And it aims to know more about the
learning difficulties of the students of that school and also to investigate the methodologies most
used in the classroom. Regarding the methodology, a theoretical basis was made in books, theses,
dissertations and scientific articles by different authors. Field visits, interviews with students and
teachers were conducted. Indigenous Education in Brazil is guaranteed by the Federal
Constitution (CF) of 1988, and in this teaching seeks to respect the experience and culture of
indigenous students, valuing it. At the indigenous school the teacher also needs to be organizing
and planning their classes, with different didactic resources as a way of facilitating the teaching-
learning process.
KRAHÔ: A Escola Toro Hacrô, ita mã Aldeia Pedra Branca, kãm município de Goiatins/TO. Ita kre
kãm, wa ipê mã aluno mã ihhôc to ihêmpej catêjê mã ajpãn to ihêmpej. Pom, ampojahkre kêt
itajê caxuw wa mã ajpên mã icakôc, wa mã to aluno mã ihêmpej xàh caxuw, pom livro kám
itajê.Wa ityj hanéan, pom põ, cô nã ikre kãm ampo itajê to mã apê sala kre kám, que professor
mã alunos ihtyj entrevista mã visita to apê nê escola kám mã hahkre pej.Pom, 1988 Brasil kre kãm
mehi jã educação ita jakràj xwàhnã ampo itajê to ite mã cúmã mã ihêmpej caxuw, wa mam pê
professor catêjê mã ijô planejamento to nã xo livro kãm ampo itajê mã ihêmpej nare, wa ityj cute
mã amji ton xàh to mã to ihêmpej, quê hamr cupaa te.
HARKWA - CJÊJ: Mẽhῖ te amji jahkre; Escola Toro Hacrô; Ihhêmpêj – hahkrepej xá;ampo itajê pape
kãm.
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
Indígena Toro Hacrô, realizada no período de Assim sendo, possui outros meios de
01/05/2019 a 31/09/2019, na aldeia Pedra comunicação que está inserido no cotidiano do
Branca, no município de Goiatins no Estado do indígena para aquisição do português que se
Tocantins. torna presente em todas as aldeias há muito
Nesta pesquisa utilizamos a metodologia tempo. Com o surgimento da tecnologia nas
qualitativa exploratória e etnográfica, sendo o aldeias como: celular, televisão, computador,
principal objeto do estudo é identificar as notebook etc. contribui para disseminação da
dificuldades de ensino-aprendizagem dos língua portuguesa entre os indígenas Krahô.
alunos da Escola Indígena Toro Hacrô, na qual No cenário nacional, o português não é a
atuei como professora, coordenadora única língua falada. Aqui existem várias outras
pedagógica, supervisora indígena na Diretoria línguas faladas por imigrantes, que trouxeram
Regional de Ensino de Pedro Afonso, sendo que para cá e seus descendentes a usam no dia-a-
atualmente estou exercendo a função de dia, passando de geração a geração (RCNEI,
professora na referida escola. Nos últimos anos 1998, p. 115). Essas diferentes línguas são
desenvolvi projeto de pesquisa com a temática aprendidas em diferentes contextos podendo
Escola Indígena Toro Hacrô: Um estudo sobre a ser na escola, nas brincadeiras com os colegas,
educação escolar indígena na aldeia Pedra sendo que o primeiro contato se dá com a
Branca. família em casa.
É importante frisar, que segundos dados de Desse modo, a escola Toro Hacrô, situada na
Abreu (2012), a maioria dos Krahô é bilíngue em Aldeia Pedra Branca está inserida num
língua materna e em português, dentre estes, programa que atende às prerrogativas da
todos os jovens, adultos e velhos; enquanto Constituição Brasileira de 1988, que é um
que as crianças são monolíngue em língua sistema de educação escolar bilíngue,
materna, mas em contato com falantes do intercultural e especifica. E no seu artigo 210
português e, na escola, vão, paulatinamente, assegura às comunidades indígenas o uso de
adquirindo o português como segunda língua. suas línguas maternas.
Este processo de aquisição do português ocorre Em nosso pais são faladas mais duzentas
entre esses indígenas nas relações intergrupos, línguas, dentre estas, estão as línguas
no Posto de Saúde, com funcionários da FUNAI, indígenas, que segundo Rodrigues (1986), cerca
da SEDUC, Políticos além de órgãos com IBAMA, de 180 são faladas por diferentes povos e de
Professores não indígenas, pesquisadores, diversas maneiras, divergindo assim umas das
professores Universitários, religiosos e na outras nos campos semântico, morfológico e
própria escola, visto que muitos professores sintático. No que se refere a essas línguas,
não indígenas não dominam os conhecimentos temos uma especificidade, pois elas foram
da língua indígena. Atrelados a esses aspectos, estigmatizadas, durante muito tempo, por
vale ressaltar que muitas aldeias Krahô estão parte da sociedade não indígena. Contudo
próximas das cidades e estes indígenas mantêm atualmente, observamos mudanças nesse
um contato direto com essas cidades. cenário, e a construção de escolas indígenas
dentro das aldeias é parte desse processo.
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
Em nosso país temos português como língua falante-ouvinte usando competências que se
oficial, então, todas as outras línguas aqui completam, por meio de uma língua ou outra
existentes são consideradas minoritárias, o que ou as duas juntas [...]’’, ou seja, uma única
gera, de certo modo, estigmas. Além disso, um pessoa que usa as regras gramaticais de uma
fator mais agravante, conforme afirma língua, que a regula, separadas ou interligadas.
Albuquerque (2011), “línguas minoritárias A autora ainda afirma que segundo Grosjean
podem existir restritas à condição oral”, ou (1982):
seja, existindo somente na fala, dificultando O termo bilíngue se refere ao uso de duas ou
assim a sua promulgação. mais línguas pelo individuo, de acordo com suas
As Diretrizes para a Política Nacional de necessidades de comunicação, que nasce como
Educação Escolar Indígena do MEC (1993), em consequência do contato entre dois grupos
consonância com a nova Constituição linguísticos distintos econômica e
Brasileira, afirma que Educação Escolar politicamente (p.26).
Indígena deve ser intercultural, bilíngue e Destaca-se a importância dessa abordagem,
diferenciada; levando em consideração a visto que, como assegura a antropóloga Ingrid
situação sociolinguística, assim como o Weber apud Silveira e Barros (2006), ao afirmar
momento histórico e as atuais implicações de que, atualmente, apesar de a sociedade
caráter psicolinguístico que fazem com que a indígena estar aumentando em quantidade, as
educação escolar indígena seja línguas, em número, estão diminuindo, devido
necessariamente bilíngue. a muitos povos falarem só o português e suas
Segundo Albuquerque (2007), apesar disso, línguas caírem em desuso, fenômeno este que
de forma geral, a Educação Escolar Indígena em se agrava com o passar dos tempos, podendo
nosso pais, ao longo do período de contato com ser observado atualmente o desaparecimento
a sociedade envolvente, ainda vem de uma língua a cada três gerações.
acontecendo de modo contrário aos anseios e De modo geral, para Grupioni (2003), os
interesses das comunidades indígenas, processos de formação têm por objetivo
pregando uma prática pedagógica opressora possibilitar aos professores indígenas o
como forma de domínio e submissão cultural desenvolvimento de um conjunto de
dos povos indígenas, com ênfase tanto na competências profissionais que lhes permita
religião como na economia. atuar, de forma responsável e crítica, nos
Segundo os PCN (2005, P. 21), a atual LDB contextos interculturais e sociolinguísticos nos
(9394/96), deixa bem claro que a educação quais as escolas indígenas estão inseridas. Em
escolar indígena deverá ter um tratamento muitas situações, cabe ao professor indígena
diferenciado das demais escolas do sistema de atuar como mediador e interlocutor nas
ensino, o que é enfatizado pela prática do relações de sua comunidade com
bilinguismo e da interculturalidade. representantes do mundo de fora da aldeia, e
Com base nessa premissa, Vieira (s/d) afirma com a sistematização e organização de novos
que “o bilíngue não é a soma de dois saberes e práticas (GRUPIONI, 2003).
monolíngues em uma pessoa, mas um único
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
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Mattoso Câmara (1979), assevera que a língua A comunidade da Aldeia Pedra Branca é
é a demonstração em miniatura de toda a composta por 76 famílias e possui um prédio do
cultura de um povo. Esse autor fala da Armazém Centro Cultural Kajré (Figura 03),
importância da preservação da língua de um posto de saúde (Figura 04), motor para
povo, pois ela mostra as suas raízes étnicas. produção de energia, escola, motor para
Embora a população Krahô tenha adotado a bombear água, caixa d’água, poço artesiano,
língua portuguesa como segunda língua na fala casa de reunião (Figura 5).
e na escrita, esta língua só é falada quando eles
se comunicam com a população não indígena.
Esse contato se dá quando eles realizam
compras ou vendas, no trabalho, ao se
relacionarem com técnicos agrícolas e também
na escola. Geralmente as aulas são dadas em
língua portuguesa quando o professor da
disciplina é não indígena e, normalmente, Fig. 03 - Armazém Centro Cultural Kajré. Foto: Joana Darc
quando o professor é indígena as aulas são G. C. Vanderley.
ministradas em língua portuguesa e na língua
materna (SOUZA, 2011).
A comunidade indígena da aldeia Pedra
Branca (Figura 02), estabelecida na parte do
território que se localiza no município de
Goiatins-TO, possui atualmente uma população
de 501 indígenas, entre crianças, adultos e
velhos. Fica no Norte do Estado do Tocantins,
Fig. 4 - Posto de saúde. Foto: Joana Darc G. C. Vanderley.
tem aproximadamente 57 anos de existência
nesse mesmo local. Essa comunidade não tem
deixado de praticar sua cultura tradicional
como: festas, pinturas corporais, roças,
produção de objetos de uso cotidianos de
forma artesanal, caça e pesca e corrida de tora.
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste artigo, procuramos descrever sobre o processo de ensino aprendizagem indígena na
escola Toro Hacrô, assim, a partir das análises realizadas no decorrer desta pesquisa, concluímos
que a educação escolar indígena na aldeia Pedra Branca necessita tomar outro rumo e, para isso,
é fundamental percebermos como ela tem atuado na prática e quais são as percepções e os
papéis que os Krahô e os professores não indígenas atribuem a ela, tendo em vista que a escola
deve, criar novas metodologias. Portanto, e de grande relevância que os professores indígenas e
não indígenas se envolva com espaço indígena da criança, para que essa abertura aconteça.
Verifica-se nas entrevistas o desejo de construir o Projeto Político Pedagógico da escola
Indígena Toro Hacrô para organizar aos trabalhos da escola na comunidade, demonstrando que
os Krahô da Aldeia Pedra Branca têm consciência da importância da educação escolar para sua
comunidade, pois contribui para melhor entender o mundo do não indígena. No entanto, sabem
que a escola necessita modificar seu calendário, currículo e seu processo de ensino-aprendizagem
para se transformar efetivamente em uma escola específica e intercultural, na qual a cultura da
sociedade envolvente não seja imposta, mas sim incorporada à cultura Krahô, conforme seus
próprios interesses.
E, assim, a partir das análises realizadas no decorrer desta pesquisa, concluímos que a
educação escolar indígena na aldeia Pedra Branca necessita tomar outro rumo e, para isso, é
fundamental percebermos como ela tem atuado na prática e quais são as percepções e os papéis
que os Krahô atribuem a ela, tendo em vista que a escola deve, antes de tudo, servir aos
fortalecimento dos projetos educacionais e políticos desses indígenas. E nessa busca por uma
educação diferenciada, específica e intercultural, a Escola Indigena Toro Hacrô deve se envolver
mais com as atividades culturais desses indígenas, trazendo a comunidade para dentro da escola,
e a escola para dentro da comunidade, pois a escola que Krahô da aldeia Pedra Branca querem é
aquela que valoriza a cultura da comunidade, os conhecimentos Krahô, o aprendizado da língua
materna e do português, o intercâmbio entre as culturas, respeitando o calendário e os processos
de ensino e aprendizagem Krahô.
Compreendemos que a pesquisa é, antes de mais nada, um agente imprescindivel para se
construir um estudo. Entendi que não há conhecimentos mais importante que outros, existem
conhecimentos diferentes. Segundo Paulo Freire, “Não há saber mais ou saber menos: Há saberes
diferentes”. Percebi que a escola indigena e a comunidade são parte de um mesmo corpo. São
inerente. Foram estes os novos conceitos e indagações que adicionei ao meu desenvolvimento
de formação. Espero que eu tenha sido útil para essa comunidade e afirmo ainda que estas
concepções irão contribuir muito mais para um bom desenvolvimento social e cultural dos povos
indigenas Krahô e não indigena.
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
REFERÊNCIAS
ABREU, Marta Virginia de Araujo Batista. Situação Sociolinguistica dos Krahô de Manoel
Alves e Pedra Branca: Uma Contribuição Para Educação Escolar. Araguaina 2012. P.180.
Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Letras/PPGL, Universidade Federal
do Tocantins. Orientador: Francisco Edvirges Albuquerque. Araguaina, 2012.
SOUSA, Jane Guimarães. Educação Escolar Indígena Krahô da Manoel Alves: Uma
contribuição Para o Registro e Manutenção do Mito de Tyrkrê. 2013. Dissertação (Mestrado
em Ensino de Línguas e Literatura) Universidade Federal Tocantins - Araguaína.
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
RESUMO: Este artigo tem como objetivo analisar e discutir sobre a democratização da gestão
escolar, seus conceitos e as implicações que dificultam sua efetivação na educação brasileira.
Além disso, foram abordadas as barreiras e como a escola deve ter autonomia diante das
dificuldades apresentadas. Para isso foram analisados artigos recentes que falam sobre o tema
bem como autores conceituados que abordam esta temática. Este trabalho não buscou fazer uma
linha história, mas discorrer sobre algumas implicações que dificultam a inserção efetiva da
gestão escolar democrática. Nesse contexto este trabalho qualifica-se enquanto sua natureza
como uma pesquisa qualitativa e no que concerne ao seu objetivo como exploratória. Sobre a
fundamentação teórica, esta foi dividia em três tópicos que destacam como a democratização da
gestão escolar é interpretada pelo poder público e os seus diferentes significados; os empecilhos
1 Professor da Educação Básica na Rede Municipal de Limoeiro e Vitória de Santo Antão-PE; Professor no Ensino
Superior na Rede Privada.
Graduação: Doutorando em Ciências da Educação, Mestre em Ciências da Educação e Multidisciplinaridade,
Especialista em Psicopedagogia Institucional, Licenciatura em Pedagogia
E-mail: jfernandinho2.2@hotmail.com
2 Professora de Educação Básica na Rede Municipal de Limoeiro-PE; Rede Municipal de Nazaré da Mata – PE.
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
e as condições para que essa gestão esteja presente nas salas de aula; e por último as dificuldades
da escola em possuir autonomia.
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
administração traz uma concepção técnica, algo comum no meio educacional. As escolas
hierarquizada e fragmentada para a educação, não são preparadas para formar cidadãos, mas
por isso o autor prefere o termo gestão para formar pessoas capacitadas para o
democrática. Assim também prefere Libâneo mercado de trabalho. Lima (2018), em sua
(2007), que trabalha com a concepção pesquisa ressalta pontos em que a escola tem
sociocrítica da gestão. Na sua visão a gestão dificuldade em efetivar e viver uma gestão
escolar é um sistema que agrega pessoas escolar democrática. Um dos pontos diz a
considerando a intenção de suas ações sociais respeito:
na forma democrática em que toma suas A dificuldade que advém da circunstância
decisões. histórica e política de a gestão democrática das
No que concerne ao termo gestão escolar escolas exigir tempo suficiente para a sua
seu significado expressa algo que está consoli¬dação, também em termos de uma
relacionado a promover a articulação e ruptura cultural e educativa com práticas
organização de condições materiais e humanas autoritárias e heterônomas, requerendo
que garantam o desenvolvimento dos políticas públicas avançadas, coerentes e com
processos socioeducacionais das instituições de continuidade, exatamente num momento que
ensino. Neste caso é interessante observar que é marcado por políticas educacionais de
quando restringimos a pesquisa há um tipo de inspiração neoliberal em várias áreas e por
gestão encontramos em seu significado algo práticas de gestão de teor gerencialista e
voltado às características do termo democracia. tecnocrático que lhe são claramente adversas
É interessante também porque se volta a (LIMA, 2018, p.5).
destacar aspectos humanos desse tipo de Outro ponto interessante diz respeito sobre
gestão. a cultura e a carga política e social. Países, como
Assim ao juntarmos todas as palavras o Brasil, viveram tempos ditatoriais e que
percebemos que os seus significados devem carregaram consigo formas e modelos de
fazer sentido quando aplicados no dia-a-dia, educação duros e rígidos. Sabemos que a
assim como faz sentido em seu estudo teórico. ruptura é algo lento gradual e que transporta
Porque apesar de estar inserida em nosso diversos resquícios do tempo. Ainda nesse
cotidiano ainda é algo que possui barreiras a meio existe a visão política- ideológica de cada
serem quebradas. Lima (2018), em artigo governo. É interessante ressaltar que no Brasil
recente, nos fala que “Na educação, por cargos como presidente, governador e prefeito,
exemplo, diversas práticas de gestão duram no máximo oito anos com a reeleição. As
democrática tornaram-se ideologica¬mente mudanças, por vezes, de um para o outro muda
incompatíveis e foram afastadas em vários todo o regime já estruturado e que por
países por força da adoção do princípio da adversidades políticas um governo não dá
empresarialização e privatização” (LIMA, 2018, continuidade ao anterior, isso acaba afetando o
p.4). progresso da educação, que em alguns casos
É interessante o que ele destaca em sua fala sofre retrocessos.
sobre empresarialização e privatização, pois é
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
Assim também causa efeito na própria Por isso é tão difícil distinguir uma da outra,
gestão democrática, que a depender do não pela falta de significado, mas pelas
governo tem um tipo de visão e conceito concepções que as pessoas carregam. É relativo
diferentes. para alguns o que significa a democracia, a
Mas o modelo organizacional adotado na depender pode caracterizar-se com restrições.
escola moderna, as suas estruturas e regras É o que acontece dentro das próprias escolas,
mais características, os seus processos de algumas são mais conservadores e carregam
gestão, revelaram-se muito influenciados pelas estruturas pedagógicas mais antigas, outras se
organizações militares, religiosas e industriais, modernizaram e acompanharam as mudanças
seja em termos de racionalização, formalização pedagógicas. Entretanto ainda há as que se
e hierarquização, seja também em termos de atualizam, mas ainda carregam pensamentos e
processos de produção em grande escala estruturas antigas. Dessa forma há vários tipos
(LIMA, 2018, p.7) de caso, sendo um campo vasto para se
Como afirma Bordeau (1975), vivemos uma entender de que forma as escolas realmente
democracia governada, em que cada governo devem se democratizar.
impõe sua forma de “democratizar”. E isto fica
mais intenso quando paramos para analisar o AS CONDIÇÕES DE
todo, desde a gestão dentro do ambiente
escolar em que há uma hierarquia de poderes DEMOCRATIZAÇÃO DA GESTÃO
sem uma gestão que alinhe a participação e a ESCOLAR
dialogicidade. Assim há naturalmente um A democracia vai mudando ao longo do
respeito entre os profissionais, mas não há tempo. Em cada época ela possui um
espaço para que professores, alunos e demais significado e isso faz com que seja tão
funcionários tenham espaço para propor heterogênea, por isso suas mudanças e
outros tipos de atividades. O gestor nesse caso condições para que seja realmente efetiva é
acaba sendo figura central e autoritária. dependente da época a qual está inserida. Um
Weffort (1984), apud, Nardi (2018) que: dos empecilhos para que a democratização seja
Uma concepção de democracia como realmente efetivada é justamente os governos
instrumento, que decorre diretamente de um autoritários em que políticas públicas na área
privatismo conservador típico em nossa parecem um retrocesso e que só seria
sociedade, sustenta a enorme distância entre o realmente possível se houvesse uma
que as intenções proclamam e o que as ações democratização política.
fazem. Isso, segundo o autor, é mesmo o maior Atrelado a isso, temos a legislação e sua falta
mal de uma tradição política que traz a marca de concretização efetiva, ficando apenas no
da ambiguidade entre democracia e plano teórico. Tem se observado como é difícil
autoritarismo (WEFFORT, apud, NARDI, 2018 entre os parlamentares um consenso em sua
p.4). constituição nos planos sociais, culturais e
educacionais. Tornando-se assim um caminho
maior a ser percorrido. Além disso, há a própria
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
legislação da escola, que mesmo sendo processo que não precisa ser moldado, mas sim
formalmente mantida, não é praticada, tendo construído. Coutinho (2003), nos fala que é
suas limitações no nível organizacional o que preciso conciliar a socialização da participação
acaba forçando mudanças estruturais. Um política com a socialização do poder e isso está
ponto citado por Lima (2018), é que um dos atrelado justamente à participação da
fatores que causam esse tipo de problema é população na política, constituindo-se como
justamente a influência de organizações sujeitos ativos. Entretanto há o choque com o
militares, industriais, culturais e religiosas. grupo de pessoas que estão no poder, gerando
Veja que o setor público não trabalha só, conflitos que de um lado pode prejudicar, mas
tanto internamente quanto externamente ele que de outro pode trazer benefícios, a
vai receber e exercer algum tipo de influência depender dos seus desdobramentos.
que de forma direta ou/e indireta recai na Completando os pensamentos de Coutinho
legislação educacional. Isso acaba interferindo (2003), Neves (2003), nos lembra que esse
no próprio ensino da sala de aula, que em choque também se deu entre as décadas de 90
muitos casos tem o professor como figura e 80. Em que a primeira resplandeceu uma ideia
central e autoritária, assim como acontece neoliberal e que na segunda teve como
também com o gestor, transformando-se em principal bandeira a garantia do ensino público
um ciclo que se pensado em escala maior chega e universal. E que foi justamente nos anos 90
até o poder público como um todo. que houve mais apelo para a participação da
O currí¬culo foi socialmente hierarquizado e população na vida pública.
fragmentado, os tempos e espaços foram “[...] a participação popular circunscreve-se à
racionalizados e controlados, os corpos e as defesa de interesses específicos, o que acaba
mentes de discentes e docentes foram por despolitizar a política, ao impedir o
disciplinados. A organização das escolas estabelecimento de relações entre as questões
modernas e a sua gestão foram objeto de um de natureza específica com os graves
processo de institucionalização, na longa problemas estruturais da nossa sociedade”
duração, que se revelou bastante próximo das (NEVES, 2003, p. 171).
organizações produtivas do capitalismo e das Nesse sentido é interessante destacar o
teorias da gestão empresarial, sendo visíveis as artigo 3º da lei de educação nacional.
influências historicamente exercidas pelo O artigo 3º, da lei da educação nacional, fixa
taylorismo e pelo fayolismo, por exemplo, nas que o ensino público será ministrado, dentre
teorias e nas práticas da gestão escolar, tal outros princípios, com base na “VIII – gestão
como continua a suceder com as mais recentes democrática do ensino público, na forma desta
teorias da gestão da qualidade total, do “just in Lei e da legislação dos sistemas de ensino”. À
time”, da direção por incentivos e das noção de democracia vinculam-se, portanto, as
lideranças empreendedoras, a título de de autonomia e descentralização (OLIVEIRA,
exemplo (LIMA, 2018, p.7) 2009, apud, NARD, 2018, p.6).
Com tudo isso, é interessante destacar que a
democratização não é algo pronto, mas um
1727
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
Nossa educação se acostumou a ser forma cidadãos, portanto deve ser vista de tal
homogênea e, portanto, centralizada, assim maneira.
tornou-se estranho para a gestão escolar Assim para que uma gestão democrática seja
descentralizar o poder, por exemplo. O realmente efetivada no ambiente escolar,
estabelecimento de hierarquias fez com que a torna-se necessário que as hierarquias sejam
educação seguisse um manual de regras em quebradas, que a escola se abra a um plano
que é preciso ter uma figura autoritária pedagógico em que prevaleça o diálogo e
mostrando quais caminhos seguir e o que fazer, participação e que a educação não se prenda ao
o que acaba prejudicando o desenvolvimento sistema capitalista. Seja algo aberto para antes
da própria escola que fica parada na geração de de tudo formar seres humanos capazes de lidar
novas ideias. com as mais diversas adversidades da vida.
Dessa forma a gestão democrática inclui a
participação dos professores e da comunidade AUTONOMIA DA GESTÃO
escolar como um todo fazendo com que se
tenha uma dinâmica de trabalho em que aja ESCOLAR
articulação das diretrizes e políticas No que foi discutido no decorrer deste
educacionais públicas, assim como ações para artigo, faz-se necessário discorrer sobre a
implementação dessas políticas e de projetos autonomia escolar. Por tudo que já foi citado
pedagógicos que venham a melhorar o referente à descentralização do poder, destaca-
desenvolvimento do ensino e da escola como se reformas educacionais no mundo inteiro
um todo (LÜCK, 2007). justamente com o objetivo das escolas
Completando esta ideia, Paro (2008), afirma possuírem autonomia administrativa por meio
que precisamos sair das amarras capitalistas e da participação da comunidade nos colegiados.
propor uma gestão mais cooperativa em que se O pesquisador Borges (2004), relata que na
possa alcançar todos os objetivos. O América Latina o Banco Mundial teve papel
pesquisador também fala que para isso ocorrer importante nesse processo por meio do
é necessário que o gestor tome a frente das desenvolvimento de programas que cobravam
tarefas, mas que não corra o risco de se prender ajustes no âmbito educacional. Em outros
a uma e que não seja figura central de todos os países como cita Whitty e Power (2000), houve
processos. por parte do governo e principalmente por
Outro ponto a ser ressaltado é que por vezes partes dos partidos conservadores formas de
o diretor é confundido como um administrador. reduzir os custos do governo com a educação e
Nesse caso é preciso entender que ele também transferindo as responsabilidades para
deve estar a par desse setor, mas não é figura professores e gestores.
central. A escola para além de organização, que No entanto como ressalta Cunha (1991), essa
apesar das controvérsias torna-se uma autonomia vem disfarça. O governo que
empresa, nos aspectos de ser gerida, é antes de propaga uma descentralização pedagógica e
mais nada um local que gera conhecimento e financeira, na prática retira sua
responsabilidade e a joga nas escolas com a
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REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
finalidade de garantir a redução dos seus custos estabelecimento de uma gestão colegiada,
e não abrindo mão do seu regime controlador. onde os planejamentos e decisões surjam das
Por isso é importante redefinir conceitos e discussões coletivas e democráticas, em que
formas democráticas, visto que, principalmente todos os segmentos da escola estejam
estas, estão ganhando outros significados ao envolvidos e ativos no processo democrático
longo do tempo. Assim é preciso que se discuta participativo (SILVA, 2014, p.33).
o conceito de democracia e autonomia e que
essa descentralização promovida pelo governo
deixe de ser usada para oportunização do
governo e isenção de seus deveres.
Outro ponto importante ao se falar em
autonomia é a sensibilização. Pois quando há
participação há o empenho e empatia pelo
próximo no desenvolvimento das atividades.
Assim como cita Veiga (2006), é preciso para
que aja essa sensibilização a participação de
todos e o envolvimento da comunidade no
ambiente escolar. É preciso também que as
diferenças sejam entendidas e respeitadas.
Além disso, é preciso que a escola conheça os
aspectos sociais e culturais da comunidade.
O envolvimento da comunidade na escola se
dá de diversas formas inclusive propondo
dinâmicas diferentes para eventos que já são
corriqueiros, como a entrega dos boletins ou
reuniões de pais e mestres. Nesse caso a escola
precisa ser criativa e envolver a comunidade e
seus líderes para que possa realmente propor e
efetivar uma gestão democrática bem como ter
e dá autonomia para aqueles que são e estão
envolvidos nas atividades escolares.
A participação da comunidade escolar
adquire peso fundamental em contraposição a
uma gestão centralizada, em que os
mecanismos de participação atuam em
conjunto com a comunidade, observando as
trocas de ideias e informações. Pois a
democratização da educação implica na
ruptura de uma gestão centralizadora e no
1729
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sabemos as dificuldades para que a democratização esteja presente nas escolas e,
principalmente, na gestão e seu funcionamento. Sabemos também que atrelado a isso está a
própria interpretação do que é democracia pelos nossos governantes. A escola possui barreiras
hierárquicas que impedem que a mesma saiba caminhar de maneira independente. Estamos
falando de uma gestão autoritária e centralizada em que não há abertura para dialogicidade. Isso
faz com que ideias não sejam compartilhadas, que a escola se feche e não crie elos com sua
comunidade. Isso faz também com que não aja uma participação efetiva dos discentes e docentes.
Nesses termos e em tudo que foi discutido ao longo deste artigo, se faz necessário
substituir a ideia mercadológica que o poder público construiu ao longo dos anos para a educação.
A escola não deve ser local de preparação para o ensino de engrenagens de máquinas, deve ser
local, primeiro, do ensino cidadão, do ensino humanizado, das relações individuais e em
sociedade. Contudo quebrar esse paradigma requer uma longa batalha pela frente, que não
devemos enxergar como impossível. A mudança começa nas estruturas da gestão escolar. Deixar
com que professores, alunos e comunidade passem ter voz ativa no ambiente escolar produz uma
gestão mais participativa, dialógica e principalmente democrática. E é isto que deve ser buscado.
Os pilares da nossa educação estão nas escolas e não poderes públicos. Por isso as mudanças
devem começar de baixo. A escola precisa criar laços com a sua comunidade, o autoritarismo do
gestor escolar deve ser quebrado. Caminhos que não precisam de passos largos, mas lentos e
efetivos.
1730
REVISTA MAIS EDUCAÇÃO
REFERÊNCIAS
BORDIGNON, Genuíno; GRACINDO, Regina Vinhaes. Gestão da educação: o município e a
escola. In: FERREIRA, Naura Syria Carapeto; AGUIAR, Márcia Ângela da S. (Org.). Gestão da
educação: impasses, perspectivas e compromissos. São Paulo: Cortez, 2000. p. 147-176.
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[Brasília,DF]: Flacso, 1991.
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1Professora de Matemática e Física, na Rede do Centro Paula Souza, Etec Dep. Ary de Camargo Pedroso.
Graduação: Licenciatura em Matemática; Bacharel em Ciências da Computação; Especialização em Metodologia
do Ensino de Matemática e Física; Especialização em Psicopedagogia Clínica e Institucional, Especialização em
Orientação Educacional.
E-mail: silvana.camolesi@gmail.com
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chata e hoje é absorvida por aqueles que tem A certa altura, as concepções que os alunos
mentes privilegiadas. Esse cenário precisa de formam acerca do que é a Matemática e como
mudanças. se estuda esta disciplina constituem-se
Combinar a utilização de jogos em sala de também como grandes barreiras à
aula como uma didática diferenciada estimula o aprendizagem. Como resultado de anos de
aprendizado. experiência de memorização e de resolução de
Considera-se que o jogo, em seu aspecto exercícios repetitivos, os alunos encaram a
pedagógico, se apresenta produtivo ao Matemática como um simples amontoado de
professor que busca nele um aspecto regras sem qualquer relação entre si” (PONTE,
instrumentador e, portanto, facilitador na 1994, p. 4).
aprendizagem de estruturas matemáticas
(GRANO, 2000, p. 28). 2.3 METODOLOGIA
Com a finalidade de se obter melhores
A pesquisa que se trata esse artigo se propõe
resultados nas aulas de matemática, o projeto a verificar se a utilização de jogos matemáticos
contribui para que os alunos estejam em com alunos do Ensino Médio Etim, Ensino
constante contato com conceito e conteúdos Médio Integrado ao Ensino Técnico, resulta ou
vistos anteriormente. não em aprendizagem significativa, deixando
Segundo as Orientações Curriculares para o um pouco de lado a lousa, o giz, a aula
Ensino Médio (2006): expositiva, na qual o aluno escuta, mas em
As ideias sócias construtivistas da muitas situações não consegue absorver o
aprendizagem partem do princípio de que a conteúdo de imediato.
aprendizagem se realiza pela construção dos Antes do início do projeto, foi feito um
conceitos pelo próprio aluno, quando ele é planejamento das aulas colocado no PTD, plano
colocado em situação de resolução de de trabalho docente anual do professor com a
problemas. Essa ideia tem como premissa que escola, com os objetivos específicos, com a
a aprendizagem se realiza quando o aluno, ao metodologia a ser adotada em cada etapa e
confrontar suas concepções, constrói os com os critérios de avaliação. O trabalho foi
conceitos pretendidos pelo professor (BRASIL, desenvolvido com alunos do 1os anos do Ensino
2006, p.81). Médio Etim, que é o Ensino Médio Integrado ao
A atitude de ensinar deve produzir no aluno Técnico de Automação, Informática e Logística,
o máximo de aprendizagem, produzindo ações da unidade escolar Etec. Deputado Ary de
que o levem a pensar, a elaborar possíveis Camargo Pedroso, na cidade de Piracicaba/SP.
soluções, ser o sujeito ativo no processo de A unidade escolar possui em média 360 alunos
aprendizagem, ser crítico. que são distribuídos entre os 1os, 2os, e 3os
Essa intervenção pedagógica, essa prática anos do ensino Médio Técnico. As classes dos
diferenciada passa a ser importante para o cursos envolvidos no projeto são dos cursos de
aluno que consegue explorar os conteúdos por Informática e Logística, compostas de 40 alunos
meio de atividades lúdicas. cada, na distribuição aproximada de 50% de
homens e 50% de mulheres. A classe do curso
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O uso de atividades diferenciadas em sala de aula permiti visualizar diferentes práticas
pedagógicas que podem ser utilizadas pelos professores, nas diversas disciplinas que compõem o
currículo escolar. O projeto mostra que com plano de aula e com os objetivos bem definidos o
processo de ensino e de aprendizagem torna-se significativo tanto para o professor como para o
aluno.
A pesquisa realizada teve como finalidade a inclusão de jogos matemáticos nas aulas de
Ensino Médio Etim dos cursos de Automação, Informática e Logística direcionada a princípio a
disciplina da base comum, e observar se sua utilização apresenta ou não resultado positivo. Pode-
se observar que favoreceu pontos importantes dentro da aprendizagem, dentre eles: o trabalho
em grupo, o relacionamento entre os alunos, o relacionamento de ideias, compreensão mutua
dos diferentes perfis, aceleração de resultados em curto espaço de tempo.
O uso dos jogos desperta o interesse do aluno, apresenta sentidos, traz novas descobertas,
desenvolve sua personalidade, motiva o progresso do aluno dentro do ambiente escolar e fora
dele, deve ter sempre um caráter desafiador.
A facilidade com que os alunos absorveram os conteúdos ficou clara. No desenvolvimento
dos jogos aprofundaram conceitos vistos, a técnica de pesquisa, montagem e apresentação dos
resultados, por meio da exposição. A equipe de docentes da escola ficou satisfeita, fazendo
associações de alguns jogos desenvolvidos pelos alunos em suas disciplinas técnicas.
Atividades diferenciadas em sala de aula motivam os alunos, principalmente alunos de
Ensino Médio Etim, que permanecem parte do dia na unidade escolar e que demostram um
interesse maior em querer um desafio. O professor é um agente mediador de aprendizagem e o
aluno torna-se o principal nesse processo. Estar apto a mudanças em sala de aula é fundamental.
O uso de atividades diferenciadas, como no projeto executado, o uso dos jogos, representa
uma mudança de postura do professor em relação ao que é ensinar matemática ou outras
disciplinas. A forma como se coloca as situações de aprendizagem é um fator importante para
que a aprendizagem significativa aconteça.
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REFERÊNCIAS
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Disponível em http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=vtls000223718&fd=y.
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