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Rosana Rios
MEIO DO CAMINHO
SINOPSE
A onça vai beber água e encontra um tronco no meio do caminho. Ela tenta
empurrar o tronco, mas ele nem se mexe. Outros animais se aproximam e
também procuram tirar o tronco do lugar, mas nada de ele se mover. Nesta
divertida história de Rosana Rios, a solução do problema vem de quem menos
se espera.
PALAVRAS DA AUTORA
Sou escritora, moro com minha família em São Paulo, na capital, e tenho
uma coleção enorme de livros, gibis e dragões. Escrevo livros para crianças e
jovens desde 1988, e já publiquei mais de cem obras. Também trabalhei na
televisão como roteirista de vários programas, tais como Bambalalão e O
Agente G. Gosto de escrever sobre tudo: gente, bichos, outros planetas,
aventuras fantásticas, dragões, sonhos... Escrevi esta história acumulativa
inspirada pelos escritos do meu autor preferido, Monteiro Lobato,
especialmente por Caçadas de Pedrinho, um livro muito divertido com gente e
bichos.
FICHA TÉCNICA
“A literatura corresponde a uma necessidade universal que deve ser satisfeita sob pena de
mutilar a personalidade, porque pelo fato de dar forma aos sentimentos e à visão do mundo ela
nos organiza, nos liberta do caos e portanto nos humaniza. Negar a fruição da literatura é
mutilar a nossa humanidade.”
ANTONIO CANDIDO
(CANDIDO, Antonio. O direito à literatura. In: ______. Vários escritos. 4. ed. São Paulo: Duas
Cidades, 2004. p. 186.)
“A fruição literária não é um simples ato de consumo, mas uma construção que pressupõe
capacitação, experiência. É, pois, necessário deixar de associar a leitura prazerosa à ideia da
mera facilidade ou lazer. Na facilidade, não está necessariamente o prazer e, na obrigação,
não está necessariamente o desprazer. O prazer pode estar associado à realização.”
“A literatura infantil, nessa medida, é levada a realizar sua função formadora, que não se
confunde com uma missão pedagógica. Com efeito, ela dá conta de uma tarefa a que está
voltada toda a cultura — a de “conhecimento do mundo e do ser”, como sugere Antonio
Candido, o que representa um acesso à circunstância individual por intermédio da realidade
criada pela fantasia do escritor. E vai mais além — propicia os elementos para uma
emancipação pessoal, o que é a finalidade implícita do próprio saber.”
REGINA ZILBERMAN
(ZILBERMAN, Regina. A literatura infantil na escola. 11. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo:
Global, 2003. p. 29.)
“... a diversidade é fundamental quando se compreende que o leitor não nasce feito ou que
o simples fato de saber ler não transforma o indivíduo em leitor maduro. Ao contrário,
crescemos como leitores quando somos desafiados por leituras progressivamente mais
complexas. Portanto, é papel do professor partir daquilo que o aluno já conhece para aquilo
que ele desconhece, a fim de se proporcionar o crescimento do leitor por meio da ampliação de
seus horizontes de leitura.”
RILDO COSSON
(COSSON, Rildo. Letramento literário: teoria e prática. São Paulo: Contexto, 2006. p. 35.)
FORMAÇÃO DO LEITOR
EXPLORAÇÃO DA LEITURA
EXPANSÃO DA LEITURA
leituras que fizeram (diálogo com a própria literatura) e também com outras
formas de expressão, como as artes plásticas, a música, o teatro, o cinema, os
quadrinhos.
No caso das relações entre textos literários, deve-se desafiar as crianças
a estabelecer comparações (busca de semelhanças e diferenças) de alguns
aspectos: estilo dos autores (diferentes escritores têm estilos também
diferentes, e isso se evidencia nas escolhas que fazem e no modo como
compõem seus textos), linguagem, temática, estrutura do texto, características
dos personagens, técnica de ilustração, entre outros.
É você, professor, a pessoa mais preparada para perceber as
possibilidades de exploração de intertextualidade que sejam mais produtivas
para seus alunos, já que cada turma tem sua história de leituras prévias, de
vivências culturais, de projetos anteriores de leitura. Enfim, as atividades de
expansão da leitura dependerão muito do perfil das crianças, para que elas
possam, efetivamente, fazer ligações entre o livro que leram e outros que já
conhecem, filmes ou peças de teatro a que assistiram, obras de arte que
tenham visto, músicas que tenham ouvido.
Debates, pesquisas e atividades lúdicas (por exemplo, encenações,
associações de palavras, ilustrações, jogos, projetos de divulgação na escola e
na comunidade) podem enriquecer a compreensão e a interpretação do texto.
Obviamente, isso não deve se tornar pretexto para atividades meramente
pedagógicas, nem resultar no abandono do texto literário, que deve ser
sempre, vale a pena ressaltar, o ponto de partida e de chegada do trabalho
com a leitura.
UM TRONCO NO
Rosana Rios
MEIO DO CAMINHO
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
ANTES DA LEITURA
É provável que a autora do livro seja leitora dos poemas desse grande
poeta, pois é evidente a sua intenção de estabelecer um diálogo intertextual
entre as duas obras. Leia todo o poema para os alunos.
DURANTE A LEITURA
1. A autora conta, em sua autobiografia, que sua intenção era escrever uma
história acumulativa. Pergunte às crianças se elas sabem do que se trata.
Depois, explique-lhes que as histórias acumulativas são contos divertidos em
que uma frase ou situação se repete ao longo de toda a narrativa. A partir
dessa informação, as crianças já conseguirão identificar a situação que é
retomada e vai se acumulando ao longo do livro. Muitas crianças passam a
acompanhar a leitura com mais facilidade depois de conhecer esse recurso,
sendo capazes de identificá-lo toda vez em que ele aparece. Esse é um dos
tipos de leitura de que elas mais gostam. A partir daí, incentive as crianças a
realizar a leitura do livro aplicando a entonação e o ritmo que combinem com
cada situação. Por exemplo, a fala reiterativa dos personagens – “Saia da
minha frente, tronco!” – pode ser lida de forma enfática, intensificando a ordem
dada ao tronco. Já nos trechos que evidenciam a quantidade de animais que
estão embaixo do tronco, o ritmo pode ser o mesmo aplicado à leitura de
listagens.
5. A paca entra em cena e também fica presa. Antes de ler o trecho “Entrou no
vão e empurrou a anta, que empurrou a onça, que empurrou o tronco”, instigue
UM TRONCO NO
Rosana Rios
MEIO DO CAMINHO
10. Apesar do ocorrido, a onça não perdeu a majestade. Vejam só o que ela
diz, na página 20: “Viram como eu sou forte?”. Isso significa que ela não
percebeu (ou não considerou) o papel desempenhado pela formiga no trabalho
de salvamento? Será que a onça pensou que o mérito por ter movido o tronco
foi exclusivamente seu? Enfim, a fama de ser forte continuou a ser da onça.
Instigue a capacidade de inferência das crianças, perguntando a razão de
todos os animais, com exceção da formiga e da onça, tratarem de “sumir dali
UM TRONCO NO
Rosana Rios
MEIO DO CAMINHO
bem depressa” (página 21). Qual a razão dessa pressa? Será que eles foram
beber água no rio ou estavam fugindo de alguma coisa?
11. No final (página 23), a formiga dá uma risadinha e vai para o formigueiro.
Pergunte aos alunos por que ela dá essa risadinha. Será que ela sabe que a
onça está se vangloriando de algo que não fez, mas não quer perder a fama?
Seja como for, a formiga sabe da verdade e não precisa contar a ninguém
como se deu a solução do problema. Ela sabe. E pronto. E ponto.
12. No final do livro, ainda é fornecida uma última informação sobre o tronco:
“Ah... Ele continua, até hoje, no meio do caminho”. Pergunte às crianças se
elas acreditam que algum dos animais que ficaram entalados voltará a passar
pelo lugar, dando ordens ao tronco. Solicite que justifiquem suas opiniões.
13. “O tronco? Ah... Ele continua, até hoje, no meio do caminho.” Retome com
as crianças o verso do poema de Drummond, transformando-o para “No meio
do caminho tinha um tronco...”. Solicite que completem a ideia do verso
parodiado. Elas podem dizer, por exemplo, que o tronco atrapalhou a vida da
onça, da anta, da paca, do tatu, da cutia e do esquilo, mas não da formiga.
DEPOIS DA LEITURA
6. Apresente histórias por meio das quais as crianças possam perceber que o
recurso da repetição e da acumulação é comumente usado pelos autores.
Segue uma sugestão:
A velha a fiar
Estava a velha no seu lugar
veio a mosca lhe fazer mal
a mosca na velha e a velha a fiar
Cantiga folclórica
7. Leia o livro A casa sonolenta, de Audrey Wood (Editora Ática), para que as
crianças possam estabelecer relações com a história de Rosana Rios. A casa
da história é especial, porque, num dia chuvoso, todos os seus moradores
parecem gostar de dormir. Até que uma pulguinha resistente causa uma
reviravolta na situação e traz um colorido diferente à história, que costuma
deixar as crianças muito atentas. A cada elemento novo, os anteriores são
repetidos, de forma acumulativa. Apresente toda a história às crianças. Leia
uma vez, duas, quantas forem necessárias, para que elas acabem participando
da leitura.