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1.ª edição
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Vários autores
ISBN: 978-65-5388-084-9
DOI: doi.org/10.36926/editorainovar-978-65-5388-084-9
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Prof. Dr. Alexsande de Oliveira Franco
Profa. Dra. Aldenora Maria Ximenes Rodrigues
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Profa. Dra. Geyanna Dolores Lopes Nunes
Prof. Dr. Guilherme Antonio Lopes de Oliveira
Prof. Dr. João Vitor Teodoro
Profa. Dra. Juliani Borchardt da Silva
Profa. Dra. Jucimara Silva Rojas
Profa. Dra. Lina Raquel Santos Araujo
Prof. Dr. Marcus Vinicius Peralva Santos
Profa. Dra. Maria Cristina Neves de Azevedo
Profa. Dra. Nayára Bezerra Carvalho
Profa. Dra. Ordália Alves de Almeida
Profa. Dra. Otília Maria Alves da Nóbrega Alberto Dantas
Profa. Dra. Roberta Oliveira Lima
Profa. Dra. Rúbia Kátia Azevedo Montenegro
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APRESENTAÇÃO
CAPÍTULO 1 11
A LEITURA EM PROCESSO: UM ESTUDO SOBRE AS PRÁTICAS
PEDAGÓGICAS NA FORMAÇÃO DO ALUNO-LEITOR
Rita de Cássia dos Santos
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CAPÍTULO 2 33
A SALA DE AULA E A PRÁTICA DO PROFESSOR: DA EXPERIÊN-
CIA AOS DESAFIOS NA CONTEMPORANEIDADE
Sílvio César Lopes da Silva
doi.org/10.36926/editorainovar-978-65-5388-084-9_002
CAPÍTULO 3 51
A UTILIZAÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE PARA A MELHORIA DO
PROCESSO DA APRENDIZAGEM EM CRIANÇAS NA FAIXA ETÁ-
RIA DE 6 ANOS DO ENSINO FUNDAMENTAL I
Teresa Cristina Abreu da Silva
doi.org/10.36926/editorainovar-978-65-5388-084-9_003
CAPÍTULO 4 68
AS IMPRESSÕES DA DISCIPLINA ORGANIZAÇÃO E MEMÓRIAS
NOS ESPAÇOS PEDAGÓGICOS EM EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
E TECNOLÓGICA (EPT)
Romilson Alves da Silva
doi.org/10.36926/editorainovar-978-65-5388-084-9_004
CAPÍTULO 5 87
CONSIDERAÇÕES SOBRE AS POLÍTICAS EDUCACIONAIS NO
SISTEMA PENITENCIÁRIO A PARTIR DO EXEMPLO DAS AÇÕES
NAS PRISÕES DE SANTA CATARINA
Felipe Alves Goulart
Felipe de Araújo Chersoni
doi.org/10.36926/editorainovar-978-65-5388-084-9_005
CAPÍTULO 6 104
CRIAÇÃO DE UM BANCO DE IMAGENS PARA O ENSINO DA HIS-
TOLOGIA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Alan Bessa Aguiar
Beatriz Nogueira Caracas de Souza
Eliane de Sá Cavalcante Pacheco Neta
Anna Julia Ribeiro Cunha
Ana Beatriz Teófilo Macedo dos Santos
Marília Christina Botelho Dantas
Juan Pontes Lobo
Thiago Menezes de Souza
Aston Alves de Freitas
Lara Maria Fujita Vieira Lima
doi.org/10.36926/editorainovar-978-65-5388-084-9_006
CAPÍTULO 7 117
GESTÃO EDUCACIONAL: A ORGANIZAÇÃO DOS PROCESSOS
EDUCACIONAIS NO IFPR NO PERÍODO DA PANDEMIA NO CUR-
SO DE TECNOLOGIA EM SECRETARIADO PARA A OFERTA DE AU-
LAS REMOTAS
Diana Gurgel Pegorini
Marlene de Oliveira
Caterine Pereira Moraz
Mara Christina Vilas Boas
doi.org/10.36926/editorainovar-978-65-5388-084-9_07
CAPÍTULO 8 128
METODOLOGIAS ATIVAS NO ENSINO SUPERIOR EM SAÚDE DU-
RANTE O PERÍODO DE PANDEMIA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Aldenora Maria Ximenes Rodrigues
Amanda Maria Villas Bôas Ribeiro
Guilherme Antônio Lopes de Oliveira
Marciglei Brito Morais
doi.org/10.36926/editorainovar-978-65-5388-084-9_008
CAPÍTULO 9 144
O COORDENADOR PEDAGÓGICO ENQUANTO SUJEITO FACILI-
TADOR DA PRÁXIS DOCENTE
Thais Rios de Lima
doi.org/10.36926/editorainovar-978-65-5388-084-9_009
CAPÍTULO 10 155
O DEBATE ACERCA DA SAÚDE MENTAL E IDEAÇÃO SUICÍDA NO
CONTEXTO ESCOLAR: UMA ABORDAGEM ACERCA DA APREN-
DIZAGEM SIGNIFICATIVA
Eduarda Gonçalves Cabral
doi.org/10.36926/editorainovar-978-65-5388-084-9_010
CAPÍTULO 11 175
O REFLEXO DA PRÁTICA DOCENTE NO PROCESSO DE ALFABE-
TIZAÇÃO EM ALUNOS COM DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM
Leidiane Pereira da Silva
doi.org/10.36926/editorainovar-978-65-5388-084-9_011
CAPÍTULO 12 191
O USO DAS TECNOLOGIAS EM SALA DE AULA: A INFLUÊNCIA
DA ERA DIGITAL NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM DE
UMA LÍNGUA ESTRANGEIRA
Géssica Larissa da Silva Beserra
Raquel Maria de Oliveira Freitas
doi.org/10.36926/editorainovar-978-65-5388-084-9_012
CAPÍTULO 13 201
POSSÍVEIS CONTRIBUIÇÕES DE JOGOS NA APRENDIZAGEM MA-
TEMÁTICA DOS ANOS INICIAIS
Care Cristiane Hammes
Silvia Mara Pagliuzo Muraki
doi.org/10.36926/editorainovar-978-65-5388-084-9_013
CAPÍTULO 14 221
UM PROJETO MUDANDO VIDAS NA ZONA NORTE DO RIO DE JA-
NEIRO: ESCOLA DE MÚSICA NUMA IGREJA - 1ª PARTE
Flávio de Souza Melo
doi.org/10.36926/editorainovar-978-65-5388-084-9_014
CAPÍTULO 15 234
UM PROJETO MUDANDO VIDAS NA ZONA NORTE DO RIO DE JA-
NEIRO: ESCOLA DE MÚSICA NUMA IGREJA - 2ª parte
Flávio de Souza Melo
doi.org/10.36926/editorainovar-978-65-5388-084-9_015
RESUMO
O objetivo geral do presente estudo é analisar as práticas pedagógi-
cas dos professores que permeiam o desenvolvimento de alunos-lei-
tores nos 4º, 5º e 6º anos do Ensino Fundamental da Escola Munici-
pal Maria Carmem Leite Alves e da Escola Municipal Professora Adí-
lia de Aguiar Leite, situada na cidade de Carmópolis. Através da prá-
tica de leitura deve-se testar nossos próprios valores e experiências
com os outros, a leitura é um dos principais instrumentos para que o
indivíduo construa seu conhecimento e aprenda a exercer cidadania,
daí a importância de despertar o prazer pela leitura nos educandos.
Essas práticas serão aplicadas num grupo de alunos e os resultados
avaliado paralelamente. Estes evidenciam a importância do papel do
professor enquanto leitor e mediador, na evolução da prática de leitu-
ra dos alunos. Destaca-se a importância deste trabalho, pelos profes-
sores de todas as áreas, pois desenvolve um olhar crítico e promove
a cidadania. Esse trabalho deve ser feito entre, alunos e professores,
cada um desses tem um papel fundamental na construção do leitor.
É relevante dizer que pesquisas do mundo todo mostram que a crian-
ça que lê desde cedo é beneficiada em diversos sentidos, ela apren-
de melhor, pronuncia melhor as palavras, desenvolve a criatividade,
a imaginação, e adquire cultura.
11
Palavras-chave: Leitura. Práticas pedagógicas. Aluno-leitor. Cida-
dania.
ABSTRACT
The purpose of the research is to analyze the teachers pedagogical
practices that permeate the development of student-readers in 4º, 5º and
6º years of elementary school of Municipal School Maria Carmem Leite
Alves and Municipal School Professor Adilia de Aguiar Leite, located in
Carmópolis. Through Reading practice tested our ownvalues and experi-
ences with others, Reading is one of the main tools for the individual build
your knowledge and learn to exercise citizenship, hence the importance
of awakening the pleasure by reading in students. These practices are
apllied to a group of students and the results evaluated in parallel. They
highlight the importance of the role of the teacher as a player and media-
tor in the evolution of the practice of reading the students. The relevance
of this work, by teachers in all fields, as a critical eye develops and pro-
motes citizenship. This work must be done between students and teach-
ers, each of these has a key role in building this player. It is relevant to
say that research from around the world shows that child to read early
on in several directions, benefits from, she learns best, pronounced the
words, develop creativity, imagination and culture.
Keywords: Reading. Pedagogical practices. Student-reader. Citizen-
ship
INTRODUÇÃO
12
após um bom desempenho passando a gestora da maior escola do
município, de nome Maria Carmem Leite Alves, na época com aproxi-
madamente 1.200 alunos, na qual ficou perceptível a grande neces-
sidade da formação continuada para os professores sobre as práti-
cas pedagógicas, enquanto gestora e levando em consideração es-
sas necessidades, surgiu como alternativa pedagógica a inserção do
projeto “Leitura x Cidadania”.
No período da graduação a temática leitura motivou a par-
ticipação das discussões de grupos de pesquisa que investigava a
construção da leitura e da escrita dos alunos com dificuldades de
aprendizagem. Entre os anos de 2009 a 2011, mais uma vez na con-
dição de gestora na Escola Municipal Adília de Aguiar Leite, as ques-
tões voltadas para a leitura surgem, onde se observou que as práti-
cas pedagógicas não atendiam as necessidades dos discentes.
Nesse contexto, diversos professores não respeitavam o rit-
mo dos alunos e por isso não atendiam a todos em suas particulari-
dades. Já no período de 2012 a 2015 atuando na função de coorde-
nadora pedagógica do ensino fundamental II, na Secretaria de Edu-
cação, na qual foram desenvolvidos vários projetos e oficinas peda-
gógicas voltadas à leitura e escrita, como também relacionadas aos
descritores da prova Brasil e ANA1, participando do curso de tutora do
Programa Formação pela Escola/FNDE e do Projeto Arranjo da Vale
do Rio Doce. Essas vivencias descritas motivaram a desenvolver a
presente pesquisa, com o objetivo de analisar as práticas de leitu-
ra no processo de ensino aprendizagem, favorecendo a participação
e a aprendizagem dos alunos na diversidade da sala de aula, tendo
como premissa importante os interesses e possibilidades de apren-
dizagem de todos os alunos, independentemente de suas dificulda-
des de leitura. Portanto, a origem desse tema que se tornou objeto da
pesquisa do mestrado, emergiu convictamente, cresceu e se desen-
volveu a cada instante durante a trajetória profissional, assim a partir
desse olhar com foco de ensinar a ler e a escrever para compreender
como o aluno aprende no processo de leitura.
1 A Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA) é uma avaliação externa que objetiva aferir os
níveis de alfabetização e letramento em Língua Portuguesa (leitura e escrita) e Matemática
dos estudantes do 3º ano do Ensino Fundamental das escolas públicas. As provas aplicadas
aos alunos forneceram três resultados: desempenho em leitura, desempenho em matemáti-
ca e desempenho em escrita.
13
Diante da premissa, a escolha do tema da presente disserta-
ção ocorreu em função do objetivo geral que é de analisar as práti-
cas pedagógicas dos professores que permeiam o desenvolvimento
de alunos-leitores nos 4º, 5º e 6º anos do Ensino Fundamental da Es-
cola Municipal Maria Carmem Leite Alves e da Escola Municipal Pro-
fessora Adília de Aguiar Leite. Evidenciando a importância e a grande
necessidade de formação continuada para professores que lecionam
em todas as áreas, elevando o potencial transformador para evolu-
ção da prática de leitura dos discentes.
Especificamente essas escolas foram escolhidas diante de
tantas outras, por causa da aproximação e vivencias em ambas, sus-
citando os inúmeros questionamentos relacionados às práticas de
leitura e ao grande número de alunos com déficit de aprendizagem.
Corroborando com essa visão, ao ingressar no mestrado op-
tando então pela construção dessa pesquisa, foram realizadas visitas
pedagógicas, na qual percebeu-se o crescente número de discentes
com dificuldades de aprendizagem de leitura em sala de aula, como
também os problemas sofridos pelos professores, onde muitas ve-
zes, ao invés de desenvolverem o trabalho planejado, tem que ficar
tentando controlar a turma, situação essa que prejudica no desen-
volvimento e na aprendizagem dos alunos, contudo a realidade atu-
al vem afastando cada vez mais os alunos do ato de ler, esse quadro
possivelmente poderá desencadear num alto índice de fracasso es-
colar, assim gerando a baixa autoestima nos alunos.
Muito embora, em âmbito geral os meios de comunicação,
como: programas de tv, periódicos, jornais e revistas, em nada incen-
tivam o interesse pela leitura e por consequência, apresentam difi-
culdades marcantes como: vocabulário precário, reduzido e informal,
problemas na compreensão dos textos, erros ortográficos, poucas
produções, conhecimentos restritos aos conteúdos escolares. Inicial-
mente, vale ressaltar, que foi realizada uma reflexão sobre os cursos
de formação inicial e continuada para professores que devem dire-
cionar seu público a buscarem alternativas de solução em diferentes
situações postas pela realidade de seus alunos, a exemplo da rele-
vância do planejamento, projetos pedagógicos para sua atuação na
sala de aula dentre outros elementos como sugestões na formação
de alunos para leitura, não apenas nesses anos/séries apresentados
14
como também em outros de forma interdisciplinar, não somente no
município de Carmópolis, mas como referência para outros pesqui-
sadores de diversas áreas que pretendam trabalhar a formação de
alunos leitores.
Nesse sentido, devem estabelecer alternativas que minimi-
zem tais dificuldades decorrentes da relação professor/aluno, levan-
do a conhecer as práticas pedagógicas que podem ser sugeridas a
formação dos alunos para a leitura, adotando medidas reconhecidas
por vários teóricos, para assim conseguir elevar os sentimentos de
autoestima, fazendo-os perceber suas potencialidades e recuperan-
do, desta forma seus processos cognitivos e emocionais. Para tanto,
ao retratar a dificuldade de aprendizagem dos alunos do ensino fun-
damental surge a iniciativa de trabalho com as práticas pedagógicas
que auxiliem na formação do aluno-leitor. Portanto, a leitura exige no-
vas habilidades na vida quotidiana do aluno, intensificando o desen-
volvimento de indivíduos com a leitura competente, tornando-os cida-
dãos críticos, responsáveis e construtivos diante da sociedade.
O termo leitura alargou-se para as diversas áreas do conhe-
cimento, com inúmeras vertentes. Discuti-la é apesar de comple-
xa, fundamental, pois estabelece relações de sentido, avalia infor-
mações, infere significados, dentre outros. Dessa maneira, a leitura
exerce e continua tendo função social sendo bastante comentada e
estudada, além de proporcionar ao leitor reflexões sobre o mundo e
o mundo do texto, logo através das informações do contexto o leitor
toma ciência de sua e ou da realidade do outro, ampliando sua visão
de mundo. A leitura nunca se faz tão necessária nos bancos escola-
res. De um lado há o aumento nas fontes de pesquisa e uma cres-
cente preferência pelo construtivismo. De outro, a grande dificulda-
de dos alunos em compreender questões eliminatórias no vestibu-
lar onde só se obtém êxito quem tiver por hábito se atualizar através
de jornais, revistas e livros. A leitura é um instrumento valioso para a
apropriação de conhecimentos relativos ao mundo exterior.
Ela amplia e aprimora o vocabulário e contribui para o desen-
volvimento de um pensamento crítico e reflexivo, pois possibilita o
contato com diferentes ideias e experiências. Assim, é obrigação da
escola desenvolver o gosto e o prazer pela leitura, tornando os estu-
dantes capazes de compreender diferentes gêneros textuais que cir-
15
culam na sociedade, de modo a formar leitores competentes e autô-
nomos, contribuindo para a sua inclusão e interação na sociedade.
Portanto é necessário que a escola busque resgatar o valor
da leitura, como habilidades de requisitos para emancipação social e
promoção da cidadania. Nesse contexto, a escola enquanto institui-
ção responsável pela formação das novas gerações tem privilegiado
para o desenvolvimento da competência leitora, que tem sido ques-
tionada quanto ao seu papel no processo de aprendizagem de futu-
ros leitores, contudo a escola tem o papel importante para a forma-
ção dos discentes, influenciando-os a criarem o hábito de ler livros,
e ver a leitura como algo prazeroso. Neste sentido é dever da insti-
tuição de ensino, juntamente com professores e equipe pedagógica,
propiciar aos educandos momentos que possam despertá-los o gos-
to pela leitura, a consciência da importância de se adquirir o hábito de
ler. Assim devem proporcionar ao aluno que a leitura é o instrumen-
to chave que amplie suas habilidades tanto no âmbito pessoal, quan-
to profissional. Sabe-se que do hábito de leitura dependem de outros
elos no processo de educação. Sem ler, o aluno não sabe pesquisar,
resumir, resgatar a ideia principal do texto, analisar, criticar, julgar, po-
sicionar-se, a equipe docente tem consciência de que o aluno deve
ter o domínio sobre a língua oral e escrita, tendo em vista sua auto-
nomia e participação social.
Nessa linha de raciocínio, Machado (2001, p. 136) reforça que
a legitimidade da literatura na formação plena do aluno: “Leitura não
é dever de ninguém. É um direito, isso sim, de todo cidadão, e por
ele temos de lutar – isso sim é um dever”. Assim, considerando a re-
alidade sociocultural dos alunos com relação ao processo ensino-
-aprendizagem, observa-se a fundamental importância do repensar a
educação do futuro como formação do conhecimento e não somente
como informação compartimentada no preparo do cidadão. Eviden-
ciando essa realidade, tem-se a finalidade de formar sujeitos do co-
nhecimento para despertar nos alunos o prazer pela leitura, podendo
dessa maneira proporcionar a possibilidade de acesso a essa gama
de conhecimentos efetivada nos livros disponíveis através de biblio-
tecas e cantinhos de leitura, na qual estará atendendo o município
como um todo. Vale salientar, que o estudo apresenta natureza qua-
litativa e quantitativa, com relevância exploratória, descritiva, biblio-
16
gráfica e de campo, considerando a coleta de dados que foi realizada
no local dos fenômenos, através de estudo transversal com caracte-
rísticas qualitativas.
Contudo, deve-se considerar que a análise foi construída a
partir de classes temáticas, na qual apresenta as seguintes hipóte-
ses: a formação do aluno leitor tem sido fortalecida pelas práticas pe-
dagógicas utilizadas pelos professores do ensino fundamental, como
também as práticas pedagógicas desenvolvidas pelos professores,
não favorável ao desenvolvimento de alunos leitores. Com bases nas
considerações expostas é importante que os questionamentos sejam
constituídos no universo do conhecimento, assim, é preciso que se
leve em consideração aspectos relevantes no entorno do objeto pes-
quisado. Nesse postulado, convém salientar que a questão norteado-
ra dará conta de direcionar tais aspectos neste trabalho elencados.
17
ria das vezes são os grandes causadores dessa falta de estímulo
pela leitura. Na maioria dos casos obrigam o aluno a ler um livro de
literatura com a obrigatoriedade de responder um questionário ela-
borado pelas editoras, para o qual o professor possui as respostas,
também elaboradas previamente. Aí está decretada a sentença de-
finitiva: o discente, nesse caso, nunca será um leitor. Conforme Sar-
tre(1989) afirma:
18
turas neste projeto, tendo as seguintes funções: ouvir e ler diversos
textos literários (contos, crônicas, poesias, etc) para apreciação; para
gostar de ler; para conhecer a magia dos livros; para se interessar
pela leitura dos livros; ler e ouvir textos para obter informações refe-
rentes a um tema estudado; ler para revisar os textos; ler textos para
análise de sua estrutura e domínio para a escrita. O educando deve
ser capaz de, não apenas decodificar sons e letras, mas entender os
significados, usos das palavras em diferentes contextos. A leitura de
mundo precede a leitura da palavra, uma vez que a leitura não é ape-
nas precedida pela leitura do mundo, mas por certa forma de escre-
vê-lo ou de reescrevê-lo, quer dizer, de transformá-lo através de nos-
sa prática consciente (FREIRE, 1989) como se vê deve-se conside-
rar que a linguagem e a realidade se prendem dinamicamente, iden-
tificando o processo de formação do leitor aproxima-se do processo
de formação para a percepção da realidade circundante.
De acordo com Freire (1989), busca em suas reflexões es-
clarecer que a leitura da palavra é precedida da leitura do mundo e
também enfatiza a importância crítica da leitura na alfabetização, co-
locando o papel do educador dentro de outra escala educativa uma
prática concreta de libertação e construção da história, inserindo o
aluno em um processo criador em que ele se torna sujeito. O incenti-
vo à leitura, a busca de livros e a frequência a bibliotecas pode ocor-
rer tão logo as crianças comecem a tomar contato com a escola, fa-
zendo com que compreendam e valorizem a cultura escrita. É preci-
so conscientiza-los do que realmente significa do que é ler e escre-
ver sobre aquilo que se leu, fazendo resumos e criando outros textos.
Portanto, ensinar a ler pressupõe ações orientadas com os di-
versos textos que circulam socialmente. Então, nas aulas de leitura, que
devem ocupar a maior parte de nossa carga horária, começamos pelos
textos com estrutura simples, com palavras conhecidas, com temas pró-
ximos do universo do aluno, para ir gradativamente 4ampliando as pos-
sibilidades de leitura com a introdução de textos mais complexo.
19
sa à seleção e indicação de suportes de leitura. Isso porque, devido
as condições sociais de parte das famílias, será na escola e pela es-
cola que muitos alunos poderão ter acesso aos diferentes textos da
cultura letrada em seus suportes originais, como jornais, revistas, li-
vros, dicionários e outros. Além desses, os gêneros que circulam nas
diversas mídias eletrônicas, como os e-mails, bate-papos, somen-
te farão parte do universo de muitos alunos pela via da escola. Nes-
sa perspectiva, a leitura não pode ser reduzida a um processo de de-
codificação. No processo de leitura, pensamento e linguagem atu-
am em transações em que o leitor busca significado no texto. Segun-
do Goodman (1991), só existe um processo de leitura. As diferenças
entre leitores competentes, não competentes, ou principiantes não
estão relacionadas com o processo pelo qual é obtido o significado,
mas com a maneira de cada um utilizar o processo. Grande parte das
escolas trabalha somente com textos literários e didáticos e muitas
vezes selecionam esses materiais de forma burocrática, ou seja, uma
relação de interesse entre editora, escola e, até mesmo, professor.
Convém deixar claro que esse tipo de atitude não é de forma genera-
lizada, pelo contrário, existem educadores que realmente desempe-
nham seu papel de maneira responsável, desenvolvendo estratégias
e diferentes formas de realizar uma leitura eficiente.
20
Os alunos conseguem perceber que há continuidade. As capacida-
des de leitura são mesmo priorizadas ou são sacrificadas em nome
de conteúdos que supostamente seriam mais importantes. Na práti-
ca, o que se observa é que a escola não vem desenvolvendo as ati-
vidades de leitura dentro dessa perspectiva ampla. Sendo função bá-
sica da escola ensinar a ler e escrever, ela não vem privilegiando a
leitura de mundo. A leitura não deve restringir-se ao ato mecânico de
reconhecimento/reprodução de palavras e frases, assim como não
deve favorecer uma leitura passiva de texto.
A prática de leitura em sala de aula está longe do que deve-
riam ter, preocupase apenas em fazer o aluno ler textos que não tem
qualquer significado, pois estão distantes de sua realidade. Compor-
tamento a que os alunos respondem mecanicamente, reproduzindo
apenas as questões propostas pelos livros didáticos.
Segundo Geraldi (2003), nos textos colocados à disposição
dos estudantes por grande parte dos livros didáticos de Língua Por-
tuguesa, pode constatar que tais textos não respondem a qualquer
para quê. Consequentemente, o único para que lê-lo que o estudan-
te descobre de imediato é responder às questões formuladas a título
de interpretação. As leituras realizadas em outras disciplinas do cur-
rículo são menos artificiais do que as realizadas nas aulas de Língua
Portuguesa, ainda que a resposta tenha sido autoritária e artificial-
mente imposta pelo processo escolar.
Um planejamento micro põe em destaque as capacidades
que os alunos vão desenvolver na leitura de cada gênero, as meto-
dologias para o desenvolvimento dessas capacidades e os materiais
que serão utilizados.
Quanto à natureza das capacidades de leitura, as mais sim-
ples, como as de localizar, identificar, apontar, tendem a ser desen-
volvidas no início do processo. O leitor pode conseguir mais facilmen-
te resolver questões em que basicamente volta ao texto para loca-
lizar: qual é o personagem? Onde se passa a história? Quando? O
desenvolvimento de outras capacidades como as de inferir, estabe-
lecer relações de causa, consequência, finalidade, compreender glo-
balmente, perceber uma crítica expressa, perceber a força argumen-
tativa do uso de determinados recursos linguísticos, perceber ironia
ou humor, por exemplo, tende a ser mais complexo e demorado.
21
Vale ressaltar que cada texto pede uma leitura diferente, já
que o leitor não usa sempre os mesmos modos de ler. Por isso, é im-
portante que os textos sejam apresentados aos alunos para que co-
nheçam seu conteúdo, sua forma, a organização particular dada aos
recursos linguísticos em cada um deles, seu funcionamento social.
Isto é, uma notícia não é lida do mesmo modo que um poema, uma
crônica ou uma sinopse de filme. Se, como atividade de ensino, for
proposto sempre o mesmo tipo de pergunta para os textos, as dife-
renças particulares de cada um não se tornam visíveis.
2. PERCURSO METODOLÓGICO
22
2.1 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
23
análise das comunicações visando obter procedimentos sistemáticos
e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores
(quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos
relativos às condições de produção /recepção (variáveis inferidas)
destas mensagens. As respostas apresentadas pelos alunos e pro-
fessores foram analisadas individualmente e tabuladas e apresenta-
ram os seguintes resultados: pode-se verificar que 80% dos alunos
apresentaram melhorias nos níveis de compreensão de leitura.
Cabe destacar que nem todos os alunos apresentaram me-
lhores pontuações, por outro lado não houve queda no desempenho
de nenhum aluno. Desse modo, deve-se considerar que o resultado
foi favorável na medida em que houve melhoria.
A hipótese era de que melhorando a compreensão leitora, os
alunos apresentariam melhor compreensão dos exercícios de leitu-
ra e escrita, progredindo, com motivação para esse domínio no pro-
cesso de leitura. Sendo assim, os objetivos propostos foram atingi-
dos parcialmente sobre as competências leitora e as práticas de lei-
tura e escrita no processo de ensino aprendizagem.
O resultado da pesquisa mostrou que muitos desses alunos
não têm contato direto com qualquer livro que não seja o didático, du-
rante a aula. Percebe-se ainda que eles não possuem contato com
a sala de leitura da escola e que a maioria não costuma frequentar
quaisquer outros espaços de leitura e pesquisa fora da escola.
Cabe salientar que a falta desse contato colabora muito para
que esses alunos não se habituem à leitura. A respeito de alguns de-
les na pergunta sobre quantas vezes lê por dia, em que 23% afirmam
ter lido uma vez e 77% afirmam que de vez em quando ler. É neces-
sário destacar também a opinião dos alunos em relação à própria ca-
pacidade de leitura e compreensão.
Também identificou-se 40% dos alunos dizendo que não pos-
suem dificuldades na leitura. Inúmeras vezes encontram-se alunos
com dificuldade de interpretar um simples enunciado, ou seja, inca-
pazes de correlacionar sinônimos simples, devido à falta de varieda-
de vocabular.
Já os professores ao serem questionados sobre o interesse
por leitura, oferecem respostas para a explicação proposta pela pes-
quisa para a preocupação com a formação de atitudes e valores dos
24
estudantes, mostram a importância do professor como mediador de
conhecimento, esse dado mostra que é propicio para se constituir os
conhecimentos na escola.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
25
tura, como também promoção de cursos para formação dos docen-
tes, a fim de que estes apresentem contextualizações com a realida-
de das práticas docentes a que estes projetos de cursos pretendem
envolver.
REFERÊNCIAS
26
_____Práticas da Leitura. Trad. Cristiane do Nascimento. 5 ed. São
Paulo: Estação Liberdade, 2011.
FREIRE, Paulo. A importância do Ato de Ler. São Paulo: Cortez,
1989.
GERALDI, J. W. (Org.). O texto na sala de aula. 3 ed. São Paulo:
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27
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REIS, E. Estatística descritiva. Lisboa: Ed. Sílabo. 1996.
28
APÊNDICES
APÊNDICE 1
INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS DA PESQUISA
DADOS PESSOAIS:
IDADE: de 25 a 30 anos ( )
De 31 a 40 anos ( )
De 41 a 50 anos ( )
De 51 a 60 anos ( )
TEMPO DE ATUAÇÃO DOCENTE:
< 5 anos ( )
5 a 10 anos ( )
11 a 20 anos ( )
21 a 30 anos ( )
31 a 40 anos ( )
DATA:______/_______/________
SEXO: ( ) Masculino ( ) Feminino
NOME DA ESCOLA :___________________________________
GRADUAÇÃO:________________________________________
PÓS-GRADUAÇÃO ( ) MESTRADO ( )
DISCIPLINA QUE LECIONA: _____________________________
QUESTIONÁRIO (PROFESSORES):
De acordo com as perguntas marque um (X) nas alternativas que
você acha mais coerente ao assunto. Se necessário justifique.
29
Questão 02 - Para um leitor iniciante que método você considera
mais importante para trabalhar?
( ) O lúdico
( ) Variáveis
( ) Diversificados
( ) Cognitivo
Porrque?____________________________________________
30
APÊNDICE 2
31
APÊNDICE 3
32
CAPÍTULO 2
RESUMO
O cotidiano da sala de aula é algo fascinante, convidativo e de cons-
tantes desafios, os quais marcam profundamente a vivência de qual-
quer sujeito, que aberto a novas experiências, se permite a entender
e vivenciar os mesmos. As orientações, falas, encaminhamentos, es-
tudos e reflexões acerca da sala de aula, sinalizam um local de desa-
fios, mas ao mesmo tempo romantizado, no qual as relações e as coi-
sas acontecem de maneira harmônica e sistemática, o que na reali-
dade refletem apenas uma parte da dinâmica deste espaço. Nos últi-
mos anos os debates sobre a sala de aula, a prática do professor e o
papel da escola na contemporaneidade vem se acentuando e fazen-
do com que repensemos nosso papel, enquanto sujeito sociotrans-
formador. Vivemos momentos difíceis, aos quais valores vêm sendo
questionados e o papel da escola vai ficando para o segundo plano,
referências sociais já não são mais seguidas, e questionamentos so-
bre aquilo que é bom, necessário e básico, acabam postos em xe-
que, pelos discursos e propagandas tendenciosos, os quais não con-
tribuem para o desenvolvimento social e humano dos sujeitos. As-
sim, nosso propósito aqui é refletir sobre tais questões, situando-as
no contexto da sala de aula de uma escola pública, tendo por base o
chão da escola e a realidade educacional a qual estamos inseridos.
Palavras-chave: Aluno; Sala de aula; Escola; Experiência; Desafios
contemporâneos.
33
ABSTRACT
The daily life of the classroom is something fascinating, inviting and
of constant challenges, which deeply mark the experience of any sub-
ject, who, open to new experiences, allows himself to understand and
experience them. The guidelines, speeches, referrals, studies and re-
flections about the classroom, indicate a place of challenges, but at
the same time romanticized, in which relationships and things hap-
pen in a harmonious and systematic way, which in reality reflect only
a part the dynamics of this space. In recent years, debates about the
classroom, the teacher’s practice and the role of the school in con-
temporary times have been accentuated and causing us to rethink
our role as a socio-transforming subject. We are living through difficult
times, in which values are being questioned and the role of the school
is being pushed to the background, social references are no longer
followed, and questions about what is good, necessary and basic end
up being put in check by the speeches and tendentious advertise-
ments, which do not contribute to the social and human development
of the subjects. Thus, our purpose here is to reflect on such issues,
placing them in the context of a public school classroom, based on
the school floor and the educational reality in which we are inserted.
Keywords: Student; Classroom; School; Experience; Contemporary
challenges.
Introdução
34
Passamos por períodos críticos os quais o nosso fazer vem
sendo posto em dúvidas. Questionam a prática, a forma como ava-
liamos, orientamos e acompanhamos o aluno. Questionam a impor-
tâncias da escola e seu papel e importância social. Porém não apon-
tam saídas, ou até mesmo, não dão a devida atenção aos problemas
pertinentes que perpassam a sala de aula e o sistema educacional.
Nos discursos contemporâneos, se buscam culpados para proble-
mas inexistentes, enquanto aqueles que são reais e corriqueiros, fi-
cam para segundo plano.
Assim, é pensando sobre essas questões que pautamos as
reflexões aqui presentes, não como meras reproduções de situações
pontuais, mas como experiencias que permitirão olhar a sala de aula
e o professor com outra visão. E por mais que façamos recortes pon-
tuais, cabe destacar o nosso local de fala, e ao mesmo tempo quan-
to somos marcados e afetados por este. Ele nos permite ser o que
somos.
Tudo isso nos faz concordar com Freire (1979), quando o
mesmo afirma que,
35
Abordagem metodológica
36
Destaca-se ainda que para situarmos os sujeitos e o lócus,
partiremos de nossa prática em uma escola pública da rede estadu-
al de ensino, situada na periferia da cidade de Campina Grande-PB.
Os sujeitos escolhidos, são alunos do ensino médio, uma turma da 2ª
série do turno da manhã, composta por 30 alunos, adolescentes e jo-
vens, que como na sua maioria, vivencia dilemas da contemporanei-
dade, desde questões pontuais como emprego, sonhos e perspecti-
vas futuras, as questões existências de seu ser.
37
longo do processo, e suas relações de pertencimento enquanto su-
jeitos individuais estão ligados como grupo, daí ser impossível disso-
ciar os problemas de identidade de grupo, dos problemas de identi-
dade individual. (AUGÈ, 1999) Destacamos a identidade não como
algo fixo, mas como construção social e plural, ou seja, as mais di-
versas identidades.
Dessa forma, o ser ontológico, como bem assinala Luckács
(2010), enquanto ser social, tenta apreender em seu originário o ser-
propriamente – assim. Ou seja, a partir de suas características espe-
cíficas e sua interação com o meio. E no nosso caso, esse meio é a
escola e a sala de aula.
Tudo isso nos faz afirmar que o fazer docente só ganha senti-
do a partir dessas relações que se constroem com os sujeitos no seu
lócus. E para que isso aconteça é de suma importância atentar para
aquilo que permeia e singulariza o espaço da sala de aula.
Partindo desse pressuposto que o fazer docente acontece na
prática a partir das relações com esse outro, concordamos com Tar-
dif (2013) quando este afirma que,
38
Os desafios da escola na atualidade
39
Não é nosso propósito suscitar questões sobre a educação
domiciliar comparando-a a educação escolar vigente, tendo em vista
que precisamos de um debate maior acerca da questão, para enten-
der os prós e contra do assunto exposto. E ao mesmo tempo, obser-
va-se que a sociedade seguindo o calor do momento, aceita determi-
nadas proposta sem avaliar as reais consequências. O que não se-
ria bom para o atual sistema educacional brasileiro, pois, este seria
mais um problema dentre os tantos existentes. O que nos leva a afir-
mar que mesmo tendo limitações e problemas, a escola é um mal ne-
cessário, o qual não conseguimos viver sem.
Autores como Menegolla (1992) vai nos fazer pensar o papel
da escola e nos chama atenção para o que nos últimos anos tentam
fazer com a mesma, o desmonte educacional. Assim,
menta a educação domiciliar. Para a execução do mesmo, o Projeto de Lei 3262/19 modifi-
ca o Código Penal (Decreto-Lei 2.848/40) para deixar claro que a pena prevista para o crime
de abandono intelectual, de detenção de quinze dias a um mês ou multa, a quem deixar, sem
justa causa, de prover a instrução primária de filho em idade escolar, não se aplica a pais ou
responsáveis que ofertarem a modalidade de educação domiciliar. Resumindo, os adeptos
querem tirar do estado a responsabilidade sobre a educação pública, ao mesmo tempo bus-
ca, para si tal responsabilidade, porém, buscam modificar as leis, para não serem punidas
em determinadas situações. Este é um debate que precisa acontecer ampla e efetivamen-
te. In: https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2022/05/26/projeto-que-autoriza-educa-
cao-domiciliar-comeca-a-ser-discutido-no- Acesso em: 01 de Outubro de 2022.
40
para a produção de unidades biopsicológicas móveis,
portadoras de conhecimentos e habilidades. Esses co-
nhecimentos e habilidades são definidas exteriormente
por agências governamentais a que se conferiu autorida-
de para isso. Os modelos estabelecidos por tais agencias
são obrigatórios, e têm a força de leis. Unidades biopsi-
cológicas móveis que, ao final do processo, não estejam
de acordo com tais modelos são descartadas. É a sua
igualdade que atesta a qualidade do processo. Não ha-
vendo passado no teste de qualidade - igualdade, elas
não recebem os certificados de excelência ISO-12.000,
vulgarmente denominado diplomas. As unidades biopsi-
cológicas móveis são aquilo que vulgarmente recebe o
nome de alunos. (p.36)
41
sem e os alunos não fossem prejudicados. E ao mesmo tempo os en-
traves que dificultaram a aprendizagem dos alunos. Uma vez que os
mesmos não conseguiram acompanhar os estudos tendo em vista a
falta de material básico, como aparelhos tecnológicos, acesso à in-
ternet, dentre outros. O que ocasionou barreiras e dificuldades corre-
lação a aprendizagem e desmotivação de modo geral.
Tudo isso nos faz concordar com Mosé (2013), quando a
mesma afirma que,
42
ciando de sua missão principal, que é uma educação de qualidade e
inclusiva para todos. Se a educação é um movimento de inclinação
construção de aprendizagem, é preciso a escola enquanto espaço
no qual perpassa o saber, estar aberta a tal situação. Porém, quando
este é o espaço das regras, das normas e da lei, ela não conseguirá
cumprir o seu papel.
Tudo isso nos faz voltar nosso olhar para a prática do profes-
sor, as atividades que o mesmo desenvolve junto a seus alunos e os
resultados que vai alcançando mesmo diante das dificuldades e de-
safios que surgem ao longo de suas ações.
43
Gráfico referente a 1ª. pergunta
2 Como foi uma pesquisa aplicada em sala de aula, com o objetivo de escutarmos os alunos
sobre as questões que perpassam o retorno das aulas presenciais e aquilo que eles vivencia-
ram no período da pandemia da Covid-19, optamos por preservara identidade dos mesmos,
bem como não explicar informações acerca destas.
44
nham o celular em mãos e com acesso a internet naquele momento,
o que foi possível disponibilizar o link e automaticamente todos res-
ponderam. Destacamos ainda que para análise dos dados, foi preci-
so fazer um recorte e a partir deste sintetizarmos e adequarmos ao
objetivo que nos propomos, para facilitar a análise e interpretação
dos dados.
Para a primeira questão proposta, 2=6% alunos responderam
que sim, que é possível aprender com o ensino híbrido, porém, na
contramão desta resposta, encontra-se 23=77% que responderam
não ser possível, e 5=17% afirmaram que talvez seja possível. Ao le-
varmos em conta os que responderam que não é possível com aque-
les que tem dúvidas, podemos concluir que estes alunos não con-
seguiram aprender aquilo que foi sugerido pelo professor durante a
aula. Se por um lado o aluno apresentou dificuldades na aprendiza-
gem, o professor também sentiu o reflexo de tudo isso em sua práti-
ca, já que a cada encontro, teve de readaptar sua metodologia e da-
quela a realidade. O que ampliou ainda mais sua jornada de trabalho.
Sobre o uso das tecnologias na sala de aula, manuseio e
acesso, é preciso destacar que os alunos conseguem fazer tudo isso,
porém, não foram preparados para esse fim, a aula on-line. Pois se
levarmos em conta que “Essa sociedade, que nasceu como socieda-
de da informação, e que com as redes sociais, se tornou sociedade
do conhecimento (Mosé, 2013, p.23)” Onde relações, afetos, infor-
mações, sonhos, perpassam todas as suas buscas, nos damos con-
ta que faltou-nos ensinar como estudar e aprender, fazendo das tec-
nologias parceiras de nossa prática.
Daí entendermos as repostas assinaladas no questionário se-
guinte, pois se o aluno não acessa a aula e não participa 10=33%,
automaticamente ele não tem contato com o professor e não tira dú-
vidas 8=27%, que por conseguinte, faz com que conteúdos deixem
de ser estudados e assimilados 7=27%. Para aqueles que participam
da aula ou acessam a mesma, 5=17%, não perguntam por ter medo
de não ser compreendido, já que as dúvidas e o não entendimen-
to são inúmeros. Ao avaliarmos as respostas, é possível destacar
que professor e aluno, amargaram experiências dissonantes daque-
las até então vivenciadas na sala de aula, aumentando ainda mais as
lacunas na aprendizagem e os problemas da educação. O que faltou
45
aqui, foi aquilo que Freire (1979, p,78) tanto pregava, que “no diálogo
com a educação, o educador educa e é educado. Ambos se tornam
sujeitos do processo em que cresceu juntos.”
Isso nos faz pensar no questionário seguinte, o qual revelou-
-nos o quanto o papel do professor e da escola é importante na vida
do educando. Tais respostas aumentam ainda mais o nosso compro-
misso com a educação pública e reforça o nosso papel sociotransfor-
mador na vida do aluno.
Assim partimos para as seguintes perguntas: 3) Por que a es-
cola é importante para você; 4) E sobre o professor, por que ele é im-
portante no processo de conhecimento e aprendizagem?
46
Gráfico referente a 4ª. pergunta
47
20=70%, acredita que o papel do professor seja importante por estar
correlacionado ao ensinar, orientar, explicar e acompanhar. Destaca-
-se aqui que no período da educação remota, esses mesmos alunos
não conseguiriam perceber tal dimensão, uma vez que esse contato
direto com o professor foi fragmentado, tendo que reaprender novas
formas de relacionar-se e estudar. Quanto as demais repostas, o tirar
dúvidas e resolver exercícios 7=25%, e o ensinar como pesquisar e
bonificar os resultados 3=5%, estão mais ligados ao processo mecâ-
nico do fazer docente. É como se os alunos observassem que o pa-
pel do professor fosse apenas aplicar, corrigir e bonificar exercícios.
Ou seja, é possível perceber a partir de tais questões que por mais
que ao aluno se permita a caminhar com seus próprios pés, saben-
do o caminho que deve percorrer e a meta a ser alcançada. Ele ain-
da necessita de ajuda e orientação, e quando a escola está aberta a
dialogar com os mesmos e o professor disponível a escutar e ajudar,
os resultados se tornam positivos para ambos.
Tudo isso nos faz perceber o quanto a sala de aula e a prática
do professor é importante na vida do aluno, mesmo que tais experi-
ências sejam marcadas por desafios, desencontros e até mesmo de-
silusões que interferem diretamente no fazer docente. É preciso su-
perar os mesmos e perceber que tudo isso singulariza e particulari-
za a escola pública e sua existência, e sem os mesmos, talvez não
alimentássemos o esperançar de uma educação acessível, humana,
igualitária e libertadora para todos.
Considerações finais
48
quanto educador, que faz a educação acontecer a partir do chão da
escola pública, fincado em seus problemas e em sua realidade, mas
atento as possíveis respostas e soluções para cada questão apre-
sentada.
Dessa forma, pensar a sala de aula e a prática do professor
no atual cenário, tendo por base os desafios contemporâneos, não
é algo fácil, já que estes são múltiplos e infinitos. Porém, quando se
esforça para entende-los e a partir deste superá-los, já é o primeiro
passo. Assim, por mais que nossa vivência seja singular e rica nas
aprendizagens e experiências, acreditamos que elas tendem a se so-
mar as outras tantas que já existem e virão a existir.
Sendo assim, é preciso, mesmo diante de tantos problemas,
desde a formação e valorização do professor e do papel da escola,
a não perder a espeça e antes de tudo sonhar. Sonhar em dias me-
lhores, em oportunidades iguais para todos, em uma escola cada vez
mais inclusiva e humana.
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TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional. 15.ed.-
Petrópolis, RJ: Vozes, 2013.
50
CAPÍTULO 3
Educação Física
Manaus – Amazonas
ORCID – 0000-0003-3822-1506
teresacristinacris1968@gmail.com
RESUMO
O presente artigo tem como objetivo fazer uma revisão literária enfa-
tizando a importância da utilização da psicomotricidade no processo
da aprendizagem dos alunos na faixa etária de 6 anos. A psicomotri-
cidade estuda o homem como um ser de diferentes vertentes onde
poderá ter a inclusão das seguintes ciências: psicologia, psicanálise,
sociologia. A psicomotricidade é uma ciência que estuda o homem
definido - o como espírito sensitivo,corpo e alma. Neste trabalho de-
monstrou - se as contribuições da utilização da psicomotricidade no
contexto educacional na educação infantil. A pesquisa propõe estra-
tégia de aprendizado através das habilidades motoras e os demais
conceitos. Foram analisados os conceitos sistematicamente e algu-
mas definições de Psicomotricidade, Dificuldade na Aprendizagem e
Desenvolvimento Psicomotor. Tendo como base da pesquisa um Re-
lato de Experiência dos alunos faixa etária de 6 anos da Escola Mu-
nicipal Jarlece da Conceição Zaranza averiguando o processo da
aprendizagem e sua evolução através da psicomotricidade.
Palavras – chaves: Psicomotricidade; Dificuldades na Aprendiza-
gem; A utilização das Estruturas Psicomotoras.
51
ABSTRACT
This article aims to review the literature emphasizing the importance
of using psychomotricity in the learning process of students aged 6
years. Psychomotricity studies man as a being of different aspects,
which may include the following sciences: psychology, psychoanaly-
sis, sociology. Psychomotricity is a science that studies man defined
- him as a sensitive spirit, body and soul. In this work, the contribu-
tions of the use of psychomotricity in the educational context in ear-
ly childhood education were demonstrated. The research proposes a
learning strategy through motor skills and other concepts. The con-
cepts and some definitions of Psychomotricity, Learning Difficulties
and Psychomotor Development were analyzed systematically. Based
on the research, an Experience Report of students aged 6 years old
from Escola Municipal Jarlece da Conceição Zaranza, investigating
the learning process and its evolution through psychomotricity.
Keywords: Psychomotricity; Learning Difficulties;The use of Psycho-
motor Structures.
Introdução
52
Foi Emest Dupré, um neurologista francês que,em 1907, a
partir dos seus estudos clínicos definiu a síndrome da debilidade mo-
tora que são movimentos involuntários que acompanham uma ação,e
a paratomias que definiu como a incapacidade para relaxar volunta-
riamente uma musculatura.Dupré a partir daí formulou a psicomotri-
cidade através de uma linha neurológica associando a inteligência
e afetividade. Segundo (LEVIN,2003,p.24) descreve que a patolo-
gia cortical, a neurofisiologia e a neuropsiquiatria são as três vias de
acesso ao conceito de psicomotricidade.
Faz necessário o estudo da utilização da psicomotricidade
nas aulas de Educação Física com crianças no período da educação
infantil e no ensino fundamental para os alunos na faixa etária de 6
anos onde percebe-se e apresentam dificuldades no desenvolvimen-
to do aprendizado essas dificuldades são de forma diversas como:-
noções de direita e esquerda,distração,manuseio correto ao pegar
no (lápis e tesoura), dificuldades quanto a atenção nas aulas, trocar
as letras, sílabas, limite das folhas ao escrever,dificuldade na escrita,
no andar,correr,no sentar,no andar,saltar,pular entre outros. Muita da
vezes esses alunos são vistos como alunos problemas e dependen-
do de sua dificuldade são encaminhados a diversos especialistas.
Para estas situações (COLLARES e MOYSÉS,1985) definiu como a
“ medicalização do fracasso escolar”.
Segundo (LUMMERTZ e ROMANO, 2010, p. 131,132) nos
seus pressupostos afirmam que os elementos importantes para or-
ganizar o ensino e a aprendizagem na faixa etária de zero ao primei-
ro ano do ensino fundamental I são: familiarizar-se com a imagem do
próprio corpo, controlar gradualmente o próprio movimento, aperfei-
çoando seus recursos de deslocamento e ajustando suas habilida-
des motoras para utilização em jogos, brincadeiras, danças e demais
situações.
Para utiliza-se da educação psicomotora será necessário
usar estratégias metodológicas que são fundamentais para o desen-
volvimento do aprendizado. Os elementos básicos são indispensá-
veis para esta formação que podemos definir como: esquema corpo-
ral, lateralidade, espaço temporal, orientação espacial, coordenação
global, percepção visuais e específicas, habilidades auditivas, ritmo,
equilíbrio, acuidade, percepção olfativa, gustativa, termo-tátil, análi-
53
se e síntese, motricidade ampla e fina, concentração e atenção. Para
Le Boulche (2001):
Desenvolvimento
1. Psicomotricidade e conceitos.
54
seu corpo. O Corpo era cultuado e visto com esplendor que tinha um
significado de masculinidade. Para Platão filósofo da Grécia Antiga
(427 – 348 a.C) alimentar o corpo e o espírito deveria ser através do
movimento. E para o filósofo Aristóteles o corpo já era visto como ma-
téria moldada pela alma. No século XVIII Descarte apresenta Princí-
pios fundamentais “a partir dos quais se acentua a dicotomia: o cor-
po, que é apenas uma coisa externa que não pensa, e a alma subs-
tância pensante por excelência que não participa de nada daquilo
que pertence ao corpo”(LEVIN,2003,p.22).
Em 1907 surge um neurologista francês Dupré que ao procu-
rar a causa das perturbações motoras buscava explicar a relação en-
tre os sintomas e a localização cerebral iniciou a partir daí seus es-
tudos clínicos e o resultado descoberto foi a síndrome da debilidade
motora onde afirma a independência da debilidade motora (antece-
dente do sintoma motor) de um possível correlato neurológico e o ter-
mo “Psicomotricidade”, quando ele introduz os primeiros estudos so-
bre a debilidade motora nos débeis mentais.
Segundo alguns pesquisadores a psicomotricidade tem um
valor importante na formação do indivíduo. É através da educação
psicomotora que podemos identificar desenvolver, averiguar, pre-
venir entre outro alguns distúrbios no aprendizado. (LE BOUCHE,
2001) define a psicomotricidade da seguinte forma: “Tem por fina-
lidade assegurar o desenvolvimento funcional, tendo em conta as
possibilidades das crianças e ajudar sua afetividade a expandir-se
e equilibrar-se através do intercâmbio com o ambiente humano”.
(WALLON,1925) surge com suas pesquisas que descreve a relação
entre a motricidade e caráter, colocando o movimento humano como
“instrumento na construção do psiquismo”, paralelismo: corpo-ex-
pressado no movimento, menteexpressado no desenvolvimento inte-
lectual e emocional do indivíduo. (LEVIN, p.25).
Em 1966 Le Bouche escreve um livro influenciado pelos es-
tudos de Wallon na década de 70 com o título “A educação pelo Mo-
vimento”, que tem como objetivo sensibilizar os professores da edu-
cação infantil quanto ao problema da educação psicomotora, pois na
época era desfavorável o desenvolvimento da educação psicomotora.
No Brasil a história da psicomotricidade foi baseada na escola
francesa. Surge na década de 50 quando Gruspun psiquiatra infan-
55
til, e Antonio Branco Lefévre neurologista com o auxilio das obras de
Ajuriaguerra pesquisaram os movimentos terapêuticos nas crianças
excepcionais que caracterizavam distúrbios psiconeurológicos. Grus-
pun relata que: deve – se indicar e menciona a relevância das ati-
vidades psicomotoras no tratamento de distúrbios de aprendizagem
(CABRAL, 2001). Em 1968 foi difundida a psicomotricidade no Brasil
através de cursos em Universidades de diversos Estados Brasileiros.
No dia 19 de 1980 é fundada a Sociedade Brasileira de Psicomotri-
cidade tendo como presidente Beatriz do Rego Saboya, integrada a
Sociedade Internacional de Psicomotricidade. (SBP). Surgiram a par-
tir daí cientistas, neurologistas, psiquiatras, educadores e profissio-
nais das áreas afins desenvolvendo estudos concernentes à contri-
buição e a utilização da psicomotricidade e definindo conforme suas
respectivas áreas conceituando a psicomotricidade. Descrito confor-
me a apostila de: Comiotto (2009).
56
1.2 Dificuldades na Aprendizagem
57
aprendizagem reporta para “uma perturbação que interfere com a ca-
pacidade para guardar,reter,processar,ou produzir informação”.
(FONSECA, 2005) Afirma nos seus escritos que:
58
1.3 A Utilização das Estruturas Psicomotoras
59
Características Objetivas: Ligado a integridade física e neuro-
lógica, é uma estrutura neuromotora que favorece a tomada de cons-
ciência do próprio corpo.
1.3.3 Tônus
1.3.4 Equilíbrio
1.3.5 Lateralidade
60
Destra: o predomínio de utilização do lado direito
Canhota: a utilização predominante do lado esquerdo
Ambidestra: significa a falta de um predomínio lateral estabelecido
podendo o sujeito utilizar com a mesma performance, os dois lados.
Lateralidade Cruzada: quando o indivíduo utiliza pelo menos dois la-
dos com predomínio diferente dos dois restantes.
1.3.7 Motricidade
61
1.3.8 Dissociação de Movimentos
1.3.10 Ritmo
1.3.11 Relaxamento
62
Tabela 1: Habilidades Psicomotoras a serem desenvolvidas na Edu-
cação Infantil e nas Séries Iniciais do Ensino Fundamental.
Habilidades Motoras Atividades
1.4 Amostra
63
dos na sala de aula e na quadra de esporte, que possui uma boa es-
trutura, iluminação, ventilação e espaço adequado. Os alunos são
dispostos em 35 cadeiras individuais cada turma. No total a escola
atende 16 turmas no turno matutino e 16 no turno vespertino. Como
atendimento complementar a escola dispõe de serviços de supervi-
são escolar nos dois turnos, uma biblioteca, sala de informática, la-
boratório, sala de mídia, quadra esportiva, uma sala de secretaria,
uma sala do diretor, e de professores, banheiros para funcionários,
professores e alunos. A Escola tem a comunidade como participan-
te e atuante, onde maiorias dos pais possuem classe média ocupan-
do diversas profissões. A Instituição recebe periodicamente material
didático como: livros, cadernos, lápis, borracha, régua, material es-
portivo e instrumentos didáticos para as aulas de Educação Física. A
abordagem iniciou no primeiro semestre de 2015, com a apresenta-
ção da pesquisa ao Gestor começando assim um trabalho de obser-
vação, logo após realizou-se as etapas da metodologia empregada.
1.5 Metodologia
64
cessário serem encaminhadas para especialistas visto que as mes-
mas apresentavam problemas neurológicos, e psiquiátricos. Os ins-
trumentos utilizados para ministrarmos as aulas foram: bambolê, bo-
las diversas, cones coloridos pequenos e grandes, pratos funcionais,
cordas, garrafas pet coloridas, pincel, papel e cola coloridos, lápis de
cores, lápis de cera, jornal, TNT, ente outros.
1.6 Resultados
65
Considerações Finais
Referências Bibliográficas
66
SOARES, Magda; Alfabetização e Letramento; 6ªEdição; São Pau-
lo; Contexto, 2014.
ALMEIDA, Geraldo Peçanha de: Teoria e Prática em Psicomotricida-
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fantis; 6ª Edição RJ; Wak Ed; 2009.
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MEUR, A, de; Psicomotricidade: educação e reeducação: níveis ma-
ternal e infantil; 5ªEd; São Paulo; Manole, 1989.
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res; Porto Alegre; Artmed,2004.
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trogênese; Porto Alegre; Artes Médica, 1998.
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bara Koogan S.A; 1977.
COMIOTTO,Tatiana;Apostila Psicomoricidade;2009.
67
CAPÍTULO 4
RESUMO
O presente artigo, traz a articulação dos conteúdos estudados na dis-
ciplina Organização e Memórias em Espaços Pedagógicos na Edu-
cação Profissional e Tecnológica (EPT), correlacionando com a te-
mática da pesquisa sobre os estudos da Evasão na Educação Pro-
fissional: perspectivas de enfrentamento em uma escola de Ensino
Técnico do Estado do Pará, município de Itaituba. A evasão escolar
é um fenômeno que afeta as instituições educacionais no Brasil, com
a pandemia da Covid-19 os índices aumentaram, fator que preocu-
pa os profissionais da educação, a evasão acontece devido à proble-
mas pessoais, institucionais e sociais que os alunos enfrentam em
seus cotidianos, os discentes menos favorecidos de escolas públicas
são os que mais sofrem com esse fenômeno. A disciplina Organiza-
ção dos espaços pedagógicos da Educação Profissional e Tecnoló-
gica (EPT), no que se alude à pesquisa, relacionando e articulando
ao ensino, extensão e gestão nos espaços educativos formais e não
formais e suas interações com a sociedade e o mundo do trabalho,
a disciplina é essencial para a pesquisa, pois compreende o planeja-
mento, a avaliação e gestão democrática na Educação Profissional
e Tecnológica (EPT) no procedimento da história, articulando com as
68
memórias da EPT, que por vezes a escola não desenvolve correta-
mente essas ações, acarretando o aumento do fenômeno da evasão
escolar, os autores que versam sobre a temática, relaciona a proble-
mática da evasão a situações diversas, como vulnerabilidade social,
questões econômicas, dentre outros.
Palavras-chave: Memórias; Evasão Escolar; Educação Profissional
e Tecnológica.
ABSTRACT
The article comments how the contents studied in the discipline Organi-
zation and Memories in Pedagogical Spaces in Professional and Tech-
nological Education are articulated it’s related to the research theme
on the studies of Dropout in Professional Education: coping perspec-
tives in a State Technical Education school of Pará, in city of Itaituba.
Dropping out of school is a phenomenon that affects educational insti-
tutions in Brazil, with the Covid-19 pandemic the rates have increased,
a factor that worries education professionals, dropout is due to the stu-
dents’ personal, institutional and social problems that students face in
their daily lives, the less favored students of public schools are the ones
who suffer most from this phenomenon. The discipline Organization of
pedagogical spaces of Professional and Technological Education, con-
ducts a research that relates to teaching, extension and management
in formal and non-formal educational spaces and their interactions with
society and the world of work, the discipline is essential for research as
its objective is the planning, evaluation and democratic management in
Professional and Technological Education in the historical process that
sometimes the school does not correctly develop these actions, caus-
ing the increase of the phenomenon of school dropout, the authors who
deal with the theme relates the problem of dropout to different situa-
tions, such as social vulnerability and economic issues.
Keywords: reminiscence; school supply; formation for the profes-
sional and technological education.
1 INTRODUÇÃO
69
processos de entendimento e organização do ambiente pedagógi-
co na Educação Profissional e Tecnológica (EPT) com foco nas es-
tratégias transversais e interdisciplinares, com aspecto que permitam
formação integral e significativa do estudante pautados no trabalho
como princípio educativo, sendo umas das bases da Educação Pro-
fissional e Tecnológica (EPT) no estudo como princípio pedagógico
nos espaços formais e não formais das instituições.
A temática da pesquisa é sobre a Evasão na Educação Pro-
fissional, a pesquisa desenvolvida em uma escola de Ensino Médio
Técnico do Estado do Pará, localizada no município de Itaituba, a
evasão escolar está presente no dia a dia das escolas brasileiras,
com maior ênfase nas escolas públicas, os alunos que enfrentam as
principais dificuldades de conseguir permanecer e ter êxito no am-
biente escolar são os alunos menos favorecidos, por ter dificuldades
econômicas para conseguir cumprir com a demanda básica pedagó-
gica, esses discentes preferem abandonar a escola. Os principais fa-
tores que justificam o fenômeno da evasão na Educação Profissio-
nal Técnica de Nível Médio (EPTNM) para Karasinski (2019) que cita
questões pessoais, sociais e institucionais, as quais podem levar à
retenção escolar, a saída provisória ou definitiva do aluno da escola.
Corroborando os temas relacionados às memórias nos espa-
ços da Educação Profissional e Tecnológica (EPT); Fernandes (2012,
p. 181) nos traz os seguintes apontamentos em relação às memórias,
segundo o autor, é uma solução que os indivíduos “utiliza para dar
significado ao que se quer lembrar. Ao recordar, faz-se a conversão
da representação e um esquema mental a partir das imagens que te-
mos na mente e representam o fato vivido”.
Analisa, além disso, a constituição temporal por meio dos es-
tudos relacionados à memória da Educação Profissional e Tecnológi-
ca, que vem estabelecendo nos processos de ensino e de organiza-
ção nesses espaços pedagógicos das instituições observadas no de-
correr das pesquisas em Educação Profissional e Tecnológica (EPT).
Ademais, a pesquisa está nucleada no Macroprojeto 06 (seis)
– Organização de espaços pedagógicos da Educação Profissional e
Tecnológica (EPT), onde concebe os projetos de pesquisa em que
investiga questões, problemas pertinentes à organização e planeja-
mento de espaços pedagógicos das instituições, nos espaços for-
70
mais e não formais, da pesquisa, do ensino, da extensão e da ges-
tão da Educação Profissional e Tecnológica (EPT). Deste modo, os
projetos de pesquisa devem averiguar as relações desses espaços
sempre relacionando-os com a Educação Profissional e Tecnológi-
ca (EPT).
A articulação dos objetivos da disciplina com minha pesquisa
é pautada em: investigar os relatos e memórias dos discentes da Es-
cola Ensino Técnico do Estado do Pará (EETEPA), localizada em Itai-
tuba, no sentido de dar visibilidade à esses indivíduos que muitas ve-
zes passam despercebidos no contexto educacional e terão dificulda-
des ao longo de suas vidas, dentre outras dificuldades de conseguir
emprego digno, dificuldades que perseguem essas pessoas ao longo
de suas existências; reforçando que é preciso estimular os relatos e
memórias por esses discentes na perspectiva de compreender o que
leva os discentes a desistirem dos cursos.
Desse modo, o presente estudo corroborando as Impressões
da Organização e Memórias nos Espaços Pedagógicos em Educa-
ção Profissional e Tecnológica (EPT) está estruturado da seguin-
te forma: primeiramente, o referencial teórico que está dividido em
Apontamentos Históricos da Educação Profissional e Tecnológica
(EPT); posteriormente, abordamos a Gestão Democrática na Educa-
ção: concepções e desafios; em seguida, a Caracterização dos Es-
paços Pedagógicos na Educação Profissional e Tecnológica (EPT);
e finalizamos o referencial teórico com a temática sobre a Avaliação:
reflexões necessárias; por fim, a Conclusão.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
71
14) delineia sobre a formação dos trabalhadores nos termos do de-
creto de Nilo Peçanha, de 1909, “torna-se uma necessidade econô-
mica e não mais uma medida exclusivamente social como em sua
gênese”.
Ademais, os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tec-
nologia, essas redes foram criadas em 2008, pela Lei nº 11.892, po-
rém sua história tem como marco a criação das Escolas de Aprendi-
zes Artífices em 1909. Os institutos estão vinculados à SETEC (Se-
cretaria de Educação Tecnológica) órgão do MEC (Ministério da Edu-
cação) que faz parte da rede de Educação Profissional no Brasil. Na
atualidade, os institutos federais são responsáveis por vários alunos
matriculados, contudo, os Institutos Federais são instituições pluri-
curriculares e multicampi, destinado a educação profissional e tec-
nológica (EPT) perfazendo todos os seus níveis de ensino articula-
do com os demais modalidades da educação nacional, ofertando cur-
sos de Educação Profissional e Tecnológica (EPT), graduação e pós-
-graduação.
A escola pública brasileira precisa desenvolver suas ativida-
des nas perspectivas dos fundamentos das bases da Educação Pro-
fissional e Tecnológica (EPT), o Ensino Integrado, Politecnia, Edu-
cação Omnilateral, essas instituições educativas necessitam imergir
seus discentes nesses aspectos; precisa estimular os discentes a
compreender e ampliar a capacidade de intervir no contexto onde es-
tão inseridos no sentido de mudar a realidade apresentada no con-
texto de mudanças positivas, no aspecto de melhorias no que tange
a vida dessas pessoas, nesse sentido a escola precisa desenvolver
o ensino focado no trabalho como princípio educativo.
As contribuições do professor Pablo Menezes (2021), na arti-
culação das temáticas estudadas na disciplina, foram importantes e
esclarecedoras, nesse sentido, compreender a historicidade da EPT,
englobando os Institutos Federais e articulando com a organização e
memórias nos espaços pedagógicos, nos estudos analisados sobre
o fenômeno da evasão essa dificuldade de interação do aluno com
os ambientes educativos, com as atividades trabalhadas, com a fal-
ta de representatividade na escola, a evasão da escola é uma situa-
ção real. Intervir nessa problemática da evasão escolar que está pre-
sente no contexto educacional de todo país, é trabalhar na perspec-
72
tiva de se antecipar a esse problema, os profissionais da educação
precisam criar mecanismos para evitar que o aluno desista da esco-
la, as políticas públicas precisam abarcar esses indivíduos e em es-
pecial aos discentes da Educação Profissional, onde a pesquisa está
sendo desenvolvida.
Esses discentes precisam de estímulos para continuar seus
cursos, a permanência e êxito dessas pessoas será o objetivo de to-
dos os profissionais da escola, para que efetivamente aconteça o
processo de ensino e aprendizagem nessas instituições. Paulo Frei-
re (1996, p. 12), no livro Pedagogia da autonomia diz que “ensinar
não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua
produção ou a sua construção”, ensinar para o autor pressupõe inte-
ração professor- aluno, cujo currículo tenha significado ao educando,
o professor valorizar o conhecimento empírico do educando, dentre
outras ações importantes que aconteça no cotidiano pedagógico das
escolas públicas.
Embora a educação profissional e tecnológica tenha sido cria-
da no sentido de atender aos desvalidos da sorte e da fortuna, que
na contemporaneidade percebemos que são instituições com pou-
cas ou nenhuma perspectiva, tendo como foco atender aos discen-
tes, desenvolvendo pesquisa de ensino e extensão, buscando esti-
mular sua criticidade e intervenção no meio social onde se inserem.
Sobre essas desigualdades de direitos dos discentes, esta
estrutura da sociedade, as estruturas estabelecidas nas escolas, Cia-
vatta (2014) discorre sobre os conceitos de ensino integrado; poli-
tecnia e educação omnilateral, no sentido da luta por estes concei-
tos, apesar de estarmos inseridos no contexto do sistema capitalis-
ta, onde devemos lutar para a concretização destes conceitos na so-
ciedade brasileira.
Por ensino integrado, entende-se a articulação entre ensino
médio e técnico; objetivando-se a formação completa do educando,
enfatizando as capacidades físicas e intelectuais dos discentes. Nes-
se aspecto, o ensino integrado é objetivado para bem longe desta in-
tegração entre educação propedêutica e educação profissional.
A educação politécnica possibilita por intermédio da educação
básica e educação profissional o acesso à ciência e à cultura. Des-
sa maneira, compreendendo os princípios científicos-tecnológicos na
73
perspectiva que o discente erija caminhos para a produção da vida
dos discentes.
E por fim, Ciavatta (2014) traz o conceito de educação omni-
lateral ou omnilateralidade, que abrange a percepção da educação
que busca abranger todas as dimensões humanas. Bem como, con-
dições para o completo desenvolvimento cultural, intelectual, afetuo-
so e educacional do indivíduo.
Ademais, esses conceitos, apesar de diferentes, são termos
interligados, o ensino integrado, a politecnia e a educação omnilate-
ral são apreciações necessárias para a compreensão da emancipa-
ção e educação do ser humano em sua completude, são conceitos
integrantes entre si, no sentido de um comando pautado na educa-
ção profissional e tecnológica, compreendendo a formação plena e
emancipatória da classe trabalhadora, onde estão imersos os alunos
da educação do ensino médio técnico.
Por fim, a Educação Profissional e Tecnológica, desde o prin-
cípio, teve o enfoque de dar visibilidade e oportunidades aos alunos
menos favorecidos, situação que coaduna com as questões relacio-
nadas com o fenômeno da evasão no contexto educacional, os indi-
víduos pobres são os mais prejudicados com relação à evasão, pois
os mesmos preferem buscar outras alternativas no sentido de garan-
tir sua subsistência, esses alunos têm necessidades mais emergen-
tes, como: alimentação, moradias, dentre outros. Desse modo, dei-
xando o processo educativo de lado, assim sendo, esses indivíduos
terão consequências negativas ao longo de suas existências.
74
pública?”, tem como autor, Licínio C. Lima. O título do estudo já é en-
volvente, visto que os gestores, da maioria das escolas, não têm em
suas propostas pedagógicas diárias os estudos e percepções acerca
da gestão democrática.
De acordo com Lima (2018, p. 01) “a gestão democrática da
escola pública permanece como uma realização difícil de alcançar no
plano da ação organizacional efetiva, em cada escola concreta”. De
fato, a realização da gestão democrática é uma problemática recor-
rente nos espaços educacionais. Há uma gama de gestores que não
estimulam o diálogo entre funcionários e apenas determinam as nor-
mativas a serem seguidas, tornando-se uma gestão autocrática na
maioria desses espaços educativos.
Ainda nesse aspecto, Lima (2018) contextualiza que histori-
camente a escola e a gestão democrática não tiveram esse foco de
democratização, não sendo criados, portanto, com objetivos pauta-
dos na democracia, desse modo, as circunstâncias não contribuíram
para a efetivação da gestão democrática nesses ambientes. Ao final,
o autor faz uma afirmação que discordo em partes, haja vista que ele
sugere a desburocratização da escola, um aspecto que é importante
que aconteça, e recomenda que a escola implemente ações basea-
das nas inquietações dos pais e alunos. Nesse sentido, acredito que
tal situação é inviável em partes, pois temos famílias com realidades
diversas, das quais algumas não frequentam as escolas, outras não
sabem ler, nem escrever, ou não tem interesse em ajudar os filhos
nas atividades extraclasses. Destarte, fica pouco viável que a esco-
la siga os ideais tão almejados pelos discentes e familiares. As esco-
las precisam estimular a participação efetiva de pais e responsáveis,
uma vez que essas famílias precisam ser preparadas para intervirem
e contribuírem no processo de ensino e aprendizagem junto às esco-
las, a participação da família nas atividades desenvolvidas nas esco-
las é essencial ao processo educativo.
No entanto, cabe aos educadores construírem práticas meto-
dológicas para que o aluno queira aprender e a participação das fa-
mílias nesses espaços pedagógicos torna-se essencial. As reuniões
precisam estimular os pais na ideia da gestão participativa, para que
os mesmos estejam sempre presentes nesses contextos, e dessa
forma, essas ideias sejam compartilhadas. A gestão, na perspectiva
75
democrática, pressupõe diálogos constantes, entendimentos, com-
preensões, de modo que todos sintam-se sujeitos importantes no
processo educativo.
Nesse sentido, Midian (2021) no decorrer da aula apresentou o
vídeo sobre a Escola da Ponte, uma escola diferente, onde os alunos fi-
cam livres. Essa escola não segue uma normativa estrutural como cons-
tantemente vemos em outras instituições. Compreendo que uma escola
com essas características para ser implementada no contexto social do
Brasil, precisa envolver as famílias para que os responsáveis dos alunos
compreendam as dinâmicas e metodologias desenvolvidas. Os alunos
da escola da ponte têm autonomia e liberdade para aprender.
Segundo Midian (2021), a escola brasileira exclui os seus alu-
nos na grande maioria, devido a isso, o sistema educacional brasilei-
ro precisa ser repensado e reestruturado. Há realidades em que as
escolas do interior no Brasil os professores ainda estão imersos so-
mente nos processos de ensino e aprendizagem nas perspectivas
do ensino tradicional. Os profissionais dessas escolas têm inúmeros
problemas a serem resolvidos, principalmente para desenvolverem
suas atividades pedagógicas, dentre os quais estão inseridos: aces-
so, estrutura física, dentre outros. Os percalços que os profissionais
da educação enfrentam são diversos, pensar em gestão democrática
nessas instituições é algo realmente utópico.
O que acontece na grande maioria dos centros educacionais,
é que os gestores têm atitudes que não compreendem os princípios e
anseios da gestão democrática. O que se vê nesses espaços é uma
gestão autocrática, na qual o gestor estabelece os comandos a se-
rem seguidos, ficando os profissionais das escolas obrigados a reali-
zar suas atividades nessas perspectivas, mesmo sendo contra seus
anseios, princípios e ideais.
A importância dos Institutos Federais de Educação Ciência
e Tecnologia (IFS) no Brasil, para a ampliação e efetivação das po-
líticas educacionais, no processo educativo de muitos estudantes,
como também foi mencionado, as políticas públicas, no sentido de
abarcar essas crianças e jovens, os investimentos nos alunos dessas
instituições são altíssimos, em se comparando com o aluno da esco-
la pública municipal e estadual, por isso a qualidade no processo de
ensino e aprendizagem é perceptível.
76
Os problemas que acontecem referente a gestão democráti-
ca, acontecem em várias esferas, desde as escolas públicas até os
Institutos Federais de Educação, os quais não compreendem a im-
portância da gestão democrática, desvalorizando as ênfases basea-
das nos princípios da gestão democrática. Nesse sentido, acarreta
vários problemas no andamento das atividades desenvolvidas nes-
ses espaços, dificultando o processo de ensino e aprendizagem. A
gestão democrática deve sair da escrita dos documentos norteado-
res e ser algo que aconteça nessas instituições, situação que não
ocorre no cotidiano do desenvolvimento pedagógico desses espa-
ços educativos.
Sob a perspectiva da gestão democrática, apesar de haver
problemas na sua efetiva realização nas escolas públicas munici-
pais e estaduais, quanto aos institutos Federais de Educação Ciên-
cia e Tecnologia, é preciso ouvir, compreender as opiniões dos de-
mais e que a gestão descentralizada ocorra favorecendo diálogos,
debates de ideias e o respeito às diversidades de opiniões nessas
instituições.
De acordo com a professora Midian (2021), a importância do
planejamento pedagógico nos espaços educativos, nas perspectivas
da gestão democrática, é o comprometimento do profissional da edu-
cação para as melhorias no processo de ensino e aprendizagem. Há
também a necessidade do Projeto Político Pedagógico (PPP), que
é um documento norteador das políticas educacionais nas institui-
ções, observamos que em muitas escolas este documento não exis-
te, e quando tem é apenas copiado de instituições que estão em ou-
tros contextos sociais e políticos. Deste modo, compreendemos que
são documentos essenciais ao processo educativo.
Embora, na maioria das vezes, nas escolas o PPP não tenha
visibilidade, na comunidade educacional o documento necessário e
importante ao processo educativo não é feito com a participação da
comunidade escolar, dificultando sua aplicabilidade no processo edu-
cativo. No Instituto Federal de Educação, o Projeto Político Pedagó-
gico Institucional (PPPI), assim sendo, um documento norteador do
processo educativo, consiste na identidade do espaço educacional,
feito com a participação da comunidade educacional. Onde consta
a visão, missão, objetivos da instituição sendo o principal documen-
77
to da instituição escolar que precisa ser trabalhado no cotidiano das
instituições.
Além disso, devemos estimular os alunos a terem a concep-
ção de democracia, para que os mesmos possam intervir no contexto
social do qual fazem parte e incentivá-los a transformar positivamen-
te a realidade tão difícil da maioria dos estudantes brasileiros.
Paro (1995) quando propõe que haja uma gestão escolar de-
mocrática nas escolas da educação básica - e apresenta como for-
ma de participação de pais, docentes, discentes e todos os funcioná-
rios da escola - de todo modo, acaba se caracterizando uma utopia,
não é possível desenvolver e estar no processo educativo sem estes
aspectos: diálogos, democracia, participação, compartilhamento de
ideias e cidadania ativas nessas instituições.
Desse modo, a gestão democrática nas escolas é algo neces-
sário, e que efetivamente deve acontecer nessas instituições, senão
todas essas ações primordiais no processo educativo não se efetiva-
rão, tornando-se algo distante, somente escrito nos documentos nor-
teadores das escolas. Precisamos ir além da utopia e concretizar a
gestão democrática nas instituições de ensino.
Ademais, a gestão democrática pressupõe diálogos, partici-
pação, atitudes de coletividade nesses espaços educativos, no sen-
tido de que todos os envolvidos sejam respeitados enquanto sujeitos
participantes neste processo de ensino e aprendizagem.
A educação brasileira tem vários obstáculos na sua aplicabi-
lidade, enquanto profissionais da educação e cidadãos comprometi-
dos com nosso país não devemos desistir jamais desses indivíduos
que só precisam de oportunidades e demandas pedagógicas diferen-
tes para conseguirem conquistar seus anseios e objetivos. Acredito
que essas sejam as dificuldades que tenham instigado os mestran-
dos do Programa a quererem compreender e discutir esse problema
que tanto afeta a educação brasileira na atualidade.
78
sores, gestores e funcionários das escolas - em especial das esco-
las públicas - são os que têm mais problemas relacionados às ques-
tões de dificuldade da permanência e êxito dos discentes no âmbi-
to escolar. A pesquisa de dissertação terá como tema a Evasão na
Educação Profissional: perspectivas de enfrentamento em uma es-
cola de Ensino Técnico do Estado do Pará, situada no município de
Itaituba; devido a decorrência desse problema no processo educati-
vo brasileiro.
Segundo Dore e Luscher (2011), estudiosas da temática so-
bre evasão escolar, existe uma diversidade de situações até que o
aluno decida em desistir, como a retenção desse aluno que culmina
com a desistência da instituição de ensino. Complementando sobre
as múltiplas situações que leva o aluno a abandonar seus cursos, ob-
serva-se que os espaços pedagógicos precisam ser mais atrativos,
com isso, não culpabilizando os professores por questões pertinen-
tes a evasão escolar, mas o professor está imerso neste processo,
cujas práticas dos profissionais da educação precisam estar além do
contexto de sala de aula que, em muitas situações no Brasil, estão
precárias e enfrentando dificuldades quanto ao processo de ensino e
aprendizagem, contudo leva o discente ao abandono de seus cursos.
Os espaços na escola precisam estar inseridos nas ativida-
des dos professores, o laboratório de informática e de biologia, as
quadras poliesportivas, a biblioteca, dentre outros, são espaços que
os alunos aprendem de maneira proveitosa e agradável, é essencial
que os educadores tenham planejado suas atividades, para ministra-
rem o desenvolvimento das aulas, onde os alunos tenham ciência do
que o professor se propõe a desenvolver.
Os professores precisam sair do contexto da sala de aula de-
senvolvendo estratégias metodológicas para além desse espaço.
Observa-se que ainda temos professores com entendimentos pau-
tados no ensino tradicional e não têm visão de educação moderna,
transformadora, levando em consideração que o aluno seja o sujeito
ativo no processo de ensino e aprendizagem.
As didáticas desenvolvidas nas escolas dificilmente abran-
gem atividades para além da sala de aula, isso ocorre devido ao ex-
cesso de carga horária dos professores. No contexto educacional de
Itaituba, as práticas pedagógicas poucas vezes acontecem nos espa-
79
ços não formais e é preciso que as aulas sejam trabalhadas nesses
espaços, pois sabemos que os jovens gostam das atividades dinami-
zadas, apesar de não ter na cidade muitas opções de espaços cultu-
rais, como: museus, teatros, espaços de lazer onde os jovens apren-
dam as atividades pedagógicas por meio de aulas agradáveis.
Ao fazer um contato com os discentes da instituição pesquisa-
da alguns alunos mencionaram a falta de atividades pedagógicas nas
praças da cidade, nos espaços em áreas ambientais. Em Itaituba, te-
mos belíssimas cachoeiras no parque Nacional de Amazônia, Igrejas
antigas, locais que precisam ser estudados, observados, porque são
nossas memórias, vivências e histórias que precisam ser preservadas
e estudadas, assim efetivando o processo de ensino e aprendizagem
de forma dinâmica dado que nesses espaços pode haver educação.
Segundo o site Educação e Território, em relação aos concei-
tos dos territórios educativos aos quais os contextos sociais onde os
discentes estão inseridos são importantes para que o processo de
ensino e aprendizagem dos mesmos aconteçam, estão relacionados
a espaços onde os alunos aprendem de maneira dinamizada. Ob-
serva-se que existem profissionais da educação tendo que melho-
rar suas práticas nas escolas. É percebido um vasto grupo de ges-
tores que ainda tem uma visão equivocada dos espaços territoriais
onde pode acontecer perfeitamente uma aula, um estudo, uma aná-
lise onde os alunos aprenderão sobre as atividades planejadas por
professores nas escolas
Ademais, há a necessidade de que os profissionais da edu-
cação sejam estimulados para que as atividades didáticas avan-
cem nesses espaços. Deste modo, tornando um espaço de ensino
e aprendizagem observa-se que as instituições educacionais costu-
mam realizar suas atividades no espaço pedagógico formal, dificul-
tando assim, que o processo de ensino e aprendizagem aconteça.
Nesse sentido, não é abandonar as atividades destinadas aos
espaços pedagógicos formais, porém os profissionais da educação
precisam mesclar, as atividades tanto nos espaços formais, quanto
nos espaços informais. Desse modo, para que os alunos consigam
aprender e concluir seus cursos. Nesse sentido, fazendo com que a
permanência e êxito seja uma situação recorrente nos espaços pe-
dagógicos formais e informais.
80
Nesse aspecto, os processos educativos, apesar de em mui-
tas situações estarem centrados nas perspectivas de ensino nos es-
paços pedagógicos formais, as políticas públicas precisam oferecer
a população das cidades espaços, como: museus, teatros, espaços
culturais, para que o processo de ensino e aprendizagem seja reali-
zado nesses contextos.
Ademais, a escola é imprescindível para o processo educa-
tivo e precisa ampliar o desenvolvimento de suas atividades nesses
espaços, com vistas para a aprendizagem dos discentes. São os
mesmos focos das estratégias didáticas metodológicas desenvolvi-
das nas escolas, os espaços pedagógicos formais e não formais são
ambientes primordiais para que o processo de ensino e aprendiza-
gem ocorra nessas instituições educativas.
81
Todos nós sabemos a dificuldade que a avaliação esco-
lar apresenta e as consequências drásticas que pode tra-
zer para a educação: de um modo geral, podemos dizer
que praticamente houve uma inversão na sua lógica, ou
seja, a avaliação que deveria ser um acompanhamento
do processo educacional acabou tornando-se o objetivo
deste processo, na prática dos alunos e da escola; é o fa-
moso “estudar para passar”.
82
vidades propostas de sala de aula, não há necessidade do educador
avaliar os educandos somente com a prova única, cabe ao educador
dar significado ao currículo, trabalhar o conhecimento que o educan-
do traz consigo para a escola, o professor precisa considerar a ava-
liação na perspectiva de que o educando possa realizar essas ativi-
dades avaliativas sem medo e que o educando aprenda o que lhe é
apresentado nas aulas.
A evasão escolar, está diretamente relacionada com a ava-
liação, os procedimentos avaliativos que muitos educadores utilizam
faz com que os alunos, em sua maioria os menos favorecidos econo-
micamente, consigam alcançar médias satisfatórias para seguir es-
tudando, pois muitos desses indivíduos trabalham durante o período
diurno e estudam no período noturno, e acabam desistindo por não
terem condições de acompanharem as atividades propostas por pro-
fessores.
A escola precisa cumprir seu papel na sociedade, segundo
Nunes (2021, p. 36) a escola “é a principal instituição da sociedade,
aquela que tem sobre si a responsabilidade de reconstruir, em cada
criança, em cada jovem, em cada pessoa, a trajetória civilizatória dos
grupos e das sociedades humanas”. Os profissionais da educação
precisam estar atentos aos problemas que levam os alunos a evadir,
nessa perspectiva, para Dore e Lüscher (2011) são fatores diversos
relacionados ao âmbito escolar, que levam o aluno a evadir, como:
retenção, repetência, questões financeiras, dentre outros, as autoras
sugerem a antecipação dos profissionais da escola, para que o fenô-
meno da evasão não aconteça nas escolas, no sentido, que haja per-
manência e êxito dos estudantes.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
83
Ademais, a disciplina Organização dos espaços pedagógicos
da Educação Profissional e Tecnológica (EPT), que articula a pesqui-
sa com os espaços formais e não formais, no que tange o planeja-
mento, a avaliação e gestão democrática na Educação Profissional e
Tecnológica (EPT) da instituição é essencial, pois há escolas que não
estimulam essas estratégias em suas ações pedagógicas diárias di-
ficultando a efetivação do processo de ensino e aprendizagem, e em
consequência, acarretando o aumento da evasão dos espaços edu-
cativos.
Articulando a evasão ou abandono escolar, na perspectiva da
averiguação da análise crítica reflexiva, para haver permanência e
êxito dos discentes na educação de ensino técnico profissional, as
políticas governamentais precisam abarcar esses indivíduos no com-
bate à evasão escolar, situação que preocupa muitos educadores
no Brasil e no mundo. A evasão está presente no cotidiano dos pro-
fissionais da educação e as causas são as mais diversas, dentre as
quais: a fome, proposta pedagógica da escola, falta de estrutura fa-
miliar, formação precária dos professores, desigualdade social, au-
sência de formação continuada de qualidade, entre outros, as políti-
cas públicas precisam abarcar esses indivíduos para que os mesmos
permaneçam cursando e tenham êxito na sua trajetória.
Nota-se que no início do ano letivo, geralmente as salas es-
tão superlotadas, mas com o passar do tempo, é visível a falta des-
ses discentes durante as aulas. Carecem conceitos apropriados so-
bre a promoção do discente na educação brasileira apesar dos ter-
mos evasão, abandono, permanência e êxito estarem intrincados,
são conceitos diferentes, que os autores conceituam a seu modo,
os documentos oficiais não trazem esses significados claros, tornan-
do assim uma complexidade na compreensão e interpretação deles,
o que contribui com o agravamento dessa problemática no sistema
educacional.
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86
CAPÍTULO 5
87
RESUMO
O tema central do texto é abordar as políticas públicas educacionais
gestadas no sistema prisional do Estado de Santa Catarina. Toman-
do como base os números apresentados pelo ente federativo quanto
à oferta educacional às pessoas privadas, sítios oficiais a respeito de
programas destinados a servidores e uma pesquisa de campo com
entrevistas com professoras do sistema penitenciário. A partir disso,
procuramos conciliar essas medidas enquanto formas de redução de
danos na execução penal, sobretudo nas relações sociais da prisão.
Como resultado das mazelas do cárcere, concluindo com a apresen-
tação dos números da política educacional catarinense.
Palavras-Chave: Prisionização; Educação; Redução de Danos; Tec-
nicismo
ABSTRACT
The central theme of the text is to address the educational public pol-
icies gestated in the prison system of the State of Santa Catarina.
Based on the figures presented by the federative entity regarding the
educational offer to private people, official websites regarding pro-
grams aimed at civil servants and a field research with interviews with
teachers of the penitentiary system. From this, we seek to reconcile
these measures as forms of harm reduction in criminal enforcement,
especially in the social relations of prison. As a result of the ills of pris-
on, concluding with the presentation of the numbers of Santa Catari-
na’s educational policy.
KeyWords: Imprisonment; Education; Harm Reduction; Technicalit
Introdução
88
nização importado ao Brasil por Thompson (1980) e lastreado na te-
oria redutora de danos proposta por Roig (2017), analisa as políticas
educacionais realizadas dentro e fora das prisões do Estado de San-
ta Catarina.
A partir disso, o objetiva é discutir de que forma essas ações
educacionais, obrigatórias ou não, contribuem para a mitigação dos
efeitos da prisionização das pessoas envoltas no cárcere. Abordando
as relações de poder das prisões brasileiras, discute a prisionização
como resultado das mazelas do cárcere, concluindo com a apresen-
tação dos números da política educacional catarinense.
A partir dessas premissas, busca-se contextualizar o seguin-
te problema: de que forma as políticas educacionais no sistema pri-
sional catarinense contribuem para a mitigação dos efeitos do cárce-
re na realidade das pessoas prisionizadas?
89
dos por meio da disciplina. Esses ideários iniciadores da perspecti-
va “ressocializadora” da pena são capitaneadas principalmente sob a
batuta de Jeremy Bentham (ANITUA, 2008, p. 203).
No Brasil a prisão se avoluma após a abolição formal da es-
cravização do fim do século em referência. A grande massa de pes-
soas libertas do controle latifundiário escravista dirige-se aos centros
urbanos. Essa quantidade enorme de ex-escravizados jogados no
seio social sem qualquer tipo de acolhimento colocam as autorida-
des em posição de agir. Nesse contexto a institucionalização da pri-
são como meio de controle social acontece (SOUZA SERRA, 2009,
p. 179).
Neste sentido, afirma-se que a prisão no Brasil exerce várias
frentes, a de controlar os braços que se excedem no mercado de tra-
balho (MALAGUTI BATISTA, 2011), a de projetar o racismo como
meio de controle social, onde aqui se faz vanguarda (GÓES, 2016)
e a partir disso compreende-se que o papel do cientista social brasi-
leiro é o de ajudar a compreender que a prisão é uma politica de es-
tado que exerce centralidade, inclusive como modos operante do im-
perialismo estadunidense, para que assim, possa caminhar para uma
compreensão total da realidade na qual o cárcere se insere e nas vi-
das que o mesmo alcança. (LEAL, 2022).
A partir dessa realidade pode-se se dizer que a prisão pode
ser enfrentada como uma “instituição total” (GOFFMAN, 2015, p. 22)
a prisão pode ser o exemplo da sociedade ocidental mais latente no
que se refere a possível verticalidade das relações de poder. Essa
característica elementar pode ser identificada logo no momento da
entrada do recluso/interno/privado ao local quando este submete-se
àquilo que Goffman (2015, p. 22) descreve como “processos de ad-
missão”.
Ao largo de tais considerações, o sistema carcerário brasilei-
ro detém peculiaridades próprias. Trata-se de um organismo vivo e
heterogêneo. Das 27 unidades da federação – e mais o Departamen-
to Penitenciário Nacional – que administram os respectivos sistemas
penitenciários, cada um coordena à sua maneira, nos limites formal-
mente estabelecidos pela lei federal nº 7.210/84 com a agravante de
que os Entes ainda podem regulamentar a matéria relacionada ao di-
reito penitenciário – artigo 24, I, da Constituição Federal – (BRASIL,
90
1988). A compreensão disso é necessária quando se abordam pes-
quisas sobre o tema, porque cada uma dessas unidades administra
um sistema que se diferencia dos demais e, por isso, precisa ser ana-
lisado de forma pontual (CHIES; ALMEIDA, 2019).
A peculiaridade do sistema penitenciário nacional exige o cui-
dado do pesquisador com a generalização. É com esse cuidado que
estudos sérios sobre o tema são realizados desde os anos 70, no
Brasil. Augusto Thompson, na obra A Questão Penitenciária (1980),
inaugura os estudos sobre as dinâmicas das relações sociais das pri-
sões brasileiras. Discorrendo sobre as vivências nos ambientes car-
cerários, desnuda a peculiaridade dos estabelecimentos penais bra-
sileiros afirmando, por exemplo que “[...] [a] cadeia não é uma minia-
tura da sociedade livre, mas um sistema peculiar, cuja característica
principal, o poder, autoriza a qualificá-lo como um sistema de poder”
(THOMPSON, 1980, p. 19).
Os estudos nesse sentido foram tomando corpo a partir de
então. Chies (2019, p. 26), resgatando questões importantes sobre o
tema, considera que a questão penitenciária brasileira enquanto ob-
jeto de estudo surge quando são implementadas as prisões sob os
auspícios positivistas e, em paralelo, o então imperador Dom Pedro
I, outorgante da primeira Constituição brasileira em 1824, emite atos
administrativos no sentido de alinhar o tratamento aos prisioneiros da
época com os preceitos humanitários defendidos pelos ideais liberais
a que o governante se filiava.
Chies (2019, p. 111 – 112) afirma que a questão penitenciá-
ria brasileira se afunila ainda mais quando entra em vigor da lei nº
7210/84. Segundo ele, o modelo programático da execução penal, fi-
xado em um ideário humanista e “ressocializador” que não se repro-
duz na realidade, transforma esse campo em algo ainda mais com-
plexo a ser pesquisado de forma dissociada do Controle Social e do
Direito. Por isso que ao observar a antítese entre o discurso e a rea-
lidade, o autor propõe meios de superação dos obstáculos epistemo-
lógicos existentes quando se estuda a prisão e suas relações suge-
rindo a pesquisa da Questão Penitenciária como Campo próprio de
pesquisa (CHIES, 2019, p. 111).
As relações de poder descritas no discurso prisional nacio-
nal tendem a levar o estudioso desavisado a compreender que o Po-
91
der Disciplinar com sua sanção normalizadora descrita por Foucault
(2014, p. 177) hegemoniza-se como ferramenta de controle das pri-
sões brasileiras, como se punição e controle fossem sinônimos ime-
diatos de tranquilidade nos estabelecimentos penais. A questão é um
pouco mais complexa do que se imagina como dissertado por Dias
(2014) quando a autora demonstra o advento de organizações de
presos paralelas ao estado.
Existem diversas outras variantes na dicotômica relação entre
o corpo de funcionários e as pessoas privadas de liberdade tenden-
tes a tranquilizar ou não um estabelecimento penal. Longe de esgo-
tar o tema brilhantemente dissertado desde Clemmer (1958) e Sykes
(2017) até os dias atuais com Dias (2014) e Chies (2005) um pon-
to a ser destacado reside exatamente na forma como Estado con-
duz determinada instituição total, se ele assegura condições básicas
às pessoas e de que forma os servidores também lidam no dia a dia
com as pessoas.
A relação hierarquizada sob o suposto controle e a (ainda mais)
suposta tranquilidade dos estabelecimentos penais do Brasil sofreu in-
tensa reviravolta com o surgimento das organizações paralelas a do
estado no seio das prisões. Dias (2014) detalha esse paradigma:
92
2. A prisionização como resultado das mazelas do cárcere
93
ções dos costumes, culturas e comportamentos provenientes do am-
biente da prisão, sobretudo a partir do conceito de prisionização.
O próprio Thompson (1980, p. 33) dentro de sua obra des-
vela os personagens mais comuns do cotidiano da prisão. Ali mes-
mo ele enumera as dificuldades insertas dentro de cada grupo dida-
ticamente dividido pelo autor que informa ser importante “[...] pesqui-
sar e descrever a penitenciária como um sistema social em operação
– despido esse estudo de qualquer conotação axiológica” (THOMP-
SON, 1980, p. 20).
É inegável que a pessoa sujeita a pena privativa de liberdade
entre todos esses personagens é quem mais sofre as consequências
da prisionização. Submissa ao poder de disciplina disposto pelo corpo
de guarda que por vezes abusa dos instrumentos coercitivos dispostos
para impor-se (DIAS, 2014), a pessoa ainda precisa sobreviver as nor-
mas de socialização e convivência criadas entre os demais privados
(GOFFMAN, 2015, p. 62), o que ganhou maior complexidade com o
advento das organizações de presos paralelas ao Estado (DIAS, 2013)
Chies (2005), já citado neste trabalho, abre as portas para
promover interessante debate a respeito do tema abordando o con-
ceito a partir da lógica daquilo que Thompson (1980) denominava de
“o corpo de guarda”. Com o título “Prisionalização e sofrimento dos
agentes penitenciários: fragmentos de uma pesquisa”, Chies (2005)
interpreta os dados extraídos em uma pesquisa elaborada entre os
servidores do Presídio Regional de Pelotas. Além da importante con-
tribuição dos números extraídos, o texto enxerga a mudança de com-
portamento (prisionalização) desses profissionais que lidam diaria-
mente com o cárcere. A conclusão do estudo merece a referência:
94
O mesmo autor, ainda em consonância com a prisionização
dos diversos subgrupos existentes dentro das relações sociais da pri-
são traz a outro texto muito importante sobre o tema. Em Adminis-
tradores de Presídios: na corda bamba dos paradoxos institucionais
Chies (2008) demonstra como as dinâmicas, práticas e a cultura da
prisão impactam a vida das pessoas que são destacadas pelo Esta-
do para administrarem os Estabelecimentos Penais.
Portanto, a absorção às normas, costumes, cultura da prisão
ocorrem a todos os personagens dentro desse contexto social que é
a prisão. Ainda que em diferentes graus, fato é que a prisionização,
no Brasil, além de afetar todas essas pessoas, ainda atinge em grau
diferenciado pelas peculiaridades envoltas pela questão penitenciá-
ria (CHIES, 2005).
95
[...] [a] existência de um autêntico dever jurídico-consti-
tucional de redução do sofrimento e da vulnerabilidade
das pessoas encarceradas, sejam elas condenadas ou
não. O cumprimento de tal dever, sobretudo dos juris-
tas e agências jurídicas, é o grande norte interpretativo e
de aplicação normativa da execução penal. Se de fato a
execução da pena é a região mais obscura, mas a mais
transparente do poder punitivo, onde a tensão entre o es-
tado de polícia e o estado de direito evidencia o conflito
entre o poder punitivo e poder jurídico, é por afirmação
deste que se esvaziarão os danos causados por aquele
(ROIG, 2017, p. 28).
96
Fonte: Nota Técnica n.º 14/2020/COECE/CGCAP/DIRPP/DEPEN/MJ, 2020.
97
Apesar de tais políticas não serem objeto de determinação le-
gal, não se pode ignorar a medida implementada pelos órgãos públi-
cos e registrar a preocupação com a qualificação do corpo de funcio-
nários para além das obrigações regulares. A prisionização como re-
alidade posta, afeta aos servidores da prisão. A qualificação e o co-
nhecimento auxiliam na mitigação da situação prisional de forma di-
reta sob esses servidores e de forma indireta às pessoas privadas de
liberdade e possivelmente seus familiares.
Quando Sykes (2017) afirma que o aglutinamento de pesso-
as em um espaço-prisão e um tempo-pena origina um sistema social
complexo, ele não se limita a tratar sobre as pessoas encarceradas,
mas sim a todos os personagens dentro desse ambiente. A circula-
ção do poder nesses ambientes é ainda mais aguda pela peculiarida-
de das prisões brasileiras (DIAS, 2014). Logo, toda e qualquer medi-
da redutora de danos na execução penal precisa passar por todos as
pessoas envoltas no cárcere.
Cabe questionar, porém, que algumas características do en-
sino na prisão, sofre com os próprios limites educacionais do Estado
brasileiro, assim como, com as dinâmicas de poder exercidas dentro
da dialética prisional e que se refletem em alguns estabelecimentos
do estado de Santa Catarina.
Para evidenciar esta realidade utiliza-se de trabalho intitulado
“abandonos e ausências: o processo educacional das mulheres pri-
vadas de liberdade na região de Criciúma pelo olhar das educado-
ras”, Vanessa Santos Vicente e Lucy Cristina Ostetto (2020) entrevis-
tam professoras que lecionam ou lecionaram na penitenciária femini-
na da cidade que nos trazem algumas pistas da contradição da fala
do governo e de sua distância das celas do estado.
Uma das professoras entrevistadas, relatou:
[...] aquela ali vai ficar isolamento pro resto da vida, ela
não vai frequentar aula nenhuma, mesmo que ela quei-
ra. Às vezes elas não podem frequentar a aula como for-
ma de castigo, porque quando você estuda você tem a
98
remissão de pena, que é um direito da pessoa privada de
liberdade, então a maioria vai estudar porque quer a re-
missão. Ai como forma de castigo se elas cometeram al-
gum delito, a organização interna tira a aluna da aula.
Considerações finais
99
pletamente a realidade na qual tais pessoas estão inseridas. Isso por
si só responde o objetivo central do texto: discutir de que forma es-
sas ações educacionais, obrigatórias ou não, contribuem para a miti-
gação dos efeitos da prisionização das pessoas envoltas no cárcere.
E esses efeitos de forma micro são positivos, no sentido de
uma evolução das políticas no Estado, o tema está posto, sendo de-
batido e sendo inserido na prática.
Porém dentro da estrutura de estado, os efeitos internos exis-
tem, a partir da própria lógica de poder existente dentro dos muros,
a dialética prisional, o fato de cada estabelecimento ter suas peculia-
ridades, e essas peculiaridades somadas às relações de poder, faz
com que o ensino carcerário seja eivado de introjecções, essas intro-
jecções se explicam, pelo fato de que a educação está, muitas vezes
à mercê, dos próprios ideários de cada administração prisional e tam-
bém da discricionariedade de cada gestão, o que pode fazer com que
o próprio plano estadual não se cumpra da maneira ideal.
A partir desses pontos, apontasse lacunas nas quais neces-
sitam serem superadas para um melhor andamento das políticas de
ensino, para que assim, se possa exercer um aprendizado com maior
liberdade dentro dos muros carcerários, superar o mero tecnicismo, e
possivelmente exercer uma educação para a liberdade.
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CAPÍTULO 6
Fortaleza - CE
https://orcid.org/0000-0002-0679-0133
alanaguiar123@hotmail.com
104
Marília Christina Botelho Dantas
Graduando de medicina pelo Centro
Universitário Christus – UNICHRISTUS.
Fortaleza - CE
mariliacbotelhod@gmail.com
RESUMO
Introdução: O ensino da histologia representa um desafio para os
docentes e necessita de constantes mudanças para facilitar o apren-
dizado. A utilização das fotomicrografias como ferramenta de ensino
representa uma tendência moderna, pois os alunos são positivos em
relação a seu uso, e já obteve-se resultados satisfatórios em estudos
anteriores que as analisaram. Procedimentos metodológicos: Defi-
105
niu-se os temas que seriam abordados e um roteiro foi criado. Poste-
riormente, fez-se a captura de imagens, a partir do acervo de lâminas
histológicas da UNICHRISTUS. As imagens foram salvas em um dis-
positivo móvel para então serem editadas e enviadas para uma pas-
ta do “Google Drive”. Resultados e discussão: Foram adquiridas 86
imagens histológicas, onde 16 delas foram editadas para evidenciar
estruturas importantes. Considerações finais: Os resultados foram
favoráveis, visto que a qualidade da maioria das imagens foi satisfa-
tória, facilitando o acesso dos professores e alunos a materiais de es-
tudo e ensino adequados e modernos.
Palavras-chave: Imagens histológicas, Ensino, Tecnologia, Aprendi-
zagem, Histologia.
ABSTRACT
Introduction: The teaching of histology represents a challenge for
teachers and needs constant changes to facilitate the learning pro-
cess. The use of photomicrographs as a teaching tool is perceived
as a modern trend, as students are positive about their use, and sat-
isfactory results have already been obtained in previous studies that
analyzed them. Methodological procedures: The topics that would
be addressed were defined and a script was created. Subsequent-
ly, images were captured from the collection of histological slides at
UNICHRISTUS. The images were saved on a mobile device to then
be edited and uploaded to a “Google Drive” folder. Results and dis-
cussion: 86 histological images were acquired, which 16 were edit-
ed to highlight important structures. Final considerations: The results
were favorable, since the quality of most of the images was satisfac-
tory, facilitating the access of teachers and students to modern and
adequate teaching materials.
Keywords: Histological images, Teaching, Technology, Learning,
Histology.
1. INTRODUÇÃO
106
dicionais e não tradicionais - para que tal escopo seja atingido (HI-
GHTOWER, 1999), tendo em vista que as ciências médicas básicas,
muitas vezes, consistem em áreas que são poucos incentivadas nos
atuais currículos de faculdades de medicina (WILLIAMS AND LAU,
2004).
Outrossim, sabe-se que um dos principais entraves no pro-
cesso de aprendizagem dos estudantes de cursos médicos é a iden-
tificação de características microscópicas dos tecidos ao realizar his-
tologia no primeiro ano, o que prejudica, consequentemente, o poste-
rior estudo da patologia ao decorrer da grade curricular
(SAHOTA, 2016). Assim, diferentes tecnologias estão sendo
implementadas com o fito de facilitar o entendimento da morfologia,
incluindo abordagens auxiliadas por computadores (COTTER, 2001).
Com isso, tem-se que essas abordagens, como a utilização
de fotomicrografias - técnica fotográfica de obtenção de imagens am-
pliadas por meio de lentes ópticas -, são a tendência moderna no
ensino da histologia, uma vez que os alunos são positivos em rela-
ção ao seu uso (COGDELL, 2012) e que, diante de vários estudos
os quais as analisaram, observou-se resultados satisfatórios dos es-
tudantes que se valeram dessas novas técnicas (HUSMANN, 2009).
Ademais, tais inovações no ensino da prática histológica re-
presentam um caminho que concorda com o tempo relativamente
curto para a realização de aulas e aplicação de provas em laborató-
rios que os novos currículos apresentam (COGDELL, 2012), princi-
palmente quando se trata de turmas que possuem grande quantida-
de de alunos.
O principal objetivo ansiado foi produzir um banco de imagens
histológicas para professores e monitores, com o intuito de facilitar a
confecção de material de estudo e de questões destinadas a avaliações.
Além disso, buscou-se definir os temas de histologia a serem conside-
rados para a aquisição de imagens, produzir um roteiro, para cada tema
definido, com a lista de estruturas a serem observadas em cada imagem
a ser capturada, selecionar as imagens de melhor resolução possível
para serem incluídas no acervo digital e por fim, incluir as imagens obti-
das em plataforma online para armazenamento de arquivos.
Sendo assim, esse estudo objetiva relatar a experiência obti-
da pelos monitores de histologia do Centro Universitário Christus na
107
criação de um banco de imagens, o qual tem por função auxiliar os
professores na confecção de provas em formato digital e na produ-
ção de material didático.
2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
a) Área de estudo
O presente trabalho foi desenvolvido por monitores da dis-
ciplina de histologia humana, supervisionados por professores da
mesma, do curso de medicina do Centro Universitário Christus (UNI-
CHRISTUS), campus Parque Ecológico, na cidade de Fortaleza, Ce-
ará.
108
Figura 1. Roteiro para orientar a aquisição das fotomicrografias.
Fonte: os autores.
109
e) Upload das imagens
Com o intuito de criar o banco de imagens, todas as fotomi-
crografias foram adicionadas em uma pasta do site “Google Drive”,
serviço de armazenamento e sincronização de arquivos online, dis-
ponível no link https://drive.google.com/drive/folders/1qv_TM85biJ-
2QZjMDDGjwr6Vea8aYfIl5?usp=sharing.
Fonte: os autores.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
110
Neste sentido, a primeira tentativa de compartilhar imagens
de histologia virtual ocorreu na década de 1960, quando imagens de
esfregaços de sangue e amostras de urina foram compartilhadas en-
tre o Massachusetts General Hospital e a Logan Airport Medical Sta-
tion, em Boston, MA, para interpretação (CHAPMAN, 2020).
Atualmente, com a evolução tecnológica, evidenciou-se que
o compartilhamento de imagens virtuais seria muito mais fácil e po-
deria mudar drasticamente a forma como a histologia é ensinada por
anatomistas, aprendida por estudantes de medicina e diagnosticada
por patologistas (CHAPMAN, 2020).
Assim, foram produzidas fotomicrografias histológicas, que
podem ser visualizadas em qualquer navegador da internet, de modo
a auxiliar na praticidade do uso das imagens para fins educacionais
(WILLIAMS AND LAU, 2004).
Entretanto, também houveram empecilhos no processo da
obtenção de imagens, lâminas não devidamente coradas ou com
muitos artefatos, destacam-se como os mais relevantes deles. Acres-
ça-se ainda que, os resultados das imagens obtidas pelo grupo da
monitoria de Embriologia e Histologia exigiu tempo e disponibilida-
de para o aprendizado do manuseio da câmera fotográfica OPTON
3526, acoplada ao microscópio óptico para a captura das imagens
microscópicas, além da edição e organização dos documentos e do
roteiro com os conteúdos a serem abordados.
Os resultados obtidos no trabalho foram:
a) Imagens capturadas
No total, foram adquiridas 85 imagens do acervo de lâminas
histológicas do Centro Universitário Christus, sendo, glândulas ane-
xas 10,6% (9/85) das imagens, glândulas endócrinas 20% (17/85),
sistema reprodutor feminino 11,8% (10/85), sistema reprodutor mas-
culino 17,6% (15/85), tecido nervoso 24,7% (21/85) e tubo digestó-
rio 15,3% (13/85). Dessas imagens, a de pênis 1,2% (1/85) não es-
tava em condições tão boas, devido ao preparo e ao estado da lâmi-
na, entretanto, ela foi adicionada à pasta porque era possível visua-
lizar bem a uretra.
111
Figura 3. Gráfico que apresenta o tema x número de imagens cap-
turadas.
Fonte: os autores.
b) Imagens editadas
Das 85 imagens, 18,8% (16/85) foram editadas, sendo adicio-
nadas setas e círculos para evidenciar as estruturas mais importan-
tes de cada órgão escolhido.
112
Figura 4. Imagem obtida por captura fotográfica digital a partir de lâ-
mina histológica da medula espinal (coloração: HE; Aumento: x 100)
do acervo histológico do Centro Universitário Christus.
Fonte: os autores.
113
Figura 5. Imagem obtida por captura fotográfica digital a partir de lâ-
mina histológica de ovário (coloração: HE; Aumento: x 100) do acer-
vo histológico do Centro Universitário Christus.
Fonte: os autores.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
114
reu uma introdução ainda mais íntegra à docência, permitindo que
os alunos se despedissem do programa de monitoria acumulando
aprendizado e deixando sua marca em prol da otimização do estudo
e ensino da Histologia no Centro Universitário Christus.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CHAPMAN JA, LEE LMJ, SWAILES NT. From Scope to Screen: The
Evolution of Histology Education. Adv Exp Med Biol. 2020;1260:75-
107.
COGDELL B, TORSNEY B, STEWART K, SMITH RA. Technologi-
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ment in histology classes for science undergraduates. Biosci Educ
2012;19:01–15.
COTTER JR. Laboratory instruction in histology at the University at
Buffalo: recent replacement of microscope exercises with computer
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HIGHTOWER JA, BOOCKFOR FR, BLAKE CA, MILLETTE CF. The
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HUSMANN PR, O’LOUGHLIN VD, BRAUN MW. Quantitative and
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JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica. 13ª edição.
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115
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te medical teaching in the United Kingdom: a triumph of evangelism
over common sense.” BMJ (Clinical research ed.) vol. 329,7457
(2004): 92-4. doi:10.1136/bmj.329.7457.92.
116
CAPÍTULO 7
Marlene de Oliveira
Mestre em Integração Latino-americana, IFPR
marlene.oliveira@ifpr.edu.br
RESUMO
As políticas públicas e a gestão educacional são o tema e objeto de
estudo deste trabalho. Na gestão educacional aborda-se especifica-
mente sobre os processos educacionais instaurados no Instituto Fe-
deral do Paraná (IFPR), Campus Curitiba, no período da pandemia
para a oferta de aulas remotas no curso de Tecnologia em Secreta-
riado (TS). O objetivo geral foi analisar os processos educacionais e
administrativos adotados no curso, tendo como objetivos específicos
apresentar esses processos educacionais à luz das políticas públi-
cas adaptadas i) à realidade interna do IFPR (corpo docente e técni-
co) e ii) ao contexto socioeconômico dos alunos. Buscou-se respon-
der ao seguinte problema de pesquisa: quais foram os aspectos po-
117
sitivos e negativos, bem como os desafios enfrentados, sob o pon-
to de vista da gestão educacional, para a implementação do modelo
das aulas remotas no curso superior de TS, em tempo de pandemia
Covid 19? Os aportes teóricos aqui utilizados foram: Brasil (2020a,
2020b, 2020c e 2020d) e IFPR (2020a, 2020b, 2020c e 2020d). O
tipo de pesquisa utilizada foi a pesquisa aplicada, prática e pesquisa-
-ação. A pesquisa documental também foi realizada com característi-
cas exploratórias com abordagem quali-quantitativa. A pesquisa justi-
fica-se em face das circunstâncias no período de pandemia, em fun-
ção do novo coronovírus Covid-19, e as suas consequências para a
continuidade do ensino presencial. Como resultado apresentam-se
os aspectos positivos e negativos, do ponto de vista do gestor educa-
cional, relativos aos processos educacionais instaurados no IFPR no
período da pandemia no curso de TS para a oferta de aulas remotas.
Palavras-chave: 1. Gestão Educacional 2. Processos educacionais
3. Políticas Públicas
1 INTRODUÇÃO
118
Esta pesquisa justifica-se tanto pelas inúmeras consequên-
cias oriundas de uma severa pandemia, responsável por números
expressivos de mortes, quanto por mexer com as estruturas de to-
das as camadas sociais e atividades econômicas. Com a quarentena
imposta a todos os setores, incluindo a educação, o interrompimento
abrupto do calendário escolar e a incerteza da continuidade da mo-
dalidade presencial, juntamente com as políticas públicas e legisla-
ção específica para a educação, foi necessário, pelas instituições pú-
blicas e privadas, a adoção da aula remota como possível solução
para o cumprimento do calendário acadêmico de do ano de 2020.
Com o IFPR não foi diferente. Em um período muito curto de
tempo precisou se organizar para ofertar aulas de forma remota para
que os alunos pudessem dar continuidade aos estudos. O desafio
foi enorme em função das próprias características de uma instituição
pública federal cuja finalidade e objetivos estão expressos na Lei nº
11.892/2008 (BRASIL, 2008).
O desenho metodológico utilizado para realizar esta pesqui-
sa enquadra-se como pesquisa aplicada, prática e pesquisa-ação,
posto que previu tanto compreender e intervir no fenômeno estuda-
do, quanto executar sua resolução. Teve abordagem quali-quantitavi-
va, com características exploratórias a partir de pesquisa documen-
tal e análise de dados secundários. Foi realizada pela coordenação-
do curso do IFPR no curso de TS com os alunos do terceiro e primei-
ro períodos. Como técnica de pesquisa utilizou-se a pesquisa docu-
mental, tendo como fonte os documentos oficiais do Governo Fede-
ral e do IFPR.
Foram utilizados como instrumentos de pesquisa os seguin-
tes procedimentos e técnicas: questionários, disponibilizados aos
alunos no google forms, com 35 perguntas na primeira etapa diag-
nóstica em maio de 2020, sendo 3 perguntas abertas, 29 fechadas e
3 perguntas de múltipla escolha. E, na segunda pesquisa, realizada
em setembro de 2020, questionário com 7 perguntas, sendo 2 per-
guntas abertas, 2 fechadas e 2 perguntas de múltipla escolha.
Os alunos do terceiro e primeiro períodos foram motivados a
entrarem no link disponibilizado pela coordenação para responderem
ao questionário de forma remota, em ambiente virtual, durante um
período previamente estabelecido.
119
2 O DETALHAMENTO DOS PROCESSOS EDUCACIONAIS NO
IFPR PARA A IMPLANTAÇÃO DO ENSINO REMOTO
120
Essas discussões e debates internos suscitaram muitos ques-
tionamentos a respeito de como ficariam as atividades educacionais,
tendo-se tomado diversas providências a seguir relacionadas, visan-
do ao constructo metodológico de forma participativa e inclusiva:i)
se utilizaria alguma plataforma de ambiente virtual de aprendizagem
(AVA) para os componentes curriculares relacionados; ii)quais meto-
dologias seriam utilizadas na plataforma? (ex.: vídeo aula, material
de leitura etc.),e iii) quais meios de comunicação poderiam ser utili-
zados com a turma? Buscava-se, assim, consenso geral sobre se e
como a modalidade de ensino remoto deveria acontecer.
As reuniões com os coordenadores dos cursos foram mais
frequentes e intensas, uma vez que a responsabilidade de condu-
zir o processo de discussão nos cursos com os professores caberia
a eles. Vencida aetapa de reuniões com a direção geral e com a di-
reção de ensino, os coordenadores se dirigiram aos seus colegiados
de curso, espaço em que a construção e a organização dos proces-
sos educacionais e administrativos se deram de forma construtiva e
participativa, cuja síntese segue apresentada.
Fonte: Elaborado pelas autoras a partir dos documentos internos do IFPR (2021)
121
No curso Tecnológico em Secretariado a primeira reunião
com o colegiado do curso aconteceu no dia 20 de abril, com a se-
guinte pauta: 1) iniciar as discussões/reflexões acerca da organiza-
ção do processo ensino-aprendizagem para o cumprimento da carga
horária do retorno escolar; 2) ouvir dos professores o posicionamento
deles sobre a continuidade da suspensão das aulas sem a oferta de
ensino remoto, e 3) apresentação de proposta para a oferta do curso
de TS de forma remota.
É importante destacar que a proposta apresentada na reunião
de colegiado foi subsidiada a partir de pesquisa com os alunos. So-
mente após a verificação da situação dos estudantes foi desenhada
a proposta apresentada no colegiado.
Em maio de 2020 foi realizada a primeira pesquisa diagnós-
tica com os discentes das turmas do 1.º e 3.º períodos do curso TS1
que retornou42 respostas por meio de questionário online com 35
perguntas, com objetivo de compreender, inicialmente: i) as realida-
des vivenciadas pelos discentes, identificando os reflexos e impactos
da pandemia, ii) a situação dos estudantes e as condições em que
eles se encontravam naquele momento inicial, com relação ao aces-
so à computador, celular e internet, e iii) se viviam ou faziamparte do
grupo de risco. Foi possível verificar, por meio das respostas, que 25
alunos (60%) foram impactados financeiramente pela pandemia do
Covid-19, de forma que perderam seus empregos ou tiveram o traba-
lho reduzido. E, sobre a possibilidade de adoção do ensino a distân-
cia, 28 (67%) afirmou ser a favor, e 14 (33%) contra.
Desta forma e realizada a análise e avaliação diagnóstica, a
proposta inicial de retomada teve como objetivo a reposição das au-
las no curso de TS período de 1.º a 31/05/2020, inicialmente, em
função da Resolução nº 10/2020 (IFPR, 2020b). Assim, apresentou-
-se, primeiramente, o seguinte design: a) diagnóstico b)formulação
da proposta, c) aprovação, d) implantação, e) avaliação por docen-
tes e alunos. Acordou-se que apenas três componentes curriculares,
por etapa, seriam ofertados naquele momento. Para isso, a oferta
seria dividida em três momentos. Para os componentes curriculares
1 “Autodeclaração de princípios e procedimentos éticos” as autoras informam que foram toma-
dos todos os cuidados éticos envolvidos na análise e na interpretação de dados conforme
descrito no e-bookÉtica e pesquisa em Educação: subsídios – v. 1 (disponível em: https://
anped.org.br/sites/default/files/images/etica_e_pesquisa_em_educacao_-_isbn_final.pdf
122
com carga horária de 40 horas relógio seria necessário repor 4h re-
lógio semanal. E, os componentes com 80 horas relógio fariam a re-
posição de 16h horas relógio semanal, referentes apenas ao cumpri-
mento da carga horária prevista para o mês de maio (do dia 01 a 31
de maio de 2020).
Ainda, o professor faria aulas síncronas, ao vivo, entendidas
como aquelas que ocorrem de forma sincronizada, ou seja: com os
participantes reunidos em um mesmo espaço físico ou online, em
tempo real, para se comunicarem entre si (MOREIRA; BARROS,
2020) no total de 2h relógio por semana, com 10 minutos de interva-
lo entre a primeira e a segunda aula.
Os alunos, a partir das orientações recebidas em aula ao
vivo, com os professores, fariam atividades assíncronas em casa, de
modo distinto, não sincronizado, ou seja: não exigiria a presença si-
multânea dos participantes (nem no espaço ou tempo) para se comu-
nicarementre si (MOREIRA; BARROS, 2020), também com carga ho-
rária de 2h relógio por semana. Dessa forma, os componentes curri-
culares de 40 horas relógio cumpririam a carga horária prevista para
o período em duas semanas (total de 8h relógio) de oferta de ensino,
e os de 80h relógio em quatro semanas (total de 16h relógio).
Estabeleceu-se, assim, que os componentes curriculares se-
riam oferecidos em grade horária estabelecida e aprovada em cole-
giado, e cujo controle de presença seria a partir da entrega das ati-
vidades e apresentação de seminários por meio da plataforma goo-
gle meet. O formato adotado permitia ainda que, durante as aulas
ao vivo o professor poderia trazer convidados, propor leituras para
construção de mapa conceitual, promover debates, discussões e
eventos diversos (live, seminários etc.), apresentar slides, vídeos e
outros. A Construção da proposta foi realizada em colegiado com a
consulta aos alunos, considerando Portaria nº 19, de 11 de maio de
2020 (IFPR, 2020c) que normatizou a oferta de Atividades Pedagó-
gicas não Presenciais (APNP). Com essa portaria, as aulas remo-
tas foram autorizadas a iniciarem a partir do dia 15 de maio do mes-
mo ano.
Com a continuação da pandemia, e a necessidade da conti-
nuidade das aulas remotas, a Resolução nº 29, de 28 de setembro
de 2020 (IFPR, 2020d), estabeleceu o Regime Didático Emergencial
123
(RDE) que autorizou a continuidade das aulas de forma remota de
forma a possibilitar a conclusão do ano letivo do ano de 2020.
Enquanto comunidade escolar, em um contexto de gestão de-
mocrática, diretores, professores, coordenadores entre outros mem-
bros da comunidade acadêmica, mobilizaram-se por meio da articu-
lação, planejamento e construção de planos de trabalhos com o ob-
jetivo de realizar as mudanças em relação à prática de atividades de
ensino e aprendizagem. Pautados em reduzir danos pedagógicos e
considerando os demais aspectos importantes da realidade de es-
tudantes e professores envolvidos no processo, visaram garantir o
ensino de qualidade que define as concepções da Rede Federal de
Educação Profissional, Científica e Tecnológica.
Em setembro de 2020, ao final da segunda fase de oferta das
APNP, com aproximadamente 3 meses de ensino remoto, realizou-
-se uma nova pesquisa de caráter avaliativo com as duas turmas, por
meio de questionário online com 7 perguntas, com retorno de 38 res-
postas. Foi possível, assim, identificar as maiores dificuldades en-
frentadas durante as APNP, quando 37,9% (11 alunos) responderam
que a maior dificuldade foi justamente “conciliar as APNP com outras
atividades como trabalho, afazeres domésticos e cuidados com ou-
tras pessoas”, seguido por 34,5% (10 alunos) que responderam que
o “acesso à internet” é a maior dificuldade encontrada. Na sequência,
31% (9 alunos) responderam que a maior dificuldade era “ter que di-
vidir os equipamentos com outros membros da família”, entre outros
motivos, dificuldades estas que são frequentemente relatadas pelos
alunos durante o desenvolvimento das atividades. Por meio das res-
postas foi possível obter relatos de sobrecarga de trabalho, proble-
mas de saúde e casos de COVID-19 entre os familiares, além de pro-
blemas financeiros como desemprego ou diminuição da renda indi-
vidual e familiar, entre outras situações vivenciadas. Identificou-se,
especialmente na turma do primeiro período do curso, um número
maior de alunos com dificuldades de acesso à internet e equipamen-
tos tecnológicos (computador, tablets e celulares).
Isso posto, os processos educacionais foram construídos de
forma democrática e com a participação de toda comunidade esco-
lar uma vez que o princípio da gestão democrática no ensino público
está garantido na Constituição Federal e assegurado pela Lei de Di-
124
retrizes e Bases da Educação (Lei nº 9.394, de 1996) cujo caput dos
Artigos 14 e 15 o ratificam quando trazem a definição das “normas de
gestão democrática do ensino público na educação básica”, “partici-
pação dos profissionais da educação na elaboração do projeto peda-
gógico da escola”, e a “participação das comunidades escolares e lo-
cais em conselhos escolares ou equivalentes” (BRASIL, 1996).
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
125
tos de forma presencial só se justificará quando todos estiverem va-
cinados e seguros.
REFERÊNCIAS
126
<grupo.servidores.curitiba@ifpr.edu.br>, no período de 13/03/2020 a
10/06/2021.
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Regime Didático Emergencial para o ano letivo de 2020, no âmbito
do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná e
dá outras providências. Disponível em:<https://reitoria.ifpr.edu.br/wp-
-content/uploads/2020/09/RDE.pdf>. Acesso em: 13 jun. 2021.
_____.Portaria nº 19, de 15 de maio de 2020c. Normatiza a ofer-
ta de atividades pedagógicas não presenciais (APNP). Disponí-
vel em:<https://reitoria.ifpr.edu.br/wp-content/uploads/2020/06/SEI_
IFPR-0765786-Portaria.pdf>. Acesso em: 13 jun. 2021.
_____.Resolução nº 10, de 11 de maio de 2020b. Autoriza, em ca-
ráter excepcional, o desenvolvimento de atividades pedagógicas não
presenciais nos cursos presenciais do IFPR durante o período de
suspensão do calendário acadêmico como medida de prevenção
e enfrentamento à disseminação da Covid-19. Disponível em: <ht-
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_____. Resolução nº 02, de 16 de março de 2020a. Suspende as ati-
vidades acadêmicas no âmbito do IFPR no período de 17 de março
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MOREIRA, D.; BARROS, D. M. Orientações práticas para a comuni-
cação síncrona e assíncrona em contextos educativos digitais.
Repositório Aberto. Disponível em <https://repositorioaberto.uab.pt/
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127
CAPÍTULO 8
128
RESUMO
A pandemia por Covid-19 forçou a suspensão das aulas presenciais
favorecendo o ensino remoto. Docentes de instituições de ensino
superior procuraram novas abordagens para o processo de ensino-
-aprendizagem, por meio da reorganização de seu currículo, plano de
ensino e da integração da teoria com a prática, do ensino com o ser-
viço, destacando o emprego das metodologias ativas de aprendiza-
gem. Este capítulo apresenta as experiências e as atividades vividas
por uma docente do ensino superior da área da saúde de uma univer-
sidade pública, durante o ensino remoto imposto pela pandemia por
Covid-19. A experiência docente relatada utilizou diferentes metodo-
logias ativas: sala de aula invertida, ensino baseado em problemas,
aprendizagem Baseada em Equipes, dentre outros. O relato conduz
a refletir sobre a viabilidade do ensino de forma remota, com qualida-
de, sem prejuízo da formação do estudante.
Palavras-chave: Aulas remotas; Covid-19; Ensino superior; Relato
de experiência;
ABSTRACT
The Covid-19 pandemic forced the suspension of face-to-face class-
es favoring remote teaching. Teachers in higher education institu-
tions sought new approaches to the teaching-learning process by re-
organizing their curriculum, teaching plan, and integrating theory with
practice, teaching with service, highlighting the use of active learning
methodologies. This chapter presents the experiences and activities
lived by a female professor of higher education in the health area at a
public university, during the remote teaching imposed by the Covid-19
pandemic. The reported teaching experience gave rise to principles
and guidelines that should be used in remote teaching, culminating in
the use of different active methodologies, such as flipped classroom,
PBL, TBL, among others. The report reflects on the viability of teach-
ing remotely, with quality, without prejudice to the student’s education.
Keywords: Covid-19; Experience report; Higher education; Remote
classes;
129
1 Introdução
130
mentas-salas digitais, tais como Google Meet, Zoom, Microsoft
Teams, Skype, entre outros. É preciso enfatizar que, na percepção
de muitos, a substituição não foi favorável devido a ausência do con-
tato humano que a sociabilidade presencial proporciona (VASCON-
CELOS; ASTIGARRAGA, 2021).
Essa nova realidade afetou diretamente os cursos de gradua-
ção da área da saúde, que vivenciaram um grande dilema: conciliar
a responsabilidade social de participar da atenção à saúde da popu-
lação com as demandas de biossegurança impostas pela pandemia.
É preciso mencionar que os cursos da área da saúde, em específi-
co, tem formação orientada para integração ensino-serviço, incluindo
serviços de saúde e a assistência aos pacientes, que é realizada por
estudantes sob supervisão docente.
Sendo assim, a manutenção ou suspensão das atividades
práticas presenciais, incluindo aquelas caracterizadas como está-
gio, foi decidido de forma atenciosa, visando preservar a responsa-
bilidade social das universidades e também assegurar a segurança
dos estudantes, docentes e demais profissionais envolvidos. A inter-
rupção dos estágios também considerou a situação no longo prazo,
prevendo a necessidade de reorganização dos serviços diante da si-
tuação da pandemia, antevendo a possível escassez de equipamen-
tos de proteção individual (EPI), sendo necessário reservá-los aos
profissionais (LAVIM et al., 2020).
Diante de tais mudanças, quais seriam as melhores estraté-
gias a serem empregadas pelo corpo docente de uma área em que
há a presença constante de atividades práticas? Quais medidas que
facilitariam o processo de adaptação e superação diante das dificul-
dades enfrentadas?
O contexto social em que nos encontramos, para além da
pandemia, é o da era tecnológica, já que a informação encontra-se à
disposição de muitos em velocidade cada vez mais rápida , veicula-
das quase que instantaneamente por meios cada vez mais avança-
dos. Essa mudança exigiu e exige das pessoas uma autonomia e um
posicionamento (FREIBERGER; BERBEL, 2010).
Diante de tais mudanças, alguns docentes de instituições de
ensino superior procuraram novas abordagens para o processo de
ensino-aprendizagem, por meio da reorganização de seu currículo,
131
plano de ensino e da integração da teoria com a prática, do ensino
com o serviço, destacando-se o emprego das metodologias ativas de
aprendizagem.
Neste sentido, destaca-se a ideia norteadora deste relato de
experiência, a fim de contribuir para discussões e reflexões sobre a
importância do uso de metodologias ativas de aprendizagem direcio-
nadas ao ensino superior na área da saúde.
O presente capítulo teve por objetivo apresentar as experiên-
cias e as atividades vividas por uma docente do ensino superior da
área da saúde de uma universidade pública, durante o ensino remo-
to imposto pela pandemia por Covid-19, relatando o uso de metodo-
logias ativas, softwares educacionais, feedback recebido e nível de
aprendizagem.
Procedimentos metodológicos
132
Resultados e discussão
133
e experiência de manejo técnico de instrumentos que não são habi-
tuais na rotina de trabalho.
Contudo, se faz necessário vivenciar o que a autora Josso
(2004) chama de “experiência formadora”. A construção deste re-
lato, para a esfera científica, é um método de pesquisa construí-
do por meio da experiência. Entretanto, para além das evidên-
cias científicas, se trata de um documento que enfatiza um proces-
so formativo, partindo de um ponto de vista específico e de seu pro-
cesso de aprendizado intrínseco. Mesmo diante do caos vivido por
muitos, as experiências vivenciadas por um determinado sujeito ao
longo de sua trajetória de vida permite criar e recriar sentidos e sig-
nificações do aprendizado, no envolvimento e movimento de apren-
der a fazer, a ser e a pensar, constituindo-se assim como experiên-
cia formadora.
134
- Princípio 2: o tempo de atividades que necessitam de inter-
net teria de ser limitado para garantir a qualidade de vida e do sono e
a saúde das pessoas. Sendo a docente relatora uma profissional de
saúde e pesquisadora na área da neurociências, não seria adequado
tornar a jornada de aprendizagem extenuante. Evidências científicas
comprovam que a performance cognitiva está bastante relacionada
à qualidade de vida, alimentação e sono. Sendo assim, o tempo glo-
bal de atividades semanais deveria ser cuidadosamente planejado e
monitorado com atenção, para que as atividades propostas fos-
sem exequíveis e passíveis de serem cumpridas.
O colegiado, a partir de determinações superiores, definiu que
as disciplinas fossem organizadas em atividades teóricas (100%
ensino remoto), atividades práticas passíveis de realização na for-
ma de ensino remoto e atividades práticas essenciais não substituí-
veis e não passíveis de realização na forma remota. No período
de execução desta experiência, as disciplinas com atividades práti-
cas essenciais não substituíveis foram direcionadas ao ensino híbri-
do, organizadas com módulo remoto e presencial, considerando as
normas de biossegurança que sempre estavam presentes nos cur-
sos da área de saúde. Seguindo as ordens, a docente relatora pro-
pôs as seguintes diretrizes pessoais para elaboração de atividades
no ensino remoto:
- Diretriz 1: Atividades centradas no estudante, com uso de me-
todologias ativas, contextualizadas, com resolução de problemas.
Sendo assim, fez uso da sala de aula invertida a partir de um
assunto inerente à pandemia na disciplina de epidemiologia, direcio-
nando os alunos a entrarem em contato com o conteúdo de forma
prévia e com encontros para discussão e resolução de atividades.
- Diretriz 2: Evitar o excesso de conteúdos e focar nas competências
essenciais.
É sabido a importância da formação de um acadêmico na
área de saúde, afinal ele exercerá poder diante do bem mais pre-
cioso: a vida humana. Neste sentido, as práticas são essenciais, po-
rém devido a limitação imposta pela pandemia optou-se por instigar
o ganho de outras competências que são essenciais ao profissional
de saúde, como por exemplo a comunicação. Para isso, foi trabalha-
do a produção de podcasts, criação de scripts para lives e criação de
135
rede social na busca de desmistificar “fake news” sobre a pandemia.
- Diretriz 3: Evitar longas exposições teóricas. Aulas expositivas não
se adaptam ao mundo virtual cuja principal característica é ser dinâ-
mico, seria cansativo e não convidativo para o aluno. A prioridade é
a manutenção da interação e a discussão. Sendo assim, desenvol-
veram-se temáticas com uso das metodologias Problem Based Le-
arning (PBL), sem aulas e com discussões em grupo e Team Based
Learning (TBL), com aulas e discussões de casos.
- Diretriz 4: As atividades deveriam ser realizadas em horários oficiais
das aulas. Isso favorece uma melhor organização da rotina do aluno.
Manutenção da rotina é essencial para a melhor atividade cerebral.
Entretanto, é importante mencionar que também houve indicação de
conteúdo para um “ócio criativo” dos alunos, tais como laboratórios
virtuais, vídeos, séries e filmes.
- Diretriz 5: Limitar a quantidade de plataformas, pois os aplicati-
vos consomem memória de computadores e celulares, além de limi-
tarem a conexão de internet.
Quando muitas pessoas em um mesmo local, em uma mes-
ma habitação, por exemplo, estudam ou trabalham de casa simulta-
neamente, a conexão fica sobrecarregada, podendo comprometer a
sua estabilidade e qualidade. A ilustração 1 apresenta os softwares e
aplicativos utilizados no ensino remoto pela docente relatora.
136
Ilustração 1 - Softwares e aplicativos utilizados nas atividades virtuais
137
- Cartilha Impressa e Digital Sobre a Profilaxia Sars-Cov-2 e Criação
de Páginas em redes Sociais como Informativos do Vírus;
- Organização de ações de prevenção contra a covid-19 e divulgação
de informações por meio de mídias digitais;
- Ação em combate a pandemia fazendo a utilização de mídia social
para desmistificar fake news e auxílio na impermeabilização de teci-
dos para a confecção de EPIs para doação;
- Auxílio e informação a profissionais de saúde e a população acerca
de medidas e ações para enfrentar a COVID-19.
A tentativa foi sustentada a partir da manutenção do tripé que
sustenta a educação universitária: ensino, pesquisa e extensão. Sem
esquecer do dever para com o ser humano, inerente a todo profissio-
nal de saúde.
138
Gráfico 1 - Avaliação por observação estruturada a partir de verifica-
ções de aprendizagem
139
colação de grau antecipada, colaboração com diferentes hospitais de
campanha e diversas ações de extensão e pesquisa para o enfrenta-
mento da Covid-19.
Em 20 de março de 2020, o Ministério da Educação (MEC)
publicou a Portaria nº 356 (BRASIL, 2020e), permitindo aos estudan-
tes dos dois últimos anos de alguns cursos da área da saúde realizar
estágio curricular em unidades básicas de saúde (UBS), unidades de
pronto atendimento, hospitais e comunidades especificadas pelo Mi-
nistério da Saúde, durante a situação de emergência de saú-
de pública decorrente da COVID-19. Atitude louvável, pois assim
as instituições de ensino poderiam reconhecer a atividade como
substitutiva de estágio curricular obrigatório, elevando a formação
desse acadêmico durante um período incerto de pandemia.
Considerações finais
140
segurança de atividades presenciais em estágios, em especial da
área da Saúde. Essa visão vai garantir que profissionais bem forma-
dos iniciem sua atuação, inclusive para o enfrentamento da pande-
mia, visto que ela representará um grave problema mundial de saúde
pública por um longo período.
Também se faz necessário que o Estado reconheça definitiva-
mente a urgência de investimentos em ciência, educação e infraestru-
tura pública. Enfatiza-se também a necessidade de formação direcio-
nada aos docentes, bem como desenvolvimento de programas de ca-
pacitação em torno do tema, com vistas a contribuir na melhoria do en-
sino e consequente aumento de aprendizagem e profissionalização
dos discentes. Essa formação tende a fortalecer as relações entre do-
centes e discentes, propiciando um terreno fértil a novos projetos cola-
borativos com o objetivo de aprimoramento da educação interprofissio-
nal e de fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS).
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141
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abril de 2020. Diário Oficial da União, 2020d. Disponível em: https://
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10 mar. 2022.
143
CAPÍTULO 9
Departamento de Educação
A SALA DE AULA E A PRÁTICA DO PROFESSOR:
RESUMO
O presente artigo pretende elucidar a relevância do coordenador pe-
dagógico ante a prática do educador em sala de aula. A princípio é
feita uma breve explanação das funções pertinentes a esse cargo,
em seguida é feito um relato de como ele deve articular e auxiliar os
professores na geração de ideias e propostas que visem o melhor de-
senvolvimento dos alunos. A ideia central é mostrar que o coordena-
dor pedagógico, precisa ter empatia e respeito pelo legado de cada
profissional, e perceber nos diferentes perfis a possibilidade de tro-
cas no favorecimento da formação continuada, e assim, valer-se de
cada habilidade como uma completude entre pares na execução de
práticas colaborativas e eficazes dentro da escola.
Palavras-chaves: Coordenador pedagógico – articulador – profes-
sores – habilidades
ABSTRACT
This article intends to be a pedagogical giver before the education-
al practice in the classroom. A principle is made a brief explanation of
the functions relevant to this load, then an account is made of how it
should articulate and assist teachers in generating ideas and propos-
144
als aimed at the better development of students. The central idea is
to show that the pedagogical coordinator needs to have empathy and
respect for the legacy of each professional and perceive in the differ-
ent profiles of possibility of continuing education, and thus, use each
skill as a conclusion between peers in the execution of collaborative
practices and efficiency within the school.
Keywords: Pedagogical coordinator - articulator - teachers - skills
INTRODUÇÃO
145
ordenador pedagógico que provoque na equipe de educadores o de-
sejo por formar-se continuamente e não desistir da profissão apesar
dos desafios da contemporaneidade.
Uma instituição que manteve o foco na formação continuada
dos professores, colocou em evidência também, a importância do co-
ordenador, capaz de proporcionar à equipe uma formação que aten-
desse aos anseios da sociedade e deixasse evidente que o remoto
exigia além de conhecimento pedagógico, uma certa habilidade no
uso da tecnologia digital, com capacidade de continuar a oferta pro-
posta pela planejamento institucional e por consequência, uma edu-
cação de qualidade.
É perceptível a eficácia do trabalho pedagógico quando os do-
centes trabalham visando uma melhor qualidade no processo de en-
sino e aprendizagem, avaliando não só os alunos como também fa-
zendo uma autocrítica diante de suas próprias ações didáticas. Nes-
sa perspectiva, surgem os seguintes questionamentos: Como o coor-
denador pedagógico deve atuar ante uma equipe de professores de
forma a fazê-los se ajudarem mutuamente? Quais atividades pode-
riam ser desenvolvidas nos encontros pedagógicos, intitulados: A. C.
(Atividades Complementares)? De que forma as estratégias e meto-
dologias podem ser repensadas e aplicadas no formato remoto? E,
principalmente, como usufruir do ensino híbrido tendo em vista o re-
torno das aulas ao presencial? São essas e tantas outras indagações
que permeiam o presente artigo, afim de estabelecer uma relação en-
tre o ser e o fazer do articulador nas instituições de ensino ante o atu-
al cenário da educação.
Para que haja êxito no trabalho exercido pelo coordenador
pedagógico, o mesmo, precisa estar ciente das relações interpes-
soais latentes nas escolas, não só na relação professor/aluno, mas
também nos vínculos aluno/aluno, professor/pais, professor/profes-
sor... O mediador desse processo deve considerar todo esse conjun-
to para entender o outro, se colocar em seu lugar (empatia) e agir de
maneira que não seja visto apenas como um controlador das ações
dos docentes, mas como um articulador no processo de aprendiza-
gem.
Quando se pensa em trabalhar com professores, deve-se le-
var em conta, que antes de ser um profissional, esse sujeito traz con-
146
sigo valores construídos ao longo de sua trajetória de vida e, portan-
to, é um ser complexo e com convicções que não podem ser descon-
sideradas pelo coordenador pedagógico. Ao assumir a postura de um
líder, esse articulador deve criar um ambiente agradável e dotado de
empatia, afim de proporcionar momentos nos quais os diálogos se fa-
çam presentes.
Havendo confiança e respeito nas relações dentro das insti-
tuições, o coordenador terá o trabalho facilitado e poderá contar com
o apoio dos envolvidos, que nessa perspectiva, estarão motivados a
desempenharem sua função com mais autonomia e compromisso.
Portanto, tendo plena consciência das funções atribuídas ao coorde-
nador, este poderá nortear as atividades desenvolvidas pelo profes-
sor objetivando promover uma educação de qualidade.
Uma perspectiva que priorize uma gestão democrática, na
qual permita a participação de todos os envolvidos no processo, dan-
do sugestões que venham a aprimorar a práxis pedagógica, seja ela
no âmbito remoto, presencial ou híbrido, será possível formar cida-
dãos realmente críticos. Não cabe mais, no momento em que se vive,
sujeitos passivos e dependentes, exige-se para o agora, indivíduos
proativos e dinâmicos, com capacidade tanto de cunho intelectual
quanto de cunho digital e socioemocional.
Emergindo dessa realidade, o coordenador pedagógico deve
promover discussões com a equipe docente a cerca da proposta cur-
ricular da instituição de ensino ao qual faz parte, para que assim,
possam incrementar essa proposta e trabalhar de maneira em que a
(trans)interdisciplinaridade esteja presente. Tendo em mente, que as
fragmentações por componentes curriculares não trazem êxito para
a aprendizagem, as disciplinas precisam de interação, precisam de
complementaridade, assim, os docentes, estimulados pelo coorde-
nador, podem articular atividades que promovam uma aprendizagem
significativa e condizente com a realidade do aluno, fazendo uso efe-
tivo de metodologias que tornem os alunos ativos no processo.
É vital para uma instituição de ensino ter em seu quadro de
funcionários, um coordenador pedagógico para gerir a equipe de
educadores. O articulador, portanto, deve estar sensível as nuances
que podem surgir no decorrer do processo de formação da equipe a
qual ele coordena, para criar um ambiente colaborativo e com resul-
147
tados contundentes. Assessorar a equipe docente dando-lhe supor-
te teórico/prático é preocupar-se tanto com a aprendizagem do aluno
quanto com o desempenho do professor.
É preciso destacar também a importância do coordenador pe-
dagógico em manter-se atualizado e compromissado com o ato de
gerir pessoas. A trajetória é longa, aparecem obstáculos às vezes de-
sanimadores para exercer a função de coordenar, dentre elas pode-
-se elencar: mediar conflitos entre os sujeitos que atuam no espaço
escolar, programar atividades motivadoras para professores que de-
monstram insatisfação na área em que atuam..., porém, é possível
realizar um trabalho pedagógico dinâmico e satisfatório. Diante des-
ses fatos, é perceptível que o ato de planejar não se restrinja ape-
nas ao professor, mas também, ao coordenador pedagógico que se
propõe a exercer essa função com compromisso e responsabilidade.
DESENVOLVIMENTO
148
tro das escolas no atual contexto de pós-pandemia da Covid-19, evi-
dencia o quão árduo foi (e continua sendo) para os envolvidos no
processo educacional, se adaptar a nova realidade. Por conta dessa
demanda, o coordenador, deverá entender que, será necessário um
profundo debruçar-se na literatura que proporcione o maior embasa-
mento teórico possível, capaz de ajudá-lo na execução de sua fun-
ção laboral, assim como um olhar atento e uma escuta ativa, com a
finalidade de associar a teoria com a prática.
No campo educacional encontram-se referenciais que exer-
cem total influência no trabalho pedagógico. Um deles é a BNCC
(Base Nacional Comum Curricular), que traz como elementos norte-
adores, habilidades e competências concernentes a cada segmento,
turma, área e componente curricular, porém como sugere a própria
nomenclatura, é um documento a ser utilizado como base, ela não é
currículo. Cada instituição escolar, cabe a responsabilidade de inse-
ri-lo na própria matriz curricular. O PPP (Projeto Político Pedagógi-
co), que norteia as atividades internas, deve ser estudado e analisa-
do por todos da equipe institucional, afim de compreender a real pro-
posta que a escola almeja desenvolver. O coordenador pedagógico,
deve promover momentos em que debates e ideias presentes nesses
escritos possam ser explorados.
Nesse sentido, Magalhães (2014, p. 21) diz:
149
tros de formação continuada nas instituições, são nelas em que diá-
logos sobre educação, estratégias e metodologias são (re)pensados
visando o desenvolvimento do corpo discente.
Ao cogitar a ideia do trabalho em grupo, o coordenador pe-
dagógico deve ter plena consciência da importância do planejamen-
to dos encontros de formação continuada para que ocorram de for-
ma dinâmica e prazerosa, pois, as trocas de experiência entre pro-
fessores é que fazem com que a didática seja inovadora. Cada um
dos docentes, possuem culturas diferentes que geram troca de infor-
mações, e quando mediadas com bom senso, podem levar a gran-
des descobertas, fazendo desses encontros, momentos indeléveis
para os envolvidos. Segundo Placco e Almeida (2012, p.34): “Habili-
dades de relacionamento interpessoal e social são, como tantas ou-
tras, aprendidas e desenvolvidas no viver junto, e dessa aprendiza-
gem, ninguém sai igual...”
Muitas são as atribuições destinadas ao coordenador peda-
gógico, por isso, ao assumir esse posicionamento, será necessário
compreender que para assumir a liderança de uma equipe docente,
é necessário ter conhecimento didático e metodológico, com a fina-
lidade de sugerir melhorias e aprofundamentos nas áreas de maior
relevância no contexto atual, dentre tantas: estratégias de avaliação
contínua, elaboração de planos de aulas e projetos que envolvam a
comunidade escolar.
Sendo cada professor único, com sua própria identidade (cog-
nitiva, afetiva, e profissional), dotado de uma cultura no qual está in-
serido, o momento então seria de promoção de uma interculturali-
dade durante o processo de formação continuada, assim, diante de
uma dialogicidade, tendo o coordenador pedagógico como mediador,
seria possível um debate pertinente sobre a importância da mudan-
ça de postura ante a realidade atual. Para Hall (2011, p.41) “Tudo o
que dizemos tem um “antes” e um “depois” - uma margem na qual
outras pessoas podem escrever.” É nessa margem que o coordena-
dor deve se ater e proporcionar momentos em que uma fala comple-
mente a outra.
Pensando nessa proposta, Placco e Almeida (2012, p.34) afir-
mam:
150
Quando se objetiva a formação do professor, é funda-
mental a sua participação intensa e significativa, pois o
que precisa ser mobilizado e transformado é a consciên-
cia. Assim, a tarefa do gestor/coordenador pedagógico é
planejar atividades a serem implementadas no contexto
de um processo preventivo, de conscientização, pelo pro-
fessor, de sua prática e da direção que ele mesmo deseja
dar a ela, o que possibilitará a produção de mudanças de
essência na atuação pedagógica do professor.
151
Segundo estudos de Valerie M. Grubb (2018, p. 35):
CONSIDERAÇÕES FINAIS
152
escola e fortalecer a parceria entre o trabalho pedagógico e o trilhar
continuamente um caminho em busca de condições que promovam
o desenvolvimento dos alunos.
Os relacionamentos perpassam por todo caminhar dentro das
escolas, por isso, entender o ponto de vista de cada um, ouvir os en-
volvidos e auxiliar cada sujeito em suas especificidades, faz toda a
diferença no trabalho colaborativo. Nesses momentos, atuar frente a
mediação de conflitos, vai requerer do líder, total discernimento e em-
patia para atuar como agente transformador. Não adianta cada um fa-
zer apenas o que lhe convém, sem partilhar saberes, é preciso enten-
der que todos precisam cooperar tendo em vista o mesmo objetivo: de-
senvolvimento integral do aluno. Tendo essa ideia como foco central,
será necessário entender que para que haja consolidação dessa nuan-
ce, trabalhar em um ambiente prazeroso faz toda a diferença.
São múltiplas as tarefas incutidas ao coordenador pedagógico,
porém, em todas elas, perpassam a clareza na comunicação, o respei-
to e a empatia com os envolvidos. Ter plena consciência que não há
envolvimento e colaboração, quando o acolhimento não é sentido pe-
los professores e por toda a comunidade escolar, é preciso compreen-
der que antes de qualquer atuação no campo profissional, todos são
seres humanos e necessitam desse olhar para seguirem em frente.
Espera-se que essa leitura seja capaz de ofertar aos interes-
sados um olhar crítico e sensível no que cerne ao pleno exercício da
função de ser coordenador pedagógico.
REFERÊNCIAS
153
MAGALHÃES, Poliana Marina Mascarenhas de Santana. Avesso do
Espelho: (re)velações sobre o saber-fazer do coordenador peda-
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Ideias e Letras, 2004.
154
CAPÍTULO 10
RESUMO
Relatou-se na presente pesquisa a necessidade de debate, dentro
do contexto educacional acerca da ideação suicida e saúde mental,
com a comunidade escolar, junto ao trabalho da diversidade e sofri-
mento mental. A metodologia utilizada foi a Pesquisa Bibliográfica e
entrevista presencial com o Núcleo de Prevenção a Violências do Es-
tado de Santa Catarina (NEPRE/SC), buscando alcançar os objetivos
de Conceituar suicídio relacionando com as ideias formadas sobre o
mesmo; relacionar o processo de ensino-aprendizagem na perspec-
tiva de morte auto infligida com a utilização da expressão artística
como conectora e percursora do debate da temática em sala de aula;
conhecer sobre o NEPRE e sua importante atuação; analisar dados
da entrevista realizada com profissionais especializados do Núcleo
de Educação e Prevenção que organizam projetos acerca da temáti-
ca de saúde mental e suicídio.
Palavras-chave: Saúde Mental; Formação Continuada; Inclusão;
ABSTRACT
It was reported in the present research the need for debate, with-
in the educational context about suicidal ideation and mental health,
with the school community, along with the work of diversity and men-
155
tal suffering. The methodology used was the Bibliographic Research
and face-to-face interview with the Center for the Prevention of Vio-
lence in the State of Santa Catarina (NEPRE/SC), seeking to achieve
the objectives of Conceptualizing suicide relating to the ideas formed
about it; to relate the teaching-learning process in the perspective of
self-inflicted death with the use of artistic expression as a connector
and precursor of the debate on the subject in the classroom; learn
about NEPRE and its important role; to analyze data from the inter-
view carried out with specialized professionals from the Education
and Prevention Center who organize projects on the subject of men-
tal health and suicide.
Keywords: Mental health; Continuing Education; Inclusion;
1. INTRODUÇÃO
156
Profissionais especializados do Núcleo de Educação e Pre-
venção que organizam projetos acerca da temática de saúde men-
tal e suicídio.
Este foi elaborado a partir de pesquisa bibliográfica e entre-
vista com o Núcleo de Educação e Prevenção de Violências nas Es-
colas (NEPRE/SC).
2. A IDEAÇÃO SUICÍDA
157
Na data de 1980, encontrou-se apenas um estudo reali-
zado a partir de autópsias psicológicas, visando compre-
ender as circunstâncias e os fatores precipitantes para o
suicídio em menores de 14 anos e em adolescentes de
15 a 19 anos, com enfoque nos transtornos mentais. Na
década de 1990, as investigações se ampliam e apare-
cem estudos de caso-controle, de prevalência e comorbi-
dade com transtorno mental e eventos estressantes so-
ciais. (SOUSA, et al, 2017, p.4).
158
Algumas considerações são relevantes no entendimen-
to sobre o suicídio. A taxa global de casos é de 11,4 para
cada 100 habitantes. Há diferença entre os gêneros. Os
homens cometem mais suicídios, enquanto que as mu-
lheres fazem mais tentativas. No panorama internacio-
nal, o Brasil tem índice de 5,8, que é inferior à média. Ao
mesmo tempo, em números absolutos, a situação muda
e o país fica entre os dez primeiros no ranking mundial
(OMS, 2017). O primeiro boletim epidemiológico sobre o
suicídio no Brasil, divulgado no ano passado pelo Minis-
tério da Saúde, trouxe informações relevantes e apontou
desafios, como a necessidade de qualificação nas notifi-
cações e nas medidas de prevenção. Estudos mostram
que 90% dos casos estão associados a patologias men-
tais e que, dependendo das condições, podem ser diag-
nosticadas e tratadas, como a depressão, transtorno bi-
polar e abalos psicológicos. Em relação aos adolescen-
tes, há algumas variáveis específicas, como as transfor-
mações no comportamento e no corpo, comuns dessa
faixa etária, e também as dificuldades de integração so-
cial. (SANTOS, 2018, p.4)
159
2.1 A LUDICIDADE COMO NORTEADORA
160
alunos, em diálogo com seus professores, pode aconte-
cer não apenas em eventos específicos, mas ao longo do
ano, sendo parte de um trabalho em processo. (BNCC,
2018, p. 193)
161
O Núcleo de Educação e Prevenção de Santa Catarina (NE-
PRE/SC) foi fundado entre 1980 e 1990, sendo organizado na Secre-
taria de Estado da Educação (NEPRE/SED), nas gerências (NEPRE/
GEREDs) e está alinhado ao Plano Estadual de Educação, Proposta
Curricular de Santa Catarina e as demais legislações vigentes. Bus-
ca, como objetivo a educação cidadã (SED/SC. 2020), com respeito
e solidariedade, além de auxiliar a formar crianças, adolescentes, jo-
vens e adultos como promotores dos direitos humanos. Em seu orga-
nograma, o NEPRE sinaliza o trabalho de implementar políticas, Pro-
gramas e Projetos, além de atuar nos temas transversais contempo-
râneos da Base Nacional Curricular Comum (BRASIL, 2018).
Dentro do NEPRE/SC busca-se, ainda, gerar debate acerca
de temáticas vivenciadas pelos educandos, tais como abuso e uso
de substâncias, cultura, Programa Saúde na Escola e dentro des-
ta, o suicídio. Este é de grande importância para o meio educacional,
pois em conjunto com a comunidade escolar, há o gerenciamento de
ações que são observadas e produzidas pelo currículo oculto.
Fonte: https://www.sed.sc.gov.br/programas-e-projetos/6613-politica-de-educacao-prevencao-
-atencao-e-atendimento- as- violencias-na-escola, Visualizado em 20/05/2022.
3. METODOLOGIA
162
do na fundamentação teórica dividida nas seguintes partes: A idea-
ção Suicida; A Expressão Artística e a Ludicidade como Norteadoras;
Núcleo de Educação e Prevenção (NEPRE).
Os procedimentos metodológicos ficaram por conta de uma
entrevista estruturada realizada com a Coordenadora responsável
pelo NEPRE sediada em uma escola pública de Santa Catarina no
município de Florianópolis. Esta foi realizada em Maio de 2022. So-
bre o uso de entrevista, Duarte aponta que ela “Ela tornou-se técnica
clássica de obtenção de informações nas ciências sociais, com larga
adoção em áreas como sociologia, comunicação, antropologia, admi-
nistração, educação e psicologia” (DUARTE, 2005, p. 62).
Procurando projetar embasamento completo para um tema
que carece de fontes e investigação na área da educação, foi apre-
sentada pesquisa bibliográfica de forma teórica apresentando artigos
e autores que são referência em suas respectivas áreas.
As perguntas foram estruturadas com o intuito de adquirir sub-
sídio teórico e escrito para o corpo do trabalho. A entrevistada res-
pondeu voluntariamente de forma a contribuir com sua visão e expe-
riência ao trabalhar mais de uma década no NEPRE/SC.
Quanto à finalidade é uma pesquisa aplicada, pois gera co-
nhecimento para ser aplicado em determinada situação.
Quanto à natureza é uma pesquisa qualitativa, porque envol-
ve situações da realidade.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
163
ção em Segurança Humana e atua a 16 (dezesseis) anos na esco-
la de rede pública, iniciando como Assistente Técnico-Pedagógica e
assumindo a coordenação do NEPRE/SC em 2011 (Resposta à per-
gunta nº 1 e 2).
Sobre o debate acerca de saúde mental e suicídio dentro do
ambiente escolar, aborda:
164
Então isto em quase todos os projetos com temas (rup-
tura na fala) também porque estamos em Maio, o mês
do Assédio Sexual Infanto Juvenil, também isto é comum
quando se trabalha esta temática. É comum nós acolher-
mos mais situações que de alguma forma elas desper-
tem. Então, a gente também orienta os professores para
isto, é importante a gente trabalhar, ter um início, meio e
fim; e saber, dar condições a estes alunos e dizer para
eles que eles podem ter sim um suporte. Então, divulgar
o CVV, a escuta do NEPRE pode ter, enfim. Informações
úteis que você vai abrir ali à temática e você tem tam-
bém que saber lidar com ela, não é só abrir (risada). En-
tão, este cuidado é muito pertinente e nós sempre faze-
mos estas orientações, assim como quando a gente tra-
balha a temática “drogas”, todas as temáticas que são
importantes ou tenham um cunho (ruptura na fala), a gen-
te sempre temeste cuidado. Dizer que existe aquele lo-
cal para acolher, quando elas podem surgir, às vezes em
uma redação de um professor, até mesmo para o profes-
sor ficar atento e nos encaminhar para que nós possa-
mos chamar a família, encaminhar para a saúde e para
os órgãos que possam auxiliar. (ENTREVISTADA, 2022)
165
cadores, coordenadores de ala, direção de turno, servi-
ço de orientação, direção e o NEPRE. Então, nós temos
que trabalhar de formaintegrada. O Coordenador de Ala,
por exemplo, se ver um aluno com autolesão, ele nos en-
caminha. Nós então fazemos uma escuta aqui com sigi-
lo, com ética e respeito. Geralmente em duas, fazemos o
registro e aí se chama o familiar que às vezes nem sabe
da situação, às vezes o aluno já é atendido pela rede ex-
terna, então depende da situação. Se for uma novida-
de para a família, a gente apresenta algumas possibilida-
des, depende se a família tiver algum convênio, ou não
tem, o nosso fluxo é via SUS, então nós orientamos pela
rede externa, podemos mandar um e-mail para a equipe
de saúde da família de referência da sua área com cópia
para o coordenador, relatando brevemente a situação, se
a autolesão vier acompanhada de ideação suicida, e for
uma autolesão mais grave, a gente manda esse e-mail
com cópia para o conselho tutelar, pois existe uma legis-
lação de 2019 nacional, da qual não recordo o número da
lei, que diz que a escola ou a saúde tem o dever de no-
tificar o conselho tutelar. Quando se vê que é uma situa-
ção muito grave, uma ideação, por exemplo, de se jogar
do alto da escola a gente aciona o CAPSI, tanto o pos-
to quanto o CAPSI tem porta aberta, então a gente utili-
za estes recursos. Nós acionamos tudo (risada), até para
não correr um risco maior, pois são vidas em jogo. Atual-
mente temos também na saúde, da qual não lembro a no-
menclatura em que se atendem situações mais graves.
O posto de saúde vai atender situações mais leves, va-
mos dizer assim e esta equipe vai atender situações mais
graves encaminhadas pelo posto, e situações mais gra-
ves são direto com o CAPSI. Nós temos uma boa relação
com essa rede externa construída nestes onze anos de
trabalho. É esta forma que nós temos interagido e aco-
lhido, e nós fazemos muita reunião de rede territorial. Te-
mos duas reuniões de redes mensais, uma com a área
do José Mendes e outra com o Monte Serrat, que são re-
giões onde nós temos mais demanda, não só de autole-
são e ideação suicida, mas de vulnerabilidades, e nes-
tas reuniões de rede, nós trabalhamos em conjunto com
o CRAS, centro de saúdes e projetos sociais com a esco-
la em alguns casos, e ai nós conseguimos em conjunto
de forma intersetorial atender melhor. Em algumas situ-
ações são autolesões, envolve estas demandas, não só
vulnerabilidades. (ENTREVISTADA, 2022).
166
Sobre a abordagem do tema Saúde Mental dentro da escola,
a Entrevistada* aponta a necessidade de utilização de materiais en-
caminhados pela Secretaria de Educação, mas também da necessi-
dade de Formação Continuada.
167
transmitir um conhecimento mais correto, uma orienta-
ção mais correta, não utilizar fontes não confiáveis, preci-
samos sempre filtrar asfontes. (ENTREVISTADA, 2022).
168
atendimento pelo CAPSI. No ano retrasado ela estava no
segundo ano, no ano passado ela estava no terceirão. O
CAPSI dizia, “(nome*), o que a gente pode fazer?”, então
a gente conversava com a aluna de forma online, fizemos
alguns MEETS para dizer para esta aluna para ela não
desistir, ela chegou a dizer “Eu preciso de ajuda, eu pre-
ciso de ajuda”. Nós orientamos, ela já tinha feito 18, en-
tão não era mais CAPSI, era CAPS. Então, nós fizemos
esta transição. Uma questão importante foi no início des-
te ano, ela veio aqui agradecer por tudo que fizemos por
ela, eu fico até emocionada, porque nós fizemos o que tí-
nhamos que fazer, no que tange a prevenção. Mas ela
agradeceu, disse que fomos muito importantes na vida
dela, que ela só se formou por causa de nós. E volta e
meia nós recebemos feedbacks de alunos desta forma,
porque são coisas muito íntimas, mas nós tivemos bons
feedbacks de pais e mães. Esta menina, por exemplo,
veio de uma situação de desestruturação familiar, então
era praticamente ela sozinha por ela. Nós temos feedba-
cks muito positivos neste sentido, mas eles são muito in-
dividualizados, não são coletivos, até porque isto não é
algo que nós expomos, e eles são bem inesperados. Ti-
vemosoutros, vários outros, mas este em especial cha-
mou muito a atenção e nós ficamos muito felizes quando
conseguimos este êxito, quando conseguimos ajudar um
ser humano, uma vida. (ENTREVISTADA, 2022).
169
fissionais só mostram efetividade quando levam em con-
sideração as condições sociopsicológicas e culturais de
existência das pessoas em seus nichos de habitação e
convivência, e não apenas suas condições cognitivas.
(GATTI, 2003, p. 197).
170
apresentando os conteúdos da disciplina de forma prazerosa. Ludi-
cidade é tudo o que mexe com o imaginário de forma prazerosa ou
fantasiosa. Desta forma, aplicá-la na educação é proporcionar uma
atividade ou modelo de ministrar o conteúdo prazerosamente ao dis-
cente.
5. CONCLUSÃO
171
Dentro da escola, que é ambiente político, a educação e os
profissionais que a incorporam não somente trabalham acerca da
construção do conhecimento, mas também, da existência do bem-
estar biopsicossocial e da observação dos indivíduos de maneira in-
tegral, criando um local de segurança não somente às crianças, mas
a comunidade existente e oferecendo a seguridade social.
REFERÊNCIAS
172
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pesquisa em comunicação. São Paulo: Atlas, v. 1, p. 62-83, 2005.
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Tx/?lang=pt. Acesso em: 07/04/2022 às 18h47
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cola como Reconstrutora da Sociedade: uma crítica. Disponível
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cídio na Infância. UFP, 2017.
173
ZANA, Augusta Rodrigues de Oliveira. O psicólogo e o atendimen-
to a pacientes com ideação ou tentativa de suicídio. Rio de Ja-
neiro, 2013.
174
CAPÍTULO 11
RESUMO
Prática Pedagógica docente em uma análise de desenvolvimento
cognitivo em alunos com dificuldade de aprendizagem, com um viés
nos fatores que se associam ao efetuar-se desse paradoxo. Como
objetivo geral pretende-se ainda: mostrar que a prática docente pode
melhorar a questão do ensino aprendizagem em alunos com dificul-
dade de aprendizagem, que acabam virando estatistas de analfabe-
tismo no Brasil. A pesquisa desse artigo, trabalho em questão se deu
como pesquisa de campo de forma analítica, cuja fonte de pesquisa
é bibliográfica que trás como forma de dados qualitativos e quantita-
tivos. A problemática deste trabalho dar-se a sobre as questões que
impedem os avanços discentes e paralisa o trabalho docente.
Palavras-chave: Prática docente. Dificuldade de aprendizagem. For-
ma de Ensino.
ABSTRACT
Teaching Pedagogical Practice in an analysis of cognitive develop-
ment in students with learning difficulties, with a bias in the factors
that are associated with the effect of this paradox. As a general ob-
jective, it is also intended: to show that teaching practice can improve
175
the issue of teaching and learning in students with learning difficulties,
who end up becoming illiteracy statists in Brazil. The research of this
article, work in question, took place as a field research in an analytical
way, whose research source is bibliographic that brings as a form of
qualitative and quantitative data. The problem of this work is about the
issues that impede student progress and paralyze the teaching work.
Keywords: Teaching practice. Learning difficulty. Teaching Form.
INTRODUÇÂO
176
de alfabetização, tendo em vista sempre o trabalho voltado para alu-
nos com dificuldades de aprendizagem, os quais sempre estiveram
em atraso no processo de leitura e escrita, não sendo sempre alunos
com faixa etária no processo de alfabetização, porém, discentes que
precisavam ser alfabetizados. Com a função de monitora de leitura
e escrita meu trabalho se fazia voltado exclusivamente para aqueles
alunos que não sabiam ler e escrever, com isso minha ótica passou a
voltar-se para a prática de ensino, e o que os levavam a não apren-
der, que fatores influenciavam, e o que poderia ser feito para ajudá-
-los no desenvolvimento cognitivo daquelas crianças. Uma vez que
não apresentavam transtornos neurobiológicos que pudessem inter-
vir no seu processo de aprendizagem, e o que estariam de fato im-
pedindo com que esses educadores não obtivessem sucesso na sua
metodologia e prática de ensino.
Após essa breve discussão pode-se objetivar aqui o real intui-
to deste trabalho que vem atentar para as dificuldades dos discentes
e educadores, haja a vista o problema em questão. Com isso abordar
as dificuldades enfrentadas pelos mesmos e posteriormente quem
sabe ajudar a solucionar essa problemática.
Esta pesquisa tem como objetivo geral mostrar que a prática
docente pode melhorar a questão do ensino aprendizagem em alu-
nos com dificuldade de aprendizagem, que acabam virando estatis-
tas de analfabetismo no Brasil.
A metodologia deste trabalho conta com pesquisa analítica,
cuja fonte de pesquisa bibliográfica e análise de dados qualitativa.
Com enfoque nos anos iniciais da educação básica do ensino funda-
mental, com a faixa etária de 07 a 10 anos que seriam alunos do 2º
ano ao 5º ano dos anos iniciais. Ao que aparentemente são alunos
que são constantemente avaliados e que passam a serem estatísti-
cas de alfabetizados e não alfabetizados.
177
de intervir no mundo”. O autor compreende na sua fala que a impor-
tância do professor se faz uma vez que ele se torna interventor das
vivencias no mundo, sendo o mesmo mediador da sua formação so-
cial e histórico-cultural. A sua prática de ensino estará totalmente re-
lacionada à sua formação enquanto ser na sociedade, porém a teoria
a qual ele está munido na sua formação se fará base daquilo a qual
ele se sobrepõe.
Em concordância a Freire, Libâneo fala que:
178
Art. 22. Da Lei de Nº 9.394/96, (LDB) “A educação básica tem
por finalidades desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação
comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe
meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores”. Com
isso, é de direito do indivíduo o acesso ao ensino aprendizagem, que
lhe dar subsídio ao mínimo de conhecimento para se viver em socie-
dade, toda via é de direito da criança que o acesso a esse conheci-
mento lhe seja ofertado por aqueles que sejam responsáveis por sua
formação em detrimento as suas necessidades sociocultural, econô-
micas e/ou físicas.
UNESCO, (1946) a alfabetização é um processo de aquisição
de habilidades cognitivas básicas responsáveis por contribuir para o
desenvolvimento socioeconômico a capacidade de conscientização
social e da reflexão crítica como base de mudança pessoal e social.
De acordo com Cortella, (2017).
DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM
179
de aprendizagem uma vez que isso reflete no seu desenvolvimen-
to acadêmico e social posteriormente. Ela dispõe alguns pontos que
se faz necessária sua apresentação para fins de esclarecimento so-
bre o assunto:
180
De acordo com (OLIVEIRA; KOTTEL, 2016).
181
A consciência fonológica faz-se aplicada na sua funcionalida-
de, uma vez que o indivíduo se mostra com dificuldade de leitura e
escrita. A segmentação das palavras e as a apresentação do grafe-
ma em fonema enquanto som facilita a assimilação e reconhecimen-
to do som das letras. Essa por sua forma um conjunto de palavras,
que anteriormente foi trabalhada no processo de fala (pronúncia) a
dicção é de extrema importância.
Adams (2006) divide a consciência fonológica em três verten-
tes para melhor entendimento e simplificação do assunto. Em primeiro
ponto coloca a fonologia como ato inconsciente da fala o som ainda que
sem sentido de palavras. A fonética, o som com articulação dos sentidos
de fala. E ainda a fônica como representação dos símbolos de escritas
da fala. Isso mostra que a consciência fonológica não é apenas a articu-
lação dos sons, ela está representada por conceitos que sustenta essa
ideia e a representação do sistema linguístico. (p.20)
182
FATORES EXTERNOS INTERNOS: O QUE IMPLICA NA APREN-
DIZAGEM?
183
O QUE IMPEDE O DESENVOLVIMENTO DA PRÁTICA DOCENTE
EM SALA DE AULA?
184
Fonte de pesquisa: pessoal. 2020
185
do uma espécie de toldo recebendo todas essas questões incons-
cientemente sem nenhuma noção desses problemas e como as re-
solver. Um total de 90,9% quase os 100% da pesquisa acreditam que
fator socioeconômico como; fome, desemprego, falta de moradia afe-
tam diretamente o aprendizado, quando apenas 9,1% dizem que tal-
vez esses fatores venham a prejudicar alunos com baixo valor eco-
nômico.
186
CONSIDERAÇÕES FINAIS
187
comparativo com as minhas observações e análises ao longo desses
anos colocando a aplicabilidade da consciência fonológica como mé-
todo de apoio ao desenvolvimento cognitivo discente.
A pesquisa surgiu da hipótese de que aqueles alunos que têm
dificuldades de aprendizagem e são melhores assistidos e acompa-
nhados consegue-se obter um retorno significativo e proveitoso de-
les, tirando-os das estatísticas de analfabetismo. Isso se deu porque
os alunos os quais por mim foram acompanhados e encontrava-se
em atraso ou com dificuldade era notório o seu avanço escolar pelo
fato de que era feitas adaptações e planos de aulas específicos para
os discentes, portanto ficou constado também no presente trabalho
diante das colocações dos entrevistados que ao adaptar suas meto-
dologias as necessidades discentes geram então um resultado sig-
nificativo.
O problema em questão é que dificilmente o educador exerce
sua subjetividade, não tendo voz ou vez ficando por muitas vezes su-
bestimado. Ao que se pode ver o docente na sua maioria tem a res-
posta para os seus problemas de sala de aula e/ou com seus discen-
tes, o que muito lhes falta é apoio, auxílio para exercê-la. Ainda que
possamos colocar a questão em outro lado da moeda, não podemos
deixar a cargo de terceiros o desenvolvimento profissional, uma vez
que isso depende o crescimento não só pessoal docente, mas, con-
sequentemente dos discentes. Daí surge à pergunta: Será que o de-
senvolvimento da educação está na prática docente? A resposta vem
através o levantamento dos dados da pesquisa em que a uma una-
nimidade que aposta nisso, na capacitação docente como meio des-
se desenvolvimento.
Para a construção deste trabalho a pesquisa é de forma ana-
lítica, onde foram analisados os dados apurados para a elaboração
dela, e de fonte bibliográfica que as faz embasadas, para a funda-
mentação e confiabilidade do tema o qual foi realizada de forma re-
mota assíncrona via internet modo link de questionário com coleta de
dados qualitativos.
Consequentemente diante do tema escolhido e da forma que
se deu a pesquisa foram encontradas algumas limitações às quais
se deram primeiramente pela atual situação a qual nos encontramos
que é a vivência de um momento nada atípico da pandemia com a
188
covid-19 que acontece no Brasil e no mundo, a qual não foi possível
ir presencialmente fazer as perguntas do questionário e entrevistas
com profissionais da área de forma física, e ainda houve certa de di-
ficuldade em encontrar artigos científico, acadêmicos e teóricos que
abordassem o tema de uma maneira mais ampla e esclarecida.
A abrangência do assunto principalmente ao que se remete a
prática docente em um determinado processo de ensino, é algo ex-
tremamente limitado e pouco abordado por pesquisadores na área
da educação o que torna difícil, porém, não impossível o estudo do
tema. Com isso, a dificuldade de aprendizagem entra nessa linha de
dificuldade de pesquisa por associarem sempre com fatores neuro-
lógicos e a dificuldade de aprendizagem defere-se disso, ela remete-
-se mais a fatores de cunho pedagógicos relacionados a fatores ex-
ternos e internos que podem ter intervenção pedagógica tanto para
sua resolução como para sua causa.
Por fim, recomendo para os leitores que terão a oportunida-
de de ler esse trabalho de pesquisa e que possam a vir a bordar o
mesmo assunto que procurem analisar suas próprias metodologias,
a prática de ensino dos seus colegas que façam um laboratório de
pesquisa em vivências para uma propriedade maior no assunto que
caso venham a falar de pratica docente é recomendado procurar ar-
tigos científicos e conceituar o tema separadamente caso o artigo
encontrado não fale especificamente do assunto, entre a prática do-
cente abordar, Paulo Freire, Libâneo, Dermival Saviani, Tardif alguns
aqui citados, porém para a dificuldade de aprendizagem encontra-se
atualmente em ascensão no assunto Luciana Brites e Clay Brites. A
consciência fonológica é ricamente abordada por Luciana Brites com
métodos e pesquisa sobre o assunto.
REFERÊNCIA BIBLIOGRAFIA
189
FERREIRO, Emília Apud Duarte, Karina; Rossi, Karla. O Processo
de Alfabetização da Criança Segundo Emília Ferreiro. -- Com To-
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da Prática na Formação dos Saberes Docente: Relato de uma Ex-
periência. Vancouver, Canadá—2018. Apud—NÓVOA, 2009. TAR-
DIF, 1999.
190
CAPÍTULO 12
RESUMO
Este artigo tem como objetivo mostrar as possibilidades oferecidas
pelas novas tecnologias de informação e comunicação digital, com
experiências no contexto de sala de aula, para o ensino e aprendiza-
gem da língua estrangeira na nova era digital. Durante a investiga-
ção, tentaremos refletir sobre como utilizar os recursos tecnológicos
e quais são seus usos reais no processo de aprendizagem, fornecen-
do um leque de possibilidades para uma aprendizagem mais colabo-
rativa, e como essa nova realidade é trabalhada pelos professores e
se isso influencia no processo de aprendizagem.
Palavras-chave: Aprendizagem colaborativa, recursos tecnológicos,
sala de aula.
191
ABSTRACT
This article aims to show the possibilities offered by new informa-
tion and digital communication technologies, with experiences in the
classroom context, for the teaching and learning of a foreign language
in the new digital age. During the investigation, we will try to reflect on
how to use technological resources and what are their real uses in the
learning process, providing a range of possibilities for a more collabo-
rative learning, and how this new reality is worked by teachers and if
this influences the learning process. learning.
Keywords: Classroom, collaborative learning, technological resources.
1. INTRODUÇÃO
192
mas temos que saber como ela vai transformar esse ambiente de
aprendizagem de uma segundo Língua.
As tecnologias são diversas, como o uso de redes sociais, ví-
deos, jogos eletrônicos, recursos de comunicação, interação, pesqui-
sa e intercâmbio. Assim, existem várias possibilidades de uso da tec-
nologia a favor do ensino de línguas estrangeiras, porém essa tec-
nologia deve estar alinhada com a interação dos alunos no ambien-
te virtual e a pedagogia do professor também deve estar vinculada a
fazer da tecnologia, uma ferramenta para ampliar as possibilidades
de conhecimento. Diante disso, pode-se enfatizar o termo “letramen-
to digital”, encontrada nessa imersão do ciberespaço, criando novas
perspectivas para trabalhar dentro desse conceito, que para uma ve-
lha abordagem, há um referencial de que crianças e jovens, usam
desses recursos como maneira de entretenimento, contudo, as ativi-
dades impressas, podem ir além do espaço físico da sala de aula e
mergulhar diretamente pelas telas digitais.
Como afirmam Botelho e Leffa (2009), a escolha da mídia di-
gital pelos professores, se bem utilizada, pode ir além do livro didá-
tico, das atividades impressas e do quadro-negro, portanto, a ajuda
dos professores nesse cenário é importante para otimizar o aprendi-
zado a partir dos recursos digitais e essa construção de novos conhe-
cimentos pelos alunos.
193
Pensando na inserção do aluno no campo das práticas e
como se dá essa ação, é necessário pesquisar e tentar compreen-
der o espaço escolar, desde a sua organização até a atuação peda-
gógica por parte dos professores. É importante destacar que este ar-
tigo buscará essa relação professor-aluno em duas análises diferen-
tes: primária e secundária. Analisamos o grau de aprendizagem dos
alunos nas aulas, as capacidades de participar das aulas, como en-
tram em contato com um idioma meta ao longo dessas experiências,
e também notar vantagens desses dispositivos digitais, bem como al-
guns obstáculos.
194
ta-se que o uso de recursos audiovisuais em sala de aula, traz resul-
tados efetivos, já que ao trabalhar com uma linguagem visual, o pro-
fessor transmite aos alunos uma outra maneira do processo de en-
sino-aprendizagem. Considerando isso, o professor deve se aproxi-
mar a atender às novas necessidades da era digital, que todavia não
é um processo fácil, todas estratégias devem ser bem organizadas e
pensadas para atender as necessidades de cada contexto escolar ao
qual os alunos estão inseridos.
De acordo com a teoria do condicionamento operante, criada
pelo psicólogo, e escritor Burrhus Frederic Skinner, considera o re-
forço como algo estimulante, um mecanismo que, se fortalecido, tor-
na-se uma resposta mais frequente, é dizer, ao utilizar plataformas
que melhorem o desempenho dos alunos não só em sala de aula,
mas também fora dela possibilita o reforço de um assunto de uma
maneira ao qual estão mais familiarizados, de modo online. O pro-
fessor pode trabalhar com Quizzes ou questionários disponíveis pelo
Google. Quanto maior o estímulo pelos assuntos, é provável que sin-
tam o desejo de continuar tentando melhorar.
Para trabalhar com turmas do ensino médio, as atividades
com vídeos são mais focadas, trabalham com assuntos gramaticais,
mas ainda assim, existem recursos interativos, justamente para cap-
tar a atenção e proporcionar leveza durante o aprendizado. Algo que
estimula muito os alunos, é a criação de atividades nas quais podem
utilizar as redes sociais para serem os protagonistas da propaga-
ção dos mais variados conteúdos vistos em aula. O professor nesse
caso, deve fazer com que eles criem uma conta para disseminarem
os conteúdos semanais das aulas, isso de fato será muito enriquece-
dor para a autoaprendizagem e a comunicação em geral.
Portanto, ao aprender sobre um novo idioma, os alunos pas-
sam pelo processo de assimilar tudo o que ouvem - por isso é impor-
tante que o professor conduza a aula na língua que está sendo ensi-
nada - transforme isso em conhecimento, e então começa a reprodu-
zir o que foi aprendido. Dentro desses conceitos que Piaget disse, o
desenvolvimento cognitivo atravessa escalas das quais é importan-
te conhecer o nível apresentado pelos alunos e programar atividades
adequadas que auxiliem nesse processo de aprendizagem. As tec-
nologias podem ser uma grande aliada nesse processo se for bem
195
utilizada, atualmente temos inúmeras possibilidades para tornar o en-
sino mais lúdico e criativo. Os professores devem estar preparados
para os novos desafios da atualidade, e buscar sempre incluir ferra-
mentas digitais em sua metodologia, pois a participação em meios
digitais por meio de atividades ajuda na aproximação daqueles que
participam menos em sala de aula. Os docentes precisam estar ca-
pacitados para nortear um ensino com boas possibilidades no âmbi-
to tecnológico.
196
no tradicional, sem sair do seu contexto real. Pensando nisso, traze-
mos algumas plataformas que ajudam nisso:
YOUTUBE
O Youtube ajuda muito as pessoas que são mais compreensíveis
com a linguagem visual. Como também o uso deste aplicativo na sala
de aula, fica fácil fornecer ilustrações fáceis de entender. Também é
importante nas aulas, onde o professor pode disponibilizar vídeos
explicativos para os alunos sobre o assunto que vão iniciar, pois um
conceito explicado antes é melhor para a compreensão, o aluno pode
reproduzi-lo no seu próprio ritmo.
QUIZ
O quiz, que tem a finalidade de criar exercícios com perguntas, é im-
portante no processo de aprendizagem e serve como forma de ava-
liar o aluno sobre determinado assunto de forma lúdica. É bastante
interessante e existem vários sites de quizzes prontos, mas também
para os professores criarem ou mesmo os alunos numa apresenta-
ção de seminário.
PADLET
JAMBOARD
O Jamboard é uma ferramenta que visa mostrar, ensinar e visualizar
ideias em sala de aula. Há também uma opção muito válida que é a
nuvem de palavras, onde o professor pode pedir aos alunos que for-
mem essa nuvem com as palavras ou ideias que foram apresenta-
das em aula. Essa ferramenta oferece jogos, post-its para leitura de
rodas, entre outros.
197
DUOLINGO
Duolingo é um aplicativo bastante lúdico para aprender um novo
idioma. O aplicativo aborda conteúdos que se adaptam ao nível dos
aprendizes. Contém várias atividades que trabalham habilidades es-
critas e oral, onde os alunos aprendem de forma criativa. O desblo-
queio das atividades é conforme o êxito dos estudantes. Os aprendi-
zes podem escolher qualquer idioma para começar o aprendizado. É
um aplicativo gratuito e o professor pode trabalhar em aulas.
ESCOLA DIGITAL
É um site digital onde se encontra um acervo de conteúdos de dife-
rentes disciplinas e mídias como aula digital, áudios, jogos, infográfi-
cos, vídeos, quiz e ebooks. Auxilia na autonomia do professor e faci-
lita no uso da tecnologia.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
198
parte do professor, e que tenham um objetivo, e esse objetivo seja al-
cançado. Sendo assim, os professores precisam de tecnologias que
sejam relevantes para a situação de ensino, essas tecnologias apro-
ximam os alunos do conteúdo e tornam as aulas mais dinâmicas.
As tecnologias surgem como uma inovação na educação,
criando novas expectativas, devido aos grandes benefícios que tra-
zem para as diversas áreas da sociedade. Consequentemente, tam-
bém é necessário modificar a forma de ensinar e aprender, deixando
o professor modificar sua metodologia, para se tornar um pesquisa-
dor, um especialista em novas tecnologias, bem como intermediar o
aluno na busca do conhecimento.
Portanto, é importante que os professores tenham proximida-
de com as novas tecnologias para desenvolver cada vez mais habili-
dades de ensino-aprendizagem. Embora os alunos já estejam inseri-
dos nesse contexto das novas tecnologias, o educador deve propor-
cionar aos alunos acesso à tecnologia de uma forma ponderada, pre-
parando-se para essas novas descobertas e para que eles desenvol-
vam as mais variadas competências.
REFERÊNCIAS
199
PIAGET, J. Biologie et connaissance: essai sur les relations entre les
régulations organiques et les processus cognitifs. Paris: Gallimard,
1967 b.
SKINNER, B. F., & Ardila, R. (1977). Sobre el conductismo. Fon-
tanella
200
CAPÍTULO 13
carehammes@gmail.com
RESUMO
Este artigo realizou o estado do conhecimento sobre as possíveis
contribuições do jogo para a aprendizagem de Matemática em anos
do Ensino Fundamental. A abordagem metodológica utilizada é de
caráter bibliográfico e envolveu o levantamento teses e dissertações
da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações - BDTD. As consultas
foram realizadas nos meses de setembro e outubro de 2015 para o
período de 1993-2013, tendo como filtro o país de publicação (Bra-
sil) e o idioma (português). As pesquisas mostram que os jogos pro-
piciam ao estudante maior disposição para pensar, refletir, analisar,
hipotetizar, realizar avaliações, ser autônomo, trabalhar com regras,
aprender de maneira lúdica e socializar com os colegas. Permite,
também, a diversidade de pensamento, a melhoria nas habilidades
cognitivas e de busca por respostas. Parte dos trabalhos sugerem
mais oficinas pedagógicas que expliquem metodologias de uso dos
jogos, desde seu objetivo até a aplicação, análise e avaliação.
Palavras-Chave: Jogo. Matemática. Anos do Ensino Fundamental
201
ABSTRACT
This article carried out the state of knowledge about the possible
contributions of the game to the learning of Mathematics in Ele-
mentary School years. The methodological approach used is bib-
liographic and involved the collection of theses and dissertations
from the Digital Library of Theses and Dissertations - BDTD. Con-
sultations were carried out in September and October 2015 for the
period 1993-2013, filtering by country of publication (Brazil) and lan-
guage (Portuguese). Research shows that games provide students
with greater willingness to think, reflect, analyze, hypothesize, car-
ry out evaluations, be autonomous, work with rules, learn in a play-
ful way and socialize with colleagues. It also allows for diversity of
thought, improvement in cognitive skills and search for answers.
Part of the works suggest more pedagogical workshops that explain
methodologies for the use of games, from their objective to applica-
tion, analysis and evaluation.
Keywords: Game. Math. Years of Elementary School
INTRODUÇÃO
202
do procura discutir a relação entre a Matemática e o Lúdico; e, tam-
bém, o ensino de Matemática a partir de jogos.
O problema dessa pesquisa é: como o jogo pode contribuir
para melhorar a aprendizagem da matemática em anos do Ensi-
no Fundamental?
A metodologia aplicada apresenta natureza qualitativa, de
caráter bibliográfico com pesquisa de teses e dissertações na BDTD
– Biblioteca de Digital de Teses e Dissertações. Para a realização do
estado da arte, as consultas foram realizadas nos meses de setem-
bro e outubro de 2015, tendo como filtro o país de publicação (Brasil)
e o idioma (português). A busca na página da BDTD envolveu a pes-
quisa de títulos com as seguintes palavras-chave: jogo, matemática
e anos do Ensino Fundamental.
No que tange as contribuições dos jogos para o ensino de Ma-
temática, centro dessa pesquisa, procuramos levantar trabalhos que
envolvessem o período de 1993 a 2013, como forma de perceber
como a utilização de jogos para auxílio do aprendizado em Matemá-
tica foi sendo percebido em termos de resultados e melhorias. Além
disso, identificamos as teses/dissertações que abordam as possíveis
contribuições do jogo na aprendizagem em Matemática em anos do
Ensino Fundamental, com posterior leitura integral deles. A seguir,
analisamos todas as produções encontradas e destacamos as prin-
cipais ideias e os resultados dessas produções. Têm-se as contribui-
ções do jogo para a aprendizagem matemática, baseado na análi-
se de quinze trabalhos selecionados sobre o assunto. A utilização do
jogo para a aprendizagem matemática e suas contribuições para os
anos iniciais foi encontrada nas pesquisas de Azevedo (1993), Gran-
do (1995), Gonçalves (1999), Grando (2000), Pauleto (2001), Camar-
go (2002), Von Zuben (2003), Costa (2004), Ortiz (2005), Fittipaldi
(2007), Freitas (2008), Roberto (2009), Ananias (2010), Bonfim e Es-
teves (2012) e Elorza (2013). Na leitura das teses e dissertações, foi
analisado o caminho realizado e os resultados referentes a utilização
de jogos para aprender Matemática.
A pesquisa se justifica na medida em que galgamos outros ca-
minhos para o ensino da Matemática, de modo peculiar às dificulda-
des de aprendizagem que as crianças muitas vezes apresentam. As-
sim sendo, proporcionar um modo lúdico na aprendizagem da mate-
203
mática através dos jogos pode ajudar no processo de busca de solu-
ções para os problemas.
204
Assim para se contrapor aos processos verbalistas de ensino, à pal-
matória vigente, o pedagogo deveria dar forma lúdica ao conteúdo.
(KISHIMOTO, 1999, p.28).
Mais tarde, no Romantismo, o jogo é considerado como con-
duta típica e espontânea da criança, vendo nela uma natureza boa,
dotada de espontaneidade, comparada a alma de um poeta e o jogo
sendo uma de suas maneiras de expressar-se. (KISHIMOTO, 1999).
De acordo com Kishimoto (1999), constatamos que a origem dos jo-
gos evidencia que eles foram transmitidos por meio da cultura de
cada povo. “Neste sentido, qualquer jogo empregado na escola, des-
de que respeite a natureza do ato lúdico, apresenta caráter educati-
vo e pode receber também a denominação geral de jogo educativo”.
(KISHIMOTO, 1999, p.22).
De maneira geral, Kishimoto (1999), encontra semelhanças
entre as diferentes maneiras de conceber o jogo. Fala em,
Logo o jogo reflete a relação com aquele que joga, brinca, di-
verte-se e consequentemente, demonstra sua função educativa e fa-
vorece a aprendizagem da criança ampliando sua visão de mundo.
Para Huizinga (1990, p. 03-04) o jogo carrega significado cultural,
sentido, tensão, alegria, divertimento, ou seja, apresenta uma “fun-
ção significante, isto é, encerra um determinado sentido [...] implica
a presença de um elemento não material em sua própria essência”.
O jogo trabalha com o imaginário da criança, marcado pelo
“faz de conta”, ou seja, permite formas variadas de comunicação
que abrem caminhos para diferentes aprendizagens. Para Kishimoto
(1999, p.36) “[...] o brinquedo/jogo é a essência da infância e seu uso
permite um trabalho pedagógico que possibilita a produção do conhe-
205
cimento”. Apresenta aspectos culturais e do cotidiano na brincadei-
ra, no ato de jogar e assim auxilia na formação do ser social da crian-
ça, melhora sua qualidade de vida, de seus conhecimentos e outros.
206
favorecendo o aprendizado do aluno. Em suas conclusões, Gran-
do (1995) destaca como contribuição, focada no estudante, que
207
subtração. O seu público-alvo são estudantes da 2a série que rece-
bem orientações prévias da professora acerca das situações-proble-
mas e o modus-operandi das intervenções. A metodologia de análi-
se é de observação e utiliza os jogos construindo o caminho e faça
o maior número possível. Foram realizados 2 meses de intervenção
com 16 sessões de uma hora cada. Os resultados assinalaram novas
possibilidades e novos procedimentos de resolução dos problemas
apresentados, demonstrando que os grupos progrediram na diversifi-
cação de caminhos e de estratégias na busca de soluções.
Camargo (2002) busca fortalecer o raciocínio lógico e de es-
truturas lógicas elementares através de uma intervenção pedagógica
em salas de aulas da primeira fase do ciclo básico de crianças de 6 e
7 anos. Para isto, utilizou os jogos “Adivinhando”, “a pessoa escolhi-
da, a figura escolhida, o bloco escolhido”, “o empacotador de balas”,
a “quadra”, o “nunca três”, a “torre de palhaços” e o “triminó” como
forma de provocar construções que não estivessem presas a uma
única noção. A coleta de dados baseou-se em protocolos das provas
de conservação de quantidades discretas, classificação e seriação e
a intervenção com os jogos citados anteriormente. Foram, assim, es-
tabelecidos níveis de construção operatória como variável dependen-
te e idade e intervenção como variáveis independentes. Em termos
de princípios, o estudo baseou-se na teoria de Piaget. Como práti-
ca da adoção do processo em sala de aula, a pesquisa, via interven-
ção, gerou estruturas lógicas elementares de maneira mais fácil que
padrões usuais sem utilização de jogos. Isto foi possível através da
comparação do grupo de controle frente a outro grupo que não teve
os mesmos estímulos gerados através de jogos.
Vista de maneira dialética, VonZuben (2003) aborda a cons-
trução do conhecimento matemático através de jogos de regras para
alunos com queixas de aprendizado escolar. O total de sujeitos es-
tudados foi 16 que frequentavam 4aséries do Ensino Fundamental.
Para tanto, foram divididos em dois grupos de 8 como forma de com-
parar 8 com queixas ante outros 8 que não tinham reclamações de
dificuldades escolares. A coleta de dados foi realizada por meio de
questionário aplicado inicialmente para as professoras e também
pela aplicação do jogo Traverse em sessões na própria escola em
que a pesquisadora primeiramente aplicou várias partidas de 30 mi-
208
nutos até os alunos entenderem o jogo e, posteriormente fez uso do
recurso de filmagens para procurar avaliar na análise de dados se os
envolvidos tomaram consciência do seu papel no jogo e da possibili-
dade de revisão de procedimentos e da criação de novas aquisições.
Comparativamente, nos resultados o grupo com queixas apresentou
menos capacidade de construção dialética do que o grupo sem quei-
xas. Desta forma,
209
ção de número. Foram pesquisados 67 sujeitos pertencentes a tur-
mas da manhã e da tarde divididas em grupo de controle e de experi-
mento para comparação por meio de observação. Os jogos dominó e
de baralho “Batalha” foram aplicados de forma a garantir quatro pro-
vas operatórias de Piaget, envolvendo conservação de quantidades,
conservação de líquidos, inclusão de classes e seriação. Como resul-
tado evidenciou-se a importância dos jogos em sala de aula, porém
este deve ser visto como auxiliar, não se perdendo de vista o papel
do professor na sua intuição acerca dos momentos de intervenção e
de condução das atividades desenvolvidas pelos alunos.
Dentro de uma perspectiva sócio-histórica, Fittipaldi (2007),
tenta avaliar o jogo como uma ferramenta pedagógica que abrange a
construção de conceitos escolares e habilidades cognitivas. O público
alvo são crianças do Ensino Fundamental I, de forma que foram esco-
lhidos 4 alunos do quinto ano, divididos em duplas em uma sala dife-
rente da sala de aula e vazia. Dois alunos acompanhavam bem a tur-
ma e dois tinham dificuldades com relação ao entendimento da maté-
ria. Importante frisar que na aplicação da pesquisa junto aos 4 alunos,
a pesquisadora não sabia desta diferença entre as duplas, aguardan-
do, assim, para ver os resultados após os jogos. O recurso metodoló-
gico para análise foi a observação, de forma que durante as sessões
de jogos a pesquisadora inquiria os alunos para ver como eles reagiam
e solucionavam as situações-problemas apresentadas. Os dois jogos
apresentados foram o jogo das boas perguntas e o jogo fuja do prisma.
Os dados obtidos mostraram que a mediação durante o jogo é
fundamental no processo de construção do conhecimento, especial-
mente daquilo que já está presente previamente no entendimento do
aluno, como ponte para uma nova estrutura de saberes científicos.
Outra contribuição interessante é a maior interação entre os agentes
estudados, de forma a criar um sentimento de pró-atividade na bus-
ca de soluções. Assim,
210
Destaque-se, também, de não se ater apenas ao que a crian-
ça sabe ou consegue identificar, mas de registrar o processo de des-
coberta e os atributos que embasam os conceitos aprendidos.
211
Voltado para turmas de recuperação de ciclos de terceiro e
quinto ano do ensino fundamental, com dificuldades de aprendiza-
do, Roberto (2009), também fez uso de jogos como forma de verificar
se os mesmos são eficientes como ferramenta pedagógica de auxí-
lio no ensino de matemática. Após a constatação de que as profes-
soras não tinham experiência com a aplicação de jogos, no total, fo-
ram oferecidas duas oficinas pedagógicas para as professoras das
turmas que aplicariam os jogos na sala de aula. Através da observa-
ção, com intervenções e reflexões posteriores entre o pesquisador e
os professores sobre as práticas e seus resultados, pôde-se medir a
eficiência ou não dos jogos elencados. Ao todo foram 4 jogos: pren-
der o rabo no burro, dominó, quebra-cabeças tangram e jogo de da-
dos. De maneira geral, estes jogos trabalharam com inúmeros con-
ceitos como lateralidade, números e operações, figuras geométricas,
além de imersão dos alunos na criação de histórias relacionadas as
figuras.
As principais constatações do trabalho sinalizam que os jogos
pedagógicos em sala de aula não só facilitam o aprendizado, mas in-
corporam uma série de outras características importantes para a for-
mação humana e da personalidade do indivíduo, tais como socializa-
ção, comunicação, trabalho conjunto, autoestima, afetividade, cum-
primento de regras e visualização de problemas e soluções. Mostrou
também que na vivência dos professores de matemática não é usu-
al a prática de jogos como auxilio no aprendizado, mas que uma vez
incorporado fortalece a formação dos professores, que aceitam bem
esta dinâmica de auxílio no aprendizado.
A partir da teoria piagetiana, Ananias (2010) investigou, inter-
veio e analisou a construção e conhecimentos prévios de operações
matemáticas como adição, subtração, divisão e multiplicação. Isto
tudo, com vistas a desenvolver a habilidade do cálculo mental no en-
sino e entendimento da matemática. Como metodologia utilizou o Ca-
lendário e o jogo de dominó para uma turma de quinto ano. Durante
a pesquisa foram feitas também entrevistas com a professora da tur-
ma e com alunos que tinham mais dificuldades, com vistas a perce-
ber se houve evolução no processo de aprendizado. O estudo con-
cluiu que os alunos inicialmente não se sentiam preparados para re-
alizarem cálculos mentais; porém o ambiente criado com a utilização
212
do calendário e do jogo de dominó favoreceu o aprendizado dos alu-
nos frente a dificuldade maior que possuíam antes. A construção do
conhecimento melhorou com o jogo de regras, de forma que a habili-
dade cognitiva matemática dos alunos foi reforçada.
Além disto,
213
namento e interferência por parte do professor. Como se-
lecionar os jogos e como encaminhar o desenvolvimen-
to dos mesmos são questões que precisam ser discu-
tidas e reelaboradas com esses professores. (BONFIM,
2012, p.20).
214
temático, através de um ambiente que priorize a investi-
gação e a problematização dos conceitos, por meio do di-
álogo, da comunicação, do registro, da troca de ideias, da
socialização do pensamento e da construção dos signifi-
cados. (ELORZA, 2013, p.14).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
215
facilidade de geração de estruturas lógicas elementares em relação
ao modo tradicional sem jogos e muitas vezes sem significado.
No aspecto tecnológico de jogos em computadores ocorreu
um maior estímulo das crianças em usarem ferramentas computa-
cionais, favorecendo novamente o concreto e o abstrato, a resolu-
ção de problemas em ambientes virtuais e melhor domínio da álgebra
elementar e de operações matemáticas básicas. Observou-se uma
maior sensibilidade das crianças ao aprendizado e pró-atividade na
busca de soluções.
Em termos de estrutura, alguns estudos chamam a atenção
da necessidade de se investir em infraestrutura adequada para o cor-
reto planejamento, aplicação dos jogos e avaliação dos resultados,
quer no ambiente físico ou virtual. Estes momentos de jogos também
devem ser mais frequentes, visto que se percebeu uma carência des-
tes momentos que ocorrem muitas vezes por iniciativa própria do pro-
fessor, sem ligação com a estrutura pedagógica ou processo de ava-
liação presente na escola; ou seja, não faz parte de um projeto maior,
sendo mais uma atividade solitária, sem uma reflexão adequada para
o docente no seu agir pedagógico.
Com relação ao professor, parte dos trabalhos avaliados de-
monstram que existem deficiências no modo de ensinar como ensi-
nar matemática na Academia, de forma que o teórico sobrepõe a prá-
tica do ensinar. Isto pede que haja uma maior abertura pedagógica
para metodologias diversificadas e diferenciadas e formação conti-
nuada. Ainda, um maior trabalho e reflexão coletiva sobre o ensino e
acompanhamento da coordenação pedagógica, aberta ao novo.
Vários estudos apontaram também que boa parte dos profes-
sores, até por conta de dificuldades na sua formação, não possuem
experiência adequada para o ensino de matemática e para aplicação
de jogos como ferramenta de auxílio no aprendizado. Daí a importân-
cia de se promoverem oficinas pedagógicas que expliquem métodos
de observação, intervenção, aplicação de jogos e medição de efici-
ências deles para melhorar a formação dos professores e estimular o
pensar sobre suas práticas. Até porque as contribuições levantadas
convergem para o professor como ser central do processo de ensi-
no-aprendizagem, uma vez que cabe ao mesmo ser o interventor e
condutor dos trabalhos e atividades desenvolvidas. E ser também o
216
mediador e construtor de pontes entre o que já se sabe/entende e o
que está sendo aprendido.
Assim, cabe ao docente enxergar mais detalhadamente o
modo de pensar dos alunos em quererem apenas fazer e reproduzir
as regras ou evoluírem na busca da compreensão das razões dos re-
sultados. Este é um ponto primordial que distingue os que necessi-
tam de mais atenção daqueles que já desenvolvem aspectos positi-
vos da sua personalidade que só precisam ser estimulados. Através
dos jogos isto é possível, visto que ele é também um instrumento de
avaliação e regulação da aprendizagem.
Com relação ao jogo em si, é necessário ter muita atenção na
escolha do mesmo, no correto planejamento de execução, de ava-
liação e de preparação do professor para tal prática. Isto é importan-
te para que a seriedade da proposta e de utilização do jogo traga re-
sultados, passíveis de análise e de continuidade, e não seja o “fazer
por fazer” ou o “jogo pelo jogo”, como criticam alguns autores. Ou
seja, deve haver um projeto, uma conexão e encadeamento de obje-
tivos e metas a serem alcançadas. Por última contribuição observa-
da, o conteúdo deve ser um fator atrativo e não repulsivo ao conhe-
cimento e ao prazer inerente do saber mais. Assim, os jogos podem
auxiliar nesta aproximação agradável de se investigar, socializar, dia-
logar, pensar e buscar significados para aquilo que se aprende e que
está por trás do estudo da matemática.
De forma geral, estes quinze trabalhos avaliados mostram que
metodologias de apoio como os jogos possuem mais receptividade do
que repulsividade com relação ao resultado que trazem. Instigam tam-
bém os alunos a viverem seu período escolar de uma forma diferen-
te da somente tradicional, construindo relações e parcimônias que vão
além do x e do y, do + ou do – ou da multiplicação e divisão. Para o do-
cente notamos o desafio acerca do que é possível e até onde se pode
chegar na reflexão sobre a prática de sala de aula, sempre consciente
de que está nele o cerne das decisões e o de se medir o quanto evo-
luiu o seu ensinamento, mas sempre com a certeza de que se avan-
çou, pois houve esforço e dedicação para isto. É isto, de certa forma,
que procuramos destacar nas considerações finais deste trabalho.
Por fim, com a necessidade básica de intervenção e condu-
ção primordial do professor a utilização de jogos propicia muitas ve-
217
zes no coração tão seco, sofrido e magoado a mudinha do saber, cul-
tivada com muita emoção e dedicação. E, também, favorece a alegria
da descoberta, do querer algo mais, do buscar além do visível, de dar
esperanças e fortalecer atitudes através do conhecimento que surge
pela ludicidade para aquele/aquela que em inúmeros momentos da
vida não teve tantos motivos para querer sorrir, aprender ou para se
alegrar diante da realidade vivida e sofrida do dia a dia.
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219
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22 set. 2015.
220
CAPÍTULO 14
Instituto Villa-Lobos
A SALA DE AULA E A PRÁTICA DO PROFESSOR:
Rio de Janeiro - RJ
https://orcid.org/0000-0002-9774-2099
flavio.pianoevoz@gmail.com
RESUMO
O texto foi extraído da monografia em Pedagogia pela UNIBF e será
apresentado em dois capítulos neste livro. Trata-se de um estudo de
caso que retrata o Projeto Escola de Música da Igreja Evangélica As-
sembleia de Deus. Este capítulo esclarece o espaço escolar, suas
características e a relação com o ensino. Nosso objetivo é informar
ao leitor como a escola funciona, os parâmetros pedagógicos estipu-
lados para as aulas, os resultados e o impacto na comunidade. Re-
alizamos uma entrevista com o diretor e anexamos imagens do am-
biente escolar. As propostas de AUSUBEL (1968); BRANDÃO (2001);
FAZENA (1993); FREIRE (1981); LEITE (2002); MORALES (1999);
RONCA (1994); TAPIA E FITA (1999); STRECK (2012); e GAINZA
(1988) embasam a articulação entre ensino, trabalho, afetividade e
aprendizado. Os resultados apontam uma aproximação programada
entre o currículo e o campo do trabalho; e a afetividade é o principal
instrumento de motivação do alunato.
Palavras-chave: Escola de Música na Pavuna. Projeto de ensino.
Pedagogia. Currículo e Trabalho. Afetividade.
221
ABSTRACT
The text was extracted from the monograph in Pedagogy by UNIBF
and will be presented in two chapters in this book. It is a case study
that presents the Music School Project of the Evangelical Church As-
sembly of God. This chapter explains the school space, its charac-
teristics, and its relationship with teaching. Our goal is to inform the
reader how the school functions, the pedagogical parameters stip-
ulated for the classes, the results, and the impact on the commu-
nity. We conducted an interview with the school management and
showed images of the school environment in the text. The proposals
of AUSUBEL (1968); BRANDÃO (2001); FAZENA (1993); FREIRE
(1981); LEITE (2002); MORALES (1999); RONCA (1994); TAPIA E
FITA (1999); STRECK (2012); and GAINZA (1988) support the artic-
ulation between teaching, work, affectivity and learning. The results
point to a programmed approach between the curriculum and the field
of work; and affectivity is the main instrument of student motivation.
Keywords: Pavuna Music School. Teaching project. Pedagogy. Cur-
riculum and Work. Affectivity.
INTRODUÇÃO
222
seus filhos matriculados na escola. Ao consultarmos a Tabela da Or-
dem dos Músicos do Brasil (OMB)4 constatamos que este valor não
chega nem a metade do valor regulamento por uma hora de aula de
música.
A Escola da Pavuna foi criada por músicos da própria igreja
que inicialmente só pensavam em expandir o departamento de músi-
ca da comunidade religiosa. Vale lembrar que a música exerce uma
função muito importante nos cultos das igrejas pentecostais5 brasilei-
ras. Nesta igreja particularmente, todos os ministérios6 são acompa-
nhados por músicos (instrumentistas ou cantores) durante o culto.7
Na região da Pavuna, esta congregação é conhecida pela dedicação
ao ministério da música em seu interior.
Uma parte dos músicos da igreja é composta por sargentos
militares, dentro de uma das forças armadas8 brasileiras: Exército,9
Marinha,10 Aeronáutica,11 Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro12
e Banda Sinfônica do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio
de Janeiro.13 Vale notar que o comportamento desses músicos (tam-
bém professores na escola de música) exerce influência direta sobre
os alunos da escola que pertencem a comunidade religiosa. Nesses
setes anos de trabalho na escola, eu já perdi as contas de quantas
vezes ouvi nos corredores da escola: “ainda vou ser como meu pro-
fessor é.”
Sou professor de canto e teclado no Projeto desde 2016, por-
tanto conheço de perto a realidade social dos alunos que procuram
os cursos e as condições estruturais do espaço onde são ofereci-
4 Link: https://www.sindmusi.org.br/site/texto.asp?iidSecaoPai=11&iidSecaoSelec=24; Acesso
em 15.04.2022
5 Uma igreja evangélica de caráter pentecostal ou pentecostalista, traz ênfase ao batismo no
Espírito Santo e suas manifestações; o termo é derivado de Pentecostes.
6 Ministério, neste sentido, é o mesmo que grupo. É um conjunto de pessoas com um propósi-
to específico de trabalho dentro do templo.
7 Culto é um momento de encontro entre pessoas que professam a mesma crença. Na reunião,
os fiéis prestam adoração e recebem os ensinamentos da religião.
8 As forças armadas são organizações responsáveis pela defesa dos poderes constituídos, lei,
ordem e segurança nacional. No Brasil podemos citar: o Exército, a Marinha e a Aeronáutica.
9 Link da Banda de Músicos do Exército, 28 BC: https://www.28bc.eb.mil.br/index.php/banda-
-de-musica; Acesso em 25.02.2022.
10 Link das Bandas de Músicos da Marinha do Brasil: https://www.marinha.mil.br/cgcfn/bandas;
Acesso em 25.02.2022.
11 Link da Escola de Especialistas que forma a Banda de Músicos da Aeronáutica: https://www2.
fab.mil.br/eear/index.php/2015-06-02-14-15-42?layout=edit&id=157; Acesso em 25.02.2022.
12 PMERJ - link: http://www.pmrj.eb.mil.br/; Acesso em 25.02.2022.
13 http://www.cbmerj.rj.gov.br/222-banda-musica; Acesso em 25.02.2022.
223
das as aulas, materiais disponibilizados, etc. A motivação para reali-
zar este estudo de caso é mostrar os promissores resultados obtidos
por alunos e professores do espaço. Mesmo diante de tantas adver-
sidades, meus colegas docentes chegam com alegria para trabalhar,
abraçam os alunos e sempre pensam em maneiras de solucionar as
dificuldades individuais.
Emprestamos instrumentos, pagamos apostilas para os mais
carentes e sempre oferecemos bolsas para os mais vulneráveis.
Existem famílias com tanta dificuldade que até o mínimo é inviável
para pagar. Percebo que os professores desta ‘escola’14 são agentes
de mudanças sociais e suas práticas podem espelhar outras propos-
tas semelhantes no ensino das artes.
Não pretendemos isentar o Estado de suas responsabilida-
des uma vez regulamentado no artigo 6º da Constituição Federal do
Brasil que
14 Utilizo ‘’ porque o Projeto Escola de Música ainda não é uma escola do ponto de vista legal.
Não há um projeto pedagógico definido e nem alvará de funcionamento. O termo é utilizado
no interior da igreja por uma questão de costume da comunidade que o integra, mas legal-
mente a Escola de Música da Pavuna não existe.
224
Imagem 1: Sargento Músico da Marinha do Brasil Sr. Rodrigo Dias
225
A MÚSICA E A ESCOLA NA PAVUNA
226
A Pavuna é um dos mais populosos bairros do Rio de Janeiro
e também um dos que mais sofre com a pobreza (rendimento men-
sal médio15 de $635,21) e baixo índice de desenvolvimento social.16
Infelizmente desde outubro de 2014 a Escola Municipal de Música de
São João de Meriti foi fechada;17 desta forma, não há nenhuma es-
cola de música ou de artes que ofereça formação gratuita para a po-
pulação da região.
Estudar música na Pavuna é um privilégio para poucos, já que
a única opção é procurar uma escola privada ou os cursos ofereci-
dos pelos músicos das igrejas locais. Nas escolas regulares predo-
mina o ensino das artes visuais com foco em pintura, desenho e his-
tória da arte. Infelizmente, muitos alunos não terão nenhum contato
com a música durante a educação escolar.
Em acordo com Gainza (1988): “a música movimenta, mobili-
za, e por isso contribui para a transformação e para o desenvolvimen-
to”. (GAINZA, 1988, p.36). Teremos alunos mais concentrados, criati-
vos, abertos a prática da diversidade e inclusão se a música for prati-
cada no currículo escolar. Fazer música coletivamente é um exercício
eficaz para a formação humana e artística de um indivíduo.
Com a música, os alunos aprendem a esperar, a expor seu
pensamento; trabalha-se a noção de espacialidade e a consciência
da coletividade, do respeito ao espaço e preferências dos outros co-
legas.
Sem contar que os conteúdos em música podem ser facil-
mente relacionados com as outras disciplinas do currículo. Por exem-
plo, alunos que estudam sobre o nordeste brasileiro nas disciplinas
de Literatura, Geografia e História geralmente adquirem conhecimen-
tos sobre o clima, acontecimentos históricos, cultura e característi-
cas da região.
Com a música podemos estabelecer experiências significati-
vas utilizando o corpo e a voz para execução do baião, um dos rit-
227
mos musicais característicos da região nordeste. Também podemos
incluir um texto expositivo do estado do Eu lírico18 sobre o contexto
social ou cultural em que foi criado, suas particularidades, etc.
Fazer música significa construir um “diálogo com outras for-
mas de conhecimento, deixando-se interpenetrar por eles” (FAZEN-
DA, 1993, p. 17); é praticar a interdisciplinaridade. O professor que
opta por realizar o trabalho pedagógico através desta modalidade es-
tabelece conexões entre diferentes partes do conhecimento e pro-
duz “um pensamento sistemático mais elaborado(...), utilizando todo
o conhecimento disponível(...)”. (FAZENDA, 1993, p.127).
Não pretendemos nos distanciar da proposta central desta
pesquisa, mas não poderíamos deixar de ressaltar a importância da
música (e também das artes) para construção do conhecimento hu-
mano. Pela reforma administrativa19 do governo atual empossado,
desde 1º de janeiro de 2019 o Ministério da cultura é extinto. Cria-se
a Secretaria de Cultura que agora é parte do ministério de turismo.
É de senso comum que existem várias formas de desvalorizar
um conhecimento e o descaso uma delas. É um momento complexo
para a cultura e arte em nosso país, mas acreditamos no potencial
destes saberes para a formação humana.
Este não pode ser um privilégio dos mais favorecidos finan-
ceiramente na sociedade brasileira. Recai sobre os diretores, coorde-
nadores pedagógicos e profissionais da educação a responsabilida-
de de defender uma educação democrática e de qualidade, que inte-
gre as linguagens artísticas como parte do currículo e prática escolar.
Neste sentido, vejo que o Projeto Escola de Música na Igreja da Pa-
vuna tem cumprido uma importante função.
18 O Eu lírico é a voz que expressa o estado interior, as emoções, a subjetividade de quem es-
creveu o texto (TUFANO, 1978).
19 Medida provisória nº 870, publicada em edição especial do Diário Oficial da União. Link: ht-
tps://g1.globo.com/politica/noticia/2019/11/07/bolsonaro-transfere-secretaria-de-cultura-pa-
ra-ministerio-do-turismo.ghtml; Acesso em 15.04.2022.
228
Imagem 2: Salas de aulas
229
Imagem 3: Logotipo da escola
230
Imagem 4: Classes de Bateria, Teclado, Clarineta, Trompa, Violino,
Trompete, Flauta e Trombone
CONSIDERAÇÕES FINAIS
231
isso, tem assumido a posição de uma instituição que contribui para
a transformação social de sua comunidade. Destaca-se a figura de
um diretor comprometido, que oferece seu tempo gratuitamente a um
serviço que tem impactado profundamente os participantes. A escola
está oferecendo uma formação de excelência que permite que seus
alunos disputem vagas importantes no mercado de trabalho. O próxi-
mo capítulo apresenta com propriedade esses dados.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
232
MORALES, P.V. A relação professor-aluno o que é, como se faz.
São Paulo: Edições Loyola, 1999.
RONCA, A.C.C. Teorias de Ensino: A contribuição de David Ausubel.
Em Pinheiro, W. M. A. (Org.) Temas em Psicologia. São Paulo: Pon-
tifícia Universidade Católica de São Paulo, 1994.
STRECK, D.R. Qual o conhecimento que realmente importa? Desa-
fios para o currículo. Currículo sem Fronteiras, v. 12, n. 3, p.8-24,
set./dez.2012.
TAPIA, J. A.; FITA, E.C. A motivação em sala de aula o que é,
como se faz. São Paulo: Edições Loyola, 1999.
TUFANO, D. Estudos de Literatura Brasileira. 2ª ed. São Paulo:
Editora Moderna, 1978.
233
CAPÍTULO 15
Instituto Villa-Lobos
A SALA DE AULA E A PRÁTICA DO PROFESSOR:
Rio de Janeiro - RJ
https://orcid.org/0000-0002-9774-2099
flavio.pianoevoz@gmail.com
RESUMO
O texto foi extraído da monografia em Pedagogia pela UNIBF e será
apresentado dois capítulos neste livro, este é o segundo. Para uma
melhor compreensão da proposta sugerimos a leitura da primeira
parte, também publicada neste livro.. Os referenciais teóricos con-
tinuam os mesmos: AUSUBEL (1968); BRANDÃO (2001); FAZENA
(1993); FREIRE (1981); LEITE (2002); MORALES (1999); RONCA
(1994); TAPIA E FITA (1999); STRECK (2012); e GAINZA (1988).
Este texto traz a entrevista realizada com o diretor do espaço, a dis-
cussão do caso e considerações finais. Os resultados apontam uma
aproximação entre a organização curricular do Projeto e o campo do
trabalho; a afetividade dos professores tem sido um instrumento de
motivação, interesse e participação do alunato. Os professores são
agentes transformadores, tratados com grande estima e considera-
ção pela comunidade religiosa, os pais dos alunos e todos que fre-
quentam o espaço.
Palavras-chave: Escola de Música na Pavuna. Projeto de ensino.
Pedagogia. Currículo e Trabalho. Afetividade.
234
ABSTRACT
The text was extracted from the monograph in Pedagogy by UNIBF
and will be presented in two chapters in this book, this is the second
one. For a better understanding of the proposal, we suggest reading
the previous chapter. The theoretical references remain the same:
AUSUBEL (1968); BRANDÃO (2001); FAZENA (1993); FREIRE
(1981); LEITE (2002); MORALES (1999); RONCA (1994); TAPIA E
FITA (1999); STRECK (2012); and GAINZA (1988). This text brings
the interview conducted with the director of the space, the discussion
of the case and final considerations. The results point to an approx-
imation between the Project’s curricular organization and the field of
work; the teachers’ affectivity has been an instrument of motivation,
interest and participation of the students. Teachers are transforming
agents, treated with great esteem and consideration.
Keywords: Pavuna Music School. Teaching project. Pedagogy. Cur-
riculum and Work. Affectivity.
A ENTREVISTA
235
AS PERGUNTAS
236
Podemos dizer que é um projeto social?
Sim, pelo valor que cobramos dos alunos e porque não con-
seguimos oferecer uma hora de aula exclusiva para cada aluno. São
aulas em grupo, ou aulas com tempo dividido, por exemplo: 2h de
aula de trompete para 5 alunos. O valor que se paga mensalmente
é proporcional. Não é o valor que eu pagava no particular,6o forma-
to é diferente.
237
voltam pra me ajudar na administração da escola. A gente troca por
aulas e consegue manter uma equipe ajudadora. Há um impacto da
escola na vida das famílias.
E os frutos?
Os frutos são o nosso combustível. Trabalhamos em cima dis-
so justamente para trazer alegria para as famílias. A galera que con-
segue conquistar o sonho de se tornar profissional na música. Eu sou
muito feliz na minha profissão, embora inicialmente militar, eu sou
músico. Eu quis trazer um pouco dessa visão inicial e posso dizer que
10 Uma gíria para expressar que a escola não oferece tantos recursos quanto os que a NASA
disponibiliza.
238
sou uma pessoa influenciadora. Eu estudei, eu batalhei e inicialmen-
te você consegue ter o seu dinheiro mensal com música, você vai ter
uma estabilidade financeira.
Tivemos 5 alunos aprovados. 2 classificados e 3 aguardan-
do classificação (todos alunos de clarinete porque abriram muitas va-
gas: Matheus Ricardo Leocadio Santos – marinha, Edson Xavier na
marinha, Alysson na ESA11 e Adriano na ESA).
239
O interessante disso tudo é que mesmo eles conseguindo a
aprovação e o emprego, eles vão continuar na escola. Eles renova-
ram a matrícula e vão dar aula aqui também. Eu choro muito quando
vejo essas bençãos acontecendo e eu vejo que Deus está honrando.
No ano 2019 tivemos o Matheus Silva, que hoje é terceiro sargento e
tem muito a nos ajudar aqui. Mesmo na Marinha ele fez aula de per-
cepção e história da música aqui. Você vê a pessoa querendo alcan-
çar seus objetivos.
Algo a acrescentar?
Eu sou um sonhador e se for necessário que Deus levante
servos dele para que esse sonho que ele colocou no meu coração
que ele alinhe e faça com que esse Projeto transforme vidas, princi-
palmente vidas de pessoas que não conseguem enxergar o trabalho
musical, que inclusive é o que vai permanecer no céu, eu vou ficar
muito feliz. Porque vai cansando, hoje eu sou pai de duas crianças,
tenho afazeres em casa, trabalho na igreja, então isso aqui é um tra-
balho muito cansativo, porém gratifica bastante.
240
RESULTADOS E DISCUSSÃO
241
do professor. Os alunos devem sentir-se livres para errar
e aprender com seus erros. O sentir-se livres se traduz
aqui por ausência de medo, de angústia... (MORALES,
1998, p. 56)
242
(...) O educador e a educadora não podem furtar-se
de compreender e explicitar a esperança que os move
a querer continuar aprendendo e a ensinar. (STRECK,
2012, p.9).
243
sores da escola participam da orquestra. A troca é constante, os alu-
nos aplicam o que aprendem, continuam aprendendo vendo músi-
cos mais experientes tocar, desenvolvem noções de trabalho coletivo
(enquanto integrantes dos naipes), etc. É o que Paulo Freire (1981)
chamou de educação em comunhão:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
244
tem permitido que o mesmo seja realizado em seu interior. Destaca-
-se a figura de um diretor comprometido, que oferece seu tempo gra-
tuitamente a um serviço que tem impactado profundamente os alu-
nos: o ensino da música. Estudar no Projeto Escola de música da Pa-
vuna, significa construir um “futuro melhor”; de honradez para muitos
alunos. Aqueles que chegam à escola sem a pretensão de se tornar
militar, têm a oportunidade de estudar música e fazer parte de uma
orquestra.
No último semestre, mesmo em meio a pandemia, a Escola
de Música continuou transformando: o irmão de um dos egressos mi-
litares foi aprovado no concurso da Marinha do Brasil. Veja:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
245
nalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm; Acesso em: 15
de abril de 2022.
BRASIL. Lei Nº 13.146, de 6 de jul. de 2015. Lei Brasileira de Inclu-
são da Pessoa com Deficiência. Disponível em: http://www.planal-
to.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm; Acesso em:
15 de abril de 2022.
BRASIL, Lei Nº 9.394 de 1996, Lei de Diretrizes e Bases da Educa-
ção Nacional, LDB, 1996. Disponível em: https://www.gov.br/mec/
pt-br; Acesso em: 15 de abril de 2022.
FAZENDA, I. C.A. Práticas Interdisciplinares na escola. 2ª ed. São
Paulo: Cortez, 1993.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido, 9ª ed. Rio de Janeiro: Paz e
terra, 1981.
GAINZA, V. H. Estudos de Psicopedagogia Musical. 3ª ed. São
Paulo: Summus, 1988.
LEITE, S.A. da S. e TASSONI, E. C. M. A afetividade em sala de aula:
as condições de ensino e a Mediação. Em Azzi, R. e Sadalla, A. M. F.
Psicologia e formação docentes: desafios e conversas. São Pau-
lo: Casa do Psicólogo, 2002.
MORALES, P.V. A relação professor-aluno o que é, como se faz.
São Paulo: Edições Loyola, 1999.
RONCA, A.C.C. Teorias de Ensino: A contribuição de David Ausubel.
Em Pinheiro, W. M. A. (Org.) Temas em Psicologia. São Paulo: Pon-
tifícia Universidade Católica de São Paulo, 1994.
STRECK, D.R. Qual o conhecimento que realmente importa? Desa-
fios para o currículo. Currículo sem Fronteiras, v. 12, n. 3, p.8-24,
set./dez.2012.
TAPIA, J. A.; FITA, E.C. A motivação em sala de aula o que é,
como se faz. São Paulo: Edições Loyola, 1999.
TUFANO, D. Estudos de Literatura Brasileira. 2ª ed. São Paulo:
Editora Moderna, 1978.
246
SOBRE O ORGANIZADOR
247
ÍNDICE REMISSIVO
A Evasão Escolar, 69
Afetividade, 221, 234 Experiência, 33
Aluno, 33
Aluno-leitor, 12 F
Anos do Ensino Fundamental, Formação Continuada, 155
201 Forma de Ensino, 175
Aprendizagem, 106
Aprendizagem colaborativa, 191 G
Articulador, 144 Gestão Educaciona, 118
Aulas remotas, 129
A utilização das Estruturas Psico- H
motoras, 51 Habilidades, 144
Histologia, 106
C
Cidadania, 12 I
Coordenador pedagógico, 144 Imagens histológicas, 106
Covid-19, 129 Inclusão, 155
Currículo e Trabalho, 221, 234
J
D Jogo, 201
Desafios contemporâneos, 33
Dificuldade de aprendizagem, L
175 Leitura, 12
Dificuldades na Aprendizagem,
51 M
Matemática, 201
E Memórias, 69
Educação, 88
Educação Profissional, 69 P
Ensino, 106 Pedagogia, 221, 234
Ensino superior, 129 Políticas Públicas, 118
Escola, 33 Prática docente., 175
Escola de Música na Pavuna, Práticas pedagógicas, 12
221, 234 Prisionização, 88
Processos educacionais, 118
248
Professores, 144
Projeto de ensino, 221, 234
Psicomotricidade, 51
R
Recursos tecnológicos, 191
Redução de Danos, 88
Relato de experiência, 129
S
Sala de aula, 33, 191
Saúde Mental, 155
T
Tecnicismo, 88
Tecnologia, 106
Tecnológica, 69
249