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xxxx, xxxxxxxxxxxx
xxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx. –
Recife: UPE/NEAD, 2011
36 p.
ISBN -
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxx
REITOR
Vice-Reitor
Prof. Rivaldo Mendes de Albuquerque
Pró-Reitor Administrativo
Prof. José Thomaz Medeiros Correia
Pró-Reitor de Planejamento
Prof. Béda Barkokébas Jr.
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Coordenação Pedagógica
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Equipe de Design
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Gabriela Castro
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Rodrigo Sotero
Coordenação de Suporte
Afonso Bione
Prof. Jáuvaro Carneiro Leão
Edição 2013
Impresso no Brasil - Tiragem 180 exemplares
Av. Agamenon Magalhães, s/n - Santo Amaro
Recife / PE - CEP. 50103-010
Fone: (81) 3183.3691 - Fax: (81) 3183.3664
PRÁTICA PEDAGÓGICA VIII
Ementa
A dimensão prática reflexiva da prática pedagó-
gica. A sala de aula como espaço de aprendiza-
gem e formação. A prática pedagógica inclusiva:
abordagem multicultural/intercultural. A Educa-
ção Especial na perspectiva inclusiva: comparti-
lhando responsabilidades, reconfigurando faze-
res pedagógicos.
Objetivo geral
Compreender princípios da prática pedagógica
numa perspectiva de reflexão crítica sobre esta
bem como na perspectiva inclusiva, destacando
em ambas a categoria do diálogo e do respeito à
diferença na busca de educação para todos com
qualidade, equidade e ética.
Apresentação
Vivemos um tempo histórico em que a luta pelo respeito e pela valorização da pluralidade nos
convida, como protagonistas, a contribuir com nossas diferenças, nossas inquietações, nossa
consciência sociopolítica e nossas competências pessoais e profissionais.
Com a proposta da educação inclusiva, surgiram novas terminologias. Surgirão, também, novas
práticas pedagógicas?
Caros alunos, convido-os a empreendermos juntos essa jornada. O processo de inclusão, como
tal, precisa mais de perguntas do que de respostas. Inquiete-se! Faça suas perguntas! Dialogue-
mos durante esta Disciplina.
INTRODUÇÃO
Olá! Este capítulo dá início à disciplina Prática Pedagógica VIII e propõe que esta seja pensa-
da, considerando os desafios postos pela contemporaneidade, marcada por profundas e velozes
transformações a partir dos últimos anos do século XX até os dias atuais. Os movimentos sociais,
em especial aqueles que mobilizam interesses e ideias relativas à educação, indicam que esta deve
voltar-se, cada vez mais, para a formulação de objetivos e ações com vistas à inclusão de todos os
alunos. A escola, como instituição social, não pode ficar alheia a essas mudanças e às respectivas
novas exigências. Assim, o papel da escola e o dos que a fazem são constantemente revisitados e
suas funções, analisadas, criticadas e redefinidas.
Dos profissionais da escola espera-se que assumam, cada vez mais, sua autonomia e compromisso
político em oposição a uma educação secularmente autoritária e distante dos anseios populares.
Mas, sabemos, há um longo caminho a ser percorrido. E esse caminho exige deles comprometi-
mento crítico reflexivo que se expresse em formas de pensar e desenvolver práticas pedagógicas
na perspectiva da emancipação dos educandos.
Ademais, caros alunos, compreendemos que a formação docente compreende não só a rica e
indispensável experiência do estágio curricular mas também a reflexão crítica sobre a prática do-
cente, considerando a articulação da teoria com a prática e vice-versa e, ainda, a complexidade da
sala de aula. Esse espaço, onde ocorre o processo ensino-aprendizagem, bem como o confronto
capítulo 1 7
de ideias e sentimentos de alunos e de profes-
sores, põe continuamente em cheque o fazer
pedagógico, aspectos que serão considerados Figura 01 - Desenho de Alice conversando com o gato.
Fonte: http://pensador.uol.com.br/frase/NTU4NTE/
neste capítulo.
8 capítulo 1
A prática pedagógica precisa ser compreendida
como atividade teórico-prática, que considera
os determinantes sociopolíticos da sociedade,
os posicionamentos políticos dos que fazem
a escola, suas concepções de educação – e,
também, de aprendizagem, avaliação, plane-
jamento, etc - e de ser humano como também
as teorias que a respaldam e que se refletem
na prática docente.
1 Adolfo Sanchez Vásquez. Segundo este autor, práxis é a “[...] atividade material do homem que transforma o mundo natural e social para fazer dele um
mundo mais humano”.
capítulo 1 9
a ler e escrever. Meus alunos aprendem. Minha aula
é tranquila, “meus alunos comem aqui, ó, na minha
mão.”
Figura 02.
Fonte: http://espacoeducaploliza.blogspot.com.br/2012/07/tirinhas-da-mafalda-reflexoes-sobre.html
10 capítulo 1
não acontece apenas no nível dos discursos:
ela torna-se concreta através do processo en-
sino-aprendizagem. Então, em uma prática
dialógica e crítica, subjaz a clareza de que a
intencionalidade também precisa ser questio-
nada, ajustada, reformulada. Assim, ela pode
adequar-se à realidade do cotidiano escolar, no
qual se dá o encontro de professores e alunos
que trocam, entre si, saberes, experiências, sig-
nificados, afetos.
capítulo 1 11
gica como o lugar da fala, do rompimento dos
silêncios, do protagonismo dos alunos. Assim,
o aluno deixa de ser mero objeto da ação do
professor e da escola e passa a ser interlocutor,
tendo sua experiência de vida e seus saberes
assim como seus anseios eticamente valoriza-
dos e respeitados.
12 capítulo 1
Figura 05.
fonte: : http://espacoeducar-liza.blogspot.com.br/2012/07/tirinhas-da-mafalda-reflexoes-sobre.html
Meu caro, até agora temos reiterado que toda O aluno se interessando... e a professora conver-
sando com ele direitinho, ele aprende. (Amarilis)
prática pedagógica tem uma base teórica,
mesmo quando o professor dela não se aper-
Sabemos que a educação é um processo in-
cebe. Contudo, “Pode ser que a ação docente
tencional. Mas, o que caracteriza uma inten-
seja, muitas vezes, pouco reflexiva, até ingê-
ção educacional? “Em termos abstratos” - diz
nua. Mas nem por isso deixa de ser uma prá-
Rhor: - “educar é contribuir na humanização
tica política, que evidencia valores.” (CUNHA,
do homem.” (RHOR, 2005, p. 430) Ora, sabe-
1981, p.151)
mos que ao nascer, cada criança já é um ser
humano, isto é, pertence à espécie humana.
E é com base nesses valores que o professor
E, como tal, ele passará pelas fases de cresci-
faz suas escolhas metodológicas, suas inter-
mento biológico, desenvolvimento cognitivo,
venções, e confere significado à sua prática em
estruturação da personalidade, etc. Mas, além
sala de aula. Do mesmo modo, gestores, co-
disso, Rhor, referindo-se ao educando, ser úni-
ordenadores e demais profissionais da escola
co e insubstituível, diz que ele deve ser o prin-
precisam refletir sobre seus valores e as ações
cipal beneficiado pela educação. “Em outras
desenvolvidas na escola. Os modos de pensar
palavras, a meta educacional deve estar con-
e agir têm importância fundamental para as
centrada nele. (educando)” (RHOR, 2006, p.
práticas pedagógicas que nela acontecem.
430) Podemos dizer então: a escola existe para
os educandos e deve dar conta deles pedago-
Mas não somos ingênuos e sabemos que só os
gicamente, respeitando-o em sua integridade,
valores e as escolhas metodológicas não são
reconhecendo seu direito às várias oportunida-
suficientes ao exercício do magistério porque
des de aprendizagem.
capítulo 1 13
Caro aluno, até aqui, vimos que a educação é
Figura 06.
uma prática social e um processo intencional. Fonte: www.agravo.blog.br
Vimos também que a escola sozinha não dá
conta das transformações sociais em curso na
sociedade brasileira. Contudo não podemos E, agora, observe com muita atenção esta ou-
esquecer que ela é uma instituição social onde tra foto:
ocorre a educação escolar.
14 capítulo 1
nos são maiores do que os do segundo grupo,
à direita. E, sentados no chão, os pequenos. A
professora lhes entrega um material.
A sala de aula é espaço de desafios, de exigên- Prezado aluno, a sala de aula, lugar de ensino
cias. Do aluno em relação ao professor e deste, e de aprendizagem, precisa ser compreendi-
em relação aos alunos. A sala de aula é o es- da e vivida pelo professor, considerando-se as
paço de decisões mais imediato do professor. É dimensões ética, moral e crítica de sua ação
aí que as interações entre professor-aluno, alu- docente porque o que está em jogo, implicita-
no-aluno, aluno-conhecimento exigem deste mente, é a formação pessoal de seus alunos.
profissional a tomada de decisões e atitudes.
Muitas vezes, é um espaço de dúvidas e tam- O tempo todo, mesmo sem perceber, o profes-
bém de possibilidades. A sala de aula retrata- sor está emitindo juízos valorativos, expressando
da na segunda foto nos mostra exemplos das seus sentimentos, valores, afetos, e - como não?
possibilidades de atuação ante a pluralidade - também suas incertezas, receios. Sim, porque
de níveis dos alunos, não lhe parece? o ensino é uma prática social humana. É na sala
de aula que acontece o encontro/desencontro de
Criatividade, ludicidade, pesquisas, parcerias, pessoas numa relação de troca interpessoal, nem
tecnologias, projetos, essas são algumas das sempre intensa, que, às vezes, converge, outras
possibilidades que o professor e sua turma diverge, como em todo processo relacional inter-
podem buscar juntos quando a grande mo- pessoal. Assim como na vida.
tivação é a aprendizagem. Quando o grande
desejo é aprender As dimensões citadas acima são imprescindí-
veis, uma vez que, na sala de aula, estão alunos
“O professor, no limite de sua autonomia e con- oriundos de famílias com situações financeiras
trole que exerce sobre seu processo de trabalho,
diversas, múltiplas opções de religião, diferen-
organiza e direciona, juntamente com seus alu-
nos, a dinâmica da sala de aula, cujos efeitos vão tes expectativas socioculturais, experiências e
além dos muros da escola.” (AZIZ, 2002, p.37) saberes os mais diversos. O aluno traz para a
escola sua bagagem de valores, saberes e cren-
Mas a prática pedagógica desenvolvida na es- ças. Nesse contexto múltiplo, como obter um
cola não se restringe à ação do professor, ela ensino de qualidade, como formar cidadãos?
acontece no contexto coletivo. Ela precisa da Segundo Macedo,
participação de todos durante o processo de
ensino-aprendizagem. Administrar conflitos, “[...] dialogar autenticamente com essas diferen-
ças, criar meios de mobilizá-las para implementar
organizar ideias coletivas, tomar decisões são o aprendizado, no qual o princípio didático fun-
ações que devem ser compartilhadas com to- damental é se aproximar o máximo possível das
dos para que se sintam participantes e não cosmovisões dos alunos [...] trabalhar ativamente
meros espectadores. A atividade coletiva, com elas [...]. A riqueza humana é a sua diver-
sidade e a educação, principalmente, não deve
quando todos sabem quais os objetivos a
desprezá-la, mas potencializá-la, ética e politica-
serem alcançados, mantém os envolvidos mente, [...] através dos seus recursos pedagógi-
motivados. É preciso que todos assumam a cos comunicacionais e relacionais.” (MACEDO,
intencionalidade do processo que se vivencia 2006, p.62.)
na escola.
capítulo 1 15
uma sociedade em crescente complexida-
de. Novas responsabilidades são atribuídas
à escola No passado, tínhamos uma escola
pública para poucos – alunos da classe mé-
dia, majoritariamente; hoje, temos uma es-
cola para muitos. Para todos? Ainda não.
Principalmente quando a gente sabe que
só na Educação Infantil, por exemplo, se-
gundo dados publicados na Revista Nova
Escola, há, no Brasil, 1.419.981 brasileiri-
nhos – faixa etária de 4 e 5 anos – excluí-
dos da pré-escola.
16 capítulo 1
Figura 08.
fonte: http://edu-infantu.blogspot.com.br/2011/11/tirinhas-calvin-haroldo-e-seus-amigos.html
capítulo 1 17
A reflexão crítica sobre a prática e na prática
contribui com o professor no sentido de ele
identificar e avaliar, de modo reflexivo e crí-
tico, a atual situação de sua prática docente.
Assim, ele pode, por exemplo, identificar o
saber construído e o que está em construção
na sua sala de aula. É aí que ele verifica a le-
gitimidade desse saber: ele é transformador,
significativo e apropriado ao contexto social
dos alunos? Aliás, muitas vezes, o próprio
aluno nos surpreende com seus questiona-
mentos, inclusive sobre a própria escola e o
tipo de ensino que nela ocorre. O certo é que
os alunos têm lá suas concepções de educa-
ção e de ensino.
dem, no calor dos acontecimentos, negligen-
ciar a dimensão política do PPP, por mais que O questionamento pela reflexão crítica so-
isso pareça óbvio. bre a própria prática possibilita não só
que esta melhore mas também favoreça a
Por julgarmos pertinente, vamos agora trazer aprendizagem dos alunos. Para tanto, por
o pensamento de Henry Giroux, (1997, p.163, meio da autoavaliação, o professor irá redi-
apud LEITE, 2006, p.70), segundo o qual “[...] recionar ou reconstruir sua prática docente.
o essencial para o professor é a necessidade de Mas avaliar o próprio desempenho não é
tornar o pedagógico mais político e o político tarefa fácil, por isso esse profissional deverá
mais pedagógico”. atuar, nesse momento, com franqueza, se-
riedade e objetividade.
É muito interessante a discussão de Giroux.
Veja: ao tornar o pedagógico mais político, o Queremos destacar, ainda, que o professor
objetivo é ajudar os alunos a se desenvolverem sozinho não pode realizar as mudanças pre-
de forma que possam superar as injustiças eco- tendidas. Claro, ele sozinho não dá conta dos
nômicas, políticas e sociais. Tornar o político objetivos que guiam essas transformações. Daí
mais pedagógico implica o uso de formas de a necessidade de uma ação coletiva que reúna
ensinar que “incorporem os interesses políticos gestores, coordenadores, demais funcionários,
de natureza emancipadora.” (Idem, Ibidem) pais e alunos. Em tal contexto e nesse sentido,
a reflexão crítica, necessariamente, se vale dos
Na perspectiva do pensamento de Giroux, vale recursos teóricos, articulando-os com a prática
destacar a contribuição de Zeichener, que de- pedagógica. Entretanto, precisamos ter cons-
fende a atuação crítica reflexiva do professor. A ciência de que ainda estamos, predominante-
atuação reflexiva crítica sobre a realidade nor- mente, no nível do discurso quanto à prática
teia a atuação do professor e pode ser, segun- crítico-reflexiva. Ela depende, em grande par-
do Zeichener, “o caminho que permitiria aos te, das experiências pessoais dos professores,
docentes a não aceitação automática de uma de suas características individuais, de sua for-
visão baseada no censo comum.” (ZEICHENER, mação intelectual.
1993, apud LEITE, 2006, p.70.)
Sabemos que o mundo escolar e as práticas
pedagógicas nele desenvolvidas são permea-
das por circunstâncias sociais muito próprias
Saiba Mais da sociedade brasileira: forte exclusão, desi-
gualdade social, relações de poder, situações
Como texto complementar, leia mais sobre o pen- de violência, etc. Ao mesmo tempo, verifica-se,
samento de Zeichener em http://repositorio.ul.pt/
handle/10451/3700
em grande número de escolas, uma organiza-
ção ainda fragmentada, homogeneizadora,
burocratizada a despeito das heterogeneida-
18 capítulo 1
des do seu cotidiano. O que a escola pode fa-
zer para atender, com qualidade, a diversida-
de de alunos que a ela chegam? Ânimo! Ela
pode, sim, fazer muito. Estimado aluno, esse
é o mote para nossas discussões no próximo
capítulo. Até lá!
RESUMO
Em oposição a uma escola em cujas práticas
pedagógicas predominava a transmissão de
informações, sem que apresentasse consciên-
cia de seus determinantes sociopolíticos, a es- Atividades
cola hoje é antenada com as transformações
de uma sociedade crescentemente complexa. 1. A prática docente é intencional. Comente.
Hoje a escola entende que pode e deve tam-
bém promover transformações com vistas à
2. Por que dizemos que os determinantes socio-
políticos têm influência na prática pedagógica?
formação da cidadania dos seus alunos. Ao
compreender a educação como uma prática 3. “A racionalidade técnica nega a dimensão
social, os profissionais da educação tornam-se política da atuação docente.” Comente, fun-
mais questionadores, mais engajados com as damentando-se no texto deste Capítulo.
lutas por um mundo mais justo. Têm, além dis-
so, cada vez mais, a clareza de que sua prática 4. O que você entendeu sobre “tornar o peda-
gógico mais político.”?
docente deve, necessariamente, articular a te-
oria com a prática. Nos cursos de formação, o
professor se depara com variado arcabouço te-
órico. Ao planejar suas aulas, esse profissional
fará suas escolhas teóricas e metodológicas e,
a depender dos princípios e intenções destas, REFERÊNCIAS
ele desenvolverá ou não práticas pedagógicas
emancipatórias. AZZI, Sandra. Trabalho docente: autonomia di-
dática e construção do saber pedagógico. In:
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escola devem ser norteadas pelo respeito à
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capítulo 1 19
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Acesso em: 11 set. 2013. www.webartigos.com/artigos/henry-giroux-
-uma-interpretacao-humanizacao-da-praxis-
Revista Nova Escola. São Paulo: Ed. Abril. -pedagogica-freiriano/16487
Agosto, 2013, Mensal.
20 capítulo 1
A prática
pedagógica
inclusiva
Profa. Maria de Lourdes Correia Pimentel OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Compreender a inclusão educacional como
Carga Horária | 15 horas uma das dimensões da inclusão social;
INTRODUÇÃO
Prezado aluno, este capítulo, como enunciado anteriormente, tratará das práticas pedagógicas
inclusivas. Acredito que, em disciplinas anteriores, você já tenha construído um bom nível de co-
nhecimentos acerca da educação inclusiva. Sabe, então, que essa é uma das dimensões da política
da inclusão social, paradigma que propõe grandes desafios à sociedade como um todo. Nesse
sentido, a escola inclusiva se configura como um espaço onde a pluralidade e a equidade são fios
condutores de reflexões e práticas pedagógicas.
Julgo pertinente iniciar este capítulo falando, embora de modo bastante sucinto, dos contextos
históricos que ensejaram a produção de alguns subsídios legais, internacionais e nacionais os
quais fundamentam a proposta da educação inclusiva. Feita essa contextualização, abordarei as
especificidades da Educação Especial, por dois motivos que considero de grande relevância:
1. Trata-se de uma modalidade de ensino, que perpassa todos os níveis de ensino: da Educação
Infantil ao Ensino Superior;
2. Essa modalidade implica especificidades de atendimento pedagógico aos alunos a que ela se
destina: alunos com deficiência ou superdotação/altas habilidades, merecendo um enfoque
mais detalhado.
Para mim, esses motivos ou justificativas precisam ser consideradas num curso de formação de
professores. Concorda comigo? Bem, as discussões, neste Capítulo, farão referências ora a todos
os alunos, ora aos alunos da Educação Especial, tendo como fio condutor a concepção de multi-
plicidade e o princípio da equidade.
capítulo 2 21
Estimado aluno, para falarmos sobre inclu-
são, devemos, primeiro, reconhecer seus de-
terminantes sociopolíticos. Reconhecer, por
exemplo, que a crescente democratização da
sociedade deve-se às lutas pelo respeito aos di-
reitos humanos que reclamavam a construção
de espaços sociais menos excludentes. Assim,
ao contrário do que se propaga, a defesa da
inclusão social não se deve exclusivamente às
iniciativas governamentais neoliberais. Shiro-
ma (2001) fala sobre isso com muita proprie-
Num segundo momento, discutiremos práti- dade e nos adverte: não podemos ignorar que,
cas pedagógicas, contextualizando-as à luz do a partir da década de 90, o discurso oficial
multiculturalismo em sua acepção intercultu- apropriou-se de algumas expressões e concei-
ral, por reconhecer a importância de reflexões tos defendidos pelos discursos oposicionistas
acerca de diversidade – conforme expressão dos anos 80, em diversos momentos reivindi-
utilizada nos documentos oficiais - e multi- catórios no Brasil e em diversos países.
pluralidade numa concepção interculturalista.
Nesse sentido, também discutiremos deficiên- Segundo essa autora, as lutas e os temas que
cia e diferença. caracterizaram os movimentos populares - ex-
clusão social, autonomia, cidadania, distribui-
Caro aluno, antes de iniciar as discussões, ção de renda e qualidade, entre outros - rea-
quero fazer uma ressalva: sempre que eu me parecem nos anos 90, articulados a objetivos
refiro ao professor, faço-o considerando que econômicos de grupos restritos. Hoje, é fato
a pessoa que desempenha a função de ges- que a política de inclusão de todos permeia to-
tão e coordenação é também um educador. das as instâncias da sociedade. Mas, atenção:
E não poderia ser outra a minha perspectiva, dizer que é um fato não é o mesmo que di-
considerando que professores, gestores, coor- zer que já está consolidado. Sabemos que não
denadores devem exercitar coletivamente sua está, não é mesmo? A sociedade brasileira ain-
prática educacional, orientando-se por refle- da não tem estrutura nem organização institu-
xões e mediações dialogantes, respeitando as cional suficientemente eficaz e eficiente para a
identidades dos alunos, seus diferentes modos inclusão social de todos os brasileiros. Diante
de ser e estar no mundo. dessa realidade, precisamos estar atentos para
que possamos ser testemunhas e protagonis-
Meu desejo sincero é contribuir para a sua for- tas de uma inclusão com qualidade.
mação. Isso posto, convido-o a iniciarmos jun-
tos esta caminhada. Vamos? Quanto aos marcos teóricos e legais, que cul-
minaram com a formulação da proposta inclu-
siva, resgatemos, inicialmente, a Constituição
Brasileira que, em 1988, elegeu como funda-
1. Princípios e mentos da República a cidadania e a dignidade
da pessoa humana. O art. 205 da nossa Carta
Marcos Legais refere-se ao direito de todos à educação.
da Inclusão
Dois anos após, em 1990, realizou-se a Con-
“A diferença proveniente da pluralidade abre a ferência Mundial sobre Educação, realizada em
chance de renovar periodicamente os objetivos
da educação...” (HERMANN, 2001, p. 134).
Jomtien, Tailândia, da qual resultou a Declaração
Mundial de Educação Para Todos. Essa Declara-
Inicio com essa epígrafe para enfatizar a rique- ção representa o consenso mundial acerca dos
za da pluralidade no contexto educacional, a objetivos da educação fundamental e expressa
qual coloca muitos desafios para uma socieda- o compromisso com a garantia de atendimento
de que ainda insiste em defender e privilegiar escolar às necessidades básicas de aprendiza-
discursos e práticas homogeneizadoras. gem a todos: crianças, jovens e adultos.
22 capítulo 2
Caro aluno, a partir desse ponto, discutiremos
inclusão, procurando fazer uma articulação
com as especificidades do atendimento pró-
prio da Educação Especial numa perspectiva
inclusiva, por causa dos motivos já explicitados
na Introdução.
capítulo 2 23
nos de suas condições ou limitações, geral-
mente apontadas como responsáveis pela
não aprendizagem, para o contexto social,
considerando suas diversas variáveis;
24 capítulo 2
identidade, da alteridade. Trata-se de um dis-
curso falsamente científico, falsamente neutro.
Assim, na escola inclusiva, não há espaço para
privilegiar e eleger a identidade “normal” como
parâmetro para avaliar as outras identidades ali
presentes. O mesmo se aplica quando conside-
ramos a sociedade e seus diversos cenários.
capítulo 2 25
uma sociedade inclusiva implica responsabilida-
des nas diferentes áreas da ação pública. Quais
são essas áreas? São aquelas responsáveis pela
saúde, transporte, moradia, emprego, justiça,
trabalho, etc. Ou seja, a educação sozinha não
dá conta de todas as responsabilidades e con-
quistas que aspiram à sociedade inclusiva.
26 capítulo 2
e participação. “[...] as salas de aula inclusivas
podem permitir aos alunos se situarem em
contextos de aprendizagem funcionais e signi-
ficativas.” (MITTLER, 2003 apud MAGALHÃES,
2006, p. 359).
capítulo 2 27
res que já avançaram em sua prática docente
inclusiva. Aprendemos, também, refletindo
a forma de organização escolar – currículos,
projetos, programas, hierarquias, etc. – na sua
maioria, historicamente elitistas, excludentes.
Magalhães (2006), anteriormente citada, re-
fere-se às práticas pedagógicas diferenciadas
que, opondo-se à chamada homogeneização
das salas de aula, defende o respeito à hetero-
geneidade dos alunos.
28 capítulo 2
Figura 04
Fonte: http://edmarciuscarvalho.blogspot.com.br/2011/06/pensando-educa-
cao-especial-por-meio-de.html
• Valorização da heterogeneidade em
detrimento da homogeneidade;
capítulo 2 29
Figura 06
Fonte: http://espacoeducar-liza.blogspot.com.br/2012/07/tirinhas-da-mafalda-reflexoes-sobre.html
1 Os alunos desta pesquisa receberam nome de flores para terem suas identidades preservadas.
30 capítulo 2
lo afetivo entre professores e alunos, no qual
está implícito um tempo de espera, que é o
respeito ao tempo do aluno, diferente de um
para outro. O respeito, a compreensão e a va-
lorização do aluno fazem-no sentir-se acolhi-
do, aceito, e isso é particularmente importante
para a formação de um autoconceito positivo
e para a aprendizagem, seja esse aluno repe-
tente ou não, tenha ele deficiência ou não.
capítulo 2 31
do em nossas escolas.
RESUMO
As discussões sobre práticas pedagógicas in-
clusivas não podem ignorar o contexto his-
tórico que resultou na proposta mundial de
educação inclusiva, entendida como uma di-
mensão, entre outras, da inclusão social. Nes-
ta disciplina, priorizou-se a Educação Especial
negro, homem/mulher, pobre/rico, etc. e seus princípios, compreendidos como rele-
vantes em um curso de formação de profes-
Estudar o tratamento dispensado às pessoas sores. Igualmente, priorizaram-se alunos com
com deficiência ao longo da história, desde deficiência, retirando-os da classificação geral
a Antiguidade até o advento do Iluminismo de necessidades educacionais especiais sem,
(Século XVIII), fornece-nos a exata noção da contudo, detalhar particularidades das refe-
construção cultural da deficiência caracteriza- ridas deficiências. Entendemos que, se assim
da principalmente por relações de poder. Em procedêssemos, correríamos o risco de nos dis-
vários momentos da história da humanidade, tanciarmos dos objetivos gerais traçados para
em diversos contextos culturais, as represen- esta Disciplina.
tações das deficiências e dos “deficientes” fo-
ram determinadas pela perspectiva da religião: Também os alunos repetentes, historicamente
como vontade divina, maldição, castigo. Em excluídos, mereceram uma abordagem, ainda
Esparta, só para exemplificar, as pessoas com que sucinta, com o objetivo de chamar a aten-
deficiência eram simplesmente eliminadas, ção sobre a necessidade de se reverem mitos e
pois o estado julgava que elas não lhe seriam preconceitos sob os quais eles têm sido anali-
úteis e, portanto, não mereciam sobreviver. Sé- sados e avaliados.
culos depois, Vygotsky (1924-1929) iria criticar
teorias subjetivistas e idealistas, colocando-se Conceitos usualmente utilizados na Educação
a favor de conceber o homem pela sua poten- Especial, como diversidade e deficiência, foram
cialidade e não, pela sua defectologia2. ressignificados com o aporte do intercultura-
lismo, buscando-se uma reflexão crítica sobre
Espero que você se detenha a estudar e refle- eles, no intuito de que possam alavancar in-
tir sobre o que aqui foi exposto, tendo como quietações que resultem em redirecionamen-
horizonte a apropriação crítica de discursos e tos das práticas pedagógicas, de modo que
práticas realmente inclusivas em oposição às aprendizagem e a inclusão possam se efetivar.
práticas que submetem os alunos ao conserva-
dorismo que, historicamente, tem predomina-
REFERÊNCIAS
2 Termo empregado para referir-se ao estudo e à educação de pessoas com impossibilidades e impedimentos.
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Atividades
1. Diferencie integração de inclusão.
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Teias, ano 2, nº 3, pp. 29-37, jan/jun, 2001.
Outras fontes:
http://revistaepoca.globo.com/Revista/
Epoca/0,,EMI250960-15228,00-INTERCULTUR
ALIDADE+VOCE+SABE+O+QUE+E.html
portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/politica.pdf
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