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Como todos os livros que escrevemos, este é a realização de um sonho! E ele tem dois
toques especiais: foi idealizado e escrito em plena pandemia, um momento totalmente incomum
de anormalidade, e é o resultado de uma construção coletiva. Redigido para – e com –
professores e professoras de diversos segmentos da Educação, que acolhem, ensinam, formam,
transformam pessoas e se dedicam de corpo e alma aos estudantes, cada profissional oferecendo
a sua parcela de contribuição, seja por meio de depoimentos e reflexões ou dando exemplos
reais. O livro contou também com a ajuda de pesquisadores e autores da área educacional, que
nos têm orientado sobre como lidar com a educação do século XXI.
O título foi escolhido para relatar o percurso que mais de quinhentos professores das redes
de educação pública e privada do Brasil fizeram conosco, em 2020, durante um seminário no
qual pudemos refletir sobre o novo papel da escola, dos professores, dos alunos, das famílias e
da sociedade em geral, principalmente no que se refere à educação do – e de – futuro. Nesse
trabalho, as principais perguntas norteadoras foram: Que educação teremos a partir de agora?
Como passaremos a aprender? De que modo o que está acontecendo atualmente interferirá nos
perfis dos alunos e dos professores que estarão em sala de aula de agora em diante?
Além de contarmos com a primorosa colaboração de todos os participantes do seminário,
que aceitaram o desafio de percorrer trilhas significativas na educação brasileira, educadores
bastante conhecidos, como Zita Lago, Lana Crevelaro, Rui Fava, Isabelle Moletta, Josemary
Morastoni e Priscila Santos debateram sobre diversos temas.
Nunca é fácil escolher um determinado conteúdo e selecionar falas a serem usadas. E,
aqui, entre as centenas de valiosas contribuições recebidas de todos os cantos do Brasil, foi ainda
mais difícil escolher quais seriam compartilhadas. Contudo, todo escritor precisa colocar um
ponto final em cada um dos seus trabalhos e, assim, foi necessário sintetizar ideias e estruturá-
las para que coubessem no espaço disponível, que é sempre limitado. Cumprimos essa difícil
missão e, agora, o relato dessa nossa incrível experiência eterniza momentos de muito
significado e crescimento para todos os envolvidos no projeto.
O meu muito obrigado a todos os que contribuíram direta ou indiretamente para que
pudéssemos chegar até aqui, lembrando que essa é apenas uma parada em uma estação...
Portanto, tenham certeza de que as ótimas contribuições que não foram utilizadas desta vez estão
carinhosamente guardadas para outras oportunidades.
Caro leitor(a), esperamos que nossas reflexões despertem, em você, ainda mais vontade
de aprender e pesquisar e também alimente uma paixão ainda maior pela educação. Na tela de
seu computador, no smartphone ou no leitor digital, o conhecimento que compartilhamos a
seguir retrata o presente cenário da educação e alinha algumas ideias de futuro, mesmo que o
futuro ainda seja bastante nebuloso devido à COVID-19.
E, como o nosso percurso educacional não termina aqui, fiquem comigo, pois temos
muito a percorrer juntos!
Desejo-lhes uma excelente leitura e... Até a próxima estação!
Um grande abraço do seu amigo,
Professor Renato Casagrande
SUMÁRIO
REFERÊNCIAS ..........................................................................................................
UMA BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO
Refletindo sobre a atual situação mundial e as contradições entre o que é dito e o que é
feito, entre o texto e o contexto, entre aquilo em que acreditamos e o que nos é permitido fazer,
escolhemos iniciar este livro com uma sentença da Professora Zita Ana Lago Rodrigues, que
descreve, com clareza, o cenário da educação nos anos 2020/2021. Novos paradigmas sociais,
políticos, financeiros, jurídicos, culturais e educacionais estão passando a fazer parte das nossas
vidas. Até pouco tempo atrás, a educação escolar era totalmente realizada presencialmente.
Então, eclodiu a pandemia do Coronavirus-2: em uma sexta-feira, os professores deixaram uma
flor em um vaso com água, uma maçã na gaveta e a lousa com anotações, mas não puderam
voltar para a sala de aula na semana seguinte. As escolas foram fisicamente fechadas, as aulas
presenciais lhes foram subitamente tiradas e todos tiveram que se reinventar e aulas nas telas
dos computadores e smartphones passaram a ser uma realidade para muitos.
As redes públicas e particulares, os sistemas de ensino, as instituições educacionais, as
creches, os professores e os alunos e suas famílias tiveram que aderir a um processo célere de
busca e adaptação aos meios viáveis, de modo que pudessem dar continuidade aos processos
de ensino e aprendizagem. Para todos, foi fundamental aliarem-se à tecnologia e ao ensino
remoto emergencial, uma alternativa que criou um novo ecossistema e uma nova atmosfera de
trocas entre escolas e estudantes, por meio de aulas remotas. No entanto, em razão da
diversidade dos modelos de escola, nada disso foi fácil. Nesse contexto, Zita Lago aponta que
estamos em um processo de transição no que se refere à educação e à qualidade social: os
valores transitivos e as novas demandas da sociedade e da escola pedem que mudemos. Essa
sua visão assemelha-se à de Peres (2010), que alerta gestores e professores:
[...] há uma necessidade de adaptar-se ao inusitado e inesperado, no entanto pensamos
que estamos inseridos de forma direta dentro deste processo degarantir o direito
de aprendizagem aos estudantes em um período de pandemia. Somos os agentes de
transformação. Estamos preparados enquanto gestores para dar o suporte adequado
à escola para que supere esta problemática? (PERES, 2010, p. 30-31).
No decorrer da História, a humanidade conviveu com três revoluções industriais e,
agora, estamos vivendo uma quarta onda de transformações na economia e nos padrões
produtivos, todas elas com impacto na área educacional.
Fonte: Elaborada por Inep (2020), com base nos dados da OCDE (2019).
O PISA avalia os alunos para identificar:
[...] o desempenho dos estudantes, vinculando-o a dados sobre seus backgrounds e
suas atitudes em relação à aprendizagem e também aos principais fatores que moldam
sua aprendizagem, dentro e fora da escola. Os resultados permitem que cada país
avalie os conhecimentos e as habilidades de seus próprios estudantes, em comparação
com os de outros países; aprenda com as políticas e práticas aplicadas em outros
lugares; e formule suas políticas e programas educacionais visando à melhora da
qualidade e da equidade dos resultados de aprendizagem (BRASIL, 2020).
Então, devemos nos perguntar sempre: O que os outros países estão fazendo que os
coloca tão à frente do Brasil no quesito educação?
O primeiro passo é abandonarmos normas e regras antigas, que não estão mais em
sintonia com o mundo atual, pois elas não nos impulsionam para as melhores posições no PISA
nem para alcançar as metas do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB).
(Relembrando: os resultados do IDEB – para a escola, o município, cada unidade da federação
e região, assim como para o Brasil – abrangem escolas da rede pública e amostras da rede
privada e são compostos pelas taxas de aprovação, reprovação e abandono, conforme coletadas
pelo Censo Escolar, e pelas médias de desempenho do estudante no Sistema de Avaliação da
Educação Básica (SAEB), que é um conjunto de avaliações externas aplicados a cada dois anos,
que permite que o Inep realize um diagnóstico dos fatores que podem interferir no desempenho
do estudante na Educação Básica no Brasil (BRASIL, 2020).
*Varia de 0 a 10. (Maior desempenho dos alunos e número de aprovados = maior Ideb.)
Fonte: Inep (2020).
Os resultados publicados pelo Inep (BRASIL, 2015; 2018; 2020; 2021) e pela OCDE
(2019) confirmam o que já percebemos há tempos: que precisamos investir muito mais em
políticas públicas para a educação, ou seja, em “[...] medidas criadas pelos governos para
garantir direitos, assistência ou prestações de serviço à população e seu objetivo é assegurar que
a população tenha acesso aos direitos que lhe são garantidos por lei” (LENZI, 2019), o que ajuda
a diminuir as desigualdades sociais.
De acordo com esses indicadores, as classificações do Brasil nos rankings nacionais e
internacionais de educação precisam ser melhoradas. A formação docente atualizada e contínua,
a utilização adequada das novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) e uma
jornada de trabalho adequada para os professores são essenciais. Sobre esse tema, a Professora
Leila Sandes concorda que os docentes precisam de melhor formação, porém lembra que,
muitas vezes, o Estado não a favorece.
As políticas públicas educacionais são planejadas para que sejam realizadas as
intervenções adequadas para cada segmento específico – Educação Básica (Educação Infantil,
Ensino Fundamental, Ensino Médio) e Educação Superior – e são criadas a partir de quatro
situações: quando a oferta é insuficiente, quando há disfunções no fluxo ao longo do Ensino
Fundamental, em razão dos sistemas de avaliação em larga escala e com base em testes
padronizados oficiais, revelando as intenções que subsidiam os planos e as ações do governo
no campo da educacional.
As políticas educacionais devem se voltar para diferentes estilos de saberes e
competências que possam direcionar as novas gerações para a construção de um mundo mais
equânime e solidário, com justiça curricular e social.
Atualmente, em razão da pandemia e do tempo passado em isolamento, esse período
tem sido um exemplo de desafios a serem superados por políticas públicas e pela nossa própria
atuação. Muitas pessoas perderam familiares, amigos, colegas de trabalho, seu emprego, sua
renda e a saúde (física e mental) e, por isso, no retorno às atividades presenciais, passamos a ter
maior preocupação com as pessoas do que com o currículo.
Na visão da UNESCO (2002),
Os problemas educacionais não têm origem exclusivamente na educação, mas busca-
se resolvê-los apenas com reformas educacionais. O tema do abandono precoce da
escola é um exemplo paradigmático desta situação; um alto percentual de fracasso
escolar tem sua origem direta nas carências econômicas, sociais e culturais que sofrem
determinados grupos da população (UNESCO, 2002, p. 102).
Diante disso, a questão passou a ser: Impactadas por suas perdas, como as pessoas
voltariam à escola? Por isso, as preparações físicas e psicológicas para as escolas receberem
as pessoas de volta tornaram-se essenciais e saber ouvir – o único modo de entendermos o que
o outro está passando – tornou-se fundamental.
A Professora Helcia Lima aposta na escuta ativa: "É preciso estar disposto a ouvir o
próximo sem reservas, sem conceitos preestabelecidos”.
A isso, Rubem Alves chamou de ‘escutatória’:
A preocupação com a qualidade educacional deve ser de todos e de cada um. É difícil
termos ideia de como serão as próximas décadas e, apesar de não termos nem essa resposta nem
muitas outras, devemos lembrar que as novas gerações precisarão estar preparadas para
construírem os seus próprios caminhos com autonomia, criatividade, persistência e resiliência.
O mundo pós-pandemia exigirá educação presencial, on-line, híbrida,
desenvolvimento de competências socioemocionais, inserção das metodologias ágeis e a
adoção de metodologias ativas em todas as escolas, tanto nas públicas quanto nas privadas.
Para que isso ocorra, precisamos pensar em políticas educacionais capazes de suprir as
demandas no momento atual, que sejam efetivas para atender a interface entre os campos
educacional, social, econômico e político.
Para Brandão (2007, pg. 74),
[...] a educação é uma prática social (assim como a saúde pública, a comunicação
social, o serviço militar) cujo fim é o desenvolvimento do que, na pessoa humana,
pode ser aprendido entre os tipos de saber existentes em uma cultura, para a formação
de tipos de sujeitos, de acordo com as necessidades e exigências de sua sociedade, em
um momento da história de seu próprio desenvolvimento (BRANDÃO, 2007, p. 74).
A nova escola precisa estar pronta para desenvolver novas competências transversais,
que cobrirão mais de um domínio, terão caráter multidimensional e conseguirão incorporar
diferentes saberes, conhecimentos, aptidões, valores e atitudes. Para tal, precisamos de recursos
humanos e infraestrutura física, técnica e tecnológica adequadas. Logo, professores e gestores
educacionais precisam estar capacitados para terem um olhar ainda mais atento às mudanças
que ocorrem no mercado educacional e nas políticas públicas, para que, assim, estejam
preparados para a formulação de estratégias capazes de atender as novas demandas de como
lidar com as diversas gerações de pares e de estudantes, nesses novos tempos.
Já não seguimos apenas o Ministério da Educação e as Secretarias de Educação, mas
também seguimos órgãos internacionais, posto que o ensino contemporâneo já rompeu
fronteiras, tornando-se um produto de valor mundial. Se observarmos os principais
referenciais internacionais sobre as competências-chave e as políticas para a educação do
século XXI, encontraremos a UNESCO, a OCDE, a Comissão Europeia, a Partnership for
21st Century Learning e o Fórum Econômico Mundial, organizações nas quais há muitas
pessoas inovadoras trabalhando em temáticas nas áreas de tecnologia, saúde, ciência, meio
ambiente e educação. Sendo assim, o Brasil precisa se tornar competitivo também nessa área,
porque é isso que esses órgãos internacionais esperam de nós.
Apesar da excelência dos sábios Piaget (1896-1980) e Vygotsky (1986-1934), não
podemos ficar restritos somente a eles, pois existem outros pensadores contemporâneos que
focam na educação e que precisamos conhecer e ler. Os estudos atuais abordam, dentre outros
aspectos, as diferentes gerações que hoje convivem na educação, de Baby Boomers até a Geração
Alpha.
Hoje, quem dita a mudança geracional é a tecnologia. Afinal, foi ela que mudou
comportamentos e é ela que nos ajuda a entender como cada geração percebe a sua realidade,
desenvolve hábitos de consumo e atua na educação. Muitos dos nossos alunos já são inclusive
da Geração Alpha, composta por crianças e adolescentes que, a partir de 2010, já ‘nasceram
clicando’ e participando do mundo digital, não pensam de forma linear e entendem de tecnologia
e de aplicativos de uma forma melhor do que a dos seus antecessores das gerações anteriores.
Portanto, as soluções para as questões que enfrentaremos com eles não podem ser
convencionais. Como nos lembra o Professor Eliseu Borges, crianças e jovens nos ensinam
constantemente.
De acordo com o relatório Leitores do Século 21 – Desenvolvendo Habilidades de
Alfabetização em um Mundo Digital, publicado pela OCDE (2021):
A familiaridade dos adolescentes atuais com a tecnologia, que faz deles nativos
digitais, não os torna automaticamente habilitados para compreender, distinguir e usar
de modo eficiente o conhecimento disponível na internet. Pelo contrário, os dados
sugerem que eles são, em grande parte, incapazes de compreender nuances ou
ambiguidades em textos online, localizar materiais confiáveis em buscas de internet
ou em conteúdo de e-mails e redes sociais, avaliar a credibilidade de fontes de
informação ou mesmo distinguir fatos de opiniões (BBC NEWS/CORREIO
BRAZILIENSE, 2021)
O Diretor de Educação da OCDE explica que, no entanto, “Ter nascido na era digital e
ser um nativo digital não significa que você terá habilidades digitais para usar a tecnologia de
modo eficaz" (BBC NEWS/CORREIO BRAZILIENSE, 2021). E ele continua:
Mais tecnologia não equivale a mais alfabetização midiática. Os resultados também
mostram que, apesar de sua crescente familiaridade com a tecnologia, os jovens não
necessariamente aprendem instintivamente as habilidades necessárias para usar
essa tecnologia para obter informações contáveis (BBC NEWS/CORREIO
BRAZILIENSE, 2021)
Nesse cenário, "Os educadores precisarão ser grandes mentores, mobilizadores e guias
nesse processo”, afirma Schleicher (BBC NEWS/CORREIO BRAZILIENSE, 2021).
Para o relatório da OCDE (2021), a migração do processo educacional para a Internet,
em razão da pandemia de SARS-CoV-2, “aumentou a urgência de se lidar com o tema
alfabetização digital”. O documento indica, também, outros impactos da pandemia, tais como o
aumento do apoio de alunos, professores e formuladores de políticas públicas para a formação
de leitores no século XXI.
Conforme esclarece essa pesquisa da OCDE (2021), é necessário ter capacidade para
inovar, mudar e rever conceitos e valores. Porém, é preciso compreender que a mudança não
consiste apenas em usar as novas Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs), mas
também em implantar modos alternativos de agir.
O ensino tradicional, embasado na transmissão e no acúmulo de informações, não
condiz mais com a sociedade atual, pois o processo educacional, como tudo no mundo, está
em desenvolvimento e as novas gerações precisam de uma educação dinâmica! Para podermos
ensinar cada aluno de fato, precisamos partir daquilo que ele já sabe. É ampla a gama de
desafios, mas também a de diferentes infovias, fontes e multirreferências que podemos consultar.
Capítulo 1:
NOVA EDUCAÇÃO, NOVA ESCOLA:
desafios, perspectivas e competências
Quando pensamos nas mudanças pelas quais o mundo tem passado nas últimas décadas,
é impossível não refletirmos sobre a instituição Escola, pois ela faz parte da vida das pessoas,
ajudando a construir o caráter e os valores.
Mais recentemente, a educação foi extremamente impactada pela pandemia do
Coronavírus-2, uma doença que nos privou do que há de mais rico no ser humano: o convívio
social. Esse contexto precisa estar presente ao repensarmos a escola, lembrando que, para serem
benéficas, as transformações precisam ser compreendidas e ressignificadas.
Sobre mudanças, a Professora NilceRodrigues de Assis comenta: “Assim como estamos
construindo o ensino nesse novo formato, estamos ressignificando nossa prática, mas ainda não
temos a real dimensão da escola que teremos”. E a Professora Helen Barigchun aponta o lado
bom de tudo isso: “A pandemia, mesmo na sua infelicidade, nos permitiu estar juntos e trocar
experiências”.
No âmbito das mudanças educacionais, a Constituição Federal de 1988 foi fundamental
para colocar a educação como um direito básico de todos e todas, por estabelecer o
compromisso com a igualdade, universalização, inclusão e gestão democrática da escola. De
acordo com o Art. 205 da Constituição Federal de 1988,
Ao sair do modelo industrial e chegar à Era da Informação, a economia passou por uma
mudança muito grande, que deu origem ao homo complexo, que passa a ter que lidar com
culturas diferentes e com pessoas globalizadas. E, agora, não é somente o dinheiro que importa;
o conhecimento também passa a ser muito importante.
O Professor Vado analisou as mudanças na área educacional: “Embora ainda haja
instituições educacionais que se responsabilizam apenas pelo sucesso do ensino acadêmico, a
escola deste novo mundo precisa ser também uma nova escola”.
Hoje, os modelos de sucesso não estão mais relacionados apenas ao poder aquisitivo,
mas também a como transformar informação e criatividade em conhecimento e inovação. Não
é sem razão, portanto, que os nomes mais importantes no mundo contemporâneo dos negócios
são os daqueles que souberam ressignificar a comunicação, as relações sociais e o ensino, como
é o caso de Marck Zuckerberg (criador doFacebook), Bill Gates (fundador da Microsoft) e do
próprio Salman Khan (desenvolvedor da Khan Academy).
A sociedade, que já caminha para uma realidade 4.0, sente falta da Educação 3.0, que
ainda não se impôs de fato. É possível afirmarmos que a escola está devendo até mesmo a
transição anterior, pois sequer completou o ciclo da Educação 2.0... Sendo assim, a adaptação
dos educadores e da escola para atuarem como mediadores do conhecimento – agora já
disseminado e acessível – é urgente!
É bem verdade que avançamos no desenvolvimento do professor e que temos
testemunhado avaliações menos conteudistas e voltadas para a memorização. Aos poucos
estamos entendendo que os avanços da Educação 3.0 não estão relacionados unicamente à
tecnologia, mas também aos relacionamentos. Assim, já conseguimos uma abordagem mais
democrática na sala de aula, propiciamos comunicação interativa e estamos transformando a
educação em um processo mais colaborativo.
Em 2020, a COVID-19 nos apontou as necessidades, percebidas da melhor e da pior
forma: melhor, porque profissionais da área de gestão escolar foram impelidos a repensar a
escola e propor uma evolução emergencial, que ainda não acontecera de fato; o lado ruim está
em ainda não termos ideia de como a escola será depois desse turbilhão que nos impediu de nos
relacionarmos de forma presencial. Tivemos que aprender a usar a tecnologia que estava à
disposição, enfrentar as desigualdades, bastante evidentes à nossa frente, e encontrar meios de
manter o mundo estudando. Como ilustração dessas desigualdades, apresentamos um estudo do
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), publicada em julho de 2020, com base em
dados do Censo Educacional de 2020, que demonstra o quanto a desigualdade afeta a educação:
27% das escolas dos ensinos fundamental e médio informaram não possuir acesso à Internet
em 2019. É evidente que isso impactará severamente a formação das próximas gerações e que
a escola precisa se dar conta disso e preparar-se para enfrentar tal realidade.
Na sociedade na qual vivemos, mais preocupada com a diversidade, com a igualdade de
direitos e com a felicidade, tanto na vida pessoal quanto profissional, surge o Homo eroticus,
com foco na emoção e no prazer. A Professora Priscila Rodrigues contribui com a sua
experiência ao recordar como a demonstração das sensações e emoções passou a ser mais
importante na educação: “Hoje, temos escolas que se preocupam com a inteligência emocional
do aluno e do professor, pois sabemos que é necessário cuidar das emoções para aprender”.
O conceito da Escola 4.0, que nasce na era em que o significado é valorizado, precisa
ser compreendido. O educador dessa era não pode mais ser centralizador, autoritário ou
especialista em apenas uma área; agora, é a vez da versatilidade.
Maffesoli (2015), descreve as mudanças mundiais na Sociedade do Conhecimento:
Analisando o atual cenário, a Professora Edna da Silva Costa declara: “De certa
maneira, houve mudanças para as interações com os alunos serem favorecidas, porém a
educação precisa ser mais abrangente e de qualidade”.
Na Educação 4.0, não há mais espaço para a compartimentação dos conteúdos. Os
professores de química, matemática e português não podem mais se restringir às suas caixinhas
de temas; eles precisam ver o todo e, especialmente, vislumbrar o seu aluno como um ser
complexo, que é biopsicossocial, sem divisões temáticas internas, para que a escola não
continue desconectada da realidade dos alunos. “Com certeza a educação formal precisa mudar;
precisamos dinamizar o ensino e a aprendizagem. Os alunos, sobretudo os jovens, não têm mais
interesse pela escola atual”, ressalta a Professora Celine Azevedo, a partir da sua vivência.
Como tudo isso é bastante novo, não sabemos como será a nova realidade, mas já
entendemos que há uma nova configuração na educação, na qual a figura do professor passa
não somente pelo conhecimento específico, mas principalmente pela curadoria do conteúdo. A
nova escola é aquela que respeita a diversidade e permite que o aluno seja protagonista da sua
própria aprendizagem, aceitando todos os desafios inerentes à essa proposta.
Durante a sua participação no seminário educacional, a fala do Professor Lincoln Muniz
resume o que se espera da escola que teremos (ou que já temos...): “Somos, de todas as
maneiras, formadores de opinião e formadores de caráter”.
Uma história inspiradora nesse contexto tem nome e lugar: Professor Jonathan Barros,
da cidade de Castro, no interior do Paraná. Jonathan é diretor da Escola Municipal Professor
José Antônio Flygare Telles, que atende alunos do Ensino Fundamental I, do 1º ao 5º ano, de 6
a 10 anos de idade. Hoje, a escola atende 480 crianças em tempo integral, chegando à escola às
7h30min e saindo às 16h30min. O Professor Jonathan iniciou sua gestão em 2013, quando o
IDEB da escola estava em 5,4 (em 10); hoje, segundo a avaliação de 2019, a escola teve três
aumentos consecutivos e já alcançou o índice de 7,9. Esse índice é maior do que o da média
das escolas do estado do Paraná, que é 6,8 e elevou também a responsabilidade dos educadores,
já que – para Jonathan – manter o nível alto é mais difícil do que elevá-lo. Para atingir esse
resultado, a escola do Professor Castro fez um trabalho direto com os pais, explicando-lhes
sobre a importância das avaliações no resultado da escola dos seus filhos.
O segundo ponto focado foi o trabalho com os professores, quando a questão do
relacionamento também entrou em pauta, para mostrar-lhes que não se faz educação sozinho.
Houve investimento financeiro, sim, mas também houve muito diálogo no sentido de entender
quais as reais necessidades da Escola Municipal Professor José Antônio Flygare Telles.
“Começamos a reorganizar as horas-atividade e a reorganizar o processo de aprendizado”, diz
o diretor. A reestruturação foi de ‘corpo e alma’, ou seja, houve mudanças na estrutura física e
também na forma de pensar a escola.
Em 2019, na escola em que Jonathan é diretor, 90 crianças apresentavam dificuldades
na aprendizagem, sendo que 30 delas eram alunas de uma mesma turma. Diante disso, o diretor
convidou os professores a enfrentarem esse desafio especial e foi feito acompanhamento não
apenas dos alunos, mas também dos próprios educadores. E a evolução desses educandos foi
crucial para o aumento do IDEB da escola. “A gente pode avançar como escola pública.
Acredito muito no IDEB, como ferramenta importante para construir uma escola cada vez
melhor”, diz Jonathan. A educadora Angélica Vasconcelos contribuiu com a sua própria
experiência: “Subir o IDEB é uma luta diária. Depende do perfil do estudante, tanto daquele
que recebemos quanto daquele que já faz parte da escola e nela continua”. Esse relato é um
reflexo de como a educação deve ser vista de forma mais ampla na Sociedade do Conhecimento
e como é necessário trabalhar coletivamente para que haja mudanças verdadeiras.
Dentre algumas reflexões sobre as contradições que enfrentamos estão: atualmente, o
mundo é mais informal, mas a escola ainda é muito formal; o tempo é flexível, mas a escola é
estruturada em horários e compartimentalização de matérias; a escola limita as experiências,
mas o aluno atual deseja uma experiência mais ampla; a escola ainda é passiva, enquanto o
aluno precisa ser mais ativo; os espaços que menos mudaram com a evolução da sociedade
foram as escolas, enquanto outros ambientes passaram por mudanças totais; a escola ainda
cultiva a metodologia da monotarefa, enquanto o mundo é multitarefa.
Para que a evolução educacional escolar realmente aconteça, precisamos eliminar os
modelos que não mais se encaixam no mundo. O desafio é enorme e, assim como tudo em
educação, deve ser superado com união, inteligência e criatividade.
Capítulo 2:
Eu noto que a escola que a gente tem hoje é uma escola que não provoca o interesse
e não provoca atratividade alguma. Ela tem um método e um sistema que vem, de
alguma maneira, se sustentando ao longo dos últimos anos e acha que todo mundo é
igual e tem que receber o mesmo tratamento, fazer a mesma coisa (GRAVATÁ,
2021).
Para Gravatá, esse tipo de imposição mostra claramente que não existe diálogo, que
os alunos não são ouvidos e que os professores parecem lecionar para si mesmos. Se os alunos
não se encantam ou não acreditam que a escola vá trazer algum benefício para eles em algum
momento da vida, não aprendem.
A escola está sofrendo com suas desconexões com o mundo e, por isso, precisa quebrar
a formalidade e ampliar os tempos. Talvez o Ensino Híbrido permita que essa transposição de
limites ocorra; porém, ao solucionar essas questões, ainda teremos o impasse da monotarefa
versus a execução de multitarefas: enquanto o mundo nos dá ferramentas para sermos
multitarefas, a escola insiste em seguir a arcaica linha da monotarefa.
Uma das maneiras de solucionar os problemas encontrados é utilizar novas metodologias
de ensino. Quem domina esse tema é a Professora Lana Crivelaro, doutora em Educação,
Inovação e Tecnologia, mestre em Educação e Novas Tecnologias e colaboradora da Associação
Nacional de Educação Básica Híbrida (ANEBHI). Ela explica que as metodologias ativas
existem desde o tempo de Platão, pensador da Grécia Antiga que, sempre em busca da criação
do conhecimento, tinha o hábito de investigar e, assim, chegou à conclusão de que ensinar é
fazer com que o aluno extraia, de si mesmo, o conhecimento imortalizado da sua alma, ou seja,
o conhecimento que brota, que vem de dentro, que tem significado e que faz sentido para o
aprendiz, a ponto de acordar o conhecimento inerte que a pessoa já traz consigo.
Nesse ponto, a Professora Maria Inês Fini, da ANEBHI, esclarece que, quando o
professor trabalha com memorização de conteúdo, o aluno não está realmente adquirindo aquele
saber; ele está apenas decorando a informação recebida, o que é muito diferente.
Quando se inicia o período de escolarização, é comum vermos as crianças da Educação
Infantil sentadinhas, quietas, uma atrás da outra. Contudo, os alunos precisam interagir e brincar,
pois aprendem brincando. Com o passar dos anos, a criatividade e a aprendizagem ativa acabam
diminuindo (ou até cessam) por causa do estudante ter que permanecer o tempo todo sentado,
apenas escutando o professor falar. Assim, os alunos se cansam de ir para a escola ao longo da
vida, desistem e acontece a evasão.
Se isso já era difícil nos primórdios da Internet, ainda mais agora, quando as novas
gerações têm um celular na mão. Vivemos em um mundo capaz de inventar aplicativos de ensino
que são mais eficazes do que uma aula tradicional, o que torna evidente que o formato do ensino
escolar precisa ser modificado.
Cabe ao professor planejar, do começo ao fim, que métodos e técnicas serão utilizados
para os objetivos de certa disciplina serem alcançados. Para tanto, ele precisa saber exatamente
o que os alunos deverão ter aprendido ao fim do processo e traçar todas as estratégias que
viabilizem tal aprendizagem.
A Taxonomia de Bloom – uma teoria criada em 1956 e revisada em 2001 por um grupo
de psicólogos cognitivos e pesquisadores da educação – pode nos orientar sobre como
estabelecer objetivos de aprendizagem nos domínios cognitivo (intelectual), afetivo
(sentimentos, emoções e valores) e psicomotor (atitude, coordenação motora, destreza), que
norteiem os caminhos a serem trilhados nas aulas, de modo que, ao fim de cada atividade
proposta, o aluno tenha desenvolvido um pouco mais de cada um dos três domínios em relação
ao tema abordado (BLOOM, 1973). As metodologias ativas cabem aqui confortavelmente.
A Professora Olga Peterllini afirma que, para ela, iniciar o trabalho com metodologias
ativas foi muito difícil, mas que “Hoje, a minha cabeça é voltada para mediar a aprendizagem e
torná-la significativa”.
Lana Crivelaro acrescenta que as metodologias ativas não são interpretadas de modo
adequado por alguns professores e que, por não compreendem como aplicá-las, acabam
utilizando-as de modo errôneo em suas práticas. Crivelaro dá o exemplo de quando foi fazer
uma especialização nessa área de estudo na Universidade Federal de São Paulo e conheceu a
Aprendizagem Baseada em Problema (do inglês Problem-based Learning ou PBL): “Eu chegava
na aula, o professor me dava um case e falava tchau. Demorou para que eu descobrisse como
era a metodologia e ela fez todo sentido para mim”.
A professora ainda lembra que, após o curso, iniciou o trabalho como professora de
Educação Superior e usou o PBL. Ela teve a oportunidade de trabalhar com PBL em uma turma
de pós-graduação em Gestão Escolar, na qual os alunos eram diretores de colégios. Ela narra que
eram criados todos os tipos de problemas possíveis em uma escola, como eles terem que
dispensar candidatos a professores. Nesse cenário, os diretores sabiam apenas o que eles tinham
de dizer, mas não sabiam como esses professores iriam reagir. Eles criavam a cena, as forças e
as fraquezas de cada um analisávamos as forças e somente depois é que vinham as teorias que
explicavam todos os quadros. Ao final do curso, o TCC foi a reformulação, a partir da
metodologia aprendida, da escola que cada um dirigia.
Uma diferença que existe entre os professores mais recentes na profissão e aqueles que
estão em sala de aula há mais tempo é que esses últimos precisam ‘virar uma chave pedagógica’,
ou seja, deixar de lado o método usado em anos anteriores e começar a aplicar as metodologias
ativas. Contudo, a segurança que lidar com o já conhecido dá ao professor pode fazer com que
mantenham viva a metodologia tradicional em sua memória.
A gamificação é uma metodologia ativa muito atraente hoje em dia, por ser bastante motivadora.
Ela consiste em transformar uma atividade pedagógica em um jogo de cooperação ou competição.
Gincanas, charadas, caça ao tesouro, encontre a falha, monte o texto, tudo que desafiar o aluno e
provocar sua ação como protagonista na resolução daquele problema, gera engajamento, desperta
curiosidade, mantém a participação e, ao final, oferece uma recompensa.
Tornar o aluno protagonista não quer dizer que a palavra do docente perderá espaço na
educação. Ela estará lá, por exemplo, no diálogo reflexivo e na storytelling, quando o professor
conta uma história que faz sentido para o aluno e o educando, por sua vez, vai imaginando e
construindo, em sua mente, a situação narrada.
Storytelling: contar histórias emocionantes, que gerem empatia, faz com que o aluno preste atenção e se
envolva, o que favorece a aprendizagem. Pode ser uma boa opção na apresentação de projetos, pois é um modo de
fazer os alunos olharem para todas as questões enfrentadas no caminho e lhes dar algum significado.
Sala de aula invertida: nessa metodologia, o aluno chega à sala com leituras sobre o conteúdo da aula já
realizadas antes dela, de modo que o momento na escola seja muito mais para discussão e solução de dúvidas do
que apenas expositivo. A inversão ocorre porque, na prática, o aluno se prepara antes da aula, participa de debates
e exercícios durante a aula e se aprofunda no tema após a aula. É como se ele começasse pelo fim das aulas
expositivas tradicionais (estudando o que foi ensinado). Essa metodologia incentiva a autonomia e favorece a troca
de ideias e a compreensão dos conteúdos.
Aprendizagem Baseada em Projetos: assim, o aluno busque o conhecimento para resolver um problema,
seja a partir de pesquisas na Internet, livros, vídeos, entrevistas ou qualquer outra forma de construir
conhecimento. A metodologia desperta autonomia e perfil investigativo/crítico dos estudantes.
Fonte: Adaptado de Siqueira (2019).
Aprendemos que a escola forma o aluno para o mundo do trabalho; então, precisamos
ensinar os educandos a conhecerem as suas habilidades e desenvolverem o que já sabem. Nessa
linha, outro conceito atual relacionado com as novas formas de aprender é a importância de
desenvolver a criatividade e a lógica da inovação e do movimento maker. Um aluno sentado,
que apenas escuta a aula expositiva do professor, tem um papel passivo no processo de
aprendizagem e não tem oportunidade de trabalhar a sua habilidade criativa. Se isso acontecer,
como o aluno vai saber se é uma pessoa criativa, um bom comunicador ou líder? Portanto, cabe
ao professor criar estratégias para que os alunos descubram os perfis que têm e estimular cada
aluno a desenvolver as habilidades que possui.
O Movimento Maker – surgido nos Estados Unidos na década de 60, com base na cultura do ‘faça você
mesmo’ – tem como objetivo estimular os alunos a tirarem seus projetos do papel e transformá-los em realidade.
A ideia maker é utilizar o conhecimento: desde aprender a plantar temperos no quintal, desenvolver um protótipo
de robô, desenvolver um aplicativo que mostre onde estão os fios de energia dentro de uma parede, planejar um
festival de música, fazer uma campanha de reciclagem de lixo ou criar um monitor que mostre a quantidade de
água que uma pessoa ingere por dia, a qualquer aprendizado que caiba na imaginação de seus alunos e possa
ser colocado em prática.
Usar o movimento maker é mais uma maneira de incentivar o protagonismo do aluno nas situações de
aprendizado enquanto o ensina a se conhecer melhor, a desenvolver suas habilidades, a descobrir o que ele gosta
de fazer e em que área deseja atuar.
Fonte: Adaptado de Lyceum (2021).
Uma maneira bem simples dos alunos perceberem quais são as suas habilidades é em
grupos de trabalho. Muitas vezes, deixamos os alunos escolherem com quem desejam trabalhar
e eles buscam pessoas conhecidas, com perfis semelhantes e eles podem, sim, se organizar por
afinidades ou interesses, um critério importante para que haja trocas e reflexões conjuntas
(TAMASSIA, 2020). Segundo Tamassia (2020), contudo, os componentes do grupo podem
também ser definidos pelo professor:
[...] em outros momentos, o professor deve planejar também os agrupamentos, pois
eles podem ajudar no direcionamento para o trabalho em prol do objetivo. São os
chamados ‘agrupamentos produtivos’. Algumas vezes, é importante pensar nos
saberes dos alunos para agrupá-los; pode ser por saberes próximos, pode ser por
saberes complementares. A definição dependerá, de novo, do objetivo da aula
(TAMASSIA, 2020).
Uma boa equipe deve contar com cinco perfis diferentes: o ‘empreendedor’, que dá as
ideias, o ‘associador’, que delimita conteúdo, o ‘produtor’, que é concentrado, o ‘comunicador’,
que é observador e bem-humorado, e o ‘crítico’, que é quem diz “Não vai dar certo...”. Há
quem não se sinta confortável em trabalhar com pessoas que possuem o perfil crítico, mas é
importante entender que esse também contribui muito ao observar as falhas de um projeto e
ajudar a consertá-las antes da entrega. Observar os pontos fortes e fracos é necessário em
qualquer ambiente e de extrema relevância no espaço da escola, onde é possível avaliar o
próprio trabalho e o trabalho do outro, assim como perceber o que pode ser melhorado. Isso
desenvolve o senso crítico e a autocrítica dos alunos.
A Professora Lana Paula Crivelaro Monteiro de Almeida desenvolveu um estudo que
teve o objetivo de descobrir como tornar os professores mais colaborativos entre si. Usando
critérios pré-determinados, ela observou dois professores diferentes que ensinavam a mesma
disciplina: um deles, pela manhã e o outro, à noite, no mesmo curso de uma mesma
universidade. Ambos usaram provas como instrumento de avaliação. Em média, os alunos da
manhã tiraram nota 8 em 10 e os da noite tiraram 10 em 10. A pesquisadora concluiu que não
havia parâmetros para afirmar se os alunos da manhã eram melhores do que os da noite, pois
– ainda que se tratasse da mesma disciplina, com o mesmo conteúdo programático – esses
alunos estavam fazendo cursos completamente diferentes, pois o corpo docente não era o
mesmo nos dois turnos e não existia diálogo, troca ou confiança mútua entre os dois
professores, que não se consideravam duplas. “Essa é uma das fraquezas do professor. Ele foi
formado para trabalhar sozinho com a sua turma”. E ela complementa: “Por isso, usa a
metodologia com a qual se identifica, cria dinâmicas a serem feitas apenas em sua sala de aula
e desenvolve o conteúdo com base naquilo que ele sabe e consegue ensinar”.
Para o Professor Waldeci Correia, a estrutura que está cristalizada confina o docente em
seu gueto. “Cada um ‘no seu quadrado’ no programa e currículo a ser cumprido”, ele reflete. É
provável que esse seja um dos motivos pelos quais o professor se sente exposto quando outro
professor ou o diretor da escola pede para assistir à aula e imagina que, na avaliação do outro,
seu trabalho não estará bem realizado.
A partir da sua experiência na área educacional, a Professora Lucimara Rocha da
Silva concorda com esse fato e acrescenta: “A dificuldade do professor para abrir sua sala e
trabalhar coletivamente existe por causa do medo que ele tem de ser julgado”.
Outro ponto importante desta discussão sobre novas metodologias é como se dá a
avaliação. Antigamente, as provas eram utilizadas para manter disciplina em sala de aula,
pois a nota era a forma que o professor tinha de ‘ segurar’ o aluno na classe. Quando
tiraram esse poder desse tipo de docente, ele perdeu o controle da turma. Além disso, houve um
momento na história em que a figura do educador que dava notas baixas nos trabalhos dos
alunos era sinônimo de um bom professor. Hoje, sabemos que isso é uma bobagem, pois, se
alguém leciona para uma turma na qual ninguém é capaz de tirar boas notas, isso significa
que há algo de errado com a metodologia de ensino escolhida e utilizada pelo professor.
Outra discussão relevante é a atribuição de números para medir conhecimento. De
acordo com a Professora Conceição Alves, a nota não avalia e o motivo é simples: em uma sala
de aula, há alunos muito diferentes e cada um aprende de uma forma única. Se o professor
priorizar apenas um método de ensino, ele só vai alcançar um tipo de aluno e os outros terão
mais dificuldades para aprender. 5
A Professora Elisandra Schwanka entende que a avaliação deve ser vista como processo
diagnóstico e formativo. A partir do momento em que o professor tem conhecimentos sobre
aprendizagem, ele consegue diversificar suas formas de ensinar e avaliar, de forma a garantir
significado para cada aluno, de acordo com a sua individualidade. Dentre as opções de
atividades avaliativas que podem substituir a prova escrita e, assim, trazer mais benefícios para
os estudantes de todos os níveis de ensino, nós temos: autoavaliação, avaliação entre colegas,
apresentações, debates, mapas mentais, trabalho em equipe. Após analisarmos esse contexto, é
importante olharmos a educação de outro modo: quando o interesse do aluno não é despertado
ou o aluno não é provocado para ser autônomo na construção do seu conhecimento e não é
desafiado a superar limites, a escola corre um grande risco: esse estudante pode evadir-se ou
não se interessar em cursar uma faculdade por pensar que, assim como na escola, ele vai apenas
perder tempo na Educação Superior. A isso é somado o fato de que há alunos com dificuldades
na aprendizagem, com deficiências físicas, visuais e auditivas. Quando frequentam escolas nas
quais os professores não sabem como alcançam todos os públicos, uma realidade que marca
esses jovens é eles se sentirem invisíveis. Porém, há sim vários modos de acolhermos todos eles.
A Professora Bianca Abreu, que acredita que a aplicação de diferentes estratégias possibilita
que a maior parte da turma seja alcançada, comenta: “Se você planeja com cuidado, você traça
objetivos que seus estudantes vão alcançar de diferentes formas”.
A Professora Débora Borges desabafa: “Eu já estava desanimada, achando que iria me
aposentar sem ver mudanças na educação... Agora já tenho esperança de vê-las acontecerem”,
ela fala com entusiasmo. A esperança de Débora é a mesma de inúmeros professores das redes
particular e pública de ensino. Somente fazer investimento financeiro não trará resultados e
termos medo de sermos julgados por nossos colegas não expandirá nossos horizontes.
Manter a sala de aula como aquela do século XVIII ou transformá-la em uma do século
XXI depende unicamente de nós. Olhar para si, para o que se tem, para o que se sabe e para o
que é possível fazer é uma das maneiras de contribuir com a melhoria da educação no país.
Capítulo 3:
RELACIONAMENTO, MOTIVAÇÃO, MOBILIZAÇÃO E
CONVIVÊNCIA COM ALUNOS DAS NOVAS GERAÇÕES
Desde o início deste livro, a nossa conversa tem sido sobre mudanças: como as
percebemos, como nos adaptamos a elas e de que forma elas influenciaram, influenciam e ainda
vão influenciar as nossas vidas. Até aqui, falamos das estruturas – escola, métodos e técnicas de
ensino – e, a partir de agora, vamos refletir um pouco mais sobre o relacionamento e a
convivência com as novas gerações de alunos que frequentam as escolas atualmente, pois as
principais mudanças realmente acontecem nas pessoas. Por isso, elas são o foco deste capítulo
e do próximo.
É no ser humano que está a mola propulsora do desenvolvimento gerado pela
necessidade de se reinventar. Portanto, se as pessoas não souberem como utilizar
adequadamente os avanços tecnológicos e as novas tecnologias de informação e comunicação,
eles de nada adiantarão. Sendo assim, é impossível falar de mudanças na educação sem
envolvermos alunos, professores e gestores.
É para os alunos que todo o sistema educacional é criado e desenvolvido e são eles
também que despertam a nossa curiosidade, nos fazendo buscar meios de compreendê-los. Para
entendermos os alunos de hoje, é preciso relembrarmos as mudanças comportamentais que,
desde a Antiguidade, vêm ocorrendo no mundo inteiro, parte da evolução que tem sido objeto
de estudo para a melhoraria da educação.
O Professor Rui Fava, estudioso das gerações nas escolas, aborda a transformação do
aluno ao longo do tempo da seguinte forma:
Os estudantes continuaram a apresentar um comportamento passivo, disciplinado, de
respeito e submissão; entretanto, se o mestre não fosse bem nas questões disputadas
corria o risco de ver seus alunos desertarem das suas salas de aula e procurarem outros
mestres, como muitas vezes ainda presenciamos em nossas escolas, com a ausência
de estudantes em salas de aula onde o professor não consegue motivá-los
suficientemente (FAVA, 2021).
No Brasil, o início da vida escolar era extremamente ligado à cultura dos Jesuítas, com
métodos pedagógicos que seguiam o modelo europeu e, basicamente, funcionavam como uma
pregação católica. Após a expulsão dos Jesuítas do nosso país, o Marquês de Pombal implantou
um currículo desarticulado, com um professor único, e no Brasil Colônia, bastante influenciado
pela Europa, surge um período de cultura cosmopolita.
Surgiu, então, um estudante que estava na escola apenas para receber conteúdo pronto,
acostumado a, de maneira apática, decorar tudo separadamente, em ‘caixinhas’, e nada mais. O
Professor Waldecy Correia recorda seu período como aluno: “Não aprendíamos; decorávamos
itens para fazermos provas. Passada a prova, não ficava nada”.
Algumas décadas depois, surge uma geração que estabelece mudanças fundamentais nos
meados do século XX: os baby boomers, nome que vem da explosão de nascimentos de bebês
após a Segunda Guerra, na década de 40. Fava conta que os baby boomers nasceram em um
mundo falido e com a disciplina e os traumas que aquela realidade impôs. A liberdade passou a
ser um valor fundamental para essa geração, fazendo surgir o movimento hippie, o t i p o d e
roupas que eram utilizadas e o movimento pelo amor livre (FAVA, 2014). Naquela época, a
educação era privilégio das classes abastadas e era uma forma de dar continuidade aos costumes
da família, mas não de proporcionar desenvolvimento intelectual de fato.
Depois dos baby boomers, na década de 70 surgiu a Geração X, a geração do carpe diem
(do latim, significando ‘aproveite o dia’). Hoje, essas pessoas ocupam cargos de gestão das
escolas e são professoras e professores. Para a Geração X, a premissa de ‘viver o dia de hoje’
significou consumismo e materialismo: acabou a religiosidade, as pessoas se tornaram bastante
individualistas e vários costumes sofreram grandes revoluções, a exemplo da própria instituição
do casamento, que apresentou aumento no número de divórcios. Nesse período, a tecnologia
começou a aparecer na educação e essa geração passou a ser vista com a dos ‘imigrantes
digitais’. A maneira de aprender passou a incluir o uso de recursos de som e vídeo, mas o texto
ainda continuou sendo o ponto de partida para a aprendizagem dos indivíduos: “Pensam no
texto como sua forma de comunicação primária e, nas imagens, como auxiliares” (FAVA, 2021).
Essa mesma guinada no paradigma educacional também impactou outros tipos de trabalho. Os
filhos das pessoas da Geração X vieram a constituir a Geração Y e foram criados com grande
riqueza material, mas carentes de atenção.
A Geração Y, a dos nascidos no período de 1983 a 2000, chegou junto com a Internet e
são considerados nativos digitais, o primeiro grupo de estudantes com acesso frequente à rede
mundial de computadores. Nessa geração, os laços familiares e de amizade são extremamente
fracos e não há heróis ou ídolos, o que se reflete nas próprias relações com colegas e professores.
Esses alunos são mais imediatistas e, aparentemente, conseguem tudo o que querem. Nesse
contexto, aparece o conceito dos ‘pais helicópteros’, aqueles que super protegem os filhos o
tempo todo e, assim, estendem a infância e a adolescência. “É comum hoje vermos adolescentes
de 40 anos”, alerta Fava (2021) durante a sua participação no seminário Percurso de um
Professor, do Instituto Casagrande.
Em todo esse processo, é curioso entender que cada revolução tem seus princípios: na
era agrícola, era o nomadismo – afinal, se não havia boa terra para trabalhar, a solução era mudar
de lugar; depois da revolução industrial, a estabilidade era o principal foco e a geração se
preocupava com concursos; nas gerações Y, do joystick e, na Z, da banda larga, ambas têm a
lógica da conexão ilimitada. Segundo Fava, a escola ainda sofre para largar a lógica da Geração
X, que é parte analógica, parte digital, enquanto esses dois grupos, Y e Z, são caracterizados por
estudantes impacientes, que querem tudo ‘para ontem’ e acreditam que não precisam da escola
para estudar, pois basta ‘dar um Google’. Essas gerações mudaram a forma de aprender: poucos
usam cadernos e fotografam tudo com seus smartphones, equipamentos que passaram a ser a
extensão do corpo desses estudantes. Na visão dos seus pais, eles podem ser e fazer o que
quiserem, resultando em alunos agressivos, conscientes dos seus pontos fortes, porém reticentes
quanto aos seus pontos fracos. E ainda há um outro lado: as gerações Y e Z só funcionam com
uma ‘causa’, por exemplo, defesa do meio ambiente, maior atenção para problemas sociais e
preocupação com questões de gênero. Eles querem ter um bom salário, desde que o trabalho
tenha propósito. Portanto, se a escola não tiver um propósito real, esse aluno não ficará nela”,
diz Fava (2021).
Novos comportamentos estão relacionados com os objetivos da educação
contemporânea. No momento atual, com a mudança comportamental do aluno, do professor e
da escola, os trabalhos físicos e repetitivos estão sendo substituídos e passam a ser voltados
para as pessoas, com metodologia centralizada no aluno, na sua aprendizagem e no seu
desenvolvimento. A Professora Jacqueline Oliveira nos lembra que não há aprendizagem sem
significado e a Professora Elisabeth Lessa Rodrigues também contribui ao afirmar que “A
geração Y apresenta uma mudança de comportamento interessante: prevalece o ser, não o ter;
ela não precisa de casa própria ou carro, empreendem; e prevalece o propósito no que faz”.
Esse é o contexto no qual a aula expositiva tem sido bastante questionada, inclusive pelos
próprios estudantes. Muitos professores entendem que, apesar do aluno ultraconectado que
temos hoje, ela ainda é uma ferramenta importante para a reflexão e a transmissão de
informações. É importante ressaltarmos, no entanto, que – caso nosso objetivo seja a construção
do conhecimento – a aula precisa ser dialogada, mesmo quando expositiva.
No nosso seminário O Percurso de um Professor, os educadores e gestores escolares
participantes também compartilharam as seguintes opiniões:
Débora Rodrigues: “Aula expositiva, como organização do conteúdo, é sempre válida
e pode ser dinâmica.”
Priscila Rodrigues: “A aula expositiva é um recurso que não deve ser descartado.
Como toda metodologia, precisa ser utilizada a favor da aprendizagem, de maneira
planejada e democrática.”
Eliza Jordão: “Dar aula expositiva é uma ‘arte’. Aula expositiva, sim, mas não de 45
minutos, com uma voz monótona e sem interação.”
Rosangela Alves: A aula expositiva pode e deve ser provocativa também.”
Maria Gomes: “É preciso dosar a aula expositiva, acrescentando outras estratégias
para que o aluno tenha atenção e aprenda.”
Simone Barros: “A aula expositiva é importante como forma de direcionar o foco do
conteúdo, desde que seja feita uma referência com a prática, ou seja, com as vivências
dos alunos e alunas”.
Lúcia Guedes: “Não podemos abolir a aula expositiva, mas devemos repensar a forma
como ministrar essa exposição.”
Samia Cardoso: “Aula expositiva sempre terá seu espaço na educação. A questão é
de que maneira será essa aula.”
Bete Costa: “A aula expositiva é válida, desde que o professor tenha um objetivo claro
do que deseja transmitir para os alunos.”
Elisandra Schwanka: “Aula expositiva também é importante, mas com a
flexibilização de outras metodologias. Quando desenvolvemos práticas
diferenciadas e diversificadas dá muito mais trabalho, porém gera prazer para o
professor e alunos.”
Nessa conjuntura, não é difícil compreender o choque que estamos vivendo: escolas
analógicas e digitais, professores acostumados a controlarem o saber e alunos super conectados,
com milhares de informações a um clique de distância. A partir desse quadro, o Professor Mestre
Vado ressalta: “A escola ainda está sob a égide de uma maioria de professores donos do saber.
Isso pertence a Idade Média! Alguns supõem que os mesmos métodos de ontem ainda
funcionam para os alunos de hoje, tornando a escola desinteressante.”
Agora, experimente pensar na escola dos próximos dez anos, a partir da ocorrência mais
marcante do ano de 2020, a pandemia de Coronavírus-2. O cenário em que ela ocorreu foi o da
saúde, mas as consequências se alastraram por todas as áreas da vida em sociedade: o modo
de cuidamos do nosso corpo e nossas relações humanas foram afetadas, assim como a liberdade
de ir e vir, a forma de trabalharmos; o impacto das desigualdades sociais e, especialmente, a
forma com que passamos a estudar, mudou.
Fava (2021) explica que há sempre um marco fundamental para cada mudança: do
século XVIII para o XIX, foi a Revolução Industrial; do século XIX para o XX, ficaram as
marcas das guerras; do século XX para o XXI, a disseminação da COVID-19, que fez a
tecnologia entrar para valer. “Falávamos muito que os professores tinham que trabalhar com
tecnologias; hoje, somos obrigados a fazer isso! ” (FAVA, 2021). Em sua participação, a
Professora Simone Barros chamou atenção para a adaptação: “Nesse período da pandemia,
estamos aprendendo para ensinar e, ao mesmo tempo que ensinamos, aprendemos. Não
tínhamos tantas habilidades com a Internet, mas a estamos desenvolvendo com a prática das
aulas remotas”.
O Professor Jorge Paniagua diz que o desafio é constante: “Adaptar a forma como
estávamos ensinando antes da pandemia é o maior desafio. A distância física requer, por parte
do professor, uma avaliação constante do que está dando certo ou não”. Até mesmo a linguagem
corporal ganhou uma importância maior nesse cenário, por conta da limitação visual das telas,
e o aluno de hoje valoriza memes e tudo que está ligado à linguagem da rede.
Talvez nunca tenhamos passado por um momento tão delicado e instável na área
educacional como o ano de 2020, um momento de incertezas e tentativas, que ensinam uma
grande lição: nada mais é individual; tudo é coletivo e todos estão tentando.
Duas professoras que nos brindaram com suas experiências na educação, Cristiane
Aguiar e Jacqueline Oliveira, falam do protagonismo do aluno como algo essencial:
“Precisamos de alunos protagonistas no centro do processo de aprendizagem, junto com o
professor”, diz Cristiane. E Jacqueline completa: “Quando nos relacionamos e dominamos a
nossa área de atuação, motivamos os alunos. Aluno só é protagonista se o professor também for
e se ele permitir que o aluno seja também.”
Capítulo 4:
A IDENTIDADE DO NOVO PROFESSOR
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