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Função Social da Escola


PEDAGOGIA
27/06/2012

Apesar das transformações sofridas no decorrer da história, a escola representa a


Instituição que a humanidade elegeu para socializar o saber sistematizado. Isso denota
afirmar que é o lugar onde, por princípio, é difundido o conhecimento que a sociedade
estima necessário transmitir às novas gerações. Nenhuma outra forma de aparelhamento
foi capaz de substituí-la.

 “Da maneira como existe entre nós, a educação surge na Grécia e vai para Roma, ao
longo de muitos séculos da história de espartanos, atenienses e romanos. Deles deriva
todo o nosso sistema de ensino e, sobre a educação que havia em Atenas, até mesmo as
sociedades capitalistas mais tecnologicamente avançadas têm feito poucas inovações”
(Brandão, 2005).

Dentro de cada organização existem classes sociais em posições elevadas, as quais


criam e impõem um tipo de educação que visa a atender interesses particulares e
reforçar, cada vez mais, o poder dos privilegiados. E as escolas transformaram-se nas
instituições que mais têm colaborado para a efetivação desses objetivos, visto que
sempre estiveram sobre o controle do estado.

Apesar das modificações conferidas na estrutura do ensino brasileiro no decorrer dos


anos, nenhuma delas instituiu um sistema educacional onde todos tivessem os mesmos
direitos, onde a intenção principal seria a concepção do homem com plena autoridade
dos próprios meios de libertação; um homem erudito, livre, inteligente e crítico, que não
se deixa manipular e que pode influenciar o estilo de vida e o futuro do país.

Sabe-se que só existem três maneiras de se transformar uma sociedade: guerra,


revolução e educação. Dentre as três, a Educação é a mais viável, a mais passiva, porém
a que os efeitos só se tornam visíveis em longo prazo. 

“Se teus projetos têm prazo de um ano, semeia trigo; se teus projetos têm prazo de dez
anos, planta árvores frutíferas; se teus projetos têm prazo de cem anos, então educa o
povo.” (Provérbio chinês).

O sistema educacional brasileiro fundamenta-se numa filosofia de racionalização e


democratização do ensino, mas na realidade atesta a existência de mecanismos rígidos
de seleção e burocratização, que o configura como elitista.

A educação deveria servir como mecanismo de libertação do homem. Esse, por meio da
educação formal, deveria colaborar para o desenvolvimento do país e, acima de tudo,
usufruir dos resultados. Porém, tem-se uma educação que serve como veículo de
transmissão das ideias da classe dominante, cujo papel é muito importante na
perpetuação das condições sociais já existentes.

Existe uma tendência em considerar-se instrução somente aquela que ocorre em escolas,
ou seja, o ensino formal. Mas como diz Brandão: “Não há uma forma única nem um
único modelo de educação; a escola não é o único lugar onde ela acontece e talvez nem
seja o melhor; o ensino escolar não é a sua única prática e o professor profissional não é
o seu único praticante.” Assim, considera-se ensino e educação todo procedimento que
tem por intento intervir na conduta humana.

Atualmente, quiçá pela falta de tempo da maioria dos pais, é imposta à escola toda a
responsabilidade em relação à educação dos alunos. Mas não pode ser desse modo. Por
mais que a escola se encoraje e tenha consciência da sua função, ela jamais poderá
suprir a família. O papel dos pais na educação é de extraordinária importância para a
formação integral do educando, pois os filhos espelham-se nos atos dos genitores para
construir modelos de personalidade e caráter para a própria vida. 

A escola não pode continuar a ser uma clínica de abortos. Os que fracassam na escola
tendem a ser excluídos da sociedade. Detrás do insucesso escolar encobrem-se aflições,
frustrações, amarguras, enfim, sofrimentos. A impulsiva fabricação do malogro escolar
não se restringe a um problema educacional. Trata-se de um problema social, cultural e
até econômico. Com o fracasso escolar justificam-se, posteriormente, mais tumultos
sociais, mais cadeias, mais clínicas psiquiátricas.

A educação não pode ser meramente um processo de influência e reflexão do passado


sobre o presente. Deve ser uma ciência que permita ao educando se automedicar,
acordar a consciência e a responsabilidade mediante valores essenciais à vida. Uma das
finalidades da educação é autorizar que os jovens se concretizem por meio da ação e do
esforço pessoal para procurar e transformar os valores culturais do passado, adaptando-
os à realidade.

Os pais, os mestres e a própria instituição educacional têm como objetivo imprimir a


cultura, mas não apenas. Também têm como desígnio ajudar o jovem a desenvolver a
capacidade de criar suas próprias formas de cultura; promover ao jovem o
desenvolvimento das habilidades pessoais para que ele mesmo seja capaz de cogitar
sobre o que lhe é transmitido, de aceitar, mas acatar com espírito crítico, independência,
liberdade e consciência.

Para John Dewey, “a educação não é algo que deva ser inculcado de fora, mas consiste
no desenvolvimento de dons que todo o ser humano traz consigo ao nascer.” Destarte, a
educação não seria um processo de difusão ou de imposição dos valores culturais
assimilados pelas gerações mais velhas; não seria algo estruturado deliberadamente
pelas instituições, mas germinaria da alma do ser humano.

Toda vez que se reflete sobre a educação, precisa-se, em princípio, ponderar-se no ser
em que vai processar-se a educação: o homem. Esse, não apenas como elemento do
educativo, mas como atuante do processo educacional. É o homem que individualiza e
estabelece a estrutura, os fins e os objetivos da educação que pretende. Uma educação
para o homem que convive, e não para o indivíduo absorto; para o homem que encara a
vida, que busca situar-se, que aspira ser.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
PENIN, Sonia Teresinha de Sousa. Progestão: como articular a função social da escola
com as especificidades e as demandas da comunidade? Brasília: CONSED, 2001.

https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/educacao/a-funcao-social-da-
escola/14360

An. 1 Congr. Intern. Pedagogia Social Mar. 2006


 

A função da escola na construção de valores sócio


morais: os temas transversais na cultura da
descartabilidade
 

Clary Milnitsky-Sapiro, Ph.D.1

RESUMO

Para se falar em construção de Paz a partir de um olhar acadêmico, é pertinente, se


não fundamental, que lembremos de Paulo Freire quando define o lugar da
educação formal. Enquanto categoria abstrata, as instituições não existem como
boas ou más, portanto, a escola como uma instituição per se, não existe. A escola
existe enquanto ocupa um espaço social no qual a educação formal ocorre. Então, a
escola (e a Universidade) não pode ser definida como uma instituição que é, mas
como uma instituição que está sendo historicamente, num contexto específico, em
uma sociedade específica. A teoria pedagógico-filosófica de Freire contempla
aspectos sócio-psicológicos pelo seu caráter desenvolvimentista-construtivista, pois
vê a escola como o lugar para a construção do conhecimento através do raciocínio
crítico a fim de instrumentalizar os indivíduos para que alcancem a autonomia e
respondam aos desafios do ambiente, superando e humanizando a realidade
enquanto sujeitos de seu conhecimento. O caráter universalista da filosofia de
Freire reside na ação humana enquanto crítica e libertadora. Todo ser humano deve
ter direito à compreensão profunda do verbo, da palavra - deve ter o direito de ir
muito além da reprodução. A teoria psicológica associada a essa filosofia aponta
que estruturas sócio-cognitivas são construídas pelo sujeito a partir da sua
experiência social e propiciam a formação de conceitos relativos às prerrogativas
pessoais, às convenções sociais e aos princípios morais de justiça. Sob esse prisma,
buscamos investigar a realidade a partir de ações e dos discursos dos próprios
agentes, para não somente produzir um conhecimento teórico, mas participar da
construção permanente de um projeto social maior, no qual, o conhecimento
acadêmico deve instrumentalizar e melhorar o cotidiano. Em relação à violência,
uma construção crítica do conhecimento impõe que não ignoremos a realidade e a
multiplicidade dos fatores socioculturais que levam grupos e indivíduos a se
comportarem de forma violenta.

Palavras-chave: infância; adolescência; valores sóciomorais; contemporaneidade;


 

Quero alertar aos leitores -los de que a introdução dessa temática terá um caráter
provocativo para a discussão dos temas transversais dos Parâmetros Curriculares
Nacionais, publicados em 1996. Trata-se do refrão de uma letra da música dos
Titãs intitulada "Televisão", e é assim:

"A televisão me deixou burro 


muito burro demais, agora todas as coisas que eu penso,me parecem
iguais ... 
tudo que a antena captar,meu coração captura 
e vê se me entende, 
pelo menos 
uma vez, criatura" 
(Arnaldo Antunes, Marcelo Frommer e Toni Belotto) 
Álbum: Televisão (1985)

A letra da música Televisão do grupo Titãs pertence a uma década na qual o


paradigma do desenvolvimento econômico foi rapidamente substituído
pela circulação de bens de consumo ou seja, o paradigma da globalização. A mídia
em geral configurou-se a serviço desse paradigma, mas a televisão em especial,
por ser o mais ágil veículo de comunicação de massa, trouxe à luz um processo de
alienação e empobrecimento intelectual com características inéditas. A TV instalou-
se como uma interface entre o público e o privado de forma irreversível; e, ao
entrar, literalmente em todas as casas, passou a envolver com seu conteúdo a
própria cultura, atirando livre no público-alvo buscando produzir uma
homogeneização do que é bom e desejável: ou seja, dos valores sócio-morais que
norteiam a convivência social relativizando o que é de domínio público e privado, e
induzindo desta forma, à uma ambigüidade que desobriga também o
reconhecimento de fronteiras nos espaços compartilhados entre os indivíduos,
como pessoas.

Também a proximidade da exposição de recortes e fatos ocorrendo nas mais


diversas regiões do globo é sempre tecida pelos fios da violência e constituem a
chamada rede de notícias.

Iniciei esse diálogo sobre a função da escola falando sobre mídia e globalização
para contextualizar os então novos, Parâmetros Curriculares Nacionais publicados
em 1996, e principalmente, para sugerir a atualização da concepção de currículo
oculto, propondo que desloquemos para a mídia – mais especificamente, a
carinhosamente denominada telinha (mesmo tendo muitas vezes, 29 polegadas)
uma parcela da responsabilidade de um "ovo currículo oculto (nem tão novo, após
vinte anos) tão bem ilustrado pelo refrão dos Titãs na letra da música composta
ainda em 1985.

Esse novo currículo oculto, ou agenda está impregnado principalmente na educação


não formal, as singulares escolas da vida visando justamente inibir essas
singularidades e esse fato nos remete à discussão do que tenho denominado
de resignificação da escola e de sua função. Essa resignificação envolve à
apropriação dos temas transversais na construção de valores e sua inclusão no
currículo oficial Será interessante revisarmos igualmente, os critérios que
justificaram a adoção de seu caráter transversal.
Ninguém melhor que Paulo Freire identificou a relevância da escola no Brasil.
Saliento no Brasil, pois, apesar da repercussão internacional de sua obra, e de seu
tempo de magistério no exílio, Freire sempre contextualizou, regionalizou, enraizou,
a ação pedagógica, enfatizando que, enquanto uma categoria abstrata, a escola
não existe como boa ou má; ou melhor, – não existe como uma instituição per se.

Então, a escola não pode ser definida como uma instituição que é, mas como uma
instituição que está sendo com uma função num contexto específico, historicamente
datado, em uma sociedade específica (Freire, 1980). Para Freire, a
escola é enquanto ocupa um espaço no social no qual uma educação formal se
efetiva. Sem dúvida, essa existência em curso – denota que o conhecimento que se
produz na relação pedagógica é relevante para que os indivíduos possam ser – para
além do saber oficial.

Por outro lado, a constatação dessa existência processual, desse estar


sendo implica também no reconhecimento de que, a escola e seu currículo estão
sendo com ou coexistindo com a mídia e seus ícones de pertencimento os quais são
revisados constantemente, porque descartáveis.

Então, pertencemos sem realmente sermos" - pois quando mudam nossos


referenciais deixamos de ser; assim como estamos sem termos referência estáveis.
Essa condição ambígua convoca a todos, principalmente às crianças e adolescentes,
a uma relativização por impulso. Não é a adoção de uma posição filosófico
pragmática pós-moderna, é simplesmente uma adesão a um estado de dependo do
momento, tudo é válido, etc.. Vemos então, um estar sendo em um contexto que
deixa de ser permanentemente, pois perde referências para adquirir outras
dependendo do consumo proposto.

Se há algumas décadas pensávamos na escola supondo a neutralidade ontológica e


epistemológica na qual o currículo oculto subsistia validando a desigualdade
subjacente ao discurso e conteúdo didáticos, atualmente, graças ao trabalho e
produção de conhecimento de muitos educadores , principalmente o de Paulo
Freire, e à conquista da liberdade de expressão, da elevação da consciência política
e dos direitos humanos, essa ideologia foi revelada e é permanentemente discutida.

Nossa preocupação volta-se para uma ideologia que se mantêm subjacente ao


processo de socialização no seu sentido mais amplo e tem um caráter igualmente
insidioso visto que todos são suscetíveis a essa produção de alienação, pois que
extrapola a educação formal, e é estreitamente atrelada ao paradigma da
circulação de valores e bens de consumo conforme mencionamos no início deste
diálogo.

O currículo oficial buscou através dos temas transversais apropriar-se da proposta


educativa da construção da autonomia e passa a explicitar a necessidade de
reflexão crítica acerca das conseqüências do imediatismo, pois, a falta suprida
rapidamente através do consumo gera intolerância à frustração, e
conseqüentemente, também a violência, quando essa falta não pode ser suprida
num tempo sem projeto.

Assim, enquanto a escola está sendo, enraizada, contextualizada, como instituição


pode propiciar uma referência estável, uma instituição que tem um projeto, e que
pode inclusive respeitar as singularidades, com trocas diferenciadas, sem que o
outro seja apenas um instrumento de satisfação ou um obstáculo a ser vencido.
Nessa nova perspectiva de ser humano, parece que o homem contemporâneo ainda
não deu conta de industrializar o seu modelo ideal de filhotes humanos, visto que
os atuais –felizmente- ainda requerem os vínculos de cuidado e afeto.

É interessante notar que enquanto os parâmetros curriculares do ensino formal


foram revisados para desconstruir um currículo oculto, os temas transversais foram
incluídos para possibilitar que a construção da cidadania, consciência crítica e
autonomia também ocorram na educação formal.

Os temas propostos como transversais – ou atravessando o currículo são a Ética, o


Meio Ambiente, a Pluralidade Cultural, a Saúde, a Orientação Sexual, e o Trabalho e
Consumo. Todos dizem respeito às normas de conduta e convivência, à saúde, à
cultura e à participação do indivíduo consciente como agente na sociedade; e
constituem prismas do desenvolvimento sócio-moral e assim foram segmentadas
para possibilitar que professores de diferentes disciplinas pudessem apropriar-se do
que, em síntese, é a Bioética no seu sentido mais abrangente.

Tais temas, segundo o MEC, devem privilegiar questões sociais visando à


participação consciente dos indivíduos, como sugere o texto introdutório: "[...] a
construção da cidadania e a democracia, são questões que envolvem múltiplos
aspectos e diferentes dimensões da vida social".

Cabe salientar que os colegas consultados para definir esses temas seguiram os
critérios de: "urgência social, Abrangência Nacional, Possibilidade de Ensino e
Aprendizagem no Ensino Fundamental para Favorecer a Compreensão da Realidade
e a Participação Social." (o que entendemos deva ter um caráter permanente não
somente no ensino fundamental, mas envolvendo todas as etapas do ensino
formal). Ocorre, porém, que muitos obstáculos não puderam ser superados desde a
publicação dos PCN (1996), inviabilizando o reconhecimento dessa urgência social,
abrangência nacional e dos outros critérios apontados para a apropriação dos
temas transversais no espaço da educação formal. Pedagogos e psicólogos
pesquisadores na área de desenvolvimento moral têm compartilhado da dificuldade
em implementar projetos que incluam ações participativas em instituições de
ensino, quer essas instituições sejam públicas ou privadas. Mesmo que
formalmente acolhidos inicialmente, vamos gradativamente nos deparando com
barreiras operacionais que caracterizam movimentos de resistência e rejeição por
parte do corpo docente e, muitas vezes, da própria direção da instituição de ensino.

Percebemos no difícil dia-a-dia das escolas a relação hipócrita entre a escola-


instituição de educação formal e a sociedade, pois como profissionais, uma vez
atravessando seu portões deixamos de ser mães, ou pais e passamos a cobrar das
famílias (também a família como uma instituição abstrata) a falta de limites, a
violência etc.. e, apesar de adotarmos uma abordagem de cunho etnográfico,
respeitando a cultura e contexto de cada escola no planejamento das oficinas, as
dificuldades eram sempre as mesmas. Havia algo de errado que era comum a esses
projetos acadêmicos que provocava resistência e rejeição, e que agora, temos
claro: iniciávamos a implementação dos projetos buscando os alunos como
sujeitos-participantes, pois acreditávamos, o que é correto, que são os mais
vulneráveis à exposição aos valores que homogeneízam.

Oferecemos oficinas nas quais a dinâmica envolvia o raciocínio crítico e seleção de


alternativas a partir de categorias emergentes do contexto de cada escola e
obtivemos resultados muito bons com os alunos-participantes, mas os resultados
foram transitórios, pois eles tinham que voltar a se "adaptar" no sentido freireano
mesmo de se acomodação pois a relação pedagógica da escola não fora alterada. E
uma vez concluída a intervenção ocorria a volta rápida ao mal-estar e à
beligerância entre "corpos" (docente e discente) acompanhada de um sentimento
de impotência ainda maior por parte dos professores, que esperavam uma melhora
radical - pois freqüentemente nós acadêmicos, convocamos involuntariamente, à
expectativa de solução com um certo caráter messiânico.

Percebemos então que de fato, os tais temas transversais são cruciais para
explicitar esse novo currículo oculto, mas ocorre que se uma escola mal da conta do
programa de cada ano letivo, torna-se impraticável a apropriação dos temas que
devem permear, atravessar cada disciplina convergindo para a consciência de si e
do outro, de valores intrínsecos ao ser humano e ao exercício da cidadania.

O inequívoco, então se explicitou: a revisão da própria estrutura e formação


pedagógica é crucial para que temas transversais sejam apropriados por todos que
trabalha o currículo oficial. E essa revisão implica em novo significado à velha
estrutura e à revisão da própria função e de investimento interpessoal, pois a falta
de investimento na educação repercute na retirada de investimento pessoal em
todas as instâncias, até chegarmos na relação pedagógica: professor-aluno.

Em vários depoimentos de professoras identificamos o sentimento de indignação e


falta de expectativa de respeito e talvez, de reverência. Uma das professoras de
ensino médio, entrevistada pelas pesquisadoras argumentou o seguinte em sua
entrevista: "Acho que eles (os alunos) não nos respeitam porque o nosso
salário é uma vergonha. Como vão respeitar alguém que trabalha
praticamente de graça?.. é como se eles tivessem que nos fazer o favor de
prestar atenção, como se fosse uma caridade que os alunos fazem para
nós. Os papéis estão totalmente invertidos".

A ação pedagógica parece transitar entre o exercício de uma profissão e uma


prática de caridade/doação, como no caso citado onde talvez a presença do
professor devesse ser entendida pelos alunos como uma dádiva. Ainda,
paralelamente aos conflitos intramuros temos uma outra vilã: a família – apontada
pela escola como a entidade ausente, não estruturada e desestruturante, enquanto
que, do lado de cá – o do corpo docente, justificamos que não cabe à escola prover
à criança e ao jovem o que a instituição de origem não lhes provê - no caso, os
valores relativos aos temas transversais. Quando somos nós a família - os do outro
lado, cobramos o mesmo da instituição escolar. Esse impasse demonstra que sem
dúvida, que essa escola, abstraída da realidade, não é nem está sendo, por
enquanto, o cotidiano e os temas transversais denotam o que a escola deve ser o
que nos remete à incorporação do raciocínio crítico como amálgama na construção
de valores sócio-morais.

Há que se considerar também que um número muito grande de crianças e


adolescentes têm na escola a instituição de referência sócio-afetiva mais estável, se
a comparamos com a proliferação de reestruturações vinculares da instituição
família e a volatilidade das relações da contemporaneidade. Tal função de
referência envolve uma responsabilidade ou responsividade maternal e
sustentadora, ou de mãe ambiental, a quem compete ser suficientemente boa, para
acolher a todos e propiciar o desenvolvimento de potencialidades individuais.
Também uma função de limite paterno no sentido de ter autoridade (não
arbitrariedade) para estabelecer normas e interdições socializantes. Não cabe,
nesse momento, explorar uma abordagem de cunho psicanalítico, mas sim,
pedagógico, o que não dispensa a menção de tais funções como trabalho de
Winnicott, por exemplo.

O quê, e como fazer, então? Primeiramente, constatamos que a escola na


atualidade tem sim, uma função de referência, de enraizamento, menos
descartável, mas que necessita ser revisada para dissolver essa fronteira da
educação formal e não formal.

Citarei agora concluindo, alguns enunciados do texto do MEC, em seu volume


dedicado às Ciências Humanas e suas tecnologias2 para os temas transversais :

Outro não é o imperativo que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional,


promulgada em 20 de dezembro de 1996, nos obriga a respeitar, ao estabelecer
como finalidade da educação "o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo
para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho" (Art. 2º). E como
finalidades do Ensino Médio, "o aprimoramento como pessoa humana, incluindo a
formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento
crítico"; (Art. 35, PCN, Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros
Curriculares Nacionais", p.8, 2000)

A expressão nos obriga a respeitar já indica uma indica um princípio de dever, um


reconhecimento de que se alguém, no caso a população tem direitos, o Estado deve
dar conta de seus deveres e do fim máximo da educação. Para tal, nesse mesmo
texto, é recomendado um programa institucional de formação permanente, que
deve ser de competência direta das escolas e apoiado pelas redes escolares,
visando a atualização a criatividade do professor para o emprego de raciocínio
crítico para improvisar estabelecendo relações com a realidade. O fato é que
devemos manter o esforço, ainda que passada uma década desde a proclamação
da urgência, para garantir acima de tudo, que essa possibilidade passe a ser uma
realidade.

Há muito que aprender em termos de globalização, e seus efeitos na produção de


subjetividade na sociedade de consumo. Acredito que a conscientização da
dominância do paradigma da circulação de bens de consumo na
contemporaneidade, despertou a consciência de que é fundamental assegurar a
cada indivíduo a oportunidade - não somente o direito, - de desenvolver respeito
por si mesmo e pelos outros indivíduos como seres vivos.

Longe de ser retórica, trata-se de necessidade emergencial, e de um valor


universal. Se conseguirmos levar a efeito tal proposta em devir, teremos finalmente
escolas cujos currículos foram e são ainda desejados por Freire e seus seguidores –
impregnados de habilidades para consciência crítica e autonomia para escolhas de
vida como agentes e não expectadores.

Referências:

http://www.mec.gov.br/semtec/ftp/Ci%EAncias%20Humanas.doc

Winnicott, D.W., (1984) Deprivation and Delinquency, Tavisrock Publications,


Londres, UK.

Freire, P. (1987) Pedagogia do Oprimido, Paz e Terra, Rio de Janeiro

Freire, P. (1980) Pedagogia para a Autonomia.

Freire, P. (1984) A Importância do Ato de Ler, Autores Associados: Cortez,


SP.Coleção Polêmicas do Nosso Tempo:4.
 

1 Professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 


2 disponível on-line sob o título, PCN + Ensino Médio, contendo as "Orientações
Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais"

© 2017  Universidade de São Paulo

Vamos a sua questão. 


A escola tem como função educar um indivíduo, para que ele aprenda a conviver em
sociedade, facilitando aos alunos o pleno entendimento sobre determinado assunto, permitindo
que eles assimilem direta e criticamente suas atitudes dentro de uma sociedade tão diferente
socialmente. 
Emile Dhurkheim, diz, 
Para Durkheim, o fim da educação é desenvolver em cada indivíduo a perfeição de que é
capaz. 
"A construção do ser social, feita em boa parte pela educação, é a assimilação pelo indivíduo
de uma série de normas e princípios — sejam morais, religiosos, éticos ou de comportamento
— que balizam a conduta do indivíduo num grupo. O homem, mais do que formador da
sociedade, é um produto dela", escreveu Durkheim. 
Durkheim não desenvolveu métodos pedagógicos, mas suas idéias ajudaram a compreender o
significado social do trabalho do professor, tirando a educação escolar da perspectiva
individualista, sempre limitada pelo psicologismo idealista — influenciado pelas escolas
filosóficas alemãs de Kant (1724-1804) e Hegel (1770-1831). 
Segundo Durkheim, o papel da ação educativa é formar um cidadão que tomará parte do
espaço público. Não somente o desenvolvimento individual do aluno. 
O autor acredita que a criança quando nasce não é um ser social, mas se torna, através da
educação e da formação que recebe.É atraves da educação que serão transmitidas as idéias
de moral,hábitos e sentimentos,tornando o ser apto a conviver em sociedade. 
Um detalhe importante da função socila da esco, é a gestão democratica, participação da
A.P.M., conselho de classe, gremio estudantil etc. Todas que fazem parte devem contribuir
para que sejam alcançados os objetivos

FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA


EDUCAÇÃO
Confira uma análise acerca das diversas dimensões políticas, socioculturais e
pedagógicos envolvidas nas práticas educacional brasileira.
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 CURTIDAS
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1. INTRODUÇÃO
Este trabalho tem por objetivo pesquisar e analisar as diversas dimensões políticas,
socioculturais e pedagógicos envolvidas nas práticas educacional brasileira, bem como a
metodologia utilizada.

O fato de que criamos e vivemos em uma sociedade que se caracteriza


fundamentalmente pela função social, em especial, a função social da escola, apesar das
transformações sofridas no decorrer da história, a escola representa uma Instituição que
a humanidade elegeu para socializar o saber.

Muito se discute a importância da educação no país, pode parecer algo simples de


questionamento, mas, é algo complexo de se imaginar, devemos analisar a escola como
um todo, ou seja, um processo que envolver todas as partes que integram a sociedade,
cada um com a sua determinada função.

Diante desse cenário humanista, há vários autores de diversos campos do conhecimento,


que levantam os questionamentos das diversas possibilidades da função social da escola
no que tange o sistema educacional aristocrático, poder ser realmente um órgão que
cumpra com a sua função. Inicialmente, eles fomentam argumentos que sustentam a tese
de que seria possível criarmos novos conceitos de pensarmos a escola, não só pela sua
estruturação, mais sim, a sua adequação em transmitir os verdadeiros valores que uma
instituição de ensino pode ou deveria passar para um indivíduo no seu ambiente de
aprendizagem e que possibilite a participação de todos.

Essa entidade de longas tradições continuará a desempenha a sua função social, que é de
transmitir os devidos conhecimentos, para que o homem atual entender as razões das
coisas que ele venha a transformar, inclusive o saber da sua existência. Por conta destas
indagações e das próprias características psíquicas e físicas humanas do homem que lhe
diferencia das demais espécies, pertencente ao conjunto de forças naturais e sociais que
reforçariam essa cultura de ser social, tornando-o uma parte integrante da sociedade que
vive.

2. FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA


A função social da escola é o desenvolvimento das potencialidades físicas, cognitivas e
afetivas do indivíduo, capacitando-o a tornar um cidadão, participativo na sociedade em
que vivem. A função básica da escola é garantir a aprendizagem de conhecimento,
habilidades e valores necessários à socialização do individuo sendo necessário que a
escola propicie o domínio dos conteúdos culturais básicos da leitura, da escrita, da
ciência das artes e das letras, sem estas aprendizagens dificilmente o aluno poderá
exercer seus direitos de cidadania.

A função social da escola, ela é muito relativa e complexa, pois há varias formas de
pensar a educação, para três grandes sociólogos há diferenças da forma de pensar a
função da escola na construção do aluno.

Para DURKHEIN a educação deve formar indivíduos que se adapte a estrutura social
vigente instituindo os caminhos e normas que cada um deve seguir, tendo sempre como
horizonte a instituição e manutenção da ordem social, a educação é um forte
instrumento de coesão social e cabe ao estado ofertá-la e supervisioná-la. Para KARL
MARX a educação deve ser vista como um instrumento de transformação social e não
uma educação reprodutora dos valores do capital, para MARX a uma necessidade de
uma escola politécnica estabelecendo três pontos principais: o ensino geral que é o
estudo da literatura, ciências, letras etc.

A educação física que é atividade que promova a saúde do ser e a outra é o estudo
tecnológico que visa acabar com a alienação do proletariado perante a classe dominante.
Para MAX WEBER a educação é um modo pelo qual os homens são preparados para
exercer as funções dentro da sociedade, sendo uma educação racional, a visão de educar
está vinculada enquanto formação integral do homem, uma educação para habilitar o
indivíduo para a realização de uma determinada tarefa para obtenção de dinheiro dentro
de uma sociedade cada vez mais racionalizada e burocrática e estratificada.

Cabe à escola formar alunos com senso crítico, reflexivo, autônomo e conscientes de
seus direitos e deveres tendo compreensão da realidade econômica, social e política do
país, sendo aptas a construir uma sociedade mais justa, tolerante as diferenças culturais
como: orientação sexual, pessoas com necessidades especiais, etnias culturais e
religiosas etc. Passando a esse aluno a importância da inclusão e não só no âmbito
escolar e sim em toda a sociedade.

Bueno (2010) se posiciona um tanto crítico sobre a realidade da função social da escola,
nestas o social é ignorado. A escola torna-se uma instituição abstrata e homogênea,
quando na realidade como coloca Bueno, cada escola é ímpar, e não deve ser vista de
forma genérica, uma intervenção não funciona em todas as instituições, cada meio tem
que ser vista de acordo com a sua história, com a sua cultura, colocando em pauta que
cada instituição é única.
Atualmente existem projetos para promover cultura na escola, estes visando que os
alunos ampliem sua visão de mundo, valorizando as diferentes manifestações culturais
ao seu redor (...) por meio de ações que estimulem práticas culturais e educacionais nas
escolas com parcerias com instituições artísticas (museus, parques arqueológicos, etc.).
(FONSECA; M. C. G. T. SILVA; M. A. M. SILVA. 2010).

A escola pública nos dias atuais deixa muito a desejar quando se fala de educação e de
formar cidadãos para viver numa sociedade tão multicultural e pluriétnicas, como a
nossa. A falta de investimentos e de capacitação de professores, escolas sem
infraestrutura adequada para o recebimento desse aluno. O modelo segregado e
homogêneo que com muito esforço está mudando para o modelo de escola inclusiva,
mesmo escolas sem condições adequadas para receber esse aluno. 

As escolas das nossas regiões, na promoção da cidadania não mudam muito nesse
contexto generalizado, escolas que entram em reformas mais não terminam, que falta
merenda, que faltam professores, que não existem equipes disciplinares qualificados
para tais fins, assim, ficando difícil promover a cidadania, cujo, o contexto não sustenta,
ou seja, para o estudioso João Batista oliveira a escola perdeu a sua função social,"
Perdemos a noção da função social da escola. Ela deixou de ser cobrada pelo
cumprimento de suas obrigações essenciais e passou a ser cobrada por milhares de
coisas que ela não tem condição de fazer, como cuidar da educação sexual, educação
para o trânsito, para o consumo etc.", (diz Oliveira, entrevista concedida a Revista Veja
“A Escola perdeu sua função social” em 10/11/2014).

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo geral desta pesquisa foi levantar as devidas compreensões sobre o embate do
questionamento da função social das escolas Brasileiras. Cada uma com suas
particularidades, mas, com a mesma missão, de transmitir os conhecimentos básicos
para que o homem comum possa descobrir as suas habilidades, e que o mesmo venha
adquirir os seus verdadeiros valores como ser humano, que esses conhecimentos ajuda-o
a enxerga os fenômenos humanas e exatas, Levando-se em consideração esses aspectos,
concluímos que no trabalho em questão, estamos cientes que a educação inclusiva ainda
está em processo de desenvolvimento, mas historicamente é visível o avanço da
educação inclusiva.

Entretanto, não podemos negar que a educação é fundamental e sempre será, porém,
merece uma análise critica, e a forma como o processo educativo ocorre para as
diferentes classes dominantes, aonde, mais vagas, mais tempo na escola, mais
disciplinas curriculares, mais e mais regulamentos, superam a dignidade e a cidadania,
para educação inclusiva ser mais eficiente na prática, devemos ter docentes inclusivos,
uma infraestrutura inclusiva, uma diretriz inclusiva e uma sociedade inclusiva, só assim
que vamos colher os resultados da aprendizagem dos nossos alunos, tornando-os, assim
um melhor profissional, um melhor cidadão.

O professor é o protagonista, desta encenação que acontece a milhares de anos, sendo


assim, os verdadeiros heróis deste questionamento. O que assistimos aqui não é uma
ficção, ela é uma mera realidade, tanto para o professor, como para o aluno.

Ele era para ser o centro do universo, por que tudo o que sabemos é fruto de muita
dedicação, em sua formação contínua em adquirir conhecimentos e de transpassar esses,
para as novas e futuras gerações. No nosso ver essa realidade só será mudada quando
estes mestres tiverem realmente os devidos reconhecimentos, não só pelos
reconhecimentos fiscais, mais, sim pela matéria humana que são pessoas honestidade e
dignidade de passar o que é justo e certo para as futuras gerações, cabendo-o a cada um,
que adquiriu esses ensinamentos, buscar colocar em prática no seu convive social.

4. REFERÊNCIAS
Okçana Battini, Giane Albiazzetti, Fábio Luiz da Silva. Sociedade, Educação e
Cultura. São Paulo: Pearson Education do BRASIL, 2013.
Edilaine Vagula, Sandra Cristina Malzinoti Vedoato. Educação Inclusiva e Língua
Brasileira de Sinais. São Paulo: UNOPAR, 2014.
BUENO, José Geraldo Silveira. Função social da escola e organização do trabalho
pedagógico. Em Acesso em: 23 Maio 2015.
SILVA, Maria; FONSECA, Maria; SILVA, Mirtes. Cultura na Escola: Vivências
Artísticas Culturais no Ensino Público Estadual. Em: Acesso em: 23 de Maio 2015.
Bianca Bibiano, A escola perdeu sua função social no Brasil. Disponível em: Acesso
em: 14 de Maio de 2015.
Frédéric M. Litto, Repensando a Educação em Função de Mudanças Sócias e
Tecnológicas e os Adventos de Novas Formas de Comunicação. Disponível
em: Acesso em: 18 de Maio de 2015.
Ministério da Educação/Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e
Diversidade, Orientações e Ações para a Educação das Relações Étnico-Raciais.
Disponível em: Acesso em: 15 de Maio de 2015.
José Goldemberg, O repensar da educação no Brasil, Disponível em: Acesso em: 20
de Maio de 2015.
Aline Cambuí Turbio, A função Social da Escola. Disponível em: Acesso em 20 de
maio de 2015.
Ritiélly Nunes Félix, Função Social da Escola na Contemporaneidade. Disponível
em: Acesso em 21 de maio de 2015.
Ione campos Freitas, Função Social da Escola e a Formação do Cidadão. Disponível
em: Acesso em 24 de Maio de 2015.
Trabalho apresentado ao Curso educação física da UNOPAR-  Universidade Norte do Paraná, para as disciplinas

Sociedade,Educação e Cultura, Educação Inclusiva,língua brasileira de Sinais-LIBRAS,Seminário da Prática I,Educação a

distância.

Prof. Wilson Sanches, Mariana de Oliveira, Regina Celia Adamuz, Rosely Cardoso Mortagnini, Sandra C. Malzinoti

Vedoato, Mari Clair Moro Nascimento, Vilze Vidotte Costa.

Autores: FÁBIO MEDEIROS FERNANDES, LIDIANE DA COSTA CALADO, LUCIANDO CORREIA DE

SOUSA, LEANDRO PEREIRA DA SILVA, RADAMÉS ARAÚJO DIAS e WELLINGTON DOS SANTOS.

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