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UNESPAR – Campus Curitiba I / EMBAP

Fundamentos e Metodologias do Ensino das Artes Visuais


Nome: Bruna de Miranda Cozac
Licenciatura em Artes Visuais/ 2ºano
Novembro de 2019

RESENHA CRÍTICA DO TEXTO “A ABORDAGEM


TRIANGULAR NO ENSINO DAS ARTES E CULTURAS VISUAIS”

No texto que será discutido nesse breve resumo Regina Machado descreve e
destrincha a Abordagem Triangular como um possível “ponto de partida” que atua
como “bússola”, como ela mesma diz, para arte-educadores, artistas e pessoas comuns
afim de um direcionamento não restritivo e sim construtivo buscando a ampliação de
experiências e sentidos.

Esse ponto inicial define o que tange as áreas do conhecimento artístico e


formula ações que consequentemente levam ao processo de aprendizagem. Assim,
Machado divide essas ações em três eixos: a produção, a leitura e a contextualização.

O eixo da produção refere-se à produção de um objeto artístico, à confecção de


um texto crítico sobre arte, e à experiência de “leitura” detalhada no texto, onde a autora
discorre dizendo que esse item remete àquele momento de assimilação que ocorre por
meio da experiência estética com a obra de arte, pode se dizer “insight”, ou seja, uma
significação gerada por entender individualmente no sentido poético. São ações que
referem-se a capacidade de produção artística e também produção de leituras e relações
conceituais.

A obra de arte provoca e acentua essa característica de ser um todo e


de pertencer ao todo maior e abrangente que é o universo em que vivemos.
Essa é, a meu ver, a explicação da sensação de requintada inteligibilidade e
clareza que temos na presença de um objeto vivenciado com intensidade
estética. (Dewey, 2010, p. 351).
O eixo da leitura, já resumido acima, refere-se à tudo que envolve o exercício da
percepção, ou melhor, utiliza a aprendizagem da experiência estética envolvendo o
contato com a natureza buscando reconhecer e compreender, em sua essência, códigos e
impulsionar a bolha de imagens internas que caracterizam a potência da concepção
humana. O exercício da leitura também se faz presente no desenvolvimento de
produções de arte assim como na reflexão artística.

No eixo da contextualização se inserem ações que dão destaque aos diferentes


campos de arte por meio da reflexão, sendo elas uma aprendizagem sobre a estruturação
do fenômeno da arte em diversos planos da existência e graus de compreensão. Se
encontra nesse eixo uma variedade de discursos produtos da pesquisa teórica, da leitura
de formas e da pesquisa do fazer artístico.

[...] toda arte envolve órgãos físicos, como o olho e a mão, o ouvido
e a voz e, no entanto, ela ultrapassa as meras competências técnicas que estes
órgãos exigem. Ela envolve uma ideia, um pensamento, uma interpretação
espiritual das coisas e, no entanto, apesar disto é mais do que qualquer uma
destas ideias por si só. Consiste numa união entre o pensamento e o
instrumento de expressão. (DEWEY, 2002, p. 76).

No decorrer do texto há um grande entusiasmo da autora com o grupo de


contadores de história que ela também participa, chamado “Boca de Céu”, grupo de
contadores de história que se reuniu em 2001 primeiramente e teve reencontros em 2006
e 2008. O grupo se dissolve em três categorias: 1) Leitura de contos para adultos e
crianças; 2) Oficinas/atividades de produção e palestras; 3) Debates e relatos de
experiência.

Na primeira categoria podem ser citados espetáculos para escolas e para adultos,
contação de histórias, narração de contos para crianças e público geral e as inscrições
devem ser abertas à profissionais e à não profissionais, podendo também ocorrer
narração espontânea, sem inscrição prévia e pesquisas de narração. Nesse contexto são
várias as experiências de contação de histórias que agregam uma novo método, um
outro estilo, uma nova reflexão, sendo isso resultado da pluralidade de narradores que
vêm de diversas localidades. Como resultado, soluções e elaborações individuas e
grupais são apresentadas, fazendo com que a gama de opções e caminhos à seguir
englobe múltiplas situações e contextos para que seja possível manipulá-los melhor.

Na segunda categoria estão as oficinas prático-teóricas destinadas a educadores,


bibliotecários ou interessados em geral, que a partir de um contexto próprio sugerem
tanto uma ação prática (corporal, musical, verbal, pesquisa de repertório/bibliografia,
cultura popular abrangente) assim como fundamento teórico da ação em pauta.

Por fim, na terceira categoria se encaixam as palestras, os debates, as pesquisas


de narração e os relatos de experiência. Estruturado dessa forma, o Boca do Céu traz em
questão uma experiência de aprendizagem teórico-poética para pessoas que atuam
contando histórias tanto no meio escolar, como em mediações, e outros campos de
atuação.

Pode-se entender o grande entusiasmo de Machado quando se analisa o resultado


e o desenvolvimento das rodas de narração de contos, pois é incalculável a quantidade
de possibilidades dentro de diferentes contextos e participantes, tendo cada um deles um
caminho à percorrer e surpresas à se deparar devido à esse emaranhado de vivências que
simultaneamente se colidem.

Concluindo, a Abordagem Triangular traz possibilidades de construção de um


caminho onde as ações escolhidas carregam a pretensão de serem proveitosas para o
processo de aprendizagem e ricas para o arte-educador. Porém, para que esse processo
seja possível é necessária uma sede de aprender e investigar à fundo seu próprio interior
para definir os instrumentos e os métodos que produzirão e contextualizarão o
fenômeno da Arte.

REFERÊCIAS

DEWEY, John. A Escola e a Sociedade a Criança e o Currículo. Lisboa:


Relógio D’água, 2002.
DEWEY, John. Arte como experiência. São Paulo: Martins Fontes, 2010.

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