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LP

EM.12.LP.2.11.22.P-2222

Sequência Didática do Professor


A intenção discursiva
Leitura e
Interpretação

Ensino Médio
em artigos de opinião
Campo jornalístico-midiático

Habilidade
FOCO
• (EM13LP01) Relacionar o texto, tanto
na produção como na recepção, com
suas condições de produção e seu
contexto sócio-histórico de circulação
(leitor previsto, objetivos, pontos de vista
e perspectivas, papel social do autor,
época, gênero do discurso etc.).

Habilidade
RELACIONADA
• (EM13LP02) Estabelecer relações entre as
partes do texto, tanto na produção como
na recepção, considerando a constru-
ção composicional e o estilo do gênero,
usando/reconhecendo adequadamente
elementos e recursos coesivos diver-
sos que contribuam para a coerência, a
continuidade do texto e sua progressão
temática, e organizando informações,
tendo em vista as condições de produção
e as relações lógico-discursivas envolvi-
das (causa/efeito ou consequência; tese/
argumentos; problema/solução; definição/
exemplos etc.)
LP Leitura e
A intenção discursiva em artigos de opinião |
Campo jornalístico-midiático
Interpretação

Ensino Médio

Ponto de
PARTIDA

Opinamos o tempo inteiro, não é? Então, quantas vezes você já expôs sua opinião sobre músicas, cinema, filmes, séries,
memes, fotos? E sobre acontecimentos polêmicos; comportamentos, ações, política? Quem já não ouviu ou disse: Eu acho!...
Eu gosto...Eu penso...Eu concordo...Ou isso é certo...é errado...
Pois é, estamos sempre opinando ou levando outras pessoas a opinarem e, muitas vezes, julgando e sendo julgados.
Nesse processo, de juízos de valor e efeitos de verdade, uma multiplicação de opiniões ganha voz, discurso, ideologia,
formato e escrita. Você já recebeu questionamentos, por meio de suportes variados, como Instagram, Facebook, WhatsApp,
Snapchat, e-mail, programa de rádio? Bilhetes, cartas, jornal? Revista? Você já conseguiu identificar opiniões em debates, em
artigos escritos, em audiovisuais e até em propagandas?

Orientação ao
PROFESSOR

Ponto de
PARTIDA

Professor, o objetivo do Ponto de Partida é apresentar/introduzir o tema da sequência didática (intencionalidade no artigo de opinião
e em documentários, levantando os conhecimentos prévios dos estudantes - de mundo, textuais e linguísticos). Para isso, a sugestão
é partir do conhecimento internalizado ao longo da trajetória de vida dele. Ou seja, seus conhecimentos sobre opinar, posicionar-se,
defender, refutar acerca das controvérsias e situações cotidianas. O objetivo, então, é mostrar que a todo momento o estudante opina.
Nesse sentido, você pode orientá-los a compreender, a partir das respostas e conjecturas deles, que existem opiniões legítimas,
incoerentes, carregadas de preconceitos e ideologias. Mas, é importante também orientá-los a perceber que opinar é um reflexo da
expressão humana e que, muitas vezes, essa opinião é carregada de sentimentos, cultura, imaginação, empoderamento e desejos, já
que a palavra é um instrumento para a comunicação, denúncia, registro e intervenção.
Sobre os discursos de ódio, é importantes todos se sentirem à vontade para responder e mobilizar conhecimentos e opiniões acerca
de personalidades que sofreram crime de racismo no ambiente das redes sociais. Assim, pode conduzir a análise, chamando atenção
para termos como animalização, objetificação, ou seja, atentando para o tratamento de maneira desumanizada por conta da cor da
pele. Além disso, como tutor, você pode conduzir a discussão sobre os atos de racismo, apontando as causas e fundamentando-as
com a tese do historiador e filósofo Leandro Karnal, com dados estatísticos e com alusão histórica.
Quanto aos textos motivadores, sugerimos que você faça os questionamentos como provocações paralelas e concomitantes, mas
é também importante voltar à realidade do estudante no que diz respeito àquilo que ele vivenciou ou presenciou, como no vídeo
“Poesia Marginal” do MC WJ. Assim, é interessante destacar o jogo de linguagem, a apelação, a interlocução, a linguagem poética,
musical e as diversas estratégias persuasivas. Esse destaque pode prepará-los para perceber com mais facilidade a intencionalidade
discursiva do comentário opinativo no artigo de opinião. Após esse percurso oral do debate dirigido, o estudante deve ser orientado
a como analisar o tema, a fazer a lista de ideias para a escrita, em 1ª ou 3ª pessoa, do comunitário opinativo. Nesse momento, a
estrutura pode ser livre, mas o ponto de vista deve ser fundamentado nas estratégias solicitadas na proposta de produção inicial.

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Orientação ao
PROFESSOR
DISCURSOS DE ÓDIO RACISTA
Maria Júlia Coutinho

DE OLHO NA BNCC
Em relação ao campo jornalístico-mi-
diático, espera-se que os jovens que
chegam ao Ensino Médio sejam capazes
de: compreender os fatos e circunstân-
cias principais relatados; perceber a
impossibilidade de neutralidade absoluta
no relato de fatos; adotar procedimentos
básicos de checagem de veracidade de
informação; identificar diferentes pontos
de vista diante de questões polêmicas
de relevância social; avaliar argumentos
utilizados e posicionar-se em relação a
eles de forma ética; identificar e denun-
ciar discursos de ódio e que envolvam
desrespeito aos Direitos Humanos; e pro-
duzir textos jornalísticos variados, tendo Disponível em: iqe.org.br/surl/?e2f2b6 Acesso em: Acesso em: 18 fev. 2022.
em vista seus contextos de produção e
características dos gêneros. [...]
No Ensino Médio, enfatiza-se ainda
mais a análise dos interesses que Taís Araújo
movem o campo jornalístico-midiático
e do significado e das implicações do
direito à comunicação e sua vincula-
ção com o direito à informação e à
liberdade de imprensa. Também estão
em questão a análise da relação entre
informação e opinião, [...]

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional


Comum Curricular. Brasília, DF: 2018.

Disponível em: iqe.org.br/surl/?09aa2a Acesso em: Acesso em: 18 fev. 2022.

Quem sabe diz


O que essas curtidas e esses comentários revelam?

4
Para refletir
LEANDRO KARNAL
“Recentes episódios envolvendo a apresentadora
Maria Júlia Coutinho, a Maju, ou a atriz Taís Araújo
mostram que as redes sociais são um espaço no
qual esse velho espírito escravista tradicional ainda
é forte. O leitor e a leitora devem se lembrar do
episódio da Maju: na página oficial do Jornal Na- Quem sabe diz
cional no Facebook, uma foto da apresentadora foi
publicada e alguns comentários racistas a acompa- Você concorda com a opinião
nharam. ‘Só conseguiu emprego no JN por causa de Karnal? Por quê?
das cotas, preta imunda’, foi um dos comentários. ‘Em pleno século 21,
ainda temos preto na TV’, comentou outro internauta racista. Taís Araújo
também foi atacada nas redes, chamada de ‘negra escrota’, ‘macaca’ e
questionada se já teria voltado ‘para a senzala’.”

KARNAL, Leandro. Todos contra todos: o ódio nosso de cada dia. Rio de Janeiro: LeYa, 2017.

DADOS ESTATÍSTICOS

BRAZÃO. A. Racismo mata. SOS Corpo. 2018. Disponível em:


iqe.org.br/surl/?1ec992 Acesso em: 18 fev. 2022.

DAGOSTINO, R. Jovem negro tem 2,5 vezes mais chance de ser


morto, diz relatório. globo.com. G1. São Paulo. 07 maio 2015.
Disponível em: iqe.org.br/surl/?005c30 Acesso em: 18 fev. 2022.

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INSTITUTO TIDE SETÚBAL. O viés racial das desigualdades. São Paulo, 24 out. 2017. Leitura complementar se
Disponível em: iqe.org.br/surl/?e87b7b Acesso em: 18 fev. 2022.
encontra no QR code que
segue logo abaixo:

BRAZÃO. A. Racismo mata. SOS Corpo. 2018. Disponível em: iqe.org.br/surl/?1ec992


Acesso em: 18 fev. 2022.

Quem sabe diz


O que as informações apresentadas nos dados estatísticos comprovam/corroboram sobre a violência racial
sofrida por Bruno, Maju e Taís?

6
+
Para saber
MAIS “Nos séculos XVIII e XIX, várias pessoas se especializaram e
investiram na compra de escravos na África. Muitos traficantes Quem sabe diz
de escravos eram cariocas e mantinham as embarcações que
traziam os escravos para o Novo Mundo. Quase sempre, os traficantes
Por que é possível dizer que
de escravos negociavam com os africanos com base no escambo, a raiz do preconceito está na
comercialização de mercadorias como aguardente, armas de fogo, história da escravidão?
pólvora, tecidos, entre outros, em troca das pessoas escravizadas.”

FLORENTINO, Manolo. Em costas negras. In: JUNIOR, Roberto Catelli. História. Texto e Contexto. Volume
único. Ensino Médio. São Paulo: Editora Scipione, 2006, p. 280 a 285. Acessado em: 04 de março de 2019.

Quem sabe diz


VÍDEO POESIA MARGINAL- WJ & SAID
Leitura complementar se encontra no QR code Você concorda com a visão do
que segue ao lado: WJ & SAID? Por quê?

PRODUÇÃO INICIAL

E você? Já viveu algum tipo de preconceito racial? Ou já presenciou alguém praticando ou sofrendo o racismo?

O quê e como devo escrever?

Após a discussão oral e coletiva, escreva um comentário opinativo em 1º pessoa sobre como é possível combater o
racismo e o discurso de ódio na internet, argumentando através das seguintes estratégias:
• Problematização;
• Causas e consequências;
• Contextualização;
• Soluções.

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Atividade 1

Vamos ler e analisar, a seguir, um artigo de opinião de Frei Beto.


Texto 1

ARTE DA TOLERÂNCIA

Tolerância é a capacidade de aceitar o diferente. Não confundir com o divergente. Intolerância é não suportar a
pluralidade de opiniões e posições, crenças e ideias, como se a verdade fizesse morada em mim e todos devessem
buscar a luz sob o meu teto.
Conta a parábola que um pregador reuniu milhares de chineses para pregar-lhes a verdade. Ao final do sermão,
em vez de aplausos houve um grande silêncio. Até que uma voz se levantou ao fundo: “O que o senhor disse não
é a verdade”.
O pregador indignou-se: “Como não é verdade? Anunciei o que me foi revelado pelos céus!” O objetante retrucou:
“Existem três verdades.
A do senhor, a minha e a verdade verdadeira. Nós dois, juntos, devemos buscar a verdade verdadeira”.
Só os intolerantes se julgam donos da verdade. Assim ocorre com Bin Laden, ao manter-se intransigente e não
admitir os direitos dos não-muçulmanos, e com Bush, ao decidir que suas armas são o melhor argumento para
convencer o mundo de que a Casa Branca tem sempre razão.
Todo intolerante é inseguro. Por isso, aferra-se a seus caprichos como náufrago à tábua que o mantém à tona.
Não é capaz de ver o outro como outro. A seus olhos, o outro é um concorrente, um inimigo ou, como diz um
personagem de Sartre, “o inferno”. Ou um potencial discípulo que deve acatar docilmente suas opiniões.
O tolerante evita colonizar a consciência alheia. Admite que, da verdade, ele apreende apenas alguns fragmentos,
e que ela só pode ser alcançada por esforço comunitário. Reconhece no outro a alteridade radical, singular, que
jamais deve ser negada.
Pode-se aplicar ao tolerante o perfil descrito por são Paulo no Hino ao Amor da 1ª carta aos Coríntios (13, 4-7):
“é paciente e prestativo, não é invejoso nem ostenta, não se incha de orgulho e nada faz de inconveniente, não
procura seu próprio interesse, não se irrita nem guarda rancor. Não se alegra com a injustiça e se rejubila com a
verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.”
Ser tolerante não significa ser bobo. Tolerância não é sinônimo de tolice. O tolerante não desata tempestade
em copo d’água, não troca o atacado pelo varejo, não gasta saliva com quem não vale um cuspe. Jamais cede
quando se trata de defender a justiça, a dignidade e a honra, bem como o direito de cada um ter princípios e agir
conforme a sua consciência, desde que isso não resulte em opressão ou exclusão, humilhação ou morte.
Das intolerâncias, a mais repugnante é a religiosa, pois divide o que Deus uniu. Quem somos nós para, em nome
de Deus, decretar se esses são os eleitos e, aqueles, os condenados?
Só o amor torna um coração verdadeiramente tolerante. Porque quem ama não contabiliza ações e reações do
ser amado e faz da sua vida um gesto de doação.

FREI BETTO. A arte da tolerância. Disponível em: iqe.org.br/surl/?e219f9 Acesso em: 25 fev. 2022.

8
?
Você
SABIA? QUEM FOI BIN LADEN?
Osama bin Laden (1957-2011) foi um terrorista saudita.
Fundou a organização terrorista Al-Qaeda, responsável por diversos
atentados terroristas, entre eles, o das torres do World Trade Center, em
Nova Iorque, em 11 de setembro de 2001. [...]

FRAZÃO. D. Osama bin Laden. e-biografia. Disponível em:


iqe.org.br/surl/?35a0a1 Acesso em: 18 fev. 2022.

QUEM É BUSH?
Bush liderou o país em um dos momentos mais críticos de sua história, em
11 de setembro de 2001 quando em um ato de terrorismo islâmico, aviões
foram lançados nas torres gêmeas corporativas de Nova Iorque e também
no Pentágono, sede do Departamento de Defesa dos EUA.

CASTRO, D. S. George W. Bush. Infoescola. Disponível em:


iqe.org.br/surl/?486b26 Acesso em: 18 fev. 2022.

1. Como o articulista conceitua tolerância? Isso seria a apresentação do tema


Orientação ao
central? Por quê? PROFESSOR

Atividade 1

Respostas esperadas:
2. No trecho “... é como se a verdade fizesse morada em mim”, o uso da 1º 1. Frei Betto apresenta o tema
pessoa deixa clara a opinião do autor? Com que intenção o autor faz uso central com base no conceito de
desse recurso? tolerância quando ele afirma que
“tolerar é aceitar o diferente”, mas
evidencia que a aceitação não é
sinônimo de concordância e sim
de respeito às múltiplas crenças e
opiniões. Ao fazer a exposição do
tema no 1º parágrafo, o articu-
lista prepara o leitor para ser
3. Nos 2º e 3º parágrafos, a descrição do diálogo entre “pregador” e “objetante”
convencido, ao longo do texto, a
de uma parábola chinesa acerca da busca da “verdade”, há a estratégia tex-
aderir ao posicionamento dele.
tual de argumentação e contra-argumentação. Qual o argumento apresenta-
2. Quando o autor utiliza a 1ª pessoa,
do pelo pregador? Qual o contra-argumento apresentado pelo objetante?
objetiva expressar diretamente
uma opinião pessoal e a intenção
dele é estabelecer juízos de valor
e efeitos de verdade acerca do
problema da intolerância no Brasil
e no mundo.

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4. A afirmação declarativa “Só os interlocutores se julgam donos da verdade”,
Orientação ao
PROFESSOR é um ponto de vista? De quem? Explique.

3. A partir da sequência descrita


do diálogo entre “pregador” e
“objetante”, o primeiro a expres-
sar opinião é “pregador”, portanto
ele argumenta, já o segundo é o 5. A articulista traz uma exemplificação realística de personalidades de domí-
“objetante”, ou seja, o refutador
nio público divergentes em crenças, políticas, ideologias, etnias. Quem são
(contra-argumentador).
essas figuras públicas e qual a força argumentativa desse paralelismo para
4. A declarativa é uma tese do comprovar a tese de Frei Betto?
articulista e foi defendida com
base na descrição da parábola
chinesa na qual os interlocutores
julgaram-se conhecedores da
verdade sendo eles intolerantes
um com o outro.
5. As personalidades citadas são 6. A comparação figurativa “...aferra-me a seus caprichos como um náufrago à
Bin Laden e Bush representantes tábua que o mantém à tona...” é empregada para referenciar que juízo de valor?
de ideologias políticas e religio-
sas diferentes e que entraram
em uma guerra após o atentado
de 11 de setembro de 2001 nos
Estados Unidos. Um representan-
do, respectivamente, o funda-
mentalismo islâmico e o outro o
7. Como o articulista “Frei Betto” fundamenta a opinião “Todo intolerante é
cristão americano defensor da
inseguro.”?
pseudodemocracia. Esse recurso
traz um discurso de credibilidade
informativa. A tese de Frei Betto
é que “Os intolerantes se julgam
donos da verdade.”
6. O paralelismo desse trecho é
empregado para comprovar o
8. No 6º parágrafo, o autor afirma que o tolerante evita colonizar a consciência
julgamento do período anterior de
alheia.
que “Todo intolerante é inseguro”.
a) Que carga avaliativa tem a palavra “colonizar”?
7. Além da figuração do “Náufra-
go”, o articulista traz um jogo de
palavras “O outro como outro”
mais uma comparação que
significaria o outro como o “eu”,
um ser humano.
8. a) A palavra tem uma carga
b) O que seria, então, para ele, colonizar a consciência?
semântica negativa, indepen-
dente do contexto de uso,
devido à história de coloniza-
ção brasileira, já que colonizar
é aprisionar e explorar.
b) Para o articulista, provavel-
mente, o intolerante domina,
aprisiona e retira a liberdade
de expressão, pensamento e
ação do outro.

10
9. No 7º parágrafo, que intertexto fundamenta a defesa da tese do que seria a
Orientação ao
arte da tolerância? PROFESSOR

9. O intertexto é o perfil descrito


por Paulo, apóstolo de Cristo, no
hino ao amor da 1º Carta aos
Coríntios.
10. 10. a) As expressões são: “O tole-
rante não desata tempestade
Ser tolerante não significa ser bobo. em copo d'água... não troca
o atacado pelo varejo... não
gasta saliva com quem não
Esse fragmento é fundamentado por um jogo de sentido com expressões vale um cuspe.”
do ideário popular.
b) Todas essas expressões são
a) Quais são essas expressões? chavões e frases feitas que
significam que o tolerante não
perde tempo com tolices, mas
age com sabedoria e respeito.
11. O argumento utilizado, nesse
trecho, pode sim ter sido relacio-
nado ao discurso da defesa da
b) Que relações de sentido elas representam? dignidade da pessoa humana da
DUDH, porque ela se fundamenta
nos pilares de “Igualdade, liberda-
de, fraternidade.”
12. O articulista quando faz a per-
gunta já direciona retoricamente
sua fé, quando ele expressa “em
nome de Deus”, porém a crença
dele no Deus cristão não se
Jamais cede quando se trata de defender a justiça, a dignidade e a apresenta como um religioso
honra, bem como o direito de cada um ter princípios e agir conforme a fundamentalista, mas sim adepto
sua consciência, desde que isso não resulte em opressão ou exclusão, do amor fraterno, independente
humilhação ou morte do outro crer ou não na sua mes-
ma confissão religiosa, ou seja, é
crítico à intolerância religiosa.
13. Sim, porque o título faz parte
11. O trecho acima pode ser considerado um interdiscurso da Declaração da superestrutura do artigo de
Universal dos Direitos Humanos? Explique. opinião, sintetizando o que o
articulista discutirá ao longo da
argumentação.
14. Resposta pessoal. A fim de
responder a essa questão, o
estudante deve reconhecer a
unidade temática para elaborar
12. A pergunta retórica “Quem somos... condenados?” evidencia que a escrita
um título dentro do mesmo campo
tem uma crença religiosa? Por quê? semântico da argumentação do
artigo. Ex.: O amor e a tolerância.

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13. O título do texto é um resumo da defesa da tese do autor? Justifique.
Orientação ao
PROFESSOR

15. O tempo verbal predominan-


te no texto é o presente do
indicativo porque essa marca
linguística confere confiabilidade 14. Elabore um outro título para o texto.
e relevância ao gênero por ele
ser, predominante do campo
jornalístico-midiático e procurar
informar e formar opinião acerca
de temas polêmicos e atuais. 15. Que tempo verbal predomina no texto? Por quê?
16. Com certeza, quando o autor
conclui que “O amor é o que torna
um coração verdadeiramente
tolerante”, retoma os conceitos e 16. A conclusão do texto reafirma o ponto de vista do autor?
ações que caracterizam a arte da
tolerância.

+
Para saber
MAIS ARTIGO DE OPINIÃO
• Finalidade: Defender um ponto de vista sobre um tema acerca de uma situação-problema que envolva
questões sociais, políticas, econômicas, ambientais, culturais, científicas e tecnológicas.
• Estrutura: Não possui estrutura fixa, mas como gênero híbrido pode até apresentar gêneros a depender do estilo
individual ou propósito comunicativo do articulista.
• Linguagem: Predominantemente da norma padrão, podendo ter um nível de linguagem de acordo com o veículo de
informação, o público-alvo e o estilo do autor.
• Contexto de circulação: Como é um gênero expositivo argumentativo, informa e forma opinião, já que o meio de
circulação do artigo de opinião é o jornalístico.
• Características:
- Uso predominantemente da 1º pessoa;
- Texto persuasivo - Propaganda ideológica (vende uma ideia);
- Juízos de valor - Julgamentos feitos pelo autor;
- Efeitos de verdade - Verdades manipuladas e produzidas pelo articulista;
- Recursos argumentativos como: citação/ argumento de autoridade, pergunta retórica, exemplificação, comparação,
alusão histórica e atualística, intertextualidade, dado estatístico, exposição de fatos, conceituação, justificativas,
exemplificações, causa/ efeito, recursos estilísticos e literários, jogo de sentido, paráfrases, paródia, contra-argu-
mentação, hipóteses, interlocução;
- O título de um artigo de opinião deve ser chamativo e, geralmente, utiliza uma linguagem mais metafórica, expressões
nominais e interação com o público-leitor. Assim o título já se torna um operador argumentativo.
- Mesmo não possuindo uma estrutura fixa, de acordo com Uber (2007/2008, p. 19),

12
1. Contextualização e/ou apresentação da questão que está sendo discutida;
2. Explicação do posicionamento assumido;
3. Utilização de argumentos para sustentar a posição assumida;
4. Consideração de posição contrária e antecipação de possíveis argumentos contrários à posição assumida;
5. Utilização de argumentos que refutam a posição contrária;
6. Retomada da posição assumida;
7. Possiblidade de negociação;
8. Conclusão (ênfase ou retomada da tese ou posicionamento defendido)

UBER, T. J. B. Sequência Didática-Artigo de Opinião. Disponível em: iqe.org.br/surl/?9fce31 Acesso em: 25 fev. 2022.

Atividade 2 - De um texto ao outro

Leia outro artigo de opinião escrito por Frei Betto.


Texto 2

A ARTE DA TOLERÂNCIA

Tolerância não significa aceitar passivamente violência, homofobia e racismo. Frente a tais atitudes temos o
dever ético de ser intolerantes. A tolerância se situa na esfera das ideias e opiniões.
Na democracia, cada um tem o direito de ter as suas próprias convicções, ainda que se contraponham às
minhas. Não devo por isso ofendê-lo, desmerecê-lo, humilhá-lo. Mas devo tentar impedi-lo de ir além de suas
convicções predatórias à violação da dignidade por atitudes como o racismo.
A tolerância é filha da democracia. Na sociedade autocrática predomina a versão do poder e é crime se contra-
por ou discordar dela.
A modernidade se funda na diversidade. Contudo, o coração humano não tem idade. Em todos os lugares e épo-
cas ele comporta o solidário, o altruísta, o generoso, e também o ditador, o fundamentalista, o fanático que se
julga dono da verdade. Na medicina, intolerância é de quem sofre de alergia a camarão ou gergelim e considera
insuportáveis tais alimentos. O que não se pode é transferir esse tipo de reação às ideias contrárias às minhas.
Ainda que me escandalizem, não devo combatê-las com as armas de ódio e violência. Devo recorrer à razão,
ao bom senso, me empenhando para que o marco legal da sociedade impeça que os intolerantes passem das
ideias aos fatos, como considerar a homossexualidade uma doença e prescrever a “cura gay”.
Dizia Gandhi que “tolerar não significa aceitar o que se tolera.” Tolerar vem do latim “tollere”, e significa carregar,
suportar. “Tolerantia”, na cultura romana, equivalia à resistência, qualidade de quem suporta dignamente dificul-
dades e pressões. Tolerar não implica conceder a outro um direito. Direito não se tolera; pratica-se com plena
liberdade. Em 1789, quando os deputados franceses debatiam na Assembleia Constituinte o artigo 10 da Decla-
ração dos Direitos do Homem e do Cidadão, que se refere à liberdade religiosa, a maioria católica propôs que aos
protestantes fosse tolerado terem seus próprios templos e praticarem o seu culto.
Saint-Étienne, deputado protestante, discordou. Disse que tolerância era “uma palavra injusta, que nos representa
apenas como cidadãos dignos de piedade, como culpados que são perdoados.” E exigiu liberdade de culto.

Sequência Didática | Língua Portuguesa | Leitura e Interpretação de Textos | A intenção discursiva em artigos de opinião 13
Uma liberdade não tem o direito de pretender coibir a outra. Na Alemanha, os nazistas têm o direito de se
organizar em partido político e ocupar cadeiras no Congresso. Mas não de querer restringir os direitos de
judeus e imigrantes.
O exercício dos direitos não depende apenas da letra da lei. Todos temos liberdade de expressão, mas em uma
sociedade economicamente desigual aqueles que possuem mais recursos têm mais condições de se expressar
do que a população carente. Portanto, só há plena liberdade quando há também equidade.
Não existem religiões fanáticas ou intolerantes. Há, sim, indivíduos e grupos que encarnam tais atitudes.
O sofrimento pode nos tornar tolerantes ou intolerantes. No século III a.C., o imperador Ashoka governva o que
é hoje Índia, Paquistão e grande parte do Afeganistão. Cruel, assassinava seus rivais. Conta-se que, após uma
batalha, viu o rio encharcado de sangue e decidiu não mais provocar tanto sofrimento e morte.
Ashoka dedicou-se, então, a promover a paz entre religiões e pessoas com diferentes opiniões. Em colunas de
pedra deixou gravados seus conselhos, como “aquele que defende a sua própria religião e, devido a um zelo
excessivo, condena as outras pensando ‘tenho o direito de glorificar a minha própria religião’, apenas prejudica a
sua, pois deve escutar e respeitar as doutrinas professadas pelos outros.”
Exemplo de tolerância é Jesus. Acolheu o centurião romano, adepto da religião pagã (Mateus 8, 5-13), e a mulher
fenícia, que cultuava deuses repudiados pelos judeus (Mateus 15, 22-25). Não disse uma palavra moralista à
samaritana que tivera cinco maridos e vivia com o sexto (João 4, 7-26). Impediu que os fariseus apedrejassem a
mulher adúltera (João 8, 1-11). Permitiu que a mulher pecadora lhe perfumasse os pés e os enxugasse com os
cabelos (Lucas 7, 36-50). Diante do teólogo judeu, acentuou o gesto solidário do samaritano como exemplo do
que Deus espera de nós (Lucas 10,25-36).
O sábio tolera; o arrogante julga; o injusto condena.

FREI BETTO. A arte da tolerância por Frei Betto. In: Ceseep. Disponível em: iqe.org.br/surl/?c00d9f Acesso em: 25 fev. 2015.

?
Você
SABIA? QUEM É FREI BETTO?
Carlos Alberto Libânio Christo nasceu em Belo Horizonte,
Minas Gerais, em 1944. Escritor e jornalista. A maior parte da obra literária
de Frei Betto é constituída por livros de memórias, abordando, sobretudo, o
período da ditadura militar em contexto brasileiro.

Itaú Cultural. Frei Betto. 26 ago. 2021. Disponível em: iqe.org.br/surl/?50be93 Acesso em: 25 fev. 2022. (adaptado).

1. Você percebeu que conceituou, analisou, inferiu, identificou, comparou, interpretou as ideias e argumentos defendidos
no gênero artigo de opinião de Frei Betto? Agora leia outro artigo do mesmo escritor, texto 2, compare com o texto 1 e
preencha o quadro quanto às estratégias argumentativas e persuasivas utilizadas por Frei Beto a partir do seu estilo
individual e dos operadores argumentativos empregados por ele.

14
ESTRATÉGIAS ARGUMENTATIVAS DE COMPOSIÇÃO DO ARTIGO DE OPINIÃO

Tema: problematização de um assunto.

Tese Central: ponto de vista do autor.

Conceituação: definição de uma teoria, ideologia, prática,


expressão, terminologia.

Citação (Argumento de Autoridade): especialista, filósofo,


cientista, artista, personalidade pública.

Alusão Histórica: referência a uma temporalidade específica


da história da humanidade.

Intertextualidade: exposição/ descrição/ narração de outros


textos (literatura, série, cinema, artes plásticas, música)

Comparação: paralelismo entre ideias/ ações opostas ou


semelhantes.

Contra-argumentação: utilização de argumentos contrários,


refutando-os.

Pergunta retórica: provocações reflexivas para persuadir


o interlocutor.

Juízo de Valor: julgamentos emitidos pelo autor.

Efeito de Verdade: verdades produzidas e manipuladas


pelo articulista.

Exemplificação: fatos, ações, opiniões, dados, pesquisas.

Descrição: de obras, comportamentos, situações, leis,


propostas interventivas, críticas.

Problematização: exposição e constatação do conflito/


problema (causa e efeito).

Contextualização: o quê? Quem? Quando? Onde? Por


quê? Como? Para quê?

Orientação ao
PROFESSOR

Atividade 2

Professor, é interessante ressaltar, nesse momento, que o preenchimento desse quadro ratifica o estudo sobre a estrutura do artigo
de opinião, assim como pode ajudar o estudante a se preparar para escrever o texto dissertativo-argumentativo no ENEM. Nesse
sentido, caso ache oportuno, você pode pesquisar um texto nota 1000 sobre um dos temas de 2016. Porém, é importante destacar
que o texto dissertativo-argumentativo, apesar de se aproximar da estrutura do artigo de opinião, tem função diferente.

Sequência Didática | Língua Portuguesa | Leitura e Interpretação de Textos | A intenção discursiva em artigos de opinião 15
Orientação ao
PROFESSOR

1.
ESTRATÉGIAS ARGUMENTATIVAS DE COMPOSIÇÃO DO ARTIGO DE OPINIÃO

TEMA Tolerância e intolerância

Tese Central “O sábio tolera; o arrogante julga; o injusto condena.”

“Tolerância não significa aceitar passivamente violência, homofobia e racismo.”


“A tolerância se situa na esfera das ideias e opiniões.”
Conceituação
“A tolerância é filha da democracia.”
“Tolerar vem do latim ‘tollere’, e significa carregar, suportar.”

“Dizia Gandhi que ‘tolerar não significa aceitar o que se tolera’.”


Citação (Argumento
“Saint-Étienne, deputado protestante, discordou. Disse que tolerância era ‘uma palavra injusta, que
de Autoridade)
nos representa apenas como cidadãos dignos de piedade, como culpados que são perdoados’.”

“Na sociedade autocrática predomina a versão do poder e é crime se contrapor ou discordar dela.”
“Tolerantia”, na cultura romana, ...”
“Em 1789, quando os deputados franceses debatiam na Assembleia Constituinte o artigo 10 da
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, que se refere à liberdade religiosa, a maioria
Alusão Histórica
católica propôs que aos protestantes fosse tolerado terem seus próprios templos e praticarem o
seu culto.”
“Na Alemanha, os nazistas têm o direito de se organizar em partido político e ocupar cadeiras no
Congresso”

“Não disse uma palavra moralista à samaritana que tivera cinco maridos e vivia com o sexto (João
Intertextualidade
4, 7-26). Impediu que os fariseus apedrejassem a mulher adúltera (João 8, 1-11).”

“Em todos os lugares e épocas ele comporta o solidário, o altruísta, o generoso, e também o ditador,
Comparação
o fundamentalista, o fanático que se julga dono da verdade.”

“Frente a tais atitudes temos o dever ético de ser intolerantes.”


Contra-argumen-
“Contudo, o coração humano não tem idade.”
tação
“Ainda que me escandalizem, não devo combatê-las com as armas de ódio e violência.”

Pergunta retórica ?

Juízo de Valor “Tolerar não implica conceder a outro um direito. Direito não se tolera; pratica-se com plena liberdade.”

“Na medicina, intolerância é de quem sofre de alergia a camarão ou gergelim e considera insupor-
táveis tais alimentos. O que não se pode é transferir esse tipo de reação às ideias contrárias às
Efeito de Verdade minhas”
“Todos temos liberdade de expressão, mas em uma sociedade economicamente desigual aqueles
que possuem mais recursos têm mais condições de se expressar do que a população carente.”

“...como considerar a homossexualidade uma doença e prescrever a ‘cura gay’.”


Exemplificação “Exemplo de tolerância é Jesus. Acolheu o centurião romano, adepto da religião pagã (Mateus 8,
5-13), e a mulher fenícia, que cultuava deuses repudiados pelos judeus (Mateus 15, 22-25).”

“No século III a.C., o imperador Ashoka governava o que é hoje Índia, Paquistão e grande parte do
Descrição
Afeganistão.”

“Devo recorrer à razão, ao bom senso, me empenhando para que o marco legal da sociedade impeça
Problematização
que os intolerantes passem das ideias aos fatos...”

“Na democracia, cada um tem o direito de ter as suas próprias convicções, ainda que se contraponham
Contextualização às minhas. Não devo por isso ofendê-lo, desmerecê-lo, humilhá-lo. Mas devo tentar impedi-lo de ir além
de suas convicções predatórias à violação da dignidade por atitudes como o racismo.”

16
?
Orientação ao
PROFESSOR
Você
SABIA? “Toda palavra é necessariamente argumentativa. É um Ou seja, o gênero estudado nessa
resultado concreto do enunciado na situação. Todo enun- SD tem função predominantemente
ciado busca agir sobre seu destinatário, sobre o outro, e denunciativa e o texto dissertativo-
transformar sua forma de pensar. Todo enunciado obriga ou incita o outro -argumentativo é escolar, por isso
a crer, ver ou fazer de outra forma.”. tem suporte e função diferentes.
2. Resposta pessoal. Entretanto,
você pode orientá-los a perceber
que o articulista, nos dois textos,
2. Na sua opinião, a intenção de Frei Betto é buscar agir para transformar a tenta convencer o leitor de que,
forma de pensar brasileira? Por quê? para a convivência em sociedade,
o melhor caminho é a arte da
tolerância.
3. Professor, é interessante fazer
uma discussão sobre a relação
autor, texto e leitor, ressaltando
os fatores da textualidade para
3. Os textos 1 e 2 são predominantemente de que ordem? a construção da argumenta-
ção. Assim, a resposta a essa
questão é pessoal, porém é
importante auxiliar o aluno a
perceber que os argumentos do
articulista Frei Betto se enca-
minham para a importância de
aceitar o diferente como uma
verdade que leve a luz para a
Atividade 3 - De um texto ao outro convivência em sociedade.

Do novo ao já
A música enquanto manifestação artística, em muitos momentos da história, torna-se um instru-
CONHECIDO
mento de expressão social e alguns estilos musicais como o rap se configura como representação
da periferia, dos guetos e subúrbios. Dessa forma, “O ‘rap’ é uma arte popular pós-moderna que
desafia algumas das convenções estéticas mais incutidas, que pertencem não somente ao modernismo como estilo
artístico e como ideologia, mas à doutrina filosófica da modernidade e à diferenciação aguda entre as esferas culturais”
(SHUSTERMAN, 1998, p.144).
Portanto, no campo artístico-literário, o rap pode ser “(...) um espaço de luta e de reconhecimento no qual os jovens
expressam sua criatividade e organização como sujeitos do discurso, denunciam as discriminações e privações vividas
enquanto negros e/ou migrantes, transformando a arte e o diálogo num elemento potencial de inclusão” (WELLER, 2006,
p. 124). Contudo, é possível afirmar que, mesmo por meio da linguagem plurissignificativa, essa arte dialoga com textos
argumentativos quando defende opiniões de um grupo social desprivilegiado acerca da sua realidade de exclusão.

Sequência Didática | Língua Portuguesa | Leitura e Interpretação de Textos | A intenção discursiva em artigos de opinião 17
Texto 3 Texto 4

GABRIEL PENSADOR – O RACISMO DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS


É BURRICE HUMANOS

“Salve, meus irmãos africanos e lusitanos, do Para ter acesso ao vídeo com a explicação
outro lado do oceano sobre o que são os Direitos Humanos, acesse o
O Atlântico é pequeno pra nos separar QR Code abaixo.

Porque o sangue é mais forte que a água do mar


Racismo, preconceito e discriminação em geral
É uma burrice coletiva sem explicação
Afinal, que justificativa você me dá para um povo
que precisa de união
Mas demonstra claramente
Infelizmente
Preconceitos mil [...]”

FGV - DIREITO SP. Série Direitos Humanos - Epiósido


Para ter acesso a música “O Racismo é burrice”
1: O que são direitos humanos? 26 set. 2014. 1 vídeo
(1 min 24 seg). Disponível em iqe.org.br/surl/?729115
acesse o QR Code abaixo.
Acesso em: 24 maio 2022.

LETRAS. Gabriel Pensador. Racismo é burrice.


Disponível em: iqe.org.br/surl/?9ca2cd Acesso
em: 25 fev. 2022. (com cortes)

Orientação ao 1. Na letra da música “Racismo é Burrice”, Gabriel O Pensador defende que ponto
PROFESSOR de vista? Quais recursos são utilizados para argumentação plurissignificativa
do rapper?

Atividade 3

1. Gabriel Pensador defende a ideia


de que as práticas do racismo,
no Brasil, não são ações lógicas
e sensatas, visto que somos um 2. É possível afirmar que, quando Gabriel Pensador categoriza “Essa gente do
povo miscigenado, fruto da junção Brasil é muito burra”, há uma interdiscursividade como a caracterização de
de negros, índios e brancos euro- “Intolerante” argumentada por Frei Betto o texto 1? Explique.
peus. Ao longo do rap, o artista
faz alusões, comparações, ironia,
paradoxo, expõe e argumenta ape-
lativamente. Assim, por meio das
linguagens conotativa e denotativa
recria o real.
2. Apesar de não ter uma relação
intertextual direta, há uma interdis-
cursividade argumentativa porque
mesmo sendo gêneros com
finalidades, linguagens, contextos,
autores distintos, o intolerante
pode, sim, ser considerado burro.

18
3. Apesar dos textos 1, 2, 3 e 4 terem estrutura, campos, linguagem, intenção,
Orientação ao
contexto de produção, autores diferentes, o que há em comum entre eles? PROFESSOR
Aponte algumas dessas relações de convergência?

3. Os textos denunciam o assujei-


tamento, a opressão racial e as
consequências de uma cultura
escravocrata e racista. Esses
textos trazem problematização,
causas, consequências e pro-
4. Entre os textos 1, 2, 3 e 4, qual apresenta, além da interdiscursividade, uma
põem ações de combate a toda e
relação de intertextualidade exposta de forma direta?
qualquer intolerância.
4. O texto 2 faz referência direta à
Declaração Universal dos Direitos
Humanos.

PRODUÇÃO TEXTUAL
Professor, a volta à produção inicial
é fundamental para validar o que foi
PROPOSTA DE PRODUÇÃO DE TEXTO trabalhado nessa SD, já que o foco
é a intencionalidade discursiva no
Na produção inicial, você escreveu um comentário opinativo sobre o tema artigo de opinião e as estratégias
“como é possível combater o racismo e discurso de ódio na internet”. Agora, é argumentativas. A avaliação da pro-
hora de fazer a revisão, fundamentando a sua argumentação. Para isso, aproveite dução inicial é importante para que
a síntese, aprofunde a discussão, com objetividade e clareza. Após reescrever o o estudante reescreva-o, fazendo a
revisão em relação à estrutura do
texto, produza um vlog opinativo para ser postado nas redes sociais das quais
comentário e em relação a possí-
você participa.
veis equívocos no que diz respeito
à norma padrão. Após a revisão,
os alunos devem produzir um vlog
opinativo ou um podcast para ser
publicado nas redes sociais. Esse
trabalho pode ser feito em grupo
Sistematizando para facilitar e otimizar o acompa-
APRENDIZAGENS nhamento da atividade.

Analisamos e construímos processos argumentativos, para que você compreendesse e produzisse, nos mais variados
contextos e situações cotidianas, as possíveis formas de exposição, defesa e comprovação de opinião.
Objetivamos textos que circundam na temática do “Discurso de Ódio na WEB” e, especificamente, escolhemos o tema
“Racismo e Desigualdades”. Dessa forma, além de análises dos aspectos constitutivos do artigo de opinião, também
mostramos como o ponto de vista, tese e estratégias argumentativas para persuadir os interlocutores estão presentes em
gêneros como rap, poesia, cordel, leis, cujo os campos: artístico-literário, social ou da vida pública se relacionam interdis-
cursivamente com o artigo, a fim de que você veja que o exercício dos usos da linguagem são multissemióticos, moldais e
híbridos nas ações comunicativas.
Nesse percurso, é notório que, ao longo das atividades, nós seguimos os descritores do SAEB , Competências e Habilidades
da BNCC e do ENEM para preparar você como falante, leitor, escritor, sobretudo, jovem cidadão competente e crítico no mundo
que lhe cerca, para intervir na sua realidade social. Portanto, lembre-se de que seguimos os passos abaixo:
1. Debatemos acerca do tema em comum nos hipertextos e textos no ponto de partida: Racismo e discurso de ódio
na internet;
2. Identificamos a problemática que deve ser denunciada e combatida;
3. Estudamos a finalidade ou objetivo dos artigos, linguagem, estrutura, condição de produção, público-alvo, discurso,
estilo do autor;

Sequência Didática | Língua Portuguesa | Leitura e Interpretação de Textos | A intenção discursiva em artigos de opinião 19
4. Questionamos as causas e consequências das leis não solucionarem o problema do Racismo, os progressos e
retrocessos e políticas de combate;
5. Utilizamos os fatores de textualidade: intertextualidade, aceitabilidade, situacionalidade, informatividade; intencionalidade
para compor a argumentação;
6. Verificamos a exposição das opiniões pessoais sobre racismo e discurso de ódio, relato de experiência e estudo histórico;
7. Após a discussão sobre causas e consequências do racismo, você fez uma seleção de argumentos, ponto de vista e
propostas que considera ter um maior poder de persuasão e combate às práticas de ódio na internet;
Assim, em cada texto trabalhado, vimos os diferentes tipos e formas de argumentos como: citação, alusão história,
contra-argumentação, comparação, intertextualidade, dados estatísticos, problematização, contextualização, exposição,
exemplificação, conceituação, marcas de conotação, interlocução.

#
Ligado no
ENEM “A Declaração Universal dos Direitos Humanos está completando70 anos em tempos de desafios crescentes,
quando o ódio, a discriminação e a violência permanecem vivos”, disse a diretora-geral da Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Audrey Azoulay.
“Ao final da Segunda Guerra Mundial, a humanidade inteira resolveu promover a dignidade humana em todos os lugares
e para sempre. Nesse espírito, as Nações Unidas adotaram a Declaração Universal dos Direitos Humanos como um
padrão comum de conquistas para todos os povos e todas as nações”, disse Audrey.
“Centenas de milhões de mulheres e homens são destituídos e privados de condições básicas de subsistência e de
oportunidades. Movimentos populacionais forçados geram violações aos direitos em uma escala sem precedentes.
A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável promete não deixar ninguém para trás – e os direitos humanos
devem ser o alicerce para todo o progresso.”
Segundo ela, esse processo precisa começar o quanto antes nas carteiras das escolas. Diante disso, a Unesco lidera
a educação em direitos humanos para assegurar que todas as meninas e meninos saibam seus direitos e os direitos
dos outros.
NAÇÕES UNIDAS BRASIL. 08 dez. 2017. UNESCO: Declaração dos Direitos Humanos chega aos 70 anos em meio a desafios crescentes.
Disponível em: iqe.org.br/surl/?525e9d Acesso em: 25 fev. 2022. (adaptado)

Defendendo a ideia de que “os direitos humanos devem ser o alicerce para todo o progresso”, a diretora-geral da Unesco
aponta, como estratégia para atingir esse fim, a
A. inclusão de todos na Agenda 2030.
B. extinção da intolerância entre os indivíduos.
C. discussão desse tema desde a educação básica.
D. conquista de direitos para todos os povos e nações.
E. promoção da dignidade humana em todos os lugares.

Orientação ao
PROFESSOR

Questão Prova Brasil - Letra C


Questão ENEM - Letra C

20
#
Ligado na
PROVA Ler significa reler e compreender, interpretar. Cada um lê com os olhos que tem. E interpreta a partir de
BRASIL onde os pés pisam. Todo ponto de vista é um ponto. Para entender como alguém lê, é necessário saber
como são seus olhos e qual é sua visão de mundo. Isso faz da leitura sempre uma releitura. A cabeça pen-
sa a partir de onde os pés pisam. Para compreender, é essencial conhecer o lugar social de quem olha. Vale dizer: como
alguém vive, com quem convive, que experiência tem, em que trabalha, que desejos alimenta, como assume os dramas
da vida e da morte e que esperanças o animam. Isso faz da compreensão sempre uma interpretação.
Boff, Leonardo. A águia e a galinha. 4º ed. RJ: Sextante, 1999.

A expressão “com os olhos que tem” (l. 1), no texto, tem o sentido de
(A) enfatizar a leitura.
(B) incentivar a leitura.
(C) individualizar a leitura.
(D) priorizar a leitura.
(E) valorizar a leitura.

Sequência Didática | Língua Portuguesa | Leitura e Interpretação de Textos | A intenção discursiva em artigos de opinião 21

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