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FAVENI

FACULDADE VENDA NOVA DO IMIGRANTE

NEUROPSICOPEDAGOGIA CLÍNICA

Giedre Oliveira Nascimento

Os benefícios da Neuropsicopedagogia na Educação Infantil

Três Cachoeiras/RS
2021
OS BENEFÍCIOS DA NEUROPSICOPEDAOGIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

RESUMO- O presente trabalho busca aprofundar os estudos na Neuropsicopedaogia e seus benefícios


para Educação Infantil, através de pesquisa bibliográfica. A Neuropsicopedagogia tem o objetivo de
compreender as funções cerebrais para os processos de aprendizagem, tenho um cunho terapêutico e
preventivo, por este viés, este trabalho pretende através da pesquisa bibliográfica, analisar e discutir o
papel da neuropsiopedagogia, no ambiente escolar, com foco na educação infantil. Atualmente os índices
de dificuldades de aprendizagens tem tido um aumento significativo e a educação infantil é a base de todo
desenvolvimento, por esta razão é uma etapa de ensino muito importante, que deve ter atenção de
pedagogos, psicopedagogos e neuropsicopedagogos e de toda a rede, para que o desenvolvimento seja
integral e possibilite um aprendizado significativo para todos os alunos. Para dar aporte teórico a essa
pesquisa foi utilizado a revisão bibliográfica de Conseza e Guerra (2011),Sampaio (2016),Scheneider
(2019), Ciasca (2003) e Piaget (1973).

PALAVRAS-CHAVE: Neuropsicpedagogia, educação infantil, dificuldades e transtornos de aprendizagem.

INTRODUÇÃO

A Neuropsicopedaogia é uma ciência transdisciplinar, tenho o primeiro curso de


pós-Graduação em 2008, com objetivo de compreender as funções cerebrais em relação
ao processo de aprendizagem.
Nos dias atuais, os cursos de formação nessa área, estão em uma crescente, pois
é cada vez mais urgente a capacitação de profissionais nessa área para atender a
demanda e entender a forma como o cérebro trabalha em relação aos processos
cognitivos e emocionais dos seres humanos. Como nos fala Fonseca,
(...) a neuropsicopedagogia procura reunir e integrar os estudos do
desenvolvimento, das estruturas, as funções e das disfunções do cérebro, ao
mesmo tempo que estuda os processos psicocognitivos responsáveis pela
aprendizagem e os processos piscopedagógicos responsáveis pelo
ensino.(FONSECA,2014. P.1)
Em relação a neuropsicopedagiga no ambiente escolar, percebe-se que é
necessário um avanço nos processos de inclusão de um profissional capacitado na área,
para que possa atuar no ambiente escolar, auxiliando na detecção de problemas que
possam estar dificultando a aprendizagem dos alunos.
O cérebro é o órgão principal do sistema nervoso, sendo o responsável pelo
controle do corpo e dos processos de aprendizagem. Por esta razão é importante ter
clareza sobre o funcionamento do mesmo e de como a neuropsicopedagogia contribui
para orientar ou sanar as lacunas em relação aos processos de ensino e aprendizagem.
É possível aprender, desenvolver habilidades e adquirir conhecimentos graças à
capacidade que o cérebro possui de modificar-se. A aprendizagem consiste em modificar
o cérebro por meio da prática pedagógica, compreendendo-o como um “órgão social”
(RELVAS, 2012, p. 15)
Muitas questões estão envolvidas nas relações de aprendizagem, além dos
aspectos cognitivos, percebe-se que as condições sociais, culturais e econômicas,
também influenciam nesse processo.
O ser humano é subjetivo, cada um tem suas peculiaridades, por este viés, a
neuropsicopedagogia pode auxiliar com entendimento e compreensão específicas de
cada situação, possibilitando diagnósticos e intervenções precisas para auxiliar no
desenvolvimento das aprendizagens e evitar o fracasso escolar.

NEUROPSICOPEDAGOGIA

A Neuropsicopedagogia é uma ciência que une os conhecimentos da pedagogia,


a psicologia e a neurologia, unindo seus conhecimentos para o estudo e funcionamento
do sistema nervoso e a aprendizagem.
Com os conhecimentos da Neuropsicopedagogia é possível a identificação,
diagnóstico e prevenção dos casos de distúrbios e/ou dificuldade de aprendizagem.
Na formação dos cursos de pedagogia conhecemos os estudos de Piaget sobre o
desenvolvimento humano e a neuropscipedagogia nos traz um conhecimento de como
esses processos ocorrem nas relações cerebrais dos alunos nos trazendo mais
possibilidades de intervenções.
A neurociências também tem contribuído com a educação, no sentido de auxiliar
na compreensão, ajudando com um aporte teórico sobre funcionamento do cérebro.
De acordo com Cosenza e Guerra (2011, p.139).
As neurociências não propõem uma nova pedagogia e nem prometem solução
para as dificuldades da aprendizagem, mas ajudam a fundamentar a prática
pedagógica que já se realiza com sucesso e orientam ideias para intervenções,
demonstrando que estratégias de ensino que respeitam a forma como o cérebro
funciona tendem a ser mais eficientes.

A Neuropsicopedagogia tem adquirido credibilidade, pois tem auxiliado


professores, dando suporte as questões de aprendizagem, segundo Consenza (2011,
p.136) “ O avanço das neurociências possibilitam uma abordagem mais científica dos
processos cognitivos envolvidos”.
Aliado a esses conhecimentos, também temos Piaget, que nos fala sobre as fases
do desenvolvimento, onde nos primeiros anos de vida, desenvolvemos as questões
cognitivas e motoras, essenciais para o desenvolvimento integral do ser humano,
auxiliando na aquisição de habilidades e competências, necessárias para a vida adulta.
Piaget procura explicar a evolução da nossa inteligência que passa por diferentes
estágios e a nossa inteligência vai se desenvolvendo e sendo construída.
De acordo com Munari, 2010, p. 28
A inteligência é uma adaptação. Para apreender as suas relações com a vida
em geral é necessário determinar quais as relações que existem entre o
organismo e o meio ambiente

Sendo a inteligência uma adaptação é necessário, estar sempre construindo e


desconstruindo, como Piaget nos fala estar em uma constante adaptação, assimilação e
do novo, do conhecimento necessário para uma vida com qualidade.
E em busca dessa qualidade a Neuropsicopedagogia surge para auxiliar nas
questões inerentes a esses processos, nos entraves ou dificuldades que posam surgir e
que venha dificultar esse exercício de construção e evolução, de que Piaget nos fala.
NEUROPSICOPEDAGOGIA E A EDUCAÇÃOINFANTIL

A Educação Infantil no Brasil, durante anos, foi vista apenas como


assistencialismo, um local, que nem era denominado escola, no qual os pais e
responsáveis poderiam deixar seus filhos para poderem exercer sua função laboral na
sociedade.
Com o passar do tempo e de muitos estudos relacionados a infância, a educação
infantil, foi sofrendo algumas mudanças.
A Constituição de 1988, já trata da educação de crianças de 0 a 6 anos, não
somente com caráter assistencialista e sim, com propósito educacional. O Estatuto da
criança e do adolescente em 1990, traz a criança como sujeito de direitos, modificando a
visão de um ser inferior, trazendo a luz o direito a vida e a dignidade. De acordo com a
Lei 8069 de 13 de julho de 1990,
A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como
pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos
civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis. (Cap. II, Art. 15º)
Com esses direitos em lei, a criança passou a ser vista com mais respeito e não
apenas como um mini adulto, que necessitava de castigos violentos para ser adestrados.
Ampliou-se a visão de ser humano, de ser de direitos, que não poderia e/ou deveria ser
tratado ou educado com tratamento cruel ou degradante e sim, ter direito ao brincar, a
educação, a saúde, a expressão, a vida em comunidade.
Em 1996 foi promulgada a LDB, que reforça os direitos das crianças e
adolescentes em relação a educação, no Art. 29 estabelece a educação infantil como
etapa principal para o desenvolvimento da criança. Lei 9394/96
Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como
finalidade o desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus
aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da
família e da comunidade
Após foram alteradas as leis, como o Plano Nacional de Educação, juntamente
com o surgimento das Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil a Base
Nacional Comum Curricular, entre outros, que deram a educação infantil um viés
pedagógico, formativo, com habilidades e conteúdos básicos para serem trabalhados
nessa modalidade de ensino.
Com a obrigatoriedade do ensino a partir dos 4 anos de idade, a educação infantil,
muda completamente a visão assistencialista, para ser agora reconhecida, como etapa
fundamental da educação básica, crianças de 0 a 3 nas escolas de educação infantil, que
ainda se entende como modalidade de creche em função de não haver a obrigatoriedade,
contudo, desde o berçário é elaborado planos de ensino de acordo com os objetivo de
aprendizagem contidos na BNCC e as dificuldades de aprendizagens são observadas
desde então.
O desenvolvimento cognitivo infantil durante a primeira infância será essencial
para que ela possa receber instruções e absorver conhecimentos escolares
durante a fase pré-escolar. Contribuindo para que durante seu processo de
escolarização a criança alcance resultados positivos, consequentemente
construindo uma base sólida de aprendizado que irá influenciar as séries
subsequentes (BARTOSZECK; BARTOSZECK, 2012).

Sendo a Educação Infantil citada como o alicerce para a construção do


conhecimento, sabemos a necessidade de estar cada dia mais nos aperfeiçoando e
buscando aporte teórico para conseguir realizar uma educação com qualidade.
A Neuropsicopedagogia na educação infantil seria um instrumento para detectar
as dificuldades e possíveis deficiências dos alunos precocemente, podendo fazer
encaminhamentos precisos, para iniciar os tratamentos com profissionais habilitados
para auxiliar no desenvolvimento das crianças.
No pensar de Pain (2014) [...]
o problema de aprendizagem não é um termo para referência de um único
distúrbio, mas a uma ampla gama de problemas que afetam o rendimento e 14 a
vida escolar do aluno. É atribuído a várias causas e aspectos diferentes que
podem prejudicar o funcionamento cerebral. Às vezes, as dificuldades de
aprendizagem são tão sutis que essas crianças não apresentam anormalidades,
mas podem apresentar uma inteligência na média ou superior e serem
excepcionais em algumas áreas.
O olha pedagógico aliado ao conhecimento que a neuropsipedagogia proporciona,
traz ao ensino, principalmente, para aqueles que apresentam uma deficiência ou
dificuldade, um conhecimento amplo, sobre a metodologia que deve ser utilizada, para
alcançar e auxiliar todos os alunos, sem excluir, pois traz base teoria sobre diversos
assuntos referentes as dificuldades de aprendizagens.

DESENVOLVIMENTO

O artigo foi desenvolvido através da revisão bibliográfica, de livros clássicos


relacionados a temática de Piaget e das apostilas do curso de Neuropscicopedagogia
Clínica, a legislação vigente, como a Constituição de 1988, a LDB de 1996 e a BNCC e
de artigos científicos na área, utilizando um critério de seleção de acordo com os autores
que já conhecia e tive contato através do curso de Pós-graduação em
Neuropsicopedagogia Clínica.
O trabalho foi desenvolvimento com base nas leituras realizadas, de forma crítica
e reflexiva, buscando compreender o papel do Neuropsicopedagogo como atuante na
área e as possibilidades de progresso em relação aos temas abordados.

CONCLUSÃO
Com base no estudo realizado, de leituras e reflexões críticas é possível concluir
que o a figura do Neuropsicopedagogo é de suma importância no ambiente escolar, em
virtude de trabalhar em prol da melhoria dos processos ensino e aprendizagem,
possibilitando que o esforço realizado pelos professores, não aconteça de forma isolada
e sim como uma rede que pretende auxiliar a todos que possam apresentar dificuldades
de aprendizagem, para que possam juntos, professores e neuropsicopedagogos
realizarem um trabalho significativo e com auxílio de outros profissionais da educação e
da área da saúde contribuindo em diversos aspectos como metodologia, avaliação,
relacionamentos entre outros. O psicopedagogo pode também atuar junto aos pais na
busca de melhorias nas relações entre pais e filhos frente aos desafios de um mundo em
constante mudança. (CORTES, 2012, p. 3816) Já um terceiro tipo de relacionamento
entre o profissional e a educação é quando o professor é um psicopedagogo que atua
diretamente com seus alunos em sala de aula, o que favorece o relacionamento de
proximidade, de confiança, propiciando um melhor conhecimento das possíveis
dificuldades de aprendizagem dos alunos e intervindo no sentido de prevenir ou minimizar
possíveis dificuldades de aprendizagem. (CORTES, 2012, p. 3816) Percebemos o quanto
o psicopedagogo nas vertentes dois e três deste esboço de Cortes é necessário na
escola. No entanto, a maioria dos profissionais atua fora da escola, atendendo os
encaminhamentos feitos pela família e pelos professores. Faz-se necessário um novo
olhar sobre a necessidade de um profissional que esteja na escola, que conviva com o
aluno e com o professor, auxiliando-os em suas dificuldades e apontando caminhos para
sanar problemas de aprendizagem e comportamento. Apesar disso, o trabalho desse
profissional vem sendo cada vez mais valorizado e reconhecido pela sociedade. É uma
área bem interessante para quem gosta de desafios, A necessidade de um
psicopedagogo na escola Cadernos da Fucamp, v.13, n.19, p. 95-105/2014 105 pois a
cada dia que passa têm-se novas histórias, novos problemas a serem solucionados,
como crianças que convive em casa com agressão física entre os pais, algum integrante
da família usuário de drogas ou alcoólico, criança que não consegue interagir com a
forma que o professor ministra as aulas, criança com possíveis perturbações no processo
de aprendizagem, criança com alguma deficiência que atrapalha no processo de ensino
aprendizagem, dentre outros casos. Interesso-me bastante pela atuação do
psicopedagogo e pretendo continuar as pesquisas à respeito desse tema.

REFERÊNCIAS
BOSSA, Nadia A. A psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil,
1988. Brasília: Senado Federal, Centro Gráfico, 1988.

BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e


bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, v. 134, n. 248, 23
dez. 1996. Seção 1, p. 27834-27841.

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