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Digital Object Identifier (DOI):

RELAÇÃO ENTRE AUTOESTIMA E


APRENDIZAGEM
Liliana Corrêa Rêgo 1
Antônio do Nascimento Santiago 2
Tiago Aparecido de Melo Campos 3

RESUMO

A aprendizagem humana envolve inúmeros aspectos e fatores que podem


contribuir ou prejudicar esse processo. No que diz respeito à motivação para a
aprendizagem ou aprofundamento dos estudos de um modo geral, um dos
fatores impulsionadores é o desenvolvimento da autoesima do indivíduo,
centrando na crença de que é capaz de compreender, construir conhecimentos,
relacionar saberes e ampliar o pensamento de acordo com o que vem a ser
descoberto através da pesquisa orientada ou mesmo de forma individual. As
pesquisadoras Filella Morente e Ribes Castells em artigo de 2015 na Revista
Española de Orientación y Psicopedagogía afirmam que a autoestima
demonstrou ser um fator determinante para o otimizar rendimento acadêmico e
social dos estudantes, pois o desenvolvimento de uma autoestima positiva traz
benefícios tanto para estudantes, como para professores.

Palavras-chaves: Aprendizagem. Autoestima. Motivação. Estímulo.

ABSTRACT

Human learning involves numerous aspects and factors that can contribute or
hinder this process. With regard to motivation for learning or deepening studies
in general, one of the driving factors is the development of the individual's self-
esteem, centering on the belief that he is capable of understanding, building
knowledge, relating knowledge and expanding the thinking of according to what
is discovered through guided research or even individually. The researchers
Filella Morente and Ribes Castells in a 2015 article in the Revista Española de
Orientación y Psicopedagogía state that self-esteem has proven to be a
determining factor for optimizing students' academic and social performance,
since the development of a positive self-esteem brings benefits both for students,
as for teachers.

Keywords: Learning. Self esteem. Motivation. Stimulus

1
Especialista em Metodologia do Ensino. Acadêmica de Mestrado em Educação pela
UniLogos.E-mail: liliarego70@gmail.com
2
Especialista em Psicopedagogia e Educação Especial. Acadêmico de Mestrado em Educação
pela UniLogos.E-mail:antoniosantiago.cpm@gmail.com
33
Doutor em Educação pela Logos University International; professor em escolas públicas na rede
Estadual de Mato Grosso; professor universitário e gestor de Pólo em Educação a Distância. E-
mail: tiagomc2015@icloud.com
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1 INTRODUÇÃO

Os benefícios que o desenvolvimento da autoestima pode ocasionar,


encontram-se nos âmbitos e contextos pessoais, políticos e econômicos,
estando relacionados com as emoções positivas que surgem através da
superação dos desafios e obstáculos, produzindo o fortalecimento cada vez
maior da autoestima e da confiança do indivíduo em si mesmo. Para Benavot,
(2008) a visão que alguém tem de si mesmo de forma positiva tem como
consequência um sentimento de que está pronto para alcançcar seus objetivos,
direcionando suas ações para uma atuação mais assertiva e eficaz do indivíduo
no contexto ao seu redor, seja nas instituições escolares, como também um
cidadão participante e protagonista de sua realidade. Em contrapartida, a visão
negativa de si, por exemplo pelo fato de não saber ler e escrever, gerando
problemas de insegurança, sensação de incapacidade e exclusão social.
Porém, ser cognitivamente competente não é o único requisito para
garantir êxito acadêmico ou profissional, fato que evidencia a importância da
inteligência intrapessoal de autoconhecimento. Nesse direcionamento tem sido
de grande importância as pesquisas que evidenciam que uma maior confiança
nas próprias habilidades e capacidades, uma autoestima construída e
desenvolvida de forma saudável, a confiança e as perspectivas de autoeficácia
levam o estudante a valorizar-se com confiança e responsabilidade, permite-lhe o
alcance dos seus objetivos pessoais, aperfeiçoando-se e dessa maneira
satisfazendo-se também emocionalmente.

Os aspectos afetivo-social do ser se relacionam com a satisfação de suas


necessidades e interesses. Os desafios são superados no momento em que o
indivíduo acredita que tem condições de conseguir vencê-los, motivando-se para
tomar atitudes e chegar ao objetivo esperado. É lógico então, que se perceba a
autoestima como uma importante ferramenta, constituindo-se em essencial e
fundamental apoio que origina o desenvolvimento de processos para a formação
de uma identidade de caráter positivo ou negativo nesse sentido, levando o
indivíduo a alcançar em sua vida, atitudes adequadas ou inadequadas nas
diversas situações de convivência na sociedade.
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A obtenção das habilidades essenciais para os estudantes inseridos no


sistema de ensino, sendo ele particular ou público, acontece de forma estruturada
sistematicamente por diretrizes pedagógicas de cada rede (particular ou pública)
orientada e acompanhada por professores capacitados através de cursos
específicos de licenciatura, a qual deverá direcionar a área de atuação deste
profissional, intencionando uma prática adequada com o planejamento de
atividades propícias a cada etapa do processo do desenvolvimento cognitivo em
seus ciclos e séries, objetivando o alcance das metas delimitadas no processo de
ensino e aprendizagem. Cabe aqui enfatizar acerca da importância do clima
motivacional na instituição escolar, em especial na sala de aula, onde os
professores precisam acreditar no potencial da sua própria prática pedagógica e
na sua capacidade de motivar os estudantes a construirem seus próprios
conhecimentos de acordo com a fundamentação dada em suas aulas, sempre
observando a coesão do fazer pedagógico no que se refere aos conteúdos
programados nas bases curriculares de ensino que embasam todo o seu
planejamento, propiciando aos alunos a consciência sobre o que é relevante, o
que importa realmente nos momentos da aula, e quais habilidades e saberes eles
deverão ter adquirido ao final da mesma. Essa consciência disponibiliza o
caminho que o aluno deve trilhar e lhe constitue em um ser ativo do seu
desenvolvimento dando-lhe responsabilidades de protagonista nesse processo.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

O desenvolvimento da autoestima do indivíduo interfere diretamente em


sua atuação e participação nos grupos sociais em que este se encontra,
proporcionalmente ao seu direcionamento: positivo ou negativo. A percepção de
despreparo e negativismo de si mesmo, exclui o indivíduo do mundo competitivo
(Schultheisz & Aprile, 2013).
Gutiérez e Expósito (2015) explicam porque a Inteligência Emocional
facilita a consciência e a compreensão de nossas emoções, assim como,o
entendimento das emoções dos outros, além de acentuar a capacidade de
trabalhar em equipe devido a uma atitude empática e social.Escobar (2015, s/p)
coloca que a avaliação do desempenho dos alunos é apenas um dos aspectos
relevantes da relação ensino-aprendizagem. Yavorski e Santos e Campos (2019,
4
p.25 ) afirmam que:

“O sucesso no processo de aprendizagem requer meios


adequados para enfrentar os desafios da educação, da mesma
forma, a formação do profissional da educação é um componente
básico importante para uma educação inclusiva e de qualidade.
As dificuldades apresentadas pelos alunos podem ser exitosas a
partir da utilização de técnicas inovadoras, que os motivam na
busca pelo conhecimento”.

Para as autoras acima, diante das discussões originadas em torno do


tema educação de qualidade no país, ficou visivelmente claro que é necessário
que se tenha um olhar para a formação dos docentes, e da necessidade de
melhorar a preparação dos profissionais da educação.Pois segundo elas, a
prerrogativa da qualidade na educação:

“levou as instituições escolares a exigirem de seus profissionais,


além da graduação em Pedagogia uma pós -graduação, ou seja,
uma especialização que lhes preparasse e auxiliasse no trabalho
com alunos...” (Op Cit, p. 33).

Cabe destacar aqui que a formação do professor influencia no processo


ensino e aprendizagem do aluno.Yavorski e Santos e Campos (2019,p.37)
opinam que:

“Precisamos dar opções para que os alunos continuem motivados


a aprender relacionando o trabalho pedagógico a um contexto
social mais amplo. (...) O professor em sala de aula deve ser um
pesquisador e preocupar-se em buscar elementos que possam
ser facilitadores da aprendizagem dos alunos.”

Quanto ao que se refere à formação acadêmica dos profissionais da


educação, esta sofreu alterações com o passar do tempo e com as novas
necessidades da sociedade e ordem vigente desde o professor leigo, termo que
designava o profissional o qual não era portador de curso específico para o
exercício do magistério no início do século XX, perpassando pelo advento da Lei
de Diretrizes e Bases da Educação (LDB,1996), na qual é enfatizado a
importância de formação em curso de Licenciatura Plena para professores das
séries iniciais, tendo como formação mínima o curso Normal, já extinto
atualmente, com a observação do direcionamento da formação em cursos de
licenciaturas específicas para o Ensino fundamental e médio.
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2.1 Autoestima

O reconhecimento e a valorização que a pessoa tem de si mesma,


desenvolvendo-se de maneira positiva como uma alta autoestima, ou mesmo
quando se constitui de forma negativa caracterizando-se como baixa autoestima.
Tratando-se desses termos, o que é visualizado parece ser somente área da
Psicologia, porém se um indivíduo não visualiza valores positivos em si mesmo, a
crença de que ele é capaz de aprender é prejudicada e em contrapartida nos
estudantes com um vislumbramento de que ele mesmo pode alcançar, mostra-se
confiante frente aos obstáculos e desafios para obtenção de saberes.
Tomando por base a visão de autoestima de BRADEN (1969):
"Auto-estima é a disposição de experimentar a si mesmo como
sendo competente para lidar com os desafios básicos da vida e
ser digno de felicidade. É confiança na eficácia da nossa mente,
na nossa capacidade de Por extensão, é a confiança em nossa
capacidade de aprender, tomar decisões e decisões apropriadas
e reagir efetivamente à mudança.Também é a experiência que o
sucesso, a realização, a felicidade da realização são corretos e
naturais para nós. de tal confiança é óbvia, esse é o perigo
quando ele está faltando.”

Partindo-se do princípio que o indivíduo que desenvolve de forma positiva


uma visão de si mesmo, daquilo que ele pensa de si próprio tem a motivação
necessária para vencer as diversas situações ainda não vivenciadas
anteriormente e se perceber capaz de experimentar a felicidade, se coloca, nessa
perspectiva, em uma atitude de acolhimento do novo saber, de coragem ao
enfrentamento de outras vivências e neste mesmo direcionamento, o estudante
com a autoestima elevada se coloca pronto ao aprendizado de acordo com a sua
maturidade etária e cognitiva.
Em uma sala de aula, em especial de Ensino Fundamental, o docente tem
capacidade de identificar aquelas crianças que têm confiança em si mesmas no
sentido de compreensão do conteúdo e outras que não se consideram capazes
de entendimento das orientações e direcionamentos indicados pelo ministrante
em de sala de aula.
Cabe ao profissional da Educação motivar a classe de alunos no sentido de
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enfatizar que o conhecimento pode ser construído pelos mesmos e que o
professor

está como um mediador e facilitador do processo de aprendizagem colocando-se


para o auxílio e apoio durante a execução das técnicas específicas para cada
habilidade e competência inerente à série específica e no caso do estudo deste
trabalho, das competências de leitura e escrita.
Para que os profissionais da educação tenham uma postura verdadeira em
acreditar na capacidade de seus alunos, faz-se necessário que estes acreditem
em si mesmos e se enxerguem como ser capazes de atuar de forma assertiva no
processo de mediação da construção do conhecimento.
Referindo-se ao respeito de si mesmo e dos outros o educador Paulo Freire
sabiamente tece a seguinte observação de si próprio como educador:
“Como educador, devo estar constantemente advertido com
relação a este respeito que implica igualmente o que devo ter por
mim mesmo. Não faz mal repetir afirmação várias vezes feita
neste texto – o inacabamento de que nos tornamos conscientes
nos fez seres éticos. O respeito à autonomia e à dignidade de
cada um é um imperativo ético e não um favor que podemos ou
não conceder uns aos outros”.(FREIRE, 1996).

2.2 Aprendizagem

O processo que é ativado mentalmente de maneira individual em cada ser


humano, tendo com base suas próprias vivências, como também os conceitos
logicamente identificados, o reconhecimento de relações representativas através
de um mediador do conhecimento, no caso da educação institucional, o professor
o qual oportuniza a simulação dessas situações, seja essa mediação intencional,
constitui-se no termo que conhecemos como aprendizagem.
A aprendizagem tem sua base nas prerrogativas escolares, nas quais
encontra-se a importância do planejamento entre conteúdos, habilidades,
metodologias e avaliação dirigidos a cada série, ou nível escolar, disciplinas
curriculares, cargas horárias e demais pontos relevantes ao trabalho pedagógico.

“A atuação da escola consiste na preparação do aluno para o


mundo adulto e suas contradições, fornecendo-lhe um
instrumental, por meio da aquisição de conteúdos e da
socialização, para uma participação organizada e ativa na
democratização da sociedade”. (LIBÂNEO, 1994, p. 70).
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Concomitantemente à educação institucionalizada, está a aprendizagem


não-intencional, que acontece sem que haja um planejamento consciente
direcionado para a obtenção dos saberes relacionados à sua atuação em
sociedade, a qual ocorre nos diverso grupos sociais, junto à família, comunidade
regional, religiosa e outros, desde a infância quando o ser pode observar e tomar
como exemplo o que o rodeia.
Em conjunto, as duas formas de aprendizagem se completam para a
formação do processo de compreensão e interpretação dos saberes já
consolidados levando o indivíduo a construir racionalmente seus coceitos e
conhecimentos.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A estreita ligação existente entre a crença que o indivíduo tem de si


mesmo e as atitudes do mesmo frente ao novo, às novas vivência e aos novos
aprendizados é conhecido do senso comum de maneira superficial, porém os
profissionais da educação com olhar investigativo quanto ao desempenho do
intelecto das crianças inseridas no processo de ensino constituem-se em um
requisito para a obtenção dos objetivos preestabelecidos.
Muito se fala em domínio de sala através de técnicas didáticas quanto a
assegurar a atração, a atenção, o interesse e a motivação dos educandos frente
ao trabalho pedagógico do professor em sala de aula, o que não deixa de ser
primordial para o bom desenvolvimento da prática pedagógica.

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