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FAVENI

EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSIVA E NEUROPSICOPEDAGOGIA


INSTITUCIONAL E CLÍNICA

ALINE PAULA SALLES DE SOUZA

A CONTRIBUIÇÃO DA NEUROPSICOPEDAGOGIA PARA O PROCESSO DE


ENSINO-APRENDIZAGEM

RIBEIRÃO PIRES, SP
2023
A CONTRIBUIÇÃO DA NEUROPSICOPEDAGOGIA PARA O PROCESSO DE
ENSINO-APRENDIZAGEM

Declaro que sou autor(a)¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o
mesmo foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja
parcial ou integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e
corretamente referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de
investigações empíricas por mim realizadas para fins de produção deste trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e
administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de violação aos
direitos autorais.

RESUMO _ A Neurociência trouxe contribuições de grande valor para a área da Educação,


promovendo a compreensão de como ocorre a aprendizagem e quais os melhores caminhos para se
ensinar. Nesse sentido, este artigo tem como objetivo analisar as contribuições da
Neuropsicopedagogia para o processo de ensino-aprendizagem, permitindo compreender os
processos cognitivos que conduzem à aprendizagem. Mediante pesquisa bibliográfica, ficou claro
que a neurociência é uma grande aliada na educação, disponibilizando ao mediador significativos
conhecimentos que desvendam os mistérios que envolvem o cérebro na aprendizagem. Desse
modo, cabe ao neuropsicopedagogo apropriar-se das informações que surgem, que o tornem apto a
motivar, a ensinar e a avaliar o educando, percebendo o cérebro como estrutura responsável pela
aprendizagem. Quando o desenvolvimento cerebral não está ocorrendo de maneira eficaz, pode
acarretar em inúmeras dificuldades do comportamento humano. Nesse sentido, um profissional
habilitado poderá realizar estímulos e práticas que auxiliam na vida prática e no comportamento do
educando.

Palavras chave: Neurociência. Aprendizagem. Educação.


1. INTRODUÇÃO

Desvendar os processos e as razões que propiciam ou impedem a


aprendizagem é uma necessidade constante para os pesquisadores e profissionais
da educação que tentam identificar e reconhecer os fenômenos inerentes ao
processo de aprendizagem a fim de compreender melhor esta área do
conhecimento. Interessa-lhes conhecer não só os processos envolvidos no modo de
aprender e sistematizar conhecimento, mas também as possíveis causas e
situações que impedem a adequada manifestação de tais processos.
As dificuldades de aprendizagem são tema de estudos há muitos anos e,
junto com sua manifestação, há a necessidade de pesquisar e identificar cada
situação adversa ao processo dito ‘normal’. Diversos educandos são reprovados e
muitos evadem em função das dificuldades de aprendizagem.
A psicopedagogia vem se estabilizando como uma área do conhecimento
de extrema importância na melhoria da qualidade de vida dos indivíduos,
especialmente dos que possuem dificuldades de aprendizagem (FERREIRA, 2020).
Desde o princípio, a psicopedagogia se mostrou uma área de atuação
integrativa, abrangendo conhecimentos de diferentes áreas de forma a desenvolver
um corpo teórico próprio acerca dos problemas na aprendizagem humana.
É importante enfatizar que o trabalho da psicopedagogia entra como um
agente transformador que, com estudo e práticas, procura identificar a origem do
problema, auxiliando a criança, o professor e a família a compreender o quanto os
fatores do passado podem influenciar no seu comportamento presente (FERREIRA,
2020).
A Neuropsicopedagogia tem sua base na Psicopedagogia, porém, conforme
Krug (2011), além das atribuições do psicopedagogo de estudar as características
da aprendizagem humana, processos de ensino e a origem das alterações na
aprendizagem promovendo a identificação, diagnóstico, reabilitação e prevenção
frente às dificuldades e distúrbios das aprendizagens, o neuropsicopedagogo,
mediante seus saberes e conhecimentos em neurociências, poderá elaborar
pareceres de encaminhamento para neurologistas, pediatras e psiquiatras,
auxiliando-os na identificação diagnóstica, mediante o quadro de sintomas e queixa
principal.
É possível contribuir para a prevenção das dificuldades com a
aprendizagem, para a minimização de dificuldades já existentes e para a correção
de rotas ligadas ao aprender que, por algum motivo, estejam equivocadas, assim
como para um trabalho com a qualidade efetiva do ensino-aprendizagem.
Como metodologia, utilizou-se a Pesquisa Bibliográfica, com base em
autores reconhecidos que discutem o tema, pesquisando-se em livros, revistas e
sites da Internet.

2. CONTRIBUIÇÕES DA NEUROCIÊNCIA PARA A APRENDIZAGEM

Neste item, busca-se salientar as possíveis contribuições que a


neurociência pode acrescentar para a aprendizagem, reafirmando a relevância da
neurociência para o desenvolvimento integral do ser humano.
Segundo Bloom (2010 apud BEAR, 2008), a neurociência é a área
multidisciplinar de conhecimento que analisa o sistema nervoso para entender as
bases biológicas do comportamento. A neurociência reúne as disciplinas biológicas
que estudam o sistema nervoso, normal e patológico, especialmente a anatomia e a
fisiologia do cérebro relacionado com as demais disciplinas que explicam o
comportamento, o processo de aprendizagem e cognição humana bem como os
mecanismos de regulação orgânica. Para tal, vários são os pesquisadores que
formularam ideias e pesquisas para que o campo da neurociência assumisse o seu
atual destaque no campo da educação.
Um autor importante desta área é o neuropsicólogo russo Alexandre Luria
(1999) que, em suas pesquisas, sugeriu que existem duas unidades funcionais no
córtex cerebral: a primeira, chamada de “unidade receptora”, está presente na
região posterior do cérebro, e se ocupa do recebimento, da análise e do
armazenamento das informações sensoriais em níveis crescentes de complexidade.
A segunda unidade funcional é “executora”, localiza-se nas porções anteriores do
cérebro e também está organizada de forma a participar desde o planejamento e
regulação do comportamento até a execução das ações motoras. Cada uma destas
unidades serve para obter, processar e armazenar informações.
Em ambas as unidades funcionais existem três tipos de regiões corticais,
que são chamadas de áreas primárias, secundárias e terciárias. A primeira unidade
funcional regula o tônus cortical e o estado mental de vigília e alerta; começa a atuar
já no desenvolvimento intrauterino, com função decisiva no parto e processo de
maturação motora; trabalha em relação e colaboração com os sistemas superiores
corticais nas manifestações da atividade consciente do indivíduo, de ações
voluntarias ou processos de decodificação e codificação simbólica (FONSECA,
1998). A segunda unidade seria relacionada à obtenção (recepção), processamento
(análise) e armazenagem de informações do mundo exterior; altamente especifica
em termos sensoriais, além das funções visuais, auditivas, vestibulares e
tátil-cinestésicas, incorpora os sentidos do gosto e do olfato; participa no
desenvolvimento extrauterino, com função de transação entre organismo e meio,
entre o espaço intra corporal e extra corporal (FONSECA, 1998). A terceira unidade
funcional é aquela que programa, regula e verifica a atividade mental, ou seja, é
responsável pela organização da atividade consciente; estruturada para a recepção
de sistemas exteroceptivos superiores, composta por células distintas que
organizam informação de forma específica, hierarquizada, que asseguram uma
percepção interada, seletiva e complexa; age depois na planificação de condutas
conscientizadas e corticalizadas, com bases psiconeurológicas da psicomotricidade,
que programam, regulam e integram a motricidade (FONSECA, 1998).
A cada unidade funcional compreende um conjunto de órgãos ou de áreas
corticais que a constituem e se integram. Estas unidades estão envolvidas em todos
os tipos de aprendizagem, da praxia à linguagem, sem exceção. A aprendizagem é
fruto do desenvolvimento dessas unidades funcionais da aprendizagem humana,
cada uma das unidades contribui de forma específica ao “todo complexo da
atividade mental” (FONSECA, 1998, p. 95).
Com relação às bases neurobiológicas da aprendizagem, Cosenza (2011)
afirma que a capacidade cognitiva do cérebro humano se traduz por um processo
evolutivo, sendo que os fatores genéticos e ambientais contribuem favoravelmente
para o desenvolvimento de certas estruturas e funções. Esse desenvolvimento
permite ao cérebro maior variedade e flexibilidade comportamental e proporciona
capacidade de aprender em sofisticadas estruturas neuronais, que são
geneticamente estruturadas para serem plásticas.
Segundo Ferrari (2001), a plasticidade cerebral é a capacidade adaptativa
do SNC (Sistema Nervoso Central) – sua habilidade para modificar sua organização
estrutural própria e funcionamento, ou seja, é a capacidade que o cérebro tem em
se remodelar em função das experiências do sujeito, reformulando as suas
conexões em função das necessidades e dos fatores do meio ambiente. Conforme
Maia (2011), esse conceito pode ser aplicado à educação, levando em conta a
propensão do sistema nervoso em ajustar-se diante das influências ambientais ao
longo do desenvolvimento infantil, ou até mesmo na fase adulta. Estas alterações,
ou seja, o fazer e desfazer as associações existentes entre as células nervosas e é
à base da aprendizagem.
De acordo com Pereira Jr. (2004), o sistema nervoso de uma criança em
desenvolvimento tem maior capacidade de plasticidade que o de um adulto, e é
muito importante a atuação correta e eficaz na estimulação da plasticidade para
favorecer a máxima estimulação da função motora/sensitiva do aprendiz, com a
finalidade de facilitar o processo de aprender a aprender no cotidiano.
A disposição funcional do cérebro não se limita a um fluxo de informação,
indo diretamente do sistema perceptual para o sistema de ação. Entre esses dois
sistemas, há um terceiro, que foi denominado de sistema executivo, composto pelas
"áreas associativas" do córtex (parietal, temporal e frontal) e pelo sistema
hipocampal, supostamente sob a coordenação do córtex pré-frontal (COSENZA,
2011, p. 63).
Esse terceiro sistema executivo é fundamental para a melhor compreensão
dos processos cognitivos humanos. De uma forma mais simples, pode-se dizer que
esse sistema contém um "arquivo" de programas para um grande número de
comportamentos possíveis; em cada situação experimentada pelo organismo, ele
"decide" qual tipo de comportamento será realizado pelo sistema de ação, conforme
as informações recebidas do sistema perceptual (PEREIRA JR., 2004).
Segundo Maia (2011), esse arquivo de programas foi acumulado durante a
evolução da espécie e transmitido hereditariamente. No entanto, em virtude da
plasticidade da rede neuronal, esses programas podem ser recombinados,
produzindo novas alternativas para lidar com novas situações. No cérebro humano,
o sistema executivo relaciona-se com um córtex frontal desenvolvido, que suporta
capacidades inferenciais mais sofisticadas. Com relação à questão da
aprendizagem, está evidente que aprender não se resume a prestar atenção e
memorizar, mas, sobretudo, está relacionado à capacidade de inferir novas
informações a partir da experiência de aprendizagem. “A capacidade inferencial
depende também do sistema executivo e é exercida na medida em que seja útil
para uma ação em curso” (COSENZA 2011, p. 36).
Consoante Maia (2011), na sala de aula, a contribuição da neurociência é
imprescindível na medida em que esclarece o funcionamento do cérebro. A
neurociência contribui com informações sobre como a memória, o esquecimento, o
tempo, o sono, a atenção, o medo, o humor, a afetividade, o movimento, os
sentidos, a linguagem, as interpretações das imagens que fazemos mentalmente
funcionam. A plasticidade cerebral é a capacidade de mudança do cérebro, ou seja,
é a habilidade do sistema nervoso alterar o funcionamento do sistema motor e
perceptivo baseado em mudanças no ambiente. Por esse ângulo, compreende-se
que o cérebro não é limitado, pois, nunca perde a capacidade de se transformar. O
conhecimento de que o cérebro continua a desenvolver-se, a aprender e a mudar,
nos faz rever o fracasso e as dificuldades de aprendizagem diante das inúmeras
possibilidades de aprendizagem para o ser humano (FONSECA, 1998).
Para Ferrari (2001), se os estados mentais são originários de padrões de
atividade neural, então a aprendizagem é atingida por meio da estimulação das
conexões neurais, podendo ser fortalecida ou não, dependendo da qualidade da
intervenção pedagógica. É crucial que os professores estejam cientes que os
bilhões de neurônios do cérebro humano podem se conectar levando os sinais de
informação a fluírem de forma maciça em diversas direções de modo simultâneo, as
denominadas conexões neurais ou sinapses. Infere-se que no cérebro essas
estimulações criam novos caminhos para aprendizagem.
É através do estudo dos processos de aprendizagem que acontece um
aprimoramento de técnicas pedagógicas, que simultaneamente leva a
personalidade e a racionalidade humana a estarem aptas a desempenhar sua
função e continuar a desenvolver-se. Esses fatores influenciam e constituem um dos
maiores desafios para a educação, visto que, ao compreendê-lo acontece o
desenvolvimento do indivíduo dentro do contexto sócio-histórico. Diante dos
fracassos e das dificuldades de aprendizagem, é exigido constantemente do
professor uma postura flexível diante das inúmeras possibilidades de aprendizagem
(BEAUCLAIR 2008).
Muitas vezes, o ensino tem sido aplicado de maneira mecânica e igual a
todos os alunos, sem a devida atenção à individualidade da criança, numa
demonstração de total falta de consciência da força que possuem os modelos
mentais, ou seja, o conjunto de sentidos, pressupostos, regras de raciocínio,
inferências que nos leva a fazer determinada interpretação e da influência que elas
exercem sobre o comportamento (ANTUNES, 2012).
3. CONTRIBUIÇÕES DA NEUROPSICOPEDAGOGIA

De acordo com Neves (2020), a intervenção psicopedagógica se presta ao


fim de desenvolver positivamente os processos pedagógicos, psicológicos,
acadêmicos e de aprendizagem do indivíduo. Também busca acompanhar e orientar
a pessoa para que auto conheça suas aptidões, interesses, habilidades e
capacidades, bem como suas dificuldades e aprenda a lidar com elas, podendo até
mesmo superá-las.
Para compreender a conexão entre o cérebro e a aprendizagem, é
necessário rever a proposta por meio do conhecimento da Neurociência, sendo
essa a proposta da Neuropsicopedagogia.
Para Fonseca (2020), a Neuropsicopedagogia traz importantes
contribuições à educação, visto que permite perceber o sujeito em sua totalidade.
Na visão do autor acima, o neuropsicopedagogo é um profissional que está
em constantes buscas de conhecimentos a respeito dos transtornos, das síndromes,
das patologias e dos distúrbios que podem afetar o educando em sua
aprendizagem. Além disso, precisa ser capaz de identificar os sintomas e também
as competências e habilidades dos educandos e apresentar uma intervenção
neuropsicopedagógica que deve ser realizada com a família, educadores, equipe
pedagógica e demais profissionais que fazem parte da vida desses sujeitos.
Embora já estejam presentes na área da educação, a Neurociência e a
Neuropsicopedagogia ainda precisam de maior divulgação e compreensão.
Conforme Krug (2011), a avaliação neuropsicopedagógica com enfoque
clínico, além do olhar e da escuta de todos os âmbitos psicopedagógicos,
aprofunda-se nas questões neurológicas, maturativas e na análise das funções
cognitivas do indivíduo e sujeitos com problemas cognitivos, de memória, de
atenção. Trabalha com crianças, adolescentes, adultos e idosos.
No atual contexto, os profissionais da área de educação têm cada vez mais
a necessidade de um profissional que lhes deem suporte nas questões
pedagógicas, psicológicas e neurológicas; promovendo uma aprendizagem mais
eficiente, surgindo a figura do neuropsicopedagogo. Dessa forma, o
neuropsicopedagogo não trabalha sozinho, sendo acompanhado de uma equipe
multidisciplinar. Aliado a outros profissionais ele observa, analisa e desenvolve
ações para produzir um resultado.
Conforme Krug (2011), esse profissional tem um diferencial dos outros da
área da educação porque estuda como o cérebro aprende. Assim, para o autor:

realiza procedimentos e práticas inclusivas nos mais diversos casos de


dificuldade de aprendizagem. Entres eles, podemos exemplificar:
Transtornos, Síndromes, dificuldades relacionadas à linguagem, escrita
(disgrafia e disortografia), matemática (discalculia), leitura (dislexia), déficit
visual, motor, emocional e desenvolvimento intelectual diferenciado (tanto
Incapacidade como altas habilidades) (KRUG, 2011, p. 38).

O neuropsicopedagogo deve ser capaz de saber qual região do cérebro foi


afetada para depois propor intervenções para favorecimento da aprendizagem. Ele
busca novos caminhos, novas rotas neuronais. Este profissional é quem tem licença
pedagógica, liberdade de atuação no ambiente escolar (respeitando políticas e
normas), a fim de desvendar novas formas para que o aprendizado aconteça. Ele
analisa de forma global todas as vertentes do processo educativo, propondo
alterações na rotina, ambiente, estrutura, metodologia para o desenvolvimento de
todos os educandos com dificuldades, visando oferecer reformulações na forma de
aprender e ensinar; revolucionando o processo de ensino aprendizagem (KRUG,
2011).
A neuropsicopedagogia é capaz de auxiliar todas as pessoas no processo
ensino-aprendizagem e é capaz de auxiliar adequadamente aqueles com
características cognitivas e emocionais diferentes porque ela estuda a estrutura e
função cerebral. Considera a anatomia e a fisiologia do cérebro que aprende,
considerando o sujeito cerebral. Ela entende a forma como o cérebro recebe,
seleciona, transforma, memoriza, arquiva, processa e elabora todas as sensações
captadas pelas diversas percepções sensoriais para somente depois adaptar as
metodologias e técnicas de educação (BEAR, 2008).
Tão importante quanto observar e avaliar, o neuropsicopedagogo precisa
saber intervir com ações positivas que possibilitem o avanço cognitivo do indivíduo.
Essas ações variam de cada caso, pois os déficits cognitivos também variam.
Cabendo aqui a colocação de Beauclair (2008, p. 28), “Ensinar é fundamentalmente
deixar aprender, ou deixar ser o que se possa, pois cada um aprende conforme o
horizonte de suas possibilidades”.
Daí a importância desse profissional estar preparado cientificamente e em
constante aprendizado para lidar com as diversas queixas e casos apresentados,
visto que, o mesmo não vai encontrar informações e técnicas pré-formuladas sobre
sua atuação. Ele deve conhecer os diagnósticos para que ele mesmo prepare
estratégias de intervenções (KRUG, 2011).
Assim, fica clara a importância do neuropsicopedagogo na área de
educação e sua necessidade nos processos de inclusão dos alunos com
dificuldades de aprendizagem. Embora sua atuação no cenário educacional seja
relativamente nova tem se mostrado fundamental, pois, é através deste profissional
que dificuldades são superadas e/ou adaptadas para que o indivíduo desfrute o
máximo possível do que a aprendizagem, de modo geral, possa lhe proporcionar.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao final deste trabalho fica evidente que a neurociência é uma grande aliada
para identificar cada ser humano como único. Esse conhecimento aplicado à
educação disponibiliza ao mediador significativos conhecimentos que desvendam os
mistérios que envolvem o cérebro na aprendizagem. Isto permite a compreensão
das nuances do desenvolvimento cerebral e os processos envolvidos na
aprendizagem. Portanto, tomar consciência dos mecanismos cognitivos envolvidos
na aprendizagem é imprescindível para que sejam elaboradas atividades que
desenvolvam as funções motoras, sensitivas e cognitivas do educando.
Em suma, é importante ressaltar que no campo da Neurociência têm
acontecido diversas descobertas e estudos que ajudam a esclarecer e desvendar
como o cérebro e suas funções interferem diretamente na vida do ser humano.
Quando o desenvolvimento cerebral não está ocorrendo de maneira eficaz,
poderá acarretar em inúmeras dificuldades do comportamento humano. Nesse
sentido, um profissional habilitado nessa área poderá realizar diversos estímulos e
práticas que poderão auxiliar na vida prática e no comportamento humano.
A evolução das neurociências é de primordial importância para
compreender as funções corticais superiores envolvidas no processo de
ensino-aprendizagem. É sabido que o ser humano aprende a partir de alterações
funcionais do SNC, sobretudo, nas áreas da linguagem, das gnosias, das praxias,
da atenção e da memória. A fim de que o processo de aprendizagem se estabeleça
de modo adequado, é preciso que as interligações entre as diversas áreas corticais
e delas com outros níveis do SNC sejam efetivas.
Geralmente, fala-se muito somente acerca das deficiências e das
dificuldades da criança, comparando-as com as crianças ditas normais. Para o
trabalho neuropsicopedagógico é necessário levantar os aspectos positivos de seu
comportamento e habilidades, uma vez que todo trabalho se fundamenta no
desenvolvimento dessas habilidades.
Além das atribuições do psicopedagogo de estudar as características da
aprendizagem humana, processos de ensino e a origem das alterações na
aprendizagem promovendo a identificação, diagnóstico, reabilitação e prevenção
frente às dificuldades e distúrbios das aprendizagens, o neuropsicopedagogo,
mediante seus saberes e conhecimentos em neurociências, poderá elaborar
pareceres de encaminhamento para neurologistas, pediatras e psiquiatras,
auxiliando-os na identificação diagnóstica, mediante o quadro de sintomas e queixa
principal.
Assim, ficou clara a importância do neuropsicopedagogo, para interagir na
vida do educando, procurando assim, oferecer um ensino que vá de encontro às
necessidades do aluno, levando em consideração suas dificuldades e seus limites.

REFERÊNCIAS

ANTUNES, C. Educação Infantil: prioridade imprescindível. Rio de Janeiro: Vozes,


2012.

BEAR, B. W. C. et al. Neurociências: desvendando o sistema nervoso. 3ª ed. Porto


Alegre: Artmed, 2008.

BEAUCLAIR, J. Ensinar é acreditar. Rio de Janeiro: Wak, 2008.

COSENZA, R. M. Neurociência e educação: como o cérebro aprende. Porto


Alegre: Artmed, 2011.

FERRARI, E. A. de M. et al. Plasticidade neural: relações com o comportamento e


abordagens experimentais. Psic.: Teor. e Pesq., vol.17, n.2, pp. 187-194, 2001.

FERREIRA, J. A. A Psicopedagogia como forma de prevenção na Dislexia


Infantil. Disponível em: <http://www.avm.edu.br/monopdf/6/JACQUELINE%20DE
%20ALMEIDA%20FERREIRA.pdf>. Acesso em: 17 jan. 2020.

FONSECA, V. da. Aprender a Aprender: a educabilidade cognitiva. Porto Alegre:


Artmed, 1998.

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