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SUMÁRIO

1-INTRODUÇÃO..........................................................................................................4

CARTA DE ACEITE – FAMÍLIA.............................................................................…..6

FICHA DE CONTROLE/CRONOGRAMA DO ESTÁGIO......................................…..7

AUTORIZAÇÃO DOS PAIS................................................................................….….9

FICHA NEUROPSICOPEDAGÓGICA...................................................................... 10

2. ANAMNESE.....................................................................................................…...11

3. VISITA AO AMBIENTE ESCOLAR.................................................................…...13

.QUESTIONÁRIO AO PROFESSOR..................................................................…....15

4. ROTEIRO DE AVALIAÇÃO …………………………………………………………...18

5. A QUEIXA ...........................................................................................……….……19

6.RELATÓRIO POR ÁREA OBSERVADA.......................................................……..20

6.1 Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem…………………………………20

6.2 Levantamento de hipótese………………………………………………….………..21

6.3 Hipótese diagnóstica…………………………………………………………………..22

6.4 Área Psicomotora............................................................................................`....23

6.4 Funções Executivas: Memória e atenção....................................................….....24

6.5 Linguagem.......................................................................................…………......25

6,6 Matemática............................................................................................…...........27

7. DIAGNÓSTICO OPERATÓRIO - PROVAS PIAGETIANAS........................…….28.

.8. DITADO TOPOGRÁFICO.....................................................................………..…35

9. RELATÓRIO SITUACIONAL …………………………………………..--…………….36

10. ROTEIRO DE INTERVENÇÃO PROGRAMADA ……………………...………….38

11. PARECER DAS INTERVENÇÕES…………………………………………...……..45

12.REFERÊNCIAS …………………………………………………………………….....49
1.INTRODUÇÃO

O estágio em Neuropsicopedagogia Clínica tem como objetivo principal


contextualizar a teoria à prática dos estudos da neurociência, psicologia e
pedagogia, atuando em observações críticas e criteriosas com crianças de 6 a 14
anos que apresentam dificuldades ou transtornos de aprendizagem, mas que ainda
não foram avaliados por instituições credenciadas, neurologistas e psicólogos.

O neuropsicopedagogo levanta hipóteses com bases em testes formais e


informais, avaliações e intervenções das queixas de dificuldades ou perturbações de
aprendizagem em escolas, clínicas ou no terceiro setor, fazendo relatórios e
encaminhamentos para os demais profissionais, como o psicólogo ou o
fonoaudiólogo, pois a neuropsicopedagogia trabalha em uma equipe multidisciplinar.

A Neuropsicopedagogia é uma ciência que estuda o comportamento humano


frente às dificuldades ou perturbações de aprendizagem, unindo os conhecimentos
científicos da neurologia, psicologia com os fundamentos da pedagogia.

A Neuropsicologia clínica é uma área nova de conhecimento abrangendo os


estudos da neurociência, mas com foco no ensino-aprendizagem desde a primeira
infância até os idosos com atividades de treino cerebral para minimizar problemas
de memória causados pela generalização das células cerebrais oriundas de
traumatismos ou doenças adquiridas.

Os primeiros passos para criação de um curso que ligasse os estudos da


neurociência com a educação, ocorreu em 2008 em Santa Catarina, onde a pedido
do diretor, reuniram-se vários docentes com elevado senso crítico e o intuído de
criar um curso de pesquisas e observações relacionadas às dificuldades de
aprendizagem e a inclusão. Após várias reuniões com todos os segmentos da
ciência, como: neurologistas, pediatras, fonoaudiólogos, educadores, entre outros,
surgiu o 1º curso de aperfeiçoamento em neuropsicopedagogia na cidade de
Jaraguá do Sul, Santa Catarina, em 08 de dezembro de 2008. Em 2009 foi obtido o
registro e os primeiros formandos em Neuropsicopedagogia e Educação Especial
Inclusiva pelo Grupo Educacional CENSUPEG. O órgão referência dos
Neuropsicopedagogos é a Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia, o SNBPp
que tem como princípio básico estabelecer critérios e orientações sobre a profissão

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que deve ser realizada com respeito, dignidade, pois as informações e documentos
obtidas através das sessões tem caráter sigiloso. O SNBPp também é uma
ferramenta que assegura através de documentos legais à sociedade e aos
profissionais direitos e responsabilidades.

É importante para todo futuro profissional conhecer o Código de ética da


categoria e assim ficar ciente de seus direitos e deveres como Neuropsicopedagogo,
e também conhecer as teorias que sustentam a formação em
Neuropsicopedagogia que está relacionado à Neurociência e à Educação, onde
Luria, Piaget, Vygotsky, Wallon são alguns dos teóricos estudados, compreendendo
o funcionamento do cérebro, a plasticidade cerebral, os transtornos do
neurodesenvolvimento, as síndromes, as metodologias de ensino e aprendizagem .

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2. ANAMNESE

Barbara Christina Villegas Marabay, nascida em 16 de janeiro de 2014, na


cidade de Maturin Venuzuela, filha de Leomaris Carolina Marabay Zaragoza e
Dimas Eduardo Villegas Lopes, Bárbara reside em casa com a mãe, o pai e os dois
irmãos, Christian com 13 anos e a irmã Lúcia com 3 anos. A família reside no Bairro
Boqueirão, Bárbara está atualmente no 3º ano e nunca repetiu, frequentou a pré-
escola na Venezuela, iniciou o 1º ano na cidade de Macapá e depois vieram para
Curitiba.

As informações foram obtidas através de entrevista com a mãe, relatando que a


gravidez ocorreu de modo casual, quando estava com 25 anos morando na
Venezuela. Bárbara nasceu com 37 semanas e pesando 3100 g, pois estava sem
receber nutrientes há cerca de 30 dias, devido a diminuição do líquido amniótico,
após o nascimento permaneceu internada por 7 dias. O parto ocorreu por cesárea e
foi demorado, sendo necessário a permanência da mãe internada por 16 dias após o
parto.

Segundo o relato, o desenvolvimento de Barbara ocorreu conforme o esperado,


recebeu aleitamento materno até os 2 anos de idade, fez uso de mamadeira por
pouco tempo, alimentando-se normalmente depois, começou a engatinhar aos 6
meses, andou com 1 ano e 2 meses, falou as primeiras palavras aos 6 meses.
Quando criança Bárbara teve repetidas infecções respiratórias, utilizando por
diversas vezes antibióticos, não teve outros problemas de saúde e nunca necessitou
de internamento hospitalar.

Quando Bárbara estava com 3 anos, os pais vieram para o Brasil deixando as
crianças com a avó na Venezuela, mas pouco tempo depois a avó veio a falecer e
Bárbara ficou traumatizada com a perda da avó e em ter que deixar o país, ficando
triste e calada, quando queria alguma coisa chorava, fazia birras e brigava com o
irmão mais velho e com a mãe, a partir dessa idade acentuaram-se os problemas de
comportamento, pois Barbara busca constantemente seu cantinho, evita pessoas e
é incapaz de manter um intercâmbio social tendo que insistir muito para responder
às solicitações desviando o olhar, não olhando nos olhos, quando fala não utiliza
expressões faciais, gestuais ou verbais, atualmente devido a covid recusa-se a tirar

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a máscara até mesmo na hora das refeições, Bárbara também não apresenta
iniciativa própria, é passiva, demonstra falta de interesse e lentidão, ainda que saiba
fazer uma coisa, não a realiza, se não quiser. Barbara frequentou o 1º ano na
região norte do Brasil, onde ficou por quase 1 ano sem conversar, interagir com os
colegas e com os professores, não conseguindo demonstrar seus anseios e
necessidades fisiológicas.

Segundo relato da mãe, receberam convite para vir para o Sul permanecendo
em Curitiba, vieram pouco antes da Pandemia, ocasião em que começou o
isolamento social, o qual tornou mais grave as dificuldades sociais da Bárbara,
nesses dois anos de pandemia, Barbará permaneceu o tempo todo em casa, teve
muitas dificuldades com as aulas remotas não conseguindo participar dos vídeos
chamadas com a professora, devido ao idioma ficava nervosa e não conseguiu
evoluir na aprendizagem, mesmo após o relaxamento social, e continuou com a
dificuldade em interagir com outras pessoas, mesmo sendo elas Venezuelanos. A
mãe relatou que uma avaliação psicoeducacional foi solicitada pela escola no início
do ano, e que ela está tentando ajudar a filha com as atividades escolares, mas
estava com dificuldades devido ao comportamento e as dificuldades de
aprendizagem, resolveu colocá-la para fazer atendimento de reforço escolar
particular.

Informante: mãe- Leomaris Marabay

Curitiba, 09 de junho de 2022

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3. VISITA AO AMBIENTE ESCOLAR

A visita à escola ocorreu após contactar o setor pedagógico, informando que


Bárbara, aluna do 3º ano estava frequentando o Espaço Psicopedagógico Saberes a
pedido da mãe, com o objetivo de acompanhar a aluna nas dificuldades e que a
mesma aceitou realizar uma avaliação Neuropsicopedagógica, com a
Psicopedagoga Serly Freitas, estagiária de Neuropsicopedagogia Clínica.

A sala de aula da Professora Cristiane é composta por 28 alunos, sendo 3


alunos de inclusão, possui também uma estagiária que realiza o acompanhamento a
dois alunos com DI e uma professora que faz as mediações necessárias a uma
aluna com TEA, os demais alunos estão no nível alfabético para o ortográfico,
exceto a aluna Bárbara que está no processo de aprendizagem das sílabas,
compreensão de textos, e relação numeral quantidade. A estrutura física da sala é
boa, bem iluminada com luz natural e artificial, na parede em cima do quadro verde
tem o alfabeto com os 4 tipos de grafia, na parede lateral tem um silabário com as
dificuldades ortográficas e uma tabuada de Pitágoras. As carteiras estavam
enfileiradas, a aluna Bárbara se senta na primeira carteira ao lado da mesa da
professora regente e próximo a outra professora de apoio que sempre realiza
mediações também com a Barbara. Os alunos inclusos realizam as mesmas
atividades dos demais alunos, somente com explicações individualizadas e muitas
vezes com material concreto ou desenhos pictográficos, enquanto a aluna Bárbara
realiza atividades especiais com menos complexidade, atividades silábicas e na
disciplina de Matemática com números menores que 100, as avaliações também são
adaptadas. No dia da visita o planejamento era sobre o gênero Receita, os alunos
fizeram a leitura e interpretação do texto Quentão infantil, foi explicado sobre os
textos instrucionais, a aluna Bárbara realizou atividades de consciência fonológica
sobre as festas juninas, sílaba inicial, escrever o nome das imagens.

No intervalo fiquei observando como Bárbara se comportava fora da sala de


aula, as colegas a incentivam para brincar, nesse dia, elas estavam brincando de
correr e ver quem chegava antes na parede lateral, Bárbara corria e chegava

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sempre por último, durante o tempo todo da brincadeira sorria, mas não conversou
com as colegas, interagindo somente através de sorrisos.

Segundo informações obtidas através do relato da Professora Cristiana, Bárbara


não apresenta nenhuma autonomia ou iniciativa, mesmo sabendo fazer a atividade
seguindo o exemplo ou as explicações, não o faz e fica esperando a mediação
constante da professora, enquanto isso vira a folha e realiza desenhos atrás da
atividade ou em qualquer outro papelzinho que esteja ao seu alcance ou até mesmo
na carteira.

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4. ROTEIRO DE AVALIAÇÃO

Sessões

1ª data 13/06/2022

ENTREVISTA OPERATIVA CENTRADA NA APRENDIZAGEM

2ª data 20/06/2022

História de vida, Informativo social

3ª data 27/06/2022

Área cognitiva- Provas Piagetianas

Conservação de quantidade discreta

Dicotomia

4ª data 04/07/2022

Orientação temporal , Realismo nominal

5ª data 11/07/2022

Área psicomotora

Base psicomotora

Atividade grafomotora

6ª data 19/07/2022

Atividade Memória visual e atenção

7ª data 22/07/2022

Área da linguagem

Alfabeto

Avaliação Informal de Consciência Fonológica

8ª data 29/07/2022

Matemática

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9ª data 04/08/2022

Ditado topográfico

10ª data 10/08/2022

Provas piagetianas

Seriação, interseção e inclusão de classe

5. DESCRIÇÃO DA DEMANDA (QUEIXA)

A avaliação neuropsicopedagógica foi autorizada pela mãe, quando foi


matricular a filha nas aulas de reforço escolar no Espaço Psicopedagógico Saberes,
pois Bárbara estava apresentando muitas dificuldades na aprendizagem,
comunicação e interação social, tanto na escola como também em casa com
familiares. As dificuldades de comunicação iniciaram quando Bárbara estava com 3
anos, e tiveram que mudar de país e com o falecimento da avó. A vida escolar
iniciou na região Norte do Brasil, ocasião em que Bárbara não conseguia se
comunicar com a professora, devido ao idioma e a timidez, não conseguindo se
expressar nem mesmo sobre as necessidades fisiológicas, depois vieram para a
região sul, e logo iniciou a Pandemia, onde Bárbara não se adaptou às aulas
remotas, pois chorava, fazia birra e não queria fazer as atividades remotas, por isso
a mãe solicitou a retenção da filha no 1º ano, a qual pela lei lhe foi negada. No 2º
ano continuou os mesmos problemas de aprendizagem, devido ao ensino remoto,
não participou de nenhuma videochamada e tampouco realizou as atividades
recebidas, pois recusava-se a realizá-las. Devido ao sistema de ensino foi aprovada
automaticamente para o 3º ano.

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6. RELATÓRIO POR ÁREA OBSERVADA

6.1 E.O.C.A- Entrevista operativa Centrada na Alfabetização

A E O C A foi elaborada pelo professor argentino Jorge Visca, cujo objetivo foi de
estudar as manifestações cognitivas afetivas da conduta do entrevistado em
situação de aprendizagem. A aplicação se faz de consignas e intervenções.

A entrevista iniciou às 13:15 min, com a consigna de abertura “Gostaria que você
me mostrasse o que sabe, o que te ensinaram e o que aprendeu... Bárbara
demorou 1 minutos para tocar nos objetos, primeiramente olhou para a revista,
folheou, mas não a tirou do lugar, continuava a balançar as pernas, demonstrando
nervosismo, passou mais 1 minuto e repeti a consigna de abertura, aí ela pegou o
lápis preto e verificou que estava sem ponta, deixou-o e pegou a caneta rosa, tirou
a tampa para conferir a cor, guardou no lugar e pegou outra cor, mas não escreveu
com ela, preferindo iniciar uma atividade de desenho em uma folha de papel almaço
quadriculado desenhou e pintou uma borboleta grande, pintando de várias cores,
desenhou 2 nuvens grandes e coloriu de azul, desenhou uma borboleta menor com
carinha feliz, ficou a maior parte do tempo balançando as pernas e não olhou nos
meus olhos e também não falou nada, às 13:40 min, estava mais calma, pois parou
de balançar as pernas, cada caneta que usava tampava e guardava no lugar,
questionei sobre o desenho que estava bonito e colorido, respondeu num tom bem
baixo, com respostas monossilábicas, falou o nome da irmãzinha, pedi para escrever
algo sobre o desenho, ela escreveu seu nome e fez um coração.

Para mudança de atividade, fiz a consigna fechada: Gostaria que me mostrasse


outra coisa diferente de aquilo que já mostrou, uma atividade anterior, esperei sua
iniciativa, mas como não houve, fiz a consigna direta: Gostaria que me mostrasse
alguma coisa que você sabe de matemática. Ficou pensativa por alguns segundos,
sempre balançando as pernas, e depois pegou a folha de papel almaço pautado e
às 13:45 min, sem falar nada, pegou o lápis preto apontando-o, depois , foi até a
lixeira jogou as madeirinhas e o durex que estava na borracha e iniciou outro
desenho, desenhando toda a sua família enfileirada, com diferentes tamanhos, e
uma montanha atrás, perguntei quem eram e ela respondeu: o irmão, mãe, pai, ela,
a irmãzinha que tem 2 anos e a avó, após concluir o desenho numerou-os, contou e

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verificou que a sequência estava incorreta, apagou e corrigiu a sequência, mas o
numeral 5 e 6 ficaram invertidos, espelhados, não foi necessário fazer a consigna
múltipla, pois a aprendente mesmo apresentando pouca iniciativa, colaborou com a
entrevista operativa, terminando às 14:00h.

6.2 Levantamento de hipótese

Quanto a temática, Bárbara desenhou em ambas as folhas sobre a sua


família, ela ainda não está alfabetizada, escreve apenas seu primeiro nome,
reconhece as letras do alfabeto, mas não escreve palavras, segundo a professora,
Bárbara só realiza as atividades com mediação constante, enquanto vai atender os
demais alunos, Bárbara quer desenhar na folha da atividade, em algum pedacinho
de papel ou até mesmo na carteira, encontra-se no nível silábico em conflito com e
sem valor sonoro, algumas palavras memorizadas com valor sonoro, durante as
provas, Bárbara respondeu com palavras monossilábicas ou com gestos de sim ou
não, alguns questionamentos não soube responder, ex: qual dia e mês que
estávamos, o que o pai vende, pois é vendedor e tampouco soube explicar onde
mora. Em relação à dinâmica, seu tom de voz é baixo, usou quase todos os
materiais riscantes disponibilizados, teve iniciática em apontar o lápis e tirar a
embalagem do apontador e da borracha, preferiu as canetas e canetinhas, não quis
utilizar os lápis de cor, realizou as atividades com capricho com traços firmes e após
o uso tampou e guardou as canetinhas no estojo.

No seu produto, desenha, mas a parte escrita o fez com incentivo, “agora
escreva alguma palavra ou frase”, realizou as atividades no início com um pouco de
nervosismo “balançando as pernas”, mas depois ficou tranquila, conversou com
estímulo sobre as atividades, falando o nome dos familiares, apresentou os seus
desenhos com forma, compreensão e o no nível da idade do entrevistado No
aspecto corporal demonstrou reconhecer as partes principais do corpo, e
características pessoais, tipo cabelo longo, arrepiado, todos estavam com sorrisos,
parecendo felizes.

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6 3 Hipótese diagnóstica

A aprendente demonstra estar no nível pré-operatório a concreto, substituindo


a linguagem pelo desenho, pois “neste estágio do desenvolvimento cognitivo é
marcado pela comunicação verbal''. É comum a criança falar tudo o que se passa
em sua mente, sem considerar o que as pessoas dizem”. Bárbara apresenta nível
intelectual aparentemente normal diante de seus pares, somente não apresenta
vínculo com a aprendizagem e ainda está em processo de desenvolvimento da
aprendizagem dos conceitos básicos na matemática com limitações no raciocínio
lógico e na construção do conceito de números, possui dificuldades também quanto
à competência linguística, não reconhece todas as consoantes e tampouco o seu
som apresentando leitura e escrita de nível pré-operatório intuitivo articulado.

FONTE: Serly de F.O.Freitas(2022)

FIGURA 1:Materiais da EOCA

FONTE: Serly de F.O.Freitas(2022)

FIGURA 2 :Produzindo o Produto

FIGURA 3: 1ª consigna de abertura


FIGURA 4: 2ª consigna fechada e direta

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FONTE:Serly de F.O.Freitas(2022) FONTE: Serly de F.O.Freitas(2022)

6.4 Área Psicomotora

Barbará apresentou dificuldades de coordenação motora global dos movimentos


sincronizados, como pular e agachar, pular com os dois pés juntos, demonstrando
que o aprendizado e a execução de habilidades motoras coordenadas estão
substancialmente abaixo do esperado para a idade cronológica, segundo o DCM-5 “
“As dificuldades motoras descritas no critério A interfere significativamente nas
atividades de vida diárias adequadas à idade cronológica e traz impactos no
rendimento escolar”. Critérios diagnósticos dos transtornos do desenvolvimento da
coordenação motora ( DSM-5, 2014,p.118)

A aquisição e a execução de habilidades motoras coordenadas estão


substancialmente abaixo do esperado se considerando a idade cronológica do
indivíduo e a oportunidade de aprender e usar a habilidade. As dificuldades
manifestam-se por falta de jeito (p. ex., derrubar ou bater em objetos), bem como por
lentidão e imprecisão no desempenho de habilidades motoras (p. ex., apanhar um
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objeto, usar tesouras ou facas, escrever a mão, andar de bicicleta ou praticar
esportes).

Atualmente, os estudiosos em educação falam sobre a importância da


psicomotricidade no desenvolvimento cognitivo das crianças, principalmente nas
escolas da educação infantil e fundamental, não somente nas aulas de educação
física, mas em todos os componentes curriculares através dos jogos e brincadeiras,
pois estimulam e aprimoram as habilidades cognitivas contribui para desenvolver
habilidades acadêmicas como leitura, escrita e aritmética eles colaboram para a
melhoria da atenção, da concentração e do autocontrole.

6.5 Funções executivas: Memória e atenção

Funções executivas são o conjunto de habilidades cognitivas e metacognitivas


que fazem com que a pessoa ou criança planeje uma atividade a ser realizada. As
principais funções executivas são: Controle inibitório, atenção seletiva, memória de
trabalho e a flexibilidade cognitiva.

Foram utilizadas atividades para verificar as funções executivas da aprendente


em diferentes jogos pedagógicos, como: quebra- cabeça silábico, jogos de encaixe,
tangram.

Bárbara durante as sessões demonstrou concentrar-se mais em atividades de


sua preferência, como jogos com animais, consegue prestar atenção a uma mesma
atividade por um bom tempo, percebeu-se através das atividades avaliativas que
possui atenção sustentada e atenção seletiva, necessitando trabalhar mais a
atenção dividida, talvez devido a timidez, ficou um pouco prejudicada saber mais
sobre a atenção dividida, pois não conseguiu lembrar de algumas informações,
como, onde e o que o pai faz, enquanto montava o quebra-cabeça, Bárbara está em
processo de desenvolvimento da memória de trabalho, pois apresentou certa
dificuldade de guardar instruções, lembrar o que vai fazer, números para cálculo,
dificuldade de reter informações em um texto, comandos diários, regras de um jogo,
etc.

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FIGURA 5: Jogo Soletrar FIGURA 6: Imagem da internet

FONTE: Serly de F.O.Freitas(2022)

FIGURA 7: Imagem da internet

FIGURA 8: Imagem da internet

FIGURA 9: Imagem da internet

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Através das atividades de percepção e discriminação de semelhanças e
diferenças em relação ao tamanho, forma, cor, posição e detalhes foi possível
observar que a aprendente possui boa percepção visual, pois encontrou
rapidamente todos os objetos na atividade de encontrar os objetos escondidos, mas
não pintou e já estava desenhando atrás da folha, Barbará demonstrou estar no
nível perceptivo, conseguindo prestar atenção a detalhes, demonstrando ter
atenção seletiva e sustentada por alguns minutos, resolvendo rapidamente o que lhe
é pedido, quando é de seu interesse, mas quanto a percepção temporal necessita
de mediação para compreender as noções de durações temporais tais como ontem,
hoje, amanhã, ano, meses, semanas, dias horas, estação do ano, passado,
presente, futuro.

4-Área da Linguagem –

Foram aplicados protocolos do PROGRAMA DE INTERVENÇÃO FONOLÓGICA,


para escolares em fase inicial de alfabetização-RTI, com o objetivo de verificar se a
aprendente identifica as letras do alfabeto em sequência e em ordem aleatória,
discriminação do som das letras, segmentação silábica, aliteração e rimas, e a
mesma demonstrou conhecer quase todo o alfabeto, e algumas segmentações
silábicas, na discriminação visual, soube diferenciar distinguir as diferentes grafias
do alfabeto, também apresentou bom desempenho ao diferenciar alguns fonemas,
tem orientação espacial para desenhos e letras, mas na grafia dos números ainda
realiza inversões, principalmente nos números 5 e 6, nas atividades escritas ainda
está em processo da escrita, encontrando-se no nível silábico com valor sonoro a
silábico alfabética para as palavras da memória lexical, na avaliação de realismo
nominal, Barbara foi muito bem, respondendo as consignas com coerência
demonstrando que está na fase intermediária, pois conseguiu dizer qual das
palavras apresentadas era maior, pois reconhece a grafia de algumas palavras,
mas na primeira parte respondeu CASA para uma palavra grande, e uma palavra
pequena não conseguiu falar.

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FIGURA 11: Imagem da internet

FIGURA 10: Imagem da internet Escrita espontânea

FIGURA 12: Orientação temporal

FONTE: Serly de F. O .Freitas(2022)

FIGURA 13: Montagem de imagens da internet


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FONTE: Serly de F. O .Freitas(2022)
FIGURA 14: Ditado visual

FONTE: Serly de F. O .Freitas(2022)

5-Matemática

FIGURA 15 e 16: Montagem de imagens da internet

FONTE: Serly de F. O .Freitas(2022)

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Segundo o RNC para a Educação Infantil, as noções matemáticas são
construídas pelas crianças através da interação com seus pares proporcionando
várias experiências matemáticas como: raciocínio lógico, organização do
pensamento principalmente através dos jogos e brincadeiras, tal oportunidade de
crescimento e aprendizagem ficam um pouco prejudicada devido a falta de interação
social da Bárbara, mas ela demonstrou conseguir fazer a relação numeral –
quantidade até 50, a escrita de números em uma tabela até 100, seguindo a ordem
numérica tendo a percepção da regularidade numérica, porém ainda apresenta
alguma dificuldade na troca das dezenas exatas acima do 50, reconhecimento e
grafia de números com mais de um dígito, consegue realizar adição e subtração
com material concreto não realizando a contagem usando os dedos, possui conceito
de tamanho, reconhecimento das formas geométricas planas.

6.ÁREA COGNITIVA: DIAGNÓSTICO OPERATÓRIO- PROVAS PIAGETIANAS

6.1. Conservação de quantidade discreta

Material – 20 fichas circulares- 10 azuis e 10 vermelhas.

Após dispor as fichas na mesa, perguntei se sabia o que era aquilo, a qual
respondeu que eram quadrados, depois pedi para escolher uma cor, e ela escolheu
a cor azul.

Passo 1: Vou fazer uma fila e você fará uma fila ao lado da minha.

Consigna :“E agora você acha que nós temos a mesma quantidade ou alguém tem
mais ou alguém tem menos. Por quê ?”

Respondeu que tínhamos a mesma quantidade, mesmo após a contra-


argumentação, e em todas as consignas posteriores respondeu que tínhamos a
mesma quantidade de fichas, pois sempre repetia a arrumação das fichas paralelas
com as minhas, após fazer todas os passos argumentativos e contra
argumentativos, concluiu-se que a aprendente realizou a correspondência qualitativa

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de ordem intuitiva, pois consegue-se a correspondência mas não se mantém a 
conservação, fazendo uma correspondência termo a termo, não sendo numérica e
operatória, isto se comprova quando se altera a configuração, juntando ou
separando as fichas). A criança deixa de reconhecer a equivalência, não existindo a
conservação. O problema de quantidade é resolvido corretamente, mas juntando-se
às fichas respondeu que as que estavam espaçadas tinham mais elementos.

FIGURA 17: Conservação de quantidade discreta

FONTE: Serly de F. O .Freitas(2022)

Conclusão da prova de conservação de quantidade discreta, que a aprendente


ainda se encontra em transição, isso é na fase intermediária, fazendo a maioria das
modificações com reversibilidade por reciprocidade, mas na última modificação
negou a conservação.

6.2 Dicotomia.

Material 20 peças azuis e 20 peças vermelhas, 2 folhas de papel

Mistura-se todas as peças.

CONSIGNA: “Imagine que essas duas folhas sejam duas caixas e que essas peças
sejam brinquedos. Eu gostaria que você separasse nessas duas caixas estas peças,
colocando juntas àquelas que podem ficar juntas.

A 1ª separação, o critério utilizado foi a cor, deixando as peças azuis redondas


grandes e pequenas em dois montes, deixando as peças vermelhas quadradas
grandes enfileiradas na horizontal, e as pequenas em montinho.

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Na 2ª separação não houve critério, separou algumas em uma caixa (folha)e o
restante na outra folha. Não soube responder qual o critério utilizado, então foi
utilizado 2 folhas para cobrir e questionado como ela saberia em qual caixa estaria o

Círculo, foi repetido a consigna e que teria que pensar em outro critério de
separação.

3ª separação: Após pensar por 2 minutos, iniciou a colocação das peças nas duas
caixas, usando o critério de fazer montes por tamanho, em uma folha deixou
montinhos azuis grandes e 2 vermelhos pequenos, na outra caixa fez inverso.

Na 4ª separação usou os mesmos critérios da anterior, apenas deixou enfileirados


nas folhas.

5 ª passo : Dicotomia por indução.( Vamos brincar, eu começo e você termina)

Na dicotomia por indução, falei que iniciaria a separação pelo critério da forma
e depois ela continuaria, conseguiu entender o critério e realizou a separação
iniciada por tipos de formas geométricas

FIGURA 18: 1ª separação, critério: cor FIGURA 19: 2ª separação, sem critério

FONTE: Serly de F. O .Freitas(2022) FONTE: Serly de F. O .Freitas(2022)


FIGURA 20: 3ª separação sem critério FIGURA 21: Dicotomia por indução(formas )

FONTE: Serly de F. O .Freitas(2022) FONTE: Serly de F. O .Freitas(2022)

Concluindo a prova de dicotomia, percebeu-se pelas respostas apresentadas,


que Bárbara se encontra no nível 1, pré- operatório de pensamento intuitivo
articulado, pois conseguiu agrupar a primeira vez, mas teve dificuldades na
mudança de critério para reagrupar de formas diferentes. O pensamento articulado
é “ onde a criança desse nível pode agrupar as fichas em pequenas coleções tendo
em pequenos montes fundamentados em uma só semelhança, mas essas coleções
se justapõem, sem nenhuma relação entre si “.

6.3 Seriação

Material 10 palitos com diferença de tamanho ( 6 mm) e mais 1 palito com 3 mm de


diferença para o 3º palito em ordem decrescente.

Foi dado os 10 palitos à Bárbara e feito a consigna: você pode colocar os


palitos do maior para o menor, ela demorou uns segundos, depois pegou os palitos
e começou a compará-los um a um colocando-os na mesa e, quando terminou a
seriação, dei o último palito e falei para ela colocar na ordem observando o
tamanho.

Bárbara conseguiu fazer a seriação corretamente, depois foram misturados os


palitos e solicitado que me desse os palitos do menor para o maior através do
anteparo, ela foi observando termo a termo e me entregando, quando acabou
perguntei se achava que estava correto, ela somente balançou a cabeça, dizendo
que sim, após retirar o anteparo, mostrei que havia errado somente um palito.

Pela prova operatória de seriação, pôde-se verificar que está no nível intermediário
de transição, pois fez a seriação através de comparação de tamanho, e no nível II é
onde:

“a criança vai por ensaio e erro, compondo a série; compara cada bastão com todos
os demais até achar o que serve (seriação intuitiva). Não se trata de ensaio e erro
quando a criança procura o lugar do referido bastonete entre os maiores do que ele,

32
mas quando o faz em direção errada, isto é, se o bastonete é maior do que aqueles
que o antecedem e ela continua procurando o seu lugar entre os menores do
que ele.

6.4 Interseção de classes

Esta prova operatória tem como objetivo avaliar a capacidade da aprendiz de


estabelecer que um conjunto possua, simultaneamente, características dos outros
dois conjuntos.

Material: 5 círculos vermelhos,

5 círculos azuis

5 quadrados vermelhos

1 EVA ou cartolina com interseção de 2 círculos

Foi apresentado à Bárbara a prova operatória e perguntado o que ela estava


vendo, respondeu quadrados “rosa” e os círculos não conseguiu lembrar a nome
da forma geométrica, foi mediado na lembrança do nome círculo, após fazer a
consigna: Há mais fichas azuis ou vermelhas, respondeu corretamente que havia
mais objetos vermelho.

Consigna: Há mais quadrados ou círculos?

Respondeu corretamente círculos, mas como não mantém diálogo, não conseguiu
responder o porquê de ter mais círculos, somente balançou a cabeça que não sabia
responder.

Consigna: Há a mesma quantidade, mais ou menos de fichas vermelhas?

Respondeu que havia mais peças vermelhas.

Consigna: No círculo preto, há mais fichas vermelhas ou azuis?

33
Apresentou como resposta, que tinha mais fichas azuis, não percebendo a
interseção.

Concluindo: Bárbara demonstrou estar no nível I, isto é, intuitivo global , onde o


aprendente acerta as perguntas sobre a classe de figuras, mas não compreende a
inclusão e interseção.

6.5 Classificação- inclusão de classe ( Professor Jefferson Batista Macedo)

Material: 5 margaridas de EVA

2 rosas

Consigna de abertura: foi perguntado se conhecia aqueles objetos, e ela


respondeu que eram flores, depois falou que eram margaridas e rosas, em seguida
foram enfileiradas as flores e questionado se haviam mais margaridas ou rosas, e
obtido a resposta: margaridas, contando as flores. Para a outra consigna foi
apresentado 2 rosas e uma margarida, questionado se havia mais flores ou rosas,
primeiramente respondeu rosas, mas logo em seguida corrigiu o pensamento e falou
flores.

Hipótese diagnóstica: Bárbara demonstrou possuir algumas noções de


classificação e inclusão de classes, estando no nível intermediário ou de transição,
pois ainda possui dúvidas para o raciocínio concreto de inclusão de classe.

34
7.DITADO TOPOGRÁFICO

O ditado topológico, segundo a Psicopedagoga do Focoensina,

O ditado topológico faz parte do modelo de avaliação baseado na epistemologia


convergente de Jorge Visca é uma ferramenta neuropsicopedagógica, que pode
ser utilizada para avaliar inúmeros conhecimentos adquiridos progressivamente ao
longo do tempo pelas crianças, como: percepção visual e auditiva, atenção,
coordenação motora fina, lateralidade, posição, tamanho, cores, relações entre
números e quantidades, formas geométricas, sequenciação e raciocínio
lógico( disponível: www.focoensina.com.br)

35
O ditado topológico é um teste informal neuropsicopedagógico que tem como
objetivo principal a avaliação qualitativa de crianças, quanto aos conceitos
adquiridos sobre os conhecimentos de cores, forma, lateralidade e distância.
Barbara demonstrou compreender bem os conceitos, primeiramente ao solicitar que
fizesse um risco no meio da folha, realizou-o, mas percebeu que não estava bem no
meio da folha, apagou e tentou corrigir o risco, depois na consigna de fazer 7
risquinhos, como ainda está em processo de contagem, fez os riscos, mas ao contar
percebeu que havia mais do que o solicitado, o restante das consignas realizou
com tranquilidade, sem necessitar repetir os comandos.

Conclusão: Barbara, demonstrou neste e em outros testes que está em


processo de desenvolvimento das habilidades cognitivas, raciocínio matemático e
linguístico, apresentando boa aptidão para a aprendizagem, pois tem bom traçado
das letras, noções espaciais, temporais, lateralidade, discriminação visomotora.

8. RELATÓRIO SITUACIONAL DE AVALIAÇÃO NEUROPSICOPEDAGÓGICO

I - DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Nome: B.C.V.M

Data de nascimento: 16/01/2014

Escolaridade:3ºano
Natural:Maturin Venezuela
Pai: Dimas Eduardo Villegas Lopez

Mãe: Leomaris Carolina Marabay Zaragoza

Solicitante:a mãe
Escola Municipal Leonor Castellano

35
II- APRESENTAÇÃO DO CASO

A estudante B.C.V.M foi encaminhada para avaliação neuropsicopedagógica a partir


de decisão dos pais. Atualmente frequenta o 3º ano de uma escola pública, estuda
no período vespertino e está com 8 (oito ) anos de idade. As informações foram
obtidas através de entrevista com a mãe, relatando que a gravidez ocorreu de modo
casual, quando estava com 25 anos morando na Venezuela. Bárbara nasceu com
37 semanas e pesando 3100 g, pois estava sem receber nutrientes há cerca de 30
dias, devido a diminuição do líquido amniótico, após o nascimento permaneceu
internada por 7 dias. O parto ocorreu por cesárea e foi demorado, sendo necessário
a permanência da mãe internada por 16 dias após o parto.

Segundo o relato, o desenvolvimento de Barbara ocorreu conforme o esperado,


recebeu aleitamento materno até os 2 anos de idade, fez uso de mamadeira por
pouco tempo, alimentando-se normalmente depois, começou a engatinhar aos 6
meses, andou com 1 ano e 2 meses, falou as primeiras palavras aos 6 meses.
Quando criança Bárbara teve repetidas infecções respiratórias, utilizando por
diversas vezes antibióticos, não teve outros problemas de saúde e nunca necessitou
de internamento hospitalar.

Quando Bárbara estava com 3 anos, os pais vieram para o Brasil deixando as
crianças com a avó na Venezuela, mas pouco tempo depois a avó veio a falecer e
Barbara ficou traumatizada com a perda da avó e em ter que deixar o país, ficando
triste e calada, quando queria alguma coisa chorava, fazia birras e brigava com o
irmão mais velho e com a mãe. O irmão não teve problemas ou dificuldades na
escola, sendo um menino extrovertido. Barbara frequentou o 1º ano na região norte
do Brasil, onde ficou por quase 1 ano sem conversar, interagir com os colegas e
com os professores, não conseguindo demonstrar seus anseios e necessidades
fisiológicas.

Segundo relato da mãe, receberam convite para vir para o Sul permanecendo
em Curitiba, vieram pouco antes da Pandemia, ocasião em que começou o
isolamento social, o qual tornou mais grave as dificuldades sociais da Barbara,
nesses dois anos de pandemia, Barbará permaneceu o tempo todo em casa, teve
muitas dificuldades com as aulas remotas não conseguindo participar dos vídeos

36
chamadas com a professora, devido ao idioma ficava nervosa e não conseguiu
evoluir na aprendizagem, mesmo após o relaxamento social, Barbara continuou
com a dificuldade em interagir com outras pessoas, mesmo sendo elas
Venezuelanos. A mãe relatou que uma avaliação psicoeducacional foi solicitada
pela escola no início do ano, e que ela está tentando ajudar a filha com as
atividades escolares, mas estava com dificuldades devido ao comportamento e as
dificuldades de aprendizagem, resolveu colocá-la para fazer atendimento de reforço
escolar particular.

III – RECURSOS AVALIATIVOS E RESULTADOS

Foram realizadas 10 (dez) sessões de avaliação diagnóstica, consistindo em


entrevista e anamnese, sessões com a criança . A estudante demonstrou ser muito
tímida, calada, com pouco contato visual, tom de voz muito baixo, quase inaudível,
sinais de ansiedade, pensativa, demorando para iniciar as atividades depois das
consignas, porém conseguiu cooperar nas atividades avaliativas. Apresentou pouca
iniciativa própria, certa recusa ao toque e sustentação do contato visual, respondeu
somente as perguntas, não iniciando outras conversas, nas provas operatórias
demonstrou estar no nível pré-operatório para o concreto, atenção sustentada e
seletiva ,certa dificuldade na memória de trabalho, nas avaliações linguísticas está
em processo de desenvolvimento das habilidades acadêmicas, encontrando-se no
nível de escrita silábico com valor sonoro, reconhece e nomeia a maioria das letras
do alfabeto e algumas junções silábicas da memória lexical, necessita melhorar o
raciocínio lógico-matemático para resolução de problemas, contagem e
reconhecimento dos numerais.

Os instrumentos utilizados para a avaliação foram:

✔ Informações Sociais;

✔ Provas do diagnóstico operatório;


37
✔ Provas de habilidades de funções executivas;
✔ Avaliação da consciência fonológica;

✔ Língua Portuguesa (leitura, escrita e interpretação de texto);

✔ Matemática

9. ROTEIRO DE INTERVENÇÃO PROGRAMADA

Sessões

1ª data

Socialização, Oralidade, interação, reforçar vínculos, contação de história clássica:


A Bela Adormecida com Fantoche, Consciência fonológica, reconhecimento do som
das letras em sequência, aliterações, rimas.

2ª data

Praxia fina, oralidade, coordenação motora fina . Caixa surpresa – manusear objetos
tentando identificar pelo tato, reconhecimento do som das letras em ordem aleatória,
identificação e produção de rimas com imagens, escrever no quadro o nome deles.
Ex: PENTE rima com ?

3ª data

Coordenação viso motora, raciocínio, memória imediata, consciência fonológica.

Jogo lince, Tapa certo, quebra-cabeça com nomes e imagens de animais.

4ª data

Praxia fina, coordenação motora fina, memória visual, Observar e escrever palavras
na caixa de areia, cobrir as letras pontilhadas com letra cursiva no tablet, produção
de rimas com frases.

5ª data

Coordenação motora ampla, espaço temporal, memória lexical

Pular corda recitando o alfabeto, falar palavras com a letra inicial quando pular
38
errado, cantigas de roda com rimas , dominó e quebra cabeça silábico

6ª data

Leitura de palavras com Sussurro Fone, consciência fonológica, rimas,


coordenação motora fina. Atividade A Casa e seu dono: leitura, interpretação,
desenho, pintura , resolução de problemas com os animais.

7ª data

Programa de Intervenção Fonológica para Escolares em Fase Inicial de


Alfabetização: Segmentação e análise silábica, identificação e manipulação
silábica.

8ª data

Programa de Remediação Fonológica: Identificação de palavras dentro de uma


frase, síntese fonêmica.

9ª data

Programa de Intervenção com as Dificuldades Ortográficas: Ditado de palavras


C/Q, G/GU, frases com lacuna e orientação

10ª data

Programa de Intervenção com as Dificuldades Ortográficas: /s/-SE,SI,CE, CI,Ç ,


Texto utilizado: Assopra, Cecília, Assopra. Leitura de palavras para memorização,
frases com lacuna e orientação

39
10. PARECER DE INTERVENÇÃO NEUROPSICOPEDAGÓGICA PROGRAMADA

A criança/adolescente B.C.V.M, passou por 10 (dez) sessões de intervenção


neuropsicopedagógica para sanar ou minimizar suas dificuldades na socialização,
interação entre pares, linguagem pragmática, alfabetização, letramento, relação
fonema/ grafema, segmentação silábica, compreensão e reconhecimento gráfico dos
numerais, valor posicional entre outros conceitos matemáticos, pois durante a
avaliação foram áreas que apresentaram defasagens significativas e estão
comprometendo seu desempenho escolar. Devido a sua idade e série escolar estas
dificuldades deveriam ter sido sanadas, portanto decidiu-se através de 10 (dez)
sessões de intervenção neuropsicopedagógica promover este aprendizado ao
aprendente . B.C.V.M que mostrou-se colaborativa, na maioria das sessões
esteve emocionalmente, envergonhada, apática e em alguns momentos ansiosa,
balançando as pernas.

A primeira sessão de intervenção ocorreu com atividades lúdicas, orais e


escritas, através da literatura clássica A bela adormecida, principalmente objetivando
o vínculo e a interação social. Primeiramente manuseei o livro fantoche contando a
história com entonação na voz e interpretando os personagens, após dei a ela e pedi
que contasse a história, pegou o fantoche, sorriu timidamente, mas não recontou a
história, apenas respondeu com palavras isoladas o que lhe foi questionado, como:
Qual era o nome da princesa, o que aconteceu e como terminou a história, entre
outras perguntas, com tentativas de fazê -´la continuar ou iniciar uma conversa, após
a contação da história foi realizado atividades de acompanhamento da leitura e
interpretação do texto, a qual acompanhou atentamente a leitura e os enunciados,
apontando para a resposta, antes de marcar a alternativa que considerava correta,
depois realizou com autonomia e interesse a atividade de quebra-cabeça com 30
peças sobre a história.

40
41

Imagem 1, 2 e 3: 1ª sessão de intervenção

Fonte: Serly Freitas(2022)

A 2ª sessão de intervenção teve como objetivos aprimorar a praxia fina,


oralidade e consciência fonológica através da atividade: Caixa surpresa onde teve
que colocar a mão dentro da caixa e tentar adivinhar primeiramente, qual objeto era
e depois falar a letra inicial, aliterações, rimas.

Bárbara continua falando ou se expressando muito timidamente, foi sugerido


que tirasse a máscara, mas ainda não se sente segura para tirá-la, segundo a mãe
ela se acha feia, por isso tenta se esconder atrás da máscara. Durante a atividade
Bárbara emitiu sorrisos, seus olhos brilharam, mas respondeu somente o
questionado, reconhece o som das sílabas iniciais, tem a percepção sonora, mas
não produz nova rima a partir de uma palavra oferecida, repetindo que não sabe ou
não lembra, necessitando de pistas para relembrar uma palavra que rime, Ex: urso-
curso, avião- gavião.

Imagem :4,5 e 6. Atividade: Caixa surpresa Fonte: Serly Freitas (2022)

41
A 3ª sessão de intervenção foi com atividades lúdicas através de jogos
educativos de alfabetização com os principais objetivos de estimulação visomotora,
memória, atenção, consciência fonológica. Realizou a maioria das atividades com
autonomia e assertividade, pois possui atenção seletiva, devido ao próprio mutismo
prefere realizar as atividades sozinha.

Imagem :7,8,9,10.( atividades lúdicas )

Fonte: Serly Freitas (2022)

‘ A 4º sessão de intervenção teve como objetivos aprimorar a praxia fina,


coordenação motora fina, memória visual com atividades de observação e escrita
de palavras na caixa de areia, cobrir as letras pontilhadas com letra cursiva no
tablet, tentativa de leitura, . Barbara apresenta boa coordenação visomotora e
grafomotora, realizando a escrita e pareamento de palavras com diferentes grafias
assertivamente.

Imagem 11 Imagem 12:Apraxia fina


Fonte:Serly Freitas ( 2022) Fonte:Serly Freitas ( 2022)

42
A 5ª sessão de intervenção teve como objetivo coordenação motora ampla,
espaço temporal, memória lexical e foi realizada na semana da criança, com
interação entre os alunos da sala da Professora Cristiane, onde fui convidada para
participar, pois iria ter atividades extraclasse com a equipe de recreação da
Secretaria da Cultura.

Bárbara está evoluindo lentamente, retirou a máscara, mas continua


colocando a mão na boca com o intuito de se esconder, demonstra insegurança em
se comunicar, preferindo apenas mexer a cabeça concordando ou discordando com
o que lhe é perguntado, na sala de aula, segundo a professora, depois que realiza
desenhos em papeizinhos, levanta e vai entregar para a colega, mas antes de falar ,
permanece um tempo parada sem dizer nada até que a colega fale com ela, o tom
da fala é sempre muito baixo sendo necessário que repita o que deseja.

Na semana da criança, foi desenvolvido na escola atividades de cinema com


pipoca, piquenique na quadra e brincadeiras diversas. Barbara participou
timidamente, mas conseguiu tentar pular corda sozinha e com as colegas, jogar
peteca, demonstrou estar feliz, mas ainda não está conversando com os colegas,
interage somente através de sorrisos.

Imagem:12,13,14 . Atividade de interação


Fonte: Serly Freitas (2022)

A 6ª sessão de intervenção teve como objetivo desenvolver a percepção


visual, interpretação de textos visuais e escritos e a oralidade. Foi realizado a
leitura de alguns textos, separando oralmente as sílabas das palavras, Bárbara
acompanhou a leitura atenta, repetindo as sílabas e após a leitura compartilhada foi

43
realizado a leitura comentada, antes de ler o enunciado das perguntas, não teve
interferência nas respostas, somente depois que respondia era questionada se
resposta estaria correta, nas alternativas em que não houve compreensão foi
explicado novamente e corrigido as respostas.

Imagem 15: Interpretação de texto visual e verbal.


Fonte: Serly Freitas ( 2022)

44
A 7ª sessão foi com base no Programa de Intervenção Fonológica para
Escolares em Fase Inicial de Alfabetização: Segmentação e análise silábica,
identificação e manipulação silábica objetivando desenvolver a noção silábica,
ampliação de vocabulário e formação lexical.

Imagem 16 e 17 – Segmentação silábica Fonte: Serly Freitas (2022)

45
A 8ª sessão de Língua Portuguesa foi substituída por uma atividade de
Matemática, com o objetivo de verificar a aprendizagem nos objetos do
conhecimentos: Leitura, escrita, comparação e ordenação de números naturais até
3 ordens, cálculo mental e com material concreto( palitinhos), composição e
decomposição. Bárbara está evoluindo gradativamente ,mas consegue realizar a
contagem oral até 49, ainda apresenta dificuldades na grafia de alguns numerais,
realiza adição e subtração sem reagrupamento, utilizando diferentes
procedimentos de cálculo mental e escrito para resolver problemas significativos.

Imagens 19 e 20: Matemática

Fonte: Serly Freitas (2022)

Na 9ª sessão foi trabalhado algumas dificuldades ortográficas, pois segundo


as Diretrizes Curriculares, um dos objetivos de aprendizagem para o 3º ano é: Ler e
escrever palavras com correspondências regulares contextuais entre grafemas e
fonemas – c/qu; g/gu; r/rr; s/ss.

Barbara está evoluindo no seu processo de aprendizagem, pois conseguiu


ler silabando as palavras apresentadas, reconhece várias palavras da memória
lexical, mas a maioria realiza a leitura pela rota fonológica.

46
Imagem 21 e 22: Programa de Intervenção com as Dificuldades Ortográficas

Fonte: Serly Freitas(2022)

Para finalizar as sessões de intervenção, notei que Barbara ainda estava


apresentando dificuldades nas medidas de tempo, pois ainda não memorizou os
dias da semana, em que dia ou mês estamos, ela apresenta noções de sequências
temporais como antes, durante, depois. Então foi trabalhado uma atividade interativa
no Liveworksheets de reconhecimento dos dias da semana e meses do ano,
fazendo a interpretação de quantos meses têm o ano, quantos dias têm o mês de
agosto, e depois assistiu a vídeo sobre os dias da semana, e também foi trabalhado
noções de horas e minutos.

47
11. DEVOLUTIVA FINAL AOS PAIS

A devolutiva ocorreu no dia 20 de dezembro, último dia letivo de 2022, a qual


ocorreu de forma tranquila, pois sempre mantive contato com os pais falando sobre
os progressos e expectativas em relação a aprendizagem da Bárbara, mas informei-
os que a aprendente evoluiu satisfatoriamente quanto ao aprendizado, pois
reconhece todas as letras do alfabeto, realiza a leitura e escrita de palavras simples,
necessitando continuar as intervenções com as palavras com encontro consonantais
e vocálicos, no componente curricular de matemática, Bárbara reconhece os
numerais até a centena, fazendo a relação numeral quantidade, realiza adição e
subtração sem o auxílio de material concreto, fazendo cálculo mental ou contando
nos dedos, mas essa evolução não seria o suficiente para ela avançar para o 4º ano,
por isso foi optado em continuar no 3º ano. A parte de socialização, houve pouca
evolução, pois Bárbara necessita falar mais alto, expressar seus sentimentos pela
voz, interagir mais com pessoas estranhas, mas está mais desinibida, melhorou a
autoestima, aceitou retirar a máscara mostrando o seu sorriso tímido. No ano de
2023 Barbara começou a fazer terapia com psicóloga 1 vez por mês pelo SUS e
sala de multifuncional na escola, o que ainda é pouco para deu desenvolvimento
integral, por isso continua com reforço escolar 1 vez por semana com intervenções
na oralidade, interpretação, compreensão de textos,resolução de problemas com
enfase nas 4 operações .

48
12. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estágio supervisionado é muito importante para o futuro profissional


presenciar in loco, as dificuldades ou transtornos de aprendizagem das crianças,
pois cada criança é única mesmo com a mesma síndrome ou transtorno, somente a
teoria não basta, tem que vivenciar aprender na prática integrando os
conhecimentos científicos até mesmo aos conhecimentos emocionais, pois
neuropsicopedagogia integra os conhecimentos científicos do cérebro, psicológicos
e pedagógicos, formando uma tríade de conhecimentos.

13.REFERÊNCIAS

SAMPAIO, Maria Nobre. Programa de Intervenção com as Dificuldades Ortográficas.


São Bernardo do Campo,SP: Pulso Editorial,2013.

SEABRA, Alessandra Gotuzo, DIAS, Natália Martins. Avaliação Neuropsicológica


Cognitiva, Atenção e funções executivas, Volume 1, Editora Memnon, SP:2012

SILVA, Claudia da, CAPELLINI, Simone Aparecida. Protocolo Cognitivo- Linguístico.,


Ribeirão Preto, SP: Editora Booktoy,2022

INTERNET

file:///C:/Users/Serly/Desktop/psico/PSICOPEDAGOGIA%20-%20Manual%20Pr
%C3%A1tico%20do%20Diagn%C3%B3stico%20Psicopedag%C3%B3gico%20-
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: www.focoensina.com.br)
49
LEME,Maria Eduvirges Guerreiro PALESTRA-02-MARIA-EDUVIRGES.pdf , acesso
em 08/10/2022.

MACEDO. Jeferson Baptista.Relatório :Provas Pigetianas, 2014


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PASTA ESTÁGIO.pdf

REIS,Juliana I. Villanueva dos PALESTRA-1-JULIANA-REIS.pdf

www.rhemaeducacao.com.br

teste psicomotor (2).pdf

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