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Universidade Rovuma
Nampula
2019
Universidade Rovuma
Nampula
2019
Índice
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Introdução.........................................................................................................................................5
1. Contextualização.......................................................................................................................6
2. Exclusão social..........................................................................................................................6
3. Inclusão social...........................................................................................................................7
4. Leis Internacionais....................................................................................................................7
4.4. 2000-Milénio.........................................................................................................................8
5. Leis Nacionais.........................................................................................................................10
Brasil...............................................................................................................................................10
Moçambique...................................................................................................................................11
Conclusão.......................................................................................................................................18
Bibliografia.....................................................................................................................................19
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Introdução
A garantia de um ensino fundamental de boa qualidade para todos vem assumidamente expressa
no número 2 dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (2000). Nos objectivos e metas de
Dakar (2000), Moçambique assumiu o compromisso colectivo para a acção em prol da educação
e, no ponto 3 da mesma, reafirmou a visão da Declaração Mundial de Educação Para Todos
Jontien, (1990), apoiada pela Declaração Universal de Direitos Humanos e pela Convenção sobre
os Direitos da Criança, baseia-se no pressuposto de que toda criança, jovem e adulto têm o direito
humano de se beneficiar de uma educação que satisfaça as suas necessidades básicas de
aprendizagem, no melhor e mais pleno sentido do termo e que inclua aprender a aprender, a fazer,
a conviver e a ser. É uma educação que se destina a captar os talentos e potenciar cada pessoa e
desenvolver a personalidade dos educandos para que possam melhorar suas vidas e transformar
suas sociedades.
1. Contextualização
Os fenómenos de exclusão social têm merecido grande atenção dos investigadores, sendo que
alguns (e.g. Hunter, 2000; Kowarick, 2003; Lesbaupin, 2000; Proença, 2005; Sen, 2000)
consideram a exclusão social um conceito recente, introduzido por René Lenoir em 1974, que
abrange grande variedade de problemas socioeconómicos. Lesbaupin (2000, p. 30-1) acrescenta
que o termo deriva da teoria da marginalidade dos anos 1960, cujo fenómeno compreendia a
mão-de-obra marginalizada na América Latina. Para o mesmo autor o conceito de exclusão está
presente em todos os países, independentemente do seu nível de desenvolvimento, tendo em
comum a questão social.
O estudo da exclusão e inclusão social pressupõe o conhecimento prévio do conceito, sendo esta
a razão pela qual se apresenta uma síntese das definições no Quadro 1.
2. Exclusão social
É um processo através do qual certos indivíduos são empurrados para a margem da sociedade e
impedidos de nela participarem plenamente em virtude da sua pobreza ou da falta de
competências básicas e de oportunidades de aprendizagem ao longo da vida, ou ainda em
resultado de discriminação (COM, 2003, p. 9).
É um processo dinâmico, multidimensional, por meio do qual se nega aos indivíduos — por
motivos de raça, etnia, género e outras características que os definem — o acesso a oportunidades
e serviços de qualidade que lhes permitam viver produtivamente fora da pobreza (Mazza, 2005, p.
183).
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3. Inclusão social
Processo que garante que as pessoas em risco de pobreza e exclusão social acedam às
oportunidades e aos recursos necessários para participarem plenamente nas esferas económica,
social e cultural e beneficiem de um nível de vida e bem-estar considerado normal na sociedade
em que vivem(COM, 2003, p. 9).
Processo pelo qual a exclusão social é amenizada. Caracteriza-se pela busca da redução da
desigualdade através de objectivos estabelecidos que contribuam para o aumento da renda e do
emprego. Ou seja a inclusão social está relacionada com a procura de estabilidade social através
da cidadania social, ou seja, todos os cidadãos têm os mesmos direitos na sociedade. A cidadania
social preocupa-se com a implementação do bem-estar das pessoas como cidadãos. (Wixey et al.,
2005, p. 16).
4. Leis Internacionais
O documento é uma resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) e foi concebido na
Conferência Mundial de Educação especial, em Salamanca (Espanha). O texto trata de princípios,
políticas e práticas das necessidades educativas especiais, e dá orientações para acções em níveis
regionais, nacionais e internacionais sobre a estrutura de acção em Educação Especial. No que
tange à escola, o documento aborda a administração, o recrutamento de educadores e o
envolvimento comunitário, entre outros pontos. Acrescentar que contribui com Regras Padrões
sobre Equalização de Oportunidades para Pessoas com Deficiências, o qual demanda que os
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Estados assegurem que a educação de pessoas com deficiências seja parte integrante do sistema
educacional.
4.4. 2000-Milénio
Garantia de um ensino fundamental de boa qualidade para todos vem assumidamente expressa no
número 2 dos Objectivos de Desenvolvimento do Nos objectivos e metas de Dakar (2000),
A convenção foi aprovada pela ONU e tem o Brasil como um de seus signatários. Ela afirma que
os países são responsáveis por garantir um sistema de Educação Inclusiva em todas as etapas de
ensino. Descrita no artigo numero 1 e assegurando no artigo 3 destacando seus princípios.
Artigo 3
Princípios gerais:
b) A não-discriminação;
d) O respeito pela diferença e pela aceitação das pessoas com deficiência como parte da
diversidade humana e da humanidade;
e) A igualdade de oportunidades;
f) A acessibilidade;
h) O respeito pelo desenvolvimento das capacidades das crianças com deficiência e pelo direito
das crianças com deficiência de preservar sua identidade.
Originada da Declaração de Incheon, o documento da UNESCO traz 17 objectivos que devem ser
implementados até 2030. No 4º item, propõe como objectivo: assegurar a Educação Inclusiva,
equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para
todos. Destacando alguns pontos como objectivos:
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5. Leis Nacionais
Brasil
Estabelece “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e
quaisquer outras formas de discriminação”(art.3º inciso IV). Define, ainda, no artigo 205, a
educação como um direito de todos, garantindo o pleno desenvolvimento da pessoa, o exercício
da cidadania e a qualificação para o trabalho. No artigo 206, inciso I, estabelece a “igualdade de
condições de acesso e permanência na escola” como um dos princípios para o ensino e garante,
como dever do Estado, a oferta do atendimento educacional especializado, preferencialmente na
rede regular de ensino (art. 208).
Dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência e sua integração social. Define como
crime recusar, suspender, adiar, cancelar ou extinguir a matrícula de um estudante por causa de
sua deficiência, em qualquer curso ou nível de ensino, seja ele público ou privado. Apena para o
infractor pode variar de um a quatro anos de prisão, mais multa.
Moçambique
Assim, em 1992 foi revista a Lei do SNE pela Lei nº 6/92, de 6 de Maio e, no contexto da
estratégia global de desenvolvimento, o Governo Moçambicano adoptou a Política Nacional de
Educação, através da Resolução nº 8/95, que operacionalizou o SNE, tendo sido concebido o
primeiro Plano Estratégico da Educação (PEE-I), que foi publicado em 1997 e implementado
entre 1999 e 2005. A Lei do SNE surge com uma nova roupagem, abordando a questão da
inclusão de educandos que sejam PPD nas escolas regulares, em turmas especiais ou escolas
especiais (art. 29).
Ademais, o PEEC IPEEC - Plano Estratégico da Educação e Cultura (que tinha como lema
“Combater a Exclusão, Renovar a Escola”), realça o compromisso do Governo em tornar a
educação acessível para todos, envidando todos os esforços para que tal objectivo seja alcançado.
Em 1999, foi aprovada a Política para a Pessoa com Deficiência através Resolução nº 20/99, de
29 de Junho, que preconiza o acesso e a sua integração nos estabelecimentos de ensino, com
condições humanas, materiais e pedagógicas apropriadas.
Em 2006, foi aprovado o Plano Estratégico de Educação e Cultura II (2006-2011) que versa
essencialmente os mesmos objectivos chave, dando maior ênfase à melhoria da qualidade da
educação e à Educação Inclusiva (EI).
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O Sistema de Edução deve garantir à pessoa portadora de deficiência, em geral, e as pessoas com
necessidades educativas especiais, em particular, o acesso e a integração em estabelecimentos de
ensino ou em escolas especializadas, em condições pedagógicas, técnicas e humanas apropriadas.
iv. Fomentar e apoiar todas as iniciativas que tenham por finalidade a defesa dos direitos da
pessoa portadora de deficiência, bem como a promoção da sua dignidade e autonomia
pessoais;
v. Garantir a protecção social da pessoa portadora de deficiência e da sua família, por
intermédio de mecanismos que favoreçam a sua autonomia e a sua integração na
comunidade.
e) No âmbito do Sistema de Emprego
Para Sá (2012) “a escola inclusiva exige novas estruturas e novas competências. Observa-se que
as escolas públicas não têm correspondido às características individuais e socioculturais
diferenciadas de seu alunado, funcionando de forma selectiva e excludente”.
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Para tal, implica uma nova filosofia assente na organização da inclusão, integração e participação
de todos. As mudanças devem ser operadas também ao nível da organização e gestão curricular,
na gestão escolar, na formação dos professores, na capacitação dos técnicos inspectores escolares.
À que se definir as políticas de articulação e implementação de serviços externos de apoio, uma
política que olhe para as necessidades da escola, para o seu funcionamento pleno rumo à
inclusão. Se a inclusão é a garantia do acesso de todas as crianças no mesmo espaço escolar, a
diferenciação é um instrumento operacionalizador das políticas da inclusão. No nosso ver não
basta colocar, matricular ou integrar alunos com necessidades educativas especiais na
escola/turma sem olhar para a diferença que caracteriza a actual escola.
Para o processo de inclusão surtir os efeitos almejados, é indiscutível que haja uma transformação
no sistema de ensino, que vai beneficiar toda e qualquer criança, levando em conta a
especificidade do sujeito e não mais as suas deficiências e limitações. Para que a inclusão seja
efetivamente uma realidade é necessário rever uma série de barreiras, além das políticas de
formação de professores, práticas pedagógicas dos professores e dos processos de avaliação. É
necessário conhecer o desenvolvimento humano e as suas relações com o processo de ensino
/aprendizagem, levando em conta que se este se processa para cada aluno. Deve utilizar-se as
tecnologias de comunicação e informação para investir em capacitações, actualizações,
sensibilização, envolvendo toda a comunidade escolar.
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Concordamos com Formosinho (2009) ao considerar que a escola de massas, como qualquer
outra organização complexa, só pode responder adequadamente às suas novas tarefas diferentes,
aceitando o desafio da diferenciação, de modo a poder oferecer os novos alunos serviços
educativos que realmente se adequam às suas necessidades. De partilha do que cada um tem e do
que cada um sabe. Isto só é possível quando existir uma estrutura de organização pedagógica
efectiva na sala de aula. É a valorização do sentido social das aprendizagens.
Estão associados a estes factores, as más condições em que o ensino moçambicano é ministrado.
Falta de infra-estruturas adequadas, falta de material didáctico, falta de equipamento e mobiliário
escolar, turmas numerosas e aglomeradas, turmas ao ar livre, em suma, falta tudo.
Conclusão
Como fomos referenciando ao longo deste capítulo, são inúmeros os esforços e movimentos a
nível mundial e nacional visando assegurar que as barreiras que impedem o acesso de todas as
crianças à educação sejam removidas. Alinhado com as recomendações de alguns fóruns
internacionais como Jomtien (1990), Salamanca (1994) e Dakar (2000) houve um
reconhecimento da necessidade de assegurar o cumprimento das necessidades básicas de
aprendizagem de todas as crianças e um maior investimento dos diferentes países para que este
desiderato seja concretizado. Com efeito, esses movimentos propiciaram à educação inclusiva
bases políticas e sociais para se posicionar como uma modalidade que concorre para assegurar
uma educação para todos em ambiente de aceitação da diversidade, no qual as diferenças, sejam
de que tipos forem, não separam nem limitam as crianças da materialização do seu direito pleno à
educação, aqui assumida necessariamente como uma educação de qualidade.
A educação inclusiva vem a posicionar-se como uma estratégia que aumenta a participação de
todos os alunos na comunidade educativa, promovendo experiências enriquecedoras e, em alguns
casos, desafiantes considerando a visão profundamente arraigada da homogeneidade como mote
das práticas de muitos docentes e escolas.
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Bibliografia
LESBAUPIN, Ivo. Poder local x exclusão social: a experiência das prefeituras democráticas no
Brasil. Petrópolis: Vozes, 2000.
MAZZA, Jacqueline. Inclusão social, mercados de trabalho e capital humano na América Latina.
In: BUVINIC, M.; MAZZA, J.; DEUTSCH, R. (Orgs.). Inclusão social e desenvolvimento
econômico. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.