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Orientações práticas

para professores
de estudantes com

Transtorno do Espectro Autista


Orientações práticas
para professores
de estudantes com

Transtorno do Espectro Autista


Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

SESI-SP
Orientações práticas para professores de estudantes com transtorno
do
espectro autista / SESI-SP. – São Paulo : SESI-SP, 2018.
44 p. : il.

Vários autores.
ISBN 978-85-8170-056-4

1. Educação Inclusiva 2. Inclusão Escolar 4. Acessibilidade 5.


Transtorno do Espectro Autista I. Título.

CDD: 371.94

1. Educação Inclusiva : Adaptação Curricular : Autismo


2. Adaptação Curricular : Educação Inclusiva : Autismo
3. Autismo : Inclusão Escolar : Adaptação Curricular
4. Inclusão Escolar : Autismo : Adaptação Curricular

Bibliotecária responsável: Enisete Malaquias CRB-8 5821


Informações Técnicas

Presidente em exercício
José Ricardo Roriz Coelho

Superintendente em exercício
Alexandre Ribeiro Meyer Pflug

Divisão de Educação Autores


Fernando Antônio Carvalho de Souza Maria Cristina Triguero Veloz Teixeira
Luciana Campacci Soraia Romano

Elaboração e Coordenação do projeto Revisão de Língua Portuguesa


Aida Giuseppina Santangelo Elisabete Santos de Oliveira
Aline Oliveira Santos
Anne Lise Dias Brasil Editoração Eletrônica
Célia Maria Amato Balian Kamila Sayuri Uchino
Soraia Romano Taináh Linhares dos Santos

Todos os direitos reservados ao SESI-SP


Av. Paulista, 1.313 – São Paulo – SP | CEP: 01311-923 Tel: (11) 3146-7000 | www.sesisp.org.br
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Caro Educador,

Apresentação
Como ponto de partida, elaboramos este manual de “Orientações práticas para
professores de estudantes com Transtorno do Espectro Autista” com o objetivo
de contribuir para você desenvolver suas próprias estratégias de ensino e, assim,
facilitar a comunicação e o bom relacionamento dos estudantes com transtorno
do espectro autista.

O atendimento pedagógico desses alunos apresenta diferentes necessidades que


serão identificadas por você, educador, por meio da observação e do convívio do
estudante no contexto de sala de aula e, em cada ano escolar, com seus pares de
forma a garantir a inclusão, a permanência, a progressão e o sucesso escolar.

Para tanto, são apresentadas estratégias que podem alicerçar as inovações


que forem essenciais para viabilizar outras formas de ensinar para aqueles que
apresentam estilo próprio de aprendizagem: crianças e jovens com transtorno do
espectro autista.

Acreditamos que este material possa colaborar para o desenvolvimento de uma


escola que proporcione acessibilidade e a igualdade, tão necessárias para a
inclusão de todas as pessoas.

Boa Leitura!
Introdução ................................................................................................................. 11
sumário Inclusão: concepções, história e práticas pedagógicas ............................................
O que é o Transtorno do espectro autista? Definição e prevalência ........................
12
20
Deficit na comunicação social e interação social ................................................... 20
Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades... .... 21
O TEA pode ser identificado precocemente, isto é, desde idades iniciais do
desenvolvimento? ..................................................................................................... 22
Realidade da inclusão escolar de estudantes com deficiências ou transtornos
no Brasil ..................................................................................................................... 22
Tratamento e educação para crianças com TEA ou deficit relacionados à
comunicação TEACCH ............................................................................................ 24
Análise aplicada do comportamento (ABA) ........................................................... 25
Trabalho da equipe educacional na educação infantil ............................................. 28
Trabalho da equipe educacional no ensino fundamental ........................................ 34
Áreas que podem ser trabalhadas em estudantes com TEA com habilidades
verbais preservadas (com e sem rebaixamento intelectual) ................................. 34
Para melhorar deficit na comunicação e nas interações sociais ...................... 34
Para desenvolver habilidades sociais ............................................................... 37
Cuidados especiais em estudantes com TEA que não são verbais e apresentam
rebaixamento intelectual ...................................................................................... 40
Para introduzir repertórios comportamentais adequados .............................. 40
Bibliografia ................................................................................................................ 43
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Como instituição social, a escola está inserida em uma realidade histórica da qual so-

Introdução
fre e exerce influência, porém não é apenas uma organização por onde transitam os
valores, a ciência, as ideologias, a política, os costumes e a cultura de uma sociedade.
Por um lado, ela desempenha o papel de acolher a realidade social e, por outro, tem
o poder de atuar sobre essa mesma realidade formando cidadãos plenos.

Dessa maneira, a cidadania que a escola deve formar é essencialmente da consciên-


cia de direitos e deveres no exercício da democracia que garanta direitos civis, sociais
e políticos fundamentados numa concepção que mobiliza cada um, individualmente
e todos na conquista de novos direitos.

A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência reconhece o direito à


educação que, para efetivá-la sem discriminação e com base na igualdade de oportu-
nidades, assegurará um sistema educacional inclusivo em todos os níveis, bem como
o aprendizado ao longo de toda a vida.

E quando se fala em inclusão, pressupõe-se que não basta apenas inserir as pessoas
com deficiência nos ambientes dos quais participam a maioria . Também é necessário
que esses meios promovam a sua participação, o que exige preparação para que isso
se efetive.

Este material se propõe a auxiliar o professor e a escola no processo de inclusão da


pessoa com transtorno do espectro autista de forma a colaborar com o ambiente
acessível, capaz de atender a todos, indistintamente, incorporando as diferenças no
contexto escolar.

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Inclusão:
Na perspectiva inclusiva, a educação relaciona-se da educação inclusiva é investir na qualidade da
a uma das principais questões ligadas ao plano proposta educacional e contribuir para a forma-
de direitos humanos e promoveu uma reestru- ção de cidadãos comprometidos com a sociedade.

Concepções,
turação acelerada nestas últimas décadas para
reafirmar o que já era de direito, tal como foi Nessa perspectiva, aceitar as diferenças e criar
inscrito na Declaração Universal dos Direitos do ambientes propícios ao desenvolvimento das po-

História e Práticas
Homem (ONU, 1948), Declaração de Salamanca tencialidades individuais são as principais premis-
(UNESCO, 1994), Convenção sobre os direitos das sas da escola inclusiva que incorporam o enten-
pessoas com deficiência (BRASIL, 2007) e Lei Bra- dimento sobre equidade e diversidade humana.

Pedagógicas
sileira de Inclusão (BRASIL, 2015).
Incluir significa inserir, compreender, tornar-se
Na esfera atual, o educador vive o privilégio de re- parte de ou colocar, de acordo com a etimologia.
alizar ações assertivas que podem marcar, de for- Entretanto, para congregar a mudança de para-
ma positiva, a vida de cada estudante. O ambiente digma que essa ação revela, deve-se considerar
escolar, as dinâmicas e metodologias escolhidas o percurso da educação especial, que apresenta
são aspectos essenciais para o aprendizado e pre- um histórico estruturado em princípios precon-
dispõem a motivação necessária para a criança e o ceituosos e discriminatórios.
jovem conquistarem o sucesso escolar.
Com essa clarificação, é possível identificar o
Ao incorporar na escola atitudes de respeito à porquê de tantas dificuldades e tantos tabus en-
individualidade e diversidade, o professor exer- volvendo as crianças e jovens com deficiência,
ce influência direta e configura-se como modelo transtornos e altas habilidades na tal chamada
para os educandos. Quando o ambiente assegura escola regular.
o direito de todos se sentirem pertencentes ao
meio, cada estudante experimenta o reconhe- A história da deficiência no Brasil perpassa pe-
cimento e a valorização de sua identidade, que los mesmos ápices de negação, segregação, in-
garantem a motivação para participar e aprender tegração e inclusão ocorridos no mundo todo.
em grupo. Mesmo antes do descobrimento das terras bra-
sileiras, as sociedades indígenas mantinham a
Tema amplamente debatido, a inclusão escolar ideia de excluir pessoas com deficiência ou até
apresenta um percurso que perpassa por diferen- mesmo eliminá-las. E esse descaso se manteve
tes ações, fases e concepções. E conhecer o histó- pelo povo europeu que chegava com a intenção
rico, as leis e as transformações originadas da ideia da colonização.
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As primeiras indicações de ações voltadas às No Brasil, uma nova diretriz ganhou impulso a ma de exclusão, que se pode até ser pior, uma vez
pessoas com deficiência ocorreram na época do partir da segunda metade dos anos 80. As pri- que é considerada hipócrita, ocorrendo dentro
Império quando foram criadas fundações para meiras indicações ao encontro do movimento de das instituições de ensino. Os estudantes com de-
cegos, surdos e tratamentos psiquiátricos na me- integração social, que já era bem preconizado no ficiência se mantinham nas escolas, mas nenhuma
tade do século XIX (Moreira, 2014). Essa institui- resto do mundo, deveriam prover meios adequa- mudança do sistema educacional foi promovida.
ção pioneira se fundamentou na concepção bio- dos na educação para atender às necessidades
lógica que priorizava o atendimento médico em dessas crianças e jovens. Definitivamente, não é possível manter estudan-
detrimento do educacional e no distanciamento tes com deficiência, transtornos e altas habilida-
do convívio em sociedade. Entretanto, o conceito de integração escolar pa- des em sala de aula apenas para socialização e
rece ter assumido o sentido da mera colocação sem avanços na aprendizagem. É preciso ousar
A fase foi caracterizada por um cunho assistencial de pessoas com deficiência numa mesma escola, e saber envolvê-los muito além disso e trabalhar
e filantrópico que mantinha os indivíduos com não necessariamente na mesma classe, ratifican- para que sejam aceitos sem preconceitos pelo
deficiência ou transtornos separados dos demais do, assim, o caráter assistencialista, protecionista, grupo de maior convivência.
grupos e com grande tendência à piedade. As persistindo a segregação nas relações e atitudes.
atribuições eram descentralizadas, e o apoio do Até a integração, a concepção de atendimento
governo era restrito com ações de auxílio finan- Segundo Mantoan (1993), o movimento de in- educacional era fundamentada no modelo médi-
ceiro para entidades assistencialistas. tegração escolar foi relacionado ao conceito de co, que, durante muitos anos, foi a única possibi-
promover o acesso escolar para as pessoas em lidade de ações educativas, inicialmente planeja-
Com o tempo, as associações especializadas modi- condições desfavoráveis, isto é, crianças com de- das em instituições especializadas.
ficaram seu direcionamento e iniciaram um novo ficiência, transtornos e altas habilidades deveriam
trajeto com o objetivo de criar possibilidades para dividir os espaços escolares e se adaptar ao am- Os movimentos internacionais, contra a premis-
pessoas com deficiência. E de tal modo se desenvol- biente onde nada seria modificado. Dessa forma, sa da educação de crianças e jovens com defici-
veram serviços de reabilitação médica e cuidados, a adaptação era compreendida de forma em que ência, transtornos e altas habilidades serem se-
alguns mais outros menos voltados à educação. o estudante buscaria meios para atingir o máximo gregados em instituições, marcaram a luta pela
possível dos padrões considerados normais. educação para todos, sem exceção ou restrição.
A partir de 1970, a educação especial brasileira
ganhou um espaço maior no Plano do Governo, Nessa perspectiva, a proposta educacional foi re- Com isso, a concepção de modelo médico deixa de
que estimulou a criação de instituições públicas duzida, e a ação de “integrar” assumiu a concep- ser utilizada e a nova abordagem é o modelo social,
e privadas, órgãos normativos federais e estadu- ção de “estar no mesmo espaço”, mas não neces- no qual as pessoas com deficiência são aquelas que
ais. De acordo com Mantoan (2002), a condução sariamente de interagir com esse meio. podem ter alguns impedimentos na locomoção,
para instituições e associações beneficentes per- coordenação do movimento, fala, compreensão de
petuou a concepção assistencialista, com forte A possibilidade de acesso, que garantia apenas o informações auditivas ou visuais. Entretanto, essas
caráter protecionista. convívio, vinculou o termo integração à outra for- características não são mais consideradas como
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incapacidade para a aprendizagem. São as barrei- Nessa perspectiva, não se limita em direcionar e inserido e as vulnerabilidades do sistema; e pro-
ras presentes nos lugares ou produzidas pelos pró- suscitar a aprendizagem apenas dos estudantes põe vias para a transposição das barreiras.
prios sujeitos que podem dificultar a participação com dificuldades na escola, como também capa-
plena dessas pessoas na sociedade. citar a todos – professor, educando e equipe ad- Portanto, a escola inclusiva é um processo contí-
ministrativa – para possibilitar o desenvolvimen- nuo, que analisa as possibilidades de cada cená-
Na proposta inclusiva, ocorre uma mudança de to educacional dos envolvidos. rio e daqueles que pertencem àquela realidade.
paradigma da perspectiva educacional em que as As pessoas não são diagnósticos, cada um tem
necessidades de cada um devem ser considera- Na escola inclusiva, não existe falta de compro- sua história, características, habilidades, seus de-
das, transpondo-se as barreiras do sistema para metimento diante de uma possível não evolução sejos e apresenta particularidades que podem ou
a promoção de acesso irrestrito de todos os estu- do estudante. Respeita-se o ritmo de aprendiza- não estar ligadas a diferentes tipos de deficiên-
dantes no ambiente escolar. Para tanto, torna-se gem; busca esgotar estratégias e modificar con- cia, transtornos e altas habilidades.
necessário proporcionar diferenciação de estra- teúdos para atingir os objetivos propostos, que
tégias, conteúdos e de forma individualizada para revelam o processo de aprendizagem de cada
promover avanços pedagógicos significativos. um; analisa a situação em que o educando está

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No que tange à educação especial, a nomenclatu- De acordo com Brasil (2015), a educação deve como, por exemplo, os cartões de comunicação
ra referente aos estudantes passou por grandes ser planejada com foco nas possibilidades per- e as pranchas de comunicação que são utilizados
transformações. Na primeira LDB, em 1961, era cebidas no estudante, com base na avaliação com os sistemas de símbolos gráficos.
denominada Educação de excepcionais; na Cons- socioambiental das barreiras de acesso. Acessi-
tituição Federal de 1988, educandos portadores bilidade é um termo que deve ser considerado Com referência à realidade escolar, é preciso aten-
de deficiência; na LDB de 1996, educandos por- como a transposição de barreiras nas seguintes tar para as dificuldades de acesso a recursos e ma-
tadores de necessidades especiais; e na Resolu- dimensões: arquitetônica, urbanística, de trans- teriais, que podem ser equilibrados com o uso de
ção 02/2011, do Conselho Nacional de Educação porte, naturais, comunicacional, metodológica, instrumentos e serviços que facilitam a autonomia
(CNE), educandos com necessidades educacio- instrumental, programática e atitudinal. Para a dos estudantes. Metodologias de ensino se utiliza-
nais especiais. pessoa com deficiência, devem estar garantidas das de forma ortodoxa podem acarretar em preju-
a segurança e a autonomia de espaços, mobiliá- ízos significativos e fracasso escolar.
É importante notar que a busca por uma forma rios, instrumentos e serviços.
mais adequada de nomear essas crianças e jo- A acessibilidade é condição central para garantia
vens também revela a concepção adotada e o Nessa perspectiva, promover acesso à essas pes- aos direitos das pessoas com deficiência, trans-
percurso. Atualmente, a terminologia utilizada e soas é muito mais amplo do que a condição de tornos e altas habilidades e deve incorporar em
recomendada pela Lei de Diretrizes e Bases - LDB transitar. Esse é apenas um dos níveis que engloba suas dimensões. Não se trata de ajuda ou auxílio,
(2017) é pessoa com deficiência, transtornos e a circulação com segurança e eliminação dos obs- mas de direito e, nesse âmbito, intensifica-se a
altas habilidades. táculos urbanísticos, de transporte, natural (natu- barreira mais difícil de ser atravessada: a barreira
reza) e arquitetônicos existentes nas edificações. programática e a atitudinal.
Outras referências apontadas pelas associações
pró-inclusivas enfatizam algumas expressões Outro nível de acessibilidade está relacionado à A escrita de documentos, referenciais, circulares
como o uso de pessoa surda ou pessoa cega transposição das barreiras de comunicação e de in- escolares, informativos que embutem atos pre-
para diferenciar a identidade da comunidade formações por meio de sistemas de comunicação conceituosos ou discriminatórios são da catego-
surda e pessoas com deficiência auditiva, como e tecnologia da informação. Nessa categoria, cabe ria programática. Quando há referência à acessi-
também de pessoas cegas e as com baixa visão, salientar que o Brasil possui como língua oficial a bilidade atitudinal, embrenha-se no universo da
respectivamente. Língua Portuguesa e a modalidade de sinais (Libras ética, delineado ao conceito de empatia.
– Língua Brasileira de Sinais), reconhecida como
A concepção de educação inclusiva prevê matrí- meio legal de comunicação e expressão entre as Considerando a diversidade, a convivência é o
cula de crianças e jovens com deficiência, trans- comunidades de brasileiros surdos (Brasil, 2005). maior entrave, pois cada pessoa é única e con-
tornos e altas habilidades em escolas regulares, dizente à sua própria crença que resulta de suas
com a premissa da transposição de barreiras por Outros recursos que contribuem para eliminar percepções e história. Conviver com o diferen-
meio da promoção adequada de todos os níveis barreiras de interlocução dizem respeito às for- te pode parecer estranho para algumas pessoas,
de acessibilidade. mas de comunicação alternativa e suplementar, que até conseguem manter o discurso esperado

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nos tempos de inclusão, mas não sabem lidar de todas as pessoas acessarem, permanecerem A inclusão é vista como um processo de
com o diferente, tornando-se reféns de suas pró- e concluírem a Educação Básica e desfrutarem de atender e de dar resposta à diversidade de
prias atitudes inadequadas. um ensino de alta qualidade, independentemen- necessidades de todos os alunos através de
uma participação cada vez maior na apren-
te de origem étnica, racial, social ou geográfica”. dizagem, culturas e comunidades, e reduzir
A ação de se colocar no lugar do outro e compre- a exclusão da educação e dentro da educa-
ender a sua real necessidade está centrada com No âmbito pedagógico, todos os estudantes de- ção. Isso envolve modificação de conteú-
a ética. As atitudes e práticas de cada pessoa pro- vem ter o direito preservado de participar de todas dos, abordagens, estruturas e estratégias,
cedem de suas experiências e reflexões sobre as as atividades propostas na escola, com objetivos com uma visão comum que abranja todas
informações assimiladas e de seu aprendizado. definidos para resultar em aprendizado. O profes- as crianças de um nível etário apropriado e
a convicção de que educar todas as crian-
O histórico social da deficiência percorre desde sor deve planejar e desenvolver propostas com ças é responsabilidade do sistema regular
a exclusão perpassando pelo sentimento de pie- equidade de condições e considerar a peculiarida- de ensino.
dade em tempo próximo, que chegou às últimas de do sujeito, procurar atingir o máximo possível
décadas do século XX. da autonomia e promover a acessibilidade. De acordo com o conceito da UNESCO, a inclu-
são é um processo, ou seja, não acontece de uma
As instituições especializadas em algum tipo de É neste caminhar de processos de transformação hora para outra, implica na identificação e remo-
deficiência reforçam essa ideia de benevolência e desenvolvimento que a Escola Inclusiva ganha ção de barreiras de participação e aprendizagem.
ou caridade e, tal hipocrisia pode resistir atual- forma, constituindo a certeza de que o sistema Amplia o conceito para todos os estudantes e
mente por fazer parte da memória viva da socie- necessita de mudanças, independentemente de não somente para aqueles com deficiência e res-
dade. E, são os mesmos indivíduos que convivem quais sejam a condição ou deficiência dos estu- ponsabiliza as escolas pela garantia da educação
na comunidade circundante e trabalham nesta dantes. A inclusão escolar delineia seu caminho de todos promovendo as transformações curri-
escola inclusiva almejada. de acordo com a diversidade e busca promover, culares e organizacionais.
na escola, condições mais amplas do que a igual-
A transposição de barreiras atitudinais é extre- dade de condições. Assim, a escola deve identificar as particulari-
mamente difícil na medida em que atitudes não dades de cada caso para não desconsiderar as-
éticas, apesar de coexistirem no ambiente esco- O conceito de igualdade, permeado à justiça que va- pectos importantes em relação ao histórico do
lar, podem estar veladas e escondidas em discur- loriza a diversidade e suas especificidades, permite estudante, os quais podem contribuir de modo
sos destoantes da prática. os processos equânimes e, assim, considera o conví- considerável para a elaboração das ações que de-
vio baseado no respeito e no acesso ao aprendizado. vem ser executadas em sala de aula, de acordo
Compreende-se melhor a questão da adequação com as especificidades de cada educando.
de atitudes quando se internaliza o conceito de O conceito de inclusão, proposta pela UNESCO
equidade, que, na educação, de acordo com Ha- (2005), é abrangente e corrobora com os ideais As mudanças de paradigma e concepção não de-
ddad (2010), “significa igualar as oportunidades da melhoria na educação: pendem apenas das reflexões teóricas. Dessa for-

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ma, a inclusão deve ter planejamento e organi- A equipe escolar deve esclarecer a realidade, o
zação de funcionamento. A equipe escolar deve seu modo de trabalho e acolhê-los, uma vez que,
ter um líder para assumir o papel de organizador, em qualquer situação ou cenário novo, o medo e
regulador para monitorar os mecanismos de im- a insegurança se instalam. Ao mesmo tempo, a es-
plementação da gestão educacional. cola não os conhece e é durante os primeiros con-
tatos que a equipe gestora irá levantar algumas
A liderança compreende assumir tanto o moni- informações preliminares sobre como as famílias
toramento de ações da equipe escolar quanto as conduzem a educação dos filhos que apresentam
tratativas para manter o ponto de equilíbrio das deficiência, transtornos e altas habilidades.
relações provenientes com outros setores que
atendem o estudante e sua família. Essas famílias podem ter vivenciado diferentes fa-
ses emocionais que interferem em suas ações, e,
Com esse cenário, o líder que assumir a organiza- muitas vezes, adotam posturas que incorporam
ção das relações pró-inclusivas deve estabelecer juízos de valores, o que pode gerar desentendi-
a partilha de responsabilidades entre o próprio mentos logo no primeiro contato. Dessa forma, a
estudante, sua família, além das parcerias com equipe escolar precisa ouvir atentamente os pais
serviços da comunidade. Esse posicionamento é e permitir que exponham suas angústias em rela-
extremamente importante, uma vez que as ne- ção ao desenvolvimento de seus filhos na escola.
cessidades são complexas, e os encaminhamen-
tos devem ser decididos e conduzidos sempre É sabido que não é uma condução fácil, por isso,
em comum acordo com as famílias, que têm o a comunicação deve ser clara e sem uso de ter-
direito e o dever de participar do processo edu- minologias técnicas ou, se necessário, utilizar
cacional de seus filhos. sempre a forma simplificada. Todos devem ter
conhecimento de que são parceiros em uma
O primeiro contato entre os colaboradores da mesma empreitada. Essa é uma ação que se es-
escola com os pais deve ser priorizado logo no tabelece por meio de empatia, ao se valorizar
início do ano letivo. É importante evidenciar que as habilidades e saberes que o estudante possui
a inclusão das crianças e dos jovens com defici- para, assim, vislumbrar as possibilidades pedagó-
ência, transtornos e altas habilidades somente gicas e o seu desenvolvimento.
terá êxito se as responsabilidades entre escola,
estudantes, famílias e terapeutas forem com- À vista disso, é fundamental proporcionar à fa-
partilhadas. mília a compreensão de que há necessidade de

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participação próxima com a escola, bem como
o entendimento das ações realizadas nos trata-
mentos clínicos dessas crianças e jovens. Os pro-
fissionais da saúde também são integrantes in-
dispensáveis na troca de experiências escolares
e, assim, ampliar o conhecimento das particula-
ridades de cada estudante. Dessa maneira, cada
um assume sua parte e a escola se responsabiliza
pelo aprendizado e contribui para o desenvolvi-
mento integral dos estudantes.

Concluindo, o movimento de educação inclusiva


é crescente, mas não deixa de prosseguir numa
dinâmica controversa, desigual e complexa. O
professor precisa analisar como a diversidade
se reflete na sala de aula para estabelecer quais
abordagens seguir e organizar o trabalho diante
das escolhas de seu estilo de ensinar, podendo
encontrar as melhores estratégias e, dessa for-
ma, atingir todos os estudantes, incentivando-os
a encontrar o prazer da aprendizagem e do co-
nhecimento como subsequente trajetória de su-
cesso e respeitar a identidade de cada um.

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O que é o
ferenças por região geográfica, fatores étnicos/ TEA faz no contato com outros indivíduos e difi-
culturais ou socioeconômicos, entre outros. (El- culdades para estabelecer uma conversa normal;
sabbagh, Divan, Koh et al., 2012)

Transtorno do
• dificuldade para compartilhar interesses, gos-
Reporta-se, atualmente, um aumento expressivo tos e preferências. Ex.: não reagir positivamen-
do número de pessoas com o transtorno, sendo te ao convite de amigos para brincar ou propor

Espectro Autista?
de 1:150, em 2000, para 1:68, em 2014, afetan- brincadeiras;
do, aproximadamente, 4 vezes mais pessoas do
sexo masculino (Centers for Disease Control and • compartilhamento reduzido de interesses,

Definição e
Prevention, 2014). emoções ou afeto com outras pessoas;

Prevalência: termo utilizado para re- • dificuldade para iniciar ou responder a intera-

prevalência
presentar a proporção de pessoas com ções sociais;
determinada condição de saúde em um
determinado momento e localidade. • deficit nos comportamentos comunicativos não
verbais, usados para interação social. Ex.: uso de
De acordo com a 5ª edição do Manual Diagnós-
Os estudos alertam que o aumento se deve a gestos;
tico e Estatístico de Transtornos Mentais, DSM-
5 (American Psychiatric Association, 2014), o alguns fatores como: melhora na capacidade
diagnóstica associada à ampliação dos critérios • comunicação verbal e não verbal pouco inte-
Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um qua-
diagnósticos; instrumentos de avaliação mais grada;
dro clínico caracterizado por sinais e sintomas
relacionados à interação e comunicação social e acurados e maior consciência da população.
• anormalidade no contato visual e na linguagem
presença de padrões comportamentais restritos
A seguir alguns exemplos de sintomas de pes- corporal ou deficit na compreensão e uso de ges-
e repetitivos com prejuízos no funcionamento
soas com TEA que o professor pode identificar tos. Ex.: acenar com a cabeça, franzir a testa;
adaptativo e possibilidade de verificação antes
dos 2 anos de vida. Os deficit persistentes na quando há suspeita do transtorno no estudante
que ainda não tem um diagnóstico. • pouca integração, anormalidade ou até ausên-
comunicação social e na interação social se mos-
cia total de expressões faciais e comunicação
tram em múltiplos contextos.
Deficit na comunicação social e na interação não verbal;
Dados de prevalência têm estimado índices mun- social em múltiplos contextos
• deficit para desenvolver, manter e compreen-
diais de 62/10.000. Ainda essa estimativa foi • deficit na reciprocidade socioemocional que po- der relacionamentos, variando, por exemplo, de
considerada variável em função de um conjunto dem ser observados a partir de abordagens e/ou dificuldade em ajustar o comportamento para
de dados reportados em estudo que avaliou di- aproximações sociais anormais que a pessoa com se adequar a contextos sociais diversos, dificul-
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dade em compartilhar brincadeiras imaginativas mesma tarefa como um uso repetitivo de obje- A gravidade de um TEA deve ser fundamentada no ní-
de faz de conta ou dificuldade para fazer amigos; tos. Ex.: criança pequena muito apegada a uma vel de comprometimento que a criança tem na comu-
panela; criança preocupada com aspiradores de nicação social e nas alterações de comportamento.
• ausência de interesse por pares. pó; adulto que gasta horas escrevendo tabelas
com horário; Uma criança terá TEA quando as alterações exem-
Padrões restritos e repetitivos de comporta- plificadas anteriormente não sejam melhor expli-
mento, interesses ou atividades, conforme • adesão inflexível a rotinas ou padrões ritualiza- cadas por deficiência intelectual (DI) ou por atraso
manifestado por, pelo menos, dois dos se- dos de comportamento com evidências de sofri- global do desenvolvimento.
guintes sinais, que podem ser observados no mento em relação a pequenas mudanças nessas
momento que a criança está sendo avaliada rotinas. Pode se manifestar na necessidade de Vale ressaltar que é importante o professor saber
ou pela história prévia fazer o mesmo caminho entre a sala de aula e o diferenciar no estudante que uma suspeita de TEA
local do recreio, sentar na mesma carteira, ingerir é diferente de uma suspeita de deficiência intelec-
• movimentos motores repetitivos com o corpo.
os mesmos alimentos diariamente etc.; tual (DI).
Ex.: balançar as mãos, partes e/ou corpo, a cabe-
ça; girar em torno do próprio corpo ou ao redor de
• dificuldades com transições e/ou mudanças de A DI e o TEA costumam ser comórbidos, isto é,
objetos; correr ou andar de um lado para outro;
uma atividade para outra; ambos podem ser diagnosticados em uma mesma
andar na ponta dos pés;
criança ou adolescente.
• padrões rígidos de pensamento e interesses fi-
• uso estereotipado de objetos. Ex.: bater objetos,
xos e altamente restritos que são anormais em
alinhar brinquedos, girar objetos etc.; Deficiência intelectual (DI): carac-
intensidade ou foco. Ex.: ideias fixas que não con-
segue parar, como pensar insistentemente em di- teriza-se por deficit em capacidades
• fala estereotipada ou repetitiva que se mani-
nossauros, marcas de carro, aviões; mentais genéricas, como: raciocínio,
festam a partir de ecolalias fora de um contexto
solução de problemas, planejamento,
eminentemente comunicativo, isto é, sem clara
• hiper ou hiporreatividade a estímulos sensoriais pensamento abstrato, juízo, aprendi-
intenção de comunicar algo durante a interação
ou interesse incomum por aspectos sensoriais do zagem acadêmica e aprendizagem pela
com outras pessoas (repetição de palavras ou fra-
ambiente. Ex.: indiferença aparente à dor/tem- experiência. Os deficit resultam em pre-
ses após ouvi-las, tanto imediatamente como as
peratura; reação exagerada a sons ou texturas juízos no funcionamento adaptativo, de
que ouve após um período de tempo), repetição
específicas; cheirar ou tocar objetos de forma ex-
de frases ouvidas em outros ambientes, por exem- modo que o indivíduo não consegue
cessiva; fascinação visual por luzes ou movimento;
plo, em filmes, desenhos etc; atingir padrões de independência pes-
comportamentos autoagressivos, como: bater a
soal e de responsabilidade social (Ame-
cabeça com força e não mostrar sensação de dor,
• insistência exagerada nas mesmas coisas ao rican Psychiatric Association, 2014).
não mostrar reações claras quando tocar superfí-
ponto de querer ficar muito tempo envolvido na
cies quentes ou frias.
21
O TEA pode ser
Alguns cuidados o docente deve ter para levan- os atrasos do desenvolvimento forem graves. O
tar suspeita de TEA no educando na presença correto é que o diagnóstico seja realizado antes
de indicadores de DI: dos cinco anos de vida (American Psychiatric As-

identificado
sociation, 2014).
a) de acordo com a 5ª edição do Manual Diag-
nóstico e Estatístico de Transtornos Mentais,

precocemente, Realidade da
DSM-5 (American Psychiatric Association,
2014), um diagnóstico de TEA em uma criança
com DI é adequado quando a comunicação e a

isto é, desde inclusão escolar


interação social estão significativamente preju-
dicadas em relação ao nível de desenvolvimen-
to de suas habilidades não verbais. Ex.: habili-

idades iniciais do de estudantes com


dades motoras finas, solução de problemas não
verbais;

desenvolvimento? deficiência ou
b) diferentemente, a DI é o diagnóstico apro-
priado quando não há discrepância aparente
entre o nível das habilidades de comunicação

transtornos no
social e outras habilidades intelectuais.
A resposta à pergunta é afirmativa.
Estima-se que cerca de 70% dos casos de TEA
O TEA é um quadro clínico manifesto logo nos pri-

Brasil
também apresentem DI, o que revela o quão
meiros anos de vida. Equipes educacionais, pais e
comum é a comorbidade no transtorno. Geral-
pediatras são agentes essenciais na identificação
mente, a presença de deficit cognitivo correla-
precoce dos sinais e dos sintomas de risco a fim
ciona-se com a ocorrência de alterações com-
de que, desde cedo, a criança possa ser diagnos- Em um primeiro momento, existiam turmas ex-
portamentais. No entanto, cabe destacar que
ticada e estimulada para melhorar seu desenvol- clusivas em escolas especializadas; em seguida,
a ocorrência de alterações de comportamento
vimento nos âmbitos da linguagem, cognição e turmas exclusivas em escolas regulares; e de-
por si só é suficiente para causar grande impac-
comunicação social. pois turmas inclusivas sem serviços ou recursos
to no ambiente e comprometer a adaptação da
complementares.
criança. Mesmo as crianças com habilidades de
Os sintomas costumam ser reconhecidos durante
raciocínio preservadas requerem ajuda para o
o segundo ano de vida (12 a 24 meses), embora Em dezembro de 2012, foi sancionada a lei Nº
funcionamento diário, ainda mais em contexto
possam ser vistos antes dos 12 meses de idade se 12.764, que institui a Política Nacional de Pro-
escolar.

22
teção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do
Espectro Autista, surgindo turmas inclusivas com
atendimento especializado e utilização de dife-
rentes tipos de recurso – sala de aula regular e/
ou Atendimento Educacional Especializado (AEE)
(Brasil, 2012).

Dois modelos baseados em evidências científi-


cas que podem ser utilizados para a intervenção
no TEA.

Existem dois tipos de adaptação para


o conteúdo para estudantes com ne-
cessidades especiais:

a) currículo multinivelado: todos os


objetivos e respostas são dentro da
mesma área somente com níveis dife-
rentes de complexidade;

b) currículo sobreposto: os objetivos


das lições são diferentes para diferen-
tes educandos, dependendo das habi-
lidades, das dificuldades e do objetivo
individual.

Ambos envolvem o planejamento para


um grupo de habilidades diversas, mas
com estudantes da mesma idade cro-
nológica (Orsati, 2013).

23
Tratamento e educação para crianças com social, sendo esse último composto pelas pessoas cola e profissionais da saúde mental que atendem
TEA ou deficit relacionados à comunicação ao seu redor, como, por exemplo, pais/cuidadores o estudante, no mínimo, fonoaudiólogo, psicólogo
TEACCH (Treatment and Education of Au- (Martin & Pears, 2009). e psiquiatra ou neuropediatra. Essas estratégias
tistic and related Communication - Handi- ajudam no planejamento de ações conjuntas de
capped Children) Estes são alguns componentes do TEACCH que intervenção a ser implementadas tanto na escola
podem ser implementados no ambiente escolar como nos atendimentos de saúde mental;
Os mecanismos essenciais de ensino estruturado (Callahan, Shukla-Mehta, Magee & Wie, 2010):
consistem em organizar o ambiente e as ativida- • o uso de estímulos visuais (fotos, figuras, car-
des de maneira que o estudante possa atender às • as salas de aula devem ser ambientes interes- tões) sobre as rotinas escolares para:
demandas da escola. santes e prazerosos;
a) facilitar que o educando se envolva nas rotinas
De acordo com o nível de comprometimento do • o ambiente de sala de aula e ambiente esco- da escola;
educando, o currículo pode ser adaptado com lar, em geral, devem ser consistentes com rotinas b) cumprir as tarefas e atividades;
predomínio de multinivelação ou de sobreposi- que envolvam: sequências de atividades e tarefas c) evitar que recuse realizar tarefas;
ção. Recomenda-se, por exemplo, o uso de pistas diárias, combinados e/ou instruções sobre com- d) evitar que apresente alterações de comporta-
visuais. Ex.: quadro de rotinas. portamentos adequados e inadequados; mento.

O método TEACCH fundamenta-se nos seguintes • a existência de uma equipe educacional que • a utilização de estímulos que favoreçam o edu-
pressupostos da análise: acompanhe o estudante nas avaliações e inter- cando saber o tempo de duração e a sequência
venções sobre desempenho escolar e aspectos entre as atividades, por exemplo, pistas visuais
• da psicolinguística – uso de imagens visuais comportamentais; que possibilitem entender a duração e o tipo de
como geradoras de comunicação; uma atividade e as sequências de execução;
• escola deve planejar um currículo de atividades a
• do comportamento – parte da suposição de ser utilizado pela família em casa para manutenção • o uso de instruções individuais e em grupo (gru-
que a compreensão do comportamento demanda de habilidades escolares adquiridas na escola; pos pequenos e grupos grandes);
uma investigação das contingências ou contextos
de interações entre o comportamento e o ambien- • os treinamentos para pais e professores devem • a modificação e/ou adaptação do ambiente físi-
te em seu efeito cumulativo sobre o desempenho envolver a diferenciação de comportamentos e co, por exemplo, diminuição de ruídos e lumino-
do indivíduo. As consequências produzidas pelo aspectos de interação social e comunicação en- sidade ou de outros estímulos que oportunizem
comportamento determinarão, em algum grau, tre uma criança com TEA e outra que não tem alterações de comportamento;
a probabilidade do comportamento se repetir ou TEA;
não. Dessa forma, a maneira como um indivíduo • a utilização de organizadores para sinalizar
se comporta é aprendida em seu ambiente físico e • o trabalho em equipe entre professores da es- materiais escolares, sinais de início, fim e troca
de atividades;
24
• o uso de sistemas de comunicação alternativa na • observar situações que antecedem à ocorrência
condição de o estudante ser não verbal, isto é, não de comportamentos (estímulos ou eventos que es- Data/Hora/Local
fala. Por exemplo: para estimular a comunicação tavam presentes antes do comportamento ocorrer);
usando figuras, o mais utilizado é o Sistema de Co-
municação por Troca de Figuras (do Inglês, Picture • identificar o comportamento emitido pelo es- Evento antecedente
Exchange Communication System - PECS), desen- tudante;
volvido por Andrew S. Bondy e Lori Frost. Maiores
informações podem ser consultadas em: http// • observar eventos que seguem à ocorrência
www.pecs-brazil.com/pecs.php; de comportamentos e têm um efeito retroativo
Comportamento
sobre um determinado comportamento. Esses
• a utilização de histórias infantis que estimulem pa- eventos denominam-se como consequências (re-
drões adequados de comportamento no educando. lação entre a resposta e os estímulos ou eventos Evento consequente
produzidos pelo comportamento).
Análise Aplicada do Comportamento
(ABA - Applied Behavior Analysis) Observação
Análise Funcional: Analisar três ele-
De maneira resumida, a mesma se define em ter-
mentos (antecedente, comportamen-
mos de intervenção e aplicação do conhecimen-
to produzido pela Análise Experimental do Com- to e consequência) que compõem as A relação entre eventos antecedentes e conse-
portamento e utilizada nas práticas profissionais relações funcionais entre a ação do quentes em relação a um determinado compor-
tradicionalmente identificadas como psicológicas organismo vivo e o ambiente. Sem a tamento é denominada “contingência”.
(Martin & Pears, 2009). qual existe o risco de uma interpreta-
ção equivocada, seguindo valores que Antes de exemplificar alguns dos componentes
Sendo assim, a dimensão técnica do uso do ter- não são os do indivíduo em questão. da Análise Aplicada do Comportamento que po-
mo “aplicada” em Análise do Comportamento dem ser implementados no ambiente escolar, é
significa aplicação como prestação de serviços e importante ver alguns conceitos.
como pesquisa (Martin & Pears, 2009). Para en- O quadro a seguir é uma sugestão que pode au-
tender a função de um comportamento, isto é, xiliar o professor registrar os eventos anteceden- Como se maneja ou altera o comportamento?
descobrir o porquê da ocorrência e manutenção tes e eventos que seguem à ocorrência de um Uma das estratégias mais utilizadas para manejar
de determinados comportamentos nos indiví- determinado comportamento, podendo ser re- ou mudar comportamentos é denominada con-
duos, é necessário verificar a relação entre esse troagido, e, quando isso ocorre, o comportamen- dicionamento operante. É o processo utilizado
comportamento e o ambiente. O método é deno- to em questão pode manter, aumentar, diminuir para ajudar a modificar ou trocar um compor-
minado “Análise Funcional” na Análise do Com- e até extinguir. tamento que é indesejável por um adequado ou
portamento. Para utilizá-lo, precisa-se: para reforçar um adequado (Lear, 2004).
25
Para que um comportamento se mantenha ou A seguir, algumas orientações gerais que auxi- • uso direto de instruções, dicas e ajuda no de-
seja incorporado pelo estudante, o professor liam as ações do professor em sala de aula junto senvolvimento de uma habilidade, a fim de evitar
deve entender que: ao educando com TEA: aquisições com erros. Na medida que o estudan-
te apreende, retiram-se, progressivamente, as
• o reforçamento é um processo no qual um • uso intensivo de instruções sobre os comporta- ajudas. Essa abordagem utiliza como ferramenta
comportamento é fortalecido pela consequência mentos esperados, preferencialmente entre um o ensino de aprendizagem sem erro. As dicas po-
imediata que seguramente segue a sua ocorrên- membro da equipe educacional e o educando; dem variar das mais “intrusivas” (ajuda física) às
cia. Quando um comportamento é fortalecido é mais “leves” (ajuda gestual e verbal);
mais provável que aconteça no futuro; • estímulo positivo a cada comportamento ade-
quado imediatamente após a ocorrência; • fragmento de tarefas em pequenas partes para
• as consequências reforçadoras dos comporta- facilitar a aprendizagem sem erro;
mentos podem ser positivas ou negativas. • plano individual de metas de aprendizagem em
ordem hierárquica de aquisição com registro se- • incentivo ao estudante para que se comporte
Quando as consequências reforçadoras são posi- manal e/ou mensal de habilidades adquiridas ou adequadamente. Planejamento e organização do
tivas, chamam-se “reforçadoras positivas”, por- habilidades em desenvolvimento; ambiente para reduzir a probabilidade de com-
que o comportamento possibilita a obtenção de portamentos inadequados;
estímulos ou coisas agradáveis ou prazerosas, o • estudantes com TEA e DI se beneficiam de salas de
que resulta no reforço, aumento ou manutenção aula com número pequeno de alunos ou atividades • orientação ao estudante em relação a aguardar
do comportamento. Ao usar ABA para ensinar individuais sob supervisão individual de professor; a sua vez, esperar entre uma atividade e outra,
crianças com TEA, apenas devem ser utilizadas preferencialmente sem ajuda de um adulto. As-
consequências positivas (Lear, 2004). • uso e aplicação de análise funcionais para com- sim que ele aprender isso, estimulá-lo positiva-
preender os padrões comportamentais de fun- mente (para reforçar ou manter esses compor-
Quando as consequências reforçadoras são ne- cionamento do estudante; tamentos);
gativas, chamam-se “reforçadoras negativas”,
porque o comportamento possibilita a remoção • conhecimento do professor em relação aos • a atenção a comportamentos inadequados
de alguma coisa desagradável que resulta no eventos ou às coisas que estimulam o compor- deve ser evitada, porque podem ser reforçados e
fortalecimento do próprio comportamento. Por tamento do estudante e utilizá-los para ampliar ficarem mais frequentes;
exemplo, quando o estudante com TEA, exposto comportamentos adequados. Dessa forma, eles
a um ambiente com excessivo barulho, apresen- atuarão como reforçador positivo no momento • uso de exemplos de comportamentos adequa-
ta comportamentos autoagressivos, se retirado que o professor necessita ensinar novos compor- dos nos pares para facilitar aprendizagem por
do meio que o está irritando, esse tipo de condu- tamentos e/ou habilidades. A família pode ofere- imitação;
ta diminui ou desaparece. cer esse tipo de informação;

26
• não uso de castigo, grito ou estímulos aversivos • ambiente de sala de aula estruturado com roti-
para corrigir comportamentos inadequados; nas previsíveis;

• casos extremos nos quais o estudante apre- • orientações claras sobre comportamentos ade-
senta comportamentos agressivos e/ou autoa- quados e inadequados;
gressivos graves que afetam a integridade física
dele, recomenda-se à equipe educacional – além • serviços de educação especial, providenciados
de identificar variáveis do ambiente que possam de maneira colaborativa e coordenada, sendo
potencializar essas alterações comportamentais realizadas avaliações e intervenções multidisci-
– contatar a família do educando para procurar plinares;
atendimento em serviços especializados de saú-
de mental. Excepcionalmente, nesses casos, a • programa de apoio familiar;
contenção física pode ser utilizada, porém sob
orientação de uma equipe de saúde mental, com • treinamentos e orientações parentais, realiza-
prescrição médica e autorização dos cuidadores dos de forma individualizada;
responsáveis. Esse tipo de controle pode poten-
cializar outros problemas de comportamento e • participação colaborativa da comunidade, se
machucar a criança. houver;

Estudante com TEA não consegue aprender pe- • instruções e atividades visuais a fim de ajudar o
los métodos tradicionais, tem dificuldades para estudante a se organizar e emitir comportamen-
responder a instruções complexas e manter a to adequado;
atenção nos diversos estímulos simultâneos que
são apresentados durante as aulas. Suas necessi- • instruções e atividades realizadas de modos varia-
dades são: dos: grupos pequenos, grupos grandes e individuais
a depender da necessidade de cada educando;
• adaptações de materiais escolares;
• prestação de serviços para as famílias.
• atividades modificadas;

• monitoramentos específicos de desempenho;

• sala de aula segura, interessante e prazerosa;

27
trabalho da equipe
educacional na
educação infantil
Conheça algumas habilidades básicas que podem
ser trabalhadas com crianças diagnosticadas
com TEA na educação infantil, de acordo com
alguns dos pressupostos do Modelo Denver de
estimulação precoce (Rogers & Dawson, 2010).

1. Comportamentos adequados
2. Competências de autocuidado
3. Linguagem e comunicação
4. Pré-acadêmico
5. Competências de motricidade fina
6. Competências de motricidade grossa
7. Comunicação receptiva
8. Comunicação expressiva
9. Competências sociais
10. Jogos
11. Independência pessoal e higiene
12. Comportamentos de atenção conjunta
13. Comportamentos sociais com pares
14. Imitação e representação
15. Independência pessoal e alimentação

Sugestões para o
16. Repertórios comunicativos não verbais

28
Como estimular?

Comportamento Competências de autocuidado


Ensinar a aguardar a vez de solicitar ajuda Vestir-se e despir-se com ajuda máxima e esvanecimento de ajudas ou dicas

Aprender a ouvir história sentado e prestando atenção, além de execu- Alimentação, higiene bucal com ajuda máxima e esvanecimento de ajudas
tar tarefas sob orientações
Higiene pessoal (ex. lavar as mãos) com ajuda máxima e esvanecimento de ajudas e dicas
Envolver a criança em atividades de arrumação da sala da escolinha
Calçar sapatos, meias, amarrar sapatos, colocar casaco
Trabalhar em pequenos grupos
Tomar conta de seus pertences e identificá-los corretamente em situação de grupo (esco-
Aprender a escolher e completar atividades de escolha livre va dental, lancheira, sapatos, agasalho, pente etc.)

Linguagem e comunicação Pré-acadêmico


Verbalizar o nome e sobrenome quando perguntado Contar de 1 a 10, demonstrar correspondências 1:1 com 1 a 5 objetos concretos

Partilhar experiências, ideias, comentários (após ouvir histórias curtas, Fazer identificação, correspondências, diferenças e classificação de objetos
passeios, vivências lúdicas etc.)
Reconhecer o nome escrito, estabelecer correspondências entre letras e números
Iniciar e/ou responder à solicitação de interações: Oi, qual é seu nome? impressos
Vamos brincar? Pedir ajuda, oferecer ajuda
Fazer identificação, correspondências e classificação por cor, tamanho e forma
Iniciar e/ou manter-se em brincadeiras de faz de conta, fantoches,
representações etc. Reconhecer letras do alfabeto pelo nome, cantar o alfabeto

Identificar partes do próprio corpo ou do corpo de outros Identificar partes do próprio corpo ou do corpo de outros

29
Como estimular?

Competências de motricidade fina Comunicação receptiva


Agarrar lápis de cera, marcadores e lápis corretamente Localizar sons e se orientar por ele, responder a comandos de voz, enten-
der comandos como entre/sob/abaixo
Agarrar tesoura e cortar em linha, rasgar papel em linha
Receber a gestos e comandos de voz
Copiar, desenhar e traçar linhas, círculos, quadrados, triângulos
Responder e interromper ações que não são prazerosas: dizer
Tentar escrever seu nome, montar quebra-cabeças, montar torres de lego, encaixes “não”, “para”

Envolver a criança em experiências táteis com água, giz, pintura, areia, gelo, pedras Executar instruções: seta, anda, vamos

Olhar, sorrir em resposta a gestos

Competências de motricidade grossa


Experiências com saltos, manter-se em um só pé, galopar, pular, balançar
Comunicação expressiva
Fazer pedidos com comandos de voz
Atirar e apanhar bolas

Brincar em equipamentos como balanço, pula-pula, escorregador Vocalizar com intenção, pedir coisas, pedir ajuda

Dançar Estabelecer contato visual e pedir coisas, apontar para indicar escolhas
entre mais de um objeto
Correr, caminhar devagar e rápido
Combinar vocalizar e olhar para pedir coisas

Produzir consoantes, vocalizações, palavras, frases, nomear coisas


e imagens

30
Competências sociais
Aceitar atividades sociais que envolvam toque, por exemplo, pega-pega

Seguir pessoas com contato visual, manter-se em rotinas sociais, responder


a cumprimentos (virando-se, olhando)

Partilhar expressões emocionais (tristeza, alegria), entender expressões fa-


ciais em interação social (nojo, medo, alegria)

Responder a sudações

Iniciar jogos sociais e manter-se neles

Jogos
Adequar as brincadeiras às propriedades dos objetos

Brincar independentemente e em grupo

Brincar de forma autônoma com brinquedos que demandam ações


diferentes

Iniciar e completar jogos

Demonstrar ações convencionais em si próprio com brinquedos variados

31
Comportamento de atenção conjunta
Responder e olhar a objetos oferecidos com altêrnancia do olhar

Iniciar e olhar objetos , oferecê-los com alternância do olhar

Entender a intenção do outro

Fazer-se entender por outro

Identificar interesses conjuntos de colegas

Comportamento social com pares


Dar objetos a colegas, juntar-se ao grupo, trocar brinquedos e atividades

Prosseguir atividades quando o par se junta

Responder a saudações, usar termos de cortesia, identificar afeto

Compartilhar brinquedos

Imitar os pares

32
Como estimular?

Independência pessoal e higiene Imitação e representação


Abrir a torneira, molhar, esfregar e secar as mãos Imitar sons, vogais, consoantes, palavras

Tolerar sabão, shampoo, água etc. Imitar sons de animais

Tolerar escovar os dentes, assoar o nariz, pentear Imitar músicas infantis, ações de jogos, fingir, combinar ações
funcionalmente relacionadas
Escovar os dentes

Pôr a roupa suja na mochila

Repertório comunicativo não verbal


Estimular uso de gestos em brincadeiras competitivas
Independência pessoal e alimentação
Usar gestos para se referir a rotinas sociais
Comer, usar talheres, guardanapos (refeitório)
Usar gestos convencionais à cultura ( usar mãos, corpo, olhos)
Passar comida e água aos colegas, levar o prato, permanecer
sentado na mesa
Ensinar expressões faciais (feliz, triste, raivoso, etc.)
Experimentar alimentos diferentes
Apontar, dar, pedir ajuda
Treinar sequência completa de higiene pessoal

Solicitar a colegas ou adultos alimentos em situação de refeição (Ex.: lanche)

33
trabalho da
equipe educacional
no ensino
fundamental
Áreas que podem ser trabalhadas em estu-
dantes com TEA e habilidades verbais pre-
servadas (com e sem rebaixamento intelec-
tual) (Rogers & Dawson, 2010).

Para melhorar o deficit na comunicação e


nas interações sociais: (quadros a seguir).

34
Habilidades Sugestões de atividades Sugestões de matéria

Habilidades para determinar a intenção comunicativa de


• Brincadeiras de role play (troca de papéis) • Arte • Educação Física
outras pessoas: O que outros colegas desejam? Como
• Produção e compreensão de gestos • Seminários • Aulas práticas
entender os outros?

Senso de percepção de interesses sociais de terceiras pessoas • Recreio


em compartilhar algo: entender interesses de outros, com- Brincadeiras de role play (troca de papéis). • Arte
partilhá-los, discordar e concordar com interesses de outros • Teatro

• Recreio
Seguir a direção do olhar, alternar o olhar entre uma pessoa
Contato visual • Arte
e um objeto de interesse, brincar com adesivos no rosto
• Teatro

• Recreio
Habilidades e competências para notar que outras pessoas Treinar reconhecimento de pensamentos, emoções e senti-
• Arte
têm reações diferentes das dela frente às mesmas situações mentos dele próprio e dos outros
• Teatro

• Brincadeiras de role play (com troca de papéis)


Habilidades para nomear e atribuir pensamentos, ideias e • Arte • Seminários
• Produção e compreensão de contos, histórias, filmes
sentimentos a si mesmo e a outras pessoas a fim de poder • Português • Aulas práticas
• Trabalhos acadêmicos em grupo com atribuição de tare-
predizer e explicar esses aspectos • História
fas/membro

• Brincadeiras de role play (troca de papéis) • Recreio


Competências para saber se colocar no lugar do outro • Produção e compreensão de contos • Arte
• Trabalhos de arte em grupo • Teatro

35
Habilidades Sugestões de atividades Sugestões de matéria
Treinar reconhecimento de pensamentos, emoções e sen-
• Recreio
Habilidades e competências para experienciar contágio timentos dele próprio e dos outros e sincronia emocional
• Artes
emocional em ambientes sociais. Treinar compreensão de “piadas”,
• AEE
histórias engraçadas e tristes

Imprimir e utilizar listas de desenhos com gestos/sinais sociais


• Recreio • Todos os
de comunicação como “tchau, joia, esperar, prosseguir,
Uso social de gestos e reforçadores sociais • Arte componentes
expressões faciais” e apresentar em grupo ou no atendimento
• AEE curriculares
educacional especializado (AEE)

• Recreio • AEE
Compreensão de ordens/mandos e de percepção de situa- Treino de mandos e/ou ordens. Treino de percepção de si-
• Arte • Educação Física
ções sociais de interação social tuações sociais de interação social adequada ou conflituosa
• Teatro

Treinar entonação de voz e diversas situações da vida diária: • Arte


Habilidades de linguagem expressiva (fala) com prosódia narrativa de fatos, narrativa de sentimentos de outros e de • Teatro
adequada si próprio, narrativa de fatos com controle do tempo, diversi- • AEE
ficação de temas ou assuntos nas narrativas • Trabalhos em grupo

• Arte • Educação Física


Habilidades de linguagem expressiva (fala) sem inversão Treinar falas em situações nas que o estudante se coloque
• Teatro
pronominal em 1ª pessoa
• AEE

• Todos os
• Recreio
Habilidades para se igualar a parceiros sociais pela imita- Brincadeiras e dinâmicas em grupo sobre sentimentos, solu- componentes
• Arte
ção e reciprocidade social e emocional ção de conflitos, convivência em grupo curriculares
• Teatro

36
Para desenvolver habilidades sociais • mediar interações: comportamento verbal ou do educando. Ex.: Você concluiu que as pessoas
não verbal do educador que estabelece antece- devem ser chamadas pelo nome; você disse que
Seguem 32 dicas de como trabalhar habilidades dentes para interação verbal ou não verbal do os pais precisam compreender os filhos; você
sociais em sala de aula, de acordo com Bolsoni- educando com pares ou outros significativos do está querendo dizer que fica chateado quando o
-Silva et al (2006): ambiente. chamam pelo apelido;

• arranjar ambiente físico: o educador altera a a) Chama a atenção para o comportamento do • apresentar objetivos: verbalização do edu-
disposição espacial das carteiras/cadeiras ou leva colega enquanto antecedente de reação dese- cador que anuncia o objetivo da atividade em
os educandos para outro ambiente. Ex.: Coloquei jável. Exemplo: Ele está fazendo uma pergunta termos do desempenho social esperado do edu-
as duas cadeiras próximas para vocês se conhe- para você; você gostou do que ele fez? Então, o cando. Ex.: Hoje vamos fazer essa atividade to-
cerem mais; vamos agora usar a outra sala (com- que você diria para ele? dos juntos, cada um ajuda o outro; esse jogo é
portamentos motores de rearranjo ambiental); muito importante para melhorar o nosso voca-
b) Indicar o comportamento a ser emitido em bulário;
• organizar materiais: o educador introduz, na in- relação ao colega (elogiar, expressar concor-
teração com os educandos, recursos diversos, tais dância/discordância, perguntar, dar informação, • estabelecer relações entre comportamento,
como: música, textos, audiovisuais, jogos, mate- expressar carinho). Ex.: Diga a sua colega o que antecedente e consequência: verbalização do
rial pedagógico, entre outros. Ex.: Eu trouxe uma você está sentindo, fale para a D. Maria sobre educador que explicita relações ocorridas ou pro-
lista de provérbios, podemos pensar numa solu- sua pesquisa na internet; olha lá seu amigo, vá váveis de ocorrer entre comportamentos especí-
ção para o nosso amigo da história que acha que cumprimentá-lo (apontar o colega e gesticular ficos (usando termos que representam ações),
ninguém gosta dele (distribuir cartões para os es- um abraço); seus antecedentes e consequentes. Ex.: Se você
tudantes identificarem o cartão complementar); brigar com seu amigo, ele vai ficar triste e depois
• fazer perguntas de sondagem ou desafio: ver- não vai querer brincar novamente; na discussão
• alterar distância/proximidade: o educador al- balização do educador que questiona, avalia ou com colegas, cada um precisa ao menos ouvir e
tera a distância/proximidade entre os educandos desafia o educando sobre temas ou conteúdos ponderar a opinião do outro; nós só somos ouvi-
ou entre o educador e o educando para um tipo de relacionamento interpessoal pertinentes ao dos se soubermos ouvir;
específico de desempenho. Ex.: Organizar os es- assunto em curso. Ex.: O que podemos fazer para
tudantes em duplas, trios ou pequenos grupos, mudar o final dessa história? O que vocês acham • apresentar informação: verbalização ou dis-
como forma de conduzir uma atividade interati- que devemos fazer nesta situação? Quem faria ponibilização de material audiovisual pela qual
va. Fazer uma fila dupla; estender o braço indi- diferente? Vamos ver quem descobre o porquê o educador expõe conteúdo sobre comporta-
cando a posição que o colega deve ficar; ativida- de Aline ser elogiada pela professora? mentos sociais e/ou soluciona dúvidas apre-
des de busca de estímulos, por exemplo, quem sentadas pelo educando. Ex.: Voltando ao que
não possui um cartão complementar tem que • parafrasear: verbalização do educador que ex- conversamos ontem, hoje no jornal tem uma re-
procurar o colega que o tenha, sentar-se junto a plica parte ou todo o conteúdo da verbalização portagem que esclarece esse assunto; ao entrar
um colega para fazer a atividade;
37
em um ambiente, é importante cumprimentar
quem está lá (entregar folhetos sobre o assunto
para os alunos lerem);

• apresentar modelo: comportamentos verbais


ou não verbais do educador que ilustram ou
chamam a atenção do educando para compor-
tamentos sociais desejáveis, emitidos por outro
colega ou pelo próprio educador. Ex.: As crianças
que fizeram a atividade cooperando na gincana
ganharam o prêmio; veja como a Marta fez, ela
olhou para o Paulo; olhe bem como eu vou fazer,
depois você faz igual (aproximar-se de um estu-
dante, apontar a borracha e pedi-la emprestado);

• resumir comportamentos emitidos: verbaliza-


ção do educador que organiza (resume, relacio-
na, ordena, hierarquiza) comportamentos (ver-
bais ou não verbais) previamente emitidos pelo
educando ou pelo educador na ou em situações
precedentes. Ex.: vocês falaram sobre fazer ges-
tos; conversar assuntos do interesse do outro;
olhar para a pessoa; em resumo, eu quis dizer
que é importante falar olhando para as pessoas;

• explorar recurso lúdico-educativo: verbaliza-


ções do educador ao utilizar o conteúdo de es-
tórias, romances, poesias, filmes em atividades
educativas ou indicar o uso desses recursos em
outros contextos. Ex.: ler um trecho de um livro
e discutir depois sobre o conteúdo que se deseja
educar;

38
• apresentar instruções: comportamento verbal • descrever/justificar comportamentos desejá- • chamar atenção para normas pré-estabeleci-
ou não verbal do educador que indica/descreve veis: verbalização do educador que descreve os das: comportamentos verbais e/ou não verbais do
o comportamento a ser emitido ou apresenta os comportamentos esperados do educando. Ex.: educador que indicam as ações do educando que
passos a serem seguidos na emissão do compor- Quem quiser falar, levante a mão e todos terão não estão sob controle de regras previamente es-
tamento: Ex.: quando for agradecer alguém, pri- oportunidade de dar opinião; nesta tarefa, vocês tabelecidas. Ex.: Apontar para um cartaz na pare-
meiro se aproxima, chame pelo nome e diga obri- devem construir a resposta juntos, aproveitando as de com um desenho solicitando silêncio; respon-
gada pelo.... Algumas coisas têm que ser vistas ideias dos dois; quando alguém estiver falando, os da-me se isso está dentro do que foi combinado;
com a diretora; quando alguém faz uma crítica, demais devem esperar a vez; quando o colega esti- para assistir ao filme, como combinamos de agir?
você deve ouvir, refletir e depois resolver se vai ver com dificuldades, vamos ajudá-lo; se o desenho
aceitar ou rejeitar; chame as pessoas pelo nome, não for feito pelos dois, não será considerado; • pedir mudança de comportamento: verbaliza-
elas gostam, sentem-se respeitadas; ção do educador que descreve o comportamento
• descrever/justificar comportamentos indese- que o educando deve modificar e especifica um
• apresentar dicas: comportamento verbal ou jáveis: verbalização do educador que descreve os ou mais comportamentos que devem ser emiti-
não verbal do educador que dá pistas sobre a comportamentos reprováveis do educando. Ex.: dos. Ex.: fale baixo e diga exatamente o que você
solução de uma questão do educando e/ou uma Se vocês falarem ao mesmo tempo, não atende- quer que ele faça; seu amigo está zangado, peça-
alternativa de comportamento mais adequado; rei a ninguém; se todos falarem ao mesmo tem- -lhe desculpas e faça o que ele pediu;
po, ninguém vai ouvir ninguém; não é para em-
• utilizar atividade/fala em curso para introduzir purrar o colega, a regra é somente tocar o outro; • interromper comportamento: comportamen-
um tema: comportamentos verbais e não verbais tos verbais ou não verbais do educador que in-
do educador propondo discussões e reflexões so- • negociar regras: verbalização do educador que terrompem o comportamento em curso do edu-
bre um tema estabelece ocasião para uma discussão sobre re- cando. Ex.: chega, não diga mais nada; espera,
gras para as interações (necessidade, concordân- vamos interromper (fazer um sinal de pare com
a) interrompendo a ocorrência de uma atividade; cia/discordância, mudança, entre outras) Ex.: Em as mãos para o educando);
dupla, vocês vão dizer qual a regra que deve ser
b) após a ocorrência de um evento, envolvendo alterada; essa mudança que você propõe preci- • manifestar atenção a relato: comportamento
ou não os educandos. Ex.: vocês viram o que a sa da concordância de todos; se alguma coisa da verbal e/ou não verbal do educador que demons-
televisão apresentou?; vamos pensar um pouco regra não está sendo boa para todos, é possível tra ao educando interesse por seu relato. Ex.: que
sobre...; vocês estão seguindo as regras, vamos alterá-la; como é que nós vamos funcionar aqui mais aconteceu?; Ah, sei, tá (sorrir, balançar a ca-
pensar um pouco sobre isso (apontar para o qua- para evitar problemas?; vocês acham que pode- beça em sinal afirmativo); vocês pegaram a bola
dro onde as regras estão registradas); o que está mos combinar assim?; eu acho que essa regra de- e...;
acontecendo nesse jogo?; saber estabelecer limi- veria ser mantida;
tes e disciplina;

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• obter informações: verbalização do educador conseguiu pedir um favor, agora vai ser mais fácil; educando ou de comportamento por ele emitido.
que solicita ao educando informações sobre ati- vamos lá, tenho certeza de que vai conseguir; Ex.: eu penso de uma outra maneira sobre esse
vidades e comportamentos sociais passados ou assunto de namoro; você achou legal, mas eu dis-
previstos. Ex.: com quem você vai? Onde vocês • demonstrar empatia: comportamento verbal cordo; veja que ele também acabou explorando o
vão? Quem vai buscá-los? Quando ele te agrediu, ou não verbal do educador que demonstra com- outro; balançar a cabeça em sinal negativo sobre
o que você fez?; preensão/aceitação da situação e das condições o relato feito pela criança; você falou gritando,
emocionais do educando. Ex.: eu também fica- não vou atender seu pedido;
• expressar concordância: comportamento ver- ria chateada se algum amigo não me convidas-
bal ou não verbal do educador que expressa se; imagino como você está se sentindo; imagi- • promover a autoavaliação: comportamento
concordância com o conteúdo relatado pelo edu- no como você está feliz com o comentário feito verbal do educador que solicita a avaliação do
cando. Ex.: você tem razão sobre os comporta- pela sua mãe (aproximar-se da criança e tocar educando sobre seus próprios desempenhos an-
teriores. Ex.: como você avalia essa sua resposta?
mentos do Danilo; concordo com sua sugestão no ombro dela);
o que você achou de ter agido assim? como acha
(balançar a cabeça em sinal afirmativo);
que o coleguinha viu essa sua reação?
• remover evento aversivo: comportamento
• apresentar feedback positivo: comportamento verbal ou não verbal do educador que anuncia
a retirada de evento aversivo contingente a de- Cuidados especiais em estudantes com TEA
verbal do educador que descreve sucintamente
sempenho desejável. Ex.: gostei muito da forma que não são verbais e apresentam rebaixa-
os comportamentos sociais observáveis emitidos
como você ajudou o seu colega; como você aju- mento intelectual
pelo educando. Ex.: você disse “bom dia” e fez
perguntas; você falou olhando para ela e usou as dou o colega; agora pode ir (fazer um gesto libe-
rando a criança para ir brincar); Para introduzir repertórios comportamen-
mãos para ilustrar o que você queria dizer;
tais adequados
• elogiar/aprovar: comportamento verbal ou • estabelece sequência de atividade (Premack):
comportamento verbal do educador que indica • dar atenção aos comportamentos tão logo eles
não verbal do educador que expressa aprova-
a ordem de atividades, colocando as de maior aconteçam;
ção do comportamento. Ex.: sorri, movimenta a
atratividade ou menor custo na sequência das de
cabeça; hum, hum! Muito bem! Gostei! Ótimo!
menor atratividade ou maior custo. Ex.: primeiro • antecipar e evitar comportamentos indesejados;
Que bom que você me ajudou a descobrir o enig-
você faz os exercícios de matemática, depois va-
ma! Legal isso que você fez!
mos desenhar; vocês vão lavar a louça e depois • bloquear e redirecionar comportamentos ina-
comprar sorvetes para nós todos; dequados;
• incentivar: comportamento verbal do educador
que chama atenção para desempenho (total ou • expressar discordância/reprovação: compor- • observar comportamentos autoestimulatórios
parcial) do educando como evidência de seus re- tamento verbal ou não verbal do educador que (Ex.: chupar, lamber-se, mexer em partes do cor-
cursos e possibilidades futuras. Ex.: viu como você expressa discordância do conteúdo relatado pelo po, esfregar-se, balançar partes do corpo, rodo-

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piar) e possibilitar o desenvolvimento de novos zagem em ordem hierárquica de aquisição com • não castigar, gritar ou utilizar estímulos aver-
comportamentos adequados mediante mudan- registro semanal e/ou mensal de habilidades ad- sivos para corrigir comportamentos inadequa-
ças no ambiente. Dessa forma, o aluno se man- quiridas ou habilidades em desenvolvimento; dos.
terá estimulado e diminuirá os comportamentos
autoestimulatórios; • fazer uso de estímulos positivos adequados à Casos extremos, nos quais o estudante apre-
motivação do estudante para estimular o com- senta comportamentos agressivos e/ou au-
• ensinar ao estudante comportamentos para portamento adequado. A família pode oferecer toagressivos graves que afetam a integridade
obter atenção adequadamente; esse tipo de informação física dele, recomenda-se a equipe educacio-
nal – além de identificar variáveis do ambien-
• reforçar (estimular) comportamentos • usar diretamente instruções, dicas e ajuda te que possam potencializar essas alterações
adequados; máximas no desenvolvimento de uma habili- comportamentais – contatar a família do edu-
dade, a fim de evitar aquisições com erros. Na cando para procurar atendimento em serviços
• usar e abusar de dicas (tanto gestuais como medida que o estudante aprende, retiram-se especializados de saúde mental. Excepcional-
verbais) para aumentar bons comportamentos; progressivamente as ajudas. Essa abordagem mente, nesses casos, a contenção física pode
utiliza como ferramenta o ensino de aprendiza- ser utilizada, porém sob orientação de uma
• adaptar livros; gem sem erro. As dicas podem variar das mais equipe de saúde mental, com prescrição médi-
“intrusivas” (ajuda física) às mais “leves” (ajuda ca e autorização dos cuidadores responsáveis.
• usar quadros de rotina; gestual e verbal); Esse tipo de controle pode potencializar outros
problemas de comportamento e machucar a
• utilizar cartolinas com desenhos, fotos e se- • fragmentar tarefas em pequenas partes para criança.
quência de histórias que indiquem palavras ou facilitar a aprendizagem sem erro;
frases, instruções, ordens;
• o ambiente não deve possibilitar comporta-
• usar intensivamente instruções sobre os com- mentos inadequados, pois, quando isso ocorre,
portamentos esperados no estudante, preferen- aumenta a probabilidade de concorrerem com os
cialmente entre um membro da equipe educa- comportamentos adequados;
cional e o educando, individualmente;
• evitar dar atenção a comportamentos inade-
• estimular positivamente cada comportamen- quados, porque podem ser reforçados e aumen-
to adequado do estudante imediatamente após tar sua frequência;
sua ocorrência;
• utilizar exemplos de comportamentos adequados
• utilizar plano individual de metas de aprendi- nos pares para facilitar aprendizagem por imitação;
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Profa. Dra. Maria Cristina Triguero Veloz Teixeira

Sobre a autora
Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq/PQ-Nível: 2. Graduação em Psicologia pela Universidade
de Havana (1988), Mestrado em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (1997) e Doutora-
do em Saúde pela Universidade Federal de Santa Catarina (1999). Informações atuais: Coordenadora Geral
da Pós-Graduação Stricto Sensu da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Coordenadora do Programa de
Pós-Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento (Nota 5 - CAPES) do Centro de Ciências Biológicas e da
Saúde da Universidade Presbiteriana Mackenzie (Gestão 2012-2016).

Presidente da Associação Brasileira de Editores Científicos de Psicologia - ABECiPsi (Gestão 2014-2016).


Editora Associada da Revista Psicologia: Teoria e Prática (Qualis A2) e Editora da Seção de Desenvolvimen-
to Humano da Revista Psicologia: Teoria e Prática (Qualis A2) / Gestão em vigência. Desde 2014, é mem-
bro do Grupo de Trabalho da ANPEPP & quot; Transtornos do Espectro do Autismo: pesquisa em saúde
e educação&quot; (Gestão em vigência). Membro do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos
vinculado Ao Conselho Nacional em Saúde da Universidade Presbiteriana Mackenzie (Gestão em vigência).
Conselheira da Editora Mackenzie da Universidade Presbiteriana Mackenzie (Gestão em vigência).

Líder de Grupo de Pesquisa do CNPq. Informações Anteriores: Editora Chefe da Revista Psicologia: Teoria
e Prática (Qualis A2) Gestão 2002-2012. Áreas de atuação: Psicologia Comportamental, Aprendizagem,
Análise Aplicada do Comportamento, Identificação e manejo de problemas de comportamento nos trans-
tornos do neurodesenvolvimento e no desenvolvimento típico.

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