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ISBN 976655938046-6
Presidente
Josué Gomes da Silva
Superintendente
Alexandre Ribeiro Meyer Pflug
Autores
Eniceia Gonçalves Mendes
Soraia Romano
APRESENTAÇÃO
A escolarização e aprendizagem de todos os estudantes propõe ao docente a atuação
em um campo com diferentes contextos educacionais, nos quais ressignifica o papel
do professor, da escola, da educação e das práticas pedagógicas a todo momento.
É importante considerar que as ações são graduais e requerem uma mudança de cultu-
ra. O êxito de ações equânimes depende da junção de saberes que envolvem a prática
pedagógica, a participação ativa da família e o suporte dos profissionais especializa-
dos, para possibilitar ao estudante seu desenvolvimento pleno.
Com base nesses fundamentos, o SESI-SP, por meio da Gerência Executiva de Edu-
cação, produz o material “Orientações práticas para professores de estudantes com
Deficiência Intelectual”, com o objetivo de desmistificar os conceitos atribuídos à de-
ficiência, mitos, rótulos e características dos estudantes, com a finalidade de remover
barreiras de participação e direcionar possibilidades para o professor.
Boa Leitura!
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SUMÁrio Introdução ........................................................................................................................................ 13
Inclusão: concepções, história e práticas pedagógicas ..................................................................... 14
Os desafios da inclusão escolar ........................................................................................................ 20
O que é a deficiência intelectual? ..................................................................................................... 20
Quem é o aluno com deficiência intelectual? ................................................................................... 24
A identificação dos alunos com deficiência intelectual no Brasil ...................................................... 26
Suspeito que tenho um aluno com deficiência intelectual. O que faço? ...................................... 28
Quero encaminhar para avaliação meu aluno suspeito. Como faço? .......................................... 29
Recebi um aluno com deficiência intelectual. E agora? ............................................................... 31
Estratégias para o ensino do estudante com deficiência intelectual ................................................ 31
Desenho universal para a aprendizagem .................................................................................... 34
Trabalho colaborativo na escola ................................................................................................. 36
Aprendizagem cooperativa ........................................................................................................ 37
Ensino diferenciado ................................................................................................................... 39
Considerações curriculares sobre alunos com deficiência intelectual .............................................. 44
O aluno com deficiência intelectual na educação infantil ........................................................... 45
O aluno com deficiência intelectual no ensino fundamental e ensino médio .............................. 46
Modificações curriculares para estudantes com deficiência intelectual que apresentam
impedimentos mais significativos .............................................................................................. 47
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Avaliação, certificação de terminalidade de escolarização e planos de transição ..................... 52
Avaliação do estudante com deficiência intelectual ........................................................... 53
Certificação de terminalidade específica ........................................................................... 54
Plano de transição e a vida pós-escola ............................................................................... 55
Considerações finais ................................................................................................................. 58
Bibliografia ............................................................................................................................... 60
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Como instituição social, a escola está inserida em uma realidade histórica da qual
INTRODUÇÃO
recebe e na qual exerce influência, porém não é apenas uma organização por onde
transitam os valores, a ciência, as ideologias, a política, os costumes e a cultura de
uma sociedade. Por um lado, ela desempenha o papel de acolher a realidade social
e, por outro, tem o poder de atuar sobre essa mesma realidade, formando cidadãos
plenos. Dessa maneira, a escola deve promover a consciência de direitos e deveres no
exercício da democracia. A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência
reconhece o direito à educação, que para ser efetivada sem discriminação e com base
na igualdade de oportunidades assegurará um sistema educacional inclusivo em todos
os níveis, bem como o aprendizado ao longo de toda a vida.
E quando se fala em inclusão, pressupõe-se que não basta apenas inserir as pessoas
com deficiência em ambientes nos quais participa a maioria, pois também é necessário
que esses meios promovam a sua participação, o que exige preparação para que isso
se efetive.
Este material se propõe a auxiliar o professor e a escola para incluir todos os estudan-
tes, ressaltando a criança ou jovem com deficiência intelectual.
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INCLUSÃO:
a criança e o jovem conquistarem o sucesso esco- los mesmos ápices de negação, segregação, in-
lar. Ao incorporar na escola atitudes de respeito tegração e inclusão ocorridos no mundo todo.
à individualidade e valorização da diversidade, o Mesmo antes do descobrimento das terras bra-
CONCEPÇÕES,
professor exerce influência direta e configura-se sileiras, as sociedades indígenas mantinham a
como modelo para os educandos. ideia de excluir pessoas com deficiência ou até
mesmo eliminá-las, e esse descaso foi mantido
HISTÓRIA E PRÁTICAS
Tema amplamente debatido, a inclusão escolar pelo povo europeu que chegava com a intenção
apresenta um percurso que perpassa por dife- da colonização.
rentes ações, fases e concepções, e conhecer
PEDAGÓGICAS
o histórico, as leis e as transformações origina- As primeiras indicações de ações voltadas às pes-
das da ideia da educação inclusiva é investir na soas com deficiência datam da época do Impé-
qualidade da proposta educacional e contribuir rio, quando foram criadas fundações para cegos
para a formação de cidadãos comprometidos e surdos e tratamentos psiquiátricos na metade
Na perspectiva inclusiva, a educação relaciona-se com a sociedade. do século XIX (MOREIRA, 2014). Essas instituições
a uma das principais questões ligadas ao plano para cegos e surdos se fundamentaram na con-
de direitos humanos e promoveu uma reestrutu- Nessa perspectiva, aceitar as diferenças e criar cepção biológica, que priorizava o atendimento
ração acelerada nestas nas últimas décadas para ambientes propícios ao desenvolvimento das po- médico em detrimento do educacional e o dis-
reafirmar o que já era de direito, tal como foi tencialidades individuais são as principais premis- tanciamento do convívio em sociedade.
inscrito na Declaração Universal dos Direitos Hu- sas da escola inclusiva, que incorporam o enten-
manos (ONU, 1948), na Declaração de Salaman- dimento sobre equidade e diversidade humana. A fase foi caracterizada por um cunho assistencial
ca sobre Princípios, Política e Práticas na Área Incluir significa inserir, compreender, tornar-se e grande apelo filantrópico, mantendo os indivídu-
das Necessidades Educativas Especiais (UNES- parte de ou colocar dentro de, de acordo com a os com deficiência ou transtornos separados dos
CO, 1994), na Convenção sobre os Direitos das etimologia. Entretanto, para congregar o para- demais. As atribuições eram descentralizadas e o
Pessoas com Deficiência (BRASIL, 2008) e na Lei digma que essa ação revela, deve-se considerar o apoio do governo era restrito, com ações de auxí-
Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência percurso da educação especial, que apresenta um lio financeiro para entidades assistencialistas.
(BRASIL, 2015). histórico de princípios relacionados ao desconhe-
cido, ao preconceito e à discriminação. Com esse Com o tempo, as associações especializadas mo-
Na esfera atual, o educador vive o privilégio de entendimento, é possível identificar o porquê de dificaram seu direcionamento e iniciaram um
realizar ações assertivas que podem marcar de tantas dificuldades e tantos tabus envolvendo as novo trajeto, com o objetivo de criar possibilida-
forma positiva a vida de cada estudante. O am- crianças e os jovens com deficiência, transtornos des para pessoas com deficiência. E, de tal modo,
biente escolar, as dinâmicas e as estratégias es- ou altas habilidades na escola regular. serviços de reabilitação médica e cuidados vol-
colhidas são aspectos essenciais para o aprendi- tados à educação foram desenvolvidos, alguns
zado e predispõem a motivação necessária para A história da deficiência no Brasil perpassa pe- mais, outros menos.
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De acordo com Mendes (2006), esse padrão foi desafiadores, vivendo em contextos mais realis- ele progredisse nos estudos, para contextos
mantido por muitos anos, até por volta de 1960, tas para promover aprendizagens significativas e menos segregantes. Entretanto, os 20 anos de
quando a prática de segregação se tornou into- proporcionar uma formação de uma sociedade. práticas integracionistas evidenciaram que isso
lerável, ocasionando a retirada das pessoas com raramente acontecia, e os indivíduos com defici-
deficiência de grandes instituições para reiniciá- A busca em tornar as pessoas com deficiência ência continuavam sendo escolarizados em con-
-las na sociedade. normais e a inserção escolar sem nenhum planeja- textos segregados de classes e escolas especiais
mento ou adequação emergiu do ativismo de pes- (MENDES, 2010a).
Até meados do século XX, não foram observadas quisadores, políticos e familiares de pessoas com
grandes evoluções no campo pedagógico da de- deficiência, que observavam as condições desu- No Brasil, na década de 1950, quando a escola
ficiência intelectual, e um modelo ainda médico manas que muitas instituições residenciais ofere- se popularizava no país, familiares de indivíduos
ou clínico, embasado numa concepção biológica ciam a indivíduos com deficiência intelectual. com deficiência intelectual preocupados com a
e com foco básico na classificação das condições exclusão de seus filhos das escolas comuns come-
dos indivíduos, podia ser observado na prática. O A partir daí, emerge a ênfase na chamada “inte- çaram a criar instituições privadas, de natureza
tratamento era mais assistencial do que propria- gração escolar”, baseada na ideia de que estu- filantrópica para acolhê-los. Com isso, cresceu a
mente educacional (MENDES, 1995). dantes com deficiência deveriam estudar em am- mentalidade de que a educação desses indivíduos
bientes educacionais com o mínimo de restrição não era uma questão de direito, mas sim de filan-
A segregação educacional, anteriormente vis- possível e que se aproximassem ao máximo dos tropia, uma benemerência ou caridade que a so-
ta como um benefício para a aprendizagem das ambientes naturais ou normais, que seriam as es- ciedade prestava para essa parcela da população.
pessoas com deficiência, passou a ser vista como colas comuns. Nessa perspectiva, seria prioritária
mecanismo de marginalização e discriminação a escolarização em ambientes comuns, ou classes Na década de 1970 no Brasil, as primeiras polí-
social de grupos em desvantagem sociocultural. comuns de escolas regulares, e caso isso não fos- ticas públicas educacionais relacionadas à esco-
Para além da deficiência, a sociedade impunha se possível, se lançaria mão de atendimentos as- larização da pessoa com deficiência foram anun-
a essas pessoas condições de desvantagens que sociados em salas de recursos ou substitutivos em ciadas na perspectiva da filosofia de integração
influenciavam mais adversamente o seu funcio- classes ou escolas especiais, e, em último caso, se escolar e normalização. A partir de então, come-
namento do que o próprio impedimento que por- adotaria o ensino hospitalar ou domiciliar. çaram a ser criadas nas escolas comuns classes
ventura tivessem. especiais para que alunos com deficiência inte-
Assim, havia a proposta de um contínuo de ser- lectual leve fossem escolarizados.
Além disso, passou-se a defender um sistema viços, que ia dos menos segregados (classe co-
educacional de qualidade para todos e, desse mum) até os mais segregados (ensino hospitalar Ao longo de 20 anos, pesquisas nacionais foram
modo, a inserção de alunos com deficiência em ou domiciliar), com a indicação de que, mesmo mostrando que as classes e escolas especiais ser-
classe comum. Assim, todos seriam beneficiados, se o indivíduo com deficiência intelectual fosse viam menos ao propósito de garantir o direito à
uma vez que alunos com deficiência poderiam colocado num ambiente mais restritivo, a meta educação e mais como mecanismo de seletivida-
participar de ambientes de aprendizagem mais seria movê-lo com o tempo, na medida em que de e exclusão de uma parcela indesejada da po-
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pulação das escolas comuns. Alunos de escolas pessoas com deficiências, tornando as políticas de matrícula de estudantes com deficiência sen-
e classes especiais não avançavam, o ensino que de inclusão escolar praticamente obrigatórias em do escolarizados em classe comum decuplicou
lhes era ofertado pouco garantia acesso ao currí- todos os países democráticos (MENDES, 2006). nos últimos 17 anos, passando de 110.536 em
culo e, na maioria das vezes, acrescentava-lhe um 2002 para 1.090.805 em 2019 (INEP, 2002, 2019).
duplo ônus: um rótulo pejorativo, que o estigma- No Brasil, apesar do debate sobre educação in-
tizava, e um ensino de baixa qualidade. O resul- clusiva ter surgido no final dos anos de 1990, uma Assim, apesar de ser uma política desafiadora,
tado disso foi um enorme contingente de adultos política de inclusão escolar mais contundente so- não há o que se colocar no lugar da proposta
institucionalizados ou que permaneciam em seus mente foi observada a partir de 2004, quando a de inclusão escolar, que continua sendo um im-
lares, sem escolarização, sem autonomia para a escolarização de alunos do público-alvo da edu- perativo moral se considerarmos os argumentos
vida independente e sem condições mínimas de cação especial nas escolas comuns começa a ser éticos, legais, práticos e políticos. Entretanto, a
inserção no mercado de trabalho. considerada como medida compulsória para os inclusão escolar não se encerra na matrícula, pois
sistemas de ensino. é preciso garantir a permanência e o sucesso des-
Assim, como a sociedade brasileira se desonera- ses alunos na escola.
va da obrigação legalmente imposta de educá- E por que a política de inclusão escolar é impor-
-los, aos familiares, muitas vezes sem condições, tante? Primeiramente, porque ela é justa, pau- Embora as políticas de inclusão escolar sejam
cabia a missão de acolhê-los e a preocupação tada em princípios morais de igualdade e não justas, elas não facilitam a vida dos professores,
de qual seria o seu futuro quando os pais lhes discriminação. Assim, não é possível mais que as que veem suas turmas cada vez mais heterogê-
faltassem. Ainda imperava a ideia de que a escolas continuem excluindo os diferentes e con- neas e desafiadoras. Neste momento, voltamos
deficiência era um drama pessoal, no máximo tribuindo para construir desigualdades educacio- ao ponto em que o professor se depara com um
uma tragédia familiar, e a sociedade não tinha nais e, consequentemente, sociais. Em segundo aluno com deficiência intelectual em sua turma
nenhuma relação com essa questão, ainda que lugar, as políticas de inclusão são legais, pois hoje e se questiona sobre quais estratégias serão as-
a deficiência fosse fruto de condições de desi- há dispositivos que garantem a matrícula de to- sumidas, sendo a primeira delas o caminho de
gualdade e injustiça social. dos os alunos, sem distinção, e políticas discri- adaptação curricular.
minatórias que tomam como base a deficiência,
A década de 1990 trouxe um movimento mais que impedem o acesso à escola, são passíveis Dessa forma, a adaptação foi compreendida
radical de crítica à discriminação proporcionada de criminalização. Em terceiro lugar, porque nas como a inserção do estudante na escola regular,
pela sociedade em geral, mas principalmente pe- políticas de integração escolar poucos estudan- e este deveria buscaria meios para atingir o má-
las escolas, em relação a grupos minoritários, e a tes com deficiência conseguiram acesso à escola, ximo possível os padrões considerados normais.
defesa pela educação inclusiva se tornou palavra fossem elas comuns ou especiais, ao passo que Nessa perspectiva, a proposta educacional foi
de ordem no campo da Educação. Em relação as as políticas de inclusão escolar ampliaram consi- reduzida, e a ação de integrar assumiu a con-
pessoas com deficiência, a classe comum de es- deravelmente o acesso à escola à população de cepção de “estar no mesmo espaço”, mas não
colas regulares foi, a partir de então, concebida crianças e jovens com deficiência. As estatísticas necessariamente de interagir com esse meio. A
como o lugar de excelência para a educação de oficiais do Censo Escolar indicam que o número possibilidade de acesso, que garantia apenas o
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de acesso irrestrito de todos os estudantes no
ambiente escolar. Para tanto, torna-se necessário
proporcionar diferentes estratégias e conteúdos
e formas personalizadas para promover avanços
pedagógicos significativos. Essa perspectiva não
se limita em direcionar e suscitar a aprendizagem
apenas dos estudantes com dificuldades na esco-
la, mas capacitar todos – professor, educando e
equipe administrativa – para possibilitar o desen-
volvimento educacional dos envolvidos.
INCLUSÃO ESCOLAR
os estudantes de estarem juntos, aprendendo e anos (AAIDD, 2010, p. 1).
participando sem nenhum tipo de discriminação.
Três critérios podem ser extraídos dessa defini-
A deficiência intelectual apresenta característi- ção para que uma pessoa seja enquadrada nessa
De acordo com o art. 2º da Lei no 13.146, de 6 cas muito próprias e conduz o trabalho do pro- condição:
de julho de 2015, considera-se pessoa com de- fessor para caminhos bem distintos das outras
ficiência aquela que tem impedimento de longo deficiências já tratadas por esta coleção. 1. apresentar um funcionamento intelectual sig-
prazo de natureza física, mental, intelectual ou nificativamente limitado;
sensorial, o qual, em interação com uma ou mais 2. ter déficits no comportamento adaptativo;
barreiras, pode obstruir sua participação plena e
3. comprovar a origem desses déficits antes dos
O QUE É A
efetiva na sociedade em igualdade de condições
com as demais pessoas. 18 anos de idade.
DEFICIÊNCIA
Os Decretos Federais no 3.298/1999 e no
5.296/2004 classificam as deficiências em: ciência intelectual, é preciso conhecer como e por
que as definições foram sendo gradualmente mo-
• auditiva;
dificadas. No século XIX, Jean-Étienne Esquirol,
• visual;
• intelectual;
• física;
INTELECTUAL? psiquiatra francês preocupado com a superpopu-
lação de hospitais para os considerados alienados
da razão, distinguiu os pacientes da época entre
• múltipla (associação de duas ou mais deficiências). A primeira tarefa para responder essa questão é duas condições: a idiotia – dividida em dois níveis
compreender o significado do conceito de defici- de severidade: a idiotia (casos mais graves) e a
O capítulo IV, art. 27 da Lei no 13.146, diz:
ência intelectual, e, para isso, é preciso conhecer imbecilidade (sintomas mais leves) – e a loucura.
A educação constitui direito da pessoa com defi-
como ele foi cientificamente modelado ao longo Com isso, ele inaugurou o estudo científico mais
ciência, assegurados sistema educacional inclu-
sivo em todos os níveis e aprendizado ao longo da história. sistemático da condição atualmente conhecida
de toda a vida, de forma a alcançar o máximo como deficiência intelectual (MENDES, 1995).
desenvolvimento possível de seus talentos e É importante enfatizar que não se trata de um
habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e so- olhar histórico voltado para uma condição, e sim Na época, a crença na hereditariedade e na irre-
ciais, segundo suas características, interesses e para uma classificação, uma normatização esta- versibilidade e a ameaça social que representava
necessidades de aprendizagem. a condição, tida como uma espécie de degeneres-
belecida. A deficiência intelectual é definida atu-
almente como uma condição caracterizada por: cência da raça humana, foram responsáveis pela
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marginalização, reprovação social, confinamento Idade mental se refere, em um influências praticamente definitivas sobre os ca-
em instituições, esterilizações em massa e outros determinado teste, ao escore minhos que a teoria da idiotia iria assumir, prin-
mecanismos visando o controle social da idiotia. cipalmente pela possibilidade de tomar decisões
que a média das crianças de uma
Mudanças nessas concepções puderam ser ob- legais e educacionais com base na aplicação dos
servadas no final do século XIX, como decorrên-
determinada idade consegue testes intelectuais. No âmbito educacional, ob-
cia de vários fatores, entre eles, a tranformação obter. Ela se refere ao desempenho servava-se a proliferação das instituições resi-
no modo de produção das sociedades ocidentais. relativo à média de desempenho denciais, escolas especiais e classes especiais nas
das outras crianças, ou seja, se escolas comuns. Todas essas formas de segrega-
A industrialização e a urbanização crescentes uma criança de 6 anos apresenta ção social livravam a sociedade e a escola des-
trouxeram novas demandas para a adaptação sa população, na época considerada indesejada,
desempenho equivalente à média
dos indivíduos naquela sociedade, e a escolariza- ação justificada como uma tentativa de separá-
ção passou a ser obrigatória para preparar a mão
de crianças de 4 anos, postula-se
-los para melhor assisti-los.
de obra para as indústrias. Assim, a escola antes que sua idade mental seja de 4 anos.
destinada apenas à elite, se popularizou, abriu Após os anos 50, as definições e os manuais cien-
suas portas para o povo e, com isso, evidenciou tíficos da deficiência intelectual começaram a se
um grande contingente de alunos que parecia Em 1908, ele instituiu o conceito de idade mental apoiar no sistema de classificação da Associação
incapaz de atender às exigências acadêmicas da e, posteriormente, introduziu também a noção Americana de Deficiência Intelectual e Desen-
escola pública recém-instituída. de Quociente de Inteligência (QI), compreendido volvimento (American Association on Intellectu-
como a razão entre a idade cronológica e a ida- al and Developmental Disabilities – AAIDD), que
Alfred Binet (1903, 1908), psicólogo e pedagogo de mental obtida por meio de teste psicométrico serve de base para os manuais internacionais de
francês interessado em estudar essas crianças (MENDES, 1995; VELTRONE, 2011). classificação das doenças, como, por exemplo,
que falhavam na realização das tarefas escola- o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtor-
res, considerou que elas podiam ser acometidas A partir de Binet, a debilidade mental seria asso-
nos Mentais (DSM-5), da Associação Psiquiátrica
por uma condição de incapacidade intelectual ciada à condição de idiotia e imbecilidade, que já
Americana (APA), a Classificação Estatística Inter-
relativamente leve, que denominou de debilida- eram consideradas como casos de desvio intelec-
nacional de Doenças e Problemas Relacionados
de mental. Com objetivos práticos, Binet tentou tual e condições hereditárias e descritas a partir
à Saúde (CID-10) e a Classificação Internacional
criar um instrumento que medisse a inteligência de atributos negativos, capacidades ausentes ou
de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF),
e, em 1905, publicou o primeiro teste, conhecido deficitárias e comportamentos aberrantes ou an-
ambas publicadas pela Organização Mundial da
como Escala de Binet-Simon, em coautoria com o tissociais, que, no conjunto, reforçavam o caráter
Saúde (OMS).
médico Théodore Simon. de estranheza e temor historicamente conferido
à condição. Em abril de 2007, a até então conhecida Asso-
ciação Americana de Retardo Mental (American
A tecnologia da testagem mental desenvolvida
Association on Mental Retardation - AAMR) re-
por Binet no início do século XX, proporcionou
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nomeou-se como AAIDD e adotou a terminologia
deficiência intelectual (intellectual disability) ()
para se referir ao que anteriormente era chama-
do de “retardo mental” nos Estados Unidos. No
Brasil, os termos “retardo” e “deficiência mental”
ainda aparecem na linguagem médica, enquanto
na área educacional, o termo “deficiência men-
tal” foi substituído por “deficiência intelectual”,
atendendo a recomendações internacionais.
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prevaleçam crenças infundadas sobre a irrever- ção de pessoas com deficiência intelectual devi- Resumindo, analisando-se a história, existe mui-
sibilidade da condição, que dão origem a baixas do à super-representação de, por exemplo, crian- ta controvérsia sobre a possibilidade de uma de-
expectativas em relação à possibilidade de edu- ças de etnias minoritárias (negros, indígenas, finição essencialmente teórica, que permitisse
car essas pessoas. imigrantes) e de nível socioeconômico baixo com representar uma entidade, fenômeno ou evento
implicações legais que obrigaram a uma revisão único, ou um conceito monolítico, denominado
3. O déficit intelectual: a princípio, a condição teórica do conceito de deficiência intelectual como deficiência intelectual. A controvérsia é
foi classificada como retardo ou subnormalidade (MENDES, 1995). Assim, a insatisfação com o uso relativamente menor quando ele é considerado
mental, e, posteriormente, chegou-se à conclu- exclusivo do QI e a necessidade de se promover um conceito genérico, abstrato, mas definido em
são de que se tratava de um déficit intelectual. procedimentos de diagnóstico não discriminató- termos práticos. Em síntese, o que isso significa?
Entretanto, não há consenso sobre o conceito de rios e mais justos e de avaliar o funcionamento Que o conceito de deficiência intelectual foi so-
inteligência entre os estudiosos do tema. Para al- do indivíduo em interação com o ambiente obri- cialmente construído, sendo, portanto, uma con-
guns, a inteligência é um fator geral que influencia garam a adoção de um outro critério, que foi o do venção ou invenção, e não se trata de nenhuma
a capacidade do indivíduo de aprender, enquan- comportamento adaptativo. descoberta científica, o que deve ser levado em
to para outros, as inteligências são múltiplas e consideração quando se planeja a educação des-
podem se manifestar em determinados tipos de 5. O período de aparecimento: a inclusão do pe- ses indivíduos.
aprendizagens, mas não em outras. Mesmo com ríodo de aparecimento como critério surgiu nas
tantas controvérsias, o QI passou a ser definitiva- definições do século XX, inicialmente como uma Ao longo da história, termos como “idiotia”, “im-
mente incorporado em todas as definições predo- vaga referência de que a deficiência intelectual becilidade”, “debilidade”, “oligofrenia”, “cretinis-
minantes de deficiência intelectual. Houve altera- deveria ser observada até a maturidade. Poste- mo”, “subnormalidade mental”, “anormalidade
ções nos pontos de corte do QI que estabeleciam riormente, esse período foi fixado na faixa etária mental”, “retardo mental” e “deficiência men-
os limites entre o que seria considerado inteligên- de zero a 16 anos, e quando a faixa de escolari- tal” foram então se sucedendo e sendo descar-
cia normal e o déficit intelectual (MENDES, 1995). dade pública obrigatória dos Estados Unidos foi tados, até se chegar ao termo atual “deficiência
expandida até 18 anos, a definição de deficiência intelectual”. As mudanças terminológicas foram
4. As deficiências no comportamento adapta- intelectual também incorporou a faixa de zero adotadas tanto em função de evoluções concei-
tivo: desde as primeiras teorias, a existência de a 18 anos. Por exemplo, no caso de um adulto tuais como também para se evitar as conotações
inadequações pessoais, sociais e vocacionais era maior de 18 anos sofrer um acidente e ter suas pejorativas que os termos antigos adquiriram ao
descrita como sinais que evidenciavam a condi- capacidades intelectuais prejudicadas ou ter Mal longo do tempo em função do estigma negativo
ção. Entretanto, quando crianças em idade es- de Alzheimer, por definição, ele não poderia ser que pesava, e ainda pesa, sobre a condição.
colar que apresentavam dificuldades quase que considerado uma pessoa com deficiência intelec-
circunscritas, as aprendizagens de leitura, escrita tual, porque a definição tem propósitos para a Foi a partir do ano de 2004¹, que o termo “defici-
e matemática começaram também a ser conside- política educacional. ência intelectual” passou a ser utilizado nos dis-
radas na categoria de deficiência intelectual. Foi cursos acadêmicos, nos movimentos de pessoas
constatado o critério psicométrico na classifica- com deficiência, bem como nas políticas públi-
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cas nacionais e internacionais. Esse termo visou sinais ou estigmas da condição e, principalmente,
substituir a expressão “deficiência mental”, mais nas necessidades educacionais que suas variadas
empregada pelo modelo médico, considerando características implicam.
que o adjetivo “intelectual” seria mais adequado
do que “mental”, que é mais amplo e mais vago. A classificação numa categoria genérica teórica ou
pragmática é dificultada, pois os problemas susci-
tados são muito diversificados (MENDES, 1995).
QUEM É O ALUNO
No conjunto dos indivíduos identificados como
pessoas com deficiência intelectual, pode-se dis-
tinguir, pelo menos, quatro grupos de indivíduos
COM DEFICIÊNCIA
bem diferenciados, dispostos no quadro abaixo:
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Especificamente em relação ao papel do profes- Assim, é importante observar qual é o modo de
sor, para além do desempenho acadêmico, este funcionamento do estudante. Para facilitar o ra-
pode contribuir para o processo elaborando um ciocínio de trabalho e planejamento direcionado
parecer sobre o histórico de desenvolvimento e para ele, descreva como todas essas habilidades
comportamento adaptativo atual do estudante. se apresentam no aluno e quais são suas possibi-
Assim, é importante conversar com os familia- lidades. Tenha cuidado para não destacar apenas
QUERO ENCAMINHAR PARA res e investigar sobre algumas características do
desenvolvimento de habilidades motoras, cog-
as dificuldades, as limitações ou os déficits, para
justificar suas suspeitas nos pareceres educacio-
AVALIAÇÃO MEU ALUNO nitivas, de linguagem, socialização e autocuida-
do. A existência de atrasos pode se constituir
nais e enviesar futuras decisões. Cabe destacar
que o ponto de vista da escola assume sempre
SUSPEITO. COMO FAÇO? em indicadores que reforçam a suspeita de de-
ficiência intelectual. Entretanto, cabe destacar
um peso muito importante, e muitas vezes os lau-
dos médicos apenas referendam esses pareceres
que na maioria dos casos, principalmente nos dos professores, por isso, descreva também os
Como vimos, a decisão de encaminhar para a leves, não há esse tipo de antecedente de atraso pontos fortes tanto quanto as fragilidades do alu-
identificação é complexa, exige julgamento mo- no desenvolvimento. no encaminhado para avaliação.
ral e uma deliberação ética, então é melhor que
várias pessoas sejam acionadas para pensar e de- O comportamento adaptativo envolve o conjunto Cabe destacar, ainda, que a identificação da defi-
cidir juntas quais são os prós e contras de uma de habilidades conceituais, sociais e práticas que ciência intelectual não deve ser cogitada no caso
possível rotulação. são aprendidas e executadas no cotidiano. As ha- de crianças pequenas, que tenham entre 0 e 3
bilidades conceituais se relacionam à linguagem, anos. Nesses casos, é feita apenas a identifica-
Assim, a família deve participar e, inclusive, ser à alfabetização e aos conceitos de dinheiro, tem- ção da existência de atrasos no desenvolvimento
bem orientada para compreender sobre o pro- po e número, além do autodirecionamento. Ha- neuromotor, sem rotulação de deficiência inte-
cesso de identificação. Além da família e do pro- bilidades sociais são interpessoais, envolvendo lectual, que somente pode ser considerada em
fessor do aluno, é sempre recomendável envol- responsabilidade social, autoestima, credulida- crianças a partir dos 3 anos de idade.
ver o maior número possível de pessoas nesse de, ingenuidade, resolução de problemas sociais
processo de avaliação para a identificação da e capacidade de seguir regras ou obedecer às
condição e a elaboração do plano de ação, tais leis e evitar ser vitimado. As habilidades práticas
como ex-professores, consultores, profissionais consistem nas atividades da vida diária (cuida-
externos, coordenadores, gestores, auxiliares, dos pessoais), habilidades ocupacionais, saúde,
enfim, todas as pessoas que têm informações e viagens/transporte, horários/rotinas, segurança,
podem contribuir com o processo para deliberar uso de dinheiro, uso do telefone etc.
sobre um encaminhamento justo de um aluno
com suspeita de deficiência intelectual.
29
30
ESTRATÉGIAS PARA O
Há que se considerar, ainda, que profissionais
médicos qualificados não representam a maioria
ENSINO DO ESTUDANTE
cia intelectual, de modo que na maioria dos ca-
E AGORA?
processo consciente e coletivamente deliberado
de encaminhamento, pois o professor tem sido o
principal agente no processo de identificação dos
COM DEFICIÊNCIA
Ao receber um aluno com laudo de deficiência
intelectual, tenha em mente que um diagnósti-
estudantes com deficiência intelectual.
33
Estes níveis foram concebidos inicialmente como preventivas, baseadas em intervenções univer-
um referencial amplo, com foco na educação de sais que melhorem o ensino na classe comum
DESENHO UNIVERSAL PARA estudantes identificados como sendo de risco de para todos e que tenham como foco o currículo,
fracasso na escola, mas com o tempo, percebeu- a fim de se evitar a necessidade de remediações
A APRENDIZAGEM -se que esse contínuo de trabalhos apoiava todos
os alunos, inclusive aqueles com significativas di-
ou adaptações descontextualizadas.
B. Diferenciação do conteúdo
41
dos estudantes, o que implica parear o nível de • Destacar previamente trechos importantes
complexidade do conteúdo com aquilo que o em materiais impressos ou oferecer resumos
aluno é capaz de ler e compreender. Tomlinson das principais ideias, como, por exemplo, em
(2001) oferece as seguintes sugestões para dife- sínteses, pontos listados, fluxogramas, mapas
renciar o conteúdo: conceituais do tópico etc.
• Basear o ensino em conceitos chave: sele-
C. Diferenciação no processo
cionar o que é mais importante para o aluno
aprender, os conceitos básicos. Diferenciar o processo implica oportunizar os
• Compactar o currículo: o professor avalia o meios pelos quais os alunos processam o conte-
tópico a ser ensinado e identifica quem domina údo, as ideias ou as habilidades que estão sendo
ou não o conteúdo. Os que já dominam ganham ensinadas, que têm relação com o processo de De modo geral, as instruções gerais direciona-
atividades enriquecidas, mais desafiadoras, en- construção de significados para o aluno e com as das para toda a turma, sejam orais ou baseadas
quanto o professor se dedica aos demais. Para atividades que o professor propõe para isso. em livros, textos ou apostilas, não contemplam
os que não dominam, o professor planeja ati- a diversidade dos alunos, e a proposta do ED é
vidades que vão atender às necessidades des- As atividades podem ser diferenciadas em relação:
mesclar as instruções gerais com instruções para
ses estudantes, que podem envolver juntá-los • ao nível de sofisticação ou complexidade da pequenos grupos, propondo atividades variadas.
a um colega para estudar ou fazer certa tarefa, tarefa;
levar tarefas para casa ou praticar mais fazendo • ao tempo para serem realizadas;
exercícios para dominar o conteúdo. • aos tipos de suportes pessoais que serão
D. Diferenciação nos produtos
• Usar material textual e recursos variados. fornecidos aos alunos (estagiário, tutoria de
colegas, trabalho de grupos etc.);
• Fazer contratos de aprendizagem com os alu- Diferenciar produtos é dar oportunidade para os
nos especificando o que eles precisam apren- • à redução das informações na tarefa para alunos demostrarem o que aprenderam de varia-
der, combinando como vão aprender e como que esta demande compreensão do que seria das formas. Uma boa atividade deve demandar
serão avaliados. essencial. que eles pensem sobre assunto, ampliem sua
A diferenciação no processo também pode ser compreensão, demonstrem e apliquem o que
• Oferecer miniaulas, aulas mais curtas com
feita por: aprenderam. O professor deve ter claro qual é o
conteúdo restrito, para ensinar de várias for-
• interesses; conhecimento, os entendimentos e as habilida-
mas algo que precisa ser dominado.
des que determinada produção deve incorporar
• nível de prontidão;
• Usar suportes variados, como, por exemplo, e, a partir de então, definir qual é o melhor for-
amigos, clube de leitura, áudio e vídeo, grava- • perfil de aprendizagem dos alunos. mato de atividade.
dores, tutoria de pares e mentoria de adultos.
42
Às vezes, a produção requerida é definida em plicações quando necessário; tendo em vista o nível de preparação ou pronti-
função dos requisitos do currículo, como, por dão do aluno. São exemplos disso:
• ajude os estudantes a preparar um cronogra-
exemplo, escrever uma redação. Outras vezes, o • ter textos disponíveis para diferentes níveis
ma para concluir um produto especificando as
professor pode variar o tipo de produção requeri- de proficiência em leitura;
tarefas intermediárias esperadas para que eles
da para que os alunos demonstrem como aplicar
saibam o que é esperado e possam se organizar; • prover materiais suplementares de leitura;
certas ideias ou habilidades, seja por escrito, oral,
desenhando, gravando em áudio ou vídeo, dra- • use minioficinas com produções intermediá- • usar apoios em níveis variados;
matizando, esquematizando em mapas mentais, rias, como como fazer anotações em pesquisas, • flexibilizar o tempo para execução das tarefas;
fazendo maquetes ou modelos ou combinando conduzir entrevistas, tirar conclusões, editar, e • oferecer diferentes opções de tarefa de casa;
as várias formas de mostrar o que foi aprendido. assim por diante.
• usar tutoria ou ensino em pequenos grupos;
No caso de alunos com deficiência intelectual, E. Diferenciação na estrutura da aula • usar organizadores gráficos;
tem sido comum constatar que seus professo- • escalonar tarefas (com níveis variados) e pro-
res têm baixas expectativas e, por isso, lhes atri- No ED, o professor deve alternar entre ensinar dutos (requisitos variados de desempenho);
buem atividades e produções pouco exigentes. toda a classe e ensinar grupos flexíveis (duplas,
• negociar com os estudantes critérios de de-
Assim, deve-se oferecer as seguintes sugestões trios, quartetos) e usar estações de ensino base-
sempenho esperados.
quanto ao que exigir de produtos de alunos com adas em centros de atividades ou centros de in-
mais dificuldades: teresses. A diferenciação na estrutura da sala de Diferenciações baseadas nos interesses dos alu-
aula é essencial para abrir portas para os demais nos implicam conhecer e lançar mão de interes-
• certifique-se de que o produto demandado tipos de diferenciação – de conteúdo, processo ses específicos, como, por exemplo, em artes
para todos os alunos requeira a ampliação da e produto. plásticas (fotografia, pintura, escultura), literatu-
compreensão sobre o assunto e a aplicação do ra (poesia, prosa, ficção ou não ficção), tecnolo-
conhecimento a ser adquirido; O que se sugere é que a estrutura de organização
gia, esportes/recreação, ciências (Biologia, Física,
de carteiras em filas tradicionais, ou mesmo ou-
• use formatos de produtos que permitam aos Matemática, História, Ciências Sociais), jorna-
tros tipos de organização da sala que sejam fixas,
alunos se expressarem de maneiras diferentes lismo, política, negócios, música (composição,
não funciona, e o professor precisa diversificar
da escrita, principalmente se ele ainda não de- canto, dança, performance), teatro/cinema/te-
tanto os arranjos quanto os critérios de formação
mostra proficiência nessa habilidade; levisão, turismo, cultura, pessoas (heróis, vilãos,
de grupos flexíveis ao longo das aulas.
ídolos, bebês/crianças/adolescentes/adultos/
• se necessário, dívida a atividade em partes idosos), artesanato etc.
mais simples e permita que o aluno complete F. Outras considerações sobre a diferenciação
uma tarefa para depois atribuir-lhe outra; no ensino
Os interesses dos estudantes podem também ser
• providencie instruções adicionais em áudio contemplados na forma como eles demonstram
Os professores podem diferenciar qualquer um
ou vídeo para que os alunos possam revisar ex- o que aprenderam, sendo que alguns podem pre-
dos elementos (conteúdo, processo ou produto)
43
ferir se expressar oralmente (falando, fazendo se- fazer um plano de trabalho específico e as cha- aplicado, pode responder inclusive às necessida-
minário/simpósio, dramatizando), outros, escre- madas adaptações ou flexibilizações curriculares des educacionais da maioria dos alunos com DI
vendo, desenhando, construindo algo, com um para alunos com DI. Tanto o DUA quanto o Ensino no contexto de classe comum, sem a necessidade
produto artístico (gráfico, pintura, ilustração), Diferenciado prezam pelo respeito a diversidade de se associar medidas especificas, diferenciadas
abstrações (expondo ideias, planos e teorias) ou dos alunos, e já são previamente pensadas no ou exclusivas para eles.
prestando algum serviço à comunidade. planejamento as estratégias para envolver ins-
truções multimodais (por exemplo, juntando áu-
Exemplos de diferenciações baseadas no perfil dios, vídeos, textos, gráficos, desenhos) a fim de
Considerações
de aprendizagem envolveriam variação na forma que se possa contemplar todos os alunos. Para
da tarefa, no tipo de instrução (oral, visual, si- diferenciar é preciso conhecer o aluno, descobrir
nestésica, do todo para a parte e da parte para qual é seu estilo, e estruturar a sala de aula de
curriculares
o todo), em como o aluno expressa o que apren- modo a oferecer diferentes tipos de ensino para
deu – considerando os diferentes estilos de inte- abarcar o conjunto de diversidade dos alunos.
ligência – ou, ainda, em trabalhar com oportu-
sobre alunos
nidades de escolhas, com diferentes arranjos na É de extrema importância variar as atividades,
sala de aula e em ambientes flexíveis, múltiplos assim como as tarefas dos alunos, de modo a
modos de avaliação e modos alternativos de or- proporcionar oportunidades diversas de o estu-
com deficiência
ganizar as informações. dante expressar de várias formas o que apren-
deu. Além disso, na abordagem do DUA e do
Alguns alunos aprendem facilmente a ler, outros Ensino Diferenciado, preza-se muito a autoava-
intelectual
são melhores em cálculo, nas aulas de desenho liação que o estudante deve empreender no fi-
ou nas de educação física. Enfim, os estudantes nal do processo de ensino.
diferem entre si, e em uma sala de aula diferen-
ciada, os professores têm que respeitar os estu- O DUA e o Ensino Diferenciado são propostas
dantes como eles são e contribuir para eles de- universais, ou seja, que sustentam a possibilidade Embora muitas questões curriculares tenham
senvolvam o máximo possível de seu potencial. de diferenciar o ensino para todos os alunos, in- sido apresentadas nos tópicos anteriores, nesta
Em uma sala de aula onde há ensino diferenciado, distintamente, e não pensar apenas nas medidas parte do texto iremos destacar alguns pontos re-
a diversidade de todos os alunos é contemplada, exclusivamente aplicadas a estudantes com defi- lacionados aos níveis de ensino e aos casos dos
inclusive daqueles com DI, e reduz-se a necessi- ciência, como eram as antigas propostas de modi- alunos cujos impedimentos são tais que temos
dade de planejar dois tipos de aula. ficação, adaptação ou flexibilização curricular. dificuldades em pensar como ensiná-los no con-
texto da classe comum ou tomando como base o
Cabe destacar aqui a diferença entre o DUA e Assim, o DUA e o Ensino Diferenciado visam me- currículo padrão.
Ensino Diferenciado associado a possibilidade de lhorar o ensino para todos os alunos e, se bem
44
outras – podem ser considerados fatores de ris- d) o engajamento social é maior em ambientes
co e indicativos de impedimentos mais severos inclusivos;
O aluno com da condição de DI. Em geral, essas crianças são
identificadas como diferentes porque possuem
e) é possível minimizar casos de isolamento so-
cial através de intervenções específicas ou de
deficiência intelectual estigmas físicos de maior visibilidade, e devido
à natureza de seus impedimentos, devem parti-
práticas que preveem a construção de intera-
ções sociais como parte do currículo.
na educação infantil cipar de um programa de estimulação ou inter-
venção precoce que atenda suas necessidades. Cabe destacar que o princípio de equiparação de
oportunidades não significa necessariamente tra-
Em geral, as crianças com DI são identificadas Odom (2000) destaca que a perspectiva de inclu-
tar os alunos da mesma maneira ou apenas igua-
depois que entram na escola, particularmente são escolar de crianças pequenas implica a parti-
lar as oportunidades, uma vez que o princípio da
quando demandadas a aprender a ler e escre- cipação das crianças com deficiência na mesma
igualdade não garante as mesmas oportunidades
ver e apresentam dificuldades. Daí se levanta a sala e turma como qualquer outra criança, e não
de aprendizagem para todos. Portanto, é cabível
suspeita e encaminha-se para avaliação. No caso apenas em algumas das atividades ou por algum
diferenciar sim, embora nem sempre seja fácil es-
dessas crianças identificadas quando ingressam período, mas durante o tempo todo e desfrutando
tabelecer quando isso é necessário para garantir
no Ensino Fundamental, as diferenças desenvol- da mesma rotina proporcionada aos seus colegas.
a participação da criança com deficiência. Uma
vimentais não costumam ser perceptíveis antes das possíveis diferenciações está na provisão de
dos 6 ou 7 anos de idade e, em geral, os impedi- Em relação ao impacto dos programas de inclu-
apoios que estão relacionados a:
mentos são de leve intensidade. são escolar na Educação Infantil, há evidências
que comprovam que: • assistência de outras pessoas (colega, adultos);
No caso de crianças pequenas, entre 0 a 5 anos, a) ambientes inclusivos podem favorecer o de- • adaptação dos diferentes espaços de apren-
como não é possível mensurar a função intelec- senvolvimento das crianças por oferecer um dizagem;
tual por meio de testes, não se recomenda identi- meio mais estimulador (cognitiva, social e lin-
ficá-las precocemente como uma pessoa com DI, • adequação de materiais ou qualquer outra
guisticamente) do que ambientes segregados;
mas apenas identificar se ela apresenta atrasos estratégia que assegure participação ativa e
no desenvolvimento neuropsicomotor. b) com suporte necessário e apropriado, as significante nas atividades;
crianças pequenas com condições diferencia-
• interações efetivas com os colegas e no pró-
Entretanto, atrasos significativos nos princi- das podem tanto adquirir habilidades comple-
prio grupo;
pais marcos de desenvolvimento (motor, social, xas quanto participar com sucesso de ambien-
cognitivo e da linguagem) e/ou presença de de- tes inclusivos; • resultados significativos consistentes com o
terminadas síndromes – como alguns tipos de clima e a cultura da situação natural.
c) a participação e a pertinência são as variáveis
anomalias cromossômicas, erros inatos do me- chaves e dependem de atividades específicas, Entretanto, existe um grande desafio para prover
tabolismo, síndrome de alcoólica fetal, entre que são dirigidas pelo educador; apoios para crianças com deficiência cuja idade
45
seja entre 0 e 6 anos, porque é difícil saber como exercer controle, além do ambiente e de suas al. (1996) propiciam práticas mais apropriadas
balancear entre as necessidades de cuidados, próprias vidas. para a idade dos alunos em ambientes da Edu-
que são próprias de qualquer criança nessa faixa cação Infantil inclusivos. As crianças terão par-
etária, e, ao mesmo tempo, assegurar cada vez Algumas recomendações para os educadores que ceiros mais habilidosos e modelos mais positivos
mais sua autonomia, atendendo às necessidades tenham alunos com deficiência em suas turmas de interação e poderão estar sujeitas a um nível
específicas necessárias para assegurar sua parti- são necessárias para criar um ambiente adequa- maior de interação social entre elas. Além disso,
cipação. Além disso, essas crianças podem ter di- do e benéfico para todos os estudantes, como: metas particulares contidas no plano de trabalho
ferentes necessidades de apoio, variando desde • fazer uma preparação não extensa e natural podem ser estimuladas durante as brincadeiras,
uma assistência mínima até aquelas do tipo in- para a chegada de um colega com deficiência em outras rotinas ou atividades previstas no cur-
tensivo e abrangente, sendo que as necessidades severa; rículo da Educação Infantil (MENDES, 2010b).
variam dependendo tanto da situação quanto
das características da criança. • oferecer sempre um modelo positivo para
se referir e se comunicar com as crianças com
Erwin e Schreiber (1999) sugerem que sejam se- deficiência, na medida em que as crianças sem
guidos os seguintes princípios na definição dos
apoios:
deficiência sigam o modelo do adulto para se
comunicar com as crianças com deficiência –
O aluno com
• o apoio deve ser o mais comum, cuidadoso e
daí a importância de o educador ser seguido;
deficiência intelectual
não estigmatizante possível; • permitir que alguns companheiros da mesma
CONSIDERAÇÕES FINAIS
do conceito de deficiência intelectual, pode-se fazer um plano de trabalho docente específico
concluir que tem havido muita controvérsia so- para melhor ensiná-lo.
bre a possibilidade de uma definição essencial-
mente teórica, que permitisse representar uma Apesar dos estereótipos negativos e pessimistas
entidade, um fenômeno ou um evento único ou existentes quando se trata da condição de defi-
um conceito monolítico. O termo é um construto ciência intelectual, buscamos desmistificar esses
inventado que permite colocar no mesmo rótulo preconceitos, uma vez que a grande maioria dos
pessoas muito diversas em termos de capacidades estudantes enquadrados nessa condição tem
e necessidades de apoio. Nesse sentido, convém prejuízos leves circunscritos às dificuldades aca-
evitar qualquer tipo de generalização sobre como dêmicas e o ensino do qual precisam é apenas a
eles são, aprendem ou devem ser ensinados. versão de uma boa escola. Nesse sentido, ofere-
cemos várias estratégias universais para melho-
A complexidade da definição de deficiência inte- rar a qualidade do ensino na classe comum, de
lectual traz muitos desafios para a identificação modo que todos os alunos possam ter melhor
de estudantes com essa condição. Os três crité- participação e aprendizagem, inclusive os estu-
rios recomendados pela literatura (funcionamen- dantes com deficiência intelectual.
to intelectual, comportamento adaptativo e ida-
de de aparecimento) não têm sido considerados O trabalho colaborativo na escola, a aprendiza-
no Brasil, e a consequência tem sido que muitos gem cooperativa, as abordagens de planejamento
estudantes têm sido identificados com processos e ensino baseadas no desenho universal da apren-
subjetivos e arbitrários. Nesse sentido, reforça- dizagem e no ensino diferenciado definidos exem-
mos a importância do olhar cuidadoso e respon- plificaram como o ensino na classe comum pode
sável do professor, que, no geral, é o primeiro ser melhorado para que os estudantes com defi-
agente a levantar as suspeitas e encaminhar os ciência intelectual também possam se beneficiar.
alunos para avaliação. Recomendamos que pa-
receres educacionais detalhados sejam produzi- Para a minoria dos estudantes com mais preju-
dos quando um estudante é encaminhado para o ízos foi apresentada a proposta recomendada
processo de identificação. pela literatura do currículo funcional, que pode
ser combinada com o currículo comum. Além
Uma vez que o estudante é enquadrado na con- disso, considerações curriculares para educação
dição de deficiência, enfatizamos a importância infantil e os demais níveis da educação básica
de o professor não se deixar impressionar pelo foram feitas com a finalidade de contribuir com
58
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