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RESUMO
INTRODUÇÃO
No Ensino Básico são criadas as linhas orientadoras que visam conduzir/colocar o aluno ao
ensino secundário geral ou técnico profiss ional, respeitando-se aqui os seus interesses, habilidades,
aptidões para além do seu percurso escolar.
A educação é um processo pelo qual a sociedade prepara os seus membros para garantir
a sua continuidade e o seu desenvolvimento. Trata-se de um processo dinâmico que
busca, continuamente, as melhores estratégias para responder aos novos desafios que a
continuidade, transformação e desenvolvimento da sociedade impõem. A sociedade
moçambicana, em particular, tem estado, nos últimos tempos, em mudanças profundas
motivadas por factores político-económicos e sócio-culturais.
Com essa visão nos remete a uma duvida olhando para as futuras gerações: se não podemos
prever o futuro, devemos aprender com o passado, mas qual é o futuro referenciado? E que passado?
Com essas inquietação remetemo-nos numa querela cientifica com os seguintes objectivos:
Geral
❖ Analisar o Ensino Basico em Moçambique;
Especificos
❖ Explicar os factores que transcendem às mudanças do Ensino Basico;
METODOLOGIAS.
O presente artigo, faz analise aos planos Estratégicos do Ensino Básico em Moçambique, Plano Curricular
Ensino Básico e Implementacao do Ensino Bilingue em Moçambique.
O país vive, desde os meados da década 80, transformações profundas com a introdução
do Programa de Reabilitação Económica (PRE) que, mais tarde, com a integração da
componente Social, passou a designar-se PRES. O programa foi e é caracterizado,
fundamentalmente, pela adopção das leis de economia do mercado. Em 1990, introduz-se
o sistema político multipartidário, através da adopção de uma nova Constituição1 , que
consagra Moçambique como um Estado de Direito e reconhece, constitucionalmente, o
sistema político multipartidário.
Entre os finais da década 70 e os princípios da década 90, o país foi devastado por uma
guerra sem precedentes que, aliada aos efeitos das calamidades naturais, colocou o país
na penúria. As redes escolar e sanitária foram destruídas; sofreram também destruição a
rede comercial rural e as vias de comunicação. A destruição física foi acompanhada por
uma destruição profunda do tecido social, o que resultou em traumas profundos. Para além
disso, a guerra e as calamidades naturais fizeram milhões de deslocados e de refugiados
nos países vizinhos.
É interessante que em Moçambique quando se fala de qualidade de ensino, há maior concentração
para e no Ensino Básico, onde pressupõe-se que esteja a condicionar a situação actual que se vive
no País, ou seja, vê-se este subsistema como sendo o mais lacunoso, e que propala esses
problemas para os níveis subsequentes.
A qualidade da educação precisa ser encarada de forma sistêmica: da creche ao pós-doutorado. O sistema
educacional é formado de muitas partes inter-relacionadas, interdependentes e interactivas: o que ocorre em
uma delas repercute nas outras. A educação só pode melhorar no seu conjunto. ‘Nenhuma política
educacional pode produzir resultados positivos sem uma integração orgânica entre os diversos níveis de
ensino, particularmente entre a Educação Básica e o Ensino Superior’ (MACHADO, 2007 apud GADOTTI,
2013).
Mas importa referenciar que o Ensino Básico enquanto subsistema, constitui um sistema, e
enquanto sistema é composto por uma série de elementos interdependentes entre si, e estabelece
comunicação com outros sistemas, não podendo assim ser visto de forma isolado.
Como vem explícito, neste trabalho analisarei todos aspectos propostos no plano curricular como
ideais e a práxis educativa. Assim constituem elementos de análise, os seguintes: políticas do
Ensino Básico, objectivos, perfil de saída, principais inovações, estrutura curricular do Ensino
Básico e estratégias de implementação do novo currículo.
Gostava de deixar claro que a análise que fiz relativamente ao EB não é profunda, apenas tive em
consideração alguns elementos básicos e que a vista mostram algumas lacunas e necessitam de
um redesenho para garantir sua eficiência.
A leitura e análise de diferentes documentos referentes ao Ensino Básico constituiu a principal
metodologia usada para concretização do presente artigo.
Analisando o que vem plasmado na Política Nacional de Educação para o nível do Ensino
Básico e aquilo que é a práxis educativa, pode-se notar que está longe de ser cumprido,
uma vez que até ao final deste nível o aluno ainda não apresenta domínio dos propósitos
considerados imprescindíveis (competências de leitura, escrita e cálculos matemáticos
básicos).
Para além da falta de paralelismo e integração interna, um outro aspecto está ligado com
a questão de coerência e continuidade dentro do subsistema, ciclo, classe, disciplina ou
unidade temática que possa facilitar de facto a aquisição daquelas competências julgadas
básicas para este sistema.
À luz dos Objectivos Gerais do SNE, os objectivos do Ensino Básico traduzem-se em:
a) Proporcionar à criança um desenvolvimento integral e harmonioso;
b) Capacitar a criança, o jovem e o adulto com um conjunto de padrões de conduta, que o
tornarão um membro activo e exemplar na sua comunidade e um cidadão responsável na
sociedade;
c) Capacitar a criança, o jovem e o adulto para desenvolver valores e atitudes positivas
para a sociedade em que vive;
d) Dar à criança, ao jovem e ao adulto a oportunidade de apreciar a sua cultura, incluindo
a língua, tradições e padrões de comportamento;
e) Garantir que a criança, o jovem e o adulto conheçam o meio em que vivem, isto é,
conheçam as leis da natureza, a sua comunidade, o país e o mundo;
f) Ajudar a criança, o jovem e o adulto a desenvolver plenamente as suas potencialidades;
g) Encorajar a criança, o jovem e o adulto para observar, reflectir e desenvolver um sentido
de crescente autonomia e auto-estima;
h) Desenvolver a imaginação, a criatividade e o gosto pelas artes;
Na verdade podemos notar que para além dos aspectos acima descritos também os
professores que actuam neste subsistema não possuem uma formação suficiente para
concretizar uma vasta gama de objectivos de natureza científica, técnica e social.
estimar distâncias, medir comprimentos; noções de higiene pessoal, de relação com as outras
pessoas, consigo próprio e com o meio;
• 2º ciclo aprofunda os conhecimentos e as habilidades desenvolvidas no primeiro ciclo e
introduz novas aprendizagens relativas às Ciências Sociais e Naturais sem, contudo, querer
dizer que estas matérias não sejam abordadas no 1º ciclo. Neste âmbito, visa ainda levar o
educando a calcular superfícies e volumes.
• O 3º ciclo, correspondente ao 2º grau, para além de consolidar e ampliar os conhecimentos,
habilidades adquiridos nos ciclos anteriores, vai preparar o aluno para a continuação dos
estudos e/ou para a vida.
Sem dúvidas para efetivação destes propósitos ora descritos exige mais uma vez uma acção
didáctica específica por parte do professor. Aqui também podemos notar um desfasamento
entre o subsistema do Ensino Básico, já que não comunica com o de formação de professores
primários. Não existe professores especializados para actuar em cada um dos ciclos que
exigem uma postura própria, mas sim professor formado para todo o EB.
Quero recordar que este trabalho objectiva reflectir em torno do novo currículo do Ensino Básico,
e neste item o faço na matéria da implementação das principais inovações que traz no geral, mas
particularmente sobre o currículo local. Basta recordar que ao nível do EB no currículo local é onde
está reservada a questão da abordagem dos temas transversais que constituem, na minha opinião,
mais-valia para o processo de formação do homem hodierno que se almeja.
A implementação eficaz e eficiente do currículo local no Ensino Básico assim como em outros níveis
de ensino em Moçambique é um assunto de interesse de todos intervenientes no processo de
ensino e aprendizagem, neste caso os professores, a direcção da escola, alunos, pais e
encarregado de educação e a comunidade.
As turmas do 1º grau (1º e 2º ciclos) do Ensino Básico serão leccionadas por um professor cada e
as do 2º grau (3º ciclo), por 3/4 professores. Cada professor do 2º grau leccionará três a quatro
disciplinas curriculares, podendo ser ou não da mesma área, conforme a sua especialização ou
inclinação. Aos professores bivalentes, ser-lhes-ão ministrados cursos de capacitação para
poderem leccionar mais uma ou duas disciplinas, de acordo com a sua preferência e em função
das necessidades da escola, e estes, deverão fazer um aproveitamento de todas as possibilidades
que os meios escolares e circunvizinho oferecem para uma formação integral do aluno.
Na prática não tem havido capacitação que permita aos professores adquirirem habilidades para
leccionar mais que 2 ou mais disciplinas, o que suscita algumas incertezas sobre o domínio técnico-
científico dos mesmos. A verdade é que ao longo da sua formação como professores não aprendem
como trabalhar com mais disciplinas nem uma didáctica específica para o efeito.
determinado ciclo, este pode ser retido desde que o professor, em coordenação com a direcção da
escola e o encarregado de educação tenham o mesmo consenso, mas na prática este princípio
não se verifica, sendo que são progredidos alunos incompetentes.
Para além dos aspectos acima descritos as horas de contacto entre o aluno e o professor não é
suficiente, o que de certa forma dificulta o alcance dos objectivos. O professor não dispõe de tempo
suficiente para acompanhar a evolução das crianças, não tem como conhecer as particularidades
individuais de cada uma aliada com a questão da superlotação das turmas.
O processo educacional, em qualquer sociedade, só terá sucesso se for conduzido através duma
língua que o aprendente melhor conhece, respeitando-se, deste modo, os pressupostos
psicopedagógicos e cognitivos, a preservação da cultura e identidade do aluno e os seus direitos
humanos.
De facto a língua é um veículo que é usado no processo de transmissão/mediação de
conhecimentos, desempenhando um papel fundamental no processo de ensino aprendizagem. E
esta questão de abordagem de línguas moçambicanas aparece para reforçar a política do currículo
local como uma das formas encontradas ao nível do EB para valorização da cultura dos educandos
e fortificar a relação escola-comunidade, para além de tornar a aprendizagem do aluno mais
significativa.
O aluno usando a língua vernácula, pode e expressa-se melhor do que quando se trata de língua
portuguesa, que é a considerada L2. Em contrapartida, os professores colocados nas diferentes
escolas moçambicanas não são locais, o que muitas vezes dificulta que falem a língua local e
tenham domínio da cultura local. E não tendo habilidades para se expressar em língua local, o
professor sempre priorizará a L2 e os alunos também não poderão se expressar em língua local.
Mais uma vez temos uma prova de falta de coerência dentro do sistema, entre os elementos que
compõem o sistema, etc.
A questão da língua é um dos factores que maior influência exerce no processo de ensino-
aprendizagem, sobretudo, nos primeiros anos de escolaridade, na medida em que a maior
parte dos alunos moçambicanos, que entra na escola pela primeira vez, fala uma língua
materna diferente da língua de ensino. Este factor faz com que muitas das competências e
habilidades, sobretudo a competência comunicativa, adquiridas pelas crianças, antes de
entrarem na escola, não sejam aproveitadas (PEBIMO, 1996: 1).
A carga horária do currículo local é de 20% do total do tempo previsto para a leccionação em cada
disciplina.
Verifica-se uma falta de comunicação entre a escola e a comunidade, que é o órgão que pode
fornecer informações/conhecimentos de interesse local, e consequentemente não existe material
de apoio referente ao currículo local.
Os professores não tendo material de apoio com fraco domínio daquilo que são os conteúdos
relevantes da zona, não reservam os 20% da sua carga horaria para abordagem e,
consequentemente não se trata dos temas transversais ao nível do EB, pondo em causa o homem
que se pretende graduar neste subsistema enquanto sistema de ensino.
5
Qualidade
4 de ensino
3
Qualidade
2 de ensino2
2003
1
2018
Qualidade
2022 0 de ensino3
PCEB PCEB PCEB 2022
1998 2003 2018
Considerações Finais
O Currículo do Ensino Básico traz consigo um conjunto de políticas que não encontram alicerces para sua
concretização devido a falta de comunicação dos diferentes subsistemas e os seus constituintes. Na verdade
as grandes inovações desenhadas neste currículo distanciam-se com aquilo que são as condições reais das
escolas moçambicanas, sendo que há dificuldades de sua concretização.
ENSINO BILINGUE
100%
80%
60%
40%
20%
L2
0%
2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª
BIBLIOGRAFIA
6. INDE/UNESCO.
13. PEBIMO (1996). Ensino Bilingue: Uma Alternativa para a Escolarização Inicial
(EP1) nas Zonas Rurais. INDE; Maputo.