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FACULDADES INTEGRADAS DO NORTE DE

MINAS – FUNORTE JANUÁRIA


CURSO DE DIREITO

O PAPEL DO PROFESSOR NA INCLUSÃO ESCOLAR


DOS ALUNOS PORTADORES DE DEFICIÊNCIAS.

JULHO/2019
JANUÁRIA-MG
Ana Caroline Nunes Macedo
Jéssica Ferreira Bertolino
Thamires Karollayne Matos Paes
Verônica Silva Reis

O PAPEL DO PROFESSOR NA INCLUSÃO ESCOLAR DOS ALUNOS


PORTADORES DE DEFICIÊNCIAS.

Trabalho apresentado a disciplina de Metodologia


Cientifica e Informática, com orientação da Profª.
Osdinéia Pereira Lopes docente do curso de Direito da
Faculdades Integrada Do Norte De Minas - FUNORTE
para obtenção de nota.

JULHO/2019
JANUÁRIA - MG
RESUMO: O presente trabalho tem como tema central o papel do professor na inclusão
escolar dos alunos portadores deficiências. E como principal objetivo: analisar como
vem sido feita a inclusão de pessoas com deficiência na rede regular de ensino. Esta
pesquisa também tem como objetivos específicos: fomentar a participação ativa de
professores na construção de ações inclusivas concretas na rede regular de ensino.
Discutir a importância da educação especial inclusiva na rede regular de ensino,
investigar a concepção do professor sobre a educação especial inclusiva. Para isso,
realizamos uma pesquisa qualitativa, tomando como referencial teórico os seguintes
autores: BUENO (1991), LOCATELLI (2009), MANTOAN (1997), MAZZOTA
(1996), entre outros. Após uma analise embasada no referencial teórico, pode-se
perceber que todas as pessoas têm potencial e apresentam dificuldades, sejam elas
momentâneas ou não, independentes da sua condição. Sendo assim, temos que fazer
mudanças no sistema educacional, social e nas práticas pedagógicas realizadas.
Palavras – Chave: Dificuldade, Convívio, Educação

ABSTRACT: The present study has as its central theme the role of the teacher in the
school inclusion of students with disabilities. And as main objective: to analyze how the
inclusion of people with disabilities in the regular education network has been made.
This research also has as specific objectives: to encourage the active participation of
teachers in the construction of concrete inclusive actions in the regular teaching
network. Discuss the importance of inclusive special education in the regular education
network, investigate the conception of the teacher on inclusive special education. For
this, we conducted a qualitative research, taking as theoretical reference the following
authors: BUENO (1991), LOCATELLI (2009), MANTOAN (1997), MAZZOTA
(1996), among others. After an analysis based on the theoretical framework, one can
perceive that all people have potential and present difficulties, whether they are
momentary or not, independent of their condition. Thus, we have to make changes in
the educational system, social and pedagogical practices performed.
Words – Key: difficulty, conviviality, education
INTRODUÇÃO
Com a vigência da LDB nº 9394/96 (BRASIL, 1996), que no seu capítulo
V define a educação especial como modalidade de educação escolar oferecida
preferencialmente na rede regular de ensino, para portadores de necessidades especiais,
observamos a necessidade de capacitar os professores, pela responsabilidade que têm
em relação ao trabalho desenvolvido com a maioria das crianças e adolescentes em
idade escolar.
Esta capacitação teria que abordar questões voltadas tanto para o melhor
convívio e entendimento com estes alunos com necessidades educacionais especiais,
quanto aos seus processos de aprendizagem e necessidades adaptativas. Contudo, o que
se percebe é que para essa mudança ocorrer torna-se necessário ir muito além de
simples capacitações e especializações de caráter informativo.
Toda a escola deve estar engajada para lidar com essa situação, desenvolvendo
um projeto político-pedagógico que envolva estes alunos, e toda a comunidade escolar,
tendo ainda esclarecimentos sobre as necessidades educacionais especiais do aluno,
entre muitas outras coisas.
Com o presente trabalho, pretende-se ampliar o conhecimento e a discussão
sobre esse desafio que é incluir os portadores de deficiência não somente na escola, mas
em um contexto mais amplo, que é a sociedade e principalmente no meio em que
vivem.
O ponto de partida do nosso trabalho tem como tema central:
O papel do professor Na inclusão escolar Dos alunos portadores De deficiências.
Nesse sentido, apresentamos o seguinte problema:
Os professores têm sido preparados para atuarem com alunos com deficiência?
A metodologia utilizada constitui-se na investigação bibliográfica e foram
utilizados os seguintes autores, para esse levantamento bibliográfico: BUENO (1991),
LOCATELLI (2009), MANTOAN (1997), MAZZOTA (1996), RODRIGUES (2006),
SASSAKI (1999-2001) e outros.
A Educação Inclusiva no Brasil é hoje um desafio a ser enfrentado dia após dia
para qualquer profissional.
Na educação especial inclusiva os processos de inclusão devem ser pautados na
organização pedagógica docente e principalmente na capacidade do professor em estar
atento às descobertas e potencialidades.
Compreendendo ainda a inclusão de alunos com deficiências na rede regular de
ensino, o professor deve direcionar sua prática a um olhar sensível às constantes
mudanças e oportunizar condições para o desenvolvimento social, emocional, afetivo,
biológico e cognitivo dos alunos.
A educação especial inclusiva pode ser conceituada como uma educação voltada
para os portadores de deficiências como: auditivas, visuais, intelectual, física e as
múltiplas deficiências. Para que esses seres humanos tão especiais possam ser educados
e reabilitados, é importante a participação deles em escolas e instituições de ensino
regular. E que eles disponham de tudo o que for necessário para o seu desenvolvimento
cognitivo.
1. EDUCAÇÃO ESPECIAL INCLUSIVA

1.1 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL: PROCESSO DE INCLUSÃO NO


ENSINO REGULAR.

Desde a antiguidade até os dias atuais as sociedades demonstraram


dificuldades em lidar com as diferenças entre as pessoas e de aceitar as
deficiências. Isso em todas as culturas, etnias, níveis sociais e econômicos,
apenas variando a forma de conceber a deficiência e lidar com seus
portadores (LOCATELLI, 2009, p.10).

Para compreendermos o processo de inclusão das pessoas com deficiência no


ensino regular é necessário relembrar as construções ideológicas sobre a deficiência ao
longo da história da Educação Especial. A historicidade da inclusão evidencia que esta
atravessou diferentes fases em diversas épocas e culturas. Segundo Mazzotta (1996) a
preocupação com a educação das pessoas portadoras de necessidades especiais no Brasil
é recente, tendo se iniciado efetivamente no século XIX, inspirada em experiências
norte-americanas e europeias.
Segundo a evolução, o histórico da educação especial inclusiva pode ser
dividido em quatro grandes períodos:
Na Idade Antiga os portadores de deficiências de qualquer natureza – física,
mental ou sensorial eram sacrificados ou escondidos.

Há relatos que apontam que, quando nascia uma criança que apresentava
alguma deficiência, esta era submetida a um “conselho” que decidia se
deveria viver ou morrer. Nesta época acreditava-se que o “comportamento
diferente” era conseqüência de forças sobrenaturais, sugerindo a crença em
uma origem demoníaca das doenças e, mais especificamente, da deficiência
mental (LOCATELLI, 2009, p.10-11).

Na Idade Media, com advento do cristianismo houve uma mudança muito


significativa na organização política- administrativa, surgindo o clero no cenário
político–religioso, intensificou-se a crença no sobrenatural e as pessoas com deficiência
foram reconhecidas como portadoras de alma, sendo reconhecidas como filhos de Deus.
Essa concepção cristã trouxe valores éticos á sociedade, pois lhe apresentou e
impôs o dever de amar o próximo. Então, por caridade, os deficientes
começaram a ser acolhidos em instituições religiosas, onde eram vistos como
doentes e incapazes (LOCATELLI, 2009, p.11)

Na Idade Moderna, melhor dizendo no século XVIII, os estudos medicinais


permitiram verificar que muitas deficiências eram o resultado de lesões e disfunções no
organismo.
Para Locatelli (2009), esse período de transformações econômicas e sociais,
intensificado pela Revolução industrial, levou a uma mudança no quadro da concepção
de deficiência, pois aconteceu uma aceleração e consolidação da produção capitalista,
modificando o tipo de capacitação dos trabalhadores, exigindo uma escolarização em
massa. Ainda segundo a autora, uma parte da população considerada produtiva passa a
ser classificada como menos eficiente, o que quer dizer, em outras palavras: deficiente,
já que essas pessoas não eram capazes de aprender de acordo com as normas
estabelecidas pela escola nesta época.
Ao final do século XIX e início do século XX, contemplados na Idade
contemporânea, segundo Pessotti (1984), criam-se instituições para atender os
deficientes mentais moderados e profundos. Mas o foco era diminuir o incômodo
causado por esse tipo de população, e não atender suas especificidades e necessidades.
Escolas, hospitais e residências clínicas foram utilizadas como locais de educação
especial.
De acordo com Mazzotta (1996), observando a evolução histórica da deficiência
no que se refere ao atendimento educacional, a área denominada 1educação especial
expandiu-se no Brasil, com a criação de entidades filantrópicas assistenciais e
especializadas destinadas à população das classes menos favorecidas. Ao lado dessas
instituições surgiram clínicas e escolas privadas para o atendimento das 2necessidades
especiais de classes mais altas.
De 1957 a 1993 constituiu-se em um período marcado por ações oficiais de
âmbito nacional. A educação especial se estabeleceu como sendo uma modalidade de

1
A educação especial é uma educação organizada para atender especifica e exclusivamente
alunos com determinadas necessidades especiais. 

2
A expressão necessidades especiais podem ser utilizadas para referir-se a crianças e jovens
cujas necessidades decorrem de sua elevada capacidade ou de suas dificuldades para
aprender.
educação escolar, que assegurava um conjunto de serviços educacionais especiais,
organizados nas diferentes instituições de ensino, sendo: apoiar, complementar,
suplementar e, em alguns casos, substituir os serviços educacionais comuns. O objetivo
era de garantir o acesso a educação escolar formal e desenvolver as potencialidades dos
alunos.
Em 1990, com a participação do Brasil na Conferência Mundial sobre Educação
para Todos na cidade de Jomtien, na Tailândia, se estabeleceu os primeiros ensaios da
política de educação inclusiva. E desde 1994, a concepção de educação inclusiva
substituiu definitivamente o conceito de educação especial com base na Declaração de
Salamanca (UNESCO, 1994), que ampliou o conceito de necessidade educacional
especial e defendeu a necessidade de inclusão dos alunos especiais no sistema regular
de ensino.
Segundo Mazotta (1996) a partir de 1994, houve uma mudança na concepção de
educação inclusiva, baseada na Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994), foi
ampliado o conceito de educação especial, defendendo uma necessidade de inclusão dos
alunos especiais no sistema de ensino. Tendo como princípio uma educação para todos.
A partir da Política Nacional de Educação Especial na perspectiva inclusiva, o
público alvo da Educação Especial passa ser: alunos com deficiência, transtornos
globais do desenvolvimento (TGD), altas habilidades, superdotação e transtornos
funcionais específicos.
A escola deve prestar atendimento àqueles que apresentem impedimentos de
natureza física, mental, intelectual ou sensorial, como também, aos alunos com
transtornos globais do desenvolvimento. Alunos que apresentam um repertório de
interesses e atividades restrito, estereotipado e repetitivo. Incluem-se nesse grupo alunos
com autismo, síndromes do espectro do autismo e psicose infantil, entre outros.
Ainda fazem parte desse atendimento os alunos que apresentam um quadro
de altas habilidades ou que demonstram potencial elevado em qualquer uma
das seguintes áreas, isoladas ou combinadas: intelectual, acadêmica,
liderança, psicomotricidade e artes (BRASIL, 2008).

1.1 CONCEITUANDO A EDUCAÇÃO ESPECIAL INCLUSIVA

A educação inclusiva deve se basear na adaptação curricular, realizada através da


ação de uma equipe multidisciplinar que oferece suporte, tanto ao professor, quanto ao
portador de necessidades especiais, por meio do acompanhamento, estudo e pesquisa de
modo a inseri-lo e mantê-lo na rede comum de ensino em todos os seus níveis. Para
SASSAKI (1999, p. 41-42) a inclusão:
[...] repousa em princípios até então considerados incomuns, tais como: a
aceitação das diferenças individuais, a valorização de cada pessoa, a
convivência dentro da diversidade humana, a aprendizagem através da
cooperação (SASSAKI. 1999 p.41-42).

Nesse sentido pode-se dizer que inclusão é:

Um processo pelo qual a sociedade se adapta para poder incluir em seus


sistemas sociais gerais pessoas com necessidades especiais e,
simultaneamente, estas se preparam para assumir seus papéis na sociedade.
Incluir é trocar, entender, respeitar, valorizar, lutar contra a exclusão,
transpor barreiras que a sociedade criou para as pessoas. É oferecer o
desenvolvimento de autonomia, por meio da colaboração, de pensamentos e
formulação de juízo de valor, de modo a poder decidir, por si mesmo, como
agir nas diferentes circunstâncias da vida (SASSAKI, 1999, p.123).

Partindo desse pressuposto, inclusão é um movimento amplo, que envolve toda


a sociedade, visando converter os espaços escolares em ambientes que atendam a todos
os alunos sem confrontar as suas diferenças, respeitando seu ritmo, o seu direito a uma
adequação metodológica, assim como o uso de suas múltiplas inteligências, favorecendo
a integração social.
O autor ainda afirma que:
[...] para garantir que as medidas de acesso e permanência na escola sejam
implementadas de acordo com a nova visão de sociedade, de educação e de
cidadania em relação a diversidade humana e as diferenças individuais, todas
as pessoas devem ser aceitas e valorizadas pelo que cada uma possui para
construir o bem comum, aprender ensinar, estudar e trabalhar, cumprir
deveres, usufruírem direitos e ser feliz (SASSAKI,2001,p.1).

A educação inclusiva deve envolver o preparo das instituições para receber os


alunos com necessidades especiais, se necessário revendo e reformulando currículos,
adequando o espaço físico as necessidades dos alunos e revendo metodologias e
recursos didáticos, uma vez que uma sociedade inclusiva começa pela educação. Sendo
assim, torna-se possível concluir que a educação inclusiva tem por objetivo a
valorização da diversidade humana em seus aspectos culturais, sensoriais, étnicos,
físicos e mentais.
Mussi (2008) afirma que a inclusão não deve ser vista como algo a ser conquistado,
mas como direito de todos encontrarem as condições necessárias para seu
desenvolvimento.
O princípio da inclusão baseia-se na crença de que todas as crianças conseguem
aprender, participar de atividades co-curriculares e extracurriculares, e precisam receber
programas educativos adequados às suas necessidades. Além disso:

O conceito de Inclusão no âmbito específico da Educação, implica, antes de


mais nada, rejeitar, por princípio, a exclusão (presencial ou acadêmica) de
qualquer aluno da comunidade escolar. Para isso, a escola que pretende
seguir uma política de Educação Inclusiva (EI) desenvolve políticas, culturas
e práticas que valorizam o contributo activo de cada aluno para a construção
de um conhecimento construído e partilhado e desta forma atingir a qualidade
acadêmica e sócio-cultural sem discriminação (RODRIGUES, 2006, p.2).

Ou seja, a educação inclusiva diz respeito ao acolhimento a todas as pessoas, que


apresentam alguma condição considerada como uma “diferença” ao padrão estabelecido
socialmente como desejável ou “normal”, que foram historicamente excluídas da escola.

1.2 DA INTEGRAÇÃO À INCLUSÃO

A integração surgiu na década de 70, com o princípio de normatização, que


significa oferecer ao deficiente as mesmas condições que são oferecidas paras as outras
pessoas. Já se afirmou inúmeras vezes que a educação especial na maioria dos países,
tem seguido um padrão semelhante de evolução. As fases da segregação e exclusão se
caracterizam pela concepção de que o diferente é simplesmente ignorado, evitado,
abandonando ou encarcerado, quando não exterminado.

A esse respeito, afirma Sassaki (1999, p. 01):

A ideia de integração surgiu para derrubar a prática da exclusão social a que


foram submetidas as pessoas deficientes por vários séculos. A exclusão
ocorria em um sentido total, ou seja, as pessoas portadoras de deficiência
eram excluídas da sociedade para qualquer atividade porque eram
consideradas inválidas sem utilidade para a sociedade e incapazes de
trabalhar, características estas atribuídas indistintamente a todos que tivessem
alguma deficiência. Algumas culturas simplesmente eliminavam os
portadores de deficiência, outros adotaram a prática de interná-las em
grandes instituições de caridade, junto com doentes e idosos (SASSAKI,
1997, P.1).

Sobre as instituições que tratam diretamente dos deficientes, Sassaki (1999,


p.01), ressalta que estas instituições eram geralmente muito grandes e serviam
basicamente para dar abrigo, medicamento e alimento e algumas atividades para ocupar
o tempo ocioso. As instituições foram se especializando para atender pessoas por tipo de
deficiência. Assim, a segregação institucional continuou sendo praticada. A ideia era
prover na instituição todos os serviços possíveis, já que a sociedade não aceitava receber
pessoas deficientes nos serviços existentes na comunidade.

O processo de integração ocorre em uma estrutura educacional que oferece


ao aluno a possibilidade de transitar no sistema escolar – da classe especial
ao ensino especial – em todos os seus tipos de atendimento: escolas especiais,
classes especiais em escolas comuns, ensino itinerante, salas de recursos,
classes hospitalares, ensino domiciliar e outros. Trata-se de uma concepção
de inserção parcial, porque o sistema prevê serviços educacionais segregados.
(MANTOAN, 2006, p. 18).

O modelo integrador, na prática, não tinha o compromisso com o


desenvolvimento das potencialidades existentes no indivíduo, nem com um ensino que
achasse caminhos para a aprendizagem. Ao contrário, a integração esperava que o
indivíduo se adaptasse à escola, absorvendo dela aquilo que, por si só, conseguisse
realizar
Diante dessa realidade, o movimento da inclusão propôs um novo conceito de
necessidades especiais e acaba reconhecendo que as dificuldades que alguns alunos
apresentam são resultados de determinadas formas de organizar as escolas e, por
consequência, das formas de ensinar delineadas por este modelo. Isso acarretou a
revisão do sistema de educação.
Estas reflexões têm embasado a educação inclusiva, e vários eventos
internacionais e reuniões foram realizados a fim de impulsionar essa reflexão e o
desenvolvimento de políticas públicas educacionais. Sendo assim, no ano de 1975, já se
falava em Educação Inclusiva nos Estados Unidos, mas só em 1994, que o termo
inclusão foi oficializado com a Declaração de Salamanca.
Montoan (2001) diz que o paradigma vigente de atendimento especializado e
segregativo é extremamente forte e enraizado no ideário das instituições e na prática dos
profissionais que atuam no ensino especial. A indiferenciação entre os significados
específicos dos processos de integração e inclusão escolar reforça ainda mais a vigência
do paradigma tradicional de serviços e muitos continuam a mantê-lo, embora estejam
defendendo a integração!
Ocorre que os dois vocábulos - integração e inclusão - conquanto tenham
significados semelhantes, estão sendo empregados para expressar situações de inserção
diferentes e têm por detrás posicionamentos divergentes para a consecução de suas
metas. A noção de integração tem sido compreendida de diversas maneiras, quando
aplicada na escola. Os diversos significados que lhe são atribuídos devem-se ao uso do
termo para expressar fins diferentes, sejam eles pedagógicos, sociais, filosóficos e
outros. O emprego do vocábulo é encontrado até mesmo para designar alunos agrupados
em escolas especiais para deficientes, ou mesmo em classes especiais, grupos de lazer,
residências para deficientes. Por tratar-se de um constructo histórico recente, que data
dos anos 60, a integração sofreu a influência dos movimentos que caracterizaram e
reconsideraram outras ideias, como as de escola, sociedade e educação. O número
crescente de estudos referentes à integração escolar e o emprego generalizado do termo
têm levado a muita confusão a respeito das ideias que cada caso encerra.

1.3 MARCOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO BRASIL.

No Brasil, o atendimento às pessoas com deficiência teve início na época do


Império com a criação de duas instituições: o Imperial Instituto dos meninos Cegos, em
1854, atual Instituto Benjamim Constant (IBC) e o Instituto dos Surdos Mudos, em
1857, atual Instituto Nacional da Educação dos surdos
(INES), ambos no Rio de Janeiro.
No início do século XX é fundado o Instituto Pestalozzi-1926. Instituição
especializada no atendimento às pessoas com deficiência mental; em 1954 é fundada a
primeira Associação de Pais e Amigos dos excepcionais (APAE) e; em 1945, é criado o
primeiro atendimento educacional especializado às pessoas com superdotação na
sociedade Pestallozzi.
Em 1961, o atendimento educacional às pessoas com deficiência passa ser
fundamentado pelas disposições da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei
nº 4.024/61, que aponta o direito dos excepcionais à educação, preferencialmente dentro
do sistema geral de ensino.
A Lei nº 5692/71, que altera a LDBEN de 1961, ao definir “tratamento especial”
para os alunos com deficiência físicas, mentais, os que se encontrem em atraso
considerável quanto a idade regular de matricula e os superdotados, não promove a
organização de um sistema de ensino capaz de atender as necessidades educacionais
especiais e acaba reforçando o encaminhamento dos alunos para as classes e escolas
especiais.
Em 1973, é criado no MEC, o Centro Nacional de Educação Especial
(CENESP), responsável pela gerência da educação especial no Brasil, que sob o
direcionamento integracionista, impulsionou ações educacionais voltadas para a
deficiência e às pessoas com superdotação; ainda configuradas por campanhas
assistenciais e ações isoladas do estado.
A constituição Federal de 1988 traz como um de seus objetivos fundamentais,
“promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e
quaisquer outras formas de discriminação” (art. 3º, inciso IV). Define no artigo 205, a
educação como um direito de todos, garantindo o pleno desenvolvimento da pessoa, o
exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho. No seu artigo 205, inciso I,
estabelece a “igualdade de condições de acesso e permanência na escola”, como um dos
princípios para o ensino e, garante como dever do Estado, a oferta do atendimento
educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino (art. 208).
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) – Lei nº. 8.069/90, artigo 55,
reforça os dispositivos legais supracitados, ao determinar que “os pais ou responsáveis
têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino”.
Também nessa década, documentos como a Declaração Mundial de Educação para
todos (1990) e a Declaração de Salamanca (1994), passam a influenciar a formação das
políticas da educação inclusiva.
Em 1994, é publicada a política Nacional de Educação Especial, orientando o
processo de ‘integração instrucional’ que condiciona o acesso às classes comuns do
ensino regular àqueles que possuem condições de acompanhar e desenvolver as
atividades curriculares programadas do ensino comum, no mesmo ritmo que os alunos
ditos normais.
A atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei nº. 9.394/96, no
artigo 59, preconiza que os sistemas de ensino devem assegurar aos alunos: currículo,
métodos, recursos e organização específicos para atender às suas necessidades;
asseguram a terminalidade específica àqueles que não atingiram o nível exigido para a
conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências e aceleração de
estudos aos superdotados para a conclusão do programa escolar.
Em 1999, o Decreto nº. 3.298 que regulamentava a Lei nº. 7.853/89, ao dispor
sobre a Política Nacional para integração da Pessoa Portadora de Deficiência, define a
educação especial como uma modalidade transversal a todos os níveis.
A Resolução CNE/CEB nº. 2/2001, no artigo 2º. Determinam que:
Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas
organizar-se para o atendimento aos educandos com necessidades
educacionais especiais, assegurando as condições necessárias para uma
educação de qualidade para todos (BRASIL, 2001).
A Convenção de Guatemala (1999), promulgada no Brasil pelo Decreto nº
3.956/2001, afirma que as pessoas com deficiência têm os mesmos direitos humanos e
liberdade fundamentais que as demais pessoas.
A lei nº 10.436/02 reconhece a Língua Brasileira de Sinais como meio legal de
comunicação e expressão, determinando que sejam garantidas formas
institucionalizadas de apoiar seu uso e difusão, bem como a inclusão da disciplina de
libras como parte integrante do currículo nos cursos de formação de professores e
fonoaudiologia.
A portaria nº. 2.678/02 aprova diretrizes e normas para o uso, o ensino e a
difusão do Sistema de Braile.
Em 2006, a Secretaria Especial dos Direitos Humanos, o Ministério da
Educação, o Ministério da Justiça e a UNESCO, lançam o plano Nacional de Educação
e Direitos Humanos que objetiva, dentre as suas ações, fomentar, no currículo da
educação básica, as temáticas relativas às pessoas com deficiência e desenvolver ações
afirmativas que possibilitem inclusão, acesso e permanência na educação superior.
Em 2007, no contexto com PAC, é lançado o Plano de desenvolvimento da
Educação – PDE, reafirmado pela Agência Social de Inclusão das Pessoas com
deficiência, tendo como eixos a acessibilidade com prédios escolares adequados, a
implantação de salas de recurso e a formação docente para o atendimento educacional
especializado.
As políticas inclusivas afirmam a necessidade de garantia de educação a todos os
sujeitos que ajudam a compor a sociedade. Nessa perspectiva, a implementação das
políticas inclusivas é pontuada por um conjunto de leis e documentos oficiais que visa
especificar as ações inclusivas. 
De acordo com documento do MEC (BRASIL, 2008), a educação inclusiva
constitui um paradigma educacional fundamentado na concepção de direitos humanos,
que conjuga igualdade e diferença como valores indissociáveis e que busca
contextualizar circunstâncias históricas da produção da exclusão dentro e fora do espaço
escolar.
Sendo assim, faz-se necessário analisar mais a fundo algumas das políticas
educacionais no decorrer do tempo, essas foram formuladas tendo em vista a finalidade
de promover a inclusão das pessoas que se encontram excluídas ou marginalizadas da
sociedade. A educação inclusiva envolve um processo de transformação da escola
regular, uma vez que esta necessita ampliar a participação e eliminar a exclusão,
assegurando os direitos estabelecidos nas políticas educacionais.
Como resultado da Conferência Mundial sobre Necessidades Educacionais
Especiais, realizada entre 7 e 10 de junho de 1994, na cidade espanhola de Salamanca,
a Declaração de Salamandra de princípios, políticas e práticas na área das necessidades
educativas especiais.
A inclusão de crianças, jovens e adultos com necessidades educacionais
especiais dentro do sistema regular de ensino é a questão central, sobre a qual a
Declaração de Salamanca discorre; a mesma apresenta três ideias de flexibilidade
curricular:
1. Nós, os delegados da Conferência Mundial de Educação Especial,
representando 88 governos e 25 organizações internacionais em
assembleia aqui em Salamanca, Espanha, entre 7 e 10 de junho de 1994,
reafirmamos o nosso compromisso para com a Educação para Todos,
reconhecendo a necessidade e urgência do providenciamento de educação
para as crianças, jovens e adultos com necessidades educacionais especiais
dentro do sistema regular de ensino e re-endossamos a Estrutura de Ação em
Educação Especial, em que, pelo espírito de cujas provisões e recomendações
governo e organizações sejam guiados.
2. Acreditamos e Proclamamos que:
• toda criança tem direito fundamental à educação, e deve ser dada a
oportunidade de atingir e manter o nível adequado de aprendizagem,
• toda criança possui características, interesses, habilidades e necessidades de
aprendizagem que são únicas,
• sistemas educacionais deveriam ser designados e programas educacionais
deveriam ser implementados no sentido de se levar em conta a vasta
diversidade de tais características e necessidades,
• aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso à escola
regular, que deveria acomodá-los dentro de uma Pedagogia centrada na
criança, capaz de satisfazer a tais necessidades,
• escolas regulares que possuam tal orientação inclusiva constituem os meios
mais eficazes de combater atitudes discriminatórias criando-se comunidades
acolhedoras, construindo uma sociedade inclusiva e alcançando educação
para todos; além disso, tais escolas provêm uma educação efetiva à maioria
das crianças e aprimoram a eficiência e, em última instância, o custo da
eficácia de todo o sistema educacional.
3. Nós congregamos todos os governos e demandamos que eles:
• atribuam a mais alta prioridade política e financeira ao aprimoramento de
seus sistemas educacionais no sentido de se tornarem aptos a incluírem todas
as crianças, independentemente de suas diferenças ou dificuldades
individuais (DECLARAÇÃO DE SALAMANCA, 1994)

Essa política educacional de inclusão foi reafirmada no contexto brasileiro.


Observa-se ainda, que mediante a justiça, o direito do aluno com necessidades
educativas especiais e de todos os cidadãos à educação, é um direito constitucional.
Constituição da República Federativa do Brasil (1988)
Estabelece no:
 Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família,
será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao
pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e
sua qualificação para o trabalho.
 Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
 I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
 Art. 208. O dever do Estado com a Educação será efetivado mediante
a garantia de:
 III - atendimento educacional especializado aos portadores de
deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino (CONSTITUIÇÃO
DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, 1988).

Uma educação de qualidade para todos implica entre outros fatores a


necessidade de um redimensionamento da escola no que consiste não somente na
aceitação, mas também na valorização das diferenças.
Educação Especial seguindo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional –
LDB 9394/96. Modalidade e Níveis de Ensino.
A inclusão escolar de acordo com a LDB 9394/96, pode ter seu início na
educação infantil, tempo em que se desenvolvem as bases necessárias para a construção
do conhecimento e desenvolvimento integral da criança.
A Lei 9394/96- Lei de Diretrizes e bases da educação nacional-LDBEN, afirma
que a educação especial passa a modalidade de educação escolar, afirmando que o aluno
com deficiência tem o direito de frequentar o ensino regular.
Art. 58.  Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a
modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular
de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação.  (Redação dada pela
Lei nº 12.796, de 2013)
§ 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola
regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial.
§ 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços
especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos,
não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular.
§ 3º A oferta de educação especial, dever constitucional do Estado, tem
início na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil.
Art. 59.  Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com deficiência,
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
superdotação: (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)
I – currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e
organização específica, para atender às suas necessidades;
II – terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível
exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas
deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar
para os superdotados;
III – professores com especialização adequada em nível médio ou superior,
para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular
capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns;
IV – educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na
vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem
capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os
órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade
superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora;
V – acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares
disponíveis para o respectivo nível do ensino regular.
Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino estabelecerão critérios
de caracterização das instituições privadas sem fins lucrativos, especializadas
e com atuação exclusiva em educação especial, para fins de apoio técnico e
financeiro pelo poder público.
Parágrafo único.  O poder público adotará como alternativa preferencial,
a ampliação do atendimento aos educandos com deficiência, transtornos
globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação na própria
rede pública regular de ensino, independentemente do apoio às instituições
previstas neste artigo (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) (LDB - Lei
de Diretrizes e Bases da Educação, 1996).

Todavia, o que se percebe é que para essa mudança ocorrer torna-se necessário ir
muito além de simples capacitações e especializações de caráter informativo para o
professor lidar com essa população. Toda escola deve estar engajada para essa nova
etapa, desenvolvendo um projeto político-pedagógico que envolva estes alunos
especiais, tendo instrumental didático, esclarecimento sobre as necessidades
educacionais especiais do aluno, entre muitas outras coisas.

1.4 O PAPEL DO PROFESSOR NA PRÁTICA INCLUSIVA

No que diz respeito à educação inclusiva, o maior desafio é como praticá-la. Os


professores muitas vezes não tiveram esse preparo no seu curso de formação, não
dispõem de tempo, nem de recursos financeiros para aperfeiçoar ou atualizar sua
formação, as orientações pedagógicas na maioria das vezes conflitantes, os conteúdos,
os materiais didáticos, são distantes da realidade, mas ainda assim, o professor é sempre
responsável e importante no sentido de colaborar na formação do cidadão. A busca pela
a inclusão já é realidade nas escolas brasileiras, mas:

Os professores do ensino regular consideram-se incompetentes para lidar


com as diferenças em sala de aula, especialmente para atender os alunos com
deficiência, pois seus colegas especializados sempre se distinguiram por
realizar apenas esse atendimento e exageraram essa capacidade de fazê-lo aos
olhos de todos (MANTOAN, 2006, p. 17).

A formação do professor é questão primordial na perspectiva da educação


inclusiva. Segundo Bueno (1999), um ensino de qualidade para alunos que apresentam
necessidades especiais, envolve pelo menos dois tipos de formação profissional
docente: professores “generalistas” do ensino regular, com um mínimo de conhecimento
e prática sobre o alunado diversificado e 3professores ”especialistas” nas diferentes
necessidades especiais para atender a esses alunos e apoiar os profissionais que
trabalham com esses alunos. Além da formação, é importante que se criem espaços para
a integração desses profissionais discutindo suas ações e seu modo de elaborar. Avaliar
sua prática pedagógica irá ampliar seu saber específico, e consequentemente a melhoria
da qualidade de ensino que estará sendo oferecido na escola inclusiva.
Bueno (1999) nos fala que, para que o ensino seja de qualidade para os
portadores de necessidades educativas especiais, na perspectiva de uma educação
inclusiva, são envolvidos muitos aspectos, entre eles os dois tipos de docentes:
professores “generalistas” do ensino regular, com o mínimo de conhecimento e prática
sobre os mais variados alunos e professores “especialistas” nas diferentes “necessidades
educativas especiais”, seja ele para trabalhar direto com os alunos ou dar apoio ao
trabalho realizado por professores de classes regulares que integrem esses alunos.
A prática de muitos desses profissionais tem indicado, que na grande maioria
dos casos o que vem ocorrendo é a inserção física dos alunos na sala de aula sem que se
tome qualquer atitude que traga maiores benefícios para esses alunos. Para muitos
educadores, a inclusão em educação:
[...] é entendida como sinônimo de movimentação de todos os alunos das
classes ou das escolas especiais para o ensino regular, pressupondo-se que a
simples inserção desses alunos nas turmas ditas 21 comuns significa que
estão incluídos e integrados com seus pares “normais” e exercendo seu
direito de cidadania de apropriação e construção do saber e do saber fazer.
(CARVALHO, 2007, p. 87)

Mas, não basta a conscientização dos professores do ensino regular, seguimos a


passos lentos rumo a uma escola verdadeiramente inclusiva, devido a falta de
investimento do governo, através de políticas públicas que busquem a qualidade do
ensino, pois:

A inclusão é uma inovação que implica um esforço de modernização e


reestruturação das condições atuais da maioria de nossas escolas –
especialmente as de nível básico -, ao assumirem que as dificuldades de
alguns alunos não são apenas deles, mas resultam em grande parte do modo
como o ensino é ministrado e de como a aprendizagem é concebida e
avaliada. (MANTOAN, 2006, p. 40).

3
Professores especializados são aqueles que vão trabalhar nos atendimentos educacionais
especializados e atender diretamente as especificidades dos alunos com deficiências,
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação devem acontecer em
cursos específicos. Estes profissionais também devem apoiar aos professores das escolas
regulares que tiverem alunos com necessidades educacionais especiais em suas salas de aula.
A inclusão é uma inovação que perpassa as paredes da escola e sugere
mudanças maiores, mudanças de paradigma, de conceito, de visão, mudança de mundo.
Para Perrenoud (1999), é necessário que um professor reflexivo mantenha uma relação
de envolvimento com a sua própria prática. É o mínimo que se exige, na perspectiva da
profissionalização. Aqui, trata-se de uma outra forma de envolvimento, de um
compromisso crítico no debate social sobre as finalidades da escola e seu papel na
sociedade.

A NOVA LEI

Em Janeiro de 2016 marca o início de um novo olhar sobre mais de 45 milhões


de brasileiros com algum grau de deficiência. Entra em vigor a Lei Brasileira de
Inclusão (LBI), também chamada de Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei
13.146/2015), que afirmou a autonomia e a capacidade desses cidadãos para exercerem
atos da vida civil em condições de igualdade com as demais pessoas. Iniciou-se também
uma batalha para tornar realidade o rol de direitos garantidos pela nova lei.
A LBI foi um grande avanço. A parti de então, entrou em um período de ajustes.
O ideal era criar uma cultura de inclusão e derrubar barreiras que ainda existem. Ao se
exercer os direitos previstos na lei, surgiria assim casos de punição por discriminação e
isso iria ter um efeito cultural e pedagógico positivo.
A LBI garante que os direitos das pessoas com deficiência sejam respeitados e
ela pode ser dividida em três grandes partes:

 Direitos fundamentais das pessoas com deficiência, como educação,


transporte e saúde.

 Garantir que as pessoas com deficiência tenham acesso à informação e à


comunicação.

 O acesso à Justiça e o que acontece com quem infringe as demais exigências.

Um dos grandes troféus da Lei Brasileira de Inclusão foi a mudança de


perspectiva sobre a palavra “deficiência”. Antigamente, a visão que existia era de que a
deficiência era uma condição das pessoas. Hoje ela é entendida como uma situação dos
espaços (físicos ou sociais), que não estão prontos para recebê-las. Na educação foi a
mesma coisa. A tendência hoje é enxergar cada vez mais a educação como “inclusiva”
e cada vez menos como “especial”. Isso significa que as metodologias, espaços e
materiais devem ser capazes de atender a todos, e não serem elaborados separadamente
para as pessoas com deficiência.
O capítulo da LBI que fala sobre Educação frisa bastante sobre o que deve ser
feito para atingir esse objetivo. Alguns dos principais exemplos são:

 Nas escolas inclusivas é indispensável que o conteúdo e as aulas sejam


oferecidos em Libras, como primeira língua, e em português, na modalidade
escrita, para os alunos surdos. O mesmo vale para as escolas e classes bilíngues
e para os materiais de aula (Art. 28-IV);
 A adoção de medidas individuais e coletivas que proporcionem o
desenvolvimento acadêmico e a socialização dos alunos com deficiência. Isso
facilita a integração e, consequentemente, o aprendizado (Art. 28-V);
 Além da oferta de aulas e materiais inclusivos (em Libras e Braile), as práticas
pedagógicas também precisam ser incorporadas e preferidas pela instituição que
possuir alunos com deficiência (Art. 28-XII);
 Também devem ser oferecidas tecnologias assistivas que ampliem as habilidades
dos estudantes nas escolas (Art. 18-XII) ou auxiliem nos processos seletivos e
permanência nos cursos da rede pública e privada (Art. 30-IV).

“A educação constitui direito da pessoa com deficiência, assegurado sistema


educacional inclusivo em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a vida, de
forma a alcançar o máximo desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades
físicas, sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas características, interesses e
necessidades de aprendizagem.” (Art. 27).
CONCLUSÃO

Os resultados da pesquisa indicam que os objetivos propostos foram alcançados,


uma vez que, esse estudo pode compreender o quanto a educação especial inclusiva
deve ser um tema discutido em todas as modalidades de ensino.
Nota-se que a Educação Inclusiva é uma educação voltada a todos, uma vez que
para que ela ocorra deve ser dada a oportunidades de trocas de experiência entre os
alunos ditos “normais” e os que possuem algum tipo de deficiência, pois estes aprendem
com os outros. Um depende do outro para que realmente exista uma educação de
qualidade.
Essa pesquisa possibilitou ainda, analisar como vem sido feita a inclusão de
pessoas com deficiência na rede regular de ensino, constatou-se que há muito a se fazer
para que a rede regular matricule e mantenha esses alunos em condições favoráveis a
suas aprendizagens.
Nessa visão, a educação especial deixa de ser concebida como processo de
exclusão social e se torna ferramenta indispensável para os docentes comprometidos
com a construção coletiva de uma escola de qualidade para todos. Temos que fazer
mudanças no sistema educacional, social e nas práticas pedagógicas realizadas.
Conclui-se, portanto, que este trabalho sobre a educação especial inclusiva não
se encerra com as informações apresentadas nessa pesquisa, outras investigações
poderão ser retomadas em outra oportunidade e, assim, contribuirão significantemente
para o conhecimento e reflexão sobre a importância da educação especial inclusiva.
As informações colhidas nessa pesquisa permitiram visualizar
consideravelmente a educação especial inclusiva. Elas possibilitam uma reflexão
extremamente útil para que possamos mudar nosso olhar quanto aos alunos com algum
tipo de deficiência.
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Nacionais para Educação Especial na Educação Básica. Secretaria de Educação
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Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Disponível em:
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