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Nome: FERNANDO EDUARDO DA SILVA REGO Polo: UNESP/ PRESIDENTE PRUDENTE

D08 - Escola, Educação Física e Inclusão


ATIVIDADE 1: TAREFA

A relação entre a escola da diferença e a educação física perante a educação


inclusiva.
Um dos maiores paradigmas da Educação Física é proporcionar uma educação
de qualidade para todos, sem restrições, garantindo uma aprendizagem significativa
e adaptada para atender às Necessidades Educacionais Especiais dos alunos.

A escola pode ser considerada, por excelência, a estrutura na formação de


novas gerações, portanto, torna-se fundamental para estimular a construção de uma
sociedade inclusiva. Contudo, conforme elucida Carneiro (2012, p. 8):

[...] essa mudança não ocorrerá de forma mágica; por ser processual, tal
mudança requer, dentre outros aspectos (tais como estruturais)
informação e formação. Embora a formação para a inclusão seja
necessária a todos os participantes do universo escolar (gestores,
equipes de apoio, técnicas, alunos, pais, comunidades e outros) o papel
desempenhado pelo professor é imprescindível para as articulações
necessárias à construção de uma nova sociedade que respeite e valorize
a diversidade social.

Martins (1997) destaca que o acesso à escola ainda continua demarcado por
um processo de exclusão, pois mesmo o aluno com necessidades educacionais
especiais, sendo incluído na escola, ainda sofre, com uma inclusão perversa e
marginalizada. O autor evidencia que a escola regular, de uma maneira geral, não foi,
nem é planejada para acolher a diversidade de indivíduos, mas sim para atingir os
objetivos educativos daqueles que são considerados dentro dos padrões da
“normalidade”, e, com isso, vem segregando e excluindo, de várias formas, os que
fogem destes padrões.

A descoberta do outro e suas diferenças requer, a nosso ver, o exercício, da empatia.


Aos nos colocarmos no lugar do outro, podemos promover uma convivência, não no
nível do tolerável, mas de respeito. Essa perspectiva possibilita o aprendizado com o
diferente, pois a leitura do “outro’ por meio da empatia provoca a consciência da
convivência com o diferente e não com o inferior. Para Freire (2000), esse seria um
dos caminhos para que a educação inclusiva se constitua em uma educação para a
diversidade de sujeitos e culturas, respeitando as diferenças individuais e culturais.
Nesse panorama, nos remetemos especificamente à área da Educação Física. Sendo
o corpo em movimento entendido como objeto da educação, acreditamos em sua
potencialidade para promover o exercício da empatia, fazendo com que os
professores sejam capazes de se colocarem no lugar de seus alunos, entender suas
dificuldades e necessidades. O corpo, aqui entendido como a totalidade do homem e
não apenas biológico, é capaz de propiciar o desenvolvimento afetivo e intelectivo,
para além do desenvolvimento físico. As práticas corporais, quando utilizadas como
meio de formação e construção do conhecimento, têm seus efeitos benéficos no meio
social, cultural e histórico

A Educação Física é um campo rico na oferta de práticas corporais, como um


instrumento de ensino para possibilitar a melhoria da interação e comunicação das
crianças com autismo. Por meio de jogo, brincadeira, dança, luta, esporte, ginástica,
psicomotricidade; o professor poderá promover ações educativas que levem à
descoberta de novas linguagens corporais (CHICON; FONTES; SÁ, 2013).

Todavia, mesmo a Educação Física podendo potencializar as intervenções com


sujeitos autistas, é preciso ressaltar que o sucesso desse processo está centrado no
professor, no diálogo interdisciplinar e no trabalho das equipes multiprofissionais. Roth
(2006) ressalta que o professor deverá ser um mediador entre as atividades inclusivas,
para que possa estimular aos alunos na resolução de problemas e no
desenvolvimento de outras capacidades físicas, cognitivas e sociais, mediante a
utilização de um método de ensino que estimule o aluno a potencializar o seu
desenvolvimento respeitando suas particularidades e que faça as adaptações
curriculares de acordo com as limitações e potencialidades dos alunos, respeitando
também as diferentes necessidades deles, de forma que possa contribuir para a
participação social de forma igualitária.

Desse modo, tomando-se como conjetura que a educação inclusiva solicita do


profissional uma formação direcionada à compreensão do educar e atenta à
diversidade entre os educandos e às especificidades de cada ser, a linguagem
corporal adquire importância para a compreensão do homem, pois ela surge das
relações entre os sujeitos e seu meio social. (2002 Oliveira) reforça essa ideia,
considerando ser fundamental que ocorra, nesse processo, a conexão entre o
professor e o aluno, pois, para o autor, o corpo é um meio de expressão e aquisição
de conhecimentos, e por meio de um fazer pedagógico pautado na interação e na
contextualização, em que ambos estão inseridos, é que ocorrerão as trocas e
consequentemente o conhecimento.
A educação física é o momento em que, muitas vezes, contempla a exploração
das possibilidades corporais e de espaço ao desenvolvimento de habilidades
corporais que rendem performances físicas que reforçam as diferenças em seu
aspecto pejorativo. A ausência de exploração do seu próprio movimento corporal,
enquanto linguagem que se efetiva pela atividade motora, se mostra como um dos
maiores entraves à efetivação das práticas corporais na formação global da criança.
Esse contexto nos levou a questionar: Quais as concepções dos professores de
Educação Física sobre as práticas corporais e sua potencialidade no processo de
formação humana, em geral no que tange a compreensão e o respeito às diferenças.
Essa questão fica evidente quando a Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) organizam a conferência mundial sobre
Necessidades Educacionais Especiais promovida na Espanha, com o objetivo de criar
estratégias para superar a exclusão e pela inclusão de pessoas com deficiência no
ensino regular, o que resultou na “Declaração de Salamanca”, sobre princípios,
política e práticas na área das necessidades educativas especiais (UNESCO, 1994).
Esse documento proclama o direito de todas as crianças, jovens e adultos,
independentemente de suas necessidades educativas, ao acesso e permanência à
educação escolar por meio de um ensino planejado, capaz de atender à vasta
diversidade dessas necessidades. Para tanto, as escolas precisam assumir a
responsabilidade de incluir essas pessoas, combatendo a discriminação e oferecendo
ensino com qualidade. Nesse contexto os professores de educação física, precisam
ser capacitados para desenvolver práticas corporais mais adequadas para o alunado
que apresenta deficiências, altas habilidades, superdotação e transtornos globais do
desenvolvimento, sobretudo voltado para a inclusão escolar de tais educandos nas
classes regulares.

Referências bibliográficas:

BRASIL, Lei de Diretrizes e Bases. Lei nº 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996.


Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm. Acesso em: 06
fev. 2024.

CARNEIRO, R. U. C.; CAPELLINI, V. L. M. F.; ZANATTA, E. M. Projeto Político –


Pedagógico na Perspectiva da Educação Inclusiva. In: CAPELLINI, V.L.;
RODRIGUES.O. P.M. (Orgs). Cultura inclusiva. / – Bauru: UNESP/FC, 2012. 148 p. il.
V. 3. (Coleção: Práticas educacionais inclusivas).
CHICON, J. F.; SÁ, M. G. C. S.; FONTES, A. S. Atividades lúdicas no meio
aquático: possibilidades para a inclusão. Revista Movimento, Porto Alegre, v. 19,
n. 2, p. 103-122, 2013.
DECLARAÇÃO DE SALAMANCA. Disponível
em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf. Acesso em: 06 fev.
2024.
FIORINI, Maria Luiza Salzani; MANZINI, Eduardo José. Inclusão de alunos com
deficiência na aula de educação física: Identificando dificuldades, ações e
conteúdos para prover a formação do professor. Rev. Bras. Ed. Esp, - ABPEE,
v.20, n. 3, p. 387-404, 2014. Disponível em: . Acesso em: 06 fev. 2024.
FIORINI, Maria Luiza Salzani; MANZINI, Eduardo José. Dificuldades e Sucessos de
Professores de Educação Física em relação à inclusão escolar. Rev. Bras. Ed.
Esp, v. 22, n. 1, p. 49–64, jan./març. 2016. Disponível em: <
https://www.scielo.br/j/rbee/a/9DgGGb7khDNxQX8CK7hrqGj/abstract/?lang=pt>.
Acesso em: 06 fev. 2024.
MARTINS, M. R. R. Inclusão de alunos autistas no ensino regular: concepções e
práticas pedagógicas de professores regentes. 2007. 163 f. Dissertação (Mestrado
em Psicologia) – Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2007. Disponível em:
http://www.inclusive.org.br/?p=10164. Acesso em 06 fev. 2024.

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