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31/05/2020 AVA UNINOVE

Experiências curriculares em
destaque: as escolas Montessoriana,
Ponte, Lumiar e Réggio Emília; a
pedagogia Waldorf
COMPARAR OS FUNDAMENTOS E PRINCÍPIOS DE DIFERENTES ORGANIZAÇÕES CURRICULARES E COMO
SE REALIZAM AS SUAS PRÁTICAS.

AUTOR(A): PROF. MARIA DO SOCORRO TAURINO

Questões norteadoras
Quais os aspectos que permitem aproximações e distanciamentos entre diferentes propostas pedagógicas?
Quais os seus pontos fortes? Como diferentes escolas, sediadas no país, se relacionam com as diretrizes

curriculares?

[…] que essas diretrizes possam inspirar as instituições educacionais e os


sistemas de educação na elaboração de suas políticas de gestão, bem como de
seus projetos político-pedagógicos com vistas a garantir o acesso, a permanência
e o sucesso dos alunos, resultante de uma educação de qualidade social que
contribua para a construção de uma sociedade mais justa e mais fraterna.
MEC, SEB, DICEI, 2013. PREFáCIO

A distância entre as ideias dos educadores, apresentadas em suas mais diversas teorias, e o que se observa
nas diferentes salas de aula, dos diversos níveis de ensino, conduz docentes e alunos, em formação para o
ensino, a entenderem e verbalizarem esse descompasso, dizendo que a teoria é bonita, mas o que acontece
na realidade é bem diferente.

Em contrapartida, entusiasmados com a profissão, dizem que farão a diferença, quando forem profissionais.
Realmente é o que se espera. Que, mesmo com as limitadas condições de trabalho em termos de
infraestrutura, tempo, alunos por sala, salários, defasagens sociais, culturais e de aprendizagem, eles

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consigam a façanha de por em prática, pelo menos, um pouco do que aprenderam na formação inicial.

Já se entende que, as escolas do país, independente de quem as dirija, seguem os padrões e diretrizes
firmados na Constituição, na Legislação e nos Parâmetros Curriculares, servindo de base para os Projetos
Pedagógicos das Escolas que, por seu turno, plasmam os Planos de Ensino dos Professores, elaborados para
orientar as ações de ensino e de estudo que resultarão em aprendizagens, em termos de quais

aprendizagens e em que profundidade serão realizadas.


A esta altura já se tem como mira a formação de pessoas no sentido de torná-las autônomas,
intelectualmente independentes, conscientes dos problemas da realidade que as cerca e responsáveis pela
sua participação e cooperação em termos sociais, econômicos, políticos e culturais. Também já se sabe que

a matéria-prima para tudo isto é o conhecimento sistematizado que constitui o legado social para as novas
gerações. E agora o que fazer e como fazê-lo?
 

POEMA - CAMõES
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades
muda-se o ser, muda-se a confiança;
todo o mundo é composto de mudança,

tomando sempre novas qualidades.


[…]
E, afora este mudar-se cada dia,
outra mudança faz de mor espanto,
que não se muda já como soía.
(CAMÕES, 2013, p.92)

Considerando a velocidade assumida nos tempos atuais, urge tentar mudanças, mesmo no campo da

educação que, historicamente, tende à permanência. Vamos falar de possibilidades?

Escola Montessoriana
A escola montessoriana considera que a criança é a figura central no processo de aprender. Portanto, a sala
de aula, seu ambiente de estudo, deve  ser “[...]um local onde ela pode se deslocar com liberdade, escolher o
que fazer, escolher com que materiais brincar” (SILVA; LACERDA, 2013, p.115). Esses materiais são
destinados a desenvolver a percepção sensorial e os conhecimentos de linguagem, matemática e ciências.
De acordo com a concepção de criança e da liberdade que precisa, fundamento em que se baseia o método
de aprendizagem montessoriano, apresentam-se alguns de seus pontos positivos: (DOZE PONTOS… s/d)

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Revelou que a criança pequena pode ser um amante do trabalho, do trabalho intelectual, escolhido de
forma espontânea, e assim, realizado com muita alegria.
Ainda que ofereça à criança uma grande espontaneidade consegue capacitá-la para alcançar os mesmos
níveis, ou até mesmo níveis superiores de sucesso escolar, que os alcançados sobre os sistemas antigos.
Consegue uma excelente disciplina apesar de prescindir de coerções tais como recompensas e castigos.
Explica-se tal fato por tratar-se de uma disciplina que tem origem dentro da própria criança e não imposta
de fora.
Baseia-se em um grande respeito pela personalidade da criança, concedendo-lhe espaço para crescer em
uma independência biológica, permitindo-se à criança uma grande margem de liberdade que se constitui
no fundamento de uma disciplina real.
Foram selecionados esses pontos pela sua relevância, considerando aspectos de autonomia e liberdade  e
autocontrole que têm sido o foco central dessa discussão.

Escola da Ponte
A escola da Ponte, como a montessoriana, é bem conhecida entre nós. Também se organiza de forma mais
livre em que as escolhas dos alunos são fundamentais para iniciar o processo de aprender.

As salas de aula são enormes, sem divisões, com móveis adequados aos tamanhos das

crianças, que se unem por interesses e não por idade. Os professores são escolhidos pelos
grupos de alunos, por temas que estão interessados em conhecer. Os grupos poderiam ser
chamados de grupos produtivos, pois os mais velhos auxiliam no aprendizado dos mais
novos. 
(SILVA; LACERDA, 2013, P.118)

Para se organizar assim, parte-se do princípio de que as crianças são capazes, são responsáveis para arcar
com suas escolhas. Os professores as assessoram e possibilitam a correção de rumo para o sucesso dos
projetos de estudo escolhidos. Também, é importante lembrar que essas escolas integram os currículos
oficiais de seus países, são públicas e conseguem médias, nos exames, até acima das médias nacionais

Escola Waldorf
A pedagogia Waldorf tem como base a antroposofia que significa sabedoria humana. Nesta concepção, as
inquietações do homem encontram respostas quando espiritualidade, ciência e arte se complementam.
Assim, o homem chega ao autoconhecimento e ao conhecimento do outro, respeitando e solidarizando-se
com ele e consigo mesmo.

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O desenvolvimento do homem se dá em fases com duração de sete anos. Os setênios escolares são,

principalmente os dois primeiros de 0 a 7 anos (1º setênio) e de 07 a 14 anos (2º setênio). 


 

[…] No ensino fundamental, o foco está na arte de viver e o currículo é apresentado de


maneira ampla, […] Os alunos têm aulas de música, artes e trabalhos manuais, como

costura, tricô e outros. […] Não é difícil entrar em uma sala de aula Waldorf e ver os
alunos cozinhando um pão que os alimentará no dia seguinte ou, ainda varrendo a sala ou

lavando a louça […]  

SILVA; LACERDA, 2013, P.121-122

Legenda: CRIANçAS NA NATUREZA.

O contato com a natureza é priorizado na educação infantil e continua pelos anos seguintes. As

manifestações artísticas fazem parte do dia a dia da vida dos alunos.

Escola Lumiar

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A concepção da escola Lumiar gira em torno da pedagogia por projetos e se organiza em espaços de

trabalho ou oficinas. “[…] um currículo por projetos requer um envolvimento, inclusive, dos alunos em
todas as etapas do processo, desde a decisão por quais conhecimentos priorizar, a metodologia, até o

sistema de avaliação.”   (SILVA; LACERDA, 2013, p.125).


Nesta escola a gestão é compartilhada. As áreas do conhecimento são organizadas em um mosaico,

permitindo a interdisciplinaridade e o aprofundamento dos saberes. A roda é utilizada para discussões em

diversos momentos permitindo a convivência baseada em princípios democráticos.


 

O currículo da escola Lumiar é pensado levando em consideração as competências e


habilidades dos alunos, tendo por foco o trabalho através de projetos em módulos de

aprendizagem e oficinas. Desta maneira, o aluno é desafiado, a cada bimestre, por temas
que são escolhidos pelos alunos em conjunto com os professores. 

SILVA; LACERDA, 2013, P.126

Trata-se de uma escola que também desenvolve um currículo que privilegia a escolha do aluno, sua

participação ativa no desenvolvimento do projeto, culminando com a avaliação dos resultados obtidos e a
autoavaliação, dando ensejo à autonomia, á participação e à responsabilidade social.

Escola Reggio Emilia


A escola Reggio Emilia concebe a criança como um ser único, completo, inteligente e capaz de aprender e
assumir seu papel na sociedade. Para tanto precisa viver em liberdade, enfrentando desafios, correndo

riscos e resolvendo os problemas. A escola, pelo olhar de Loris Malaguzzi, seu idealizador, adota uma
pedagogia em que é prioritário escutar a criança em suas expressões e que a arte seja cultivada em todos os

momentos e em todos os espaços escolares. Privilegia também o espaço das oficinas, visto que se aprende a
partir de projetos. O poema a seguir, nos dá essa dimensão.

LORIS MALAGUZZI
A criança é feita de cem.
A criança tem cem mãos, cem pensamentos, cem modos de pensar,

de jogar e de falar.
Cem, sempre cem modos de escutar as maravilhas de amar.

Cem alegrias para cantar e compreender.

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Cem mundos para descobrir. Cem mundos para inventar.

Cem mundos para sonhar.


A criança tem cem linguagens (e depois, cem, cem, cem),

mas roubaram-lhe noventa e nove.


A escola e a cultura separam-lhe a cabeça do corpo.

Dizem-lhe: de pensar sem as mãos, de fazer sem a cabeça, de escutar e de não falar,
De compreender sem alegrias, de amar e maravilhar-se só na Páscoa e no Natal.

Dizem-lhe: de descobrir o mundo que já existe e de cem,

roubaram-lhe noventa e nove.


Dizem-lhe: que o jogo e o trabalho, a realidade e a fantasia, a ciência e a imaginação,

O céu e a terra, a razão e o sonho, são coisas que não estão juntas.
Dizem-lhe: que as cem não existem. A criança diz: ao contrário,

as cem existem. (Loris Malaguzzi)

Com este entendimento, o currículo se desenvolve com “pesquisa, produções artísticas e de textos,

observação, discussão, entrevistas, explorações de números e o que mais for necessário para as crianças

experimentarem e, com isso, avançarem. (NOVA ESCOLA, 2013, p.2)


Fica claro, como em outras escolas já apresentadas, o aluno é protagonista. Quebra-se a hierarquia com

ranços autoritários, constroem-se espaços democráticos em que prevalecem a ordem , o respeito, a


cooperação. As oficinas são espaço de criação e de autorização. 

Os espaços contribuem para o sucesso do trabalho. As salas são amplas e interligadas, a

cozinha é envidraçada para que crianças e funcionários interajam, o pátio tem áreas ao ar
livre que favorecem a exploração e a curiosidade. Nos corredores, são afixados os

trabalhos das crianças e por todos os ambientes fica evidente o cuidado com a estética. Os

materiais que alimentam as explorações - objetos reaproveitados e rejeitos de indústrias


parceiras - são cuidadosamente selecionados. 

NOVA ESCOLA, 2013, P.2

Fica bem claro que a ideia de uma criança capaz de aprender de forma autônoma, orienta para novos
arranjos dos espaços e tempos de aprendizagem. Por outro lado, escutar a criança, significa definir o seu

direito de falar, argumentar, justificar. Isto é científico, é ético, é político. Não é sem razão o valor que se dá
aos registros escolares, disponíveis e também transformados em cenários artísticos.

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ATIVIDADE

O conjunto das escolas analisadas, neste tópico, apresentam em suas

propostas curriculares, um ponto em comum traduzido pela:

A. - liberdade que é dada ao aluno para protagonizar o próprio processo de

aprender.
B. - liberdade para o aluno fazer o que quiser, com a proteção dos seus
professores.
C. - não submissão do trabalho escolar às diretrizes oficiais.

D. - distância dos professores, atelieristas e da própria família nos


trabalhos dos alunos.

ATIVIDADE

O fato de que a Escola da Ponte possibilite, aos alunos, uma


aprendizagem compartilhada, sem separação de níveis ou idades, tem

evidenciado que ela dá chance para a:

A. - demonstração da superioridade dos alunos mais experientes.

B. - troca de experiências e exercício das relações democráticas.


C. - acomodação propiciando uma aprendizagem que deixa a desejar.
D. - descompasso entre o que se aprende e o que é orientado oficialmente.

ATIVIDADE

integrar os campos da espiritualidade, das expressões artísticas e das

ciências na formação do ser humano é a característica fundamental do


currículo da:

A. - escola pública brasileira.


B. - secretaria municipal de São Paulo.
C. - da pedagogia Waldorf.

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REFERÊNCIA
BRASIL. Diretrizes curriculares nacionais gerais da educação básica. Ministério da Educação. Secretaria de
Educação Básica. Diretoria de Currículos e Educação Integral. Brasília: MEC, SEB, DICEI, 2013

CAMÕES, Luís de. 1524-1580. Sonetos. 4.ed. São Paulo: Martin Claret, 2013.
Doze pontos positivos do método montessoriano.  Disponível em http://www.montessori-
al.com.br/cmm/mariamontessori.pdf (http://www.montessori-al.com.br/cmm/mariamontessori.pdf ).
Acesso em 14/11/2016

SILVA, C. V; LACERDA, S da C. Conhecendo diferentes propostas curriculares. In Bioto- Cavalcanti et al.


(orgs) Currículo escolar. Jundiaí: Paco, 2013. Pedagogia de A a Z. Vol. 2
NOVA ESCOLA. Eles são capazes de tudo. Edição 267 Novembro 2013. Disponível

em  http://acervo.novaescola.org.br/creche-pre-escola/conheca-experiencias-brasileiras-inspiradas-reggio-
emilia (http://acervo.novaescola.org.br/creche-pre-escola/conheca-experiencias-brasileiras-inspiradas-
reggio-emilia). Acesso em 14/11/2016

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