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24/04/2020 AVA UNINOVE

Função social do currículo


PROBLEMATIZAR A FUNÇÃO SOCIAL DO CURRÍCULO ESCOLAR E A IMPORTÂNCIA DE SE ENTENDER

COMO SÃO PROPOSTOS OS CONHECIMENTOS VALIDADOS PELA EDUCAÇÃO ESCOLAR POR MEIO DO
CURRÍCULO PRESCRITO.

AUTOR(A): PROF. MARIA DO SOCORRO TAURINO

O conceito de currículo se faz presente em todas as relações escolares, para alunos e alunas, professores e

professoras, gestores e gestoras, equipe de apoio, familiares e comunidade. Apesar de muitas vezes as
pessoas não terem a real consciência da importância de se entender a função social do currículo escolar.

A função social do currículo esta estreitamente ligada a definição dos conhecimentos ensinados e
aprendidos ao longo do percurso escolar, os objetivos de formação e os caminhos na construção formativa

de uma sociedade. Para José Augusto Pacheco: 

Uma primeira complexidade reside na sua conceituação. Tal como as diferenças expressas
nas definições de currículo, assim a noção de desenvolvimento curricular depende do

modo como é definido a trajetória de formação. Contudo, e apesar das diferentes


concepções de currículo reconhece-se que o desenvolvimento curricular é um processo de

construção que envolve pessoas e procedimentos acerca destas interrogações: quem toma
decisões acerca das questões curriculares? Que escolhas são feitas? Que decisões são

tomadas? Como é que essas decisões são traduzidas na elaboração, realização e avaliação

de projetos de formação? 
P 44, 2005

O desenvolvimento do currículo envolve aspectos como:


- Processo interpessoal, com diferentes pessoas e pontos de vista variados sobre questões como ensino e
aprendizagem;

- Processo político, que envolve tomada de decisões em nível nacional, regional e local;
- Processo social, que envolve grupos ideológicos diferentes.
O currículo inicia-se com uma proposta formal, chamado de currículo prescrito ou currículo oficial, sendo

esta a proposta normativa de governos em variados níveis, nacional, estadual ou municipal. A fase seguinte
é a apresentação do currículo aos professores, uma das formas que este currículo é apresentado é via os
manuais e livros didáticos. Na terceira etapa   o currículo é apresentado por meio do projeto político
pedagógico da escola, sendo denominado currículo programado.

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A fase do currículo real ou currículo de acção ou currículo como actividade de sala de aula
é a que se situa num contexto de ensino e que corresponde ao currículo operacional, isto
é o currículo que acontece hora a hora, dia após dia, na escola e na sala de aula. O

currículo operacional também é um currículo percebido. Existe nos olhos de quem o


observa. 
PACHECO, P. 51, 2005

O currículo presente na prática diária da escola e denominado de currículo realizado, também conhecido
como currículo experiênciado. É importante observarmos que há uma diferenciação entre o currículo

oficial, aquele proposto pelas políticas públicas educacionais, e o currículo realizado, que é o que acontece
cotidianamente nas salas de aula. A trajetória entre o currículo oficial e o currículo experiênciado é muito
longa, e nem sempre o que realmente acontece na escola é aquilo que foi proposto. Isto se dá por diversos

motivos, podemos citar entre eles:


- Imposição do Estado de uma proposta de ensino sem ampla discussão com a sociedade;

- Falta de participação dos educadores na definição de um currículo;


- Desconhecimento de professores e gestores do percurso de formação dos alunos;
- Falta de envolvimento da comunidade escolar nas discussões sobre ensino e aprendizagem;
Estas são apenas algumas questões que muitas vezes faz com que o currículo proposto não seja colocado em
prática no dia a dia da escola. “Quando o currículo realizado não corresponde ao currículo oficial e
explicito, diz-se que existe o currículo oculto que abrange os processo e efeitos que, não estando previstos
nos programas oficiais, fazem parte das experiências de formação.” (PACHECO, p. 52, 2005)

ALGUNS CONCEITOS - CURRÍCULO OCULTO


O currículo oculto está presente no cotidiano escolar sob a forma de aprendizagens não planejadas.

Ele é resultado das relações interpessoais desenvolvidas na escola, da hierarquização entre


administradores, direção, professores e alunos e da forma como os alunos são levados a se
relacionarem com o conhecimento.
No cotidiano escolar, os alunos desenvolvem saberes que não constam nos planejamentos. Alguns,
inclusive, não são desejados pelo professor e são aprendidos através das rotinas. A escola produz
tipos particulares de conhecimentos em concordância com as relações sociais de produção
capitalista, entre os quais a obediência, o trabalho alienado com avaliação externa e outros.

Silva (1992) considera que o tipo de relação estabelecido entre aluno e conhecimento é que produz
um currículo oculto. Em seu estudo, conclui que, sob a aparência de uma escolarização de mesmo
formato (séries, ano, horário), os alunos experimentam tipos bastante diversos de escolarização.
Nas escolas que atendem a crianças de classes baixa e média, o conhecimento é aprendido numa
relação de subordinação, ao passo que na escola de alunos de classes média e alta a aprendizagem
contempla os princípios que estão por trás da produção do conhecimento.

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Para Torres Santomé (1994), a discussão a respeito do currículo oculto nos faz perceber o
signiï¬ cado de práticas e rotinas que, até pouco tempo, passavam despercebidas. São destrezas
desenvolvidas nos alunos para que aprendam e interiorizem formas acríticas e irre﬿exivas de
viver no atual modelo de sociedade.
Fonte: https://www.revistas.ufg.br/fef/article/view/173/1470 - acesso em 25/11/2016
(https://www.revistas.ufg.br/fef/article/view/173/1470%20-%20acesso%20em%2025/11/2016)

O currículo é uma construção cultural, econômica e social, por isso a importância de entendermos seus
conceitos e funções, escolher o processo de formação dos indivíduos são decisões políticas e ideológicas. O

currículo proposto para a educação escolar não nasce do nada, ele é resultado de múltiplas influências.
Podendo se destacar:
- A sociedade;
- Aluno;
- A cultura;
- Ideologia / hegemonia
As influências destacadas por Pacheco (2005), podem ser explicadas da seguinte forma:  

A relação escola/sociedade, serve a um conjunto diverso e complexo de


SOCIEDADE interesses, tendo como base comum a preparação social dos indivíduos,
formando-os em valores espirituais, estéticos, morais e cívicos.

Um currículo não se elabora no vazio, nem tão pouco se organza


CULTURA arbitrariamente. O currículo é, antes de mais, um projeto de escolarização que
reflete a concepção de conhecimento e a função cultural da escola.

A análise do sujeito, do seu processo de aprendizagem, é uma das abordagens


imprescindíveis na análise curricular, constituindo-se em um dos principais
ALUNO pressupostos curriculares. O currículo deve elaborar-se de acordo com o
desenvolvimento do aluno, pois os currículos estão estruturados de modo que
os estudantes possam aprender.

O currículo como projeto cultural, social e político pode ser construído na base
IDEOLOGIA/HEGEMON
de ideologias ou de sistemas de idéias, valores, atitudes, crenças partilhadas
IA
por um grupo de pessoas com um peso significativo na sua elaboração.

Fonte: (PACHECO, 2005)


O currículo possui múltiplas possibilidades de debates, e entender sua importância e função dentro da

escola e fora dela se faz urgente. Vimos ao longo do texto que vários atores sociais devem participar na

construção do currículo, e todos possuem influência sobre a constituição do mesmo. A  grande função social
do currículo é levar a sociedade problematizações sobre os conhecimentos necessários para a formação de

uma sociedade mais democrática. 

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LEITURA DE APROFUNDAMENTO:
Com o objetivo e ampliar seus conhecimento indicamos a leitura do texo: O CURRÍCULO ESCOLAR

E AS AVALIAÇÕES EM LARGA ESCALA: REPRESENTAÇÃO NA PRODUÇÃO CIENTÍFICA NACIONAL,


Das autoras DA SILVEIRA, Carmem Lucia Albrecht - Mestranda - UPF/RS e ESQUINSANI, Rosimar

Serena Siqueira - Pós-Doutor - UPF/RS. 


http://sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe7/pdf/01-

%20ESTADO%20E%20POLITICAS%20EDUCACIONAIS%20NA%20HISTORIA%20DA%20EDUCACAO
%20BRASILEIRA/O%20CURRICULO%20ESCOLAR%20E%20AS%20AVALIACOES%20EM%20LARGA%

20ESCALA.pdf 

ATIVIDADE

. A trajetória entre o currículo oficial e o currículo experiênciado é

muito longa, e nem sempre o que realmente acontece na escola é aquilo

que foi proposto. Isto se dá por diversos motivos, podemos citar entre
eles:

I - Imposição do Estado de uma proposta de ensino sem ampla

discussão com a sociedade;

II - Falta de participação dos educadores na definição de um currículo;

III - Desconhecimento de professores e gestores do percurso de

formação dos alunos;

IV - Falta de envolvimento da comunidade escolar nas discussões sobre


ensino e aprendizagem;

Assinale a alternativa correta:

A. As alternativas corretas são as I, II e III.

B. Não há alternativa correta.


C. As alternativas corretas são as I, II, III e IV

ATIVIDADE
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O currículo proposto para a educação escolar não nasce do nada, ele é

resultado de múltiplas influências. Podendo se destacar:

- A sociedade; - Aluno; - A cultura;- Ideologia / hegemonia. Quais são


as influências da sociedade na construção de um currículo?

A. A relação escola/sociedade, serve a um conjunto diverso e complexo de


interesses, tendo como base comum a preparação social dos indivíduos,

formando-os em valores espirituais, estéticos, morais e cívicos. 


B. Um currículo não se elabora no vazio, nem tão pouco se organiza

arbitrariamente. O currículo é, antes de mais, um projeto de


escolarização que reflete a concepção de conhecimento e a função

cultural da escola.

C. O currículo como projeto cultural, social e político pode ser construído


na base de ideologias ou de sistemas de idéias, valores, atitudes, crenças

partilhadas por um grupo de pessoas com um peso significativo na sua


elaboração.

ATIVIDADE

A análise do sujeito, do seu processo de aprendizagem, é uma das

abordagens imprescindíveis na análise curricular, constituindo-se em

um dos principais pressupostos curriculares. O currículo deve elaborar-

se de acordo com:

A. O que deseja o sistema político e econômico.


B. (...)  o desenvolvimento do aluno, pois os currículos estão estruturados

de modo que os estudantes possam aprender.


C. Os indicativos de qualidade.

REFERÊNCIA
PACHECO, J.A. Escritos Curriculares. São Paulo: Cortez, 2005.

SILVA, T. T. O que produz e o que reproduz em educação. Porto Alegre: Artmed, 1992.

TORES SANTOMÉ, J. El curriculum oculto. 4. ed. Madrid: Morata, 1994.

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