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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

CURSO DE GRADUAÇÃO EM LETRAS – INGLÊS

KARINE RODRIGUES ARCANJO

ANÁLISE E REFLEXÃO DE PROPÓSTAS PEDAGÓGICAS E METODOLOGIAS


DE ENSINO USADAS SEGUNDO AS NECESSIDADES E PARTICULARIDADES
DOS EDUCANDOS

Carmo do Cajuru

2021
INTRODUÇÃO

A pesquisa baseia-se na análise de propostas pedagógicas das escolas da Rede


Pública e Privada bem como em referenciais teóricos para melhor estudo e
observação. Ao longo dos anos, as instituições de ensino têm buscado cada vez
mais formas de integrar os alunos dispondo-se de metodologias capazes de utilizar
e ampliar o saber prévio inserindo também novos conhecimentos, no entanto, o
modelo educacional permanece quase o mesmo.

OBJETIVO

Através da leitura de propostas pedagógicas encontradas em sites de escolas das


redes públicas e privadas, e de pesquisas em artigos, revistas e sites, buscou-se
analisar e refletir quanto a educação, a escola, os professores e a metodologia
utilizada considerando os alunos como seres individuais como abordado por
Cavellucci (2005):

Sabemos que as pessoas diferem umas das outras em vários aspectos, uns
mais visíveis e outros nem tanto, como é o caso da aprendizagem. Cada um
de nós é um ser único. Por isso, não podemos compreender como as
pessoas aprendem somente baseando-nos em teorias de educação, a
maioria delas, tratando a aprendizagem como um processo vivenciado por
todos da mesma maneira. Elas procuram o que todos temos em comum
quando aprendemos. Não se trata de negar as valiosas contribuições destas
teorias para uma compreensão mais geral dos processos de aprendizagem,
mas queremos ir além, procuramos entender no que diferimos uns dos
outros quando aprendemos. (CAVELLUCCI, 2005).

Segundo Mazuroski et. al. (2008), “a pesquisa constante no tema tem revelado a
importância de ajustar os estilos de aprendizado ao aluno”, sendo assim, cabe as
instituições se adaptarem para atender as necessidades dos discentes considerando
as capacitações de cada um.

DESENVOLVIMENTO

A educação é um dos direitos sociais assegurados assim como pode-se analisar no


Capítulo II, Artigo 6° da Constituição Federal de 1988, “[...] a educação, a saúde, a
alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência
social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na
forma desta Constituição” (BRASIL, 1988).

A garantia de uma educação de qualidade para todos implica não só um


redimensionamento da escola no que consiste na valorização das diferenças, mas
também na aceitação e adaptação da metodologia, indo além da mecanização e
padronização de ensino, utilizando-se a capacidade dos educandos de pensar,
questionar, aprender e expandir os conhecimentos dispondo de experiências vividas
e das relações com o meio social, tratando-os como individuais e não como um todo,
pois tal qual aponta Tacca e Rey (2008), “ser compreendido na sua singularidade
possivelmente livraria muitos desses alunos de rótulos estereotipados procedentes
da desconsideração da forma diversa que eles têm de compreender e de se
posicionar frente ao conhecimento”.

Na atualidade, sabe-se que as instituições de ensino, em sua maioria, são cativas da


metodologia de ensino passivo – ainda que apresentem em seu currículo uma
proposta ativa – baseando-se nos pressupostos behavioristas, que tem o professor
como ativo, detentor do conhecimento, e o discente como passivo: “numa
concepção behaviorista de aprendizagem, o aluno é passivo, acrítico e mero
reprodutor de informação e tarefas. O aluno não desenvolve a sua criatividade e,
embora se possam respeitar os ritmos individuais, não se dá suficiente relevo à sua
curiosidade e motivação intrínsecas (VASCONCELOS; PRAIA e ALMEIDA, 2003. p.
12).”

A limitação da autonomia dos alunos acaba se tornando um gatilho para a falta de


interesse, a sensação de não poder ir além do que é estipulado pelos docentes e o
sentimento de que esta é sua única função no processo do aprendizado. A
monotonia do ensino, além da padronização a qual são submetidos apenas ajudam
a concretizar tais conceitos. Tacca e Rey (2008) ressaltam:

Se, para professores, a atividade de aprender pode ser identificada pelas


funções de adquirir, assimilar, incorporar, captar, absorver, internalizar, do
lado do aluno, parece que essa atividade não vai muito além, pois, na
medida das propostas que a eles são lançadas, vão assumir a atividade de
assimilação, absorção, etc., e chegarão a se convencer de que é esse o seu
papel. Parece que eles também não imaginam que o aprender possa ser
algo diferente, para ser realizado de forma diferente em uma escola
organizada também de forma diferente. (TACCA e REY, 2008. p. 142).
Em pesquisa realizada por DOS ANJOS; OLIVEIRA e SOUSA (2018), foram
analisados, através de questionários respondidos por 182 estudantes com idades
entre 14 e 57 anos de ambos os sexos, a interação dos alunos com o professor em
sala de aula. Foram ressaltados pontos positivos e negativos, dentre eles, foram
apontados como negativos a exigência extrema acima dos alunos que acaba por
frustrá-los ao não atingir o resultado esperado, a falta de interação, a acomodação
ao que se considera “suficiente” sem buscar pelo novo, e a metodologia aplicada.
Em contrapartida, foram ressaltados como pontos positivos o tratamento e a atenção
do professor para com os alunos, a comunicação, a convivência e a forma de
ensino.

Como analisado na pesquisa, apesar de haver resultados positivos e negativos


acerca da metodologia de ensino, os alunos ainda esperam mais quanto a
interações e a fuga da acomodação a qual são expostos. Ainda seguindo a linha de
pensamento das autoras, “a problemática que ocorre hoje é que os alunos até estão
dispostos a aprender, mas ainda há muita resistência dos professores em relação ao
método de ensino e sua postura em sala. (DOS ANJOS; OLIVEIRA; SOUSA, 2018).

A relação entre educador e educando e o ambiente social pode afetar diretamente


no aprendizado dos mesmos, sendo que “a relação escolar tem que estar em
constante equilíbrio, quando o professor consegue ministrar a matéria considerando
a aprendizagem individual de cada um, chega a um bom resultado do aprendizado,
considera-se um equilibro no processor [sic] da aprendizagem. (DOS ANJOS;
OLIVEIRA; SOUSA, 2018). ”

A carência de uma metodologia dinâmica, como já citado anteriormente, promove o


desinteresse, a falta de interação e acaba por prejudicar o processo de
aprendizagem. A possibilidade de se inserir no ambiente, de expor seus
pensamentos e opiniões instiga os discentes ao conhecimento, além de promover a
dinâmica estimada.

Contrárias à metodologia tradicional utilizada e já apresentada, as metodologias


ativas de ensino colocam os alunos no centro do processo de aprendizagem
enquanto o professor atua apenas como um facilitador. Nesse percurso, há uma
“migração do ‘ensinar’ para o ‘aprender’, o desvio do foco do docente para o aluno,
que assume a corresponsabilidade pelo seu aprendizado” (SOUZA; IGLESIAS;
PAZIN-FILHO, 2014, p. 285 apud DIESEL; BALDEZ; MARTINS, 2017, p. 273).

Com a utilização de metodologias ativas, o educador é capaz de promover


significativamente a autonomia do educando, tal como a motivação do mesmo,
instigando o sentimento de cooperação e criando novos caminhos através da
utilização do conhecimento prévio do discente e das realidades que os cercam,
como tratado por Diesel, Baldez e Martins (2017):

[...] à medida que são oportunizadas situações de aprendizagem


envolvendo a problematização da realidade em que esteja inserido, nas
quais o estudante tenha papel ativo como protagonista do seu
processo de aprendizagem, interagindo com o conteúdo ouvindo,
falando, perguntando e discutindo, estará exercitando diferentes
habilidades como refletir, observar, comparar, inferir, dentre outras, e
não apenas ouvindo aulas expositivas, muitas vezes mais
monologadas que dialogadas. (DIESEL; BALDEZ; MARTINS, 2017, p. 276).

Para o desenvolvimento deste trabalho, foram analisadas as propostas pedagógicas


de 5 instituições de ensino que atendem desde o Fundamental I até o Ensino Médio.
Com a análise, notou-se uma constância de propostas que visam colocar o aluno
como um participante ativo do processo de construção do aprendizado, propõe o
desenvolvimento da autonomia e da criatividade tal como apresenta-se no trecho
retirado do documento de uma das instituições analisadas:

[...] a metodologia de ensino-aprendizagem proporciona ao aluno ampliar o


que já sabe, entrando em contato com hipóteses acerca do que ele ainda
desconhece possibilitando o desenvolvimento da autonomia em relação à
produção e aquisição de conhecimentos acadêmicos e de metacognição,
levando-o a aprender.
Desta forma, o aluno quando agente de seu processo de aprendizagem,
torna-se:
• Investigativo na busca de respostas para suas inquietações e justificando
suas ideias;
• Criativo e não apenas um mero reprodutor de informações;
• Consciente de suas capacidades, direitos e deveres;
• Ético para colocar em prática os traços de caráter aprendidos, condição
indispensável para uma boa formação intelectual e moral para o
enfrentamento das dificuldades a serem superadas.
No entanto, as propostas que enchem os olhos, muitas das vezes sequer saem do
papel. É comum adentrar uma sala de aula e se deparar com o mesmo cenário já
visto desde anos atrás: o professor à frente da turma, os alunos dispostos em
fileiras, copiando o conteúdo passado sem voz para questionar ou opinar contra o
que já está enraizado no sistema. Ainda que tenham a mudança em mente, os
docentes seguem se baseando no modelo tradicional de ensino e despejando o
conhecimento nos discentes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante o conteúdo analisado e estudado, é possível dizer que uma boa proposta é
indispensável, tão quanto a execução da mesma. O contato professor-aluno é
fundamental, uma vez que, através dele se torna possível notar as individualidades
de cada um, tal como a percepção dos conhecimentos prévios do discente que
podem e devem ser usados para trabalhar os conteúdos.O diálogo torna-se
essencial uma vez que “o diálogo na relação de professores e alunos apresenta-se
como o canal pelo qual pode transitar a investigação dos processos de
aprendizagem dos alunos. (TACCA e REY, 2008. p. 160).

Implementar uma metodologia, no entanto, não é tão fácil, visto que por anos fomos
acostumados com o sistema mecânico e recorrente e o receio com o “novo” acaba
por incitar o uso do que já está cravado na zona de conforto. Trabalhar os objetivos
e fundamentos de forma clara é necessário, uma vez que ajuda na compreensão da
metodologia a ser utilizada de forma a que atinja os objetivos considerando ambos,
educando e educado.

Adequar-se à outra metodologia, entretanto, não implica em acomodar-se, uma vez


que, ao fazer o uso contínuo do mesmo plano de aula e estratégias sem qualquer
reavaliação ou inovação pode causar os mesmos efeitos de rotina e mecanização,
perdendo o caráter ativo e voltando a passividade dos estudantes.

Assim sendo, a redefinição do ambiente escolar, enquanto espaço de comunicação,


interações, debates e cooperação beneficia diretamente a autonomia, posto que
“são precisamente os sistemas de relacionamento no interior da sala de aula os que
permitem o desenvolvimento dos recursos subjetivos (TACCA e REY, 2008. p. 160).”
REFERÊNCIAS

CAVELLUCCI, Lia Cristina B. Estilos de aprendizagem: em busca das diferenças


individuais. Curso de Especialização em Instrucional Design, v. 33, 2005.

MAZUROSKI JR, Aristeu et al. Variação nos estilos de aprendizagem: investigando


as diferenças individuais na sala de aula. ReVEL, v. 6, n. 11, p. 1-16, 2008.

PLANALTO. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível


em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 10
nov. 2021

TACCA, Maria Carmen Villela Rosa; REY, Fernando Luis González. Produção de
sentido subjetivo: as singularidades dos alunos no processo de
aprender. Psicologia: ciência e profissão, v. 28, p. 138-161, 2008.

VASCONCELOS, Clara; PRAIA, João Félix; ALMEIDA, Leandro S. Teorias de


aprendizagem e o ensino/aprendizagem das ciências: da instrução à
aprendizagem. Psicologia escolar e educacional, v. 7, p. 11-19, 2003.

DOS ANJOS, Camila Conceição; OLIVEIRA, Jerdeany Sousa; SOUSA, Paula Maria
Trabuco. RELAÇÃO PROFESSOR E ALUNO NO PROCESSO EDUCACIONAL.
In: Anais Colóquio Estadual de Pesquisa Multidisciplinar (ISSN-2527-2500) &
Congresso Nacional de Pesquisa Multidisciplinar. 2018.

DIESEL, Aline; BALDEZ, Alda Leila Santos; MARTINS, Silvana Neumann. Os


princípios das metodologias ativas de ensino: uma abordagem teórica. Revista
Thema, v. 14, n. 1, p. 268-288, 2017.

COLÉGIO DOM PEDRO. Proposta Pedagógica. Disponível em:


https://colegiodompedro.com.br/wp-content/uploads/2018/05/proposta-pedag%C3%
B3gica-col%C3%A9gio-dom-pedro.pdf. Acesso em: 9 nov. 2021.
COLÉGIO CRUZEIRO. Proposta Pedagógica. Disponível em:
http://www.colegiocruzeiro.g12.br/educacao_infantil.php?cnt=proposta_pedagogica&.
Acesso em: 9 nov. 2021

ESCOLA DO FUTURO. Proposta Pedagógica. Disponível em:


https://www.escoladofuturo.com.br/proposta-pedagogica/. Acesso em: 9 nov. 2021

COLÉGIO MACHADO SOBRINHO. Proposta Pedagógica. Disponível em:


https://www.colegiomachadosobrinho.com.br/colegio/proposta-pedagogica/. Acesso
em: 9 nov. 2021

ESCOLA FUTURA. Proposta Pedagógica. Disponível em:


https://futuracampinas.com.br/escola-campinas/prop.html. Acesso em: 9 nov. 2021

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