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DINÂMICAS DO ENSINO DE HISTÓRIA

A Construção dos saberes e o Brasil de 2020

Autor Ana Paula Dallegrave


Prof. Orientador Fabiana Lazzari
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
História (Flx0012) – Trabalho de Graduação
12/12/20

RESUMO

Este trabalho apresenta uma pesquisa direcionada para as dinâmicas do ensino da


história que favorecem a inclusão de todo o alunado, o tema é uma preocupação
constante das instituições escolares, professores e famílias dos educandos. Diante desse
cenário e da diversidade social e cultural que as escolas abrigam, percebe-se que o
ensino da disciplina de história deve abranger a todos os indivíduos de forma homogênea
e promover uma aprendizagem significativa para a construção do pensamento crítico e
analítico. Propõe ainda uma reflexão sobre as dinâmicas do ensino da História analisando
as técnicas de ensino-aprendizagem, os processos envolvidos para a elaboração de
métodos e dinâmicas de ensino, as mudanças e desafios encontrados por quem educa e
as recentes mudanças nas práticas do ensino em razão da pandemia.

Palavras-chave: Educação. Dinâmicas do Ensino de História. Desafios da Educação.

1 INTRODUÇÃO

Este trabalho busca analisar e contribuir com as dinâmicas do ensino da História


observando o ensinar e o aprender, os processos envolvidos, as mudanças e desafios
diários de quem educa dentro e fora dos espaços formais de educação, com o propósito
de construir um referencial teórico-metodológico que possa subsidiar o professor no seu
trabalho com o conhecimento, contribuindo para a melhoria da qualidade de ensino. A
ação leva a uma transformação e ao entendimento dos mecanismos dessa
transformação, partindo da análise das dinâmicas do ensino da história e a construção
dos seus conceitos e fundamentos, a utilização de materiais e espaços dentro e fora da
instituição escolar, orientando para o pensamento crítico e problematizando questões
relacionadas a aprendizagem do aluno, como um sujeito ativo na construção do
conhecimento. Conhecer, nesta abordagem, é segundo Wallon, substituir essa mistura de
confusão e de dissociação, que é a representação puramente concreta das coisas, pelo
mundo das relações. (Wallon, 1989, p. 209). Para tanto é necessária uma inclusão onde o
desenvolvimento de estratégias prepondere pela desconstrução das relações de
desigualdade e invisibilidade do outro. No lugar do medo diante da diferença, precisamos
da amplitude e valorização da diversidade e da humanidade. Para Freire, este movimento
de busca, porém, só se justifica na medida em que se dirige ao ser mais, à humanização
dos seres humanos [assim] ninguém pode ser, autenticamente, proibindo que os outros
sejam, esta é uma exigência radical. (FREIRE, 2003, p. 74-75). Atualmente, cresce a
consciência da necessidade de se superar a simplificação de conceitos e se busque
construir referenciais sólidos que alcancem de forma efetiva todos os agentes envolvidos
no processo de ensino-aprendizagem, [...] a inclusão, portanto, é uma nova visão da
educação baseada na diversidade e não na homogeneidade. É um processo destinado a
responder às diferentes necessidades de todo o alunado e a incrementar sua participação
na aprendizagem, nas culturas e nas comunidades, reduzindo a exclusão. (UNESCO,
2005).
Partindo então dos movimentos de inclusão, educação igualitária, construção do
pensamento e dos saberes históricos, será apresentado ao longo deste trabalho, uma
breve análise sobre as metodologias e dinâmicas do ensino, sua problematização e
propor uma reflexão sobre a construção do conhecimento, as mudanças implementadas,
os desafios enfrentados durante o ano de 2020 na educação brasileira e as
transformações na dinâmica do ensino da história diante desse cenário.

2 DINÂMICAS E METODOLOGIAS

Ainda hoje, nas escolas o ensino de história tem um caráter tradicional, utilizando
as práticas pedagógicas e didáticas acumuladas pelos professores ao longo dos anos,
fazendo da memorização (decorar nomes, datas e acontecimentos) de conteúdos o
principal método de ensino-aprendizagem da disciplina, essa prática, no entanto, não
propicia a reflexão e problematização da história como um movimento em constante
mudança e evolução. Como demostra Toledo:
O estudo da História passa a ser entendido como uma memorização de
nomes, datas, fatos e lugares. Essa prática de ensino é criticada porque a
memorização como perspectiva de aprendizagem impede a reflexão da
história como movimento de continuidade e rupturas além de cristalizar uma
história de heróis e fatos isolados. (TOLEDO).
Freire corrobora com esse pensamento quando demostra que:
A memorização mecânica do perfil do objeto não é aprendizado verdadeiro
do objeto ou do conteúdo. Neste caso, o aprendiz funciona muito mais como
paciente da transferência do objeto ou do conteúdo do que como sujeito
crítico, epistemologicamente curioso, que constrói o conhecimento do objeto
ou participa de sua construção (FREIRE, 1996).
Nesse contexto, o debate sobre a inclusão de novas dinâmicas e metodologias de ensino
de história dentro das instituições escolares vem ganhando espaço. Assim como explicita
Berbel,
o engajamento do aluno em relação a novas aprendizagens, pela
compreensão, pela escolha e pelo interesse, é condição essencial para
ampliar suas possibilidades de exercitar a liberdade e a autonomia na
tomada de decisões em diferentes momentos do processo que vivencia,

preparando-se para o exercício profissional futuro. (BERBEL, 2011).

Sendo assim, é possível perceber que as novas dinâmicas e metodologias inseridas no


processo de ensino, deverão ser utilizadas para promover e valorizar a
autoaprendizagem, incentivar a pesquisa, das novas informações, a problematização, a
reflexão, o diálogo e a construção do conhecimento. Além do estímulo criativo, crítico e
reflexivo, em que o sujeito possa dessa maneira atuar de forma plena sua cidadania. Para
Jacomel, se faz necessário problematizar o conhecimento histórico
em sala de aula na formação intelectual do aluno, proporcionando o desenvolvimento na
compreensão da realidade histórico-social. (JACOMEL, 2007). Para Bittencourt, no que se
refere à disciplina escolar História, qualidade de educação tende a estar associado à
necessidade de um ensino mais inovador, mais contextualizado, devendo as disciplinas
escolares deixar de ser lecionadas de forma “tradicional” e se voltarem mais aos
interesses dos alunos. (BITTENCOURT, 2011). Se o sujeito estiver preparado para
realizar uma leitura crítica da própria realidade, irá entender que aquilo que é apresentado
como uma verdade absoluta, pode ser apenas uma maneira de expressar determinado
fato. Contudo, o indivíduo que não houver sido preparado para tal, passa a receber a
informação como verdade absoluta, sem refletir ou problematizar a questão. A
consideração sobre os fatos transige no reconhecimento da importância do fortalecimento
da consciência crítica dos educandos na escola e no ambiente em que vivem, que
instrumentalizam o sujeito a uma postura e pensamento ético e independente:
As crianças precisam crescer no exercício desta capacidade de pensar, de
indagar-se e de indagar, de duvidar, de experimentar hipóteses de ação, de
programar e de não apenas seguir os programas a elas, mais do que
propostos, impostos. As crianças precisam ter assegurado o direito de
aprender a decidir, o que se faz decidindo. Se as liberdades não se
constituem entregues a si mesmas, mas na assunção ética de necessários
limites, a assunção ética desses limites não se faz sem riscos a serem
corridos por elas e pela autoridade ou autoridades com que dialeticamente
se relacionam (FREIRE, 2000).
Com base no exposto, surge a urgência de os professores buscarem novos caminhos e
novas metodologias e dinâmicas de ensino que priorizem a interação entre os sujeitos, o
protagonismo e a postura crítica e autônoma dos estudantes, a fim de promover
efetivamente um ensino crítico e reflexivo, transformador da realidade.

2.1 A COSTRUÇÃO DOS SABERES

A dinâmica do ensino da história, diante do atual cenário da sociedade e suas


rápidas transformações precisa, por vezes, mutar, para que o educando seja assistido de
forma integral em sua necessidade, assim estabelecendo cidadania e autonomia ao
aluno. Segundo Paulo Freire (1996), o educador democrático na sua prática de ensinar
cabe reforçar a capacidade crítica do aluno. Uma das tarefas primordiais do educador é
de que precisa trabalhar a rigorosidade metódica, com que devem se aproximar dos
objetos cognoscíveis, porque ensinar não se esgota no tratamento do objeto ou do
conteúdo, pouco fundamentado, mas se alonga a produção das condições em que
aprender criticamente é possível. (Freire, Paulo; 1996). Dessa forma, compreende-se que
o educador deve incentivar a autonomia do aluno, para que ele busque, por si mesmo, o
seu conhecimento e tenha a oportunidade de chegar onde quiser. Ao aluno devem ser
oportunizadas a qualidade e a equidade no ensino, de modo que todos tenham acesso de
forma igualitária à todas as ferramentas do conhecimento, assim integrando a
comunidade escolar de maneira homogênea. Hoje faz-se necessário que o educador vá
além dos manuais prontos, todavia, isso não implica em descartar o uso dos livros
didáticos, pois:
[...] nada pode substituir o sistema formal de educação, que nos inicia nos
vários domínios das disciplinas cognitivas. Nada substitui a relação de
autoridade, mas também de diálogo, entre professor e aluno. Todos os
grandes pensadores clássicos que se debruçaram sobre os problemas da
educação o disseram e repetiram. Cabe ao professor transmitir ao aluno o
que a humanidade já descobriu acerca de si mesma e da natureza, tudo o
que ela criou e inventou de essencial. (DELORS apud OLIVEIRA, 2008)

Por outro lado, apesar das mudanças no ensino nos últimos anos, os conteúdos da
disciplina de história ainda possuem uma visão eurocêntrica e elitista como demonstra
Oriá:

Os livros didáticos, sobretudo os de história, ainda estão permeados por


uma concepção positivista da historiografia brasileira, que primou pelo relato
dos grandes fatos e feitos dos chamados "heróis nacionais", geralmente
brancos, escamoteando, assim, a participação de outros segmentos sociais
no processo histórico do país. Na maioria deles, despreza-se a participação
das minorias étnicas, especialmente índios e negros. Quando aparecem nos
didáticos, seja através de textos ou de ilustrações, índios e negros são
tratados de forma pejorativa, preconceituosa ou estereotipada. (Oriá, 1996)

Percebe-se, portanto, que a escola precisa de evolução constante quando se trata de


pluralidade cultural e inclusão social. Segundo Bittencourt:

A escola, é importante destacar, integra um conjunto de objetivos


determinados pela sociedade e articula-se com eles, contribuindo para os
diferentes processos econômicos e políticos, como o desenvolvimento
industrial, comercial e tecnológico, a formação de uma sociedade
consumista, de políticas democráticas ou não. (BITTENCOURT, 2018)

E é apenas por meio do ensino e da sua constante evolução, que será possível trazer à
luz do conhecimento a nossa diversidade cultural e pluralidade étnica. Pois, [...] pode-se
perceber que “métodos tradicionais” são sempre confrontados com “novos métodos”,
variando, nesse confronto, as possibilidades de diálogo entre professores e alunos [...]
(BITTENCOURT, 2018). Dessa maneira estaremos contribuindo para a construção de
uma escola plural e cidadã e formando cidadãos conscientes de seu papel como sujeitos
históricos e como agentes de transformação social. Ainda de acordo com Bittencourt, em
decorrência da concepção de escola como lugar de produção de conhecimento, as
disciplinas escolares devem ser analisadas como parte integrante da cultura escolar, para
que possam entender as relações estabelecidas com o exterior, com a cultura geral da
sociedade. (BITTENCOURT, 2018). Para Guimarães, trata-se, sem dúvida de uma tarefa
de natureza teórica, política, pedagógica e técnica, uma vez que a seleção do que é
ensinado e de como ensinar é uma decisão, uma escolha, fundamentalmente, político-
cultural e educativa. (GUIMARÃES, 2009). Portanto, a educação deve ser vista como um
ponto de partida para um aprendizado amplo e abrangente, que agregue o conhecimento
teórico e o conhecimento prático adquirido na interação social dos indivíduos. Para isso, é
importante que os professores apresentem às crianças materiais, situações e ocasiões
que lhes permitam progredir. [...] É preciso um misto de liberdade e de direção. (Evans,
s.d., p. 91), pois se o desejo é de que o homem não fique restrito a consumir
simplesmente o saber acumulado, mas que fundamentalmente, se perceba como sujeito
capaz de produzir um conhecimento que lhe seja próprio, deve-se proporcionar a este
indivíduo a possibilidade de analisar o mundo em que vive de forma crítica e reflexiva.

2.2 AS MUDANÇAS QUE 2020 TROUXE

Por meio das pesquisas e estágios realizados ao longo do curso de Licenciatura em


História, foi possível ter uma perspectiva sobre as dinâmicas e metodologias utilizadas e
disponíveis para o ensino da disciplina de história nos anos finais do ensino fundamental
e ensino médio. No entanto, neste ano (2020), muitas práticas educativas, métodos de
ensino e avaliativos precisaram ser repensados, reinventados e adaptados à nova
realidade do ensino remoto. Uma condição das pestes do passado voltou à cena: viver
em isolamento social, perdidos em meio a informações contraditórias, sem uma liderança
mundial ou mesmo local confiável capaz de nos orientar e guiar (HARARI, 2020). Frente a
essa necessidade o MEC, através da portaria nº 343, de 17 de março de 2020, autorizou
instituições de ensino a substituírem as aulas presenciais pelos meios digitais, enquanto
durar a pandemia do novo coronavírus. O que promoveu uma grande movimentação no
sentido de atingir a todos os educandos de forma igualitária, buscando diminuir prejuízos
aqueles que não possuem acesso às tecnologias e é dentro dessa nova perspectiva que
esse trabalho foi desenvolvido. De acordo com Oliveira, nas transformações das técnicas
pode-se perceber as significativas alterações na experiencia cultural, implicando
mudanças na forma de vivenciar e perceber a realidade, assim como na forma de
expressar esta realidade sensível. (OLIVEIRA,2005). Dessa maneira, o desenvolvimento
das novas metodologias se fez prioridade, obrigando educadores e educandos a se
adaptarem a essa nova realidade do ensino, determinando uma nova concepção de
educação e escolarização tornando, de certa forma, o educando um agente mais ativo no
seu processo de construção do conhecimento. Para Ferreira, o ensino ativo permite que o
aluno desenvolva a sua capacidade de ser crítico, de se expressar, de questionar, de criar
e de ter uma autodisciplina nas tarefas escolares, contribuindo para que da atividade
individual parta para a construção coletiva. (FERREIRA, 1999). Através desse cenário
muitas possibilidades se abrem para o trabalho do professor, o uso dos meios eletrônicos
e tecnológicos na aprendizagem potencializam a pesquisa, a leitura e a exploração de
recursos antes não utilizados em sala de aula, dando novas características e delineando
um processo de evolução no ensino à medida que esses meios são inseridos nos
processos educativos. A contribuição metodológica da tecnologia e da internet utilizadas
de forma coerente, se tornam ferramentas importantes e nesse momento imprescindíveis
na construção e transmissão de conhecimento. Diante do cenário do isolamento social, as
escolas buscaram meios de dar sequência as aulas, utilizando os meios digitais. Dessa
maneira:

(...) Todos aprendem juntos, não em um local no sentido comum da palavra,


num espaço compartilhado, um “ciberespaço”, através de sistemas que
conectam em uma rede as pessoas ao redor do globo. Na aprendizagem
em rede, a sala de aula fica em qualquer lugar onde haja um computador,
um “modem” e uma linha de telefone, um satélite ou um “link” de rádio.
Quando um aluno se conecta à rede, a tela do computador se transforma
numa janela para o mundo do saber. (HARASIM et al., 2005).

Das ferramentas utilizadas, a pesquisa bibliográfica ainda é escassa nesse campo, visto o
quão recentes são essas mudanças, deixa algumas lacunas, mas esclarece que o
processo de ensino aprendizagem pode ser amplo e instrumentalizado, utilizando
diversas ferramentas antes não pensadas. A flexibilidade do currículo nesse momento
explora outras formas de aprender e sugere outros meios para construir o conhecimento.
A pandemia provocada pelo novo coronavírus, deixou evidentes questões como o acesso
às tecnologias, à internet e as diferenças sociais e econômicas existentes em um país tão
grande e desigual quanto o Brasil. A falta de direção e políticas públicas eficientes nesse
sentido, trazem à luz do debate questões amplas e urgentes, como garantir o acesso de
todos os estudantes, sem prejuízos para o processo de escolarização e o medo que as
desigualdades sociais e de acesso sejam potencializadas durante esse período, o fato é
que muitas dessas questões que afloraram durante a pandemia já estavam presentes no
cotidiano escolar desde muito antes da COVID-19, as diferenças sociais, culturais,
étnicas, religiosas, de gênero e acesso dentro dos ambientes escolares, a sobrecarga dos
docentes, a falta de estrutura no ensino público no Brasil, entre outros fatores, já estavam
presentes, o que difere é que agora elas estão mais aparentes. De acordo com o
professor Antônio Nóvoa, (...) as melhores respostas à pandemia não vieram dos
governos ou dos ministérios da educação, mas antes de professores que, trabalhando em
conjunto, foram capazes de manter o vínculo com os seus alunos para os apoiar nas
aprendizagens. (Nóvoa, A., 2020) E mais uma vez, cabe aos profissionais docentes
viabilizar uma educação que atenda a todos esses sujeitos aprendentes de maneira a
promover a igualdade e equidade no processo de ensino aprendizagem.

3 MATERIAL E MÉTODOS

A pesquisa foi elaborada com base nas disciplinas de estágios obrigatório,


realizados durante o curso de Licenciatura em História da UNISSELVI, o estágio realizado
no Museu Municipal de Caxias do Sul, através da Secretaria da Cultura do município e na
leitura de referências bibliográficas, possibilitando uma reflexão entre os temas
problematizados neste trabalho. Com o intuito de buscar informações acerca da atuação
profissional de docentes do ensino de história, as dinâmicas e métodos de ensino por eles
empregados e quais são os desafios por eles encontrados. Durante toda a jornada de
produção deste trabalho de graduação, procurou-se observar todas as experiências já
vivenciadas referentes a este tema, com o intuito de fundamentar e obter uma visão mais
ampla sobre as dinâmicas e metodologias empregadas no ensino da história no dia-a-dia
das escolas e ambientes de educação não formal. Para realizar uma pesquisa sólida,
buscou-se a orientação e o embasamento em pesquisas e autores considerados
autoridades nessa temática, entre eles: Paulo Freire, Circe M. F. Bittencourt e Carlos
Augusto Ferreira. Uma vez que esses autores tem em suas obras demonstrado
preocupações com a dinâmica do ensino. Este trabalho relata os desafios enfrentados
pelos docentes no ensino de história, as dinâmicas e metodologias aplicadas e aborda
também algumas questões sociais e culturais e como elas afetam os processos de
ensino-aprendizagem, além das mudanças que vem acontecendo em razão da pandemia
causada pelo coronavírus. Tem-se a intenção de que essa pesquisa sirva para a melhor
compreensão sobre assuntos tão delicados e importantes referentes a educação. Seguem
abaixo gráficos e indicadores da pesquisa realizada pela Fundação Carlos Chagas sobre
a educação durante a pandemia, contendo dados sobre o ensino e as experiencias
docentes nesse período, que corroboram a fala do professor Antônio Nóvoa citada no
decorrer do trabalho e utilizados também como fonte de pesquisa na produção deste
trabalho:
Gráficos disponíveis em: https://www.fcc.org.br/fcc/educacao-pesquisa/educacao-escolar-em-tempos-de-pandemia-informe-n-1

Apresentados os gráficos dos desafios dos docentes, apresentam-se agora os gráficos


produzidos pela pesquisa da TIC educação, sobre o acesso às tecnologias pelos
educandos:
Gráficos disponíveis em: https://www.google.com.br/amp/s/g1.globo.com/google/amp/educacao/noticia/2020/06/09/quase-40percent-
dos-alunos-de-escolas-publicas-nao-tem-computador-ou-tablet-em-casa-aponta-estudo.ghtml

Gráfico do IBGE em 2017, sobre acesso à internet nas residências brasileiras:


Gráfico disponível em: BRASIL. IBGE. (2018) PNAD – Acesso à Internet e à televisão e posse de telefone móvel celular para uso
pessoal 2017. Brasília: IBGE

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Através dos conteúdos publicados de vários autores, páginas de internet, artigos
científicos e matérias de jornais, revistas e periódicos sobre as dinâmicas do ensino de
história, se pode compreender algumas dinâmicas e metodologias que podem ser
adotadas no ensino da disciplina de História, muitas já vem sendo utilizadas e adaptadas
no decorrer do tempo, outras tantas começaram a aflorar agora, num mundo
extremamente fragilizado, em razão da pandemia causada pelo coronavírus. Durante todo
o processo de pesquisa e elaboração do trabalho se pode observar que as dinâmicas do
ensino de história são muito importantes, porém, por si só não produzem aprendizado, o
processo de ensinar e aprender vai além, envolve muitos sujeitos e depende de esforços
mútuos dos docentes, dos alunos, pais e toda a comunidade. As questões sociais e
culturais interferem diretamente na forma como esses educandos veem o mundo e como
se dá o aprendizado particular, de fato a educação é muito mais do que os conteúdos
curriculares, metodologias e dinâmicas, educar exige um olhar atento, muitas vezes terno,
de compaixão, doação e principalmente de empatia, respeito, equidade e igualdade. São
notórias as diferenças sociais e a falta de acesso em nosso país, bem como a escassez
de políticas públicas e investimentos na área da educação, uma mudança com relação a
esses pontos representariam boas dinâmicas a serem adotas para os processos de
ensino aprendizagem. O objetivo de apresentar as dinâmicas do ensino de história, para
uma educação de qualidade e com inclusão, entrava justamente no ponto em que as
diferenças se tornam mais evidentes,
[...] o reconhecimento e a efetivação, com igualdade, dos direitos da
população, sem restringir o acesso a eles nem estigmatizar as diferenças
que conformam os diversos segmentos que a compõem. Assim, equidade é
entendida como possibilidade das diferenças serem manifestadas e
respeitadas, sem discriminação; condição que favoreça o combate das
práticas de subordinação ou de preconceito em relação às diferenças de
gênero, políticas, étnicas, religiosas, culturais, de minorias, etc.
(SPOSATI, 2002).
Chegou o momento de repensar e reinventar os processos educativos e avaliativos,
inserindo a realidade do educando dentro do contexto escolar, integrando o conteúdo
curricular as vivências deixando o processo educativo mais atrativo e leve, despertando o
interesse não apenas em aprender, mas em fazer parte da construção do próprio
conhecimento.

5 CONCLUSÃO
No decorrer desse trabalho foram analisadas bibliografias diversas, pesquisas e
notícias acerca do tema proposto, porém, para além das metodologias e dinâmicas, a
educação, de forma geral, deveria seguir os preceitos constitucionais e legais,
direcionados por políticas públicas que oferecessem ao máximo a condição de igualdade
e oportunidade, independente das diferenças sociais e culturais. Dessa forma teríamos
uma educação estruturada e pronta para atender às demandas de todo o alunado, essas
políticas se desenvolvidas, serviriam também para a valorização do profissional docente,
oferecendo formação continuada e fornecendo subsídios para o desenvolvimento de
novas técnicas, métodos e dinâmicas de ensino e avaliação. De modo geral facilitaria os
processos de ensino-aprendizagem, deixando o professor desenvolver um trabalho mais
amplo e de valorização da pluralidade cultural que existe no Brasil. Ainda neste trabalho
foram abordados temas como a inclusão social, que também nos traz elementos que
podem alterar as dinâmicas de ensino, durante a pesquisa ficou mais do que claro que a
prática pedagógica necessita de constante evolução, de aprimoramento. No cenário atual,
onde o ensino vem sendo aplicado de forma remota e onde uma grande parcela dos
alunos não tem acesso às tecnologias para usufruir dessa modalidade de ensino, faz-se
necessário repensar e reinventar as dinâmicas e métodos, mas não é apenas o professor
que deve fazer essa reflexão, mas a comunidade como um todo, são necessárias
mudanças urgentes no que tange as políticas em relação a educação, é urgente rever a
igualdade e equidade no ensino. Portanto tendo como base todas as informações
apresentadas, se pode constatar o quanto as dinâmicas ainda necessitam de
aprimoramento, para receber a todos os alunos de forma igualitária. Uma igualdade para
todos na sua pluralidade, baseada no reconhecimento e no respeito às diferenças. A
educação é um processo que envolve diversos sujeitos e vários fatores e que deve ser
elaborada e construída com a colaboração de todos os envolvidos, portanto não só as
dinâmicas e métodos devem ser revistos, mas todo o processo de se pensar a educação,
é preciso investir nas relações humanas, na troca de experiências. Esse trabalho também
é um convite a repensar os métodos de ensino e precisa ser aprofundado no futuro, pois a
educação está em constante evolução. O presente estudo tratou de analisar as dinâmicas
do ensino da história a partir da necessidade de observar os aspectos socioculturais do
ensino-aprendizagem, buscando assim contribuir para a promoção de uma educação de
qualidade, que respeita as diferenças individuais e a pluralidade de ideias e culturas
presentes no ambiente escolar. Professores e alunos estão diante dessas práticas
desafiadoras, defendendo e garantindo um ensino que ocorra de forma efetiva e eficaz,
de modo que seja capaz de subsidiar a construção de saberes para o desenvolvimento de
competências, habilidades e transformação do pensamento coletivo.

REFERÊNCIAS

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estudantes. Semina: Ciências Sociais e Humanas, Londrina, v. 32, n. 1, p. 25-40,
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