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COMO MELHORAR A PRÁTICA PEDAGÓGICA?

Que tal aprender como melhorar a prática pedagógica?


A prática pedagógica de todo professor é analisada frequentemente. No sucesso ou no fracasso do
processo de aprendizagem, a prática educacional é sempre o foco dos questionamentos. Diante desta
pressão, a conscientização de alguns fatores é o principal indicador do que deve ser, de fato, repensado.

Não existe receita pronta, plano infalível ou milagre que resolva todos os problemas educacionais. Há
ótimas ideias que são divulgadas na internet, revistas e no café dos professores. São trocas de ideias e
vivências. Afinal, é importante que haja uma ação coletiva para a discussão do conhecimento e a troca de
pontos de vista. Isso é, realmente, enriquecedor. Ricas, porém, quando as sugestões incitam o pensamento
crítico e levam o docente a repensar sobre sua prática, questionando quais ações são ideais para si e para
sua turma, dentro do ambiente escolar.

1 - A prática pedagógica deve ser condizente com o perfil profissional do educador: o professor deve pensar
em como se sente mais seguro ao planejar (e realizar) uma aula. Não adianta falarem que o docente tem
que fazer uma “aula show”, se ele é mais introspectivo. E o contrário também ocorre, pois não funciona
para um professor que gosta de inovar, sugerirem uma aula pouco dinâmica. No entanto, todo educador
deve saber ouvir, ponderar e ver o que é possível de ser realizado. O ser humano está em constante
aprendizado, inclusive o professor. “E uma das condições necessárias a pensar certo é não estarmos
demasiado certos de nossas certezas” (FREIRE, 1996, p.30).

2 - A prática pedagógica deve ser condizente com a turma: é necessário pensar nos alunos e tentar
imaginar o que lhes chamaria a atenção, o que seria prazeroso de se realizar, como eles se sentiriam. Esse
é o caminho. Empatia. Neste instante, as trocas de experiências são muito válidas. Servem de inspiração.

3 – A prática pedagógica não é linear: por isso, pode ser que em uma aula, os estudantes se interessem em
participar de um debate e na outra aula, já estejam estafados. A prática pedagógica exige dinamismo (no
que se refere a metodologias diversificadas), porém isso não significa que não haja rotina nas ações
escolares. Essa é outra questão: não dá pra viver de improvisos. O aluno precisa perceber que o professor
está seguro, que a aula foi planejada previamente. Mas também não dá pra ficar engessado. Flexibilidade.
É necessário perceber o que paira no ar, captar a mensagem implícita dos alunos. O professor precisa
atentar-se à contextualização, aproximar a prática à realidade do aluno, embasando-se nas potencialidades
e na aprendizagem participativa.

4 – Enfim, adequação: palavra perfeita quando se fala em prática pedagógica, porque não se refere a nada
pronto e acabado, tampouco exige constantes ações inéditas. É o meio termo. É a ponderação. É a análise
do existente e a avaliação de sua aplicação (podendo ser igual, parecido ou totalmente diferente, levando
em consideração os aspectos humanos e materiais). É o respeito à diversidade! Pois adequar situações é
reconhecer que somos seres únicos, que não existe só um caminho correto. A aprendizagem é o objetivo,
mas as formas de se alcançar esta meta são inúmeras.

Por isso, não existe prática pedagógica embasada em moldes inflexíveis. O que existem são ações
pedagógicas coerentes com o objetivo a ser alcançado, com cada momento, com cada envolvido,
proporcionando, enfim, a elaboração de práticas educacionais favoráveis ao aprendizado.

Referências

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra,
1996.
GADOTTI, Moacir. Escola cidadã: uma aula sobre autonomia da escola. São Paulo: Cortez, 1997.

SCHMIDT, L., RIBAS, M., CARVALHO, M.. A prática pedagógica como fonte de conhecimento. Olhar de
Professor, Ponta Grossa, 1, apr. 2009. Disponível
em: http://www.eventos.uepg.br/ojs2/index.php/olhardeprofessor/article/view/1332/976. Acesso em: 25
Fev 2014

Publicado por: Claudia Gonçalves da Silva


O PAPEL DO PROFESSOR: REPENSANDO A PRÁTICA
PEDAGÓGICA RUMO A EDUCAÇÃO DE QUALIDADE

De quem é a culpa pelo fracasso escolar?


Palavras chave: Introdução

Não é intenção atribuir ao professor a culpa pelo fracasso escolar, mas sim, avaliar dentro do contexto de
sala da aula quais são os problemas enfrentados pelo professor e, conseqüentemente, o erros mais
comumente cometidos por estes profissionais que tem comprometido de maneira alarmante o processo
ensino-aprendizagem de milhares de crianças, Brasil afora. Tais
indagações terão como apoio e fundamentação teórica os pensamentos de autores renomados na área de
educação como: Edgar Morin, Paulo Freire, Luiz Carlos de Menezes, Albertina Maria Rocha Salazar, além de
dissertações, artigos e periódicos publicados por fontes idôneas como: Revista Nova Escola, Ministério da
Educação, Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais, Coleção Projeto Veredas: Formação Superior
de Professores, dentre outros. O método utilizado será o hipotético-dedutivo e terá como embasamento a
pesquisa bibliográfica que possibilitará toda fundamentação teórica.

Segundo Góis ao jornal Folha de São Paulo (12/07/2009) apesar dos avanços, o Brasil ainda tem 11,5%
das crianças de oito e nove anos analfabetas. E completa, uma criança não alfabetizada com mais de oito
anos de idade apresenta dificuldades não apenas em português, mas em todas as outras disciplinas, já
que sua capacidade de compreender textos é limitada.

A reportagem da Revista Nova Escola ainda afirma:

Termômetros da qualidade, os indicadores de evasão e repetência continuam altos (...)


E “não se pode culpar o aluno por isso. A responsabilidade de ensinar bem é da escola
(grifo nosso), e o governo precisa ajudá-la nessa tarefa” diz Maria de Salete Silva,
coordenadora de Educação do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no
Brasil. (REVISTA NOVA ESCOLA, 2011, p. 112)

Neste sentido, propõe-se um passeio pela profissão de educador e de sua importância para a formação
do cidadão:

Neste sentido é essencial compreendermos que os profissionais da educação da


atualidade e, em especial o professor, necessitam de um engajamento profissional e
pessoal diferente daquele que se tinha e bastava a alguns anos atrás, quando os
alunos aguardavam atentos e perfilados em suas carteiras a chegada do mestre, meros
espectadores de uma “educação bancária” (PAULO FREIRE, 1983), desprovida de
sentido e preocupada apenas em atender as necessidades de uma sociedade
capitalista emergente, pois, como afirma Menezes (2011, p. 82) “ensinar bem requer,
além de conhecimento e competência, doses de responsabilidade e envolvimento
emocional”.

O papel do professor no desafio de se alcançar uma educação de qualidade

Outro fator importante a ser considerado parte do principio de que o professor ainda não consegue
administrar e promover em sala de aula a inclusão, assim, o que evidenciamos muitas vezes são salas de
aulas homogêneas, formadas apenas por alunos considerados “bons” ou por alunos considerados “fracos”
e, quando existem as salas heterogêneas a segregação também ocorre em seu interior, através do
estereótipo de separação entre bons e fracos. Por isso, Solé reitera que:
De tal modo, os professores estão condicionados a prepararem suas aulas para os
alunos bons, que compreendem os conteúdos, apresentam os trabalhos e tarefas em
dia, tiram notas boas, estão bem classificados nas escalas de proficiência, enquanto os
alunos tidos como “fracos” ficam a mercê do sistema, sofrem com a evasão, a
repetência, a discriminação, o estereótipo, ou até mesmo a com a promoção
automática. Muitos profissionais até proclamam que a formação destes alunos tem que
ser para a vida e basta, no sentido de que se conseguirmos formar homens de bens e
não criminosos e/ou marginais a escola já cumpriu muito bem seu papel, sua parcela de
responsabilidade para com a sociedade.

Do mesmo modo, é fundamental pensarmos sobre o que diz Menezes (2010): quem acredita que basta ter
a intenção de ensinar não se constrange em culpar o aluno que não conseguiu aprender.

Mendes assegura que:

Há consenso quanto o fracasso do ensino vernáculo no Brasil. As diversas avaliações


oficiais o confirmam: não se sabe ler, não se sabe escrever. E também não se conhece a
gramática tradicional. É comum ouvir dos colegas que nossos alunos não sabem o que
seja sujeito e predicado. Costuma-se atribuir tal fracasso a várias causas, de diversas
naturezas. Certamente nem todas as causas são de nossa responsabilidade. Mas
raramente admite-se que as teorias e metodologias que dão suporte a esse ensino
podem não ser as mais adequadas. (...) com isso aprendi algumas lições: a não ter
preconceitos pelas novidades, mas a não desacreditar a tradição (...) (MENDES,2010) .

A implementação da LDB com certeza é um marco para a educação no Brasil, pois a partir dela começamos
a visualizar melhor a escola que tínhamos e a escola que é preciso fomentar mediante as necessidades
humanas tão eminentes no limiar do século XXI, Contudo, este é um processo complexo, e até mesmo
doloroso para todos os envolvidos com o processo educativo, pois, propõem a estes agentes um processo
de “(re) aprendizagem” da própria prática pedagógica, tendo que endoçar a partir daí uma prática
articuladora, transformadora da realidade, capaz de promover um processo baseado na aprendizagem do
aluno, onde este desenvolva-se a partir do conceito de que é preciso conhecer a conhecer.

A Leitura da Lei deve ser feita à luz de aspectos econômicos, históricos e culturais, pois assim todas as
interpretações serão contextualizadas com a situação momentânea do país. A visão de uma LDB transcede
as questões educacionais, incorporando-as e indo muito além delas. A LDB contém normas gerais, de
âmbito nacional, revestindo-se de características de flexibilidade e garantindo aos sistemas de ensino
espaços para exercitarem a sua autonomia como sistemas. Essa autonomia garante às escolas ampla
liberdade para definirem seus projetos político-pedagógicos.

Assim sendo, cabe a escola voltar seus olhos especialmente para seus educadores, devolvendo-lhes a
dignidade necessária e a ousadia diante do ato de educar, pois as mudanças necessárias para a educação
de qualidade se manifestam primeiro diante da quebra de paradigmas internos, crenças e valores
arraigados ao ato de ensinar. Quando professores tomam consciência destas novas perspectivas, dão o
primeiro passo para a mudança e se tornam agentes transformadores.

A Escola que busca hoje ser um espaço de rupturas, transformações e de construção de uma sociedade
verdadeiramente democrática deve ter seu trabalho primeiramente, pautado no fazer pedagógico e nas
premissas das quatro aprendizagens (UNESCO, 1999): aprender a conhecer, isto é, adquirir os
instrumentos da compreensão; aprender a fazer, para poder agir sobre o meio envolvente; aprender a
viver juntos, a fim de participar e cooperar com os outros em todas as atividades humanas e aprender a
ser, via essencial que integra as três precedentes.
Portanto, a finalidade desta discussão é identificar a importância do trabalho pedagógico e dos
instrumentos de planejamento, metodologia e registro para a consolidação de uma ação docente
pautada na ação-reflexão-ação. Em função disso queremos investigar se os educadores e a escola tem
assegurado que os alunos aprendam com qualidade e que sejam capazes de desenvolver sua autonomia
intelectual. Bem como, promover uma reflexão profunda sobre o papel do professor no processo
educativo como ator capaz de assegurar ao aluno seu direito a aprender e a se desenvolver de acordo
com suas limitações e capacidades, sem perder de vista as possibilidades ofertadas e exigidas pela
sociedade contemporânea.

Educar é difícil, é trabalhoso, exige dedicação, sobretudo aos que mais necessitam. Transferi problemas
é fugir da verdadeira educação, é uma espécie de médico que transfere o Deste modo verificaremos que
a reflexão acerca do trabalho do professor é indispensável para que tais deficiências no processo ensino-
aprendizagem sejam sanadas. O professor, nesta perspectiva, assume um papel essencial, não apenas na
transmissão de informações, mas, sobretudo, na elaboração de situações que possibilitem ao sujeito
buscar naquilo que já sabe elementos para desvendar o que ainda não sabe. Igualmente relevante, são
as interações produzidas entre aprendizes e ensinantes. O professor que reconhece suas limitações,
trabalha em prol do crescimento coletivo, respeita as diferenças individuais e cresce com seus erros e
incertezas é certamente capaz de mudar os rumos de nossa educação.

AA aprendizagem é a construção de competências e capacidades por meio da reelaboração pessoal de


elementos social e culturalmente transmitidos. É uma forma de apropriação e de ressignificação da cultura
pelo sujeito, e interage com seu desenvolvimento. Sendo processo articulado com a construção da
subjetividade, mobiliza elementos cognitivos, afetivos, estéticos, lúdicos, sociais e físicos.

Analisando essa conceituação, percebemos que apesar de processos distintos,


educação, aprendizagem e ensino se interligam, tornando-se impossível separá-los,
sendo partes constituintes da ação pedagógica e da razão de ser da escola: o processo
de aprendizagem do educando.

Salazar traz a tona uma reflexão emancipadora, quando estampa o cotidiano de professores, de diretores,
de técnicos e especialistas em educação quando discutem a prática pedagógica e a postura diante de
questões que colocam em cheque crenças e valores que davam sustentação ao seu desempenho como
educadores,demonstrando claramente que uma nova ordem se instituiu na organização da sociedade em
geral, e como tal é papel da educação acompanhá-la, a fim de promover um fazer pedagógico libertador,
democrático, autônomo e capaz de proporcionar a todo e qualquer indivíduo os mecanismos (habilidades
e competências) necessárias para se firmar como parte indissociável da sociedade e de suas construções,
pois como afirma a autora nessa escola,o saber terá função validada socialmente, pois tudo é construído
de competências e de habilidades requeridas pela vida no século XXI. As resistências às mudanças e às
normas são esperadas, mas são inúteis.

“É preciso insistir: este saber necessário ao professor – que ensinar não é transferir conhecimento – não
apenas precisa ser apreendido por ele e pelos educandos nas suas razões de ser (...), mas também precisa
ser constantemente testemunhado, vivido. (FREIRE, 1997).

Conseqüentemente, Educar é um processo construtivo e permanente, que vai da vida para a escola e da
escola para a vida, articulando conhecimentos e redes. Tem caráter histórico e cultural, nos quais estão
incutidos todos nós, que representamos concretamente o processo educativo quando agimos em
sociedade, interagimos, fazemos valer nossos direitos, assumimos nossa identidade e nos reconhecemos
como parte fundante de uma sociedade que se aproxima pela diversidade humana .

Diante desta perspectiva, a aprendizagem é a construção de competências e capacidades por meio da


reelaboração pessoal de elementos sociais e culturalmente transmitidos. Segundo Perrenoud (2000),
competência pode ser considerada como a “capacidade de agir eficazmente em um determinado tipo de
situação apoiando-se em conhecimentos, mas sem limitar-se a eles”, A competência afirma esse autor, não
consiste na aplicação pura e simples de conhecimentos, modelos de ação ou procedimento.

Portanto, “competência é a capacidade de um sujeito mobilizar saberes, conhecimentos, habilidades e


atitudes para resolver problemas e tomar decisões adequadas” (ZABALA, 1998). É uma forma de
apropriação e de ressignificação da cultura pelo sujeito, e interage com seu desenvolvimento integral.
Sendo o trabalho por competências um processo articulado com a construção da subjetividade, mobiliza
elementos cognitivos, afetivos, estéticos, lúdicos, sociais e físicos.

Por aprendizagem significativa entendo uma aprendizagem que é mais do que uma acumulação de fatos. É
uma aprendizagem que provoca uma modificação, quer seja no comportamento do indivíduo, na
orientação futura que escolhe ou nas suas atitudes e personalidade (ROGERS, 1988).

Conclusão

Assim, o trabalho do professor e as relações que este estabelece dentro de sala de aula são fundamentais
para o processo de democratização e promoção da qualidade na educação.

Portanto, o professor precisa estar atento e comprometido com sua prática. Trabalhar com inovação sem
deixar de lado o planejamento de suas ações, pois o processo educativo exige organização sistemática, sem
abandonar os princípios de liberdade, atendimento as necessidades individuais e coletivas, oportunidades
para todos e formação para cidadania.

Key-words: Referencias bibliográficas

BRASIL. Lei 9394 de 23 de dezembro de 2006. LDBN: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Saberes necessários à prática docente. São Paulo: Paz e Terra,
1997.

GÓIS, Antônio. Brasil, tem 11,5% de crianças analfabetas, aponta IBGE. Folha de São Paulo Online, 12 de
julho de 2009. Disponível em: . Acesso em 19 de março de 2011.

MENEZES, Luis Carlos. A escola dos últimos 25 anos. In REVISTA NOVA ESCOLA. Ed nº 239, p. 146,
janeiro/fevereiro, 2011.

__________. “Esse aluno não sabe nada!”. In: Revista Nova Escola. Ed nº 236, p. 130. Outubro, 2010.

MORIM, Edgar.Os sete Saberes Necessários à Educação do Futuro. 3ª ed. São Paulo, Cortez. Brasília, DF:
UNESCO, 2001.

REVISTA NOVA ESCOLA. Apertar o passo. Ed nº 239, p. 112-115, janeiro /fevereiro, 2011.

ROSA, João Guimarães. Grande Sertão Veredas. Editora Nova Fronteira, 2001.

SALAZAR, Albertina Maria Rocha: Lei de Diretrizes e Bases no Cotidiano Escolar. Coleção escola em ação.
Editora Artmed.

SOLÉ, Isabel. Das capacidades à pratica educativa. (Org) Aprender contéudos & Desenvolver capacidades.
Trad. Claúdia Schilling. Porto Alegre: ArtMed, 2004.

UNESCO, MEC, Cortez Editora, São Paulo, 1999.

ZABALLA, Antoni. A prática educativa. Porto Alegre, ARTMED, 1998.


[1] Maria Angélica Ferreira Fonseca. Formação: Normal Superior (UNIS/MG). Professora, efetiva desde
2000 na rede municipal de Educação de São Sebastião da Bela Vista. End: Rua: Antonieta Camilo de Souza,
141, Bairro: José Brandão de Oliveira, São Sebastião da Bela Vista, MG, Cep: 37.567-000. Email:
mangel_ferreira@hotmail.com.

Publicado por: Maria Angélica Ferreira Fonseca


5 práticas pedagógicas para estimular o
aprendizado das suas turmas
Olívia Baldissera

Postado em 17 de out de 2023


Conquistar a atenção dos estudantes sempre foi uma preocupação para professores de
todos os níveis educacionais. A tarefa se tornou mais desafiadora com os smartphones e as
redes sociais, que competem pelo interesse dessa geração de nativos digitais.
Por isso a importância de repensar práticas pedagógicas a todo instante. Elas precisam ser
adaptadas de acordo com o contexto e as demandas dos estudantes.
Vamos apresentar para você uma lista de práticas pedagógicas que vai ajudar a engajar as
suas turmas no aprendizado. Mas, antes, é preciso entender o conceito, que muitas vezes é
confundido com o de prática docente.
Você vai ver por aqui:

o O que são práticas pedagógicas


o Como desenvolver práticas pedagógicas em 5 ações
o 5 práticas pedagógicas para levar para sala de aula

o Estimular o diálogo entre os estudantes

o Acompanhar estudantes com dificuldades de aprendizagem

o Propor situações-problemas para a turma resolver em conjunto

o Incluir a leitura na rotina de estudos dos estudantes

o Levar experimentos para a sala de aula

O que são práticas pedagógicas


Antes de partirmos para uma definição, é preciso lembrar que o conceito de prática
pedagógica está em constante atualização para acompanhar as mudanças da sociedade.
Aqui, vamos adotar o conceito da pedagoga e pesquisadora Maria Amélia do Rosario Santoro
Franco, exposto em artigo científico de 2016:
As práticas pedagógicas são ações conscientes e participativas que visam a atender
expectativas educacionais de uma determinada comunidade. Elas servem para organizar,
potencializar e interpretar as intencionalidades de um projeto educativo.
Em outras palavras, a função das práticas pedagógicas é facilitar e promover a
aprendizagem entre os discentes. Isso envolve:

 A formação docente;
 Os espaços-tempos da escola;
 O contexto sociocultural de cada estudante;
 A maneira como o professor organiza seu trabalho;
 As expectativas do professor e dos estudantes;
 Técnicas didáticas e metodologias de ensino;
 Impactos sociais e culturais na vida da comunidade escolar.

Dessa forma, as práticas pedagógicas contribuem para os processos de concretização do


aprendizado, ao lado do planejamento de ensino e da didática.
Tudo isso parece meio abstrato, não é?
Pense no seu dia a dia em sala de aula. Você se esforça para planejar e realizar atividades
que ajudem sua turma a aprender o conteúdo proposto.
E se preocupa que a aula faça sentido para os estudantes, que eles entendam o porquê de
aprenderem funções matemáticas, polinização ou Revolução Francesa.
Mais do que boas notas, você deseja que, no final do ano, os estudantes tenham aprendido o
necessário para serem cidadãos críticos e conscientes que contribuem com a sociedade. Se
eles não tiverem assimilado o conteúdo proposto, provavelmente você vai rever seu
planejamento e pensar em novas estratégias de ensino.
Sua ação e intenção em prol do desenvolvimento global de cada um dos seus estudantes são
práticas pedagógicas.

A diferença entre práticas pedagógicas e prática docente


Nem sempre uma prática docente pode ser considerada uma prática pedagógica. Quando a
atuação do professor se resume a passar a lição e corrigir provas, ela não é pedagógica, mas
tecnicista.
A prática docente se torna pedagógica quando o professor entende como sua aula contribui
para a formação acadêmica e crítica do estudante. O educador está preocupado com as
necessidades dos discentes e faz questão de construir o aprendizado.
Ou seja, o professor tem uma prática docente pedagogicamente fundamentada quando
acredita em sua responsabilidade social. Ele sabe que seu trabalho significa algo para a vida
do estudante, buscando se aprimorar como profissional da educação a todo momento.
Por isso é comum ouvirmos que as práticas pedagógicas acontecem dentro e fora de sala de
aula, por visarem à formação e o desenvolvimento humano global de crianças e jovens, indo
além do saber técnico-científico.

Como desenvolver práticas pedagógicas em 5


ações
Agora que já falamos sobre o conceito, vamos entender como transformar o trabalho
docente em prática pedagógica no dia a dia.
Confira 5 atitudes que vão ajudar você a se aprimorar como educador:

1. Troque experiências com os outros colegas professores.


2. Inclua metodologias ativas no seu plano de aula, como a gamificação.
3. Coloque o estudante no centro do processo de ensino-aprendizagem. Ao longo do
século 20, o professor deixou de ser o detentor do conhecimento e o discente, um
ouvinte passivo.
4. Conheça o contexto sociocultural em que suas turmas estão inseridas. Só assim você
vai conseguir promover uma aprendizagem significativa.
5. Aposte na formação continuada. É com cursos e especializações que você se manterá
atualizado e conseguirá acompanhar as novas demandas educativas da sociedade.

O desenvolvimento de práticas pedagógicas é um processo que não tem prazo para


terminar. Tenha em mente que o aprimoramento de suas capacidades como educador é
contínuo.

5 práticas pedagógicas para levar para sala de


aula
Não existe uma lista limitada de práticas pedagógicas que um professor pode seguir. Afinal,
como escrevemos lá no começo, elas estão sempre se transformando para atenderem as
demandas de uma sociedade cada vez mais conectada.
As 5 práticas pedagógicos que você vai ver a seguir foram mapeadas pela Fundação Lemann,
a partir de experiências de educadores que se destacaram no Índice de Desenvolvimento da
Educação Básica (Ideb) e em olimpíadas do conhecimento.
Elas servem como inspiração para o seu trabalho docente, independentemente da matéria
que ensina. Você pode conferir mais detalhes de cada uma delas clicando aqui.

1. Estimular o diálogo entre os estudantes


O professor deve fazer perguntas investigativas aos estudantes, que devem expor suas
opiniões formular argumentos para debater com os demais colegas. O objetivo desta prática
pedagógica é fazer com que a turma construa em conjunto novas possibilidades de
aprendizagem, ao mesmo tempo que trabalham habilidades de comunicação.
É preciso assumir um papel de mediador para garantir que todos os discentes tenham
espaço para falar. Também é importante explicar como vai ser a dinâmica da aula e entender
o que a turma já sabe sobre o conteúdo proposto.
O mapeamento da Fundação Lemann traz dois exemplos de atividades que promovem o
debate entre colegas. O primeiro é de Língua Portuguesa, em que estudantes discutiram
uma notícia de jornal, conheceram a seção de Carta do Leitor e, por fim, escreveram um
texto sobre a matéria.
O segundo é de Matemática. Antes de dar as notas e apontar erros e acertos, o professor
corrigiu a prova junto com a turma. Os estudantes conversaram sobre as questões,
compararam a resolução e revisaram os conceitos matemáticos.

2. Acompanhar estudantes com dificuldades de aprendizagem


O acompanhamento deve ser feito de forma sistemática, periódica e constante. A estratégia
é planejar atividades que ofereçam diferentes oportunidades de aprendizagem para os
estudantes. Para que ela seja posta em prática, secretarias municipais e estaduais, gestores
e professores devem trabalhar juntos.
O acompanhamento consiste em diagnóstico, intervenção e monitoramento durante todo o
ano letivo, para que a recuperação das defasagens não se concentre apenas em novembro e
dezembro.
O processo pode ser resumido nos seguintes pontos:
 Realização de simulados e avaliações para entender lacunas de compreensão e
ajustar aulas futuras;
 Planejar atividades em dupla ou em pequenos grupos, divididos de acordo com os
resultados das avaliações;
 Solicitar que os estudantes com melhor desempenho ajudem os colegas nas
atividades em sala. O professor assume o papel de mediador e, assim, consegue dar
mais atenção aos grupos com mais dificuldades.

Os trabalhos em grupo são importantes práticas pedagógicas por permitirem que colegas
troquem conhecimento, sentimentos e emoções. Acontece uma troca horizontal entre os
estudantes, que têm habilidades próximas, porém diferentes entre si. Cada um
complementa os saberes do outro e, assim, a turma avança junta.

3. Propor situações-problemas para a turma resolver em conjunto


A terceira prática pedagógica da lista também é considerada uma metodologia ativa. Ela
incentiva os estudantes a recorrem a conhecimentos prévios e a debaterem entre si para
encontrar a solução mais adequada ao problema proposto pelo professor.
Mais uma vez, o docente deve fazer a mediação do debate entre os colegas, adotando as
seguintes ações:

 Mobilizar o conteúdo já trabalhado em aulas anteriores que tem relação com a


situação-problema;
 Incentivar os estudantes a raciocinarem logicamente;
 Orientar a turma a criar estratégias para encontrar a solução;
 Pedir que a turma valide e verifique a estratégia proposta;
 Garantir o respeito e o debate saudável de ideias entre os estudantes.

A metodologia passa parte da responsabilidade da aprendizagem ao discente, que também


tem a oportunidade de desenvolver habilidades relacionadas à comunicação e escuta ativa.
As pesquisadoras e educadoras matemáticas Norma Suely Gomes Allevato e Lourdes
de la Rosa Onuchic propuseram um passo a passo para as atividades de resolução de
problemas. Os 9 passos abaixo podem ser adaptados para outras matérias além da
matemática:

1. Preparação do problema: o professor seleciona um problema com o objetivo de


construir um novo conceito, princípio ou procedimento;
2. Leitura individual: cada estudante deve receber uma cópia do problema para ler
individualmente o enunciado;
3. Leitura em conjunto: em seguida, o professor deve dividir a turma em grupos. Todos
leem o enunciado em conjunto;
4. Resolução do problema: depois de verificar que não há dúvidas sobre o enunciado, o
professor deve pedir aos alunos que pensem uma solução para o problema em grupo,
em um trabalho cooperativo e colaborativo;
5. Observação e incentivo: o professor atua como mediador e analisa o comportamento
da turma. É importante incentivar os estudantes a usarem seus conhecimentos
prévios para resolver o problema;
6. Registro das resoluções na lousa: um representante de cada grupo deve apresentar
e registrar a solução desenvolvida na lousa. Assim toda a turma consegue analisá-la e
discuti-la;
7. Plenária: a turma debate as diferentes soluções propostas pelos colegas;
8. Busca do consenso: após o debate sobre as soluções, o professor tenta chegar a um
consenso com os estudantes sobre a solução mais adequada para o problema
proposto;
9. Formalização do conteúdo: o professor deve registrar na lousa uma apresentação
formal do conhecimento trabalhado na atividade. É preciso padronizar conceitos,
princípios e procedimentos usados durante a resolução.

4. Incluir a leitura na rotina de estudos dos estudantes


Crianças e adolescentes precisam ser inseridos na cultura escrita e a leitura frequente é o
melhor caminho. Além de ampliarem o repertório de gêneros textuais, é importante que os
estudantes entram o propósito social de cada texto e compreendam o conteúdo das obras
lidas.
O professor precisa escolher textos que façam sentido para o estudante. O ideal é mesclar
clássicos da Literatura Brasileira com romances contemporâneos, reportagens, crônicas,
contos, charges...
Também é preciso incluir textos produzidos nos canais digitais, como redes sociais e blogs,
que fazem parte do dia a dia dos nativos digitais. O trabalho de leitura pode ser aliado a
atividades de educomunicação.

5. Levar experimentos para a sala de aula


A última prática pedagógica da lista trabalha com um dos pilares da investigação científica, a
experimentação, uma das orientações previstas na BNCC para as disciplinas de Ciências e
Matemática.
Os experimentos em laboratório ou em sala de aula possibilitam aos estudantes levantar
hipóteses, fazer registros e tirar conclusões. Assim, eles desenvolvem um pensamento
sistemático, crítico e autônomo que os ajudará a lidar com as situações do dia a dia de
dentro e fora da escola.
A parte do registro, em especial, é uma ótima forma de crianças e adolescentes trabalharem
habilidades de comunicação escrita. O professor deve explicitar que o registro será avaliado,
por isso os estudantes devem considerar o interesse do leitor e o contexto do relato.
Outra vantagem de realizar experimentos em sala é explicitar a relação entre teoria e prática
para a turma. Para isso, o professor deve ir além de definições, conceitos e generalizações.
Ele deve estimular que os discentes criem hipóteses a partir da observação do experimento.
Sente-se mais inspirado para refletir sobre práticas pedagógicas?

Por Olívia Baldissera

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