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caldas da rainha
design de espaços, 3º ano, 1º semestre – 2023/2024
história e cultura do design ii
- ambiente / natureza
- natural vs. artificial; conceito de segunda natureza
- o homem como ‘self-designing animal’
- discurso do design: técnica / estética / ética
- origem da palavra design, etimologia
referências
. lewis mumford [nova york, 1895-1990]
. charles baudelaire [paris, 1821-1867]
. francisco de holanda [lisboa, 1517-1585]
. vilém flusser [praga, 1920-1991]
. peter sloterdijk [karlsruhe, 1947]
. slavoj zizek [ljubljana, 1949]
. boris groys [berlin leste, 1947]
ou seja;
território do design = extenso e ambíguo campo de investigação teórica;
mercado do design = lugar social onde o designer opera em diversos níveis e
especialidades;
de acordo com peter sloterdijk em sua teoria das esferas de 2005, não sabemos se a
estação espacial será o futuro da humanidade. porém, representa um mundo
condenado à artificialidade, pois ainda não entendemos que o ambiente não é só a
natureza. são sinônimos falsos que em um mundo pré-tecnológico não incomodava
ninguém.
já lewis mumford, refere-se a idade atual marcada pela invenção de ferramentas do
homem a fim de dominar as forças da natureza e acaba por distanciar-se o mais longe
possível de um habitat orgânico ao invés de conquistar a natureza.
design
referências
. michel foucault [filósofo francês, 1926-1984]
. charles baudelaire [poeta francês, 1821-1867]
. alessandro mendini [designer italiano, 1931-presente]
. walter gropius [arquiteto alemão, fundador da Bauhaus, 1883-1969]
para alessandro mendini, ‘é preciso ocupar não zonas disciplinares, mas zonas
infradisciplinares’ = ou seja, explorar as interseções e os espaços entre as disciplinas
estabelecidas, indo para as zonas infradisciplinares, onde diferentes campos de
conhecimento se encontram e se misturam; ‘é preciso substituir a palavra projeto pela
palavra vida’ = mudar a perspectiva em relação ao conceito de projeto ao associar à
vida em geral e não restringir a profissionais ou especialistas de uma área específica,
logo, o design e o projeto devem ser compreendidos como partes integrantes da
experiência cotidiana de todos.
para o projeto perder o sentido ‘missionário, católico e retórico’ é necessário que o
mesmo não seja uma imposição de ideias mas sim uma representação da vida real;
redefinindo o projeto como uma atividade aberta e inclusiva já que é uma forma de
documentar, representar e expressar de maneira crítica a vida que estamos vivendo.
= libertação do design dos dogmas programáticos dos modernistas
(bauhasianos, por assim dizer); abandono do autoritarismo profético e a popstura
professoral dos grandes Mestres do chamado Estilo Internacional; o caminho apontado
pelos movimentos e contra-movimentos do design da década de 1980 foi necessário
para o pluralismo
cronologia
1880 1890 1900 1910 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990
Arts &Crafts
(1880-1920)
Art
Deco
(1920s)
Arte Nova
(1890-1910)
Deutsche Werkbund Escola de Ulm
(1907-1934) (1953-1968)
De Stijl
(1917-1931)
Vkhutemas Archigram
(1920-1930) (1960-1970s)
Bauhaus Archizoom Memphis
(1919-1933) (1966-1974) (1981-1987)
Estilo Internacional
(1920-1970)
Alchimia
(1977-1992)
Movimento Moderno (Pevsner)
(1880s-1950s)
pós-modernidade
> 1980
. modernidade
1ª Guerra
Mundial
(1914-1918)
2ª Guerra
Mundial
(1939-1945)
Ecletismo
< (séc. XIX)
Futurismo Funcionalismo Neofuncionalismo
(1909-1920s) (1920s-1950s) (1953-1968)
Expressionismo Neo-Expressionismo
(1910-1924) (1950s-1960s)
Construtivismo
(1920s)
Racionalismo Brutalismo
(1920s-1930s) (1950s-1970s)
pós-modernidade
> 1980
a reflexão sobre o “hoje” e o “atual”, como motivo para uma tarefa filosófica específica,
ou seja, a atitude de modernidade ser uma leitura tratada como um modo de relação
que diz respeito à atualidade e não como um período histórico
a modernidade pode ser vista como uma interrogação crítica sobre o presente e nós
próprios > onde a crítica do que somos é uma análise histórica dos limites que nos são
colocados e ensaio da sua possível transgressão
foucault e o iluminismo
cronologia / referências
. William Morris
\ The Ideal Book
(1850s-1890s)
. Antoni Gaudí
(1878-1908)
. Adolf Loos
\ Ornament and Crime
(1900s-1920s)
. Le Corbusier
\ 5 Points Towards a New Architecture
(1923-1965)
. Buckminster Fuller
\ Universal Architecture + Operating Manual for Spaceship Earth
(1930s-1970s)
. Charles e Ray Eames
(1940s-1970s)
referências
. hal foster [1955-presente]
historiador e crítico de arte americano
. peter sloterdijk [1947-presente]
filósofo alemão, professor e reitor da hfg karlsruhe
. adolf loos [1870-1933]
arquiteto e teórico austríaco
para o designer da arte nova (art nouveau), a completude da obra tornava possível a
fusão entre arte e vida, e todos os sinais de morte seriam banidos
para adolf loos, a superação triunfante dos limites é uma perda catastrófica de nós
mesmos – que representa a perda das restrições objetivas necessárias para definir
qualquer "necessidade futura de viver e lutar, prosperar e desejar"
e ao invés de uma transcendência da morte, loos vê essa perda da finitude como uma
morte em vida, ilustrada pela metáfora da indistinção, viver "no seu próprio cadáver"
= enquanto a art nouveau busca a fusão entre arte e vida, adolf loos considera a
superação dos limites como uma perda prejudicial resultando em uma espécie de
morte em vida
a obra de arte total descrita no conto satírico ‘the poor little rich man’ combina
arquitetura, arte e artesanato + funde sujeito e objeto: “a individualidade do dono
expressava-se em cada ornamento, cada forma, cada prego.” > oposição ao conceito
de design total da arte nova e do seu pretenso subjetivismo
= resistência tanto à fusão completa de formas artísticas como proposta pela Arte Nova
quanto à ênfase excessiva na expressão individual em cada detalhe, destacando uma
visão mais objetiva e funcionalista em relação ao design
foster analisa a nova “política econômica do design” que, com a sua cultura do
marketing, “branding” da identidade e espetacularização da arquitetura e dos
artefatos reduzidos a mercadorias, parece-nos oferecer a visão da reificação de um
pesadelo = design and crime, 2001 > expressa a preocupação com a colonização da
vida pelo design e destaca o perigo da ideia de que tudo pode ser desenhado ou
comercializado, resultando na perda do "espaço de manobra" (spielraum) do sujeito
diante da artificialização e controle total da existência
> a principal consequência dessa colonização seria a perda da liberdade de ação do
indivíduo, ou seja, Foster alerta para os riscos da expansão excessiva do design na
vida cotidiana, que pode comprometer a autonomia e liberdade individual diante da
manipulação e controle generalizados
wigley argumenta que, na visão dele, "todo o design é design total" e que não existe
design não-totalizante e conecta essa perspectiva à fundação do design como
disciplina central, remontando à Academia del Disegno de Vasari, estabelecida em
1563
= dualidade do design total, que pode ser tanto controlador e uniformizante (implosivo)
quanto expansivo e abrangente (explosivo), e como essa abordagem está
intrinsecamente ligada à história e à essência do design como disciplina
design total =
1 disegno
\ “e em tanto ponho o desenho, que me atreverei a mostrar como tudo o que se faz em
este mundo é desenhar.” – francisco de holanda, 1578
2 obra de arte total (gesamtkunstwerk)
\ vienna secession, arte nova, jugendstil (fin-de-siécle)
3 bauhaus
\ total architecture, da colher à cidade
4 atualidade (pan-capitalismo)
\ from jeans to genes
antecedentes
referências
. peter behrens
. walter gropius
. le corbusier (charles edouard jeanneret)
. ludwig mies van der rohe
consolidação
- em 1910, richard neutra e r.m. schindler foram para os estados unidos e acabaram
por trabalhar primeiro com frank lloyd wright
- ao manterem contato com os movimentos de design da europa, se tornaram os
pioneiros do estilo internacional com projetos para philip lovell
- o estilo internacional não pegaria nos EUA até depois da 2ª guerra mundial por conta
do apego americano ao classicismo (+ à art deco como encarnação moderna)
expansão americana
expansão global
“instead of geometric perfection, let your building address the problems of the site;
instead of the form precisely following the building’s function, let the exterior inform the
interior but let its appearance belie its use.”
legado
estavam à procura de uma nova ideia que ficasse ao lado de cápsulas espaciais,
computadores e pacotes descartáveis de uma era eletrônica (fusão entre tecnologia e
design); como por exemplo > the plug-in city: um uso inventivo de novas tecnologias
para repensar a sociedade e suas formas de habitação;
> sua coleção de mobiliário fabricada pela companhia italiana Zanotta em 1970 reviveu
a grade \ superfície neutra em formas geométricas rígidas cobertas com plástico
laminado ABET – tradicionalmente associado com cafés – foi um comentário funcional
sobre a desilusão política
archizoom – estúdio de design italiano fundado em 1966
conhecido por suas críticas à arquitetura convencional que exploravam temas como o
consumo de massa, a cultura de massa e o impacto das tecnologias emergentes na
sociedade e na arquitetura
> no-stop city: uma cidade sem fim, contínua e sem hierarquias espaciais que possuía
uma visão utópica e refletia a ideia de um ambiente urbano homogêneo, onde as
fronteiras entre espaços públicos e privados eram apagadas;
suas características incluem:
muitas vezes ocupando locais remotos nos arredores da cidade, o grupo operava por
meio de seminários, perfomances e oficinas, sendo a mais famosa delas ‘Culturally
Impossible Architecture’ – uma cidade temporária de arquitetura simples, arcaica e
futurista / uma hipótese de vida natural para o homem tecnológico – que reuniu mais de
100 participantes em 1975 com duração de uma semana
assim como explorar também, por um lado, o potencial da arquitetura como uma forma
de crítica e por outro, a possibilidade de criar designs para ambientes experimentais e
cidades utópicas
as tais instalações serviu como uma crítica a espaços confinados da vida burguesa ao
criar uma arquitetura descartável e temporária, enquanto os aparelhos protéticos foram
projetados para realçar a experiência sensorial e destacar a natureza dada como certa
dos nossos sentidos visto no trabalho de lygia clark
o que é o pós-colonialismo?
> um conjunto de estudos acadêmicos centrado na herança do colonialismo e do
imperialismo que foca-se nas consequências humanas e culturais do
domínio e subjugação dos povos colonizados e dos seus territórios
> representa uma resposta ideológica ao pensamento colonial, e não apenas a simples
descrição de um sistema que surge depois do colonialismo (como o prefixo pós poderia
sugerir) \ reação ou crítica ao colonialismo
> procura romper com uma visão da história única e eurocêntrica, evidenciando as
relações de poder que estão por trás da produção de conhecimento
os estudos pós-coloniais
> são uma análise teórico-crítica da cultura, da história e das narrativas de domínio
imperial (sobretudo europeu/ocidental) fazendo uma releitura da colonização como
parte de um processo global e analisam os efeitos políticos, filosóficos, artísticos e
literários deixados pelo colonialismo, tanto nos países colonizados, como nos
colonizadores (metrópoles)
> apontam para a construção de novas epistemologias e paradigmas de análise sócio-
cultural, agindo na valorização de saberes não hegemônicos (= supremacistas) vindos
dos países considerados periféricos
referências
. aimé césaire [martinica \ frança, 1913-2008]
político, poeta e fundador do movimento negritude
. frantz fanon [martinica \ frança-eua, 1925-1961]
psiquiatra, filósofo e ensaista
. amilcar cabral [guiné, 1924-1973]
político, teórico e ideólogo da independência de cabo verde e guiné-bissau
descolonizar o design
o discurso do design convencional tem sido dominado por um foco nas formas
anglocêntricas / eurocêntricas de ver, conhecer e agir no mundo, com pouca atenção
dada a discursos alternativos e marginalizados da esfera não anglo-europeia ocidental,
ou da natureza e consequências do design como política hoje = os discursos das
minorias tem sido silenciados e ignorados por conta de serem fora da bolha
padronizada da sociedade
essa limitação de horizontes e falta de sentido crítico é um reflexo das limitações das
instituições dentro das quais o design é estudado e praticado, bem como dos sistemas
sociopolíticos mais amplos nos quais o design está institucionalmente integrado
= necessidade de aplicação de maneiras não ocidentais de ser e pensar em questões
como classe, gênero, raça e etc
. The work designers make is inspired by taste, and taste is often derived from what
we’re exposed to during our upbringing. But design values and history is taught
through a canon; that accepted pantheon of work by predominantly European and
American male designers that sets the basis for what is deemed “good” or “bad.” The
authority of the canon has undermined the work produced by non-Western cultures.
. For far too long, designers have remained married to the concept that what we do is
neutral, universal, that politics has no place in design.” Yet the choices we make as
designers are intrinsically political: With every design choice we make, there’s the
potential to not just exclude but to oppress; Learning about the history of colonialism
will open our eyes to how power structures have formed society today, and how they
dominate our understanding of design.