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escola superior de artes e design .

caldas da rainha
design de espaços, 3º ano, 1º semestre – 2023/2024
história e cultura do design ii

aula 01: disciplina e território


[contributos para uma definição de design]

- ambiente / natureza
- natural vs. artificial; conceito de segunda natureza
- o homem como ‘self-designing animal’
- discurso do design: técnica / estética / ética
- origem da palavra design, etimologia

referências
. lewis mumford [nova york, 1895-1990]
. charles baudelaire [paris, 1821-1867]
. francisco de holanda [lisboa, 1517-1585]
. vilém flusser [praga, 1920-1991]
. peter sloterdijk [karlsruhe, 1947]
. slavoj zizek [ljubljana, 1949]
. boris groys [berlin leste, 1947]

o design como disciplina


território mercado
teoria / crítica prática
investigação / ensino

ou seja;
território do design = extenso e ambíguo campo de investigação teórica;
mercado do design = lugar social onde o designer opera em diversos níveis e
especialidades;

da caverna à estação espacial


> necessidade de abrigo > procura do interior > separação da natureza

de acordo com peter sloterdijk em sua teoria das esferas de 2005, não sabemos se a
estação espacial será o futuro da humanidade. porém, representa um mundo
condenado à artificialidade, pois ainda não entendemos que o ambiente não é só a
natureza. são sinônimos falsos que em um mundo pré-tecnológico não incomodava
ninguém.
já lewis mumford, refere-se a idade atual marcada pela invenção de ferramentas do
homem a fim de dominar as forças da natureza e acaba por distanciar-se o mais longe
possível de um habitat orgânico ao invés de conquistar a natureza.

socially transmitted knowledge: ética \ ethos

design

aesthetic designs: estética \ pathos linguistic symbols: técnica \ logos

“o homem é um animal autoprojetado”


> até o homem ter feito algo de si mesmo,
ele poderia fazer pouco do mundo que o rodeia

design é a intervenção deliberada do nosso ambiente para melhorar/aperfeiçoar


as condições de nossa existência \ ao continuar a ver o sucesso da civilização
primariamente em termos tecnológicos, ignoramos as medidas de avanço
humano e autoconhecimento \ nosce te ispum: conhece-ti a ti mesmo – lineu
“homo sapiens não é uma espécie definida, apenas uma máquina ou artifício para
produzir o reconhecimento do ser humano” – giorgio agamben
“toda a antropologia confirma de fato que o homem é invenção em concorrência com a
própria inventividade, ou seja, suas criações e o próprio desígnio da natureza.” – maria
teresa cruz
ou seja, concordando com vilém flusser, a palavra design chegou a ocupar a posição
que tem no discurso contemporâneo através do nosso conhecimento que, ser um ser
humano é um desígnio contra a natureza
a minha casa é artificial porque projetar e construir casas é uma arte? ou é natural para
pessoas viver em casas assim como é para passáros viver em ninhos?
aula 02: modernismos
[modernos e pós-modernos: resenha histórica do design]

referências
. michel foucault [filósofo francês, 1926-1984]
. charles baudelaire [poeta francês, 1821-1867]
. alessandro mendini [designer italiano, 1931-presente]
. walter gropius [arquiteto alemão, fundador da Bauhaus, 1883-1969]

o que significa moderno?


aquilo que é de agora, do instante, recente ou circunstancial

com as pretensões inevitáveis de universalidade (tipológico) quer se quer aplicável a


manifestações de qualquer tempo, é referida a parâmetros históricos

com a necessária remissão para um dado momento no tempo (historizado), associam


hoje o conceito do ‘moderno’ ou a um período da história da arte e da literatura do
século xx > moderno ≠ tradicional? < ou, a um período da história das ideias que parte
do Iluminismo e terá tido morte definitiva com o advento do ‘pós-moderno’ (e neste
novo contexto, moderno pode ser equivalente a progressista ou até racionalista)

as definições são insuficientes:


‘moderno’ pode ser confundido como ‘modernista’ ou ‘iluminista’

o que significa moderno?


uma categoria tipológica?

> moderno ≠ tradicional?


> moderno ≠ antigo?

uma categoria histórica?


1) idade média, séc. vi: sem a obsessão de ser moderna, recorre ao termo para se
demarcar do mundo antigo. a grande aposta desta ‘modernidade’ é a aposta no
teológico (ciência da religião, das coisas divinas);
exemplo: basílica de s. marcos, veneza, c. 1063-73
2) idade moderna, séc. xvi: um conceito da historiografia (arte de escrever a
história) política, da ciência e do pensamento em que o moderno se refere, tanto
ao mundo pós-teológico e pós-feudal da secularização e da auto-afirmaçao
burguesa, como à nova filosofia e à nova ciência, que na viragem do século xvi
para o xvii, a aposta faz-se no mundo e no homem;
exemplo:
3) o iluminismo, séc. xviii: a modernidade das luzes, a afirmação do sujeito
triunfante e da razão crítica (a busca da verdade, à promoção do conhecimento
baseado na evidência e à aspiração de uma sociedade mais justa e
progressista, a defesa da separação entre religião e governo e o incentivo a
coexistência pacífica entre diferenças crenças e tradições); a grande aposta que
é ainda é o projeto inacabado da pós-modernidade;
exemplo: palácio nacional de mafra, 1717
4) o romantismo, séc. xix: um sinónimo de moderno/novo e que deriva da
emancipação das ciências nos começos da idade moderna \ ganha agora
contornos ideológico-críticos apoiados no novo individualismo burguês (um
Estado soberano, através de um sistema político representativo que discursa
defender os interesses da maioria, mas que na verdade defende apenas os
interesses da sua própria classe, preservando e perpetuando esta ordem
mundial baseada na própria exploração) / a aposta do romantismo decidiu-se
pelo absoluto (natureza, arte, eu ou nação);
exemplo: palácio da pena, sintra, 1836
5) modernité, séc. xix: a modernidade como projeto estético inovador \ baudelaire,
usa o termo para entrar numa dialética com a antiquité, ou seja: a arte que
realiza a eternização do instante;
exemplo: crystal palace, londres, 1850
6) as modernidades programáticas do fim do século (simbolismo, ecletismo,
decadentismo, impressionismo, arte nova...), séc. xx: a ideia de modernidade
como pluralidade de processos e conteúdos de um amplo movimento artístico
em sincronia (antes e depois de 1900);
7) movimento moderno \ modernismos, primeira metade do séc. xx: facilmente
confundidos com vanguardas históricas, orientam-se progressivamente por uma
aposta no Nada – expressão estética do niilismo filosófico iniciado na segunda
metade do séc. xix;
exemplo: edifício johnson wax, frank lloyd wright, wisconsin, 1936-1939
8) o pós-modernismo, anos 80: reação dispersa e diversa à ditadura da razão, à
ambição totalitára e impossível das grandes narrativas filosóficas e ao purismo
asséptico (sem entusiasmo), formalista e moralista; sua grande aposta fez-se na
busca pela diversidade ao incorporar diferentes estilos e épocas, na valorização
da subjetividade, da expressão pessoal e na incorporação de novas tecnologias
que resulta em uma estética eclética e experimental.
exemplo: interior memphis

a disciplina do design > atitude de modernidade, segundo foucault; um modo de


relação reflexiva com o presente, com a atualidade. a modernidade, segundo foucault,
pode ser vista como uma interrogação crítica sobre o presente e sobre nós próprios,
concebido como uma atitude onde ‘a crítica do que somos é simultaneamente análise
histórica dos limites que nos são colocados e ensaio da sua possível transgressão’.
modernidade/modernismo pós-modernidade/pós-modernismo
racionalidade crítica da razão / irracionalismo
pensamento ‘duro’ pensamento ‘debole’ (fraco)
pensamento da unidade pensamento da diferença
totalidade sistemática fragmentação assistemática
pensamento dialético (estrutura) pensamento aberto (desconstrução)
sentido do trágico sentido do lúdico
sentido ético vazio ético
eticização da estética estetização da ética e da política
programas (unilaterais, vinculativos) valores (flexíveis, referenciais)
pensamento adentro de uma filosofia fim da história, pós-história
da história
crítica das ideologias fim das ideologias
vivência crítica da crise convivência acrítica com as crises
superstição do ‘novo’ reciclagem e revivalismos
arte do profundo e do elementar arte do superficial e do acidental
purismo estético ecletismo
culto da originalidade culto da intertextualidade
ironia séria paródia e humor
subjetivismo sem sujeito sujeitos (sem subjetivismo)
desumanização (abstração) re-humanização (reality shows, realismo
urbano)

para alessandro mendini, ‘é preciso ocupar não zonas disciplinares, mas zonas
infradisciplinares’ = ou seja, explorar as interseções e os espaços entre as disciplinas
estabelecidas, indo para as zonas infradisciplinares, onde diferentes campos de
conhecimento se encontram e se misturam; ‘é preciso substituir a palavra projeto pela
palavra vida’ = mudar a perspectiva em relação ao conceito de projeto ao associar à
vida em geral e não restringir a profissionais ou especialistas de uma área específica,
logo, o design e o projeto devem ser compreendidos como partes integrantes da
experiência cotidiana de todos.
para o projeto perder o sentido ‘missionário, católico e retórico’ é necessário que o
mesmo não seja uma imposição de ideias mas sim uma representação da vida real;
redefinindo o projeto como uma atividade aberta e inclusiva já que é uma forma de
documentar, representar e expressar de maneira crítica a vida que estamos vivendo.
= libertação do design dos dogmas programáticos dos modernistas
(bauhasianos, por assim dizer); abandono do autoritarismo profético e a popstura
professoral dos grandes Mestres do chamado Estilo Internacional; o caminho apontado
pelos movimentos e contra-movimentos do design da década de 1980 foi necessário
para o pluralismo

o pós modernismo no design

. defensor da emancipação do consumidor


. o design seria lugar de construção do indivíduo como um meio de reforçar a sua
individualidade livremente pois os novos paradigmas (= algo que serve que exemplo
geral; modelo; padrão) já não permitiam afirmar que as exigências dos homens seriam
fundamentalmente iguais
. embora o discurso se manifestasse pela defesa do homem de massas, proclamando-
se contra o elitismo do modernismo, acabou por apontar o caminho da aristocratização
(= superioridade; predominância da nobreza)
. mendini defende uma estética populista – e como Fredric Jameson referiu, a retórica
populista na arquitetura teve o mérito de chamar a atenção para o apagamento da
velha fronteira modernista entre a alta cultura e a cultura de massas
. a reação à tirania da razão e os ataques às soluções racionalistas defendidas pelo
funcionalismo, baseavam-se num tipo de pensamento humano = sentimental, em
oposição ao pensamento padronizado parecido com aquele produzido pelos
computadores = artificial, sólido, indiferenciado, asséptico e sem sentimento
. a separação entre essência e aparência resultou no abuso de um desenho do
exterior/superficial; essa tal superficialidade fútil e efémera, contra o ‘design da miséria’,
cria objetos de uma única temporada = objetos de moda
. para usar um vocabulário específico do design, as propostas passaram a situar-se
entre a provocação e a decoração

cronologia
1880 1890 1900 1910 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990
Arts &Crafts
(1880-1920)

Art
Deco
(1920s)
Arte Nova
(1890-1910)
Deutsche Werkbund Escola de Ulm
(1907-1934) (1953-1968)
De Stijl
(1917-1931)
Vkhutemas Archigram
(1920-1930) (1960-1970s)
Bauhaus Archizoom Memphis
(1919-1933) (1966-1974) (1981-1987)
Estilo Internacional
(1920-1970)
Alchimia
(1977-1992)
Movimento Moderno (Pevsner)
(1880s-1950s)
pós-modernidade
> 1980

. modernidade
1ª Guerra
Mundial
(1914-1918)
2ª Guerra
Mundial
(1939-1945)

. pós-pós-modernidade (séc. XXI)

Ecletismo
< (séc. XIX)
Futurismo Funcionalismo Neofuncionalismo
(1909-1920s) (1920s-1950s) (1953-1968)
Expressionismo Neo-Expressionismo
(1910-1924) (1950s-1960s)
Construtivismo
(1920s)

Racionalismo Brutalismo
(1920s-1930s) (1950s-1970s)
pós-modernidade
> 1980

design = projeto moderno


. prática = atitude projetual > pré-modernidade
. disciplina = território > idade moderna
. profissão = mercado > modernité
. escolas = teoria e crítica > modernidade
. “design” > pós-modernismo
o design situa-se entre o que ‘é’ e o que ‘pode ser’

aula 03: precursores da modernidade


disciplina do design = atitude de modernidade, segundo Foucault no ensaio, ‘qu’est-ce
que lumières?’ > como um modo de relação reflexiva com o presente com a atualidade

a reflexão sobre o “hoje” e o “atual”, como motivo para uma tarefa filosófica específica,
ou seja, a atitude de modernidade ser uma leitura tratada como um modo de relação
que diz respeito à atualidade e não como um período histórico
a modernidade pode ser vista como uma interrogação crítica sobre o presente e nós
próprios > onde a crítica do que somos é uma análise histórica dos limites que nos são
colocados e ensaio da sua possível transgressão

foucault e o iluminismo

. possível acontecimento do pensamento que inaugura a modernidade;


. o enraizamento do iluminismo num tipo de interrogação filosófica que problematiza
simultaneamente a relação com o presente, o modo de ser histórico e a constituição
de si próprio como sujeito autónomo;
. o fio que nos liga ao iluminismo não é a fidelidade aos elementos de doutrina
(= princípios de uma crença) mas, a reativação permanente de uma atitude, isto é, de
um ethos filosófico que pode se caracterizar como uma crítica permanente do nosso
ser histórico

visões da modernidade = Charles Baudelaire

na modernité encontramos dois elementos distintivos da modernidade mais caros ao


design: o elogio do transitório, como eterno presente – e o elogio do artificial, como
segunda natureza dos quais se jogam as possibilidades do novo
a modernidade é para Baudelaire a obrigação do self-design pois a mesma não
liberta o homem do seu próprio ser; ela o força a tarefa de se desenvolver
a modernité inclui: flanêur (casual wanderer), ennul (boredom), spleen (melancholy),
shock (crowded modern city / metropolitan masses)
rejeição à crença no progresso simbolizada na industrialização \ ciência: “Esta ideia
grotesca que floriu no terreno apodrecido da fatuidade moderna isentou todos e cada
um do seu dever, libertou todas as almas da sua responsabilidade, soltou a vontade de
todos os laços que o amor do belo lhe impunha (...)”.

cronologia / referências

. William Morris
\ The Ideal Book
(1850s-1890s)

. Antoni Gaudí
(1878-1908)

. Adolf Loos
\ Ornament and Crime
(1900s-1920s)

. Frank Lloyd Wright


\ Organic Architecture
(1900-1950)

. Le Corbusier
\ 5 Points Towards a New Architecture
(1923-1965)

. Buckminster Fuller
\ Universal Architecture + Operating Manual for Spaceship Earth
(1930s-1970s)
. Charles e Ray Eames
(1940s-1970s)

. utopias e sustentabilidade \ crise e liberdade . 1960s-1970s


. Rem Koolhaas \ Peter Zumthor
Delirious New York \ S,M,L,XL
(1990s-presente)

aula 04: design total


[questões contemporâneas para o design de ambientes]

- marcos históricos do design total


- a questão da “margem de manobra”
- limites éticos do design

referências
. hal foster [1955-presente]
historiador e crítico de arte americano
. peter sloterdijk [1947-presente]
filósofo alemão, professor e reitor da hfg karlsruhe
. adolf loos [1870-1933]
arquiteto e teórico austríaco

para o designer da arte nova (art nouveau), a completude da obra tornava possível a
fusão entre arte e vida, e todos os sinais de morte seriam banidos

para adolf loos, a superação triunfante dos limites é uma perda catastrófica de nós
mesmos – que representa a perda das restrições objetivas necessárias para definir
qualquer "necessidade futura de viver e lutar, prosperar e desejar"
e ao invés de uma transcendência da morte, loos vê essa perda da finitude como uma
morte em vida, ilustrada pela metáfora da indistinção, viver "no seu próprio cadáver"

= enquanto a art nouveau busca a fusão entre arte e vida, adolf loos considera a
superação dos limites como uma perda prejudicial resultando em uma espécie de
morte em vida

a obra de arte total descrita no conto satírico ‘the poor little rich man’ combina
arquitetura, arte e artesanato + funde sujeito e objeto: “a individualidade do dono
expressava-se em cada ornamento, cada forma, cada prego.” > oposição ao conceito
de design total da arte nova e do seu pretenso subjetivismo
= resistência tanto à fusão completa de formas artísticas como proposta pela Arte Nova
quanto à ênfase excessiva na expressão individual em cada detalhe, destacando uma
visão mais objetiva e funcionalista em relação ao design
foster analisa a nova “política econômica do design” que, com a sua cultura do
marketing, “branding” da identidade e espetacularização da arquitetura e dos
artefatos reduzidos a mercadorias, parece-nos oferecer a visão da reificação de um
pesadelo = design and crime, 2001 > expressa a preocupação com a colonização da
vida pelo design e destaca o perigo da ideia de que tudo pode ser desenhado ou
comercializado, resultando na perda do "espaço de manobra" (spielraum) do sujeito
diante da artificialização e controle total da existência
> a principal consequência dessa colonização seria a perda da liberdade de ação do
indivíduo, ou seja, Foster alerta para os riscos da expansão excessiva do design na
vida cotidiana, que pode comprometer a autonomia e liberdade individual diante da
manipulação e controle generalizados

whatever happened to total design?


mark wigley, 1998
> destaque da natureza tanto explosiva quanto implosiva do design total \ o caráter
implosivo refere-se ao controle abrangente do desenho de um espaço, resultando em
uma visão totalizante e uniformização de estilo \ o caráter explosivo representa a
expansão para fora, como se todo o planeta fosse um único interior a ser desenhado

wigley argumenta que, na visão dele, "todo o design é design total" e que não existe
design não-totalizante e conecta essa perspectiva à fundação do design como
disciplina central, remontando à Academia del Disegno de Vasari, estabelecida em
1563

= dualidade do design total, que pode ser tanto controlador e uniformizante (implosivo)
quanto expansivo e abrangente (explosivo), e como essa abordagem está
intrinsecamente ligada à história e à essência do design como disciplina

design total =
1 disegno
\ “e em tanto ponho o desenho, que me atreverei a mostrar como tudo o que se faz em
este mundo é desenhar.” – francisco de holanda, 1578
2 obra de arte total (gesamtkunstwerk)
\ vienna secession, arte nova, jugendstil (fin-de-siécle)
3 bauhaus
\ total architecture, da colher à cidade
4 atualidade (pan-capitalismo)
\ from jeans to genes

para max bill [1908-1994]


designer e arquiteto suíço, aluno da Bauhaus e co-fundador da Escola de Ulm

. o objetivo não é apenas conceber a "gestalt" (forma ou configuração visual), mas


também criar uma unidade orgânica no ambiente (umweltgestaltung)
. defesa pela inexistência de hierarquia de dignidade entre a arte pura, arquitetura,
grafismo e objetos de uso, defendendo que as diferenças devem se basear apenas em
graus ou, mais precisamente, funções que, inicialmente relacionadas ao ambiente,
devem ser tratadas com prioridade absoluta em relação ao ser humano

= proposta de abordagem onde todas as formas de expressão artística e funcionalidade


devem coexistir harmoniosamente, com ênfase na função como princípio fundamental
e na prioridade dada ao ambiente em relação ao homem

“Ter-se-á o design contemporâneo


tornado parte, como sugere Hal Foster,
de uma vingança maior do capitalismo
sobre o pós-modernismo?”

aula 05: bauhaus vs. ulm

bauhaus ulm, hfg . hochschule fur gestaltung


1919-1933 (início do séc. XX) ulm
weimar \ dessau \ berlim 1953-1968 (pós-2ª guerra mundial)
ulm
fundador: walter gropius
diretores: gropius, hannes meyer, mies fundadores: max bill, otl aicher, inge
van der rohe aicher-scholl
professores: Wassily Kandinsky, diretores: max bill, tomás maldonado
Johannes Itten, Josef Albers, Marcel professores: abraham moles, gui
Breuer, Paul Klee, László Moholy-Nagy, bonsiepe, hans gugelot
Marianne Brandt convidados: josef albers, Johannes
alumni: max bill Itten, Mies van der Rohe, Walter
Gropius, Charles and Ray Eames, Josef
Müller-Brockmann, Buckminster Fuller

“obra de arte total” .......................................... design entre técnica e arte


espiritualidade ................................................. realismo
geral \ abstrato ................................................ particular \ concreto
experimentação .............................................. produção (reconstrução)
purismo estético ............................................. cultura e civilização
formalismo ...................................................... funcionalismo
artista autor .................................................... designer em equipe multi-disciplinar
primado da arquitetura ................................... atividade projetual como ‘problem-solving’

arte e técnica – uma nova unidade (bauhaus)

- reunificar todas as disciplinas da arte prática (pintura, escultura, arquitetura, fotografia


e artesanato)
- tornar artesãos competentes ou artistas criativos independentes
- sem distinção entre arte monumental e decorativa
- abordagem experimental e holística

aplicação prática do design (ulm)

- foco no design industrial e gráfico funcional e no planejamento visual


- produção de design eficiente e socialmente responsável
- design como atividade de investigação
- integração de todas as disciplinas; o designer deve trabalhar em equipe não como
artista
- abordagem mais orientada para a ciência e tecnologia

aula 06: o estilo internacional


movimento moderno ≠ estilo internacional na arquitetura

algumas características incluem:

. pretendeu ser um movimento e não uma estética \ estilo


. surgiu na europa em resposta à devastação da 1ª guerra mundial e foi símbolo de
progresso social e industrial, ou seja, refletia as ideias e valores associados ao avanço
social, econômico e tecnológico da época (diversidade da sociedade pós-industrial)
. caracterizado por uso de concreto, vidro e aço, monótona rigidez formal,
funcionalidade e ausência completa de ornamentação
. a arquitetura era concebida para atender às necessidades práticas da sociedade
moderna, proporcionando espaços habitáveis e de trabalho
. rejeição da ornamentação como uma quebra com o passado e a busca por uma
linguagem visual direta e objetiva a favor de uma visão contemporânea e progressista,
fundindo o espaço interior e exterior (arquitetura minimalista)
. ênfase no equilíbrio em vez da simetria
. considerava-se universal pois reflete uma visão globalizada e cosmopolita, sendo
adotado como símbolo de modernidade antes e depois da 2ª guerra mundial
. “arquitetura na era da máquina” = cristalização do modernismo
. o termo ‘estilo internacional’ surgiu em 1932 através de uma exposição de mesmo
nome para descrever um ethos de construção puramente em termos de materiais e
espaço, sem referência à dimensão sociopolítica
. uso de grandes extensões de vãos para elliminar a distinção entre espaços interiores
e exteriores
. volume em vez de massa
le corbusier e os cinco pontos da nova arquitetura
1) pilotis: elevação do edifício através de pilares para livre circulação abaixo da
construção
2) planta livre: uso de estrutura independente das paredes para flexibilidade na
disposição dos espaços internos
3) fachada livre: livre configuração, sem suporte estrutural para inclusão de janelas
amplas
4) janela em faixa: utilização de janelas horizontais ao longo da extensão das paredes
para proporcionar uma conexão visual com o ambiente externo
5) terraço-jardim: incorporação de terraços-jardins no telhado para criar uma interação
com a natureza e oferecer espaço ao ar livre

exemplo: villa savoye, 1929-1931

antecedentes

referências
. peter behrens
. walter gropius
. le corbusier (charles edouard jeanneret)
. ludwig mies van der rohe

- surge do fascínio pelos edifícios da era moderna industrializada, ex: fábricas e


armazéns, que exigiam um projeto que incluia amplitude de luz natural e espaços
interiores flexíveis com o mínimo de ornamentação
- essas estruturas mostravam uma construção eficiente e uma solidez e honestidade
dos materiais
- na alemanha, o maior exemplo foi a AEG em berlim
- construtivismo, vladmir tatin – estruturas institucionais geométricas e unidades
habitacionais feitas de estruturas de aço e paredes de vidro transparente com
exposição de serviços mecanizados como, elevadores

consolidação

- relação entre a construção industrializada e a vida cotidiana


= “uma casa é uma máquina de habitar”
- edifício da Bauhaus em Dessau (1925-1926) resumiu um dos princípios da arquitetura
do estilo internacional na Alemanha durante a década
- exposição sobre habitação em 1927 pela Deutsche Werkbund: demonstrações de
protótipos para apartamentos e residências de famílias de trabalhadores
- propaganda através de revistas e publicaçoes de arquitetura e design
da nova arquitetura ao estilo internacional

- conhecido sob vários nomes com o desenvolvimento da década de 1920, como:


funcionalismo, nova objetividade, de stijl (na Holanda, onde arquitetos estavam ligados
a pintores do mesmo movimento) e racionalismo (na Itália, por conta de sua revelação
honesta de estrutura e espaço)
- “nova arquitetura como um movimento distinto no design moderno”
- o estilo internacional nunca encontrou entraves (= dificuldades, obstáculos) quanto ao
seu conteúdo político alinhado à esquerda na América do pós-guerra
disseminação: Estados Unidos da América

- em 1910, richard neutra e r.m. schindler foram para os estados unidos e acabaram
por trabalhar primeiro com frank lloyd wright
- ao manterem contato com os movimentos de design da europa, se tornaram os
pioneiros do estilo internacional com projetos para philip lovell

. lovell’s beach house (1926) – r.m. schindler


. lovell health house (1929) – richard neutra

- o estilo internacional não pegaria nos EUA até depois da 2ª guerra mundial por conta
do apego americano ao classicismo (+ à art deco como encarnação moderna)

expansão americana

- durante a 2ª guerra mundial, muitos dos fundadores do estilo internacional se


estabeleceram nos Estados Unidos, contribuindo para instituições académicas como
Harvard e MIT. nesse ambiente, treinaram uma nova geração de arquitetos americanos
nos princípios do Estilo Internacional. a expansão das suas próprias práticas
arquitetónicas ocorreu durante um período de crescimento económico sem
precedentes nos EUA
- desvinculado de suas conotações políticas de esquerda, o estilo internacional tornou-
se um vocabulário arquitetónico ideal para a cultura de consumo pós-guerra,
especialmente impulsionada pelo automóvel. a ênfase em grandes superfícies de vidro
e construção industrial o tornou adequado para pavilhões minimalistas de negócios à
beira da estrada, como postos de gasolina e restaurantes de fast-food. essa
abordagem também foi aplicada em estruturas institucionais de construção rápida e
acessível, utilizando métodos de produção em massa.

expansão global

- antes da 2ª guerra mundial, o estilo internacional encontrou adeptos na América


Latina, especialmente no Brasil
- em 1935, Le Corbusier colaborou com arquitetos brasileiros, como Lúcio Costa e
Oscar Niemeyer, no projeto do Ministério da Educação e Saúde do Rio de Janeiro.
Costa e Niemeyer continuaram a aplicar o Estilo Internacional, notavelmente em
Brasília, a nova capital construída nas décadas seguintes
- a partir de 1950, Le Corbusier evitou envolvimento político e focou em clientes
privados. Introduziu o conceito de beton brut, precursor do Brutalismo, utilizado em
projetos como a Unite d'Habitation em Marselha e a capela Notre-Dame-du-Haut em
Ronchamp. essa estética também se estendeu à Índia, com o projeto para Chandigarh
- o Estilo Internacional se tornou global na década de 1950, influenciando arquitetos em
todo o mundo e sendo adotado como padrão de modernismo por nações em
desenvolvimento

declínio do estilo internacional

- a ênfase no uso predominante de formas geométricas simples (como prismas; em


contraste com ornamentos detalhados e decorações complexas) especialmente em
edifícios altos, não se prestava a variações
- resultou numa monotonia ‘desprovida de alma’ (ou seja, sem vida, sem emoção, algo
entediante e previsível; vazia) para os designers e habitantes
- uso em grande escala em residências de baixo custo torna-se desorientadora pois
elimina a distinção de edifícios individuais para fins de marcos geográficos

complexity and contradiction in architecture (1966), do arquiteto Robert Venturi


> (ponto de partida para o pós-modernismo)
ridicularizou a frase de mies van der rohe ‘less is more’ = ‘less is a bore’

“instead of geometric perfection, let your building address the problems of the site;
instead of the form precisely following the building’s function, let the exterior inform the
interior but let its appearance belie its use.”

- falha em melhorar as condições de vida dos habitantes


- abandono da escala humana em favor de estruturas isoladas acessíveis instaladas
em ambientes como, parques de estacionamento
- isolamento de setores da população urbana em detrimento da construção de
comunidades e bairros

legado

- ponto alto do modernismo na arquitetura


- rejeição ao passado
- farnsworth house, mies van der rohe (1951)

a diferença entre movimento moderno e estilo internacional

reação contra os estilos tradicionais do pioneers of the modern movement,


final do século 19 nikolaus pevsner
abordagem funcional, simplificada e
adaptada às necessidades da desenvolvimento dos princípios
sociedade contemporânea defendidos pelas vanguardas
ênfase na funcionalidade modernistas europeias dos anos 20
rejeição de ornamentações utilização de formas geométricas
adoção de novos materiais simples, linhas limpas e destaque em
busca por formas mais simples e materiais modernos como aço e vidro
eficientes construções com realce na
horizontalidade e verticalidade
abordagem formal de projeto
arquitetura racionalista-funcionalista arquitetos associados: le corbusier,
produzida no mundo ocidental (1930- walter gropius e frank lloyd wright
1950) arquitetos notáveis: ludwig mies van der
rohe, le corbusier e walter gropius

o estilo internacional nada mais é que uma manifestação específica dentro do


movimento moderno

aula 07: design radical

no pós-segunda guerra mundial há um aumento do nível de vida que resulta-se no


conceito de “sociedade de consumo” que foi marcada por uma visão de liberdade social
e económica para uma nova geração e também por duas tendências contraditórias, a
influência da Escola de Ulm (por conta da produção industrial dos produtos Braun,
Krupps e AEG, dando surgimento a uma nova geração de designers conhecidos como
racionalistas ou funcionalistas) e, a falta de sentido da cultura material que conduziiu a
uma fragmentação dos sistemas de representação > conduzindo-nos ao
questionamento sobre os limites do racionalismo e sobre a redefinição de um projeto
num mundo incerto;

o movimento design radical surge na itália em 1960 = anti-design, porém politicamente


motivados dedicando-se à pesquisa sobre arquitetura urbana, inovação e meio
ambiente para nascer um design alternativo e restabelecer o mesmo e a arquitetura
como instrumentos de crítica política, social e cultural através de manifestos, críticas,
artigos e etc;

> fortemente oposto às imposições do capitalismo


> assim como o futurismo, exerceu uma influência no design de vanguarda subsquente
> pretendia ser o oposto do design moderno \ dos princípios da Bauhaus
> criação de objetos kitsch (= exagerados, de mau gosto) com reminiscências
populares e cores fortes

propostas do design radical = questionar o consumismo, a idolatria de arquitetos e


designers e a forma de ensinar / construir a sociedade
alguns coletivos usaram o design como forma de comentar e protestar sobre o tipo de
sociedade que viviam e as visões utópicas (ou distópicas) que tinham para o futuro e,
apesar do caratér efêmero, representaram uma forma de pensar e abordar o design
que marcou as mentes dos designers do mundo contemporâneo. são eles:

archigram – coletivo de arquitetos britânicos estabelecido nos anos 60


repensaram a relação entre tecnologia, sociedade e arquitetura, prevendo a revolução
de informações e reinventando o modo de educação arquitetônica
uma revista feita em casa = architecture + telegram, feita para explorar novos projetos
e pensamentos que estavam derrubando os ditadores modernistas de 1960s;

estavam à procura de uma nova ideia que ficasse ao lado de cápsulas espaciais,
computadores e pacotes descartáveis de uma era eletrônica (fusão entre tecnologia e
design); como por exemplo > the plug-in city: um uso inventivo de novas tecnologias
para repensar a sociedade e suas formas de habitação;

superstudio – coletivo de arquitetura e design avantgarde fundado em 1966


seu trabalho consistia em colagens de fotografia, filmes e exposições das quais
utilizaram uma abordagem utópica para criticar o pensamento modernista;

produção de utopias negativas com imagens advertindo os horrores dos quais a


arquitetura estava guardando com seus métodos científicos para a perpetuação de
modelos existentes, desafiando as ortodoxias (= doutrinas, crenças) modernistas;

influenciado por ideias neo-marxistas, propuseram que, se o design vai servir


privilégios de classe na arquitetura e consumerismo, era melhor viver sem objetos e
prédios > supersuperficie: um modelo alternativo de existência onde apenas uma rede
de energia existe, um tipo de matriz que você pode acessar quando se conecta, é um
mundo sem edifícios e objetos, onde humanos podem ter uma vida de nômade, livre do
trabalho repetitivo e das estruturas de violência e poder. uma rede que iguala
diferenças sociais;

> the continuous movement: proposta de megaestrutura contínua em uma grade


branca com preto que se estendia indefinidamente pelo planeta, eliminando as
distinções tradicionais entre edifícios e paisagem (experiência democrática) \ crítica a
ideia da arquitetura de possível resolução de todos os problemas sociais / absurdismo
do planejamento urbano contemporâneo + questiona a viabilidade (= condição do que
pode ser viável) de propostas utópicas;

um tema recorrente no trabalho deste coletivo é o ambiente natural e como a


arquitetura poderia ser um catalisador para a mudança social

> sua coleção de mobiliário fabricada pela companhia italiana Zanotta em 1970 reviveu
a grade \ superfície neutra em formas geométricas rígidas cobertas com plástico
laminado ABET – tradicionalmente associado com cafés – foi um comentário funcional
sobre a desilusão política
archizoom – estúdio de design italiano fundado em 1966
conhecido por suas críticas à arquitetura convencional que exploravam temas como o
consumo de massa, a cultura de massa e o impacto das tecnologias emergentes na
sociedade e na arquitetura

junto com superstudio em dezembro de 1966, criaram a ‘superarchitecture’ – uma


exposição de projeções coloridas e protótipos que guiaram o conceito de anti-design
radical;
a criação de objetos ecléticos e kitsch, empreende a destruição crítica do patrimônio
funcionalista e da concepção espacial do movimento moderno a partir dos resultados
da transformação da ‘superarchitecture’ em um sistema produtivo como, ‘the dream
beds and gazebos’;

> no-stop city: uma cidade sem fim, contínua e sem hierarquias espaciais que possuía
uma visão utópica e refletia a ideia de um ambiente urbano homogêneo, onde as
fronteiras entre espaços públicos e privados eram apagadas;
suas características incluem:

. flexibilidade e mobilidade para com os espaços urbanos se adaptarem facilmente a


diferentes usos e necessidades, promovendo uma abordagem dinâmica e evolutiva da
cidade
. homogeneidade e igualdade para eliminar as desigualdades sociais e criar um
ambiente onde todos os cidadãos pudessem acessar de forma igualitária os recursos e
espaços
. a ausência de hierarquias espaciais se deve ao desafio de distinguir espaços públicos
de privados, portanto foi concebida como um espaço fluído e contínuo onde diferentes
atividades e funções coexistiam sem fronteiras rígidas (citado anteriormente)
. ideia de criar uma cidade que refletisse os avanços tecnológicos e estivesse alinhada
com as mudanças culturais e sociais da época
. representada através de desenhos que mostram uma grade extendida infinita
subdividida por linhas parciais que simbolizam paredes e que são interrompidas
apenas por características naturais, como montanhas;
. instrumento de emancipação: uma sociedade livre de sua própria alienação,
emancipada de formas de um socialismo humanitário e progressivismo retórico
. crítica irônica: ideologia de uma arquitetura modernista assumindo limites absurdos
\ revolução do kitsch – consumo cultural em massa, pop art e uma linguagem industrial-
comercial – radicalizando o componente industrial da arquitetura moderna ao extremo

gruppo cavart – grupo italiano formado por Michele de Lucchi em 1973


recebeu esse nome pelo local onde ocorreu a primeira perfomance do grupo: a
pedreira do monte Lonzina, perto de Pádua (cavart = quarry = pedreira);

muitas vezes ocupando locais remotos nos arredores da cidade, o grupo operava por
meio de seminários, perfomances e oficinas, sendo a mais famosa delas ‘Culturally
Impossible Architecture’ – uma cidade temporária de arquitetura simples, arcaica e
futurista / uma hipótese de vida natural para o homem tecnológico – que reuniu mais de
100 participantes em 1975 com duração de uma semana

. eliminação de ideais e estéticas burguesas


. defesa de uma relação significativa entre arquitetura e meio ambiente
. suas oficinas eram feitas de materiais baratos, cotidianos e acessíveis
haus-rucker-co – coletivo de arquitetos e artistas vienenses formado em 1967
sua proposta era explorar as fronteiras entre arquitetura, arte e design com uma
abordagem experimental e provocativa através de instalações e acontecimentos
utilizando estruturas pneumáticas/infláveis ou aparelhos protéticos > oase no. 7 (1972)

assim como explorar também, por um lado, o potencial da arquitetura como uma forma
de crítica e por outro, a possibilidade de criar designs para ambientes experimentais e
cidades utópicas

> environment transformers: instalações infláveis projetadas para alterar a percepção e


a experiência do ambiente circundante para proporcionar espaços surreais e desafiar
as expectativas tradicionais da arquitetura e do design

as tais instalações serviu como uma crítica a espaços confinados da vida burguesa ao
criar uma arquitetura descartável e temporária, enquanto os aparelhos protéticos foram
projetados para realçar a experiência sensorial e destacar a natureza dada como certa
dos nossos sentidos visto no trabalho de lygia clark

aula 08: os pós-modernos

reação \ crítica ao modernismo

como referido na aula 03,


as características do pensamento pós-moderno destacam-se em elementos como:

. estéticas do simulacro – ênfase na representação e simulação em detrimento da


autenticidade pois no pós-modernismo, a realidade é frequentemente vista como uma
construção simulada

. imitação do kitsch – destaque da tendência pós-moderna de valorizar a imitação,


muitas vezes incorporando elementos kitsch, ou seja, elementos artísticos de baixa
cultura ou gosto duvidoso

. virtualidade e hibridismo – reflexão da incorporação de elementos virtuais e a mistura


de diferentes estilos, formas e influências culturais, resultando em uma abordagem
híbrida e multifacetada
. ‘como se’ – indicação da ideia pós-moderna de aceitar e trabalhar com a realidade
como se fosse algo diferente, questionando a noção de uma verdade objetiva e
enfatizando a natureza construída da realidade

. nietzsche – influência do filósofo absolutista que considera a realidade como uma


construção humana e a linguagem como uma forma de interpretação subjetiva

. desconcerto do mundo – descrição do espírito pós-moderno como uma pulsão lúdica


que o leva a interagir de maneira criativa com a desconcertante natureza do mundo,
aceitando a ambiguidade e a pluralidade de interpretações
ou seja, o pós modernismo abraça uma postura mais descontraída em relação à
realidade, rejeitando certezas absolutas ao jogar criativamente com a complexidade e
incerteza do mundo, em contraste com abordagens mais trágicas ou sérias
encontradas em alguns pensamentos modernos

aula 09: design e pós-colonialismo

o que é o pós-colonialismo?
> um conjunto de estudos acadêmicos centrado na herança do colonialismo e do
imperialismo que foca-se nas consequências humanas e culturais do
domínio e subjugação dos povos colonizados e dos seus territórios
> representa uma resposta ideológica ao pensamento colonial, e não apenas a simples
descrição de um sistema que surge depois do colonialismo (como o prefixo pós poderia
sugerir) \ reação ou crítica ao colonialismo
> procura romper com uma visão da história única e eurocêntrica, evidenciando as
relações de poder que estão por trás da produção de conhecimento

os estudos pós-coloniais
> são uma análise teórico-crítica da cultura, da história e das narrativas de domínio
imperial (sobretudo europeu/ocidental) fazendo uma releitura da colonização como
parte de um processo global e analisam os efeitos políticos, filosóficos, artísticos e
literários deixados pelo colonialismo, tanto nos países colonizados, como nos
colonizadores (metrópoles)
> apontam para a construção de novas epistemologias e paradigmas de análise sócio-
cultural, agindo na valorização de saberes não hegemônicos (= supremacistas) vindos
dos países considerados periféricos

referências
. aimé césaire [martinica \ frança, 1913-2008]
político, poeta e fundador do movimento negritude
. frantz fanon [martinica \ frança-eua, 1925-1961]
psiquiatra, filósofo e ensaista
. amilcar cabral [guiné, 1924-1973]
político, teórico e ideólogo da independência de cabo verde e guiné-bissau
descolonizar o design

as questões de poder sistêmico de longa data são produto da modernidade e das


suas ideologias, regimes e instituições que reiteram, produzem e exercem poder
colonial contínuo sobre as vidas dos povos colonizados, marginalizados e
subalternizados, tanto no mundo "desenvolvido" quanto no mundo "em
desenvolvimento"

o planeta é partilhado e co-habitado por uma pluralidade de povos com histórias


civilizacionais diferentes e está a ser minado por um sistema que ameaça
destruir e erradicar a diferença ontológica e epistemológica, reescrevendo histórias e
visões antecipadas de um futuro

o discurso do design convencional tem sido dominado por um foco nas formas
anglocêntricas / eurocêntricas de ver, conhecer e agir no mundo, com pouca atenção
dada a discursos alternativos e marginalizados da esfera não anglo-europeia ocidental,
ou da natureza e consequências do design como política hoje = os discursos das
minorias tem sido silenciados e ignorados por conta de serem fora da bolha
padronizada da sociedade

essa limitação de horizontes e falta de sentido crítico é um reflexo das limitações das
instituições dentro das quais o design é estudado e praticado, bem como dos sistemas
sociopolíticos mais amplos nos quais o design está institucionalmente integrado
= necessidade de aplicação de maneiras não ocidentais de ser e pensar em questões
como classe, gênero, raça e etc

> desafio fundamental no processo de descolonização:


enfatizar essas questões por meio de práticas e atos de design
(re)design de instituições e estudos de design
ir além do discurso acadêmico

mudança ontólogica = transfiguração radical das estruturas de poder existentes por


meio do olhar crítico da imaginação programática que ousa identificar as possibilidades
e condições que nos darão alternativas ao agora

não é simplesmente uma opção ou abordagem


> é um imperativo fundamental para o qual todos os esforços de design devem ser
orientados = “It’s important to emphasize that while the terms “Decolonization” and
“diversity” are linked, they shouldn’t be confused. Diversity is about bringing more
people to the table. Decolonization is about changing the way we think. So what does
that mean for design and designers?”

. The work designers make is inspired by taste, and taste is often derived from what
we’re exposed to during our upbringing. But design values and history is taught
through a canon; that accepted pantheon of work by predominantly European and
American male designers that sets the basis for what is deemed “good” or “bad.” The
authority of the canon has undermined the work produced by non-Western cultures.

. Ultimately, there is no finite end that we’re trying to reach: Decolonization is a


process. The fact that it’s a journey means that in order to keep evolving, we must be
continually curious, and educate ourselves about what we haven’t experienced directly.

. For far too long, designers have remained married to the concept that what we do is
neutral, universal, that politics has no place in design.” Yet the choices we make as
designers are intrinsically political: With every design choice we make, there’s the
potential to not just exclude but to oppress; Learning about the history of colonialism
will open our eyes to how power structures have formed society today, and how they
dominate our understanding of design.

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