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HISTÓRIA DA ARTE CONTEMPORÂNEA

UNIDADE 1 – PANORAMA DA HISTÓ RIA DA


ARTE E SUA TRANSIÇÃ O

Autoria: Má rcia Merlo - Revisã o técnica: Leandro da Conceiçã o Cardoso


Introdução
Caro(a) estudante, nesta unidade, abordaremos a arte no período de transição do moderno para o
contemporâneo. O que mudou na concepção de arte? Como a arte promoveu novos modos de olhar e pensar a
cultura e a sociedade? E, sobretudo, como passou a expressar visõ es de determinados grupos em sua
atualidade? Para responder essas perguntas, traçaremos uma breve discussão conceitual acerca da arte e de
como a histó ria trata a transição da arte moderna para a contemporânea, levantando aspectos primordiais para
a compreensão das influências e desdobramentos dessas mudanças no pensar e no fazer arte do final do
século XIX até o final do século XX.
Desse modo, nossa primeira abordagem se configura na conceituação e na apresentação de um panorama da
transição da arte: do moderno ao contemporâneo, perpassando transformaçõ es sofridas na pró pria visão das
artes e dos artistas, assim como em suas proposiçõ es artísticas, delineadas por vanguardistas e seus
contemporâneos. Para tanto, voltaremos nossa atenção também ao ser moderno e à modernidade para
reconhecermos alguns elementos que foram determinantes para a compreensão das mudanças no campo da
arte.
O conteú do que você acessará a seguir está permeado por uma visão plural e dialó gica na abordagem das
linguagens da arte contemporânea.
Vamos começar?
Bons estudos!

1.1 Tempo de transições: arte moderna e arte


contemporânea
Ao abordarmos a temática da transição, apresenta-se de antemão as mudanças nos conceitos de arte, do
fazer artístico e da pró pria noção de ser artista nesse processo. Cabe à história da arte (leia-se
historiador) apresentar dados histó ricos coerentes, apoiados em teorias válidas, que abarquem seu tempo,
tratando de modo universalista ou considerando especificidades culturais e sociais. Com isso, buscamos ir
além de traçar uma linha do tempo da histó ria da arte e da histó ria dos notáveis, promovendo também uma
reflexão sobre a arte, pensando-a de forma ampla, baseada em uma pluralidade metodológica. Ao
dialogarmos com outras áreas do saber, como filosofia, antropologia, sociologia, comunicação e educação,
alargarmos consideravelmente os conceitos e amplificamos as análises e interpretaçõ es científicas e
literárias. Conforme explicita Gombrich (1999), é preciso entender o tempo e compreender os enlaces e
desenlaces das relaçõ es humanas, principalmente quando se trata de uma área que mexe com subjetividades
tanto do “criador” quanto do “observador”. A modernidade e a contemporaneidade inauguram um tempo
de negociação das identidades.
Maria Lucia Bueno (2010, p. 28) afirma que “[...] elementos como reflexividade, desterritorialização, latentes
e, ainda, velados, na cultura europeia do século XIX, tornaram-se dominantes e acentuados no contexto
globalizado da década de 1980”. Isso aponta para a compreensão de um tempo de transformaçõ es, repleto de
ambiguidades, crises de identidade, quebra de fronteiras e uma desterritorialização que indicava a
necessidade de uma reterritorialização.
A reflexividade aqui é colocada a partir do proposto por Giddens, Beck e Lash no livro Modernização
Reflexiva. “A reflexividade representa assim uma possibilidade de reinvenção da modernidade e de suas
formas industriais. Por meio da radicalização da modernidade, abrem-se caminhos para uma nova
modernidade. O que a modernização reflexiva traz é a ideia que muitas modernidades são possíveis, em
oposição à ideia fatalista de que só existe uma forma de modernidade: a da sociedade industrial. [...] Acentua a
ideia de que vivemos em um mundo cada vez mais reflexivo, que estimula a crítica ativa e autoconfrontação.
A modernidade reflexiva envolveria um processo de individualização e de destradicionalização em que a
tradição muda seu status e é constantemente contestada.”
O territó rio, como lugar e espaço, sempre foi um forte elemento na constituição de uma identidade e, portanto,
seu questionamento trouxe à tona a ideia de algo que se quebrou no imaginário social e sobre qual territó rio
pairava a arte. Ao falarmos do lugar da arte e das identidades artísticas, reacende-se a questão sobre o lugar do
artista em uma sociedade industrial, liberal e consumista que se urbanizava e internacionalizava cada vez
mais, mostrando-se ávida por inovação. É desse lugar que nasceu a arte moderna, com o intuito de inovar,
criar, questionar e reinterpretar a estética tradicionalmente aceita e reproduzida pelas correntes artísticas
anteriores, no final do século XIX e início do século XX.
A partir dessa crítica e rompimento com a tradição academicista da arte e com o conservadorismo de padrõ es
e estilos, os artistas, junto aos colecionadores de arte, começaram a criar um novo mercado de arte moderna,
assim como o germe de um campo artístico mais autô nomo.
Iniciava-se um tempo de valorização da autenticidade, unicidade, originalidade e inovação nas artes e,
com isso, despontava-se a figura do gênio criador por meio da obra que rompia com o antigo, o anterior,
destacando-se o binô mio ruptura-inovação e a autonomia do artista.
O que parece ter emplacado como uma forte diferença entre os modernos e os contemporâneos foi a
afirmação de Marchel Duchamp de que qualquer coisa pode ser objeto de arte, qualquer um pode ser artista
e de que não há uma maneira correta de se relacionar com a obra de arte (FREIRE, 2005).
Marchel Duchamp (1887-1968) ficou conhecido por sua arte e, sobretudo, por ter se tornado um dos maiores
representantes do dadaísmo. Considerado emblemático por suas provocaçõ es e estilo inusitado. Provoca com
elementos cotidianos e faz pensar. Mais do que contemplar a arte, era preciso pensá-la ou senti-la, mesmo que
para isso fosse preciso incomodar.
Em Argan e Fagiolo (1994, p. 17), ainda se encontra a explicação de tal afirmação e também se apresenta uma
metodologia de interpretar o dado histó rico e pensar a arte:

Os problemas para os quais cada obra de arte é a solução encontrada ou proposta são problemas
tipicamente artísticos; mas porque a arte é uma componente constitutiva do sistema cultural,
existe decerto uma relação entre os problemas artísticos e a problemática geral da época. O
historiador não deve, pois, tentar entender como aquela problemática geral se desdobra na obra
do artista e nela constitui o tema ou o conteú do, mas como aquela problemática envolve o
problema específico da arte e se apresenta ao artista como problema artístico.

Outra questão a respeito da obra de arte, que se coloca diante do historiador, é o fato desta possuir um valor
histó rico, além do estético sobre o qual a filosofia se debruçou mais atentamente. E, conforme Argan e Fagiolo
(1994, p.17), o objeto de arte tem valor histó rico porque tem valor artístico. Isso porque a arte “[...] é uma
componente constitutiva do sistema cultural, existe decerto uma relação entre os problemas artísticos e a
problemática geral da época”. Assim, é possível compreender o pensamento de Duchamp e, também, entender
as açõ es dos pó s-modernos e contemporâneos. Não era mais possível somente admirar uma obra de arte e
reconhecer um valor estético, ou constituir um juízo de gosto por meio de uma ideia do belo, era preciso criar
uma nova arte e outras maneiras de concebê-la. A ideia do belo dá lugar à teoria da arte, ou seja, é preciso
pensar a arte. Porém, o que é o moderno, o ser moderno e o pó s-moderno, focando a arte sob a perspectiva da
contemporaneidade? É isso que abordaremos a seguir.
1.1.1 Ser moderno e a modernidade
Se por um lado a vida moderna está permeada do fugidio, do efêmero, do fragmentário – do passageiro, são
nas passagens e paisagens desse “tempo” que encontraremos o novo; por isso é pró prio da modernidade negar
o passado, ou melhor, negar qualquer ordem social pré-moderna. Por outro lado, encontra-se na histó ria mais
atual a transitoriedade das coisas e o sentido do que se preserva e do que se quer esquecido; e, assim se
transforma o que se entendia por continuidade histó rica, o que significa afirmar que a modernidade envolve
uma implacável ruptura com condiçõ es histó ricas precedentes, sobretudo com certa linearidade, porém, não
sejamos ingênuos: ainda que a modernidade se caracterize como um processo de rupturas, ao fragmentar a
realidade ou aspectos dela em sua análise, o historiador (ou qualquer outro sujeito do conhecimento)
interpreta a partir de sua seleção e intencionalidades. Nesse sentido, Giddens (1997, p. 130) nos esclarece que
o transitó rio ou a indefinição dessa sociedade é produto de um meio “[...] em que os elos sociais têm
efetivamente que ser feitos e não herdados do passado”.
Por isso, o movimento de sair do presente vivido e voltar na histó ria até meados do século XIX, na Europa, nos
fará compreender um pouco mais os alicerces que consolidaram a modernidade no mundo de hoje, assim
como os elementos que constituíram movimentos artísticos que reverberam na contemporaneidade.

VOCÊ QUER LER?


O artigo “Do moderno ao contemporâ neo: uma perspectiva sociológica da
modernidade nas artes plá sticas” (BUENO, 2010) apresenta uma discussã o conceitual
sintetizada sobre a arte na modernidade e contemporaneidade. Vale muito a leitura!

(http://www.periodicos.ufc.br/revcienso/issue/view/67)No tó pico a seguir, abordaremos pontos sobre arte


moderna e contemporânea, abarcando pensamentos, movimentos artísticos e alguns nomes que marcaram
esses períodos histó ricos.

1.2 Arte moderna


A arte moderna está intimamente ligada com a experiência urbana. Um cenário propício para tal afirmação é a
França do século XIX, sobre a qual encontramos elementos na obra de Charles Baudelaire, entre outros
poetas e pintores do moderno e da modernidade. Para Baudelaire (1996), o anonimato em meio à multidão, o
fugidio e o contingente formavam a cena moderna e instigante para a arte da vida urbana em seu cotidiano.
Incluindo o desejo do anonimato, assim como o de inserção na vida moderna, por meio de costumes e da
moda. Aqui se encontra o fugaz, as novas experiências estéticas e um olhar sobre as artes periféricas.
Outro ponto a ser pensado entre o ser moderno e a modernidade, inevitavelmente, é a questão da aceleração
do tempo, da velocidade, da fugacidade e da efemeridade em uma sociedade que se aproximava, em todos os
sentidos, aos moldes do que movia a industrialização e a busca por hegemonia do capitalismo individualista
moderno.
As artes e a arquitetura começavam a delinear e estruturar a vida moderna. O berço dessas transformaçõ es no
âmbito artístico e arquitetô nico foi, sem dú vida, a capital francesa. Mas por que a França? Para responder
essa questão, basta lembrarmos da modernização de Paris, efetuada pelo projeto de urbanização de
Haussmann, entre os anos 1853 e 1870, traduzindo as aspirações burguesas de uma sociedade
industrializada, com um ideário liberal e buscando hegemonia não só nos negó cios, mas na pró pria
estetização da vida moderna.

Na capital francesa, centro da vida cultural do século XIX, o colapso da tradição acadêmica
comprometeu a dinâmica das artes. [...] Paralelamente, a maior parte da produção dos emergentes
não encontrou um canal de circulação. A resistência dos nú cleos tradicionais hegemô nicos, a
segmentação da produção e a ausência de parâmetros impossibilitaram a conversão da arte dos
independentes em uma nova tradição artística. (BUENO, 2010, p. 28)

A arte passava também pelo crivo da valorização do que se considerava novo e racionalmente pensado e
executado. O rompimento com o clássico, com o passado, traz à arte a crítica aos temas impostos pelas
academias e fez artistas se voltarem aos temas do cotidiano, pintando pessoas comuns, o povo, a natureza,
entre outros. Lembrando que a arte desse período retratava a sociedade, já os meios tecnoló gicos, promovidos
pela industrialização, impulsionavam mudanças na criação artística.
Voltando nosso olhar aos impressionistas (para os quadros de Manet, por exemplo), percebe-se a exploração
dos recursos da tela plana, em uma encenação da vida noturna, boêmia, com situaçõ es cotidianas e rostos
desconhecidos. Ou seja, começava-se a esboçar a pintura da vida moderna na Paris até então à margem. Entre
os artistas com estilo impressionista, mas que ainda seguiam algumas métricas mais tradicionais da arte,
aparecem os seguintes nomes: Camille Pissarro (1831-1903), Edgar Degas (1834-1917), Paul Cézanne (1839-
1906), Claude Monet (1840-1926), Pierre-Auguste Renoir (1841-1919).
Figura 1 - Baile de Máscaras na Ó pera, de Manet, 1873.
Fonte: Everett Collection, Shutterstock, 2020.

#PraCegoVer: a imagem traz uma pintura do artista Manet, representando um baile de máscaras em uma
antiga casa de ó pera. Há diversos homens e mulheres em trajes de gala, formando pares de dança.
Além de novos temas da vida cotidiana e de situaçõ es inusitadas, pouco comuns para os retratos de até então,
intensifica-se o gosto pelas pinturas ao ar livre; contrastes de cor; pinceladas nem sempre tão sutis; traços e
contornos nem tão realistas (como se fossem uma fotografia) e impressõ es pessoais do artista que passam a
compor novos cenários e novas técnicas aplicadas a essa arte de transição, mais autô noma. Entretanto, cabe
aqui uma ressalva que aponta para os grupos de artistas modernos e o despontar de um grupo em especial que
iniciava, de forma visionária, uma arte que romperia mais tarde até com os parâmetros modernistas. Segundo
Bueno (2010, p. 28):

Um mérito dos artistas modernos foi terem se empenhado na reconstrução dos sentidos de arte e
de humanidade, pautados por essa nova condição, terminando por redefinir inteiramente os
conceitos de arte e de artista. Cézanne, Gauguin, Van Gogh e Toulouse Lautrec estiveram mais
pró ximos de artistas como Pollock, Oiticica e Warhol, do que de muitos de seus companheiros de
século, como Ingres, Courbet e Delacroix. O que diferenciava ambos os grupos era o fato de o
segundo grupo ter exercido sua arte sempre dentro da tradição, enquanto o primeiro a
desenvolveu com base em outros parâmetros, sem o respaldo de um modelo estético que
viabilizasse suas obras.

O foco começava a se alterar de uma arte mais academicista, que seguia modelos e parâmetros a gosto dos
salõ es de uma burguesia desejosa e de uma elite de colecionadores de artes, que ostentava a predominância
do saber e de uma reconhecida posição política de destaque e que podia comprar arte, dando a ela o status de
mercadoria, para uma arte mais liberta de determinados padrõ es e mais direcionada à soberania do olhar do
artista. Ou seja, delineava-se uma mudança para uma arte de autoria e mais conceitual.
De qualquer modo, nunca se foge ou se consegue esquivar totalmente do seu tempo, de determinados padrõ es
ou métricas. Houve uma mudança mais significativa em relação a quem fazia a arte e o reconhecimento dela.
Os modernos conseguiram romper com certos aspectos da arte academicista, sobretudo ao colocar novos
temas e personagens da vida cotidiana e urbana em suas telas, poesias, esculturas e pensamentos. Era
preciso pensar a arte, mais do que simplesmente imitar os clássicos ou a vida idílica de um passado
que não existia mais. Novos atores entram em cena, tanto para fazer arte quanto para comercializá-la.
Enquanto alguns artistas pintavam e contavam sobre a vida boêmia ou a vida no campo, debruçando-se sobre
o antes e o agora, houve quem fez arte usando o momento presente para projetar o futuro. É interessante
considerar que a arte seria impactada com o advento de novas tecnologias, com a velocidade das
transformaçõ es na sociedade industrial-moderna. Nas artes isso aparece como um impulso à negação do que
impedia o avanço da sociedade urbano-industrial, com ideias conservadoras que negavam mudanças.

VOCÊ SABIA?
Na primeira dé cada do sé culo XX, um movimento propôs um rompimento explícito
com tudo que significava atraso no desenvolvimento das artes. Trata-se do
Manifesto Futurista, escrito pelo poeta italiano Filippo Tommaso Marinetti e
publicado no jornal francê s Le Figaro, em 20 de fevereiro de 1909. O manifesto
marcou a fundaçã o do futurismo e é considerado um dos primeiros movimentos
da arte moderna, pois os 11 princípios contidos nele explicitam o rompimento
com o passado e como o homem, a má quina e a velocidade, juntos, representavam
o dinamismo dos novos tempos. Por isso, o futurismo foi o manifesto da vida
urbana, da industrializaçã o, da tecnologia, da má quina e da corrida para o futuro.

Um aspecto a se considerar na modernidade era sua promessa de felicidade e prosperidade, mas nem tudo se
concretizou. Com o estouro da Primeira Guerra Mundial, a Depressão Econô mica dos anos 1920 e, mais
adiante, da Segunda Guerra Mundial, o pensamento crítico social também chegou às artes. O que veio depois
foi, em grande parte, a crítica ao que não se cumpriu da promessa moderna.
Além da crítica social, estabelecia-se de fato um diálogo crítico dentro da pró pria arte com o impressionismo,
o que fez surgir inovaçõ es no campo, inicialmente na França, com o fauvismo
(http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo3786/fauvismo) de André Derain (1880-1954) e Henri Matisse
(1869-1954); e, na Alemanha, com o expressionismo
(http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo3784/expressionismo) de Ernst Ludwig Kirchner (1880-1938),
Emil Nolde (1867-1956) e Ernst Barlach (1870-1938).
Figura 2 - Salão com pinturas impressionistas, com destaque para a arte fauvista de Henri Matisse.
Fonte: Anna Pakutina, Shutterstock, 2020.

#PraCegoVer: no salão de exposiçõ es exibido na fotografia é possível visualizar alguns quadros, com
destaque para as obras de Matisse, que trazem pinturas de corpos nus, em poses estáticas e de dança em roda,
com fundo de natureza simples, pintado em azul e verde.
Dentro de um período de mudanças, conflitos mundiais, questionamentos sociais, posicionamentos políticos
e afirmação de identidades, a arte não deixou de criar seu contexto dentro dessa modernidade, rompendo
padrõ es, questionando tradiçõ es e a pró pria realidade vivida. Podemos considerar que o pó s-impressionismo
impulsionou a arte moderna e deu vazão às rupturas vanguardistas na arte.
A seguir, vamos entender mais acerca do trabalho de alguns artistas considerados vanguardistas.

1.3 Vanguardas artísticas: rupturas e inovações modernas


O surgimento das vanguardas artísticas na Europa, nas primeiras décadas do século XX, foi resultado da
critica ao momento anterior da modernidade e também do que se configurava à frente do seu tempo: o período
entre guerras.
No Brasil, a arte moderna ou modernista, como ficou conhecida, teve a Semana de Arte Moderna, ocorrida
em 1922, como marco inicial e simbó lico. Seus integrantes criaram uma arte com forte apelo identitário. Era
preciso construir uma arte com uma cara pró pria e vanguardista, porém qual era a cara dessa arte? Segundo
Paz (1995, p. 17 apud BUENO, 2010, p. 30), as vanguardas:

[...] não estavam unidas por uma estética comum, mas por uma vontade inovadora que rompia
violentamente com o passado. Esta atitude, ainda que herdada do grande movimento romântico e
das escolas que o sucederam, se apresentou como uma verdadeira revolução artística e espiritual.
Ruptura absoluta e começo absoluto.

Essa passagem de Paz demonstra a ruptura com a tradição, a arte acadêmica, o mercado estimulado pelas
vanguardas modernas ou modernistas, não estabelecendo uma direção à arte, um modelo a ser seguido,
conforme já mencionado anteriormente. Mas, por outro lado, o mesmo autor nos lembra que modernidade
não é sinô nimo de vanguarda. Podemos considerar que também não é sinô nimo de unanimidade, pois é a
ambiguidade que impera e a movimenta.
Ao mesmo tempo em que surgiram pensadores e artistas que romperam com o passado e a tradição, levantou-
se a bandeira da memó ria, do que deve ser refletido sobre o passado, e da análise crítica e histó rica do que se
quer lembrar e do que não se quer dizer, da seletividade da informação e das ideologias contidas nas
interpretaçõ es. Nesse sentido, destacam-se nomes interessantes, como Marcel Proust, Henri Bergson, James
Joyce, Maurice Halbwachs, Walter Benjamin, entre outros. Temos aqui uma questão bastante profunda. Trata-
se da busca de um lugar no mundo. Dada as grandes mudanças e a busca de se criar algo que represente essas
novas geraçõ es em tempos modernos, a negação do passado faz gritar a necessidade de uma nova
identificação nesse lugar. Isso aconteceu em várias instâncias, inclusive nas artes. Conforme Bueno (2010, p.
31):

A modernidade não é um atributo nem uma escolha. Trata-se de uma condição societária, uma
contingência histó rica com a qual os homens são forçados a se deparar. Uma de suas
características, até a primeira metade do século XX, é o fato de que os movimentos de ruptura
vanguardistas, lutando pela destituição das formas tradicionais de gestão, foram seguidos por
tentativas sucessivas de retorno à ordem, como esforços para restabelecer as formas tradicionais
de gestão. Entre os exemplos mais representativos, mencionamos o Nazismo e o Fascismo do
período entre guerras na Europa. No âmbito das artes, apontamos as diferentes modalidades de
estéticas regressivas que despontaram no bojo desses processos, como o Realismo Socialista.

Há entre os historiadores e críticos de arte o questionamento sobre o uso do termo “vanguarda”, como o
mais apropriado ou o que melhor representa as expressõ es artísticas da primeira metade do século XX. Mas é
consenso o uso do termo no sentido de avant-garde, de estar na frente, à dianteira de um movimento. Assim,
as vanguardas artísticas e seus feitos na arte e na arquitetura, no período supracitado, consolidaram-se e os
artistas deixaram um legado histó rico. Entre as mais conhecidas, elencam-se as apresentadas a seguir.

Cubismo, abstracionismo, construtivismo, futurismo

Processos de transformação das vanguardas na Europa e manifestação de uma visão artística que
rompia com o estabelecido. Influências das mudanças do pensamento científico e tecnoló gico no
início do século XX, tanto do ponto de vista do uso da tecnologia como meio de exacerbar a
velocidade e a modernidade, quanto pela criação de novas técnicas, padrõ es e representaçõ es
artísticas que colocavam por terra tudo o que se havia experimentado anteriormente. Ainda
encontraremos aqui a utilização da arte para posicionamentos políticos, como se deu por alguns
construtivistas sociais.

Expressionismo, dadaísmo e surrealismo

Exacerbação das subjetividades, do dentro para fora, do feio em contraposição ao que se


considerava belo, por exemplo, assim como o uso dos estudos do inconsciente na produção
artística das vanguardas. Entre as outras expressõ es vanguardistas, esses movimentos provocaram,
de forma implacável, mudanças na concepção de arte e se aproximaram do início da arte
contemporânea.
Assim, ao abordar a arte moderna, englobamos imprescindivelmente as vanguardas europeias do início do
século XX, por meio dos movimentos cubista, construtivista, surrealista, dadaísta, entre outros.

VOCÊ O CONHECE?
Pablo Picasso foi um dos artistas mais polê micos e influentes da história da arte do
sé culo XX. Seu nome de registro é bastante peculiar e sua história de vida se confunde
com a da arte. Possui uma das obras mais notáveis e impactantes da Espanha,
intitulada Guernica (retrato da destruiçã o da cidade de Guernica durante a Guerra
Civil Espanhola, em 1936). Seu trabalho inspirou filmes, documentá rios e diversas
exposições. Vale à pena investigar mais sobre a vida desse homem que mudou a arte
de seu tempo e fez história. Sua obra é atemporal e marcou vanguardas artísticas que
questionaram a imitaçã o da vida e criaram uma arte inovadora.
(http://www.periodicos.ufc.br/revcienso/issue/view/67)

Além dos artistas europeus, o vanguardismo rompeu fronteiras e fez histó ria no continente americano, com
nomes como: Arshile Gorky (1904-1948) e Jackson Pollock (1912-1956), nos EUA, abrindo passagem para a
arte contemporânea.
Figura 3 - Pintura abstracionista de Pollock, no Museu de Arte Moderna, em Nova Iorque.
Fonte: Dmitro2009, Shutterstock, 2020.

#PraCegoVer: a fotografia exibe um salão de museu com uma das obras de Pollock ao fundo (um grande
quadro com pintura abstrata, com as cores branca e preta em destaque) e diversos visitantes a observando
atentamente.
A obra de Pollock apresenta a técnica do gotejamento, bastante explorada pelo artista, em que este
derramava tinta líquida sobre a tela, criando composiçõ es abstratas com linhas emaranhadas e padrõ es
imprevisíveis. Isso o levou a ser reconhecido como um dos criadores do expressionismo abstrato e uma
referência para uma geração de artistas.
Além da implementação de novas técnicas artísticas, a arte abstrata provocava o seguinte questionamento:
isso é arte? O que queria se expressar no momento era uma nova teoria sobre a arte e um novo fazer. Não se
queria mais pintar objetos e cenas da realidade, mas, sim, constituir a pintura como obra, sem a necessidade
de estampar algo específico.
A arte abstrata fez histó ria pela utilização de maior liberdade artística, em uma contraposição declarada à arte
acadêmica ou historicista, criando um estilo ú nico para cada artista. O rigor técnico, com uso de cores fortes,
traços, formas geométricas e/ou variadas, foi criando um colorido especial e um grupo de notáveis artistas
engrossou esse movimento, que teve seu ponto alto no trabalho dos americanos Mark Rothko e Pollock, nos
anos 1950, em Nova Iorque. Esses artistas queriam provocar emoçõ es com suas obras.
Nas décadas de 1960 e 1970, período que passou a ser conhecido como pó s-moderno, também é possível
identificar incursõ es na arte e na cultura em geral. A crítica à cultura de guerra e à sociedade consumista
tomou os coraçõ es e as mentes, inaugurando uma nova fase da histó ria da arte: a de transição do moderno
para o contemporâneo. Da pop art para uma arte conceitual, seguida da op art - explorada pela ó tica do artista
e do receptor -, aprofundaram-se as contradiçõ es da atualidade e, assim, a arte em geral foi atualizada. Dito
isso, a influência pop na contemporaneidade; os limites entre a arte e a vida; as artes em diálogo com o
receptor marcaram definitivamente a cena artística de nossos tempos.

1.4 Arte contemporânea


Qual é o nosso tempo, então? É o mesmo tempo da arte? O tempo presente é o atual, o moderno, porém a arte
de hoje não pode ser chamada de moderna, porque se distingue do que se considera arte moderna e por isso
passou a ser denominada contemporânea. Mas o que é crucial pensar nesse sentido é o exposto por Canton
(2009, p. 49):

Diferentemente da tradição do novo, que engendrou experiências que tomaram corpo a partir do
século XX com as vanguardas, a arte contemporânea que surge na continuidade da era moderna se
materializa a partir de uma negociação constante entre arte e vida, vida e arte. Nesse campo de
forças, artistas contemporâneos buscam um sentido, mas o que finca seus valores e potencializa a
arte contemporânea são as inter-relaçõ es entre as diferentes áreas do conhecimento humano.

Cauquelin (2005, p. 26-27) afirma que nos apropriamos do termo moderno “[...] para qualificar certa forma de
arte que conquista seu lugar (ao mesmo tempo que adota o nome) por volta de 1860 e se prolonga até a
intervenção do que chamamos de arte contemporânea”.
Estudos acerca da arte contemporânea, e mesmo historiadores e críticos de arte, acabaram estabelecendo, de
forma geral, o início do contemporâneo na arte a partir da pop art e do minimalismo, nas décadas de 1960
e 1970. Tais movimentos evidenciaram um rompimento com o que se pautava como moderno na arte. A
partir desse momento, o pró prio conceito de arte se alargou consideravelmente. Olhar para a arte como antes
já não fazia o mesmo sentido, muito menos a pensar da mesma forma.
Um aspecto importante a ser considerado nessa transição da arte moderna para a contemporânea é a
comunicação direta com o público. Esta passa a ser estabelecida por intermédio de signos e símbolos
extraídos da própria cultura de massa e do cotidiano, especialmente das HQs (histó rias em quadrinhos),
da publicidade, de imagens televisivas e ou cinematográficas, na aproximação entre arte e vida. Ou seja, adota-
se, assim, outra configuração artística que passa a se beneficiar de imagens comuns, de elementos de
uma sociedade de consumo exacerbado e do que é descartável – o efêmero, o supérfluo e o exagero.
Entre imagens midiáticas de celebridades ou comuns da vida cotidiana, usando novas tecnologias para criar
novas representaçõ es artísticas, temos como exemplo o artista Andy Warhol com a imagem de Marilyn
Monroe, a lata de molho Campbell, entre outros elementos emblemáticos ou não, que em suas mãos e
criatividade irô nica se transformaram em objeto de arte, alterando o status do pró prio objeto por meio do
que é popular ou vernacular. A inversão passa a ser um mote (um meio ou um fim) nessa expressão artística.
VOCÊ QUER VER?
Os bastidores da pop art foram conflituosos. O filme Jean-Michel Basquiat: a criança
radiante, da diretora Tamra Davis (2010), conta a história do artista plá stico que dá
título à produçã o. Ao assistir, você poderá compreender a cena artística da é poca,
quando o artista conheceu Andy Warhol, algo que contribuiu para que se tornasse
conhecido e mostrasse sua genialidade. Nã o deixe de conferir!

Uma arte provocativa, crítica, por vezes ácida, ao contexto social e político, vai abrindo espaço para
trabalhos abertos a novas técnicas, materiais e experimentaçõ es.

Figura 4 - Uma aula no MOMA em frente ao autorretrato de Andy Warhol.


Fonte: Eric Broder Van Dyke, Shutterstock, 2020.
#PraCegoVer: a fotografia apresenta um salão de museu onde, em segundo plano, há dois grandes
autorretratos de Warhol expostos, com uma professora a frente destes. Em primeiro plano, aparecem algumas
pessoas acompanhando a explicação da professora.
Há um hibridismo nessas formas e proposiçõ es, assim como há imbricação entre dentro e fora, corpo e arte,
tempo e espaço, ideias e açõ es que se misturam e, por vezes, amalgamam-se, como pode ser percebido nos
trabalhos de body art de Eva Hesse. O pró prio corpo do artista passa a ser o meio de expressão de suas obras
por meio de happenings e performances, rompendo certas barreiras existentes entre a arte e a não arte, já
tão explorada na pop art e no minimalismo dos anos 1950 e 1960, na contracultura. Cria-se e recria-se, assim,
uma arte experimental, autoral, conceitual e, portanto, carregada de sentidos, significados e
ressignificados. Arte conceitual como o resultado de uma ideia “[...] premeditada e planejada que ditou os
materiais e a forma do trabalho” (GOMPERTZ, 2013, p. 411).

1.5 Isso é arte?


A cena contemporânea explicita as diferenças em todos os âmbitos da vida social e cultural. A
internacionalização está dada. Os objetos da cultura também se globalizaram. As novas mídias e a tecnologia
abriram outras possibilidades para as expressõ es artísticas híbridas, plurais, diversas e díspares. A arte ou o
artista, melhor dizendo, utiliza-se de novos materiais e novas tecnologias. A bricolagem é algo substancial
nessa nova expressão artística.
Em suma, a arte contemporânea estabelece o diálogo com o vivido, com o cotidiano, com a tecnologia, com o
midiático e o vigente na cultura atual, de forma plural, mas não se prende só a isso. Nesse diálogo entre obra,
criador e sociedade, se transmite a mensagem com o que se quer passar, com o que se pode (ou deseja) sentir
ou reproduzir, mas também com o que se quer extrapolar e/ou incomodar – é também uma arte
“intervencionista” ou “interacionista” dos lugares pú blicos e da quebra de paradigmas da arte vista como
erudita. Essas novas linguagens artísticas contemporâneas expressam o criativo, seja ele crítico ou não,
porque na brincadeira e na sátira também há expressão, como, por exemplo, o kitsch que passa sua
mensagem questionando valores da época moderna, da sociedade industrial, por meio do exagero e do
artifício sincrético que compõ em o objeto em uma sociedade consumista por excelência - nem tudo o que
brilha é ouro. Mas também nem todos aceitam tais expressõ es como arte e novamente vem à tona o debate do
que é Arte ou arte? E, por isso, retoma-se a discussão da Teoria da Arte, assim como a rediscussão dos juízos
de belo, gosto e valor.
Uma coisa é certa, essa arte contemporânea trouxe o questionamento profundo da separação entre arte erudita
e arte popular. O que instaurou-se, desde os modernos até a atualidade, foi uma nova condição para o artista,
que buscava uma autonomia e novos protagonismos no fazer artístico. Ainda que certos formatos
permanecessem, o mercado da arte mudou e, com ele, o lidar com a obra. Esse foi um elemento relevante na
transição da arte academicista/historicista para a moderna e desta para a contemporânea.
Danto (2006) chama a atenção para a forma de se olhar para uma obra de arte e afirma que a compreensão do
mundo da arte requer um conhecimento de sua histó ria e também das teorias artísticas. Ou seja, para ele, onde
há um mundo da arte, existe arte. Este filó sofo considera que você não precisa ser artista para pensar a arte,
mas precisa estar no mundo da arte para criá-la. O artista moderno e o contemporâneo se dedicam a
compreender as teorias e manejar as técnicas para criar seus objetos de arte e passar suas mensagens.

1.6 A arte dita o mercado ou o mercado dita a arte?


Por mais que tenha se mudado o suporte, seja do saber e saber-fazer artísticos ou da exposição de seus
resultados pela mensagem que o artista quer comunicar com sua obra, a arte tem um “preço”: é mercadoria na
sociedade de mercado. Para Cauquelin (2005, p. 79) o sistema de artes na atualidade explicita a visão que se
tem de arte e pela qual ela é negociada, já que “[...] é ainda o contingente que prevalece sobre os conteú dos; é a
‘exposição’ que carrega a significação: ‘isto é arte’, e não as obras. É a rede que expõ e sua pró pria mensagem:
eis o mundo da arte contemporânea”.
Diferentemente do fim das galerias e museus, proposto pelos modernistas, o mercado da arte moderna e
contemporânea ficou à mercê de novos negociantes, os colecionadores particulares, e depois
identificamos o movimento da compra das obras pelas galerias e museus privados, mas a figura do
colecionador deu lugar a do curador de arte. Voltam-se antigos debates, como, por exemplo, qual é o suporte
da arte hoje? O museu ainda se mostra como lugar privilegiado da contemplação da arte e da seleção do que é
arte ou do que não é arte? Sim, o museu permanece o lugar que consagra a objeto de arte, mas na atualidade
criou outros níveis de interação com o artista e seu pú blico. Assim, também passou a engendrar novos
conceitos de configurar o espaço da arte, tornando-o mais acessível, porém mais espetacularizado.
Enquanto isso, a rua continua sendo uma grande tela para a produção artística e, por vezes, enseja um
novo artista em uma das galerias das grandes cidades, quando não é a pró pria rua a galeria das performances
artísticas e/ou de novas esculturas e instalaçõ es de arte. A contemporaneidade instituiu novos lugares para a
exposição e comercialização da arte, criando novos atores que passaram a protagonizar esse grande e
complexo negó cio chamado arte moderna, pó s-moderna e contemporânea.

CASO
As discussões sobre o lugar da arte constituem um debate antigo, mas se recolocam
na contemporaneidade, especialmente quando os artistas modernos começaram a
questionar a antiga tradiçã o da arte, de sua racionalidade acadê mica.
É comum nos deparamos nã o só com novas linguagens artísticas, mas també m com
situações extraordiná rias, como uma pandemia. Pensando nesse sentido, reflita sobre
como ocorre a arte-educaçã o em tempos em que há grandes mudanças em curso,
sejam políticas, sociais ou de qualquer outra ordem.
É importante observarmos e planejarmos o futuro. Ainda que este seja incerto,
podemos ter certeza de que a arte é um alento em qualquer circunstâ ncia.
Converse com seus colegas, amigos e familiares, pensando na educaçã o do futuro.
Como a experiê ncia EAD e a arte, com sua abrangê ncia, podem contribuir para trazer
mensagens de esperança e projetos mais empá ticos?

Conclusão
Chegamos ao fim da primeira unidade de estudos da disciplina. Agora você sabe que a arte contemporânea
pode ser entendida, de modo geral, como detentora dos trabalhos inquietos, provocantes, efêmeros (porém
interativos), que romperam certos valores modernos de objetividade do material e de funcionalidade da
forma. Assim, pode-se dizer que há uma profunda mudança na concepção da arte e do pró prio fazer artístico
na atualidade. Tanto a obra de arte quanto a figura do artista, como gênio criador, passam a ser questionadas e
novas linguagens artísticas surgem, como instalaçõ es, performances, açõ es, intervençõ es no cotidiano das
cidades e da vivência dos sujeitos, misturando, portanto, arte e vida.
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:

• perceber que a cronologia é somente uma ferramenta de estudo


da arte e da sociedade, mas os movimentos artísticos coexistem e
se sobrepõem a determinados períodos históricos;
• compreender o papel histórico e social na constituição da arte,
sobretudo no período de transição da arte moderna para a
contemporânea;
• entender elementos essenciais das vanguardas artísticas e como
determinados gêneros possuíam fortes vínculos com a realidade
artístico-cultural e social do período que os antecediam e como
foram determinantes para mudanças posteriores;
• compreender que enquanto a arte moderna se voltou à crítica à
tradição academicista da arte que a antecedeu, a contemporânea
apostou na cultura de massas, no popular, nas experiências
individuais do artista e na interação da plateia com conceito e
obra;
• identificar a complexidade das definições e conceitos de arte, pois
a arte se faz no seu tempo e espaço, é um forte elemento da
cultura, mas também ultrapassa os limites temporais e espaciais
de determinadas sociedades.

Bibliografia
ARGAN, G. C., FAGIOLO, M. Guia de História da Arte. Lisboa: Editorial Estampa, 1994.
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GOMPERTZ, W. Isso é Arte? 150 anos de arte moderna. Do impressionismo até hoje. Rio de Janeiro: Zahar,
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JEAN-MICHEL Basquiat. Direção: Tamra Davis. Produção: Stanley F. Buchthal; Tamra Davis; Jen Kaczor; Alexis
Spraic. EUA: Fortissimo Films. 1 DVD (88 min.)

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