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SOCIEDADE
AULA 6
• A complexidade do contemporâneo;
• Performance;
• Arte conceitual;
• A escultura contemporânea e as intervenções urbanas;
• Arte e tecnologia.
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Além do que tratamos nesse texto sobre alguns dos tópicos da arte
contemporânea, devemos lembrar, ainda, das instalações, considerando que
essas não apenas podem ser intervenções realizadas diretamente no espaço
urbano e em outros espaços alternativos, mas também dentro dos museus e
galerias. As instalações tanto podem ser obras específicas como também a
própria exposição, o que permite tanto ao artista como ao curador inúmeras
possibilidades de criação e proposição de interatividade ao público.
Isso ocorre porque a maioria das instalações proporciona experiências
únicas e sinestésicas envolvendo outros sentidos além da visão. As instalações
na realidade brincam com o espaço, permitindo ao público vivenciar a obra e, ao
mesmo tempo, evocar as suas memórias e experiências anteriores para serem
correlacionadas com o que está sendo apresentado no presente. Não há como
não se envolver com a obra.
As instalações como uma forma de linguagem das artes visuais têm início
com a exposição “Primeiros documentos do surrealismo”, realizada no ano de
1942, na cidade de Nova York, para a qual o artista dadaísta Marcel Duchamp
foi convidado para ser o curador. Não obstante, Duchamp deu asas à sua
imaginação para criar a sua obra por meio da exposição proposta pelos artistas
surrealistas. Destacamos que Duchamp não estava expondo nenhuma obra
nessa mostra, mas, ao realizar a curadoria, criou a sua obra intitulada “Milhas de
barbante”.
A obra em questão foi produzida por Duchamp quando este espalhou
barbantes pelo espaço expositivo e entre as obras, amarrando fios pelos
expositores e nos locais em que se encontravam os quadros pendurados, o que
dificultou a passagem dos visitantes da mostra e também a visibilidade das
pinturas. Como se não bastasse, ele ainda convidou um grupo de meninos para
jogar bola entre os fios na abertura da exposição, promovendo constrangimento
entre os artistas e visitantes, pois claramente o jogo oferecia riscos às obras
expostas (O’Doherty, 2002).
Nada mais justo que os artistas surrealistas se sentissem um tanto quanto
incomodados com essa atitude do curador, considerando ainda que a exposição
“Primeiros documentos do surrealismo” foi a segunda exposição para a qual ele
foi convidado para ser curador. A primeira exposição para a qual Duchamp foi
convidado como curadoria foi realizada em 1938, na cidade de Paris, sendo
intitulada “Exposição Internacional do Surrealismo” e contando com a
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participação de mais de 60 artistas de diferentes países e cerca de 300 obras
expostas. Já nessa mostra, Duchamp pendurou sacos de carvão no texto,
propondo mais uma possibilidade para o espaço expositivo (O’Doherty, 2002).
Contudo, evidenciamos que muitas das ideias propostas por Marcel
Duchamp ainda influenciam os artistas contemporâneos nas diferentes
linguagens das artes visuais. O caráter ousado no que se refere à proposição de
críticas, reflexões e questionamentos é outro item indispensável à arte
contemporânea que se embasa teoricamente em conceitos que poderão
subjetivamente sustentá-la. Assim, o que poderia ser considerado belo já não
importa mais porque a intenção da arte contemporânea vai além da fruição,
contemplação e deleite, pois se trata de uma arte que instiga e intui o pensar.
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Obviamente, as críticas e questionamentos sociais sobre a própria arte e
seus desdobramentos na sociedade são outra característica forte da arte
contemporânea, que instiga para que o observador possa ir além do que está
vendo ou sentindo com base em experiências sinestésicas. Isso porque a arte
visual já não permanece somente no campo da visão, passando a permitir a
expressão do artista pelo tato, pela audição, pelo olfato e pelo paladar.
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Figura 2 – Exposição na Galeria Nacional de Singapura, 2017, da artista Yayoi
Kusama
Créditos: KeongDaGreat/Shutterstock.
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Figura 3 – Arco do Triunfo empacotado, em Paris, proposta contemporânea do
artista Christo
TEMA 2 – PERFORMANCES
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O artista performático faz uso de seu próprio corpo para apresentar a sua
performance, podendo incluir ou não outros elementos e sujeitos.
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Figura 4 – Registro fotográfico de performance da artista Marina Abramovic
Créditos: bibiphoto/Shutterstock.
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Obviamente, há obras cujo conceito está mais evidente para a sua
existência do que a própria matéria do suporte que a permite existir. Vale
destacar que toda a arte contemporânea é, de certa forma, conceitual em suas
distintas e múltiplas linguagens. Uma obra conceitual bastante intrigante é a obra
Merda d’artista, de 1961, proposta pelo artista italiano Piero Manzoni, o qual
enlatou mecanicamente seus próprios excrementos para vender as latas ao
preço da cotação diária do ouro. As latas ainda foram exportadas para diferentes
países, e, por isso, podem apresentar rótulos em diferentes idiomas. O intuito de
Manzoni era promover uma crítica tanto à arte conceitual como também à
sociedade de consumo.
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Figura 6 – Obra Sementes de girassol, de Ai Weiwei na Tate Gallery, em
Londres, fechada ao público devido aos riscos que poderia trazer à saúde. Trata-
se de 100 milhões de pequenas peças de porcelana pintadas a mão
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O topiaria é uma técnica milenar de jardinagem que permite a modelagem
de plantas e arbustos. A obra Puppy, de Koons, feita por meio da técnica de
topiaria e medindo cerca de 16 metros de altura, apresenta a forma de um
cachorro. Para essa obra, o artista produziu uma estrutura de ferro que pudesse
ser revestida por flores e plantas naturais, sendo estas trocadas sempre que
necessário.
Créditos: BearFotos/Shutterstock.
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Figura 8 – Escultura hiper-realista Menino, de Ron Mueck
Créditos: Lisaveya/Shutterstock.
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Dentre os inúmeros exemplos de instalações artísticas, podemos
evidenciar a obra do artista Ai WeiWei, exposta no ano de 2016, na Konzerthaus,
na cidade de Berlim, na Alemanha. Para a concretização dessa obra, Ai Weiwei
expôs cerca de 14 mil coletes salva-vidas encontrados por ele na Ilha de Lesbos,
na Grécia. A intenção era mostrar a trágica situação da crise de 2015 dos
refugiados que tentavam escapar pelo Mar Mediterrâneo, considerando, ainda,
que somente a Alemanha estimou que cerca de 800 mil pessoas tenham
solicitado asilo nesse período.
Créditos: 360b/Shutterstock.
Créditos: Theastock/Shutterstock.
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Outra linguagem urbana de destaque que tem se difundido muito desde a
década de 1970 é o grafite. O grafite hoje permite que as paredes e muros das
cidades se tornem arte por meio de imagens e letras específicas. Trata-se de
uma arte produzida tanto em locais públicos como privados e de acesso ao
coletivo. Entretanto, com origem em Nova York, inicialmente o grafite tratava
mais de uma forma de expressão urbana por meio da qual adultos e crianças se
manifestavam, passando a se desenvolver em termos de técnicas e pictóricos
até os dias atuais.
O grafite não surgiu isoladamente como tentativa de manifestação
artística, mas sim como uma forma de expressão do movimento cultural norte-
americano hip hop, com origem na década de 1960, o qual buscava dar voz aos
membros das periferias. Não obstante, o hip hop é um movimento cultural das
ruas por meio do qual os integrantes buscavam apresentar suas reações frente
aos problemas de desigualdade social e violência urbana com as classes sociais
marginalizadas. Com isso, o hip hop se difundiu na música, na moda, na dança,
bem como nas artes visuais, seguindo o que é chamado de freestyle, ou estilo
livre.
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Em meio a muitas polêmicas, a linguagem do grafite é defendida por
muitos como arte urbana, porém, é também atacada por alguns que a
consideram pichação, ou seja, uma forma de vandalismo e depredação do
patrimônio público ou privado. Assim, para que uma obra de grafite possa ser
realizada, é necessário que artista e proprietário, ou responsável pelo local,
estejam em comum acordo. Dentre os principais grafiteiros, podemos destacar
Jean-Michel Basquiat (1960-1988), Keith Haring (1958-1990), Alex Vallauri
(1949-1987), Banksy, Aryz, Chris Ellis (Daze), Os gêmeos (Irmãos Pandolfo),
Eduardo Kobra, Frank Shepard Fairey e outros.
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As técnicas, os artifícios, os dispositivos de que se utiliza o artista para
conceber, construir e exibir seus trabalhos não são apenas ferramentas
inertes, nem mediações inocentes, indiferentes aos resultados, que se
poderiam substituir por quaisquer outras. Eles estão carregados de
conceitos, eles têm uma história, eles derivam de condições produtivas
bastante específicas. A artemídia, como qualquer arte fortemente
determinada pela mediação técnica, coloca o artista diante do desafio
permanente de, ao mesmo tempo em que se abre às formas de
produzir do presente, contrapor-se também ao determinismo
tecnológico, recusar o projeto industrial já embutido nas máquinas e
aparelhos, evitando assim que sua obra resulte simplesmente num
endosso dos objetivos de produtividade da sociedade tecnológica.
(Machado, 2007, p. 24)
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Figura 13 – Festival das luzes de Berlim, projeção de vídeo mapping na Catedral
de Berlim
Créditos: Peeradontax/Shutterstock.
Para além dessas críticas, a vídeo arte ainda propunha uma forte reflexão
acerca das imagens, seu uso e também sobre a história da arte.
Um dos principais artistas da videoarte é o artista sul-coreano Nam June
Paik (1932-2006), o qual, “em particular, submeteu a televisão a seu espírito
irreverente, declarando: ‘Torno a tecnologia como ridícula’” (Dempsey, 2003, p.
258). No ano de 1963, Paik criou uma obra com 13 aparelhos de TV objetivando
propor uma análise por meio das possíveis distorções imagéticas. A intenção era
fazer uso dos defeitos e problemas de transmissão para a realização de sua obra
e também de uma performance.
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Figura 14 – Instalação para TV, obra do videoartista sul-coreano Nam June Paik
NA PRÁTICA
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FINALIZANDO
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REFERÊNCIAS
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